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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
“ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL
ANTIMICROBIANO DE ESPÉCIES DE HORTIA (RUTACEAE):
H. OREADICA, H. BRASILIANA E H. SUPERBA”
VANESSA GISELE PASQUALOTTO SEVERINO *
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Química como parte dos
requisitos para obtenção do título
de MESTRE EM QUÍMICA, na
área de concentração QUÍMICA
ORGÂNICA.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Fátima das Graças Fernandes da Silva
*Bolsista: FAPESP
São Carlos-SP
2008
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Livros Grátis
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Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
S498ef
Severino, Vanessa Gisele Pasqualotto.
Estudo fitoquímico e avaliação do potencial
antimicrobiano de espécies de Hortia (Rutaceae) : H.
oreadica, H. brasiliana e H. superba / Vanessa Gisele
Pasqualotto Severino. -- São Carlos : UFSCar, 2008.
191 f.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São
Carlos, 2008.
1. Produtos naturais. 2. Fitoquímica. 3. Atividade
biológica. 4. Substâncias químicas. I. Título.
CDD: 547.3 (20
a
)
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Dedico…
Ao meu marido Maico Roris Severino,
meu eterno amor, pelo carinho, amizade, companherismo, atenção,
paciência, incentivo e amor em todos os momentos.
Aos meus pais, Celso e Conceição, e
ao meu irmão Vinicius, pelo amor e dedicação e por nunca medirem
esforços para que eu consiga alcançar meus objetivos.
AGRADECIMENTOS
À Deus pelas oportunidades concedidas a mim, por me fazer acreditar que tudo é
possível e por estar sempre iluminando a minha vida.
À minha orientadora Profa. Dra. Maria Fátima das Graças Fernandes da Silva
pela confiança, paciência, excelente convívio e estímulo à pesquisa e pelo seu
modo especial de ver a vida e as pessoas.
Aos professores que participaram da banca de defesa, Dra. Alessandra Alves de
Souza e Dr. Luciano Moraes Lião, muito obrigado pelas considerações e
contribuições para melhoria da versão final de minha dissertação.
Aos professores João Batista Fernandes, Paulo Cezar Vieira e Edson Rodrigues
Filho que direta ou indiretamente participaram da evolução deste trabalho e pela
ótima convivência durante todos esses anos.
À Profa. Dra. Alessandra Alves de Souza e toda a equipe do Centro de Citricultura
pela orientação, ensinamentos, ajuda e contribuição nos ensaios biológicos.
Ao Prof. Carlos Henrique Gomes Martins e aos alunos da UNIFRAN pela
receptividade, ensinamentos, carinho e contribuição nos ensaios biológicos.
À todos os amigos do Laboratório de Produtos Naturais da UFSCar que não
citarei nomes por serem muitos, pela amizade, ensinamentos, apoio,
prestatividade e colaboração neste trabalho e por proporcionarem um ambiente
de trabalho prazeroso e familiar. Um agradecimento especial ao Dr. Sebastião da
Cruz Silva e à Dra. Patrícia A. C. Braga que me forneceram algumas de suas
substâncias para a realização dos ensaios biológicos.
À Profa. Arlene e às alunas Juciane e Patrícia por terem cedido suas substância
para serem ensaiadas.
Aos amigos dos laboratórios de CLAE, LSPN, MASSAS, RMN e SÍNTESE.
Aos professores do DQ-UFSCar pela contribuição na minha formação.
Aos técnicos Luciana, Paulo, Valdir e Doraí por terem contribuído imensamente
com esta dissertação através da realização de seus trabalhos.
Aos meus pais Celso e Conceição e ao meu irmão Vinicius, pelas orações,
incentivo, educação e amor dado ao longo da minha vida.
Ao Maico, pelo incentivo, amor e por estar sempre ao meu lado durante todos
estes anos.
À minha segunda família, família Severino, pelo amor, carinho e por estarem
sempre torcendo por mim.
À FAPESP pela concessão da bolsa.
À todos que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho.
vii
ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ACN acetonitrila
AcOEt acetato de etila
BOD biological oxigen demand
CC cromatografia em coluna
CCDA cromatografia em camada delgada analítica
CCDP cromatografia em camada delgada preparativa
CDCl
3
clorofórmio deuterado
CG-EM cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas
APCI atmosferic pressure chemical ionization
CIM concentração inibitória mínima
CLAE cromatografia líquida de alta eficiência
COSY correlation spectroscopy
CVC clorose variegada dos citros
dd
duplo dubleto
ddd
duplo duplo dubleto
DEPT distortionless enhancement by polarization transfer
Dicl. diclorometano
DMSO dimetilsulfóxido
ED extrato diclorometano
EH extrato hexânico
EM extrato metanólico
EMA extrato hidrometanólico
EtOH etanol
Fundecitrus fundo de defesa da citricultura
h altura da sílica na coluna
Hex. hexano
HMBC heteronuclear multiple bond correlation
HSCCC high speed countercurrent chromatography
HSQC heteronuclear single quantum coherence
Hz hertz
IAC instituto agronômico de Campinas
J constante de acoplamento
m
multipleto
m/z
relação massa/carga
MeOH metanol
MHz mega-hertz
NOE nuclear Overhouser effect
OD optics density
RMN
13
C ressonância magnética nuclear de carbono -13
RMN
1
H ressonância magnética nuclear de hidrogênio
rpm rotações por minuto
s
singleto
SAM adenosil metionina
sl
singleto largo
t
tripleto
δ deslocamento químico
UV ultravioleta
Φ diâmetro
viii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1.1. Bactérias predominantes na placa bacteriana........................... 12
TABELA 3.1. Massas obtidas de material vegetal e extratos.......................... 25
TABELA 3.2. Dados de RMN de
1
H e de
13
C de 01 e comparação com a
literatura .......................................................................................................... 40
TABELA 3.3. Dados de RMN de
1
H e de
13
C de 02 e comparação com a
literatura .......................................................................................................... 46
TABELA 3.4. Dados de RMN de
1
H e de
13
C de 03 e comparação com a
literatura .......................................................................................................... 51
TABELA 3.5. Dados de RMN de
1
H de 04 e comparação com a literatura...... 56
TABELA 3.6. Dados de RMN de
1
H e de
13
C de 05 e comparação com a
literatura ........................................................................................................... 61
TABELA 3.7. Dados de RMN de
1
H e de
13
C de 06 e comparação com a
literatura .......................................................................................................... 67
TABELA 3.8. Dados de RMN de
1
H e de
13
C de 07 e comparação com a
literatura ........................................................................................................... 72
TABELA 3.9. Dados de RMN de
1
H,
13
C e de HMBC de 08............................ 79
TABELA 3.10. Dados de RMN de
1
H de 09 e comparação com a literatura.... 87
TABELA 3.11. Dados de RMN de
13
C de 09 e comparação com a literatura.. 88
TABELA 3.12. Dados de RMN de
1
H e de
13
C de 10 e comparação com a
literatura............................................................................................................ 95
TABELA 3.13. Dados de RMN de
1
H e de
13
C de 11 e comparação com a
literatura............................................................................................................ 102
TABELA 3.14. Dados de RMN de
1
H e de
13
C de 12 e comparação com a
literatura............................................................................................................ 106
TABELA 3.15. Dados de RMN de
1
H de 13 e comparação com a literatura.... 115
TABELA 3.16. Dados de RMN de
13
C de 13 e comparação com a literatura.. 116
TABELA 3.17. Dados de RMN de
1
H e de
13
C de 14 e comparação com a
literatura............................................................................................................ 126
TABELA 3.18. Dados de RMN de
1
H,
13
C e de HMBC de 15.......................... 135
TABELA 4.1. Reagentes e quantidades necessárias para preparar o meio
PW.................................................................................................................... 146
TABELA 4.2. Concentração ensaiada e volume retirado da solução estoque 152
TABELA 4.3. Proporções de DMSO:H
2
O......................................................... 153
TABELA 4.4. Colônias observadas nos controles negativos para as
diferentes concentrações de substâncias ensaiadas....................................... 154
TABELA 4.5. Colônias observadas nas diferentes concentrações de
substâncias ensaiadas frente X. fastidiosa...................................................... 156
TABELA 4.6. CIM dos extratos ensaiados (µg/mL).......................................... 165
TABELA 4.7. CIM dos derivados do ácido diidrocinâmico (µg/mL).................. 166
TABELA 4.8. CIM dos limonóides (µg/mL)....................................................... 167
TABELA 4.9. CIM dos alcalóides (µg/mL)........................................................ 167
TABELA 4.10. CIM das substâncias quinolinônicas sintéticas (µg/mL)........... 168
TABELA 4.11. CIM das substâncias ensaiadas frente à V. cholerae (µg/mL) 175
TABELA 4.12. CIM das substâncias ensaiadas frente à S.choleraesuis
(µg/mL)............................................................................................................. 175
TABELA 4.13. CIM das substâncias ensaiadas frente à B.cereus (µg/mL)..... 175
ix
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1.1. Sintomas típicos de CVC em folhas de laranja doce................... 06
FIGURA 1.2. Plantas com sintomas de CVC ................................................... 07
FIGURA 1.3. Vasos do xilema obstruídos por células e células de X.
fastidiosa .......................................................................................................... 08
FIGURA 1.4. Zoneamento citrícola considerado no levantamento de CVC
em 2005 no estado de São Paulo e parte do triângulo mineiro .......................
09
FIGURA 1.5. Micrografia eletrônica de varredura de microrganismos
compondo uma placa dental ............................................................................
12
FIGURA 1.6. Micrografia eletrônica de transmissão de S. sobrinus sobre a
superfície dental ...............................................................................................
13
FIGURA 1.7. Fases de formação da placa ...................................................... 14
FIGURA 1.8. Colônias de Salmonella............................................................... 17
FIGURA 1.9. Colônias de Bacillus cereus ........................................................ 17
FIGURA 3.1. Espécies de Hortia (H. brasiliana, H. oreadica e H. superba)..... 24
FIGURA 3.2. Espectro de RMN de
1
H de 01 (CDCl
3
, 400 MHz) ...................... 41
FIGURA 3.3. Espectro de RMN de
13
C de 01 (CDCl
3
, 100 MHz) .................... 41
FIGURA 3.4. Mapa de contorno de g-HSQC de 01 (CDCl
3
, 400 MHz) ............ 42
FIGURA 3.5. Mapa de contorno de g-HMBC de 01 (CDCl
3
, 400 MHz) ........... 42
FIGURA 3.6. Espectro de massas de 01 (IE-70 eV) ........................................ 43
FIGURA 3.7. Espectro de RMN de
1
H de 02 (CDCl
3
, 400 MHz) ...................... 47
FIGURA 3.8. Espectro de RMN de
13
C de 02 (CDCl
3
, 100 MHz) .................... 47
FIGURA 3.9. Mapa de contorno de g-HSQC de 02 (CDCl
3
, 400 MHz) ............ 48
FIGURA 3.10. Mapa de contorno de g-HMBC de 02 (CDCl
3
, 400 MHz).......... 48
FIGURA 3.11. Espectro de RMN de
1
H de 03 (CDCl
3
, 400 MHz) .................... 52
FIGURA 3.12. Espectro de RMN de
13
C de 03 (CDCl
3
, 100 MHz) .................. 52
FIGURA 3.13. Mapa de contorno de g-HMBC de 03 (CDCl
3
, 400 MHz) ......... 53
FIGURA 3.14. Mapa de contorno de g-HSQC de 03 (CDCl
3
, 400 MHz) .......... 53
FIGURA 3.15. Espectro de RMN de
1
H de 04 (CDCl
3
, 400 MHz) .................... 57
FIGURA 3.16. Mapa de contorno de g-HMBC de 04 (CDCl
3
, 400 MHz) ......... 57
FIGURA 3.17. Espectro de RMN de
1
H da mistura de 01 e 05 (CDCl
3
, 400
MHz) ................................................................................................................. 62
FIGURA 3.18. Espectro de RMN de
13
C da mistura de 01 e 05 (CDCl
3
, 100
MHz) ................................................................................................................. 62
FIGURA 3.19. Mapa de contorno de g-HSQC da mistura de 01 e 05 (CDCl
3
,
400 MHz) .......................................................................................................... 63
FIGURA 3.20. Mapa de contorno de g-HMBC da mistura de 01 e 05 (CDCl
3
,
400 MHz) .......................................................................................................... 64
FIGURA 3.21. Espectro de RMN de
1
H de 06 (CDCl
3
, 400 MHz) .................... 68
FIGURA 3.22. Espectro de RMN de
13
C de 06 (CDCl
3
, 100 MHz) .................. 68
FIGURA 3.23. Mapa de contorno de g-HSQC de 06 (CDCl
3
, 400 MHz) ......... 69
FIGURA 3.24. Mapa de contorno de g-COSY de 06 (CDCl
3
, 400 MHz) .......... 69
FIGURA 3.25. Mapa de contorno de g-HMBC de 06 (CDCl
3
, 400 MHz) ......... 70
FIGURA 3.26. Espectro de RMN de
1
H da mistura 03 e 07 (CDCl
3
, 400 MHz) 73
FIGURA 3.27. Espectro de RMN de
13
C da mistura 03 e 07(CDCl
3
,100 MHz) 73
FIGURA 3.28. Correlações observadas no HMBC para 08 ............................. 76
x
FIGURA 3.29. Espectro de RMN de
1
H de 08 (CDCl
3
, 400 MHz) .................... 80
FIGURA 3.30. Espectro de RMN de
13
C de 08 (CDCl
3
, 100 MHz) .................. 80
FIGURA 3.31. Mapa de contorno de g-HSQC de 08 (CDCl
3
, 400 MHz) .......... 81
FIGURA 3.32. Mapa de contorno de g-COSY de 08 (CDCl
3
, 400 MHz) .......... 81
FIGURA 3.33. Mapa de contorno de g-HMBC de 08 (CDCl
3
, 400 MHz) ......... 82
FIGURA 3.34. Espectro de massas de 08 (IE-70 eV) ...................................... 82
FIGURA 3.35. Correlações observadas no HMBC para 09 ............................. 86
FIGURA 3.36. Espectro de RMN de
1
H de 09 (CDCl
3
, 400 MHz) .................... 89
FIGURA 3.37. Espectro de RMN de
13
C de 09 (CDCl
3
, 100 MHz) .................. 89
FIGURA 3.38. Mapa de contorno de g-COSY (e ampliação) de 09 (CDCl
3
,
400 MHz) .......................................................................................................... 90
FIGURA 3.39. Mapa de contorno de g-HSQC de 09 (CDCl
3
, 400 MHz) .......... 91
FIGURA 3.40. Mapa de contorno de g-HMBC de 09 (CDCl
3
, 400 MHz) ......... 91
FIGURA 3.41. Correlações observadas no HMBC para 10 ............................. 93
FIGURA 3.42. Espectro de RMN de
1
H de 10 (CDCl
3
, 400 MHz) .................... 96
FIGURA 3.43. Espectro de RMN de
13
C de 10 (CDCl
3
, 100 MHz) .................. 96
FIGURA 3.44. Mapa de contorno de g-COSY de 10 (CDCl
3
, 400 MHz) .......... 97
FIGURA 3.45. Mapa de contorno de g-HSQC de 10 (CDCl
3
, 400 MHz) .......... 98
FIGURA 3.46. Mapa de contorno de g-HMBC de 10 (CDCl
3
, 400 MHz) ......... 99
FIGURA 3.47. Espectro de massas de 10 .......................................................
100
FIGURA 3.48. Espectro de RMN de
1
H de 11 (CDCl
3
, 400 MHz) .................... 103
FIGURA 3.49. Espectro de RMN de
13
C de 11 (CDCl
3
, 100 MHz) ................. 103
FIGURA 3.50. Mapa de contorno de g-HSQC de 11 (CDCl
3
, 400 MHz) .......... 104
FIGURA 3.51. Mapa de contorno de g-HMBC de 11 (CDCl
3
, 400 MHz) ......... 104
FIGURA 3.52. Espectro de RMN de
1
H de 12 (CDCl
3
, 400 MHz) .................... 107
FIGURA 3.53. Espectro de RMN de
13
C de 12 (CDCl
3
, 100 MHz) .................. 107
FIGURA 3.54. Correlações observadas no HMBC para 13 ............................. 113
FIGURA 3.55. Espectro de RMN de
1
H de 13 (CDCl
3
, 400 MHz) .................... 117
FIGURA 3.56. Espectro de RMN de
13
C de 13 (CDCl
3
, 100 MHz) .................. 117
FIGURA 3.57. Mapa de contorno de g-HSQC de 13 (CDCl
3
, 400 MHz) ........ 118
FIGURA 3.58. Mapa de contorno de g-HMBC de 13 (CDCl
3
, 400 MHz) ......... 119
FIGURA 3.59. Espectro de g-COSY de 13 (CDCl
3
, 400 MHz) ......................... 120
FIGURA 3.60. Correlações observadas no HMBC para 14 ............................. 122
FIGURA 3.61. Espectro de RMN de
1
H de 14 (CDCl
3
, 400 MHz) .................... 127
FIGURA 3.62. Espectro de RMN de
13
C de 14 (CDCl
3
, 100 MHz) .................. 127
FIGURA 3.63. Espectro de RMN de DEPT 135º de 14 (CDCl
3
, 400 MHz) ...... 128
FIGURA 3.64. Mapa de contorno de g-HSQC de 14 (CDCl
3
, 400 MHz) .......... 128
FIGURA 3.65. Mapa de contorno de g-HMBC de 14 (CDCl
3
, 400 MHz) ......... 129
FIGURA 3.66. Mapa de contorno g-COSY de 14 (CDCl
3
, 400 MHz)................ 129
FIGURA 3.67. Correlações observadas no HMBC para 15 ............................. 133
FIGURA 3.68. Espectro de RMN de
1
H de 15 (CDCl
3
, 400 MHz) .................... 136
FIGURA 3.69. Espectro de RMN de
13
C de 15 (CDCl
3
, 100 MHz) .................. 136
FIGURA 3.70. Espectro de RMN de DEPT 135º de 15 (CDCl
3
, 400 MHz).. .... 137
FIGURA 3.71. Mapa de contorno de g-HSQC de 15 (CDCl
3
, 400 MHz).. ........ 137
FIGURA 3.72. Mapa de contorno de g-HMBC de 15 (CDCl
3
, 400 MHz) ........ 138
FIGURA 3.73. Espectro de g-COSY de 15 (CDCl
3
, 400 MHz) ......................... 138
FIGURA 4.1. Estruturas das substâncias ensaiadas .......................................
150
xi
FIGURA 4.2. Eppendorfs com a solução de X. fastidiosa e as substâncias
ensaiadas nas diferentes concentrações ......................................................... 153
FIGURA 4.3. Placas de Petri com substâncias ensaiadas ..............................
155
FIGURA 4.4. CIM das substâncias ensaiadas frente à X. fastidiosa ...............
157
FIGURA 4.5. Estruturas das substâncias naturais ensaiadas .........................
161
FIGURA 4.6. Estruturas das substâncias sintéticas ensaiadas .......................
162
FIGURA 4.7. Metodologia do ensaio biológico ................................................
164
FIGURA 4.8. CIM das substâncias ensaiadas frente à patógenos bucais .......
169
FIGURA 4.9. Estruturas das substâncias ensaiadas frente à patógenos de
origem alimentar ............................................................................................... 172
FIGURA 4.10. Microplaca após revelação com resazurina .............................
174
FIGURA 4.11. CIM da lasiodiplodina, 2-metil-6-fluor-4-quinolona (S2), 2-
metil-5,7-dimetoxi-4-quinolona (S4), 2-metil-7-hidroxi-4-quinolona (S6) frente
à patógenos de origem alimentar ..................................................................... 176
xii
LISTA DE FLUXOGRAMA
FLUXOGRAMA 3.1. Preparação dos extratos das espécies de Hortia .......... 25
FLUXOGRAMA 3.2. Fracionamento do extrato EHTSHB .............................. 26
FLUXOGRAMA 3.3. Resumo do fracionamento do subextrato EHTSHB(D).. 27
FLUXOGRAMA 3.4. Fracionamento do extrato EDTSHB ..............................
28
FLUXOGRAMA 3.5. Resumo do fracionamento do subextrato EDTSHB(A)
e de sua fração 15-17 ..................................................................................... 29
FLUXOGRAMA 3.6. Resumo do fracionamento do subextrato EDTSHB(A)
e de suas frações 18-19 e 20 ......................................................................... 30
FLUXOGRAMA 3.7. Resumo do fracionamento do subextrato EDTSHB(A)
e de suas frações 23 e 25-26 ......................................................................... 30
FLUXOGRAMA 3.8. Resumo do fracionamento do subextrato EDTSHB(A)
e de sua fração 28-30 ..................................................................................... 31
FLUXOGRAMA 3.9. Resumo do fracionamento do subextrato EDTSHB(A)
e de sua fração 32-34 ..................................................................................... 31
FLUXOGRAMA 3.10. Resumo do fracionamento do subextrato EDTSHB(A)
e de sua fração 35-37 ..................................................................................... 32
FLUXOGRAMA 3.11. Resumo do fracionamento do subextrato EDFHB e
de suas frações 15-19, 23-26 e 31-34 ............................................................ 33
FLUXOGRAMA 3.12. Resumo do fracionamento do subextrato EDFHA e
de suas frações 10-14 e 24-26 ....................................................................... 34
FLUXOGRAMA 3.13. Particionamento do extrato EMTHS ............................
35
FLUXOGRAMA 3.14. Resumo do fracionamento do extrato EMTHS-D e de
suas frações 3-5, 6-7 e 11-14 ......................................................................... 36
xiii
LISTA DE ESQUEMAS
ESQUEMA 3.1. Proposta de fragmentação para 01....................................... 43
ESQUEMA 3.2. Proposta biogenética para os derivados do ácido
diidrocinâmico ................................................................................................. 74
ESQUEMA 3.3. Proposta de fragmentação para 08 ...................................... 83
ESQUEMA 3.4. Proposta biogenética para 08............................................... 83
ESQUEMA 3.5. Proposta de fragmentação para 10 ...................................... 100
ESQUEMA 3.6. Proposta de fragmentação para os alcalóides
indolopiridoquinazolínicos ............................................................................... 108
ESQUEMA 3.7. Proposta biogenética para os alcalóides furoquinolínicos .... 109
ESQUEMA 3.8. Proposta biogenética para os alcalóides 2-quinolona .......... 110
ESQUEMA 3.9. Biogênese dos limonóides.................................................... 139
ESQUEMA 3.10. Proposta biogenética para 10............................................. 140
ESQUEMA 3.11. Proposta biogenética para 14............................................. 141
ESQUEMA 3.12. Proposta biogenética para 15............................................. 142
xiv
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1.1. Comparação da incidência de CVC no período de 1996 a
2005 no estado de São Paulo e parte do triângulo mineiro ............................ 10
xv
SUBSTÂNCIAS ISOLADAS
Derivados do Ácido Diidrocinâmico:
O
O
OCH
3
OCH
3
OH
01
1
2
3
1'
2'
3'
4'
5'
6'
2''
3''
4''
1
2
3
1'
2'
3'
4'
5'
6'
2''
3''
4''
02
O
O
OCH
3
OCH
3
03
OCH
3
1
2
3
1'
2'
3'
4'
5'
6'
2''
3''
4''
O
O
OCH
3
OCH
3
04
O
O
OCH
3
OCH
3
H
3
CO
1
2
3
1'
2'
3'
4'
5'
6'
2''
3''
4''
Procedência: H. oreadica (T. Subterrâneo)
H. brasiliana (Folhas)
Isolamento: pgs 26, 29 e 34
Identificação: pgs 37 e 58
Procedência: H. oreadica (T. Subterrâneo e
Folhas)
Isolamento: pgs 26, 28, 29 e 33
Identificação: pgs 49 e 72
Procedência: H. oreadica ( T. Subterrâneo)
H. brasiliana (Folhas)
Isolamento: pgs 26, 28 e 34
Identificação: pg 54
Procedência: H. oreadica ( T. Subterrâneo)
Isolamento: pg 29 ( em mistura com 01)
Identificação:
pg
58
Procedência: H. oreadica (T. Subterrâneo)
H. brasiliana (Folhas)
Isolamento: pgs 26 e 34
Identificação: pgs 44
Procedência: H. oreadica (T. Subterrâneo)
Isolamento: pg 30
Identificação: pg 66
1
2
3
1'
2'
3'
4'
5'
6'
2''
3''
4''
O
O
OH
OCH
3
05
06
O
OH
OCH
3
H
3
CO
O
1
2
3
4'
5'
1'
2'
3'
6'
2''
3''
4''
xvi
Cumarina:
Derivado do Ácido Cinâmico:
Alcalóides:
09
14a
13a
12a
12
11
10
9
9a
8a
8
7
5
4a
4
3
2
1
1a
N
N
N
H
O
O
10
N
N
N
H
1a
1
2
3
4
4a
5
7
8
8a
9a
9
10
11
12
12a
13a
14a
Procedência: H. oreadica (T. Subterrâneo)
Isolamento: pgs 26, 28 e 29 ( em mistura com 03)
Identificação: pg 72
Procedência: H. oreadica(T.Sub. e Folhas)
H. brasiliana (Folhas)
H. superba ( Tronco)
Isolamento: pgs 29, 33, 34 e 36
Identificação: pg 86
Procedência: H. oreadica (T. Subterrâneo)
Isolamento: pgs 28 e 29
Identificação:
pg
94
Procedência: H. oreadica (T. subterrâneo)
Isolamento: pg 31
Identificação: pg 77
OO
OCH
3
O
1'
2'
3'
2
3
4
5a
5
6
7
8
8a
4'
5'
07
08
6'
5'
4'
3'
2'
1'
6
5
4
3
2
1
OH
O
OH
OCH
3
O
CH
3
O
CH
3
O
H
xvii
N
O
OCH
3
2
3
4
5a
5
6
7
8
2'
3'
8a
11
N
O
O
CH
3
12
2
3
4
5
5a
6
7
8
8a
1'
2'3'
4'
5'
Limonóides:
13
30
29
28
22
21
20
19
18
17
16
15
14
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
13
O
O
CH
3
O
O
CH
3
O
O
O
O
Procedência: H. oreadica (T.Sub. e Folhas)
H. superba (Tronco)
Isolamento: pgs 29, 33 e 36
Identificação: 103
Procedência: H. superba (Tronco)
Isolamento: pg 36
Identificação: 107
Procedência: H. oreadica (T.Sub. e Folhas)
Isolamento: pgs 30 e 33
Identificação: pg 113
xviii
30
29
28
23
22
21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
1
14
2
O
O
O
CH
3
O
OH
O
O
O
Procedência: H. oreadica (T. Subterrâneo)
H. superba (Tronco)
Isolamento: pgs 31 e 36
Identificação: pg 123
Procedência: H. oreadica (T. Subterrâneo)
Isolamento: pg 31
Identificação: pg 132
HO
CH
3
OO
O
O
O
O
O
O
CH
3
O
2
15
1
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
28
29
30
xix
RESUMO
ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DE
ESPÉCIES DE HORTIA (RUTACEAE): H. OREADICA, H. BRASILIANA E H.
SUPERBA – O estudo fitoquímico de Hortia descrito neste trabalho visa contribuir
com a quimiossistemática da família Rutaceae e também com a melhor
classificação do gênero dentro da mesma. O estudo das espécies H. oreadica, H.
brasiliana e H. superba levou ao isolamento de 15 substâncias, sendo, derivados
do ácido diidrocinâmico ácido 3-fenil-[2’,6’-dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-
dimetilpirano]propiônico (01), 3-fenil-[2’-metoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-
dimetilpirano]propionato de metila (02), 3-fenil-[2’,6’-dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-
dimetilpirano]propionato de metila (03), 3-fenil-[2’,5’-dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-
dimetilpirano]propionato de metila (04), ácido 3-fenil-[2
-metoxi-(3
,4
-O:5
’’
,6
’’’
)-2
’’
,2
’’
-
dimetilpirano]propiônico (05), ácido 3-fenil-[2’,5’-dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-
dimetilpirano]propiônico (06), sendo que a estrutura 06 parece ser nova para a
espécie H. oreadica; a cumarina 5-metoxiseselina (07); o derivado do ácido
cinâmico E-ácido 3,4-dimetoxi-α(3-hidroxi-4-carbometoxifenil)cinâmico (08), novo
na literatura; os alcalóides rutaecarpina (09), 7,8-desidrorutaecarpina (10) inédita
no gênero Hortia, dictamina (11) e N-metilflindersina (12) e os limonóides guianina
(13), hortiolida E (14) e hortiolida G (15), dos quais a estrutura 14 está sendo
descrita pela primeira vez na espécie H. oreadica e 15 na literatura. O estudo
fitoquímico das espécies do gênero Hortia ainda não permite classificá-la
corretamente dentro da família. Hortia apresenta limonóides com anéis C e D
modificados, característicos de Meliaceae. No entanto a presença de metabólitos
como alcalóides, cumarina, derivados do ácido diidrocinâmico e cinâmico vêm
confirmar que Hortia pertence à família Rutaceae, embora não esteja claro seu
exato posicionamento dentro da mesma. A presença de limonóides bastante
modificados para Hortia poderia indicar que o gênero não pertença à Todallieae
ou Cusparieae, podendo estar posicionado separadamente dentro da família
Rutaceae. Vários ensaios biológicos foram realizados com os extratos e
compostos isolados, com uma coleção de compostos sintéticos e a lasiodiplodina,
composto isolado de um fungo patogênico. São relatadas as Concentrações
Inibitórias Mínimas de diversas substâncias frente a bactéria causal da Clorose
Variegada dos Citros, Xylella fastidiosa. As substâncias promissoras foram as
xx
quinolinônicas sintéticas 2-metil-6-flúor-4-quinolona (S2) e 2-metil-5-metoxi-7-
hidróxi-4-quinolona (S4) e o alcalóide rutaecarpina (09), com CIM entre 0,5 e 1,0
mg/mL. Foi realizado a investigação do potencial antimicrobiano in vitro frente a
alguns patógenos bucais que permitiu determinar o extrato hexânico como o mais
promissor frente a todas as cepas ensaiadas e o limonóide guianina (13) e o
alcalóide dictamina (11) com os melhores valores de CIM, sendo 200 e 100
µg/mL, respectivamente. Os ensaios frente à patógenos de origem alimentar
revelaram que as substâncias lasiodiplodina e as sintéticas 2-metil-6-flúor-4-
quinolona (S2) e 2-metil-5,7-dimetoxi-4-quinolona (S4) foram as mais eficazes
dentre todas as ensaiadas. Portanto, a partir deste trabalho verificou-se que
algumas substâncias com propriedades antibacterianas revelaram importantes
fontes na descoberta de novos produtos com potencial antimicrobiano.
xxi
ABSTRACT
PHYTOCHEMICAL STUDY AND EVALUATION OF THE ANTIMICROBIAL
ACTIVITY OF SPECIES FROM HORTIA (RUTACEAE): H. OREADICA, H.
BRASILIANA E H. SUPERBA – The phytochemical study of Hortia in this work
aims to contribute with the chemosystematics of the Rutaceae and with the best
classification of the genus inside the family. The study of the species H. oreadica,
H. brasiliana and H. superba led us to isolate 15 compounds, such as the
dihydrocinnamic acids derivatives 3-phenyl-[2’,6’-dimethoxy-(3’,4’:5’’,6’’)-2’’,2’’-
dimethylpirano]propionic acid (01), methyl 3-phenyl-[2’-methoxy-(3’,4’:5’’,6’’)-2’’,2’’-
dimethylpirano]propionate (02), methyl 3-phenyl-[2’,6’-dimethoxy-(3’,4’:5’’,6’’)-
2’’,2’’-dimethylpirano]propionate (03), methyl 3-phenyl-[2’,5’-dimethoxy-
(3’,4’:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimethylpirano]propionate (04), 3-phenyl-[2’-methoxy-
(3’,4’:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimethylpirano]propionic acid (05), 3-phenyl-[2’,5’-dimethoxy-(3’,
4’-O:5’’,6’’)–2’’,2’’-dimethylpyrano]propionic acid (06), being structure 06 new for
specie H. oreadica; coumarin 5-methoxyseselin (07); cinnamic acid derivative E-
3,4-dimethoxy-α(3-hydroxy-4-carbomethoxyphenyl)cinnamic acid (08), new in
literature, the alkaloids rutaecarpine (09), 7,8-dehydrorutaecarpine (10) new in the
genus Hortia, dictamine (11), N-methylflindersine (12) and the limonoids guyanin
(13), hortiolide E (14) and hortiolide G (15), being structure 14 described for the
first time in the specie H. oreadica and 15 in literature. The phytochemical study of
the species from Hortia genus still not allow classify correctly it inside the family.
Hortia presents limonoids with C and D rings modified, characteristic of Meliaceae.
However the presence of metabolites such as alkaloids, coumarins,
dihydrocinnamic and cinnamic acids derivatives confirm that Hortia belongs the
Rutaceae family, even so are not clear its accurate positioning. The presence of
limonoids highly modified could indicated that genus can not belong nor to the
Todallieae and nor the Cusparieae, being located separately inside of the
Rutaceae family. Several biological assays had been performed with crude
extracts and compounds isolated from Hortia, with a collection of the synthetic
compounds and the lasiodiplodin, compound isolated from the pathogenic fungus.
The Minimum Inhibitory Concentration of many substances was related against
the bacteria Xylella fastidiosa that causes Citrus Variegated Chlorosis. The
promising substances were synthetic quinolinones 2-methyl-6-fluor-4-quinolone
xxii
(S2) and 2-methyl-5-methoxy-7-hydroxy-4-quinolone (S4) and the alkaloid
rutaecarpine (09) with MIC from 0.5 to 1.0 mg/mL. We have studied the in vitro
antimicrobial activity against oral pathogens that permitted to determine hexane
extract such as successful against all microorganisms assayed and limonoid
guyanin (13) and alkaloid dictamine (11) with the best MIC, being 200 and 100
µg/mL, respectively. The assays against alimentary pathogens revealed that
lasiodiplodin, 2-methyl-6-fluor-4-quinolone (S2) and 2-methyl-5,7-dimethoxy-4-
quinolone (S4) synthetics as the more effective among all substances. Therefore,
this work showed that several substances with properties antibacterial constitute
an important source for the discovery of new antimicrobial products.
xxiii
SUMÁRIO
1. Introdução................................................................................................. 01
1.1. Família Rutaceae..................................................................................... 02
1.2. Produtos Naturais com Potencial Antimicrobiano .................................... 03
1.3. Doenças Citrícolas................................................................................... 04
1.3.1. Clorose Variegada dos Citros (CVC) .................................................... 05
1.3.1.1 Xylella fastidiosa................................................................................. 07
1.3.2. Incidência da CVC................................................................................ 08
1.4. Doenças Bucais....................................................................................... 10
1.4.1. Patógenos Bucais................................................................................. 11
1.5. Doenças de Origem Microbiana Transmitidas Por Alimentos ................. 15
1.5.1. Bactérias de Origem Alimentar............................................................. 16
2. Objetivos................................................................................................... 19
3. Capítulo 1: Estudo Fitquímico das Espécies de Hortia ........................ 21
3.1. Procedimento Experimental..................................................................... 22
3.1.1. Materiais e Métodos............................................................................. 22
3.1.1.1. Métodos utilizados para o fracionamento e isolamento das
substâncias ..................................................................................................... 22
3.1.1.2. Métodos instrumentais utilizados para a identificação e elucidação
das estruturas ................................................................................................. 23
3.1.2. Preparação dos Extratos Brutos........................................................... 24
3.1.3. Fracionamento dos Extratos e Isolamento das Subsncias de H.
oreadica .......................................................................................................... 26
3.1.3.1. Fracionamento do Extrato Hexânico do Tronco Subterrâneo ........... 26
3.1.3.2. Fracionamento do Extrato Diclorometano do Tronco Subterrâneo ... 27
3.1.3.3. Fracionamento do Extrato Diclorometano das Folhas ....................... 33
3.1.4. Fracionamento do Extrato e Isolamento das Substâncias de H.
brasiliana ........................................................................................................ 34
3.1.4.1. Fracionamento do Extrato Diclorometano das Folhas ....................... 34
3.1.5. Fracionamento do Extrato e Isolamento das Substâncias de H.
superba ........................................................................................................... 35
3.1.5.1. Fracionamento do Extrato Metanólico do Tronco .............................. 35
3.1.5.2. Fracionamento da Frão Diclorometano do Extrato Metanólico do
Tronco ............................................................................................................. 35
3.2. Resultados e Discussão.......................................................................... 37
3.2.1. Derivados do Ácido Diidrocinâmico...................................................... 37
3.2.1.1. Determinação estrutural da substância 01........................................ 37
3.2.1.2. Determinação estrutural da substância 02........................................ 44
3.2.1.3. Determinação estrutural da substância 03........................................ 49
3.2.1.4. Determinação estrutural da substância 04........................................ 54
3.2.1.5. Determinação estrutural das substâncias 01 e 05 ............................. 58
3.2.1.6. Determinação estrutural da substância 06........................................ 65
3.2.1.7. Determinação estrutural das substâncias 03 e 07 ............................. 71
3.2.1.8. Biogênese dos Derivados do Ácido Diidrocinâmico .......................... 74
3.2.2. Derivados do Ácido Cinâmico............................................................... 75
3.2.2.1. Determinação estrutural da substância 08........................................ 75
3.2.2.2. Biogênese da substância 08.............................................................. 83
xxiv
3.2.3. Alcalóides............................................................................................. 84
3.2.3.1. Determinação estrutural da substância 09........................................ 84
3.2.3.2. Determinação estrutural da substância 10........................................ 92
3.2.3.3. Determinação estrutural da substância 11........................................ 101
3.2.3.4. Determinação estrutural da substância 12........................................ 105
3.2.3.5. Biogênese dos alcalóides.................................................................. 108
3.2.3.5.1. Alcalóides indolopiridoquinazolínicos............................................. 108
3.2.3.5.2. Alcalóides furoquinolínicos e 2-quinolonas..................................... 109
3.2.4. Limonóides........................................................................................... 111
3.2.4.1. Determinação estrutural da substância 13........................................ 111
3.2.4.2. Determinação estrutural da substância 14........................................ 121
3.2.4.3. Determinação estrutural da substância 15........................................ 130
3.2.4.4. Biogênese dos Limonóides................................................................ 139
4. Capítulo 2: Ensaios Biológicos............................................................... 145
4.1. Ensaios Bactericidas Frente a Xylella fastidiosa ..................................... 146
4.1.1. Procedimento Experimental.................................................................. 146
4.1.1.1. Preparação dos meios de cultivo ....................................................... 146
4.1.1.2. Crescimento de X. fastidiosa em Citrus sinensis................................ 149
4.1.1.3. Preparo do Inóculo para ensaio.......................................................... 149
4.1.1.4. Ensaios das Substâncias frente a X. fastidiosa ................................. 150
4.1.2. Resultados e Discussões ..................................................................... 155
4.2. Ensaios Bactericidas Frente à Patógenos Bucais ................................... 160
4.2.1. Procedimento Experimental.................................................................. 160
4.2.1.1. Substâncias Ensaiadas Frente à Patógenos Bucais ......................... 160
4.2.1.2. Metodologia dos Ensaios frente à Patógenos Bucais ....................... 162
4.2.2. Resultados e Discussões..................................................................... 165
4.2.2.1. Extratos de H. oreadica..................................................................... 165
4.2.2.2. Substâncias isoladas de H. oreadica ................................................. 166
4.2.2.3. Substâncias Quinolinônicas Sintéticas.............................................. 168
4.3. Ensaios Bactericidas Frente à Patógenos de Origem Alimentar ............. 172
4.3.1. Procedimento Experimental.................................................................. 172
4.3.1.1. Substâncias Ensaiadas Frente à Patógenos de Origem Alimentar ... 172
4.3.1.2. Metodologia dos Ensaios frente à Patógenos de Origem
Alimentar ......................................................................................................... 173
4.3.2. Resultados e Discussões..................................................................... 174
5. Conclusão................................................................................................. 179
6. Referências Bibliográficas....................................................................... 183
1. INTRODUÇÃO
_____________________________________________________
Introdução
2
1.1- Família Rutaceae
A ordem Sapindales, composta pelas famílias Rutaceae, Meliaceae,
Burseraceae, Simaroubaceae, Bierbersteiniaceae, Kirkiaceae, Anacardiaceae,
Sapindaceae e Nitrariaceae, é rica em diversas classes de metabólitos
secundários, sendo de maior ocorrência cumarinas, alcalóides, flavonóides,
quassinóides e limonóides.
A família Rutaceae caracteriza-se por uma grande diversidade de
metabólitos secundários não comuns nas demais famílias da ordem (DA SILVA et
al. 1987; WATERMAN, 1983) e é composta por muitos gêneros, dos quais
destaca-se o gênero Hortia, que compreende 12 espécies distribuídas desde o
Panamá e norte da América do Sul (em especial Amazônia) até o centro leste do
Brasil (JACOBS et al., 1987). Segundo levantamento bibliográfico há relatos de
estudo fitoquímico de 8 espécies de Hortia, sendo elas H. arborea (ANTONACCIO
et al., 1956; PACHTER et al., 1957; PACHTER et al., 1960; FERRACIN, 1992;
MONACHE et al., 1976; MONACHE et al., 1977), H. badinii (CORRÊA et al.,
1975; CORRÊA et al., 1979), H. longifolia (CORRÊA et al., 1976; PÁDUA, 1976),
H. brasiliana (PACHTER et al., 1961, BRAGA, 2005), H. colombiana (SUAREZ et
al., 1998, CUCA et al., 1998, SUAREZ et al., 2002), H. regia (JACOBS et al.,
1986; JACOBS et al., 1987; TINTO, 1992), H. oreadica (BRAGA, 2005) e H.
superba (BRAGA, 2005). São relatados para este gênero metabólitos secundários
como derivados do ácido diidrocinâmico, alcalóides (furoquinolínicos, 2-
quinolonas e β-indolopiridoquinazolínicos), cumarinas (simples, furanocumarinas
e piranocumarinas), terpenóides (sesquiterpenos, triterpenos e limonóides),
amidas e flavonóides ( flavonas e flavanona).
No entanto, o posicionamento taxonômico do gênero Hortia, revela
contradições entre os antigos botânicos. De Candolle dividiu a família Rutaceae
em duas tribos, Diosmeae e Cusparieae, posicionando o gênero Hortia nesta
última (DE CANDOLLE, 1824). Bentham & Hooker em 1862 propuseram
modificações taxonômicas, tornando a família Rutaceae um pouco mais
abrangente. Sete tribos foram formadas, adotando-se Cusparieae de onde o
gênero Hortia foi excluído e posicionado na tribo Toddalieae, mas com
comentários de que a classificação era duvidosa (BENTHAM e HOOKER, 1862).
O sistema de Engler proposto em 1931, com as modificações de Scholz é o mais
Introdução
3
aceito pelos atuais botânicos. Este é bastante semelhante àquele de Bentham &
Hooker, e também não esclarece a classificação de Hortia, mantendo-a em
Toddalieae (ENGLER, 1931; SCHOLZ, 1964). Dados de diversas fontes têm
mostrado que a divisão das subfamílias de Engler (1931) é superficial,
especialmente quanto ao reconhecimento de Toddalioideae.
A similaridade química entre as subfamílias Rutoideae e
Toddalioideae é tão pronunciada que levou Silva et al. (1988) a uní-las em uma
única subfamília, Rutoideae, subdividindo-a em 17 tribos.
Os gêneros americanos
de Toddalioideae vieram a constituir três tribos dentro de Rutoideae e Hortia foi
reposicionada em Cusparieae como fez anteriormente De Candolle (1824).
Porém, as justificativas para isto não foram novamente convincentes, mostrando
que os dados químicos revelam a mesma dificuldade para o posicionamento de
Hortia. A única justificativa plausível para reclassificá-la seria que Hortia é o único
representante americano na subtribo Toddaliinae. Na classificação de Silva et
al.(1988), Cuspariea (tribo informal “Cusparia”) engloba, além de Hortia, o gênero
Galipea, também neotropical. Engler em 1931 alocou em Toddaliinae gêneros da
África, Austrália e América que eram filogeneticamente menos relacionados entre
si do que com gêneros de outras tribos e até mesmo de outras subfamílias. Desta
forma, Hortia estaria mais próxima dos gêneros de Cusparieae do que dos
membros de Toddaliinae.
1.2- Produtos Naturais com Potencial Antimicrobiano
Não há dúvidas de que as plantas são fontes promissoras de
metabólitos secundários ativos (GELB et al., 2002) e fornecem muitos modelos
moleculares para o desenvolvimento de novas substâncias com atividades
biológicas. Assim sendo, no Brasil e no mundo buscam-se alternativas para o
desenvolvimento de uma cultura ecologicamente correta e que seja sustentável.
Para tal, um dos aspectos é o controle de doenças com o uso de extratos e
compostos biologicamente ativos isolados de espécies de plantas.
Investigações científicas relatam que cada vez mais microrganismos
patogênicos e fitopatogênicos desenvolvem resistência frente à antimicrobianos
comerciais. Neste aspecto antimicrobianos de origem natural, embora apresentem
efeitos nocivos como os sintéticos, podem também ser considerados eficazes no
Introdução
4
tratamento de doenças por apresentarem em sua composição substâncias
efetivas. De uma forma geral, substâncias naturais com potencial biológico
também são consideradas praticamente inofensivas ao meio ambiente pois
degradam-se com maior velocidade que as sintéticas; não deixando resíduos no
meio ambiente (DENNIS, 1987).
Entretanto, apesar das vantagens que produtos naturais
desempenham como possíveis antimicrobianos, o isolamento de pequena
quantidade de massa destes metabólitos das plantas faz com que se torne
necessário também a busca de compostos de partida de origem semi-sintética ou
sintética para novas substâncias antimicrobianas.
Com base nas informações acima, o grupo de Produtos Naturais
(PN) da UFSCar vem realizando ensaios biológicos com metabólitos secundários
obtidos de espécies vegetais bem como alguns compostos sintéticos frente à
bactéria fitopatogênica Xylella fastidiosa que afeta a citricultura brasileira, e frente
à patógenos bucais e de origem alimentar que representam um dos mais sérios
problemas sócio-econômicos e de saúde pública em âmbito mundial; visando a
busca de novos inibidores que sejam mais eficientes no combate destes
microrganismos.
1.3- Doenças Citrícolas
Pode-se definir doença como um distúrbio fisiológico, resultado de
uma irritação contínua causada por agentes bióticos ou abióticos e que pode levar
ao aparecimento de sintomas. Os agentes abióticos podem ser temperaturas
muito altas ou muito baixas, intoxicação por pesticidas ou minerais, falta ou
excesso de luz, umidade do solo, poluição atmosférica, acidez ou alcalinidade do
solo. Dentre os agentes bióticos, destacam-se os fungos, vírus, viróides e
bactérias (AGRIOS, 1997).
A cultura de citrus é um alvo constante de inúmeras pragas e
doenças, que encontrando condições favoráveis ao seu desenvolvimento são
capazes de causar danos irreversíveis. A quantidade e qualidade das frutas
cítricas são freqüentemente ameaçadas devido aos danos causados na planta,
que dependendo da intensidade do ataque, pode torná-la improdutiva ou levar à
sua erradicação. As principais doenças e pragas que afetam a citricultura
Introdução
5
brasileira são: Leprose dos Citros, Clorose Variegada dos Citros (CVC), Gomose
de Phytophthora, Greening, Cancro Cítrico, Declínio, Mancha Alternaria, Morte
Súbita dos Citros (MSC), Pinta Preta, Podridão Floral dos Citros, Rubelose,
Tristeza – Citrus Tristeza Virus (CTV) ( LARANJEIRA et al.; 1998).
1.3.1- Clorose Variegada dos Citros (CVC)
A clorose variegada dos citros (CVC), conhecida também como
“amarelinho dos citros”, é uma doença causada por uma bactéria gram-negativa
denominada Xylella fastidiosa. A CVC foi constatada pela primeira vez em 1987
em pomares da região Noroeste do Estado de São Paulo (ROSSETTI et al., 1990;
ROSSETTI & DE NEGRI, 1990) e vem se constituindo como a mais importante
doença citrícola no Brasil.
Em citros, logo após a primeira descrição da doença e antes mesmo
da causa ter sido comprovada em condições experimentais, levantamentos de
campo indicavam que todas as variedades de laranjas doces cultivadas, sendo as
principais a Pêra Rio, Natal, Hamlim e Valência, eram atacadas pela doença. As
tangerinas Ponkam e tangor Murcote, os limões e as limas ácidas Tahiti, de maior
expressão comercial, por não manisfestarem os sintomas típicos da CVC foram
caracterizados como resistentes. Estes resultados foram confirmados mais
recentemente em estudo de campo onde foram avaliados diversos híbridos e
espécies dos gêneros Citrus, Fortunela e Poncirus (LARANJEIRA et al., 1998).
Neste estudo também não foram observadas diferenças consideráveis no nível de
resistência dentro do grupo das laranjas doces, que poderia ser explorado
comercialmente. É possível que os materiais que não apresentaram sintomas da
CVC sejam tolerantes à doença, ou seja, permitindo o crescimento do patógeno
em seus tecidos, como observado com as tangerinas Cravo e Ponkan por LI et al.
(1996) e MACHADO et al. (1997), porém não expressando qualquer
sintomatologia ou perda de produção. Estas plantas poderiam, no entanto,
contribuir para o avanço da CVC nas variedades susceptíveis atuando como
fontes de inóculo veiculados pelas cigarrinhas.
Os sintomas da CVC manifestam-se apenas em ramos, folhas e
frutos. As raízes não apresentam anormalidade alguma. Inicialmente, pode-se
encontrar apenas um ou poucos ramos atacados na parte média ou superior da
Introdução
6
planta, mas, com o passar do tempo, toda a árvore pode apresentar os sintomas
típicos da anomalia. As plantas, quando muito afetadas, apresentam um aspecto
de debilidade geral, denotado pela coloração amarelada.
Contudo, o sintoma mais conhecido de CVC constitui-se de
pequenas manchas internervais amarelas na face superior da folha (FIGURA 1.1,
pg 06). Inicialmente, essas manchas não são muito extensas. A essas clorores
correspondem, na face inferior, manchas de coloração variando entre o vermelho
e o marrom. Em plantas muito afetadas pela CVC, é comum a presença de
desequilíbrios nutricionais, notadamente de zinco, magnésio e potássio
(ROSSETTI & DE NEGRI, 1990).
FIGURA 1.1: Sintomas típicos de CVC em folhas de laranja doce.
(Fonte: FUNDECITROS, 2008a)
Os sintomas nos frutos surgem sempre após o aparecimento dos
sintomas foliares e apenas nos ramos já afetados, havendo uma tendência à
frutificação em “pencas” ( ROSSETTI & DE NEGRI, 1990; LARANJEIRA, 1998).
Plantas afetadas apresentam sintomas de deficiência hídrica (murchamento de
folhas), principalmente nas horas mais quentes do dia e independente do nível de
encharcamento do solo, sintomas de deficiência mineral (particularmente zinco) e
redução no crescimento da copa e no tamanho dos frutos que em citros se tornam
impróprios para o consumo in natura ou comercialização. Em geral plantas de
citros afetadas pela X. fastidiosa não chegam a morrer, mas a vida útil das
plantações costuma ser bastante reduzida (FUNDECITRUS, 2008a)(FIGURA 1.2,
pg 07).
Introdução
7
FIGURA 1.2: Plantas com sintomas de CVC.
(Fonte: FUNDECITROS, 2008a)
1.3.1.1- Xylella fastidiosa
No Brasil, a bactéria X. fastidiosa tem causado muita preocupação,
principalmente nos últimos 15 anos, e sido alvo de vários estudos, como o que
resultou no seqüenciamento completo de seu genoma (SIMPSON et al., 2000),
por ser o agente causal de doenças que podem gerar grandes prejuízos nas
culturas de citros (CVC). Diferentemente da grande maioria das bactérias
fitopatogênicas, a bactéria X. fastidiosa é um microrganismo de difícil cultivo em
meios de cultura e que se limita ao xilema das plantas infectadas e aparelho bucal
dos insetos vetores, as cigarrinhas (PURCELL e HOPKINS, 1996). É através
desse grupo de insetos que, no campo, a bactéria é transmitida de uma planta à
outra. Sob condições experimentais, com maior ou menor eficiência, 11 espécies
transmitem o patógeno entre plantas cítricas (LOPES et al., 1996, ROBERTO et
al., 1996, FUNDECITRUS, 1999, KRÜGNER et al., 1998, YAMAMOTO et al.,
2002).
Previamente foi demonstrado que a bacria é capaz de crescer
como um biofilme (MARQUES et al., 2002) e este biofilme poderia ser um fator
importante para a patogenecidade (SOUZA et al., 2003). Biofilmes são definidos
como uma matriz repleta de população microbiana aderidas umas às outras e nas
superfícies e interfaces (COSTERTON et al., 1995). A maneira como X. fastidiosa
coloniza o xilema, o que é facilmente observável em imagens feitas com
microscopia eletrônica (LOPES et al., 2000, CHAGAS et al., 1992, ROSSETI et
al., 1990, ALVES, 2003) e óptica, (QUEIROZ-VOLTAN e PARADELA FILHO,
1999) (FIGURA 1.3, pg 08) e as sintomatologias manifestadas por plantas
afetadas, sugerem, no entanto, que os danos resultam principalmente de um
Introdução
8
bloqueio no fluxo da água do solo para as partes aéreas das plantas e de um
constante desvio de nutrientes (OSIRO et al., 2004; DE SOUZA et al., 2004).
FIGURA 1.3: Vasos do xilema obstruído por células e células de X. fastidiosa
(Fonte: FUNDECITROS, 2008a)
1.3.2- Incidência de CVC
O Brasil é atualmente o maior produtor mundial de citros,
correspondendo a 25,1% da plantação mundial, seguido pelos Estados Unidos,
com 16,4% . A cultura encontra-se disseminada por todo o território nacional, com
grande importância econômica e social para diversos estados onde se situa as
dez principais culturas: São Paulo, Sergipe, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio
Grande do Sul e Bahia (RODRIGUEZ et al., 1991). As maiores plantações são de
laranja (Citrus sinensis, 66%), tangerina ( C. reticulata, 15,4%), toranja ( C.
paradisi, 8,5%) e limão (C. limon, 6,8%).
O volume que representa nas exportações, a extensão em área
ocupada e o número de empregos diretos e indiretos gerados pelo setor citrícola
brasileiro, associados à rapidez com que a doença se disseminou para os
grandes centros produtores de laranja, provavelmente através de mudas
contaminadas (TUBELIS et al., 1992), têm feito da CVC um problema
preocupante e também bastante estudado. Levantamentos conduzidos pela
Fundecitrus a partir de 1996 nos meses que antecedem a colheita, mostram que
sua incidência na área nobre da citricultura, que compreende 850 mil hectares
localizados em 367 municípios das regiões sul, central, norte e noroeste de São
Paulo e sul do triângulo mineiro (AYRES, 2000), tem-se mantido em níveis
médios superiores a 30% (FUNDECITROS, 2008b). Pode-se verificar que a
região norte do Estado de São Paulo e parte do Triângulo Mineiro são as que
Introdução
9
apresentam maior incidência de CVC (FUNDECITROS, 2008b) (FIGURA 1.4, pg
09).
FIGURA 1.4: Zoneamento citrícola considerado no levantamento de CVC em
2005 no Estado de São Paulo e parte do Triângulo Mineiro
(Fonte: FUNDECITROS, 2008b)
Os níveis de danos econômicos da CVC, estimados em cem milhões
de dólares anuais, poderiam ser ainda maiores não fosse a adoção de medidas
conjuntas de controle pelos produtores. Estas envolvem plantio de mudas sadias,
poda de ramos sintomáticos, erradicação de plantas com sintomas generalizados
e controle químico dos vetores (FUNDECITRUS, 2008c). Atualmente existe
norma governamental que, desde janeiro de 2003, proíbe a comercialização em
todo o estado de São Paulo de mudas que não tenham sido produzidas em
viveiros telados totalmente livres de insetos (FUNDECITRUS, 2008d).
Observando o levantamento realizado pela Fundecitrus no período de 1996 a
2005 (GRÁFICO 1.1, pg 10), pode-se verificar que nos anos de 2004 a 2005,
houve um pequeno decréscimo na incidência de CVC, porém praticamente
insignificante, quando comparado com as perdas que a doença causa para os
setores envolvidos.
Introdução
10
Gráfico 1.1: Comparação da incidência de CVC no período de 1996 a 2005 no
Estado de São Paulo e parte do Triângulo Mineiro
(Fonte: FUNDECITROS, 2008b)
Desta forma, pode-se concluir que os métodos de manejos atuais da
CVC não são eficazes, sendo necessário portanto empreendimento de esforços
visando um conhecimento mais aprofundado de vários aspectos desses
patossistemas de forma que medidas mais apropriadas sejam desenvolvidas.
1.4- Doenças Bucais
As doenças bucais parecem ser devido a uma transição de uma
associação comensal para uma relação oportunística com o hospedeiro. As
bactérias da microbiota bucal podem sobreviver na cavidade oral por serem
menos susceptíveis aos mecanismos imunológicos ou por serem capazes de
sobrepujá-los. Desta forma, um desequilíbrio no ecossistema bucal pode acarretar
a emergência de bactérias potencialmente patogênicas. Para a compreensão dos
processos envolvidos na cariogênese e nas doenças periodontais é necessário
um entendimento da ecologia da cavidade oral e a identificação dos fatores
responsáveis pela transição da microbiota oral de uma associação comensal para
uma relação patogênica com o hospedeiro.
As características ambientais da cavidade oral, tais como alta
umidade, temperatura relativamente constante de 34 a 36°C, pH próximo da
neutralidade e disponibilidade de nutrientes (NASCIMENTO et al., 2004),
permitem o estabelecimento de uma microbiota altamente complexa, composta
Introdução
11
por cerca de 500 grupos bacterianos que habitam as diversas áreas da boca. Os
microrganismos que colonizam os dentes produzem uma aderência que os
capacitam a desenvolver um biofilme bacteriano que se adere à superfície dos
dentes, formando comunidades microbianas organizadas em uma matriz
complexa, composta de produtos extracelulares microbianos, constituintes
salivares, restos alimentares, células mortas e descamadas da boca. Este biofilme
é denominado placa bacteriana e é a causa principal das cáries e das doenças
periodontais (MARCOTTE & LAVOIE, 1998).
A composição da microbiota oral varia com a idade, hábitos
alimentares, hormônios, fluxo salivar, condições imunológicas e outros fatores
como higienização e alcoolismo. A colonização da cavidade oral por
microrganismos tem início de seis a dez horas após o nascimento. As espécies
pioneiras são as do gênero Streptococcus e provêm principalmente da mãe.
1.4.1- Patógenos Bucais
A distribuição das bactérias bucais varia qualitativa e
quantitativamente de acordo com o habitat. Bactérias do grupo Streptococcus
como S. mutans, S. sobrinus, S. cricetus, S. rattus e S. sanguinis são encontrados
em grandes números nos dentes enquanto que S. salivarius é isolada
principalmente da língua. As espécies S. mutans e S. sanguinis aparecem na
cavidade oral somente após a erupção dos dentes.
A complexidade das comunidades bacterianas nas placas
bacterianas torna difícil a determinação de um agente cariogênico específico. Há
fortes evidências de que bactérias tais como S. mutans, S. sobrinus e
Lactobacillus acidophilus estejam envolvidas na iniciação e progressão das
cáries, respectivamente. Estes dois grupos bacterianos são capazes de
metabolizar carboidratos em ácidos (primariamente ácido lático) e tolerar um
ambiente com pH baixo. Contudo, grandes quantidades de S. mutans podem ser
encontradas em placas bacterianas sem evidência de cáries.
Dietas ricas em sacarose contribuem para a cariação dos dentes
porque o S. mutans produz um polissacarídeo de aderência específica a partir da
sacarose que é substrato para a produção do ácido lático. Bactérias láticas como
Lactobacillus acidophilus produzem ácido lático que dissolvem o fosfato de cálcio
Introdução
12
do esmalte dos dentes. A S. mutans pode, também, causar endocardite
subaguda. Os microrganismos predominantes da placa bacteriana encontram-se
na TABELA 1.1 (pg 12).
TABELA 1.1: Bactérias predominantes na placa bacteriana
(Fonte: MORETTI, 2007)
Bactérias Predominantes na Placa Bacteriana
Cocos Gram-positivos
facultativos à oxigênio
Streptococcus (S. mutans; S. sobrinus; S. cricetus)
Bacilos Gram-positivos
facultativos à oxigênio
Actinomyces
Bacilos Gram-negativos
anaeróbios estritos
Porphyromonas (P. gingivalis; P. endodontalis);
Prevotella (P. melaninogenica; P. intermédia; P.
loescheii; P. denticola)
As imagens abaixo foram obtidas por micrografia eletrônica de
varredura e de transmissão, respectivamente. A FIGURA 1.5 (pg 12) mostra
bactérias orais aderidas umas sobre as outras formando filamentos de bactérias
empilhadas. Na FIGURA 1.6 (pg 13) pode-se observar a superfície do 3º molar
humano recoberta com Streptococcus sobrinus.
FIGURA 1.5: Micrografia eletrônica de varredura de microrganismos compondo
uma placa dental
(Fonte: MORETTI, 2007)
Introdução
13
FIGURA 1.6: Micrografia eletrônica de transmissão de S. sobrinus sobre a
superfície dental
(Fonte: MORETTI, 2007)
A placa dental pode ser prontamente visualizada logo após um ou
dois dias sem medidas de higiene bucal. A placa é branca, acinzentada ou
amarela. O movimento dos tecidos e dos alimentos sobre os dentes resulta na
remoção mecânica da placa, nos dois terços coronários da superfície do dente,
ficando a placa localizada no terço gengival da superfície dentária. A localização e
o ritmo de formação da placa variam entre os indivíduos. Na ausência de medidas
de higiene bucal, a placa continua acumulando até que seja alcançado um
equilíbrio entre as forças de remoção da placa e as forças de formação
(MESQUINI et al., 2006). O processo de formação da placa pode ser dividido em
quatro fases (FIGURA 1.7, pg 14). Na fase 1 observa-se a adsorção molecular
para a formação do biofilme; na fase 2 ocorre a adesão bacteriana de
microrganismos isolados; na fase 3 há um aumento na produção da matriz
extracelular e multiplicação das bactérias aderidas; na fase 4 a adsorção
seqüencial de novas bactérias formam um biofilme maduro e complexo
(NEWMAN et al., 2004).
Introdução
14
FIGURA 1.7. Fases da formação da placa
(Fonte: LINDHE et al., 2005)
Após a formação do biofilme, inicia-se um processo de propagação
sistêmica de infecções periodontais, ou o ataque da placa dental que enfatiza a
necessidade de um tratamento específico da infecção por biofilme subgengival.
As infecções contidas na cavidade bucal podem repercurtir no organismo como
um todo. Os micróbios disseminam-se sobre a superfície das mucosas úmidas e
quentes. Alguns patógenos aderem às células epiteliais ou proliferam para o
interior dos tecidos. Várias bactérias e fungos apresentam a capacidade de
invadir o interstício, em função de sua motilidade ou da produção de enzimas
líticas. Microrganismos também podem atingir os vasos linfáticos, alcançando os
linfonodos e, daí, a corrente sanguínea. Assim, as infecções estafilocócicas, ou
mesmo estreptocócicas, não tratadas podem progredir levando a uma endocardite
infecciosa. Muitas vezes, as principais manifestações de doenças infecciosas
surgem em locais distantes da entrada do agente patogênico (COTRAN et al.,
1996).
Devido à problemas conhecidos no tratamento de doenças
periodontais causadas por microrganismos resistentes a antibióticos e devido às
dificuldades encontradas por laboratórios na descoberta de novas moléculas com
propriedades antimicrobianas, pesquisas nesta área têm se mantido restrita à
poucos pesquisadores. Na realidade, algas, fungos e plantas superiores
constituem atualmente importantes fontes para a prosperação de novas
Introdução
15
moléculas bioativas, seja pelo uso direto de seus metabólitos secundários ou pelo
emprego de derivados biossintéticos ou semi-sintéticos, os quais são produzidos
com o objetivo de promover uma redução do número de microrganismos viáveis,
ao inibir sua proliferação ou causar sua morte celular.
1.5- Doenças de Origem Microbiana Transmitidas por Alimentos
Os alimentos de origem animal ou vegetal, frescos ou processados,
incluindo a água, podem veicular diversos microrganismos patógenos,
causadores de diversas perturbações fisiológicas nas pessoas que os consomem.
Os alimentos que, eventualmente, estejam contaminados por microrganismos
causadores de doenças, ao serem ingeridos, permitem que os patógenos ou seus
metabólitos invadam os fluídos ou os tecidos do hospedeiro potencializando
algumas doenças graves, como por exemplo, a tuberculose e a febre de Malta
também conhecida como febre ondulante, resultantes da ingestão de leite não
pasteurizado ou de queijos, em particular queijos frescos, contaminados por
populações bacterianas, de Mycobacterium bovis e M. tubercolosis, ou por
Brucella abortus, agentes respectivamente responsáveis pela doença referida
(DENNIS,1987).
As doenças de origem alimentar representam um perigo de grande
relevância para a saúde humana e para a economia dos indivíduos, famílias e
nações e podem ser provocadas por diversos grupos de microrganismos,
incluindo bactérias, fungos, protozoários e vírus. As bactérias, pela sua
diversidade e patogenia, constituem, de longe, o grupo microbiano mais
importante e vulgarmente associado às doenças transmitidas pelos alimentos e
portanto este grupo foi o foco deste estudo. Os alimentos podem ser
contaminados por bactérias patogênicas para o homem, como resultado de
deficientes condições de higiene durante o seu processamento, quer a partir de
pessoas ou animais doentes, quer a partir de fezes provenientes de indivíduos
infectados. Os alimentos podem, também, constituir um perigo para a saúde
pública, devido ao crescimento excessivo de populações bacterianas na
superfície ou no interior dos mesmos, oriundas do meio ambiente capazes de
produzir toxinas (exotoxinas), que ao serem ingeridas com o alimento podem
causar graves problemas (PELCZAR et al., 1980).
Introdução
16
1.5.1- Bactérias de Origem Alimentar
Os principais gêneros bacterianos envolvidos no mecanismo de
infecção alimentar são: Escherichia, Salmonella, Shigella, Vibrio e Bacillus.
O gênero Escherichia é composto por uma única espécie: E. coli, o
ser vivo mais estudado e conhecido do Homem. Praticamente todos os alimentos,
quer de origem vegetal, quer de origem animal que não tenham sido objetos de
processamento, podem veicular a E. coli, desde que, em algum momento, tenham
sido sujeitos a poluição fecal. E. coli já provocou um surto nos Estados Unidos
em 1968, devido à ingestão de água não clorada, proveniente de poço artesiano,
e provavelmente contaminada com fezes humanas. Vários surtos de origem
alimentar ocorrerram na Inglaterra. Um deles em 1967, através da ingestão de
carne de porco previamente preparada, e outro em 1973, atribuído à ingestão de
torta de carne contaminada (DOYLE E CLIVER,1990). Este tipo de microrganismo
pode se difundir através da água, alimentos e pelo contato pessoa a pessoa.
Poucos alimentos tem sido associados a surtos de toxinfecção alimentar
provocados por este grupo, mas salmão, carne de aves, leite e queijo Camembert
tem sido veículos. Um dos casos mais alarmantes de infecção alimentar por E.
coli ocorreu nos Estados Unidos em 1971, em que aproximadamente 380
pessoas ingeriram queijo Camembert contaminado. O queijo era de origem
francesa e continha E. coli O:124 em contagens de 105–107
microrganismos/grama (DOYLE e CLIVER, 1990). O período de incubação da
doença varia de 3 a 9 dias, com média de 4 dias, e duração da doença varia de 2
a 9 dias, também com média de 4 dias.
O gênero Salmonella é composto por três principais espécies que
estão associadas às infecções alimentares: S. typhimurium, S. enteritidis e S.
newport, responsáveis pelos maiores incidentes; esta última espécie produz uma
enterotoxina de natureza lipopolissacarídica com elevado peso molecular. Os
alimentos mais susceptíveis à contaminação por Salmonelas são o leite, queijos,
chocolates, carnes frescas, nomeadamente, carcaças de aves. A FIGURA 1.8 (pg
17) foi obtida via microscopia de varredura e mostra algumas colônias de
Salmonella.
As espécies do gênero Shigella são os agentes causais da
disenteria bacilar no Homem, tendo-se isolado quatro espécies associadas a esta
Introdução
17
doença no Homem: S. dysenteriae, S. boydii, S. flexneri e a S. sonnei. Estas
espécies são restritas aos humanos, sendo a poluição fecal a sua principal via de
contaminação e dispersão.
FIGURA 1.8: Colônias de Salmonella
(Fonte: FUNDACION ANNA VÁSQUEZ, 2007)
O gênero Vibrio inclui duas espécies patogêneas para o Homem,
denominadas, V. cholerae, responsável pela cólera, e V. parahaemoliticus, bem
adaptada aos ambientes marinhos e associada às infecções alimentares por
ingestão de peixe, moluscos e crustáceos contaminados.
O gênero Bacillus compreende uma única espécie: Bacillus cereus,
que habita preferencialmente o ar, o solo, águas e diferentes alimentos de origem
vegetal (cereais), lacticínios e produtos cárneos. A FIGURA 1.9 (pg 17) ilustra
várias colônias de B. cereus.
FIGURA 1.9: Colônias de Bacillus cereus
(Fonte: WIKIPÉDIA, 2007)
Introdução
18
Os sintomas causados por doenças de origem microbiana
transmitidas por alimentos podem ser simplesmente incômodos, sem gravidade
maior, ou muitas vezes levar à quadros clínicos de alto risco ou mortes. Por isso é
imprescindível a adoção de medidas que evitem o desenvolvimento dessas
doenças, como por exemplo, inibir a proliferação destes microrganismos no
ambiente, com substâncias ativas que sejam de fato eficientes e não prejudiciais
à saúde.
2. OBJETIVOS
_____________________________________________________
Objetivos
20
Este trabalho teve como objetivo principal o isolamento e elucidação
estrutural de metabólitos secundários de Hortia oreadica, H. brasiliana e H.
superba, visando a aplicação dos resultados na investigação de vários problemas,
entre eles:
ª Quimiossistemática do gênero Hortia: A classificação do gênero Hortia
dentro da família Rutaceae ainda é duvidosa. A avaliação de várias
espécies de Hortia teve como objetivo o isolamento de metabólitos
secundários que pudessem contribuir para o posicionamento
quimiossistemático do gênero dentro da família. Para isto várias partes
vegetais das espécies H. oreadica Groppo, Kallunki & Pirani, H. brasiliana
Vand. Ex DC e H. superba consistiram o material de estudo deste trabalho.
ª Investigar o potencial antibacteriano de substâncias isoladas de espécies
de Hortia e substâncias quinolinônicas sintéticas frente à X. fastidiosa,
visando o controle da CVC que é uma das doenças mais importantes da
citricultura brasileira.
ª Avaliar a atividade antibacteriana in vitro de extratos e substâncias isoladas
de Hortia, bem como uma série de substâncias sintéticas frente à
patógenos bucais e de origem alimentar, com o objetivo de encontrar
substâncias antibacterianas capazes de combater agentes causadores de
doenças periodontais e microrganismos presentes em alimentos,
responsáveis por inúmeras doenças no homem.
3. CAPÍTULO 1:
ESTUDO FITOQUÍMICO DAS ESPÉCIES DE HORTIA
_____________________________________________________
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
22
3.1- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
3.1.1- Materiais e Métodos
3.1.1.1- Métodos utilizados para o fracionamento e isolamento
das substâncias
a) Fracionamentos por Cromatografia em Coluna (CC), utilizando as seguintes
fases estacionárias:
Sílica gel 60 (70-230 Mesh ASTM), MERCK
Sílica gel (230-400 Mesh ASTM), MERCK
Celulose microcristalina, VETEC
Sephadex LH-20
Florisil (230-400 Mesh ASTM)
b) Separação de misturas de substâncias via Cromatografia em Camada Delgada
Preparativa (CCDP) utilizando:
Cromatoplaca de sílica gel 60 HF
254
em alumínio, MERCK
Placa preparativa de sílica gel 60 HF
254
em vidro, MERCK
c) Separação de misturas de substâncias via Cromatografia Líquida de Alta
Eficiência (CLAE), utilizando os cromatógrafos:
SHIMADZU SCL-10A, (condições preparativas);
SHIMADZU modelo LC-6AV, (condições preparativas com válvula de
reciclo (CLAE-R) e “loop” de 2 mL)
Com os seguintes detectores:
Espectrofotômetro UV-VIS. Modelo SPD- GAV, Shimadzu para CLAE-R;
Detector de índice de refração Shimadzu VIR-6AV para CLAE-R.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
23
d) Solventes utilizados no fracionamento e identificação dos compostos:
Solventes comerciais MERCK, SINTH, VETEC, LABSYNTH e outros
destilados na sala de destilação do Departamento de Química da UFSCar
Solventes grau HPLC da JTB;
Solventes deuterados da MERCK e ALDRICH.
e)
Evaporadores rotatórios utilizados para preparar e fracionar extratos:
BUCHI, rotavapor R-114, equipado com banho BUCHI B-480 e recirculador
refrigerado NESLAB, modelo CFT-25 mantido a 5°C.
BUCHI, rotavapor R-200, equipado com banho BUCHI 490 e recirculador
refrigerado NESLAB, modelo CFT-25 mantido a 5°C.
f) Liofilizador utilizado para extratos hidroalcoólicos:
Modelo E.C. Modulyo-Pump Savant VLP 80
3.1.1.2- Métodos instrumentais utilizados para a identificação e
elucidação das estruturas
a) Ressonância Magnética Nuclear (RMN), utilizando as técnicas de RMN de
1
H e
13
C, COSY, HMBC, HSQC, g-NOESY via os seguintes aparelhos:
BRUKER modelo DRX 400 (9,4 Tesla)
BRUKER modelo ARX 200 (4,7 Tesla)
b) Espectrometria de massas, utilizando os seguintes aparelhos:
Cromatógrafo de fase gasosa Shimadzu GC-17A, equipado com uma
coluna DB
5,
L= 30m, Φ= 0,32mm e filme= 0,25µm
acoplado ao espectrômetro de
massas de baixa resolução HP-2576
Cromatógrafo de fase gasosa acoplado ao espectrômetro de massas de
baixa resolução Shimadzu CG-EM QP5000, equipado com uma coluna HP1
,
L=
25m, Φ= 0,20mm e filme= 0,25µm
Espectrômetro de massas ESI-MS e DCI-MS de baixa resolução VG
Platform II (Fisons).
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
24
3.1.2- Preparação dos Extratos Brutos
A espécie H. brasiliana Vand. Ex DC foi coletada em 11 de maio de
2000, no município de Linhares, Espirito Santo. As espécies H. superba e H.
oreadica Groppo, Kallunki & Pirani foram coletas de 21 a 23 de janeiro de 2001
em uma Reserva DUCKE no município de Itacoatiara, Amazonas. Todas as
espécies foram identificadas pelo Prof. Dr. José Rubens Pirani, do Departamento
de Botânica, Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP-SP) e
as exsicatas encontram-se depositadas no mesmo instituto. A FIGURA 3.1 (pg
24) mostra três árvores de espécies de Hortia, sendo na ordem da esquerda para
a direita, H. brasiliana, H. oreadica e H. superba.
As partes vegetais das espécies de Hortia foram secas em estufa de
circulação a 40°C durante aproximadamente 10 dias e posteriormente trituradas
em moinho. O material seco e moído foi percolado com solventes para extração
de metabólitos secundários, em ordem crescente de polaridade [Hexano (EH),
Diclorometano (ED), Metanol (EM) e em alguns casos, uma mistura na proporção
1:1 de Metanol:Água (EMA)] a temperatura ambiente com três agitações por dia.
A extração para cada solvente perpassou-se três dias com uma troca de solvente
por dia, totalizando doze dias, sendo três para cada solvente. O FLUXOGRAMA
3.1 (pg 25) ilustra o procedimento de formação dos extratos. A preparação dos
extratos deu-se no período de fevereiro a maio de 2001.
FIGURA 3.1: Espécies de Hortia (H. brasiliana, H. oreadica e H. superba)
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
25
FLUXOGRAMA 3.1: Preparação dos extratos das espécies de Hortia
a) Extração com Hexano
b) Extração com Diclorometano
c) Extração com Metanol
d) Extração com mistura de Metanol/Água na proporção de 1:1
Os extratos foram concentrados em rotaevaporador e no caso dos
extratos hidroalcóolicos liofilizados; a seguir todos os extratos foram conservados
em refrigerador para evitar degradação dos mesmos. As massas das partes
vegetais e dos extratos obtidos a partir de cada uma delas está descrito na
TABELA 3.1 (pg 25).
TABELA 3.1 - Massas obtidas de material vegetal e extratos
H. brasiliana Massas de Extratos Obtidas (g)
Material Vegetal
Massa Vegetal
(g)
EH ED EM EMA
Tronco 938 1,6 2,9 26,2
Folhas 655 16,0 21,7 25,9
Casca 270 1,0 1,1 5,6
H. oreadica Massas de Extratos Obtidas (g)
Tronco 2.475 8,2 8,4 50,6
Tronco Subterrâneo 3.325 85,9 67,6 244,0
Folhas 3.180 93,0 161,0 42,0
H. superba Massas de Extratos Obtidas (g)
Tronco 2.280 0,96 8,2 18,1
Casca 800 0,43 3,2 1,6
Extratos preparados somente para ensaio biológico
Extratos não preparados
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
26
3.1.3- Fracionamento dos Extratos e Isolamento das
Substâncias de H. oreadica
3.1.3.1- Fracionamento do Extrato Hexânico do Tronco
Subterrâneo
O extrato hexânico do tronco subterrâneo de H. oreadica (EHTSHB)
foi fracionado em um funil de placa sinterizada sob vácuo utilizando-se sílica gel
70-230 mesh, o que forneceu 4 subextratos (FLUXOGRAMA 3.2, pg 26). A partir
da obtenção de um espectro de RMN de
1
H dos 4 subextratos, o subextrato
EHTSHB(D) foi escolhido para refracionamento (FLUXOGRAMA 3.3, pg 27) por
apresentar sinais relativos à substâncias de interesse como derivados do ácido
diidrocinâmico e cumarinas.
O subextrato EHTSHB(A) proporcionou o isolamento do derivado do
ácido diidrocinâmico ácido 3-fenil-[2’,6’-dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-
dimetilpirano]propiônico 01. Os subextratos EHTSHB(H) e EDTSHB(M) foram
refracionados mas não forneceram nenhum metabólito de interesse.
FLUXOGRAMA 3.2: Fracionamento do extrato EHTSHB
Cromatografia à vácuo em funil de placa sinterizada
Sílica gel (70-230 mesh)
φ
= 10
,
0cm
,
h= 20
,
0cm
2L Hex.
2L Dicl.
3L MeOH.
1L AcOEt.
EHTSHB
5,0 g
EHTSHB(H)
0,155 g
EHTSHB(D)
2,922 g
EHTSHB(A)
1,20 g
EHTSHB(M)
0,581 g
Substância
01
1,20 g
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
27
FLUXOGRAMA 3.3: Resumo do fracionamento do subextrato EHTSHB(D)
Do subextrato EHTSHB(D) foram isolados os derivados do ácido
diidrocinâmico 3-fenil-[2’-metoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propionato de
metila (02), 3-fenil-[2’,6’-dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propionato de
metila (03), 3-fenil-[2’,5’-dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propionato de
metila (04) e a mistura do derivado do ácido diidrocinâmico (03) com a cumarina
5-metoxiseselina (07).
3.1.3.2- Fracionamento do Extrato Diclorometano do Tronco
Subterrâneo
O extrato diclorometano do tronco subterrâneo de H. oreadica
(EDTSHB) foi fracionado em um funil de placa sinterizada sob vácuo utilizando-se
sílica gel 70-230 mesh, o que forneceu 5 subextratos (FLUXOGRAMA 3.4, pg 28).
A partir da obtenção de um espectro de RMN de
1
H dos 5 subextratos, o
subextrato EDTSHB(A) foi escolhido para ser refracionado devido a presença de
sinais interessantes que poderiam estar relacionados à substâncias de interesse.
O espectro do subextrato EDTSHB(D1) apresentou uma quantidade elevada de
material graxo e por este motivo foi reservado. O subextrato EDTSHB(D2) foi
refracionado, porém nenhuma das frações provenientes foram trabalhadas. O
subextrato EDTSHB(M) também foi refracionado, mas não forneceu nenhum
metabólito puro.
EHTSHB(D)
2,92 g
Cromatografia por adsorção
Sílica gel (230-400 Mesh)
Φ= 2,3 cm, h= 48,0 cm
Hex:AcOEt 10%
1-9
0,511 g
10-18
0,150 g
19-34
0,473 g
Substância
02
0,473 g
35- 40
0,710 g
41
0,155 g
42- 50
0,121 g
51
0, 039 g
52 a 56
0, 650 g
Substância
03
0,155 g
Substância
03 e 07
0,121 g
Substância
04
0,039 g
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
28
FLUXOGRAMA 3.4: Fracionamento do extrato EDTSHB
EDTSHB
10,0 g
EDTSHB(H)
0,923 g
EDTSHB(D2)
1,534 g
EDTSHB(A)
4,50 g
EDTSHB(M)
1,221 g
EDTSHB(D1)
1,10 g
(
D2
)
1 a
(
D2
)
13
(M)1 a (M)8
CCDP
Celulose Microcristalina
Φ= 5,3 cm, h= 20,0 cm
Hex
MeOH
Cromatografia à vácuo em funil de placa sinterizada
Sílica gel (70-230 Mesh)
Φ= 10,0 cm, h= 18,0 cm
1 L Hex. 1 L Dicl. 1 L Dicl. 1L AcOEt 1 L MeOH
C
romatogra
fi
a por a
d
sorç
ã
o
Sílica gel (230-400 mesh)
φ = 5,2 cm, h = 28,0cm
Hex MeOH
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
29
FLUXOGRAMA 3.5: Resumo do fracionamento do subextrato EDTSHB(A) e de
sua fração 15-17
*
EDTSHB(A)
4,5 g
Cromatografia por adsorção
Sílica gel (70-230 Mesh)
φ = 5,3 cm, h = 41,0cm
Hex MeOH
(A) 12-13
0,083 g
(A)1-11
0,021 g
(A) 14
0,157 g
(A) 15-17
0,213 g
1- 2
0,004 g
3
0,003 g
4 - 6
0,038 g
7
0,039 g
8 - 9
0,087 g
10 - 11
0,038 g
CLAE-Reciclante *
Substância
10
0,004 g
Substância
04
0,039 g
Substâncias
03 e 07
0,017 g
1- 13
0,004 g
14
0,009
15-17
0,017
18- 25
0,030 g
38-44
0,008
Substância
04
0,009g
Cromatografia por adsorção
Sílica gel(70-230 Mesh)
φ = 1,0 cm, h = 14,0 cm
Hex MeOH
26-37
0,015 g
C
o
l
una
P
o
li
m
é
r
i
ca
P
reparat
i
va
Sh
o
d
ex
A
sa
hi
pa
k
(45
,
0
x
2
,
5
cm, part
í
cu
l
a
d
e
5
µm
)
;
L
oop:
500
µ
L
Fase Normal com Eluição Isocrática: MeOH: Dicl. 1:1; Detector UV λ: 217 e 254 nm; Vazão: 3 mL/min.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
30
FLUXOGRAMA 3.6: Resumo do fracionamento do subextrato EDTSHB(A) e de
suas frações 18-19 e 20.
FLUXOGRAMA 3.7: Resumo do fracionamento do subextrato EDTSHB(A) e de
suas frações 23 e 25-26.
*
EDTSHB(A)
4,5 g
Cromatografia por adsorção
Sílica gel (70-230 Mesh)
φ = 5,3 cm, h = 41,0cm
Hex MeOH
(A)1-17 (A)18-19
0,123 g
(A)20
0,264 g
(A)21-22
0,187 g
CLAE
-
R
ec
i
c
l
ante
*
1-6
0,029 g
7-8
0,017 g
9-10
0,042 g
11-13
0,031 g
Substância
11
0,017 g
Substância
09
0,042g
Substância
10
0,031g
Substância
01
0,187 g
CLAE
-
R
ec
i
c
l
ante
*
1-3
0,032 g
4-5
0,074 g
6-7
0,088 g
8-9
0,056 g
Substância
09
0,056 g
Substâncias
01 e 05
0,074 g
EDTSHB(A)
4,5 g
Cromatografia por adsorção
Sílica gel (70-230 Mesh)
φ = 5,3 cm, h = 41,0cm
Hex MeOH
(A)18-22 (A)25-26
0,136 g
Substância
01
0,025 g
(A)23
0,202 g
(A)24
0,025 g
1-2
0,029 g
3-4
0,042 g
5-6
0,062 g
Substância 03
0,042 g
Substâncias
03 e 07
0,062 g
1-2
0,058 g
3- 4
0,126 g
5
0,012 g
Substâncias
01 e 05
CLAE
-
R
ec
i
c
l
ante
*
CLAE
-
R
ec
i
c
l
an
t
e
*
C
o
l
una
P
o
li
m
é
r
i
ca
P
reparat
i
va
Sh
o
d
ex
A
sa
hi
pa
k
(45
,
0
x
2
,
5
cm, part
í
cu
l
a
d
e
5
µm
)
;
L
oop:
500
µ
L
Fase Normal com Eluição Isocrática: MeOH: Dicl. 1:1; Detector UV λ: 217 e 254 nm; Vazão: 3 mL/min.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
31
FLUXOGRAMA 3.8: Resumo do fracionamento do subextrato EDTSHB(A) e de
sua fração 28-30.
FLUXOGRAMA 3.9: Resumo do fracionamento do subextrato EDTSHB(A) e de
sua fração 32-34.
*
EDTSHB(A)
4,5 g
Cromatografia por adsorção
Sílica gel (70-230 Mesh)
φ = 5,3 cm, h = 41,0cm
Hex MeOH
(A)18-26
Substância
13
0,397 g
(A)28-30
0,397 g
(A)27
0,024 g
(A)31
0,110 g
EDTSHB(A)
4,5 g
Cromatografia por adsorção
Sílica gel (70-230 Mesh)
φ = 5,3 cm, h = 41,0cm
Hex MeOH
(A)26-31
(A)32-34
0,922 g
CLAE
-
R
ec
i
c
l
an
t
e
*
1-3
0,078 g
4-6
0,135 g
7-8
0,342 g
9-12
0,329 g
Substância
06
0,342 g
(A)35-37
0,140 g
C
o
l
una
P
o
li
m
é
r
i
ca
P
repara
ti
va
Sh
o
d
ex
A
sa
hi
pa
k
(45
,
0
x
2
,
5
cm, par
cu
l
a
d
e
5
µm
)
,
L
oop:
500
µ
L
,
Fase Normal com Eluição Isocrática: MeOH: Dicl. 1:1, Detector UV λ: 217 e 254 nm, Vazão: 3 mL/min.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
32
FLUXOGRAMA 3.10: Resumo do fracionamento do subextrato EDTSHB(A) e de
sua fração 35-37.
*
EDTSHB(A)
4,5 g
Cromatografia por adsorção
Sílica gel (70-230 Mesh)
φ = 5,3 cm, h = 41,0cm
Hex MeOH
(A)26-34
(A)35-37
0,140 g
(A)38-39
0,123 g
1-15
0,011 g
16-19
0,006 g
21
0,021 g
23-25
0,009 g
Cromatografia por adsorção
Sílica gel (230-400 Mesh)
φ = 2,3 cm, h = 22,0 cm
Hex MeOH
CLAE-Reciclante *
4-5
0,007 g
9-10
0,006 g
Substância
15
0,007 g
20
0,039 g
22
0,045 g
1-3
0,015 g
6-8
0,013 g
1-3
0,002 g
4-6
0,007 g
7-9
0,003g
Substância 14
0,007 g
3-4
0,029 g
7-9
0,002 g
Substância
14
0,029 g
1-2
0,003 g
5-6
0,007 g
CLAE
-
R
ec
i
c
l
ante
*
CLAE
-
R
ec
i
c
l
an
t
e
*
10-11
0,006 g
Substância 08
0,006 g
C
o
l
una
P
o
li
m
é
r
i
ca
P
reparat
i
va
Sh
o
d
ex
A
sa
hi
pa
k
(45
,
0
x
2
,
5
cm, part
í
cu
l
a
d
e
5
µm
)
,
L
oop:
500
µ
L
,
Fase Normal com Eluição Isocrática: MeOH: Dicl. 1:1, Detector UV λ: 217 e 254 nm, Vazão: 3 mL/min.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
33
O subextrato EDTSHB(A) proveniente do extrato diclorometânico do
tronco subterrâneo de H. oreadica foi fracionado, assim como suas frações de
acordo com os FLUXOGRAMAS 3.5 a 3.10 (pgs 29 a 32). Deste subextrato foram
isolados os derivados do ácido diidrocinâmico ácido 3-fenil-[2’,6’-dimetoxi-(3’,4’-
O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propiônico 01, 3-fenil-[2’,6’-dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-
2’’,2’’-dimetilpirano]propionato de metila 03, 3-fenil-[2’,5’-dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-
2’’,2’’-dimetilpirano]propionato de metila 04, a mistura ácido 3-fenil-[2’, 6’-dimetoxi-
(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propiônico 01 e ácido 3-fenil-[2
-metoxi-(3
,4
-
O:5
’’
,6
’’’
)-2
’’
,2
’’
-dimetilpirano]propiônico 05, ácido 3-fenil-[2’,5’-dimetoxi-(3’,4’-
O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propiônico 06, a mistura 3-fenil-[2’,6’-dimetoxi-(3’,4’-
O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propionato de metila 03 e cumarina 5-metoxiseselina
07; o derivado do ácido cinâmico ácido 3,4-dimetoxi-α(3-hidroxi-4-
carbometoxifenil)cinâmico 08, os alcalóides rutaecarpina 09, 7,8-
desidrorutaecarpina 10 e dictamina 11 e os limonóides guianina 13, hortiolida E
14 e hortiolida G 15.
3.1.3.3- Fracionamento do Extrato Diclorometano das Folhas
O extrato diclorometano das folhas foi fracionado via a técnica de
HSCCC (High Speed Countercurrent Chromatography) preparativa
(FLUXOGRAMA 3.11, pg 34) utilizando um sistema de solventes composto por
etanol, água, acetonitrila e hexano, sendo a fase estacionária etanol, água e
acetonitrila (8:1:1) e a fase móvel composta apenas por hexano. As frações
obtidas a partir deste extrato foram submetidas à análise por CCDA, agrupadas
de acordo com as similaridades e a seguir refracionadas.
Assim, este extrato proporcionou o isolamento do derivado do ácido
diidrocinâmico 3-fenil-[2’,6’-dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propionato
de metila 03, dos alcalóides rutaecarpina 09 e dictamina 11 e do limonóide
guianina 13.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
33
FLUXOGRAMA 3.11: Resumo do fracionamento do extrato EDFHB e de suas
frações 15-19, 23-26 e 31-34.
EDFHB
2,5 g
HSCCC
3 colunas; 800 rpm
Hex:EtOH:H
2
O:ACN (10:8:1:1)
1-7
0,248 g
12-14
0,445 g
Substância
13
0,04 g
15-19
0,136 g
C
roma
t
ogra
fi
a por a
d
sorç
ã
o
Sílica gel (230-400 mesh)
φ = 3,0 cm, h = 45,0 cm
Hex:Acetona 20%
20-22
0,148 g
1- 8
0
,
051
g
23-26
0,463 g
8-11
0,495 g
27-30
0,074 g
31-34
0,351 g
9- 13
0
,
04
g
14- 17
0
,
038
g
1- 10
0,18 g
11- 12
0,133 g
13- 16
0,11 g
Substância
09
0,11 g
C
roma
t
ogra
fi
a por exc
l
us
ã
o
Sephadex LH-20
φ = 2,5 cm, h = 51,0 cm
MeOH:Dicl. 40%
Substância
03
0,148 g
C
roma
t
ogra
fi
a por exc
l
us
ã
o
Sephadex LH-20
φ = 2,5 cm, h = 51,0 cm
MeOH:Dicl. 40%
1- 3
0,127 g
4- 5
0,088 g
6- 7
0,129 g
Substância
11
0,088 g
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
34
3.1.4- Fracionamento do Extrato e Isolamento das Substâncias
de H. brasiliana
3.1.4.1- Fracionamento do Extrato Diclorometano das Folhas
O extrato diclorometano das folhas foi estudado fitoquimicamente
utilizando diversas técnicas cromatográficas. O fracionamento levou ao
isolamento dos derivados do ácido diidrocinâmico ácido 3-fenil-[2’, 6’-dimetoxi-(3’,
4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propiônico 01, 3-fenil-[2’-metoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-
2’’,2’’-dimetilpirano]propionato de metila 02, 3-fenil-[2’,5’-dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-
2’’,2’’-dimetilpirano]propionato de metila 04 e do alcalóide rutaecarpina 09. O
FLUXOGRAMA 3.12 (pg 34) mostra de forma resumida como este estudo foi
realizado.
FLUXOGRAMA 3.12: Resumo do fracionamento do extrato EDFHA e de suas
frações 10-14 e 24-26.
*
EDFHA
3,0 g
C
romatogra
fi
a por a
d
sorç
ã
o
Sílica gel (230-400 mesh)
φ = 5,3 cm, h = 32,0cm
Hex MeOH
1-2
0,306 g
3
0,494 g
10-14
0,934 g
1
0,098 g
CCDP
Hex: AcOEt 8:2
15-20
0,188 g
24-26
0,479 g
27-30
0,085 g
4-9
0,233 g
2
0,11 g
3
0,231 g
4
0,307 g
Substância
01
0,098 g
CLAE-Reciclante *
1-3
0,005 g
4-6
0,049 g
7
0,087 g
8-9
0,075 g
Substância
09
0,087 g
21-23
0,051 g
1
0,087 g
2-4
0,13 g
5-7
0,149 g
8-9
0,071 g
Substância
02
0,087 g
Substância
04
0,149 g
Cromatografia por adsorção
Sílica gel (230-400 Mesh)
Φ= 2,3 cm, h= 50,0 cm
Hex:AcOEt 10%
C
o
l
una
P
o
li
m
é
r
i
ca
P
repara
ti
va
Sh
o
d
ex
A
sa
hi
pa
k
(45
,
0
x
2
,
5
cm, par
cu
l
a
d
e
5
µm
)
;
L
oop:
500
µ
L
Fase Normal com Eluição Isocrática: MeOH: Dicl. 1:1; Detector UV λ: 217 e 254 nm.; Vazão: 3 mL/min.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
35
3.1.5- Fracionamento do Extrato e Isolamento das Substâncias
de H. superba
3.1.5.1- Fracionamento do Extrato Metanólico do Tronco
O extrato metanólico do tronco foi submetido à partição líquido-líquido,
gerando quatro frações: fração hexano (EMTHS-H), fração diclorometano
(EMTHS-D), fração acetato de etila (EMTHS-A) e fração hidroalcoólica (EMTHS-
Hidro), de acordo com o FLUXOGRAMA 3.13 (pg 35). A partir da obtenção de um
espectro de RMN de
1
H das quatro frações, a fração EMTHS(D) foi escolhida para
refracionamento por apresentar sinais relativos à substâncias de interesse como
alcalóides e cumarinas. O espectro de EMTHS(H) apresentou quantidade
relevante de material graxo e por este motivo a fração foi reservada. As frações
EMTHS(A) e EMTHS(hidro) também foram reservadas para serem refracionadas
posteriormente.
FLUXOGRAMA 3.13: Particionamento do extrato EMTHS
3.1.5.2- Fracionamento da Fração Diclorometano do Extrato
Metanólico do Tronco
A fração diclorometano do extrato metanólico do tronco (EMTHS-D) foi
estudada fitoquimicamente utilizando diversas técnicas cromatográficas
(FLUXOGRAMA 3.14, pg 36). O fracionamento levou ao isolamento dos
EMTHS
103,0 g
EMTHS (H)
3,0 g
EMTHS (D)
10,5 g
EMTHS (A)
15,0 g
P
art
i
ç
ã
o
qu
id
o-
qu
id
o
Hex:Dicl:AcOEt
EMTHS (Hidro)
49,0 g
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
36
alcalóides rutaecarpina 09, dictamina 11, N-metilflindersina 12 e do limonóide
hortiolida E 14.
FLUXOGRAMA 3.14: Resumo do fracionamento do extrato EMTHS-D e de suas
frações 3- 5, 6-7 e 11-14.
*
EMTHS-D
3,0 g
1-2
0,306 g
3-5
0,432 g
6-7
1,09 g
8-10
0,596 g
11-14
0,147 g
15-17
0,206 g
C
romatogra
fi
a por a
d
sorç
ã
o
Sílica gel (230-400 mesh)
φ = 5,3 cm, h = 35,0 cm
Hex MeOH
1
0,076 g
5
0,085 g
Substância
09
0,260 g
2- 4
0,260 g
C
romatogra
fi
a por a
d
sorç
ã
o
Sílica gel (230-400 mesh)
φ = 2,3 cm, h = 21,0 cm
Hex:AcOEt 10%
1
0,293 g
2-3
0,45 g
4-6
0,236 g
Substância
12
0,293 g
Substância
11
0,236 g
1-2
0,006 g
4-5
0,058 g
3
0,077 g
1
0,023 g
2-3
0,051 g
Substância
14
0,051 g
Substância
09
0,058 g
Cromatografia por exclusão
Sephadex LH-20
φ = 2,5 cm, h = 51,0 cm
MeOH:Dicl. 30%
C
romatogra
fi
a por a
d
sorç
ã
o
Sílica gel (230-400 mesh)
φ = 2,3 cm, h = 25,0 cm
Hex:AcOEt 10%
CLAE
-
R
ec
i
c
l
ante
*
C
o
l
una
P
o
li
m
é
r
i
ca
P
reparat
i
va
Sh
o
d
ex
A
sa
hi
pa
k
(45
,
0
x
2
,
5
cm, part
í
cu
l
a
d
e
5
µm
)
,
L
oop:
500
µ
L
,
Fase Normal com Eluição Isocrática: MeOH: Dicl. 1:1, Detector UV λ: 217 e 254 nm, Vazão: 3 mL/min.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
37
3.2- RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.2.1 – Derivados do Ácido Diidrocinâmico
Os derivados do ácido diidrocinâmico são de ocorrência na família
Rutaceae, sendo descritos em literatura para os gêneros Adiscanthus (VIEIRA et
al., 1980), Drummondita (RASHID et al., 1992), Geleznowia (RASHID et al.,
1991), Eriostemon (SARKER et al., 1994a, SARKER et al., 1994b, SARKER et
al., 1995a, SARKER et al., 1995b) e Micromelum (RAHMANI et al., 1994). Para o
gênero Hortia estão descritos na literatura 15 derivados do ácido diidrocinâmico,
sendo os mesmos isolados de H. badinii (CORREA et al., 1975; CORREA et al.,
1979), H. regia (TINTO, 1992), H. colombiana (SUAREZ, et al., 2002), H. oreadica
(BRAGA, 2005) e H. brasiliana (BRAGA, 2005).
Neste estudo foram isolados seis derivados do ácido diidrocinâmico,
sendo que os derivados 01 a 05 aparecem descritos em literatura para o
gênero Hortia e o 06 parece ser inédito até o momento para a espécie H.
oreadica. Também foi isolado em mistura o derivado do ácido diidrocinâmico 03
com a cumarina 07, já conhecida na literatura como 5-metoxiseselina.
3.2.1.1- Determinação estrutural da substância 01
A substância 01 foi isolada dos extratos hexânico e diclorometano do
tronco de H. oreadica e do extrato diclorometano das folhas de H. brasiliana e sua
estrutura foi determinada com base em espectros de RMN tais como de
1
H,
13
C,
HMBC, HSQC; CG-EM e também por comparação com dados da literatura
(CORRÊA, et al., 1975; VIEIRA, et al., 1980).
O
OH
OCH
3
OCH
3
O
01
1
2
3
1'
2'
3'
4'
5'
6'
2''
3''
4''
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
38
O espectro de RMN de
1
H de 01 (FIGURA 3.2, pg 41 ) mostra dois
sinais em δ 2,89 (2H, t) e δ 2,57 (2H, t) referentes aos hidrogênios metilênicos H-3
e H-2, respectivamente. Em δ 3,74 (3H, s) e 3,77 (3H, s) observam-se os sinais
de duas metoxilas aromáticas e em δ 1,42 (6H, s) observa-se a presença do sinal
referente as duas metilas características do anel cromeno. Em δ 6,49 (1H, d,
J=9,9 Hz) e em δ 5,48 (1H, d, J=9,9 Hz) observam-se os sinais referentes aos
hidrogênios do anel cromeno. Em δ 6,20 (1H, s) observa-se o sinal de um
hidrogênio aromático.
O espectro de RMN de
13
C (FIGURA 3.3, pg 41) apresenta sinais de
16 carbonos para a molécula, cujos valores podem ser observados na TABELA
3.2 (pg 40). A presença de sinal em δ 178,7 indica a presença de uma carboxila
na molécula.
O experimento de HSQC (FIGURA 3.4, pg 42) mostra a correlação a
J
1
de H-2 em δ 2,57 com C-2 em δ 33,9 e de H-3 em δ 2,89 com C-3 em δ 18,8.
As metilas do carbono C-2’’
mostram correlação com o sinal em δ 27,8 e as
metoxilas em δ 3,74 e δ 3,77 mostram correlação a J
1
com os carbonos em δ
62,4 e em δ 55,5, respectivamente.
No experimento de HMBC (FIGURA 3.5, pg 42) as metilas em C-2’’
mostram correlação entre si (δ 27,8), com um sinal em δ 76,1 atribuído ao carbono
carbinólico C-2’’ e com um sinal em δ 127,2, atribuído ao C-3’’. O hidrogênio H-2
(δ 2,57) mostra correlação com C-3 em δ 18,8, com a carboxila em δ 178,7 e com
um sinal de um carbono quaternário em δ 113,7 que foi atribuído ao C-1’. O
hidrogênio H-3 mostra correlação com C-2 em δ 33,9, com C-1’ em δ 113,7, com
C-1 (δ 178,7) e com dois sinais de carbono quaternário referentes aos C-2’ (δ
155,1) e C-6’ (δ 158,8).
Na estrutura
01 as metoxilas estão posicionadas nos carbonos C-6’
e C-2’, sendo o sinal de hidrogênio aromático em δ 6,20 atribuído ao H-5’. Pelo
HSQC, ao C-5’ foi atribuído o sinal em δ 96,0. No experimento de HMBC, H-5’ (δ
6,20) mostra correlação com C-1’ (δ 113,7), com C-6’ ( δ 158,8), que suporta a
metoxila em δ 3,77. O hidrogênio H-4’’ mostra correlação com C-2’’ (δ 76,1), com
C-2’(δ 155,1) e com C-4’ (δ 153,2).
O espectro de massas da substância
01 (FIGURA 3.6, pg 43)
apresentou o pico do íon molecular em m/z 292, estando compatível com a
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
39
fórmula molecular C
16
H
20
O
5.
O esquema 3.1 (pg 43) mostra a proposta de
fragmentação da substância
01.
Assim, pode-se determinar que a estrutura 01 é um derivado do
ácido diidrocinâmico com função ácido carboxílico, sendo o ácido 3-fenil-[2’,6’-
dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propiônico.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
40
TABELA 3.2: Dados de RMN de
1
H e
13
C de 01 e comparação com a literatura
SUBSTÂNCIA
01
(400/100 MHz, CDCl
3
)
Braga, 2005
(400/100 MHz, CDCl
3
)
H/C
δ (ppm), J (Hz) δ (ppm) δ (ppm), J (Hz) δ (ppm)
1 - 178,7 - 178,7
2 2,57 (2H, t, J=7,6) 33,9 2,57 (2H, m) 33,9
3 2,89 (2H, t, J=7,6) 18,8 2,89 (2H, m) 18,8
1’ - 113,7 - 113,7
2’ - 155,1 - 155,1
3’ - 107,7 - 107,7
4’ - 153,2 - 153,2
5’ 6,20 (1H, s) 96,0 6,20 (1H, s) 96,0
6’ - 158,8 - 158,8
4’’ 6,49 (1H, d, J=10,0) 117,3 6,49 (1H, d, J=10,0) 117,3
3’’ 5,48 (1H, d, J=10,0) 127,2 5,48 (1H, d, J=10,0) 127,2
2’’ - 76,1 - 76,1
2’’-Me 1,42 (6H, s) 27,8 1,42 (6H, s) 27,8
2’-OMe 3,74 (3H, s) 62,4 3,74 (3H, s) 62,4
6’-OMe 3,77 (3H, s) 55,5 3,77 (3H, s) 55,5
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
41
FIGURA 3.2: Espectro de RMN de
1
H de 01 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.3: Espectro de RMN de
13
C de 01 (CDCl
3
, 100 MHz)
H-4’’
H-5’
H-3’’
6’-OCH
3
2’-OCH
3
H-3 H-2
2’’- Me
H-3 H-2
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
42
FIGURA 3.4: Mapa de contorno de g-HSQC de
01 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.5: Mapa de contorno g-HMBC de
01 (CDCl
3
, 400 MHz)
H-4’’ H-5’
H-3’’
6’-OCH
3
2’-OCH
3
H-3
H-2
2’’-Me
117,3
127,2
96,0
55,5
62,4
18,8
33,9
27,8
H-4’’
H-5’
H-3’’
6’-OCH
3
2’-OCH
3
H-3 H-2
2’’-Me
2’’-Me
2’’-Me
3
2
2’’ 2’’
3’
1’
3’
4’
4’
2’
6’
2’
6’
2’
6’
1 1
3’’
1’
2’’
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
43
FIGURA 3.6: Espectro de massas de 01 (IE-70eV)
ESQUEMA 3.1: Proposta de fragmentação para
01
O
OH
OCH
3
OCH
3
O
1
2
3
1'
2'
3'
4'
5'
6'
2''
3''
4''
5''
6''
m/z 217
m/z 277
O
O
O
OCH
3
O
H
CH
3
O
OH
OCH
3
OCH
3
O
m/z 292
- (CH
3
)
OOCH
3
O
- (H )
O
O
OCH
3
CH
3
m/z 233
- (CO
2
)
OOCH
3
OH
- (CH
3
)
m/z 218
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
44
3.2.1.2- Determinação estrutural da substância 02
A substância
02 foi isolada do extrato hexânico do tronco
subterrâneo de H. oreadica e do extrato diclorometano das folhas de H. brasiliana,
sendo que para esta última espécie é a primeira vez que é encontrada. Sua
estrutura foi determinada com base em espectros de RMN de
1
H,
13
C, HMBC,
HSQC como também através da comparação com dados da literatura (SUAREZ,
et al., 2002).
1
2
3
1'
2'
3'
4'
5'
6'
2''
3''
4''
02
O
OCH
3
OCH
3
O
O espectro de RMN de
1
H de 02 (FIGURA 3.7, pg 47) mostra dois
sinais em δ 2,86 (2H, t, J=7,5 Hz) e δ 2,59 (2H, t, J=7,5 Hz) referentes aos
hidrogênios metilênicos H-3 e H-2, respectivamente. Em δ 3,67 (3H, s) e δ 3,75
(3H, s) observam-se os sinais de duas metoxilas e em δ 1,42 (6H, s) observa-se a
presença de um sinal referente as duas metilas características do anel cromeno.
Em δ 6,91 (1H, d, J=8,3 Hz) e em δ 6,52 (1H, dd, J=8,3 e 0,7 Hz) observam-se os
sinais referentes aos hidrogênios aromáticos e em δ 5,63 (1H, d, J=10,0 Hz) e em
δ 6,56 (1H, dd, J=10,0 e 0,7 Hz) observam-se a presença dos hidrogênios do anel
cromeno.
O espectro de RMN de
13
C (FIGURA 3.8, pg 47) apresenta sinais de
16 carbonos para a molécula, cujos valores podem ser observados na TABELA
3.3 (pg 46).
O espectro de HSQC (FIGURA 3.9, pg 48) mostra a correlação a J
1
de H-2 em δ 2,59 com C-2 em δ 34,8 e de H-3 em δ 2,86 com C-3 em δ 24,9. As
metilas ligadas ao carbono C-2’’ mostram correlação com o sinal em δ 27,6 e as
metoxilas em δ 3,68 e em δ 3,75 mostram correlação a J
1
com os carbonos em δ
51,4 e em δ 61,9, respectivamente.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
45
No espectro de HMBC (FIGURA 3.10, pg 48) as metilas do anel
cromeno mostram correlação entre si (δ 27,6), com um sinal em δ 75,4 atribuído
ao carbono carbinólico C-2’’ e com um sinal em δ 130,3, podendo somente ser
atribuído ao C-3’’. O hidrogênio H-2 (δ 2,59) mostra correlação com C-3 em δ
24,9, com a carboxila do éster em δ 173,5 e com um sinal em δ 125,0 que foi
atribuído ao C-1’. O hidrogênio H-3 mostra correlação com C-2 em δ 34,8, com C-
1’ em δ 125,0, com um sinal relativo a um carbono de CH em δ 129,3, podendo
somente ser atribuído ao C-6’.
Ainda é possível observar para H-3 a correlação com um sinal em δ
154,2 atribuído ao C-2’ e com C-1 em δ 173,5. A metoxila em δ 3,67 mostra
correlação com C-1 em δ 173,5 e a outra em δ 3,75 mostra correlação com C-2’
em δ 154,2, o que permite atribuir a segunda ao anel aromático. Além disso,
sugere-se a correção da atribuição feita na literatura onde os valores de C-4’ e C-
2’ estão trocados (SUAREZ et al., 2002)
Através da análise do HSQC, sabendo-se o valor de C-6’ (δ 129,3),
pode-se atribuir o dubleto em δ 6,91 ao H-6’. No HMBC, H-6’ mostra correlação
com C-3 (δ 24,9), com C-2’ (δ 154,2) e com um sinal em δ 152,5 atribuído ao C-4’.
No HMBC H-5’ mostra correlação com C-1’ (δ 125,0), com C-3’ (δ 152,5) e com
um sinal de carbono quaternário em δ 114,7 atribuído ao C-3’. O hidrogênio H-4’’,
atribuído ao sinal em δ 6,56, mostra correlação com C-2’’ (δ 75,4), C-4’ (δ 152,5),
com C-2’ (δ 154,3) e com C-3’ (δ 114,7).
Desta forma foi possível determinar a estrutura
02 como sendo o 3-
fenil-[2’-metoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propionato de metila.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
46
TABELA 3.3: Dados de RMN de
1
H e
13
C de 02 e comparação com a literatura
SUBSTÂNCIA
02
(400/100 MHz, CDCl
3
)
SUAREZ, 2002
(300/75 MHz, CDCl
3
)
H/C
δ (ppm), J (Hz)
δ
(ppm)
δ (ppm), J (Hz) δ (ppm)
1 - 173,5 - 173,7
2 2,59 (2H, t, J=7,5) 34,8 2,59 (2H, t, J=7,5) 34,9
3 2,86 (2H, t, J=7,5) 24,9 2,86 (2H, t, J=7,5) 24,9
1’ - 125,0 - 125,1
2’ -
154,2
-
152,5
3’ - 114,7 - 114,8
4’ -
152,5
-
154,3
5’ 6,52 (1H, dd, J=8,3 e 0,7) 112,2 6,52 (1H, d, J=8,3) 112,3
6’ 6,91 (1H, d, J=8,3) 129,3 6,92 (1H, d, J=8,3) 129,4
4’’ 6,56 (1H, dd, J=10,0 e 0,7) 117,2 6,56 (1H, d, J=10,0) 117,2
3’’ 5,63 (1H, d, J=10,0) 130,3 5,63 (1H, d, J=10,0) 130,4
2’’ - 75,4 - 75,6
2’’-Me 1,42 (6H, s) 27,6 1,42 (6H, s) 27,7
1-OMe 3,67 (3H, s) 51,4 3,68 (3H, s) 51,6
2’-OMe 3,75 (3H, s) 61,9 3,75 (3H, s) 62,1
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
47
FIGURA 3.7: Espectro de RMN de
1
H de O2 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.8: Espectro de RMN de
13
C de 02 (CDCl
3
, 100 MHz)
H-6’
H-4’’ H-5’
H-3’’
2’-OCH
3
1-OCH
3
H-3
H-2
2’’- Me
H-3 H-2
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
48
FIGURA 3.9: Mapa de contorno de g-HSQC de 02 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.10: Mapa de contorno de g-HMBC de
02 (CDCl
3
, 400 MHz)
H-6’
H-4’’
H-5’
H-3’’
2’-OCH
3
1-OCH
3
H-3
H-2
125,0
130,3
117,2
112,2
61,9
51,4
24,9
34,8
27,6
2’’- Me
H-6’
H-5’
H-4’’
H-3’’
H-3 H-2
2’- OCH
3
1- OCH
3
2’’- Me
3
2’’
3’
3’
1’
2’
4’
2’
1
2’
1
3’’
2’’
2’’
2
3
2’’- Me
1’
6’
4’’
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
49
3.2.1.3- Determinação estrutural da substância 03
A substância
03 foi isolada dos extratos hexânico e diclorometano do
tronco subterrâneo e do extrato diclorometano das folhas de H. oreadica e a sua
estrutura foi determinada com base em experimentos de RMN de
1
H,
13
C, HMBC
e HSQC e por comparação com dados da literatura (SUAREZ, et al., 2002).
1
2
3
1'
2'
3'
4'
5'
6'
2''
3''
4''
O
OCH
3
OCH
3
OOCH
3
03
O espectro de RMN de
1
H de 03 (FIGURA 3.11, pg 52) mostra dois
sinais em δ 2,87 (2H, t, J=7,6) e δ 2,51 (2H, t, J=7,6) referentes aos hidrogênios
metilênicos H-3 e H-2, respectivamente. Em δ 3,68 (3H, s), δ 3,73 (3H, s) e 3,76
(3H, s) observa-se os sinais de três metoxilas e em δ 1,42 (6H, s) observa-se à
presença do sinal referente as duas metilas características do anel dimetilpirano.
Em δ 6,48 (1H, dd, J=9,9 e 0,6 Hz) e em δ 5,48 (1H, d, J=9,9 Hz) observa-se os
sinais referentes aos hidrogênios do anel cromeno e em δ 6,19 (1H, sl) observa-
se o sinal de um hidrogênio aromático.
O espectro de RMN de
13
C (FIGURA 3.12, pg 52) apresenta sinais
de 17 carbonos para a molécula, cujos valores podem ser observados na
TABELA 3.4, pg 51).
O experimento de HSQC (FIGURA 3.14, pg 53) mostra a correlação
à J
1
de H-2 em δ 2,51 com C-2 em δ 34,0 e de H-3 em δ 2,87 com C-3 em δ 19,0.
As metilas ligadas ao carbono C-2’’ mostram correlação a J
1
com o sinal em δ
27,6 e as metoxilas em δ 3,73 e δ 3,76 com os carbonos em δ 62,4 e em δ 55,4,
respectivamente. No experimento de HMBC (FIGURA 3.13, pg 53) as metilas do
anel cromeno mostram correlação entre si (δ 27,6), com um sinal em δ 75,9
atribuído ao carbono carbinólico C-2’’ e com um sinal em δ 127,0, atribuído ao C-
3’’. O hidrogênio H-2 (δ 2,51) mostra correlação com C-3 em δ 19,0, com a
carboxila em δ 173,9 e com um sinal de um carbono quaternário em δ 113,8 que
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
50
foi atribuído ao C-1’. A correlação do sinal em δ 3,68 com o carbono em δ 173,9,
atribuído ao C-1, indica a presença da função éster na estrutura. O hidrogênio H-3
mostra correlação com C-2 em δ 34,0 com C-1’ em δ 113,8, com C-1 (δ 173,9) e
com dois sinais de carbono quaternário referentes aos C-2’ (δ 155,0) e C-6’ (δ
158,7).
De acordo com as correlações observadas para H-3 pode-se sugerir
que as metoxilas estão posicionadas nos carbonos C-6’ e C-2’. Desta forma, o
hidrogênio aromático em δ 6,19 foi atribuído ao H-5’. Pelo HSQC, C-5’ foi
atribuído ao sinal em δ 95,8. No experimento de HMBC, H-5’ (δ 6,19) mostra
correlação com C-1’ (δ 113,8) e com o carbono em δ 158,7 (carbono que suporta
a metoxila em δ 3,76) que somente pode ser atribuído ao C-6’. Desta maneira
pode-se atribuir o valor de δ 155,0 ao C-2’.
O hidrogênio H-5’ mostra no HMBC correlação com um sinal em δ
117,2 referente a um carbono que suporta um dos hidrogênios do anel cromeno,
podendo somente ser atribuído ao H-4’’ (δ 6,48). A multiplicidade observada para
H-4’’ (dd, J=9,9 e 0,6 Hz) sugere que o mesmo esteja acoplando a longa distância
com H-5’ (sl) com constante bastante pequena. O hidrogênio H-4’’ mostra
correlação com C-2’’ (δ 75,9), com C-2’ (δ 155,0) e com C-5’ (δ 95,8). Além disso,
tanto H-4’’ como H-5’ mostram correlação com dois carbonos quaternários em δ
153,0 e 107,6 que foram atribuídos aos carbonos C-4’ e C-3’, respectivamente.
Esta atribuição foi confirmada com base na correlação observada para H-3’’ com
o carbono em δ 107,6 que pode somente correlacionar com C-3’ a três ligações. A
correlação de H-4’’ com C-2’ garante o anel cromeno na posição indicada e desta
forma pode-se determinar a estrutura
03 como sendo o derivado 3-fenil-[2’,6’-
dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propionato de metila.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
51
TABELA 3.4: Dados de RMN de
1
H e
13
C de 03 e comparação com a literatura
SUBSTÂNCIA
03
(400/100 MHz, CDCl
3
)
SUAREZ, 2002
(300/75 MHz, CDCl
3
)
H/C
δ (ppm), J (Hz) δ (ppm) δ (ppm), J (Hz) δ (ppm)
1 - 173,9 - 174,1
2 2,51 (2H, t, J=7,6) 34,0 2,50 (2H, t, J=7,5) 34,1
3 2,87 (2H, t, J=7,6) 19,0 2,87 (2H, t, J=7,5) 19,0
1’ - 113,8 - 113,9
2’ -
155,0
-
153,0
3’ - 107,6 - 107,6
4’ -
153,0
-
155,1
5’ 6,19 (1H, sl) 95,8 6,19 (1H, s) 95,8
6’ - 158,7 - 158,7
4’’ 6,48 (1H, dd, J=9,9 e 0,6 ) 117,2 6,49 (1H, d, J=10,0) 117,2
3’’ 5,48 (1H, d, J=9,9) 127,0 5,48 (1H, d, J=10,0) 127,1
2’’ - 75,9 - 76,0
2’’-Me 1,42 (6H, s) 27,6 1,41 (6H, s) 27,7
1-OMe 3,68 (3H, s) 51,3 3,68 (3H, s) 51,5
2’-OMe 3,73 (3H, s) 62,3 3,73 (3H, s) 62,4
6’-OMe 3,76 (3H, s) 55,4 3,76 (3H, s) 55,5
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
52
FIGURA 3.11: Espectro de RMN de
1
H de 03 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.12: Espectro de RMN de
13
C de 03 (CDCl
3
, 100 MHz)
H-4’’
H-5’
H-3’’
6’- OCH
3
2’- OCH
3
1- OCH
3
H-3 H-2
2’’-Me
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
53
FIGURA 3.13: Mapa de contorno de g-HMBC de
03 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.14: Mapa de contorno de g-HSQC de 03 (CDCl
3
, 400 MHz)
H-4’’ H-5’
H-3’’
H-3 H-2
2’’- Me
6’- OCH
3
2’- OCH
3
1- OCH
3
2’’- Me 2’’- Me
2’’ 2’’
3’
1’
4’
2’
4’
6’
2’
6’
1
1
1
1’
3’’
2’’
2
3
2’’- Me
H-4’’
H-5’
H-3’’
6’- OCH
3
2’- OCH
3
1- OCH
3
H-2
H-3
2’’- Me
95,8
117,2
127,0
62,3
55,4
51,3
19,4
34,0
27,6
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
54
3.2.1.4- Determinação estrutural da substância 04
A substância
04 foi isolada dos extratos hexânico e diclorometano do
tronco subterrâneo de H. oreadica e do extrato diclorometano das folhas de H.
brasiliana, onde sua ocorrência se deu pela primeira vez. A sua estrutura foi
determinada com base em experimentos de RMN de
1
H e HMBC como também
através da comparação com dados da literatura (SUAREZ, et al., 2002).
O
OCH
3
OCH
3
CH
3
O
O
1
2
3
1'
2'
3'
4'
5'
6'
2''
3''
4''
04
O espectro de RMN de
1
H de 04 é bastante parecido com o espectro
do derivado
03 discutido anteriormente, diferenciando-se pela desblindagem de
H-5’, observada em δ 6,19 (
03) e em δ 6,59 (04).
O espectro de RMN de
1
H de 04 (FIGURA 3.15, pg 57) mostra dois
sinais em δ 2,87 (2H, t, J=7,5) e δ 2,61 (2H, t, J=7,5) referentes aos hidrogênios
metilênicos H-3 e H-2, respectivamente. Em δ 3,68 (3H, s), δ 3,71 (3H, s) e 3,81
(3H, s) observa-se os sinais de três metoxilas e em δ 1,47 (6H, s) observa-se a
presença do sinal referente as duas metilas características do anel cromeno. Em
δ 6,55 (1H, d, J=9,9 Hz) e em δ 5,65 (1H, d, J=9,9 Hz) observa-se os sinais
referentes aos hidrogênios do anel cromeno. Em δ 6,59 (1H, s) observa-se o sinal
de um hidrogênio aromático.
No experimento de HMBC (FIGURA 3.16, pg 57) as metilas em C-2’’
mostram correlação entre si (δ 27,4), com um sinal em δ 75,6 atribuído ao carbono
carbinólico C-2’’ e com um sinal em δ 130,4, atribuído ao C-3’’. O hidrogênio H-2
(δ 2,61) mostra correlação com C-3 em δ 25,0, com a carboxila do éster em δ
173,4 e com um sinal de um carbono quaternário em δ 124,0 que foi atribuído ao
C-1’. O hidrogênio H-3 mostra correlação com C-2 em δ 34,9, com C-1’ em δ
124,0, com C-1 (δ 173,4), com um sinal de carbono quaternário em δ 147,7 e com
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
55
um sinal referente a CH em δ 113,1. A metoxila em δ 3,68 mostra correlação com
um sinal em δ 173,4, sendo atribuída, então, a função éster. As outras duas
metoxilas em δ 3,81 e em δ 3,71 mostram correlação com sinais em δ 144,6 e em
δ 147,7, respectivamente.
O sinal referente ao hidrogênio aromático mostra correlação com C-
3 (δ 25,0), com os sinal em δ 147,7 e em δ 144,6, cujos carbonos suportam as
duas metoxilas. Desta maneira, o hidrogênio aromático em δ 6,59 foi atribuído ao
H-6’ e o carbono em δ 147,7 ao C-2’. Conseqüentemente, o sinal em δ 144,6 foi
atribuído ao C-5’ e o sinal em δ 141,1 ao C-4’. Ainda é possível observar a
correlação de H-4’’ (δ 6,55) com C-2’’ (δ 75,6) e de H-3’’ (δ 5,65) com C-2’’ (δ 75,6)
e com um sinal referente a um carbono quaternário o qual pode ser atribuído ao
C-3’.
Desta forma pôde-se concluir que a substância
04 é referente ao
derivado 3-fenil-[2’,5’-dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propionato de
metila.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
56
TABELA 3.5: Dados de RMN de
1
H de 04 e comparação com a literatura
SUBSTÂNCIA
O4
(400 MHz, CDCl
3
)
SUAREZ, 2002
(300 MHz, CDCl
3
)
H
δ (ppm), J (Hz) δ (ppm), J (Hz)
1 - -
2 2,61 (2H, t, J=7,5) 2,62 (2H, t, J=7,5)
3 2,88 (2H, t, J=7,5) 2,88 (2H, t, J=7,5)
1’ - -
2’ - -
3’ - -
4’ - -
5’
6’ 6,59 (1H, s) 6,59 (1H, s)
4’’ 6,55 (1H, d, J=9,9) 6,55 (1H, d, J=10,0)
3’’ 5,65 (1H, d, J=9,9) 5,65 (1H, d, J=10,0)
2’’ - -
2’’-Me 1,47 (6H, s) 1,47 (6H, s)
1-OMe 3,68 (3H, s) 3,68 (3H, s)
2’-OMe 3,71 (3H, s) 3,71 (3H, s)
5’-OMe 3,81 (3H, s) 3,82 (3H, s)
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
57
FIGURA 3.15: Espectro de RMN de
1
H de 04 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.16: Mapa de contorno de g-HMBC de
04 (CDCl
3
, 400 MHz)
H-6’
H-4’’ H-3’’ H-3 H-2
5’- OCH
3
2’- OCH
3
1- OCH
3
2’’- Me
H-4’’
H-6’
H-3’’
H-3 H-2
5’- OCH
3
2’- OCH
3
1- OCH
3
2’’- Me
3 3
2
2’’- Me
2’’ 2’’ 2’’
3’
6’
3’’
1’
2’
2’
5’
5’
2’
4’
1
1 1
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
58
3.2.1.5- Determinação estrutural das substâncias 01 e 05
As substâncias
01 e 05 foram obtidas em mistura do extrato
diclorometano do tronco subterrâneo de H. oreadica. Não foi realizado nenhum
refracionamento em busca da separação destas substâncias, pois ambas já se
encontram descritas em literatura. As estruturas foram determinadas com base
em espectros de RMN em uma dimensão tais como de
1
H e
13
C, experimentos em
duas dimensões como HMBC e HSQC e também através da comparação com
dados da literatura (BRAGA, 2005 e SUAREZ, 2002).
1
2
3
1'
2'
3'
4'
2''
3''
4''
1
2
3
1'
2'
3'
4'
5'
6'
5'
6'
2''
3''
4''
O
OH
OOCH
3
OCH
3
O
OH
O
OCH
3
01
05
O espectro de RMN de
1
H (FIGURA 3.17, pg 62) mostra dois sinais
em δ 2,87 ( 2H, m) e δ 2,52 (2H, t, J=7,6 Hz) referentes aos hidrogênios
metilênicos H-3 e H-2, respectivamente, de
01. Da mesma forma, este mostra
dois sinais em δ 2,86 (2H, m) e δ 2,61 (2H, t, J=8,0 Hz) referentes aos hidrogênios
metilênicos H-3 e H-2, respectivamente, de
05. Em δ 3,73 (3H, s) e 3,76 (3H, s)
observam-se os sinais das duas metoxilas de
01 e em δ 3,75 (3H, s) observa-se o
sinal da metoxila de
05, e em δ 1,42 ( 12H, s) a presença do sinal referente as
quatro metilas características do anel cromeno de ambas as substâncias. Em δ
6,49 (1H, d, J=10,0 Hz) e em δ 5,49 (1H, d, J= 10,0 Hz) observam-se os sinais
referentes aos hidrogênios H-4
’’
e H-3
’’
do anel cromeno de 01 e em δ 5,64 (1H, d,
J=10Hz) e δ 6,56 (1H, d , J=10Hz ) observam-se a presença dos hidrogênios H-4
’’
e H-3
’’
do anel cromeno de 05. Ainda é possível observar em δ 6,20 (1H, s) o sinal
relativo a um hidrogênio aromático de
01 e em δ 6,94 (1H, d, J=8,4Hz) e δ 6,53
(1H, d, J=8,4Hz) observam-se os sinais referentes aos hidrogênios aromáticos H-
6
e H-5
, respectivamente, de 05.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
59
O espectro de RMN de
13
C (FIGURA 3.18, pg 62) apresenta sinais
de 16 carbonos para a molécula
01 e 15 carbonos para a molécula 05. Os valores
de
1
H e
13
C da substância 05 e comparação com a literatura podem ser
observados na TABELA 3.6 (pg 61). Os sinais característicos das carboxilas não
aparecem no espectro de
13
C, e por isso o deslocamento das mesmas ficou
estabelecido como o valor encontrado na literatura.
Os experimentos de HSQC e HMBC foram discutidos para a substância
01 e
para a substância
05, respectivamente.
Desta forma, o experimento de HSQC (FIGURA 3.19, pg 63) para
01 mostra
correlação de H-2 em δ 2,52 com C-2 em 33,8 e de H-3 em 2,87, com C-3 em δ
18,6. As metilas do carbono C-2
’’
mostram correlação com o sinal em δ 27,3 e as
metoxilas em δ 3,73 e δ 3,76 mostram correlação com os carbonos em δ 62,0 e
em δ 55,1, respectivamente. Para a substância
05, o experimento de HSQC
mostra correlação de H-2 em δ 2,61 com C-2 em 34,6 e de H-3 em 2,86 com C-3
em δ 24,5. As metilas do carbono C-2
’’
mostram correlação com o sinal em δ 27,3
e a metoxila em δ 3,75 mostra correlação com o carbono em δ 61,7.
No experimento de HMBC (FIGURA 3.20, pg 64), para a substância
01 as
metilas em C-2
’’
mostram correlação entre si (δ 27,3), com um sinal em δ 75,7
atribuído ao carbono carbinólico C-2
’’
e com um sinal em δ 126,9 atribuído ao C-3
’’
.
O hidrogênio H-2 (δ 2,52) mostra correlação com C-3 em δ 18,6 e com um sinal
de um carbono quaternário em δ 113,6 que foi atribuído ao C-1
. O hidrogênio H-3
mostra correlação com C-2 em δ 33,8, com C-1
em δ 113,6 e com dois sinais de
carbono quaternário referentes aos carbonos C-2
(δ 154,6) e C-6
(δ 158,4). As
metoxilas estão posicionadas nos carbonos C-2
e C-6
sendo o sinal de
hidrogênio aromático em δ 6,20 atribuído ao sinal em δ 95,7. Pelo HSQC, C-5
foi
atribuído ao sinal em δ 95,7. No experimento de HMBC, H-5
(δ 6,20) mostra
correlação com C-1
(δ 113,6) e com C-6
(δ 158,4), que suporta a metoxila em δ
3,76. O hidrogênio H-5’ mostra no HMBC correlação a J
4
com um sinal em δ 116,8
atribuído ao C-4’’. O hidrogênio H-4’’ mostra correlação com C-2’’ (δ 75,7) e com
C-2’ (δ 154,6). Além disso, tanto H-4’’ como H-5’ mostram correlação com dois
carbonos quaternários em δ 152,7 e 107,3 que foram atribuídos aos carbonos C-
4’ e C-3’, respectivamente. Esta atribuição foi confirmada com base na correlação
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
60
observada para H-3’’ com o carbono em δ 107,3 que pode somente correlacionar
com C-3’ a três ligações.
No experimento de HMBC para a substância
05, as metilas em C-2
’’
mostram correlação entre si (δ 27,3), com um sinal em δ 75,3 atribuído ao carbono
carbinólico C-2
’’
e com um sinal em δ 130,1 atribuído ao C-3
’’
. O hidrogênio H-2 (δ
2,61) mostra correlação com C-3 em δ 24,5 e com um sinal de um carbono
quaternário em δ 124,8 que foi atribuído ao C-1
. O hidrogênio H-3 mostra
correlação com C-2 em δ 34,6, com C-1
em δ 124,8 e com dois sinais de carbono
referentes aos carbonos C-2
(δ 152,1) e C-6
(δ 129,1). Da mesma forma, H-5
(δ
6,53) mostra correlação com C-1
(δ 124,8) e com C-6
(δ 129,1).
Assim, pôde-se determinar a estrutura
01 como sendo o ácido 3-fenil-[2’, 6’-
dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propiônico, e a estrutura
05 como
sendo o derivado ácido 3-fenil-[2
-metoxi-(3
,4
-O:5
’’
,6
’’’
)-2
’’
,2
’’
-
dimetilpirano]propiônico.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
61
TABELA 3.6: Dados de RMN de
1
H e
13
C de 05 e comparação com a literatura
SUBSTÂNCIA
05
(400/100 MHz, CDCl
3
)
Braga, 2005(
1
H, CDCl
3
) 200 MHz
Suarez, 2002 (
13
C, CDCl
3
) 75 MHz
H/C
δ (ppm), J (Hz) δ (ppm) δ (ppm), J (Hz) δ (ppm)
1 - 178,7 - 178,7
2 2,61(2H, t, J=8,0) 34,6 2,61 (2H, t, J=7,4) 34,9
3 2,89 (2H, m) 24,5 2,87 (2H,t, J=7,4) 24,9
1’ - 124,8 - 125,1
2’ - 152,1 - 152,5
3’ - 114,5 - 114,8
4’ - 153,8 - 154,3
5’ 6,53 (1H, d, J=8,4) 112,0 6,52 (1H, d, J=8,4) 112,3
6’ 6,94 (1H, d, J=8,4) 129,1 6,93 (1H, d, J=8,4) 129,4
4’’ 5,64 (1H, d, J=10,0) 116,8 5,63 (1H, d, J=10,0) 117,2
3’’ 6,56 (1H, d, J=10,0) 130,1 6,56 (1H, d, J=10,0) 130,4
2’’ - 75,3 - 75,6
2’’-Me 1,42 (6H, s) 27,3 1,42 (6H, s) 27,7
2’-OMe 3,75 (3H, s) 61,7 3,75 (3H, s) 62,1
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
62
FIGURA 3.17: Espectro de RMN de
1
H da mistura de 01 e 05 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.18: Espectro de RMN de
13
C da mistura de 01 e 05 (CDCl
3
, 100 MHz)
H-2
05
H-2
01
H-3
05 e 01
2
’’
- Me
2
’’
-OMe
05
2
’’
- OMe
01
6
’’
-OMe
01
H-3
’’
01
H-3
’’
05
H-5
01
H-4
’’
01
H-5
05
H-4’’
05
H-6
05
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
63
FIGURA 3.19: Mapa de contorno de g-HSQC da mistura de
01 e 05
(CDCl
3
, 400 MHz)
27,3
18,8
24,5
33.8
34,6
55,1
61
,
7
62,4
95,7
112,0
116,8 127,2
129
,
1 130,1
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
64
FIGURA 3.20: Mapa de contorno de g-HMBC da mistura de 01 e 05
(CDCl
3
, 400 MHz)
2
’’
-Me
2
’’
4
’’
(05)
3
’’
(01)
3
’’
(05)
3 (01)
3 (05)
2
5’ (05)
1
(05)
6
(05)
2
(01)
6
(01)
5
(01)
2
6
(01)
2
’’
-Me (01)
2
’’
-Me (05)
2
’’
(01)
2
’’
(05)
3
(01)
3
(05)
3 (01)
3
(01)
1
(01)
4
(01)
6
(01)
2
’’
-Me
2
’’
3
(01)
3
(05)
1
(05)
4
(01)
2
(01)
2
(05)
4
(05)
5’ (05)
3 (05)
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
65
3.2.1.6- Determinação estrutural da substância 06
A substância 06 foi isolada do extrato diclorometano do tronco
subterrâneo de Hortia oreadica e sua estrutura foi determinada com base em
experimentos de RMN de
1
H,
13
C, COSY, HSQC, HMBC como também através
da comparação com dados da literatura (SUAREZ, et al, 2002).
06
O
OH
O
OCH
3
CH
3
O
1
2
3
4'
5'
1'
2'
3'
6'
2''
3''
4''
O espectro de RMN de
1
H de 06 é bastante parecido com o espectro
do derivado do ácido diidrocinâmico
04, exceto que o espectro de 06 não
apresenta a metoxila referente à função éster. Desta maneira, podemos concluir
que trata-se do derivado do ácido diidrocinâmico com a função ácido carboxílico.
O espectro de RMN de
1
H de 06 (FIGURA 3.21, pg 68) mostra dois
sinais em δ 2,81 (2H, m) e δ 2,60 (2H, m) referentes aos hidrogênios metilênicos
H-3 e H-2, respectivamente. Em δ 3,63 (3H, s) e δ 3,76 (3H, s) observa-se os
sinais de duas metoxilas e em δ 1,43 (6H, s) observa-se a presença do sinal
referente às duas metilas do anel cromeno. Em δ 6,49 (1H, d, J= 10 Hz) e em δ
5,60 (1H, d, J= 10 Hz) observa-se os sinais referentes aos hidrogênios do anel
cromeno. Em δ 6,58 (1H, s) observa-se o sinal de um hidrogênio aromático.
O espectro de
13
C (FIGURA 3.22, pg 68) apresenta sinais de 16
carbonos para a molécula, cujos valores podem ser observados na Tabela 3.7 (pg
67).
O experimento de HSQC (FIGURA 3.23, pg 69) mostra a correlação
a J
1
de H-2 em δ 2,60 com C-2 em δ 36,3 e de H-3 em δ 2,81 com C-3 em δ 25,2.
As metilas do carbono C-2’’ mostram correlação com o sinal em δ 27,6 e as
metoxilas em δ 3,63 e δ 3,76 mostram correlação com os carbonos em δ 62,3 e
em δ 56,7, respectivamente.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
66
No espectro de COSY (FIGURA 3.24, pg 69), pode-se observar o
acoplamento entre H-4’’ (δ 6,49) e um sinal em δ 5,60 atribuído ao H-3’’ (C-3’’ em
δ 130,6 pelo HSQC). Outra correlação observada ainda é de H-3 em δ 2,81 com
um sinal em δ 2,60 atribuído ao H-2.
No espectro de HMBC (FIGURA 3.25, pg 70), as metilas em C-2’’
mostram correlação entre si (δ 27,6), com um sinal em δ 75,7 atribuído ao
carbono carbinólico C-2’’ e com um sinal em δ 130,6 atribuído ao C-3’’. As
metoxilas em δ 3,63 e δ 3,76 mostram correlação com C-2’ em δ 147,7 e C-5’ em
δ 144,9, respectivamente. O sinal referente ao hidrogênio aromático mostra
correlação com C-3 (δ 25,2) e com os sinais em δ 147,7 e em δ 144,9, cujos
carbonos suportam as duas metoxilas. Desta maneira, o hidrogênio aromático em
δ 6,58 foi atribuído ao H-6’.
Ainda é possível observar a correlação de H-4’’ (δ 6,49) com C-2’’ (δ
75,7) e C-2’ (δ 147,7) e de H-3’’ (δ 5,60) com C-2’’ (δ 75,7) e com um sinal
referente a um carbono quaternário em δ 115,5, o qual somente pode ser
atribuído ao C-3’.
Desta forma, pode-se concluir que a substância
06 é referente ao
ácido 3-fenil-[2’,5’-dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propiônico.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
67
TABELA 3.7: Dados de RMN de
1
H e
13
C de 06 e comparação com a literatura.
Substância
06
( 400/100 MHz, CDCl
3
)
SUAREZ, 2002
(300/75 MHz, CDCl
3
)
H/C δ (ppm), J (Hz) δ (ppm) δ (ppm), J (Hz) δ (ppm)
1 - 177,9 - 178,7
2 2,60 (2H, t, J= 7,5 Hz) 36,3
2,65 (2H, t, J= 7,5 Hz)
35,0
3 2,81 (2H, t, J= 7,5 Hz) 25,2
2,88 (2H, t, J= 7,5 Hz)
24,9
1’ - 124,6 - 123,8
2’ - 147,7 - 147,8
3’ - 115,5 - 115,6
4’ - 141,1 - 141,2
5’ - 144,9 - 144,7
6’ 6,58 (1H, s) 113,5 6,60 (1H, s) 113,0
2’’ - 75,7 - 75,8
3’’
5,60 (1H, d, J=10,0 Hz)
130,6
5,65 ( 1H, d, J= 10 Hz)
130,6
4’’
6,49 (1H, d, J= 10,0 Hz)
117,5
6,55 ( 1H, d, J= 10 Hz)
117,3
2’’-Me 1,43 (6H, s) 27,6 1,47 (6H, s) 27,5
2’-Ome 3,63 (3H, s ) 62,3 3,71 ( 3H, s ) 62,2
5’-Ome 3,76 ( 3H, s ) 56,7 3,82 ( 3H, s ) 56,5
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
68
FIGURA 3.21: Espectro de RMN de
1
H de 06 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.22: Espectro de RMN de
13
C de 06 (CDCl
3
, 100 MHz)
H-6’
H-4’’
H-3’’
5’-OMe
2’-OMe
H-3 H-2
2’’-Me
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
69
FIGURA 3.23: Mapa de contorno de g-HSQC de
06 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.24: Espectro de g-COSY de 06 (CDCl
3
, 400 MHz)
H-4’’ H-3’’
H-3 H-2
27,6
25,2
36,3
56,7
62,3
130,6
117,5
113,5
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
70
FIGURA 3.25: Mapa de contorno de g-HMBC de
06 (CDCl
3
, 400 MHz)
2’’-Me
2’’
3’’
2’
5’
2’’
3’
2’’
3
5’
2’
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
71
3.2.1.7- Determinação estrutural das substâncias 03 e 07
As substâncias 03 e 07 foram isoladas em mistura dos extratos
hexânico e diclorometano do tronco subterrâneo de H. oreadica. Ambas já se
encontram descritas em literatura. As estruturas foram determinadas com base
em espectros de RMN de
1
H e
13
C e por comparação com dados da literatura
(SUAREZ, 2002; BRAGA, 2005).
07
5'
4'
8a
8
7
6
5
5a
4
3
2
3'
2'
1'
O
OCH
3
OCH
3
OOCH
3
4''
3''
2''
6'
5'
4'
3'
2'
1'
3
2
1
03
OO
OCH
3
O
O espectro de RMN de
1
H (FIGURA 3.26, pg 73) mostra dois sinais
em δ 2,87 ( 2H, t, J=7,6 Hz) e δ 2,51 (2H, t, J=7,6 Hz) referentes aos hidrogênios
metilênicos H-3 e H-2, respectivamente, de
03. Em δ 3,68 (3H, s), δ 3,73 (3H, s) e
δ 3,76 observa-se os sinais das três metoxilas de
03 e em δ 3,87 (3H, s) observa-
se o sinal da metoxila de
07. Em δ 1,41 ( 6H, s) nota-se a presença do sinal
referente as duas metilas características do anel cromeno de
03 e em δ 1,46 ( 6H,
s) observa-se as duas metilas do anel cromeno de
07. Em δ 6,49 (1H, d, J= 9,2
Hz) e em δ 5,48 (1H, d, J= 9,2 Hz) observa-se os sinais referentes aos
hidrogênios H-4
’’
e H-3’’ do anel cromeno de 03 e em δ 5,57 (1H, d, J=10Hz) e δ
6,78 (1H, d , J=10Hz ) observa-se a presença dos hidrogênios H-2
e H-1
de 07.
Ainda é possível observar em δ 6,19 (1H, s) o sinal relativo a um hidrogênio
aromático de
03; em δ 7,94 (1H, d, J= 10,0 Hz) e δ 6,12 (1H, d, J= 10,0 Hz)
observa-se os sinais característicos do esqueleto cumarínico relativo aos
hidrogênios H-4 e H-3 e em δ 6,23 (1H, s) um sinal relativo ao hidrogênio
aromático de
07.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
72
O espectro de RMN de
13
C ( FIGURA 3.27, pg 73) apresenta sinais
de 17 carbonos para a molécula
03 e 15 carbonos para a molécula 07, cujos
valores para
07 podem ser observados na TABELA 3.8 (pg 72).
TABELA 3.8: Dados de RMN de
1
H e
13
C de 07 e comparação com a literatura
SUBSTÂNCIA
07
(400/100 MHz, CDCl
3
)
BRAGA, 2005
(400/50 MHz, CDCl
3
)
H/C
δ (ppm), J (Hz)
δ
(ppm)
δ (ppm), J (Hz)
δ
(ppm)
2 - 161,2 - 161,2
3 6,12 (1H, d, J= 10,0 Hz) 110,3 6,13 (1H, d, J= 9,6 Hz) 110,3
4 7,94 (1H, d, J= 10,0 Hz) 138,8 7,96 (1H, d, J= 9,6 Hz) 138,9
5a - 103,6 - 103,6
5 - 156,5 - 156,5
6 6,23 (1H, s) 95,3 6,23 (1H, sl) 95,3
7 - 157,4 157,4
8a - 151,0 151,0
8 - 102,5 102,5
1’ 6,78 (1H, d, J= 10,0 Hz) 114,9 6,79 (1H, dd, J= 10,0 e 0,5 Hz) 114,9
2’ 5,57 (1H, d, J= 10,0 Hz) 127,5 5,57 (1H, d, J= 10,0 Hz) 127,5
3’ - 77,9 - 77,9
4’, 5’-Me 1,46 (6H, s) 28,0 1,46 (6H, s) 28,1
5-OMe 3,87 (3H, s) 55,9 3,88 (3H, s) 55,9
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
73
FIGURA 3.26: Espectro de RMN de
1
H da mistura de 03 e 07 (400 MHz, CDCl
3
)
FIGURA 3.27: Espectro de RMN de
13
C da mistura de 03 e 07 (100 MHz, CDCl
3
)
H-4
(07)
H-1’
(07)
H-4’’
(03)
H-6
(07)
H-5’
(03)
H-3
(07)
H-2’
(07)
H-3’’
(03)
5-OMe
(07)
6’-OMe
(03)
2’-OMe
(03)
1-OMe
(03)
H-3
(03)
H-2
(03)
4’,5’-Me
(07)
2’’-Me
(03)
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
74
3.2.1.8- Biogênese dos Derivados do Ácido Diidrocinâmico
A L-fenilalanina e a L-tirosina são precursores de uma grande
variedade de produtos naturais. Nas plantas, o passo inicial é a eliminação da
amônia da cadeia lateral para gerar o ácido cinâmico trans (E). No caso da
fenilalanina, tem-se o ácido cinâmico, enquanto que a tirosina produz o ácido 4-
cumárico ou ácido p-cumárico (ESQUEMA 3.2, pg 74) .
Todas as plantas têm habilidade para promover a desaminação da
fenilalanina via a enzima fenilalanina amônia liase (PAL), porém a correspondente
transformação da tirosina é restrita a algumas famílias e ainda não é bem
esclarecida. As plantas que não são capazes de transformar a tirosina, sintetizam
o ácido p-cumárico através da hidroxilação direta do ácido cinâmico (DEWICK,
2002).
ESQUEMA 3.2: Proposta biogenética para os derivados do ácido diidrocinâmico
O
HO
OH
NH
2
O
OH
HO
O
OH
O
OH
NH
2
O
OR
OCH
3
O
H
3
CO
O
OR
OCH
3
O
OCH
3
O
OR
OCH
3
O
O
HO
OH
OH
O
TIROSINA
ÁCIDO P-CUMÁRICO
HIDROXILAÇÃO
O
2
/ NADPH
ÁCIDO CINÂMCIO
PAL
FENILALANINA
[ O ]
DMAPP
O
HO
OH
OH
SUBSTÂNCIA 06 ( R= H )
SUBSTÂNCIA 04 ( R= CH
3
)
SAM
- H
2
O
SUBSTÂNCIA 03 ( R= CH
3
)
SUBSTÂNCIA 01 ( R= H )
SUBSTÂNCIA
05 ( R= H )
SUBSTÂNCIA
02 ( R= CH
3
)
SAM
- H
2
O
SAM
- H
2
O
EPOXIDAÇÃO
[ H
2
]
[ O ]
[ O ]
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
75
3.2.2 – Derivado do Ácido Cinâmico
3.2.2.1- Determinação estrutural da substância 08
A substância 08 foi isolada do extrato diclorometano do tronco
subterrâneo de H. oreadica e sua estrutura foi determinada com base em
experimentos de RMN de
1
H,
13
C, COSY, HSQC, HMBC e através de
experimento de CG-EM. Esta estrutura parece ser inédita na literatura até o
momento.
O espectro de RMN de
1
H de 08 (FIGURA 3.29, pg 80) mostra sinais
para sete hidrogênios em região espectral desblindada, sendo quatro dubletos em
δ 8,22 (1H, J= 8,4 Hz) , δ 7,22 (1H, J= 2,0 Hz), δ 6,93 (1H, J= 8,4 Hz) e δ 6,87
(1H, J= 2,0 Hz) referentes aos hidrogênios H-5’, H-2, H-5 e H-2’, respectivamente;
um singleto em δ 7,95 de H-β e dois duplo dubletos, sendo um de H-6 em δ 7,06
(1H, J= 8,4 e 2,0 Hz) e o outro de H-6’ em δ 6,99 (1H, J= 8,4 e 2,0 Hz). Além
disso, observa-se ainda três singletos em δ 3,92, δ 3,93 e δ 3,94 característicos
de metoxilas.
O espectro de RMN de
13
C (FIGURA 3.30, pg 80) apresenta sinais
de 19 carbonos para a molécula, cujos valores podem ser observados na
TABELA 3.9 (pg 79).
O experimento de HSQC (FIGURA 3.31, pg 81) mostra a correlação
a J
1
de H-5’ em δ 8,22 com C-5’ em δ 127,8, de H-6’ em δ 6,99 com C-6’ em δ
114,6 e de H-2’ em δ 6,87 com o sinal em δ 100,1 de C-2’. Outras correlações
observadas pelo HSQC foram do H-6 em δ 7,06 com o C-6 em δ 121,1; H-5 em δ
6,93 com o C-5 em δ 111,3 e de H-2 em δ 7,22 com o C-2 em δ 112,6, atribuindo
α
β
OH
O
OH
OCH
3
O
CH
3
O
CH
3
O
H
1
2
3
4
5
6
1'
2'
3'
4'
5'
6'
08
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
76
assim todas as correlaçõe para os dois anéis aromáticos trissubstituídos. Ainda foi
possível observar a correlação do singleto em δ 7,95 referente ao H-β com C-β
em δ 152,2.
No espectro de COSY (FIGURA 3.32, pg 81), pode-se observar o
acoplamento entre H-6 (δ 7,06) e um sinal em δ 6,93 atribuído ao H-5. Outra
correlação observada ainda foi de H-6’ em δ 6,99 com um sinal em δ 8,22
atribuído ao H-5’.
No espectro de HMBC (FIGURA 3.33, pg 82), o sinal referente ao H-
β (δ 7,95) mostra correlação com C-1 (δ 124,7), com o sinal em δ 158,0 referente
ao C-α e com o sinal em δ 176,0 do carbono da carboxila. Ainda é possível
observar a correlação de H-2 (δ 7,22) com C-6 (δ 121,1) e C-3 (δ 149,2); H-6 (δ
7,06) com C-2 (δ 112,6) e com um sinal referente a um carbono quaternário em δ
148,9, o qual foi atribuído ao C-4 e H-5 (δ 6,93) com C-1 (δ 124,7) e com C-4 (δ
148,9) (FIGURA 3.28 (1), pg 76).
FIGURA 3.28: Correlações observadas no HMBC para
08
Pelo espectro de HMBC observa-se que duas metoxilas possuem o
mesmo deslocamento químico (δ 3,92) e apresentam correlações com C-3 e C-4.
Desta forma, conclui-se que uma delas está ligada ao C-3 e a outra a C-4, e o
valor de carbono para ambas é δ 55,8.
6
5
4
3
2
1
6,93
7,06
7,22
7,95
OH
O
CH
3
O
CH
3
O
H
H
H
H
152,2
176,0
158,0
124,7
121,1
111,3
148,9
149,2
112.6
OH
O
CH
3
O
CH
3
O
H
OH
O
OH
OCH
3
O
H
OH
O
OH
OCH
3
O
H
H
H
164,1
135,0
134,3
100,1
118,5
127,8
158,0
176,0
6,99
8,22
6,87
114,6
1)
2)
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
77
O hidrogênio H-6’ (δ 6,99) apresentou apenas uma correlação via
HMBC, com um sinal em δ 118,5 que foi atribuído ao C-1’. O H-5’ (δ 8,22)
apresentou correlação com C-α em δ 158,0, com um sinal em δ 118,5 atribuído ao
C-1’e com um carbono em δ 164,1 que suporta a terceira metoxila; o sinal em δ
6,87 (H-2’) correlacionou-se com C-α (δ 158,0) e com um sinal em δ 118,5
referente ao C-1’ (FIGURA 3.28 (2), pg 76).
A configuração da substância
08 (E ou Z) foi realizada com base na
literatura ( JANUÁRIO et al., 1992; JACKMAN, et al., 1960; GERIG, et al., 1970).
Estudos relatam que o deslocamento de um hidrogênio β-olefínico Z a um grupo
aldeído ou carboxílico é significantemente mais desblindado que um hidrogênio E.
Segundo POPLE e McCONNEL citado por JACKMAN (1960), o deslocamento
químico de um hidrogênio na molécula dependerá da relação espacial entre o
hidrogênio e vários grupos de elétrons que circulam ao seu redor. Estas correntes
de elétrons podem arbitrariamente atuarem de 3 maneiras, seja pela circulação
diamagnética local, circulação paramagnética ou circulação diamagnética
interatómica e são elas que promovem a diferenciação de deslocamento químico
entre um hidrogênio e um determinado grupo.
Abaixo é mostrado uma substância similar à
08 nas duas
configurações possíveis e seus respectivos deslocamentos químicos:
Portanto, comparando estes deslocamentos químicos com aquele
obtido via RMN de
1
H para o hidrogênio na posição β com um valor de δ 7,95, é
possível propor que a configuração da substância
08 seja E.
O espectro de massas (FIGURA 3.34, pg 82) obtido por CG-EM da
substância
08 não detectou o pico do íon molecular; entretanto aparece o íon [M]
+
.
em m/z 312 que indica possivelmente a perda de ácido fórmico da molécula. O
ESQUEMA 3.3 (pg 83) mostra a proposta de fragmentação.
7,11
H
CH
3
O
HO
O
OCH
3
Z
7,70
E
H
CH
3
O
HO
O
OCH
3
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
78
Desta forma, pode-se determinar a estrutura em qüestão como
sendo E-ácido 3,4-dimetoxi-α(3,hidroxi-4-carbometoxifenil)cinâmico.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
79
TABELA 3.9: Dados de RMN de
1
H,
13
C e HMBC de 08
Substância
08
( 400/100 MHz, CDCl
3
)
H/C δ (ppm), J (Hz) δ (ppm)
Correlações observadas
no HMBC
1
-
124,7 -
2 7,22 (1H, d, J= 2,0) 112,6 C-3, C-6
3 149,2
4
-
148,9 -
5 6,93 (1H, dl, J= 8,4) 111,3 C-1, C-4
6
7,06 ( 1H, dd, J= 8,4;2,0)
121,1 C-2, C-4
1’ - 118,5 -
2’ 6,87 (1H, d, J= 2,0) 100,1 C-1’, C-α
3’ - 134,3 -
4’ - 135,0 -
5’ 8,22 (1H, d, J= 8,4) 127,8 C-1’, C
OOCH
3,
C-α
6’ 6,99 (1H, dd, J= 8,4; 2,0) 114,6 C-1’
COOH - 176,0 -
C
OOCH
3
- 164,1 -
COOCH
3
3,933 (3H, s) 56,0 -
3-OCH
3
3,917 (3H, s) 55,8 C-4, C-3
4-OCH
3
3,926 (3H, s) 55,8 C-3, C-4
H/C- β 7,95 (1H, s) 152,2 C-1, C-α, C
OOH
C- α 158,0 -
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
80
FIGURA 3.29: Espectro de RMN de
1
H de 08 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.30: Espectro de RMN de
13
C de 08 (CDCl
3
, 100 MHz)
H-5’
H-α
H-2
H-6
H-6’
H-5
H-2’
COOCH
3
3-OCH
3
4-OCH
3
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
81
FIGURA 3.31: Mapa de contorno de g-HSQC de 08 (CDCl
3
, 400MHz)
FIGURA 3.32: Espectro de g-COSY de
08 (CDCl
3
, 400 MHz)
H-5’
H-α
H-2
H-6 e H-6
H-5 e H-2’
152,2 C-α
127,8 C-5’
121,1 C-6
114,6 C-6
112,6 C-2
111,3 C-5
100,1 C-2’
55,8 3- OCH
3
55,8 4- OCH
3
56
,
0 COOCH
3
H-5’ H-6’
H-6 H-5
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
82
FIGURA 3.33: Mapa de contorno de g-HMBC de
08 (CDCl
3
, 400MHz)
FIGURA 3.34: Espectro de massas de 08 (IE-70eV)
3; 4
C
OOCH
3
COOCH
3
C-α
C-α
COOH
COOH
3
4
C-α
1
1
6
1’
1’
5’
4
3 e 4
C
OOCH
3
C
OOCH
3
COOH
C-α
C-α
3 4 4
1
1
6
1’
1’
1’
C-α
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
83
ESQUEMA 3.3: Proposta de fragmentação para
08
3.2.2.2- Biogênese da Substância 08
ESQUEMA 3.4: Proposta biogenética para 08
- (CH
3
)
m/z 297
O
O
CH
3
O
O
CH
3
CH
3
m/z 312
O
(H-C-OH)
m/z 358
OH
O
OH
OCH
3
O
CH
3
O
CH
3
O
H
OH
OCH
3
O
OH
OCH
3
O
[ O ]
NADPH
ÁCIDO P-CUMÁRICO
FENILALANINA
PAL
ÁCIDO CINÂMCIO
O
2
/ NADPH
HIDROXILAÇÃO
OH
NH
2
O
OH
O
OH
O
OH
HO
OH
O
OH
SAM
HO
OH
O
OCH
3
ÁCIDO FERÚLICO
ÁCIDO FERÚLICO
HO
OH
O
OH
E
-
ÁCIDO 3,4-DIMETOXI-(3,HIDROXI-4-CARBOMETOXIFENIL)CINÂMICO
COOH
OH
CH
3
O
CH
3
O
H
OH
O
SAM
H
HOOC
H
HO
C
O
OH
O
CH
3
O
OH
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
84
3.2.3 – Alcalóides
Os alcalóides constituem um vasto grupo de metabólitos
secundários com grande diversidade estrutural, representando cerca de 20% das
substâncias naturais descritas (HENRIQUES et al, 2001). As plantas da família
Rutaceae são capazes de produzir uma grande variedade de alcalóides derivados
do ácido antranílico, tais como alcalóides furoquinolínicos, 2-quinolona, 4-
quinolona, piranoquinolonas e acridônicos, dentre outros (WATERMAN, 1999).
Alguns alcalóides são descritos para o gênero Hortia, dentre eles os
furoquinolínicos (PACHTER, et al., 1960; BRAGA, 2005), 2-quinolona (PÁDUA,
1976; FERRACIN, 1992; BRAGA, 2005), piranoquinolonas (CUCA, 1998; BRAGA,
2005) e os indolopiridoquinazolínicos (PACHTER, 1957; CUCA, 1998; BRAGA,
2005).
Neste estudo foram isolados quatro alcalóides, sendo dois
indolopiridoquinazolínicos (rutaecarpina e 7,8-desidrorutaecarpina), um
furoquinolínico (dictamina) e um piranoquinolona (N-metilflindersina). O alcalóide
7,8-desidrorutaecarpina ainda não havia sido relatado para o gênero Hortia.
3.2.3.1- Determinação estrutural da substância 09
O alcalóide do tipo indolopiridoquinazolínico 09 foi isolado dos
extratos diclorometano do tronco subterrâneo e das folhas de H. oreadica, extrato
diclorometano das folhas de H. brasiliana e extrato metanólico do tronco de H.
superba. Sua estrutura foi determinada com base em espectros de RMN de
1
H,
13
C, COSY, HSQC e HMBC e por comparação com dados da literatura
(RIBEIRO, 2006).
09
14a
13a
12a
12
11
10
9
9a
8a
8
7
5
4a
4
3
2
1
1a
N
N
N
O
H
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
85
O espectro de RMN de
1
H de 09 (FIGURA 3.36, pg 89) mostra
sinais de 8 hidrogênios aromáticos na região de δ 8,32 a 7,17 e um outro sinal em
δ 9,22 (1H, s) relativo ao hidrogênio ligado ao nitrogênio (H-13). Os dois sinais em
δ 4,59 (2H, t, J=7,2 Hz) e δ 3,24 (2H, t, J=7,2 Hz) são relativos aos hidrogênios H-
7 e H-8, respectivamente. É possível observar H-4 em δ 8,32 (1H, ddd, J=8,0; 1,2
e 0,4 Hz), acoplando com constantes orto
, meta e para com H-3, H-2 e H-1
respectivamente.
O espectro de RMN de
13
C (FIGURA 3.37, pg 89) mostra sinais para
18 carbonos, cujos valores encontram-se na TABELA 3.11 (pg 88).
Analisando o espectro de COSY (FIGURA 3.38, pg 90), H-4 em δ
8,32 mostra correlação com um sinal em δ 7,43 atribuído a H-3. O sinal atribuído
ao H-3 (δ 7,43) mostra correlação com um sinal em δ 7,73 atribuído ao H-2.
Através do espectro de HSQC (FIGURA 3.39, pg 91) pode-se atribuir C-4 em δ
127,3, C-3 em δ 126,3, C-2 em δ 134,4 e C-1 em δ 126,3.
Outros valores atribuídos via HSQC são para C-7 em δ 41,2 e C-8
em δ 19,6. Pelo espectro de HMBC (FIGURA 3.40, pg 91) observa-se correlações
de H-7 (δ 4,59) com C-8 (δ 19,6), com um sinal em δ 118,7 atribuído ao C-8a, com
um sinal em δ 145,0 atribuído ao C-14a e com C-5 em δ 161,4; o H-8 (δ 3,24)
mostra correlações com C-7 (δ 41,2), com C-8a (δ 118,7) e com um sinal em δ
125,7 atribuído ao C-9a (FIGURA 3.35 (1), pg 86).
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
86
FIGURA 3.35: Correlações observadas no HMBC para
09
Pelo HMBC, H-4 (δ 8,32) correlaciona-se com C-2 (δ 134,4) e com
C-1a (δ 147,0); H-2 (δ 7,73) mostra correlação com C-4 (δ 127,3) e com C-1a (δ
147,0) e H-3 (δ 7,43) mostra correlação com C-4a (δ 121,0) e com C-1 (δ 126,3)
(FIGURA 3.35 (2), pg 86).
Ainda pelo espectro de HMBC observa-se que um sinal em δ 7,19
mostra duas correlações, sendo uma com C-12 (δ 112,2) e a outra com C-9a (δ
125,7), e foi atribuído ao H-10 que pelo espectro de HSQC mostra correlação com
um carbono em δ 120,7, atribuído ao C-10. O sinal em δ 7,65 atribuído ao H-9
mostra correlação com C-11 (δ 125,8) e com um sinal em δ 138,4 atribuído ao C-
N
N
NH
O
126,2
118,7
19,6
41,2
145,0
125,7
161,4
N
N
NH
H
H
O
4,59
3,24
8,32
7,43
7,73
7,65
121,0
127,3
126,3
134,4
126,3
147,0
N
N
O
N
N
H
H
H
H
O
4
3
2
1
12
11
10
9
N
N
H
H
H
H
H
138,4
112,2
7,43
125,8
7,34
120,7
7,19
120,1
7,65
125,7
N
N
H
1)
2)
3)
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
87
12a; H-11 em δ 7,34 mostra correlação com C-9 (δ 120,1), além da correlação
com C-12a (FIGURA 3.35 (3), pg 86).
No espectro de COSY, podemos observar dois acoplamentos de H-
10 (δ 7,19), sendo um com o sinal em δ 7,34 atribuído ao H-11 (C-11 em δ 125,8
pelo HSQC) e outro em δ 7,65 atribuído ao H-9 (C-9 em δ 120,1 pelo HSQC). O
espectro de COSY mostra ainda correlação de H-11 com um sinal em δ 7,43
atribuído ao H-12.
Desta forma, através da análise dos espectros da substância
09 a
estrutura foi determinada como sendo a rutaecarpina.
TABELA 3.10: Dados de RMN de
1
H de 09 e comparação com a literatura
SUBSTÂNCIA
09
(400 MHz, CDCl
3
)
RIBEIRO, 2006
(400 MHz, CDCl
3
)
H
δ (ppm), J (Hz) δ (ppm), J (Hz)
1 7,65 (1H, ddd, J=7,0;1,2 e 0,5) 7,69 (1H, dl, J=8,0)
2 7,73 (1H, ddd, J=8,4; 7,0 e 1,2) 7,71 (1H, dd, J=7,0 e 1,5)
3 7,43 (1H, ddd, J=8,4; 8,0 e 1,2) 7,46 (1H, dd, J=1,5 e 8,0)
4 8,32 (1H, ddd, J=8,0; 1,2 e 0,5) 8,31 (1H, ddd, J=8,0; 1,5 e 0,6)
7 4,59 (2H, t, J=7,2) 4,58 (2H, t, J=7,0)
8 3,24 (2H, t, J=7,2) 3,23 (2H, t, J=7,0)
9 7,65 (1H, dd, J=8,0 e 1,2) 7,62 (1H, dd, J=8,0 e 1,0)
10 7,19 (1H, ddd, J=8,0;7,2 e 1,2) 7,17 (1H, ddd, J=8,0; 7,0 e 1,0)
11 7,34 (1H, ddd, J=8,4;7,2 e 1,2) 7,32 (1H, ddd, J=8,0; 7,0 e 1,0)
12 7,43 (1H, dd, J=8,4 e 1,2) 7,42 (1H, ddd, J=8,0 e 1,0)
13-NH 9,22 (1H, s) 9,49 (1H, s)
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
88
TABELA 3.11: Dados de RMN de
13
C de 09 e comparação com a literatura
SUBSTÂNCIA
09
(100 MHz, CDCl
3
)
RIBEIRO, 2006
(100 MHz, CDCl
3
)
C
δ (ppm) δ (ppm)
1 126,3 126,4
1a 147,0 146,7
2 134,4 138,4
3 126,3 126,9
4 127,3 127,2
4a 121,0 121,0
5 161,4 161,4
7 41,2 41,1
8 19,6 19,6
8a 118,7 118,6
9 120,1 120,1
9a 125,7 125,7
10 120,7 120,6
11 125,8 126,2
12 112,2 112,1
12a 138,4 138,4
13a 126,2 126,9
14a 145,0 145,0
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
89
FIGURA 3.36: Espectro de RMN de
1
H de 09 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.37: Espectro de RMN de
13
C de 09 (CDCl
3
, 100 MHz)
H-4
H-2
H-1
e
H-9
H-3
e
H-12
H-11
H-10
H-7
H-8
H-13
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
90
FIGURA 3.38: Espectro de g-COSY (e ampliação) de
09 (CDCl
3
, 400 MHz)
H-7/H-8
H-4
H-2
H-11
H-10
H-4/H-3
H-9/H-10
H-10/H-11
H-2/H-3
H-12/H-11
H-1
e
H-9
H-3
e
H-12
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
91
FIGURA 3.39: Mapa de contorno de g-HSQC de
09 (CDCl
3
, 400MHz)
FIGURA 3.40: Mapa de contorno de g-HMBC de
09 (CDCl
3
, 400MHz)
H-4 H-2
H-1
e
H-9
H-11
H-10
H-7
H-8
19,6 C-8
41,2 C-7
127,3
C-4
120
,
1 C-9
134,4 C-2
126,3 C-1 e C-3
120
,
7 C-10
112
,
2 C-12
125
,
8 C-11
H-3
e
H-12
8
7
8a
14a
5
8a
9a
12
9a
9
4a
1
4
11
12a
1a
1a
2
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
92
3.2.3.2- Determinação estrutural da substância 10
O alcalóide do tipo indolopiridoquinazolínico
10 foi isolado do extrato
diclorometano do tronco subterrâneo de H. oreadica (EDTSHB) e apresentou-se
como um cristal branco. A sua estrutura foi determinada com base em espectros
de RMN de
1
H,
13
C, COSY, HSQC e HMBC; CG-EM e por comparação com
dados da literatura (IKUTA, et al., 1998).
10
N
N
N
H
O
1a
1
2
3
4
4a
5
7
8
8a9a
9
10
11
12
12a
13a
14a
O espectro de RMN de
1
H de 10 (FIGURA 3.42, pg 96) apresenta
sinais semelhantes ao da rutaecarpina (substância
09) na região espectral de
desblindagem, referentes a 10 hidrogênios aromáticos, ou seja, um tripleto largo
em δ 7,34 que correlaciona-se pelo experimento de COSY (FIGURA 3.44, pg 97)
com um sinal em δ 7,49 e com um dubleto em δ 8,04 (J= 8,0 Hz) referente a um
hidrogênio com acoplamento em orto
. O sinal em δ 7,49 correlaciona-se pelo
COSY com δ 7,34 e 7,51 . Pelo experimento de HSQC (FIGURA 3.45, pg 98),
pode ser observado as correlações de δ 7,34 com o sinal de carbono em δ 121,2;
δ 7,49 com δ 127,2; δ 7,51 com δ 112,2 e de δ 8,04 com δ 120,9, caracterizando-
se assim um anel aromático dissubstítuido.
Por meio do experimento de HMBC (FIGURA 3.46, pg 99) pode-se
verificar a correlação do sinal em δ 7,34 (atribuído ao H-10) com o δ 112,2
(atribuído ao C-12) e 122,5 (C-9a); o sinal em δ 7,49 (H-11) se correlaciona com δ
120,9 (C-9) e 139,5 (C-12a); δ 7,51 (H-12) se correlaciona com δ 139,5 (C-12a) e
121,2 (C-10) e δ 8,04 (H-9) correlaciona-se com δ 122,5 (C-9a) e 139,5 (C-12a),
além de uma correlação com um sinal em δ 120,9 atribuído ao C-8a (FIGURA
3.41 (1), pg 93).
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
93
FIGURA 3.41: Correlações observadas no HMBC para
10
O experimento de HMBC mostra também correlações do sinal em δ
7,55 (H-8) com δ 120,9 (C-8a), 134,8 (C-13a) e 118,7 (C-7). Esse sinal em δ
118,7 pelo experimento de HSQC corelaciona-se com o dubleto em δ 8,76 que foi
atribuído ao H-7. Este, por sua vez se correlaciona pelo experimento de HMBC
com δ 107,5 (C-8), 120,9 (C-8a), 134,8 (C-13a), 140,1 (C-14a) e o carbono
4)
7,82
7,47
8,52
2)
3)
1)
122,5
120,8
121,2
127,2
112,2
139,5
120,9
N
N
H
8,75
7,55
118,8
N
N
NH
O
107,7
140,1
134,6
120,9
N
N
NH
O
8,04
7,34
7,49
7,51
N
N
H
H
H
H
H
126,2
134,8
124,7
127,7
H
H
H
H
O
O
147,8
159,2
116,7
7,82
7,82
7,47
8,52
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
94
carbonílico em δ 159,2 (C-5). Essas correlações são mostradas na FIGURA 3.41
(2) (pg 93).
O espectro de RMN de
1
H apresenta sinais para outro anel
aromático, um multipleto em δ 7,82 (H-1 e H-2) que pelo HSQC refere-se aos
carbonos em δ 126,2 e 134,8, respectivamente. Esse sinal em δ 7,82 acopla via
COSY com um sinal em δ 7,47 (H-3) que pelo HSQC se refere ao C-3 em δ
124,7. Esse sinal em δ 7,47 acopla também via COSY com um dubleto em δ
8,52 (J= 9,2 Hz) que pelo HSQC se refere ao C-4 em δ 127,7. Esses dados
sugerem a presença de um outro anel aromático dissubstítuido na estrutura da
substância
09 (FIGURA 3.41 (3), pg 93).
O experimento de HMBC mostra ainda que os sinais em δ 7,82 (H-1)
e 8,52 (H-4) correlacionam-se com δ 147,8 (C-1a) e 116,7 (4a), respectivamente.
Sendo assim, estes sinais de carbono foram atribuídos ao anel aromático. O sinal
em δ 8,52 apresenta ainda via HMBC correlação com um sinal de carbono
carboxílico em δ 159,2. Com isso sugere-se que esta parte da estrutura seja da
seguinte forma como mostrado por meio de suas correlações via HMBC (FIGURA
3.41 (4), pg 93).
O deslocamento químico do sinal de carbono em δ 147,8 do anel
aromático sugere que esteja ligado a um nitrogênio como no caso da rutaecarpina
(substância
08). O deslocamento do carbono em δ 140,1 sugere que este esteja
ligado a dois heteroátomos. O espectro de RMN de
1
H apresenta ainda um
singleto largo em δ 10,2 referente à N-H na molécula.
Todos os dados de
1
H e
13
C (espectro de
13
C, FIGURA 3.43, pg 96)
da substância
10 são mostrados na TABELA 3.12 (pg 95).
O espectro de massas (FIGURA 3.47, pg 100) exibiu [M+H]
+
em m/z
286, estando compatível com a fórmula molecular C
18
H
11
ON
3.
O ESQUEMA 3.5
(pg 100) mostra a proposta de fragmentação da substância
10.
Desta forma a estrutura
10 foi determinada como sendo a 7,8-
desidrorutaecarpina.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
95
TABELA 3.12: Dados de RMN de
1
H e
13
C de 10
e comparação com a literatura
SUBSTÂNCIA
10
(400/100 MHz, CDCl
3
)
IKUTA, 1998
(500/125 MHz, CDCl
3
H/C
δ (ppm), J (Hz) δ (ppm) δ (ppm), J (Hz) δ (ppm)
1 7,81 (sl) 126,2 7,81 126,0
1a
-
147,8 - 147,5
2 7,81 (sl) 135,0 7,81 134,9
3 7,47 (m) 124,7 7,46 124,8
4 8,52 (1H, d, J= 9,2) 127,7 8,50 127,7
4a - 116,7 - 116,7
5 - 159,2 - 159,2
7 8,76 (1H, d, J=7,2) 118,7 8,75 (1H, d, J=8,0 Hz) 118,8
8 7,55 (1H, d, J=7,2) 107,5 7,55 (1H, d, J=8Hz) 107,7
8a - 120,9 - 120,9
9 8,04 (1H, d, J= 8,0) 120,9 8,02 120,9
9a - 122,6 - 122,5
10 7,34 (m) 121,2 7,33 121,3
11 7,49 (m) 127,2 7,48 127,4
12 7,51 (m) 112,2 7,52 112,3
12a - 139,5 - 139,5
13 10,2 (1H, s) 10,15 (1H, s)
13a - 134,8 - 134,6
14a - 140,1 - 140,1
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
96
FIGURA 3.42: Espectro de RMN de
1
H de 10 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.43: Espectro de RMN de
13
C de 10 (CDCl
3
, 100 MHz)
H-7
H-4
H-9
H-1
H-2
H-8
H-12
H-11
H-3
H-10
H-13
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
97
FIGURA 3.44: Espectro de g-COSY de
10 (CDCl
3
, 400 MHz)
H-7
H-4
H-9
H-1 e H-2
H-8
H-12
H-11
H-3 H-10
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
98
FIGURA 3.45: Mapa de contorno de g-HSQC de
10 (CDCl
3
, 400 MHz)
H-7
H-4
H-9
H-1 e H-2
H-8
H-12
H-11
H-3
H-10
118,7
127,7
120,9
126,2
134,8
127,2
124,7
121,2
107,5
112,2
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
99
FIGURA 3.46: Mapa de contorno de g-HMBC de
10 (CDCl
3
, 400 MHz)
8
8a
14a
5 5
4a
12
9a
7
9
10
1
3
13a
12a
4a
4
1a
12a
11
8a
1a
2
H-7
H-4
H-9
H-1
H-2
H-8
H-12
H-11
H-3
H-10
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
100
FIGURA 3.47: Espectro de massas de 10 (APCI, [M+H]
+
)
ESQUEMA 3.5: Proposta de fragmentação para 10
N
N
N
H
H
H
N
N
N
O
H
H
m/z 257
m/z 258
m/z 286
N
N
N
H
H
- (H )
- (co)
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
101
3.2.3.3- Determinação estrutural da substância 11
O alcalóide do tipo furoquinolínico
11 foi isolado dos extratos
diclorometano do tronco subterrâneo e das folhas de H. oreadica e do extrato
metanólico do tronco de H. superba. Sua estrutura foi determinada com base em
espectros de RMN de
1
H,
13
C, HSQC e HMBC e por comparação com dados da
literatura (BRAGA, 2005).
N
O
OCH
3
2
3
4
5a
5
6
7
8
2'
3'
8a
11
No espectro de RMN de
1
H de 11 (FIGURA 3.48, pg 103) observa-se
dois dubletos em δ 7,09 e 7,64 integrando para um hidrogênio cada, com
constante de acoplamento J= 2,8 Hz, característico de um anel furano
dissubstituído. O sinal em δ 7,09 foi atribuído ao hidrogênio na posição 3
e o sinal
mais desblindado em δ 7,64 foi atribuído ao H-2
. Observa-se ainda quatro sinais
de hidrogênios aromáticos, sendo eles duplo duplo dubleto em δ 7,45, 7,69, 8,01
e 8,28 integrando para um hidrogênio cada. Assim, o sinal em δ 7,45 foi atribuído
ao H-6 que acopla com duas constantes orto
de J= 8,4 e 6,8 com H-5 e H-7,
respectivamente. Além disso, H-6 mostra acoplamento com H-8 com constante
meta
de 1,2 Hz. O sinal em δ 7,69 foi atribuído ao hidrogênio H-7 que assim como
H-6 acopla com duas constantes orto
de 8,4 e 6,8 Hz com H-8 e H-6 ,
respectivamente e com uma constante pequena de 1,2 Hz referente ao
acoplamento meta
com H-5. O sinal observado em δ 8,28 foi atribuído ao
hidrogênio H-5 e acopla com H-6 com constante orto
de 8,4 Hz, com H-7 com
constante meta
de 1,2 Hz e com H-8 com constante para de 0,4 Hz. O sinal em δ
8,01 foi atribuído ao H-8, e este acopla com H-7 com constante orto
de 8,4 Hz,
com H-6 com constante meta
de 1,2 Hz e com H-5 com constante para de 0,4 Hz.
A análise do espectro de RMN de
13
C (FIGURA 3.49, pg 103) indica
a presença de 12 carbonos, sendo um relativo à metoxila em δ 59,0.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
102
Através da análise do espectro de HSQC (FIGURA 3.50, pg 104) foi
possível atribuir os valores de δ 122,3 para C-5, δ 123,7 para C-6, δ 129,6 para
C-7, δ 127,8 para C-8, δ 143,5 para C-2
e δ 104,7 para C-3
.
No espectro de HMBC (FIGURA 3.51, pg 104) é possível observar
correlação de H-3
(δ 7,09) com C-2
(δ 143,5), com um sinal em δ 103,4 que foi
atribuído ao C-3 e com um sinal em δ 163,9 que foi atribuído ao C-2. O hidrogênio
H-2
(δ 7,64) mostra correlação com C-3
(δ 104,7) e com C-2 (δ 163,9).
A metoxila em δ 4,46 (δ 59,0) mostra correlação com um sinal em δ
156,8 atribuído ao C-4 e δ 104,7 que foi atribuído ao C-3. O hidrogênio H-5 (δ
8,28) mostra correlação com C-4 (δ 156,8), com C-7 (δ 129,6) e com um sinal de
carbono quaternário em δ 145,6 que foi atribuído ao C-8a. O hidrogênio H-6 (δ
7,44) mostra correlação com C-8 (δ 127,8), com C-7 (δ 129,6) e com um sinal em
δ 118,7 referente a C-5a. O hidrogênio H-7 (δ 7,68) mostra 2 correlações sendo
as mesmas com C-8a (δ 145,6) e com C-5 (δ 122,3).
Com base na análise de todos os dados, foi possível atribuir a
substância
11 ao alcalóide furoquinolínico dictamina.
TABELA 3.13: Dados de RMN de
1
H e
13
C de 11 e comparação com a literatura
SUBSTÂNCIA 11 (400/100 MHz, CDCl
3
) BRAGA, 2005 (200/ 50 MHz, CDCl
3
)
H/C
δ (ppm), J (Hz) δ (ppm) δ (ppm), J (Hz) δ (ppm)
2 - 163,9 - 163,8
3 - 103,4 - 103,3
4 - 156,8 - 156,7
5a - 118,7 - 118,6
5 8,28 (1H, ddd,J= 8,4;1,2;0,4) 122,3 8,26 (1H, ddd, J=8,5;1,4;0,5) 122,3
6 7,45 (1H, ddd, J=8,4;6,8;1,2) 123,7 7,44 (1H, ddd, J=8,5; 6,8;1,2) 123,6
7 7,69 (1H, ddd, J=8,4;6,8;1,2) 129,6 7,69 (1H, ddd, J=8,5; 6,8;1,4) 129,5
8 8,01 (1H, ddd, J=8,4;1,2;0,4) 127,8 8,01 (1H, dl, J=8,5) 127,7
8a - 145,6 - 145,6
2’ 7,64 (1H,d,J=2,8) 143,5 7,59 (1H, d, J=2,8) 143,4
3’ 7,09 (1H, d, J= 2,8) 104,7 7,01 (1H, d, J=2,8) 104,6
4-OMe 4,46 (3H,s) 59,0 4,40 (3H, s) 58,9
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
103
FIGURA 3.48: Espectro de RMN de
1
H de 11 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.49: Espectro de RMN de
13
C de 11 (CDCl
3
, 100 MHz)
8.5 8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0
ppm
3.341.10 1.041.00 0.990.94
0.000
4.463
7.091
7.098
7.263
7.450
7.455
7.475
7.636
7.642
7.691
7.694
8.003
8.024
8.272
8.276
8.293
H-5
H-8 H-7
H-2’
H-6
H-3’
4-OMe
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
104
FIGURA 3.50: Mapa de contorno g-HSQC de
11 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.51: Mapa de contorno g-HMBC de
11 (CDCl
3
, 400 MHz)
59
,
0
104
,
7
127
,
8
123
,
7
129
,
6
143
,
5
H-7
H-2
H-6
H-3
4-OMe
H
-
5
H-8
H
-
5
H
-
8
H
-
7
H-2
H-6
H-3
3
3
5a
5a
5
6
8
7
7
8a
8a
2
4
2
2
4
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
105
3.2.3.4- Determinação estrutural da substância 12
O alcalóide do tipo piranoquinolona
12 foi isolado do extrato
metanólico do tronco de H. superba (EMTHS) e identificado através da análise de
experimentos de RMN de
1
H,
13
C e comparação com dados da literatura
(KAMPERDICK, 1999).
5'4'
3' 2'
1'
8a
8
7
6
5a
5
4
3
2
12
N
O
CH
3
O
O espectro de RMN de
1
H (FIGURA 3.52, pg 107) de 12 mostra na
região desblindada do espectro um duplo dubleto em δ 7,97 ( J= 7,9 e 1,6 Hz),
dois duplo duplo dubletos em δ 7,23 (J= 8,0; 7,0 e 1,0 Hz) e δ 7,55 ( J= 8,6; 7,0 e
1,6 Hz) e um dubleto largo em δ 7,31 (J= 8,6 Hz) referentes as hidrogênios de um
anel aromático dissubstituído. A presença do anel cromeno é comprovada pela
presença de dois dubletos, sendo um em δ 6,75 (J= 9,9 Hz) e outro em δ 6,54 (J=
9,9 Hz) integrando para um hidrogênio cada referentes aos hidrogênios H-1’e H-
2’, respectivamente, além da presença de um singleto em δ 1,52 integrando para
seis hidrogênios característicos das metilas 4’e 5’de um anel 2,2-dimetilcromeno
ou anel pirano. Observa-se também um singleto em δ 3,69 integrando para três
hidrogênios, característico de hidrogênios metílicos ligados a heteroátomo,
referentes a uma N-metila.
O espectro de RMN de
13
C (FIGURA 3.53, pg 107) apresenta 14
sinais de carbonos, sendo que se pode destacar o sinal em δ 161,0 referente a
carboxila de lactama na posição 2, o sinal em δ 28,2 referente a uma N-metila e o
sinal em δ 29,2 referentes às metilas equivalentes do anel pirano.
Todos os sinais de hidrogênios e carbonos foram atribuídos
baseando-se em dados da literatura e são mostrados na TABELA 3.14 (pg 106).
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
106
Assim, a análise dos experimentos de RMN e comparação com os
dados da literatura permitiu atribuir a estrutura
12 ao alcalóide N-metilflindersina.
TABELA 3.14: Dados de RMN de
1
H e
13
C de 12 e comparação com a literatura
SUBSTÂNCIA 12
(200/50 MHz, CDCl
3
)
KAMPERDICK , 1999
(300/75 MHz, CDCl
3
)
H/C
δ (ppm), J (Hz)
δ
(ppm)
δ (ppm), J (Hz)
δ
(ppm)
2
-
161,0
-
161,0
3
-
105,9
-
105,9
4
-
155,2
-
155,2
5a
-
116,1
-
116,1
5
7,97 (1H, dd, J= 8,0; 1,6)
123,1
7,97 (1H, dd, J=8,2; 1,5)
123,1
6
7,23 (1H, ddd, J= 8,0; 7,0,1,0)
121,7 7,23 (1H,ddd,J= 8,2;7,1;1,0) 121,7
7 7,55 (1H, ddd,J= 8,6; 7,0; 1,6) 130,8 7,55 (1H,ddd,J= 8,6;7,1;1,5) 130,8
8
7,31 (1H, dl, J= 8,6)
114,0
7,32 (1H, d, J= 8,6)
114,0
8a
-
139,4
-
139,4
1’
6,75 (1H, d, J= 9,9)
118,0
6,76 (1H, d, J= 9,8)
118,0
2’
6,54 (1H, d, J= 9,9)
126,3
5,54 (1H, d, J= 9,8)
126,3
3’
-
78,7
-
78,7
4’
5’
1,52 (6H, s)
29,2
1,52 (6H, s)
29,2
N-Me
3,70 (3H, s)
28,2
3,70 (3H, s)
28,2
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
107
FIGURA 3.52: Espectro de RMN de
1
H de 12 (CDCl
3
, 200 MHz)
FIGURA 3.53: Espectro de RMN de
13
C de 12 (CDCl
3
, 50 MHz)
6.513.741.301.14 1.041.00
TMS
7.9429
7.5487
7.3367
7.2643
7.2262
6.7795
6.7300
5.5610
5.5112
3.6951
1.7544
1.5181
0.0000
H-5
H-7
H-8
H-6
N-METIL
H-4’
H-5’
H-1’
H-2’
Chloroform-d
161.0079
155.1654
139.3832
130.8119
126.3051
123.1175
121.6589
117.9715
116.1196
113.9809
105.8685
78.7290
77.6310
77.0000
76.3608
29.2436
28.2193
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
108
3.2.3.5- Biogênese dos Alcalóides
Os alcalóides são bases orgânicas nitrogenadas encontradas
principalmente em plantas, e em extensão menor em microrganismos e animais.
São freqüentemente classificados em pirrolidínico, piperidínico, quinolínico, indol,
etc, de acordo com a natureza da estrutura contendo o nitrogênio. Os átomos de
nitrogênio originam de poucos aminoácidos precursores, sendo os principais,
ornitina, lisina, ácido nicotínico, tirosina, triptofano, ácido antranílico, e histidina
(DEWICK, 2002).
3.2.3.5.1- Alcalóides indolopiridoquinazolínicos
A distribuição dos alcalóides indolopiridoquinazolínicos,
especialmente aqueles com estruturas mais complexas como a rutaecarpina, está
restrita apenas à família Rutaceae e ocorre em apenas poucos gêneros (IKUTA,
et al., 1998). A origem da rota biossintética é através da combinação do triptofano,
que é um aminoácido contendo um sistema indol, com o ácido antranílico. A
proposta biogenética para a formação deste tipo de alcalóide está descrita no
ESQUEMA 3.6 (pg 108)
.
ESQUEMA 3.6: Proposta biogenética para os alcalóides
indolopiridoquinazolínicos
H
2
N
O
ACoS
N
NH
2
H
N
H
2
N
O
-
H
2
N
OH
H
SAM
N
MeN O
H
2
NH
N
NO
H
2
NH
N
NO
H
2
NH
H
N
NO
H
2
NH
N
NO
NH
rutaecarpina
N
NO
NH
[O]
7,8-desidrorutaecarpina
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
109
3.2.3.5.2- Alcalóides furoquinolínicos e 2-quinolonas
Os alcalóides derivados do ácido antranílico são formados através
da combinação do ácido antranílico com uma unidade de malonil-CoA pela reação
de Claisen, levando à formação do sistema heterocíclico (DEWICK, 2002).
A diversidade desses alcalóides está relacionada, em parte, com a
habilidade biogenética da família Rutaceae em incorporar unidades prenila ao
precursor, sobretudo na posição C-3 que é altamente nucleofílica e susceptível a
alquilação. A prenilação em C-3 leva à formação de alcalóides furoquinolínicos,
como a dictamina (ESQUEMA 3.7, pg 109) e 2-quinolona, como a flindersina e N-
metilflindersina (ESQUEMA 3.8, pg 110). Para os alcalóides furoquinolínicos, o
anel furano é formado através da ciclização oxidativa de uma unidade prenila,
como mostra o ESQUEMA 3.7.
ESQUEMA 3.7: Proposta biogenética para alcalóides furoquinolínicos
dictamina
N
OCH
3
O
SAM
N
OH
O
N
OH
O
O
OH
H
[O]
N
OH
O
OH
NO
OH
O
H
epoxidação
H
+
N
O
OH
H
PPO
N
O
OH
H
N
O
O
H
O
NH
2
SCoA
O
-CO
2
SCoA
O
OHO
SCoA
O
NH
2
OH
O
NH
2
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
110
ESQUEMA 3.8: Proposta biogenética para os alcalóides 2-quinolona
NO
H
O
PPO
NO
H
OH
N
O
O
H
SCoA
O
OHO
-CO
2
O
NH
2
SCoA
O
SCoA
O
NH
2
OH
O
NH
2
N-metilflindersina
NO
O
CH
3
SAM
flindersina
NO
H
O
NO
H
O
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
111
3.2.4 – Limonóides
Alguns limonóides têm sido relatados no gênero Hortia, sendo que o
primeiro, chamado de guianina, foi isolado de H. regia em 1986 (JACOBS, et al.,
1986). Este limonóide por apresentar um esqueleto bastante complexo, sugeria a
presença de outros com esqueletos mais simples no gênero. Posteriormente,
foram isolados da espécie H. colombiana hortiolida A e hortiolida B, cujas
estruturas são mais simples, em relação ao primeiro isolado (SUAREZ, et al.,
1998, SUAREZ, et al., 2002). Recentemente foram isolados quatro novos
limonóides que são inéditos em literatura, sendo eles: hortiolida C, hortiolida D e
hortiolida F de H. oreadica e hortiolida E de H. superba (BRAGA, 2005).
Neste estudo foram isolados três limonóides, sendo eles: guianina
(13), já descrito em literatura; hortiolida E (14) inédito para a espécie de H.
oreadica e hortiolida G
(15) que parece ser novo na literatura.
3.2.4.1 – Determinação estrutural da substância 13
O limonóide
13 foi isolado dos extratos diclorometano do tronco
subterrâneo e das folhas de H. oreadica e teve sua estrutura determinada através
de experimento de RMN de
1
H e
13
C, HSQC, HMBC e COSY, além da
comparação com os dados existentes na literatura (JACOBS, et al., 1986)
O
O
O
O
O
CH
3
O
O
CH
3
O
13
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
28
29
30
13
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
112
Analisando o espectro de RMN de
1
H de 13 (FIGURA 3.55, pg 117) é
possível atribuir os sinais característicos dos hidrogênios do anel furânico H-21 e
H-23 em δ 7,56 (1H, m) e δ 7,42 (1H, t, J=1,7 Hz) respectivamente, e H-22 em δ
6,38 (1H, dd, J= 1,8 e 0,7 Hz).
Através dos espectros de RMN de
13
C (FIGURA 3.56, pg 117) e HSQC
(FIGURA 3.57, pg 118) foi possível fazer a atribuição de todos os carbonos do
esqueleto. Os valores de hidrogênio e carbono estão descritos nas TABELAS
3.15 e 3.16 (pgs 115 a 116).
O espectro de HMBC (FIGURA 3.58, pg 119) mostra a correlação de
um hidrogênio carbinólico em δ 5,91 (1H, s) com C-21 (δ 140,7) indicando a
presença do anel D lactônico, o que permite atribuí-lo ao H-17(δ 80,2). Este
hidrogênio mostra ainda correlação com C-20 (δ 121,2) e com C-22 (δ 108,9),
uma correlação a J
3
com uma metila em δ 19,3 (δ 1,17) que foi atribuída à Me-18
e com um sinal em δ 173,1 que pode ser atribuído ao C-14. O sinal da Me-18 (δ
1,17) mostra correlação com C-17 (δ 80,2), com o sinal em δ 173,1, com um
carbono quaternário em δ 46,7, atribuído ao C-13 e com um sinal de um carbono
metilênico em δ 34,6, atribuído ao C-12. O espectro de HSQC mostra a correlação
a J
1
deste sinal em δ 34,6 com sinais em δ 1,57 (m) e δ 1,70 (m) e com os sinais
em δ 2,56 (1H, dd, J=10,8 e 16,9) e 2,17 (m), indicando que este sinal em δ 34,6 é
referente a dois carbonos. Através da análise do espectro de HMBC foi possível
observar a correlação dos sinal em δ 1,57 e 1,70 com o carbono C-18 (δ 19,3), C-
13 (δ 46,7), C-17 (δ 80,2) e com o sinal em δ 173,1. Desta maneira, estes sinais
foram atribuídos aos hidrogênios H-12a e H-12b. Ainda é possível observar no
espectro de HMBC a correlação do H-12a (δ 1,57) com um sinal em δ 69,0, que
pode ser atribuído somente ao C-9, justificando a correlação do mesmo a J
3
. No
espectro de COSY (FIGURA 3.59, pg 120) é possível observar o acoplamento
entre os hidrogênios H-12 com um sinal em aproximadamente δ 2,15, que pode
ser atribuído somente aos hidrogênios H-11. No HSQC foi possível, então, atribuir
o sinal em δ 28,7 ao C-11. O sinal de H-11 em δ 2,27 mostra correlação no HMBC
com C-12 (δ 34,6), com C-9 (δ 69,0) e com um sinal em δ 61,7 ainda não
atribuído.
A análise do espectro de HMBC mostra a correlação de um sinal em δ
5,95 (1H, s) atribuído ao H-15, com o sinal em δ 46,7 atribuído ao C-13, com um
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
113
sinal em δ 164,6, atribuído ao C-16 e com o sinal em δ 69,0, previamente
atribuído ao C-9. Num esqueleto intacto, esta correlação seria a J
4
, o que não
seria justificável neste caso. Desta forma, a correlação somente pode ser
justificada a J
3
com a contração do anel C, como mostrado na FIGURA 3.54 (1)
(pg 113).
FIGURA 3.54: Correlações observadas no HMBC para
13
A presença de dois sinais em δ 3,62 (δ 51,5) e δ 3,66 (δ 52,2),
indicou que, além do anel B ser seco, alguma outra modificação tinha ocorrido no
esqueleto. O espectro de HMBC mostra a correlação do sinal já mencionado
anteriormente em δ 2,56 (1H, dd, J=10,8 e 16,9) com os sinais em δ 174,0 (cuja
metoxila em δ 3,66 também se correlaciona), indicando ser este sinal relativo a
O
O
H
H
O
13
12
11
9
18
14
15
16
17
20
21
22
23
O
O
O
O
O
CH
3
O
O
CH
3
O
30
3
4
5
6
7
19
9
11
10
1
2
8
1)
2)
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
114
um dos hidrogênios H-6 correlacionando com C-7. Portanto, o sinal em δ 34,6
corresponde aos carbonos C-12 e C-6. No espectro de COSY é possível observar
o acoplamento entre os hidrogênios H-6a (δ 2,56) e H-6b (δ 2,15), assim como o
acoplamento de H-6a com um sinal em δ 3,26 (1H, d, J=10,8), indicando ser o
sinal referente ao H-5. Pelo HSQC, este sinal mostra correlação a J
1
com o sinal
em δ 41,3; mostra correlação também via HMBC com C-7 (δ 174,0), C-6 (δ 34,6),
com sinais de duas metilas em δ 20,8 (δ 1,44) e 28,3 (δ 0,99), com o sinal de
carbono quaternário em δ 46,6, com C-9 (δ 69,0) e com o sinal ainda não
atribuído em δ 61,7. A correlação das duas metilas mencionadas acima com o
sinal do carbono em δ 46,6 indica serem as mesmas Me-28 e Me-29 e o sinal,
então, relativo ao carbono C-4.
A metila em δ 1,27 (δ 23,6), que mostra no HMBC correlação com C-
5 (δ 41,3), com C-9 (δ 69,0) e com o sinal em δ 61,7, foi atribuída a Me-19. Este
sinal em δ 61,7 pode ser atribuído somente ao C-10, justificando a correlação a J
2
.
Ainda é observado a correlação de um sinal em δ 5,90 (1H, d, J=1,3) (δ 129,4)
com dois sinais, um em δ 208,8 e outro em δ 175,2. No espectro de COSY, ainda
é possível observar que este sinal mostra um acoplamento alílico com a metila em
δ 2,03 (3H, d, J=1,3). Esta metila somente pode ser atribuída a Me-30, cujo sinal
do carbono é δ 16,5. A mesma mostra no HMBC correlação com C-9 (δ 69,0),
com C-2 (δ 129,4) e com o sinal em δ 175,2, que somente pode ser atribuído ao
C-8. Desta forma, o sinal em δ 208,8 foi atribuído ao C-1. A presença de uma
outra metoxila em δ 3,62 se correlacionando no HMBC com sinal em δ 177,4
indica que houve uma abertura também do anel A, com a quebra da ligação entre
os carbonos C-2 e C-3. A correlação de H-2 (δ 5,90) com C-8 (δ 175,2) indica que
houve a formação de um novo anel devido a formação da ligação entre os
carbonos C-2 e C-8, como pode-se observar na FIGURA 3.54 (2) (pg 113).
Portanto, a substância
13 foi identificada pela análise de
experimentos de RMN como sendo a guianina, limonóide já descrito em literatura.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
115
TABELA 3.15: Dados de RMN de
1
H de 13 e comparação com a literatura
SUBSTÂNCIA 13
(400 MHz, CDCl
3
)
JACOBS, 1986
(400 MHz, CDCl
3
)
H/C
δ (ppm), J (Hz) δ (ppm), J (Hz)
2 5,90 (1H, d, J=1,3) 5,87 (q, J=1,3)
5 3,26 (1H, d, J=10,8) 3,26 (d, J=10)
6a
6b
2,56 (1H, dd, J=10,8 e 16,9)
2,15 (m)
2,55 (dd, J=10 e 17)
2,18 (d, J=17)
11a
11b
2,27 (m)
2,17 (m)
2,29 (m)
2,16 (dd, J=15 e 6)
12a
12b
1,70 (m)
1,57 (m)
1,55 (dd, J=13 e 6)
1,71 (td, 13 e 6)
15 5,95 (1H, s) 5,90 (s)
17 5,91 (sl) 5,94 (d, J=0,8)
Me-18 1,17 (3H, s) 1,16 (s)
Me-19 1,27 (3H, s) 1,27 (s)
21 7,56 (1H, m) 7,56 (dt, J=1,7 e 0,8)
22 6,38 (1H, dd, J=1,7 e 0,8) 6,32 (dd, J=1,7 e 0,8)
23 7,42 (1H, t, J
=1,7) 7,44 (t, J=1,7)
Me-28 1,44 (3H, s) 1,43 (s)
Me-29 0,99 (3H, s) 0,95 (s)
Me-30 2,03 (3H, s) 2,04 (s)
O-CH
3
3,66 (3H, s) 3,60 (s)
O-CH
3
3,62 (3H, s) 3,52 (s)
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
116
TABELA 3.16: Dados de RMN de
13
C de 13 e comparação com a literatura
SUBSTÂNCIA 13
(100 MHz, CDCl
3
)
JACOBS, 1986
(100 MHz, CDCl
3
)
H/C
δ (ppm), J (Hz) δ (ppm)
1 208,8 208,4
2 129,4 128,9
3 177,4 177,0
4 46,7 46,3
5 41,3 40,9
6a
6b
34,6 34,3
7 174,0 173,7
8 175,2 175,3
9 69,0 69,0
10 61,7 62,0
11a
11b
28,7 28,3
12a
12b
34,6 34,4
13 46,6 46,6
14 173,1 173,2
15 118,0 117,5
16 164,6 164,3
17 80,2 80,0
Me-18 19,3 19,0
Me-19 23,6 23,7
20 121,2 120,9
21 140,7 140,3
22 108,9 108,5
23 143,2 142,9
Me-28 20,8 20,7
Me-29 28,3 27,8
Me-30 16,5 16,4
O-CH
3
52,2 52,0
O-CH
3
51,5 51,3
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
117
FIGURA 3.55: Espectro de RMN de
1
H de 13 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.56: Espectro de RMN de
13
C de 13 (CDCl
3
, 100 MHz)
H-21
H-23
H-22
H-15
H-17
H-2
H-5
H-6a
H-6b
H-11a
H-11b
30
28
19
18
29
7- OCH
3
3- OCH
3
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
118
FIGURA 3.57: Mapa de contorno de g-HSQC de
13 (CDCl
3
, 400 MHz)
H-21
H-23
H-22
H-15
H-17
H-2
H-5
H-6a
H-6b
H-11a
H-11b
H-12a
H-12b
30
28
19
18
29
7- OCH
3
3- OCH
3
80,2
108,9
118,0
129,4
140,6
143,2
52,2
51,5
41,3
34,3 34,4
28,3
28,3
16,5
19,3
23,6
20,8
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
119
FIGURA 3.58: Mapa de contorno de g-HMBC de
13 (CDCl
3
, 400 MHz)
23
21
20
22
1
8
14
16
23
21
21
20
22
9
10
13
18
30
3
7
7
7
14
8
8
3
3
14
14
2
9
9
9
17
10 10
10
4
6
29
28
4
5
12
5
5
5
4
4
4
12
29
28
18
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
120
FIGURA 3.59: Espectro de g-COSY de
13 (CDCl
3
, 400 MHz)
H-2 Me-30
H-5 H-6a
H-6a H-6b
H-11 H-12
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
121
3.2.4.2 – Determinação estrutural da substância 14
O limonóide
14 foi isolado do extrato diclorometano do tronco
subterrâneo de H. oreadica e do extrato metanólico do tronco de H. superba e
teve sua estrutura determinada através de experimentos de RMN de
1
H,
13
C,
DEPT-135°, HSQC, HMBC, COSY e por comparação com dados da literatura
(BRAGA, 2005).
A análise do espectro de RMN de
1
H de 14 (FIGURA 3.61, pg 127)
permitiu atribuir os sinais em δ 7,49 (1H, m), δ 7,44 (1H, t, J=1,4 Hz) e δ 6,45 (1H,
m) aos hidrogênios do anel furano H-21, H-23 e H-22, respectivamente. A análise
conjunta dos espectros de RMN de
13
C (FIGURA 3.62, pg 127), DEPT 135°
(FIGURA 3.63, pg 128) e HSQC (FIGURA 3.64, pg 128) permitiu atribuir todos os
carbonos do esqueleto. Os valores para hidrogênios e carbonos estão mostrados
na TABELA 3.17 (pg 126).
A presença do sinal em δ 5,31 relativo a hidrogênio carbinólico
correlacionando-se no espectro de HMBC (FIGURA 3.65, pg 129) com os sinais
de C-21 (δ 141,6), C-20 (120,3) e C-22 (δ 110,0) indicam a presença de lactona
no anel D. O sinal atribuído ao H-17 (δ 5,31; δ 79,9) ainda mostra correlações com
um sinal de carbono tetrasubstituído em δ 48,2 e com um sinal em δ 15,1 relativo
a uma metila que pode ser atribuído somente à Me-18.
O sinal da metila Me-18 (δ 1,19) mostra correlações com o sinal de
C-17 (δ 79,9) e com os sinais em δ 48,2 e δ 29,6. No espectro de HSQC observa-
2
14
1
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
28
29
30
O
O
O
O
OH
O
O
CH
3
O
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
122
se que os sinais em δ 1,60 (m) e δ 1,27 (m) mostram correlação a J
1
com δ 29,6,
sendo atribuído ao C-12. No espectro de COSY (FIGURA 3.66, pg 129) é possível
observar o acoplamento dos hidrogênios H-12a e H-12b com os sinais em δ 2,25
(m) e δ 2,04 (dd) atribuídos aos hidrogênios H-11a e H-11b, respectivamente.
O sinal de hidrogênio carbinólico em δ 4,40 (1H, s) foi atribuído ao
H-15 e mostra correlação via HMBC com o sinal em δ 48,2, δ 45,4 e com o sinal
em δ 171,4 atribuído à carbonila do anel lactônico D. Analisando dados da
literatura (BRAGA, 2005), observa-se a presença de um grupo hidroxila com sinal
em δ 3,03 que foi atribuído ao C-15. Na FIGURA 3.60 (1) (pg 122) pode-se
observar as principais correlações observadas no anel C e D:
FIGURA 3.60: Correlações observadas no HMBC para
14
A presença de um sinal em δ 3,71 (3H, s) de metoxila
correlacionando com um sinal em δ 173,8 sugere que o anel B seja seco para
8
2
1
3
4
5
6
7
10
19
30
29
28
2)
8
9
11
12
13
14 15
16
17
18
O
O
H
OH
O
H
O
O
O
CH
3
O
O
O
OH
O
1)
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
123
este limonóide. Os sinais em δ 2,74 (1H, dd, J=17,2 e 4,7 Hz) e 2,66 (1H, dd,
J=17,4 e 4,7 Hz) mostram correlação a J
1
com o sinal de carbono em δ 31,8, que
pelo espectro de DEPT 135° é um metileno. Estes sinais mostram no HMBC
correlação com o sinal em δ 173,8 sugerindo atribuir estes dois sinais aos
hidrogênios H-6a e H-6b. Ainda é possível observar para os hidrogênios H-6 a
correlação com sinais em δ 47,6 (quaternário pelo DEPT 135°) e δ 45,4 que no
espectro de HSQC se correlaciona a J
1
com o sinal do hidrogênio em δ 2,52 (1H,
t, J=4,8 Hz).
No espectro de COSY é possível observar o acoplamento dos
hidrogênios H-6 com o sinal em δ 3,52 sugerindo que o mesmo seja atribuído ao
hidrogênio H-5. O sinal de carbono quaternário em δ 47,6, cujo H-6 se
correlaciona no HMBC poderia ser atribuído tanto ao C-10 quanto ao C-4 pelas
correlações permitidas a este hidrogênio. Porém, o sinal atribuído ao H-11b em δ
2,04 mostra correlação com o mesmo sinal em δ 47,6 que assim pode ser
atribuído somente ao C-10.
O sinal de H-5 em δ 2,52 mostra no HMBC correlações com C-7 (δ
173,8), C-10 (δ 47,6), com um sinal em δ 44,9 quaternário pelo DEPT 135°, que
foi atribuído ao C-4, e com o sinal em δ 22,8 que mostra no HSQC correlação
com o sinal em δ 1,42 (3H, s) referente a uma metila, podendo ser atribuído
somente a metila Me-19. A análise do espectro de HMBC mostra correlações do
sinal desta metila com os sinais de C-5 (δ 45,4), C-10 (δ 47,6) e com um sinal em
δ 180,6 ainda não atribuído.
A presença de um sinal em δ 201,8 indica a existência de uma
carbonila α,β-insaturada na estrutura. O espectro de HSQC mostra um sinal em δ
5,48 (1H, s) correlacionando-se com o sinal em δ 99,7. Este sinal mostra
correlação no HMBC com C-10 (δ 47,6) e com o mesmo sinal em 180,6 o qual a
Me-19 também se correlaciona. Desta forma, o singleto em δ 5,48 foi atribuído ao
H-2 e o sinal em δ 180,6 ao C-1.
O espectro de HMBC mostra duas metilas com deslocamentos
químicos de δ 1,09 (3H, s) e δ 1,19 (3H, s) correlacionando-se entre si e com o
sinal de C-3 em δ 201,8. No espectro de HSQC é possível observar a correlação
do sinal em δ 1,09 com o sinal em δ 27,6 e do sinal em δ 1,19 com o sinal em 22,8
e os mesmos foram atribuídos as metilas Me-29 e Me-28. A metila Me-29 mostra
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
124
ainda no HMBC correlação com C-5 em δ 45,4 e a metila Me-28 correlaciona-se
com um sinal de carbono quaternário em δ 44,9 que somente pode ser atribuído
ao C-4. As observações até agora mencionadas sugerem um esqueleto parcial
como mostrado na FIGURA 3.60 (2) (pg 122).
O sinal em δ 1,89 (3H, s), que pode ser atribuído somente à metila
Me-30, mostra no espectro de HSQC correlação a J
1
com o sinal em δ 15,1. A
análise do espectro de HMBC mostra que o sinal da mesma se correlaciona com
o sinal de C-14 em δ 48,2 e com um sinal de carbono carbinólico que está
ausente no DEPT 135°, indicando ser um carbono quaternário em δ 75,4. Pelas
possíveis correlações para Me-30, este sinal foi atribuído ao C-8. Estas
correlações indicam a união de C-14 ao C-8 e ao C-9 (δ 46,8) que também é um
carbono quaternário pelo DEPT 135º. Portanto o limonóide
14 apresenta
contração do anel C e a seguinte estrutura é proposta:
Experimentos de g-NOESY foram realizados por BRAGA (2005)
para esta estrutura. Quando o sinal referente a H-15 em δ 4,40 foi irradiado foi
possível observar NOE com o sinal de H-5 em δ 2,52 indicando que H-15 e H-5
estão na mesma face e que, portanto, a hidroxila em C-15 está na face β. Quando
a metila Me-30 foi irradiada pode-se observar NOE nos sinais relativos às metilas
Me-19 (δ 1,42), Me-18 (δ 1,19) e Me-29 (δ 1,09), o que sugere que a metila Me-30
também esteja posicionada na face α da molécula.
O
O
O
OH
H
O
O
O
CH
3
O
1
15
14
30
8
9
5
19
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
125
Desta forma, a substância
14 foi identificada como o limonóide
hortiolida E.
2
14
1
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
28
29
30
O
O
O
OH
O
O
O
CH
3
O
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
126
TABELA 3.17: Dados de RMN de
1
H e
13
C de 14 e comparação com literatura
SUBSTÂNCIA
14
(400/100 MHz, CDCl
3
)
BRAGA, 2005
(400/100 MHz, CDCl
3
)
H/C
δ (ppm), J (Hz)
δ
(ppm)
δ (ppm), J (Hz) δ (ppm)
1 - 180,6 - 180,6
2 5,48 (1H, s) 99,7 5,50 (1H, s) 99,8
3 - 201,8 - 201,9
4 - 44,9 - 44,9
5 2,52 (1H, t, J=4,7) 45,4 2,52 (1H, t, J=4,7) 45,4
6a
6b
2,74 (1H, dd, J=17,2 e 4,7)
2,66 (1H, dd, J=17,2 e 4,7)
31,8
2,74 (1H, dd, J=17,2 e 4,7)
2,66 (1H, dd, J=17,2 e 4,7)
31,8
7 - 173,8 - 173,9
8 - 75,4 - 75,5
9 - 46,8 - 46,8
10 - 47,6 - 47,6
11a 2,25 (m) 2,25 (m) 23,2
11b 2,04 (m)
23,1
2,04 (dd, 13,3 e 8,8)
12a 1,60(m) 1,60(m) 29,7
12b 1,27 (m)
29,6
1,27 (m)
13 - 45,4 - 45,5
14 - 48,2 - 48,2
15 4,40 (s) 64,1 4,40 (1H, d, J=1,2) 64,1
16 - 171,4 - 171,5
17 5,31 (1H, s) 79,9 5,35 (1H, s) 79,9
Me18 1,19 (3H, s) 15,1 1,18 (3H, s) 15,0
Me19 1,42 (3H, s) 22,7 1,42 (3H, s) 22,8
20 - 120,3 - 120,4
21 7,49 (1H, m) 141,6 7,49 (1H, m) 141,7
22 6,45 (1H, m) 110,0 6,44 (1H, dd, J=1,8 e 1,0) 110,0
23 7,44 (1H, t, J=1,4) 143,4 7,44 (1H, t, J=1,7) 143,4
Me28 1,19 (3H, s) 22,8 1,19 (3H, s) 22,9
Me29 1,09 (3H, s) 27,6 1,11 (3H, s) 27,6
Me30 1,89 (3H, s) 15,1 1,87 (1H,
s) 15,1
OCH
3
3,71 (3H, s) 52,6 3,71 (3H, s) 52,6
OH * - 3,03 (1H, d, J=1,8) -
* valor não obtido nos experimentos de RMN
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
127
FIGURA 3.61: Espectro de RMN de
1
H de 14 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.62: Espectro de RMN de
13
C de 14 (CDCl
3
, 50 MHz)
H-21
H-23
H-22
H-2
H-17
H-15
7-OCH
3
Me-30
Me-19
Me-28
Me-18
Me-29
H-6a H-6b
H-5
H-11a
H-11b
H-12a
H-12b
200 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 1
0
ppm
15.085
22.785
23.159
27.657
29.660
31.803
44.890
45.440
46.772
47.597
48.232
52.519
64.174
75.449
77.000
79.863
99.683
109.949
120.328
141.608
143.364
171.427
173.845
180.593
201.838
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
128
FIGURA 3.63: Espectro de RMN de DEPT 135° de
14 (CDCl
3
, 100 MHz)
FIGURA 3.64: Mapa de contorno de g-HSQC de
14 (CDCl
3
, 400 MHz)
143,4
141,6
110,0
99,7
79,9
64,1
52,6
45,4
31,8
23,1
29,6
27,6
22,7
22,8
15,1
H-21
H-23
H-22
H-2
H-17
H-15
7- OCH
3
H-6a/b H-15
H-11a/b
H-30
H-12a/b
H-19 H-29
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
129
FIGURA 3.65: Mapa de contorno de g-HMBC de 14 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.66: Espectro de g-COSY de
14 (CDCl
3,
400 MHz)
23
21
21
23
20
22
20
20
22
21
1
16
7
7
1
3
17
17
8
5
10
14
13
14
18
19
14
10
4
14
10
13
14
13
14
5
10
13
14
5
12
28
H-6 H-5
H-11a/b H-12a
H-12a H-12b
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
130
3.2.4.3 – Determinação estrutural da substância 15
O limonóide
15 foi isolado do extrato diclorometano do tronco
subterrâneo de H. oreadica e teve sua estrutura determinada através de
experimentos de RMN de
1
H,
13
C, DEPT 135°, HSQC, HMBC e COSY.
A análise do espectro de RMN de
1
H de 15 (FIGURA 3.68, pg 136)
permitiu atribuir os sinais em δ 7,53 (1H, m), δ 7,46 (1H, t, J=1,8 Hz) e δ 6,47 (1H,
dd, J= 2,2 e 1,4 Hz) aos hidrogênios do anel furano H-21, H-23 e H-22,
respectivamente. A análise conjunta dos espectros de RMN de
13
C (FIGURA 3.69,
pg 136), DEPT 135° (FIGURA 3.70, pg 137) e HSQC (FIGURA 3.71, pg 137)
permitiu atribuir todos os carbonos do esqueleto.
Observando o espectro de HMBC (FIGURA 3.72, pg 138), a
presença do sinal em δ 5,23 relativo a hidrogênio carbinólico correlacionando-se
com os sinais de C-21 (δ 141,8), C-20 (119,9) e C-22 (δ 109,9) sugerem a
presença de lactona no anel D, assim como para os limonóides anteriormente
descritos. O sinal atribuído ao H-17 (δ 5,23; δ 81,5) mostra correlações também
com sinais de carbonos quaternários em δ 48,6 ou δ 48,4 ainda não atribuídos e δ
47,0. Ainda mostra correlação com δ 29,3, δ 29,8 que pelo DEPT é um carbono
CH
2
, e com um sinal em δ 15,4 relativo a uma metila que somente pode ser
atribuído à Me-18.
30
29
28
23
22
21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
1
15
2
O
O
O
O
O
O
CH
3
O
HO
CH
3
OO
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
131
O sinal da metila Me-18 (δ 1,24) mostra correlações com o sinal de
C-17 (δ 81,5) e com os sinais em δ 48,6 ou δ 48,4 e δ 29,8. No espectro de HSQC
observa-se que os sinais em δ 1,65 (m) e δ 1,30 (m) mostram correlação a J
1
com
δ 29,8, sendo atribuído ao C-12.
Os sinais de hidrogênios em δ 2,23 (1H, m) e δ 2,02 (1H, m)
mostram correlações via HMBC com o sinal em δ 47,0 que foi atribuído ao C-13 e
com o sinal em δ 170,4 atribuído à carboxila do anel lactônico D. Desta forma,
estes sinais foram atribuídos ao H-15a e H-15b que mostram correlação via
HSQC com um carbono em δ 23,8. Na FIGURA 3.67 (1) (pg 133) pode-se
observar as principais correlações observadas no anel C e D.
A presença de um sinal em δ 3,71 (3H, s) de metoxila
correlacionando com um sinal em δ 169,6 sugere que o anel B seja seco também
para este limonóide. O sinal em δ 5,82 (1H, d, J= 2,4 Hz) mostra correlação a J
1
com o sinal de carbono em δ 71,5 e via HMBC mostra correlação com o sinal em
δ 169,6 sugerindo atribuir este sinal ao hidrogênio H-6. Ainda é possível observar
para o hidrogênio H-6 a correlação com sinais em δ 46,0, δ 48,6 ou δ 48,4
(quaternários pelo DEPT 135°) e δ 50,3 que no espectro de HSQC se correlaciona
a J
1
com o sinal do hidrogênio em δ 2,53 (1H, d, J=3,2 Hz). A correlação da
metoxila em δ 3,71 com δ 169,6 e o sinal em δ 5,82 com δ 169,6 sugere que o
grupo hidroxila esteja em C-6. No espectro de COSY (FIGURA 3.73, pg 138) é
possível observar o acoplamento do hidrogênio H-6 com o sinal em δ 2,53
sugerindo que o mesmo seja atribuído ao hidrogênio H-5.
O sinal de carbono quaternário em δ 46,0, cujo H-6 se correlaciona
no HMBC poderia ser atribuído tanto ao C-10 quanto ao C-4 pelas correlações
permitidas a este hidrogênio. Porém, o sinal atribuído ao H-11 em δ 4,39 não
mostra correlação com o mesmo sinal em δ 46,0 que então não poderia ser
atribuído ao C-10 e por isso foi atribuído ao C-4.
O sinal de H-5 em δ 2,53 mostra no HMBC correlações com C-10
em δ 48,6 ou δ 48,4 (valores de δ intercambiáveis), com C-7 (δ 169,3), com um
sinal em δ 45,3, quaternário pelo DEPT 135° e foi atribuído ao C-9 e com o sinal
em δ 23,7 que mostra no HSQC correlação com o sinal em δ 1,47 (3H, s)
referente a uma metila, podendo ser atribuído somente a metila Me-19. A análise
do espectro de HMBC mostra correlações do sinal desta metila com os sinais de
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
132
C-5 (δ 50,3), C-9 (δ 45,3), C-10 (δ 48,6 ou δ 48,4) e com um sinal em δ 181,5
atribuído à carbonila.
A presença de um sinal em δ 202,1, assim como para os limonóides
discutidos anteriormente, indica a existência de uma carbonila α,β-insaturada na
estrutura. O espectro de HSQC mostra um sinal em δ 5,42 (1H, s) se
correlacionando com o sinal em δ 98,5. Este sinal mostra correlação no HMBC
com C-10 (δ 48,6 ou δ 48,4) e com o mesmo sinal em 181,5 o qual a Me-19
também se correlaciona. Desta forma, o singleto em δ 5,42 foi atribuído ao H-2 e
o sinal em δ 181,5 ao C-1.
O espectro de HMBC mostra duas metilas com deslocamentos
químicos de δ 1,09 (3H, s) e δ 1,50 (3H, s) correlacionando-se entre si e com o
sinal de C-3 em δ 202,1. No espectro de HSQC é possível observar a correlação
do sinal em δ 1,09 com o sinal em δ 29,3 e do sinal em δ 1,50 com o sinal em 23,7
e os mesmos foram atribuídos às metilas Me-28 e Me-29. A metila Me-29 mostra
ainda no HMBC correlação com C-5 em δ 50,3 e a metila Me-28 correlaciona-se
com um sinal de carbono quaternário em δ 46,0 que somente pode ser atribuído
ao C-4. As observações até agora mencionadas sugerem um esqueleto parcial
como mostrado na FIGURA 3.67 (2) (pg 133)
.
O sinal em δ 1,87 (3H, s), que pode ser atribuído somente à metila
Me-30, mostra no espectro de HSQC correlação a J
1
com o sinal em δ 14,6. A
análise do espectro de HMBC mostra que o sinal da mesma se correlaciona com
o sinal de C-14 em δ 48,6 ou δ 48,4 (valores de δ intercambiáveis com C-10) e
com um sinal de carbono que está ausente no DEPT 135°, indicando ser um
carbono quaternário em δ 77,0. Pelas possíveis correlações para Me-30, este
sinal foi atribuído ao C-8. O sinal atribuído ao H-11 em δ 4,39 (1H, s) mostrou
correlação com C-13 (δ 47,0), C-10 (δ 48,6 ou δ 48,4), C-9 (δ 45,3) e com um sinal
em δ 170,7 que sugere um carbono carboxílico. O sinal em δ 2,27 referente à uma
metila também se correlacionou com δ 170,7, indicando a presença de um grupo
acetato que foi atribuído ao C-11.
A análise do HMBC permitiu observar também que H-5 (δ 2,53), H-
11 (δ 4,39) e a Me-19 (δ 1,47) correlacionam-se com C-9 (δ 45,3); Me- 30 (δ
1,87), Me- 18 (δ 1,24) e H-17 (δ 5,23) correlacionam-se com C-14 (δ 48,6 ou δ
48,4) que pelo DEPT 135º são carbonos quaternários. Desta forma, estas
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
133
correlações indicam a união de C-9 ao C-8 e ao C-14 e portanto o limonóide
15,
assim como o limonóide 14, apresenta contração do anel C.
A FIGURA 3.67 (3) (pg 133)
apresenta as principais correlações
observadas para a estrututra em qüestão.
FIGURA 3.67: Correlações observadas no HMBC para
15
18
17
16
15
14
13
12
21
22
1)
2)
30
19
10
7
6
5
4
3
1
2
O
O
CH
3
O
O
HO
O
O
O
8
1
15
14
30
8
9
5
3)
18
19
O
O
O
O
HO
O
OCH
3
O
O
OCH
3
H
13
12
11
O
O
H
HH
O
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
134
Experimentos de g-NOESY serão realizados para esta estrutura,
visando definir a correta estereoquímica dos grupos hidroxila, acetoxila e Me-30.
Desta forma, a substância
15 foi identificada como um novo limonóide
denominado hortiolida G e a seguinte estrutura é então proposta:
HO
CH
3
OO
O
O
O
O
O
O
CH
3
O
2
1
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
28
29
30
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
135
TABELA 3.18: Dados de RMN
1
H,
13
C e g-HMBC de 15
SUBSTÂNCIA 15
(400 MHz, CDCl
3
)
SUBSTÂNCIA 15
(100 MHz,CDCl
3
)
Principais Correlações
Observadas
H/C
δ (ppm), J (Hz) δ (ppm)
HMBC
1 - 181,5 -
2 5,42 (1H, s) 98,5 C-1, C-10
3 - 202,1 -
4 - 46,0 -
5 2,53 (1H, d, J= 2,8) 50,3 C-7, C-9, C-10, C-19
6 5,82 (1H, d, J= 2,8) 71,5 C-4, C-5, C-7, C-10
7 - 169,6 -
8 - 77,0 -
9 - 45,3 -
10 - 48,6/48,4* -
11 4,39 (1H, s) 64,7 C-9, C-10, C-13
12a 1,65 (m)
12b 1,30 (m)
29,8
C-13, C-14, C-17
13 - 47,0 -
14 - 48,6/48,4* -
15a 2,23 (1H, d, J= 10)
15b 2,02 (1H, d, J= 10)
23,8 C-13, C-16
16 - 170,4 -
17 5,23 (1H, s) 81,5 C-14, C-18, C-20, C-21
Me-18 1,24 (3H, s) 15,4 C-12, C-13, C-14, C-17
Me-19 1,47 (3H, s) 23,7 C-1, C-5, C-10
20 - 119,9 -
21 7,53 (1H, m) 141,8 C-20, C-22, C-23
22 6,47 (1H, dd, J=2,2 e 1,4) 109,9 C-20, C-21, C-23
23 7,46 (1H, t, J=1,8) 143,6 C-20, C-22, C-21
Me-28 1,09 (3H, s) 29,3 C-3, C-4
Me-29 1,50 (3H, s) 23,7 C-3, C-5
Me-30 1,87 (1H, s) 14,6 C-8, C-14
OCH
3
3,71 (3H, s) 52,9 C-7
OC
OCH
3
- 170,7 -
OCOCH
3
2,27 (3H, s) 21,0 OCOCH
3
* valores intercambiáveis
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
136
FIGURA 3.68: Espectro de RMN
1
H de 15 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.69: Espectro de RMN
13
C de 15 (CDCl
3
, 100 MHz)
H-23
H-21
H-22
H-6
H-2
H-17
7-OCH
3
H-11
H-5
OCOCH
3
15a 15b
Me-30
12a
12b
Me-29
Me-19
Me-18
Me-28
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
137
FIGURA 3.70: Espectro de RMN DEPT 135° de 15 (CDCl
3
, 100 MHz)
FIGURA 3.71: Mapa de contorno de g-HSQC de 15 (CDCl
3
, 400 MHz)
23
21 22 6
2
17 11
7-OCH
3
5
OCOCH
3
15a
15b
30
12a
12b
29
19
18
28
141,6
143,4
109,9
71,5
98,5
81,5
64,7
52,9
50,3
21,0
23,8
14,6
23,7
29,8
15,4
29,3
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
138
FIGURA 3.72: Mapa de contorno de g-HMBC de 15 (CDCl
3
, 400 MHz)
FIGURA 3.73: Espectro de g-COSY de 15 ( CDCl
3
, 400 MHz)
21
23
22
6
2
17 11
7-OCH
3
5
OCOCH
3
15a
15b
30
12a
29
19
12b
18
28
22
20
21
23
20
21
23
4
10
5
7
4
10
1
Me-18
3
14
22
20
21
9
13
10
OC
OCH
3
OC
OCH
3
7
Me-19
Me-29
Me-28
9
10
7
1
Me-30
13
8 8
17
9
13
14
Me-18
Me-18
15
15
Me-29
Me-28
12
9
10
5
13
14
4
5
10
1
3
3
H-23 H-22
H-6 H-5
H-15a H-15b
H-12a H-12b
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
139
3.2.4.4- Biogênese dos Limonóides
Os limonóides têm sua origem biogenética nos triterpenos do tipo
tirucalanos (H-20/C-20 R) ou eufanos (H-20/C-20 S). De acordo com a biogênese
geralmente descrita, há formação de epóxido entre C-7 e C-8 que abre levando a
uma hidroxila na posição C-7 e induzindo a migração da Me-30 de C-14 para C-8
e C-15. Em seguida há a ciclização da cadeia lateral, com perda de 4 unidades de
carbono levando a formação do anel 17β furano, como mostra o ESQUEMA 3.9
(pg 139). Comumente o anel D é oxidado a lactona, processo envolvendo a
introdução de uma carbonila em C-16 seguida de uma oxidação Baeyer-Villager
(CHAMPAGNE et. al., 1992). Todos os limonóides descritos para o gênero Hortia,
inclusive os isolados neste trabalho, apresentam o anel D lactonizado assim como
o anel B seco.
Baeyer-Villiger
[O]
oxidação degradativa
da cadeia lateral
RO
eufano/tirucalano
RO
RO
O
rearranjo apo-eufol
ou apo-tirucalol
RO OR
RO OR
O
Tetranorterpenóide
RO
O
ORO
RO
OR
O
O
O
O
ESQUEMA 3.9: Biogênese dos limonóides
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
140
O limonóide 13, primeiro limonóide isolado de Hortia (JACOBS et.
al.,1986), é bastante modificado e por este motivo esperava-se encontrar outros
esqueletos mais simples no gênero, como de fato aconteceu. A proposta
biogenética para a guianina (13) está no ESQUEMA 3.10 (pg 140) e sua formação
envolve, além da contração do anel C, a abertura do anel A.
ESQUEMA 3.10: Proposta biogenética para 13
O
O
OCH
3
OH
HO
HO
H
O
O
9
15
13
O
O
OCH
3
OH
HO
O
O
9
8
15
30
[O]
[O]
SAM
3
4
5
6
7
19
9
11
12
O
OH
CH
3
O
CH
3
O
O
H
O
O
O
O
10
1
2
8
O
CH
3
O
CH
3
O
O
O
O
O
O
8
2
1
10
12
11
9
19
7
6
5
4
3
30
15
8
9
O
O
OCH
3
OH
HO
HO
H
O
O
8
30
12
11
9
3
1
8
30
12
11
9
3
1
OCH
3
CH
3
O
O
O
O
O
O
O
O
O
O
OCH
3
OH
HO
H
O
O
O
9
8
15
30
OCH
3
OH
O
O
O
O
O
O
H
2
O
H
2
O
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
141
O limonóide 14 parece ser o precursor para os demais limonóides
descritos para Hortia, com formação de um anel de três membros entre os
carbonos C-8, C-9 e C-14 (BRAGA, 2005). A biogênese proposta para o
limonóides 14 está descrita no ESQUEMA 3.11 (pg 141). A presença do epóxido
entre C-14 e C-15 justifica a presença da hidroxila em C-15 para o limonóide 14.
ESQUEMA 3.11: Proposta biogenética para 14
O
O
O
CH
3
O
OH
O
O
O
14
O
O
OCH
3
HO
O
O
O
9
8
14
15
30
30
15
14
8
9
O
O
OCH
3
OH
OH
O
O
O
9
8
14
15
30
1
8
9
30
30
15
14
8
9
epoxidação
O
O
O
CH
3
O
OH
H
OH
O
O
O
O
O
OCH
3
O
OH
H
O
O
O
O
O
OCH
3
OH
OH
O
OO
O
[O]
- H
2
O
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
142
A biogênese proposta para o limonóides 15 está descrita no
ESQUEMA 3.12 (pg 142).
ESQUEMA 3.12: Proposta biogenética para 15
O
O
OCH
3
OH
O
OO
O
9
8
14
15
30
15
14
8
30
O
O
O
O
OH
OCH
3
O
9
15
O
O
O
OCH
3
O
OH
O
H
3
CO
O
O
( CH
3
COSCoA)
O
O
O
OCH
3
O
OH
HO
O
O
O
O
O
OCH
3
O
O
O
[O]
OCH
3
O
O
O
O
H
OH
O
O
1
8
9
30
30
15
14
8
9
O
O
OCH
3
OH
O
OO
O
[O]
O
O
O
O
OH
OCH
3
O
H
H
30
9
8
14
15
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
143
O estudo fitoquímico realizado com as espécies de Hortia conduziu
ao isolamento de algumas classes de metabólitos secundários como derivados do
ácido diidrocinâmico e cinâmico, cumarina, alcalóides e limonóides, sendo as
estruturas 06 e 14 inéditos em H. oreadica, 10 para o gênero Hortia e 08 e 15 na
literatura.
Entretanto, ainda não é possível propor a classificação correta do
gênero Hortia dentro da família Rutaceae. Hortia, que já foi posicionada em
Cusparieae por De Candolle em 1824, na mais recente classificação morfológica
de Engler em 1931 pertence a Toddalieae (DE CANDOLLE, 1824; ENGLER,
1931). A proposta de Silva e colaboradores (DA SILVA et. al.,1988), que sugere a
união das subfamílias Rutoideae e Toddalioideae por suas similaridades
químicas, volta a propor Hortia em Cusparieae. Hortia é o único representante
americano na subtribo Toddaliinae. Na classificação de SILVA et. al. (1988)
Cuspariea (Cusparia) engloba, além de Hortia, o gênero Galipea, que também é
um gênero neotropical. Desta forma, Hortia estaria mais próxima destes gêneros
do que dos membros de Toddaliinae. Este posicionamento está de acordo com os
resultados obtidos por GROPPO (2004) em um trabalho utilizando análise
macromolecular, em que os dados obtidos pelo autor sugerem um relacionamento
mais próximo entre Hortia e outros gêneros de Cusparieae, como Adiscanthus.
Além disso, outro dado muito relevante para o posicionamento é que
Hortia apresenta limonóides com anéis C e D modificados, muito característicos
de Meliaceae, embora a presença de metabólitos como alcalóides, cumarinas,
derivados do ácido diidrocinâmico e cinâmico vêm a confirmar que Hortia
pertence à família Rutaceae. Como exemplo de reposicionamento relatado em
literatura (ENGLER, 1931), pode-se citar Flindersioideae, que por apresentar
limonóides altamente rearranjados já pertenceu à Meliaceae e na classificação de
Engler é um grupo isolado dentro de Rutaceae. A presença de limonóides
bastante modificados para Hortia poderia indicar que o gênero pode não
pertencer nem a Todallieae e nem a Cusparieae, podendo estar posicionado
separadamente dentro da Família Rutaceae, como aconteceu com
Flindersioideae.
Neste estudo não foi possível estudar todos os extratos das
espécies de Hortia devido ao fato que para executar um trabalho fitoquímico
completo faz-se necessário um tempo maior que o proposto para o mestrado.
Estudo Fitoquímico das Espécies de Hortia
144
Acredita-se que Hortia apresente outros limonóides complexos, como os isolados
anteriormente.
Portanto, o estudo dos extratos será realizado durante o doutorado
para então concluir melhor sobre o posicionamento quimiossistemático de Hortia.
4. CAPÍTULO 2:
ENSAIOS BIOLÓGICOS
_____________________________________________________
Ensaios Biológicos
146
4.1- ENSAIOS BACTERICIDAS FRENTE A Xylella fastidiosa
Os ensaios foram realizados no Centro APTA Citros “Sylvio Moreira”,
situado na cidade de Cordeirópolis-S.P., com a colaboração da professora Dra.
Alessandra Alves de Souza. Utilizou-se meio PW líquido (DAVIS et al., 1981) para
o cultivo da bactéria e realizou-se experimentos com esta no início da fase
estacionária, ou seja, após 10 dias de crescimento. A solução preparada
contendo bactéria e substância ensaiada foi plaqueada em placas de Petri
contendo meio PW sólido. A determinação da Concentração Inibitória Mínima
(CIM) foi determinada visualmente quando, no máximo, uma colônia foi obtida
após plaqueamento da cultura não diluída (BROOUN et al., 2000).
4.1.1- Procedimento Experimental
4.1.1.1- Preparação dos meios de cultivo
Inicialmente preparou-se o meio de cultura PW (líquido e sólido)
para X. fastidiosa, segundo o protocolo de DAVIS et al., 1981 (TABELA 4.1, pg
146). Adicionou-se a quantidade específica de cada reagente de acordo com a
quantidade total de meio necessário.
TABELA 4.1: Reagentes e quantidades necessárias para preparar o meio PW
Reagentes
Para 1000 mL
de meio
Para 200 mL
de meio
Para 150 mL
de meio
Para 100 mL
de meio
Phytone Peptone 4,00 g 0,80 g 0,60 g 0,40 g
Trypticase Peptone
1,00 g 0,20 g 0,15 g 0,10 g
Hemin Chloride
(0,1%)
10,00 mL 2,00 mL 1,50 mL 1,00 mL
Phenol Red (0,2%) 10,00 mL 2,00 mL 1,50 mL 1,00 mL
K
2
HPO
4
1,20 g 0,24 g 0,18 g 0,12 g
KH
2
PO 1,00 g 0,20 g 0,15 g 0,10 g
MgSO
4.
H
2
O 0,40 g 0,08 g 0,06 g 0,04 g
Agar 12,00 g 2,40 g 1,80 g 1,20 g
água destilada 800 mL 164 mL 125 mL 92 mL
Ensaios Biológicos
147
Preparou-se Phenol Red 0,2% a partir da adição de 0,2 g de Phenol
Red e 10 gotas de NaOH 20% em 100 mL de água; e Hemin Chloride 0,1 % a
partir da adição de 0,1 g de Hemin Chloride (Sigma H-1652) e 0,2 g de NaOH em
100 mL de água. Os outros reagentes foram obtidos comercialmente. Autoclavou-
se a mistura por 20 minutos a 120ºC e adicionou-se Glutamina 4% e BSA 10%
por filtração.
Foi necessário a utilização de grande quantidade de meio líquido e
sólido para a realização dos experimentos. Desta forma, preparou-se 1000 mL de
cada um toda vez que realizava-se os ensaios.
Preparo de 1000 mL de meio sólido:
Em um frasco grande, adicionou-se primeiramente 400 mL de água
destilada. Em seguida, colocou-se 4,00 g de Phytone Peptone (BBL 4311906),
1,00 g de Trypticase Peptone (BBL 4311921), 1,20 g de K
2
HPO
4
, 1,00 g de
KH
2
PO
4
, 0,40 g de MgSO
4
.H
2
O e 12,0 g de Agar. Então, sob agitação mecânica,
adicionou-se 10 mL de Hemin Chloride (0,1%) e 10 mL de Phenol Red (0,2%).
Após a solução ter ficado homogênea, completou-se até 800 mL com água
destilada. Autoclavou-se o meio e paralelamente preparou-se a solução de BSA e
Glutamina.
Para o preparo da Glutamina 4% adicionou-se em um erlenmeyer
4,00 g de Glutamina (Sigma G-5763) e 100 mL de H
2
O autoclavada e deixou-se
em banho-maria (50-55
o
C) até que toda a Glutamina se dissolvesse. Para o BSA,
adicionou-se em outro erlenmeyer 6,00 g de BSA fração V (Sigma A-9418) e 100
mL de água autoclavada e deixou-se sob agitação até que todo reagente se
dissolvesse.
Após autoclavado o meio sólido, resfriou-se um pouco e depois
inseriu-se o BSA e a Glutamina através de um filtro. Por fim, verteu-se o meio em
placas de Petri deixando-as abertas por alguns minutos para que o vapor liberado
do meio PW evaporasse. Não se pode resfriar muito o meio sólido antes de
verter, pois este se solidifica rapidamente. As placas foram fechadas e vedadas
(1000 mL de meio resulta em aproximadamente 30 Placas de Petri).
Ensaios Biológicos
148
Preparo de 1000 mL de meio líquido:
Os reagentes utilizados para o preparo do meio líquido foram os
mesmos utilizados para preparar o meio sólido, porém no meio líquido não se
utiliza o Agar que é responsável por solidificar o meio. O procedimeto realizado foi
praticamente o mesmo, porém em vez de autoclavar em um único frasco como no
meio sólido, dividiu-se a solução em 10 erlenmeyers contendo 80 mL e depois
que todos foram autoclavados, adicionou-se 10 mL de BSA e 10 mL de Glutamina
em cada erlenmeyer.
Ambos os meios foram preparados com o máximo de cautela, ou
seja, toda vidraria usada e o meio foram autoclavados e toda preparação do meio
foi executada dentro de um fluxo próprio e próximo ao fogo, uma vez que este
meio é facilmente contaminado devido ao fato de ser um meio rico em nutrientes.
No entanto, o meio líquido é mais facilmente contaminado em relação ao meio
sólido, pois há maior manuseio e transferência de vidrarias.
Após este procedimento os meios ficaram em repouso por
aproximadamente 14 dias para verificar se não houve contaminação. O meio
líquido foi utilizado para cultivar a bactéria, enquanto que o meio sólido foi
utilizado para plaquear a solução contendo meio X. fastidiosa e a substância a ser
ensaiada, e portanto verificar se bactéria se desenvolveu com a substância em
questão.
Preparados os meios de cultivo, colocou-se a bactéria para crescer
no meio líquido. Um trabalho citado na literatura (CAMPANHARO, et al., 2003)
compara o crescimento da bactéria em diferentes meios e demonstra que,
independente deste, a X. fastidiosa possui três fases de crescimento: Fase lag, na
qual a bactéria ainda não se multiplica; Fase log (exponencial), em que a bactéria
se multiplica, aumentando sua população; e Fase estacionária, na qual pára de se
multiplicar e conseqüentemente começa a morrer.
Ensaios Biológicos
149
4.1.1.2- Crescimento de X. fastidiosa em Citrus sinensis
A linhagem de X. fastidiosa 9a5c foi utilizada neste estudo. Células
bacterianas foram inoculadas em Citrus sinensis e estas plantas foram reservadas
na casa de vegetação do Centro de Citricultura APTA Citros Sylvio Moreira,
Instituto Agronômico, Cordeirópolis-SP. Aproximadamente seis meses após a
inoculação, quando sintomas de CVC eram visíveis nas plantas, as folhas foram
coletadas e as células bacterianas presentes nas mesmas foram isoladas de
pecíolos e hastes. A seiva resultante foi assepticamente mantida em tampão
fosfato salino (PBS) e esta suspensão foi distribuída em placas de Petri contendo
meio líquido PW (SOUZA et al., 2005). Para confirmar a linhagem de X. fastidiosa
nesta suspensão, uma alíquota foi submetida à ensaios de RT-PCR utilizando
dois conjuntos de primers específicos para a detecção de X. fastidiosa
(MISSANVAGE et al., 1994; POOLER & HARTUNG, 1995).
4.1.1.3- Preparo do Inóculo para Ensaio
A cultura de X. fastidiosa foi crescida em placas de Petri com meio
sólido PW e após 10 a 15 dias do plaqueamento as primeiras colônias foram
observadas. Para a obtenção de células aderidas à superfície do vidro, diversas
colônias foram transferidas para tubos de polipropileno contendo 3 mL de meio
líquido PW. Quando a OD
600nm
atingiu 0,3 (correspondendo a 10
8
unidades
formadoras de colônias (CFU)/ml) os tubos foram colocados para centrifugar e as
células foram transferidas para um frasco de 1 litro contendo 300 mL de meio
líquido PW. Após 3 dias de crescimento a 28ºC no agitador giratório a 120 rpm,
um fino biofilme foi observado aderido ao vidro na interface meio-ar (SOUZA et
al., 2005) e estas culturas foram então utilizadas para realizar os ensaios
biológicos frente a determinadas substâncias.
Ensaios Biológicos
150
4.1.1.4- Ensaios das Substâncias frente a X. fastidiosa
Foram ensaiados frente à X. fastidiosa dois alcalóides (rutaecarpina
(09) e N-metil-4-metoxi-2-quinolona, um derivado do ácido diidrocinâmico {ácido
3-fenil-[2’,6’-dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propiônico (01)} e um
limonóide guianina (13) isolados de espécies de Hortia e quatro substâncias
quinolinônicas sintéticas: 2-carbometoxi-6-metoxi-4-quinolona (S1), 2-metil-6-
fluor-4-quinolona (S2), 2-metil-5,7-dimetoxi-4-quinolona (S3) e 2-metil-5-metoxi-7-
hidroxi-4-quinolona (S4), apresentados na FIGURA 4.1 (pgs 150 a 151).
FIGURA 4.1: Estruturas das substâncias ensaiadas
N-METIL-4-METOXI-2-QUINOLON
A
N
OCH
3
O
CH
3
RUTAECARPINA (09)
N
N
N
O
H
ÁCIDO 3-FENIL-[2', 6'-DIMETOXI-(3', 4'-O:5'',6'')
2'',2''-DIMETILPIRANO]PROPIÔNICO (01)
O
OH
OCH
3
OCH
3
O
CH
3
O
GUIANINA (13)
O
O
CH
3
O
O
O
O
O
Ensaios Biológicos
151
SÉRIE SINTÉTICA
2-METIL-6-FLUOR-4-QUINOLONA (S2)
2-METIL-5,7-DIMETOXI-4-QUINOLONA (S3)
2-METIL-5-METOXI-7-HIDROXI-4-QUINOLONA (S4)
N
H
O
CH
3
F
4
5a
5
6
7
8
8a
2
3
N
OCH
3
H
CH
3
O
HO
2
3
4
5a
5
6
7
8
8a
N
H
OCH
3
O
O
CH
3
O
2
3
4
5
5a
6
7
8
8a
2-CARBOMETOXI-6-METOXI-4-QUINOLONA (S1)
N
H
OCH
3
CH
3
O
CH
3
O
2
3
4
5a
5
6
7
8
8a
FIGURA 4.1: Estruturas das substâncias ensaiadas (continuação)
Primeiramente, preparou-se uma solução estoque (5mg/mL) de cada
substância teste. Calculou-se o volume de solução estoque necessário para a
obtenção da concentração final, utilizando-se 100 µL da bactéria. Iniciou-se os
experimentos utilizando-se concentrações finais de 0,5 mg/mL, 1,0 mg/mL, 1,5
mg/mL e 2,0 mg/mL, uma vez que não havia descrito na literatura ensaios com
este tipo de substâncias frente à X. fastidiosa e a partir dos resultados iniciais
obtidos foi alterando-se estas concentrações de 0,4 à 2,0 mg/mL até a
determinação da CIM de cada substância.
Ci.Vi = Cf.Vf
C
i .
V
i
= C
f .
V
f
5 mg/mL. V
i
= 0,4 mg/mL.(0,1mL+V
i
)
V
i
= 8,7 µL Para uma concentração de 0,4 mg/mL deve-se usar 8,7 µL da
solução estoque (5mg/mL)
Ensaios Biológicos
152
C
i .
V
i
= C
f .
V
f
5 mg/mL. V
i
= 0,5 mg/mL.(0,1 mL+ V
i
)
V
i
= 11,1 µL Para uma concentração de 0,5 mg/mL deve-se usar 11,1 µL
da solução estoque (5mg/mL)
Os cálculos para as demais concentrações foram semelhantes ao
descrito acima e estão indicados na TABELA 4.2 (pg 152).
TABELA 4.2: Concentração ensaiada e volume retirado da solução estoque
Concentração ensaiada
(mg/mL)
Volume da Solução Estoque
(µL)
0,4 8,7
0,5 11,1
1,0 25,0
1,2 31,6
1,3 35,0
1,4 39,0
1,5 43,0
1,6 47,0
1,7 51,0
1,8 56,0
2,0 67,0
Utilizou-se um eppendorf para cada volume pipetado da solução
estoque. Adicionou-se em cada eppendorf 100 µL do meio líquido contendo a X.
fastidiosa e posteriormente inseriu-se o volume necessário da solução estoque
para atingir as concentrações finais desejadas, como mostrado para algumas
concentrações na FIGURA 4.2 (pg 153).
Ensaios Biológicos
153
0, 5 mg/mL 1, 0 mg/mL 1, 5 mg/mL 2, 0 mg/mL
11,1 µL de slç estoque 25 µL de slç estoque 43 µL de slç estoque 67 µL de slç estoque
+ + + +
100 µL de bactéria 100 µL de bactéria 100 µL de bactéria 100 µL de bactéria
FIGURA 4.2: Eppendorfs com as substâncias ensaiadas nas diferentes
concentrações e a solução de X. fastidiosa.
Em relação ao controle negativo, composto de DMSO:H
2
O e
necessário para verificar se o solvente não inibe o crescimento da bactéria, foi
necessário vários estudos de otimização para que a menor proporção de DMSO
fosse utilizado nos ensaios. Isso porque este solvente é muito tóxico e seu uso
em altas doses poderia levar a inibição de X. fastidiosa. Desta forma, os primeiros
ensaios foram realizados com uma proporção de 1:1 DMSO: H
2
O tanto para
solubilizar as amostras quanto para o controle negativo, onde observou-se que o
crescimento da bactéria era muito baixo. Assim, foi proposto um estudo com
proporções de DMSO: H
2
O que variassem de 1:1 à 1:4, respectivamente. A
TABELA 4.3 (pg 153) ilustra como foi preparado os controles negativos e as
soluções estoques (5 mg/mL) a partir das proporções propostas:
TABELA 4.3: Proporções de DMSO: H
2
O
PROPORÇÕES
DMSO:H
2
O (mL)
(volume final de 1,0 mL)
1:1 0,5:0,5
1:2 0,33:0,67
1:3 0,25:0,75
1:4 0,2:0,8
Na TABELA 4.4 (pg 154) são apresentados os resultados dos testes
com as quatro proporções de solventes, respeitando os cálculos citados acima
que fornece o volume de solventes necessários para atingir as concentrações de
solução estoque desejadas.
Ensaios Biológicos
154
TABELA 4.4: Colônias observadas nos controles negativos para as diferentes
concentrações de substâncias ensaiadas
SOLVENTE 1,0 mg/mL 1,2 mg/mL 1,4 mg/mL 1,6 mg/mL
DMSO: H
2
O 1:1 - - - -
DMSO: H
2
O 1:2 ++ ++ + -
DMSO: H
2
O 1:3 +++ ++ ++ ++
DMSO: H
2
O 1:4 ++++ ++++ ++++ +++
++++: Crescimento de muitas colônias
+++: Crescimento de aproximadamente 70 colônias
++: Crescimento de 40 colonias
+: Crescimento de poucas colonias
-: não houve crescimento de colônias
Após este estudo foi observado que quando foi utilizada a proporção
de 1:4 de DMSO:H
2
O o controle negativo apresentou um crescimento
considerável de X. fastidiosa e portanto em todos os ensaios realizados utilizou-se
esta proporção de solventes.
Assim, para o preparo do controle negativo foi aplicado em
eppendorfs 100 µL do meio de X. fastidiosa e o valor de cada volume pipetado da
solução estoque, porém apenas com DMSO:H
2
O (1:4). Em outro eppendorf,
adicionou-se apenas 100 µL do meio da X. fastidiosa para confirmar a viabilidade
celular.
Colocou-se todos os eppendorfs na estufa a 28ºC por 24 horas para
que houvesse interação entre as substâncias ensaiadas e a bactéria. Após este
período, plaqueou-se 100 µL de cada solução em placas de Petri e guardou-as na
estufa novamente. A partir de 20 dias observou-se se a bactéria cresceu na
concentração correspondente ou se esta foi inibida. Quando a bactéria foi
totalmente inibida determinou-se a CIM para a substância ensaiada.
Os experimentos foram realizados em triplicata para a obtenção de
um resultado confiável e reprodutivo.
Quando há inibição da bactéria ocorre algumas mudanças na placa
de Petri (FIGURA 4.3, pg 155), como por exemplo, a ausência de colônias e a
permanência da coloração amarelada. No entanto, quando há o crescimento de
X. fastidiosa a placa se torna avermelhada, ou seja, o meio sólido muda de cor
Ensaios Biológicos
155
devido a presença do reagente Phenol Red que é um indicador de pH. À medida
que as células estão crescendo, elas produzem substâncias alcalinas que na
presença de Phenol Red provoca a mudança de coloração na placa.
Presença de colônias Ausência de colônias
FIGURA 4.3: Placas de Petri com as substâncias ensaiadas
4.1.2- Resultados e Discussão
Não há atualmente um método eficaz e comercial disponível para o
controle da bactéria X. fastidiosa, agente causal da Clorose Variegada dos Citros
(CVC) e de outras doenças, como por exemplo, a Doença de Pierce. Esta
bactéria tem causado enormes prejuízos tanto para a citricultura brasileira, como
para outras diversas culturas distribuídas mundialmente (FUNDECITRUS, 2008a)
Iniciou-se, então, estudos para a obtenção de substâncias naturais
com alto potencial bactericida, as quais não são agressoras ao meio ambiente e
ao ser humano. Entretanto, como estas substâncias são obtidas em pequena
quantidade das plantas, ensaiou-se primeiramente substâncias sintéticas
baseadas em produtos naturais, as quais estavam disponíveis em grande
quantidade caso houvesse a necessidade de massa adicional das mesmas para
otimizar os ensaios, e posteriormente partiu-se para os ensaios com metabólitos
secundários obtidos de plantas.
Diversas concentrações das substâncias foram aplicadas, as quais
estão descritas na TABELA 4.5 (pg 156), até que a bactéria fosse totalmente
inibida.
Ensaios Biológicos
156
Como relatado no procedimento experimental, foi observado que os
solventes DMSO:H
2
O na proporção de 1:4 não interferiram nos ensaios, havendo
crescimento satisfatório de X. fastidiosa.
A avaliação da inibição do crescimento bacteriano foi realizada
visualmente, por comparação das placas contendo substâncias teste e X.
fastidiosa, com o controle negativo apenas com os solventes (DMSO:H
2
O) e
controle onde plaqueou-se apenas X. fastidiosa. A CIM foi considerada quando,
no máximo, uma colônia foi obtida após plaqueamento da cultura não diluída
(BROOUN et al., 2000).
TABELA 4.5: Colônias observadas nas diferentes concentrações de substâncias
ensaiadas frente X. fastidiosa
Concentração
(mg/mL)
09
N-metil-4-
metoxi-2-
quinolina
01 13 S1 S2 S3 S4
0,4 +++ +++ +++ +++ ++ +* +++ ++
0,5 ++ +++ +++ +++ ++ _ +++ +
0,7 +* +++ +++ +++ ++ _ +++ +*
1,0 _ ++ +++ +++ ++ _ +++ _
1,2 _ ++ +* ++ + _ + _
1,4 _ + _ +* +* _ +* _
1,5
_
_ _ _ _ _ _ _
1,7
_
_ _ _ _ _ _ _
1,8
_
_ _ _ _ _ _ _
2,0
_
_ _ _ _ _ _ _
+++: crescimento intenso, semelhante ao controle
++: redução parcial de crescimento, comparado ao controle
+: redução do crescimento com visualização de colônias isoladas
+*: redução quase total do crescimento
- : não houve crescimento da bactéria
Ensaios Biológicos
157
A partir destes resultados pode-se determinar a CIM de cada
substância (FIGURA 4.4, pg 157).
FIGURA 4.4: CIM das substâncias ensaiadas frente à X. fastidiosa
O fato de a bactéria na fase estacionária ser mais resistente à
antibióticos que as células em crescimento exponencial (fase log) já é bem
retratado na literatura (GILBERT et al., 1990); assim, os ensaios foram realizados
CIM = 0,5 mg/mL
CIM = 1,5 mg/mL
CIM = 1,5 mg/mL
N
H
OCH
3
O
O
CH
3
O
N
H
CH
3
O
F
N
H
OCH
3
CH
3
O
CH
3
O
N
CH
3
OCH
3
O
N
H
N
N
O
RUTAECARPINA (09)
N-METIL- 4-METOXI- 2-QUINOLONA
O
O
CH
3
O
O
O
O
CH
3
O
O
O
OH
OCH
3
OCH
3
O
GUIANINA (13)
CIM = 1,0 mg/mL
CIM = 1,5 mg/mL
CIM = 1,4 mg/mL
CIM = 1,5 mg/mL
ÁCIDO 3-FENIL-[2', 6'-DIMETOXI-(3', 4'-O:5'',6'')
2'',2''-DIMETILPIRANO]PROPIÔNICO (01)
CIM = 1,0 mg/mL
N
OCH
3
H
CH
3
O
HO
2-CARBOMETOXI-6-METOXI-4-QUINOLONA (S1) 2-METIL-6-FLUOR-4-QUINOLONA (S2)
2-METIL-5,7-DIMETOXI-4-QUINOLONA (S3)
2-METIL-5-METOXI-7-HIDROXI-4-QUINOLONA (S4)
Ensaios Biológicos
158
com células de X. fastidiosa na fase estacionária. Para confirmar se a bactéria
estava realmente nesta fase, mediu a densidade óptica (OD
600nm
)
do meio antes
de iniciar o ensaio, o qual apresentou OD
600nm
igual a 0,281 que segundo a
literatura (CAMPANHARO et al., 2003) indica a fase estacionária.
Observa-se nos resultados apresentados acima para compostos
naturais que na concentração de 1,0 mg/mL a rutaecarpina efetivamente inibiu a
proliferação de células de X. fastidiosa, enquanto que N-metil-4-metoxi-2-
quinolona, ácido 3-fenil-[2’,6’-dimetoxi-(3’-4’O:5’’,6’’)2’’,2’’-dimetilpirano]propiônico
e o limonóide guianina mostraram atividade antibacteriana na faixa de 1,5 mg/mL.
A CIM de rutaecarpina pode ser explicada devido aos elétrons π que
estão delocalizados nos dois anéis aromáticos. Esta delocalização é reduzida em
N-metil-4-metoxi-2-quinolona e ácido 3-fenil-[2’,6’-dimetoxi-(3’-4’O:5’’,6’’)2’’,2’’-
dimetilpirano]propiônico, e ausente na guianina, indicando que a conjugação
apresenta um importante efeito na atividade frente à X. fastidiosa, visto que as
CIMs foram aumentando de 1,0 mg/mL para a rutaecarpina, 1,4 mg/mL para ácido
3-fenil-[2’,6’-dimetoxi-(3’-4’O:5’’,6’’)2’’,2’’-dimetilpirano]propiônico e 1,5 mg/mL
para N-metil-4-metoxi-2-quinolona e guianina.
Para os compostos sintéticos, nota-se que o composto 2-metil-6-
fluor-4-quinolona é o mais efetivo frente à bactéria, inibindo seu crescimento na
concentração de 0,5 mg/mL. Ainda não claramente esclarecido na literatura o
efeito que o flúor provoca frente à determinados microrganismos como por
exemplo bactérias, mas observa-se nestes ensaios que quando o mesmo
encontra-se ligado ao anel aromático, confere a mesma maior potencial
antibacteriano, quando comparada às demais que possuem outros substituintes
no anel.
Uma outra característica importante em uma molécula é o fato de
grupos como hidroxila ou metoxila ligados ao anel aromático favorecerem um
sistema conjugado extendido, conduzindo a melhores atividades biológicas. Desta
forma observa-se para as substâncias sintéticas, que 2-metil-5-metoxi-7-hidroxi-4-
quinolona possuindo ambos os grupos citados acima apresenta uma CIM de 1,0
mg/mL enquanto que 2-metil-5,7-dimetoxi-4-quinolona que possue dois grupos
metoxílicos e 2-carbometoxi-6-metoxi-4-quinolona que possue apenas um grupo
metoxílixo apresentam atividade na concentração de 1,5 mg/mL. Entretanto, o
papel do sistema conjugado extendido ainda não é claro e características
Ensaios Biológicos
159
estruturais necessárias para a atividade frente à X. fastidiosa permanecem pouco
conhecidas.
De forma geral, os resultados dos ensaios biológicos indicaram que
a maioria dos compostos testados in vitro frente a linhagem de X. fastidiosa 9a5c
foram ativos na faixa de concentração de 1,0 a 1,5mg/mL, enquanto que os
antibióticos ampicilina (10 µg/mL), kanamicina (2 µg/mL), neomicina (5 µg/mL),
penicilina (50 µg/mL), streptomicina (10 µg/mL) e tetraciclina (1 µg/mL) foram
ativos em concentrações abaixo de 50 µg/mL
-1
quando plaqueados utilizando
métodos tais como difusão em disco de agar e CIM (linhagem 9a5c, isolada de
laranja doce, LACAVA et al., 2001).
Assim, se for assumido que a CIM requerida para continuar as
investigações pode ser 1.50 mg/mL, as CIMs de alguns compostos são
significativas. Futuramente então, pretende-se dar seqüência à estes ensaios com
os mesmos compostos e outros similares, porém com a bactéria também na fase
exponencial e não apenas na fase estacionária, pois acredita-se que a fase
exponencial pode ser útil na estimativa de CIMs e com a vantagem da redução do
tempo necessário para o crescimento bacteriano.
Sabe-se que na fase estacionária a bactéria encontra-se em sua
maior densidade celular. Assim sendo, para inibir o crescimento de X. fastidiosa
nesta fase seria necessário a aplicação de doses contínuas de substância teste e
não apenas uma única dose como foi executado até o momento; assim,
futuramente pretende-se empregar esta metodologia com o objetivo de inibir seu
crescimento mesmo quando a mesma encontra-se muito resistente.
Portanto, claramente observa-se que este estudo necessita de
maiores investigações para se obter modelos moleculares que possam ser
considerados como efetivos agentes antibacterianos.
Ensaios Biológicos
160
4.2- ENSAIOS BACTERICIDAS FRENTE À PATÓGENOS BUCAIS
Os ensaios biológicos foram realizados na Universidade de Franca
(UNIFRAN), sob a colaboração do professor Dr. Carlos Henrique Gomes Martins.
Os valores de CIM dos extratos brutos e suas frações foram determinados
aplicando a técnica de microdiluição em caldo em microplacas de 96 poços. As
seguintes cepas padrões da ATCC (American Type Culture Collection) foram
utilizadas: Enterococcus faecalis (ATCC 4082), Streptococcus salivarius (ATCC
25975), S. sobrinus (ATCC 33478), S. mutans (ATCC 25175), S. mitis (ATCC
49456), S. sanguinis (ATCC 10556) and Lactobacillus casei (ATCC 11578). A CIM
foi determinada como a menor concentração capaz de inibir o crescimento visível
do microrganismo ensaiado, após 24 horas de incubação.
4.2.1- Procedimento Experimental
4.2.1.1- Substâncias Ensaiadas Frente à Patógenos Bucais
Os ensaios frente à patógenos bucais foram realizados utilizando-se
dois extratos de H. oreadica, os extratos hexânico e diclorometano do tronco
subterrâneo e as substâncias isoladas dos mesmos, sendo quatro derivados do
ácido diidrocinâmico (DAD 01 a DAD 04), quatro limonóides sendo, hortiolida C,
hortioloda D, hortioloda E (14) e guianina (13) e dois alcalóides, rutaecarpina (09)
e dictamina (11)(FIGURA 4.5, pgs 161 a 162). Também foram ensaiadas quatro
substâncias quinolinônicas sintéticas sendo, 2-metil-6-fluor-4-quinolona (S2), 2-
metil-5,7-dimetoxi-4-quinolona (S4), 2-metil-4-quinolona (S5) e 2-metil-7-hidroxi-4-
quinolona (S6) (FIGURA 4.6, pg 162).
Ensaios Biológicos
161
FIGURA 4.5: Estruturas das substâncias naturais ensaiadas
OH
OCH
3
OCH
3
O
O
OCH
3
OCH
3
O
O
DAD 01
DAD 02
OCH
3
OCH
3
OCH
3
O
O
DAD 03
OCH
3
OCH
3
O
O
CH
3
O
DAD 04
CH
3
O
O
CH
3
O
O
O
O
O
O
HORTIOLIDA D HORTIOLIDA E (14)
O
O
OOH
OH
O
O
OCH
3
O
O
O
O
O
O
CH
3
O
O
OH
O
O
O
O
O
CH
3
O
O
GUIANINA (13) HORTIOLIDA C
Ensaios Biológicos
162
FIGURA 4.5: Estruturas das substâncias naturais ensaiadas (continuação)
FIGURA 4.6: Estruturas das substâncias sintéticas ensaiadas
4.2.1.2- Metodologia dos Ensaios frente à Patógenos Bucais
Os procedimentos para determinar a concentração inibitória podem
ser realizados tanto pelas técnicas de diluição em caldo quanto em ágar. Os
agentes antimicrobianos são geralmente testados em diluições consecutivas, e a
menor concentração capaz de inibir o crescimento de um organismo é
considerada como a CIM. Segundo ANDREWS (2001), as CIMs são consideradas
excelentes ferramentas para determinar a susceptibilidade dos microrganismos
aos antimicrobianos e portanto usadas para julgar a performance de todos os
outros métodos de susceptibilidade. Neste experimento utilizou-se a técnica de
N
O
OCH
3
RUTAECARPINA (09)
N
N
NH
O
DICTAMINA (11)
2-METIL-5,7-DIMETOXI-4-QUINOLONA (S4)
2-METIL-7-HIDROXI-4-QUINOLONA (S6)2-METIL-4-QUINOLONA (S5)
2-METIL-6-FLUOR-4-QUINOLONA (S2)
N
H
OCH
3
CH
3
OCH
3
O
N
H
HO
O
CH
3N
H
CH
3
O
N
H
F
CH
3
O
Ensaios Biológicos
163
microdiluição em caldo proposta pelo NCCLS (2003) e chamada assim devido ao
uso de pequenos volumes de meio líquido colocados em microplacas com fundo
em “U” esterilizadas com 96 orifícios (TPP
®
, EUA), próprias para microdiluição.
Inicialmente foi preparada soluções estoque com os extratos brutos
e substâncias, solubilizando 1 mg de cada amostra em 125 µL de DMSO.
Posteriormente, cada solução estoque foi diluída em 1875 µL de meio líquido
(meio tryptone soya) originando assim a solução mãe e posteriormente pôde-se
obter concentrações na faixa de 20 a 400 µg/mL nas microplacas.
A proporção de DMSO aplicada no experimento para solubilizar as
amostras foi de 5% (v/v) e esta proporção foi utilizada nos orifícios das
microplacas como controle negativo, para confirmar se o solvente não estava
inibindo o crescimento dos microrganismos.
A clorexidina, antibiótico comercial, foi utilizado como controle
positivo para verificar a viabilidade dos microrganismos, e seu preparo foi feito da
seguinte forma: pegou-se 10 mL de água autoclavada e 1 mg da clorexidina para
obter uma concentração de 0,1 mg/mL. Posteriormente pipetou-se 1 mL desta
solução em 4 mL de meio de cultura (meio líquido) para uma concentração final
de 0,02 mg/mL. Diluições em série nas microplacas foram realizadas em meio
líquido para obter concentrações na faixa de 0,0115 µg/mL a 5,9 µg/mL,
perfazendo 100µL de volume final.
A densidade do inóculo influencia no resultado dos experimentos, e
portanto padronizou-se a solução de inóculo a ser utilizada, a fim de assegurar a
reprodutibilidade dos ensaios. Inicialmente preparou-se a escala de 0,5 de Mc
Farland segundo BIER
(1981). Para isso, adicionou-se 0,5 mL de cloreto de bário
a 1% em 99,5 mL de ácido sulfúrico a 1%. Em seguida transferiu-se 2 mL dessa
suspensão para uma cubeta espectrofotométrica. Para calibrar a transmitância a
100% em um espectrofotômetro a um comprimento de onda de 530 nm, utilizou-
se água destilada. Em seguida colocou-se a suspensão de 0,5 de Mc Farland
(1,5x10
8
CFU/mL), obtendo a transmitância de 88%. Todas as suspensões
bacterianas foram ajustadas na mesma transmitância.
Posteriormente, cada orifício da microplaca recebeu um determinado
volume de inóculo, meio de cultura líquido e as soluções das amostras em
concentrações finais que variaram de 20 a 400 µg/mL, sendo o volume final de
100 µL. Um orifício foi utilizado como controle do crescimento dos microrganismos
Ensaios Biológicos
164
no meio e outro orifício apenas com o meio líquido, livre de agentes
antimicrobianos, foi usado para assegurar a esterilidade do meio. Logo após a
micropipetagem, as microplacas foram tampadas e incubadas a 35ºC por 24
horas, sem agitação. Terminado o período de incubação, foram adicionados em
cada orifício das microplacas, 30 µL de resazurina a 0,02% em solução aquosa
esterilizada e após alguns minutos a leitura foi realizada. A resazurina facilita
verificar a presença de crescimento microbiano, a coloração azul indica ausência
de crescimento microbiano, enquanto a cor vermelha indica a presença de células
viáveis em crescimento. Dessa maneira foi possível determinar a menor
concentração de cada amostra capaz de inibir o crescimento dos microrganismos
indicadores diluídos.
Um resumo da metodologia empregada no ensaio biológico está
representado na FIGURA 4.7 (pg 164).
FIGURA 4.7: Metodologia do ensaio biológico
AMOSTRA
DILUENTE
PREPARO DA AMOSTRA
SOLUBILIZA
Ç
ÃO
MEIO LÍQUIDO
SOLU
Ç
ÃO MÃE
1875
µ
L
125
µ
L
1mg
125
µ
L
1000
µ
L
SALINA
CULTURA DE
24 HORAS
DENSIDADE DO
INÓCULO
PREPARO DO INÓCULO
SALINA
2000
µ
L
CALDO
DISTRIBUIÇÃO
DAS AMOSTRAS
ou
INIBIÇÃO DO CRESCIMENTO
BACTERIANO
NÃO INIBIU O CRESCIMENTO
BACTERIANO
DETERMINAÇÃO DA CIM
REVELADOR - RESAZURINA
Incubar
por 24 horas
CONCENTRAÇÕES
400…50
Ensaios Biológicos
165
4.2.2 Resultados e Discussão
O solvente DMSO, utilizado como controle negativo na técnica de
microdiluição em caldo, não apresentou atividade antimicrobiana frente a todos os
microrganismos testados. A clorexidina, utilizada como controle positivo, foi capaz
de inibir o crescimento de todas as bactérias em baixas concentrações,
demonstrando a efetividade da técnica.
Os valores de CIM foram determinados em triplicata pela leitura
visual após revelação com resazurina, a qual é um indicador de oxido-redução
que tem sido utilizado para avaliar a viabilidade de células microbianas
(MONTEJANO et al., 2005). A resazurina (7-hidroxi-3H-fenoxazina-3-ona-10-
óxido) de cor azul é reduzida na presença de células viáveis a resofurina,
substância de coloração vermelha (PALOMINO et al., 2002).
4.2.2.1- Extratos de H. oreadica
Os resultados da CIM do extrato hexânico (EHTSHB), do extrato
diclorometano (EDTSHB) de H. oreadica e do controle positivo são apresentados
na TABELA 4.6 (pg 165).
TABELA 4.6: CIM dos extratos ensaiados (µg/mL)
Microrganismos EHTSHB EDTSHB clorexidina
S. mitis
300
>400 0,3688
S. mutans
300
>400 0,0922
S. sobrinus
300
>400 0,0922
S. sanguinis
200 >400 0,3688
S. salivarius
200 300 0,0922
Lactobacillus casei
400
>400 0,0922
Enterococcus faecalis
> 400 > 400 0,3688
Ensaios Biológicos
166
Nas concentrações de 200 a 300 µg/mL, o extrato hexânico
apresentou atividade frente a maioria dos patógenos bucais testados, exceto para
E. faecalis e L. casei. Os microrganismos mais sensíveis ao extrato foram S.
salivarius e S. sanguinis (concentração do extrato= 200 µg/mL).
O extrato diclorometano apresentou atividade em concentrações
maiores que o extrato hexânico, como evidenciado pelos valores de CIM. Para
alguns microrganismos este extrato não exibiu atividade interessante, com valores
de CIM maiores que 400 µg/mL.
O fato do extrato hexânico ter sido mais ativo frente aos
microrganismos, pode ser explicado pela presença de compostos lipofílicos,
principalmente ácidos graxos, que são os constituintes majoritários deste extrato.
Lipofilicidade está intimamente ligada a permeação através da camada lipídica
das bactérias (TOKUYAMA et al. 2001). Entretanto, o efeito destes constituintes
são potencializados por efeitos de sinergismo e aditivo de outros constituintes
químicos minoritários presentes também no extrato.
4.2.2.2- Substâncias isoladas de H. oreadica
O efeito das substâncias químicas isoladas de H. oreadica no
crescimento dos patógenos bucais estão mostradas na TABELA 4.7, 4.8 e 4.9
(pgs 166 a 167).
TABELA 4.7: CIM dos derivados do ácido diidrocinâmico (µg/mL)
Microrganismos DAD 01 DAD 02 DAD 03 DAD 04 clorexidina
S. salivarius
300 300 400 400 0,0922
S. sanguinis
> 400 > 400 > 400 > 400 0,3688
S. mitis
> 400 > 400 > 400
> 400
0,3688
S. mutans
> 400 > 400
> 400 > 400 0,0922
S. sobrinus
> 400 > 400
> 400 > 400 0,0922
L. casei
> 400 > 400
> 400 > 400 0,0922
E. faecalis
> 400
> 400 > 400 > 400 0,3688
Ensaios Biológicos
167
TABELA 4.8: CIM dos limonóides (µg/mL)
Microrganismos
guianina
(13)
hortiolida
C
hortiolida
D
hortiolida
E (14)
clorexidina
S. salivarius
> 400 400 400 > 400 0,0922
S. sanguinis
> 400 > 400 400 400 0,3688
S. mitis
300 > 400 > 400
> 400
0,3688
S. mutans
400 > 400
> 400 > 400 0,0922
S. sobrinus
300 > 400
> 400 > 400 0,0922
L. casei
200 > 400
> 400 > 400 0,0922
E. faecalis
> 400
> 400 > 400 > 400 0,3688
TABELA 4.9: CIM dos alcalóides (µg/mL)
Microrganismos rutaecarpina (09) dictamina (11) clorexidina
S. salivarius
> 400 > 400 0,0922
S. sanguinis
400 400 0,3688
S. mitis
> 400 > 400 0,3688
S. mutans
> 400 400
0,0922
S. sobrinus
> 400 > 400
0,0922
L. casei
> 400 100
0,0922
E. faecalis
> 400
> 400
0,3688
Os valores similares de CIM atribuídos aos derivados do ácido
diidrocinâmico são possivelmente explicados pela semelhança das estruturas
químicas, que apresentam diferenças apenas na posição da metoxila e na função
ácido ou éster da cadeia lateral, mantendo seu esqueleto básico intacto. Em
relação ao limonóides avaliados, guianina (13) apresentou o mais alto nível de
inibição quando comparado aos demais limonóides. A presença de duas funções
éster na molécula pode ter contribuído para a atividade inibitória deste limonóide.
Os alcalóides rutaecarpina (09) e dictamina (11), embora com estruturas químicas
muito diferentes, apresentaram valores de CIM semelhantes, exceto para o
patógeno L. casei, em que dictamina mostrou maior atividade inibitória.
Ensaios Biológicos
168
4.2.2.3- Substâncias Quinolinônicas Sintéticas
Os valores de CIM para as substâncias quinolinônicas sintéticas são
mostrados na TABELA 4.10 (pg 168).
TABELA 4.10: CIM das substâncias quinolinônicas sintéticas (µg/mL)
Microrganismos S2 S4 S5 S6 clorexidina
S. salivarius
400 > 400 > 400 > 400 0,0922
S. sanguinis
> 400 400 400 400 0,3688
S. mitis
> 400
> 400
> 400 > 400 0,3688
S. mutans
> 400
> 400
> 400
> 400 0,0922
S. sobrinus
> 400
> 400
> 400
> 400 0,0922
L. casei
> 400
400
> 400
> 400 0,0922
E. faecalis
> 400
> 400 > 400 > 400 0,3688
Ao se analisar as estruturas sintéticas, percebe-se que a substância
2-metil-4-quinolona (S5) é a molécula padrão na qual foram realizadas reações
para introduzir substituintes diferentes. Ao se ensaiar estas substâncias, o
objetivo foi averigüar a atividade antibacteriana das mesmas e verificar se os
substituintes presentes aumentaria ou diminuiria a atividade. Entretanto, a análise
dos resultados obtidos, apresentados na tabela acima, mostra que as substâncias
em questão apresentaram atividades antibacteriana similares frente a todos os
microrganismos testados, com a maioria dos valores de CIM sendo superior a 400
µg/mL. Porém, comparando as estruturas e resultados, percebe-se que a
substância 2-metil-5,7-dimetoxi-4-quinolona (S4) foi a mais efetiva dentre todas,
inibindo o crescimento de dois microrganismos, S. sanguinis e L. casei. Este
resultado sugere que a presença de dois grupos polares no anel aromático é
benéfico para a atividade antimicrobiana.
A partir destes resultados pode-se determinar a CIM de algumas
substâncias frente à determinados patógenos (FIGURA 4.8 , pgs 169 a 171),
sendo que para outros patógenos certas substâncias apresentaram potencial de
inibição acima de 400 µg/mL, não sendo interessante então ensaios adicionais em
uma faixa de concentração maior, como por exemplo de 400 a 800 µg/mL, para a
Ensaios Biológicos
169
determinação exata da CIM, pois o que se busca numa substância é eficácia em
inibir um microrganismo à concentrações cada vez menores.
S. salivarius CIM: 300 µg/mL S. salivarius CIM: 300 µg/mL
.
S. salivarius CIM: 400 µg/mL S. salivarius CIM: 400 µg/mL
FIGURA 4.8: CIM das substâncias ensaiadas frente à patógenos bucais
DAD 01
OH
OCH
3
OCH
3
O
O
DAD 02
OCH
3
OCH
3
O
O
OCH
3
OCH
3
OCH
3
O
O
DAD 03
OCH
3
OCH
3
O
O
CH
3
O
DAD 04
Ensaios Biológicos
170
S. mitis CIM: 300 µg/mL S. salivarius CIM: 400 µg/mL
S. mutans CIM: 400 µg/mL
S. sobrinus CIM: 300 µg/mL
L. casei CIM: 200 µg/mL
S. salivarius CIM: 400 µg/mL S. sanguinis CIM: 400 µg/mL
S. sanguinis CIM: 400 µg/mL
FIGURA 4.8: CIM das substâncias ensaiadas frente à patógenos bucais
(continuação)
O
O
OOH
OH
CH
3
O
O
O
O
HORTIOLIDA C
O
O
O
O
O
CH
3
O
CH
3
O
O
GUIANINA (13)
O
O
O
O
O
CH
3
OO
OH
HORTIOLIDA E (14)
O
O
O
O
O
CH
3
OO
HORTIOLIDA D
Ensaios Biológicos
171
S. sanguinis CIM: 400 µg/mL S. mutans CIM: 400 µg/mL
S. sanguinis CIM: 400 µg/mL
L. casei CIM: 100 µg/mL
S. salivarius
CIM: 400 µg/mL S. sanguinis CIM: 400 µg/mL
L. casei
CIM: 400 µg/mL
S. sanguinis
CIM: 400 µg/mL S. sanguinis CIM: 400 µg/mL
FIGURA 4.8: CIM das substâncias ensaiadas frente à patógenos bucais
(continuação)
2-METIL-6-FLUOR-4-QUINOLONA (S2)
N
H
F
CH
3
O
2-METIL-5,7-DIMETOXI-4-QUINOLONA (S4
)
N
H
OCH
3
CH
3
OCH
3
O
2-METIL-4-QUINOLONA (S5)
N
H
CH
3
O
2-METIL-7-HIDROXI-4-QUINOLONA (S6)
N
H
HO
O
CH
3
N
N
NH
O
RUTAECARPINA (09)
N
O
OCH
3
DICTAMINA (11)
Ensaios Biológicos
172
4.3- ENSAIOS BACTERICIDAS FRENTE À PATÓGENOS DE
ORIGEM ALIMENTAR
Os ensaios biológicos foram realizados na Universidade de Franca
(UNIFRAN), com a colaboração do professor Dr. Carlos Henrique Gomes Martins.
As seguintes cepas padrões da ATCC (American Type Culture Collection) foram
utilizadas: Vibrio cholerae (ATCC 9458), Salmonella choleraesuis (ATCC 10708) e
Bacillus cereus (ATCC 14579).
4.3.1- Procedimento Experimental
4.3.1.1- Substâncias Ensaiadas Frente à Patógenos de Origem
Alimentar
Os ensaios frente à patógenos de origem alimentar foram realizados
utilizando-se uma substância isolada de H. oreadica, o limonóide guianina; um
policetídeo isolado de um fungo patogênico, a lasiodiplodina , e quatro
substâncias quinolinônicas sintéticas, sendo 2-metil-6-fluor-4-quinolona (S2), 2-
metil-5,7-dimetoxi-4-quinolona (S4), 2-metil-4-quinolona (S5) e 2-metil-7-hidroxi-4-
quinolona (S6) (FIGURA 4.9, pgs 172 a 173).
FIGURA 4.9: Estruturas das substâncias ensaiadas frente à patogénos de origem
alimentar
GUIANINA (13)
LASIODIPLODINA
O
CH
3
OCH
3
HO
O
O
CH
3
O
CH
3
O
O
O
O
O
O
Ensaios Biológicos
173
FIGURA 4.9: Estruturas das substâncias ensaiadas frente à patogénos de origem
alimentar (continuação)
4.3.1.2 Metodologia dos Ensaios frente à Patógenos de
Origem Alimentar
O procedimento para determinar a CIM dos patógenos de origem
alimentar foi o mesmo utilizado para patógenos bucais, ou seja, utilizou-se a
técnica de diluição em caldo em microplacas de 96 poços. Entretanto, ao invés de
utilizar a clorexidina como controle positivo, utilizou-se a gentamicina para Vibrio
cholerae e Salmonella choleraesuis e a vancomicina para Bacillus cereus,
utilizando um procedimento experimental semelhante ao da clorexidina para
prepará-las.
2-METIL-4-QUINOLONA (S5)
2-METIL-6-FLUOR-4-QUINOLONA (S2)
N
H
CH
3
O
N
H
F
CH
3
O
N
H
O
HO CH
3
2-METIL-7-HIDROXI-4-QUINOLONA (S6)
N
H
CH
3
CH
3
O
OCH
3
O
2-METIL-5,7-DIMETOXI-4-QUINOLONA (S4)
Ensaios Biológicos
174
4.3.2- Resultados e Discussão
Assim como para os patógenos bucais, o solvente DMSO utilizado
como controle negativo não apresentou atividade antimicrobiana frente aos
microrganismos testados.
Em relação aos controles positivos, a gentamicina inibiu o
crescimento das bactérias em baixas concentrações, sendo 0,3688 µg/mL para V.
cholerae e 1,475 µg/mL para S. choleraesuis e a vancomicina inibiu o crescimento
de Bacillus cereus na concentração de 0,0922 µg/mL, demonstrando a efetividade
da técnica.
Os valores de CIM foram determinados em triplicata pela leitura
visual, após revelação com 30 µL de solução de resazurina. A FIGURA 4.10 (pg
174) ilustra uma microplaca contendo duas das substâncias ensaiadas e o
patógeno B. cereus. A coloração rosa indica que não houve inibição da bactéria e
a coloração azul indica inibição do crescimento de bactéria.
FIGURA 4.10: Microplaca após revelação com resazurina
SUBSTÂNCIAS
ENSAIADAS
CONTROLE
POSITIVO
CONTROLE
NEGATIVO
MEIO
LÍQUIDO
INÓCULO
400 300
CONCENTRAÇÕES
µg/mL
200 100
90
80 70 60 50 40 30 20
Ensaios Biológicos
175
Os resultados da CIM das substâncias ensaiadas e dos controles
positivos são apresentados nas TABELAS 4.11, 4.12 e 4.13 (pg 175).
TABELA 4.11: CIM das substâncias ensaiadas frente à V. cholerae (µg/mL)
Substâncias
V. cholerae
(gentamicina 0,3688)
guianina (13) > 400
lasiodiplodina 200
S2 300
S4 > 400
S5 > 400
S6 > 400
Tabela 4.12: CIM das substâncias ensaiadas frente à S. choleraesuis (µg/mL)
Substâncias
S. choleraesuis
(gentamicina 1,475)
guianina (13) > 400
lasiodiplodina 400
S2 400
S4 300
S5 > 400
S6 > 400
TABELA 4.13: CIM das substâncias ensaiadas frente à B. cereus (µg/mL)
Substâncias
B. cereus
(vancomicina 0,0922)
guianina (13) > 400
lasiodiplodina 400
S2 > 400
S4 > 400
S5 > 400
S6 400
Ensaios Biológicos
176
Portanto, com este experimento determinou-se a CIM de
determinadas substâncias (FIGURA 4.11, pg 176).
V. cholerae CIM: 200 µg/mL V. cholerae CIM: 300 µg/mL
S. choleraesuis CIM: 400 µg/mL S. choleraesuis CIM: 400 µg/mL
B. cereus CIM: 400 µg/mL
S. choleraesuis CIM: 300 µg/Ml B. cereus CIM: 400 µg/mL
FIGURA 4.11: CIM da lasiodiplodina, 2-metil-6-fluor-4-quinolona (S2), 2-metil-5,7-
dimetoxi-4-quinolona (S4) e 2-metil-7-hidroxi-4-quinolona (S6) frente à patógenos
de origem alimentar
N
H
O
HO CH
3
2-METIL-7-HIDROXI-4-QUINOLONA (S6)
N
H
CH
3
CH
3
O
OCH
3
O
2-METIL-5,7-DIMETOXI-4-QUINOLONA (S4)
O
CH
3
OCH
3
HO
O
LASIODIPLODINA
N
H
F
CH
3
O
2-METIL-6-FLUOR-4-QUINOLONA (S2)
Ensaios Biológicos
177
De acordo com os valores de CIM, nota-se que a lasiodiplodina foi a
substância mais eficaz dentre todas as ensaiadas frente aos patógenos de origem
alimentar, sendo que a melhor CIM obtida foi para V. cholerae (200 µg/mL).
Possivelmente, uma justificativa que confere a esta substância maior atividade
que as demais, é o fato de ela ser um metabólito isolado de fungo. Estudos
relatam que fungos produzem substâncias potencialmente capazes de inibir o
crescimento de outros microrganismos.
Em contraste com o que ocorre para os patógenos bucais, o
limonóide guianina (13) isolado de H. oreadica, não apresentou resultados
interessantes frente às bactérias ensaiadas, sendo que os valores de CIM foram
maiores que 400 µg/mL.
Para as substâncias quinolinônicas sintéticas, o melhor valor de CIM
foi atribuído às substâncias 2-metil-6-fluor-4-quinolona (S2) e 2-metil-5,7-dimetoxi-
4-quinolona (S4) (CIM= 300 µg/mL). A substância 2-metil-5,7-dimetoxi-4-
quinolona (S4) destacou-se também para os patógenos bucais S. sanguinis e L.
casei (CIM= 400 µg/mL), como apresentado anteriormente. Estes resultados
reforçam o fato que a presença de grupos polares no anel aromático, como
metoxilas, possivelmente contribui para a atividade antimicrobiana.
Verificou-se que para algumas substâncias a concentração de
inibição é superior a 400 µg/mL, não sendo interessante portanto realizar ensaios
adicionais com uma faixa de concentração mais ampla como por exemplo de 400
a 800 µg/mL para determinar a CIM exata, pois o que se busca neste ensaio é
encontrar substâncias com CIM cada vez menores, ou seja, compostos com
potenciais elevados de inibição frente à patógenos de origem alimentar.
As substâncias que proporcionaram a determinação da CIM com
valores entre 100 e 300 µg/mL em ensaios com patógenos bucais ou de origem
alimentar, serão selecionadas para dar continuidade aos estudos realizando
modificações estruturais nas mesmas ou então buscando novos modelos
moleculares similares aos já ensaios, visando a descoberta de compostos com
alto potencial antibacteriano frente à estes microrganismos.
Ensaios Biológicos
178
5. CONCLUSÃO
_____________________________________________________
Conclusão
180
O estudo fitoquímico das espécies de H. oreadica, H. brasiliana e H.
superba proporcionou o isolamento e identificação de 15 metabólitos secundários
sendo seis derivados do ácido diidrocinâmico {ácido 3-fenil-[2’,6’-dimetoxi-(3’,4’-
O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propiônico 01, 3-fenil-[2’-metoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-
dimetilpirano]propionato de metila 02, 3-fenil-[2’,6’-dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-
dimetilpirano]propionato de metila 03, 3-fenil-[2’,5’-dimetoxi-(3’,4’-O:5’’,6’’)-2’’,2’’-
dimetilpirano]propionato de metila 04, a mistura de 01 e o ácido 3-fenil-[2
-metoxi-
(3
,4
-O:5
’’
,6
’’’
)-2
’’
,2
’’
-dimetilpirano]propiônico 05, ácido 3-fenil-[2’,5’-dimetoxi-(3’,4’-
O:5’’,6’’)-2’’,2’’-dimetilpirano]propiônico 06}; a mistura de 03 e a cumarina 5-
metoxiseselina 07; um derivado do ácido cinâmico [ácido 3,4-dimetoxi-α(3-hidroxi-
4-carbometoxifenil)cinâmico 08]; quatro alcalóides, sendo dois do tipo β-
indoloquinazolínicos (rutaecarpina 09 e 7,8-desidrorutaecarpina 10), um
quinolínico (dictamina 11) e um 2-quinolônico (N-metilflindersina 12) e três
limonóides ( guianina 13, hortiolida E 14 e hortiolida G 15). Segundo o estudo
fitoquímico realizado, os derivados do ácido diidrocinâmico estão presentes
preferencialmente nas espécies H. oreadica e H. brasiliana, enquanto que o
alcalóide do tipo β-indoloquinazolínico rutaecarpina está presente em todas as
espécies estudadas. A guianina, primeiro limonóide descrito em literatura para o
gênero Hortia, foi isolado apenas dos extratos de H. oreadica; já o limonóide
hortiolida E foi encontrado tanto em H. superba como em H. oreadica, sendo
inédito para esta última espécie. Como mencionado no capítulo 3, ainda não é
possível propor a classificação correta do gênero Hortia dentro da família
Rutaceae, pois faz-se necessário o estudo de todos os extratos do gênero para
então concluir melhor sobre o seu exato posicionamento quimiossistemático.
Os ensaios biológicos frente à bactéria X. fastidiosa, agente causal
da CVC, possibilitou a determinação da CIM de algumas classes de substâncias
naturais bem como de uma série sintética, as quais ainda não haviam sido
ensaiadas. As substâncias com maior potencial inibitório foram as quinolinônicas
sintéticas 2-metil-6-fluor-4-quinolona (S2) e 2-metil-5-metoxi-7-hidroxi-4-quinolona
(S4) e o alcalóide rutaecarpina, com CIMs entre 0,5 e 1,0 mg/mL. Desta forma,
este trabalho indicou novas perspectivas para o controle da CVC até então não
utilizadas, como a inibição direta e ecologicamente correta do microrganismo
causal da doença a partir de produtos naturais e derivados dos mesmos.
Conclusão
181
A investigação do potencial antimicrobiano de extratos e substâncias
isoladas de Hortia bem como substâncias sintéticas permitiu a determinação da
CIM frente a alguns patógenos bucais. Dentre os extratos testados, o extrato
hexânico foi o mais promissor frente às cepas ensaiadas. Todas as substâncias
naturais ensaiadas apresentaram atividade inibitória frente a pelo menos um
microrganismo. Os melhores valores de CIM foram obtidos para o limonóide
guianina e o alcalóide dictamina, sendo 200 e 100 µg/mL respectivamente, frente
ao patógeno L. casei. O patógeno E. faecalis foi o que apresentou maior
resistência, não sendo inibido na faixa de concentração ensaiada por nenhuma
substância. Entre as substâncias sintéticas, a 2-metil-5,7-dimetoxi-4-quinolona
(S4) foi a mais efetiva, inibindo o crescimento dos microrganismos S. sanguinis e
L. casei em 400 µg/mL.
Os ensaios frente à patógenos de origem alimentar revelaram que
as substâncias lasiodiplodina, 2-metil-6-fluor-4-quinolona (S2) e 2-metil-5,7-
dimetoxi-4-quinolona (S4) foram as mais eficazes dentre todas as ensaiadas. Já o
limonóide guianina não apresentou resultados interessantes frente às bactérias
ensaiadas, sendo que os valores de concentração inibitória foram maiores que
400 µg/mL.
Como conclusão geral dos ensaios realizados com patógenos e
fitopatógeno, observa-se que bactérias resistentes a antibióticos continuam
emergindo rapidamente, constituindo um problema de elevada significância no
Brasil. Assim, plantas nativas, produtos naturais e substâncias sintéticas com
propriedades antibacterianas constituem uma importante e valiosa fonte na
descoberta de novos produtos com potencial antimicrobiano.
Conclusão
182
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
_____________________________________________________
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