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RESUMO
O neuropeptídeo S (NPS) é um peptídeo composto por 20 aminoácidos. Este é o ligante
endógeno de um receptor acoplado à proteína G, denominado de NPSR. O NPS produz um
comportamento com propriedade única: efeito do tipo estimulante e ansiolítico. O objetivo deste
estudo é comparar os efeitos comportamentais e bioquímicos do NPS com a anfetamina
(AMPH), um fármaco psicoestimulante, o diazepam (DZP), um ansiolítico clássico. Além disso,
este estudo comparou os efeitos da administração de NPS com o lítio (100 mg/kg, IP) e/ou
valproato (200 mg/kg, IP), fármacos estabilizadores do humor e com reconhecida atividade
neuroprotetora. Para atingir este objetivo, camundongos foram tratados agudamente com NPS
(0,01; 0,1 e 1 nmol, ICV), AMPH (2 mg/kg, IP) e DZP (1 mg/kg, IP) os efeitos comportamentais
foram avaliados na caixa de monitoramento da atividade locomotora. A administração de NPS
0,1 nmol e AMPH, mas não o DZP, aumentou a distância percorrida pelos animais comparada ao
grupo controle, sugerindo que o NPS produz um efeito comportamental semelhante à AMPH.
Em parâmetros bioquímicos de dano oxidativo, tais como peroxidação lipídica (TBARS) e
carbonilação de proteínas os dados mostraram que a AMPH aumentou a formação de proteínas
carbonil no cerebelo e estriado, mas não causou alteração significativa na peroxidação lipídica
nas estruturas cerebrais analisadas. A administração de DZP elevou os níveis de TBARS no
córtex e cerebelo, mas não afetou a formação de proteínas carboniladas no cérebro dos
camundongos. Ao contrário da AMPH e do DZP, o NPS em diferentes doses reduziu a formação
de proteínas carbonil no cerebelo e estriado. Adicionalmente, redução nos níveis de TBARS
também foi observada no córtex de camundongos tratados com NPS. No segundo estudo,
visando fazer uma comparação entre os efeitos bioquímicos produzidos pelo lítio, valproato e
NPS observou-se que o NPS e o lítio reduziram os níveis de TBARS no cerebelo, estriado e
hipocampo, além de reduzirem os níveis de proteínas carboniladas no cerebelo. O valproato, por
sua vez, reduziu os níveis de TBARS e proteínas carboniladas apenas no cerebelo. Por fim,
visando estudar os mecanismos pelos quais o NPS produz este efeito protetor contra danos em
lipídeos e proteínas neuronais, o presente estudo avaliou a atividade das enzimas antioxidantes
(catalase, CAT e superóxido dismutase, SOD) em diferentes estruturas cerebrais (córtex,
cerebelo e estriado) de camundongos tratados com NPS, AMPH e DZP. O tratamento com
AMPH aumentou significativamente a atividade da SOD no estriado, porém nenhuma alteração
foi observada na atividade da CAT. O DZP não alterou a atividade da CAT e SOD nas estruturas
cerebrais analisadas. O tratamento com NPS em baixas doses (0.01 e 0.1 nmol) reduziu a
atividade da SOD no córtex e cerebelo e aumentou a atividade da CAT (somente 0.01 nmol) no
córtex. Esses dados sugerem que apesar das semelhanças comportamentais existentes entre a
AMPH e o NPS, o NPS reduziu o dano oxidativo em lipídeos e proteínas no cérebro, semelhante
ao lítio, enquanto a AMPH causou elevação dos parâmetros analisados. Os efeitos aqui relatados
para o NPS constituem-se as primeiras evidências sobre um possível papel desempenhado por
este novo sistema peptidérgico na modulação do estresse oxidativo e dos danos neuronais.
Palavras-chaves: Neuropeptideo S (NPS), atividade locomotora, estresse oxidativo, catalase,
superóxido dismutase, estabilizadores do humor