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Então com isso, demorou um ano. Mas um ano muito tranqüilo. Antes de fazer a cirurgia eu
fazia de tudo. Lavava, cozinhava, arrumava a casa, tudo que eu faço.
Aí depois não porque o corte foi muito grande, né!? Porque fez esvaziamento aqui (axilas) e
tirou as duas mamas, então eu tinha que ter um certo repouso.
O que a gente sente é que tem a sensação que tem uma corada apertando. É esquisito.
Não tem sinal, cicatriz, só não tem a mama. A minha sobrinha quis me dar à prótese, eu não
quis. Eu falei: eu quero ser assim mesmo, eu me amo desse jeito. Ela falou: não tia, mas eu te
dou mesmo. Não Maria José, eu te agradeço de coração, mas eu não quero. Eu quero ser assim
mesmo; tirou, acabou, “o gato comeu”. Pronto. Então, fui feliz. Passou o tempo e eu tô aí,
vivendo, alegre, feliz, trabalhando, cuidando do meu maridinho.
Então nesse meio tempo então, eu coloquei uma moça aqui, porque eu não podia fazer
movimento, né!? Essa coisa de sentir apertando, porque corta muito nervo, né!? Corta muita
coisa, é muito agressivo.
Aí, eu não melhorava daquilo, e eu tava ficando muito gorda, muito à toa. E eu não tenho
espírito de ficar assentada, esperando a pessoa fazer. E eu gosto da minha comida. Eu tenho
muitos defeitos, inclusive esse. Aí, ela fazia tudo, mas eu fazia a comida.
Um dia eu senti uma dor, uma coisa assim... aí, eu fiz uma sessão de fisioterapia e libertou. Foi
desaparecendo aquele aperto, sabe!? Agora uma coisa eu não faço que eu não devo fazer:
carregar muito peso, porque os braços, assim, não tem muita resistência e torcer roupa, vamos
dizer, roupa grande, coberta. Não dou conta e não faço isso. Porque a gente também tem
limite, e tem que reconhecer o que pode e o que não pode, né!? Eu respeito isso. E fazer na
tranqüilidade, na certeza que Deus fez de acordo com a vontade dele.
Porque tem gente que não acredita no que eu falo, mas você vai acreditar. Eu não tenho medo
de morrer não. Eu tenho ânsia de ir pro céu. Eu amo a vida. E como eu acho a vida
maravilhosa, a outra também é linda, maravilhosa lá no céu, né!? Então é viver... sou muito
feliz.
Eu gosto muito de ajudar. Eu pensei: eu quero ir na casa de apoio, que a gente contribui, mas
eles aceitam só quando a pessoa é voluntária. E voluntária agora eu não posso, porque minha
missão agora é outra. Assim, eu posso fazer as coisas, dar catecismo, ir na hora Santa, alguma
coisa assim, mais compromisso eu não posso, que eu tenho meu marido doente. É minha
primeira missão agora.