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CAMILA DE ARAUJO
SOFTWARES DE APOIO AO GERENCIAMENTO ÁGIL DE
PROJETOS COLABORATIVOS DE NOVOS PRODUTOS:
ANÁLISE TEÓRICA E IDENTIFICAÇÃO DE REQUISITOS
Dissertação apresentada à Escola de Engenharia
de São Carlos da Universidade de São Paulo,
para obtenção do título de Mestre em
Engenharia de Produção.
Área de Concentração: “Processos e Gestão de
Operações”
Orientador: Prof. Dr. Daniel Capaldo Amaral
São Carlos
2008
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Dedico este trabalho aos meus pais, Eduardo e Marcia
e ao meu companheiro de todos os momentos nesta trajetória, Érico.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a minha família, pais, irmãs, avós, tios e primos, pelo apoio
em todos os momentos da minha vida. Mas principalmente aos meus pais, que sempre
confiaram em minhas decisões e atitudes.
Ao meu companheiro Érico, que durante toda a trajetória do mestrado entendeu meus
problemas e ofereceu seu carinho e compreensão.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Daniel Capaldo Amaral, pela orientação, ensinamentos,
paciência e apoio.
Ao Prof. Dr. Henrique Rozenfeld, pelos ensinamentos e exemplo de trabalho.
Às sinceras e queridas amigas, Lie e Carol, que tanto apoiaram e acompanharam
minha caminhada no mestrado. Essa amizade vai permanecer pelo resto de nossas vidas.
Aos amigos de longa data, Simone, Ana Cláudia, Danilo, Lucélia e Raquel, que apesar
da distância, sempre compreenderam a minha ausência e ofereceram palavras de incentivo.
Às amigas Letícia, Vanda, Aline e Mariana, companheiras de vários episódios e boas
risadas.
Aos amigos e companheiros de pesquisa: Eduardo, Euclides, Edivandro, João, Mauro,
Juliana, Luís, Fabio, Maicon, Janaína, Andréa, Angelita, Sayuri e prof. Sérgio, pelas
experiências e bons momentos compartilhados. Aos demais integrantes do grupo de pesquisa.
À Cris, Fernandinho, Simone e Francis pelo apoio técnico e administrativo.
Aos funcionários do SEP pela ajuda, principalmente ao Zé Luiz.
Às empresas que colaboraram com esta pesquisa.
À Universidade de São Paulo, pelo ensino gratuito e de qualidade.
À Capes e ao Ministério da Ciência e Tecnologia pelo apoio financeiro.
“A mais bela teoria só tem valor através das obras que realiza.”
(Romain Rolland)
Resumo
ARAUJO, C. Softwares
de apoio ao gerenciamento ágil de projetos colaborativos de
novos produtos: análise teórica e identificação de requisitos. Dissertação (Mestrado)
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2008.
A competência em gerenciamento de projetos (GP) é reconhecida como um fator crítico para
o desenvolvimento de novos produtos e possuir sistemas de informação adequados é um
quesito fundamental para apoiá-la. Há uma disponibilidade de ferramentas e em contrapartida,
um número significativo de críticas à sua utilização, especialmente no caso de produtos
inovadores e complexos. O trabalho tem por objetivo identificar os desafios a serem
enfrentados para o desenvolvimento de ferramentas de software para apoiar práticas com esse
enfoque. Empregou-se a revisão bibliográfica combinada com o estudo de caso múltiplo.
Compilou-se os desafios apontados na literatura, revisando os temas: colaboração,
gerenciamento ágil de projetos e softwares para gerenciamento de projetos. O resultado,
organizado segundo as áreas de processo do PMI, foi comparado com problemas reais,
coletados por meio do método de estudo de caso. O setor de bens de capital foi escolhido para
garantir a complexidade dos projetos (número de peças do produto e presença de
colaboração). A unidade de análise é o sistema de informação para gerenciamento dos
projetos (SIGP) de cada empresa. Descreveu-se o SIGP e o papel dos softwares de GP, de
forma a identificar os desafios e classificá-los segundo áreas de conhecimento de GP. Os
instrumentos utilizados foram roteiros de entrevistas, observações e análise de documentos.
Os desafios foram confrontados com o esforço da comunidade científica, identificado por
meio de uma revisão bibliográfica, classificada segundo as mesmas áreas de GP. Ao final,
comparam-se os desafios das empresas com a teoria e identifica-se uma lista de requisitos
para o desenvolvimento de softwares na área. A análise indica também que as ferramentas de
GP são utilizadas de forma restrita na indústria de bens de capital e que há discordâncias entre
o esforço dos pesquisadores e necessidades dos profissionais da área. Por fim, esta pesquisa
identifica como temas relevantes: a integração de dados, o desenvolvimento de
funcionalidades de aquisição e de gerenciamento de interfaces, riscos, recursos e
multiprojetos.
Palavras-chave: gerenciamento de projetos, software de gerenciamento de projetos,
gerenciamento ágil de projetos, desenvolvimento de produtos.
Abstract
ARAUJO, C. Software to support the agile collaborative project management of new
products: theoretical analysis and requirements identification. M. Sc. (Dissertation)
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2008.
The project management competence has been recognized as a critical factor to develop new
products. Information systems are a fundamental factor to support it. There is an exceptional
amount of tools. In opposition there are a significant number of critics about its utilization, in
special in projects like innovative and collaborative product projects. The critics pointed
needs for new methods and practices to support the agile project management. This research
aims to identify challenges of developing project management tool to support this approach.
The method used combines a bibliographical review with a multiple case study. The literature
challenges were compiled, reviewing the themes: collaboration, agile project management and
project management software. The result, organized by PMI process areas, was compared
with case study real problems. The capital goods (BK) sector was chosen to ensure the
projects complexity (by the product and collaboration presence). The analysis unit is the
project management information system (PMIS) of each company. The PMIS and the role of
the project management software were described to identify the challenges and classify them
according to project management areas. The data collection instruments are plan interview,
non-participant observations and document analysis. The challenges were faced with the
scientific community effort, identified through a literature review and classified according to
the same areas of PM. Following, the challenges of companies was compared with the
literature and a requirement list is identified to develop PM software. The analysis indicates
that the PM tools used in the BK industry are restricted. There is a mismatch between the
researcher efforts and necessities of professionals in the area. Finally, this research identifies
as relevant themes: data integration, development of acquisition features, interfaces, risks,
resources and multi-projects management.
Keywords: project management, project management software, agile project management,
product development.
Lista de Figuras
Figura 1. Tipologia de Projetos para o desenvolvimento de Produtos .................................................. 23
Figura 2. Relacionamento entre as abordagens clássica e ágil de gerenciamento de projetos .............. 34
Figura 3. Princípios do Gerenciamento Ágil de Projetos ...................................................................... 38
Figura 4. Plataforma do Processo de Gerenciamento Ágil de Projetos................................................. 39
Figura 5. Estrutura operacional para apoio ao gerenciamento ágil de projetos..................................... 43
Figura 6. Ambientes para aplicação do enfoque ágil............................................................................. 45
Figura 7. Coerência entre as direções do EPSRC e idéias do enfoque Ágil.......................................... 46
Figura 8. Síntese e relação entre os desafios encontrados na literatura................................................. 48
Figura 9. Quadrante de classificação dos softwares comerciais............................................................ 54
Figura 10. Desafios para os SGPs Colaborativos.................................................................................. 63
Figura 11. Problema de Pesquisa........................................................................................................... 67
Figura 12. Representação dos tipos de empresas estudadas.................................................................. 69
Figura 13. Etapas da Pesquisa ............................................................................................................... 73
Figura 14. Modelo representativo do macro-fluxo de informações de projeto da Empresa A.............. 76
Figura 15. Organograma da Empresa B ................................................................................................ 82
Figura 16. Modelo representativo do macro-fluxo de informações de projetos da empresa B ............. 84
Figura 17. Modelo representativo do macro-fluxo de informações dos projetos da Empresa C........... 89
Figura 18. Modelo representativo do macro-fluxo de informações dos projetos da Empresa D .......... 95
Figura 19. Distribuição dos trabalhos nas áreas .................................................................................. 107
Figura 20. Área de Comunicações....................................................................................................... 108
Figura 21. Área de Escopo .................................................................................................................. 108
Figura 22. Área de Integração ............................................................................................................. 109
Figura 23. Área de Tempo................................................................................................................... 110
Figura 24. Área de Colaboração.......................................................................................................... 111
Figura 25. Tela do software VersionOne ............................................................................................ 113
Figura 26. Tela do software Rally – relatório Burndown.................................................................... 114
Figura 27. Tela do software Rally - Defects........................................................................................ 115
Figura 28. Tela do software Target - Dashboard................................................................................. 116
Lista de Quadros
Quadro 1. Alinhamento de fatores para sucesso de um projeto colaborativo ....................................... 25
Quadro 2. Linhas para futuras pesquisas em GP................................................................................... 31
Quadro 3. Correspondência entre as abordagens clássica e ágil de GP ................................................ 42
Quadro 4. Novos desafios para o gerenciamento de projetos colaborativos......................................... 59
Quadro 5. Critérios para análise dos softwares da literatura............................................................... 102
Quadro 6. Artigos encontrados na revisão da literatura ...................................................................... 105
Quadro 7. Comparação entre a literatura e estudos de casos .............................................................. 127
Lista de Abreviaturas e Siglas
APM Agile Project Management
ATO Assembly-To-Order
BPMN Business Process Modeling Notation
CAD Computer Aided Design
CAE Computer Aided Engineering
CAM Computer Aided Manufacturing
CE Concurrent Engineering
CSCW Computer Supported Cooperative Work
DSDM Dynamic Systems Development Method
EPM Enterprise Project Management
EPSRC Engineering and Physical Sciences Research Council
ERP Enterprise Resource Planning
ETO Engineer-To-Order
GP Gerenciamento de Projetos
GPC Gerenciamento de Projetos Colaborativos
MTS Make-To-Stock
P & D Pesquisa e Desenvolvimento
PDM Product Data Management
PDP Processo de Desenvolvimento de Produto
PMBOK Project Management Body of Knowledge
PMI Project Management Institute
RF Requisito Funcional
RNF Requisito Não Funcional
SGP Software de Gerenciamento de Projeto
SIGP Sistema de Informação de Gerenciamento de Projeto
SW Software
TI Tecnologia da Informação
WBS Work Breakdown Structure
XP eXtreme Programming
SUMÁRIO
1.
Introdução............................................................................................................................... 14
2.
Desafios para o gerenciamento ágil de projetos colaborativos........................................... 19
2.1.
Desafios no gerenciamento de projetos colaborativos ............................................................. 19
2.1.1.
Definição e conceitos básicos da colaboração ......................................................................... 19
2.1.2.
Definição de projeto colaborativo............................................................................................ 22
2.1.3.
Síntese dos desafios no gerenciamento de projetos colaborativos ........................................... 24
2.2.
Desafios do gerenciamento de projetos e o gerenciamento ágil de projetos............................ 26
2.2.1.
Críticas aos métodos tradicionais de gerenciamento de projetos............................................. 26
2.2.2.
Definição do gerenciamento ágil de projetos........................................................................... 33
2.2.3.
Objetivos, valores, princípios e fases do GP ágil..................................................................... 35
2.2.4.
Aplicabilidade do gerenciamento ágil de projetos ................................................................... 44
2.3.
Síntese dos desafios encontrados ............................................................................................. 46
3.
Softwares para gerenciamento de projetos.......................................................................... 49
3.1.
Definição e funcionalidades dos softwares de gerenciamento de projetos .............................. 49
3.2.
Softwares de GP segundo a literatura ...................................................................................... 50
3.2.1.
Softwares de código fechado.................................................................................................... 52
3.2.2.
Softwares de código aberto ...................................................................................................... 57
3.3.
Síntese dos softwares de GP frente à colaboração e agilidade................................................. 58
4.
Método..................................................................................................................................... 65
4.1.
Motivação e Justificativa.......................................................................................................... 65
4.2.
Objetivo.................................................................................................................................... 65
4.3.
Classificação do Método de Pesquisa ...................................................................................... 67
4.4.
Etapas da pesquisa.................................................................................................................... 72
5.
Resultados ............................................................................................................................... 74
5.1.
Estudos de Caso ....................................................................................................................... 74
5.1.1.
Empresa A................................................................................................................................ 74
5.1.2.
Empresa B ................................................................................................................................ 81
5.1.3.
Empresa C ................................................................................................................................ 86
5.1.4.
Empresa D................................................................................................................................ 92
5.1.5.
Síntese dos Casos ..................................................................................................................... 98
5.2.
Análise de softwares de Gerenciamento de Projetos.............................................................. 100
5.2.1.
Softwares pesquisados na literatura ....................................................................................... 100
5.2.2.
Softwares para gerenciamento ágil de projetos...................................................................... 111
5.3.
Requisitos para um software de gerenciamento ágil de projetos colaborativos..................... 117
6.
Conclusões e pesquisas futuras ........................................................................................... 126
Referências Bibliográficas ................................................................................................................ 130
Apêndices ........................................................................................................................................... 136
Anexo ................................................................................................................................................ 143
14
1. Introdução
O gerenciamento por projetos (GP) é o modelo dominante em muitas organizações
para implementação de estratégias, transformação de negócios, melhoria contínua e
desenvolvimento de novos produtos (WINTER et al., 2006). um conjunto significativo de
técnicas, ferramentas e conceitos que foram desenvolvidos para apoiar este tipo de
gerenciamento, elaborados a partir dos anos 50 (WIKIPEDIA, 2008; KERZNER, 1984; e
HIRSCHFELD, 1985). Os marcos principais foram o desenvolvimento do gráfico de Gantt,
do método do caminho crítico, da análise de rede (PERT) e a criação das primeiras
associações profissionais na década de 70.
A aplicação inicial aconteceu com os grandes projetos de infra-estrutura, construção
civil e defesa. Essas técnicas eram pouco difundidas entre empresas de outras áreas, como as
de manufatura de bens de consumo seriados e prestadoras de serviços. A situação alterou-se
no início da década de 90. Impulsionados por várias mudanças no ambiente empresarial,
popularizaram-se e difundiram-se em todos os setores industriais. Esse fenômeno é
perceptível no crescimento significativo do número de eventos, formação de profissionais
especializados e no investimento de empresas na área.
No caso do desenvolvimento de produtos manufaturados, a procura por esses
conhecimentos deu-se com o aumento da intensidade e complexidade dos projetos. A
subcontratação de serviços de engenharia, o crescimento do grau de inovação dos produtos, a
necessidade de tempos menores de desenvolvimento e o crescimento dos riscos associados
aos novos produtos explicam o aumento da complexidade.
O aumento da colaboração como estratégia para o desenvolvimento de novos produtos
também contribuiu. Nos anos 80, as empresas de produtos seriados possuíam os setores de
Engenharia e de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) totalmente verticalizados. A empresa era
15
capaz de produzir todas as informações necessárias para a produção de seus produtos
(WOMACK e JONES, 1992). Esse cenário mudou radicalmente e dificilmente uma empresa
consegue reunir todas as competências necessárias para o desenvolvimento de um produto. A
inserção de fornecedores e clientes nas equipes de projeto tornou-se freqüente (ROZENFELD
et al., 2006). As parcerias com universidades e institutos de pesquisa também se tornaram
mais comuns e fundamentais para atender à demanda de inovações do mercado
(NOOTEBOOM, 1999; OSTERGAARD e SUMMERS, 2003).
O resultado é que a competência em gerenciamento de projetos está se tornando um
fator crítico para o desenvolvimento de novos produtos e, conseqüentemente, para a
competitividade das empresas.
Porém, no caso de projetos inovadores realizados por pequenas e médias empresas, é
significativo o relato de problemas e dificuldades em introduzir esses métodos de
gerenciamento. Pesquisas como a de Jugend et al. (2006) e Jucá Junior e Amaral (2005) têm
revelado que o gerenciamento de projetos ainda é um dos problemas enfrentado por essas
empresas. Mas vários casos de empresas que desenvolvem produtos do tipo classe
mundial, onde as técnicas tradicionais de gerenciamento de projetos, como planejamento com
PERT/CPM e gráfico de Gantt, não são empregados (MAYLOR, 2001; KENEDY apud
CORREA, 2008)
Esses problemas podem estar relacionados com limitações da teoria de gerenciamento
de projetos. Segundo Maylor (2001), os métodos tradicionais, aqueles divulgados por
associações, por exemplo, seriam propícios apenas para o contexto em que foram originados:
grandes projetos de infra-estrutura, aeroespacial e de defesa. Realizados por equipes com
dedicação exclusiva; em ambientes com poucos projetos por vez; e de projetos com
características semelhantes. O autor afirma que várias empresas com excelência em
gerenciamento de projetos e que não os utilizam, pois estariam em contextos distintos, onde
16
outras técnicas seriam necessárias. Afirma ainda que a teoria, em geral, não avançou para
considerar de maneira apropriada esses casos (MAYLOR, 2001).
Essa crítica vem sendo realizada por inúmeros autores nos últimos anos. Uma das mais
contundentes surgiu em 2002. Denominado de Manifesto Ágil, foi realizado por profissionais
da área de gerenciamento de projetos de tecnologia da informação. Os autores questionaram o
foco exagerado na documentação, planejamento de tarefas e controle externo (BECK et al.,
2001). Em oposição, propuseram o desenvolvimento de novos todos, que deveriam seguir
diferentes princípios, aos quais denominaram de “ágil”. Mais recentemente, Winter et al.
(2006) conduziram uma série de estudos sobre os problemas da teoria de gerenciamento de
projetos e identificaram problemas semelhantes, apontando a necessidade de estudo e
desenvolvimento de novos métodos e técnicas, mais simples e com maior capacidade de
reagir às contingências durante a execução do projeto.
Chin (2004) e Highsmith (2004) são exemplos de autores que vêm se dedicando ao
desenvolvimento de novas teorias na área. Esses métodos seriam especialmente adequados
para empresas que atuam em mercados inovadores e/ou pequenas e médias empresas
(HIGHSMITH, 2004).
Uma das ferramentas fundamentais para o gerenciamento de projetos são as soluções
computacionais, isto é, os softwares de GP. Eles garantem a qualidade das informações e,
portanto, desempenham um papel fundamental na tomada de decisões que, por sua vez, é a
essência da gestão.
A evolução dos princípios e métodos ágeis de gerenciamento de projetos depende,
portanto, da adaptação ou desenvolvimento de softwares que utilizem estes princípios. Não há
estudos que avaliem os softwares existentes, frente às novas tendências da teoria de
gerenciamento de projetos. Qual a capacidade dos softwares em apoiar a introdução de
17
princípios do gerenciamento de projetos ágil? Quais as mudanças necessárias? O que precisa
ser desenvolvido nesta área?
Esta pesquisa procurou abordar esse problema. O objetivo foi investigar quais
mudanças e requisitos seriam necessários para o desenvolvimento de softwares de
gerenciamento de projetos dentro desse novo contexto de projetos colaborativos e inovadores,
e segundo as novas tendências em termos da teoria de gerenciamento de projetos. Ao designar
essas novas tendências, optou-se por utilizar o tulo de Gerenciamento Ágil de Projetos
(Agile Project Management APM), seguindo a denominação mais conhecida. O capítulo 2
deste trabalho apresenta esse conceito de APM e as críticas sobre os métodos tradicionais de
gerenciamento de projetos (seção 2.2), bem como os desafios encontrados no gerenciamento
de projetos colaborativos, incluindo o conceito de colaboração adotado (seção 2.1).
A análise foi feita por meio da composição de diferentes métodos de pesquisa. Partiu-
se de revisões bibliográficas com o objetivo de se identificar as novas tendências em GP,
funcionalidades de software de GP e modelos de softwares para GP propostos na literatura
específica da área. Em seguida, foram feitas análises de sistemas comerciais que se propõem a
apoiar o gerenciamento ágil de projetos e que hoje estão disponíveis especificamente para a
área de desenvolvimento de software. O capítulo 3 apresenta os tipos de softwares de
gerenciamento de projetos, fazendo uma síntese desses softwares frente à colaboração e
agilidade.
Incluíram-se também estudos de caso sobre a utilização de softwares no
gerenciamento de projetos colaborativos e inovadores na indústria de bens de capital,
apresentados no capítulo 5, na seção 5.1. na seção 5.2, consta a análise das propostas de
softwares da literatura acadêmica e dos softwares para gerenciamento ágil de projeto.
Os problemas encontrados, tanto na revisão da literatura como nos estudos de caso,
foram sintetizados de forma a identificar os desafios que precisam ser superados para o
18
desenvolvimento de sistemas específicos para o gerenciamento ágil de projetos. Baseado
nesses desafios, identificou-se um conjunto de requisitos que sintetizam a análise e podem ser
utilizados para o desenvolvimento de softwares para esse fim (5.3.)
Por fim, o capítulo 6 apresenta as conclusões deste trabalho, indicando as áreas
relevantes para pesquisas futuras.
19
2. Desafios para o gerenciamento ágil de projetos colaborativos
O objetivo deste capítulo é apresentar as definições e, principalmente, os desafios
envolvidos no gerenciamento de projetos colaborativos, gerenciamento de projetos
tradicionais e propostos no enfoque do gerenciamento ágil de projetos, contrapondo-os aos
conceitos dito tradicionais (clássicos) de gerenciamento de projetos. Não se pretende
descrever os tradicionais, pois uma vasta literatura sobre o tema, de fácil acesso e
padronizada por associações profissionais
1
. A primeira seção, 2.1, apresenta a definição de
Gerenciamento de Projetos Colaborativos e seus conceitos básicos como colaboração e
classificação de projetos. Em seguida, a seção 2.2 apresenta as críticas à teoria de
gerenciamento de projetos (2.2.1) e o enfoque ágil no gerenciamento de projetos com sua
definição (2.2.2), seus objetivos, princípios e valores (2.2.3) e sua aplicabilidade no
gerenciamento de projetos de desenvolvimento de produtos (2.2.4). Por fim, a seção 2.2.5 faz
uma síntese dos desafios identificados.
2.1. Desafios no gerenciamento de projetos colaborativos
2.1.1. Definição e conceitos básicos da colaboração
Nooteboom (1999) diz que a razão fundamental pela qual as empresas se associam é a
oportunidade de complementar suas competências para produzir valor agregado e inovação. A
associação com outras empresas é fundamental no atual cenário de desenvolvimento
tecnológico. O caso da Procter & Gamble, apresentado por Huston e Sakkab (2006),
demonstra claramente esse problema. Uma empresa que possui uma estrutura de
desenvolvimento tecnológico significativa, frente ao padrão da maioria das empresas, e que,
apesar disso, reconhece a dificuldade de manter-se atualizada nas várias tecnologias
1
Gestão tradicional, aqui tratada como clássica. Sugere-se que se consulte a seguinte bibliografia:
VERZUH(2000); PMBOK(2004); e KERZNER(2002)
20
necessárias ao seu negócio. Assim, apesar do tradicional investimento em P&D, a empresa
permanece na busca de parcerias, criando redes de colaboração.
Rycroft e Kash (2004) identificam a globalização como sendo a força que induz à
colaboração entre vários tipos de organização. Combinando a força, a perícia e o
conhecimento de equipes técnicas diversas e dispersas geograficamente, as tecnologias podem
ser desenvolvidas em menos tempo (DAVIS, KEYS e CHEN, 2004). Talvez, no futuro, as
empresas que conseguirão manter-se na liderança do desenvolvimento tecnológico e de
produtos sejam aquelas que consigam se associar às redes que contemplem todas as
competências necessárias para o desenvolvimento dos produtos e que saibam melhor como
atuar de forma colaborativa (HUSTON e SAKKAB, 2006). Empresas que sejam também
capazes de criar processos de negócio capazes de acessar o conhecimento compartilhado
(KODAMA, 2007).
O desenvolvimento colaborativo é, portanto, um fenômeno atual. Na literatura existem
várias definições de colaboração em termos de desenvolvimento de produto. Desde a década
de 80 que esse fenômeno vem sendo desenvolvido do ponto de vista gerencial, com diversos
nomes (alianças estratégicas, parcerias, etc.) e sob diferentes aspectos. Amaral (1997) e
Amaral e Toledo (2000) apresentam uma compilação específica sobre a colaboração no
desenvolvimento de produtos, na qual identificam linhas de pesquisa distintas e comparam
diferentes definições.
Em um estudo recente, Emden, Calantone e Droge (2006) apresentam uma extensa
revisão sobre colaboração no desenvolvimento de produto. Os autores definem colaboração
no desenvolvimento de produto como um tipo de relacionamento interorganizacional,
caracterizado por níveis elevados de transparência e onde cada ente contribui com uma
parcela significativa do resultado final do projeto. Essas duas características - interação e
objetivos comuns - são os aspectos fundamentais que designam praticamente todas as
21
definições de colaboração. Exemplos de definições que seguem essa linha o as de
Mattessich e Monsey (1992), segundo a qual colaboração é uma relação bem definida e
mutuamente benéfica entre duas ou mais organizações, a fim de atingir objetivos comuns; e a
de Katz e Martin (1997), como o trabalho conjunto de indivíduos para atingir objetivos
comuns.
Mas essas definições não exploram em profundidade um aspecto do trabalho
colaborativo: a criação conjunta. Duas empresas que trabalham em um mesmo projeto podem,
não necessariamente, influenciar da mesma maneira no resultado final. Assim corre-se o risco
de confundir colaboração com outros tipos de relacionamentos que não apresentam níveis
similares de complexidade gerencial. Um caso emblemático é a subcontratação de serviços de
desenvolvimento. O cliente concebe o produto, define as características essenciais e delega a
outra empresa trabalhos específicos de detalhamento, sem que haja interação ou contribuição
do fornecedor no resultado preconcebido. Neste caso, pode haver uma divisão de tarefas clara
e bem delimitada, que faz o esforço não ser realmente de cooperação, na medida em que
envolve pequena interação entre as partes.
O estudo de Camarinha-Matos et al. (2006) descreve os vários níveis de integração
entre parceiros, que foram analisados e utilizados na definição de colaboração. Os autores
apresentam uma classificação de quatro tipos de envolvimento: rede, coordenação,
cooperação e colaboração. O mais avançado, dito colaboração, envolve objetivos, identidades,
responsabilidades e trabalho conjuntos, quer dizer, a criação do produto final é realizada
conjuntamente pelos parceiros: por meio de intensa troca de informações. Por deixar esse
aspecto mais evidente, adota-se neste trabalho a definição do nível mais avançado desses
autores (CAMARINHA-MATOS et al., 2006):
22
“Um processo em que entidades compartilham informações, recursos
e responsabilidades para planejar, implementar e validar um
programa de atividades para atingir um objetivo comum”.
2.1.2. Definição de projeto colaborativo
Um dos fatores que contribuíram para a difusão da literatura de gerenciamento de
projetos foi o lançamento, a partir de 1987, do PMBOK (Project Management Body of
Knowledge) pelo PMI (Project Management Institute), difundindo e padronizando os termos
empregados no gerenciamento de projetos.
Segundo esse padrão, um projeto é um esforço temporário para criar um produto (item
final ou componente), serviço (funções de negócio para suporte ou distribuição) ou resultado
exclusivo (documentos, por exemplo, de conhecimento aplicado de pesquisa científica)
(PMBOK, 2004). Os membros dessa associação consideram também o conceito de programa,
definido como um conjunto de projetos visando um resultado principal (PMBOK, 2004).
Até 2003, os projetos eram classificados, de forma simples, como únicos ou múltiplos
(programa). Evaristo e Fenema (1999) propuseram uma tipologia de projetos e programas de
acordo com a localização física. Segundo os autores, os projetos ou programas podem ser
realizados e gerenciados dentro de uma única organização ou distribuídos em diferentes
organizações, com localizações distintas. Essa diferença representaria desafios e esforços
gerenciais distintos, justificando a necessidade da categorização.
Quando comparada ao conceito de projetos colaborativos, descrito na seção anterior,
nota-se que essa classificação considera apenas o aspecto do envolvimento de diferentes
organizações em um mesmo projeto, porém o caracteriza o aspecto da divisão de tarefas.
projetos que são realizados por duas ou mais organizações e distribuídos, nos quais o
trabalho é concebido, planejado e controlado por apenas uma delas, como é o caso de projetos
de desenvolvimento de produtos totalmente controlados pelos clientes. Segundo a teoria de
23
projetos colaborativos, esses casos seriam distintos daqueles nos quais os membros das duas
organizações tenham que definir e criar as soluções conjuntamente, negociar prazos e
métodos de trabalho, como é o caso do envolvimento de parceiros de risco no
desenvolvimento de novos produtos. As duas situações representam problemas com níveis de
complexidade distintos em termos de gerenciamento de projetos.
Portanto, propõe-se para este trabalho uma adaptação da tipologia de Evaristo e
Fenema (1999). A Figura 1 representa a adaptação dessa tipologia, que considera não somente
o conceito de distribuição física, como também o de colaboração.
Figura 1. Tipologia de Projetos para o desenvolvimento de Produtos
Fonte: adaptado de Evaristo e Fenema (1999)
Definem-se como colaborativos, então, os projetos onde um esforço compartilhado
no conteúdo e, portanto, prazos, metas e o controle gerencial negociados; independentemente
de as equipes de cada organização estarem em um mesmo local ou de trabalharem
distribuídas.
24
A tipologia a ser empregada neste trabalho utiliza, portanto, quatro classificações,
conforme apresentadas na figura 1.
A literatura sobre projetos colaborativos de desenvolvimento de produtos
tradicionalmente aborda os projetos do tipo Colaborativo-Distribuídos (KVAN, 2000;
NAOUM, 2003; e HUSTON e SAKKAB, 2006).
Este trabalho ocupa-se dos problemas e limitações dessa teoria. Foram observadas
críticas e desafios em dois tipos de literatura: nos trabalhos sobre gerenciamento colaborativo
de projetos de produtos e na literatura sobre gerenciamento de projetos em geral. Optou-se por
dividir os tópicos.
2.1.3. Síntese dos desafios no gerenciamento de projetos colaborativos
Dodgson (1992) afirmava que a interação entre os parceiros era um ponto crítico no
desenvolvimento de projetos (DODGSON, 1992). Esses problemas ainda são perceptíveis.
Moody e Dodgson (2006) apresentam um estudo de caso de um chamado projeto complexo,
de desenvolvimento de satélite, que envolveu a colaboração de várias organizações. Uma das
conclusões do estudo é que a influência da liderança é significativamente maior se comparada
aos projetos tradicionais. Ela é fundamental para garantir uma interação suficiente entre as
equipes das diferentes organizações.
No começo da atual década, Kerzner (2002) afirmou que, com as “constantes fusões e
aquisições de empresas, o gerenciamento de projetos multinacionais será um dos grandes
desafios desta década”, pois existem muitas dificuldades inerentes às fronteiras
organizacionais (BARNES, PASHBY e GIBBONS, 2006).
Pesquisas sobre projetos colaborativos de engenharia apresentam alguns fatores que os
impedem de atingirem seus objetivos (HAMERI e PUITTINEN, 2003):
Falta de informação sobre o que as outras equipes do projeto estão fazendo
(progresso das tarefas);
25
Falha no controle de mudança do projeto;
Visões diferentes sobre os objetivos do projeto;
Rigidez no planejamento do projeto e das rotinas;
Reações pouco produtivas em relação às mudanças repentinas no ambiente do
projeto;
Dificuldades tecnológicas inesperadas;
Barnes, Pashby e Gibbons (2006) realizaram uma revisão da literatura e identificaram
os fatores de sucesso dos projetos colaborativos no caso indústria-indústria:
Objetivos claramente definidos;
Responsabilidades claramente definidas;
Plano de projeto aceito pelas partes;
Recursos adequados;
Marcos de projeto definidos;
Monitoramento regular do progresso;
Comunicação efetiva;
Entrega garantida dos colaboradores.
Pode-se notar que existe um alinhamento dos fatores críticos de sucessos observados
por Barnes, Pashby e Gibbons (2006) com os fatores que impedem o alcance dos objetivos de
um projeto, por Hameri e Puittinen (2003), apresentados no quadro 1.
Fatores de Hameri e Puittinen (2003) Fatores de Barnes, Pashby e Gibbons (2006)
Falta de informação sobre o que as outras equipes
do projeto estão fazendo
Comunicação efetiva
Visões diferentes sobre os objetivos do projeto Objetivos claramente definidos
Falha no controle de mudança do projeto
Plano de Projeto aceito pelas partes,
Recursos
adequados.
Quadro 1. Alinhamento de fatores para sucesso de um projeto colaborativo
26
Portanto, para tentar superar os desafios existentes, o gerenciamento de projetos
colaborativos necessita do apoio de ferramentas que privilegiem a comunicação, a atualização
das informações e um controle da progressão das atividades regulado por entregas efetivas.
2.2. Desafios do gerenciamento de projetos e o gerenciamento ágil de projetos
2.2.1. Críticas aos métodos tradicionais de gerenciamento de projetos
A teoria tradicional de gerenciamento de projetos recebeu grande atenção no início dos
anos 90, com a publicação de padrões de “corpos de conhecimentos” pelas associações
profissionais de gerenciamento de projetos. O mais difundido é a proposta pelo Project
Management Institute (PMBOK, 2004). Esse padrão propõe a descrição dos conceitos em um
conjunto de processos do gerenciamento de projetos. Esses processos são organizados em
Áreas do Conhecimento. São nove áreas do conhecimento: Integração, Escopo, Tempo,
Custos, Qualidade, Recursos Humanos, Comunicação, Riscos e Aquisições. E consideram
cinco grupos de processo: Iniciação, Planejamento, Execução, Controle e Encerramento.
Essas áreas e grupos de processo são empregados no trabalho, mas não serão descritos em
detalhe, pois há muitas referências de fácil acesso sobre o assunto, tais como: PMBOK
(2004); Carvalho e Rabechini (2005), entre outros.
No final dos anos 90, ao mesmo tempo em que houve uma expansão na difusão e
aplicação dos métodos e técnicas de gerenciamento de projetos, surgiram abordagens
alternativas e propostas de modificação.
Uma das primeiras foi a atualmente conhecida como Teoria da Corrente Crítica,
proposta por Goldratt (2005). Trata-se de uma modificação em alguns aspectos da teoria de
gerenciamento de projetos, segundo os conceitos da Teoria das Restrições, desenvolvida pelo
mesmo autor. Neste enfoque gerencial, os problemas são analisados sempre sob o ponto de
vista da restrição. No caso do gerenciamento de projetos, tais autores propõem a realização de
27
planejamentos em qual os recursos são programados segundo a capacidade xima do
recurso-gargalo, isto é, aquele com maior carga de trabalho. Para fazê-lo, os autores propõem
pequenas alterações, introduzindo conceitos como pulmão de projeto e recurso-tambor
(GOLDRATT, 2005).
Maylor (2001), citado na introdução desta dissertação, afirma que muitas empresas
que apresentam excelência em gerenciamento de projetos, em determinadas áreas de atividade
não fazem uso da teoria tradicional de gerenciamento de projetos. Empregam outras técnicas e
simplificações que não m sido sistematicamente estudadas pelos teóricos da área de
gerenciamento e que, por isso, as técnicas teriam evoluído pouco nos últimos 20 anos até
2001. As questões principais a serem estudadas, segundo o autor, seriam:
Relacionamento entre estratégia organizacional e a estratégia na condução
dos projetos. Segundo o autor, a teoria apresentaria um relacionamento fraco
entre as duas estratégias por haver poucos métodos e técnicas que relacionem
estratégia organizacional, gerenciamento de portifólio (plano agregado de
projetos) e a definição e estratégias na condução dos projetos.
Medidas para avaliação dos projetos. Segundo o autor, o enfoque tradicional
mediria o sucesso do projeto em termos apenas de cumprimento das metas do
projeto: orçamento, escopo e restrições de tempo. Questões como necessidade
de excelência, melhoria contínua e superação das necessidades dos clientes não
estariam sendo tratadas.
Alteração do enfoque da manufatura para o enfoque de serviços. De
acordo com o autor, o enfoque da teoria atual ajusta-se aos padrões e
especificações, comuns em um ambiente de grandes projetos, onde o mais
importante é o produto físico obtido, manufaturado. Atualmente, os serviços
seriam tão, ou mais, importantes. O grau de orientação ao cliente teria que ser
28
muito maior, fazendo com que a gestão das expectativas dos interessados
(stakeholders), a percepção deles quanto ao sucesso do projeto, seja
fundamental para a avaliação do resultado do projeto.
Foco na fase de execução. O autor afirma que a fase de execução é pouco
desenvolvida na teoria de gerenciamento de projetos e que muitos textos da
área parecem sugerir que o planejamento e uso de sistemas de informação
seriam suficientes para controle do projetos.
Incertezas quanto às estimativas empregadas no planejamento de
projetos. O autor afirma que, para planejar um projeto, é necessário que as
estimativas possuam certo nível de confiança, que é difícil de ser obtida. Na
prática, seria possível apenas em intervalos de curto prazo, diferentemente dos
que são utilizados no planejamento tradicional de projetos. Cita ainda, neste
aspecto, as críticas realizadas por Goldratt (2005)
2
.
Foco no Gráfico de Gantt. Segundo o autor, haveria uma valorização e
emprego excessivo do Gráfico de Gantt na abordagem tradicional. Na opinião
deste, o gráfico bem elaborado, por meio do uso de ferramentas
computacionais, teria como efeito a criação de uma forte credibilidade e a
ilusão de que um bom plano de projeto; mesmo quando as atividades e
recursos não tenham sido bem definidos e/ou estimados. Mais, o Gráfico
encorajaria uma abordagem de planejamento de um único passo, isto é, sem o
necessário acompanhamento e contínuo replanejamento. Em terceiro lugar, o
Gráfico de Gantt encorajaria o gerente de projeto a controlar todas as
atividades do projeto, transferindo parte da responsabilidade da equipe pelo
controle de tempo. Segundo o autor, isso estaria levando à tendência de
2
Referenciamos a edição em português. Maylor (2001) cita a referência original de 1997. Goldratt apud Maylor
(2001).
29
transformar gerentes de projeto em operadores de softwares computacionais,
mais do que pessoas responsáveis pela discussão e negociação.
Uso de recursos alternativos de planejamento. O autor cita um caso de uma
empresa transnacional que obteve um desempenho de excelência em projetos
de desenvolvimento de produtos utilizando recursos como quadro branco e
post-its. Eles eram empregados para planejar o conjunto de projetos de maneira
híbrida, com as ferramentas computacionais, onde os colaboradores utilizavam
softwares de planejamento de projetos para subprojetos ou entregas
específicas. O autor cita outro caso de um gerente de projetos de construção
civil em que as ferramentas computacionais atuais, baseadas no Gráfico de
Gantt e PERT/COM, foram consideradas inadequadas e ultrapassadas.
Mais recentemente, em 2002, surgiu uma crítica que se tornou conhecida como a
teoria do Gerenciamento Ágil de Projetos (Agile Project Management - APM). Trata-se do
manifesto, lançado em 2001, conhecido como Manifesto Ágil. Ele foi elaborado por
profissionais da área de desenvolvimento de software que queriam melhorar o desempenho de
seus projetos.
De acordo com esses autores, haveria cinco objetivos principais que consistiriam a
base do APM (HIGHSMITH, 2004, p. 6): inovação contínua - para entregar produtos que
atendam os requisitos atuais dos clientes; adaptabilidade do produto - para entregar produtos
que atendam os requisitos futuros dos clientes; tempo de entrega reduzido - para encontrar
novos mercados e melhorar o retorno de investimento; capacidade de adaptação do processo e
das pessoas para responder rapidamente às mudanças de negócios e produtos; e resultados
confiáveis – para apoiar o crescimento e aumento de lucratividade.
Em 2003, foi fundado um projeto de pesquisa chamado de Rethinking Project
Management” (2004-2006), apoiado pelo Engineering and Physical Sciences Research
30
Council (EPSRC) do Reino Unido. Trata-se de um projeto em rede, desenvolvido com o
intuito de avaliar as idéias dominantes da literatura de gerenciamento de projetos e apresentar
direções para futuras pesquisas sobre o tema (WINTER et al., 2006).
O grupo identificou cinco principais linhas de pesquisa para a melhoria do
gerenciamento de projetos, que foram agrupadas em três subtemas Teoria sobre Prática
(direção 1), Teoria para Prática (direções 2-4) e Teoria na Prática (direção 5), demonstrados
no Quadro 2 (WINTER et al., 2006).
Na Teoria sobre a Prática, é apresentada a necessidade do desenvolvimento de novos
modelos devido à complexidade dos projetos e do seu gerenciamento. Segundo os autores, os
modelos empregariam um padrão de ciclo de vida “fechado”, isto é, previamente definido. A
crítica é que o aumento da complexidade exigiria modelos de ciclo de vida mais flexíveis, e
pesquisas neste sentido deveriam ser conduzidas. Para os autores, os novos modelos
precisarão demonstrar a realidade das práticas de GP, que procuram atender a um ambiente
dinâmico, de rápidas mudanças e altos riscos (WINTER et al., 2006).
A segunda linha de pesquisa identificada foi chamada de Teoria para Prática. Na
visão dos autores, os projetos são em geral imprevisíveis e multidimensionais, mais
complexos que os modelos racionais e determinísticos, que predominariam na literatura de
GP. Assim, aprimoramentos que possam considerar de forma mais eficiente os aspectos,
como a mudança contínua do fluxo de eventos, os efeitos da interação social e da ação
humana. As interações entre organizações e relações entre diferentes grupos com interesses
diferentes fazem parte dessa direção (WINTER et al., 2006).
A terceira linha de pesquisa destaca a mudança de foco na criação do produto para a
criação do valor. As metodologias que focam a produção de um produto físico ou de um
sistema mudam para a entrega de um “valor” e não unicamente de um produto. Por exemplo,
o foco pode estar na estratégia de escolha de um projeto de um produto que seja relacionado
31
com as estratégias de negócio da organização, permanecendo o valor do projeto mesmo após a
entrega do produto. (WINTER et al., 2006).
A linha de pesquisa 4, ainda na Teoria para Prática, apresenta a mudança de concepção
estreita do projeto para uma ampla concepção dele. Isso quer dizer entender o projeto do
produto mais do que simples ações para criar um objeto físico, olhar para ele de várias
perspectivas e, assim, criar um conjunto de imagens que podem indicar novas idéias e formas
de gerenciar projetos (WINTER et al., 2006).
A última linha de pesquisa, Teoria na Prática, diz que os praticantes de GP não devem
ser apenas técnicos treinados nos procedimentos e ferramentas de GP, mas devem ser
praticantes reflexivos e críticos, que aprendem e aplicam suas experiências no
desenvolvimento de um projeto (WINTER et al., 2006).
Teoria sobre Prática
Direção 1
Modelo de Ciclo de Vida de GP
Teorias da Complexidade de GP
Teoria para Prática
Direção 2
Projetos como Processo Instrumental
Projetos como Processo Social
Direção 3
Foco na Criação do Produto
Foco na Criação do Valor
Direção 4
Concepção Estreita dos Projetos
Concepção Ampla dos Projetos
Teoria na Prática
Direção 5
Praticantes como Técnicos Treinados
Praticantes como Praticantes Críticos
Quadro 2. Linhas para futuras pesquisas em GP
Fonte: adaptado de Winter et al. (2006)
32
Três fatores são identificados por Cicmil et al. (2006) que causam “atropelamento” na
execução dos projetos, quando esses são gerenciamentos pelo modelo clássico:
Complexidade estrutural do produto;
Mudanças devido ao desconhecimento de atividades e ações necessárias;
Tempo restrito para execução das atividades.
Então, o projeto de um produto de alta complexidade possui na sua gênese, em sua
complexidade estrutural e tecnológica, uma fonte de incertezas que dificulta a sua execução.
O planejamento do tempo é, portanto, impreciso, e, como conseqüência, muitas vezes
restrição dele para execução das atividades. Os gerentes de projeto são forçados a tomar ações
paliativas, que acelerem o ritmo do projeto e podem gerar novos problemas (CICMIL et al.,
2006). Assim, cria-se um círculo vicioso difícil de romper.
Winter et al. (2006) propõem que se deve aprofundar a pesquisa em técnicas e
métodos, visando o desenvolvimento de soluções capazes de “gerenciar a complexidade”.
Essa idéia é próxima da proposta de Highsmith (2004) e demais autores do Gerenciamento
Ágil de Projetos, que criticam os métodos tradicionais de gerenciamento de projetos por não
conseguirem lidar com o ambiente de incerteza, gerado pela complexidade dos projetos
atuais. A solução, segundo os autores, seria a utilização de equipes auto gerenciadas e
flexíveis. Não dúvida, portanto, da concordância dos autores de que a teoria tradicional,
dita clássica, não seria útil para projetos de alta complexidade, com alto grau de inovação e
envolvendo diferentes organizações.
Em um exemplo de gerenciamento de um projeto de alta complexidade, descrito por
Moody e Dodgson (2006), observou-se que as tarefas são continuamente ajustadas e
redefinidas conforme o projeto se desenvolve, sendo necessária a adaptação constante do
planejamento das atividades. A interação constante entre os colaboradores, mais informal e
independente da posição hierárquica, também foi observada como mais adequada. Desta
33
forma, segundo Moody e Dodgson (2006), os métodos para o gerenciamento do projeto
devem ser adaptados, de forma a atender essas necessidades de flexibilidade, corroborando as
opiniões de Winter et al. (2006) e dos autores do Gerenciamento Ágil.
A contribuição do grupo de pesquisa Rethinking Project Management” é importante,
porém, limita-se a criticar a teoria. Esses autores não propõem soluções práticas, como
métodos, técnicas ou ferramentas. os autores do Gerenciamento Ágil de Projetos propõem
soluções que visam formar um novo corpo teórico, segundo eles, uma nova abordagem para o
gerenciamento de projetos e que se distinguiria fundamentalmente da abordagem tradicional.
Nas próximas seções, analisa-se de maneira crítica os conceitos e métodos propostos pelos
autores do Gerenciamento Ágil de Projetos. Pelo mesmo motivo, optou-se por utilizar o termo
Gerenciamento Ágil de Projetos para diferenciar do gerenciamento clássico de projetos.
2.2.2. Definição do gerenciamento ágil de projetos
As empresas de software operam em um ambiente de rápidas mudanças e altos riscos.
O gerenciamento de projetos é fundamental, porém sua introdução não havia sido fácil,
devido ao que se considerava como rigidez e foco excessivo no planejamento. Em 2001,
lançou-se o Manifesto Agile for Software Development (BECK et al., 2001), que procura
enfatizar o uso dos métodos chamados de ágeis, voltado para a colaboração com o cliente, nos
indivíduos e respostas rápidas às mudanças. Alguns exemplos desses métodos ágeis, aplicados
para o desenvolvimento de softwares, são o Extreme Programming (XP), Scrum e Crystal
Methods.
Outras indústrias passaram a adotar práticas denominadas de ágeis, criando adaptações
nos todos e técnicas de Gerenciamento Clássico de Projetos, para suprir suas necessidades
no gerenciamento de projetos complexos. Mas, muitas vezes, essas adaptações apresentam
restrições devido aos métodos e técnicas do Gerenciamento Clássico e podem apresentar um
desempenho ruim, com redução da eficiência e eficácia dos resultados (CHIN, 2004).
34
Chin (2004), então, propõe o que ele denomina de uma nova abordagem para o
gerenciamento de projetos, quebrando a visão do forte planejamento prévio das atividades.
Assim, temos o início do Agile Project Management (APM) ou Gerenciamento Ágil de
Projetos.
O APM foi definido por Highsmith (2004) como “´[]... um conjunto de valores,
princípios e práticas que auxiliam a equipe a entregar produtos ou serviços de valor em um
ambiente desafiador”.
A figura 2 mostra esquematicamente a distinção entre as duas abordagens. A base de
“tijolos” representa a eficiência, eficácia de uma plataforma de gerenciamento de projetos. A
figura tem por objetivo transmitir a mensagem de que a teoria clássica necessitaria de uma
dedicação maior em atividades exclusivas de gerenciamento (“base maior”). Ao passo que no
gerenciamento ágil, parte dessas atividades são substituídas por autocontrole da equipe ou
atenuadas por meio do emprego de técnicas simplificadas e visuais.
Figura 2. Relacionamento entre as abordagens clássica e ágil de gerenciamento de projetos
Fonte: CHIN, 2004, p. 3
A figura 2 o é suficiente para descrever as diferenças entre as abordagens ágil e
clássica. Uma forma de fazê-lo é descrevendo os objetivos, valores e princípios.
35
2.2.3. Objetivos, valores, princípios e fases do GP ágil
São cinco os objetivos principais para um bom processo de exploração do APM
(HIGHSMITH, 2004, p. 6):
1. Inovação contínua. Um dos objetivos básicos do APM é entregar produtos que
atendam aos requisitos atuais dos clientes de maneira inovadora. A geração de
idéias inovadoras não ocorreria em ambientes autoritários e burocraticamente
estruturados, isto é, com regras bem definidas e tarefas cuidadosamente planejadas.
Mas, sim, em ambientes que eles denominam de “adaptativos”, onde a inovação e
novas soluções são priorizadas. Segundo esses teóricos, as práticas como o
planejamento prévio e detalhado das atividades de cada membro e atribuição do
controle dos projetos para estruturas organizacionais específicas estimulariam o
comportamento individualista e inibiriam a proposição de idéias inovadoras e o
envolvimento da equipe em tarefas como planejamento e controle;
2. Adaptabilidade do produto. Segundo os autores da área, o APM busca entregar
produtos que atendam os requisitos futuros dos clientes. As práticas ágeis integram
o custo de mudanças como parte do processo de desenvolvimento, para atender as
mudanças do mercado. Na teoria clássica, o produto é definido com todas as suas
características no início do projeto, gerando o planejamento detalhado de todas as
atividades. Dessa forma, alterar uma característica do produto para atender a um
requisito, por exemplo, pode se tornar uma barreira. O resultado é que os
integrantes podem adiar demasiadamente as mudanças, gerando custos diretos
mais elevados, conseqüentemente, prejuízo para a organização e o cliente;
3. Tempo de entrega reduzido. O APM tem o objetivo de encontrar novos mercados
e melhorar o retorno de investimento. A principal idéia é a iteratividade, gerando
entregas de curto prazo. Sugere-se que equipes pequenas e qualificadas poderiam
36
manter atenção constante nas características do produto e foco no curto prazo. Elas
deveriam também considerar cuidadosamente quais características devem ser
incluídas no produto e criar, assim, um processo de desenvolvimento concentrado
em atividades que agregam valor. A crítica subentendida, que não é explicitamente
apresentada por Highsmith (2004), é a de que a teoria de GP tradicional
incentivaria planejamentos detalhados e de longo prazo, diminuindo o senso de
urgência e distanciando a equipe do foco no valor agregado pelas atividades;
4. Capacidade de adaptação do processo e das pessoas. O APM procura responder
rapidamente às mudanças de negócios e produtos. A meta proposta pelo autor é
que os membros da equipe não resistam às mudanças no decorrer do projeto, mas
entendam que os produtos podem ser modificados ao longo do seu
desenvolvimento. As equipes também precisam ser receptivas às novas idéias. A
crítica ao gerenciamento de projetos clássico é a de que a especialização e
distanciamento dos membros da equipe fazem com que resistam às mudanças na
forma como conduzir as atividades de projeto, isto é, tenderiam a replicar formas
de conduta realizadas em projetos anteriores. E que práticas como controle de
mudança e verificação desestimulariam alterações nos projetos nas fases iniciais,
gerando problemas futuros. Especialmente no caso de projetos inovadores em que,
segundo o autor, tais mudanças são necessárias;
5. Resultados confiáveis. O APM possui o objetivo de apoiar o crescimento e
aumento de lucratividade do negócio. O processo de desenvolvimento deve medir
a importância da entrega para o cliente ou se a entrega está compatível com o custo
e o tempo estabelecidos para o projeto. Na teoria clássica, como dito
anteriormente, o foco está no planejamento e controle, com ênfase na
documentação e atividades. Isso diminui a preocupação com o valor efetivo. no
37
enfoque ágil, a maior preocupação é com o cliente, deixando em segundo plano as
metas definidas para o projeto, que o cliente é quem vai indicar o sucesso do
projeto pelo seu nível de satisfação. Assim, mais do que se preocupar com a
satisfação de metas previamente estipuladas, os membros das equipes estariam
preocupados se os resultados estão de acordo com as expectativas do cliente: uma
análise mais qualitativa, portanto.
Além dos objetivos, os autores de APM descrevem um conjunto de valores e
princípios que norteiam o desenvolvimento de suas atividades, e que, em tese, habilitariam os
gerentes de projetos a alcançar o desenvolvimento de produtos inovadores.
Os quatro valores descritos no Manifesto Agile for Software Development o também
os valores centrais nos textos de Gerenciamento Ágil de Projetos (HIGHSMITH, 2004):
1. Respostas às mudanças: as respostas às mudanças são mais importantes do que
seguir um plano previamente definido;
2. Entrega de produtos: a entrega de produtos é mais importante do que a entrega
da documentação;
3. Colaboração do cliente: a colaboração do cliente é mais importante do que a
negociação de contratos;
4. Indivíduos e interações: os indivíduos e suas interações são mais importantes que
os processos e ferramentas.
O APM foca nos clientes, produtos e pessoas. Ele visa agregar valor e procura gerar
produtos adaptados às necessidades e visa unir as pessoas em torno de um trabalho
efetivamente colaborativo (HIGHSMITH, 2004).
Cockburn e Highsmith (2001) afirmam que um gerente de projeto tradicional
preocupa-se principalmente com o contrato inicial e com o sistema em si, avaliando-os
38
principalmente nos parâmetros tempo e custo. um gerente ágil de projeto preocupa-se em
ajustar continuamente os resultados por meio de uma relação colaborativa com os clientes.
Figura 3. Princípios do Gerenciamento Ágil de Projetos
Fonte: HIGHSMITH, 2004, p. 28
São seis os princípios do APM, divididos em duas categorias. A primeira é relacionada
ao produto/cliente e a segunda, ao gerenciamento (HIGHSMITH, 2004). Esses princípios e
seus relacionamentos estão apresentados na figura 3.
Esses princípios possuem pontos importantes para a caracterização do APM, tais como
a geração de entregas iterativas, que incluem o pressuposto de que um projeto possa ser
estruturado em iterações curtas e de período fixo, e a construção de equipes adaptativas, que
possuem formação variável, de acordo com as necessidades e mudanças necessárias durante o
desenvolvimento do projeto, ajustando-se às variações do ambiente.
Apesar de o APM enfatizar as pessoas frente ao processo, os próprios autores
enfatizam que o processo de negócio não deve ser ignorado. Highsmith (2004) afirma que o
processo, como qualquer outro elemento da organização, deve estar totalmente alinhado com
os objetivos de negócio.
39
Mas, se a plataforma Ágil é voltada à adaptação, flexibilidade e aprendizado, então
seus processos devem contemplar essas características, que definem seu ciclo de vida e fases.
São cinco as fases do Gerenciamento Ágil de Projetos e estão apresentadas na figura 4
(HIGHSMITH, 2004, p. 81):
Figura 4. Plataforma do Processo de Gerenciamento Ágil de Projetos
Fonte: Adaptado de Highsmith, 2004, p. 81
1. Visão: determinação da visão do produto e do escopo do projeto, identificação
da comunidade participante do projeto e definição de como a equipe do projeto
trabalhará em conjunto. A principal diferença entre o escopo, derivado da
prática clássica, e a visão, da prática ágil, está na ênfase no produto. A
descrição principal que se faz na visão é a das especificações do produto,
40
primando pela simplificação da documentação, que deve fornecer uma
descrição de alto nível do produto para os desenvolvedores, de forma a facilitar
a especulação e exploração. Acredita-se que isso levaria a um envolvimento
maior com o cliente do que nas práticas clássicas de iniciação do projeto,
devido ao enfoque contratual (obtenção de regras e “leis”) em linguagem
textual.
2. Especulação: planejamento preliminar, que será seguido por planejamentos
específicos detalhados a cada iteração. Consiste na identificação dos requisitos
para o produto, desenvolvimento de um plano de projeto, contendo entregas,
marcos, iterações, cronograma de trabalho e alocação de recursos,
incorporação de estratégias para mitigação de riscos e estimativas de custos e
outras informações financeiras relevantes. Uma grande diferença da exploração
ágil para o planejamento clássico é o nível de detalhe. Aqui, o planejamento
é feito até um futuro previsível, onde é colocado um próximo marco ou ponto
de decisão, evitando assim riscos de planejamentos de longo prazo. A fase
repete-se ao longo do projeto quantas vezes for necessário.
3. Exploração: composta de três atividades críticas. A primeira é a entrega dos
produtos planejados, através do gerenciamento da carga de trabalho. A segunda
é a criação de uma comunidade auto organizada do projeto e a terceira, o
gerenciamento das interações das equipes com os clientes, gerente de projeto e
stakeholders, que são as partes interessadas no projeto. Nesta fase, o
autocontrole é um diferencial. A proposta é que a comunidade do projeto esteja
comprometida em realizar as entregas e não sejam apenas participantes
passivos, aguardando ordens para cumprir tarefas. Eles ajudam a gerenciar sua
carga de trabalho da melhor maneira, contando com a ajuda do gerente do
41
projeto e o esperando que esse último tome todas as decisões necessárias
para entregar o produto ao cliente e apresentar os resultados aos stakeholders.
4. Adaptação: revisão dos resultados entregues, análise da situação atual,
avaliação do desempenho da equipe de projeto e mudanças, se necessárias.
Essa revisão considera também, além da comparação do realizado versus o
planejado, o realizado versus informações e requisitos atualizados do projeto.
Esta fase, junto com a especulação e exploração, ocorre várias vezes durante o
projeto e envolve o esforço não só do gerente do projeto, mas de toda a
comunidade. Ela caracteriza os vários ciclos de mudanças que ocorrem ao
longo do projeto para suprir as demandas atuais e atingir o sucesso do projeto.
Nas práticas clássicas, o planejamento detalhado, que é feito no início do
projeto, inibe adaptações necessárias, conforme apresentado nos objetivos do
ágil. Aqui o objetivo é adaptar o projeto segundo as necessidades atuais,
incentivando a equipe do projeto a ter um espírito crítico e participar da
próxima especulação do projeto.
5. Encerramento: finalização das atividades do projeto, transferência dos
aprendizados-chave e celebração. Como última fase, após uma adaptação onde
não o identificados mais requisitos e realizadas as avaliações de entregas e
status do realizado versus planejado, o projeto pode ser encerrado. Aqui as
práticas ágeis e clássicas são idênticas. Nos dois casos é realizado um histórico
do projeto para possíveis consultas futuras.
O quadro 3 apresenta uma correspondência entre os principais grupos de processo da
plataforma Clássica de GP e as fases do APM.
42
Grupo de Processos da GP Clássica Fases do GP Ágil
Iniciação: autorização/definição de um
escopo preliminar
Visão: do produto e escopo inicial do projeto
Planejamento: detalhamento de todo projeto Especulação: plano inicial, planejamento a
cada iteração
Execução: execução do plano do projeto Exploração: entrega funcionalidade/produto
a cada ciclo
Monitoramento e Controle: progresso do
trabalho e gerenciamento de mudanças
Adaptação: revisão dos resultados entregues
e adaptações do escopo
Encerramento: Formalização do aceite final
do projeto
Encerramento: aceites do cliente a cada
ciclo e formalização final
Quadro 3. Correspondência entre as abordagens clássica e ágil de GP
Fonte: Dias (2005)
Segundo Chin (2004), uma estrutura que apóie as práticas de GP é indicada e pode
trazer benefícios. O mesmo autor propõe que essa estrutura deve incluir: processos, práticas,
ferramentas de software, modelos de documentos e formulários, representados na figura 5,
com as suas interações. Esses elementos auxiliariam na elaboração de relatórios e documentos
contendo informações valiosas para a tomada de decisão no projeto. Highsmith (2004)
enfatiza que os relatórios de status de projeto devem adicionar valor para o gerente do projeto,
gerente de produto, stakeholders e para a própria equipe de projeto.
Analisando-se a estrutura operacional de Chin (2004), é possível reconhecer uma
significativa influência com os modelos de estruturas para gerenciamento tradicional de
projetos, tais como escritórios de projetos e modelos de gestão de projetos. Notem-se as
definições de responsabilidades, cronogramas, uso de padrões. Isso se explica na premissa de
que a proposta dos teóricos do ágil não significa negligenciar controles, planos e
padronização.
43
Figura 5. Estrutura operacional para apoio ao gerenciamento ágil de projetos
Fonte: Adaptado de CHIN, 2004 p. 166
A análise leva a crer que a proposta desses autores é mantê-los, porém com uma
diferença na forma de aplicação desses conceitos. Trata-se, portanto, de uma proposta de
processos de gerenciamento de projetos que busca procedimentos mais simples por meio das
estratégias como: emprego de quadros e elementos visuais; eliminação de atividades de
gerenciamento que não agregam valor; e transferência de mecanismos de controles
burocráticos para a equipe, por meio da autogestão (HIGHSMITH, 2004 e CHIN, 2004).
Em virtude dessa análise é que se convencionou neste trabalho o uso do termo
“enfoque” para designar o APM, em lugar do termo paradigma”, amplamente empregado
pelos teóricos do APM. A palavra enfoque remete a modelo, padrão
3
. Portanto, dizer novo
3
Segundo Larousse (1992), paradigma é um substantivo que designa modelo, padrão ou norma. O mesmo
dicionário fornece o significado de enfoque como ação de enfocar, modo de considerar ou entender um assunto
ou questão.
44
paradigma parece representar uma forma totalmente inovadora de se gerenciar projeto.
Enfoque, ao contrário, significaria uma nova forma de utilizar as ferramentas existentes. A
revisão aqui apresentada permite concluir que as propostas dos autores de APM representam
mais uma especialização da teoria de gerenciamento de projetos, para um caso específico, que
é o de projetos complexos e de produtos inovadores.
2.2.4. Aplicabilidade do gerenciamento ágil de projetos
A comunidade de desenvolvimento de software foi a primeira a adotar na prática os
conceitos do gerenciamento ágil em seus projetos. A literatura sobre o tema é principalmente
constituída de casos nessa área (BECK, 1998; BOEHM, 2002; COCKBURN, 2002; COHN e
FORD, 2003; FOWLER, 2000; AUGUSTINE e WOODCOCK, 2003).
Chin (2004) e Highsmith (2004) indicam o uso do gerenciamento ágil para projetos
também para o desenvolvimento de produtos manufaturados, desde que com aspectos
inovadores e em ambientes competitivos. A figura 6 apresenta os possíveis ambientes de
projeto para aplicação da abordagem ágil, segundo Highsmith (2004).
45
Figura 6. Ambientes para aplicação do enfoque ágil
Fonte: adaptado de Highsmith (2004) por Conforto e Amaral (2007)
A aplicação do gerenciamento ágil no desenvolvimento de produtos físicos ainda está
em fase de estudos. Benassi e Amaral (2007) e Conforto e Amaral (2007a; 2007b) apresentam
análises teóricas da aplicação do APM para o desenvolvimento de produtos. Benassi e Amaral
(2007) revisaram a literatura sobre gerenciamento de projetos e identificaram apenas um
trabalho de aplicações do APM fora do contexto de software. Mais, os trabalhos identificados
são em sua totalidade teóricos. Portanto, não dados efetivos de campo, verificando a
aplicação desses métodos. Mesmo tendo se passado vários anos desde que Maylor (2001)
apresentou a mesma dificuldade.
46
2.3. Síntese dos desafios encontrados
A seção 2.2 apresentou as críticas realizadas pelos teóricos da área de gerenciamento
de projetos e também pelos autores do enfoque Ágil. A análise dos trabalhos permite mostrar
uma convergência em termos de críticas à teoria de gerenciamento de projetos. Conforme
ilustrado na figura 7, as direções de pesquisa apontadas no estudo de Winter et al. (2006) são
coerentes com as idéias propostas no enfoque Ágil.
Figura 7. Coerência entre as direções do EPSRC e idéias do enfoque Ágil
Fonte: elaborado pela autora, com base em Winter et al. (2006) e Highsmith (2004)
A partir da literatura analisada, podem-se identificar, além da convergência das
críticas, os principais desafios:
a) Falta de modelos e técnicas capazes de adequar-se às mudanças dos
projetos. Existe a necessidade de técnicas etodos para o planejamento
e controle capazes de: aumentar a velocidade da elaboração de planos e
sua atualização; criar técnicas de planejamento com planos mais
47
sintéticos, sem perder a precisão e efetividade; criar sistemas de controle
que sejam mais rápidos na identificação das necessidades de mudança;
b) Falta de modelos e técnicas que apóiem o acompanhamento e
alterações constantes no resultado final. Em virtude das maiores
mudanças, devem-se criar soluções para aprimorar o acompanhamento
dos resultados no produto do projeto. Assim, é preciso criar técnicas de
gerenciamento de requisitos e controles de configuração do produto.
c) Compartilhamento efetivo de recursos. As técnicas tradicionais
priorizam o gerenciamento centralizado de dados de recursos, por meio da
criação de pools de recursos. Em projetos compartilhados ou onde
competências são identificadas no decorrer do projeto, geram-se
problemas. É necessário criar técnicas e métodos que facilitem o
planejamento de recursos compartilhados entre projetos de diferentes
níveis de complexidade.
d) Consumo de tempo em extensa documentação do projeto. A
padronização, sem dúvida, é algo importante. O desafio, então, é realizá-
la de forma adequada, garantindo que ela seja o suficiente para agregar
valor ao projeto. Formas mais simples, rápidas e eficientes de
documentação e criação dos padrões são fundamentais. Outro desafio é
combinar a utilização de padrões com a melhoria contínua, isto é, a
atualização constante desses padrões de forma a garantir a introdução de
melhorias conforme as experiências em projetos anteriores.
e) Implantar técnicas que permitam o emprego dos princípios propostos
pelo gerenciamento ágil de projetos. Conforme demonstrado, embora os
teóricos do gerenciamento ágil de projetos tenham proposto um conjunto
48
bem organizado de princípios, falta de métodos e técnicas que
permitam utilizá-los. Ou, então, a identificação de como adaptar os
métodos e técnicas atuais. Os principais desafios são: foco nas pessoas;
equipes auto gerenciadas e flexíveis; criação de valor para o cliente;
exploração e adaptabilidade do produto; capacidade de adaptação do
processo e das pessoas.
A figura 8 apresenta uma síntese dos desafios identificados na literatura de
gerenciamento de projetos e na de gerenciamento ágil. Identifica também a relação entre eles,
por meio de flechas, que indicam quais os desafios são equivalentes.
Figura 8. Síntese e relação entre os desafios encontrados na literatura
Fonte: elaborada pela autora
49
3. Softwares para gerenciamento de projetos
Esta seção apresenta a definição de Software para Gerenciamento de Projetos (SGP),
as funcionalidades que caracterizam tais soluções (3.1) e uma análise da situação atual dos
principais sistemas disponíveis no mercado (3.2). Ao final, apresenta uma síntese dos
principais desafios, considerando a situação atual dos SGPs segundo a literatura e os desafios
apontados no capítulo 2, segundo a literatura de métodos de gerenciamento de projetos (3.3).
3.1. Definição e funcionalidades dos softwares de gerenciamento de projetos
O gerenciamento de projetos inclui uma mistura complexa de atividades de
planejamento, avaliação e tomada de decisões. As informações geradas no decorrer do projeto
são fundamentais para o sucesso. Elas precisam ser coletadas, atualizadas e apresentadas de
forma correta a todos os envolvidos no projeto. Para auxiliar nesse gerenciamento, tornou-se
importante o uso de softwares específicos, chamados de Softwares de Gerenciamento de
Projetos (SGP). O PMBOK (2004) define os SGPs como:
“aplicativos de software especificamente projetados para auxiliar a equipe
de gerenciamento de projetos no planejamento, monitoramento e controle
do projeto, inclusive: estimativa de custos, elaboração de cronogramas,
comunicação, colaboração, gerenciamento de configuração, controle de
documentos, gerenciamento de registros e análise de risco.”
Um conjunto de funcionalidades típicas pode ser observado para os SGPs, tais como
(ROZENFELD et al., 2005):
Gerenciamento de Atividades: registro, visualização e organização das
atividades do projeto. Envolve várias definições, tais como: de precedência, de
duração, de esforço, Gráfico de Gantt e WBS (Work Breakdown Structure);
50
Gerenciamento de Calendário e Agenda: organização e programação de um ou
mais calendários para o projeto, recursos ou tarefas;
Gerenciamento de Recursos: gerenciamento das pessoas e materiais
necessários para o projeto. Envolve funções de análise de alocação de recursos
e seu nivelamento;
Gerenciamento de Custos: ajuda a preparação do orçamento e
acompanhamento dos gastos do projeto;
Ferramentas de Monitoramento: funções para acompanhamento do projeto,
como armazenamento de linhas de base e comparações entre parâmetros de
planejamento atual com os parâmetros das linhas de base, bem como análise do
valor agregado;
Gerenciamento de múltiplos projetos: funções para análise do portifólio da
empresa e compartilhamento de dados entre os projetos.
Na próxima seção (3.2), é realizada a revisão de softwares, mostrando-se suas
categorias, segundo a forma de distribuição.
3.2. Softwares de GP segundo a literatura
Nesta seção, procura-se mostrar um panorama geral dos SGPs disponíveis atualmente.
Deve-se observar que o objetivo não é fazer um estudo exaustivo de todas as ferramentas, mas
apresentar uma descrição das funcionalidades dos SGPs encontrados no mercado, segundo
informações da literatura.
Os SGPs podem ser classificados em três grandes categorias, segundo a forma de
comercialização:
Código Fechado: são os softwares distribuídos com o código inacessível ao
usuário final. Segundo a Wikipedia (2008), o que caracteriza este tipo de
51
software é que ele não é distribuído com seu código fonte e, para alterá-lo,
seria necessário utilizar a prática da engenharia reversa, o que costuma ser
dificultado seja pelo uso de licenças, seja pela distribuição apenas de arquivos
compilados e ou outros mecanismos de segurança como Hard-Keys. Em sua
maioria, os softwares utilizam licenças de comercialização tradicionais, isto é,
por meio da compra do código por pacote, mero de usuários ou acesso. A
Licença Comercial pode reservar também direitos de uso, tais como suporte,
atualização periódica e acesso à documentação e outros materiais. Outro
modelo de software que se encaixa na categoria de código fechado é o
denominado freeware”, que também não apresenta o código fonte, apesar de
sua utilização não implicar o pagamento de licenças de uso.
Código Aberto: São softwares onde o código-fonte está disponível para ser
lido, estudado ou modificado por qualquer pessoa interessada. Os softwares
desta categoria são chamados de software livre e o código-fonte aberto é a
principal característica desses (REIS, 2003). Um software livre também
concede as seguintes 4 liberdades: a liberdade de executar o programa, para
qualquer propósito (liberdade nº. 0); a liberdade de estudar como o programa
funciona e adaptá-lo para as suas necessidades (liberdade nº. 1); a liberdade de
redistribuir cópias de modo que se possa ajudar ao seu próximo (liberdade nº.
2) e a liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos,
de modo que toda a comunidade se beneficie (liberdade nº. 3). As liceas de
software livre permitem que eles sejam comercializados. Na prática, que é
possível copiar o código de qualquer pessoa que o tenha, o preço que o
usuário paga por um software livre tende a ser baixo o suficiente para motivar
as pessoas a comprarem e não o copiarem. (REIS, 2003).
52
Modelos Científicos: são protótipos de softwares propostos em estudos
acadêmicos, que testam novos conceitos e funcionalidades. Esses modelos
visam avanços científicos, solucionando os problemas apresentados nos
sistemas de código fechado e/ou aberto, apresentados pelas necessidades do
mercado ou para viabilizar prova de conceito de alguma teoria. A principal
característica é que a ferramenta está em estudo, em fase de prototipação ou
validação, não sendo acessível ao mercado.
A seguir, apresentam-se as análises realizadas, a partir de documentos, nos dois
primeiros tipos: softwares comerciais para gerenciamento de projetos e softwares livres.
No caso dos modelos científicos, não foi identificada nenhuma revisão bibliográfica
exaustiva. apenas artigos que realizam revisões limitadas como os de Voropajev e
Schinberg (1992), Nicolo (1993), Li et al. (2001), Ren et al. (2006) e Liu et al. (2005).
Portanto, optou-se por realizar uma revisão específica desses tipos de software, descrita na
subseção 5.2.1, como parte da contribuição deste trabalho.
3.2.1. Softwares de código fechado
Em uma avaliação dos softwares comerciais de Gerenciamento de Projetos de alta
representatividade no mercado, realizada pelo Gartner Group (2007), pôde-se observar alguns
aspectos das funcionalidades disponíveis. Foi desenvolvido um quadrante de classificação dos
softwares (Quadrante Mágico), com dois eixos: habilidades para executar e abrangência da
visão. O eixo “Habilidade para Executar” refere-se ao desenvolvimento e desempenho do
fornecedor de software (vendor) e incluiu os critérios: lucratividade, nível e crescimento dos
rendimentos da empresa; equipe de gerenciamento do vendor; integridade; aprofundamento
(detalhamento) das funcionalidades das ferramentas de aplicação; serviço e suporte; vendas e
marketing. o eixo Abrangência da Visão” inclui critérios relacionados às funcionalidades
dos softwares como Abrangência, o eles: compatibilidade com plataformas; colaboração,
53
funcionalidades específicas; tecnologia e mercado; gerenciamento de recursos; e serviços de
suporte.
No quadrante dos Líderes, não basta o sistema ter funcionalidades abrangentes, mas
também o fornecedor do software (vendor) deve incluir as tecnologias de desenvolvimento
mais modernas e comprometimento com um serviço de excelência. O quadrante dos
Desafiantes, segundo esta análise, contém os softwares que oferecem funcionalidades, que,
apesar de limitadas, podem impulsionar o canal de vendas. Sua presença é internacional e
possuem base instalada. Esses produtos seguem as funcionalidades tradicionais, descritas em
Rozenfeld et al. (2006) e na seção 3.1. Isso foi confirmado analisando-se a documentação
técnica de Microsoft Project (EPM) e a do Primavera , disponíveis na internet (MICROSOFT,
2008; PRIMAVERA, 2008).
54
Figura 9. Quadrante de classificação dos softwares comerciais
Fonte: relatório do Gartner Group (2007)
Para esta pesquisa, interessam os dois últimos quadrantes: visionários e nichos. Os
Visionários são aqueles, segundo a pesquisa, que possuem funcionalidades e ou configurações
alternativas. Para verificá-las, empregou-se uma análise da documentação cnica presente na
internet dos softwares indicados na figura 9. O critério utilizado foi a busca de funções
diferentes das citadas na seção 3.1. A seguir, é apresentada uma breve descrição das
55
funcionalidades diferenciais de cada software verificado, isto é, aquelas que diferem da lista
apresentada por Rozenfeld et al. (2005).
O IBM RPM inclui o controle de colaboração no projeto, além das funcionalidades já
citadas como básicas dos SGPs. Ele fornece aos gerentes e participantes do projeto
informações sobre acontecimentos e alterações durante o decorrer do projeto, utilizando
notificações de estado e condições de disparo de e-mails configurados pelo usuário
especificamente para cada projeto (IBM, 2008).
Nas informações técnicas publicadas sobre o Serena (Serena Mariner), não
explicações suficientes sobre suas funcionalidades (SERENA, 2008). Portanto,não foi
possível avaliar o diferencial. O texto destaca uma funcionalidade de monitor de desempenho
do projeto em tempo real (SERENA, 2008).
O aplicativo da Borland (Borland Tempo), pelas informações técnicas disponíveis no
site, disponibiliza as funcionalidades básicas dos SGPs, incluindo também coleta de
informações que permite modelar documentos padrão do projeto e do planejamento, como
formulários on-line; relatório de acompanhamento de sanidade do projeto, como relatórios
imediatos de progresso, alertas de vencimento de prazo de tarefas e notificações aos membros
da equipe (BORLAND, 2008). Portanto, não foi possível identificar funcionalidades
diferenciais.
o software da EProject (Daptiv PPM) possui foco em funcionalidades de
colaboração. Um exemplo é a troca de mensagens assíncronas integrada às funções
tradicionais de GP, inclusão de documentos no projeto utilizando função drag-and-drop
(arrastar e soltar) nas janelas; e funcionalidade para registro e gerenciamento de Lições
Aprendidas (EPROJECT, 2008).
O Sciforma (PS8) tem como diferencial o apoio à criação de templates para os
projetos. Dispõe de funcionalidades para criar gráficos e relatórios, além dos existentes no
56
software, com o intuito de melhorar o acompanhamento e avaliações do projeto. Ele também
disponibiliza troca de mensagens assíncronas pelo software (SCIFORMA, 2008).
O site da Powersteering não disponibilizou informações técnicas do seu produto, por
isso não foi possível avaliá-lo (POWERSTEERING, 2008). Pelo mesmo motivo, também não
foi possível avaliar o software da ITM (ITM, 2008).
A análise, embora parcial, indica que os softwares ditos “visionários” não apresentam
funcionalidades tão distantes dos softwares tradicionais. A diferença está principalmente na
inclusão de ferramentas de troca de mensagens, nos relatórios de acompanhamento mais
avançados e nas lições aprendidas.
No quadrante do Nicho, estão os softwares que, segundo a análise, atendem
necessidades específicas de determinado grupo de clientes, como funcionalidades específicas
de gerenciamento de portfolios ou adaptações para padrões de regiões geográficas.
Os softwares da Instantis e Augeo Software possuem funcionalidades específicas para
projetos de desenvolvimento de novos produtos, mas não detalham essas funcionalidades em
seus sites. Os demais softwares que compõem o quadrante não apresentaram, pelas
informações técnicas nos sites, funcionalidades diferenciais.
Conforme o objetivo deste trabalho, chamam a atenção nessa categoria as soluções
voltadas para o desenvolvimento de projetos de TI, pois entre os sistemas de nicho há
fabricantes que se propõem a implementar funcionalidades conforme as diretrizes do enfoque
ágil de desenvolvimento de produtos. Analisando-se sua documentação, identificaram-se
como funções diferenciais o cadastro dos projetos, iterações e entregas programadas por
iteração, registro para acompanhamento dos problemas e mudanças necessárias no decorrer
do projeto e controle dos Releases do software desenvolvido integrado com os planos de
iteração. Suas funcionalidades são baseadas nos métodos Scrum, XP (eXtreme Programming),
DSDM (Dynamic Systems Development Method) e Agile Up. Por serem soluções que visam o
57
mesmo propósito dessa pesquisa, julgou-se que seria fundamental uma análise pormenorizada
desses softwares. Portanto, optou-se por realizar uma avaliação específica, a partir do contato
com o próprio sistema, indo além da documentação. Essa análise é apresentada na subseção
5.2.2, pois faz parte de um dos resultados da pesquisa.
3.2.2. Softwares de código aberto
Os softwares de código aberto disponíveis no mercado são muitos. Nos sites
http://freshmeat.net/ e http://sourceforge.net/ é possivel observar dezenas de ferramentas nessa
categoria.
Roriz, Jucá Junior e Amaral (2004) realizaram um estudo dessas ferramentas de
código aberto e encontraram mais de 50 softwares. O método empregou as seguintes etapas:
1) Análise da ferramenta MSProject 2002 e Primavera para a elaboração dos critérios
de análise das funcionalidades;
2) Criação dos critérios de análise das funcionalidades do GP, gerando uma lista com
58 critérios, divididos em nove categorias;
3) Depois de uma primeira seleção dos softwares disponíveis, que descartou as
ferramentas com funcionalidades específicas ou com graves limitações, obteve-se uma lista
com 25 softwares. Utilizando-se consultas a duas listas de discussões de gerentes de projeto,
foram selecionados os seis mais citados (TUTOS, 2008; PHPROJEKT, 2008; PHPCOLLAB,
2008; DOTPROJECT, 2008; PLANNER, 2008; OPEN WORKBENCH, 2008), que foram
analisados segundo os 58 critérios;
O quadro final é apresentado na tabela 1, onde 100% significaria o atendimento a
todas as funcionalidades presentes no software PRIMAVERA e MS PROJECT.
Portanto, a ferramenta que recebeu a melhor pontuação na análise, em relação à sua
aplicação nas empresas de base tecnológica, encontra-se em nível de sofisticação bem inferior
à dos softwares proprietários utilizados como base para os critérios. Desta forma, nas
58
conclusões do trabalho, foi demonstrado um panorama onde as ferramentas de código aberto
apresentam deficiências e não possuem maturidade suficiente para sua utilização direta, sem
implementações de novas funcionalidades (RORIZ, JUCÁ JUNIOR e AMARAL, 2005). O
estudo completo das ferramentas encontra-se anexo a esta dissertação.
TUTOS
PHProjekt
PHPcollab
Dotproject
Planner
Open
Workbench
Banco de dados 100% 100% 100% 90% 25% 5%
Calendário e agenda
23% 13% 3% 13% 37% 37%
Gestão de atividades
38% 36% 30% 42% 46% 64%
Gestão de recursos
36% 32% 10% 14% 22% 32%
Gestão de custos 30% 10% 0% 10% 15% 55%
Gestão de
documentos relatórios
e impressão
33% 40% 27% 27% 27% 33%
Ferramentas de
monitoramento
10% 3% 10% 10% 3% 50%
Gestão de múltiplos
projetos 4% 4% 4% 4% 0% 36%
Ferramentas de
comunicação e
integração
38% 65% 75% 65% 3% 13%
Tabela 1. Avaliação dos softwares de código aberto
Fonte: Roriz, Jucá Junior e Amaral (2005)
3.3. Síntese dos softwares de GP frente à colaboração e agilidade
Os primeiros softwares de gerenciamento de projetos foram concebidos no contexto de
grandes projetos, com localização única. Um exemplo é um dos SGPs comerciais mais
conhecidos, o Microsoft Project, que teve sua primeira versão lançada em 1987. No decorrer
desse período até hoje, esses softwares evoluíram no sentido de apoiar praticamente todas as
áreas do gerenciamento de projetos tradicional, apresentadas na seção 2.1.2. Na seção 3.1,
foram descritas as funcionalidades comumente encontradas nesses softwares.
59
Observou-se, porém, na seção 2.1., que os projetos de desenvolvimento de produtos
com altos níveis de inovação são dinâmicos e incertos, com escopo impreciso e acontecem em
colaboração com universidades, institutos de pesquisa ou outras empresas fornecedoras e
clientes - organizações com características significativamente distintas. Essa realidade é
bastante diferente do contexto no qual os primeiros SGPs foram concebidos, conforme
constatado por vários autores da revisão bibliográfica. Como resultado, há uma série de
problemas específicos e desafios, apresentados no quadro 4.
Desafios Fonte
Falta de informação sobre o que as outras
equipes do projeto estão fazendo (progresso
das tarefas);
Hameri e Puittinen (2003)
Falha no controle de mudança do projeto Hameri e Puittinen (2003)
Visões diferentes sobre os objetivos do
projeto
Hameri e Puittinen (2003); Barnes, Pashby
e Gibbons (2006)
Rigidez no planejamento do projeto e das
rotinas
Hameri e Puittinen (2003)
Reações “pobres” em relação às mudanças
repentinas no ambiente do projeto
Hameri e Puittinen (2003)
Dificuldades tecnológicas inesperadas Hameri e Puittinen (2003)
Falha no controle de mudança do projeto Hameri e Puittinen (2003)
Falta de Responsabilidades claramente
definidas
Barnes, Pashby e Gibbons (2006)
Criação de um plano de projeto aceito entre as
partes
Barnes, Pashby e Gibbons (2006)
Falta de marcos de projeto definidos Barnes, Pashby e Gibbons (2006)
Falta de recursos adequados Barnes, Pashby e Gibbons (2006)
Falha no monitoramento regular do progresso Barnes, Pashby e Gibbons (2006)
Falta de comunicação efetiva Barnes, Pashby e Gibbons (2006)
Falta de compromisso na entrega por parte
dos colaboradores
Barnes, Pashby e Gibbons (2006)
Quadro 4. Novos desafios para o gerenciamento de projetos colaborativos
Na seção 2.2, demonstrou-se que novas tendências na teoria de Gerenciamento de
Projetos, como o enfoque ágil e os trabalhos de autores como o grupo do ESPRC. Elas
“caminham” no sentido de criticar o “foco” da teoria atual. Sugerem que os métodos e
ferramentas existentes, que denominam usualmente de Gerenciamento de Projetos Clássico,
60
não responderiam às necessidades das organizações que convivem nesse novo cenário. Seria
preciso desenvolver métodos e técnicas que fossem capazes de atender aos seguintes desafios:
Adequar-se às mudanças dos projetos;
Apoiar o acompanhamento e alterações no resultado final;
Compartilhar recursos entre projetos;
Consumir pouco tempo com documentação;
Empregar os princípios do gerenciamento ágil.
A revisão bibliográfica demonstrou a inexistência de estudos empíricos com
avaliações de problemas no uso de SGPs existentes, em casos de projetos reais e segundo a
perspectiva dos usuários. trabalhos correlatos, que descrevem a aplicação de uma solução
específica ou que, entre outras questões, abordam também o aspecto SGP. Apesar da
quantidade pequena, eles indicam que ineficiências e problemas que precisam ser
solucionados.
Dentre os estudos que apontam problemas nos SGPs, está o de White e Fortune
(2002). Os autores apresentam um survey sobre experiências reais de gerenciamento de
projetos. O questionário foi desenvolvido para identificar os métodos, ferramentas e técnicas
em uso atualmente, e estabelecer uma lista de fatores críticos de sucesso em gerenciamento de
projetos. Foram escolhidos 995 gerentes de projetos, que representavam 620 organizações
diferentes, tanto do setor público como do privado. Do total de questionários enviados (995),
236 retornaram e foram avaliados no desenvolvimento da pesquisa. Nesse estudo, os
softwares de gerenciamento de projetos aparecem como uma das principais limitações
entre os métodos/ferramentas/técnicas do gerenciamento de projetos. A explicação
apresentada é que esses softwares seriam inadequados às necessidades das empresas,
principalmente para projetos complexos. As autoras chamam de complexo um projeto onde
várias organizações participam de seu desenvolvimento, caso dos projetos colaborativos.
61
Coterrel (1998)
4
apud White e Fortune (2002) diz que poucos softwares de gerenciamento de
projetos possuem funcionalidades que apóiem o compartilhamento de recursos e informações
segundo as necessidades desses tipos de projeto.
Bergman e Baker (2000) afirmam que as soluções para o compartilhamento dos dados
de projetos utilizadas nas empresas, na época do estudo, eram ferramentas ou família de
ferramentas simples de escritório, como o MS-Office. Segundo os autores, elas são
insuficientes para engenheiros, porque eles usam muitas ferramentas diferentes e diversas
plataformas computacionais. Liu (2003) propõe uma arquitetura para integrar os diferentes
sistemas utilizados pelas empresas para ajudar no gerenciamento de seus projetos,
convertendo informações de um sistema para o outro.
Ren et al. (2006), baseados na experiência de proposição de uma solução específica
para gerenciamento de projetos colaborativos, afirmam que uma nova geração de ferramentas
de planejamento de projetos colaborativos precisa ser construída. Seu estudo é direcionado
para as parcerias de pequenas e médias empresas, e o modelo apresentado foca na preparação
e planejamento dos projetos colaborativos. Segundo Woerner e Woern (2005), a maioria das
plataformas de colaboração possui uma arquitetura centralizada e focada nas fases de
desenvolvimento de novos produtos e novos processos de produção. Esse é um aspecto
inadequado quando se trata de colaboração em pequenas e médias empresas, onde o controle
sobre os dados é um critério fundamental.
Outro dado relevante apresentado na pesquisa de White e Fortune (2002) é a
dificuldade de um modelo que demonstre o mundo real” dos projetos e a documentação
extensa do projeto, que consome muito tempo na sua execução e torna-o mais burocrático.
Portanto, os problemas enfrentados no gerenciamento de projetos colaborativos pelas
empresas são:
4
COTTERREL, S. Annual Software Review 1998. Project Manager Today 1998; August: 22-3.
62
falta de recursos que apóiem o acompanhamento e alterações constantes
no resultado final, isto é, no produto do projeto;
falta de compartilhamento efetivo de recursos, já que os softwares
tradicionais centralizam as informações em um lugar e não permitem
que cada empresa tenha seus dados em formatos distintos;
falta de um modelo capaz de adequar-se às mudanças dos projetos;
consumo de tempo em extensa documentação do projeto.
Portanto, os trabalhos citados, que avaliam casos reais de SGPs, reforçam ainda mais a
necessidade de avanço nas soluções. Nota-se também que os problemas são especialmente
maiores no caso de projetos de alta complexidade e alto grau de inovação. Esses problemas
seguem na mesma linha das críticas do gerenciamento de projetos tradicional.
Ao analisarmos as mudanças em desenvolvimento atualmente nos softwares de
gerenciamento de projetos, é possível identificar preocupações semelhantes. O levantamento
realizado na seção 3.2.1 demonstra que os sistemas mais inovadores estão incorporando:
funcionalidades de colaboração integradas com as funcionalidades de
gerenciamento de projetos;
funcionalidades para acompanhamento contínuo das mudanças no
produto;
funcionalidades para apoio na elaboração de relatório de controles e
acompanhamentos mais sofisticados.
A análise dos SGPs existentes identificou também o surgimento de sistemas que se
propõem especificamente o Gerenciamento de Projetos segundo o modelo do Gerenciamento
Ágil. As novas ferramentas englobam, de forma geral, o cadastro dos projetos, suas iterações
e as entregas programadas para cada iteração, com acompanhamento dos problemas e
mudanças necessárias ao decorrer do projeto e controle dos Releases do software
63
desenvolvido. Suas funcionalidades são baseadas nos métodos Scrum, XP (eXtreme
Programming), DSDM (Dynamic Systems Development Method) e Agile Up.
Os resultados obtidos demonstram uma coerência entre os problemas identificados no
gerenciamento colaborativo de projetos, as tendências de melhoria das técnicas e métodos de
GP e as inovações em funcionalidades dos SGPs. A figura 10 demonstra a relação.
Figura 10. Desafios para os SGPs Colaborativos
Fonte: elaborada pela autora
Portanto, os desafios para a evolução de SGPs envolvem os seguintes aspectos:
Desenvolver ambientes customizados para cada projeto com funcionalidades
que privilegiem a visão do produto final, isto é, a agregação de valor;
Criar sistemas que explorem planos baseados em entregas e iterações, e que
sejam mais “visuais”;
64
Criar funcionalidades que facilitem as alterações constantes no produto e
gerem informações “realistas” e em tempo real sobre o andamento do projeto;
Apoiar a colaboração, com ferramentas e funcionalidades que facilitem a troca
rápida de informações, garantindo também a privacidade das partes
interessadas
Utilizar plataformas heterogêneas (promovendo a descentralização da
informação e permitindo inclusive que diferentes equipes possam utilizar
sistemas distintos conforme sua conveniência).
Além dessas conclusões, a revisão demonstra que análises mais profundas precisariam
ser feitas, ao menos em três aspectos:
poucos estudos empíricos sobre os problemas na utilização de SGPs
sob a ótica da empresa. Assim, foram incluídos estudos de casos nesta
pesquisa, apresentados na seção 5.1;
o estudos avaliando o “estado da arte” dos SGPs propostos na
literatura científica. Assim, realizou-se uma análise específica,
apresentada na seção 5.2;
propostas de softwares comerciais voltados para as necessidades do
gerenciamento ágil de projetos. Assim, incluiu-se uma análise dos
softwares comerciais, apresentada na seção 5.2.
65
4. Método
Este capítulo apresenta os objetivos da pesquisa e o método empregado para
desenvolvê-la. Inicia-se com a apresentação da motivação e justificativa do trabalho, seção
4.1. Em seguida, apresentam-se os objetivos, delimitados por meio de questões de pesquisa,
na seção 4.2. A classificação do método é descrita na seção 4.3. Por fim, as etapas realizadas
são descritas na seção 4.4.
4.1. Motivação e Justificativa
Conforme demonstrado nos capítulos iniciais, em especial nas seções 2.1 e 2.2, a
colaboração vem se tornando uma das estratégias mais importantes para o desenvolvimento
de novos produtos e tecnologias. Desenvolver softwares que a apóiem é essencial para a
competitividade das empresas.
Demonstrou-se também (seção 3.3) que os softwares atuais de Gerenciamento de
Projetos precisam avançar em várias frentes para se adequar aos novos desafios de projetos
colaborativos e complexos.
Os princípios e conceitos do enfoque de Gerenciamento Ágil de Projetos podem ser
uma solução, conforme demonstrado na revisão bibliográfica, capítulos 2 e 3. A utilização de
suas diretrizes pode ser um caminho para a criação de uma nova classe de softwares de
gerenciamento de projetos. Resta saber como estes conceitos podem ser aproveitados, e que
mudanças poderiam ser realizadas nos softwares de GP.
4.2. Objetivo
O tema geral de pesquisa é a identificação das necessidades de evolução dos softwares
de gerenciamento de projetos (SGP) frente às necessidades de desenvolvimento colaborativo e
aos princípios do gerenciamento ágil de projetos. O objetivo central, portanto, é identificar
66
quais os requisitos necessários para o desenvolvimento de softwares que sejam capazes de
apoiar o Gerenciamento Ágil de Projetos (APM), no caso de projetos que envolvam
colaboração e produtos complexos.
Este objetivo pode ser desdobrado em objetivos secundários:
a) compilar os desafios enfrentados pelos métodos e técnicas de gerenciamento de
projetos de desenvolvimento de produtos, segundo a literatura de projetos
colaborativos, gerenciamento ágil de projetos e a literatura de gerenciamento de
projetos no geral;
b) identificar os problemas enfrentados em casos reais de utilização de softwares
como apoio ao gerenciamento de projetos colaborativos para o desenvolvimento
de produtos;
c) identificar as tendências tecnológicas em funcionalidades de software de
gerenciamento de projetos;
d) sintetizar os resultados encontrados na forma de requisitos necessários para a
construção de um software para gerenciamento ágil de projetos colaborativos.
Este trabalho procura responder às seguintes perguntas de pesquisa:
Q1) Segundo a literatura, quais os desafios em termos de métodos e técnicas de
gerenciamento de projetos colaborativos?
Q1.1) Quais os desafios no gerenciamento de projetos colaborativos?
Q1.2) Quais os desafios frente às teorias de gerenciamento de projetos?
Q1.3) Quais os desafios e propostas identificados no enfoque ágil de GP?
Q2) Quais as tendências em desenvolvimento de softwares de GP?
Q2.1. Quais tendências segundo casos reais de utilização?
Q2.2. Quais as tendências segundo os softwares propostos na literatura?
67
Q3) Quais os requisitos necessários para o desenvolvimento de um software para
gerenciamento ágil de projetos colaborativos?
A figura 11 demonstra a relação entre os elementos e as questões que compõem esta
pesquisa.
Figura 11. Problema de Pesquisa
Fonte: elaborada pela autora
4.3. Classificação do Método de Pesquisa
O estudo proposto combina diferentes abordagens de pesquisa, de forma a responder
satisfatoriamente todas as questões.
Revisão Bibliográfica Inicial
Na avaliação inicial dos problemas e desafios em projetos colaborativos e no próprio
gerenciamento de projetos, além das propostas e diferenças do enfoque ágil, empregou-se
principalmente o método de revisão bibliográfica. Essas informações foram coletadas em
68
livros, teses e revistas científicas internacionais que fazem referência aos temas de
gerenciamento de projeto e projetos colaborativos de desenvolvimento de produtos. A
investigação sobre a aplicabilidade do enfoque do gerenciamento ágil para a construção de
softwares de gerenciamento de projetos de produtos manufaturados também se enquadra neste
método.
A identificação dos requisitos do software de GP foi realizada por meio de uma
combinação de revisão bibliográfica, análise das ferramentas de GP ágil disponível na internet
e estudos de casos múltiplos.
Estudo de Casos Múltiplos de Aplicação de SIGPs
O estudo de caso é uma investigação empírica de um fenômeno atual dentro do seu
contexto de realidade, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são bem
definidas (YIN, 2001), caracterizando-se pela "... capacidade de lidar com uma completa
variedade de evidências - documentos, artefatos, entrevistas e observações." (YIN, 1989, p.
19). A vantagem da abordagem múltipla do estudo de caso é a composição de um estudo
robusto. Assim, optou-se por essa forma devido ao detalhamento das informações e solidez
dos resultados.
A unidade de análise adotada é o sistema de informação utilizado para gerenciar os
projetos de cada empresas e não somente os SGPs. Laudon e Laudon (2002) definem os
sistemas de informações como um conjunto de componentes inter-relacionados utilizado para
coletar, processar, armazenar e distribuir informações a fim de facilitar o processo decisório
em empresas e organizações. Este trabalho aborda exclusivamente os sistemas de informação
baseados em computadores, mais especificamente, aqueles voltados ao apoio do
gerenciamento de projetos. A distinção entre ferramenta (softwares) e sistema de informação
também é utilizada pelo PMBOK(2004). O manual emprega o mesmo conceito de Laudon e
Laudon (2004) e recomenda o uso da sigla SIGP. Segundo PMBOK(2004), consiste de
69
ferramentas e técnicas usadas para reunir, integrar e disseminar as saídas dos processos de
gerenciamento de projetos. Ele é usado para dar suporte a todos os aspectos do projeto, da
iniciação ao encerramento, e pode incluir sistemas manuais e automatizados” (PMBOK, 2004,
p.377). Assim, este trabalho avaliou o uso dos SGPs e sua inter-relação no apoio aos projetos
das empresas.
Os instrumentos utilizados foram roteiros de entrevistas, com perguntas semi-abertas,
observações e análise de documentos. O roteiro encontra-se no Apêndice A. Os entrevistados,
em todas as empresas, estavam diretamente relacionados com o gerenciamento dos projetos e
possuíam conhecimento de todo o PDP.
Figura 12. Representação dos tipos de empresas estudadas
Fonte: elaborada pela autora
As visitas nas empresas foram realizadas pela própria pesquisadora e equipe de
pesquisa do Grupo de Engenharia Integrada e de Integração, do Departamento de Engenharia
de Produção, da Escola de Engenharia de São Carlos, USP. Além do roteiro de entrevista, em
70
todas as empresas foi possível conhecer os vários setores que compõem o PDP e assim fazer a
modelagem do PDP, apresentando a utilização dos softwares ao longo do processo,
caracterizando o SIGP. Para essa modelagem, foi utilizado o padrão BPMN (Business Process
Modeling Notation), que vem se consolidando como um dos mais importantes padrões de
notação gráfica aberta para modelar processos de negócios. O apêndice B apresenta a notação
utilizada para a modelagem.
Os estudos de casos foram realizados em quatro empresas de bens de capital, de
tamanhos variados - pequena, média e grande, de acordo com a classificação do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) - que trabalham com os modelos
de produção ETO (Engineer-To-Order), MTS (Make-To-Stock) e ATO (Assembly-To-Order),
além de desenvolverem tipos de produtos diferentes (desde metalurgia até alta tecnologia
ótica) e realizarem colaboração com outras organizações no seu PDP.
A indústria de bens de capital foi escolhida por desenvolver projetos complexos e
colaborativos. As demais características, como tamanho da empresa, tipo de produtos e
sistema de produção, foram combinadas com a finalidade de obter problemas diferentes de
gerenciamento de projetos e assim elaborar uma lista de requisitos mais robusta, obtendo
confiabilidade na aplicação do software em diferentes organizações. A figura 12 mostra o
quadrante que representa os tipos de empresas estudadas, de acordo com suas características.
Revisão Bibliográfica para Levantamento de Requisitos de SGPs Científicos
Na investigação para a identificação dos requisitos de softwares científicos,
empregaram-se métodos de revisão bibliográfica, compreendendo os anos de 2001 a 2007. Os
periódicos que serviram como fontes principais são: International Journal of Project
Management e Computers & Industry. A partir deles foram procuradas publicações
envolvendo palavras-chave: Collaborative engineering, collaborative design, project
management, product development. As referências bibliográficas sobre softwares dos artigos
71
encontrados na base principal foram analisadas e incluídas na revisão, envolvendo assim
outros periódicos como International Journal of Computer Integrated Manufacturing e
Concurrent Engineering: Research And Applications. A seção 5.2.1 apresenta a análise dessa
revisão bibliográfica.
Análise de SGPs voltado para o APM
Uma vez que a literatura acadêmica não contempla propostas de softwares para apoiar
os métodos ágeis de gerenciamento de projetos (seção 3.4), foi necessária uma análise dos
softwares disponíveis no mercado para GP ágil, para conhecimento de suas funcionalidades e
seus pontos diferenciais dos SGPs baseados na abordagem clássica. As ferramentas foram
identificadas por meio de buscas na internet e publicações em fóruns especializados em APM.
As buscas foram realizadas em sites de instituições sobre gerenciamento de projetos e em
sites sobre desenvolvimento de software, uma vez que as referências encontradas sobre GP
ágil estão relacionadas à área de software. O critério utilizado foi a busca de funções
diferentes das citadas na seção 3.1. Na seção 5.2.2, é apresentada essa análise, onde é feita
breve descrição das funcionalidades diferenciais.
Análise e Conclusões
Os dados analisados dos estudos de casos, dos softwares disponíveis para GP ágil e
das conclusões da revisão bibliográfica sobre os softwares da literatura foram compilados de
forma a verificar os pontos necessários para o modelo e gerar assim a lista de requisitos. Cada
ponto considerado necessário para o modelo de software está listado na seção 5.3,
devidamente acompanhado do estudo que o justifica.
A pesquisa em questão é classificada dentro da abordagem qualitativa, que é
caracterizada pela utilização do ambiente natural como fonte direta de dados e do pesquisador
como instrumento fundamental (GODOY, 1995). Na pesquisa qualitativa, o pesquisador
72
procura entender os fenômenos segundo a perspectiva dos participantes dela e, depois, sua
interpretação.
4.4. Etapas da pesquisa
As etapas realizadas na pesquisa estão descritas nesta seção e representadas na figura
13.
1. Revisão Teórica: composta de duas subetapas, a primeira referindo-se ao
levantamento da bibliografia existente sobre Gerenciamento de Projetos
Colaborativos (GPC), apresentada na seção 2.1, Gerenciamento Ágil de
Projetos (seções 2.2.2 e 2.2.3) e softwares para GP (capítulo 3). Na segunda
subetapa, tem-se a análise da literatura sobre os desafios no gerenciamento de
projetos (seção 2.2.5), desafios no gerenciamento de projetos colaborativos
(seção 2.1.3), aplicabilidade do gerenciamento ágil (seção 2.2.4) e desafios dos
softwares frente à colaboração e agilidade (seção 3.3);
2. Trabalho de Campo e Pesquisa: após a realização da revisão teórica, foram
realizados quatro estudos de caso em empresas de bens de capital, avaliando-se
os softwares utilizados para gerenciamento de projetos e suas inter-relações
(seção 5.1). Nesta etapa, também foram realizadas análises de softwares
comerciais de gerenciamento de projetos voltados para o enfoque Ágil (seção
5.2.2), além da avaliação dos softwares pesquisados na literatura (seção 5.2.1).
3. Síntese da Revisão Teórica e Pesquisa: a partir da compilação dos dados dos
estudos de casos, análise dos softwares para GP Ágil e das propostas da
literatura, dos desafios dos softwares para GPC e implicações do Ágil para um
sistema de informação, foram levantados os requisitos para o modelo de
software de gerenciamento de projetos colaborativos com base no enfoque Ágil
73
(seção 5.3). Já com os requisitos, foi possível propor o modelo em si e também
observar possibilidades de projetos futuros, dando continuidade à pesquisa.
Figura 13. Etapas da Pesquisa
Fonte: elaborada pela autora
74
5. Resultados
Este capítulo apresenta os resultados da pesquisa. Inicia com os quatro estudos de caso
(seção 5.1) que compõem a pesquisa de campo. Em seguida (seção 5.2), a análise dos
softwares de GP encontrados na literatura e voltados para o enfoque ágil. Os requisitos
obtidos dessas análises são sintetizados na seção 5.3.
5.1. Estudos de Caso
5.1.1. Empresa A
Trata-se de uma empresa de grande porte, com capital aberto e nacional. Atua no ramo
de bens de capital e sua principal característica é a engenharia sob encomenda (ETO,
Engineer-To-Order), que é atualmente suportada por sistemas computacionais integrados.
Tem atuado nos mercados nacional e internacional durante as últimas décadas (PEREIRA,
2005). Conta com aproximadamente 1100 colaboradores diretos, atuando nas áreas de
metalurgia, energia, óleo e gás e laminação/trefilação.
A empresa possui um sistema de gestão que inclui certificações como a ISO
9001/2000, que valida os níveis de qualidade apresentados pelos produtos e serviços da
empresa; a ISO 14001, que diz respeito à gestão ambiental da empresa; e a OHSAS 18001,
que diz respeito à saúde e segurança no trabalho.
A empresa tem duas plantas. A primeira possui setores de engenharia, usinagem,
montagem, trefilação e laminação. A segunda engloba os setores de corte, caldeiraria, solda,
usinagem, tratamento térmico e de superfície, engenharia e um centro de pesquisas.
A sua estrutura organizacional é funcional, sendo organizada por grandes áreas,
classificadas em duas categorias: uma relacionada ao produto e a outra de apoio. As áreas
relacionadas ao desenvolvimento do produto são: Vendas; Gerenciamento; Engenharia;
75
Suprimentos; Manufatura; Entrega e Pós-Entrega. Dentro das áreas de desenvolvimento de
produto, são utilizados também os grupos virtuais, em que os engenheiros e técnicos são
divididos por especialidades, para gerenciar a capacidade dos recursos. as áreas de apoio
são: Financeiro, Administrativo, Recursos e Liderança.
Sistema de informação utilizado no gerenciamento de projetos
O gerenciamento de projetos da empresa é feito de uma maneira própria, por meio da
integração de determinados softwares ao longo do Processo de Desenvolvimento do Produto
(PDP) da empresa.
Seguem abaixo os principais softwares utilizados em cada etapa do macro fluxo da
empresa:
Software PDM (Product Data Management), que atua nos processos de Venda
e Gerenciamento. O PDM é o sistema de frente para as engenharias de produto
(PEREIRA, 2005);
Software ERP (Enterprise Resources Planning), utilizado a partir da venda do
produto. Utiliza os dados de estrutura do produto provenientes do PDM;
Software de gerenciamento de projetos, utilizado nos processos de Engenharia
para gerenciamento das atividades próprias. O software não é utilizado para
gerenciamento do projeto como um todo, mas apenas nas atividades
específicas da área funcional denominada engenharia. Também é utilizado um
segundo software de gerenciamento de projetos como ferramenta de
apresentação de resultados e acompanhamento de tarefas por clientes;
Planilha eletrônica, utilizada para gerar relatórios desde a venda do produto
até o gerenciamento de projetos finalizados.
76
Figura 14. Modelo representativo do macro fluxo de informações de projeto da Empresa A
77
As etapas e quais softwares dão apoio ao processo estão representados na figura 14. O
primeiro passo é o da definição do portifólio. As novas oportunidades são tratadas no nível da
diretoria. Utilizando dados de planilhas de capacidade e uso de recursos, enviadas pelos
grupos virtuais da engenharia, a área de vendas juntamente com a área de gerenciamento
realizam a escolha das oportunidades a serem atendidas, parte delas por meio de licitações.
Esta primeira parte não é apoiada por softwares com funcionalidades de gerenciamento de
projetos.
O gerenciamento de projeto de um novo produto se inicia propriamente após a
aprovação da proposta. A partir dessa fase, a empresa se utiliza principalmente dos softwares
de ERP e PDM. Os demais softwares citados apresentam funções de gerenciamento mais
específicas dentro do PDP. Existe uma integração entre o ERP e PDM, feita através de
customizações nos dois softwares. Essa integração inclui a estrutura de produto e custos de
fabricação. Assim, no sistema PDM são armazenadas as informações sobre o projeto e a
estrutura de produto. Quando a fabricação de parte do produto é liberada, os dados são
transferidos ao sistema ERP, que passa a controlar a produção e horas gastas. Não existe
integração com os demais softwares utilizados pela empresa.
Existe uma metodologia de integração com fornecedores e parceiros externos à
empresa, com padrões e contratos de confidencialidade. A troca de informações é registrada
formalmente (segundo regras do contrato) e ocorre, basicamente, por e-mail, reuniões,
videoconferências e telefone. No caso de contato com clientes, o acompanhamento das
atividades é feito com gráficos de GANTT e PERT, gerados com apoio do software de
gerenciamento de projetos, que são utilizados somente nas atividades do processo de
engenharia.
78
A escolha de fornecedores baseia-se no nível de qualidade apresentado por eles.
Nenhuma peça ou material é adquirido sem que o fornecedor já esteja previamente cadastrado
e avaliado de acordo com padrões e normas da empresa. Além disso, antes de se efetuar a
compra, é analisado o nível de criticidade da peça ou material, ou seja, analisam-se a
importância e a necessidade do material ou da peça no produto finalizado.
De acordo com o PDP, existem diferentes tipos de usuários para cada software
utilizado dentro da empresa, com permissões predeterminadas, baseadas nas normas da
empresa.
Desafios a serem enfrentados
Como se trata de uma empresa de grande porte, os desafios a serem enfrentados
também são muitos. Para um melhor entendimento, eles foram agrupados em tópicos,
descritos a seguir:
Planejamento e Funções para gerenciamento da capacidade. O desenvolvimento do
produto depende de técnicos e engenheiros com experiência. O gerenciamento da
capacidade dos técnicos, visando a melhor utilização nos projetos, é fundamental. A
solução adotada é dividir o plano por especialidades, denominadas grupos virtuais.
Todos os engenheiros e técnicos são divididos por tais grupos, e o responsável pelo
grupo gerencia aquele grupo de recursos. Em um novo projeto, o responsável de cada
grupo informa a capacidade do grupo. A partir destas informações, é que o plano
macro do projeto será elaborado. Como realizar isso de forma mais rápida e eficiente
com o apoio dos softwares é um dos desafios da empresa. A principal ferramenta aqui
são planilhas eletrônicas.
Aquisição de materiais. O controle desta área no projeto é um fator crítico. A empresa
possui um sistema sofisticado para isso no ERP, baseado em grupos de compra (NQ1,
79
NQ2, NQ3, NQ4, NQMS) atrelados aos níveis de certificação dos fornecedores (CI,
CII, CIII). Portanto, toda peça é cadastrada em um grupo e, conforme o grupo, um
procedimento específico e controlado para a aquisição. Incluir funcionalidades como
esta, integradas ao gerenciamento de projetos, seria um aspecto a ser estudado.
Significa que o acompanhamento da aquisição alimentaria indicadores de
desempenho do projeto. Segundo os entrevistados, análises mais sofisticadas de
suprimentos poderiam melhorar o projeto e diminuir significativamente os custos
nesta indústria.
Responsabilidade pelo projeto e análise de risco. O risco é uma das características
diferenciais dos produtos da empresa. Como são produtos que podem trazer prejuízos
graves de diferentes naturezas, como humanas, materiais e ambientais, a formalização
de cálculos e especificações e, conseqüentemente, as responsabilidades por eles
devem ser claramente definidas, registradas e controladas. Isso é feito por meio de
contrato. A principal ferramenta a dar apoio neste caso é o sistema PDM, que registra
e controla os documentos gerados durante as etapas de desenvolvimento. Este pode
ser um campo a ser explorado pelas ferramentas de apoio ao gerenciamento
colaborativo de projeto. As atividades de projeto subcontratadas exigem, no mínimo,
uma planilha de impacto. Outras medidas são exigência de memoriais de cálculo,
construção e outras documentações que comprovem o atendimento aos padrões
internacionais de projeto (como no caso da solda). A empresa não possui um painel
resumo dos riscos de um projeto. As análises de risco realizadas pelas áreas ficam
restritas a cada setor. Um desafio seria criar um software com a funcionalidade de um
painel integrado demonstrando, para a gerência, os riscos gerais do projeto.
Colaboração com assessoria jurídica e sigilo nas contratações externas. Outro ponto
interessante foi a detecção de potenciais parceiros na colaboração. Existem casos em
80
que é necessário utilizar pareceres de assessoria jurídica para validar requisitos de
projeto. Muito comum, por exemplo, em aspectos ambientais. Deve-se, portanto,
considerar este tipo de parceria. nas contratações de parceiros externos, são
utilizadas ferramentas tradicionais como e-mail, telefone e troca de arquivos para a
realização de projetos com fornecedores e parceiros, e no momento não problemas
relativos à confidencialidade nestes casos. As transações são garantidas por meio de
contratos separados de sigilo (no disclosed agreement).
No caso dos indicadores de desempenho aplicados ao projeto, a empresa enfrenta
certas dificuldades. Os indicadores de resultado principais, como lucro ,são difíceis de
serem inseridos no contexto do projeto. O prazo de desenvolvimento dos projetos é
muito longo. Portanto, os indicadores passam de um ano e não são muitos para efeito
de controle dos projetos.
Troca de informações formalizada e rastreável. Em conseqüência do item anterior, a
troca de informações com os parceiros precisa ser rastreada e controlada. Portanto,
um desafio para sistemas colaborativos seria apoiar o controle das alterações nos
documentos de maneira integrada com o controle do status do projeto.
Interfaces bem definidas. Um fator que auxilia a colaboração é a interface de projeto
bem definida. A maioria dos itens (sistemas, subsistemas e componentes), desenhados
e contratados pela empresa, são peças com tecnologias conhecidas pela empresa e,
parte delas, normalizadas. Por isso, a comunicação com os fornecedores, parceiros e
entre engenheiros é facilitada, e a empresa não tem experimentado, segundo os
entrevistados, problemas de colaboração na área de projeto. O caso demonstra,
porém, que a identificação das interfaces e a definição do que será entregue é
fundamental.
81
Identificação de requisitos críticos. Os respondentes reforçaram os fatores tradicionais
críticos para a colaboração: apoio da alta gerência, comprometimento e cultura em
sistemas de gestão integrados. Apenas um difere da literatura. Trata-se da
identificação de requisitos críticos de projeto. Isso poderia ser explorado em um
sistema de informação. Gerenciar os requisitos de projeto de forma a diferenciar
requisitos críticos, garantindo a priorização durante a execução do projeto.
O gerenciamento de multiprojetos ainda é um desafio devido à complexidade dos
produtos e tamanhos dos projetos (equipes e pessoas). Possuir sistemas de
informações mais eficientes na área poderiam melhorar muito a eficiência e qualidade
das informações, bem como as decisões. Portanto, pesquisar sistemas que possam
auxiliar a suprir estes desafios é um aspecto importante para a indústria.
No que diz respeito à integração de sistemas, o desafio da empresa é integrar a
Engenharia do Produto aos métodos e processos através de uma ferramenta CAD 3D.
5.1.2. Empresa B
A empresa possui capital aberto e aproximadamente 300 colaboradores diretos,
divididos entre sua sede, escritórios em duas capitais brasileiras e uma em Miami, nos Estados
Unidos. Também há representantes na Europa, Ásia e Oceania. Duas unidades nacionais
realizam operações industriais, e as restantes, apenas operações de venda e assistência técnica.
Suas linhas de produtos atendem ao setor médico-odontológico e setor ótico, aplicados às
áreas médica, militar e espacial.
Por possuir uma gama vasta de produtos de alta tecnologia, a empresa pode ser
enquadrada em três estratégias de produção distintas: ATO (Assembly-To-Order), para uma
linha de produtos de catálogo, englobando aparelhos oftalmológicos e odontológicos; ETO
(Engineer-To-Order), para projetos do ramo espacial, cuja duração dos projetos geralmente é
82
excessivamente longa; MTO (Make-To-Order) que representa os produtos provenientes de
parcerias governamentais.
A estrutura organizacional da empresa pode ser observada na figura 15. O estudo de
caso foi realizado junto ao desenvolvimento de projetos de alta inovação, que está relacionado
com a área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Um fato relevante é que dentro da área de
P&D existe um grupo que iniciou suas atividades realizando somente a documentação dos
projetos e que, atualmente, realiza o trabalho do escritório de projetos (PMO – Project
Management Office).
Figura 15. Organograma da Empresa B
Sistema de informação utilizado no gerenciamento de projetos
Na área de P&D, a empresa possui indicadores referentes à produção, aquisição,
cronograma de projetos e qualidade. Dentro de cada uma dessas grandes áreas de indicadores,
existem indicadores específicos de tempo, custos, lead-time de produção de peças, de entrega
de produtos finalizados, o caminho crítico do cronograma dos projetos, controle de atividades
e mudanças e metas:
83
Quanto ao seu SIGP, a empresa utiliza uma plataforma heterogênea. Os softwares
utilizados são:
Software ERP: armazena dados de custo, aquisição e planos de produção.
Editor de texto: empregam-se editores de texto comuns para produzir e
armazenar os dados de estrutura do produto e informações sobre versões e
liberações para a fábrica. O mesmo recurso é utilizado para gerar e armazenar
relatórios em geral. Os arquivos o armazenados em áreas de rede interna da
empresa.
Software de gerenciamento de projetos: utilizado para acompanhar o
cronograma dos projetos. Faz-se apenas um cronograma macro, isto é, com as
fases e grandes atividades. Não se utiliza o controle de recursos do software.
Planilha eletrônica: as informações geradas pelo software de gerenciamento de
texto são armazenadas em planilhas eletrônicas e geram uma base de dados,
utilizada para histórico, acompanhamento de cada projeto e geração de
relatórios de indicadores. O armazenamento das planilhas é feito em áreas de
rede interna da empresa.
84
Figura 16. Modelo representativo do macrofluxo de informações de projetos da empresa B
85
Desafios a serem enfrentados
A partir da análise das tecnologias de informação utilizadas no PDP da empresa B,
pode-se dizer que os principais desafios estão relacionados à ausência de integração dos
softwares utilizados. A seguir, temos cada um dos desafios encontrados:
Dificuldades na geração de indicadores automaticamente. Os indicadores são
calculados utilizando-se planilhas automatizadas. Os dados para o cálculo são
alimentados manualmente a partir dos demais sistemas empregados na empresa. Isso
gera esforço elevado e risco de erros nos indicadores;
Ausência de integração dos sistemas que armazenam os dados do produto. As
informações de configuração estão espalhadas em diversos documentos. Isso gera
retrabalho, como burocracia para aprovação e registro dos desenhos, duplicação de
arquivos em diretórios específicos para as áreas de produção e engenharia, havendo
riscos de modificações incorretas por falhas das pessoas;
Ausência de banco de dados para gerenciamento de recursos, utilizando-se dados de
esforço. A empresa não utiliza um histórico de esforço dos projetos anteriores e, por
isso, há dificuldade em estabelecer os recursos necessários para novos projetos. Esse é
um aspecto que pode ser aprimorado e trazer resultados positivos em projetos futuros;
Colaboração com parceiros externos ou colaboradores de outras unidades. A
colaboração com parceiros não é apoiada por sistemas de informação. As
comunicações e trocas de documentos são informais e, segundo os entrevistados, não
apresenta maiores desafios. Mas a empresa não utiliza ferramentas que possibilitam
guardar um histórico das operações realizadas e, assim, gerar as lições aprendidas dos
projetos, com relação às decisões tomadas de forma não presencial.
Pode-se notar que o foco principal do gerenciamento de projetos da empresa B está na
criação de indicadores de resultado. Além disso, controla-se em detalhes a estrutura do
86
produto e pouco as atividades dos projetos. Portanto, embora haja um controle efetivo e
muito bem elaborado da configuração do produto, a empresa ressente-se de um planejamento
mais elaborado das atividades da equipe. Ainda assim, são notáveis o esforço e os resultados
da utilização dos indicadores de desempenho nos projetos em desenvolvimento.
5.1.3. Empresa C
A empresa é de pequeno porte, capital 100% nacional e administração familiar. Possui
cerca de 200 funcionários e certificado de qualidade ISO-9001:2000. Atua no
desenvolvimento de soluções para indústrias, tanto nas áreas de logística interna quanto na de
serviços de montagens industriais, fornecendo produtos sob encomenda; portanto, o sistema
de produção utilizado é ETO.
Possui uma vasta quantidade de clientes, os quais estão distribuídos nos setores
alimentício, cosmético, químico, metal-mecânico, de papel e celulose, de tubos e conexões.
Desenvolve e fabrica equipamentos para paletização e despaletização, equipamentos para
encaixotamento, linhas transportadores, elevadores e descedores de produtos, mesas
acumuladoras, desviadores e viradores magnéticos e não magnéticos, processadores de latas e
fundos, lavadores de vidros e sistemas para movimentação de vidros.
Sistema de informação utilizado no gerenciamento de projetos
Quanto à utilização de sistemas de informação no Processo de Desenvolvimento do
Produto (PDP), a empresa possui uma estrutura de desenvolvimento funcional e
departamentalizada. Portanto, é mais conveniente apresentar o PDP da empresa em setores, de
forma a mostrar quais ferramentas (softwares) são utilizados em cada setor dentro do PDP da
empresa.
Os setores envolvidos do PDP são: Vendas, Engenharia, Engenharia de Processos,
Planejamento e Controle de Produção (PCP), Compras, Produção e Controle de Qualidade.
87
Os softwares utilizados dentro desses setores são:
Software ERP: basicamente, em todos esses setores, utiliza-se um sistema ERP
para controle de atividades, com ênfase no módulo de PCP. No setor de vendas
especificamente, utiliza-se o módulo do ERP relativo ao cadastro de produtos e
peças para o desenvolvimento de orçamentos;
Software de gerenciamento de projetos: no setor de Engenharia, existe uma
pessoa responsável pelo controle dos projetos em andamento, que utiliza um
software de GP para planejamento e acompanhamento das atividades. Com
esse controle, é possível monitorar o tempo e os recursos disponíveis, dando
um panorama geral dos andamentos dos projetos. Utiliza-se a funcionalidade
de marcos (milestones) como uma forma de acompanhamento;
Software CAD: também no setor de Engenharia utiliza-se um software CAD
para apoiar a produção de desenhos. Quanto ao controle dos desenhos, um
arquivo físico de todos os projetos realizados, porém todos os códigos dos
desenhos também ficam registrados no ERP, relacionados ao seu projeto;
Editor de texto: utilizado para relatórios em geral sobre o projeto;
Planilha eletrônica: utilizada para a geração de relatórios gráficos, com
indicadores sobre os projetos.
O sistema ERP foi implantado há pouco tempo; existem funcionalidades que ainda não
estão sendo utilizadas pela empresa. Assim, no desenvolvimento de produtos, os indicadores
são gerados em planilhas. Pretende-se eliminar a utilização de planilhas eletrônicas,
centralizando todos os relatórios no ERP.
O contato com colaboradores externos, que desenvolvem partes específicas do projeto
por meio de contratos, é feito por e-mails, telefonemas e reuniões presenciais. Os acordos de
88
mudanças necessárias ao longo do projeto o oficializados por e-mails, que o arquivados
em áreas da rede. Esses colaboradores externos não possuem acesso aos sistemas da empresa.
Independentemente do software utilizado durante o desenvolvimento de um projeto,
todos os dados são arquivados de forma física também. Cada projeto possui uma pasta onde
são colocadas cópias de todos os dados que o compõem. A figura 17 representa o macro fluxo
das informações dos projetos da Empresa C.
89
Figura 17. Modelo representativo do macro fluxo de informações dos projetos da Empresa C
90
Desafios a serem enfrentados
A partir da análise das informações, pode-se afirmar que a empresa não possui
problemas significativos com o gerenciamento dos documentos e dos projetos, apesar de não
haver muita integração e adoção de sistemas sofisticados atendendo suas necessidades.
um grau grande de organização, devido ao controle dos documentos de forma
física. Os projetos o controlados por um gerente, e o fato de a empresa atuar em mercados
de nicho, com poucos projetos por mês, não são evidentes grandes deficiências.
Com a implantação e utilização do módulo PCP, componente do ERP utilizado, a
empresa deixou de controlar manualmente as atividades desenvolvidas ao longo do projeto de
um novo produto. Todos os processos que serão utilizados em um projeto são registrados no
ERP e acompanhados pelo gerente.
Entretanto, podem-se destacar desafios a serem realizados pela Empresa C:
Falhas de automação em fases do processo de desenvolvimento de produto. Embora
não apontado pelos entrevistados como um problema, a empresa não possui sistemas
em determinadas partes do desenvolvimento que, se fossem atendidas, poderiam
trazer benefícios. A fase inicial de identificação das novas oportunidades é a primeira
ausência. Uma ferramenta de gestão de portifólio que permitisse gerar informações
sobre a capacidade no desenvolvimento de projetos, integrada com custos, poderia
melhorar a qualidade das decisões, revertendo em melhor desempenho e priorização
dos projetos. Essa decisão é tomada conforme a experiência e pode limitar no futuro o
crescimento da empresa. Outra etapa é a montagem do produto. Depende de vistorias
físicas. Coletores de dados móveis permitiriam que a empresa melhorasse o controle
também dessa fase do PDP;
Utilização do ERP para a geração dos relatórios de desempenho. Em setores, como no
setor de Qualidade, ainda são utilizadas planilhas eletrônicas para controle de índices
91
de desempenho e de seu acompanhamento, o que pode gerar inconsistência em
algumas informações, que os dados precisam ser digitados novamente. A geração
automática de indicadores evitaria a divulgação de informações e, conseqüentemente,
melhoraria o desempenho das reuniões presenciais semanais de acompanhamento;
Integração e compartilhamento de dados entre as áreas envolvidas no PDP. Melhorias
são necessárias no que diz respeito ao compartilhamento de dados e documentos, com
regras de acesso dos usuários. A utilização do módulo de PCP por todas as áreas do
PDP proporcionará melhores resultados para a empresa, devido à possibilidade de
acesso a informações consistentes;
Gerenciamento das informações financeiras do projeto. As informações financeiras,
geradas na orçamentação, também poderiam ser gerenciadas diretamente pelo ERP.
Hoje são realizados somente o orçamento no início do projeto e o estudo da sua
viabilidade. Um acompanhamento dos valores ao longo do projeto, utilizando o
software para seu gerenciamento, poderia gerar um histórico e permitiria avaliar
melhor o desempenho da equipe;
Análise de risco. A ausência de análise de risco também foi notada, sendo realizada
apenas informalmente no início do projeto. Nota-se a necessidade de um software que
apóie essa análise e armazene os problemas. Poderia ser criada uma funcionalidade
dentro do próprio ERP ou ser utilizada alguma outra ferramenta para esse tipo de
análise e acompanhamento ao longo do projeto. A gerência e análise de riscos
poderiam garantir maiores níveis de sucesso de projetos futuros;
Compartilhamento de dados do projeto com colaboradores. Outro desafio é o
compartilhamento de dados e informações com colaboradores externos, minimizando
custos de deslocamentos com reuniões presenciais e arquivamento físico de
documentos. A importância dessa integração com os colaboradores externos deve-se
92
ao fato de proporcionar melhor conhecimento do produto desenvolvido, por todas as
partes.
5.1.4. Empresa D
Atua no ramo de automação e controle industrial e tem como principal mercado-alvo
usinas de cana-de-açúcar no centro-sul e nordeste do Brasil. Ela possui filiais no Sul, Sudeste
e Nordeste do país, além de representações em toda a América Latina. Exporta para mais de
vinte países, inclusive países africanos.
Com cerca de 350 colaboradores diretos, a empresa passou por um crescimento
recente, o que gerou necessidade de ampliação da planta e adequações na empresa como um
todo. Possui certificação ISO 9001, referente ao seu Sistema de Gestão da Qualidade, relativo
ao escopo de fornecimento de projeto, produção, comercialização, instalação e assistência
técnica para sistemas eletrônicos de controle e automação.
A empresa apresenta uma vasta linha de produtos, todos voltados às necessidades de
automação e controle de pequenas, dias e grandes empresas. Essa linha de produtos é
dividida em linhas de instrumentação industrial, sistemas completos para instrumentação,
projetos de instrumentação, sistemas supervisórios, assistência técnica e treinamento para
clientes. Os produtos da empresa estão presentes em cerca de 60% das usinas de cana-de-
açúcar da Brasil, o que representa participação significativa no mercado sucroalcooleiro
brasileiro.
A estrutura organizacional da empresa é composta pela diretoria, P&D, PCP, compras,
engenharia, a qual é dividida em eletrônica e mecânica, e o setor de manufatura, composto por
produção mecânica, montagem eletrônica, montagem de sistemas e testes eletrônicos.
Sistema de informação utilizado no gerenciamento de projetos
93
De forma simplificada, o PDP da empresa baseia-se no requisito 7.3 da norma ISO
9001. Esse requisito se refere ao projeto e ao desenvolvimento de produto, aplicado com os
respectivos softwares da seguinte forma:
Planejamento. É realizado por meio de um cronograma de atividades, elaborado pela
diretoria em conjunto com a engenharia. O software utilizado é um editor de texto;
Entradas do desenvolvimento. São formadas pelos requisitos e características
funcionais dos produtos. Customizações exigidas por clientes também representam
entradas do desenvolvimento. Esses requisitos ficam documentados em arquivos
físicos como pastas. O software utilizado nesse ponto também é o editor de texto;
Validação. Testes internos e externos (laboratórios conceituados e testes em campo,
nas usinas). Tem como objetivo garantir qualidade ao produto final que será vendido.
A documentação dos testes é realizada por relatórios feitos em editor de texto e
arquivada de forma física;
Saídas do desenvolvimento. Documentação do produto, manuais técnicos, parâmetros
do treinamento que se oferecido a clientes em relação aquele produto. Todas as
saídas de desenvolvimento são feitas em editor de texto e armazenadas nas áreas da
empresa independentemente: especificações mecânicas no setor de projeto mecânico
e eletrônicas no setor de automação;
Alterações no projeto. São baseadas no feedback dos clientes, em possíveis
dificuldades de manufatura, problemas no controle de qualidade baseados nos testes
de validação. O contato dos clientes é feito pessoalmente, por telefone ou e-mail.
Qualquer registro necessário das alterações do projeto é feito em editor de texto e
arquivado com a documentação do respectivo projeto.
Outros softwares utilizados no PDP da empresa são:
Software CAD, para desenho dos componentes do hardware;
94
Planilha eletrônica, para a lista de materiais de um projeto;
Software de gerenciamento de projetos, para um acompanhamento muito específico
dentro das áreas de engenharia.
No que diz respeito ao PDP da empresa, o desenvolvimento dos processos ocorre
simultaneamente ao desenvolvimento do produto. Não existe um engenheiro processista ou
alguém encarregado de desenvolver os processos de fabricação do produto.
A análise crítica do PDP da empresa ocorre por meio de reuniões entre os participantes
do desenvolvimento. Não existe uma política de monitoramento do desenvolvimento de
produtos, mas sim um acompanhamento por projetos, que se baseia no tempo estipulado para
desenvolvimento do produto. Trata-se de uma avaliação bimestral que analisa o andamento
das atividades que estavam presentes no cronograma. Existe uma tolerância de 20% a mais
que o tempo previsto no desenvolvimento das atividades.
A figura 18 esquematiza todos os processos do PDP da empresa, na forma de macro
fluxo:
95
Figura 18. Modelo representativo do macro fluxo de informações dos projetos da Empresa D
96
Desafios a serem enfrentados
De acordo com as entrevistas e a análise realizada, é possível apresentar algumas
soluções gerais que podem melhorar o gerenciamento e o desenvolvimento das atividades de
PDP na empresa.
No momento do estudo, a empresa não possuía uma metodologia para gerenciamento e
acompanhamento de seus projetos. Assim, o medidas objetivas do desempenho e falhas
em projetos anteriores e atuais. Depende somente do conhecimento tácito de seus
colaboradores. A primeira ação é o desenvolvimento de uma metodologia de gerenciamento
de projetos. Após o desenvolvimento dessa metodologia, viria a escolha dos softwares
adequados para apoiar essa metodologia. Dessa forma, seria possível a análise do desempenho
de seus projetos e, conseqüentemente, a geração de ações de melhoria.
Os pontos críticos identificados e que podem ser apontados na análise desta pesquisa
são:
Uso de software de gerenciamento de projetos para melhorar a definição das
interfaces entre a engenharia mecânica e eletrônica. A empresa hoje o possui um
planejamento integrado entre as áreas de engenharia mecânica e eletrônica.
Compartilhar dados, como cronograma e atividades, melhoraria o relacionamento
entre as equipes, fazendo que as duas áreas trabalhem integradas, suprimindo certos
problemas que acontecem na manufatura do produto. O desafio para os softwares,
neste caso, é o de compartilhar dados de duas áreas que trabalham de forma muito
distinta. Na área eletrônica, reuniões semanais de acompanhamento, e os projetos
são mais longos. Na mecânica, os projetos são mais rápidos, e não é feito um
acompanhamento sistemático, pois geralmente é encaminhado a uma única pessoa
que domina o tema. Possibilitar níveis de controle, isto é, horizonte de planejamento e
freqüência, é uma necessidade de sistemas de GP para essa empresa;
97
Desenvolvimento de ambientes para gerenciamento de documentos e fluxos de
trabalho, sem a necessidade de um documento físico controlado por protocolos. Como
o volume de projetos simultâneos da empresa ainda não tem proporções grandiosas, a
empresa não experimenta o problema de controle de versões, porém as perspectivas
de crescimento exigem que aprimoramentos neste aspecto devam ser feitos. O desafio
neste caso é desenvolver sistemas de informação que controlem fluxo e documentos
de forma muito simples. A utilização de sistemas muito sofisticados do tipo PDM
poderia acarretar uma sobrecarga de atividades de controle de versão e mudanças
incompatíveis com o tamanho e estrutura da empresa;
Repositórios mais inteligentes e integrados de componentes. Uma parte fundamental
do projeto eletrônico é a escolha dos componentes. Segundo a impressão dos
entrevistados (não havia dados objetivos sobre o tema), a maior parte do tempo na
área de projeto eletrônico era gasto na busca e especificação de componentes.
Atualmente, eles recebiam apoio da área comercial, mas muitos dados eram
vasculhados dentro do ERP. Dados ultrapassados ou confusos tornavam a busca
onerosa. Um agravante é a rapidez com que os componentes eletrônicos são
descontinuados, gerando situações onde um componente era especificado e, no
momento da montagem, descobria-se que não era mais possível comprá-lo.
Funcionalidades de busca de componentes e de e-procurenment poderiam auxiliar nos
projetos de desenvolvimento;
Implantação e uso do sistema ERP, a fim de gerenciar as atividades referentes aos
planos de processo (para a engenharia mecânica) e integrar as áreas de Engenharia,
PCP e Compras da engenharia eletrônica. De imediato, poderíamos apontar os setores
de P&D e aquisições como os mais necessitados, uma vez que o sistema ERP traria a
possibilidade de especificação de fornecedores e de sua classificação;.
98
Desenvolver sistemas e metodologias que apóiem a análise de riscos dos projetos,
que cada projeto possui características distintas e pode apresentar necessidades
variadas, gerando riscos de vários graus: desde mercadológicos até técnicos;
Um desafio especial é como gerar informações para estabelecer sistemas de
indicadores de desempenho do projeto, envolvendo dados das equipes de engenharia
mecânica e eletrônica, tornando possível a análise do desempenho dos projetos como
um todo. Esse sistema teria que ser simples, evitando-se apontamentos detalhados de
horas, em virtude de a empresa apresentar uma estrutura significativamente enxuta.
5.1.5. Síntese dos Casos
O primeiro aspecto que chama a atenção nos casos é a confirmação das críticas aos
softwares de gerenciamento de projetos apresentadas na literatura. Note-se que, em todos os
casos citados, de empresas que se destacam em suas áreas de atuação e porte, não foi
encontrado nenhum caso de implantação de sistemas integrados voltados para o
gerenciamento de projetos, isto é, soluções completas do tipo Enterprise Project Management
(EPM). O projeto como um todo é gerenciado com o auxílio de rias ferramentas.
Configura-se, ainda, o conceito de ilhas de automação. Conforme o projeto é realizado em
cada área funcional, um conjunto de sistemas é utilizado e sem as devidas integrações. O
resultado são redundâncias e necessidades de retrabalho ou realimentação de dados. Esse
resultado alinha-se com o estudo de Castro e Carvalho (2007), que demonstra a ausência de
um processo integrado de GP em três grandes empresas do setor de telecomunicações.
Chama a atenção, na análise dos casos, o fato de que, embora tenham sido escolhidas
intencionalmente, empresas com características significativamente distintas, foram
encontradas situações semelhantes no que diz respeito à utilização de softwares de
gerenciamento de projetos. Há, na verdade, uma utilização básica das funcionalidades.
99
Alinha-se, portanto, com as críticas realizadas por Maylor (2001), por Winter et al.
(2006) e autores do ESPRC e do enfoque ágil de projetos. Conforme a crítica de Maylor
(2001) os softwares de gerenciamento de projetos são utilizados principalmente para a
elaboração de gráficos de Gantt, e o acompanhamento é complexo, retirando muito do
trabalho do gerente.
Os desafios comuns em que os softwares poderiam auxiliar e que são comuns em
todos os casos seriam em: análise de risco, aquisição, gerenciamento de recursos, dificuldade
em utilização de ferramentas que gerenciem multiprojetos e geração automatizada de
indicadores de desempenho.
Outro fato que é comum a todos e chama a atenção é o uso muito restrito de softwares
para apoiar a colaboração com parceiros e fornecedores externos. O controle do projeto bem
como a troca de informações são feitos informalmente pelos profissionais, empregando-se
ferramentas comuns.
Em relação ao identificado na revisão bibliográfica, os aspectos que não foram citados
por autores da área, mas que foram encontrados nos estudos de caso são:
Interface. Os casos mostram que, tanto na colaboração externa como interna, a
descrição da interface entre as partes do produto (sistema, subsistema, etc.) é
fundamental. No caso do segmento industrial utilizado, isso se mostrou
fundamental, pois muitas das avaliações precisam se basear em parâmetros de
desempenho bem definidos;
Gerenciamento de aquisição. Os SGPs tradicionais trazem pouco apoio a esta
etapa do gerenciamento de projetos. Ela se revelou um aspecto comum em
todos os casos analisados;
Gerenciamento de riscos. A gestão de riscos é citada em alguns artigos, mas
não com significativa evidência, como pode ser visto nos capítulos 2 e 3. O
100
resultado dos casos demonstra, porém, que este é um aspecto mais relevante do
que o visto na literatura.
5.2. Análise de softwares de Gerenciamento de Projetos
O capítulo 2 apresentou uma revisão da literatura sobre os softwares existentes, de
código fechado e aberto, que possuem funcionalidades ditas clássicas, isto é, os sistemas
consolidados no mercado. Empregaram-se relatórios e revisões disponíveis na literatura.
Há, porém, dois temas que não puderam ser avaliados: a) as propostas e tendências em termos
de literatura acadêmica sobre gerenciamento de projetos; b) os softwares comerciais mais
recentes que se propõem a apoiar métodos de gerenciamento ágil de projetos. Essa seção
busca cobrir esses dois aspectos, visando identificar outros requisitos e necessidades mais
inovadores que estejam sendo desenvolvidos nessas duas áreas. Nas seções seguintes (5.2.1 e
5.2.2), são apresentadas análises sobre as propostas de softwares da literatura e sobre os
softwares comerciais voltados ao enfoque Ágil, respectivamente.
5.2.1. Softwares pesquisados na literatura
Empreendeu-se uma revisão bibliográfica sistemática. O período de pesquisa foi de
seis anos, compreendendo os anos de 2001 a 2007, tendo como base principal dois periódicos:
International Journal of Project Management e Computers & Industry. Dos artigos desses
periódicos que estavam relacionados com Gerenciamento de Projetos, foi possível identificar
que as principais palavras-chave eram: Collaborative engineering, collaborative design,
project management e product development. Obteve-se assim, uma base de dados de artigos,
palavras-chave e periódicos principais. Os artigos encontrados nessa base principal
permitiram identificar outros periódicos: International Journal of Computer Integrated
Manufacturing e Concurrent Engineering: Research And Applications.
101
Realizou-se, então, uma busca detalhada em todos os números desses periódicos no
período citado para a pesquisa (de 2001 até 2007). Em cada número analisado, procuraram-se
artigos que satisfizessem dois critérios: a) apresentar uma proposta de software; e b) ao menos
parte das funcionalidades do sistema pudesse apoiar funções de gerenciamento de projetos
segundo a descrição apresentada na seção 3.1. Os artigos foram analisados em seu conteúdo e
classificados segundo as áreas do PMBoK. O quadro 5 apresenta os critérios de classificação.
A classificação envolveu o seguinte procedimento: identificaram-se quais as funcionalidades
eram propostas no software; em seguida, fez-se uma análise cada funcionalidade de forma a
verificar que tipo de atividade de gerenciamento de projeto ela apoiava e qual a respectiva
área de apoio relacionada a esta atividade. A mesma funcionalidade de um software proposto
pode, portanto, ser classificado em mais de uma área.
Houve o acréscimo de uma categoria denominada colaboração. Ela foi utilizada para
identificar funcionalidades propostas que tinham como meta apoiar o gerenciamento de
projetos do tipo colaborativo. Justifica-se a criação da décima área no critério pela
necessidade de avaliação dos processos de colaboração existentes nos softwares. A meta era
descobrir se havia tendência ou não de focalizar a área. Outra mudança em relação ao
PMBoK foi a inclusão de uma categoria de processo adicional denominado “Integração de
Dados de Softwarena área de Integração. Nesta categoria classificaram-se as propostas que
possuíam soluções para a integração de dados de diferentes softwares de gerenciamento de
projetos. Houve necessidade da criação e inclusão desse processo devido ao foco em software,
e da verificação de possíveis integrações de dados nos sistemas avaliados. Para a décima área,
foram definidos três processos: “Controle de contribuição dos colaboradores”, “Controle de
informações confidenciais e públicas” e Registros de acordos de colaboração”. Esses
processos foram baseados em uma pesquisa de Barnes, Pashby e Gibbons (2006), onde foram
definidos fatores de sucesso relacionados à colaboração.
102
ÁREA SUB ÁREA
1.1 Desenvolver o termo de abertura do projeto
1.2 Desenvolver a declaração do escopo preliminar do projeto
1.3 Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto
1.4 Orientar e gerenciar a execução do projeto
1.5 Monitorar e controlar o trabalho do projeto
1.6 Controle integrado de mudanças
1.7 Encerrar o projeto
1 Integração
1.8 Integração de dados de software
2.1
Definição da atividade
2.2
Seqüenciamento de atividades
2.3
Estimativa de recursos da atividade
2.4
Estimativa de duração da atividade
2.5
Desenvolvimento do cronograma
2 Tempo
2.6
Controle do cronograma
3.1
Planejamento do escopo
3.2
Definição do escopo
3.3
Criar WBS
3.4
Verificação do escopo
3 Escopo
3.5
Controle do escopo
4.1
Estimativa de custos
4.2
Orçamentação
4 Custos
4.3
Controle de custos
5.1
Planejamento da qualidade
5.2
Realizar a garantia da qualidade
5 Qualidade
5.3
Realizar o controle da qualidade
6.1
Planejamento de recursos humanos
6.2
Contratar ou mobilizar a equipe do projeto
6.3
Desenvolver a equipe do projeto
6
Recursos
Humanos
6.4
Gerenciar a equipe do projeto
7.1
Planejamento das comunicações
7.2
Distribuição das informações
7.3
Relatório de desempenho
7 Comunicações
7.4
Gerenciar as partes interessadas
8.1
Planejamento do gerenciamento de riscos
8.2
Identificação de riscos
8.3
Análise qualitativa de riscos
8.4
Análise quantitativa de riscos
8.5
Planejamento de respostas a riscos
8 Riscos
8.6
Monitoramento e controle de riscos
9.1
Planejar compras e aquisições
9.2
Planejar contratações
9.3
Solicitar respostas de fornecedores
9.4
Selecionar fornecedores
9.5
Administração de contrato
9 Aquisições
9.6
Encerramento do contrato
10.1 Controle de contribuição dos colaboradores
10.2 Controle de informações confidenciais e públicas
10 Colaboração
10.3 Registros de acordos de colaboração
Quadro 5. Critérios para análise dos softwares da literatura
Fonte: elaborado pela autora
103
O quadro 6 apresenta os softwares encontrados, breves descrições e contribuições,
sendo incluída uma identificação (ID) para cada um. Essa ID é utilizada na tabela 2, presente
no apêndice C deste trabalho, onde aparece a classificação dos softwares dentro dos critérios
apresentados.
104
ID
Sistema/Autor
Descrição / Características-chaves
Contribuições
S1 Rodgers et al. (2001) WebCADET Proposta de um servidor/repositório (WedCADET) de
conhecimentos em design, baseado na Web para apoio à tomada de
decisão durante os estágios iniciais de design
A proposta procura melhorar a captura, distribuição e gerenciamento
do conhecimento durante a fase de design, no desenvolvimento de
novos produtos.
S2 Chung e Lee (2002) Um framework que emprega o formato XML e CORBA na web, como
um sistema de padrões de troca de dados para colaboração no
desenvolvimento de injeção de moldes.
Aumentar a eficiência e colaboração de equipes multidisciplinares de
design divididos geograficamente com a utilização de um framework,
a fim de interpretar as informações de design em um formato legível.
S3 Huang e Mak (2002) CyberCO uma framework de gerenciamento de Workflow para o
desenvolvimento colaborativo de produtos em ambientes baseados
na Web.
A proposta visa oferecer a execução paralela de múltiplas aplicações
da Web, com relação ao gerenciamento do workflow. Nos sistemas
tradicionais de gerenciamento do workflow, o controle e fluxo de
dados é determinado pela precedência das aplicações; no CyberCO,
os papéis são definidos para os agentes iniciarem e terminarem suas
tarefas.
S4 Huang (2002) CyberReview – Um sistema baseado na web para revisão de design
de produtos, utilizando o conceito de colaborativo.
Apresenta um portal para revisão dos marcos de um projeto,
compartilhando diferentes documentos entre equipes distribuídas
geograficamente.
S5 Liang e Huang (2002) ICA - Propõe um sistema baseado em agentes de informação
colaborativa para um projeto de produtos modulares.
A proposta utiliza o conceito de módulos, montando um novo produto
de acordo com os requisitos apresentados, e com as informações
disponibilizadas pelos seus respectivos colaboradores.
S6 Qian e Shensheng
(2002)
P_PROCE Um arquitetura e implementação de gerenciamento de
processo de desenvolvimento de produto, com modelo de workflow
integrado.
O artigo propõe integração de um WFMS com um PDMs,
gerenciando os dados do produto e também lida com informação do
processo, informação de recursos, informação da organização e
informação de controle e avaliação.
S7 Hameri e Puittinen
(2003)
Apresenta um framework para gerenciamento de projetos baseado
na WWW
Apresenta um framework conceitual, utilizando a Web como base de
funcionamento. Utiliza os conceitos de gerenciamento de recursos,
gerenciamento da comunicação, gerenciamento do escopo e
gerenciamento do tempo.
S8 Qin et al. (2003) Protótipo de um sistema para design conceitual, baseado na web,
que simula a atuação da peça, para um posterior detalhamento.
A proposta visa integrar modelos geométricos em 3D, definindo o
comportamento do esboço para simular dinamicamente sua atuação.
Essa simulação pode ser acessada via Internet por outros usuários,
de modo que estes possam compartilhar suas idéias com todos os
parceiros envolvidos sem que haja a necessidade de ferramentas
específicas (CAD) para a visualização. A proposta permite, ainda,
transferência das idéias conceituais para ferramentas CAD onde o
detalhamento de design e processo de manufatura começam a ser
feitos.
ID
Sistema/Autor
Descrição / Características-chaves
Contribuições
S9 Tay e Roy (2003) CyberCAD – Um sistema, baseado na web, de integração de CAD
com videoconferência.
A proposta contribui com um sistema síncrono de comunicação de
associado ao sistema CAD, para colaboradores distribuídos
geograficamente em um projeto.
S10
Wang, Shen e
Ghenniwa (2003)
WebBlow - Apresenta um software composto de uma combinação de
tecnologias como agentes de softwares, Web, XML e Java para
compartilhar informações de produtos durante seu projeto. Voltado
especificamente para o projeto de peças automotivas.
A contribuição é o compartilhamento de informações de um projeto
entre gerentes e designers, sem necessidade de uso de um único
tipo de software entre as partes.
S11
Li, Fuh e Wong (2004) Propõe um sistema baseado na web para apoiar a engenharia
colaborativa, com equipes distribuídas.
Contribui com funções para detalhamento do produto (CAD) e plano
de processo em espaços de trabalho colaborativo, com uma
arquitetura aberta e genérica.
S12
Rodriguez e Al-Ashaab
(2005)
KdCPD - Proposta de uma arquitetura de sistema baseada na web
para desenvolvimento colaborativo de produtos
A proposta engloba gerenciamento de equipes, módulo de
comunicação, modelo e representação geométrica do produto,
gerenciamento das atividades, lições aprendidas e ferramentas de
engenharia, bem como integração com CAD/CAE/CAM.
S13
Woerner & Woern
(2005)
CSCE - Apresenta um modelo de gerenciamento de relações de
parceiros nos projetos de engenharia, usando o conceito de CSCW.
Possui foco na construção de confiança entre parceiros.
Contribui com funcionalidade de formar relacionamentos formais
entre parceiros, designando tarefas para cada uma das partes. E
cada parceiro, dependendo da sua plataforma de trabalho, pode
utilizar uma diferente implementação do sistema.
S14
Wu et al. (2006) Apresenta uma arquitetura que captura, por meio de agentes, os
interesses e comportamentos de usuários de sistemas de design
colaborativo.
A proposta contribui com troca de informação entre pessoas
interessadas em uma mesma área, buscando e armazenando
histórico de conhecimento em uma base.
S15
Mejía, Lopez e Molina
(2007)
Proposta de desenvolvimento de um ambiente de engenharia
colaborativa, utilizando ferramentas de engenharia colaborativa
existentes.
O principal propósito do artigo é contribuir com um melhor
entendimento das condições de desenvolvimento e a atual tecnologia
disponível para o desenvolvimento de um ambiente de engenharia
colaborativa, que os autores chamam de (‘Collaborative Engineering
Environment’ (CEE).
Quadro 6. Artigos encontrados na revisão da literatura
Fonte: elaborado pela autora
10
5
106
Avaliação da tabela e considerações
Chama a atenção o fato de que grande parte dos softwares encontrados na revisão tem
como principal funcionalidade as aplicações de engenharia, tal como o compartilhamento de
arquivos CAD. As funcionalidades de gerenciamento de projetos são, muitas vezes,
acessórias. Um dos artigos encontrados na revisão, de Li, Fu e Wong (2004), também realiza
uma revisão de trabalhos recentes relacionados com a engenharia simultânea (Concurrent
Engineering - CE), onde se pode observar a ênfase em aplicações para engenharia, como o
compartilhamento de arquivos CAD/CAM.
O levantamento identificou apenas 15 propostas na literatura, sendo que, apenas 2 são
voltadas especialmente para apoiar o gerenciamento de projetos. Trata-se de um número
modesto, principalmente se levarmos em conta as considerações nos capítulos iniciais desse
trabalho, que demonstram que as ferramentas de gerenciamento de projetos são ainda uma
fonte de dificuldade para as empresas que realizam projetos colaborativos.
Portanto, a primeira conclusão é que faltam propostas de softwares para apoiar as
atividades de gerenciamento em projetos de novos produtos, realizados de forma colaborativa,
e que contemplem funcionalidades relacionadas ao gerenciamento de projetos. Rodriguez e
Al-Ashaab (2005) também apresentam uma revisão da literatura sobre sistemas de
desenvolvimento colaborativo de produtos, e somente duas propostas de sistemas, anteriores
ao ano de 2001, envolvem requisitos de gerenciamento de projetos.
Dentre os trabalhos propostos, pode-se observar que o foco das funcionalidades está
nas comunicações. A figura 19 deixa isso bem evidente. Trinta e sete por cento (37%) de
todas as ocorrências de funcionalidades propostas são voltadas para apoiar a comunicação,
isto é, são ferramentas para distribuição de informações. Elas são seguidas respectivamente
pelas funcionalidades de definição de escopo (21%), integração de dados (17%), estimativas
de tempo (13%), colaboração (10%), aquisições (2%). As áreas de custo, qualidade, recursos
107
humanos e riscos não foram encontradas nos artigos pesquisados. Assim, é evidente a
necessidade de propostas que englobem essas áreas.
Integração
17%
Tempo
13%
Comunicações
37%
Riscos
0%
Aquisições
2%
Colaboração
10%
Escopo
21%
Rec. Humanos
0%
Qualidade
0%
Custo
0%
Figura 19. Distribuição dos trabalhos nas áreas
Fonte: elaborada pela autora
Cada área possui suas subáreas (quadro 5). Foi analisado o detalhamento de cada área
e observadas ausências nas funcionalidades das propostas, em relação ao gerenciamento de
projetos. Cada área foi desdobrada em suas respectivas subáreas e representada graficamente.
A seqüência de apresentação segue a ordem de representatividade das áreas.
A figura 20 mostra que a área de comunicações possui todas as subáreas
representadas, e 72% das funcionalidades são voltadas para a distribuição das informações.
as funcionalidades para gerenciar as partes interessadas representam 17%. O planejamento
das comunicações e relatórios de desempenho representam apenas 6% da área de
comunicações.
108
6%
72%
6%
17%
0%
20%
40%
60%
80%
Comunicações
Planejamento das comunicações Distribuição das informações
Relatório de desempenho Gerenciar as partes interessadas
Figura 20. Área de Comunicações
A próxima área é Escopo, que possui cinco subáreas, mas somente três possuem
representatividade nas funcionalidades. A definição de escopo representa 60% da área,
seguida de 30% de verificação do escopo e 10% de planejamento (Figura 21). As subáreas
que representam as funcionalidades de criação de WBS e controle do escopo não aparecem
nas propostas estudadas.
10%
60%
30%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Escopo
Planejamento do escopo Definição do escopo Verificação do escopo
Figura 21. Área de Escopo
109
A área de Integração (figura 22) apresenta funcionalidades somente em duas subáreas,
com valores iguais: 50% no monitoramento e controle do projeto, e 50% na integração de
dados de softwares. Aqui se observa a ausência de propostas com funcionalidade para
desenvolver o termo de abertura do projeto; a declaração do escopo preliminar do projeto; o
plano de gerenciamento do projeto; orientar e gerenciar a execução do projeto, fazer o
controle integrado de mudanças e encerrar o projeto. Na seção 3.3, onde foram demonstrados
os desafios para os softwares de GP frente à colaboração e agilidade, são apresentadas
necessidades de desenvolvimento de funcionalidades que privilegiem a visão do produto final,
que esdiretamente relacionada com o termo de abertura e declaração preliminar de escopo
do projeto. Também na seção 3.3, é dito que existe necessidade de funcionalidades que
facilitem as alterações constantes no produto, que implica diretamente o controle integrado de
mudanças. Assim temos a constatação das deficiências de funcionalidades dos softwares de
GP na área de Integração.
50% 50%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Integrão
Monitorar e controlar o trabalho do projeto Integração de dados de software
Figura 22. Área de Integração
110
Dentro da área de Tempo (Figura 24), as subáreas de definição de atividade,
estimativas de recursos da atividade e estimativa de duração da atividade obtiveram,
respectivamente, 50%, 33% e 13% de representatividade. as subáreas de seqüenciamento
de atividades, desenvolvimento do cronograma e controle do cronograma não foram
contempladas nas propostas de softwares estudados.
50%
33%
17%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Tempo
Definição da atividade Estimativa de recursos da atividade
Estimativa de duração da atividade
Figura 23. Área de Tempo
A área de colaboração (Figura 24) apresenta propostas de funcionalidades que estão
nas subáreas de controle de contribuição dos colaboradores (80%) e controle de informações
confidenciais e públicas (20%), porém o existem funcionalidades voltadas aos registros de
acordos de colaboração entre as partes. Aqui é observada outra necessidade de estudo para os
novos softwares de gerenciamento de projetos colaborativos.
111
80%
20%
0%
20%
40%
60%
80%
Colaboração
Controle de contribuição dos colaboradores
Controle de informações confidenciais e públicas
Figura 24. Área de Colaboração
A última área que possui representatividade é a de Aquisições. Ela possui somente
uma proposta de funcionalidade, de Liang e Huang (2002), para solicitar respostas de
fornecedores.
Foi possível verificar que a literatura apresenta conceitos teóricos para solucionar
algumas dessas ausências, como Chen e Chen (2003) com uma proposta de DSM (Design
Structure Matrix) para seqüenciar e controlar as atividades de desenvolvimento de um novo
produto. Ghosh e Varghese (2004) destacam a necessidade de um framework para
gerenciamento de projetos de desenvolvimento de produtos desenvolvidos de forma
geograficamente distribuída. Mas esses conceitos não estão associados a nenhum software.
5.2.2. Softwares para gerenciamento ágil de projetos
Conforme apresentado na seção 3.4, a literatura acadêmica não contempla propostas
de softwares para apoiar o gerenciamento ágil de projetos. Porém, foram encontradas soluções
voltadas para esse enfoque. As buscas na internet e em grupos de discussão sobre APM
identificaram três sistemas comerciais. Todos o específicos para o gerenciamento de
112
projetos de desenvolvimento de softwares. As ferramentas encontradas são de código fechado,
comercializadas por meio de licenças, mas possuem uma versão Trial, para teste de 30 dias,
as quais foram utilizadas para efeito de avaliação.
Os softwares avaliados, com seus respectivos sites, foram:
- VersionOne - http://www.versionone.com
- Target - http://www.targetprocess.com
- Rally - http://www.rallydev.com
A avaliação seguiu o procedimento de cenário. Criou-se um cenário de um projeto
fictício, envolvendo dois profissionais. Assumiram esses papéis o pesquisador e um aluno de
Iniciação Científica. Simulações do uso do software em condições de alterações do projeto e
controle foram realizadas. As impressões e diferenças em relação aos sistemas tradicionais,
comparadas segundo as funcionalidades apresentadas na seção 3.1, foram coletadas e
registradas.
As principais diferenças em relações às funcionalidades tradicionais são as seguintes:
Utilizam como principal idéia um planejamento inicial simplificado (Workitem
Planning) e iterações (Sprints) dentro do projeto. Dentro de cada iteração são
registradas as entregas que devem ser realizadas e seu prazo. A figura seguinte (25) é
um exemplo da visão geral do processo de desenvolvimento do projeto, utilizado no
software VersionOne. A representação mostra desde o planejamento do projeto até o
andamento das iterações. É possível observar na figura que esse software não segue o
mesmo padrão e as funcionalidades picas dos softwares de gerenciamento clássico
de projetos (seção 3.1). Os demais softwares analisados seguem padrões similares.
Cada entrega pode ser detalhada em subentregas, que também possuem prazo
estipulado. A responsabilidade de cada entrega ou subentrega é associada a um
recurso humano.
113
Figura 25. Tela do
software
VersionOne
Fonte: www.versionone.com
O tradicional gráfico de Gantt não é utilizado, mas existem outras ferramentas para
acompanhamento visual do andamento do projeto, como status de cada iteração,
entrega, subentrega e relatórios Burndown”, isto é, que descrevem progresso de uma
equipe e o denominado Roadmap”, relacionado ao escopo do projeto e suas
mudanças ao longo do projeto. A figura 26 demonstra um relatório do tipo
“Burndown” das iterações no software Rally.
114
Figura 26. Tela do
software
Rally – relatório Burndown
Fonte: www.rallydev.com
Outra funcionalidade existente é o registro das ações necessárias para as próximas
entregas, como correções de problemas (Defects). O registro de problemas é feito da
mesma forma que uma entrega, relatando o problema a ser resolvido, e é associado a
uma iteração dentro do projeto. A figura 27 do software Rally demonstra o registro de
problemas, Defects. Note-se que não é muito diferente de um relatório de issues
(problemas) nos SGPs tradicionais, a o ser pela relação direta com cada uma das
entregas.
115
Figura 27. Tela do
software
Rally - Defects
Fonte: www.rallydev.com
Uso de painéis de controle, chamado nesses softwares de Dashboard. Trata-se de
relatórios resumidos que proporcionam uma visão geral do projeto. Os relatórios
apresentados nesses softwares contêm informações similares como próximas
atividades a serem desenvolvidas e últimas mudanças que ocorreram no projeto. A
figura 28 dá exemplo do Dashboard do software Target.
116
Figura 28. Tela do
software
Target - Dashboard
Fonte: www.targetprocess.com
Possuem também área para guardar as retrospectivas, que seriam as lições aprendidas,
além das análises das estimativas iniciais do projeto.
Nos softwares voltados para o enfoque ágil de gerenciamento de projetos, todas as
mudanças de escopo são gerenciadas e podem ser analisadas em relatórios,
permitindo aos colaboradores acompanhar as alterações do projeto. A diferença dos
softwares tradicionais é que os relatórios, além de indicarem as mudanças de escopo,
indicam também as tendências de estimativas de tempo, atividades e problemas para
as novas entregas.
As funcionalidades citadas, apesar de estarem voltadas ao desenvolvimento de
softwares, podem ser estudadas para serem adaptadas ao desenvolvimento de produtos. Dessa
117
forma, seria possível a criação de um software para gerenciamento de projetos de
desenvolvimento de produtos utilizando-se o enfoque ágil.
5.3. Requisitos para um software de gerenciamento ágil de projetos colaborativos
Este estudo procurou obter informações sobre softwares de gerenciamento de projetos
de várias fontes, visando identificar requisitos para uma nova proposta de software de
gerenciamento de projetos voltados ao desenvolvimento colaborativo de produtos, utilizando-
se o enfoque ágil de GP. Nesse primeiro momento, o foco de aplicação do software seriam
empresas pequenas que desenvolvem produtos inovadores e tecnológicos, com a colaboração
de outras organizações. Assim, o objetivo dessa seção é apresentar um resumo de requisitos
para indicar possibilidades de estudos futuros no desenvolvimento de ferramentas ágeis.
Quando é feita a proposta de desenvolvimento de um software, primeiramente é
necessário entender o seu objetivo principal e quais problemas ele irá resolver. Algumas
condições devem ser cumpridas para se chegar ao objetivo, ou seja, satisfazer alguns
requisitos. Leite (1994)
5
apud Cysneiros (2001) define requisito como “condição necessária
para a obtenção de certo objetivo, ou para o preenchimento de certo objetivo.”
A aquisição de requisitos é uma etapa essencial do processo de desenvolvimento de
software. É por meio deles que se pode avaliar se o software irá contemplar as
funcionalidades para atender o propósito para o qual foi criado.
No decorrer deste trabalho, foram identificados vários objetivos que precisam ser
enfrentados para o desenvolvimento de sistemas de informação que apóiem o gerenciamento
de projetos colaborativos de novos produtos, segundo os princípios do gerenciamento ágil de
projetos (APM). Portanto, uma forma de sintetizá-los é compilando-os na forma de uma lista
de requisitos.
5
Leite J.C.S.P., “Engenharia de Requisitos- Notas de Aula”, 1994
118
Os requisitos formam uma visão sintética das análises obtidas por meio da: a) revisão
da literatura; b) estudo de casos múltiplos; e c) análises de sistemas existentes de
gerenciamento de projetos ágeis voltados para softwares.
Essa etapa do trabalho tem a intenção de formar uma síntese dos resultados das
diferentes análises conduzidas. A meta é facilitar a identificação de temas que precisam ser
detalhados para o desenvolvimento do software. Eles podem ainda ser utilizados como
referência tanto para a customização de softwares existentes de gerenciamento de projetos,
como também para o desenvolvimento de novas soluções que possam apoiar esse processo.
Uma classificação dos requisitos com bastante aceitação na comunidade acadêmica é a
de requisitos funcionais e requisitos não funcionais (MYLOPOULOS et al., 1992;
SOMMERVILLE e SAWYER, 1998). Cysneiros (2001) diz que requisitos funcionais são os
que expressam funções ou serviços executados por um software. As funções ou serviços são,
em geral, processos que transformam entradas em saídas. os requisitos o funcionais são
os que declaram restrições, ou atributos de qualidade para um software e/ou para o processo
de desenvolvimento deste sistema. Segurança, precisão, usabilidade, desempenho e
manutenibilidade são exemplos de requisitos não funcionais.
É válido lembrar que o foco deste trabalho o está na engenharia de requisitos e, por
esse motivo, o é feita uma revisão bibliográfica exaustiva da área. Procurou-se adotar os
princípios consagrados da engenharia de requisitos para uma elaboração mais rigorosa da
proposta de pesquisa.
Primeiramente, foram listados os requisitos funcionais, separados em grupos conforme
suas funcionalidades. Em seguida, foram avaliadas as necessidades apresentadas no
levantamento bibliográfico e na compilação dos estudos de casos para a geração dos
requisitos não-funcionais. Essa ordem foi utilizada pelo próprio fato de que os requisitos não
funcionais estão sempre relacionados a um requisito funcional (EAGLE, 1995; CHUNG et al.,
119
2000
6
apud CYSNEIROS, 2001). Para a descrição dos requisitos, tanto não funcionais como
funcionais, foi utilizada a linguagem natural.
A seguir, são apresentados os grupos de requisitos funcionais:
1) Permitir o registro e controle de usuários
a. Permitir a inclusão/edição/exclusão do cadastro de organizações;
b. Permitir a inclusão/edição/exclusão do cadastro de usuário relacionado à sua
organização;
c. Permitir a definição de privacidade de informações;
d. Possibilitar o cadastro/edição de controle de permissões de acesso e relacioná-
lo aos usuários;
e. Registrar os acessos e ações dos usuários, gerando um registro de log;
f. Permitir o backup de informações pelas organizações, respeitando as restrições
de acesso e privacidade de informações.
2) Deve apoiar a elaboração da visão do produto e especulação
a. Permitir a criação de uma visão do produto, isto é, uma descrição sintética do
produto que será desenvolvido, por meio da inserção e combinação de
diferentes documentos, como modelos de estrutura de funções e esboços
iniciais da concepção do produto final;
b. Possibilitar especulação em torno da visão: registro de alternativas propostas
por usuários e ferramentas de apoio na seleção das alternativas;
c. Armazenar o histórico das alterações na visão e decisões sobre ela;
d. Apresentar para o usuário o modelo final da visão de maneira sintética.
6
EAGLE, 1995 - Evaluation of Natural Language Processing Systems, http://www.issco.unige.ch/ewg95 1995 e
Chung, L. et al. “
Non-FunctionalRequirements in Software Engineering”
Kluwer Academic Publishers 1999.
120
3) Planejar o projeto de forma simples
a. Possibilitar o planejamento por etapas, com base em iterações e entregas
(resultados), ao invés de atividades e fases;
b. Permitir a definição de equipes e sua associação às entregas;
c. Registrar as atividades principais, sendo essas relacionadas às entregas e
usuários responsáveis;
d. Permitir o registro do prazo máximo das entregas do projeto;
e. Permitir a utilização de informações da visão para gerar o planejamento do
projeto, possibilitando: relacionar partes da visão do produto com entregas, e
partes do produto por meio da descrição das interfaces;
f. Registrar as limitações, restrições e metas de custo do projeto;
g. Permitir a identificação e priorização dos riscos do projeto;
h. Registrar alterações do planejamento: entregas, visão, restrições, responsáveis
e demais elementos;
i. Manter os dados do planejamento-base e permitir comparações do atual com o
planejamento-base;
j. Gerar uma forma gráfica de visualização do planejamento;
k. Permitir a definição de indicadores de desempenho, utilizando os dados
existentes.
4) Acompanhar o andamento do projeto
a. Controlar status das entregas do projeto;
b. Controlar e registrar alterações/validações das entregas;
c. Possibilitar avaliação das entregas e avaliação parcial do projeto;
d. Registrar novos requisitos;
121
e. Permitir a associação de documentos de vários tipos, à execução das entregas;
f. Gerar relatórios de indicadores de desempenho a partir de dados de entrega e
interações;
g. Controlar versões de documentos;
h. Registrar as interações entre os membros do projeto;
i. Possibilitar a visualização detalhada do andamento do projeto;
j. Possibilitar acompanhamento e avaliação pelo cliente, de maneira contínua
durante o projeto;
k. Criar um painel para o acompanhamento dos riscos envolvidos no projeto.
5) Finalizar do projeto
a. Solicitar avaliação final do projeto;
b. Gerar indicadores de desempenho finais;
c. Gerar forma gráfica de demonstração do resultado final do projeto;
d. Guardar validações finais do projeto;
e. Permitir o acesso ao histórico do projeto, depois de finalizado, respeitando as
restrições de acesso de cada usuário;
f. Permitir avaliação final do projeto pelos clientes.
6) Comunicação e Integração
a. Possuir diferentes formas de comunicação entre os membros do projeto,
incluindo ferramentas síncronas e assíncronas;
b. Registrar as interações síncronas ou assíncronas entre os usuários e seus
resultados, de forma que as informações possam ser distribuídas entre os
demais membros do projeto ou consultadas posteriormente;
122
c. Deve possibilitar o uso e integração de documentos de diferentes tipos, por
exemplo, textos oriundos de diferentes editores;
d. Possibilitar o uso de dados dos sistemas de gerenciamento de projetos
tradicionais;
e. Permitir a integração com sistemas de workflow para disparar fluxos de
atividades;
f. Possuir recursos de Comunidades de Prática, de modo a apoiar a formação da
comunidade de projeto.
A seguir, temos os requisitos não funcionais identificados. Cada requisito está
acompanhado da justificativa da fonte, da literatura consultada, da análise de softwares ou dos
estudos de casos realizados. No apêndice D, uma tabela resumindo os requisitos e suas
fontes.
1) A interface deve ser baseada na web: todas as propostas da literatura empregam
interface web, de forma a garantir a distribuição das informações entre os
colaboradores, com fácil acesso, não necessitando da instalação de softwares
locais. Das 15 propostas de softwares analisadas, todas trocavam dados via web e
tinham como interface um browser. Os três softwares de APM também. Hameri e
Puittinen (2003) propõem que se deve utilizar essa plataforma, assim como Ren et
al. (2006), justificando pela disponibilidade dessa tecnologia e pelo fato dela vir se
tornando um padrão para os usuários.
2) Uso de ferramentas de comunicação variadas: que o foco é a colaboração no
projeto de desenvolvimento de produto, existe a necessidade de várias formas de
comunicação e interação entre os colaboradores. Este requisito é apresentado na
revisão da literatura, onde se nota um fator de sucesso do projeto na comunicação
123
efetiva. Também pode ser observada no estudo de caso da empresa A, que
apresenta a necessidade da integração de comunicação com colaboradores externos
de forma rastreável. a análise do estudo de caso da Empresa C aponta
diminuição de custos de deslocamentos com reuniões presenciais se existisse
integração on-line com pessoal externo.
3) Interface homem-computador simplificada e resumida por meio do uso
intensivo de gráficos: o enfoque ágil propõe o uso de relatórios simples e com o
máximo de aproveitamento de recursos gráficos. Portanto, o software deve utilizar
formas gráficas variadas de modo a facilitar o entendimento de uma entrega ou do
próprio produto final, como o uso de modelos gráficos 3D para esboços do
produto, demonstrados na análise dos softwares para gerenciamento ágil de
desenvolvimento de software. Nas propostas de softwares da literatura, essa
necessidade está presente e foi identificada por outros autores (CHUNG e LEE,
2002; QIN et al., 2003; TAY e ROY, 2003; LI, FUH e WONG, 2004;
RODRIGUEZ e AL-ALSHAAB, 2005). Também podem ser incluídas novas
formas de visualização de fases do projeto, como foi visto nos novos SGP para
desenvolvimento de software baseados no enfoque ágil.
4) Integração com funcionalidades de sistemas de engenharia como CAD: o
estudo de caso da empresa B aponta para a integração dos dados do projeto com os
dados do produto. Portanto, na medida do possível, o sistema deve permitir a
migração de dados do projeto oriundas de sistemas de engenharia como CAD e
CAE.
5) Descentralização dos dados: permitir que os usuários possam exportar os dados e
trabalhar nas ferramentas de gerenciamento de projetos que julgarem mais
apropriadas. Uma conclusão geral dos estudos de caso é a de que as ferramentas de
124
planejamento e controle não são utilizadas na colaboração com agentes externos.
Um problema é o acesso aos sistemas da empresa. Viabilizar a utilização de multi-
plataformas pode facilitar esse compartilhamento, na medida em que usuários
externos poderão utilizar o software que mais lhe convier (seja pelo costume,
conhecimento ou investimento já realizado).
6) Rastreabilidade das discussões sobre as entregas e decisões em gates: na
revisão da literatura, seção 2.1.3, nota-se que o objetivo do projeto deve ser
claramente definido e este é um fator de sucesso nos projetos colaborativos. Nos
estudos de caso, identificou-se que um dos aspectos importantes é a
rastreabilidade. E que isso seria tanto legalmente como contratualmente
importante.
7) Flexibilidade de alteração das entregas/tarefas para atender às mudanças do
ambiente: na revisão da literatura sobre ágil (seção 2.2), um dos principais focos é
a criação de métodos de planejamento e controle onde as mudanças nos planos
sejam realizadas facilmente, de forma a garantir a flexibilidade necessária no
transcorrer do projeto. A falha no controle de mudança do projeto pode impedir o
sucesso do projeto, justificando a necessidade. Nas propostas dos softwares de
literatura, na avaliação da área de Integração, também foi identificada a ausência
de propostas que englobem essa necessidade (seção 5.2.1).
8) Rastreabilidade dos dados: todas as discussões, definições e alterações do
projeto devem ter a possibilidade de ser rastreadas: o estudo de caso da empresa A
demonstra essa necessidade de rastreabilidade.
9) Garantir o sigilo de dados: na revisão da literatura e, principalmente nos estudos
de caso, pode-se notar que o controle de informações é um ponto crítico para as
125
empresas. Nos desafios da empresa A, temos o exemplo prático de troca de
informações confidenciais, que poderia ser gerenciada por um software.
10) Controle de versão e fluxo de documentos: o estudo de caso da Empresa D
demonstra a necessidade de se tornar mais confiável o controle de documentos,
independentemente do tamanho da empresa. O estudo de caso da empresa B
também demonstra a necessidade de melhorar o controle de documento, para
garantir a confiabilidade e segurança das informações.
11) Indicadores de desempenho de forma gráfica e sintética: o estudo de caso da
empresa C demonstra esta necessidade de geração de relatórios dos indicadores de
desempenho, bem como o estudo de caso da empresa B aponta esses indicadores
como fator importante para acompanhamento do projeto e apresenta necessidade
de uma geração automática destes, utilizando-se os dados atualizados do projeto. O
estudo de caso da empresa A também aponta necessidade de melhorar a geração de
indicadores de desempenho. Os desafios do GP e do enfoque ágil, verificados na
revisão da literatura, também indicam necessidade de indicadores visuais e gerados
automaticamente.
12) Controle de multiprojetos: o estudo de caso da empresa A apresenta a
necessidade deste controle, integrando as informações sobre recursos disponíveis e
ocupados para os projetos, garantindo uma melhor programação de datas e prazos.
Exigir o menor tempo possível durante a execução das atividades rotineiras: Foco no
resultado e simplicidade. Esta necessidade é apresentada na revisão da literatura, onde é
apontada a burocracia do gerenciamento clássico de um projeto e no surgimento de novas
ferramentas comerciais para gerenciamento de projetos com foco na entrega do produto.
126
6. Conclusões e pesquisas futuras
Este trabalho identifica, por meio de investigações teóricas e de campo, os desafios do
gerenciamento de projetos colaborativos de desenvolvimento de produtos. Foram avaliados e
compilados os problemas, segundo os teóricos da área de gerenciamento dos projetos
colaborativos, gerenciamento de projetos e do enfoque ágil de gerenciamento de projetos,
além de análises de quatro casos reais de empresas de bens de capital e análises de softwares
comerciais.
A partir dos desafios do gerenciamento dos projetos colaborativos, é possível concluir
que para extinguir os diferentes entendimentos sobre os objetivos e andamento do projeto
entre seus participantes, as informações devem ser constantemente atualizadas e
disponibilizadas para as partes que integram o projeto.
A partir da avaliação da literatura acadêmica sobre gerenciamento de projetos e o
enfoque ágil, conclui-se que faltam modelos e técnicas para apoiar as mudanças constantes
nos projetos, capazes de gerar um acompanhamento rápido das alterações ocorridas e atualizar
o resultado final do produto, sem consumir tempo com extensa documentação.
A análise da literatura acadêmica sobre SGP permite concluir que faltam propostas de
pesquisas sobre softwares de gerenciamento de projetos. A análise demonstrou que autores
das três áreas analisadas indicam problemas com as ferramentas existentes. O principal
problema identificado é a falta de capacidade de lidar com controles de multiprojetos em
ambientes dinâmicos, isto é, ambientes de desenvolvimento de produtos complexos e
inovadores. Em especial, identificaram-se problemas no planejamento de projeto,
necessitando-se de funcionalidades que privilegiem a visão do produto final e acordos de
colaboração entre as partes. Um grande problema é o surgimento da necessidade de métodos
127
que sejam flexíveis ao ambiente de incerteza, com foco nas pessoas, que criem mais valor
para o cliente e encorajem a adaptação do processo e das pessoas.
Também foram avaliadas as tendências dos softwares de GP. Pela análise do relatório
do Gartner (2007), em conjunto com a avaliação das ferramentas de GP ágeis de softwares,
foi possível concluir que as novas ferramentas de GP tendem a utilizar as funcionalidades do
gerenciamento de projetos de desenvolvimento de softwares, que adota o enfoque Ágil
(APM), além de incorporar funcionalidades integradas de colaboração com gerenciamento de
projetos. Os novos softwares de GP também possuem tendência de apresentar funcionalidades
para o acompanhamento contínuo das mudanças necessárias ao decorrer do projeto.
O quadro 7, a seguir, apresenta a comparação entre os desafios encontrados na
literatura e nos estudos de casos.
Foco das Pesquisas Desafios Enfrentados pelas Empresas
Áreas do
Gerenciamento
de Projetos
% de
trabalhos
Foco das pesquisas
Ocorrência
nos casos
Temas a serem resolvidos
Integração 17
Monitorar e controlar o trabalho do
projeto e integração dos dados dos
softwares
A, B, C e D
Definição e gerenciamento
das interfaces entre partes do
projeto, Integração de dados
entre todos os softwares
Tempo 13
Definição das atividades,
estimativa de recurso e duração das
atividades
A, B, C e D
Gerenciamento de recursos
Gerenciamento multi-
projetos
Indicadores de desempenho
Escopo 21 Definição e verificação do escopo A
Identificação de requisitos
críticos
Custos 0 - C
Controle das informações
financeiras
Qualidade 0 -
Recursos
Humanos
0 -
Comunicações 37
Distribuição das informações e
gerenciar as partes interessadas do
projeto
C e D
Compartilhamento de dados
entre partes do projeto
Riscos 0 A, C e D
Planejamento e controle dos
riscos durante o projeto
Aquisições 2 Solicitar resposta de fornecedores A
Controle das aquisições no
decorrer do projeto
Ferramentas de apoio à
realização do contrato
Colaboração 10
Controle de contribuição dos
colaboradores, controle do sigilo
das informações
A, B e C
Foco no registro das
informações e rastreabilidade
Quadro 7. Comparação entre a literatura e estudos de casos
Fonte: elaborado pela autora
128
As exigências e os desafios identificados nos estudos de caso permitem duas
conclusões principais. A primeira é que eles reforçam as dificuldades identificadas na revisão
bibliográfica, como a utilização sica das funcionalidades dos SGPs e ausência de sistemas
integrados do tipo EPM ou integração entre as várias ferramentas utilizadas, que acabam por
gerar redundância de dados e retrabalho. A segunda é a identificação de novas
funcionalidades que merecem ser desenvolvidas. Certos aspectos identificados como desafios
para os casos estudados não haviam sido citados na revisão da literatura, apesar de parecerem
fundamentais. Os principais são as necessidades de funcionalidades de software para apoiar:
a) a gestão da aquisição durante o desenvolvimento de produtos;
b) o gerenciamento contínuo dos riscos no decorrer dos projetos;
c) e a constatação da baixa utilização de ferramentas durante o trabalho colaborativo.
Os casos restringem-se a um setor industrial e são apenas quatro empresas. Porém,
considerando tratar-se de empresas líderes em seus setores e com perfis significativamente
distintos, a presença em todos os casos é um forte indício de ser um problema significativo.
Portanto, sugere-se que esses aspectos sejam uma importante hipótese de pesquisa a ser
investigada para aprimoramento dos softwares de gerenciamento de projetos.
A primeira grande contribuição do trabalho, portanto, é demonstrar que há espaço para
o desenvolvimento de softwares que apóiem o planejamento e controle de projetos
colaborativos, de uma forma mais simples e flexível, conforme as críticas realizadas ao
gerenciamento de projetos. Isso permitirá a adoção de práticas de gerenciamento ágil em
projetos colaborativos, o que seria especialmente vantajoso para empresas que atuam com
produtos inovadores e pequenas empresas de base tecnológica.
Adicionalmente, compilou-se o resultado dessas análises em uma primeira versão de
requisitos para um software que cumprisse essa missão, facilitando assim a continuidade do
trabalho e servindo como síntese das evidências coletadas. Esse resultado demonstrou que
129
um conjunto deles que, por sua singularidade, merecem ser pesquisados e estudados com
maior atenção.
Este trabalho representa um primeiro esforço na identificação dos requisitos e
necessita de estudos futuros. Em um processo de desenvolvimento de software, a elicitação de
requisitos, utilizada para compreender a real necessidade dos usuários e delimitar o escopo do
projeto, está em constante mudança ao longo do projeto. Da mesma maneira, a lista de
requisitos apresentada está sujeita às alterações necessárias para o desenvolvimento futuro
deste trabalho, com avaliações seqüentes para a elicitação de novos requisitos.
Algumas sugestões de pesquisas futuras, dando continuidade a este trabalho são:
Estudo de um método para a descrição gráfica e avaliação da visão do produto,
que possui grande importância para a compreensão do produto a ser
desenvolvido por todos os envolvidos no projeto;
Estudo de métodos para apresentar e organizar o plano de iterações e entregas,
Estudo do enfoque ágil para o gerenciamento de projetos para indústrias que
desenvolvem produtos físicos, com o intuito de criar um modelo, adaptando as
técnicas aplicadas na indústria de desenvolvimento de software;
Estudo das possibilidades de integração de documentos oriundos de diferentes
softwares, para viabilizar a colaboração entre diferentes organizações, sem a
necessidade da adoção de uma plataforma única para a troca de arquivos;
Estudo das possíveis ferramentas síncronas de comunicação e do método de
armazenamento dos arquivos gerados pelas comunicações, associados às suas
relativas atividades;
Estudo de metodologias para a geração visual de indicadores de desempenho e
acompanhamento do projeto, avaliando-se as tecnologias disponíveis que
podem ser agregadas ao software.
130
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Apêndices
Apêndice A - Roteiro de Entrevista do Estudo de Caso
Parte 1 – Caracterização da Empresa e do seu PDP
1. Qual o porte da empresa
Micro Pequena Media Grande
2. Numero de funcionários e tipo de capital da empresa
3. Possui algum tipo de certificação?
4. Quais as Linhas e famílias de produtos
5. Quais são as unidades e departamentos envolvidos no PDP
6. Breve descrição do processo de desenvolvimento de produto da empresa (planejamento,
documentação, detalhamento, desenvolvimento, lançamento, pós-lançamento)
7. Existe troca de informação com parceiros no Processo de Desenvolvimento de Produto? Quais os
tipos mais freqüentes? (fornecedores, clientes, universidades, institutos de pesquisa)
Sim Não
8. Como é feita a troca de informação (formal ou informal)?
Parte 2 – Caracterização dos softwares para Gestão de Projetos
1. A empresa possui software para gestão de projetos?
2. Qual software a empresa utiliza?
3. Os projetos possuem minuta? O software utilizado possibilita a utilização dessas minutas para a
gestão de projetos?
4. Portfolio (Marcar se possui ou não a ferramenta/característica apresentada)
Arquitetura
Integração com banco de dados
Múltiplos usuários / permissões
Formas de acesso
Plataforma
Calendário e Agenda
Programação do calendário do projeto
Programação do calendário de recursos
Programação do calendário de tarefas
Visualizar agenda de tarefas de um determinado recurso
Visualizar agenda de determinado projeto
Visualizar agenda de tarefas que engloba todos projetos
da organização
137
Gestão de atividades
Visualizar e formatar gráfico PERT
Visualizar e formatar gráfico GANTT
Geração de WBS
Definir e visualizar níveis para as atividades
Definir restrições para as atividades
Visualização das tarefas envolvendo todos projetos
Método de determinação de duração das tarefas
Gestão de Recursos
Configurar Recursos
Visualizar Disponibilidade de uso dos recursos
Nivelamento de recursos (must start on, start no earlier…)
Padrões de alocação de recursos
Documentos e Relatórios
Geração de relatórios
Impressão
Gerenciamento Eletrônico de Documentos
Gestão de Múltiplos Projetos
Compartilhamento e nivelamento de recursos entre
múltiplos projetos
Análise dos parâmetros ECV e IDP
Agrupamento de Projetos
Ferramentas de Comunicação e Integração
Notificações por e-mail
Exportação de projetos e tarefas
Importação de projetos e tarefas
Exportação de contatos
Importação de contatos
Fórum de discussões interno
Fórum de discussões na internet
Comunicação com cliente
Projetos Finalizados
Armazena documentos de projetos finalizados
Gera relatórios avaliando o desenvolvimento do projeto
Banco de dados com projetos finalizados (p/ busca)
5. A empresa possui uma metodologia de gestão de projetos?
Sim Não
6. O(s) software(s) utilizado(s) possui(em) algum tipo de integração com outros sistemas dentro da
empresa? Qual?
7. Quais são os principais usuários do software?
138
8. Quem tem acesso às informações contidas no software?
9. Como e o controle de acesso às informações? O software compartilha informações com parceiros?
Essas informações compartilhadas são confidenciais?
Parte 3 – Projetos desenvolvidos em conjunto
1. No caso de projetos realizados em cooperação com clientes e fornecedores, quais sistemas de
informação citados acima são utilizados?
Parte 4 – Desafios, Problemas e Melhores Práticas
1. Quais fatores de mudança (ambientais, mercado, tecnologia, competitividade) fazem necessário
melhorar o sistema de gestão de projetos?
2. Quais são os pontos fortes e fracos do sistema de gestão de projetos atual? Quais recursos faltam
ao software para melhorar a gestão de projetos na empresa? Dos recursos que o software possui,
qual deles otimiza a gestão de projetos dentro da empresa?
3. Quais são suas sugestões para melhora dos softwares de gestão de projetos?
139
Apêndice B - Notação BPMN
OBJETO DESCRIÇÃO FIGURA
Evento
Algo que acontece durante um
processo do negócio. Estes
eventos afetam o fluxo do
processo e têm geralmente uma
causa (trigger) ou um impacto
(result). Há três tipos de
eventos, baseados sobre
quando afetam o fluxo: Start,
Intermediate, e End.
Atividade
Termo genérico para um
trabalho executado. Os tipos de
atividades são: Tarefas e sub-
processos. O sub-processo é
distinguido por uma pequena
cruz no centro inferior da figura.
Fluxo de seqüência
Usado para mostrar a ordem
(seqüência) com que as
atividades serão executadas em
um processo
Associação
Usada para associar dados,
texto, e outros artefatos com os
objetos de fluxo. As
associações são usadas para
mostrar as entradas e as saídas
das atividades.
Pool
Um pool representa um
participante em um processo.
Ele atua como um container
gráfico para dividir um conjunto
de atividades de outros pools,
geralmente no contexto de
situações de B2B.
Lane
Uma lane é uma subdivisão
dentro de um pool usado para
organizar e categorizar as
atividades.
Objeto de dados
O objeto de dado é um
mecanismo para mostrar como
os dados são requeridos ou
produzidos por atividades. São
conectados às atividades com
as associações.
Name
Name
Name
Name
140
APÊNDICE C - Tabela de Classificação das Propostas de Softwares da Literatura
ID 1. Integração 2. Tempo 3. Escopo 4. Custo 5. Qualidade 6. Rec. Humanos 7. Comunicações 8. Riscos 9. Aquisições 10. Colaboração
Desenvolver o termo de abertura do projeto
Desenvolver a declaração do escopo preliminar do projeto
Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto
Orientar e gerenciar a execução do projeto
Monitorar e controlar o trabalho do projeto
Controle integrado de mudanças
Encerrar o projeto
Integração de dados de software
Definição da atividade
Seqüenciamento de atividades
Estimativa de recursos da atividade
Estimativa de duração da atividade
Desenvolvimento do cronograma
Controle do cronograma
Planejamento do escopo
Definição do escopo
Criar WBS
Verificação do escopo
Controle do escopo
Estimativa de custos
Orçamentação
Controle de custos
Planejamento da qualidade
Realizar a garantia da qualidade
Realizar o controle da qualidade
Planejamento de recursos humanos
Contratar ou mobilizar a equipe do projeto
Desenvolver a equipe do projeto
Gerenciar a equipe do projeto
Planejamento das comunicações
Distribuição das informações
Relatório de desempenho
Gerenciar as partes interessadas
Planejamento do gerenciamento de riscos
Identificação de riscos
Análise qualitativa de riscos
Análise quantitativa de riscos
Planejamento de respostas a riscos
Monitoramento e controle de riscos
Planejar compras e aquisições
Planejar contratações
Solicitar respostas de fornecedores
Selecionar fornecedores
Administração de contrato
Encerramento do contrato
Controle de contribuição dos colaboradores
Controle de informações confidenciais e públicas
Registros de acordos de colaboração
1 . 1
1.21.3
1 . 4
1 . 5
1 . 6
1 . 7
1 . 8
1 . 9
2.1
2.2
2.3
2.4
2.5
2.6
3.1
3.2
3.3
3.4
3.5
4.1
4.2
4.3
5.1 5.2 5.3 6.1
6.2
6.3
6.4
7.1 7.2 7.3 7.4 8.1
8.2
8.3
8.4
8.5
8.6
9.1
9.2
9.3
9.4
9.5
9.6
10.1 10.2 10.3
S1
1
1
1
S2
1
1
S3
1
S4
1
1
1
1
1
1
S5
1
1
1
1
S6
1
1
S7
1
1
1 1
S8
1
1
S9
1
1
S10
1
1 1
1
S11
1
1
S12
1
1 1
1
1
1
1 1
S13
1
1
S14
1
1
1
S15
1
1
1
SubTotal
0 0 0 0 4 0 0 4 3 0 2 1 0 0 1 6 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 13 1 3 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 4 1 0
Total 8 6 10 0 0 0 18 0 1 5
APÊNDICE D – Tabela resumo dos requisitos e suas fontes
Fonte
Requisito
Tipo
(RNF/RF)
Revisão Bibliográfica
Estudo de
Caso
Análise dos Softwares
1.
Permitir registro e controle dos
usuários
RF A e C
3 softwares de APM
15 propostas de software incluem
registro e controle dos usuários
2.
Deve apoiar a elaboração da visão
do produto e especulação
RF
Highsmith (2004),
Chin (2004)
Barnes, Pashby e Gibbons (2006),
Hameri e Puittinen (2003)
3.
Planejar o projeto de forma mais
simples
RF
Highsmith (2004),
Chin (2004)
Maylor (2001)
A
4.
Acompanhar o andamento do
projeto
RF
Barnes, Pashby e Gibbons (2006),
Hameri e Puittinen (2003)
A, B e D
Hameri e Puittinen (2003)
Huang (2002)
5. Finalizar do projeto RF
Highsmith (2004)
Chin (2004)
A, B, C e D
Qian e Shensheng (2002)
6. Comunicação e Integração RF
Barnes, Pashby e Gibbons (2006),
Hameri e Puittinen (2003)
15 propostas de software encontradas
possuem funcionalidades que
englobam ferramentas de
comunicação
7.
A interface deve ser baseada na
web
RNF
Hameri e Puitinen (2003)
Ren et al. (2006)
Voltados para a web:
15 propostas de software
encontradas
3 softwares de APM
8.
Uso de ferramentas variadas de
comunicação
RNF
Barnes, Pashby e Gibbons (2006),
Hameri e Puittinen (2003)
A e C
9.
Interface homem-computador
simplificada e resumida por meio do
uso intensivo de gráficos.
RNF
Highsmith (2004),
Chin (2004)
Softwares da plataforma ágil
Propostas de:
Chung e Lee (2002);
Qin et al. (2003);
Tay e Roy (2003);
Li, Fuh e Wong (2004);
Rodriguez e Al-Alshaab (2005)
141
142
10.
Integração com funcionalidades de
sistemas de engenharia como CAD
RNF B
Proposta de:
Qian e Shensheng (2002)
Qin et al. (2003)
Tay e Roy (2003)
Li, Fuh e Wong (2004)
Rodriguez e Al-Alshaab (2005)
Mejía, Lopez e Molina (2007)
11. Descentralização dos dados RNF A, B, C e D
Huang e Mak (2002)
Wang, Shen e Ghenniwa (2003)
Li, Fuh e Wong (2004)
Woerner & Woern (2005)
12.
Rastreabilidade das discussões
sobre as entregas e decisões em
gates
RNF
Barnes, Pashby e Gibbons (2006)
Hameri e Puittinen (2003)
13.
Flexibilidade de alteração das
entregas/tarefas para atender às
mudanças do ambiente
RNF
Highsmith (2004)
Chin (2004)
Winter et al. (2006)
Ausência de propostas que englobem
funcionalidades deste tipo
14. Rastreabilidade dos dados RNF A
15. Garantir sigilo dos dados RNF A, B, C e D
16.
Controle de versão e fluxo de
documentos
RNF B e D
17.
Indicadores de desempenho de
forma gráfica e sintética
RNF
Highsmith (2004)
Chin (2004)
A, B e C
18. Controle de multiprojetos RNF A e B
Ausência de propostas que englobem
funcionalidades deste tipo
19.
Menor tempo possível nas
atividades rotineiras
RNF
Maylor (2001)
Highsmith (2004)
Chin (2004)
143
Anexo
Avaliação de Ferramentas de Gestão de Projetos de Código Aberto
RORIZ, J. H. R.; JUCÁ JUNIOR, A. S.; AMARAL, D. C.
Introdução e Objetivos
As ferramentas de gerenciamento de projetos mais difundidas são sistemas
proprietários. Elas possuem funcionalidades suficientes para auxiliar a maior parte do ciclo de
vida da gestão de projetos. Porém, a disseminação destes sistemas nas empresas de base
tecnológica é dificultada pelo custo de aquisição de licenças, personalização, treinamento e
suporte. O foco principal das vendas de tais sistemas ainda são grandes corporações.
Nós últimos anos vem sendo desenvolvidas ferramentas de gerenciamento de projetos
que oferecem um menor custo de aquisição, são os chamados softwares de código aberto.
Estes sistemas permitem que seus usuários desenvolvam e personalizem o programa para
melhor atender às suas necessidades. O desenvolvimento destas ferramentas é feito por uma
comunidade de colaboradores, ao invés de uma empresa de software, o que em pode propiciar
um menor custo de serviço de suporte em relação aos softwares proprietários. Os problemas
são enviados para estas comunidades e solucionados conforme o engajamento dos seus
membros, geralmente sem custo adicional para o usuário.
Na internet é possível encontrar uma grande quantidade de sites que oferecem
livremente estas ferramentas, com nenhum ou pequeno custo de licenciamento para os
interessados. O problema atual para pesquisadores e profissionais é saber se elas realmente
podem trazer benefícios concretos para a gestão de projetos, isto é, se possuem
funcionalidades suficientes, com níveis adequados de usabilidade e confiabilidade. No caso
afirmativo, elas seriam uma ótima opção para as pequenas e médias empresas de tecnologia.
Este estudo apresenta um levantamento, análise e avaliação dos sistemas de código aberto
voltados para a gestão de projetos, apresentando um panorama do estágio de desenvolvimento
sob um enfoque das necessidades da pequena e média empresa.
Para esta análise desenvolveu-se um conjunto específico de critérios referentes às
funcionalidades de sistemas de gestão de projetos. As fontes de informação utilizadas na
elaboração foram uma revisão da literatura e estudo das funcionalidades das ferramentas de
gestão de projetos mais difundidas no mercado. Durante o progresso da análise dos softwares,
esses critérios foram também sendo continuamente aprimorados, conforme as dificuldades
encontradas na sua aplicação. Os critérios foram agrupados em nove categorias: Arquitetura e
ODBC, calendário e agenda, gestão de atividades, gestão de recursos, gestão de custos,
ferramentas de monitoramento, gestão de multi-projetos, gestão de documentos relatório e
impressão e ferramentas de comunicação e integração.
Este relatório encontra-se dividido em cinco partes (objetivos, revisão bibliográfica,
metodologia, resultados, conclusão e referências bibliográficas). Ao final, demonstra-se um
interessante panorama sobre o estágio atual destas ferramentas. Estes resultados do trabalho
podem ser utilizados tanto por profissionais de gestão de projetos, focados ou não nos
problemas das pequenas empresas de base tecnológica, como pesquisadores interessados em
conhecer melhor este tipo de ferramenta, isto é, seus potenciais e áreas que poderiam ser
investigadas para aumentar seu potencial de utilização.
144
Objetivos
Propõe-se nesta pesquisa fazer um levantamento, análise e seleção de softwares de
código aberto voltados para a Gestão de Projetos. A pesquisa buscou também estabelecer o
atual grau de desenvolvimento dos sistemas de código aberto em relação às soluções mais
aceitas no mercado.
Revisão Bibliográfica
Gestão de Projetos
De acordo com o PMI (2000), gestão de projetos e a aplicação de conhecimentos,
habilidades, e técnicas para projetar atividades que visem atingir os requerimentos do projeto.
Ainda segundo instituto, o gerenciamento do Projeto é constituído de processos tais como:
iniciação, planejamento, execução, controle e encerramento.
Figura 1: Relações entre os processos de GP
(adaptado do PMI, 2000)
De acordo com PMI (2000) e HELDMAN (2003):
Os processos de iniciação visam obter o comprometimento da organização para
o início do planejamento do projeto. Este processo concede aprovação para
comprometer os recursos da organização para o projeto ou fase.
Os processos de planejamento buscam programar e manter atividades que
sejam viáveis para atingir os objetivos do projeto, envolvendo a programação
do escopo, atividades, orçamento e os planos do projeto. Neste grupo de
processos, os requisitos do projeto são especificados, e os stakeholders são
identificados.
A execução consiste em coordenar pessoas e recursos para executar o plano.
Envolve principalmente a garantia da qualidade, distribuição de informações,
seleção de fornecedores, e desenvolvimento da equipe. O processo de execução
acompanha de perto o plano do projeto e assegura que sua próxima execução
esteja em sincronia com os objetivos desejados.
Os processos de controle visam assegurar que os objetivos do projeto estão
sendo atingidos. Através do monitoramento, busca identificar variações no
plano e fazer sua avaliação, controlando o desempenho do projeto, custos,
qualidade e riscos. Se forem detectados desvios, será aplicada uma ação
corretiva para sincronizar as atividades ao plano do projeto.
145
Finalmente o encerramento consiste em finalizar os contratos e gerar, reunir e
disseminar informações para formalizar o término da fase ou do projeto. A
documentação pode ser analisada e aproveitada para evitar possíveis problemas
em projetos futuros. O contrato acaba aqui, e a aceitação e aprovação formais
são obtidas junto aos stakeholders.
Sistemas de Código Aberto
De acordo com a OSI (2004), as características da licença de um software para que
este seja considerado do tipo código aberto são:
Redistribuição livre: a licença de distribuição não deve restringir a venda ou cessão
do software por parte de usuários, também não deve cobrar direitos de propriedade ou
outras taxas pela venda do programa.
Código fonte: o programa deve incluir o seu código fonte e deve permitir o acesso a
ele, da mesma forma a versão compilada. Quando o produto não for distribuído com o
código fonte, deve haver uma forma claramente anunciada de obtê-lo, sem custo, via
Internet.
Trabalhos derivados: a licença deve permitir a realização de modificações e de
criação de sistemas derivados, os quais devem ser distribuídos sob os mesmos termos
da licença do software original.
Não discriminar pessoas ou grupos: a licença não deve discriminar contra nenhuma
pessoa ou grupo de pessoas.
Não discriminar campos de interesse:
a licença não deve restringir ninguém de utilizar o
programa em algum campo de interesse específico.
Distribuição da Licença:
os direitos vinculados ao programa devem aplicar-se a todo aquele
para o qual o programa é redistribuído, sem que haja necessidade que as partes levem a efeito
uma licença adicional.
Uma licença não deve ser específica para determinado produto:
os direitos vinculados a
um programa não devem depender do uso de uma distribuição de
software
específica. Se o
programa é extraído daquela distribuição e usado ou distribuído nos termos da licença do
programa, todas as partes para as quais o programa é redistribuído devem ter os mesmos
direitos que são concedidos às pessoas que receberam o
software
original.
Integridade do código fonte do autor:
a licença somente pode restringir a distribuição do
código fonte em forma modificada se ela permitir a distribuição de
patches
junto com o
código fonte original, com o objetivo de modificar o programa durante a compilação. A
licença deve permitir explicitamente a distribuição de
software
compilado a partir do código
fonte modificado. A licença pode exigir que trabalhos derivados tenham diferentes nomes ou
diferentes números de versão que o
software
original.
Uma licença não deve contaminar outro software:
a licença não deve impor restrições a
outro programa que é distribuído junto com o
software
licenciado. Por exemplo: a licença não
deve insistir que todos os outros programas distribuídos no mesmo meio sejam de código
aberto.
A licença deve ser tecnologicamente neutra:
a licença não deve exigir que o programa
utilize uma tecnologia especifica nem ao menos um estilo de interface.
Estas características da licença dão liberdade ao usuário de usufruir o ximo do
sistema, sem precisar pagar aos proprietários dos direitos autorais pela sua instalação e uso.
146
Portanto, a diminuição do custo de licença provavelmente é o primeiro argumento a favor dos
sistemas de código aberto. O custo de licença é nulo, havendo necessidade de investir
somente em horas de mão de obra para compreender o sistema e fazê-lo funcionar.
Outra vantagem é que o suporte técnico e o aprimoramento destes sistemas podem ser
solicitados junto ao rum na internet utilizado pela comunidade de desenvolvimento da
ferramenta. Em tese, é como ter acesso à equipe de desenvolvimento para solucionar os
problemas sem a necessidade de pagar pelo serviço. Como o código pode ser consultado e a
documentação do sistema é entregue também ao usuário, outra saída é realizar estas
atividades com a equipe de desenvolvimento de sistemas da própria empresa usuária do
software. Em ambos os casos, o custo de personalização do sistema às necessidades
específicas e de suporte técnico seriam extremamente baixos se comparado com ferramentas
proprietárias.
Outra vantagem destes sistemas, apontada pelos seus defensores, é o tempo de
resposta na correção de bugs. A comunidade de código aberto adota uma prática chamada
full discosure na correção destes problemas. Os softwares de código aberto geralmente
possuem ou são integrados com sistemas de Bug tracking, que rastreiam estes defeitos, e
quando encontrados o publicados. Os bugs são submetidos à revisão pública, o que facilita
suas soluções e possibilita que haja, em um dado momento, várias equipes de
desenvolvedores trabalhando em partes distintas do sistema.
Entre as desvantagens deste sistema encontra-se a falta de garantias de suporte técnico,
a falta de segurança em termos de investimento na atualização e melhorias do sistema e
também a inexistência de programas de treinamento e certificação de profissionais que
garantam a disponibilidade de mão-de-obra qualificada na manutenção do serviço.
Um dos maiores problemas enfrentados pelos sistemas de código aberto é sua
usabilidade. Estes softwares geralmente são elaborados, diferentemente dos sistemas
proprietários, sem a participação do usuário final. De acordo com NICHOLS & TWIDALE
(2002), a principal diferença dos dois tipos de ferramentas é que o desenvolvimento de
softwares comerciais reconheceu estes problemas de usabilidade, e puderam empregar
esforços em melhoria deste em favor do usuário final. os desenvolvedores de softwares de
código aberto geralmente não possuem recursos para levantar as necessidades do usuário final
ou aplicá-las em seu favor.
Softwares de Gerenciamento de Projetos
De acordo com o PMBOK (2000), o gerenciamento de projetos é a aplicação de
conhecimentos, habilidades, e técnicas que auxiliam a equipe atingir os requerimentos
exigidos no projeto. Este gerenciamento é composto de conjuntos de atividades, conhecidos
como processos da gestão de projetos, envolvendo a programação do escopo, atividades,
orçamento e os planos do projeto. Estes processos foram classificados em cinco tipos:
iniciação, planejamento, execução, controle e encerramento. De acordo com PMBOK (2000)
e HELDMAN (2003). As práticas desses processos estão relacionadas com nove áreas de
conhecimento: gerência de integração, de escopo, de tempo, de custo, da qualidade, dos
recursos humanos, da comunicação, do risco e de aquisição.
O gerenciamento dessas áreas e dos processos são facilitados pelo uso de ferramentas
computacionais conhecidas como os softwares de gestão de projetos. Estes sistemas
automatizam os cálculos de análises matemáticas, nivelamento dos recursos e
conseqüentemente, permitem uma rápida avaliação sobre diversas alternativas para o
cronograma. Elas aumentam a capacidade humana de monitorar as datas planejadas e
compará-las com as datas reais, facilitando assim a previsão de efeitos de mudanças das
atividades do projeto. Em ambientes de multi-projetos ou projetos mais complexos estas
147
ferramentas podem oferecer simulações que envolvem cálculos de diferentes durações de
projeto ou análise de diferentes cenários (análise what-if), como por exemplo, avaliar como o
atraso ou adiantamento de determinadas atividades em um projeto pode afetar o cronograma
de outros projetos que compartilham os mesmos recursos. Estas análises entre outras seriam
bastante dificultadas sem o uso destes softwares (PMBOK 2000).
O crescimento do emprego de técnicas para gerenciamento de projetos deve muito à
disponibilidade de softwares. Muitas delas exigem a manipulação de grande quantidade de
dados, que no passado era realizada apenas pelas empresas que operavam com projetos de
proporções e complexidade suficientes para tornar justificável a existência de uma equipe de
apoio, com engenheiros, estatísticos e matemáticos, dedicados exclusivamente ao trabalho de
gerenciamento. Com o auxílio dos sistemas, mesmo empresas de menor porte podem de
maneira prática ter acesso a estas técnicas. No entanto, não se deve esperar que o computador
substitua o tradicional processo decisório. Na gestão de projetos o computador ainda é
utilizado principalmente como uma ferramenta de apoio, facilitando a manipulação dos dados
para o emprego técnicas e métodos disponíveis na área. Sua principal vantagem é a
velocidade de processamento de análises quantitativas, necessárias a uma grande variedade de
processos (BADIRU, 1996). O emprego de técnicas computacionais mais sofisticadas como a
inteligência artificial ainda está distante das práticas dos sistemas comerciais.
O mesmo autor define seis etapas para o processo evolucionário dos softwares de GP.
Da primeira geração (antes da segunda guerra mundial), passando pelos sistemas dedicados
PERT/CPM, e chegando a geração atual, com novos conceitos em inteligência artificial e
comunicação online aliados aos conceitos passados, unindo as gerações passadas com
projetos gráficos, geração de relatórios, planilhas e análises de custo. Sua crescente
popularidade, aceitação, e uso são evidenciados pelo grande número de programas comerciais
que recentemente foram introduzidos no mercado.
BADIRU (1996) considera vários fatores importantes que devem ser levados em conta
na seleção de softwares de GP, sendo eles: custo, necessidade, planejamento do projeto,
gerenciamento de recursos, rastreamento do progresso do projeto, geração de relatórios,
facilidade de uso, suporte de ferramentas para diferentes analises e requerimentos de
hardware.
Método de Pesquisa
A abordagem metodológica deste trabalho pode ser classificada como uma pesquisa
descritiva que, segundo ROESCH (1999), tem um caráter de levantamento de informações
sobre uma população, característico de uma pesquisa voltada a algum diagnóstico, por
exemplo. Exemplos desta abordagem são censos, levantamentos de opinião pública ou
pesquisas de mercado que procuram fatos descritivos.
A população-alvo do estudo são as ferramentas de código aberto, voltadas para o
gerenciamento de projetos e a prática de testes como técnica de coleta de dados. A coleta de
dados baseada em testes tem o objetivo de comparar o comportamento da amostra analisada
com um conjunto pré-definido de respostas. Neste caso, as possíveis respostas são as
funcionalidades e características dos sistemas de gestão de projetos. Pretende-se verificar as
características e funcionalidades da população, isto é, os sistemas de software-aberto para
gestão de projetos, comparando-a com as características e funcionalidades dos sistemas
proprietários existentes.
Etapas da Pesquisa
148
O trabalho foi divido em seis etapas diferentes para facilitar sua execução:
Revisão bibliográfica:
foi realizada uma revisão bibliográfica sobre os assuntos gestão de
projetos,
softwares
de gestão de projetos e sistemas de código aberto. Na literatura sobre
gestão de projetos deu-se especial atenção às características e funcionalidades dos sistemas
existentes;
Análise das ferramentas comerciais:
as ferramentas MS-Project 2002 e PMOffice 2000
foram analisadas objetivando a elaboração dos critérios de análise. A primeira delas foi
analisada a partir de uma versão completa instalada no laboratório do grupo de pesquisa. O
sistema
Project Professional
2002 foi instalado no laboratório, enquanto a segunda ferramenta
foi avaliada com base na documentação disponível pela empresa.
Criação dos critérios de análise:
com base nos resultados do item anterior e na revisão
bibliográfica foram elaborados os critérios de análise para sistemas de GP;
Levantamento de ferramentas de código aberto para gerenciamento de projetos:
foi
realizado um levantamento dos sistemas de GP de código aberto procurando-se identificar
inicialmente uma lista dos sistemas existentes. Esta lista foi filtrada de acordo com seu grau de
popularidade, avaliado por meio de pedidos de indicações de nomes de sistemas em listas de
discussão sobre sistemas de código aberto e para especialistas em gestão de projetos. As
ferramentas indicadas foram instaladas e avaliadas em detalhe. Somente as mais promissoras
foram submetidas à análise.
Análise dos softwares:
nesta etapa foi realizada a análise das ferramentas de gestão de
projetos de código aberto com base nos critérios elaborados na etapa anterior;
Refino dos critérios com as ferramentas de código aberto:
iniciada a análise das
ferramentas de código aberto, os critérios de análise foram sendo modificados conforme
surgiam dúvidas ou problemas na sua aplicação, como, por exemplo, características que não
tinham sido observadas durante a proposição da lista inicial de critérios. Esta fase da pesquisa
se estendeu durante todo o período de analise dos
softwares
de código aberto;
149
Figura 2: Etapas da Pesquisa
Resultados
5.1 Levantamento de sistemas
Foram cadastrados 25 sistemas de código aberto de gerenciamento de projetos. Estes
sistemas foram localizados de acordo com indicações em listas de discussões e sites de buscas
especializados em softwares de código aberto. Os sites mais utilizados foram:
http://freshmeat.net/ e http://sourceforge.net/. A lista destes sistemas se encontra no apêndice
A.
5.2 Definição de critérios
A elaboração de critérios para análise dos softwares de gerenciamento de projetos foi
feita através da revisão bibliográfica. As principais fontes foram VARGAS (2002),
GOLDRATT (1998) e GRC (2002), as quais descrevem, cada uma a sua maneira, as
características que estes sistemas devem possuir para dar apoio ao gerenciamento de projetos.
Foi realizado também um estudo de dois dos sistemas mais difundidos no mercado, MsProject
Professional 2002 e PMOffice 2000, respectivamente por meio de testes e documentação e
versão demonstração, conforme descrito no item 4.1.
Cada critério foi avaliado por uma escala de zero a cinco. A nota zero é definida
quando o sistema não possui a funcionalidade em análise. A nota cinco foi atribuída quando o
sistema possui todas características identificadas durante a elaboração dos critérios. As
demais notas são definidas quando o sistema possui características intermediarias. Como
exemplo, apresenta-se na Tabela 1 a escala para o critério “Visualizar e formatar gráfico
GANTT”.
Tabela 1: Exemplo de critério de análise
150
2.2
Visualizar e formatar
gfico GANTT 5
Formatar escala de tempo dia/mês/semana/ano e formato
das barras.
Determinar caminho crítico, mostrar dependência entre
tarefas, mostrar recursos.
3
Determinar dependência entre tarefas, mostrar caminho
critico.
Formatar escala de tempo dia/mês/semana/ano e formato
das barras.
1 Mostra apenas duração das tarefas
0 Funcionalidade inexistente
Cada critério é bem específico e possui uma escala especialmente desenvolvida e
“fechada”. Durante a avaliação, comentários sobre cada classificação foram registradas junto
ao valor atribuído. Por exemplo, no caso da Tabela 1, caso fosse atribuída a nota 3 pedia-se ao
avaliador para indicar quais formatos de barra o software permite: alteração de cor e
preenchimento ou apenas um deles.
Ao final, foram obtidos 58 critérios. Para facilitar a análise das ferramentas estes
critérios foram divididos em nove categorias:
A categoria “Arquitetura” contém seis critérios: Integração com banco de dados,
múltiplos usuários / permissões, formas de acesso, plataforma, linguagem de programação e
softwares necessários para instalação. Estes critérios buscam avaliar uma possível integração
do software em análise com outros sistemas, facilidade de alterar o código e manipular a base
de dados.
A categoria calendário e agenda” contém os critérios que avaliaram a capacidade do
sistema em proporcionar a organização a programar calendários para o projeto, recursos ou
tarefas. A programação do calendário envolve definir o período de trabalho diário, dias de
trabalho por semana e eventuais feriados. Foi avaliado também se além do sistema permitir a
escolha de calendários base, permitia personalizá-los. O número de visões de agenda (do
projeto, recurso ou da tarefa), foi avaliado juntamente com a possibilidade de personalizar em
visões em escala de tempo, ou filtrá-las de acordo com determinados parâmetros.
A categoria “gestão de atividades” contém oito critérios: visualizar e formatar gráfico
PERT, visualizar e formatar gráfico GANTT, geração de WBS (work breakdown struture),
configurar tarefas, visualização das tarefas envolvendo todos projetos, visualização das tarefas
de determinado projeto, visualização das tarefas de determinado recurso e método de
determinação de duração das tarefas. Os dois primeiros critérios avaliaram o nível de
personalização que o software permitiu e nos gráficos PERT e GANTT, além das capacidades
de determinar e destacar o caminho crítico do projeto e de permitir a definição dependência
entre tarefas. Esta categoria avaliou também o vel permitido de configuração das tarefas
como, por exemplo: definir restrições de agendamento, anexar documentos ou alocar
recursos. A capacidade de gerar diferentes visões para as tarefas, ou por projeto recurso, e
ainda personalizar e filtrar estas visões foi também analisada três critérios de visualização.
Ainda nessa categoria, foi avaliado como a ferramenta determina a duração das tarefas, se
simplesmente por definição do usuário ou se possui métodos mais avançados como triângulo
de Simpson ou estimativa devido ao esforço.
A categoria gestão de recursos” encontra-se dividida em duas áreas: o gerenciamento
de recursos usuários e os não-usuários. Em ambas as áreas os critérios avaliaram a capacidade
da ferramenta em realizar funções como: nivelamento de recursos, visualizar a
disponibilidade dos recursos, gerenciar times de recursos e permitir diferentes padrões de
alocação nas atividades.
151
A “gestão de custos” avaliou como o software efetua o lculo para o pagamento dos
recursos, cálculo do custo das atividades e do projeto. A avaliação desses critérios foi feita
com base na capacidade do sistema em realizar estes cálculos automaticamente ou se estes
custos são apenas inseridos pelo usuário.
A categoria “gestão de documentos, relatórios e impressão” avaliou se o sistema
permite a geração de relatórios predefinidos e ainda personalizá-los, se possuem
funcionalidades de auxilio ao gerenciamento de documentos como controle de versão e
autoria ou poder importá-los e exportá-los para outros formatos. Ainda avaliou se o software
gera visões em formato de impressão para determinados dados ou gráficos.
A categoria “ferramentas de monitoramento” avaliou as funcionalidades do sistema
em proporcionar a equipe de projeto ferramentas de análise do valor agregado, visualizar as
porcentagens completas das atividades e linhas de andamento e possibilitar a gravação de
linhas de base (baseline).
No “gerenciamento de múltiplos projetos”, os critérios avaliaram se a ferramenta
permite realizar análise do portfolio da empresa, compartilhar e nivelar recursos entre
diferentes projetos e a possibilidade de definir dependência entre tarefas nos diferentes
projetos. Os critérios avaliaram também a capacidade do software em agrupar vários projetos
em um projeto mestre e realizar alterações nestes projetos que reflitam nos projetos originais.
A categoria “ferramentas de comunicação e integração” avaliou a capacidade do
sistema em importar e exportar dados em outros formatos, realizar notificações por e-mail e
possuir fóruns de discussões interno e na internet (para suporte de instalação e utilização).
Também foi avaliada a integração deste sistema com bancos de dados, e quais softwares
adicionais são necessários para sua instalação.
5.3 Avaliação das ferramentas
A pesquisa inicial, realizada a partir de mecanismos de buscas e sites específicos da
área, identificou 25 softwares livres para gestão de projetos, listados no Apêndice A. Uma
análise preliminar e descritiva destes sistemas revelou que grande parte se tratava de sistemas
com sérias limitações, seja porque se tratavam de componentes, pequenos softwares muito
especializados ou sistemas com graves limitações em termos de funcionalidade. Decidiu-se
realizar uma análise preliminar desses sistemas procurando identificar as melhores soluções.
Além da análise pelo pesquisador, foram enviadas perguntas para listas de discussões de
especialistas em gerenciamento de projetos, como
CriticalChain@yahoogroups.com, [email protected]m.br,
pmisp_Ferramenta[email protected], onde solicitou-se indicações de ferramentas de
código-aberto.
Este esforço foi fundamental para evitar o teste de soluções pouco significativas. Isto
porque a análise de cada uma delas foi realizada a partir de testes com a ferramenta instalada,
num alto nível de rigor. Em dia eram três semanas para testar cada ferramenta, incluindo
instalação, aprendizado e testes práticos para identificar o nível correto em cada critério.
Portanto, seria inviável realizar a análise dos 25 sistemas identificados.
Ao final desta análise obteve-se uma lista com as seis ferramentas consideradas mais
completas, ou seja, com o maior conjunto de funcionalidades, estes sistemas foram instalados
e observados em detalhe. A Tabela 2 abaixo mostra os seis softwares analisados:
Tabela 2: softwares analisados
152
Sistemas avaliados Tipo de Licença Link
TUTOS GPL http://www.tutos.org/homepage/
PHProjekt GPL http://www.phprojekt.com
Phpcollab GPL http://www.php-collab.com/
DotProject BSD http://www.dotproject.net/
Open Work Bench
Mozilla Public License 1.1 (MPL 1.1) http://www.openworkbench.org/
Planner General Public License (GPL) http://www.imendio.com/projects/planner/
De acordo com os pesos associados a cada categoria e as notas segundo cada critério,
obteve-se uma avaliação geral dos sistemas, apresentada de forma na Tabela 3, em
porcentagem. As avaliações completas de cada software e o resumo completo de todos os
critérios podem ser consultadas respectivamente nos apêndices C e B.
Tabela 3: Avaliação dos softwares.
A análise demonstra que a ferramenta Open WorkBench é a que possui características
mais próximas aos sistemas proprietários mais difundidos no mercado. Porém, considerando a
nota máxima de valor 5, percebe-se que mesmo este sistema, considerado o melhor, se
encontra em um nível de sofisticação bem menor em relação aos dois softwares proprietários
utilizados na elaboração dos critérios (Microsoft Project Professional 2002 e PMOffice 2000).
Em geral, as deficiências se mostram mais acentuadas nas categorias: gestão de
múltiplos projetos e calendário e agenda. Outro aspecto notado são as deficiências gerais,
indicando possivelmente funcionalidades de difícil implementação. Apenas o software Open
WorkBench apresentou funcionalidades como: geração de gráfico PERT, nivelamento de
recursos e contabilização dos índices de análise de valor agregado. Vale ressaltar que nenhum
dos sistemas analisados apresentou ferramentas para análise de portfolio.
A partir da tabela 3 é possível observar que os sistemas de ambiente web (TUTOS,
Phprojekt, Phpcollab e Dotproject) apresentam características semelhantes entre si e distintas
dos outros dois softwares (Planner e Open WorkBench) que são desktop based.
No primeiro grupo de sistemas percebe-se que o maior desempenho foi no item
ferramentas de comunicação e integração. O fato de ambiente web permitiu que elas
apresentassem funcionalidades como fóruns de discussões, chats e assistentes de notificações
por e-mail, o que favoreceu a pontuação nesta categoria.
153
O segundo grupo apresenta maior desempenho nos itens calendário e agenda e gestão
de atividades. Estas ferramentas possuem maior facilidade em construir e formatar gráficos
Gantt, programar calendários e definir restrições e dependência para as atividades.
Conclusões
Este trabalho demonstra que as ferramentas para gestão de projetos de código aberto
disponíveis ainda não se encontram no mesmo nível de sofisticação das ferramentas mais
utilizadas no mercado. Todas ferramentas analisadas apresentam sérias deficiências em
algumas funcionalidades se comparadas às ferramentas que foram utilizadas para elaborar os
critérios.
Por outro lado, acredita-se que, com um pequeno esforço no desenvolvimento das
ferramentas existentes ou com integrações entre elas, seria possível obter uma solução viável,
de ótima qualidade e de baixo custo em comparação com as ferramentas proprietárias.
Um fato positivo notado é a possibilidade de integração destas ferramentas visando a
obtenção de uma solução mais completa e sofisticada, unindo as vantagens e desvantagens de
cada uma delas. Um exemplo seria a integração da ferramenta Open WorkBench com o
TUTOS ou Phprojekt. Estas duas ferramentas possuem características complementares, sendo
que a primeira se destaca no gerenciamento de atividades, calendário e agenda e ferramentas
de monitoramento e as outras ferramentas possuem funcionalidades mais desenvolvidas na
categoria comunicação e integração e Arquitetura.
A aplicação dos critérios demonstrou que eles foram suficientes para avaliar os
softwares de apoio ao gerenciamento de projetos de código-aberto em profundidade, devendo
ser utilizados em possíveis continuações deste trabalho.
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Comparativa das Ferramentas de Suporte à Metodologia
. VI SIMPOI - Simpósio de Administração da
Produção, Logística e Operações Internacionais, São Paulo.
VALERIANO, D.L.,
Gerência em Projetos
, Makron Books, São Paulo, 1998.
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