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UFRRJ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
DISSERTAÇÃO
Estudo Químico e Atividades Biológicas de Ouratea
hexasperma var. planchonii Engl. (Ochnaceae).
RENATA DUARTE FERNANDES
2008
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ii
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
ESTUDO QUÍMICO E ATIVIDADES BIOLÓGICAS DE
Ouratea hexasperma var. planchonii Engl. (Ochnaceae).
RENATA DUARTE FERNANDES
Sob a Orientação do Professor
Dr. Mário Geraldo de Carvalho
Dissertação submetida como requisito
parcial para a obtenção do grau de
Mestre em Ciências, no Programa de
Pós-Graduação em Química, Área de
Concentração em Química de Produtos
Naturais
Seropédica, RJ
Julho de 2008
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iii
UFRRJ / Biblioteca Central / Divisão de Processamentos Técnicos
547
F363e
T
Fernandes, Renata Duarte, 1977-
Estudo químico e atividades
biológicas de Ouratea hexasperma
var. planchonii Engl. (Ochnaceae) /
Renata Duarte Fernandes – 2008.
118f. : il.
Orientador: Mário Geraldo de
Carvalho.
Dissertação (Mestrado)
Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro, Programa de Pós-
Graduação em Química.
Bibliografia: f. 93-101.
1. Química orgânica - Teses. 2.
Ouratea - Análise Teses. 3.
Ochnaceae Análise - Teses. 4.
Produtos naturais Teses. I.
Carvalho, Mário Geraldo de, 1952- .
II. Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro. Programa de Pós-
Graduação em Química. III. Título.
Bibliotecário: _______________________________ Data: ___/___/______
iv
v
Ao meu marido Cristiano de Deus Correa e
À minha mãe Fátima Maria Duarte.
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus;
Ao meu marido Cristiano pelo amor, compreensão, incentivo, paciência e carinho;
À minha mãe Fátima por acreditar em meus sonhos e me incentivar sempre;
Aos meus irmãos Rodrigo e Robson pelo incentivo e ajuda;
À minha vovó Maria dos Anjos, aos meus tios pelo carinho e alegria em cada vitória
minha, aos meus primos e meu afilhado;
À minha amiga de todas as horas Juliana Moura;
Ao Professor Dr. Mário Geraldo de Carvalho pela orientação, ensinamentos, atenção e
paciência;
Aos amigos do LQPN-UFRuralRJ: Eduardo (Ceará), Delcí, Marcelo, Maritza,
Virgínia, Luciano, Luiz Roberto (Pilha), Mário Sérgio, pela amizade e pelos momentos de
descontração que passamos juntos e à nova integrante da equipe Roberta pelas palavras de
incentivo;
Aos alunos de iniciação científica e estagiários do LQPN-UFRuralRJ: Luciane,
Claudiana, Daniel, Letícia, Raquel, Tatiane, Verônica, Débora, Ana Paula, Aline e Aline’ pela
amizade, convivência agradável e auxílio durante a realização deste trabalho.
A todos os colegas do PPGQO, sem exceção, pelo bom relacionamento durante este
período; em especial aos amigos Ari, Cláudio, Janaína, Kênia, Ana Paula, Andréa Janaína,
Andréa Rose, Willian, Camilla, Alessandra, André Vinícius, Letícia, Vinícius, Suzana e
Raquel; e à Regina pela amizade, incentivo e apoio;
Aos professores do PPGQO pela formação e evolução profissional;
À professora Dra. Rosane Nora Castro pelos ensinamentos e auxílio nas análises no
HPLC;
Aos funcionários do ICE-UFRRJ, Maurício, Welisson, Carlão, Eli, bio, Francês,
Osmar, Rui, Aldir e André;
À professora Dra. Maria de Fátima Agra (LTF-UFPB) pela coleta e identificação do
material vegetal;
Ao Prof Dr. Edilberto Rocha Silveira do (CENAUREMN/UFC), pela obtenção dos
espectros a 500 MHz;
À professora Dra. Alceni Augusta Werle (UFOP) pelas análises no CLAE-EM;
Aos professores Dra. Miliane Moreira Soares de Souza e Dr. Francisco de Assis
Baroni (IV/UFRRJ) pelos ensaios de atividade antibacteriana e antifúngico;
Aos professores Dr. Fábio Fagundes Rocha e Frederico Argollo Vanderlinde do
Departamento de Ciências Fisiológicas (IB/UFRRJ) pelo teste de toxicidade;
Ao mestrando Élio Barbieri Departamento de Parasitologia Animal-UFRRJ pelo
ensaio de atividade inseticida;
À professora Denise Monte Braz do Departamento de Botânica da UFRRJ, pela
atenção e auxílio na classificação botânica;
Às meninas do alojamento da graduação F1-32 Tati, Marcele, Dailane, Camila,
Wilma, Germana, Joyce e Geovana pela amizade, momentos de estudos e de descontração;
Às meninas do alojamento da Pós-graduação Janaína, Vanessa, Renata, Michelle,
Daniele, Patrícia, Sabrina, Silvana, Eliane, Kênia, Fabiana, Fernanda, Daniela, Fabíola, Ana
Luisa, e Veridiana pelo acolhimento, amizade e bons momentos;
Desde já, à banca examinadora, pelas sugestões e correções sugeridas a este trabalho;
À UFRRJ, por mais uma oportunidade e acolhimento;
A CNPQ pela concessão da bolsa de estudos;
A todos que, de algum modo, me ajudaram na realização deste trabalho.
vii
Quando alguém encontra seu caminho,
precisa ter coragem suficiente
para dar passos errados.
As decepções, as derrotas, o desânimo
são ferramentas que Deus
utiliza para mostrar a estrada.
Paulo Coelho
viii
RESUMO
FERNANDES, Renata Duarte. Estudo Químico e Avaliação de Atividades
Biológicas de Ouratea hexasperma var. planchonii Engl. 2008 101f. Dissertação (Mestrado
em Química Orgânica). Instituto de Ciências Exatas, Departamento de Química, Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2008.
Os metabólitos especiais isolados de galhos de Ouratea hexasperma var. planchonii
Engl., permitiram a comparação com os constituintes de O. hexasperma (St. Hil.) para
confirmar a classificação botânica da mesma. Neste trabalho também foram avaliadas
algumas atividades biológicas.
As analises das frações obtidas do fracionamento com partição com solventes e
técnicas cromatográficas dos extratos preparados com diclorometano e metanol dos galhos de
Ouratea hexasperma var. planchonii Engl. conduziu à identificação de alguns constituintes
químicos. Identificaram-se misturas de hidrocarbonetos alifáticos, ácidos alilfáticos, de
esteróides (sitosterol, estigmasterol e campesterol), além de três triterpenos, lupeol, α e β
amirina, e os flavonóides (7”-O-metilagatisflavona e agatisflavona) e sitosterol-3-O-β-D-
glicopiranosideo. As estruturas foram determinadas através de análise dos dados
espectrométricos de IV, RMN de
1
H e
13
C uni e bidimensional e massas, além de comparação
com dados da literatura. A técnica CLAE-EM foi utilizada na análise adicional de duas
frações contendo dois biflavonóides e alguns constituintes adicionais. Esta análise permitiu
propor a presença de metil-vitexina, orientina, metil-diidroxiflavona, glicopiranosil-flavonas,
dimetilagatisflavona, glicopiranosil-prenil-flavonol além da confirmação das duas biflavonas
identificadas inicialmente.
Os extratos dos galhos de Ouratea hexasperma var. planchonii Engl. foram
submetidos à avaliação de atividade antibacteriana, antifúngica, inseticida e de toxidez. O
crescimento de Escherichia coli e Staphylococcus aureus reduziu com extrato metanólico. As
frações contendo as biflavonas foram parcialmente ativas como inseticida contra Musca
domestica. Os extratos apresentaram baixa toxicidade em dose única.
Palavras–chave: Ouratea hexasperma, flavonóides, atividades biológicas.
ix
ABSTRACT
FERNANDES, Renata Duarte. Phytochemical Study and Biological Activities
extracts from the branches of Ouratea hexasperma var. planchonii Engl. 2008 103f.
Dissertation (Magister Scientiae in Organic Chemistry), Instituto de Ciências Exatas,
Departamento de Química, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ,
2008.
The specials metabolites isolated from the branches of the Ouratea hexasperma var.
planchonii Engl., allowing to the comparison with the chemical constituents from variety
Ouratea hexasperma (St. Hil.) to confirm the botanical classification. Some biological
activities were evaluated.
The analysis of the fractions from solvents and chromatographic fractionation of the
dichloromethane and methanolic extracts from the branches of Ouratea hexasperma var.
planchonii Engl. led to the identification of some chemical constituents. This procedure led to
identification of aliphatics compounds mixture, aliphatic alcohol mixture, steroids mixture
(sitosterol, stigmasterol and campesterol), three triterpenes, lupeol e α-amiryn e β-amiryn, and
the biflavonoids (7”-O-methylagathisflavone and agathisflavone) and sitosterol-3-O-β-D-
glycopyranoside. The structures were determined by IR, de
1
H (1D e 2D) e
13
C (BBD e
DEPT) NMR spectral data analysis and comparison with literature values. The HPLC-MS
were used in the analysis of two fractions containing the these two biflavones and some
additional compounds. This analysis led us to identify the presence of methyl-vitexin,
orientin, methyl-dihydroxyflavone, glycopiranosil-flavones, dimethylagathisflavone and
glycopyranosil-prenyl-dihydroxyflavonol besides the confirmation of these two biflavonoids.
The extracts from the branches of Ouratea hexasperma var. planchonii Engl. were
submitted on evaluations of the antibacterial, antifungal, insecticide and toxicity activities.
The Escherichia coli and Staphylococcus aureus growth was inhibited with methanolic
extract. The fractions containing the biflavonoids were partially active as insecticide against
Musca domestica. The extracts presented low toxicity on unique dose.
Key words: Ouratea hexasperma, flavonoids, biologicals activities.
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Triflavonóides isolados no Gênero Ochna 3
Figura 2: Biflavonóides e dímeros de chalconas isolados dos Gêneros Ochna e Lophira. 4
Figura 3: Flavonóides e chalconas isolados do gênero Luxemburgia 5
Figura 4: Flavonóides isolados do Gênero Ouratea 7
Figura 5: Outras classes de substâncias isoladas nos gêneros Ouratea. 9
Figura 6: Diferenças morfológicas entre as folhas de Ouratea hexasperma. 10
Figura 7: Dímeros de flavonóides 11
Figura 8: Constituintes químicos isolados neste trabalho 17
Figura 9: Mecanismo proposto da reação de metilação com diazometano.
23
Figura 10: Espectro de IV do material alifático de O. hexasperma var. planchonii Engl.. 25
Figura 11: Espectro de RMN de
1
H (200 MHz, CDCl
3
) do material alifático. 26
Figura 12: Espectro de IV de 1 27
Figura 13: Espetro de RMN de
1
H (200 MHz, CDCl
3
) de 1. 28
Figura 14: Cromatograma de 1. 28
Figura 15: Espectro de massas de 1 29
Figura 16: RMN de
1
H (200 MHz, CDCl
3
) da mistura de esteróides, 2 (a, b e c) 30
Figura 17: Cromatograma da mistura dos esteróides 2 (a, b e c) 30
Figura 18a : Espetro de massas de 2 (a) comparado com a biblioteca do aparelho. 31
Figura 18b : Espetro de massas de 2 (b) comparado com a biblioteca do aparelho. 32
Figura 18c : Espetro de massas de 2 (c) comparado com a biblioteca do aparelho. 33
Figura 19: Espectro de RMN de
1
H (200 MHz, CDCl
3
) de 3 (a, b e c). 34
Figura 20: Espetro de massas de 3 (a) comparado com a biblioteca do aparelho. 35
Figura 21: Espetro de massas de 3 (b e c) comparado com a biblioteca do aparelho 35
Figura 22: Espectro de IV de 4 37
Figura 23: Espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) de 4 39
Figura 24: Espectro de
1
H-
1
H-COSY - (500 MHz, D
3
CCOCD
3
) de 4. 40
Figura 25: Espectro de
1
H-
1
H-NOESY - (500 MHz, D
3
CCOCD
3
) de 4. 41
xi
Figura 26: Ampliação do Espectro de
1
H-
1
H-NOESY - (500 MHz, D
3
CCOCD
3
) de 4. 42
Figura 27: Ampliação do Espectro de
1
H-
1
H-NOESY - (500 MHz, D
3
CCOCD
3
) de 4. 43
Figura 28: RMN de C (125 MHz, D
3
CCOCD
3
) da substância 4 44
Figura 29: Ampliação(180-187 ppm) do Espectro de RMN de
13
C (125 MHz,
D
3
CCOCD
3
) da substância 4
44
Figura 30: Ampliação (156-166 ppm) do Espectro de RMN de
13
C (125 MHz,
D
3
CCOCD
3
) da substância 4
45
Figura 31: Espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4. 45
Figura 32: Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4. 46
Figura 33: Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4 46
Figura 34: Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4. 47
Figura 35: Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4. 47
Figura 36: Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4 48
Figura 37: Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4 48
Figura 38: Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4 49
Figura 39: Espectro de HSQC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4 50
Figura 40: Espectro de IV de 5. 51
Figura 41: Espectro de RMN de
1
H (200MHz, D
3
CCOCD
3
) da mistura dos biflavonóides
4 e 5.
53
Figura 42: Ampliação do espectro (6.0-8.5 ppm) de RMN de
1
H (200MHz, D
3
CCOCD
3
)
da mistura dos biflavonóides 4 e 5.
53
Figura 43: Espectro de RMN de
13
C (50 MHz, D
3
CCOCD
3
) da mistura dos biflavonóides
4 e 5.
54
Figura 44: Ampliação do espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) do derivado
4a.
54
Figura 45: Cromatograma obtido em CLAE de 4 55
Figura 46: Cromatograma obtido em CLAE da mistura 4 e 5. 55
Figura 47: Espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) do derivado 4a. 58
Figura 48: Ampliação do espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) do derivado
4a.
59
Figura 49: Ampliação do espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) do derivado
4a..
59
xii
Figura 50: Espectro de
1
H-
1
H-COSY (500MHz, D
3
CCOD
3
) de 4a 60
Figura 51: Espectro de NOESY de 4a. 60
Figura 52: Ampliação do espectro de NOESY de 4a. 61
Figura 53: Espetro de
13
C (125MHZ, D
3
CCOD
3
) de 4a. 61
Figura 54: Ampliação do espectro de
13
C (125MHZ, D
3
CCOCD
3
)de 4a. 62
Figura 55: Espectro de HMBC (D
3
COD
3
) da substância 4. 63
Figura 56: Espectro de HSQC (D
3
COD
3
) da substância 4. 64
Figura 57: Espectro de IV da substância 6 66
Figura 58: RMN de
1
H da substância 6 68
Figura 59: RMN de
13
C da substância 6 69
Figura 60: Ampliação do RMN de
13
C(125 Hz, DMSO-d
6
) da substância 6 70
Figura 61: CLAE da fração OSPGMC. 71
Figura 62: CLAE da fração OSPMC1-6p 72
Figura 63: RMN de
1
H (200MHz, D
3
CCOCD
3
) da fração OSPGMC 73
Figura 64: RMN de
1
H (200MHz, D
3
CCOCD
3
) da fração OSPGMC1.6p 73
Figura 65: Identificação dos valores de m/z para os picos detectados no CLAE-EM da
fração OSPGMC
74
Figura 66: Estruturas propostas através da análise CLAE-EM na fração OSPGC. 76
Figura 67: Identificação dos valores de m/z para os picos detectados no CLAE-EM da
fração OSPGMC1.6p
77
Figura 68: Estruturas propostas através da análise CLAE-EM na fração OSPGCM1.6p. 79
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Ocorrência de Agatisflavonas e derivados em espécies vegetais. 12
Tabela 2: Divisões Botânicas das espécies que onde ocorrência de agatisflavonas e
derivados.
15
Tabela 3: Registro dos resultados da prospecção química do extrato metanólico de O.
hexasperma var. planchonii Engl.
24
Tabela 4. Dados de RMN
1
H e
13
C (D
3
CCOCD
3
,
1
H e D
3
CSOCD
3
,
13
C) da substâncias 4.
38
Tabela 5. Dados de RMN
1
H (200 MHz) e
13
C (50 MHz) em Metanol-D, (AGRAWAL,
1989) da substância 5 (agatisflavona).
52
Tabela 6: Dados de RMN
1
H (200 MHz) e
13
C (50 MHz) da substância 4 (MOREIRA et
al., 1999) com o derivado 4a.
57
Tabela 7: Dados de RMN de
1
H e
13
C da substância 6 67
Tabela 8 – Mortalidade (%) de amostras vegetais sobre Musca domestica após 24 horas
da aplicação.
90
Tabela 9 Mortalidade (%) de amostras vegetais sobre Musca domestica após 48 horas
da aplicação.
90
xiv
LISTA DE ESQUEMAS
Esquema 1: Marcha para o isolamento das substâncias dos galhos de Ouratea
hexasperma var. planchonii engl.
21
Esquema 2: Propostas de estruturas compatíveis com os valores de m/z detectados na
análise de CLAE-EM
75
Esquema 3: Propostas de estruturas compatíveis com os valores de m/z detectados na
análise de CLAE-EM
78
Esquema 4: Biossíntese de ácidos graxos (adaptado de DEWICK, 2002) 80
Esquema 5: Proposta de a-oxidações em aácidos graxos (HARWOOD, 1997).
81
Esquema 6: Proposta biogenética para os esteróides (Adaptado de MANN, 1994). 82
Esquema 7: Proposta biogenética para os terpenos lupeol e α-amirina. (Adaptado de
MANN, 1994; DEWICK, 2002).
83
Esquema 8: Proposta biogenética para as flavonas (DEWICK, 2002) e biflavonas
(MOREIRA, 1994)
84
xv
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
1D Unidimensional
2D Bidimensional
δ
Η
Deslocamento Químico de Hidrogênio (ppm)
δ
C
Deslocamento Químico de Carbono (ppm)
ν Estiramento
δ Deslocamento químico
Acetona-D
6
Acetona deuterada
CCDA Cromatografia em Camada Delgada Analítica
CCF Cromatografia em Camada Fina
CCP Cromatografia em Camada Preparativa
CG-EM Cromatografia em Fase Gasosa Acoplada a Espectrometria de Massas
CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
cm Centímetro
COSY COrrelation SpectroscopY
d Dubleto
dd Duplo Dubleto
DMSO-d
6
Dimetilsulfóxido deuterado
EM Espectrometria de Massas
HMBC Heteronuclear Multiple-Bond Correlation
HSQC Heteronuclear Single Quantum Coherence
Hz Hertz
IV Infravermelho
J Constante de acoplamento em hertz
λ comprimento de onda
µm micrômetro
m multipleto
M
+.
pico do íon molecular positivo
MHz Mega Hertz
m/z relação massa/carga
nm nanómetro
OspGD Extrato diclometano dos galhos de O. hexasperma var. planchonii Engl.
OspGM Extrato metanólico dos galhos de O. hexasperma var. planchonii Engl.
NOESY Nuclear Overhauser Experiment Spectroscopy
P.F. ponto de fusão
ppm parte por milhão
q quarteto
RF Fator de Retenção
RMN
1
H Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio
RMN
13
C Ressonância Magnética Nuclear de Carbono-13
s singleto
sl singleto largo
t tripleto
TR Tempo de Retenção
TMS tetrametilsilano
OBS: As abreviaturas e símbolos utilizados neste trabalho e que não constam nesta relação,
encontram-se descritas no texto ou são convenções adotadas universalmente.
xvi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 1
Objetivos 2
2. REVISÃO DE LITERATURA 3
2.1. Generalidades Sobre a Família Ochnaceae e o Gênero Ouratea 3
2.2 Classificação botânica de O. hexasperma (St. Hill) Bail var. hexasperma e O.
hexasperma var. planchonii Engl.
9
2.3. Estudo Químico Realizado com Ouratea hexasperma (St. Hil.) Bail 10
2.4. Biflavonóides 10
2.4.1. Agatisflavona e derivados 12
3. CONSTITUINTES QUÍMICOS ISOLADOS DE O. hexasperma var. planchonii Engl. 16
4. PARTE EXPERIMENTAL 18
4.1. Equipamentos e Reagentes 18
4.2. Material vegetal 18
4.3. Obtenção dos extratos brutos 19
4.4. Prospecção Química do Extrato Metanólico 19
4.5. Isolamento e Purificação dos Constituintes dos Galhos de O. hexasperma var.
planchonii Engl.
19
4.5.1. Extrato com diclorometano 19
4.5.2. Extrato com metanol 20
4.6. Derivação 22
4.6.1. Metilação com diazometano 22
5. R
ESULTADOS E
D
ISCUSSÃO
24
5.1. Prospecção Química do extrato metanólico 24
5.2. Determinação Estrutural dos Constituintes Isolados de Ouratea hexasperma var
planchonii Engl.
25
5.2.1. Alcanos 25
5.2.2 Substância 1 27
5.2.3. Substâncias 2 (a, b e c) 29
xvii
5.2.4. Substâncias 3 (a, b e c) 33
5.2.5. Substância 4 36
5.2.6. Substância 5 50
5.2.7 Derivado 4a 56
5.2.8. Substância 6 65
5.3. ANÁLISE COM CLAE DAS FRAÇÕES OSPGMC E OSPMC-16P. 71
5.4. Propostas Biossintéticas para os constituintes isolados de Ouratea hexasperma var.
planchonii Engl.
80
5.4.1. Ácidos graxos 80
5.4.2. Esteróides
82
5.4.3. Terpenos 83
5.4.4. Biflavonóides
84
5.5. ENSAIOS BIOLÓGICOS 85
5.5.1. Avaliação da Atividade Antimicrobiana do Extrato Metanólico de Ouratea
hexasperma var. planchonii Engl.
85
5.5.2. Verificação de atividade antifúngica do Extrato Metanólico de Ouratea
hexasperma var. planchonii Engl.
86
5.5.3. Avaliação da Atividade Inseticida contra Musca doméstica 88
5.5.4. Avaliação da toxidez do extrato metanólico em Mus musculus. 90
6. CONCLUSÕES 92
7. REFERÊNCIAS 93
1
1. INTRODUÇÃO
Os produtos naturais vêm sendo utilizados pela humanidade como remédio desde os
primórdios. A busca por alívio e cura de doenças pela ingestão de ervas e folhas talvez tenha
sido uma das primeiras formas de utilização dos produtos naturais.
O profundo conhecimento do arsenal químico da natureza, pelos povos primitivos e
pelos indígenas, pode ser considerado fator fundamental para o descobrimento de substâncias
tóxicas e medicamentosas ao longo do tempo. A convivência e o aprendizado com os mais
diferentes grupos étnicos trouxeram valiosas contribuições para o desenvolvimento da
pesquisa sobre utilização de substâncias naturais para a cura de doenças ou criar produtos em
benefício do bem estar do homem. relatos, por exemplo, do uso de plantas com
finalidades terapêuticas por volta de 3.000 a.C. na obra Pen Ts’ao do chinês Shen Nung
(VEIGA JR. et al, 2005). As pesquisas na área da química de produtos naturais permitiram a
descoberta de muitos modelos moleculares que fundamentaram estudos de relação estrutura-
atividade (SAR) e inspiraram o desenvolvimento da ntese orgânica clássica. (VIEGAS JR.
et al, 2006).
No início, os químicos estudavam plantas consagradas pelo uso popular, geralmente
incorporadas às farmacopéias da época, limitando-se ao isolamento e à determinação
estrutural de substâncias ativas (YUNES & CECHINEL FILHO, 2001). Dada a importância
das plantas para a medicina da época, a Química e a Medicina passaram a ter uma estreita
relação, o que permitiu um rápido desenvolvimento de seus campos específicos (YUNES &
CECHINEL FILHO, 2001). Desta forma, muitas substâncias ativas foram conhecidas e
introduzidas na terapêutica, permanecendo até hoje como medicamentos. Um exemplo
importante do desenvolvimento dos fármacos a partir de produtos naturais de plantas foi o
descobrimento dos salicilatos obtidos de Salix alba.
A natureza sempre despertou no homem um fascínio encantador, não só pelos recursos
oferecidos para sua alimentação e manutenção, mas por ser sua principal fonte de inspiração e
aprendizado. A busca incessante pela compreensão das leis naturais e o desafio de transpor
barreiras à sua sobrevivência, como o clima e as doenças, levaram o homem ao atual estágio
de desenvolvimento científico, mesmo após o avanço tecnológico observado nos dias de hoje.
(VIEGAS JR et al. 2006).
Pesquisadores da área de produtos naturais mostram-se impressionados pelo fato
desses produtos encontrados na natureza revelarem uma gama quase que inacreditável de
diversidade em termos de estrutura, propriedades físico-químicas e biológicas (WALL &
WANI, 1996). Diversos autores têm apontado a importância dos estudos químicos e
farmacológicos de várias espécies vegetais pela intensa produção de metabólitos especiais,
principalmente, nas espécies dos ecossistemas tropicais (BRITO & BRITO, 1993). Nesta
perspectiva, a botânica, a química e a farmacologia abrangem conhecimentos indispensáveis
para a utilização segura de plantas medicinais, mostrando que a busca sistemática de novos
medicamentos tem sido realizada por inúmeras abordagens de estudo. Desta forma, uma
abordagem interdisciplinar, na pesquisa de novos medicamentos, representa, de modo
inegável, a alternativa mais eficaz e promissora para o alcance deste objetivo (Di STASI,
1996).
Nas últimas décadas o estudo de plantas medicinais evoluiu muito, principalmente, do
ponto de vista químico. Esta evolução deve-se ao desenvolvimento de técnicas analíticas que
corroboram para a determinação estrutural. Os produtos naturais vêm recuperando espaço e
importância na indústria farmacêutica como fonte inspiradora de novos padrões moleculares
bioativos (VIEGAS JR et al. 2006)
. Cerca de 25% das prescrições dispensadas nos Estados
Unidos durante os últimos 25 anos estavam relacionadas a medicamentos que com princípios
2
ativos de origem natural ou semi-sintéticos, oriundos normalmente de plantas superiores.
Além de cerca de 13% relativas a medicamentos de fontes microbianas e 2,7% de origem
animal (CRAGG, et. al., 2003). Resultados de análise de novos fármacos aprovados pelo FDA
(Food and Drug Administration) e por entidades reguladoras de outros países, no período de
1981 a 2006, indicaram que os medicamentos recomendados para tratamento de doenças
infecciosas atingiram 230 novos medicamentos, dos quais 5,2% eram de produtos naturais e
32,3% eram de derivados de produtos naturais (NEWMAN & CRAGG, 2007). Para o
tratamento do câncer cerca de 175 novos medicamentos tem sido aprovados, dos quais 14%
são de produtos naturais e 28% de derivados de produtos naturais. (NEWMAN & CRAGG,
2007).
O Brasil, com a grandeza de seu litoral, de sua flora e, sendo o detentor da maior
floresta equatorial e tropical úmida do planeta, não pode abdicar de sua vocação para os
produtos naturais. A Química de Produtos Naturais (QPN) é, dentro da Química brasileira, a
área mais antiga e a que, talvez, congregue o maior número de pesquisadores (PINTO et al.,
2002).
O grupo de pesquisa em química de produtos naturais da UFRRJ tem registrado,
dentre outros trabalhos, estudos com a família Ochnaceae, principalmente com espécies do
gênero Ouratea e Luxemburgia, dando valiosas contribuições para o conhecimento da
química dessa família, propiciando subsídios para avaliações quimiotaxonômicas, além de
apresentar substâncias com importantes atividades biológicas contribuindo para busca de
novos fármacos (SUZART, et. al.2007).
Objetivos
Os objetivos do presente trabalho são:
Isolar e identificar os principais metabólitos especiais dos galhos de Ouratea
hexasperma var. planchonii Engl.;
Verificar se semelhanças químicas entre as variedades de Ouratea hexasperma (O.
hexasperma (A. St.-Hil.) Bail. var. hexasperma e O. hexasperma var. planchonii
Engl.);
Avaliar atividades biológicas de extratos e/ou frações dos galhos de Ouratea
hexasperma var. planchonii Engl., como atividades antibacteriana, antifúngica,
inseticida e de toxicidade;
Preparar derivados dos constituintes isolados;
Fazer a atribuição de dados espectrométricos das substâncias naturais isoladas e
derivados;
Utilizar CLAE-EM para identificar componentes minoritários que são difíceis de
identificar pelas técnicas usuais;
Realizar um estudo de informações relacionadas aos biflavonóides considerados como
marcadores sistemáticos do gênero Ouratea.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Generalidades Sobre a Família Ochnaceae e o Gênero Ouratea
A família Ochnaceae
pertence à ordem Theales e compreende cerca de 28 gêneros e
400 espécies, de ampla distribuição nas regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo. No
Brasil ocorrem aproximadamente 9 gêneros com 105 espécies (BARROSO, 1986). Essas são
plantas essencialmente arbóreas ou arbustivas, raramente herbáceas (Sauvagesia), folhas em
geral inteiras, de distribuição alterna e com estípulas. Apresentam flores amarelas, alvas ou
avermelhadas. (BARROSO et. al, 2002).
A família Ochnaceae é pouco conhecida do ponto de vista químico e biológico.
Estudos químicos demonstram que são capazes de biossintetizar flavonóides e biflavonóides,
sendo os gêneros Ochna, Lophira, Luxemburgia e Ouratea os mais estudados. Investigações
sobre a composição química de espécies do gênero Ouratea, levaram ao isolamento de vários
biflavonóides (SIMONI et al., 2002). A freqüência e a diversidade estrutural dos
biflavonóides em espécies desses gêneros permitem que sejam utilizados como marcadores
taxonômicos (SUZART et al., 2007).
O gênero Ochna consiste em mais de 85 espécies distribuídas por toda África
(PEGNYEMB et al., 2003), principalmente na região de Camarões. O estudo de algumas
espécies desse gênero forneceu triflavonóides: caloflavanas A e B (figura 1, pág. 3).
(MESSANGA et al., 2002); biflavonóides (KAMIL et al., 1987): calodeninas A e B e
lophironas K e C (figura 2, pág. 4). (MESSANGA et al., 1994; PEGNYEMB et al., 2001).
Biflavonóides, isoflavona e flavona C-glicosilada foram isolados de O. squarrosa. Esta
espécie é utilizada no tratamento de indigestão, complicações menstruais e contra asma (RAO
& GUNASEKAR, 1989). O extrato etanólico e os biflavonóides isolados do caule de O.
macrocalyx mostraram atividades citotóxicas e antibacterianas (TANG et al., 2003).
O gênero Lophira é comumente encontrado na região tropical da África, onde é
conhecido pelos seus usos medicinais (GHOGOMU et al., 1987). As espécies mais estudadas
são L. alata e L. lanceolata. Desses gêneros foram isolados flavonóides, biflavonóides e
dímeros de chalconas (lophironas F, G e H) (figura 2, pág. 4). (TIH GHOGOMU et al.,
1989a; TIH GHOGOMU et al., 1989b; TIH GHOGOMU et al., 1990; TIH et al., 1992a; TIH
et al., 1992b; TIH et al., 2003).
Figura 1: Triflavonóides isolados no Gênero Ochna
OH
HO
HO
OH
HO
CO
OH
O
OH
HO
HO
O
OH
HO
OH
HO
CO
OH
O
OH
HO
HO
O
OH
OH
OH
Caloflavana A
Caloflavana B
4
O Gênero Luxemburgia ocorre somente no Brasil e suas espécies são encontradas
principalmente nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço, em Minas Gerais e na Bahia
(FERES, 2006). Estas espécies são capazes de biossintetizar flavonóides e biflavonóides com
esqueleto próximo a chalconas (OLIVEIRA et al., 2002; CARVALHO et al., 2004) e a
bichalcona luxenchalcona (I-3-O-II-4
) (figura 3, pág. 5) (CARVALHO et al., 2004). A
rutina (3-O-rutinosídeo-quercetina) foi isolada de Luxemburgia nobilis (OLIVEIRA et al.,
2002) e das flores de Luxemburgia octandra foram isolados dois flavonóides 8-C-glicosilados
(figura 3) (ALVES et al., 2003).
HO
OH O
O
OH
CO
HO OH
OH
lophirona K
HO
OH
O
CO
CO(CH
2
)
2
OH
HO OH
OH
Calodenina A
OH
lophirona C
HO
OH
OH
HO
lorophirona F e G
HO
O
OH
CO
CO
HO
OH O
O
O
OH
OH
O
O
OH
HO
O
OH
HO
OH
HO
Calodenina B
HO
OH O
O
OH
CO
HO OH
OH
lophirona K
Figura 2: Biflavonóides e dímeros de chalconas isolados dos Gêneros Ochna e Lophira.
5
O gênero Ouratea ocorre em todo território Nacional, destacando-se no Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Paraíba, Bahia e Pernambuco. Algumas espécies do gênero Ouratea
incluindo a O. grandifolia, ocorrem na Restinga da Marambaia, Corcovado e Campo Grande
(Limeirão)/RJ. (BARROSO, 1986).
As espécies de Ouratea são caracterizadas pelas flores geralmente vistosas,
freqüentemente de coloração amarela. No Nordeste as espécies de Ouratea são conhecidas
como batiputá, as sementes de batiputá fornecem a “Manteiga de batiputá”, óleo adocicado e
aromático, utilizado em conservas e temperos, tornando-se rançoso com facilidade. As
espécies de Ouratea espalhadas pelo país recebem designações específicas como Angelim
R
HO
OH
R
1
O
R=R
1
=OH 3-hidroxiisoliquiritigenina
R= OH; R
1
=H isoliquiritigenina
1
'
4
'
1
'"
4
'"
O
OH
HO
OH
O
OH
OH
O
3
4
"
I
II
Luxenchalcona
O
OH
HO
O
OH
OH
O
O
O
HO
OH
O
OH
OH
OH
OH
OH
1
"
1
"'
8
5
3
Rutina
8
R=H
R=CH
3
Flavonóides glicosilados
O
OH
RO
OH
OH
O
O
OH
OH
OH
OH
1
"
2
"
3
"
4
"
5
"
6
"
O
O
OH
HO
OH
O
O
O
OH
OH
ocnaflaflova
Figura 3: Flavonóides e chalconas isolados do gênero Luxemburgia
6
(Ouratea vaccinoides), Caju Bravo (Ouratea floribunda e Ouratea salicifolia) e Coração de
Bugre (Ouratea parviflora).
As
Ouratea floribunda e Ouratea castanaefolia são empregadas
em ornamentação urbana (SUZART et al., 2007). São utilizadas na medicina popular como
adstringentes, tônicas, estomáquicas, vermífugas (BRAGA, 1960), em distúrbios gástricos e
reumatismo (MBING et al., 2003a) e útil na cura de paralisias, erisipela, feridas no útero e
úlceras, distúrbios gástricos e na cicatrização de feridas (BARROSO, 1986).
Em estudos com espécies do gênero Ouratea, podemos destacar os que mostraram
atividade antitumoral contra células do carcinoma Ehrlich (CARVALHO et al., 2002),
inibição das DNA topoisomerases (GRYNBERG et al., 2002), efeitos antiproliferativos e
ativação da apoptose em células de tumor Ehrlich (GRYNBERG et al., 1998). O extrato
hidroetanólico e a fração acetato de etila de Ouratea semisserrata apresentaram efeito
vasodilatador dependente do endotélio (CORTES et al., 2002) e atividade anti-hipertensiva,
inibindo a conversão da enzima angiotensina I (ACE) (CASTRO et al., 2000). O extrato
metanólico de Ouratea elongata, Ouratea flava e Ouratea sulcata, demostrou atividade
antimicrobiana contra Staphylococcus aureus, S. epidermidis, Enterococcus hirae e Candida
albicans (GANGOUE-PIEBOJI et al., 2006). Também apresentou atividade antimicrobiana o
óleo da fruta de Ouratea parviflora Baill extraído com hexano (PAULO, et al., 1986).
O
extrato metanólico das folhas de Ouratea cuspidata revelou atividade antiparasitária frente a
Leishmania braziliensis, biopoteção contra radicais livres e ação antiinflamatória. (SUZART,
2007).
Estudos químicos realizados em espécies deste gênero revelaram que são
bioprodutores de flavonóides, flavonóides glicosilados (SUZART et al., 2007) e biflavonóides
(SUZART et al., 2007; CARVALHO et al., 2008). Na figura 4, págs. 7 e 8, são mostradas
estruturas químicas de substâncias deste gênero. De Ouratea sp. (MONACHE et al., 1967)
foram isolados a protocianidina (1) e catequina (2); de O. affinis Engl. e O. calantha Gilg.
(GARTLAN et al., 1980) foi isolado a cianidina (3); de O. spectabilis (Mart.) Engl.
(FELÍCIO et al., 1995) foram isolados bigenkanina (4) e 7,7”- O-dimetilagatisflavona (5); de
O. multiflora Pohl (FELÍCIO et al., 2001) foram isolados amentoflavona (6) e , 3-OH-4’,5,7-
OMe-flavona-(68”)- 3”-OH -3’”,4’”,5”,7”-OMe flavona (7); de O. semisserata (Mart.)
Engl. (VELANDIA et al., 2002) foram isolados 3',6,8-cloro-4’,5-OH-7-OMe isoflavona (8),
3',5',6,8-cloro-4’,5-OH-7-OMe isoflavona (9), 5,7-OH-flavona-(4’O8”)- 4′′,5′′,7′′-OH
flavona (10), 5-OH -7- OMe-flavona-(4′→O8)- 4′′, 5′′,7′′-OH flavona (11), 5-OH-7-OMe-
flavona-(4O8)-5,7-OH-4′′-OMe flavona (12), amentoflavona (6), podocarpusflavona
(13) e rutina, (14); De O. flava Schum e Thon (MBING et al., 2003a) foram isolados
calodenina B (15), flavumona A (16), flavumona B (17), calodenina C (18), lophirona A (19)
e 4,5-OMe-6,7-metilenodioxi-isoflavona (20); de Ouratea hexasperma (St. Hil.) Bail.
(MOREIRA et al., 1994; DANIEL et al., 2005) foram isolados Hexaspermona A (21),
Hexaspermona B (22), Hexaspermona C (23), 5,7,4’-OMe-isoflavona (24), 7′′-O-
metilagatisflavona (25), 7,7′′-O-dimetillanaraflavona (26), agastiflavona (27), epicatequina
(28), 6-C-glicopiranosil-luteolina (29), 3-O-glicopiranosil-quercetina (30), 2-O-β-D-
glicopiranosil-8-C-β-D-glicopiranosil luteolina (31); de O. microdonta (CARVALHO et al.,
2008) foram isolados agatisflavona (27), 7”-O-metilagatisflavona (25) e amentoflavona (6).
(Figura 4, págs. 7 e 8).
Além de flavonóides e biflavonóides, ocorrem no gênero outras classes de subsâncias
como norisoprenóides (VELANDIA et al., 1998), diterpenos (VELANDIA et al., 1998;
FELÍCIO et al., 2004), triterpenos, (MBING et al., 2003b; CARVALHO et al., 2008),
esteróides (CARVALHO et al., 2008), lignanas (VELANDIA et al., 1998), hidrocarbonetos e
ésteres alifáticos
(MOREIRA et al., 1994; PAULO et al., 1986; ESTEVAM et al., 2005) além
de derivado do ácido benzóico (CARVALHO et al., 2008). As estruturas químicas de alguns
representantes desta classe são mostrados na figura 5, pág. 9.
7
OHO
OH
OMe
OH
OH
OH
2
OHO
OH
OH
OH
OH
+
3
O
MeO
OH
HO
O
OMeO
OH
OH
O
4
ORO
OH
OH
O
O
OR
1
O
OH
HO
5: R=R
1
=Me
25: R=H, R
1
=Me
27: R=R
1
=H
OHO
OH
OH
O
O
OR
O
HO
OH
OH
6: R=H
13: R=Me
OMeO
OH
OMe
O
OH
O
O
MeO
HO
OMe
OMe
OH
7
Cl
OH
R
OMeO
OH O
Cl
Cl
8: R=H
9: R=Cl
O
O
OR
RO
O
R
1
OR
RO
OR
RO
15: R=R
1
=H
16: R=OH, R
1
=H
O
OMe
O
O
O
OMe
20
OH
O
O
O
HO
HO
O
OHHO
17
Figura 4: Flavonóides isolados do Gênero Ouratea
OHO
OH
OH
OHO
OH
OH
OH
OH
1
ORO
OH
O
O
O
O
HO
OH
OR
1
10: R=R
1
=H
11: R=Me,R
1
=H
12: R=R
1
=Me
O
OH
HO
O
OH
OH
O
O
O
HO
OH
O
OH
OH
OH
OH
OH
14
8
O
HO
O
O OH
OH
H
H
OHHO
19
O
O
MeO
OMe
OMe
24
O
O
OMe
OR
H
H
R
1
O
O
O
MeO
OH
H
H
OMe
21: R=H, R
1
=Me
22: R=Me, R
1
=H
23: R=R
1
=H
O
O
MeO
OH
O
O
O
MeO
OH
OH
26
O
OH
OH
HO
OH
28
OHO
OH
OH
O
OH
O
HO
HO
HO
HO
29
OHO
OH
OH
O
OH
O
O
OH
OH
OH
OH
30
OHO
OH
OH
O
OH
O
O
HO
HO
O
HO
HO
OH
HO
OH
31
Continuação da Figura 4: Flavonóides isolados do Gênero Ouratea.
O
H
HO
OH
OH
H
H
O
H
HO
OH
OH
OH
H
18
9
2.2 Classificação botânica de O. hexasperma (St. Hill) Bail var. hexasperma e O.
hexasperma var. planchonii Engl.
Ouratea hexaperma foi classificada pela primeira vez como Ghomphia hexasperma A.
St. Hil. (Flora Brasiliae Meridionalis (quarto ed.) 1: 61. 1824), posteriormente a classificação
botânica foi modificada para Ouratea hexasperma (A. St.-Hill.) Bail. (Histoire des Plantes 4:
366. 1873) e após verificar diferenças morfológicas dentro na prórpria espécie, classificou-se
em duas variedades, a típica, O. hexasperma (A. St. Hill.) Bail var. hexasperma e uma nova
variedade O. hexasperma var. planchonii Engl. (Flora Brasiliensis 12(2):321. 1876).
A variedade típica (A. St.-Hill.) Bail, apresenta folhas lanceoladas, provida de
acúmem de 1 cm de comprimento e a variedade planchonii Engl. apresenta folhas oblongas
ou oblonga-ovadas, raramente acuminada aguda. (Flora Brasiliensis). (Figura 6, pág. 10).
O
OH
OH
Norisoprenóide
H
COOR
R
1
R
2
Diterpenos
HO
triterpeno
RO
Esteróides
O
O
OCH
3
CH
3
O
OCH
3
OCH
3
Lignana
CH
3
H
3
C
( )
n
Hidrocarboneto
( )
n'
O
O
( )
n
Éster alifático
HO
OH
O
OH
H
3
CO
Derivado da ácido benzóico
Figura 5:
Outras classes de substâncias isoladas nos gêneros
Ouratea.
10
Atualmente estas variedades foram sinonimizadas, especialistas da família não
consideram as variedades e apenas a espécie
Ouratea hexasperma
(A. St.-Hill.) Bail., devido
à estas pequenas diferenças morfológicas.
Figura 6:
Diferenças morfológicas marcantes entre as folhas de
Ouratea hexasperma.
2.3. Estudo Químico Realizado com Ouratea hexasperma (St. Hil.) Bail
Como citado anteriormente, estudos químicos com
Ouratea hexasperma
, coletada no
cerrado da Amazônia,
conduziu ao isolamento de hidrocarbonetos, de biisoflavonóides:
hexaspermona A, B, C, estruturas 21, 22 e 23 da figura 4, pág. 7 e 8. e da biflavona 7
’’
-
metilagatisflavona, estrutura 25 da figura 4, pág. 7 (MOREIRA
et al
., 1994; MOREIRA,
et
al
., 1999). Das folhas, inflorescência e caule de
Ouratea hexasperma,
coletadas no Município
de João Pessoa na Paraíba, foram isolados
hidrocarbonetos, esteróides, saponinas, triterpenos
(
figura 5,
pág. 10), flavonóides, epicatequina, biflavonóides (7,7
-
O
-dimetillanaraflavona, 7”-
O
-metilagatisflavona e Agatisflavona) além de flavonóides glicosilados,
figura 4
, pág. 8 e 9
(DANIEL, 2005; SUZART, 2007).
O grupo de pesquisa em Química de Produtos Naturais da UFRRJ tem registrado,
dentre outros trabalhos, estudos de espécies do gênero
Ouratea
e
Luxemburgia
(Ochnaceae)
dando valiosas contribuições para o conhecimento da química dessa família, propiciando
subsídios para avaliações quimiotaxonômicas, além de apresentar substâncias com
importantes atividades biológicas contribuindo para busca de novos fármacos (SUZART,
et
al
. 2007).
O levantamento na literatura sobre biflavonóides presentes na família Ochnaceae e em
espécies do gênero
Ouratea
permitiu tirar deduções e fazer considerações sobre essa classe de
substâncias, que são freqüentes no gênero, além de detectar alguns aspectos farmacológicos.
A quantidade de resultados obtidos até o momento com estudo das espécies
Ouratea
orientou-nos a fazer um estudo de informações relacionadas aos biflavonóides comumente
presentes, entre eles os mais abundantes: Agatisflavona e 7”-O-metilagatisflavona, Pode-se
aferir a estes possibilidades de marcadores quimiotaxonômicos.
2.4. Biflavonóides
Os biflavonóides constituem uma classe de flavonóides diméricos, diferenciando-se de
outros oligômeros como as proantocianidinas, devido à origem biogenética das unidades
11
constituintes. A maioria dos representantes dessa classe de produtos naturais é formada pelos
dímeros flavona-flavona, flavona-flavanona, flavanona-flavanona além de ocorrer, mais
raramente, os dímeros de chalconas e de isoflavonas. Quando as duas unidades são iguais
constituem os bisflavonóides e quando as duas unidades são diferentes são os biflavonóides.
As ligações entre as unidades flavonoídicas podem ser C-C ou C-O-C envolvendo os anéis A,
B ou C dos monômeros (
Figura 7,
pág. 11). (SUZART
et al.,
2007).
Segundo Suzart (2007) e colaboradores, seguindo a literatura (SIMÕES
et al
., 2001,
CHARI,
et. al
., 1977, DORA,
et. al
., 1991), utiliza-se a numeração dos biflavonóides
atribuindo números ordinários para os anéis
A
e
C
e primados (
) para o anel
B
de um dos
monômeros. Para a segunda unidade empregam-se números ordinários duplamente primados
(
′′
) para os núcleos
A
e
C
e números ordinários triplamente primados (
′′
) para o núcleo
B
. De
acordo com os átomos de carbonos envolvidos na ligação entre as unidades, os meros são
classificados em grupos de biflavonóides (
figura 7,
pág. 13
)
, além dos dímeros de chalconas:
C-3
O-C-4''' (luxenchalconas),
figura 3
, pág. 5 (CARVALHO
et al
., 2004) e C-3'
C3''
(brackeninas),
figura 7,
pág. 11 (DREWES,
et al
., 1984) e dos dímeros de isoflavonas C-
2
C-2'' (hexaspermonas), estruturas 21, 22 e 23
da
figura 4
, pág. 7 e 8 (MOREIRA
et
al
.,1994), sem destacar os dímeros com duas ligações entre as unidades. A ligação tipo C-O-C
é característica das ochnaflavonas (C-3'
O-C-4’’’),
figura 3,
pág. 5 e das lanaraflavonas (C-
4'-O
C-8’’),
figura 7,
pág. 11. Alguns dos grupos hidroxila podem apresentar-se metilados
originando os respectivos éteres metílicos que, às vezes, recebem nomes especiais
(MOREIRA,
et. al
., 1999; FELICIO
et al
., 1995; VELANDIA
et al
., 2002; DANIEL
et al
.,
2005
O
R
O
O
O
R
O
2
3
4
5
6
7
8
9
10
2
'
3
'
4
'
5
'
6
'
Flavonas/Flavanonas
C-6 C-8": agatisflavona
C-8": cupressuflavonaC-8
C-3
C-8" amentoflavona
C-3',5' C-6": robustoflavona
C-2 C-8": garcinias
C-4'-O C-8": lanaraflavona
C-3' C-3":chamejasmina
A
B
C
OO
O O
OO
O
O
O
2
3
4
2
'
3
'
4
'
6
'
4
"
2
"
Chalconas
O
O
O
O O
O O
O
O
Ar
2
3
4
5
6
7
8
9
10
2
'
3
'
5
'
6
'
2
"
3
"
4
"
5
"
7
"
9
"
Isoflavonas
Figura 7: Dímeros de flavonóides
12
Uma característica marcante dos metabólitos isolados do gênero
Ouratea
é a ligação
entre seus monômeros, sendo as mais abundantes C-3
C-8’’ e C-6
C-8’’, acrescentando
uma variação no padrão de metilação. No caso dos derivados da agatisflavona (C-6
C-8’’),
estruturas 25 e 27 da
figura 4
, págs. 7 e 8, a metilação é mais freqüente na posição 7”, sendo
esta a biflavona mais abundante no gênero
Ouratea
. Em 1929 foi isolada a primeira biflavona,
a gingentina, do Ginkgo Biloba (LIN
et al.
, 1997). A partir desse isolamento muitos
biflavonóides foram isolados de plantas e várias atividades biológicas têm sido relacionadas a
essa classe de substâncias (LIN
et a.,l
1999).
Os biflavonóides são geralmente encontrados em grande quantidade em diferentes
plantas e muitos tecidos vegetais. Apresentam várias propriedades, como proteção contra
raios ultravioleta nas folhas, antifúngico e alimento para insetos (SIMÕES
et al
., 2001). As
atividades farmacológicas conhecidas são: Estimulantes cardíacos, antivirais, antimicrobianas,
antiinflamatórias e anti-hepatotóxicas (SIMÕES
et al
., 2001, LIN
et al
., 1999). Em estudos de
atividades biológicas, os biflavonóides isolados de
O
.
spectabilis
,
O
.
multiflora
e
O
.
parviflora
mostraram inibição da produção de aflatoxina por
Aspergillus flavus
(GONÇALEZ
et al
., 2001), Os biflavonóides isolados das partes aéreas de
Ouratea sulcata
exibiram
significante atividade antimicrobiana
in vitro
contra
Bacillus subtilis, Escherichia coli,
Listonella anguillarum, Staphylococcus aureus
(PEGNYEMB et al., 2005)
Os dímeros de
flavonas das folhas de
O. multiflora
mostraram atividade contra as bactérias
Staphylococcus
aureus
e
Bacillus subtilis.
(
CARBONEZI et al., 2007)
,
os biflavonóides isolados de
O
.
spectabilis
inibiram a enzima aldose redutase (FELICIO
et al
., 1995), além de atividade
antitumoral detectadas para os biflavonóides isolados de
O. hexasperma
(St.Hil.) Bail
(DANIEL
et al.
2007).
2.4.1. Agatisflavona e derivados
Fazendo uma avaliação sobre os flavonóides que são mais freqüentes em espécies de
Ouratea
percebeu-se que a agatisflavona e principalmente, seu derivado 7”-metil éter são os
mais freqüentes. Resolvemos fazer um levantamento para verificar a ocorrência destes
flavonóides em outras famílias, através deste levantamento observou-se que estas substâncias
também ocorrem em outras famílias vegetais, como apresentado na tabela
1.
Tabela 1:
Ocorrência de Agatisflavonas e derivados em espécies vegetais.
BIFLAVONOIDES ESPÉCIES FAMÍLIAS REFERÊNCIAS
4”’,7-O-
dimetilagatisflavona;
7-O-metilagatisflavona
Agathis alba
Araucariaceae
(conífera)
MASHIMA et
al.,1970
4”’,7-O-
dimetilagatisflavona;
7-O-metilagatisflavona;
7,7"-O-
dimetilagatisflavona
Araucaria bidwillii and Agathis
alba
Araucariaceae KHAN et al., 1972
7-O-metilagatisflavona Araucaria rulei Araucariaceae ILYAS et al., 1977
7,7"-O-
dimetilagatisflavona
7-O-metilagatisflavona
Agathis australis Araucariaceae OFMAN et al., 1995
7-O-metilagathisflavona
Araucaria araucana Araucariaceae
PARVEEN et al.,
1987
Agatisflavona
7,7"-O-
dimetilagatisflavona
7-O-metilagatisflavona
Araucaria angustifolia
Araucaria genus
Araucariaceae ILYAS et al., 1994
13
Agatisflavona
Rhus succedanea e Garcinia
multiflora
Araucariaceae LIN et al., 1997
Agatisflavona
Rhus succedanea Anacardiaceae
CHEN, 1973
Agatisflavona
Rhus succedanea Anacardiaceae
LIN et al., 1974
Agatisflavona Rhus punjabensis Anacardiaceae
KAMIL et al., 1984
Agatisflavona
Rhus semialata Anacardiaceae
BAGCHI et al., 1985
Agatisflavona
Picea morinda Linn Anacardiaceae
AZAM et al., 1985
Agatisflavona
Rhus semialata Murr Anacardiaceae
PARVEEN et al.,
1988
Agatisflavona
Amphipterygium amplifolium;
Orthopterygium huaucui
Anacardiaceae
WANNAN et al.,
1988
Agatisflavona
Rhus coriaria Anacardiaceae
VAN LOO et al.,
1988
Agatisflavona
Anacardium occidentale Anacardiaceae
ARYA et al., 1989
Agatisflavona
Schinus terebenthefolus Anacardiaceae
KASSEM et al., 2004
Agatisflavona
Rhus pyroides, Rhus dentata and
Rhus pentheri
Anacardiaceae
SVENNINGSEN et
al., 2006
Agatisflavona
Canarium manii Burseraceae ANAND et al., 1992
Agatisflavona Juniperus virginiana
Cupressaceae
(coníferas)
ROY et al., 1984
Agatisflavona Garcinia xanthochymus Clusiaceae
PARVEEN et al.,
1994
Agatisflavona
Bauhinia vahlii Linn Leguninoceae
SULTANA et. al,
1985
Agatisflavona
Caesalpinia pyramidalis
Leguminosae
Fabaceae
MENDES et al., 2000
Agatisflavona Caesalpinia pyramidalis
Leguminosae
Fabaceae
BAHIA et al., 2005
7,7"-O-
dimetilagatisflavona
Ouratea spectabilis Ochnaceae FELÍCIO et al. 1995
7"-O-metilagatisflavona
Ouratea hexasperma Ochnaceae
MOREIRA et al.,
1999
7,7"-O-
dimetilagatisflavona
Ouratea parviflora Ochnaceae FELÍCIO et al., 2004
Agatisflavona
7"-O-metilagatisflavona
Ouratea hexasperma Ochnaceae DANIEL et al., 2005
Agatisflavona
Ouratea sulcata Ochnaceae
PEGNYEMB et al.,
2005
Agatisflavona Ouratea nigroviolacea Ochnaceae
NGO MBING et al.,
2006
Agatisflavona
Ouratea staudtii Ochnaceae
ZINTCHEM et al.,
2007
Agatisflavona;
7"-O-metilagatisflavona
Ouratea microdonta Ochnaceae
CARVALHO, et al,
2008*
14
Através da observação da
tabela 1
vemos que os biflavonóides Agatisflavona e
derivados ocorrem em diferentes espécies de diferentes famílias, gêneros e espécies vegetais.
Para verificar a ligação taxionômica desses gêneros com a ocorrência desses biflavonóides foi
realizada uma avaliação através da divisão botânica da possível ligação entre as espécies onde
foram encontradas essas substâncias. Na
tabela 2,
pág. 15,
observam-se os dados de divisão,
ordem, classe, família de cada espécie que foi isolado os biflavonóides Agatisflavona e
derivados.
A partir desses dados observa-se que relação entre algumas espécies, como as
espécies da família Araucariaceae e Cupressaceae, que pertencem à mesma ordem, classe e
divisão botânica. As famílias Anacardiaceae, Burseraceae, Leguminosae, Clusiaceae e
Ochnaceae pertencem a ordens botânicas diferentes, mas pertencem a mesmas classes e
divisões botânicas.
Nas famílias Araucariaceae e Ochnaceae encontram-se a maior variedade de derivados
da agatisflavona, sendo que somente no gênero Ochnaceae, mas especificamente nas espécies
de
Ouratea
que foi encontrado o biflavonóide 7"-
O
-metilagatisflavona. Isso demonstra que
essa substância é um marcador quiotaxinômico da espécie
Ouratea
.
15
Tabela 2:
Divisões Botânicas das espécies que onde há ocorrência de Agatisflavonas e
derivados.
DIVISÃO CLASSE ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE BIFLAVONÓIDE
Pinophyta Pinopsida Pinales
Araucariaceae
(coníferas)
A. alba;
A. bidwillii;
A. rulei;
A. australis;
A. araucana;
A. angustifólia;
4”’,7-O-
dimetillagatisflavona
7-O-
metilagatisflavona
7,7"-O-
dimetilagatisflavona
Agatisflavona
Pinophyta Pinopsida Pinales
Cupressaceae
(coníferas)
J. virginiana Agatisflavona
Magnoliophyta
Magnoliopsida
Sapindales Anacardiaceae
R. succedanea;
R. punjabensis;
R. semialata;
P. morinda Linn;
R. semialata
Murr;
A. amplifolium;
O. huaucui;
R. coriaria;
A. occidentale;
S.terebenthefolus;
R. pyroides;
R. entata;
R. pentheri
Agatisflavona
Magnoliophyta
Magnoliopsida
Sapindales Burseraceae C. manii
Agatisflavona
Magnoliophyta
Magnoliopsida
Fabales
Leguminosae
Fabaceae
B. vahlii Linn;
C. pyramidalis
Agatisflavona
Magnoliophyta
Magnoliopsida
Malphiales
Clusiaceae G. xanthochymus Agatisflavona
Magnoliophyta
Magnoliopsida
Malphiales
Ochnaceae
O. spectabilis;
O. hexasperma;
O. parviflora;
O. sulcata;
O. nigroviolacea;
O. staudtii;
O. microdonta
7,7"-O-
dimetilagatisflavona
7"-O-
metilagatisflavona
Agatisflavona
16
3. CONSTITUINTES QUÍMICOS ISOLADOS DE O. hexasperma var.
planchonii Engl.
No presente trabalho,
O. hexasperma
(var.
planchonii
Engl.) foi submetida a estudo
fitoquímico para verificar a presença de marcadores taxonômicos e servir como argumento
adicional para localização da mesma na espécie. Com esse estudo, foram isolados compostos
alifáticos; ácido alifático (
1
); uma mistura de esteróides: sitoesterol (
2a
), estigmasterol (
2b
) e
campesterol (
2c
); os triterpenos lupeol (
3a
) e
α
-amirina (
3b
) e
β
-amirina (
3c
); os
biflavonóides 7”-O-metilagatisflavona (
4
) e agatisflavona (
5
) e sitosterol-3-O-
β
-D-
glicopiranosideo (
6
).
Figura 8,
pág. 17.
17
CH
3
H
3
C
( )
n
Compostos alifáticos
OH
O
( )
n
1
RO
1
2
3
4
6
5
7
9
19
11
12
14
15
16
17
18
13
20
22
23
21
24
28
29
27
25
26
2a: 22,23-diidro
2
b
:
22,23
1
2
3
4
6
5
7
9
19
11
12
14
15
16
17
18
13
20
21
HO
21
22
23
24
25
2c
3a
29
30
20
28
27
3
HO
HO
3
24 23
5
6
10
25
1
13
R
R
1
28
22
20
29
30
27
11
(3b) R = CH
3
, R
1
= H
(3c) R = H, R
1
= CH
3
5
6
"'
5
"'
4
"'
3
"'
2
"'
1
"'
10
"
9
"
8
"
7
"
6
"
5
"
4
"
3
"
2
"
1
"
2
'
10
6
5
4
3
2
B
'
C
'
A
'
CA
O
O
OH
OH
HO
OH
HO
O
OH
O
6
'
5
'
4
'
3
'
1
'
9
8
7
1
B
4
6
"'
5
"'
4
"'
3
"'
2
"'
1
"'
10
"
9
"
8
"
7
"
6
"
5
"
4
"
3
"
2
"
1
"
2
'
10
6
5
4
3
2
B
'
C
'
A
'
CA
O
O
OH
OH
HO
OMe
HO
O
OH
O
6
'
5
'
4
'
3
'
1
'
9
8
7
1
B
22
25
26
27
1
2
3
4
6
5
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
20
23
24
1
'
2
'
3
'
4
'
5
'
6
'
O
19
21
O
OH
OH
HO
HO
6
Figura 8: Constituintes químicos isolados neste trabalho
(
O. hexasperma
var
. planchonii
Engl.)
18
4. PARTE EXPERIMENTAL
4.1. Equipamentos e Reagentes
Os pontos de fusão foram determinados em placa de aquecimento MEL-TEMP II,
Laboratory Devices USA, utilizando capilar, sem correção dos valores obtidos. Os espectros
de infravermelho foram obtidos em espectrofotômetro Perkin-Elmer 1600/1605 FT-IR em
pastilha de KBr. Os espectros de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) de
1
H e
13
C
(incluindo experimentos em 2D), foram registrados em espectrômetros Bruker AC-200
Advance (
1
H: 200 e
13
C: 50,3 MHz) e Bruker DRX-500 (
1
H: 500 MHz e
13
C: 125 MHz).
Como padrão interno foi usado tetrametilsilano ou resíduo do solvente CHCl
3
(
δ
H
7.24) e o
pico central do tripleto em
δ
C
77.00 do CDCl
3
. Os espectros de massas foram registrados em
cromatógrafo com fase gasosa acoplado a espectrômetro de massas de analisador de íons
quadrupolo e ionização por impacto de elétrons, 70 eV; marca Varian Saturn 2000 da UFRRJ.
As análises com CLAE foram realizadas com aparelho Shimadzu bomba modelo 10AS
Shimadzu 10AD/10AS com detector UV-Vis 10AD, injetor manual Rhoodune 1175 com loop
de 20
µ
L, integrador 6 CR, com coluna de fase reversa C18 (250mm x 4,6 mm x 5
µ
m) Betasil,
utilizando um sistema isocrático de metanol/H
2
O/acetonitrila/ácido acético (20:40:39:1) em
duas bombas, na bomba A foi adicionada a fase orgânica (CH
3
OH/ CH
3
CN) e na Bomba B a
fase aquosa (H
2
O/ácido acético). A fase móvel foi ajustada para A 62% e B 38% e
velocidade de fluxo 1mL.min
-1
, os extratos foram monitorados a 270 nm. As análises em
CLAE acoplado a espectômetro de massas foram feitas com o aparelho LCMS-IT_TOF
Shimadzu, foram usados quatro solventes e duas bombas A (metanol/acetonitrila, 20:34) e B
(água/ácido acético, 10:1), com sistema gradiente.
As cromatografias em coluna foram realizadas tendo como suporte gel de sílica (230-
400 e 70-230 mesh, Vetec) e Sephadex LH-20 (Sigma, USA). A cromatografia em camada
preparativa (CCP) foi feita em placas de gel de sílica 60 PF
254
, Merck e Vetec, sobre suporte
de vidro e espessura de 1mm.
As substâncias foram detectadas por irradiação na região do ultravioleta (254 e 366
nm). Foram usadas placas em folha de alumínio de gel de sílica 60 PF
254
Merck para
cromatografia em camada fina (CCF) e como reveladores foram utilizados, detecção por
irradiação ultravioleta (254 e 366 nm), e/ou reagentes cromogênicos:
Dragendorff (solução de nitrato básico de bismuto II em ácido acético diluído
com iodeto de potássio), reagente para alcalóides (MATOS, 1997).
Liebermann Burchard (20mL de anidrido acético e 20 mL de ácido sulfúrico
diluídos em 200 mL de etanol, em banho de gelo), seguido de aquecimento,
reagente para terpenos e esteróides (MATOS, 1997).
Soluções de AlCl
3
-EtOH (1%), seguido de aquecimento, reagente para
flavonóides. (VENNAT, B. et al, 1992)
.
Godin A: Solução I: vanilina etanólica 1%
Solução II: ácido perclorico 3%
Godin B: Acido sulfúrico10 % v/v
Misturar as soluções I e II em partes iguais e borrifar sobre a placa
cromatográfica, revelar com Godin B e colocar em estufa. Para identificação de
esteróides, triterpenos e flavonóides. (MARTINS, 2006).
Vapores de iodo revelam a maioria das substâncias orgânicas.
4.2.
Material vegetal
O material vegetal, galhos de
Ouratea hexasperma
var.
planchonii
Engl.,
(Ochnaceae), coletado na época de frutificação, em área de restinga, no município de Conde,
praia de Jacunã, em área de restinga e identificados pela Profa. Dra. Maria de Fátima Agra.
19
Uma excicata desta espécie (Nº6747) está depositada no herbário Prof. Lauro Pires Xavier
(JPB), Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil.
4.3
.
Obtenção dos extratos brutos
O material foi seco à temperatura ambiente, logo após a coleta e moídas em moinho de
facas. O dos galhos de
Ouratea hexasperma
var.
planchonii
Engl
.
(1900g) foi submetido à
extração através de maceração contínua com diclorometano e metanol. Os extratos foram
concentrados em evaporador rotatório a 40°C sob pressão reduzida e, após o uso de ar quente
para retirar o resíduo de solventes, obtiveram-se os extratos de diclorometano (OspGD, 206,5
g) e o extrato metanólico (OspGM, 190,0 g).
4.4.
Prospecção Química do Extrato Metanólico
Do extrato metanólico, aproximadamente 1,0 g, fez-se prospecção química que
permitiu o conhecimento preliminar das principais classes de substâncias naturais presentes.
Esta avaliação é freqüentemente usada para direcionar trabalhos posteriores de fracionamento
e isolamento das substâncias (MATOS, 1988). Esta abordagem foi elaborada com testes para
detectar os metabólitos especiais dos galhos da espécie, conforme metodologias descritas na
literatura. As classes de substâncias avaliadas: alcalóides, saponinas, esteróides e
triterpenóides, depsídio e depsidonas, flavonóides, catequinas, quinonas, sesquiterpenos e
outras lactonas, carotenóides e xantofilas, glicosídios cardíacos, açúcares redutores,
sacarídios, ácidos orgânicos e taninos.
4.5. Isolamento e Purificação dos Constituintes Químicos dos Extratos de Ouratea
hexasperma var. planchonii Engl.
4.5.1. Extrato com diclorometano:
O extrato
OspGD
foi filtrado em funil de separação de gel de sílica usando hexano,
clorofórmio e metanol e obtiveram-se as frações: hexano (
OspGDH
, 11,06g); Clorofórmio
(
OspGDC
, 5,43g) e metanol (
OspGDM
, 116,9g).
A partição em hexano (
OspGDH)
, foi cromatografada em coluna de gel de sílica,
usando eluentes diclorometano, diclorometano : metanol, aumentando gradativamente a
polaridade até 100% de metanol, fornecendo 15 frações, que através da análise dos dados
espetrométricos foram identificadas como uma mistura de alcanos alifáticos, ácido alifático,
(
substância 1,
57 mg
)
e uma mistura de esteóides (sitoesterol, estigmasterol e campesterol),
que foi denominada
substância 2 (a, b e c,
PF.: 120-122ºC,
84 mg
)
.
A partição clorofórmio (
OspGDC
) foi cromatografada em coluna de gel de sílica,
usando eluentes diclorometano
OspGDCD
(26 frações), acetato de etila
OspGDCA
(11
frações) e metanol
OspGDCM
(26 frações), que forneceram uma mistura de alcanos
alifáticos e álcoois alifáticos, o triterpeno lupeol (
substância 3,
PF.: 179-180ºC,
50 mg) e a
mistura de esteróides sitoesterol, estigmasterol.
A fração obtida com metanol (
OspGDM,
95g), foi fracionada através de
cromatografia em coluna de sílica gel utilizando os eluentes clorofórmio e metanol 9:1 e
aumentando gradativamente a polaridade. As frações 5-7 forneceram um material amarelo de
ponto de fusão 226/228ºC , solúvel em acetona, que após análise dos dados espectrométricos
foi identificado como o biflavonóide 7’’-O-metilagatisflavona (
substância 4,
PF.: 226-228ºC,
74 mg).
Os procedimentos relatados acima estão representados no
Esquema 1,
pág. 21.
20
4.5.2. Extrato com metanol:
O extrato metanólico (
OspGM
, 160,0g) foi submetido à partição com metanol:água
(8:2) e clorofórmio, no qual o extrato foi diluído em metanol/água 8:2 e extraído com
clorofórmio, obtendo-se as partições clorofórmio (
OspGMC
, 67,0 g) e metanol (
OspGMM
,
58,8 g). A partição clorofórmio foi dividida em duas frações, a primeira de cor esverdeada
(
OspGMC1,
23,2 g) e outra de cor marrom (
OspGMC2,
22,0 g), da segunda fração retirou-
se um precipitado (
OspGMC2p,
20,8 g
),
o qual uma parte (18,0g) foi submetida à
cromatografia em coluna de sílica gel com a mistura diclorometano/metanol com aumento
gradual de polaridade até metanol 100%. Foram coletadas 20 frações, as frações 2-4 foram
recristalizadas em metanol e forneceram um material amarelo que, apresentava 2 manchas em
cromatografia de camada fina (CCF) com o eluente CH
2
Cl
2
/CH
3
OH, 8:2. Após análise dos
dados espectrométricos, e comparação em cromatografia de camada fina com os padrões 7’’-
O-metilagatisflavona e agatisflavona, usando os eluentes CH
2
Cl
2
/CH
3
OH, 8:2;
CHCl
3
/CH
3
COCH
3
, 7:3 e AcOEt/CH
3
OH, 9,5:0,5, foram identificados como os
biflavonóides, em mistura,
4
(7’’-O-metilagatisflavona), e
5 (
agatisflavona), 103 mg, solúveis
em acetona.
A mistura dos biflavonóides
4
e
5
foi metilado com diazometano (40,0 mg). Após a
metilação foi feita a purificação do produto através de cromatrografia em camada
preparativa(CHCl
3
/CH
3
COCH
3
, 7:3), fornecendo o derivado permetilado
4a
(28,0 mg).
A fração (
OspGMC1,
20,0g) foi cromatografada em coluna de sílica gel com a
mistura diclorometano/metanol com aumento gradual de polaridade até metanol 100%. Sendo
coletadas 30 frações. As frações 5 e 6 forneceram um material amarelo, que após a
purificação e análises dos dados do RMN de hidrogênio e carbono-13, concluiu-se que
também é a 7”-
O
-metilagatisflavona (32,0 mg) e a fração 17, que foi recristalizada em
metanol forneceu um material (9,0 mg) insolúvel em acetona e metanol, e através das análises
dos dados do RMN de hidrogênio e carbono, verificou-se que que a fração contém o
sitosterol glicosilado (
6
).
Os procedimentos relatados acima também estão representados no
Esquema 1,
pág.
21.
21
Esquema 1: Fluxograma da marcha para o isolamento das substâncias dos galhos de
Ouratea
hexasperma
var
. planchonii
Engl.
Ouratea hexasperma
(Galho 1900,0 g)
1) CH
2
Cl
2
2) MeOH
-Evaporação
Ext. metanólico
OspGM
(190,0 g)
-Partição funil
lica gel
-CHCl
3
OspGDC
(5,43 g)
Ext. diclorometano
OspGD
(206,5 g)
OspGMCp
Coluna
1) dicloro
2) acetato de etila
3) metanol
-Hexano
OspGDH
(11,06 g)
Coluna
CHCl
3
/ MeOH
OspGDCD
26 frações
OspGDCA
11 frações
OspGDCM
26 frações
- MeOH
OspGDM
116,9 g
- Partição
Líq./Líq
1) MeOH/H
2
O 8:2
2) CHCl
3
OspGMC
OspGMM
OspGMC-1
OspGMC
2
1) verde
2)H
2
O mãe
3) precip.
Coluna
Coluna
(OspGMCp-2p)
125 mg
Frações 2 e 3
Coluna
OspGMC
2
A
2)
metilão
4a
Coluna
substância 5
biflavonoides
alcanos
1
2 (a,b e c)
1
4
4
5
4
2 (a,b e c)
3(a, b e c)
5
6
22
4.6. Derivação
A preparação do derivado metilado da agatisflavona
serviu para facilitar a análise dos
dados espectrométricos, devido ao aumento da solubilidade em clorofórmio e, fazer análises
com algumas técnicas especiais de RMN.
4.6.1. Metilação com diazometano
A solução de diazometano foi preparada de acordo com a metodologia experimental
descrita na literatura (VOGEL, 1989 e CARVALHO
et al.
2006). A mistura das substâncias
(agatisflavona e 7”-O-metilagatisflavona) foi completamente dissolvida em MeOH,
adicionou-se a solução etérea do diazometano em excesso, observando desprendimento
gasoso, a solução foi deixada em repouso para a evaporação natural dos solventes. A
ocorrência da reação foi monitorada através de comparações em CCF com as substâncias
puras, após repetições do procedimento de adição da solução de Diazometano, realizou-se
cromatografia em camada preparativa, fornecendo a substância metilada. A
figura 9
, pág. 23
apresenta um esquema da reação e o mecanismo proposto para a mesma.
23
OH
O
H
3
C N N
N
2
O
OH
O
OH
OH
O
OH
O
OH
O H
H
2
C N N
H
2
C N N
H
2
C N N
OH
O
H
3
C N N
O
O
OCH
3
OCH
3
H
3
CO
O
H
3
CO
O
OCH
3
O
H
3
C
N
2
N
2
R
O
O
OH
OH
HO
O
HO
O
OH
O
O
O
OCH
3
OCH
3
H
3
CO
O
H
3
CO
O
OCH
3
O
H
3
C
CH
2
N
2
MeOH
Figura 9:
Mecanismo proposto da reação de metilação com diazometano.
24
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Prospecção Química do extrato metanólico:
Parte do extrato metanólico foi utilizado para a realização da avaliação da classe dos
constituintes presentes, através da prospecção química, e posterior isolamento e purificação
dos principais metabólitos especiais. A
tabela 3
demonstra os resultados da prospecção
química do extrato metanólico, que revelou testes positivos para as classes de metabólitos
especiais: alcalóides, saponinas, esteróides e triterpenóides, depsídio e depsidonas,
flavonóides, catequinas, quinonas, açúcares redutores, sacarídeos e taninos. Os testes
realizados seguiram as metodologias segundo as literaturas: Alcalóides, esteróides, triterpenos
e flavonóides (WALL et al., 1954); saponinas, depsídios e depsidonas, quinonas e
sacarídios
(MATOS, 1988); catequinas,
derivados de cumarinas e açúcares redutores (COSTA, 1972);
Ácidos orgânicos (MERK, 1980); Taninos (MATOS, 1997).
Tabela 3: Registro dos resultados da prospecção química do extrato metanólico de
O.
hexasperma
var
. planchonii
Engl
.
Classes de metabólitos especiais
Extrato metanólico
Alcalóides +++
Saponinas +++
Esteróides e triterpenóides +++
Depsídio e depsidonas +++
Flavonóides +++
Catequinas +++
Quinonas +
Sesquiterpenos e outras lactonas
-
Derivados de cumarinas -
Glicosídios cardíacos -
Açúcares redutores ++
Sacarídios +
Ácidos orgânicos -
Taninos +++
- ausente + fraco ++ médio +++ forte
25
5.2. Determinação Estrutural dos Constituintes Isolados de Ouratea hexasperma
var. planchonii Engl.
O fracionamento dos extratos dos galhos
de O. hexasperma
var.
planchonii
Engl.
forneceu uma mistura de hidrocarbonetos, ácidos alifáticos, os esteróides sitoesterol,
estigmasterol e campesterol, os triterpenos
α
-amirina e
β
-amirina, os biflavonóides 7”-O-
metilagatisflavona e agatisflavona e sitosterol-3-O-
β
-D-glicopiranosideo. A identificação
através de métodos físicos desses materiais foi feita através das análises de espectros de IV,
RMN de
1
H e
13
C, massas e comparação com padrões isolados das espécies de
Ouratea
em
estudos anteriores.
5.2.1. Alcanos
O espectro de IV da mistura de alcanos (
Figura 10
, pág. 25) revela bandas de
absorção em 2918 e 2848 cm
-1
relativas a estiramentos de grupos CH
3
e CH
2
, sugerindo a
presença de uma longa cadeia carbônica. As bandas em 1466 cm
-1
(deformação angular da
ligação C-H), e 723 cm
-1
confirmam esta atribuição. O espectro de RMN
1
H (
Figura 11,
pág.
26
)
apresenta sinais em
δ
H
0,90 e 1,27ppm de cadeia normal hidrocarbônica.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Wavenumber (cm-1)
8
16
24
32
40
48
56
64
72
80
%Transmittance
2917.82
2848.39
1467.59
725.12
Figura 10
: Espectro de IV do material alifático de
O. hexasperma
var.
planchonii
Engl
.
26
8 7 6 5 4 3 2 1 0 -1
Chemical Shift (ppm)
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Intensity
7.27
1.27
0.90
Figura 11:
Espectro de RMN de
1
H (200 MHz, CDCl
3
) do material alifático.
27
5.2.2 Substância 1
O ácido alifático
1
, foi identificado através da análise dos espectros de IV, RMN
1
H e
CG-EM. O espectro de IV (
Figura
12
, pág. 27) revela bandas de absorção em 2918 e 2848
cm
-1
relativas a estiramentos de grupos CH
3
e CH
2
, sugerindo a presença de uma longa cadeia
carbônica. As bandas em 1473 cm
-1
(deformação angular da ligação C-H), 723 cm
-1
e o sinal
em 1724 cm
-1
compatível com carbonila de ácido, confirmam esta atribuição. O espectro de
RMN
1
H (
Figura 13,
pág. 28) apresenta sinais em
δ
H
0,89 e 1,26 de cadeia alifática, e 2,35
indicando a presença e de hidrogênio de carbono alfa ao grupo carbonila. O cromatograma da
amostra (
figura 14,
pág 28), demonstra os picos indicando a mistura das substâncias, tendo a
substância majoritária em TR=5,74, o CG-EM apresentou picos em
m/z
57 [C
4
H
9
]
+
,
m/z
87
[C
4
H
7
O
2
]
+
,
m/z
129 [C
7
H
13
O
2
]
+
,
m/z
185 [C
11
H
21
O
2
]
+
,
m/z
213 [C
13
H
25
O
2
]
+
, os picos em
m/z
257 (M
+.
+1) e 242 (M
+.
) (
Figura 15
,
pág. 29), permitiu identificar os ácidos hexadecanóico e
pentadecanóico presentes na mistura.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Wavenumber (cm-1)
8
16
24
32
40
48
56
64
72
80
88
%Transmittance
3461.65
2954.46
2917.82
2848.39
2728.82
1724.08
1645.01
1619.94
1473.37
1411.66
1386.59
1170.6
889.04
728.97
719.33
366.41
Figura 12: Espectro de IV de
1.
28
Figura 13: Espetro de RMN de
1
H (200 MHz, CDCl
3
) de
1
.
Figura 14: Cromatograma de
1
.
29
Figura 15: Espectro de massas de
1
.
5.2.3. Substância 2 (a, b e c)
Os esteróides
2 (a, b e c)
foram identificados respectivamente, como sitosterol,
estigmasterol e campesterol, com base na comparação com amostra autêntica, envolvendo
espectros de RMN de
1
H (
Figura 16
, pág. 30), CG-EM, além de P.F. e CCF.
O espectro de RMN de
1
H da mistura
2 (a, b e c)
mostrou sinais entre
δ
H
0,65 e
δ
H
1,23 correspondentes as metilas, multipleto em
δ
H
3,53 atribuído ao hidrogênio carbinólico H-
3, um singleto largo em
δ
H
5,31 atribuído ao hidrogênio olefínico H-6 e o multipleto em
δ
H
5,07 correspondentes aos hidrogênios H-22 e H-23 para o estigmasterol. Através do CG-EM
que se detectou a presença do terceiro componente (campesterol), através do cromatograma
(
Figura 17
, pág. 30), indicando os picos dos esteróides e comparação com padrões da
biblioteca do equipamento (
Figuras 18 a, b e c,
págs. 31, 32 e 33) permitiu confirmar a
proposta da mistura dos esteróides sitosterol (
2 a
), estigmasterol (
2 b
) e campesterol(
2 c
).
30
Figura 16:
RMN de
1
H (200 MHz, CDCl
3
) da mistura de esteróides
2
(a, b e c)
Figura
17
: Cromatograma da mistura dos esteróides
2
(a, b e c)
31
Figura 18a
: Espetro de massas de
2 (a)
comparado com a biblioteca do aparelho.
32
Figura 18b:
Espetro de massas de 2 (b) comparado com a biblioteca do aparelho.
33
Figura 18c :
Espetro de massas de 2 (c) comparado com a biblioteca do aparelho.
5.2.4. Substâncias 3: Lupeol, α-amirina e β-amirina
A mistura dos triterpenos
3 (a, b e c)
foram identificados como lupeol,
α
-amirina e
β
-
amirina, através da interprtação dos espectros de RMN de
1
H , CG-EM e CCF.
O espectro de RMN
1
H (
Figura 19,
pág. 34) mostra os sinais de metilas:
δ
H
1,26, 0,95,
0,80 e 0,77 e um sinal em
δ
H
1,69 (
s
) correspondente à freqüência de metila ligada a carbono
sp
2
. Os sinais referentes aos hidrogênios vinílicos estão representados por dois singletos
largos em
δ
H
4,57 e 4,70, o sinal em
δ
H
3,19 representa o hidrogênio do carbono metínico
oxigendo (H-3) o sinal em
δ
H
5,1 representa os hidrogênios (H-12) de
α
e
β
-amirina. Através
do CG-EM e comparação com padrões da biblioteca do equipamento (
Figuras 20 e 21,
pág.
35) e comparação com amostra padrão da mistura, permitiu identificar os três isômeros
triterpênicos lupeol (3a),
α
-amirina (3b) e
β
-amirina (3c).
34
Figura 19:
Espectro de RMN de
1
H (200 MHz, CDCl
3
) do Lupeol (
3a
),
α
-amirina (
3b
) e
β
-
amirina (
3c
).
.
35
Figura 20:
Espetro de massas de 2 (a) comparado com a biblioteca do aparelho.
Figura 21:
Espetro de massas de 2 (b e c).
36
5.2.5. Substância 4
O biflavonóide
4
foi identificado como um derivado da agatisflavona, devido a
semelhança do espectro de RMN
1
H com da substância com a isolada anteriormente
(MOREIRA et al., 1999; DANIEL et. al., 2005), além do sinal de um grupo metoxila cuja
posição foi definida através de análises com técnicas especiais de RMN.
O espectro de IV de
4
(
Figura 22,
pág. 37
)
revela bandas de absorção para grupo
hidroxila (3392 cm
-1
, estiramento O-H), grupamentos C=O (1648 cm
-1
) de carbonila
conjugada e C=C (1604 cm
-1
, 1504 cm
-1
, 1442 cm
-1
) de anel benzenóide.
O espectro de RMN
1
H (
Figura, 23,
pág. 39
)
mostra sinais de átomos de hidrogênios
atribuídos a dois sistemas AA’BB’ dos anéis C e C”
δ
H
7,98 (d, 2H,
J
= 8Hz), 7,65 (d, 2H,
J
=
8 Hz), 7,05 (d, 2H,
J
= 8 Hz) e 6,84 (d, 2H,
J
= 8 Hz), quatro singletos atribuídos a H-3, 8, 3” e
6” com
δ
H
6,70, 6,78, 6,65 e 6,56, respectivamente e uma metoxila (
δ
H
3,89,
s
, 3H). Os sinais
em
δ
H
9,37 para hidroxila livre e
δ
H
13,26 e 13,41 para os dois grupos hidroxilas em ligação
de hidrogênio com carbonila.
O espectro de
1
H,
1
H-COSY (
Figuras 24,
pág. 40) apresentou sinais de interação de
acoplamento entre H-2’,6’ (
δ
H
7,65) com H-3’,5’ (
δ
H
6,84) e H-2’”,6’” (
δ
H
7,98) com H-
3’”,5’” (
δ
H
7,50). Confirmando os pares de dubletos de cada sistema
para
substituído.
O espectro de RMN
13
C da substância
4
(
Figuras 28-30,
pág. 44 e 45) mostra os
valores de deslocamentos dos carbonos metínicos CH-8 (
δ
C
94,7) e CH-6” (
δ
C
96,4), e para os
carbonos quaternários 6 e 8” (
δ
C
104,3 e 104,0 ppm). Os valores dos deslocamentos químicos
indicam que os carbonos 6 e 8” estão envolvidos na ligação interflavonoídica, a comparação
dos deslocamentos químicos dos carbonos de
4
(
Tabela 4,
pág. 40) com agatisflavona
(CHARI
et al
., 1977; AGRAWAL, 1989) e 7”-
O
-metilagatisflavona (MOREIRA,
et al
.,
1999) confirmam a proposta de estrutura semelhante desta biflavona como 4
,5,7-OH-flavona-
(6
8
′′
)-5
′′
,4
′′
-OH-7
′′
-OMe flavona.
Como citado anteriormente, o grupo metoxila poderia estar localizado em outra
posição sem causar alteração significativa nos espectros e, assim não garante a identificação
entre
4
como 7”-
O
-metilagatisflavona registrada na literatura. Fez-se experimentos de
NOESY (
Figuras 25, 26 e 27,
págs. 41-43), HMBC (
figuras 31-38,
págs. 45-49) e HSQC
(
figura 39,
pág. 50) e observou-se que a metoxila está próxima do singleto em
δ
H
6,57 (H-6”),
este hidrogênio está ligado ao carbono com
δ
C
= 95,7 e acopla a longa distância com H-O-
5”(J
3
H-C
)
Tabela
4,
pág. 38. Ficando, então definida sua estrutura como o previsto: 4’,5,7-
OH-flavona (6
8) 5”,4’”-OH-7”-OMe flavona (7”-
O
-metilagatisflavona).
37
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Wavenumber (cm-1)
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
%Transmittance
3392.23
3172.38
2929.39
2850.32
1648.87
1604.51
1564.01
1504.23
1442.52
1363.45
1282.45
1214.95
1174.46
1108.89
1018.25
833.11
572.76
Figura 22: Espectro de IV de 4.
38
Tabela 4.
Dados de RMN
1
H e
13
C (D
3
CCOCD
3
,
1
H e D
3
CSOCD
3
,
13
C).da substâncias
4.
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1
'
2
'
3
'
4
'
5
'
6
'
2
"
3
"
4
"
5
"
6
"
7
"
8
"
9
"
10
"
1
"'
2
"'
3
"'
4
"'
5
"'
6
"'
O
O
OH
OH
HO
O
HO
O
OH
O
H
3
C
7”-o-metil
agatisflavona
Substância 4
1
H-
13
C-COSY
C
δ
C
δ
C
δ
H
CH
1
J
CH
2,3
J
CH
Noe
2 165,03 165,3
H-2’, H-3
3 103,22 104,4
6,70 H-2’,6’
4 183,5 183,7
5 161,3 161,6
6 104,1 104,3
H-8
7 163,1 163,3
H-8
8 94,5 94,7 6,78 (s)
9 158,2 158,5
H-8
10 105,1 105,5
H-O-5, H-3
1’ 123,2 123,6
H-3’,5’, H-3
2’,6’ 129,3 129,3
7,98 (d,8Hz)
3’,5’ 116,8 117,1
7,05 (d, 8Hz)
4’ 161,8 162,0
2” 165,2 165,5
H-2’”,6’”, H-3”
3” 103,4 103,9
6,65 (s) H-2’”,6’”
4” 183,3 183,4
5” 163,4 163,8
H-O-5”, H-6”
6” 96,0 96,4 6,57 (s) H-O-5” H
3
CO-7”
7” 164,8 165,1
H
3
C-O
8” 101,0 104,0
H-6”
9” 155,5 156,0
10” 105,6 105,9
H-O-5”, H-6”, H-3”
1’” 123,2 123,6
H-3’”,5’”, H-3”
2’”,6’” 129,1 129,5
7,65 (d,8Hz)
3’’,5’” 116,8 116,9
6,84 (d,8Hz)
4’” 161,8 162,1
H-2’”,5’”, H-3”’,5’
OCH
3
56,7 56,9 3,89(s,3H)
H-O 5 13,4
H-O 5”
13,3
39
Figura 23
: Espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) do biflavonóide
4
(7”-O-
metilagatisflavona)
40
Figura 24
: Espectro de
1
H-
1
H-COSY - (500 MHz, D
3
CCOCD
3
) de 4.
41
Figura 25
: Espectro de
1
H-
1
H-NOESY - (500 MHz, D
3
CCOCD
3
) de 4.
42
Figura 26:
Ampliação do Espectro de
1
H-
1
H-NOESY - (500 MHz, D
3
CCOCD
3
) de 4.
43
Figura 27:
Ampliação do Espectro de
1
H-
1
H-NOESY - (500 MHz, D
3
CCOCD
3
) de 4.
44
Figura 28:
RMN de C (125 MHz, D
3
CCOCD
3
) da substância 4
Figura 29:
Ampliação(180-187 ppm) do Espectro de RMN de C (125 MHz, D
3
CCOCD
3
) da
substância 4
45
Figura 30:
Ampliação (156-166 ppm) do Espectro de RMN de
13
C (125 MHz , D
3
CCOCD
3
)
da substância 4
Figura 31:
Espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4.
46
Figura 32:
Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4.
Figura 33:
Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4.
47
Figura 34:
Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4.
Figura 35:
Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4.
48
Figura 36:
Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4
Figura 37:
Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4
49
Figura 38:
Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4
50
Figura 39:
Espectro de HSQC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4
51
5.2.6. Substância 5
O espectro no IV de
5
(
Figura 40,
pág. 51) evidencia bandas de absorção em 3425
cm
-1
(estiramento O-H), 1651 cm
-1
(estiramento de carbonila conjugada) e 1605 cm
-1
(estiramento C=C de anel aromático) e 1367 cm
-1
(estiramento C-O).
O espectro de RMN
1
H (
Figuras 41 e 42,
pág. 53) possui sinais típicos de
biflavonóide, sinais de dois sistemas AA’BB’ {(
δ
H
7,88 (2H,
J
= 7,9 Hz), 7,56 (2H, J= 7,9
Hz), 6,93 (2H,
J
= 7,9 Hz) e 6,72 (2H,
J
= 7,9 Hz)}, quatro singletos em
δ
H
6,38, 6,57, 6,62
(2x), atribuídos aos hidrogênios H-6”, 8, 3 e 3”. O sinal de
δ
C=O
(183,74 e 184,26) verificado
no espectro de
13
C (
Figuras 43 e 44,
pág. 54) estão compatíveis com os carbonos carbinólicos
em ligação de hidrogênio (
Tabela 5,
pág. 52). A análise em CCDA revelou duas manchas
próximas com R.F. 0,35 e 0,19 (CH
3
Cl/CH
3
COCH
3
7:3). O espectro de RMN
1
H apresenta
sinais com menor intensidade em
δ
H
3,89. Isso permitiu propor a mistura de Agatisflavona
5
com 7”-O-metilagatisflavona
4
.
Para confirmar essa dedução fez-se a análise em CCDA, comparando com os padrões
isolados anteriormente e a análise revelou que as substâncias possuíam o mesmo RF dos
padrões. Utilizou-se também análise em CLAE utilizando sistema isocrático de
metanol/água/acetonitrila/ácido acético (20:40:39:1) como fase móvel e velocidade de fluxo
1mL.min
-1
, no comprimento de onda 270nm, da fração contendo
4
e
5,
comparando-a
com o
padrão (7”-O-metilagatisflavona) e obteve-se os cromatogramas (
figuras 45 e 46,
pág
. 55).
O
T.R=6,79 da 7”-O-metilagatisflavona permitiu confirmar a presença de
4
e o pico em T.R. =
3,93 foi atribuída a agatisflavona.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Wavenumber (cm-1)
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
%Transmittance
3392.23
3172.38
2929.39
2850.32
1648.87
1604.51
1564.01
1504.23
1442.52
1363.45
1282.45
1214.95
1174.46
1108.89
1018.25
833.11
572.76
Figura 40
: Espectro de IV de 5.
52
Tabela 5.
Dados de RMN
1
H (200 MHz) e
13
C (50 MHz) em Acetona-D
6
, comparando com
os dados de RMN de
13
C da literatura (AGRAWAL, 1989) da substância
5
(agatisflavona).
C
δC
(Metanol-
D
4
)
δC
(literatura-
DMSO-D
6
)
δ
H
(mult, Hz)
2 167,5 164,1 -
4 184,3 182,3 -
5 162,5 160,0 -
6 103,1 103,6 -
7 165,9 162,9 -
9 160,9 157,0 -
10 103,5 103,8 -
1
123,4 121,5 -
4
162,7 161,3 -
2
166,3 163,9 -
4
183,7 182,0 -
5
162,5 160,9 -
7
166,3 162,7 -
8
101,1 99,4 -
9
159,0 155,1 -
10
103,5 104,0 -
1
”’
121,4 121,7 -
4
”’
162,5 161,2 -
3 103,1 103,1 6,70 (s)
8 95,9 93,7 6,81 (s)
2
,6
129,6 128,6 7,96 (d, 7,9)
3
,5
117,2 116,2 7,66 (d, 7,9)
3
103,5 102,8 6,67 (s)
6
101,1 98,9 6,57 (s)
2
”’
,6
”’
129,6 128,2 7,03 (d, 7,9)
3
”’
,5
”’
117,2 116,2 6,85 (d, 7,9)
6
"'
5
"'
4
"'
3
"'
2
"'
1
"'
10
"
9
"
8
"
7
"
6
"
5
"
4
"
3
"
2
"
1
"
2
'
10
6
5
4
3
2
B
'
C
'
A
'
CA
O
O
OH
OH
HO
OH
HO
O
OH
O
6
'
5
'
4
'
3
'
1
'
9
8
7
1
B
53
Figura 41:
Espectro de RMN de
1
H (200MHz, D
3
CCOCD
3
) da mistura dos biflavonóides
4 e
5.
8.0 7.5 7.0 6.5
Chemical Shift (ppm)
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Intensity
7.99
7.95
7.68
7.64
7.06
7.02
6.87
6.81
6.70
6.65
6.57
Figura 42:
Ampliação do espectro (6.0-8.5 ppm) de RMN de
1
H (200MHz, D
3
CCOCD
3
) da
mistura dos biflavonóides
4 e 5.
54
200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0
Chemical Shift (ppm)
-0.05
0
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
0.50
0.55
0.60
0.65
Intensity
182.36
164.51
162.54
161.27
157.42
154.82
128.41
122.23
116.04
104.70
102.68
95.25
93.64
55.87
Figura 43:
Espectro de RMN de
13
C (50 MHz, D
3
CCOCD
3
) da mistura dos biflavonóides
4 e
5.
184 176 168 160 152 144 136 128 120 112 104 96
Chemical Shift (ppm)
-0.05
0
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
Intensity
182.36
164.51
162.54
161.27
160.40
157.42
154.82
128.41
122.23
116.04
104.70
104.23
103.11
102.68
99.98
95.25
93.64
Figura 44:
Ampliação do
espectro de RMN de
13
C (50 MHz, D
3
CCOCD
3
) da mistura dos
biflavonóides
4 e 5.
55
Figura 45:
Cromatograma obtido em CLAE de 7”-O-metilagatisflavona (
4
).
Figura 46:
Cromatograma obtido em CLAE da mistura
4 e 5.
56
5.2.7. Derivado 4a (hexametilagatisflavona).
A reação de metilação de 7”-
O
-metilagatisflavona com diazometano forneceu o
derivado hexametilado
4a
,
através da substituição dos hidrogênios das hidroxilas por grupos
metilas nas posições 7, 5, 5”, 4’, 4”’.
A mudança significativa no espectro de RMN
1
H de
4a
,
quando comparada com o biflavonóide natural
4
(7”-O-metilagatisflavona),
foi o
aparecimento de 5 sinais adicionais de metoxilas.
Os espectros de RMN
1
H (1D e 2D
1
H-
1
H-COSY) revelam sinais para os átomos de
hidrogênios H-3”’,5”’ (
δ
H
6,94,
d
,
J
=8,5) acoplando com H-2”’,6”’ (
δ
H
7,69,
d
,
J
=8,5) e H-
3’,5’ (
δ
H
7,16,
d
,
J
=8,5) acoplando com H-2’,6’ (
δ
H
8,11,
d
,
J
=8,5), correspondentes a dois
sistemas AA’BB’. Os hidrogênios H-6”,3”,3 e 8 estão representados pelos sinais simples de
δ
H
6,57,
δ
H
6,69,
δ
H
6,81 e
δ
H
6,99, respectivamente. Os sinais das metoxilas 7, 7”, 5, 5”, 4’ e
4” aparecem no espectro em
δ
H
4,07, 3,94, 3,61, 3,93, 3,88 e 3,77 ppm.
O espectro de RMN
1
H (
Figuras 47-49
, pág. 58 e 59) de
4a
mostra o desaparecimento
dos sinais dos hidrogênios em ligação de hidrogênio em torno de 13 ppm e o revelando que
ambas foram substituídas por grupos metilas. Os espectros obtidos com
1
Hx
1
H COSY
(
Figura 50,
pág. 60)
e NOESY (
Figuras 51 e 52
, págs. 60 e 61), permitiram fazer a completa
atribuição dos deslocamentos químicos dos hidrogênios de
4a
(
Tabela
6,
pág. 57). Os sinais
de interações espaciais detectados no espectro NOESY permitiram confirmar as localizações e
os respectivos deslocamentos químicos: MeO-4’ com interação espacial com H-3’,5’ (
δ
H
7,05), MeO-4”’ com interação espacial com H-3”’,5”’ (
δ
H
6,84), MeO-7 com interação
espacial com H-8 (
δ
H
7,01) e MeO-7”, pela interação espacial com H-6” (
δ
H
6,73).
O espectro de RMN
13
C de
4a
(
Figura 53 e 54,
págs. 61 e 62) foi comparado com a
literatura (MOREIRA
et al
,, 1999). O espectro de HMQC (
Figura 55,
pág. 63) permitiu
estabelecer as correlações diretas (
1
J
CH
) enquanto que os deslocamentos químicos dos
carbonos não hidrogenados deste derivado foram estabelecidos pelos espectros de HMBC
através (
2,3
J
CH
). (
Figura 56,
pág. 64).
57
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1
'
2
'
3
'
4
'
5
'
6
'
2
"
3
"
4
"
5
"
6
"
7
"
8
"
9
"
10
"
1
"'
2
"'
3
"'
4
"'
5
"'
6
"'
O
O
OCH
3
OCH
3
H
3
CO
O
H
3
CO
O
OCH
3
O
H
3
C
Tabela
6:
Dados de RMN
1
H (200 MHz) e
13
C (50 MHz) da substância
4
(MOREIRA
et al
.,
1999) com o derivado
4a
.
Substância 4
Derivado 4a
HMBC
C
δC
δC
δH
CH
1
J
CH
2,3
J
CH
Noe
2 165,03 161,8
H-3;H-2’,6’
3 103,22 107,6
6,91(s,1H)
4 183,5 177,1
H-3
5 161,3 159,7
CH
3
O- 6
6 104,1 113,8
H-8
7 163,1 163,2
H
3
CO- 7; H-8
8 94,5 95,8 7,0(s,1H) OCH
3
-7
9 158,2 160,5
H-8
10 105,1 105,9
1’ 123,2 123,7
H-3’,5’
2’,6’ 129,3 128,1
7,96(d,8Hz,2H)
3’,5’ 116,8 114,8
7,1(d,8Hz,2H) OCH
3
-4’
4’ 161,8 163,4
H
3
CO- 4’;H-2’,6’;H-3’,5’
2” 165,2 161,2
H-3”;H-2’”,6’”
3” 103,4 106,0
7,26(s,1H)
4” 183,3 178,3
5” 163,4 162,0
H
3
CO- 7”;H-6”
6” 96,0 92,4 6,6(s,1H) H-6” OCH
3
-5”,H
3
CO-7”
7” 164,8 162,8
8” 101,0 103,1
H-6”;H-3”
9” 155,5 157,3
H-3’’,5’”
10” 105,6 107,0
1’” 123,2 124,0
2’”,6’” 129,1 128,1
7,50(d,8Hz,2H)
H-2’”,6’”;H-3’”,5’”
3’’,5’ 116,8 114,9
6,86(d,8Hz) OCH
3
-4’”
4’” 161,8 163,1
OCH
3
-5 62,4 3,62
OCH
3
-7 56,5 3,88 H-8
OCH
3
-4’ 55,9 3,93 H-3’,5’
OCH
3
-5” 56,8 4,03 H-6”
OCH
3
-7” 56,7 56,4 3,95 H-6”
OCH
3
-4’”
55,7 3,82 H-3’”,5’”
58
Figura 47:
Espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) do derivado
4a.
59
Figura 48:
Ampliação do espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) do derivado
4a.
Figura 49:
Ampliação do espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) do derivado
4a.
60
Figura 50:
Espectro de
1
H-
1
H-COSY (500MHz, D
3
CCOCD
3
) de
4a.
Figura 51:
Espectro de NOESY de
4a
.
61
Figura 52:
Ampliação do espectro de NOESY de
4a
.
Figura 53:
Espectro de
13
C (125MHZ, D
3
CCOCD
3
)de
4a.
62
Figura 54:
Ampliação do espectro de
13
C (125MHZ, D
3
CCOCD
3
) de
4a.
63
Figura 55
: Espectro e ampliação (3-5 ppm) de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância
4a
.
64
Figura 56
: Espectro e ampliação (3,7-4,1 ppm) de HSQC (D
3
CCOCD
3
) da substância
4a
.
65
5.2.8. Substância 6
Uma fração do extrato metanólico partição clorofórmio, foi analisada em CCDA e
revelou a presença de um componente terpênico e biflavonóide.
O espectro de IV desse material (
Figura 57,
pág. 66) revelou bandas de absorção em
3408 cm
-1
de estiramento axial de O-H, bandas em 2959 e 2934 e 2870 cm
-1
de
ν
C-H
(CH
2
e
CH
3
), 1633 (
ν
C=C
); 1460,1380 (
ν
C-C
); 1164-1023 (
ν
C-O
);
1648 (
ν
C=O
);
1604,01504 e 1442
ν
C=C
(aromático); 1214 e 1174 (
ν
C-O
); 833
δ
=C-H
(2 H vizinhos). Compatíveis com o revelado em
placa.
O espectro de RMN
1
H deste material
(Figura
,
58,
pág. 68) apresenta sinais de metilas
entre
δ
H
0,63 e
δ
H
0,94, de hidrogênio alifático e em
δ
H
5,34, típico de H-6 de fitosteróides.
Além dos sinais da parte da aglicona aparecem sinais em
δ
H
3,10 (
m
, H-5´), 4,22 (
d
,
H-1’),
2,91 (
m
, H-2’), 3,02 (
m
,
H-4’) e 3,15 (
m
, H-3’) que podem ser atribuídos aos hidrogênios do
carboidrato. Esta unidade de açúcar pode ser atribuída como
β
-glicosídeo devido à presença
do dubleto em
δ
4,23 (
J
=8 Hz) que representa o hidrogênio anomérico (H-1’) acoplando com
o hidrogênio H-2’
trans
-diaxial. Os demais valores dos sinais de H-3’, 4’, 5’ e 6’ estão
assinalados na
Tabela
7,
pág. 67.
Os espectros de RMN
13
C (
Figuras, 59 e 60,
pág. 69 e 70) de
6
apresentam 4xCH e
um CH
2
do açúcar, sendo um com
δ
103,4 do CH anomérico. A comparação dos
deslocamentos químicos dos carbonos metínicos de
6
com valores da literatura, permitiu
propor a glicose como representante da unidade de açúcar ligado no C-3 do esteróide. A
comparação dos dados de
6
com valores atribuídos para o sitoesterol glicosilado permiiu
identificar como 3-
O
-
β
-D-glicopiranosilsitosterol. Na parte da aglicona temos
δ
C
70,1 do CH-
3. Os sinais dos carbonos sp
2
em
δ
C-5
140,4 e
δ
C-6
121,0, são compatíveis com os dois
carbonos sp2 (C-5 e C-6) do sitosterol de acordo com comparação dos valores de
13
C com os
da literatura (VELANDIA, 2002). Os sinais de H em anel aromático no espectro de RMN 1H,
confirmam a presença do biflavonóide agatisflavona como impureza na fração.
66
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Wavenumber (cm-1)
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
%Transmittance
3392.23
3172.38
2929.39
2850.32
1648.87
1604.51
1564.01
1504.23
1442.52
1363.45
1282.45
1214.95
1174.46
1108.89
1018.25
833.11
572.76
Figura 57:
Espectro de IV da substância
6
.
67
Tabela 7:
Dados de RMN de
1
H e
13
C da substância
6
21
20
22
23
24
25
26
27
28
29
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
1
'
2
'
3
'
4
'
5
'
6
'
O
OH
OH
HO
HO
O
6
Substância 6 Literatura
(VELANDIA, 2002)
C
δC δH δC
1 36,7 37,3
2 32,2 31,6
3 70,1 3,47 71,8
4 41,8 42,9
5 140,4 140,7
6 121,0 5,34 121,7
7 31,2 31,9
8 31,3 31,9
9 49,5 50,1
10 36,1 36,4
11 22,6 21,1
12 39,2 39,8
13 41,7 42,9
14 56,1 56,7
15 25,5 24,3
16 27,6 28,24
17 55,4 56,0
18 11,5 0,63 11,9
19 19,5 0,94 19,4
20 35,3 32,2
21 18,8 14,0
22 33,3 33,9
23 38,2 39,1
24 45,1 45,8
25 28,7 26,0
26 18,8 0,89 18,8
27 18,9 0,78 19,0
28 23,7 0,87 23,0
29 117,7 0,82 12,0
1’ 103,4 4,23 101,4
2’ 74,8 2,91 73,3
3’ 77,8 3,15 76,5
4’ 71,9 3,02 70,3
5’ 75,4 3,10 73,7
6’ 65,0 3,71 64,4
68
Figura 58
: RMN de
1
H (400MHz, DMSO-d
6
) da fração contendo a substância
6
.
69
Figura 59
: RMN de
13
C (125MHz, DMSO-d
6
) da fração contendo a substância
6.
70
Figura 60
: Ampliação do RMN de
13
C (125 MHz, DMSO-d
6
) da fração contendo a
substância
6
.
71
5.3.
ANÁLISE COM CLAE DAS FRAÇÕES OSPGMC E OSPMC-16P.
Considerando que estas frações continham mistura de flavonóides resolveu-se fazer
análise cromatográfica. O cromatograma obtido com CLAE utilizando sistema isocrático de
metanol/água/acetonitrila/ácido acético (20:40:39:1) como fase móvel e velocidade de fluxo
1mL.min
-1
e detecção UV (
λ
máx
=270nm),
confirmaram a presença de outros componentes na
fração OSPMC (
figura 61,
pág. 71) além de agatisflavona e 7”-O-metil-agatisflavona e na
fração OSPMC-1-6P (
figura
62,
pág. 72) que continha como componente majoritário a 7”-O-
metil-agatisflavona.
Figura 61:
CLAE da fração OSPGMC.
72
Figura 62:
CLAE da fração OSPMC1-6p.
A análise CLAE-EM dessas frações, “ricas em flavonóides”, permitiu detectar os
valores de
m/z
de várias faixas de tempo de retenção reveladas pelos picos representantes dos
componentes da mistura
.
A análise desses valores, aliada às possibilidades de substituição
com grupos freqüentes em flavonóides isolados de
Ouratea hexasperma
(St. Hil.) Bail. em
trabalhos anteriores (Suzart, 2007; Suzart et al., 2007; Daniel, 2005), a análise do espectro de
RMN de
1
H (
figuras 63 e 64
, pág.
7
3) e considerando a possibilidade de formação de
“adutos” com traços dos solventes utilizados, pôde-se propor estruturas que certamente estão
presentes no material analisado. Os sinais no espectro de RMN de
1
H na região entre
δ
H
4,22ppm e
δ
H
3,10ppm podem ser atribuídos aos hidrogênios do carboidrato. Possui também
sinais típicos de biflavonóide, como os dubletos na região entre
δ
H
7,93ppm e 6,60 ppm e
singletos em
δ
H
6,57ppm e 6,39ppm. Os esquemas
2
e
3
foram utilizados para facilitar esta
interpretação. Nesses são apresentadas as estruturas dos flavonóides que incorporadas aos
substituintes (R e/ou R’) ou resíduos de solventes chega-se aos valores de
m/z
detectados.
Estas propostas dependem de análises adicionais como EM/EM dos íons detectados, o que
confirmaria a formação de “adutos” e, assim, as estruturas propostas poderão ser aceitas com
maior segurança. A análise da fração
OSPMC
permitiu a identificação dos valores de
m/z
para os picos detectados no CLAE-EM e estão representados na
Figura 65
,
pág.
74 e
Esquema 2
, pág. 75, foi possível propor a metil-vitexina e orientina (
B
), ramnosil-
triidroxiflavona (
K
), agatisflavona (
F
), metil-agatisflavona (
H
) e dimetil-agatisflavona (
G
)
cujas estruturas estão representadas na
Figura 66
, pág. 76. A análise da fração
OSPMC1-6P
(
Figura
67,
pág. 77 e
Esquema 3,
pág. 78) permitiu confirmar a metil-agatisflavona (
A1
)
como componente majoritário, além das metil-diidroxiflavonas (
B1
e
D1
), a ramnosil-
triidroxiflavona (
C2
) e a glicopiranosil-prenil-diidroxi-flavonol (
D2
) (
Figura 68,
pág. 79
).
73
8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0
Chemical Shift (ppm)
-0.02
-0.01
0
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
0.09
0.10
0.11
Intensity
7.93
7.58
6.97
6.78
6.71
6.58
6.39
5.95
4.91
4.54
4.20
3.87
3.80
3.53
3.45
3.32
3.18
2.31
2.08
1.58
1.28
Figura 63:
Espectro de RMN
1
H (200MHz, D
3
CCOCD
3
) da fração OSPGMC.
8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0
Chemical Shift (ppm)
-0.02
-0.01
0
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
Intensity
2.16
2.63
3.32
3.87
4.61
6.58
6.68
6.78
6.98
7.58
7.89
Figura 64:
Espectro de RMN
1
H (200MHz, D
3
CCOCD
3
) da fração OSPGMC1-6p.
74
0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
0.50
0.55
0.60
0.65
0.70
0.75
0.80
0.85
0.90
0.95
1.00
1.05
(x1,000,000)
2:362.9385 (1.00)
2:538.0868 (1.00)
2:537.5871 (1.00)
2:537.0852 (1.00)
2:625.1173 (1.00)
2:601.1201 (1.00)
2:487.1238 (1.00)
2:617.1128 (1.00)
2:498.9165 (1.00)
2:378.9185 (1.00)
1:553.1105 (1.00)
1:417.2701 (1.00)
1:318.3065 (1.00)
1:411.0863 (1.00)
1:569.1177 (1.00)
1:404.0743 (1.00)
1:539.1052 (1.00)
1:359.0735 (1.00)
1:489.1444 (1.00)
1:505.1434 (1.00)
1:477.1416 (1.00)
1:447.1322 (1.00)
1:349.1897 (1.00)
1:260.0457 (1.00)
1:241.0522 (1.00)
A-Raw Spectrum
[0.687->1.273]
Event1 (Modo +)
m/z
241.0522
260.0457
349.1897
Event2 (Modo -)
m/z
378.9185
498.9165
C-Raw Spectrum
[5.540->6.813]
Event1 (Modo +)
m/z
505.1434
Event2 (Modo -)
m/z
617.1128
B-Raw Spectrum
[3.887->4.987]
Event1 (Modo +)
m/z
447.1322
477.1416
D-Raw Spectrum
[6.813->8.013]
Event1 (Modo +)
m/z
489.1444
Event2 (Modo -)
m/z
487.1238
601.1201
625.1173
E-Raw Spectrum
[8.013->9.047]
Event1 (Modo +)
m/z
359.0735
F-Raw Spectrum
[10.427->12.113]
Event1 (Modo +)
m/z
539.1052
Event2 (Modo -)
537.0852
538.0868
G-Raw Spectrum
[12.180->13.280]
Event1 (Modo +)
m/z
404.0743
569.1177
H-Raw Spectrum
[13.313->14.487]
Event1 (Modo +)
m/z
553.1105
I-Raw Spectrum
[14.487->15.620]
Event1 (Modo +)
m/z
411.0863
J-Raw Spectrum
[19.407->20.267]
Event1 (Modo +)
m/z
318.3065
K-Raw Spectrum
[21.367->22.400]
Event1 (Modo +)
m/z
417.2701
A
B
C
D
E
F
H
G
I
J
K
A’
A”
B
C’
D’
F’
F”
D”
D’”
F’”
G
241
260
349
447
477
505
489
359
539
404
569
411
318
417
553
A
Exp 1
(modo +)
Exp 2
(modo -)
OSPMC
Figura 65:
Identificação dos valores de
m/z
para os picos detectados no CLAE-EM da fração
OSPGMC.
75
O
RO
OH O
OH
R'
C
15
H
9
O
5
(269)
R ou R'
O
OH
OH
OH
HO
(163)
Solventes
H
2
O (18)
H
3
CCN(41)
H
3
C-OH (32)
OH
O
(60)
Grupo
CH
3
+ 163
+ 41 + 32
505 (C)
+ 163
446 (B)
+ 163
+ 41
489 (D)
+ 163
C
5
H
9
(69)
+
4 H
505 (C)
O
OH
OH
HO
(147)
+ H
+
417 (K)
+ 69
+ 147
O
R'
RO
OH O
O
O
O
C
15
H
9
O
6
(285)
+ 163
448 (B)
+ 32 + 18
+ H
+
318 (J)
+ 14
349 (A)
+ 32
+ 60+ 14
359 (E)
+
ou
569 (G)
+ 14 + 14
+ 3 H
+
+ 269
553 (H)
b
+ H
+
+ 269
539 (F)
b
+ H
+
+ 269
O
RO
OH O
O
+ 14
+269
+ 269
+269
269
+14
m/z [RS]
a
a
m/z [RS] ="Raw Spectrum", faixa do(s) picos do CLAE;
b
Detectadas na análise dos espectros de RMN
na fração deste material.
Esquema 2:
Propostas de estruturas compatíveis com os valores de
m/z
detectados na análise
de CLAE-EM (Figura 65)
76
O
OH O
OH
MeO
O
OH
OH
OH
OH
O
OH O
OH
HO
O
OH
OH
OH
B
B
O
OH O
OH
HO
OH
O
OH
OH
OH
OH
K
O
O
OH
OH
HO
HO
O
OH
O
O
O
OH
OH
HO
HO
O
OH
O
HO
F
H
O
O
OH
OH
MeO
HO
O
OH
O
MeO
MeO
G
Figura 66:
Estruturas propostas através da análise CLAE-EM na fração OSPGMC.
77
0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
1.6
(x1,000,000)
2:665.0944 (1.00)
2:551.1005 (1.00)
1:571.1379 (10.00)
1:561.4056 (1.00)
1:517.3749 (1.00)
1:473.3534 (1.00)
1:429.3240 (1.00)
1:385.2992 (1.00)
1:341.2723 (1.00)
1:417.2693 (1.00)
1:284.3329 (1.00)
1:553.1206 (1.00)
A. Raw Spectrum [13.060->15.233]
Event 1 (Modo +)
m/z Abs. Inten. Rel. Inten.
A1: 553.1206 159599 100.00
[metil-agatisflavona]
Event 2 (Modo -)
551.1005 52936 38.45 (M-2H)
665.0944 7293 5.30
[M+AcAcetico+MeOH+H
2
O]
B- Raw Spectrum [19.393->20.180]
[25->26]
Event 1 (Modo +)
m/z Abs. Inten. Rel. Inten.
B1: 284.3329 3113 5.20
[269 + 14 (metil)]
C. Raw Spectrum [21.460->22.280]
Event 1 (Modo +)
m/z Abs. Inten. Rel. Inten.
413.2763 2900 6.01
C2: 417.2693 8432 17.47
[269 + 147(ramnose) + H]
D. Raw Spectrum [22.527->23.347]
Event 1 (Modo +)
m/z Abs. Inten. Rel. Inten.
D1. 284.33774973 5.64
[269 + 14 (metil)]
341.2723 21998 24.95
385.2992 88164 100.00
429.3240 72304 82.01
473.3534 38277 43.42
D2. 517.374917511 19.86
[516 + H = Gic-Prenil-Flavonol]
561.4056 4613 5.23
A
B
C
D
Figura 67:
Identificação dos valores de
m/z
para os picos detectados no CLAE-EM da fração
OSPGMC1.6p
.
78
O
RO
O
OH
OH
C
15
H
9
O
5
(269)
R ou R'
O
OH
OH
OH
HO
(163)
Solvente
H
2
O (18)
H
3
CCN(41)
H
3
C-OH (32)
OH
O
(60)
Grupo
CH
3
C
5
H
9
(69)
O
RO
OH O
OH
OHR
C
15
H
9
O
6
(285)
+ 163
517 (D2)
(269)
* Detectado na análise dos espectros de RMN na fração deste material.
+ 69
O
RO
OH O
OH
+14
284 (B1,D1)
+H
+
+18+32+60
551 (A2)
553 (A1)*
+ H
+
+ 269 + 14+ 269
+ 2H
+
+ 269 + 269
Esquema 3:
Propostas de estruturas compatíveis com os valores de
m/z
detectados na análise
de CLAE-EM (Figura 67)
79
O
OH O
OH
HO
O
OH
OH
OH
O
O
OH
OH
HO
HO
O
OH
O
MeO
A1
O
OH
OH
MeO
O
B1
D1
C2
O
OH O
OH
O
OH
O
HO
HO
HO
OH
D2
Figura 68:
Estruturas propostas através da análise CLAE-EM na fração OSPGCM1.6p.
80
5.4. Propostas Biossintéticas para os constituintes isolados de Ouratea hexasperma var.
planchonii Engl.
Uma das principais considerações em determinação estrutural é o conhecimento da
biossíntese das diferentes classes dos metabólitos especiais, por isso incluímos este capítulo
para auxiliar na determinação das estruturas das substâncias isoladas de
Ouratea hexasperma
var
. planchonii
Engl.
As substâncias isoladas da espécie estudada neste trabalho, pertencem a classe dos
ácidos alifáticos, dos esteróides (
β
-sitosterol, estigmasterol, campesterol e 3-O-
β
-D-
glucopiranosil sitosterol); dos triterpenos (lupeol e
α
e
β
-amirina) e dos biflavonóides (7”-O-
metilagatisflavona e agatisflavona). A seguir apresenta-se algumas propostas biossintéticas.
5.4.1. Ácidos graxos
Os ácidos graxos são formados pela ligação de unidades de ácido acético (C2) via
reação de condensação. A biossíntese envolve a conversão do acetil-CoA em malonil-CoA,
que são convertidos em acetil-ACP e malonil-ACP, ocorrendo então a condensação de
Claisen e formação do
β
-ceto acil-ACP que, após reduções, formam os ácidos graxos com um
número par de átomos de carbono,
esquema 4
(DEWICK, 2002). Através de oxidações
α
ocorre a perda de um átomo de carbono, fornando ácidos graxos de cadeias com número
ímpar de carbonos,
esquema 5
(HARWOOD, 1997).
Esquema 4: Biossíntese de ácidos graxos (adaptado de DEWICK, 2002)
Biotina + ATP+CO
2
Acetil-CoA
carboxilase
ACP
CO
2
H
CH
2
CO-SCoA
malonil-CoA
CH
3
CO-SCoA
acetil-CoA
RCH
2
CO-S-ACP
acetil-ACP
CO
2
H
CH
2
CO-S-ACP
malonil-ACP
RCH
2
COCH
2
CO-S-ACP
β-ceto acil-ACP
Reação
de Claisen
NADPH
CH
2
CO-S-ACP
H
OH
R
β-hidroxil acil-ACP
E
2
eliminação
de H
2
O
- H
2
O
RCH
2
CO-S-ACP
α−β-insaturado acil-ACP
Redução de
carbonila
NADPH
Redução da
ligação dupla
RCH
2
CH
2
CH
2
CO-S-ACP
Acil-ACP graxo
Cada volta
extende
a cadeia do
grupo acil
HSCoA
R(CH
2
CH
2
)
n
CH
2
CO-S-CoA
Acil-CoA graxo
R(CH
2
CH
2
)
n
CH
2
CO
2
H
Ácido graxo
H
2
O
[malonil]
n
81
Esquema 5: Proposta de a-oxidações em aácidos graxos (HARWOOD, 1997).
2H
+
+ 2e
H
2
O
OOH
OH
C
O
O
C
R
H
L
H
D
C
O
O
C
R
H
L
-
XH
XH
2
-
C
O
C
R
H
L
O
XH
2
O
2
-
C
O
O
C
R
H
L
OH
CO
2
C
R
H
O
NAD
+
O
H
R
C
próximo
ciclo
C
O
O
C
R
H
L
-
82
5.4.2. Esteróides
As substâncias sitosterol, estigmasterol, campesterol e 3-O-
β
-glicosilpiranosil
sitosterol se caracterizam por ter um esqueleto básico de 27 carbonos dispostos num sistema
tetracíclico. Biogeneticamente formam-se via pirofosfato de isopentenila originando o
esqualeno, estrutura que contém duas unidades de farnesil pirofosfato ligadas cauda-cauda. O
esqualeno epoxi (óxido de esqualeno), em sua forma cadeira-bote-cadeira–bote, cicliza após
vários rearranjos do tipo 1,2 formando o cicloartenol, estrutura que contém 24 carbonos. O
cicloartenol após clivagem oxidativa de três metilas forma os esteróides (Esquema 6).
Esquema 6: Proposta biogenética para os esteróides
(Adaptado de MANN, 1994).
OPP
R
OPP
R
H
+
OPP
R
PPO
H
H
OPP
Esqualeno
O
2
NADPH
HO
H
H
HO
H
H
HO
H
H
OPP
H
NADPH
HO
H
H
HO
H
H
SITOSTEROL
ESTIGMASTEROL
HO
H
H
H
2
C
H
HO
H
H
H
H
OXIDO DE ESQUALENO
H
+
HO
H
H
CH
3
S
HO
H
HH
CH
3
S
Gli-O
H
H
3-O-β−GLICOSILPIRANOSIL
SITOSTEROL
GLICOSILAÇÃO
O
[O] das
metilas
83
5.4.3. Terpenos
Os terpenos constituem uma classe de substâncias provenientes da via pirofosfato de
isopentenila, que da mesma forma que os esteróides, da origem ao esqualeno pela fusão
cauda-cauda de duas unidades de farnesil. No caso dos terpenos o óxido de esqualeno em sua
forma cadeia-cadeira-cadeira-bote é ciclizado para gerar o cátion dammarenil e,
conseqüentemente, o cátion lupenil que pode ser estabilizado pela formação de um novo anel
de cinco membros gerando compostos do tipo lupeol. O cátion lupenil também pode ser
estabilizado pela formação do anel de 6 membros, gerando o cátion oleanil. Esse é
estabilizado com migração de uma metila e rearrango do tipo Wagner-Meerwein gerando o
núcleo básico
α
-amirina (Esquema 7).
Esquema 7: Proposta biogenética para os terpenos lupeol e
α
-amirina. (Adaptado de MANN,
1994; DEWICK, 2002).
PPO
H
H
OPP
Esqualeno
O
2
NADPH
OPP
H
HO
H
H
H
OXIDO DE ESQUALENO
H
+
O
HO
H
H
H
HO
H
H
-H
+
LUPEOL
HO
H
H
HO
H
H
H
H
HO
H
H
H
H
H
HO
H
CATION LUPENIL
α
αα
α - AMIRINA
CATIÓN TARAXASTERIL
W-M
REARANJO
a
a
H
H
H
H
HO
H
H
H
β
ββ
β -AMIRINA
H
H
H
H
84
5.4.4. Biflavonóides
Os flavonóides derivam seu esqueleto de 15 carbonos, de dois precursores básicos:
malonil-CoA e
p
-coumaroil-CoA. Na reação biossintética ocorre condensação de três
moléculas de malonil-CoA com a molécula de
p
-coumaroil-CoA formando uma chalcona
intermediaria (1,3 difenilpropano-1-ona). Da chalcona são formadas estruturas de três anéis,
as flavanonas, a partir das flavanonas formam-se todas as outras classes de flavonóides
(HARBONE & BAXTER, 1999). Através da formação de dímetos da apigenina formam-se os
biflavonóides, agtisflavona e 7”-O-metilagatisflavona (Esquema 8).
Esquema 8: Proposta biogenética para as flavonas
(DEWICK, 2002) e biflavonas (MOREIRA,
1994)
O
CoAS
OH
3 Malonil CoA
SCoA
O
O
O O
OH
CLAISEN
Chalcona
sinstase
O
O
HO
OH
OH
O
O
HO
OH
4-HIDROXICINAMOIL
-
CoA
NARINGENINA
APIGENINA
OOH
HO OH
OH
O
OOH
OH
H-O
O
OOH
OH
O
O
O
O
HO
OH
O
OOH
OH
O
H
H
O
O
O
HO
OH
O
OOH
OH
OH
HO
SAM
O
O
HO
OH
O
OOH
OH
OMe
HO
O
OOH
OH
H-O
AGATISFLAVONA
7"-O-METILAGATISFLAVONA
85
5.5. ENSAIOS BIOLÓGICOS
Os ensaios biológicos realizados foram de atividade antibacteriana, atividade
antifúngica, atividade inseticida e de avaliação da toxicidade. O ensaio de atividade
antibacteriana foi realizado no Laboratório de Bacteriologia Veterinária do Departamento de
Microbiologia e Imunologia Veterinária, do Instituto de Veterinária IV da UFRRJ sob
orientação da Professora Dra. Miliane Moreira Soares de Souza
.
O ensaio de atividade
antifúngica foi realizado no Laboratório de Leveduras Patogênicas e Ambientais do
Departamento de Microbiologia e Imunologia Veterinária IV da UFRRJ sob orientação do
Professor Dr. Francisco de Assis Baroni. A Avaliação da atividade inseticida foi realizada no
Laboratório de Miíases Tropicais do Departamento de Parasitologia Animal-UFRRJ, sob
orientação do Professor Dr. Gonzalo Efrain Moya Borja e colaboração do mestrando Élio
Barbieri Junior. A avaliação da toxicidade do extrato metanólico foi realizado no laboratório
de Farmacologia do Departamento de Fisiologia Animal IB/UFRRJ, sob orientação dos
professores Fábio Fagundes Rocha e Frederico Argollo Vanderlinde.
5.5.1. Avaliação da Atividade Antibacteriana do Extrato Metanólico de Ouratea
hexasperma var. planchonii Engl.
A metodologia utilizada foi adaptada do teste de difusão em placas desenvolvido por
Kirby-Bauer. Esta metodologia é amplamente utilizada no mundo como teste-padrão para
ensaios biológicos, devido a simplicidade e eficiência na reprodução dos resultados obtidos e
é regulamentado internacionalmente pelo Clinical Laboratory Standards Institute (WAYNE,
2005).
A
S
bactérias utilizadas para a realização deste experimento foram escolhidas por
representar os dois grandes grupos bacterianos existentes: a espécie Gram-positiva
Staphylococcus aureus
, um isolado clínico sensível e outro resistente, e a espécie Gram-
negativa
Escherichia coli
, ambas derivadas de isolados clínicos de mastite. (JAWETZ, 2000).
Staphylococcus aureus
As bactérias da espécie
Staphylococcus aureus
são cocos gram-positivos, membro da
família Micrococcaceae, habitantes naturais da pele e membranas mucosas de humanos e
animais (KONEMAN
et. al,
2001)
.
Estão envolvidas em uma série de processos infecciosos
de grande importância na clínica médica humana e veterinária. Em humanos,
S. aureus
é a
principal causa das infecções hospitalares.
Escherichia coli
A espécie
Escherichia coli
representa bactérias gram-negativas entéricas largamente
disseminadas no ambiente. Além do impacto sobre a saúde, a
E. coli
é um dos mais bem
estudados modelos bacterianos, e nos últimos anos vem apresentando uma drástica mudança
em seu perfil de sensibilidade aos antimicrobianos (JAWETZ, 2000).
Foram utilizadas 3 amostras de microrganismos, sendo duas de
Staphylococcus
aureus
, uma de
Escherichia coli.
Para
S.aureus
, foram utilizados isolados clínicos oriundos
de quadros de mastite bovina, sendo um dos isolados resistente aos antibióticos usuais. O
isolado clínico de
E. coli
, de mesma origem, foi classificado como sensível.
Os isolados bacterianos foram estocados em freezer a -20
0
C e repicados em caldo
enriquecido. Posteriormente foram incubados em estufa a 37 ºC por 24 horas, para ativação de
seu metabolismo. Após o crescimento, foi realizada uma bateria de identificação presuntiva
consistindo na coloração de Gram, realizada após o período de incubação de 24 horas, para
observação das características morfotintoriais, e no teste da catalase, para observação da
86
quebra do peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
), pela enzima catalase (KONEMAN
et. al
, 2001).
Como as amostras haviam sido previamente identificadas, estes procedimentos foram
realizados para garantir que não houve contaminação das amostras.
As amostras bacterianas foram inoculadas em caldo enriquecido, e incubadas em
estufa a 37 ºC por 24 horas antes da realização dos ensaios, para que todas estivessem em fase
exponencial de crescimento durante o experimento. Após o período de incubação, o
crescimento deveria ser equivalente ao tubo 0,5 da escala de MacFarland, correspondendo a
uma concentração de 1,5 x 10
8
UFC/mL, ideal para os ensaios de avaliação de
antimicrobianos, obedecendo às recomendações do órgão responsável pela aceitação de testes
como padrão, o Clinical Laboratory Standards Institute (CLSI).
O extrato metanólico de
Ouratea hexasperma
var.
planchonii
Engl. foi utilizado na
concentração de 500mg/mL. Para realização do ensaio de difusão, 50
µ
L de uma solução do
material-teste na concentração de 500mg/mL foi inoculada em um poço feito no centro da
placa contendo o ágar Mueller Hinton, como postulado pelo CLSI, semeado com 100
µ
L de
caldo de cultura do microorganismo previamente identificado. Na incubação, o extrato se
difunde radialmente em todo o ágar em volta do poço enquanto o microorganismo está
crescendo no ágar. Isto resulta em uma zona de inibição de crescimento ao redor de cada
disco de aplicação (TRUJILLO, 2002).
O dimeltilsulfóxido (DMSO), veículo utilizado nas amostras-testes, foi testado
separadamente para verificação de uma possível atividade antimicrobiana. Após realização
dos ensaios com o veículo, foi comprovada sua inatividade sobre o crescimento bacteriano,
permitindo o prosseguimento dos testes com as diluições do extrato. Foi possível detectar a
formação de halo de inibição nos ensaios frente ao isolado testado de
Escherichia coli
e a um
isolado de
Staphylococcus aureus
que já se mostrara resistente aos antibióticos de eleição. No
entanto, o outro isolado testado de
Staphylococcus aureus
não apresentou halo de inibição
nos ensaios realizados. Avaliações adicionais devem ser feitas para confirmar a atividade
antibacteriana.
5.5.2. Verificação de atividade antifúngica do Extrato Metanólico de Ouratea
hexasperma var. planchonii Engl.
Para a verificação de atividade antifúngica, foram realizados dois experimentos, o
primeiro com o extrato metanólico bruto de
Ouratea hexasperma
var.
planchonii
Engl
.
e o
segundo com a fração clorofórmica do extrato metanólico. A metodologia utilizada para o
primeiro experimento, com o extrato metanólico bruto, foi utilizando o meio Sabouraud
dextrose a 3% acrescido do extrato da planta, em tubos de ensaios. Para o segundo
experimento, utilizando a fração clorofórmica do extrato metanólico, em placas de Petri com
o meio Sabouraud dextrose a 3% e discos de papel, a partir de círculos de pré-filtros
semelhantes aos discos empregados nas provas de antibiograma, embebidos com a fração do
extrato da palnta. A avaliação foi realizada com os seguintes microrganismos:
Candida
albicans
,
Cryptococcus neoformans
,
Malassezia pachydermatis
,
Rhodotorula spp
e
Aspergillus niger
.
Candida albicans
Candida albicans
está freqüentemente relacionada às micoses mais comuns que
acometem os seres humanos, é um habitante normal do trato gastrointestinal e regiões
mucocutâneas, incluindo boca e vagina. Milhares de células da levedura podem estar
presentes em um indivíduo, sem qualquer efeito danoso, entretanto,
C. albicans
é também,
dentre os fungos, o de maior patogenicidade aos humanos (SCHMID, 2003).
87
Cryptococcus neoformans
Cryptococcus neoformans
é um basidiomiceto, que se apresenta na forma tecidual
como levedura encapsulada, corresponde a duas variedades fúngicas, com quatro sorotipos:
var.
neoformans
(sorotipos A e D) e var
gattii
(sorotipos B e C). É fungo que vive em solos
contaminados com fezes de pombos (var.
neoformans)
e junto a eucaliptos (var.
gattii
). A
infecção criptococócica mais freqüentemente ocorre em pacientes imunodeprimidos (var.
neoformans
, fungo oportunista), mas pode ocorrer no hospedeiro normal (var. gattii, patógeno
primário) (KWON-CHUNG et al., 1992).
Malassezia pachydermatis
Malassezia pachydermatis
se apresenta de forma isolada ou em grupo, faz parte da
microbiota da pele e quando ocorrem alterações no microambiente local como aumento da
umidade, da temperatura e do substrato, estimulam o aumento do número de células desta
levedura, fazendo-a passar da forma comensal para o parasitismo. (NOBRE et al., 1998).
Rhodotorula spp
Leveduras do gênero
Rhodotorula
são produtoras de pigmentos carotenóides de
pigmentação amarela ou vermelha, têm sido associados a alterações de cor dos alimentos.
(FRANCO E LANDGRAF, 2004). Embora infecções sérias devido a
Rhodotorula spp
em
humanos são raras, foram informados septicemia, endocarditis, meningites, ventriculitis,
peritonitis, keratitis, endophthalmitis, dacryocystitis, e pneumonia. (RUSTHOVEN et al.,
1984).
Aspergillus niger
Os
aspergillus
tem ampla distribuição geográfica, e encontram-se no solo, ar, plantas e
matérias orgânicas em geral, sendo contaminantes comuns em laboratórios e hospitais
(MINOMI, 2003).
Aspergillus niger
geralmente está associado nos casos de otomicose,
aspergilomas e infecções dos seios nasais. (FISHER, 2001)
Primeiro Experimento
Para o primeiro experimento utilizou-se o meio Sabouraud dextrose a 3%, acrescido
do extrato da planta. A fórmula do Sabouraud, normalmente feita para 100mL foi preparada
para 60mL e os 40mL restantes de H
2
O destilada que completariam o volume foram
esterilizados em autoclave e usados para diluir 3g do extrato. Este após a diluição foi
submetido a exposição a ultra-violeta em capela de segurança biológica nível II. O meio
Sabouraud (60mL) foi esterilizado por autoclavação (120ºC por 20 minutos). Após
esterilização o meio foi resfriado a 50ºC e misturado com o extrato diluído. Desta forma, foi
obtida um meio com concentração de 3% de extrato.
Do frasco com a concentração 3%, foram retirados metade do volume que foi
imediatamente distribuída em tubos de ensaio previamente esterilizados. Estes tubos foram
dispostos de modo que o meio solidificasse no modo “inclinado”. A outra metade do meio
Sabouraud contida em frasco de Erlenmeyer foi acrescida de mais 50mL de Sabouraud puro,
tornando a concentração de 1,5%. O material foi homogeneizado, separando-se 50mL que
foram imediatamente distribuídos em tubos de ensaio que também foram inclinados. Os 50mL
restantes foram acrescidos de 50mL de Sabouraud puro fazendo com que a concentração
ficasse a 0,75%. Este procedimento foi continuado, sempre se separando 50mL de meio para
distribuir em tubos de ensaios adicionando-se 50mL de Sabouraud puro ao restante para
reduzir a concentração à metade. Desta forma obtivemos cerca de 12 tubos de ensaio
contendo meio Sabouraud de cada uma das concentrações do extrato (3%, 1,5%, 0,75%,
0,375%, 0,187% e 0,093%).
88
As suspensões salinas (NaCl em água destilada, 0,9%, estéril) de
Candida albicans
,
Cryptococcus neoformans
(fungos unicelulares) foram padronizadas de acordo com o grau 3
da escala de Mc Farland e suspensão padronizada de
Aspergillus niger
(fungo filamentoso).
Uma alíquota de 100
µ
L de cada uma destas suspensões foi semeada nos tubos com as
concentrações diferentes. Foram empregados quatro tubos de cada concentração para cada
suspensão microbiana. Os tubos correspondentes às leveduras foram incubados em estufa
microbiológica a 37ºC enquanto os tubos correspondentes ao fungo filamentoso foram
incubados em temperatura ambiente. O tempo de observação foi de 5 dias. Todo o
procedimento foi realizado em capela, em ambiente estéril.
Segundo Experimento
O extrato da planta (1g) foi diluído em 25mL de etanol. Foram preparados discos de
papel, a partir de círculos de pré-filtros semelhantes aos discos empregados nas provas de
antibiograma. O diâmetro foi de 1cm.
Cada disco foi embebido várias vezes com 50
µ
l do extrato em etanol. Grupos de 5 a
10 discos foram separados e receberam cargas diferentes de aplicações do extrato.
Considerando que cada alíquota de 50
µ
l corresponde a 2mg do extrato, os discos receberam
desde 4 aplicações (correspondente a 8mg) até 30mg.
Numa segunda etapa, foram preparadas placas de Petri contendo meio Sabouraud
dextrose (3%). As placas em quadruplicata foram semeadas com suspensões salinas
preparadas como no experimento anterior para os seguintes microrganismos:
Candida
albicans
,
Cryptococcus neoformans
,
Malassezia pachydermatis
,
Rhodotorula spp
e
Aspergillus niger
. A suspensão de cada um destes microrganismos foi semeada na superfície
das placas de Petri, utilizando-se um swab estéril para cada uma das amostras, embebido nas
mesmas. Após esta etapa, os discos foram aplicados na superfície, utilizando-se uma pinça
estéril. Todo o procedimento foi realizado em capela de segurança, na proximidade de bico de
Bunsen.
As placas foram incubadas em temperatura de 37ºC (exceção para
Aspergillus niger
)
por cinco dias com observações a partir das primeiras 24 horas.
Para o primeiro experimento, os crescimentos foram evidentes nas primeiras horas.
Observou-se o crescimento de todos os fungos submetidos ao teste em todos os tubos de todas
as concentrações após o tempo de observação de cinco dias.
No segundo experimento ocorreu crescimento em todas as placas e em nenhuma delas
foi observado qualquer halo que demonstrasse efeito inibitório do extrato aplicado nos discos
sobre os microrganismos cultivados. Os resultados obtidos devem ser aprofundados através de
diferentes métodos de avaliação.
5.5.3. Avaliação da Atividade Inseticida contra Musca domestica
Para este experimento utilizou-se a espécie
Musca domestica
(Diptera: Muscidae), que
é uma espécie de grande importância médico sanitária, pois atua como vetor mecânico e/ou
biológico de diversos agentes patogênicos, incluindo parasitos do homem e de animais
domésticos (BERNARDI
et al
., 2006). Estes insetos, por manterem um alto grau de
associação com o ambiente modificado pelo homem, são amplamente relacionados na
literatura como causadores de diversos danos e graves prejuízos, principalmente na pecuária
(GUIMARÃES
et al.
, 1983). Estes dados têm motivado diversos grupos pela busca de novos
métodos aplicáveis ao controle químico como alternativo aos inseticidas sintéticos
comumente utilizados no controle destas pragas.
Os insetos utilizados neste experimento foram oriundos de colônia formada por
moscas coletadas no Campus da UFRRJ, e seu desenvolvimento pré-embrionário ocorreu em
um meio composto por ração concentrada contendo 23% de proteína bruta, farelo de arroz e
89
água, na relação 1:1:2. Os insetos tratados representam o nível de resistência da comunidade a
inseticidas comumente utilizados no controle desta mosca. Os insetos avaliados foram da
geração F1 a espécie
Musca domestica
.
Após o nascimento os testes foram feitos em até 48 horas da emergência dos insetos.
As frações e extratos foram diluídos em 1 ml de Acetona PA. Foram utilizados 20 mg da
fração OSPGMCp-2a e aproximadamente 50mg dos demais extratos e frações. Os insetos
foram retirados das gaiolas e anestesiados com CO
2
para manipulação e separação de machos
e fêmeas, e realização da aplicação de 0,5
µ
l da solução estoque formada de cada amostra. A
aplicação foi feita sobre o tórax com auxílio de uma micro-seringa automática de 25
µ
l. Após
a aplicação os insetos foram transferidos para frascos forrados com papel filtro, fechados com
gaze estéril presa com liga elástica. Cada frasco recebeu 20 insetos, sendo cada amostra
avaliada em 20 machos e 20 fêmeas. Também foram realizados testes controle com a
aplicação somente do solvente. A leitura foi realizada em 24 horas (
tabela 8,
pág. 90) e 48
horas (
tabela 9,
pág. 90), e nestas são contados os insetos mortos. Durante as avaliações os
insetos foram alimentados com solução de glicose a 20% através de algodão embebido sobre
a gaze.
Considerando os resultados apresentados, observa-se que o extrato metanólico bruto
(
OspGM
) e frações do extrato,
OSPGMCp
e
OSPGMM
apresentaram pouca atividade
inseticida frente a
Musca domestica
. As frações
OSPGMCp2a
e
OSPGMC
apresentaram
maior atividade inseticida. Estas frações são ricas em flavonóides, no qual foram isoladas a
7”-O-metilagatisflavona e agatisflavona. Essas observações foram feitas em 24h (
tabela 8
) e
48h (
tabela 9
). De acordo com a maior atividade inseticida presente nas frações ricas em
flavonóides, sugerimos que estas sejam as substâncias responsáveis por esta atividade.
90
Tabela 8 Mortalidade (%) de amostras vegetais sobre Musca domestica após 24 horas da
aplicação.
Mortalidade Substância
+
OSPGD 0% 0% 0%
OSPGDH 0% 0% 0%
OSPGDC 0% 0% 0%
OSPGDM 0% 0% 0%
OSPGM 0% 10% 5%
OSPGMC
0% 20% 10%
OSPGMCp 10% 0% 5%
OSPGMCp2a 10% 20% 15%
OSPGMM 0% 0% 0%
OSPGMMp 10% 0% 5%
CONTROLE 0% 0% 0%
Tabela 9 Mortalidade (%) de amostras vegetais sobre Musca domestica após 48 horas da
aplicação.
Mortalidade Substância
+
OSPGD 10% 10% 10%
OSPGDH 10% 20% 15%
OSPGDC 0% 10% 5%
OSPGDM 0% 0% 0%
OSPGM 10% 10% 10%
OSPGMC
10% 20% 15%
OSPGMCp 10% 0% 5%
OSPGMCp2a 20% 30% 25%
OSPGMM 0% 10% 5%
OSPGMMp 10% 0% 5%
CONTROLE 0% 0% 0%
a) Peso médio de machos e fêmeas de M. domestica: 0,0105 e 0,0158 gramas.
b) OSPGD = Ouratea sp galhos dicloro; OSPGDH = Ouratea sp galhos dicloro hexano;
OSPGDC=Ouratea sp galhos dicloro clorofórmio; OSPGDM = Ouratea sp galhos dicloro metanol;
OSPGM = Ouratea sp galhos metanol; OSPGMC = Ouratea sp galhos metanol clorofórmio;
OSPGMCp = Ouratea sp galhos metanol clorofórmio precipitado; OSPGMCp2a = Ouratea sp galhos
metanol clorofórmio precipitado fração 2 a; OSPGMM = Ouratea sp galhos metanol metanol;
OSPGMMp = Ouratea sp galhos metanol metanol precipitado.
5.5.4. Avaliação da toxidez do extrato metanólico em Mus musculus.
Foram utilizados camundongos (
Mus musculus)
albinos
swiss
machos e fêmeas
pesando entre 30 e 35 g fornecidos pelo Biotério do Departamento de Ciências Fisiológicas
(IB) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Os animais foram mantidos em
condições controladas de temperatura (23 ± 2
o
C) e iluminação (ciclo claro/escuro de 12 horas)
com livre acesso à água e ração.
Determinação da Dose Letal Aproximada (DLA)
Neste ensaio foi utilizado apenas um animal tratado com o extrato a cada dose
conforme proposto por Kennedy et al em 1986. O extrato metanólico de
O. hexasperma
var.
planchonii
Engl. foi solubilizado em solução salina 0,9 % acrescido de 1% de Tween 80 e
administrado nos camundongos pelas vias oral ou subcutânea. O teste se iniciou com uma
91
dose bastante baixa (10 mg/kg) e a próxima dose foi adicionada de 50% do valor da anterior e
assim sucessivamente (o que na prática corresponde a uma chance muita remota de que uma
determinada dose mate um animal e sua subseqüente falhe em fazê-lo), até que a menor dose
na seqüência considerada, induzisse a morte do animal. Os animais foram observados nos
tempos de 15 min, 30 min, 60 min, 24 h e 1 semana após a administração do extrato.
A administração do extrato tanto pelas vias oral quanto subcutânea não gerou sinais de
toxicidade aguda nos camundongos. Doses de até 5g/kg não ocasionaram a morte dos animais
em até uma semana após a administração em dose única do extrato, demonstrando a baixa
toxicidade aguda do extrato.
O extrato apresenta baixa toxicidade quando administrado em dose única. Estudos
com doses repetidas, subcrônicos e crônicos são necessários para complementar a avaliação
toxicológica em função do potencial antitumoral da planta e conseqüente necessidade de uso
crônico. Estudos para avaliar a toxicidade
in vivo
da fração enriquecida com biflavonóides
também são necessários em função dos relatos de toxicidade destas substâncias.
92
CONCLUSÕES
A prospecção química do extrato metanólico de
Ouratea hexasperma
var.
planchonii
Engl.
revelou testes positivos para as classes de substâncias: alcalóides, saponinas, esteróides,
depsídio e depsidonas, flavonóides, catequinas, quinonas, açúcares redutores, sacarídeos e
taninos.
Com os extratos obtidos dos galhos de
Ouratea hexasperma
var
. planchonii
Engl
.
foi
realizado o fracionamento, a partir dessas frações foram isolados compostos alifáticos, ácidos
alifáticos, esteróides (sitoesterol, estigmasterol e campesterol), terpenos (lupeol e
α
-amirina e
β
-amirina) e biflavonas (7”-O-metilagatisflavona e agatisflavona) e sitoesterol glicosilado.
Através de análise utilizando CLAE-EM permitiu-se detectar a presença de outros
compostos presentes no extrato, como metil-vitexina, orientina, ramnosil-triidroxiflavona,
agatisflavona, metil-agatisflavona, dimetil-agatisflavona, metil-diidroxiflavon, e
glicopiranosil-prenil-diidroxi-flavonol, embora necessitem de confirmação.
Através dos resultados obtidos neste trabalho e levantamento de dados da literatura
sobre as substãncias encontradas no gênero Ouratea, foi possível concluir que o biflavonóide
7”-O-metilagatisflavona serve como um marcador quimiossistemático do Gênero Ouratea e
que as variedades de
O. hexasperma
(St. Hil.) Bail e
O. hexasperma
var.
planchonii
Engl. tem
poucas diferenças morfológicas e quimicamente podem ser incluídas como uma única
espécie.
Os testes de atividades biológicas realizados foram os de atividade antibacteriana,
antifúngica, inseticida e de toxicidade utilizando os extratos e frações de
Ouratea hexasperma
var.
planchonii
Engl
.
Com os ensaios de atividade antimicrobiana, o extrato metanólico inibiu
o crescimento de
Escherichia coli
e
Staphylococcus aureus
. Este extrato e a fração
clorofórmica do extrato metanólico foi inativo para os fungos avaliados. Com os ensaios de
atividade contra
Musca doméstica
, os extratos e frações não apresentaram atividade
significativa, as frações que apresentaram maior atividade foi a fração que contém a mistura
dos biflavonóides 7”-O-metilagatisflavona e agatisflavona e as frações metanólicas que
também contém essas substâncias. Ensaios adicionais deverão ser realizados afim de
confirmar esses resultados.
Com os ensaios de toxicidade, o extrato apresentou baixa toxicidade quando
administrado em dose única. Estudos para avaliar a toxicidade
in vivo
da fração enriquecida
com biflavonóides também são necessários em função dos relatos de toxicidade destas
substâncias.
93
REFERÊNCIAS
AGRAWAL, P. K.; BANSAL, M. C.; PORTER, L. J.; FOO, L. Y.
Carbon-13 NMR of
flavonoids studies in organic chemistry 39;
AGRAWAL, P. K. ed; elsevier Science
Publishers B. V.: Amsterdam (1989). v 39 201p.
ALVES C. C. F.
Estudo Químico de Luxemburgia octandra (Ochnaceae), Laseguea erecta
(Apocynaceae), do Látex de Parahancornia amapá (Apocinaceae) e de Solanum crinitum
(Solanaceae).
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255-256.
UFRRJ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
DISSERTAÇÃO
Estudo Químico e Atividades Biológicas de Ouratea
hexasperma var. planchonii Engl. (Ochnaceae).
RENATA DUARTE FERNANDES
2008
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
ESTUDO QUÍMICO E ATIVIDADES BIOLÓGICAS DE
Ouratea hexasperma var. planchonii Engl. (Ochnaceae).
RENATA DUARTE FERNANDES
Sob a Orientação do Professor
Dr. Mário Geraldo de Carvalho
Dissertação submetida como requisito
parcial para a obtenção do grau de
Mestre em Ciências, no Programa de
Pós-Graduação em Química, Área de
Concentração em Química de Produtos
Naturais
Seropédica, RJ
Julho de 2008
iii
UFRRJ / Biblioteca Central / Divisão de Processamentos Técnicos
547
F363e
T
Fernandes, Renata Duarte, 1977-
Estudo químico e atividades
biológicas de Ouratea hexasperma
var. planchonii Engl. (Ochnaceae) /
Renata Duarte Fernandes – 2008.
118f. : il.
Orientador: Mário Geraldo de
Carvalho.
Dissertação (Mestrado)
Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro, Programa de Pós-
Graduação em Química.
Bibliografia: f. 93-101.
1. Química orgânica - Teses. 2.
Ouratea - Análise Teses. 3.
Ochnaceae Análise - Teses. 4.
Produtos naturais Teses. I.
Carvalho, Mário Geraldo de, 1952- .
II. Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro. Programa de Pós-
Graduação em Química. III. Título.
Bibliotecário: _______________________________ Data: ___/___/______
iv
v
Ao meu marido Cristiano de Deus Correa e
À minha mãe Fátima Maria Duarte.
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus;
Ao meu marido Cristiano pelo amor, compreensão, incentivo, paciência e carinho;
À minha mãe Fátima por acreditar em meus sonhos e me incentivar sempre;
Aos meus irmãos Rodrigo e Robson pelo incentivo e ajuda;
À minha vovó Maria dos Anjos, aos meus tios pelo carinho e alegria em cada vitória
minha, aos meus primos e meu afilhado;
À minha amiga de todas as horas Juliana Moura;
Ao Professor Dr. Mário Geraldo de Carvalho pela orientação, ensinamentos, atenção e
paciência;
Aos amigos do LQPN-UFRuralRJ: Eduardo (Ceará), Delcí, Marcelo, Maritza,
Virgínia, Luciano, Luiz Roberto (Pilha), Mário Sérgio, pela amizade e pelos momentos de
descontração que passamos juntos e à nova integrante da equipe Roberta pelas palavras de
incentivo;
Aos alunos de iniciação científica e estagiários do LQPN-UFRuralRJ: Luciane,
Claudiana, Daniel, Letícia, Raquel, Tatiane, Verônica, Débora, Ana Paula, Aline e Aline’ pela
amizade, convivência agradável e auxílio durante a realização deste trabalho.
A todos os colegas do PPGQO, sem exceção, pelo bom relacionamento durante este
período; em especial aos amigos Ari, Cláudio, Janaína, Kênia, Ana Paula, Andréa Janaína,
Andréa Rose, Willian, Camilla, Alessandra, André Vinícius, Letícia, Vinícius, Suzana e
Raquel; e à Regina pela amizade, incentivo e apoio;
Aos professores do PPGQO pela formação e evolução profissional;
À professora Dra. Rosane Nora Castro pelos ensinamentos e auxílio nas análises no
HPLC;
Aos funcionários do ICE-UFRRJ, Maurício, Welisson, Carlão, Eli, Fábio, Francês,
Osmar, Rui, Aldir e André;
À professora Dra. Maria de Fátima Agra (LTF-UFPB) pela coleta e identificação do
material vegetal;
Ao Prof Dr. Edilberto Rocha Silveira do (CENAUREMN/UFC), pela obtenção dos
espectros a 500 MHz;
À professora Dra. Alceni Augusta Werle (UFOP) pelas análises no CLAE-EM;
Aos professores Dra. Miliane Moreira Soares de Souza e Dr. Francisco de Assis
Baroni (IV/UFRRJ) pelos ensaios de atividade antibacteriana e antifúngico;
Aos professores Dr. Fábio Fagundes Rocha e Frederico Argollo Vanderlinde do
Departamento de Ciências Fisiológicas (IB/UFRRJ) pelo teste de toxicidade;
Ao mestrando Élio Barbieri Departamento de Parasitologia Animal-UFRRJ pelo
ensaio de atividade inseticida;
À professora Denise Monte Braz do Departamento de Botânica da UFRRJ, pela
atenção e auxílio na classificação botânica;
Às meninas do alojamento da graduação F1-32 Tati, Marcele, Dailane, Camila,
Wilma, Germana, Joyce e Geovana pela amizade, momentos de estudos e de descontração;
Às meninas do alojamento da Pós-graduação Janaína, Vanessa, Renata, Michelle,
Daniele, Patrícia, Sabrina, Silvana, Eliane, Kênia, Fabiana, Fernanda, Daniela, Fabíola, Ana
Luisa, e Veridiana pelo acolhimento, amizade e bons momentos;
Desde já, à banca examinadora, pelas sugestões e correções sugeridas a este trabalho;
À UFRRJ, por mais uma oportunidade e acolhimento;
A CNPQ pela concessão da bolsa de estudos;
A todos que, de algum modo, me ajudaram na realização deste trabalho.
vii
Quando alguém encontra seu caminho,
precisa ter coragem suficiente
para dar passos errados.
As decepções, as derrotas, o desânimo
são ferramentas que Deus
utiliza para mostrar a estrada.
Paulo Coelho
viii
RESUMO
FERNANDES, Renata Duarte.
Estudo Químico e Avaliação de Atividades
Biológicas de Ouratea hexasperma var. planchonii Engl
. 2008 101f. Dissertação (Mestrado
em Química Orgânica). Instituto de Ciências Exatas, Departamento de Química, Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2008.
Os metabólitos especiais isolados de galhos de
Ouratea hexasperma
var
. planchonii
Engl., permitiram a comparação com os constituintes de
O. hexasperma
(St. Hil.) para
confirmar a classificação botânica da mesma. Neste trabalho também foram avaliadas
algumas atividades biológicas.
As analises das frações obtidas do fracionamento com partição com solventes e
técnicas cromatográficas dos extratos preparados com diclorometano e metanol dos galhos de
Ouratea hexasperma
var
. planchonii
Engl. conduziu à identificação de alguns constituintes
químicos. Identificaram-se misturas de hidrocarbonetos alifáticos, ácidos alilfáticos, de
esteróides (sitosterol, estigmasterol e campesterol), além de três triterpenos, lupeol,
α
e
β
amirina, e os flavonóides (7”-O-metilagatisflavona e agatisflavona) e sitosterol-3-O-
β
-D-
glicopiranosideo. As estruturas foram determinadas através de análise dos dados
espectrométricos de IV, RMN de
1
H e
13
C uni e bidimensional e massas, além de comparação
com dados da literatura. A técnica CLAE-EM foi utilizada na análise adicional de duas
frações contendo dois biflavonóides e alguns constituintes adicionais. Esta análise permitiu
propor a presença de metil-vitexina, orientina, metil-diidroxiflavona, glicopiranosil-flavonas,
dimetilagatisflavona, glicopiranosil-prenil-flavonol além da confirmação das duas biflavonas
identificadas inicialmente.
Os extratos dos galhos de
Ouratea hexasperma
var
. planchonii
Engl. foram
submetidos à avaliação de atividade antibacteriana, antifúngica, inseticida e de toxidez. O
crescimento de
Escherichia coli
e
Staphylococcus aureus
reduziu com extrato metanólico. As
frações contendo as biflavonas foram parcialmente ativas como inseticida contra
Musca
domestica
. Os extratos apresentaram baixa toxicidade em dose única.
Palavras–chave: Ouratea hexasperma,
flavonóides, atividades biológicas.
ix
ABSTRACT
FERNANDES, Renata Duarte.
Phytochemical
Study and Biological Activities
extracts from the branches of Ouratea hexasperma var. planchonii Engl.
2008 103f.
Dissertation (Magister Scientiae in Organic Chemistry), Instituto de Ciências Exatas,
Departamento de Química, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ,
2008.
The specials metabolites isolated from the branches of the
Ouratea hexasperma
var.
planchonii
Engl., allowing to the comparison with the chemical constituents from variety
Ouratea hexasperma
(St. Hil.) to confirm the botanical classification. Some biological
activities were evaluated.
The analysis of the fractions from solvents and chromatographic fractionation of the
dichloromethane and methanolic extracts from the branches of
Ouratea hexasperma
var
.
planchonii
Engl. led to the identification of some chemical constituents. This procedure led to
identification of aliphatics compounds mixture, aliphatic alcohol mixture, steroids mixture
(sitosterol, stigmasterol and campesterol), three triterpenes, lupeol e
α
-amiryn e
β
-amiryn, and
the biflavonoids (7”-O-methylagathisflavone and agathisflavone) and sitosterol-3-O-
β
-D-
glycopyranoside. The structures were determined by IR, de
1
H (1D e 2D) e
13
C (BBD e
DEPT) NMR spectral data analysis and comparison with literature values. The HPLC-MS
were used in the analysis of two fractions containing the these two biflavones and some
additional compounds. This analysis led us to identify the presence of methyl-vitexin,
orientin, methyl-dihydroxyflavone, glycopiranosil-flavones, dimethylagathisflavone and
glycopyranosil-prenyl-dihydroxyflavonol besides the confirmation of these two biflavonoids.
The extracts from the branches of
Ouratea hexasperma
var
. planchonii
Engl. were
submitted on evaluations of the antibacterial, antifungal, insecticide and toxicity activities.
The
Escherichia coli
and
Staphylococcus aureus
growth was inhibited with methanolic
extract. The fractions containing the biflavonoids were partially active as insecticide against
Musca domestica
. The extracts presented low toxicity on unique dose.
Key words
:
Ouratea hexasperma,
flavonoids, biologicals activities.
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Triflavonóides isolados no Gênero
Ochna
3
Figura 2: Biflavonóides e dímeros de chalconas isolados dos Gêneros
Ochna e Lophira
. 4
Figura 3: Flavonóides e chalconas isolados do gênero
Luxemburgia
5
Figura 4:
Flavonóides isolados do Gênero
Ouratea
7
Figura 5:
Outras classes de substâncias isoladas nos gêneros Ouratea. 9
Figura 6:
Diferenças morfológicas entre as folhas de
Ouratea hexasperma.
10
Figura 7: Dímeros de flavonóides 11
Figura 8: Constituintes químicos isolados neste trabalho 17
Figura 9:
Mecanismo proposto da reação de metilação com diazometano.
23
Figura 10: Espectro de IV do material alifático de
O. hexasperma
var.
planchonii
Engl
.
. 25
Figura 11: Espectro de RMN de
1
H (200 MHz, CDCl
3
) do material alifático. 26
Figura 12: Espectro de IV de
1
27
Figura 13: Espetro de RMN de
1
H (200 MHz, CDCl
3
) de
1
. 28
Figura 14: Cromatograma de
1
. 28
Figura 15: Espectro de massas de
1
29
Figura 16: RMN de
1
H (200 MHz, CDCl
3
) da mistura de esteróides,
2
(a, b e c) 30
Figura 17: Cromatograma da mistura dos esteróides
2
(a, b e c) 30
Figura 18a : Espetro de massas de
2 (a)
comparado com a biblioteca do aparelho. 31
Figura 18b : Espetro de massas de
2 (b)
comparado com a biblioteca do aparelho. 32
Figura 18c : Espetro de massas de
2 (c)
comparado com a biblioteca do aparelho. 33
Figura 19: Espectro de RMN de
1
H (200 MHz, CDCl
3
) de
3
(a, b e c). 34
Figura 20: Espetro de massas de
3
(a) comparado com a biblioteca do aparelho. 35
Figura 21: Espetro de massas de
3
(b e c) comparado com a biblioteca do aparelho 35
Figura 22: Espectro de IV de
4
37
Figura 23: Espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) de
4
39
Figura 24: Espectro de
1
H-
1
H-COSY - (500 MHz, D
3
CCOCD
3
) de
4
. 40
Figura 25: Espectro de
1
H-
1
H-NOESY - (500 MHz, D
3
CCOCD
3
) de
4.
41
xi
Figura 26: Ampliação do Espectro de
1
H-
1
H-NOESY - (500 MHz, D
3
CCOCD
3
) de
4.
42
Figura 27: Ampliação do Espectro de
1
H-
1
H-NOESY - (500 MHz, D
3
CCOCD
3
) de
4.
43
Figura 28: RMN de C (125 MHz, D
3
CCOCD
3
) da substância
4
44
Figura 29: Ampliação(180-187 ppm) do Espectro de RMN de
13
C (125 MHz,
D
3
CCOCD
3
) da substância
4
44
Figura 30: Ampliação (156-166 ppm) do Espectro de RMN de
13
C (125 MHz,
D
3
CCOCD
3
) da substância
4
45
Figura 31: Espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância
4.
45
Figura 32: Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância
4.
46
Figura 33: Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância
4
46
Figura 34: Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância
4.
47
Figura 35: Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância
4.
47
Figura 36: Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância
4
48
Figura 37: Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância
4
48
Figura 38: Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância
4
49
Figura 39: Espectro de HSQC (D
3
CCOCD
3
) da substância
4
50
Figura 40: Espectro de IV de
5.
51
Figura 41: Espectro de RMN de
1
H (200MHz, D
3
CCOCD
3
) da mistura dos biflavonóides
4 e
5.
53
Figura 42:
Ampliação do espectro (6.0-8.5 ppm) de RMN de
1
H (200MHz, D
3
CCOCD
3
)
da mistura dos biflavonóides
4 e 5.
53
Figura 43:
Espectro de RMN de
13
C (50 MHz, D
3
CCOCD
3
) da mistura dos biflavonóides
4 e 5.
54
Figura 44: Ampliação do espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) do derivado
4a.
54
Figura 45:
Cromatograma obtido em CLAE de
4
55
Figura 46:
Cromatograma obtido em CLAE da mistura
4 e 5.
55
Figura 47: Espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) do derivado
4a.
58
Figura 48: Ampliação do espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) do derivado
4a.
59
Figura 49: Ampliação do espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) do derivado
4a.
.
59
xii
Figura 50: Espectro de
1
H-
1
H-COSY (500MHz, D
3
CCOD
3
) de
4a
60
Figura 51: Espectro de NOESY de
4a.
60
Figura 52: Ampliação do espectro de NOESY de
4a.
61
Figura 53: Espetro de
13
C (125MHZ, D
3
CCOD
3
) de
4a
. 61
Figura 54:
Ampliação do espectro de
13
C (125MHZ, D
3
CCOCD
3
)de
4a.
62
Figura 55: Espectro de HMBC (D
3
COD
3
) da substância
4
. 63
Figura 56: Espectro de HSQC (D
3
COD
3
) da substância
4.
64
Figura 57: Espectro de IV da substância
6
66
Figura 58: RMN de
1
H da substância
6
68
Figura 59: RMN de
13
C da substância
6
69
Figura 60: Ampliação do RMN de
13
C(125 Hz, DMSO-d
6
) da substância
6
70
Figura 61: CLAE da fração OSPGMC. 71
Figura 62: CLAE da fração OSPMC1-6p 72
Figura 63: RMN de
1
H (200MHz, D
3
CCOCD
3
) da fração OSPGMC 73
Figura 64: RMN de
1
H (200MHz, D
3
CCOCD
3
) da fração OSPGMC1.6p 73
Figura 65: Identificação dos valores de
m/z
para os picos detectados no CLAE-EM da
fração OSPGMC
74
Figura 66: Estruturas propostas através da análise CLAE-EM na fração OSPGC. 76
Figura 67: Identificação dos valores de
m/z
para os picos detectados no CLAE-EM da
fração OSPGMC1.6p
77
Figura 68: Estruturas propostas através da análise CLAE-EM na fração OSPGCM1.6p. 79
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Ocorrência de Agatisflavonas e derivados em espécies vegetais. 12
Tabela 2:
Divisões Botânicas das espécies que onde ocorrência de agatisflavonas e
derivados.
15
Tabela 3: Registro dos resultados da prospecção química do extrato metanólico de
O.
hexasperma
var.
planchonii
Engl.
24
Tabela 4. Dados de RMN
1
H e
13
C (D
3
CCOCD
3
,
1
H e D
3
CSOCD
3
,
13
C) da substâncias 4.
38
Tabela 5. Dados de RMN
1
H (200 MHz) e
13
C (50 MHz) em Metanol-D, (AGRAWAL,
1989) da substância 5 (agatisflavona).
52
Tabela 6: Dados de RMN
1
H (200 MHz) e
13
C (50 MHz) da substância 4 (MOREIRA
et
al
., 1999) com o derivado 4a.
57
Tabela 7: Dados de RMN de
1
H e
13
C da substância 6 67
Tabela 8 – Mortalidade (%) de amostras vegetais sobre
Musca domestica
após 24 horas
da aplicação.
90
Tabela 9 Mortalidade (%) de amostras vegetais sobre
Musca domestica
após 48 horas
da aplicação.
90
xiv
LISTA DE ESQUEMAS
Esquema 1: Marcha para o isolamento das substâncias dos galhos de
Ouratea
hexasperma
var.
planchonii
engl.
21
Esquema 2: Propostas de estruturas compatíveis com os valores de
m/z
detectados na
análise de CLAE-EM
75
Esquema 3: Propostas de estruturas compatíveis com os valores de
m/z
detectados na
análise de CLAE-EM
78
Esquema 4: Biossíntese de ácidos graxos (adaptado de DEWICK, 2002) 80
Esquema 5: Proposta de a-oxidações em aácidos graxos (HARWOOD, 1997).
81
Esquema 6: Proposta biogenética para os esteróides
(Adaptado de MANN, 1994). 82
Esquema 7: Proposta biogenética para os terpenos lupeol e
α
-amirina. (Adaptado de
MANN, 1994; DEWICK, 2002).
83
Esquema 8: Proposta biogenética para as flavonas
(DEWICK, 2002) e biflavonas
(MOREIRA, 1994)
84
xv
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
1D Unidimensional
2D Bidimensional
δ
Η
Deslocamento Químico de Hidrogênio (ppm)
δ
C
Deslocamento Químico de Carbono (ppm)
ν
Estiramento
δ
Deslocamento químico
Acetona-D
6
Acetona deuterada
CCDA Cromatografia em Camada Delgada Analítica
CCF Cromatografia em Camada Fina
CCP Cromatografia em Camada Preparativa
CG-EM Cromatografia em Fase Gasosa Acoplada a Espectrometria de Massas
CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
cm Centímetro
COSY COrrelation SpectroscopY
d Dubleto
dd Duplo Dubleto
DMSO-d
6
Dimetilsulfóxido deuterado
EM Espectrometria de Massas
HMBC Heteronuclear Multiple-Bond Correlation
HSQC Heteronuclear Single Quantum Coherence
Hz Hertz
IV Infravermelho
J
Constante de acoplamento em hertz
λ
comprimento de onda
µ
m micrômetro
m
multipleto
M
+.
pico do íon molecular positivo
MHz Mega Hertz
m/z
relação massa/carga
nm nanómetro
OspGD Extrato diclometano dos galhos de
O. hexasperma
var.
planchonii
Engl.
OspGM Extrato metanólico dos galhos de
O. hexasperma
var.
planchonii
Engl.
NOESY Nuclear Overhauser Experiment Spectroscopy
P.F. ponto de fusão
ppm parte por milhão
q
quarteto
RF Fator de Retenção
RMN
1
H Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio
RMN
13
C Ressonância Magnética Nuclear de Carbono-13
s
singleto
sl
singleto largo
t
tripleto
TR Tempo de Retenção
TMS tetrametilsilano
OBS: As abreviaturas e símbolos utilizados neste trabalho e que não constam nesta relação,
encontram-se descritas no texto ou são convenções adotadas universalmente.
xvi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 1
Objetivos 2
2. REVISÃO DE LITERATURA 3
2.1. Generalidades Sobre a Família Ochnaceae e o Gênero
Ouratea
3
2.2 Classificação botânica de
O. hexasperma
(St. Hill) Bail
var.
hexasperma e O.
hexasperma
var
.
planchonii
Engl
.
9
2.3. Estudo Químico Realizado com
Ouratea hexasperma
(St. Hil.) Bail 10
2.4. Biflavonóides 10
2.4.1. Agatisflavona e derivados 12
3. CONSTITUINTES QUÍMICOS ISOLADOS DE
O. hexasperma
var.
planchonii
Engl. 16
4. PARTE EXPERIMENTAL 18
4.1. Equipamentos e Reagentes 18
4.2. Material vegetal 18
4.3. Obtenção dos extratos brutos 19
4.4. Prospecção Química do Extrato Metanólico 19
4.5. Isolamento e Purificação dos Constituintes dos Galhos de
O. hexasperma
var.
planchonii
Engl.
19
4.5.1. Extrato com diclorometano 19
4.5.2. Extrato com metanol 20
4.6. Derivação 22
4.6.1. Metilação com diazometano 22
5.
R
ESULTADOS E
D
ISCUSSÃO
24
5.1. Prospecção Química do extrato metanólico 24
5.2. Determinação Estrutural dos Constituintes Isolados de O
uratea hexasperma
var
planchonii
Engl.
25
5.2.1. Alcanos 25
5.2.2 Substância
1
27
5.2.3. Substâncias
2 (a, b e c)
29
xvii
5.2.4. Substâncias
3 (a, b e c)
33
5.2.5. Substância
4
36
5.2.6. Substância
5
50
5.2.7 Derivado
4a
56
5.2.8. Substância
6
65
5.3. ANÁLISE COM CLAE DAS FRAÇÕES
OSPGMC
E
OSPMC-16P.
71
5.4. Propostas Biossintéticas para os constituintes isolados de
Ouratea hexasperma
var
.
planchonii
Engl.
80
5.4.1. Ácidos graxos 80
5.4.2. Esteróides
82
5.4.3. Terpenos 83
5.4.4. Biflavonóides
84
5.5. ENSAIOS BIOLÓGICOS 85
5.5.1. Avaliação da Atividade Antimicrobiana do Extrato Metanólico de
Ouratea
hexasperma
var
. planchonii
Engl
.
85
5.5.2. Verificação de atividade antifúngica do Extrato Metanólico de
Ouratea
hexasperma
var.
planchonii
Engl.
86
5.5.3. Avaliação da Atividade Inseticida contra
Musca doméstica
88
5.5.4. Avaliação da toxidez do extrato metanólico em
Mus musculus.
90
6. CONCLUSÕES 92
7. REFERÊNCIAS 93
1
1. INTRODUÇÃO
Os produtos naturais vêm sendo utilizados pela humanidade como remédio desde os
primórdios. A busca por alívio e cura de doenças pela ingestão de ervas e folhas talvez tenha
sido uma das primeiras formas de utilização dos produtos naturais.
O profundo conhecimento do arsenal químico da natureza, pelos povos primitivos e
pelos indígenas, pode ser considerado fator fundamental para o descobrimento de substâncias
tóxicas e medicamentosas ao longo do tempo. A convivência e o aprendizado com os mais
diferentes grupos étnicos trouxeram valiosas contribuições para o desenvolvimento da
pesquisa sobre utilização de substâncias naturais para a cura de doenças ou criar produtos em
benefício do bem estar do homem. relatos, por exemplo, do uso de plantas com
finalidades terapêuticas por volta de 3.000 a.C. na obra
Pen Ts’ao
do chinês Shen Nung
(VEIGA JR.
et al,
2005). As pesquisas na área da química de produtos naturais permitiram a
descoberta de muitos modelos moleculares que fundamentaram estudos de relação estrutura-
atividade (SAR) e inspiraram o desenvolvimento da síntese orgânica clássica. (VIEGAS JR.
et al,
2006)
.
No início, os químicos estudavam plantas consagradas pelo uso popular, geralmente
incorporadas às farmacopéias da época, limitando-se ao isolamento e à determinação
estrutural de substâncias ativas (YUNES & CECHINEL FILHO, 2001). Dada a importância
das plantas para a medicina da época, a Química e a Medicina passaram a ter uma estreita
relação, o que permitiu um rápido desenvolvimento de seus campos específicos (YUNES &
CECHINEL FILHO, 2001). Desta forma, muitas substâncias ativas foram conhecidas e
introduzidas na terapêutica, permanecendo até hoje como medicamentos. Um exemplo
importante do desenvolvimento dos fármacos a partir de produtos naturais de plantas foi o
descobrimento dos salicilatos obtidos de
Salix alba
.
A natureza sempre despertou no homem um fascínio encantador, não só pelos recursos
oferecidos para sua alimentação e manutenção, mas por ser sua principal fonte de inspiração e
aprendizado. A busca incessante pela compreensão das leis naturais e o desafio de transpor
barreiras à sua sobrevivência, como o clima e as doenças, levaram o homem ao atual estágio
de desenvolvimento científico, mesmo após o avanço tecnológico observado nos dias de hoje.
(VIEGAS JR
et al.
2006).
Pesquisadores da área de produtos naturais mostram-se impressionados pelo fato
desses produtos encontrados na natureza revelarem uma gama quase que inacreditável de
diversidade em termos de estrutura, propriedades físico-químicas e biológicas (WALL &
WANI, 1996). Diversos autores têm apontado a importância dos estudos químicos e
farmacológicos de várias espécies vegetais pela intensa produção de metabólitos especiais,
principalmente, nas espécies dos ecossistemas tropicais (BRITO & BRITO, 1993). Nesta
perspectiva, a botânica, a química e a farmacologia abrangem conhecimentos indispensáveis
para a utilização segura de plantas medicinais, mostrando que a busca sistemática de novos
medicamentos tem sido realizada por inúmeras abordagens de estudo. Desta forma, uma
abordagem interdisciplinar, na pesquisa de novos medicamentos, representa, de modo
inegável, a alternativa mais eficaz e promissora para o alcance deste objetivo (Di STASI,
1996).
Nas últimas décadas o estudo de plantas medicinais evoluiu muito, principalmente, do
ponto de vista químico. Esta evolução deve-se ao desenvolvimento de técnicas analíticas que
corroboram para a determinação estrutural. Os produtos naturais vêm recuperando espaço e
importância na indústria farmacêutica como fonte inspiradora de novos padrões moleculares
bioativos (VIEGAS JR
et al.
2006). Cerca de 25% das prescrições dispensadas nos Estados
Unidos durante os últimos 25 anos estavam relacionadas a medicamentos que com princípios
2
ativos de origem natural ou semi-sintéticos, oriundos normalmente de plantas superiores.
Além de cerca de 13% relativas a medicamentos de fontes microbianas e 2,7% de origem
animal (CRAGG, et. al., 2003). Resultados de análise de novos fármacos aprovados pelo FDA
(Food and Drug Administration) e por entidades reguladoras de outros países, no período de
1981 a 2006, indicaram que os medicamentos recomendados para tratamento de doenças
infecciosas atingiram 230 novos medicamentos, dos quais 5,2% eram de produtos naturais e
32,3% eram de derivados de produtos naturais (NEWMAN & CRAGG, 2007). Para o
tratamento do câncer cerca de 175 novos medicamentos tem sido aprovados, dos quais 14%
são de produtos naturais e 28% de derivados de produtos naturais. (NEWMAN & CRAGG,
2007).
O Brasil, com a grandeza de seu litoral, de sua flora e, sendo o detentor da maior
floresta equatorial e tropical úmida do planeta, não pode abdicar de sua vocação para os
produtos naturais. A Química de Produtos Naturais (QPN) é, dentro da Química brasileira, a
área mais antiga e a que, talvez, congregue o maior número de pesquisadores (PINTO
et al.,
2002).
O grupo de pesquisa em química de produtos naturais da UFRRJ tem registrado,
dentre outros trabalhos, estudos com a família Ochnaceae, principalmente com espécies do
gênero
Ouratea
e
Luxemburgia,
dando valiosas contribuições para o conhecimento da
química dessa família, propiciando subsídios para avaliações quimiotaxonômicas, além de
apresentar substâncias com importantes atividades biológicas contribuindo para busca de
novos fármacos (SUZART,
et. al
.2007).
Objetivos
Os objetivos do presente trabalho são:
Isolar e identificar os principais metabólitos especiais dos galhos de
Ouratea
hexasperma
var
. planchonii
Engl
.
;
Verificar se semelhanças químicas entre as
variedades de
Ouratea hexasperma
(
O.
hexasperma
(A. St.-Hil.) Bail. var
. hexasperma
e
O. hexasperma
var
.
planchonii
Engl
.
);
Avaliar atividades biológicas de extratos e/ou frações dos galhos de
Ouratea
hexasperma
var
. planchonii
Engl
.
, como atividades antibacteriana, antifúngica,
inseticida e de toxicidade;
Preparar derivados dos constituintes isolados;
Fazer a atribuição de dados espectrométricos das substâncias naturais isoladas e
derivados;
Utilizar CLAE-EM para identificar componentes minoritários que são difíceis de
identificar pelas técnicas usuais;
Realizar um estudo de informações relacionadas aos biflavonóides considerados como
marcadores sistemáticos do gênero
Ouratea
.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Generalidades Sobre a Família Ochnaceae e o Gênero Ouratea
A família Ochnaceae
pertence à ordem Theales e compreende cerca de 28 gêneros e
400 espécies, de ampla distribuição nas regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo. No
Brasil ocorrem aproximadamente 9 gêneros com 105 espécies (BARROSO, 1986). Essas são
plantas essencialmente arbóreas ou arbustivas, raramente herbáceas (
Sauvagesia
), folhas em
geral inteiras, de distribuição alterna e com estípulas. Apresentam flores amarelas, alvas ou
avermelhadas. (BARROSO et. al, 2002).
A família Ochnaceae é pouco conhecida do ponto de vista químico e biológico.
Estudos químicos demonstram que são capazes de biossintetizar flavonóides e biflavonóides,
sendo os gêneros
Ochna, Lophira, Luxemburgia
e
Ouratea
os mais estudados. Investigações
sobre a composição química de espécies do gênero
Ouratea
, levaram ao isolamento de vários
biflavonóides (SIMONI
et al
., 2002). A freqüência e a diversidade estrutural dos
biflavonóides em espécies desses gêneros permitem que sejam utilizados como marcadores
taxonômicos (SUZART
et al.,
2007).
O gênero
Ochna
consiste em mais de 85 espécies distribuídas por toda África
(PEGNYEMB
et al
., 2003), principalmente na região de Camarões. O estudo de algumas
espécies desse gênero forneceu triflavonóides: caloflavanas A e B (
figura 1
,
pág. 3).
(MESSANGA
et al
., 2002); biflavonóides (KAMIL
et al
., 1987): calodeninas
A e B e
lophironas K e C (
figura 2
, pág. 4). (MESSANGA
et al
., 1994; PEGNYEMB
et al
., 2001).
Biflavonóides, isoflavona e flavona C-glicosilada foram isolados de
O
.
squarrosa
. Esta
espécie é
utilizada no tratamento de indigestão, complicações menstruais e contra asma (RAO
& GUNASEKAR, 1989). O extrato etanólico e os biflavonóides isolados do caule de
O
.
macrocalyx
mostraram atividades citotóxicas e antibacterianas (TANG
et al
., 2003).
O gênero
Lophira
é comumente encontrado na região tropical da África, onde é
conhecido pelos seus usos medicinais (GHOGOMU
et al
., 1987). As espécies mais estudadas
são
L
.
alata
e
L
.
lanceolata
. Desses gêneros foram isolados flavonóides, biflavonóides e
dímeros de chalconas (lophironas F, G e H) (
figura 2,
pág. 4). (TIH GHOGOMU
et al
.,
1989a; TIH GHOGOMU
et al
., 1989b; TIH GHOGOMU
et al
., 1990; TIH
et al
., 1992a; TIH
et al
., 1992b; TIH
et al
., 2003).
Figura 1:
Triflavonóides isolados no Gênero
Ochna
OH
HO
HO
OH
HO
CO
OH
O
OH
HO
HO
O
OH
HO
OH
HO
CO
OH
O
OH
HO
HO
O
OH
OH
OH
Caloflavana A
Caloflavana B
4
O Gênero
Luxemburgia
ocorre somente no Brasil e suas espécies são encontradas
principalmente nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço, em Minas Gerais e na Bahia
(FERES, 2006). Estas espécies são capazes de biossintetizar flavonóides e biflavonóides com
esqueleto próximo a chalconas (OLIVEIRA
et al
., 2002; CARVALHO
et al
., 2004) e a
bichalcona luxenchalcona
(I-3-O-II-4
) (
figura 3,
pág. 5
)
(CARVALHO
et al
., 2004). A
rutina (3-
O
-rutinosídeo-quercetina) foi isolada de
Luxemburgia nobilis
(OLIVEIRA
et al
.,
2002) e das flores de
Luxemburgia octandra
foram isolados dois flavonóides 8-
C
-glicosilados
(
figura 3
) (ALVES
et al
., 2003).
HO
OH O
O
OH
CO
HO OH
OH
lophirona K
HO
OH
O
CO
CO(CH
2
)
2
OH
HO OH
OH
Calodenina A
OH
lophirona C
HO
OH
OH
HO
lorophirona F e G
HO
O
OH
CO
CO
HO
OH O
O
O
OH
OH
O
O
OH
HO
O
OH
HO
OH
HO
Calodenina B
HO
OH O
O
OH
CO
HO OH
OH
lophirona K
Figura 2
: Biflavonóides e dímeros de chalconas isolados dos Gêneros
Ochna e Lophira
.
5
O gênero
Ouratea
ocorre em todo território Nacional, destacando-se no Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Paraíba, Bahia e Pernambuco. Algumas espécies do gênero
Ouratea
incluindo a
O
.
grandifolia,
ocorrem na Restinga da Marambaia, Corcovado e Campo Grande
(Limeirão)/RJ. (BARROSO, 1986).
As espécies de
Ouratea
são caracterizadas pelas flores geralmente vistosas,
freqüentemente de coloração amarela. No Nordeste as espécies de
Ouratea
são conhecidas
como batiputá, as sementes de batiputá fornecem a “Manteiga de batiputá”, óleo adocicado e
aromático, utilizado em conservas e temperos, tornando-se rançoso com facilidade. As
espécies de
Ouratea
espalhadas pelo país recebem designações específicas como Angelim
R
HO
OH
R
1
O
R=R
1
=OH 3-hidroxiisoliquiritigenina
R= OH; R
1
=H isoliquiritigenina
1
'
4
'
1
'"
4
'"
O
OH
HO
OH
O
OH
OH
O
3
4
"
I
II
Luxenchalcona
O
OH
HO
O
OH
OH
O
O
O
HO
OH
O
OH
OH
OH
OH
OH
1
"
1
"'
8
5
3
Rutina
8
R=H
R=CH
3
Flavonóides glicosilados
O
OH
RO
OH
OH
O
O
OH
OH
OH
OH
1
"
2
"
3
"
4
"
5
"
6
"
O
O
OH
HO
OH
O
O
O
OH
OH
ocnaflaflova
Figura 3:
Flavonóides e chalconas isolados do gênero
Luxemburgia
6
(
Ouratea vaccinoides
), Caju Bravo (
Ouratea floribunda
e
Ouratea salicifolia)
e Coração de
Bugre (
Ouratea parviflora
).
As
Ouratea floribunda
e
Ouratea castanaefolia
são empregadas
em ornamentação urbana (SUZART
et al.,
2007). São utilizadas na medicina popular como
adstringentes, tônicas, estomáquicas, vermífugas (BRAGA, 1960), em distúrbios gástricos e
reumatismo (MBING et al., 2003a) e útil na cura de paralisias, erisipela, feridas no útero e
úlceras, distúrbios gástricos e na cicatrização de feridas (BARROSO, 1986).
Em estudos com espécies do nero
Ouratea,
podemos destacar os que mostraram
atividade antitumoral contra células do carcinoma Ehrlich
(CARVALHO
et al
.,
2002),
inibição das DNA topoisomerases (GRYNBERG
et al
.,
2002), efeitos antiproliferativos e
ativação da apoptose em células de tumor Ehrlich (GRYNBERG
et al
.,
1998). O extrato
hidroetanólico e a fração acetato de etila de
Ouratea semisserrata
apresentaram efeito
vasodilatador dependente do endotélio (CORTES
et al
., 2002) e atividade anti-hipertensiva,
inibindo a conversão da enzima angiotensina I (ACE) (CASTRO
et al
.,
2000). O extrato
metanólico de
Ouratea elongata, Ouratea flava e Ouratea sulcata
, demostrou atividade
antimicrobiana contra
Staphylococcus aureus, S. epidermidis, Enterococcus hirae e Candida
albicans
(GANGOUE-PIEBOJI et al., 2006). Também apresentou atividade antimicrobiana o
óleo da fruta de
Ouratea parviflora
Baill extraído com hexano (PAULO, et al., 1986).
O
extrato metanólico das folhas de
Ouratea cuspidata
revelou atividade antiparasitária frente a
Leishmania braziliensis
, biopoteção contra radicais livres e ação antiinflamatória. (SUZART
,
2007).
Estudos químicos realizados em espécies deste gênero revelaram que são
bioprodutores de flavonóides, flavonóides glicosilados (SUZART
et al.,
2007) e biflavonóides
(SUZART
et al.,
2007; CARVALHO
et al
., 2008). Na figura
4
, págs. 7 e 8, são mostradas
estruturas químicas de substâncias deste gênero. De
Ouratea sp
. (MONACHE
et al
., 1967)
foram isolados a protocianidina (
1
) e catequina (
2
); de
O. affinis
Engl. e
O. calantha
Gilg.
(GARTLAN
et al
., 1980) foi isolado a cianidina (
3
);
de O
.
spectabilis
(Mart.) Engl.
(FELÍCIO
et al
., 1995) foram isolados bigenkanina (
4
) e 7,7”- O-dimetilagatisflavona (
5
); de
O. multiflora Pohl
(FELÍCIO
et al
., 2001)
foram isolados amentoflavona (
6
) e , 3-OH-4’,5,7-
OMe-flavona-(6
8”)- 3”-OH -3’”,4’”,5”,7”-OMe flavona (
7
); de
O. semisserata
(Mart.)
Engl. (VELANDIA
et al
., 2002) foram isolados 3',6,8-cloro-4’,5-OH-7-OMe isoflavona (
8
),
3',5',6,8-cloro-4’,5-OH-7-OMe isoflavona (
9
), 5,7-OH-flavona-(4’
O
8”)- 4
′′
,5
′′
,7
′′
-OH
flavona (
10
), 5-OH -7- OMe-flavona-(4
′→
O
8
′′
)- 4
′′
, 5
′′
,7
′′
-OH flavona (
11
), 5-OH-7-OMe-
flavona-(4
′→
O
8
′′
)-5
′′
,7
′′
-OH-4
′′
-OMe flavona (
12
), amentoflavona (
6
), podocarpusflavona
(
13
) e rutina, (
14
); De
O
.
flava
Schum e Thon (MBING
et al
., 2003a) foram isolados
calodenina B (
15
), flavumona A (
16
), flavumona B (
17
), calodenina C (
18
), lophirona A (
19
)
e 4
,5-OMe-6,7-metilenodioxi-isoflavona (
20
); de
Ouratea hexasperma
(St. Hil.) Bail.
(MOREIRA
et al
., 1994; DANIEL
et al
., 2005)
foram isolados Hexaspermona A (
21
),
Hexaspermona B (
22),
Hexaspermona C (
23),
5,7,4’-OMe-isoflavona (
24
), 7
′′
-O-
metilagatisflavona (
25),
7,7
′′
-O-dimetillanaraflavona (
26
), agastiflavona (
27
), epicatequina
(
28
), 6-C-glicopiranosil-luteolina (
29
), 3-O-glicopiranosil-quercetina (
30
), 2
′′
-O-
β
-D-
glicopiranosil-8-C-
β
-D-glicopiranosil luteolina (
31
); de
O. microdonta
(CARVALHO et al.,
2008) foram isolados agatisflavona (
27
), 7”-O-metilagatisflavona (
25
) e amentoflavona (
6
).
(
Figura 4
, págs. 7 e 8
)
.
Além de flavonóides e biflavonóides, ocorrem no gênero outras classes de subsâncias
como norisoprenóides (VELANDIA
et al
., 1998), diterpenos (VELANDIA
et al
., 1998;
FELÍCIO
et al
., 2004), triterpenos, (MBING
et al
., 2003b;
CARVALHO
et al
., 2008),
esteróides (CARVALHO
et al
., 2008), lignanas (VELANDIA
et al.
, 1998), hidrocarbonetos e
ésteres alifáticos
(MOREIRA
et al
., 1994; PAULO
et al
., 1986; ESTEVAM
et al
., 2005) além
de derivado do ácido benzóico (CARVALHO
et al
., 2008). As estruturas químicas de alguns
representantes desta classe são mostrados na
figura 5
, pág. 9
.
7
OHO
OH
OMe
OH
OH
OH
2
OHO
OH
OH
OH
OH
+
3
O
MeO
OH
HO
O
OMeO
OH
OH
O
4
ORO
OH
OH
O
O
OR
1
O
OH
HO
5: R=R
1
=Me
25: R=H, R
1
=Me
27: R=R
1
=H
OHO
OH
OH
O
O
OR
O
HO
OH
OH
6:
R=H
13:
R=Me
OMeO
OH
OMe
O
OH
O
O
MeO
HO
OMe
OMe
OH
7
Cl
OH
R
OMeO
OH O
Cl
Cl
8: R=H
9: R=Cl
O
O
OR
RO
O
R
1
OR
RO
OR
RO
15:
R=R
1
=H
16:
R=OH, R
1
=H
O
OMe
O
O
O
OMe
20
OH
O
O
O
HO
HO
O
OHHO
17
Figura 4:
Flavonóides isolados do Gênero
Ouratea
OHO
OH
OH
OHO
OH
OH
OH
OH
1
ORO
OH
O
O
O
O
HO
OH
OR
1
10:
R=R
1
=H
11:
R=Me,R
1
=H
12:
R=R
1
=Me
O
OH
HO
O
OH
OH
O
O
O
HO
OH
O
OH
OH
OH
OH
OH
14
8
O
HO
O
O OH
OH
H
H
OHHO
19
O
O
MeO
OMe
OMe
24
O
O
OMe
OR
H
H
R
1
O
O
O
MeO
OH
H
H
OMe
21:
R=H, R
1
=Me
22:
R=Me, R
1
=H
23:
R=R
1
=H
O
O
MeO
OH
O
O
O
MeO
OH
OH
26
O
OH
OH
HO
OH
28
OHO
OH
OH
O
OH
O
HO
HO
HO
HO
29
OHO
OH
OH
O
OH
O
O
OH
OH
OH
OH
30
OHO
OH
OH
O
OH
O
O
HO
HO
O
HO
HO
OH
HO
OH
31
Continuação da
Figura 4:
Flavonóides isolados do Gênero
Ouratea.
O
H
HO
OH
OH
H
H
O
H
HO
OH
OH
OH
H
18
9
2.2 Classificação botânica de O. hexasperma (St. Hill) Bail var. hexasperma e O.
hexasperma var. planchonii Engl.
Ouratea hexaperma
foi classificada pela primeira vez como
Ghomphia hexasperma
A.
St. Hil. (Flora Brasiliae Meridionalis (quarto ed.) 1: 61. 1824), posteriormente a classificação
botânica foi modificada para
Ouratea hexasperma
(A. St.-Hill.) Bail. (Histoire des Plantes 4:
366. 1873) e após verificar diferenças morfológicas dentro na prórpria espécie, classificou-se
em duas variedades, a pica,
O. hexasperma
(A. St. Hill.) Bail
var.
hexasperma
e
uma nova
variedade
O. hexasperma
var
.
planchonii
Engl
.
(Flora Brasiliensis 12(2):321. 1876).
A variedade típica (A. St.-Hill.) Bail, apresenta folhas lanceoladas, provida de
acúmem de 1 cm de comprimento e a variedade
planchonii
Engl. apresenta folhas oblongas
ou oblonga-ovadas, raramente acuminada aguda. (Flora Brasiliensis). (
Figura 6
, pág. 10
).
O
OH
OH
Norisoprenóide
H
COOR
R
1
R
2
Diterpenos
HO
triterpeno
RO
Esteróides
O
O
OCH
3
CH
3
O
OCH
3
OCH
3
Lignana
CH
3
H
3
C
( )
n
Hidrocarboneto
( )
n'
O
O
( )
n
Éster alifático
HO
OH
O
OH
H
3
CO
Derivado da ácido benzóico
Figura 5:
Outras classes de substâncias isoladas nos gêneros
Ouratea.
10
Atualmente estas variedades foram sinonimizadas, especialistas da família não
consideram as variedades e apenas a espécie
Ouratea hexasperma
(A. St.-Hill.) Bail., devido
à estas pequenas diferenças morfológicas.
Figura 6:
Diferenças morfológicas marcantes entre as folhas de
Ouratea hexasperma.
2.3. Estudo Químico Realizado com Ouratea hexasperma (St. Hil.) Bail
Como citado anteriormente, estudos químicos com
Ouratea hexasperma
, coletada no
cerrado da Amazônia,
conduziu ao isolamento de hidrocarbonetos, de biisoflavonóides:
hexaspermona A, B, C, estruturas 21, 22 e 23 da figura 4, pág. 7 e 8. e da biflavona 7
’’
-
metilagatisflavona, estrutura 25 da figura 4, pág. 7 (MOREIRA
et al
., 1994; MOREIRA,
et
al
., 1999). Das folhas, inflorescência e caule de
Ouratea hexasperma,
coletadas no Município
de João Pessoa na Paraíba, foram isolados
hidrocarbonetos, esteróides, saponinas, triterpenos
(
figura 5,
pág. 10), flavonóides, epicatequina, biflavonóides (7,7
-
O
-dimetillanaraflavona, 7”-
O
-metilagatisflavona e Agatisflavona) além de flavonóides glicosilados,
figura 4
, pág. 8 e 9
(DANIEL, 2005; SUZART, 2007).
O grupo de pesquisa em Química de Produtos Naturais da UFRRJ tem registrado,
dentre outros trabalhos, estudos de espécies do gênero
Ouratea
e
Luxemburgia
(Ochnaceae)
dando valiosas contribuições para o conhecimento da química dessa família, propiciando
subsídios para avaliações quimiotaxonômicas, além de apresentar substâncias com
importantes atividades biológicas contribuindo para busca de novos fármacos (SUZART,
et
al
. 2007).
O levantamento na literatura sobre biflavonóides presentes na família Ochnaceae e em
espécies do gênero
Ouratea
permitiu tirar deduções e fazer considerações sobre essa classe de
substâncias, que são freqüentes no gênero, além de detectar alguns aspectos farmacológicos.
A quantidade de resultados obtidos até o momento com estudo das espécies
Ouratea
orientou-nos a fazer um estudo de informações relacionadas aos biflavonóides comumente
presentes, entre eles os mais abundantes: Agatisflavona e 7”-O-metilagatisflavona, Pode-se
aferir a estes possibilidades de marcadores quimiotaxonômicos.
2.4. Biflavonóides
Os biflavonóides constituem uma classe de flavonóides diméricos, diferenciando-se de
outros oligômeros como as proantocianidinas, devido à origem biogenética das unidades
11
constituintes. A maioria dos representantes dessa classe de produtos naturais é formada pelos
dímeros flavona-flavona, flavona-flavanona, flavanona-flavanona além de ocorrer, mais
raramente, os dímeros de chalconas e de isoflavonas. Quando as duas unidades são iguais
constituem os bisflavonóides e quando as duas unidades são diferentes são os biflavonóides.
As ligações entre as unidades flavonoídicas podem ser C-C ou C-O-C envolvendo os anéis A,
B ou C dos monômeros (
Figura 7,
pág. 11). (SUZART
et al.,
2007).
Segundo Suzart (2007) e colaboradores, seguindo a literatura (SIMÕES
et al
., 2001,
CHARI,
et. al
., 1977, DORA,
et. al
., 1991), utiliza-se a numeração dos biflavonóides
atribuindo números ordinários para os anéis
A
e
C
e primados (
) para o anel
B
de um dos
monômeros. Para a segunda unidade empregam-se números ordinários duplamente primados
(
′′
) para os núcleos
A
e
C
e números ordinários triplamente primados (
′′
) para o núcleo
B
. De
acordo com os átomos de carbonos envolvidos na ligação entre as unidades, os meros são
classificados em grupos de biflavonóides (
figura 7,
pág. 13
)
, além dos dímeros de chalconas:
C-3
O-C-4''' (luxenchalconas),
figura 3
, pág. 5 (CARVALHO
et al
., 2004) e C-3'
C3''
(brackeninas),
figura 7,
pág. 11 (DREWES,
et al
., 1984) e dos dímeros de isoflavonas C-
2
C-2'' (hexaspermonas), estruturas 21, 22 e 23
da
figura 4
, pág. 7 e 8 (MOREIRA
et
al
.,1994), sem destacar os dímeros com duas ligações entre as unidades. A ligação tipo C-O-C
é característica das ochnaflavonas (C-3'
O-C-4’’’),
figura 3,
pág. 5 e das lanaraflavonas (C-
4'-O
C-8’’),
figura 7,
pág. 11. Alguns dos grupos hidroxila podem apresentar-se metilados
originando os respectivos éteres metílicos que, às vezes, recebem nomes especiais
(MOREIRA,
et. al
., 1999; FELICIO
et al
., 1995; VELANDIA
et al
., 2002; DANIEL
et al
.,
2005
O
R
O
O
O
R
O
2
3
4
5
6
7
8
9
10
2
'
3
'
4
'
5
'
6
'
Flavonas/Flavanonas
C-6 C-8": agatisflavona
C-8": cupressuflavonaC-8
C-3
C-8" amentoflavona
C-3',5' C-6": robustoflavona
C-2 C-8": garcinias
C-4'-O C-8": lanaraflavona
C-3' C-3":chamejasmina
A
B
C
OO
O O
OO
O
O
O
2
3
4
2
'
3
'
4
'
6
'
4
"
2
"
Chalconas
O
O
O
O O
O O
O
O
Ar
2
3
4
5
6
7
8
9
10
2
'
3
'
5
'
6
'
2
"
3
"
4
"
5
"
7
"
9
"
Isoflavonas
Figura 7: Dímeros de flavonóides
12
Uma característica marcante dos metabólitos isolados do gênero
Ouratea
é a ligação
entre seus monômeros, sendo as mais abundantes C-3
C-8’’ e C-6
C-8’’, acrescentando
uma variação no padrão de metilação. No caso dos derivados da agatisflavona (C-6
C-8’’),
estruturas 25 e 27 da
figura 4
, págs. 7 e 8, a metilação é mais freqüente na posição 7”, sendo
esta a biflavona mais abundante no gênero
Ouratea
. Em 1929 foi isolada a primeira biflavona,
a gingentina, do Ginkgo Biloba (LIN
et al.
, 1997). A partir desse isolamento muitos
biflavonóides foram isolados de plantas e várias atividades biológicas têm sido relacionadas a
essa classe de substâncias (LIN
et a.,l
1999).
Os biflavonóides são geralmente encontrados em grande quantidade em diferentes
plantas e muitos tecidos vegetais. Apresentam várias propriedades, como proteção contra
raios ultravioleta nas folhas, antifúngico e alimento para insetos (SIMÕES
et al
., 2001). As
atividades farmacológicas conhecidas são: Estimulantes cardíacos, antivirais, antimicrobianas,
antiinflamatórias e anti-hepatotóxicas (SIMÕES
et al
., 2001, LIN
et al
., 1999). Em estudos de
atividades biológicas, os biflavonóides isolados de
O
.
spectabilis
,
O
.
multiflora
e
O
.
parviflora
mostraram inibição da produção de aflatoxina por
Aspergillus flavus
(GONÇALEZ
et al
., 2001), Os biflavonóides isolados das partes aéreas de
Ouratea sulcata
exibiram
significante atividade antimicrobiana
in vitro
contra
Bacillus subtilis, Escherichia coli,
Listonella anguillarum, Staphylococcus aureus
(PEGNYEMB et al., 2005)
Os dímeros de
flavonas das folhas de
O. multiflora
mostraram atividade contra as bactérias
Staphylococcus
aureus
e
Bacillus subtilis.
(
CARBONEZI et al., 2007)
,
os biflavonóides isolados de
O
.
spectabilis
inibiram a enzima aldose redutase (FELICIO
et al
., 1995), além de atividade
antitumoral detectadas para os biflavonóides isolados de
O. hexasperma
(St.Hil.) Bail
(DANIEL
et al.
2007).
2.4.1. Agatisflavona e derivados
Fazendo uma avaliação sobre os flavonóides que são mais freqüentes em espécies de
Ouratea
percebeu-se que a agatisflavona e principalmente, seu derivado 7”-metil éter são os
mais freqüentes. Resolvemos fazer um levantamento para verificar a ocorrência destes
flavonóides em outras famílias, através deste levantamento observou-se que estas substâncias
também ocorrem em outras famílias vegetais, como apresentado na tabela
1.
Tabela 1:
Ocorrência de Agatisflavonas e derivados em espécies vegetais.
BIFLAVONOIDES ESPÉCIES FAMÍLIAS REFERÊNCIAS
4”’,7-O-
dimetilagatisflavona;
7-O-metilagatisflavona
Agathis alba
Araucariaceae
(conífera)
MASHIMA et
al.,1970
4”’,7-O-
dimetilagatisflavona;
7-O-metilagatisflavona;
7,7"-O-
dimetilagatisflavona
Araucaria bidwillii and Agathis
alba
Araucariaceae KHAN et al., 1972
7-O-metilagatisflavona Araucaria rulei Araucariaceae ILYAS et al., 1977
7,7"-O-
dimetilagatisflavona
7-O-metilagatisflavona
Agathis australis Araucariaceae OFMAN et al., 1995
7-O-metilagathisflavona
Araucaria araucana Araucariaceae
PARVEEN et al.,
1987
Agatisflavona
7,7"-O-
dimetilagatisflavona
7-O-metilagatisflavona
Araucaria angustifolia
Araucaria genus
Araucariaceae ILYAS et al., 1994
13
Agatisflavona
Rhus succedanea e Garcinia
multiflora
Araucariaceae LIN et al., 1997
Agatisflavona
Rhus succedanea Anacardiaceae
CHEN, 1973
Agatisflavona
Rhus succedanea Anacardiaceae
LIN et al., 1974
Agatisflavona Rhus punjabensis Anacardiaceae
KAMIL et al., 1984
Agatisflavona
Rhus semialata Anacardiaceae
BAGCHI et al., 1985
Agatisflavona
Picea morinda Linn Anacardiaceae
AZAM et al., 1985
Agatisflavona
Rhus semialata Murr Anacardiaceae
PARVEEN et al.,
1988
Agatisflavona
Amphipterygium amplifolium;
Orthopterygium huaucui
Anacardiaceae
WANNAN et al.,
1988
Agatisflavona
Rhus coriaria Anacardiaceae
VAN LOO et al.,
1988
Agatisflavona
Anacardium occidentale Anacardiaceae
ARYA et al., 1989
Agatisflavona
Schinus terebenthefolus Anacardiaceae
KASSEM et al., 2004
Agatisflavona
Rhus pyroides, Rhus dentata and
Rhus pentheri
Anacardiaceae
SVENNINGSEN et
al., 2006
Agatisflavona
Canarium manii Burseraceae ANAND et al., 1992
Agatisflavona Juniperus virginiana
Cupressaceae
(coníferas)
ROY et al., 1984
Agatisflavona Garcinia xanthochymus Clusiaceae
PARVEEN et al.,
1994
Agatisflavona
Bauhinia vahlii Linn Leguninoceae
SULTANA et. al,
1985
Agatisflavona
Caesalpinia pyramidalis
Leguminosae
Fabaceae
MENDES et al., 2000
Agatisflavona Caesalpinia pyramidalis
Leguminosae
Fabaceae
BAHIA et al., 2005
7,7"-O-
dimetilagatisflavona
Ouratea spectabilis Ochnaceae FELÍCIO et al. 1995
7"-O-metilagatisflavona
Ouratea hexasperma Ochnaceae
MOREIRA et al.,
1999
7,7"-O-
dimetilagatisflavona
Ouratea parviflora Ochnaceae FELÍCIO et al., 2004
Agatisflavona
7"-O-metilagatisflavona
Ouratea hexasperma Ochnaceae DANIEL et al., 2005
Agatisflavona
Ouratea sulcata Ochnaceae
PEGNYEMB et al.,
2005
Agatisflavona Ouratea nigroviolacea Ochnaceae
NGO MBING et al.,
2006
Agatisflavona
Ouratea staudtii Ochnaceae
ZINTCHEM et al.,
2007
Agatisflavona;
7"-O-metilagatisflavona
Ouratea microdonta Ochnaceae
CARVALHO, et al,
2008*
14
Através da observação da
tabela 1
vemos que os biflavonóides Agatisflavona e
derivados ocorrem em diferentes espécies de diferentes famílias, gêneros e espécies vegetais.
Para verificar a ligação taxionômica desses gêneros com a ocorrência desses biflavonóides foi
realizada uma avaliação através da divisão botânica da possível ligação entre as espécies onde
foram encontradas essas substâncias. Na
tabela 2,
pág. 15,
observam-se os dados de divisão,
ordem, classe, família de cada espécie que foi isolado os biflavonóides Agatisflavona e
derivados.
A partir desses dados observa-se que relação entre algumas espécies, como as
espécies da família Araucariaceae e Cupressaceae, que pertencem à mesma ordem, classe e
divisão botânica. As famílias Anacardiaceae, Burseraceae, Leguminosae, Clusiaceae e
Ochnaceae pertencem a ordens botânicas diferentes, mas pertencem a mesmas classes e
divisões botânicas.
Nas famílias Araucariaceae e Ochnaceae encontram-se a maior variedade de derivados
da agatisflavona, sendo que somente no gênero Ochnaceae, mas especificamente nas espécies
de
Ouratea
que foi encontrado o biflavonóide 7"-
O
-metilagatisflavona. Isso demonstra que
essa substância é um marcador quiotaxinômico da espécie
Ouratea
.
15
Tabela 2:
Divisões Botânicas das espécies que onde há ocorrência de Agatisflavonas e
derivados.
DIVISÃO CLASSE ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE BIFLAVONÓIDE
Pinophyta Pinopsida Pinales
Araucariaceae
(coníferas)
A. alba;
A. bidwillii;
A. rulei;
A. australis;
A. araucana;
A. angustifólia;
4”’,7-O-
dimetillagatisflavona
7-O-
metilagatisflavona
7,7"-O-
dimetilagatisflavona
Agatisflavona
Pinophyta Pinopsida Pinales
Cupressaceae
(coníferas)
J. virginiana Agatisflavona
Magnoliophyta
Magnoliopsida
Sapindales Anacardiaceae
R. succedanea;
R. punjabensis;
R. semialata;
P. morinda Linn;
R. semialata
Murr;
A. amplifolium;
O. huaucui;
R. coriaria;
A. occidentale;
S.terebenthefolus;
R. pyroides;
R. entata;
R. pentheri
Agatisflavona
Magnoliophyta
Magnoliopsida
Sapindales Burseraceae C. manii
Agatisflavona
Magnoliophyta
Magnoliopsida
Fabales
Leguminosae
Fabaceae
B. vahlii Linn;
C. pyramidalis
Agatisflavona
Magnoliophyta
Magnoliopsida
Malphiales
Clusiaceae G. xanthochymus Agatisflavona
Magnoliophyta
Magnoliopsida
Malphiales
Ochnaceae
O. spectabilis;
O. hexasperma;
O. parviflora;
O. sulcata;
O. nigroviolacea;
O. staudtii;
O. microdonta
7,7"-O-
dimetilagatisflavona
7"-O-
metilagatisflavona
Agatisflavona
16
3. CONSTITUINTES QUÍMICOS ISOLADOS DE O. hexasperma var.
planchonii Engl.
No presente trabalho,
O. hexasperma
(var.
planchonii
Engl.) foi submetida a estudo
fitoquímico para verificar a presença de marcadores taxonômicos e servir como argumento
adicional para localização da mesma na espécie. Com esse estudo, foram isolados compostos
alifáticos; ácido alifático (
1
); uma mistura de esteróides: sitoesterol (
2a
), estigmasterol (
2b
) e
campesterol (
2c
); os triterpenos lupeol (
3a
) e
α
-amirina (
3b
) e
β
-amirina (
3c
); os
biflavonóides 7”-O-metilagatisflavona (
4
) e agatisflavona (
5
) e sitosterol-3-O-
β
-D-
glicopiranosideo (
6
).
Figura 8,
pág. 17.
17
CH
3
H
3
C
( )
n
Compostos alifáticos
OH
O
( )
n
1
RO
1
2
3
4
6
5
7
9
19
11
12
14
15
16
17
18
13
20
22
23
21
24
28
29
27
25
26
2a:
22,23-diidro
2
b
:
22,23
1
2
3
4
6
5
7
9
19
11
12
14
15
16
17
18
13
20
21
HO
21
22
23
24
25
2c
3a
29
30
20
28
27
3
HO
HO
3
24 23
5
6
10
25
1
13
R
R
1
28
22
20
29
30
27
11
(3b) R = CH
3
, R
1
= H
(3c) R = H, R
1
= CH
3
5
6
"'
5
"'
4
"'
3
"'
2
"'
1
"'
10
"
9
"
8
"
7
"
6
"
5
"
4
"
3
"
2
"
1
"
2
'
10
6
5
4
3
2
B
'
C
'
A
'
CA
O
O
OH
OH
HO
OH
HO
O
OH
O
6
'
5
'
4
'
3
'
1
'
9
8
7
1
B
4
6
"'
5
"'
4
"'
3
"'
2
"'
1
"'
10
"
9
"
8
"
7
"
6
"
5
"
4
"
3
"
2
"
1
"
2
'
10
6
5
4
3
2
B
'
C
'
A
'
CA
O
O
OH
OH
HO
OMe
HO
O
OH
O
6
'
5
'
4
'
3
'
1
'
9
8
7
1
B
22
25
26
27
1
2
3
4
6
5
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
20
23
24
1
'
2
'
3
'
4
'
5
'
6
'
O
19
21
O
OH
OH
HO
HO
6
Figura 8: Constituintes químicos isolados neste trabalho
(
O. hexasperma
var
. planchonii
Engl.)
18
4. PARTE EXPERIMENTAL
4.1. Equipamentos e Reagentes
Os pontos de fusão foram determinados em placa de aquecimento MEL-TEMP II,
Laboratory Devices USA, utilizando capilar, sem correção dos valores obtidos. Os espectros
de infravermelho foram obtidos em espectrofotômetro Perkin-Elmer 1600/1605 FT-IR em
pastilha de KBr. Os espectros de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) de
1
H e
13
C
(incluindo experimentos em 2D), foram registrados em espectrômetros Bruker AC-200
Advance (
1
H: 200 e
13
C: 50,3 MHz) e Bruker DRX-500 (
1
H: 500 MHz e
13
C: 125 MHz).
Como padrão interno foi usado tetrametilsilano ou resíduo do solvente CHCl
3
(
δ
H
7.24) e o
pico central do tripleto em
δ
C
77.00 do CDCl
3
. Os espectros de massas foram registrados em
cromatógrafo com fase gasosa acoplado a espectrômetro de massas de analisador de íons
quadrupolo e ionização por impacto de elétrons, 70 eV; marca Varian Saturn 2000 da UFRRJ.
As análises com CLAE foram realizadas com aparelho Shimadzu bomba modelo 10AS
Shimadzu 10AD/10AS com detector UV-Vis 10AD, injetor manual Rhoodune 1175 com loop
de 20
µ
L, integrador 6 CR, com coluna de fase reversa C18 (250mm x 4,6 mm x 5
µ
m) Betasil,
utilizando um sistema isocrático de metanol/H
2
O/acetonitrila/ácido acético (20:40:39:1) em
duas bombas, na bomba A foi adicionada a fase orgânica (CH
3
OH/ CH
3
CN) e na Bomba B a
fase aquosa (H
2
O/ácido acético). A fase móvel foi ajustada para A 62% e B 38% e
velocidade de fluxo 1mL.min
-1
, os extratos foram monitorados a 270 nm. As análises em
CLAE acoplado a espectômetro de massas foram feitas com o aparelho LCMS-IT_TOF
Shimadzu, foram usados quatro solventes e duas bombas A (metanol/acetonitrila, 20:34) e B
(água/ácido acético, 10:1), com sistema gradiente.
As cromatografias em coluna foram realizadas tendo como suporte gel de sílica (230-
400 e 70-230 mesh, Vetec) e Sephadex LH-20 (Sigma, USA). A cromatografia em camada
preparativa (CCP) foi feita em placas de gel de sílica 60 PF
254
, Merck e Vetec, sobre suporte
de vidro e espessura de 1mm.
As substâncias foram detectadas por irradiação na região do ultravioleta (254 e 366
nm). Foram usadas placas em folha de alumínio de gel de sílica 60 PF
254
Merck para
cromatografia em camada fina (CCF) e como reveladores foram utilizados, detecção por
irradiação ultravioleta (254 e 366 nm), e/ou reagentes cromogênicos:
Dragendorff (solução de nitrato básico de bismuto II em ácido acético diluído
com iodeto de potássio), reagente para alcalóides (MATOS, 1997).
Liebermann Burchard (20mL de anidrido acético e 20 mL de ácido sulfúrico
diluídos em 200 mL de etanol, em banho de gelo), seguido de aquecimento,
reagente para terpenos e esteróides (MATOS, 1997).
Soluções de AlCl
3
-EtOH (1%), seguido de aquecimento, reagente para
flavonóides. (VENNAT, B. et al, 1992)
.
Godin A: Solução I: vanilina etanólica 1%
Solução II: ácido perclorico 3%
Godin B: Acido sulfúrico10 % v/v
Misturar as soluções I e II em partes iguais e borrifar sobre a placa
cromatográfica, revelar com Godin B e colocar em estufa. Para identificação de
esteróides, triterpenos e flavonóides. (MARTINS, 2006).
Vapores de iodo revelam a maioria das substâncias orgânicas.
4.2.
Material vegetal
O material vegetal, galhos de
Ouratea hexasperma
var.
planchonii
Engl.,
(Ochnaceae), coletado na época de frutificação, em área de restinga, no município de Conde,
praia de Jacunã, em área de restinga e identificados pela Profa. Dra. Maria de Fátima Agra.
19
Uma excicata desta espécie (Nº6747) está depositada no herbário Prof. Lauro Pires Xavier
(JPB), Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil.
4.3
.
Obtenção dos extratos brutos
O material foi seco à temperatura ambiente, logo após a coleta e moídas em moinho de
facas. O dos galhos de
Ouratea hexasperma
var.
planchonii
Engl
.
(1900g) foi submetido à
extração através de maceração contínua com diclorometano e metanol. Os extratos foram
concentrados em evaporador rotatório a 40°C sob pressão reduzida e, após o uso de ar quente
para retirar o resíduo de solventes, obtiveram-se os extratos de diclorometano (OspGD, 206,5
g) e o extrato metanólico (OspGM, 190,0 g).
4.4.
Prospecção Química do Extrato Metanólico
Do extrato metanólico, aproximadamente 1,0 g, fez-se prospecção química que
permitiu o conhecimento preliminar das principais classes de substâncias naturais presentes.
Esta avaliação é freqüentemente usada para direcionar trabalhos posteriores de fracionamento
e isolamento das substâncias (MATOS, 1988). Esta abordagem foi elaborada com testes para
detectar os metabólitos especiais dos galhos da espécie, conforme metodologias descritas na
literatura. As classes de substâncias avaliadas: alcalóides, saponinas, esteróides e
triterpenóides, depsídio e depsidonas, flavonóides, catequinas, quinonas, sesquiterpenos e
outras lactonas, carotenóides e xantofilas, glicosídios cardíacos, açúcares redutores,
sacarídios, ácidos orgânicos e taninos.
4.5. Isolamento e Purificação dos Constituintes Químicos dos Extratos de Ouratea
hexasperma var. planchonii Engl.
4.5.1. Extrato com diclorometano:
O extrato
OspGD
foi filtrado em funil de separação de gel de sílica usando hexano,
clorofórmio e metanol e obtiveram-se as frações: hexano (
OspGDH
, 11,06g); Clorofórmio
(
OspGDC
, 5,43g) e metanol (
OspGDM
, 116,9g).
A partição em hexano (
OspGDH)
, foi cromatografada em coluna de gel de sílica,
usando eluentes diclorometano, diclorometano : metanol, aumentando gradativamente a
polaridade até 100% de metanol, fornecendo 15 frações, que através da análise dos dados
espetrométricos foram identificadas como uma mistura de alcanos alifáticos, ácido alifático,
(
substância 1,
57 mg
)
e uma mistura de esteóides (sitoesterol, estigmasterol e campesterol),
que foi denominada
substância 2 (a, b e c,
PF.: 120-122ºC,
84 mg
)
.
A partição clorofórmio (
OspGDC
) foi cromatografada em coluna de gel de sílica,
usando eluentes diclorometano
OspGDCD
(26 frações), acetato de etila
OspGDCA
(11
frações) e metanol
OspGDCM
(26 frações), que forneceram uma mistura de alcanos
alifáticos e álcoois alifáticos, o triterpeno lupeol (
substância 3,
PF.: 179-180ºC,
50 mg) e a
mistura de esteróides sitoesterol, estigmasterol.
A fração obtida com metanol (
OspGDM,
95g), foi fracionada através de
cromatografia em coluna de sílica gel utilizando os eluentes clorofórmio e metanol 9:1 e
aumentando gradativamente a polaridade. As frações 5-7 forneceram um material amarelo de
ponto de fusão 226/228ºC , solúvel em acetona, que após análise dos dados espectrométricos
foi identificado como o biflavonóide 7’’-O-metilagatisflavona (
substância 4,
PF.: 226-228ºC,
74 mg).
Os procedimentos relatados acima estão representados no
Esquema 1,
pág. 21.
20
4.5.2. Extrato com metanol:
O extrato metanólico (
OspGM
, 160,0g) foi submetido à partição com metanol:água
(8:2) e clorofórmio, no qual o extrato foi diluído em metanol/água 8:2 e extraído com
clorofórmio, obtendo-se as partições clorofórmio (
OspGMC
, 67,0 g) e metanol (
OspGMM
,
58,8 g). A partição clorofórmio foi dividida em duas frações, a primeira de cor esverdeada
(
OspGMC1,
23,2 g) e outra de cor marrom (
OspGMC2,
22,0 g), da segunda fração retirou-
se um precipitado (
OspGMC2p,
20,8 g
),
o qual uma parte (18,0g) foi submetida à
cromatografia em coluna de sílica gel com a mistura diclorometano/metanol com aumento
gradual de polaridade até metanol 100%. Foram coletadas 20 frações, as frações 2-4 foram
recristalizadas em metanol e forneceram um material amarelo que, apresentava 2 manchas em
cromatografia de camada fina (CCF) com o eluente CH
2
Cl
2
/CH
3
OH, 8:2. Após análise dos
dados espectrométricos, e comparação em cromatografia de camada fina com os padrões 7’’-
O-metilagatisflavona e agatisflavona, usando os eluentes CH
2
Cl
2
/CH
3
OH, 8:2;
CHCl
3
/CH
3
COCH
3
, 7:3 e AcOEt/CH
3
OH, 9,5:0,5, foram identificados como os
biflavonóides, em mistura,
4
(7’’-O-metilagatisflavona), e
5 (
agatisflavona), 103 mg, solúveis
em acetona.
A mistura dos biflavonóides
4
e
5
foi metilado com diazometano (40,0 mg). Após a
metilação foi feita a purificação do produto através de cromatrografia em camada
preparativa(CHCl
3
/CH
3
COCH
3
, 7:3), fornecendo o derivado permetilado
4a
(28,0 mg).
A fração (
OspGMC1,
20,0g) foi cromatografada em coluna de sílica gel com a
mistura diclorometano/metanol com aumento gradual de polaridade até metanol 100%. Sendo
coletadas 30 frações. As frações 5 e 6 forneceram um material amarelo, que após a
purificação e análises dos dados do RMN de hidrogênio e carbono-13, concluiu-se que
também é a 7”-
O
-metilagatisflavona (32,0 mg) e a fração 17, que foi recristalizada em
metanol forneceu um material (9,0 mg) insolúvel em acetona e metanol, e através das análises
dos dados do RMN de hidrogênio e carbono, verificou-se que que a fração contém o
sitosterol glicosilado (
6
).
Os procedimentos relatados acima também estão representados no
Esquema 1,
pág.
21.
21
Esquema 1: Fluxograma da marcha para o isolamento das substâncias dos galhos de
Ouratea
hexasperma
var
. planchonii
Engl.
Ouratea hexasperma
(Galho 1900,0 g)
1) CH
2
Cl
2
2) MeOH
-Evaporação
Ext. metanólico
OspGM
(190,0 g)
-Partição funil
lica gel
-CHCl
3
OspGDC
(5,43 g)
Ext. diclorometano
OspGD
(206,5 g)
OspGMCp
Coluna
1) dicloro
2) acetato de etila
3) metanol
-Hexano
OspGDH
(11,06 g)
Coluna
CHCl
3
/ MeOH
OspGDCD
26 frações
OspGDCA
11 frões
OspGDCM
26 frões
- MeOH
OspGDM
116,9 g
- Partição
Líq./Líq
1) MeOH/H
2
O 8:2
2) CHCl
3
OspGMC
OspGMM
OspGMC-1
OspGMC
2
1) verde
2)H
2
O mãe
3) precip.
Coluna
Coluna
(OspGMCp-2p)
125 mg
Frações 2 e 3
Coluna
OspGMC
2
A
2)
metilão
4a
Coluna
substância 5
biflavonoides
alcanos
1
2 (a,b e c)
1
4
4
5
4
2 (a,b e c)
3(a, b e c)
5
6
22
4.6. Derivação
A preparação do derivado metilado da agatisflavona
serviu para facilitar a análise dos
dados espectrométricos, devido ao aumento da solubilidade em clorofórmio e, fazer análises
com algumas técnicas especiais de RMN.
4.6.1. Metilação com diazometano
A solução de diazometano foi preparada de acordo com a metodologia experimental
descrita na literatura (VOGEL, 1989 e CARVALHO
et al.
2006). A mistura das substâncias
(agatisflavona e 7”-O-metilagatisflavona) foi completamente dissolvida em MeOH,
adicionou-se a solução etérea do diazometano em excesso, observando desprendimento
gasoso, a solução foi deixada em repouso para a evaporação natural dos solventes. A
ocorrência da reação foi monitorada através de comparações em CCF com as substâncias
puras, após repetições do procedimento de adição da solução de Diazometano, realizou-se
cromatografia em camada preparativa, fornecendo a substância metilada. A
figura 9
, pág. 23
apresenta um esquema da reação e o mecanismo proposto para a mesma.
23
OH
O
H
3
C N N
N
2
O
OH
O
OH
OH
O
OH
O
OH
O H
H
2
C N N
H
2
C N N
H
2
C N N
OH
O
H
3
C N N
O
O
OCH
3
OCH
3
H
3
CO
O
H
3
CO
O
OCH
3
O
H
3
C
N
2
N
2
R
O
O
OH
OH
HO
O
HO
O
OH
O
O
O
OCH
3
OCH
3
H
3
CO
O
H
3
CO
O
OCH
3
O
H
3
C
CH
2
N
2
MeOH
Figura 9:
Mecanismo proposto da reação de metilação com diazometano.
24
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Prospecção Química do extrato metanólico:
Parte do extrato metanólico foi utilizado para a realização da avaliação da classe dos
constituintes presentes, através da prospecção química, e posterior isolamento e purificação
dos principais metabólitos especiais. A
tabela 3
demonstra os resultados da prospecção
química do extrato metanólico, que revelou testes positivos para as classes de metabólitos
especiais: alcalóides, saponinas, esteróides e triterpenóides, depsídio e depsidonas,
flavonóides, catequinas, quinonas, açúcares redutores, sacarídeos e taninos. Os testes
realizados seguiram as metodologias segundo as literaturas: Alcalóides, esteróides, triterpenos
e flavonóides (WALL et al., 1954); saponinas, depsídios e depsidonas, quinonas e
sacarídios
(MATOS, 1988); catequinas,
derivados de cumarinas e açúcares redutores (COSTA, 1972);
Ácidos orgânicos (MERK, 1980); Taninos (MATOS, 1997).
Tabela 3: Registro dos resultados da prospecção química do extrato metanólico de
O.
hexasperma
var
. planchonii
Engl
.
Classes de metabólitos especiais
Extrato metanólico
Alcalóides +++
Saponinas +++
Esteróides e triterpenóides +++
Depsídio e depsidonas +++
Flavonóides +++
Catequinas +++
Quinonas +
Sesquiterpenos e outras lactonas
-
Derivados de cumarinas -
Glicosídios cardíacos -
Açúcares redutores ++
Sacarídios +
Ácidos orgânicos -
Taninos +++
- ausente + fraco ++ médio +++ forte
25
5.2. Determinação Estrutural dos Constituintes Isolados de Ouratea hexasperma
var. planchonii Engl.
O fracionamento dos extratos dos galhos
de O. hexasperma
var.
planchonii
Engl.
forneceu uma mistura de hidrocarbonetos, ácidos alifáticos, os esteróides sitoesterol,
estigmasterol e campesterol, os triterpenos
α
-amirina e
β
-amirina, os biflavonóides 7”-O-
metilagatisflavona e agatisflavona e sitosterol-3-O-
β
-D-glicopiranosideo. A identificação
através de métodos físicos desses materiais foi feita através das análises de espectros de IV,
RMN de
1
H e
13
C, massas e comparação com padrões isolados das espécies de
Ouratea
em
estudos anteriores.
5.2.1. Alcanos
O espectro de IV da mistura de alcanos (
Figura 10
, pág. 25) revela bandas de
absorção em 2918 e 2848 cm
-1
relativas a estiramentos de grupos CH
3
e CH
2
, sugerindo a
presença de uma longa cadeia carbônica. As bandas em 1466 cm
-1
(deformação angular da
ligação C-H), e 723 cm
-1
confirmam esta atribuição. O espectro de RMN
1
H (
Figura 11,
pág.
26
)
apresenta sinais em
δ
H
0,90 e 1,27ppm de cadeia normal hidrocarbônica.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Wavenumber (cm-1)
8
16
24
32
40
48
56
64
72
80
%Transmittance
2917.82
2848.39
1467.59
725.12
Figura 10
: Espectro de IV do material alifático de
O. hexasperma
var.
planchonii
Engl
.
26
8 7 6 5 4 3 2 1 0 -1
Chemical Shift (ppm)
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Intensity
7.27
1.27
0.90
Figura 11:
Espectro de RMN de
1
H (200 MHz, CDCl
3
) do material alifático.
27
5.2.2 Substância 1
O ácido alifático
1
, foi identificado através da análise dos espectros de IV, RMN
1
H e
CG-EM. O espectro de IV (
Figura
12
, pág. 27) revela bandas de absorção em 2918 e 2848
cm
-1
relativas a estiramentos de grupos CH
3
e CH
2
, sugerindo a presença de uma longa cadeia
carbônica. As bandas em 1473 cm
-1
(deformação angular da ligação C-H), 723 cm
-1
e o sinal
em 1724 cm
-1
compatível com carbonila de ácido, confirmam esta atribuição. O espectro de
RMN
1
H (
Figura 13,
pág. 28) apresenta sinais em
δ
H
0,89 e 1,26 de cadeia alifática, e 2,35
indicando a presença e de hidrogênio de carbono alfa ao grupo carbonila. O cromatograma da
amostra (
figura 14,
pág 28), demonstra os picos indicando a mistura das substâncias, tendo a
substância majoritária em TR=5,74, o CG-EM apresentou picos em
m/z
57 [C
4
H
9
]
+
,
m/z
87
[C
4
H
7
O
2
]
+
,
m/z
129 [C
7
H
13
O
2
]
+
,
m/z
185 [C
11
H
21
O
2
]
+
,
m/z
213 [C
13
H
25
O
2
]
+
, os picos em
m/z
257 (M
+.
+1) e 242 (M
+.
) (
Figura 15
,
pág. 29), permitiu identificar os ácidos hexadecanóico e
pentadecanóico presentes na mistura.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Wavenumber (cm-1)
8
16
24
32
40
48
56
64
72
80
88
%Transmittance
3461.65
2954.46
2917.82
2848.39
2728.82
1724.08
1645.01
1619.94
1473.37
1411.66
1386.59
1170.6
889.04
728.97
719.33
366.41
Figura 12: Espectro de IV de
1.
28
Figura 13: Espetro de RMN de
1
H (200 MHz, CDCl
3
) de
1
.
Figura 14: Cromatograma de
1
.
29
Figura 15: Espectro de massas de
1
.
5.2.3. Substância 2 (a, b e c)
Os esteróides
2 (a, b e c)
foram identificados respectivamente, como sitosterol,
estigmasterol e campesterol, com base na comparação com amostra autêntica, envolvendo
espectros de RMN de
1
H (
Figura 16
, pág. 30), CG-EM, além de P.F. e CCF.
O espectro de RMN de
1
H da mistura
2 (a, b e c)
mostrou sinais entre
δ
H
0,65 e
δ
H
1,23 correspondentes as metilas, multipleto em
δ
H
3,53 atribuído ao hidrogênio carbinólico H-
3, um singleto largo em
δ
H
5,31 atribuído ao hidrogênio olefínico H-6 e o multipleto em
δ
H
5,07 correspondentes aos hidrogênios H-22 e H-23 para o estigmasterol. Através do CG-EM
que se detectou a presença do terceiro componente (campesterol), através do cromatograma
(
Figura 17
, pág. 30), indicando os picos dos esteróides e comparação com padrões da
biblioteca do equipamento (
Figuras 18 a, b e c,
págs. 31, 32 e 33) permitiu confirmar a
proposta da mistura dos esteróides sitosterol (
2 a
), estigmasterol (
2 b
) e campesterol(
2 c
).
30
Figura 16:
RMN de
1
H (200 MHz, CDCl
3
) da mistura de esteróides
2
(a, b e c)
Figura
17
: Cromatograma da mistura dos esteróides
2
(a, b e c)
31
Figura 18a
: Espetro de massas de
2 (a)
comparado com a biblioteca do aparelho.
32
Figura 18b:
Espetro de massas de 2 (b) comparado com a biblioteca do aparelho.
33
Figura 18c :
Espetro de massas de 2 (c) comparado com a biblioteca do aparelho.
5.2.4. Substâncias 3: Lupeol, α-amirina e β-amirina
A mistura dos triterpenos
3 (a, b e c)
foram identificados como lupeol,
α
-amirina e
β
-
amirina, através da interprtação dos espectros de RMN de
1
H , CG-EM e CCF.
O espectro de RMN
1
H (
Figura 19,
pág. 34) mostra os sinais de metilas:
δ
H
1,26, 0,95,
0,80 e 0,77 e um sinal em
δ
H
1,69 (
s
) correspondente à freqüência de metila ligada a carbono
sp
2
. Os sinais referentes aos hidrogênios vinílicos estão representados por dois singletos
largos em
δ
H
4,57 e 4,70, o sinal em
δ
H
3,19 representa o hidrogênio do carbono metínico
oxigendo (H-3) o sinal em
δ
H
5,1 representa os hidrogênios (H-12) de
α
e
β
-amirina. Através
do CG-EM e comparação com padrões da biblioteca do equipamento (
Figuras 20 e 21,
pág.
35) e comparação com amostra padrão da mistura, permitiu identificar os três isômeros
triterpênicos lupeol (3a),
α
-amirina (3b) e
β
-amirina (3c).
34
Figura 19:
Espectro de RMN de
1
H (200 MHz, CDCl
3
) do Lupeol (
3a
),
α
-amirina (
3b
) e
β
-
amirina (
3c
).
.
35
Figura 20:
Espetro de massas de 2 (a) comparado com a biblioteca do aparelho.
Figura 21:
Espetro de massas de 2 (b e c).
36
5.2.5. Substância 4
O biflavonóide
4
foi identificado como um derivado da agatisflavona, devido a
semelhança do espectro de RMN
1
H com da substância com a isolada anteriormente
(MOREIRA et al., 1999; DANIEL et. al., 2005), além do sinal de um grupo metoxila cuja
posição foi definida através de análises com técnicas especiais de RMN.
O espectro de IV de
4
(
Figura 22,
pág. 37
)
revela bandas de absorção para grupo
hidroxila (3392 cm
-1
, estiramento O-H), grupamentos C=O (1648 cm
-1
) de carbonila
conjugada e C=C (1604 cm
-1
, 1504 cm
-1
, 1442 cm
-1
) de anel benzenóide.
O espectro de RMN
1
H (
Figura, 23,
pág. 39
)
mostra sinais de átomos de hidrogênios
atribuídos a dois sistemas AA’BB’ dos anéis C e C”
δ
H
7,98 (d, 2H,
J
= 8Hz), 7,65 (d, 2H,
J
=
8 Hz), 7,05 (d, 2H,
J
= 8 Hz) e 6,84 (d, 2H,
J
= 8 Hz), quatro singletos atribuídos a H-3, 8, 3” e
6” com
δ
H
6,70, 6,78, 6,65 e 6,56, respectivamente e uma metoxila (
δ
H
3,89,
s
, 3H). Os sinais
em
δ
H
9,37 para hidroxila livre e
δ
H
13,26 e 13,41 para os dois grupos hidroxilas em ligação
de hidrogênio com carbonila.
O espectro de
1
H,
1
H-COSY (
Figuras 24,
pág. 40) apresentou sinais de interação de
acoplamento entre H-2’,6’ (
δ
H
7,65) com H-3’,5’ (
δ
H
6,84) e H-2’”,6’” (
δ
H
7,98) com H-
3’”,5’” (
δ
H
7,50). Confirmando os pares de dubletos de cada sistema
para
substituído.
O espectro de RMN
13
C da substância
4
(
Figuras 28-30,
pág. 44 e 45) mostra os
valores de deslocamentos dos carbonos metínicos CH-8 (
δ
C
94,7) e CH-6” (
δ
C
96,4), e para os
carbonos quaternários 6 e 8” (
δ
C
104,3 e 104,0 ppm). Os valores dos deslocamentos químicos
indicam que os carbonos 6 e 8” estão envolvidos na ligação interflavonoídica, a comparação
dos deslocamentos químicos dos carbonos de
4
(
Tabela 4,
pág. 40) com agatisflavona
(CHARI
et al
., 1977; AGRAWAL, 1989) e 7”-
O
-metilagatisflavona (MOREIRA,
et al
.,
1999) confirmam a proposta de estrutura semelhante desta biflavona como 4
,5,7-OH-flavona-
(6
8
′′
)-5
′′
,4
′′
-OH-7
′′
-OMe flavona.
Como citado anteriormente, o grupo metoxila poderia estar localizado em outra
posição sem causar alteração significativa nos espectros e, assim não garante a identificação
entre
4
como 7”-
O
-metilagatisflavona registrada na literatura. Fez-se experimentos de
NOESY (
Figuras 25, 26 e 27,
págs. 41-43), HMBC (
figuras 31-38,
págs. 45-49) e HSQC
(
figura 39,
pág. 50) e observou-se que a metoxila está próxima do singleto em
δ
H
6,57 (H-6”),
este hidrogênio está ligado ao carbono com
δ
C
= 95,7 e acopla a longa distância com H-O-
5”(J
3
H-C
)
Tabela
4,
pág. 38. Ficando, então definida sua estrutura como o previsto: 4’,5,7-
OH-flavona (6
8) 5”,4’”-OH-7”-OMe flavona (7”-
O
-metilagatisflavona).
37
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Wavenumber (cm-1)
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
%Transmittance
3392.23
3172.38
2929.39
2850.32
1648.87
1604.51
1564.01
1504.23
1442.52
1363.45
1282.45
1214.95
1174.46
1108.89
1018.25
833.11
572.76
Figura 22: Espectro de IV de 4.
38
Tabela 4.
Dados de RMN
1
H e
13
C (D
3
CCOCD
3
,
1
H e D
3
CSOCD
3
,
13
C).da substâncias
4.
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1
'
2
'
3
'
4
'
5
'
6
'
2
"
3
"
4
"
5
"
6
"
7
"
8
"
9
"
10
"
1
"'
2
"'
3
"'
4
"'
5
"'
6
"'
O
O
OH
OH
HO
O
HO
O
OH
O
H
3
C
7”-o-metil
agatisflavona
Substância 4
1
H-
13
C-COSY
C
δ
C
δ
C
δ
H
CH
1
J
CH
2,3
J
CH
Noe
2 165,03 165,3
H-2’, H-3
3 103,22 104,4
6,70 H-2’,6’
4 183,5 183,7
5 161,3 161,6
6 104,1 104,3
H-8
7 163,1 163,3
H-8
8 94,5 94,7 6,78 (s)
9 158,2 158,5
H-8
10 105,1 105,5
H-O-5, H-3
1’ 123,2 123,6
H-3’,5’, H-3
2’,6’ 129,3 129,3
7,98 (d,8Hz)
3’,5’ 116,8 117,1
7,05 (d, 8Hz)
4’ 161,8 162,0
2” 165,2 165,5
H-2’”,6’”, H-3”
3” 103,4 103,9
6,65 (s) H-2’”,6’”
4” 183,3 183,4
5” 163,4 163,8
H-O-5”, H-6”
6” 96,0 96,4 6,57 (s) H-O-5” H
3
CO-7”
7” 164,8 165,1
H
3
C-O
8” 101,0 104,0
H-6”
9” 155,5 156,0
10” 105,6 105,9
H-O-5”, H-6”, H-3”
1’” 123,2 123,6
H-3’”,5’”, H-3”
2’”,6’” 129,1 129,5
7,65 (d,8Hz)
3’’,5’” 116,8 116,9
6,84 (d,8Hz)
4’” 161,8 162,1
H-2’”,5’”, H-3”’,5’
OCH
3
56,7 56,9 3,89(s,3H)
H-O 5 13,4
H-O 5”
13,3
39
Figura 23
: Espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) do biflavonóide
4
(7”-O-
metilagatisflavona)
40
Figura 24
: Espectro de
1
H-
1
H-COSY - (500 MHz, D
3
CCOCD
3
) de 4.
41
Figura 25
: Espectro de
1
H-
1
H-NOESY - (500 MHz, D
3
CCOCD
3
) de 4.
42
Figura 26:
Ampliação do Espectro de
1
H-
1
H-NOESY - (500 MHz, D
3
CCOCD
3
) de 4.
43
Figura 27:
Ampliação do Espectro de
1
H-
1
H-NOESY - (500 MHz, D
3
CCOCD
3
) de 4.
44
Figura 28:
RMN de C (125 MHz, D
3
CCOCD
3
) da substância 4
Figura 29:
Ampliação(180-187 ppm) do Espectro de RMN de C (125 MHz, D
3
CCOCD
3
) da
substância 4
45
Figura 30:
Ampliação (156-166 ppm) do Espectro de RMN de
13
C (125 MHz , D
3
CCOCD
3
)
da substância 4
Figura 31:
Espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4.
46
Figura 32:
Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4.
Figura 33:
Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4.
47
Figura 34:
Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4.
Figura 35:
Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4.
48
Figura 36:
Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4
Figura 37:
Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4
49
Figura 38:
Ampliação do espectro de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4
50
Figura 39:
Espectro de HSQC (D
3
CCOCD
3
) da substância 4
51
5.2.6. Substância 5
O espectro no IV de
5
(
Figura 40,
pág. 51) evidencia bandas de absorção em 3425
cm
-1
(estiramento O-H), 1651 cm
-1
(estiramento de carbonila conjugada) e 1605 cm
-1
(estiramento C=C de anel aromático) e 1367 cm
-1
(estiramento C-O).
O espectro de RMN
1
H (
Figuras 41 e 42,
pág. 53) possui sinais típicos de
biflavonóide, sinais de dois sistemas AA’BB’ {(
δ
H
7,88 (2H,
J
= 7,9 Hz), 7,56 (2H, J= 7,9
Hz), 6,93 (2H,
J
= 7,9 Hz) e 6,72 (2H,
J
= 7,9 Hz)}, quatro singletos em
δ
H
6,38, 6,57, 6,62
(2x), atribuídos aos hidrogênios H-6”, 8, 3 e 3”. O sinal de
δ
C=O
(183,74 e 184,26) verificado
no espectro de
13
C (
Figuras 43 e 44,
pág. 54) estão compatíveis com os carbonos carbinólicos
em ligação de hidrogênio (
Tabela 5,
pág. 52). A análise em CCDA revelou duas manchas
próximas com R.F. 0,35 e 0,19 (CH
3
Cl/CH
3
COCH
3
7:3). O espectro de RMN
1
H apresenta
sinais com menor intensidade em
δ
H
3,89. Isso permitiu propor a mistura de Agatisflavona
5
com 7”-O-metilagatisflavona
4
.
Para confirmar essa dedução fez-se a análise em CCDA, comparando com os padrões
isolados anteriormente e a análise revelou que as substâncias possuíam o mesmo RF dos
padrões. Utilizou-se também análise em CLAE utilizando sistema isocrático de
metanol/água/acetonitrila/ácido acético (20:40:39:1) como fase móvel e velocidade de fluxo
1mL.min
-1
, no comprimento de onda 270nm, da fração contendo
4
e
5,
comparando-a
com o
padrão (7”-O-metilagatisflavona) e obteve-se os cromatogramas (
figuras 45 e 46,
pág
. 55).
O
T.R=6,79 da 7”-O-metilagatisflavona permitiu confirmar a presença de
4
e o pico em T.R. =
3,93 foi atribuída a agatisflavona.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Wavenumber (cm-1)
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
%Transmittance
3392.23
3172.38
2929.39
2850.32
1648.87
1604.51
1564.01
1504.23
1442.52
1363.45
1282.45
1214.95
1174.46
1108.89
1018.25
833.11
572.76
Figura 40
: Espectro de IV de 5.
52
Tabela 5.
Dados de RMN
1
H (200 MHz) e
13
C (50 MHz) em Acetona-D
6
, comparando com
os dados de RMN de
13
C da literatura (AGRAWAL, 1989) da substância
5
(agatisflavona).
C
δC
(Metanol-
D
4
)
δC
(literatura-
DMSO-D
6
)
δ
H
(mult, Hz)
2 167,5 164,1 -
4 184,3 182,3 -
5 162,5 160,0 -
6 103,1 103,6 -
7 165,9 162,9 -
9 160,9 157,0 -
10 103,5 103,8 -
1
123,4 121,5 -
4
162,7 161,3 -
2
166,3 163,9 -
4
183,7 182,0 -
5
162,5 160,9 -
7
166,3 162,7 -
8
101,1 99,4 -
9
159,0 155,1 -
10
103,5 104,0 -
1
”’
121,4 121,7 -
4
”’
162,5 161,2 -
3 103,1 103,1 6,70 (s)
8 95,9 93,7 6,81 (s)
2
,6
129,6 128,6 7,96 (d, 7,9)
3
,5
117,2 116,2 7,66 (d, 7,9)
3
103,5 102,8 6,67 (s)
6
101,1 98,9 6,57 (s)
2
”’
,6
”’
129,6 128,2 7,03 (d, 7,9)
3
”’
,5
”’
117,2 116,2 6,85 (d, 7,9)
6
"'
5
"'
4
"'
3
"'
2
"'
1
"'
10
"
9
"
8
"
7
"
6
"
5
"
4
"
3
"
2
"
1
"
2
'
10
6
5
4
3
2
B
'
C
'
A
'
CA
O
O
OH
OH
HO
OH
HO
O
OH
O
6
'
5
'
4
'
3
'
1
'
9
8
7
1
B
53
Figura 41:
Espectro de RMN de
1
H (200MHz, D
3
CCOCD
3
) da mistura dos biflavonóides
4 e
5.
8.0 7.5 7.0 6.5
Chemical Shift (ppm)
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Intensity
7.99
7.95
7.68
7.64
7.06
7.02
6.87
6.81
6.70
6.65
6.57
Figura 42:
Ampliação do espectro (6.0-8.5 ppm) de RMN de
1
H (200MHz, D
3
CCOCD
3
) da
mistura dos biflavonóides
4 e 5.
54
200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0
Chemical Shift (ppm)
-0.05
0
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
0.50
0.55
0.60
0.65
Intensity
182.36
164.51
162.54
161.27
157.42
154.82
128.41
122.23
116.04
104.70
102.68
95.25
93.64
55.87
Figura 43:
Espectro de RMN de
13
C (50 MHz, D
3
CCOCD
3
) da mistura dos biflavonóides
4 e
5.
184 176 168 160 152 144 136 128 120 112 104 96
Chemical Shift (ppm)
-0.05
0
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
Intensity
182.36
164.51
162.54
161.27
160.40
157.42
154.82
128.41
122.23
116.04
104.70
104.23
103.11
102.68
99.98
95.25
93.64
Figura 44:
Ampliação do
espectro de RMN de
13
C (50 MHz, D
3
CCOCD
3
) da mistura dos
biflavonóides
4 e 5.
55
Figura 45:
Cromatograma obtido em CLAE de 7”-O-metilagatisflavona (
4
).
Figura 46:
Cromatograma obtido em CLAE da mistura
4 e 5.
56
5.2.7. Derivado 4a (hexametilagatisflavona).
A reação de metilação de 7”-
O
-metilagatisflavona com diazometano forneceu o
derivado hexametilado
4a
,
através da substituição dos hidrogênios das hidroxilas por grupos
metilas nas posições 7, 5, 5”, 4’, 4”’.
A mudança significativa no espectro de RMN
1
H de
4a
,
quando comparada com o biflavonóide natural
4
(7”-O-metilagatisflavona),
foi o
aparecimento de 5 sinais adicionais de metoxilas.
Os espectros de RMN
1
H (1D e 2D
1
H-
1
H-COSY) revelam sinais para os átomos de
hidrogênios H-3”’,5”’ (
δ
H
6,94,
d
,
J
=8,5) acoplando com H-2”’,6”’ (
δ
H
7,69,
d
,
J
=8,5) e H-
3’,5’ (
δ
H
7,16,
d
,
J
=8,5) acoplando com H-2’,6’ (
δ
H
8,11,
d
,
J
=8,5), correspondentes a dois
sistemas AA’BB’. Os hidrogênios H-6”,3”,3 e 8 estão representados pelos sinais simples de
δ
H
6,57,
δ
H
6,69,
δ
H
6,81 e
δ
H
6,99, respectivamente. Os sinais das metoxilas 7, 7”, 5, 5”, 4’ e
4” aparecem no espectro em
δ
H
4,07, 3,94, 3,61, 3,93, 3,88 e 3,77 ppm.
O espectro de RMN
1
H (
Figuras 47-49
, pág. 58 e 59) de
4a
mostra o desaparecimento
dos sinais dos hidrogênios em ligação de hidrogênio em torno de 13 ppm e o revelando que
ambas foram substituídas por grupos metilas. Os espectros obtidos com
1
Hx
1
H COSY
(
Figura 50,
pág. 60)
e NOESY (
Figuras 51 e 52
, págs. 60 e 61), permitiram fazer a completa
atribuição dos deslocamentos químicos dos hidrogênios de
4a
(
Tabela
6,
pág. 57). Os sinais
de interações espaciais detectados no espectro NOESY permitiram confirmar as localizações e
os respectivos deslocamentos químicos: MeO-4’ com interação espacial com H-3’,5’ (
δ
H
7,05), MeO-4”’ com interação espacial com H-3”’,5”’ (
δ
H
6,84), MeO-7 com interação
espacial com H-8 (
δ
H
7,01) e MeO-7”, pela interação espacial com H-6” (
δ
H
6,73).
O espectro de RMN
13
C de
4a
(
Figura 53 e 54,
págs. 61 e 62) foi comparado com a
literatura (MOREIRA
et al
,, 1999). O espectro de HMQC (
Figura 55,
pág. 63) permitiu
estabelecer as correlações diretas (
1
J
CH
) enquanto que os deslocamentos químicos dos
carbonos não hidrogenados deste derivado foram estabelecidos pelos espectros de HMBC
através (
2,3
J
CH
). (
Figura 56,
pág. 64).
57
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1
'
2
'
3
'
4
'
5
'
6
'
2
"
3
"
4
"
5
"
6
"
7
"
8
"
9
"
10
"
1
"'
2
"'
3
"'
4
"'
5
"'
6
"'
O
O
OCH
3
OCH
3
H
3
CO
O
H
3
CO
O
OCH
3
O
H
3
C
Tabela
6:
Dados de RMN
1
H (200 MHz) e
13
C (50 MHz) da substância
4
(MOREIRA
et al
.,
1999) com o derivado
4a
.
Substância 4
Derivado 4a
HMBC
C
δC
δC
δH
CH
1
J
CH
2,3
J
CH
Noe
2 165,03 161,8
H-3;H-2’,6’
3 103,22 107,6
6,91(s,1H)
4 183,5 177,1
H-3
5 161,3 159,7
CH
3
O- 6
6 104,1 113,8
H-8
7 163,1 163,2
H
3
CO- 7; H-8
8 94,5 95,8 7,0(s,1H) OCH
3
-7
9 158,2 160,5
H-8
10 105,1 105,9
1’ 123,2 123,7
H-3’,5’
2’,6’ 129,3 128,1
7,96(d,8Hz,2H)
3’,5’ 116,8 114,8
7,1(d,8Hz,2H) OCH
3
-4’
4’ 161,8 163,4
H
3
CO- 4’;H-2’,6’;H-3’,5’
2” 165,2 161,2
H-3”;H-2’”,6’”
3” 103,4 106,0
7,26(s,1H)
4” 183,3 178,3
5” 163,4 162,0
H
3
CO- 7”;H-6”
6” 96,0 92,4 6,6(s,1H) H-6” OCH
3
-5”,H
3
CO-7”
7” 164,8 162,8
8” 101,0 103,1
H-6”;H-3”
9” 155,5 157,3
H-3’’,5’”
10” 105,6 107,0
1’” 123,2 124,0
2’”,6’” 129,1 128,1
7,50(d,8Hz,2H)
H-2’”,6’”;H-3’”,5’”
3’’,5’ 116,8 114,9
6,86(d,8Hz) OCH
3
-4’”
4’” 161,8 163,1
OCH
3
-5 62,4 3,62
OCH
3
-7 56,5 3,88 H-8
OCH
3
-4’ 55,9 3,93 H-3’,5’
OCH
3
-5” 56,8 4,03 H-6”
OCH
3
-7” 56,7 56,4 3,95 H-6”
OCH
3
-4’”
55,7 3,82 H-3’”,5’”
58
Figura 47:
Espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) do derivado
4a.
59
Figura 48:
Ampliação do espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) do derivado
4a.
Figura 49:
Ampliação do espectro de RMN de
1
H (500 MHz , D
3
CCOCD
3
) do derivado
4a.
60
Figura 50:
Espectro de
1
H-
1
H-COSY (500MHz, D
3
CCOCD
3
) de
4a.
Figura 51:
Espectro de NOESY de
4a
.
61
Figura 52:
Ampliação do espectro de NOESY de
4a
.
Figura 53:
Espectro de
13
C (125MHZ, D
3
CCOCD
3
)de
4a.
62
Figura 54:
Ampliação do espectro de
13
C (125MHZ, D
3
CCOCD
3
) de
4a.
63
Figura 55
: Espectro e ampliação (3-5 ppm) de HMBC (D
3
CCOCD
3
) da substância
4a
.
64
Figura 56
: Espectro e ampliação (3,7-4,1 ppm) de HSQC (D
3
CCOCD
3
) da substância
4a
.
65
5.2.8. Substância 6
Uma fração do extrato metanólico partição clorofórmio, foi analisada em CCDA e
revelou a presença de um componente terpênico e biflavonóide.
O espectro de IV desse material (
Figura 57,
pág. 66) revelou bandas de absorção em
3408 cm
-1
de estiramento axial de O-H, bandas em 2959 e 2934 e 2870 cm
-1
de
ν
C-H
(CH
2
e
CH
3
), 1633 (
ν
C=C
); 1460,1380 (
ν
C-C
); 1164-1023 (
ν
C-O
);
1648 (
ν
C=O
);
1604,01504 e 1442
ν
C=C
(aromático); 1214 e 1174 (
ν
C-O
); 833
δ
=C-H
(2 H vizinhos). Compatíveis com o revelado em
placa.
O espectro de RMN
1
H deste material
(Figura
,
58,
pág. 68) apresenta sinais de metilas
entre
δ
H
0,63 e
δ
H
0,94, de hidrogênio alifático e em
δ
H
5,34, típico de H-6 de fitosteróides.
Além dos sinais da parte da aglicona aparecem sinais em
δ
H
3,10 (
m
, H-5´), 4,22 (
d
,
H-1’),
2,91 (
m
, H-2’), 3,02 (
m
,
H-4’) e 3,15 (
m
, H-3’) que podem ser atribuídos aos hidrogênios do
carboidrato. Esta unidade de açúcar pode ser atribuída como
β
-glicosídeo devido à presença
do dubleto em
δ
4,23 (
J
=8 Hz) que representa o hidrogênio anomérico (H-1’) acoplando com
o hidrogênio H-2’
trans
-diaxial. Os demais valores dos sinais de H-3’, 4’, 5’ e 6’ estão
assinalados na
Tabela
7,
pág. 67.
Os espectros de RMN
13
C (
Figuras, 59 e 60,
pág. 69 e 70) de
6
apresentam 4xCH e
um CH
2
do açúcar, sendo um com
δ
103,4 do CH anomérico. A comparação dos
deslocamentos químicos dos carbonos metínicos de
6
com valores da literatura, permitiu
propor a glicose como representante da unidade de açúcar ligado no C-3 do esteróide. A
comparação dos dados de
6
com valores atribuídos para o sitoesterol glicosilado permiiu
identificar como 3-
O
-
β
-D-glicopiranosilsitosterol. Na parte da aglicona temos
δ
C
70,1 do CH-
3. Os sinais dos carbonos sp
2
em
δ
C-5
140,4 e
δ
C-6
121,0, são compatíveis com os dois
carbonos sp2 (C-5 e C-6) do sitosterol de acordo com comparação dos valores de
13
C com os
da literatura (VELANDIA, 2002). Os sinais de H em anel aromático no espectro de RMN 1H,
confirmam a presença do biflavonóide agatisflavona como impureza na fração.
66
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Wavenumber (cm-1)
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
%Transmittance
3392.23
3172.38
2929.39
2850.32
1648.87
1604.51
1564.01
1504.23
1442.52
1363.45
1282.45
1214.95
1174.46
1108.89
1018.25
833.11
572.76
Figura 57:
Espectro de IV da substância
6
.
67
Tabela 7:
Dados de RMN de
1
H e
13
C da substância
6
21
20
22
23
24
25
26
27
28
29
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
1
'
2
'
3
'
4
'
5
'
6
'
O
OH
OH
HO
HO
O
6
Substância 6 Literatura
(VELANDIA, 2002)
C
δC δH δC
1 36,7 37,3
2 32,2 31,6
3 70,1 3,47 71,8
4 41,8 42,9
5 140,4 140,7
6 121,0 5,34 121,7
7 31,2 31,9
8 31,3 31,9
9 49,5 50,1
10 36,1 36,4
11 22,6 21,1
12 39,2 39,8
13 41,7 42,9
14 56,1 56,7
15 25,5 24,3
16 27,6 28,24
17 55,4 56,0
18 11,5 0,63 11,9
19 19,5 0,94 19,4
20 35,3 32,2
21 18,8 14,0
22 33,3 33,9
23 38,2 39,1
24 45,1 45,8
25 28,7 26,0
26 18,8 0,89 18,8
27 18,9 0,78 19,0
28 23,7 0,87 23,0
29 117,7 0,82 12,0
1’ 103,4 4,23 101,4
2’ 74,8 2,91 73,3
3’ 77,8 3,15 76,5
4’ 71,9 3,02 70,3
5’ 75,4 3,10 73,7
6’ 65,0 3,71 64,4
68
Figura 58
: RMN de
1
H (400MHz, DMSO-d
6
) da fração contendo a substância
6
.
69
Figura 59
: RMN de
13
C (125MHz, DMSO-d
6
) da fração contendo a substância
6.
70
Figura 60
: Ampliação do RMN de
13
C (125 MHz, DMSO-d
6
) da fração contendo a
substância
6
.
71
5.3.
ANÁLISE COM CLAE DAS FRAÇÕES OSPGMC E OSPMC-16P.
Considerando que estas frações continham mistura de flavonóides resolveu-se fazer
análise cromatográfica. O cromatograma obtido com CLAE utilizando sistema isocrático de
metanol/água/acetonitrila/ácido acético (20:40:39:1) como fase móvel e velocidade de fluxo
1mL.min
-1
e detecção UV (
λ
máx
=270nm),
confirmaram a presença de outros componentes na
fração OSPMC (
figura 61,
pág. 71) além de agatisflavona e 7”-O-metil-agatisflavona e na
fração OSPMC-1-6P (
figura
62,
pág. 72) que continha como componente majoritário a 7”-O-
metil-agatisflavona.
Figura 61:
CLAE da fração OSPGMC.
72
Figura 62:
CLAE da fração OSPMC1-6p.
A análise CLAE-EM dessas frações, “ricas em flavonóides”, permitiu detectar os
valores de
m/z
de várias faixas de tempo de retenção reveladas pelos picos representantes dos
componentes da mistura
.
A análise desses valores, aliada às possibilidades de substituição
com grupos freqüentes em flavonóides isolados de
Ouratea hexasperma
(St. Hil.) Bail. em
trabalhos anteriores (Suzart, 2007; Suzart et al., 2007; Daniel, 2005), a análise do espectro de
RMN de
1
H (
figuras 63 e 64
, pág.
7
3) e considerando a possibilidade de formação de
“adutos” com traços dos solventes utilizados, pôde-se propor estruturas que certamente estão
presentes no material analisado. Os sinais no espectro de RMN de
1
H na região entre
δ
H
4,22ppm e
δ
H
3,10ppm podem ser atribuídos aos hidrogênios do carboidrato. Possui também
sinais típicos de biflavonóide, como os dubletos na região entre
δ
H
7,93ppm e 6,60 ppm e
singletos em
δ
H
6,57ppm e 6,39ppm. Os esquemas
2
e
3
foram utilizados para facilitar esta
interpretação. Nesses são apresentadas as estruturas dos flavonóides que incorporadas aos
substituintes (R e/ou R’) ou resíduos de solventes chega-se aos valores de
m/z
detectados.
Estas propostas dependem de análises adicionais como EM/EM dos íons detectados, o que
confirmaria a formação de “adutos” e, assim, as estruturas propostas poderão ser aceitas com
maior segurança. A análise da fração
OSPMC
permitiu a identificação dos valores de
m/z
para os picos detectados no CLAE-EM e estão representados na
Figura 65
,
pág.
74 e
Esquema 2
, pág. 75, foi possível propor a metil-vitexina e orientina (
B
), ramnosil-
triidroxiflavona (
K
), agatisflavona (
F
), metil-agatisflavona (
H
) e dimetil-agatisflavona (
G
)
cujas estruturas estão representadas na
Figura 66
, pág. 76. A análise da fração
OSPMC1-6P
(
Figura
67,
pág. 77 e
Esquema 3,
pág. 78) permitiu confirmar a metil-agatisflavona (
A1
)
como componente majoritário, além das metil-diidroxiflavonas (
B1
e
D1
), a ramnosil-
triidroxiflavona (
C2
) e a glicopiranosil-prenil-diidroxi-flavonol (
D2
) (
Figura 68,
pág. 79
).
73
8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0
Chemical Shift (ppm)
-0.02
-0.01
0
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
0.09
0.10
0.11
Intensity
7.93
7.58
6.97
6.78
6.71
6.58
6.39
5.95
4.91
4.54
4.20
3.87
3.80
3.53
3.45
3.32
3.18
2.31
2.08
1.58
1.28
Figura 63:
Espectro de RMN
1
H (200MHz, D
3
CCOCD
3
) da fração OSPGMC.
8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0
Chemical Shift (ppm)
-0.02
-0.01
0
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
Intensity
2.16
2.63
3.32
3.87
4.61
6.58
6.68
6.78
6.98
7.58
7.89
Figura 64:
Espectro de RMN
1
H (200MHz, D
3
CCOCD
3
) da fração OSPGMC1-6p.
74
0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
0.50
0.55
0.60
0.65
0.70
0.75
0.80
0.85
0.90
0.95
1.00
1.05
(x1,000,000)
2:362.9385 (1.00)
2:538.0868 (1.00)
2:537.5871 (1.00)
2:537.0852 (1.00)
2:625.1173 (1.00)
2:601.1201 (1.00)
2:487.1238 (1.00)
2:617.1128 (1.00)
2:498.9165 (1.00)
2:378.9185 (1.00)
1:553.1105 (1.00)
1:417.2701 (1.00)
1:318.3065 (1.00)
1:411.0863 (1.00)
1:569.1177 (1.00)
1:404.0743 (1.00)
1:539.1052 (1.00)
1:359.0735 (1.00)
1:489.1444 (1.00)
1:505.1434 (1.00)
1:477.1416 (1.00)
1:447.1322 (1.00)
1:349.1897 (1.00)
1:260.0457 (1.00)
1:241.0522 (1.00)
A-Raw Spectrum
[0.687->1.273]
Event1 (Modo +)
m/z
241.0522
260.0457
349.1897
Event2 (Modo -)
m/z
378.9185
498.9165
C-Raw Spectrum
[5.540->6.813]
Event1 (Modo +)
m/z
505.1434
Event2 (Modo -)
m/z
617.1128
B-Raw Spectrum
[3.887->4.987]
Event1 (Modo +)
m/z
447.1322
477.1416
D-Raw Spectrum
[6.813->8.013]
Event1 (Modo +)
m/z
489.1444
Event2 (Modo -)
m/z
487.1238
601.1201
625.1173
E-Raw Spectrum
[8.013->9.047]
Event1 (Modo +)
m/z
359.0735
F-Raw Spectrum
[10.427->12.113]
Event1 (Modo +)
m/z
539.1052
Event2 (Modo -)
537.0852
538.0868
G-Raw Spectrum
[12.180->13.280]
Event1 (Modo +)
m/z
404.0743
569.1177
H-Raw Spectrum
[13.313->14.487]
Event1 (Modo +)
m/z
553.1105
I-Raw Spectrum
[14.487->15.620]
Event1 (Modo +)
m/z
411.0863
J-Raw Spectrum
[19.407->20.267]
Event1 (Modo +)
m/z
318.3065
K-Raw Spectrum
[21.367->22.400]
Event1 (Modo +)
m/z
417.2701
A
B
C
D
E
F
H
G
I
J
K
A’
A”
B
C’
D’
F’
F”
D”
D’”
F’”
G
241
260
349
447
477
505
489
359
539
404
569
411
318
417
553
A
Exp 1
(modo +)
Exp 2
(modo -)
OSPMC
Figura 65:
Identificação dos valores de
m/z
para os picos detectados no CLAE-EM da fração
OSPGMC.
75
O
RO
OH O
OH
R'
C
15
H
9
O
5
(269)
R ou R'
O
OH
OH
OH
HO
(163)
Solventes
H
2
O (18)
H
3
CCN(41)
H
3
C-OH (32)
OH
O
(60)
Grupo
CH
3
+ 163
+ 41 + 32
505 (C)
+ 163
446 (B)
+ 163
+ 41
489 (D)
+ 163
C
5
H
9
(69)
+
4 H
505 (C)
O
OH
OH
HO
(147)
+ H
+
417 (K)
+ 69
+ 147
O
R'
RO
OH O
O
O
O
C
15
H
9
O
6
(285)
+ 163
448 (B)
+ 32 + 18
+ H
+
318 (J)
+ 14
349 (A)
+ 32
+ 60+ 14
359 (E)
+
ou
569 (G)
+ 14 + 14
+ 3 H
+
+ 269
553 (H)
b
+ H
+
+ 269
539 (F)
b
+ H
+
+ 269
O
RO
OH O
O
+ 14
+269
+ 269
+269
269
+14
m/z [RS]
a
a
m/z [RS] ="Raw Spectrum", faixa do(s) picos do CLAE;
b
Detectadas na análise dos espectros de RMN
na fração deste material.
Esquema 2:
Propostas de estruturas compatíveis com os valores de
m/z
detectados na análise
de CLAE-EM (Figura 65)
76
O
OH O
OH
MeO
O
OH
OH
OH
OH
O
OH O
OH
HO
O
OH
OH
OH
B
B
O
OH O
OH
HO
OH
O
OH
OH
OH
OH
K
O
O
OH
OH
HO
HO
O
OH
O
O
O
OH
OH
HO
HO
O
OH
O
HO
F
H
O
O
OH
OH
MeO
HO
O
OH
O
MeO
MeO
G
Figura 66:
Estruturas propostas através da análise CLAE-EM na fração OSPGMC.
77
0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
1.6
(x1,000,000)
2:665.0944 (1.00)
2:551.1005 (1.00)
1:571.1379 (10.00)
1:561.4056 (1.00)
1:517.3749 (1.00)
1:473.3534 (1.00)
1:429.3240 (1.00)
1:385.2992 (1.00)
1:341.2723 (1.00)
1:417.2693 (1.00)
1:284.3329 (1.00)
1:553.1206 (1.00)
A. Raw Spectrum [13.060->15.233]
Event 1 (Modo +)
m/z Abs. Inten. Rel. Inten.
A1: 553.1206 159599 100.00
[metil-agatisflavona]
Event 2 (Modo -)
551.1005 52936 38.45 (M-2H)
665.0944 7293 5.30
[M+AcAcetico+MeOH+H
2
O]
B- Raw Spectrum [19.393->20.180]
[25->26]
Event 1 (Modo +)
m/z Abs. Inten. Rel. Inten.
B1: 284.3329 3113 5.20
[269 + 14 (metil)]
C. Raw Spectrum [21.460->22.280]
Event 1 (Modo +)
m/z Abs. Inten. Rel. Inten.
413.2763 2900 6.01
C2: 417.2693 8432 17.47
[269 + 147(ramnose) + H]
D. Raw Spectrum [22.527->23.347]
Event 1 (Modo +)
m/z Abs. Inten. Rel. Inten.
D1. 284.33774973 5.64
[269 + 14 (metil)]
341.2723 21998 24.95
385.2992 88164 100.00
429.3240 72304 82.01
473.3534 38277 43.42
D2. 517.374917511 19.86
[516 + H = Gic-Prenil-Flavonol]
561.4056 4613 5.23
A
B
C
D
Figura 67:
Identificação dos valores de
m/z
para os picos detectados no CLAE-EM da fração
OSPGMC1.6p
.
78
O
RO
O
OH
OH
C
15
H
9
O
5
(269)
R ou R'
O
OH
OH
OH
HO
(163)
Solvente
H
2
O (18)
H
3
CCN(41)
H
3
C-OH (32)
OH
O
(60)
Grupo
CH
3
C
5
H
9
(69)
O
RO
OH O
OH
OHR
C
15
H
9
O
6
(285)
+ 163
517 (D2)
(269)
* Detectado na análise dos espectros de RMN na fração deste material.
+ 69
O
RO
OH O
OH
+14
284 (B1,D1)
+H
+
+18+32+60
551 (A2)
553 (A1)*
+ H
+
+ 269 + 14+ 269
+ 2H
+
+ 269 + 269
Esquema 3:
Propostas de estruturas compatíveis com os valores de
m/z
detectados na análise
de CLAE-EM (Figura 67)
79
O
OH O
OH
HO
O
OH
OH
OH
O
O
OH
OH
HO
HO
O
OH
O
MeO
A1
O
OH
OH
MeO
O
B1
D1
C2
O
OH O
OH
O
OH
O
HO
HO
HO
OH
D2
Figura 68:
Estruturas propostas através da análise CLAE-EM na fração OSPGCM1.6p.
80
5.4. Propostas Biossintéticas para os constituintes isolados de Ouratea hexasperma var.
planchonii Engl.
Uma das principais considerações em determinação estrutural é o conhecimento da
biossíntese das diferentes classes dos metabólitos especiais, por isso incluímos este capítulo
para auxiliar na determinação das estruturas das substâncias isoladas de
Ouratea hexasperma
var
. planchonii
Engl.
As substâncias isoladas da espécie estudada neste trabalho, pertencem a classe dos
ácidos alifáticos, dos esteróides (
β
-sitosterol, estigmasterol, campesterol e 3-O-
β
-D-
glucopiranosil sitosterol); dos triterpenos (lupeol e
α
e
β
-amirina) e dos biflavonóides (7”-O-
metilagatisflavona e agatisflavona). A seguir apresenta-se algumas propostas biossintéticas.
5.4.1. Ácidos graxos
Os ácidos graxos são formados pela ligação de unidades de ácido acético (C2) via
reação de condensação. A biossíntese envolve a conversão do acetil-CoA em malonil-CoA,
que são convertidos em acetil-ACP e malonil-ACP, ocorrendo então a condensação de
Claisen e formação do
β
-ceto acil-ACP que, após reduções, formam os ácidos graxos com um
número par de átomos de carbono,
esquema 4
(DEWICK, 2002). Através de oxidações
α
ocorre a perda de um átomo de carbono, fornando ácidos graxos de cadeias com número
ímpar de carbonos,
esquema 5
(HARWOOD, 1997).
Esquema 4: Biossíntese de ácidos graxos (adaptado de DEWICK, 2002)
Biotina + ATP+CO
2
Acetil-CoA
carboxilase
ACP
CO
2
H
CH
2
CO-SCoA
malonil-CoA
CH
3
CO-SCoA
acetil-CoA
RCH
2
CO-S-ACP
acetil-ACP
CO
2
H
CH
2
CO-S-ACP
malonil-ACP
RCH
2
COCH
2
CO-S-ACP
β-ceto acil-ACP
Reação
de Claisen
NADPH
CH
2
CO-S-ACP
H
OH
R
β-hidroxil acil-ACP
E
2
eliminação
de H
2
O
- H
2
O
RCH
2
CO-S-ACP
α−β-insaturado acil-ACP
Redução de
carbonila
NADPH
Redução da
ligação dupla
RCH
2
CH
2
CH
2
CO-S-ACP
Acil-ACP graxo
Cada volta
extende
a cadeia do
grupo acil
HSCoA
R(CH
2
CH
2
)
n
CH
2
CO-S-CoA
Acil-CoA graxo
R(CH
2
CH
2
)
n
CH
2
CO
2
H
Ácido graxo
H
2
O
[malonil]
n
81
Esquema 5: Proposta de a-oxidações em aácidos graxos (HARWOOD, 1997).
2H
+
+ 2e
H
2
O
OOH
OH
C
O
O
C
R
H
L
H
D
C
O
O
C
R
H
L
-
XH
XH
2
-
C
O
C
R
H
L
O
XH
2
O
2
-
C
O
O
C
R
H
L
OH
CO
2
C
R
H
O
NAD
+
O
H
R
C
próximo
ciclo
C
O
O
C
R
H
L
-
82
5.4.2. Esteróides
As substâncias sitosterol, estigmasterol, campesterol e 3-O-
β
-glicosilpiranosil
sitosterol se caracterizam por ter um esqueleto básico de 27 carbonos dispostos num sistema
tetracíclico. Biogeneticamente formam-se via pirofosfato de isopentenila originando o
esqualeno, estrutura que contém duas unidades de farnesil pirofosfato ligadas cauda-cauda. O
esqualeno epoxi (óxido de esqualeno), em sua forma cadeira-bote-cadeira–bote, cicliza após
vários rearranjos do tipo 1,2 formando o cicloartenol, estrutura que contém 24 carbonos. O
cicloartenol após clivagem oxidativa de três metilas forma os esteróides (Esquema 6).
Esquema 6: Proposta biogenética para os esteróides
(Adaptado de MANN, 1994).
OPP
R
OPP
R
H
+
OPP
R
PPO
H
H
OPP
Esqualeno
O
2
NADPH
HO
H
H
HO
H
H
HO
H
H
OPP
H
NADPH
HO
H
H
HO
H
H
SITOSTEROL
ESTIGMASTEROL
HO
H
H
H
2
C
H
HO
H
H
H
H
OXIDO DE ESQUALENO
H
+
HO
H
H
CH
3
S
HO
H
HH
CH
3
S
Gli-O
H
H
3-O-β−GLICOSILPIRANOSIL
SITOSTEROL
GLICOSILAÇÃO
O
[O] das
metilas
83
5.4.3. Terpenos
Os terpenos constituem uma classe de substâncias provenientes da via pirofosfato de
isopentenila, que da mesma forma que os esteróides, da origem ao esqualeno pela fusão
cauda-cauda de duas unidades de farnesil. No caso dos terpenos o óxido de esqualeno em sua
forma cadeia-cadeira-cadeira-bote é ciclizado para gerar o cátion dammarenil e,
conseqüentemente, o cátion lupenil que pode ser estabilizado pela formação de um novo anel
de cinco membros gerando compostos do tipo lupeol. O cátion lupenil também pode ser
estabilizado pela formação do anel de 6 membros, gerando o cátion oleanil. Esse é
estabilizado com migração de uma metila e rearrango do tipo Wagner-Meerwein gerando o
núcleo básico
α
-amirina (Esquema 7).
Esquema 7: Proposta biogenética para os terpenos lupeol e
α
-amirina. (Adaptado de MANN,
1994; DEWICK, 2002).
PPO
H
H
OPP
Esqualeno
O
2
NADPH
OPP
H
HO
H
H
H
OXIDO DE ESQUALENO
H
+
O
HO
H
H
H
HO
H
H
-H
+
LUPEOL
HO
H
H
HO
H
H
H
H
HO
H
H
H
H
H
HO
H
CATION LUPENIL
α
αα
α - AMIRINA
CATIÓN TARAXASTERIL
W-M
REARANJO
a
a
H
H
H
H
HO
H
H
H
β
ββ
β -AMIRINA
H
H
H
H
84
5.4.4. Biflavonóides
Os flavonóides derivam seu esqueleto de 15 carbonos, de dois precursores básicos:
malonil-CoA e
p
-coumaroil-CoA. Na reação biossintética ocorre condensação de três
moléculas de malonil-CoA com a molécula de
p
-coumaroil-CoA formando uma chalcona
intermediaria (1,3 difenilpropano-1-ona). Da chalcona são formadas estruturas de três anéis,
as flavanonas, a partir das flavanonas formam-se todas as outras classes de flavonóides
(HARBONE & BAXTER, 1999). Através da formação de dímetos da apigenina formam-se os
biflavonóides, agtisflavona e 7”-O-metilagatisflavona (Esquema 8).
Esquema 8: Proposta biogenética para as flavonas
(DEWICK, 2002) e biflavonas (MOREIRA,
1994)
O
CoAS
OH
3 Malonil CoA
SCoA
O
O
O O
OH
CLAISEN
Chalcona
sinstase
O
O
HO
OH
OH
O
O
HO
OH
4-HIDROXICINAMOIL
-
CoA
NARINGENINA
APIGENINA
OOH
HO OH
OH
O
OOH
OH
H-O
O
OOH
OH
O
O
O
O
HO
OH
O
OOH
OH
O
H
H
O
O
O
HO
OH
O
OOH
OH
OH
HO
SAM
O
O
HO
OH
O
OOH
OH
OMe
HO
O
OOH
OH
H-O
AGATISFLAVONA
7"-O-METILAGATISFLAVONA
85
5.5. ENSAIOS BIOLÓGICOS
Os ensaios biológicos realizados foram de atividade antibacteriana, atividade
antifúngica, atividade inseticida e de avaliação da toxicidade. O ensaio de atividade
antibacteriana foi realizado no Laboratório de Bacteriologia Veterinária do Departamento de
Microbiologia e Imunologia Veterinária, do Instituto de Veterinária IV da UFRRJ sob
orientação da Professora Dra. Miliane Moreira Soares de Souza
.
O ensaio de atividade
antifúngica foi realizado no Laboratório de Leveduras Patogênicas e Ambientais do
Departamento de Microbiologia e Imunologia Veterinária IV da UFRRJ sob orientação do
Professor Dr. Francisco de Assis Baroni. A Avaliação da atividade inseticida foi realizada no
Laboratório de Miíases Tropicais do Departamento de Parasitologia Animal-UFRRJ, sob
orientação do Professor Dr. Gonzalo Efrain Moya Borja e colaboração do mestrando Élio
Barbieri Junior. A avaliação da toxicidade do extrato metanólico foi realizado no laboratório
de Farmacologia do Departamento de Fisiologia Animal IB/UFRRJ, sob orientação dos
professores Fábio Fagundes Rocha e Frederico Argollo Vanderlinde.
5.5.1. Avaliação da Atividade Antibacteriana do Extrato Metanólico de Ouratea
hexasperma var. planchonii Engl.
A metodologia utilizada foi adaptada do teste de difusão em placas desenvolvido por
Kirby-Bauer. Esta metodologia é amplamente utilizada no mundo como teste-padrão para
ensaios biológicos, devido a simplicidade e eficiência na reprodução dos resultados obtidos e
é regulamentado internacionalmente pelo Clinical Laboratory Standards Institute (WAYNE,
2005).
A
S
bactérias utilizadas para a realização deste experimento foram escolhidas por
representar os dois grandes grupos bacterianos existentes: a espécie Gram-positiva
Staphylococcus aureus
, um isolado clínico sensível e outro resistente, e a espécie Gram-
negativa
Escherichia coli
, ambas derivadas de isolados clínicos de mastite. (JAWETZ, 2000).
Staphylococcus aureus
As bactérias da espécie
Staphylococcus aureus
são cocos gram-positivos, membro da
família Micrococcaceae, habitantes naturais da pele e membranas mucosas de humanos e
animais (KONEMAN
et. al,
2001)
.
Estão envolvidas em uma série de processos infecciosos
de grande importância na clínica médica humana e veterinária. Em humanos,
S. aureus
é a
principal causa das infecções hospitalares.
Escherichia coli
A espécie
Escherichia coli
representa bactérias gram-negativas entéricas largamente
disseminadas no ambiente. Além do impacto sobre a saúde, a
E. coli
é um dos mais bem
estudados modelos bacterianos, e nos últimos anos vem apresentando uma drástica mudança
em seu perfil de sensibilidade aos antimicrobianos (JAWETZ, 2000).
Foram utilizadas 3 amostras de microrganismos, sendo duas de
Staphylococcus
aureus
, uma de
Escherichia coli.
Para
S.aureus
, foram utilizados isolados clínicos oriundos
de quadros de mastite bovina, sendo um dos isolados resistente aos antibióticos usuais. O
isolado clínico de
E. coli
, de mesma origem, foi classificado como sensível.
Os isolados bacterianos foram estocados em freezer a -20
0
C e repicados em caldo
enriquecido. Posteriormente foram incubados em estufa a 37 ºC por 24 horas, para ativação de
seu metabolismo. Após o crescimento, foi realizada uma bateria de identificação presuntiva
consistindo na coloração de Gram, realizada após o período de incubação de 24 horas, para
observação das características morfotintoriais, e no teste da catalase, para observação da
86
quebra do peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
), pela enzima catalase (KONEMAN
et. al
, 2001).
Como as amostras haviam sido previamente identificadas, estes procedimentos foram
realizados para garantir que não houve contaminação das amostras.
As amostras bacterianas foram inoculadas em caldo enriquecido, e incubadas em
estufa a 37 ºC por 24 horas antes da realização dos ensaios, para que todas estivessem em fase
exponencial de crescimento durante o experimento. Após o período de incubação, o
crescimento deveria ser equivalente ao tubo 0,5 da escala de MacFarland, correspondendo a
uma concentração de 1,5 x 10
8
UFC/mL, ideal para os ensaios de avaliação de
antimicrobianos, obedecendo às recomendações do órgão responsável pela aceitação de testes
como padrão, o Clinical Laboratory Standards Institute (CLSI).
O extrato metanólico de
Ouratea hexasperma
var.
planchonii
Engl. foi utilizado na
concentração de 500mg/mL. Para realização do ensaio de difusão, 50
µ
L de uma solução do
material-teste na concentração de 500mg/mL foi inoculada em um poço feito no centro da
placa contendo o ágar Mueller Hinton, como postulado pelo CLSI, semeado com 100
µ
L de
caldo de cultura do microorganismo previamente identificado. Na incubação, o extrato se
difunde radialmente em todo o ágar em volta do poço enquanto o microorganismo está
crescendo no ágar. Isto resulta em uma zona de inibição de crescimento ao redor de cada
disco de aplicação (TRUJILLO, 2002).
O dimeltilsulfóxido (DMSO), veículo utilizado nas amostras-testes, foi testado
separadamente para verificação de uma possível atividade antimicrobiana. Após realização
dos ensaios com o veículo, foi comprovada sua inatividade sobre o crescimento bacteriano,
permitindo o prosseguimento dos testes com as diluições do extrato. Foi possível detectar a
formação de halo de inibição nos ensaios frente ao isolado testado de
Escherichia coli
e a um
isolado de
Staphylococcus aureus
que já se mostrara resistente aos antibióticos de eleição. No
entanto, o outro isolado testado de
Staphylococcus aureus
não apresentou halo de inibição
nos ensaios realizados. Avaliações adicionais devem ser feitas para confirmar a atividade
antibacteriana.
5.5.2. Verificação de atividade antifúngica do Extrato Metanólico de Ouratea
hexasperma var. planchonii Engl.
Para a verificação de atividade antifúngica, foram realizados dois experimentos, o
primeiro com o extrato metanólico bruto de
Ouratea hexasperma
var.
planchonii
Engl
.
e o
segundo com a fração clorofórmica do extrato metanólico. A metodologia utilizada para o
primeiro experimento, com o extrato metanólico bruto, foi utilizando o meio Sabouraud
dextrose a 3% acrescido do extrato da planta, em tubos de ensaios. Para o segundo
experimento, utilizando a fração clorofórmica do extrato metanólico, em placas de Petri com
o meio Sabouraud dextrose a 3% e discos de papel, a partir de círculos de pré-filtros
semelhantes aos discos empregados nas provas de antibiograma, embebidos com a fração do
extrato da palnta. A avaliação foi realizada com os seguintes microrganismos:
Candida
albicans
,
Cryptococcus neoformans
,
Malassezia pachydermatis
,
Rhodotorula spp
e
Aspergillus niger
.
Candida albicans
Candida albicans
está freqüentemente relacionada às micoses mais comuns que
acometem os seres humanos, é um habitante normal do trato gastrointestinal e regiões
mucocutâneas, incluindo boca e vagina. Milhares de células da levedura podem estar
presentes em um indivíduo, sem qualquer efeito danoso, entretanto,
C. albicans
é também,
dentre os fungos, o de maior patogenicidade aos humanos (SCHMID, 2003).
87
Cryptococcus neoformans
Cryptococcus neoformans
é um basidiomiceto, que se apresenta na forma tecidual
como levedura encapsulada, corresponde a duas variedades fúngicas, com quatro sorotipos:
var.
neoformans
(sorotipos A e D) e var
gattii
(sorotipos B e C). É fungo que vive em solos
contaminados com fezes de pombos (var.
neoformans)
e junto a eucaliptos (var.
gattii
). A
infecção criptococócica mais freqüentemente ocorre em pacientes imunodeprimidos (var.
neoformans
, fungo oportunista), mas pode ocorrer no hospedeiro normal (var. gattii, patógeno
primário) (KWON-CHUNG et al., 1992).
Malassezia pachydermatis
Malassezia pachydermatis
se apresenta de forma isolada ou em grupo, faz parte da
microbiota da pele e quando ocorrem alterações no microambiente local como aumento da
umidade, da temperatura e do substrato, estimulam o aumento do número de células desta
levedura, fazendo-a passar da forma comensal para o parasitismo. (NOBRE et al., 1998).
Rhodotorula spp
Leveduras do gênero
Rhodotorula
são produtoras de pigmentos carotenóides de
pigmentação amarela ou vermelha, têm sido associados a alterações de cor dos alimentos.
(FRANCO E LANDGRAF, 2004). Embora infecções sérias devido a
Rhodotorula spp
em
humanos são raras, foram informados septicemia, endocarditis, meningites, ventriculitis,
peritonitis, keratitis, endophthalmitis, dacryocystitis, e pneumonia. (RUSTHOVEN et al.,
1984).
Aspergillus niger
Os
aspergillus
tem ampla distribuição geográfica, e encontram-se no solo, ar, plantas e
matérias orgânicas em geral, sendo contaminantes comuns em laboratórios e hospitais
(MINOMI, 2003).
Aspergillus niger
geralmente está associado nos casos de otomicose,
aspergilomas e infecções dos seios nasais. (FISHER, 2001)
Primeiro Experimento
Para o primeiro experimento utilizou-se o meio Sabouraud dextrose a 3%, acrescido
do extrato da planta. A fórmula do Sabouraud, normalmente feita para 100mL foi preparada
para 60mL e os 40mL restantes de H
2
O destilada que completariam o volume foram
esterilizados em autoclave e usados para diluir 3g do extrato. Este após a diluição foi
submetido a exposição a ultra-violeta em capela de segurança biológica nível II. O meio
Sabouraud (60mL) foi esterilizado por autoclavação (120ºC por 20 minutos). Após
esterilização o meio foi resfriado a 50ºC e misturado com o extrato diluído. Desta forma, foi
obtida um meio com concentração de 3% de extrato.
Do frasco com a concentração 3%, foram retirados metade do volume que foi
imediatamente distribuída em tubos de ensaio previamente esterilizados. Estes tubos foram
dispostos de modo que o meio solidificasse no modo “inclinado”. A outra metade do meio
Sabouraud contida em frasco de Erlenmeyer foi acrescida de mais 50mL de Sabouraud puro,
tornando a concentração de 1,5%. O material foi homogeneizado, separando-se 50mL que
foram imediatamente distribuídos em tubos de ensaio que também foram inclinados. Os 50mL
restantes foram acrescidos de 50mL de Sabouraud puro fazendo com que a concentração
ficasse a 0,75%. Este procedimento foi continuado, sempre se separando 50mL de meio para
distribuir em tubos de ensaios adicionando-se 50mL de Sabouraud puro ao restante para
reduzir a concentração à metade. Desta forma obtivemos cerca de 12 tubos de ensaio
contendo meio Sabouraud de cada uma das concentrações do extrato (3%, 1,5%, 0,75%,
0,375%, 0,187% e 0,093%).
88
As suspensões salinas (NaCl em água destilada, 0,9%, estéril) de
Candida albicans
,
Cryptococcus neoformans
(fungos unicelulares) foram padronizadas de acordo com o grau 3
da escala de Mc Farland e suspensão padronizada de
Aspergillus niger
(fungo filamentoso).
Uma alíquota de 100
µ
L de cada uma destas suspensões foi semeada nos tubos com as
concentrações diferentes. Foram empregados quatro tubos de cada concentração para cada
suspensão microbiana. Os tubos correspondentes às leveduras foram incubados em estufa
microbiológica a 37ºC enquanto os tubos correspondentes ao fungo filamentoso foram
incubados em temperatura ambiente. O tempo de observação foi de 5 dias. Todo o
procedimento foi realizado em capela, em ambiente estéril.
Segundo Experimento
O extrato da planta (1g) foi diluído em 25mL de etanol. Foram preparados discos de
papel, a partir de círculos de pré-filtros semelhantes aos discos empregados nas provas de
antibiograma. O diâmetro foi de 1cm.
Cada disco foi embebido várias vezes com 50
µ
l do extrato em etanol. Grupos de 5 a
10 discos foram separados e receberam cargas diferentes de aplicações do extrato.
Considerando que cada alíquota de 50
µ
l corresponde a 2mg do extrato, os discos receberam
desde 4 aplicações (correspondente a 8mg) até 30mg.
Numa segunda etapa, foram preparadas placas de Petri contendo meio Sabouraud
dextrose (3%). As placas em quadruplicata foram semeadas com suspensões salinas
preparadas como no experimento anterior para os seguintes microrganismos:
Candida
albicans
,
Cryptococcus neoformans
,
Malassezia pachydermatis
,
Rhodotorula spp
e
Aspergillus niger
. A suspensão de cada um destes microrganismos foi semeada na superfície
das placas de Petri, utilizando-se um swab estéril para cada uma das amostras, embebido nas
mesmas. Após esta etapa, os discos foram aplicados na superfície, utilizando-se uma pinça
estéril. Todo o procedimento foi realizado em capela de segurança, na proximidade de bico de
Bunsen.
As placas foram incubadas em temperatura de 37ºC (exceção para
Aspergillus niger
)
por cinco dias com observações a partir das primeiras 24 horas.
Para o primeiro experimento, os crescimentos foram evidentes nas primeiras horas.
Observou-se o crescimento de todos os fungos submetidos ao teste em todos os tubos de todas
as concentrações após o tempo de observação de cinco dias.
No segundo experimento ocorreu crescimento em todas as placas e em nenhuma delas
foi observado qualquer halo que demonstrasse efeito inibitório do extrato aplicado nos discos
sobre os microrganismos cultivados. Os resultados obtidos devem ser aprofundados através de
diferentes métodos de avaliação.
5.5.3. Avaliação da Atividade Inseticida contra Musca domestica
Para este experimento utilizou-se a espécie
Musca domestica
(Diptera: Muscidae), que
é uma espécie de grande importância médico sanitária, pois atua como vetor mecânico e/ou
biológico de diversos agentes patogênicos, incluindo parasitos do homem e de animais
domésticos (BERNARDI
et al
., 2006). Estes insetos, por manterem um alto grau de
associação com o ambiente modificado pelo homem, são amplamente relacionados na
literatura como causadores de diversos danos e graves prejuízos, principalmente na pecuária
(GUIMARÃES
et al.
, 1983). Estes dados têm motivado diversos grupos pela busca de novos
métodos aplicáveis ao controle químico como alternativo aos inseticidas sintéticos
comumente utilizados no controle destas pragas.
Os insetos utilizados neste experimento foram oriundos de colônia formada por
moscas coletadas no Campus da UFRRJ, e seu desenvolvimento pré-embrionário ocorreu em
um meio composto por ração concentrada contendo 23% de proteína bruta, farelo de arroz e
89
água, na relação 1:1:2. Os insetos tratados representam o nível de resistência da comunidade a
inseticidas comumente utilizados no controle desta mosca. Os insetos avaliados foram da
geração F1 a espécie
Musca domestica
.
Após o nascimento os testes foram feitos em até 48 horas da emergência dos insetos.
As frações e extratos foram diluídos em 1 ml de Acetona PA. Foram utilizados 20 mg da
fração OSPGMCp-2a e aproximadamente 50mg dos demais extratos e frações. Os insetos
foram retirados das gaiolas e anestesiados com CO
2
para manipulação e separação de machos
e fêmeas, e realização da aplicação de 0,5
µ
l da solução estoque formada de cada amostra. A
aplicação foi feita sobre o tórax com auxílio de uma micro-seringa automática de 25
µ
l. Após
a aplicação os insetos foram transferidos para frascos forrados com papel filtro, fechados com
gaze estéril presa com liga elástica. Cada frasco recebeu 20 insetos, sendo cada amostra
avaliada em 20 machos e 20 fêmeas. Também foram realizados testes controle com a
aplicação somente do solvente. A leitura foi realizada em 24 horas (
tabela 8,
pág. 90) e 48
horas (
tabela 9,
pág. 90), e nestas são contados os insetos mortos. Durante as avaliações os
insetos foram alimentados com solução de glicose a 20% através de algodão embebido sobre
a gaze.
Considerando os resultados apresentados, observa-se que o extrato metanólico bruto
(
OspGM
) e frações do extrato,
OSPGMCp
e
OSPGMM
apresentaram pouca atividade
inseticida frente a
Musca domestica
. As frações
OSPGMCp2a
e
OSPGMC
apresentaram
maior atividade inseticida. Estas frações são ricas em flavonóides, no qual foram isoladas a
7”-O-metilagatisflavona e agatisflavona. Essas observações foram feitas em 24h (
tabela 8
) e
48h (
tabela 9
). De acordo com a maior atividade inseticida presente nas frações ricas em
flavonóides, sugerimos que estas sejam as substâncias responsáveis por esta atividade.
90
Tabela 8 Mortalidade (%) de amostras vegetais sobre Musca domestica após 24 horas da
aplicação.
Mortalidade Substância
+
OSPGD 0% 0% 0%
OSPGDH 0% 0% 0%
OSPGDC 0% 0% 0%
OSPGDM 0% 0% 0%
OSPGM 0% 10% 5%
OSPGMC
0% 20% 10%
OSPGMCp 10% 0% 5%
OSPGMCp2a 10% 20% 15%
OSPGMM 0% 0% 0%
OSPGMMp 10% 0% 5%
CONTROLE 0% 0% 0%
Tabela 9 Mortalidade (%) de amostras vegetais sobre Musca domestica após 48 horas da
aplicação.
Mortalidade Substância
+
OSPGD 10% 10% 10%
OSPGDH 10% 20% 15%
OSPGDC 0% 10% 5%
OSPGDM 0% 0% 0%
OSPGM 10% 10% 10%
OSPGMC
10% 20% 15%
OSPGMCp 10% 0% 5%
OSPGMCp2a 20% 30% 25%
OSPGMM 0% 10% 5%
OSPGMMp 10% 0% 5%
CONTROLE 0% 0% 0%
a) Peso médio de machos e fêmeas de M. domestica: 0,0105 e 0,0158 gramas.
b) OSPGD = Ouratea sp galhos dicloro; OSPGDH = Ouratea sp galhos dicloro hexano;
OSPGDC=Ouratea sp galhos dicloro clorofórmio; OSPGDM = Ouratea sp galhos dicloro metanol;
OSPGM = Ouratea sp galhos metanol; OSPGMC = Ouratea sp galhos metanol clorofórmio;
OSPGMCp = Ouratea sp galhos metanol clorofórmio precipitado; OSPGMCp2a = Ouratea sp galhos
metanol clorofórmio precipitado fração 2 a; OSPGMM = Ouratea sp galhos metanol metanol;
OSPGMMp = Ouratea sp galhos metanol metanol precipitado.
5.5.4. Avaliação da toxidez do extrato metanólico em Mus musculus.
Foram utilizados camundongos (
Mus musculus)
albinos
swiss
machos e fêmeas
pesando entre 30 e 35 g fornecidos pelo Biotério do Departamento de Ciências Fisiológicas
(IB) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Os animais foram mantidos em
condições controladas de temperatura (23 ± 2
o
C) e iluminação (ciclo claro/escuro de 12 horas)
com livre acesso à água e ração.
Determinação da Dose Letal Aproximada (DLA)
Neste ensaio foi utilizado apenas um animal tratado com o extrato a cada dose
conforme proposto por Kennedy et al em 1986. O extrato metanólico de
O. hexasperma
var.
planchonii
Engl. foi solubilizado em solução salina 0,9 % acrescido de 1% de Tween 80 e
administrado nos camundongos pelas vias oral ou subcutânea. O teste se iniciou com uma
91
dose bastante baixa (10 mg/kg) e a próxima dose foi adicionada de 50% do valor da anterior e
assim sucessivamente (o que na prática corresponde a uma chance muita remota de que uma
determinada dose mate um animal e sua subseqüente falhe em fazê-lo), até que a menor dose
na seqüência considerada, induzisse a morte do animal. Os animais foram observados nos
tempos de 15 min, 30 min, 60 min, 24 h e 1 semana após a administração do extrato.
A administração do extrato tanto pelas vias oral quanto subcutânea não gerou sinais de
toxicidade aguda nos camundongos. Doses de até 5g/kg não ocasionaram a morte dos animais
em até uma semana após a administração em dose única do extrato, demonstrando a baixa
toxicidade aguda do extrato.
O extrato apresenta baixa toxicidade quando administrado em dose única. Estudos
com doses repetidas, subcrônicos e crônicos são necessários para complementar a avaliação
toxicológica em função do potencial antitumoral da planta e conseqüente necessidade de uso
crônico. Estudos para avaliar a toxicidade
in vivo
da fração enriquecida com biflavonóides
também são necessários em função dos relatos de toxicidade destas substâncias.
92
CONCLUSÕES
A prospecção química do extrato metanólico de
Ouratea hexasperma
var.
planchonii
Engl.
revelou testes positivos para as classes de substâncias: alcalóides, saponinas, esteróides,
depsídio e depsidonas, flavonóides, catequinas, quinonas, açúcares redutores, sacarídeos e
taninos.
Com os extratos obtidos dos galhos de
Ouratea hexasperma
var
. planchonii
Engl
.
foi
realizado o fracionamento, a partir dessas frações foram isolados compostos alifáticos, ácidos
alifáticos, esteróides (sitoesterol, estigmasterol e campesterol), terpenos (lupeol e
α
-amirina e
β
-amirina) e biflavonas (7”-O-metilagatisflavona e agatisflavona) e sitoesterol glicosilado.
Através de análise utilizando CLAE-EM permitiu-se detectar a presença de outros
compostos presentes no extrato, como metil-vitexina, orientina, ramnosil-triidroxiflavona,
agatisflavona, metil-agatisflavona, dimetil-agatisflavona, metil-diidroxiflavon, e
glicopiranosil-prenil-diidroxi-flavonol, embora necessitem de confirmação.
Através dos resultados obtidos neste trabalho e levantamento de dados da literatura
sobre as substãncias encontradas no gênero Ouratea, foi possível concluir que o biflavonóide
7”-O-metilagatisflavona serve como um marcador quimiossistemático do Gênero Ouratea e
que as variedades de
O. hexasperma
(St. Hil.) Bail e
O. hexasperma
var.
planchonii
Engl. tem
poucas diferenças morfológicas e quimicamente podem ser incluídas como uma única
espécie.
Os testes de atividades biológicas realizados foram os de atividade antibacteriana,
antifúngica, inseticida e de toxicidade utilizando os extratos e frações de
Ouratea hexasperma
var.
planchonii
Engl
.
Com os ensaios de atividade antimicrobiana, o extrato metanólico inibiu
o crescimento de
Escherichia coli
e
Staphylococcus aureus
. Este extrato e a fração
clorofórmica do extrato metanólico foi inativo para os fungos avaliados. Com os ensaios de
atividade contra
Musca doméstica
, os extratos e frações não apresentaram atividade
significativa, as frações que apresentaram maior atividade foi a fração que contém a mistura
dos biflavonóides 7”-O-metilagatisflavona e agatisflavona e as frações metanólicas que
também contém essas substâncias. Ensaios adicionais deverão ser realizados afim de
confirmar esses resultados.
Com os ensaios de toxicidade, o extrato apresentou baixa toxicidade quando
administrado em dose única. Estudos para avaliar a toxicidade
in vivo
da fração enriquecida
com biflavonóides também são necessários em função dos relatos de toxicidade destas
substâncias.
93
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