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Capítulo 1
Em 2007, tivemos a oportunidade de conversar com Humberto Me-
deiros, um fotógrafo uminense, que, entre outros, foi um dos responsáveis
pelas belas fotos que ilustram a coleção de livros da gastronomia regional
produzida pela editora SENAC. Coleção com belos títulos, tais como: Pan-
tanal, sintonia de sabores e cores; Sabores e cores de Minas Gerais; Dos co-
mes e bebes do Espírito Santo; A doçaria tradicional de Pelotas. Nessa nossa
conversa, que durou bons momentos, cou ainda mais claro para nós que a
tarefa de fotografar exige não somente habilidade técnica, conhecimento
dos equipamentos, como também, e muito importante, um repertório cul-
tural, uma sensibilidade e gozo por aquilo que se faz. É se nutrir, numa busca
constante e incessante, de inuências e referências culturais. Vejamos um
trecho de seu depoimento:
É. Qualquer pessoa ligada à uma área cultural, tem conhecimento
de ler, de buscar inuências, de buscar referências visuais, né? En-
tão isso acontece com fotograa, todo mundo é assim, né? A gen-
te, a gente quando passa a gostar do assunto, passa a ver, a gente
passa ver o que é que as pessoas fazem para descobrir soluções,
e isso não é só de fotograa,... É, como é que vem acontecendo
com a história do visual no mundo, não é? Então a gente é meio
inserido nessa coisa, nessa... então todas essas referências, de cor,
do que interessa disso, do que funciona melhor assim, são coisas
que são da história da cultura, são, história da arte. Já esse aí é um
assunto que já foi discutido e pensado há milênios...
Medeiros evidencia também, em sua fala, que o fotógrafo é um
praticante de uma arte que não é apenas a arte fotográca, mas uma arte
visual, uma estética que aí existe e está pronta para ser trabalhada que
“está aí pra gente pegar. Nós somos leitores dessa coisa”. E leitores “dessa
coisa” é sinônimo de ver a fotograa como uma forma de expressão orga-
nizada em linguagem, em elementos de linguagem cujo domínio possibili-
ta a escolha de determinadas soluções que melhor expressam aquilo que
se queira passar como mensagem. Uma forma de linguagem, explicada
por Medeiros, é a composição. Ressalta, ainda, que as cores formam uma
composição, uma linguagem. De fato, a cor, que não tem uma existência