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Ricardo de Carvalho Turati
APLICAÇÃO DO LEAN OFFICE NO SETOR
ADMINISTRATIVO PÚBLICO
Dissertação apresentada à Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade
de São Paulo, como parte dos requisitos para
a obtenção do Título de Mestre em
Engenharia de Produção.
Orientador: Prof. Dr. Marcel Andreotti Musetti
São Carlos
2007
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ii
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,
POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E
PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Tratamento
da Informação do Serviço de Biblioteca – EESC/USP
Turati, Ricardo de Carvalho
T929a Aplicação do lean office no setor administrativo
público / Ricardo de Carvalho Turati ; orientador Marcel
Andreotti Musetti. –- São Carlos, 2007.
Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-
Graduação e
Área de Concentração em Engenharia de Produção --
Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo.
1. Administração pública. 2. Prefeitura. 3. Lean office
.
I. Título.
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iii
i
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meus pais,
Oswaldo e Cecília Roseli, pelo exemplo
de superação na vida e pela
extraordinária capacidade de vencer.
ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Prof. Marcel, pela orientação, pela amizade, pela disposição e pelo
entusiasmo durante o desenvolvimento desta pesquisa.
Agradeço ainda ao Prof. Marcel e ao Prof Carpinetti, por darem crédito as minhas idéias
científicas.
Agradeço aos Profs. Dário Henrique Alliprandini e Edmundo Escrivão Filho, pelas
contribuições apresentadas no exame de qualificação, das quais foram integralmente
incorporadas.
Meus agradecimentos são também estendidos aos funcionários da Secretaria Municipal
da Fazenda, do Município de São Carlos - SP, em especial ao Nilson, a Regina, a Maria
Helena, ao rcio, ao Alexandre, ao Lino e a todos que contribuíram com valiosas
informações sobre o funcionamento da organização estudada.
Agradeço a mara Municipal de São Carlos, que, por força da Lei Municipal de
13.323 de 11 de Maio de 2004, permitiu que eu pudesse desenvolver atividades
educacionais, e portanto cursar a pós-graduação - mestrado. Coincidentemente a lei foi
publicada no dia de meu aniversário, mostrando ser mais um presente de Deus em
minha vida.
Agradeço a Prefeitura Municipal de São Carlos, em especial ao Secretário Municipal da
Fazenda Gilberto Perre, pela permissão concedida para cursar o programa de pós-
graduação, como também em permitir explorar e estudar as características
organizacionais da Secretaria Municipal da Fazenda.
Agradeço a minha noiva Karina, pelo carinho, estímulo ao estudo e pelo
companheirismo durante essa jornada.
Por fim, agradeço a meus amigos da pós-graduação da Engenharia de Produção da
EESC/USP, que colaboraram para que eu não desistisse nem desanimasse na condução
do projeto de mestrado.
iii
RESUMO
TURATI, R. C. (2007). Aplicação do Lean Office no Setor Administrativo Público.
Dissertação (Mestrado) Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São
Paulo, São Carlos, 2007.
Este trabalho tem como objetivo aplicar conceitos do Lean Office em procedimentos
administrativos do setor público. Essa proposta tem como base à aplicação de conceitos
que foram criados para serem utilizados na manufatura, como a Produção Enxuta ou o
Lean Manufacturing. Realizou-se um levantamento bibliográfico sobre administração
púbica, dado o contexto da pesquisa, e após sobre os conceitos da Produção Enxuta, que
foi desdobrado nos conceitos do Escritório Enxuto, conceito esse conhecido também
como Lean Office. O método da pesquisa utilizado foi à pesquisa-ação, cujo
desenvolvimento deu-se na Secretaria Municipal da Fazenda da Prefeitura Municipal de
São Carlos, Estado de São Paulo. Coletou-se dados, com o objetivo de elaborar o
mapeamento dos procedimentos e compor os elementos necessários sobre o seu
funcionamento. Nesta etapa foram utilizados a observação direta, reuniões com um
grupo de funcionários e analise dos documentos existentes. Ao final, obteve-se,
primeiro, uma contribuição teórica, pois os conceitos do Lean Office foram aplicados
em uma organização pública, ambiente este que difere do ambiente onde rotineiramente
os conceitos Lean o aplicados (manufatura), e segundo, os procedimentos
administrativos do setor blico propostos apresentaram melhorias em sua estrutura e
desempenho. Parte das propostas sugeridas foram implantadas, como foi o caso do
procedimento de atendimento fiscal a população, onde as etapas foram reduzidas de 5
para 1 e a agregação de valor no procedimento aumentou de 4,5 % para 33,3%. Esses
resultados foram derivados da redução de etapas de trabalho desnecessárias, da redução
de tempos de processamento e eliminação de atividades que não agregavam valor.
Dessa forma, concluiu-se que é possível aplicar os conceitos do Lean Office no setor
administrativo público estudado, considerando em sua aplicação as adaptações
pertinentes à organização.
Palavras-chave: administração pública; prefeitura; Lean Office.
iv
ABSTRACT
TURATI, R. C. (2007). The Application of Lean Office Concepts to Public
Administration Sectors. Master’s Dissertation The Sao Carlos School of Engineering,
University of Sao Paulo, Sao Carlos, 2007.
This study apply Lean Office concepts in administrative procedures within the Public
Sector. The concept of Lean Manufacturing, originally devised for production
management, served as a basis for the analysis. A bibliographical survey on public
administration was initially conducted, followed by a survey on Lean Manufacturing
and its derivative concept of Lean Office. The Action Research method was adopted,
and the work was developed at the City Secretary of Finance, in the city of Sao Carlos,
Brazil. At the initial stages, the research focused on gathering data to allow for a
comprehensive mapping of functions and procedures within the department. This phase
included direct observation, meetings with the staff and the analysis of existing
documentation. The work developed into both theoretical and practical contributions, as
the Lean management concepts were progressively adapted to the reality of the public
administration environment, which differs significantly from the production
environments to which these concepts were originally directed. Modifications suggested
by the study were implemented, leading to relevant improvements in the structure and
performance of administrative procedures. The customer service on fiscal matters, for
instance, showed a 5 to 1 reduction on service steps and an increase from 4.5% to
33.3% in added value. Such improvements resulted from the cutback in unnecessary
tasks, the reduction of processing times and the elimination of activities that did not add
value to the services. The results revealed that the Lean Office concepts can be a valid
approach in the administrative optimization of the Public Sector organization studied,
provided that the proper adaptations are taken into account.
Key Words: Public Administration, City Hall, Lean Office.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Exemplos de ícones utilizados no MFV em escritórios 35
FIGURA 2 Mapa do fluxo de valor para processos administrativos 37
FIGURA 3 Organograma da Secretaria Municipal da Fazenda 49
FIGURA 4 Atendimento Fiscal ao Cidadão – Mapa Atual 63
FIGURA 5 Atendimento Fiscal ao Cidadão – Mapa Futuro 64
FIGURA 6 Certidão para Licitação – Mapa Atual 68
FIGURA 7 Certidão para Licitação – Mapa Futuro
69
FIGURA 8 Alvará de Eventos –Mapa Atual 73
FIGURA 9 Alvará de Eventos – Mapa Futuro 74
FIGURA 10
Restituição de Importância – Mapa Atual 77
FIGURA 11
Restituição de Importância – Mapa Futuro 78
FIGURA 12
Isenção de IPTU – Mapa Atual 82
FIGURA 13
Isenção de IPTU – Mapa Futuro 83
FIGURA 14
Comparativo entre as TAV nos mapas de procedimentos 88
FIGURA 15
Atendimento Fiscal ao Cidadão – mapa futuro-real após
implementações das melhorias
92
FIGURA 16
Vínculos propostos entre a EGP e o LO 95
vi
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 Característica dos dois modelos de administração pública 12
QUADRO 2 Comparativo do modelo de administração privada e do modelo de
administração pública
17
QUADRO 3 Comparativo entre manufatura e escritório sobre valor 29
QUADRO 4 Relação de atividades que agregam valor em escritório e
Manufatura
29
QUADRO 5 Associação dos 12 passos propostos por Thiollent com o trabalho 54
QUADRO 6 Matriz de grupos de procedimentos da Secretaria Municipal da
Fazenda
56
QUADRO 7 Tempos de processamento dos procedimentos administrativos 88
QUADRO 8 Redução nos lead times dos procedimentos administrativos 89
QUADRO 9 Relacionamentos entre a EGP e o LO 94
vii
LISTA DE FOTOGRAFIAS
FOTOGRAFIA 1
Pedidos aguardando para serem processados pela SMF
50
viii
LISTA DE SIGLAS
ABS Alcoa Business System
DA Departamento de Arrecadação
DF Departamento de Finanças
DPA Divisão de Protocolo e Arquivo
DR Divisão de Receita
EGP Excelência em Gestão Pública
FIFO First In First Out
GC Grupo de Consulta
IPTU Imposto sobre a Propriedade Territorial e Urbana
ISS Imposto sobre Serviços
LO Lean Office
MFV Mapeamento do Fluxo de Valor
PE Produção Enxuta
PQSP Programa de Qualidade no Serviço Público
SIEM Sistema Integrado de Expedientes Municipais
SIM Serviços Integrados do Município
SMF Secretaria Municipal da Fazenda
SMHDU Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano
TAV Taxa de Agregação de Valor
TCT Total Cicle Time
TLT Total Lead Time
VSM Value Stream Mapping
ix
SUMÁRIO
RESUMO ..............................................................................................................
iii
LISTA DE FIGURAS...........................................................................................
v
LISTA DE QUADROS ........................................................................................
vi
LISTA DE FOTOGRAFIAS...............................................................................
vii
LISTA DE SIGLAS.............................................................................................
viii
1 INTRODUÇÃO....................................................................................
1
1.1 Caracterização do Tema da Pesquisa.....................................................
1
1.2 Formulação do Problema................................................... ...................
3
1.2.1 Caracterização do Setor Administrativo Público...................................
4
1.2.2 Questão da Pesquisa...............................................................................
4
1.3 Declaração dos Objetivos da Pesquisa...................................................
5
1.4 Relevância da Pesquisa..........................................................................
5
1.5 Estrutura do Trabalho.............................................................................
6
2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA..........................................................
8
2.1 Princípios sicos..................................................................................
8
2.2 Modelos Básicos de Administração Pública .........................................
9
2.2.1 Administração Pública Patrimonialista..................................................
10
2.2.2 Administração Pública Burocrática.......................................................
10
2.2.3 Administração Pública Gerencial..........................................................
10
2.3 Desafios no Setor Público......................................................................
13
2.4 A Administração Pública no Brasil........................................................
14
2.5 As Dificuldades para Obter Qualidade nos Serviços Públicos..............
16
2.6 A Burocracia e a Gestão de Excelência.................................................
18
2.7 Fundamentos da Excelência em Gestão Pública....................................
19
2.8 O Brasil no Caminho da Excelência na Gestão Pública........................
23
3 LEAN OFFICE....................................................................................
25
3.1 A Produção Enxuta................................................................................
25
3.2 O Escritório Enxuto .............................................................................
28
3.3 Gestão do Fluxo de Valor para o Escritório Enxuto..............................
30
3.4 Passos Rumo ao Escritório Enxuto........................................................
31
3.5 Mapeamento do Fluxo de Valor – Value Stream Mapping...................
33
3.5.1 Mapeamento do Fluxo de Valor no Escritório Enxuto..........................
35
3.5.2 Alguns Exemplos de Aplicação do Lean Office....................................
36
x
3.5.3 Alguns Conceitos e Ferramentas Utilizadas no Ambiente
Administrativo.......................................................................................
38
3.6 Novas Fronteiras para o Lean Office......................................................
42
4 MÉTODO DA PESQUISA..................................................................
46
4.1 Introdução ao Método da Pesquisa........................................................
46
4.2 Caracterização da Pesquisa....................................................................
46
4.3 Ambiente de Aplicação da Pesquisa......................................................
49
4.4 Desenvolvimento da Pesquisa-Ação......................................................
51
4.4.1 Coleta de Informações...........................................................................
57
4.4.2 Tratamento das Informações e Construção dos Mapas..........................
58
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................
60
5.1 Mapa dos Procedimentos Administrativos Públicos..............................
60
5.1.1 Procedimento: Atendimento Fiscal ao Cidadão.....................................
61
5.1.2 Procedimento: Certidão para Licitação..................................................
66
5.1.3 Procedimento: Alvará de Eventos..........................................................
70
5.1.4 Procedimento: Restituição de Importância............................................
75
5.1.5 Procedimento: Isenção de IPTU para Aposentados...............................
79
5.2 Análise dos Resultados..........................................................................
84
5.2.1 Quanto ao Ambiente de Aplicação – Organização Pública...................
85
5.2.2 Quanto as Pessoas..................................................................................
86
5.2.3 Quanto a Legislação e Viabilidade........................................................
87
5.2.4 Quanto a Agregação de Valor e os Lead Times Obtidos nos Mapas de
Estado Futuro ........................................................................................
87
5.2.5 Quanto ao Procedimento Implantado - Atendimento Fiscal ao
Cidadão..................................................................................................
90
5.3 Excelência em Gestão Pública (EGP) e o Lean Office (LO).................
92
5.3.1 Vínculos entre a Excelência na Gestão Pública e o Lean Office...........
93
5.4 Limitações e Dificuldades Encontradas na Pesquisa.............................
96
5.4.1 Limitação Conceitual.............................................................................
96
5.4.2 Limitação Quanto ao Treinamento dos Funcionários ...........................
98
5.4.3 Dificuldades Quanto ao Levantamento de Dados..................................
98
6 CONCLUSÕES DA PESQUISA .......................................................
100
6.1 Conclusões.............................................................................................
100
6.2 Sugestões para Trabalhos Futuros..........................................................
102
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................
103
1
1 INTRODUÇÃO
Este capítulo apresenta o tema da pesquisa e faz a caracterização do setor
administrativo público, alvo do desenvolvimento desta pesquisa. São ainda
apresentados: a questão da pesquisa e o seu objetivo. Destaca também os conceitos que
serão utilizados no seu desenvolvimento, como Lean Office, e por fim, descreve quais
são as justificativas que levaram ao desenvolvimento deste trabalho.
1.1 Caracterização do Tema de Pesquisa
Com o crescimento das economias mundiais, a competitividade tem obrigado as
organizações a desenvolverem um intenso processo de aprimoramento de produtos e
serviços. No Brasil, o setor público que por muito tempo não sofria com essa influência,
passa a sentir profundamente essas mudanças, tanto econômicas, como sociais. A maior
participação da população no Estado por meios democráticos, aumentou a possibilidade
de cobrança nos setores públicos por serviços que atendessem à população de maneira
mais satisfatória (BRESSER PEREIRA, 1997).
Muitos setores públicos, especialmente aqueles que tratam diretamente com o
atendimento ao público, tem evidenciado esforços na direção de melhor atender aos
seus clientes (PACHECO, 2001). A abordagem da administração pública gerencial, que
se preocupa com a aplicação de boas práticas administrativas, orientadas principalmente
ao atendimento das necessidades dos seus clientes, se destaca hoje como uma direção a
ser seguida pelos órgãos públicos (LIMA, 2005). A gerência da coisa pública, orientada
pela gestão de excelência, indica quais devem ser os objetivos dos setores públicos
brasileiros (BRASIL, 2004).
As palavras “cliente”, usuário”, cidadão” e suas combinações o
correntemente utilizadas na atividade de análise e estudo da administração pública para
2
designar aquele que solicita serviços públicos.s Não existe um consenso dentro da
administração pública sobre qual o termo mais adequado para ser utilizado. Assim,
neste trabalho, foi adotada a visão do cidadão, como usuário dos serviços públicos, de
modo que estes serviços devem ser de qualidade, já que uma das funções do Estado é
servir o cidadão (BRASIL, 2004); (BRESSER PEREIRA, 1997); (LIMA, 2005);
(NASSUNO, 2000); (RUTKOWSKI, 1998).
As práticas gerenciais desenvolvidas para a manufatura têm apresentado
substancial avanço. Se esses avanços fossem aplicados nos setores administrativos
públicos, e considerando as adequações necessárias, estes poderiam apresentar bons
resultados do ponto de vista da eficiência e economia.
Neste sentido, o Governo Federal do Brasil por intermédio do Ministério do
Planejamento possui o Programa de Qualidade no Serviço Púbico (PQSP). Este
programa incentivou a elaboração de vários trabalhos acadêmicos, muitos deles já
concluídos e outros em desenvolvimento. Este já é um indicativo da aplicação de
conceitos desenvolvidos para a manufatura no setor público. Indica também uma
iniciativa do Estado para responder às necessidades de serviços de melhor qualidade
para a população (BRASIL, 2006).
A estrutura administrativa do setor público é fortemente funcional, pois todas as
solicitações e pedidos devem, obrigatoriamente, passar por diversas áreas de um
departamento, cabendo ao funcionário o exercício do controle (PACHECO, 2001).
Assim, conceitos como o da Produção Enxuta (PE), podem trazer benefícios aos setores
administrativos públicos. Os ganhos potenciais na qualidade e a redução nos custos
tornam-se possíveis. Esses dois aspectos são os alvos principais desejados pela
administração pública no Brasil (BRASIL, 1995).
Os setores públicos, como por exemplo, os departamentos municipais, onde o
contato é face a face com a população, a pressão e as exigências por eficiência se
tornam ainda mais enfáticas. O cidadão não deseja ficar horas na fila aguardando a
liberação de documentos ou a emissão de uma certidão, ele deseja ser atendido com
presteza, rapidez e confiabilidade (OSBORNE e GAEBLER, 1994).
3
Para o atender a demanda de serviços imposta pela população, os procedimentos
internos de um departamento público necessitam processar diversas informações para
que seja possível atender o pedido do cidadão. De posse dessas informações, o pessoal
do atendimento entrega o pedido pronto. É neste contexto que o presente trabalho está
inserido, pois estuda os procedimentos e as atividades de um ambiente administrativo
público, ambiente este responsável pelo processamento dos pedidos que são colocados
pelo cidadão.
1.2 Formulação do Problema
A formulação do problema desta pesquisa esta focada na aplicação dos conceitos
do Lean Office (LO) em um ambiente diferente de sua aplicação usual, na expectativa
de obter bons resultados. A aplicação ocorreu em um ambiente administrativo de uma
organização pública. A aplicação nesta área é recente, principalmente se tratando do
setor público. O ambiente mais comumente utilizado para a aplicação dos conceitos
Lean é a manufatura, no qual se observam os maiores índices de agregação de valor
(HINES, et al, 2000) . O ambiente administrativo público serviu como base para a
aplicação da pesquisa. Dessa forma, o foco deste trabalho baseia-se na investigação e na
discussão sobre a possibilidade de aplicação de tais conceitos, apresentando, ainda, o
mapeamento dos procedimentos e as forças e limitações observadas na análise realizada.
Por fim, apresenta as propostas de melhorias obtidas desta aplicação.
Para iniciar a aplicação dos conceitos foi necessário estudar o ambiente de forma
mais precisa e detalhada. Realizou-se um diagnostico da situação atual, com o objetivo
de coletar as informações necessárias sobre o funcionamento dos procedimentos. Os
problemas encontrados na estrutura dos procedimentos mostraram diversos tipos de
desperdícios, como por exemplo demoras excessivas na tramitação de documentos e
informações. Os desperdícios observados nos procedimentos contribuíram para a
formulação do problema e ajudaram a definir qual deveria ser o enfoque da pesquisa.
4
1.2.1 Caracterização do Setor Administrativo Público
O setor administrativo público é dividido em áreas funcionais. Estas estruturas
geram barreiras departamentais. Devido a essas barreiras, o que ocorre são as chamadas
divisões, setores ou departamentos dentro da organização pública, sendo que, cada uma
dessas áreas possui sua maneira de trabalhar, seu ritmo, seus controles formais e
informais e a abordagem que o chefe confere a seu setor. Essa realidade ocorre no setor
administrativo público estudado neste trabalho, pois em seus procedimentos não um
balanceamento dos pedidos realizados. Em determinadas seções, alguns funcionários
ficam sobrecarregados de trabalho, enquanto outros permanecem ociosos por alguns
momentos. Muitas das etapas de tramitação dos pedidos são desnecessárias e outras
poderiam ser realizadas por um mesmo funcionário. Essa postura ocasiona demora na
entrega, imprecisão nas informações e transtornos tanto para funcionários, como para os
cidadãos, devido à excessiva tramitação de pedidos de um setor para outro.
Essa realidade indica a possibilidade de utilização de conceitos que possam
auxiliar na melhoria do desempenho dos trabalhos, como também disponibilizar ao
cidadão mais qualidade nos serviços prestados. Mediante o exposto, identificou-se que
Lean Office apresenta-se como uma ferramenta interessante para geração de melhorias
nos procedimentos. A partir de seu uso em um ambiente administrativo público é
possível identificar situações de desperdícios, como a descrita acima. A situação
apresentada pode ser classificada como uma forma de desperdício, e pode ser
conceitualmente classificada como espera, transporte excessivo, processo inadequado,
dentre outras.
É importante destacar que os conceitos do Lean Office são compostos de
princípios e práticas gerenciais. Eles serão discutidos com mais detalhes no capítulo 3.
1.2.2 Questão da Pesquisa
Segundo Gil (1991), a experiência acumulada dos pesquisadores possibilita o
desenvolvimento de critérios para a formulação de problemas científicos: a) o problema
deve ser formulado como pergunta; b) o problema deve ser claro e preciso; c) o
problema deve ser empírico; d) o problema deve ser suscetível de solução; e e) o
5
problema deve ser delimitado a uma visão viável. Seguindo os critérios apresentados é
possível formular a seguinte questão de pesquisa: A aplicação dos conceitos do Lean
Office em um setor administrativo público gera desempenho superior, baseado nas
métricas lean?
1.3 Declaração dos Objetivos da Pesquisa
Essa pesquisa tem como principal objetivo aplicar os conceitos do Lean Office
em procedimentos administrativos da Secretaria Municipal da Fazenda da
Prefeitura de São Carlos – SP.
1.4 Relevância da Pesquisa
A necessidade de atualização e modernização dos procedimentos em setores
públicos, principalmente aqueles que lidam diretamente com pessoas, faz-se necessário,
tendo-se como foco que as pessoas tornam-se cada dia mais exigente por produtos e
serviços de qualidade. Este exigente público também quer dos setores blicos,
qualidade nos serviços que lheo prestados (BRASIL, 1995).
Para Yasin et al (2001), a aplicação dos conceitos just in time no setor público
podem trazer incremento na eficiência operacional. Para o autor, é preciso que o setor
público queira melhorar seus processos da mesma forma como ocorre na manufatura.
Para isso é necessário reestruturar processos e fornecer treinamento aos funcionários. O
autor descreve também que muitos dos conceitos desenvolvidos para a manufatura
podem ser aplicados no setor publico.
Nos trabalhos sobre as aplicações do Lean em setores públicos os autores fazem
aproximações e correlações entre as áreas (RUTKOWSKI, 1998); (SÜFFER, 2004);
(BARZELAY, 1992); (ABRUCIO, 1997). Este trabalho defende a idéia de que, da
mesma forma que se obtém bons resultados na manufatura com o uso das práticas Lean,
bons resultados podem também ser obtidos em setores administrativos públicos. Essa
idéia contempla também a investigação de vínculos que possam existir entre a área
pública e o Lean Office.
6
A aplicação do Lean Office em setores administrativos públicos pode contribuir
significativamente na melhoria a qualidade dos serviços públicos. Mais especificamente
os conceitos e as técnicas do Lean Office apresentados por Tapping e Shuker (2003),
partem do princípio que toda atividade administrativa pode se tornar enxuta. Desse
modo, a aplicação desta cnica no ambiente administrativo público torna-se relevante,
pois ela fornece ferramentas e indica que bons resultados podem ser obtidos.
A aplicação dos conceitos do Lean Office no setor administrativo público
colabora para um maior entendimento sobre como e onde eles podem ser utilizados.
Colabora também para um aprimoramento no uso das ferramentas e dos conceitos, pois
a literatura indica que eles podem ser utilizados em diversas organizações.
A relevância prática está diretamente relacionada ao ambiente estudado, e pode
ser traduzida no fornecimento ao cidadão de mais eficiência nos serviços que lhe são
prestados. Ao mesmo tempo, a pesquisa proporciona uma contribuição aos funcionários
da Secretaria Municipal da Fazenda (SMF), pois eles passarão a ter de forma mais clara
e simplificada o funcionamento dos procedimentos do qual fazem parte, adquirindo
também mais conhecimento sobre os procedimentos estudados.
1.5 Estrutura do Trabalho
O capítulo 1 ora apresentado , faz a caracterização do tema e coloca a
formulação do problema da pesquisa, bem como a questão e os objetivos almejados
neste trabalho. Por fim descreve a relevância deste estudo. O capítulo 2 apresenta um
breve histórico da administração pública e da administração pública no Brasil. São
também apresentados quais são as principais abordagens para a administração pública e
os conceitos da excelência em gestão pública. O capítulo 3 apresenta os conceitos da
Produção Enxuta, seus principais aspectos e considerações. São destacados os conceitos
do Escritório Enxuto e como uma organização pode eliminar os desperdícios no
ambiente administrativo. O capítulo 4 descreve o desenvolvimento da pesquisa-ação, no
qual está demonstrado como a pesquisa foi conduzida e estruturada. É apresentada a
caracterização da pesquisa, a condução (12 passos), e a coleta e tratamento dos dados
obtidos. O capítulo 5 reúne os resultados e as discussões sobre o trabalho, apresentando
7
os mapas de estado atual e futuros propostos, bem como descreve as contribuições dos
conceitos aplicados no setor público. Apresenta também as limitações e dificuldades
encontradas no desenvolvimento do trabalho, ilustrando uma proposta de vínculos entre
os princípios do Lean Office e a Excelência na Gestão Pública. O capítulo 6 apresenta as
conclusões finais do trabalho e finaliza com a descrição das referências bibliográficas
utilizadas na elaboração da pesquisa.
8
2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Este capítulo apresenta uma revisão bibliográfica sobre administração pública,
apresentando os seus princípios básicos. Apresenta também uma sumarizada evolução
das abordagens na administração pública, desde a patrimonialista até a mais difundida, a
administração pública gerencial. Neste contexto, são discutidos e apresentados a
administração pública no Brasil, sua evolução histórica, os questionamentos atuais e
quais as suas tendências. Finalmente é apresentada uma proposta de excelência na
gestão pública e quais são os direcionamentos que ela propõe.
2.1 Princípios Básicos
A administração pública é regida por cinco princípios básicos que devem estar
presentes no trabalho cotidiano de qualquer funcionário público. Esses princípios devem
nortear todas as atividades públicas, principalmente nas quais a questão financeira é
marcante. A seguir, apresentam-se os cinco princípios básicos da administração pública
(BRASIL, 1988):
a) Legalidade
O administrador público e toda a sua atividade funcional devem estar sujeitos
aos ditames da lei e às exigências do bem comum. Na administração pública não
liberdade nem vontade pessoal. Somente é permitido fazer aquilo que a lei autoriza.
b) Moralidade
A questão da moralidade administrativa está voltada para o conceito do
administrador honesto. Aquele que, usando da sua competência legal, determina sua
conduta pelas leis e pela moral comum.
9
c) Impessoalidade
Todas as práticas administrativas devem seguir o princípio da finalidade.
Nenhum funcionário pode desviar-se da finalidade de seu trabalho ou de praticá-lo em
benefício próprio ou de terceiros. O interesse público deve sempre estar acima de
qualquer vontade particular.
d) Publicidade
Toda a lei e ato administrativo devem ser seguidos de publicidade,
principalmente para ter sua validade legal e também reforçar a moralidade dos fatos. Em
princípio, todo ato administrativo deve ser publicado, pois pública é a administração.
e) Eficiência
É um dos mais modernos princípios da administração pública, pois já não é
satisfatório que os agentes blicos desempenhem suas atividades com legalidade e
moralidade (ética). Eficiência consiste em realizar as atribuições de uma função pública
com competência, presteza, perfeição e rendimento funcional.
2.2 Modelos Básicos de Administração Pública
A reforma do aparelho do estado que aparece com força na década de 90, devido
às crises instaladas no Governo, procura estabelecer uma nova forma de gestão do
Estado (BRESSER PEREIRA, 1997). As perspectivas sobre essa nova gestão se
baseiam no novo papel que o Estado passa a desempenhar. Neste contexto, é importante
salientar a evolução dos três modelos básicos da administração pública: patrimonialista,
burocrática e gerencial.
Essas três formas de gestão, embora tenham se sucedido ao logo da história, não
caracterizam a substituição de uma pela outra, visto que, em muitos níveis, as três
formas são praticadas.
10
2.2.1 Administração Pública Patrimonialista
No modelo patrimonialista, o aparelho do Estado funciona como uma extensão
do poder soberano, o qual utiliza os bens públicos da maneira que achar conveniente,
particularmente em benefício próprio ou de seus colaboradores diretos. Os cargos são
dados livremente pelo soberano. Esse tipo de procedimento deixa o Estado passível de
corrupção e nepotismo. Com o crescimento do capitalismo e das sociedades civis, essa
prática passou gradativamente a perder força (LIMA, 2005).
2.2.2 Administração Pública Burocrática
Surge na segunda metade do século XIX, como alternativa ao combate a
corrupção e ao nepotismo. São incentivados o desenvolvimento da profissionalização, a
estruturação de cargos e a hierarquia funcional. Essa modalidade preconiza a adoção de
controles rígidos das ações do ente público, partindo da premissa da desconfiança dos
administradores públicos. Assim o Estado volta-se para si mesmo, distanciado da sua
missão que é servir o público com qualidade e eficiência. Torna o Estado incapaz de
voltar-se para o serviço aos cidadãos, deixando como uma auto-referência (LIMA,
2005).
2.2.3 Administração Pública Gerencial
“O governo não pode ser uma empresa mas pode se tornar mais
empresarial”.
Gerald Caiden
(ABRUCIO, 1997, Cadernos ENAP; n. 10; p.6).
“(...) o setor público não está numa situação em que as velhas verdades
possam ser reafirmadas. É uma situação que requer o desenvolvimento de
novos princípios. A administração pública deve enfrentar o desafio da
inovação mais do que confiar na imitação. A melhora da gerência pública
não é uma questão de pôr-se em dia com o que está ocorrendo na
iniciativa privada: significa também abrir novos caminhos”.
Les Metcalfe & Sue Richards
(ABRUCIO, 1997, Cadernos ENAP; n. 10; p.6).
Como conseqüência das expansões sociais e econômicas, surge na segunda
metade do século XX, a administração pública gerencial.
11
Nos Estados Unidos e Inglaterra surgem os primeiros passos rumo a uma
administração pública gerencial. A idéia principal era que a administração pública
deveria estar mais voltada a gerência das atividades, separando a administração, da
política (ABRUCIO, 1997).
A necessidade de reduzir os custos e aumentar a qualidade dos serviços
direciona a administração pública a buscar mais eficiência nos seus procedimentos.
Este modelo constitui um avanço em relação à administração burocrática, mas não
significa que a negue. Ela possui muitas de suas características, porém com mais
flexibilidade nos cargos, treinamento e seu foco concentra-se mais nos resultados
(LIMA, 2005).
Os administradores públicos devem estar dispostos a enfrentar os desafios a eles
colocados de maneira a estarem mais engajados profissionalmente. Não devem apenas
seguir normas e procedimentos, mas devem identificar e resolver problemas para
melhorar continuamente os processos, simplificar as estruturas e gerenciar as pessoas
(BARZELAY, 1992).
Uma consideração importante é que a administração pública gerencial o pode
ser confundida com a administração de empresas, visto que, esta depende do pagamento
de seus clientes sobre a compra de produtos e serviços, enquanto que a receita do Estado
deriva de impostos, taxas e contribuições de melhoria proveniente de legislação.
O quadro 1 faz um comparativo com as duas mais recentes formas de
administração pública.
É possível observar a evolução das duas abordagens e verificar quais as
propostas da administração pública gerencial.
12
Paradigma Burocrático
Administração Pública Gerencial (ou
paradigma pós-burocrático)
Baseia-se na noção geral do
interesse público
Busca obter resultados valorizados pelos
cidadãos
Eficiência Qualidade e valor
Administração Produção
Controle Ganhar adesão a normas.
Especificar funções, autoridade e
estrutura.
Identificar missão, serviços, usuários e
resultados.
Justificar custos Transferir valor
Garantir o cumprimento de
responsabilidade
Fortalecer as relações de trabalho
Seguir regras e procedimentos
Compreender e aplicar normas
Identificar e resolver problemas
Melhorar continuamente os processos
Operar sistemas administrativos
Separar serviço e controle
Criar apoio para normas
Ampliar a escolha do usuário
Encorajar ação coletiva
Criar incentivos
Definir, medir e analisar resultados.
Chefias zelam pelo cumprimento
de normas e procedimentos
Gerentes incentivam a obtenção de resultados
e animam equipes.
Quadro 1 – Características dos dois modelos de administração pública
Fonte: PACHECO, R. S. (2001).
A administração pública não deve somente se preocupar com uma gestão
financeira eficiente, mas também com modelos que promovam a governança (PALLOT,
1998). Com isso a administração pública gerencial oferece novas maneiras dos governos
locais promoverem fórmulas para o desenvolvimento da democracia local e de aumentar
a fiscalização de toda sociedade sobre os administradores públicos.
A substituição dos controles burocráticos, que o baseados em procedimentos e
exercidos pela própria burocracia, pelas novas formas de controle social de resultados
por competição administrada, é um dos exemplos abertos pela administração pública
gerencial para o aumento da visão democrática sobre o setor público. Assim, na
administração pública gerencial, os resultados m de ser negociados entre os
13
formuladores da política pública e a instituição encarregada de implementá-la
(PACHECO, 2001).
2.3 Desafios no Setor Público
“Seria muito importante que as amarras da burocracia pública não abatessem
o ânimo dos que estão ou estarão se propondo à implementação de
programas de qualidade no setor público”. (LIMA, 2005, p.323).
É preciso estar alerta para os fatos que ocorrem neste segmento, em face da
complexidade da instituição pública e os relacionamentos que estão envolvidos nas
atividades governamentais. Como argumenta Waldo (1966) o governo é política e
precisa atender a um grande numero de pessoas. Por isso um grande numero de
conflitos a serem sanados e é necessário prezar pelo equilíbrio das contas fiscais.
Como afirmam Behn (1998) e Wilson (1989), foi-se o tempo em que o problema
a resolver era exclusivamente o da confiança pública na probidade do governo. Agora
trata-se de produzir confiança pública em sua capacidade de desempenho.
Desta forma, o setor público apresenta muitos desafios que influenciam
diretamente a qualidade oferecida. Um grande problema enfrentado na administração
pública é a quebra de um dos princípios da qualidade, que Deming (1990) coloca como
fundamental: a constância nos propósitos.
Existem pelo menos três aspectos que no setor público exemplificam os desafios
a serem enfrentados:
A cultura da rotatividade no setor governamental – a cada quatro anos o líder
é trocado (a menos que haja uma reeleição). Isso ocasiona um choque no modelo
administrativo e na filosofia de trabalho dos servidores públicos.
O fato de o aumento da clientela não significar aumento de recursos – com o
aumento da população, muitas vezes isso não significa aumento na arrecadação de
impostos, o que pode gerar um desequilíbrio nas contas públicas.
14
O equilíbrio entre qualidade e quantidade muitas vezes o tipo de serviço
prestado não é o adequado ou a qualidade de uma informação ou produto é baixa.
O destaque para as informações no setor público merece atenção. A grande
reclamação compõe-se muitas vezes do fornecimento de informações incompletas
quando não, equivocadas. É importante salientar que a visão da informação como
produto tem sido amplamente divulgada. Sharkansky (1974) coloca que a informação
no setor público deve ser considerada como um produto. Essa abordagem torna o
fornecimento de informações um processo que precisa ser continuamente aprimorado,
pois a informação necessita de tratamento, velocidade e precisão. A esse respeito
Beuren (2000), apresenta cinco aspectos que a informação de qualidade deve possuir:
Confiável: que as fontes de informações sejam idôneas;
Econômica: em termos de custo de obtenção;
Em tempo: que esteja disponível quando necessária;
Flexível: que possa ser utilizada para diversas finalidades;
Precisa: que não contenha erros.
Portando, na administração pública, a gerência da informação requer não
cuidados e melhorias, mas um plano de gestão em longo prazo, para que possa estar
sempre atendendo às necessidades dos cidadãos.
2.4 A Administração Pública no Brasil
A administração pública no Brasil remonta ao período colonial, quando Portugal
transferia para o Brasil as estruturas públicas. As instituições eram regidas pelos
burocratas outorgados pelo imperador. Somente anos após o desenvolvimento das
instituições públicas no Brasil, que se iniciou a discussão sobre possíveis reformas na
administração pública no país (PACHECO, 2001).
Na Era Vargas, a partir de 1930, a reforma administrativa tinha como modelo à
administração pública voltada para a formação de uma burocracia clássica, nos moldes
15
weberianos e da criação de regras, procedimentos e controles a serem exercidos pela
própria burocracia (PACHECO, 2001).
O Estado brasileiro passou por outra situação no final dos anos 60 com o
decreto-lei n° 200 (BRASIL, 1967), almejando-se maior agilidade e capacidade de
implementação de políticas públicas favorecendo a criação da administração indireta,
como autarquias e fundações. Com isso a administração direta, o poder executivo
propriamente dito, perdeu força e o governo perdeu a capacidade de formular políticas
públicas, (PACHECO, 2001).
Na transição democrática, em face das evidências de retorno do clientelismo, os
constituintes inscreveram na constituição de 1988 vários dispositivos de
“engessamento” da administração pública traduzindo a desconfiança generalizada nos
altos administradores públicos. A luta contra o clientelismo passa a ser mote central das
propostas de reforma administrativa. Ao mesmo tempo, os constituintes estenderam
privilégios a todos os que tinham um vínculo empregatício com o setor público,
concedendo os mesmos direitos a juízes, formuladores de políticas públicas, motoristas
e auxiliares.Enquanto isso o Estado entrava em uma profunda crise financeira e tornava-
se lento e obsoleto, não atendendo às necessidades dos cidadãos (PACHECO, 2001).
Em 1995, uma nova agenda é adotada no país para a reforma administrativa: a
introdução de princípios da administração gerencial é retomada e parte das idéias da
desburocratização defendida desde o final dos anos 60 voltam à pauta das discussões, na
chamada Reforma do Aparelho do Estado Mas essa agenda da reforma vai mais longe
do que a proposta no final da cada de 60. Ela visa além da desburocratização, maior
agilidade e eficiência do Estado, além de retomar sua capacidade estratégica de
formular políticas públicas (PACHECO, 2001).
A união, os estados e principalmente os municípios brasileiros tiveram suas
responsabilidades e demandas por serviços aumentadas. Por outro lado às exigências
sociais aumentaram e os desafios impostos pela globalização colocaram os municípios
diante de novos cenários. Isso sinaliza que os municípios, principalmente, devem
16
começar a introduzir novas formas de organizar o planejamento das políticas públicas e
elevar a qualidade nos serviços prestados para a população (RUTKOWSKI, 1998).
A Reforma do Aparelho do Estado empreendida pelo governo Fernando
Henrique Cardoso foi iniciada com a edição de seu Plano Diretor, em novembro de
1995 (BRASIL, 1995).
No Plano Diretor, o cidadão esdefinido como usuário dos serviços públicos,
em termos de sua identificação como usuário privilegiado desses serviços. Está definida
também, a previsão de mecanismos de controle social, com a participação de entidades
da sociedade civil para intervir quando necessário (NASSUNO, 2000).
O programa de modernização administrativa, citado por Toscano Jr e Leitão
(2006), e o Programa de Gestão Pública e Cidadania citado por Spink (2003), o
iniciativas que os setores administrativos públicos brasileiros estão trabalhando para
melhor atender os cidadãos.
2.5 As Dificuldades para Obter Qualidade nos Serviços Públicos
O Estado, tradicionalmente concentra-se seus esforços nas entradas (recursos), e
não sobre as saídas (os resultados). Porém os governos empreendedores procuram
inverter essa situação, pois se continuarem a desempenharem seu trabalho de forma
tradicional, haverá poucas razões para a busca de competitividade. Os sistemas de
recompensa dos funcionários nos governos tradicionais contemplam o tempo de serviço,
o volume de recursos e de pessoal que administram, além de sua hierarquia. Por isso
irão tratar de manter seus empregos de qualquer maneira, tentando conseguir
orçamentos maiores, supervisionar o maior número de pessoas possível e ter mais
autoridade (LIMA, 2005).
Diante desse cenário, é possível observar os entraves na estrutura e forma de
administrar um órgão público, o que nos leva a acreditar que poucos órgãos públicos
sentem a obrigação ou necessidade de melhorarem seus serviços oferecidos (LIMA,
2005).
17
A contrapartida está nas empresas privadas. Elas estão sempre atentas a
resultados e melhoria de seu desempenho, pois sabem que sua sobrevivência depende
disso. Para o Governo isso o se aplica, pois ele o sairá do mercado. O grande
fracasso do Governo não é o rendimento, mas a reeleição, ou a possibilidade de reeleger
seu sucessor. As reeleições acabam por eleger aqueles que agradam uma parte da
sociedade ou um conjunto de grupos de interesse e o segundo as suas competências
de suas gestões nos serviços públicos. Assim a política se resume a subjetividade ou a
ideologia e não a indicadores de efetivo desempenho na gestão da coisa pública. É
importante ressaltar que os indicadores de desempenho no serviço público são
praticamente inexistentes, comprovando assim que os resultados são por diversas vezes
negligenciados (LIMA, 2005).
No quadro 2 são demonstrados alguns aspectos do modelo de administração do
setor privado e do setor público.
Modelo do Setor Privado Modelo do Setor Público
Escolha individual no mercado Escolha coletiva na política
Demanda e preço Necessidade de recursos públicos
Caráter privado da decisão empresarial
Transparência da ação pública
A eqüidade do mercado A eqüidade dos recursos públicos
A busca de satisfação do mercado A busca da justiça
Soberania do consumidor Cidadania
Competição com instrumento do
mercado
Ação coletiva como meio político
Estímulo: possibilidade do consumidor
poder escolher
Condição: consumidor pode modificar
os serviços públicos
Quadro 2 - Comparativo do modelo de administração privada e do modelo de administração pública
Fonte: ABRUCIO, F. L. (1997).
Muitas pessoas e grupos organizados têm se mobilizado contra o crescente
aumento de impostos e a baixa qualidade nos serviços blicos prestados. Isso
demonstra que a sociedade começa a tornar-se mais ativa nas questões governamentais,
principalmente na fiscalização e aplicação do dinheiro público.
18
Isso acaba levando a sociedade a mobilizar-se para que o Estado passe a
apresentar mais resultados com os recursos que possui, incluindo a questão da qualidade
nos serviços, atendimento e serviços oferecidos.
Por muito tempo o estado não teve a preocupação em exigir eficiência dos
setores públicos. Mas essa realidade está mudando. É evidente que essa mudança não se
dará com uma velocidade tão pida como ocorre em setores manufatureiros, mas
um direcionamento para essas mudanças.
Nesse sentido, as práticas gerenciais públicas caminham para uma gestão
administrativa mais moderna, que recentemente recebe o nome de excelência em gestão
pública.
2.6 A Burocracia e a Gestão de Excelência
Nas organizações públicas, a estrutura burocrática desempenha um papel
importante nas atividades administrativas. É importante salientar que o termo
“burocracia” utilizado neste trabalho não corresponde ao sentido popular da palavra,
onde se define a burocracia como excesso de papelada ou demoras na tomada de
decisões. Será utilizado o termo burocracia na sua significação científica, que diz
respeito ao racional, a organização, ao formalismo, a despersonificação e ao
profissionalismo. (MOTTA e BRESSER PEREIRA, 1984). Assim, os problemas
apresentados neste trabalho não podem ser classificados como problemas da burocracia
pública. Devem ser colocados como disfunções da burocracia, estado esse que gera
efeitos como a ineficiência, excesso de tramitação e outros.
Desse modo, as organizações públicas, ou as burocracias públicas, como são
também chamadas por Motta e Bresser Pereira (1984), devem ir além de estabelecer a
divisão do trabalho tendo em vista dos fins visados. Elas devem buscar novas formas de
aprender com o que foi feito e com as novas práticas de gestão implantadas. Devem
também buscar referenciais comparativos adequados para que a gestão da organização
atinja o patamar da excelência, ou seja, uma gestão que leva a organização a ser
referência naquilo que faz (BRASIL, 2004).
19
2.7 Fundamentos da Excelência em Gestão Pública
Os fundamentos da gestão pública de excelência são valores essenciais que
caracterizam uma gestão pública. Não são leis, normas ou técnicas. São valores que
precisam ser gradativamente internalizados até se tornarem definidores da gestão de
uma organização. Para a maioria das organizações públicas, alguns ou todos os
fundamentos aqui apresentados ainda o são valores porque não foram internalizados.
São apenas objetivos, fazem parte de uma visão futura da prática gerencial desejada
(BRASIL, 2004). À medida que forem transformados em orientadores das práticas de
gestão, tornar-se-ão gradativamente bitos, e por fim valores inerentes à cultura
organizacional (BRASIL, 2004).
O modelo de excelência em gestão pública foi concebido a partir da premissa de
que é preciso ser excelente sem deixar de ser público (BRASIL, 2004).
Esse modelo, portanto, deve estar alicerçado em fundamentos próprios da
natureza pública das organizações e em fundamentos próprios da gestão de excelência
contemporânea. Juntos esses fundamentos definem o que se entende hoje por excelência
em gestão pública (BRASIL, 2004).
Os primeiros princípios são constitucionais e já foram apresentados neste
trabalho por Lima (2005) no item 2.1. e encontram-se arrolados no Artigo 37 da
Constituição Federal (BRASIL, 1988). Orientados por esses princípios constitucionais,
integram a base de sustentação do modelo de excelência em gestão pública os princípios
complementares, que compõem o conceito contemporâneo de uma gestão de excelência,
(BRASIL, 2004).
A seguir estão descritos os princípios gerenciais que integram o modelo de
excelência em gestão pública, todos eles citados por Brasil (2004).
20
a) Excelência Dirigida ao Cidadão
A excelência em gestão pública pressupõe atenção prioritária ao cidadão e à
sociedade na condição de usuários de serviços públicos e destinatários da ão
decorrente do poder de Estado exercido pelas organizações públicas.
As organizações públicas, mesmo aquelas que prestam serviços exclusivos do
Estado, devem submeter-se à avaliação de seus usuários, obtendo o conhecimento
necessário para gerar produtos e serviços de valor para esses cidadãos e com isso
proporcionar-lhes maior satisfação.
Este princípio envolve o apenas o cidadão individualmente, mas todas as
formas pelas quais se faça representar: empresas, associações, organizações e
representações comunitárias.
b) Gestão Participativa
O estilo da gestão pública de excelência é participativo. Isso determina uma
atitude gerencial de liderança que busque o máximo de cooperação das pessoas,
reconhecendo a capacidade e o potencial diferenciado de cada um e harmonizando os
interesses individuais e coletivos, a fim de conseguir a sinergia das equipes de trabalho.
Uma gestão participativa genuína requer cooperação, compartilhamento de
informações e confiança para delegar, dando autonomia para atingir metas. Como
resposta, as pessoas tomam posse dos desafios e dos processos de trabalho dos quais
participam, tomam decisões, criam, inovam e dão à organização um clima
organizacional saudável.
c) Gestão Baseada em Processos e Informações
O centro prático da ão da gestão pública de excelência é o processo,
entendido como um conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas que
transformam insumos (entradas) em produtos/serviços (saídas) com alto valor agregado.
Gerenciar um processo significa planejar, desenvolver e executar as suas atividades
21
proporcionando melhor desempenho à organização. A gestão de processos permite a
transformação das hierarquias burocráticas em redes de unidades de alto desempenho.
Os fatos e dados gerados em cada um desses processos, bem como os obtidos
externamente à organização se transformam em informações que assessoram a tomada
de decisão e alimentam a produção de conhecimentos. Esses conhecimentos dão à
organização pública alta capacidade para agir e poder para inovar.
d) Valorização das Pessoas
As pessoas fazem a diferença quando o assunto é o sucesso de uma organização.
A valorização das pessoas pressupõe dar autonomia para o atendimento das metas e
criar oportunidades de aprendizado, desenvolvimento das potencialidades e
reconhecimento pelo bom desempenho.
e) Visão de Futuro
A busca da excelência nas organizações públicas é diretamente relacionada à sua
capacidade de estabelecer um estado futuro desejado que coerência ao processo
decisório. Essa visão deve permitir à organização antecipar-se às novas necessidades e
expectativas dos cidadãos e da sociedade.
A visão de futuro pressupõe a constância de propósitos. Outra essência é agir
persistentemente, de forma contínua, para que as ações do dia-a-dia da organização
contribuam para a construção do futuro almejado. É preciso ir além dos problemas e
procurar novas oportunidades para a organização. Isso é um processo contínuo e
inesgotável que engloba tanto as melhorias incrementais, como as inovações e a ruptura
de práticas que deixam de ser necessárias. A visão de futuro indica o rumo que a
organização deve seguir.
22
f) Aprendizado Organizacional
O aprendizado deve ser internalizado na cultura organizacional, tornando-se
parte do trabalho diário em quaisquer de suas atividades, seja na constante busca da
eliminação da causa de problemas ou na busca de inovações.
g) Agilidade
A postura pró-ativa está relacionada à noção de antecipação e resposta rápida às
mudanças do ambiente. Para tanto, a organização precisa antecipar-se no atendimento às
novas demandas dos seus usuários e das demais partes interessadas. A resposta rápida
agrega valor à prestação dos serviços públicos e aos resultados do exercício do poder de
Estado.
h) Foco em Resultados
O resultado é a materialização de todo o esforço da organização frente às
demandas impostas pela população. O sucesso de uma organização é avaliado por meio
de resultados medidos por um conjunto de indicadores.
i) Inovação
Inovação significa fazer mudanças significativas para melhorar os processos,
serviços e produtos da organização e criar novos valores para as partes interessadas da
organização.
A inovação levará a organização a novas dimensões de desempenho. Ela não diz
respeito somente às áreas de pesquisa e desenvolvimento, mas abrange todos os
aspectos e processos da organização. As organizações devem ser conduzidas e
gerenciadas de forma que a inovação se torne parte da cultura.
j) Controle Social
23
A gestão das organizações públicas tem que estimular o cidadão e a própria
sociedade a exercerem ativamente o seu papel de guardiãs de seus direitos e de seus
bens comuns.
Nesse sentido, a boa gestão blica pressupõe a criação de canais efetivos de
participação do cidadão nas decisões públicas, na avaliação dos serviços e na avaliação
de desempenho da organização pública.
2.8 O Brasil no Caminho da Excelência na Gestão Pública
Desde as primeiras reformas administrativas públicas no Brasil, até as mais
recentes, várias iniciativas se sucederam. Porém a adesão a essas reformas tem sido
muito lenta e gradual.
Recentemente o governo federal do Brasil tem demonstrado mais objetividade
na busca por excelência na prestação de serviços públicos.
Agora a nova abordagem não tem o intuito apenas de “reformar” a administração
pública, mas também de aprimorar a estrutura administrativa por meio de programas e
projetos governamentais.
Como resposta a esse argumento, um instrumento legal foi lançado pelo governo
federal brasileiro GESPUBLICA (Programa Nacional de Gestão Pública e
Desburocratização).
O artigo primeiro do decreto federal de número 5.378, de 23 de fevereiro de
2005 assim define o programa (BRASIL, 2005):
Art. Fica instituído o Programa Nacional de Gestão blica e
Desburocratização - GESPÚBLICA, com a finalidade de contribuir para a
melhoria da qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos e para o
aumento da competitividade do País (BRASIL, 2005. p.1).
24
Com os movimentos da reforma do estado na cada de 90 (BRESSER
PEREIRA, 1997), os setores públicos vêm manifestando a intenção de trazer mais
agilidade, qualidade e eficiência nos setores de atendimento público. Agora o Estado
não mais se preocupa em apenas cumprir a legislação em vigor, mas também fornecer a
esse cidadão mais eficiência nos serviços que lhe são prestados. As iniciativas de
implementar melhorias da qualidade dos serviços prestados e as práticas que dela
derivam, começam a fluir para as áreas públicas.
Como Osborne e Gaebler (1994) afirmam, em face dessa nova agenda, na qual
os desafios são mais abrangentes e complexos, a performance do setor público é
fundamental para o desenvolvimento social.
Por isso, o desempenho no atendimento às pessoas e a eficiência em
procedimentos administrativos tem se mostrado uma necessidade nacional. Todos os
cidadãos têm o direito a ter um atendimento de qualidade nos serviços prestados.
Em muitos países, como no Brasil, a administração pública tem se mostrado
mais sensível à realidade local. Desde as primeiras reformas citadas até a abordagem de
excelência em serviços públicos, a tentativa é, sem dúvida, fornecer ao cidadão mais
dignidade e qualidade nos serviços públicos. Para isso é necessário analisar como
funciona a estrutura administrativa pública e sim, propor melhorias a métodos
existentes. Este trabalho propõe estudar essa estrutura, e de maneira mais específica,
como os procedimentos de trabalho estão montados dentro dessa estrutura. Por isso o
entendimento sobre quais os desafios, as abordagens e dificuldades existentes na gestão
pública são imprescindíveis.
25
3 LEAN OFFICE
Este capítulo aborda os conceitos da Produção Enxuta sua proposta e técnica.
São apresentadas a origem da Produção Enxuta na manufatura e a transição dessa
prática para ambientes não manufatureiros. São apresentados também conceitos sobre o
Escritório Enxuto Lean Office, o mapeamento do fluxo de valor e a sua aplicabilidade
em setores administrativos. Por fim, são propostos e relatados como os conceitos do
escritório enxuto podem ser aplicados em setores administrativos públicos.
3.1 A Produção Enxuta
O sistema Toyota de produção, idealizado por Taichii Ohno consiste em uma
filosofia de gerenciamento de trabalho para atender os clientes no menor tempo
possível, na mais alta qualidade e com o menor custo possível (OHNO, 1997). Esse
sistema tem sido mais recentemente referenciado como sistema de Produção Enxuta. A
produção enxuta” (do original em inglês lean) é na verdade um termo cunhado no
final dos anos 80 pelos pesquisadores do IMVP (International Motor Vehicle Program),
um programa de pesquisas ligado ao MIT, para definir um programa de produção mais
eficiente,pido e flexível, (WOMACK; JONES; ROOS, 1992).
Este termo foi popularizado no livro A Máquina que Mudou o Mundo”
(WOMACK; JONES; ROOS, 1992), o qual ilustra claramente a significativa diferença
de performance obtida pela implantação dos conceitos de Produção Enxuta na indústria
automobilística japonesa, em comparação com a indústria ocidental.
O ponto de partida essencial para a Produção Enxuta é o valor. De acordo com
Womack e Jones (1998), o valor só pode ser definido pelo cliente final. O valor é criado
26
pelo produtor. Do ponto de vista dos clientes, é para isso que os produtores existem
(BORCHARDT, 2005).
O pensamento enxuto deve, portanto, começar com uma tentativa consciente de
definir precisamente valor em termos de produtos específicos com capacidades
específicas oferecidas a preços específicos através do diálogo com clientes específicos.
Para tanto, pode ser necessário ignorar os ativos e as tecnologias existentes e repensar as
empresas com base em uma linha de produtos elaborados por equipes de produtos que
conheçam o valor sob o ponto de vista do cliente. Especificar o valor com precisão é o
primeiro passo essencial da Produção Enxuta (WOMACK e JONES, 1998; JACKSON
e JONES, 1996; HINES e TAYLOR, 2000).
A identificação da cadeia de valor inteira para cada produto ou serviço é o
segundo princípio do pensamento enxuto. A análise da cadeia de valor quase sempre
mostra que ocorrem três tipos de ação ao longo de sua extensão: (1) muitas etapas que
certamente criam valor; (2) muitas outras etapas que não criam valor, mas são
inevitáveis e (3) descobre-se que muitas etapas adicionais não criam valor e devem ser
evitadas imediatamente (BORCHARDT, 2005).
Uma vez que o valor tenha sido especificado com precisão, Womack e Jones
(1998) comentam que após a cadeia de valor de determinado produto ser totalmente
mapeada pela empresa enxuta e, as etapas que geram desperdícios eliminadas, o
próximo passo é fazer com que as etapas restantes, que criam valor, fluam.
Para tanto, será necessário redefinir o trabalho das funções, departamentos e
empresas, permitindo-lhes contribuir de forma positiva para a criação de valor e falar
das necessidades reais dos funcionários em cada ponto da cadeia, para que eles
realmente se interessem em fazer o valor fluir. O primeiro efeito visível da conversão de
departamentos e lotes em equipes de produção e fluxo é que o tempo necessário cai
drasticamente para se passar da concepção ao lançamento, da venda à entrega, da
matéria-prima ao cliente. Quando se introduz o fluxo, os produtos que consumiam anos
para serem projetados são feitos em meses, os pedidos ou solicitações que levavam dias
para serem processados ou tramitados estão prontos em questão de horas e as semanas e
meses de tempo de processamento para a produção física convencional são reduzidos há
semanas ou dias (BORCHARDT, 2005).
27
A Produção Enxuta reúne uma série de princípios para eliminar desperdícios
durante a produção dos produtos buscando atingir, ou asuperar, as expectativas dos
clientes (MACDONALD, VAN AKEN e RENTES, 2000). Suas técnicas procuram
minimizar as perdas dentro da empresa, gerando produtos a um menor custo e
possibilitando à organização produzir a um preço menor e sem perda da qualidade.
Os cinco princípios da Produção Enxuta são de acordo com Hines et al (2000):
1. Especificar o que gera e o queo gera valor sob a perspectiva do cliente. Ao
contrário do que tradicionalmente se faz, não se deve avaliar sob a óptica da empresa ou
de seus departamentos;
2. Identificar todos os passos necessários para produzir o produto ao longo de
toda linha de produção, de modo a não serem gerados desperdícios;
3. Promover ações a fim de criar um fluxo de valor contínuo, sem interrupções,
ou esperas;
4. Produzir somente nas quantidades solicitadas pelo consumidor;
5. Esforçar-se para manter uma melhoria contínua, procurando a remoção de
perdas e desperdícios.
Womack e Jones (1998) e Ohno (1997) ressaltam que sete tipos de desperdícios
foram identificados para o Sistema Toyota de Produção:
1. Superprodução: Produzir excessivamente ou cedo demais, resultando em um fluxo
pobre de peças e informações, ou excesso de inventário;
2. Espera: Longos períodos de ociosidade de pessoas, peças e informação, resultando
em um fluxo pobre, bem como em lead times longos;
3. Transporte excessivo: Movimento excessivo de pessoas, informação ou peças
resultando em dispêndio desnecessário de capital, tempo e energia;
4. Processos Inadequados: Utilização do jogo errado de ferramentas, sistemas ou
procedimentos, geralmente quando uma aproximação mais simples pode ser mais
efetiva;
28
5. Inventário desnecessário: Armazenamento excessivo e falta de informação ou
produtos, resultando em custos excessivos e baixa performance do serviço prestado ao
cliente;
6. Movimentação desnecessária: Desorganização do ambiente de trabalho, resultando
baixa performance dos aspectos ergonômicos e perda freqüente de itens.
7. Produtos Defeituosos: Problemas freqüentes nas cartas de processo, problemas de
qualidade do produto, ou baixa performance na entrega;
Rother e Shook (2003) lembram que ter a visão do fluxo de valor no processo
produtivo é fundamental para atingir a Produção Enxuta. Dessa maneira, o sistema
Toyota de Produção é capaz de melhor atender a um mercado em constante mudança.
O mecanismo organizacional necessário para se obter uma empresa enxuta
requer uma reunião contínua de todas as partes envolvidas para criar um canal para a
cadeia de valor como um todo, eliminando qualquer desperdício. Flinchbaugh (2003) é
um dos autores que enfatiza a preocupação com os aspectos organizacionais e a gestão
da mudança, essencial para a implementação de um sistema enxuto.
3.2 O Escritório Enxuto
As pesquisas e princípios concernentes à Produção Enxuta possuem, suas bases
sobre o Sistema Toyota de Produção, fato que contribui para a difusão do pensamento
lean ligado à manipulação física de materiais (HINES et al., 2000). Entretanto, é
possível relacionar os princípios do lean thinking a atividades de natureza não física,
voltadas, ao fluxo de informações. A aplicação dos princípios do pensamento enxuto às
atividades não manufatureiras e físicas é chamada de Lean Office (Escritório Enxuto). O
fluxo de valor, nesse caso, consiste de fluxo de informações e de conhecimentos, os
quais possuem trajetória de valor definida mais dificilmente do que os fluxos de
materiais da fábrica (McMANUS, 2003).
Cabe lembrar que os desperdícios relacionados à informação o similares ao
lean thinking, como: espera, estoque, superprocessamento, superprodução, transporte,
movimentos desnecessários e defeitos.
29
No quadro a seguir McManus (2003) apresenta um comparativo entre as
atividades de manufatura e de escritório. Este quadro ilustra como as atividades de
escritório estão vinculadas às informações e quais são as correspondências com a área
de manufatura.
MANUFATURA
ESCRITÓRIO
VALOR
Visível em cada passo; objetivo
definido
Difícil de enxergar; objetivos
mutantes
FLUXO DE VALOR
Itens, materiais, componentes.
Informações e conhecimento
FAZER FLUIR
Interações são desperdícios Interações planejadas deverão ser
eficientes
DEIXAR O CLIENTE
PUXAR
Guiado pelo Takt Time Guiado pela necessidade da empresa
PERFEIÇÃO
Possibilita a repetição de processos sem
erros
O processo possibilita melhoria
organizacional
Quadro 3 - Comparativo entre manufatura e escritório sobre o valor
Fonte - McMANUS (2003)
Pelo quadro é possível observar que o fluxo de valor não é facilmente
identificado no ambiente administrativo. A própria definição do que é valor neste caso é
ampla. Como a base do escritório enxuto está definida em termos de informações, é
possível verificar sua importância no ambiente administrativo. Diante desses
argumentos Hines et al. (2000) propõe os seguintes sintomas de desperdício de
informações: lead times de processamento longos e imprevisíveis; falta de
padronização; lote de documentos; altos veis de erros nos dados entrada; produção de
relatórios que ninguém usa e aplicativos de computador que podem automatizar tarefas
manuais existentes. Hines et al. (2000) argumentam também que apenas 1% das
informações geradas agregam valor. Eles apresentam o quadro 4, onde quantificam em
porcentagem como estão distribuídas às atividades que agregam valor em um escritório
e na manufatura.
Escritório Manufatura
Atividades que agregam valor. 1 % 5 %
Atividades que não agregam
valor.
49 % 60 %
Atividades necessárias, porém
não agregam valor.
50 % 35 %
Quadro 4 - Relação de atividades que agregam valor em escritório e manufatura
Fonte: Hines et al. (2000)
30
Este quadro é resultado de uma pesquisa realizada pela Lean Enterprise
Research Centre em Londres, onde três ramos industriais foram pesquisados:
automotivo, eletrônico e alimentos.
Com base nesses resultados é possível afirmar que nos escritórios um
potencial latente de melhorias, que dependem do estabelecimento de um fluxo puxado,
nomeação do gerente e equipe lean, a fim de sustentar o comprometimento com o
pensamento enxuto.
3.3 Gestão do Fluxo de Valor para o Escritório Enxuto
Em processos administrativos como em repartições públicas ou setores de
atendimento ao público, tudo deve ser considerado como fluxo de valor. Incluindo
atividades que agregam valor ou o, e que transformam informações e materiais em
algo pelo qual o consumidor (ou cidadão) está disposto a pagar.
Para compor o fluxo de valor de modo a atingir o estado enxuto” Tapping e
Shuker (2003) apresentam os princípios do fluxo de valor para o escritório enxuto.
Segundo os autores, esses princípios devem estar na mente daqueles que desejam
direcionar e implementar as práticas enxutas em áreas administrativas. Esses princípios
são similares aos já propostos por Hines et. al. (2000) no item 3.1.
É importante lembrar que apesar do direcionamento que os princípios fornecem,
existem algumas dificuldades em realizar o mapeamento de fluxo de valor em
escritórios, como por exemplo:
Dificuldade em identificar os fluxos de valor em áreas administrativas;
Dados para coleta são limitados;
Dificuldade para compreensão e identificação entre os desperdício e
atividades que não geram valor.
31
Na próxima seção serão apresentados os passos rumo ao escritório enxuto
propostos por Tapping e Shuker (2003), que constituem o cerne do pensamento enxuto
para o escritório.
3.4 Passos Rumo ao Escritório Enxuto
Os oito passos propostos por Tapping e Shuker (2003) descritos a seguir
descrevem a orientação para promover e manter as melhorias enxutas” em áreas
administrativas. São eles:
1) Comprometimento com o lean: é necessário o comprometimento de todos na
empresa. Para isso deve existir um treinamento eficiente, reconhecimento e
comunicação fluindo em todos os sentidos, ou seja, não somente da alta administração
para os funcionários, a volta também deve existir e ser incentivada. O comprometimento
da alta administração é importante, pois deve liberar e viabilizar os recursos
necessários, criar incentivos, permitir uma comunicação transparente, providenciar
ferramentas de medida de desempenho, envolver a equipe etc;
2) Escolha do fluxo de valor: analisar todo o percurso de uma unidade de trabalho,
priorizar fluxos de valor alvo e sustentar a continuidade da troca de informações entre
todos dentro da empresa;
3) Aprendizado sobre lean: treinamento planejado de acordo com as características e
necessidades da empresa. É importante que todos estejam familiarizados com os
conceitos principais do lean, o princípio da redução de custo, os sete desperdícios que
devem ser evitados, o significado de entrega just-in-time, as fases da aplicação dos
princípios enxutos, a importância de envolvimento de todos da equipe etc;
4) Mapeamento do estado atual: o mapeamento ilustra o fluxo de trabalho e suas
informações, sendo indispensável para a melhoria do processo. Este passo é o mais
importante de todo o processo, por isso todo o tempo necessário deve ser dispensado.
Deve-se pensar em termos de fluxo, em como as unidades de trabalho e informações
fluem à montante e à jusante;
32
5) Identificação de medidas de desempenho lean: a melhor forma de manter a equipe
comprometida com a implementação do sistema enxuto é mostrando os impactos que
seus esforços estão tendo sobre a produção da empresa, e que os objetivos estão sendo
atingidos. Algumas medidas padrão do lean, que fornecem essas informações são: os
marcos de conclusão do projeto, comparação entre os Lead Times antes e após a
aplicação, a diminuição dos tempos de ciclo, a eliminação dos erros internos, a
diminuição das horas extras, a eliminação de pontos de acúmulo de serviços (estoques)
etc;
6) Mapeamento do estado futuro: nesta fase todos na empresa devem colaborar com o
time de implementação do lean, sugerindo idéias criativas para planejar o estado futuro,
solucionando os problemas do estado atual, assegurando que os requisitos dos clientes
serão atendidos, que será estabelecido um fluxo de trabalho contínuo, e que o trabalho
será uniformemente distribuído.
7) Criação dos planos Kaizen: podem estar relacionados a projetos mais complexos, ou
mais simples, como uma aplicação do 5 S. Esse processo de planejamento é necessário
para assegurar que as melhorias serão sustentadas e os esforços reconhecidos. Assim,
não deve existir a preocupação de criar um primeiro estado futuro perfeito, nem um
plano kaizen perfeito, eles precisam somente ser bons o suficiente para dar início ao
processo; pois serão melhorados com o tempo, conforme o time obtenha experiência
sobre os métodos lean. Os planos de Kaizen não serão implementados todos de uma
vez, assim como feito no planejamento do estado futuro, é recomendável que o plano
seja subdividido em fases de implementação;
8) Implementação dos planos Kaizen: o último passo para a transformação da empresa
é executar os planos de melhorias. Para o sucesso da transformação da empresa, as
pessoas devem estar continuamente procurando formas de melhorar os processos.
Cultivar o ambiente de criar novos Kaizens através do reconhecimento do esforço da
equipe é importante para dar continuidade aos processos, em busca da perfeição;
33
3.5 Mapeamento do Fluxo de ValorValue Stream Mapping
"O mapa do fluxo de valor é uma ferramenta simples que utiliza papel e
lápis e ajuda a enxergar e entender o fluxo de material e informação na
medida em que o produto segue o fluxo de valor. O que se entende por
mapeamento do fluxo de valor é simples: deve-se apenas seguir a trilha da
produção de um produto, desde o consumidor até o fornecedor, e,
cuidadosamente desenha-se uma representação visual de cada processo no
fluxo de material e informação. Depois, através de um conjunto de questões
desenha-se o mapa do” estado futuro , uma representação visual de como o
fluxo deve ser”. (ROTHER e SHOOK, 2003).
Segundo os autores Rother e Shook (2003), fluxo de valor” é toda ação
(agregando valor ou o) necessária para fazer passar um produto do estado de conceito
para o estado de produto acabado, envolvendo (1) o fluxo de produção desde a matéria-
prima aa entrega ao consumidor, e (2) o fluxo do projeto do produto, da concepção
até o lançamento.
Esta ferramenta é importante porque além de ser de fácil compreensão permite
apresentação simultânea do fluxo de informação e processo através da empresa.
Segundo Andrade (2002), outras vantagens dessa ferramenta são:
1. Permite uma visão ampla de todo o fluxo, e não dos processos isoladamente;
2. Auxilia a identificação dos desperdícios considerados pela Produção Enxuta;
3. Mostra simultaneamente a relação entre os fluxos de materiais e informações;
4. Fornece uma linguagem simples e comum para tratar os processos de
manufatura;
5. Torna as decisões mais visíveis, permitindo uma discussão prévia das possíveis
alternativas de melhoria;
6. Forma a base de um plano deões.
O processo de mapeamento da situação atual e geração de cenários futuros de
produção é dividido no seguinte conjunto de etapas (RENTES, et al. 2006):
34
1) Seleção da família de produtos: no início do processo de mapeamento da situação
atual da empresa é necessário, inicialmente, selecionar o conjunto ou família de
produtos que serão analisados no mapa do fluxo de valor. Deve-se destacar que, num
ambiente com muitos produtos não é viável analisar peça a peça porque uma das
virtudes desta ferramenta, a simplicidade, seria perdida. É necessário que os produtos
sejam agrupados em famílias.
2) Mapeamento da situação atual: Após identificar as famílias de produtos existentes no
chão de brica inicia-se o processo de mapeamento. Utilizando um conjunto de ícones,
pode-se representar todo o fluxo de processo e informação existente na organização. A
este mapa inicial chamamos de mapa do estado atual;
3) Mapeamento da situação futura: Através do mapa da situação atual e seguindo um
conjunto de passos gera-se um mapa da situação futura da empresa, ou seja, um modelo
onde os desperdícios identificados no mapa da situação atual são eliminados;
4) Plano de melhorias: Com base no mapa do estado futuro é proposto então à empresa
planos de melhoria, que levem a empresa a atingir o estado futuro. Deve-se destacar que
como uma ferramenta de Produção Enxuta esta o deve ser aplicada somente uma
única vez. O mapeamento da situação atual da organização e proposição de melhorias
deve ser um processo contínuo.
Os princípios que fundamentam a técnica de Mapeamento do Fluxo de Valor
(MFV) não são novos, pelo contrário, vários formalismos de mapeamento de processos
são muito tempo conhecido e utilizados pelas empresas de manufatura. O diferencial
do MFV é de reduzir significativamente e de forma simples a complexidade do sistema
produtivo e ainda oferecer um conjunto de diretrizes para a análise de possíveis
melhorias. Nesse sentido, a técnica de Mapeamento do Fluxo de Valor auxilia no
desenvolvimento conceitual da “situação futura” do sistema de Produção Enxuta.
(SILVA, et al, 2006).
Entretanto, segundo Irani (2001), em algumas circunstâncias, ele pode
apresentar uma série de limitações. Entre estas limitações é possível destacar, a
capacidade de lidar com o mapeamento de fluxos que apresentem recursos
compartilhados entre diversas famílias de produtos, a falta de habilidade em tratar
aspectos físicos, como dimensões e layouts, e a proposição de alternativas sem a
35
consideração de fatores essenciais à implementação, atividade esta que acaba ficando
sob responsabilidade dos usuários.
Logo, conclui-se que o MFV não corresponde a uma técnica que pode vir a
resolver todos os problemas de uma empresa. Mesmo assim, ela representa um grande
avanço no que diz respeito à proposição e implementação de melhorias nas
organizações (ANDRADE, 2002).
3.5.1 Mapeamento do Fluxo de Valor no Escritório Enxuto
Para o mapeamento do fluxo de valor para o Escritório Enxuto, Tapping e
Shuker (2003) propõem o uso de ícones que facilitam o processo de mapeamento. Esses
ícones o figuras que representam as atividades e fluxos dos materiais e informações
dentro de uma atividade administrativa. Essa representação é parecida com a utilizada
na área de manufatura, porém com os devidos ajustes para um ambiente administrativo.
Figura 1 - Exemplos de ícones utilizados no MFV em escritórios.
Fonte - Tapping e Shuker (2003)
Fornecedor ou Cliente
Processos Compartilhados Entrega Pedido
Processos Dedicados
Fila
Base de Dados
Fluxo Eletrônico de Informações
Trabalhador
Fluxo Manual de Informações
Programação Interrupções
Empurrar
Recursos “pulmão”
Recursos “segurança” Rota do Entregador
Quadro “Pitch”
Supermercado Célula de Trabalho - U
Transportador
Caixa “Heijunka”
Puxar
MelhoriasKaizen
Ícones do Mapeamento do Fluxo de Valor
FIFO
Kanban
36
O mapa do estado atual representa todas as atividades administrativas que
possuem algum fluxo de atividade, quer seja ele de materiais ou de informações. Como
mencionado anteriormente, deve ser gasto tempo necessário para a elaboração deste
mapa, dada a importância na identificação dos fluxos e dos desperdícios.
3.5.2 Alguns exemplos de aplicação do Lean Office.
Para Herzog (2003), os resultados obtidos pelas empresas que têm aplicado os
conceitos da Produção Enxuta, tanto no chão de fábrica, quanto dentro dos escritórios,
têm sido bastante satisfatórios. Na empresa americana Alcoa, maior produtora mundial
de alumínio, por exemplo, o sistema da Toyota, batizado internamente de Alcoa
Business System (ABS), vem sendo aplicado, e a o momento a empresa tem
apresentado grande evolução, com redução de estoques, mudanças de layout e
especificação minuciosa de tarefas. A Alcoa do Brasil também começa a ter bons casos
de processos administrativos aprimorados com o uso do ABS, sendo considerado o
exemplo mais adiantado do uso do modelo da Toyota em escritórios no mundo. Outro
caso de empresa, citado ainda por Herzog (2003), que tem empregado os conceitos lean
no ambiente administrativo é o da empresa Bosch. Com a aplicação do Mapeamento do
Fluxo de Valor, ficou clara a existência de inúmeras idas e vindas de informações entre
suas áreas envolvidas na cotação, vendas, engenharia, produção, compras, controladoria
e planejamento estratégico. Para contornar esse problema, foram aplicadas algumas
técnicas, como a redução no tempo de realização de atividades repetitivas através do uso
de um banco de dados, evitando o envolvimento desnecessário de diversas áreas e a
criação de célula de trabalho, tornando o fluxo contínuo e sem paradas. Com isso, foi
possível uma grande redução no tempo do processo, acelerando o retorno ao cliente.
Essa redução ocorreu também em outros processos dessa empresa, que em Campinas-
SP, usou os conceitos da Produção Enxuta para promover melhorias em trinta e dois
processos administrativos. A figura 2 está apresentada a seguir para destacar um
exemplo de mapeamento de procedimentos administrativos. Este mapa é realizado no
departamento de atendimento ao consumidor de uma empresa de fornecedora de peças,
onde se processa os pedidos dos clientes. Esse mapa descreve a estrutura do
procedimento de atendimento, onde são apresentadas atividades, como a análise dos
pedidos, verificação de datas de recebimento etc. Esse mapa é um exemplo utilizado por
Tapping e Shuker (2003) para ilustrar a aplicação dos conceitos lean no escritório.
37
Figura 2 - Mapa do fluxo de valor para processos administrativos
Fonte: Tapping e Shuker (2003)
37
Clubs, Aces. APEX
Distribuição
Doméstica
Programação
8:00 12:00
e 15:00
Central de
Classificação
Joe
Separar
ordens
Depart.
Colocar
pedidos
Pedidos de
Venda
Debbie
Separar
Cliente
Defiir
Data
Ordem
Inicial
CSR I:
Susan
Cathi
Avaliar
Pedido
Enviar
peç
as
Checar n. de
Peças
CSR II
John/Jane
Checar
Peças
Anexar
revisão
Avalia Data
Entrega
Avalia
Entrega
Grava
Pedido
Verifica
Ordem
Revisão
Pedidos de
Venda
Debbie
Separa
Central de
Classificação
Joe
Envia
Pedido
Colocar
pedido
p/ C
SR
Expedir
Pedido
Define
Preços
Verifica
Peças
8 h
4 h
4 h
2 h
1 h
4 h
4 h
1x por dia
Ordem de recebimento
Ordens processadas
dentro de 1 dia
3x por dia
Ordem Fax
Pedidos por
telefone
Ordem
Pedido
16
480
16
240
11,25
240
23,75
120
9
60
240
240
3,75
5
5
TLT= 2.149,19
TCT= 49,19
TAV= 2,3%
CSR I:
Susan
Cathi
CSR II
John/Jane
38
No exemplo de aplicação das ferramentas lean em uma companhia de seguros
apresentado em Swank (2003) e Reis (2004), foram obtidos resultados como o aumento
de 60% no número de vendas de seguros de vida individuais em dois anos, além da
redução nos custos da empresa e no tempo de resposta ao consumidor. Segundo a
autora, a maior vantagem de aplicar lean em atividades de serviços é que a introdução
desse sistema o gera mudanças bruscas nas operações. Segundo ela, a chave para o
sucesso é adotar a ferramenta de lulas de trabalho, nas quais as atividades são
executadas numa mesma área física de trabalho, funcionando como um microcosmo
multifuncional, o que engloba as atividades de todo o processo.
3.5.3 Alguns Conceitos e Ferramentas Utilizadas no Ambiente Administrativo
Os conceitos e ferramentas Lean foram adaptados por Tapping e Shuker (2003)
e Picchi (2002) para sua aplicação em ambientes administrativos. Dentre eles, os
conceitos que serão explorados neste trabalho são:
a) 5 S: é uma ferramenta para melhoria de processos baseada em cinco palavras
japonesas iniciadas com a letra S (SEIRI, SEITON, SEISO, SEIKETSU, SHITSUIKE),
que têm como objetivo criar um espaço de trabalho que permita controle visual e
execução de tarefas de forma enxuta. Com sua aplicação o espaço de trabalho será
organizado de forma padronizada, os desperdícios serão reduzidos e os trabalhadores
terão maior controle sobre o espaço e sobre as atividades realizadas. O significado de
cada uma dessas palavras, segundo Tapping e Shuker (2003) são:
- SEIRI (Senso de utilização): significa basicamente separar o útil do inútil, eliminando
o desnecessário, como arquivos, suprimentos, ferramentas, equipamentos, livros, etc.,
que não são utilizados. O que é usado com maior freqüência deve ser organizado
próximo ao local de trabalho, o que é usado ocasionalmente deve ser organizado em um
local mais afastado, e o que não é utilizado deve ser eliminado;
- SEITON (Senso de arrumação): significa separar e arrumar tudo de forma que
qualquer pessoa possa localizar facilmente. Isso inclui a padronização de locais de
trabalho, de reuniões, de arquivos, de comunicação visual de leitura rápida ecil, etc;
39
- SEISO (Senso de limpeza): significa manter o ambiente de trabalho limpo, eliminando
as causas da desordem, aprendendo a não sujar e a preservar o bom funcionamento do
ambiente e equipamentos;
- SEIKETSU (Senso de saúde e higiene): significa manter o ambiente de trabalho
sempre favorável à saúde e higiene, eliminando condições inseguras, humanizando o
ambiente de trabalho e criando diretrizes com o objetivo de manter a aplicação dos S
anteriores, mantendo a área de trabalho organizada, limpa e com comunicação visual
padronizada;
- SHITSUKE (Senso de autodisciplina): significa tornar essas atitudes um hábito,
transformando o 5 S num modo de vida, usando a criatividade para disseminar esse
pensamento, mantendo a comunicação entre as pessoas, compartilhando visões e
valores, treinando com paciência e persistência, mantendo a conscientização e avaliando
os avanços.
Apesar de simples, a aplicação dessa ferramenta promove redução do tempo
gasto com diversas atividades que não agregam valor.
b) Tempo Takt: é o tempo determinado através da coleta de dados sobre a demanda do
cliente, sendo, portanto, o ritmo imposto ao fluxo de trabalho por essa demanda,
determinando quão rápido ele deve ser para atingi-la. Para calcular o Tempo Takt para
um determinado fluxo de valor basta dividir o número de horas de trabalho diárias pelo
total de unidades de trabalho requeridas para um dia, descontando do tempo de descanso
diário, os intervalos para reuniões, almoços, etc. Determinar a demanda do cliente para
as atividades administrativas não possui uma fórmula exata, e nem sempre a unidade de
trabalho é mensurável, como ocorre na manufatura, sendo necessário recorrer a
históricos, desenvolver cnicas para a coleta desses dados, e definir uma unidade de
trabalho, que possa ser associada a um tempo de processamento. É também necessário
escolher um período de trabalho apropriado para analisar os dados da demanda, que seja
longo o suficiente para refletir as possíveis variações (PICCHI, 2002); (TAPPING e
SHUKER, 2003).
40
c) Estoques de Recursos e Recursos de Segurança: o ferramentas utilizadas para
assegurar que a demanda do cliente seja atendida imediatamente, em qualquer condição.
Os Estoques de Recursos são sempre utilizadas em fluxos de valor administrativos, pois
o volume de trabalho requerido pelo cliente dificilmente é exato. Assim, os estoques
suprem variações inesperadas na demanda dos clientes, ajudando a manter o Tempo
Takt. Os Recursos de Segurança são utilizados quando algum problema interno
interrompe o fluxo normal da produção, mantendo assim o atendimento da demanda. Os
Recursos de Segurança o sempre idênticos aos Estoques de Recursos, mas devem ser
separados para que possa haver o controle dos dados de custos associados por variações
na demanda ou por erros internos. Essas ferramentas devem ser vistas como medidas
temporárias, que têm como objetivo atender, em quaisquer circunstâncias, a demanda do
cliente, porém melhorias contínuas devem sempre ter como objetivo a sua redução
(TAPPING e SHUKER, 2003).
d) Trabalho Padronizado: é um conceito que significa estabelecer e documentar o
procedimento que fornece o melhor resultado, com o melhor todo e a melhor
seqüência para as atividades. A padronização das tarefas é uma importante ferramenta
na identificação de problemas nos ambientes administrativos, criando uma seqüência
eficiente para o fluxo de atividades, minimizando as variações nos procedimentos,
estabelecendo as melhores práticas para manter a qualidade do serviço, e permitindo o
treinamento simples do pessoal, de forma que uma pessoa seja capaz de executar mais
de um serviço, dando maior flexibilidade ao fluxo. Deve-se procurar reduzir o número
de passos ao padronizar um processo, analisando o fluxo de valor para destacar as
atividades desnecessárias e desperdícios inerentes a elas (PICCHI, 2002); (TAPPING e
SHUKER, 2003).
e) Células de Trabalho: consiste no arranjo das pessoas e ferramentas, necessárias para
um serviço, colocando-as próximas umas das outras, na seqüência das atividades que
serão realizadas em fluxo contínuo. A vantagem da formação de células está na redução
do tempo, do espaço e dos recursos despendidos com o transporte entre as atividades,
acelerando o processo, e com isso aumentando sua produtividade; assim como a maior
facilidade de estabelecer nelas os fluxos contínuos e produção puxada (PICCHI, 2002);
(TAPPING e SHUKER, 2003).
41
f) Linhas FIFO (First In – First Out): é um conceito que estabelece que todas as tarefas
devem ser processadas seguindo a ordem de entrada no fluxo, assim a primeira unidade
de trabalho que entra é a primeira que sai. Uma Linha FIFO comporta uma certa
quantidade de serviço entre dois processos diferentes, como um lote, mas com unidades
com características variadas, ordenadas conforme a ordem de chegada dos pedidos.
Quando a linha está completa, é sinalizado ao processo à montante que o carregamento
deve cessar. São necessários procedimentos e regras nas atividades à montante e
jusante, controlados através de comunicação visual. As Linhas FIFO podem ser
utilizadas sozinhas ou em conjunto com outras ferramentas, como células de trabalho.
No ambiente administrativo cada atividade tem características diferenciadas, não o
comuns unidades de trabalho idênticas, assim, cada serviço requerido tem necessidades
diferentes e prazos diferentes, o que torna o sistema de Linhas FIFO uma ferramenta
importante (TAPPING e SHUKER, 2003).
g) Balanceamento da Linha de Produção: consiste na determinação de uma
distribuição nivelada de unidades de trabalho no fluxo de valor para atender ao Tempo
Takt, otimizando a utilização do pessoal, distribuindo a carga de serviço, de forma que
todos tenham cargas semelhantes e capacidade de atender ao Takt. A melhor ferramenta
para determinar esse balanceamento é o Painel de Balanceamento de Pessoal, que é uma
ferramenta visual que ilustra os elementos de trabalho, o tempo disponível para sua
execução e o pessoal empregado. Ele é utilizado para mostrar oportunidades de
melhoria, através da relação entre o tempo utilizado por cada tarefa, o tempo de ciclo
total e o Tempo Takt. Para calcular o número de pessoas necessárias para realizar um
serviço, divide-se o tempo de ciclo do serviço pelo Tempo Takt do processo.
Visualizando a distribuição deste serviço através do Painel de Balanceamento de
Pessoal, fica clara a necessidade de redistribuição de serviços e melhoria dos processos,
através, por exemplo, da padronização dos serviços (TAPPING e SHUKER,2003).
h) Fluxo Contínuo: é um conceito que permite que a unidade de trabalho flua entre as
etapas do processo sem paradas entre elas e, portanto, sem a necessidade de transporte e
estoques. O principal objetivo da combinação da aplicação de todas as ferramentas
apresentadas anteriormente é o de criar um fluxo contínuo, assim, para aplicar esta
ferramenta deve-se questionar:
- Em quais etapas do processo o Fluxo Contínuo pode ser aplicado?
42
- O processo requer o Fluxo Contínuo de uma unidade, ou de pequenos lotes de trabalho
fluindo em conjunto?
- Que tipo e formato de Célula de Trabalho pode ser utilizado?
- Que tipo de controle será feito à montante da produção?
- Serão utilizadas Linhas FIFO?
- Quais outras melhorias podem ser feitas para ajudar a manter o Fluxo Contínuo?
O estado ideal do fluxo contínuo é caracterizado quando é possível reabastecer
uma única unidade de trabalho assim que o cliente seguinte (interno ou externo) a puxa,
ou seja, quando o sistema consegue fazer entregas a unidade just in time. Como no
ambiente administrativo não existe um cliente puxando uma peça, é necessário conhecer
bem os processos seguintes, e o que ocorre à jusante, de forma que o serviço seja
executado e seu resultado esteja disponível no momento correto, nem antes, nem depois.
A mudança da produção tradicional para a Produção Enxuta acarreta em vantagens,
como: diminuição do tempo de processamento, redução do trabalho em processo (pilhas
de papel nas mesas), redução de estoques e filas, redução no transporte de unidades de
trabalho, reorganização do ambiente de trabalho, com redução de etapas do processo e
pessoal envolvido, programação nivelada, maior controle da produção e da identificação
de problemas, maior flexibilidade para responder as alterações na demanda, etc
(PICCHI, 2002); (TAPPING e SHUKER, 2003).
3.6 Novas Fronteiras para o Lean Office
Os conceitos relativos a sistemas enxutos m sido aplicados pela indústria
automotiva e manufatura em geral e amesmo, ainda de forma mais incipiente, em
processos administrativos ou empresas de outros segmentos de atuação
(BORCHARDT, 2005).
O sistema Toyota de produção pode ser cada vez mais usado em qualquer área,
inclusive serviços, pois permite atender os clientes com alta qualidade, baixos custos e
prazos de entrega apropriados (FERRO, 2006). O sucesso em longo prazo dessa
filosofia em serviços deve-se ao modo de pensar lean (enxuto) e deve estar em todas as
áreas de negócio, principalmente quando se trata de trabalhos administrativos (FERRO,
2006).
43
Os serviços de atendimento ao público podem ser considerados serviços de
massa (SLACK et al., 1996) em que os clientes recebem um serviço/produto não
diferenciado. A Produção Enxuta tem foco em sistemas e conceitos desenvolvidos para
processos de produção em massa, seja para serviços ou manufatura. No caso dos
serviços de massa, o tempo de contato envolvido nas transações com os clientes é
limitado e pouca customização. Estes serviços são predominantemente baseados em
legislação e orientados para o “produto”, com maior parte do valor adicionada no
escritório de retaguarda, com relativamente pouca atividade de julgamento exercida
pelo pessoal de linha de frente. São exemplos de empresas de serviços de massa:
supermercados, transporte público, serviços de telecomunicações, emissoras de
televisão, serviço de polícia e atendimento em um serviço público (BORCHARDT,
2005).
Womack (2006), faz várias considerações sobre como a informação é importante
no sistema enxuto. Argumenta também que deve haver um gerenciamento Lean das
informações, pois muitas organizações negligenciam a forma como são tratadas ou
administradas.
Neste sentido Womack (2006), propõe que as organizações devem seguir alguns
princípios:
1. Simplificar cada processo para minimizar a necessidade de gerenciamento de
informações. A simples iniciativa de mudar de lugar as atividades de
departamentos em layout de fluxo contínuo elimina a necessidade de
controle de documentos ou produtos entre setores.
2. Programar cada fluxo de valor somente a partir de um ponto. Dessa maneira,
o gerenciamento de informações por todas as operações será mais simples.
3. Usar um controle de produção para os fluxos na cadeia de operações.
Quando o processo fluxo abaixo utiliza um material ou informação, uma
ordem automática é colocada para reabastecer o processo fluxo acima. É
chamado de controle reflexivo.
4. Enviar informações em pequenos lotes.
5. O gerenciamento deve ser transparente e intuitivo.
44
As aplicações dos conceitos lean nos escritórios fazem o trabalho e informações
fluírem mais visivelmente. Um pedido de compra ou o processo de desenvolvimento de
um novo produto podem ser vistos com uma série de etapas, do mesmo modo que a
produção industrial, com problemas de qualidade, fluxo, esperas etc. Portanto as
ferramentas usadas no chão de fábrica podem ser aplicadas a esses novos ambientes.
Grande parte do trabalho não fabril também pode e deve ser padronizado (FERRO,
2006).
Recentes publicações com exemplos práticos de aplicação nos mais diversos
setores e países tem mostrado essa realidade. Os casos da indústria da Construção Civil,
dos Correios no Japão, do Setor de Saúde e da Aviação Civil ambos nos EUA são
alguns deles (FERRO, 2006).
Como outro exemplo de aplicação dos princípios da Produção Enxuta em
organizações de serviço, cita-se a iniciativa da FENABRAVE Federação Nacional da
Distribuição de Veículos Automotores - que lançou em 2002 o programa
“Concessionária Enxuta” (FENABRAVE, 2002) e (BORCHARDT, 2005).
Yasin et al. (2001) descreve casos de implementação de just-intime em empresas
do setor blico dos Estados Unidos. O autor aborda os problemas encontrados na
aplicação desse conceito em 86 organizações públicas. Desse trabalho, Yasin et al.
(2001) argumenta que o uso do JIT no setor público é inquestionável, pois os resultados
obtidos demonstram muitos avanços. A questão colocada pelo autor é a forma de
implementação dessa prática. Ele termina relatando que o setor público deve fomentar
práticas de melhorias em seus processos.
Outros autores como Osborne e Gaebler (1994) apresentam várias iniciativas de
melhoria e práticas de redução de desperdícios no setor público. No livro
“Reinventando o governo: como o espírito empreendedor está transformando o setor
público”, os autores descrevem como as práticas de melhoria e o foco no cidadão devem
estar presentes na vida e estratégia do serviço público.
O que de comum nesses casos, além da aplicação dos mesmos conceitos,
princípios e ferramentas, é a existência de crises nos negócios, tornando-os abertos a
45
tentar novos e diferentes métodos de trabalho. Uma outra característica comum é o fato
de que a utilização das práticas lean em algumas empresas de um setor, normalmente
envolvidas com a produção física de produtos, serve como um efeito de demonstração
para as outras organizações, mais identificadas com a produção de serviços
propriamente dita (FERRO, 2006).
No setor público a atividade administrativa é intensa, o que indica que a
aplicabilidade desses conceitos e ferramentas podem ser úteis. E mais do que isso.
Aplicando os conceitos em segmentos como esse, é ampliada a sua abrangência de uso e
decorre uma significativa contribuição acadêmica para um melhor entendimento dos
conceitos e ferramentas utilizadas.
A literatura, principalmente a brasileira, não fornece elementos suficientes para a
devida correlação entre os conceitos enxutos nos escritórios privados e escritórios de
empresas públicas. Porém existem práticas e trabalhos no sentido de agregar tais
áreas e investigar os efeitos de sua aplicabilidade, como um recente trabalho do
pensamento enxuto em empresa de serviços públicos, mais precisamente no setor
bancário (SÜFFERT, 2004). O autor investiga quais princípios enxutos estão vinculados
as práticas de um banco público, já que é uma organização que possui atendimento
presencial a seus clientes. O autor conclui que seus processos internos devem seguir tais
preceitos da Produção Enxuta, mesmo que não na sua totalidade.
Assim, observa-se que as aplicações dos conceitos do escritório enxuto estão
crescendo em áreas como serviços, atendimento ao público e setores públicos,
evidenciando que a sua utilização pode trazer benefícios para as organizações em
questão.
46
4 MÉTODO DA PESQUISA
Este capítulo apresenta o método de pesquisa que será utilizado neste trabalho,
bem como as justificativas da escolha do método. Serão demonstradas as etapas que
auxiliaram na execução da pesquisa e de que forma os dados foram obtidos.
4.1 Introdução ao Método da Pesquisa
Em uma definição mais completa a “pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social
com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou
com a resolução de um problema coletivo e nos quais os pesquisadores e os
participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo
cooperativo ou participativo” (THIOLLENT, 2000).
O princípio fundamental da pesquisa-ação consiste na busca de soluções e,
simultaneamente, no aprofundamento do conhecimento científico disponível, por parte
dos pesquisadores e pelos membros da organização envolvidos na definição do
problema. Pela pesquisa-ação é possível estudar dinamicamente os problemas, decisões,
ações, negociações, conflitos e tomadas de consciência que ocorrem entre os agentes
durante o processo de transformação da situação (THIOLLENT, 2000).
4.2 Caracterização da Pesquisa
Estão apresentadas a seguir as características da pesquisa-ação que ajudaram a
identificar os vínculos e a escolha do todo da pesquisa utilizado no desenvolvimento
do presente trabalho. São elas (THIOLLENT, 2000):
47
1. O pesquisador desempenha um papel ativo no equacionamento dos problemas
encontrados, no acompanhamento e na avaliação das ações desencadeadas em
função dos problemas; O pesquisador desempenhou o papel de coordenador dos
trabalhos, auxiliando os funcionários a compreenderem os problemas e apresentando
os conceitos utilizados na pesquisa.
2. A pesquisa está baseada em uma estratégia metodológica de pesquisa social na
qual:
a) uma ampla e explicita interação entre pesquisadores e pessoas implicadas
na situação investigada; O pesquisador pertence ao quadro de funcionários da
organização estudada e desempenha suas atividades no ambiente de aplicação da
pesquisa, de modo que a comunicação e o entendimento necessário se tornaram
cil, pois para o pesquisador, o ambiente de aplicação não era desconhecido.
b) desta interação resulta a ordem de prioridade dos problemas a serem
pesquisados e das soluções a serem encaminhadas sob a forma de ação concreta;
Com base nas informações dos funcionários e da análise na estrutura dos
procedimentos, resultaram na escolha dos procedimentos relevantes a serem
estudados.
c) o objetivo da pesquisa-ação não é constituído pelas pessoas e sim pela
situação social e pelos diferentes problemas encontrados nesta situação; A grande
problemática concetrou-se na situação observada – problemas na qualidade dos
pedidos solicitados pela população.
d) o objetivo da pesquisa-ação consiste em resolver ou, pelo menos, em
esclarecer os problemas da situação observada; O objetivo proposto foi a analise da
utilização dos conceitos do LO, e como eles poderiam trazer bons resultados para a
organização estudada.
e) a pesquisa o se limita a uma forma de ação (risco de ativismo): pretende-se
aumentar o nível de conhecimento dos pesquisadores e o conhecimento ou o nível
de consciência” das pessoas ou dos grupos considerados. A expectativa foi de
ampliar o conhecimento do pesquisador sobre os conceitos apresentados e aproveitar
para apresentar aos funcionários do setor público em questão, conceitos que eles
desconheciam.
48
3. A atitude do pesquisador é sempre uma atitude de escuta e de elucidação dos
vários aspectos da situação, sem imposição unilateral de suas concepções próprias.
Em todos os momentos de discussão, o pesquisador deve assumir sempre a posição
de escuta e esclarecimento diante dos pesquisados.
Outra especificidade da pesquisa-ação consiste no relacionamento de dois tipos
de objetivos (THIOLLENT, 2000):
Objetivo prático: contribuir para o melhor equacionamento possível do
problema considerado como central da pesquisa, como levantamento de
soluções e propostas de ões correspondentes às soluções para auxiliar o
agente (ou ator) na sua atividade de transformador da situação.
Objetivo de conhecimento: obter informações que seriam de difícil acesso
por meio de outros procedimentos, aumentar o conhecimento de
determinadas situações (reivindicações, representações, capacidades de ão
ou mobilização etc).
Considera-se que o objetivo prático dessa pesquisa está pautado na apresentação
de propostas de melhorias para os procedimentos administrativos de uma Secretaria
Municipal (setor publico), enquanto que o objetivo de conhecimento está concentrado
na aplicação dos conceitos apresentados como forma de intermediação na solução dos
problemas.
No sentido de auxiliar o desenvolvimento metodológico, será abordada também
a proposta para elaboração de trabalhos científicos apresentada por Botomé (1997). Este
autor apresenta uma estrutura para encaminhamento de trabalhos científicos composta
por 13 etapas. Este roteiro foi consultado para auxiliar o desenvolvimento deste
trabalho.
49
4.3 Ambiente de Aplicação da Pesquisa
Os procedimentos administrativos que foram estudados neste trabalho pertencem
à Secretaria Municipal da Fazenda (SMF), do Município de São Carlos, Estado de o
Paulo. A SMF é responsável por todos os lançamentos tributários da cidade, como o
IPTU (Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana), controle das despesas e o
recolhimento de emolumentos municipais, como as taxas públicas. Dessa forma, a SMF
corresponde a “entrada” financeira da prefeitura, o que demanda precisão e grande
responsabilidade dos funcionários.
A estrutura da Secretaria Municipal da Fazenda (SMF) é composta de duas
diretorias. A Diretoria de Arrecadação (DA), responsável pela arrecadação e controle da
fiscalização de tributos, e a Diretoria de Finanças (DF), responsável pelo controle das
despesas da prefeitura.
A figura 3 ilustra o organograma da Secretaria Municipal da Fazenda (SMF).
Figura 3: Organograma da secretaria municipal da fazenda
Fonte: Próprio autor
A DA é composta pela Divisão de Receita (DR), pelo Sistema Integrado do
Município (SIM) e pelo Cadastro Imobiliário. Todas essas divisões são responsáveis
Cadastro
Mobiliário
Divisão de
Receita
Divida
Ativa
Fiscalização
Tributária
Diretoria de Arrecadação - DA
Diretoria de Finanças - DF
Divisão de
Tesouraria
Divisão de
Compras
Divisão de
Contabilidade
Caixas
C
otações
Contas a
Pagar
Secretaria Municipal da Fazenda - SMF
Cadastro
Imobiliário
SIM
50
pelas informações referentes a cobranças e a dados essenciais referente a lançamentos
de impostos.
A Diretoria de Finanças é composta pela Divisão de Tesouraria, responsável
pelas ordens de pagamento e pela Divisão de Contabilidade, responsável pela
contabilidade pública. Por fim, a Divisão de Compras é responsável por todas as
compras de produtos e serviços.
Como observação, cabe ressaltar que a maior parte dos pedidos colocados pelos
cidadãos são processados na DR, e que, no SIM são dadas às entradas a estes pedidos.
Muitos dos procedimentos da SMF apresentam deficiência em seu desempenho,
como por exemplo, devoluções de certidões de débitos tributários ocasionados pela
imprecisão nos dados informados e acúmulo de documentos. Em muitos momentos a
SMF mais se parece com um “depósito” de documentos, dado o volume de pedidos
parado no setor. A fotografia 1 ilustra essa afirmação.
Fotografia 1: Pedidos aguardando para serem processados pela SMF
Fonte: Próprio Autor
A partir desse ambiente problemático, surgiu o interesse em avaliar os
procedimentos administrativos mais relevantes da SMF. Este interesse resgata a idéia de
51
intensificar os esforços em melhor atender à população e de investigar se e como os
conceitos utilizados na manufatura podem ser aplicados no ambiente em questão.
4.4 Desenvolvimento da Pesquisa-ação
A partir da proposta de Thiollent (2000), foi elaborado o quadro 5 com os 12
passos da pesquisa-ação, descrevendo a correlação entre a pesquisa desenvolvida e os
passos propostos pelo autor. São apresentados os nomes dos passos, suas descrições, o
vínculo de cada um com a pesquisa e o relacionamento com os capítulos deste trabalho.
1. A FASE EXPLORATÓRIA
VER CAPÍTULO 1
Descrição: Descobrir o campo da pesquisa; os interessados; fazer diagnóstico da
situação; dos problemas.
Vinculo com a pesquisa: Desenvolvimento de uma pesquisa com a aplicação de
conceitos do Lean Office no setor administrativo público, tendo como proposta a
possibilidade de investigar e observar os resultados dessa aplicação;
Muitos dos procedimentos administrativos apresentam baixa eficiência funcional
2. O TEMA DA PESQUISA
VER CAPÍTULO 1
Descrição: Designação do problema prático e da área do conhecimento a ser
abordada
Vinculo com a pesquisa: Aplicação dos conceitos do Lean Office no setor
administrativo público para reduzir/eliminar o lead time e o tempo de ciclo dos
procedimentos analisados de modo a implementar o fluxo contínuo nos
procedimentos.
3. A COLOCAÇÃO DOS PROBLEMAS
VER CAPÍTULO 1
Descrição:
a) Análise e delimitação da situação inicial;
b) Delineamento da situação inicial, em função de critérios de desejabilidade
e factibilidade;
c) Identificação de todos os problemas a serem resolvidos para permitir a
passagem de (a) para (b);
d) Planejamento das ações correspondentes;
e) Execução e avaliação das ações.
Vínculo com a pesquisa: Verificar quais dos procedimentos da secretaria
municipal da fazenda apresentam problemas, como desperdícios de tempo e de
produção; Identificar e analisar os cinco procedimentos mais importantes,
levantar os dados necessários, mapear os procedimentos e discutir os resultados
52
4. O LUGAR DA TEORIA
VER CAPÍTULOS 2 e 3
Descrição: Gerar idéias, hipóteses ou diretrizes para orientar a pesquisa e as
interpretações.
Vinculo com a pesquisa: Utilização de princípios da administração pública e de
práticas gerenciais como os conceitos do Lean Office, no desenvolvimento da
pesquisa, visando propor melhorias nos procedimentos, de forma a
disponibilizar mais qualidade nos serviços prestados ao cidadão.
5. HIPÓTESES
VER CAPÍTULO 1
Descrição: Suposição formulada pelo pesquisador a respeito de possíveis
soluções a um problema colocado na pesquisa, principalmente ao nível
observacional.
Vínculos com a pesquisa: A aplicação dos conceitos do Lean Office em um setor
administrativo público gera desempenho superior, baseado nas métricas lean?
6. SEMINÁRIOS – REUNIÕES
VER CAPÍTULO 4
Descrição: Consiste em examinar, discutir e tomar decisões acerca do processo
de investigação.
1. Definir o tema e equacionar os problemas para os quais a pesquisa foi
solicitada;
2. Elaborar a problemática na qual serão tratados os problemas e as
correspondentes hipóteses de pesquisa;
3. Constituir os grupos de estudos e equipes de pesquisa. Coordenar suas
atividades;
4. Centralizar as informações provenientes de diversas fontes e grupos;
5. Elaborar as interpretações;
6. Buscar soluções e definir diretrizes deão;
7. Acompanhar e avaliar as ações;
8. Divulgar os resultados pelos canais apropriados.
Vínculo com a pesquisa: Proceder com o mapeamento atual dos procedimentos e
apresentá-los ao Grupo de Consulta (GC) para discussão sobre seu
funcionamento
O GC deve apresentar as melhorias e os problemas existentes nos procedimentos
analisados (mapas atuais) e apresentar sugestões de melhorias (mapas futuros);
O pesquisador, junto com o GC tem por definir quais as melhores propostas.
53
7. CAMPO OBSERVACIONAL,
AMOSTRAGEM E REPRESENTATIVIDADE
QUALITATIVA
NÃO APLICADO
Descrição: Definição do campo de ão. Para campo muito grande, coloca-se a
questão da amostragem e da representatividade.
Vínculo com a pesquisa: Não aplicado.
8. COLETA DE DADOS
VER CAPÍTULO 4
Descrição: Efetuada por grupo individual aplicada de modo aprofundado ou por
critérios intencionais.
Vinculo com a pesquisa: Escolha de três pessoas representativas na organização
para prestarem informações sobre os procedimentos (GC). Levantamento dos
registros existentes; Consulta a manuais e documentos sobre o funcionamento
dos procedimentos; consulta a sistemas de informação existentes sobre a
demanda de pedidos e sobre a estrutura dos procedimentos;
Agregação das informações obtidas no GC aos mapas de procedimentos atuais e
futuros.
9. APRENDIZAGEM
VER CAPÍTULO 4
Descrição: O processo de desenvolvimento da pesquisa deve contribuir com a
aprendizagem dos participantes e dos pesquisadores
Vínculo com a pesquisa: O pesquisador aprende sobre o funcionamento dos
procedimentos e os funcionários descobrem mais sobre o funcionamento e os
problemas existentes nos procedimentos estudados.
10. SABER FORMAL E INFORMAL
VER CAPÍTULO 4
Descrição: Utilização do saber dos especialistas e pesquisadores e das
experiências concretas dos participantes
Vínculo com a pesquisa: Utilização do conhecimento dos funcionários sobre o
funcionamento dos procedimentos e a sua experiência concreta no assunto,
deixam mais evidente o problema observado;
54
11. PLANO DE AÇÃO
VER CAPÍTULO 4
Descrição: Estabelecimento de:
a) Quem são os atores e as unidades de intervenção;
b) Como se relacionam os atores e as instituições: convergências, atritos,
conflito aberto?
c) Quem toma as decisões?
d) Quais são os objetivos (ou metas) tangíveis da ão e os critérios de sua
avaliação?
e) Como dar continuidade à ação, apesar das dificuldades.
f) Como assegurar a participação da população e incorporar as suas
sugestões?
g) Como controlar o conjunto do processo e avaliar os resultados.
Vínculo com a pesquisa: Verificar o impacto das melhorias propostas do ponto
de vista dos cidadãos e dos funcionários, e de que forma isso pode ser
implantado;
Observar de que forma a organização utilizada como campo de pesquisa (área
pública) pode influir nos resultados, e discutir os entraves e vantagens dessa
aplicação nesse ambiente.
Identificação dos nculos existentes no modelo de excelência na gestão blica
e o Lean Office.
12. DIVULGAÇÃO EXTERNA
VER CAPÍTULO 5
Descrição: Divulgar o resultado a todos os envolvidos.
Vínculo com a pesquisa: Elaboração da dissertação de mestrado com os
resultados obtidos na presente pesquisa.
Quadro 5: Associação dos 12 passos propostos por Thiollent com o trabalho
Seguindo os passos propostos por Thiollent (2000), os procedimentos
administrativos da SMF foram analisados. Os procedimentos analisados fazem parte do
conjunto de 50 procedimentos administrativos que compõe o total de procedimentos
existentes na SMF.
Como ocorre no setor privado, os procedimentos geram os produtos e serviços a
seus clientes. Analogamente, no setor público, a qualidade no fornecimento do serviço
ao cidadão irá depender, dentre muitos fatores, do desempenho de seus procedimentos.
55
Com base na matriz de procedimentos (quadro 6), foram escolhidos cinco
procedimentos administrativos a serem mapeados e analisados. São eles:
1. Atendimento fiscal aos cidadãos;
2. Alvará de licença para eventos;
3. Emissão de certidão de débitos tributários para licitação;
4. Restituição de Impostos;
5. Isenção de IPTU para aposentados.
Cada um desses procedimentos representa um grupo de procedimentos da SMF.
Em cada grupo, um procedimento foi escolhido (estudado). O procedimento escolhido é
o que utiliza o maior numero de setores na prefeitura. Como critério de desempate na
escolha, dois outros aspectos foram considerados: o procedimento com maior
complexidade em sua estrutura em relação aos demais do grupo e o procedimento com a
maior demanda. Com base nesses requisitos, os cinco procedimentos foram escolhidos,
sendo escolhido um procedimento de cada grupo para ser mapeado. Estes grupos estão
apresentados no quadro 6, onde estão destacados os mapas que foram estudados
A orientação quanto ao processo de escolha dos procedimentos e a formação de
famílias ou grupos de procedimentos advém do primeiro passo para a elaboração do
mapeamento do fluxo de valor, onde a primeira etapa é estabelecer qual será o mapa que
representará um conjunto de procedimentos. Em um ambiente com muitos
procedimentos, não é viável analisar um a um, pois uma das facilidades do MFV, a
simplicidade, seria perdida. Essa característica do MFV foi discutida no item 3.5
As informações e os dados necessários para a elaboração da pesquisa foram
extraídos da SMF. Integram a base de dados da pesquisa os relatos dos funcionários da
SMF sobre as reclamações dos cidadãos e dos próprios funcionários, os documentos, as
observações diretas sobre os procedimentos analisados e as leis associadas ao assunto.
56
SETORES UTILIZADOS:
MATRIZ DOS GRUPOS DE
PROCEDIMENTOS
Divisão Mobiliário Fiscaliz Dívida
Grupos
PROCEDIMENTOS
SIM
Cad. Imob ISS/IPTU Tributária Ativa
Divisão
Tesouraria
Divisão
Contab
1
Cadastramento da empresa/ autônomo (alvará) X X
2
Alteração no cadastro da empresa/autônomo no cadastro mobiliário X X X
3
Alvará de licença para eventos
X X X
4
Aprovação de projeto de construção civil X X X
5
Aprovação/ regularização de projetos simplificados X X X
6
Regularização de projetos X X X
7
Pedido de Habite-se X X X
8
Incentivo fiscal para contribuintes do ICMS X X X
ALVARÁ
9
Incentivo fiscal para a atividade industrial X X X
10
Rebaixamento de guias X
11
Aprovação definitiva de projeto de loteamentos e condomínios X
12
Alvará de tapume X
13
Alvará de alinhamento predial X
14
Alvará de demolição X
15
Solicitação para corte de árvores X
16
Solicitação de cópias de processos administrativos e mapas X
17
Solicitação de diretrizes para loteamentos e condomínios X
18
Atendimento fiscal
X X
19
Emissão de segunda via de impostos e taxas X
20
Emissão de guias avulsas de débitos inscritos X
21
Emissão de guias para liberação de veículos pátio do CIRETRAN X
22
Emissão de outras certidões X
23
Entrega de cupons na campanha do natal X
24
Inscrição para concursos públicos municipais X
25
Parcelamento de cobrança de preço público pátio CIRETRAN X
26
Parcelamento de débitos ajuizados X
ATENDIMENTO
27
Parcelamento de débitos inscritos em dívida ativa X
28
Certidão da segunda via do alvará de licença X X X
29
Autorização para uso de espaços públicos X X X
30
Certidão de isenção de ITBI X X
31
Certidão de valor venal X X
32
Certidão de valor venal rural X X
33
Certidão negativa de débitos no cadastro imobiliário X X
34
Certidão negativa de débitos no cadastro mobiliário X X
35
Certidão negativa de débitos para licitação X X X
36
Certidão para fins previdenciários X X
37
Certidão positiva X X
38
Certidão positiva com efeito de negativa X X
CERTIDÃO
39
Certidão positiva de 1° lançamento X X X
40
Lançamento de fração ideal X X X X
41
Renovação da licença do transporte escolar e taxistas X X X
42
Baixa da empresa no cadastro mobiliário X X X
43
Cancelamento de débitos X X X X
44
Remissão de débitos X X X X
45
Desmembramento de lotes X X X
46
Isenção de IPTU para aposentados X X X X
ISENÇÃO
47
Unificação de lotes X X X
48
Restituição de importância (IPTU/ISS/Taxas) X X X X X
49
Revisão de lançamento de IPTU X X X X X
RESTITUIÇÃO
50
Revisão de lançamentos de ISS X X X X X
Quadro 6 - Matriz dos grupos de procedimentos da Secretaria Municipal da Fazenda
57
4.4.1 Coleta de Informações
Para a coleta de informações a respeito do funcionamento atual dos
procedimentos, a primeira fonte de informação foi à documentação existente. Esses
documentos registram o funcionamento desses procedimentos. Eles estão descritos de
forma resumida no manual de atendimento do SIM. Neste manual consta o
embasamento legal de cada procedimento, as etapas que o atendente deve executar para
dar “entrada” ao pedido e os setores que o pedido deve percorrer até ser finalizado.
Em termos documentais, esse é o único registro de como é o funcionamento dos
procedimentos. Esse manual demonstra apenas as etapas de entrada e saída do pedido e
não fornece informações precisas de como o pedido deve ser processado ao longo das
divisões que irá tramitar.
É importante ressaltar que a legislação pertinente aos procedimentos também foi
consultada como forma de garantir a possibilidade das alterações propostas. A
legislação referente aos procedimentos é composta por: Código Tributário Municipal,
que disciplina as questões tributárias no município, o Regulamento do ISS Imposto
sobre Serviço, que regulamenta toda a forma de recolhimento e obrigatoriedade fiscal,
as Ordens de Serviço – SMF, que normalizam os procedimentos internos da SMF e a lei
PGV – Planta Genérica de Valores, que institui o IPTU.
Para robustecer a base de dados relativa aos procedimentos atuais em termos de
sua estrutura e composição, dois outros instrumentos para a coleta de dados foram
utilizados: a observação direta dos procedimentos e as entrevistas (reuniões) com um
grupo de funcionários da SMF.
A observação direta foi feita pelo pesquisador em cada ponto de processamento
do pedido para cada procedimento analisado. Com essa medida, foram identificados
muitos aspectos importantes destes procedimentos e quais os seus fatores limitantes.
Os tempos de ciclo dos pedidos foram coletados para a quantificação dos lead
times dos procedimentos e para os cálculos das taxas de agregação de valor. Os tempos
de ciclo foram fornecidos pelos próprios funcionários que desempenham as atividades
58
estudadas. Nas atividades onde o foi possível coletar estes tempos, eles foram
medidos, com o uso de um cronômetro.
As entrevistas com o grupo de funcionários tiveram como princípio aprofundar e
detalhar as informações identificadas na observação direta. Esse grupo foi formado pelo
pesquisador (que pertence à organização estudada) e por mais dois funcionários. Na
escolha dos funcionários foi dada preferência a um funcionário com mais tempo de
serviço (12 anos de prefeitura) e outro com menos tempo (2 anos de prefeitura). Essa
estrutura do grupo teve como propósito levantar o maior número possível de opiniões,
de funcionários mais experientes e de novatos. Foram realizadas 3 reuniões com
duração aproximada de 40 minutos cada. O grupo formado recebeu o nome de Grupo de
Consulta – GC.
A primeira reunião teve como objetivo o levantamento de mais detalhes sobre o
funcionamento de cada procedimento, bem como registrar as reclamações que os
funcionários recebem dos cidadãos. Nesta ocasião, os integrantes do grupo puderam
opinar livremente a respeito dos procedimentos analisados.
4.4.2 Tratamento das Informações e Construção dos Mapas
Reunidas às informações sobre o funcionamento atual dos procedimentos, eles
foram mapeados com base nas informações identificadas pela observação direta e pelas
informações fornecidas em entrevistas com o grupo de funcionários. A ferramenta de
mapeamento utilizada foi o Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV) para o Escritório
Enxuto, proposta por Tapping e Shuker (2003) (Lean Office), descrita na seção 3.5.1.
Essa ferramenta apresenta um conjunto de ícones e passos para a modelagem de
procedimentos administrativos.
Como os procedimentos analisados foram administrativos públicos, essa
ferramenta se mostrou adequada para os propósitos deste trabalho, pois com ela foram
identificadas as fontes de desperdícios no ambiente analisado. Essas ferramentas e seus
conceitos nortearam não o processo de mapeamento do estado atual como também o
mapeamento do estado futuro.
59
Após a finalização do mapeamento dos procedimentos do estado atual, foi
realizada a segunda rodada de reuniões com o GC, com o propósito de apresentar estes
mapas. A idéia foi homologá-los junto aos funcionários que prestaram as informações
iniciais. Este passo validou os procedimentos mapeados, bem como foram coletadas as
sugestões sobre o mapa do estado futuro.
A partir dos mapas dos procedimentos atuais juntamente com os conceitos e
princípios do Lean Office foi iniciada a geração dos mapas futuros. O conjunto de
sugestões de melhorias foi coletado nas reuniões e incorporados, quando convenientes,
ao processo de geração de mapas futuros.
Para estimar os tempos nos mapas de estado futuro, foram considerados os
tempos de ciclo e os lead times dos mapas de estado atual, sendo que eles foram por
muitas vezes repetidos no mapa de estado futuro. Este fato se deve pela igualdade na
estrutura da atividade, e portanto, na manutenção do mesmo tempo de ciclo da atividade
atual para a atividade futura. Dependendo da situação proposta, alguns dos tempos
coletados foram agregados e/ou ajustados a outros tempos de ciclo, para a apresentação
nos mapas de estado futuro. Isso ocorreu devido às propostas de melhorias sugeridas na
elaboração do estado futuro.
Na terceira e última reunião com o GC, os mapas do estado futuro foram
apresentados. Esta reunião serviu para discutir sobre a conveniência e viabilidade de
implementação dos mapas futuros propostos.
De posse desses novos mapas, foram realizadas considerações sobre as
melhorias, como elas afetariam o funcionamento da SMF, como ficaria a situação dos
funcionários e, principalmente, quais seriam os ganhos reais para os cidadãos na
prestação dos serviços públicos. Foram discutidas também as vantagens e desvantagens
dos procedimentos propostos, e as limitações e as dificuldades encontradas na
elaboração deste trabalho. Esses assuntos estão abordados nos próximos capítulos.
60
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este capítulo apresenta os mapas de estado atual e estado futuro obtido no
desenvolvimento da pesquisa. Apresenta também os resultados quantitativos e
qualitativos da pesquisa. Faz um comparativo entre os conceitos da excelência na gestão
pública (EGP) e o Lean Office (LO), e por fim, apresenta as limitações e dificuldades
encontradas no desenvolvimento da pesquisa.
5.1 Mapas dos Procedimentos Administrativos Públicos
Estão apresentados a seguir os 10 mapas obtidos, estando distribuídos por pares,
sendo um do estado atual e outro do estado futuro. Dessa forma, eles foram elaborados
na seguinte seqüência:
1. Atendimento fiscal ao cidadão;
2. Certidão para licitação;
3. Alvará de eventos;
4. Restituição de importância;
5. Isenção de IPTU para aposentados.
Iniciou-se a modelagem dos procedimentos pelo procedimento de atendimento
ao cidadão, pois sua estrutura apresentava baixa complexidade. Seguindo este
raciocínio, os procedimentos foram modelados seguindo a seqüência descrita acima, de
forma a ser finalizada com o procedimento com a mais alta complexidade, a isenção de
IPTU para aposentados.
Como os passos para a elaboração dos mapas já foram citados no capítulo
anterior, neste estão descritas as fontes de dados específicas para cada mapa e de que
forma a demanda mensal foi determinada. Cada par de mapas é acompanhado de um
61
resumo, no qual consta uma explicação textual sobre seu funcionamento. Esta
explicação está sumarizada de modo a facilitar o entendimento dos mapas.
Durante as explicações no texto o utilizados os termos “processo
administrativo”. Esta nomenclatura corresponde ao pedido realizado pelo cidadão. Em
setores públicos, todos os pedidos recebem uma numeração. Desse modo, as
informações decorrentes e necessárias para atender a esse pedido o registradas no
“processo administrativo”. Ele funciona como um prontuário do pedido.
5.1.1 Procedimento: Atendimento Fiscal ao Cidadão
O atendimento fiscal ao cidadão tem por objetivo fornecer informações e
documentos fiscais ao cidadão, como certidão de débitos tributários, cancelamento de
notas fiscais, autorizações afins e esclarecimentos de dúvidas tributárias. Um fiscal
tributário faz o atendimento.
As atividades estão apresentadas da seguinte forma:
a) Resumo
b) Demanda
c) Mapas
d) Melhorias propostas
a) Resumo
SITUAÇÃO ATUAL
1. O cidadão faz o pedido ao fiscal de plantão, no SIM. O pedido é protocolado e
enviado a fiscalização tributária;
2. O supervisor recebe os pedidos no dia seguinte e os separa. O supervisor entrega
os pedidos aos fiscais; O supervisor elabora a cada dois meses a escala para
designar um fiscal para o plantão e também um único fiscal para o horário do
almoço.
3. O fiscal de tributos analisa o pedido. Quanto terminado, devolve para o
supervisor;
62
4. O supervisor reúne os pedidos prontos e encaminha para o SIM. Entrega ao
fiscal de plantão. A entrega de pedidos é realizada duas vezes por dia, (manhã e
tarde).
SUTUAÇÃO FUTURA
1. Cidadão faz o pedido ao fiscal de plantão;
2. O fiscal analisa o pedido, com base nas informações cadastrais. Sistema FIFO;
3. Libera ou bloqueia o pedido, no ato do atendimento. Informa o cidadão sobre
sua solicitação;
4. Recursos Buffer para momentos em que a demanda apresenta picos. Neste
caso o supervisor pode designar mais um fiscal para ficar no plantão fiscal;
5. Pedido entregue em uma única visita; Com a escala fixa para os fiscais
designados no plantão fiscal, ocorre um nivelamento de trabalho no horário do
almoço. Assim, mais fiscais tributários ficam trabalhando neste horário, em
forma de rodízio.
b) Demanda
Para o levantamento da demanda deste procedimento foram utilizadas as
informações da pasta de registro de atendimentos do SIM e os registros de pedidos da
fiscalização tributária.
O período utilizado para o cálculo da demanda foi de um ano (setembro/2005 a
agosto/2006). Com base nas planilhas analisadas, a demanda apresentou um padrão
anual de desempenho, de forma que esse período foi suficiente para estabelecer uma
média mensal de pedidos. Esse período foi utilizado para todos os procedimentos
estudados.
c) Mapas
63
Demanda mensal - média
200 atendimentos
Cidadão
(População)
SIM – Atendimento
Fiscal
Pessoalmente
Entregar o
pedido
Pessoalmente
Receber pedidos
Emitir protocolo
recebimento pedido
Fiscal de plantão
Fiscalização Tributária
(Supervisão)
Registrar entrada
Separa pedido
Distribuir pedido
uniformemente
Chefe da
Fiscalização
Fiscalização Tributária
(Fiscal)
Analisar pedido
Checar informações
Emitir parecer pedido
Fiscal de Tributos
Fiscalização Tributária
(Supervisão)
Checa os pedidos
Registrar as saídas
dos pedido
Chefe da
Fiscalização
SIM – Atendimento
Fiscal
Emitir protocolo
devolução
Esclarecer dúvidas
Finaliza e entrega o
pedido
Fiscal de plantão
Solicitação de
documentos
faltantes
Autorizações, notas fiscais
vencidas etc.
Segunda a Sexta
Turno 8 h
Programação
Atualizada
bimestral
Mesmo fiscal
no horário do
almoço
Enviar a supervisão
fiscal
Enviar ao chefe da
fiscalização
Fone/Fax
Enviar pedido
prontos ao
atendimento
4
480
3
3
20
3
3 4
240
1
1
1
1
1
TLT =760 min
TCT = 34 min
TAV = 4,5 %
63
Figura 4: Atendimento fiscal ao cidadão – mapa atual
Fonte: Próprio autor
64
64
SIM – Atendimento
Fiscal
Pessoalmente
Entregar os
pedidos
Receber pedido
Analisar pedido
Buscar/verifica na Base
de Dados
Fiscal de plantão
(Escala Fixa)
Base de Dados
Divisão de Receita
SIM – Atendimento
Fiscal
Liberar/Bloquear
pedido
Realiza esclarecimentos
Entrega pedido
Fiscal de plantão
Consulta
Resultado da
Busca
Autonomia
ao fiscal
de plantão
Terminal de
consulta
Formulários
disponíveis
FIFO
Escala
fixa
Nivelamento
Horário do
Almoço
Cidadão
(População)
Autorizações, notas fiscais
vencidas etc.
Segunda a Sexta
Turno 8 h
2
8
2
Demanda mensal - média
200 atendimentos
TAKT TIME = 48 min/ pedido
TLT = 12 min
TCT = 4 min
TAV = 33,3 %
B
B
Figura 5: Atendimento fiscal ao cidadão – mapa futuro
Fonte: Próprio autor
65
d) Melhorias propostas
Antes de apresentar as propostas de melhorias, o apresentados o significados das
siglas apresentadas nos mapas de estado atual e futuro. Essa nomenclatura foi utilizada em
todos os mapas:
TLT Total Lead Time é o tempo total necessário que o pedido leva para mover-se ao
longo de todo o processo. Esse tempo inicia-se com a solicitação inicial feita pelo cidadão e
termina na entrega final do pedido.
TCL Total Cicle Time é o tempo total necessário para que os funcionários efetuem todas
as atividades referentes ao seu trabalho/função.
TAV Taxa de Agregação de Valor Porcentagem que indica o quanto de valor o processo
está produzindo. É obtida pela razão entre o TCT pelo TLT.
As melhorias propostas neste procedimento foram as seguintes:
1. Redução na quantidade de etapas realizadas de 5 para 1, pois, antes o pedido
necessitava passar por vários setores, e agora, o mesmo é resolvido no ato do
atendimento. Com essa medida é possível observar a redução no transporte
de documentos e também economia para o cidadão, que agora não é mais
necessário dirigir-se a prefeitura duas vezes, e sim, uma vez;
2. O tempo de espera foi reduzido de 760 minutos para 12 minutos, o que
propicia uma maior velocidade no atendimento, pois ele passa a ser on
time”, de modo que o fiscal pode liberar/negar o pedido no ato do
atendimento;
3. Melhor distribuição na carga de trabalho para o horário do almoço e uma
escala para designar qual fiscal irá trabalhar no atendimento. Foi proposta a
criação de um sistema de rodízio entre os fiscais tributários, tanto para o
horário de atendimento, como para o horário de almoço. Essa ação distribui
66
de forma mais uniforme a carga de trabalho entre os fiscais, mostrando que o
processo anterior estava inadequado.
5.1.2 Procedimento: Certidão para Licitação
A certidão de licitação é um documento fiscal fornecido pela prefeitura a pessoas ou
empresas que possuam cadastro na prefeitura, com o propósito de disputar uma concorrência
pública. Sem a certidão de licitação o requerente não pode participar do processo licitatório
que a prefeitura promove. Este documento atesta que o requerente está quite com o fisco
municipal.
a) Resumo
SITUAÇÃO ATUAL
1. O cidadão faz o pedido de certidão para fins de licitação pública, junto ao SIM. O
pedido é protocolado e enviado a Divisão de Protocolo e Arquivo (DPA) , onde é
elaborada a ficha de tramitação do pedido; Ele é enviado a DR no dia seguinte;
2. Após receber do DPA, no dia seguinte, o funcionário da Divisão de Receita verifica os
débitos tributários, e os separa em situação regular e irregular. Após as verificações,
envia ao fiscal de tributos;
3. O fiscal de tributos verifica os débitos. Se estiver tudo correto, emite a certidão.
Entrega ao SIM, logo após a emissão;
4. O SIM procede com a entrega da certidão e devolve o processo administrativo para a
Divisão de Receita;
5. A Divisão de Receita encaminha o processo administrativo para o DPA;
6. A DPA recebe no dia seguinte o processo administrativo atendido e arquiva.
SITUAÇÃO FUTURA
1. O cidadão faz o pedido de certidão no SIM; O atendente utiliza o sistema de
informação de pedidos e tramitação eletrônica;
67
2. O atendente usa formulários padronizados para esse pedido, e verifica se há débitos
pendentes, pois se houver, bloqueia o pedido. o deixa o pedido entrar, pois não
será atendido devido aos débitos - filtro na entrada;
3. Se estiver tudo correto, protocola pedido. Se for a segunda vez que o cidadão faz o
pedido de certidão, junta a solicitação ao mesmo processo administrativo anterior;
4. O SIM entrega os pedidos quatro vezes ao dia, às 9, 11, 13 e 15 hs;
5. A Divisão de Receita recebe os pedidos e consulta o banco de dados. Envia o pedido
ao fiscal tributário, que fica próximo ao funcionário da Divisão de Receita mudança
no layout. Sistema FIFO;
6. Após terminar, o fiscal entrega a certidão ao atendente do SIM, estabelecendo uma
continuidade no procedimento. O SIM entrega a certidão, que após, encaminha os
processos administrativos finalizados a DPA, quatro vezes por dia.
b) Demanda
Os registros utilizados foram os relatórios de atendimento do SIM, o sistema
integrado de emissão de expedientes municipais SIEM, o qual é composto por um sistema de
informação onde o registrados todos os pedidos e requerimentos que dão entrada na
prefeitura.
Foram também coletadas informações de demanda do controle de processos
administrativos da DR. Esse controle de processos é um software desenvolvido em Microsoft
Access.
c) Mapas
d) Melhorias Propostas
As melhorias propostas neste procedimento foram:
68
Cidadão
(População)
SIM
Requerimento
solicitando a
certidão
Entregar a
certidão
Preencher os
dados
Emitir guia
recolhimento
$15
Atendente
DPA
Elabora ficha de
tramitação do pedido
Registra entrada
Anota o n° do
protocolo na ficha
Aux. Adm.
Divisão de Receita
(Mobiliário)
Verifica os Cadastros
Verifica débitos de
IPTU/ISS
Aux. Adm.
Fiscalização Tributária
Verifica débitos de
ISS Variável
Confecciona a
certidão – se estiver
tudo OK!
Fiscal de
Tributos
DPA
Registra entrada
Anota em ficha
a tramitação
Arquiva o
pedido
Aux. Adm.
Solicitação de
documentos
faltantes
Certidão negativa de
tributos para licitações
Segunda a Sexta
Turno 8 h
Protocola
pedido e
encaminha
para a DR
Separa cadastros em
situação
regular/irregular
Faz anotações finais
e envia certidão ao
SIM
12
1
1
1
Informações
complementares
SIM
Entrega a
certidão
Encaminha o
pedido para a DR
para arquivar
Atendente
Divisão de Receita
(Mobiliário)
Encaminha o pedido
para arquivo
Aux. Adm.
1
1
1
1
480
9
480
12
5
36
5
6
5
6
480
6
TLT =1542 min
TCT = 87 min
TAV = 5,6 %
Demanda mensal – média
80 certidões de licitação
68
Figura 6: Certidão para licitação – mapa atual
Fonte: Próprio autor
69
Figura 7: Certidão para licitação – mapa futuro
Fonte: Próprio autor
69
Cidadão
(População)
SIM
Requerimento
solicitando a
certidão
Entregar a
certidão
Preencher os dados,
protocola e emitir guia
de recolhimento R$5,00
Verificar se é 1° pedido,
se não, junta mesmo
numero de pedido feito
anteriormente.
Atendente
Divisão de Receita
(Mobiliário)
Verifica o cadastro e
o n. do pedido
Consulta o banco de
dados
Aux. Adm.
Fiscalização Tributária
Verifica débitos
Confecciona a
certidão – se estiver
tudo OK!
Fiscal de
Tributos
DPA
Registra entrada
Procede com
baixa no banco
de dados
Arquiva o
pedido de
certidão
Aux. Adm.
Certidão negativa de
tributos para licitações
Segunda a Sexta
Turno 8 h
Confere de há
débit
os de ISS/IPTU
e encaminha para o
fiscal
Faz anotações finais
e envia certidão ao
SIM
21
1
1
SIM
Entrega a
certidão
Encaminha o
pedido para a DR
para arquivar
Atendente
1
1
1
120
12
Transferência
imediata
36 6
120
6
TAKT TIME = 120 min/ certidão
TLT 321 min
TCT = 81 min
TAV = 25,2 %
Demanda mensal – média
80 certidões de licitação
Junta extratos e não
deixa entrar pedidos de
empresas com débitos
4x Dia
4x Dia
Procede a baixa
registro/cadastro
de pedido
FIFO
FIFO
Transferência
imediata
Mudança
no Layout
(atividades
Estabelecer
sistema
FIFO
Projeto para o
transportador
Entrar somente
pedidos
que não tenha
débitos
Padronizar tarefa
para
todos os
atendentes
Base
Dados
Tramitação
Utilização de
um banco de
dados
70
1. Eliminação de atividades que não agregavam valor, em situações onde a DPA e o SIM
recebiam processos administrativos apenas para arquivar;
2. Proposta de utilização de um controle de tramitação eletrônico. Assim, os processo
administrativos não precisariam passar pela DPA toda vez que fossem ser enviados a
outra seção/divisão;
3. Padronização nos procedimentos de entrada (formulários e informações necessárias);
4. Sistema FIFO. Quando um funcionário termina a certidão, entrega imediatamente ao
próximo responsável. A proposta também contempla a alteração no layout, de modo a
deixar estes funcionários próximos;
5. Projeto de um carrinho para transportar os processos administrativos. Com isso, a
freqüência de entrega pode ser maior, diminuindo as filas;
6. Elaborar um banco de dados de certidões. Assim, toda vez que o cidadão solicitar a
certidão para licitação nas próximas vezes, não será necessário verificar todos os
registros novamente, o que economizará tempo significativo.
5.1.3 Procedimento: Alvará de Eventos
O alvará de eventos consiste em uma autorização para que uma pessoa ou uma
empresa possa efetuar uma atividade em determinado dia e local. Para a concessão do alvará
de eventos é necessário apresentar uma série de documentos e cumprir a legislação específica,
dependendo do evento a ser realizado.
a) Resumo
SITUAÇÃO ATUAL
1. O pedido é protocolado junto ao SIM. Ele é enviado no dia seguinte para a DPA e
após a Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano - SMHDU ;
2. Na SMDHU o pedido é analisado. O engenheiro decide sobre a proibição ou
autorização da realização do evento. Encaminhado a DPA.
3. A DPA encaminha para a Fiscalização Tributária - supervisão, no dia seguinte;
71
4. A supervisão fiscal verifica o tipo de evento e designa um fiscal para proceder com a
análise. Ele é analisado no dia seguinte;
5. O fiscal tributário calcula os tributos, notifica o cidadão a fazer os recolhimentos, e,
após, junta as guias pagas ao pedido de alvará. Encaminha para a DR - mobiliário
para proceder com a expedição do alvará;
6. Na DR - mobiliário, o alvará é expedido e encaminhado a SMHDU, no dia seguinte;
7. A SMHDU realiza a fiscalização do evento e entrega o alvará ao cidadão.
SITUAÇÃO FUTURA
1. O cidadão faz o pedido de alvará no SIM. O atendente utiliza o sistema de informação
de pedidos e tramitação eletrônica. O pedido é enviado no dia seguinte;
2. Na DR - mobiliário, o funcionário classifica o tipo de evento de acordo com a
legislação municipal, complementa as informações e entrega ao fiscal tributário
entrega imediata. Fica designado apenas um fiscal para tratar desse assunto referente a
eventos;
3. O fiscal tributário calcula os tributos e taxas e junta as guias a serem pagas pelo
cidadão. Entrega no dia seguinte para SMHDU;
4. Na SMDHU a autoridade competente autoriza ou proíbe o evento, emite o alvará e
encaminha as guias a serem pagas. Após o pagamento, entrega o alvará e faz a
fiscalização. Depois de processado o pedido é arquivado, no dia seguinte;
5. A DPA procede com o arquivamento do processo administrativo.
b) Demanda
As fontes de dados para a demanda deste procedimento foram: o controle de processos
administrativos da DR, o SIEM e os registros particulares de funcionários sobre os pedidos de
alvará de eventos.
c) Mapas
72
Neste procedimento uma linha pontilhada contornando algumas etapas dos
procedimentos. Essa linha ilustra que o pedido é analisado fora da SMF – em outra secretaria,
diferentemente das outras etapas, que ocorrem dentro da SMF
d) Melhorias Propostas
1. Padronização no trabalho Atendentes devem executar a mesma forma de
preenchimento dos requerimentos e anexarem todos os documentos necessários para
serem analisados;
2. Utilização de sistema de tramitação eletrônica, diminuindo assim o tempo para a
movimentação dos processos administrativos. Isto quer dizer eliminar a necessidade
de todo o processo administrativo passar pela DPA;
3. Envio diário dos pedidos de alvará de eventos para a SMHDU, reduzindo o tempo de
esperas;
4. Estabelecer um sistema FIFO no processamento dos pedidos;
5. Designar apenas um fiscal (ou equipe) para tratar do assunto referente a eventos.
Assim, o fluxo no processamento dos pedidos permanece definido, pois fica
estabelecido quem tratará do assunto;
A expedição do alvará passa a ser realizada pela SMHDU, pois é o departamento que
aceita/rejeita o pedido. Desse modo a sua emissão fica mais ágil, pois a decisão e a emissão
do documento ficam centralizadas.
.
73
Figura 8: Alvará de Eventos – mapa atual
Fonte: Próprio autor
73
Aux. Adm.
Atendente
Cidadão
(População)
SIM
Pedido
presencial via
requerimento
Alvará pronto
Solicita docts
Emitir guia
recolhimento
R$5
Documentos
faltantes
Alvará de licença para
eventos/shows
Segunda a Sexta
Turno 8 h
Protocola
pedido e
encaminha p/
a SMHDU
1
Informações
complementares
DPA
Cadastra
pedido
Dar n°
protocolo ao
pedido
Aux. Adm.
Monta ficha
de tramitação
e faz
anotações
1
SMHDU
Analisa
pedido
Autoriza/proí
be o evento
Engenheiro
Anota
restrições no
pedido
1
DPA
Registra
envio
Transferência
da SMDHU
p/ a DR
Aux. Adm.
Anota na
ficha de
tramitação
1
Divisão de Receita
(Mobiliário)
Emite o alvará
Registra no
alvará e no
pedido as
restrições
Aux.Adm.
Comunica o
cidadão da
autorização
1
Fiscalização
Tributária
Verifica evento
Designa um
fiscal para
proceder com a
análise
Supervisor
Encaminha para
o fiscal
designado
1
Fiscalização
Tributária
Analisa pedido
Calcula os
tributos
Fiscal de
Tributos
Notifica o
cidadão a efetuar
os recolhimentos
1
DPA
Registra
entrada
Anota em
ficha
Envia para
a SMDHU
1
Junta guia paga
Aux. Adm.
EXTERNO
24
480
9
3360
240
480
6
SMHDU
Entrega o
alvará
Fiscaliza o
evento
Arquiva o
pedido
1
480
12
480
90
6
24
480
6
480
180
Comunica a
autorização
EXTERNO
TLT = 6837 min
TCT = 591 min
TAV = 8,6 %
Demanda mensal – média
3 alvarás de eventos
1
74
Aux. Adm.
Figura 9: Alvará de Eventos – mapa futuro
Fonte: Próprio autor
74
Cidadão
(População)
SIM
Pedido de
alvará via
requerimento
Alvará pronto
Solicita docts
Emitir guia
recolhimento
R$5 e junta
todas as
informações
Atendente
Alvará de licença para
eventos/shows
Segunda a Sexta
Turno 8 h
Registra
alvará no BD
e protocola
1
Divisão de Receita
(Mobiliário)
Informar dados
complementares
Aux.Adm.
Classificar o tipo
de evento
1
Fiscalização
Tributária
Analisa pedido
Calcula os
tributos
Fiscal de Tributos
Elabora parecer
tributário
1
DPA
Registra
entrada
Anota em
ficha
Arquiva o
pedido de
alvará
1
Junta guias a
serem pagas
24
Transferência
Imediata
480
90
SMHDU
Autoriza/Proíbe
o evento
Envia guias a
pagar
Emite o alvará e
fiscaliza o evento
1
Engenheiro
12
480
420
480
6
Comunica a
autorização e
envia guias de
recolhimento
EXTERNO
TAKT TIME = 3200 min/ alvará
TLT = 1992 min
TCT = 552 min
TAV = 27,7 %
1x Dia
FIFO
1x Dia
1x Dia
Padronizar tarefa
para
todos os atendentes
Apenas um
fiscal para
tratar de
eventos
Estabelecer
sistema FIFO
Projeto
carrinho
transportador
Base
Dados
Tramitação
Utilização de
um banco de
dados
Alvará
emitido pela
SMHDU
Demanda mensal – média
3 alvarás de eventos
1
1
75
5.1.4 Procedimento: Restituição de Importância
O procedimento de restituição de importância corresponde às atividades necessárias
para a devolução de valores pela prefeitura aos cidadãos, quando estes efetuaram
recolhimentos indevidos ou a maior, referente a tributos.
a) Resumo
SITUAÇÃO ATUAL
1. O atendente protocola o pedido e encaminha para a fiscalização tributária. Encaminha
no dia seguinte - passa pela DPA;
2. O fiscal de tributos verifica a veracidade do pedido e encaminha o processo
administrativo a tesouraria para confirmar os pagamentos - no dia seguinte;
3. A Divisão de Tesouraria procede com a verificação e devolve a DR - no dia seguinte;
4. O fiscal de tributos calcula a restituição e encaminha para o diretor de arrecadação
pela manhã e à tarde;
5. O Diretor defere o pedido e o encaminha no dia seguinte;
6. O fiscal tributário recebe o pedido e encaminha para contabilidade anotar/registrar
valores - encaminha no dia seguinte;
7. A Divisão de Contabilidade procede com as anotações e encaminha para a tesouraria
para emitir o cheque no valor a restituir - duas vezes por dia;
8. a Divisão de Tesouraria emite o cheque e encaminha o processo administrativo para
arquivo - encaminha no dia seguinte;
76
9. O processo administrativo é arquivado.
SITUAÇÃO FUTURA
1. O atendente recebe o pedido e confere os valores já pagos na base de dados da
tesouraria. Utiliza formulários padronizados. entrada no pedido no controle de
tramitação de pedidos eletrônicos; Encaminha no dia seguinte ao fiscal tributário,
utilizando o transportador - carrinho;
2. O Fiscal confere a veracidade da restituição, calcula os valores e encaminha ao diretor,
a uma freqüência de envio de quadro vezes ao dia;
3. O Diretor defere o pedido e encaminha a Divisão de Controladoria - quadro vezes por
dia;
4. A Divisão de Controladoria - (unificação da divisão de contabilidade e tesouraria).
Os valores o registrados e o pagamento é realizado por cheque. O processo
administrativo e arquivado.
b) Demanda
Os registros foram coletados do SIEM, na mesma base citada do procedimento
administrativo apresentado anteriormente.
c) Mapas
No mapa atual do procedimento de restituição de importância foi utilizada uma
representação da atividade desenvolvida na DPA. Isso decorreu pois a atividade nesta divisão
é repetida em várias situações, de modo a simplificar o entendimento do mapa.
77
Cidadão
(População)
SIM
Pedido
presencial de
restituição
Valor restituído
Preenche
requerimento
Não paga taxa
Atendente
Restituição de Imposto
sobre Serviço (ISS)
Segunda a Sexta
Turno 8 h
Protocola
pedido e
encaminha p/
Fisc. Trib.
1
DPA
Registra
pedido
Dar n°
protocolo
ao pedido
Aux. Adm.
Anota na
ficha de
tramitação
1
Diretor de
Arrecadação
Autoriza a
restituição
Diretor
Fiscalização
Tributária
Confere
lançamento
em
duplicidade
Emite
parecer e
encaminha
para a
Tesouraria
Fiscal de
Tributos.
1
Divisão de
Tesouraria
Comprova
pagamento
Tesoureiro
Informa no
pedido
1
Divisão de
Contabilidade
Registra
entrada
Arquiva
o pedido
em local
próprio
Aux. Adm.
Divisão de
Contabilidade
Registra
os valores
contábeis
Agenda o
pagamento
1
Contador
DPA
Fiscalização
Tributária
Calcula a
restituição
Emite
parecer e
encaminha
para o
Diretor
Fiscal de
Tributos.
1
Divisão de
Tesouraria
Emite
cheque
Restitui
o valor
1
Tesoureiro
1
1
DPA
DPA
Registra
entrada
Anota na
ficha de
tramitação
Envia para
setor
solicitado
Aux. Adm.
1
Representação simplifica da
atividade da DPA para
elaboração do mapa
Descrição da
atividade (caixa
de processo)
240
480
480
480
480
480 480 480 480 480
20
9 20
6
10
6
6
12
6
30
18
15
Fiscal de
Tributos
Fiscalização
Tributária
1
Informa
processo
Encaminha
para
contabilida
de
DPA
DPA
240
480
4
Demanda mensal – média
61 restituições de valores
TLT =5442 min
TCT = 162 min
TAV = 2,9 %
Figura 10: Restituição de Importância – mapa atual
Fonte: Próprio autor
77
78
Cidadão
(População)
SIM
Pedido
presencial de
restituição
Valor restituído
Preenche
requerimento
Confere
pagamentos
Atendente
Restituição de Imposto
sobre Serviço (ISS)
Segunda a Sexta
Turno 8 h
Protocola
pedido e
encaminha p/
Fisc. Trib.
1
Diretor de
Arrecadação
Autoriza a
restituição
Diretor
Controladoria
Registra os valores
contábeis
Agenda o pagamento
2
Contador/Tesoureiro
Fiscalização
Tributária
Confere
valores
Calcula os
valores da
restituição
Fiscal de
Tributos.
1
1
480
40
60
6
120
120
48
Demanda mensal – média
61 restituições de valores
TAKT TIME = 157 min/ restituição
TLT =874 min
TCT = 154 min
TAV = 17,6 %
1x Dia
Base
Dados
Tesouraria
Registro dos
pagamentos
4x Dia
Envia ao
fiscal
Emite o cheque e
paga a restituição
Arquiva o pedido em
loca próprio
4x Dia
Base
Dados
Tramitação
Redução de tempo
de
verificação de
informações
(confirmação de
Execução de
duas etapas
de uma única
vez
Utilização
de um
banco de
dados
Projeto
carrinho
Unificação
de divisões
Figura 11: Restituição de Importância – mapa futuro
Fonte: Próprio autor
78
79
d) Melhorias Propostas
1. Redução nas etapas de tramitação do processo administrativo. No mapa atual
constavam 13 etapas necessárias, sendo que algumas delas, eram utilizadas mais de
uma vez. No mapa futuro o número de etapas foi reduzido para 4. Desse modo, muitas
das atividades que não agregavam valor foram eliminadas, e outras foram agrupadas,
fazendo assim o fluxo fluir mais rapidamente;
2. Utilização de mais sistemas de informação, na forma de banco de dados. Para a
consulta de pagamentos (banco de dados da tesouraria), e para a movimentação dos
processos administrativos (banco de dados tramitação). Essa ação agiliza a
movimentação dos documentos, eliminado os desperdícios de transporte e espera;
3. Redução no tempo de verificação de documentos, com a utilização de formulários
padronizados e a utilização de um transportador (carrinho), para facilitar a
movimentação dos processos administrativos.
4. A unificação de duas divisões, porém mantidas as funções originais. Essa ação elimina
a necessidade de transporte entre setores e facilita a análise do pedido. Como as
atividades são relacionadas, essa unificação traz benefícios para o cidadão, pois
fornece mais agilidade na resposta do pedido, como também para os funcionários, pois
trabalham de forma conjunta com os assuntos.
5.1.5 Procedimento: Isenção de IPTU para Aposentados
A isenção de IPTU para aposentados é um benéfico disponível ao cidadão de São Carlos
desde 1996. Para pleitear o desconto em seu imposto faz-se necessário cumprir os requisitos
legais, dentre eles, ser aposentado ou pensionista.
Essa isenção é anual, sendo, portanto, necessária ser renovada a cada exercício fiscal.
a) Resumo
SITUAÇÃO ATUAL
80
1. O atendente protocola o pedido e encaminha para a Divisão de Cadastro Imobiliário
(DCI) - encaminha no dia seguinte (com passagem pela DPA para elaboração da ficha
de tramitação);
2. O funcionário da DCI verifica o imóvel na base de dados da prefeitura e procede com
a diligência até o imóvel.uma restrição no procedimento, pois os pedidos ficam na
DCI 60 dias úteis. Após esse período, são encaminhados para a DR - mobiliário para
as providências quanto ao lançamento do IPTU.
3. A DR - mobiliário suspende ou cancela na totalidade o imposto e emite a carta de
concessão - encaminha o processo administrativo no dia seguinte ao gabinete do
secretário municipal da fazenda;
4. O Secretário assina a carta e a devolve juntamente com o processo administrativo para
a DR – mobiliário. Eles são devolvidos no dia seguinte a DR - mobiliário;
5. A DR -mobiliário (emite o carnê parcial) e/ou envia a carta de concessão de isenção ao
cidadão . Após a DR - mobiliário encaminha o processo administrativo para a DPA no
dia seguinte;
6. A DPA procede com o arquivamento do processo administrativo.
SITUAÇÃO FUTURA
1. O atendente do SIM recebe o pedido de isenção e entrada no pedido no controle
eletrônico de tramitação de pedidos - encaminha duas vezes por dia ao setor de
benefícios fiscais;
2. O setor de benefícios fiscais é composto de um funcionário da DCI e de um da DR
mobiliário que recebem o pedido e procedem com as verificações na base de dados da
prefeitura. Nesta etapa é necessário realizar diligência até o imóvel do requerente- A
81
proposta é que esta fase seja feita em regime de mutirão, para eliminar a interrupção
presente anteriormente (recurso buffer). Assim quando há um acúmulo desses pedidos,
a chefia determina a formação de uma equipe para realizar as diligências. Desse modo
a restrição anterior é eliminada;
3. Os pedidos são encaminhados em formato eletrônico (e-mail) ao secretário municipal
da fazenda, no dia seguinte; A autorização também é eletrônica. Essa ação elimina o
desperdício de tempo de espera e de movimentação (transporte) dos processos
administrativos;
4. Setor de benefícios fiscais encaminha a carta de concessão e os carnês (se necessário)
ao cidadão; Este setor trabalha como célula de trabalho em “L”. (O “L” significa que
duas pessoas estão trabalhando em um mesmo assunto, enfatizando a idéia do trabalho
em equipe). O setor de benefícios fiscais encaminha os processos administrativos
finalizados para a DPA no dia seguinte;
5. A DPA procede com o arquivamento dos processos administrativos.
b)Demanda
As demandas anuais das isenções de IPTU para aposentados foram analisadas com
base no histórico das fontes de dados . As fontes de dados utilizadas foram o SIEM, o controle
de processos da DR mobiliário e os arquivos pessoais dos funcionários envolvidos neste
procedimento.
c) Mapas
O regime de mutirão mencionado no resumo refere-se a situações onde o volume de
pedidos se acumula e o fim do exercício fiscal (fim de ano) se aproxima.
82
.
Figura 12: Isenção de IPTU – mapa atual
Fonte: Próprio autor
82
Cidadão
(População)
SIM
Pedido
presencial via
requerimento
Carta + Carnês
Solicita docts
Preenche
requerimento
Solicitação de
documentos
faltantes
Isenção Anual de IPTU
para aposentados
Segunda a Sexta
Turno 8 h
Protocola
pedido e
encaminha p/
Cadastro
Imobiliário
1
DPA
Registra
pedido
Dar n°
protocolo
ao pedido
Aux. Adm.
Anota na
ficha de
tramitação
1
Gabinete do
Secretário
Assina a
carta de
concessão
Secretário
da SMF
Divisão Cadastro
Imobiliário
Verifica se há
mais de um
imóvel
Informa se a
identificação
e
a mesma do
requerimento
Aux. Adm.
1
Divisão Receita
(Mobiliário)
Suspende a
geração do
IPTU ou
calcula o
valor parcial
Aux. Adm.
Emite as
guias e a
carta de
concessão
1
DPA
Registra
entrada
Anota na
ficha de
tramitação
Arquiva o
pedido
1
Aux. Adm.
1
DPA
Registra
entrada
Anota na
ficha de
tramitação
Envia para
a DR
1
Aux. Adm.
DPA
Registra
entrada
Anota na
ficha de
tramitação
Envia para
o gabinete
do SMF
1
Aux. Adm.
DPA
Registra
entrada
Anota na
ficha de
tramitação
Envia para
a DR
1
Aux. Adm.
Divisão
Receita
(Mobiliário)
Envia a
carta de
concessão
e carnês
de iptu -
se parcial
Envia para
arquivo
1
Aux. Adm.
15
480
9
480
57
28.800
480 480
480 480
480 480
6
30
6
6
6
6
12
Documentos
Adicionais
Demanda mensal – média
266 isenções
TLT = 32.793 min
TCT = 153 min
TAV = 0,5 %
Diligência ao
imóvel -
restrição X
Atendente
83
83
TAKT TIME = 36 min/ isenção
TLT = 1310 min
TCT = 110 min
TAV = 8,4 %
Aux. Adm.
Demanda mensal – média
266 isenções
Cidadão
(População)
SIM
Pedido
presencial via
requerimento
Carta + Carnês
Solicita docts
Preenche
requerimento
Atendente
Isenção Anual de IPTU
para aposentados
Segunda a Sexta
Turno 8 h
Protocola
pedido e
encaminha p/
Cadastro
Imobiliário
1
Gabinete do
Secretário
Analisa
pedido
eletrônico
Secretário
da SMF
Benefícios Fiscais
Verifica e
confere imóveis
Diligência ao
imóvel
Aux. Adm.
DPA
Registra
entrada
Anota na
ficha de
tramitação
Arquiva o
pedido
1
2
Envia a carta de
concessão e
carnês de iptu -
se parcial
Envia para
arquivo
1
15
240
72
480
5
Transferência
imediata
480
12
6
Suspende IPTU
e calcula a
isenção. Emite
guias e carta
Emite
parecer e
envia via
eletrônica
Envio
imediato
Analisado
no dia
seguinte
2x Dia
Benefícios Fiscais
Aux. Adm.
2
1x Dia
Utilização de
um banco de dados
Base
Dados
Tramitaçã
o
Projeto
carrinho
Célula de
trabalho
em L
Envio de
autorizações
eletrônicas
Redução de 2,4
funcionários
para 2
B
B
Recursos
Buffer - mutirão
Unificação
divisões
Otimização na
emissão de
documentos
Figura 13: Isenção de IPTU – mapa futuro
Fonte: Próprio autor
84
d) Melhorias Propostas
1. Redução das etapas de tramitação do pedidos entre as divisões e setores. Dessa forma,
o pedido irá fluir para setores onde ocorre de fato a agregação de valor;
2. Utilização do controle eletrônico de tramitação de pedidos e do transportador
(carrinho). Essa ação elimina a necessidade de todo processo administrativo passar
pela DPA, o que gera grande desperdício de tempo;
3. Utilização dos mutirões, para diminuir o tempo de espera dos pedidos na DR. Esses
mutirões são realizados pelo setor de benefícios fiscais, composto de um funcionário
da DR e outro da divisão de cadastro imobiliário. O setor de benéficos fiscais tem por
finalidade reduzir o tempo de transporte e o tempo de análise dos pedidos,
concentrando em um único setor, essas funções;
4. Envio das autorizações de isenção para o gabinete do secretário municipal da fazenda,
via eletrônica. Essa ação elimina a necessidade de transporte físico de documentos. Do
mesmo modo, o retorno dessas autorizações também deve ser eletrônico, eliminando
assim o tempo de transporte desses processos administrativos.
5. Trabalho em equipe (célula de trabalho em “L”). O setor de benefícios fiscais trabalha
com funcionários de áreas distintas, com o objetivo de obter mais agilidade no
processamento dos pedidos. Com essa prática, assuntos diferentes podem ser tratados
em um mesmo local, obtendo uma otimização das atividades de análise dos pedidos.
Com a proposta do setor de benefícios fiscais, o tempo de analise dos pedidos fica
menor, pois não será necessário enviar o processo administrativo a outros setores. Em
um mesmo local, haverá funcionários capacitados para fornecer as informações
necessárias para atendimento do pedido.
5.2 Análise dos Resultados
Os resultados apresentados no item 5.1 ilustram as propostas de melhoria nos
procedimentos com a aplicação dos conceitos do Lean Office. A representação gráfica dos
mapas, a descrição dos procedimentos (resumos) e as melhorias obtidas com a aplicação m
por finalidade abordar os aspectos operacionais da utilização de tais conceitos. Optou-se por
iniciar a discussão por esse assunto, pois, a seção anterior mostrou que os conceitos do Lean
85
Office podem ser aplicados em um ambiente administrativo público, e que os procedimentos
podem ser melhorados. Apesar das restrições quanto ao uso, é possível afirmar que os
conceitos e ferramentas propostas por Tapping e Shuker (2003) podem ser aplicadas em um
ambiente administrativo público. Seguindo os oito passos propostos pelos autores, utilizando
os conceitos da Produção Enxuta e observando os sete desperdícios citados por Ohno (1997),
muitas melhorias podem ser obtidas na organização, como foi observado nos mapas futuros.
Porém realizar o mapeamento do fluxo de valor nos procedimentos administrativos
públicos juntamente com os conceitos do Lean Office o é suficientes para responder à
questão da pesquisa. Portanto, cinco abordagens são apresentadas a seguir com o propósito de
discutir sobre a aplicação dos conceitos.
Em cada abordagem são discutidos os fatores decisivos sobre o sucesso ou o fracasso
de uma aplicação dos conceitos do Lean Office no ambiente estudado.
5.2.1 Quanto ao Ambiente de Aplicação – Organização Pública
No ambiente estudado várias situações foram observadas que, de forma direta ou
indireta, afetaram o desenvolvimento e o direcionamento dos resultados.
Dentre estas situações é possível citar a carência de registros sobre os pedidos que são
processados. Diante do volume dos pedidos, esperava-se que muitos registros e relatórios
existissem, porém essa expectativa não se confirmou. O que existe são registros básicos em
arquivos pessoais em computadores e pastas e fichários em armários, que são, como foi
relatado pelos funcionários, pouco consultados.
Uma outra situação importante pode ser observada pela analise dos mapas. É possível
verificar que os funcionários são capazes de atender (processar) os pedidos abaixo do
requerido pela demanda dos cidadãos (Takt Time). Porém, muitos dos entraves quanto ao
processamento acabam recaindo sobre a estrutura da organização, que, devido à segmentação
dos setores, faz com que o pedido tenha que passar por vários departamentos. Se esses
procedimentos fossem montados” em uma organização do setor privado, a agregação de
86
valor nos procedimentos poderia ser maior. Porém essa “culpa” não pode ser atribuída à
organização pública, pois a estrutura que ela apresenta faz-se necessária dada à natureza dos
recursos que ela utiliza. Os conceitos do Lean Office podem então contribuir para fornecer
melhorias aos procedimentos administrativos públicos respeitando a estrutura organizacional.
5.2.2 Quanto às Pessoas
As pessoas consideradas nesta pesquisa foram os cidadãos, de um lado, e os
funcionários da prefeitura municipal, representando a organização, de outro. Desse modo a
discussão será feita em duas partes.
Para os cidadãos o grande avanço proposto com a aplicação dos conceitos do LO está
concentrado na redução do tempo de espera dos pedidos requisitados a prefeitura. Com a
eliminação de atividades que não agregavam valor, derivou-se uma maior agilidade na
resposta dos pedidos. Assim, com a eliminação dos desperdícios, como tempo de esperas, a
expectativa é de mais velocidade nas respostas dos pedidos.
Do lado dos funcionários, os avanços obtidos pela aplicação dos conceitos do LO são
significativos. Estes avanços são derivados de quadro aspectos. Em primeiro lugar, a
aplicação contribuiu com um enxugamento dos procedimentos, eliminando a necessidade de
um pedido passar duas vezes por um mesmo funcionário. Essa nova prática favoreceu o
aparecimento de uma folga no trabalho do funcionário, que pode utilizar este tempo
disponível para outras atividades. Em segundo lugar, o procedimento tornou-se mais claro e
objetivo, o que deixa o funcionário mais seguro e informado das atividades que compõe o
procedimento. Em terceiro lugar, a utilização do trabalho em equipe favorece a cooperação e
a uma maior agilidade. Em quarto lugar, e não menos importante, eso comprometimento
que os funcionários passam a ter no procedimento, pois agora a responsabilidade de cada um
passou a ser maior, dado à concentração de atividades que cada um passou a ter. A
organização consegue dessa maneira aproveitar de forma mais racional seus recursos, seu
pessoal e seu tempo disponível.
87
Por fim há um aspecto importante que não pode ser esquecido. Este aspecto refere-se a
forma com que as pessoas trabalham. Apesar de existir um ritmo de trabalho nas atividades
administrativas, cada pessoa tem seu ritmo próprio. Como mencionaram Tapping e Shuker
(2003), as pessoas que trabalham nos escritórios não são robôs. Assim, durante o processo de
modelagem de procedimentos administrativos, sejam eles públicos ou não, esse aspecto deve
ser sempre considerado, para que sejam propostos mapas de estado futuro viáveis.
A aplicação dos conceitos do LO concentrou-se sempre na possibilidade de eliminar
atividades que não agregavam valor. A aplicação não estava destinada à eliminação de
funcionários, pois se fosse assim, iria contrariar os propósitos de aplicação do LO.
5.2.3 Quanto a Legislação e Viabilidade
Os mapas de procedimentos administrativos públicos apresentados no item 5.1
ilustram seu funcionamento atual e os mapas de procedimento futuros contemplam propostas
de melhorias que o ferem a legislação municipal. Desse modo, as propostas apresentadas
podem ser aplicadas sem restrição legal e a sua implementação dependerá da vontade
administrativa da organização. No caso da unificação de setores, essa alteração pode ser feita
por decreto municipal, o que, a qualquer momento, o prefeito pode editar.
5.2.4 Quanto a Agregação de Valor e os Lead Times Obtidos nos Mapas de Estado
Futuro
Uma das mais importantes métricas lean é a Taxa de Agregação de Valor (TAV)
(TAPPING e SHUKER, 2003) e (ROTHER e SHOOK, 2003). Esta trica é medida em
porcentagem e indica o quanto de valor o processo está produzindo. Este valor refere-se a
todos os elementos do trabalho que efetivamente são utilizados para transformar/produzir o
pedido. A forma de calcular a TAV foi apresentada no item 5.1.1 inciso d. Os
procedimentos administrativos públicos estudados neste trabalho geram valor em suas
atividades. Foi feita uma comparação entre as TAV dos mapas de estado atual dos
procedimentos com os mapas de estado futuro. Essa comparação tem o propósito de ilustrar as
possibilidades do aumento na agregação de valor nos procedimentos administrativos na
88
situação futura. No quadro 7 estão apresentados os tempos de ciclo e os lead times dos
procedimentos administrativos públicos utilizados para o calculo da TAV. São apresentados
também os cálculos realizados para a obtenção das TAV dos procedimentos.
DEMANDA TLT TCT
TAV
(TCT/TLT)
TAKT
TIME
At. Fiscal - Atual
760 34 4,5%
At. Fiscal - Futuro
200
12 4 33,3% 48
Alvará Eventos – Atual
6873 591 8,6%
Alvará Eventos - Futuro
3
1992 552 27,7% 3200
Certidão Licitação – Atual
1542 87 5,6%
Certidão Licitação – Futuro
80
321 81 25,2% 120
Restituição Valor – Atual
5442 162 3,0%
Restituição Valor – Futuro
61
874 154 17,6% 157
Isenção IPTU – Atual
32793 153 0,5%
Isenção IPTU - Futuro
266
1310 110 8,4% 36
Quadro 7: Tempos de processamento dos procedimentos administrativos
Fonte: Próprio Autor
A seguir a figura 14 demonstra um comparativo entre as TAV antes e após as
propostas de melhorias.
Figura 14: Comparativo entre as TAV nos mapas de procedimentos
Fonte: Próprio autor
4,5%
33,3%
8,6%
27,7%
5,6%
25,2%
2,9%
17,6%
0,5%
8,4%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
At. Fiscal Alva
Eventos
Certidão
Licitação
Restituição
Valor
Isenção
IPTU
Situação Atual
Situação Futura
Procedimentos
TAV
89
Como pode ser observado pela figura anterior, as proposta de melhorias
incrementaram a TAV em todos os procedimentos administrativos públicos. O procedimento
que obteve a maior agregação de valor foi o procedimento de atendimento fiscal ao cidadão,
que passou de 4,5% para 33,3% com a implantação das propostas. O procedimento de isenção
de IPTU para aposentados obteve a menor TAV, porém se comparada com a situação inicial
obteve-se um aumento significativo com a aplicação dos conceitos.
Outra melhoria obtida com a aplicação dos conceitos do LO foi à redução nos lead
times dos procedimentos. Uma das grandes expectativas era que os procedimentos
apresentassem mais agilidade no atendimento ao cidadão. Isso foi confirmado pelos mapas de
estado futuro.
No quadro 8 estão descritos os lead times dos procedimentos antes e após as aplicação
dos conceitos.
Lead Time (dias)
At. Fiscal - Atual
1,58
At. Fiscal - Futuro
0,03
Alvará Eventos – Atual
14,32
Alvará Eventos - Futuro
4,15
Certidão Licitação – Atual
3,21
Certidão Licitação – Futuro
0,67
Restituição Valor – Atual
11,34
Restituição Valor – Futuro
1,82
Isenção IPTU – Atual
68,32
Isenção IPTU - Futuro
2,73
Quadro 8: Redução nos lead times dos procedimentos administrativos
Fonte: Próprio autor.
Como pode ser observado, houve uma redução nos lead times de todos os
procedimentos administrativos públicos estudados.
Diante dos resultados obtidos, principalmente quanto ao aumento nas TAV e a
redução nos lead times dos procedimentos, a aplicação dos conceitos do LO mostrou-se
90
interessante no setor administrativo público estudado. A agilidade esperada e a proposta de
mais qualidade nos serviços públicos puderam ser obtidas pela aplicação dos conceitos do
LO.
Apesar das restrições apresentadas pela organização foi possível verificar que bons
resultados podem ser obtidos nos mapas de estado futuro. A implantação de um dos
procedimentos estudados evidenciou que os resultados planejados podem ser atingidos,
considerando sempre, as peculiaridades do ambiente de aplicação.
5.2.5 Quanto ao Procedimento Implantado – Atendimento Fiscal ao Cidadão
Dentre os cinco procedimentos administrativos estudados neste trabalho, um deles foi
implantado no ano de 2006. Trata-se do procedimento administrativo de atendimento fiscal ao
cidadão. Considerando que as suas características eram de baixa complexidade, e que o
pedido não necessita tramitar por muitos departamentos, ele se mostrou interessante como
ponto de partida para uma primeira implantação, funcionando assim como uma implantação
piloto. De posse do mapa de estado futuro iniciou-se a implantação das melhorias no
procedimento. Foi observado que muitos ajustes tiveram que ser feitos, e outras propostas
tiveram que ser alteradas durante a fase de implantação. Com base nas alterações necessárias,
um novo mapa de estado futuro foi gerado (futuro-real), considerando as adaptações e os
tempos reais do procedimento em funcionamento. Os ajustes e alterações consistiram em:
1. Tempo de consulta das informações ficou maior que o esperado, passando
de 12 minutos para 16 minutos, pois o sistema de informação não
processava as informações no tempo estimado inicialmente;
2. Para a elaboração da escala fixa para o atendimento e para a formação do
rodízio de fiscais no horário de almoço, somente 70% do quadro de fiscais
participa dessa atividade. Os demais ficaram designados para atividades
administrativas; Essa situação indicou uma sobrecarga de trabalho
(atendimento) em uma parte da equipe, não ficando distribuída
uniformemente como se previu na fase inicial;
91
3. Não se previa o uso do telefone no atendimento fiscal. Porém a
administração entendeu que o fiscal de plantão deveria realizar atendimento
(tirar dúvidas), por telefone. Esta situação prejudicou o fluxo no
atendimento, ocasionando paradas e interrupções. Essa situação prejudicou
também o sistema FIFO;
4. A taxa de agregação de valor para esse procedimento ficou abaixo do
estimado. Inicialmente a previsão era de uma TAV de 33,3%. Na realidade
esse índice ficou em 25% após as melhorias.
A seguir, a figura 15 apresenta o mapa de estado futuro para o atendimento fiscal ao
cidadão, considerando as adaptações realizadas na sua implantação. É possível observar pelos
mapas (futuro-planejado e futuro-real), que apesar dos ajustes necessários, bons resultados
foram obtidos com a aplicação dos conceitos do LO.
Com a aplicação dos conceitos do LO, foram observadas melhorias no procedimento,
principalmente em termos da diminuição no tempo de resposta do pedido, que era de 760
minutos e passou a ser de 16 minutos. Isto significa que o lead time total passou de 1,58 dias,
para 0,03 dia. Essa situação promoveu o seguinte resultado: o cidadão necessitava ir até a
prefeitura duas vezes para ter o seu pedido atendido. Nesta situação futura, o cidadão
necessita ir até a prefeitura apenas uma única vez. Portanto em uma única visita a prefeitura, o
cidadão tem o seu pedido atendido.
Todos os documentos que eram enviados e recebidos no atendimento fiscal ao
cidadão, agora não necessitam mais transitar pelos setores, pois eles são utilizados no próprio
plantão fiscal. Essa realidade promoveu a redução no transporte de documentos e a
eliminação da geração de relatórios de entrada e saída de documentos entre os setores.
A implantação das propostas de melhorias neste procedimento demonstrou avanços no
sentido de aprimorar os procedimentos administrativos públicos, e que, considerando as
peculiaridades de cada procedimento, bons resultados podem também ser alcançados nos
demais.
92
Figura 15: Atendimento Fiscal ao Cidadão – mapa futuro-real após implementações das melhorias
Fonte: Próprio autor
5.3 Excelência em Gestão Pública (EGP) e o Lean Office (LO)
A aplicação dos conceitos do Lean Office em setores administrativos públicos deve
compreender não apenas a utilização da ferramenta do mapeamento do fluxo de valor e a
utilização dos conceitos. Deve compreender também na reflexão sobre a existência de
vínculos entre essas áreas, pois muitos dos conceitos utilizados no ambiente estudado (área
pública) foram desenvolvidos para a manufatura. Pensar na existência desses vínculos e como
eles conectam áreas aparentemente distantes, são os propósitos desta seção.
TAKT TIME = 48 min/
pedido
TLT = 16 min
TCT = 4 min
TAV = 25 %
SIM – Atendimento
Fiscal
Pessoalmente
Entregar os
pedidos
Receber pedido
Analisar pedido
Buscar/verifica na
Base de Dados
Fiscal de plantão
Base de Dados
Divisão de
Receita
SIM – Atendimento
Fiscal
Liberar/Bloquear
ped
ido
Realiza
esclarecimentos
Entrega pedido
Fiscal de plantão
Consulta
Resultado
da
Busca
Autonomia
ao fiscal
de plantão
Terminal
de
consulta
Formulários
disponíveis
Cidadão
(População)
Autorizações, notas
fiscais vencidas etc.
Segunda a Sexta
Turno de 8h
2
12
2
Demanda mensal -
média
200 atendimentos
B
B
Reduzir para 1
funcionário
Informações
por telefone
Interrupções no
atendimento
(telefone)
93
Para identificar os vínculos existentes foram adotados os conceitos e princípios do
Lean Office apresentados por Hines, et al., (2000) e por Tapping e Shuker (2003), já descritos
no capítulo 3. Para a excelência na gestão pública, foram adotados os fundamentos já
descritos no capítulo 2, por Brasil (2004).
5.3.1 Vínculos entre a Excelência na Gestão Pública e o Lean Office
A seguir estão apresentados os conceitos e fundamentos da EGP e o LO, seguidos dos
relacionamentos diretos propostos. Como pode ser observado no quadro 9, alguns dos
fundamentos da Excelência da Gestão Pública (EGP) não foram totalmente relacionados com
os conceitos do Lean Office, que os fundamentos são 10 no total. Isto porque não foram
identificados vínculos diretos entre ambos. Apresar de não existir vínculos diretos, existem
vínculos indiretos, ou seja, o há uma explicita relação entre os conceitos do LO e os
fundamentos da EGP, mas valores em comum entre eles.
Os fundamentos da EGP que apresentam estes vínculos indiretos são: a gestão
participativa, a valorização das pessoas e o aprendizado organizacional. Estes três
fundamentos têm uma grande ênfase nas pessoas, fato este relacionado com os conceitos do
Lean Office. Desse modo, este relacionamento pode ser associado com 2 dos 8 passos
sugeridos por Tapping e Shuker (2003), pois neles destacam-se o comprometimento das
pessoas e o aprendizado sobre o Lean, mostrando assim uma proximidade entre eles.
Por fim o único fundamento da excelência na gestão pública não relacionada com o
Lean Office foi o controle social. A justificativa se deve pela especificidade desse
fundamento, principalmente pelo local do ambiente estudado (área pública).
O controle social deve ser feito pelo governo, pelos agentes públicos, e
principalmente, pela sociedade. Dentre os conceitos e ferramentas do Lean Office, o foram
encontrados vínculos diretos ou indiretos que pudessem associar-se a este fundamento.
94
Quadro 9: Relacionamentos entre a EGP e o LO
Fonte: Próprio autor
Na figura 16 estão apresentados os vínculos citados anteriormente, demonstrando de
forma gráfica os vínculos propostos.
Item
Descrição dos
conceitos/fundamentos
Relacionamentos diretos
Relação com
resultados da
pesquisa
EGP
Excelência dirigida ao
cidadão
1
LO
Especificar o valor
Está diretamente ligado a
especificar o valor para o cliente,
pois todas as ações devem estar
voltadas para o atendimento das
necessidades dos cidadãos;
Esforços para
disponibilizar serviços
de qualidade ao
cidadão
EGP
Foco os resultados
2
LO
Especificar o valor
Identificar o fluxo de
valor
Está vinculado ao princípio da
especificação de valor para o
cliente. É possível atingir bons
resultados conhecendo o que gera o
valor. Com a identificação do fluxo
de valor, os resultados podem ser
atingidos de forma mais objetiva;
Satisfação do cidadão
diante dos serviços
públicos.
EGP
Gestão baseada no
processo e na
informação
3
LO
Identificar o fluxo de
valor
Administrando o fluxo de valor, é
possível gerenciar o valor agregado
nas atividades do processo; É
possível estabelecer um fluxo de
valor em procedimentos
administrativos públicos.
Procedimentos mais
simples e eficazes.
EGP
Agilidade
4
LO
Fluxo contínuo
Produzir somente o
necessário
A introdução do fluxo contínuo e a
prática de produzir somente o
necessário fornecem mais agilidade
no atendimento e processamento
das informações de pedido dos
cidadãos;
Redução de tempos de
esperas e de
atendimento.
EGP
Inovão
5
LO
Melhoria contínua
A introdução de práticas de
inovação em procedimentos
fornecem melhorias. Com isso,
incentiva-se a melhoria contínua
dos procedimentos e se obtém mais
qualidade no processamento do
pedido;
Atualização e
modernização dos
procedimentos.
EGP
Visão de futuro
6
LO
Melhoria contínua
Da mesma forma que a inovação, a
capacidade de prever e renovar-se
está relacionada com a capacidade
da organização em melhorar
continuamente seus processos, para
que possa melhor atender o cidadão.
Necessidade contínua
de aprimoramento dos
procedimentos
administrativos
públicos.
95
EXCELÊNCIA EM GESTÃO PÚBLICA LEAN OFFICE
Figura 16: Vínculos propostos entre a EGP e o LO
Fonte: próprio autor
Comprometimento
com o Lean
Excelência
dirigida ao
cidadão
Foco no
resultado
Gestão
baseada em
processo
Agilidade
Inovação
Visão de
Futuro
Gestão
participativa
Valorização
das pessoas
Aprendizado
Organizacional
Controle
Social
Especificar
valor para o
cliente
Identificar o
fluxo de
valor
Fluxo
contínuo
Produzir
somente o
necessário
Melhoria
contínua
Aprendizado
sobre o Lean
Legenda
Vínculos diretos
Vínculos indiretos
Sem vínculo
96
A esforço de “enxergar” esses vínculos esta na capacidade de entender como áreas
aparentemente distantes podem possuir similaridades em seus princípios ou fundamentos.
Esta seção teve como propósito refletir sobre essa idéia e mostrou que apesar de alguns
ambientes possuírem naturezas diferentes, muitas características e valores são comuns.
Os fundamentos da EGP aliados aos conceitos e princípios do LO podem contribuir
para a melhoria na qualidade dos serviços públicos. O LO fornece ferramentas e técnicas
gerenciais de melhoria no nível operacional, que aplicadas adequadamente, contribuem para a
melhoria nos serviços públicos prestados à população. Assim, o LO oferece o ferramental
necessário para que os procedimentos administrativos do setor público possam ser
melhorados. Dessa união, resulta a utilização dos fundamentos da excelência na gestão
pública, auxiliada por técnicas gerenciais capazes de propor melhorias na qualidade no
atendimento ao cidadão, condição esta que é almejada pela administração pública.
5.4 Limitações e Dificuldades Encontradas da Pesquisa
No desenvolvimento desta pesquisa, foram encontrados dois tipos de limitação: A
conceitual e de treinamento dos funcionários. Foram encontradas também dificuldades no
desenvolvimento da pesquisa. Elas estão apresentadas a seguir.
5.4.1 Limitação Conceitual
O tema escolhido para esta pesquisa possui uma abrangência ampla. O trabalho, apesar
de apresentar uma revisão bibliográfica extensa, não esgota o tema. Essa limitação pode
resultar em propostas de melhoria influenciadas pela leitura escolhida pelo autor. Vários
aspectos poderiam ser abordados nesta pesquisa, que vão desde a visão do setor público sobre
as práticas gerenciais, a gestão da mudança, a utilização dos sistemas de informação e a
cultura organizacional. Esta pesquisa propôs investigar a contribuição dos conceitos do LO no
melhoramento da qualidade no atendimento ao cidadão, não questionado, por exemplo, fatos
relacionados às abordagens citadas anteriormente.
97
Outras limitações conceituais deste trabalho foram: aspectos referentes à questão do
Estado e de como ele avalia as propostas de melhoria em seus órgãos. Esta pesquisa propôs
aplicar conceitos originalmente desenvolvidos para a manufatura, e questões relacionadas a
como o Estado encara esse tipo de proposta não foi abordado. Quanto à revisão conceitual
sobre serviços, esta também o foi considerada, o que limitou as considerações sobre como
abordar a qualidade em serviços e como ela pode ser melhorada.
Esta pesquisa é carente de conceitos do Lean Office específicos para a área pública.
Apesar da literatura afirmar que estes conceitos podem ser aplicados em vários setores, foi
observado que o sucesso da aplicação vai depender muito do desempenho do pesquisador ou
da competência de chefes e gerentes interessados em melhorar seus processos. Devido à
inexistência uma definição mais específica para a aplicação, muitos ajustes e adaptações têm
que ser feitas.
Ainda sobre a questão conceitual, três dificuldades foram encontradas:
1. Dificuldade em definir o fluxo de valor na área administrativa: Diferentemente da
manufatura, onde é possível observar a movimentação dos materiais, na área
administrativa esta observação torna-se difícil. Muitas vezes não é possível observar o
“produto” deslocando-se fisicamente, pois se trata de informações (material abstrato)
que irá agregar valor;
2. A literatura existente sobre a aplicação dos conceitos do Lean Office em áreas públicas
é escassa. Poucas pesquisas apresentam uma aplicação do LO em setores
administrativos públicos, principalmente quanto ao o uso da ferramenta do
mapeamento do fluxo de valor. Na literatura analisada, observa-se uma abordagem
mais qualitativa dos conceitos, não descendo ao nível operacional.
3. A dificuldade em identificar as atividades que são classificadas como desperdícios das
atividades classificadas como necessárias mas que não agregam valor. Neste trabalho
esta prática tornou-se difícil pois, a primeira vista todas as atividades administrativas
pareciam não agregar valor. Após várias observações sobre o funcionamento dos
procedimentos e da análise dos registros, essa diferenciação tornou-se mais evidente.
98
5.4.2 Limitação Quanto ao Treinamento dos Funcionários
A apresentação dos conceitos do LO aconteceu somente nas reuniões do GC. Não
foram realizados treinamentos com os funcionários envolvidos nas reuniões. Esses
treinamentos consistiriam em apresentar os conceitos e ferramentas do LO para os
funcionários antes da discussão sobre os procedimentos. Estes treinamentos poderiam gerar
mais propostas de melhorias e também melhorias mais consistentes, por parte dos
funcionários.
5.4.3 Dificuldades quanto ao Levantamento de Dados
Na elaboração dos mapas de procedimentos foram identificadas limitações quanto as
fonte de dados. Essas limitações compunham-se na restrição e escassez de dados sobre o
funcionamento dos procedimentos e sobre a sua demanda.
Para compor o conjunto de dados foi necessário um processo de “investigação”, para a
descoberta de dados e informações relevantes para a pesquisa. Isso significa que obter os
dados necessários não foi tarefa fácil. As restrições encontradas foram:
Os registros freqüentemente estão em arquivos pessoais (como pastas e
arquivos eletrônicos), o que dificulta a consulta e restringe o acesso;
No SIM existe um manual de procedimentos (desatualizado – 2004). Este
manual apresenta apenas os requisitos legais do procedimento e as áreas de
tramitação. O manual não fornece informações sobre o fluxo do processo e as
atividades que compõe o procedimento;
Inexistência de relatórios ou controles gerenciais. Desse modo, todas as
informações tiveram que ser coletadas diretamente de extensas tabelas e
diários, pois não existia uma consolidação dos dados referente aos
procedimentos.
Observou-se, portanto, que as fontes de dados foram elementos de difícil acesso nesta
pesquisa. Apesar de não ser possível generalizar essa dificuldade para todos os ambientes
99
administrativos públicos, é necessário tomar todas as precauções e estar preparado para
encontrar essa possível dificuldade no desenvolvimento de pesquisas nos órgãos públicos.
Cabe ressaltar, que apesar das dificuldades apresentadas, as informações necessárias
para a elaboração e o desenvolvimento desta pesquisa foram obtidas.
100
6 CONCLUSÕES DA PESQUISA
Este capítulo apresenta as conclusões da pesquisa sobre o seu desenvolvimento e
resultados. Finaliza apresentando sugestões de trabalhos futuros sobre o tema abordado e
apresenta as referências bibliográficas utilizadas na pesquisa.
6.1 Conclusões
Este trabalho teve como propósito analisar a aplicação de conceitos que foram
originalmente desenvolvidos para a manufatura e adaptados ao meio administrativo Lean
Office. Conforme os resultados descritos no capítulo 5, os procedimentos administrativos
públicos apresentaram desempenho superior após a aplicação dos conceitos. Em destaque,
deve ser lembrado que o ambiente de aplicação da pesquisa foi uma organização pública, o
que particulariza ainda mais a utilização dos conceitos e das ferramentas apresentadas.
Assim, pelos resultados obtidos no estudo desenvolvido, é possível afirmar que os
procedimentos administrativos públicos podem ser melhorados com o uso dos conceitos do
Lean Office. As métricas lean, indicaram os avanços e as melhorias obtidas pela aplicação dos
conceitos. Dado as devidas adaptações do meio e os ajustes necessários, os procedimentos
podem fornecer mais valor ao cidadão.
Pela análise da literatura, foi possível observar que as organizações que se propõe a
utilizar os conceitos da Produção Enxuta, preferencialmente direcionam os seus esforços para
a manufatura. Na aplicação em outras áreas, como projeto, administração e a gestão de
recursos humanos, elas acabam recebendo pouca ou nenhuma atenção (MEIRELLES e
ALLIPRANDINI, 2006). Esta situação acaba fornecendo poucos subsídios para o
101
desenvolvimento de práticas Lean em escritórios, pois a manufatura acaba sendo o setor
prioritário.
A experiência tem mostrado que em geral quando se propõem melhorias em
organizações desorganizadas, com processos o bem definidos e formalizados, os impactos
dessas propostas de melhorias o maiores e mais visíveis (MEIRELLES e ALLIPRANDINI,
2006). Neste trabalho, os procedimentos estudados não apresentavam grau de formalização
claro, o que direcionou a obtenção de resultados significativos para a organização pública e
para os cidadãos.
Foi possível constatar que a Secretaria Municipal da Fazenda da Prefeitura de São
Carlos - SP, como em muitos setores públicos, ainda estão distantes das práticas gerenciais
propostas pela administração pública gerencial. Porém, dentre os procedimentos propostos,
um deles foi implantado, o que demonstra a iniciativa da prefeitura em promover um melhor
atendimento ao cidadão. Essa iniciativa demonstra que os setores públicos podem melhorar
seus procedimentos e a população sempre é a mais beneficiada.
Os trabalhos de Biazzi e Muscat (2006) e Lemos et al. (2006), mostram que os setores
públicos estão iniciando um movimento de melhoramento de seus processos para melhor
atender ao cidadão. Atividades como o mapeamento de processos em instituições públicas e o
aumento no uso de tecnologias da informação (E-Gov) comprovam essa afirmação. Desse
modo, as propostas de melhorias nos procedimentos administrativos estudados neste trabalho,
colaboram com essa tendência e incentivam o aprimoramento dos serviços públicos.
Por fim, a associação de áreas que compõe a Engenharia de Produção com um
ambiente público indica e ao mesmo tempo incentiva pesquisa e vínculos existentes entre
eles. E ainda, indica as possibilidades e a contribuição que a Engenharia de Produção pode
fornecer.
O setor público pode absorver as práticas gerenciais desenvolvidas para o setor
privado, para fornecer o a população de São Carlos, mas para todo o Brasil, serviços e
atendimento de primeira classe.
102
6.2 Sugestões para Trabalhos Futuros
Para continuidade desta pesquisa, sugere-se que os pesquisadores interessados neste
tema abordem as seguintes questões em pesquisas futuras:
Abordar questões sobre a cultura organizacional, capacitação de pessoas e gestão de
melhorias e mudanças em setores públicos;
Aprofundamento no estudo dos vínculos do Lean Office com os fundamentos da
Excelência na Gestão Pública;
103
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