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MARIA CLAUDETE AFONSO ONOFRE FIORAVANTI
A APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DE
PRODUTOS EM PROJETOS AUTOMOTIVOS
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentada à Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, para
obtenção do Título de Mestre em
Engenharia Automotiva.
São Paulo
2005
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MARIA CLAUDETE AFONSO ONOFRE FIORAVANTI
A APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DE
PRODUTOS EM PROJETOS AUTOMOTIVOS
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentada à Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, para
obtenção do Título de Mestre em
Engenharia Automotiva.
Área de concentração:
Engenharia Automotiva
Orientador:
Prof. Dr.
Fernando José Barbin Laurindo
São Paulo
2005
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FICHA CATALOGRÁFICA
Fioravanti, Maria Claudete Afonso Onofre
A aplicação da tecnologia da informação no desenvolvimento
de produtos em projetos automotivos / M. C. A. O. Fioravanti. --
São Paulo, 2005.
129 p.
Trabalho de curso (Mestrado Profissionalizante em
Engenharia Automotiva). Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo.
1.Tecnologia da informação 2.Desenvolvimento de produtos
3.Projeto automotivo I.Universidade de São Paulo. Escola
Politécnica. II.t.
Ao meu marido, amigo e companheiro Alexandre, que têm
sido a grande razão do meu crescimento como pessoa e como
profissional.
AGRADECIMENTOS
Agradeço acima de tudo a Deus pela garra e força de vontade principalmente nos
momentos mais difíceis.
Ao meu orientador Prof. Dr. Fernando José Barbin Laurindo pelas importantes
recomendações, oportunidades, orientação e apoio, que muito engrandeceram na
elaborão deste trabalho.
À Alexandre Fioravanti, meu marido e colega de graduação e mestrado, pelo
companheirismo, total incentivo e inestimáveis comentários e sugestões de grande
valia para a execução do trabalho.
Aos meus pais Lurdes e Manuel, aos meus segundos pais Darcy e Hilário, as minhas
irmãs Carmen e Fernanda e restante família por tudo que me proporcionaram e por
saber entender e apoiar ao longo desta jornada.
Aos profissionais da GMB, que colaboraram com experiência, material e paciência,
bem como pela ajuda e amizade ao longo do desenvolvimento deste mestrado.
Finalmente a todos, de maneira geral, que, direta ou indiretamente, colaboraram para
que esta oportunidade se realizasse.
RESUMO
Este trabalho visa analisar a importância da Tecnologia da Informação (TI) no
processo de desenvolvimento de produtos em uma indústria automobilística,
vislumbrando a melhoria de qualidade, a redução de custo e a otimização do tempo
de desenvolvimento em novos projetos, fatores estes considerados de extrema
importância para uma indústria automobilística poder competir no mercado nos dias
de hoje. O trabalho é iniciado com uma descrição teórica de modelos que analisam o
papel da TI, relatando o processo de avaliação de seus benefícios. Também se
procura abordar a questão de como a TI influencia a estratégia da empresa, bem
como aponta como a informação pode proporcionar vantagem competitiva mediante
a este atual mercado. O trabalho é complementado com uma breve descrição
dedicada ao processo de desenvolvimento de novos produtos (NPD – New Product
Development), focando na responsabilidade deste proporcionar o desenvolvimento de
produtos que atendam às expectativas do mercado e que sejam economicamente
viáveis para a empresa. Um dos pontos mais importantes deste trabalho é a
apresentação, em forma de estudo de caso, da aplicação da teoria abordada sobre a TI
no processo de desenvolvimento de veículos na General Motors do Brasil (GMB),
expondo seus pontos relevantes e críticos do ponto de vista estratégico. Em
seência, cabe a descrição da alise do estudo de caso com a finalidade de se
avaliar a classificação da GMB sob alguns dos prismas da teoria da TI, a fim de
constatar a eficiência e eficácia alcançadas. Por fim, as conclusões encerram este
trabalho com colocações importantes do ponto de vista da autora sobre todo o
desenvolvimento deste trabalho.
ABSTRACT
This work aims to analyze the importance of the Information Technology (IT) in the
product development process in an automobile industry, glimpsing the quality
improvement, the cost reduction and the optimization of the development time in
new projects, which these factors are considered of extreme importance for an
automobile industry to compete in the market nowadays. The work starts with a
theoretical description of models that analyzes the paper of IT, explaining the process
of evaluation of their benefits. Also it tries to approach the question of how the IT
can influence the strategy of the company, as well as it shows how the information
can provide competitive advantage face to this current market. The work is
complemented with a brief description dedicated to the New Product Development
(NPD) process, focusing in the responsibility of providing the products development
that assist to the market expectations and that are economically viable for the
company. One of the most important points of this work is the presentation, through
case study format, of the theory application related to the IT in the vehicles
development process at General Motors of Brazil, exposing their relevant and critical
points under the strategic point of view. In sequence, it fits the description of the case
study analysis with the purpose of evaluating GMB classification under some prisms
of the IT theory in order to verify the efficiency and effectiveness reached. Finally,
the conclusions end this work with important statements under the author's point of
view about the whole development of this work.
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1. INTRODUÇÃO ........................ .................................................................. 01
1.1. Relevância do tema ............................................................................... 01
1.2. Justificativa ........................................................................................... 02
1.3. Objetivos ............................................................................................... 03
1.4. Estrutura do trabalho ............................................................................. 05
2. O PAPEL DA TI NAS ORGANIZAÇÕES ................................................. 07
2.1. Eficiência e eficácia aplicadas a TI .......................................................
07
2.2. O impacto estratégico da TI ..................................................................
08
2.3. todo fatores críticos de sucesso ........................................................
10
2.3.1. O desenvolvimento e aplicação do método FCS ........................ 14
2.3.2. Comentários sobre o método FCS .............................................. 15
2.4. Análise de como a TI influencia a estratégia ........................................ 18
2.5. Análise de como a informação proporciona vantagem competitiva ..... 22
2.6. A cadeia de valor ................................................................................. 23
2.6.1 Transformando a cadeia de valor .............................................. 26
2.7. Matriz de intensidade de informação .................................................... 28
2.8. Modelo do alinhamento estratégico ...................................................... 30
2.8.1. Descrição da terminologia do alinhamento estratégico ........... 31
2.9. Escada de avaliação .............................................................................. 45
3. O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS
DE UMA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA ..........................................
57
3.1. Conceituação do desenvolvimento de novos produtos ....................... 57
3.2. O NPD ………………………………………………………………... 58
3.3. Características específicas do NPD ...................................................... 62
3.4. Fases do NPD ........................................................................................ 64
3.5. Dimensões básicas da estrutura referencial para o NPD ....................... 72
3.6. O uso da TI no NPD .............................................................................. 77
4. ASPECTOS METODOLÓGICOS .............................................................. 81
4.1. A “Pesquisa Qualitativa” ...................................................................... 81
4.1.1. Características da pesquisa qualitativa ....................................... 82
4.1.2. Comparação entre pesquisa qualitativa e quantitativa ................ 83
4.2. O método do “Estudo de Caso” ............................................................ 85
4.2.1. Características do método do estudo de caso ............................. 86
4.2.2. Críticas em relação ao método do estudo de caso ...................... 87
4.3. Proposições do trabalho ........................................................................ 88
5. ESTUDO DE CASO .................................................................................... 90
5.1. Otimização do parâmetro “Tempo” ...................................................... 92
5.2. Otimização do parâmetro “Custo” e “Qualidade” ................................ 95
6. ANÁLISE DO ESTUDO DE CASO ........................................................... 110
6.1. Análise quanto ao “Grid Estratégico” e a “Matriz de Intensidade de
Informação” ..........................................................................................
110
6.2. Análise dos “Fatores Críticos de Sucesso” ........................................... 112
6.3. Análise quanto ao “Alinhamento Estratégico” ..................................... 114
6.4. Análise da “Escada de Avaliação” ........................................................ 115
7. CONCLUSÕES ............................................................................................ 117
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 123
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Grid estratégico: impactos da aplicação da TI ................................ 09
Figura 2.2 – A cadeia de valor ............................................................................. 24
Figura 2.3 – O sistema de valor ........................................................................... 25
Figura 2.4 – A evolução da cadeia de valor com a TI ......................................... 26
Figura 2.5 – Matriz de intensidade de informações ............................................. 29
Figura 2.6 – Modelo do alinhamento estratégico ................................................. 31
Figura 2.7 – Perspectivas da transformação tecnológica e da execução de
estratégia ..............................................................................................................
36
Figura 2.8 – Perspectivas do potencial competitivo e do nível de serviço .......... 37
Figura 2.9 – Perspectiva da execução estratégica ................................................ 39
Figura 2.10 – Perspectiva da transformação tecnológica ..................................... 41
Figura 2.11 – Perspectiva do potencial competitivo ............................................ 42
Figura 2.12 – Perspectiva do nível de serviço ..................................................... 43
Figura 2.13 – Perspectivas do alinhamento estratégico ....................................... 44
Figura 2.14 – Escada de avaliação ....................................................................... 56
Figura 3.1 – Fatores de influência no projeto ...................................................... 58
Figura 3.2 – Modelo de empresa com base no fluxo de informações .................. 60
Figura 3.3 – Interação dos fornecedores no processo de NPD ............................ 62
Figura 3.4 – Ciclo de resolução de problemas ..................................................... 63
Figura 3.5 – Modelo Total Design ....................................................................... 66
Figura 3.6 – Setores envolvidos e responsáveis pelas atividades de
desenvolvimento ..................................................................................................
68
Figura 3.7 – Fases do NPN .................................................................................. 69
Figura 3.8 – O processo de definição do produto ................................................ 70
Figura 3.9 – Dimensões básicas de uma estrutura referencial para compreensão
do NPD .................................................................................................................
73
Figura 3.10 – Análise de interferências pelo DMU ............................................. 79
Figura 5.1 – Marcas e alianças da GM ................................................................. 91
Figura 5.2 – Centros de desenvolvimento da GM ............................................... 92
Figura 5.3 – Aplicações paramétricas integradas ................................................. 94
Figura 5.4 – Redução do tempo do GVDP na GM .............................................. 95
Figura 5.5 – Modelo em “wire frame” ................................................................. 96
Figura 5.6 – Modelo “renderizado” ..................................................................... 97
Figura 5.7 – Sala principal de realidade virtual na GMB .................................... 98
Figura 5.8 – Análise avançada de durabilidade ................................................... 99
Figura 5.9 – Análise avançada estrutural ............................................................. 100
Figura 5.10 – Análise térmica - Fluxo de ar ........................................................ 101
Figura 5.11 – Teste de impacto virtual e real ....................................................... 102
Figura 5.12 – Tipos de teste de impacto realizados na GMB .............................. 102
Figura 5.13 – Designação de roteiro para chicote utilizando o DMU ................. 103
Figura 5.14 – Dispositivo construído no DMU .................................................... 103
Figura 5.15 – Análise de formabilidade ............................................................... 104
Figura 5.16 – Análise de ruptura de componentes ............................................... 105
Figura 5.17 – Dispositivo de um ferramental otimizado ..................................... 106
Figura 5.18 – Sala de realidade virtual - Engenharia de Manufatura .................. 107
Figura 5.19 – Célula virtual X célula instalada .................................................... 108
Figura 5.20 – Trabalho sem papel na ferramentaria da GMB ............................. 109
Figura 6.1 – Venda de veículos pela “Internet” ................................................... 111
Figura 6.2 – Posão da GMB no “Grid Estratégico” .......................................... 111
Figura 6.3 – Posição da GMB na “Matriz de Intensidade de Informação” ......... 112
Figura 6.4 – Gráfico: “Mão-de-obra X Protótipos Físicos” - GMB .................... 113
Figura 6.5 – Posição da GMB no “Alinhamento Estratégico” ............................ 115
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Pontos fortes e fracos do método FCS ............................................. 17
Tabela 2.2 – Características das perspectivas do alinhamento estratégico .......... 44
Tabela 2.3 – Escada de avaliação de benefícios .................................................. 47
Tabela 4.1 – Diferenças entre pesquisa qualitativa e quantitativa ....................... 84
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ATMs - Automatic teller machines
CAD - Computer aided design
CAE - Computer aided engineering
CAM - Computer aided manufacturing
CAPP - Computer aided process planning
CCB - Change committee board
CNC - Comando numérico computadorizado
DFA - Design for assembly, projeto conforme requido na montagem
DFM - Design for manufacturing, projeto conforme requerido pela
manufatura
DFMEA - Design failure mode and effects analysis, análise do projeto (produto)
do modo e efeitos de falha
DMU - Digital mock-ups
DSS - Decision support systems
ECM - Engine control module
ECM - Engineering change management
EDI - Electronic data interchange
FCS - Fatores críticos de sucesso
GM - General Motors, utilizando no sentido GM global
GMB - General Motors do Brasil
GVDP - Global vehicle development process
IOS - Interorganizacional systems
JIT - Just in time
MEA - Mestrado em Engenharia Automotiva
MIS - Management information systems
NPD - New product development
PDM - Product data management
PFMEA - Process failure mode and effects analysis, Análise do processo do
modo e efeitos da falha
QFD - Quality function deployment, Desdobramento da função qualidade
ROI - Return on investments
SIG - Sistemas de informação gerencial
TcAE - Team center Automotive Edition
TI - Tecnologia de Informação, IT – Information technology
VOIP - Voice Over IP
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. Relevância do tema
A forte concorrência no setor automotivo tem levado as empresas a buscar
tecnologias que proporcionem o desenvolvimento de produtos com maior rapidez,
qualidade e menores custos. Por sua vez, a aplicação estratégica da Tecnologia da
Informação (TI) tornou-se um elemento fundamental para o sucesso do processo de
Desenvolvimento de Novos Produtos (New Products Development – NPD),
conforme entre outros, LAURINDO; CARVALHO (2005).
O NPD encontra-se entre a empresa e o mercado, cabendo a ele proporcionar
o desenvolvimento de produtos que atendam às expectativas do cliente, em termos de
qualidade, prazos e custos, integrando as áreas da empresa, objetivando produtos
economicamente viáveis.
Neste cenário, o papel da TI tem potencial para influenciar a estratégia da
empresa, pois contribui tanto para aumentar a sua eficiência como a sua eficácia,
proporciona vantagem competitiva no atual mercado, bem como estabelece uma
flexibilidade no gerenciamento do projeto, possibilitando virtualmente integrar
diversas ferramentas tecnológicas (PORTER, 2001, LEVY; LOEBBECKE;
POWELL, 2003 e MAcCORMACK; VERGANTI; IANSITI, 2001).
Por outro lado, a literatura acadêmica de negócios mostra questionamentos
acerca dos retornos dos investimentos em TI, o que enseja a importância de estudos
que analisem os benefícios da TI em relação aos investimentos estruturais realizados
(BRYNJOLFSSON; HITT, 1998).
Sobre a bibliografia pesquisada para a realização deste trabalho, foram
encontradas:
2
Alguns livros publicados no Brasil sobre a TI, tanto de caráter acadêmico
quanto profissional. Exemplos: LAURINDO, 2002 e TORRES, 1989.
Muitos artigos internacionais e brasileiros (em anais de eventos e em
periódicos) sobre a TI, destacando diferentes métodos de avaliação em
diversas aplicações. Exemplos: MENDES, 1987 e LEWIS, P. R.;
LUFTMAN, J. N.; OLDACH, S. H., 1993.
Alguns trabalhos de graduação brasileiros sobre a TI. Exemplo:
MARCOVITCH, J., 1996.
Vários trabalhos de pós-graduação sobre TI, porém com diversos focos
diferenciados. Exemplo: LAURINDO, F. J. B., 2000.
Muitos livros e artigos, brasileiros e internacionais sobre o processo de NPD,
destacando os conceitos e suas características. Exemplos: CLARK, K. B.;
FUJIMOTO, T., 1991 e CUSUMANO, M.; NOBEOKA, K., 1992.
1.2. Justificativa
A polêmica quanto aos ganhos de produtividade gerados pela TI em
detrimento dos significativos investimentos necessários têm levado a alta direção das
empresas a questionar sobre a real eficácia da TI na melhoria da qualidade, na
otimização do tempo e na redução de custos (CARR, 2003; FARREL, 2003). É o que
tem sido chamado de “paradoxo da produtividade” (BRYNJOLFSSON; HITT,
1998).
É sobre a discussão deste paradoxo que este trabalho está estruturado de
forma a analisar e verificar que, de fato, existem situações em que as vantagens da
aplicação da TI, principalmente no processo do NPD, mostram-se amplamente
fundamentais, mas desde que sua aplicação seja feita de forma racional e em
alinhamento com as estratégias da empresa.
3
A importância do tema deste trabalho pode ser justificada pelos seguintes
aspectos:
Pela carência de trabalhos focados/ concentrados na aplicação da TI no
desenvolvimento, manufatura e comercialização de veículos.
Pela assimilação e análise das melhores práticas e experiências atualmente
difundidas e encontradas no dia a dia de uma indústria automobilística;
Pela necessidade de se avaliar seus pontos fortes fracos quando aplicados em
casos reais, bem como o discernimento de análises críticas pertinentes;
Finalmente, por estar diretamente relacionado ao desenvolvimento de
produtos, tópico este de grande importância dentro do curso de Mestrado em
Engenharia Automotiva (MEA);
1.3. Objetivos
O objetivo deste trabalho é analisar a importância da TI no processo de
desenvolvimento de produtos na indústria automobilística, através de um estudo de
caso em uma montadora brasileira. Para este estudo, foi escolhida a General Motors
do Brasil que permitiu a realização deste trabalho, bem como citar seu nome,
fornecendo todos os subsídios necessários, no qual se procurou mostrar os ganhos
que se possam alcançar em termos de qualidade, redução de custos e otimização de
tempo de desenvolvimento, conforme ressaltado acima.
Para este fim, inicialmente é apresentado o papel da TI nas empresas, tendo
em vista a eficácia e o aspecto estratégico, através da análise dos diversos modelos
apresentados na literatura. Será mostrado também que a TI possui uma natureza
altamente dinâmica e evolutiva, interagindo com diversas atividades da empresa e
agregando a capacidade de manipulação de expressivos volumes de informações
disponíveis aos usuários.
4
Também é explanado o processo do desenvolvimento de produtos na
indústria automobilística, onde se denota a colaboração de maneira pioneira em
relação a outros setores industriais, atuando como impulsionador de novas práticas
reduzindo significativamente o tempo de desenvolvimento.
Outro ponto a ser destacado é que o reconhecimento da TI como vital para o
processo do NPD é recente e alinhado com a estratégia de se tornar uma fonte de
vantagens competitivas, deixando de se caracterizar apenas como um suporte básico
ao NPD. Cada vez mais se reconhece a contribuição da TI nas empresas através do
lançamento constante de novos produtos caracterizados por serem concebidos em
prazos menores, com níveis de qualidade requeridos pelo mercado e com custos
reduzidos.
Baseado nos pontos acima, pode-se formular as seguintes perguntas que
poderão ser respondidas durante a apresentação do estudo de caso no capítulo 5 deste
trabalho, de modo a se poderem comprovar as afirmações anteriores:
“Como a TI pode apoiar o processo de desenvolvimento de produtos?”
“Por que o desenvolvimento de produtos é importante para a indústria
automobilística?”
“Como a TI pode influenciar no parâmetro Tempo no desenvolvimento de um
veículo?”
“Como as variáveis Qualidade e Custo podem ser influenciadas pela TI?”
Visando responder a estas questões, optou-se por uma pesquisa de caráter
explanatório, mais especificamente, adotou-se a metodologia do estudo de caso, onde
a empresa escolhida apresenta uma combinação de intensificação do processo de
lançamento de novos produtos com significativos investimentos em TI para apoiar
este processo, sendo ambos os fatores considerados como critérios para selecionar o
local da pesquisa de campo.
5
Portanto, não é escopo deste trabalho a abordagem pormenorizada de cálculos
econômicos/ financeiros que demonstrem matematicamente as vantagens e
desvantagens da aplicação da TI, uma vez que, a citação de determinados valores no
estudo de caso é restrita e classificada como informação confidencial. Por ética
profissional e obedecendo a política da General Motors, de não divulgar ou se
tornarem públicas informações confidenciais que possam comprometer os negócios
GM. Serão suprimidas tais informações, porém mantendo o escopo da aplicação, a
sua situação inicial, trajetória e seus objetivos alcançados, enfocando dentro deste
panorama, os objetivos deste trabalho.
1.4. Estrutura do trabalho
O presente trabalho está dividido em sete capítulos sendo:
Capítulo 1: neste capítulo são apresentados os objetivos, a relevância do
tema, a justificativa, bem como sua estrutura utilizada no desenvolvimento
deste trabalho.
Capítulo 2: dedicado ao trabalho de pesquisa e revisão bibliográfica, sobre o
tópico “O papel da TI nas organizações”, apresentando uma visão geral sobre
o impacto estratégico da TI, método e modelos de avaliação da TI nas
empresas, bem como a influência da informação na estratégia,
proporcionando vantagem competitiva;
Capítulo 3: também dedicado ao trabalho de pesquisa e revisão bibliográfica,
reservado para o processo de desenvolvimento de novos produtos em uma
indústria automobilística, procurando demonstrar seu conceito, fases e
características;
Capítulo 4: dedicado aos aspectos metodológicos, abordando o “método
estudo de caso”, a “pesquisa qualitativa”, bem como o levantamento de
proposições;
Capítulo 5: dedicado especificamente à exposição do estudo de caso,
explanando a utilização da TI na GMB, bem como o GVDP é estruturado;
6
Capítulo 6: dedicado exclusivamente à análise do estudo de caso, procurando
exemplificar com o método estudo de caso e a pesquisa qualitativa a teoria
abordada nos capítulos 2 e 3;
Capítulo 7: finalmente um capítulo dedicado às conclusões relevantes e
centrais que delineiam o objetivo do trabalho.
7
2. O PAPEL DA TI NAS ORGANIZÕES
Nos últimos anos, nota-se a rápida evolução e disseminação da TI, isto é,
aquela tecnologia que, inclui sistema de informação, processamento de dados,
telecomunicações e automação, modificou significativamente as responsabilidades
gerenciais. Apareceram novos departamentos, investimentos significativos em
hardware e software, treinamentos, etc. Os impactos da TI incidem sobre diferentes
áreas funcionais das empresas e também sobre um amplo espectro de indústrias
(LAURINDO, 2002; PORTER, 2001; PORTER; MILLAR, 1985).
2.1. Eficiência e eficácia aplicadas a TI
Para entender tais impactos da TI é importante distinguir os conceitos de
eficiência e eficácia na utilização da TI. Assim entende-se como eficiência no uso da
TI a forma de implementar o sistema ao menor custo, desenvolver o sistema de
acordo com o levantamento efetuado, usando os recursos da melhor forma possível,
no menor tempo e com o melhor desempenho. Assim, se uma empresa, ao adotar
uma nova metodologia de desenvolvimento de sistemas, conseguir que haja menos
falhas de programação e, portanto melhor qualidade e precisão de resultados,
estariam conseguindo aumento de eficiência.
Já a eficácia no uso da TI consiste em implementar ou desenvolver os
sistemas que melhor se adaptem às necessidades dos usuários, da área de negócio e
da empresa, e que sejam consistentes com a estratégia global da corporação e que
melhor contribuam para aperfeiçoar as atividades e as funções desempenhadas pelos
usuários e ainda que tragam ganhos em competitividade e produtividade para a
empresa.
No âmbito da TI, a eficiência está relacionada com os aspectos internos à
realização da atividade, enquanto que a eficácia prende-se ao seu relacionamento
com a empresa e os possíveis impactos na sua operação e estrutura (LAURINDO,
2002).
8
2.2. O impacto estratégico da TI
A obtenção de vantagens requer um amplo gerenciamento dos sistemas de
informações, sendo que o processo se torna mais complicado com o fato de que
muitos produtos dos sistemas de informações são estratégicos, embora os benefícios
potenciais sejam muito subjetivos e não facilmente verificáveis. Freqüentemente, um
foco rígido no retorno do investimento (ROI – Return on Investments), por parte da
alta gerência, pode voltar a atenção para esses alvos estreitos e bem definidos, em
oposição a oportunidades estratégicas mais amplas, que são mais difíceis de analisar
(McFARLAN, 1984).
Visualizando a obtenção de vantagens através da TI pode-se utilizar o “Grid
Estratégico” com uma das formas de análise do impacto, presente e futuro, da
utilização da TI na estratégia e na posição da empresa, no qual tem-se definido
quatro quadrantes, cada um representando uma situação para a empresa: suporte,
fábrica, transição e estratégico, conforme figura 2.1. McFARLAN (1984). Como
critério para identificar impactos estratégicos, o autor considerou eventuais efeitos
sobre alguma das cinco forças competitivas: concorrentes existentes, ingressantes
potenciais, ameaça de novos produtos, compradores e fornecedores, conforme
definição de PORTER (1979).
9
Figura 2.1Grid estratégico: impactos da aplicação da TI - Adaptado de
McFARLAN (1984)
Segundo MENDES (1987), o bom gerenciamento da informática não tem o
mesmo significado para todas as empresas, conforme se pode visualizar abaixo:
1. Quadrante Suporte: Para algumas empresas, a informática possui um papel
útil e econômico, porém essencialmente de suporte, possuindo pequena
influência na estratégia atual e futura da empresa e alguns ganhos simbólicos
de eficiência (ex. indústria, contabilidade).
2. Quadrante Estratégico: Para outras empresas, a informática representa uma
área de alta importância estratégica, posicionando-se no alto nível
hierárquico. As aplicações atuais e futuramente em processo estão voltadas
diretamente para o objetivo final da empresa (ex. banco, seguradora,
transportadora).
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(ex: indústrias)
(ex: editoras, e-
commerce)
(ex: companhias
aéreas,
distribuidoras)
(ex: bancos,
seguradoras)
Baixo
Alto
Baixo
Alto
IMPACTO FUTURO
IMPACTO PRESENTE
10
3. Quadrante Transição: Para certas empresas, a informática pode não ter
impacto estratégico, hoje, no atendimento de seus objetivos, mas se planejam
aplicações que terão grande significado no futuro. As aplicações estratégicas
existem, mas ainda são planos (ex. editoras, e-commerce, supermercados
médio porte).
4. Quadrante Fábrica: O oposto também ocorre, ou seja, existem empresas que
aplicam, hoje, sua informática em atividades estratégicas, mas para o futuro,
não prevêem aplicações de mesmo impacto. Limita-se à manutenção dos que
têm e não visualizam desenvolvimento de outras aplicações de caráter
estratégico (ex. companhias aéreas, transportadoras). Obs: O termo “Fábrica”
foi utilizado por McFARLAN por analogia com um local da empresa onde se
produz algo importante para a mesma, mas onde não se faz desenvolvimento
de novos produtos.
Ainda segundo McFARLAN (1984), as mudanças técnicas têm sido tão
repentinas, que o papel da função dos sistemas de informações de uma empresa tem
que serem revistos esporadicamente, para assegurar que sua localização ainda esteja
correta. Vale ressaltar que é muito importante reconhecer a correta localização da
empresa dentro do grid estratégico, bem como de seus concorrentes, uma vez que a
rápida mudança no desempenho da TI quanto à evolução das condições competitivas
alteram-se repentinamente, podendo ocasionar uma estratégia errônea de difícil e
oneroso retorno.
MENDES (1987) ressalta a importância das diferenças entre os quadrantes
estratégicos, no qual é essencial para o sucesso da organização da informática em
qualquer empresa, pois do contrário, muitas organizações podem apresentar
problemas por falharem nesta área.
2.3. Método fatores críticos de sucesso
Cada vez mais, torna-se crítica a necessidade de respostas rápidas e
confiáveis no ambiente profissional. Neste contexto, é necessário que os atuais
11
sistemas de informação assegurem o fornecimento das reais informações por parte
dos gerentes e altos executivos que, desde a década de 70 até os dias de hoje, ainda
expressam preocupação/ dificuldade na obtenção destas informações/ relatórios.
ROCKART (1979), observando este cenário, propôs quatro abordagens
principais para definir as informações necessárias a nível gerencial:
Técnica do Subproduto: nesta abordagem, a organização do processo de
informação (baseado em computadores) está centralizado no
desenvolvimento de sistemas transacionais que, essencialmente realizam uma
rotina de processamento de um trabalho/ relatório geralmente disponível para
todos os executivos interessados da empresa, bem como, sumarizados e
repassados para a alta gerência. Entretanto, esta abordagem possui o
inconveniente de não atuar de forma integrada quando da análise das
informações por parte dos executivos, havendo à necessidade de outros
métodos auxiliares para uma visão geral gerencial.
Abordagem Nula: contrariamente a Técnica do Subproduto, esta abordagem é
caracterizada por uma comunicação informal, disponibilizada oralmente por
estratégicos conselheiros confiáveis, no qual as informações necessárias para
a tomada de decisão são dinâmicas e dependem essencialmente da atual
situação no momento decisivo. Outro ponto também a ser destacado é,
provavelmente existem informações que afetam na decisão por parte da alta
gerência que não são apresentadas em relatórios padronizados, porém devem
ser comunicadas informalmente, oralmente ou em conversas subjetivas. Vale
lembrar que, as informações por meio de relatórios padronizados podem e
devem ser disponibilizados regularmente para os altos executivos através de
sistemas computadorizados. Outro ponto importante a ser destacado é que
esta abordagem evita a possibilidade de desenvolver sistemas de informação
inúteis à empresa.
Sistema do Indicador Chave: esta abordagem basicamente consiste de três
conceitos, no qual o primeiro deles é caracterizado pela seleção de
indicadores essenciais da saúde do negócio onde as informações são
12
coletadas a partir de cada um destes indicadores. Já o segundo conceito
consiste em um relatório excepcional, ou seja, a habilidade de disponibilizar
para a gerência, caso desejado, apenas aqueles indicadores onde o
desempenho está significativamente diferente do resultado esperado. Desta
forma, o executivo pode, portanto possuir uma visão geral da empresa e/ou
atuar/focar apenas nas áreas divergentes do planejado. O terceiro conceito
provê basicamente o glamour dos resultados, também tangível de benefícios,
ou seja, disponibiliza as informações melhores, mais acessíveis e de melhor
flexibilidade de maneira clara, objetiva e com efeitos visuais, utilizando-se de
cores, gráficos e tecnologia para a obtenção dos resultados esperados. Esta
abordagem se por um lado apresenta-se de maneira útil, por outro lado possui
o grande inconveniente de destacar o aspecto financeiro, de interesse geral,
mas deixando de tratar outros aspectos relevantes. Além disso, há o risco das
empresas concentrarem-se na gestão dos indicadores como um fim, ao invés
de concentrarem-se na gestão dos negócios que os indicadores permitem
monitorar (LAURINDO, 2002).
Processo de Estudo Total: esta quarta abordagem baseia-se no
questionamento exaustivo aos executivos sobre suas reais necessidades de
informação, sendo os resultados posteriormente comparados com os sistemas
de informação existentes. Esta abordagem é um resultado de duas décadas de
processamento de dados durante o qual, sistemas simples foram
desenvolvidos para um uso em particular com relativa isolação entre eles e
não focando as necessárias informações gerenciais. Os objetivos deste
processo são desenvolver um entendimento total do negócio, das informações
necessárias para o gerenciamento do negócio e dos sistemas de informação
existente. A partir deste ponto, deve-se identificar as lacunas existentes entre
os atuais sistemas de informação, objetivando no desenvolvimento e
implementação um novo sistema que preencha as lacunas observadas e no
atendimento das necessidades gerenciais. Este processo de entendimento
total, se por um lado mostra-se benéfico, por outro lado despende muitos
recursos em termos de mão de obra e tempo para ser realizado, sendo que, ao
final, geralmente é difícil determinar o nível correto de agregação das
13
informações necessárias que afetam a todos envolvidos, desde gerentes até
altos executivos.
Diante das dificuldades no uso destas abordagens, ROCKART (1979) propôs
um novo método utilizado para planejar e priorizar os sistemas de informação
gerencial denominado “Fatores Críticos de Sucesso” (FCS). Basicamente este
método consiste em obter pelos próprios gerentes suas reais necessidades de
informação, no qual o sistema de informação sobre o desempenho de uma empresa
deve ser baseado nas necessidades correntes da alta gerência. Ainda de acordo com o
autor, o método FCS é, entretanto, para qualquer tipo de negócio, o número limitado
de áreas nas quais o resultado se satisfatório, garante o desempenho competitivo
bem-sucedido para a empresa, onde estas poucas áreas essenciais devem funcionar
adequadamente para a prosperidade do negócio.
BOYNTON; ZMUD (1984) apontam que os FCS são atividades que devem
obrigatoriamente apresentar um excelente desempenho para o sucesso da gerência e
da empresa e, portanto, as áreas responsáveis por tais atividades, devem receber uma
atenção especial e contínua pela gerência, assim permitindo elevados índices de
desempenho e eficácia, devendo ser continuamente mensurados/ medidos e
reavaliados, uma vez que as respectivas necessidades de informação podem mudar
ao longo do tempo e também podendo diferenciar de um executivo individual para
outro.
BULLEN, C. V.; ROCKART, J. F. (1981) apud BOYNTON; ZMUD (1984)
aprofundarem-se na definição dos FCS e propuseram que este método deve ser usado
como uma ferramenta de planejamento dos Sistemas de Informação Gerencial (SIG),
onde se utilizando desta forma, gerentes de diversos níveis hierárquicos de uma
empresa, não só podem como devem ser entrevistados.
14
2.3.1. O desenvolvimento e aplicação do método FCS
O uso do conceito FCS como uma metodologia para direcionar e priorizar o
desenvolvimento de sistemas de informação foi introduzida inicialmente por JOHN
ROCKART como um mecanismo para definir as necessidades da alta gerência, onde
entrevistas são realizadas entre um analista e um chefe executivo, identificando os
reais FCS. ROCKART (1979) descreve o processo de aplicação do método FCS da
seguinte maneira:
“As entrevistas voltadas ao FCS são usualmente realizadas em duas ou três
sessões separadas. Na primeira, as metas do executivo são inicialmente registradas e
os FCS referentes aos objetivos são discutidos. A inter relações dos FCS com as
metas são então discutidas para esclarecimentos adicionais e para determinar quais
dos FCS registrados devem ser fundidos, eliminados ou escritos de forma diferente.
Na primeira entrevista são também delineados os critérios de medição para os FCS.
A segunda sessão é usada para revisar os resultados da primeira, depois que o
analista teve a chance de pensar sobre eles e de sugerir/ explorar melhor alguns
fatores. Além disso, os critérios de medição e possíveis relatórios informativos são
discutidos com profundidade. Às vezes, uma terceira sessão pode ser necessária para
chegar a um acordo final quanto à seqüência envolvida em medir os FCS e informar
as medições”.
Segundo LAURINDO (2002), os quatro principais passos para a aplicação do
método FCS são basicamente:
Análise do ramo de atuação da empresa ou da natureza de atuação da área;
Identificação dos FCS, conforme processo citado por ROCKART acima
descrito;
Definição de medidas dos FCS, tanto quantitativas quanto qualitativas;
Definição de sistemas de informação para controle dessas medidas.
15
Os resultados obtidos devem ser sintetizados e disponibilizados à toda
organização de modo que, os recursos e as atividades necessárias se tornem portanto,
objetivos a serem almejados pela empresa, resultando em FCS coletivos.
Na visão de TORRES (1989), em vez de focar processos empresariais ou
estruturas de dados, este método procura identificar as possíveis aplicações a partir
de uma visão por resultados, como apresentada pela gerência. No entanto, ainda
segundo este autor, apesar de sua orientação para resultados ser muito atraente,
algumas considerações precisam ser feitas.
Segundo CORNELIUS H. SULLIVAN JR. (1985) apud TORRES (1989), “...
embora extremamente útil, a abordagem por FCS nunca foi aclamada como uma
metodologia completa de planejamento. Ela assume uma boa dose de conhecimento,
por parte dos usuários, a respeito de sistemas de informações, e é mais útil na
identificação de sistemas de suporte às decisões para os executivos da alta
administração da companhia que na proposição de sistema de informação integrado,
envolvendo a companhia como um todo”.
Ainda segundo SULLIVAN, “enquanto essa técnica preenche um nicho, as
suas limitações para uma abordagem interdepartamental, no que se refere aos
sistemas de informações a tornam não mais do que uma panacéia metodológica”. Em
outras palavras, as principais críticas quanto ao método exclusivo por FCS referem-
se ao fato de que não é possível ter uma visão do conjunto.
2.3.2. Comentários sobre o método FCS
Embora o método FCS possua um conceito básico para o desenvolvimento de
sistemas de informação, especialmente sistemas a níveis gerenciais, este possui um
impacto importante nas práticas de planejamento gerencial e estratégico. Além da
utilização em planejamento de sistemas de informação e gerenciamento de projetos
de sistemas de informação, é também utilizado largamente em planejamento e
16
implementações estratégicas, gerenciamento de modificação e como uma técnica de
análise competitiva (POLLALIS; FRIEZE, 1993 apud LAURINDO, 2002).
Retomando ROCKART (1979), pode-se afirmar que o método dos FCS
possui significativos benefícios, conforme a seguir:
O processo ajuda o gerente a determinar os fatores nos quais a atenção de
gerenciamento deve ser focalizada. Também ajuda a garantir que os fatores
significativos receberão cuidado e análise minuciosa contínua a nível
gerencial.
O processo força o gerente a desenvolver boas medições para esses fatores e
procura relatórios dessas medidas.
A identificação dos FCS permite uma clara definição do real montante de
informações que devem ser necessariamente coletadas pela organização e
limita o custo de manter mais dados do que é realmente necessário.
A identificação dos FCS evita a armadilha de construir relatórios e sistemas
de informação em torno apenas dos dados que sejam “fáceis de coletar”.
Portanto, é melhor focar a atenção naqueles dados que podem por um lado
não ser coletados, porém são significativos para o sucesso da empresa e em
particular dos gerentes envolvidos.
O processo reconhece que alguns fatores são temporários e que os FCS são
específicos para cada gerente. Portanto, o sistema de informação deve ser
constantemente ajustado através da criação de novos relatórios conforme
necessário, para acomodar modificações na estratégia da organização, no
ambiente ou na estrutura organizacional. Melhor que, alterar um sistema de
informação é mantê-lo como indicador de adequação ou não do projeto,
devendo ser visualizado como uma peça inevitável e produtiva no
desenvolvimento de sistemas de informação.
O conceito FCS por si mesmo é útil para mais do que o simples projeto de
sistemas de informação. Basicamente permite melhorar significativamente
diversas áreas e/ou funções de importância vital para a empresa.
17
BOYNTON; ZMUD (1984) resumiram os Pontos Fortes e Fracos do método
FCS através da tabela 2.1.
Tabela 2.1 - Pontos fortes e fracos do método FCS - Adaptado de BOYNTON;
ZMUD (1984)
Nota-se que o método FCS não pode ser aplicado isoladamente, uma vez que
não conduz a uma visão integrada dos processos, sendo necessária no planejamento
de sistemas de informações, principalmente para os sistemas básicos relacionados às
operações da companhia.
Segundo TORRES (1989), se por um lado o método FCS apresenta a
vantagem de uma visão aberta, por parte da alta gerência, em termos de como vêem a
_______________________________________________________________________________________
PONTOS FORTES E FRACOS DO FCS
PONTOS FORTES / POSITIVOS
1. Fornece um suporte efetivo para o processo de planejamento;
2. Desenvolve idéias criativas no serviço de informação que pode
impactar a posição competitiva da empresa;
3. São recebidos com grande entusiasmo pela gerência sênior, no qual
identifica com intimidade o conceito FCS;
4. Serve como um nível elevado de análise estrutural e promove um
processo de análise estruturado.
PONTOS FRACOS / NEGATIVOS
1. Caso o originador seja removido do processo, os gerentes seniores
dentro da empresa, possui maior dificuldade em identificar os FCS
organizacionais significativos;
2. Os gerentes que não estão envolvidos com o planejamento estratégico
e tático podem apresentar dificuldades em lidar com a natureza
conceitual dos FCS;
3. Certos gerentes possuem dificuldades em averiguar se apenas os FCS
atendem suas necessidades de informação.
18
administração estratégica da empresa, por outro lado pode levar a uma visão por
problemas, deixando eventualmente de tratar de questões efetivamente estratégicas.
Em outras palavras, o questionamento do posicionamento estratégico da empresa
precisa ser conduzido por um processo sistemático para efetivamente tratar de
questões realmente estratégicas. Caso contrário, corre o risco de se tornar apenas um
instrumento reforçador dos rumos atuais da empresa, que podem obviamente, não ser
os melhores.
Finalmente, analisando a bibliografia acima mencionada, pode-se dizer que
uma parte das informações necessárias de um processo integrado não é
continuamente desejada ano a ano: ou seja, algumas informações são necessárias
apenas durante um período de vida de um projeto – “status do projeto”. Portanto, os
FCS devem ser periodicamente revistos, descontinuando alguns relatórios e
indicando outros. Outro ponto conclusivo é que a metodologia dos FCS deve ser
apenas um dos componentes de um processo total, uma vez que é preciso de uma
visão integrativa dos sistemas de informação de uma empresa.
2.4. Análise de como a TI influencia a estratégia
Com a grande velocidade da evolução dos computadores e a significativa
redução no custo destes equipamentos e dos sistemas de informação, torna-se cada
vez mais acessível o uso de aplicações de TI, não apenas como suporte às atividades
administrativas, mas também, como sistemas que oferecem vantagens competitivas
significativas.
Segundo McFARLAN (1984), esta nova tecnologia traz para a empresa a
oportunidade de alterar a utilização de seus ativos e repensar sua estratégia. Porém
vale salientar que as oportunidades geradas variam muito de uma empresa para outra,
assim como, a intensidade e as regras da competição variam de um setor para outro.
Para avaliar o impacto definitivo da TI, McFARLAN (1984) relata que as
empresas têm que abordar cinco perguntas estratégicas que, conforme a resposta a
19
uma ou mais destas perguntas for “positiva”, a TI representa um recurso estratégico
que exige atenção do mais alto nível. Cada uma destas perguntas diz respeito as
cinco forças competitivas que determinam a concorrência, na visão de PORTER
(1979).
1. A TI pode erguer barreiras para a entrada de outros concorrentes no
mercado?
Uma barreira de entrada bem sucedida oferece, não apenas um novo
serviço para agradar os clientes, mas também oferece características que
mantêm seus clientes cativos. Portanto, quanto mais difícil de copiar for o
serviço prestado, mais altas são as barreiras para a competição e mais alto é o
retorno advindo do valor agregado gerado, ocasionando ganhos vantajosos no
custo do produto, no qual permite pressionar seus concorrentes diretamente.
Por outro lado, não se pode esquecer que são grandes os investimentos
de capital exigidos por esses projetos, tendo que conviver com a incerteza de
seus benefícios finais. Além disso, tais investimentos nesses sistemas
eletrônicos podem criar uma séria rigidez nos custos, assim como barreiras
para que a empresa possa se retrair ou se retirar do setor, quando bem o
desejar.
2. A TI pode impedir a troca de fornecedor?
O desenvolvimento de sistemas eletrônicos que encorajam os clientes
a contarem, cada vez mais, com o suporte do fornecedor, incorporando-o às
suas operações, garante significativamente a dependência operacional e uma
inércia humana normal, no qual se torna indesejável a mudança de
fornecedor. Diante deste cenário, se o cliente optar em mudar de fornecedor,
terá que despender muito tempo e capital na reformulação de um novo
processo.
20
3. Pode a TI alterar as bases da competição?
PORTER (1979) discute três tipos de estratégias competitivas tendo,
cada uma delas, diferentes regras básicas. Uma delas é baseada em custo, ou
seja, quando a empresa pode produzir com um custo muito inferior do que
seus concorrentes. As empresas que vendem “commodities” e produtos de
alta tecnologia são marcantes exemplos da utilização de tais estratégias. Um
segundo tipo de estratégia é baseado na diferenciação do produto, isto é,
quando uma empresa oferece uma combinação diferente de características no
produto, tais como serviço e qualidade. Já o terceiro tipo é a especialização
em apenas um nicho de mercado, distinguindo-se por características raras em
termos de custo ou no produto, podendo ser chamadas de estratégias de foco.
Retomando McFARLAN (1984), vêem-se em suas afirmações que em
alguns setores dominados pela competição em custo, a TI permitiu o
desenvolvimento de características de produto que se tornaram tão diferentes
que fazem com que as bases da competição se alterem radicalmente.
Simplesmente a empresa utiliza-se da TI para agregar valor ao produto,
mudando conseqüentemente às bases da competição, de custo para
diferenciação de produto ou vice-versa.
Basicamente os primeiros estágios são de difícil distinção entre uma
inovação intrigante e uma inovação estrutural importante, pois se os gerentes
não souberem interpretar qualquer uma dessas questões, as conseqüências
podem ser desastrosas.
4. A TI pode alterar o equilíbrio de poder nas relações com os fornecedores?
CASH Jr; KONSYNSKI (1985) afirmam que os usos mais avançados
e potencialmente poderosos da tecnologia de sistemas de informação
envolvem redes que transcendem as fronteiras da própria empresa, tendo
alguns desses sistemas interorganizacionais (IOS - Interorganizacional
Systems) importantes implicações sociais e políticas. Esses sistemas de
informação automatizados, compartilhados por duas ou mais empresas,
21
podem contribuir, significativamente, para melhorar a produtividade, a
flexibilidade e a competitividade de muitas empresas. Portanto, pode-se
constatar que alguns exemplos reais ilustram que alguns IOSs podem mudar o
equilíbrio de poder nas relações comprador-fornecedor, prover barreiras à
entrada e saída das empresas nos setores industriais e, na maioria das vezes,
mudar a posição competitiva entre concorrentes intra-setoriais. Como
exemplo desta perspectiva, pode-se citar o sistema de entrega Just-in-time,
podendo reduzir drasticamente os níveis de estoque nas indústrias,
principalmente automobilísticas, permitindo, portanto, grandes economias de
custo.
Tais sistemas interorganizacionais, podem redistribuir o poder entre
compradores e fornecedores, ou seja, em alguns casos o fabricante pode
aumentar a dependência de um fornecedor individual, tornando mais difícil de
ser substituído e deixando a empresa vulnerável a maiores aumentos de preço,
mas por outro lado, existem situações em que o fabricante alcança uma
posição bem mais forte para ditar os termos de seu relacionamento com os
fornecedores. McFARLAN (1984)
5. A TI pode gerar novos produtos?
Como descrito anteriormente, a TI pode levar a produtos de melhor
qualidade que podem ser entregues mais rapidamente e cuja produção custe
menos. Similarmente a um custo ligeiramente maior, os produtos existentes
podem ser personalizados para atender as necessidades específicas do cliente.
Diante deste cenário, pode-se verificar em algumas organizações a
combinação de uma ou mais dessas vantagens, nas quais estas podem se
associar a um serviço de suporte eletrônico, em um de seus produtos, a fim de
aumentar seu valor aos olhos do consumidor final. Como exemplo, pode-se
citar um sistema online de atendimento direto ao consumidor, provendo maior
suporte e agregando valor ao produto, mediante a um pequeno custo adicional
no sistema disponibilizado.
22
2.5. Análise de como a informação proporciona vantagem competitiva
Cada vez mais se pode observar a crescente utilização da TI e seus
respectivos efeitos, com o intuito fundamental de se obter uma vantagem
competitiva. É notável que a revolução da informação está mudando processos e
comportamentos, no qual todas as empresas que quiserem sobreviver mediante ao
atual mercado competitivo, terá que se atualizar, despendendo tempo e capital de
investimentos, a fim de usufruir seus benefícios.
PORTER; MILLAR (1985) relatam que cada vez mais os executivos têm
consciência crescente de que a TI não pertence mais exclusivamente ao território do
processamento eletrônico de dados ou aos departamentos de sistemas de informação.
Para obter vantagem competitiva, tais executivos reconhecem a necessidade de se
tornarem diretamente envolvidos no gerenciamento das novas tecnologias.
Segundos os autores “a revolução da informação está afetando a competição
de três formas vitais:
Ela muda a estrutura do setor e, ao fazê-lo, altera as regras da competição.
Ela cria vantagens competitivas, proporcionando ás empresas novas formas
de superar seus rivais.
Ela dá origem a negócios completamente novos, começando, freqüentemente,
dentro das operações já existentes na empresa.”
DAVENPORT; HAMMER; METSISTO (1989) entendem que no passado os
gerentes simplesmente delegavam decisões tecnológicas aos especialistas dos
computadores da empresa e cuidavam de outros assuntos, porém nos dias de hoje,
tais gerentes não podem evitar facilmente o processo de tomada de decisões sobre TI,
na qual afeta os negócios como um todo, desde a estrutura organizacional até as
estratégias de produto no mercado. Portanto, delegar decisões importantes não
assegura que os investimentos em TI melhorarão a estratégia dos negócios da
empresa.
23
2.6. A cadeia de valor
Retomando PORTER; MILLAR (1985), vêm-se em suas afirmações que a TI
está mudando a maneira como as empresas operam, afetando todo o processo através
do qual elas criam os seus produtos. Além disso, está reformulando o próprio
produto, ou seja, todo o pacote de bens físicos, serviços e informação que as
empresas provêem para gerar valor à seus clientes. Em meio a este cenário, um
conceito importante que faz sobressair o papel da TI na competição é a chamada
“Cadeia de Valor”, no qual divide as atividades da empresa em atividades
tecnológica e economicamente distintas. Pode-se dizer que o valor que uma empresa
gera é medido pela quantidade de clientes que se dispõe a pagar pelo produto ou
serviço. Já um negócio é lucrativo, se o valor que ele gera excede os custos de
execução das atividades de valor, sendo que para obter-se vantagem competitiva
sobre seus concorrentes, uma empresa tem que ou executar essas atividades a um
preço menor, ou executá-las de uma forma que conduza a uma diferenciação e a um
preço especial, ou seja, que agregue mais valor.
PORTER (1985) explica claramente uma relação entre a cadeia de valor e a
vantagem competitiva ao conceituar que: “Toda empresa é uma reunião de atividades
que são executadas para projetar, produzir, comercializar, entregar e sustentar seu
produto. Todas essas atividades podem ser representadas, fazendo-se uso de uma
cadeia de valores (...) As diferenças entre cadeias de valores concorrentes são uma
forma básica de vantagem competitiva”. O autor acrescenta, afirmando que “a
vantagem competitiva surge fundamentalmente do valor que uma empresa consegue
criar para seus compradores e que ultrapassa o custo de fabricação pela empresa”.
A cadeia de valor de uma empresa é uma série de atividades independentes
que são conectadas por “ligações” que concretiza e entrega um produto ou serviço a
um consumidor. Tais ligações existem quando a maneira como cada atividade é
executada, afetando o custo ou a eficiência de outras atividades. Vale reforçar que as
ligações requerem que as atividades sejam coordenadas, acarretando em uma
verdadeira fonte poderosa de vantagens competitivas (PORTER; MILLAR, 1985).
24
A figura 2.2 exibe uma cadeia de valor típica, desenvolvida a partir da análise
de MICHAEL PORTER, a qual define brevemente o significado das atividades de
uma empresa, que se dividem em nove categorias genéricas. As atividades primárias
são aquelas envolvidas na criação física do produto, seu marketing e entrega aos
compradores e seu suporte e assistência pós-venda. As atividades de suporte
provêem os insumos e a infra-estrutura que permitem que as atividades primárias
aconteçam, sendo que cada atividade emprega insumos, recursos humanos e uma
combinação de tecnologias pelas quais se paga um preço. Dentro de cada categoria
genérica, uma empresa executará um número definido de atividades, dependendo da
natureza de seus negócios. Os serviços, por exemplo, freqüentemente incluem
atividades como instalações, reparo, adaptações, upgrades e gerenciamento de
estoque de peças.
Figura 2.2 A cadeia de valor - Adaptado de PORTER; MILLAR (1985) e
PORTER (1985)
Ainda se encontra em PORTER; MILLAR (1985) que a cadeia de valor de
uma empresa em um determinado setor está embutida em uma corrente mais ampla
de atividades, a que se chama de “sistema de valor”, conforme se pode visualizar na
figura 2.3. O sistema de valor inclui as cadeias de valor de fornecedores, que
provêem insumos, tais como matéria-prima, componentes e serviços adquiridos, para
a cadeia de valor da empresa. Os produtos da empresa, freqüentemente passam pelas
cadeias de valor de seus canais, a caminho do consumidor final e, finalmente, o
produto se torna um insumo acabado, comprado pelas e para as cadeias de valor de
seu consumidor, que o usam para executar uma ou mais atividades.
Atividades-meio
Infra-estrutura
empresarial
Gerenciamento de
recursos humanos
Desenvolvimento de
tecnologias
Aquisição de
insumos
Logística
Interna
Operações Logística
Externa
Marketing e
Vendas
Prestação de
Serviços
Atividades-fim Margem
25
Figura 2.3 – O sistema de valor - Adaptado de PORTER; MILLAR (1985) e
PORTER (1985)
CLEMOUNS; McFARLAN (1988) acreditam que uma análise sistemática da
cadeia de valor de uma empresa é uma forma eficaz para buscar aplicações eficazes e
lucrativas da TI. Essa análise requer uma visão administrativa apurada, consciência
da estrutura do setor e familiaridade com as regras da concorrência. As empresas
precisam compreender suas cadeias de valor, bem como aquelas de seus principais
clientes e fornecedores para descobrir as áreas potenciais para novos serviços. Da
mesma forma, a compreensão das cadeias de valor dos concorrentes fornece uma
visão sobre a provável fonte de ataque da concorrência. Finalmente, faz-se necessário
ponderar com cuidado para identificar os potenciais iniciantes no mercado, no qual
costumam ser novos concorrentes cuja cadeia de valor se expande para uma área
particularmente atraente.
CADEIAS DE VALOR
DOS FORNECEDORES
CADEIAS DE VALOR
DA EMPRESA
CADEIAS DE VALOR
DOS CANAIS
CADEIAS DE VALOR
DO COMPRADOR
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CADEIAS DE VALOR
DOS FORNECEDORES
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DE UM NEGÓCIO
CADEIAS DE VALOR
DOS CANAIS
CADEIAS DE VALOR
DO COMPRADOR
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DE UM NEGÓCIO
CADEIA DE VALOR
DE UM NEGÓCIO
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2.6.1. Transformando a cadeia de valor
A TI está permeando a cadeia de valor, transformando a maneira como as
atividades de valor são executadas e a natureza das interligações entre elas, afetando
a o escopo competitivo, bem como reformulando a maneira como os produtos
atendem às necessidades do comprador. Estes efeitos básicos explicam por que a TI
adquiriu um significado estratégico, diferenciando de muitas outras tecnologias
utilizadas nos negócios (PORTER; MILLAR, 1985).
Com essa transformação tecnológica, as empresas estão ampliando seus
limites daquilo que elas podem fazer em tempo menor do que o requerido para seus
gerentes explorarem as oportunidades. Ainda se encontra em PORTER; MILLAR
(1985), que a revolução da informação afeta todas as noves categorias de atividades
de valor, desde a possibilidade de usar um projeto auxiliado por computador no
desenvolvimento tecnológico, muito presente em indústrias automobilísticas, até a
incorporação da automação nos depósitos, conforme se pode visualizar na figura 2.4.
Figura 2.4 – A evolução da cadeia de valor com a TI - Adaptado de PORTER;
MILLAR (1985)
Percebe-se que a TI está gerando mais dados à medida que uma empresa
executa as suas atividades, ou seja, está permitindo que ela colete ou capture
Atividades-meio
Infra-estrutura
empresarial
Modelos de
Planejamento
Gerenciamento de
recursos humanos
Desenvolvimento de
tecnologias
Aquisição de
insumos
Depósitos
automatizados
Fabricação
flexível
Processamento
automatizado
de pedidos
Telemarketing
Terminais remotos
para os
vendedores
A
ssistência técnica
remota
Cronogramação e
roteamento dos
caminhões de
assistência técnica
Logística
Interna
Operações Logística
Externa
Marketing e
Vendas
Prestação de
Serviços
Atividades-fim Margem
Alocão de pessoal
automatizada
Projeto auxiliado
por computador
Pesquisa
on line
para
aquisição de componentes
27
informações que antes não eram possíveis. Também se pode dizer que a TI está
transformando os componentes de processamento físico das atividades, isto é,
máquinas operatrizes controladas por computador são mais rápidas, mais precisas e
mais flexíveis na fabricação de um produto, do que as máquinas antigas operadas
manualmente. PORTER; MILLAR (1985)
Ainda se encontra em PORTER; MILLAR (1985) que “a tecnologia da
informação afeta não somente a maneira como as atividades individuais são
executadas através de novos fluxos de informação, mas também eleva em muito a
capacidade da empresa de explorar interligações entre as atividades, tanto internas,
quanto externas à empresa. A tecnologia está criando novas interligações entre
atividades e as empresas, agora, podem coordenar suas ações mais estreitamente com
aquelas de seus clientes e fornecedores”.
Em contra partida, a mudança tecnológica não é importante por si só, mas é
importante se afetar a vantagem competitiva e a estrutura da empresa. Toda mudança
tecnológica não é estrategicamente benéfica, pois pode piorar a posição competitiva
de uma empresa e sua atratividade. Portanto, somente a alta tecnologia não garante
rentabilidade, devendo a empresa possuir uma estrutura favorável capaz de competir
no atual mercado. Porém, vale ressaltar que a tecnologia, entretanto, penetra na
cadeia de valor de uma empresa e se estende até o ponto que essas tecnologias
associam-se diretamente com o produto (PORTER, 1985).
CATELLI (2001) ressalta a ausência de ferramentas capazes de avaliar a
criação do valor econômico das atividades da cadeia de valor, ou seja, muitos
sistemas somente se interessam em realizar medidas qualitativas de algumas
características, como o desempenho, a satisfação de cliente, os padrões de ponto de
referência de competidores e logística, bem como propor sistemas focalizados em
medida de custo.
28
2.7. Matriz de intensidade de informação
O impacto da TI é tão persuasivo que faz com que os executivos se
confrontem com um grande problema: o excesso de informação, no qual vem criando
novos usos da TI, para armazenar e analisar a avalanche de informações disponíveis
aos executivos.
Diante deste cenário, a Matriz de Intensidade de Informação” de PORTER e
MILLAR é mais um modelo que analisa o impacto estratégico da aplicação da TI em
uma empresa, retratando a intensidade das informações na cadeia de valor.
A figura 2.5 ilustra a Matriz de Intensidade de Informação, retratando a
intensidade das informações na cadeia do valor para o conteúdo de informações no
produto entre diversos ramos de negócios. Portanto, pode-se perceber que a
importância da tecnologia difere de um setor para outro, embora a tendência para
uma maior intensidade de informações, tanto nas empresas, quanto nos produtos seja
evidente.
No artigo original de PORTER e MILLAR, não há indicação de exemplo para
o quadrante “alto conteúdo de informações no produto” e “baixa intensidade de
informações na cadeia de valor (processo)”, posição que é corroborada por DOYLE
(1991). Contudo, para WARD (1988) apud LAURINDO (2002), este seria o caso de
empresas de educação e de advocacia. Segundo DUHAN et. al. (2001) apud
LAURINDO (2002), empresas de consultoria também estariam neste mesmo
enquadramento, onde a análise da cadeia de valor fica prejudicada no caso de
empresas baseadas em conhecimento (como consultorias), nas quais é difícil
identificar o valor que é agregado em cada atividade. Nestas situações, os autores
defendem que a abordagem das competências essenciais de PRAHALAD; HAMEL
(1990) apud LAURINDO (2002) seria mais adequada para planejar o uso estratégico
dos sistemas de informação. Portanto, não é consenso que este quadrante deva estar
preenchido, onde particularmente é difícil existir a situação onde se tem muita
29
informação do produto sem muita informação do processo, gerando uma polêmica
entre as literaturas.
Figura 2.5 – Matriz de intensidade de informações - Adaptado de PORTER;
MILLAR (1985)
A TI está não apenas transformando produtos e processos, mas também a
natureza da competição em si. Apesar do crescente uso da TI, as indústrias sempre
diferirão em suas posições, conforme figura 2.5, e no seu ritmo de mudança. Diante
disso, em uma indústria tradicional, a TI usualmente tem um papel de suporte à
operação, pois dificilmente pararia caso seus sistemas de informação não estivessem
operando, enquanto que um banco, no qual possui a TI como estratégia na operação
do negócio, não conseguiria operar sem seus sistemas de informação
computadorizados.
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Baixa
Alta
Alta
Baixa
Conteúdo de
Informa
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Intensidade de Informações
na Cadeia de Valor
(
Processo
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30
2.8. Modelo do alinhamento estratégico
Cada vez mais se pode dizer que a TI tem evoluído de uma orientação
tradicional de suporte administrativo, para uma função mais estratégica dentro da
organização. Neste contexto, foi desenvolvido por HENDERSON e
VENKATRAMAN (1993) um modelo para conceituar e direcionar as áreas
emergenciais de gerenciamento estratégico da TI. Este modelo denominado de
“Modelo do Alinhamento Estratégico” é definido em termos de quatro domínios
fundamentais de escolha estratégica: Estratégia do Negócio, Estratégia da TI,
Infraestrutura Organizacional e Processos e Infraestrutura da TI e Processos – cada
um com características fundamentais para o planejamento da TI na organização.
O Modelo do Alinhamento Estratégico identifica as necessidades para
especificar dois tipos de integração entre os domínios de Negócio e da TI. O primeiro
denominado de “Ajuste Estratégico”, é a ligação entre a Estratégia e a Infraestrutura.
Já o segundo tipo de integração é denominado de “Integração Funcional”, no qual
estabelece a ligação entre as funções do Negócio e da TI nos âmbitos estratégicos e
de infraestrutura. A TI deve ser articulada em termos de um domínio “externo” e de
um domínio “interno” da empresa. O domínio externo é a arena empresarial, na qual
a empresa compete e está preocupada com decisões mercadológicas, oferecendo
atributos estratégicos distintivos que diferenciam a empresa de seus competidores,
como também a gama de decisões de make or buy, formação de alianças estratégicas
e inclusive sociedades. Em contraste, o domínio interno diz respeito à estrutura
organizacional administrativa, as razões específicas para projetar/ reprojetar
processos críticos, bem como para a aquisição e desenvolvimento de habilidades
humanas necessárias para alcançar a competência organizacional requerida.
HENDERSON e VENKATRAMAN (1993) ilustram o Modelo do
Alinhamento Estratégico, conforme figura 2.6, mostrando a gama de escolhas que
podem ser endereçadas durante o processo gerencial.
31
Figura 2.6 – Modelo do alinhamento estratégico - Adaptado de HENDERSON e
VENKATRAMAN (1993)
2.8.1. Descrição da terminologia do alinhamento estratégico
Dois conceitos são importantes neste modelo:
Ajuste Estratégico.
O Ajuste Estratégico é a relação vertical do vigamento de alinhamento
estratégico ilustrado na figura 2.6. O Ajuste Estratégico enfatiza a necessidade de
fazer escolhas que posicionem o empreendimento em uma faixa externa e como
melhorar a estrutura dos arranjos internos para executar esta estratégia de
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posicionamento no mercado. São chamadas as escolhas que posicionam o
empreendimento em um mercado estratégico de negócio e essa escolha que
determina a estrutura interna do empreendimento de infraestrutura e processos
organizacionais. O desempenho do empreendimento está definido por, até que
ponto as escolhas que contêm essas duas estratégias são consistentes e assim,
mudando as estratégias do negócio, os processos organizacionais têm que
acompanhar o mesmo passo. Semelhantemente, as escolhas verticais entre
estratégia de TI e sua infraestrutura e processos devem ser consistentes. Portanto,
utilizando-se a informática para aumentar estas escolhas verticais, provê-se a
oportunidade para uma vantagem estratégica.
Integração Funcional.
A relação horizontal da integrão funcional, mostrada na figura 2.6,
estende a noção do ajuste estratégico por domínios funcionais. Assim como as
estratégias do negócio mudam, as estratégias de TI e seus processos também têm
que manter o mesmo passo, sendo que se tem nestas situações as diferentes
relações funcionais bem definidas. Infelizmente, a visão tradicional da estratégia
de sistemas de informação é freqüentemente definida de maneira simplista,
interessando somente as aplicações, os dados e as arquiteturas de hardware, no
qual esta perspectiva interna não endereça a necessidade por administrar e
entender como estas escolhas arquitetônicas posiciona a empresa dentro um
mercado altamente dinâmico e evolutivo. Portanto, o posicionamento efetivo da
empresa no mercado tecnológico é de vital necessidade, sendo que a integração
funcional dá para TI a oportunidade para prover vantagem competitiva no atual
mercado.
Segundo esse modelo, para planejar a TI, devem ser considerados quatro
importantes fatores:
33
Estratégia do Negócio.
9 Escopo do Negócio: Decisões que determinam onde o empreendimento
competirá. Freqüentemente visto como segmentação de mercado, estas
escolhas definem os tipos de produtos, nichos, clientes e geografia, que
determinam o alcance ou a gama do empreendimento. Incluem as forças
competitivas (os compradores, fornecedores, substitutos, concorrentes
potenciais) como descrito por PORTER (1979).
9 Competências Distintivas: Áreas que determinam como o
empreendimento competirá no fornecimento de seus produtos e serviços.
Por que um cliente escolheria comprar ou usar os produtos / serviços de
uma empresa em particular? Estas decisões determinam esses atributos da
estratégia, que criam uma capacidade no empreendimento para diferenciar
seus produtos e serviços de seus concorrentes. Pode-se citar como
exemplos o foco em qualidade, o planejamento de uma estratégia
direcionada, bem como o desenvolvimento de um canal de marketing
aperfeiçoado.
9 Direção do Negócio: Escolhas que focalizam no assunto de propriedade,
ou seja, se o empreendimento entrará em um mercado particular como
uma única entidade ou por alianças, sociedades, ou outra fonte externa.
Nos dias de hoje, a escolha da direção reflete um aspecto significante na
estratégia, no qual um negócio pode tentar armazenar vantagens
tradicionais de balança, por meio de alianças em lugar de propriedade.
Infraestrutura e Processos Organizacionais.
9 Estrutura Administrativa: Representa as funções, responsabilidades, e
estrutura hierárquica do empreendimento. Estabelece se o
empreendimento será organizado por departamentos funcionais, quantos
níveis gerenciais será requerido e até que ponto as decisões serão
descentralizadas. Estas escolhas estabelecem a estrutura dentro da qual a
administração e os processos de trabalho operarão.
34
9 Processos: A maneira na qual as funções empresariais fundamentais
operarão ou fluirão. Essencialmente, um assunto relacionado à cadeia de
valor, determina-se até que ponto o trabalho deve ser reestruturado, talvez
integrado, a fim de melhorar a eficiência e a eficácia. Freqüentemente a
melhoria de processos ocasiona em mudanças na TI. Métodos de
transformação empresariais concentram em acrescentar valor a escolhas
estratégicas que focalizam em infraestrutura organizacional e processo
(especialmente relativo a processo).
9 Habilidades: Escolhas relativas às pessoas que levarão adiante a
estratégia. Quais experiências, competências, compromissos, valores e
normas são exigidos dos profissionais, a fim de conhecer a estratégia? A
estratégia do negócio solicitará habilidades novas? Mudanças adicionais
estão em conflito com valores tradicionais e normas do empreendimento?
A estratégia de infraestrutura organizacional tem que definir as
considerações de recurso humano claramente, a fim de finalizar o
trabalho. Oportunidades para outras fontes também são consideradas neste
item.
Estratégia da TI.
9 Escopo da Tecnologia: Tipos específicos de tecnologia que são críticos a
organização (exemplo: imagens eletrônicas, robótica, multimídias, etc.).
Estas decisões posicionam a tecnologia necessária para se ter êxito.
9 Competências Sistêmicas: Atributos da estratégia da TI que podem
contribuir positivamente para a criação de novas estratégias de negócio,
ou melhor, pode suportar a estratégia de negócio existente. Este item é
análogo ao conceito das competências distintivas do negócio, na qual lida
com atributos estratégicos (preço, qualidade, canais de distribuição
superior, valor-serviço adicionado) que contribuem para uma distinção
positiva mediante aos concorrentes.
9 Direção da TI: Seleção e uso de mecanismos (exemplos: joint ventures
com vendedores, alianças estratégicas, pesquisa em comum e
35
desenvolvimento para capacidade de nova TI) para a obtenção de
competências requeridas da TI. Este item é análogo a direção do negócio,
no qual envolve escolhas de make or buy na estratégia do negócio.
Infraestrutura e Processos Organizacionais da TI.
Todos os itens deste domínio são análogos aos itens do domínio
Infraestrutura Organizacional.
9 Arquitetura da TI: Escolhas, prioridades e políticas que habilitam a
síntese de aplicações, dados, software e hardware por uma plataforma
aderente.
9 Processos: Planejamento das funções principais de trabalho da TI e suas
práticas - como desenvolvimento de aplicação, controles de
gerenciamento de sistemas ou operações.
9 Habilidades: Experiência, competências, compromissos, valores e normas
dos indivíduos que trabalham para entregar os produtos e serviços ligados
a TI.
Outra premissa do Modelo do Alinhamento Estratégico é que uma
administração eficaz da TI requer um balanceamento entre as decisões em todos os
quatro fatores descritos acima. Este balanceamento reflete uma interação entre três
domínios essenciais, formando uma espécie de um triângulo. Pode-se notar que,
criando perspectivas que refletem o alinhamento cruz-dimensional (ilustrado a seguir
nas figuras 2.7 e 2.8), no mínimo, tem-se sempre uma relação envolvendo o ajuste
estratégico e a integração funcional. Cada triângulo consiste em três componentes:
Domínio Âncora: Área que provê (dirige) a mudança ao domínio;
Domínio Pivô: Área com o problema;
Domínio impactado: Área que é afetada pela mudança, devido ao domínio
pivô.
36
Figura 2.7 – Perspectivas da transformação tecnológica e da execução de estratégia -
Adaptado de LEWIS; LUFTMAN; OLDACH (1993)
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Transformação Tecnológica
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Figura 2.8 – Perspectivas do potencial competitivo e do nível de serviço - Adaptado
de LEWIS; LUFTMAN; OLDACH (1993)
Pode-se ainda encontrar em HENDERSON e VENKATRAMAN (1993) que
o Modelo do Alinhamento Estratégico identifica as necessidades para especificar
dois tipos de integração entre os domínios de Negócio e da TI. O primeiro chamado
de “Integração Estratégica” é a ligação entre a Estratégia do Negócio e a Estratégia
da TI, refletindo em componentes externos, ou seja, mais especificamente, se trata da
capacidade de funcionalidade da TI, de forma a apoiar a estratégia do negócio. Esta
capacidade é particularmente importante, mostrando como a TI emergiu como uma
fonte importante de vantagem estratégica para a empresa. O segundo tipo, nomeado
como “Integração Operacional”, retrata das transações com os domínios internos
correspondentes, isto é, a ligação entre Infraestrutura e Processos Organizacionais.
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Potencial Competitivo
Nível de Serviço
38
Este tipo realça a criticidade de assegurar a coerência interna entre as exigências
organizacionais e as expectativas e, a capacidade de entrega dentro da função de TI.
Outro aspecto a ser considerado por LEWIS; LUFTMAN; OLDACH (1993)
é que a vantagem competitiva e a vantagem estratégica são dois imperativos em uma
empresa, caso queira sobreviver mediante ao atual mercado, caso contrário tais
vantagens podem se tornar rapidamente em necessidades estratégicas e competitivas
quando o empreendimento fica para trás de seus competidores. Portanto, a empresa
tem de possuir uma medição robusta e defensiva, no qual deve ser supervisionada,
sendo que o desenvolvimento da estratégia de TI e o planejamento, não devem
acontecer depois que a estratégia de negócio seja produzida.
Ainda se encontra em HENDERSON e VENKATRAMAN (1993) quatro
tipos de perspectivas de alinhamento estratégico, contendo a estratégia de negócio ou
a estratégia de TI como dois impulsionadores iniciais.
Estratégia do negócio como impulsionadora. As duas primeiras perspectivas
apresentadas surgem quando a estratégia do negócio servir como a força motriz.
Primeira Perspectiva: Execução de Estratégia. Na perspectiva de execução de
estratégia, ilustrada na figura 2.9, percebe-se a busca de soluções de TI visando uma
nova estrutura da empresa, centralizando algumas funções e buscando interação entre
as áreas de negócio. As relações entre os três domínios de estratégia do negócio
(domínio âncora), infraestrutura organizacional e processos (domínio pivô), e
infraestrutura e processos da TI (domínio impactado) estão correlacionadas. Esta
perspectiva de alinhamento é, talvez, a perspectiva mais comum e extensamente
compreendida como corresponde à visão clássica e hierárquica de administração
estratégica. Assim, não é surpreendente que várias metodologias analíticas diferentes
estejam disponíveis para fazer esta perspectiva operacional: Fatores Críticos de
Sucesso, Business Systems Planning (divulgado pela IBM), Enterprise Modeling, etc.
LEWIS; LUFTMAN; OLDACH (1993) reconhecem a necessidade da filosofia top
down (“olhar para baixo”) do topo da organização, identificando áreas críticas para o
39
sucesso do negócio. A aproximação das áreas de uma empresa é tipicamente um
modo no qual o resultado tem apoio de estratégias de informática organizacionais,
mas necessariamente não têm influência da informática nas estratégias do negócio.
Não surpreendentemente, o papel da liderança executiva, articulando e comunicando
a estratégia de negócio é citada freqüentemente como um Fator Crítico de Sucesso. É
importante identificar o papel específico da alta administração, a fim de se obter
sucesso nesta perspectiva, ou seja, a alta gerência deve fazer o papel do “formulator
de estratégia”, articulando a lógica e as escolhas que pertencem à estratégia do
negócio. Já o papel do gerente de TI deve ser um “implementador de estratégia”, isto
é, aquele que eficaz e efetivamente designa e instrumenta a infraestrutura da TI
exigida e os processos que apóiam a estratégia do negócio escolhida. Os critérios de
desempenho para avaliar o funcionamento da TI dentro desta perspectiva estão
baseados em parâmetros financeiros que refletem um foco de centro de custo.
Figura 2.9 – Perspectiva da execução estratégica - Adaptado de LEWIS;
LUFTMAN; OLDACH (1993)
Segunda Perspectiva: Transformação Tecnológica. Na perspectiva da transformação
tecnológica, o foco está em estabelecer um ajuste estratégico para a informática. Esta
perspectiva, ilustrada na figura 2.10, mostra onde a TI é utilizada para habilitar novas
ESTRATÉGIA
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estratégias do negócio. Especificamente, executivos precisam entender a relação
entre a estratégia do negócio (domínio âncora), a estratégia da TI (domínio pivô) e a
infraestrutura e processos da TI (domínio impactado), acarretando em uma
tecnologia visionária. Este conceito é ilustrado na perspectiva estratégica na figura
2.7, onde os executivos têm que entender as forças e fraquezas das próprias
infraestruturas da TI internas a elas. Em suma, é a necessidade para administrar
efetivamente o risco técnico. O executivo não só tem que escolher uma posição
efetiva no mercado de tecnologia, mas tem que assegurar que podem ser mudados a
tecnologia embutida, os sistemas e as pessoas, de modo a apoiar estas escolhas de
tecnologia. Este método também utiliza a abordagem top down (olhar para baixo), no
qual avalia as estratégias e as diferentes condições sobre o plano traçado, conforme
LEWIS; LUFTMAN; OLDACH (1993). O papel da alta administração executiva
nesta perspectiva é prover uma “visão de tecnologia”, no qual deve apoiar melhor a
estratégia do negócio escolhida. Já o papel do gerente de TI deve ser o de “arquiteto
de tecnologia”, ou seja, o que eficazmente e efetivamente designa e instrumenta a
infraestrutura da TI exigida para uma visão consciente em TI. Os critérios de
desempenho nesta perspectiva estão baseados em liderança tecnológica, utilizando
freqüentemente e comparando a aproximação para avaliar a posição da empresa no
mercado de TI.
41
Figura 2.10 – Perspectiva da transformação tecnológica - Adaptado de LEWIS;
LUFTMAN; OLDACH (1993)
Estratégia da TI como impulsionadora. As duas perspectivas finais apresentadas a
seguir, surgem quando a estratégia da TI servir como a força motriz.
Terceira Perspectiva: Potencial Competitivo. A visão do potencial competitivo,
considerando a visão estratégica da TI, reflete como a tecnologia pode influenciar ou
habilitar novas estratégias do negócio (ex.: oportunidades de novos mercados),
criando desta maneira uma vantagem competitiva. Esta perspectiva, ilustrada na
figura 2.11, relaciona a interação entre a estratégia da TI (domínio âncora), a
estratégia do negócio (domínio pivô) e a infraestrutura e processos organizacionais
(domínio impactado). O triângulo é também ilustrado na figura 2.8, como a
perspectiva do potencial competitivo. É um processo de administração que,
explicitamente considera como a informática pode ser aplicada para aumentar a
estratégia do negócio e, no final tem-se como resultado a transformação da
infraestrutura organizacional. O papel específico da alta gerência para fazer esta
perspectiva ter sucesso é tornar um “negócio visionário”, ou seja, um negócio que
articula as competências de TI, influenciando na estratégia do negócio. Já o papel do
gerente de TI, em contraste, é um “catalisador”, ou seja, um que identifica e
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interpreta as tendências no ambiente de TI, para ajudar os gerentes empresariais a
entender as oportunidades potenciais e as ameaças de uma perspectiva de TI. Os
critérios de desempenho nesta perspectiva estão baseados na liderança empresarial
com medidas qualitativas e quantitativas que pertencem à liderança de produto como
parte do mercado, do crescimento e/ou da introdução de novos produtos.
Figura 2.11 – Perspectiva do potencial competitivo - Adaptado de LEWIS;
LUFTMAN; OLDACH (1993)
Quarta Perspectiva: Nível de Serviço. Nesta perspectiva, ilustrada na figura 2.12, o
empreendimento é construído em um ambiente de informática firmemente integrado
de classe mundial, no qual focaliza na habilidade de entregar produtos de informática
e serviços à organização. Para realizar esta tarefa, os executivos têm que entender a
relação entre a estratégia de TI (domínio âncora), a infraestrutura e processos de TI
(domínio pivô) e a infraestrutura e processos organizacionais (domínio impactado).
O triângulo da figura 2.8 também ilustra a perspectiva do nível de serviço. O
gerenciamento estratégico é agora um processo que decide como responder aos
desejos e necessidades de um cliente. Neste ambiente, a TI assume responsabilidades
como formular políticas e controlar transações interorganizacionais, veiculando
contratos de nível de serviço. A extensão de tecnologias coordenada pela
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organização de informática expandiu significativamente com os processadores, as
redes, a computação pessoal e automatização de escritórios. Esta aproximação centra
em entender a viabilidade da organização de TI para planejar e refletir em estruturas
variáveis e tendências. A introdução de comitês dirigentes para definir prioridades é
um exemplo de uma decisão desta perspectiva. O papel específico da alta gerência é
de fazer esta perspectiva ter sucesso, chamado de “priorizador”, no qual articula
como melhor alocar os recursos escassos dentro da organização e do mercado de TI.
O papel do gerente de TI, em contraste, possui uma “liderança executiva”, com as
tarefas específicas de fazer com que o serviço interno tenha sucesso dentro das
diretrizes operacionais da alta administração. Os critérios de desempenho desta
perspectiva estão baseados na satisfação total do cliente obtida através de medidas
qualitativas e quantitativas, utilizando referências internas e externas do
empreendimento.
Figura 2.12 – Perspectiva do nível de serviço - Adaptado de LEWIS; LUFTMAN;
OLDACH (1993)
A tabela 2.2 e a figura 2.13 resumem as características destas quatro
perspectivas.
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Tabela 2.2 Características das perspectivas do alinhamento estratégico
PERSPECTIVA IMPULSIONADORA
PAPEL DA ALTA
DIREÇÃO DA
EMPRESA
PAPEL DA DIREÇÃO
DE TI
CRITÉRIOS DE
DESEMPENHO
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EXECUÇÃO DE ESTRATÉGIA
Estratégia de
negócios
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estratégias
Implementador de
estratégias
Centro de custo
2
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TECNOLÓGICA
Estratégia de
negócios
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Arquiteto de
tecnologia
Liderança
tecnológica
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POTENCIAL COMPETITIVO
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Negócio visionário Catalizador
Liderança
empresarial
4
NÍVEL DE SERVIÇO
Estratégia de TI
Priorizador Liderança executiva
Satisfação total do
cliente
Figura 2.13 – Perspectivas do alinhamento estratégico - Adaptado de HENDERSON
e VENKATRAMAN (1993)
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2.9. Escada de avaliação
As decisões acerca do desenvolvimento de sistemas de informação nas
empresas geram expectativa de um retorno positivo nos investimentos. Portanto, a
aplicação da TI e seus objetivos são de extrema importância, devendo-se empregar
métodos de avaliação satisfatórios conforme certos tipos de aplicação da TI.
Considerando a diversidade abundante de classificações de organizações e suas
aplicações de TI, à tarefa de selecionar o método de avaliação mais apropriado,
torna-se difícil e limitada quanto à sua aplicabilidade.
Diante deste cenário, três características em comum surgem com utilidades
limitadas:
A primeira característica está relacionada com a evolução das aplicações de
TI no tempo, ou seja, sugerir que as organizações sigam um plano lógico,
seqüencial e “determinístico”. NOLAN (1979) foi um dos pioneiros que
estabeleceu um modelo da evolução/ crescimento da TI na empresa, onde este
sugere que haja um padrão de despesa da TI, formando uma curva em “S” de
orçamentos da TI contra o tempo. Cada seção da curva tem certas
características em termos de tipo de aplicação, estilo de administração e
controle de despesas da TI. Porém o processo muitas vezes não é ordenado
estritamente, pois organizações mais avançadas hoje ainda escolhem
desenvolver aplicações baseadas em redução de custos.
A segunda característica está relacionada às implicações estratégicas da TI
em lugar de sua administração. Após o modelo de NOLAN (1979),
McFARLAN (1984) desenvolveu o “Grid Estratégico”, mencionado neste
trabalho no item 2.2, no qual consiste de uma matriz 2 X 2 que compara a
dependência atual em TI com a importância competitiva futura da TI, tendo
como resultado o posicionamento estratégico da organização. Porém,
FARBEY; LAND; TARGETT (1995), baseados em pesquisas, afirmam que
muitas empresas falharam na aplicação de TI e, o fracasso não foi devido a
46
qualquer falta de compreensão estratégica, mas porque os processos de
decisão na organização foram inadequados sem uma avaliação da aplicação
de TI.
a terceira característica está relacionada com o aumento da compreensão e
da consciência, não tendo espaço para a ação sobre as aplicações da TI. No
geral, existe a necessidade de tentar superar os obstáculos de levar a
compreensão e a consciência a serem postas em prática de ação quanto aos
impactos da TI na organização, sendo muito valioso uma ação orientada.
Diante deste cenário, FARBEY; LAND; TARGETT (1995) propuseram um
modelo de avaliação denominado “Escada de Avaliação de Benefícios”, no qual é
composta de oito degraus, onde cada degrau representa um tipo de mudança e
conseqüentemente um tipo de aplicação da TI, conforme tabela 2.3. Cada degrau que
se sobe, apresenta um potencial crescente de benefícios, mas também uma crescente
incerteza nos resultados, um crescente risco de fracasso e uma dificuldade crescente
em convencer os stakeholders pertinentes à aceitarem tais propostas. O foco de
avaliação e suas respectivas técnicas apropriadas são diferentes para cada degrau da
escada, onde a análise de risco se torna um componente fundamental de avaliação
perto do topo da escada. Ao topo da escada, as decisões não requerem somente o
consentimento do time da alta gerência, mas sim o envolvimento direto destes
membros, uma vez que esta fase compreende em atividades mais complexas, mais
difíceis e de alto risco para a empresa, porém com maior potencial de recompensa.
Portanto, degraus mais baixos, menor a complexidade e mais objetivos e, degraus
mais altos, maior a complexidade e mais subjetivos.
47
Tabela 2.3 – Escada de avaliação de benefícios - Adaptado de FARBEY; LAND;
TARGETT (1995)
Nº DO DEGRAU DESCRIÇÃO
8 Transformão do Negócio
7 Sistemas Estratégicos
6 Sistemas Interorganizacionais
5 Infraestrutura
4MIS e DSS
3 Sistemas de Valor Adicionado Direto
2 Automação
1 Mudanças Obrigatórias
Ainda se encontra em FARBEY; LAND; TARGETT (1995) a explicação de
cada degrau da escada de avaliação descrito a seguir em maiores detalhes:
Primeiro Degrau: Mudanças Obrigatórias
O degrau de base representa as mudanças forçadas e obrigatórias, ou seja,
forçado no senso que a organização tem que mudar para sobreviver em um mercado
competitivo e, obrigatório no senso de agentes externos que obrigam mudanças por
novas leis ou regulamentos. As decisões são limitadas a escolher alternativas com
alguma flexibilidade como cronometrar e o grau para o qual as regras serão
implementadas. A tarefa da avaliação é prover avaliações técnicas e de custos de
soluções alternativas. Três tipos de mudanças forçadas afetam as decisões dos
sistemas de informação:
1. Se um empreendimento está sobre pressão competitiva, talvez porque o
concorrente introduziu novos métodos ou foi inovado o atendimento ao
consumidor, há a necessidade estratégica de acompanhar os movimentos do
concorrente. Um exemplo clássico é o banco 24 horas com caixas eletrônicas
de auto-atendimento e semelhantemente, os sistemas de reserva baseados em
TI estrategicamente necessários pelas linhas aéreas e pelos negócios de
viagem. Uma vez reconhecida à necessidade estratégica, o papel de avaliação
é achar o melhor sistema que proverá a capacidade exigida.
48
2. Se um empreendimento é forçado a fazer mudanças ou melhorias técnicas
específicas, adotando soluções de TI pode-se se tornar um assunto de
necessidade tecnológica. As pressões podem surgir de fora da organização ou
dentro. Bons exemplos de pressão externa de mudança técnica advêm da
redução na deterioração do meio ambiente, onde as montadoras
automobilísticas têm, através das leis, que prover novos mecanismos para
reduzir a emissão de poluentes, tais como a injeção eletrônica, o catalisador e
o módulo de controle do motor (ECM - Engine Control Module).
Obsolescência tecnológica provavelmente é o caso interno mais comum de
necessidade tecnológica, surgindo quando o custo de manter os sistemas
existentes se torna claramente inviável. Novamente o papel de avaliação é
achar o "melhor" modo de prover a nova tecnologia.
3. Certas mudanças em sistemas de informação são predeterminadas por
regulamentação e legislação. As mudanças requeridas exigem o
conhecimento das condições das leis de privacidade e conseqüentemente, o
papel de avaliação torna-se fundamental no sentido de avaliar o melhor
método para implementar a legislação. Um exemplo é a restrição ao acesso às
informações bancárias.
Os métodos mais amplamente utilizados usam a avaliação em cririos
clássicos de contabilidade de custos e técnicas de mensuração de trabalho para
avaliar os custos das soluções alternativas. Porém, problemas que originam da
incerteza de identificar os custos precisos da inovação tecnológica fazem o processo
de escolha perigoso, podendo resultar em escolhas baseadas em falsa análise e
conseqüente preparação inadequada.
Segundo Degrau: Automação
Representa a aplicação de TI projetada para substituir métodos existentes com
o intuito de reduzir custos, automatizando rotinas existentes e processando
geralmente grandes volumes de cargas de trabalho repetitivo. De maneira geral,
provê pouca aproximação de novos negócios, bem como não avaliam o produto ou
49
serviço, tendo conseqüentemente pouco impacto na rentabilidade do negócio. Porém,
a automatização pode ter efeitos mais importantes:
1. Reduzindo a margem de custo de um negócio pode ser um fator estratégico
importante, podendo prover vantagem competitiva. A rede de supermercados
é um exemplo.
2. Aumentando a produtividade, em particular dos profissionais qualificados,
tem-se um aumento significativo na capacidade da empresa, bem como na
administração do crescimento. O setor bancário pode ser citado como um
exemplo, no qual hoje controla imensamente mais transações com menos
mão de obra, comparado ao passado.
Os benefícios neste degrau estão diretamente atribuídos à substituição dos
métodos mais velhos pela tecnologia mais nova. O foco de avaliação está ligado à
eficiência e os métodos de avaliação mais apropriados baseiam-se em mensuração de
trabalho clássico e organização & técnicas de métodos, complementadas por alguns
métodos de pesquisa operacionais (simulação e modelagem).
Vale ressaltar que, enquanto para muitas organizações este tipo de aplicação
provê a justificação principal para o investimento em sistemas baseados em TI, em
muitos casos tem desapontado devido ao custo subestimado, negligenciando as
estimativas, como os custos de coordenação e diagnóstico.
Terceiro Degrau: Sistemas de Valor Adicionado Direto
O terceiro degrau é representado por aplicações que não só reduzem custos,
mas adicionam valor diretamente, freqüentemente realizando atividades antes das
quais não eram possíveis, considerando certas melhorias e alguns aspectos de
desempenho empresarial que já havia sido identificado como "preciosidades". O
valor adicionado é diretamente atribuível ao sistema da TI, tendo como resultado o
aumento na margem da empresa ou o crescimento significativo na fatia de mercado.
50
Muitas aplicações que automatizam processos existentes e também provêem novas
características que somam valor estão classificadas neste degrau.
Um exemplo comum é o sistema de processamento de pedidos, no qual
proporciona para as empresas pequenos detalhes de compras prévias, acrescentando
valor para o cliente através de um melhor atendimento, bem como para o fornecedor.
Porém, é importante salientar que o valor adicionado não necessariamente
pode beneficiar a empresa, mas sim somente ao consumidor, devido ao mercado
altamente competitivo. Assim, pode-se citar como exemplo os caixas automáticos de
bancos (ATMs – Automatic Teller Machines) que acrescentam valor ao sistema
bancário fazendo serviços de banco disponível para seus clientes vinte e quatro horas
por dia, no qual distribuíram aquele valor adicionado diretamente ao consumidor, e
não em geral para os bancos.
O valor adicionado é um exemplo de eficácia crescente, no qual o foco de
avaliação é analisar que valor é somado e como aquele valor poderia ser distribuído,
porém calcular freqüentemente o impacto da nova capacidade torna-se uma tarefa
difícil. Assim os bancos não previram o impacto que os ATMs causariam, pois
devido a disponibilidade constante dos serviços do banco (o BANCO 24 HORAS) os
clientes encorajaram-se a freqüentar mais vezes aumentando significativamente o
número total de transações para o banco.
As técnicas clássicas de contabilidade de custos e técnicas de mensuração de
trabalho não provêem estimativas úteis. Provavelmente o melhor método de
avaliação é utilizar técnicas experimentais, como testes de campo e projetos pilotos,
no sentido de prover uma melhor avaliação do impacto da inovação.
Quarto Degrau: Sistemas de Informações Gerenciais (Management
Information Systems – MIS) e Sistemas de Suporte à Decisão (Decision
Support Systems – DSS)
51
Este degrau representa aplicações que provêem informação para planejar,
controlar e decidir. Portanto, são dirigidos freqüentemente aos níveis mais altos da
gerência. Embora o MIS e o DSS são conceitualmente diferentes, estes são colocados
no mesmo degrau, pois apresentam problemas semelhantes em termos de avaliação.
Nos últimos anos, houve uma alteração na ênfase do processamento
transacional e da automatização de procedimentos existentes para a utilização da
tecnologia, a fim de melhor a produtividade de gerentes e outros profissionais
especializados. Os sistemas, principalmente o MIS e o DSS, proporcionam aos
gerentes uma melhor informação que lhes permitem elevar o controle do negócio e
tomar decisões baseadas em informações mais seguras, precisas, oportunas ou
apresentadas em forma facilmente utilizada.
Alguns sistemas nesta categoria provêem uma infraestrutura que permite a
administração e coordenação de suas atividades em uma gama mais ampla, no qual
estes sistemas exigem uma avaliação mais aprofundada no processo decisório. Um
exemplo é a informação de marketing que a administração de um supermercado
obtém pela introdução de sistemas de ponto de venda eletrônicos, onde ajuda na
administração, na melhoria do espaço em gôndolas, assegura menores estoques e
reduz desperdícios.
As características comuns de aplicações que representam o quarto degrau são
que provêem instalações que só somam valor se os usuários das instalações tiverem a
capacidade ou a oportunidade de tirar vantagem deles. O fato que ter uma
informação específica melhor não é nenhuma garantia que produtividade
administrativa será melhor ou terá um valor adicionado.
O foco de avaliação deste degrau se torna uma auditoria do valor adicionado
potencial moldada talvez por alguns tipos de medida de probabilidade ou análise do
“melhor ou pior caso”. Uma alternativa às vezes utilizada é solicitar aos usuários que
avaliem o valor de uma melhor informação, fazendo-os “pagar” por ela. Contanto
que o pagamento seja feito de recursos reais, este é um dispositivo útil para centros
52
de lucro, por exemplo. Porém, esta prática não garante à organização um ganho real,
uma vez que este mecanismo pode transferir a responsabilidade simplesmente de
quem decide pela implementação do novo sistema.
Na prática, é difícil obter evidências que a capacidade administrativa aumente
apreciavelmente, porém vários estudos tentam associar produtividade administrativa
com investimentos em TI, onde se acredita que exista uma pequena evidência que a
capacidade administrativa é aumentada pelo uso de TI. O ponto a ser enfatizado é
que o aspecto mais importante para o desempenho da gerência é a sua competência e
habilidade, e não o melhor sistema de apoio de decisão.
Quinto Degrau: Infraestrutura
É representado por investimentos que provêem uma capacidade geral, mas
que podem não ser associados a qualquer aplicação específica. Visa criar uma base
na qual podem ser implementadas aplicações que geram valor adicionado
subseqüente, não produzindo nenhum benefício direto e imediato ao negócio. Um
bom exemplo é a introdução da automatização em escritórios, no qual a expectativa é
possuir redes de área locais, acesso para instalações externas de bancos de dados e
correio eletrônico, a fim de gerar ações de resposta frente à concorrência. Na prática,
muitas destas instalações são utilizadas como sistemas informais (utilização do
correio eletrônico em mensagens pessoais no ambiente profissional) ao lado dos
sistemas formais, porém projetados contemplando esta situação na maioria das
organizações.
Aplicações específicas relacionadas a infraestrutura para apoiar uma gama de
atividades futuras podem possuir uma complexidade nos sistemas, uma quantia de
informação exigida e uma objetividade nas decisões maiores neste degrau em relação
aos degraus já mencionados. Entretanto, tais investimentos do tipo infraestrutura são
vistos como necessário para a empresa, a fim de responder rapidamente a qualquer
movimento do mercado e outras pressões, embora caracterizados por consideráveis
incertezas quanto ao impacto que a TI terá.
53
Sexto Degrau: Sistemas Interorganizacionais
Representado por sistemas que cruzam limites organizacionais, ou seja,
sistemas que são compartilhados por duas ou mais organizações. Embora os sistemas
são compartilhados colaborando para todas as organizações, o valor adicionado
necessariamente não é compartilhado igualmente por todos os participantes.
Pode-se citar como exemplo deste degrau, os sistemas interorganizacionais
mais amplamente discutidos o EDI – Electronic Data Interchange. Caracterizado
basicamente por um sócio dominante com a condição de obter a maior parcela de
ganhos. Para o sócio dominado, o uso do EDI pode ser classificado como um sistema
obrigatório, porém na prática o colaborador dominado pode obter benefícios
econômicos, entretanto é o sócio principal que espera obter o maior valor do sistema.
A avaliação de sistemas inter-organizacionais tem que envolver todos os
parceiros, até mesmo os parceiros “dominados”. Unindo tais sistemas, as
organizações compartilham de uma maneira padronizada dos benefícios, porém
diminuem sua liberdade e flexibilidade. Para sistemas inter-organizacionais o foco de
avaliação é equilibrar a perda de independência total contra os benefícios potenciais
de sistemas compartilhados e o valor das parcerias suportadas pelos sistemas, onde
muitos destes impactos são difíceis de avaliar.
timo Degrau: Sistemas Estratégicos
O sétimo degrau representa o uso estratégico da TI. EARL (1989) apud
FARBEY; LAND; TARGETT (1995) afirma que o uso estratégico deste degrau está
definido da seguinte maneira:
9 Ganhar vantagem competitiva;
9 Melhorar a produtividade e o desempenho;
9 Introduzir novos modos de administrar e organizar;
9 Desenvolver novos tipos de negócio.
A realização do uso estratégico da tecnologia requer um alinhamento muito
íntimo entre a estratégia empresarial e o planejamento de sistemas de informação,
54
conforme destacado no Modelo do Alinhamento Estratégico por HENDERSON;
VENKATRAMAN (1993) e LEWIS; LUFTMAN; OLDACH (1993). Porém, isto
requer em troca que os sistemas de informão sejam vistos pela alta administração
da empresa como um recurso estratégico que tem o papel de tornar efetivos os planos
de negócio. Conseqüentemente, o uso da TI deste modo é caracterizado por inovação
e liderança, mas também traz consigo níveis elevados de riscos.
No setor público onde a vantagem competitiva foi talvez menos utilizada, o
uso estratégico da TI inclui combinar as metas estratégicas de prover serviços
melhorados ao público, com responsabilidade e controle de administração do serviço.
É importante ressaltar que muitos dos estudos de casos clássicos de sistemas
que foram de importância estratégica para diversas empresas, começaram como
degrau dois ou degrau três e, subseqüentemente provou que eles tiveram mais que
uma significação operacional. O sucesso desses casos, a um nível estratégico, foi
devido ao fato que, a alta administração percebeu a importante vantagem que os
novos sistemas estavam oferecendo e de certo modo a reorganização do negócio ao
redor da TI.
Mais recentemente, as empresas têm buscado agir de forma pró-ativa,
alinhando os planos da TI com a estratégia de negócio, a fim de adquirir as vantagens
que os estudos de casos clássicos apontam. Na prática, ainda há pequena evidência
que tais empresas tiveram mais êxito pelo uso da TI no alcance de suas metas,
porém, o real valor desse alinhamento está evitando investimentos mal sucedidos.
Calcular o retorno dos investimentos realizados utilizando a TI é difícil, por
outro lado a não utilização de um processo de avaliação, pode levar a perdas de
importantes oportunidades ou persuadir em iniciativas posteriormente catastróficas.
Nota-se porém que, alguns métodos de avaliação como custo / benefício e retorno
sobre o investimento (ROI) são raramente satisfatórios para alcançar decisões em
investimentos estratégicos, pois realmente alguns casos de benefícios estratégicos
teriam fracassado em qualquer teste baseado em custo / benefício e ROI.
55
A avaliação da aplicação da TI a fim de prover benefícios estratégicos, deve
ser baseada em uma ampla análise da situação do negócio e, em particular focar na
situação competitiva, juntamente com uma análise de riscos, podendo ser o melhor
modo para avaliar se investir ou não em uma aplicação que julga-se advir benefício
estratégico. Talvez um critério fosse que os projetos devem mostrar um benefício
operacional claro, até mesmo se tais benefícios não podem ser justificados em uma
base puramente de ROI.
Oitavo Degrau: Transformação do Negócio
O último degrau da escada é representado pelas aplicações de TI que
permitem mudanças, transformando as empresas. As transformações do negócio são
sempre estratégicas na sua concepção, porém freqüentemente são forçadas em uma
empresa por falta de sucesso econômico, ou por causa de mudanças no ambiente
econômico, no qual a empresa necessita de uma reação rápida se quiser sobreviver
no mercado, ou porque o empreendimento perdeu sua habilidade para competir
prosperamente, devido talvez por causa de estratégias deficientes da administração.
Um bom exemplo de transformação forçada, citada pelos autores, foi a
transformação na indústria automobilística americana, competindo diretamente com
a indústria automobilística japonesa e outros competidores globais. Este
acontecimento se realizou devido a um processo não somente de mudanças
tecnológicas, mas também de mudanças na prática de administração, bem como no
relacionamento entre indústria e cliente.
A gama de benefícios depende da transformação como um todo, ou seja, o
benefício surge da sinergia advinda de todas as atividades, onde se encontra
freqüentemente uma série de mudanças complexas, no qual utiliza-se a TI para
apoiar ou facilitar tais mudanças. Por exemplo, a introdução do processo Just In Time
(JIT) em uma indústria envolve diversas mudanças logísticas do negócio, como
administração de inventário, armazenamento, ordem de compra, distribuição e
comunicação e assim por diante, onde o uso efetivo da TI é um componente
fundamental nesta transformação.
56
A ênfase de avaliação está no conjunto como um todo e não somente em um
componente, sendo a TI um dos fatores importantes na escolha das soluções
tecnológicas mais apropriadas para habilitar as principais mudanças a ser levadas à
prática.
A figura 2.14 resume os oito degraus da escada de avaliação de benefícios.
Figura 2.14 – Escada de avalião
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57
3. O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS DE
UMA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
Nos dias atuais, com o efeito da globalização e conseqüente aumento da
competitividade entre as empresas, o sucesso no lançamento de novos produtos tem
se tornado um dos principais fatores de competitividade, no qual, principalmente as
indústrias automobilísticas vêm buscando a melhoria de seus processos de
desenvolvimento de novos produtos, com maior rapidez, eficiência e eficácia,
trazendo impactos diretos em custos, qualidade, satisfação do consumidor e
vantagem competitiva., conforme entre outros, CUSUMANO; NOBEOKA (1992) e
WHEELWRIGHT; CLARK (1992).
3.1. Conceituação do desenvolvimento de novos produtos
O processo de desenvolvimento de novos produtos, ou mais comumente
conhecido no ambiente internacional como NPD – New Product Development,
encontra-se na interface entre a empresa e o mercado, cabendo a ele: desenvolver um
produto que atenda às expectativas do mercado, em termos de qualidade total do
produto, desenvolver o produto no tempo adequado, ou seja, mais rápido que os
concorrentes, e a um custo de projeto compatível. Além disso, deve-se também
assegurar a manufaturabilidade do produto desenvolvido, ou seja, a facilidade de
produzi-lo, atendendo às restrições de custos e qualidade (FLORENZANO, 1999).
Segundo CLARK; FUJIMOTO (1991), tem-se que: “desenvolvimento de
produto é o processo pelo qual uma organização transforma dados sobre
oportunidades de mercado e possibilidades técnicas em bens e informações para a
fabricação de um produto comercial”.
KAMINSKI (2000) também conceitua o processo de NPD “como um
conjunto de atividades envolvendo quase todos os departamentos da empresa, que
tem como objetivo a transformação de necessidades de mercado em produtos ou
serviços economicamente viáveis. O processo de desenvolvimento de produtos
58
engloba desde o projeto do produto (fase principal) até a avaliação do produto pelo
consumidor, passando pela fabricação”.
Pode-se dizer que projetar é a atividade principal de quem desenvolve
produtos, no qual todo e qualquer desenvolvimento envolve sempre fatores
econômicos, humanos, ambientais e principalmente tecnológicos, variando a
importância relativa destes fatores conforme a comunidade a que se destina (figura
3.1).
Figura 3.1 – Fatores de influência no projeto – Adaptado de KAMINSKI (2000)
3.2. O NPD
O lançamento de um produto novo no mercado, para a maioria das empresas,
principalmente no setor automobilístico, não é uma atividade rotineira e sim, o
resultado de um esforço que pode durar um tempo significativo e envolver quase
todos os setores funcionais da empresa. Uma característica organizacional muito
específica da atividade de desenvolvimento é que cada projeto pode apresentar
problemas, dificuldades e históricos muitos particulares. Além disso, é uma atividade
que influencia o trabalho de praticamente todas as pessoas da organização, já que o
novo produto será produzido, vendido e controlado por todos os seus setores. Sendo
assim, é válido considerar dois aspectos relevantes para desenvolver um enfoque
sobre o NPD: o conceito do processo e o fluxo de informações (AMARAL, 1997).
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TECNOLÓGICOS
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HUMANOS
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ECONÔMICOS
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AMBIENTAIS
59
O conceito do processo auxilia na visualização das organizações em termos
das atividades ou como um conjunto de atividades. O processo é um conjunto de
atividades ordenadas num tempo e espaço com entradas e saídas claramente
definidas. Partindo desta visão deixa-se de lado a clássica divisão das organizações
em termos físicos e funcionais e melhora-se a visão em termos de integração e
eficiência da operação das empresas (DAVENPORT, 1994).
O fluxo de informações se faz importante à medida que geram entradas e
saídas de conhecimento na análise de desenvolvimento do produto, fluxo de criação,
comunicação e utilização das informações desenvolvidas.
Tomando-se como base o fluxo de informações, levando em conta a definição
de NPD segundo CLARK; FUJIMOTO (1991) descrita anteriormente, pode-se
esclarecer as ligações críticas dentro da organização e entre a organização e o
mercado, permitindo identificar os aspectos essenciais de desenvolvimento do
produto em um ambiente de competição e interação da empresa com o ambiente
externo.
Desse modo, pode-se posicionar o processo do NPD dentro do ambiente da
empresa e sua relação com os outros processos. Esta visualização está esquematizada
na figura 3.2.
60
Figura 3.2 – Modelo de empresa com base no fluxo de informações – Adaptado de
CLARK; FUJIMOTO (1991)
As linhas da figura representam o fluxo de informações e as caixas os
processos. O processo de NPD foi destacado por ser o objeto de interesse. O
“processo de consumo” inserido na figura, o qual na verdade não faz parte da
organização, tem um papel importante já que o desenvolvimento alimenta-se daquilo
que nele foi gerado. Segundo CLARK; FUJIMOTO (1991), as atividades de
desenvolvimento são desempenhadas tentando “simular” o consumo. Assim, torna-se
importante não deixar de fora esta parte do fluxo de informações, que completa a
ligação entre os processos.
O processo de consumo compreende a distribuição de produtos, informações
e serviços a ele relacionados e da utilização do produto pelo consumidor. Na sua
entrada estão as informações de marketing e do produto em si e suas saídas são
informações sobre o desempenho do produto no mercado e as experiências e
necessidades dos consumidores com relação à sua utilização.
Quanto ao processo de desenvolvimento, suas saídas são entradas do processo
de fabricação, que irá produzir os produtos em escala comercial.
CONCEITO PLANO DO
PRODUTO
PROJETO DO
PRODUTO
PROJETO DO
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PROCESSO DE
FABRICAÇÃO
PROCESSO DE
MARKETING
PROCESSO DE
FORNECIMENTO
61
Com relação ao processo de fornecimento, este interage com todos os outros
processos anteriores, recebendo informações sobre suas necessidades e alimentando
os mesmos com matérias-primas, insumos e bens para a produção. Ainda segundo
CLARK; FUJIMOTO (1991), no processo de desenvolvimento de produto de
empresas mais próximas dos fornecedores, o processo de fornecimento tem uma
atuação mais ampla que a de abastecer com bens físicos, incorporando também a de
proporcionar informações / soluções técnicas e serviços colaborando nas atividades
de desenvolvimento do produto, possuindo um fluxo complexo de saídas e entradas
entre os dois processos.
Pode-se visualizar a interação entre os dois processos por meio da figura 3.3,
onde nela aparecem os fluxos de informações relativos ao desenvolvimento de
produto no fornecedor, na montadora e o mercado. Nota-se que, o fornecedor pode
auxiliar o cliente até mesmo desde o conceito do produto, porém nem todos os
fornecedores irão apresentar este nível de relacionamento, podendo se
responsabilizar por apenas uma parte menor do desenvolvimento do sistema.
62
Figura 3.3 – Interação dos fornecedores no processo de NPD – Adaptado de
CLARK; FUJIMOTO (1991)
3.3. Características específicas do NPD
Algumas características próprias do NPD em relação aos outros processos
industriais, as quais considera-se de maior importância são: “a natureza de ciclo de
resolução de problemas” e “a consistência de detalhes”.
A natureza do ciclo de resolução de problemas: Uma particularidade do NPD
em relação aos outros processos é a natureza de suas atividades baseadas em
um ciclo de “projetar-construir-testar”. As atividades de um projeto
compreendem, em geral, em quatro etapas básicas: reconhecer o problema,
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PARA AÇÕES
REVISÃO DAS
INFORMAÇÕES
PRELIMINARES
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INTENSIVA COM
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CONTATO DIRETO E
CONTÍNUO DA UNIDADE
DE GERAÇÃO DE CONCEITO
COM TODOS OS ESTÁGIOS
DE DESENVOLVIMENTO
TROCA INICIAL DE
INFORMAÇÃO E
INÍCIO DE CONFLITOS
ENVOLVIMENTO DO FORNECEDOR
NO INÍCIO DO PROCESSO
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CAMADA OPERACIONAL COM RELAÇÃO FECHADA
ENTRE CLIENTE-FORNECEDOR
COMUNICAÇÃO
CONTÍNUA E
DIRETA COM
O MERCADO
ELABORAÇÃO
CONTÍNUA DO
CONCEITO DO
PRODUTO
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PERFORMANCE
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63
gerar alternativas, analisar a viabilidade de cada alternativa e definir a
solução mais adequada (figura 3.4). Esta característica do processo de
desenvolvimento é que torna extremamente importante a integração e
sobreposição das fases entre as atividades, pois cada uma delas está em
contínua mudança podendo influenciar a outra (CLARK; FUJIMOTO, 1991).
Além disso, essa particularidade faz com que o retrabalho nesse processo seja
mais tolerado, já que está propagado no meio de alterações consideradas
“normais” (TOLEDO, 1994).
Figura 3.4 – Ciclo de resolão de problemas – Adaptado de CLARK;
FUJIMOTO (1991)
A consistência de detalhes: CLARK; FUJIMOTO (1991) consideram ainda
um aspecto importante para o NPD a consistência dos detalhes, ou seja, a
harmonia entre o todo e cada detalhe que um bom projeto deve possuir, a qual
implica em uma interdependência entre as pessoas que realizam as diferentes
atividades de desenvolvimento. Assim o desempenho do projeto depende
tanto da eficiência na resolução de cada problema como também do
ENTRADA
(
PROBLEMA/META
SAÍDA (SOLUÇÃO)
[
TEMPO
]
[
ALTO
]
[
BAIXO
]
NÍVEL DE
CONHECIMENTO
1. Reconhecimento
do Problema
2. Gera
ç
ão de
Alternativas
3. Avalia
ç
ão
4. Tomada
de Decisão
FLUXO DE
PROCESSAMENTO DA
64
gerenciamento da integração entre as atividades para as quais os ciclos estão
sendo desempenhados.
3.4. Fases do NPD
As fases gerais que compõem o NPN são apresentadas a seguir, com intuito
de possibilitar uma melhor compreensão do processo de desenvolvimento de
produtos.
Segundo AMARAL (1997), entrar em contato com funcionários da área de
desenvolvimento de produto de várias organizações e/ou publicões, e analisar a
definição das fases do NPN, pode fazer pensar em termos de fases sólidas e claras, na
medida em que as respostas soam bem parecidas. Porém, ao contrário do que possa
parecer numa primeira vista, dividir o processo do NPD em fases é arbitrário e
relativo, dependendo muito da situação e vantagens em se aplicar tal definição ou,
como num caso prático, muito do ramo industrial e da empresa em questão.
Pesquisando a bibliografia, pode-se encontrar alguns exemplos de modelos do
NPD, onde neste trabalho é apresentado três modelos com o objetivo de formar um
embasamento teórico que procurará suportar o processo do NPD, sendo cada um
deles estruturados por fases, porém tendo suas diferenças particulares. O primeiro
deles é muito difundido no meio acadêmico sendo de autoria de PUGH (1996). Já o
segundo é de autoria de KAMINSKI (2000). E por fim, o terceiro é baseado
principalmente nas definições de CLARK & FUJIMOTO (1991), relatando um
processo de NPD tomando-se como base estudos de caso na indústria de autopeças.
Segundo PUGH (1996) o Total Design ou o NPD, como está sendo designado
neste trabalho para o desenvolvimento de um produto, é divido em cinco fases:
65
Mercado (Market)
Especificações (Specification)
Projeto conceitual (Conceptual Design)
Projeto detalhado (Detail Design)
Produção (Manufacture)
Vendas (Selling)
O autor considera que este processo possui suas fases seqüenciais e
interativas, proporcionando uma retro-alimentação das informações durante todo o
processo do NPD, conforme a figura 3.5. Neste contexto, torna-se primordial para o
sucesso do projeto a questão de ouvir e interpretar o que o mercado anseia, a fim de
traduzir em especificações de projeto e posteriormente desenvolver o projeto do
produto, o projeto do processo de fabricação e por fim a estratégia de vendas.
66
ESS
Ê
NCIA DO
PROJETO
TÉCNICAS E
TODOS
APLICADOS
GA NHOS BENEFICIÁ RIOS
Informação e análise
dos competidores.
Análise paramétrica
Conhecimento dos
competidores, suas
tecnologias e
mercados.
Clientes da
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funciorios
QFD e voz do
cliente (VOC)
Conhecimento real
dos requisitos e
limitações do cliente.
Clientes da
companhia e
funciorios
Geração do
conceito.
Sele
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Conceitos sólidos
estabelecidos em
curto espaço de
tempo
Clientes da
companhia e
funciorios
Otimização.
Taguchi (DOE).
Definição dos
parâmetros.
Melhores
componentes.
Clientes da
companhia e
funciorios
"Just-in-time".
CEP.
MRP
Qualidade no
processo.
Redução de
Inventário.
Clientes da
companhia e
funcionários
QFD.
VOC.
Mais lucro.
Satisfação do
Cliente.
MERCADO
PROJETO
CONCEITUAL
MANUFATURA
ESPECIFICAÇÕES
PROJETO
DETALHADO
VENDAS
Figura 3.5 – Modelo Total Design – Adaptado de PUGH (1996)
Ainda se encontra em PUGH (1996), a distinção entre dois tipos de modelos
de conceito: o “conceito dinâmico” e o “conceito estático”. O conceito dinâmico é
caracterizado pela necessidade de se assumir um conceito dentre diversos propostos
através da seleção do que melhor se adequa à proposta do projeto. Já o conceito
estático é o oposto do conceito dinâmico, onde não há a escolha de um conceito a ser
utilizado no projeto, pois este já se encontra definido. Os projetos de automóveis são
67
exemplos clássicos de conceitos estáticos, pois pelos próximos anos, um automóvel
ainda será constituído por quatro rodas, uma em cada extremidade, um motor, uma
transmissão, freios nas rodas, assento de duas a sete pessoas, etc., ou seja, não há a
escolha do conceito, pois este já é assumido e suas especificações são sempre
determinadas de acordo com a escolha.
KAMINSKI (2000) propõe uma metodologia de trabalho baseada no
planejamento operacional, onde a figura 3.6 fornece, como exemplo, informações
globais dos setores envolvidos em cada atividade, seus respectivos setores
responsáveis pela execução e controle de cada atividade, bem como os pontos de
controle do desenvolvimento do produto. Ao se fixar datas para esses pontos de
controle, tem-se o cronograma geral e, com base nele pode-se elaborar um
cronograma mais detalhado de todo o processo. Com essas etapas realizadas, pode-se
verificar o caminho crítico e os cuidados a serem tomados para evitar atrasos
desnecessários. Esse conjunto de informações permite ao administrador acompanhar
e controlar operacionalmente o NPD, no qual é distribuído pelas seguintes fases:
Viabilidade
Desenvolvimento
Implantação
Lançamento
68
Comercial
Marketing
Engenharia
Produção
Logística
Suprimentos
Controladoria
Diretoria
Atividades
Decisões
Captação de idéias
Análise de idéias
Análise de viabilidade técnica
Dados de mercado
Características técnicas do produto
Adesão ao planejamento estratégico
Análise econômica/financeira
Planejamento do desenvolvimento do produto
Projeto do produto
Protótipos/amostras/testes
Desenvolvimento de fornecedores
Desenvolvimento do processo
Definição da embalagem
Solicitação de marcas e patentes
Aquisição dos meios de produção
Try-out/lote piloto
Validação do processo
Validação do produto
Estratégia de lançamento
Elaboração da documentação externa
Definição de preço de venda
Teste de mercado
Definição de logística, distribuição
Validação final do desenvolvimento
Setor envolvido com a atividade
Setor respensável pela atividade
Pontos de controle no desenvolvimento de produto
ViabilidadeDesenvolvimentoImplantaçãoLançamento
Figura 3.6 – Setores envolvidos e responsáveis pelas atividades de desenvolvimento
– Adaptado de KAMINSKI (2000)
Baseando-se nos trabalhos de CLARK; FUJIMOTO (1991),
WHEELWRIGHT; CLARK (1992) e SILVA (1995) existem basicamente cinco
fases distintas, conforme ilustra a figura 3.7, no qual são muito adotadas em estudos,
69
bem como na rotina das empresas, porém tendendo cada vez mais na prática, se
confundir dada às tendências de integração e sobreposição das mesmas.
PLANEJAMENTO
DO
PRODUTO
ENGENHARIA
DO PRODUTO
E TESTES
ENGENHARIA
DO PROCESSO
PRODUÇÃO
PILOTO
CONCEITO
PLANEJAMENTO
DO
PRODUTO
ENGENHARIA
DO PRODUTO
E TESTES
ENGENHARIA
DO PROCESSO
PRODUÇÃO
PILOTO
CONCEITO
Figura 3.7 – Fases do NPN
Conceito
Nesta fase as informações sobre necessidades e utilização dos
produtos pelos clientes, informações sobre os competidores, tecnologia,
riscos, oportunidades tecnológicas, padrões e regras do ambiente são
transformadas na definição do produto (figura 3.8). A definição do produto
compreende: parâmetros do produto tais como segmento de mercado alvo e a
inserção neste segmento; meta de preço e características de funcionalidade;
características tecnológicas do produto; a alocação de recursos para o
desenvolvimento do mesmo e, podendo ou não, incluir detalhes técnicos mais
específicos (BACON et al., 1994).
É a fase inicial do NPN e o seu resultado pode ocasionar um processo
de revisão contínua nas demais atividades/ fases. Segundo BACON et al.
(1994), esta fase influencia significativamente o sucesso do desenvolvimento
70
do produto. A definição do produto é o instrumento que guia o time de
desenvolvimento, apontando as características que o produto deve possuir,
transmitindo informações sobre o mercado alvo do produto, bem como
responsável pelo estabelecimento das prioridades na resolução dos trade-offs
que surgem durante a elaboração das especificações do projeto.
Figura 3.8 – O processo de definição do produto - Adaptado de
BACON et al. (1994)
Planejamento do Produto
A fase de planejamento do produto define a execução do projeto e
detalha o produto, a partir do que foi estabelecido no conceito, compondo
uma base comum de informações para todos os integrantes do processo de
desenvolvimento do produto e do projeto. Nesta fase é executada a
construção de modelos físicos, tais como mock-ups para a avaliação de estilo
e lay-out, que ao seu final tem-se estabelecido todas as condições necessárias
para o início efetivo dos cálculos e desenhos finais. Esta fase compreende a
documentação básica do projeto do produto (CLARK; FUJIMOTO, 1991).
Desenvolvimento
do
Produto
Definição
do
Produto
Informação
do
Competidor
Cliente
&
Necessidades
do Usuário
Riscos
Tecnológicos
&
Oportunidades
Ambiente
71
Engenharia do Produto e Testes
Nesta fase tem-se o detalhamento dos itens técnicos do projeto, onde
se especifica os requisitos a serem atendidos, através de descrições, desenhos
e modelos para todos os sistemas e sub-sistemas. Além disso, elaboram-se os
conjuntos modulares, no qual se tem o detalhamento de cada um dos sub-
sistemas, quer sejam fornecidos ou produzidos internamente. Assim, é
realizada a decisão make or buy e por conseqüência a seleção de
fornecedores/ parceiros. Esta fase apresenta como resultados a geometria
global do produto, diversas verificações de interferências através de Digital
Mock-Ups (DMU), protótipos em escala natural, desenho e documentação por
parte dos fornecedores e a logística de fornecimento.
Engenharia do Processo
Esta fase compreende na finalização do desenvolvimento do produto,
com a elaboração dos processos de produção e de testes funcionais e de
durabilidade. As atividades previstas nesta fase englobam os projetos dos
meios de produção, o planejamento de processo, o planejamento da produção
em série, a produção de modelos padrões, a liberação de documentação para
os sistemas oficiais da empresa e análise dos resultados dos protótipos tanto
internos como dos subsistemas dos fornecedores.
Produção Piloto
Nesta fase inicia-se a produção do produto simulando as condições
normais de operação da fábrica, de forma a produzir os primeiros exemplares
do produto para teste e realizar os acertos finais no processo de fabricação
(CLARK; FUJIMOTO, 1991). Os resultados desta fase compreendem um
estreitamento junto aos fornecedores, a homologação dos meios de produção
e dos produtos e a preparação de vendas e rede de concessionárias e
assistência técnica. O término desta fase é marcado pelo início da série.
72
Estas fases estão relacionadas se sobrepondo e interagindo-se continuamente,
bem com as pessoas envolvidas no projeto, apesar de uma seqüência lógica de
entradas e saídas, de acordo com a interdependência dos diferentes tipos de
atividades.
Os três modelos apresentados, conforme já mencionado possuem suas
similaridades no aspecto de estruturação por fases, tendo no caso de PUGH seis
fases, no caso de KAMINSKI quatro fases e no caso de CLARK & FUJIMOTO
cinco fases. Por outro lado, em relação às diferenças encontradas, principalmente
voltadas a aplicação no ambiente automotivo, pode-se afirmar que o modelo de
PUGH vem ganhando credibilidade, porém ainda mais restrita ao meio acadêmico,
proporcionando ênfase especial à fase inicial do projeto, conseguindo captar com
confiabilidade e transformar as necessidades dos clientes em requisitos de projeto. Já
o modelo exposto por KAMINSKI é apresentado de maneira genérica, onde não
apresenta características exclusivas do setor automobilístico, porém ajuda no
entendimento do NPD, bem como sua eficácia está diretamente ligada a qualidade do
planejamento operacional. E por fim, o modelo de CLARK & FUJIMOTO, por ser
concebido dentro das indústrias de autopeças, é o que apresenta estar mais focado na
visão automotiva, o que explica o maior destaque dado neste item, devido ao enfoque
deste trabalho.
3.5. Dimensões básicas da estrutura referencial para o NPD
CLARK; FUJIMOTO (1991) afirmam que a competição industrial que está
focalizada fortemente no processo de NPD pode ser avaliada por três parâmetros
básicos: qualidade, tempo e produtividade, que devem ser otimizados para capacitar
uma empresa na sua habilidade de atrair e satisfazer seus clientes, aumentando a
competitividade de seus produtos, levando o NPD ao centro do jogo de competição
entre as empresas, situação essa, comum inclusive no meio automobilístico. Estes
três pametros desempenham um papel particular no melhoramento global do
desempenho e competitividade no NPD, uma vez que, para se obter um
73
balanceamento otimizado do produto desenvolvido, as empresas devem buscar a
excelência integrada nestes três parâmetros.
Porém, para as empresas se prepararem para atingir essa excelência, é
necessária uma compreensão do NPD como um todo, fazendo com que os esforços
para melhoria e gestão deste processo não sejam desperdiçados. WHEELWRIGHT;
CLARK (1992) perceberam esta necessidade e apresentaram uma proposta para a
compreensão da complexidade e criticidade do NPD, baseada na análise de seis
dimensões (figura 3.9) que juntas representam e auxiliam a percepção do processo,
suas interfaces e nuances, facilitando a sua gestão e abrindo o caminho para possíveis
melhorias e/ou modificações. Embora estas dimensões interajam entre si para criar
um padrão detalhado de desenvolvimento de produtos, elas envolvem diferentes
questões e assim necessita-se a compressão individual de cada uma.
Figura 3.9 Dimensões básicas de uma estrutura referencial para compreensão do
NPD – Adaptado de WHEELWRIGHT; CLARK (1992)
Definição do Projeto
Esta dimensão define como a empresa configura o escopo do seu projeto,
determinando os limites do projeto e suas interfaces com a empresa, resultando
em propostas e objetivos bem definidos. A principal atividade é o
(
1
)
Defini
ç
ão de Pro
j
eto
(2) Organização do
Pro
j
eto e Pessoal
(3) Gerenciamento do
Projeto e Liderança
(4) Resolução de
Problemas, Protótipos e
Testes
(5)
R
e
vi
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Ge
r
e
n
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e
Co
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Pr
oje
t
o
Pré
Planejamento
do Projeto
Produto
em
Fabricação
74
desenvolvimento do conceito e definição, com a utilização de informações
internas e externas à empresa. Geralmente esta dimensão tem como característica
principal a determinação de metas, objetivos e comprometimento de recursos.
A estruturação das atividades desta dimensão tais como a geração de
idéias, o desenvolvimento do conceito e o estudo de mercado são destacados por
MAHAJAN; WINDY (1992) em uma pesquisa onde estudou os modelos de
desenvolvimento de produtos nas empresas. O estudo focou na prática da
indústria atual, analisando quais modelos e métodos utilizados, suas falhas e
desejos de melhoria, trazendo como resultados implicações para criadores,
fornecedores e usuários do NPD.
Organização do Projeto e Pessoal
Esta dimensão trata das pessoas alocadas ao projeto e sua forma de
organização, ou seja, são consideradas questões como localização física, estrutura
organizacional, responsabilidades individuais, treinamento e relacionamento com
áreas de suporte.
BROWN; EISENHARDT (1995) destacam a importância desta dimensão,
no qual citam três aspectos relacionados aos times que exercem influência no
desempenho do processo do NPD: a composição da equipe, o processo de
trabalho e a organização do trabalho.
Gerenciamento do projeto e liderança
Esta dimensão caracteriza o papel dos líderes de projeto, bem como o seu
gerenciamento, ou seja, como as tarefas são seqüenciadas e administradas.
Considera-se o estabelecimento de papéis e responsabilidade para a liderança do
projeto de modo que as atividades sejam executadas da melhor maneira possível.
Também considera como as atividades são agrupadas e divididas em fases e
75
como o trabalho é administrado e controlado nestas fases. Além disso, define os
pontos de verificação e marcos utilizados para sinalizar o final de cada fase.
A importância desta dimensão é ressaltada por BROWN; EISENHARDT
(1995), no qual afirmam que a atuação do gerente afeta o desempenho do
processo tanto em termos de qualidade, rapidez e produtividade como o conceito
do produto. GRIFFIN (1997) também ratifica, dizendo que o envolvimento e
compromisso da alta gerência com o NPD são fundamentais para o desempenho
do processo, especialmente no fornecimento de recursos e fundos adequados.
Resolução de problemas, testes e protótipos
Esta dimensão envolve a natureza dos problemas, sejam gerenciais ou
técnicos e a maneira como os protótipos e testes são utilizados para confirmar as
escolhas feitas, além de buscar focalizar o projeto nas tarefas remanescentes. Este
elemento junto com gerenciamento de projeto e liderança determina como o
projeto converge ao final, com as necessidades de manufatura implantadas e a
conseqüente introdução do produto ao mercado.
JOHNE; SNELSON (1988) ressalta os fatores de sucesso no NPD,
incluindo como sub-atividades operacionais críticas aquelas relacionadas nesta
dimensão, tais como os testes realizados na empresa, os testes realizados junto
aos consumidores, os testes dos meios produtivos e os testes de mercado para
comercialização.
Revisões gerenciais e controle
O papel da alta administração e a natureza de sua integração com o time
de projeto constitui também um importante elemento. O caminho através do qual
a alta administração revisa, avalia e modifica o projeto e suas metas, cria
motivações e incentivos positivos e negativos durante o desenvolvimento do
76
projeto. O tempo, a freqüência e o formato das revisões podem gerar um impacto
significativo na eficácia e efetividade de todo o projeto.
Segundo ANTHONY; MCKAY (1992), as revisões gerenciais
possibilitam à alta administração obter mais visibilidade do NPD, tendo a
oportunidade de tomar decisões sem a necessidade do conhecimento de todos os
detalhes do processo.
Correções
A incerteza associada ao NPD traz a necessidade de correções durante o
processo. Esta dimensão trata de questões como medição e avaliação da situação
do projeto, reprogramação e redefinição de tarefas, resolvendo diferenças entre o
projeto e os requisitos do cliente e determinando quando a organização está
pronta para o lançamento do produto. Talvez a parte mais importante desta
dimensão seja o balanço entre a resolução de conflitos e sua adaptabilidade, a
relação entre desafios inesperados e atrasos potenciais. Além disso, devem ser
realizadas escolhas entre reprogramação de atividades para manter a motivação
em contraposição para manter a credibilidade do projeto.
Segundo pesquisa realizada por ALLIPRANDINI; ROZENFELD;
VALERI (2000), o processo de modificações de engenharia é definido como
ECM (Engineering Change Management) e atende a qualquer modificação seja
ela de desenho, de material, de custo, de dimensões geométricas ou mesmo de
uma concepção totalmente nova. Existe um estímulo para que todos os problemas
sejam resolvidos o mais cedo possível, onde a proposta de alteração passa por um
comitê chamado CCB (Change Committee Board) formado pelos integrantes da
gerência do projeto, no qual decide se a proposta é plausível ou não. Uma vez
aprovada a proposta, ela é enviada de volta a pessoa que lançou e a todas as
pessoas cuja atividade apresente interface com a parte a ser modificada. Deste
modo, a modificação é realizada em conjunto, onde todo o processo é facilitado
pela utilização da TI no fluxo de trabalho, utilizando-se de tais recursos que
77
automaticamente executa os passos necessários para aprovões e
compartilhamento de trabalho.
Estas seis dimensões são como os diversos componentes que formam um
produto, ou seja, a organização deve ter um meio efetivo de definir produtos, deve
entender os mecanismos e ferramentas para a resolução de problemas e deve
entender e inserir estas questões ao controle e revisões da alta administração. Estas
dimensões juntas devem criar um sistema coerente capaz de conduzir o processo ao
seu objetivo final, que é o produto.
3.6. O uso da TI no NPD
A complexidade do sistema organizacional tem sido uma dificuldade
pertinente, tanto nos estudos sobre organizações, com no estudo do desenvolvimento
de produtos. Uma organização é um sistema formado por homens e máquinas com
intensas, variadas e complexas relações entre si, tornando-se difícil à tarefa de
compreendê-la. Portanto, através da análise do uso da TI neste complexo sistema se
pode tirar informações úteis para as intervenções e gerenciamento das organizações.
Para o estudo do processo do NPD, este complexo sistema dificulta a determinação
do contorno que delimita a composição de tal processo, já que, na realidade, todos os
elementos dos sistemas interagem entre si.
Diversos autores, dentre eles CUSUMANO; NOBEOKA (1992) e
WHEELWRIGHT; CLARK (1992), afirmam que a inovação do produto é um
contínuo e interfuncional processo de aprendizagem, tendo a transferência de
conhecimentos e integração dentro e fora dos limites da empresa, onde a engenharia
simultânea, o gerenciamento de projetos e a autonomia dos times de projeto
desempenham um papel fundamental. O sucesso está cada vez mais no aumento da
sinergia entre projetos considerando a aprendizagem e a transferência do
conhecimento, utilizando-se a TI no NPD para a postergação deste aprendizado.
78
Há, portanto diversas formas potenciais ou possíveis de transferência de
conhecimento intra e interprojetos:
à partir dos recursos como as tecnologias de base computacional, onde o
uso das ferramentas de CAD (Computer Aided Design), CAE (Computer
Aided Engineering) e CAM (Computer Aided Manufacturing)
melhoraram significativamente a eficiência do projeto do produto, do
planejamento do processo e da implementação de seus resultados na
produção. Têm-se ainda as ferramentas PDM (Product Data
Management), DMU (Digital Mock-Up), CAPP (Computer Aided Process
Planning), Prototipagem Rápida, etc.;
métodos e ferramentas de projeto: QFD (Quality Function Deployment),
DFMEA (Design Failure Mode and Effects Analysis), PFMEA (Process
Failure Mode and Effects Analysis), DFM/A (Design for Manufacturing /
Assembly), etc.;
medidas de desempenho: benchmarking, auditoria pós-projeto, etc.;
controle e planejamento do projeto: prazos e orçamentos, pontos de
checagem e quality gates, etc.;
políticas de gerenciamento dos recursos humanos: formação de times,
treinamento, rotação de tarefas, etc.;
mecanismos de integração organizacional: gerentes de projetos, líderes de
times, comitês, etc.;
definição de processos: seqüência de atividades e fases, ligações entre
fases, etc.;
estratégia da família de produtos: grau de inovação do produto, definição
de padrões do produto, formação de parcerias e alianças, etc.
Estas formas de transferência de conhecimentos ocorrerão efetivamente com
o uso da TI se não forem tratadas isoladamente, mas sim de forma integrada,
envolvidas com a visão ampla do processo do NPD.
79
Explanando em mais detalhes, a tecnologia DMU permite que todas as
informações e funções relativas a um determinado produto possam ser apresentadas
como um modelo realístico de computador. Antigamente, os engenheiros
necessitavam de madeira ou partes de metal para julgar e examinar as harmonias
espaciais de sua construção. Uma das principais funções do DMU consiste em
auxiliar cada projetista a examinar seu desenvolvimento, controlando, por exemplo,
no que se refere à superposição de peças / interferência (figura 3.10), exatidão de
superfície de contato ou a manutenção de distâncias mínimas. Nos dias de hoje,
pode-se determinar a melhor instalação possível dos componentes utilizando os
dados de projeto em uma fase preliminar, onde modelos de simulação unidos aos a
ferramenta do DMU representam uma função crucial para a engenharia simultânea
inteiramente funcional. Porém vale salientar que, sua aplicação é limitada à
disponibilidade dos recursos necessários e, principalmente ao tipo de análise a ser
efetuada, onde o estudo preliminar virtual é mais uma forma de reduzir o prazo e o
custo no NPD, podendo até eliminar a necessidade de um protótipo físico, porém em
outros casos, fornece informações adicionais para que o primeiro protótipo físico
apresente resultados mais próximos da configuração final do produto.
Figura 3.10 – Análise de interferências pelo DMU
Talvez a contribuição mais importante da TI para processo do NPD é o uso de
bancos de dados combinado com a implementação da INTRANET. Ambos podem
ser ferramentas poderosas em ordem para uma melhor aproximação de engenharia
80
simultânea. O banco de dados provê métodos para armazenamento e recuperação de
dados gerados pelo processo do NPD, como a estrutura do produto e documentos do
projeto. A INTRANET habilita o processo e administração de workflow, provendo
um melhor gerenciamento das informações e do processo do NPD. Esta idéia pode
ser estendida ao uso da INTERNET, conectando empresas com seus clientes e
fornecedores e outros importantes parceiros no processo do NPD (CHU; FAN, 1999
apud LAURINDO; CARVALHO, 2002).
Dentro deste cenário, a INTERNET aparece como uma aplicação de TI mais
visível, já que fornece a infraestrutura sobre a qual são desenvolvidas as aplicações
estratégicas de TI, onde se destacam o e-business e o e-commerce (EVANS;
WUSTER, 1997 e FRONTINI, 1999 apud LAURINDO, 2001).
Na visão de PORTER (2001), a INTERNET por si raramente será uma
vantagem competitiva, sendo que muitas empresas terão sucesso utilizando a
INTERNET como um complemento dentro dos modos tradicionais de se competir,
onde empresas estabelecidas em melhores posições, utilizam-se desta ferramenta
para sustentarem suas vantagens existentes.
81
4. ASPECTOS METODOLÓGICOS
Neste trabalho, adotam-se como aspectos metodológicos à abordagem da
pesquisa qualitativa, bem como o conceito do método do estudo de caso, procurando
relatar brevemente suas definições, características como também críticas quanto à
aplicação de seus respectivos usos.
De uma forma geral, a maior parte dos trabalhos realizados relativos ao
assunto sobre TI utilizaram à abordagem qualitativa com método de pesquisa,
enquanto que os estudos empíricos representam 68% dos trabalhos pesquisados,
sendo que deste total, 21% são estudos de caso (CLAVER; GONZÁLEZ; LLOPIS,
2000).
4.1. A “Pesquisa Qualitativa”
De acordo com o modelo do processo de pesquisa de BRYMAN (1990) apud
LAURINDO (2000), há duas abordagens para a pesquisa organizacional: quantitativa
e qualitativa. A pesquisa quantitativa é impulsionada por considerações prévias, já a
pesquisa qualitativa busca o que é importante para aqueles que atuam no universo
pesquisado, possibilitando uma melhor compreensão da organização e eventuais
adaptações ao longo do estudo.
Enquanto estudos quantitativos geralmente procuram seguir com rigor um
plano previamente estabelecido, a pesquisa qualitativa costuma ser direcionada ao
longo de seu desenvolvimento, não buscando enumerar ou medir eventos e,
geralmente, não empregando instrumental estatístico para análise dos dados. Dela faz
parte a obtenção de dados descritivos mediante contato direto do observador com a
situação objeto de estudo.
A pesquisa qualitativa revela áreas de consenso, tanto positivo quanto
negativo nos padrões de respostas, no qual também determina quais idéias geram
uma forte reação emocional. Além disso, é especialmente útil em situações que
envolvem o desenvolvimento e aperfeiçoamento de novas idéias, sendo
82
particularmente útil como ferramenta para determinar o que é importante para os
clientes e porque é importante. Esse tipo de pesquisa fornece um processo a partir do
qual questões-essenciais são identificadas e perguntas são formuladas, descobrindo o
que importa para os clientes e por que.
4.1.1. Características da pesquisa qualitativa
Os estudos de pesquisa qualitativa diferem entre si quanto ao método, à forma
e aos objetivos. GODOY (1995) ressalta a diversidade existente entre os trabalhos
qualitativos e enumera um conjunto de características essenciais capazes de
identificar uma pesquisa desse tipo, conforme a seguir:
o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como
instrumento fundamental;
o caráter descritivo;
o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida como preocupação do
pesquisador;
enfoque indutivo.
Segundo MANNING (1979), o desenvolvimento de um estudo de pesquisa
qualitativa supõe um corte temporal-espacial de determinado fenômeno por parte do
pesquisador, sendo que esse corte define o campo e a dimensão em que o trabalho
desenvolver-se-á, tendo um caráter fundamental em um estudo qualitativo, pois é por
meio do território mapeado que os dados são coletados.
Em certa medida, os métodos qualitativos se assemelham a procedimentos de
interpretação dos fenômenos que se emprega no nosso dia-a-dia, que têm a mesma
natureza dos dados que o pesquisador qualitativo emprega em sua pesquisa. Tanto
em um como em outro caso, trata-se de dados simbólicos, situados em determinado
contexto, revelando parte da realidade ao mesmo tempo em que escondem outra
parte. MAANEN (1979) comenta que, para não atravessar uma rua, basta que se veja
aproximar um caminhão, onde não é necessário saber seu peso exato, a sua
83
velocidade, de onde vem, etc. Nessa situação, o caminhão pode ser entendido como
um símbolo de velocidade e força e, para tal finalidade de atravessar a rua, outras
informações seriam irrelevantes. Há problemas e situações cuja análise pode ser feita
sem quantificação de certos detalhes como: delimitação precisa do tempo em que
ocorrem, lugares, causas, procedência dos agentes, etc., onde tais detalhes, embora
obteníveis, seriam de pouca utilidade.
4.1.2. Comparação entre pesquisa qualitativa e quantitativa
As pesquisas qualitativa e quantitativa não se excluem, embora difiram
quanto à forma e à ênfase, trazem como contribuição ao trabalho de pesquisa uma
mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a
melhor compreensão dos fenômenos. Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do
quantitativo, mas não seria correto afirmar que guardam relação de oposição.
Normalmente a pesquisa quantitativa se mostra apropriada quando existe a
possibilidade de medidas quantificáveis de variáveis e interferências a partir de
amostras, sendo que esse tipo de pesquisa utiliza medidas numéricas para testar e até
comprovar hipóteses ou buscar padrões numéricos relacionados a conceitos
cotidianos. Em contrapartida, a pesquisa qualitativa se caracteriza, principalmente
pela ausência de medidas numéricas e análises estatísticas, examinando aspectos
mais profundos e subjetivos do tema em estudo.
De uma forma geral, ETHOS INSTITUTO DE PESQUISA (2004) resumiu as
diferenças entre pesquisa qualitativa e quantitativa na tabela 4.1.
84
Tabela 4.1 – Diferenças entre pesquisa qualitativa e quantitativa - Adaptado de
ETHOS INSTITUTO DE PESQUISA (2004)
Quantitativa Qualitativa
Objetivo Subjetivo
Hard Science Soft Science
Testa a Teoria Desenvolve a Teoria
Redução, controle, precisão
Descoberta, descrição, compreensão,
interpretação partilhada
Mecanicista: partes são iguais ao todo Organicista: o todo é mais do que as partes
Possibilita análises estatísticas
Possibilita narrativa rica, interpretações
individuais
Os elementos básicos da análise são
os números
Os elementos básicos da análise são
palavras e idéias
O pesquisador mantém distância do
processo
O pesquisador participa do processo
Independe do contexto Depende do contexto
Teste de hipóteses Gera idéias e questões para pesquisa
O raciocínio é lógico e dedutivo O raciocínio é dialético e indutivo
Estabelecem relações, causas Descreve os significados, descobertas
Busca generalizações Busca particularidades
Preocupa-se com as quantidades
Preocupa-se com a qualidade das
informações e respostas
Utiliza instrumentos especifícos Utiliza a comunicação e observação
Em face ao exposto, para o desenvolvimento do presente trabalho, no qual é
necessária a compreensão da extensão e das formas de impacto do uso da TI no NPD
em indústrias automotivas, a abordagem “qualitativa” torna-se a mais adequada ao
estudo da estratégia e organização da TI.
85
4.2. O método do “Estudo de Caso”
O estudo de caso consiste em uma investigação detalhada de uma ou mais
organizações ou grupos dentro de uma organização com vistas a prover uma análise
do contexto e dos processos envolvidos no fenômeno em estudo. O fenômeno não
está isolado de seu contexto (como nas pesquisas de laboratório), já que o interesse
do pesquisador é justamente essa relação entre o fenômeno e seu contexto. A
abordagem de estudo de caso não é um método propriamente dito, mas uma
estratégia de pesquisa (HARTLEY, 1994).
Ao comparar o método do estudo de caso com outros métodos, YIN (1994)
afirma que, para se definir o método a ser utilizado é preciso analisar as questões que
são colocadas pela investigação. De modo específico, este método é adequado para
responder às questões “como” e “porque” que são questões explicativas e tratam de
relações operacionais que ocorrem ao longo do tempo mais do que freqüências ou
incidências.
HARTLEY (1994) destaca que, dentro da ampla estratégia de pesquisa do
estudo de caso, se pode empregar vários métodos – qualitativos, quantitativos ou
ambos – embora a ênfase seja empregar métodos qualitativos, em função dos tipos de
problemas que geralmente são associados e melhor compreendidos por meio de
estudos de caso. O estudo de caso se caracteriza pela capacidade de lidar com uma
completa variedade de evidências tais como: documentos, registros de arquivos,
artefatos físicos, observação direta, observação participante, entrevistas (semi-
estruturadas ou não estruturadas), sendo que cada uma destas evidências requer
habilidades específicas e procedimentos metodológicos específicos.
O método do estudo de caso, como todos os métodos de pesquisa, é mais
apropriado para algumas situações do que para outras. Ao se decidir pelo uso deste
método de pesquisa, o pesquisador deve ter em mente as críticas e dúvidas que são
normalmente abordadas ao método em questão, devendo tomar as precauções e
cuidados necessários para evitá-los ou minimizar as suas conseqüências.
86
Pode-se ainda encontrar em CLAVER; GONZÁLEZ; LLOPIS (2000) que o
método do estudo de caso têm sido extensivamente utilizado nas pesquisas em TI,
ajustando-se pelas seguintes razões:
O pesquisador pode estudar a TI no seu “ambiente natural”, aprender o
“estado da arte” e desenvolver teorias derivadas da prática;
O estudo de caso possibilita ao pesquisador responder as perguntas “como” e
“porque” de forma a compreender a natureza e a complexidade dos
processos envolvidos;
O método do estudo de caso permite que se desenvolvam pesquisas onde há
poucos estudos prévios, o que é adequado a área de TI, na qual novos temas
surgem a todo momento, sendo o estudo de caso muitas vezes o ponto de
partida do estudo sobre tais temas.
4.2.1. Características do método do estudo de caso
De forma geral, BENBASAT; GOLDSTEIN; MEAD (1987) lista onze
características fundamentais do método do estudo de caso que são demonstradas a
seguir:
Fenômeno observado em seu ambiente natural;
Dados coletados por diversos meios;
A complexidade da unidade é estudada intensamente;
Estudos de caso mais satisfatórios para as etapas de exploração, classificação
e desenvolvimento de hipóteses do processo de construção do conhecimento;
Nenhum controle experimental ou manipulação é envolvido;
O pesquisador não precisa especificar previamente o conjunto de variáveis
dependentes e independentes;
Os resultados obtidos dependem muito do poder de integração do
pesquisador;
Podem ocorrer mudanças na seleção do caso ou dos métodos de coleta de
dados à medida que pesquisador desenvolve novas hipóteses;
87
Estudo de caso é útil no estudo das perguntas "como" e "porque", ao invés de
freqüências ou incidências;
O foco está em eventos contemporâneos.
Conforme mencionado por HARTLEY (1994), o ponto forte do estudo de
caso é sua capacidade de explorar processos sociais à medida que esses ocorrem nas
organizações, permitindo uma análise processual, contextual e longitudinal das ações
e significados que ocorrem e são construídos nas organizações. A natureza mais
aberta da coleta de dados em estudos de caso permite analisar em profundidade os
processo e as relações entre eles.
4.2.2. Críticas em relação ao método do estudo de caso
Apesar de ser uma forma distinta para a inquirição empírica, o estudo de caso
é visto, por alguns pesquisadores, como uma forma menos desejável do que a
experimentação ou surveys. Segundo YIN (1994), isto ocorre por razões como a
grande preocupação sobre a falta de rigor das pesquisas, onde o pesquisador do
estudo de caso tem sido descuidado e tem admitido evidências equivocadas ou
enviesadas para influenciar a direção das descobertas e das conclusões.
Na visão de HARTLEY (1994), um método por si só não é bom ou ruim. O
julgamento a respeito de um método em uma determinada pesquisa depende de dois
fatores: o relacionamento entre a teoria e o método; e como o pesquisador lida com
as potenciais deficiências dotodo.
Um outro aspecto levantado por GOODE; HATT (1967) apud BRESSAN
(2000), é que o pesquisador chega a ter a sensação de certeza sobre as suas próprias
conclusões, onde cada caso desenvolvido assume dimensões completas na mente do
pesquisador, passando a sentir-se seguro de poder responder um maior número de
questões do que poderia fazer somente com os dados registrados, resultando,
naturalmente, em uma grande tentação de extrapolar sem garantia.
88
Ainda se encontra em YIN (1994) a preocupação em relação ao método do
estudo de caso que fornece pequena base para generalizações científicas uma vez
que, por estudar um ou alguns casos não se constitui em amostra da população,
tornando-se sem significado qualquer tentativa de generalização para populações.
Embora haja diversas críticas com relação ao método do estudo de caso,
pesquisando a bibliografia existente é possível aprofundar-se no assunto, no qual é
possível encontrar algumas medidas preventivas que podem ser utilizadas no sentido
de contornar tais problemas e obter um bom resultado no método citado.
4.3. Proposições do trabalho
Conforme mencionado anteriormente, o método escolhido para o
desenvolvimento deste trabalho foi o Estudo de Caso, que apesar de suas limitações,
em termos de potencialidade e possibilidades de generalizações, permite, através de
uma análise mais qualitativa, identificar os benefícios da utilização a TI no processo
do NPD, compreendendo melhor os fatores primordiais: tempo, qualidade e custo.
As informações necessárias para a realização do estudo de caso, bem como da
sua respectiva análise foram coletadas pela autora “in loco” na empresa estudada, no
qual ela também é funcionária. Contudo, na pesquisa a atuação foi como observadora
e não como agente, utilizando informações complementares como apresentações
oficiais da empresa em congressos e seminários, além de informações públicas
divulgadas em seus sites na INTERNET.
Mediante ao exposto e partindo do referencial teórico mencionado nos
capítulos 2 e 3, elaboraram-se as seguintes proposições:
1. A TI é um importante recurso para o NPD, no qual esta tem basicamente a
função de armazenamento eficaz das informações através de bancos de dados.
89
2. Cada vez mais a aplicação da TI sob a forma de ferramentas como
CAD/CAE/CAM no processo do NPD tem-se demonstrado estrategicamente
vital para as indústrias automobilísticas.
3. A TI pode gerar impacto estratégico mesmo em indústrias mais tradicionais,
como o setor de manufatura.
90
5. ESTUDO DE CASO
O estudo de caso foi conduzido no ambiente da General Motors do Brasil, no
qual forneceu subsídios necessários para a análise da utilização da TI no NPD em
projetos automotivos, porém com algumas ressalvas por uma questão de
confidencialidade recomendada pela empresa, não afetando o objetivo deste trabalho.
A General Motors é considerada a maior companhia fabricante de automóveis
do mundo, onde este grandioso título de número 1 se deve, principalmente, ao fato
do grupo GM ser formado por diversas marcas e alianças em todas as regiões do
globo. A corporação GM engloba mais de 10 marcas (figura 5.1), destacando-se:
Chevrolet, GMC, Opel, Vauxhall, Cadillac, Saturn, Oldsmobile, e em termos de
alianças estratégicas, se destacam: Fiat, Subaru, Saab, Daewoo, Isuzu, etc. Para
continuar sendo a maior empresa automobilística do mundo nos próximos anos, a
GM está alicerçada em 5 valores vitais que a compõem: seus veículos, empregados,
fornecedores, concessionários e clientes, e no qual segundo PORTER (1979), é uma
forma de se manter uma estratégia diferenciada.
91
Figura 5.1 Marcas e alianças da GM
No Brasil, a General Motors está completando 80 anos de história possuindo
19.000 empregados nos dias de hoje, ocupando basicamente quatro grandes
complexos industriais, sendo o primeiro localizado em São Caetano do Sul - SP (área
de 600.000 metros quadrados), o segundo em São José dos Campos - SP (área de
2.700.000 metros quadrados), o terceiro em Mogi das Cruzes – SP (área de 80.000
metros quadrados) e o quarto complexo industrial e o mais moderno localizado em
Gravataí – RS (área de 380.000 metros quadrados). Vale acrescentar que, existem
outras áreas de suporte às operações principais de produção e comercialização de
seus veículos, como, o Campo de Provas de Cruz Alta em Indaiatuba – SP e o Centro
de Distribuição em Sorocaba – SP.
A GMB possui aproximadamente 1.240 engenheiros de produto e manufatura
em um contexto total com mais de 42.000 pessoas ao redor do mundo em 16 centros
92
de desenvolvimento de produtos e processos de produção (figura 5.2), acessando
dados matemáticos dos veículos da GM Corporation.
Figura 5.2 Centros de desenvolvimento da GM
5.1. Otimização do parâmetro “Tempo”
Neste contexto, para manter a liderança almejada, diversos fatores foram
analisados e desenvolvidos, sendo a aplicação da TI uma estratégia fundamental na
otimização de tempo no desenvolvimento de veículos. Para tal a GM possui um
processo de NPD próprio, chamado de GVDP (Global Vehicle Development
Process), no qual teve seu início no começo dos anos 90, como um instrumento de
integração capaz de controlar as atividades de pesquisa, planejamento, criação,
desenvolvimento, manufatura, lançamento, comercialização, distribuição e
assistência técnica dos produtos GM, especificando funções e datas dentro do
processo de planejamento e desenvolvimento de um projeto. Naquela época, o
GVDP médio para o desenvolvimento de um projeto novo era de aproximadamente
60 meses. Ao longo dos anos este processo foi evoluindo e em 1996, o GVDP
aplicado para os programas tinha uma média de 48 meses. Porém, ainda eram
caracterizados por possuir uma integração mínima, ou seja:
42.465 Pessoas; 16 Centros de Desenvolvimento
Pontiac
Warren
Oshawa
sselsheim
Trollhättan
Turin
Hamamatsu
Fujisawa
Shanghai
Bangalore
São Paulo
Toluca
Bupeyong
Melbourne
Strasbourg
1
1
7
7
.
.
5
5
0
0
0
0
6
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0
0
1
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6
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7
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0
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0
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*
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*
*
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1
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1
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0
0
0
0
9
9
0
0
0
0
1
1
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.
7
7
0
0
0
0
6
6
0
0
0
0
8
8
0
0
0
0
2
2
0
0
0
0
1
1
.
.
2
2
4
4
0
0
9
9
4
4
5
5
3
3
.
.
1
1
8
8
0
0
2
2
0
0
0
0
* incl. FGP e Hourista
** incl. FGP e Hourista
*** incl. FGP
6
6
0
0
Millbrook
93
Múltiplos sistemas de projeto em uso;
Múltiplos processos de projeto;
Múltiplos processos de Engenharia de Manufatura;
Implementação não-padronizada de processos.
De uma forma geral, denotava-se a pouca utilização do conceito de
Engenharia Global. Como estratégia de se alterar este panorama, se estabeleceu um
caminho duplo de atividades, tendo em uma das vertentes, os “Processos”, e na outra
vertente, a “Infraestrutura”. Em relação aos “Processos”, a idealização foi de criá-los
cada vez mais enxutos, através da alteração do GVDP e da reavaliação e
comunização dos demais processos. Com relação à “Infraestrutura”, foi atualizada de
acordo com o desenvolvimento de novas aplicações, construindo uma via de dados
matemáticos e promovendo uma integração de todas as áreas de desenvolvimento.
Como resultado, no desenvolvimento de um projeto na GM, todas as etapas,
desde sua criação, projeto conceitual, projeto detalhado, simulações via CAE e o
projeto de manufatura do veículo, estão sendo regidas por Aplicações Paramétricas
Integradas (figura 5.3). As Aplicações Paramétricas Integradas são constituídas por
um Núcleo de Modelagem Sólida, como o Unigraphics, por um Gerenciador de
Dados Matemáticos e Processos, como o TcAE (Team center Automotive Edition) e,
por último, por um Representador Comum para Visualização, como o VisMockup.
Todos estes sistemas que compõem as Aplicações Paramétricas Integradas são
representados por um banco de dados e por uma biblioteca de recursos reutilizáveis
que proporcionam a realização de tarefas otimizadas dentro de um projeto, como:
avaliação conceitual, revisão do projeto, simulação de fábrica, documentos de
processo e serviços e comunicação interligada com áreas internas (Finanças,
Compras), com outras divisões, bem como com fornecedores/ parceiros, permitindo
o uso progressivo e vinculado dos dados matemáticos em todas as fases do GVDP.
94
Figura 5.3 – Aplicações paramétricas integradas
Pode-se verificar também a utilização estratégica de ferramentas de análise
globais e comuns de modo a suprir todas as necessidades de cada centro de
desenvolvimento de produto da General Motors. Sendo assim, os sistemas de
CAD/CAE/CAM existentes dentro da GM são comuns mundialmente em todos os
centros de desenvolvimento. A GM possui atualmente 11.000 estações de trabalho
Unigraphics, 18.000 computadores e estações com TcAE e 26.000 computadores e
estões de trabalho como o VisMockup, com a finalidade de visualização.
É importante citar que o VisMockup é largamente utilizado na GM permitindo
a visualização de dados a partir de qualquer computador que esteja conectado à rede
de dados. A grande vantagem deste software está justamente no fato dele rodar em
computadores de baixa configuração, não necessitando de um hardware pesado para
tal, como é o caso das estações gráficas. Isto é possível porque este software trabalha
somente com a porção dos contornos externos das imagens geradas a partir do CAD,
removendo o modelo matemático que suporta a estrutura do sólido da imagem, o que
torna o arquivo extremamente leve para se trabalhar.
Com isso, a redução do tempo total do processo foi notória. Com a aplicação
da infraestrutura de TI, no ano de 2000 já foi possível se chegar a um tempo de
desenvolvimento da ordem de 24 meses. Com a aplicação de um Programa de
Integração de Sistemas, convergindo para um sistema de última geração para o
desenvolvimento de produtos e a integração de framework, a partir de 2003 já é
possível o desenvolvimento de um projeto em apenas 18 meses (figura 5.4).
Pro
j
eto Conceitual
Pro
j
eto CAE
Cria
ç
ã
o
En
g
enharia de Manufatura
A
plica
ç
ões Paramétricas Inte
g
radas
95
Figura 5.4 Redução do tempo do GVDP na GM
Portanto, ao se analisar a redução do tempo de desenvolvimento com o passar
dos anos, nota-se que a evolução foi determinante. Cada área/ fase integrante do
GVDP, ou seja, Planning, Estilo, Engenharia do Produto, Engenharia de Manufatura,
Engenharia Ferramental, instalações de chão de fábrica e início de produção
necessitou passar por uma espécie de reengenharia para se adequar às novas
características. Contudo o mais importante é que o objetivo foi alcançado, ou seja,
estabeleceu-se um processo mais rápido com sistemas de engenharia globais, onde a
Engenharia Simultânea foi consolidada, garantido a redução do tempo de
desenvolvimento total do produto.
5.2. Otimização do parâmetro “Custo” e “Qualidade”
No tocante a redução de custo e melhoria da qualidade no desenvolvimento
de um veículo, pode-se verificar uma acentuada evolução quanto à utilização da TI,
onde o aperfeiçoamento quantitativo e qualitativo do uso de recursos de simulação e
análise virtual aplicada ao produto, à manufatura e aos processos produtivos, vem se
tornando uma constante no desenvolvimento do produto.
60 48 42 30 24 18 < 18 meses
60 meses
48 meses
42 meses
30 meses
24 meses
18 meses
1996
2000
2003
I
I
n
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Canal Comum de
Comunicação de Dados
Matemáticos
Rede e Recursos
Computacionais
< 18 meses
Futuro
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t
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e
m
m
a
a
s
s
Sistema de Última Geração para
Desenvolvimento de Produtos
Inte
g
ra
ç
ão de “framework
96
Na área de Estilo na GMB, a inovação ficou por conta da utilização de
modelos digitais a partir de esboços conceituais, gerando modelos em wire frame e
“renderizados”, tornando-se possível à realização de simulações e avaliações iniciais
do conceito do projeto em uma fase preliminar. O modelo em wire frame é utilizado
como base para conceituação do projeto de ferramentas de estampagem e moldes de
plástico (figura 5.5).
Figura 5.5 – Modelo em “wire frame”
o modelo “renderizado” tem como objetivo auxiliar no refino das
superfícies definidoras das interfaces do veículo antes da construção do modelo
“CLAY” (modelo físico escala 1:1 em argila), (figura 5.6).
97
Figura 5.6 Modelo “renderizado”
O uso da TI na GMB também propiciou a aplicação de algumas ferramentas
até então não imaginadas de serem aplicadas ao processo, como é o caso da
Realidade Virtual, onde se denota um considerável retorno em termos de qualidade e
acima de tudo uma redução acentuada no custo de desenvolvimento. Dispondo-se de
uma sala apropriada para exibição conforme figura 5.7, com equipamentos de
projeção 3D interligados diretamente a uma estação gráfica, que por sua vez está
ligada à rede da via de dados, é possível a visualização da peça, com o auxílio de
óculos especiais, em 3 dimensões com total realismo, permitindo aos usuários
análises mais detalhadas e concretas do veículo antes de se aplicar recursos na
construção de modelos físicos.
98
Figura 5.7 – Sala principal de realidade virtual na GMB
Atualmente, após os modelos virtuais e a determinação das superfícies do
veículo, algumas fases de construção de protótipos e testes de validação foram
substituídas pela aplicação de análises virtuais, representando uma grande economia
para a GMB e, conseqüentemente para o consumidor, visto que um protótipo físico
pode chegar a custar R$ 1.000.000,00 dependendo do projeto e do estágio de
desenvolvimento, não considerando o custo dos testes físicos e de todas as análises
propriamente ditas. As análises virtuais são realizadas através de modelos
matemáticos antes da confecção do primeiro protótipo, onde se pode destacar as
seguintes análises virtuais realizadas na GMB:
Durabilidade: esta análise permite a verificação de problemas muito antes
dos testes físicos realizados no Campo de Provas, onde para isso a GMB
conta com um programa desenvolvido internamente que simula as
condições existentes no Campo de Provas da Cruz Alta, apresentado uma
correlação eficaz com os testes reais. Isto propiciou uma redução
considerável em termos de recursos e tempo, no qual um teste completo
99
de durabilidade dura cerca de seis meses e o mesmo procedimento
realizado virtualmente é realizado em 2 minutos (figura 5.8).
Figura 5.8 – Análise avançada de durabilidade
Análise Estrutural: As análises executadas para o desenvolvimento da
estrutura do veículo é outro exemplo realizado, onde aplicando diversos
carregamentos pré-estabelecidos em uma região a ser analisada, avalia-se
o desempenho estrutural do veículo a fim de garantir a qualidade na
construção do protótipo físico, bem como do produto final (figura 5.9).
100
Figura 5.9 – Análise avançada estrutural
Análise Térmica - Fluxo de Ar: Através da simulação do fluxo de ar
induzido na região frontal é possível se verificar as condições térmicas
para início do desenvolvimento do sistema de arrefecimento e ar
condicionado do veículo, antes mesmo da confecção do primeiro
protótipo (figura 5.10).
A
A
n
n
á
á
l
l
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CARREGAMENTO
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t
t
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l
l
101
Figura 5.10 – Análise térmica - Fluxo de ar
Teste de Impacto: A avaliação dos testes de impacto realizados
virtualmente tornara-se mais rápidas e alicerçadas por correlação de dados
matemáticos com teste reais, onde a GMB tem empregado cada vez mais
esta ferramenta de modo a garantir a segurança dos ocupantes, o
desempenho estrutural, o espaço de sobrevivência e as deformações
plásticas, ou seja, a qualidade do veículo, considerando inclusive
procedimentos mais severos exigidos somente na Europa (figura 5.11).
Dentre os principais testes de impacto realizados na GMB tem-se: Teste
de impacto frontal, lateral, frontal com barreira rígida e traseira, conforme
se pode verificar na figura 5.12.
CFD
T
EST
(
°C
)
(
°C
)
(
°C
)
(
%
)
20 km/h GVW 69
,
5 69
,
9 -0
,
4 -0
,
6%
80 km/h WOT 58
,
6 56
,
8 1
,
8 3
,
2%
100 km/h WOT 56
,
9 56
,
9 0 0
,
0%
160 km/h R
L
62
,
3 60
,
6 1
,
7 2
,
8%
(
CFD-TEST
)
POWERTRAIN COOLING RESULTS - ATB
PRECISÃO COMPROVAD
A
COM OS
TESTES EM HARDWARE FINAL
REDU
Ç
ÃO DO
NÚMERO DE
PROTÓTIPOS
FLUXO DE AR
102
Figura 5.11 Teste de impacto virtual e real
Figura 5.12 Tipos de teste de impacto realizados na GMB
Digital Mock-Up: Considerada uma das principais vantagens no ambiente
virtual no tocante à economia de tempo, a qualidade das informações e
principalmente a redução de custo e risco, o DMU tem como objetivo
verificar as montagens de conjuntos, a existência de interferências e/ou
folgas, a quantidade de peças, os roteiros de tubulações e chicotes (figura
5.13), o alinhamento, a validação do modelo 3D antes da construção das
peças físicas, dentre outros.
T
T
e
e
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s
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9
4
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)
)
V
ISTA FRONTAL
TESTE VIRTUA
L
TESTE REAL
V
ISTA INFERIOR
TESTE VIRTUA
L
TESTE REA
L
FRONTAL ODB (64KPH)
LATERAL (50KPH)
FRONTAL COM BARREIRA
RÍGIDA (56KPH)
TRASEIRO
(
50KPH
)
103
Figura 5.13 – Designação de roteiro para chicote utilizando o DMU
As análises de DMU não se restringem aos componentes do veículo e
o acesso para serviços, mas também é muito utilizada pela Engenharia de
Manufatura auxiliando no estudo de acesso de máquinas de solda e principais
pontos de localização, provendo informações para o projeto de dispositivos de
montagem, bem como avaliação de ergonomia, resultando em ajustes finais
mínimos, redução de retrabalhos, especificação precisa de equipamentos e
condições adequadas de trabalho ao operador (figura 5.14).
Figura 5.14 Dispositivo construído no DMU
R
R
O
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H
H
I
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O
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E
DMU REAL
104
Análise de Formabilidade: Através de um software específico, simulações
e análises de estampados são efetuadas pela área de Engenharia de
Ferramental, o qual é capaz de simular todos os fenômenos físicos que
ocorrem durante o processo de produção. Nesta análise é possível
identificar e sanar problemas de enrugamento, qualidade da superfície,
afinamento e recorte & flangeamento antes da execução do projeto do
ferramental propriamente dito (figura 5.15).
Figura 5.15 – Análise de formabilidade
Análise de Ruptura de Componentes: Esta análise é realizada pela
Engenharia de Ferramental na fase de experiência (try-out) das
ferramentas, tendo como objetivo correlacionar a simulação com a
realidade, identificando pontos vulneráveis e oportunidades para possíveis
reduções de material (blank), além de mudança de especificação de
material (figura 5.16).
ENRUGAMENT
O
A
FINAMENT
O
Q
UALIDADE DA SUPERF
Í
CIE
R
ECORTE E FLANGEAMENT
O
105
Figura 5.16 – Análise de ruptura de componentes
Análise Estrutural de Ferramentas: Durante as atividades do projeto do
ferramental também é efetuada a análise estrutural de ferramentas através
do uso intensivo de simulação numérica, permitindo maior flexibilidade e
liberdade para novas idéias e estimulando a criatividade dos engenheiros,
resultando em ferramentas mais leves com rigidez otimizada, melhor
relação de massa e custo e melhor estabilidade geométrica para os
fundidos (figura 5.17).
106
Figura 5.17 – Dispositivo de um ferramental otimizado
Assim como na conceituação do veículo, as ferramentas também são
analisadas em uma sala de realidade virtual (figura 5.18) para que todas as
pessoas envolvidas na construção e produção possam avaliar em 3D o projeto
de um ferramental e identificar melhorias necessárias antes mesmo de ser
construído.
107
Figura 5.18 – Sala de realidade virtual - Engenharia de Manufatura
Célula Virtual: A revisão do layout da planta, a identificação de
interferências entre equipamentos e a programação de robôs são
resultados obtidos a partir da utilização da célula virtual, onde estes
parâmetros são utilizados para a instalação de uma célula real como pode
se verificado na figura 5.19, no qual mostra um exemplo de instalação da
“célula no chão da fábrica” na área da funilaria e sua respectiva célula
virtual. Isto propicia um considerável aumento da qualidade dos sistemas
de montagem, melhor produtividade, redução de tempo de instalação e de
set-up alinhado com a significante redução de custo de instalação e
movimentação desses equipamentos.
108
Figura 5.19 – Célula virtual X célula instalada
Como resultado de todas as inovações de TI, a área de ferramentaria da GMB,
por exemplo, trabalha atualmente sem papel (figura 5.20) e a programação das
máquinas é realizada eletronicamente através de CNC’s interligados à área de projeto
do ferramental, onde os ferramenteiros estão adequadamente treinados para otimizar
a utilização dos recursos digitais disponíveis.
C
C
É
É
L
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U
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A
A
V
V
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S
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A
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L
L
A
A
D
D
A
A
109
Figura 5.20 – Trabalho sem papel na ferramentaria da GMB
Portanto, no tocante a custos e qualidade, pode-se afirmar que apesar de
árduos investimentos em sistemas, equipamentos e treinamentos, o resultado
almejado no desenvolvimento de projetos foi alcançado, no qual a utilização de
ferramentas virtuais é a base para a tomada de decisões gerenciais, o balanceamento
do desempenho do produto e um elemento fundamental para o “Time to Marketing”.
Denota-se, portanto, que a utilização de ambientes virtuais vem sendo uma
constante na redução de protótipos físicos e respectivos planejamentos de testes
físicos, bem como na prevenção de falhas em fases preliminares do projeto, no qual
qualquer alteração necessária é menos onerosa e fácil de ser executada, permitindo
também a centralização dos dados em um sistema de gerenciamento único podendo
ser compartilhado por toda a organização. Com sistemas globais e integrados, as
engenharias podem trabalhar simultaneamente reduzindo o tempo de
desenvolvimento total do produto e conseqüentemente o seu custo total.
110
6. ANÁLISE DO ESTUDO DE CASO
Neste capítulo será apresentada a aplicação do referencial teórico na General
Motors do Brasil a fim de verificar onde a TI se posiciona na estrutura e na estratégia
da GMB e como o seu uso pode influenciar no desenvolvimento de um veículo. Em
outras palavras, como a TI pode contribuir de maneira eficaz para o sucesso ou para
a maior competitividade da empresa.
6.1. Análise quanto ao “Grid Estratégico” e a “Matriz de Intensidade de
Informação”
Analisando o impacto estratégico da TI, segundo o “Grid Estratégico” e a
“Matriz de Intensidade de Informação”, percebe-se que a GMB, apesar de atuar no
ramo industrial, está totalmente alicerçada na TI, sendo esta parte indissociável da
operação e da estratégia da empresa. Pode-se afirmar que, sem a TI, a GMB não tem
como desenvolver novos produtos, nem mesmo operar no dias de hoje.
Outro fator importante a ser destacado é a inovação no campo do varejo
(vendas/ distribuição), onde a GMB vem cada vez mais realizando suas vendas ao
consumidor final pela INTERNET (figura 6.1), o que acarreta uma significativa
redução de custos na logística e tempo de entrega do produto ao cliente, sendo uma
efetiva ferramenta de vendas. Vale ressaltar que no meio automobilístico a GM do
Brasil foi a primeira no mundo a utilizar a Internet como ferramenta de venda de
veículos e atualmente é líder em vendas por esta via.
111
Figura 6.1 – Venda de veículos pela “Internet”
Portanto, analisando “Grid Estratégico” o quadrante “ESTRATÉGICO” é o
que melhor combina com sua situação, uma vez que se tem a perspectiva de novas
aplicações com impacto estratégico (figura 6.2).
Figura 6.2 – Posição da GMB no “Grid Estratégico”
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(ex: indústrias) (ex: editoras, e-
commerce)
(ex: companhias
aéreas,
distribuidoras)
(ex: bancos,
seguradoras)
Baixo
Alto
Baixo
Alto
IMPACTO FUTURO
IMPACTO PRESENTE
112
Já verificando em relação a “Matriz de Intensidade de Informação”, pode-se
concluir que a GMB está posicionada no quadrante “alto conteúdo de informações no
produto” e “alta intensidade de informações na cadeia de valor (processo)”, uma vez
que a utilização da TI tanto no desenvolvimento do produto pela Engenharia do
Produto, bem como no processo pela Engenharia de Manufatura é fortemente
evidente conforme relatado no capítulo do Estudo de Caso (figura 6.3).
Figura 6.3 – Posição da GMB na “Matriz de Intensidade de Informação”
6.2. Análise dos “Fatores Críticos de Sucesso”
No tocante a análise dos “Fatores Críticos de Sucesso (FCS), foram
identificados como fundamentais para a GMB, os seguintes:
Ênfase na qualidade;
Custos reduzidos;
Foco no cliente;
Liderança no mercado;
Novos produtos lançados no time to market estabelecido;
Entrega de veículos ao cliente no prazo.
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Alta
Baixa
Conteúdo de Informações
no Produto
Intensidade de Informações
na Cadeia de Valor
(Processo)
113
Contudo, pode-se verificar que alguns destes FCS já estão sendo alcançados,
uma vez que a aplicação da TI no NPD através de análises virtuais e simulações
virtuais utilizando o CAD/CAE/CAM, Mock-Ups virtuais, etc, conforme já
mencionado anteriormente, garantem a qualidade almejada, a redução de custos bem
como a otimização de tempo ainda na fase de desenvolvimento, tendo-se rapidez no
lançamento de novos produtos no time to market estabelecido. Pode-se verificar no
gráfico abaixo (figura 6.4) a relação crescente da quantidade de mão-de-obra na área
responsável pelas análises e simulações virtuais versus a queda de protótipos físicos
necessários desde o ano 1996 até os dias de hoje na GMB.
Figura 6.4 – Gráfico: “Mão-de-obra X Protótipos Físicos” - GMB
O uso da INTERNET, conforme também já relatado, também é considerado
um fator importante no alcance do último FCS citado, bem como uma linha direta
entre a GMB e o cliente, permitindo aproximar-se cada vez mais no foco do cliente,
além de impactar beneficamente nas vendas de veículos e, portanto contribuir
significativamente no tocante de ser a líder no mercado.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Quantidade de pessoas
Mão-de-obra X Protóti
p
os Físicos
Mão-de-obra Eng. Análise/Simulação Virtual - GMB
Protótipos físicos necessários - GMB
114
Portanto conforme mencionado anteriormente, denota-se que a utilização de
um processo bem estruturado, no caso o GVDP na GM, aliado a utilização
estratégica da TI, resultou em uma redução drástica no tempo do desenvolvimento
em aproximadamente 42 semanas, permitindo o desenvolvimento de uma maior
gama de produtos nos últimos anos, no qual proporcionou a liderança do mercado
atingindo o patamar de 23% da fatia de mercado no ano de 2004.
6.3. Análise quanto ao “Alinhamento Estratégico”
Utilizando-se o “Modelo do Alinhamento Estratégico” de HENDERSON e
VENKATRAMAN (1993), pode-se considerar que a GMB vem adotando a
perspectiva de “Transformação Tecnológica”, conforme figura 6.5, devido ao fato da
busca por novas aplicações de TI, principalmente aquelas baseadas em INTERNET,
para permitir uma nova estratégia de atuação mais direta com os clientes. Pode-se
citar também a consolidação do uso da Engenharia Simultânea utilizando os recursos
da TI, principalmente entre a Engenharia de Produtos e a Engenharia de Manufatura,
bem como o desenvolvimento de produtos mais próximos dos fornecedores,
utilizando uma comunicação interligada através de Aplicações Paramétricas
Integradas (Unigraphics, TcAE - Team center Automotive Edition, VisMockup, etc.),
tendo uma atuação mais ampla que a de abastecer com bens físicos, incorporando
também a de proporcionar informações/ soluções técnicas e servos, visando a TI
como contribuição de um melhor posicionamento no atual mercado competitivo.
115
Figura 6.5 – Posição da GMB no “Alinhamento Estratégico”
6.4. Análise da “Escada de Avaliação”
A utilização da “Escada de Avaliação” na GMB deve ter seu foco baseado na
análise de aplicações de TI específicas. Face ao considerável número de aplicações e
suas respectivas interfaces existentes, foram determinados dois exemplos específicos
de caráter relevante e residente no ambiente de desenvolvimento de produtos.
Como primeiro exemplo para esta análise, optou-se pela aplicação da TI na
Engenharia de Análise Estrutural. Sendo esta engenharia hoje um dos elementos
principais no NPD de modo a garantir o desenvolvimento de veículos otimizados no
tocante à seguraa veicular, ciclo de vida dos componentes, comportamento
aerodinâmico, fluídico e térmico, onde se pode classificar o conjunto de softwares
que formam esta aplicação de TI como pertence ao degrau 7, “SISTEMA
ESTRATÉGICO”, resultando em uma considerável vantagem competitiva em termos
de economia de tempo e confiabilidade nas simulações virtuais, aprimorando,
portanto, a confiabilidade e a qualidade do projeto no NPD com a introdução destes
novos métodos de trabalho.
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116
Para o segundo exemplo, a aplicação do DMU (Digital Mock-Up) foi
escolhida, pois passou a ter uma ênfase no NPD tão importante quanto ou até maior
do que a própria área de montagem física de protótipos. O nível de precisão
apresentado nos resultados, principalmente nas montagens iniciais do projeto, passou
a ser extremamente importante para se evitar que erros significativos fossem
cometidos durante a montagem física, gerando impactos consideráveis em termos de
custos, tempo e qualidade, conforme mencionado no item 5.2 deste trabalho. Devido
a isso, a aplicação do DMU deve ser classificada no degrau 3 da escada de avaliação,
“SISTEMAS DE VALOR ADICIONADO DIRETO”, devido a proporcionar um real
valor adicionado direto ao negócio. Embora a utilização do DMU não proporcione
diretamente um aumento na fatia de mercado, considerar esta aplicação como um
sistema de valor adicionado direto, demonstra-se adequada em sua classificação.
117
7. CONCLUSÕES
Primeiramente, pode-se dizer que o objetivo deste trabalho foi alcançado,
uma vez que ele permitiu mostrar que a aplicação da TI no processo do NPD pode
proporcionar vantagens significativas em termos de melhoria da qualidade, redução
de custo e na otimização de tempo no desenvolvimento. Dentro desta perspectiva, o
estudo apresentado confirma a contribuição da utilização da TI na Engenharia do
Produto. Além disso, foi possível notar os impactos positivos do uso da TI na
General Motors do Brasil como um todo, integrando as diversas áreas envolvidas de
forma a facilitar o planejamento, a execução e a coordenação de um projeto,
garantindo a qualidade das informações necessárias.
Deve-se periodicamente analisar a eficácia da TI mantendo um processo
contínuo, no qual as ferramentas apresentadas como FCS, o “Grid Estratégico” e o
“Modelo do Alinhamento Estratégico”, devem ser constantemente ajustadas
conforme necessário, para acomodar modificações na estratégia da organização, no
ambiente ou na estrutura organizacional. Estas alterações são importantes não
somente por si só, mas também por indicar os rumos da organização, pois os
sistemas de informação dever ser sempre analisados sob o prima de sua adequação
no contexto da organização, tanto nas suas operações como nos objetivos
estratégicos.
Analisando as perguntas formuladas no item 1.3 deste trabalho, referente aos
anseios e perspectivas da TI, elas podem ser respondidas conforme a seguir:
“Como a TI pode apoiar o processo de desenvolvimento de produtos?”
A TI apóia diretamente o processo de desenvolvimento de produtos
através de suas inúmeras aplicações, como, por exemplo, as ferramentas de
análise e simulação virtuais que, além de incorporar ao produto um grau de
exatidão elevado em seus resultados, representando maior qualidade agregada
ao produto, também proporcionam uma significativa redução do tempo de
desenvolvimento dos mesmos.
118
“Por que o desenvolvimento de produtos é importante para a indústria
automobilística?”
O desenvolvimento de produtos se tornou um elemento essencial e
estratégico para o sucesso de um veículo no mercado, pois as indústrias
automobilísticas descobriram que, ao se concentrar esforços durante a fase do
NPD, as oportunidades de melhoria do produto no tocante à qualidade e
custos, proporcionam resultados significativos que serão traduzidos em
números de vendas. Porém, cabe ressaltar que não é suficiente se ter um NPD
implementado, mas sim executá-lo de maneira disciplinada por todos os
envolvidos.
“Como a TI pode influenciar no parâmetro Tempo no desenvolvimento de um
veículo?”
Esta questão foi respondida em sua total abrangência no item 5.1 deste
presente trabalho, onde resumidamente se pode afirmar que a TI vem
proporcionando uma considerável redução no tempo de desenvolvimento de
um veículo, ou seja, evoluindo de um processo que demandava cerca de 60
meses no início da década de 90 para aproximadamente 20 meses nos dias
atuais, o que representa um terço do tempo apenas.
“Como as variáveis Qualidade e Custo podem ser influenciadas pela TI?”
A variável “Qualidade”, conforme até citado na resposta para a
primeira pergunta, bem como no item 5.2 deste trabalho, se deve ao fato da TI
proporcionar, através de suas ferramentas, uma exatidão maior nos resultados
dos cálculos para um projeto, evitando se trabalhar com grandes coeficientes
de segurança ou tolerâncias. Já o “Custo” pode ser respondido em relação a
um dos principais e mais notáveis fatores, ou seja, o da redução da
necessidade do número de protótipos físicos em detrimento do uso de
119
protótipos virtuais, o que proporciona uma economia considerável em um
projeto.
Com relação às proposições que puderam ser formuladas no início deste
trabalho, citadas especificamente no item 4.3, tem-se:
1. A TI é um importante recurso para o NPD, no qual esta tem basicamente a
função de armazenamento eficaz das informações através de bancos de
dados.
Para esta primeira proposição, verifica-se que a TI é extremamente
importante no processo do NPD, seja para a GM ou qualquer outra empresa,
porém, a TI não se limita, de forma alguma, somente à função de
armazenamento eficaz das informações. Ela também tem assumido um papel
comprovadamente de recurso estratégico para as empresas quando ela é
aplicada sob a forma de ferramentas para análises e simulações virtuais,
colaborando, inclusive, diretamente na tomada de decisões gerenciais e na
prevenção de possíveis falhas em uma fase preliminar do projeto. Uma
explanação mais abrangente sobre estas características pode ser encontrada no
capítulo 5 deste presente trabalho. Portanto, esta proposição pode ser
interpretada de forma a estar parcialmente confirmada em sua colocação.
2. Cada vez mais a aplicação da TI sob a forma de ferramentas como
CAD/CAE/CAM no processo do NPD tem-se demonstrado estrategicamente
vital para as indústrias automobilísticas.
Com relação a esta segunda proposição, é facilmente perceptível a
contribuição da aplicação da TI nestas áreas de CAD/CAE/CAM, sob o ponto
de vista de proporcionar significativos ganhos em termos de economia de
tempo e redução dos custos de desenvolvimento em um projeto. É certo de
que os investimentos em TI para estas áreas são, a princípio, relativamente
elevados, porém, sua aplicação acaba por ser amortizada comprovadamente
120
no médio e longo prazo. É importante citar que uma outra importante
vantagem da aplicação da TI nestas áreas é a comunicação direta de dados
entre estes três sistemas, interagindo de forma abrangente e compatível, e não
como sistemas remotos e sem interface. Sendo assim, esta proposição deve
ser entendida como confirmada, podendo ser encontrado no capítulo 5 deste
trabalho, uma breve comprovação desta afirmação.
3. A TI pode gerar impacto estratégico mesmo em indústrias mais tradicionais,
como o setor de manufatura.
E por fim, para esta última proposição mencionada, cabe aqui a
reprodução parcial do que fora dissertado no item 6.1, como segue:
“...percebe-se que a GMB, apesar de atuar no ramo industrial, está totalmente
alicerçada na TI, sendo esta parte indissociável da operação e da estratégia da
empresa. Pode-se afirmar que, sem a TI, a GMB não tem como desenvolver
novos produtos, nem mesmo operar no dias de hoje”. Portanto, não se faz
mais necessária nenhuma colocação para se poder afirmar que esta
proposição confirma na íntegra a sua colocação.
Cabe ressaltar que, se hoje a GMB tem um GVDP mais estruturado e uma
alta tecnologia disponível à seus usuários, isto se deve a severos investimentos em
equipamentos e sistemas, bem como treinamentos dedicados, focando uma
conscientização da importância da aplicação disciplinada do GVDP como um
processo estratégico, no qual provocaram mudanças significativas na forma de
trabalho à medida que ferramentas foram sendo implementadas como o UG, o
Digital Mock-Up, a própria INTRANET e INTERNET, no qual sem sair do seu
posto de trabalho, pode-se até mesmo realizar reuniões utilizando softwares como o
Netmeeting, agregando novas tarefas em função das tecnologias adotadas.
Outro exemplo da aplicação da TI que vem proporcionar resultados
significativos em termos de facilidade, rapidez e foco na pesquisa de dados são os
bancos de dados compartilhados disponíveis no ambiente de INTRANET da GM. A
121
principal vantagem, é a de que toda e qualquer informação disponível em um destes
bancos de dados pode ser acessada de qualquer computador que esteja conectado à
rede interna da GM, além de possuir níveis de acesso personalizados de acordo com
cada usuário cadastrado e autorizado para o acesso, garantindo também a segurança e
rastreabilidade da consulta às informações. A certeza de que o usuário está
consultando sempre a informação correta e a mais atualizada também é um fator de
garantia da qualidade da informação disponível.
Existem centenas de bancos de dados corporativos dentro do ambiente de
Engenharia, dentre os quais, se pode citar três exemplos para referência:
Informações sobre o planejamento de construção de protótipos, indexado
respectivamente por cada protótipo, pela fase de desenvolvimento, e seu
projeto;
Informações sobre aplicação de práticas de sucesso recomendadas, indexadas
por tipo de peça e tipo de aplicação;
Informações sobre modificações do produto, indexadas pelo projeto, pelo
custo, e pelo tempo de implementação.
É importante citar que cada banco de dados desse, deve possuir um
responsável pela qualidade, atualização e segurança das informações
disponibilizadas, bem como avaliar criteriosamente cada requisição de acesso
solicitada por algum usuário pretendente.
Ao longo deste trabalho foi amplamente discutido a importância e as
vantagens de testes virtuais, porém também é importante ressaltar que o veículo
simulado no computador somente tem aquilo que é incluído no programa e, portanto,
a melhor simulação é inferior a natureza real, onde basicamente se trata de uma
simplificação controlada da situação real, no qual, por enquanto, nada sai do
computador diretamente para a linha de montagem, onde os protótipos físicos são
essenciais para, no mínimo, conferir se o projeto planejado.
122
Como futuras implementações a GMB pretende utilizar a aplicação do Voice
Over IP (VOIP), onde sua implementação dará início pela Engenharia do Produto,
com o objetivo primordial de proporcionar significativas reduções de custo
estrutural, uma vez que, devido à tendência cada vez maior do desenvolvimento de
projetos globais, a quantidade de ligações internacionais tem se tornado uma
constante no NPD, onde o uso desta aplicação torna-se economicamente viável.
Finalizando, conclui-se que a integração da TI no NPD vem revolucionando o
ambiente automobilístico. Contudo, de nada valeria se não houvesse uma alta direção
compromissada nos objetivos e metas, incentivando as pessoas envolvidas no
processo, sendo um fator determinante a consciência da importância de se utilizar
todos os recursos disponíveis para se obter o sucesso almejado do projeto, como é o
caso da GMB.
Como tema para futuros trabalhos, destaca-se a análise do comportamento e
o progresso da TI no tocante à atuação da GMB como um dos pólos mundiais de
desenvolvimento de plataformas globais. Este título de responsabilidade ímpar para a
divisão brasileira exigirá ações de maior envergadura relativa à criação e
padronização de processos, total compatibilidade e integração entre os sistemas,
exigindo, portanto, o estabelecimento de uma nova cultura e disciplina necessárias
para se atuar desta maneira. Provavelmente a análise da TI quanto à eficiência e
eficácia deverá indicar que a GMB estará nivelada com os outros pólos de
desenvolvimento, bem como também com as divisões espalhadas pelo mundo, que
passarão a ser clientes dos projetos da GMB.
Outro tema importante a ser investigado em futuras pesquisas seria a
oportunidade de se poder avaliar outras indústrias automobilísticas sob o mesmo foco
que foi analisado a GMB, de modo a se poder traçar um comparativo entre elas,
destacando similaridades de aplicação da TI do ponto de vista estratégico, seus
pontos fortes e fracos, bem como seus pontos distintivos e as razões para serem
diferentes em aspectos específicos da TI.
123
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