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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
INSTITUTO DE QUÍMICA
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Bioquímica)
Lucas Offenbecker Guerra
α-Amilases intestinais da larva de Diatraea saccharalis:
clonagem e seqüenciamento dos cDNAs correspondentes,
expressão e propriedades
São Paulo
Data do Depósito na SPG:
06/03/2008
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Lucas Offenbecker Guerra
α-Amilases intestinais da larva de Diatraea saccharalis:
clonagem e seqüenciamento dos cDNAs correspondentes,
expressão e propriedades
Dissertação apresentada ao Instituto de
Química da Universidade de São Paulo para
obtenção do Título de Mestre em Ciências
(Bioquímica)
Orientadora: Dra. Clélia Ferreira
São Paulo
2008
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1
Índice
Agradecimentos...................................................................................................4
Resumo.................................................................................................................5
Abstract.................................................................................................................6
Lista de Abreviações............................................................................................7
1- Introdução.........................................................................................................9
1.1- Considerações Iniciais..........................................................................9
1.2- O tubo digestório dos insetos..............................................................11
1.3- As α-amilases.....................................................................................13
1.4- α-Amilases de insetos........................................................................16
1.5- Inibidores de α-amilases.....................................................................19
1.6- Diatraea saccharalis............................................................................21
1.7- Objetivos desse trabalho.....................................................................22
2- Materiais e Métodos........................................................................................23
2.1- Criação de animais..............................................................................23
2.2- Dissecção de animais..........................................................................23
2.3- Determinação do pH do lúmen intestinal de D. saccharalis................23
2.4- Meios de cultura para crescimento de bactéria e tampões usados nas
técnicas de biologia molecular....................................................................24
2.5- Desenho de iniciador degenerado específico para amilases de
insetos.........................................................................................................24
2.6- Desenho de iniciadores específicos para amplificação do cDNA
completo das α-amilases de D. saccharalis...............................................24
2.7- Desenho de iniciadores de expressão.................................................25
2.8- Reação em cadeia com DNA polimerase em termociclador (PCR).....26
2.9- Eletroforese em gel de agarose para DNA..........................................27
2.10- Purificação de DNA do gel de agarose..............................................27
2.11- Dupla digestão de DNA usando enzimas de restrição.......................27
2.12- Ligação de fragmentos de DNA a plasmídeos vetores......................28
2.13- Preparação de bactérias competentes...............................................29
2
2.14- Transformação de bactérias competentes.........................................29
2.15- Preparação de plasmídeos a partir de cultura de bactérias...............30
2.16- Reação de seqüenciamento de DNA.................................................30
2.17- Análise e montagem das seqüências.................................................31
2.18- Comparação das seqüências e montagem de um cladrogama.........32
2.19- Digestão do plasmídeo pGenT usando a enzima de restrição EcoRI32
2.20- Digestão dos vetores de expressão com Sac I..................................32
2.21- Transformação e expressão de proteínas recombinantes em Pichia
pastoris.........................................................................................................33
2.22- Desenho de iniciadores específicos para PCR quantitativo...............35
2.23- Desenho de iniciadores para clonagem de genes constitutivamente
expressos.....................................................................................................35
2.24- Amplificação dos cDNAs dos genes constitutivos..............................35
2.25- Determinação da concentração de proteínas.....................................35
2.26- Diálises...............................................................................................36
2.27- Eletroforese em gel de poliacrilamida para separação de proteínas em
condições desnaturantes (SDS-PAGE).......................................................36
2.28- Detecção de proteína nos géis...........................................................36
2.29- Cromatografia de filtração em gel.......................................................36
2.30- Cromatografia de troca iônica em baixa pressão...............................37
2.31- Cromatografia de troca iônica em sistema de alta pressão................37
2.32- Detecção da atividade de α-amilase e α-glicosidase.........................38
2.33- Ensaios de estabilidade ao congelamento.........................................38
2.34- Detecção da atividade inibitória de IC1..............................................38
2.35- Determinação do pH ótimo das enzimas............................................39
2.36- Estabilidade ao pH..............................................................................39
2.37- Inativação térmica das amilases.........................................................40
2.38- Modificação com EDC........................................................................40
2.39- Determinação da constante de Michaelis (Km) para diferentes
substratos.....................................................................................................40
2.40- Medida da processividade (grau de ataque múltiplo).........................40
3
2.41- Cromatografia em camada delgada dos produtos de ação
enzimática...................................................................................................41
2.42- Determinação da sensibilidade das amilases recombinantes a
diferentes inibidores.....................................................................................41
2.43- Modelagem estrutural de DSA1.........................................................42
3- Resultados e discussão..................................................................................43
3.1- Instalação da cultura de D. saccharalis no laboratório e verificação de
seu crescimento em dietas modificadas......................................................43
3.2- Determinação do pH do lúmen intestinal de D. saccharalis.................45
3.3- Clonagem do cDNA codificante das α-amilases de D. saccharalis e seu
sequenciamento..........................................................................................45
3.4- Construção dos vetores de expressão e transformação de Picchia
pastoris........................................................................................................53
3.5- Expressão das α-amilases recombinantes em Pichia pastoris............55
3.6- Expressão dos inibidores de cana-de-açucar recombinantes em Pichia
pastoris........................................................................................................59
3.7- Clonagem de cDNAs codificantes de proteínas constitutivas.............61
3.8- Estabilidade das amilases recombinantes..........................................68
3.9- Semi-purificação de DSA1..................................................................68
3.10- Efeito de detergentes na atividade de DSA1....................................71
3.11- Efeito do pH e da temperatura nas α-amilases de D. saccharalis....71
3.12- Propriedades cinéticas das α-amilases de D. saccharalis.............. .75
3.13- Modelagem molecular de DSA1.......................................................77
3.14- Comparação entre as seqüências das α-amilases de insetos..........79
4- Considerações Gerais..................................................................................81
5- Conclusão......................................................................................................82
6- Bibliografia....................................................................................................83
Curriculum.........................................................................................................95
4
Agradecimentos
Agradeço,
Aos meus pais que sempre me apoiaram nas escolhas, nos momentos
difíceis e em toda a vida.
À minha irmã, pelo amor e carinho.
À Dra. Clélia Ferreira, pela orientação e paciência durante todos os anos
que estive no laboratório.
Ao Prof. Dr. Walter R. Terra, pelo apoio e conversas inspiradoras.
Ao Prof. Dr. J. R. P. Parra, por ter cedido as larvas de D. saccharalis para
cultura.
Ao Dr. Alexandre H. P. Ferreira, que me ensinou os primeiros passos nos
caminhos da ciência.
Ao Prof. Dr. Sandro Marana e ao Dr. Fernando A. Genta, que muito
contribuíram para a realização desse trabalho.
Aos colegas de laboratório, que me agüentaram e colaboraram
imensamente.
Aos amigos, pela eterma companhia, alegria e força.
À FAPESP pelo apoio financeiro.
5
Resumo
(Guerra L. O.) α-Amilases intestinais da larva de Diatraea saccharalis:
clonagem e seqüenciamento dos cDNAs correspondentes, expressão e
propriedades. 2008. 96p. . Dissertação (Mestrado) -
Programa de Pós-Graduação
em Bioquímica. Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo.
No intestino médio de larvas de Diatraea saccharalis criada em dieta artificial há
três α-amilases, sendo que uma delas tem maior atividade.
Utilizando uma biblioteca de expressão feita a partir do epitélio do intestino
médio da larva, clonamos e seqüenciamos três cDNAs diferentes que codificam α-
amilases.
As enzimas foram expressas em Picchia pastoris e recuperadas com
atividade. Elas foram denominadas DSA1, DSA2 e DSA3.
DSA1, DSA2 e DSA3 possuem respectivamente massas moleculares
calculadas a partir da sequencia de 54.505; 54.488 e 54.522 e pIs teóricos de 6,4;
5,5; e 6,4. Utilizando preparações semi-purificadas das enzimas recombinantes
verificamos que elas têm afinidades semelhantes por amido, amilopectina e
glicogênio. Seus pHs ótimos estão entre 8,0 e 9,0 e todas apresentam baixa
processividade (entre 0,8 e 2,0), sendo classificadas como liquefadoras.
Inativações térmicas das três enzimas recombinantes e do material
presente no intestino médio do animal mostraram que, nas condições em que a
larva é criada, a amilase predominante é DSA1.
Um cladograma feito com seqüências de amilases de insetos mostrou que
as três amilases de D. saccharalis são semelhantes a outras amilases de
Lepidoptera e que as seqüências de DSA1 e DSA3 são mais parecidas entre si do
que com DSA2. Isso se reflete em suas propriedades, que são mais próximas do
que aquelas apresentadas por DSA2.
As três seqüências obtidas por nós podem ser usadas em futuros estudos
sobre alteração na expressão de amilases devido a presença de diferentes
inibidores na dieta.
Palavras-chave: amilase, enzimas digestivas de insetos, Diatraea saccharalis,
clonagem, expressão.
6
Abstract
(Guerra L. O.) α-Amilases intestinais da larva de Diatraea saccharalis:
clonagem e seqüenciamento dos cDNAs correspondentes, expressão e
propriedades. 2008. 96p. .
Masters Thesis ou PhD Thesis – Graduate Program in
Chemistry ou Biochemistry. Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São
Paulo.
The larva of Diatraea saccharalis reared in artificial diet presents three α-
amylases in their midguts One of the enzymes is more active than the other two.
Using an expression library made from the midgut epithelium, we cloned
and sequenced three cDNAs that code for three different α-amylases. The
enzymes were expressed with activity in Pickia pastoris and named DSA1, DSA2
and DSA3.
DSA1, DSA2, and DSA3 have, respectively, predicted molecular weights
and pIs of 54,505 (6.4); 54,488 (5.5) and 54,522 (6.4).
Using semi-purified enzymes, we showed that they have similar catalytical
efficiency against starch, amylose and glycogen. They have optimum pHs between
8 and 9 and exhibit low processivity (from 0.8 to 2), thus being saccharifying
amylases.
Thermal inactivation of the recombinant enzymes and of the soluble material
present in midgut lumen reveals that the enzyme more stable at 50
0
C is DSA1 and
that DSA1 is the main enzyme present in the midgut of larvae fed on artificial diets.
A cladogram was done using insect α-amylase sequences. It shows that the
enzymes we expressed are similar to other Lepidoptera amylases and that DSA1
and DSA3 are more similar to one another than to DSA2. The same is true for their
physical and catalytical properties.
The three sequences we obtained may be used in future studies to detect
changes in their expression due to the presence of different amylase inhibitors in
diets.
Keywords: amylase, insect digestive enzymes, Diatraea saccharalis, cloning,
expression.
7
Lista de Abreviações
APS persulfato de amônio
αAI1 inibidor tipo 1 de Phaseolus vulgaris
αAI2 inibidor tipo 2 de Phaseolus vulgaris
BLAST "Basic Local Aligment Serch"
BMM meio mínimo de cultura, tamponado, contendo metanol
BMMY meio de cultura complexo, tamponado, contendo metanol
BSA albumina sérica bovina
CAPS (3-[ciclohesilamino]-1-ácido propanosulfônico)
Da Dalton
DO densidade óptica
dNTP desoxiribonucleotídeos trifosfato
DTT ditiotreitol
EDC 1-etil-3(Dimetilaminnopropil)Carbodiimida
g gravidade
Gly glicina
HEPES ácido 4-(2-hidroxietil)piperazina-1-etanosulfônico
IPTG isopropiltiol beta D galactopiranosídeo
IT-1 inibidor comercial de trigo tipo 1 (SIGMA A1520)
IT-3 inibidor comercial de trigo tipo 3 (SIGMA A3535)
LB meio de cultura de Luria-Bertani
MD meio de cultura mínimo dextrose
MES ácido 2-(N-Morfolino)etanosulfônico
mRNA RNA mensageiro
PAGE eletroforese em gel de poliacrilamida
PCR reação em cadeia da polimerase
pb pares de bases
pI ponto isoelétrico
PIPES piperazina-N'N'-bis(2-etano ácido sulfônico)
PM peso molecular
8
SDS dodecil sulfato de sódio
TAE tampão tris acetado EDTA
TAPS ácido N-[Tris(hidroximetil)metil]-3-aminipropanosulfônico
Tm temperatura de anelamento
U unidades
UV ultravioleta
V volts
Xgal 5-bromo-4-cloro-3-indoil beta D galactopiranosídeo
YPD meio de cultura dextrose, peptona, extrato de levedura
W Watts
9
1- Introdução
1.1- Considerações Iniciais
Os insetos correspondem à cerca de 75% das espécies animais conhecidas
(figura 1). Embora haja insetos benéficos, os demais causam grandes prejuízos ao
homem. Os insetos são transmissores de doenças e causam danos a qualquer
coisa que o homem tente cultivar ou construir. Devido a sua grande diversidade,
eles ocupam os mais variados nichos ecológicos. Essa capacidade de viver nos
ambientes mais variados se deve em parte a possibilidade que esses organismos
tem de utilizarem diversos tipos de alimentos.
Pelo exposto acima, fica claro que o estudo dos insetos é interessante tanto
do ponto de vista acadêmico (para conhecer as características que levaram a um
sucesso tão grande) quanto prático (para conseguir controlar e minimizar os danos
causados por esses organismos). Um exemplo disso foi a introdução de um
parasitóide da broca-da-cana, Diatraea saccharalis, no estado de São Paulo, que
reduziu em 80% os prejuízos causados pela praga (Parra et al., 2002).
Uma interessante abordagem nos estudos com insetos é o seu processo
digestivo. Além de compreender melhor as estratégias fisiológicas que levaram os
insetos a conseguir se adaptar a tamanha diversidade de alimentos, podemos
desenvolver estratégias para o controle de pragas visando desorganizar alguma
de suas funções digestivas. O tubo digestório é a mais frágil superfície de contato
entre os insetos e o meio ambiente, por ser a única superfície do animal a não ser
recoberta por quitina. Isso o torna um interessante alvo para controle. Sendo
assim, suas características precisam ser conhecidas em detalhe. Um enfoque é o
estudo das enzimas digestivas do animal. Conhecê-las nos permite atuar sobre a
metabolização e absorção dos nutrientes da dieta. É possível inibir enzimas
chaves através de inibidores protéicos ou agentes químicos, dificultando de
inúmeras formas a captação de nutrientes.
Minimizar a ação de enzimas que atuam no início do processo digestivo
certamente acarretará prejuízo ao inseto alvo. Como exemplo temos as α-
amilases, que atuam na hidrólise do amido, fonte essencial de energia para
10
11
diversas espécies. Sem a ação dessa glucanase, as glicosidases responsáveis
pela hidrólise das porções menores geradas por ela não poderiam atuar,
reduzindo assim drasticamente a captação de glicose pelo animal, prejudicando
seu desenvolvimento.
1.2- O tubo digestório dos insetos
Quando observamos o tubo digestório dos insetos, percebemos uma
enorme diversidade morfológica (figura 2), apresentando diferenças entre as
ordens maiores até que as observadas em mamíferos. Essa diversidade ocorre
em inúmeras outras características, sendo sempre necessários estudos
aprofundados para possibilitar qualquer generalização para o grupo. No tubo
digestório dos insetos, a parte mais importante da digestão ocorre no intestino
médio. Nesse é secretada a maior parte das enzimas digestivas. Ele é todo
recoberto por uma membrana semi-permeável chamada membrana peritrófica,
que divide o tubo intestinal em dois ambientes distintos, a região endoperitrófica e
a ectoperitrófica. Essas duas regiões distintas apresentam composição de
enzimas diferente porque algumas moléculas passam através dos poros da
membrana peritrófica e outras não, dependendo de seu tamanho (ver Terra e
Ferreira, 1994, 2005).
Nos Lepidoptera o intestino médio é um cilindro de igual diâmetro, chamado
de ventrículo, O intestino médio dos Lepidoptera não possui cecos gástricos, que
aparecem em algumas ordens de insetos (Figura 3). O pH do conteúdo intestinal
de Lepidoptera é bastante alcalino. Foi proposto que essa alta alcalinidade teria o
papel de evitar a ligação de taninos a proteínas dietéticas, o que reduziria a
eficiência da digestão (Berenbaum, 1980). Como insetos tais como gafanhotos e
besouros possuem pHs bem mais baixos e são resistentes a taninos (Bernays et
al, 1981; Fox e Macauley, 1977), esse não deve ser o verdadeiro papel do pH
alcalino. A real importância desse pH deve ser possibilitar a extração de hemi-
celuloses de paredes vegetais, que são digeridas mesmo por insetos incapazes de
hidrolisar celulose (Terra,1988).
12
13
1.3- As α-amilases
As α-amilases são enzimas estudadas há muitos anos, provavelmente
devido ao fato delas estarem amplamente distribuídas entre os seres vivos, tendo
muitas vezes alta atividade.
No que diz respeito a aplicações práticas as amilases são enzimas que
foram primeiro comercializadas e são atualmente utilizadas em vários processos.
Elas tem sido utilizadas na indústria de massas há muitos anos, mas seu maior
mercado é na produção de hidrolisados de amido para a industria alimentícia.
Essas enzimas são também utilizadas na indústria têxtil e de papel, onde
produzem amido de baixa viscosidade que preenche os poros do tecido ou do
papel, o que protege o material contra danos mecânicos durante a fabricação. As
amilases estão também presentes em detergentes. Os detergentes que contém
enzimas agem em condições mais brandas e não danificam roupas delicadas. As
amilases são componentes de detergentes desde 1975 e pelo menos 90% de
todos os detergentes líquidos mais modernos contém essa enzima (ver Gupta et
al, 2003)
As α-amilases clivam ligações glicosídicas α-1,4, preferencialmente em
glucanas de cadeias longas como amido ou glicogênio, catalizando uma endo-
hidrólise das ligações. As exo-enzimas que agem sobre amido tem classificações
distintas, chamando-se amilases maltogênicas (EC 3.2.1.133), maltotriohidrolase
(EC 3.2.1.116), maltotetrahidrolase (EC 3.2.1.60) e maltohexahidrolase (EC
3.2.1.98), quando produzem α-maltose, maltotriose, maltotetraose e
maltohexaose, respectivamente.
As α-amilases pertencem a família 13 e 57 das glicosídeo hidrolases
(www.cazy.org
, Coutinho e Henrissat, 1999). Na família 57 são encontradas
somente enzimas de Archeae e bactérias, sendo que todas as α-amilases de
eucariotos são membros da família 13.
A família 13 das glicosídeo hidrolases forma o Clã H, junto com as famílias
70 e 77. Em um clã encontram-se famílias que possuem a mesma estrutura
tridimensional no módulo catalítico, embora as seqüências entre uma família e
outra sejam bem diferentes (Mc Gregor, 2005). A família mais complexa do Clã H
14
é a família 13, contendo hidrolases, transferases e isomerases com 28
especificidades diferentes (Svenson et al, 2002).
Todas as enzimas do Clã H tem, no módulo catalítico, um (α/β)
8
barril,
também chamado de barril TIM, devido à primeira enzima em que ele foi descrito,
a triose fosfato isomerase (Mc Gregor, 2005).
A estrutura das α-amilases é caracterizada pela presença de 3 domínios
distintos: A, B e C. O domínio A, central, contém o N-terminal e consiste de um
(α/β)
8
barril e tem os resíduos do sítio ativo. O domínio B é formado quase
exclusivamente por folhas β e exibe a maior variabilidade estrutural. Esse domínio
forma uma grande parte da fenda de ligação do substrato e acredita-se que seja
importante para a especificidade da enzima (ver, Nielsen e Borchert 2000).
O domínio C, situado do lado oposto ao domínio B, tem a conformação de
chave grega e contém o C-terminal. O domínio C é o que possui a seqüência mais
variável (Bayer et al, 1995). Esse domínio por muito tempo não teve uma função
clara. Pensava-se que ele poderia estabilizar o domínio A, escondendo os
resíduos do domínio A do solvente (ver Mc Gregor et al, 2001). Cada vez mais
evidências apontam que esse domínio tem uma função importante por possuir um
segundo sitio de ligação do substrato. A presença desse outro sítio de ligação do
polímero já foi observado em vários tipos de glicosidases que possuem o sítio
ativo em forma de fenda e não possuem domínios de ligação do carbohidrato.
Esses outros sítios de ligação do substrato foram observados em amilases (Robty
e French, 1957; Bozonnet et al, 2007), β-agarase (Allouch et al, 2004), K-
carragenase (Allouch et al, 2004) e β-1,3-glucanase (Genta et al, 2007).
Evidências recentes indicam que esses sítios adicionais são importantes
para o grau de ataque múltiplo (ou processividade) apresentado pelas enzimas. O
grau de ataque múltiplo (como é chamado em amilases) ou processividade (nome
que o fenômeno recebe quando acontece em β-glucanases) é o número de
ligações hidrolisadas após a primeira, durante a formação de um complexo
enzima-substrato.
Na α-amilase de cevada, Bozonnet e colaboradores (2007) mostraram que
a mutação de um resíduo de tirosina presente no sítio de ligação do amido do
15
domínio C leva a uma menor ligação de inibidores e a uma redução no ataque
múltiplo. Genta et al (2007), mostraram que a processividade de uma β-1,3-
glucanase é perdida quando o substrato está ligado tanto no sítio catalítico quanto
nesse outro sítio.
Nas carboidrases, os sub-sítios de ligação de glicose são numerados a
partir do local onde a ligação do substrato é quebrada. Aqueles que ficam em
direção a porção não redutora do substrato são numerados com algarismos
negativos, enquanto aos que ficam em direção a porção redutora do substrato são
atribuídos valores positivos. Nos dois casos, os sub-sítios tem valores maiores em
módulo, conforme eles estão mais distantes do ponto onde o substrato é
hidrolisado (Davies et al, 1997). Nas α-amilases há dois ou três sub-sítios positivos
(+1, +2, +3) e os negativos variam de dois a sete (ver Nielsen e Borchert, 2000).
As α-amilases são enzimas retentoras, ou seja, a configuração do carbono
anomérico presente no substrato é conservada no produto. Nessas enzimas um
dos grupos carbonila faz uma catálise ácida protonando o oxigênio glicosídico
concomitantemente com a quebra da ligação. O outro grupo carbonila age como
nucleófilo, formando uma glicosil-enzima intermediária. No segundo passo o
carboxilato desprotona uma molécula de água que ataca o centro anomérico e
desloca o açúcar (Zechel e Withers, 2000).
No mecanismo de catálise de α-amilases, atua uma tríade catalítica
semelhante à descrita para proteinases. Na amilase de Tenebrio molitor, esses
aminoácidos catalíticos são o Asp 185, Glu 222 e Asp 287 (Strobl et al, 1998). Glu
222 é o doador de prótons, Asp 185 o nucleófilo e Asp 287 é importante, mas não
está diretamente envolvido na catálise. Tem-se proposto que seu papel é elevar o
pK do doador de prótons (ver Nielsen, 2000).
Todas as α-amilases da família 13 cuja estrutura é conhecida, possuem um
sítio de ligação Ca
++
, localizado na interface entre os domínios A e B. O Ca
++
é
essencial para a estabilidade e atividade da enzima, tendo um papel na
manutenção da sua estrutura (ver, Nielsen e Borchert 2000).
Muitas α-amilases possuem um sítio de ligação de cloreto no domínio A
(D’Amico et al, 2000). Esse é formado por três resíduos que são, na amilase
16
pancreática humana, Arg 195, Asp 298 e Arg 337. Em algumas α-amilases
dependentes de Cl
-
, a Arg 337 é substituída por Lys (Numao et al, 2002). Os dois
primeiros resíduos são conservados em muitas α-amilases não dependentes de
cloreto, enquanto a ocorrência do terceiro resíduo básico é específico para todas
as α-amilases animais dependentes de cloreto e portanto é o resíduo chave para a
ligação do íon (D’Amico et al, 2000).
Mutações nos dois resíduos não essenciais para a ligação do cloreto (R195
e N298 na α-amilase pancreática humana), mostraram que a R195 tem papel
crucial na orientação dos dois ácidos carboxílicos catalíticos, provavelmente
modulando seus pKas. A N298 interage com resíduos do sítio ativo auxiliando na
catálise (Numao et al, 2002). Provavelmente a importância desses papéis é que
faz com que esses resíduos sejam muito conservados, mesmo nas α-amilases
não dependentes de cloreto.
O papel do íon cloreto nas α-amilases não é muito claro. A presença do íon
alarga o perfil de atividade versus pH da enzima, deslocando-o para o lado
alcalino. Entretanto há organismos que tem α-amilases com pH ótimo alcalino e
que não ligam cloreto.
Aghajari et al (2002) mutaram o resíduo chave para a ligação de cloreto na
α-amilase de um microorganismo por Gln. Essa mutação levou a uma diminuição
mas não a perda da atividade, o que levou os autores a concluírem que a
presença do íon não é essencial para a atividade da enzima.
O papel proposto para o cloreto é de neutralizar carga do resíduo básico
que é seu principal ligante. Na ausência de cloreto esse resíduo (Lys ou Arg)
formaria uma ponte salina com um dos resíduos ácidos catalíticos (Numao et al,
2002). Quian et al (2005) mostraram que a substituição do resíduo básico por Gln,
como feito por Aghajari et al (2002) não leva a rotação do resíduo catalítico e
portanto não o desposiciona. Desse modo, a conclusão que é o íon Cl- não é
essencial para a atividade das α-amilases dependentes de cloreto não é correta.
1.4- α-Amilases de insetos
17
As α-amilases são em geral encontradas solúveis nos espaços endo e
ectoperitróficos. Elas também se localizam no papo e nos cecos gástricos
anteriores, quando o tubo digestório tem essas regiões. A presença da membrana
peritrófica permite um mecanismo que leva a uma circulação endo-ectoperitrófica
de enzimas digestivas, entre elas amilase, que permite que as hidrolases de
polímeros não sejam excretadas junto com o alimento (Terra e Ferreira, 1994,
2003, 2005). Por esse mecanismo, as enzimas digestivas ligam-se aos seus
substratos na região anterior do espaço endoperitrófico e continuam nesse
compartimento até que o tamanho do complexo enzima-substrato diminua e
permita sua passagem para o espaço ectoperitrófico. Enquanto o bolo alimentar
avança para as regiões posteriores do ventrículo, há um contra fluxo de fluidos no
espaço ectoperitrófico, que leva as enzimas e os nutrientes para as regiões
anteriores do ventrículo e/ou cecos gástricos e as despolimerases penetram no
espaço endoperitrófico e ligam-se novamente a seus substratos (Terra e Ferreira,
1981).
Essa reciclagem leva a remoção de oligômeros do espaço ectoperitrófico,
aumentando a eficiência da digestão, pois os oligômeros podem inibir a digestão
dos polímeros. O aumento da eficiência da digestão inicial pela remoção de
oligômeros foi confirmada utilizando-se sacos de diálise que continham o conteúdo
luminal de larvas de Spodoptera frugiperda com o polímero a ser digerido. Esses
sacos de diálise permaneciam envoltos por tampão com e sem agitação do meio
de diálise e a atividade detectada foi comparada com aquela obtida em um tubo
de ensaio que permaneceu pelo mesmo tempo nas mesmas condições . Quando
a diálise foi feita com agitação a atividade foi 210% e sem agitação 160% daquela
determinada no tubo de ensaio (Bolognesi, Terra e Ferreira, manuscrito em
preparação).
Foi mostrado que a secreção de amilase em Lepidoptera ocorre em
vesículas exocíticas comuns na região posterior e por um mecanismo secretor
peculiar, que só ocorre na região anterior do ventrículo de Lepidóptera (Jordão et
al, 1999; Bolognesi et al, 2001). Na porção anterior do ventrículo formam-se
pequenas vesículas que caminham pelo interior das microvilosidades, brotam
18
lateralmente como vesículas de membrana dupla ou fundem-se ao topo das
microvilosidades.
Utilizando um anticorpo anti-amilase de T. molitor que reage com amilase
de S. frugiperda concluiu-se que a α-amilase desse organismo é secretada em
parte ligada às membranas dessas pequenas vesículas e em parte solúvel em seu
conteúdo (Bolognesi et al, 2001).
A utilização de anti-corpos gerados contra preparação de microvilosidades
de intestino médio de S. frugiperda foram utilizados para varrer uma biblioteca de
expressão (Ferreira et al, 2007). Os clones reativos foram seqüenciados e
detectou-se a presença de três amilases semelhantes a transportadores de
aminoácidos presentes nessas membranas (Ferreira et al, 2007).
Os transportadores de aminoácidos neutros são proteínas não catalíticas
relacionadas à família das α-amilases do ponto de vista estrutural e evolutivo.
(Janecek et al, 1997; Janecek, 2002). Esses transportadores não possuem o
doador de prótons catalítico e pelo menos um dos resíduos que ligam Ca
++
. Por
outro lado, as três proteínas presentes nas microvilosidades intestinais de S.
frugiperda possuem todos os resíduos necessários à uma α-amilase ativa (Ferreira
et al, 2007). A atividade de α-amilase detectada nas membranas microvilares de
S. frugiperda e seu modo de secreção precisam ser reavaliados para verificar qual
a contribuição dessas amilases semelhantes a transportadores de aminoácidos.
Essas amilases são portanto diferentes de tudo o que já foi descrito até o
momento, pois tem a estrutura dos transportadores que pertencem à família 13,
mas com os aminoácidos catalíticos. Esses resultados indicam que a enzima de
Spodoptera pode ser um intermediário na evolução das proteínas pertencentes à
família 13.
As α-amilases de insetos tem massas moleculares na faixa de 48-60 kDa,
pI entre 3,5 e 4,0 e valores de Km para amido solúvel ao redor de 0,1%. O seu pH
ótimo normalmente corresponde ao encontrado no tubo digestório do inseto de
onde ela foi isolada. Todas elas são dependentes de Ca
++
e a maioria é ativada
por cloreto (Terra e Ferreira, 1994, 2005). A única α-amilase de insetos cuja
estrutura tridimensional já foi analisada é a do Coleoptera T. molitor, que possui
19
todos os resíduos responsáveis pela catálise e ligação de Ca
++
e Cl
-
. A maior
diferença entre essa enzima e a enzima de mamíferos é a presença de alças
adicionais na vizinhança do sítio ativo nas enzimas de mamíferos (Strobl et al,
1998). A maioria das amilases ativadas por cloreto possuem Arg no resíduo
variável (ver item 1.3). As amilases de Lepidoptera possuem Gln nessa posição o
que faz com que não sejam afetadas por esse ânion (www.cazy.org
).
As poucas α- amilases presentes em outras ordens e que são descritas
como independentes de cloreto precisam ser revistas (Terra e Ferreira, 1994). É
possível que outro ânion esteja substituindo o cloreto como ativador, como
mostrado para algumas amilases de Hemiptera (Hori, 1972).
O grau de ataque múltiplo foi determinado em poucas amilases de insetos.
A enzima de Rhynchosciara americana tem um grau de ataque múltiplo
intermediário entre o da amilase de Bacillus subtilis (1,7) e o da pancreática de
porco (6). Amilases de larvas e adultos de Sitophilus zeamais, Sitophilus granarius
e Sitophilus oryzae e a larva de Bombyx mori tem padrões de ação similares aos
da amilase pancreática de porco (Terra e Ferreira, 2005).
1.5- Inibidores de α-amilases
Para se defenderem dos herbívoros, os vegetais produzem várias
substâncias. Elas podem ser metabólitos secundários ou peptídeos e atuam nas
mais diversas reações metabólicas e vias de sinalização vitais. Entre essas estão
os inibidores de enzimas digestivas (como as α-amilases) que são, na sua
maioria, protéicos. Como, para muitos insetos, a captação de glicose proveniente
do amido é essencial para o seu desenvolvimento, inibidores de α-amilase são
muito comuns em vegetais. São exemplos de vegetais que contém esses
inibidores o feijão comum (Phaseolus vulgaris) e o trigo (Triticim aestivum ) (Hilder
e Boulter, 1999; Carlini e Grossi-de-Sá, 2002).
Inibidores protéicos de plantas atuam de diferentes maneiras. Dados
cristalográficos e ensaios de inibição mostraram que os inibidores de α-amilase
sempre se associam ao sitio ativo da enzima e apresentam diferentes
especificidades (Terra e Ferreira, 2005).
20
Há 6 classes de inibidores protéicos de α-amilases que são produzidos por
vegetais. Eles são agrupados segundo sua estrutura terciária. São eles: 1) Os
inibidores semelhantes as lectinas, isolados de feijões. São os melhores descritos
e atuam sobre mamíferos, insetos e patógenos. 2) As proteínas que tem um
dobramento de "knottin", onde pelo menos 3 pontes dissulfeto estão presentes.
São os menores inibidores de α-amilases conhecidos e são muito semelhantes a
proteínas presentes em toxinas de cobras e aranhas. 3) Os inibidores produzidos
por cereais. 4) Os inibidores do tipo Kunitz. 5) Os inibidores semelhantes a
taumatina, que atuam sobre insetos mas não sobre mamíferos e 6) Os inibidores
semelhantes a γ-purotioninas, que atuam principalmente sobre insetos (Ver Franco
et al, 2002; Svensson et al, 2004).
O estudo dos inibidores protéicos é interessante pois existe a possibilidade
de se introduzir os genes codificantes deles no genoma de cultivares predados por
pragas suscetíveis aos inibidores, tornando assim a planta resistente, ou menos
nutritiva ao inseto (Carlini e Grossi-de-Sá, 2002).
Diferentes inibidores afetam em variadas intensidades as amilases de um
mesmo inseto. Por sua vez, as amilases presentes em diferentes insetos são
afetadas em graus variados por um mesmo inibidor (Warchalewski et al, 2002).
A interação de α-amilases de insetos com inibidores produzidos por
vegetais tem sido estudada em detalhe somente em Coleoptera (ver Franco et al,
2000, 2002).
Muitos inibidores de α-amilases não agem sobre as enzimas de Lepidoptera
porque o pH vigente em seu tubo digestório é muito alcalino (Terra e Ferreira,
2005). Inibidores bem conhecidos, como aqueles presentes no feijão, não se ligam
à enzima em pHs elevados (Kluh et al, 2005).
Assim, os inibidores de feijão αAI1 e αAI2, entre outros, não inibem
amilases de Lepidoptera (Kluh et al, 2005), enquanto em trigo foram encontrados
inibidores eficazes para α-amilases desses insetos (Markwick et al, 1996).
No trigo, três diferentes inibidores de α-amilases são encontrados. Eles são
geralmente classificados pelo número de subunidades que os compõe
(monomérica, dimérica e tetramérica). Já foi observado na literatura que esses
21
inibidores têm diferentes especificidades para as α-amilases de insetos e que
diferentes lepidópteros têm sensibilidade variada a cada um desses inibidores
(Gutierrez et al, 1993).
Embora muitos trabalhos tenham estudado a interação inseto-planta, o
conhecimento existente sobre ela é ainda incipiente. Quanto mais ela for
conhecida, mais fácil será o desenvolvimento de métodos efetivos de controle
para combater insetos praga com produtos naturais, desenvolvendo novas
variedades de plantas com defesas químicas aumentadas.
Os mecanismos fisiológicos (e moleculares) que permitem que alguns
insetos consigam se alimentar de dietas contendo inibidores de α-amilases
efetivos contra suas enzimas é outro aspecto ainda pouco estudado. Já foram
observados casos onde o inseto é capaz de secretar uma enzima resistente ao
inibidor presente na dieta (Silva et al, 2001). Também já foram observados casos
onde ocorre a super expressão das α-amilases, quando inibidores para elas são
adicionados na dieta (Markwick et al, 1998). Porém quais os mecanismos que
controlam a expressão diferencial das α-amilases ainda não é conhecido.
Análise do transcriptoma da cana-de-açúcar mostrou que há inibidores de
amilase que são expressos na folha e no colmo (Falco et al, 2001), onde se
desenvolvem as larvas de Diatraea saccharalis (ver 1.6). Não se sabe se os
inibidores não afetam esse inseto ou se ele desenvolveu alguma proteção que
permite que ele continue ingerindo esse alimento.
1.6- Diatraea saccharalis
D. saccharalis é a principal praga da cana-de-açúcar. As lagartas
alimentam-se inicialmente do parênquima das folhas, depois de sua bainha e
então penetram no colmo pela gema. As larvas causam prejuízo direto pela
abertura de galerias, que leva a perda de peso e morte das gemas. Os prejuízos
indiretos são ainda maiores, uma vez que pelos orifícios abertos penetram fungos
que danificam a planta.
As infestações por D. saccharalis diminuem muito utilizando-se parasitóides
dessas larvas, que pertencem a ordem Díptera e Himenóptera (Gallo et al, 1988).
22
Como a industria da cana envolve uma grande quantidade de dinheiro, qualquer
pequeno decréscimo no ataque feito à planta representa um grande lucro.
1.7- Objetivos desse trabalho
As larvas de Diatraea saccharalis tem grande importância econômica. Elas
apresentam em seu intestino várias amilases, embora alimentem-se do colmo da
cana, que aparentemente expressa inibidores para esses enzimas.
Seria interessante verificar porque há expressão de mais de uma amilase.
Elas podem ter especificidades diferentes preferindo cadeias mais longas ou
oligossacarídeos menores. A presença de várias amilases pode também ocorrer
por apresentarem respostas diferentes aos inibidores vegetais.
Nosso objetivo nesse trabalho é obter a seqüência das α-amilases
intestinais de D. saccharalis, conseguir formas recombinantes ativas e iniciar a sua
caracterização.
23
2- Materiais e métodos
2.1- Criação de animais
Inicialmente os animais estudados eram provenientes do laboratório do
prof. J.R.P. Parra (ESALQ-USP). Alguns indivíduos foram trazidos para São Paulo
e mantidos em ambiente climatizado (temperatura média de 25 ºC, umidade do ar
ambiente e fotoperíodo de 11 horas claro/13 escuro) para iniciar uma cultura. As
larvas são mantidas em dieta descrita por Parra e Mishfeldt, 1992.
A fim de observar a indução da expressão de amilases algumas larvas foram
mantidas em dietas variadas: dieta padrão contendo 1% de amido solúvel (m/v),
dieta padrão com 2,5% de amido e dieta com 50% da sacarose padrão mais 2,5%
de amido.
2.2- Dissecção de animais
Os animais foram anestesiados em gelo. O intestino médio foi retirado, e o
epitélio separado da membrana peritrófica (com o conteúdo). O procedimento foi
realizado usando uma solução de NaCl 125 mM. Esses materiais foram
congelados a –20 ºC até o uso. O material contendo membrana peritrófica mais
conteúdo foi homogeneizado em água MilliQ gelada ou em tampão MES 20 mM
pH 6.0, com o auxilio de um homogeneizador tipo Potter-Elvejhm e centrifugado a
9.000 g por dez minutos a 4 ºC. O sobrenadante foi filtrado em lã de vidro e
centrifugado a 20.000 g por 30 minutos. O sobrenadante foi recolhido e teve o
volume final elevado com água MilliQ, de forma a se obter uma concentração de
20 animais por mL. Esse material foi acrescido de PMSF para uma concentração
final de 1mM e mantidos a –20 ºC até o uso. Nos experimentos com as diferentes
dietas foram usados 20 animais em cada uma delas.
2.3- Determinação do pH do lúmen intestinal de D. saccharalis
O pH do lúmen intestinal de D. saccharalis foi medido a partir do conteúdo
do intestino médio do animal dividido em três porções de tamanhos iguais:
anterior, média e posterior. O material foi diluído em 100 µL de indicador de pH
24
universal Merk (pH 4,0 a 10,0), a coloração resultante foi comparada com escala
colorida e o resultado determinado visualmente. Foram utilizados 10 animais.
2.4- Meios de cultura para crescimento de bactéria e tampões usados nas
técnicas de biologia molecular
Os meios de cultura para o crescimento de células e os tampões utilizados
nas técnicas de biologia molecular foram preparados como descritos por
Sambrook et al. (1989) ou de acordo com o manual para “Pichia Expression Kit”
(Invitrogen).
2.5- Desenho de iniciador degenerado específico para amilases de insetos
Foram selecionadas seqüências de nucleotídeos codificantes de α-amilases
de outros insetos, depositadas em bancos de dados. Para isso foi feita uma
consulta ao "National Center for Biotechnology Information"
(http://www.ncbi.nlm.nih.gov). Foi realizado um alinhamento múltiplo, usando o
programa Clustal X (1.64b) na sua condição padrão.
O iniciador específico para α-amilases de insetos foi desenhado a partir de
região conservada nessas seqüências (figura 4).
A1- TGG TGG GAR MGS TAY CAR CC
2.6- Desenho de iniciadores específicos para amplificação do cDNA
completo das α-amilases de D. saccharalis
Para amplificação dos cDNAs completos foram desenhados iniciadores
baseados na região não codificante dos fragmentos (após o stop códon), região
não conservada entre elas, sendo eles específicos para cada uma das α-amilases
clonadas (figura 5).
A2- 5' GGT CTT GAT TCC TCA AAT TC 3'
A3- 5' ATA TGC GAA TAC ATT TAT TC 3'
A4- 5' CAG CCA ATT TGA ACA GGA TC 3'
25
2.7- Desenho de iniciadores de expressão
Três α-amilases de D. saccharalis partir de uma biblioteca de cDNA do
intestino médio do inseto e tiveram suas seqüências depositadas em bancos de
dados. São elas: DSA1 (AY330289), DSA2 (AY333762) e DSA3 (AY333761).
Foram identificadas em colaboração do Dr. Márcio de Castro Silva Filho da
ESALQ-USP duas seqüências possivelmente codificantes de inibidores de α-
amilases na cana-de-açúcar. Essas seqüências foram provenientes do Projeto
Genoma Cana, e foram denominadas IC1 (SCEPSD2071B03.g) e IC2
(SCCCCL6C03G01.g). Os clones contendo os cDNAs codificantes para essas
seqüências foram adquiridas do Brazilian Clone Collection center (Jaboticabal).
Visando a expressão dessas seqüências, foram desenhados cinco pares de
iniciadores, específicos para cada um dos cDNAs, sendo um iniciador para cada
uma das extremidades. Neles foram introduzidas seqüências especificas das
extremidades, sítios de ligação para enzimas de restrição e os prolongamentos
indicados pelo fabricante das enzimas (New England Biolabs). Quando a enzima
de restrição era a Xho I, uma porção do vetor de expressão era perdida, sendo
esta também inserida no iniciador para manter a integridade do vetor após a
construção.
Os iniciadores construídos foram:
Para a extremidade 3´de DSA1 e DSA2: 5´ CCG CTC GAG AAA AGA GAG GCT TAC
AAG AAT CCC CAC TAT GCA C 3´
Para a extremidade 5´de DSA1: 5´ ATA AGA ATG CGG CCG CTT ACA GTC TTG
ACT GAT CAC C 3´
Para a extremidade 5´de DSA2: 5´ ATA AGA ATG CGG CCG CTT AAA GAC GAC
TCT CAG TTC C 3´
Para a extremidade 3´de DSA3: 5´ GGA ATT CTA CAA AAATCC CCA CTA TGC AC
Para a extremidade 5´de DSA3: 5´ ATA AGA ATG CGG CCG CTT ACA ACC TCG
ACT CAT CAC C 3´
Para a extremidade 3´de IC1: 5´ GGA ATT CAG GAC TAA CTG GTG CGA GCC AG
26
Para a extremidade 5´de IC1: 5´ ATA AGA ATG CGG CCG CTT AAT CGG TTG TTG
TTT GTT C 3´
Para a extremidade 3´de IC2: 5´ CCG CTC GAG AAA AGA GAG GCT GCA GCG
CTG CCG GTG TAC GAC 3´
Para a extremidade 5´de IC2: 5´ GGA ATT CTT ACA GAA GCA CCG CTT CCG G 3´
2.8- Reação em cadeia com DNA polimerase em termociclador (PCR)
As reações de PCR foram realizadas em tampão Tris-HCl 10 mM pH 8,4
contendo KCl 50 mM, gelatina 0,01 % (p/v), Triton X-100 0,1 % (p/v), MgCl
2
1,5
mM e dNTP 0,2 mM. Os iniciadores foram usados em uma concentração final de 1
µM juntamente com 5 U de Taq DNA Polimerase. As reações foram realizadas em
um termociclador 9700 (Applied Biosystems). A reação é iniciada por um
aquecimento por 2 minutos a 94 ºC, seguida de trinta ciclos de 94 ºC por 45
segundos, 57 ºC por 30 segundos e 72 ºC por 90 segundos, e concluída com 10
minutos a 72 ºC para finalizar o alongamento das fitas amplificadas. Como DNA
molde foram usados biblioteca de cDNA de D. saccharalis, plasmídeos purificados
onde o cDNA de interesse estava clonado, ou então a partir de colônias de
bactérias transformadas com o plasmídeo contendo o fragmento de DNA de
interesse. Quando a biblioteca ou colônias eram usadas para a reação havia
primeiro uma incubação de 10 minutos a 94 ºC para promover a lise dos fagos ou
das bactérias.
Quando foi utilizado o iniciador degenerado A1, foram usadas temperaturas
variadas (45 à 55ºC) para anelamento, buscando o produto mais específico. A1 foi
usado em conjunto com um dos iniciadores T3 (5´ ATT AAC CCT CAC TAA AGG
GA 3´) e T7 (5´ TAA TAC GAC TCA CTA TAG GG 3´) que anelam nos braços do
fago vetor da biblioteca nas vizinhanças do sítio múltiplo de clonagem.
Para a realização dos PCRs para clonagem do cDNA completo das amilases
foram usados os iniciadores T3 e T7 e um dos iniciadores específicos (A2, A3 e
A4).
Nos PCRs para clonagem em vetor de expressão o inserto de interesse for
amplificado usando os pares de primers específicos para cada um, descritos na
27
sessão 2.5.
2.9- Eletroforese em gel de agarose para DNA
Os fragmentos de DNA derivados da amplificação por PCR ou da digestão de
plasmídeos com enzimas de restrição foram analisados em eletroforeses em gel
de agarose. Os géis foram preparados na concentração final de 1 % (p/v) de
agarose em tampão TAE (Tris-Acetato 8 mM, EDTA 0,4 mM, pH 8,5) e as
amostras de DNA eram resolvidas em uma diferença de potencial de 80-100 V.
Ao material a ser separado por eletroforese foi adicionado um tampão de amostra
(0,1 volumes da amostra) contendo azul de bromofenol. Este último era usado
para monitorar a migração da amostra e determinar o encerramento da
eletroforese. Após a eletroforese, o DNA era evidenciado utilizando-se brometo de
etídio (0,5 mg/mL) e visualizado em transiluminador de luz UV (312 nm).
2.10- Purificação de DNA do gel de agarose
Os fragmentos de DNA foram recuperados diretamente dos géis de agarose
usando um protocolo de extração QIAEX II (Quiagen), o qual baseia-se na
dissolução da agarose em um tampão de alta força iônica e ligação do DNA a uma
resina de troca iônica. O DNA era eluído da resina de troca iônica usando 10 µL
de água Milli-Q autoclavada, com pH previamente acertado para 7,0-8,0.
2.11- Dupla digestão de DNA usando enzimas de restrição
As seqüências dos cDNAs a serem clonados foram analisadas usando o programa
Webcutter 2.0 (http://rna.lundberg.gu.se/cutter2), permitindo a escolha de duas
enzimas de restrição que agissem no sítio de clonagem do vetor, mas que não
teriam ação nos cDNAs clonados.
A seqüência de nucleotídeos reconhecida pela enzima escolhida foi
adicionada no iniciador específico, antes da região seqüência específica. Isso
possibilita conseguir um cDNA contendo esses sítios de restrição nas duas
pontas, e após digestão torná-la coesiva com o sítio de clonagem do vetor
28
digerido. Os produtos de PCR purificados de gel de agarose, e o plasmídeo pPIC9
sofreram digestão por duas enzimas de restrição simultaneamente.
Os produtos de PCR resultantes da amplificação dos cDNAs codificantes
para DSA1 e DSA2, assim como 8 µg de pPIC9 foram digeridos com 10 U das
enzimas de restrição XhoI e NotI em tampão 3 contendo BSA (enzimas e tampão
fornecidos pela New England BioLabs).
Os produtos de PCR resultantes da amplificação dos cDNAs codificantes
para DSA3 e IC1, assim como 8 µg de pPIC9 foram digeridos com 10 U das
enzimas de restrição EcoRI e NotI em tampão para EcoRI contendo BSA ( New
England BioLabs).
O produto de PCR resultante da amplificação do cDNA codificante para IC2,
assim como 4 µg de pPIC9 foram digeridos com 10 U das enzimas de restrição
XhoI e EcoRI em tampão para EcoRI contendo BSA (New England BioLabs).
Todas as digestões foram realizadas por 16 horas a 37 ºC. Os produtos de
digestão foram então resolvidos em gel de agarose 1 % (p/v) e purificados do gel
como descrito anteriormente.
2.12- Ligação de fragmentos de DNA a plasmídeos vetores
Para clonagem de fragmentos de DNA obtidos de amplificações por PCR,
sem fazer uso de extremidades coesivas, foi utilizado o Kit de ligação pGenT-Easy
vector Sistem I (Promega). Nesse foi usada uma mistura que consistia em 1 µl de
T4 DNA ligase, 1 µg de plasmídeo, o produto de PCR purificado e tampão
apropriado. Essa mistura foi encubada por 16 h a 4 ºC. O produto de ligação foi
usado para transformar bactérias competentes.
Para ligação de fragmentos de DNA obtidos por dupla digestão com enzima
de restrição, 4 ug de pPic9 e os fragmentos codificantes das proteínas a serem
expressas, todos contendo extremidades coesivas, pois sofreram uma dupla
digestão com as mesmas enzimas de restrição, foram ligados usando a enzima T4
DNA ligase (New England BioLabs). Foi montada uma reação contendo uma
proporção de plasmídeos: inserto de 1:1. A mistura de reação continha 200 U de
T4 DNA ligase em tampão fornecido pela New England BioLabs juntamente com a
29
enzima. Essa mistura foi incubada por 16h a 37 ºC. O produto de ligação foi usado
para transformar bactérias competentes.
2.13- Preparação de bactérias competentes
Uma colônia isolada da Escherichia coli da linhagem Xl1-Blue MRF' foi
crescida em LB-Líquido durante 16h, a 37 ºC sob agitação de 250 rpm. Em
seguida 400 mL de LB líquido eram inoculados em 4 mL desta cultura inicial e
mantidos nas mesmas condições anteriores de crescimento até que atingisse uma
DO à 600nm de até 0,375. As células eram então transferidas para tubos de
centrífuga previamente resfriados e mantidos no gelo por 10 minutos. Em seguida,
eram precipitadas por centrifugação (1.600x g; 7 minutos; temperatura ambiente).
O sobrenadante foi descartado e o precipitado contendo as células era
ressuspendido em 10 mL de solução previamente autoclavada de CaCl
2
60mM em
tampão PIPES 10 mM, pH 7,0 e contendo glicerol 15% (v/v). Esse material era
novamente precipitado por centrifugação (1.000x g; 5 minutos; temperatura
ambiente), o precipitado ressuspendido em solução CaCl
2
descrita anteriormente
e mantido no gelo por 30 minutos. Após essa incubação realizava-se uma nova
centrifugação (1.000x g; 5 minutos; temperatura ambiente), as células eram
ressuspendidas em 2 mL de solução CaCl
2
, aliquotadas e mantidas a -80 ºC.
Essas alíquotas continham células prontas para transformação
2.14- Transformação de bactérias competentes
Para a transformação de bactérias foi usada linhagem XL1-blue MRF' de
Escherichia coli competente. Foi adicionado 30 µL de células competentes a um
volume de 10 µL do meio de reação de ligação descrito acima. Essa mistura foi
mantida em gelo por 30 minutos e, em seguida, as células foram submetidas a um
choque térmico a 42 ºC por 2 minutos e retornavam ao gelo por mais 3 minutos.
Adicionou-se então 200 µL de LB-líquido e as células foram mantidas a 37 ºC por
1 h para a recuperação de sua parede celular e expressão do gene de resistência
a ampicilina. Em seguida, 100 µL da mistura de células transformadas eram
adicionados em placas de 100 mm de diâmetro contendo LB-ágar mais ampicilina
30
(50 mg/mL). As células foram espalhadas nas placas com auxílio de uma alça de
Drigalski e mantidas a 37 ºC durante 16 h.
2.15- Preparação de plasmídeos a partir de cultura de bactérias
As preparações em grande escala de plasmídeos eram feitas a partir de
100 mL de cultura, usando o protocolo Plasmid Midi Kit (QIAGEN). O rendimento e
a pureza das amostras de plasmídeos eram avaliados através de determinação da
absorbância a 260 nm e 280 nm.
As preparações em pequena escala de plasmídeos foram preparados a
partir de 3 mL de cultura de bactérias, crescidas em meio líquido, seguindo o
protocolo "Wizard Miniprep" (Promega).
2.16- Reação de seqüenciamento de DNA
O seqüenciamento de DNA foi feito usando o procedimento baseado no
método de interrupção da reação de polimerização do DNA com o uso de
didesoxiribonucleotídeos (Sanger et al., 1977).
Os iniciadores usados para o seqüenciamento das construções em
plasmídeos pGenT foram SP6 (5´ ATT TAG GTG ACA CTA TAG 3´) para um dos
braços do plasmídeo e pGen (5´ AAC GAC GGC CAG TGA ATT G 3´) ou T7 para
o outro. Para sequenciar a porção central dos cDNAs das amilases clonadas, foi
desenhado durante o processo de clonagem, um iniciador (A5) complementar a
uma região interna das sequencias, cuja seqüência é 5´ GTG GGC CAG CTT
CAG 3´.
No seqüenciamento dos plasmídeos pPIC9 com inserto, foram usados os
iniciadores 3´AOX1 e 5´AOX1, conforme indicado no manual “Pichia Expression
Kit” (Invitrogen) e mais A5 para a porção central dos insertos. A reação de
seqüenciamento foi realizada em uma mistura de reação contendo: 1 µL de
preparação de plasmídeo; 3 µL de iniciador na concentração de 3,2 µM; 2 µL de
"Terminator Ready Reaction Mix" versão 3 (Applied Biosystems); 3 µL de tampão
Tris-HCl 200 mM, pH 9,0; e 5 mM MgCl
2
para um volume final de 15 µL As
reações foram realizadas em termociclador em um método de 35 ciclos de
31
incubações seqüenciais de: 45 segundos a 96 ºC, 30 segundos a 50 ºC e 4
minutos a 60 ºC.
Após reação de seqüenciamento, os produtos gerados foram precipitados
adicionando-se 25 µL de acetado de sódio 110 mM, pH 5,2 e contendo 37 µg/mL
de glicogênio em etanol 92 % (v/v). A solução foi agitada e mantida no gelo por 15
minutos. Em seguida o material foi centrifugado (2.000 x g, 30 minutos,
temperatura ambiente). O sobrenadante foi descartado e o precipitado lavado com
etanol 70 % (v/v) gelado. A centrifugação foi repetida (como anterior) e o
sobrenadante descartado. O precipitado foi seco colocando o tubo em placa
aquecida a 90 ºC por 1 minuto. As amostras eram então ressuspensas em 10 µL
de formamida “High dye” (Applied Biosystems). As amostras ressuspensas foram
submetidas ao seqüenciamento no aparelho 3100 Genetic Analyzer (Applied
Biosystems). Nessa técnica de seqüenciamento automático cada um dos quatro
didesoxiribonucleotídeos usados apresentavam-se ligados a grupos fluorescentes
distintos, o que facilita a detecção dos produtos da reação de seqüenciamento na
separação por eletroforese capilar.
2.17- Análise e montagem das seqüências
Os cromatogramas obtidos do seqüenciamento dos diversos clones foram
processados automaticamente para definir a qualidade das bases seqüenciadas,
remover as de baixa qualidade e o vetor. As seqüências de alta qualidade foram
montadas usando o algorítimo Phred-Phrap
(www.phrap.org/phredphrapconsed.html
) (Edwin et al, 1998; Edwin e Green,1998).
Essa montagem consistiu basicamente no alinhamento de seqüências por
similaridade. Alinhamentos só eram considerados se esses tivessem uma
sobreposição de pelo menos 40 bases e uma identidade de pelo menos 95%. Dos
alinhamentos de seqüências era então definida uma seqüência consenso
(somatória de todas as seqüências presentes em um alinhamento) denominada de
cluster. As seqüências resultantes eram comparadas com as depositadas em
bancos de dados, e a porção do plasmídeo próxima ao inserto era comparada
32
com a seqüência encontrada no manual, para assegurar a integridade das
construções realizadas.
2.18- Comparação das seqüências e montagem de um cladrogama
As seqüências obtidas nesse trabalho foram comparadas com outras
presentes em banco de dados. Para isso, elas foram traduzidas usando o
programa do expasy tools (www.expasy.org/tools/dna.html
) e em seguida utilizou-
se o programa Blastp (www.ncbi.nlm.nih.gov
), nas condições do programa. Com
esse procedimento podemos determinar as % de identidade e similaridade entre
as seqüências.
Para a obtenção do cladrogama foi utilizado o progama Mega 4
(www.megasoftware.net
) (Tamura et al, 2007) e a montagem foi feita por “neighbor
joining”.
2.19- Digestão do plasmídeo
pGenT usando a enzima de restrição EcoRI
Amostras (1 µL da preparação de plasmídeos) foram digeridas com EcoRI
(Promega) usando o tampão e o número de unidades indicadas pelo fabricante. A
mistura de reação era incubada a 1 h a 37 ºC e os produtos separados em gel de
agarose 1 % (p/v).
2.20- Digestão dos vetores de expressão com Sac I
Os plasmídeos pPIC9 contendo os insertos de interesse (aproximadamente
20 µg) foram digeridos com 20 U de enzimas de restrição Sac I em tampão 1
contendo BSA (New England BioLabs). A digestão foi realizada por 16 horas a 37
ºC. Em seguida foram adicionados mais 20 U de enzima de restrição e a mistura
incubada por mais 2 horas a 37 ºC. O produto de digestão foi purificado usando o
“QIAquick PCR Purification Kit (250) (Quiagen)”. O Plasmídeo linearizado foi
eluído em 10 µL de tampão TE. O produto de digestão purificado foi usado no
protocolo de transformação de Pichia pastoris.
33
2.21- Transformação e expressão de proteínas recombinantes em Pichia
pastoris
A transformação e expressão de proteínas recombinantes em P. pastoris foi
feita de acordo com o manual: “Pichia Expression Kit” (Invitrogen). Para a
expressão de proteínas recombinantes foi usada a linhagem GS115 de P.
pastoris. A transformação foi feita com auxílio de eletroporador Gene Pulser (Bio
Rad) usando aproximadamente 20 µg de plasmídeo pPic-9 linearizado com a
enzima de restrição Sac I. Foram usados plasmídeos contendo os cDNAs das três
diferentes α-amilases clonadas de D. saccharalis e dos dois clones de inibidores
da cana-de-açúcar.
Os cDNAs foram clonados ligando os sítios de restrição presentes nos
iniciadores de expressão específicos, com os encontrados no plasmídeo pPic-9,
em fase de leitura com o peptídeo de secreção do fator α, gerando leveduras
transformadas que secretam a proteína codificada pelo inserto no meio, quando
induzidas.
As colônias transformadas foram plaqueadas em meio mínimo sólido MD-
ágar. As placas foram incubadas por 72 horas a 28 ºC. Somente colônias
transformadas se desenvolvem nesse meio, carente em aminoácidos essenciais,
pois o plasmídeo pPIC9 usado na transformação codifica as enzimas
responsáveis pela síntese de histidina (aminoácido que a levedura não
transformada é incapaz de sintetizar).
Noventa e seis colônias de cada transformação foram repicadas para
placas YPD-ágar contendo o antibiótico geneticina na concentração de 1 mg/mL.
Essas placas eram quadriculadas e numeradas, de forma a identificar as colônias
transformadas. Elas foram então incubadas por 48 horas a 30 ºC. As colônias que
cresceram nessa condição foram replaqueadas em uma placa YPD-ágar contendo
geneticina em uma maior concentração (2 mg/mL). Esse procedimento foi repetido
até atingir a concentração de 4 mg/mL.
As colônias expressando a proteína de interesse foram selecionadas
através de protocolos de mini-expressão. Nesse, 10 tubos contendo 20 mL de
meio líquido YPD foram inoculados com diferentes colônias transformadas com
34
pPic-9 contendo o fragmento de cDNA de interesse escolhidas ao acaso dentre os
selecionados na maior concentração de antibiótico. Isso foi repetido para cada um
dos cDNAs. O meio foi então incubado por cerca de 24 horas a 28 ºC sob agitação
em agitador orbital.
Após as células terem crescido (DO
600
em cerca de 1.0), o meio de cultura
foi centrifugado (1.900 x g, a temperatura ambiente). O precipitado foi
ressuspenso em água Milli-Q autoclavada e novamente centrifugado (como
anteriormente). Esse último passo foi repetido por mais uma vez. Finalmente, as
células precipitadas foram ressuspensas em 20 mL de meio líquido BMMY , foram
adicionados 200 µL de metanol 100% (v/v) e colocadas a 28 ºC sob agitação em
agitador orbital. A cada 12 horas foram adicionados mais 200 µL de metanol 100%
(v/v). Nesse mesmo período, a cada 24h foram retiradas alíquotas de 1 mL de
meio. Essas alíquotas foram centrifugadas (8.000 x g, a 4 ºC, por 5 minutos) e o
sobrenadante (contendo azida 0,02%) usado para analisar a expressão da
proteína de interesse. A indução foi acompanhada por 120 horas.
Depois de selecionada a colônia de P. pastoris expressando em maior
quantidade a proteína de interesse, foi realizado protocolo de maxi-expressão, em
meio rico (BMMY) e meio mínimo (BMM). Inicialmente foram inoculados 20 mL de
meio líquido YPD. Esse meio foi incubado a 28 ºC sob agitação até alcançar uma
DO
600
de 1.0-2.0. Esse meio foi usado para inocular mais 1 L de meio líquido YPD
que, por sua vez, foi incubado por cerca de 16 horas a 28 ºC sob agitação. Após
incubação, o meio de cultura foi centrifugado (8.000 x g, a 4 ºC, por 5 minutos). O
precipitado foi ressuspenso em água Milli-Q autoclavada e novamente
centrifugado (como anterior). Esse passo foi repetido mais uma vez. Finalmente o
precipitado foi ressuspenso em 1 L de BMMY, adicionados 10 mL de metanol
100% (v/v) e colocado para crescer a 28 ºC sob agitação. A cada 12 horas eram
adicionados mais 10 mL de metanol 100% (v/v). Nesse mesmo período, a cada
24h foram retiradas alíquotas de 1 mL de meio. Essas alíquotas foram
centrifugadas (8.000 x g, a 4 ºC, por 5 minutos) e o sobrenadante (após adição de
azida para uma concentração de 0,02%) usado para analisar a qualidade da
expressão da proteína de interesse. Depois de 96 horas de indução, o meio de
35
cultura foi centrifugado (8.000 x g, a 4 ºC, por 5 minutos) e o sobrenadante usado
como fonte de proteína recombinante. Esse protocolo foi repetido usando como
meio indutor o BMM. Ambos os meios foram testados nos pHs 6,0, 7,0 e 8,0. Os
materiais resultantes foram mantidos a –20 ºC até o uso.
2.22- Desenho de iniciadores específicos para PCR quantitativo
As seqüências das três α-amilases foram alinhadas usando o programa
ClustalX 1.83 (Thompson, 1997). As regiões escolhidas foram usadas no desenho
de iniciadores que tiveram sua seqüência analisada no programa GeneRunner
3.05 (Lowe,1994) para confirmar a qualidade do iniciador e sua T
m
.
2.23- Desenho de iniciadores para clonagem de genes constitutivamente
expressos
Foram buscadas seqüências depositas em bancos de dados, de genes
escolhidos como possíveis normalizadores na reação de PCR quantitativo.
Aquelas pertencentes aos organismos mais próximos à Diatraea saccharalis foram
alinhadas no programa ClustalX. Foram escolhidas regiões conservadas a uma
distância de até 1500 bases da extremidade 3´. Essas foram usadas na
construção de iniciadores degenerados cuja qualidade e T
m
foram analisadas no
programa GeneRunner (Hastings Software, Inc.).
2.24- Amplificação dos cDNAs dos genes constitutivos
A biblioteca de cDNA de D. saccharalis foi amplificada utilizando os
iniciadores desenhados e T7. A reação de PCR foi realizada utilizando as
condições padrões sugeridas no manual da enzima Taq DNApolimerase. Para
cada iniciador foi realizado um gradiente de temperaturas de anelamento, de 47
até 58 ºC.
2.25- Determinação da concentração de proteínas
36
A determinação da concentração de proteína presente na amostra foi feita
usando o método descrito por Bradford (1976), com uma curva padrão de
albumina de ovo.
2.26- Diálises
As diálises foram feitas para eliminar o sal presente nas amostras ou para
alterar o tampão do meio. Essas foram feitas contra 200 volumes de água Milli-Q
ou tampão apropriado por três horas, sendo realizadas três trocas da água ou
tampão do banho. A membrana utilizada tinha o limite de exclusão de 12.000 Da.
2.27- Eletroforese em gel de poliacrilamida para separação de proteínas em
condições desnaturantes (SDS-PAGE)
As amostras a serem separadas eletroforeticamente, tiveram o sal retirado,
foram liofilizadas em Speed Vac, ressuspensas em 40 µL de tampão de amostra
(Tris-HCl 62,5 mM, pH 6,8; SDS 2 % p/v; 2-β-mercaptoetanol 0,36 M; glicerol 10 %
v/v; azul de bromofenol 0.0025 % p/v) e, finalmente, mantidas por 3 min em banho
em ebulição.
A eletroforese foi realizada em placa fina de poliacrilamida na presença de
SDS utilizando-se o sistema descontínuo de tampões descrito por Laemmli (1970).
Foram usados géis de corrida na concentração de poliacrilamida de 12% e o gel
de empilhamento na concentração de 4 %, ambos contendo SDS 0,1 %. A
eletroforese foi realizada em voltagem constante de 200 V à temperatura
ambiente. A eletroforese era terminada quando o azul de bromofenol, utilizado
como marcador de frente, estivesse na borda inferior da placa.
2.28- Detecção de proteína nos géis
O gel a ser corado foi fixado em solução contendo metanol 50 % (v/v), ácido
acético 12 % (v/v) e formaldeído 0,025 % (v/v) e submetidos ao método de
coloração desenvolvido por Blum et al. (1987).
2.29- Cromatografia de filtração em gel
37
A fim de trocar o tampão onde se encontrava a proteína induzida, foi
realizada uma cromatografia de filtração em gel, sendo o meio rico proveniente da
indução de IC1 utilizado como amostra.
A cromatografia foi realizada manualmente, com o uso de seringas. Foi
usada uma coluna HighTrap Dessalting e tampão CAPS 100mM pH 9,5 ou PIPES
100mM pH7,0. Inicialmente, a coluna foi equilibrada com 10 mL de tampão. Em
seguida, 1,5 mL de amostra foi aplicada. Por fim foram aplicados mais 10 mL de
tampão, para eluição, onde foram coletados os dois primeiros mililitros.
2.30- Cromatografia de troca iônica em baixa pressão
A cromatografia foi realizada em sistema AKTA (Pharmacia) à temperatura
ambiente em tampão CAPS 20 mM, pH 10,5. Foi utilizada a coluna HighTrap Q
(Amersham Biociences) de 5 mL de volume. A coluna foi inicialmente equilibrada
com tampão em quantidade igual a 5 volumes da coluna.
Após a aplicação da amostra no mesmo tampão, o material foi eluído com
um gradiente de concentrações crescentes de NaCl. Primeiramente, a coluna foi
lavada com 20 mL de tampão inicial, sendo retiradas proteínas que não se ligaram
à resina. Em seguida, o material retido foi eluído em um gradiente de 100 mL de 0
a 1 M de NaCl em tampão. Finalmente, a coluna foi lavada com 20 mL de tampão
contendo 1 M de NaCl no intuído de retirar qualquer proteína ainda ligada à
coluna. Em todos os passos foram coletadas frações de 2 mL.
2.31- Cromatografia de troca iônica em sistema de alta pressão
A cromatografia foi realizada em sistema AKTA (Pharmacia) à temperatura
ambiente em tampão CAPS 20 mM, pH 10,5. Foi utilizada uma coluna Resource Q
(Pharmacia) de 1 mL de volume. A coluna foi inicialmente equilibrada com tampão
em quantidade igual a 5 volumes da coluna.
Após a aplicação da amostra no mesmo tampão, a coluna foi eluída com
um gradiente de concentrações crescentes de NaCl. Essa cromatografia tem
basicamente 4 fases. Na primeira a coluna foi lavada com 5 mL de tampão inicial,
sendo retiradas proteínas que não se ligaram à resina. Na segunda, proteínas
38
foram eluídas com um gradiente de 22 mL de 0 a 500 mM de NaCl em tampão,
aonde foi retirada da coluna a proteína de interesse. Em seguida, a coluna foi
lavada com um gradiente de 3 mL de 500 mM a 1 M de NaCl. Finalmente, a
coluna foi lavada com 5 mL de tampão contendo 1 M de NaCl no intuído de retirar
qualquer proteína ainda ligada à coluna. Desde o momento da aplicação da
amostra até o lavado final, todo material eluído da coluna foi coletado em frações
de 0,4 mL.
2.32- Detecção da atividade de α-amilase e α-glicosidase
Ensaios de amilase foram realizados usando amido solúvel a 0,5% como
substrato, NaCl 10 mM, CaCl
2
1mM e a concentração de tampão 100mM no pH
apropriado. Foram realizados ensaios de 4 tempos ou um só tempo (para
determinação de atividade após cromatografias), a 30 ºC. A clivagem do substrato
foi medida pela quantificação de grupos redutores formados, usando o reagente
ácido dinitrosalicílico (DNS; Noelting & Bernfeld, 1948).
A α-glicosidase foi ensaiada a 30ºC, por quatro tempos, utilizando p-
nitrofenil-α-D-glicosídeo 1,25 mM como substrato, em tampão Gly-NaOH pH 9,0. A
reação foi interrompida como descrita por Terra et al (1979).
2.33- Ensaios de estabilidade ao congelamento
Meio mínimo proveniente da indução de DSA1 e DSA2 foram aliquotados
em seis tubos. Esses foram congelados (-20 ºC) e descongelados
sucessivamente, de forma que cada um deles tenha sido congelado diferentes
vezes (de zero a cinco). Ao término do procedimento a atividade remanescente foi
medida em cada tubo.
2.34- Detecção da atividade inibitória de IC1
A atividade do inibidor expresso foi verificada ensaiando o meio proveniente
da indução de IC1 após troca de tampão por cromatografia de filtração em gel com
diferentes α-amilases. Foram elas: as amilases recombinantes de D. saccharalis
39
(DSA1, 2 e 3 ), α-amilase pancreática de porco, α-amilase salivar humana, e α-
amilase bacteriana (Bacillus sp).
Os ensaios foram feitos em tampão CAPS pH 9,5 (DSA1) e PIPES pH 7,0
(as demais) usando as mesmas condições dos ensaios padrão de atividade. A
quantidade de enzima usada foi tal que na ausência do inibidor (controle) a
absorbância máxima obtida no ensaio seja 1,000. As enzimas foram diluídas no
tampão apropriado e foram misturados 12,5 µL de enzima com 12,5 µL do inibidor.
Isso foi incubado a 30 ºC por uma hora. Em seguida foram adicionados 25 µL de
substrato (amido 1%, NaCl 20 mM e CaCl
2
2mM em tampão CAPS ou PIPES) e a
atividade amilásica foi medida. Todos os tampões tinham uma concentração de
100 mM.
Foi utilizado também meio de cultura proveniente da indução de IC1
concentrado duas vezes em membrana centriplus com limite de exclusão de 3.000
Da, após troca de tampão com uso de uma coluna HighTrap Dessalting para
CAPS 100 mM, pH 9,5.
2.35- Determinação do pH ótimo das enzimas
Os ensaios para determinação do efeito do pH foram realizados com
solução tampão 100 mM. Para valores de pH de 5,5 a 6,5 foi usado tampão MES;
de pH 6,5 a 7,5 PIPES; de 7,5 a 8,0 HEPES; de 8,0 a 8,5 TAPS; de 8,5 a 10,5 Gly-
NaOH ; de 10,0 a 11,0 CAPS. Os pHs dos tampões foram medidos nas misturas
de reação a 30ºC. Esse cuidado é necessário porque o pKa de alguns grupos são
alterados pela temperatura.
2.36- Estabilidade ao pH
Para determinar a faixa de pH em que as enzimas estudadas são estáveis
por um período de tempo que possibilite a realização dos experimentos, na
temperatura em que esses são realizados, DSA1 e DSA3 foram incubadas em
diferentes pHs, a 30 ºC por 1,5 e 3 horas. Material proveniente da indução e
previamente dialisado contra tampão 20 mM no pH ótimo foi diluído 2 vezes em
40
tampão 200 mM para os diferentes pHs, incubado, diluído no mínimo 10 vezes em
tampão 100 mM no pH ótimo e ensaiado.
2.37- Inativação térmica das amilases
As enzimas recombinantes e a fração solúvel do conteúdo do ventrículo
foram incubadas a 50ºC em em tampão Gly-NaOH 100mM pH 9,0. Após
diferentes períodos de tempo alíquotas foram removidas e a atividade
remanescente determinada.
2.38- Modificação com EDC
As enzimas recombinantes DSA1 e DSA3, assim como o homogeneizado
do conteúdo do ventrículo do animal, após diálise, foram mantidos por diferentes
períodos de tempo na presença de 1-etil-3-(dimetilamino-propil)-carbodiimida
(EDC) 20 mM e glicina-etil-ester 100 mM. A reação de modificação foi
interrompida pela adição de citrato de sódio 200 mM e teve a atividade residual
determinada.
2.39- Determinação da constante de Michaelis (Km) para diferentes
substratos
Em todas as determinações mediu-se a velocidade inicial de hidrólise em
dez concentrações diferentes do substrato. Os valores da constante de Michaelis
foram calculados pelo método dos mínimos quadrados usando o software Enzfitter
2.0 (LeatherBarrow, R.J., Elsevier-Biosoft, 1987). Os substratos usados foram
amilose, amido e glicogênio. Como amilose é insolúvel em água, foi utilizado
DMSO para solubilizá-la, estando o solvente presente em uma concentração final
de 5%. Para efeitos de comparação, o Km para amido foi determinado na
presença e ausência de DMSO.
2.40- Medida da processividade (grau de ataque múltiplo)
O grau de ataque múltiplo de uma glicosidase é definido como o número de
ligações glicosídicas hidrolisadas após a primeira, durante a existência de um
41
único complexo enzima-polissacarídeo (Robyt and French, 1967). Ensaios
realizados sobre amido de acordo com o item 2.32 foram misturados com 20
volumes de etanol. A mistura foi então incubada a –20 ºC por 1 hora, sendo então
centrifugada a 4 ºC por 10 minutos a 15.000g. Separou-se o sobrenadante do
precipitado e posteriormente evaporou-se o solvente dos materiais sob vácuo à
temperatura ambiente. Após a liofilização, a quantidade de grupos redutores
presentes em cada fração foi quantificada com a técnica do ácido dinitrossalicílico
(Noelting e Bernfeld, 1948).
2.41- Cromatografia em camada delgada dos produtos de ação enzimática
Foi realizado ensaio enzimático das α-amilases recombinantes, usando
amilose como substrato. Esses foram tratados como no ítem 2.40, sendo utilizada
apenas a fração solúvel em etanol. O material liofilizado foi ressuspendido em 10
µL de água MilliQ, sendo aplicado 2 µL em uma placa de cromatografia delgada
de sílica ALUGRAM
®
SIL G (MACHEREY-NAGEL, Germany). A fase móvel usada
para a separação foi butanol:etanol:água 50/30/20 (v/v/v), sendo a cromatografia
realizada em atmosfera saturada com a fase e ao longo de 15 cm da placa
cromatográfica. Os carboidratos presentes foram evidenciados pela técnica do
fenol-ácido sulfúrico (Stahl, 1969).
2.42- Determinação da sensibilidade das amilases recombinantes a
diferentes inibidores
Foram utilizados αAI1 e αAI2 de feijão comum semi-purificados, cedidos
pela prof. Fátima Grossi-de-Sá (CENARGEN). Também foram usados os
inibidores de α-amilase do trigo (Triticum aestivum) tipo I (IT1) e tipo III (IT3),
comprados da SIGMA. Os inibidores de feijão foram usados na concentração de
0,5 mg/mL e os de trigo 0,125 mg/mL.
As enzimas foram incudadas com os inibidores por uma hora a 30 ºC e em
seguida teve a atividade de amilase medida. Para melhor ilustrar a atividade dos
inibidores, foram realizados ensaios com as amilases salivar humana e
pancreática de porco, da mesma forma que as com as enzimas expressas.
42
2.43- Modelagem estrutural de DSA1
A seqüência de aminoácidos da proteína DSA1 de D. saccharalis foi
analisada com o programa Signal IP (Nielsen et al, 1997), disponível no ExPASy
Proteomics Server (www.expasy.org), para predição de possíveis regiões de
Clivagem para peptídeo sinal.
A seqüência correspondente a proteína madura de DSA1 foi submetida à
modelagem estrutural por homologia no SWISS-MODEL Protein Modelling Server
(http://swissmodel.expasy.org), nas condições padrão do programa. O modelo
gerado no formato pdb foi visulizado e analizado usando o programa Swiss-
PdbViewer, disponível no mesmo servidor (Schwede et al (2003), Guex e
Peitsch(1997) Peitsch (1995)).
43
3- Resultados e Discussão
3.1- Instalação da cultura de D. saccharalis no laboratório e verificação de
seu crescimento em dietas modificadas
Os indivíduos provenientes de Piracicaba levaram aproximadamente 40
dias para atingir o estágio de pupa. Esse período é um pouco maior do que o
observado em seu local de origem onde levam em torno de 30 dias. Isso pode ser
explicado por uma diferença das temperaturas médias onde as culturas são
mantidas. No laboratório ela é controlada e mantida próxima dos 25 ºC. Em
Piracicaba a temperatura é ambiente, podendo ser mais elevada.
As pupas transformaram-se em adultos saudáveis, que foram colocados em
gaiolas para acasalamento. Os ovos depositados foram coletados e eclodiram em
aproximadamente sete dias. As larvas foram colocadas em dietas normais, a fim
de dar continuidade a cultura. Essa geração repetiu o padrão de desenvolvimento
da anterior.
Larvas também foram criadas em dietas experimentais, visando observar se
dietas com concentrações variadas de sacarose e amido alteram o padrão de
desenvolvimento dos animais e a expressão de α-amilases. Os animais das
diferentes dietas e controle foram retirados após 30 dias, anestesiados em gelo,
pesados e dissecados. Foi contado o número de larvas e de pupas e foi
determinado o peso das larvas e a atividade de amilase no seu intestino médio
(Tabela 1).
Não há diferença significativa no peso das larvas e as diferenças
observadas quanto ao número de pupas e de mortos não é muito grande. Esses
resultados mais atividade de α-amilase estão apresentados na Tabela 1.
Aparentemente não houve grande diferença no desenvolvimento das larvas
nas várias dietas. Quando o conteúdo luminal mais a membrana peritrófica foram
homogeneizados em água, a atividade de amilase encontrada nas dietas com
maior quantidade de amido foi menor que na dieta controle (Tabela 1). Entretanto,
quando a homogeneização foi feita em pH 6,0, a atividade amilásica é claramente
44
45
dependente da quantidade de amido presente na dieta, não sendo influenciada
pela diminuição da quantidade de sacarose (Tabela 1).
O homogeneizado feito em água estava na concentração de 20 intestinos
médios por mL, o que provavelmente fez com que o pH ficasse perto do
fisiológico, no qual as amilases interagem com o substrato e sedimentam junto
com esse quando é feita a centrifugação. A recuperação de amilase no sedimento
após centrifugação do conteúdo luminal já foi vista em S. frugiperda (Ferreira et al,
1994) e em Musca domestica (Terra et al, 1990). Quando o homogeneizado do
intestino médio de D. saccharalis foi obtido em pH 6,0, provavelmente as enzimas
não ligam-se mais ao substrato e são recuperadas na fração solúvel.
Embora nós não tenhamos utilizado essas dietas com amido para outros
experimentos, quizemos deixar o resultado registrado para que o dado possa ser
usado em experimentos futuros. O aumento na atividade amilásica pode ser
vantajoso no laboratório, para experimentos feitos com esse animal, mas não
parece causar nenhuma vantagem para o desenvolvimento das larvas. Talvez a
possibilidade de obter mais energia da degradação do amido (e posterior absorção
de glicose) seja contrabalançada por um aumento na viscosidade do bolo
alimentar, o que dificultaria a sua digestão (Adeola e Bedford, 2004; Palander et al
2005).
3.2- Determinação do pH do lúmen intestinal de D. saccharalis
Os valores de pH encontrados para as três diferentes regiões do intestino
médio de D. saccharalis foram: 8,7±0,6 na porção anterior, 9,0±0,4 na porção
média e 8,7±0,3 na porção posterior, coerente com o esperado em lepidópteros
(Terra e Ferreira, 2005).
3.3- Clonagem do cDNA codificante das α-amilases de D. saccharalis e seu
seqüenciamento
O alinhamento das seqüências de α-amilases de insetos depositadas em
bancos de dados mostrou diversas regiões conservadas. Para o desenho do
iniciador degenerado foi escolhida a região conservada mais próxima da
46
extremidade 5' da fita codificante das α-amilases de insetos (Figura 4), a fim de
obter um fragmento de maior tamanho possível. Para tal, a extremidade 3' do
iniciador está voltada para a extremidade 3' da fita codificante. O fragmento
amplificado teria tamanho aproximado de 1500 pb, tendo como base a α-amilase
de T. molitor (Strobl et al, 1997). O iniciador desenhado apresenta degenerações
pois a região escolhida não é completamente conservada.
Na amplificação da biblioteca de D. saccharalis, usando os iniciadores A1 e
os que anelam no braço do fago (T3 ou T7, pelo fato da biblioteca ser não
direcional, estando o inserto ligado em ambos os sentidos) observou-se após
eletroforese, um único material majoritário com tamanho próximo ao esperado
(Figura 5).
O produto do PCR que se mostrou mais específico (usando o inciador T7 e
53 ºC de temperatura de anelamento) foi purificado do gel , ligado em plasmídeo
pGenT e usado para transformação de bactérias competentes. Os plasmídeos
foram purificados e digeridos com EcoRI. O produto da digestão foi analisado em
gel de agarose e mostrou a presença de insertos de diversos tamanhos. Foram
selecionados para seqüenciamento insertos que apresentaram tamanhos
próximos ao previsto (1500 pb) e aleatoriamente alguns de menor peso molecular
(Figura 6).
Nas reações de seqüenciamento, foram usados os iniciadores que anelam
no braço do plasmídeo SP6 e pGen, sendo uma reação para cada clone e para
cada iniciador.
Dos fragmentos de cDNA seqüenciados, dez codificavam α-amilases
diferentes. Entre eles, cinco codificavam uma delas, quatro codificavam outra e
apenas um codificava a terceira sendo esse de tamanho menor (750 pb). Essas
seqüências foram chamadas de DSA1, DSA2 e DSA3 respectivamente.
As seqüências de aminoácidos das proteínas que supostamente são
codificadas por esses cDNAs foram comparadas entre si, levando a acreditar que
realmente se tratavam de três proteínas diferentes já que mesmo as mais
semelhantes apresentam apenas 95% de identidade e 97% de similaridade
(Tabela 2).
47
48
49
50
Com base nos fragmentos obtidos, foram desenhados iniciadores
específicos para cada uma das seqüências (Figura 7). Foram realizadas
amplificações com os iniciadores específicos contra T3 e T7, usando como DNA
molde alíquotas da biblioteca de D. saccharalis. O produto de PCR foi então
separado em gel de agarose. Os cDNAs amplificados (Figura 8, raias R1 a R6)
mostraram-se maiores que os fragmentos inicialmente clonados (raias C1 a C3),
evidenciando que eles poderiam efetivamente conter a extremidade 5' do cDNA.
A banda mais evidente em cada amplificação com o iniciador T3 foi
recortada do gel e purificada, para clonar apenas os produtos de interesse.
O produto da purificação foi usado para ligação em plasmídeo pGen-T e
transformação de bactérias competentes. Após a transformação, parte das células
das colônias selecionadas serviu de molde em um PCR para se verificar os
insertos contidos em seus plasmídeos (Figura 8). Foram selecionados os insertos
que teriam o tamanho esperado (aproximadamente 2000 pb) uma vez que teriam
maior probabilidade de ser uma seqüência completa de cDNA codificante da α-
amilase.
Outra parte das células das colônias selecionadas foram crescidas em meio
líquido (LB+ampicilina), tiveram seus plasmídeos purificados e então
seqüenciados. Nesse seqüenciamento foram usados os iniciadores T7 e SP6.
Esse seqüenciamento resultou em três seqüências completas codificantes
de α-amilases (Figura 9). Todas as α-amilases clonadas apresentam alta
homologia com outras já seqüenciadas, principalmente de lepidópteros e demais
insetos (Tabela 2). Quando comparadas com a seqüência da amilase de T. molitor
(Stroebl et al, 1997) observamos que os resíduos catalíticos, bem como os de
ligação a Ca
++
são conservados. Já dentre os resíduos de ligação à Cl
-
um dos
resíduos de arginina de T. molitor é substituído por glutamina nas três amilases
clonadas (Figura 9). Isso é um indicativo de que elas não sejam ativadas por esse
íon, como já foi observado em outras amilases de Lepidoptera (Terra e Ferreira,
2005).
Para predizer a massa molecular e o pI das proteínas a partir da seqüência
foi utilizado o programa Compute pI/MW, do expasy tools. A massa molecular
51
52
53
predita a partir das seqüências é muito semelhante para DSA1, DSA2 e DSA3:
54.505; 54.488 e 54523, respectivamente. Os pIs teóricos preditos foram de 6,44;
5,53 e 6,41 (DSA 1, 2 e 3 respectivamente). DSA2 não apresenta nenhum sítio de
n-glicosilação, enquanto DSA1 apresenta 1 e DSA3 apresenta dois desses sítios.
3.4- Construção dos vetores de expressão e transformação de Pichia
pastoris
Para assegurar a qualidade dos cDNAs usados como molde para
amplificação com os iniciadores de expressão, foram realizados seqüenciamentos
dos plasmídeos contendo os insertos de interesse. Eles estavam clonados no
plasmídeo pGenT, que possui regiões para ligação dos iniciadores T7 e SP6, nas
extremidades do inserto. Além desses iniciadores, também foi usado o iniciador
A5, desenhado para amplificar a região interna dos cDNAs codificantes para as α-
amilases, descrito anteriormente. Os insertos codificantes dos inibidores IC1 e IC2
estavam clonados em pSport1, e foram seqüenciados usando os iniciadores SP6
e T7. O cromatograma desses seqüenciamentos não se mostrou com qualidade
confiável, porém demos continuidade aos experimentos.
Os plasmídeos que se mostraram íntegros foram então amplificados com os
iniciadores de expressão por PCR. Os iniciadores de expressão desenhados para
amplificar as α-amilases se mostraram eficientes. O produto do PCR com os pares
de iniciadores específicos tendo o clone cujo cDNA codifica a enzima de interesse
como DNA molde, apresentou uma única banda quando resolvido em gel de
agarose (Figura 10). Os iniciadores de expressão desenhados para amplificar IC1
também se mostraram eficientes, porém IC2 apresentou diversas bandas, sendo
então recortada do gel a de tamanho esperado para clonagem.
Para clonagem dos produtos em pPIC9, os mesmos foram resolvidos em
gel de agarose e purificado do gel. O produto de PCR purificado e o plasmídeo
pPIC9 sofreram uma dupla digestão e foram ligados. O produto da ligação foi
usado na transformação de E. coli, que foram usadas para realizar preparações de
plasmídeos. Esses foram seqüenciados e tiveram suas seqüências analisadas,
sendo evidenciada a integridade da construção, estando a seqüência inserida em
54
55
fase correta de leitura e não apresentando mutações. Apenas na construção de
IC2 foi seqüenciado um inserto que não correspondia ao cDNA de interesse, não
sendo usado na transformação. Um esquema das construções geradas pode ser
observado na figura 11. De cada tipo de célula transformada, 96 colônias foram
repicadas em placas contendo o antibiótico geneticina, e tiveram a incorporação
do inserto em seu DNA genômico confirmada por PCR utilizando as células
lisadas e os mesmos iniciadores específicos que foram usados na clonagem.
3.5- Expressão das α-amilases recombinantes em Pichia pastoris
As colônias transformadas com cada uma das construções foram
selecionadas com geneticina até a concentração de 4 mg/mL e então crescidas e
induzidas em meio rico (mini-expressão). Os clones transformados com DSA1 e
DSA2 apresentaram diversos transformantes com atividade em seu meio de
cultura (Tabela 3). Essa atividade é proveniente da secreção da α-amilase
expressa. Confirmamos a atividade α-amilásica através de um controle negativo
(P. pastoris transformada com plasmídeo sem inserto), que não apresentou em
seu meio de cultura atividade sobre amido. Para cada um dos grupos de clones,
aquele que apresentou a maior atividade em seu meio, foi selecionado para uma
maxi-expressão. Nesse processo as alíquotas retiradas tiveram a atividade
medida e o total de proteína quantificado, para calcular a atividade específica
(Tabela 4). Além disso as aliquotas foram resolvidas em SDS-PAGE (resultado
não mostrado).
DSA1 é expressa tanto no meio mínimo quanto no meio rico em
quantidades semelhantes. Decidimos utilizar para estudo dessa enzima a
expressão em meio mínimo porque ela é obtida com o dobro da atividade
específica (tabela 4). Para estudos cinéticos será utilizado meio após três dias de
indução, período em que a atividade específica no meio chega no máximo.
Quando a levedura é transformada com cDNA que codifica DSA2, só foi
possível encontrar atividade de α-amilase com expressão em meio rico de
expressão. No meio mínimo toda a atividade é perdida, enquanto no meio rico a
maior parte da atividade é mantida. Foi observada uma alta atividade enzimática
56
57
no meio rico após 5 dias de indução, porém observa-se uma maior contaminação
de proteínas após o terceiro dia de indução, não sendo essa estratégia ideal para
produzir proteína recombinante para estudo.
Visando melhorar o rendimento e qualidade das proteínas expressas,
tentamos induzir a expressão em diferentes pHs. Tendo a informação do
fabricante do kit de expressão que a levedura usada (P. pastoris) se desenvolve
bem entre os pHs 6,0 e 8,0, foram realizados experimentos para verificar a
quantidade de proteína expressa que se encontra ativa no meio de cultura durante
a indução nos pHs 6,0, 7,0 e 8,0. O pH das alíquotas foi medido assim como a
atividade enzimática das α-amilases por 72 horas. Os pHs não se alteraram
durante a indução, com exceção dos meios em pH 8,0, que estavam em torno de
7,5 após 72 horas de indução.
As medidas de atividade estão apresentadas na Tabela 5. DSA1 apresenta
atividade tanto em meio rico quanto em mínimo, nos pHs 6,0 e 7,0, a partir de 24
horas de indução. Em pH 8,0 apenas após 72 horas é observada atividade. DSA2
apresenta atividade a partir de 24 horas de indução em meio rico pH 7,0, e nos
demais a partir de 48 horas de indução, com exceção dos meios em pH 8,0 que
não apresentaram atividade. Para ambas as enzimas o pH 7,0 foi aquele em que
se observou maior atividade. Como em meio mínimo DSA2 se inativa após
congelamento, mesmo ajustando o pH para 8,0 (onde foi verificada a estabilidade
da enzima ao congelamento quando em meio rico) usaremos meio rico para DSA2
e meio mínimo para DSA1, ambos em pH 7,0, para obtenção das enzimas.
Os clones transformados com DSA3 não apresentaram atividade α-
amilásica em seu meio. Isso pode ter ocorrido por alguma falha na construção
usada na transformação, que não foi detectada na análise do seqüenciamento ou
por expressão da proteína inativa. O protocolo foi repetido desde a clonagem no
vetor de expressão, apenas para DSA3.
Nessa segunda tentativa, foram observados clones com atividade, e aquele
com maior atividade foi escolhido para maxi-expressão. Como as três enzimas
tem seqüência muito conservada, e provavelmente propriedades físicas
semelhantes, foi feita a maxi-expressão em pH 7,0, pois foi o mais adequado para
58
59
as outras duas amilases, sendo testados tanto o meio rico quanto mínimo. Foi
observada atividade muito maior (em torno de cinco vezes) em meio rico sendo
então usado este, após três dias de indução, como fonte de enzima para os
estudos posteriores.
Em todos os meios de cultura, após indução da expressão das amilases foi
feito ensaio para detectar atividade de α-glicosidase com p-nitrofenil-α-glicosídeo.
No ensaio utilizou-se uma concentração de enzima 100 vezes maior que a
utilizada no ensaio de amilase e não foi detectada atividade.
3.6- Expressão dos inibidores de cana-de-açúcar recombinantes em Pichia
pastoris
Os clones transformados com IC1 tiveram inicialmente sua expressão
testada por um ensaio de inibição de α-amilases. Nenhuma das enzimas testadas
foi inibida, nem com o inibidor concentrado. A ineficiência na inibição pode ter
ocorrido por uma série de fatores, como baixa concentração de inibidor no meio,
pH impróprio para a ligação enzima-inibidor, inespecificidade do inibidor para as
enzimas testadas, ou expressão de inibidor inativo. Para confirmar a presença de
proteína expressa, os meios de cultura induzidos foram resolvidos em SDS-PAGE
(Figura 12). Como o meio usado na expressão é rico em proteínas de baixo peso
molecular (proveniente da peptona), e como a proteína expressa teria massa
molecular esperada de 14 kDa, não foi possível identificar com clareza a presença
de uma banda correspondente ao inibidor.
Devido aos problemas durante a expressão, fizemos estudos mais
aprofundados na sequencia (teórica) dos inibidores comprados e do plasmídeo
recebido.
Foi realizado o alinhamento das sequências dos inibidores IC1 e IC2 com
aquelas disponíveis em bancos de dados, afim de classifica-los dentro das
diversas clases de inibidores de amilase. A partir destas análises foi possível
observar que o inibidor IC1 é semelhante ao inibidor bifuncional encontrado em
RAGI (Panicum miliaceum). Esse inibidor é capaz de atuar sobre amilase e
tripsina, incluindo as amilases de coleóptera (ver Strobl et al, 1998). A expressão
60
61
de IC2 é especialmente interessante, pois ele é um inibidor presente em caule
(Falco et al 2001), que é fonte de alimento para a D. saccharalis e ele é um
inibidor semelhante ao inibidor bifuncional RASI, presente em arroz (Orizia sativa),
que atua em pH alcalino (Yamagata et al, 1998) e semelhante ao inibidor de trigo,
que inibe amilases de lepidópteros (Markwick et al, 1996).
Na tentativa de analisar as sequências dos clones codificantes dos
inibidores de cana-de-açúcar, as preparações de plasmídeos foram refeitas e
resequenciadas. Novamente não conseguimos obter resultados de boa qualidade.
Tentamos então excisar o inserto do plasmídeo por digestão com enzimas de
restrição. Conseguimos apenas linearizar o plamídeo. Em contato telefônico com o
Brazilian Clone Collection center (Jaboticabal), recebemos a informação que
alguns dos clones tiveram sua construção alterada, não sendo possível saber
quais seriam as enzimas de restrição ou iniciadores que deveríamos usar. Com
essa informação abandonamos os experimentos com os inibidores de cana-de-
açúcar.
3.7- Clonagem de cDNAs codificantes de proteínas constitutivas
Com o intuito de quantificar a expressão das diferentes α-amilases de D.
saccharalis no intestino médio, foram desenhados iniciadores específicos para
cada uma das seqüências. Eles foram planejados respeitando os requisitos
necessários para a realização de experimentos de PCR em tempo real. Todos
os iniciadores devem ter temperatura de anelamento próximas, pois todas as
reações são realizadas simultaneamente. Devem também amplificar um
fragmento de tamanho entre 100 e 200 pares de base, e ser totalmente
específicos, segundo recomendações do fabricante dos reagentes a serem
utilizados (SYBR Green chemistry, Qiagen).
Foi difícil encontrar regiões distintas entre as seqüências codificantes das
α-amilases, sendo que a maior diferença encontrada foi de quatro nucleotídeos
ao longo de regiões onde se ligariam possíveis iniciadores. Por esse motivo
optou-se por utilizar os iniciadores usados na clonagem, que se mostraram
específicos para os diferentes cDNAs (uma vez que apenas um iniciador
62
específico seria suficiente para garantir a especificidade da reação), e um
iniciador no interior da seqüência, a uma distância adequada desse primeiro.
Uma porção do alinhamento das duas seqüências mais parecidas (porção
interna) pode ser observada na Figura 13, onde se nota pouca diferença entre
elas, e regiões onde possíveis iniciadores se anelariam. Na Figura 13 se observa
o alinhamento da extremidade 3´ das seqüências, com as regiões onde ligam-se
os iniciadores de clonagem e as regiões para onde os novos iniciadores foram
desenhados.
Para realização dos experimentos de PCR em tempo real, é necessário
conhecer a seqüência de genes que seriam expressos sem alteração nas
diferentes condições estudadas. Esses genes seriam amplificados da mesma
forma que os genes de interesse e seriam usados como normalizadores entre os
diferentes experimentos. Poucos genes de D. saccharalis foram depositados em
bancos de dados e nenhum deles seriam bons constitutivos, pois ou são
regulados, ou são mitocondriais (o que não é interessante, já que estamos
estudando genes nucleares), ou são ribossomais, que são expressos em
quantidade muito maior que os genes estudados (aproximadamente 98% do RNA
da célula é rRNA), dificultando assim a comparação.
Nessa situação foi necessária a clonagem de genes constitutivamente
expressos de interesse. Os genes mais frequentemente usados nesse tipo de
experimento descritos na literatura foram buscados em bancos de dados e
alinhados (α e β-actina, β−tubulina). Eles não se mostraram muito conservados, o
que tornaria difícil a construção de um iniciador degenerado que pudesse ser
usado para amplificar o gene de interesse na biblioteca de D. saccharalis.
Partimos então para escolha de genes bastante conservados e que não
sofressem regulação diferenciada nas diferentes condições de estudo. Foram
escolhidos os genes codificantes das subunidades catalíticas das DNA
polimerases envolvidas em síntese (DNA polimerases α, ∆ e γ) e o gene
codificante da proteína ribossomal S6 (RPS6), utilizado em experimentos de PCR
semi-quantitativo em Spodoptera frugiperda por Bolognesi et al., 2005. Foram
buscadas nos bancos de dados as seqüências codificantes desses genes em
63
64
organismos mais próximos evolutivamente à D. saccharalis e alinhadas. As
seqüências usadas nos alinhamentos de cada um dos genes e seus respectivos
códigos de acesso podem ser observadas na Tabela 6. Regiões conservadas
foram usadas no desenho de iniciadores degenerados. Essas regiões estão
destacadas na Figuras 14. Os iniciadores desenhados e suas características são
apresentados na Tabela 7.
Os iniciadores desenhados foram usados para amplificar uma biblioteca de
cDNA de D. saccharalis. Foram observadas diferentes temperaturas de
anelamento ótimas para cada um deles. Pol_α e RPS6 têm um Tm ótimo em 53
ºC, pol_ de 50 ºC e pol_γ 47 ºC . Os iniciadores pol_, pol_γ e RPS6 geraram
uma única banda, pol_α gerou uma série de produtos de diferentes tamanhos
(resultado não mostrado). As bandas de tamanho próximo ao produto previsto
para pol_α, assim como as bandas geradas pelos demais iniciadores foram
purificadas do gel e clonadas em plasmídeo pGenT. As construções foram
usadas para transformação de bactérias competentes e as colônias
transformadas foram seqüenciadas. Para evitar realizar inúmeras preparações de
plasmídeos foram feitas reações de PCR usando as colônias como fonte de DNA
e os produtos dessas reações usados como fonte de DNA no seqüenciamento.
Este foi realizado da mesma forma que descrito no item 08 dos matérias e
métodos, porém usando os iniciadores SP6 e pGem. As seqüências obtidas
foram analisas usando o programa phredPhrap e os contigs gerados comparados
com o banco de dados do NCBI usando a ferramenta BlastX.
Apenas o iniciador RPS6 se mostrou específico para o gene alvo, gerando
uma seqüência de 525 nucleotídeos, cuja seqüência deduzida de aminoácidos
apresentou alta similaridade com os mesmos genes de outros insetos,
principalmente lepidópteros (Figura 15). Os demais iniciadores não
apresentaram um produto específico. Na tentativa de amplificar com sucesso os
outros genes de interesse a reação de PCR deve ser realizada numa condição
de anelamento mais específica.
Esse resultado, apesar de não ideal, já que apenas um dos genes
constitutivos foi clonado com sucesso, nos permite iniciar os experimentos de
65
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68
PCR em tempo real. Poderemos padronizar a técnica e, se o gene RPS6 se
mostrar constitutivamente expresso, até mesmo obter os resultados de
quantificação de expressão, já que muitos dos experimentos descritos na
literatura usam apenas um gene normalizador (Loureço et al., 2005; Claeys et al.,
2005).
Embora não tenhamos verificado a expressão diferencial das α-amilases
de D. saccharalis, decidimos relatar o que foi feito e quais os resultados obtidos
para auxiliar outras pessoas que desejem realizar esse tipo de estudo com algum
gene de D. saccharalis.
3.8- Estabilidade das amilases recombinantes
DSA1 se apresentou bastante estável em meio mínimo, não tendo sua
atividade alterada significativamente após vários congelamentos em diferentes
pHs (Tabela 8). Já DSA2 mostrou-se muito instável em meio mínimo e com uma
estabilidade maior em meio rico. Em pH 6,0 a estabilidade é baixa e a enzima não
resiste ao congelamento. A estabilidade ao congelamento cresce a medida que o
pH aumenta, chegando aquela apresentada pela DSA2 em pH 8,0 (Figura 16).
3.9- Semi-purificação de DSA1
Vários tipos de colunas cromatográficas foram tentadas para purificar a
DSA1, sem resultado. Optamos por utilizá-la semi-purificada, o que é obtido
satisfatoriamente após dois passos cromatográficos em coluna de troca iônica
(Figura 17A e B). Após eluição da segunda cromatografia, observa-se após
eletroforese uma banda majoritária de 57 kDa (Figura 17C). Esse valor é muito
semelhante ao predito a partir da seqüência para as três enzimas (cerca de
54.500 kDa). A SDS-PAGE não tem discriminação suficiente para que possamos
dizer que o valor ligeiramente superior encontrado foi devido à glicosilações na
enzima.
Deve-se ressaltar que nas diferentes raias da Figura 17C, foram aplicados
volumes diferentes das frações da cromatografia, para normalizar a quantidade de
proteína, e por isso a banda da amilase é praticamente igual em todas elas.
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70
71
3.10- Efeito de detergentes na atividade de DSA1
Outros membros de nosso laboratório que estudaram tripsinas e
quimotripsinas de lepidópteros verificaram que elas tem sua atividade estabilizada
por SDS 1%. Além disso, as α-amilases ficavam ligadas à matriz de
cromatografias hidrofóbicas, só sendo eluídas quando a coluna era lavada com
detergentes (dados não mostrados).
Pelo exposto acima decidimos verificar o efeito de Triton X-100 e SDS nas
amilases de Diatraea saccharalis, com o intuito de aumentar sua estabilidade e
talvez facilitar a sua purificação.
Três amostras diferentes de sobrenadante de conteúdo luminal foram
incubadas por cinco tempos diferentes com Triton X-100 ou SDS 0,1% ou 1%. Os
resultados (não mostrados) revelaram que SDS 1% abole completamente a
atividade da enzima, enquanto com SDS a atividade cai 30%. Esses resultados
mostram que as amilases de D. saccharalis não se comportam como as
proteinases de Lepidoptera. Triton X-100, nas duas concentrações testadas não
afeta a atividade da enzima.
3.11- Efeito do pH e da temperatura nas α-amilases de D. saccharalis
DSA1 e DSA3 apresentaram um pH ótimo em torno de 9,0, enquanto para
DSA2 esse valor está próximo a 8,0 (Figura 18). Levando-se em consideração o
valor dos pHs luminais, DSA1 e DSA3 apresentariam plena atividade, enquanto
DSA2 teria cerca de 50 a 85% de sua atividade, dependendo da região do
ventrículo que é considerada (ver item 3.2).
DSA1 aparentemente é um pouco mais estável a pHs extremos que DSA2
(Figura 19). DSA1 é perfeitamente estável no pH vigente no lúmen pelo menos até
um período de três horas.
Uma inativação térmica das enzimas recombinantes a 50ºC é mostrada na
figura 20. A meia-vida de inativação para DSA1, DSA2 e DSA3 foi,
respectivamente, de 115 min, 6 min e 45 min. Quando o mesmo experimento é
feito utilizando-se o sobrenadante do conteúdo luminal, obtém-se a mesma curva
que a apresentada por DSA1 (resultados não mostrados).
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75
3.12- Propriedades cinéticas das α-amilases de D. saccharalis
As enzimas de D. saccharalis não foram inibidas pelos inibidores protéicos
de feijão αAI1 e αAI2 como esperado, pois eles não atuam sobre enzimas de
Lepidoptera devido ao pH do ensaio (Tabela 9) (Franco et al, 2002). DSA1 e DSA2
são inibidas de modo semelhante pelo inibidor de trigo IT1 (SIGMA A1520), que
inibe menos DSA3 do que as duas outras amilases. IT3 (SIGMA A3535) é o único
inibidor que tem efeito variado nas três enzimas, não afetando DSA1 e causando a
maior inibição em DSA2 (ver tabela 9). A atividade dos inibidores do trigo contra α-
amilases de lepidópteros já tinha sido descrita na literatura (Marwick et al, 1996;
Gutierrez et al, 1993).
As enzimas de mamífero foram utilizadas como controle para verificar se a
ação dos inibidores era a esperada. A amilase pancreática de porco é inibida pelo
αAI1 (Konkiekolo et al, 1999) e não é inibida pelo αAI2 (Franco et al, 2002). Não
conseguimos observar nenhuma inibição com os inibidores de feijão testados. O
resultado obtido com a amilase salivar humana está de acordo com o descrito por
Franco e colaboradores (2002), porém esse resultado é controverso pois também
pode ser observado na literatura a sua inibição por ambos os inibidores de feijão
(LeBerre et al,1998). Foi observada a inibição das α-amilases de mamífero pelos
inibidores de trigo IT1 e IT3,como esperado (Franco et al, 2002).
A afinidade apresentada pelas várias enzimas aos diferentes substratos não
difere muito (Tabela10). Os Kms para amido e glicogênio não diferem em
nenhuma das amilases. Somente quando amilose é utilizada,um Km um pouco
menor é observado para DSA2 e DSA3 e um pouco maior para DSA1.
O grau de ataque múltiplo apresentado pelas enzimas DSA1, DSA2 e DSA3
é bastante baixo (2,0; 1,5 e 0,8; respectivamente). Esses valores indicam que
DSA1 e DSA2, em média, clivam 3 ligações quando há a formação do complexo
enzima substrato, enquanto DSA3 cliva 2. Esses valores classificam essas
amilases como liquefadoras. Essas enzimas são assim chamadas porque
decrescem rapidamente o peso molecular do polímero e portanto a viscosidade da
solução. As amilases que clivam várias ligações a cada formação do complexo
enzima-substrato são chamadas de sacarificantes.
76
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Quanto ao padrão de ação, as α-amilases de D. saccharalis são mais
semelhantes as de R. americana (Diptera) do que as de Sitophilus (Coleoptera) ou
mesmo a do Lepidoptera B. mori (ver introdução).
A partir da hidrólise do amido, DSA1 produz predominantemente maltose,
maltotriose e maltotetraose, enquanto DSA2 forma, aparentemente maltotriose e
maltotetraose (Figura 21). Enzimas que geram altas quantidades de maltose e
maltotetraose supostamente possuem cinco sub-sítios para ligação de glicose (-3
a +2), o que foi muitas vezes confirmado por determinação da estrutura por raios X
da enzima complexada a um oligossacarídeo ou inibidor e em alguns casos um
sexto sub-sítio, na posição +3 pode ocorrer (ver McGregor et al, 2001). Desse
modo, pelos resultados obtidos, DSA1 deve ter pelo menos 5 e DSA2 talvez tenha
6 sub-sítios de ligação de glicose.
3.13- Modelagem molecular de DSA1
Dados sobre estrutura tridimensional são encontrados principalmente para
as amilases dependentes de Cl
-
. Das 20 amilases que tiveram sua estrutura
resolvida só são independentes de cloreto aquelas encontradas em cevada
(Hordeum vulgarea, GenBank AAA32929.1) e algumas de fungos e bactérias.
Nenhuma amilase animal independente de cloreto teve sua estrutura resolvida.
A seqüência de aminoácidos da proteína DSA1 de D. saccharalis foi
analisada com o programa Signal IP (Nielsen, 1997), disponível no ExPASy
Proteomics Server (www.expasy.org), para predição de possíveis regiões de
clivagem para peptídeo sinal. Foi previsto uma região de 16 aminoácidos que seria
referente a um possível peptídeo sinal.
A seqüência da α-amilase sem a porção referente ao peptídeo sinal previsto
teve seu modelo estrutural gerado por homologia, com o uso do SWISS-MODEL
Protein Modelling Server (http://swissmodel.expasy.org), nas condições padrão do
programa. O modelo foi gerado baseado na estrutura das α-amilases de T. molitor
e pancreática de porco. Os códigos das estruturas resolvidas e depositadas no
formato de arquivo pdb que foram usadas na comparação são: 1viwA, 1jae, 1clvA,
78
79
1tmqA e 1ose. O modelo gerado foi analisado com o uso do programa Swiss-
PdbViewer está apresentado na Figura 22.
A modelagem mostra que há grande identidade na estrutura geral das três
enzimas, e os locais onde esta estrutura difere não são regiões críticas para a
estabilidade e/ou função da enzima, tais como sítio ativo, sub-sítios de ligação do
substrato, sítio de ligação de cloreto ou cálcio.
Entretanto, diferenças em menor escala podem ocorrer, tais como as
relacionadas ao elevado pH ótimo da enzima de D. saccharalis em relação à de T.
molitor e a ausência de ativação por cloreto na amilase da D. saccharalis.
3.14- Comparação entre as seqüências das α-amilases de insetos
A maioria das seqüências completas de α-amilases de insetos depositados
em bancos de dados foram utilizadas para obter-se um cladograma, que está
apresentado na Figura 23. Quando no banco de dados havia muitas seqüências
pertencentes a um só gênero, elas não foram utilizadas.
Se o cladograma é feito incluindo a seqüência da α-amilase de Spodoptera
frugiperda semelhante a transportador de aminoácidos de mamíferos (Ferreira et
al, 2007), essa seqüência fica completamente separada das outras, indicando que
ela realmente é uma proteína diferente de todas as outras α-amilases de insetos já
seqüenciadas.
No clodograma apresentado na Figura 23, as seqüências de α-amilase de
Euroghyphus maynei e de Dermatophagoides pteronyssinus , que são ácaros,
foram utilizados para servirem de grupo externo.
As ordens principais estão agrupadas, principalmente os Coleoptera e os
Lepidoptera. Entre os últimos, somente a separação da amilase de S. frugiperda
de DSA1 e DSA3 não é confiável, uma vez que o valor da “bootstrap” é baixa (49).
Por esse clodograma, DSA1 e DSA3 são mais semelhantes entre si e entre as
demais amilases de Lepidoptera do que DSA2. A maior semelhança entre DSA1 e
DSA2 já era esperada pela comparação das seqüências apresentada na Tabela 2.
Entretanto, o resultado obtido em relação aos demais Lepidoptera não era tão
evidente.
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4- Considerações Gerais
Nesse trabalho nós clonamos três cDNAs que codificam α-amilases a partir
da biblioteca de expressão feita com material proveniente do intestino médio da
larva de Diatraea saccharalis. As respectivas proteínas foram expressas em
sistema heterólogo, apresentando propriedades distintas. Quando o sobrenadante
do conteúdo luminal do intestino da larva de D.saccharalis é submetido a uma
cromatografia líquida em alta pressão (Resouse Q – Pharmacia), três atividades
enzimáticas são separadas.
Esses resultados indicam que nós fomos capazes de obter de forma
recombinante, todas as amilases expressas no intestino da larva criada nas
condições descritas anteriormente, que podem ser utilizadas em estudos futuros.
Nós tentamos comparar algumas de suas propriedades com o intuito de
desvendar qual o papel que poderia ser exercido por cada uma dessas enzimas.
Pelo menos nas características analisadas por nós não há diferenças
marcantes e outros estudos precisam ser feitos para elucidar se essas enzimas
desempenham um papel distinto no intestino médio da larva de D. saccharalis.
84
5- Conclusão
O intestino médio da larva D. saccharalis criada em dieta artificial expressa
três amilases, sendo uma delas predominante.
A partir de uma biblioteca de expressão feita com o epitélio do intestino
médio da larva de D. saccharalis é possível obter três cDNAs que codificam três
amilases deferentes,chamadas DSA1, DSA2 e DSA3.
A amilase predominante no intestino médio da larva criada em dieta artificial
é DSA1.
As três amilases recombinantes foram expressas e apresentam massas
moleculares similares (em torno de 54.500 kDa) e pIs teóricos que variam entre
5,53 e 6,44.
As três amilases hidrolisam amido, amilose e glicogênio com afinidades
semelhantes, possuem o pH ótimo entre 8.0 e 9.0 e apresentam baixa
processividade (entre 0,8 e 2).
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Curriculum
DADOS PESSOAIS
Nome: Lucas Offenbecker Guerra
Local e data de nascimento: São Paulo, 27 de maio de 1982.
EDUCAÇÃO
Colégio Benjamin Constant, São Paulo, 1999.
Universidade de São Paulo, Instituto de Biociêcias, São Paulo, 2003, Bacharel em
Ciências Biológicas.
OCUPAÇÃO
Bolsista de Mestrado, FAPESP, 2004 a 2006.
Pesquisador, Allergisa Pesquisa Dermatocosmética LTDA. 2006 até hoje.
PUBLICAÇÕES
Artigos Publicados
A.H.P. Ferreira, P.T. Cristofoletti, D.M. Lorenzini, L.O. Guerra, P.B. Paiva, M.R.S.
Briones, W.R. Terra and C. Ferreira, Identification of midgut microvillar proteins
from Tenebrio molitor and Spodoptera frugiperda by cDNA library screenings with
antibodies, Journal of Insect Physiology (2007), doi:10.1016/j.jinsphys.2007.06.007
Resumos publicados em anais de congressos
GUERRA, L. O.; Marana S.; Genta F.A.; Ferreira, A. H. P. ; Ferreira, C. ; Terra, W.
R.. Expression of two different alpha-amylases from Diatraea saccharalis
(Lepidoptera). In: XXXIV Reunião Anual da SBBq, 2004, Caxambú. XXXIV
Reumião Anual Resumos, 2004.
GUERRA, L. O.; Ferreira, A. H. P. ; Ferreira, C. ; Terra, W. R. . Cloning and
Sequencing Diferent Digestive alpha-Amylases from Diatraea saccharalis. In:
XXXIII Reunião Anual da SBBq, 2004, Caxambú. XXXIII Reumião Anual Resumos,
2004.
Ferreira, A. H. P. ; GUERRA, L. O. ; Terra, W. R. ; Ferreira, C. ; Paiva, P. B. ;
Briones, M. R. S. . Identification of cDNAs encoding for proteins associated with
microvillar membranes from Tenebrio molitor (Coleoptera) and Spodoptera
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frugiperda (Lepidoptera) midgut. In: XXXII Reunião Anual da SBBq, 2003,
Caxambú. XXXII Reumião Anual Programa e Resumos, 2003.
Ferreira, A. H. P. ; GUERRA, L. O. ; Terra, W. R. ; Ferreira, C. . Cloning cDNAs
encoding for microvilar membrane proteins from Tenebrio molitor and Spodoptera
frugiperda midut. In: XXXI Reunião Anual da SBBq, 2002, Caxambú. XXXI
Reunião Anual Programa e Resumos, 2002.
Figura 1 – Distribuição relativa do número de espécies em diferentes
grupos animais.
Figura 2- Morfologia do tubo digestório de diferentes insetos. AV, ventriculo anterior;
C,papo; Co, cólon; E, esofago; G, cecos gastricos; M, túbulos de Malpighi; PV,
ventriculo posterior; R, reto; V, ventriculo. Retirado de: Terra e Ferreira (2005)
Figura 3- Esquema de um tubo digestivo geral de inseto (tirado de Terra e
Ferreira, 2005). Nos Lepidoptera não há papo e o intestino médio é um
cilindro com diâmetro regular, sem cecos gástricos.
110±4100±1070±740±8
Amilase
(um/animal) – B
2
11±27,5±112±125±1
Amilase
(um/animal) – A
2
3211Nº de pupas
22202024Nº de larvas
5895Nº de mortos
145±33135±26178±46165±20
Massa
(mg/animal)
com 50% sacarose
+ 2,5% amido
+ amido 2,5%+ amido 1%Controle
Tabela 1- Efeito de diferentes dietas na atividade de α-amilase e no crescimento das
larvas de D. saccharalis
1
.
1- 30 larvas recém eclodidas foram colocadas nas diferentes dietas e permanesceram por 30 dias antes de
serem analisadas.
2- A atividade de amilase foi determinada no sobrenadante do conteúdo luminal mais membrana peritrófica
homogeneizado em água (A) ou em tampão pH 6,0 (B).
Figura 4: Parte do alinhamento de α-amilases de diferentes insetos depositadas em
bancos de dados, buscando região conservada próxima à extremidade 5´ das
seqüências analisadas. Em vermelho a região escolhida para desenho do iniciador
(A1).
1 2 3 4 5 6 PM
TºC 45 47 50 53 55 45 47 50 53 55 PM
T7-A1 T3-A1
Figura 5- Eletroforese de material amplificado por PCR. Raias 1 a 3, as reações
continham somente um iniciador, respectivamente A1, T3 eT7. Rais 4 e 5, reações sem
DNA molde, com iniciadores T3+A1 e T7+A1, respectivamente. Raia 6, PCR usou
como molde clone de α-amilase de T. molitor. Raias 45 a 55, reações feitas com a
biblioteca de D. saccharalis como molde e os iniciadores T7+A1 ou T3+A1, nas
temperaturas indicadas. PM- padrão de massa molecular.
Controles
pb
2000
1500
1000
750
500
250
pb
2000
1500
1000
750
500
250
Figura 6- Eletroforese do produto de digestão de plasmídeos mais inserto com
EcoRI para seleção dos clones. Setas vermelhas indicam os clones selecionados
por tamanho e as azuis os escolhidos aleatoriamente.
PMPM
PMPM
PM
PM
PM
PM
pb
2000
1500
1000
750
500
250
pb
2000
1500
1000
750
500
pb
2000
1500
1000
750
500
250
pb
2000
1500
1000
750
500
250
79 / 8972 / 8279 / 89S. frugiperda
60 / 7561 / 7660 / 75TMA
52 / 6849 / 6552 / 66HPA
53 / 6750 / 6554 / 68HSA
55 / 6851 / 6755 / 69PPA
63 / 7661 / 7463 / 76A. gambiae
75 / 8567 / 8075 / 85Bombix mori
81 / 8975 / 8682 / 90O. Nubilaris
75 / 8595 / 97DSA3
75 / 8575 / 85DSA2
95 / 9775 / 85DSA1
DSA3DSA2DSA1
Tabela 2- Porcetagens de identidade/similaridade entre DSA1(AAP92665.1),
DSA2 (AAP97393.1) e DSA3 (AAP97394.1). Elas foram comparadas com outras
α-amilases de insetos cujas sequencias encontram-se depositadas no GenBank,
sendo: lepidópteros (O. nubilaris e Spodoptera frugiperda - AAO13754.1 e
Bombyx mori - AAA17751.1), diptero (Anopheles gambiae), coleóptero (TMA-
Tenebrio molitor - Swissprot PS6634). Também foram usadas as α-amilases
pancreática de porco (PPA), salivar humana (HSA) e pancreática humana (HPA).
PM T3 T7 A2 R1 R2 C1
PM A3 R3 R4 C2 A4 R5 R6 C3 PM
Amilase 1 Amilase 2 Amilase 3
Figura 8- Eletroforese dos produtos de PCR realizados com iniciadores específicos para
cada seqüência de α-amilase. T3, T7, A2, A3 e A4, controles usando somente iniciador
indicado. C1, C2, C3: controles usando como molde o respectivo fragmento de cDNA e
como iniciadores C1, C2 ou C3 mais SP6. R1 a R6, amplificação usando como molde a
biblioteca de D. saccharalis. R1 R3 e R5, iniciador T3 mais respectivamente o iniciadores
A2, A3 e A4. R2, R4 e R6, iniciador T7 mais, respectivamente, os iniciadores A2, A3 e A4.
PM, marcador de massa molecular.
pb
2000
1500
1000
750
500
250
pb
2000
1500
1000
750
500
250
DSA1 GTTGGTAATGATGGTCGTGCTCACATATCCGTTGGAGCCAATGACTACGATATGATGCTTGCTATTCATAGGGGTGATCAGTCAAGACTG
DSA3 GTTGGTAACGACGGTCGTGCTCACATCTCCGTTGGAGCTAATGACTACGATATGATGCTTGCCATTCACAGGGGTGATGAGTCGAGGTTG
DSA2 GTTGGCAATGACGGGCGCGCGATTATTAATGTCGGTGCCCTTGACTACGATATGATGCTGGCCATACACATTGGAACTGAGAGTCGTCTT
***** ** ** ** ** ** ** ** ** ** ****************** ** ** ** * ** * ** * *
DSA1 TAACATCAGAATTTGAGGAATCAAGAC
AAACAACTTCACAATAAATGCACTCAAAAATCG-----------------------------
DSA3 TAACTTTCATCAGTGTTTGAAGAAACAAGACTACAAACATATTCAGAATAAATGTATTCGCATAT
CGAAAAAAAA--------------
DSA2 TGATCCTGTTCAAATTGGCTG
AAAAATATCTAACTTTGATGCAACGTATAATGGAAATAAATTTATTGATCAATACTTAAACCTCGTGC
* * ** * ** *
Figura 7- Alinhamento da porção 5’ das sequencias das α-amilases parcialmente
clonadas. Em vermenho está a região não codificante. Negrito indica o stop códon.
Regiões grifadas foram usadas para desenho de iniciadores específicos.
*:.::*.**. ********:*** ***.:* *:****:*****
DSA1
--MFRVFLLLTATALAFGYKNPHYAPGRSTMVHLFEWKWDDIAAECERWLGPRGFGGIQISPP 61
DAS3
--MFRVFLLLTATALAIGYKNPHYAPGRSTMVHLFEWKWDDIAAECERWLGPRGFGGIQISPP 61
DAS2
MVKLLIVALVALAVFANAYKNPHYAPGRSVNVHLFEWKWDDIATECENFLGPRGFGGIQISPP 63
TMA
------------------QKDANFASGRNSIVHLFEWKWNDIADECERFLQPQGFGG
V
QISPP 45
ruler
1.......10........20........30........40........50........60...
** : .*********:** :.****: *:.* ****..********:****** :
DSA1
NENLIIWQHNRPWWERYQPMSYQLSTRSGNAQQFANM
V
RRCNN
V
G
V
RIY
DAIINHMTGTWNE 124
DAS3
NENLVIWTHNRPWWERYQPMSYHLSTRSGNEQQFASM
V
RRCNNAG
V
RIY
DAIINHMTGTWNE 124
DAS2
NENVVLWTYNRPWWERYQPMSYLLDTRSGDEAQFADMLRRCNSAG
V
RIY
DA
V
INHMTGEPPE 126
TMA
NE--YLVADGRPWWERYQPVSYIINTRSGDESAFTDMTRRCNDAG
V
RIY
DA
V
INHMTG--MN 104
ruler
.....70........80........90.......100.......110.......120......
.***.*.:* .. .*****: .*: * * :: . .****:* **:****..::*
DSA1
NVGTGGNTANFGQFSYPAVPYGRNDFNWPECYIQPHDYGCCPER
V
RNCQLSGLKDLNQGTEH
V
187
DAS3
NVGTGGNTANFGQFSYPAVPYGRNDFNWPECYIQPNDYRCCPER
V
RNCQLSGLKDLNQSSEH
V
187
DAS2
NVGTAGSTATFSQWDYPAVPFTWEHFNWPHCVIDGMDY
V
NDAWR
V
RNCEL
V
GLKDLNQANEH
V
189
TMA
GVGTSGSSADHDGMNYPAVPYGSGDFHSP-CE
V
NN---YQDADN
V
RNCEL
V
GLRDLNQGSDY
V
163
ruler
.130.......140.......150.......160.......170.......180.......19
* :::::** :*.:******:****** * ** :*:. *.**** :**. .***:*******
DSA1 RRMIVDFMNGLIDMGVAGFRIDAAKHMWPGDLR
V
IYDRLHNLNTAHGFPSGARPYIYQE
V
IDL 250
DAS3
RRMIVDFMNRLIGMGVAGFRIDAAKHMWPGDLR
V
IYDRLDNLNTAHGFPSGARPYIYQE
V
IDL 250
DAS2
RNMIVNFMNHLIDLGVAGFRIDAAKHMWPHDLEIIYNRLNNLNTAHGFPANARPYIYQE
V
IDY 252
TMA
RGVLIDYMNHMIDLGVAGFRVDAAKHMSPGDLS
V
IFSGLKNLNTDYGFADGARPFIYQE
V
IDL 226
ruler
0.......200.......210.......220.......230.......240.......250..
****:*::*** :..* **:.*:.*..** *.***: * .***:*.** *::.*:*****:
DSA1
GGEAVSRDEYTPLAAVTEFKFGMELSRAFLGGNQLRWLANWGPQWNLLASADSL
V
FIDNHDNQ 313
DAS3
GGEAVSRDEYTPLAAVTEFKFGVELSRAFQGGNQLRWL
V
NWGPQWNLLASADSL
V
FIDNHDNQ 313
DAS2
GGEAISRDEYTPIGAVTEFKVGMELSRAFRGNNQLKWLESWGPQWGLLEHSDALTFIDNHDNE 315
TMA
GGEAISKNEYTGFGCVLEFQFGVSLGNAFQGGNQLKNLANWGPEWGLLEGLDA
V
V
F
V
DNHDNQ 289
ruler
.....260.......270.......280.......290.......300.......310.....
* .*. :**** .:**: ****:****** .::***: * :.: *** : *::***.**.
DSA1
RGHGAGGNILTYKQARPYKAAIAFMLAHPYGEPQLMSSFGFQNTEAGPPMDNRGDLISPSINS 376
DAS3
RGHGAGGNILTYKLARPYRAAIAFMLAHPYGEPQLMSSYGFQNTEAGPPMDSRGDLISPSINS 376
DAS2
RGHGGGGAMLTYKEPRPYKGAIAFLLAHPYGEPQIMSSFAFHDSEIGPPMNHLGQIISPSINS 378
TMA
R--TGGSQILTYKNPKPYKMAIAFMLAHPYGTTRIMSSFDFTDNDQGPPQDGSGNLISPGIND 350
ruler
..320.......330.......340.......350.......360.......370.......3
*.:*.**::*:*****:: **.***.. .* :::**.*. .****.**.:.*:**.* . ***
DSA1
DNTCGNGWICEHRWRQIYQMVAFRNVAGSTTINDWWDNGSSQIAFCRGGQAFIAFNNDSWDLN 439
DAS3
DNTCGNGWICEHRWRQIFQMVAFRNVAGSTTINDWWDNGSSQIAFCRGGQGFIAFNNDSWDLN 439
DAS2
DGSCGNGWVCQHRWRQVFAMVAFRNVAGNTGLNDWWSNGFNQIAFCRGGNAF
V
AFNNDSWDLN 441
TMA
DNTCSNGYVCEHRWRQVYGMVGFRNAVEGTQVENWWSNDDNQIAFSRGSQGF
V
AFTN-GGDLN 412
ruler
80.......390.......400.......410.......420.......430.......440.
*.*:* **** ******* :*.:****:****::* * *.:*: : * :**** . ::*
DSA1
QTLQTCLPAGRYCDVISGFKSGNSCTGKTVTVGNDGRAHIS
V
GANDYDMMLAIHRGDQSRL 500
DAS3
QTLQTCLPAGRYCDVISGVKSGNSCTGKTVTVGNDGRAHIS
V
GANDYDMMLAIHRGDESRL 500
DAS2
QNLQTCLPAGRYCDVISGVKAGNTCTGKTVTVGNDGRAIIN
V
GALDYDMMLAIHIGTESRL 502
TMA
QNLNTGLPAGTYCDVISGELSGGSCTGKSVTVGDNGSADISLGSAEDDG
LAIH
V
N--AKL 471
ruler
......450.......460.......470.......480.......490.......500..
Figura 9- Alinhamento das seqüências de aminoácidos das α-amilases de D. saccharalis
(DSA) e T. molitor (TMA, proteína madura). Setas vermelhas indicam os resíduos
catalíticos; setas pretas os resíduos ligantes de Ca
++
e as setas azuis os resíduos ligantes
de Cl
-
. Caixa amarela indica região do peptídeo sinal.
Peptídeo sinal
Figura 10- Eletroforese em agarose 1% de produtos de PCR. MW-
marcadores de peso molecular. A1, A2 e A3 – produtos de PCR usando
iniciadores de expressão e moldes específicos para DSA1, DSA2 e DSA3,
respectivamente.
1,5 Kb
3,0 Kb
PM A1 A2 A3
Figura 11 – Representação esquemática dos plasmídeos de expressão construídos.
AOX1, gene codificante da Álcool oxidase. HIS4, gene para síntese do aminoácido
histidina. Amp
r
, gene de resistência ao antibiótico ampicilina. Kan gene de resistência
ao antibiótico kanamicina (gene modificado que congere resistência a geneticina para
leveduras). Pep. Sinal, peptídeo sinalizador para excressão da proteína recombinante
expressa.
Amp
r
3´ AOX1
Inserto
HIS4
promotor
5´ AOX1
Origem de
replicação
Pep. sinal
Kan
DSA2
dia 5
nº cloneMMMRMMMRMMMRMR
1 6 8 212 344 645 507 3
2 13 28 353 560 1072 561 0
3 11 5 208 417 564 458 3
4 4 6 319 366 581 391 0
5 6 11 257 382 565 567 8
6 8 12 306 508 748 549 29
7 9 31 305 461 724 1127 8
8 9 32 284 798 518 1112 0
9 9 6 451 293 541 349 9
10 0 6 195 253 137 100 0
11 0 5 106 305 111 152 0
12 0 7 125 351 135 236 1
13 0 2 131 249 198 128 36
14 0 11 99 392 124 150 14
15 0 13 165 461 201 277 0
16 0 21 191 830 154 169 3
17 0 1 113 231 60 0 0
18 0 9 36 385 42 2 0
19 0 0 80 152 47 19 0
20 3 6 243 351 47 60 0
dia 1dia 3dia 5
DSA1
Tabela 3- Amilase (mU/mL) presente no meio de cultura mínimo (MM) ou rico (MR),
aonde cresciam células de P. pastoris transformadas com cDNA codificante de
DSA1 ou DSA2 após indução. Os clones transformados com cDNA codificante de
DSA2 só apresentaram atividade significativa após 5 dias de indução em meio rico.
Em vermelho estão indicados os clones selecionados para maxi-indução.
DSA1 MM DSA1 MR DSA2 MR
dia 1 6,69 3,55 0,37
dia 2 5,70 4,01 0,21
dia 3 8,23 3,88 0,15
dia 4 8,27 3,91 0,14
dia 1 161 312 27
dia 2 215 457 19
dia 3 471 540 17
dia 4 559 646 16
Atividade Enzimática (mU/mL)
Atividade Especifica (mU/mg)
Tabela 4- Atividade e atividade específica de amilases expressas em
células de P. pastoris crescidas em meio mínimo (MM) ou em meio rico
(MR). DSA2 em meio mínimo não aparece na tabela pois não é
observada atividade alfa-amilásica.
dia
123123
6,0
0 45 162 23 95 297
7,0
27 90 333 45 189 594
8,0
00270027
6,0
002302359
7,0
932991468185
8,0
000000
DSA1
MM MR
DSA2
pH
Tabela 5- Atividade amilásica (mU/mL) determinado no meio mínimo (MM) e no
meio rico (MR) após expressão da enzima. Os meios foram feitos em pHs 6, 7 ou
8 e a atividade foi determinada a cada 24h. Observa-se a maior atividade em pH
7,0 e uma expressão irrisória em pH 8,0. Em vermelho está destacada a
condição escolhida para se obster a enzima.
MW 1 2 3 4 5 6 7 8 9
31,0
66,2
45,0
14,4
21,5
kDa
Figura 12- Eletroforese em gel de poliacrilamida 12% do meio de cultura
(BMMY) aonde cresciam células de P. pastoris transformadas com cDNA que
codifica IC1. MW- padrão de peso molecular. 1-9- diferentes clones induzidos
por 72h.
DSA3 CTGAATGTTACATCCAACCTAACGATTACAGGTGCTGCCCTGAACGGGTCCGCAACTGTC
DSA1 CTGAATGTTACATCCAACCTCACGATTATGGATGCTGCCCTGAGCGGGTACGTAACTGTC
******************** ******* * *********** ***** ** *******
DSA3 AACTCTCCGGTCTAAAAGATTTAAACCAAAGCTCTGAACATGTCCGTCGAATGATCGTTG
DSA1 AACTCTCCGGTCTAAAAGATTTAAACCAAGGCACTGAACATGTCCGTCGAATGATCGTTG
***************************** ** ***************************
DSA3 ACTTTATGAACCGTCTCATCGGCATGGGCGTTGCTGGATTTAGGATTGACGCGGCAAAGC
DSA1 ACTTTATGAACGGTCTCATTGATATGGGCGTTGCTGGATTCAGGATTGACGCAGCCAAGC
*********** ******* * ***************** *********** ** ****
DSA3 AGACTTTACAGACCTGTTTACCTGCCGGTAGATATTGTGATGTGATCTCCGGTGTCAAGA
DSA1 AGACTCTTCAGACTTGTTTACCTGCCGGTAGATATTGTGATGTGATCTCCGGTTTTAAGA
DSA2 AGAATTTACAGACATGTCTCCCAGCAGGCAGATACTGTGACGTCATATCCGGAGTAAAAG
*** * * ***** *** * ** ** ** ***** ***** ** ** ***** * **
DSA3 GTGGCAACAGCTGCACAGGCAAGACAGTTACAGTTGGTAACGACGGTCGTGCTCACATCT
DSA1 GTGGCAACAGCTGCACAGGCAAGACAGTGACGGTTGGTAATGATGGTCGTGCTCACATAT
DSA2 CTGGCAACACTTGCACCGGCAAGACGGTGACGGTTGGCAATGACGGGCGCGCGATTATTA
******** ***** ******** ** ** ***** ** ** ** ** ** **
DSA3 CCGTTGGAGCTAATGACTACGATATGATGCTTGCCATTCACAGGGGTGATGAGTCGAGGT
DSA1 CCGTTGGAGCCAATGACTACGATATGATGCTTGCTATTCATAGGGGTGATCAGTCAAGAC
DSA2 ATGTCGGTGCCCTTGACTACGATATGATGCTGGCCATACACATTGGAACTGAGAGTCGTC
** ** ** ****************** ** ** ** * ** * ** *
DSA3 TGTAACTTTCATCAGTGT--TTGAAGAAA--CAAGACTACAAACATATT-CAGAATAAAT
DSA1 TGTAA----CATCAGAAT--TTGAGGAAT--CAAG---ACAAACAACTT-CACAATAAAT
DSA2 TTTGATCCTGTTCAAATTGGCTG
AAAAATATCTAACTTTGATGCAACGTATAATGGAAAT
* * * *** * *** ** * * * ** * * ****
DSA3 GTATTCGCATAT
CGAAAAAAAAA--------
DSA1 GCACTCAAAAATCG-----------------
DSA2 AAATTTATTGATCAATACTTAAACCTCGTGC
* * ***
Figura 13- Alinhamento parcial das seqüências de nucleotídeos das α-amilases
D. saccharalis. A- parte do alinhamento das duas amilases mais similares (DSA1
e DSA3). Destacadas em azul: regiões onde possíveis iniciadores se anelariam.
B- porção 3´ do alinhamento das três seqüências. Estão destacadas as regiões
onde se anelariam os iniciadores para realização de PCR em tempo real. As
regiões usadas na construção dos iniciadores utilizados nos experimentos de
clonagem estão grifadas.
B
A
AY961549Lysiphlebus testaceipesRPS6
AY769320Bombyx moriRPS6
XM_963302Tribolium castaneumRPS6
U64795Manduca sextaRPS6
AF429980Spodoptera frugiperdaRPS6
EAA00974Anopheles gambiae
DNA polimerase α
XM_416792Gallus gallus
DNA polimerase α
XP_687096Danio rerio
DNA polimerase α
BAA14340Drosophila melanogaster
DNA polimerase α
AB178526Trachemys scripta
DNA polimerase α
XM_623792Apis mellifera
DNA polimerase
XM_320778Anopheles gambiae
DNA polimerase
NM_079375Drosophila melanogaster
DNA polimerase
XM_962197Tribolium castaneum
DNA polimerase
XM_964107Tribolium castaneum
DNA polimerase γ
XM_315205Anopheles gambiae
DNA polimerase γ
NM_079738Drosophila melanogaster
DNA polimerase γ
XM_393171Apis mellifera
DNA polimerase γ
códigoorganismoGene
59-64ºC850 pb
GA(C/T) AA(A/G) ATG GA(T/C) TGC AA(A/G) GG
DNApol_
G(C/A)C ACT C(T/A/C)T G(C/T)T ACA GAC C
T(A/G)C T(T/A/C)T A(C/T)G ATC C(T/G)G CTT T
ATA GT(G/A/C) CG(G/T/A) (C/A)G(C/A) GA(C/T) TGG T
Seqüência
49-61ºC600 pbRPS6
53-61ºC1300 pb
DNApol_γ
58-70ºC1550 pb
DNApol_α
TmProdutoIniciador
Tabela 6- Genes dos diferentes organismos escolhidos para alinhamento e
posterior desenho de iniciador degenerado para clonagem. São descritos os
nomes das proteínas que eles codificam, o nome dos organismos e os
respectivos códigos de acesso no banco de dados do NCBI.
Tabela 7- Iniciadores desenhados para clonar genes constitutivamente expressos de D.
saccharalis. Estão descritas as seqüências dos iniciadores estando entre parênteses as
diferentes bases nas posições degeneradas, o tamanho do produto previsto para uma
amplificação por PCR e as faixas de temperatura de anelamento, levando em considerasão
as possíveis combinações de base (degenerações) de cada iniciador.
Figura 14- Parte dos alinhamentos das seqüências codificantes dos diferentes
genes constitutivos, descritas na tabela 8. Asteriscos indicam os nucleotídeos
conservados. A caixa vermelha indica a região escolhida para desenhar o iniciador
de clonagem para cada gene, descritos na tabela 9. A- Alinhamento das
seqüências codificantes da subunidade catalítica da DNA polimerase α. B-
Alinhamento das seqüências codificantes da subunidade catalítica da DNA
polimerase ∆. C- Alinhamento das seqüências codificantes da subunidade
catalítica da DNA polimerase γ. D- Alinhamento das seqüências codificantes da
proteína ribossomal S6 (RPS6).
Trachemys AATTGAAAGGATTGGACATAGTCCGAAGAGACTGGTGTGACCTTGCAAAA
Galus AACTGAAAGGGTTGGATATAGTCCGAAGAGACTGGTGTGATCTTGCAAAA
Danio AGCTCAAAGGCCTGGACATTGTGCGTAGAGATTGGTGCGACCTCGCCAAG
Drosophila AGCACAAGGGCCTGGATATAGTACGTCGCGATTGGTCTCAGCTGGCTGTA
Anopheles AGCTCAAGGGGCTGGACATAGTGCGGCGCGACTGGTCGCGCATTGCCGTG
* ** ** **** ** ** ** * ** **** * **
A
Drosophila GATCGTGCACTTCTATCGATGGGTGCGCTCCAGTAATGCACTACTCTATGATCCTGCTTTG
Anopheles AATCATCCACTTTTACCGTTGGGTACGGTCCAGTCGCGCTCTGCTATACGATCCTGCTTTA
Tribolium AGTCGTTCATTTCTATCGGTGGTTGCGGGCGCCTAAAGCCCTGCTTTACGATCCGGCTTTG
Apis AATTATACATTTTTACAGATGGTTGCGTTCACCTAACGCTTTACTTTACGATCCTGCTTTA
* * ** ** ** * *** * ** * * ** * ** ** ***** *****
C
Drosophila TACCTACGATAAAATGGATTGCAAGGGCATAGAAACCGTGAGGAGAGATAACTCTCCGCT
Anopheles CCGGTACGACAAGATGGACTGCAAGGGCATCGAGACGGTGCGGCGCGACAACTCGCCGCT
Apis CAAATATGATAAAATGGATTGCAAAGGTCTAGAAACTGTACGAAGAGATAATTGTCCATT
Tribolium TAAATACGACAAAATGGATTGCAAAGGTATTGAAACCGTACGAAGGGATAATTGTACATT
** ** ** ***** ***** ** * ** ** ** * * ** ** * * *
B
Spodoptera AACAGCCGTGTTCGTTTGTTGATGTCAAAGGGCCACTCTTGCTACAGACCCCGTCGTGAT
Bombyx AACAGCCGTGTTCGTCTTCTGATGTCAAAGGGCCACTCATGTTACAGACCGCGCCGCGAT
Manduca AACAGCCGTGTTCGTTTATTGATGTCAAAGGGCCACTCATGCTACAGACCGCGTCGTGAT
Lysiphlebus AATGGTCGTGTACGTCTTTTACTTTCAAAGGGACACTCATGCTACAGACCACGTCGTACT
Tribolium AACAGCCGCGTTCGCCTTCTCCTCTCAAAGGGCCACTCCTGCTACAGACCCCGGCGTGAC
** * ** ** ** * * * ******** ***** ** ******** ** **
D
Bombyx_mori MKLNVSYPATGCQKLFEVVDEHKLRIFYEKRMGAEVEADQLGDEWKGYVL
Manduca_sexta MKLNVSFPATGCQKLFEVVDEHKLRIFYEKRMGAEVEADLLGDEWKGYVL
Spodoptera_frugiperda MKLNVSFPATGCQKLFEVVDEHKLRIFYEKRMGAEVEADQLGDEWKGYVL
Diatraea _saccharalis --------------------------------------------------
Bombyx_mori RVAGGNDKQGFPMKQGVLTNSRVRLLMSKGHSCYRPRRDGERKRKSVRGC
Manduca_sexta RVAGGNDKQGFPMKQGVLTNSRVRLLMSKGHSCYRPRRDGERKRKSVRGC
Spodoptera_frugiperda RIAGGNDKQGFPMKQGVLTNSRVRLLMSKGHSCYRPRRDGERKRKSVRGC
Diatraea _saccharalis -----------------------------CHSCYRPRRDGERKRKSVRGC
********************
Bombyx_mori IVDANLSVLALVIVRKGAQEIPGLTDGNVPRRLGPKRASKIRKLFNLSKE
Manduca_sexta IVDANLSVLALVIVRKGEQEIPGLTDGNVPRRLGPKRASKIRKLFNLSKE
Spodoptera_frugiperda IVDANLSVLALVIVRKGEQEIPGLTDGNVPRRLGPKRASKIRKLFNLSKE
Diatraea _saccharalis IVDANLSVLALVIVRKGTQEIAGLTDGNVPRRLGPKRASKIRKLFNLNKE
***************** ***.*************************.**
Bombyx_mori DDVRRYVVKRVLPAKEGKENAKPRHKAPKIQRLVTPVVLQRRRHRLALKK
Manduca_sexta DDVRRYVVKALLPAKEGKENAKPRYKAPKIQRLVTPVVLQRRRHRLALKK
Spodoptera_frugiperda DDVRRYVVKRLLPAKEGKENAKPRYKAPKIQRLVTPVVLQRRRHRLALKK
Diatraea _saccharalis DDVRRYVVKRLLPAKEGKENAKPRYKAPKIQRLVTPAVLQRRRHRLALKK
********* :*************:***********.*************
Bombyx_mori KRLAKRKSSEAEYAKLLAQRKKESKVRRQEKIKRRRSASMRDSKSSSQSA
Manduca_sexta KRLAKRKSAEADYAKLLAQRKKESKVRRQEEIKRRRSASMRDSKSSNQSA
Spodoptera_frugiperda KRLAKRKQSENDYAKLLAQRKKESKVRRQEELKRRRSASMRDSKSSDKSA
Diatraea _saccharalis KRLAKRKSSEAEYAKLLAQRKKESKVRRQEEIKRRRSASMRDSKSSDKSA
*******.:* :******************::**************.:**
Bombyx_mori PQK
Manduca_sexta PQK
Spodoptera_frugiperda PQK
Diatraea _saccharalis PQK
***
Figura 15- Alinhamento das seqüências de aminoácidos da proteína ribossomal
S6 de diferentes Lepidoptera incluindo a deduzida a partir do cDNA clonado de D.
saccharalis. Observa-se uma alta similaridade entre as seqüências indicando que
o cDNA clonado codifique a proteína de interesse.
y = -5,7222x + 98,97
0
20
40
60
80
100
120
0123456
nº congelamentos
Atividade remanescente (%)
Figura 16 – Estabilidade de DSA2 ao congelamento em pH 8,0. O gráfico
mostra a porcentagem da atividade remanescente após cada congelamento. É
observada uma tendência de perda de atividade, de 5,7% a cada
congelamento.
pH 7,0 pH 9,5
449 275
389 224
459 378
402 299
375 225
398 325
de congelamentos
1
2
3
4
5
6
Tabela 8- Atividade de DSA1 (mU/mL), ensaiada em pH 9,5; após
congelamentos seqüenciais em pHs 7,0 e 9,5.
HighTrap Q cromatography
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
0 1020304050607080
Fraction
Abs 550n
m
0
20
40
60
80
100
120
NaCl (%)
Abs 550 nm
% NaCl
Resource Q cromatography
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
0 10203040506070
Fraction
Abs 550nm
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
NaCl (%)
Abs 550 nm
% NaCl
B
A
21 22 23 24 25 26 27 28 HT MW
31.0
66.2
45.0
14.4
21.5
97.4
kDa
57 kDa
Figura 17- Semi-purificação de DSA1. O meio de cultura de P. pastoris após indução da
expressão de DSA1 foi submetido a uma cromatografia em HighTraoQ (A). As frações
mais ativas dessa cromatografia foram reunidas e aplicadas em uma cromatografia em
ResouseQ (B). As frações com atividade amilásica dessa cromatografia foram aplicadas
em SDS-PAGE (mesma quantidade de proteína por raia) para evidenciar o grau de
pureza da proteína de interesse (C). As raias (21 – 28) estão numeradas com o número
da fração correspondente em B. A banda majoritária tem massa molecular semelhante
ao previsto para DSA1.
C
DSA2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0
pH
% Atv.
S
PIPES
HEPES
TAPS
GLY
CAPS
DSA3
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0
pH
% Atv.
S
PIPES
HEPES
TAPS
GLY
CAPS
DSA1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0
pH
% Atv.
S
PIPES
HEPES
TAPS
GLY
CIS
CAPS
ARG
Figura 18- Efeito do pH na atividade enzimática. O gráfico mostra a
porcentagem da atividade remanescente das enzimas recombinantes
DSA1, DSA2 e DSA3 em função do pH.
Homogeneizado
0
20
40
60
80
100
120
4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0
pH
atv (%)
1,30 horas
3,0 horas
DSA1
0
20
40
60
80
100
120
4,05,06,07,08,09,010,011,0
pH
atv (%)
1,30 horas
3,0 horas
DSA2
0
20
40
60
80
100
120
4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0
pH
atv (%)
1,30 horas
3,0 horas
Figura 19- Estabilidade de DSA1, DSA2 e da atividade amilásica presente no
homogeneizado do conteúdo intestinal de D. saccharalis em diferentes pHs. Os
gráficos mostram a atividade remanescente em cada um dos materiais após
incubações de 1,30 e 3 horas a 30ºC , na ausência de substrato. As linhas
indicam a faixa de pH onde a atividade é estável (patamares) e as tendências
de perda de atividade.
1
10
100
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
min
% Atividade remanescent
e
DSA3
DSA2
DSA1
Figura 20- Inativação térmica das amilases recombinantes à 50 ºC. O gráfico
mostra o log da porcentagem da atividade remanescente pelo tempo em que os
materiais permaneceram incubados. Foram ensaiadas as três enzimas
recombinantes DSA1, DSA2 e DSA3. Observa-se diferentes t
1/2
: 125 min para
DSA1, 6 min para DSA2 e 45 min para DSA3.
50
Tabela 10- Afinidade das amilases recombinantes por diferentes substratos.
Os valores estão expressos em % (p/v).
0,15 ± 0,02
0,10 ± 0,010,08 ± 0,005
Glicogênio
0,10 ± 0,01
0,10 ± 0,010,17± 0,01Amilose em DMSO
0,15 ± 0,01
0,16 ± 0,010,12± 0,01Amido em DMSO
0,12 ± 0,01
0,08 ± 0,010,08 ± 0,01
Amido
DSA3DSA2DSA1
Substrato
Enzima
Tabela 9 – Sensibilidade das α-amilases recombinantes de D. saccharalis,
DSA1, DSA2 e DSA3, e das comerciais, salivar humana (HSA) e
pancreática de porco (PPA), a diferentes inibidores. Foram utilizados os α-
Ai1 e 2 de feijão na concentração 0,5 mg/mL, e os inibidores comerciais de
trigo tipo 1 e 3 na concentração 12,5 mg/mL. Os valores da tabela são as
atividades remanescentes (%) em relação a um ensaio sem inibidor. ÑI
indica a ausência de inibição.
3436ÑIÑIDSA2
1010
ÑIÑIDSA3
ÑI31ÑIÑIDSA1
ÑI61ÑI15PPA
913ÑIÑIHSA
IT-3IT-1
α-AI2α
-AI1
Enzima
I
n
i
b
i
d
o
r
Figura 21- Cromatografia em camada
delgada dos produtos da ação de DSA1 e
DSA2 após ensaio de atividade com amido
como substrato. PD- padrão de
oligosacarídoeos. G1 a G6: glicose,
maltose, maltotriose, maltotetraose,
maltopentaose e maltohexaose,
respectivamente. DSA1- produtos de
hidrólise de DSA1. DSA2- produtos de
hidrólise de DSA2.
G1
G2
G3
G4
G5
G6
PD DSA1 DSA2
Figura 22- Modelo da estrutura de DSA1 gerado a partir do SWISS-MODEL e
visualizada com o progama Swiss-PdbViewer. Regiões em azul indicam alta
similaridade entre a sequencia de DSA1 amilase de T. molitor e amilase
pancreática de porco, que foram usadas como modelo para a modelagem
estrutural. Regiões em vermelho e verde são regiões de baixa similaridade.
Figura 23- Cladrogama de seqüências de α-amilases de insetos depositadas
no GenBank. Euroguyphus maynei (ácaro, AAD38943.1), Dermatophagoides
pteronyssinus (ácaro, AAD38942.1), Aedes aegypti (Diptera, AAA29343.1 e
AAB60934.1), Anthonomus grandis (Coleoptera, AAN77139.1 e AAN77138.1),
Anopheles merus (Diptera, AAA03323.1), Apis melifera melifera (
Hymenoptera, AAM20738.1), Biblio marci (Diptera, AAL92553.1 e
AAA29343.1), Blaps macronata (Coleoptera, AAO14612.1), Blatella
germânica (Dictyoptera, ABC68516.1), Bombyx mori. (Lepidoptera,
AAA17751.1), Callifora vormitoria (Diptera, AAY88831.1 e AAY88830.1),
Callosobrucus chinensis (Coleoptera, BAB72257.1), Ceratitis capitata
(Diptera, AAO13691.1), Culex tarsalis (Diptera, AAO03350.1), Diabrotica
virgifera virgifera (Coleoptera, AAF20998.1), Diatraea saccharalis
(Lepidoptera, DSA1 AAP92665.1 , DSA2 AAP97393.1 e DSA3 AAP97394.1),
Drosophila bocki (Diptera, BAA95436.1, BAA95435.1, BAA95434.1 e
BAA95433.1), Lutzomia longipalpis (Diptera, AAD032192.1), Ochlerotatus
atropalpus (Diptera AAA03322.1), Phaedon cochleariae (Coleoptera,
CAA76926.1), Sarcophaga carnaria (Diptera, AAY88849.1), Spodoptera
frugiperda (Lepidoptera, AAO13754.1), Tenebrio molitor (Coleoptera,
Swissprot PS6634), Thaumatomyia notata (Diptera, AAY88858.1), Tribolium
castaneum (Coleoptera, AAA03708.1, AAA03709.1 e CAA300009.1),
Zabrotes subfasciatus (Coleoptera, AAF3435.1. O cladrogama foi obtido com
o programa Mega 4 (Takamura et al, 2007).
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