Download PDF
ads:
Tese de
Doutorado
Caos e Integrabilidade em Teorias
com Supersimetria
Leonardo Paulo Guimar
˜
aes de Assis
Centro Brasileiro de Pesquisas F
´
ısicas-CBPF
Rio de Janeiro, 10 de Nov embro de 2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Dedicat´oria
Em mem´oria de meus pais Francisco e Cleia
i
ads:
Agradecimentos
Gostaria de declarar inicialmente considerar os m´eritos por boa parte das conquistas
que me trouxeram at´e aqui como ao sendo exclusivamente meus, mas, compartilho e
agrade¸co a um grande n´umero de pessoas que me ajudarm ao longo de toda minha vida
de estudante.
Na impossibilidade de citar todos, lembro aqui de algumas destas pessoas que de um
modo marcante me influenciram:
- Ao meu orientador e amigo, Prof. Jos´e Abdalla Helay¨el-Neto, a quem devo o meu
resgate para a f´ısica, a maior parte do que hoje sei sobre Teoria de Campos, por sua
dignidade pessoal e acadˆemica. A ele todos os agradecimentos ao poucos frente a toda a
ajuda que me deu;
- Ao professor e amigo, Sebasti˜ao Alves Dias, agrade¸co pelo muito que me ensinou de
teoria de campos, pelo companheirismo de quem nunca me desamparou nos momentos
mais atribulados deste trajeto ;
- Ao Prof. Anibal Omar Caride meu primeiro professor aqui no CBPF, agrade¸co pelo
apoio a mim dado como a muitos outros os-graduandos;
- Aos colegas de conv´ıvio da DCP, digo CCP, digo LAFEX, com quem pude desfrutar
de um ambiente poucas vezes encontrado em outras paragens:
´
Alvaro Nogueira, Ricardo
Paschoal, Leonardo Moraes (Chara), Thales Soares, Wesley Spalenza, Humberto Belich
Jr., Marta Tureli, `a Sergio Vellozo meu agradecimento pela primeira revis˜ao desta tese e a
ii
Nelson Panza meu agradecimento pelo fato de no apagar das luzes da reda¸ao desta tese
ter feito a ´utima leitura, a Mois´es Rojas, Manoel Messias Jr., Jos´e Lu´ıs Boldo, Roger Bar-
reto, Hector Leny Carrion,
´
Alvaro Ferreira, arcia Moutinho, Ricardo Sibanto, Marcelo
Carvalho, Gustavo Dourado, Marcello Botta, Fabricio Barone, Cresus Godinho, Claudio
e Daniel Sasaki, Patrick Brockill, Everton Abreu, Jos´e Luis Chauca Murga, Gilmar Dias,
Edison Luiz da Gra¸ca, Rafael Chaves, Cristine Ferreira, Germano Monerat, Nem´esio de
Oliveira Neto, Jos´e Gomes, Val´eria Nunes, ;
- Aos funcion´arios, pela ajuda e carinho:
`
As secret´arias do CCP, Rosangela Marques,
Elisete, amigas com quem pude contar a todo instante neste meu doutorado, `a Beth
Martins; da Biblioteca: Rosa, Marina, Cida, Marilena, Baiano, atima, Sergio Velho, e
a galera da xerox, assim como o Prof. Emil Medeiros, a
ˆ
Angela Melo, a Vera Toledo e o
Jos´e Ramalho; do Setor de Publica¸oes: Socorro e Valeria; todos da CAT, especialmente
Marcio e Marcelo Albuquerque, Nilton Alves Jr., Fernanda, Denise Coutinho; da CFC:
Myriam Sim˜oes e Jos´e Ricardo; ao pessoal da vigilˆancia;
- ao poderia deixar de agradecer aos que durante minha gradua¸ao tiveram um papel
decisivo em minha vida acadˆemica e pessoal: Maria Darci Godinho minha grande amiga
e orientadora de meu projeto de final de curso, Ivo Fernandez Lopez amigo, professor que
tamb´em esteve presente nos momentos mais dif´ıceis, Mario Cesar Barbatti ´e outro que
ao posso esquecer, amigo de todas as horas com quem publiquei meu primeiro artigo
cientifico. A estes trˆes meus agradecimentos especiais pois momentos que ao pude andar
com minhas pr´oprias pernas, eles me carregaram;
- Aos Professores com que fiz disciplinas na UERJ durante este doutoramento: Prof.
Cesar A. Linhares da Fonseca Jr., Prof. Marcelo Chiapparini e ao Prof. Ivan C. da
Cunha Lima meus agradecimentos pelo muito que me ensinaram;
- Ao Prof. Ildeu de Castro Moreira com quem aprendi a gostar do caos e ao Prof.
iii
Filadelfo Cardoso Santos com quem continuei estes estudos;
- Ao Prof. Nelson Maculan Filho pela ajuda que me deu durante a gradu¸ao e pelo
que sei sobre optimiza¸ao;
- As profs. Dr.Heloisa Tardin, Gilda M. B raga e Maria Cristina Soares Guimar˜aes
(minha prima), por todo carinho e pelos ensinamentos em Ciˆencia da Informa¸ao;
-
`
A Associa¸ao de os Graduandos Jos´e Leite Lopes da qual tive a honra de representar,
agrade¸co pelo reconhecimento e a ela fa¸co votos que continue com o mesmo espirito de
commbate pelos interesses do CBPF e da F´ısica no Brasil;
-Ao Grupo de F´ısica Torica Jos´e Leite Lopes, pelo companheirismo que viabiliza uma
maneira diferente de fazer f´ısica;
-Ap´os estes dois ´ultimos agradecimentos presto minha homenagem ao Prof. Jos´e Leite
Lopes, patrono de nossa APG e do nossos grupos de p esquisa.
`
A ele minha estima por
tudo que fez pela ciˆencia em nosso pa´ıs;
-Ao Conselho Nacional de desenvolvimento Cientifico e Tecnol´ogico, CNPq/MCT pelo
financiamento de meu Doutoramento;
-Aos meus amigos da biblioteca do Inst. de Qu´ımica da UFRJ, agrade¸co pelo apoio e
amizade;
- A minha fam´ılia, que pelo amor e carinho me sustentaram e me inspiraram em tudo
aquilo de bom que tenho: em particular, a minha ae, Cleia Guimar˜aes de Assis, e meu
pai, Francisco Paulo de Assis, meus aos, Sebasti˜ao e Maria da Gloria, meus irm˜aos,
Ricardo, Andreia, Cristiano e Sergio, as minhas tias Luiza, Cidinha e Marilda.
iv
Resumo
Neste Trabalho, explora-se a existˆencia de caos em teorias supersim´etricas.
Contempla-se sistemas mecˆanicos supersim´etricos formulados a partir de teorias de
campo reduzidas no regime de configura¸oes espacialmente homogˆeneas e se aplicam aos
mesmos testes de integrabilidade e caos.
v
Summary
The existence of chaos in supersymmetric theories is the focus of this work. Super-
symmetric mechanical systems formulated from field theories reduced in the regime of
spatially homogeneous configurations are contemplated and tests to find out integrability
and chaos are applied. Our results suggest that supersymmetric models are more sensitive
to the presenc e of chaos than non-supersymmetric ones.
vi
´
Indice
Dedicat´oria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . i
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ii
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v
Summary . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vi
´
Indice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vii
Introdu¸ao e Motivao 1
1 Caos e Integrabilidade em Teorias de Gauge 12
1.1 Teoria de Gauge com Campos espacialmente
Homogˆeneos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2 Caos e Integrabilidade e etodos de An´alise . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.2.1 Integrabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.2.2 Simetrias pontuais de Noether. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.2.3 Teste de Painlev´e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.2.4 Caos Determin´ıstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.2.5 Expoente de Lyapunov . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.2.6 O etodo SALI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
vii
2 Modelo Mecˆanico de Yang-Mills Minimamente Supersim´etrico 27
2.1 O Modelo Supersim´etrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.2 An´alise de Integrabilidade para o Setor Bosˆonico . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.3 An´alise de Integrabilidade Considerando a Simetria de Paridade Imposta
a todo o Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.4 Conclus˜oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3 Integrabilidade e Caos em um Modelo Planar Supersim´etrico N=2 36
3.1 O modelo Bosˆonico usual com considera¸oes de Simetria de Paridade . . . 37
3.2 O modelo supersim´etrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.3 O setor bosˆonico e sua integrabilidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.3.1 Parˆametros que sobrevivem aos v´ınculos de paridade . . . . . . . . 43
3.4 Aplicando o teste de Painlev´e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.5 Estudo da Integrabilidade do Setor Bosˆonico com simetria de Paridade
imposta a todo o modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.5.1 Formula¸ao a duas componentes do setor fermiˆonico . . . . . . . . . 52
3.5.2 Estudo de integrabilidade com v´ınculos de paridade do setor fermiˆonico 55
3.6 Conclus˜oes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4 Limite Mecˆanico Supersim´etrico de Yang-Mills com Quatro Graus de
Liberdade 70
4.1 O Modelo Supersim´etrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
viii
4.2 An´alise de Integrabilidade para o Setor Bosˆonico . . . . . . . . . . . . . . . 76
4.3 Estudo de Integrabilidade com V´ınculos de Paridade Impostos a Todo o
Modelo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
4.4 Conclus˜oes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
5 Integrabilidade e Caos numa Vers˜ao D=(0+1) da Teoria N=2 Maxwell–
Chern–Simons–Higgs. 80
5.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
5.2 Descri¸ao do Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
5.3 An´alise de Integrabilidade: Caso Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
5.3.1 Aplicando Simetrias pontuais de Noether. . . . . . . . . . . . . . . 86
5.3.2 Teste de Painlev´e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
5.4 Regime de acoplamento cr´ıtico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
5.5 An´alise de caos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
5.5.1 Equa¸oes de movimento e condi¸oes para an´alise . . . . . . . . . . . 92
5.5.2 Caso com g = 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
5.5.3 Caso com g = 0 fora do regime de acoplamento cr´ıtico . . . . . . . 95
5.5.4 Caso com g no regime de acoplamento cr´ıtico . . . . . . . . . . . . 97
5.6 Conclus˜oes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
6 Considera¸oes Finais 102
Bibliografia 107
ix
Introdu¸ao e Motivao
As propriedades dinˆamicas de sistemas de gauge de finem um foco de grande interesse,
como se pode p erceber a partir do not´avel esfor¸co que foi dirigido, a algum temp o, `a
an´alise da estabilidade de configura¸oes de campo de gauge [Bamba et al,2002]. Dada
a sua imp ortˆancia na f´ısica te´orica, as teorias de gauge em sendo investigadas intensa-
mente, e o quadro atual ´e uma descri¸ao abrangente, mas ao–exaustiva, desta estrutura
te´orica. Um aspecto promissor de tais sistemas ´e a possibilidade de solu¸oes solitˆonicas co-
erentes, que podem desempenhar um papel crucial na compreens˜ao de fenˆomenos f´ısicos
como, por exemplo, o confinamento dos quarks. Por outro lado, a procura de janelas
de regime ca´otico em teorias de gauge parece ser ao importante como a an´alise ante-
rior, definindo uma contrapartida `a abordagem baseada em solu¸oes es t´aveis, o que pode
conduzir `a resposta de problemas-chave [Bamba et al,2002, Biro et al,1994]. Nos anos
oitenta, desenvolveu-se um m´etodo para investigar caos em teorias de campo, que foi
aplicado a sistemas de Yang–Mills [Biro e t al,1994, Matinyan et al,1981]. A id´eia prin-
cipal ´e reduzir o modelo a seu limite mecˆanico, considerando configura¸oes de campo
espacialmente homogˆeneas. A discuss˜ao da evolu¸ao ca´otica neste regime restrito ´e su-
posta suficiente para assegurar comportamento ca´otico da teoria de campo completa
[Biro et al,1994, Nikolaevski e Shur,1982]. A partir do trabalho pioneiro de Matinyan
[Matinyan et al,1981] que, fazendo uso de campos espacialmente homogˆeneos viabilizou o
estudo de caos em teoria de campos, muitos outros trabalhos se sucederam. A seguir, des-
1
tacaremos alguns casos da literatura que adotam es te enfoque, e tamb´em outras maneiras
de estudar c aos em teorias de campos.
No trabalho [Lavkin,1991], o autor mostra que os campos de uma teoria de Yang-Mills
com grupo de simetria SU(2), numa aproxima¸ao de grandes comprimentos de onda, exi-
bem uma transi¸ao ordem-caos, `a medida que a energia aumenta e que a massa do campo
escalar apresenta um efeito estabilizador. Em [Kawabe,1992], o mesmo modelo foi acres-
cido do potencial de Higgs, e tamb´em uma transi¸ao ordem-caos foi observada, sendo que,
nesta aproxima¸ao espacialmente homogˆenea, observou-se que existiam solu¸oes do tipo
monop´olo. No trabalho [Lavkin,1992], o autor mostra que a quantiza¸ao dos mesmos cam-
pos tratados em [Lavkin,1991] conduzem a um aumento do comprimento de correla¸ao da
carga de cor (confinamento). Estudando o modelo de Higgs Abeliano e o modelo SO(3)
de Georgi-Glaslow (modelo de Higgs ao-Abeliano), que, respectivamente, apresentam
solu¸oes de ortice e monop´olo, os autores de [Dey et al,1993] mostraram que estes ao ao
integr´aveis para qualquer valor de parˆametro, e exibem caos. a em [Bamba et al,1993],
os autores investigaram a dinˆamica do modelo de Chern-Simons-Higgs, com e sem o termo
de Maxwell. No caso do Chern-Simons-Higgs puro, verificaram que este era integr´avel, ao
passo que a introdu¸ao do termo de Maxwell tornava o sistema ao-integr´avel, exibindo
caos. Outro estudo nesta linha [Kawabe,1993], mostrou que o modelo-SU(2) Yang-Mills-
Higgs, com solu¸ao do tipo “sphaleron”, tamb´em apresenta transi¸ao ordem-caos. Ainda
com a mesma abordagem que em [Sriram et al,1994] o modelo-SU(2) Chern-Simons-Higgs
foi analisado, e se descobriu que, em geral, este ao ´e integr´avel, e que o acr´escimo de
um termo de energia cin´etica para o campo de Yang-Mills ao alterava a situa¸ao de ao-
integrabilidade. No trabalho [Berman,1994], a teoria de gauge SU(2) × U(1) com fase
espontaneamente quebrada mostrou possuir transi¸ao ordem-caos. Em [Kawabe,1995],
as propriedades ca´oticas do modelo de Higgs Abeliano foram estudadas, e se observou
2
que existia transi¸ao ordem-caos para certos valores da constante de acoplamento e ener-
gia com propriedades diferentes daquelas observadas no caso das teorias topol´ogicas de
SU(2) Yang-Mills-Higgs. a no trabalho [Salasnich,1995], atrav´es de um an´alogo quˆantico
do crit´erio de superposi¸ao de ressonˆancias de Chirikov, o autor obteve uma estimativa
anal´ıtica do caos para SU(2) Yang-Mills . Na referˆencia [Lakshmibala et al,1997], existe
uma revis˜ao dos trabalhos que contemplam campos espacialmente homogˆeneos at´e 1997.
Um estudo de caos quˆantico em modelo de campos espacialmente homogˆeneos ´e apresen-
tado na ref. [Salasnich,1997]. Em [Kaminaga e Saito,1998:1, Kaminaga e Saito,1998:2],
os autores mostraram a transi¸ao ordem-caos na Eletrodinˆamica Escalar e no caso de
Yang-Mills puro em 2+1 dimens ˜oes com grupo SU(2).
Al´em do caso com campos espacialmente homogˆeneos, onde somente a vari´avel tempo-
ral era considerada, outros estudos levaram em conta os graus de liberdade espaciais, en-
tretanto, em situa¸oes muito particulares. Estes eram os casos de teorias topol´ogicas onde
simetrias do tipo cil´ındricas ou esf´ericas entravam em cena. Entre estes estudos est´a o da
ref. [Kawabe e Ohta,1991], onde o caos foi estudado em um modelo SU(2) Yang-Mills com
perturba¸oes na solu¸ao de mon´opolo magn´etico do tipo `t Hooft-Polyakov. Averig¨uou-se
que existe um valor cr´ıtico na perturba¸ao, abaixo do qual o sistema ´e regular. Estudos
semelhantes foram realizados nas referˆencias [Joy e Sabir,1992:1, Kawabe e Ohta,1994].
Nas refs. [Kawabe e Ohta,1997, Ohta e Kawabe,1997, Kawabe e Ohta,2000], as proprie-
dades ca´oticas do ortice da solu¸ao de Nielsen-Olesen, com simetria cil´ındrica na teoria
de Higgs Abeliana, foram estudadas em um acoplamento cr´ıtico constante. Os resul-
tados mostraram que o sistema exibe caos no caso de grandes perturba¸oes e ´e simi-
lar `a transi¸ao ordem-caos observada em arias solu¸oes topol´ogicas das teorias SU(2)
Yang-Mills-Higgs. Um outro estudo que fez uma compara¸ao entre o caos observado em
teorias topol´ogicas e ao-topol´ogicas, ´e apresentado na ref.[Mukku et al,1997]. Na ref.
3
[Dobrowolski e Szczesny,2000], ´e feito um estudo de caos no setor de Yang-Mills-Higgs,
com simetria esf´erica, no contexto da ecnica do desvio geod´esico, e se encontrou que a
massa de Higgs ´e um indicador natural da presen¸ca de sensibilidade `as condi¸oes iniciais.
Dos estudos acima mencionados com teorias topol´ogicas, um detalhe que chama a
aten¸ao ´e o fato de que, em uma mesma teoria, podem coexistir um regime de ultra-
estabilidade (s´oliton) e de ultra-instabilidade (caos) [Sriram e Segar,1997].
Embora nos estudos de teorias topol´ogicas os graus de liberdade espaciais a pudessem
ser considerados, existia uma limita¸ao imposta pela exigˆencia de simetrias nes tes casos
(esf´erica, cil´ındrica e etc); por isto, um es tudo mais amplo, levando em conta os graus de
liberdade espaciais, foi conduzido por arios autores, fazendo uso das teorias de campos
na rede. Desta maneira, na ref. [M¨uller e Trayanov,1992], uma an´alise da teoria de gauge
SU(2) em uma rede espacial mostrou a existˆencia de caos no limite semicl´assico. Na
ref.[Pullirsch et al,1998], os autores fizeram um estudo na rede das flutua¸oes no espectro
de autovalores, e se calculou a distribui¸ao de vizinhos mais pr´oximos deste espectro.
Os resultados concordavam com a teoria de Wigner, que indica caos nestes casos; ao
se encontrou nenhuma distribui¸ao de Poisson, o que indicaria regularidade. Um es-
tudo semelhante foi feito para a QED em 4D [Berg et al,1999], como tamb´em para QCD
[Bittner et al,2001]. Uma revis˜ao de estudos de c aos na rede pode ser encontrada na ref.
[Biro et al,1994].
Um resultado importante a se destacar foi um estudo [Steeb et al,1991], que mostrou
que, se de um lado a vers˜ao usual de Yang-Mills em quatro dimens˜oes exibia caos, por
outro lado a sua vers˜ao auto-dual era completamente integr´avel.
Como boa parte dos estudos em caos nas teorias de campos foi feita em sua vers˜ao
cl´assica, uma pergunta que alguns autores tentaram responder foi at´e que ponto a quan-
tiza¸ao da teoria teria um efeito estabilizador. Nesta linha, nos trabalhos das
4
refs.[Matinyan et al,1997:1]-[Kuvshinov e Kuzmin,2002], a ao efetiva `a aproxima¸ao de
1-loop da Eletrodinˆamica Escalar sem massa foi estudada, e se verificou que a quebra
esponanea de simetria induzida radiativamente estabilizava o acuo contra o caos.
Fora do cen´ario mais diretamente ligado ao estudo das intera¸oes fundamentais, outra
´area onde foram feitos muitos estudos de caos em teorias de campos foi o da Cosmo-
logia, relacionados `a expans˜ao do Universo [Barrow e Levin,1998], teorias inflacion´arias
[Salasnich,1999], ADS/CFT [Rama e Sathiapalan,1999] e supercordas cosmol´ogicas
[Damour e Henneaux,2000, Damour,2002]. Outro campo onde este tipo de estudo de caos
apresenta resultados na literatura foi o de Branas [Aref’eva et al,1998]-[Aref’eva et al,2000]
e Supercordas [Henneaux,2001]-[Damour,2003:2].
Uma proposta interessante, envolvendo caos em teorias de campos, pode ser vista
na ref . [B iro et al,2001], onde os autores prop˜oem que um sistema de campos pode
ser quantizado, fazendo uso do comportamento ca´otico de sua solu¸ao cl´assica. Esta
proposta ´e an´aloga `a quantiza¸ao estoastica, que ´e reconhecida como uma forma de
quatiza¸ao em paralelo aos etodos canˆonico e do funcional de integral de caminho
[Floratos e Iliopoulos,1983, Damgaard e Huffel,1988]. Enquanto na quantiza¸ao estoastica
existe o acr´escimo de ru´ıdo, cujo car´ater fenomen´ologico ´e mal compreendido, como
fonte da quantiza¸ao, na ref. [Biro et al,2001] a pr´opria dinˆamica do sistema cl´assico
se encarrega deste papel, desde que seja considerada uma dimens˜ao extra de tipo tempo
que poss ibilita a termaliza¸ao do sistema. a o estudo de caos quˆantico foi feito tanto
no limite espacialmente homogˆeneo [Salasnich,1998] como na rede [Matinyan et al,2003,
Bittner et al,2004].
Embora a maior parte das t´ecnicas para estudo do caos se ja num´erica, em tempos
recentes, uma s´erie de abordagens baseadas no estudo de curvaturas em sido desen-
volvida e que permite uma estimativa anal´ıtica da existˆencia de caos. Exemplos desta
5
abordagem para o estudo de caos em teorias de campos podem ser encontradas nas refs.
[Casettit et al,1999, Kawabe,2003].
Como um ´ultimo ponto nesta revis˜ao da literatura, destacamos um esfor¸co em de-
finir um crit´erio para caos em teorias quˆanticas de campos. Segundo as referˆencias
[Kuvshinov e Kuzmin,2002] e [Kuvshinov e Kuzmin,2003], o caos quˆantico pode ser de-
finido a partir da fun¸ao de Green, em analogia com a fun¸ao de correla¸ao usada em
Mecˆanica Estat´ıstica como m´etodo para estimar caos. Esta proposta traz duas vanta-
gens: de um lado, a fun¸ao de Green ´e um objeto pr´oprio da teoria quˆantica de campos
e, portanto, invariante relativ´ıstico, o que difere dos estimadores usuais de caos, que cos-
tumam ao ser invariantes frente a transforma¸oes de coordenadas. A outra ´e que o caos,
nesta proposta, ´e definido no regime quˆantico e, o enao, ´e comparado com os resulta-
dos cl´assicos quando este limite ´e tomado. Deve-se observar que esta defini¸ao de caos
quˆantico est´a na contra-m˜ao da vers˜ao usual, onde o caos ´e definido classicamente e o
caos quˆantico ´e o conjunto de manifesta¸oes especiais que a teoria exibe no caso quˆantico,
quando sua vers˜ao cl´assica ´e ca´otica.
No contexto desta revis˜ao, um foco relevante de aten¸ao ´e definido pela possibilidade
de estabelecer uma receita de interdependˆencia sistem´atica para a rela¸ao entre sime-
trias de gauge e o controle da dinˆamica ca´otica. Ao considerarmos simetrias de gauge,
encontramo-nos eventualmente com sistemas supersim´etricos considerados do ponto de
vista fundamental, ou como modelos estendidos, concebidos para uma melhor descri¸ao
de situa¸oes f´ısicas espec´ıficas.
Teorias de Maxwell–Chern–Simons–Higgs (MCSH) planares em (2+1)D, candidatas a
uma descri¸ao efetiva de fenˆomenos supercondutores em alta–T
c
, foram recentemente es-
colhidas como modelos com o prop´osito de estudar transi¸oes ordem–caos. Bambah et al.
[Bambah et al,1993] considerou tanto o modelo de Chern–Simons–Higgs (CSH) integr´avel,
6
minimamente acoplado, quanto sua extens˜ao natural de momenta mais altos, o sistema de
Maxwell–Chern–Simons–Higgs minimamente acoplado. O ´ultimo falhou, quando subme-
tido a um crit´erio de integrabilidade, o teste de Painlev´e, apresentando um regime ca´otico,
confirmado atrav´es do uso da an´alise num´erica do expoente de Lyapunov e da an´alise de
diagramas de fase. Recentemente, Escalona et al. [Escalona et al,2000] efetuaram um
trabalho semelhante em um sistema de MCSH dotado de ambos acoplamentos, m´ınimo e
ao-m´ınimo, no setor de intera¸ao. O acoplamento ao-m´ınimo significa um termo do tipo
Pauli descrevendo uma intera¸ao intensidade de campo-corrente de mat´eria, admitida em
(2+1)–D, indiferente ao spin do campo de mat´eria [Stern,1991]. Al´em disso, caso se bus-
que uma extens˜ao quˆantica, tal acoplamento ao-m´ınimo deve ser considerado de sa´ıda
[Kogan,1991]. No trabalho da Ref. [Escalona et al,2000], o sistema de CSH ´e discutido
como ainda sendo integr´avel, enquanto o acoplamento ao-m´ınimo do MCSH exibe “jane-
las alternadas de ordem e caos”, `a medida que a constante de acoplamento ao-m´ınimo, g,
´e variada, com os outros parˆametros sendo mantidos constantes. O modelo que se adota ´e
a proje¸ao bosˆonica de um sistema N = 1–supersim´etrico a estabelecido; na verdade, um
sistema de MCSH com intera¸ao ao-m´ınima, que a havia sido estendido a uma teoria
supersim´etrica N = 2 on–shell [Navr´atil,1996]. Na medida em que solu¸oes do tipo-s´oliton
ao um assunto de interesse, a extens˜ao N = 2 define a estrutura pr´opria, uma vez que
permite regime auto–dual [Witten e Olive,1978, Bogomol’nyi,1976]. Neste sentido, Antil-
lion, Escalona et al. haviam encontrado, em um trabalho anterior [Antill´on et al,1997],
enquanto trabalhavam em um modelo estens´ıvel N = 2, uma solu¸ao de ortice auto–
dual est´atica ao–topol´ogica, o que motivou a procura de dinˆamica ca´otica no sistema
espacialmente homogˆeneo como uma contraparte interessante para a descoberta anterior.
ao obstante, at´e mesmo se supusermos a validade da conjectura que relaciona o limite
mecˆanico `a teoria completa, surge um problema se consideramos o car´ater de contra-
7
parte como rigoroso: o ortice foi encontrado em um ambiente de supersimetria N = 2,
enquanto o procedimento de variar g adotado em [Escalona et al,2000] necessariamente
move o sistema para fora da situa¸ao de proje¸ao de uma supersimetria bosˆonica N = 2.
Como claramente tomado em [Navr´atil,1996], um acoplamento cr´ıtico, isto ´e, g = e/k,
tem que ser suposto para assegurar supersimetria-N = 2 on–shell, onde e ´e a constante
do acoplamento m´ınimo e k ´e o parˆametro de massa de Chern–Simons. Al´em disso, o
potencial escalar ´e proibido de incluir qualquer termo que ao seja φ
2
do tipo massa
ao–topol´ogico. Assim, variando g, enquanto e e k ao mantidos constantes, e adotando
V = λ(φ
2
v
2
)
2
, faz daquele modelo, no aximo, um setor de um sistema N = 1.
Alternativamente, outro modelo planar ao-m´ınimo N = 2 de MCSH foi proposto
recentemente [Christiansen et al,1999:1], definindo um espectro mais rico, que apresenta
solu¸oes est´aticas de ortice tanto ao–topol´ogicas e topol´ogicas auto–duais
[Christiansen et al,1999:2], numericamente obtida depois da ado¸ao da rela¸ao de aco-
plamento cr´ıtico. Tal sistema exibe supersimetria N = 2 off–shell, e ´e obtido de um
“ansatz”de N = 1, D = 4, depois de redu¸ao dimensional e uma apropriada identi-
fica¸ao de supercampo covariante N = 2. Duas diferen¸cas importantes surgem, caso
se deseje comparar ambos os modelos de MCSH ao-m´ınimo: no caso de N = 2–off–
shell, um campo escalar neutro “adicional” surge; tamb´em, no caso de N = 2–off–shell,
nenhuma rela¸ao entre as constantes de acoplamento e os parˆametros ´e exigida para
assegurar supersimetria-N = 2 (entretanto, foi mostrado que as excita¸oes de ortice
prevalecem no regime particular g = e/k). Em outras palavras, se o modelo da Ref.
[Christiansen et al,1999:1] ´e considerado, a estrat´egia de variar g livremente e a esco-
lha de um p otencial escalar topologicamente ao–trivial vem a ser compat´ıvel com uma
supersimetria N = 2.
Motivados por estas caracter´ısticas interessantes, levamos a cabo, no Cap´ıtulo 5 uma
8
an´alise da vers˜ao reduzida da Lagrangiana mecˆanica do setor-bosˆonico extra´ıda da Ref.
[Christiansen et al,1999:2].
Do ponto de vista da integrabilidade, muitos estudos foram realizados com teorias
supersim´etricas, onde o carater integr´avel, ou ao-integr´avel, foi estabelecido, mas sem ne-
cessariamente esbalecer que mecanismos conferem estas propriedades aos sistemas
[Evans e Madsen,1996]-[Hlavaty,1989]. Entretanto, estudos como os da teoria de Seiberg-
Witten lan¸cam luz sobre o car´ater ao-integr´avel das teorias supersim´etricas e associam
um car´ater ao-integr´avel `as teorias supersim´etricas, por conta do grande n´umero de
v´ınculos que estas possuem [Seiberg,1998]. Mais raro ainda, ´e o estudo de caos em teorias
supersim´etricas. Em [Gozzi, Reuter e Thacker,1992], os autores argumentam com base
em um estudo em mecˆanica cl´assica sup ersim´etrica, que uma dinˆamica ordenada ´e ob-
servada em teoria com supersimetria quebrada, ao passo que supersimetria exata implica
em dinˆamica erg´odica.
Dinˆamica ordenada Dinˆamica erg´odica
Supersimetria quebrada Supersimetria exata.
Cabe lembrar que dinˆamica erg´odica est´a associada `a dinˆamica ca´otica. Um outro
resultado na literatura, que associa caos a cen´ario supersim´etrico, ´e um trabalho devido
a Horne e Moore [Horne e Moore,1994] onde se conclui que o espa¸co modular do acuo
de supercordas exibe caos. Estes resultados nos levam a sugerir, nesta tese, a hip´otese de
que o ambiente supersim´etrico ´e mais prop´ıcio para o surgimento de caos do que o cen´ario
ao-supersim´etrico.
Esta tese fundamenta-se em um conjunto de trabalhos [de Assis et al,2005:1],
[de Assis et al,2005:2] e [de Assis et al,2005:3], realizados em colabora¸ao com outros mem-
9
bros do Grupo de Pesquisa onde desenvolvo o meu projeto, e que marcam o inicio de uma
linha de pesquisa que estuda integrabilidade e caos em conex˜ao com supersimetria. Ini-
cialmente, atacamos os modelos mecˆanicos para, em seguida, como discutido em nossas
considera¸oes finais, passarmos ao estudo da quest˜ao no ˆambito das teorias de campos.
A seguir, apresentamos como este trabalho de tese est´a organizado:
No Capitulo 1, faremos uma revis˜ao de conceitos usados nesta tese, e que ao ao de
amplo dom´ınio pela comunidade de teoria de campos.
Iniciamos apresentando a formula¸ao de camp os espacialmente homogˆeneos para es-
tudo de teorias de gauge.
A seguir, apresentamos o conceito de integrabilidade e as ecnicas que usamos nesta
tese para sua detec¸ao: a t´ecnica das simetrias de Noether e a an´alise de Painlev´e.
De maneira semelhante, apresentamos o conceito de caos determin´ıstico e as t´ecnicas
que ao utilizadas para sua determina¸ao: o expoente de Lyapunov e o etodo SALI.
No Cap´ıtulo 2, iniciamos o estudo do papel da supersimetria frente `a integrabilidade e
caos, construindo uma vers˜ao planar supersim´etrica N = 1 da vers˜ao mecˆanica da teoria
de Yang-Mills e verificando sua integrabilidade.
No Cap´ıtulo 3, continuamos esta linha de estudo, construindo um modelo polinomial
planar supersim´etrico N = 2 de ordem 4. Comparamos a an´alise de integrabilidade feita
somente no setor bosˆonico com a mesma an´alise feita para o modelo completo. Ap´os esta
an´alise, selecionamos um dos casos ao-integr´aveis e verificamos a existˆencia de caos neste
modelo.
Os modelos mecˆanicos de Yang-Mills considerados nos Cap´ıtulos 2 e 3 podiam ser
vistos como modelos planares derivados de uma vers˜ao em quatro componentes ap´os
mudan¸ca de coordenadas. Motivados por esta caracter´ıstica, no Cap´ıtulo 4, repetimos o
estudo feito nos dois cap´ıtulos anteriores diretamente na vers˜ao em quatro componentes.
10
No Cap´ıtulo 5, fazemos um estudo de caos em um sistema mecˆanico originado de uma
teoria de campos supersim´etrica de Maxwell-Chern-Simons, com acoplamento ao-m´ınimo
ap´os redu¸ao espacial homogˆenea.
Aproveitamos o importante papel que o parˆametro g desempenha, como destacado an-
teriormente, e realizamos alculos em trˆes cen´arios: g = 0, g = 0 mas fora do acoplamento
cr´ıtico e g no acoplamento cr´ıtico.
Por ´ultimo, Cap´ıtulo 6, apresentamos nossas Considera¸oes Finais.
11
Cap´ıtulo 1
Caos e Integrabilidade em Teorias de
Gauge
1.1 Teoria de Gauge com Campos espacialmente
Homogˆeneos
A proposta de que o caos pudesse ter um papel importante em teorias de intera¸oes
fundamentais remonta a Heisenberg [Heisenberg,1949], antes do surgimento das teorias
de gauge, em um trabalho descrevendo a produ¸ao de m´esons em termos de campos
turbulentos. Com o advento das teorias de gauge, estudos do acuo perturbativo da
teoria de Yang-Mills indicaram que este ao era o verdadeiro acuo. Como uma teoria
quˆantica ´e probabil´ıstica por natureza, ´e necess´ario que a solu¸ao cl´assica escolhida para
quantiza¸ao seja a de m´ınima energia, a fim de evitar a possibilidade do estado quˆantico
decair em um estado de mais baixa energia.
Ocorre que, nas teorias de Yang-Mills, ao ´e possivel se decompor o campo de gauge
em osciladores de campo ao-interagentes, devido ao fato da ao ser ao-linear. Estes
12
osciladores anarmˆonicos acoplados ao origem a um condensado de gl´uon, manifestado
em um valor esperado do acuo ao-nulo da ao de Yang-Mills, o que reduz a energia
do estado fundamental.
Uma an´alise dos diferentes tipos de estados fundamentais da QCD revelou que o pro-
blema de encontrar uma configura¸ao de c ampo ao-trivial, onde ecnicas de quantiza¸ao
perturbativa podem ser implementadas na forma-padr˜ao, ´e ainda pouco claro.
Isto faz com que seja importante encontrar e analisar solu¸oes cl´assicas das equa¸oes
de Yang-Mills sem fontes externas no espa¸co de Minkowski.
´
E esperado, enao, que estas
solu¸oes possam servir de base olida para investiga¸ao da estrutura de acuo da QCD.
Considerando uma teoria de Yang-Mills no espa¸co-tempo de Minkowski com graus de
liberdade internos respeitando SU(2), temos as seguintes equa¸oes de campo:
µ
F
a
µν
+ g
abc
A
F
c
µν
= 0,
onde
F
a
µν
=
µ
A
a
ν
ν
A
a
µ
+ g
abc
A
b
µ
A
c
ν
,
com tensor momento-energia:
T
µν
= F
µ
F
a
νλ
+
1
2
g
µν
F
a
λρ
F
aλρ
.
Queremos descrever estados de acuo para os quais o vetor de Poynting ´e anulado em
um dado sistema de coordenadas,
T
0j
= F
a
0i
F
a
ji
,
13
ou seja, ao existe fluxo de energia.
Usando estas condi¸oes, e fixando o gauge como A
a
0
= 0, as equa¸oes de campo podem
ser reescritas como:
··
A
a
i
F
a
ji,j
+ g
abc
A
b
j
F
c
ji
= 0,
que admite as seguintes quantidades conservadas:
M
i
=
ijk
A
a
j
·
A
a
k
e
N
a
=
abc
A
b
i
·
A
c
i
,
sendo que N
a
´e nulo para a solu¸ao de acuo, e para os outros casos ´e igual `a densidade
de carga de cor externa. Estes v´ınculos,
N
a
= 0 e
·
M
i
= 0,
conduzem a:
·
A
a
i
A
a
i,j
A
a
j,i
= 0.
Isto implica nas seguintes condi¸oes:
i) A
a
i,j
= 0 ii)
·
A
a
i
= 0 iii) A
a
i,j
A
a
j,i
= 0,
14
onde:
i)
´
E o caso homogˆeneo,
ii) Caso es t´atico e
iii)
´
E o caso de potenciais vetores irrotacionais.
O caso homogˆeneo corresponde a uma aproxima¸ao no limite de grandes comprimentos
de onda, o que reduz um sistema de equa¸oes parciais (EDP) a um sistema de equa¸oes
diferenciais ordin´arias (EDO). Com esta redu¸ao advinda da hip´otese de homogeniedade
espacial dos potenciais, i.e.,
A
µ
(x) = A
µ
(t), (1.1.1)
estes passam a ser fun¸oes o do tempo, enquanto ainda assumem valores na
´
Algebra de
Lie. Outras simplifica¸oes podem ocorrer ao se tomar G como sendo o grupo ao-Abeliano
mais simples : SU(2). Assim, o potencial de gauge ´e A
a
µ
(t) ; onde a=(1,2,3) ´e o indice
para G = SU(2) e
gA
1
µ
= x(t); gA
2
µ
= y(t); gA
3
µ
= z(t), (1.1.2)
e supondo para µ = 1, 2, 3, enquanto
A
a
0
= 0 a,
que ´e a fixa¸ao de gauge anteriormente mencionada. Com estas defini¸oes, o Hamiltoniano
de Yang-Mills , H
Y M
, torna-se
H =
1
2
(p
2
x
+ p
2
y
+ p
2
z
) +
1
2
(x
2
y
2
+ y
2
z
2
+ z
2
x
2
), (1.1.3)
O caso do Yang-Mills puro, descrito acima, corresponde `a dinˆamica de um sistema de
osciladores acoplados com potential qu´artico.
Uma vers˜ao mais simples deste modelo ´e dada em duas componentes [Biro et al,1994]:
15
H =
1
2
(p
2
x
+ p
2
y
) +
1
2
x
2
y
2
; (1.1.4)
em ambos os casos, o modelo ´e totalmente ca´otico.
Se, por outro lado, fizermos a redu¸ao de uma teoria com o termo de Higgs,
H = H
Y M
+
1
2
·
σ + B
2
a
+
g
2
4
(A
a
i
)
2
B
2
a
+ (σ v)
2
+
λ
2
2
B
2
a
+ (σ v)
2
v
2
, (1.1.5)
onde o isodoublete do campo escalar de Higgs ´e dado por [Biro et al,1994]:
φ =
φ
1
φ
2
=
1
2
iB
1
+ B
2
σ iB
3
v
,
(v estando relacionado ao valor esperado no acuo; e λ sendo uma constante de acopla-
mento que descreve a intensidade de intera¸ao), ap´os a redu¸ao espacialmente homogˆenea
e a imposi¸ao de alguns v´ınculos, como lei de Gauss e σ = B
a
= 0, obtemos o seguinte
modelo mecˆanico com duas componentes:
g
2
H = H =
1
2
(p
2
x
+ p
2
y
) +
1
2
x
2
y
2
+
g
2
v
2
4
x
2
+ y
2
. (1.1.6)
Para a maior parte dos valores dos parˆametros, este modelo ´e ao-integr´avel, sendo
que, neste regime, ao contr´ario do Yang-Mills puro, exibe tanto ordem quanto caos; por
isto, diz-se que a introdu¸ao do potencial de Higgs estabiliza a teoria.
´
E intuitivo, observando o Hamiltoniano acima, que quando as componentes exibem
grandes valores, o termo x
2
y
2
domina, e temos a dinˆamica ca´otica t´ıpica do Yang-Mills
puro. Por outro lado, se as componentes possu´ırem valores pequenos, o sistema passa a
exibir comportamento ordenado.
De fato, a partir de uma an´alise que segue este racioc´ınio, podemos construir o seguinte
parˆametro adimensional de controle, com o qual podemos distig¨uir ordem e caos:
16
k =
g
2
v
4
4H
.
Para k = 0, temos o caso de Yang-Mills puro e, portanto, caos. Para k = 0 e valores
de k pequenos, temos caos, ao passo que, para k assumindo valores grandes, temos ordem.
Para e ste caso com duas componentes, temos como limiar para ordem-caos k 0.15.
1.2 Caos e Integrabilidade e M´etodos de An´alise
Antes de darmos in´ıcio ao estudo da rela¸ao entre caos e integrabilidade com a super-
simetria, conv´em que fa¸camos uma revis˜ao, ainda que breve, destes dois conceitos (caos e
integrabilidade), assim como dos instrumentos que ser˜ao utilizados nesta tese para estudo
sobre os me smos.
1.2.1 Integrabilidade
Embora a no¸ao de integrabilidade seja muita usada atualmente, ao existe uma de-
fini¸ao ´unica compartilhada pela comunidade cient´ıfica. Na verdade, os principais textos
introdut´orios `a integrabilidade iniciam sua exposi¸ao enfatizando este fato. Por outro
lado, a este ponto, cabe destacar que, ao contr´ario do que muitos pensam, integrabilidade
ao ´e sinˆonimo de solvabilidade que, no caso, ´e a existˆencia de solu¸oes de um sistema
dinˆamico em termos de fun¸oes conhecidas. O c onceito de integrabilidade est´a ligado
`a id´eia de se poder conhecer propriedades globais do sistema estudado, a ponto de sa-
bermos caracterizar seu comportamento ao longo do tempo. De modo geral, o conceito
mais amplamente relacionado a este conhecimento global do sistema ´e o de quantidades
conservadas, tamb´em chamadas de integrais primeiras ou, tamb´em, invariantes.
17
As integrais primeiras ao fun¸oes das vari´aveis dinˆamicas do sistema que permanecem
constantes ao longo do tempo. No caso integr´avel, por exemplo, estas integrais primeiras
podem ser utilizadas para baixar a dimensionalidade do sistema at´e que este possa ser
integrado por quadraturas.
Visto que ao existe uma defini¸ao ´unica de integrabilidade, podemos nos perguntar
onde repousa o rigor nos arios trabalhos publicados neste assunto. A resposta ´e que cada
um destes estudos adota uma defini¸ao de trabalho para integrabilidade e, ao fazer tal
restri¸ao, os autores podem ser ao precisos quanto queiram, dentro dos limites daquela
defini¸ao. Assim ora encontramos frases como: “integr´avel `a la Liouville”, “integavel de
acordo com a Propriedade de Painlev´e”, “integr´avel via pares de Lax” e outras mais.
´
E importante destacar, que tais defini¸oes de integrabilidade ao ao equivalentes
e portanto um sistema que ´e integr´avel segundo uma destas defini¸oes pode ao ser por
outra. Da´ı o motivo de na literatura termos um me smo sistema dinˆamico sendo estudando
segundo diferentes crit´erios de integrabilidade.
Dentro deste racioc´ınio, ao longo deste trabalho, adotaremos dois crit´erios de integra-
bilidade: Simetrias de Noether e Propriedade de Painlev´e, que ser˜ao expostos nas se¸oes
que seguem.
1.2.2 Simetrias pontuais de Noether.
Uma quest˜ao importante relativa a um sistema Lagrangiano diz respeito `as suas
simetrias pontuais de Noether, uma vez que relacionadas a quantidades conservadas.
Aqui, consideramos a pergunta da existˆencia de simetrias pontuais de Noether no nosso
sistema, seguindo o m´eto do mostrado na referˆencia [Sarlet e Cantrijn,1981]. Procuramos
por transforma¸oes infinitesimais de ponto da forma:
18
¯
A = A + εη
A
, (1.2.7)
¯
ζ = ζ + εη
ζ
, (1.2.8)
¯
φ = φ + εη
φ
, (1.2.9)
¯
M = M + εη
M
, (1.2.10)
¯
t = t + ετ , (1.2.11)
para fun¸oes dos campos e do tempo η
A
, η
ζ
, η
M
, η
φ
, τ , e ε (um parˆametro infinitesimal).
Estas transforma¸oes infinitesimais deixam invariante o funcional de ao, a menos da
adi¸ao de uma constante num´erica irrelevante, se e o se a seguinte condi¸ao de simetria
de Noether [Sarlet e Cantrijn,1981] for satisfeita:
τ
L
t
+ η
A
L
A
+ η
ζ
L
ζ
+ η
φ
L
φ
+ η
M
L
M
+ ( ˙η
A
˙τ
˙
A)
L
˙
A
+
+ ( ˙η
ζ
˙τ
˙
ζ)
L
˙
ζ
+ ( ˙η
φ
˙τ
˙
φ)
L
˙
φ
+ ( ˙η
M
˙τ
˙
M)
L
˙
M
+
+ ˙τ L =
˙
F , (1.2.12)
onde F ´e uma fun¸ao dos campos e do tempo. Se tal fun¸ao pode ser encontrada, existe
uma simetria pontual de Noether e um invariante de Noether associado I dado por:
I = η
A
L
˙
A
+ η
ζ
L
˙
ζ
+ η
φ
L
˙
φ
+ η
M
L
˙
M
τ(
˙
A
L
˙
A
+
˙
ζ
L
˙
ζ
+
˙
φ
L
˙
φ
+
˙
M
L
˙
M
L) F . (1.2.13)
Na condi¸ao de simetria de Noether, as derivadas temporais s er˜ao entendidas como
derivadas totais, por exemplo:
˙τ =
τ
A
˙
A +
τ
ζ
˙
ζ +
τ
φ
˙
φ +
τ
M
˙
M +
τ
t
. (1.2.14)
19
1.2.3 Teste de Painlev´e
Diz-se que um sistema possui a propriedade de Kowalevskaia-Painlev´e ou, como ´e mais
frequ¨ente, propriedade de Painlev´e, se as singularidades oveis de suas solu¸oes no plano
complexo ao olos.
A proposta de relacionar a propriedade de Painlev´e a sistemas integr´aveis teve in´ıcio
no final do s´eculo XIX, com os trabalhos de Sofia Kowalevskaia [Kowalevskaia,1889], que
analisou a integrabilidade de um sistema de equa¸oes que tratavam da rota¸ao de corpo
r´ıgido com um ponto fixo colocado em um campo gravitacional constante.
a no in´ıcio do eculo XX, Painlev´e analisou equa¸oes que satisfaziam esta propriedade
e estudou sua aplica¸ao a equa¸oes diferenciais de segunda ordem.
Em seguida, os colaboradores de Painlev´e catalogaram um conjunto de cinq¨uenta
equa¸oes que possu´ıam esta propriedade e, portanto, eram integr´aveis. Agora, de posse
desta lista, a dificuldade estava em, dado um sistema de equa¸oes diferenciais qualquer,
mostrar, via transforma¸oes de coordenadas, que tal sistema reca´ıa nos casos listados
como sendo integr´aveis, segundo a propriedade de Painlev´e o que, em geral, ao constitui
tarefa trivial.
No final dos anos 70, Ablowitz, Ramani e Segur desenvolveram um algoritmo para
testar se um dado sistema de equa¸oes possui esta propriedade [Ablowitz e Segur,1997,
Ablowitz e Fokas,1981, Ablowitz, Ramani e Segur,1978]. Este procedimento ficou conhe-
cido como teste de Painlev´e, e ´e uma das poucas formas, incluindo a an´alise de simetrias,
de se determinar via um procedimento algor´ıtmico se um sistema ´e integr´avel.
A seguir, damos detalhes deste procedimento.
O teste de Painlev´e [Tabor,1989]–[Ablowitz, Ramani e Segur,1978] estabelece se
um sistema de ODEs exibe a propriedade de Painlev´e.
Uma EDO tem a propriedade de Painlev´e se suas solu¸oes no plano complexo ao
20
uni-valoradas na vizinhan¸ca de todas suas singularidades oveis.
Dado um sistema de equa¸oes diferenciais,
L
j
(u
i
, u
it
) = 0 com i, j = 1, ..., n , (1.2.15)
adotamos uma expans˜ao de Laurent para a solu¸ao
u
i
(t) = (t t
0
)
α
i
k=0
u
i,k
(t t
0
)
k
, (1.2.16)
com
u
i,0
= 0 and α
i
Z
, (1.2.17)
onde u
i,k
ao constantes. O algoritmo para o teste de Painlev´e ´e implementado por meio
dos seguintes trˆes passos:
Passo 1: (Determina¸ao da singularidade principal ou comportamento dominante). Subs-
tituimos
u
i
(t) u
i,0
(t t
0
)
α
i
(1.2.18)
em (1.2.15) para determinar α
i
e u
i,0
, e obtemos um sistema alg´ebrico com α
i
assumindo valores inteiros negativos e t
0
arbitr´ario.
Impomos que dois ou mais termos de cada equa¸ao possam se equilibrar e determinar
α
i
e u
i,0
.
Se qualquer α
i
ao for inteiro, o sistema ao ´e do tipo-Painlev´e em sua vers˜ao forte.
Se a mais de uma solu¸ao para α
i
ou u
i,0
, elas definem ramos, e os seguintes passos
do algoritmo precisam ser aplicados para cada um destes ramos.
Passo 2: (Determina¸ao das ressonˆancias).
21
Para cada α
i
e u
i,0
, calculamos os inteiros r para os quais u
i,r
´e uma fun¸ao arbitr´aria
em 1.2.15. Substitu´ımos a s´erie truncada,
u
i
(t) = u
i,0
(t t
0
)
α
i
+ u
i,r
(t t
0
)
α
i
+r
, (1.2.19)
por (1.2.15), e procuramos por inteiros r para quais u
i,r
´e uma constante arbitr´aria.
Para fazer isto, depois de substituir a s´erie truncada por (1.2.15), ficamos com os
termos mais singulares em (t t
0
), e os coeficientes de u
i,r
ao fixados como zero.
Temos:
Qu
r
= 0, ur = (u
1,r
u
2,r
...u
M,r
)
T
, (1.2.20)
onde Q ´e uma matriz M × M que depende de r.
As ressonˆancias ao as ra´ızes de det(Q) = 0.
Em to do sistema com a propriedade de Painlev´e, a ressonˆancia (1) estar´a presente
e corresponder´a a (t t
0
) arbitr´ario. A ressonˆancia com valor zero tamb´em pode
estar presente, dependendo do n´umero de valores arbitr´arios u
i,0
.
Passo 3: (Condi¸oes de compatibilidade e constantes de movimento).
Para toda ressonˆancia encontrada no passo anterior, a uma condi¸ao de compati-
bilidade que deve ser verificada para que o sistema passe no teste de Painlev´e. As
condi¸oes de compatibilidade ao verificadas inserindo
u
i
(t) = (t t
0
)
α
i
r
M
k=0
u
i,k
(t t
0
)
k
(1.2.21)
em (1.2.15), onde r
M
´e a ressonˆancia inteira positiva mais alta.
Se todas estas condi¸oes de compatibilidade forem satisfeitas de maneira que elas
introduzam um n´umero suficiente de constantes arbitr´arias, enao ´e dito que o sis-
tema ´e do tipo-Painlev´e. Exemplos simples destes algoritmo podem ser encontrados
nas refs. [Tabor,1989, Ablowitz, Ramani e Segur,1978].
22
1.2.4 Caos Determin´ıstico
O chamado caos determin´ıstico ´e um comportamento imprevis´ıvel e aparentemente
aleat´orio, que ocorre em sistemas dinˆamicos, sejam eles cont´ınuos ou discretos. A de-
signa¸ao de caos determin´ıstico vem do fato de que, apesar do comportamento aleat´orio,
tais sistemas tˆem sua dinˆamica governada por leis de movimento bem-definidas.
Sistemas como estes, regidos por leis f´ısicas bem-definidas e cujo comportamento po-
deria ser, e m princ´ıpio, previsto, ao chamados sistemas determin´ısticos.
Assim como no caso da integrabilidade, ao existe uma defini¸ao ´unica de caos, en-
tretanto existem defini¸oes matem´aticas precisas, como a de York e a de Devaney. Entre-
tanto, a mais conhecida ´e, na verdade, uma defini¸ao de trabalho que associa o processo
ca´otico com sensibilidade `as condi¸oes iniciais, e ´e assim que o caos cl´assico ´e caracteri-
zado pelos seus estimadores, dos quais o mais conhecido ´e o expoente de Lyapunov, que
apresentaremos nes te cap´ıtulo.
Apesar de, neste trabalho, usarmos o expoente de Lyapunov para inspe¸ao de caos,
assim como um outro etodo chamado SALI, gostar´ıamos de destacar que caracterizar
caos como sendo sensibilidade `as condi¸oes iniciais ´e falhar ao defini-lo pois esta afirma¸ao
´e incompleta.
Um contra-exemplo que destacamos ´e o de fenˆomenos com histerese. Estes ao, por
defini¸ao, sens´ıveis `as condi¸oes iniciais, mas, nem por isto, ca´oticos.
Encerramos esta se¸ao com a formula¸ao de caos segundo Devaney:
Seja X um espa¸co etrico. A fun¸ao f : X X ´e ca´otica se:
a) Os pontos peri´odicos de f ao densos em X,
b) f ´e topologicamente transitiva, ou seja: para todos os conjuntos abertos U e V em
X, existe um x em U e um n´umero natural, n, tal que f
n
(x) est´a em V .
23
c) f exibe sensibilidade `as condi¸oes iniciais, ou seja: existe um d > 0 tal que para
todo x em X e todo e > 0; existe um y em X e um numero natural n, tal que
d[x, y] < e e d[f
n
(x), f
n
(y)] > d.
Podemos traduzir grosseiramente este enunciado matem´atico c omo significando que
em um sistema ca´otico existe um conjunto de solu¸oes tais, que para cada uma destas
solu¸oes, sempre existir´a uma segunda solu¸ao ao pr´oxima quanto desejarmos. Al´em
disso, neste sistema, ´e poss´ıvel que pontos que perten¸cam a uma solu¸ao possam evoluir
para pontos que perten¸cam a outra solu¸ao. E, finalmente, em sistemas ca´oticos, dada
uma distˆancia inicial entre dois pontos, a evolu¸ao se a no sentido de afast´a-los.
Como podemos verificar da defini¸ao acima, dizer que um sistema ´e ca´otico se for
sens´ıvel `as condi¸oes iniciais, ao ´e suficiente; entretanto, os estimadores usuais obedecem
a esta defini¸ao, embora a justificativa que muitos autores costumam dar seja incorreta.
A seguir, apresentamos os dois etodos para detec¸ao de caos usados nesta tese.
1.2.5 Expoente de Lyapunov
O m´etodo mais conhecido usado para detectar se um sistema ´e ca´otico, ou ao, ´e o
aximo Expoente Caracter´ıstico de Lyapunov (ECL)[Benettin et al,1980, Wolf et al,1985],
σ
1
. Se σ
1
> 0 o fluxo ´e ca´otico. O coeficiente σ
1
´e computado [Benettin et al,1980,
Wolf et al,1985] a partir de
L
t
=
1
t
ln
|w(t)|
|w(0)|
, (1.2.22)
σ
1
= lim
t→∞
L
t
, (1.2.23)
24
onde w(0), w(t) ao vetores de divergˆencia e a evolu¸ao temporal de w ´e determinada
resolvendo as equa¸oes de movimento e as equa¸oes variacionais associadas.
Uma vez que estes vetores tendem a adquirir um crescimento exponencial em curtos
intervalos de tempo, muitos alculos de L
T
1
, `a medida que w(t) evolui por curtos tempos
t
1
, ao levados a cabo e depois de cada w(t) ´e normalizado. Com este procedimento, o
valor m´edio de L
T
1
´e computado como
σ
1
=
1
N
N
i=1
L
T
i
.
Exemplos detalhados da implementa¸ao do alculo do expoente de Lyapunov podem
ser encontrados nas refs.[Tabor,1989, Benettin et al,1980, Wolf et al,1985].
1.2.6 O m´etodo SALI
Para sistemas Hamiltonianos, este alculo fica muito prolongado e com convergˆencia
pobre. Este procedimento longo pode levar a um falso diagn´ostico de caos.
Escolhemos adotar o m´etodo desenvolvido por Skokos, Antonopoulos, Boutis e Vraha-
tis, o assim chamado
´
Indice de Menor Alinhamento (SALI) [Skokos et al,2004, Skokos et al,2003].
A raz˜ao para esta escolha ´e que o etodo SALI ´e computacionalmente mais apido e me-
nos inst´avel do que a an´alise com expoente de Lyapunov, fazendo com que o primeiro
seja mais adequado para o sistema que investigamos. O SALI ´e um indicador de caos que
assume valor zero para ´orbitas ca´oticas, enquanto exibe flutua¸oes pequenas ao redor de
valores diferentes de zero para o caso de ordem. Portanto, o SALI ´e definido como:
SALI(t) = min
w
1
(t)
w
1
(t)
+
w
2
(t)
w
2
(t)
,
w
1
(t)
w
1
(t)
w
2
(t)
w
2
(t)
, (1.2.24)
25
onde w
1
(t), e w
2
(t) ao as evolu¸oes dos dois vetores de divergˆencias com diferentes
condi¸oes iniciais, · ´e a norma Euclideana e t ´e o tempo.
Os autores do m´etodo SALI mostraram que ele pode ser aproximado por meio da
diferen¸ca dos dois maiores expoe ntes caracter´ısticos de Lyapunov, σ
1
e σ
2
.
A principal vantagem do SALI em regi˜oes ca´oticas ´e que usa dois vetores de divergˆencia
e utiliza, a cada passo, a convergˆencia de todos os passos pr´evios. O valor de SALI tende
a zerar para fluxos ca´oticos a uma taxa que ´e uma fun¸ao da diferen¸ca dos dois maiores
expoentes caracter´ısticos de Lyapunov σ
1
, σ
2
como SALI e
(σ
1
σ
2
)t
. C omo normalmente
´e feito em computa¸oes num´ericas, precisamos definir um limiar, de forma que um n´umero
computado possa ser considerado zero. Na maioria dos casos, este valor ´e selecionado como
sendo < 10
5
. Como no caso do expoente de Lyapunov, acontece tamb´em que, no etodo
de SALI, este ´e o crit´erio que os usaremos para disting¨uir entre ordem e caos.
No pr´oximo cap´ıtulo, daremos in´ıcio ao estudo das propriedades de integrabilidade e
caos presentes em modelos com supersimetria. Usaremos o tipo mais simples de supersi-
metria, que ´e o de modelos minimamente supersim´etricos, e neste ambiente construiremos
um modelo planar supersim´etrico, inspirado em redu¸oes espacialmente homogenˆeas da
teoria de Yang-Mills presentes na literatura.
26
Cap´ıtulo 2
Modelo Mecˆanico de Yang-Mills
Minimamente Supersim´etrico
Neste Cap´ıtulo, propomo-nos atacar a quest˜ao de quais mecanismos, ou propriedades
espec´ıficas da supersimetria, trabalham a favor ou contra a integrabilidade.
Para tanto, aqui e nos dois pr´oximos Cap´ıtulos, f aremos uso do fato de que, na redu¸c ˜ao
por campos espacialmente homogˆeneos, o modelo final mecˆanico ser´a o ponto de partida
para construirmos diretamente modelos supersim´etricos, sem realizarmos a redu¸ao por
campos espacialmente homogˆeneos de uma teoria de campos. Adotamos esta liberdade
ao levar em conta duas premissas: 1) os modelo mecˆanicos de partida que usamos neste e
nos dois pr´oximos cap´ıtulos provˆem de redu¸oes espacialmente homogˆeneas da teoria de
Yang-Mills a constru´ıdas na literatura; 2) supomos que a vers˜ao supersim´etrica de um
modelo mecˆanico corresponde `a redu¸ao espacialmente homogˆenea de uma certa teoria
de campos supersim´etrica.
O potencial deste sistema ´e dado por:
27
U = c
1
x
4
+ c
2
y
4
+ c
3
x
2
y
2
.
2.1 O Modelo Supersim´etrico
Para uma introdu¸ao e estudo de modelos mecˆanicos supersim´etricos numa abordagem
de superespa¸co, referimo-nos ao trabalho na ref. [Paschoal,2004], onde conceitos e detalhes
t´ecnicos ao apresentados e discutidos.
Com base nos resultados encontrados em [Paschoal,2004], a vers˜ao supersim´etrica deste
modelo ´e constru´ıda com os seguintes supercampos bosˆonicos [Paschoal,2004]:
X = x (t) + λ
x
(t) ,
Y = y (t) + λ
y
(t) ,
e com os supercampos fermiˆonicos:
Ψ = ψ (t) + θf
1
(t) ,
Z = ζ (t) + θf
2
(t) ,
P = ρ (t) + θf
3
(t) .
onde f
1
(t), f
2
(t) e f
3
(t) ao componentes auxiliares.
O termo cin´etico nos supercampos ´e dado por:
28
Cine = α
1
·
XDX + α
2
·
Y DY + α
3
ΨDΨ + α
4
ZDZ + α
5
P DP.
Ap´os a expans˜ao dos termos cin´eticos em componentes, temos:
L
Cine
=
1
d
dt
x (t)
λ
x
(t) +
3
d
dt
ψ (t) θψ (t)
+
α
1
θ
d
dt
λ
x
(t) λ
x
(t)
+
2
d
dt
y (t)
λ
y
(t) +
5
θ
d
dt
ρ (t) ρ (t)
+ α
2
λ
y
(t)
d
dt
λ
y
(t) θ
+
+ α
3
f
1
(t) ψ (t)
1
d
dt
x (t)
2
θ + α
3
f
2
1
(t) θ+
+
4
θζ (t)
d
dt
ζ (t)
+ α
4
f
2
(t) ζ (t) +
2
d
dt
y (t)
2
θ + α
4
f
2
2
(t) θ + α
5
f
3
(t) ρ (t) + α
5
f
2
3
(t) θ
Dado o seguinte potencial em supercampos:
P ot = k
1
XXΨ + k
2
Y Y Z + k
3
XY P,
a sua forma em componentes ´e dada a seguir:
L
inte
= k
1
x
2
(t) ψ (t) + k
1
x
2
(t) f
1
(t) θ 2 ik
1
x (t) (θψ (t) λ
x
(t)) +
2 ik
2
y (t) (λ
y
(t) θζ (t)) ik
3
y (t) (θρ (t) λ
x
(t)) +
+ k
2
y
2
(t) ζ (t) + k
2
y
2
(t) f
2
(t) θ ik
3
x (t) (λ
y
(t) θρ (t)) +
+ k
3
x (t) y (t) ρ (t) + k
3
x (t) y (t) f
3
(t) θ.
Temos que, ap´os a integra¸ao em θ, a Lagrangiana toma a seguinte forma:
29
L = k
3
x (t) y (t) f
3
(t)
5
d
dt
ρ (t) ρ (t)
ik
3
y (t) (ρ (t) λ
x
(t)) +
+ α
4
(f
2
(t))
2
+ 2 ik
2
y (t) (λ
y
(t) ζ (t))
3
d
dt
ψ (t) ψ (t)
+
+ α
5
(f
3
(t))
2
+
4
ζ (t)
d
dt
ζ (t)
2
d
dt
y (t)
2
+
1
d
dt
x (t)
2
+ ik
3
x (t) (λ
y
(t) ρ (t)) 2 ik
1
x (t) (ψ (t) λ
x
(t)) +
α
1
d
dt
λ
x
(t) λ
x
(t)
+ α
2
λ
y
(t)
d
dt
λ
y
(t)
+
+ k
2
(y (t))
2
f
2
(t) + α
3
(f
1
(t))
2
+ k
1
(x (t))
2
f
1
(t)
As equa¸oes de Euler-Lagrange para f
1
, f
2
e f
3
nos ao respectivamente,
f
1
= 1/2
k
1
x
2
(t)
α
3
,
f
2
= 1/2
k
2
y
2
(t)
α
4
,
f
3
= 1/2
k
3
x (t) y (t)
α
5
.
Ap´os substituir os termos auxiliares, temos a seguinte Lagrangiana para as coor-
denadas f´ısicas::
30
L = 1/4
k
2
3
x
2
(t) y
2
(t)
α5
5
d
dt
ρ (t) ρ (t)
+ 2 ik
2
y (t) (λ
y
(t) ζ (t)) +
1/4
k
2
2
y
4
(t)
α
4
3
d
dt
ψ (t) ψ (t)
2 ik
1
x (t) (ψ (t) λ
x
(t)) +
+
4
ζ (t)
d
dt
ζ (t)
ik
3
y (t) (ρ (t) λ
x
(t)) +
1
d
dt
x (t)
2
+ ik
3
x (t) (λ
y
(t) ρ (t))
2
d
dt
y (t)
2
+
α
1
d
dt
λ
x
(t) λ
x
(t)
+ α
2
λ
y
(t)
d
dt
λ
y
(t)
1/4
k
2
1
x
4
(t)
α
3
.
Fixando os α
i
como
α
1
= 1/2 iM, α
2
= 1/2 iM, α
3
= 1/2 M
ψ
, α
4
= 1/2 M
ζ
, α
5
= 1/2 M ρ
temos:
L = 1/2
k
2
3
x
2
(t) y
2
(t)
M ρ
1/2 iM ρ
d
dt
ρ (t) ρ (t)
+ 2 ik
2
y (t) λ
y
(t) ζ (t) +
1/2
k
2
2
y
4
(t)
M
ζ
1/2 iM
ψ
d
dt
ψ (t) ψ (t)
2 ik
1
x (t) ψ (t) λ
x
(t) +
+ 1/2 iM
ζ
ζ (t)
d
dt
ζ (t)
ik
3
y (t) ρ (t) λ
x
(t) + 1/2 M
d
dt
x (t)
2
+
+ ik
3
x (t) λ
y
(t) ρ (t) + 1/2 M
d
dt
y (t)
2
1/2 iM
d
dt
λ
x
(t) λ
x
(t)
+
+ 1/2 iM
λ
y
(t)
d
dt
λ
y
(t)
1/2
k
2
1
x
4
(t)
M
ψ
,
com setor bosˆonico dado por:
L
bos
= 1/2 M
d
dt
x (t)
2
+ 1/2 M
d
dt
y (t)
2
1/2
k3
2
x
2
(t) y
2
(t)
M ρ
1/2
k2
2
y
4
(t)
M
ζ
1/2
k1
2
x
4
(t)
M
ψ
.
31
2.2 An´alise de Integrabilidade para o Setor Bosˆonico
De acordo com os crit´erios de integrabilidade para o potencial qu´artico[Lakshmanan e Sahadevan,1993]:
V
quart
= Ax
2
+ By
2
+ ax
4
+ by
4
+ dx
2
y
2
, (2.2.1)
temos a se guinte tabela com os casos integr´aveis:
a) A = B, a = b, d = 6a.
b) A, B, a = b, d = 2a.
c) A = 4B, a = 16b, d = 12a.
d) A = 4B, a = 8b, d = 6b.
e) d = 0 (trivial).
(2.2.2)
O nosso Lagrangiano,
L
bos
= 1/2 M
d
dt
x (t)
2
+ 1/2 M
d
dt
y (t)
2
1/2
k3
2
x
2
(t) y
2
(t)
M ρ
1/2
k2
2
y
4
(t)
M
ζ
1/2
k1
2
x
4
(t)
M ψ
que inclui o caso particular do potencial qu´artico e que possui casos ao-trivialmente
integr´aveis correpondendo aos itens a) e b) abaixo, que toma as seguintes poss´ıveis formas
para o nosso modelo:
a)
k
1
= k
1
, M
ψ
= M
ψ
, k
3
= k
3
, M
ρ
=
1
6
k
2
3
M
ψ
k
2
1
, (2.2.3)
b)
k
1
= k
1
, M
ψ
= M
ψ
, k
3
= k
3
, M
ρ
=
1
2
k
2
3
M
ψ
k
2
1
. (2.2.4)
32
2.3 An´alise de Integrabilidade Considerando a Sime-
tria de Paridade Imposta a todo o Modelo
Como o potencial de partida era invariante sob transforma¸oes de paridade, ao houve a
necessidade de verificarmos se o mesmo obedecia a esta simetria. Nesta se¸ao, imporemos
esta simetria ao modelo como um todo, e verificaremos at´e que ponto a simetria de
paridade, tamb´em imposta ao setor fermiˆonico, afeta a integrabilidade do setor bosˆonico.
Para esta an´alise trabalharemos diretamente no superespa¸co fazendo o estudo no po-
tencial em supercampos do nosso modelo supe rsim´etrico:
L
int
= k
1
XXΨ + k
2
Y Y Z + k
3
XY P.
Este potencial em supercampos possui simetria de paridade nos seguintes casos:
{X, Ψ, Y, Z, P } ou {X, Ψ, Y, Z, P }
com
k
1
= 0, k
2
= 0, k
3
= 0,
o que resulta no seguinte Lagrangiano ao-integr´avel para o setor bosˆonico:
L
bos
= 1/2 M
d
dt
x (t)
2
+ 1/2 M
d
dt
y (t)
2
1/2
k
2
3
x
2
(t) y
2
(t)
M ρ
1/2
k
2
1
x
4
(t)
M ψ
;
ou {X, Ψ, Y, Z, P } ou {X, Ψ, Y, Z, P }
com
k
1
= 0, k
2
= 0, k
3
= 0,
33
que resulta no seguinte Lagrangiano integr´avel para o setor bosˆonico:
L
bos
= 1/2 M
d
dt
x (t)
2
+ 1/2 M
d
dt
y (t)
2
1/2
k
2
1
x
4
(t)
M ψ
;
ou {X, Ψ, Y, Z, P } ou {X, Ψ, Y, Z, P }
com
k
1
= 0, k
2
= 0, k
3
= 0.
o que, neste caso, nos a o Lagrangiano do setor bosˆonico com todos os paramˆetros
ao-nulo. Dependendo da escolha destes, o sistema pode admitir integrabilidade e ao-
integrabilidade:
L
bos
= 1/2 M
d
dt
x (t)
2
+1/2 M
d
dt
y (t)
2
1/2
k
2
3
x
2
(t) y
2
(t)
M ρ
1/2
k
2
2
y
4
(t)
M
ζ
1/2
k
2
1
x
4
(t)
M ψ
;
ou, finalmente, {X, Ψ, Y, Z, P } ou {X, Ψ, Y, Z, P },
com
k
1
= 0, k
2
= 0, k
3
= 0,
que resulta no seguinte Lagrangiano integr´avel para o setor bosˆonico:
L
bos
= 1/2 M
d
dt
x (t)
2
+ 1/2 M
d
dt
y (t)
2
1/2
k
2
2
y
4
(t)
M
ζ
1/2
k
2
1
x
4
(t)
M ψ
.
34
2.4 Conclus˜oes
Neste cap´ıtulo, estudamos o papel que a supersimetria N = 1 desempenha na vers˜ao
mecˆanica da teoria de Yang-Mills. Sabemos da literatura que esta exibe tanto regimes
integr´aveis quanto ao-integraveis onde o comportamento ca´otico est´a presente. Ap´os
contruirmos a vers˜ao supersim´etrica, apresentamos as condi¸oes de integrabilidade para
o setor bosˆonico. Cabe lembrar que, como estamos tratando de um mode lo com super-
simetria N = 1, o setor bosˆonico ´e igual ao modelo original ao-supersim´etrico. Em
seguida, verificamos at´e que ponto o setor fermiˆonico influenciava a integrabilidade do
setor bosˆonico.
Esta an´alise foi realizada levando em considera¸ao o fato de que o setor bosˆonico era
invariante sob transforma¸ao de paridade, e impusemos esta simetria ao setor fermiˆonico
para verificar como este afetaria os parˆametros no setor bosˆonico. Na verdade, a influˆencia
do setor fermiˆonico foi estudada ao verificar se todo o modelo supersim´etrico era inavari-
ante de paridade. Os resultados mostraram que a supersimetria N = 1 ao limitou mais
as possibilidades de integrabilidade do que aquelas a observadas para o setor bosˆonico.
Quanto `a existˆencia de caos, a supe rsimetria ao ampliou a possibilidade de regime re-
gular. O primeiro e terceiro modelos integr´aveis que surgem ap´os a an´alise de paridade
imposta ao setor fermiˆonico correspondem a casos triviais (n˜ao-interagentes) e, portanto,
de nenhum interesse f´ısico. a o segundo modelo corresponde exatamente ao modelo ori-
ginal ao-supersim´e trico, onde, conforme apresentado no Cap´ıtulo 1, existe uma riqueza
de possibilidades para dinˆamica ca´otica, assim como para o comportamento regular.
Ap´os estudarmos um modelo com supersimetria m´ınima, no pr´oximo cap´ıtulo,
faremos o nosso estudo em um modelo planar com supersimetria N = 2.
35
Cap´ıtulo 3
Integrabilidade e Caos em um
Modelo Planar Supersim´etrico N=2
O sistema que escolhemos trabalhar ´e constru´ıdo como uma supersimetria estendida
N=2, dimensionalmente reduzida da teoria de Yang-Mills SU(2) que surge quando cam-
pos espacialmente homogˆeneos ao considerados. Um Ansatz particular nos potenciais de
gauge ´e adotado no esquema de redu¸ao dimensional, tal que somente dois graus de liber-
dade sobrevivem no limite mecˆanico. Dedicamos especial aten¸ao `a simetria de paridade,
na medida em que vemos esta ´ultima como uma invariˆancia das intera¸oes envolvidas
nos sistemas que estaremos considerando. Nossa an´alise de integrabilidade ir´a, portanto,
estar centrada em nossas considera¸oes das invarian¸cas de supersimetria e paridade. Elas
proporcionam especiais c ondi¸oes ao espa¸co de parˆametros tal que, ao inv´es de ter que
tomar escolhas especiais destes parˆametros, como normalmente ´e feito, invo c amos estas
duas invarian¸cas para naturalmente restringir e selecionar possibilidades no espa¸co de
parˆametros. Como uma quest˜ao de fato, antecipamos que a paridade pode aparecer em
duas vers˜oes para sistemas planares, e este ponto ser´a apropriadamente levado em conta
36
aqui.
Verificamos que, com a introdu¸ao da supersimetria, al´em do modelo de Yang-Mills,
recuperamos tamb´em o modelo de Henon-Heiles e, considerando somente o setor bosˆonico,
constatamos que a supersimetria imp˜oe mais v´ınculos `a integrabilidade do que o caso ao-
supersim´etrico.
3.1 O modelo Bosˆonico usual com considera¸oes de
Simetria de Paridade
Adotamos o potencial polinomial mais geral de quarta ordem para dois graus de
liberdade, descritos pelas vari´aveis x e y:
V = C
1
x
4
+C
2
y
4
+C
3
x
3
y+C
4
xy
3
+C
5
x
2
y
2
+C
6
x
3
+C
7
y
3
+C
8
x
2
y+C
9
xy
2
+C
10
x
2
+C
11
y
2
+C
12
xy.
(3.1.1)
Este pode ser considerado como um tipo de protopotential usado para construir um po-
tencial polinomial ao-supersim´etrico geral at´e a quarta ordem. Limitamos-nos `a quarta
ordem, porque temos em mente modelos mecˆanicos derivados de teorias de Yang-Mills e
estes, como sabemos, apresentam v´ertices de auto-intera¸ao de potˆencias trˆes e quatro.
Considerando que estamos interessados em modelos real´ısticos, impomos simetria de pari-
dade, que ´e respeitada nos modelos mecˆanicos e eletromagn´eticos. ao estaremos lidando
com modelos baseados em simetria quiral.
Para implementar paridade no modelo, temos que considerar que a duas possibilida-
des, a que estamos em um espa¸co bi-dimensional:
paridade x :
x x
y y
(3.1.2)
37
ou
paridade y :
x x
y y
(3.1.3)
No primeiro caso, o potencial resultante ´e
V = C
1
x
4
+ C
2
y
4
+ C
5
x
2
y
2
+ C
7
y
3
+ C
8
x
2
y + C
10
x
2
+ C
11
y
2
. (3.1.4)
Este potencial se parece com a soma de dois potenciais bem conhecidos:
Um potencial qu´artico (tipo Yang-Mills)
V
Y M
= Ax
2
+ By
2
+ ax
4
+ by
4
+ dx
2
y
2
, (3.1.5)
que ´e conhecido por ser integr´avel nos seguintes casos[Lakshmanan e Sahadevan,1993]:
a) A = B, a = b, d = 6a. que no nosso caso ´e C
10
= C
11
, C
1
= C
2
, C
5
= 6C
1
.
b) A, B, a = b, d = 2a. que no nosso caso ´e C
10
, C
11
, C
1
= C
2
, C
5
= 2C
1
.
c) A = 4B, a = 16b, d = 12a. que no nosso caso ´e C
10
= 4C
11
, C
1
= 16C
2
, C
5
= 12C
1
d) A = 4B, a = 8b, d = 6b. que no nosso caso ´e C
10
= C
11
, C
1
= C
2
, C
5
= 6C
1
.
e) d = 0 (trivial) que no nosso caso ´e C
5
= 0.
e o potencial de Henon-Heiles:
V
HH
=
1
2
Ax
2
+ By
2
+ ax
2
y
1
3
by
3
. (3.1.6)
Este exibe os casos integr´aveis conhecidos[Lakshmanan e Sahadevan,1993]:
a) A = B, a = b. que no nosso caso ´e C
10
= C
11
, C
7
=
1
3
C
8
.
b) A, B, 6a = b. que no nosso caso ´e C
10
, C
11
, C
7
= 2C
8
.
c) 16A, B, 16a = b. que no nosso caso ´e C
10
= 16C
11
, C
7
=
16
3
C
8
.
d) a = 0 (trivial) que no nosso caso ´e C
8
= 0
38
3.2 O modelo supersim´etrico
Agora, consideraremos um modelo mecˆanico N = 2 supersim´etrico[Junker,1996],
definido como segue: Os dois parˆametros Grassmannianos (complexos) do superespa¸co
ser˜ao denotados por θ e θ. As duas coordenadas reais de uma part´ıcula planar, x e y, ao
as componentes bosˆonicas das coordenadas do supercampo, as quais ao determinadas
por
X(t, θ, θ) = x(t) + Θ
γ
1
Λ(t) + Λ
(t)γ
1
Θ
1
2
Θ
γ
3
Θf
1
(t), (3.2.7)
e
Y (t, θ, θ) = y(t) + Θ
γ
2
Ξ(t) + Ξ
(t)γ
2
Θ
1
2
Θ
γ
3
Θf
2
(t), (3.2.8)
com
Θ
θ
θ
, Λ
λ
1
λ
2
, Ξ
ξ
1
ξ
2
, (3.2.9)
onde todos os λ’s e ξ’s ao vari´aveis Grassmannianas. Os γ
j
’s ao as matrizes de Dirac
que correspondem ao espa¸co Euclideano bi-dimensional sob considera¸ao, e elas podem
ser escolhidas para coincidir com as matrizes de Pauli: γ
i
σ
i
e γ
3
1
γ
2
= σ
3
´e
o espinor de Majorana que, nesta representa¸ao particular das matrizes-γ, toma a forma
dada em(3.2.9), onde a ”barra representa conjuga¸ao complexa. De fato:
Ψ
c
= CΨ
= Ψ.(Majorana.) (3.2.10)
Cγ
t
i
C
1
= γ
i
(Conj. de carga)
Cγ
1
= γ
1
C. (3.2.11)
Cγ
2
= γ
2
C.
39
[C, γ
1
] = 0. (3.2.12)
{C, γ
2
} = 0.
C = γ
1
. (3.2.13)
0 1
1 0
Ψ
1
Ψ
2
=
Ψ
1
Ψ
2
(3.2.14)
Ψ
1
= Ψ
2
Ψ
2
= Ψ
1
Θ =
θ
θ
. (3.2.15)
Por outro lado, Λ e Ξ ao ermions de Dirac. Ent˜ao, Eqs. (3.2.7–3.2.8) conduzem a:
X = x + θ
λ
1
λ
2
θ
λ
1
λ
2
+ θθf
1
(3.2.16)
e
Y = y +
ξ
1
ξ
2
+
ξ
1
ξ
2
+ θθf
2
. (3.2.17)
´
E not´avel a observao que ´e precisamente a combina¸ao
λ
1
λ
2
que leva aos graus
fermiˆonicos de liberdade de X. Por outro lado, como para Y , seus graus de liberdade
espinoriais ficam todos acomodados na combina¸ao
ξ
1
ξ
2
.
As derivadas covariantes de supersimetria ao dadas abaixo:
D
θ
t
, (3.2.18)
D
θ
t
, (3.2.19)
40
que satisfazem:
D
2
= 0, (3.2.20)
D
2
= 0, (3.2.21)
D, D
= 2i∂
t
. (3.2.22)
A super-a¸ao a ser considerada cont´em, al´em dos termos cin´eticos, o superpotential
mais geral, at´e terceira ordem nas coordenadas do supercampo (isto implica um potencial
de quarta-ordem em termos das coordenadas f´ısicas),
S =
dtdθ :
M
2
DXDX + DY DY
+ U(X, Y )
, (3.2.23)
onde o primeiro termo a origem aos termos cin´eticos e o superpotencial U(X, Y ) adotado
´e dado por:
U(X, Y ) = k
1
X
2
Y + k
2
XY
2
+ k
3
X
2
+ k
4
Y
2
+ k
5
XY + k
1
X
3
+ k
2
Y
3
, (3.2.24)
os k’s sendo constantes reais arbitr´arias. Como o termo em XY pode ser cancelado por
meio de uma apropriada transforma¸ao linear (uma rota¸ao no plano X-Y ), ent˜ao k
5
pode ser fixado como zero, k
5
= 0, sem perda de generalidade. De maneira semelhante,
os termos lineares em X ou em Y ao foram considerados, na medida que eles podem
ser eliminados por uma redefini¸ao de transla¸ao, X
= X + const e Y
= Y + const
.
As equa¸oes de movimento podem ser usadas para eliminar os graus de liberdade ao-
dinˆamicos f
j
e, assim, a super-a¸ao, S =
dtL conduz ao seguinte Lagrangiano, onde
41
termos qu´articos no potencial est˜ao presentes:
L =
M
˙
x
2
2
+ iM
λ
j
˙
λ
j
+ ξ
j
˙
ξ
j
λ
1
˙
λ
2
λ
2
˙
λ
1
ξ
1
˙
ξ
2
ξ
2
˙
ξ
1
k
2
1
+ 9k
1
2
2M
x
4
k
2
2
+ 9k
2
2
2M
y
4
+
6k
1
k
1
+ 2k
1
k
2
M
x
3
y
6k
2
k
2
+ 2k
1
k
2
M
xy
3
+
2k
2
1
+ 2k
2
2
+ 3k
1
k
2
+ 3k
1
k
2
M
x
2
y
2
6k
3
k
1
M
x
3
6k
4
k
2
M
y
3
+
4k
1
k
3
+ 2k
1
k
4
M
x
2
y
4k
2
k
4
+ 2k
2
k
3
M
xy
2
2k
2
3
M
x
2
2k
2
4
M
y
2
+
+
2ik
1
λ
1
ξ
1
λ
1
ξ
2
λ
2
ξ
1
+ λ
2
ξ
2
+ λ
1
ξ
1
λ
1
ξ
2
λ
2
ξ
1
+ λ
2
ξ
2
+
2k
2
ξ
1
ξ
1
ξ
1
ξ
2
ξ
2
ξ
1
+ ξ
2
ξ
2
6k
1
λ
1
λ
1
λ
1
λ
2
λ
2
λ
1
+ λ
2
λ
2

x
+
2ik
2
λ
1
ξ
1
λ
1
ξ
2
λ
2
ξ
1
+ λ
2
ξ
2
+ λ
1
ξ
1
λ
1
ξ
2
λ
2
ξ
1
+ λ
2
ξ
2
+
2k
1
λ
1
λ
1
λ
1
λ
2
λ
2
λ
1
+ λ
2
λ
2
6k
2
ξ
1
ξ
1
ξ
1
ξ
2
ξ
2
ξ
1
+ ξ
2
ξ
2

y
2k
3
λ
1
λ
1
λ
1
λ
2
λ
2
λ
1
+ λ
2
λ
2
2k
4
ξ
1
ξ
1
ξ
1
ξ
2
ξ
2
ξ
1
+ ξ
2
ξ
2
. (3.2.25)
Nas pr´oximas se¸oes, as condi¸oes de integrabilidade para es te Lagrangiano ser˜ao
discutidas, e a influˆencia da supersimetria e da invariˆancia de paridade ser´a real¸cada.
3.3 O setor bosˆonico e sua integrabilidade.
A aplica¸ao direta do teste de Painlev´e diretamente para o setor bosˆonico ao ´e, de
fato, um procedimento bom para a resolu¸ao dos sistemas que aparecem na an´alise, uma
vez que se tornam muito complexos.
Nesta se¸ao, levaremos em conta a observao de que o modelo original ao ´e invariante
sob as duas classes de transforma¸oes de paridade. Isto pode fixar um ambiente mais
formal.
Assim, em uma primeira tentativa, imporemos a simetria de paridade, que ´e uma
simetria discreta somente no setor bosˆonico da teoria e, depois disso, verificaremos como
os v´ınculos impostos por esta invariˆancia afetam a integrabilidade do modelo.
42
Adotando invariˆancia sob a paridade-x, temos os seguintes v´ınculos nos coeficientes
do potencial:
C
3
= (6k
1
k
1
+ 2k
1
k
2
) = 0, (3.3.26)
C
4
= (6k
2
k
2
+ 2k
1
k
2
) = 0, (3.3.27)
C
6
= (6k
3
k
1
) = 0, (3.3.28)
C
9
= (4k
2
k
4
+ 2k
2
k
3
) = 0, (3.3.29)
onde os C’s acima ao os coeficientes do setor bosˆonico do potencial original para os quais
a simetria de paridade ´e quebrada.
3.3.1 Parˆametros que sobrevivem aos v´ınculos de paridade
Resolvendo o sistema de condi¸oes para k
1
, k
2
, k
1
, k
2
, k
3
e k
4
, os obtemos como solu¸ao
as seguintes possibilidades:
{k
1
= k
1
, k
2
= k
2
, k
4
= k
4
, k
3
= 0, k
2
= 0, k
1
= 0}, (3.3.30)
{k
1
= k
1
, k
2
= k
2
, k
4
= k
4
, k
3
= k
3
, k
1
= 0, k
2
= 0},
{k
2
= 0, k
1
= k
1
, k
2
= k
2
, k
3
= 0, k
1
= 0, k
4
= 0},
{k
1
= k
1
, k
1
= k
1
, k
2
= 3k
1
, k
2
= 1/3k
1
, k
3
= 0, k
4
= 0},
{k
2
= 0, k
2
= k
2
, k
3
= k
3
, k
1
= 0, k
4
= 1/2k
3
, k
1
= 0}.
Para estudar as conseq¨uˆencias destas solu¸oes, apresentaremos na pr´oxima subse¸ao
o teste do Painlev´e, que foi muito usado na proc ura por sistemas integr´aveis, por ser um
algoritmo de ampla aplica¸ao.
43
3.4 Aplicando o teste de Painlev´e
Para o primeiro caso {k
1
= k
1
, k
2
= k
2
, k
4
= k
4
, k
3
= 0, k
2
= 0, k
1
= 0}, temos o
seguinte potencial:
P ot
1
=
9
2
k
1
2
M
x
4
+
9
2
k
2
2
M
y
4
+ 6k
4
k
2
M
y
3
+ 2
k
2
4
M
y
2
. (3.4.31)
E, aplicando o teste de Painlev´e, obtemos quatro ramos referentes a sistemas desaco-
plados que passam no teste.
Para o segundo caso {k
2
= 0, k
1
= 0, k
2
= k
2
, k
4
= k
4
, k
1
= k
1
, k
3
= k
3
}, temos o
seguinte potencial:
P ot
2
=
1
2
k
2
1
M
x
4
+
9
2
k
2
2
M
y
4
+
(2k
2
1
+ 3k
1
k
2
)
M
x
2
y
2
+
+6k
4
k
2
M
y
3
+
(4k
1
k
3
+ 2k
1
k
4
)
M
x
2
y + 2
k
2
3
M
x
2
+ 2
k
2
4
M
y
2
. (3.4.32)
Com potˆencias dominantes:
α
1
= 1, α
2
= 1.
E quatro ramos com as seguintes express˜oes para ressonˆancias:
1, 4,
(2k
1
3k
2
)
k
1
,
(3k
2
+ k
1
)
k
1
, (3.4.33)
que fornecem ressonˆancias como inteiros, se fixamos k
1
, k
2
= n
1
3
k
1
, onde n = {−1, 0, 1, 2}.
Para o caso n = 1, ao ´e poss´ıvel determinar as ressonˆancias.
44
Para o caso n = 0, temos o seguinte potencial:
P ot
3
=
1
2
k
2
1
M
x
4
+ 2
k
2
1
M
x
2
y
2
+
(4k
1
k
3
+ 2k
1
k
4
)
M
x
2
y + 2
k
2
3
M
x
2
+ 2
k
2
4
M
y
2
, (3.4.34)
mas este ao cumpre o teste de Painlev´e, pois surge uma condi¸ao de compatibilidade
que ao pode ser satisifeita:
4i
2(18k
2
1
x
2
1
5k
2
4
4k
3
k
4
) = 0, (3.4.35)
pois esta igualdade ´e satisfeita se k
1
, k
3
e k
4
= 0 que, no caso, anula o potencial ou no
caso k
1
= 0, e k
4
=
4
5
k
3
o que nos leva ao seguinte potencial livre:
P ot
4
= 2
k
2
3
M
x
2
+
32
25
k
2
3
M
y
2
, (3.4.36)
e portanto um caso integr´avel trivial.
Para o caso n = 1, temos o seguinte potencial:
P ot
5
=
1
2
k
2
1
M
x
4
+
1
2
k
2
1
M
y
4
+ 3
k
2
1
M
x
2
y
2
+ 2k
4
k
1
M
y
3
+
(4k
1
k
3
+ 2k
4
k
1
)
M
x
2
y + 2
k
2
3
M
x
2
+ 2
k
2
4
M
y
2
,
(3.4.37)
e obtemos agora, quatro, ramos com as seguintes ressonˆancias:
1, 1, 2, 4,
mas, com a seguinte condi¸ao de compatibilidade:
2(k
4
+ k
3
)M = 0 (3.4.38)
a ser cumprida na ressonˆancia j=1 do primeiro e do segundo ramo.
45
Fixando k
3
= k
4
, o sistema se torna compat´ıvel e passa no teste de Painlev´e, com dois
ramos e com o potencial agora escrito como abaixo:
P ot
6
=
1
2
k
2
1
M
x
4
+
1
2
k
2
1
M
y
4
+ 3
k
2
1
M
x
2
y
2
+ 2
k
3
k
1
M
y
3
+ 6k
3
k
1
M
x
2
y + 2
k
2
3
M
x
2
+ 2
k
2
3
M
y
2
, (3.4.39)
com potˆencias dominantes:
α
1
= 1, α
2
= 1.
Os valores das ressonˆancias para os dois ramos ao:
1, 1, 2, 4.
E, para o primeiro ramo, os coeficientes dos termos dominates ao:
x
0
=
1
2
iM
k
1
, y
0
=
1
2
i
M
k
1
. (3.4.40)
Para o segundo ramo, os coeficientes ao:
x
0
=
1
2
iM
k
1
, y
0
=
1
2
i
M
k
1
. (3.4.41)
No primeiro ramo, os coeficientes indeterminados ao:
y
1
, y
2
e y
4
. (3.4.42)
E os coeficientes indeterminados do segundo ramo ao:
y
1
, y
2
e x
4
, (3.4.43)
46
Para o caso n = 2, temos o seguinte potencial:
P ot
7
=
1
2
k
2
1
M
x
4
+ 2
k
2
1
M
y
4
+ 4
k
2
1
M
x
2
y
2
+ 4k
4
k
1
M
y
3
+
(4k
1
k
3
+ 2k
4
k
1
)
M
x
2
y + 2
k
2
3
M
x
2
+ 2
k
2
4
M
y
2
.
(3.4.44)
ao foi poss´ıvel determinar os termos dominantes.
Lembramos que a variavel t
0
´e a quarta quantidade indeterminada, correspondendo `a
ressonˆancia 1.
Assim, o sistema, que ´e de quarta ordem, possui quatro coefientes arbitr´arios e, por-
tando, ´e integr´avel.
Para o terceiro caso {k
3
= 0, k
4
= 0, k
2
= k
2
, k
1
= 0, k
1
= k
1
, k
2
= 0}, temos o seguinte
potencial:
P ot
8
=
9
2
k
1
2
M
x
4
+
1
2
k
2
2
M
y
4
+
(2k
2
2
+ 3k
1
k
2
)
M
x
2
y
2
; (3.4.45)
as express˜oes para ressonˆancias, neste caso, ao:
1, 4,
(3k
1
+ k
2
)
k
2
,
(2k
2
+ 3k
1
)
k
2
, (3.4.46)
que fornecem ressonˆancias como inteiros se fixamos k
2
, k
1
= n
1
3
k
2
onde n = {−1, 0, 1, 2}.
Para o caso n = 1, o sistema passa no teste com o seguinte potencial:
P ot
9
=
1
2
k
2
2
M
x
4
+
1
2
k
2
2
M
y
4
+
k
2
2
M
x
2
y
2
(3.4.47)
com potˆencias dominantes:
47
α
1
= 1, α
2
= 1,
e os valores das ressonˆancias para os dois ramos:
0, 1, 3, 4. (3.4.48)
E, para o primeiro ramo, os coeficientes dos termos dominates ao:
x
0
=
(M
2
k
2
2
y
2
0
)
k
2
, y
0
= y
0
; (3.4.49)
para o segundo ramo, os coeficientes ao:
x
0
=
(M
2
k
2
2
y
2
0
)
k
2
, y
0
= y
0
. (3.4.50)
No primeiro ramo, os coeficientes indeterminados ao:
y
0
, x
3
e y
4
. (3.4.51)
E os coeficientes indeterminados do segundo ramo ao:
y
0
, x
3
e y
4
. (3.4.52)
Para o caso n = 0, o sistema ao passa no teste com o seguinte potencial:
P ot
10
=
1
2
k
2
2
M
y
4
+ 2
k
2
2
M
x
2
y
2
, (3.4.53)
48
pois surge a seguinte condi¸ao de compatibilidade:
18ik
2
2
y
2
1
= 0. (3.4.54)
Esta equa¸ao zera se k
2
for igual a zero, mas neste caso o potencial deixa de existir.
Para o caso n = 1, o sistema passa no teste com o seguinte potencial:
P ot
11
=
1
2
k
2
2
M
x
4
+
1
2
k
2
2
M
y
4
+ 3
k
2
2
M
x
2
y
2
, (3.4.55)
e com potˆencias dominantes iguais:
α
1
= 1, α
2
= 1,
e ressonˆancias:
1, 1, 2, 4
nos dois ramos.
E, para o primeiro ramo, os coeficientes dos termos dominates ao:
x
0
=
1
2
i
M
k
2
, y
0
=
1
2
i
M
k
2
. (3.4.56)
Para o segundo ramo, os coeficientes ao:
x
0
=
1
2
i
M
k
2
, y
0
=
1
2
i
M
k
2
. (3.4.57)
No primeiro ramo, os coeficientes indeterminados ao:
49
x
1
, x
2
e x
4
, (3.4.58)
e os coeficientes indeterminados do segundo ramo ao:
y
1
, y
2
e x
4
. (3.4.59)
Para o caso n = 2, o sistema ao passa no teste com o seguinte potencial:
P ot
12
= 2
k
2
2
M
x
4
+
1
2
k
2
2
M
y
4
+ 4
k
2
2
M
x
2
y
2
, (3.4.60)
pois ao foi poss´ıvel determinar os termos dominantes.
Para o quarto caso {k
1
= k
1
, k
2
= 1/3k
1
, k
2
= 3k
1
, k
1
= k
1
, k
3
= 0, k
4
= 0}, temos
o seguinte potencial (qu´artico):
P ot
13
= 5
k
2
1
M
x
4
+ 5
k
2
1
M
y
4
+ 10
k
2
1
M
x
2
y
2
, (3.4.61)
com k
1
= k
1
as ressonˆancias neste caso ao:
0, 1, 3, 4 (3.4.62)
para os dois ramos.
Para o primeiro ramo, os coeficientes dos termos dominates ao:
x
0
=
1
10
(10M
2
100k
2
1
y
2
0
)
k
1
, y
0
= y
0
. (3.4.63)
E para o segundo ramo, os coeficientes ao:
50
x
0
=
1
10
(10M
2
100k
2
1
y
2
0
)
k
1
, y
0
= y
0
. (3.4.64)
No primeiro ramo, os coeficientes indeterminados ao:
y
0
, x
3
e y
4
, (3.4.65)
e os coeficientes indeterminados do segundo ramo ao:
y
0
, x
3
e y
4
. (3.4.66)
Para o quinto caso {k
2
= 0, k
2
= k
2
, k
3
= k
3
, k
1
= 0, k
4
= 1/2k
3
, k
1
= 0}, temos o
seguinte potencial:
P ot
14
=
1
2
k
2
2
M
y
4
+ 2
k
2
2
M
x
2
y
2
+ 2
k
2
3
M
x
2
+
1
2
k
2
3
M
y
2
. (3.4.67)
Este potencial ao passa no teste de Painlev´e, pois surge a seguinte condi¸ao de
compatibilidade:
3ik
2
3
+ 18ik
2
2
y
2
1
= 0, (3.4.68)
que o ´e satisfeita se k
2
= k
3
= 0, que cancela o potencial. Portanto, este caso ao passa
no teste de Painlev´e.
51
Como este potencial ´e do tipo qu´artico, ´e acil verificar que o resultado desta an´alise
de Painlev´e est´a em acordo com as conhecidas condi¸oes de intergrabilidade para este tipo
de potencial.
3.5 Estudo da Integrabilidade do Setor Bosˆonico com
simetria de Paridade imposta a todo o modelo
Como pudemos verificar na ´ultima se¸ao, a imposi¸ao de paridade somente ao setor
bosˆonico tornou o sistema muito mais integr´avel; por´em, ainda ´e necess´ario determinarmos
os valores de alguns parˆametros durante a analise de Painlev´e para recuperarmos os casos
integr´aveis listados acima.
Nesta se¸ao imporemos a simetria de paridade, ao o ao setor bosˆonico, mas a toda a
teoria, e verificaremos at´e que ponto os v´ınculos que surgem nos paramˆetros ao capazes
de tornar o modelo integr´avel, sem a necessidade de fixar paramˆetros durante a an´alise
de Painlev´e.
3.5.1 Formula¸ao a duas componentes do setor fermiˆonico
Como o modelo ´e cl´assico e ao-relat´ıvistico, enao ´e definido em um espa¸co bidimen-
sional Euclidiano, E
2
, onde o grupo de covarinˆancia ´e SO(2).
Portanto, podemos escrever:
γ
1
= σ
x
, (3.5.69)
52
γ
2
= σ
y
, (3.5.70)
γ
3
=
1
γ
2
= σ
z
, (3.5.71)
tal que
γ
i
, γ
j
= 2δ
ij
1, (3.5.72)
γ
i
, γ
3
= 0. (3.5.73)
Para o espinor geral
Ψ =
Ψ
1
Ψ
2
(3.5.74)
a ao das transforma¸oes de SO(2) sobre o mesmo ´e dada abaixo:
Ψ
= e
i
2
ωσ
z
Ψ, (3.5.75)
onde ω ´e o ˆangulo de rota¸ao; portanto, Ψ
Ψ, ´e invariante. ao ´e necess´ario definir o
conjugado de Dirac.
1
Agora, tentamos identificar as paridades-x-e-y no espa¸co espinorial. Para tanto,
come¸camos com a equa¸ao de Dirac:
1
x
Ψ +
2
y
Ψ = 0, (3.5.76)
1
A representa¸ao de Majorana ´e dada por γ
1
= σ
x
e γ
2
= σ
z
; ai, decorre que γ
3
=
1
γ
2
= σ
y
,
e espinores de Majorana, Ψ
c
= Ψ
= Ψ, apresentem as duas componentes reais, a que C = 1 nesta
representa¸ao.
53
`a qual impomos a simetria de paridade-x,
Ψ(t;
x) P
Ψ
(t
;
x
) = (3.5.77)
= RΨ(t;
x)
= RΨ(t
; x
, y
),
onde R representa a matriz de paridade no espa¸co espinorial:
γ
1
R =
1
(3.5.78)
γ
2
R =
2
.
Enao, nossa matriz de paridade pode ser escolhida como
R = γ
2
, (3.5.79)
e, portanto,
Ψ´(t´;
x´) = γ
2
Ψ(t;
x) (3.5.80)
Assim, todos os espinores, a menos de uma fase, transformam-se sob paridade p or
meio da matriz-γ
2
.
Considerando a outra possibilidade, a paridade-y, podemos facilmente verificar que a
ao da mesma sobre espinores ´e representada pela matrix-γ
1
:
P
x x
y y
(3.5.81)
54
Ψ γ
1
Ψ
Ψ
(t
;
x
) γ
1
Ψ (t;
x ) .
. (3.5.82)
3.5.2 Estudo de integrabilidade com v´ınculos de paridade do
setor fermiˆonico
Ao incluir os v´ınculos ditados pela simetria de paridade- x ou -y para o modelo
completo (bosˆonico + fermiˆonico), propomo-nos levar a cabo a an´alise diretamente em
termos de supercampos (3.2.7) e (3.2.8). Em lugar de seguir um longo procedimento e
considerarmos todos os termos da ao em camp os componentes, propomos trabalhar sem
deixar o superespa¸co, o que tem conseq¨uˆencias simplificadoras ao-triviais.
A ao da paridade-x nos supercampos ´e determinada por
X X e Y Y , (3.5.83)
contanto que
Θ γ
2
Θ,
Λ γ
2
Λ,
Ξ γ
2
Ξ,
f
1
f
1
,
f
2
f
2
.
De fato, a paridade -x ´e implementada no espa¸co espinorial atrav´es da rela¸ao:
Ψ Ψ‘ = ±γ
2
Ψ. (3.5.84)
55
X = x + Θ
γ
1
Λ + Λ
γ
1
Θ
1
2
Θ
γ
3
Θf
1
(3.5.85)
x x. (3.5.86)
X X.
Θ γ
2
Θ.
Θ
γ
1
Λ Θ
γ
2
γ
1
(±γ
2
Λ) (3.5.87)
Θ
γ
1
Λ.
Λ γ
2
Λ. (3.5.88)
Θ
γ
3
Θ Θ
γ
2
γ
3
γ
2
Θ = Θ
γ
3
Θ (3.5.89)
f
1
− f
1
.
y y. (3.5.90)
Y Y.
Θ
γ
2
Ξ ±Θγ
2
Ξ. (3.5.91)
Θ
γ
3
Θ Θ
γ
3
Θ. (3.5.92)
f
2
→ f
2
.
56
Com estas designa¸oes de paridade para os campos fermiˆonicos e auxiliares, as coor-
denadas dos sup ercampos se transformam sob paridade exatamente como acima. Al´em
disso, em virtude da escolha espec´ıfica de γ
2
, temos que a paridade age em , e as
derivadas covariantes como abaixo:
Θ γ
2
Θ. (3.5.93)
θ
θ
0 i
i 0
θ
θ
θ . (3.5.94)
θ .
D =
θ
t
(3.5.95)
i
θ
i
t
.
D i
i
θ
t
D iD. (3.5.96)
D iD.
=
θ
→
→ idθ. (3.5.97)
→ idθ. (3.5.98)
→ idθ.
57
Portanto as derivadas covariantes de supersimetria e os elementos de volume se trans-
formam como segue:
D iD, D iD;
idθ, idθ.
Com todas estas prescri¸oes, o elemento de volume dtdθ recebe um sinal de menos.
Isto significa que os termos cin´eticos ao naturalmente invariantes, mas a simetria de
paridade do potencial nos obriga a fixar:
k
1
= k
3
= k
4
= k
2
= 0, (3.5.99)
podendo k
2
e k
1
serem diferentes de zero.
Estes v´ınculos de parˆametros ao iguais ao terceiro conjunto que achamos quando o
o setor bosˆonico foi considerado e encontramos o dois casos integr´aveis: os potenciais (9)
e (11), que renomeamos como abaixo:
P ot
susy1x
=
1
2
k
2
2
M
x
4
+
1
2
k
2
2
M
y
4
+
k
2
2
M
x
2
y
2
, (3.5.100)
e
P ot
susy2x
=
1
2
k
2
2
M
x
4
+
1
2
k
2
2
M
y
4
+ 3
k
2
2
M
x
2
y
2
. (3.5.101)
Assim, de todos os casos integr´aveis encontrados quando consideramos o o setor
bosˆonico, o os dois potenciais acima preservam a paridade-x quando o modelo completo
´e considerado.
Por outro lado, se contemplarmos a simetria de paridade-y para todo o modelo, temos
que
X X e Y Y , (3.5.102)
58
contanto que
Θ γ
1
Θ,
Λ γ
1
Λ,
Ξ γ
1
Ξ,
f
1
f
1
,
f
2
f
2
.
Tamem, D iD, D iD, idθ e idθ.
Assim como no caso anterior, a invariˆancia de paridade-y ´e assegurada o para aqueles
monˆomios dos supercampos que mudam de sinal sob paridade. Isto imp˜oe ent˜ao:
k
2
= k
3
= k
4
= k
1
= 0, (3.5.103)
enquanto k
1
e k
2
ao os ´unicos coeficientes compat´ıveis com a invariˆancia de paridade-y.
Estes v´ınculos nos parˆametros correspondem a um ´unico conjunto de solu¸oes encon-
trado quando o o setor bosˆonico ´e considerado com rela¸ao `a paridade-y, de um modo
semelhante ao que acontece para paridade-x. o existem dois casos integr´aveis, que apre-
sentamos a seguir:
P ot
susy1y
=
1
2
k
2
1
M
x
4
+
1
2
k
2
1
M
y
4
+
k
2
1
M
x
2
y
2
, (3.5.104)
e
P ot
susy2y
=
1
2
k
2
1
M
x
4
+
1
2
k
2
1
M
y
4
+ 3
k
2
1
M
x
2
y
2
. (3.5.105)
´
E importante notar que estes potenciais tˆem a mesma forma dos encontrados para o
caso da paridade-x a menos de uma troca dos parˆametros k
2
por k
1
. Assim, de todos
os casos integr´aveis encontrados quando o o setor de bosˆonico ´e considerado, o os dois
potenciais acima conservam paridade-y se todo o modelo ´e analisado.
59
3.6 Conclus˜oes.
Ao longo das se¸oes anteriores, efetuamos uma an´alise de integrabilidade do setor
bosˆonico do modelo supersim´etrico, e verificamos o aparecimento de casos integr´aveis
para ambos sistemas acoplados e desacoplados.
Os casos acoplados podem ser classificados em dois tipos: um potencial do tipo
qu´artico e um potencial que ´e funcionalmente a superposi¸ao de um potencial qu´artico e
de Henon-Heiles.
Ao contr´ario da situa¸ao onde impomos a simetria de paridade `a ao completa (in-
tera¸oes bosˆonicas e fermiˆonicas) e onde os potenciais gerados ao totalmente integr´aveis
(sem a necessidade de fixar v´ınculos de integrabilidade), o caso no qual ´e imposta a si-
metria de paridade somente ao setor bosˆonico o gera potenciais integr´aveis depois que
levarmos em conta os v´ınculos que aparecem no curso de an´alise de Painlev´e. Isto significa
que, se estes v´ınculos ao ao cumpridos, estaremos lidando com potenciais ao-integr´aveis
e enao com a possibilidade de caos.
Para os casos onde os potenciais tˆem a forma qu´artica, ao a necessidade de fazer-
mos uma an´alise de caos pois esta a foi discutida na literatura `a que previamente nos
remetemos.
Os casos para os quais os potenciais ao dados pela superposi¸ao de um potencial de
foma qu´artica e de Henon-Heiles est˜ao em considera¸ao e, em um trabalho futuro, in-
formaremos os resultados de uma an´alise completa [de Assis et al,2005:4]. Por´em, nesta
se¸ao, daremos um exemplo para ilustrar como este tipo de potencial ao-integr´avel ad-
mite transi¸ao ordem-caos usando o potencial n´umero 7 de Se¸ao(3.4):
P ot
7
=
1
2
k
2
1
M
x
4
+ 2
k
2
1
M
y
4
+ 4
k
2
1
M
x
2
y
2
+ 4k
4
k
1
M
y
3
+
(4k
1
k
3
+ 2k
4
k
1
)
M
x
2
y + 2
k
2
3
M
x
2
+ 2
k
2
4
M
y
2
.
(3.6.106)
60
Para este prop´osito, fazemos para uso do expoente caracter´ıstico Lyapunov (LCE), di-
agramas de fase [Benettin et al,1980, Wolf et al,1985] e [Tabor,1989] e Se¸oes de Poincare.
Por diagrama de fase, entendemos um gr´afico das vari´aveis dinˆamicas no espa¸co de fase
que ´e usado para fornecer uma id´eia qualitativa do comportamento dinˆamico do sistema
sob estudo. De maneira semelhante a Se¸ao de Poincare [Almeida,1991, Tabor,1989], que
´e um gr´afico gerado pelos pontos que surgem do fluxo do sistema diferencial que corta
um plano do espa¸co de fase, nos fornece uma informa¸ao qualitativa do comportamento
dinˆamico do sistema. A precis˜ao de nossa computa¸ao foi verificada conferindo se o Ha-
miltoniano era conservado durante a simula¸ao.
61
Fixando por exemplo: k
1
= 10, M = k
3
= k
4
= 1, o p otencial adquire a seguinte
forma:
V := 50x
4
+ 200y
4
+ 400x
2
y
2
+ 40y
3
+ 60x
2
y + 2x
2
+ 2y
2
Calculamos o maior σ
i
, diagramas de fase e suas respectivas Se¸oes de Poincare, e
apresentamos dois casos para o mesmo conjunto de parˆametros fixados acima,mas com
condi¸oes iniciais diferentes. Primeiro com p
1
(0) = 0.1, p
2
(0) = 0.1, q
1
(0) = 0.1, q
2
(0) =
0.0, Energia=0.035; apresenta comportamento regular (veja Figuras 1,2 e 3 abaixo).
Gr´afico de fase com condi¸oes iniciais:
p
1
(0) = 0.1, p
2
(0) = 0.1, q
1
(0) = 0.1, q
2
(0) = 0.0 e Energia=0.035
Figura 1
62
Expoente de Lyapunov para condi¸oes iniciais:
p
1
(0) = 0.1, p
2
(0) = 0.1, q
1
(0) = 0.1, q
2
(0) = 0.0 e Energia=0.035
Figura 2
63
Se¸ao de Poincare no plano p
1
= 0 para Energia=0.035
Figura 3
O segundo caso com: p
1
(0) = 0.1, p
2
(0) = 0.1, q
1
(0) = 0.1,q
2
(0) = 0.18 e
Energia=0.780631; apresenta comportamento ca´otico (veja Figuras 4,5 e 6 abaixo).
64
Gr´afico de fase com condi¸oes iniciais:
p
1
(0) = 0.1, p
2
(0) = 0.1, q
1
(0) = 0.1, q
2
(0) = 0.18 e Energia=0.780631
Figura 4
65
Expoente de Lyapunov para condi¸oes iniciais:
p
1
(0) = 0.1, p
2
(0) = 0.1, q
1
(0) = 0.1, q
2
(0) = 0.18 e Energia=0.780631
Figura 5
66
Se¸ao de Poincare no plano p
1
= 0 para Energia=0.780631
Figura 6
Estes exemplos mostram que este sistema ao integr´avel exibe tanto dinˆamica orde-
nada quanto ca´otica. Isto ao chega a ser um resultado excepcional no caso de sistemas
hamiltonianos onde ordem e caos podem coexistir para uma dada energia. Entretanto,
isto ao constitui a regra. O caso a mencionado da vers˜ao mecˆanica do Yang-Mills puro
o apresenta caos assim como tamb´em existem outros modelos ao integr´aveis que ao
apresentam caos. Como nesta tese a quest˜ao central ´e a identifica¸ao de caos em teorias
supersimetricas a simples demonstra¸ao de sua existˆencia constitui o aspecto importante
e ao um estudo pormenorizado destes modelos.
67
No caso estudado em que a condi¸ao inicial escolhida correspondia a energia igual a
0.035 o sistema e xibiu comportamento regular o que pode ser visto pelo diagrama de fase
e pelo gr´afico do expoente de Lyapunov. Para o caso em que a condi¸ao inicial escolhida
correspondia a energia igual a 0.780631 o sistema desta vez exibiu comportamento ca´otico
tamb´em visto a partir do diagrama de fase e do expoente de Lyapunov.
Entretanto uma vis˜ao global da dinˆamica pode ser obtida atrav´es das respectivas se¸oes
de Poincare.
A se¸ao de Poincare para energia igual a 0.035 (fig.3) apresenta em sua faixa mais ex-
terna varias separatrizes e no seu interior uma regi˜ao ca´otica com bacias e varias ilhas de
regularidade. a para se¸ao de Poincare para energia igual a 0.780631 (fig.6) vemos uma
densa regi˜ao de regularidade no centro e a maior parte do volume tomado por um com-
portamento ca´otico onde se notam trˆes ilhas de regularidade. Outro motivo de destaque
´e a redu¸ao do numero de separatrizes.
´
E talvez not´avel dizer que um potencial da forma (x
2
+ y
2
)
2
pode ser gerado con-
siderando o trabalho de Refs. [Ichtiaroglou,1989]–[Karkowski,1990], onde um sistema de
Yang-Mills mecˆanico cl´assico com quatro graus de liberdade ξ
i
´e estudado, com Hamilto-
niano dado por
H =
1
2
P
2
1
+ P
2
2
+ P
2
3
+ P
2
4
+
g
2
8
ξ
2
1
ξ
2
2
+ ξ
2
3
ξ
2
4
2
. (3.6.107)
Realmente, se adotamos coordenadas hiperb´olicas nos planos (ξ
1
; ξ
2
) e (ξ
3
; ξ
4
) ,
ξ
1
= r
1
cosh θ
1
(3.6.108)
ξ
2
= r
1
sinh θ
1
(3.6.109)
ξ
3
= r
2
cosh θ
2
(3.6.110)
ξ
4
= r
2
sinh θ
2
, (3.6.111)
68
o Hamiltoniano se torna:
H =
1
2
P
2
r
1
+ P
2
r
2
1
r
2
1
P
2
θ
1
1
r
2
2
P
2
θ
2
+
g
2
8
r
2
1
+ r
2
2
2
. (3.6.112)
onde θ
1
e θ
2
ao coordenadas ignor´aveis, de forma que os correspondentes momenta ao
integrais de movimento. Se P
2
θ
1
= P
2
θ
2
= 0, nenhuma contribui¸ao negativa para a energia
cin´etica est´a presente e adquirimos um sistema efetivo com dois-grau-de-liberdade com po-
tencial da forma (x
2
+ y
2
)
2
. Al´em da discuss˜ao de integrabilidade e caos cl´assicos, estudos
de caos quˆantico que usam este potencial receberam muita aten¸ao na literatura[Steeb et al,1988,
Tomiya e Yoshinaga,2000]. Esta observao pode ser um bom apoio a favor dos resultados
que obtivemos com os potenciais integr´aveis produzidos depois que f oi imposta a simetria
de paridade ao modelo supersim´etrico completo.
No pr´oximo cap´ıtulo, retomamos um caso com supersimetria N = 2 mas, desta vez,
com quatro componentes. a, verificaremos resultado similar ao obtido neste cap´ıtulo.
69
Cap´ıtulo 4
Limite Mecˆanico Supersim´etrico de
Yang-Mills com Quatro Graus de
Liberdade
No final do cap´ıtulo anterior, mostramos que o caso integr´avel do setor bosˆonico de
nossa vers˜ao supersim´etrica de um modelo planar polinomial de ordem quatro podia ser
identificado com um modelo mecˆanico de Yang-Mills com quatro componentes que, ap´os
mudan¸cas de coordenadas, assumia uma forma planar.
Neste cap´ıtulo, f aremos a supersime triza¸ao diretamente na vers˜ao em quatro compo-
nentes do modelo mecˆanico de Yang-Mills, e mostraremos que, ap´os a redu¸ao do setor
bosˆonico (por mudan¸cas de coordenadas) ao caso planar, obtemos o mesmo resultado
que no cap´ıtulo anterior. Para tanto, tomamos como ponto de partida o potencial da
vers˜ao em quatro comp onentes do modelo mecˆanico de Yang-Mills [Ichtiaroglou,1989]–
[Karkowski,1990]:
70
U = c (xw yz)
2
. (4.0.1)
4.1 O Modelo Supersim´etrico
Usando os supercampos quirais [Paschoal,2004]:
Φ = x (t) + iy (t) + θζ (t) θ
d
dt
x (t) + i
d
dt
y (t)
, (4.1.2)
Φ = x (t) iy (t) θζ (t) + θ
d
dt
x (t) i
d
dt
y (t)
, (4.1.3)
Λ = w (t) + iz (t) + θξ (t) θ
d
dt
w (t) + i
d
dt
z (t)
, (4.1.4)
Λ = w (t) iz (t) θξ(t) + θ
d
dt
w (t) i
d
dt
z (t)
. (4.1.5)
e o supercampo real:
H = h (t) + θλ
h
(t) θλ
h
(t) + θθf
h
(t) , (4.1.6)
o termo cin´etico em supercampos pode ser posto sob a forma:
L
Ci n
= α
1
D(Φ)D(Φ) + α
2
D(Λ)D(Λ) + α
3
D(H)D(H). (4.1.7)
O termo de potencial em supercampos ´e dado por:
L
Int
= k
1
ΦΛH + k
1
ΦΛH. (4.1.8)
71
Realizando integra¸oes em θ e θ:
L = 4 α
1
d
dt
x (t)
2
4 α
1
d
dt
y (t)
2
α
3
d
dt
h (t)
2
+ (4.1.9)
4 α
2
d
dt
w (t)
2
4 α
2
d
dt
z (t)
2
2 k
1
y (t) z (t) f
h
(t) +
+2 k
1
x (t) w (t) f
h
(t) + k
1
w (t) ζ (t) λ
h
(t) k
1
w (t) ζ(t)λ
h
(t) +
2
ξ(t)
d
dt
ξ (t) + k
1
x (t) ξ (t) λ
h
(t)
2
ξ (t)
d
dt
ξ(t)+
1
ζ (t)
d
dt
ζ(t) +
3
d
dt
λ
h
(t)λ
h
(t) +
3
d
dt
λ
h
(t) λ
h
(t)+
+ik
1
y (t) ξ(t)λ
h
(t) + +ik
1
z (t) ζ (t) λ
h
(t) + ik
1
y (t) ξ (t) λ
h
(t)+
+ik
1
z (t) ζ(t)λ
h
(t)
1
ζ(t)
d
dt
ζ (t) k
1
x (t) ξ(t)λ
h
(t) +
+2 k
1
x (t)
d
dt
z (t) h (t) + 2 k
1
d
dt
x (t) z (t) h (t) + 2 k
1
y (t)
d
dt
w (t) h (t) +
+2 k
1
d
dt
y (t) w (t) h (t) α
3
f
h
(t)
2
72
Da equa¸ao de Euler-Lagrange para f
h
, chega-se a:
f
h
(t) =
k
1
(y (t) z (t) + x (t) w (t))
α
3
. (4.1.10)
A seguir, listamos os termos do Lagrangiano, ap´os integra¸ao em θ e θ e elimina¸ao
de f
h
:
L
1
= 4 α
1
d
dt
x (t)
2
4 α
1
d
dt
y (t)
2
4 α
2
d
dt
w (t)
2
+ (4.1.11)
4 α
2
d
dt
z (t)
2
α
3
d
dt
h (t)
2
,
L
2
=
k
1
2
(y (t) z (t) + x (t) w (t))
2
α
3
, (4.1.12)
L
3
= k
1
w (t) ζ (t) λ
h
(t) k
1
w (t) ζ(t)λ
h
(t) + (4.1.13)
1
ζ(t)
d
dt
ζ (t) + ik
1
y (t) ξ (t) λ
h
(t)+
2
ξ(t)
d
dt
ξ (t) + k
1
x (t) ξ (t) λ
h
(t)+
+ i k
1
z (t) ζ(t)λ
h
(t)
2
ξ (t)
d
dt
ξ(t)+
+ ik
1
y (t) ξ(t)λ
h
(t) +
3
d
dt
λ
h
(t)λ
h
(t) +
1
ζ (t)
d
dt
ζ(t) +
3
d
dt
λ
h
(t) λ
h
(t)+
+ 2 k
1
x (t)
d
dt
z (t) h (t) + 2 k
1
d
dt
x (t) z (t) h (t) +
+ 2 k
1
y (t)
d
dt
w (t) h (t) + 2 k
1
d
dt
y (t) w (t) h (t) +
+ ik
1
z (t) ζ (t) λ
h
(t) k
1
x (t) ξ(t)λ
h
(t) .
73
Fixando os α´s como:
α
1
=
1
8
M, α
2
=
1
8
M, α
3
=
1
2
M, (4.1.14)
podemos escrever os seguintes termos do Lagrangiano completo:
L
1
= 1/2 M
d
dt
x (t)
2
+ 1/2 M
d
dt
y (t)
2
+ 1/2 M
d
dt
w (t)
2
+ (4.1.15)
+ 1/2 M
d
dt
z (t)
2
+ 1/2 M
d
dt
h (t)
2
,
L
2
= 2
k
1
2
(y (t) z (t) + x (t) w (t))
2
M
, (4.1.16)
L
3
= k
1
w (t) ζ (t) λ
h
(t) k
1
w (t) ζ(t)λ
h
(t) + (4.1.17)
+ 1/8 iMξ (t)
d
dt
ξ(t) + 1/8 iMζ (t)
d
dt
ζ(t)+
+ ik
1
y (t) ξ (t) λ
h
(t) + k
1
x (t) ξ (t) λ
h
(t)+
+ 1/8 iMξ(t)
d
dt
ξ (t) + ik
1
z (t) ζ(t)λ
h
(t) + ik
1
y (t) ξ(t)λ
h
(t) +
+ 1/8 iMζ(t)
d
dt
ζ (t) 1/2 iM
d
dt
λ
h
(t) λ
h
(t)+
+ ik
1
z (t) ζ (t) λ
h
(t) + 2 k
1
x (t)
d
dt
z (t) h (t) +
+ 2 k
1
d
dt
x (t) z (t) h (t) + 2 k
1
y (t)
d
dt
w (t) h (t) +
+ 2 k
1
d
dt
y (t) w (t) h (t) 1/2 iM
d
dt
λ
h
(t)λ
h
(t) +
k
1
x (t) ξ(t)λ
h
(t) ,
onde o setor bosˆonico ´e dado por
74
Lag
Bos
=1/2 M
d
dt
x (t)
2
+ 1/2 M
d
dt
y (t)
2
+ 1/2 M
d
dt
w (t)
2
+ (4.1.18)
+ 1/2 M
d
dt
z (t)
2
+ 1/2 M
d
dt
h (t)
2
2
k
1
2
(x (t) w (t) y (t) z (t))
2
M
.
Se adotarmos as seguintes transforma¸oes ortogonais, que levam (x, y, z, w) em (ξ
1
, ξ
2
, ξ
3
, ξ
4
):
ξ
1
= 2
1
2
(x + w) , (4.1.19)
ξ
2
= 2
1
2
(x w) ,
ξ
3
= 2
1
2
(y + z) ,
ξ
4
= 2
1
2
(y z) .
temos o se guinte modelo agora a na forma Hamiltoniana:
H =
1
2
P
2
1
+ P
2
2
+ P
2
3
+ P
2
4
+
g
2
8
ξ
2
1
ξ
2
2
+ ξ
2
3
ξ
2
4
2
. (4.1.20)
Por outro lado, se adotarmos as coordenadas hiperb´olicas nos planos (ξ
1
; ξ
2
) e (ξ
3
; ξ
4
),
ξ
1
= r
1
cosh θ
1,
ξ
2
= r
1
sinh θ
1
, (4.1.21)
ξ
3
= r
2
cosh θ
2
, ξ
4
= r
2
sinh θ
2
,
a Hamiltoniana torna-se:
H =
1
2
P
2
r
1
+ P
2
r
2
1
r
2
1
P
2
θ
1
1
r
2
2
P
2
θ
2
+
g
2
8
r
2
1
+ r
2
2
2
, (4.1.22)
onde θ
1
e θ
2
ao coordenadas ignor´aveis, tal que seus correspondentes momenta ao cons-
tantes de movimento. Se P
2
θ
1
= P
2
θ
2
= 0, forem contribui¸oes ao-negativas para a energia
cin´etica, temos um sistema efetivo com dois graus de liberdade com potencial da forma
(x
2
+ y
2
)
2
.
75
4.2 An´alise de Integrabilidade para o Setor Bosˆonico
Novamente, usamos os criterios de integrabilidade para o potencial qu´artico dados na
ref.:[Lakshmanan e Sahadevan,1993]:
V
quart
= Ax
2
+ By
2
+ ax
4
+ by
4
+ dx
2
y
2
, (4.2.23)
ao:
a) A = B, a = b, d = 6a.
b) A, B, a = b, d = 2a.
c) A = 4B, a = 16b, d = 12a.
d) A = 4B, a = 8b, d = 6b.
e) d = 0 (trivial),
(4.2.24)
e verificamos que o potencial respeita a condi¸ao de integrabilidade dada pelo item b).
4.3 Estudo de Integrabilidade com V´ınculos de Pari-
dade Impostos a Todo o Modelo.
Na se¸ao anterior, hav´ıamos verificado as condi¸oes de integrabilidade para o setor
bosˆonico do modelo sem levarmos em conta a contribui¸ao que o setor fermiˆonico poderia
desempenhar neste estudo.
Nesta se¸ao, imporemos, como no cap´ıtulo anterior, que todo o modelo obede¸ca `a
condi¸ao de paridade. Para tanto, voltaremos a considerar as transforma¸oes de paridade
76
no espa¸co espinorial como apresentado na se¸ao 3.5, e definimos o seguinte espinor de
Majorana:
Z
ξ
ξ
, (4.3.25)
para o qual se fixa a transforma¸ao de paridade:
Z − γ
2
Z. (4.3.26)
Tem-se, enao, que
ξ − (4.3.27)
ξ − ,
o que, finalmente, nos leva `a transforma¸ao de paridade
Φ − Φ, (4.3.28)
para o supercampo quiral Φ.
Quanto ao supercampo Λ, temos a liberdade de fixar a sua paridade.
Adotando
Λ − Λ, (4.3.29)
o que s ignifica,
77
w − w, (4.3.30)
z − z,
ξ − ,
ξ − .
Recordamos que o potencial ´e submetido `a integra¸ao em θ e θ,
ΦΛH, (4.3.31)
e como
− , (4.3.32)
Θ − Φ,
Λ − Λ
devemos fixar a paridade de H positiva:
H − H. (4.3.33)
Isto assegura a invariˆancia do potencial e nos leva `as seguintes transforma¸oes para as
componentes de H:
h − h, (4.3.34)
λ − iλ,
λ − iλ,
f
h
− f
h.
,
78
De fato, a transforma¸ao f
h
− f
h
´e compat´ıvel com a solu¸ao da equa¸ao de
movimento para esta coordenada auxiliar, dada na eq.4.1.10.
Estes resultados tˆem como conseq¨uˆencia que o parˆametro k ´e livre, ao alterando os
resultados obtidos por ocasi˜ao da an´alise de integrabilidade do setor bosˆonico.
4.4 Conclus˜oes.
Neste cap´ıtulo, verificamos que, apesar de adotarmos um roteiro diferente para super-
simetriza¸ao do modelo mecˆanico de Yang-Mills, comparado ao feito no cap´ıtulo anterior,
chegamos ao mesmo modelo integr´avel. Cab e destacar que, enquanto no cap´ıtulo anterior,
onde a supersimetria era aplicada a um modelo planar, fizemos uso de supe rcampos reais.
Neste cap´ıtulo, onde a supersimetriza¸ao foi feita em uma vers˜ao mecˆanica de Yang-
Mills com quatro graus de liberdade, os supercampos usados foram quirais.
Neste caso verificamos que os v´ınculos do modelo supersim´etrico nos levam a um caso
integr´avel tanto quando olhamos somente para o setor bosˆonico como quando levamos em
considera¸ao o setor fermiˆonico. Cab e destacar que o uso de supercampos quirais implicou
em mais v´ınculos do que quando realizamos a constru¸ao em termos de supercampos reais.
Ap´os as investiga¸oes feitas nos ´ultimos cap´ıtulos em modelos mecˆanicos super-
sim´etricos, no pr´oximo cap´ıtulo trataremos de um modelo mecˆanico que foi constru´ıdo a
partir da redu¸ao via campos espacialmente homogenˆeos de uma teoria de campos super-
sim´etrica N = 2 de Maxwell-Chern-Simons com acoplamento ao-m´ınimo.
79
Cap´ıtulo 5
Integrabilidade e Caos numa Vers˜ao
D=(0+1) da Teoria N=2
Maxwell–Chern–Simons–Higgs.
5.1 Introdu¸ao
Neste cap´ıtulo, ao inv´es de aplicarmos procedimentos de an´alise de integrabilidade e
caos a modelos supersimetrizados diretamente na forma mecˆanica, faremos estas an´alises
em um sistema mecˆanico reduzido (espacialmente homogˆeneo) derivado de um modelo
Maxwell-Chern-Simons-Higgs N=2 off-shell com acoplamento ao-m´ınimo que apresenta
excita¸oes de ortices topol´ogicos BPS, numericamente obtidas com um “ansatz”adotado
no regime de validade de um acoplamento cr´ıtico esp ecial. Como uma contrapartida da
regularidade associada `a solu¸ao est´atica do tipo oliton, investigamos a possibilidade de
existˆencia de dinˆamica ca´otica na evolu¸ao do sistema reduzido espacialmente homogˆeneo,
descendente do modelo de campo N=2 sob considera¸ao. O conte´udo originalmente rico
80
de simetrias e intera¸oes, supersimetria N=2 e acoplamento ao- m´ınimo, tornam especial
o modelo proposto como uma estrutura interessante para a investiga¸ao do papel desem-
penhado pelas (super) s imetrias e dom´ınios de parˆametros no favorecimento e no controle
do comportamento ca´otico em s istemas de gauge. Depois de construir o Lagrangiano efe-
tivo e o Hamiltoniano, e estabelecer as equa¸oes canˆonicas de Hamilton correspondentes,
aplicamos os crit´erios globais de integrabilidade, simetrias pontuais de Noether e propri-
edade de Painlev´e, tanto ao regime geral quanto ao regime de acoplamento cr´ıtico. Como
um car´ater ao- integr´avel ´e revelado pelo par de crit´erios anal´ıticos aplicados, efetuamos
simula¸oes num´ericas na busca de padr˜oes ca´oticos na evolu¸ao do sistema. Na pr´oxima
se¸ao, apresentamos a teoria, as equa¸oes de campo e a sua contrapartida espacialmente
homogˆenea, o Lagrangiano efetivo unidimensional e os momenta conjugados associados.
Como aparece uma constante de movimento adicional (al´em do Hamiltoniano), uma re-
parametriza¸ao conveniente ´e implementada, e o sistema Hamiltoniano correspondente ´e
escrito, levando `as equa¸oes canˆonicas de Hamilton. Na Se¸ao 3, retornamos a um regime
geral com formula¸ao de segunda–ordem, na qual come¸camos nossa an´alise da quest˜ao
de integrabilidade, adotando dois crit´erios anal´ıticos alternados a abordagem de sime-
trias pontuais de Noether [Sarlet e Cantrijn,1981] e o procedimento do teste de Painlev´e
[Tabor,1989, Ablowitz, Ramani e Segur,1978]. A primeira estrat´egia conduz a um con-
junto de dez equa¸oes diferenciais parciais acopladas que parecem o possuir uma solu¸ao
de forma fe chada no regime de acoplamento m´ınimo, g = 0. No contexto do teste de Pain-
lev´e, mostra-se que nenhum conjunto de expoentes dominantes inteiros negativos pode ser
encontrado, na medida em que a equa¸ao para o campo de gauge ´e considerada, deterio-
rando o correspondente algoritmo de teste para a verifica¸ao de uma poss´ıvel propriedade
de Painlev´e forte, associada ao sistema. O papel desempenhado pela equa¸ao de campo de
gauge sugere que uma mudan¸ca na dinˆamica do setor de gauge possa gerar uma situa¸ao
81
diferente para a an´alise de integrabilidade. Assim motivados, na Se¸ao 4, adotamos o
regime da rela¸ao de acoplamento cr´ıtico, chegando a equa¸oes de primeira ordem para
os graus de liberdade de gauge. Apresentamos o Lagrangiano efetivo associado e a fun¸ao
Hamiltoniana, como tamb´em as correspondentes equa¸oes de campo iteradas de segunda
ordem. Estes resultados nos habilitam a redirecionar o teste de Painlev´e, que indica que
o regime de acoplamento cr´ıtico apresenta uma caracter´ıstica at´e pior, no que diz respeito
`a negatividade r´ıgida suposta para os expoentes dominantes. Retornando `a abordagem
de simetrias pontuais de Noether, vemos que estas tamb´em ao nos ao nenhuma pista
de poss´ıveis configura¸c ˜oes integr´aveis. Na Se¸ao 5, procede-se a uma an´alise de caos para
valores fisicamente aceit´aveis dos parˆametros. Nos regimes caracterizados por g = 0, para
valores de g tanto ao–criticos quanto cr´ıticos, o modelo se torna mais est´avel do que na
situa¸ao em que g = 0. Apresentamos, enao, nossos coment´arios e discutimos a falha
do sistema em obedecer `a propriedade de Painlev´e forte, um fato que pode conduzir `a
considera¸ao futura de outros testes de integrabilidade. Tamem, tentamos explicar por
que g = 0 conduz a um comportamento mais est´avel, apesar da ao–linearidade inerente
provocada pela presen¸ca de um g ao-nulo.
5.2 Descri¸ao do Modelo
Partimos [Christiansen et al,1999:2] da densidade de Lagrangiano:
L
boson
=
1
4
F
2
µν
+
1
2
µ
M
µ
M +
1
2
(
µ
φ)(
µ
φ)
+
g
2
(
µ
M)(
µ
|φ|
2
) +
κ
2
A
µ
˜
F
µ
U, (5.2.1)
onde
82
U =
e
2
8G
|φ|
2
v
2
+
2m
e
M + 2g|φ|
2
M
2
+
e
2
2
M
2
|φ|
2
,
µ
φ (
µ
ieA
µ
ig
˜
F
µ
)φ e G 1 g
2
|φ|
2
. As equa¸oes de campo para a teoria
completa ao:
µ
F
µρ
+ m
˜
F
ρ
= −J
ρ
g
e
ε
µνρ
µ
J
ν
,
onde J
µ
=
ie
2
(φ
µ
φ φ(
µ
φ)
), e tamb´em
α
α
M
g
2
α
α
|φ|
2
+
e
2
(|φ|
2
v
2
+ (2κ/e)M + 2gM|φ|
2
)(2κ/e + 2g|φ|
2
)
4G
+e
2
|φ|
2
M = 0 ,
e,
1
2
(
α
α
φ)
g
2
φ
(
α
α
M) +
e
2
g
2
φ
|φ|
2
v
2
+ (2κ/e)M + 2g|φ|
2
M
2
8G
2
+
+
e
2
φ
|φ|
2
v
2
+ (2κ/e)M + 2g|φ|
2
M
(1 + 2gM)
4G
+
e
2
φ
M
2
2
= 0 .
Adotando a escolha de gauge A
0
= 0 e impondo a homogeneidade espacial, isto ´e,
i
( campos) = 0, a fase do campo escalar torna-se uma vari´avel cuja derivada-temporal
desaparece, o que permite que seja eliminada sem perda de generalidade. Assim, ter-
minamos com um campo escalar real e o seguinte conjunto de equa¸oes reduzidas de
movimento:
d
dt
G
˙
A
1
= 2egφ
d
dt
[φA
2
] e
2
φ
2
A
1
κ
˙
A
2
, (5.2.2)
d
dt
G
˙
A
2
= +2egφ
d
dt
[φA
1
] e
2
φ
2
A
2
+ κ
˙
A
1
, (5.2.3)
83
¨
M =
g
2
˙
(φ
2
) e
2
φ
2
M
e
2
(φ
2
v
2
+ (2κ/e)M + 2gMφ
2
)(2κ/e + 2gφ
2
)
4G
,
¨
φ = (eA
1
+ g
˙
A
2
)
2
φ (eA
2
g
˙
A
1
)
2
φ + gφ
¨
M e
2
φM
2
e
2
g
2
φ(φ
2
v
2
+ (2κ/e)M + 2gMφ
2
)
2
4G
2
+
e
2
φ(φ
2
v
2
+ (2κ/e)M + 2gMφ
2
)(1 + 2gM)
2G
.
O Lagrangiano efetivo que gera estas equa¸oes de movimento ´e:
L =
G
2
(
˙
A
1
)
2
+ (
˙
A
2
)
2
Q
2
A
1
˙
A
2
A
2
˙
A
1
e
2
φ
2
2
A
1
2
+ A
2
2
+
+
(
˙
M)
2
2
gφ
˙
φ
˙
M +
(
˙
φ)
2
2
e
2
(φ
2
v
2
+ (2κ/e)M + 2gMφ
2
)
2
8G
e
2
φ
2
M
2
2
,
onde G 1 g
2
φ
2
e Q κ + 2egφ
2
.
Os momenta canonicamente conjugados definidos, como usualmente, por p =
L
˙q
, em
as express˜oes:
π
1
L
˙
A
1
= G
˙
A
1
+
Q
2
A
2
,
π
2
L
˙
A
2
= G
˙
A
2
Q
2
A
1
,
p
φ
L
˙
φ
=
˙
φ gφ
˙
M ,
P
M
L
˙
M
=
˙
M gφ
˙
φ .
Antes de derivarmos as equa¸oes canˆonicas de Hamilton, notemos que a quantidade
I A
2
π
1
A
1
π
2
(5.2.4)
84
´e uma constante de movimento. Isto pode ser verificado facilmente, multiplicando e combi-
nando as equa¸oes de ”campos de gauge” de acordo com A
2
(5.2.2)A
1
(5.2.3). Motivados
por es te fato, reparametrizamos o setor de gauge adotando coordenadas polares, em vez
de Cartesianas. Definindo: A
1
= Acosζ, A
2
= Asenζ , e o “novo” conjunto de vari´aveis
´e (A, ζ, φ, M ). O Lagrangiano agora se torna:
L =
G
2
(
˙
A)
2
+ A
2
(
˙
ζ)
2
Q
2
A
2
˙
ζ
+
(
˙
M)
2
2
gφ
˙
φ
˙
M +
(
˙
φ)
2
2
e
2
φ
2
A
2
2
e
2
(φ
2
v
2
+ (2κ/e)M + 2gMφ
2
)
2
8G
e
2
φ
2
M
2
2
, (5.2.5)
conduzindo `as mesmas express˜oes para p
φ
e P
M
, e definindo p
A
L
˙
A
= G
˙
A , p
ζ
L
˙
ζ
=
GA
2
˙
ζ
Q
2
A
2
.
Pode-se facilmente verificar que p
ζ
= I, resultando ˙p
ζ
= 0. O Hamiltoniano lˆe-se:
H
CAN.
=
1
2G
p
A
2
+
p
ζ
2
A
2
+ Qp
ζ
+ p
φ
2
+ P
M
2
+ 2gφp
φ
P
M
+
+
1
2G
(Q/2)
2
+ e
2
2
A
2
+
e
2
φ
2
M
2
2
+
e
2
8G
φ
2
v
2
+ (2κ/e)M + 2gφ
2
M
2
.
As equa¸oes canˆonicas de Hamilton resultantes ao:
˙
A =
p
A
G
; ˙p
A
=
1
G
p
ζ
2
A
3
(Q/2)
2
+ e
2
2
A
;
˙
ζ =
1
G
p
ζ
A
2
+
Q
2
˙p
ζ
= 0 ; (5.2.6)
˙
φ =
1
G
[p
φ
+ gφP
M
] ;
85
˙p
φ
=
1
G
2
g
2
φ
p
A
2
+
p
ζ
2
A
2
+ p
φ
2
+ P
M
2
+ gφ(κg + 2e)p
ζ
+ g(1 + g
2
φ
2
)p
φ
P
M
+(κg + 2e)
2
φA
2
4
+ e
2
G
2
φM
2
+
e
2
g
2
φ
4
φ
2
v
2
+ (2κ/e)M + 2gMφ
2
2
+
e
2
2
φ
2
v
2
+ (2κ/e)M + 2gMφ
2
(1 + 2gM)
;
˙
M =
1
G
[P
M
+ gφp
φ
] ;
˙
P
M
=
1
G
e
2
2
M +
e
2
4
φ
2
v
2
+ (2κ/e)M + 2gMφ
2
2κ
e
+ 2gφ
2

.
Estas equa¸oes de Hamilton ser˜ao utilizadas a seguir na analise de integrabilidade e
caos.
5.3 An´alise de Integrabilidade: Caso Geral
Apresentamos dois crit´erios anal´ıticos Lagrangianos para atacar a quest˜ao da integra-
bilidade: simetrias pontuais de Noether, mais adequadas para estabelecer as constantes
de movimento, e o teste de Painlev´e, que se destina a conferir uma propriedade global (as
vari´aveis dependentes serem merom´orficas para singularidades oveis no plano complexo)
que indica integrabilidade.
5.3.1 Aplicando Simetrias pontuais de Noether.
Agora, faremos uso do estudo das simetrias pontuais de Noether, conforme apresentado
no Cap´ıtulo 1. Inserindo na condi¸ao de simetria o Lagrangiano dado pela equa¸ao (5.2.5),
86
obtemos que um polinˆomio c´ubico nas velocidades tem que desaparecer. Os coeficientes de
iguais potˆencias das velocidades ao anulados, e obtemos um sistema acoplado de equa¸oes
diferenciais parciais lineares que determinam as simetrias e os invariantes de Noether. A
condi¸ao c´ubica simplesmente conduz a
τ = τ(t) , (5.3.7)
o que quer dizer que a vari´avel independente transformada ´e uma fun¸ao o do tempo. As
equa¸oes associadas `as condi¸oes quadr´aticas, por´em, ao um conjunto de dez equa¸oes
diferenciais parciais acopladas que, aparentemente, o possuem uma solu¸ao de forma
fechada no caso do acoplamento m´ınimo g = 0. Restringindo o tratamento a este caso
quase trivial e considerando as condi¸oes para os termos de ordens zero e primeira, o
achamos simetrias de transla¸ao temporal e simetrias translacionais de ζ. Estas simetrias
est˜ao associadas, de acordo com (1.2.13), `as leis de conservao de energia e p
ζ
. Estes ao
resultados quase ´obvios, por mostrar que a ao-linearidade e acoplamentos no potencial
ao ao muito espa¸co para a existˆencia de leis de conservao do sistema, at´e mesmo no
caso g = 0. Esta ´e uma assinatura de ao–integrabilidade. Por´em, outros etodos para
investigar leis de conservao no sistema como simetrias pontuais de Lie [Olver,1986] ao
foram usados.
5.3.2 Teste de Painlev´e
Voltamos, agora, a uma configura¸ao do formalismo espacial de segunda–ordem, para es-
tabelecer o ambiente para aplica¸ao do teste de Painlev´e [Tab or,1989] e
[Ablowitz, Ramani e Segur,1978]. As equa¸oes ao
G
2
¨
A = 2g
2
˙
φ
˙
A +
C
2
A
3
(
κ
2
)
2
A e(κg + e)φ
2
A , (5.3.8)
87
onde C representa a constante p
ζ
,
G
3
¨
φ = g
2
G
2
φ
˙
φ
2
g
2
G
2
φ
˙
A
2
g
2
C
2
φ
A
2
gC(κ g + 2e)φ
1
4
(κ g + 2e)
2
φ A
2
+
+
4
(φ
2
v
2
)
eg
2
v
2
2(κ g + e) + g
2
(2κ g e)φ
2
+ 2eg
4
φ
4
(κ g + e)
κ ev
2
g + (3eg κ g
2
)φ
2
2eg
3
φ
4
+ (κ g + e)M
φ M (5.3.9)
e
G
3
¨
M = gG
2
˙
φ
2
g
3
G
2
φ
2
˙
A
2
+
g
3
C
2
φ
2
A
2
g
4
(κ g + 2e)
2
A
2
φ
2
g (κ g + e)
2
M
2
φ
2
+
+
e
4
(φ
2
v
2
)[2κ + g (4e + eg
2
v
2
+ 2κ g)φ
2
+ 3eg
3
φ
4
]
+ [κ
2
+ (κ
2
g
2
+ g
3
v
2
e
2
3 g + e
2
g
2
v
2
)φ
2
+ eg
2
(2κ g e)φ
4
+ e
2
g
4
φ
6
]M .
(5.3.10)
Tomando o tempo como uma vari´avel complexa, o primeiro passo do teste de Painlev´e
est´a relacionado ao comportamento da singularidade dominante. Sup˜oe-se que os termos
dominantes tenham a forma geral A a(t t
0
)
α
, φ b(t t
0
)
β
, M c(t t
0
)
γ
, onde
α, β, γ < 0. Tais suposi¸oes transformam as ´ultimas trˆes equa¸oes nas seguintes rela¸oes
assinoticas (t t
0
):
g
4
ab
4
α [α 1 + 2β] τ
α+4β2
0 ;
g
6
b
7
β [2β 1] τ
7β2
g
6
b
5
a
2
α
2
τ
2α+5β2
+
2eg
3
(κg + e)b
5
5β+γ
+ (κg + e)
2
bc
2
τ
β+2γ
;
(γ 1)τ
4β+γ2
gb
2
β(2β 1)τ
6β2
,
88
onde τ = t t
0
.
A partir da ´ultima equa¸ao, obtemos γ = 2β e c = gb
2
/2. Inserindo γ = 2β na
segunda equa¸ao, o balanceamento reduz aos primeiros dois termos, o que conduz a α = β
e a
2
= (2β 1)b
2
. Entretanto, a primeira equa¸ao mostra a impossibilidade de termos
α, β < 0, na medida em que α + 2β 1 = 0 ´e exigido, inviabilizando que seja satisfeito o
teste de Painlev´e. Outra possibilidade seria fixar α = 0 na primeira equa¸ao, deixando-a
para tr´as como uma identidade. Po der´ıamos descartar o segundo termo (primeiro no lado
direito) da segunda equa¸ao, e o balanceamento dos trˆes termos remanescentes conduziria
a um conjunto interessante de valores negativos para γ e β: γ = 4, β = 1 , contanto
que a s eguinte rela¸ao seja assegurada:
(κg + e)
2
c
2
2(κg + e)eg
3
b
4
c + 3g
6
b
6
= 0 .
Ainda, temos que lidar com um “expoente dominante” nulo que inviabiliza o teste de
Painlev´e.
Como umas das faces de um problema com a dinˆamica do setor de gauge, a ado¸ao
da rela¸ao de acoplamento cr´ıtico (projetando o sistema sobre o regime que a lugar
`as a estabelecidas excita¸oes de ortice) pode servir como uma valiosa ferramenta de
investiga¸ao. Na realidade, impondo g = e/κ somos levados a equa¸oes de primeira-
ordem para o campo de gauge [Christiansen et al,1999:2].
5.4 Regime de acoplamento cr´ıtico.
Se g = e/κ, temos:
κ
˜
F
ν
= −J
ν
,
89
e a redu¸ao a configura¸oes espacialmente homogˆeneas conduz a
κGE
ij
˙
A
j
= e
2
A
i
φ
2
, (5.4.11)
onde E
12
= +1 = −E
21
. A partir deste conjunto de equa¸oes chegamos a
G
d
dt
(A
2
1
+ A
2
2
) = 0 .
Na medida em que G > 0 (uma condi¸ao herdada da estrutura da supersimetria
original N = 2), temos que A
2
1
+ A
2
2
´e uma constante de movimento (reproduzindo assim
a situa¸ao do Chern–Simons–Higgs “puro” minimamente acoplado).
Adotando coordenadas polares, A
1
= Ccos ζ, A
2
= Csen ζ (A
2
1
+ A
2
2
= C
2
), e ma-
nipulando o conjunto (5.4.11), chegamos a
˙
ζ = e
2
φ
2
G. Seguindo a mesma rota
escolhida no caso geral (n˜ao–critico), buscamos um Lagrangiano e um Hamiltoniano efe-
tivos, estabelecendo as equa¸oes canˆonicas de movimento e, como desej´avel para o teste
de Painlev´e para integrabilidade, iterando-as para que adquiram a forma de equa¸oes
diferenciais de segunda-ordem acopladas. Pode-se facilmente verificar que as seguintes
fun¸oes Lagrangiano e Hamiltoniana ao obtidas:
L = p
ζ
˙
ζ +
e
2
φ
2
κG
+
˙
φ
2
2
e
2
C
2
φ
2
2
e
4
C
2
φ
4
2κ
2
G
+
˙
M
2
2
gφ
˙
φ
˙
M
e
2
(φ
2
v
2
+ (2κ/e)M + 2gφ
2
M)
2
8G
e
2
M
2
φ
2
2
,
H
CAN.
=
1
2G
p
ζ
2
A
2
+ Qp
ζ
+ p
φ
2
+ P
M
2
+ 2gφp
φ
P
M
+
1
2G
(Q/2)
2
+ e
2
2
A
2
+
+
e
2
φ
2
M
2
2
+
e
2
8G
φ
2
v
2
+ (2κ/e)M + 2gφ
2
M
2
,
90
onde g = e/κ, G = 1 (e
2
2
)φ
2
e p
ζ
= κC
2
/2, conduzem ao conjunto apropriado de
equa¸oes de campo. O sistema iterado de segunda ordem passa a ser
G
3
¨
φ = g
2
G
2
φ
˙
φ
2
+
g
2
C
2
φ
A
2
+ e
2
φA
2
4
+
eg(C + egv
4
/4)
φ +
e
2
2eg
2
v
2
φ
3
+ e
2
g
2
1 +
g
2
v
2
4
φ
5
e
2
g
4
2
φ
7
;
G
2
¨
M = (g 2g
3
φ
2
+ g
5
φ
4
)
˙
φ
2
+ (gφ 2g
3
φ
3
+ g
5
φ
5
)
¨
φ + 2e
2
φ
2
M
e
2
g
2
φ
4
M κ
2
M
κe
2
φ
2
e
2
g
2
(1 +
g
2
v
2
2
)φ
4
+
e
2
g
3
φ
6
2
+
κev
2
2
.
Novamente, no teste de Painlev´e, as rela¸oes assinoticas ao encontradas: φ : β = 0
ou β = 1/2 . Se tomarmos o caso β = 0, ficamos com dois resultados problem´aticos, na
medida em que a equa¸ao para M ´e considerada: tanto γ = β = 0, ou β = 0, b
2
= 1/g
2
, γ
ao indeterminados. Assim, uma marca da falta da propriedade de Painlev´e do tipo forte
permanece.
5.5 An´alise de caos
Como os resultados dos estudos anal´ıticos sugerem que o sistema pode ao ser integr´avel,
voltamos, agora, para um estudo num´erico para verificar se tal caracter´ıstica de ao–
integrabilidade ´e apresentada em uma forma c a´otica.
M´etodo de SALI
Conforme apresentado em cap´ıtulo anterior, o principal instrumento para diagn´ostico
de caos que empregaremos ´e o etodo de SALI. Na subse¸ao que segue, faremos uso deste
m´eto do, assim como tamb´em de diagramas de fase.
91
5.5.1 Equa¸oes de movimento e condi¸oes para an´alise
A integra¸ao do sistema foi feita por meio de um algoritmo de Gear [Gear,1971],
com passo vari´avel, o tamanho inicial do passo m´ınimo foi h = 0.0001, eventualmente
era reduzido para preservar os valores do Hamiltoniano e de p
ζ
, que ao constantes de
movimento conhecidas. Outro v´ınculo mantido ao longo da integra¸ao foi que G (G
1 g
2
φ
2
) deveria ser maior que zero. As seguintes equa¸oes de movimento de primeira
ordem foram usadas na integra¸ao num´erica:
˙
A =
p
A
G
; ˙p
A
=
1
G
p
ζ
2
A
3
(Q/2)
2
+ e
2
2
A
;
˙
ζ =
1
G
p
ζ
A
2
+
Q
2
; ˙p
ζ
= 0 ;
˙
φ =
1
G
[p
φ
+ gφP
M
] ;
˙p
φ
=
1
G
2
g
2
φ
p
A
2
+
p
ζ
2
A
2
+ p
φ
2
+ P
M
2
+ gφ(κg + 2e)p
ζ
+ g(1 + g
2
φ
2
)p
φ
P
M
+(κg + 2e)
2
φA
2
4
+ e
2
G
2
φM
2
+
e
2
g
2
φ
4
φ
2
v
2
+ (2κ/e)M + 2gMφ
2
2
+
e
2
2
φ
2
v
2
+ (2κ/e)M + 2gMφ
2
(1 + 2gM)
;
˙
M =
1
G
[P
M
+ gφp
φ
] ;
˙
P
M
=
1
G
e
2
2
M +
e
2
4
φ
2
v
2
+ (2κ/e)M + 2gMφ
2
2κ
e
+ 2gφ
2

.
Por quest˜ao de simplicidade, adotamos a seguinte nota¸ao:
ζ = q
1
, A = q
2
, φ = q
3
, M = q
4
, p
ζ
= p
1
, p
A
= p
2
, p
φ
= p
3
, P
M
= p
4
. Para cada
conjunto de parˆametros de entrada foi feita a integra¸ao num´erica e o m´etodo de SALI
foi usado depois que terminado o pe r´ıodo transiente. A seguir, apresentamos amostras
representativas de nossos achados.
92
5.5.2 Caso com g = 0
Considerando que nosso modelo vem de uma vers˜ao supersim´etrica do modelo de
Maxwell–Chern–Simons–Higgs com acoplamento ao-m´ınimo, ao ´e claro se recuperare-
mos propriedades dinˆamicas semelhantes `as observadas em outros estudos [Escalona et al,2000,
Bambah et al,1993] quando g = 0. As duas propriedades principais encontradas nestes
estudos foram a existˆencia de caos na presen¸ca do termo de Maxwell e a sensibilidade das
condi¸oes da evolu¸ao assinotica ordem versus caos. Para verificar estas propriedades
em nosso modelo, escolhemos as condi¸oes iniciais que definem um ponto fixo do sistema
e, ent˜ao, variamos q
3
de 0 a 2 com parˆametros fixados como e = 2, k = 2, v = 2 e, como
mencionado acima, g = 0. As condi¸oes iniciais ao q
1
(0) = 1, q
2
(0) = 1, q
4
(0) = 2,
p
1
(0) = 0, p
2
(0) = 1, p
3
(0) = 0 e p
4
(0) = 0.
Os resultados ao apresentados em uma sucess˜ao de diagramas de fase. Na Figura 1,
mostramos p
4
contra q
4
. Lembramos que poder´ıamos ter usado qualquer par de vari´aveis
para perturbar o ponto fixo inicial e, ent˜ao, apresentar o resultado nestes gr´aficos; mas,
nossa escolha foi guiada pelo fato de que ambas as vari´aveis q
3
(φ) e q
4
(M) est˜ao presentes
no potencial do tipo Higgs de nosso modelo. Depois, na Figura 2, mostramos um gr´afico
de SALI como uma fun¸ao de q
3
.
93
a) q
3
(0) = 0.1, b) q
3
(0) = 0.3, c) q
3
(0) = 0.7, d) q
3
(0) = 1.5, e) q
3
(0) = 1.75 e f)
q
3
(0) = 2.0.
Figura 1
94
Gr´afico de SALI com os parˆametros fixados em: e = 2, k = 2, v = 2 e g = 0.
Figura 2
Podemos ver, na Figura 2, com ajuda de uma quebra no eixo vertical, que, para
q
3
0.55 o comportamento do sistema fica ca´otico, com SALI assumindo valores entre
10
89
e 10
33
.
5.5.3 Caso com g = 0 fora do regime de acoplamento cr´ıtico
Usamos aqui g = 0, mas fora do regime de acoplamento cr´ıtico, para conferir se a
inclus˜ao deste tipo de acoplamento pode transformar alguma configura¸ao dinˆamica em
ca´otica, com condi¸oes iniciais que, no caso g = 0, conduziram `a regularidade. Para isto,
fixamos os parˆametros e as condi¸oes iniciais como e = 2, k = 2, v = 2 e q
1
(0) = 1,
95
q
2
(0) = 1, q
3
(0) = 0.25, q
4
(0) = 2, p
1
(0) = 0, p
2
(0) = 1, p
3
(0) = 0 e p
4
(0) = 0 e
analisamos o modelo com os seguintes valores de g: 0.1, 0.7, 1.5 e 2.5. Para todos estes
casos, o comportamento permaneceu o mesmo, indicando que a varia¸ao de g ao muda
o comportamento do sistema de regular para ca´otico, como podemos ver na Figura 3.
a) g=0.1, b) g=0.7, c) g=1.5 e d) g=2.5.
Figura 3
96
5.5.4 Caso com g no regime de acoplamento cr´ıtico
Agora, exploramos o regime de acoplamento cr´ıtico, onde g =
e
k
. Fixamos os
parˆametros k = 2, v = 2 e variamos e, enquanto mantemos as condi¸oes iniciais como um
caso de perturba¸ao do ponto fixo; contudo, neste caso, teremos um conjunto diferente
de condi¸oes iniciais para cada e pois na express˜ao geral para o ponto fixo o elemento
p
4
(0) depende de e . Pensando nisto, mantemos os mesmos valores q
1
(0) = 1, q
2
(0) = 1,
p
1
(0) = 0, p
2
(0) = 1, p
3
(0) = 0, p
4
(0) = 0 e fixamos q
3
(0) = 0.7, um valor que torna o
sistema ca´otico no caso g = 0 e q
4
(0) = e. Neste caso, q
3
(0) = 0.7 ´e uma perturba¸ao,
na medida em que, no ponto fixo, q
3
(0) = 0.0. Como no caso g = 0, aqui tamb´em
apresentamos um conjunto de diagramas de fase e um gr´afico de e contra SALI. Nos
gr´aficos de SALI, quebramos o eixo vertical para mostrar que os valores de SALI m´ınimos
est˜ao acima do limiar de caos, de acordo com os requisitos do etodo SALI, quer dizer,
SALI < 10
5
.
97
Gr´aficos de fase com q
3
(0) = 0.7 e e variando como:
a) e = 0.10, b) e = 0.25, c) e = 0.50, d) e = 1.5, e) e = 2.0 e f) e = 2.5.
Figura 4
98
Gr´afico de SALI em fun¸ao de e com os parˆametros fixados em:
k = 2, v = 2 e g = e/k.
Figura 5
5.6 Conclus˜oes.
Neste Cap´ıtulo, uma compara¸ao entre o sistema mecˆanico integr´avel apresentado
no trabalho da Ref. [Escalona et al,2000] - definido como limite de uma teoria completa
N=1-supersim´etrica analisada no caso particular de acoplamento ao-m´ınimo cr´ıtico (o
que reduz a dinˆamica do setor de gauge a equa¸oes de primeira ordem, motivando a
nomenclatura “Chern–Simons puro”) - e o nosso modelo, descendente de uma teoria
supersim´etrica estendida N = 2, sugere que uma supersimetria extra pode ser respons´avel
99
[Evans et al,1996] pela ao–integrabilidade global (no sentido de Painlev´e forte). Ressalte-
se que, mesmo na situa¸ao an´aloga de acoplamento ao-m´ınimo cr´ıtico, a constru¸ao que
apresentamos leva a um modelo “tipo Chern-Simons” (equa¸oes de primeira ordem) que
ao se revela globalmente integr´avel.
Nos estudos de caos, foram verificadas duas possibilidades principais. Primeiro, verifi-
camos se o ao–anulamento de g pode levar o sistema (previamente com condi¸oes iniciais
e parˆametros tais que a regularidade fora observada para g = 0) a um regime ca´otico.
O segundo ponto diz respeito ao efeito oposto, isto ´e, se uma configura¸ao ca´otica para
g = 0 poderia ficar regular sempre que g se tornasse ao–trivial.
No caso de um acoplamento ao–cr´ıtico, `a medida que g aumenta a partir de zero,
uma configura¸ao est´avel para g = 0 mant´em sua estabilidade, `a medida em que g varia.
Nesses casos, a diferen¸ca ´e que, para valores maiores de g, o sistema fica ligeiramente mais
inst´avel, mas sua dinˆamica ainda ´e regular. Algo semelhante acontece para configura¸oes
que exibem caos para g = 0. Em tais casos, o sistema permanece ca´otico, mas um
pouco mais inst´avel. Para o acoplamento cr´ıtico, ´orbitas que eram ca´oticas para g = 0
agora ficam regulares; isto pode indicar que os acoplamentos cr´ıticos podem ter um papel
estabilizador em nosso modelo. Estes resultados podem ser interpretados com base em
dois pontos:
1. Para o regime de acoplamento cr´ıtico, ocorre um desacoplamento parcial entre as
vari´aveis φ e M, e isto reduz a ao–linearidade do sistema.
2. A quantidade G (G = 1 g
2
φ
2
) deve ser positiva, com 0 < G 1. Isto deve
ocorrer para assegurar a positividade da energia, e a existˆencia de um estado de
acuo est´avel. Nas Eqs. (5.3.8), (5.3.9) and (5.3.10), G acompanha todos os termos
com derivadas temporais e, para valores grandes o bastante de g ou φ, G se torna
pequeno, tornando dominantes os setores alg´ebricos destas equa¸oes. Este fato pode
100
ter um efeito estabilizador, implicando que, no caso de um acoplamento ao–cr´ıtico,
a dinˆamica para g = 0 ao ´e ao diferente daquela do caso com g = 0. No regime
de acoplamento cr´ıtico, o ef eito estabilizador pode ser uma combina¸ao dos destas
duas propriedades apresentadas.
Tamem, ´e not´avel destacar que, para valores negativos de G, o volume do e spa¸c o
de fase a ao ´e conservado, e, como uma conseq¨uˆencia, os ao temos mais um sistema
Hamiltoniano. Por isto, os resultados relatados acima o fazem sentido se as condi¸oes
iniciais e os parˆametros assegurarem a positividade de G. Finalmente, aparecem neste
modelo configura¸oes com comportamento mais regular (`a medida que g aumenta) que
aqueles encontrados na Ref. [Escalona et al,2000]. Perguntamos-nos at´e que ponto as
condi¸oes f´ısicas esp eciais supersimetria estendida no sistema original - poderiam ser
respons´aveis por este efeito estabilizador.
101
Cap´ıtulo 6
Considera¸oes Finais
Motivados por arios estudos presentes na literatura que trataram a quest˜ao do com-
portamento ca´otico em teorias de campos, e outros trabalhos que mostraram o car´ater
restritivo da supersimetria no que diz respeito a integrabilidade, efetuamos nesta tese
um estudo explorat´orio com vistas a verificar a existˆencia de caos em algumas teorias
supersim´etricas.
No Cap´ıtulo 2, estudamos o papel que a supersimetria N = 1 desempenha na vers˜ao
mecˆanica da teoria de Yang-Mills e, ap´os contruirmos a vers˜ao supersim´etrica, apresen-
tamos as condi¸oes de integrabilidade para o setor bosˆonico, tendo imposto simetria de
paridade a este setor. Em seguida, impusemos a simetria de paridade a todo o modelo
para verificamos at´e que ponto o setor fermiˆonico influenciava a integrabilidade do setor
bosˆonico.
Os resultados mostraram que a supersimetria N = 1 ao limitou mais as possibilidades
de integrabilidade do que aquelas a observadas para o setor bosˆonico. Quanto `a existˆencia
de caos, a supersimetria ao ampliou a possibilidade de regime regular. O primeiro e
terceiro modelos integr´aveis que surgem ap´os a an´alise de paridade imposta ao setor
102
fermiˆonico correspondem a casos triviais (n˜ao-interagentes) e, portanto, de pouco interesse
f´ısico; teorias ao-interagentes tˆem interesse apenas no que concerne a classifica¸ao e a
descri¸ao do espectro de part´ıculas livres. a o segundo modelo corresponde exatamente
ao modelo original ao-supersim´etrico, onde, conforme apresentado no Cap´ıtulo 1, existe
uma riqueza de possibilidades para dinˆamica ca´otica, assim como para o comportamento
regular.
Ap´os estudarmos um modelo com supersimetria m´ınima, no Cap´ıtulo 2, fizemos o
estudo de um modelo planar polinomial com supersimetria N = 2 e, tendo implementado
a an´alise de integrabilidade do setor bosˆonico do modelo supersim´etrico verificamos o
aparecimento de casos integr´aveis para os sistemas acoplados e desacoplados que surgiram
da an´alise de simetria de paridade imposta ao mode lo.
Os casos acoplados encontrados podem ser classificados em dois tipos: um potencial
do tipo qu´artico e um potencial que ´e funcionalmente a superposi¸ao de um p otencial
qu´artico e de Henon-Heiles.
Neste caso em que a simetria de paridade ´e imposta somente ao setor bosˆonico o foram
gerados potenciais integr´aveis depois que levamos em conta os v´ınculos que aparecem no
curso da an´alise de Painlev´e. Isto significa que, se estes v´ınculos ao ao cumpridos,
estaremos lidando com potenciais ao-integr´aveis, segundo o teste de Painlev´e, e, ent˜ao,
com a possibilidade de caos.
ao houve necessidade de fazermos uma an´alise de caos para os casos de potenciais
com forma qu´artica, pois estes a haviam sido estudados na literatura. Nos casos para
os quais os potenciais ao dados pela superposi¸ao de um potencial de forma qu´artica e
de Henon-Heiles est˜ao, no presente momento, em considera¸ao e, em um trabalho futuro,
informaremos os resultados de uma an´alise completa [de Assis et al,2005:4]. Por´em, demos
um exemplo para ilustrar como este tipo de potencial ao-integr´avel admite transi¸ao
103
ordem-caos usando um dos potenciais encontrados com esta caracter´ıstica.
Quando a simetria de paridade foi imposta `a ao completa (intera¸oes bosˆonicas e
fermiˆonicas), os potenciais gerados de acordo com este v´ınculo eram totalmente integr´aveis
(sem a necessidade de fixar v´ınculos de integrabilidade).
No Cap´ıtulo 4, verificamos que, apesar de adotarmos um roteiro diferente para su-
persimetriza¸ao do modelo mecˆanico de Yang-Mills, comparado ao feito no Cap´ıtulo 3,
chegamos ao mesmo modelo integr´avel. Cabe destacar que, no Cap´ıtulo 3, a supersimetria
era aplicada a um modelo planar e naquela constru¸ao fizemos uso de supercampos reais.
Neste Cap´ıtulo, a supersimetriza¸ao foi feita em uma vers˜ao mecˆanica de Yang-Mills com
quatro graus de liberdade e os supercampos usados eram quirais.
Neste caso, os v´ınculos do modelo supersim´etrico nos levam a um caso integr´avel, tanto
quando olhamos somente para o setor bosˆonico como quando levamos em considera¸ao
o setor fermiˆonico. Cabe destacar que o uso de supercampos quirais implicou em mais
v´ınculos do que quando realizamos a constru¸ao em termos de supercampos reais.
Ap´os estas investiga¸oes em modelos mecˆanicos supersim´etricos, no Cap´ıtulo 5, trata-
mos de um modelo mecˆanico supersim´etrico constru´ıdo diretamente a partir da redu¸ao
via campos espacialmente homogenˆeos de uma teoria de campos N = 2 de Maxwell-
Chern-Simons com acoplamento ao-m´ınimo.
A compara¸ao entre o sistema mecˆanico integr´avel apresentado no trabalho da Ref.
[Escalona et al,2000] - definido como limite de uma teoria completa N=1-supersim´etrica
analisada no caso particular de acoplamento ao-m´ınimo cr´ıtico (o que reduz a dinˆamica
do setor de gauge a equa¸oes de primeira ordem, motivando a nomenclatura “Chern–
Simons puro”) - e o nosso mode lo, descendente de uma teoria supersim´etrica estendida
N = 2, sugere que uma supersimetria extra pode ser respons´avel [Evans et al,1996] pela
ao–integrabilidade global (no sentido de Painlev´e forte). Ressalte-se que, mesmo na si-
104
tua¸ao an´aloga de acoplamento ao-m´ınimo cr´ıtico, a constru¸ao que apresentamos leva
a um modelo “tipo Chern-Simons” (equa¸oes de primeira ordem) que ao se revela glo-
balmente integr´avel.
Nos estudos de caos feitos neste Cap´ıtulo, duas possibilidades principais foram discu-
tidas.
Primeiro, se a manuten¸ao de valores ao-nulos de g levaria o sistema (antes com
condi¸oes iniciais e parˆametros tais que a regularidade fora observada para g = 0) a um
regime ca´otico. O segundo ponto diz respeito ao efeito oposto, isto ´e, se uma configura¸ao
ca´otica para g = 0 poderia transitar para uma regular sempre que g se tornasse ao–
trivial.
No caso de um acoplamento ao–cr´ıtico, `a medida que g aumenta a partir de zero,
uma configura¸ao est´avel para g = 0 tem sua estabilidade mantida, `a medida em que g
varia. Nesses casos, a diferen¸ca ´e que, para valores maiores de g, o sistema fica ligeira-
mente mais inst´avel, porem sua dinˆamica ainda ´e regular. Algo semelhante acontece para
configura¸oes que exibem caos para g = 0. Em tais casos, o sistema permanece ca´otico,
mas um pouco mais inst´avel. Para o acoplamento cr´ıtico, as ´orbitas que eram ca´oticas
para g = 0 agora ficam regulares; isto pode indicar que os acoplamentos cr´ıticos podem
ter um papel estabilizador em nosso mo delo. Estes resultados podem ser interpretados
com base e m dois pontos:
1. Para o regime de acoplamento cr´ıtico, ocorre um desacoplamento parcial entre as
vari´aveis φ e M, e isto reduz a ao–linearidade do sistema.
2. A quantidade G (G = 1 g
2
φ
2
) deve ser positiva, com 0 < G 1. Isto deve
ocorrer para assegurar a positividade da energia, e a existˆencia de um estado de
acuo est´avel. Nas eqs. (5.3.8), (5.3.9) and (5.3.10), G acompanha todos os termos
com derivadas temporais o que possibilita, para valores grandes o bastante de g ou
105
φ, que G se torne pequeno, fazendo com que os setores alg´ebricos destas equa¸oes
dominem. Este fato pode ter um efeito estabilizador, implicando que, no caso de
um acoplamento ao–cr´ıtico, a dinˆamica para g = 0 ao ´e ao diferente daquela
do caso com g = 0. Sugerimos, portanto, que no regime de acoplamento cr´ıtico,
o ef eito estabilizador possa se dar por uma c ombina¸ao destas duas propriedades
apresentadas.
Tamem, ´e not´avel destacar que, para valores negativos de G, o volume do e spa¸c o
de fase a ao ´e conservado, e, como uma conseq¨uˆencia, ao temos mais um sistema
Hamiltoniano. Por isto, os resultados relatados o faziam sentido se as condi¸oes iniciais
e os parˆametros assegurassem a positividade de G. Finalmente, aparecem neste modelo
configura¸oes com comportamento mais regular (`a medida que g aumenta) do que aqueles
encontrados na Ref. [Escalona et al,2000]. Perguntamo-nos at´e que ponto as condi¸oes
f´ısicas especiais supersimetria estendida no sistema original - poderiam ser respons´aveis
por este efeito estabilizador.
106
Bibliografia
[Ablowitz, Ramani e Segur,1978] M.J. Ablowitz, A. Ramani, H. Segur, Lett. Nuovo
Cimento 23 (9),333 (1978).
[Ablowitz e Segur,1997] M.J. Ablowitz, H. Segur, Phys. Rev. Lett.38 1103 (1977).
[Ablowitz e Fokas,1981] M.J. Ablowitz, S. Fokas, Phys. Rev. Lett.47 1096 (1981).
[Almeida,1991] A. M. O. de Almeida, Sistemas Hamiltonianos: Caos E Quantizacao
(Unicamp, Campinas, 1991).
[Antill´on et al,1997] A. Antill´on, J. Escalona, M. Torres, Phys. Rev. D55 6327 (1997).
[Aref’eva et al,1998] I.Y. Aref’eva, A.S. Koshelev, P.B. Medvedev Mod. Phys. Lett. A
13, 2481 (1998).
[Aref’eva et al,1999] I.Y. Aref’eva, P.B. Medvedev, O.A. Rytchkov, I.V. Volovich, Chaos,
Solitons & Fractals 10, 213 (1999).
[Aref’eva et al,2000] I.Y. Aref’eva, A.S. Koshelev, P.B. Medvedev, Nucl. Phys. B 579,
411 (2000).
[de Assis et al,2005:1] L. P. G. de Assis, R. Paschoal, J. A. Helay¨el Neto, Planar Super-
symmetric Quantum Mechanics of a Charged Particle, aceito para publica¸ao na
Physics Letters A. (2005). Tamb´em como pr´e-print:hep-th/0407109.
107
[de Assis et al,2005:2] L. P. G. de Assis, R. Paschoal, J. A. Helay¨el Neto, Supersymmetry
and integrability in planar mechanical systems, submetido para publica¸ao no Journal
of Physics A, (2005). Tamb´em como pr´e-print:hep-th/0504212.
[de Assis et al,2005:3] L. P. G. de Assis, F. Haas, A. L. M. A. Nogueira, J. A. Helay¨el Neto,
On the Integrability and Chaos of an N=2 Maxwell-Chern-Simons-Higgs Mechanical
Model, submetido para publica¸ao no Physical Review D,(2005). Tamb´em como pr´e-
print:hep-th/0505159.
[de Assis et al,2005:4] L.P.G. de Assis, R.C. Pachoal, J.A. Helay¨el-Neto, Trabalho em
andamento.
[Bamba et al,2002] B.A. Bambah, C. Mukku, M.S. Sriram, S. Lakshmibala,
hep-th/0203177 e referˆencias a presentes.
[Bamba et al,1993] B.A. Bambah, S. Lakshmibala, C. M ukku, M.S. Sriram, Phys. Rev.
D 47, 4677 (1993).
[Bambah et al,1993] B.A. Bambah, S. Lakshmibala, C. Mukku, M.S. Sriram, Phys. Rev.
D47, 4677 (1993).
[Barrow e Levin,1998] J.D. Barrow, J. Levin, Phys. Rev. Lett. 80, 656 (1998).
[Benettin et al,1980] G.Benettin, L. Galgani, A. Giorgilli, J.M. Strelcyn, M eccanica 15,
21 (1980).
[Berg et al,1999] B.A. Berg, H. Markum, R. Pullirsch, Phys. Rev. D 59 (09), art. no.-
097504 (1999).
[Berman,1994] G. Berman, E. Bulgakov, D. Holm, Y. Kluger, Phys. Lett. A 194, 251
(1994).
108
[Biro et al,1994] T.S. Biro, S.G. Matinyan e B.M¨uller, Chaos and Gauge Field Theory
(World Scientific Publishing Co Pte ltd, New Jersey, 1994).
[Biro et al,1994] T.S. Biro, C. Gong, B. Muller, Trayanov, Inter. J. Mod. Phys. C-Physics
and Computers 5, 113 (1994).
[Biro et al,2001] T.S. Biro, S.G. Matinyan, B. Muller, Found. Phys. Lett. 14, 471 (2001).
[Biro et all,2000] T.S. Biro, N. Hormann, H. Markum, R. Pullirsch, Nucl. Phys. B-Proc .
Suppl. 86, 403 (2000).
[Bittner et al,2001] E. Bittner, H. Markum, R. Pullirsch, Nucl. Phys. B-Proceedings
Supplements 96, 189 (2001).
[Bittner et al,2004] E. Bittner, S. Hands, H. Markum, R. Pullirsch, Progr. Theor. Phys.
Supplement, 295 (2004).
[Bogomol’nyi,1976] E.B. Bogomol’nyi, Sov. J. Nucl. Phys. 24, 449 (1976).
[Brunelli e Das,1991] J.C. Brunelli, A. Das, J. Math. Phys. 36, 268 (1995).
[Casettit et al,1999] L. Casettit, R. Gatto, M. Pettini, J. Phys. A-Math. Gen. 32,
3055 (1999).
[Christiansen et al,1999:1] H.R. Christiansen, M.S.Cunha, J.A.Helay¨el-Neto, L.R.U.
Manssur and A.L.M.A. Nogueira, Int. J. Mod. Phys. A14 147 (1999).
[Christiansen et al,1999:2] H.R. Christiansen, M.S.Cunha, J.A.Helay¨el-Neto, L.R.U.
Manssur and A.L.M.A. Nogueira, Int. J. Mod. Phys. A14 1721 (1999).
[Christiansen et al,2000] P.L. Christiansen, J.C. Eilbeck, V.Z. Enolskii, N.A. Kostov,
Proc. R. Soc. London Ser. A 456, 2263 (2000).
109
[Damgaard e Huffel,1988] P.H. Damgaard, H. Huffel, Stochastic Quantization, (World
Scientific Publishing Co., Singapore, 1988).
[Damour e Henneaux,2000] T. Damour, M. Henneaux, Gen. Rel. Grav. 32, 2339 (2000).
[Damour,2002] T. Damour, Int. J. Mod. Phys. A 17, 2655 (2002).
[Damour e Henneaux,2001] T. Damour, M. Henneaux, Phys. Rev. Lett. 86, 4749 (2001).
[Damour,2003:1] T. Damour, Annales Henri Poincare 4, S291 (2003).
[Damour,2004] T. Damour, Inter. J. Mod. Phys. A 19, 1499 (2004).
[Damour,2003:2] T. Damour, Nuovo Cimento B 118, 967 (2003).
[Damour,2002] T. Damour, Int. J. Mod. Phys. A 17, 2655 (2002).
[ Das, Huang e Roy,1991] A. Das, W.J. Huang, S. Roy, Phys. Lett. A 157, 113 (1991).
[Dey et al,1993] B. Dey, C.N. Kumar,A. Sen, Inter. J. Mod. Phys. A 8, 1755 1993.
[Dobrowolski e Szczesny,2000] T. Dobrowolski, J. Szczesny, Annalen der Physik 9, 571
(2000).
[Eckhardt, Hose e Pollak,1989] B. Eckhardt, G. Hose, E. Pollak, Phys. Rev. A 39, 3776
(1989).
[Escalona et al,2000] J. Escalona, A. Antill´on, M. Torres, Y. Jiang, P. Parmananda,
Chaos 10, 337 (2000).
[Evans et al,1996] Como um examplo de “susy-destrui¸ao” da integrabilidade os sugeri-
mos J.M. Evans, J.O. Madsen, Phys. Lett. B389, 665 (1996) .
[Evans e Madsen,1996] J.M. Evans, J.O. Madsen, Phys. Lett. B 389, 665 (1996).
110
[Floratos e Iliopoulos,1983] E.Floratos, J. Iliopoulos, Nucl. Phys. B 214, 392 (1983).
[Froyland,1983] J. Froyland, Phys. Rev. D 27, 943 (1983).
[Gal’tsov e Dyadichev,2003] D.V. Gal’tsov, V.V. Dyadichev, Jetp Letters 77, 154 (2003).
[Gear,1971] C.W. Gear, Numerical Initial Value Problems in Ordinary Differential Equa-
tions. (Prentice-Hall, 1971).
[Gozzi, Reuter e Thacker,1992] E. Gozzi, M.Reuter, W.D. Thacker, Chaos, Solitons &
Fractals 2, 441 (1992).
[Heisenberg,1949] W. Heisenberg, Nature 64, 65 (1949).
[Heiss e Kotze,1991] W.D. Heiss, A.A. Kotze, Phys. Rev. A 44, 2403 (1991).
[Henneaux,2001] M. Henneaux, Fortschritte Der Physik-Progress of Physics 49, 529
(2001).
[Hlavaty,1989] L. Hlavaty, Phys. Lett. A 137, 173 (1989).
[Horne e Moore,1994] J.H. Horne,G.Moore, Nucl. Phys. B 432 (1-2), 109-126 (1994).
[Ichtiaroglou,1989] S. Ichtiaroglou, J. Phys. A-Math. Gen. 22, 3461 (1989).
[Joy e Sabir,1992:1] M.P. Joy, M. Sabir, Pramana-J. Phys. 38, L91 (1992).
[Joy e Sabir,1992:2] M.P. Joy, M. Sabir, J. Phys. A- Math. Gen. 25, 3721 (1992).
[Junker,1996] G. Junker, Supersymmetric Methods in Quantum and Statistical Physics,
(Springer, Berlin, 1996).
[Lavkin,1992] A.G. Lavkin, Sov. J. Nucl. Phys. 55, 1422 (1992).
[Kawabe,1992] T. Kawabe, Physics Letters B 274, 399 (1992).
111
[Karkowski,1990] J. Karkowski, Acta Phys. Pol. B 21, 529 (1990).
[Kawabe,1993] T. Kawabe, J. Phys. A-Math. Gen. 26, L1131 (1993).
[Kawabe,1995] T. Kawabe, Phys. Lett. B 343, 254 (1995).
[Kaminaga e Saito,1998:1] Y. Kaminaga, Y. Saito, M. Yahiro, Phys. Lett. A 243, 301
(1998).
[Kaminaga e Saito,1998:2] Y. Kaminaga, Y. Saito, Phys. Lett. B 426, 347 (1998).
[Kawabe e Ohta,1991] T. Kawabe, S. Ohta, Phys. Rev. D 44, 1274 (1991).
[Kawabe e Ohta,1994] T. Kawabe, S. Ohta, Phys. Lett. B 334, 127 (1994).
[Kawabe e Ohta,1997] T. Kawabe, S. Ohta, Phys. Lett. B 56, 3660 (1997).
[Kawabe e Ohta,2000] T. Kawabe, S. Ohta, Phys. Rev. D 6110, art.no. 105013 (2000).
[Kawabe,2003] T. Kawabe, Phys. Rev. E 67,(2003).
[Kogan,1991] I.I. Kogan, Phys. Lett. B262, 83 (1991).
[Kowalevskaia,1889] S. Kowalevskaia, Acta Math.12 177 (1889).
[Kuvshinov e Kuzmin,2002] V.I. Kuvshinov, A.V. Kuzmin,J. of Nonl. Math. Phys. 9 (4),
382 (2002).
[Kuvshinov e Kuzmin,2002] V.I. Kuvshinov, A. Kuzmin, Phys. Lett. A 296, 82 (2002).
[Kuvshinov e Kuzmin,2003] V. Kuvshinov, A. Kuzmin, Progr. The or. Phys. Supplement,
number 150 (2003).
[Lakshmibala et al,1997] S. Lakshmibala, B.A. Bambah, M.S. Sriram, C. Mukku,
Pramana J. Phys. 48, 617 (1997).
112
[Lakshmanan e Sahadevan,1993] M. Lakshmanan, R. Sahadevan. Phys. Reports 224, 1
(1993).
[Latora e Bazeia,1999] V. Latora, D. Bazeia, Inter. J. Mod. Phys. A 14, 4967 (1999).
[Lavkin,1991] A.G. Lavkin, Soviet Journal of Nuclear Physics-USSR 53, 377 1991).
[Matinyan et al,1997:1] S.G. Matinyan, B. Muller, Phys. Rev. Lett. 78, 2515 (1997).
[Matinyan et al,1997:2] S.G. Matinyan, B. Muller, Found. Phys. 27, 1237 (1997).
[Matinyan et al,2003] S.G. Matinyan, Y.J. Ng, J. Phys. A-Math. Gen. 36, L417 (2003).
[Matinyan et al,1981] S.G. Matinyan, G.K. Savvidy, N.G.T. Savvidy, Sov. Phys. JETP
53, 421 (1981).
[Matinyan e M¨uller,1997] S.G. Matinyan, B. M¨uller, Found. Phys. 27, 1237 (1997).
[Markum et al,2003] H. Markum, R. Pullirsch, W. Sakuler, Nucl. Phys. B-Proc. Suppl.
119, 757 (2003).
[Marshakov,1999] A.V. Marshakov, Phys. Part. Nuclei 30, 488 (1999).
[Mironov,2002] A. Mironov, Phys. Part. Nuclei 33, 537 (2002).
[Mukku et al,1997] C. Mukku, M.S. Sriram, J. Segar, B .A. Bambah, S. Lakshmibala,
J. Phys. A-Math. Gen. 30, 3003 (1997).
S. Lakshmibala, J. Phys. A-Math. Gen. 30, 3003 (1997).
[M¨uller e Trayanov,1992] B. M¨uller, A. Trayanov, Phys. Rev. Lett. 68, 3387 (1992).
[Navr´atil,1996] P. Navr´atil, Phys. Lett. B365, 119 (1996).
[Nikolaevski e Shur,1982] E.S. Nikolaevskii, L.S. Shur, JETP Lett. 36, 218 (1982).
113
[Ohta e Kawabe,1997] S. Ohta, T. Kawabe, Phys. Rev. D 56, 3660 (1997).
[Olver,1986] P. J. Olver, Applications of Lie Groups to Differential Equations. Graduate
Texts in Mathematics No. 107. Springer-Verlag: New York, 1986.
[Paschoal,2004] R.C. Paschoal, Configura¸oes de Campos e Mecˆanica Quˆantica Super-
sim´etrica no Contexto da Eletrodinˆamica Planar, Tese de Doutorado CBPF (2004).
[Pullirsch et al,1998] R. Pullirsch, K. Rabitsch, T. Wettig, H. Markum, Phys. Lett. B,
(1998).
[Rama e Sathiapalan,1999] S.K. Rama, B. Sathiapalan, Mod. Phys. Lett. A 14, 2635
(1999).
[Salasnich,1995] L Salasnich, Phys. Rev. D 52, 6189 (1995).
[Salasnich,1997] L. Salasnich, Mod. Phys. Lett. A 12, 1473 (1997).
[Salasnich,1999] L. Salasnich, J. Math. Phys. 40, 4429 (1999).
[Salasnich,1998] L. Salasnich, Phys. Atom. Nuclei 61, 1878 (1998).
[Santhanam et al,1997] M.S. Santhanam, V.B. Sheorey, A. Lakshminarayan, Pramana-J.
Phys. 48, 439 (1997).
[Sarlet e Cantrijn,1981] W. Sarlet, F. Cantrijn, Generalizations of Noether’s Theorem in
Classical Mechanics. SIAM Rev. 23 467-494 (1981).
[Seiberg,1998] N. Seiberg, The Superworld, hep-th/9802144(1998).
[Sriram et al,1994] M.S. Sriram, C. Mukku, , S. Lakshmibala, B.A. Bambah, Phys. Rev.
D 49, 4246 (1994).
[Steeb et al,1991] W.H. Steeb, N. Euler, P. Mulser, Nuovo Cimento B 106, 1059 (1991).
114
[Sriram e Segar,1997] M.S. Sriram, J. Segar, Pramana-J. Phys. 48, 205 (1997).
[Skokos et al,2004] C. Skokos, C. Antonopoulos, T.C. Bountis, M.N. Vrahatis, J. Phys.
A-Math. Gen. 37, 6269 (2004).
[Skokos et al,2003] C. Skokos, C. Antonopoulos, T.C. Bountis, M.N. Vrahatis, Prog.
Theor. Phys. Suppl. (150), 439-443 2003.
[Steeb et al,1988] W.H. Steeb, J.A. Louw, W. Debeer, A. Kotze, Phys. Scr. 37, 328
(1988).
[Stern,1991] J. Stern, Phys. Lett. B265 , 119 (1991).
[Tabor,1989] M.Tabor, Chaos and Integrability in Non-Linear Dynamics : An
Introduction (John Wiley & Sons, Inc., New York, 1989).
[Tomiya e Yoshinaga,2000] M. Tomiya, N. Yoshinaga, Physica E 18, 350 (2003).
[Witten e Olive,1978] E. Witten, D.I. Olive, Phys. Lett B78, 97 (1978).
[Wolf et al,1985] A. Wolf,J.B. Swift, H.L. Swinney, J.A. Vastano, Physica D 16, 285
(1985).
[Zhang,1996] D. G. Zhang, Phys. Lett. A 223, 436 (1996).
115
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo