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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO
PRETO DEPARTAMENTO DE OFTALMOLOGIA, OTORRINOLARINGOLOGIA
E CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO
“RELAÇÃO ENTRE A DEFORMIDADE DO ARCABOUÇO
ÓSSEO ORBITÁRIO E ALTERAÇÃO OCULOMOTORA
NAS FRATURAS ORBITÁRIAS”
Tese de Doutorado apresentada ao programa
de pós graduação em Oftalmologia,
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e
Pescoço, área de concentração Oftalmologia
para a obtenção do título de Doutor em
Ciências.
ORIENTADOR: PROF. DR. HARLEY EDISON AMARAL BICAS
ALUNO: GUSTAVO CAVALCANTI DUTRA EICHENBERGER
Ribeirão Preto
2008
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Livros Grátis
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Milhares de livros grátis para download.
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho por qualquer
meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa,
desde que citada à fonte.
FICHA CATALOGRÁFICA
EICHENBERGER, G.C.D.
Relação entre a deformidade do arcabouço ósseo orbitário e a alteração oculomotora
nas fraturas orbitárias.
Ribeirão Preto, 2008.
111 p.; Il.; 30 cm.
Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-
Universidade de São Paulo Programa: Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de
Cabeça e Pescoço Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de
Cabeça e Pescoço.
Orientador: Bicas, Harley Edison Amaral
1. Fratura do terço médio facial; 2. Tela de Hess; 3. Fraturas Orbitárias;
4. Oculomotricidade; 5. Diplopia; 6. Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto. Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de
Cabeça e Pescoço.
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À minha família, Daniela e Isabella,
pelo amor, compreensão,
carinho e apoio
em todas as conquistas
da minha vida.
Esse trabalho é dedicado à vocês.
Aos meus pais e irmãos
agradeço o amor, a confiança
e o incentivo que recebi
durante toda a minha formação.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Harley Edison A. Bicas pelo apoio e confiança para poder desenvolver esse
trabalho sob sua orientação;
Ao Prof. Antônio Augusto Velasco Cruz por seus ensinamentos, sua paciência e seu estímulo,
todo o meu respeito e admiração;
Ao Prof. Dr. Francisco Veríssimo de Mello Filho, por todo apoio, amizade e confiança em
todas as etapas na minha formação de médico-cirurgião;
Aos demais membros da banca examinadora pelas críticas e sugestões na fase final desse
trabalho;
Ao Prof. Dr. Antônio Carlos do Santos, pela sua valiosa contribuição na análise das imagens
utilizadas nesse trabalho;
Ao meu mestre, Prof. Dr. Norberto Cisney Coimbra, Departamento de Farmacologia, por me
incentivar em descobrir o mundo da ciência;
À todos os docentes, colegas médicos e residentes do HCRP, pela amizade e agradável
convivência durantes esses anos;
Às secretárias, funcionários e pacientes do Departamento de Oftalmologia,
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto- USP, do HCRP-Campus e Unidade de Emergência, pelo carinho e paciência a mim
devotados durante a realização desse trabalho.
ÍNDICE
Lista de abreviaturas
Lista de figuras
Lista de tabelas
1. Introdução
.......................................................................................................
01
1.1. Anatomia da órbita................................................................................... 02
1.2. Fraturas orbitárias.................................................................................... 07
1.2.1. Classificação.................................................................................. 07
1.2.2. Epidemiologia................................................................................. 11
1.2.3. Semiologia...................................................................................... 13
1.3. Análise tomográfica das fraturas orbitárias.............................................. 15
1.4. Conseqüências funcionais e estéticas das fraturas orbitárias..................
16
1.5. Relação entre a fratura orbitária e distúrbios da oculomotricidade.......... 18
1.6. Motivação para a realização da pesquisa................................................ 20
2. Objetivo
...........................................................................................................
22
3. Material e Métodos
....................................................
.....................................
24
3.1 População de estudo................................................................................. 25
3.2 Métodos..................................................................................................... 25
3.2.1. Tomografia Computadorizada...........................................................
27
3.2.2. Exame da oculomotricidade com a Tela de Hess............................. 28
3.3 Análise dos dados..................................................................................... 31
4. Resultados
......................................................................................................
32
4.1 Causas das fraturas.................................................................................. 33
4.2 Tipos de fraturas....................................................................................... 33
4.3. Oculomotricidade..................................................................................... 34
4.3.1 Alterações nimas ou ausentes da oculomotricidade..................... 35
4.3.2 Alterações moderadas...................................................................... 40
4.3.3 Alterações graves............................................................................. 44
4.4. Análise tomográfica qualitativa das áreas orbitais................................... 47
4.4.1 Expansão global.............................................................................. 48
4.4.2 Expansão anterior........................................................................... 50
4.4.3 Expansão posterior..........................................................................
51
4.4.4 Expansão anterior e diminuição posterior....................................... 52
4.4.5 Diminuição total .............................................................................. 53
4.4.6 Alterações mínimas......................................................................... 53
4.5. Relação entre o grau de expansão orbitária e alteração da
oculomotricidade....................................................................................
57
5. Discussão
.......................................................
................................................
63
6. Conclusão
.......................................................................................................
73
7. Referências bibliográficas
......................................................
......................
75
Abstract
...............................................................................................................
82
Anexo de publicação
......................................................................................
...
84
LISTA DE ABREVIATURAS
AD : acidentes domésticos;
AM : alterações mínimas;
AT : acidentes de trabalho;
AVA : acidentes de veículos automotores;
TC : tomografia computadorizada;
DG : diminuição global;
EA : expansão anterior;
EADP : expansão anterior e diminuição posterior;
EP : expansão posterior;
F : feminino;
HC : Hospital das clínicas;
HU : unidades de Hounsfield;
I: Interna Blow-out ou Blow-in;
IC : Interna complexa;
M : masculino;
NC : nervo craniano;
NEOLCGFO : naso-etmoido-orbitária com ligamento cantal inserido em um grande
fragmento ósseo;
O : outros;
OF : órbita fraturada;
ON : órbita não-fraturada;
V : violência interpessoal;
ZOC : zigomático-orbitária cominuída;
ZODM : Zigomático-orbitária com deformidade mínima;
ZODZB : Zigomático-orbitária com deslocamento do zigoma em bloco;
ZOPDRO : Zigomático-orbitária com pequeno deslocamento do rebordo orbitário.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
-
(A) Anatomia óssea da órbita; (B) Detalhe da parede lateral
da órbita direita...........................................................................
02
Figura 2
-
Canais, fissuras, óstios, forames ósseos da órbita e o ducto
naso-lacrimal. ............................................................................
03
F
igura 3
-
A órbita: transição craniofacial. ................................................. 03
Figura 4
-
Sistema da estrutura de pilares e vigas da face.........................
04
Figura 5
-
Conteúdo orbitário. .................................................................... 04
Figura 6
-
Ápice orbitário destacando músculos, fissuras, canais e seus
conteúdos. .
........................................................................................
05
Figura 7
-
Seios paranasais adjacentes à órbita.........................................
06
Figura 8
-
Rede fascial de Koornneff. ........................................................ 07
Figura 9
-
Fratura orbitária interna tipo Blow-out........................................ 08
Figura 10
-
Fratura orbitária tipo Blow-in associada a fratura orbito-
zigomático a esquerda...............................................................
08
Figura 11
-
Classificação de Jackson para fraturas órbito-zigomáticas........
09
Figura 12
-
Classificação de Jackson para fraturas naso-etmoido-
orbitárias.....................................................................................
12
Figura 13
-
Fraturas maxilofaciais tipo Lefort II e III......................................
11
Figura 14
-
Imagens tomográficas (multislicing) com reconstrução
tridimensional..............................................................................
16
Figura 15
-
Estimativa da área utilizando-se o software DicomWorks 1.3.5
aplicada a tomografia computadorizada.....................................
27
Figura 16
-
Medidas das áreas de uma órbita fraturada e a controle
(normal) em relação à profundidade. O ponto zero
corresponde ao rebordo lateral orbitário....................................
28
Figura 17
-
Tela de Hess-Lancaster em escala tangente............................. 29
Figura 18
-
Exemplo do posicionamento para o exame da
oculomotricidade com a tela de Hess.........................................
30
Figura 19
-
Imagens das lanternas vermelha e verde projetadas sobre a
tela de Hess (posições padrão)..................................................
31
Figura 20
-
Tela de Hess do paciente número 3. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: direita...................................................
35
Figura 21
-
Tela de Hess do paciente número 4. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: esquerda..............................................
35
Figura 22
-
Tela de Hess do paciente número 5. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: direita...................................................
36
Figura 23
-
Tela de Hess do paciente número 7. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: direita...................................................
36
Figura 24
-
Tela de Hess do paciente número 11. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: esquerdo..............................................
37
Figura 25
-
Tela de Hess do paciente número 15. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: direita...................................................
37
Figura 26
-
Tela de Hess do paciente número 17. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: direita...................................................
38
Figura 27
-
Tela de Hess do paciente número 18. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: direta....................................................
38
Figura 28
-
Tela de Hess do paciente número 19. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: direita...................................................
39
Figura 29
-
Tela de Hess do paciente número 20. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: esquerda..............................................
39
Figura 30
-
Tela de Hess do paciente número 22. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: direita...................................................
40
Figura 31
-
Tela de Hess do paciente número 8. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: esquerda..............................................
40
Figura 32
-
Tela de Hess do paciente número 10. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: direita...................................................
41
Figura 33
-
Tela de Hess do paciente número 13. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: esquerda..............................................
41
Figura 34
-
Tela de Hess do paciente número 16. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: esquerda..............................................
42
Figura 35
-
Tela de Hess do paciente número 21. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: direita...................................................
42
Figura 36
-
Tela de Hess do paciente número 23. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: esquerda..............................................
43
Figura 37
-
Tela de Hess do paciente número 24. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: direita...................................................
43
Figura 38
-
Tela de Hess do paciente número 1. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: esquerdo..............................................
44
Figura 39
-
Tela de Hess do paciente número 2. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: esquerda.............................................
44
Figura 40
-
Tela de Hess do paciente número 6. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: direita...................................................
45
Figura 41
-
Tela de Hess do paciente número 9. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: esquerda..............................................
45
Figura 42
-
Tela de Hess do paciente número 12. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: esquerda..............................................
46
Figura 43
-
Tela de Hess do paciente número 14. Em vermelho, olho
direito. Órbita fraturada: direita...................................................
46
Figura 44
-
Relação entre as áreas da tela de Hess para cada um dos
sujeitos examinados...................................................................
47
Figura 45
-
Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal
nos pacientes 1 (esquerda) e 2 (direita).....................................
48
Figura 46
-
Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal
nos pacientes 8 (esquerda) e 9 (direita).....................................
49
Figura 47
-
Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal
nos pacientes 10 (esquerda) e 12 (direita).................................
49
Figura 48
-
Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal
nos pacientes 14 (esquerda) e 18 (direita).................................
50
Figura 49
-
Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal
nos pacientes 5 (esquerda) e 13 (direita)...................................
50
Figura 50
-
Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal
nos pacientes 17 (esquerda) e 20 (direita).................................
51
Figura 51
-
Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal no
paciente 24.................................................................................
51
Figura
52
-
Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal
nos pacientes 11 (esquerda) e 21 (direita).................................
52
Fig
ura
53
-
Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal no
paciente 22.................................................................................
52
Figura 54
-
Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal no
paciente 16.................................................................................
53
Figura 55
-
Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal
nos pacientes 3 (esquerda) e 4 (direita).....................................
53
Figura 56
-
Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal
nos pacientes 6 (esquerda) e 7 (direita).....................................
54
Figura 57
-
Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal
nos pacientes 15 (esquerda) e 19 (direita).................................
54
Figura 58
-
Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal no
paciente 23.................................................................................
55
Figura
59
-
Expansões percentuais das órbitas fraturas dos pacientes
analisados nesse estudo............................................................
55
Figura
60
-
Alteração da motilidade ocular (diplopia) nos diferentes tipos
de deformidade do arcabouço ósseo orbitário...........................
57
Fig
ura
61
-
Relação das expansões orbitárias com a oculomotricidade dos
pacientes....................................................................................
58
Figura
62
-
Tomografia computadorizada do paciente 6 mostrando a
fratura orbitária a direita na parede medial e o ponto do
pinçamento da musculatura extrínseca (reto medial) do olho
direito.........................................................................................
59
Figura
63
-
Tela de Hess do paciente 6 mostrando grande distúrbio de
motilidade. Olho afetado à direita (vermelho), olho normal à
esquerda (azul)...........................................................................
60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
-
Relação entre o ângulo da visão do paciente e a distância do
posicionamento zero grau na tela de Hess...................................
29
Tabela 2
-
Causas da fratura de órbita relatada pelos pacientes................... 33
Tabela 3
-
Distribuição dos tipos de fratura da amostra, segundo a
classificação de Jackson...............................................................
34
Tabela 4
-
Distribuição das expansões percentuais verificadas nas órbitas
fraturadas em cada paciente do estudo........................................
56
Tabela
5
-
Número de pacientes e a associação entre dois tipos de
expansão orbitária e presença de diplopia....................................
58
Tabela 6
-
Dados de pacientes com fratura do terço médio da face com
envolvimento órbitário analisados no presente trabalho..............
61
R
R
E
E
S
S
U
U
M
M
O
O
_____________________________________________________________________________Resumo
Foram analisados o equilíbrio oculomotor e o grau de deformidade
orbitária de 24 pacientes (19 pacientes do sexo masculino) com fraturas do
terço dio da face com acometimento orbitário unilateral. As idades variaram
de 18 a 52 anos. Os critérios de inclusão foram: fraturas envolvendo o
arcabouço ósseo orbitário, diagnosticadas clinicamente e/ou por exames de
imagem (tomografia computadorizada), unilateralidade, acuidade visual
preservada, com ou sem queixas de visão dupla, e capacidade cognitiva
mantida para a realização do teste tela de Hess. O tempo desde o trauma até a
avaliação do paciente variou de 15 a 300 dias. Todos os pacientes foram
submetidos à avaliação oftalmológica e incluídos em um protocolo com: nome
completo, idade, sexo, queixa principal, acuidade visual, lado fraturado, tempo
do trauma em dias, causa do trauma (veículo automotor, acidente de trabalho,
esporte, violência, acidente doméstico e outros), tipo de fratura seguindo a
classificação de Jackson. Todos os pacientes foram submetidos à exame de
imagem orbitária por tomografia computadorizada com cortes contíguos finos
coronais de 2mm e 3mm. Para cada uma das 48 órbitas da amostra (24
fraturadas e 24 normais), as áreas orbitárias foram medidas nos cortes
coronais utilizando-se um software de processamento de imagens em formato
DICOM que permite vários tipos de medidas das imagens. As medidas foram
realizadas no sentido ântero-posterior a partir do rebordo lateral até o ápice
orbitário. Os resultados mostraram pelo menos cinco tipos de deformidades
orbitárias: expansão global, aumento predominantemente anterior, expansão
posterior, expansão anterior com diminuição posterior e diminuição global. As
alterações oculomotoras foram quantificadas por meio do estabelecimento de
um índice expresso pela relação entre as áreas da tela de Hess (olho
normal/olho afetado). Os índices variaram de 1 (normalidade) a 10 (grande
alteração oculomotora). Os piores índices foram predominantemente
verificados nos pacientes com alteração morfológica do tipo expansão global.
1
1
.
.
I
I
N
N
T
T
R
R
O
O
D
D
U
U
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
________________________________________________________________________Introdução
2
1.1. Anatomia da órbita
A estrutura anatômica da órbita foi minuciosamente descrita por Whitnall,
cujo clássico livro (Whitnall, 1932) é a fonte da maioria das informações citadas
no presente trabalho.
A órbita está localizada no terço médio da face sendo composta por sete
ossos, ou seja, frontal, etmóide, maxilar, lacrimal, zigomático, esfenóide e
palatino. A cavidade orbitária é comumente descrita como tendo quatro
paredes, um rebordo e um ápice (Figura 1).
Figura 1 - (A) Anatomia óssea da órbita; (B) Detalhe da parede lateral da órbita
direita.
O teto ou parede superior é formado pelos ossos frontal e esfenóide (asa
menor), a parede medial pelos ossos lacrimal e etmóide, a lateral e pelos ossos
zigomático e a asa maior do esfenóide e o assoalho ou parede inferior pelos
ossos maxilar, palatino e zigoma. As paredes orbitárias contêm aberturas como
canais, fissuras, óstios e forames onde passam nervos e vasos e o ducto naso-
lacrimal (Figura 2).
(A)
(B)
________________________________________________________________________Introdução
3
Figura 2 - Canais, fissuras, óstios, forames ósseos da órbita e o ducto naso-lacrimal.
A órbita é uma área de transição entre o crânio e a face (Figura 3) e está
circundada pelo sistema de estruturas de pilares e vigas que conferem
resistência à face (Sturla & Abnsi, 1980) (Figura 4).
Figura 3 - A órbita: transição craniofacial.
________________________________________________________________________Introdução
4
Figura 4 - Sistema da estrutura de pilares e vigas da face (Sturla & Abnsi, 1980).
A cavidade orbitária tem uma forma piramidal com a base aberta
quadrangular e ápice triangular. Contém o globo ocular e sua musculatura
extrínseca (músculos retos superior, inferior, medial e lateral e oblíquos
superior e inferior), rede vascular e nervosa, a glândula lacrimal principal, o
músculo levantador palpebral e complexa estrutura fascial (Figura 5).
Figura 5 - Conteúdo orbitário.
________________________________________________________________________Introdução
5
O ápice orbitário é a parte mais profunda da órbita, formada pelos ossos
esfenóide (base) e palatino (parte inferior). Estão incluídos nesta região o canal
óptico e as fissuras orbitárias superior e inferior, por onde passam estruturas
vasculares e nervosas vindas do crânio e das fossas pterigopalatina e
infratemporal. Pelo canal óptico atravessam o nervo óptico e a artéria oftálmica
que provê toda a vascularização arterial da órbita; pela fissura orbitária superior
passam os nervos oculomotor (III), troclear (IV), abducente (VI), o nervo
oftálmico ramo do nervo trigêmeo (V) e a veia oftálmica superior; pela fissura
orbitária inferior a artéria infra-orbitária, o nervo infra orbitário, nervo zigomático
e a veia oftálmica inferior penetram na órbita (Figura 6).
Figura 6 - Ápice orbitário destacando músculos, fissuras, canais e
seus conteúdos.
O sistema nervoso central situa-se supero-posteriormente ao arcabouço
orbitário. A fossa infra temporal encontra-se lateralmente à órbita, a qual é
limitada por cavidades pneumáticas denominadas seios paranasais, superior
(seio frontal), medial (seios etmoidais) e inferiormente (seio maxilar)(Figura 7).
________________________________________________________________________Introdução
6
Figura 7 - Seios paranasais adjacentes à órbita.
O periósteo orbitário, também denominado de periórbita, e o septo orbital
são os elementos que sustentam o conteúdo orbitário. A periórbita recobre
todas as paredes orbitárias e funciona como um envoltório fibroso que mantém
o conteúdo orbitário em posição em casos de ausência óssea. O septo
funciona como um diafragma que delimita as pálpebras e a órbita, e impede o
prolapso anterior do conteúdo orbitário (Carinci et al., 2006).
Como mostrou Koornneef, existe uma rede fascial que interconecta todos
os septos fibrosos intraorbitários, as bainhas musculares e a periórbita
(Koornneef, 1977a, b, c) (Figura 8).
________________________________________________________________________Introdução
7
Figura 8 - (A) Rede fascial de Koornneff (B) Micrografia da rede fascial de Koornneff
(Illif, 1991).
1.2. Fraturas orbitárias
Por definição, fratura de órbita é qualquer descontinuidade óssea
patológica que ocorre subitamente no esqueleto orbitário.
1.2.1. Classificação
As fraturas podem ser classificadas de diversas maneira, por exemplo,
segundo à localização em relação à região da órbita acometida (lateral, inferior,
medial, superior ou do teto), apicais e do tipo Le Fort II e III. Também podem
ser divididas segundo o acometimento do rebordo orbitário em: internas (o
rebordo não é acometido) e associadas quando, além do rebordo, outros ossos
da face são envolvidos. As internas ainda podem ser subdivididas em lineares
ou do tipo trap-door, blow-out ou blow-in (Jackson, 1989) de acordo com o tipo
e direção do fragmento. Nas lineares, praticamente não deslocamento
ósseo. no blow-out o fragmento é deslocado externamente (Figura 9) e no
blow-in ocorre o oposto, ou seja, o fragmento ósseo desloca-se para o interior
da órbita (Figura 10).
Globo
ocular
(A)
(B)
________________________________________________________________________Introdução
8
Figura 9 - Fratura orbitária interna tipo Blow-out.
Figura 10 - Fratura orbitária tipo Blow-in associada à fratura orbito-zigomático à
esquerda.
As fraturas associadas são classificadas em órbito-zigomáticas e naso-
etmóido-orbitárias. A proeminência do zigomático é sítio comum de impactos
em trauma facial. A fratura comumente ocorre em quatro pontos: no rebordo
orbitário, próximo ao canal do nervo infraorbitário, no pilar lateral da maxila, na
sutura fronto-zigomática e no arco zigomático. O fragmento ósseo pode se
________________________________________________________________________Introdução
9
apresentar alinhado, deslocado ou cominuído dando origem a outra
classificação dessas fraturas (Jackson, 1989): tipo I: sem deslocamento do
zigoma, podem até ser tratadas de forma conservadora. Tipo II: segmentada,
geralmente relacionada a um trauma localizado com fratura única do rebordo
orbitário, podendo ser cirúrgica dependendo da extensão. Tipo III: o zigoma é
fraturado em bloco deslocando-se, é um caso de indicação cirúrgica,
necessitando fixação. Tipo IV: zigoma fragmentado, geralmente trauma de alto
impacto, dependendo da destruição óssea, a cirurgia fica postergada, devido
ao alto risco de perda óssea pós-operatória (Figura 11).
Figura 11 - Classificação de Jackson para fraturas órbito-zigomáticas.
As fraturas naso-etmóido-orbitárias ocorrem em trauma frontal,
envolvendo o centro da face e podem ocorrer uni ou bilateralmente. A
importância dessa fratura em oftalmologia advém do fato que o tendão cantal
medial, que se insere na crista lacrimal posterior, é comumente desinserido. É
comum também lesão das vias lacrimais, o que pode levar a dacriocistites.
Esse tipo de fratura é de difícil correção, mesmo com equipes
________________________________________________________________________Introdução
10
multidisciplinares. Elas podem ser classificadas em tipo I: a lesão exibe um
grande fragmento ósseo englobando a porção da rima medial da órbita com o
ligamento fixo à crista lacrimal; tipo II: fratura do canto medial em vários
fragmentos com o ligamento preso a um fragmento ósseo maior, capaz de ser
fixado e tipo III: fratura cominuída com o ligamento cantal medial atado a
minúsculos fragmentos ósseos incapazes de serem fixados (figura 12).
Figura 12 - Classificação de Jackson para fraturas naso-etmoido-orbitárias.
Finalmente, Le Fort descreveu, no começo do século passado, padrões
de fratura para traumas de alto impacto no terço médio da face (Miloro, 2004).
Os tipos II e III acometem a órbita. O tipo Le Fort II é uma fratura triangular ou
piramidal do terço médio da face, partindo seu ápice do dorso nasal, descendo
bilateralmente através da rima orbitária até a junção inferior da maxila com o
zigomático. A órbita é fraturada em sua parede medial e assoalho, podendo
haver acometimento tanto das vias lacrimais como do tendão cantal medial. No
tipo Le Fort III ocorre uma disjunção crânio-facial em uma linha horizontal
Tipo 1
Tipo 2
Tipo 3
________________________________________________________________________Introdução
11
separando os ossos da face dos ossos cranianos. A órbita é fraturada nas
paredes laterais de um lado ao outro, passando, o traço de fratura, pelas
paredes mediais e provocando o desabamento em bloco dos dois assoalhos
(figura 13).
Figura 13 - Fraturas maxilofaciais tipo Lefort II e III.
1.2.2. Epidemiologia
Vários fatores influenciam a distribuição e a etiologia das fraturas
maxilofaciais. A região geográfica, a cultura e o nível sócio-econômico, são
alguns dos fatores que influenciam a distribuição e freqüência das fraturas
maxilo-faciais (Cruz & Eichenberger, 2004; Dimitroulis & Eyre, 1991). Por
exemplo, no Irã, em sala de emergência especializada em atendimento a
politraumatizados, as taxas de fraturas faciais, considerando todas as causas,
foram aproximadamente 5% (Motamedi, 2003). Em populações em que os
traumas são provenientes principalmente de acidentes automobilísticos essas
porcentagens podem chegar a 72% (Duma & Jernigan, 2003; Katzen et al.,
________________________________________________________________________Introdução
12
2003). No Brasil, as fraturas de face ocorrem principalmente devido à violência
interpessoal e acidentes automobilísticos (Wulkan et al., 2005).
Quase 40% de todas as fraturas maxilofaciais comprometem as estruturas
orbitárias (Hoffmann et al., 1998; Metzger et al., 2007). A maioria das fraturas
orbitárias é de fraturas do terço médio facial com comprometimento orbitário. O
zigoma é o segundo osso mais acometido em fraturas maxilofaciais (Covington
et al., 1994). As órbito-zigomáticas são as mais freqüentes (Ellis et al., 1985).
Os traumas originados da violência e/ou dos acidentes foram reunidos
pela Organização Mundial de Saúde sob a denominação de causas externas
(OMS, 1995). As causas externas representam um problema de saúde pública,
provocando forte impacto na morbimortalidade de populações (Mello-Jorge,
2002).
No Brasil, a morbidade resultante dos traumas por causas externas foi
objeto de uma pesquisa específica (Mello-Jorge, 2002). Segundo esse trabalho
epidemiológico, a violência apresenta números elevados e crescentes,
provocando alterações negativas nos indicadores de saúde, por exemplo:
diminuição da parcela populacional economicamente ativa por morte ou
seqüelas graves e irreversíveis. As conseqüências dos traumas são
contundentes na saúde pública, principalmente em razão das mortes
ocasionadas, bem como pela necessidade de atendimento médico
especializado de alto custo. Na cidade de São Paulo, até a década de 90, os
óbitos e seqüelas ocasionados por causas externas eram provenientes,
principalmente, dos acidentes de trânsito. Atualmente, devido às medidas
rígidas no controle preventivo dos acidentes de trânsito e ao aumento da
________________________________________________________________________Introdução
13
violência, homicídios e tentativas de homicídios representam até 60% das
causas de óbito no município.
Os maiores responsáveis pelo aumento nos índices de traumas por
causas externas originadas pela violência são jovens do sexo masculino, de
baixa condição sócio-econômica. O álcool e outras drogas são fatores
adicionais relevantes no aumento das taxas de agressão (Mello-Jorge, 2002).
As lesões oriundas de causas externas estão localizadas,
freqüentemente, nas porções rostrais (craniofaciais e encefálicas).
Devido aos avanços da medicina de emergência, vítimas anteriormente
fatais, tornaram-se pacientes tratáveis, tornando imperiosa a atuação
especializada em fraturas faciais complexas (ATLS™, 1993).
1.2.3. Semiologia
A avaliação clínica dos traumas faciais com suspeita de fratura orbitária
segue um protocolo que permite reconhecer sinais e sintomas, às vezes,
discretos, que podem ser a chave de diagnóstico de lesões graves.
A história clínica é o primeiro dado que deve ser incluído no exame
semiológico. Traumas graves como os de acidentes automobilísticos ou
ferimentos por arma de fogo podem ser diferenciados de outros mais leves,
como queda da própria altura, apenas por interrogatório simples.
O exame físico deve direcionar-se ao globo ocular e à órbita; primeiro a
inspecção da região peripalpebral, atendo-se à presença de edema, equimose,
quemose, lacerações, blefaroptose, simetria das fendas palpebrais, lesões
próximas às vias lacrimais e inserção dos ligamentos cantais. As lpebras
________________________________________________________________________Introdução
14
podem ser acometidas por lacerações, edemas e equimoses. A presença de
equimose periorbitária bilateral sugere fratura de base do crânio (assoalho da
fossa craniana anterior). Na presença desse sinal é necessária avaliação da
equipe de neurocirurgia. O exame oftalmológico deve avaliar: medida da
acuidade visual, simetria e reflexos pupilares, alinhamento ocular para avaliar o
hipoglobo, enoftalmo, exame dos movimentos oculares, pesquisa de diplopia,
fundoscopia, tonometria, exame de lâmpada de fenda e finalmente a palpação
dos rebordos orbitários, para analisar a presença de degraus, crepitações,
mobilidade e perda de contorno ósseo (Miloro, 2004).
Um sinal comum nas fraturas orbitárias é a distopia do globo ocular,
principalmente de sentido inferior (hipoglobo) e posterior (enoftalmo). A
presença de hipoglobo, enoftalmo e restrições da mobilidade ocular são sinais
clássicos de fraturas internas da órbita (Perry et al., 2005).
Muita dor à palpação na região do rebordo orbitário lateral na área
correspondente à sutura zigomático-frontal sugere uma fratura do complexo
zigomático-órbito-maxilar; e a abertura oral limitada também pode ser a pista
de uma fratura órbito-zigomática com pinçamento do processo coronóide da
mandíbula pelo osso zigomático deslocado medialmente. Testes de
sensibilidade locorregionais devem ser realizados para se conferir a integridade
de ramos do quinto nervo craniano (nervos supra orbital, supra troclear e infra
orbitário) (Miloro, 2004).
________________________________________________________________________Introdução
15
1.3. Análise tomográfica das fraturas orbitárias
A tomografia computadorizada (TC) é o método de eleição para o estudo
das fraturas orbitárias por meio de imagens. A TC é produto de raios X
colimados que atravessam o paciente e incidem sobre um detector. Como os
raios X são atenuados pelos tecidos que atravessam e a atenuação é
diretamente proporcional à densidade do tecido, sabendo-se a quantidade
inicial de raios X e medindo-se a quantidade restante, pode-se quantificar a
densidade das estruturas. Os valores de atenuação são medidos em unidades
de Hounsfield (HU), numa escala de -1000 a +1000. Por convenção, a unidade
do ar é fixada em -1000 HU, a da água em zero HU e a do osso em +1000 HU.
É utilizada uma escala de cinza na formação das imagens sendo que os
tecidos de baixa densidade, ou seja, com baixa atenuação aparecem em preto
na imagem, enquanto os de alta densidade aparecem com coloração branca.
Para se obter detalhes ósseos é necessário utilizar a denominada janela óssea
na qual a faixa de densidades ao redor de +1000 HU é mais bem detalhada.
A TC orbitária deve ser feita com cortes contíguos de 2 ou 3 mm, em
diferentes planos (axial, coronal e sagital). É possível a formação de imagens
tridimensionais o que permite um estudo topográfico e estrutural de grande
valia para planejamento de reconstrução de fraturas complexas. Os aparelhos
modernos com multidetectores em espiral (multislicing) permitem a aquisição
das imagens em espaço de tempo extremamente curto e posterior
reformatação nos três planos básicos, sem que haja necessidade de se
movimentar o paciente (Hopper et al., 2006)(Figura 14).
________________________________________________________________________Introdução
16
Figura 14 - Imagens tomográficas (multislicing) com reconstrução
tridimensional.
1.4. Conseqüências funcionais e estéticas das fraturas orbitárias
As fraturas orbitárias podem provocar um amplo espectro de alterações
funcionais e estéticas tais como: distúrbios da visão, acometimento dos nervos
locorregionais (síndrome da fissura orbitária superior, síndrome do ápice
orbitário etc.), diplopia, distopia do globo (por exemplo: enoftalmo),
acometimento das vias lacrimais (epíforas) e/ou telecanto traumático
(desinserção óssea do ligamento tarsal).
Os traumas do terço dio da face têm um grande potencial de lesão
ocular. Nesse tipo de fratura em 63% dos casos sinais de pequenas e
transitórias lesões oculares; em 16% as lesões são moderadas e em 12% são
graves. O trauma direto sobre o globo ocorre em cerca de 22% dos traumas
orbitários (He et al., 2007). Seja como for, a avaliação oftalmológica é
mandatória em todas as fraturas de órbita.
________________________________________________________________________Introdução
17
Uma das mais graves lesões orbitárias é o hematoma retrobulbar,
tratando-se de uma situação emergencial. Os principais achados são, além da
imagem de hematoma intraconal retrobulbar na tomografia, dor grave no olho
afetado, perda progressiva da visão (perda da sensação das cores é um
indicador precoce da presença da compressão do globo), alteração do reflexo
pupilar aferente (a resposta pupilar ao swinging flashlight test’ é anormal no
olho afetado que apresenta dilatação pupilar ao estimulo luminoso), proptose,
aumento da tensão orbitária, hemorragia subconjuntival, edema periorbital. O
tratamento consiste na descompressão do conteúdo orbitário por cantólise
lateral e drenagem cirúrgica do hematoma além do uso de manitol (0,5-2g/kg IV
lento), acetazolamina (500mg IV) e dexametasona (4mg IV em bolus e 2mg de
6/6hs por 24hs) (Kirkpatrick, 2006).
A síndrome da fissura orbitária superior é outra complicação grave,
causada por compressão das estruturas neurovasculares que passam pela
fissura orbitária superior, levando a completa oftalmoplegia (III, IV, e VI nervos
cranianos), blefaroptose, alteração do reflexo pupilar aferente, dilatação pupilar,
perda da acomodação visual e do reflexo corneal, e alteração sensitiva da
região frontal (V nervo craniano). A síndrome do ápice orbitário é uma extensão
da síndrome da fissura superior, somando-se a compressão do nervo óptico
que passa pelo canal óptico. Um sinal indicativo é a ausência de resposta
pupilar ao estimulo luminoso ipsilateral. A indicação de descompressão
cirúrgica é controversa, o tratamento conservador possui índices de
recuperação quase iguais ao tratamento invasivo (Kirkpatrick, 2006).
Outras complicações menos freqüentes são epífora (lesão da via
lacrimal) e lagoftalmo (paralisia do músculo orbicular do olho por lesão do VII
________________________________________________________________________Introdução
18
nervo). Ectrópio e retrações palpebrais podem ocorrer em alguns casos
(Hammer, 1995).
As principais conseqüências estéticas de fraturas envolvendo a órbita são:
as distopias do globo ocular, como o hipoglobo (distopia vertical) e o enoftalmo
(distopia antero-posterior), assimetrias ósseas pelo não posicionamento dos
ossos ou de fragmentos ósseos, telecanto traumático (desinserção do
ligamento cantal do periósteo), cicatrizes hipertróficas e quelóides (Hammer,
1995).
1.5. Relação entre a fratura orbitária e distúrbios da
oculomotricidade
Quando um paciente se queixa de visão dupla (diplopia) deve-se
diferenciar se esse sintoma é mono ou binocular. A monocular é mais rara e
pode ocorrer em deslocamentos, opacificações do cristalino, ou algum distúrbio
no trajeto da luz até a retina (câmara anterior, humor aquoso ou vítreo com a
transparência afetada) (Miloro, 2004).
Em geral, a diplopia é a evidência de um distúrbio de oculomotricidade.
(perda do paralelismo ocular). A visão duplicada após o trauma ocorre
basicamente por três mecanismos: perda de função de algum músculo
oculomotor por edema ou hematoma, restrição da motilidade (pinçamentos,
fibroses, corpos estranhos orbitários) ou lesão neurológica. A causa mais
comum de diplopia é o edema e/ou hematoma orbital que ocasionam alteração
da motilidade ocular nas posições extremas do olhar e regridem
espontaneamente de sete a dez dias após o trauma. Nessa eventualidade, o
________________________________________________________________________Introdução
19
uso de corticóides sistêmicos pode contribuir para melhora do quadro
(Koornneef, 1982)
Koornneef (1982) demonstrou que o conteúdo da órbita sofre
deformidades e restrições nas fraturas orbitárias. O acometimento das
estruturas do complexo tecido conectivo orbital (periostais, septais, conjuntivais
e gordurosas) leva a limitação da mobilidade ocular por encarceramento ou
lesão direta, e posterior retração fibrosa desses tecidos.
Diplopias consideradas mais debilitantes são as que ocorrem na região
primária e inferior do campo visual, pois as atividades diárias usuais como ler,
conversar e andar ficam comprometidas. A avaliação do oftalmologista passa a
ser fundamental após a diplopia tornar-se persistente. Nesses casos, o teste de
ducção forçada pode fornecer indícios da causa da diplopia. Se houver sinais
de que o teste de ducção é positivo, a diplopia é restritiva por encarceramento
muscular, fibrose ou retração dos tecidos. As diplopias restritivas devem ser
correlacionadas com os achados de exame de imagem (TC) (Koornneef, 1982).
A diplopia pode persistir mesmo após a redução óssea e liberação dos tecidos
herniados. Por esse fato, ainda continua a discussão de quais fraturas devem
ser tratadas conservadoramente e quais, cirurgicamente (Dortzbach & Elner,
1987).
A diplopia pode ser caracterizada de diversas maneiras. Entre os testes
disponíveis, pode-se citar: óculos de Armstrong, a vareta de Maddox e a tela de
Hess (Jackson, 1967) O teste da tela de Hess pode classificar e quantificar o
desvio oculomotor indutor de diplopias. Basicamente trata-se de uma tela
graduada em escala tangente de cinco em cinco graus com linhas paralelas
________________________________________________________________________Introdução
20
verticais e horizontais formando uma rede, o ponto central representa zero grau
e os extremos da tela vão até 30 graus (Fujino & Makino, 1980).
O paciente é colocado em frente à tela a uma distância de um metro com
os olhos na posição primária do olhar ao nível do ponto central (zero grau).
Para se evitar movimentos da cabeça o queixo repousa sobre uma mentoneira
de modo que somente os olhos se movimentem. O paciente utiliza óculos
especiais com lente de filtro vermelho e outro verde. Com uma lanterna, o
examinador projeta uma fenda luminosa na tela e o paciente faz uso de outra
lanterna similar, mas com a cor da luz projetada oposta à do examinador (uma
vermelha e a outra verde). Como padrão a lente vermelha fica adiante do olho
direito. A lanterna com a luz vermelha fica com o paciente e a lanterna verde
com o examinador. Após o teste no primeiro olho pode-se inverter os óculos de
posição ou trocar as lanternas (Jackson, 1967).
O examinador posiciona a fenda projetada nos pontos cardiais da tela e
no ponto central (primária) e pede ao examinado sobrepor sua imagem à
imagem controlada pelo examinador. Se houver distúrbios de motilidade, as
imagens não vão coincidir e ficarão distanciadas em todos os pontos ou em
apenas alguns permitindo a classificação do tipo de diplopia (horizontal, vertical
ou mista) (Jackson, 1967).
1.6. Motivação para a realização da pesquisa
A diplopia é uma das conseqüências mais debilitantes das fraturas
orbitárias e cuja gênese ainda é objeto de discussão. A motivação para a
realização dessa pesquisa advém da necessidade de se obter informações
________________________________________________________________________Introdução
21
prévias ao tratamento cirúrgico sobre o estado oculomotor do paciente com
fratura de órbita, bem como, determinar a relação entre o padrão tomográfico
da fratura e o acometimento oculomotor.
2
2
.
.
O
O
B
B
J
J
E
E
T
T
I
I
V
V
O
O
S
S
_________________________________________________________________________Objetivos
23
Analisar morfologicamente a órbita nas fraturas do terço médio da face,
por meio de quantificação tomográfica bidimensional da área orbitária
em diferentes profundidades;
Correlacionar a análise morfológica da órbita com as alterações
oculomotoras obtidas pelo exame com a tela de Hess.
3
3
.
.
M
M
A
A
T
T
E
E
R
R
I
I
A
A
I
I
S
S
E
E
M
M
É
É
T
T
O
O
D
D
O
O
S
S
________________________________________________________________Materiais e Métodos
25
3.1. População de estudo
Foram incluídos no presente trabalho, prospectivo e randomizado, 24
pacientes, oriundos da sala de urgência da Unidade de emergência do HCRP-
FMRP (traumas recentes) ou do ambulatório de cirurgia craniomaxilofacial no
HCRP-Campus (traumas antigos). Todos tinham sido vítimas de traumas na
região do terço médio da face. Os critérios de inclusão foram: fraturas
envolvendo o arcabouço ósseo orbitário, diagnosticadas clinicamente e/ou por
exames de imagem (tomografia computadorizada), unilateralidade, acuidade
visual preservada, com ou sem queixas de visão dupla, e capacidade cognitiva
mantida para a realização do teste da tela de Hess. Foram excluídos: pacientes
com fraturas bilaterais, sem capacidade cognitiva para a realização dos
exames e com baixa de acuidade visual (< 0,6).
3.2. Métodos
Todos os pacientes foram submetidos à avaliação oftalmológica com
história clínica, inspecção, palpação, medida da acuidade visual, campimetria,
teste de ducção forçada, resposta pupilar, fundoscopia, exoftalmometria. Todos
pacientes foram incluídos no protocolo, o qual continha: nome completo, idade,
sexo, queixa principal, acuidade visual (teste de Snellen), lado fraturado, tempo
do trauma em dias, causa do trauma (veículo automotor, acidente de trabalho,
esporte, violência, acidente doméstico e outros), tipo de fratura seguindo a
classificação de Jackson (Jackson, 1989):
________________________________________________________________Materiais e Métodos
26
Orbitárias internas linea, blow-out ou blow-in confinadas a uma
parede e complexas;
Orbitozigomáticas - tipos I (deformidade mínima), tipo II (deslocamento
de um pequeno fragmento do rebordo orbitário), tipo III (deslocamento
do corpo do zigoma em bloco), tipo IV (fratura cominuída da órbita e do
zigoma);
Nasoetmoidoorbitárias tipo I (fratura com ligamento cantal medial
inserido em um grande fragmento), tipo II (fratura cominuída com
ligamento cantal medial inserido em um fragmento ósseo), tipo III
(fratura cominuída com avulsão do ligamento cantal).
________________________________________________________________Materiais e Métodos
27
3.2.1. Tomografia Computadorizada
Todos os pacientes foram submetidos a exame de imagem orbitária por
tomografia computadorizada com cortes contíguos finos coronais de dois e três
milímetros, em apenas um paciente os cortes foram de cinco milímetros.
Para cada uma das 48 órbitas da amostra (24 fraturadas e 24 normais),
as áreas orbitárias foram medidas nos cortes coronais no sentido ântero-
posterior a partir do rebordo lateral até o ápice orbitário (Figura 15) utilizando-
se um software de processamento de imagens em formato Digital Imaging and
Communications in Medicine (DICOM), o qual permite medidas nas imagens
(software DicomWorks, versão 1.3.5, EUA).
Figura 15 - Estimativa da área utilizando-se o software DicomWorks 1.3.5 aplicada a
tomografia computadorizada.
________________________________________________________________Materiais e Métodos
28
Os resultados das medidas das áreas das órbitas com e sem fraturas
foram representados graficamente de maneira comparativa. A relação entre a
área e a profundidade nas órbitas normais é tipicamente linear e foi ajustada
por uma reta de regressão (Figura 16).
Figura 16 - Medidas das áreas de uma órbita fraturada e a controle (normal) em
relação à profundidade. O ponto zero corresponde ao rebordo lateral orbitário.
3.2.2. Exame da oculomotricidade com a Tela de Hess
Todos os pacientes foram submetidos ao teste da tela de Hess-Lancaster.
Foram confeccionadas duas telas de papel de 1X1 metro, impressa em escala
tangencial para uma distância de exame de 70 cm (Figura 17 e Tabela 1).
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
4
6
8
10
12
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
Órbita P2
fraturada
normal
________________________________________________________________Materiais e Métodos
29
Figura 17 - Tela de Hess-Lancaster em escala tangente.
Tabela 1 - Relação entre o ângulo da visão do paciente e a distância do
posicionamento zero grau na tela de Hess.
Grau (°) Cm
5 6,12
10 12,34
15 18,76
20 25,48
25 32,64
30 40,41
As telas foram colocadas em lugar de cil acesso para o médico
examinador e ao paciente no HC-Campus e na Unidade de emergência. Os
olhos do paciente examinado foram posicionados a uma distância de 70 cm do
ponto zero grau da escala (ponto central) e a cabeça apoiada em um pedestal
com apoio para queixo e fronte (Figura 18).
-50 -40 -30 -20 -10 10 20 30 40 50
-40
-30
-20
-10
10
20
30
40
-50 -40 -30 -20 -10 10 20 30 40 50
-40
-30
-20
-10
10
20
30
40
5°10°
15°
20°
25°
30°
10°
15°
20°
25° 30°
5°
5°
5°
10°
15°
20°
25°
30°
10°
15°
20°
25°
30°
________________________________________________________________Materiais e Métodos
30
Os óculos foram colocados com a lente vermelha sobre o olho direito e a
verde sobre o olho esquerdo. O examinador ficou com a lanterna verde e o
paciente com a lanterna vermelha, portanto primeiro examinou-se o desvio do
olho direito do paciente e após invertendo-se as lanternas o desvio do olho
esquerdo foi avaliado.
Figura 18 - Exemplo do posicionamento para o exame da
oculomotricidade com a tela de Hess.
A fenda (verde ou vermelha) projetada pela lanterna foi posicionada pelo
examinador no ponto central e nos pontos cardiais da tela em posição vertical,
nas coordenadas de 25º do olhar. Em seguida foi solicitado ao paciente que
com sua lanterna sobrepusesse a imagem de sua fenda à conduzida pelo
examinador (Figura 19).
________________________________________________________________Materiais e Métodos
31
Figura 19 - Imagens das lanternas vermelha e verde projetadas sobre a tela de Hess
(posições padrão).
3.3. Análise dos dados
Técnicas de estatística descritiva clássicas foram usadas para a
apresentação dos resultados. Associações entre as variáveis, considerado o
nível de significância de 5% (p<0,05), foram realizadas com o teste do Qui-
quadrado, Mann-Whitney ou exato de Fischer, quando apropriado, utilizando o
software Origin (versão 7 SR2, EUA).
4
4
.
.
R
R
E
E
S
S
U
U
L
L
T
T
A
A
D
D
O
O
S
S
_______________________________________________________________________Resultados
33
4.1. População e causas das fraturas
Neste estudo foram avaliados 24 pacientes, sendo 19 do sexo masculino
e cinco do sexo feminino, com idades variando de 18 a 52 anos com média de
33 e mediana de 30,5 anos. O tempo, entre o trauma e a avaliação do
paciente, variou de 15 a 300 dias, com uma média de 79 dias. As causas das
fraturas de órbitas avaliadas nos pacientes estão descritas na Tabela 2.
Tabela 2- Causas da fratura de órbita relatada pelos pacientes.
Causa da fratura de órbita
Porcentagem encontrada
Violência 45,8
Acidentes de trânsito 29,2
Acidentes domésticos 16,7
Acidentes de trabalho 4,17
Outros 4,17
4.2. Tipos de fratura
Nos pacientes analisados os tipos de trauma de órbita frequententemente
mais encontrados foram, segundo a classificação de Jackson: interna Blow-out
ou Blow-in (30%), interna complexa (25%) e zigomático-orbitária com
deslocamento do zigoma em bloco (17%) (Tabela 3).
_______________________________________________________________________Resultados
34
Tabela 3 - Distribuição dos tipos de fratura da amostra, segundo a classificação de
Jackson.
Tipos de fratura de Ó
rbita
segundo a
classificação de Jackson
Quantidade de ó
rbita
s
fraturadas
Interna linear 0
Interna Blow-out ou Blow-in 7
Interna complexa 6
Zigomático-orbitária com deformidade mínima 3
Zigomático-orbitária com pequeno deslocamento do
rebordo orbitário
1
Zigomático-orbitária com deslocamento do zigoma
em bloco
4
Zigomático-orbitária cominuída 2
Naso-etmoido-orbitária com ligamento cantal inserido
em um grande fragmento ósseo
1
Naso-etmoido-orbitária cominuída com ligamento
cantal inserido em um fragmento ósseo
0
Naso-etmoido-orbitária cominuída com avulsão do
ligamento cantal.
0
4.3 Oculomotricidade
Os resultados dos exames das telas de Hess foram inicialmente
classificados de maneira subjetiva quanto à gravidade das alterações em: sem
alterações ou com alterações mínimas (item 4.3.1), com alterações moderadas
(item 4.3.2) e com alterações graves (item 4.3.3).
O grau de alteração da oculomotricidade foi também expresso
quantitativamente por meio da relação entre as áreas das telas (órbita
normal/órbita fraturada) para cada um dos sujeitos (Figura 44).
________________________________________________________________________Resultados
35
4.3.1 Alterações mínimas ou ausentes de oculomotricidade
Figura 20 -Tela de Hess do paciente número 3. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: direita.
Figura 21 Tela de Hess do paciente número 4. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: esquerda.
________________________________________________________________________Resultados
36
Figura 22 - Tela de Hess do paciente número 5. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: direita.
Figura 23 - Tela de Hess do paciente número 7. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: direita.
________________________________________________________________________Resultados
37
Figura 24 - Tela de Hess do paciente número 11. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: esquerdo.
Figura 25 - Tela de Hess do paciente número 15. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: direita.
________________________________________________________________________Resultados
38
Figura 26 - Tela de Hess do paciente número 17. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: direita.
Figura 27 - Tela de Hess do paciente número 18. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: direta.
________________________________________________________________________Resultados
39
Figura 28 - Tela de Hess do paciente número 19. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: direita.
Figura 29 - Tela de Hess do paciente número 20. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: esquerda.
________________________________________________________________________Resultados
40
Figura 30 - Tela de Hess do paciente número 22. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: direita.
4.3.2. Alterações moderadas
Figura 31 - Tela de Hess do paciente número 8. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: esquerda.
________________________________________________________________________Resultados
41
Figura 32 - Tela de Hess do paciente número 10. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: direita.
Figura 33 - Tela de Hess do paciente número 13. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: esquerda.
________________________________________________________________________Resultados
42
Figura 34 - Tela de Hess do paciente número 16. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: esquerda.
Figura 35 - Tela de Hess do paciente número 21. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: direita.
________________________________________________________________________Resultados
43
Figura 36 - Tela de Hess do paciente número 23. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: esquerda.
Figura 37 - Tela de Hess do paciente número 24. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: direita.
________________________________________________________________________Resultados
44
4.3.3 Alterações graves
Figura 38 - Tela de Hess do paciente mero 1. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: esquerdo.
Figura 39 - Tela de Hess do paciente número 2. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: esquerda.
________________________________________________________________________Resultados
45
Figura 40 - Tela de Hess do paciente número 6. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: direita.
Figura 41 - Tela de Hess do paciente número 9. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: esquerda.
________________________________________________________________________Resultados
46
Figura 42 - Tela de Hess do paciente número 12. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: esquerda.
Figura 43 - Tela de Hess do paciente número 14. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: direita.
________________________________________________________________________Resultados
47
O grau de acometimento da oculomotricidade foi também expresso
quantitativamente por meio da relação entre as áreas das telas (órbita
normal/órbita fraturada) para cada um dos sujeitos (Figura 44).
Figura 44 - Relação entre as áreas da tela de Hess para cada um dos sujeitos
examinados (ON = olho da órbita não fraturada, OF = olho correspondente à órbita
fraturada). A linha tracejada representa o limite da relação ON / OF entre diplopia
moderada e ausente (ON / OF < 1,9) e grave (ON / OF > 1,9).
4.4. Análise tomográfica qualitativa das áreas orbitais
As medidas das áreas das órbitas com e sem fraturas foram
representados graficamente de maneira comparativa. O valor zero no eixo das
abcissas corresponde à área orbital no plano do rebordo orbitário. Os valores
subseqüentes correspondem às posições posteriores ao rebordo em direção ao
ápice. A relação entre a área e a profundidade nas órbitas normais é
tipicamente linear e foi ajustada por uma regressão linear. As áreas das órbitas
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Relação ON/OF
________________________________________________________________________Resultados
48
fraturadas foram apenas indicadas por linhas unindo os pontos, uma vez que a
linearidade da relação entre área e profundidade é perdida na órbita fraturada e
a tentativa do ajuste de uma reta, na realidade, iria minizar as deformações
induzidas pela fratura.
Foram detectados vários padrões de deformação do arcabouço ósseo das
órbitas fraturadas. Por exemplo, considerada 3 níveis de profundidade orbitária,
ou seja, anterior (0 a 5 mm), médio (5 a 10 mm) e posterior (10 a 15 mm)
haveriam seis categorias: expansão global, expansão médio-posterior,
expansão anterior e diminuição posterior, expansão antero-medial e diminuição
posterior, diminuição global e alterações mínimas. Como em várias dessas
categorias havia somente uma órbita, preferimos agrupar as deformações em
cinco padrões distintos: expansão global (n = 8, 33%), aumento
predominantemente anterior (n = 2, 8,3%), expansão posterior (n = 3, 12,5%),
expansão anterior e diminuição posterior (n = 3, 12,5%) e diminuição global (n
= 1, 4,17%). Em sete órbitas (29,17%) as deformidades foram mínimas.
4.4.1 Expansão global
Figura 45 - Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal nos pacientes
1 (esquerda) e 2 (direita).
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
4
6
8
10
12
14
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P1
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
4
6
8
10
12
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P2
fraturada
normal
________________________________________________________________________Resultados
49
Figura 46 - Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal nos pacientes
8 (esquerda) e 9 (direita).
Figura 47 - Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal nos pacientes
10 (esquerda) e 12 (direita).
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P8
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P9
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
Órbitas P10
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
16
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P12
fraturada
normal
________________________________________________________________________Resultados
50
Figura 48 - Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal nos pacientes
14 (esquerda) e 18 (direita).
4.4.2 Expansão anterior
Figura 49 - Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal nos pacientes
5 (esquerda) e 13 (direita).
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
16
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P14
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
16
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P18
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
4
6
8
10
12
14
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P5
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
16
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P13
fraturada
normal
________________________________________________________________________Resultados
51
4.4.3 Expansão posterior
Figura 50 - Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal nos pacientes
17 (esquerda) e 20 (direita).
Figura 51 - Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal no paciente
24.
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
Órbitas P24
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P20
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
16
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P 17
fraturada
normal
________________________________________________________________________Resultados
52
4.4.4 Expansão anterior e diminuição posterior
Figura 52 - Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal nos pacientes
11 (esquerda) e 21 (direita).
Figura 53 - Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal no paciente
22.
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
Órbitas P11
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
0
2
4
6
8
10
12
14
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
Órbitas P21
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
16
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
Órbitas P22
fraturada
normal
________________________________________________________________________Resultados
53
4.4.5 Diminuição global
Figura 54 - Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal no paciente
16.
4.4.6 Alterações mínimas
Figura 55 - Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal nos pacientes
3 (esquerda) e 4 (direita).
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
16
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P16
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
4
6
8
10
12
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P3
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P4
fraturada
normal
________________________________________________________________________Resultados
54
Figura 56 - Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal nos pacientes
6 (esquerda) e 7 (direita).
Figura 57 - Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal nos pacientes
15 (esquerda) e 19 (direita).
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P6
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P7
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
16
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P19
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P15
fraturada
normal
________________________________________________________________________Resultados
55
Figura 58 - Comparação entre a dimensão da órbita fraturada e normal no paciente
23.
As áreas das órbitas acometidas foram medidas e comparadas
percentualmente com as áreas orbitais não fraturadas (Figura 59 e Tabela 4).
Figura 59 - Expansões percentuais das órbitas fraturas dos pacientes analisados
nesse estudo.
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
Órbitas P23
fraturada
normal
-30
0
30
60
90
120
Expansão percentual da área orbital
________________________________________________________________________Resultados
56
Tabela 4
-
Distribuição das expansões percentuais verificadas nas órbitas
fraturadas em cada paciente do estudo.
Paciente Expansão orbitária (em relação a órbita não fraturada)
1 36,1
2 37,8
3 -2,3
4 3,4
5 7,6
6 -5,2
7 2,4
8 23
9 29
10 13
11 -2,4
12 85,3
13 19,5
14 110
15 -4,6
16 -17,7
17 24,3
18 29,8
19 -6,5
20 11,2
21 10,4
22 7,4
23 -3
24 12,2
________________________________________________________________________Resultados
57
4.5. Relação entre o grau de expansão orbitária e alteração da
oculomotricidade
A figura 60 mostra a distribuição da diplopia segundo o tipo de
deformação do arcabouço orbitário.
Figura 60 - Alteração da motilidade ocular (diplopia) nos diferentes tipos de
deformidade do arcabouço ósseo orbitário: (1) expansão global; (2) expansão anterior;
(3) expansão posterior; (4) expansão anterior e diminuição posterior; (5) diminuição
global; (6) deformidades mínimas. O número acima das barras indica o valor
percentual em cada categoria de deformação.
Comparando-se os graus extremos de expansão (global versus mínima )
uma associação significativa entre a presença e ausência de diplopia (teste
exato de Fisher, p = 0.04) (Tabela 5).
0
1
2
3
4
5
6
14
85
100
100
50 50
64
12
Número de órbitas
Deformão orbitária
Relação ON/OF
> 1,1
> 1,1 < 1,9
> 1,9
1 2 3 4 5 6
24
100
________________________________________________________________________Resultados
58
Tabela 5 - Número de pacientes e a associação entre dois tipos de expansão orbitária
e presença de diplopia.
Expansão Orbitária
Diplopia
Total de pacientes
Ausente
Moderada/Grave
Global 1 7 8
Mínima 5 2 7
Total 6 9 15
A figura 61 mostra a correlação entre a expansão percentual orbitária e
grau de acometimento da oculomotricidade expresso como a relação entre as
áreas da tela de Hess (olho da órbita normal/ olho de órbita fraturada).
Figura 61 - Relação das expansões orbitárias com a oculomotricidade dos pacientes.
ON : olho da órbita não fraturada, OF : olho correspondente à órbita fraturada). A linha
tracejada vermelha representa o valor da relação ON / OF = 1.1. A negra o valor 1,9 A
seta representa paciente com fatura tipo trap door (paciente número 6).
Apesar de uma nítida tendência de a oculomotricidade piorar (maior
relação ON/OF) nos pacientes com maior expansão orbitária (ON/OF < 10%
mediana = 0,96, > 10% mediana = 1,185, teste de Mann-Whitney, p = 0,048) há
casos de graves perturbações de oculomotricidade com distorção orbitária
-20 0 20 40 60 80 100 120
0
2
4
6
8
10
12
Relação ON/OF
Percentual da expansão orbital
________________________________________________________________________Resultados
59
mínima. Os dados do paciente assinalados com uma flecha na figura 61
ilustram bem essa assertiva. Com efeito esse paciente apresentou uma fratura
interna da órbita à direita na parede medial com pinçamento do músculo reto
medial (figura 62). Apesar da mínima deformação do continente orbitário, a sua
oculomotricidade estava bastante alterada (figura 63).
Figura 62 - Tomografia computadorizada do paciente 6 mostrando a fratura orbitária a
direita na parede medial e o ponto do pinçamento da musculatura extrínseca (reto
medial) do olho direito.
________________________________________________________________________Resultados
60
Figura 63 - Tela de Hess do paciente 6 mostrando grande distúrbio de motilidade.
Olho afetado à direita (vermelho), olho normal à esquerda (azul).
A tabela 6 sumariza todos os resultados do presente trabalho e os
correlaciona. A visão ampla dos achados e destaque das alterações mais
graves da oculomotricidade permite uma melhor compreensão das conclusões
atingidas com esse estudo.
Tabela 6 - Dados de pacientes com fratura do terço médio da face com envolvimento órbitário analisados no presente trabalho.
Paciente Iniciais Sexo
Idade
(Anos)
Acuidade
da Visão
Direita
Acuidade
da Visão
Esquerda
Tempo da
fratura
(Dias)
Causa da
fratura
Tipo da
fratura
Relação
ON / OF
Tipo de
alteração
do AO
Grau (%) de
expansão
orbitária
1 OP M 23 1 0,7 90 O I 1,93 Global 36,1
2 ASS M 23 1 1 17 V IC 3,7 Global 37,8
3 SB F 30 1 1 18 AVA ZODM 0,92 AM -2,3
4 JCR M 28 1 1 15 V ZODM 1,1 AM 3,4
5 JFT M 45 0,8 1 35 V I 0,93 EA 7,6
6 CRS M 35 0,7 1 15 AVA IC 9,83 AM -5,2
7 AMS M 31 1 1 15 AVA ZODZB 0,95 AM 2,4
8 SJP F 49 0,8 0,7 30 AD IC 1,19 Global 23
9 OPA F 51 0,7 0,8 210 V ZOPDRO 2,79 Global 29
10 MAA M 35 1 1 30 AT I 1,08 Global 13
11 CVC M 25 1 0,7 300 AVA NEOLCGF
O
1,1 EADP -2,4
12 VMS M 29 1 1 75 V ZOC 2,3 Global 85,3
13 LAF M 40 1 0,6 17 V IC 1,38 EA 19,5
14 GPM M 20 0,8 1 90 AVA ZOC 6,67 Global 110
15 WVS M 18 1 1 180 AVA ZODZB 0,95 AM -4,6
16 FMS M 40 1 1 60 V IC 1,14 DG -17,7
17 VML M 20 1 1 180 V I 0,96 EP 24,3
18 STSO M 45 1 1 45 V IC 1,04 Global 29,8
19 PMS F 28 0,7 1 60 AD ZODM 1,01 AM -6,5
20 CAC F 32 1 1 21 V I 1,01 EP 11,2
21 CAP M 30 0,8 1 90 AVA ZODZB 0,85 EADP 10,4
22 PC M 52 0,8 1 21 AD I 0,97 EADP -3
23 MDGS F 29 1 1 45 AD ZODZB 1,09 AM 7,4
24 JAM M 34 1 1 90 V I 1,24 EP 12,2
ON : órbita não-fraturada; OF : órbita fraturada; relação ON/OF corresponde a razão entre a área da tela de Hess do olho correspondente à orbita normal dividida pela
a área do olho cuja órbita estava fraturada, M : masculino; F : feminino; V : violência interpessoal; AVA : acidentes de veículos automotores; AD : acidentes
domésticos; AT : acidentes de trabalho; O : outros; I: Interna Blow-out ou Blow-in; IC : Interna complexa; ZODM : Zigomático-orbitária com deformidade mínima;
ZOPDRO : Zigomático-orbitária com pequeno deslocamento do rebordo orbitário; ZODZB : Zigomático-orbitária com deslocamento do zigoma em bloco; ZOC :
zigomático-orbitária cominuída; NEOLCGFO : naso-etmoido-orbitária com ligamento cantal inserido em um grande fragmento ósseo; EA : expansão anterior ; EP :
expansão posterior; EADP : expansão anterior e diminuíção anterior; DG : diminuição global; AM : alterações mínimas ; o sombreado na relação ON / OF destaca os
pacientes com diplopias graves.
5
5
.
.
D
D
I
I
S
S
C
C
U
U
S
S
S
S
Ã
Ã
O
O
________________________________________________________________________Discussão
64
A análise dos dados epidemiológicos do presente trabalho corrobora os
dados dos principais trabalhos da bibliografia especializada.
A faixa etária da amostra estudada (média de 33 anos e mediana de 30,5
anos) é um pouco acima dos resultados apresentados pelos estudos
epidemiológicos de traumas maxilo-faciais (média de 30 anos) e zigomático-
orbitários (média de 27 anos) (Eski et al., 2006; Gassner et al., 2003). Em
levantamentos nacionais de traumas faciais como os realizados nas cidades de
São Paulo (SP), Campinas (SP) e Botucatu (SP), os valores médios de idade
foram 28, 30 e 29 anos, respectivamente (Gomes et al., 2006; Montovani et al.,
2006; Wulkan et al., 2005). Porém, a faixa etária do presente trabalho ainda
está dentro da faixa definida como adultos jovens, típica dos traumas orbitários
e faciais.
Quanto ao gênero, a maior prevalência foi a do masculino (79,1%),
concordante com a literatura internacional (Esk et al., 2006; Gassner et al.,
2003; Gomes et al., 2006; Mello-Jorge, 2002; Montovani et al., 2006; Wulkan et
al., 2005).
No Brasil, a violência atinge índices alarmantes. Nos ambientes urbanos,
ela supera qualquer outra causa de trauma (Mello-Jorge, 2002). O
levantamento etiológico desse estudo mostrou que as agressões (45,8%) foram
as principais causas de fratura do terço médio facial com envolvimento
orbitário; mesmo sendo a amostra de uma cidade do interior do estado de São
Paulo, a distribuição causal segue as características descritas nos grandes
aglomerados urbanos do país (Wulkan et al., 2005).
No presente trabalho os agentes causais das fraturas relatadas pelos
pacientes se assemelham àquelas descritas por Eski et al. (2006), onde
________________________________________________________________________Discussão
65
somente as fraturas zigomático-orbitárias foram incluídas: violência
interpessoal, 2º acidentes com veículos automotores ou tráfego, acidentes
domésticos ou quedas. Entretanto, a distribuição dos tipos de fraturas dessa
amostra não seguiu as prevalências do estudo descrito por Leibsohn et al.
(1976), no qual somente 11% das fraturas de órbita foram do tipo interna.
Enquanto, que na amostra estudada, as fraturas orbitárias internas foram as
mais prevalentes (29,1%), seguidas pelas fraturas internas complexas (25%).
Nesse estudo, as restrições como unilateralidade, acuidade visual
mantida e capacidade cognitiva preservada excluíram pacientes com impactos
faciais de grande energia. Com isso a distribuição dos tipos de fraturas
apresenta uma característica menos complexa, diferentemente dos estudos
que utilizam grandes amostras, sem restrições para a população analisada
(Ellis et al., 1985; Leibsohn et al. 1976).
A indicação cirúrgica nas fraturas orbitárias ainda é um assunto
controverso. O momento exato da intervenção, os acessos e a forma de
reconstrução mais indicados são alvos de discussão na literatura (Cole et al.,
2007; Emery et al., 1971). As opções de tratamento geralmente se baseiam
nos sintomas, nos achados tomográficos e na experiência do cirurgião (Ploder
et al., 2003).
Alguns autores enfatizam que a alteração da oculomotricidade é o
sintoma crucial dentre os achados nas fraturas orbitárias, sendo a avaliação da
diplopia o critério funcional mais importante para definição da conduta cirúrgica
(Furuta et al., 2006). Nesse sentido, os dados do presente trabalho podem
colaborar para auxiliar na correta indicação cirúrgica, uma vez que os
resultados demonstram que pacientes com grandes expansões orbitárias,
________________________________________________________________________Discussão
66
originadas de fraturas do terço médio facial, freqüentemente apresentam
diplopias graves, os quais devem ser abordados cirurgicamente (correção
estética e funcional)
A diplopia é um sintoma resultante de uma lesão nervosa e/ou muscular.
A musculatura extrínseca ocular é inervada pelos nervos III, IV e VI. O
acometimento desses nervos ocorre com freqüência nos traumas crânio-faciais
(Miloro, 2004). Outra possibilidade na gênese da diplopia são as lesões
periféricas, isto é, edema e hematoma muscular e/ou encarceramento músculo-
tecidual periocular (Koornneef, 1982). Em qualquer uma dessas duas
eventualidades, a motilidade do olho acometido se altera, aparecendo as
limitações das rotações oculares em determinadas posições do olhar. O desvio
ocular na posição primária do olhar pode estar presente ou não. A
diferenciação entre uma lesão neural ou periférica do tipo restritivo não é fácil.
O teste de ducção forçada, que teoricamente diferencia as paralisias dos
processos restritivos, é de difícil interpretação no trauma e não é definitivo
como diagnóstico da retração ou pinçamento tecidual (Harris et al., 1998).
Várias fraturas orbitárias apresentam diplopia na avaliação inicial, porém
a presença isolada da diplopia não é um achado mandatório para exploração
cirúrgica da órbita, muitas vezes essa alteração se deve a edema e paresia que
se resolvem espontaneamente. Os critérios para que a diplopia seja um fator
indicativo de uma exploração orbitária são: teste de ducção forçada positiva,
avaliação tomográfica com evidência de herniação do conteúdo orbitário ou
sinal de pinçamento muscular por fragmentos ósseos e a não resolução da
diplopia em duas semanas após o trauma (Shumrick et al., 1997).
________________________________________________________________________Discussão
67
Como o presente trabalho é estudo prospectivo, a análise da diplopia nos
pacientes foi feita com pelo menos 15 dias s-fratura, sendo, portanto,
diplopia definitiva e não oriunda de edema e paresia, o que poderia dificultar a
correta análise dos dados.
Existem vários exames de avaliação da oculomotricidade: teste de campo
visual binocular (Harris et al., 2000; Lee et al., 2005), teste de campo visual
Medmont (Turnbull et al., 2007), eletromiografia (Folkestad et al., 2007), teste
da tela de Hess (Lee et al., 2005; Ortube et al., 2004) e outros.
O teste da tela de Hess é pouco utilizado em nosso país como rotina
para avaliar traumas orbitários. Apesar de todos os exames e testes
confirmarem a diplopia, o teste de Hess possui a vantagem de definir
objetivamente o grau da alteração da oculomotricidade e de poder expressar
numericamente a motilidade ocular comparando as áreas entre as telas do lado
saudável e do afetado (Furuta et al., 2006). O exame exprime com
fidedignidade o grau de hiperação que pela lei de Hering ocorre no olho o
acometido e, portanto, o estabelecimento de uma relação entre a área da tela
do olho normal/acometido é um índice bastante eloqüente do estado da
oculomotricidade. Finalmente, por se tratar de um registro gráfico, o exame
permite uma documentação pré-operatória valiosa que pode, inclusive, ter valor
legal em casos de contestação de resultados cirúrgicos.
Os resultados das alterações de oculomotricidade observados na amostra
analisada apresentam taxas e distribuição que seguem os trabalhos que
analisam a diplopia nas fraturas orbitárias (Harris et al., 2000; Iliff, 1991;
Siritongtaworn et al., 2001).
________________________________________________________________________Discussão
68
As taxas de diplopia em amostras de traumas variam de 6 a 50% (Harris
et al., 2000; Iliff, 1991; Siritongtaworn et al., 2001). Muitos fatores influenciam
nessa variação percentual tão dilatada: o tamanho da amostra, grupos de
pacientes em que predominam traumas antigos, o questionamento dirigido à
pesquisa do sintoma. As fraturas antigas apresentam índices de diplopia
maiores, a oculomotricidade alterada é extremamente incomoda e o paciente
procura atendimento médico (Schjelderup, 1950).
Em análise qualitativa, a diplopia, avaliada no presente estudo, acometeu
50% dos pacientes, o tempo médio entre o trauma e a consulta médica foi de
79 dias, portanto a maioria dos casos foram de fraturas antigas. Na abordagem
objetiva, ao se quantificar a relação entre as áreas das telas de Hess do olho
não afetado e o acometido, verificou-se uma ampla distribuição dos índices
mostrando uma grande variabilidade da magnitude dos desvios. O número de
pacientes com queixa espontânea de diplopia foi de nove, ou seja, 37,5% além
de três pacientes que se queixaram de alteração da visão, mas sem precisar o
tipo de distúrbio.
Embora o presente trabalho tenha sido conduzido de forma prospectiva,
relato da literatura especializada, utilizando dados retrospectivos, mostrou que
as correlações geométricas da tela de Hess entre motilidade do olho da órbita
controle e a fraturada, são estatisticamente aceitas (Furuta et al., 2006).
Uma análise funcional associada à anatômica é a forma de definição
diagnóstica e de conduta mais adequada nas fraturas do arcabouço ósseo
orbitário. Após o advento e popularização da tomografia computadorizada, o
protocolo de tratamento das fraturas orbitárias ficou mais homogêneo e sucinto
(Tadmor, 1978).
________________________________________________________________________Discussão
69
Uma análise detalhada da anatomia orbitária, como o cálculo do volume,
é uma preocupação antiga dos pesquisadores que visam estudo da cavidade
orbitária, pois várias afecções da órbita levam a alteração do volume orbitário.
A determinação do volume em detalhes pode auxiliar para melhora do
tratamento dessas afecções, incluindo os traumas (Cooper, 1985).
Os pacientes incluídos no trabalho foram submetidos a medidas
bidimensionais das áreas dos cortes tomográficos em função da profundidade
o que, de certa maneira, corresponde à medida do volume do continente
orbitário. A medida do volume orbitário em pacientes com fraturas do tipo blow-
out, pode ser usada para estimar o enoftalmo resultante. O uso do volume
orbitário, como um incremento na determinação da quantidade de tecido que
deve ser implantado na órbita, pode auxiliar na melhora do enoftalmo tardio
resultante desses tipos de fraturas (Fan et al., 2003). O método empregado no
trabalho, além da inferência volumétrica, permite identificar a posição das
deformidades em relação ao eixo ântero-posterior.
No presente estudo houve correlação entre o estado da oculomotricidade
e a deformidade orbitária. Tanto na análise qualitativa como quantitativa houve
significância estatística, confirmando que grandes deformidades ósseas são
acompanhadas de alterações de motilidade ocular. Estudos em que as áreas
orbitárias dos cortes tomográficos foram quantificadas, classificadas e
comparadas às alterações funcionais são inéditos na literatura. Outras formas
de análise utilizando a área do tecido herniado ou a intimidade dos tecidos
periorbitais com os fragmentos ósseos deslocados foram realizadas (Furuta
et al., 2006; Ploder et al., 2002), com resultados que corroboram com os
resultados da amostra investigada.
________________________________________________________________________Discussão
70
Na literatura especializada, em estudos anatômicos e funcionais nas
fraturas de órbita, uma grande quantidade de trabalhos que analisam as
deformidades volumétricas das fraturas orbitárias, mas tais estudos são
limitados às fraturas internas ou ¨puras¨ (Fan et al., 2003; Ploder et al., 2002;
Ploder et al., 2003) Quase 40% de todas as fraturas maxilofaciais envolvem as
estruturas orbitárias (Hoffmann et al., 1998; Metzger et al., 2007). A maioria das
fraturas orbitárias é de fraturas de terço médio facial com envolvimento
orbitário. O zigoma é o segundo osso mais acometido em fraturas maxilofaciais
(Covington et al., 1994). As fraturas zigomático-orbitárias são as fraturas
orbitárias mais freqüentes. (Ellis et al., 1985). Para estudarmos as fraturas de
órbita devemos analisar todos os tipos de fraturas com envolvimento dessa
estrutura. Foram incluídas no presente estudo, todas as fraturas do terço médio
facial que houvesse envolvimento da órbita.
Os resultados nos permitem afirmar que grandes expansões do
continente orbitário levam a grandes distúrbios de oculomotricidade, porém,
essa constatação não é uma regra e fraturas com deformidades pequenas da
estrutura óssea podem apresentar distúrbios oculomotores complexos, como a
fratura tipo trapdoor. Em crianças traumas orbitários possuem essa
peculiaridade, pois como os ossos podem apresentar fraturas em galho verde o
músculo reto inferior pode ser encarcerado levando a uma restrição dolorosa
do movimento ocular para o campo visual superior e esse achado corresponde
a uma emergência cirúrgica, ou seja, o trapdoor, esse pinçamento pode
ocasionar a necrose do músculo (Criden & Ellis, 2007; Kirkpatrick, 2006). Na
amostra estudada foi encontrada uma fratura tipo trapdoor (paciente número
seis), embora o paciente seja adulto.
________________________________________________________________________Discussão
71
As alterações anatômicas e funcionais conseqüentes das fraturas são os
guias para as condutas cirúrgicas: grandes fraturas com deslocamento
volumoso dos tecidos orbitários predispõem a enoftalmos acentuados e perdas
de proeminências ósseas, sendo a cirurgia mandatória até 15 dias após o
trauma. Nos casos onde os deslocamentos ósseos são mínimos e a mobilidade
ocular está preservada, o tratamento deve ser conservador, porém se houver
diplopia e persistir por mais de duas semanas pós-trauma, a abordagem
cirúrgica estará indicada (Iliff, 1991).
O tratamento das fraturas faciais sofreu uma revolução nas últimas
décadas (Klotch & Gilliland, 1987; Shumrick et al., 1992). Também ocorreu uma
evolução na qualidade dos exames de imagem (Manson et al., 1990). Esses
avanços técnicos permitiram uma melhor compreensão da fisiopatologia das
conseqüências das fraturas do terço médio facial (Shumrick et al., 1997).
Os critérios de abordagem da órbita para fraturas de terço médio seguem
os mesmos preceitos que os das fraturas internas. Os pacientes que tiverem
achados radiológicos, sinais e sintomas que antecipam alguma morbidade
orbitária (diplopia e enoftalmo) devem ser submetidos à investigação das
paredes orbitárias internas. A exploração seletiva dos pacientes com fratura do
complexo zigomático-maxilar apresentou melhora dos resultados funcionais e
estéticos e redução das complicações pós-operatórias (Shumrick et al., 1997).
Como no trabalho em discussão, Ploder et al., (2003) mostrou que os
cortes tomográficos no sentido coronal são as melhores imagens para
avaliação das fraturas de órbita, principalmente, o assoalho.
Para que as condutas cirúrgicas sejam mais objetivas e menos
controversas, a utilização de softwares que analisam medidas nos cortes
________________________________________________________________________Discussão
72
tomográficos (por exemplo, Image J, EUA) que permitem o cálculo do tamanho
dos defeitos orbitários, auxilia para mensurar o volume de tecido herniado da
órbita e servem como guias, com números limites para os defeitos e volume,
definindo mais precisamente as condutas (Ploder et al., 2003).
O tratamento ideal seria a reparação das fraturas em um único tempo,
minimamente invasiva com os melhores resultados possíveis e o mínimo de
seqüelas (Manson et al., 1987).
Restituir a posição exata do globo ocular no tratamento das fraturas pode
ser um grande desafio, o auxílio das novas tecnologias de análise
computadorizada da anatomia associada às cirurgias assistidas e guiadas por
computador, orientando a reconstrução das estruturas ósseas, minimiza as
distopias pós- operatórias e estão em uso com resultados animadores
(Gellrich et al., 2002; (Metzger et al., 2007; Schon et al., 2006).
O conhecimento detalhado das alterações anatômicas do complexo
ósseo orbitário e suas conseqüências funcionais, utilizando-se de ferramentas
tecnológicas atuais e precisas, podem auxiliar ainda mais para que consigamos
cirurgias mais efetivas, com bons resultados e ínfima morbidade. O presente
trabalhou visou fornecer mais informações sobre a fisiopatologia (anatomo-
funcionais) das fraturas orbitárias e contribuir para o constante aprimoramento
das técnicas e melhora dos resultados pós operatórios.
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________________________________________________________________________Conclusão
74
O presente trabalho permitiu evidenciar que as órbitas dos pacientes com
fraturas do terço médio da face com comprometimento orbitário sofrem vários
tipos de deformações e acompanhadas de uma série de conseqüências
oculomotoras de gravidades variáveis. Ficou demonstrado que as alterações
morfológicas caracterizada por aumento global do arcabouço ósseo possuem,
freqüentemente, significativas alterações da motilidade ocular. Entretanto,
pacientes com deformidades mínimas do arcabouço orbitário podem
apresentar, ocasionalmente, grandes distúrbios da oculomotricidade.
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__________________________________________________________________________Abstract
83
In the present study, we investigated the consequences of orbital
fractures in patients evaluating the oculomotricity disturbance and images of
computed tomography (CT). It was included 24 patients with orbital fracture
(men age = 33 years old) and cognitive capacity and visual acuity preserved.
The mean period between the trauma and the medical examination was 79
days. The Hess chart test was applied in these patients. Ophthalmologic
evaluation was realized in all patients. Area measurements were made in CT
findings, all coronal images, using DicomWorks software. The results were
classified in 5 types of orbital deformation: global increase of area, anterior
increase, anterior increase and posterior decrease, global decrease and no
changes group. The oculomotricity disturbance was quantified by orbital Hess
chart area. The ratio of Hess chart area obtained using normal eye and
damaged eye were correlated with fracture types, and varied from 1 (no
disturbance) to 10 (great disturbance). The worst ratios were found in patients,
which the CT images analysis showed global increase of the orbital volume.
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RELAÇÃO ENTRE A DEFORMIDADE DO ARCABOUÇO
ÓSSEO ORBITÁRIO E ALTERAÇÃO OCULOMOTORA
NAS FRATURAS ORBITÁRIAS
Autores: Gustavo Cavalcanti Dutra Eichenberger; Harley Edison Amaral Bicas
Unitermos: Fraturas orbitárias, diplopia, tela de Hess, tomografia computadorizada
RESUMO
Foram analisados o equilíbrio oculomotor e o grau de deformidade orbitária de
24 pacientes (19 pacientes do sexo masculino) com fraturas unilaterais do terço médio
da face com acometimento orbitário. As idades variaram de 18 a 52 anos com média
de 33 e mediana de 30,5 anos. Os critérios de inclusão foram: fraturas envolvendo o
arcabouço ósseo orbitário, diagnosticadas clinicamente e/ou por exames de imagem
(tomografia computadorizada), unilateralidade, acuidade visual preservada, com ou
sem queixas de visão dupla, e capacidade cognitiva mantida para a realização da tela
de Hess. Foram excluídos: fraturas bilaterais, pacientes sem capacidade cognitiva
para a realização dos exames e com baixa de acuidade visual (< 0,6). O tempo desde
o trauma até a avaliação do paciente variou de 15 a 300 dias, com uma média de 78,8
dias. Todos os pacientes foram submetidos à avaliação oftalmológica completa e
incluídos em um protocolo com: nome completo, idade, sexo, queixa principal,
acuidade visual (teste de Snellen), lado fraturado, tempo do trauma em dias, causa do
trauma (veículo automotor, acidente de trabalho, esporte, violência, acidente
doméstico e outros), tipo de fratura seguindo a classificação de Jackson. Todos os
pacientes foram submetidos à exame de imagem orbitária por tomografia
computadorizada com cortes contíguos finos coronais de 2mm e 3mm. Apenas um
paciente o corte foi de 5mm. Para cada uma das 48 órbitas da amostra (24 fraturadas
e 24 normais), as áreas orbitárias foram medidas nos cortes coronais utilizando-se um
software de processamento de imagens em formato DICOM que permite vários tipos
de medidas e otimização das imagens (DicomWorks versão 1.3.5). As medidas foram
realizadas no sentido ântero-posterior a partir do rebordo lateral até o ápice orbitário.
Os resultados mostram que pelo menos 5 tipos de deformidade orbitária puderam ser
distinguidos: expansão global, aumento predominantemente anterior, expansão
posterior, expansão anterior e diminuição posterior e diminuição global. As alterações
oculomotoras foram quantificadas por meio do estabelecimento de um índice expresso
pela relação entre as áreas da tela Hess (olho normal/olho não acometido). Os índices
variaram de 1 (normalidade) a 10 (grande alteração oculomotora). Os piores índices
foram verificados no tipo 1 de deformidade (expansão global).
_______________________________________________________________Anexo de publicação
86
INTRODUÇÃO
A órbita está localizada no terço médio da face sendo composta por 7
ossos, ou seja, frontal, etmóide, maxilar, lacrimal, zigomático, esfenóide e
palatino. A cavidade orbitária é comumente descrita como tendo 4 paredes, um
rebordo e um ápice. O teto ou parede superior é formado pelos ossos frontal e
esfenóide (asa menor), a parede medial pelos ossos lacrimal e etmóide, a
lateral e pelos ossos zigomático e a asa maior do esfenóide e o assoalho ou
parede inferior pelos ossos maxilar, palatino e zigoma. As paredes orbitárias
contêm aberturas como canais, fissuras, óstios e forames onde passam nervos
e vasos e o ducto naso-lacrimal.(Whitnall, 1932)
A cavidade orbitária tem uma forma piramidal com a base aberta
quadrangular e ápice triangular. No seu conteúdo, além do globo ocular e sua
musculatura extrínseca (músculos retos superior, inferior, medial e lateral e
oblíquos superior e inferior) há rica rede vascular e nervosa, a glândula lacrimal
principal, músculo levantador palpebral e complexa estrutura fascial. Como
Koornneef mostrou, existe uma rede fascial que interconecta todos os septos
fibrosos intraorbitários, as bainhas musculares e a periórbita.(Koornneef, 1977,
1977, 1977)
Por definição, fratura de órbita é qualquer descontinuidade óssea
patológica que ocorre subitamente no esqueleto orbitário. As fraturas podem
ser classificadas de diversas maneiras, no presente trabalho utilizamos a
classificação de Jackson. (Jackson, 1989)
A classificação consiste em: fraturas internas lineares ou do tipo trap-door,
blow-out ou blow-in e as complexas quando mais de uma parede é acometida.
As fraturas associadas são classificadas em orbito-zigomáticas e naso-
_______________________________________________________________Anexo de publicação
87
etmoido-orbitárias. As zigomático-orbitárias são subdivididas em: tipo I: sem
deslocamento do zigoma, tipo II: segmentada, tipo III: o zigoma é deslocado em
bloco, e tipo IV: zigoma fragmentado. As naso-etmóido-orbitárias podem ser
classificadas em tipo I: a lesão exibe um grande fragmento ósseo englobando a
porção da rima medial da órbita com o ligamento atado na crista lacrimal; Tipo
II: fratura do canto medial em vários fragmentos com o ligamento ligado a um
fragmento ósseo maior capaz de ser fixado e tipo III: fratura cominuída com o
ligamento cantal medial preso a micro-fragmentos ósseos incapazes de serem
fixados. Finalmente, Le Fort descreveu no começo século passado padrões de
fratura em traumas de alto impacto no terço médio da face. (Miloro, 2004) Os
tipos II e III acometem a órbita.
Vários fatores influenciam a distribuição e a etiologia das fraturas
maxilofaciais. A região geográfica, a cultura e o nível sócio-econômico, são
alguns dos fatores que influenciam a distribuição e freqüência das fraturas
maxilo-faciais. (Cruz and Eichenberger, 2004, Dimitroulis and Eyre, 1991) No
Brasil, as fraturas de face ocorrem principalmente devido à violência
interpessoal e acidentes automobilísticos. (Wulkan, 2005)
Em pacientes fraturados o exame físico deve direcionar-se ao globo
ocular e á órbita, depois o exame oftalmológico completo. Um sinal comum nas
fraturas orbitárias é a distopia do globo ocular, principalmente as de sentido
inferior (hipoglobo) e posterior (enoftalmo). A presença de hipoglobo, enoftalmo
e restrições da mobilidade ocular são sinais clássicos de fraturas internas da
órbita. (Perry, Dancey, 2005)
_______________________________________________________________Anexo de publicação
88
A tomografia computadorizada (TC) é o método de eleição para o estudo
das fraturas orbitárias por meio de imagens. A TC é produto de raios X
colimados que atravessam o paciente e incidem sobre um detector.
As fraturas orbitárias podem provocar um amplo espectro de alterações
funcionais e estéticas tais como: distúrbios da visão, acometimento dos nervos
locorregionais (síndrome da fissura orbitária superior, síndrome do ápice
orbitário etc.), diplopia, distopia do globo (enoftalmo), acometimento das vias
lacrimais (epíforas) e telecanto traumático (desinserção óssea do ligamento
tarsal). As fraturas do terço médio da face têm um grande potencial de lesão
ocular.
Quando um paciente se queixa de visão dupla (diplopia) deve-se
suspeitar de um distúrbio de oculomotricidade. (perda do paralelismo ocular). A
visão duplicada após o trauma ocorre basicamente por três mecanismos: perda
de função muscular por edema ou hematoma de algum músculo oculomotor,
restrição da motilidade (pinçamentos, fibroses, corpos estranhos orbitários) ou
lesão neurológica. A diplopia pode ser caracterizada de diversas maneiras.
Entre os testes disponíveis, pode-se citar óculos de Armstrong, teste de
cobertura com prisma, a vareta de Maddox e a tela de Hess. (Jackson's, 1967)
O teste da tela de Hess pode classificar e quantificar o desvio oculomotor
indutor de diplopias. (Fujino and Makino, 1980)
A diplopia é uma das conseqüências mais debilitantes das fraturas
orbitárias e cuja gênese ainda é objeto de discussão. No presente trabalho nós
visamos determinar a relação entre o padrão tomográfico da fratura e o
acometimento oculomotor.
_______________________________________________________________Anexo de publicação
89
MATERIAL E MÉTODOS
Foram incluídos no presente trabalho 24 pacientes (19 pacientes do sexo
masculino) com idades variando de 18 a 52 anos com média de 33 e mediana
de 30,5 anos. Os pacientes eram oriundos da sala de urgência da Unidade de
emergência do HCRP-FMRP (traumas recentes) ou do ambulatório de cirurgia
craniomaxilofacial no HCRP-campus (traumas antigos). Todos tinham sido
vítimas de traumas na região do terço médio da face. Os critérios de inclusão
foram: fraturas envolvendo o arcabouço ósseo orbitário, diagnosticadas
clinicamente e/ou por exames de imagem (tomografia computadorizada),
unilateralidade, acuidade visual preservada, com ou sem queixas de visão
dupla, e capacidade cognitiva mantida para a realização da tela de Hess.
Foram excluídos: fraturas bilaterais, pacientes sem capacidade cognitiva para a
realização dos exames e com baixa de acuidade visual (< 0,6). O tempo, do
trauma até a avaliação do paciente, variou de 15 a 300 dias com uma média de
79 dias.
Todos os pacientes foram submetidos à avaliação oftalmológica completa
com história clínica, inspecção, palpação, medida da acuidade visual,
campimetria, teste de ducção forçada, resposta pupilar, fundoscopia,
exoftalmometria de Hertel. Todos pacientes foram incluídos no protocolo a
seguir que continha: nome completo, idade, sexo, queixa principal, acuidade
visual (teste de Snellen), lado fraturado, tempo do trauma em dias, causa do
trauma (veículo automotor, acidente de trabalho, esporte, violência, acidente
doméstico e outros), tipo de fratura seguindo a classificação de Jackson
Orbitárias internas - linear, blow-out ou blow-in confinadas a 1 parede e
_______________________________________________________________Anexo de publicação
90
complexas. Orbitozigomáticas - tipos I (deformidade mínima), tipo II
(deslocamento de um pequeno fragmento do rebordo orbitário), tipo III
(deslocamento do corpo do zigoma em bloco), Tipo IV (fratura cominuída da
órbita e do zigoma). Nasoetmoidoorbitárias tipo I (fratura com ligamento
cantal medial inserido em um grande fragmento), tipo II (fratura cominuída com
ligamento cantal medial inserido em um fragmento ósseo), tipo III (fratura
cominuída com avulsão do ligamento cantal); fraturadas combinadas. (Jackson,
1989)
_______________________________________________________________Anexo de publicação
91
Todos os pacientes foram submetidos à exame de imagem orbitária por
tomografia computadorizada com cortes contíguos finos coronais de 2mm e
3mm. Apenas um paciente o corte foi de 5mm.
Para cada uma das 48 órbitas da amostra (24 fraturadas e 24 normais),
as áreas orbitárias foram medidas nos cortes coronais utilizando-se um
software de processamento de imagens em formato DICOM que permite vários
tipos de medidas e otimização das imagens (DicomWorks versão 1.3.5). As
medidas foram realizadas no sentido ântero-posterior a partir do rebordo lateral
até o ápice orbitário. (Figura 1)
Figura 1 – Tomografia computadorizada mostrando as medidas das áreas orbitárias
utilizando-se o software DicomWorks 1.3.5
Os resultados das medidas das áreas das órbitas com e sem fraturas
foram representados graficamente de maneira comparativa. A relação entre a
área e a profundidade nas órbitas normais é tipicamente linear e foi ajustada
por uma reta de regressão (Figura 2).
_______________________________________________________________Anexo de publicação
92
Figura 2 Gráfico com as medidas das áreas de uma órbita fraturada e a controle
(normal) em relação à profundidade. O ponto zero corresponde ao rebordo lateral
Todos os pacientes foram submetidos ao teste da tela de Hess-
Lancaster. Foram confeccionadas duas telas de papel de 1metro por 1 metro e
imprimidas em escala tangencial para uma distância de exame de 70 cm.
(Figura 3)
Figura 3 – Tela de Hess em escala tangente
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
4
6
8
10
12
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
Órbita P2
fraturada
normal
-50 -40 -30 -20 -10 10 20 30 40 50
-40
-30
-20
-10
10
20
30
40
-50 -40 -30 -20 -10 10 20 30 40 50
-40
-30
-20
-10
10
20
30
40
5°10°15°
20°
25°
30°
10°
15°
20°
25° 30°
5°
5°
5°
10°
15°
20°
25°
30°
10°
15°
20°
25°
30°
_______________________________________________________________Anexo de publicação
93
As telas foram colocadas em lugar de cil acesso para o médico
examinador e ao paciente no HC Campus e na Unidade de emergência. O
paciente examinado foi posicionado a uma distância de 70 cm dos olhos ao
ponto 0 graus da escala (ponto central) e a cabeça apoiada em um pedestal
com apoio para queixo e frontal.
Os óculos foram colocados com a lente vermelha sobre o olho direito e a
verde sobre o olho esquerdo, o examinador ficou com a lanterna verde e o
paciente com a lanterna vermelha, portanto primeiro examinou-se o olho direito
do paciente e após invertendo-se as lanternas o olho esquerdo foi avaliado.
As fendas verdes e vermelhas projetadas pelas lanternas foram
posicionadas pelo examinador no ponto central e nos pontos cardinais da tela
em posição vertical em posição 25º do olhar e solicitada que o paciente
sobrepusesse suas imagens.
Técnicas de estatística descritiva clássicas foram usadas para a
apresentação dos resultados. Associações entre as variáveis foram realizadas
com o teste do Qui-quadrado ou o exato de Fischer, quando apropriado.
_______________________________________________________________Anexo de publicação
94
RESULTADOS
A figura 4 mostra a distribuição das causas de fratura encontradas da amostra
Figura 4 Gráfico da distribuição das causas das fraturas orbitárias na amostra
analisada. 1-violência interpessoal, 2-acidentes com veículos automotores, 3-
acidentes domésticos, 4-acidente de trabalho, 5- outro
A figura 5 mostra a distribuição das fraturas seguundo a classificação de
Jackson: 1) interna linear, 2) interna Blow-out ou Blow-in, 3) interna complexa,
4) zigomático-orbitária com deformidade mínima, 5) zigomático-orbitária com
pequeno deslocamento do rebordo orbitário, 6) zigomático-orbitária com
deslocamento do zigoma em bloco, 7) zigomático-orbitária cominuída, 8) naso-
etmoido-orbitária com ligamento cantal inserido em um grande fragmento
ósseo, naso-etmoido-orbitária cominuída com ligamento cantal inserido em um
fragmento ósseo e 10) naso-etmoido-orbitária cominuída com avulsão do
ligamento cantal.
1 2 3 4 5
0
10
20
30
40
50
Percentual
Causas
_______________________________________________________________Anexo de publicação
95
Figura 5 – Distribuição dos tipos de fratura da amostra
Os resultados dos exames das telas de Hess foram inicialmente
classificados quanto à gravidade das alterações em: sem alterações ou com
alterações mínimas (Figura 6), com alterações moderadas (Figura 7) e com
alterações grave (Figura
8)
Alterações mínimas ou ausentes de oculomotricidade
Figura 6 Tela de Hess do paciente número 3. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: direita
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0
1
2
3
4
5
6
7
número de órbitas fraturadas
Tipos de fraturas
_______________________________________________________________Anexo de publicação
96
Alterações moderadas
Figura 7 Tela de Hess do paciente número 8. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: esquerda
Alterações graves
Figura 8 Tela de Hess do paciente número 9. Em vermelho, olho direito. Órbita
fraturada: esquerda
_______________________________________________________________Anexo de publicação
97
O grau de acometimento da oculomotricidade foi também expresso
quantitativamente por meio da relação entre as áreas das telas (órbita
normal/órbita fraturada) para cada um dos sujeitos (Figura 9)
Figura 9 – Relação entre as áreas da tela de Hess para cada um dos sujeitos
examinados (ON = olho da órbita não fraturada, OF = olho correspondente à órbita
fraturada)
As medidas das áreas das órbitas com e sem fraturas foram
representados graficamente de maneira comparativa. O valor 0 no eixo das
abscissas corresponde à área orbital no plano do rebordo orbitário. Os valores
subseqüentes correspondem às posições posteriores ao rebordo em direção ao
ápice. A relação entre a área e a profundidade nas órbitas normais é
tipicamente linear e foi ajustada por uma reta de regressão. As áreas das
órbitas fraturadas foram apenas indicadas por linhas unindo os pontos.
Detectou-se 5 padrões distintos de deformação do arcabouço ósseo das
órbitas fraturadas: a) expansão global, n = 8 (33%) (Figura 10); b) aumento
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Relação ON/OF
_______________________________________________________________Anexo de publicação
98
predominantemente anterior, n = 2 (8,3%)(Figura 11); c) expansão posterior, n
= 3 (12,5%) (Figura 12); d) expansão anterior e diminuição posterior, n = 3
(12,5%) (Figura 13) e e) diminuição global n = 1 (4,17%) (Figura 14). Em sete
órbitas (29,17%) as expansões foram mínimas (Figura 15).
Figura 10 - Expansão global
Figura 11 - Expansão anterior
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
4
6
8
10
12
14
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P1
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
16
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P13
fraturada
normal
_______________________________________________________________Anexo de publicação
99
Figura 12 - Expansão posterior
Figura 13 - Expansão anterior e diminuição posterior
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P20
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
0
2
4
6
8
10
12
14
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P21
fraturada
normal
_______________________________________________________________Anexo de publicação
100
Figura 14 - Diminuição global
Figura 15 - Alterações mínimas
As áreas das órbitas acometidas foram medidas e comparadas
percentualmente com as das áreas orbitais não fraturadas. A figura 16 mostra a
distribuição das expansões percentuais verificadas nas órbitas fraturadas.
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
16
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P16
fraturada
normal
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
2
4
6
8
10
12
14
16
Área (cm
2
)
Profundidade (mm)
P19
fraturada
normal
_______________________________________________________________Anexo de publicação
101
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
Expansão percentual da área orbital
Figura 16 – Expansões percentuais das órbitas fraturas na amostras
A figura 17 mostra a distribuição da diplopia segundo o tipo de deformação do
arcabouço orbitário.
Figura 17 - Alteração da motilidade ocular (diplopia) nos diferentes tipos de
deformidade do arcabouço ósseo orbitário: 1) expansão global, 2 expansão anterior
3)expansão posterior 4) expansão anterior e diminuição posterior 4) diminuição global
6) deformidades mínimas
0
1
2
3
4
5
Número de órbitas
Deformação orbitária
Diplopia
Ausente
Moderada
Grave
1 2 3 4 5 6
_______________________________________________________________Anexo de publicação
102
Comparando-se os graus extremos de expansão (global versus mínima)
há uma associação significativa entre a presença e ausência de diplopia (tabela
1, teste exacto de Fisher, p = 0.04).
Tabela 1 - Associação entre 2 tipos de expansão orbitária e presença de diplopia
Expansão Orbitária Diplopia Total
Ausente Moderada/Grave
Global 1 7 8
Mínima 5 2 7
Total 6 9 15
A figura 18 mostra a correlação entre a expansão percentual orbitária e
grau de acometimento da oculomotricidade expresso como a relação entre as
áreas da tela de Hess (olho da órbita normal/ olho de órbita fraturada).
Figura 18 Gráfico que representa a relação das expansões orbitárias com a
oculomotricidade.
-20 0 20 40 60 80 100 120
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Tela de Hess ON/OF
Expansão orbital percentual
_______________________________________________________________Anexo de publicação
103
Apesar de uma nítida tendência da oculomotricidade piorar (maior
relação ON/OF) nos pacientes com maior expansão orbitária (ON/OF < 10%
mediana = 0,96, > 10% mediana = 1,185, Mann-Whitney, p = 0,048) casos
em que graves perturbações de oculomotricidade com distorção orbitária
mínima. Os dados do paciente assinalados com uma flecha na figura 62
ilustram bem essa assertiva. Com efeito esse paciente apresentou uma fratura
interna da órbita à direita na parede medial com pinçamento do músculo reto
medial (figura 19). Apesar da mínima deformação do continente orbitário, a sua
oculomotricidade estava bastante alterada (figura 20).
Figura 19 – Tomografia computadorizada do paciente 6 mostrando a fratura orbitária a
direita na parede medial e o ponto do pinçamento da musculatura extrínseca ( reto
medial) do olho direito
_______________________________________________________________Anexo de publicação
104
Figura 20 Tela de hess do paciente 6 mostrando grande distúrbio de motilidade.
Olho afetado à direita (vermelho), olho normal à esquerda (azul).
_______________________________________________________________Anexo de publicação
105
DISCUSSÃO
A análise dos dados epidemiológicos do presente trabalho corrobora os
dados dos principais trabalhos da bibliografia especializada.
A faixa etária da amostra estudada (média de 33 anos e mediana de
30,5 anos) é um pouco acima dos resultados apresentados pelos estudos
epidemiológicos de traumas maxilo-faciais (média de 30 anos) (Gassner, Tuli,
2003) e zigomático-orbitários (média de 27 anos). (Eski, Sahin, 2006) Porém a
faixa etária do presente trabalho ainda está dentro dos adultos jovem, típica
dos traumas orbitários e faciais.
Quanto ao gênero, a maior prevalência foi a do sexo masculino (79,1%)
inteiramente concordante com a da literatura mundial. ,(Eski, Sahin, 2006,
Gassner, Tuli, 2003, Gomes, Passeri, 2006, Mello-Jorge, 2002., Montovani, de
Campos, 2006, Wulkan, 2005)
Em estudos de fraturas zigomático-orbitárias os agentes causais também
concordam com os dados apresentados: violência interpessoal, acidentes
com veículos automotores ou tráfego, 3º acidentes domésticos ou quedas.
(Eski, Sahin, 2006)
A distribuição dos tipos de fraturas da amostra não seguiu as
prevalências dos grandes estudos. Nesses estudos, somente 11% das fraturas
de órbita são do tipo interna (Leibsohn, Burton, 1976) enquanto que na amostra
estudada, as fraturas orbitárias internas foram as mais prevalentes (29,1%),
seguidas pelas fraturas internas complexas (25%).
_______________________________________________________________Anexo de publicação
106
As opções de tratamento geralmente se baseiam nos sintomas, nos
achados tomográficos e na experiência do cirurgião. (Ploder, Oeckher, 2003)
Alguns autores enfatizam que a alteração da oculomotricidade é a
alteração crucial dentre os achados nas fraturas orbitárias. A avaliação da
diplopia é o critério mais importante para definição da conduta cirúrgica.
(Furuta, Yago, 2006)
Existem vários exames de avaliação da oculomotricidade, todos os
exames e teste confirmam a diplopia, o teste de Hess possui a vantagem de
definir o grau da alteração da oculomotricidade e de expressar numericamente
a motilidade ocular comparando as áreas entre as telas do lado saudável e do
afetado.(Furuta, Yago, 2006)
Os resultados das alterações de oculomotricidade observados na amostra
analisada apresentam taxas e distribuição que seguem os trabalhos que
analisam a diplopia nas fraturas orbitárias. (Harris, Garcia, 2000, Iliff, 1991,
Siritongtaworn, Tongsawas, 2001)
Uma análise funcional associada à anatômica é a forma de definição
diagnóstica e de conduta mais adequada nas fraturas do arcabouço ósseo
orbitário. Uma análise detalhada da anatomia orbitária como o lculo do
volume é uma preocupação antiga dos pesquisadores que visam estudo da
cavidade orbitária. (Cooper, 1985) Os pacientes incluídos no trabalho foram
submetidos a medidas bidimensionais das áreas dos cortes tomográficos em
função da profundidades o que, de certa maneira, corresponde a medida do
volume do continente orbitário.
_______________________________________________________________Anexo de publicação
107
O método empregado no trabalho, além da inferência volumétrica permite
identificar com precisão a posição das deformidades em relação ao eixo
ântero-posterior.
No presente estudo houve correlação entre o estado da oculomotricidade
e a deformidade orbitária. Tanto na análise qualitativa como quantitativa houve
significância estátistica confirmando que grandes deformidades ósseas são
acompanhadas de alterações de motilidade ocular. (Mathog, Archer, 1986,
Ploder, Klug, 2002)
O resultado da análise foi significante em afirmar que grandes expansões
do continente orbitário levam a grandes distúrbios de oculomitricidade, porém
essa constatação não é uma regra e fraturas com deformidades pequenas da
estrutura óssea podem apresentar distúrbios oculomotores complexos, como a
fratura tipo trapdoor. (Criden and Ellis, 2007)
O tratamento das fraturas orbitárias simples ou complexas sempre foi um
grande desafio aos cirurgiões. O tratamento individualizado respeitando a
topografia do arcabouço ósseo pré-existente, o emprego de novas tecnologias,
materiais de fácil manipulação e reconstruções visando uma perfeita reparação
dos tecidos e com mínima morbidade, é uma realidade e irreversível.
(Metzger, Schon, 2007)
O conhecimento detalhado das alterações anatômicas do complexo ósseo
orbitário e suas conseqüências funcionais podem auxiliar ainda mais para que
consigamos cirurgias mais efetivas, com bons resultados e ínfima morbidade.
O presente trabalhou visou fornecer mais informações sobre a
fisiopatologia (anatomo-funcionais) das fraturas orbitárias e contribuir para o
_______________________________________________________________Anexo de publicação
108
constante aprimoramento das técnicas e melhora dos resultados pós
operatórios.
Os dados do presente trabalho permitem concluir que pacientes com
fraturas do terço médio da face com envolvimento orbitário que apresentavam
aumento global do volume do continente orbitário possuem significativas
alterações da motilidade ocular. Entretanto, pacientes com deformidades
mínimas do arcabouço orbitário podem apresentar grandes distúrbios da
oculomotricidade.
_______________________________________________________________Anexo de publicação
109
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