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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA
CARACTERIZAÇÃO DE CEPAS DE Entamoeba histolytica ISOLADAS DE
DIFERENTES CASOS CLÍNICOS NO BRASIL: ANÁLISE DA EXPRESSÃO DE GENES
POSSIVELMENTE ENVOLVIDOS COM A PATOGENICIDADE
Michelle Aparecida Ribeiro de Freitas
Belo Horizonte
2007
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CARACTERIZAÇÃO DE CEPAS DE Entamoeba histolytica ISOLADAS
DE DIFERENTES CASOS CLÍNICOS NO BRASIL: ANÁLISE DA
EXPRESSÃO DE GENES POSSIVELMENTE ENVOLVIDOS COM A
PATOGENICIDADE
Michelle Aparecida Ribeiro de Freitas
Tese apresentada à Pós-Graduação em
Parasitologia do Instituto de Ciências
Biológicas, Universidade Federal de
Minas Gerais, como requisito parcial
para a obtenção do título de Doutor
em Parasitologia.
Orientadora: Dra. Maria Aparecida Gomes- Laboratório Amebíase
Co-orientador: Dr.Egbert Tannich- Inst. de Medicina Tropical
Bernhard Nocht
Colaborador: Dr. Jorge Luís Pesquero – Departamento de Biofísica-
UFMG
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Trabalho realizado no Laboratório de Amebíase do
Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências
Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte (MG) e no Instituto de Medicina Tropical Bernhard
Nocht Institute, Hamburg, Alemanha sob a orientação da Profa.
Maria Aparecida Gomes e Dr. Egbert Tannich, com auxílio
financeiro da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES)/ DAAD
Dedico este trabalho a Dra Márcia
Cury, sem o qual nada disso teria
sido possível. Márcia, Obrigada por
ter acreditado em mim e por ter
tornado esse sonho possível.
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Ao programa de Pós-graduação em Parasitologia do Instituto de
Ciências Biológicas da UFMG, minha gratidão, pela oportunidade de
formação e aprendizado, pelas cobranças, pela confiança e pelas
facilidades concedidas para realização deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
A Cidinha, por todos esses anos de amizade e ensinamentos, por ter me
recebido em seu laboratório e me transformado em uma pesquisadora. Eu
fui a sua primeira e pra mim, você será sempre a única! Te adoro e jamais
esquecerei tudo que fez!
Ao Pesquero, pela amizade, pelo carinho, pelos momentos de descontração
e por acreditar na minha capacidade;
Ao Dr. Egbert Tannich pela especial colaboração neste trabalho e pela
agradável estadia em Hamburgo;
Ao professor Edward Félix, pela amizade, pelos ensinamentos e pelo
carinho;
Aos professores da Pós-Graduação do Departamento de Parasitologia do
ICB pelas sugestões, conselhos e ensinamentos.
Ao Joãozinho e a Edna, pelo aprendizado e pelo carinho; sem vocês a
realização desse trabalho não seria possível!
A Sumara pela disponibilidade e competência na realização de
procedimentos que facilitaram a realização deste trabalho;
Aos colegas e funcionários do Departamento de parasitologia ICB/UFMG
pelo apoio e incentivo diários;
Aos meus amigos de laboratório e todos que aqui passaram, Haendel, Jú,
Elisa, Rodolfo, Paulinha, Fred, Filipe, Renata, pelos bons momentos, pela
convivência e pelo carinho.
A minha amiga e companheira de trabalho, Ângela, por todos os bons
momentos e pelas horas de sufoco. Aprendemos muito juntas e não sei se
teria conseguido sem você!
As minhas amigas Carina, Adriana, Veruska, por todos os momentos,
pelas longas horas de conversa e pelo carinho;
Ao Sílvio Dolabella, pela inestimável amizade e pelos sete anos de
convivência e carinho;
A Helen, pela disponibilidade e ajuda imprescindíveis na fase final de
minha tese, pelas horas de conversa, pela amizade e carinho;
Aos amigos que conheci na Alemanha, Kathrin, Leandro, Luciano, Taís,
Manuela e Henriete, apesar do pouco tempo, estarão guardados sempre
em minha lembrança,
Aos meus pais, Paulo Cézar e Nadja, pelos ensinamentos, pela força,
incentivo e pelo amor incondicional que sempre nos uniu;
Aos meus irmãos, Paola e Kiko, que mesmo de longe, sempre me apoiaram
e me deram muito amor;
Ao meu marido, Alexandre por todo amor e carinho que sempre me deu e
principalmente por ter sido um companheiro paciente e sempre
incentivador, tornando essa caminhada mais leve;
A todos que contribuíram direta e indiretamente para realização desse
trabalho;
E finalmente á Deus, pelo amor, pela força e coragem para enfrentar os
momentos difíceis, e por me permitir conhecer pessoas maravilhosas que
tornaram mais agradável essa caminhada.
SUMÁRIO
1. Introdução ..........................................................................
01
1.1 Amebíase......................................................................... 01
1.2 Morfologia e Biologia........................................................ 02
1.3 Histórico e classificação................................................... 05
1.4 Epidemiologia e prevalência............................................. 07
1.5 Patogenia e virulência...................................................... 10
1.5.1 O processo invasivo..................................................
10
1.5.2 Fatores moleculares envolvidos com virulência da
ameba......................................................................
11
1.6 Microarray....................................................................... 15
1.7 PCR em Tempo Real......................................................... 17
1.8 Supressão por hibridização subtrativa..............................
18
2. Justificativa........................................................................ 20
3. Objetivos............................................................................. 21
4. Material e métodos............................................................. 23
4.1 Cepas de E. histolytica......................................................
23
4.2 Axenização das cepas polixênicas.....................................
24
4.3 Inoculação em fígado de hamster..................................... 24
.4.4 Efeito citopático............................................................... 25
4.5 Atividade de cisteil proteinase.......................................... 26
4.6 Microarray....................................................................... 27
4.7 PCR em tempo real.......................................................... 32
4.8 Supressão por hibridização subtrativa..............................
33
4.9 Clonagem dos cDNAs....................................................... 41
4.10 Sequenciamento.............................................................
43
4.11 RT-PCR.......................................................................... 44
5. Resultados...........................................................................
46
5.1 Inoculação em fígado de hamster..................................... 46
5.2 Efeito citopático............................................................... 47
5.3 Atividade de cisteil proteinase.......................................... 48
5.4 Microarray....................................................................... 49
5.5 PCR em Tempo Real ........................................................ 52
5.6 Supressão por hibridização subtrativa..............................
53
5.6.1. Obtenção de populações de cDNAs específicos............
53
5.7 Clonagem........................................................................ 54
5.8 Sequenciamento.............................................................. 56
5.9 cDNAs que possivelmente codificam proteínas..................
56
5.10 Análise por RT- PCR......................................................
58
6. Discussão........................................................................... 59
7. Conclusão............................................................................
70
8. Referências bibliográficas.................................................. 71
9. Anexos.................................................................................
79
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Cisto e trofozoíto de Entamoeba histolytica.................................03
Figura 2- Seqüências dos adaptadores e iniciadores utilizados na realização
da técnica SSH..........................................................................................35
Figura 3. Esquema da técnica SSH............................................................38
Figura 4- Mapa circular do vetor pGEM-T easy e pontos de referência na
seqüência...................................................................................................43
Figura 5 Fígados de hamster inoculados com trofozoítos das cepas 452,
EGG e DRP de E. histolytica.......................................................................47
Figura 6- Percentagem de monocamadas de células CHO após inoculação
com trofozoítos de E. histolytica (EGG, DRP, HM1, 32, 452)........................48
Figura 7- Gráficos de Normalização para os canais verde e vermelho em
todos os arrays..........................................................................................50
Figura 8- Gel de agarose a 0,8% em TBE 1X representando os produtos
digeridos com RsaI, antes e depois do processo de subtração,
respectivamente...................................................... ..................................54
Figura 9- Gel de poliacrilamida 5% corado pela prata mostrando os
resultados do PCR das colônias de bactérias transformadas com fragmentos
selecionados por SSH da cepa EGG............................................................55
Figura 10- Gel de poliacrilamida 5% corado pela prata, mostrando os
produtos de restrição EcoR1 dos plasmídeos obtidos nas mini preparações
das diferentes colônias...............................................................................55
Figura 11- Estudo da expressão das quatro proteínas diferencialmente
expressas em gel de poliacrilamida 5% mostrando os amplicons gerados pela
técnica de RT-PCR para cada uma das proteínas........................................58
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Quadro 1- Cepas de E. histolytica* e suas formas clínicas.........................23
Quadro 2- Distribuição das cepas de E. histolytica quanto a sua coloração
(cye3 e Cye5), nas lâminas de microarray..................................................28
Tabela 1- Desenvolvimento da lesão no fígado de hamster (Mesocricetus
auratus) inoculados com trofozoítos de E. histolytica mantidas em cultivo
axênico......................................................................................................46
Tabela 2- Atividade específica de cisteil proteinase (mU/mg) nas diferentes
cepas analisadas.......................................................................................48
Tabela 3- Gene diferencialmente expresso nas cepas de E. histolytica EGG
em comparação com a cepa HM1...............................................................51
Tabela 4- Confirmação dos resultados PCR em tempo real........................52
Tabela 5- Identificação das possíveis proteínas codificadas pelos cDNAs
específicos de cada uma das cepas de E. histolytica...................................57
Lista de Abreviaturas
BAC
Primer direto e reverso da β- actina
CD Colite disentérica
cDNA DNA complementar obtido apartir do mRNA
CHO Células do ovário de hamster chinês
CP Cisteil proteinase
cp1,cp2,cp5 Cisteil proteinase 1, cisteil proteinase 2 e 5
CPf Primer cisteil proteinase forward (direto)
CPr Primer cisteil proteinase reverso
Cye3 Corante cyanine 3
Cye5 Corante cyanine 5
DEPC dietilpirocarbonato
DNA Äcido desoxirribonucléico
dNTPs Deoxynucleoside triphosphate: dATP+dGTP+dCTP+dTTP
dUTP Deoxyuracyle triphosphate
EDTA Ethyl-enediaminetetraacetic acid
ESTs Expressed Sequence Tags
Gal/GalNAc Lectina de superfície amebiana,
IgA Imunoglobulina da classe A
IgG Imunoglobulina da classe G
IPTG
Isopropil-β- D- Tiogalactopiranosídeo
KCl Cloreto de potássio
M Massa moleular
MgCl2 Cloreto de magnésio
mRNA Äcido ribonucléico mensageiro
NaCl Cloreto de sódio
NaOH Hidróxido de sódio
pb Pares de bases
pH Potencial hidrogeniônico
PBS Phosphate Buffered Saline
PCR Polymerase Chain Reaction
PM Peso molecular
SAGE Serial Analysis of Gene Expression
SSH Suppression Subtractive Hibridisation
RT-PCR Transcriptase reversa - Polymerase Chain Reaction
TAE Tampão Tris acetato EDTA
TBE Tampão Tris borato EDTA
TE Tampão Tris EDTA
X-gal
5 bromo-4-cloro-3-indolyl β- galactosídeo
WHO World Health Organization
RESUMO
A amebíase é uma infecção humana causada pela Entamoeba
histolytica, um parasita patogênico e invasivo que causa morte de cerca de
100.000 indivíduos por ano, causando principalmente, uma colite
fulminante. Um dos aspectos mais interessantes na biologia amebiana é a
grande variabilidade no potencial virulento das mesmas. A E. histolytica
tem uma notável habilidade de destruir tecidos, apresentando assim um
comportamento patogênico. Como esse comportamento não se estende por
todas as cepas, as bases moleculares do processo de citotoxicidade têm
sido muito investigadas. Dados da literatura sugerem que as Cisteil
proteinases (CP) tem uma importante contribuição na invasão e destruição
de tecidos pela E. histolytica.
Este trabalho tem como objetivo a caracterização da virulência em
cepas de E. histolytica isoladas de diferentes casos clínicos e análise da
expressão diferencial de genes possivelmente envolvidos com a virulência,
utilizando as técnicas de supressão por hibridização subtrativa (SSH) e
microarray.
Para isto, as cepas foram mantidas em cultura axênica e
caracterizadas quanto a capacidade de produzir lesão em fígado de
hamster, efeito citopático em células CHO e atividade de CP.
A expressão dos genes que codificam a CP das cepas foi analisada
através da técnica de microarray, utilizando a cepa HM1 como controle,
para esse estudo foram selecionadas duas cepas de E. histolytica isoladas
de pacientes assintomáticos (452 e 32) e três cepas isoladas de pacientes
sintomáticos (EGG, HM1 e DRP). Os resultados do microarray foram
confirmados pela técnica de PCR em tempo real. Para a análise da
diferença de expressão pela técnica de SSH foram utilizadas a cepa mais
virulenta, EGG e a menos virulenta, 452. Esta metodologia combina o
hibridização de cDNA com a técnica de PCR e permite a seleção de genes
com expressão diferenciada nas amostras analisadas.
Nossos resultados demonstraram que a caracterização das cepas,
tanto, in vivo quanto in vitro, concordavam com os sintomas clínicos dos
pacientes de onde as cepas foram obtidas. Foi observada uma grande
variação na virulência entre as cinco cepas analisadas, no entanto, nossos
resultados demonstraram diferença estatística na expressão apenas no
gene CP1, para as cepas EGG e HM1.
Em nossos resultados de subtração identificamos 9 fragmentos de
cDNAs, os quais apresentaram alta homologia a genes já previamente
seqüenciados do genoma de E. histolytica. Mas apenas quatro destes genes
foram confirmados pela RT- PCR. Dentre eles estão duas proteínas
hipotéticas e uma proteína rica em cisteína, sendo expressos na cepa EGG
e a proteína Grainin 2 expressa na cepa 452.
Os resultados do microarray sugerem que as funções de avaliação
da virulência realizadas neste estudo têm pouca relação com a expressão
de cisteil proteinase. A técnica de SSH foi uma boa ferramenta para
identificação rápida de novos genes diferencialmente expressos e a análise
desses genes pode expandir a compreensão sobre a patogênese amebiana,
identificando genes que podem constituir alternativas como alvo para o
desenvolvimento de novos fármacos e novas técnicas de diagnóstico.
ABSTRACT
Amoebiasis is a human infection caused by Entamoeba hystolytica,
an invasive pathogenic parasite that causes the death of 100.000 of people
per year, mainly by fulminant colitis. One of the most important aspects of
this parasite biology is the great variability in the virulent potential of
them. The E. histolytica have a notable capacity of destroy tissues,
presenting a pathogenic behavior. Because this behavior is not shared by
all strains, the molecular basis of the cytotoxity process had been
exhaustively investigated. Data from the literature suggest that the
cysteine proteases (CP) have a great importance in the tissues invasion
and destruction by the E. histolytica.
This work have as main objective the E. histolytica strains virulence
characterization isolated from different patients and analyses of differential
expression of genes that probably are involved in the E. histolytica
virulence using Suppression subtractive hybridization (SSH) and
microarray techniques. To perform this work, the strains were kept in
axenic cultures and characterized by their damage capacity in the guinea
pig liver, cytopathic effect in CHO cells and CP activity.
The genes expression that codify the CP from studied strains were
analyzed by microarray technique, using HM1 strain as control. We
selected two strains from asymptomatic patients (452 and 32) and tree
strains isolated from symptomatic patients (EGG, HM1 and DRP). The
microarray results were confirmed by real time PCR. To analyze the
differential expression by SSH technique, we used the most (EGG) and the
less (452) virulent strains. This methodology combines the cDNA
hybridization with the PCR technique and permits the genes selection with
differential expression in the analyzed samples.
Our results demonstrated that strains characterization as in vivo as
in vitro, agreed with the patients clinical symptoms from where the strains
were obtained. We noted a great variation in the virulence among the five
analyzed strains, nevertheless, our results showed statistical differences in
the expression only in the CP1 gene to EGG and HM1 strains.
Our subtraction results identified nine fragments from cDNAs that
represent a high homology in previously sequentiated genes from E.
histolytica genome. However, just four genes were confirmed by RT-PCR.
Among them we found two hypothetic proteins, one protein rich in cysteine
been expressed in the EGG strains and the Grainin 2 protein expressed in
the 452 strain. Results from microarray technique suggest the virulence
present a low relation with Cisteil proteases relation. The SSH technique
was a great tool to a quick identification of new genes differentially
expressed and we believe that analysis of these genes can expand the
comprehension about the amebiasis pathogenesis, identifying genes that
can constitute new targets to development of drugs and diagnostic
techniques.
1. INTRODUÇÃO
1.1. Amebíase
A Entamoeba histolytica é o agente etiológico da amebíase hepática
(abscesso amebiano) e da colite amebiana, sendo causadora de infecções
humanas em escala global culminando em sofrimento e morte.
Anualmente cerca de 50 milhões de pessoas apresentam doença na forma
invasiva, resultando em 100.000 óbitos, sendo assim, a segunda causa
mais comum de morte por doenças parasitárias em humanos (WHO,
1997).
Em muitas infecções de E. histolytica o parasito vive como comensal
no intestino, sendo o indivíduo infectado considerado portador
assintomático. Os pacientes sintomáticos apresentam formas invasoras,
que são responsáveis por alterações intestinais e extraintestinais (Que &
Reed, 1997), caracterizadas por uma grande diversidade de quadros
clínicos. A amebíase intestinal pode determinar colite não disentérica,
colite disentérica, amebomas, apendicite e amebíase extra-intestinal,
podendo, algumas vezes, ocorrer infecção de órgãos como pulmão, cérebro,
baço, rim e outros.
A colite amebiana não disentérica é característica da forma
intermediária da amebíase (Cunha et al., 1977). Nesta, as manifestações
clínicas são marcadas por evacuações diarréicas ou não, em alternância
com períodos de funcionamento normal do intestino. A colite amebiana
disentérica é caracterizada por cólicas intestinais e diarréia muco-
sanguinolenta, acompanhadas de tenesmo e tremores de frio. O indivíduo
é acometido de diarréia com evacuações freqüentes, chegando a mais de
dez vezes por dia, com fezes líquidas e muco-sanguinolentas. As formas
agudas, fulminantes de colite disentérica, podem ser resultado da
confluência das úlceras com necrose de grandes porções, muitas vezes
com contaminação por bactérias do trato intestinal, culminando em
perfurações múltiplas.
A apendicite por ameba é decorrente da ulceração ceco-apendicular,
seguida de processo inflamatório do apêndice. O ameboma é encontrado
no ceco, geralmente em lesão única, resultante da junção de várias
úlceras, formada por massas granulomatosas que podem ser confundidas
com neoplasias.
A manifestação extraintestinal mais comum da doença ocorre no
fígado, onde a E. histolytica provoca necrose de expansão lenta,
erroneamente chamada de abscesso, pois não formação de membrana
piogênica e de pus. sim uma necrose coliquativa do parênquima em
conseqüência da ação enzimática das amebas, com cavidades contendo
um líquido amarelado, esverdeado ou amarronzado, pelo pigmento biliar
(Silva, 1997). A necrose amebiana do fígado pode provocar dores brandas
na base do pulmão e no fígado, hepatomegalia, febre, tosse e dores
abdominais (Petri et al., 2002; Stanley, 2003). Esta fase é caracterizada por
anorexia, anemia leve, leucocitose sem eosinofilia, altas taxas de
eritrócitos, entre outros (Stanley, 2003). Os indivíduos infectados podem
apresentar a doença hepática meses ou anos após a infecção, sendo que
geralmente não apresentam cistos nas fezes e nem infecção no intestino.
1.2. Morfologia e biologia
A E. histolytica apresenta em seu ciclo de vida quatro estágios
evolutivos, trofozoítos, pré-cistos, cistos e metacistos. Os cistos e
trofozoítos são fases bem definidas do parasito e os pré-cistos e metacistos,
fases intermediárias. O pré-cisto é uma forma intermediária entre o
trofozoíto e o cisto, são ovais e menores que o trofozoíto e o metacisto é o
estágio anterior à formação dos trofozoítos maduros.
Os cistos (fig. 1-A) são esféricos e medem de 8 a 20 µm de diâmetro,
apresentam em seu envoltório uma parede refratária, formada de quitina,
bastante rígida. Os núcleos variam em número de um a quatro,
apresentam vacúolo de glicogênio, corpos cromatóides em forma de
bastonetes. O núcleo é vesicular e esférico, sendo regularmente revestido
com grânulos de cromatina, apresentando cariossoma pequeno e situado
no centro do núcleo.
Figura 1- Cisto (A) e trofozoíto (B) de Entamoeba histolytica.
O metacisto é uma ameba tetranucleada, liberada pelo cisto por um
mecanismo ainda o elucidado, que após uma série de divisões nucleares
e citoplasmáticas irá originar quatro e depois oito amebas uninucleadas,
denominadas de trofozoítos metacísticos. Os trofozoítos da E. histolytica
(figura 1- B), ao contrário dos cistos, são móveis, unicelulares e seu
tamanho varia entre 10 a 40 µm, podendo chegar a 60 µm nas formas
invasivas. Apresentam geralmente um núcleo, que mede de 4 a 7 µm,
com cariossoma também central, membrana nuclear delgada e cromatina
uniforme sob a forma de finos grânulos na periferia da carioteca. São
pleomórficos e muito ativos na captação de alimentos (fagocitose). O
citoplasma é diferenciado em ectoplasma claro e hialino e endoplasma
granuloso, contendo vacúolos. Quando isolado de infecções invasivas seu
citoplasma pode se apresentar repleto de eritrócitos.
A locomoção das amebas se através de pseudópodes e a energia
para a constante movimentação provém da conversão anaeróbica da
glicose e piruvato para, principalmente, etanol (Stanley, 2003). A ingestão
de alimentos se dá por fagocitose e pinocitose (Martinez-Palomo, 1988).
Os estudos sobre a ultraestrutura dos trofozoítos mostraram que a
E. histolytica não apresenta retículo endoplasmático, complexo de golgi,
centríolos, microtúbulos e mitocôndria clássica, sendo a energia derivada
de processo fermentativo (Stanley, 2005). Mesmo assim, a E. histolytica é
considerada uma célula eucariótica, pois apresenta o DNA confinado
envolto em uma membrana nuclear. Interessantemente os ribossomos são
arranjados em hélices no citoplasma, sendo denominados de corpos
cromatóides (Lohia, 2003).
Como alguns protozoários parasitas, a E. histolytica tem o ciclo de
vida simples e apresenta, como hospedeiro natural, somente o homem e
outros primatas (Stanley, 2003). A infecção geralmente começa através da
ingestão de cistos junto com água e/ou alimentos contaminados com fezes
de humanos. Os cistos sobrevivem à ação do suco gástrico e chegando ao
final do intestino delgado ou início do grosso, onde a tensão de oxigênio é
baixa, através de uma pequena fenda na parede cística, liberam o
metacisto que sofre sucessivas divisões nucleares e citoplasmáticas, dando
origem a quatro e depois oito trofozoítos, chamados trofozoítos
metacísticos. Estes normalmente residem no intestino grosso, aderidos ao
muco colônico e às células epiteliais. A E. histolytica geralmente persiste
por meses ou anos no intestino como comensais, no entanto,
ocasionalmente o parasita penetra na mucosa do intestino, induzindo a
colite ou se disseminando para outros órgãos.
Ao contrário de alguns protozoários parasitas, a invasão de tecidos
por E. histolytica não parece fazer parte do seu ciclo de vida. Nos tecidos, o
trofozoíto não se diferencia em cisto e não é transmitido a outros
hospedeiros.
Para completar o ciclo normal, os trofozoítos se desprendem da
mucosa e caem na luz intestinal, se diferenciando em pré-cistos. O
encistamento ocorre no cólon e o ciclo de vida se completa quando o cisto
infeccioso é eliminado juntamente com as fezes para o meio ambiente. Os
fatores que determinam o encistamento não são bem conhecidos.
Os cistos, dependendo das condições ambientais, permanecem
infectantes de semanas a meses (Ravdin, 1988). Os trofozoítos não têm
importância na transmissão da amebíase, pois, são destruídos quando
expostos a enzimas e ao ácido clorídrico do trato gastrointestinal
(Martinez-Palomo, 1988). Os trofozoítos se multiplicam por reprodução
assexuada e foram, por um longo tempo, classificados como amitóticos. No
entanto, com o projeto genoma da E. histolytica descobriu-se que existem
genes homólogos àqueles requeridos na mitose de organismos eucariotos,
surgindo assim, mais uma questão a ser resolvida na amebíase (Lohia,
2003; Stanley, 2005).
1.3. Histórico e classificação
Lambl, em 1860, registrou pela primeira vez a infecção de humanos
por ameba, tendo a encontrado em fezes de uma criança com disenteria.
Depois, em 1871, Cunnigham isolou esse protozoário das fezes diarréicas
de um indivíduo com cólera, na Índia, associando o mesmo a essa
enfermidade. Posteriormente, Lösch também encontrou amebas nas fezes
de um camponês que apresentava disenteria, diarréia, dor abdominal e
febre, e infectou es com as fezes deste paciente. A autópsia dos cães
revelou amebas e um intenso processo ulcerativo no intestino grosso dos
mesmos. Estas foram denominadas de Amoeba coli (Lösch, 1875).
No século 19, Kartulius e Koch, estudando pacientes com quadro de
disenteria tropical, atribuíram essa enfermidade às amebas (Kartulius,
1886; Köch & Graffki, 1887).
A descrição patológica da invasão do intestino e do fígado pelas
amebas foi realizada por Coucilman e Lafleur, que foram os primeiros
pesquisadores a usarem as expressões “abscesso amebiano do fígado” e
“disenteria amebiana” (Councilman & Lafleur, 1891).
Os cistos do parasito foram descritos por Quincke e Ross, que
atribuíram aos mesmos a forma infectante da Entamoeba, além de terem
identificado diferentes espécies de amebas que poderiam viver no cólon
humano (Qunicke & Ross, 1893). Em 1903, Schaudinn demonstrou a
existência de dois tipos de ameba infectando o homem, uma patogênica e
outra não, denominando a forma não patogênica de Entamoeba coli e a
patogênica de Entamoeba histolytica, devido a sua extraordinária
habilidade de lisar tecidos (Schaudinn, 1903). No entanto, esta habilidade
não se estende a todas as cepas do parasito. Ao contrário, na maioria das
infecções o parasito se comporta como não invasivo.
Assim, várias postulações foram feitas para explicar esta
variabilidade da virulência amebiana. As três hipóteses mais importantes
foram:
Teoria unicista (Dobell, 1919) - Postula que toda E. histolytica seria
invasiva, ou seja, capaz de produzir lesões no tecido. Entretanto,
algumas amebas pouco invasivas causariam sintomas pouco
intensos que passariam desapercebidos pelo indivíduo infectado.
Teoria dualista (Brumpt, 1925) Postula a existência de duas
espécies morfologicamente semelhantes, a E. dysenteriae,
patogênica, responsável pela forma sintomática da doença e a E.
dispar, comensal. Esta teoria não foi muito aceita na época, devido
a inexistência de métodos para distinguir as espécies.
Teoria neodualista ou pluralista (Hoare, 1961)- Postula que a E.
histolytica possui uma variabilidade no seu potencial patogênico e
que existem cepas com diferentes graus de virulência, causando
desde infecções assintomáticas até formas graves da doença.
Dentre as teorias propostas a pluralista era a mais aceita até o
século XX. Depois dessa época a teoria dualista começou a ganhar
adeptos, devido a observações feitas por Sargeaunt e colaboradores que
observaram diferenças no perfil enzimático de isolados patogênicos e não
patogênicos, sendo correlacionados com a forma clínica e parâmetros
biológicos de E. histolytica (Sargeaunt, 1982).
Outros autores estabeleceram diferenças entre isolados patogênicos
e não patogênicos, principalmente em nível molecular, levando o comitê de
peritos da Organização Mundial de Saúde (WHO, World Health
Organization) em 1997, a apoiar a teoria dualista.
Apesar da E. histolytica e da E. dispar serem morfologicamente
idênticas, filogeneticamente relacionadas (aproximadamente 98% do RNA
ribossômico-rRNA é idêntico) e apresentarem hospedeiros e estágios de
desenvolvimento semelhantes, estas duas espécies são muito diferentes
considerando a patogenicidade in vivo. Ambas colonizam o intestino
humano, mas somente a E. histolytica é capaz de causar a doença, sendo a
E. dispar não patogênica (MacFarlane et al., 2005). Portanto, a maioria dos
casos assintomáticos de infecção por amebas tetranucleadas, antes
considerados como sendo causados pela E. histolytica, são agora
atribuídos à E. dispar (WHO, 1997). A confirmação da existência da
Entamoeba dispar é talvez uma das constatações mais importantes
atualmente na pesquisa em amebíase.
1.4. Epidemiologia e prevalência
Estimava-se que aproximadamente 10% da população mundial
estivesse infectada com E. dispar ou E. histolytica (Rakel, 1998).
Entretanto, estudos epidemiológicos indicam que a maioria dos indivíduos
infectados com E. histolytica/E. dispar não desenvolvem a doença na
forma invasiva. Aproximadamente 90% são assintomáticos, 10%
apresentam colites amebianas e 1% desenvolvem o abscesso amebiano no
fígado (Gathiram & Jackson, 1985; Walsh, 1986).
A colite amebiana tem sido geralmente reportada em crianças e
adultos de ambos os sexos. No entanto o abscesso amebiano é mais
prevalente em homens na faixa de 18 a 50 anos. A razão para essas
diferenças na taxa de infecção da amebíase hepática não é conhecida, mas
especula-se que efeitos hormonais e o alto consumo de álcool sejam
possíveis fatores (Stanley, 2003).
A prevalência de E. histolytica na população homossexual é alta,
variando de 20 a 30% nos homens.
A amebíase possui distribuição cosmopolita, com maior prevalência
nas regiões tropicais e subtropicais, onde ocorre com maior gravidade.
Essa incidência parece não estar relacionada com os fatores climáticos,
mas sim com as precárias condições de higiene e educação sanitária, fruto
do subdesenvolvimento dessas regiões. Em regiões subdesenvolvidas, onde
as barreiras entre fezes humanas, água e comida são inadequadas, a
amebíase constitui um alto risco à saúde. De acordo com a WHO (1997),
estima-se que na América existam aproximadamente 95 milhões de
infectados, 10 milhões de enfermos e até 30 mil mortes anuais. A
amebíase constitui problema de saúde pública no México, Índia,
Bangladesh, leste e sul da África, Vietnam e América do Sul (Zlobl, 2001).
Atualmente, a verdadeira prevalência e incidência da E. histolytica é
especulativa, devido à existência da E. dispar e das dificuldades ainda
presentes na diferenciação das duas espécies. No México, 15% dos casos
de crianças com disenteria aguda estão associados a E. histolytica
(Gutierrez, 1986), sendo a população deste país a mais atingida pela
doença tanto na forma intestinal quanto assintomática (Biagi & Beltran,
1969; Sepulveda, 1976). E, de acordo com Crevenna e colaboradores
(1972), o abscesso amebiano no fígado chegou a ocupar o lugar entre as
causas de morte na cidade do México.
Nos EUA, muitos dos casos de amebíase, resultaram de imigrantes
de áreas endêmicas. Em 1993, 2970 casos de amebíase foram relatados
nos EUA, destes 33% de imigrantes vindos do México, América Central e
do Sul e 17% vindos da Ásia e Ilhas do Pacífico (Stanley, 2003). Barwick e
colaboradores (2002) relataram um surto epidêmico ocorrido recentemente
na República da Geórgia, através de contaminação fecal na rede pública de
abastecimento de água.
A Ásia é o continente com maior número de pessoas infectadas
apresentando 300 milhões de infectados e até 50 mil mortes anuais (WHO,
1997). Em Hue, uma cidade com aproximadamente 1 milhão de pessoas
no Vietnam, foram identificados, em um único hospital, 1500 casos de
amebíase hepática no intervalo de 5 anos (Pham et al., 1996).
A África apresenta uma alta incidência de amebíase invasiva,
apresentando 85 milhões de infectados e a 20 mil mortes por ano
(Guerrant, 1986).
O subdesenvolvimento e o clima podem favorecer, mas não
determinar a ocorrência de casos mais graves nestas regiões, pois países
como o Brasil, subdesenvolvidos e de clima tropical, apresentam
prevalência maior de amebíase assintomática. De acordo com Cunha
(1975) as formas de colite disentérica são pouco freqüentes no Brasil,
havendo predominância da forma de colite não disentérica. Assim, é
provável que a E. dispar seja mais freqüente que a E. histolytica em nosso
meio, sendo que a prevalência varia de 4 a 40% dos casos de amebíase
(Braga et al., 2001; Silva et al., 2005). No entanto, considerando a alta
percentagem de assintomáticos infectados com E. histolytica no Brasil
(Gomes et al., 1999) as distribuições da E. dispar e da E. histolytica devem
ser determinadas. No sul e sudeste do país, a prevalência de amebíase
varia de 2,5 a 11%. Já na região Amazônica, ocorrem casos mais graves da
infecção e estes chegam a representar 19% entre os infectados (Araujo et
al., 1988).
No hospital universitário Getúlio Vargas de Manaus (AM) foram
relatados vários casos de amebíase hepática, sendo maior a predominância
dos casos sintomáticos de colite não disentérica (65,2%) que os casos
assintomáticos (34,8%). Também em Manaus, Benetton e colaboradores
(2005) encontraram uma prevalência de 21,5% de indivíduos infectados
por E. histolytica/E. dispar e destes apenas 1,5% foram por E. histolytica.
Recentemente, foi encontrada, na grande Belém/PA, uma prevalência de
29,35% de E. histolytica, tendo sido demonstrada uma relação significativa
entre a presença de E. histolytica e o desenvolvimento de diarréia e cólicas
intestinais em pacientes residentes nesta cidade (Silva et al., 2005).
1.5. Patogenia e virulência
décadas atrás, Walker e Sellards (1913), demonstraram
diferenças na resposta individual de voluntários infectados com cistos
provenientes de um único paciente com disenteria amebiana. Ocorreram
manifestações clínicas, que variaram de assintomáticas a colites
disentéricas. Desde então, investigadores têm questionado porque alguns
hospedeiros são mais susceptíveis a amebíase que outros. Hoje se sabe
que a citotoxicidade observada nas cepas de E. histolytica é
indiscutivelmente, um evento multifatorial. Várias teorias têm sido
propostas para tentar explicar a disparidade entre as diferentes
manifestações clínicas. Sabe-se que o potencial patogênico das cepas de E.
histolytica e a resposta imune dos hospedeiros contribuem para a
gravidade da doença. De acordo com Petri (2002), interações entre
trofozoítos de E. histolytica com glicoproteínas da mucosa intestinal
humana e com a microbiota bacteriana residente no intestino também são
importantes.
1.5.1. O processo invasivo
A invasão do tecido pela E. histolytica se inicia quando lectinas de
superfície interagem com resíduos de carboidratos, aderindo-se na mucosa
do intestino do hospedeiro. Através de movimentos amebóides os
trofozoítos atravessam a mucosa degradando a matriz extracelular (Keene
et al., 1986; Reed et al., 1989; Scholze et al., 1986). Depois, atingem a
submucosa e deslocam-se longitudinalmente através da mesma. Tal
deslocamento gera uma grande zona de necrose liquefativa que acaba por
promover o deslocamento da mucosa e o surgimento de uma úlcera. O
desprendimento de várias áreas de mucosa normal promove a coalescência
de várias úlceras. Mediadores químicos, liberados pelos tecidos normais e
necrosados, estimulam a migração principalmente de neutrófilos,
macrófagos e linfócitos, que se acumulam nas bordas da lesão dando
início a uma cascata de eventos, que leva a destruição e morte de células
do hospedeiro.
1.5.2. Fatores moleculares envolvidos com a virulência da ameba
Utilizando uma ampla variedade de modelos experimentais in vivo e
in vitro, diferentes tipos de moléculas amebianas têm sido sugeridos como
agentes indutores de destruição celular, a saber: adesinas, amebaporos,
colagenases, cisteil proteinases (CPs), serino proteinases e fosfatases
(Leippe et al., 1993; Lopez-Vancell et al., 2000; Que & Reed, 2000; Tavares
et al., 2005). Essas proteínas e outros antígenos de superfície do parasita
são potenciais alvos para vacinas.
Gal/GalNac lectina
A lectina de superfície amebiana Gal/GalNAc é responsável pelo
reconhecimento do açúcar galactose e N-acetyl galactosamina nas células
do hospedeiro (Stauffer & Ravdin, 2003). Essa lectina é composta de três
subunidades, uma subunidade leve de 31-35 kDa, uma pesada de 170
kDa, ambas ligadas por pontes dissulfeto e uma intermediária de 150 kDa
ligada não-covalentemente. A sub-unidade pesada é uma cadeia
transmembrana que consiste de um domínio extracelular dividido em três
regiões baseadas na sua seqüência de aminoácidos, e um domínio
citoplasmático carboxi-terminal formado por 41 aminoácidos. Tem sido
demonstrado, in vitro, que a cadeia transmembrana participa da aderência
do trofozoíto a várias células-alvo (Ankri et al., 1999a; Pacheco et al.,
2004).
Outras proteínas que participam da aderência também têm sido
identificadas (Huston, 2004), mas a lectina Gal/GalNac tem sido
considerada o maior fator de virulência da E. histolytica, definindo o
momento da invasão (Tavares et al., 2005).
Amebaporos
A partir da década de 80 foi descoberto que a ameba produz um
peptídeo capaz de formar canais de íons ou poros em membranas lipídicas
e de despolarizar as células alvo, denominado amebaporo. São peptídeos
membranolíticos de 77 aminoácidos, massa molecular em torno de 13
kDa, armazenados no interior de grânulos citoplasmáticos dos trofozoítos
(Leippe, 1997). Quando liberada ao meio de cultivo tem capacidade de
incorporar-se às bicamadas lipídicas, sem a necessidade de um receptor
específico, formando poros permeáveis a íons (Lynch et al., 1982).
A inibição da expressão do amebaporo em trofozoítos de E.
histolytica reduziu expressivamente a capacidade lítica sobre hemácias e
células renais de hamster, bem como a capacidade de produzir zonas de
necrose liquefativa em hamster (Bracha et al., 1999).
Cisteil proteinases
Outro grupo de proteínas muito estudado nas amebas é o das cisteil
proteinases, que são enzimas proteolíticas presentes nos organismos
eucariontes. São as principais enzimas encontradas nos lisados de E.
histolytica e consideradas como um dos fatores mais importantes de
virulência (Que & Reed, 2000). Têm sido associadas a citoaderência,
hemólise, citotoxidade, degradação de componentes da matriz extracelular,
evasão da resposta imune e aquisição de nutrientes (Ocadiz et al., 2005).
Tais enzimas hidrolizam o colágeno, elastina, fibrinogênio e
laminina, eliminando obstáculos mecânicos para que os trofozoítos
possam invadir os tecidos. As cisteil proteinases também ativam a via
alternativa do complemento através da hidrólise do componente C3. Estas
proteinases degradam C3a e C5a, além de IgA e IgG. A escassez de
neutrófilos ao redor das zonas de necrose liquefativa pode ser explicada
pela hidrólise de C3a e C5a (Que et al., 2002). Outros mecanismos eficazes
de evasão e inativação utilizados pelos trofozoítos são a inibição da
ativação de macrófagos e da expressão do complexo maior de
histocompatibilidade da classe II (MHC-II) (Huston, 2004). A adição de
laminina em cultura de trofozoítos de E. histolytica bloqueia a ligação de
CPs à matriz extracelular, reduzindo significativamente a formação de
lesões hepáticas (Li et al., 1995).
Vários dados experimentais indicam que as CPs parecem ser
realmente responsáveis por um número de efeitos considerados
importantes para a patogenicidade da E. histolytica. Keene e colaboradores
(1990) demonstraram, através de estudo citopático, utilizando-se de ZFA-
CH
2
F, um inibidor específico de CPs, que a patogenicidade da E. histolytica
está diretamente relacionada à atividade de enzimas desta família. Stanley
e colaboradores (2001) também demonstraram que o tratamento com o
inibidor de CPs E-64 bloqueou ou reduziu significativamente a formação
de abscesso hepático em ratos. Além disso, as CPs ativam a enzima
conversora de interleucina 1 (IL-1), estimulando sua produção e
contribuindo para o desenvolvimento da resposta inflamatória (Zhang et
al., 2000). A inibição da expressão das CPs não afeta o efeito citopático ou
a atividade hemolítica dos trofozoítos de E. histolytica, mas inibe sua
capacidade de fagocitar (Ankri et al., 1998). Esta inibição também interfere
no ciclo biológico e no metabolismo do parasito, sugerindo que as CPs tem
papel importante na fisiologia e são essenciais para sobrevivência do
mesmo (Olivos-Garcia et al., 2003).
Até 2003 apenas 8 genes que codificam para cisteil proteinase
tinham sido indentificados (cp1 a cp7 e cp112)(Bruchhaus et al., 1996b;
Garcia-Rivera et al., 1999; Reed et al., 1993). Em 2003, Bruchhaus e
colaboradores, encontraram 12 novos genes de CPs em E. histolytica, e
através de análises de Northern Blot comparativo, avaliaram os 20 genes
de CP existentes e detectaram que somente alguns são expressados em
culturas de trofozoítos. Sendo os genes que codificam para cp1, cp2 e cp5,
além de mais altamente expressos, responsáveis por no mínimo 90% da
atividade total das cisteil proteinases na cultura de E. histolytica.
Os genes cp2, cp3, cp4 e cp6 foram encontrados tanto em E.
histolytica como em E. dispar com uma similaridade de 95% em suas
seqüências. os genes cp1 e cp5 o foram inicialmente, encontrados na
E. dispar quando analisados pelo método de Southern blot (Bruchhaus et
al., 1996a). De acordo com outros autores (Freitas et al., 2004; Wilihoeft et
al., 2001), o gene cp5 na E. dispar está altamente degenerado e não
contém estruturas do tipo “open reading frame” (ORF), sugerindo que ele
esteja não funcional por um considerável período de tempo na evolução
das amebas não patogênicas. A localização da cp5 na superfície da ameba,
associada a sua ausência na E. dispar, faz com que ela seja uma excelente
candidata à molécula chave na capacidade invasiva da E. histolytica
(Jacobs et al., 1998). De acordo com Ankri (1999a), trofozoítos de amebas
transfectadas com DNA antisense do gene que codifica para cp5
apresentaram uma redução de 90% na atividade total de CPs, o que
amenizou o desenvolvimento de lesões hepáticas intensas em fígado de
hamsters e reduziu a capacidade de eritrofagocitose amebiana. Uma
interessante hipótese para a função primária de todas as CPs pode ser a
digestão de nutrientes. Entretanto, a cp5 e a cp112, que são localizadas na
superfície e excretadas pela ameba, podem ser importantes na invasão de
tecidos do hospedeiro pelo trofozoíto (Que et al., 2002).
Mais recentemente, com a descrição do genoma da ameba, dez novas
CPs com N-terminais preditos como ancoras de membranas, foram
identificadas na E. histolytica (Loftus et al., 2005). Assim, existem mais de
30 genes ligados a CP neste organismo (Sato et al., 2006). Entretanto
pouco se sabe a respeito de suas posições na membrana.
Trabalhos recentes têm demonstrado que cepas de E. histolytica com
diferentes graus de virulência apresentam diferentes níveis de expressão
entre cisteil proteinases (Bruchhaus et al., 1996b; MacFarlane & Singh,
2006; Que & Reed, 1997; Tannich, 1998).
A despeito desses e outros estudos, concluímos que muito ainda
falta ser elucidado sobre a citotoxicidade amebiana. Estudos de análise da
expressão e diferenciação gênica em amebas isoladas de diferentes casos
clínicos podem contribuir para uma melhor compreensão da biologia deste
parasita. O desenvolvimento de “projetos genoma” proporcionou o avanço
no conhecimento do genoma de vários organismos, possibilitando a
utilização de técnicas de identificação e quantificação de seqüências
gênicas específicas. Além disso, a construção da biblioteca genômica da E.
histolytica possibilitou a identificação de rios genes que podem ser
importantes como fatores de virulência.
Várias metodologias para a análise da expressão diferencial de genes
vêm sendo empregadas para identificar genes envolvidos no processo da
invasão amebiana. E novas técnicas de expressão diferencial de genes
estão sendo descritas como a análise comparativa de ESTs (“Expressed
Sequence Tags”), SAGE (“Serial Analysis of Gene Expression”), Geneship, a
hibridização subtrativa e o microarray. Para isto utilizaremos no presente
trabalho, duas novas técnicas de determinação da expressão diferencial de
genes, o microarray e a supressão por hibridização subtrativa (SSH).
1.6. Microarray
O microarray tem revolucionado a era pós-genômica. Esta técnica foi
descrita no final da década de 90 e se tornou o método de escolha no
monitoramento da expressão gênica de larga escala (Granjeaud et al.,
1999). É utilizada para se determinar padrões de expressão diferencial,
comparando diferenças nos níveis de RNAm entre células idênticas
submetidas a diferentes estímulos ou entre diferentes tipos celulares ou
estágios de desenvolvimento. Esta técnica apresenta uma série de
características vantajosas, tendo se tornado o método mais comumente
usado para comparar padrões de expressão gênica (MacFarlane et al.,
2005). O microarray tem sido utilizado em diversas linhas de estudo
incluindo interação parasito-hospedeiro, doenças auto-imunes,
investigações de processos celulares, etc. Vários estudos de expressão
gênica, empregando o microarray, foram desenvolvidos em células
humanas (Loftus et al., 1999; Yang et al., 1999), de plantas (Schena et al.,
1995), camundongos (Tanaka et al., 2000), animais domésticos (Araújo,
2003) entre outros.
Cada gene representado na lâmina é denominado de elemento e se
constitui em uma sonda (probe) de um experimento do microarray. O
cDNA obtido a partir do RNAm de duas diferentes amostras é marcado
com moléculas repórteres fluorescentes diferentes e empregado na
hibridação comparativa na lâmina onde se encontram depositados os
fragmentos de genes conhecidos, arranjados em forma de matrizes (spots).
Após período de hibridização, a lâmina é iluminada com luz (lazer ou luz
branca filtrada) na freqüência que excita os corantes (um de cada vez) e o
resultado da excitação é digitalizada para formar a imagem do microarray.
A imagem é segmentada e a intensidade dos pixels de um determinado
grupo de fragmentos do mesmo gene é usado para estimar a quantidade
do gene hibridizado em cada spot. Após isso se faz a análise matemático-
estatística dos dados gerados utilizando-se um programa de análise das
imagens, determinando-se o nível de expressão dos genes.
O microarray é foi utilizado na análise de genes de parasitas como
Trypanosoma brucei (El-Sayed et al., 2000), Trypanosoma cruzi
(Bartholomeu, 2002) e Entamoeba histolytica (Debnath et al., 2004;
MacFarlane et al., 2005). Macfarlane e colaboradores (2005), utilizaram
esta técnica para obter um perfil de expressão gênica comparativa entre E.
histolytica e E. dispar. Amebas expostas a colágeno e cálcio apresentaram
baixa expressão dos genes que codificam as proteínas Hsp70, amebaporos
e cisteil proteinases. O grupo de Guillen do Instituto Pasteur, desenvolveu
um microarray baseado em seqüências de cDNAs de aproximadamente
1300 genes da ameba e têm usado o mesmo no desenvolvimento de um
perfil transcripcional de E. histolytica durante a invasão hepática. Os
resultados desses experimentos demonstraram o potencial do microarray
nos estudos do genoma funcional e a possibilidade da sua aplicação nos
estudos dos mecanismos moleculares envolvidos com a patogenicidade
(Weber et al., 2006).
1.7. PCR em Tempo Real
O PCR em tempo real é, das técnicas recentes de genética molecular
a que mais tem permitido levar esta disciplina para as bancas do
Laboratório de análises Clínicas. As suas principais vantagens o a
grande rapidez, se executado em equipamentos fast-cycling e a enorme
sensibilidade e especificidade. Com o PCR-em-tempo-real, é possível
detectar a existência de um patógeno, ou de um gene humano, quantificar
o patógeno, ou o número de cópias do transcrito humano numa dada
amostra, bem como caracterizar a presença de mutações/polimorfimos no
patógeno ou no genoma do individuo em estudo. Outras aplicações
especialmente úteis para PCR é a clonagem de um determinado fragmento
de DNA que pode ser um gene e o conhecimento do DNA codificante
(cDNA) obtido á partir da molécula de RNA, o que permite o estudo da
expressão de genes. Além disso, alguns pesquisadores como Davis e
colaboradores (2006) e Weber e colaboradores (2006), têm utilizado essa
técnica como validação de resultados de técnicas que comparam padrões
de expressão gênica como microarray. No presente trabalho utilizaremos
esta técnica com o mesmo intuito desses autores, confirmar a diferença de
expressão entre os genes analisados no microarray.
1.8. Supressão por hibridização subtrativa
A técnica de supressão por hibridização subtrativa (SSH),
começou a ser utilizada em 1996 por Diatchenko e colaboradores, se
baseia na identificação de genes que são expressos apenas em células e
tecidos de interesse, combinando hibridizações de cDNA com a reação em
cadeia da polimerase (PCR). É uma técnica com uso ainda restrito. Tem
sido utilizada como importante ferramenta na caracterização de genes
diferencialmente expressos em células e tecidos e representa uma
importante metodologia para caracterização e entendimento da patogênese
ao nível de espécie, podendo ser utilizada para identificação de genes
específicos que possam determinar virulência, resistência a drogas,
infecciosidade, patogenicidade, entre outros. A SSH possibilita que genes
expressos em altos níveis não sejam clonados e que genes específicos de
determinadas estruturas, geralmente pouco expressos, sejam selecionados
(Diatchenko et al., 1999).
Utilizando-se desta metodologia, Akopyants e colaboradores (1998)
estudaram genes diferentemente expressos em cepas patogênicas de
Helicobacter pylori. Charlab e colaboradores (1999) foram capazes de
selecionar e identificar genes específicos de glândulas salivares de
Lutzomyia longipalpis. Hufton e colaboradores (1999) identificaram genes
diferentemente expressos em células cancerosas em comparação com
células normais e Spielmann e Beck (2000) isolaram genes estágio-
específicos em Plasmodium falciparum. Atalay e colaboradores (2002)
identificaram genes diferencialmente expressos em células cancerosas em
comparação com células normais. Além disso, alguns pesquisadores
estudaram, em certos organismos, genes que são expressos mediante
determinados estímulos. Desta forma, Kuang e colaboradores (1998)
demonstraram a expressão diferencial de genes em células cancerosas
(câncer de mama) induzida pela adição de estrógeno. Hao e colaboradores
(2001) descreveram genes envolvidos na expressão de peptídeos
antimicrobianos em Glossina morsitans morsitans. Lockyer e colaboradores
2006 descreveram genes envolvidos com a interação Schistosoma-
caramujo, comparando linhagens de caramujo Biomphalaria glabrata
resistentes e susceptíveis quando expostos a Schistosoma mansoni e
também uma linhagem de caramujo resistente exposta e não exposta ao
Schistosoma.
2. JUSTIFICATIVA
Nos últimos anos, técnicas de genética molecular e novos modelos de
estudo de doenças têm esclarecido muito sobre a patogênese da amebíase.
De acordo com a literatura, vários argumentos justificam a
patogenicidade da E. histolytica e apesar da relevância de cada um dos
mecanismos analisados, questões fundamentais sobre a diferença entre E.
histolytica virulenta e a não virulenta ainda persistem.
Na tentativa de elucidar alguns fatores relacionados com a virulência
e a patogenicidade da E. histolytica, pretendemos caracterizar, quanto à
virulência, algumas cepas deste parasita, isoladas de diferentes casos
clínicos, além de analisar possíveis genes diferencialmente expressos,
através da técnica SSH e avaliar os níveis de expressão de cisteil
proteinases através da técnica de microarray.
Estes estudos podem fornecer informações a respeito da patogênese
da amebíase, além de identificar genes que possam constituir alternativas
como alvo no desenvolvimento de novos fármacos e novas técnicas de
diagnóstico.
3. OBJETIVOS
3.1. GERAL
Caracterização da virulência de cepas de E. histolytica isoladas de
diferentes casos clínicos no Brasil e análise da expressão diferencial de
genes possivelmente envolvidos com a virulência.
3.2. ESPECÍFICOS
Axenizar duas cepas de E. histolytica, mantidas em cultivo
monoxênico;
Avaliar a capacidade dos trofozoítos das diferentes cepas em lesar
tecidos “in vivo”, através da inoculação em fígado de hamster;
Determinar o efeito citopático das diferentes cepas sobre células de
ovário de hamster chinês (CHO);
Determinar a atividade de cisteil proteinases nas cepas estudadas;
Avaliar a expressão diferencial de 36 genes de cisteil proteinases,
utilizando o microarray;
Validar os resultados obtidos no microarray utilizando a técnica de
PCR em tempo real;
Isolar genes diferencialmente expressos através da técnica de
supressão por hibridização subtrativa; cloná-los e seqüênciá-los;
Validar os resultados obtidos na subtração através da técnica de RT-
PCR.
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Cepas de E. histolytica
Foram selecionadas cinco cepas de E. histolytica duas mantidas em
cultivo monoxênico, em meio TYI-S-33 (Diamond et al., 1978a) contendo
aproximadamente 10
6
/mL Chrithidia fasciculata no laboratório de
amebíase do Departamento de Parasitologia, ICB/UFMG e três mantidas
em cultivo axênico também em meio TYI-S-33 (Diamond et al., 1978a).
Estas cepas (quadro 1) foram isoladas e são mantidas no laboratório de
amebíase do Departamento de Parasitologia, ICB/UFMG, com exceção da
cepa HM1-USA isolada por De La Torre (1972), no México. O quadro a
seguir mostra a relação das cepas de E. histolytica utilizadas e a forma
clínica apresentada pelo paciente ao isolamento.
Quadro 1
Cepas axênicas de E. histolytica* e suas formas clínicas
*Gomes et al., (1999). CD = colite disentérica.
Pelo fato de estas cepas estarem mantidas em cultivo por longo
período e por estarem em constante manipulação, fez-se necessária a
caracterização da virulência, para procedermos às análises funcionais das
CPs.
4.2. Axenixação das cepas monoxênicas
Dentre as cepas estudadas somente a EGG e a DRP eram mantidas
em cultivo monoxênico, sendo necessária a axenização das mesmas para
uso no microarray e para um melhor perfil de comparação.
Para isso foram inoculados 1 x 10
6
trofozoítos em fígado de hamster
em um volume de 0,10 a 0,15 mL. Seis dias após a inoculação, os animais
foram sacrificados e abertos para exame macroscópico do fígado, os
trofozoítos foram então extraídos do fígado e mantidos em cultura axênica
contendo meio TYI-S-33, tratados com antibiótico (ofloxacina 40µg/mL) e
mantidos com repiques constantes por aproximadamente um mês, até sua
total axenização.
4.3. Inoculação em fígado de hamster
As culturas axênicas foram crescidas em 15 mL de meio de cultura
TYI-S-33. Os tubos foram transferidos para banho de gelo por 10 minutos.
Após esse período, os tubos foram centrifugados a 7000xg por 10 minutos,
o meio sobrenadante foi descartado, o sedimento ressuspendido em 1 mL
de PBS, feita a contagem em câmara de Neubauer e ajustadas as
concentrações desejadas do inóculo. Foram utilizados seis hamsters
(Mesocricetus auratus) com aproximadamente um mês de idade (cerca de
70 gramas). Os animais foram anestesiados com uma dose de 30 mg/kg de
pentobarbital sódico 3% (Hipnol
®
). A inoculação foi feita diretamente no
lobo esquerdo do fígado em um procedimento de laparotomia. O inóculo
consistiu de 1 x 10
6
trofozoítos em um volume de 0,10 a 0,15 mL. Seis
dias após a inoculação, os animais foram sacrificados e abertos para
exame macroscópico do fígado. Foram determinadas as incidências de
animais com lesão e estas foram classificadas em graus de 0 a IV de
acordo com Diamond et. al. (1974), como descrito a seguir: (Diamond et al.,
1974b)
Grau 0 - Fígado normal, fibrose no local ou lesão bacteriana menor que 4
mm (ausência de amebas, confirmada por cultivo do fragmento da lesão);
Grau I – Lesão no ponto de inoculação menor que 15 mm de diâmetro;
Grau II – Lesão maior que 15 mm, sem metástase;
Grau III – Lesão no lobo primário, algumas metástases para outras áreas;
Grau IV Lesão extensa, com metástase, mínimo de 50% do fígado
comprometido.
Um fragmento de cada lesão foi macerado em PBS pH 7,2 entre
lâmina e lamínula, para verificação microscópica da presença de
trofozoítos.
4.4. Efeito citopático
A interação dos trofozoítos com células de ovário de hamster chinês
foi determinada pelo método modificado de Bracha e Mirelman (1984).
Foram estudados o efeito das cepas HM1, 452, 32, EGG e DRP de E.
histolytica sobre as lulas CHO, cultivadas in vitro em 50 ml de meio
Ham´s F-12 com L-glutamina, suplementado com 5% de soro fetal bovino.
As células foram semeadas em placas de 20 orifícios em uma concentração
aproximada de 1 x 10
5
células/poço e permaneceram durante 48 horas em
estufa à 37ºC com 5% de CO
2
para crescerem. As células foram então,
lavadas com meio Ham´s F-12 sem soro, para remover todo o soro fetal
bovino. Os trofozoítos de cada uma das cepas foram contados e colocados
sobre as células na concentração de 1 x 10
5
amebas/poço e levados para
estufa a 37ºC com 5% de CO
2
por 50 minutos. Após esse tempo, as placas
foram colocadas em banho de gelo por 20 minutos para desprender as
amebas aderidas às células. Os trofozoítos foram retirados com auxílio de
pipeta Pasteur e as placas foram cuidadosamente lavadas 2 vezes com
meio Ham´s F-12 gelado, sem soro, fixados com formaldeído 4% em PBS e
lavados uma vez com PBS. As células que permaneceram na placa foram
coradas com azul de metileno 0,1 M. O excesso de corante foi removido por
uma lavagem com borato de sódio 0,01 M e o corante incorporado às
células foi extraído com a adição de HCl 0,1 M em cada poço. A quantidade
de células CHO aderidas à placa após a incubação com os trofozoítos de E.
histolytica foi proporcional à coloração do azul de metileno; sendo que a
quantidade de cor extraída das monocamadas de células CHO que não
tiveram interação com trofozoítos (incubadas com PBS) e as que
interagiram com tripsina serviram como controle (0% e 100% de
destruição, respectivamente). A intensidade de cor foi medida pela leitura
da intensidade óptica a 660 nm. Os experimentos foram feitos em
duplicatas e repetidos cinco vezes. A análise estatística foi realizada
através do teste não paramétrico ANOVA ONEWAY, com o nível de
significância de 5% (p<0,05).
4.5. Atividade cisteil proteinase
Após o cultivo de 72 horas, os trofozoítos foram ajustados a uma
concentração de 1 x 10
6
trofozoítos/mL em meio de cultura. Após
centrifugação a 1200xg, o sobrenadante foi descartado, o sedimento
colocado em banho de gelo por 10 minutos e em seguida lavado duas vezes
com PBS (com centrifugação a 1200xg por 5 minutos) com descarte do
sobrenadante. O sedimento foi ressuspendido em 200 µL de PBS e o
rompimento da membrana celular foi realizado por ação mecânica de
congelamento e descongelamento. Posteriormente os tubos foram
centrifugados a 1200xg por 30 minutos à C. O sobrenadante foi então
transferido para outro tubo e a dosagem de proteína total foi realizado pelo
kit “BCA protein assay” da Perbio Science.
A atividade cisteil proteinase foi determinada pela associação de 5 µL
do sobrenadante obtido como descrito acima, diluídos em 985 µL de
tampão fosfato de potássio 0,1 M pH 7,0 contendo EDTA 2 mM e DTT 1
mM, e 10 µL do peptídeo sintético benziloxicarbonil-L-arginil-L-arginil-p-
nitroanilina (Z-Arg-Arg-pNA) 4 mM, que foi usado como substrato
(Bruchhaus et al., 1996). A densidade óptica foi determinada a 405 nm e a
atividade específica (moles do produto formado/min/mg proteína)
calculada através da variação da densidade óptica, considerando-se o
coeficiente de extinção como sendo 8,8 M
-1
cm
-1
.
4.6. Microarray
4.6.1. Produção das lâminas
Neste trabalho foram identificados e comparados 36 genes de cisteil
proteinases descritos no site “The Institute for Genomic Research-TIGR”
(Tabela 1- Anexos). Os oligonucleotídeos de 60 bases foram desenhados e
sintetizados pela companhia Eurogentec (Alemanha). Cada
oligonucleotídeo foi impresso em quadruplicatas nas lâminas de vidro
(Advalytix Epoxy AD100) a partir de soluções nos quais encontravam-se
numa concentração de 50 µM. As lâminas do microarray foram preparadas
na Universidade de Marburg, Alemanha (Genomic Solutions Omnigrid).
4.6.2. Extração do RNA
A extração de RNA total foi realizada utilizando-se sistema Trizol
(Life Technologies), seguindo as instruções do fabricante. Após o cultivo
por 72 horas, os trofozoítos foram ajustados a uma proporção de 1 x 10
6
trofozoítos/mL em meio de cultura. Após centrifugação a 1.200xg, o
sobrenadante foi descartado, o sedimento colocado em banho de gelo por
10 minutos e em seguida lavado 2 vezes com PBS (com centrifugação a
1200xg por 5 minutos) com descarte do sobrenadante. O sedimento foi
então ressuspendido em 1 mL de Trizol e incubado por 5 minutos à
temperatura ambiente. Após a lise das células, o RNA foi extraído com 200
µL de clorofórmio e centrifugado a 10000xg por 15 minutos a C. A fase
aquosa foi então coletada e adicionada a 500 µL de isopropanol, para
precipitação do RNA que foi separado por centrifugação a 12.000xg por 10
minutos. O sobrenadante foi descartado e o sedimento lavado com etanol
70% e centrifugado a 7.500xg. O sobrenadante foi novamente descartado e
o sedimento incubado à temperatura ambiente para evaporação de todo
etanol. O sedimento foi então ressuspenso em água tratada com
dietilpirocarbonato (água DEPC) e incubado a 55º C por 15 minutos para
inativação de RNAses. Após quantificação, o RNA foi submetido à
eletroforese em gel de agarose.
4.6.3. Separação das amostras para microarray
Foram preparados 5 µg do RNA total de cada uma das cepas, estas
foram analisadas comparativamente de duas a duas, formando quatro
grupos, como mostrado no quadro 2 abaixo:
Quadro 2
Distribuição das cepas de E. histolytica quanto a sua coloração (Cye3 e
Cye5) nas lâminas de microarray.
Cada grupo continha duas cepas e estas foram analisadas em duas
lâminas, sendo que para uma das cepas o cDNA foi sintetizado com dUTP
marcado com a fluorescência cyanine-5 (Cye5) e para a outra cepa com
cyanine-3 (Cye3) enquanto na outra lâmina os cDNAs foram sintetizados
com os marcadores invertidos. A análise foi feita por etapas e todas as
cepas foram comparadas com a HM1-USA, utilizada como controle.
4.6.4. Síntese de cDNA
A síntese do cDNA foi realizada utilizando-se o kit Atlas Superscript
Fluorescent Labeling (TakaRa). Foram utilizadas duas réplicas biológicas
incluindo experimentos de troca das colorações (dye swap). Para cada
amostra, foram utilizados 5 µg de RNA que foram homogeneizados em 10
µL de água deionizada e 0,4 µL de random hexamer (5 µg/µL de pd(N
6
),
Pharmacia). A solução foi incubada por 5 minutos a 70ºC e depois a 42°C
por 3 minutos para equilíbrio da reação. Nesta fase foram adicionados, a
cada tubo, uma mistura contendo 4 µL de tampão de síntese de cDNA 5x,
2 µL do mix de dNTP 10 mM, 2 µL de DTT, 1 µL de água deionizada e 1 µL
da enzima Powerscript RT 5 U/µL, para cada amostra. Essa mistura foi
incubada por 60 minutos a 42°C para que ocorresse a síntese do cDNA,
depois a 70°C por 5 minutos para inativação da transcriptase e,
posteriormente a mistura foi incubada por 45 minutos a 37°C para o
tratamento com 0,2 µL de Rnase H (10 U/µL). Após essa etapa foram
adicionados 0,5 µL de EDTA (0,5 M pH 8) para inibição da RNAse H e 2 µL
de QuickClean resin, utilizada para limpeza dos sais da reação, que,
posteriormente, por centrifugação, foram depositados no “spin filter0,22
µm. O filtro foi então descartado e ao sedimento foram adicionados 2,2 µL
de acetato de sódio 3M. Após homogeneização foram acrescentados 55 µL
de etanol 100% gelado (-20° C). A amostra foi então incubada a –20° C por
1 hora ou pernoite. Após esse tempo o tubo contendo a reação foi
centrifugado por 20 minutos a 13.000xg a 4°C, o sobrenadante foi
descartado e o sedimento ressuspenso em 200 µL de etanol 70%. Nova
centrifugação foi realizada por 10 minutos a 13600xg e o sobrenadante
novamente descartado. O tubo contendo o sedimento foi então colocado
em uma centrífuga a vácuo por alguns minutos e, após secagem, o
sedimento foi dissolvido em 10 µL de fluorescent labeling buffer e incubado
por 10 min a 70° C para reação de marcação com as moléculas
fluorescentes.
4.6.5. Reação de marcação (Cye – cDNA)
Durante a marcação reversa, empregou-se dNTP modificado,
responsável pela ligação à molécula fluorescente Cye3 e Cye5.
Posterormente foi feita a marcação do cDNA com as moléculas
fluorescentes empregando-se o kit Cye Mono-Reative Dye Pack PA25001
da Amersham Biosciences. Após incubação com o tampão Fluorescent
Labeling a solução foi dividida em dois tubos, um contendo o cDNA-Cye3 e
o outro contendo o cDNA-Cye5 e a cada tubo adicionou-se 10 µL da reação
de cyanine-DMSO que foi incubada por 1 hora ao abrigo da luz. Após esse
tempo foi acrescentado 2 µL de acetato de sódio 3 M e 50 µL de etanol
100% gelado. Em seguida, incubou-se por 2 horas a –20° C. Após esse
tempo a amostra foi centrifugada a 13.000xg a C, o cDNA sedimentado
foi ressuspendido em 200 µL de etanol 70% e novamente centrifugado por
10 minutos. O sedimento foi ressuspendido em 100 µL de água deionizada
e colocado ao abrigo da luz. A amostra estava assim, marcada e pronta
para ser purificada.
4.6.6. Purificação dos Cye-cDNAs
Após a marcação, os Cye-cDNAs foram purificados utilizando-se o
kit QIAquick PCR Purification (Qiagen). A purificação se iniciou com a
adição do tampão às amostras que posteriormente foram depositadas na
coluna QIAquick e centrifugadas. O líquido foi então descartado ficando
somente o filtro, que foi lavado três vezes com 600 µL do tampão para
eliminação de todo o etanol da etapa anterior. Posteriormente, o filtro foi
lavado mais duas vezes com 50 µL de água deionizada a 70°C, incubado ao
abrigo da luz e centrifugado.
4.6.7. Pré-hibridização e hibridização
As amostras foram concentradas em filtros para centrífuga Microcon
YM-30 (milipore) por 10 minutos a 14000xg num volume final de 20 µL.
Ambas amostras foram misturadas (Cye3 e Cye5),adicionadas a 40 µL do
tampão pré-hibridização (5X SSC, 0,1 mg/mL DNA de esperma de salmão,
30% formamida, 0,1% SDS) e desnaturadas a 95ºC por 5 minutos. As
lâminas foram lavadas com tampão de pré-hibridização (5X SSC, 0,1 %
BSA, 0,1% SDS), água e isopropanol. A hibridização foi realizada pernoite
a 42ºC. Após a hibridização, a lavagem e a secagem das lâminas, foi
realizada a leitura das mesmas.
4.6.8. Análise dos resultados do microarray
A análise foi feita utilizando o scanner ScanArray Gx (Perkin Elmer),
equipado com dois tubos laser, que permitem a leitura simultânea nos
comprimentos de onda 550 e 650 nm, referentes às fluorescências Cye3 e
Cye5, respectivamente. Na análise foi utilizado o programa ScanArray,
versão 3.0, da Perkin Elmer. A análise da expressão gênica envolveu 4
lâminas, incorporando 2 réplicas biológicas e dye swaps de cada uma das
amostras.
Os dados foram inspecionados em busca de viéses espaciais nos
canais verdes e vermelhos (background e sinal) e viés intensidade-
dependente usando o pacote do ScanArray. Para o cálculo, a média da
intensidade dos sinais (pixel) menos background local (pixel) de cada
“spot” foi utilizado. “Spots” com baixa intensidade foram eliminados. Para
a normalização dos dados foram utilizados dois métodos: Normalização
pelos genes totais e normalização pelos genes “housekeeping”. No primeiro
método a intensidade do sinal de cada spot da amostra experimental , bem
como de cada controle foi totalizado. A soma da amostra experimental
sobre a soma do controle o fator de normalização. Para a normalização
dos genes housekeepings, o cálculo foi feito da mesma forma, tendo como
base a intensidade dos spots dos genes housekeping como controle. Os
spots com intensidade (pixels) 300 foram excluídos da análise dos dados.
Os genes com a razão maior que 2 e menor que 0,5 foram considerados
como diferencialmente expressos.
4.7 PCR Tempo Real
Para validar os resultados do experimento de microarray, os genes
que apresentaram diferença de expressão foram analisados também pela
técnica de PCR em Tempo Real. A actina foi utilizada como controle
interno e normalização.
A expressão dos genes foi comparada de acordo com o seguinte
protocolo: Os cDNAs de cada uma das cepas analisadas foram
amplificados utilizando o kit SYBR GREEN PCR core Reagents da PE
Biosystems (Warrington, UK), mantendo-se as concentrações usuais de
reagente num volume final de reação de 15 µL. Resumidamente, a reação
consiste de: 6,65 µL de água para PCR (SF); 1,5 µL de tampão (10x SYBR
Green PCR); 1,2 µL da mistura de dNTP (200 µM cada); 1,5 µL de MgCl
2
(25
mM); 3 µL da mistura de iniciadores CP1 (1,5 pmol de CPf e 1,5 pmol CPr)
ou 3 µL de da mistura de iniciadores BAC (senso e antisenso - 1,5 pmol
cada); 0,15 µL (5 U/µL) de enzima AmpliTaq Gold
TM
e 1 µL de cDNA de
cada uma das cepas. Os controles negativos foram feitos substituindo-se
as amostras pelo mesmo volume de água na reação. A reação em tempo
real foi realizada no aparelho ABI Prism 7000 SDS no seguinte ciclo termal:
[estágio 1] um ciclo de 52°C/2 min.; [estágio 2] um ciclo a 95°C/10 min.;
[estágio 3] 40 ciclos de 95°C/0,15 min. e 1 minuto na temperatura de
anelamento dos iniciadores do gene analisado. Para confirmação do
tamanho dos fragmentos amplificados por PCR em Tempo Real foi
realizada uma curva de dissociação como parte do programa estabelecido
no ABI Prism 7000 SDS e os fragmentos amplificados também foram
visualizados através de eletroforese em gel de poliacrilamida corado com
nitrato de prata. Os iniciadores utilizados nesta reação estão listados na
tabela 2 de Anexos.
4.8. Supressão por hibridização subtrativa
A técnica de subtração por hibridização e supressão ou SSH
(“Suppression Subtractive Hybridization”), que tem como fundamento a
amplificação seletiva de genes diferencialmente expressos, foi utilizada
como ferramenta para comparação de duas cepas de E. histolytica. Um
esquema mostrando como funciona o processo de subtração é apresentado
no item 4.8.4. As cepas escolhidas foram a EGG e a 452, por apresentarem
maior e menor virulência, respectivamente, através de métodos
anteriormente descritos. O procedimento foi realizado de acordo com as
instruções presentes no manual do “kit” Clontech PCR-Select cDNA
Subtraction.
4.8.1. Obtenção do RNA
A extração de RNA foi realizada utilizando-se sistema Trizol (Life
Technologies, EUA), seguindo as instruções do fabricante e semelhante ao
descrito no item 4.6.2. As amostras de RNA foram submetidas à ação da
enzima Dnase I, para degradação de possíveis traços de DNA.
4.8.2. Síntese e digestão de cDNA
Os cDNAs foram sintetizados a partir de 2 µg de RNA extraídos dos
dois tipos de células utilizando-se o Kit PCR-select cDNA subtraction
(CLONTECH
), de acordo com as instruções do fabricante. Para a síntese
dos cDNAs utilizou-se o iniciador de síntese de cDNA (2 µM) e a
transcriptase reversa AMV (4 unidades). A síntese da segunda fita foi
realizada com a T4 DNA polimerase (6 unidades) de acordo com as
instruções do fabricante. O sedimento resultante da produção dos cDNAs
foi ressuspendido em 50 µL de água deionizada estéril e digeridos com a
enzima de restrição RsaI (0,3 unidades) por 1,5 h a 37
º
C, em tampão RSA I
(bis-tris propano-HCl 100 mM pH 7,0 contendo MgCl
2
100 mM e dititreitol
1 mM). A digestão dos cDNAs gerou fragmentos de até 600 pares de bases
(pb) com extremidades cegas. Embora este procedimento não seja ideal
para a obtenção de cDNAs “full-length” específicos, a clivagem destas
populações de cDNA em fragmentos menores oferece duas vantagens
importantes: primeiro, fragmentos longos poderiam formar extensos
emaranhados que dificultariam a formação de híbridos em etapas
posteriores da técnica SSH; segundo, a divisão de uma população de cDNA
em fragmentos menores poderia proporcionar que genes distintos
(derivados de uma mesma família de genes) fossem selecionados, uma vez
que possíveis hibridizações cruzadas devido a um elevado grau de
homologia interna poderiam eliminá-los do processo final de subtração
(DIATCHENKO et al., 1999). Em seguida os cDNAs resultantes das duas
reações de síntese foram submetidos a purificação pelo método fenol-
clorofórmio-alcool isoamílico (24:24:1) precipitados com etanol 95% e,
finalmente, dissolvidos em água deionizada estéril.
Foram realizados tanto a subtração direta como a reversa, em que se
obteve seqüências diferencialmente expressas nas amostras EGG e 452,
respectivamente. Dessa forma, na subtração direta o cDNA da amostra
EGG foi utilizado como cDNA “tester” (cDNA de interesse, para o qual se
procura selecionar genes específicos) e o cDNA da amostra 452 como cDNA
“driver” (utilizado como cDNA comparativo para subtrair seqüências
homólogas e se obter portanto, as seqüências específicas do cDNA
“tester”). na subtração reversa, o cDNA utilizado como “tester” foi da
amostra 452 e o cDNA considerado como ”driver”, o da EGG. Como
controle, uma outra subtração foi feita utilizando-se uma mistura de
cDNAs de músculo esquelético com DNA φX174/Hae III, fornecido pelo kit.
4.8.3. Ligação de adaptadores aos cDNAs
Para realização desta etapa, foi utilizado apenas o produto da
digestão com a enzima RsaI obtido anteriormente. Um microlitro do
produto final da digestão do cDNA de cada uma das amostras EGG e 452
foram diluídos separadamente em 5 µL de água deionizada estéril. Na
subtração direta, 2 µL do cDNA tester” (amostra EGG), foram utilizados
para ligação, separadamente, aos adaptadores 1 e 2R (figura 2). Para esta
reação adicionou-se 2 µL de tampão de ligação 5X (tris-HCl 250 mM pH
7,8 contendo MgCl
2
50 mM, ditiotreitol 10 mM e albumina de soro bovino
(BSA) a 0,25 mg/mL) em volume final de 10 µL, seguindo-se um período de
incubação de cerca de 16 horas a 16
º
C utilizando-se a enzima T4 DNA
ligase (40 unidades). Esta etapa produz duas sub-populações de cDNAs
ligadas a um adaptador diferente.
Figura 2. Seqüências dos adaptadores e iniciadores utilizados na realização da
técnica SSH. Quando os adaptadores são ligados aos cDNAs digeridos pela
enzima de restrição Rsa I, o sítio de ligação a esta enzima é restaurado (Kit PCR
Select cDNA Subtraction – CLONTECH)
Após a ligação, a enzima DNA ligase foi inativada por aquecimento a
72
º
C durante 5 minutos na presença de EDTA 0,2 M e glicogênio (1
mg/mL). As extremidades destes adaptadores não possuem grupamento
fosfato, sendo que apenas uma fita de cada adaptador se liga a uma fita na
extremidade 5’ do cDNA. Os dois adaptadores (1 e 2R) possuem regiões
idênticas ao iniciador P1 (adaptador 1 da figura) e aos iniciadores internos
1 e 2R (nested). Isso permite a criação de sítios de anelamento para esses
iniciadores após o preenchimento das extremidades de cada adaptador
pela DNA polimerase. Nenhum tipo de adaptador é ligado à população de
cDNA da amostra 452 (cDNA “driver”). Para a realização do processo de
subtração reverso, o cDNA da amostra 452 digerido com a enzima Rsa I
foi igualmente separado em duas sub-populações e ligado aos adaptadores
de maneira análoga ao descrito acima. Um microlitro de cada sub-
população de cDNA da amostra EGG e 452 ligados aos adaptadores 1 e 2R
foram diluídos em 1 mL de água estéril deionizada e estocados a -20
º
C.
Estes cDNAs não foram submetidos ao processo de subtração, sendo
posteriormente utilizados como molde em reações de PCR.
No processo de subtração controle, foram utilizados cDNA de
músculo esquelético e DNA φX174/Hae III. Cinco microlitros do DNA
φX174/Hae III (1,5 ng/µL) foram misturados com 1 µL de cDNA de
músculo esquelético (1 µg/µL), obtendo-se o controle a ser utilizado na
subtração. Seguindo um procedimento análogo ao descrito anteriormente,
2 µL do controle foram adicionados em dois tubos, colocando-se, em
seguida, o adaptador 1 no primeiro tubo e o adaptador 2R no segundo
tubo. Em seguida, foram adicionados 2 µL de tampão de ligação 5X e 40 U
de T4 DNA ligase para um volume final de 10 µL em cada tubo. Após
homogeneização, 2 µL do conteúdo de cada tubo foram misturados em um
terceiro tubo denominado de controle o subtraído. Os tubos foram
centrifugados brevemente e incubados a 16°C durante a noite. A reação foi
interrompida adicionando-se em cada tubo 1 µL de solução de
glicogênio/EDTA (0,2 M) e aquecimento a 72 °C durante 5 minutos para
inativação da T4 DNA ligase.
4.8.4. Hibridizações
Todo o processo de hibridização foi realizado segundo as instruções
descritas no Kit PCR-select cDNA subtraction (Clontech
). Na subtração
direta, durante a primeira hibridização, 1,5 µL do cDNA “driver” (amostra
452) foram adicionados a cada um dos dois tubos contendo 1,5 µL do
cDNA “tester” (amostra EGG) ligados aos adaptadores 1 e 2R. Após adição
de 1 µL do tampão de hibridização 4X, as soluções foram cobertas por uma
gota de óleo mineral, com posterior desnaturação por 1,5 minutos a 98
º
C,
permitindo-se o re-anelamento por 10 horas a 68ºC. Nesse processo, um
excesso de cDNA “driver” foi adicionado a cada uma das duas populações
de cDNA “tester”. O re-anelamento lento permitiu a produção de 4 tipos de
moléculas (a, b, c e d) em cada amostra (Figura 3). Nesta etapa, o re-
anelamento é mais lento para cDNAs diferencialmente expressos de rara
abundância (tipo a), quando comparado com os transcritos mais
abundantes representados pelo tipo b. Moléculas comuns entre cDNAs das
populações de interesse e de referência são representados pelas moléculas
de tipo c. As moléculas tipo d são moléculas do cDNA “driver” que
hibridizaram com elas mesmas.
Figura 3. Esquema da técnica SSH. As linhas sólidas representam os cDNAs de
interesse ou de referência. As caixas pretas nas extremidades representam a
parte externa dos adaptadores 1 e 2R, que contém seqüência idêntica à do
iniciador 1. A caixa em branco corresponde à parte interna do adaptador 1,
idêntica a seqüência do iniciador interno 1. A caixa em cinza corresponde à parte
interna do adaptador 2R, idêntica a seqüência do iniciador interno 2R. (Kit PCR
Select cDNA Subtraction – CLONTECH)
Após a primeira hibridização, as duas amostras resultantes foram
misturadas sem sofrer desnaturação e 1 µL de cDNA da amostra 452,
previamente desnaturado, foi adicionado juntamente com 1 µL de tampão
de hibridização. As amostras foram novamente hibridizadas durante 10
horas a 68ºC. O produto final dessa hibridização foi diluído em 200 µL de
tampão de diluição (HEPES-HCl 20 mM pH 8,3 contendo NaCl 50 mM e
EDTA 0,2 mM), aquecido a 68ºC por 7 minutos e estocado a -20ºC. Após
esta etapa, são produzidos os mesmos tipos de moléculas formados na
primeira hibridização, entretanto apenas as moléculas de cDNA de
interesse, representados pelas moléculas tipo a, podem se reassociar,
dando origem a um novo tipo de híbrido (molécula tipo e), o qual possui os
dois tipos de adaptadores localizados em suas extremidades. Após o
preenchimento das extremidades de todas as moléculas pela DNA
polimerase, somente as moléculas tipo e apresentam os sítios de
anelamento para os iniciadores internos 1 e 2R em suas extremidades
(Diatchenko et al., 1999).
4.8.5. Amplificações por PCR
Após as reações de hibridizações, as populações de cDNAs (cDNA da
amostra EGG e cDNA da amostra 452) obtidas antes e após o processo de
subtração foram utilizadas em reações de PCR. Nessa etapa, somente as
seqüências com diferentes adaptadores (moléculas tipo e) e
diferencialmente expressas, são amplificadas exponencialmente. Para isto,
1µL dos cDNAs obtidos foram adicionados separadamente a 24µL de uma
mistura para PCR contendo 0,4 µM do iniciador 1, 0,2 mM de cada dNTP e
0,5 µL da enzima Advantage cDNA polimerase Mix 50X (CLONTECH)
contendo tris-HCl 40 mM (pH 7,5), KCl 50 mM, (NH
4
)SO
4
25 mM, EDTA 0,1
mM, thesit 0,25% (v/v), glicerol 50% (v/v), Klentaq-1 DNA polimerase e
anticorpo TaqStart a 1,1 µg/µL e ainda 2,5 µL de tampão de PCR 10X
(tricina-KOH 400 mM pH 9,2, acetato de potássio 150 mM, acetato de
magnésio 35 mM e BSA a 37,5µg/mL) fornecidos pelo Kit PCR-select cDNA
subtraction (CLONTECH
). A reação se processou de acordo com os
seguintes passos: ciclo inicial a 75 ºC durante 5 minutos para extensão da
fita complementar dos adaptadores 1 e 2R, seguindo-se 27 ciclos de
desnaturação a 94ºC durante 30 segundos; anelamento a 66 ºC durante
30 segundos e extensão a 72ºC durante 1,5 minutos. Um ciclo adicional de
extensão foi realizado a 68
º
C durante 7 minutos. Posteriormente 3 µL dos
produtos da PCR foram diluídos em 27 µL de água deionizada estéril e
estocados a -20
º
C.
Um microlitro dos produtos da primeira reação de PCR foi utilizado
como molde para uma segunda reação de PCR, que foram adicionados
separadamente a 24µL de uma mistura para PCR contendo 0,4 µM dos
iniciadores internos 1 e 2R, 0,2 mM de cada dNTP e 0,5 µL da enzima
Advantage cDNA polimerase Mix 50X (CLONTECH) contendo tris-HCl 40
mM (pH 7,5), KCl 50 mM, (NH
4
)SO
4
25 mM, EDTA 0,1 mM, thesit 0,25%
(v/v), glicerol 50% (v/v), Klentaq-1 DNA polimerase e anticorpo TaqStart a
1,1 µg/µL e ainda 2,5 µL de tampão de PCR 10X (tricina-KOH 400 mM pH
9,2, acetato de potássio 150 mM, acetato de magnésio 35 mM e BSA a
37,5µg/mL) fornecidos pelo Kit PCR-select cDNA subtraction
(CLONTECH
), seguindo-se
10 ciclos de desnaturação a 94
º
C durante 30 segundos; anelamento
a 68
º
C durante 30 segundos e extensão a 72
º
C durante 1,5 minutos.
Cinco microlitros dos produtos de PCR obtidos foram analisados em gel de
poliacrilamida 5%, posteriormente corado por nitrato de prata.
Durante essas reações, as moléculas do tipo a e d não são
amplificadas, pois não apresentam sítios de anelamento dos iniciadores.
As moléculas tipo b possuem extremidades com seqüências invertidas e
homólogas que induzem a formação de uma estrutura em grampo, que não
permite a amplificação por PCR. As moléculas tipo c apresentam apenas
um sítio de ligação dos iniciadores e por isso são amplificadas linearmente.
Somente as moléculas do tipo e possuem os dois sítios de anelamento dos
iniciadores, podendo ser amplificadas de forma exponencial (figura 3).
4.9. Clonagem dos cDNAs
4.9.1. Seleção e purificação dos cDNAs diferencialmente expressos
As amostras subtraídas foram aplicadas em gel de agarose “low
melt” 0,8%. Após coloração com brometo de etídeo (0,1 µg/mL) e
visualização em transluminador de luz ultravioleta, cada banda foi cortada
e purificada utilizando o Kit Wizard® SV gel and PCR clean-Up System
(Promega), de acordo com instruções do fabricante. Após a purificação as
amostras foram estocadas a 4ºC.
4.9.2. Reação de ligação
Aproximadamente 4 µL dos produtos obtidos na purificação foram
adicionados a 1 µL do vetor pGEM-T Easy Vector (Promega), 1 µL de T4
DNA ligase e 1 µL tampão de T4 DNA ligase (Tris-HCl 30 mM pH 7,8,
contendo MgCl
2
10 mM, ditiotreitol 10 mM e ATP 0,5 mM). O volume foi
ajustado para 10 µL com água e a mistura foi incubada a 4
0
C por 16
horas.
4.9.3. Transformação e plaqueamento das bactérias
Os produtos da reação de ligação foram utilizados para
transformação de bactérias competentes, Escherichia coli linhagem DH5-α
(Invitrogen), de acordo com o método já estabelecido (Hanahan et al.,
1991). Estes produtos foram incubados com aproximadamente 100 µL de
bactérias competentes em gelo, por 30 minutos, e em seguida submetidos
a um choque térmico a 42
0
C por 30 segundos. As bactérias foram
novamente incubadas em gelo por 2 minutos e a seguir foram
acrescentados ao incubado 450 µL de meio LB (triptona 10 g/L, extrato de
levedura 5,0 g/L, NaCl 5,0 g/L e pH ajustado para 7,4). Esta mistura foi
incubada a 37
0
C por aproximadamente 1 hora em termomixer (Eppendorf,
Alemanha) com agitação.
Foram plaqueados 150 µL da suspensão de bactérias em placas de
Petri contendo ágar a 1,5%, ampicilina 100 µg/mL, isopropil-beta-D-
galactopiranisideo (IPTG, 200µg/mL) e 5-bromo-4-cloro-3-indolyl-beta-D-
galactosídeo (Xgal, 65µg/mL) em meio LB com posterior incubação a 37°C
durante 16 horas.
4.9.4. Amplificação dos insertos e isolamento do DNA
Dez colônias brancas foram selecionadas e pinçadas das placas com
auxilio de palitos de madeira esterilizados, e submetidas diretamente a
reações de PCR para confirmação da presença do inserto. Para tal,
utilizou-se os iniciadores 1 e 2R que se anelam aos adaptadores ligados às
extremidades das seqüências diferencialmente expressas. As reações de
PCR se processaram na presença de tampão (Tris-HCl 10 mM pH 9,0,
MgCl
2
1,5 mM, 0,2 mM de dNTPs, Triton X-100 0,1%), 0,1 U de Taq
polimerase (Promega) e água Milli-Q para um volume final de 10 µL. A
mistura foi submetida a 25 ciclos compostos dos seguintes passos:
desnaturação a 94°C durante 45 segundos, anelamento a 68°C durante 45
segundos e extensão a 72°C durante 1,5 minutos.
Para os clones que apresentaram insertos foi feito o isolamento do
DNA plasmidial utilizando-se o Kit Wizard
Plus SV Minipreps (DNA
Purification System - Promega), a partir de culturas bacterianas crescidas
em 4 mL de meio LB contendo ampicilina 100 µg/mL e incubadas a 37
0
C
por 16 horas. A confirmação do isolamento do plasmídeo e da presença do
inserto foi realizada a partir de reações de digestão utilizando a
endonuclease de restrição Eco R1 (5 U), seguindo instruções do fabricante
(Promega). A figura 4 mostra um desenho esquemático do plasmídeo
pGEM-T (3015 pb) utilizado como vetor nos experimentos de clonagem. O
sítio de ligação do inserto no vetor e o ponto de corte de endonuleases de
restrição estão evidenciados nesta figura.
Figura 4- Mapa circular do vetor pGEM-T easy e pontos de referencia na
seqüência (PROMEGA).
4.10. Sequenciamento
As reações de sequenciamento foram realizadas segundo método
descrito originalmente por Sanger e colaboradores (1977), utilizando-se o
DYEnamic
TM
ET dye terminator kit MegaBACE
TM
(Amershan Biosciences,
EUA). Em tubos de 0,5 mL, em volume final de 10 µL, foram adicionados
os iniciadores a 0,5 µM, direto (5’ CGCCAGGGTTTTCCCAGTCACGAC 3’) e
reverso (5’ TCACACAGGAAACAGCTATGAC 3’), 200 ng de DNA plasmidial,
4 µL de Etkit (premix para sequenciamento) e água ultrapura suficiente
para completar o volume. As reações foram realizadas em termociclador
(Mastercycler - Eppendorf) com 30 ciclos a 95
o
C por 20 segundos, 50
o
C
por 15 segundos e 60
o
C por 1 minuto. Posteriormente, os nucleotídeos
não incorporados foram precipitados pela adição de 1 µL de acetato de
amônio (7,5 M) e 25 µL de etanol 95% (Merck). Após incubação a 25
0
C por
15 minutos, seguido de centrifugação a 4000xg por 45 minutos a 25
o
C, o
sobrenadante foi descartado e 150 µL de etanol 70% (Merck) adicionado ao
sedimento, que foi agitado para ressuspensão, seguido de uma
centrifugação a 4000xg por 15 minutos a 25
o
C. O sedimento foi
ressuspendido por agitação em vórtex com 10 µL do tampão de
ressuspensão contendo 70% de formamida e EDTA 1 mM. Os produtos do
sequenciamento foram submetidos à leitura no sequenciador automático
capilar Mega BACE 1000
TM
sequencing system com uma injeção de 2 kv
por 100 segundos e corrida de 6 kv por 230 segundos.(Sanger et al., 1977)
4.10.1. Análise das seqüências em bancos de dados
As seqüências foram obtidas em forma de cromatograma e a edição
das ambigüidades foi realizada de acordo com os resultados do
sequenciamento da fita complementar de cada cDNA.
As seqüências parciais de cDNA assim obtidas foram submetidas a
análise de homologia utilizando-se principalmente o servidor BLAST 2.0
(“Basic Local alignement Search Tool”) (Altschul et al., 1990) do “National
Center for Biotechnology Information” (NCBI) da biblioteca Nacional de
Medicina do NIH (“National Institute of Health”), Maryland, EUA. Foi
verificado a existência de seqüências homólogas de DNA (BLASTN) ou
homologias entre a possível seqüência de aminoácidos codificada pelos
cDNAs das amostras de E. histolytica (EGG e 452) e as seqüências de
proteínas depositadas nos bancos de dados (BLASTP). As mesmas
seqüências foram analisadas também com relação ao banco de dados
disponível referente à E. histolytica do softer Omniblast do Instituto
Sanger. A tradução dos cDNAs e a identificação e possíveis domínios foram
realizadas utilizando-se o servidor Scanprosite (http://ca.expasy.org).
4.11. RT-PCR
Para obter a confirmação de que os cDNAs subtraídos pela técnica
SSH estão realmente presentes em apenas uma das amostras analisadas,
foi utilizada a técnica de RT-PCR. Nesse procedimento, foi feita a extração
de RNA total das amostras EGG e 452, empregando-se o reagente Trizol
(Invitrogen) seguindo-se as instruções do fabricante. Alíquotas contendo de
1,0 a 3,0 µg de RNA total das amostras EGG e 452 foram utilizadas como
molde para a produção de cDNA utilizando-se o sistema da Amersham de
transcrição reversa (RT).
O RNA total foi então incubado em um volume final de 20 µL da
reação constituída de tampão de primeira fita (tris-HCl 50 mM pH 8,3
contendo KCl 75 mM, MgCl
2
3mM), 10 µM de DTT, 2,5 U de ramdon
hexamer, 2 U de inibidor de RNase, 0,5 mM dNTPs, 10 U da enzima M-
MULV e água-DEPC para completar o volume. A mistura foi submetida à
temperatura de 20 °C por 10 minutos, 42 °C por 45 minutos, 95 °C por 5
minutos. Em seguida, foi realizada a PCR utilizando 3 µL do produto de
RT, iniciadores específicos (10 µM) construídos a partir da seqüência das
proteínas em que os fragmentos subtraídos encontraram homologia
(Anexo- Tabela 3), tampão (tris-HCl 10 mM pH 9,0 contendo MgCl
2
1,5
mM, 0,2 mM de dNTPs, triton X-100 0,1%), 0,1 U de Taq DNA polimerase
(Promega) e água Milli-Q para um volume final de 10 µL. A mistura foi
submetida a 30 ciclos de 95 ºC por 45 segundos, 72 ºC por 90 segundos e
1 minuto com a temperatura de anelamento adequada para cada iniciador.
Utilizou-se como controle da reação 1µL de cada iniciador do gene
constitutivo da actina.
Os produtos da amplificação obtidos na PCR foram submetidos à
eletroforese em gel de poliacrilamida a 5% e corado pela prata.
5. RESULTADOS
5.1 Inoculação em fígado de hamster
Para caracterização da virulência das cepas estudadas foi avaliada
sua capacidade de produzir lesões em fígado de hamster. A tabela a seguir
apresenta o resultado da inoculação das diferentes cepas de E. histolytica
nestes animais.
Tabela 1
Desenvolvimento da lesão no fígado de hamster (Mesocricetus auratus)
inoculados com trofozoítos de E. histolytica mantidas em cultivo axênico*.
CD= colite disentérica, *Inoculo de 1,0 x 10
6
trofozoítos, **Diamond et al.
(1974)
Das seis cepas analisadas apenas as cepas 452 e 32 não produziram
lesão (grau 0), o restante das cepas apresentou virulência variada. As
lesões causadas pelas cepas HM1, EGG e DRP apresentaram graus de
virulência de I a IV, com aspecto amarelado e áreas de destruição do
parênquima substituídas por necrose. Na maioria dos casos as lesões eram
múltiplas, acometendo somente o lobo inoculado (figura 5).
Figura 5 Fígados de hamster inoculados com trofozoítos das cepas 452, EGG e
DRP de E. histolytica e os respectivos graus de lesão observados 0, III e IV.
Além da observação macroscópica, foram retirados fragmentos dos
fígados lesados, para verificar a presença de trofozoítos. Estes fragmentos
foram macerados com PBS e observados ao microscópio ótico, sendo a
presença de trofozoítos detectada em todos os exames, com exceção para
as cepas 452 e 32.
5.2. Efeito citopático
Caracterizamos as cepas quanto ao efeito citopático pela incubação
dos trofozoítos de E. histolytica com células do ovário de hamster chinês
(CHO).
No gráfico da figura 6 estão representadas as médias da
percentagem de monocamadas de células CHO após incubação com os
trofozoítos de cada uma das cepas de E. histolytica. As cepas HM1, EGG e
DRP apresentaram índice de destruição de células CHO igual a 60%,
significativamente maior (p<0,05) que as cepas 452 e 32, que foi de 22%
(Figura 6). Estes resultados estão em concordância com a forma clínica
dos pacientes dos quais foram obtidas as cepas. Concordância também foi
observada nos ensaios in vivo, onde a cepa EGG isolada de paciente
sintomático com abscesso hepático apresentou maior destruição das
monocamadas e a 452, isolada de assintomático, o menor índice de
destruição.
0
20
40
60
80
100
PBS 452 32 HM1 DRP EGG
Figura 6. Percentagem de monocamadas de células CHO após incubação com
trofozoítos de E. histolytica. A análise estatística foi realizada através do teste não
paramétrico ANOVA ONEWAY, com o nível de significância de 5% (p<0,05).
5.3. Atividade cisteil proteinase
Os níveis de atividade cisteil proteinase encontrados na diferentes
cepas estão mostrados na tabela 2.
Tabela 2
Atividade específica de cisteil proteinase (mU/mg) nas diferentes cepas
analisadas.
As cepas não apresentaram diferença significativa nos níveis de
atividade cisteil proteinase, mostrando que não correlação entre
atividade desta família de enzimas e a virulência da cepa. Esse resultado
mostra que a atividade de cisteil proteinase total é grande em cepas de E.
histolytica; agora resta ver se as CPs que possivelmente estariam
relacionadas com a virulência (cp1, cp2, cp5, cp112) seriam encontradas
em maiores níveis nas cepas EGG, DRP e HM1.
5.4. Microarray
Os RNAs extraídos das cepas de E. histolytica foram avaliados e
quantificados usando espectrofotômetro para que pudéssemos certificar
que os RNAs eram de qualidade e em quantidade suficiente. Para averiguar
se houve degradação das amostras, também corremos as amostras em gel
de agarose desnaturante. O resultado do gel mostrou para todas as
amostras uma banda única sem presença de perfil típico de degradação
(foto não incluída). O RNA marcado foi então hibridizado nas lâminas de
microarrays, as imagens adquiridas inspecionadas e os spots com
qualidade ruins excluídos. Os dados foram extraídos das imagens
utilizando o software ScanArray, versão 3.0, da Perkin Elmer. Os
resultados de cada uma das lâminas foram então inspecionados para
procurar presença de viés espacial, viés de intensidade ou backgrounds
excessivamente altos antes e depois da normalização. Como se pode
observar na figura 7, a distribuição empírica analisada (smoothed
empirical densities) para os canais verde e vermelho em todos os arrays é
consideravelmente diferente antes da normalização e tornam-se
praticamente iguais após esta, demonstrando a eficácia deste
procedimento.
Figura 7– Os gráficos mostram uma distribuição empírica atenuada (smoothed
empirical densities) para os canais verde e vermelho em todos os arrays, estes são
consideravelmente diferentes antes da normalização e tornam-se praticamente
iguais após a mesma.
Os resultados da análise estatística foram resumidos na tabela 3,
mostrando os valores da razão da intensidade normalizados. Esses
resultados mostram o único gene de CP diferencialmente expresso
encontrado nesse estudo, o gene cp1. Este apresentou uma intensidade de
sinal maior na cepa HM1 que na cepa EGG, apresentando log da diferença
(fold change) entre as cepas, duas vezes maior na cepa HM1 que na cepa
EGG, mostrando uma maior expressão na cepa HM1 quando comparada
com a cepa EGG. O transcrito é estatisticamente diferente, apresentando
p<0.001.
Outros genes como cp4 e cp6 apresentaram uma probabilidade alta
de serem diferencialmente expressos entre as cepas DRP e HM1, mas como
os resultados foram muito variáveis e não apresentaram diferença maior
que dois não foram estatisticamente diferentes.
Tabela 3
Gene diferencialmente expresso nas cepas de E. histolytica EGG em
comparação com a cepa HM1
Acesso ao
gene
Nome do
gene
Intensidade do sinal
HM1 / cepa de interesse
(pixel)
Fold change p-value
Expressão de HM1 / EGG
XM_645064 Cp1
7.300 3.700 2.0 x decrease()
0.0006
Os genes que codificam para cp1, cp2, cp3, cp5, cp11 e cp17 foram
expressos em todas as cepas analisadas, sendo que os genes que codificam
para cp1, cp2 e cp5 apresentaram os maiores níveis de expressão.
5.5. PCR em tempo real
Os resultados obtidos no microarray foram confirmados pelo PCR em
tempo real. A tabela 4 mostra o perfil de expressão dos mRNAs
diferencialmente expressas em E. histolytica, concordando com o resultado
obtido no microarray onde a cp1 apresentou-se duas vezes menos expressa
em EGG que HM1 e na cp5 não houve diferença de expressão. Além disso,
são apresentados na tabela 4 dois outros genes diferencialmente expressos
(sp9-2 e mp48) presentes nas lâminas de microarray, que apesar de não
terem sido analisados nesse trabalho, são apresentados para validação da
semelhança dos resultados entre as duas técnicas.
Tabela 4
Confirmação dos resultados por PCR em tempo real.
Acesso ao
gene
Nome do
Gene
Dados do PCR em tempo real
Expressão relativa (gene/actina)
HM1 EGG
actina 1 1
XM_ 645845
cp5 0,243 0,239
XM_645064 cp1 0,853 0,426
XM_650130 sp 9-2 0,035 0,098
HM1 DRP
XM_651374 mp48-1 0,020 0,104
Para o PCR em tempo real a análise foi feita com todos os primers
em duplicata. Duas replicas biológicas foram investigadas. A expressão da
actina foi normalizada como sendo 1. A expressão relativa dos vários genes
foi relacionada a expressão do gene da actina.
A quantificação relativa foi executada pelo software Rotor–Gene,
utilizando o método delta delta ct (Livak & Schmittgen, 2001) e a
normalização do RT-PCR foi feito com o gene da actina de E. histolytica. As
curvas de calibração demonstraram 100% de eficiência na PCR em tempo
real para todos os amplicons.
5.6. Supressão por hibridização subtrativa
5.6.1. Obtenção de populações de cDNAs específicos
Quatro populações de cDNAs foram produzidas pela técnica SSH
como descrito na seção 4.8. Estas populações correspondem aos cDNAs
das amostras de E. histolytica (cepas EGG e 452) obtidos antes e depois do
processo de subtração. Para confirmar a realização do processo de seleção,
essas populações de cDNAs foram analisadas em gel de agarose. A
diferença no padrão de bandas antes e depois do processo de subtração
indica que o processo foi bem sucedido (figura 8). Em um processo de
subtração bem sucedido, o padrão de bandas apresentado pelo DNA de
uma determinada célula ou tecido antes do processo de subtração deve ser
diferente daquele observado após a realização do mesmo. O perfil de
bandas obtido após a reação de subtração mostra que para a EGG foram
observadas, aproximadamente, seis seqüências (bandas) diferencialmente
expressas. para a 452 observou-se proximadamente cinco bandas. Os
DNAs destas bandas foram purificados conforme descrito na seção 4.9.1 e
estocados a 4ºC.
Figura 8 - Gel de agarose/EtBr a 0,8% em TBE 1X mostrando os produtos
digeridos com Rsa I, antes e depois do processo de subtração. No segundo quadro
são apresentados os produtos da segunda reação de PCR da técnica de SSH, para
as cepas EGG e 452. M, Marcador de massa molecular ϕ-X174 DNA/HaeIII.
Foram aplicados 10 µL do produto da PCR de cada amostra e 10 µL do marcador.
5.7. Clonagem
As seqüências subtraídas foram purificadas e clonadas conforme
descrito na seção 4.9.1 4.9.2 e 4.9.3. De cada seqüência clonada foram
selecionadas 10 colônias brancas para confirmação da presença do inserto
e posterior purificação do DNA plasmidial. A figura 9 mostra os produtos
da reação de PCR utilizando os iniciadores 1 e 2R a partir de algumas
colônias bacterianas obtidas no processo de clonagem.
Antes
Depois
Kpb
1.3
0,9
0,6
0,3
M
M
Figura 9- Gel de poliacrilamida 5% corado pela prata mostrando os resultados do
PCR das colônias de bactérias transformadas com fragmentos selecionados por
SSH da cepa EGG. Marcador 100 pb DNA ladder. Foram aplicados 2 µL do
produto da PCR e 2 µL do marcador.
Os DNAs plasmidiais foram isolados e os tamanhos dos insertos
foram confirmados através de reações de digestão utilizando a
endonuclease de restrição Eco RI. A figura 10 mostra alguns dos produtos
obtidos após a restrição.
Figura 10- Gel de poliacrilamida 5% corado pela prata, mostrando os produtos
de restrição EcoR1 dos plasmídeos obtidos nas mini preparações das diferentes
colônias. Foram aplicados 2 µL do produto da PCR e 2 µL do marcador PM- ϕ-X-
174
100-
200-
300-
500-
5.8. Seqüenciamento
Os clones que apresentaram inserto foram avaliados quanto a sua
integridade em gel de agarose 1% e encaminhados para reações de
sequenciamento no Mega BACE 1000
TM
sequencing system. As seqüências
obtidas foram analisadas por comparação com seqüências descritas em
bancos de dados de domínio público. Através da análise das seqüências de
nucleotídeos dos cDNAs selecionados, bem como dos possíveis
polipeptídios codificados pelos mesmos, foi possível a identificação e
caracterização destes cDNAs utilizando-se os servidores OminiBlast do
Instituto Sanger e BLASTX do NCBI.
5.9 cDNAs que possivelmente codificam proteínas
Foram obtidas um total de 9 seqüências que mostraram homologia
significante com genes conhecidos de Entamoeba histolytica (Loftus et al.,
2005). A tabela 5 apresenta a caracterização dos clones obtidos dos
fragmentos subtraídos e a identificação das possíveis proteínas
correspondentes. As seqüências das proteínas homólogas estão
demonstradas na tabela 4 (Anexos).
Tabela 5
Identificação das possíveis proteínas codificadas pelos cDNAs específicos
de cada uma das cepas de E. histolytica.
Clone Acesso
Genebank
Tamanho
(pb)
Proteína
homóloga
Nº F/Nº P* S (%) I (%) e-value
EGG 1 XP_649196.1 286 Família
GTPase-
Rab 7A
30/622 100 96 1e-11
EGG 2 XP_649888.1 302 Prot.
hipotética
263.t00003
100/474 100 100 5e-47
EGG 3 Gb/AAM22200.1
219 Gal/GalNAc
lectin heavy
subunit
210/1194 100 100 9e-35
EGG 4 XP_655273.1 224 Prot. L21
ribosomal
60S
80/501 100 99 4e-35
EGG 6 XP_654688.1 144 Prot. rica
em cisteína
39/425 92 92 2e-11
EGG 9 XP_657103.1 235 Prot. S17
ribosomal
40S
78/354 100 100 1e-31
EGG
13
XP_652703.1 199 Prot.
hipotética
108.t00008
59/442 100 100 1e-18
EGG
16
XP_657397.1 272 Fator de
iniciação de
tradução
HM1 eIF-5A
155/408 99 99 1e-79
452
15
XP_650371.1 157 Grainin 2 20/636 100 90 0.006
NF/NP= Nº de aa do fragmento/ Nº de aa da proteína, S= similaridade, I= Identidade
e= probabilidade
5.10. Análise por RT-PCR
Para confirmar se os cDNAs selecionados pela técnica de SSH e
seqüenciados são exclusivos de uma das cepas de E. histolytica estudadas,
reações de RT-PCR foram realizadas a partir do RNA total extraído das
duas amostras (EGG e 452). Após a obtenção do cDNA, iniciadores
específicos construídos baseados na seqüência codificante de cada cDNA
selecionado (Anexos-Tabela 3) foram utilizados para amplificar fragmentos
de DNA específicos de cada cepa.
Dos 9 genes diferencialmente expressos apenas quatro foram
confirmados pela RT-PCR, sendo um da cepa não virulenta 452 (grainin 2)
e três da cepa virulenta EGG (Proteínas hipotéticas 1 e 2 e uma proteína
rica em cisteina. A figura 11 mostra essa confirmação, onde os cDNAs
obtidos pela técnica SSH, correspondentes as três proteínas descritas para
EGG estão presentes na cepa EGG e ausentes na 452. O cDNA, obtido pela
técnica de SSH, correspondente a grainin 2 está presente na 452 e ausente
na EGG. Como controle foram utilizados iniciadores que codificam para
um gene de 300 pb da actina.
Figura 11- Estudo da expressão dos quatro cDNAs diferencialmente expressos
mostrando os amplicons gerados pela técnica de RT-PCR para cada uma das
proteínas. Foram aplicadas 5 µL do produto da PCR de cada amostra e a actina
foi utilizada como controle do PCR. Gel de poliacrilamida 5% corado pela prata.
Ac
tina
442
pb
474
pb
425
pb
636
pb
6. DISCUSSÃO
A E. histolytica é um organismo intrigante, capaz de causar doença
preferencialmente em indivíduos residentes em determinadas regiões. Nas
regiões onde a infecção é preferencialmente assintomática entra em cena,
a E. dispar. o sabemos se as regiões de confinamento da doença clínica
apresentam índices importantes de infecções assintomáticas, seja por E.
dispar ou E. histolytica, pois ainda não estão estabelecidos se as infecções
assintomáticas podem evoluir para sintomáticas e como o sistema imune
está envolvido no desenvolvimento da doença.
É certo que a E. histolytica possui uma excepcional capacidade de
lisar tecidos. Capacidade esta, que lhe conferiu o nome. Nesta habilidade
lítica devem estar envolvidas enzimas da família das cisteil proteinases
(CPs). O conhecimento do perfil destas enzimas em cepas de E. histolytica
isoladas de diferentes casos clínicos pode fornecer informações
importantes a respeito da fisiopatologia da doença. Tentando contribuir
neste sentido, avaliamos o perfil de 36 CPs pela técnica de microarray.
Nesta técnica a utilização de amostras puras é requerida para que a
expressão diferencial de uma determinada proteína seja atribuída ao
isolado em questão (Bruchhaus et al., 2003). Utilizamos cinco cepas de E.
histolytica, duas estavam sendo mantidas em cultivo monoxênico. O passo
inicial foi trabalhar na axenização destas cepas. Após algumas tentativas
as cepas foram axenizadas. A partir daí iniciamos os trabalhos para avaliar
o perfil das CPs das diferentes cepas.
6.1. Caracterização quanto à virulência das cepas de E. histolytica
estudadas
As metodologias empregadas em estudos de caracterização de
qualquer organismo apresentam vantagens e desvantagens em sua
utilização. A escolha de uma determinada técnica depende basicamente
dos objetivos que se pretende alcançar. Neste trabalho, a escolha das
técnicas utilizadas se baseou em dados da literatura que mostravam a
aplicabilidade das mesmas na caracterização da virulência da E.
histolytica.
Em geral, os estudos que incorporam ambos, dados biológicos e
moleculares, levam a uma melhor descrição e interpretação da diversidade
do organismo do que aqueles que focalizam apenas uma destas
características. Na caracterização de nossas cepas associamos aos
parâmetros biológicos, parâmetros de biologia molecular e bioquímicos.
As diferenças na virulência entre cepas de E. histolytica tem sido
amplamente estudadas e vários modelos experimentais in vivo e in vitro,
vem sendo utilizados para se caracterizar as amebas. Entre eles, a
inoculação em fígado de hamster e atividade citopática são amplamente
utilizadas (Ankri et al., 1998; Ankri et al., 1999b; Bruchhaus et al., 2002;
Gomes et al., 1997; Hellberg et al., 2001) e foram os métodos escolhidos
para a caracterização de nossas cepas.
As cepas HM1, EGG, DRP, 452 e 32 são cepas bem
caracterizadas, mas mesmo assim foi necessário repetir os experimentos
de caracterização das mesmas, pois, pelo fato destas cepas estarem
mantidas em cultivo por longo período e estarem em constante
manipulação, pode ter ocorrido diminuição ou perda da virulência das
mesmas. Além disso, as cepas EGG e DRP ainda não haviam sido
estudadas em cultivo axênico.
O processo de axênização foi bem sucedido e assim foram iniciados
os testes de virulência das cepas. Estes resultados mostram que as cinco
cepas analisadas apresentam diferentes graus de virulência, sendo assim,
importantes modelos de estudo para procura das bases moleculares do
processo de citotoxicidade amebiano.
De acordo com os resultados obtidos na inoculação das mesmas em
fígado de hamsters foi encontrada concordância com a forma clínica dos
pacientes dos quais se obteve as cepas, confirmando a hipótese que as
cepas de ameba provenientes de indivíduos assintomáticos não se
apresentam virulentas para animais de experimentação. A mesma
concordância nos resultados foi encontrada ao analisarmos o efeito
citopático das cepas de E. histolytica sobre células do ovário de hamster
chinês (CHO), mostrando que a capacidade destas cepas de E. histolytica
em degradar células concorda com a gravidade dos sintomas clínicos dos
indivíduos parasitados pelas respectivas cepas.
6.2. Atividade e expressão de cisteil proteinase e virulência de E.
histolytica
Um grande número de trabalhos vem sendo publicados
recentemente indicando que as cisteil proteinases são de grande
importância para a patogenicidade da E. histolytica. (Bruchhaus et al.,
2002; Leippe et al., 1995; Que & Reed, 2000; Stanley et al., 1995). Até o
momento, foram encontrados aproximadamente 30 genes que codificam
para cisteil proteinases, mas somente uma pequena parte deles é expresso
nas amebas durante o cultivo in vitro e muito pouco se sabe sobre os
mesmos (Bruchhaus et al., 2003). Estudos da expressão de cisteil
proteinase mostram que mais de 90% dos transcritos de cisteil proteinase
e 95% das proteinases secretadas pelos trofozoítos in vitro são de
responsabilidade de apenas 3 genes: cp1, cp2 e cp5 (Bruchhaus et al.,
1996b; Bruchhaus et al., 2003; Davis et al., 2007; Hirata et al., 2007). Até
o momento, o se sabe ao certo a verdadeira contribuição dos genes de
CP para a virulência da E. histolytica e sua expressão nas diferentes cepas.
Na tentativa de contribuir para o conhecimento da função das CPs na
virulência da ameba, determinamos a atividade e expressão de CPs em
cepas de E. histolytica isoladas de diversos casos clínicos, desde
assintomáticos até uma forma rara da doença, o ameboma.
Não observamos diferença na atividade de CPs total entre as cepas
estudadas, não havendo correlação entre atividade cisteil proteinase e
virulência da cepa. Isto pode ter ocorrido porque nesse experimento foi
determinada a atividade total de cisteil proteinases. Sabe-se que existem
diversos tipos de CPs e somente algumas são relacionadas com a
virulência.
Considerando que não houve diferença na atividade de cisteil
proteinase total nas cepas de E. histolytica verificamos se haveria diferença
na expressão de CPs específicas. Dentre estas encontram-se enzimas
estudadas e relacionadas a virulência das amebas como cp1, cp2, cp5 e
cp112 (Bruchhaus et al., 1996b; Que et al., 2002). Além dos genes que
codificam para estas enzimas, avaliamos a expressão de outros genes de
CPs recentemente descritos (Bruchhaus et al., 2003; Loftus et al., 2005).
Para tal, utilizamos um microarray contendo 36 “spot” com 60
oligonucleotídeos em cada, codificando para genes de cisteil proteinases
obtidos do genoma de E. histolytica depositado no banco de dados do
Sanger Institute. Foram analisadas duas réplicas biológicas e duas
réplicas técnicas (dye swaps) para cada uma das cepas analisadas. Os
resultados obtidos nas quatro cepas experimentais (EGG, DRP, 452 e 32)
quando comparadas com a cepa controle (HM1-USA) mostram que apenas
o gene cp1 apresentou diferença significativa na expressão entre as cepas
HM1 e EGG, sendo essa diferença duas vezes maior em HM1 que em EGG
com resultado significativo apresentando p <0.001. A expressão diferencial
de cp1 foi confirmada pelo PCR em tempo real, onde foi observada
diferença significativa na expressão de cp1 da cepa HM1 em comparação
com a EGG.
A cp1 é um gene considerado importante na patogenicidade da E.
histolytica, por não apresentar um gene homólogo em E. dispar, ser
liberado em grande quantidade em cultura e constituir um dos genes de
CPs mais expressos (Bruchhaus et al., 1996b; Davis et al., 2007).
Contrariando essa hipótese, nossos resultados demonstraram que a cepa
HM1, menos virulenta que a EGG em todos os ensaios de virulência,
apresentou maior nível de expressão de cp1.
Recentemente, MacFarlane e Sing (2006), utilizando um microarray
baseado em DNA analisaram 2110 genes de E. histolytica e encontraram
vários genes diferencialmente expressos comparando a cepa HM1 de E.
histolytica com E. dispar e a cepa Rahman de E. histolytica (pouco
virulenta). Entre eles, o gene cp1 se mostrou diferencialmente expresso
entre a cepa HM1 e a E. dispar, mas o foi encontrada diferença entre as
cepas HM1 e Rahman. Concordando com resultado encontrado por Davis e
colaboradores (2006) que utilizando um array com 6209 genes de E.
histolytica encontraram 353 genes diferencialmente expressos entre HM1 e
Rahman, mas o gene da cp1 também não mostrou diferença de expressão
(Davis et al., 2007). Apesar de termos encontrado diferença de expressão
entre as cepas EGG e HM1, quando comparamos a cepa HM1 com as
cepas o virulentas encontramos resultado semelhante aos encontrados
por MacFarlane e Davis. Além disso, em todos os três trabalhos a cp1 se
mostrou responsável por grande parte da expressão total de cisteil
proteinase.
Estes trabalhos reforçam nossa hipótese de que cp1 não seja um
gene relacionado à invasão de tecidos em E. histolytica. As cepas 452 e 32
isoladas de casos assintomáticos e avirulentas em todos os ensaios
biológicos e bioquímicos, apresentaram veis semelhantes de expressão
de cp1 com a cepa HM1 e DRP, virulentas.
Ao analisarmos a expressão dos genes verificamos que cp1, cp2, cp3,
cp5, cp11 e cp17 foram expressos em todas as cepas analisadas e os genes
que codificam para cp1, cp2 e cp5 apresentaram os maiores níveis de
expressão, concordando com Bruchhaus e colaboradores (2003) que
também encontrou expressão destes genes na cepa HM1 mantida em
cultivo axênico e altos níveis de expressão para os três últimos genes.
Os genes cp1, cp2 e cp5 estão localizados nos vacúolos digestivos da
ameba, mas somente o gene da cp5 é também encontrado na superfície da
ameba. Por isso e pelo fato dele ser altamente expresso e estar ausente em
E. dispar (Freitas et al., 2004; Willhoeft et al., 2001), este gene tem sido
considerado como molécula chave na invasão dos tecidos pela E.
histolytica. Apesar disto, a expressão do gene cp5 foi similar para todas as
cepas de E. histolytica estudadas. Estes resultados estão em discordância
com a idéia de molécula chave na invasão dos tecidos, que das cepas
estudadas três produziram lesão em animais de experimentação e duas
não. O PCR em tempo real confirmou este resultado. Dentre as cepas
analisadas não foi observada diferença significativa na expressão do gene
cp5 (dados mostrados apenas para cepa HM1 e EGG)
Estes resultados sugerem que a cp1 e cp5 avaliadas neste estudo
não estão relacionadas à capacidade de produzir lesão in vivo ou destruir
tecidos in vitro. Outra hipótese a ser aventada diz respeito à manutenção
em cultivo das amebas. Talvez em cultivo axênico a expressão diferencial
das CPs seja inibida, havendo necessidade do contato da ameba com a
célula a ser lesada para induzir a maior expressão dos genes envolvidos
com a lesão tecidual. Neste caso pode ter ocorrido um mascaramento da
verdadeira função destas enzimas nos estudos de microarray. Outra
hipótese a considerar diz respeito ao envolvimento de outra enzima, que
não uma CP ativando a cp5. Assim, diferenças na expressão desta enzima
estariam relacionadas a virulência da cepa, apesar da cp5 estar em níveis
similares entre as amostras comparadas.
Outros genes como cp4 e cp6 apresentaram uma probabilidade alta
de serem diferencialmente expressos entre as cepas DRP e HM1, mas como
os resultados foram muito variáveis e não apresentaram diferença maior
que dois não foram estatisticamente diferentes. Talvez estes e outros genes
sejam diferencialmente expressos, se considerarmos que a análise da
expressão diferencial de genes mostra o momento do gene estudado.
Assim, devemos levar em conta, o meio onde o organismo está sendo
mantido, o cultivo axênico no nosso caso. Neste cultivo, a sobrevivência do
parasito é segura, se compararmos com as amebas que estão infectando
ou invadindo tecidos do hospedeiro. No estado de parasitismo, a
sobrevivência da E. histolytica é sempre ameaçada ou por substâncias
químicas, produtos do metabolismo de outros microorganismos ou
produtos da reação de lesão tecidual produzida pela própria ameba. Neste
contexto, poderíamos explicar a similaridade de expressão das CPs entre
as diferentes cepas. Talvez estas enzimas estejam relacionadas à
sobrevivência das amebas nos tecidos.
Outro ponto a ser considerado é a possibilidade das cp1, cp2, cp5 e
cp112, tidas como importantes nos mecanismos de lesão tecidual
amebiana, não terem papel determinante, na virulência. Nossos resultados
confirmam esta hipótese, que as cepas HM1, EGG e DRP foram
virulentas em todos os ensaios in vivo e in vitro. Estes ensaios são
confiáveis, sendo utilizados muitos anos e foram capazes de discernir
entre as cepas isoladas de indivíduos sintomáticos e assintomáticos. Além
disto, os resultados dos ensaios biológicos e bioquímicos corroboraram
com a forma clínica dos pacientes dos quais foram isoladas as cepas.
Assim, concluímos que estas enzimas poderiam estar relacionadas com
outras funções amebianas que não a de invasão dos tecidos que não se
mostram diferencialmente expressas entre as cepas sintomáticas e
assintomáticas. Reforçando esta hipótese, Bruchhaus e colaboladores
(1996) e Garcia-Rivera e colaboradores (1999) demonstraram que os genes
cp1, cp2 e cp5 além de serem os mais expressos, são responsáveis por no
mínimo 90% da atividade total das cisteil proteinases em E. histolytica.
Sendo assim, os outros genes desta família estariam sendo pouco
transcritos, devido talvez as condições de cultivo requererem mais as
proteínas codificadas pelos genes cp1, 2 e 5. (Bruchhaus et al., 1996b;
Garcia-Rivera et al., 1999)
6.3. Supressão por hibridização subtrativa
Está claramente demonstrado na literatura que a hibridização
subtrativa (SH), e particularmente a supressão por hibridização subtrativa
(SSH), está sendo amplamente utilizada como ferramenta para
identificação de novas regiões genômicas diferencialmente expressas. A
validade desta técnica e seus resultados vêm reforçar o fato que a
hibridização subtrativa tem efetiva evidência na identificação de regiões
previamente implicadas com a virulência e não dúvida que esta técnica
é capaz de identificar genes relacionados com a patogenicidade, sendo essa
aplicação uma das mais interessantes e utilizadas até agora. Alguns
autores vem demonstrando esse resultado, entre eles estão Janke e
colaboradores (2001) que encontraram 22 genes específicos para cepa
patogênica 536 de Escherichia coli quando comparada com a cepa não
patogênica K12-MG1655 e Akopyants e colaboradores (1998) que
estudaram genes diferentemente expressos em cepas patogênicas de
Helicobacter pylori.
Assim, com o intuito de continuar caracterizando nossas cepas
virulentas e avirulentas, foram selecionados, duas cepas de E. histolytica,
com diferentes perfis de patogenicidade (EGG e 452), para comparação dos
genes diferencialmente expressos, através da técnica de SSH. Estas cepas
foram escolhidas por terem constituído opostos extremos nos testes de
virulência A caracterização de tais genes pode contribuir para o
entendimento de mecanismos de infecciosidade utilizados pelo parasita,
além de promover a descoberta de alvos potenciais para o desenvolvimento
de drogas contra a amebíase.
Utilizamos trofozoítos provenientes de cultura das amostras que se
encontravam criopreservadas em nosso laboratório. Vale lembrar que as
duas amostras estudadas foram obtidas de pacientes com amebíase, sendo
a EGG isolada de um indivíduo com amebíase hepática e a cepa 452
isolada de indivíduo assintomático; ambas as cepas são cultivadas em
meio axênico. Quando estudadas com relação ao comportamento em
hamster, observamos que, ao contrário da cepa EGG, a cepa 452 não foi
capaz de infectar esses animais. Observação semelhante foi obtida quando
as duas cepas foram avaliadas com relação ao efeito citopático sobre
células do ovário de hamster chinês.
Em nossos resultados de subtração identificamos 9 fragmentos de
cDNAs, os quais apresentaram alta homologia a genes já previamente
seqüenciados do genoma de E. histolytica (Loftus et al., 2005). Entre os
genes diferencialmente expressos identificados, alguns estão envolvidos
com diversos processos fisiológicos incluindo metabolismo, endocitose,
biossíntese de proteínas, transdução de sinal e outros com função ainda
desconhecida. Apenas quatro destes genes foram confirmados pela RT-PCR
como sendo diferencialmente expressos. Dentre eles estão duas proteínas
hipotéticas e uma proteína rica em cisteína, sendo expressos na cepa EGG
e a proteína grainin 2 expressa na cepa 452.
A grainin 2 foi recentemente descrita por Nickel e colaboradores
(2000), como uma proteína ligada ao cálcio com função ainda
desconhecida, sendo encontrada nos grânulos de E. histolytica. Embora
numerosas funções sejam atribuídas por hipótese a esta proteína, a mais
plausível pode ser o controle das vias de endocitose e descarga granular
dependente da concentração de cálcio. Davis e colaboradores (2006),
também encontraram a proteína grainin sendo mais expressa em cepas
com reduzida virulência. Bruchhaus e colaboradores (2002) encontraram
um baixo nível de expressão de grainin 1 quando comparou a cepa HM1
recém isolada de fígado de hamster com a mesma cepa mantida em
cultura por um longo período. Posteriormente Gilchrist e colaboradores
(2006) obtiveram uma expressão diminuída de grainin em trofozoítos de
HM1 isolados do cólon de camundongos, dado também obtido por Davis e
colaboradores (2006), comparando trofozoítos de cólon humano com
trofozoítos mantidos em cultura. Nossos dados confirmam esses
resultados e com isso podemos levantar a hipótese que a expressão de
grainin 2 pode estar associada com a reduzida virulência, servindo assim
como marcador para um baixo potencial patogênico.
Dois fragmentos de cDNAs, obtidos da cepa EGG, apresentaram
homologia com genes de E. histolytica, depositados no banco de dados do
servidor BLAST, que codificam proteínas com funções ainda
desconhecidas. Com o sequenciamento do genoma de E. histolytica em
2005, Loftus e colaboradores (2005) demonstraram que, dentre os genes
codificadores de proteínas do genoma deste parasito, 41% correspondem a
proteínas hipotéticas, com funções ainda o caracterizadas. Como essas
proteínas têm ainda funções desconhecidas, talvez possam contribuir para
o sucesso da invasão tecidual pela ameba ou para sua sobrevivência no
tecido lesionado já que foram encontradas na cepa virulenta.
Foi também expressa somente em EGG uma proteína de 447 pb rica
em cisteína, possivelmente encontrada dentro de um grupo de 32
proteínas ricas em cisteínas com dominantes contendo repetições CXC.
Outros genes foram subtraídos na técnica de SSH, mas o foram
confirmados pela RT-PCR. Dentre estes cDNAs, dois apresentaram alta
homologia com proteínas ribossomais, um com proteína Rab7A da família
GTPase e um com o fator de iniciação de tradução (EIF 5A), todos o
preditos como altamente conservados em células eucariotas.
Após a caracterização funcional desses genes diferencialmente
expressos poderemos obter alguns esclarecimentos para entender a nível
molecular o funcionamento amebiano. Nossos resultados confirmam
estudos anteriores em que a técnica de SSH é citada como uma boa
ferramenta para identificação rápida de genes diferencialmente expressos
entre cepas de uma mesma espécie. Nesta identificação, encontramos
tanto genes conhecidos como outros de função desconhecida, que podem
estar relacionados com a patogenicidade do parasita ou com a
susceptibilidade do hospedeiro, expandindo assim a compreensão sobre a
patogênese amebiana. Neste contexto, outras ferramentas podem estar
sendo utilizadas pelas amebas na invasão dos tecidos, havendo
necessidade de outros estudos para confirmar a importância destas
proteínas na patogênese da amebíase.
7. CONCLUSÃO
Os parâmetros utilizados para caracterização da virulência
mostraram-se eficientes para esse tipo de análise, apresentando
concordância com a forma clínica dos pacientes dos quais se obteve
as cepas;
Identificamos fragmentos de cDNAs diferencialmente expressos pela
técnica de Supressão por hibridização subtrativa, sendo eles
possivelmente envolvidos com diversos processos fisiológicos
incluindo metabolismo, endocitose, biossíntese de proteínas,
tradução de sinal e outros com função ainda desconhecida; dentre
eles alguns foram confirmados pela técnica de RT-PCR, sugerindo a
possibilidade do envolvimento dos mesmos na patogênese amebiana;
Nossos resultados confirmam que as técnicas de microarray e
supressão por hibridização subtrativa (SSH) são boas ferramentas
para identificação de genes diferencialmente expressos entre cepas
de uma mesma espécie, possibilitando a identificação de genes
relacionados com a patogenicidade do parasita, expandindo assim a
compreensão sobre a patogênese da doença.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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9. ANEXOS
Tabela 1. Lista de oligonucleotídeos utilizados nas lâminas do microarray
Nome
da
proteina
Pos
ição
do spot
No.
do
acesso
Seqüência de Oligonucleotídeos (5’—3’)
1 Actina
A1
CTACATTCCAAAACATGTGGATTACCAAGGAAGAATATGATGAATCTGGACCAGCTATTG
2
cp-1
A6 XM_645064
TCACTGTCATTTTGATGTTTTATATTGGATATGGGATTGATTTCAATACATGGGTTGCCA
3
cp-2
A7 XM_645550
ATGTTTGCTTTTATTTGTTTACTTGCTATTGCAAGTGCTATTGATTTCAATACATGGGCT
4
cp-3
A8 XM_648162
CAACAACATGTGTGGTATTGGAAGAGATTCTAACTATCCAACCGGAGTCAAGTTAATTTA
5
cp -4
A9 XM_651510
TTCACTCCAAAAGTTCAAACTACTGGTTTAACTCATGTTACTCCAACTGAAGAAGCTTTA
6
cp -5
A10 XM_645845
TGCTGTTAAAATTACTGGACAAAAATTAGTTAGACCAGGAAGTGAAAAAGCACTTATGCG
7 cp-6 A11 XM_652272
ATGTTTGGTTTACTCTTTGTTACTCTCATTTCATTGAGCAATGCTATTAGCTTTGATAAA
8
cp-7
B2 XM_652354
AATGTCCAGAAATAAGAATAATCAATGTGGTATTTGCACAGGAATTTCATTCCCAGTTGG
9
cp-8
B3 XM_650583
ATCAACCTGTAGCAGTATCTATTGATTCCTCACAACTAAGTTTTCAATTTTATGAAGGGG
10
cp-9
B10 XM_646598
GTAATAGTTGGGGTGATTGGAAATGGGGAGAAGATGGATATATGAGACTTTATAGAGGAG
11
cp-10
C1 XM_646598
CTTACTCGTGAAGAAAGTGTGGCTATTGCACAAGGAATTCATATAGACAAATCTGATCTT
12
cp-11
C5 XM_648731
CCAATTAAATCAAGTGGAACAAGATATTTTGAAGCAACAATTGATGGTATTGAAGCAGCA
13
cp-12
D2 não
anotado
CATAAATCGTACACCAACAAAGCAGAGTATCTTTATCGTCTCGCCGTCTTCTTAGACAAC
14
cp-13
B1 XM_646489
ACTGTTGATGGTTATGGAGAATGTGATGGACATAAATTCCTTTGGGTAAGAAATTCATGG
15
cp-14
B4 AY156069
GTGGATGTGGAGGAGGATTTGCTGAAGATGTTCTTGATTCTGTAGATGGAATTTATTATG
16
cp-15
B5 XM_651655
CTTGTGGGTCATGTTATTGTGTAAGTAATGCTCTTGCTCTTCAATTAAAATGGGCTAATC
17
cp-16
B6 XM_643409
AGAATAGTTATTATTGTGAGGGAGGTACTTCAGATGAACCGTTAATGTCTTCTCATTACG
18
cp-17
B7 XM_647579
CTGCTAAGTTATCTGCTGACAGTTTATGTGGAATAGGAAATTGTGATGGTGAGAATGTTC
19
cp-18
B8 XM_647373
AAACATCAAGCATTCAGCACACAACAAATCATTGATTGTTCAAACAATAATGGGTGTAGT
20
cp-19
B9 XM_645308
AGAGAATCACAACGATGTTATTCATGTAAAAGGTTCTATCGACTAAATCAATATTCTTGT
21
cp-20
B11 XM_645957
ACCATGGATAGTCGTGGTATGTGTTTAGATAATTCTTATCCTTCAATTCCAGAAGATGCT
22
cp-21
E5 XM_647901
CTCAAAGCATTGCGTTTAATCTAGAACTCCCCGTAGACAAATTGTTTATTCAGTTCAAAA
23
cp-22
C3 XM_643214
ACATTAAAATGTTCTGCTTGTAAAGCAAATACTACTCTTGATGCAAGAGGAATGTGTGTT
24
cp-23
D7 XM_642921
AAAGAGTATTTGACTATGATGAGAGAGCACAATGCAAAAGGAAGTTCTTATAGAATGGGA
25
cp-24
C2 XM_649361
ACTTTTAAACGTGGGGTATGCAAAACTAGAGAGATGGGAGATGGACTTATTGTTTATCTA
26
cp-25
C4 XM_651540
TCAGCATATGTTATTCCTGAAAATAGAATCACTCCAGTTAAAGGACAATTAGCTAGAGGT
27
cp-26
C6 XM_650036
CGTTCAACTTGTTGGTCTTTTGTTACTTCTGGTTTCTTAGAGTCTGCCTATAATTCTGAG
28
cp-27
C7 XM_650708
TATCCTCAATAAACATTTACCATTCTGGGGAGGGTATGTTGGAAGTCATTTTGAAATTGA*
29
cp-28
C8 XM_649708
TGCACCATTTATCAAAGAGAATGAAATAGTATCGACGTTTGAAAAGTCTGTAGGAAATGT
30
cp-29
C9 XM_646461
ACTTGTGGAGCATTTATTATTAGAGATTCTACTGATGATACTCTTGTTTATGGCAGTCAT
31
cp-30
C10 XM_652181
AATGGTATTAGAAAAGGATTTCTTAAAGAAAATGAATATCTTAGACTATCACCTCAAGCA
32
cp-31
C11 XM_652181
AGAAAGTTCATATAGAGCTTATGGTCTTCGACATAATCTTCTTAACTCAACAGAGTATGT
33
cp-32
D1 XM_649919
GTACCATGTCCATCATCTTTAGGAGGGGATTGTGTTGTACTTACTTTTAATCCATATTCC
34
cp-33
D3 XM_649737
TGCACCATTTATCAAAGAGAATGAAATAGTATCGACGTTTGAAAAGTCTGTAGGAAATGT
35
cp-34
D4 XM_642991
TGGGTGTCGAGATTTAGAAACGATAAATAAGTCATTTGATCCAGATTTTGCTCCTTCATT
36
cp-35
D5 XM_645737
TTAGTTCGTAACGAATTTCAAGGTGATTGTATTAATGACCAACTTAAAAGTGAGTGTCAA
37
cp-36
D6 XM_651464
GCTACCATTGGTCTTTTGGAACAATCATATAGAGATAATGACTATCACCTCAAGCATATG
Tabela 2 – Lista de iniciadores utilizados no PCR em Tempo Real
Nome da
proteina
No. do acesso Iniciador 1 (5’) Iniciador 2 (3’)
1 cp-A1 XM_645064 TGCATCATCTGTTCAATTCC CAACACCATATCCAACAGCA
2 cp-A5 XM_645845 GTTGCTGCTGAAGAAACTTG GTACCATAACCAACTACTGC
3 mp 48-1 XM_643678 GGTAATCATCAATTAGCAAG TTGCTTGTATTCGTTCTACA
4 sp 9-2 XM_651453 GTTGATGATGCATGTGGATG TTCAAGACCAGCATGAATTG
5 Actina AAGCTGCATCAAGCAGTGAA GGAATGATGGTTGGAAGAGG
Tabela 3 – Lista de iniciadores utilizados no RT- PCR
Nome da
proteína
N de acesso no
GeneBank
Iniciador 1 (sense) Iniciador 2 (antisense)
1 Actina GCTGCATCAAGCAGTGAA
GAATGATGGTTGGAAGAG
2 Grainin 2 XP_649888.1 GTCTTTGTTTGCTATCC GTTCTTGCACTTTCAGG
3 Rab7- GTPase XP_650371.1 TGCAGGGAAAAAGATTC AACAAGGGCAATCAGAC
4 Rib. 60S XP_655273.1 ACTTCACATTAGCCCAG TAATAGCAACCATACCG
5 Hip.108.t00008
XP_654688.1 TCAGCATGTGCTCAATC TTCCATGTCCAATTCTC
6 Hip.263.t00003
XP_657103.1 TGGGTCTCTTCAGACAG ATAACTTTTCCACCTCC
7 Cisteína XP_652703.1 TGTCAGGAACACCAATC CTACAGAACTTTCCTCC
8 Rib 40S- S17 XP_657397.1 GGAGTCAGAACTAAAAC AGCATTTTGAGAGTAAC
9 Eif – 5A emb/CAA82856.1
AATGCTGAACATTCTGG GCTTCAATACCCATAGC
10
Gal/GalNac Gb/AAM22200.1 GGATTTCTTGGTTTTGG AGCATTTTGAGAGTAAC
Tabela 4 Lista das seqüências das possíveis proteínas codificadas
pelos cDNAs específicos de cada uma das cepas de E. histolytica
Proteína
homóloga
Seqüência das proteínas
Família
GTPase-
Rab
7A
gctgcagggaaaaagattcttttaaaagtaattattcttggtgattcaggtgttggaaaa
acttctttaatgaaccaatttgttaatcataaatatagttctgtctataaagcaactatt
ggtgctgacttcttaacaaaagatcttgttgttgataatcatgaagtaacaatgcaaatt
tgggatactgccggaaatgaacgattccaatcccttggagttgctttctacagaggtgca
gattgttgtgctctttgttatgatgtcaatgacccaaaaacatttgagtctttaaacaac
tggagagaagaattccttgttcaagcttcaccaaagaaccaagaccaattcccatttgtt
gttttaggaaataaagttgatacttatgaaggaagtcctgatgctattaagaagaaggct
gaacaatggtgttcagaacatttcaatattcctttcttcgaaacttctgctaaaaatgct
accaatgtagatgctgctttccaatcaattgcccaagctgctattgctcaaaagggaact
gatactgatatttatgtcatgaaccaagttaatattgatcagcctgctcctcaagctcaa
aagtctgattgcccttgttga
Prot.
hipotética
263.t00003
tgggtctcttcagacaggggcaatcagcgccattgataaagagacaaaatatcttgcaga
aaatggagacacgatttcacaacgaatggatagaattggagatattgcaggaaaagccgc
aaatgttcttgaaccagttgcaaggttcactaatattgttggaccaggaattagaggaaa
atatggacgtttagctgtaggagcaatcaatggagcagcgaaaggagcgcgtgctattaa
cttaggtgcacgtggagcagcaagtataactagatacgctacggggttgtctaaacaata
ccaaaaccaagaaggaacgcctgaagagaaagtaagattaatgaaagaagtaataataca
aaatgccaaagatgaaggaaagaaacttcttgcaaatggagttggtgcacttgcaggcaa
agctgctactgttgcttttggaaatagaatagtttcaggaggtggaaaagttat
Gal/GalNAc
lectin
heavy
subunit
gcaggacaaggacaagttgatccacttgttaatattgctaagaatgacttattcaaaatg
atttctgacaagaaaatcaaaagaggaactatggttgtgttaatggacaatgcacttgga
tcagaatttaatgcagaaacagaatttgatagaaagaatatttcagttcatactgttgtt
cttaatagaaataaagactcaaagattacatatagtgctttgaaacttgtttcacttgga
ccacattatcatgaattcacaagtaatagtgaagtatcaactactattgatgaacttttc
aaaggaattagagctaatttaacagaaagatgtgatagagataaatgttcaggattttgt
gatgcaatgaatagatgcacatgtccaatgtgttgtgagaatgattgtttctatacatcc
tgtgatgtagaaacaggatcatgtattccatggcctaaagctaaaccaaaagcaaagaaa
gaatgtccagcaacatgtgtaggtttatatgaatgtaaagatcttgaaggatgtgttgtt
acaaaatataacgcatcttgtgaaccaaaagtgaaatgcatggtaccatattgtgatgac
gataataatctaaaggaagtatgtaaacaaaaagctaattgtgaagcagatc
Prot. L21
ribosomal
60S
atgccattatctaacggtagaaatagaagaaccagaaaattatttaagagaccattcaga
ggacatggactctcaaacacttcaaccattcttcacacatataaagttggtgattatgta
acaatcctctgtaattcatctattcaacatggtcttccatacaaagctttccatggaaag
actggacgtgtttggaatgttaatccacatgccattggagttatggtaaataagaaagtc
aataatagaattgtagttaaaagacttcacattagcccagaacatatcagaccatctgga
tgccaaaaagacttccttgaaagaaaggctgctgttgctgccattagaaagcaaaacatt
caattaaagaaagaaggaaaaccacttcttccattaccagctaagagacttccaaaacaa
ccaagaccagctgaacttattaaaggtgctgatattaagttcactactgttgctccactt
aaattcgaagaactttattaa
Proteína
rica em
cisteína
atgtcaggaacaccaatctgcccaacttgtcataagcgtgtttatttcaacgaaagattaa
ctttcgctggtaaggattatcataaaattggttgcttcaaatgtacttcatgccataagac
acttgaaatttctaaagctcgtgagtctgatggcatgccttattgtgttaattgtcatgca
caaaaacaaggacttaaaggattccaaccaggaaatgttcttacttcatatactggttatg
gtggaggaaaaggagaggttgataattctactgttgttggtggtagaattgctgaggttgc
tgcccaagaagaggctgaacaaatgagaaatgctccagtcagatcagaacctgctccatct
gatcttccaaagttctgtccaagttgtggtgccaagaataatggaggaaagttctgtag
Prot. S17
ribosomal
40S
ggaggagtcagaactaaaactgttaagagagctgcaagaaatattattgaaaagtactat
ccacttttaactcttgatttccatactaataaacatgttgttgatgaagttgctgttgtt
gaaactaaacgattaagaaataaaatcgctggtttcattactcatttaatgagaagaatc
caaaaaggtccagttagaggaatttctttcaaacttcaagaagaagaaagagaaagaaga
gataattatgttccagaaaaatctgaagttaatattgataaaattactgctgatccagtt
actctcaaaatgcttgaatcaattggaatgccaattaataaaaagaactaa
Prot.
hipotética
108.t00008
tcagcatgtgctcaatcaagtggattttggatgccaacactataccgtgttcaagaaagac
ttggagaagttgctatgagattagatgaagttgaagatgaagaaagacatgtcggagatat
gattgatgaaaatattaaagatttagaaaatgtgatcacaaaacgagaaaagtatattatt
ggaagaaaattaacacatttaagatctaaaatggttgtttaccatacaaagaaattagccc
ttcttagagttatgaagaaaattgttaaaaacatcccaagaaaattcagagctagaatgat
tagaagattaagattagaaaagagattcaacgctattagagatattgcccgtgatgctaag
tatgttcttaagtcacatggacatatttcacataaaacagataccaaaaaaactctcaaga
gaattggacatggaa
Fator de
iniciação
de
tradução
HM1 eIF-5A
gtaatgctgaacattctggagtatatccatgccaatgctctgctttaagaaaaggtggtta
tgttgttatcaagggaagaccatgcaaggtttttgaaa tgtcaacttctaagactggaaa
acatggacatgctaaagttacttatgctggttatgatattttcactggaaagagacttgat
gattcttgcccatcaactcataatgttgaagtcccagaagtaaagagaactgaatactctc
ttgttggtattaatgatggatatgcatcacttcttcttgaaagtggtgaaactagagacga
tcttaaactcccagaaggtgaaatgggacaaaagattcaagctgattatgatgatggaaaa
gaactcattattgctattcaaactgctatgggtattgaagcca
Grainin 2 gtctttgtttgctatccaagctgctgctgatgcttttgtcacccaaatgattcaagctgct
gttaactctgatccaaatctcaagttccaatggtggttcccattagttgaaagattagatg
ctaaagatttacaaaaccttcaatcatggtttattagtgttgataaggataaatctggaac
tcttgaaattggagaattaaagaaagctaaattcccaggaggaattaaagttgacgataaa
acaataaagagattaatgagagtctttgatattgatatgtcaggatcaattggattctttg
aattccttgctttatggaatttcatgaacctttgtaatgaaacatttaaacactttgatgc
tgataaaagtggaagtcttgatgtcaatgaattaatcaaagctcttccaatgcttggattc
aattgcaataagagatcagttgatgtcttattgaaaatgaacggttcatcattgggatcta
agaaagtttcaaagaaccaattcattagtactgctgcttatcttggacaatgcagaagtat
ttaccaaaagactttcaatatgaagagagaagaaattgataatgctgaattcgataagttc
gttaatttagttcttgcactttcagg
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(Davis et al., 2006)
(Loftus et al., 2005)
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