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especificação detalhada ao fornecedor é uma das formas de se evitar tais conflitos.
Esta ferramenta tem significativa importância para se ter uma clara definição das
responsabilidades antes do início efetivo de um projeto em parceria (co-
desenvolvimento). O estudo realizado por WYNSTRA et al (2001) mostra que a falta
desta clara definição de responsabilidades é uma das três fontes de problemas em
desenvolvimentos em parceria, pois cria divergências entre as expectativas da
montadora e do fornecedor, podendo impactar na estratégia de investimentos dos
envolvidos em função de premissas incorretas quanto à dimensão de suas
responsabilidades (WYNSTRA et al, 2001). Finalmente, ainda com relação ao tema
das especificações, observa-se que a prática de se manter modelos (templates) de
especificação para cada sistema, sub-sistema e componente, que permite algum nível
de integração com o fornecedor (co-desenvolvimento), facilita a elaboração da
especificação técnica, mantendo a memória dos aprendizados anteriores e reduzindo
seu tempo de emissão.
Nota-se que o processo de definição do custo-objetivo para os novos
componentes, através da adição e subtração de custo a partir do custo de uma peça-
referência, funciona eficientemente quando as diferenças técnicas entre o novo
componente e o de referência são mensuráveis (massa, dimensão, material utilizado,
etc.). Já quanto maior o nível de inovação tecnológica ou valor agregado (eletrônica
embarcada, software, etc.) do novo componente, maior é o grau de incerteza na
definição do custo-objetivo por este processo. Este processo presume que o custo da
peça-referência esteja correto e represente o custo verdadeiro (custo real) do
componente, o que nem sempre é adequado, pois a peça-referência pode estar super-
custeada ou sub-custeada devido às negociações comerciais ocorridas desde seu
processo de cotação. Um processo mais amplo, envolvendo análise de valor, análise
de custo dos sub-componentes, custo de produção e custo de transporte, buscando a
identificação do custo real do componente, poderia ser incorporado na definição do
custo-objetivo dos novos sub-sistemas e componentes. Por outro lado, tais análises
consomem consideráveis recursos e necessitam de uma estrutura específica para sua
realização, sob pena de se obter resultados distorcidos na falta de um nível adequado
de detalhamento. A aplicação destas análises mais detalhadas na definição do custo-
objetivo, visando se evitar o problema da acuracidade do custo da peça-referência,
necessitaria de uma classificação do tipo ABC, identificando os 20% dos sub-
sistemas e componentes que correspondem a 80% do custo do veículo, a fim de se