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NORINNE LACERDA QUEIROZ
Avaliação da resposta inflamatória cerebral em camundongos BALB/c e C57Bl/6
infectados por Plasmodium berghei cepa NK65
Programa de Pós-Graduação em Parasitologia
Instituto de Ciências Biológicas
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte
Minas Gerais, Brasil
Maio/2007
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NORINNE LACERDA QUEIROZ
Avaliação da resposta inflamatória cerebral em camundongos BALB/c e C57Bl/6
infectados por Plasmodium berghei cepa NK65
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Parasitologia do Instituto de
Ciências Biológicas da Universidade Federal
de Minas Gerais, como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em
Parasitologia.
Área de concentração: Protozoologia
Orientadora: Profa. Érika Martins Braga  Departamento de Parasitologia
Co-orientadora: Profa. Juliana Carvalho Tavares  Departamento de Fisiologia
Programa de Pós-Graduação em Parasitologia
Instituto de Ciências Biológicas
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte
Minas Gerais, Brasil
Maio/2007
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043
Q3a
Queiroz, Norinne Lacerda .
Avaliação da resposta inflamatória cerebral em camundongos BALB/c e
C57Bl/6 infectados por Plasmodium berghei cepa NK65 [manuscrito] /
Norinne Lacerda Queiroz.  2007.
93 f. : il. ; 29,5 cm.
Orientadora : Érika Martins Braga.
Dissertação (mestrado)  Universidade Federal de Minas Gerais,
Instituto de Ciências Biológicas.
1. Malária Cerebral. 2. Plasmodium berghei  Teses. 3. Modelos animais em
pesquisa  Teses. 4. Inflamação  Teses. 5. Quimiocinas  Teses. 6.
Microscopia/Técnica  Teses. I. Braga, Érika Martins. II. Universidade Federal
de Minas Gerais. Instituto de Ciências Biológicas. III. Título.
iii
Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é
questão de opiniães...
(Guimarães Rosa)
iv
Dedico este trabalho ao meu querido avô Zacarias, que
desconhecendo, tem sido tão importante na minha
vida e minhas escolhas. Mesmo à distância você
esteve constantemente presente neste mestrado.
v
Agradeço ao Programa de Pós-Graduação em Parasitologia, ICB/UFMG, pelos
conhecimentos transmitidos e pela a oportunidade de realização desta Dissertação
de Mestrado.
vi
Agradecimentos
Agradeço imensamente aos meus pais, Antônio e Santa, alicerces da minha vida e
exemplos de dedicação. Obrigada pelo amor e apoio incondicional, a confiança e o
carinho.
Aos meus irmãos, que de formas tão diferentes me acompanham e contribuem na minha
vida.
Ao Glauber pelas lições...
Ao Vladmir por acreditar e me incentivar...
A Noelle pela presença constante, mesmo a distância, e por todo carinho e
cumplicidade.
A professora Érika Martins Braga pela orientação e pela oportunidade de trabalhar no
laboratório de Malária.
A minha orientadora e amiga Juliana Carvalho Tavares, presente em toda esta
caminhada. Sou eternamente grata a sua participação na minha vida acadêmica e
pessoal. Agradeço o apoio e confiança.
A professora Cláudia Martins Carneiro, pela colaboração neste trabalho. Agradeço a
disponibilidade, atenção e carinho.
Ao professor Antônio Lúcio Teixeira Jr, pela colaboração e disposição. Agradeço o
interesse pelo trabalho e por me incentivar.
A amiga rcia de Carvalho Vilela, meu braço direito em muitas ocasiões, com direito
a ombro amigo...
A amiga Adriana Carvalho, que muito me ensinou durante o início da minha vida
acadêmica e sempre esteve disponível para contribuir no meu trabalho.
Aos colegas de mestrado: Ana Terezinha, Érika, Erlisson, Juliana, Lara, Leonardo,
Liliam, Natasha e Vladimir... Pelos momentos de aprendizado, tanto na sala de aula
quanto fora dela (nos churrascos e almoços...). Foi muito bom compartilhar esta
experiência com todos vocês.
Aos colegas do laboratório de Neuro-Imuno Fisiologia e Malária, em especial a técnica
Márcia Campos, pelo suporte nos trabalhos.
Ao professor Mauro Martins Teixeira por disponibilizar a infra-estrutura do laboratório
de Imunofarmacologia para parte de meus experimentos.
Aos alunos do laboratório de Imunofarmacologia, que muitas vezes me socorreram...
Ao Flávio Amaral que contribuiu no experimento de permeabilidade. Agradeço, em
vii
especial, ao David Herinque que acompanhou parte dos experimentos, estando a
disposição para ajudar e compartilhar.
As colegas de república, Cíntia e Kézia. Agradeço a experiência de dividir.
Aos amigos da minha Montes Claros: Dalila, Ângela, Thereza, Tiana, Virgínia, Hilla,
Renato, Alessandro e Tiago, pelos anos de amizade e cumplicidade. Foi muito bom
contar com todos mesmo à distância.
Aos amigos conquistados em Belo Horizonte, especialmente a Carol e a Leidi.
Aos meus familiares, especialmente meus avós (Antônia, Dja e Marcelino), minha
querida bisavó Regina e meus tios e tias (Clício, Marly, José Geraldo e Darcy).
Aos professores do Departamento de Parasitologia pela transmissão de conhecimentos.
Ao professor Ricardo Wagner de Almeida Vitor que atenciosamente cumpriu o papel de
relator desta dissertação.
Ao CNPq pelo auxílio financeiro.
Aos funcionários, especialmente a secretária Sumara, ao Seu Neri e a Rose, a quem eu
guardo tanto carinho.
Enfim, aqueles que, de alguma forma, passaram pela minha vida e deixaram alguma
contribuição.
Meu muito obrigada a todos!!!
viii
Resumo
A malária é a doença parasitária mais grave da humanidade, sendo um problema
de saúde pública em mais de 100 países. A malária cerebral (MC), causada pelo
Plasmodium falciparum, é uma das formas de manifestação mais grave da malária
humana e a principal causa de óbitos, apresentando mecanismos ainda desconhecidos. A
patogênese da malária está associada a uma resposta imune inapropriada ou excessiva
desenvolvida pelo hospedeiro para eliminar o parasito. Devido às dificuldades em
acompanhar casos humanos e da limitada possibilidade de examinar os processos
patológicos, modelos experimentais de MC foram desenvolvidos. Embora nenhum
modelo reproduza totalmente a condição humana, o modelo experimental utilizando
roedores é bem caracterizado e a grande diversidade de linhagens de camundongos,
associada à infecção com diferentes espécies de Plasmodium, tem contribuído para
elucidar aspectos envolvidos na patogênese da doença.
Assim, o objetivo do nosso trabalho foi avaliar a resposta inflamatória cerebral
envolvida na patogênese da malária experimental induzida por Plasmodium berghei
cepa NK65 em camundongos jovens (seis semanas de idade) das linhagens BALB/c e
C57Bl/6.
Camundongos BALB/c e C57Bl/6 foram infectados com inóculo padronizado de
10
6
hemácias parasitadas por injeção intraperitoneal. A parasitemia foi monitorada
diariamente, a partir do terceiro dia pós-infecção (dpi), e apresentou uma evolução
gradual, com diferença significativa entre as duas linhagens ao longo da infecção
(p<0.01). Sinais clínicos e sobrevida dos animais foram avaliados durante doze dias,
com expressiva perda de massa corporal nos animais infectados em relação aos animais
controles, em ambas as linhagens. A mortalidade também apresentou um perfil diferente
entre as linhagens de camundongos, estando concentrada nos dias seis e sete pós-
infecção para C57Bl/6 e oitavo dia para BALB/c. Camundongos das duas linhagens
foram submetidos à análise histopatológica para determinação da progressão das
alterações morfológicas no cérebro. Animais C57Bl/6 apresentaram alterações teciduais
precoces, porém discretas, já no terceiro dia pós-infecção. As alterações cerebrais,
semelhantes às descritas na MC, tornaram-se mais evidentes ao longo do tempo e foram
mais intensas em camundongos da linhagem C57Bl/6 em relação à linhagem BALB/c, o
que justifica a morte precoce daquela linhagem. A interação leucócito-endotélio na
microcirculação cerebral foi avaliada através de microscopia intravital nos vasos da pia-
máter de animais infectados (5 dpi) e animais controle (não-infectados). Os animais
ix
infectados apresentaram aumento do número de leucócitos em rolamento e aderidos na
parede do endotélio em relação aos animais controle. A contagem total e diferencial de
leucócitos (linfócitos, monócitos neutrófilos, eosinófilos e basófilos) presentes no
sangue periférico dos animais exibiu um padrão alterado da população celular geral e/ou
específica nos animais infectados em relação aos controles. A quantificação do
extravasamento do corante azul de Evans para o parênquima cerebral sugeriu
modificações na permeabilidade vascular da BHE, em decorrência da infecção.
Utilizando o método de ELISA, verificamos que houve um aumento significativo das
concentrações da citocinas TNF-α e IFN-γ, e das quimiocinas murinas MCP-1/CCL2,
RANTES/CCL5 e MIG/CXCL9 em homogenato de cérebro e no soro dos animais
infectados (5 dpi) quando comparado aos animais controle.
Este trabalho sugere que a infecção por P. berghei cepa NK65 em camundongos
BALB/c e C57Bl/6 foi capaz de induzir manifestações clínicas e alterações
morfológicas cerebrais, típicas da malária grave por P. falciparum, especialmente na
linhagem C57Bl/6, o que pode representar um bom modelo para o estudo da MC.
x
Abstract
Malaria is the most important parasitic disease of the humankind, representing a
public health problem in more 100 countries. Cerebral malaria (CM), caused by
Plasmodium falciparum, is one of more serious manifestations of human malaria and
the main cause of death by an as-yet unknown mechanism. The pathogenesis is
associated with an inappropriate or excessive immune response by the host in response
to the parasite. Due the difficulty to following human cases and the restriction to
examine the pathologies, experimental models of CM have been developed. However,
there is any model that repeats the human condition. The suitability of rodents
experimental models is well characterized and the huge diversity of mouse strains
associated with the infection by different species of Plasmodium have contributed to
elucidated some features involved in the pathogenesis of the disease.
The aim of the present study was to evaluate the cerebral inflammatory response
involved in the pathogenesis of experimental malaria induced by Plasmodium berghei
NK65 in young BALB/c and C57Bl/6 mice (six weeks).
BALB/c and C57Bl/6 mice were infected with standard inoculums of 10
6
parasitized erythrocytes by intraperitoneal injection. The parasitemia was monitored
daily, until the third day post-infection (dpi), and presented a gradual evolution, with
significant differences between strains (p<0.01). Clinical signals and survival of the
animals were evaluated over twelve days, and exhibited a significant loss of weight in
infected mice compated to controls, in both strains. Mortality was also different between
the strains of mice, ocuring during six - seven days post-infection for C57Bl/6 and on
the eighth day for BALB/c. Brain samples from C57Bl/6 and BALB/c mice were
evaluated by histopathological techniques in order to determinate progress of the
morphological changes. C57Bl/6 mice showed early tissues alterations, however mild
brain alterations were observed on the third day post-infection, as described for human
CM. The cerebral alterations, as in human CM, became more evident over time and
were more intense in C57Bl/6 mice compared to BALB/c, explaining the early death.
Leukocyte-endothelium interactions in the cerebral microcirculation were evaluated by
intravital microscopy in the pial matter vessels in infected animals (5 dpi) and control
animals (non-infected). The infected animals showed an increase in the number of
leukocyte rolling and adhesion on the vessel wall in comparison to control animals. The
total and differential number of leukocytes (lymphocytes, monocytes, neutrophils,
xi
eosinophils and basophils) in the peripheral blood showed a different profile of the
global and/or specific cellular population in infected animals, when compared to
controls. The evaluation of Evans blue leakage to cerebral parenchyma suggests
changes in vascular permeability of blood-brain barrier (BBB), as consequence of the
infection. Using ELISA methods, we noted a significant increase in TNF-α and IFN-γ
cytokines concentrations, as well as in MCP-1/CCL2, RANTES/CCL5 and
MIG/CXCL9 levels, in brain and serum of infected animals (5 dpi) in comparison to
controls animals.
This work showed that young mice BALB/c and C57Bl/6 infected by P. berghei
strain NK65 were able to induce clinical manifestations and cerebral morphological
alterations typical of severe malaria by P. falciparum. Finally, experimental malaria
model induced by P. berghei NK65 may represent a good model to study the
pathogenesis of CM.
Sumário
Lista de Abreviaturas e Siglas ........................................................................................................................................1
Lista de Gráficos ............................................................................................................................................................3
Lista de Figuras, Quadros e Tabelas...............................................................................................................................4
1
1 1
1 -
--
- IN TR OD U Ç ÃO
IN TRO D U ÇÃ O IN TRO D U ÇÃ O
IN TRO D U ÇÃ O ......................................................................................................................................... 5
1.1 - A SITUAÇÃO DA MALÁRIA NO MUNDO.............................................................................................. 6
1.2 - A DOENÇA ........................................................................................................................................ 6
1.3 - MALÁRIA CEREBRAL HUMANA....................................................................................................... 10
1.4 - MODELOS EXPERIMENTAIS DE MALÁRIA CEREBRAL...................................................................... 12
1.5 INTERAÇÕES PARASITO-HOSPEDEIRO............................................................................................. 14
1.6 CARACTERÍSTICAS DO PLASMODIUM BERGHEI ............................................................................... 15
1.7 - MEDIADORES INFLAMATÓRIOS....................................................................................................... 16
1.8 - RECRUTAMENTO CELULAR............................................................................................................. 17
1.9 - QUIMIOCINAS ................................................................................................................................. 18
2
2 2
2 -
--
- JU STIFIC ATIV A
JU STIFICATIV A JU STIFICATIV A
JU STIFICATIV A .................................................................................................................................... 22
3
3 3
3 -
--
- O BJE TIVO S
OB JETIV OS OB JETIV OS
OB JETIV OS ............................................................................................................................................ 25
3.1 - OBJETIVO GERAL............................................................................................................................ 26
3.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................................. 26
4
4 4
4 -
--
- M ATE RIA L E M ÉTOD O S
M ATER IAL E M ÉTO D O S M ATER IAL E M ÉTO D O S
M ATER IAL E M ÉTO D O S ....................................................................................................................... 27
4.1 - ANIMAIS......................................................................................................................................... 28
4.2 - PARASITO E INFECÇÃO DOS ANIMAIS .............................................................................................. 28
4.3 - DETERMINAÇÃO DA PARASITEMIA ................................................................................................. 28
4.4 - HISTOLOGIA ................................................................................................................................... 29
4.4.1 - Fixação do tecido e recorte dos órgãos ................................................................................ 29
4.4.2 - Desidratação, diafanização e inclusão em parafina ............................................................. 30
4.4.3 - Microtomia ............................................................................................................................ 30
4.4.4 - Coloração.............................................................................................................................. 30
4.4.4.1 - Hematoxilina-Eosina......................................................................................................................30
4.4.4.2  Cresil Violeta.................................................................................................................................31
4.4.5 - Análise Histopatológica ........................................................................................................ 31
4.5 - MICROSCOPIA INTRAVITAL ............................................................................................................ 32
4.6 CONTAGEM TOTAL E DIFERENCIAL DE LEUCÓCITOS....................................................................... 33
4.7 - AVALIAÇÃO DA PERMEABILIDADE VASCULAR................................................................................ 34
4.8 - MEDIDA DOS NÍVEIS DE CITOCINAS E QUIMIOCINAS NO SORO E CÉREBRO POR ELISA.................... 35
4.8.1 - Preparo de homogenato de cérebro de camundongo............................................................ 35
4.8.2 - Obtenção de soro de camundongos....................................................................................... 35
4.8.3 - Determinação de citocinas por ELISA .................................................................................. 35
4.9 - ANÁLISE ESTATÍSTICA.................................................................................................................... 36
5
5 5
5 -
--
- R ESU LTA D OS
R ESU LTA D O S R ESU LTA D O S
R ESU LTA D O S........................................................................................................................................ 38
5.1 - EVOLUÇÃO DA PARASITEMIA ......................................................................................................... 39
5.2 - MORTALIDADE............................................................................................................................... 42
5.3 - SINAIS CLÍNICOS............................................................................................................................. 42
5.4 - HISTOLOGIA ................................................................................................................................... 45
5.5 - INTERAÇÃO LEUCÓCITO-ENDOTÉLIO .............................................................................................. 50
5.6 CONTAGEM TOTAL E DIFERENCIAL DE LEUCÓCITOS....................................................................... 53
5.7 - AVALIAÇÃO DA PERMEABILIDADE VASCULAR................................................................................ 56
5.8 - DOSAGEM DAS CITOCINAS TNF-Α E IFN-Γ E DAS QUIMIOCINAS KC/CXCL8, MIG/CXCL9, MIP-
1Α/CCL3, MCP-1/CCL2 E RANTES/CCL5.......................................................................................... 58
6
6 6
6 -
--
- D ISCU SSÃO
D ISCU SSÃO D ISCU SSÃO
D ISCU SSÃO ........................................................................................................................................... 62
7
7 7
7
CO N CLU SÕ ES
CON C L U SÕ E S CON C L U SÕ E S
CON C L U SÕ E S ....................................................................................................................................... 75
8. P ER SPE CTIV A S
8. P ER SPE CTIV A S8. P ER SPE CTIV A S
8. P ER SPE CTIV A S ...................................................................................................................................... 78
9
9 9
9 -
--
- R EF ER ÊN CIAS B IBL IO G
R EF E RÊ N CIAS BIB LIO G R EF E RÊ N CIAS BIB LIO G
R EF E RÊ N CIAS BIB LIO G R ÁF ICAS
RÁ FICA SRÁ FICA S
RÁ FICA S ....................................................................................................... 80
1
Lista de Abreviaturas e Siglas
ANOVA  Análise de variância
BHE  barreira hematoencefálica
BSA  Albumina de soro bovino
CEBIO  Centro de Bioterismo
CETEA  Comitê de Ética em Experimentação Animal
CCL2/MCP-1 proteína quimioatraente de macrófagos e monócitos (monocyte-
chemotactic protein-1)
CCL3/MIP-1α proteína quimioatraente de macrófagos, monócitos e linfócitos T
CD8+ (macrophage-inflammatory protein-1 alpha)
CCL5/RANTES proteína quimioatraente de linfócitos T ativados e eosinófilos
(regulated upon activation, normal T cell expressed and secreted)
CXCL8/Kc  proteína quimioatraente de neutrófilos
CXCL9/MIG  monocina induzida por IFN-γ (monokine induced by IFN-γ)
CCR  receptor de quimiocina tipo CC
CSF  fluido cerebroespinhal (cerebrospinal fluid)
CXCR  receptor de quimiocina tipo CXC
dpi  dias pós-infecção (days post-infection)
ELISA  Ensaio imuno-sorvente por enzima ligada (Enzyme-linked immunosorbent assay)
EPM  erro padrão da média
GAG  glicosaminoglicanos
HE  coloração Hematoxilina-Eosina
ICAM  Molécula de adesão intercelular (Intercellular adhesion molecule)
IFN-γ Interferon gamma
Ig - imunoglobulina
IL  interleucina
i.p.  intraperitoneal
i.v.  intravenoso
Kg  kilograma
LPS  lipopolissacarídeo
MC  malária cerebral
MCE  malária cerebral experimental
2
MHC Complexo principal de histocompatibilidade (Major Histocompatibility
Complex)
µL  microlitro
NO  óxido nítrico
NK  célula Natural Killer
nm  nanômetro
OMS  Organização Mundial de Saúde
PBS  salina tampão fosfato (Phosphate buffered saline)
PfEMP1  proteína 1 de membrana do eritrócito do P. falciparum
r.p.m.  rotações por minuto
SNC  Sistema Nervoso Central
TNF- α fator de necrose tumoral alfa
3
Lista de Gráficos
Gráfico 1 Média das parasitemias diárias de camundongos BALB/c e C57Bl/6 jovens,
a partir do terceiro dia pós-infecção.. ............................................................................. 40
Gráfico 2  Curva de sobrevida de camundongos BALB/c e C57Bl/6 jovens............... 43
Gráfico 3 Determinação da variação da massa corporal (%) de animais BALB/c e
C57Bl/6 jovens. .............................................................................................................. 44
Gráfico 4 Número de leucócitos em processo de rolamento e de adesão na
microvasculatura da pia-máter de camundongos BALB/c e C57Bl/6 jovens. ............... 52
Gráfico 5  Número total de leucócitos no sangue periférico de camundongos BALB/c e
C57Bl/6 jovens................................................................................................................53
Gráfico 6  Níveis de azul de Evans extravasado para o parênquima cerebral em
camundongos BALB/c e C57Bl/6 jovens........................................................................56
Gráfico 7 Níveis da concentração da citocina TNF-α em sobrenadante de homogenato
de cérebro e em soro de camundongos BALB/c e C57Bl/6 jovens.................................59
Gráfico 8 Níveis da concentração da citocina IFN-γ e das quimiocinas Kc/CXCL8,
MIG/CXCL9, MIP-1α/CCL3, MCP-1/CCL2 e RANTES/CCL5 em sobrenadante de
homogenato de cérebro de camundongos BALB/c e C57Bl/6 jovens............................60
4
Lista de Figuras, Quadros e Tabelas
Figura 1 - Ciclo do Plasmodium....................................................................................... 8
Figura 2 - Mecanismo de recrutamento de leucócitos ................................................... 17
Figura 3 - Interações das moléculas de quimiocinas com os diferentes receptores.. ..... 21
Figura 4 - Foto do sistema de microscopia intravital. .................................................... 32
Figura 5 - Fotomicrografias de esfregaços sangüíneos corados com Giemsa............... 40
Figura 6 - Fotomicrografias do córtex cerebral de camundongos BALB/c e C57Bl/6
não-infectados................................................................................................................. 45
Figura 7 - Fotomicrografias do córtex cerebral de camundongos C57Bl/6 infectados,
eutanaziados no terceiro dia de infecção.........................................................................46
Figura 8 - Fotomicrografias do rtex-cerebral de camundongos infectados,
eutanaziados no sexto dia de infecção.............................................................................47
Figura 9 - Fotomicrografias do rtex-cerebral de camundongos BALB/c infectados,
eutanaziados no nono dia de infecção.............................................................................48
Figura 10  Micrografia de videomicroscopia intravital.................................................50
Quadro 1  Infecção por Plasmodium em diferentes linhagens de camundongos..........13
Tabela 1 - Número percentual dos tipos celulares presentes no sangue periférico de
camundongos BALB/c e C57Bl/6 jovens........................................................................54
Tabela 2 Quantificação diferencial dos tipos celulares presentes no sangue periférico
de camundongos BALB/c e C57Bl/6 jovens (x 10
6
células/mL)....................................54
5
1
1 1
1 -
--
- Introdução
Introdução Introdução
Introdução
6
1.1 - A situação da malária no mundo
A malária é a doença parasitária mais grave da humanidade, considerada uma
doença negligenciada que permanece como grave problema de saúde blica, apesar
dos esforços dispensados para seu controle. Segundo dados da Organização Mundial de
Saúde (WHO, 2006), em torno de 3,2 bilhões de pessoas vivem em áreas de transmissão
da doença, compreendendo 107 países e territórios. Apresenta incidência anual de 350-
500 milhões de casos, que resultam na morte de 1,5-2 milhões de pessoas. Os países da
África Tropical respondem por mais de 90% dos casos clínicos de malária no mundo e
pela maioria dos casos letais, sendo as crianças as principais timas. A prevalência
restante está distribuída entre o Sudeste Asiático, Oceania e América Latina.
Na América Latina, o maior número de casos (99%) é verificado na Amazônia
brasileira (incluindo os Estados do Amazonas, Pará, Acre, Roraima, Rondônia, Amapá,
Mato Grosso, Tocantins e Maranhão), com uma incidência anual de 400-700 mil casos.
Além disso, o grande fluxo migratório da região Amazônica para outros estados
brasileiros tem levado ao surgimento de surtos de malária em áreas consideradas livres
de transmissão da doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE, BRASIL, 2005).
Apesar das campanhas mundiais de erradicação da malária iniciadas na década de
1960 e das intensas ações de controle atuais, a doença permanece afligindo as
populações mais carentes. O desenvolvimento de resistência às drogas antimaláricas
usuais, muitas vezes utilizadas indiscriminadamente, a dificuldade do controle eficiente
do mosquito vetor, em decorrência das mudanças nos parâmetros ecológicos e
ambientais, e o crescimento econômico limitado de muitos países têm justificado a
incapacidade dos países em desenvolvimento, da faixa tropical, no controle da malária.
Em adição, a doença contribui, significativamente, para a permanente estagnação
econômica destes países (GOOD et al., 2005).
1.2 - A doença
A malária é uma doença causada pelo protozoário do gênero Plasmodium,
parasito descoberto em 1880, por Laveran. São parasitos intracelulares obrigatórios que
apresentam dois hospedeiros, um vertebrado e outro invertebrado (GARNHAN, 1966).
Exibe notável complexidade biológica, com formas evolutivas apresentando diferentes
características antigênicas e variado potencial patogênico, somado ao desenvolvimento
7
de vários mecanismos de escape do parasito à ação do sistema imunológico (GOOD et
al., 2005). É naturalmente transmitido ao hospedeiro vertebrado através da picada da
fêmea do mosquito Anopheles infectado, considerado o único vetor nos casos humanos.
O principal vetor no Brasil, Anopheles darlingi, apresenta hábitos antropofílicos com
atividade cíclica contínua durante toda à noite, com pico nos crepúsculos matutino e
noturno (TADEI & THATCHER, 2000).
Durante o repasto sangüíneo, o mosquito vetor inocula esporozoítos na derme do
hospedeiro, que inicia um processo de migração para o fígado. Esta forma infectante
apresenta um comportamento de migração complexo e singular, muito estudado através
de microscopia de epifluorescência associado à expressão de uma proteína fluorescente
pelo parasito (NATARAJAN et al., 2001; FRANKE-FAYARD et al., 2004). Os esporozoítos
apresentam na derme seu movimento, denominado gliding, de forma tortuosa e intensa.
Esta motilidade exibida na derme difere do perfil manifestado in vitro, que ocorre em
uma velocidade constante e de forma circular. Para abandonar o tio de inoculação, os
esporozoítos, como esperado, são capazes de invadir vasos sangüíneos através de uma
interação direta com a parede do vaso. Adicionalmente, foi demonstrado que são
capazes de invadir vasos linfáticos. A presença de esporozoítos no interior de vasos
linfáticos foi confirmada por microscopia confocal após a injeção intradermal com
formas marcadas. Esporozoítos drenados para vasos linfáticos podem eventualmente
alcançar a corrente sangüínea e, posteriormente, o fígado, onde podem invadir as únicas
células as quais podem desenvolver in vivo, isto é, os hepatócitos (AMINO et al., 2006).
No interior dos hepatócitos, os esporozoítos iniciam um processo de
esquizogonia tecidual e diferenciam em uma nova forma invasiva, denominada
merozoíto hepático, capaz de invadir eritrócitos. Para ganhar a corrente circulatória, e
assim ter acesso aos eritrócitos, os merozoítos liberados pela esquizogonia tecidual
necessitam alcançar o mem do sinusóide hepático através do espaço de Disse, uma
camada de matriz extracelular e o endotélio sinusóide. Desta forma, os merozoítos
hepáticos precisam ganhar a corrente sangüínea de modo a evitar a fagocitose por
macrófagos residentes, as células de Kupffer, presentes em grande número nos
sinusóides hepáticos. Recentemente, foi descrita a formação de vesículas, denominadas
merosomos, contendo merozoítos hepáticos maduros e infectantes, que se destacam de
hepatócitos. Merosomos de vários tamanhos são formados e liberados após o destaque
da célula do hospedeiro. Este processo garante uma liberação segura dos merozoítos
para a circulação, evitando a destruição pelas células fagocíticas presentes nos capilares
8
sinusóides hepáticos (STURM et al., 2006). Desta forma, os merozoítos que chegam à
circulação são capazes de invadir eritrócitos, iniciando a fase eritrocítica da infecção
(Figura 1).
Figura 1- Ciclo do Plasmodium. Retirado de www.imm.ul.pt.
Os sintomas clínicos da malária são, primariamente, decorrentes da ruptura de
eritrócitos parasitados, que nesta etapa ocorre a liberação na circulação sangüínea de
antígenos constituintes do parasito e os formados em conseqüência de seu metabolismo,
que causam uma intensa ativação do sistema imune (DE SOUZA & RILEY, 2002).
Adicionalmente, o parasito altera dramaticamente a fisiologia e processos bioquímicos
dos eritrócitos, com alterações na permeabilidade da membrana do eritrócito infectado e
aumento do consumo de glicose (KIRK, 2001). Vale ressaltar que a proporção
significativa do ciclo de vida do Plasmodium ocorre dentro dos eritrócitos e, como estes
não são contidos em um sítio tecidual específico, mecanismos imunes contra o parasito
podem afetar vários órgãos (GOOD et al., 2005). O baço exerce um papel crucial na
eliminação do parasito da circulação e proporciona uma forte resposta hematopoiética
Fase hepática
Fase eritrocítica
9
durante a infecção (ALVES et al., 1996). Outra manifestação clínica observada em
indivíduos infectados é o quadro de anemia, que pode ser decorrente de um somatório
de eventos responsáveis pelo seu desenvolvimento, entre eles o processo de destruição
de eritrócitos durante a liberação do parasito, o aumento da eritrofagocitose esplênica e
a deficiência do mecanismo de eritropoiese (CHANG & STEVENSON, 2004).
Dezenas de espécies de Plasmodium são capazes de infectar uma ampla faixa de
espécies animais, como répteis, aves e mamíferos. Quatro espécies de Plasmodium são
descritas como agentes causadores da doença em humanos: Plasmodium falciparum,
Plasmodium vivax, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale, sendo a primeira mais
virulenta e a principal causadora de morte. Nas infecções por P. vivax, P. malariae e P.
ovale, predomina a forma não complicada da doença, caracterizada por febre
intermitente, sudorese, mal estar, vômitos e intensa debilidade física. As infecções por
P. falciparum podem levar a forma complicada, denominada malária grave, considerada
uma doença multissistêmica capaz de causar malária cerebral (MC), anemia grave,
insuficiência renal aguda, edema pulmonar, hipoglicemia, colapso circulatório e acidose
metabólica. Entretanto, é importante ressaltar que o curso clínico da doença depende de
fatores associados tanto ao parasito quanto ao hospedeiro, além de questões geográficas
e sociais (MILLER et al., 2002).
O grande número de óbitos se concentra em crianças africanas, especialmente
aquelas que vivem em áreas rurais remotas, com difícil acesso aos serviços de saúde. As
manifestações que predominam nesta faixa etária são, principalmente, a anemia grave e
a MC, freqüentemente associadas à hipoglicemia (MARSH et al., 1996). Quando o
diagnóstico da malária ocorre precocemente e o tratamento é instituído de forma
correta, a doença costuma ter curso benigno e evoluir sem complicações. Entretanto, o
tratamento retardado ou inadequado aumenta a tendência para evolução desfavorável da
doença.
Sabe-se que o desenvolvimento de complicações na malária está diretamente
relacionado à resposta imune do hospedeiro. Habitantes de áreas de intensa transmissão
da doença, como em algumas regiões da África, após rios anos de exposição
desenvolvem certo tipo de imunidade protetora contra as manifestações clínico-
patológicas da malária, embora não estejam protegidos da presença do parasito na
circulação ou da reinfecção (GOOD et al, 2005).
10
1.3 - Malária cerebral humana
A MC humana é a manifestação mais grave e principal causa de óbitos em
crianças jovens (menores de cinco anos) e primíparas vivendo em área endêmica,
formando os principais grupos de risco (MARSH et al., 1996). Esta síndrome apresenta
uma patogênese complexa, sendo definida como um estado de coma, com exclusão de
outras encefalopatias, associado às manifestações neurológicas resultantes do dano
endotelial e seqüestro de eritrócitos parasitados na microcirculação cerebral. Alterações
morfológicas, como ativação da micróglia, redistribuição de astrócitos, modificações na
barreira hematoencefálica (BHE) e dano neuronal, já foram identificadas nos portadores
da MC. Entretanto, o perfil da patologia não é uniforme entre os pacientes (TURNER,
1997). O curso desta síndrome não é obrigatoriamente letal, porém, os sobreviventes
desta manifestação podem desenvolver danos neurológicos permanentes (MEDANA et
al., 2002).
O seqüestro de eritrócitos é um mecanismo complexo que envolve interações
entre antígenos polimórficos localizados na superfície de eritrócitos infectados com
estágios maduros assexuados e receptores expressados nas células endoteliais do
hospedeiro. Este mecanismo é importante para a sobrevivência do parasito, evitando
sua destruição no baço, não obstante pode ter grave conseqüência para o hospedeiro
(BERENDT et al., 1990).
O parasito se desenvolve no interior de eritrócitos, células que não expressam
moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC). Entretanto, os
eritrócitos parasitados com estágios maduros expõem, na sua superfície, antígenos
produzidos pelo parasito (GOOD et al, 2005). A proteína 1 de membrana do eritrócito do
P. falciparum (PfEMP1) é a molécula de maior destaque, sendo codificada por uma
larga e diversa família de genes que está envolvida na variação antigênica clonal e tem
um papel central na patogênese. Os múltiplos domínios localizados na região
extracelular da PfEMP1 podem simultaneamente reconhecer vários receptores
expressados pelo hospedeiro. Diversos receptores do hospedeiro, incluindo CD36,
molécula de adesão intercelular-1 (ICAM-1), sulfato de condroitina A (CSA), molécula
de adesão celular plaquetária/endotelial-1 (PECAM-1/CD31), molécula de adesão
celular vascular-1 (VCAM-1), trombospondina e E-seletina, têm sido identificados nas
células endoteliais como potentes mediadores para a citoaderência de eritrócitos
infectados (revisado por SHERMAN et al, 2003). A molécula ICAM-1 parece ser o
11
principal ligante envolvido no seqüestro nos capilares cerebrais. Um aumento da
expressão deste receptor no endotélio cerebral resulta em citoaderência, cujos danos são
responsáveis pelas complicações da MC (MILLER et al., 2002). Além de apresentarem
um papel importante no mecanismo de interação eritrócito-endotélio, estudos em
modelos experimentais de malária grave têm demonstrado que as moléculas de adesão
também podem estar envolvidas nas interações leucócito-endotélio (GRAU & KOSSODO,
1994; SUN et al., 2003) e plaquetas-endotélio (CHANG et al., 2003; GRAU et al., 2003).
Existem duas grandes teorias para explicar a patogênese da MC humana. A teoria
da obstrução mecânica, proposta por Marchiafava e Bignami mais de cem anos e
confirmada por numerosos estudos posteriores, sugere que a MC é uma conseqüência
direta do seqüestro de eritrócitos, que acarreta na obstrução do fluxo cerebral e hipóxia
cerebral (BERENDT et al., 1994). Por outro lado, a teoria da inflamação sugere que a MC
é resultado de uma resposta imune exacerbada, na qual citocinas tipo Th1,
especialmente TNF-α e IFN-γ, apresentam um papel central no processo (CLARK &
ROCKETT, 1994). O mérito relativo destas duas teorias tem sido extensivamente
debatido, com um consenso em considerar uma hipótese conciliatória (VAN DER HEYDE
et al., 2006).
Estudos recentes têm demonstrado o envolvimento de micropartículas como um
elemento chave na patogênese da MC. Estas estruturas são produzidas através de
remodelamento da membrana de diversos tipos celulares, especialmente plaquetas e
leucócitos, tanto de forma constitutiva quanto induzida, durante uma condição
inflamatória. A produção de citocinas, como TNF-α, induz a vesiculação e liberação
contínua destas micropartículas, que mantém um ambiente inflamatório favorável ao
agravamento da lesão endotelial, através de propriedades pró-coagulantes e pró-
inflamatórias destes elementos (COLTEL et al, 2006).
Vários estudos demonstram que a secreção de citocinas é um evento importante no
desenvolvimento da MC humana (BROWN et al., 1999). Porém, a análise da resposta
imune em humanos muitas vezes é confinada ao estudo de células e moléculas do
sangue periférico (LAMB et al., 2006). Uma vez que os mecanismos envolvidos na
patogênese da MC humana são complexos, seu entendimento permanece com lacunas
ainda não elucidadas (HUNT et al., 2006).
12
1.4 - Modelos experimentais de Malária Cerebral
Devido às dificuldades em acompanhar casos de MC humana e da limitada
possibilidade de examinar os processos patológicos, alguns modelos experimentais de
MC foram desenvolvidos. O modelo experimental utilizando roedores é bem
caracterizado e útil para a pesquisa científica. Modelos murinos (Quadro 1) oferecem a
oportunidade de desvendar mecanismos imunológicos que podem estar envolvidos na
doença, uma vez que similaridades entre a resposta imune e características
patológicas da infecção em humanos e camundongos (LAMB et al., 2006).
A grande diversidade de linhagens de camundongos associada à infecção com
diferentes espécies de Plasmodium tem contribuído para elucidar alguns aspectos
envolvidos na patogênese da doença (DE SOUZA & RILEY, 2002).
Entretanto, a maioria dos estudos provém do modelo de infecção por P. berghei
ANKA, que apresenta uma divisão segura entre linhagens de camundongos resistentes
(BALB/c e A/J) e susceptíveis (C57Bl/6 e CBA). Estudos demonstraram que
camundongos geneticamente susceptíveis e infectados com a cepa ANKA podem
apresentar angústia respiratória com acidose láctica, anemia e nefrite, indicando que os
mesmos podem desenvolver manifestações clínicas semelhantes à malária por P.
falciparum (VAN DER HEYDE et al., 2001). Estas linhagens também desenvolvem sinais
neurológicos e sintomas típicos da MC (coma, paralisia e convulsão), assim como
alterações morfológicas cerebrais, como ativação de células endoteliais e micróglia,
identificadas em portadores desta manifestação (MEDANA et al., 1997a). Em
contrapartida, as linhagens resistentes exibem uma resposta diferencial ao parasito, não
desenvolvem MC e morrem, aproximadamente, 20 dias após a infecção devido à anemia
grave e hiperparasitemia (KOSSODO & GRAU, 1993).
Estudos em camundongos BALB/c infectados com P. berghei ANKA
demonstraram que estes não desenvolvem nenhuma lesão cerebral (GRAU et al., 1987).
Entretanto, pouco se sabe sobre a infecção utilizando a cepa NK65 de P. berghei. Este é
um aspecto importante a ser considerado, uma vez que tem sido amplamente estudado
na malária humana e experimental o envolvimento do polimorfismo de cepas do
parasito na determinação da resposta imunológica e da patogênese da infecção (HEY,
1999).
13
Parasito Cepa Linhagem do
camundongo
Letalidade Uso experimental
P. chabaudi
chabaudi
AS
CB
CBA
C57Bl/6
BALB/c
129sv
A/J
DBA/2
CBA
C57Bl/6
Não letal
Letal
Mecanismo imune
Sinais clínicos associados à malária e
seqüestro
Patogênese
Quimioterapia
Resistência e susceptibilidade
Mecanismo imune
P. chabaudi
adami
C57Bl/6
BALB/c
Não letal
Mecanismo imune
P. berghei ANKA
K173
C57Bl/6
BALB/c
CBA
C57Bl/6
BALB/c
CBA
DBA
Letal
Letal
Patogênese
Malária cerebral experimental (MCE)
Seqüestro
Controle para MCE e patogênese
P. yoelii 17XL
YM
17XNL
C57Bl/6
BALB/c
CBA
DBA
Swiss
C57Bl/6
BALB/c
CBA
DBA
C57Bl/6
BALB/c
CBA
DBA
Letal
Letal
Não letal
Mecanismo imune
Patogênese
Seqüestro
Malária cerebral experimental (MCE)
Vacina
Patogênese
Hipoglicemia
Resposta imune
Vacinação
P. vinckei
vinckei
BALB/c
Letal
Sinais clínicos associados a malária e
seqüestro
Patogênese
Quimioterapia
P. vinckei
petteri
CR C57Bl/6
BALB/c
Não letal
Mecanismos imunes
Quadro 1. Infecção por Plasmodium em diferentes linhagens de camundongos.
Extraído de Li et al., 2001.
14
Entretanto, é importante ser cauteloso quando se relaciona o modelo animal à
doença humana. A extrapolação dos resultados obtidos no modelo murino de MC deve
ser realizada com cuidado, pois estes apresentam diferenças significativas. No modelo
murino, o leucócito é o tipo celular predominantemente seqüestrado na microcirculação
cerebral de camundongos, e não os eritrócitos, como na MC humana (ADAMS et al.,
2000; NEILL & HUNT, 1992). Desta forma, muitos autores consideram que não existem
modelos para a MC. Entretanto, a presença de monócitos no endotélio cerebral foi
comprovada, pelo menos, na MC pediátrica (GRAU & KOSSODO, 1994).
Uma vantagem do modelo experimental murino é a disponibilidade de diferentes
ferramentas genéticas (animais knockout) e moleculares que facilitam a compreensão
dos mecanismos envolvidos na patogênese. Desta forma, modelos de malária
experimental podem providenciar informações valiosas sobre os mecanismos básicos
envolvidos nos desenvolvimento da doença (HUNT & GRAU, 2003).
1.5  Interações parasito-hospedeiro
As interações resultantes das características genéticas do parasito e do hospedeiro
estão associadas à virulência da infecção, sendo esta definida como a severidade com
que um agente infeccioso provoca lesões no hospedeiro. A especificidade desta
interação fornece a base da dinâmica da infecção. Entretanto, a literatura ignora como a
especificidade do genótipo do parasito ou da linhagem do hospedeiro participa na
virulência e patogênese, enfatizando somente o papel de um destes componentes. Desta
forma, alguns modelos assumem que uma determinada linhagem de um parasito
apresenta fenótipo de virulência que é estável em amplo genótipo do hospedeiro. Porém,
sabe-se que a virulência do parasito sofre variação em diferentes hospedeiros. Em
alguns casos, algumas linhagens de patógenos podem causar mais danos, com efeitos
mais pronunciados em certos genótipos de hospedeiro (GRECH et al, 2006).
Na malária, tem sido reconhecido que fatores do hospedeiro e do parasito podem
afetar o curso da doença. Exemplos de fatores de resistência/susceptibilidade associados
ao hospedeiro humano são: a anemia falciforme e alelos MHC particulares. alguns
fenótipos produzidos pelo parasito, como a citoaderência e formação de rosetas,
contribuem para a gravidade da doença (revisado por GRECH et al, 2006).
Além disso, perfis de susceptibilidade e resistência coexistem em camundongos na
geração F1 (BALB/c X C57Bl/6) infectados com P. berghei ANKA. Os animais velhos
15
(15-20 semanas) apresentam reversão dos sintomas da MC (HEARN et al., 2000). Logo,
a susceptibilidade pode estar também associada à idade dos animais utilizados no
estudo.
Em síntese, podemos sugerir que o curso da infecção e o progresso da doença
dependem da combinação dinâmica e específica das propriedades do hospedeiro e do
parasito.
1.6  Características do Plasmodium berghei
A espécie Plasmodium berghei é a mais utilizada nos estudos experimentais e
pertence ao grupo das espécies de Plasmodium que infectam roedores murinos da África
Central, juntamente com P. vinckei, P. chabaudi e P. yoelii. A espécie P. berghei foi
isolada em 1948, por Vincke e Lips no Zaire, em glândulas salivares da espécie silvestre
de Anopheles dureni. Posteriormente (1954), Vincke encontrou o parasito no sangue dos
roedores silvestres Thamnomys surdaster, Praomys jacksoni e Leggada bella
(GARNHAN, 1966). Trabalhos recentes têm demonstrado a capacidade de Anopheles
stephensi, Anopheles gambiae e Aedes aegypti atuarem como vetores de P. berghei
(ALAVI et al., 2004).
Uma cepa do parasito é considerada uma amostra retirada em uma única ocasião
do seu hospedeiro natural e, também, pode ser referida como isolado. A cepa NK65 de
P. berghei foi isolada em 1964, em um exemplar de Anopheles dureni, enquanto a cepa
ANKA foi isolada posteriormente, em 1966, na mesma espécie (KILLICK-KENDRICK, 1978). A
cepa NK65 de P. berghei causa uma infecção fulminante com altas taxas de parasitemia
que evolui rapidamente para um curso letal (YOSHIMOTO et al., 1998).
O ciclo de vida, bem como a morfologia dos estágios de desenvolvimento do
parasito, está conservado nas diferentes espécies que infectam mamíferos. Algumas
diferenças restritas ao tempo de desenvolvimento dos diferentes estágios do ciclo e
outras relacionadas com a interação do parasito com seu hospedeiro foram identificadas
(GARNHAN, 1966).
O P. berghei, no hospedeiro vertebrado, apresenta preferência em invadir
reticulócitos, podendo também invadir eritrócitos maduros (DEHARO et al., 1996). Em geral,
prevalece a produção de 12-18 merozoítos por esquizonte quando desenvolvimento
em reticulócitos. O ciclo assexuado em laboratório requer 22-25 horas, sendo
usualmente assincrônico, com os diferentes estágios sangüíneos presentes,
16
simultaneamente, no sangue ao longo da infecção. Infecções múltiplas de eritrócitos são
descritas, com poliparasitismo tão extensivo que a massa citoplasmática parece ser
contínua, com aspecto de esquizonte maduro. A retenção de esquizontes maduros no
baço e gado é um evento comum e já relatado para esta espécie (LANDAU & BOULARD, 1978).
Nenhuma proteína de superfície de eritrócitos infectados, equivalente a membros da
PfEMP, foi descrita em espécies de roedores, com os mecanismos do seqüestro ainda
desconhecidos.
A imunidade para malária em uma diversidade de hospedeiros, inclusive
humanos, é marcadamente dependente da espécie do parasito, linhagem e variante-
específica. Em adição a fatores genéticos, fatores do hospedeiro como idade, via e dose
de infecção, também influenciam o curso da infecção (BAKKER et al, 1992).
1.7 - Mediadores inflamatórios
O fator de necrose tumoral (TNF-α) induz, em humanos e camundongos, a
superexpressão de moléculas de adesão endotelial que têm sido implicadas no seqüestro
de células na microvasculatura cerebral e outros órgãos. Na resposta imune
inflamatória, uma função do TNF-α é estimular o recrutamento de neutrófilos e
monócitos para o sítio de infecção e induzir a expressão de outros mediadores
inflamatórios, em uma cascata de eventos (BROWN et al., 1999). Porém, a produção
excessiva desta citocina por monócitos/macrófagos desempenha um papel chave na
patogênese da MC humana e MC experimental (GRAU et al., 1987).
O desenvolvimento de complicações na malária está diretamente relacionado à
resposta imune do hospedeiro. Acredita-se que a susceptibilidade seja dependente das
diferenças na sensibilidade das células endoteliais ao TNF-α, com evidências favoráveis
de que esta é a citocina chave na patogênese da MC (LUCAS et al., 1997). Entretanto,
outro estudo demonstrou que o TNF-α pode ter um papel na gravidade da doença,
porém não está diretamente relacionada à MC (LOOAREESUWAN et al., 1999).
Em adição a produção sistêmica, a liberação local destas citocinas pode contribuir
para a patogênese órgão-específica. Um estudo demonstrou a produção de TNF-α por
astrócitos e micróglia em modelo de MCE e seu envolvimento com a imunopatogênese
(MEDANA et al., 1997b).
17
1.8 - Recrutamento celular
Sob condições normais, os leucócitos são mantidos no centro dos vasos
sangüíneos, onde o fluxo é rápido. Durante uma resposta inflamatória, o aumento dos
níveis de TNF-α estimula a expressão seqüencial de diferentes moléculas de adesão no
endotélio, envolvidas no recrutamento de leucócitos do sangue para o espaço
intersticial. É um processo multifásico, envolvendo uma seqüência de etapas
controladas por moléculas de adesão, fatores de ativação e quimiocinas. As etapas da
migração celular ocorrem geralmente nas vênulas pós-capilares e consistem de um
contato inicial de leucócitos com a parede do vaso, rolamento destes ao longo do
endotélio, seguido de uma adesão firme e migração transendotelial (Figura 2) (PICCIO et
al., 2002). O termo recrutamento de leucócitos abrange todos os eventos que mobilizam
a saída de leucócitos circulantes para o tecido inflamado.
Figura 2: Mecanismo de recrutamento de leucócitos.
Nas últimas décadas, os mecanismos celulares e moleculares envolvidos nas
interações leucócito-endotélio têm sido largamente investigados nos mais diversos
tecidos e condições inflamatórias. A utilização da técnica de microscopia intravital para
avaliar o recrutamento celular em modelos inflamatórios tem ampliado as informações a
18
respeito deste processo (LEY, 2001). Entretanto, deve-se salientar que a primeira
descrição do recrutamento de leucócitos durante o processo inflamatório, através de
microscopia intravital, foi realizada mais de um século por Cohnheim (citado por
KUBES & KERFOOT, 2001).
O mecanismo de rolamento é mediado por uma família de moléculas de adesão,
glicoproteínas conhecidas como seletinas (P-seletina, E-seletina e L-seletina), que
promovem uma fraca ligação inicial dos leucócitos às vênulas nos sítios de inflamação
(KERFOOT & KUBES, 2002). Em presença do fluxo sangüíneo, após um primeiro contato
com a parede do vaso, os leucócitos diminuem sua velocidade e começam a rolar ao
longo da superfície endotelial, o que favorece as interações entre leucócitos e endotélio
(KUBES & KERFOOT, 2001). Posteriormente, os leucócitos podem ser ativados através de
mudança conformacional de integrinas, moléculas presentes em sua superfície celular,
(CD11/CD18, VLA-2, VLA-4, α4β7, α3β1) e, conseqüentemente, podem aderir de
forma estável ao endotélio via membros da superfamília das imunoglobulinas (ICAM,
VCAM, PECAM, MAdCAM) (KERFOOT & KUBES, 2002; KUBES, 2002).
A última etapa é a migração dos leucócitos através de espaços inter-endoteliais
para o tecido extravascular, o que requer uma reorganização do citoesqueleto, com
formação e retração de pseudópodes. Moléculas presentes em junções intercelulares do
endotélio, como PECAM-1 (CD31), também estão envolvidas na migração. Uma vez no
tecido conectivo, os leucócitos aderem a matriz extracelular via integrinas β1 e CD44
(KERFOOT & KUBES, 2002; KUBES, 2002).
O recrutamento de leucócitos também envolve a participação das quimiocinas, que
agem sobre a expressão de moléculas de adesão e estão envolvidas na migração dirigida
das células através de um gradiente de concentração (ONO et al, 2003).
1.9 - Quimiocinas
As quimiocinas constituem uma família de proteínas de baixo peso molecular (8-
14 kDa), importantes tanto para a organização celular dos órgãos linfóides em
condições fisiológicas, como na regulação do recrutamento de células durante a
inflamação (BIBER et al., 2002). As quimiocinas são produzidas por diferentes tipos
celulares (linfócitos, macrófagos, neutrófilos, eosinófilos e células endoteliais),
apresentando uma expressão temporal durante o processo inflamatório. Em adição, estas
proteínas também podem atuar na apoptose, hematopoiese, angiogênese, mitose,
19
metástase tumoral, cicatrização e secreção de mediadores inflamatórios, como citocinas,
radicais livres e óxido nítrico (DAMBROSIO et al., 2003).
A classificação das quimiocinas é baseada no número e disposição de resíduos
de aminoácidos entre os resíduos de cisteína conservados na cadeia N-terminal da
molécula. Desta forma, as famílias foram agrupadas em C, CC, CXC e CX3C e seus
receptores XCR, CCR, CXCR e CX3CR (BIBER et al., 2002). As quimiocinas que
pertencem ao grupo CC são caracterizadas por duas cisteínas adjacentes; as do grupo
CXC ou CX3C apresentam um e três aminoácidos entre as cisteínas, respectivamente,
enquanto que as XC apresentam apenas um resíduo de cisteína (BANISOR et al., 2005).
Os pares receptor-ligante das quimiocinas não apresentam especificidade absoluta,
demonstrando uma alta redundância neste sistema (Figura 3). Por exemplo, o receptor
CCR1 pode interagir com múltiplas quimiocinas (CCL3, CCL5, CCL7 e CCL8) (ONO
et al., 2003).
A estrutura dos receptores baseia-se em uma cadeia polipeptídica, composta por
aproximadamente 350 aminoácidos, com sete domínios transmembrana que sinalizam
através de uma proteína G acoplada. A interação entre uma quimiocina e seu receptor é
iniciada pela ativação da proteína G, que induz um influxo de Ca
++
, efetivo para
estimulação de outras quimiocinas e ampliação da resposta inflamatória (ONO et al.,
2003). A ativação de vias de sinalização intracelulares culmina no rearranjo de
filamentos de actina, modificação da forma e movimentação da célula (BAGGIOLINI,
1998).
Além da interação com seus receptores, as quimiocinas também podem se ligar a
glicosaminoglicanos (GAGs) de superfície celular do endotélio vascular e da matriz
extracelular (KUSCHERT et al., 1999). Tem sido sugerido que esta interação seja capaz
de inibir a difusão das quimiocinas localmente produzidas e, conseqüentemente,
promover a formação de um gradiente de concentração, por imobilização dessas
quimiocinas, que favorece a migração celular (KUSCHERT et al., 1999; PROUDFOOT,
2006).
Os membros da família CXC, que incluem IL-8/CXCL8, MIG/CXCL9, IP-
10/CXCL10 e MIP-2/CXCL2, são, preferencialmente, quimiotáticos para neutrófilos,
monócitos e células T. Este grupo apresenta uma uniformidade estrutural, porém é
subdividido em duas classes, de acordo com a presença da seqüência de aminoácidos
Glu, Leu, Arg (ELR) presente na região N-terminal. Membros expressando este motivo,
como IL-8/CXCL8, são geralmente quimiotáticos para neutrófilos (BAGGIOLINI et al,
20
1994), que são as primeiras células a chegarem em grande número aos locais de
infecção (ONO et al., 2003). Entre as que não possuem o motivo ERL, destacam-se IP-
10/CXCL10 e MIG/CXCL9, ambas induzidas por IFN-γ, que apresentam atividade em
outras populações celulares. Em humanos, MIG/CXCL9 tem sido associada com
infiltrado de células T em doenças inflamatórias no SNC, como na esclerose múltipla
(SIMPSON et al., 2000).
A família das quimiocinas CC é a mais diversa e numerosa, apresentando
moléculas de expressão constitutiva e induzida. Os membros da família CC incluem
MCP-1/CCL2, MIP-1α/CCL3, MIP-/CCL4 e RANTES/CCL5, que atraem e ativam
monócitos, linfócitos T, basófilos e eosinófilos que são recrutados tardiamente para os
sítio de infecção (ONO et al., 2003).
Trabalhos anteriores mostraram a expressão de algumas quimiocinas (MIP-
1α/CCL3 e IL-8/CXCL8) no soro de pacientes portadores de malária aguda
(BURGMANN et al., 1995). Um estudo comparativo da produção de citocinas e
quimiocinas em modelos experimentais de MC induzida por P. berghei ANKA
demonstrou um aumento na expressão localizada das quimiocinas IP-10/CXCL10,
MCP-1/CCL2, RANTES/CCL5 em tecido cerebral de camundongos infectados
(HANUM et al, 2003).
As células residentes do SNC, como astrócitos, oligodendrócitos, micróglia e
neurônios, quando induzidas por um estímulo inflamatório são capazes de expressar
receptores funcionais de quimiocinas (BIBER et al., 2002).
O Sistema Nervoso Central (SNC) é considerado um tio imunologicamente
privilegiado, possuindo uma limitada reatividade imune e inflamatória. Tal fato deve-se
à presença da barreira hematoencefálica (BHE), formada por uma bainha de endotélio,
composta por junções intercelulares especializadas. Este complexo juncional recobre
continuamente a superfície dos capilares cerebrais, sendo responsável por limitar o
acesso celular e o tráfego de moléculas para o microambiente cerebral. Porém, durante
condições inflamatórias, a permeabilidade da barreira pode ser alterada, permitindo o
desenvolvimento de resposta imune no SNC (ADAMS et al., 2002). A disfunção na
permeabilidade da BHE, acarretada por condições patológicas, pode ser avaliada através
da quantificação do extravasamento do corante azul de Evans da circulação para o
parênquima cerebral (BELAYEV et al., 1996)
21
Figura 3: Interações das moléculas de quimiocinas com os diferentes tipos de
receptores. Extraído de Rot & von Andrian, 2004.
Quimiocinas Quimiocinas Receptores
22
2
2 2
2 -
--
- Justificativa
Justificativa Justificativa
Justificativa
23
As dificuldades na definição de mecanismos patogênicos em humanos por
razões éticas e as similaridades entre vias de resposta imune em camundongos e
humanos justificam o uso do modelo murino de MC. Modelos experimentais utilizando
camundongos são versáteis e permitem a análise completa de interações moleculares e
celulares. Estudos detalhados da progressão da infecção ajudam a esclarecer
informações relevantes da seqüência de eventos que levam ao quadro de malária grave.
Devido às diferenças significativas entre o modelo animal e a doença humana,
muitos autores consideram que não existem modelos apropriados para a MC.
Entretanto, estudos recentes indicam um acúmulo significativo de plaquetas e leucócitos
na MC humana, que têm favorecido a comparação dos achados da infecção de
camundongos com P. berghei com a infecção humana.
A maioria dos estudos de imunopatogênese da malária grave provém do modelo
de infecção por P. berghei ANKA, com uma definição segura de resistência e
susceptibilidade entre linhagens de camundongos. Entretanto, é reconhecido o
envolvimento de polimorfismo de cepas do parasito na determinação da resposta
imunológica e na patogênese da infecção. Outra característica que deve ser levada em
consideração é a presença de múltiplas vias de progressão da doença. Logo, o estudo em
modelos murinos não deve se deter em apenas um único modelo já definido, o que pode
limitar a compreensão dos mecanismos envolvidos na MC.
Neste estudo avaliamos a resposta inflamatória cerebral da infecção experimental
por P. berghei cepa NK65 em camundongos jovens das linhagens BALB/c e C57Bl/6,
que apresentam perfis de resistência e de susceptibilidade bem determinados para a
infecção por P. berghei ANKA.
Desta forma, buscou-se associar estudos de microscopia intravital com
parâmetros histopatológicos e perfil de quimiocinas em camundongos jovens infectados
com P. berghei NK65 para a compreensão de fatores determinantes da resposta
inflamatória na MC. A escassez de estudos que empregam a técnica de microscopia
intravital no cérebro para estudar recrutamento celular e de dados sobre o perfil de
quimiocinas no tecido cerebral, torna o trabalho original, com informações que vão
além das já descritas na literatura.
O estudo de microscopia intravital neste modelo inflamatório serve de
ferramenta para ampliar as informações a respeito das interações leucócito-endotélio,
e/ou endotélio-plaqueta-leucócito. A análise das interações leucócito-endotélio cerebral
e dos níveis de quimiocinas, in locu, em camundongos infectados é relevante para
24
compreender os mecanismos de resposta imune e o envolvimento do SNC na progressão
da doença.
25
3
3 3
3 -
--
- Objetivos
Objetivos Objetivos
Objetivos
26
3.1 - Objetivo geral
Caracterizar a infecção por P. berghei cepa NK65 em linhagens de camundongos
BALB/c e C57Bl/6 jovens, avaliando suas implicações inflamatórias no Sistema
Nervoso Central.
3.2 - Objetivos específicos
3.2.1 - Avaliar parasitemia e parâmetros clínicos da malária em camundongos
BALB/c e C57Bl/6 infectados com P. berghei cepa NK65.
3.2.2 - Determinar as alterações histopatológicas cerebrais nos camundongos
BALB/c e C57Bl/6 ao longo da infecção por P. berghei cepa NK65.
3.2.3 - Avaliar in vivo os processos de rolamento e adesão de leucócitos no
endotélio vascular da pia-máter nos camundongos infectados através da técnica de
microscopia intravital.
3.2.4 - Quantificar o número total e diferencial de leucócitos presentes no sangue
periférico dos animais controle e infectados.
3.2.5 - Verificar as possíveis alterações na permeabilidade vascular da BHE
acarretadas pela infecção.
3.2.6 - Quantificar a concentração das citocinas TNF-α e IFN-γ e das quimiocinas
murinas Kc/CXCL8, MIG/CXCL9, MIP-1α/CCL3, MCP-1/CCL2 e RANTES/CCL5 no
tecido cerebral e no soro do modelo de malária experimental induzida por P. berghei
cepa NK65.
27
4
4 4
4 -
--
- M aterial e M étodos
M aterial e M étodos M aterial e M étodos
M aterial e M étodos
28
4.1 - Animais
Camundongos das linhagens BALB/c e C57Bl/6, fêmeas, jovens, com idade de
seis semanas, obtidos no Centro de Bioterismo do Instituto de Ciências Biológicas da
Universidade Federal de Minas Gerais (CEBIO-ICB-UFMG) foram utilizados neste
estudo. Os animais foram mantidos com água e ração ad libitum. Este projeto foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal (CETEA), protocolo
número 005/05.
4.2 - Parasito e infecção dos animais
A cepa NK65 de P. berghei foi isolada na África em 1964, em um exemplar de
Anopheles dureni e vem sendo conservada como um isolado desde então (KILLICK-
KENDRICK, 1978). Uma amostra foi cedida pela Dra. Luzia Helena Carvalho do Laboratório
de Malária do Centro de Pesquisa René Rachou FIOCRUZ/MG e vem sendo mantida
no laboratório de Malária do Departamento de Parasitologia da Universidade Federal de
Minas Gerais desde o ano de 2000. O parasito é criopreservado e para a infecção, uma
amostra foi estavelmente descongelada e inoculada em animal para uma primeira
passagem que serviu de fonte dos parasitos.
Os camundongos foram infectados intra-peritonealmente (i.p.) com inóculo
padronizado de 10
6
hemácias parasitadas em solução tampão fosfato estéril (PBS) para
garantir um grau de infecção uniforme nos diferentes grupos (GRAU et al., 1986).
4.3 - Determinação da parasitemia
Para determinação da evolução diária da parasitemia, um grupo de dez animais de
cada linhagem foi infectado e monitorado até o óbito. Esfregaços sangüíneos foram
confeccionados a partir do terceiro dia pós-infecção, fixados em metanol (P.A.) e
posteriormente corados pelo Giemsa (solução a 10%). Os esfregaços foram utilizados
para a contagem da parasitemia, permitindo evidenciar a presença do parasito dentro das
hemácias, confirmando a infecção. Os esfregaços sangüíneos, devidamente
identificados, foram examinados ao microscópio óptico (aumento 1000X - imersão)
com um retículo acoplado à ocular. Uma área do esfregaço com distribuição uniforme
de eritrócitos foi selecionada e o número total de eritrócitos do campo foi contado. A
29
parasitemia foi estimada em 1000 eritrócitos contados. A contagem foi realizada em
campos adjacentes para evitar variações intensas.
O eritrócito contendo dois ou mais parasitos foi considerado como um eritrócito
parasitado. A parasitemia foi expressa em percentagem:
% parasitemia = número de eritrócitos parasitados X 100
1000
Um acompanhamento da variação de peso dos animais foi realizado ao longo da
infecção, juntamente com observações qualitativas de manifestações clínicas nos
animais. Os animais que sobreviveram ao longo da realização de todas as etapas dos
experimentos foram adicionados à curva de sobrevida.
4.4 - Histologia
Para avaliar a cinética das alterações histopatológicas cerebrais pós-infecção, 40
animais de cada linhagem foram utilizados. Em cada grupo, três animais foram retirados
e utilizados como controles (sem infecção). O restante, isto é 37 animais de cada
linhagem, foram infectados com o P. berghei NK65 e a partir desta data, três
camundongos foram sacrificados diariamente, o que permitiu um acompanhamento das
mudanças patológicas acarretadas pela infecção. Este acompanhamento foi realizado até
o nono dpi para os animais da linhagem BALB/c e sétimo dpi para animais C57Bl/6, em
virtude da mortalidade de alguns animais ao longo do tempo.
4.4.1 - Fixação do tecido e recorte dos órgãos
Os camundongos foram sacrificados por deslocamento cervical. Durante a
necropsia, o cérebro foi coletado e fixado por imersão em solução de formol tamponado
a 4%, pH 7.2, com o objetivo de preservar a morfologia e a composição do tecido. Após
o período de fixação, os tecidos foram recortados e seccionados transversalmente. A
cada animal foi dado um código que apenas foi revelado ao final de todas as análises.
30
4.4.2 - Desidratação, diafanização e inclusão em parafina
Os tecidos foram submetidos à desidratação em concentrações crescentes de
álcool (70%, 80%, 90% e absoluto) sendo que os fragmentos permaneceram imersos por
um período de 30 minutos em cada álcool.
Após a etapa de desidratação, foi realizado o processo de diafanização, que tem
como objetivo tornar o tecido translúcido. A diafanização consistiu em submeter os
fragmentos a dois banhos de xilol com duração de 20 minutos cada. Posteriormente, os
tecidos foram impregnados e incluídos em parafina.
4.4.3 - Microtomia
Os blocos de parafina, contendo o fragmento do órgão, foram submetidos à
microtomia, sendo obtidos dois cortes seriados com 4 micrômetros de espessura. Cada
corte foi colocado em banho-maria para que as fitas fossem esticadas e logo depois as
lâminas foram colocadas na estufa para secarem a temperatura de 60
o
C.
4.4.4 - Coloração
4.4.4.1 - Hematoxilina-Eosina
A coloração de rotina HE (Hematoxilina-Eosina) foi realizada nas lâminas com
cortes do tecido cerebral para uma observação geral das alterações histopatológicas.
O processo de coloração se iniciou com a imersão das lâminas em dois banhos de
xilol, de duração de 15 minutos cada, para desparafinização. Em seguida estas lâminas
foram imersas em banhos de álcool absoluto, álcool 90%, álcool 80%, álcool 70%, e
água sendo cada um dos banhos de 5 minutos para hidratação. Após a hidratação, as
lâminas foram imersas no corante Hematoxilina (corante ácido) por 10 minutos, em
seguida lavadas em água corrente por 5 minutos. A seguir foi feita a diferenciação com
a passagem rápida das lâminas em álcool-acidulado. Novamente as lâminas foram
lavadas em água corrente por 5 minutos. Finalizada esta etapa, as lâminas foram imersas
no corante Eosina (corante básico), por 30 segundos, e em seguida lavadas em água
corrente por 1 minuto. Logo após, as lâminas foram imersas em três banhos de álcool
31
absoluto rapidamente e levadas à estufa a 60
o
C por alguns minutos para secagem.
Depois de secas, as lâminas foram imersas em xilol e montadas com Entellan (Merck) e
lamínula.
4.4.4.2  Cresil Violeta
Em adição a coloração Hematoxilina-Eosina, foi realizada a coloração pelo
método do Cresil Violeta no tecido cerebral, o qual permite a identificação do dano
neuronal, além das observações histopatológicas gerais. Para a realização desta
coloração, as lâminas foram desparafinizadas e hidratadas assim como na coloração pela
HE. Depois foram coradas pelo Cresil Violeta por 10 minutos e diferenciadas em
solução tampão ácido acético/acetato, por tempo variável (observação visual) até a
descoloração parcial das estruturas. Em seguida as lâminas foram colocadas na estufa a
60
O
C para secagem. A montagem das lâminas foi realizada com Entellan e lamínula.
4.4.5 - Análise Histopatológica
As lâminas coradas pela HE e Cresil violeta foram avaliadas utilizando-se a
objetiva de 10 e 40X. Nos cortes histológicos o processo inflamatório foi avaliado de
forma qualitativa e caracterizado como: ausente, discreto (pequeno número de células
inflamatórias ou apresentando degeneração  até 10 células por campo), moderado
(moderado número de células inflamatórias ou apresentando degeneração entre 10 e
50 células por campo) ou intenso (acentuado número de células inflamatórias ou
apresentando degeneração mais de 50 células por campo). Nos vasos foram avaliados
o acúmulo e extravasamento de hemácias e leucócitos também caracterizados como
discreto, moderado ou intenso de acordo com a quantidade de vasos comprometidos
utilizando-se a objetiva de 10 X (discreto: um vaso por campo; moderado: entre dois e
três vasos por campo e intenso: mais de três vasos por campo).
32
4.5 - Microscopia intravital
Animais controle, não-infectados, (n=7) e animais com cinco dias de infecção
(n=7) de cada grupo foram submetidos à técnica da microscopia intravital, para
visualização da microvasculatura cerebral.
Figura 4- Foto do sistema de microscopia intravital.
Os animais foram anestesiados via intra-peritoneal com uma mistura de xilazina
(10 mg/kg, Rompun
®
, Bayer) e Ketamina (150 mg/Kg, Laboratório Cristália, SP). A
veia da cauda foi canulada para administração do corante rodamina 6G (Sigma) e
volumes adicionais de anestésico quando necessário. A rodamina 6G é um corante
fluorescente, com a habilidade de marcar mitocôndrias seletivamente. Devido a esta
propriedade, o corante tem sido usado para o estudo de leucócitos em ensaios de
microscopia intravital, com o objetivo de examinar a cinética in vivo destas células
mesmo na presença da alta velocidade do fluxo sangüíneo (BAATZ et al., 1995). A
temperatura corporal dos animais foi continuamente monitorada com um sensor e
mantida a 37
o
C com uma manta térmica (Fine Science Tools, Canadá) colocada em
contato com o corpo do animal. A craniotomia foi realizada na região parietal utilizando
uma mini-broca (Dremel, USA). A dura-máter e a aracnóide foram removidas, sendo
33
formada uma janela para visualização dos vasos sangüíneos da pia-máter. Este
procedimento não rompe a barreira vascular cerebral. A superfície cerebral dos animais
foi continuamente superfundida com uma solução de fluido cerebroespinhal (CSF)
artificial (composição iônica em mmol/L: NaCl 132, KCl 2.95, CaCl
2
1.71, MgCl
2
0.64,
NaHCO
3
24.6, dextrose 3,71 e uréia 6.7) à temperatura de 37ºC, pH 7,35, que mantém a
preparação estável, sem evidência de inflamação no nível basal (CARVALHO-TAVARES
et al., 2000).
Um microscópio (Olympus BX40), com objetiva 10X, foi utilizado para observar
os eventos microcirculatórios nos vasos cerebrais. Após a localização dos vasos a serem
estudados, injetou-se intravenosamente (i.v.) uma pequena quantidade (0,5mg/kg) do
corante rodamina 6G. A fluorescência associada à rodamina 6G foi visualizada com epi-
iluminação a 510-560 nm, usando um filtro de emissão de 590 nm. Uma câmera de
vídeo (Optronics) projetou as imagens que foram gravadas em vídeo-cassete (VHS,
Semp Toshiba, modelo x685) para posterior análise. O número de leucócitos em
rolamento e adesão foi determinado através da análise dos vídeos, em uma área
determinada (100µm). O rolamento de leucócitos é definido como células movendo a
uma velocidade menor que o fluxo sangüíneo. Os leucócitos são considerados aderidos
quando permanecem estacionários ao endotélio por um período de 30 segundos. O
rolamento, por ser um processo dinâmico, foi expresso como número de células
/minuto. A adesão leucocitária foi expressa como células aderidas ao endotélio vascular
(em 100µm de comprimento do vaso).
4.6  Contagem total e diferencial de leucócitos
Para a contagem total de leucócitos, 5µl do sangue de cada animal foi coletado e
diluído em 95µl de solução de Turk. Após homogenização, 10µl da solução foi
colocada em câmera de Neubauer para a contagem total das células. A contagem foi
realizada em microscópio óptico, em aumento de 10X. O valor encontrado foi
multiplicado pela diluição e o fator de correção da câmera de Neubauer.
nº total de leucócitos = n x 20 (diluição) x 10
4
(fator de correção)/mL
34
A contagem diferencial de leucócitos foi realizada em esfregaços sangüíneos
corados com May-Gruwald e Giemsa, o que permite a identificação dos tipos celulares
presentes no sangue periférico dos animais infectados e controles. Os esfregaços
sangüíneos, devidamente identificados, foram examinados ao microscópio óptico
(aumento 1000X - imersão). A contagem percentual dos diferentes tipos celulares foi
estimada em 100 células, com auxílio de um contador diferencial.
Para o cálculo do número diferencial dos tipos celulares presentes no sangue
periférico foi utilizada a seguinte regra:
nº diferencial = nº total de leucócitos x nº percentual
100
4.7 - Avaliação da permeabilidade vascular
Para a avaliação da permeabilidade da BHE, utilizou-se o corante azul de Evans
como um marcador do extravasamento de albumina, como descrito previamente por
Belayev et al., (1996), em protocolo modificado. O método consiste na determinação
espectrofotométrica da quantidade de azul de Evans extravasado para o parênquima
cerebral.
Animais controle (n=6) e com cinco dias de infecção (n=6), de cada linhagem,
foram anestesiados via intra-peritoneal com uma mistura de xilazina (10 mg/kg,
Rompun
®
, Bayer) e Ketamina (150 mg/Kg, Laboratório Cristália, SP). Posteriormente, a
veia da cauda foi canulada e foi administrado 0,2 mL de Azul de Evans (2%)
intravenosamente. Ao final de uma hora, os animais foram sacrificados e perfundidos
com salina fisiológica (5 mL por animal). O cérebro foi retirado e colocado em uma
placa de petri para secagem por 48 horas em estufa a 40°C. Em seguida, as amostras
foram pesadas e foi acrescentado ao tecido 1mL de formamida para extração do corante
por 48 horas. O corante extraído do tecido foi quantificado em leitor de ELISA (650nm)
(Molecular Devices, USA) e a concentração determinada através de uma curva padrão
com concentração inicial de 20 pg/mL de Azul de Evans. O resultado da leitura
espectofotométrica foi normalizado e expresso em pg de Azul de Evans por 100mg de
tecido seco.
35
4.8 - Medida dos níveis de citocinas e quimiocinas no soro e cérebro por ELISA
4.8.1 - Preparo de homogenato de cérebro de camundongo
Os cérebros de oito animais não-infectados (controle) e de dez animais com
cinco dias de infecção foram retirados, devidamente acondicionados e, quando
necessário, estocados a -20
0
C. As amostras foram posteriormente pesadas (100 mg) e
colocadas em 1 mL de solução inibidora de protease, adequada para extração de
citocinas [NaCl 0,4 M; Tween 20 0,05%; Albumina de soro bovino (BSA) 0,5%;
Fluoreto de fenilmetilsufonila (PMSF) 0,1mM; cloreto de benzetônio 0,1 mM; EDTA
10 mM; 20 UI de aprotinina], preparada a partir de uma solução de tampão fosfato
(NaCl 8 g, KCl 0,2 g e Na
2
HPO
4
.12H
2
O 2,89 g diluídos em 1 litro). As amostras foram
maceradas por um homogenizador de tecidos (Ultra-Turrax) e o homogenato foi
centrifugado a 10000 r.p.m./10 min, a 4
0
C. O sobrenadante foi recolhido, aliquotado e
estocado a 20
0
C até o uso (DOS SANTOS et al., 2005).
4.8.2 - Obtenção de soro de camundongos
Após anestesia, oito camundongos infectados (5dpi) e sete animais controle de
cada linhagem sofreram exsanguinação através do plexo retro-orbital, e o sangue foi
coletado em tubos individuais. Para obtenção do soro, as amostras foram mantidas
durante uma hora em temperatura ambiente e uma hora a 4
0
C. Posteriormente, o
material foi centrifugado a 3000 r.p.m./10 min e o soro foi recuperado e estocado a
20
0
C até o uso.
4.8.3 - Determinação de citocinas por ELISA
Os kits para ELISA para dosagem das citocinas TNF-α e IFN-γ e das
quimiocinas murinas Kc/CXCL8, MIG/CXCL9, MIP-1α/CCL3, MCP-1/CCL2 e
RANTES/CCL5 foram obtidos da R&D Systems (DuoSet) e utilizados de acordo com
os procedimentos previamente descritos pelo fabricante. As concentrações das citocinas
36
TNF-α e IFN-γ e das quimiocinas MCP-1/CCL2, Kc/CXCL8, RANTES/CCL5,
MIG/CXCL9 e MIP-1α/CCL3 foram avaliadas no sobrenadante de homogenato de
cérebro em diluição 1:3 em PBS contendo 0,1% de soro albumina bovina (BSA).
Adicionalmente, a concentração sistêmica de TNF-α foi avaliada no soro dos animais
em um protocolo semelhante (diluição 1:3 em PBS/BSA 0,1%).
Em placas de 96 poços (Nunc. Immunosorb, Naperville), foram adicionados 100
µl/poço do anticorpo de captura, sendo este específico para cada molécula e em
concentração adequada. Esta solução permaneceu em contato com a placa durante 18 h
a 4
o
C e foi, posteriormente, lavada cinco vezes com PBS/Tween 0,1%, utilizando um
lavador de placas automático (ELX50, Bio-Tet Instruments, INC). Logo após, foram
adicionados 200 µl/poço de solução de bloqueio (PBS/BSA 1%). O tempo de bloqueio
foi de duas horas sob agitação. Transcorrido este tempo, houve nova lavagem das placas
e 100 µl de cada amostra foram adicionados à placa. Paralelamente, para o
estabelecimento de cada curva padrão, foram utilizadas diferentes diluições das
quimiocinas, a partir das seguintes concentrações iniciais: TNF-α, 2000 pg/mL; IFN-γ,
2000 pg/mL; Kc/CXCL8, 1000pg/mL; MCP-1/CCL2, 500pg/mL; RANTES/CCL5,
2000pg/mL; MIG/CXCL9, 1000 pg/mL; MIP-1α/CCL3, 1000 pg/mL. As placas foram
incubadas por mais 18 h a 4
o
C. As placas foram lavadas e foram adicionados 100
µl/poço de solução de anticorpo de detecção, biotinilado e específico para cada
molécula. As placas foram incubadas por uma hora e foram lavadas em seguida.
Transcorrida esta etapa, foram adicionadas a cada placa uma solução contendo
estreptavidina ligada à peroxidase (HRP, Pharmingen). Após 30 minutos, a placa foi
novamente lavada, a continuação foi adicionado o tampão substrato contendo o-
fenilenodiamina (OPD, Sigma) e H
2
O
2
(Merck). Após cerca de 30 minutos, a reação foi
interrompida com 50 µl de ácido sulfúrico (H
2
SO
4
) 1M. O produto da oxidação do OPD
foi detectado por colorimetria em leitor de placas a 492 nm (Molecular Devices, USA).
A concentração referente a cada amostra foi calculada a partir da curva padrão
correspondente.
4.9 - Análise estatística
Os dados foram analisados no programa Prisma 4.0 e apresentados com média +
erro padrão da média (EPM). Dados de parasitemia foram avaliados através do teste
37
Two-way ANOVA. Para análise estatística da sobrevida foi utilizado o teste
Generalized Wilcoxon. Os resultados da microscopia intravital foram submetidos à
análise de variância (One-way ANOVA) seguida pelo teste de Newman-Keuls, que
realiza comparações múltiplas. Para a contagem de leucócitos, dosagem de quimiocinas
e avaliação de permeabilidade vascular, o teste t-student foi realizado. A significância
estatística foi estabelecida em p<0,05.
38
5
5 5
5 -
--
- Resultados
Resultados Resultados
Resultados
39
5.1 - Evolução da parasitemia
O curso da infecção foi monitorado diariamente e a evolução da parasitemia foi
acompanhada através de esfregaços sangüíneos, a partir do terceiro dia pós-infecção. A
observação microscópica dos esfregaços sangüíneos confirmou a infecção em todos os
animais que desenvolveram aumento gradual de parasitemia (Gráfico 1), demonstrando
uma alta capacidade de multiplicação do parasito. Os animais C57Bl/6 tiveram a
parasitemia avaliada até sétimo dia pós-infecção, devido à morte precoce destes. Esta
linhagem, ainda, desenvolveu uma parasitemia menor quando comparado com os
animais BALB/c. Através de análise estatística, verificamos que esta evolução foi
significativamente diferente ao longo do tempo (p<0.0001) e, entre as linhagens no
sexto dia pós-infecção (p<0.01).
Diferentes formas evolutivas de P. berghei NK65 foram visualizadas nos
esfregaços sangüíneos analisados. Trofozoítos jovens e maduros e esquizontes foram
detectados no esfregaço. Também foram verificadas, nos esfregaços sangüíneos,
anormalidades morfológicas envolvendo a membrana celular dos eritrócitos (Figura 5).
40
Gráfico 1 Média das parasitemias diárias de camundongos BALB/c e C57Bl/6, a
partir do terceiro dia pós-infecção, infectados com P. berghei NK65 com um inóculo
padronizado de 10
6
hemácias parasitadas pela via intraperitoneal. A parasitemia foi
avaliada através de esfregaços sangüíneos sob microscopia óptica (aumento 1000X -
imersão). Os dados foram analisados pelo teste Two-way ANOVA, onde ** (p<0.01) e
*** (p<0,0001) indicam diferenças significativas entre os níveis de parasitemia entre as
linhagens, tanto no sexto dia pós-infecção quanto ao longo do curso da infecção (n=10
para cada grupo). O experimento foi repetido e confirmado. representa a morte dos
animais.
3 4 5 6 7 8
0
10
20
30
40
50
60
70
BALB/c
C57Bl/6
**
***
Dias após a infecção
Parasitemia (%)
41
Figura 5- Fotomicrografias de esfregaços sangüíneos corados com Giemsa, X1000.
A- Parasitemia leve, com 3% de hemácias parasitadas, B- Parasitemia moderada, com
35% de hemácias parasitadas e C- Parasitemia acentuada, com 66% de hemácias
parasitadas, estas apresentando deformidades estruturais.
A
B
C
42
5.2 - Mortalidade
A infecção por P. berghei cepa NK65 desenvolveu-se de forma aguda com curso
letal para as duas linhagens. A mortalidade foi expressa como percentagem de sobrevida
e apresentou um perfil diferente para as duas linhagens (Gráfico 2). A mortalidade dos
animais da linhagem BALB/c iniciou-se no sétimo dia e perdurou até o décimo
primeiro, com um pico no oitavo dia pós-infecção. Os animais C57Bl/6 apresentaram
uma letalidade precoce, com intervalo de confiança (95%) nos dias seis e sete pós-
infecção. Houve diferenças significativas na sobrevida em relação ao tempo (p<0.0001)
e entre as linhagens (p<0.001).
5.3 - Sinais clínicos
A análise de variação da massa corporal dos animais de cada linhagem foi
mensurada em animais controle e infectados, ao longo do tempo (Gráfico 3). Os animais
infectados apresentaram uma perda de massa acentuada ao longo da infecção, sendo
compatíveis com as altas parasitemias e com a mortalidade dos animais. Animais
controle da linhagem BALB/c apresentaram um aumento gradual da massa ao longo das
observações. os animais infectados desta linhagem, no sexto dia pós-infecção,
apresentaram uma queda expressiva da massa (-10,99 ± 1,99 %), um quadro que
persiste no oitavo dia (-24,11 ± 0,60 %) (Gráfico 3-A). Para a linhagem C57Bl/6 foi
encontrado um perfil semelhante após a infecção. Os animais controle C57Bl/6
mantiveram o peso ao longo das observações, enquanto animais infectados
apresentaram uma perda da massa no sexto dia pós-infecção (-13,26 ± 2,38 %), que
também persistiu no oitavo dia (-14,69 ± 12,16 %) (Gráfico 3-B).
A observação das vísceras de camundongos infectados durante a necropsia
confirmou hepatoesplenomegalia, uma característica comum na infecção humana.
Notou-se também nestes animais, a partir do quinto dia pós-infecção, um processo de
anorexia, através da ausência de conteúdo estomacal e intestinal nos animais, o que
pode justificar a perda de peso nos animais. Os camundongos de ambas as linhagens,
BALB/c e C57Bl/6, também apresentaram hemoglobinúria a partir do sexto dia de
infecção.
43
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
0
20
40
60
80
100
BALB/c
C57Bl/6
***
Dias após a infecção
Sobrevida (%)
Gráfico 2 Curva de sobrevida de camundongos BALB/c e C57Bl/6 expressa como
percentagem durante o curso da infecção. Os animais de ambas as linhagens foram
monitorados diariamente a partir da infecção com Plasmodium berghei NK65, com um
inóculo padronizado de 10
6
hemácias parasitadas pela via intraperitoneal. Para análise
estatística foi utilizado o teste Generalized Wilcoxon e *** indica diferença
significativa (p<0.001) na sobrevida entre as duas linhagens. (n=20 para linhagem
BALB/c e n=27 para animais C57Bl/6). Os resultados foram obtidos de três
experimentos independentes.
44
4 d 6 d 8 d 4 dpi 6 dpi 8 dpi
-30
-20
-10
0
10
Controle
Infectado
BALB/c
Varião da massa corporal (%)
4 d 6 d 8 d 4 dpi 6 dpi 8 dpi
-30
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
Controle
Infectado
C57Bl/6
Variação da massa corporal (%)
Gráfico 3- Variação da massa corporal (%) de animais BALB/c (A) e C57Bl/6 (B)
infectados com Plasmodium berghei NK65, inóculo padronizado de 10
6
hemácias
parasitadas pela via intraperitoneal, em relação aos controles não-infectados. (n=10 para
o grupo infectado de cada linhagem e n=5 para o grupo controle).
A
B
45
5.4 - Histologia
Os animais não-infectados (Figuras 6A-D), juntamente com aqueles sacrificados
no primeiro e segundo dia pós-infecção, apresentaram aspecto histológico cerebral
compatível com quadro de normalidade.
A análise morfológica do cérebro confirmou que as alterações histopatológicas
tornaram-se mais evidentes ao longo da infecção. No terceiro dia pós-infecção, os
animais BALB/c mantiveram o padrão histológico compatível com normalidade. Por
outro lado, os animais C57Bl/6 mostraram discretas alterações teciduais (Figura 7 A-
D). Foi possível observar neste grupo a presença de congestão, raros focos de
hemorragia e um predomínio de linfócitos no parênquima cerebral circunvizinho ao
vaso sangüíneo (Figura 7-D). A partir deste dia, em ambos os grupos, verificaram-se
alterações semelhantes às descritas na MC tais quais: congestão, hemorragia
parenquimal, discreto extravasamento de linfócitos, proliferação da glia, obstrução
vascular, edema, acúmulo de eritrócitos e acúmulo e adesão de leucócitos nos vasos.
O parasitismo das hemácias na luz dos vasos ou no parênquima tecidual foi
confirmado, a partir do sexto dia pós-infecção e variou entre os animais.
No sexto dia pós-infecção os animais BALB/c apresentaram alterações moderadas
(Figura 8 A-D) quando comparados aos animais C57Bl/6 (Figura 8 E-H) onde estas
alterações foram intensas. Em contrapartida, no nono dia pós-infecção, as alterações
histológicas dos animais BALB/c que sobreviveram até este período foram intensas
(Figura 9 A-H), semelhantes àquelas descritas para os animais C57Bl/6 no sexto dia de
infecção (Figura 8 E-H).
46
Figura 6 - Fotomicrografias representativas do córtex cerebral de camundongos
BALB/c e C57Bl/6 não-infectados. A- Aspecto histológico normal: ausência de
infiltrado inflamatório, alterações degenerativas ou hemorrágicas, 300X; B- Detalhe da
figura anterior, 600X; C- Grande vaso apresentando hemácias em sua luz, 300X,
Hematoxilina Eosina. D- Cerebelo: aspecto histológico normal, 600X, Cresil violeta.
A
B
C
D
47
Figura 7 - Fotomicrografias do córtex cerebral de camundongos C57Bl/6
infectados eutanaziados no terceiro dia de infecção. A, B e C- Vasos apresentando
hemácias e leucócitos aderidos ao endotélio, 600X; D- Infiltrado inflamatório discreto e
difusamente distribuído com predomínio de linfócitos (seta), 600X. A, B e D:
Hematoxilina Eosina. C: Cresil violeta.
A
B
C
D
48
Figura 8- Fotomicrografias do córtex-cerebral de camundongos infectados,
eutanaziados no sexto dia de infecção. BALB/c (A-D) e C57Bl/6 (E-H) A- Vaso
apresentando acúmulo moderado de hemácias e leucócitos na luz e aderidos ao
endotélio; hemorragia moderada, 300X; B- Detalhe da figura anterior, 600X; C- Foco
hemorrágico moderado e presença de infiltrado inflamatório moderado e difuso, 600X;
E- Intenso acúmulo e adesão de leucócitos e hemácias à parede endotelial, 600X; F e
G: Intensos focos hemorrágicos, X600, Hematoxilina Eosina. D e H- Vasos repletos de
hemácias; H- Hemorragia, 600X, Cresil violeta.
BALB/c C57Bl/6
A
E
B
F
C
G
H
D
G
49
Figura 9 - Fotomicrografias do córtex-cerebral de camundongos BALB/c
infectados, eutanaziados no nono dia de infecção. A- Córtex cerebral: inúmeros vasos
com intensa quantidade de hemácias e células inflamatórias, com adesão ao endotélio,
100X; B- Detalhe da figura anterior, 600X; C- Grande vaso apresentando hemácias e
monócitos acumulados na luz e aderidos ao endotélio com extravasamento de hemácias
para o interstício, 300X; D- Detalhe da figura anterior, 600X; E- Presença intensa de
focos hemorrágicos, 100X; F- Detalhe da figura anterior, 600X. G e H- Cerebelo:
hemorragia intensa, 600X. A-G: Hematoxilina Eosina H: Cresil Violeta.
E
F
G
H
A
B
C
D
50
5.5 - Interação leucócito-endotélio
As interações leucócito-endotélio na microvasculatura da pia-máter foram
avaliadas através da visualização de leucócitos marcados com o fluorocromo rodamina
6G, utilizando a técnica de microscopia intravital. A partir dos resultados da
histopatologia cerebral, demonstrando alterações morfológicas marcantes no quinto dia
pós-infecção, determinou-se esta data para a realização da microscopia intravital nos
animais infectados. Animais que foram submetidos à técnica em uma data posterior ao
dia de infecção não sobreviveram aos procedimentos, uma vez que estavam muito
debilitados. Animais infectados de ambas as linhagens apresentaram aumento nos
processos de rolamento e adesão leucocitária no endotélio cerebral, etapas envolvidas
no mecanismo de recrutamento de leucócito durante processo inflamatório (Figura 10).
Camundongos BALB/c com cinco dias de infecção apresentaram aumento no
processo de rolamento de leucócitos (11,74 ± 3,17 leucócitos rolando/min) em relação
aos animais controle da mesma linhagem (0,51 ± 0,22 leucócitos rolando/min). A
diferença foi significativa quando comparamos estes grupos (**p<0,01). Os animais
C57Bl/6 apresentaram o mesmo perfil, com aumento significativo (***p<0,001) no
processo de rolamento no grupo infectado (25,82 ± 3,21 leucócitos rolando/min) em
relação aos animais controle (0,72 ± 0,12 leucócitos rolando/min) (Gráfico 4-A).
Ao compararmos o perfil dos eventos de rolamento de leucócitos entre os
animais infectados das duas linhagens (BALB/c X C57Bl/6) também encontramos
diferença significativa (**p<0.01), com o grupo C57Bl/6 apresentando o maior valor
neste parâmetro (Gráfico 4-A).
Nos camundongos BALB/c infectados, o número de leucócitos aderidos no
endotélio dos vasos da pia-máter (37,29 ± 9,69 leucócitos aderidos/100µm) foi superior
ao observado no grupo de animais controle (1,29 ± 0,61 leucócitos aderidos/100µm). A
diferença foi estatisticamente significativa quando comparamos estes grupos
(**p<0,01). Os animais C57Bl/6 apresentaram o mesmo perfil, com aumento
significativo (***p<0,001) no número de leucócitos aderidos no endotélio dos vasos da
pia-máter do grupo infectado (18,45 ± 1,555 leucócitos aderidos/100µm) em relação aos
animais controle (1,18 ± 0,22 leucócitos aderidos/100µm) (Gráfico 4-B).
Ao avaliarmos o perfil dos eventos de adesão entre os animais infectados das
duas linhagens (BALB/c X C57Bl/6) também observamos diferença significativa
51
(p<0.001), sendo os animais Balb/c os que apresentam maior número de adesão
(Gráfico 4-B).
Figura 10 Micrografia de videomicroscopia intravital demonstrando o aumento de
leucócitos em processo de rolamento e adesão na microvasculatura da pia-máter de
camundongos infectados com P. berghei NK65 (B) em relação a animais controle (A).
A
B
52
Controle Infectado
0
10
20
30
Balb/c jovem
C57Bl/6 jovem
Número de leucócitos rolando/minuto
**
***
**
Controle Infectado
0
10
20
30
40
50
Balb/c jovem
C57Bl/6 jovem
**
***
***
mero de leucócitos aderidos/
área (100
µ
µ
µ
µ
)
Gráfico 4 Número de leucócitos em processo de rolamento (A) e de adesão (B) na
microvasculatura da pia-máter de camundongos BALB/c e C57Bl/6. Grupo de animais
com cinco dias de infecção (n=7 para cada linhagem), com inóculo padronizado de 10
6
hemácias parasitadas pela via intraperitoneal, em comparação ao grupo controle não-
infectado (n=7 para cada linhagem). Os resultados foram submetidos à análise de
variância seguida do teste de Newman-Keuls, onde ** (p<0.01) e *** (p<0.001)
representam diferenças estatisticamente significativas entre os grupos assinalados.
B
A
53
5.6  Contagem total e diferencial de leucócitos
A contagem total de leucócitos no sangue periférico dos diferentes grupos
experimentais demonstrou uma diminuição destas células nos animais infectados em
relação aos respectivos controles. Animais BALB/c infectados apresentaram uma média
inferior de células totais (5,13 x 10
6
± 7,62 x 10
5
leucócitos/mL) em relação a animais
controle (7,71 x 10
6
± 1,06 x 10
6
leucócitos/mL), com p=0,0646. Tal dado demonstra
uma tendência para a diminuição do número de leucócitos no sangue periférico de
animais infectados, porém sem diferença significativa. Os animais da linhagem C57Bl/6
apresentaram um perfil diferenciado, com animais infectados apresentando um menor
número de leucócitos totais (2,68 x 10
6
± 3,62 x 10
5
leucócitos/mL) em relação ao grupo
controle (6,14 x 10
6
± 8,21 x 10
5
leucócitos/mL), com p< 0,01 (Gráfico 5).
A contagem diferencial de leucócitos foi realizada em esfregaços sangüíneos
corados com May-Gruwald e Giemsa, o que permitiu a identificação e quantificação dos
diferentes tipos celulares presentes no sangue periférico dos animais infectados e
controles. As médias percentuais (Tabela 1) demonstram que animais BALB/c
infectados (5dpi) e controles mantiveram o perfil dos tipos celulares. os animais
infectados da linhagem C57Bl/6 apresentaram uma modificação nas médias percentuais
dos tipos celulares, em relação aos animais controle. Houve uma diminuição
significativa (p<0.001) na proporção de linfócitos presentes no sangue periférico de
animais infectados (33,9 ± 4,5%) em relação ao grupo controle (62,4 ± 2,5%). Um perfil
semelhante foi obtido para monócitos (p<0.001), com valores de 37,7 ± 3,7% e 18,6 ±
1,7% para animais infectados e controle, respectivamente. Já a população percentual de
neutrófilos sofreu um incremento significativo (p<0.05) nos animais infectados 28,1 ±
1,7% em relação ao controle 18,8 ± 1,7%.
Entretanto, a avaliação mais adequada para verificar a alteração da quantidade de
determinado tipo celular é realizada através da quantificação do tipo celular/mL. A
mudança significativa no perfil de células em animais infectados em comparação aos
controles ocorreu apenas na população de linfócitos, com diminuição nos animais
infectados. Nos animais BALB/c, houve uma redução de linfócitos, p<0,01, nos animais
infectados (2,06 x 10
6
± 0,31 x 10
6
linfócitos/mL) em relação ao grupo controle (3,95 x
10
6
± 0,94 x 10
6
linfócitos/mL). Na linhagem C57Bl/6, o perfil foi semelhante, com
p<0,001 (Tabela 2).
54
BA
L
B/c co
n
trol
e
B
A
LB
/c
i
nfe
c
ta
do
C5
7
Bl
/6
c
on
tro
le
C
5
7B
l/
6 i
nf
ec
ta
d
o
0
3.0×10
6
6.0×10
6
9.0×10
6
**
Leucócitos/mL
Gráfico 5 Número total de leucócitos no sangue periférico de camundongos BALB/c
e C57Bl/6. Animais com cinco dias de infecção (n=8 para ambas as linhagens), inóculo
padronizado de 10
6
hemácias parasitadas pela via intraperitoneal, em relação ao grupo
controle não-infectado (n=7 para ambas as linhagens). Os resultados de cada linhagem
foram submetidos ao teste t-student, onde ** (p<0.01) representa diferença significativa.
55
Tabela 1. Número percentual dos tipos celulares presentes no sangue periférico de
camundongos BALB/c e C57Bl/6 (%).
Grupos
Linfócitos
Neutrófilos
Monócitos
Eosinófilos
BALB/c controle
40,0 ± 3,7 37,9 ± 3,1 22,1 ± 2,7 0,0 ± 0,0
BALB/c infectado
40,6 ± 2,2 43,2 ± 3,7 15,6 ± 2,1 0,4 ± 0,3
C57Bl/6 controle
62,4 ± 2,5 19,9 ± 2,5 18,6 ± 1,7 0,6 ± 0,3
C57Bl/6 infectado
33,9 ± 4,5
a
28,1 ± 1,7
b
37,7 ± 3,7
a
0,2 ± 0,2
Número percentual de leucócitos no sangue periférico de camundongos BALB/c
e C57Bl/6. Animais infectados (n=8 para ambas as linhagens), cinco dias pósinfecção,
com Plasmodium berghei NK65, com inóculo padronizado de 10
6
hemácias parasitadas
pela via intraperitoneal, em relação aos controles não-infectados (n=7 para ambas as
linhagens). Os resultados de cada tipo celular foram submetidos ao teste t-student, onde
a
p<0,001 e
b
p<0,05 quando comparados com o grupo C57Bl/6 controle.
Tabela 2. Quantificação diferencial dos tipos celulares presentes no sangue periférico
de camundongos BALB/c e C57Bl/6 (x 10
6
células/mL).
Grupos
Linfócitos
Neutrófilos
Monócitos
Eosinófilos
BALB/c controle
3,95 ± 0,94
2,98
± 0,41 1,03
± 0,20 0,00 ± 0,00
BALB/c infectado
2,06
± 0,31
a
2,18
± 0,36
0,85
± 0,22
0,02
± 0,01
C57Bl/6 controle
3,73
± 0,62
1,09
± 0,20
1,15
± 0,20
0,03
± 0,02
C57Bl/6 infectado
0,88
± 0,17
b
0,74
± 0,10
1,05
± 0,21
0,00 ± 0,00
Número diferencial de leucócitos no sangue periférico de camundongos BALB/c
e C57Bl/6. Animais infectados (n=8 para ambas as linhagens), cinco dias pósinfecção,
com Plasmodium berghei NK65, com inóculo padronizado de 10
6
hemácias parasitadas
pela via intraperitoneal, em relação aos controles não-infectados (n=7 para ambas as
linhagens). Os resultados de cada tipo celular foram submetidos ao teste t-student, onde
a
p<0,01 quando comparado com BALB/c controle e
b
p<0,001 quando comparado com
C57Bl/6 controle.
56
5.7 - Avaliação da permeabilidade vascular
Através da quantificação do extravasamento do corante de azul de Evans
para o parênquima cerebral pode-se avaliar indiretamente a permeabilidade da BHE.
Através da determinação espectrofotométrica da quantidade de azul de Evans presente
no tecido cerebral, verificou-se um aumento significativo da concentração do corante no
parênquima cerebral de animais infectados (5dpi) em relação ao grupo controle, para
ambas as linhagens. Desta forma, indícios de modificações na permeabilidade da
BHE em decorrência da infecção.
Animais infectados da linhagem BALB/c apresentaram uma concentração
superior do corante no parênquima cerebral (9,65 ± 1,08 pg de azul de Evans/100mg de
tecido cerebral), quando comparados com o grupo controle (6,40 ± 0,38 pg de azul de
Evans/100mg de tecido cerebral), com p<0,05 (Gráfico 6).
Camundongos C57Bl/6 não-infectados apresentaram uma concentração menor
de azul de Evans no tecido cerebral (4,28 ± 0,67 pg de azul de Evans/100mg de tecido
cerebral) em relação ao grupo dos animais infectados (9,26 ± 1,23 pg de azul de
Evans/100mg de tecido cerebral), com p<0,01 (Gráfico 6).
57
Gráfico 6 - Concentração do corante azul de Evans extravasado para o parênquima
cerebral de camundongos BALB/c e C57Bl/6. Animais com cinco dias de infecção (n=6
para ambas as linhagens), inóculo padronizado de 10
6
hemácias parasitadas pela via
intraperitoneal, em relação ao grupo controle não-infectado (n=6 para ambas as
linhagens). Os resultados de cada linhagem foram submetidos ao teste t-student, onde *
(p<0,05) e ** (p<0.01) representam diferenças significativas.
B
ALB/c
c
o
nt
r
ole
BA
L
B/
c
i
n
f
e
c
t
a
do
C
5
7
B
l/6 c
o
ntrole
C57B
l
/6
i
n
f
e
c
t
a
do
0.0
2.5
5.0
7.5
10.0
12.5
*
**
Azul de Evans
(pg/100mg de tecido)
58
5.8 - Dosagem das citocinas TNF-α e IFN-γ e das quimiocinas Kc/CXCL8,
MIG/CXCL9, MIP-1α/CCL3, MCP-1/CCL2 e RANTES/CCL5.
Considerando que houve um aumento no recrutamento de leucócitos na
microcirculação cerebral após a infecção com P. berghei NK65, foi realizada a
quantificação, in locu, de citocinas e quimiocinas no tecido cerebral de animais controle
e infectados. Adicionalmente, a concentração de TNF-α foi mensurada também no soro
dos animais para avaliar uma possível participação sistêmica desta citocina na
patogênese da infecção.
Portanto, avaliamos as concentrações das citocinas TNF-α e IFN-γ e quimiocinas
Kc/CXCL8, MIG/CXCL9, MIP-1α/CCL3, MCP-1/CCL2 e RANTES/CCL5 em
sobrenadante de homogenato de cérebro e soro de camundongos infectados (n=10) com
P. berghei NK65 e animais controle sem infecção (n=8) das diferentes linhagens.
A concentração de TNF-α no homogenato de cérebro apresentou aumentada nos
animais BALB/c infectados (63,25 ± 4,53 pg/mL) em relação ao seu controle (48,64 ±
5,15 pg/mL), porém sem nível de significância. Em contrapartida, um perfil distinto foi
encontrado nos animais da linhagem C57Bl/6, onde animais infectados (63,38 ± 5,43
pg/mL) apresentaram uma concentração maior que os animais controles (41,65 ± 3,41
pg/mL), com p< 0,01 (Gráfico 7-A).
A quantificação desta citocina no soro dos animais demonstrou um aumento
significativo da sua concentração nos animais infectados em relação a animais controle.
Em animais da linhagem BALB/c, a concentração foi de 15,23 ± 8,09 pg/mL nos
controles e 108,2 ± 31,16 pg/mL em animais infectados (p< 0.001). Em animais
C57Bl/6 do grupo controle e infectado, as concentrações foram, respectivamente, 0,0 ±
0,0 pg/mL e 43,99 ± 5,72 pg/mL, com p< 0.001 (Gráfico 7-B).
A concentração da citocina IFN-γ em homogenato de cérebro não apresentou
diferença estatística entre animais infectados (131,5 ± 8,6 pg/mL) e controle (145,0 ±
5,64 pg/mL) da linhagem BALB/c. Contudo, animais da linhagem C57Bl/6
apresentaram aumento da concentração no grupo infectado (169,1 ± 10,69 pg/mL) em
relação ao controle (134,9 ± 4,77 pg/mL), com p< 0,05 (Gráfico 8-A).
O nível da quimiocina Kc/CXCL8 no cérebro não sofreu variação após a infecção.
Camundongos BALB/c não-infectados apresentaram a concentração desta quimiocina
de 237,9 ± 31,00 pg/mL enquanto no grupo infectado foi de 310,2 ± 30,49 pg/mL, com
59
p>0.05. Animais controles da linhagem C57Bl/6 apresentaram uma concentração de
265,7 ± 35,34 pg/mL e os animais infectados 340,0 ± 31,57 pg/mL, com p>0,05
(Gráfico 8-B).
A concentração da quimiocina MIG/CXCL9 sofreu variação significativa no
tecido cerebral após a infecção. Camundongos BALB/c não-infectados apresentaram a
concentração desta quimiocina de 66,24 ± 10,11 pg/mL enquanto no grupo infectado foi
de 352,1 ± 60,25 pg/mL (p<0,001). Animais controles da linhagem C57Bl/6
apresentaram uma concentração de 63,71 ± 9,06 pg/mL e os animais infectados 169,2 ±
16,19 pg/mL, com p<0,001 (Gráfico 8-C).
Após a infecção com P. berghei NK65, houve um aumento não-significativo da
quimiocina MIP-1α/CCL3 no cérebro de camundongos BALB/c (13,39 ± 4,39 pg/mL)
em relação aos animais não infectados (0 ± 0 pg/mL), com p>0.05. Já nos camundongos
C57Bl/6, a concentração desta quimiocina em condição controle foi 30,1 ± 7,16 pg/mL
e em animais infectados foi 45,08 ± 12,31 pg/mL, com p<0,05 (Gráfico 8-D).
Ao avaliarmos a quimiocina MCP-1/CCL2 em camundongos BALB/c, houve
um aumento significativo (p< 0.001) na produção desta quimiocina. No grupo controle
a concentração foi de 295,3 ± 29,53 pg/mL e no grupo infectado uma concentração de
900,5 ± 111,6 pg/mL. Da mesma forma, nos camundongos C57Bl/6, encontramos uma
diferença significativa (p<0,001) entre os animais controle (267,6 ± 25,33 pg/mL) e os
animais infectados (1023 ± 101,7 pg/mL) (Gráfico 8-E).
Adicionalmente, observamos um aumento da concentração da quimiocina
RANTES/CCL5 no tecido cerebral de camundongos BALB/c infectados (310,8 ± 85,66
pg/mL) quando comparamos com o grupo controle (154,3 ± 25,54 pg/mL), entretanto
este aumento não foi significativo (p>0.05). Camundongos C57Bl/6 infectados
apresentaram um aumento significativo da concentração desta quimiocina (232,0 ±
37,93 pg/mL) quando comparado com os animais controle (27,24 ± 6,64 pg/mL), com
p<0,001 (Gráfico 8-F).
Houve, portanto, um aumento significativo dos níveis das citocinas TNF-α e
IFN-γ e das quimiocinas MIG/CXCL9, MCP-1/CCL2 e RANTES/CCL5 nos animais
C57Bl/6 infectados, com relação aos respectivos controles. Enquanto o aumento das
concentrações na linhagem BALB/c foi significativo apenas para o TNF-α sistêmico e
para as quimiocinas MIG/CXCL9 e MCP-1/CCL2.
60
Gráfico 7 - Níveis da concentração da citocina TNF-α em sobrenadante de homogenato
de cérebro (A) e em soro (B) de camundongos BALB/c e C57Bl/6. Animais com cinco
dias de infecção (n=10 para ambas as linhagens), inóculo padronizado de 10
6
hemácias
parasitadas pela via intraperitoneal, em relação ao grupo controle não-infectado (n=8
para ambas as linhagens). Os resultados de cada linhagem foram submetidos ao teste t-
student, onde ** (p<0.01) e *** (p<0.001) representam diferenças significativas. ND-
não detectado.
Cérebro
BA
L
B/c cont
ro
le
BA
L
B/c in
f
ect
ad
o
C
57B
l/6 co
n
tro
le
C57Bl/6 infectado
0
20
40
60
80
100
**
A
TNF-
α
α
α
α
pg/mL
Soro
BA
L
B
/
c
c
o
ntrole
BA
L
B
/
c
in
fe
ct
ado
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n
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60
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100
***
***
B
ND
TNF-
α
α
α
α
pg/mL
61
Gráfico 8 - Níveis da concentração da citocina IFN-γ (A) e das quimiocinas Kc/CXCL8
(B), MIG/CXCL9 (C), MIP-1α/CCL3 (D), MCP-1/CCL2 (E) e RANTES/CCL5 (F) em
sobrenadante de homogenato de cérebro de camundongos BALB/c e C57Bl/6. Animais
com cinco dias de infecção (n=10 para ambas as linhagens), inóculo padronizado de 10
6
hemácias parasitadas pela via intraperitoneal, em relação ao grupo controle não-
infectado (n=8 para ambas as linhagens). Os resultados de cada linhagem foram
submetidos ao teste t-student, onde * (p<0.05), ** (p<0.01) e *** (p<0.001)
representam diferenças significativas. ND- não detectado.
B
A
LB/
c
c
o
n
t
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l
e
B
A
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fectado
0
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300
400
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C
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7
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400
600
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***
***
E
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BALB/
c
c
o
n
t
ro
l
e
BALB/c infectado
C57Bl/6 controle
C57Bl/6 infectado
0
100
200
300
400
***
F
RANTES/CCL5 (pg/mL)
62
6
6 6
6 -
--
- D iscussão
D iscussão D iscussão
D iscussão
63
Parâmetros parasitológicos e clínicos da infecção em camundongos BALB/c e
C57Bl/6 jovens
Este estudo permitiu caracterizar, através de parâmetros parasitológicos e
imunológicos, a infecção por P. berghei NK65 e avaliar aspectos envolvidos na
patogênese do modelo de MC experimental em duas linhagens, BALB/c e C57Bl/6,
descritas na literatura com perfis distintos de resistência e susceptibilidade para a cepa
de P. berghei ANKA.
Ambas as linhagens apresentaram uma evolução gradual e progressiva da
parasitemia. Porém, os animais C57Bl/6 desenvolveram uma parasitemia de forma mais
branda, quando comparada com os animais BALB/c, com diferença significativa no
sexto dia pós-infecção. Em contrapartida, aquela linhagem apresentou mortalidade
precoce. Desta forma, a taxa de parasitemia e a sobrevida não podem ser explicadas por
uma relação direta. Portanto, diante destes dados, podemos sugerir que P. berghei NK65
causa uma infecção de curso agudo e letal mais pronunciado na linhagem C57Bl/6,
considerada susceptível pela literatura.
Os animais infectados das duas linhagens apresentaram perda de peso acentuada
ao longo da infecção, sendo compatível com as altas parasitemias e o óbito dos animais.
Animais com parasitemia acentuada apresentaram uma tendência para deformidades
estruturais dos eritrócitos. Sabe-se que o parasito é capaz de induzir inúmeras alterações
no eritrócito parasitado, evidentes principalmente na membrana celular. Alterações em
proteínas de membrana, como a calmodulina e ATPase, são descritas e acarretam em
modificações no equilíbrio iônico da célula (Kirk, 2001).
Diferentes formas evolutivas do P. berghei NK65 foram observadas nos
esfregaços sangüíneos analisados durante o curso da infecção. Desta forma, podemos
sugerir uma multiplicação assincrônica das diferentes formas de desenvolvimento
sangüíneo do parasito. Infecções múltiplas de eritrócitos, com poliparasitismo
extensivo, também foram identificadas, um fato que pode ser decorrente da baixa
especificidade de invasão das hemácias pelos merozoítos desta espécie.
Sabe-se que o baço exerce um papel crucial na eliminação do parasito da
circulação (ALVES et al., 1996). A hepatoesplenomegalia verificada durante a necropsia
pode ser sugestiva para o quadro de retenção destas formas nestes órgãos. Os animais de
ambas as linhagens também apresentaram hemoglobinúria a partir do sexto dia de
64
infecção, sugerindo uma hemólise intravascular excessiva e intensa em conjunto com o
comprometimento renal nestes animais.
Cabe ressaltar que componentes do parasito, liberados após a ruptura dos
eritrócitos infectados, são potencialmente envolvidos na produção de resposta
inflamatória, como o glicosilfosfatidilinositol (GPI). A GPI é uma molécula ubíqua e
expressa em abundância em parasitos, sendo envolvida primariamente no ancoramento
de certas proteínas de superfície celular. Esta molécula, em sinergismo com o IFN-γ, é
capaz de induzir a liberação de citocinas (TNF-α e IL-1) envolvidas no
desenvolvimento da resposta imune pelo hospedeiro (SCHOFIELD & HACKETT, 1993).
O processo de anorexia verificado nos animais, através da ausência de conteúdo
estomacal e intestinal, pode ser conseqüência da produção prolongada e sistêmica de
TNF-α, capaz de gerar graves distúrbios metabólicos (GRIMBLE, 1998; TRUJILLO et al.,
2003). A caquexia, que leva à supressão do apetite, é caracterizada pelos eventos de
anorexia, perda de peso e depleção das reservas protéicas e lipídicas (MATTHYS &
BILLIAU, 1997). O envolvimento de TNF-α nesta síndrome tem sido amplamente
estudado, inclusive em outros modelos animais de doenças parasitárias. Animais
BALB/c infectados por Trypanosoma cruzi desenvolvem os processos de caquexia
durante a fase aguda da infecção, um quadro que pode ser revertido após tratamento
com anticorpo monoclonal anti-TNF-α (TRUYENS et al., 1995). Os sinais da
manifestação e a conseqüente perda de massa corporal verificados nos animais
infectados por P. berghei NK65 guardam relação direta com as altas taxas de
parasitemia e aumento sistêmico da concentração de TNF-α, em ambas as linhagens,
dado constatado no quinto dia pós-infecção.
A falta de sinais clínicos evidentes para avaliar de forma precisa os sintomas
clássicos do comprometimento cerebral (coma e paralisia), dificultou a investigação
desta manifestação nos animais estudados.
Sabe-se que a infecção por P. berghei exibe uma resposta imune marcante, com os
animais apresentando manifestações clínicas sistêmicas. Tal dado somado aos
resultados obtidos neste trabalho sugere que a infecção por P. berghei NK65 também
causa uma doença com acometimento multi-sistêmico nos animais das linhagens
estudadas.
65
Alterações histopatológicas
É sabido que a malária é uma doença sistêmica, com acometimento em vários
órgãos. Desta forma, o comprometimento cerebral pode ser extenso, caracterizado por
edema cerebral, hemorragias cerebrais e infiltrado de leucócitos.
Através da análise histopatológica, demonstrou-se que animais C57Bl/6, no
terceiro dia pós-infecção, apresentaram alterações cerebrais precoces em relação aos
animais da linhagem BALB/c. No sexto dia pós-infecção, as alterações histopatológicas
foram mais acentuadas nos animais C57Bl/6 em relação à outra linhagem. Em
contrapartida, a análise histológica em animais BALB/c no nono dia pós-infecção
revelou um quadro histológico semelhante àquele descrito para C57Bl/6 no sexto dia.
Assim, podemos verificar que o desenvolvimento de lesões cerebrais em decorrência da
infecção foi mais intenso e precoce em camundongos da linhagem C57Bl/6 em relação
à linhagem BALB/c. Tal fato pode estar relacionado a morte precoce naquela linhagem
e comprova uma resposta diferencial das linhagem do hospedeiro frente a infecção por
P. berghei NK65. Este resultado corrobora os dados encontrados por Amani et al.,
(1998), que sugeriram que diferentes linhagens do hospedeiro apresentavam relevância
para o desenvolvimento de MC, da mesma forma que diferenças entre parasitos
parecem ter igual importância na determinação da virulência.
As análises histopatológicas de cérebros de camundongos infectados revelaram, a
partir do terceiro dia de infecção, alterações semelhantes às descritas na MC que
refletem as perturbações locais induzidas pela infecção. Desta forma, não podemos
descartar o envolvimento cerebral nestes animais, em conjunto com outras repercussões
acarretadas pela infecção.
Um estudo utilizando a cepa NK65 de P. berghei demonstrou que a infecção com
a forma sangüínea do parasito em camundongos C57Bl/6 causa infiltrado de células
mononucleares no fígado e, conseqüentemente, dano hepático maciço (YOSHIMOTO et
al., 1998). No nosso estudo, através da análise histopatológica do tecido hepático, foi
encontrado um perfil de lesão nas duas linhagens (dados não mostrados), que pode ser
um dos fatores diretamente envolvidos na patogênese da manifestação grave que
acometeu os animais. Entretanto, não foi objetivo deste trabalho avaliar o envolvimento
hepático neste modelo.
66
Avaliação da resposta inflamatória cerebral através da técnica de microscopia
intravital
Sob condições normais, os leucócitos são mantidos no centro dos vasos
sangüíneos. Durante a resposta inflamatória, a indução de moléculas de adesão nas
células endoteliais, bem como na superfície dos leucócitos, favorece o deslocamento
destes para a periferia dos vasos e, conseqüentemente, a interação com o endotélio e
extravasamento vascular. Na malária, as moléculas de adesão estão envolvidas no
seqüestro das células dentro da microcirculação cerebral e em outros órgãos. Além de
ICAM-1, outras moléculas de adesão, como P-seletina (UDOMSANGPECH et al., 1997),
VCAM-1 (JACKOBSEN et al., 1994) e PECAM-1 (TREUTIGER et al., 1997), parecem
estar implicadas no mecanismo de adesão do eritrócito parasitado ao endotélio. Além de
apresentarem um papel importante no mecanismo de interação eritrócito-endotélio, as
moléculas de adesão estão envolvidas nas interações leucócito-endotélio (CHANG et al.,
2003) e plaqueta-endotélio (SUN et al., 2003), as quais foram descritas em modelos
experimentais de malária grave. Uma característica importante de se salientar é a
analogia entre seqüestro de eritrócitos parasitados e recrutamento de leucócitos. Já foi
demonstrado que a ligação de eritrócitos não é unicamente estática, uma vez que pode
acontecer uma interação semelhante ao processo de rolamento (COOKE et al., 1994).
No presente estudo, através da técnica de microscopia intravital nos vasos da
pia-máter, foram verificadas as interações leucócitos-endotélio durante o processo de
recrutamento. O potencial aumento do recrutamento basal induzido pela manipulação
cirúrgica foi considerado, o que justifica o uso de animais sem infecção que são
submetidos a todos os procedimentos da técnica e utilizados como controle.
Foi verificado nas duas linhagens, através do uso desta técnica, um aumento
significativo no número de leucócitos em processo de rolamento e adesão nos animais
infectados (5dpi) em relação a animais controles não-infectados. Estes resultados foram
corroborados com os dados da análise histopatológica, demonstrando um aumento do
influxo de leucócitos para o parênquima cerebral e lesão inflamatória dos animais
infectados quando comparados com o grupo controle. Uma importante limitação da
técnica é a incapacidade de distinguir as subpopulações de leucócitos recrutados
(neutrófilos, eosinófilos, monócitos, linfócitos T), o que deve ser realizado por
metodologias complementares (LEY, 2001). Através da análise histopatológica realizada
no tecido cerebral de animais infectados, verificou-se um acúmulo de linfócitos no
67
parênquima cerebral de animais C57Bl/6 infectados, como demonstrado na Figura 7-D.
Desta forma, a diminuição deste tipo celular no sangue periférico de ambas as
linhagens, detectada através de esfregaço sangüíneo no quinto dia pós-infecção, pode
ser conseqüência direta do recrutamento predominante de linfócitos para o parênquima
cerebral e de outros órgãos, como fígado e baço (dados não mostrados).
Para a técnica de microscopia intravital, as características do tecido avaliado
apresentam relevância e devem ser consideradas. A investigação do recrutamento de
leucócitos por microscopia intravital em tecidos translúcidos, como mesentério e fáscia
espermática, permite que as etapas de rolamento, adesão e transmigração possam ser
visualizadas sem a utilização de métodos de contraste. Entretanto, para órgãos não
translúcidos, como o tecido cerebral, o estudo é viável somente com a utilização da
epifluorescência, e permite a visualização dos processos de rolamento e adesão (LEY,
2001). Visto que a adesão é uma etapa essencial para que ocorra a transmigração através
do endotélio para o sítio de inflamação (KERFOOT & KUBES, 2002), o aumento da
adesão leucocitária observado pela microscopia intravital está diretamente associado ao
infiltrado inflamatório identificado nos animais infectados por técnicas histológicas.
Os resultados da microscopia intravital demonstraram uma diferença numérica não
proporcional entre os eventos de rolamento e adesão de leucócitos, quando se analisa
cada linhagem. Camundongos infectados da linhagem BALB/c apresentaram menor
número de células rolando (11,74 ± 3,166 células rolando/min) em relação ao número
de células aderidas (37,29 ± 9,690 células aderidas/100µm). Um perfil oposto foi
verificado nos animais C57Bl/6 infectados, com predomínio de células em processo de
rolamento (25,82 ± 3,212 células rolando/min) em relação ao número de células
aderidas (18,45 ± 1,555 células aderidas/100µm). Entretanto, sabe-se que os processos
de rolamento e adesão são dois eventos moleculares distintos, onde o rolamento não é
um pré-requisito obrigatório para a adesão. A importância do rolamento na
microcirculação cerebral não foi totalmente esclarecida. Estudos demonstraram que um
rolamento transiente pode acarretar em adesão rápida de leucócitos, em um processo
facilitado por plaquetas ligadas a microcirculação, que também expressam P-seletina.
Assim, na microcirculação cerebral, os leucócitos podem interagir preferencialmente
nas plaquetas do que diretamente no endotélio cerebral (CARVALHO-TAVARES et al.,
2000). Desta forma, parâmetros fisiológicos, como interação de leucócitos a outros
68
elementos sangüíneos e propriedades do endotélio, modulam e determinam o sucesso do
recrutamento (LEY, 2001).
Adicionalmente, o acúmulo de leucócitos e plaquetas na microcirculação cerebral
tem papel direto na patogênese da MC, sendo capaz de amplificar os processos
inflamatórios. Estudos demonstram que plaquetas podem estar diretamente envolvidas
na citoaderência de eritrócitos parasitados, uma vez que podem atuar como ponte entre
as células endoteliais e o eritrócito, em um mecanismo alternativo. Entretanto, este
modelo proposto não exclui o já existente o de adesão direta do eritrócito ao endotélio
(WASSMER et al., 2004). A adesão de plaquetas a células endoteliais é estimulada por
TNF-α, durante uma condição inflamatória (LOU et al., 1997). Estudos postmortem em
crianças africanas com MC têm demonstrado acúmulo de plaquetas no sítio de seqüestro
de eritrócitos parasitados (GRAU et al., 2003).
A adesão de eritrócitos parasitados, leucócitos e plaquetas podem resultar na
disfunção da BHE, com efeitos deletérios sobre a integridade do endotélio (WASSMER et
al., 2006). foi reportado que neutrófilos e plaquetas podem acumular no tecido e/ou
são capazes de produzir moléculas citolíticas, como metaloproteinases, que podem lesar
as células endoteliais (CHEN et al., 2000; GRAU et al., 2003). A liberação de
micropartículas por plaquetas pode alterar o metabolismo das células do endotélio,
induzindo a produção de ciclooxigenase-2 (COX-2) e prostaglandinas (PG), que podem
afetar a permeabilidade vascular e induzir apoptose de células endoteliais (BALLABH et
al., 2004).
Alteração na permeabilidade vascular da BHE
Durante condições inflamatórias, vários mediadores químicos liberados, como a
bradicinina, a ciclooxigenase-2 (COX-2) e prostaglandinas (PG), induzem o aumento da
permeabilidade da barreira, facilitando o acesso de leucócitos ativados para o
parênquima do SNC (BALLABH et al., 2004). O aumento do tráfego de leucócitos para o
parênquima cerebral, comprovado por estudos de microscopia intravital e histologia,
sugere possíveis alterações na permeabilidade da BHE. Vários estudos têm demonstrado
que a BHE é comprometida durante a infecção por P. berghei ANKA (PIGUET et al.,
2000; THUMWOOD et al., 1988). Estudos utilizando o extravasamento de corantes para o
parênquima cerebral têm demonstrado que a permeabilidade vascular é marcadamente
aumentada no cérebro, sendo um importante evento para a patogênese da malária (VAN
69
DE HEYDE et al., 2001). Neill & Hunt (1992), em um estudo utilizando camundongos
CBA infectados com P. berghei ANKA, reportaram o aumento do extravasamento do
corante azul de Monostral em todos os órgãos analisados (cérebro, pulmão, fígado, baço
e rim). Desta forma, para comprovar a hipótese de aumento da permeabilidade vascular
da BHE neste modelo, utilizou-se um protocolo de permeabilidade da BHE através da
determinação espectrofotométrica do corante azul de Evans extravasado da vasculatura
para o tecido cerebral.
O azul de Evans quando injetado na corrente sangüínea se liga a proteínas
plasmáticas, especialmente a albumina. Alterações na permeabilidade vascular
acarretam a saída do corante do lúmen vascular para o tecido intersticial. Estudos
demonstraram que na malária experimental, o escape do corante para o parênquima
cerebral coincide com áreas de hemorragias (VAN DE HEYDE et al., 2001). O dano
endotelial acarretado por mediadores inflamatórios tem sido implicado como uma causa
provável da disfunção da integridade da BHE (WASSMER et al., 2006).
Os resultados da quantificação do extravasamento do azul de Evans indicam um
grau de disfunção da BHE em animais infectados, com cinco dias de infecção, em
relação aos animais controle. Este dado comprova a disfunção da BHE acarretada pela
infecção e demonstra a capacidade desta metodologia para avaliação da permeabilidade
vascular da barreira de animais infectados com P. berghei NK65.
Entretanto, o mecanismo de passagem de macromoléculas, como proteínas,
através da barreira endotelial cerebral em condições inflamatórias tem sido
extensivamente debatido, com alguns resultados controversos. O incremento desta
permeabilidade vascular pode estar associado tanto ao aumento dos eventos de
pinocitose quanto à disfunção das junções inter-endoteliais na BHE (RISAU &
WOLBURG, 1990). Outro possível mecanismo que justifica esta disfunção pode envolver
a destruição do endotélio em decorrência dos eventos apoptóticos induzidos por vários
tipos celulares, como eritrócitos, plaquetas e leucócitos (WASSMER et al., 2006).
Esta alteração funcional da BHE seria pré-requisito necessário para
desenvolvimento e formação de edema cerebral, como demonstrado por Favre et al.
(1999). Tal dado vai de encontro ao verificado nos achados histopatológicos do nosso
trabalho, sugerindo que o edema observado é conseqüência do extravasamento de
líquido excessivo decorrente da disfunção da barreira. Alterações do metabolismo
acarretadas pela infecção, como o aumento da concentração de lactato, em conjunto
70
com a disfunção da BHE, podem ter implicações diretas no SNC e na mortalidade dos
animais (PENET et al., 2005).
Nossos resultados demonstram que o tecido cerebral apresentou uma mudança
pronunciada na permeabilidade vascular nos animais infectados em relação aos animais
controle.
Adicionalmente, é necessário destacar que a técnica utilizando o azul de Evans
tem se mostrado eficaz e equivalente a metodologias utilizando marcação radioativa
(VAN DE HEYDE et al., 2001).
Quantificação da concentração das citocinas e quimiocinas
A produção de citocinas pró-inflamatórias exerce um controle da parasitemia na
fase inicial da infecção. Entretanto, uma produção excessiva no sítio de infecção pode
exercer um importante papel para o recrutamento e ativação de leucócitos de forma
exagerada. Estudos em humanos demonstraram a expressão de citocinas pró-
inflamatórias, incluindo TNF-α e IFN-γ, em tecido cerebral humano postmortem
(BROWN et al., 1999). Sua produção por micróglia e astrócitos em modelo experimental
de MC sugere sua participação em manter uma resposta inflamatória (MEDANA et al.,
1997b). Desta forma, leucócitos ativados dentro do SNC seriam capazes de ativar outras
populações celulares e induzir uma maior produção de TNF-α e, conseqüente produção
de moléculas de adesão (CARVALHO-TAVARES et al., 2000), o que aumentaria o influxo
celular. Estudos em humanos demonstraram o aumento dos níveis plasmáticos de TNF-
α, IFN-γ, IL-1β e IL-6 na malária grave, com provável contribuição para a patogênese
da doença. Adicionalmente, sabe-se que o TNF-α induz apoptose e pode estar associado
à disfunção da BHE durante a MC.
Os resultados obtidos no presente estudo demonstram um aumento significativo na
concentração de TNF-α no cérebro de camundongos C57Bl/6 infectados em relação aos
controles. Tal dado corrobora com a literatura que indica o aumento da expressão local
desta citocina na infecção murina por P. berghei ANKA em linhagens consideradas
susceptíveis à MC; isto é a linhagem C57Bl/6 (JENNINGS et al., 1997). Desta forma, este
dado fortalece que a infecção por P. berghei NK65 é capaz de induzir uma resposta
semelhante à obtida pela cepa ANKA.
71
A produção exacerbada de TNF-α pelo hospedeiro em resposta a infecção têm
sido capaz de provocar anormalidades sistêmicas, como a anorexia e o
comprometimento renal. Os resultados obtidos da análise da concentração desta citocina
no soro de animais infectados e controles demonstraram um aumento em decorrência da
infecção. Adicionalmente, tal dado corrobora os resultados obtidos por Grau et al.
(1987), que demonstraram um aumento dos níveis séricos de TNF-α, que está
diretamente envolvido na patogênese da infecção por P. berghei ANKA.
Em conjunto com dados da literatura, a distribuição diferencial da citocina TNF-
α, de acordo com a linhagem do hospedeiro, indica um perfil distinto do envolvimento
na patogênese da doença. Animais da linhagem C57Bl/6 apresentaram uma infecção
aguda e de letalidade precoce, juntamente com alterações histopatológicas
pronunciadas. Estas características podem ser conseqüência da participação direta do
TNF-α para o comprometimento cerebral, em adição ao envolvimento sistêmico. Para a
linhagem BALB/c, que apresentou um aumento da concentração da citocina apenas no
soro dos animais infectados, as repercussões seriam limitadas às manifestações
sistêmicas apresentadas pelos animais infectados.
Embora os mecanismos que regulam a entrada de leucócitos no SNC ainda não
estejam totalmente elucidados, estudos anteriores indicam um importante papel
regulador das quimiocinas durante o recrutamento de leucócitos, inclusive nos processo
de transmigração através da BHE (BABCOCK et al., 2003). As quimiocinas exercem um
papel central em doenças que o recrutamento celular tem um papel deletério. Sua função
não é limitada ao recrutamento, uma vez que também apresenta função de ativação
celular, diferenciação e degranulação. Sabe-se que as quimiocinas controlam a migração
de células T, monócitos e micróglia dentro do parênquima cerebral (MAHAD et al.,
2003).
Entretanto, a análise da expressão de quimiocinas não pode ser focada somente
no âmbito sistêmico, despertando a idéia de analisar os níveis de quimiocinas, in locu,
uma vez que a produção local serve como evidência direta do envolvimento do SNC na
doença. Considerando que uma escassez de dados relativos à importância das
quimiocinas para o estudo da malária experimental, utilizamos sobrenadante de
homogenato de cérebro, a fim de quantificar a produção de quimiocinas em
camundongos BALB/c e C57Bl/6, infectados com P. berghei NK65. Estes resultados
72
são relevantes para o entendimento do papel local de quimiocinas na imunopatogênese
da MC.
O estudo comparativo da produção de quimiocinas neste modelo experimental
de malária grave induzida por P. berghei NK65 demonstrou um aumento significativo
dos níveis das quimiocinas RANTES/CCL5, MIG/CXCL9 e MCP-1/CCL2 nos animais
infectados, com relação aos respectivos controles. Estes resultados são similares ao
estudo comparativo da produção quimiocinas realizado por Hanum et al. (2003) que
também demonstrou o aumento na expressão localizada das quimiocinas MCP-1/CCL2
e RANTES/CCL5 em tecido cerebral de camundongos infectados.
O aumento da concentração destas quimiocinas no tecido cerebral de animais
infectados sugere uma participação destas moléculas no processo inflamatório e
corrobora com os dados de microscopia intravital que demonstra aumento do processo
inflamatório no parênquima cerebral. A quimiocina MIG/CXCL9, membro da família
CXC, é descrita como molécula quimiotática responsável pelo recrutamento e
proliferação de linfócitos T (WHITING et al., 2004). Já as quimiocinas MCP-1/CCL2 e
RANTES/CCL5, membros da família CC, atraem e ativam uma ampla diversidade de
células, como monócitos, linfócitos T, basófilos e eosinófilos. O aumento da expressão
destas moléculas vai de encontro aos resultados obtidos por Hanum et al (2003), em um
modelo de MCE. Considerando que, no nosso estudo, demonstramos um aumento no
recrutamento de leucócitos, podemos sugerir que as quimiocinas poderiam estar
modulando a expressão de moléculas de adesão envolvidas nestas etapas, tais como as
seletinas e as integrinas.
A quimiocina MCP-1/CCL2 é responsável pela ativação de monócitos, induzindo
sua migração da circulação sangüínea para tornarem-se macrófagos teciduais. É
apontada como uma molécula efetiva durante a infiltração de células mononucleares
para o SNC em diferentes condições inflamatórias (KELDER et al., 1998; SCARPINI et
al., 2002). Em várias condições, astrócitos têm sido implicados como a principal fonte
desta quimiocina no SNC. Desta forma, estudos têm mostrado que sua ação está
associada com a alteração da integridade da BHE, que facilita sua distribuição para o
compartimento vascular. Cultura de células endoteliais da microvasculatura cerebral
tratada com MCP-1/CCL2, apresentou uma diminuição da expressão de proteínas
associadas às junções intercelulares da BHE, como a ocludina e a caveolina. Portanto,
essas evidências sugerem que a MCP-1/CCL2 possa induzir uma alteração na
integridade vascular da BHE, promovendo uma maior permeabilidade (SONG &
73
PACHTER, 2004). Por outro lado, foi demonstrado que CCR2 não é essencial ao
desenvolvimento da MCE (BELNOUE et al., 2003a).
Um outro estudo demonstrou alterações marcantes no aumento da expressão de
mRNA de moléculas de adesão, citocinas (IFN-γ, TNF-α, IL-12, IL-4), iNOS e
quimiocinas, incluindo RANTES/CCL5 e seus receptores (CCR1, CCR3 e CCR5),
durante o pico de parasitemia de camundongos da linhagem Swiss infectados com P.
yoelii 17XL (SARFO et al., 2005). Adicionalmente, um estudo anterior, realizado em
camundongos CCR5
-/-
infectados com P. berghei ANKA, demonstrou uma diminuição
de susceptibilidade a MCE, quando comparados com animais C57Bl/6 selvagens
(BELNOUE et al., 2003b). Logo, existem evidências do papel desta quimiocina,
RANTES/CCL5, no envolvimento da patogênese da malária cerebral. A quimiocina
RANTES/CCL5 e seu receptor estão envolvidos na formação de infiltrados
inflamatórios, apresentando um importante papel, em especial na manutenção, no
prolongamento da resposta inflamatória e no desenvolvimento da patologia cerebral.
A ação das quimiocinas é mediada através de receptores de superfície celular
específicos. Entretanto, a interação receptor-quimiocina é caracterizada por considerável
promiscuidade, onde um mesmo receptor interage com várias quimiocinas e uma
quimiocina é capaz de ligar a diversos receptores. Diferentes quimiocinas, membros de
uma mesma família podem ter um mesmo papel, em decorrência das características
compartilhadas entre elas (ONO et al., 2003). Logo, os fenômenos envolvidos no
recrutamento de leucócitos para o SNC não podem ser atribuídos exclusivamente ao
aumento da concentração e/ou da expressão de uma determinada quimiocina.
Adicionalmente, no mecanismo de migração transendotelial, outras moléculas são
atuantes, como as seletinas, as moléculas de adesão celular, expressadas na superfície
das células endoteliais e as integrinas expressadas nos leucócitos (LEY, 2001).
Embora, a fonte celular responsável pela expressão das quimiocinas e citocinas no
SNC não foi objetivo do estudo, um estudo demonstrou que antígenos de P. berghei
ANKA podem induzir a produção destes mediadores inflamatórios por astrócitos
(HANUM et al., 2003).
Desta forma, nossos resultados demonstram que o processo inflamatório se
assemelha a uma encefalite e são consistentes com a idéia de que a migração de células
para o tecido cerebral constitui um processo relevante para a progressão da doença.
74
Considerações finais
A malária é uma doença parasitária que aflige grande parte da população
mundial, apresentando uma complexa interação entre características ambientais, do
parasito e do hospedeiro. Exerce uma pressão sócio-econômica e grande interesse
científico em grupos de pesquisa, com uma extensa publicação sobre o tema. Muitos
estudos apresentam resultados aparentemente contraditórios ou inconclusivos.
Entretanto, as variações da resposta imune nos estudos em humanos podem ser, em
parte, decorrente das variações geográficas das áreas de estudo, que apresentam
diferenças na endemicidade. Estudos da patogênese da MC em adultos da Tailândia
diferem significativamente de estudos em crianças da Malásia e Quênia, demonstrando
que a MC é, na verdade um amplo espectro de entidades clínicas.
Logo, o estudo experimental da malária grave apesar dos dados conflitantes e
aparentemente contraditórios não deve ser desmerecido, tendo em vista que as variações
são decorrentes de um somatório de eventos exógenos e endógenos que podem interferir
na progressão e no espectro da doença. Portanto, a infecção por P. berghei cepa NK65
em camundongos apresenta similaridades com a infecção humana, desenvolvendo
manifestações clínicas típicas da malária grave por P. falciparum.
Estudos humanos, muitas vezes são limitados a observações postmortem. Logo a
infecção de linhagens susceptíveis de camundongos proporciona um modelo largamente
utilizado que compartilha características com a doença humana, especialmente uma
resposta imune deletéria (LOU et al., 2001).
De acordo com aspectos histológicos descritos para o modelo de MC utilizando
P. berghei ANKA (MEDANA et al., 2001), podemos verificar que o modelo estudado
compartilha características, como hemorragias, disfunção da BHE e edema. Baseando
nestes resultados podemos sugerir que um comprometimento cerebral nos
camundongos infectados com a cepa NK65 de P. berghei, especialmente em animais da
linhagem C57Bl/6.
75
7
7 7
7
Conclusões
Conclusões Conclusões
Conclusões
76
No presente trabalho, utilizando o modelo murino, foi avaliada a resposta
inflamatória cerebral envolvida na infecção de camundongos BALB/c e C57Bl/6 jovens
com P. berghei cepa NK65. Os resultados obtidos demonstram que:
A parasitemia em camundongos jovens infectados com a cepa NK65 de
P. berghei apresentou evolução gradual, porém mais branda na linhagem
C57Bl/6.
A infecção por P. berghei NK65 apresenta um curso agudo e letal mais
pronunciado na linhagem C57Bl/6, com manifestações clínicas mais
evidentes.
As alterações histopatológicas observadas em cérebro de camundongos
C57Bl/6 foram precoces e exuberantes em relação aos animais da
linhagem BALB/c, demonstrando uma maior susceptibilidade daquela
linhagem a infecção por P. berghei NK65. O quadro histológico
mimetiza alterações encontradas em infecções humanas induzidas por P.
falciparum.
O recrutamento de leucócitos para o SNC foi evidenciado como etapa
marcante na patogenia da infecção, com um aumento de células em
rolamento e aderidas na região perivascular da pia-máter. O aumento no
processo de migração celular foi condizente com o aparecimento das
manifestações clínicas e histopatológicas da doença.
Através do protocolo de permeabilidade da BHE com o corante azul de
Evans, demonstrou-se que a infecção por P. berghei NK65 é capaz de
modificar a permeabilidade vascular do tecido cerebral dos animais
infectados em relação aos animais controle.
A diminuição de leucócitos totais no sangue periférico de animais
infectados pode ser conseqüência do aumento dos eventos de
recrutamento celular em decorrência da infecção.
77
A redução de linfócitos no sangue periférico de animais infectados pode
estar relacionada diretamente com o seqüestro deste tipo celular no
parênquima cerebral de animais infectados.
As citocinas TNF-α e IFN-γ e as quimiocinas MCP-1/CCL2,
RANTES/CCL5 e MIG/CXCL9 mostraram-se importantes moléculas no
modelo estudado, com um aumento dos seus níveis no tecido nervoso
durante as manifestações clínicas da doença e os eventos recrutamento de
leucócitos para o SNC.
A investigação da interação leucocitária no endotélio da microcirculação
cerebral, através da cnica de microscopia intravital, associada a
avaliação da expressão das quimiocinas foram capazes de comprovar o
envolvimento de uma resposta inflamatória no sistema nervoso central de
camundongos experimentalmente infectados com P. berghei NK65.
A infecção de camundongos jovens da linhagem C57Bl/6 com P. berghei
NK65 pode representar um bom modelo para estudos dos mecanismos
envolvidos na determinação do quadro de MC por P. falciparum.
78
8. Perspectivas
8. Perspectivas 8. Perspectivas
8. Perspectivas
79
A retenção de esquizontes maduros no baço e gado é um evento comum na
infecção acarretada por P. berghei. Resultados preliminares da análise histopatológica
realizada em baço e gado confirmou a retenção de formas maduras e de pigmento
malárico nestes órgãos. Portanto, existe o interesse para verificar as manifestações da
malária grave em diferentes órgãos (fígado, baço, pulmão e rim) e realizar a
quantificação de elementos associadas às manifestações clínicas em camundongos
BALB/c e C57Bl/6 infectados com a cepa NK65 de P. berghei.
Adicionalmente, trabalhos sugerem que a idade influencia profundamente a
parasitemia e sobrevida de ratos infectados com P. berghei (ZUCKERMAN & YOELI,
1954). Este modelo demonstrou que a idade foi inversamente relacionada à parasitemia
e mortalidade dos animais (SINGER et al., 1955).
Camundongos jovens infectados com P. berghei cepa NK65 podem apresentar
uma maior susceptibilidade à infecção, devido à deficiência no controle da infecção,
apresentando maiores complicações da malária grave. Esta hipótese é fortalecida por um
estudo realizado com camundongos (BALB/c X C57BL/6)F1 infectados com estágio
sangüíneo de P. berghei ANKA. Este experimento demonstrou um perfil de
susceptibilidade dos camundongos relacionado com a idade. A infecção por P. berghei
ANKA em camundongos considerados jovens (oito semanas) freqüentemente resulta
em sintomas neurológicos e morte precoce dos animais. Estes sintomas, característicos
da MC, demonstraram ser menos freqüentes em animais velhos (15-20 semanas)
pertencentes a mesma linhagem (HEARN et al., 2000). Resultados preliminares do nosso
grupo, utilizando camundongos BALB/c velhos (15-20 semanas) infectados com P.
berghei cepa NK65, têm demonstrado uma resposta diferencial à infecção, com controle
nas taxas de parasitemia e morte retardada. Desta forma, o impacto da idade é um fator
que não deve ser desconsiderado para o estudo da MC experimental (ADAM et al.,
2003).
Desta forma, se objetivo analisar as possíveis diferenças de susceptibilidade
relacionadas à idade, através de estudos utilizando camundongos BALB/c e C57Bl/6
com 15-20 semanas de idade.
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