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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA
AVALIAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL DE CÃES
NATURALMENTE INFECTADOS POR Leishmania
(Leishmania) chagasi (CUNHA & CHAGAS, 1937),
SUBMETIDOS A UM PROTOCOLO TERAPÊUTICO
EM CLÍNICA VETERINÁRIA DE BELO HORIZONTE.
SYDNEI MAGNO DA SILVA
Belo Horizonte
2007
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Sydnei Magno da Silva
Avaliação clínica e laboratorial de cães naturalmente
infectados por Leishmania (Leishmania) chagasi (Cunha &
Chagas, 1937), submetidos a um protocolo terautico em
clínica veterinária de Belo Horizonte.
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Curso de Parasitologia do Instituto de
Ciências Biológicas da Universidade Federal
de Minas Gerais, como requisito parcial para
a obtenção dotulo de Mestre em
Parasitologia.
Área de concentração: Protozoologia
Orientadora: Prof
a
Marilene S. M.
Michalick - UFMG
Co-Orientador: Dr. Vitor Márcio Ribeiro -
PUC Betim
Belo Horizonte
Instituto de Ciências Biológicas da UFMG
2007
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Dedico este trabalho ao meu pai e à minha mãe, fontes inesgotáveis de inspiração.
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Gostaria de agradecer ao programa de Pós Graduação em Parasitologia do Instituto de
Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais na pessoa de seu atual
coordenador, Prof. Pedro Marcos Linardi, pela oportunidade, apoio e incentivo, fundamentais
para a realização deste trabalho.
Agradeço a Deus e ao Divino Mestre e amigo, Jesus. Sem este alicerce espiritual, não
conseguiria entender e suportar com fé, as provações diárias desta vida.
Pai, o senhor sempre foi minha inspiração, o exemplo de caráter no qual procurei moldar o
meu. Agradeço-te pelo esforço em me educar, corrigir meus erros, e principalmente pelo
apoio às escolhas que fiz. Quisera eu, nos meus mais íntimos sonhos, conseguir um dia, ser
para alguém o exemplo de vida que és para mim. Te amo.
Mãe, ainda não há porto mais seguro que teu colo. Sem sua ajuda, não chegaria aqui. És meu
exemplo de luta e superação. Seu esforço e dedicação para nos educar, não só do ponto de
vista acadêmico, surtiu efeito. Agradeço-te mãezinha, por tudo que tens feito. Te amo
incondicionalmente.
Nem (Raigna) e Ió (Leonardo), meus irmãos queridos! Agradeço por ter crescido junto a
vocês. Cada um, a seu modo, me ensinou e ensina muito. Tiveram participação das mais
importantes neste trabalho, quer seja em sugestões práticas, apoio moral, carinho e atenção,
tão importantes em situações como esta.
Agradeço a Deus por permitir que eu nascesse e crescesse em uma família com laços tão
fortes de amor e união como a nossa.
Renata, meu amor, o que dizer para te agradecer? Melhor, como te agradecer? Devo-te
agradecimento diário, por todos os dias desta vida, pelo conjunto de benfeitorias que fez em
meu coração. Me fez enxergar a vida com outros olhos. Obrigado pelo apoio, pelas idéias,
pelo consolo, pela ajuda prática nas minhas apresentações e textos, opiniões, por
simplesmente me ouvir, por batalhar em prol das minhas causas, como se fossem as suas.
Amor, espero um dia retribuir o que tens feito por mim nestes quase dois anos. Te amo com
todas as minhas forças!
zinho, neste trabalho o senhor tem uma participação especial. Me lembro sempre das tuas
palavras de incentivo, do alto de seus 91 anos, dizendo que apesar do pouco estudo, se sentia
realizado ao ver seus filhos e netos se formarem e alcançarem os objetivos através “do lápis e
da caneta”.
Agradeço aos meus cunhados. Renata, valeu pelo apoio e força, e pela enorme boa vontade
em ajudar. Guigo, valeu pelas idéias, ajuda com as fotos, cervejas e carinho. Agradeço
também por me darem quatro sobrinhos maravilhosos: Bárbara, Letícia, Lucas e Sofia.
Agradeço ao meu tio querido. Riço, obrigado por ser um tio presente, preocupado, e de
coração tão bom. Você sabe, te considero mais que um tio. Você é meu irmão, meu amigo.
Você é iluminado!
Aos amigos, mesmo aqueles que não participaram diretamente do trabalho, me ajudaram a ter
forças para tocar o barco para frente, a não desistir quando as coisas pareciam não dar certo.
Carlinha valeu por me apresentar àquela que viria a ser minha orientadora. Daniel e PH, pela
força e companheirismo. Considero vocês como irmãos.
Paulão, a quem considero como irmão, pelas palavras de incentivo, pela confiança depositada
em mim, pelas conversas e porres homéricos, e por escutar meus desabafos. Obrigado.
Agradeço as meninas da Estação Animal LTDA: Kênia, Adriana e Renatinha. Por me aturar,
respeitar, e colaborar dentro das possibilidades que lhes cabiam. Sem o apoio delas, não teria
conseguido chegar a este momento. Valeu meninas.
Agradeço a Beth, por me ensinar muito do que sei sobre a minha profissão. Só Deus sabe o
quanto valeram os anos de estágio que me ofereceu.
Tive a felicidade de conhecer inúmeras pessoas nestes dois anos de mestrado. Fiz grandes
amizades, aprendi muito. Agradeço a estas pessoas, que num piscar de olhos, passaram a fazer
parte da minha vida.
Vou começar pela turma de mestrado de 2005, mais conhecida pela alcunha de “Família
Mexicana”. Adoro estas meninas! Tem a Ana Flávia, a Priscila, a Carla, a Kelly, a Fernanda,
a Ceres e a Renata.
Gostaria de fazer uma menção especial à Ceres (meninas, não fiquem enciumadas, certo?),
que me ajudou muito no começo do curso, e ajuda até hoje, já que evoluí muito pouco de lá
pra cá. Obrigado pela preocupação e por estar sempre disposta a colaborar. Deus reserva um
futuro brilhante pra você.
Mas a maior sorte mesmo, não poderia deixar de lembrar, foi conhecer aquela que viria a ser
minha namorada e meu amor, a Renata.
Agradeço a Silvia, por estar sempre ao nosso lado. Por sero só “a amiga da minha
namorada, mas minha amiga também. Valeu pela força, pelo senso crítico, conselhos e
conversas, muitas vezes regadas por uma boa e gelada cervejinha. Tenho certeza que estes
momentos vão durar por muito tempo ainda. Você é especial.
À Viviane, por ser uma amiga e companheira para toda hora. Tivemos ótimos momentos
nestes dois anos.o falo só das cervejas, mas das conversas, de sairmos juntos: eu, Renata,
você e o Léo (grande figura), enfim, da nossa convivência. Que esta amizade se prolongue por
muitos anos. Muito sucesso.
Ao Thales e a Jozi (e a Carol, claro), por termos nos conhecido e tornado amigos. Vocês,
junto ao Wander (valeu pelo empréstimo do Laptop, você salvou minha vida meu amigo!) e a
Sheila, ao e a Walzi, a Silvia e o Luiz, foram responsáveis por alguns dos momentos mais
felizes que passei nestes dois últimos anos.
Gostaria de agradecer a querida Sumara. Valeu por tudo que fez por mim, e que faz por todos
os alunos deste departamento. Você é muito especial. Que Deus te abençoe sempre.
Gostaria de agradecer a professora Lúcia Galvão pelas correções e sugestões no projeto de
dissertação e a professora Adriane Costa Val pela revisão no Abstract desta dissertação.
Ao pessoal do NIPE: Marta, Eliane, Weverton, e demais alunos e técnicos. Aproveito o
momento para agradecer quem me permitiu contato com estas pessoas maravilhosas, o
professor Wagner Tafuri. Professor, mesmo com pouca convivência, só tenho elogios e
gratidão para com o senhor. Não só pela competência, mas pela liberdade e apoio para
execução deste trabalho. Obrigado do fundo do meu coração.
Ao pessoal do Laboratório de Biologia de Leishmania, só tenho a agradecer, e muito!
À Soraia, sempre prestativa, valeu muito pela ajuda. Valeu mesmo.
À Rongela, sempre bem humorada e solícita, pela ajuda inestimável nas PCR’s. Muito
obrigado!
Às meninas: Ângela, Janaína, Cíntia e Lara. Valeu por estarem ao meu lado, por
demonstrarem sempre boa vontade em ajudar no que for possível. Sucesso!
Professora Norma, te agradeço do fundo do coração pelo carinho, compreensão, boa vontade,
disposição em ajudar, pela excelente relatoria desta dissertação. Agradeço, sobretudo, pelo
exemplo de humildade e competência. A senhora é a prova viva que estas duas qualidades tão
nobres podem coexistir em um mesmo ser. Saiba que, dentre tudo que fez e faz por mim,
ficará este exemplo, e a esperança de que eu possa algum dia segui-lo.
Izabela e Cíntia. Adoro vocês! A nossa amizade começou discreta, mas hoje posso dizer que
são grandes amigas, que eu estimo demais. Vocês sempre me apoiaram, me escutaram, e me
aturaram nestes dois anos. Sou profundamente grato por ter tido a oportunidade de conhecê-
las. Sempre educadas e bem-humoradas, seus conselhos e dicas foram de fundamental
importância para o desenvolvimento deste trabalho. Obrigado pelos nossos bate-papos
informais. Que Deus ilumine seus caminhos em direção ao sucesso, porque a competência
vocês já possuem.
Chegamos finalmente ao Laboratório de Sorologia. Nele, é impossível deixar de notar o clima
de união e bom humor que reina.
Adoro a Elza, super educada, carinhosa, prestativa e competente. Você sabe que é sincero o
carinho que tenho por você. É para mim um sinônimo de dedicação, força de vontade, e
honestidade. Adoro poder chegar ao laboratório e conversar com você enquanto tomamos
aquele cafezinho”. Elza, sou grato por ter tido a chance de poder conviver e aprender com
você. Que continue a receber as bênçãos da Virgem Santíssima por toda sua vida.
Edilene, valeu pelo apoio, por ser tão prestativa, pelo interesse em ajudar, pelas palavras de
conforto nas horas difíceis. Lembre-se sempre: você é especial.
Rosa, te agradeço pelos bate-papos, dicas, e pela ajuda neste trabalho. Obrigado!
Ludmila, obrigado por participar da minha vida nestes dois anos, desde o processamento de
exames dos animais do meu projeto, até o fornecimento dos deliciosos chocolates. Muito
obrigado.
Eloísa, você é especial! Tive a felicidade de conviver e aprender com você nestes dois anos,
de podermos papear, de contarmos casos, de tomarmos cerveja, de trabalharmos juntos.
Obrigado por ser tão prestativa eo disposta a ajudar.
Raul, você é “O cara”! Tenho muita consideração por você. Sempre me ajudou quando
precisei. Suas idéias, conceitos e dicas, em muito acrescentaram a esta dissertação. Tens um
futuro dos mais brilhantes pela frente, pois tem competência e caráter de sobra para isto.
Valeu meu velho!
Ao Dr. Vítor Márcio Ribeiro, meus mais sinceros agradecimentos. Por abrir as portas da sua
Clínica para a realização deste trabalho, pela sua competência, carinho, educação, pelo
caráter, pela bandeira levantada e conduzida, praticamente sozinho, em prol da causa do
tratamento da leishmaniose visceral canina. Isto o torna para mim, não só o co-orientador da
minha dissertação, mas um exemplo de profissional e pessoa, do qual procuro me espelhar, e
que tentarei perpetuar.
Gostaria de agradecer imensamente a colaboração irrestrita da equipe técnica e administrativa
da Clínica Veterinária Santo Agostinho
®
. Prefiroo citar todos nomes ou cargos, pois
acredito que cada um assumiu um papel igual neste processo. Tenho sincera gratidão por tudo
que fizeram para mim, pelo exemplo de trabalho em equipe e pela boa vontade. Fica aqui um
agradecimento especial para a Rosana, que me surpreendeu pela educação, respeito, carinho,
pela vontade de colaborar, e pelo empenho em nos ajudar. Acho que ela é a personificação do
espírito de todos os demais funcionários da Clínica. Rosana, que Deus lhe abençoe e a todos
os demais.
Agradeço a colaboração irrestrita e a total compreensão dos proprietários dos cães
participantes deste trabalho. Sem isto, não podeamos ter concretizado este estudo.
Não posso me furtar de agradecer os cães que participaram deste trabalho, pois em última
instância, este trabalho só foi possível graças a eles e por causa deles.
Achou que iria te esquecer, não é professora Marilene?
Há algum tempo venho tentando formular um agradecimento que expresse realmente minha
gratidão por você. Mas como agradecer uma pessoa que entrega as chaves do laboratório para
um veterinário há quatro anos afastado do mundo acadêmico, no primeiro dia de estágio?
Difícil.
A uma pessoa da qual nunca ouvi proferir qualquer palavra mais rude, mais áspera, mesmo
nas situações em que estas eram cabíveis? Improvável.
A uma pessoa que luta e trabalha tanto quanto, às vezes mais até, que seus orientados,
perdendo um sem número de noites de sono, de horas de descanso, feriados, férias, só para
corrigir nossos textos (mal escritos, diga-se de passagem)? Complicado.
Àquela pessoa, que é ao mesmo tempo orientadora; amiga; conselheira; professora; mãe;
irmã; exemplo de vida; superação; e profissionalismo? Impossível.
Por isto, professora querida, este aluno pede humildemente que compreendas quando ao final
destes devaneios, conseguir dizer apenas: Mãerilene, obrigado, do fundo do meu coração!
Minhas convicções religiosas me permitem dizer que nada acontece por acaso nesta vida. Que
os laços que unem as pessoas nesta vida são mais fortes que possamos imaginar. Peço perdão
àqueles que por esquecimento deixei de citar nas modestas palavras acima. Para vocês, e para
todos aqueles que participaram de alguma maneira da minha vida, faço minha a seguinte
mensagem:
AMOR FRATERNAL
Permaneça o amor fraternal.
Paulo (Hebreus, 13:1)
“As afeições familiares, os laços consangüíneos, as simpatias naturais podem ser
manifestações muitos santas da alma, quando a criatura as eleva no altar do sentimento
superior, contudo, é razoável que o espírito não venha a cair sob o peso das inclinações
próprias.
O equilíbrio é a posição ideal.
Por demasia de cuidado, inúmeros pais prejudicam os filhos.
Por excesso de preocupações, muitos cônjuges descem às cavernas do desespero, defrontados
pelos insaciáveis monstros do ciúme que lhes aniquilam a felicidade.
Em razão da invigilância, belas amizades terminam em abismo de sombra.
O apelo evangélico, por isto mesmo, reveste-se de imensa importância.
A fraternidade pura é o mais sublime dos sistemas de relações entre as almas.
O homem que se sente filho de Deus e sincero irmão das criaturas não é tima dos fantasmas
do despeito, da inveja, da ambição, da desconfiança. Os que se amam fraternalmente alegram-
se com o júbilo dos companheiros; sentem-se felizes com a ventura que lhes visita os
semelhantes.
Afeições violentas, comumente conhecidas na Terra, passam vulcânicas e inúteis.
Na teia das reencarnações, ostulos afetivos modificam-se constantemente. É que o amor
fraternal, sublime e puro, representando o objetivo supremo do esforço de compreensão, é a
luz imperecível que sobreviverá no caminho eterno.”
Francisco Cândido Xavier.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
“O poder nasce do querer. Sempre que alguém aplica a veemência e a perseverante energia
de sua alma a um fim, vencerá todos os obstáculos, e, se por acaso não atingir o alvo, fará
pelo menos coisas admiráveis.”
José de Alencar
COLABORADORES
Este trabalho contou com a colaboração da professora Dra. Maria Norma de Melo, do
Laboratório de Biologia de Leishmania do ICB-UFMG, do professor Dr. Wagner Luiz Tafuri
do Laboratório de Neuroimunopatologia Experimental (NIPE) do ICB-UFMG.
FINANCIADORES
Este trabalho foi financiado por recursos obtidos através de projetos de prestação de serviços
mantidos pelo Laboratório de Sorologia do Departamento de Parasitologia do ICB-UFMG, e
pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), através do
fornecimento de bolsa de estudo.
RESUMO
A leishmaniose visceral no Brasil é uma zoonose que tem no cão doméstico o principal
reservatório. O tratamento da leishmaniose visceral canina (LVC) é polêmico e no Brasil é
praticado desde os meados da década de 90. Este trabalho é o primeiro a avaliar de forma
sistematizada um protocolo de tratamento que utiliza Anfotericina B e Alopurinol em cães
naturalmente infectados por Leishmania (Leishmania) chagasi, e que estão domiciliados no
município de Belo Horizonte, Minas Gerais. Trinta e um cães submetidos a este protocolo em
uma clínica veterinária deste município, entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005, foram
avaliados sob a ótica dos seguintes parâmetros: exame clínico; sorologia; imuno-histoquímica
e PCR de fragmento de pele de orelha; hemograma e bioquímica sérica. Os resultados foram
comparados com aqueles realizados imediatamente antes dos animais serem submetidos ao
tratamento. Demonstrou-se melhora significativa em todos os parâmetros avaliados. Ao
exame clínico foi observado em todos os cães o uso de medidas profiláticas contra a ação dos
flebotoneos, como coleiras impregnadas com Deltametrina a 4% ou repelentes tipo Top
spot a base de Permetrina. O peso médio dos animais no intervalo de tempo entre o início do
tratamento e o momento da avaliação foi aumentado em 12,68%. Antes do tratamento, 30
cães (96,78%)foram categorizados como sintomáticos. No momento da avaliação 25 animais
(80,65%) estavam assintomáticos. A técnica da reação de imunofluorescência indireta (RIFI)
foi o teste utilizado para a comparação dos níveis de anticorpos apresentados pelos cães antes
e durante o acompanhamento da resposta ao tratamento. Antes do tratamento o valor máximo
de diluição reativa final observado foi 1:20.480 e o mínimo 1:320, com média em 1:4.335. No
momento da avaliação, estes valores eram no máximo 1:10.240 e o mínimo menor que 1:40
(considerado não reativo), com média em 1:1.190. A técnica de imuno-histoquímica mostrou
ausência de parasitos na pele da face interna orelha em 93,55% dos animais no momento da
avaliação enquanto antes do tratamento este percentual era de 45,16% estavam negativos.
Antes do tratamento 29,03%dos animais eram PCR negativo no mesmo fragmento de pele,
no momento da avaliação em 80,65% dos animais a mesma técnica apresentou resultado
negativo. Todos os cães apresentaram PCR de sangue periférico negativo. Houve aumento no
percentual de animais com a relação Albumina/Globulina maior que 0,6 de 64,51% antes do
tratamento para 90,32% no momento da avaliação. A significativa melhora clinico -
laboratorial apresentada pelos animais na avaliação deste trabalho, aliada a participação
consciente e colaboradora dos seus proprietários, e a adoção de medidas de controle da
infecção centradas nos animais, minimizam o risco da permanência destes cães em seus
domicílios, considerando um município endêmico para LVC como Belo Horizonte.
Palavras-chave: Leishmaniose visceral canina, tratamento, Anfotericina B, Alopurinol, Belo
Horizonte.
ABSTRACT
RESUMO
American visceral leishmaniasis is a zoonotic disease having domestic dogs as the main
reservoir. In Brazil canine visceral leishmaniasis have been treated for more than fifteen
years. In this work thirty one dogs naturally infected with Leishmania (Leishmania) chagasi
that lives in Belo Horizonte, capital of Minas Gerais State, were treated in a reference
veterinary clinic with a therapeutical protocol using Amphotericin B and Allopurinol,
between January 2004 and December 2005. They were evaluated according to clinical status,
serological parameters, immunohistochemical and PCR techniques, using skin biopsies of ear,
besides hematological and biochemical parameters. The results of this evaluation were
compared with pre-treatment data and showed statistically significant improvement to all
parameters analyzed. All dogs wore deltamethrin impregnated collars or permethrin top spot
solutions against sand fly bites durind the time of the experiment. It was observed weight gain
in the order of 12,68% related to dog’s weight before treatment. Before treatment 30 (96,78%)
dogs were symptomatic. At the clinical evaluation 25 (80,65%) were asymptomatic.
Immunofluorescent antibody assay (IFAT) was used to evaluate antibody levels before and
during treatment. The variation of IFAT titers before treatment was 1:320 to 1:20,480 (mean
= 1:4,335). These values changed to non reactive at 1:10,240 (mean= 1:1,190) at the time of
our evaluation. Immunohistochemical assay in skin biopsies of ear, showed no parasite in 29
(93,55%) dogs at the moment of our evaluation, in contrast with 14 (45, 16%) negatives
results before treatment was started. PCR was performed to the same material and the result
was negative to 25 (80,65%) dogs at the moment of our evaluation while 9 (29,03%) dogs
have showed negative result before treatment. PCR results for peripheral blood samples was
negative for all dogs at the moment of our evaluation. The albumin/globulins ratio was higher
then 0,6 in 20 (64,51%) dogs before treatment and increased to 28 (90,32%) dogs during our
evaluation. The results found in this work points to an improvement in clinical and
parasitological status of treated dogs against visceral leishmaniasis using Amphotericin B and
Allopurinol, and suggests a decrease in the risk of these animals can infect the sand fly. The
treatment presented here together with other measures as owner collaboration and sand fly
control can no doubt contribute to a better control of this disease.
Keywords: Canine visceral leishmaniasis, treatment, Amphotericin B, Allopurinol, Belo
Horizonte.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
GRÁFICO 1 mero de cães com presença ou ausência de sinais
clínicos relacionados à leishmaniose visceral submetidos a
protocolo de tratamento com Anfotericina B, em período
de manutenção com Alopurinol, antes do tratamento e no
momento da avaliação clínica
.................. 84
GRÁFICO 2 Freqüência de sinais clínicos relacionados à leishmaniose
visceral em cães submetidos a protocolo de tratamento com
Anfotericina B, em período de manutenção com
Alopurinol, antes do tratamento e no momento da
avaliação clínica
.................. 85
GRÁFICO 3 Resultado da imuno-histoquímica realizada em fragmento
biopsiado de pele da face interna de uma das orelhas de
cães submetidos a protocolo de tratamento com
Anfotericina B, em manutenção com Alopurinol, antes do
tratamento e no momento da avaliação cnica
.................. 88
GRÁFICO 4 Resultado da PCR de fragmentos de pele biopsiado da face
interna de uma das orelhas de cães submetidos a protocolo
de tratamento com Anfotericina B, em manutenção com
Alopurinol, antes do tratamento e no momento da
avaliação clínica
.................. 89
GRÁFICO 5 Relação entre albumina e globulinas séricas, em cães
submetidos a protocolo de tratamento com Anfotericina B
em manutenção com Alopurinol, antes do tratamento e no
momento da avaliação clínica
.................. 91
QUADRO 1 Iniciadores utilizados nas amplificões pela reação em
cadeia da polimerase (PCR)
.................. 74
QUADRO 2 Componentes da reação em cadeia da polimerase (PCR)
específica por tubo de Reação
.................. 75
QUADRO 3 Grupo de cães selecionados, de acordo com a raça, sexo,
idade, e sinais clínicos de leishmaniose visceral
apresentados ao início do tratamento
..... ANEXO D
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Relação entre o número de amostras analisadas no Laboratório de
Sorologia do Departamento de Parasitologia do ICB-UFMG do ICB
procedente de três clínicas veterinárias de Belo Horizonte e o
resultado de exame de reação de imunofluorescência indireta
(RIFI), entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005
....... 78
TABELA 2 Cães candidatos ao tratamento para leishmaniose visceral por
clínica veterinária, selecionados pela repetição da reação de
imunofluoresncia indireta (RIFI) em diluão reativa final do soro
....... 79
TABELA 3 Número de animais e respectivo valor da diluão reativa final da
Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), antes do tratamento
e no momento da avaliação clínica
....... 86
TABELA 4 Comparão entre os resultados obtidos pela realização de imuno-
histoquímica e de PCR em fragmento biopsiado de pele da face
interna de uma das orelhas de cães, submetidos a protocolo de
tratamento com Anfotericina B, em manutenção com Alopurinol,
antes do tratamento e no momento da avaliação clínica
....... 89
TABELA 5 Comparão entre os resultados obtidos no hemograma em cães
submetidos a protocolo de tratamento com Anfotericina B, em
manutenção com Alopurinol, antes do tratamento e no momento da
avaliação clínica
....... 90
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANCLIVEPA
A/G
Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais
Relação Albumina/Globulinas séricas
CETEA
Comitê de Ética em Experimentação Animal
CFMV
Conselho Federal de Medicina Veterinária
CR1
CR3
DAB
DNA
EDTA
Complement receptor 1
Complement receptor 3
Diaminobenzidina
Deoxyribonucleic acid
Ácido etilenodiaminotetracético
ELISA
Enzyme lynked immunosorbent assay
gp63
ICB
Glicoprtoeína de 63 kilodaltons
Instituto de Ciências Biológicas
IgG
Imunoglobulina da subclasse G
LPG
Lipofosfoglicanos
LV
Leishmaniose Visceral
LVC
Leishmaniose Visceral Canina
LVH
Leishmaniose Visceral Humana
MS
Ministério da Saúde
NIPE
Laboratório de Neuroimunopatologia Experimental
OIE
Office International dês Epizooties
OMS
Organização Mundial de Saúde
OPAS
Organización Panamericana de la Salud
OPD
ortofenilenodiamina
pb
Pares de base
PBS
Phoshate buffer saline
PCR
Polymerase Chain Reaction
pH
Potencial hidrogeniônico
PUC
Pontifícia Universidade Católica
RIFI
RNA
Reação de Imunofluorescência Indireta
Ribonucleic acid
RNase
Ribonuclease
SBMV
Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária
TBE
TDR
TE
Tris-Borato-EDTA
Programa Especial para Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais
Tris-EDTA
UFMG
Universidade Federal de Minas Gerais
WHO
World Health Organization
°C
Graus Celsius
dL
Decilitro
g
Gravidade
kg
Quilograma
mg
Miligrama
ml
Mililitro
mM
Milimolar
pmol
Picomoles
N
Normal
nm
Nanômetros
µg
Micrograma
µl
Microlitro
ω
Freqüência
%
Porcentagem
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO _______________________________________________________ 24
2 – REVISÃO DE LITERATURA ___________________________________________ 32
2.1 – CICLO BIOLÓGICO _______________________________________________ 32
2.2 – EPIDEMIOLOGIA DA LEISHMANIOSE VISCERAL __________________ 34
2.3 – O CÃO NA EPIDEMIOLOGIA DA LEISHMANIOSE VISCERAL ________ 36
3 – LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA __________________________________ 41
4 – DIAGNÓSTICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA ________________ 45
4.1 – ALTERAÇÕES EM EXAMES LABORATORAIS_______________________ 47
5 – TRATAMENTO DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA ________________ 49
6 – OBJETIVOS __________________________________________________________ 61
6.1 – OBJETIVO GERAL ________________________________________________ 62
6.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS_________________________________________ 62
7 – MATERIAL E MÉTODOS ______________________________________________ 61
7.1 – SELEÇÃO DA CLÍNICA VETERINÁRIA _____________________________ 64
7.2 – SELEÇÃO DA AMOSTRA __________________________________________ 64
7.2.1 – CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ______________________________________ 65
7.2.2 – ANÁLISE DOS PRONTUÁRIOS___________________________________ 65
7.2.3 – ANUÊNCIA DO PROPRIETÁRIO _________________________________ 66
7.2.4 – AVALIAÇÃO CLÍNICO LABORATORIAL DOS PACIENTES __________ 66
7.2.5 – COLETA E PREPARAÇÃO DE MATERIAL PARA ANÁLISE
LABORATORIAL _____________________________________________________ 67
7.2.6 – EXAMES SOROLÓGICOS________________________________________ 68
7.2.7 – HEMOGRAMA E BIOQUÍMICA SÉRICA___________________________ 70
7.2.8 – IMUNO-HISTOQUÍMICA ________________________________________ 70
7.2.9 – REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE (PCR) ____________________ 71
7.3 – ANÁLISE ESTATÍSTICA ___________________________________________ 76
8 – RESULTADOS
________________________________________________________ 78
8.1 – SELEÇÃO DA AMOSTRA
__________________________________________ 78
8.2 – PROTOCOLO DE TRATAMENTO___________________________________ 80
8.3 – EXAME CLÍNICO DOS PACIENTES_________________________________ 82
8.4 – EXAMES LABORATORIAIS ________________________________________ 85
8.4.1 – EXAMES SOROLÓGICOS________________________________________ 85
8.4.2 – IMUNO-HISTOQUÍMICA ________________________________________ 87
8.4.3 – REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE (PCR) ____________________ 88
8.4.4 – HEMOGRAMA E BIOQUÍMICA SÉRICA___________________________ 90
8.4.5 – RELAÇÃO ALBUMINA/GLOBULINAS (A/G) _______________________ 91
9 – DISCUSSÃO __________________________________________________________ 77
10 – CONCLUSÕES_______________________________________________________ 93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
________________________________________ 98
INTRODUÇÃO
26
1 – INTRODUÇÃO
As leishmanioses são doenças que determinam grave problema de saúde pública.
estimativa de prevalência global de 14 miles de casos em 88 países, 79 destes são
considerados subdesenvolvidos, com incidência anual de 1,5 a 2,0 milhões de casos, sendo
1,0 a 1,5 miles de pessoas acometidas por leishmaniose tegumentar e 500.000 por
leishmaniose visceral (ALVAR et al., 2004).
As primeiras observações da leishmaniose visceral (LV) foram feitas na Índia por
Cunningham, no final do século XIX, em indivíduos acometidos pelo Kala-Azar, ou “doença
negra”. William Leishman e Charles Donovan, em 1901, descreveram quase simultaneamente
o agente da LV em um soldado inglês e em uma criança hindiana, respectivamente. Em 1903,
Ross criou o gênero Leishmania, denominando Leishmania donovani o agente etiológico do
calazar indiano (Alves, 2006). Este gênero abriga um grande número de espécies, das quais
cerca de vinte e duas são causadoras de afecções cutâneas ou viscerais em seres humanos
(ALVAR et al., 2004; DESJEUX, 2004).
As manifestações cnicas associadas à LVm sido atribuídas ao parasitismo por
protozoários digenéticos pertencentes à ordem Kinetoplastida, família Trypanossomatidae.
Estes parasitos pertencem ao complexo Leishmania donvani, que é representado pelas
escies L. (Leishmania) donovani, L. (L.) archibaldi, L. (L.) infantum e L. (L.) chagasi
(CUPOLILLO; 2006; LAINSON & SHAW, 1987; MAURICIO, 2001).
L. chagasi e L. infantum de várias regiões geogficas possuem diferenças mínimas, não tendo
sido possível a distinção entre elas por estudos bioquímicos e moleculares (MAURICIO et al.
2000; 2001). Assim, estes autores indicam que as duas espécies devam ser consideradas como
um grupo monofilético. Entretanto, neste trabalho consideraremos L. infantum o agente
etiológico da LV no Velho Mundo e no Novo Mundo a L. chagasi.
27
Os hospedeiros invertebrados do parasito sãopteros conhecidos por flebotomíneos, sendo
todas as espécies transmissoras incluídas nos gêneros Phlebotomus - vetoras de L. infantum -
e Lutzomyia, as vetoras de L. chagasi (ALVAR et al., 2004). No Brasil, duas espécies estão
relacionadas com a transmissão de L. chagasi: Lutzomyia longipalpis, que é considerada a
principal transmissora e Lutzomyia cruzi, incriminada recentemente como vetora no Estado de
Mato Grosso do Sul (ELKHOURY, 2005).
O cão é o mais importante reservatório, quando se considera a forma zoonótica da doença
(ALVAR et al., 2004), sendo responsável pela manutenção do parasito nos focos endêmicos,
quer pela alta prevalência da doença nestes animais, quer pela presença de formas amastigotas
na pele e pela sua proximidade ao homem. Por esta razão estes animais são considerados um
dos alvos estratégicos de controle da doença (ALVES, 2006; COSTA VAL, 2004).
A LV é endêmica em 65 países, com registro anual de mais de 90% dos 500 mil casos novos
concentrados nos países Índia, Nepal, Sudão, Bangladesh e Brasil (ALVAR et al., 2004;
DESJEUX, 2004). Nas Américas, cerca de 90% dos casos humanos de (LV) têm sido
registrados no Brasil e atualmente 20 (74%) das 27 Unidades Federadas, apresentam casos
autóctones (ALVES, 2006).
O Programa Especial para Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais (TDR), que tem
como foco doenças negligenciadas que afetam desproporcionalmente populações pobres e
marginalizadas, coloca as leishmanioses como afecções de prioridade um entre as dez
endemias abordadas pelo Programa (WHO, 2005).
Em virtude das características epidemiológicas e do conhecimento ainda insuficiente sobre os
vários elementos que comem a cadeia de transmissão da LV no Brasil, associado a questões
de ordem operacional, as estratégias de controle desta endemia têm se mostrado pouco
efetivas. Estão centradas no diagnóstico e tratamento precoce dos casos humanos, redução da
28
população de flebotomíneos vetores, eliminação dos reservatórios domésticos e atividades de
educação em saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
É preciso considerar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organización
Panamericana de la Salud (OPAS), embora recomendem a eutanásia dos cães soropositivos
como medida de controle, reconhecem que existem animais de grande valor afetivo,
econômico, zootécnico e prático, e que por isso não devem ser indiscriminadamente
sacrificados (WHO, 2005; OPAS, 2006).
O tratamento da leishmaniose visceral canina (LVC) não é novidade, sendo bem documentado
pela comunidade científica ao longo dos anos. No Brasil, em 1997, a Associação Nacional de
Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (ANCLIVEPA) - Regional Minas Gerais -
embasada em encontros, simpósios e conferências com pesquisadores internacionais,
literatura científica, debates com a sociedade e seus associados, declarou através de um
comunicado em seu periódico BOLETIM DA ANCLIVEPA, sua adesão e a recomendação de
protocolos de tratamento para a LVC. Em 2002, a ANCLIVEPA NACIONAL referendou esta
recomendação, em comunicado distribuído às associações regionais de todo o país, visando
suprir o ônus emocional dos proprietários causado pela eutanásia dos seus cães (RIBEIRO,
2006).
A questão do tratamento da LVC envolve atualmente diversos setores da sociedade, incluindo
o serviço de saúde pública, como exemplificado no trecho extraído da nota técnica da
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, em 29 de setembro de 2005,
intitulada Posição oficial do Ministério da Saúde quanto ao tratamento da LVC:
“A partir do ano de 2002, quando da VI REUNIÃO ANUAL DE PESQUISA
APLICADA EM LEISHMANIOSES, levantou-se a necessidade de criar grupos de
discussões nos quais estivessem inseridos, além das diversas instituições
29
governamentais, também os da classe médica veterinária. Diante disso, o Ministério
da Saúde (MS), mesmoo recomendando o tratamento canino como medida de
controle, iniciou discussões com a ANCLIVEPA, Conselho Federal de Medicina
Veterinária (CFMV) e Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária (SBMV)
referentes a uma proposta de normatização, padronizão e fiscalização do
tratamento canino para clínicos veterinários. Em 2004 e 2005, o MS promoveu cinco
reuniões técnicas com representantes do CFMV, SBMV, ANCLIVEPA e
consultores do MS. Como produto das primeiras reuniões, com representantes do
CFMV, SBMV, ANCLIVEPA e consultores do MS, esta Secretaria promoveu uma
oficina técnica durante a VIII REUNIÃO DE PESQUISA APLICADAS EM
LEISHMANIOSES, em 24 de outubro de 2004, em Uberaba, MG. E, em 2005, foi
realizada nova reuno com o mesmo grupo de trabalho, a fim de elaborar uma
proposta que fosse exeqüível e não comprometesse as ações de controle ora
desenvolvidas pelos estados e municípios.”
(MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2005b).
Mi (2005) avalia o tratamento da LVC sob o aspecto de sua evolução, desde as primeiras
tentativas iniciadas na década de 70. A autora atribuiu a alta freqüência de insucessos
terapêuticos ao diagstico laboratorial ineficiente, protocolos terapêuticos incorretos, início
de tratamento tardio em relação à evolução da doença, somados a reavaliações mal
conduzidas dos casos.
A partir dos anos 90, o tratamento da LVC deu um salto de qualidade muito grande, ancorado
principalmente no desenvolvimento de metodologias de diagnóstico mais precisas, em
protocolos terapêuticos mais adequados, na associação com terapias de suporte eficientes e
individualizadas, e em proprietários mais conscientes e colaboradores, o que permitiu o
sucesso na resposta ao tratamento dos cães (MIRÓ, 2005).
Na Europa, autores têm demonstrado a eficácia do tratamento da LVC na redução da
30
prevalência da doença canina em regiões onde ele é utilizado como forma de controle, e até
neutralização da capacidade infectante de cães tratados, por meio de exames
imunohistoquímicos da pele e xenodiagnósticos negativos (MIRÓ, 2005).
A eutanásia de cães, na maioria dos casos torna-se uma opção difícil, devido a estreita relação
afetiva entre os animais de companhia e seus proprietários. O estudo de Raina et al. (2005)
exemplifica esta afirmação. Os autores avaliaram a relação entre a posse de um animal de
estimação e aspectos ligados à saúde física e mental de pessoas idosas. Concluíram que
aqueles idosos proprietários de animais de estimação possuem melhores indicadores de saúde
física e mental, quando comparados àqueles que não possuem animais de estimação.
Desde meados da década de 90 o tratamento da LVC vem sendo praticado no Brasil e tem
sido relatado a eficácia de diferentes protocolos terapêuticos no tratamento de cães
naturalmente infectados por L. chagasi. Foram notificados a melhora dos parâmetros clínicos
e laboratoriais, além da diminuição da carga parasitária na pele dos animais submetidos a
estes diferentes protocolos (RIBEIRO et al., 1997; RIBEIRO et al., 1999; RIBEIRO et al.,
2002; RIBEIRO et al., 2005; RIBEIRO et al., 2006;TAFURI et al, 1999).
O presente projeto baseia-se no fato de que o tratamento de cães com LVC é uma realidade
em Belo Horizonte, onde algumas clínicas veterinárias são, hoje, referências em nível
nacional no que diz respeito ao tratamento desta doença. Considerando a escassa produção
científica sobre animais submetidos ao tratamento para LVC no Brasil, nos propusemos a uma
avaliação da condição cnica e parasitológica de cães portadores de LVC, tratados no período
de janeiro de 2004 a dezembro de 2005, observando-se protocolos terapêuticos aceitos pela
comunidade científica, e que se encontram domiciliados em Belo Horizonte.
REVISÃO DE LITERATURA
32
2 – REVISÃO DE LITERATURA
2.1 – CICLO BIOLÓGICO
Os parasitos do gênero Leishmania o protozoários heteroxênicos pertencentes à ordem
Kinetoplastida, à família Trypanossomatidae. O ciclo biológico destes parasitos se realiza em
um hospedeiro invertebrado, que por possuir capacidade vetorial, é o responsável pela
transmissão aos hospedeiros vertebrados, nos quais a forma parasitária é intracelular
obrigatória (SACKS & KAMHAWI, 2001).
O ciclo da Leishmania se inicia quando uma fêmea do inseto vetor realiza o repasto sanguíneo
em um mamífero parasitado e ingere junto com o sanguelulas do sistema mononuclear
fagocitário contendo formas amastigotas, que permanecem com o sangue ingerido, no
intestino do inseto vetor, contido pela membrana peritrófica. Após um período de 12h a 18h,
se transformam em formas pequenas, ovóides, e de pouco movimento, chamadas
promastigotas procíclicas. Estas formas possuem moléculas de lipofosfoglicanos (LPG) em
sua superfície, que interagem com lectinas presentes no intestino do inseto, impedindo que
sejam eliminadas junto com o alimento digerido (CARDOSO & CABRAL, 1999; OLIVER et
al., 2005; SACKS & KAMHAWI, 2001).
As promastigotas procíclicas se multiplicam intensamente, e cerca de 30h a 60h, ocorre a
transformação em formas alongadas, finas, com relativa motilidade, denominadas
nectomonas. Estas formas aderem-se, via flagelo, às microvilosidades do epitélio celular do
intestino médio do flebotomíneo. Cerca de sete dias após, quando se completa a digestão do
sangue ingerido, estas formas migram para a região torácica do intestino, onde algumas se
transformam em promastigotas, chamadas haptomonas, que rapidamente se transformam em
formas finas, curtas, altamente ativas, e com flagelo medindo no mínimo o dobro do
33
comprimento do corpo, as promastigotas metacíclicas. Estas, são infectantes para o
hospedeiro vertebrado e migram através da válvula estomodeu para o esôfago, faringe e
probóscida (CARDOSO & CABRAL, 1999; KILLICK-KENDRICK, 2002; SACKS &
KAMHAWI, 2001).
Na sua superfície, as promastigotas metacíclicas expressam grande quantidade de LPG, e de
gp63 - uma protease zinco dependente - que em conjunto são responsáveis tanto pela proteção
do parasito da ação de enzimas líticas no hospedeiro invertebrado, quanto da ação das células
de defesa do hospedeiro vertebrado (OLIVER et al., 2005).
Ao realizar novo repasto sanguíneo em um hospedeiro vertebrado susceptível, as formas
infectantes de Leishmania são inoculadas diretamente da probóscida e por regurgitação, junto
com a saliva do inseto (CARDOSO & CABRAL, 1999).
Alguns pesquisadores relatam que a saliva dos flebotoneos exerce importante papel na
transmiso de Leishmania, potencializando a infecção, quer seja pela sua capacidade
anticoagulante, quer por conter peptídeos de grande poder vasodilatador (CASTRO-SOUSA
et al., 2001; KILLICK-KENDRICK, 2002).
As formas promastigotas metacíclicas, no hospedeiro vertebrado, evadem da lise mediada
pelo sistema complemento e usam a interação com as moléculas deste sistema para se
estabelecerem como parasitos intracelulares (CARDOSO & CABRAL, 1999; OLIVER et al.,
2005). O LPG, nesta fase, protege o parasito da ação do complexo C
3b-C9
do complemento,
responsáveis pela lise celular. A gp63 também previne a ação do complemento, através da
clivagem de C
3b
em C
3bi
(OLIVER et al., 2005).
A opsonização do parasito pelas moléculas de C
3b
em C
3bi
favorece a internalização do mesmo
através dos receptores CR1 e CR3 para o complemento, presentes na membrana do
34
macrófago. Outras moléculas como os receptores fucose-manose e proteína C-reativa
presentes na supercie de macrófagos interagem com o LPG, contribuindo assim, para a
internalização do parasito (OLIVER et al., 2005).
Após a internalização, as formas promastigotas metacíclicas, vulneráveis a acidez e a ação das
enzimas líticas do fagolisossomo, se diferenciam em formas amastigotas (CARDOSO &
CABRAL, 1999; OLIVER et al., 2005). Estas se multiplicam por divisão binária até a morte e
o rompimento do macrófago infectado (KILLICK-KENDRICK, 2002). As formas
amastigotas liberadas, por processo semelhante ao descrito, são capazes de infectar outras
células do sistema mononuclear fagocitário (CARDOSO & CABRAL, 1999). O flebotomíneo
ao realizar o repasto sangneo neste indiduo, ingere junto ao sangue macrófagos
infectados, perpetuando o ciclo biológico do parasito.
2.2 – EPIDEMIOLOGIA DA LEISHMANIOSE VISCERAL
A LV ocorre em áreas tropicais e subtropicais do mundo, estando distribuída em todos os
continentes, à exceção da Oceania e Antártida (WHO, 2005). Na Índia, Paquistão, China
Oriental, Bangladesh, Nepal, Sudão e Kênia, o agente etiológico da LV é L. donovani, onde a
doença possui um perfil antroponótico (TAVARES et al., 2003).
Na Ásia central e sudoeste, no nordeste da China, norte da África e Europa mediterrânea é
causada por L. infantum, e nos 12 países em que ocorre nas Américas, o agente etiológico é
considerado L. chagasi. Independente do parasito a doença é de perfil zoonótico (MAURÍCIO
et al. 2001). Devido à semelhança molecular encontrada entre os dois parasitos, recentemente,
Lainson & Shaw (2005) citado por Lainson & Rangel (2005), consideraram nas como
subespécies: L. infantum infantum e L. infantum chagasi. Neste trabalho adotaremos a
nomenclatura L. (L.) chagasi para o agente etiológico da LVC.
35
A OMS estima que a incidência anual da LV seja em torno de 500 mil novos casos (ALVAR
et al., 2006; WHO, 2005) e de 59 mil óbitos a cada ano, número superado pelas mortes
causadas por malária, no caso das doenças parasitárias (ALVAR et al., 2006; DESJEUX,
2004). Desjeux (2004) afirma que o número de óbitos anual devido à LV provavelmente seja
subestimado, tendo em vista que a doença é notificada compulsoriamente em 32 dos 88
países em que ocorre, e que em muitos casos não é diagnosticada como tal.
Alguns autores destacam que é alta a correlação entre a condição socioecomica da
população e a doença (ALVAR et al., 2006; DESJEUX, 2004; WHO, 2005). Dantas-Torres &
Brandão-Filho (2006) relatam que cerca de 80% das vítimas de LV sobrevivem com o
equivalente a dois dólares americanos por dia. Alvar et al. (2006) citam que a maioria dos
fatores de risco de se contrair LV estão associados à baixa renda per capita, o que contribui
para aumentar os índices de morbidade e mortalidade da doença.
O Brasil é responsável pela quase totalidade dos casos de LV na Américas, sendo que no
período compreendido entre os anos de 1984 a 2004, a média anual de casos de LV foi de
3.352 registros com uma incidência de dois casos para cada 100.000 habitantes, apresentando
tendência ao crescimento. A letalidade média neste mesmo período foi de 6,3%, entretanto
observou-se aumento de 100%, passando de 3,6% em 1994 para 7,4% em 2004
(ELKHOURY, 2005).
A doença está distribuída nas diferentes faixas etárias, porém ocorre com maior freqüência em
crianças de até 10 anos (59%), sendo 46% dos casos registrados em menores de cinco anos. O
gênero masculino é proporcionalmente o mais atingido (60,4%) (ELKHOURY, 2005).
A LV no Brasil é considerada zoonose de zonas rural, peri-urbana e urbana. Atualmente, é
apontada como doença reemergente, caracterizada por nítido processo de transição
epidemiológica, apresentando incidência crescente nas áreas onde ocorria tradicionalmente,
36
expansão geográfica para os estados mais ao sul do país e franco processo de urbanização em
cidades localizadas nas regiões nordeste e sudeste (ALVES & BEVILACQUA, 2004). As
cidades de Santarém e Boa Vista (Região Norte); Teresina, São Luis, Natal e Aracaju (Região
Nordeste); Montes Claros, Belo Horizonte, Sabará e Rio de Janeiro (Região Sudeste), Cuiabá,
Campo Grande e Palmas (Região Centro-Oeste) vivenciam ou vivenciaram recentemente,
epidemias de LV humana (LVH) e canina (MINISRIO DA SAÚDE, 2005a).
No Estado de Minas Gerais, segundo dados referentes à freqüência de casos confirmados no
Boletim Epidemiológico da Superintendência de Epidemiologia da Secretaria de Estado de
Saúde, até a 50
a
semana do ano de 2006 haviam sido notificados 315 casos humanos de LV
(SECRETARIA DE SAÚDE, 2006).
Nos últimos anos o número de casos de humanos e caninos de LV na região metropolitana de
Belo Horizonte tem aumentado, sugerindo mudança no padrão de transmissão da doença
(MARGONARI et al., 2006; SILVA et al., 2001). Entre 1994 e 2004, foram registrados 637
casos humanos de LV no município de Belo Horizonte. O coeficiente médio de incidência no
município foi de 2,7 novos casos por cada 100.000 habitantes, sendo que esta taxa era 1,39 no
primeiro ano e passou para 5,5 no ano de 2004, demonstrando nítido processo de crescimento.
O município confirmou, até o dia 12 de dezembro, 91 casos da doença no ano de 2006, com
oito óbitos (PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE, 2006).
2.3 – O CÃO NA EPIDEMIOLOGIA DA LEISHMANIOSE VISCERAL
O papel dos canídeos na epidemiologia da LV foi suscitado quando, na Tunísia em 1908,
Nicolle & Comte demonstraram o parasito na pele de cães acometidos pela doença, sugerindo
que estes animais poderiam atuar como reservatório do parasito (ALVES, 2006). Esta
sugestão foi reforçada pelos estudos de Laveran (1914) no Instituto Pasteur, que reproduziu a
infecção experimental por L. infantum em 25 cães, encontrando e descrevendo o parasito na
37
pele e outros óros destes animais.
No Brasil ao final da década de 30, foram descritos casos isolados de cães naturalmente
infectados, em área de ocorrência da infecção humana (DEANE, 1956). A condução de um
amplo estudo em 1955 no Estado do Ceará, uma área de grande endemicidade para LV,
reforçou a importância dos canídeos na epidemiologia da doença (ALVES, 2006). Este
estudo, realizado por Deane (1956) comparou a infecção humana e canina por L. chagasi,
onde os autores encontraram parasitos na pele de cerca de 16% dos homens estudados, e de
quase 78% na pele de cães. Outra observação deste trabalho foi a capacidade de infecção
experimental de flebotomíneos alimentados em cães (75%) e no homem (29%).
Outros membros da família Canidae também são apontados como reservatórios: Licalopex
vetulus (DEANE, 1956); Cerdocyon thous (CURI et al., 2006; LAINSON & SHAW, 1987).
De forma geral, apenas os cães desempenham papel importante na transmissão de L. chagasi
para o homem, ficando aos demais canídeos a manutenção do ciclo silvestre da LV (ALVAR
et al., 2004).
L. chagasi foi descrita tamm em outros animais como o gato dostico (Felis catus),
marsupiais (Didelphis albiventris, D. marsuialis) e roedores (Rattus rattus; Nectomys
squamipes; Proechimys canicollis) (DANTAS-TORRES & BRANDÃO-FILHO, 2006;
OLIVEIRA et al., 2005; PENNISI, 2002). Entretanto, o papel destes animais em relação à
epidemiologia da LV carece de mais estudos, para determinar sua relevância no contexto da
transmissão ao homem (ALVAR et al., 2004; DANTAS-TORRES & BRANDÃO-FILHO,
2006).
Os cães preenchem as condições necessárias para serem considerados reservatórios de L.
chagasi, por serem altamente susceptíveis à infecção, por possuírem alto parasitismo cutâneo,
e principalmente pelo seu convívio junto ao homem (DANTAS-TORRES & BRANDÃO-
38
FILHO, 2006).
A infecção canina geralmente precede o aparecimento de casos humanos sendo ainda, mais
prevalente que a doença humana. No âmbito doméstico, a maioria dos cães com sorologia
reagente não apresenta sinais clínicos, atuando, no entanto, como reservatórios e podendo
infectar os flebotoneos (MORENO & ALVAR, 2002; SILVA et al., 2005).
Segundo Dietze et al. (1997), entre os anos de 1990 e 1994, quase cinco milhões de cães
foram submetidos a exames sorológicos e mais de 80.000 animais sacrificados no Brasil,
entretanto, a doença humana aumentou em quase 100% no mesmo período.
Em Belo Horizonte, durante os anos de 1993 a 2004 foram realizados inquéritos sorológicos
para a detecção de cães positivos, como parte das ações do programa de controle
desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde através do Departamento de Controle de
Zoonoses. Neste período foram examinados 1.103.407 amostras de sangue canino e 53.262
cães foram identificados como positivos, mostrando prevalência média de 4,86%
(PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE, 2005).
A expansão da doença canina, associada aos conhecimentos insuficientes dos elementos que
comem a endemia, levaram as autoridades sanitárias do município a direcionarem o
controle desta zoonose para a população canina, amparando-se no inquérito sorológico e na
eutanásia dos animais soropositivos (RIBEIRO, 2006).
Costa & Vieira (2001) analisam que o programa de eliminação de cães soropositivos
apresenta o menor suporte técnico-científico dentre as demais medidas propostas pelo
programa de controle, quer pela falta de correlação espacial entre a incidência de LVH e a
soroprevalência canina, quer pela pouca eficiência da medida comparada ao controle do vetor.
Segundo Moreira et al. (2005), somente esta medida não é suficiente para o controle da LVH
39
e da LVC, mesmo quandoo utilizadas técnicas sorogicas mais sensíveis e redução do
intervalo entre o diagnóstico e a remoção dos cães soropositivos. Estes autores afirmam,
ainda, que é alta a taxa de reposição dos animais seguida ao sacrifício dos cães soropositivos,
seja por filhotes susceptíveis ou por outros cães acometidos pela infecção. Sugerem,
também, que estes fatos têm contribuído para a ineficácia das medidas de controle, associados
a outros fatores de ordem operacional.
Os principais fatores relacionados ao insucesso das medidas de controle da LV seriam: a falta
de padronização dos métodos de diagnóstico da infecção humana e canina; a discordância
entre os estudos que avaliam o impacto da eliminação de cães soropositivos na prevalência da
infecção humana; a demonstração de que outros reservatórios poderiam ser fontes de infecção
de L. chagasi, como os canídeos silvestres e os marsupiais; e a escassez de estudos sobre o
impacto das ações de controle dirigidas contra os vetores (COSTA & VIEIRA, 2001;
GONTIJO & MELO, 2004).
Estudos realizados por Dietze et al. (1997) demonstraram que a eliminação dos cães
soropositivos reduziu apenas temporariamente a força de transmissão entre os cães, sendo por
isto considerada medida insuficiente para o controle da LVC, segundo publicações que
avaliam esta medida no Brasil (ASHFORD et al., 1998). Dye (1996) baseado em artigos
publicados sobre o controle da doença e fazendo uso de simulações matemáticas, sugere que o
combate ao vetor deveria ser a primeira opção, no que diz respeito a uma estratégia eficiente
de controle para a LV no Brasil.
Alguns autores sugerem o uso de vacinas profiláticas, quer seja para uso animal, quer seja
para uso humano, como ferramenta para substituir o sacrifício dos cães portadores de L.
chagasi e diminuir a incidência de LVH (DA SILVA, 2001; DANTAS-TORRES &
BRANDÃO-FILHO, 2006; DYE, 1996; GONTIJO & MELO, 2004).
40
Outras medidas têm surgido como ferramentas para o controle da LVC, entre elas o uso de
coleiras impregnadas com repelentes a base de deltametrina ou formulações tópicas a base de
permetrina (NOLI & AUXILIA, 2006). Vários estudos na Europa e no Brasil demonstram
que ocorre diminuão na prevancia da LVC quando cães utilizam a coleira ou formulações
tópicas, e como conseqüência, a diminuão da incidência da doença entre os homens
(DAVID et al., 2001; FOGLIA MANZILLO et al., 2006, MAROLI et al., 2001; MIRÓ et al.,
2006 in press; REITHINGER et al., 2004).
41
3 – LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA
A inoculação dos parasitos na pele do cão provoca uma resposta inflamatória local, com a
adesão e internalização do parasito basicamente por células de Langerhans e outras
dendríticas (FERRER, 2002).
Nos animais suscetíveis, nas primeiras horas pós-inoculação ocorre a disseminação do
parasito, por via hematógena ou linfática, inicialmente para a pele, linfonodos, baço e medula
óssea, seguida do parasitismo do fígado e dos rins e, mais tarde, dos órgãos reprodutivos. Na
evolução, os parasitos alcançam a bexiga, sistemas respiratório e digestivo e novamente a pele
(ALVAR et al., 2004; CARDOSO & CABRAL, 1999).
Nos órgãos parasitados observa-se uma reação inflamatória, estimulação policlonal de
linfócitos B, com grande produção de imunoglobulinas específicas e não específicas, e
formação de imunocomplexos, que se depositam em diferentes órgãos (BARBIÉRI, 2006;
TAFURI et al., 1986).
A presença do parasito nos órgãos e tecidos, associado à resposta imune do cão ante a
infecção determinam reações que produzem as lesões e sinais clínicos característicos da LVC
(ALVAR et al. 2004; REIS et al., 2006).
O período de incubação da doença é de difícil determinação, e devem ser levados em conta
fatores individuais relacionados à resposta imune do cão. Este período pode variar de três
meses até vários anos (ALVAR et al., 2004; AMUSATEGUI et al., 2003; CARCELÉN et al.,
2005; FERRER, 1999; GRIMA, 2005). A relação de fatores como idade, sexo e raça não está
ainda bem elucidada com a predisposição do animal para o desenvolvimento da LVC
(ALVAR et al., 2004; AMUSATEGUI et al., 2003; FERRER, 1999; KOUTINAS &
SARIDOMICHELAKIS, 2004). É conhecido que cães da raça Ibizian Hound, embora sejam
42
encontrados com a infecção em proporção semelhante as demais raças, seriam mais
resistentes ao desenvolvimento da doença (ALVAR et al., 2004; SOLANO-GALLEGO et. al,
2000).
Cerca de 50% a 60% de todos os cães portadores de formas amastigotas não exibem qualquer
sinal clínico da doença, e 20% destes animais apresentam parasitos na pele (ALVAR et al.,
2004; BANETH, 2006). Alvar et al. (2004) citam que cerca de 15% dos animais infectados
são capazes de recuperar dos sinais clínicos e eliminar os parasitos espontaneamente.
As manifestações clínicas da LVC geralmente são classificadas como sendo do tipo visceral
ou cutânea, sendo que em alguns casos há sobreposição destas manifestações
(AMUSATEGUI et al., 2003; BANETH, 2006).
As anormalidades cutâneas são muito comuns, mas de variável extensão e caracterização. A
maioria dos autores afirma que em entre 60% e 90% dos cães infectados apresentam algum
tipo de lesão dermatológica (ALVAR et al., 2004; AMUSATEGUI et al., 2003; BANETH,
2006).
As alterações dermatológicas mais comuns são: dermatites esfoliativa, seborréica, papular,
nodular e ulcerativa; pústulas; despigmentação nasal; hiperpigmentação; alopecia em
localização e graus variáveis; hiperqueratose; descamação; e onicogrifose (ALVAR et al.,
2004; AMUSATEGUI et al., 2003; BANETH, 2006; COSTA-VAL, 2004; FONDATI &
FONDEVITA; 2004).
Após as dermatopatias, as linfoadenomegalias, quer seja localizada ou generalizada,
constituem o achado cnico mais comum em pacientes com LVC (ALVAR et al., 2004;
AMUSATEGUI et al., 2003; FERRER, 2002; LIMA et al., 2004). Os linfonodos mais
afetados são: os poplíteos, os pré-escapulares e os submaxilares (BANETH, 2006; LIMA et
43
al., 2004).
As oftalmopatias ocorrem concomitantemente com outros sinais sistêmicos, mas podem
constituir a primeira alteração aparente da doença (PEÑA et al., 2000; SAUQUILLO, 2005).
A prevalência das oftalmopatias associadas à LVC varia entre 16% e 80%. Neste contexto, as
principais alterações nos olhos e seus anexos são: alopecia periocular, blefarite, conjuntivite e
uveíte anterior. Outras oftalmopatias de ocorrência incomum incluem a ceratoconjuntivite
seca, catarata, coriorretinite, descolamento de retina e glaucoma (AMUSATEGUI et al., 2003;
PEÑA et al., 2000; SAUQUILLO, 2005).
As alterações renais mais comuns são as glomerulonefrites, em consequência de lesões
tubulares e glomerulares resultantes da deposição de imunocomplexos (ALVAR et al., 2004;
BONFANTI & ZATELLI, 2004; TAFURI et al., 1989). Estas alterações interferem na
capacidade funcional normal do órgão, provocando um quadro de proteinúria, que progride
para uma síndrome nefrótica ou insuficiência renal crônica (BONFANTI & ZATELLI, 2004;
FERRER, 1999).
Os parasitos podem provocar lees hepáticas, induzindo alterações na morfologia dos
hepatócitos e conseqüentemente no metabolismo do órgão (ALVAR, et al, 2004). Costa Val
(2004), citando outros autores, relata que as hepatopatias associadas à LV, bem como
hepatomegalias são raras em pacientes caninos.
Alterações no baço de cães portadores de LV são bastante variáveis (COSTA VAL, 2004). Os
parasitos induzem uma desorganização na estrutura celular do órgão, com a hiperplasia da
polpa branca e polpa vermelha do órgão determinando esplenomegalias em graus variados
(ALVAR et al., 2004).
A perda de peso e a atrofia da musculatura das fossas temporais estão presentes em boa parte
44
dos casos de LVC, porém em freqüência variável (ALVAR et al., 2004; AMUSATEGUI et
al., 2003; FERRER, 2002). Estes sintomas seriam resultantes de um desequilíbrio protéico,
em virtude da proteinúria associada ao quadro de deficiência imunológica crônica do paciente
canino (ALVAR et al., 2004; BONFANTI & ZATELLI, 2004).
Cerca de 5% a 10% dos cães com LVC apresentam epistaxe, que pode ser devido a lesões
inflamatórias e ulcerativas da mucosa nasal (FERRER, 1999).
Segundo Barbiéri (2006), a infecção sintomática está associada com a crescente produção de
anticorpos e imunorregulação negativa da resposta celular com a decrescente produção de
interleucina-2, interferon-γ e fator de necrose tumoral-α. Desta forma, animais sensíveis a LV
tendem a desenvolver resposta imune predominantemente humoral caracterizada por
hipergamaglobulinemia policlonal, ineficiente para a eliminação do parasito.
A resposta humoral específica que se manifesta na LVC é caracterizada pela produção de
níveis elevados de IgG anti-Leishmania.
Hoje, acredita-se que aqueles cães capazes de desenvolver uma resposta imune
predominantemente celular ante a infecção, tendem a controlar a progressão da doença,
minimizando ou não apresentando sinais compatíveis com a doença (BARBIERI, 2006;
DAY, 2004a; PINELLI et al., 1994).
45
4 – DIAGNÓSTICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA
Um diagnóstico acurado de LVC pode ser extremamente difícil, e só deve ser estabelecido
após cuidadoso exame físico realizado, e uma combinação de exames parasitológicos,
sorológicos e moleculares (ALVAR et al., 2004; FERRER, 1999). O diagnóstico puramente
clínico torna-se impossível, primeiro porque mais de 50% dos animais soropositivos para a
doença são assintomáticos, e segundo porque os sinais clínicos, quando presentes, podem ser
confundidos com outras doenças (GRADONI, 2002).
Os exames parasitológicos são fundamentados na demonstração de formas amastigotas de
Leishmania em esfregaços de aspirados de medula óssea e linfonodos, e por aposição de
fragmentos de pele ou outros tecidos, ou indiretamente pelo isolamento do parasito em meio
de cultura, a partir de formas amastigotas presentes nestes materiais (ALVAR et al., 2004;
GRADONI, 2002).
Os aspirados de medula óssea e linfonodos são os mais usados pelos clínicos veterinários. A
principal desvantagem deste método é a sensibilidade que varia entre 60% a 75% nos
aspirados de medula óssea e de 40% a 50% naqueles de linfonodos (ALVAR et al., 2004). O
isolamento destes materiais em meio de cultura apropriado para o crescimento de Leishmania,
é capaz de aumentar a sensibilidade destes testes em cerca de 20%. Estes exames permitem,
diante da positividade, o diagnóstico de certeza da infecção (ALVAR et al., 2004).
O exame histopatológico de fragmentos da pele e linfonodos podem ser usados como método
de diagnóstico, mas deve-se ter em mente que o infiltrado inflamatório encontrado não é
específico de LVC e que apenas o encontro das formas amastigotas fornece o diagnóstico de
positividade (COSTA VAL, 2004). As técnicas de imuno-histoquímica podem melhorar os
problemas relacionados à evidenciação do parasito, pois anticorpos específicos marcados
detectam com maior sensibilidade e especificidade as formas amastigotas nos cortes de
46
tecidos (TAFURI et al., 2004).
A hipergamglobulinemia apresentada pelos animais permite que técnicas menos invasivas
identifiquem o portador de LV.
Dentre os vários testes sorológicos utilizados para o diagstico da LVC, destacam-se a
Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), que em diferentes estudos demonstra
sensibilidade variando de 83% a 100%, e especificidade, dependendo da região geográfica em
que o teste é aplicado, entre 74% a 100% (ALMEIDA et al., 2005; DA SILVA et al., 2006) e
Enzyme Linked Imunosorbent Assay” (ELISA), cuja sensibilidade oscila entre 97% a 100%
e especificidade de 88% a 100%, quando são usados antígenos brutos (ROSÁRIO et al.,
2005).
Para Gradoni (2002) a RIFI é considerado o padrão ouro para o diagnóstico sorológico da LV
canina, pois além de ser o teste mais utilizado por pesquisadores europeus nos últimos anos, é
também a técnica recomendada pelo “Office International dês Epizooties” (OIE).
A RIFI e o ELISA são as técnicas recomendadas pelo MS para a avaliação da soroprevalência
em inquéritos caninos amostrais e censitários. O ELISA é ainda recomendado para a triagem
de cães sorologicamente negativos, e a RIFI para a confirmação dos cães sororreagentes ao
teste de ELISA ou como uma técnica diagnóstica de rotina (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2004).
O diagnóstico molecular realizado sobretudo pela Reação em Cadeia da Polimerase (PCR),
baseia na amplificação de uma seqüência conhecida de oligonucleotídeos específicos do
patógeno. Este teste é altamente sensível e específico para Leishmania, e apresenta como
vantagem sua realização em grande variedade de materiais clínicos, como sangue, aspirados
de medula ou linfonodos, biópsias de pele, urina, dentre outros (ALVAR et al., 2002).
47
4.1 – ALTERAÇÕES EM EXAMES LABORATORAIS
Embora os dados de hematologia, bioquímica sérica e urinálise possuam limitado valor para o
diagnóstico da LVC, estes parâmetros fornecem importantes subsídios para avaliação do
estado clínico do animal e prognóstico da evolução da doença (COSTA VAL, 2004).
A anemia é um achado freqüente na doença canina, sendo reportada em cerca de 50 a 70%
dos pacientes, tendo como características marcantes a normocitose, normocromia e
arregeneração (BANETH, 2006; XAVIER, 2002). As principais causas desta alteração no
hemograma seriam: perda sanguínea pela epistaxe e ulcerações da pele, eritrólise, inflamação
generalizada e insuficiência renal crônica, hipoplasia ou aplasia medulares (COSTA VAL,
2004; DE LUNA et al., 2000; KOUTINAS et al., 1999). Por outro lado, outros autores
consideram a anemia como um achado pouco freqüente (ALVAR et al., 2004;
AMUSATEGUI et al., 2003).
As contagens total e diferencial de leucócitos não obedecem qualquer padrão em cães
portadores de LV: alguns animais apresentam leucocitose com desvio a esquerda regenerativo
enquanto outros apresentam leucopenia (geralmente por neutropenia), ou mesmo perfil
leucocitário normal (AMUSATEGUI et al., 2003; COSTA VAL, 2004).
Segundo a literatura, a trombocitopenia ocorre entre 29% a 50% . Esta alteração, entretanto,
pode ou não estar associada a alterações no perfil hemostático do paciente (AMUSATEGUI et
al., 2003; COSTA VAL, 2004; XAVIER, 2002).
As alterações na atividade funcional dos rins, representado pelo aumento das concentrações
séricas de uréia e creatinina é um achado relativamente comum em cães portadores de LV.
Cerca de 45% destes animais apresentam azotemia (AMUSATEGUI et al., 2003). A
proteinúria glomerular não seletiva é encontrada na maioria dos cães portadores de LV
48
(BONFANTI & ZATELLI, 2004; ZATELLI, 2004).
Uma característica marcante da LVC é a disproteinemia sérica, caracterizada, por
hipergamaglobulinemia que ocorre na maioria dos cães com LV, podendo alcançar 100 % dos
animas infectados (ALVAR et al., 2004; AMUSATEGUI et al., 2003; BONFANTI &
ZATELLI, 2004; FERRER, 1999).
A composição do perfil eletroforético das proteínas plasmáticas dos cães doentes sofre
alterações, principalmente quanto à relação albumina e globulina séricas (A/G). O aumento da
concentração no plasma das frações β e γ seria responsável pelo aumento geral das
gamaglobulinas; enquanto que a diminuição da albumina seria devido a perdas por
nefropatias, doenças hepáticas, subnutrição crônica ou até mesmo a combinação destes fatores
(AMUSATEGUI et al., 2003; BONFANTI & ZATELLI, 2004).
Aumentos na atividade das enzimas hepáticas, bem como aumento nos teores de bilirrubinas,
não ocorrem com freqüência nos cães portadores de LV (AMUSATEGUI et al., 2003).
Em relação à urinálise, a proteinúria é a alteração mais freqüentemente descrita, variando de
cerca de 70% a 100% dos animais portadores de LV, seja em graus discretos ou até mesmo
graves. Em alguns animais, a proteinúria pode ser tão grave que chega a determinar alterações
nos valores de proteínas séricas normais (AMUSATEGUI et al., 2003; BONFANTI &
ZATELLI, 2004; COSTA VAL, 2004).
49
5 – TRATAMENTO DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA
Na terapia da LVCo utilizadas as mesmas drogas aplicadas ao tratamento da LVH desde a
primeira metade do século 20, variando sua posologia e via de administração (ALVAR et al.,
2004).
A tendência atual na terapêutica da LVC é a combinação de mais de um fármaco. Novas
formulações têm sido propostas para o uso dos fármacos tradicionais, como o transporte
destes em vesículas lipídicas. Por outro lado, há uma busca constante de novas moléculas que
sejam eficazes no tratamento da doença no cão. (NIETO et al., 2005).
As principais drogas utilizadas no tratamento da LVC são os antimoniais, o Desoxicolato de
Anfotericina B (Anfotericina B) convencional ou encapsulada em lipossomas, o Sulfato de
Aminosidina (Aminosidina), o Alopurinol, a Pentamidina e, recentemente, o Éster de
fosfatidilcolina do hexadecanol (Miltefosina) (ALVAR et al., 2004; MIRÓ, 2005; NIETO et
al., 2005).
Os fármacos de primeira escolha no tratamento da LVC são os antimoniais - o Antimoniato de
Meglumina (Antimoniato) e o Stibogluconato de Sódio - largamente utilizados para o
tratamento da LVC na Europa e em outras partes do mundo. Eles agem inibindo enzimas do
protozoário que são utilizadas na oxidação de ácidos graxos e glilico. Os protocolos de
utilização são muito variados na literatura, entretanto, a aplicação de 100mg/kg de peso por
três a quatro semanas e a via subcutânea é a administração mais usual (BANETH & SHAW,
2002; MIRÓ, 2005; NOLI & AUXILIA, 2005).
Mancianti et al. (1988), citado por Ribeiro (2006), demonstraram que o uso do antimonial em
cães poderia ser recomendado como forma de controle da doença canina, uma vez que ele
preveniu o desenvolvimento da doença em 90% de cães assintomáticos. Ribeiro (2006) relata
50
que outros autores verificaram em diferentes estudos, que o tratamento da LVC com
antimonial resultou em redução da prevalência da doença canina na região estudada.
Alvar et al. (1994), utilizando antimonial e Alopurinol no tratamento de cães, em períodos
reduzidos, verificaram que am da melhora clínica, os animais se mantiveram não infectantes
para os flebotomíneos por pelo menos quatro meses após o tratamento. Os autores levantam a
hipótese de se tratar os cães infectados durante a estação de transmissão da doença na Europa,
como forma de controle da transmissão.
Mi (2005) avaliou por xenodiagnóstico a capacidade infectante de cães tratados com
Antimoniato de Meglumina e mantidos com Alopurinol. Seis meses após o término das
aplicações do Antimoniato de Meglumina, 85% destes animais apresentaram xenodiagnóstico
negativo.
Em recente estudo, João et al. (2006) demonstraram, em cães tratados com Antimoniato
sozinho, ou em combinação com Alopurinol, que ocorreu melhora no quadro clínico e a
redução ou eliminação completa dos parasitos da pele, concluindo que este protocolo seria
capaz de diminuir a infecciosidade aos flebotomíneos e como conseqüência a transmissão do
parasito.
Novas formulações na base de Antimoniato de Meglumina encapsulado em lipossomas têm
sido testadas em cães, para verificação de sua eficácia terapêutica, e podem vir a se constituir
em ferramenta útil no tratamento tanto da LVC quanto da LVH (COSTA VAL, 2004;
VALLADARES et al., 2001; SCHETTINI et al., 2005).
A alta toxicidade atribuída aos antimoniais parece não ser importante no tratamento canino,
pois os poucos efeitos adversos, quando produzidos, são normalmente reversíveis e em raras
ocasiões é recomendada a suspensão do tratamento. Os principais efeitos adversos são:
51
mialgias e artralgias, diarréias, vômitos, náuseas, dor abdominal, anorexia. Podem ocorrer dor
no local da injeção, abcessos e fibrose (NIETO et al., 2005).
No Brasil, desde fevereiro de 2004, o Antimoniato de Meglumina (Glucantime
®
, Rhône
Mérieux, Lyon, França) tem sua distribuição e uso restrito ao serviço público de saúde,
destinado ao tratamento humano,o podendo ser utilizado em nenhuma condão para o
tratamento da LVC (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
A Anfotericina B (Fungizone
®
, Bristol-Myers Squibb, EUA) considerada fármaco de segunda
linha para o tratamento da LVC, é um antibiótico da classe dos polienios produzido a partir do
Streptomyces nodosus. É primariamente uma droga fungicida, que possui atividade contra
algumas espécies de protozoários, incluindo Leishmania spp. (BANETH, 2006; LEMKE et
al., 2005).
O mecanismo de ação da Anfotericina B está baseado na ligação do fármaco ao ergosterol da
membrana celular da Leishmania. Nos mamíferos, a Anfotericina B se liga ao colesterol da
membrana celular, o que parece estar relacionado aos efeitos adversos do fármaco nestes. A
ligação ao ergosterol provoca uma desorganização estrutural na membrana, formando poros
que alteram sua permeabilidade ao potássio intracelular, acarretando em morte do parasito por
lise osmótica (BANETH, 2006; LEMKE et al., 2005; NIETO et al., 2005).
Os protocolos terapêuticos para o uso de Anfotericina B em LVC, mesmo sendo mais
homogêneos em relação a dose do que aqueles que utilizam os antimoniais, ainda diferem
entre os autores (NIETO et al., 2005).
Alguns autores sugerem que o protocolo mais recomendado para a Anfotericina B em cães,
seria uma dose acumulada de 8-26 mg/kg, por via subcutânea ou endovenosa, em doses de
0,5mg/kg duas a três vezes por semana (ALVAR et al., 2004; BANETH, 2006; BANETH &
52
SHAW, 2002).
Os principais efeitos colaterais associados ao uso da Anfotericina B se classificam em dois
principais grupos: aqueles relacionados a infusão e os relacionados a dose e ao tempo de uso
(NIETO et al., 2005).
Os efeitos adversos devido à infusão estão associados também à velocidade com que o
fármaco é infundido no paciente canino. Geralmente ocorrem tremores, febre, náuseas,
mitos, anorexia, mialgias, artralgias, e perda de peso. A toxicidade da Anfotericina B está
relacionada com a dose e a forma de administração, sendo que é mais grave quando o fármaco
é administrado em forma de bolus e em pequenos volumes (NIETO et al., 2005).
A nefrotoxicidade é a principal expressãoxica da Anfotericina B. Durante o tratamento da
LVC, o fármaco provoca a diminuição da taxa de filtração glomerular, aumento dos níveis
séricos de uréia e creatinina, e diminuição do clearence de creatinina. Também ocorre
diminuição na osmolaridade da urina (NIETO et al., 2005).
A eficácia do uso da Anfotericina B no tratamento da LVC a partir de diferentes formulações
tem sido pouco investigada. Há referências sobre o uso da formulação padrão de Anfotericina
B diluída em água, em solução intralipídica a base de óleo de soja; ou ainda a formulação de
Anfotericina B encapsulada em lipossomas (NOLI & AUXILIA, 2005).
Lamothe (2001) utilizou Anfotericina B associada a uma formulação lipídica de nutrição
parenteral (Intralipid
®
10%, Pharmacia & Upjohn Co., USA) para tratar 19 cães acometidos
por LV. A solução administrada aos cães era uma emulsão constituída de 50mg de
Anfotericina B diluída em 40ml de água para injeção e 10ml de solução intralipídica. Antes
de receberem esta emulo, os pacientes eram infundidos com solão fisiológica de cloreto
de sódio 0,9% (50ml/kg) seguido de solução de manitol 20% (10ml/kg). A dose da emulsão
53
foi de 1,0mg a 2,5mg/kg por aplicação, totalizando duas por semana, num mínimo de oito
aplicações, ou pelo menos 10mg/kg de dose total. Ao final do experimento, todos os cães
foram considerados clinicamente curados, e foi obtido resultado negativo na PCR de aspirado
de medula óssea de 14 entre 17 destes animais.
Cortadellas et al. (2003), utilizando em 16 cães com LV em protocolo semelhante ao descrito
por Lamothe (2001), obtiveram 100% de cura cnica dos pacientes. Todos os animais
apresentaram esfregaços de aspirados de medula óssea com resultados negativos e dois destes
animais apresentaram PCR positiva deste material cinco meses após o tratamento. Quatro
animais apresentaram PCR positiva de aspirados de medula óssea pelo menos uma vez em 18
meses de avaliação. Outros quatro cães apresentaram PCR negativa por três vezes neste
mesmo intervalo de avaliação. Os autores observaram ainda que 81% dos animais tratados
apresentaram efeitos adversos transitórios durante o tratamento. Estes concluem que embora o
tratamento seja inicialmente eficaz, recaídas podem ocorrer após a suspensão do tratamento.
Em um estudo envolvendo 15 cães acometidos por LV, Lamothe (1999) utilizou uma solução
composta de 50mg de Anfotericina B diluídos em 40ml de água destilada para injeção, e
misturado com 10ml da solução de Intralipid
®
10%, em doses de até 2mg/kg por aplicação. O
autor obteve a cura clínica de 14 animais. Destes, nove foram submetidos à técnica da PCR
em aspirados de medula óssea até três meses após o tratamento, com resultado negativo em
sete amostras.
Oliva et al. (1995) avaliaram diferentes protocolos terapêuticos utilizando a Anfotericina B
encapsulada em lipossomas (AmBisome
®
, Gilead Sciences, Inc., USA) para o tratamento da
LV em 13 cães naturalmente infectados. Os animais receberam uma dosagem entre 3,0mg e
3,3mg/kg por aplicação, em até cinco aplicações. Em todos os cães observaram a cura cnica,
entretanto, não ocorreu a cura parasitológica em 12 destes animais. O cão que apresentou cura
54
parasitológica foi o único tratado com dosagem superior a 15mg/kg.
Nieto et al. (2005), recomendam o uso de Anfotericina B na dose de 0,1mg a 1,0mg/kg/dia em
solução de dextrose a 5%, em infusão endovenosa lenta e em quantidades crescentes do
fármaco a cada aplicação. Outra via de administração sugerida pelo autor é a subcutânea, com
doses entre 0,5mg a 0,8mg/kg/dia. Em ambas as situações, é recomendado uma dose
acumulada ao final do tratamento de 15mg/kg, para que este seja efetivo.
Petit et al. (1999), avaliaram a eficácia terapêutica de Anfotericina B aquecida contra
Leishmania donovani, utilizando o modelo murino. Os autores concluíram que este
procedimento diminui a toxicidade e aumenta a atividade do fármaco para o protozoário.
Lamothe (2002), baseado neste estudo, utilizou Anfotericina B aquecida durante 15minutos a
80
o
C antes da administração em 15 cães acometidos por LV. Onze de doze animais
apresentaram resultado negativo na PCR de aspirado de medula óssea. O autor sugere que o
uso deste protocolo terapêutico pode ser eficaz no tratamento da LVC.
Lamothe (1999), propõe o uso de Anfotericina B administrada em infusão rápida (entre 15 a
45 segundos), na dose entre 0,5mg e 0,8mg/kg, de duas a três vezes na semana, até a dose
acumulada de 8mg a 15mg. De 30 cães tratados segundo este protocolo, 28 obtiveram cura
clínica, e 27 dos animais não apresentaram recaídas da doença após um ano, mesmo sem o
uso de medicamentos para manutenção, como o Alopurinol.
Em um estudo retrospectivo, 41 cães portadores de LV foram submetidos a dois protocolos
terapêuticos diferentes com Anfotericina B, e mantidos em uso constante com Alopurinol. O
primeiro grupo de 20 animais foi tratado com Anfotericina B diluída em solução de
Intralipid
®
10%, conforme protocolo descrito por Lamothe (1999) e Cortadellas (2003). No
segundo protocolo, 21 cães foram tratados com 0,9mg/kg a 2,5mg/kg, em doses crescentes,
duas vezes por semana de Anfotericina B dissolvido em 10ml de água para injeção, e mantido
55
por 15 minutos em banho-maria a 80°C antes da administração. Em ambos os protocolos, os
animais receberam em uso constante 20mg/kg/dia de Alopurinol. Após dois anos de
acompanhamento, 85% destes animais foram considerados clinicamente curados. Outra
conclusão do autor é que o uso constante do Alopurinol como terapia de manutenção, pode
prevenir as recaídas pós-tratamento da LVC (LAMOTHE, 2004).
Em qualquer protocolo que utilize a Anfotericina B no tratamento da LVC, o paciente deve
ser acompanhado de uma cuidadosa monitoração de sua função renal. A diminuição da
nefrotoxicidade da droga tem sido conseguida com o advento das formulações lipossomais,
que podem ser administradas em doses mais elevadas (3mg/kg) e um intervalo de tempo mais
longo entre as aplicações (ALVAR et al., 2004; BANETH, 2006; BANETH & SHAW, 2002;
NIETO et al., 2005).
A Aminosidina é um antibiótico aminoglicosídeo produzido por Streptomyces rimosus, que
tem sido usado para o tratamento de leishmaniose em humanos na África e Europa (BANETH
& SHAW, 2002). Sua atividade anti-Leishmania foi testada em modelos experimentais
animais e contra várias espécies de Leishmania in vitro (POLI et al., 1997). O mecanismo de
ação é baseado no bloqueio da ligação do RNA a unidade 30S dos ribossomas, o que acarreta
alteração na síntese protéica do parasito (NOLI & AUXILIA, 2005).
Poli et al. (1997) em um estudo comparativo, mostram que esta droga possui eficácia similar
aos antimoniais no tratamento da LVC. Por outro lado, Vexenat et al. (1998), citam que o
tratamento da LVC com esta droga não deve ser usado como auxiliar no controle da LVH,
devido ao baixo índice de cura parasitológica nos cães. Estes autores afirmam que embora a
droga apresente eficácia para a melhora no quadro clínico, os animais tratados poderiam ainda
funcionar como reservatório para a infecção humana.
A recuperação clínica dos cães tratados com a Aminosidina está entre 33% e 100%,
56
dependendo do protocolo utilizado (NOLI & AUXILIA, 2005). O protocolo terapêutico é
baseado na administração de 10-20mg/kg por dia, durante 14-30 dias, pelas vias subcutânea
ou intramuscular profunda (BANETH & SHAW, 2002). A ototoxicidade e a nefrotoxicidade
são os principais efeitos colaterais relatados (NOLI & AUXILIA, 2005).
O Alopurinol é uma droga da classe das hipoxantinas, que metabolizada pela Leishmania
produz um análogo inativo da inosina. Este análogo é incorporado no RNA do parasito,
causando síntese protéica ernea. O Alopurinol é largamente usado na terapia de LVC,
sozinho ou em combinação com outras drogas, devido a sua baixa toxicidade, sua eficiência
em proporcionar significativa remissão dos sinais clínicos, baixo custo e conveniência de ser
administrado por via oral. É administrado na posologia de 15-30mg/kg, duas vezes ao dia, por
todo o período de manutenção do tratamento (BANETH & SHAW, 2002).
Kuotinas et al. (2001) e Vercammen et al. (2002) avaliando diferentes protocolos de
tratamento para LVC com Alopurinol concluem que, mesmo quando usado sozinho, este
fármaco induz gradual remissão dos sinais clínicos, recuperação das anormalidades clinico
patológicas e diminuição do nível de anticorpos específicos circulantes. Os mesmos autores
afirmam que a despeito da melhora clínica, o fármaco não consegue promover a cura
parasitológica na maioria dos casos, ainda que ocorra considerável diminuição da carga
parasitária dos cães tratados.
A Miltefosina atua no metabolismo de lipídeos, com atividade sobre a membrana de
Leishmania, e acumula-se em macrófagos, sendo diretamente tóxica para o parasito. Este
composto induz in vitro a ativação de macrófagos e células T, que produzem interferon gama,
citocina associada ao controle da infecção. Este fármaco é efetivo para o tratamento de
humanos e de animais experimentais (BANETH & SHAW, 2002; NIETO et al., 2005).
Recente pesquisa avaliou a eficácia da Miltefosina no tratamento de cães naturalmente
57
infectados por L. infantum na França e Espanha. A droga foi administrada na dose de 2mg/kg,
uma vez ao dia, por via oral, durante 28 dias. Os autores concluíram que esta droga
demonstrou, em resultados preliminares, maior eficia e segurança, além de poucos efeitos
colaterais, quando comparada ao tratamento com Antimoniato de Meglumina. A cura
parasitológica neste estudo foi de 93,9%. A facilidade de administração e a eficácia da
Miltefosina demonstradas neste estudo indicam que esta é uma droga promissora para o
tratamento da LVC. Os principais efeitos colaterais relacionados com o uso da Miltefosina
são distúrbios gastrointestinais transitórios, sendo recomendado sua administração junto a
ingestão de alimentos (MIRÓ et al., 2005; NIETO et al., 2005).
A Pentamidina é uma diamidina aromática usada para o tratamento de babesiose,
tripanossoase, bem como leishmaniose. O protocolo de tratamento indica oito injeções de
Pentamidina a 4mg/kg, por via intramuscular, a cada três dias. Os principais efeitos colaterais
são: dor no local da aplicação, hipotensão, taquicardia e vômitos (ALVAR et al., 2004;
BANETH & SHAW, 2002).
Os azóis, como Cetoconazol, Fluconazol, Miconazol, são drogas investigadas para atividade
anti-Leishmania, demonstrando, porém, baixa efetividade. Estas drogas necessitam de mais
estudos, mas podem ser candidatas a manutenção no tratamento da LVC (LAMOTHE, 1999;
NIETO et al., 2005).
Noli & Auxilia (2005) relatam um estudo em que sete cães portadores de LVC foram
submetidos a injeções, por via intramuscular, de Buparvaquona (5mg/kg), uma droga usada
no tratamento da teileriose. Os cães apresentaram nenhuma ou apenas melhora parcial dos
sinais da doença.
Bianciardi et al. (2004) testaram à eficácia do uso de Enrofloxacina, uma droga da classe das
fluorquinolonas, no tratamento da LVC. Os autores sugerem que o fármaco in vitro não
58
possui atividade direta contra o parasito, mas que é capaz de induzir um aumento da produção
de óxido nítrico pelos macrófagos. In vivo, demonstram que ocorre uma melhora no quadro
clínico dos cães tratados, principalmente nas lesões de pele. Sugerem então, que este fármaco
apresenta neste caso, atividade imunomoduladora e poderia ser associado a uma droga
leishmanicida como um novo protocolo de tratamento para LVC.
Recentemente, Vouldoukis et al. (2006) avaliou a eficácia in vitro da Marbofloxacina, uma
fluoquinolona de terceira geração, contra formas promastigotas de L. infantum. Os autores
sugerem que este fármaco pode vir a se tornar uma alternativa promissora no tratamento da
LVC quando associado a outras drogas leishmanicidas, por ser relativamente barato, de baixa
toxicidade e administrado por via oral.
Outra linha de pesquisa para o tratamento da LVC é a imunoterapia. Borja-Cabrera et al.
(2004), submeteram 26 cães a imunoterapia com a vacina fucose-manose ligante e sugerem, a
partir dos dados obtidos, que este método seria eficaz no tratamento da LVC.
O tratamento da LVC vem sendo motivo de discussão há muitos anos, seja pela comunidade
científica, seja pela sociedade de uma forma geral considerando que inicialmente, para todos
os cães com diagstico sorológico positivo a única recomendação era a eutanásia.
Atualmente, tem se observado mudança gradual em relação a esta atitude, com um número
cada vez maior de cães sendo submetidos ao tratamento. Os motivos que conduziram a esta
mudança de conduta são vários, como por exemplo: questões sociais, científicas, sentimentais,
além do acesso à informação, pelos proprietários, e a técnicas diagnósticas que permitem a
detecção precoce dos animais infectados, o que possibilita a estes animais lograr maior êxito
terapêutico (GRIMA, 2005).
A opção pelo tratamento de um cão deve considerar parâmetros ligados à condição cnica do
paciente e a participação consciente do proprietário, que somados irão determinar os critérios
59
de tratamento e sua viabilidade (MIRÓ, 2005).
O médico veterinário deve iniciar o tratamento após a avaliação cnica, e de posse de
detalhado perfil laboratorial do paciente, que inclui confirmação do diagnóstico sorológico e
determinação dotulo final de positividade da RIFI, necessário ao acompanhamento da
resposta ao tratamento; da presença do parasito em amostras de pele, ou de linfonodos, ou de
medula óssea; hemograma completo, do perfil renal, hepático e eletroforético das protnas
séricas; além da identificação e tratamento prévio de infecções concomitantes (MIRÓ, 2005;
NIETO et al., 2005; RIBEIRO & MICHALICK, 2001).
O significado do termo “tratamento bem sucedido” para a LVC é dependente da ótica dos
autores envolvidos com o diagnóstico e tratamento da LVC. Para o proprietário e para o
clínico veterinário, o sucesso do tratamento se dá a partir da remiso dos sinais e melhoria da
condição clínica apresentada pelo animal. Para os parasitologistas, a cura significa completa
eliminação do parasito do hospedeiro, enquanto que para os entomologistas, órgãos de saúde
pública e epidemiologistas, a incapacidade do animal em transmitir o parasito aos insetos
vetores (quebrando o ciclo de transmissão) é suficiente para considerar o tratamento como um
sucesso (BANETH & SHAW, 2002).
Alguns autores sugerem que os cães tratados para LV que permanecem assintomáticos pós-
tratamento apresentam menor quantidade de parasitos na pele do que aqueles sintomáticos,
sejam estes tratados ou não. Sugerem também que o tratamento para LVC poderia ser
considerado como uma medida profilática no controle da doença (ALVAR, 1994; JOÃO et
al., 2006; MIRÓ et al., 2005; RIBEIRO, 2006).
Mi (2005) acredita que, sempre que possível, todos os cães com LV devem ser tratados,
tendo em vista a diminuição da carga parasitária e da infecciosidade aos flebotomíneos
obtidas pelo tratamento, o que refletiria positivamente na epidemiologia da doença canina
60
humana.
OBJETIVOS
62
6 – OBJETIVOS
6.1 – OBJETIVO GERAL
Avaliar parâmetros cnicos, sorológicos e parasitológicos, de cães naturalmente infectados
por Leishmania (L) chagasi, tratados com protocolo envolvendo Anfotericina B e Alopurinol,
e mantidos em domicílio, no período de janeiro de 2004 e dezembro de 2005.
6.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
! Selecionar, na cidade de Belo Horizonte, uma cnica veterinária dentre três, com
cães tratados com Anfotericina B e mantidos com Alopurinol, no período entre
janeiro de 2004 e dezembro de 2005;
! Correlacionar a condição cnica destes cães com os resultados dos exames
laboratoriais realizados no momento da avaliação e antes do início do tratamento;
! Avaliar a presença de parasitos pela imuno-histoquímica e PCR , realizadas a
partir de biópsia pele de orelha, antes do tratamento e no momento da avaliação.
MATERIAL E MÉTODOS
64
7 – MATERIAL E MÉTODOS
7.1 – SELEÇÃO DA CLÍNICA VETERINÁRIA
Este projeto foi previamente submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação
Animal (CETEA) da Universidade Federal de Minas Gerais (ANEXO A).
A partir do banco de dados do Laboratório de Sorologia do Departamento de Parasitologia do
ICB-UFMG, foi selecionado o período entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005 para o
levantamento de todos os exames processados e identificação das clínicas solicitantes. Foram
identificados os casos soropositivos, considerando o resultado positivo no teste de
Imunofluorescência Indireta (RIFI) na diluição igual ou superior de 1:40. Este resultado foi
cruzado com o solicitante do exame e o nome e endereço do cão, para se obter o número de
animais soropositivos atendidos por cada uma das cnicas. A seguir, selecionados os animais
que, após o primeiro teste positivo na RIFI, tiveram este exame repetido até a diluição reativa
final, identificados como aqueles encaminhados ao tratamento para LVC.
As três entre as maiores Clínicas Veterinárias de Belo Horizonte, que realizavam os exames
para o diagnóstico da leishmaniose visceral no Laboratório de Sorologia do Departamento de
Parasitologia do ICB/UFMG, foram então consultadas para a parceria neste projeto e
aceitaram a participação.
Foi então selecionada a clínica com maior número de pacientes submetidos ao tratamento.
7.2 – SELEÇÃO DA AMOSTRA
Através do acesso ao banco de dados da clínica veterinária selecionada, foi realizado o
levantamento dos atendimentos no peodo estabelecido e selecionados os prontuários de
atendimento dos animais identificados pelo Laboratório de Sorologia do Departamento de
65
Parasitologia do ICB-UFMG.
Todos os dados destes prontuários foram consultados e então selecionados os animais que
participaram deste estudo.
7.2.1 – CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Foram incluídos neste estudo todos os animais atendidos pela clínica veterinária selecionada,
de ambos os sexos, independentemente da raça e da idade, que foram submetidos ao protocolo
de tratamento para LVC com Anfotericina B na dose de 0,5-3,0 mg/kg (dose acumulada total
de 8-25 mg/animal), e que são mantidos em uso constante de Alopurinol, na dose de 10-30
mg/kg a cada 12 horas.
7.2.2 – ANÁLISE DOS PRONTUÁRIOS
Foram recolhidas dos prontuários informações sobre a condição cnica; os resultados dos
exames parasitológicos diretos, como esfregaços de aspirado de linfonodos ou medula óssea,
e imuno-histoquímica de fragmento da face interna da orelha do cão, obtida a partir de
biópsia; o perfil sorológico, que consistiu na diluição reativa final da RIFI e resultado de teste
de ELISA; e aos exames laboratoriais, como hemograma completo e o perfil renal do
paciente, a partir de dosagens de uréia e creatinina séricas, e do perfil eletroforético de
proteínas séricas.
Estes dados foram selecionados de forma temporal considerando o estado clínico e
laboratorial dos animais no momento que precedeu ao tratamento, chamado de ANTES DO
TRATAMENTO.
No período entre a primeira e a última administração de Anfotericina B, denominado
TRATAMENTO, foram analisados: o protocolo terapêutico estabelecido, os exames
66
laboratoriais realizados e a ocorrência e tratamento de quaisquer patologias concomitantes ao
processo, como por exemplo: presença de insuficiência renal aguda, lesões cutâneas ou
parasitoses intestinais.
O período após a última administração da droga até o momento da intervenção para a
realização dos exames necessários para a conclusão deste projeto foi denominado
MANUTENÇÃO AO TRATAMENTO. Nesta fase foram avaliados o acompanhamento do
paciente, através das consultas e freqüência de exames realizados especificamente com o
objetivo de controle do tratamento da LVC. Foram considerados ainda, os demais retornos à
clínica veterinária, e a observação de quaisquer ocorrências nestas consultas e tratamentos
empregados nestes casos como, por exemplo, cirurgias e internações.
7.2.3 – ANUÊNCIA DO PROPRIETÁRIO
Para a avaliação clínica e laboratorial dos animais, foi agendada uma entrevista com o
proprietário de cada cão selecionado. Nesta entrevista os proprietários foram informados dos
objetivos do projeto, e foi solicitada sua concordância para a utilização dos dados dos exames
laboratoriais, registros fotográficos e exame clínico do seu cão. Esta autorização foi obtida
com a assinatura de um termo de anuência pelo proprietário (ANEXO B).
7.2.4 – AVALIAÇÃO CLÍNICO LABORATORIAL DOS PACIENTES
Os exames físicos e laboratoriais nos cães foram realizados em consulta agendada pela cnica
veterinária parceira do projeto, de acordo com a rotina de retornos pré-estabelecida para
reavaliação do tratamento de LVC. O exame clínico e a coleta de amostras foram realizados
nas suas dependências, quando foi preenchida uma ficha clínica geral, adaptada de Dunn
(2001), e uma ficha para a avaliação e registro dos sinais clínicos mais comuns em cães com
LVC, elaborada a partir de Alvar et al. (2004) e Amusategui et al. (2003) (ANEXO C). Cada
67
cão foi identificado por um mero, registrado no prontuário de avaliação. Neste trabalho, os
cães participantes serão referidos por talmero. No momento da avaliação foi realizado o
registro fotográfico do animal e dos procedimentos.
7.2.5 – COLETA E PREPARAÇÃO DE MATERIAL PARA ANÁLISE
LABORATORIAL
Para a realização dos exames laboratoriais foi utilizada uma amostra de 10ml de sangue,
obtido através de venopunção, na veia jugular, realizada com o uso de seringas estéreis (BD
Pastipak
®
, BD Lab., EUA). Este volume foi imediatamente fracionado da seguinte forma:
uma alíquota de três mililitros em um tubo sem anticoagulante, para a realização dos exames
sorológicos; uma alíquota de três mililitros em um tubo contendo anticoagulante EDTA
(Vaccuntainer
®
, BD Lab., EUA), para a realização de hemograma; uma alíquota de três
mililitros do sangue em um tubo sem anticoagulante, para a realização das provas
bioquímicas; e um mililitro para papel de filtro (FTA
®
CLASSIC CARD , Whatman, EUA),
para realização da reação em cadeia da polimerase (PCR). Após a coleta de sangue, os
animais foram contidos manualmente e quando necessário sedados com acepromazina a 1%
(Acepran
®
, UNIVET, Brasil) na dose de 0,22mg/kg por via intramuscular para a realização
da biópsia de pele de orelha.
A biópsia de pele foi realizada em todos os animais após prévia aplicação de um volume
correspondente à dose de 4mg/kg, por via subcutânea, de Cloridrato de Lidocaína (Cloridrato
de Lidocaína 2%, Hipolabor, Brasil), como anestésico local, na face interna de uma das
orelhas. Procedeu-se então a retirada de um fragmento da pele com o auxílio de um “punch”
de cinco milímetros de diâmetro (Punch para Biópsia
®
, Kolplast ci LTDA, Brasil). O
fragmento foi secado em papel de filtro para a retirada do excesso de sangue, e fixado
imediatamente em solução de formalina tamponada a 10%.
68
7.2.6 – EXAMES SOROLÓGICOS
O sangue reservado para a realização dos exames sorológicos foi submetido ao processo de
centrifugação a 1500g (Centrífuga Excelsa Baby II, FANEM, Brasil) durante 10 minutos, para
a obtenção do soro. Este soro foi processado para realização dos testes de RIFI e ELISA.
7.2.6.1 – REAÇÃO DE IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA
A RIFI foi realizada baseada na técnica descrita por Camargo (1964), com modificações.
Para a obtenção do título desejado, os soros a serem testados foram diluídos na razão dois, a
partir de 1:40, em solução tampão fosfato (PBS) constitda de 850mg de NaCl (Merck,
Alemanha), 132mg de NaHPO
4
(Merck, Alemanha), 15,6mg de NaH
2
PO
4
.H
2
O (Merck,
Alemanha), dissolvidos em 100ml de água destilada, com pH ajustado para 7.4. Foram
colocados 25µl da solução obtida sobre cada região demarcada de uma lâmina, na qual foi
previamente fixado o antígeno, constituído por formas íntegras de promastigotas de L.
chagasi, cepa MHOM/BR/1967/BH46, rotineiramente utilizada pelo Laboratório de Sorologia
do Departamento de Parasitologia do ICB. Após a incubação das lâminas emmara úmida
por 30 minutos em estufa a 37
o
C, estas foram lavadas com PBS
,
cobertas com
o tampão por
cinco minutos, lavadas em água destilada e secadas sob ventilação artificial (Ventilador
Britânia B20, Brasil), e a cada região demarcada da lâmina foi acrescentado 25µl do
conjugado diluído a seu título em PBS com Tween 2% (v/v) (Tween
®
20, Merck, Alemanha),
acrescido de Azul de Evans 1% (EVANS BLUE
®
, Sigma Aldrich, EUA). O conjugado,
constituído por anti IgG de cão, marcado com Isotiocianato de Fluoresceína (Bethyl Lab. Inc.,
EUA) foi diluído na proporção de 1:1500. Seguiram-se nova incubação, lavagem e secagem.
A lâmina foi, então, coberta com glicerina tamponada e lamínula, e a leitura procedida em
microscópio de luz ultravioleta (Olympus BX 41
®
, Japão). Soros conhecidamente positivos e
negativos foram usados na mesma lâmina como controle da reação.
69
7.2.6.2 – ELISA
O ELISA foi realizado segundo técnica descrita por Voller et al. (1976), com modificações.
Os antígenos utilizados foram produzidos a partir de formas promastigotas de L. chagasi,
cepa MHOM/BR/1967/BH46, após ruptura por ultra-som a 40ω (BRANSON 1510
®
, Branson
Ultrasonics Co., EUA) e centrifugação a 1360g (Centrífuga Excelsa Baby II
®
, FANEM,
Brasil) por 10 minutos. Foi dosada a quantidade de proteína através do método de Lowry
(LOWRY et al. 1951), e ajustada para 20µg por mililitro em PBS e armazenado em freezer à
–20°C em alíquotas, até o momento de uso. Foi utilizado como conjugado antiimunoglobulina
de cão IgG, marcada com Peroxidase VI (Bethyl Lab. Inc., EUA) na diluição 1:2000. O
bloqueio dos sítios inespecíficos presentes na microplaca foi realizado com adão de solução
de PBS-Caseína 2% (Calbiochem, Alemanha) por 30 minutos. Foram utilizadas microplacas
de polietileno (Falcon
®
, BD Lab., EUA) de 96 oricios e fundo plano. Cada orifício foi
sensibilizado com 2µg de antígeno, diluídos em 100µl de tampão carbonato, constituído de
159mg de Na
2
CO
3
(Merck, Alemanha)
e 293mg de NaHCO
3
(Merck, Alemanha),
diluídos em
100ml de água destilada, durante um período mínimo de 24 horas. Para a realização do teste,
o excesso de antígeno foi retirado da placa pela lavagem de cada orifício por cinco vezes, com
solução de lavagem contendo 0,9% (p/v) de cloreto de sódio e 0,05% (v/v) de Tween 20
®
. A
solução para bloqueio de sítios inespecíficos contendo 2% (p/v) de caseína (Sigma Aldrich,
EUA) em PBS foi adicionada na ordem de 150µl por orifício, seguida de incubação por 30
minutos a 37°C. O excesso de solução de bloqueio foi retirado por duas lavagens sucessivas,
com a solução de lavagem. Os soros a serem testados foram diluídos em tampão de incubação
contendo 0,05% (v/v) de Tween 20
®
e 0,25% de caseína (p/v). Foi aplicado 100µl da solução
diluída em cada orifício, sendo utilizado, para isso, a diluição 1:400. A seguir, o material foi
incubado por 45 minutos a 37°C e a retirada de excesso do soro diluído foi efetuada por uma
série de cinco lavagens, com a solução de lavagem. Um volume de 100µl de conjugado
70
diluído a seu título foi acrescentado a cada orifício. Após nova incubação por 45 minutos a
37°C, o excesso de conjugado foi eliminado por nova série de cinco lavagens. Em seguida,
100µl de solução de OPD (Sigma Aldrich, EUA) foi adicionada aos orifícios. A reação
ocorreu à 37ºC, no escuro, durante 10 minutos, e foi interrompida por adição de 25µl de
H
2
SO
4
4N (Merck, Alemanha) em cada orifício. Em qualquer etapa, após as lavagens, as
placas foram secadas por inversão sobre papel absorvente. A leitura foi efetuada em leitor de
ELISA (Bio-Rad 2550
®
, EUA), a 495nm. O ponto de corte ou “cut offcorrespondeu à média
de absorbância de oito amostras de soro de cães negativos para L. chagasi, mais três desvios
padrões, testados em cada placa.
7.2.7 – HEMOGRAMA E BIOQUÍMICA SÉRICA
A partir da amostra coletada em tubo com anticoagulante, foi processada a análise do
eritrograma completo, contagem total de plaquetas e leucograma (ABCvet
®
, ABX, France). O
estudo da morfologia das hemácias, plaquetas e contagem diferencial de leucócitos foi
realizado em esfregaço por extensão da amostra. O sangue contido no frasco sem
anticoagulante foi utilizado para a realização das provas bioquímicas, através do método de
espectrofotometria convencional (Celm
®
, Brasil), para as dosagens de uréia, creatinina e
proteínas séricas. Estes procedimentos foram realizados no mesmo laboratório de análises
clínicas que processou os exames realizados nas fases de pré-tratamento e de manutenção.
7.2.8 – IMUNO-HISTOQUÍMICA
O fragmento obtido a partir da biópsia foi encaminhado ao laboratório de
Neuroimunopatologia Experimental (NIPE) do Departamento de Patologia do ICB-UFMG
para realização da técnica de imuno-histoquímica de acordo com Tafuri et al. (2004), com
modificações, cujos procedimentos básicos são citados brevemente a seguir: os fragmentos
fixados foram emblocados em parafina, processados cortes em micrótomos e as lâminas
71
montadas. As lâminas foram então desparafinadas pela adição de xilol (Merck, Alemanha)
por 20 minutos. Fez-se a hidratação das lâminas preparadas a partir dos cortes do fragmento
pela adição de álcoois decrescentes (absoluto, 90°, 80°, e 70° respectivamente) e um banho
com solução de PBS a 10%; o bloqueio da peroxidase endógena com adição de peróxido de
hidrogênio 30 volumes (Synth, Brasil) a 4% por 30 minutos; o bloqueio de reações
inespecíficas com solução de bloqueio (12g de leite em pó desnatado diluído em 200ml de
PBS) e incubados em câmara úmida por 30 minutos a temperatura ambiente; adição de soro
de cão infectado com L. chagasi (1:100) ao fragmento e incubação por 24 horas emmara
úmida a 4
0
C; a seguir adicionou-se o anticorpo biotinilado (anti-soro de coelho biotinilado
anti-camundongo), na diluição de 1:100 (Dakocytomation Inc., EUA) e as lâminas foram
incubadas em câmara úmida por 30 minutos a temperatura ambiente; adição de
estreptoavidina-peroxidase (Dakocytomation Inc., EUA) e incubação em câmara úmida por
30 minutos a temperatura ambiente, seguida por lavagem com salina tamponada; revelação da
peroxidase com diaminobenzidina (DAB) e peróxido de hidrogênio por cinco minutos a
temperatura ambiente; lavagem e coloração com hematoxilina de Harris (Merck, Alemanha)
por três segundos; desidratação em álcoois crescentes (70°, 80°, 90° e absoluto), diafanização
em xilol e montagem em bálsamo do Cana (Entellan
®
, Merck, Alemanha). A leitura foi
realizada em microscópio óptico para a identificação da reação que corresponde à presença de
formas amastigotas de Leishmania. Os resultados foram categorizados em negativo e positivo,
sendo que os positivos foram classificados como: parasitismo discreto (+), moderado (++), e
intenso (+++), segundo Solano-Gallego et al. (2004), com modificações.
7.2.9 – REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE (PCR)
A extração do DNA das amostras dos fragmentos de pele incluídos em parafina foi realizada
utilizando o “DNA ISOLATION KIT
®
” (Gentra, EUA) seguindo instruções do fabricante com
algumas modificações. Os fragmentos foram cortados, em capela de fluxo laminar
72
previamente descontaminada pela ação da luz ultravioleta, com auxílio de uma lâmina de
barbear inoxidável estéril – uma lâmina para cada bloco de parafina. Com um dos lados da
lâmina foram retirados e descartados fragmentos da superfície do bloco, a fim de evitar
contaminações. Com o outro lado cortante da lâmina foram retirados fragmentos do material a
ser utilizado para extração. Após a remoção do excesso de parafina com auxílio da lâmina de
barbear, cerca de 10mg de tecido foram colocados em tubo de microcentrífuga de 1,5ml, onde
foram triturados com pistilos de polietileno estéreis (Cienceware
®
, Bel-Art Products, EUA)
moldados para os tubos. Os fragmentos triturados foram desparafinados com adição de 300µl
de xilol (Merck, Alemanha) em cada tubo. As amostras foram então homogeneizadas por
cinco minutos à temperatura ambiente, em movimentos constantes com auxílio de um
homogeneizador automático (Lab Rotator
®
, Ames Co.,EUA). A seguir as amostras foram
centrifugadas a 13.000g por três minutos, para descarte do xilol. Este processo foi repetido
por mais duas vezes, totalizando três banhos com xilol. As amostras foram submetidas a mais
duas lavagens com 300µl de etanol 100% (Merck, Alemanha), em movimentos constantes,
por cinco minutos. Seguiram-se centrifugação, a 13.000g por três minutos, e descarte do
etanol. Foi adicionado 300µl de solução de lise celular (DNA Isolation Kit
®
) em cada tubo
com as amostras desparafinadas. Nesta etapa foram utilizados os pistilos para comprimir e
homogeneizar os fragmentos no fundo do tubo fazendo-se 50 movimentos circulares, no
sentido horário. As amostras foram incubadas em banho-maria a 65
o
C por 30 minutos;
tratadas com adição de 1,5µl proteinase K (15mg/ml) (Sigma Aldrich, EUA) e
homogeneizadas por inversão dos tubos. A seguir, foram incubadas a 55
o
C durante a noite, e
tratadas com 1,5µl RNase (4mg/ml) (Sigma Aldrich, EUA). Após a adição da RNase, os tubos
foram homogeneizados por inversão, e incubadas a 37
o
C por uma hora. À temperatura
ambiente, as amostras foram tratadas com 100µl solução de precipitação de proteína (Kit
DNA Puregene
®
). As amostras foram submetidas à homogeneização com auxílio de um
73
aparelho vórtex para agitação (Certomat
®
MV, B. Braun, Alemanha) por 20 segundos e
centrifugação a 13.000g por três minutos. Em seguida o sobrenadante foi transferido para um
tubo de microcentrífuga de 1,5ml contendo 300µl de isopropanol (Merck, Alemanha),
homogeneizado cuidadosamente por inversão do tubo; centrifugado a 13.000g por cinco
minutos; descartou-se o sobrenadante e foi adicionado 300µl de etanol 70% (Merck,
Alemanha) e centrifugou-se a 13.000g por um minuto, descartando cuidadosamente o
sobrenadante. Após a secagem completa do tubo à temperatura ambiente, foi adicionado ao
DNA extraído 20µl de solução de hidratação (Kit DNA Puregene
®
), sendo em seguida
estocado a 4
o
C.
A extração do DNA de sangue periférico embebido em papel de filtro foi realizada pela
técnica descrita por da Silva et al. (2006) com modificações. As amostras de sangue sem
anticoagulante, aproximadamente um mililitro, coletadas no dia da avaliação clínica foram
aplicadas sobre papel filtro FTA
®
Classic Card e secadas naturalmente. Cinco fragmentos do
papel de filtro embebido com o sangue foram obtidos, de forma aleatória, com auxílio um
punch” de dois milímetros de diâmetro (Punch para Biópsia
®
, Kolplast ci LTDA, Brasil). As
amostras foram transferidas para tubos de microcentrífuga de 1,5µl de capacidade contendo
200µl de solução tampão de lise (FTA
®
Purification Reagent, Whatman, EUA) e foram
submetidas à agitação com aulio de um aparelho vórtex por 20 segundos, sendo
homogeneizadas por cinco minutos à temperatura ambiente, em movimentos constantes com
auxílio de um Lab Rotator
®
, e o sobrenadante descartado. Este procedimento foi repetido por
mais duas vezes. Após a terceira lavagem, 200µl de solução tampão TE (10 mM Tris-HCl,
1mM EDTA, pH 7.5) foi adicionado ao tubo de microcentrífuga contendo os discos de papel,
seguido por nova agitação em vórtex por vinte segundos e incubação à temperatura ambiente
por mais cinco minutos; o sobrenadante obtido foi descartado. Este procedimento foi repetido
duas vezes. Os discos de papel de filtro contendo DNA, foram estocados a 4
o
C para serem
74
utilizados na realização da técnica de PCR.
A amplificação do DNA através da PCR específica, o desenho dos iniciadores da reação bem
como o protocolo da PCR foram realizados segundo a técnica descrita por Piarroux et al.
(1993), com modificações, conforme procedimento básico descrito a seguir: A amplificação
do DNA foi realizada em termociclador (PTC-100
®
, M.J. Research Inc., EUA), utilizando-se
o par de iniciadores LV1 e LV2 (Quadro 1) específicos para o complexo donovani
(INVITROGEN BRAZIL, Brasil).
QUADRO 1
Iniciadores utilizados nas amplificações pela reação em cadeia da polimerase (PCR)
Iniciador Seqüência Número de nucleotídeos
LV
1
5’ ACGAGGTCAGCTCCACTCC 3’ 19
LV
2
5’ CTGCAACGCCTGTGTCTACG 3’ 20
Para a amplificação, 15pmol de DNA ou um disco de papel de filtro contendo DNA, foi
adicionado a uma mistura contendo 15pmol de iniciador LV
1
; 15pmol de iniciador LV
2
; 7µl
de “Go Taq
®
Green Master Mix; 3,5µl de H
2
0 deionizada “nuclease free” (Kit Go Taq
®
Green Master Mix, Promega, EUA). Em todas as reações foram utilizados controles positivos
e negativos. Os controles da reação para o material da biópsia de pele de orelha foram: DNA
extraído de material de fragmento de pele de orelha emblocado em parafina de cão
sabidamente portador de LV, DNA extraído de fragmento de pele de orelha emblocado em
parafina de cão negativo para a doença. Para a reação com o papel de filtro, os controles
foram: papel de filtro sem sangue, papel de filtro embebido com o sangue de cão positivo e
75
papel de filtro embebido com o sangue de cão negativo para L. chagasi. Tanto para a reação
do material emblocado em parafina, como para o papel, foram adicionados 1ng de DNA de L.
chagasi, cepa MOHM/BR/1967/BH46, obtida em meio de cultura, e um controle com todos
os reagentes utilizados na reação exceto o DNA. A amplificação foi realizada a partir de um
passo inicial de desnaturação por cinco minutos a 95°C; anelamento por 30 segundos a 59°C
(ligação dos iniciadores); extensão a 72°C por trinta segundos e desnaturação a 94°C por 30
segundos, seguidos por 33 ciclos iguais; a extensão final ocorreu a 72°C por dois minutos. Os
componentes da reação estão representados no QUADRO 2.
QUADRO 2
Componentes da reação em cadeia da polimerase (PCR) específica por tubo de Reação
* Kit Go Taq
®
Green Master Mix (Promega, EUA)
Os produtos amplificados pela PCR foram analisados através de eletroforese em gel de
poliacrilamida 5% (Sigma Aldrich, EUA) não desnaturante em TBE (89mM TRIS-BORATO,
2mM EDTA, pH 8,0) por aproximadamente duas horas, ou até que o corante xileno-cianol
utilizado no marcador de peso molecular tivesse percorrido dois centímetros. Foi utilizado
como marcador de peso molecular de 100pb (Promega, EUA). Foram aplicados 4µl do
produto amplificado por canaleta, que foram submetidos a uma tensão de 120 volts. Após a
eletroforese, os fragmentos amplificados, foram visualizados por coloração pelo nitrato de
prata (Synth, Brasil), segundo técnica descrita por Santos et al. (1993), com modificações. O
gel foi fixado à temperatura ambiente por cinco minutos em solão contendo 10% de etanol
Componentes Quantidade
“Go Taq
®
Green Master Mix”* 7µl
Iniciadores LV
1
e LV
2
1,5µl de cada – 10pmol/µl
DNA extraído
1,5µl ou um disco de papel
H
2
O “nuclease free”* q.s.p.
15µl
76
absoluto (v/v) (Merck, Alemanha) e 0,5% de ácido acético (v/v) (Merck, Alemanha), seguida
de incubação por 5 minutos em 150ml de solução contendo 0,7% de nitrato de prata (p/v)
(Synth, Brasil), e de nova incubação com uma solução reveladora contento 3% de NaOH (p/v)
(Merck, Alemanha) e 0,1% de formaldeído 37% (v/v) (Merck, Alemanha), por 10 minutos ou
até o aparecimento das bandas, sempre sob agitação suave (Orbit Shaker
, Lab-Line, EUA).
Posteriormente o gel foi transferido para a solão fixadora e documentado por fotografia
para análise. A contaminação da reação por amplicons foi evitada pelo uso de diferentes
ambientes para o processamento das amostras, além dos processos rotineiros de
descontaminação das áreas de trabalho.
7.3 – ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística de acordo com a natureza dos
dados pelos testes que mais se aplicaram a cada caso, com o auxílio de programas dos pacotes
estatísticos SPSS
®
versão 12 e MiniTab
®
versão 14.
Para comparação das amostras antes e depois quando os dados eram contínuos, como por
exemplo, os valores da sorologia, peso, hemograma e bioquímica sérica, foi realizado o teste
não-paramétrico de Wilcoxon. Não se optou pela utilização de teste paramétrico nestes casos
devido ao fato dos dados não serem normalmente distribuídos ou seguirem alguma
distribuição de probabilidade conhecida. Para os testes em que houve comparação de
proporções entre amostras pareadas, como por exemplo, o exame clínico, a PCR, a imuno-
histoquímica e a relação A/G, foi utilizado o Teste T. Para determinação do grau de
associação entre as variáveis, foi utilizado o teste não paramétrico “Correlação de Spearman”.
Optou-se por este método por basear-se na ordenação de duas variáveis sem qualquer
restrição quanto à distribuição de valores.
Para a apresentação gráfica foi utilizado o programa Excel for Windows
®
(Microsoft, EUA).
RESULTADOS
78
8 – RESULTADOS
8.1 – SELEÇÃO DA AMOSTRA
A análise do banco de dados do Laboratório de Sorologia do Departamento de Parasitologia
do ICB, no período de janeiro de 2004 e dezembro de 2005 indicou as clínicas identificadas
por A, B e C como as solicitantes do maior número de exames para identificação de animais
soropositivos para LV. Os resultados são apresentados na TAB. 1.
TABELA 1
Relação entre omero de amostras analisadas no Laboratório de Sorologia do Departamento de Parasitologia
do ICB-UFMG do ICB procedente de três clínicas veterinárias de Belo Horizonte e o resultado de exame de
reação de imunofluorescência indireta (RIFI), entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005
Clínica
Veterinária
Número de amostras
enviadas ao Laboratório
de Sorologia
RIFI com título
igual ou superior
a 1:40
Percentual de
resultados de RIFI
positivos ( 1:40)
A 1219 418 34,29
B 1132 485 42,84
C 2221 942 42,41
Foram identificados como animais submetidos ao tratamento para LVC, aqueles que, após o
primeiro teste positivo na RIFI, tiveram este exame repetido para até a diluição reativa final
(TAB. 2).
79
TABELA 2
Cães candidatos ao tratamento para leishmaniose visceral por clínica veterinária, selecionados pela repetição da
reação de imunofluorescência indireta (RIFI) em diluição reativa final do soro
Clínica
Veterinária
RIFI positiva
(número de
amostras)
RIFI positiva em
diluição reativa final
(número de cães)
Freqüência de cães
candidatos ao
tratamento (%)
A 334 65 19,46
B 364 104 28,57
C 700 165 23,57
Após a análise dos resultados, foi selecionada para participar das demais etapas deste projeto
a clínica B, uma vez que apresentou maior percentual de cães candidatos ao tratamento em
relação ao número de animais positivos para a doença.
A clínica veterinária B, de nome fantasia Clínica Veterinária Santo Agostinho
®
, fundada em
1981, funciona em sistema de plantão 24 horas, e possui atualmente oito médicos veterinários
em seu quadro permanente de funcionários. Realiza o tratamento de LVC há cerca de dez
anos, utilizando de diferentes protocolos terapêuticos. A droga atualmente utilizada como de
eleição para o tratamento de LVC é a Anfotericina B. Entre janeiro de 2004 e dezembro de
2005, foram realizadas 5221 consultas clínicas em animais de estimação (cães, gatos e
animais silvestres), correspondendo a uma média de 218 atendimentos mensais.
Do total de 5221 consultas clínicas, 369 (6,9%) foram cães portadores de LV, destes 104
animais foram submetidos ao tratamento, o que corresponde a aproximadamente 2% do total
de atendimentos realizados por esta clínica, nesse intervalo de tempo, dos atendimentos
realizados no s.
Dos 104 animais submetidos ao tratamento para LVC, sete evoluíram para óbito,
80
correspondendo a 6,73% do total. Destes casos, dois animais (1,9%) foram submetidos ao
processo de eutanásia a pedido de seus proprietários, ambos cerca de três meses após o
término das sessões de quimioterapia, sob alegação de impossibilidade de continuar o
tratamento. Os demaises (4,8%) evolram para o óbito, em peodos variados. Três
animais faleceram em conseqüência de insuficiência renal crônica, complicação associada à
LVC, e os demais por falência cardiovascular não associada à doença. Dos 97 casos restantes,
70 animais foram tratados com o protocolo de eleição, associados ouo a imunoterapia.
Dentre estes 70 animais, 31 foram tratados exclusivamente com Anfotericina B, e estão sendo
mantidos em domicílio, fazendo uso diário de Alopurinol. Por meio de contato telefônico,
todos os proprietários dos cães selecionados foram informados da realização deste projeto e se
dispuseram a colaborar sem restrições. A assinatura do termo de anuência ocorreu quando da
realização da avaliação clínica no cão.
Os 31 animais selecionados pertencem a várias raças e, ao início do tratamento, tinham idade
variando entre sete meses e 10 anos e quatro meses (média de três anos e cinco meses), sendo
20 machos e 11 fêmeas. Os sinais clínicos de LVC apresentados nesta fase foram
categorizados em: Aparência Geral, que inclui a condição corporal, atitude e locomoção;
Viscerais, onde foi avaliada a presença de hepatomegalia e/ou de esplenomegalia; Outras, que
abrange alterações de menor freqüência na LVC, como as oftalmológicas e a epistaxe
(QUADRO 3, ANEXO D).
8.2 – PROTOCOLO DE TRATAMENTO
A Clínica Veterinária Santo Agostinho
®
utiliza rigorosos critérios de seleção para a realização
do tratamento de LVC, relacionados com a condição cnica e laboratorial dos animais
candidatos, bem como aqueles referentes à colaboração do seu proprietário.
O proprietário é informado a cerca de todo o processo de evolução da doença e do tratamento,
81
incluindo orientações sobre profilaxia, prevenção e controle da LV.
Após concordar com as condições propostas para o tratamento e manutenção do cão, o
proprietário assina um termo de responsabilidade (ANEXO E) e é orientado a adotar medidas
de prevenção contra a ação dos insetos vetores, tanto diretamente no animal quanto no
ambiente em que este será mantido (ANEXO F).
Após avaliação cnica, o cão é submetido aos exames laboratoriais prévios ao tratamento, que
incluem: hemograma completo; perfil renal; perfil hepático; determinação da diluição reativa
final da RIFI; imuno-histoquímica de fragmento de face interna da orelha; esfregaços de
aspirado de medula óssea ou linfonodo, e PCR de medula óssea. Os cães que apresentarem
anormalidades nos resultados dos exames preliminares são reavaliados e submetidos a
tratamentos prévios para a correção e controle destas alterações.
São duas as principais causas que impedem os cães de serem submetidos ao tratamento de LV
na Clínica Veterinária Santo Agostinho
®
: a insuficiência renal crônica e a idade avançada
(superior a 10 anos). Na primeira condição o proprietário é aconselhado a submeter seu cão ao
procedimento de eutanásia. Na segunda, é proposto protocolos alternativos de tratamento, que
neste projeto não seo abordados.
A terapia foi realizada em 16 aplicações de Anfotericina B desoxicolato na dose de 0,6mg/kg,
por via endovenosa, diluída em 100ml de solução glicosada a 5%, na velocidade de 40 a 60
gotas por minuto a cada 72 horas, com o cão em regime de internação. Antes da aplicação de
cada dose foi colhido sangue para a dosagem de uréia, e administrada por via endovenosa
solução parenteral de glicose 5% (20ml/kg), com velocidade de infusão de 40 gotas por
minuto. Após a infusão dormaco, cada animal recebeu ainda, via endovenosa, 250ml de
solução glicosada a 5% com velocidade de infusão de 40 gotas a 60 gotas por minuto. Nos
paciente que pesaram menos de cinco quilogramas, a dose da solução glicosada foi de
82
20ml/kg. Foram administrados, em sessões alternadas a partir da primeira, 0,2mg/kg de
Dexametasona antes da aplicação da Anfotericina B, junto à primeira infusão de solução
glicosada. Ao fim de cada sessão, o cão recebeu alta médica e foi para a casa do seu
proprietário, e retornou à clínica para nova sessão a cada 72 horas. Em três animais houve
suspeita de episódio de insuficiência renal aguda e, por isto, foi dosado também a creatinina.
Os animais que apresentaram valores acima do padrão fisiológico para qualquer das duas
substâncias, ou seja, maior que 0,5-1,5mg/dL para creatinina, e maior que 8-25mg/dL para
uréia (DiBARTOLA, 1997), foram impedidos de receber a droga até a normalização dos
exames. Os animais, neste caso, foram submetidos apenas à infusão de solão glicosada a
5% e dexametasona. Após as 16 aplicações de Anfotericina B, os cães que apresentaram os
exames clínico e laboratorial normais, foram considerados clinicamente curados de LV, e
entraram na fase de manutenção do tratamento, que consistiu no uso constante de Alopurinol
(20mg/kg) a cada 12 horas, 500mg de Vitamina C a cada 12 horas, para controle do pH
urinário, e 0,5mg/kg de Levamizol em dias alternados, como droga imuno-estimulante.
Durante a fase de aplicação da Anfotericina B cerca de 25% dos cães apresentaram alguma
reação adversa. As principais foram: vômitos, anorexia, inapetência, diarréias.
A cada três meses durante o primeiro ano, e quatro meses no segundo ano, os animais
retornaram a clínica para realização de exames de controle.
8.3 – EXAME CLÍNICO DOS PACIENTES
No momento da avaliação clínica, foi observado em todos os cães o uso de medidas
profiláticas contra a ação dos flebotoneos. A maioria, 22 (70,1%) fazia uso de coleiras
impregnadas com Deltametrina a 4% (Scalibor
®
, Intervet, Holanda). Nos nove animais
restantes, os proprietários afirmaram utilizar mensalmente repelentes tipo top spot (Pulvex
®
Pour on, Schering-Plogh Coopers, EUA).
83
O exame clínico foi realizado individualmente, entretanto, alguns parâmetros são
apresentados como média do grupo todo ou categorizados. O peso corporal e a temperatura
retal são parâmetros importantes na avaliação clínica dos animais. O grupo apresentou
12,68% de ganho de peso médio no intervalo de tempo entre o início do tratamento (22,48 ±
15,41kg) e o momento da avalião (24,43 ± 15,92kg). Este resultado foi estatisticamente
significante aovel de 5% de confiança (p < 0,001; Teste de Wilcoxon). A variação da
temperatura retal média dos animais antes do tratamento (39,1 ± 0,39°C) e no momento da
avaliação (38,9 ± 0,52°C) também foi significante ao nível de 5% (p = 0, 018; Teste de
Wilcoxon). Os valores médios de freqüência de batimentos cardíacos (103,9 por minuto) e de
movimentos respiratórios (94,4 por minuto) não apresentaram diferenças estatisticamente
significativa.
Os animais foram categorizados pela presença de sinais clínicos considerando-se qualquer
sinal de LVC, independente do número de apresentações, para a categoria de sintomático. Os
resultados são mostrados no GRAF. 1, e foram significantes ao Teste T para comparação
entre amostras pareadas (p< 0,001).
84
1
30
25
6
0
5
10
15
20
25
30
Número de cães
Antes do tratamento No momento da avaliação
Assintomático
Sintomático
GRÁFICO 1 - mero de cães com presença ou ausência de sinais clínicos relacionados à leishmaniose
visceral submetidos a protocolo de tratamento com Anfotericina B, em período de manutenção
com Alopurinol, antes do tratamento e no momento da avaliação clínica
Os sinais clínicos observados e a freqüência em que se apresentaram antes do tratamento e no
momento da avaliação individual estão representados no GRAF. 2. Estes sinais clínicos,
quando da nossa avaliação, foram categorizados de acordo com a classificação adotada para a
fase de pré-tratamento: Aparência Geral, Linfoadenopatia, Sinais Dermatológicos, Sinais
Viscerais, e Outros. A linfoadenopatia e as alterações dermatológicas, foram os sintomas mais
freqüentes antes do tratamento (90,02% e 74,5%) e para os animais que permaneceram
sintomáticos no período em que foram avaliados (12,9% e 19,4%). Considerando o nível de
significância de 5% no Teste T para comparação de proporção em amostra pareada,
evidências estatísticas de que os animais apresentaram melhora no exame clínico, quando
comparados ao exame antes do início do tratamento (p< 0,001).
85
32,3
90,2
74,5
48,4
25,8
3,22
12,9
19,4
3,22
3,22
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Percentual
Freência antes do tratamento Freência no momento da
avaliação
Aparência Geral
Linfoadenopatia
Dermatológica
Visceral
Outras
GRÁFICO 2 - Freqüência de sinais clínicos relacionados à leishmaniose visceral emes submetidos a
protocolo de tratamento com Anfotericina B, em período de manutenção com Alopurinol,
antes do tratamento e no momento da avaliação clínica
8.4 – EXAMES LABORATORIAIS
8.4.1 – EXAMES SOROLÓGICOS
8.4.1.1 – REAÇÃO DE IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA
A RIFI foi o teste utilizado para a comparação dos níveis de anticorpos apresentados pelos
cães antes e durante o acompanhamento da resposta ao tratamento. Para possibilitar a análise
86
comparativa do grupo, trabalhou-se com as diluições finais obtidas nos exames. Antes do
tratamento o valor máximo de diluição observado foi 1:20.480 e o mínimo 1:320, com média
de 1:4.335. No momento da avaliação, durante o período de manutenção com o Alopurinol, o
valor máximo da diluição reativa foi 1:10.240 e onimo menor que 1:40, com média em
1:1.190. A TAB. 3 mostra a freqüência das diluições apresentadas pelos animais.
TABELA 3
mero de animais e respectivo valor da diluição reativa final da Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI),
antes do tratamento e no momento da avaliação clínica
Diluição reativa final
da RIFI
Número e
percentual de animais antes
do tratamento
Número e
percentual de animais no
momento da avaliação
Não reativo (negativo) 0 7 (22,6%)
1:40 0 1 (3,22%)
1:80 0 3 (9,68%)
1:160 0 3 (9,68%)
1:320 2 (6,45%) 5 (16,3%)
1:640 5 (16,3%) 4 (12,90%)
1:1280 6 (19,35%) 1 (3,22%)
1:2560 4 (12,90%) 4 (12,90%)
1:5120 8 (25,80%) 2 (6,45%)
1:10240 5 (16,3%) 1 (3,22%)
1:20480 1 (3,22%) 0
Total 31 (100%) 31 (100%)
Antes do início do tratamento 29/31 animais apresentavam títulos na RIFI superiores a 1:320,
quando avaliados, 12/31 encontravam-se nesta faixa de títulos. Ao nível de significância de
5%, há evincias estatísticas de que os valores de diluição reativa final da RIFI foram
menores no momento da avaliação quando comparados àqueles encontrados antes do início
87
do tratamento (p < 0,001; Teste de Wilcoxon).
8.4.1.2 – ELISA
O teste de ELISA foi realizado antes do tratamento e na avaliação, como confirmação de
diagnóstico. Todos os soros foram testados na diluição única de 1:400, e o corte de leitura de
absorbância de 0,100nm foi utilizado como discriminante entre os resultados positivo e
negativo. Antes de iniciar o tratamento, todos os animais eram positivos ao teste. No
momento da avaliação, 12 dos 31 animais apresentavam-se negativos. Esta diferea é
estatisticamente significante ao nível de 5% (p < 0,001; Teste T para comparão de amostras
pareadas).
8.4.2 – IMUNO-HISTOQUÍMICA
No GRAF. 3 é mostrado o número de cães que apresentaram resultados positivos e negativos
na imuno-histoqmica realizada em fragmento biopsiado de pele de uma das orelhas dos
animais. O número de cães com resultado negativo na pesquisa de antígeno do parasito pela
imuno-histoquímica, no momento da avaliação foi, ao nível de signifincia de 5%, maior que
o número de cães com resultado negativo antes do tratamento (p < 0,001; Teste T para
comparação de proporção em amostra pareada).
88
14
17
29
2
0
5
10
15
20
25
30
Número de cães
Antes do tratamento No momento da avaliação
Negativo
Positivo
GRÁFICO 3 - Resultado da Imuno-histoquímica realizada em fragmento biopsiado de pele da face interna de
uma das orelhas de cães submetidos a protocolo de tratamento com Anfotericina B, em
manutenção com Alopurinol, antes do tratamento e no momento da avaliação clínica
8.4.3 – REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE (PCR)
Os resultados obtidos pela aplicação da técnica de PCR nos fragmentos de pele de orelha dos
animais estão expressos no GRAF. 4. O mero de cães que possuíam resultado negativo no
momento da avaliação foi maior que o número de cães com resultado negativo antes do
tratamento ao nível de significância de 5% (p< 0,001; Teste T para comparação de proporção
em amostra pareada).
89
9
22
25
6
0
5
10
15
20
25
Número de cães
Antes do tratamento No momento da avaliação
Negativo
Positivo
GRÁFICO 4 - Resultado da PCR de fragmentos de pele biopsiado da face interna de uma das orelhas de cães
submetidos a protocolo de tratamento com Anfotericina B, em manutenção com Alopurinol,
antes do tratamento e no momento da avaliação clínica
A comparação entre os resultados obtidos pela aplicação das duas técnicas de demonstração
indireta da presença do parasito na pele da orelha estão expressados na TAB. 4.
TABELA 4
Comparação entre os resultados obtidos pela realização de imuno-histoquímica e de PCR em fragmento
biopsiado de pele da face interna de uma das orelhas de cães, submetidos a protocolo de tratamento com
Anfotericina B, em manutenção com Alopurinol, antes do tratamento e no momento da avaliação clínica
Antes do tratamento No momento da avaliação
Técnica
Negativo Positivo Negativo Positivo
Imuno-histoquímica 14 17 29 2
PCR 9 22 25 6
A análise estatística destes dados indicou uma correlação positiva entre as duas técnicas para
a avaliação da presença de parasitos em fragmento biopsiado de pele da orelha dos animais,
tanto para os resultados obtidos antes do tratamento (Correlação de Spearman = 0,57), como
90
para aqueles obtidos no momento da avaliação (Correlação de Spearman = 0,536), ao nível de
5% de confiança.
Todos os resultados positivos no teste de imuno-histoquímica, tanto antes do tratamento,
como no momento da avaliação, coincidiram com aqueles positivos da PCR. O índice de
concordância entre as duas técnicas foi moderado, tanto para os resultados obtidos antes do
tratamento (κ = 0,529), quanto para aqueles obtidos no momento da avaliação (κ = 0,446).
Nas amostras de sangue coletadas no momento da avaliação todos os resultados de PCR
foram negativos.
8.4.4 – HEMOGRAMA E BIOQUÍMICA SÉRICA
Os parâmetros avaliados no hemograma nos animais submetidos ao tratamento foram: o
eritrograma, o leucograma e a contagem total de plaquetas. Os resultados obtidos estão
expressos na TAB. 5.
TABELA 5
Comparação entre os resultados obtidos no hemograma em cães submetidos a protocolo de tratamento com
Anfotericina B, em manutenção com Alopurinol, antes do tratamento e no momento da avaliação clínica
Média Mínimo Máximo
Variável
Antes do
tratamento
No momento da
avaliação
Antes do
tratamento
No
momento
da
avaliação
Antes do
tratamento
No
momento
da
avaliação
Eritrograma*
(x 10
6
/dl)
6,221 ± 1,374 7,187 ± 1,081 3 4,9 8,9 9
Leucograma**
(x 10
3
/dl)
8,584 ± 3,005 8,371 ± 3,605 5 5 20 24
Plaquetas***
(x 10
3
/dl)
208,06 ± 44,98 197,42 ± 43,05 120 120 300 300
Valores de referência: * 5,5 a 8,5 x 10
6
/dl ** 6,0 a 17,0 x 10
3
/dl *** 200 a 500 x 10
3
/dl (Garcia-Navarro, 2005)
91
Destas variáveis, os valores do eritrograma no momento da avaliação foram maiores que os
valores antes do tratamento, ao nível de confiança de 5% (p < 0,001; Teste de Wilcoxon). Os
valores do leucograma e contagem de plaquetas não apresentaram diferenças estatísticas
significativas.
Os valores das dosagens de uréia sérica, creatinina sérica e proteínas totais foram encontrados
de forma geral dentro dos valores do intervalo considerado fisiológico.
8.4.5 – RELAÇÃO ALBUMINA/GLOBULINAS (A/G)
A relação entre a albumina a as globulinas sérias é um parâmetro considerado importante na
avaliação dos animais. Valores inferiores a 0,6 são considerados críticos para o prognóstico de
evolução da doença no animal. Assim, os dados foram agrupados em dois valores: menor e
igual ou maior que 0,6. Os resultados da relação entre albumina e globulinas séricas são
apresentados no GRAF. 5.
20
11
28
3
0
5
10
15
20
25
30
Número de cães
Antes do tratamento No momento da avaliação
Maior que 0,6
Menor ou igual a 0,6
GRÁFICO 5 - Relação entre albumina e globulinas séricas, em cães submetidos a protocolo de tratamento
com Anfotericina B em manutenção com Alopurinol, antes do tratamento e no momento da
avaliação clínica
92
A análise dos dados demonstrou que houve aumento nos valores da relação A/G no momento
da avaliação, quando comparado aos valores antes do tratamento. Este aumento foi
estatisticamente significativo ao nível de confiança de 5% (p < 0,001; Teste T para
comparação de proporção em amostra pareada).
Não foi demonstrada evidências estatísticas da existência de correlação entre A/G e o
resultado do exame clínico dos animais, nem antes, nem no momento da nossa avaliação.
DISCUSSÃO
94
9 – DISCUSSÃO
A leishmaniose visceral é uma doença grave e o cão é o responsável pela manutenção do
parasito nos focos endêmicos, sendo considerado o mais importante reservatório da forma
zoonótica da doença (ALVAR et al., 2004; DEANE, 1956), quer pela alta prevalência da
doença nestes animais, quer pela presença de formas amastigotas na pele.
As estratégias de controle da endemia, ainda que consideradas pouco efetivas, estão centradas
no diagstico e tratamento precoce dos casos humanos, redução da população de
flebotoneos vetores e na eliminação dos cães domésticos soropositivos, associadas à
atividades de educação em saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
A eutanásia dos animais soropositivos como medida de controle é recomendado pela OMS e a
OPAS. Entretanto, estas entidades reconhecem que existem animais de grande valor afetivo,
econômico, zootécnico e prático, e que por isso não devem ser indiscriminadamente
sacrificados (WHO, 2005; OPAS, 2006).
O tratamento da LVC, praticado em alguns países europeus, tem sido discutido
principalmente sob dois aspectos: sua eficácia, ou seja, a capacidade de determinar a cura dos
animais (NOLI & AUXILIA, 2005) e, sob a ótica da Saúde Pública, sua interferência nos
programas de controle, considerando a recusa formal dos proprietários em permitir o
sacrifício de seus animais e número desconhecido de cães sendo submetidos ao tratamento.
A avaliação sistematizada de cães submetidos ao tratamento e mantidos domiciliados é
estudada pela primeira no Brasil, no presente trabalho. O nosso estudo envolve a avaliação do
protocolo terapêutico para a LVC, associada à participação do proprietário deste animal no
contexto do processo de tratamento do seu cão. A participação responsável do proprietário é o
primeiro passo para o sucesso do tratamento de qualquer afecção animal. Por outro lado as
95
relações afetivas entre o cão e seu proprietário podem influenciar positivamente na resposta
do animal frente à terapia.
A análise do banco de dados do Laboratório de Sorologia do Departamento de Parasitologia
do ICB-UFMG, no período de janeiro de 2004 e dezembro de 2005, mostrou alta taxa de
incidência da doença (39,84 ± 3,93%) em amostra de animais provenientes de Cnicas
Veterinárias de Belo Horizonte. Estes valores refletem a indicação da sorologia como uma
maneira de confirmar a suspeita clínica e o de forma aleatória, como nos inquéritos
amostrais. Entretanto, quando foram confrontados os animais soropositivos, supostamente
candidatos ao tratamento quimioterápico, da cnica escolhida para este estudo, verificou-se
baixa proporção de cães sendo submetidos ao tratamento para LV, quando comparadas à
rotina diária de atendimentos. Considerando que esta é uma clínica de referência nacional no
tratamento da LVC, o baixo índice de animais submetidos ao tratamento (2% dos animais
atendidos no período) indica que esta não é uma opção freqüente entre os proprietários de
cães portadores de LV. O pequeno número de opção pelo tratamento pode ser decorrência de
pelo menos três fatores: o custo do processo, que inclui exames clínicos, laboratoriais,
internamento do animal e medicamentos; a exigência, por parte da Clínica, do cumprimento
de um protocolo de ações que exigem parceria responsável por parte do proprietário; e por
fim, o estado cnico indicativo de eutanásia. É preciso considerar, ainda, que a falta de
regulamentação do tratamento pelos órgãos de saúde pública do Brasil também pode influir na
decisão de alguns proprietários de animais doentes.
Os critérios estabelecidos para a inclusão dos animais neste estudo foram rigorosos para
permitirem a comparação entre o grupo de animais antes e durante o período de avaliação.
Neste grupo encontravam-se animais entre seis e onze meses após o tratamento (09), entre 12
e 18 meses (10) e acima de 18 meses (12). Note-se que os animais sintomáticos durante a
nossa avaliação estavam em período médio de manutenção (12 a 18 meses). Entretanto,
96
apenas no animal de número 16 os sintomas podem ser considerados como recrudescentes,
visto que em avaliações anteriores foi considerado assintomático.
O protocolo de tratamento, utilizando Anfotericina B foi escolhido por ser a droga de livre
comércio e apontada como promissora para a cura definitiva dos animais, embora com
evidências ainda insuficientes para sua recomendação definitiva (NOLI & AUXILIA, 2005).
A utilização do Alopurinol após o tratamento com a Anfotericina B pode ser considerada
positiva no sentido da sustentação da resposta ao medicamento, desde que diferentes
protocolos de tratamento para LVC com Alopurinol já foram descritos como indutores da
gradual remissão dos sinais clínicos, recuperação das anormalidades clinico patológicas e
diminuição do nível de anticorpos específicos circulantes mesmo quando usado sozinho
(KUOTINAS et al. 2001; VERCAMMEN et al. 2002).
A ausência de sinais clínicos é freqüentemente relatada em 50% a 60% dos animais com LVC
(ALVAR et al., 2004; FERRER, 1999; GRADONI, 2002). Estes resultados contrastam com
os dados encontrados na análise dos prontuários dos animais, onde cerca de 98% dos cães
apresentavam algum sinal clínico compatível com a LV.
O fato da Clínica Veterinária santo Agostinho
ser referência no diagnóstico e tratamento da
LVC e receber encaminhamentos de animais provenientes de outras clínicas pode ter sido
determinante para a seleção da alta taxa de animais com sinais compatíveis com a doença.
Outro aspecto a se considerar é o fato de que a amostra ora avaliada, não corresponde à
população canina portadora da doença relatada em inquéritos epidemiológicos.
Os sinais clínicos mais comuns foram a linfoadenopatia e as lesões dermatológicas, que se
encontram entre os achados mais freqüentes em cães acometidos por LV (ALVAR et al.,
2004; AMUSATEGUI et al., 2003; COSTA VAL, 2004; FERRER, 2002).
97
Os linfonodos mais afetados foram os submandibulares em cerca de 70% dos cães. Doze
dentre os animais avaliados apresentaram aumento de todos os linfonodos examinados e
encontravam-se entre os cães com maior número de alterações clínicas.
As lesões dermatológicas mais comuns citadas nos prontuários foram as dermatites
seborréicas e nodulares, alopecias perioculares, descamação e onicogrifose. Estas alterações
estão dentro dos padrões citados na literatura para cães portadores de LV (ALVAR et al.,
2004; AMUSATEGUI et al., 2003; COSTA VAL, 2004).
Entre as alterações viscerais encontradas em 15 (48,4%) dos animais, a esplenomegalia foi a
alteração mais diagnosticada pela palpação abdominal. A hepatomegalia foi observada em
apenas dois cães no momento do exame. As duas alterações são devidas à ação direta do
parasito, associado a hiperplasia das células do sistema mononuclear-fagocitário presentes em
grande número nestes órgãos. Amusategui et al. (2003) e Costa Val (2004), apontam a
esplenomegalia como a alteração mais comum quando da palpação abdominal em cães com
leishmaniose visceral.
As alterações oculares foram reportadas em cinco prontuários, sendo as principais a
ceratoconjuntivite e a uveíte. Estas alterações parecem estar associadas à deposição de
imunocomplexos, tanto circulantes como produzidos in situ, que se depositam sobre as células
endoteliais, e presença inflamações granulomatosas ou difusas associadas à presença do
parasito (PEÑA et al., 2000; SAUQUILLO, 2005).
As poliartrites e lesões ósseas, causadas pela deposição de imunocomplexos ou presença do
parasito nas articulações são relatos raros na LVC (GIMÉNEZ, 2005). Neste trabalho, um
animal apresentou claudicação, provavelmente em decorrência deste processo.
O protocolo adotado para o tratamento da LVC na Clínica Veterinária Santo Agostinho
®
98
condiz com o recomendado pela literatura (ALVAR et al., 2004; BANETH, 2006; BANETH
& SHAW, 2002; NIETO et al., 2005). A clínica adiciona ao protocolo padrão o uso de
Vitamina C diariamente, visando à redução do pH urinário e conseqüente diminuição da
produção de urólitos de xantina pelos pacientes, um dos possíveis efeitos colaterais
associados ao uso constante do Alopurinol. Associa ainda, o uso constante de Levamizol -
uma droga primariamente com atividade contra parasitos intestinais e pulmonares - em doses
inferiores à terapêutica, como imunoestimulante. Este efeito foi demonstrado em modelos
murinos infectados com L. enriettii e em humanos acometidos por L. tropica, sendo
observadas diminuição da severidade das lesões e alterações causadas pelo parasito
(BUTLER, 1978; REZAI et al. 1998). Não há relato de imunomodulação do Levamizol em
cães com LV, mas acredita-se que o uso constante deste fármaco possa ser benéfico durante a
fase de manutenção do tratamento, contribuindo para a diminuição do número e severidade
das recaídas, que por ventura possam acontecer ao paciente.
Os efeitos adversos descritos durante aplicação de Anfotericina B estão em acordo com
aqueles citados pela literatura (ALVAR et al., 2004; BANETH & SHAW, 2002; LAMOTHE,
2004; NIETO et al. 2005; MIRÓ, 2005).
Houve significativa mudança no padrão clínico destes animais, quando por nós examinados.
Cerca de 81% dos cães não apresentavam quaisquer sinais clínicos, sendo considerados
assintomáticos. Os cães apresentaram ganho de peso, redução da temperatura retal e remissão
da sintomatologia clínica. Estes dados vão de encontro ao relatado sobre o tratamento da LVC
com Anfotericina B e manutenção com Alopurinol (LAMOTHE, 1999; LAMOTHE, 2001;
LAMOTHE, 2004).
Entre os animais que foram categorizados como sintomáticos (6), cinco (83,5%) apresentaram
no máximo dois sinais clínicos de LVC, sendo um deles a linfoadenopatia. Segundo
99
Mancianti et al. (1988), estes animais seriam considerados oligossintomáticos.
Houve queda significativa dos títulos da diluição reativa final da RIFI, comparando os dois
períodos avaliados. A literatura já sugere uma queda progressiva no título de anticorpos anti-
Leishmania após o tratamento, à medida que ocorre remissão dos sinais clínicos e melhora
dos demais parâmetros fisiológicos que são afetados pela ação do parasito (ALVAR et al.,
1994; MORENO et al., 1999; MORITZ et al., 1999; RHALEM et al., 1999; SOLANO-
GALLEGO et al., 2001). Dos animais assintomáticos (25) 18 permaneceram positivos no
teste. Por outro lado, os títulos tendem a cair na maioria dos cães tratados, independente do
protocolo terapêutico empregado (KOUTINAS et al. 2001; POLI et al., 1997) A velocidade
da queda no título dos anticorpos específicos em geral não acompanha a velocidade da
recuperação clínica dos cães ante ao tratamento para LV. Os animais, clinicamente curados,
podem permanecer soropositivos por anos, durante o período de tratamento (DAY, 2004b).
Dos seis animais classificados como sintomáticos durante a manutenção com o Alopurinol e
com média de 15,7 meses de tratamento, quatro apresentaram queda na diluição reativa final
da RIFI. Dois mantiveram as mesmas diluões da fase de pré-tratamento. O animal de
número 16 foi o que apresentou o maior valor de diluição final da RIFI (1:10.240), condizente
com a clínica típica de LVC no momento da avaliação do animal.
Dentre os cães que apresentaram resultado negativo no teste de ELISA (12), 83% possuíam
diluição reativa final na RIFI inferior a 1:80. A média de duração de tratamento destes
animais é 18,7 meses. Nas condições de realização dos testes, uma observação freqüente no
Laboratório de Sorologia do Departamento de Parasitologia do ICB-UFMG é a negativação
precoce do ELISA em relação à RIFI durante tratamento, independente do protocolo adotado.
Não há relatos na literatura sobre a condição da resposta imunológica de animais em
tratamento, entretanto, é importante ressaltar que a técnica do ELISA pela alta sensibilidade, é
100
aplicada para o diagnóstico em soros de cães, no Laboratório de Sorologia do Departamento
de Parasitologia do ICB-UFMG na diluição de 1:400.
Dos 17 cães com resultado de imuno-histoquímica positivo antes do tratamento, 29,2%
apresentaram parasitismo discreto; 29,2% apresentaram parasitismo moderado; e 41,6%
apresentaram parasitismo intenso, quando se utilizou os critérios considerados por Solano-
Gallego et al. (2004). Todos estes animais haviam sido categorizados como sintomáticos para
LVC naquele momento. Cerca de 43% dos cães sintomáticos antes do tratamento
demonstraram resultado negativo na imuno-histoqmica de pele da orelha. O resultado é
compatível com Xavier et al. (2006) que sugerem independência entre o resultado da imuno-
histoquímica e o status clínico do animal.
No momento da nossa avaliação, dois cães (números 16 e 30) com resultado positivo na
pesquisa de antígeno do parasito pela imuno-histoquímica, mostraram quadros diferentes: um
apresentou intenso parasitismo enquanto no outro animal o parasitismo era discreto. Ambos
foram categorizados como sintomáticos no momento da realização da avaliação cnica dos
animais. Autores que estudaram a associação entre carga parasitária e a categorização cnica
dos animais mostraram haver correlação entre estas variáveis (REIS et al., 2006).
Na PCR realizada nos fragmentos de pele, emblocados em parafina, o número de animais com
resultado positivo para Leishmania foi maior que aquele apresentado pela imuno-
histoquímica, tanto antes de os cães serem submetidos ao tratamento, como no momento em
que foi feita a avaliação clínica deste trabalho. Estes resultados são corroborados por Xavier
et al. (2006) e Solano-Gallego et al. (2004), que sugerem que a PCR seja uma técnica mais
sensível que a imuno-histoquímica para avaliação de fragmentos biopsiados de pele.
Dos seis animais positivos na PCR da biópsia no momento da avaliação, dois foram
categorizados como assintomáticos. Solano-Gallego et al. (2004) discutem o significado da
101
PCR de fragmento de pele positiva em animais assintomáticos, considerando a sua condição
infectante para os vetores. Os autores acreditam que tais animais podem não infectar os
flebotoneos e assim deixam de representar papel relevante na epidemiologia da doença.
Quando da aplicação da técnica da PCR em amostra de sangue periférico, coletada dos cães
durante a avaliação, o resultado foi negativo. Parasitos já foram relatados no sangue periférico
de animais infectados, sororreagentes, procedentes da mesma região (DE FREITAS et al.,
2006). Embora a capacidade infectante dos animais para os insetos vetores esteja associada
com a presença do parasito na pele, é possível admitir que a presença dos mesmos no sangue
periférico possa ser um importante fator adjuvante a infecção, uma vez que o sangue é o
objetivo alimentar das fêmeas destes insetos.
A anemia, a hiperglobulinemia, e a proteinúria são, provavelmente, os mais importantes
marcadores clínico-patológico para o acompanhamento da evolução de cães em tratamento
para LV (KOUTINAS et al., 2001).
Os animais apresentavam o hemograma antes do tratamento com alterações características
descritas na literatura, que indica a maior freqüência da diminuição da contagem de eritrócitos
em relação a de plaquetas e leucócitos totais (AMUSATEGUI et al., 2003; REIS, et al., 2006;
KOUTINAS & SARIDOMICHELAKIS, 2004). Entretanto, considerando os valores
fisiológicos para estas variáveis em cães, não houve variação em relação a estes parâmetros.
No momento da avaliação, houve aumento significativo no eritrograma, provavelmente
devido a menor carga parasitária do animal nesta fase, quando comparada à fase de pré-
tratamento.
De modo geral, os valores médios para as contagens totais e diferenciais dos leucócitos, e
contagem de plaquetas, parecem não sofrer influências significativas com o tratamento ou
com a evolução da doença. O infiltrado inflamatório e o parasitismo medular parecem não
102
influenciar negativamente as células precursoras dos leucócitos e plaquetas, como se supõe
que ocorra com as hemácias (COSTA VAL, 2004).
Não houve correlação entre os achados de hematologia antes do tratamento e no momento da
avaliação e sintomatologia cnica dos animais. Estes resultados contrastam com os dados
apresentados por Xavier (2002), que relata que é maior a proporção de animais sintomáticos
com alterações no hemograma, do que aqueles que não apresentam sintomas da doença.
Dentre os parâmetros bioquímicos utilizados como marcadores de avaliação da fuão renal, a
dosagem de creatinina não apresentou em momento algum valor acima do fisiológico, ao
contrário dos valores das dosagens de uréia, que se apresentaram sempre acima daqueles
fisiológicos. Valores altos de uréia sérica indicam que os cães apresentavam nefropatia inicial
ou incipiente. Provavelmente, os rins destes animais ainda que competentes para filtrar e
eliminar toda a creatinina, estão sofrendo injúrias gradativas pela ação dos imunocomplexos e
pela proteinúria, conseqüentes da LVC. A associação concomitante da doença renal com a
evolução da LVC foi relatada por vários autores (BONFANTI & ZATELLI, 2004; COSTA
VAL, 2004; ZATELLI, 2004).
A relação A/G é um parâmetro importante e indicativo de prognóstico para os animais. O
aumento significativo desta relação, apresentado pelos animais no momento da avaliação,
quando comparado com a fase de pré-tratamento, indica melhora na capacidade responsiva do
animal aos parasitos. A literatura indica que esta relação tende a ser baixa em cães
sintomáticos, devida a hipergamaglobulinemia, que em alguns casos é associada à proteinúria,
decorrentes da LVC (ALMEIDA et al., 2006; AMUSATEGUI et al., 2003; COSTA VAL,
2004; REIS et al., 2006; RIBEIRO et al., 2006). Estes autores sugerem ser alta a correlação
entre a relão A/G que 0,6 e o status clínico dos animais. Dos três animais que
apresentavam a relação A/G igual a 0,6 na nossa avaliação, dois eram sintomáticos.
103
De modo geral, dentro da população estudada, os animais apresentaram melhora significativa
nos principais parâmetros que são utilizados na rotina de acompanhamento ao tratamento de
LVC, ou seja: na avaliação clínica; sorológica; imuno-histoquímica de biópsia pele de orelha;
e nos pametros hematológicos e de bioquímica sérica.
Sob todos os aspectos avaliados é possível afirmar que a maioria cães submetidos ao
tratamento com Anfotericina B e protocolo de manutenção com Alopurinol, Vitamina C e
Levamizol apresentaram melhora significativa em todos os parâmetros avaliados. Entretanto,
a competência para a resposta imune celular, não avaliados neste trabalho, é conhecida como
importante tanto para o desenvolvimento da doença, como para a resposta à terapêutica.
(PINELLI et al. 1994; RHALEM et al., 1999).
Outro aspecto a se considerar é que até onde se conhece, nenhuma terapia até agora utlizada
tem conduzido a completa eliminação dos parasitos. A questão que se coloca é: que
capacidade estes animais assintomáticos após o tratamento, que apresentaram resultados
negativos para a pesquisa do parasito atras da imuno-histoquímica e da PCR, possuem para
serem infectantes para os flebotomíneos?
Nosso trabalho não permite concluir a este respeito, pela impossibilidade temporal de
realização de xenodiagstico nos cães. Entretanto não estamos seguros de que, na
eventualidade de tê-lo praticado, responderíamos a esta questão com segurança.
Preferimos acreditar que a associação do tratamento com as medidas de controle centradas no
animal seja efetivamente bloqueadora da transmissão do parasito, considerando as evidências
positivas para a recomendação do seu uso (DAVID et al., 2001; FOGLIA MANZILLO et al.,
2006; MAROLI et al., 2001; MAROLI, 2002; MIRÓ et al., 2006 in press; OLIVEIRA-LIMA,
2002; REITHINGER et al., 2004; RIBEIRO et al., 2005).
104
Este trabalho é pioneiro ao avaliar de forma sistematizada animais submetidos a um protocolo
terapêutico para LVC no contexto rotineiro de uma clínica veterinária de referência em Belo
Horizonte. Este contexto vai além da administração e prescrição de medicamentos. Envolve o
bem-estar animal, representado pelo convívio junto aos proprietários durante todo o processo;
participação responsável destes últimos, através da adoção de medidas profiláticas, não
diretamente no animal, como também no ambiente em que vive o mesmo; e por último, o
envolvimento ético do médico veterinário em todas as fases do tratamento, que o torna uma
ferramenta útil na educação para a saúde dos proprietários de cães acometidos por LV, com
orientações sobre prevenção e transmissão da doença.
Outros trabalhos devem ser conduzidos emes tratados rotineiramente para LV em clínicas
veterinárias de Belo Horizonte, e outras cidades do Brasil. São necessários novos estudos, que
acompanhem os cães tratados por um período de tempo maior; que estudem a resposta imune
celular e a capacidade infectante destes animais para o inseto vetor; além dos parâmetros
avaliados neste estudo. A interpretação destes resultados e o trabalho em parceria com os
órgãos de Saúde Pública podem permitir respostas que auxiliem no entendimento e no
controle da leishmaniose visceral, doença que anualmente acomete milhares de pacientes
humanos e caninos no Brasil.
CONCLUSÕES
106
10 – CONCLUSÕES
! O tratamento da LVC com o protocolo que inclui Anfotericina B na dose de 0,6mg/kg,
em 16 aplicações a cada 72 horas e manutenção com uso constante de Alopurinol
(20mg/kg) a cada 12 horas, 500mg de Vitamina C a cada 12 horas e 0,5mg/kg de
Levamizol a cada 48 horas, determinou melhora significativa nos parâmetros queo
utilizados na rotina de acompanhamento dos animais.
! O número de animais submetidos ao tratamento da LVC é pequeno em relação aos
animais soropositivos atendidos em Clínica Veterinária de referência para o
tratamento em Belo Horizonte.
! O aumento significativo do número de cães com resultado negativo nos testes de
imuno-histoquímica e PCR de pele de face interna de orelha no momento em que
foram avaliados, é indicativo de que o protocolo terapêutico avaliado neste trabalho
induziu a redução da carga parasitária neste tecido.
! Pelo número de animais submetidos ao tratamento e pelo rígido protocolo a que são
submetidos, incluindo medidas de controle da infecção centrada nos animais,
acreditamos que o risco de permanência destes animais em área endêmica para LVC é
minimizado, considerando a situação de transmissão do município de Belo Horizonte.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
ANEXOS
ANEXO A: Aprovação do CETEA
ANEXO B: Termo de anuência
DECLARAÇÃO
Declaro estar de acordo que o meu cão_______________________, seja examinado (a) pelo
Médico Veterinário Dr. Sydnei Magno da Silva, CRMV-MG N
o
6281, sob a supervisão do
Médico Veterinário Dr. Vitor Márcio Ribeiro, CRMV-MG N
o
1883. As amostras coletadas
pela Clínica Veterinária Santo Agostinho para exames complementares ao diagnóstico
poderão ser utilizadas também para pesquisa e os resultados incluídos em dissertação
intitulada: “Avaliação clínica e laboratorial de cães naturalmente infectados por Leishmania
(L.) chagasi, submetidos a um protocolo terautico em uma clínica veterinária de Belo
Horizonte” do curso de Pós–Graduação em Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas
(ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Não será revelado o nome do animal. Será guardado absoluto sigilo quanto aos dados pessoais
de seu proprietário para todos os efeitos legais.
Fui cientificado ainda, que a qualquer momento posso solicitar a exclusão do animal desta
pesquisa.
Belo Horizonte,____/____________/200_.
Nome completo:_________________________________________________
Assinatura:______________________________________________________
Documento de Identidade:_________________________________________
ANEXO C: Ficha de avaliação clínica
FICHA CLÍNICA N
0
:____________ DATA:_____________
NOME DO PROPRIETÁRIO:________________________________________________
NOME DO PACIENTE:__________________________________ PESO:_____________
TEMPERATURA: ________ PULSO:___________FREQ. RESPIRATÓRIA:_________
NORMAL: ANORMAL: N.E:
1. APARÊNCIA GERAL:
2. ATITUDE:
3. LOCOMOÇÃO:
4. CABEÇA E FACE:
4.1. OLHOS:
4.2. ORELHAS:
4.3. NARIZ:
5. CAVIDADE ORAL:
5.1. MEMBRANA MUCOSA:
5.2. GENGIVA:
5.3. DENTES:
5.4. TONSILAS:
6. LINFONODOS :
7. TEGUMENTO:
8. ARTICULAÇÕES
MÚSCULO-ESQUELÉTICAS:
8.1. OSSOS:
8.2. MÚSCULOS:
9. PERÍNEO:
9.1. ÂNUS:
9.2. VULVA/TESTÍCULOS:
9.3. GLÂND. MAMÁRIAS/PÊNIS:
9.4. PRÓSTATA:
10. CAVIDADE ABDOMINAL:
11. SISTEMA RESPIRATÓRIO:
12. SISTEMA CARDIOVASCULAR:
13. SISTEMA NERVOSO:
DIAGNÓSTICO, EXAMES COMPLEMENTARES, TRATAMENTO E
COMENTÁRIOS.
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NOME DO ANIMAL : DIA:
ACHADOS MAIS FREQUÊNTES EM CÃES COM LVC, SEGUNDO ALVAR et al.(2004)
E AMUSATEGUI et al. (2003):
PRESENTE AUSENTE N.O./N.R.
1. LINFOADENOPATIA:
1.1 GENERALIZADA:
1.2 LOCALIZADA:
1.2.1 LINF. SUBMANDIBULAR:
1.2.2 LINF. PRÉ-ESCAPULAR:
1.2.3 LINF. POPLÍTEO:
2. ANORMALIDADES LOCOMOTORAS:
3. SINAIS VISCERAIS:
3.1 PERDA DE PESO:
3.2 FRAQUEZA:
3.3 ALT. GASTROINTESTINAIS:
(VÔMITOS,DIARRÉIAS,MELENA)
3.4 ANOREXIA/ALT. APETITE:
3.5 POLIÚRIA/POLIDPSIA:
3.6 OLIGÚRIA/HEMATÚRIA:
3.7 EPISTAXE:
3.8 UVEÍTES:
3.9 TOSSE:
4. SINAIS CUTÂNEOS:
4.1 ALOPÉCIA:
4.2 DESCAMAÇÃO:
4.3 HIPERPIGMENTAÇÃO:
4.4 ERITEMA:
4.5 PRURIDO:
4.6 ÚLCERAS:
4.7 NÓDULOS:
4.8 PÚSTULAS:
4.9 ONICOGRIFOSE:
4.10 OTITE:
4.11 CONJUNTIVITE:
5. LOCALIZAÇÃO DAS LESÒES CUTÂNEAS:
5.1 EM VOLTA DAS ORELHAS/OLHOS:
5.2 FACE:
5.3 MEMBROS:
5.4 GENERALIZADA:
5.5 OUTRAS LOCALIZAÇÕES:
DIAGNÓSTICO, EXAMES COMPLEMENTARES, TRATAMENTO E
COMENTÁRIOS.
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ANEXO D: QUADRO 3
QUADRO 3
Grupo de cães selecionados, de acordo com a raça, sexo, idade, e sinais clínicos de
leishmaniose visceral apresentados ao início do tratamento
Paciente Raça Sexo Idade (Meses)
Sinais clínicos
de leishmaniose
visceral
1 Daschund Fêmea 38
Aparência;
Linfoadenopatia;
Dermatológico;
Visceral
2 Fila Macho 72 Nenhum
3 Labrador Macho 54
Aparência;
Linfoadenopatia;
Dermatológico;
Visceral
4
Sem Raça
Definida
Fêmea 7
Linfoadenopatia;
Dermatológico;
Outros.
5 Labrador Fêmea 12 Linfoadenopatia
6 Poodle Macho 17 Linfoadenopatia
7 Dogo Argentino Fêmea 12
Aparência;
Linfoadenopatia;
Dermatológico;
Visceral
8 Labrador Fêmea 22
Dermatológico;
Visceral
9
Sem Raça
Definida
Fêmea 38
Aparência;
Linfoadenopatia;
Dermatológico;
Visceral; Outros.
10 Labrador Macho 19
Linfoadenopatia;
Dermatológico
11 Daschund Fêmea 27
Linfoadenopatia;
Dermatológico;
Outros.
12 Poodle Macho 13
Aparência;
Linfoadenopatia;
Dermatológico;
Visceral
13 Whippet Fêmea 23 Linfoadenopatia
14 Pastor Alemão Fêmea 47
Aparência;
Linfoadenopatia;
Dermatológico;
Visceral
15 Poodle Fêmea 28
Aparência;
Linfoadenopatia;
Dermatológico;
Outros.
16 Yorkshire Fêmea 37
Aparência;
Linfoadenopatia;
Dermatológico;
Visceral
17
Sem Raça
Definida
Fêmea 244
Linfoadenopatia;
Dermatológico
18
Sem Raça
Definida
Macho 77
Linfoadenopatia;
Dermatológico;
Outros.
19
Pastor
Canadense
Macho 21
Linfoadenopatia;
Dermatológico
20 Rottweiler Fêmea 45 Linfoadenopatia
21 Schnnauzer Fêmea 27
Linfoadenopatia;
Dermatológico
22 Pit Bull Fêmea 13
Linfoadenopatia;
Dermatológico
23 Pug Fêmea 18 Visceral; Outros.
24 Labrador Fêmea 27
Linfoadenopatia;
Dermatológico
25 Pit Bull Macho 19
Linfoadenopatia;
Dermatológico
26 Weimaraner Fêmea 112
Aparência;
Linfoadenopatia;
Dermatológico;
Visceral; Outros.
27 Rottweiler Fêmea 21
Linfoadenopatia;
Dermatológico;
Outros.
28 São Bernardo Macho 23
Linfoadenopatia;
Dermatológico
29
Sem Raça
Definida
Macho 33 Linfoadenopatia
30
Sem Raça
Definida
Macho 44
Aparência;
Linfoadenopatia;
Dermatológico;
Visceral
31 Pastor Alemão Macho 78
Linfoadenopatia;
Dermatológico
ANEXO E: Declaração de responsabilidade
ANEXO F: Recomendações ao proprietário
Livros Grátis
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