Título da dissertação:
Acidentes de transporte na BR 163: Impacto na Saúde, Risco e Percepção.
Mestranda: Lívia Victório de Carvalho Almeida
Orientadora: Marta Gislene Pignatti
RESUMO
O acidente de transporte terrestre (ATT) é um evento indesejável que concretiza o risco na atividade
de transporte. Este risco não é por si só inerente a esta atividade, mas se torna parte dela devido à
introdução de tecnologias, o processo de trabalho, as pressões econômicas e sociais, entre outras.
Na busca de circuncidar o problema dos ATT na BR 163 e em sua área de influência, foram
analisados os impactos na saúde, os fatores associados à sua ocorrência e a percepção de risco de
trabalhadores do setor de transporte de cargas perigosas. Foram utilizados dados do SIM e SIH no
período de 2000 a 2005 para calcular indicadores de morbi-mortalidade, dados da PRF do ano de
2004 para apontar os fatores associados à ocorrência de acidentes na BR 163 com realização de
testes de qui-quadrado ( 05,0≤
), e realização de entrevistas semi-estruturadas com posterior
análise do conteúdo para descrever a percepção de risco. Os resultados mostram que, em relação ao
Brasil, no ano de 2005 houve um risco 60,5% maior em se morrer por ATT no estado e 70,8%
maior nos municípios da BR 163; já a análise das AIHs mostram que a incidência de internação por
ATT é menor para o Mato Grosso (-12,5%) e municípios da BR 163 (-17,2%). Destacaram-se como
fatores que estiveram associados a maior chance de ocorrência de acidentes com vítimas (com
significância estatística): a condição de rolamento regular [OR = 1,89; IC: (1,32-2,70)]; os acidentes
do tipo colisão frontal [OR = 14,14; IC = (8,96 – 22,32)] e atropelamento de pedestre [OR = 35,95;
IC: (8,10 – 159,52)]; e os fatores contribuintes defeito na via [OR = 4,35; IC: (1,94-9,75)] e
desobediência à sinalização [OR = 5,69; IC: (2,01 – 16,12)]. Os motoristas do setor de transporte de
cargas perigosas percebem os riscos (ocupacional e ambiental) a que estão cotidianamente expostos,
sendo que os riscos ambientais se resumem ao derramamento da carga, enquanto os riscos
ocupacionais estão permeados pela subjetivação e objetivação da realidade do trabalho (jornada de
trabalho, salário, condições das estradas, situações geradoras de estresse psíquico, etc.). Foram
apontados como principais fatores geradores de acidentes às condições das estradas, imprudência
dos condutores e a falta de políticas de prevenção eficazes. Recomendam-se discussões entre os
profissionais responsáveis pela proposição de medidas de controle e os trabalhadores do setor para a
proposição de políticas de maior impacto na mitigação do problema.
Palavras chaves: Acidentes de transporte terrestre; Impactos à saúde; Risco; Percepção.