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PAULO RICARDO MARTINS NUÑEZ
EXERCÍCIO FÍSICO NA IMAGEM CORPORAL: O JOGO
ENTRE O IMAGINÁRIO E O REAL
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB)
MESTRADO EM PSICOLOGIA
CAMPO GRANDE-MS
2007
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PAULO RICARDO MARTINS NUÑEZ
EXERCÍCIO FÍSICO NA IMAGEM CORPORAL: O JOGO
ENTRE O IMAGINÁRIO E O REAL
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado
em Psicologia da Universidade Católica Dom
Bosco, como exigência parcial para obtenção do
título de Mestre em Psicologia, área de
concentração: Psicologia da Saúde, sob a
orientação do Profa. Dra. Sonia Grubits.
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB)
MESTRADO EM PSICOLOGIA
CAMPO GRANDE-MS
2007
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Ficha Catalográfica
Nuñez, Paulo Ricardo Martins
N972a Exercício físico na imagem corporal: o jogo entre o imaginário e o real
/ Paulo Ricardo Martins Nuñez; orientação Sonia Grubits. 2007.
94 f. + anexo
Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica Dom Bosco. Programa
de Mestrado em Psicologia, 2007.
Inclui bibliografias
1. Exercícios físicos 2. Imagem corporal 3. Fenomenologia –
Dissertação. Título II. Grubits, Sonia.
CDD-613.71
Bibliotecária responsável: Clélia T. Nakahata Bezerra CRB 1/757.
Dissertação apresentada por PAULO RICARDO MARTINS NUÑEZ, intitulada
“EXERCÍCIO FÍSICO NA IMAGEM CORPORAL: O JOGO ENTRE O IMAGINÁRIO E O
REAL”, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE EM PSICOLOGIA à
Banca Examinadora da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), sendo considerado
APROVADO.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Profa. Dra. Sonia Grubits (orientadora/UCDB)
__________________________________________
Prof. Dr. Marco Tulio de Mello (UNIFESP)
____________________________________________
Prof. Dr. José Carlos Rosa Pires de Souza (UCDB)
______________________________________________
Profa. Dra. Vera Sônia Mincoff Menegon (UCDB)
Campo Grande, MS, 4 de dezembro de 2007.
Aos meus filhos e esposa, pessoas
maravilhosas, cheias de ternura e carinho, que
enchem meu coração do mais puro e nobre
sentimento.
AGRADECIMENTOS
A Profa. Dra. Sonia Grubits, pela imensa paciência, orientação e contribuição, fazendo
com que esta pesquisa se tornasse real. Meu carinho e agradecimento especial.
Ao Prof. Dr. Marco Túlio de Mello pelo aceite de participar da minha defesa e
contribuir com seus conhecimentos.
A Profa. M.Sc. Denise Jove, por ter me ajudado a desvelar os caminhos da
fenomenologia.
Ao Prof. M.Sc. Junior Vagner da Silva, pela inestimável assessoria durante a
elaboração da dissertação.
Ao Prof. Dr. Carlos Alexandre Habitante, pelo incentivo, compreensão e motivação,
não me deixando desistir de alcançar o tão e significativo objetivo.
Ao Prof. Dr. Mário Sergio Vaz, pela oportunidade de iniciar na carreira docente, e
pelo crescimento profissional.
A todos os professores do Programa de Mestrado em Psicologia, que tão bem
conduziram o curso que contribui para o embasamento do conteúdo desta pesquisa.
Meus sinceros agradecimentos!
RESUMO
Nos últimos anos, um tema recorrente nos vários focos das investigações científicas tem
relacionado o corpo humano com os benefícios do exercício físico, não somente como um
corpo físico, mas como um corpo psíquico e social. Esta pesquisa teve como propósito estudar
as percepções dos benefícios da prática regular do exercício físico na imagem corporal e suas
implicações, analisando os relatos. Para tanto, escolheu-se, segundo critérios de
acessibilidade, um grupo de participantes (n=10), sendo todas mulheres na faixa etária entre
35 e 49 anos e participantes do Projeto Atividade Física e Saúde, realizado no Parque Jacques
da Luz, localizado no bairro das Moreninhas, Campo Grande, MS. Este estudo trata de uma
pesquisa qualitativa, utilizando como referencial teórico metodológico a Fenomenologia, e
como material de análise, as falas das participantes. Os depoimentos foram coletados
individualmente através de uma transcrição na íntegra, obedecendo a uma ordem cronológica
na qual as entrevistas foram realizadas. As respostas foram a partir de uma única pergunta:
“Quais as influências que a prática dos exercícios físicos regulares traz para seu corpo?”. Para
cada participante foi feita uma análise ideográfica e, posteriormente, a análise nomotética.
Com a análise ideográfica, buscou-se a compreensão do fenômeno a partir de três momentos
importantes da análise das falas: a descrição, a redução e a interpretação. Na análise
nomotética, cujo objetivo foi chegar à estruturação perceptiva entre a atividade física e a
imagem corporal, procurou-se estabelecer uma normatividade dos discursos coletados. A
compreensão da análise nomotética realiza-se na construção dos resultados, revelando os
posicionamentos individuais. O trabalho, então, dividiu-se em três momentos: uma revisão
bibliográfica do tema atividade física e imagem corporal; uma pesquisa de campo realizada
por meio de uma entrevista semi-estruturada sem questões fechadas, mas com uma questão
única que poderia revelar a percepção da realidade de cada entrevistada em relação à sua
imagem corporal; e, por fim, a análise dos dados por meio de um dispositivo de interpretação,
podendo assim, analisar os resultados mesclando, de forma unificada, as vozes do pesquisador
e das entrevistadas. Conclui-se, após discutir o tema e analisar as falas, que todas as
participantes apresentaram, durante a prática das atividades físicas, uma percepção positiva de
melhora em sua imagem corporal, levando a uma real satisfação com seu próprio corpo. Ao
observar os discursos, percebe-se que, além das físicas, outras importantes transformações
ocorreram: psicológicas, relações interpessoais, entre outras. Finalmente, pode-se afirmar que
o resultado do estudo indicou que a prática da atividade física regular é um importante aliado
para compreender-lhe os benefícios, o que foi configurado em uma melhor percepção da
imagem corporal.
Palavras-chave: Imagem corporal. Atividade física. Fenomenologia.
ABSTRACT
For the past years, a frequent topic in many scientific investigations has related the human
body to the benefits of physical activity, not only as a physical body, but as a mental and
social body as well. This study had the aim to analyze the perception of the benefits of regular
workout in the body image and its implications, analyzing reports. Therefore, a group of
participants (n=10) was chosen, following evaluating criteria - all women between 35 and 49
years old – taking part in the Physical Activity and Health Program, which takes place at
Jacques da Luz Park, in the Moreninhas neighborhood, Campo Grande, MS. This is a
qualitative study, which uses Phenomenology as a theoretical methodological reference,
having the participants’ reports as material for analysis. The reports were received
individually through full transcription, following the chronological order in which the
interviews were made. The answers were given to an only question: “What are the influences
that regular workout causes in your body?”. An idiografic analysis was made for each
participant, and later a nomotetic analysis was performed. With the idiografic analysis, we
searched for the comprehension of the phenomenon from three important moments of the
analysis of the reports, which are: the description, the reduction and the interpretation. In the
nomotetic analysis we tried to determine a certain frequency in the collected reports, and the
aim was to reach a perceptive structure between physical activity and body image. The
understanding of the nomotetic analysis lies in the construction of the results, revealing
individual positions. The study was then divided into three moments: a bibliographic review
of the topic -physical activity and body image; a research made through a semi-structured
interview without restricted questions, yet only asking a question that could reveal the
perception of reality of each woman interviewed concerning her body image, and finally, the
data analysis through a mechanism of interpretation, making it possible to analyze the data,
mixing voices from both the investigator and the women interviewed. After discussing the
topic and analyzing the reports, we concluded that all participants presented a positive
perception of improvement in their body image during the practice of physical activities,
leading to real satisfaction with their own bodies. Observing the reports, we can notice that
besides the physical transformation, other important changes happened: psychological,
personal relationships, among others. At last, we can affirm that the result of the study
showed that the practice of regular physical activity is an important ally for people to have a
better understanding of its benefits, which leads to a better perception of body image.
Keywords: Body Image. Physical Activity. Phenomenology.
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Categorias abertas. ...........................................................................................86
GRÁFICO 2 - Categoria aberta 1. ...........................................................................................87
GRÁFICO 3 - Categoria aberta 2. ...........................................................................................88
GRÁFICO 4 - Categoria aberta 3. ...........................................................................................89
GRÁFICO 5 - Categoria aberta 4. ...........................................................................................90
GRÁFICO 6 - Categoria aberta 5. ...........................................................................................91
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Descrição das participantes da pesquisa.........................................................38
QUADRO 2 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 1 ................................72
QUADRO 3 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 2 ................................73
QUADRO 4 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 3 ................................74
QUADRO 5 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 4 ................................75
QUADRO 6 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 5 ................................75
QUADRO 7 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 6 ................................76
QUADRO 8 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 7 ................................76
QUADRO 9 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 8 ................................77
QUADRO 10 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 9 ................................77
QUADRO 11 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 10 ..............................78
QUADRO 12 - Convergências temáticas – participante 1 ......................................................79
QUADRO 13 - Convergências temáticas – participante 2 ......................................................80
QUADRO 14 - Convergências temáticas – participante 3 ......................................................81
QUADRO 15 - Convergências temáticas – participante 4 ......................................................82
QUADRO 16 - Convergências temáticas – participante 5 ......................................................82
QUADRO 17 - Convergências temáticas – participante 6 ......................................................83
QUADRO 18 - Convergências temáticas – participante 7 ......................................................84
QUADRO 19 - Convergências temáticas – participante 8 ......................................................84
QUADRO 20 - Convergências temáticas – participante 9 ......................................................85
QUADRO 21 - Convergências temáticas – participante 10 ....................................................85
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 12
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................17
2.1 FALANDO DA ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE...................................................... 18
2.2 A IMAGEM CORPORAL...........................................................................................22
2.3 O CORPO..................................................................................................................... 23
2.4 CORPO REAL E CORPO IDEAL ..............................................................................26
3 OBJETIVOS....................................................................................................................... 30
3.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 31
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................................... 31
4 A PESQUISA...................................................................................................................... 32
4.1 O CAMINHO METODOLÓGICO.............................................................................. 33
4.2 CONHECENDO A FENOMENOLOGIA................................................................... 33
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.................................................................... 35
5.1 CENÁRIO DA PESQUISA ......................................................................................... 36
5.2 AS PARTICIPANTES ................................................................................................. 36
5.3 CARACTERIZAÇÃO DAS PARTICIPANTES......................................................... 37
5.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE............................................................................ 38
5.5 ASPECTOS ÉTICOS................................................................................................... 40
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................... 41
6.1 ENCONTRANDO-SE COM O PROJETO ................................................................. 42
6.1.1 Orientação médica e patologias manifestadas ................................................... 42
6.1.2 Iniciativa própria................................................................................................ 43
6.2 DESENCANTANDO-SE COM A IMAGEM CORPORAL....................................... 44
6.2.1 Perda da imagem corporal ................................................................................. 45
6.2.2 Perda da auto-imagem .......................................................................................45
6.3 RE-ENCANTANDO-SE COM O CORPO ................................................................. 46
6.3.1 Encontro com a estética idealizada.................................................................... 47
6.3.2 Imagem corporal real.........................................................................................48
6.3.3 Auto-imagem sexual..........................................................................................50
6.3.4 Consciência corporal.......................................................................................... 50
6.4 IDEALIZANDO O CORPO ........................................................................................ 51
6.4.1 Consciência do ideal .......................................................................................... 52
6.4.2 Imagem corporal idealizada............................................................................... 53
6.4.3 Busca pelo ideal estético.................................................................................... 53
6.5 EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO ........................................................................... 54
6.5.1 Resultados positivos .......................................................................................... 55
6.5.2 Auto-estima recuperada ..................................................................................... 56
6.5.3 Saúde e bem-estar .............................................................................................. 57
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................58
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 61
APÊNDICE ............................................................................................................................. 68
ANEXO.................................................................................................................................... 92
12
1 INTRODUÇÃO
13
O corpo é o veículo do ser-no-mundo, e ter um corpo é,
para uma pessoa viva, juntar-se a um mundo definido,
confundir-se com alguns projetos e engajar-se
continuamente neles (MERLEAU-PONTY, 1971, p. 24).
Durante a trajetória acadêmica no mestrado, sempre houve a preocupação deste
pesquisador sobre como poderia interligar os aspectos fenomenológicos da Psicologia com os
aspectos positivistas tão fortes nos discursos da Educação Física, principalmente pela visão
exclusiva dos Educadores Físicos pesquisarem na dimensão dos métodos quantitativos.
Durante esta trajetória, foi possível acompanhar diversos debates durante as aulas e perceber,
sob a ótica de um pesquisador, as diversas direções que este poderia traçar para seus estudos,
buscando nos professores do programa do mestrado as possibilidades de integrar os métodos
quantitativos e qualitativos.
Silva, S. (2004) diz que, enquanto a perspectiva positivista busca informações de
dados quantitativos que lhe permitem estabelecer e provar relações entre variáveis
operacionalmente definidas, a perpectiva fenomenológica busca examinar o mundo como é
experienciado, compreendendo o comportamento humano a partir de cada pessoa ou pequeno
grupo de pessoas e o que elas pensam ser a realidade.
Nessa ótica, verifica-se que os progressos da ciência advêm de inquietações pessoais
ou coletivas acerca de determinado tema. Analisar a imagem do corpo humano foi questão
que causou inquietação na presente pesquisa, razão por que, em uma primeira aproximação,
buscou-se investigar a sua configuração com a prática da atividade física regular no bem-estar
físico e psicológico.
Ao pretender discorrer sobre um objeto socialmente construído, não se pode deixar de
lado o contexto histórico do corpo. São diversas as áreas nas quais se pode desenvolver um
estudo sobre o corpo humano, relacionando-o com a cultura, biologia, gênero e inúmeros
outros subtemas. Exatamente essa gama de possibilidades foi o estímulo ao desenvolvimento
deste estudo sobre o corpo, enfatizando, porém, a relação da imagem corporal com a atividade
física regular.
O corpo sempre foi uma preocupação emergente da sociedade capitalista, que teve a
partir do século XIX um grande impulso no tocante à prática das atividades físicas, cujos
objetivos visavam fundamentalmente: a melhoria da condição de saúde das pessoas, a
preparação para os soldados combatentes que enfrentavam as guerras em função de disputas
14
territoriais e políticas, e a preparação de um corpo forte e ágil capaz de corresponder às
necessidades do trabalho industrial (SANTIN, 1987).
Segundo Crespo (1990), o corpo é um dos temas mais discutidos no mundo
contemporâneo e objeto de estudos cada vez mais freqüentes no domínio das ciências
humanas e sociais. Falar sobre o corpo, esse fenômeno ilimitadamente complexo, é, no
mínimo, uma tarefa simbolicamente desafiadora. E desvendar os mistérios impregnados na
corporeidade torna-se um desafio porque o século XX foi um período no qual novos valores e
significados foram evidenciados para o corpo, inclusive, e sobretudo, no Brasil – um país
tropical como este, que valoriza os contornos e a sensualidade, não perderia as chances de
vender imagens jovens de saúde e beleza.
O corpo que hoje predomina na sociedade capitalista deixou de ter caráter saudável
para dar lugar aos modelos corporais, fundamentado em parâmetros juvenis. E, nesses
moldes, parece não haver espaço para o corpo envelhecido.
No domínio das ciências humanas e sociais, o corpo humano é discutido e estudado
por muitos dos grandes pensadores, sendo um dos temas de grande pesquisa mais estudados e
discussão no mundo contemporâneo. Na concepção idealista, o corpo era o guardião da alma.
Segundo Grando (2001), Platão (427-347 a.C.) influenciou idealisticamente Aristóteles (384-
322 a.C.), Rabelais (1483-1553), Rousseau (1712-1778) e outros, apregoando o corpo
vigoroso para elevação e obediência à alma. Platão admitia que a unidade corpo e alma, entre
sensível e inteligível, era primordial para o avanço do bem. Nesta unidade o corpo deveria
sempre estar à procura da perfeição e da saúde, e a inteligência, à procura do conhecimento.
Porém, mesmo nesta unidade entre corpo e alma que Platão dizia ser necessária, está presente
a dualidade e a hieraquização corpo subordinado à alma.
Os progressos da ciência advêm de inquetações pessoais ou coletivas acerca de
determinada tema. A questão que causou inquietação na presente pesquisa foi analisar a
imagem do corpo humano, buscando, em uma primeira aproximação, investigar a sua
configuração com a prática da atividade física regular no bem-estar físico e psicológico.
Entende-se que a ciência e a tecnologia, a par do progresso e desenvolvimento
proporcionados ao mundo, trouxeram consigo a alienação, o controle e a submissão, também
presentes no trabalho corporal, possíveis de serem identificados no conteúdo discursivo
exposto na perspectiva biologicista. Esta alimenta uma excessiva valorização da beleza
15
estética, orienta uma constante busca de perfeição das formas corporais e do rendimento
físico, ao mesmo tempo em que processa a manipulação do corpo como meio de produção
(LOBO FILHO, 2003).
O corpo passa a ser subjugado por normas disciplinares, fragmentando-o ao acentuar a
dicotomia corpo/alma, numa inconcebível separação que privilegia a matéria em detrimento
ao espírito, e ao promover o seu desprendimento da relação com o contexto social (CRESPO,
1990).
Defrontando com a dificuldade e querendo de fato compreender como a prática da
atividade física regular influencia na imagem corporal, buscou-se apoio na literatura sobre a
temática envolvida, procurando respostas para as dúvidas. Nunes Filho (1994) aponta como
imprescindível o abandono das concepções dualistas por uma visão mais ampla.
Contrariamente ao que pensavam os antigos, o corpo humano não é uma espécie de prisão da
alma, mas o fator de libertação do ser.
Este fato proporcionou o diálogo sobre o tema com os mais diversos autores. Pode-se
observar que as idéias sobre imagem corporal e atividade física estão presentes nas diversas
áreas de conhecimento, entre elas: Educação Física, Medicina, Antropologia, Psicologia e
Filosofia.
Nesse sentido, intrigava saber se realmente a prática e os benefícios do exercício físico
regular poderiam interferir na percepção de corpo, principalmente nas atitudes que a pessoa
tem em relação ao seu corpo, mas de que forma compreendem esta relação de duas vias entre
a imagem corporal e atividade física. Isso incentivou a esta pesquisa, o estudar o vasto
território do corpo, que é também cultural, histórico e social.
Nessa perspectiva, constata-se pela experiência profissional, que as praticantes de
atividades físicas de forma regular demonstram sentimentos positivos em relação ao corpo,
levando a um caminho promissor para a transformação do corpo-objeto em um corpo-sujeito
no contexto de uma vida prazerosa.
Para responder a essas indagações, foi delineado um estudo transversal, que se valeu
da análise dos discursos das participantes da pesquisa. A presente dissertação é composta por
sete capítulos:
16
O primeiro e segundo capítulos apresentam a introdução e uma revisão bibliográfica
sobre atividade física e saúde; imagem corporal; o corpo; e o corpo real e ideal; e o terceiro,
os objetivos. No quarto capítulo, trata-se da pesquisa e descreve-se o caminho metodológico,
enquanto os procedimentos metodológicos compõem o quinto capítulo. Os resultados e
discussão e as considerações finais estão contidos, respectivamente, nos capítulos sexto e
sétimo.
17
2 REFERENCIAL TEÓRICO
18
Percebe-se que o corpo humano e o exercício físico percorrem juntos um longo
caminho histórico e buscando serem compreendidos por novas formas de cuidar da saúde. Por
refletir-se sobre os trabalhos corporais, busca-se inicialmente compreender os referenciais
teóricos das incursões do exercício físico com a saúde.
2.1 FALANDO DA ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
Muito se tem estudado sobre os benefícios do exercício físico sobre a saúde. Estudos
mostram que é possivel reduzir a incidência de doenças, ou aumentar a expectativa de vida,
em populações que praticam exercícios físicos (PALMA, 2001).
A relação entre atividade física e saúde é conhecida há pelo menos vinte e cinco
séculos, tendo sido mencionada em antigos textos chineses, indianos, gregos e romanos
(BRASIL, 2002). Nos primórdios da civilização ocidental, as doenças tinham sua origem
vinculada ao sobrenatural. Na Mesopotâmia, muitos séculos antes de Cristo, o homem
interpretava as doenças como formas de perseguição por seres desconhecidos e misteriosos.
Na Suméria, que atingiu seu pico de evolução entre os anos 3000 e 2000 a.C., a vingança e o
castigo dos Deuses eram considerados os causadores das enfermidades (LOPES, 1970).
A atividade física surgiu nas questões referentes à saúde com Hipócrates, médico
grego da família dos Asclepíades, considerado o pai da Medicina e nascido na ilha de Cós no
ano de 450 a.C. Ao analisar a atividade física como prevenção e tratamento de doenças,
Hipócrates provou ser um visionário, um homem à frente do seu tempo. Segundo Scliar
(1987), cinco séculos antes de Cristo, Hipócrates já revelava uma visão epidemiológica
moderna do processo saúde-doença, pois se preocupava em observar não só o paciente, mas
também o ambiente. Hipócrates, na Antiguidade, já indicava exercícios físicos para a
prevenção e tratamento de doenças; entretanto, em vez da disseminação do hábito, observa-se,
atualmente, um estilo de vida cada vez menos ativo por parte da população em geral, o que
aumenta a preocupação de vários setores da saúde em todo o mundo e evidencia o
crescimento do interesse em descobrir o papel que a atividade física tem sobre a qualidade de
vida (SCLIAR, 1987).
A prática de exercícios físicos tem sido considerada, há muito tempo, como uma
forma de preservar e melhorar a saúde. A literatura demonstra que pessoas que praticam
19
atividade física regularmente apresentam melhor qualidade de vida e vivem por mais tempo
(BAPTISTA, 2000; PITANGA, 2004). Além disso, isso tem impacto importante sobre o
aspecto psicológico, pois provoca sensação subjetiva de bem-estar e prazer, reduzindo a
ansiedade e depressão, aumentando a disposição para o trabalho, recreação e esportes
(POLLOCK; WILMORE, 1993; DUBOW; KELLY, 2003).
A inatividade física tornou-se problema de saúde pública, e as doenças crõnico-
degenerativas, atualmente, passaram a ser causa principal da morte evitável da sociedade
atual, ocupando o lugar das doenças infecto-contagiosas (NAHAS, 2001). O sedentarismo
acarreta efeitos negativos sobre a vida do indivíduo, provocando o aparecimento de
obesidade, problemas cardiovasculares, diabetes, hipertensão arterial, entre outros (MELLO;
FERNANDEZ; TUFIK, 2000).
Para Okuma (2004), embora exista um grande conhecimento do papel da atividade
física como um dos elementos decisivos à aquisição e manutenção da saúde, da aptidão física
e do bem-estar físico, pré-requisitos fundamentais para a vida, isto não parece ser suficiente
para mobilizar indivíduos sedentários a participar de programas dessa natureza, nem mesmo
para estimular e manter a adesão das pessoas que têm a atividade física como prescrição para
tratamento de doenças.
A prática de exercícios físicos e o bem-estar estão associados a bons níveis de saúde
em todas as faixas etárias, principalmente na idade adulta. Anos de inatividade promovem
uma redução nos anos de vida útil. Tão importante quanto se conseguir um grande número de
anos vividos é vivê-los com qualidade e funcionalidade. Para tanto, há a necessidade de
manter o corpo em atividade a fim de conservar as funções vitais de maneira satisfatória.
(NAHAS, 2001).
Os avanços tecnológicos trouxeram para a sociedade mundial um maior conforto,
contribuindo para uma redução do esforço físico em vários níveis. O elevador substituiu as
escadas, o carro as caminhadas, a internet permite compras, pesquisas e vendas sem
necessidade de locomoção, as brincadeiras infantis perdem espaço para os jogos eletrônicos.
Esses são alguns exemplos que contribuem negativamente para a saúde, pois, ao substituírem
a necessidade de exercitar o corpo, contribuem significativamente para elevar os riscos de
doenças hipocinéticas (SILVA, J., 2006).
De acordo com Nahas (2001), o organismo sempre foi ativo, desde os tempos em que
20
os ancestrais, pela necessidade de sobrevivência, caçavam, pescavam, fugiam, entre outros.
Na sociedade moderna onde a mecanização e tecnologia prevalecem, os esforços físicos
diminuíram, e aumentou o chamado lazer passivo, como televisão e computadores.
A redução da capacidade funcional ou a hipocinesia pode ser compensada através da
adoção de um estilo de vida saudável. Anteriormente, saúde era conceituada como a ausência
de doenças, porém na atualidade este conceito tornou-se mais abrangente e, segundo Nieman
(1999, p. 4), “[...] definida como um estado de completo bem-estar físico, mental, social e
espiritual, e não somente a ausência de enfermidades”.
Por sua vez, o bem-estar não deve ser considerado somente como um estado físico,
mas como um processo contínuo de mudanças e desenvolvimento na vida do ser humano,
fazendo com que este possa usufruir e conservar suas energias, sua saúde biopsicossocial, da
melhor maneira possível. Percebe-se então que adotar um estilo de vida ativo, em que se
inclui atividade física regular, pode reduzir significativamente o índice de doenças e, em
decorrência disso, menos mortes precoces. Cabe aqui salientar que, com o passar dos anos, as
dificuldades que surgem não devem impedir a motricidade. Portanto, para um melhor nível de
saúde (física, psicológica e social), recomenda-se a participação regular em programas de
atividade física (NAHAS, 2001).
A atividade física associa-se ao bem-estar e à saúde das pessoas em todas as faixas
etárias. Esses benefícios podem derivar da prática de exercícios físicos regulares, do estado de
saúde, da alimentação e de fatores hereditários. Para muitas pessoas, os benefícios da
atividade física estão relacionados à melhora de sua auto-estima, ao lazer, aos
relacionamentos sociais e familiares, entre outros, e são evidentes para o domínio das
capacidades cognitivas e psicossociais (WILMORE; COSTILL, 2001).
Ao longo da vida, as dificuldades que surgem não devem se tornar empecilhos para a
prática de atividades físicas. Um estilo de vida sedentário está entre os fatores que põem em
risco a saúde das pessoas. Ligado a essa vertente, emergem novas doenças na sociedade atual,
como distúrbios alimentares, dentre outras patologias, que podem ter ligação com o senso de
identidade e com a personalidade do próprio indivíduo, como ansiedade e estresse (McCABE;
RICCIARDELLI, 2003; GOBBI, 1997).
A melhor maneira de propagar e preservar a saúde na fase adulta e na velhice é
começar a prática de atividade física na infância e dar-lhe continuidade durante toda a vida.
21
Percebe-se então que a adoção de um ativo estilo de vida, incluindo a prática regular de
atividade física, tende a reduzir de maneira significativa o índice de doenças e,
conseqüentemente, de mortalidade precoce (KRAUS, 1997).
Compreender a relação existente entre o exercício físico e os aspectos psicobiológicos
tem sido tema central de alguns estudos e revisões (MELLO et al., 2005).
Pesquisando uma amostra de 401 adultos, Ross e van Willingen (1997) encontraram
relações positivas entre atividade física e o bem-estar psicológico. Além das mudanças
corporais e das transformações psicológicas que ocorrem no íntimo de cada um, a atividade
física transforma, também, as relações do indivíduo com o meio.
Diante disso, novas pesquisas vêm sendo desenvolvidas na tentativa de relacionar os
aspectos psicobiológicos com o exercício físico, podendo, dessa forma, acarretar melhora da
qualidade de vida e apresentar maior esclarecimento sobre a influência do exercício físico no
comportamento humano (MELLO et al., 2005).
A saúde humana é composta pela interação e equilíbrio dos mecanismos demonstrados
na Figura 1 (NIEMAN, 1999).
FÍSICA
SOCIAL
MENTAL ESPIRITUAL
FIGURA 1 – Interação-equilíbrio dos mecanismos de saúde humana.
Fonte: Nieman (1999, p. 114).
Por fim, com base no exposto, pode-se dizer que qualquer atividade física proporciona
uma melhora ao bem-estar físico, psicológico e social e, conseqüentemente, na vida,
independente da faixa etária (NAHAS, 2001).
SAÚDE
22
2.2 A IMAGEM CORPORAL
Embora o termo Imagem Corporal (IC) não seja novo, sua definição ainda é bastante
complexa, fazendo com que, muitas vezes, seja usada indiscriminadamente.
Conseqüentemente, isto tem levado às interpretações equivocadas, fazendo com que imagem
corporal, esquema corporal e corporeidade sejam usados como sinônimos.
Segundo Cash (1994), a imagem corporal está relacionada à experiência psicológica
que o indivíduo tem sobre a aparência e funcionamento do seu próprio corpo. Adami et al.
(2005) argumentam que este complexo fenômeno envolve os aspectos cognitivos, afetivos,
sociais e motores, estando associado ao conceito que a própria pessoa faz de si.
Schilder (1999) também entende a imagem corporal como a referência que a pessoa
tem de si mesma. Ou seja, é a forma como o corpo se apresenta para ela.
De acordo com Gardner (1996), a imagem corporal pode ser definida como a projeção
mental da estrutura corporal por meio da análise das medidas, dos contornos e da forma
corporal agregada a sentimentos de auto-estima e caracterização de segmentos corporais. O
componente subjetivo da imagem corporal refere-se à satisfação pessoal com tamanho
corporal ou partes específicas do corpo.
Considerando que a percepção do próprio corpo é dinâmica e histórica, a imagem
corporal é construída nas diversas fases da existência humana (ADAMI et al., 2005),
desenvolvendo-se do nascimento até a morte, dentro de uma estrutura complexa e subjetiva,
sofrendo modificações que implicam a construção contínua e a reconstrução incessante,
resultante do processamento de estímulos (MATARUNA, 2004).
Para Schilder (1999), o conhecimento do corpo resulta de um esforço contínuo,
fazendo com que o desenvolvimento ocorra pela experiência, erro e acerto, esforço e
tentativa. Só dessa forma pode-se atingir o conhecimento organizado do corpo, sendo que o
modelo postural está em perpétua autoconstrução e autodestruição interna; vive em contínua
diferenciação e integração.
Essa construção se dá pelas interações existentes entre o ser e o meio no qual este
habita (ADAMI et al., 2005), uma vez que o corpo é uma construção que se dá segundo uma
situação global e social (SCHILDER, 1999).
23
Vários fatores podem influenciar no seu processo de formação, dentre eles Damasceno
et al. (2005) apontam o sexo, a idade e os meios de comunicação, além da relação do corpo
com os processos cognitivos como crença, valores e atitudes inseridos em uma cultura. No
entanto, para os autores, são as normas socioculturais que têm perpetuado o estereótipo da
associação entre magreza e atributos positivos, principalmente entre as mulheres.
Essa discriminação em relação ao excesso de gordura pode estar relacionada a
estigmas que são construídos pela sociedade, pois, de acordo com Almeida et al. (2005), com
o decorrer da história, as culturas tendem a estigmatizar traços ou comportamentos que sejam
considerados desviantes da norma. Sob esta ótica, a percepção do tamanho corporal vem
sendo associada a valores culturais.
Assim, a IC pode estar influenciada por padrões e normas estabelecidas por
determinados setores e classes sociais, pois, segundo Almeida, Loureiro e Santos (2002),
estudos sobre a insatisfação e preocupação com a auto-imagem e sua depreciação e distorção
mostram uma forte influência dos fatores sócio-culturais.
Para Gardner (1996), a IC é diretamente influenciada pelas estruturas socioculturais
que a direcionam para modelos físicos estereotipados da sociedade contemporânea, fazendo
com que haja um conflito entre o corpo real e o corpo ideal. O corpo é entrelaçado às
restrições e cobranças sociais, repartindo espaço com a frustração e a insatisfação com os
arquétipos físicos apresentados como sendo o correto e o belo (BARROS; BANKOFF;
SCHMIDT, 2005).
2.3 O CORPO
Desde os primórdios da civilização até os dias atuais, grandes transformações vêm
sendo sofridas pelo homem e mudando consigo as conquistas do conhecimento e da ciência.
Tais transformações acontecem em todos os contextos e, em específico, no modo de a pessoa
ser e se conceber como ser humano. Dessa forma, o corpo também assumiu concepções
diferentes ao longo do contexto sócio-histórico. Pode-se afirmar que existem dois corpos
diferentes dentro destas concepções: o corpo orgânico, biológico, matéria e o corpo ente, ser,
sujeito de si e dos seus atos (LOBO FILHO, 2003).
Segundo Erthal (1991), a noção de corpo mostra-se essencial para a afirmação da
24
identidade. As sensações e os movimentos oferecem a consciência constante de identidade aos
indivíduos, uma vez que, conforme se experimenta no mundo, o indivíduo vai se conhecendo
como ser.
A partir da perspectiva fenomenológica, a ação do corpo passa a ter uma posição
única; está centrada na relação do sujeito com o mundo. Essa noção constitui-se no momento
de integração das experiências sentidas, tendo o corpo vívido o mesmo lugar da relação com o
mundo. O corpo torna-se, ao mesmo tempo, objeto e sujeito (TOSI, 1994).
A dicotomia entre o corpo biológico e o corpo ser está presente na cultura humana, e,
segundo Carmo Jr. (2005), não há como recusar o dualismo a partir da afronta do homem
contra a natureza.
A necessidade de descortinar um conceito de corpo fez com que o conhecimento
filosófico percorresse um curso histórico significativo, instituído a ter corpo e, com isso,
sentido, nada contrário ao saber sensitivo. O saber ler o corpo, um tipo de conhecimento
cuidadoso e lento, de penúria pelo preço legado do pecado religioso e pelo apreço do legado
de os indivíduos serem corporais diante da estrutura natural, nega qualquer conceito, um
dualismo mais contundente do que parece (CARMO Jr., 2005).
A partir da civilização grega, berço da cultura ocidental, surge um novo homem,
colocado em oposição às coisas; colocado, de um lado, o homem e do outro, a natureza. Foi
preciso compreender o motivo pelo qual o corpo como entidade se transforma em organismo
e vice-versa, reforçando assim o dualismo carregado pelo homem.
[...] O Homem é um corpo sensível, composto de contrários, portanto
corruptível, e na medida em que o é sujeito à mortalidade; os sentidos só nos
dão a opinião dos mortais; mas, por outro lado, o homem participa dos nus
(mente) que, como o ente, uno e eterno; e na medida em que ele se une,
imortal e divino, Theidon. Os dois modos capitais do ser humano, a
sensibilidade corpórea (Aithesis) e a mente ou nus, inserem o homem em
uma ordem dúplice e contraposta, e assim fica ele suspenso entre dois
mundos, tenso entre ambos, capaz de optar, em certo sentido, por um outro,
porém sem poder prescindir de nenhum deles [...] (MARIAS, 1977, p. 15).
Para Carmo Jr. (2005), na filosofia da natureza primada por Homero, o homem deveria
assemelhar-se ao divino, assim a educação do corpo se tornaria a educação estética no homem
pela visão e pela emoção. Já com Sócrates (470-399 a.C.), o discurso passa a inspirar-se na
experiência da alma sem a exclusão do corpo, e este, no dado volitivo, aquele que fala e se
25
expressa como fonte dos supremos valores humanos, dando à existência o caráter concreto da
interioridade e à pureza da alma a presença do ente corporal. Segundo o mesmo autor, o corpo
humano conhecido por Sócrates e que se apóia numa ciência da natureza seria parte das artes
médicas, única parte da ciência da natureza que se baseava em experiência real e observação
exata.
Para Platão, a pessoa é a medida de todas as coisas. Nesse sentido, o objeto final de
todas as ciências inclui o bem, o belo e o justo. Os dois mundos de Platão, o mundo
incorpóreo (espiritual) e o mundo corpóreo (material), são expressos por apenas um numa
unidade quase invariável, possuindo funções distintas, porém, nem um nem outro poderiam
desenvolver a própria função isoladamente (CARMO Jr., 2005).
Para Aristóteles, a orientação do homem é antropológica, o corpo como discurso
filosófico se fixa no solo da razão e nele o mundo sensível adquire a forma, a substância
necessária para as primeiras experiências com um corpo humano vivo, biologicamente
sensível. A visão de mundo dominante na Europa antes do século XVI estava voltada para
uma concepção orgânica, sustentada em Aristóteles e nos ensinamentos da Igreja. A estrutura
científica, firmada por Tomás de Aquino (século XIII), afirma a interdependência entre os
fenômenos materiais e espirituais, colocando as necessidades individuais como subordinadas
às da comunidade (CAPRA, 1982).
Para Descartes (1596-1650), a mente possuía privilégios em relação ao corpo e não
havia nada que os assemelhasse, eram diferentes. Não havia nada no conceito da mente que
pertencesse ao corpo, e nada no conceito do corpo que pertencesse à mente. Chegou à
conclusão de que, segundo Descartes, mente e corpo pertenciam a dois domínios paralelos,
mas fundamentalmente diferentes, cada um dos quais poderia ser estudado sem referência ao
outro. O corpo era governado por leis mecânicas, mas a mente – ou alma – era livre e imortal
(CAPRA, 1982).
Toda percepção se dá no mundo, não é subjetiva, não está dentro do ser, mas é
mediada por um corpo, e o corpo é o hábito. O hábito é uma co-presença não evocada, co-
presença de um passado que está à disposição. Entretanto, tem-se um hábito (passado), mas
também se tem a capacidade de criação (horizonte futuro), de instaurar uma nova conduta.
Para Merleau-Ponty (1994), o corpo é o veículo do ser no mundo, pois através do
corpo o indivíduo tem consciência do mundo visando à experiência sensível imanente à
26
corporeidade, como uma região de sentidos que não se limita a seus significados histórico-
culturais, pois representa a abertura ao Ser em geral. Assim, as construções lingüísticas da
realidade acontecem por meio da percepção do corpo e sua vivência no mundo, constituindo
um Ser-no-mundo, possuidor de um corpo-próprio.
Para o autor, o corpo é o ponto de apoio de percepções e sensações na expressão da
existência do indivíduo, de forma que a consciência é o ser para a coisa por intermédio do
corpo, e o corpo é a forma escondida do ser próprio. Nesse sentido, é através das percepções
sentidas e vivenciadas pelo corpo que o ser toma consciência de si, do próximo e do mundo.
Assim, ao se tratar da percepção corporal reporta-se à vivência dos corpos no mundo e
à experiência sentida por eles, incorporadas como expressões reais vividas conscientemente
pelo sujeito.
2.4 CORPO REAL E CORPO IDEAL
A partir dessa relação interpessoal existente nas relações humanas, é possível perceber
que modelos corporais são formados constantemente. A cada novo olhar imbuído de emoções
e pensamentos dado em outros corpos, esse modelo corporal é desmanchado e reconstruído.
Os processos de identificação, personificação e projeção têm papel importante nesse contínuo
desenvolvimento da imagem corporal (TAVARES, 2003). Assim, cada época passa a
representar seus padrões de beleza de forma e a privilegiar as tendências mais marcantes em
um largo sentido (BARROS; BANKOFF; SCHMIDT, 2005).
Segundo Adami et al. (2005), a busca por uma imagem de corpo que corresponda aos
estereótipos tidos como ideais é um dos fenômenos mais impressionantes na Sociedade
Contemporânea, uma vez que a percepção sobre o próprio corpo é carregada de valores de
juízo.
Ao analisar as normas sociais em relação ao corpo, nota-se que, por muito tempo, o
acúmulo de gordura foi visto como sinais de prosperidade e saúde (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 1997; VIUNISKI, 2003). Hoje, o excesso de gordura, além de ser
considerado como um problema de saúde pública mundial (VIUNISKI, 2003; RABELO;
MARTINEZ, 2005), configura-se como um padrão corporal não aceito.
27
Os corpos grandes e arredondados em dados períodos foram considerados
sinais de opulência e poder, tendo, assim, uma valorização positiva, em
contraste com a desvalorização e cobrança que marcaram as últimas décadas,
tendentes a valorizar corpos esbeltos e esguios (ALMEIDA et al., 2005, p.
28).
Stunkard e Sobal (1995) expõem que, nas últimas décadas, as pressões sociais para se
ter um corpo esbelto têm se intensificado e comumente pessoas com sobrepeso são referidas
de forma depreciativa. Por serem estigmatizados, o preconceito e a discriminação com
pessoas obesas devido à sua aparência física, na sociedade atual, são comuns.
O ideal de corpo é um aspecto constantemente avaliado em relação a uma
imagem ideal. É um aspecto complexo, dinâmico, que raramente preferimos
confrontar conscientemente. As pessoas desenvolvem diferentes
significações de ideais do espaço do corpo, ditadas pelas normas sócio-
culturais (PEDROLO; ZAGO, 2002, p. 51).
Lacocque (1991) afirma que constrangimentos caracterizam-se por meio da imagem
do seu próprio corpo como grotesco, esperando dos outros reações de desprezo e depreciação.
No entanto, sintomas associados a este processo de depreciação da auto-imagem pioram um
prognóstico de sucesso em tratamento de diversas patologias ligadas ao corpo.
As influências socioculturais ficam muito lógicas quando os ideais de beleza corporal
ao longo da história humana são analisados. De acordo com Roma, Lebre e Vasconcelos
(2003), após inúmeras alterações no ideal corporal, no século passado e início deste, a
sociedade ocidental adotou o corpo magro como ideal de corpo, e as pressões sociais na
cultura ocidental para obtenção de uma figura corporal excessivamente magra são cada vez
mais acentuadas.
Embora também ocorram entre os homens, as pressões relativas à beleza são mais
fortes entre as mulheres (NOVAES; VILHENA, 2003), pois modelos estéticos e sociais
moldam a anatomia do corpo feminino, modificam seu discurso, alteram o status em que estão
inseridos, exibindo regras morais e censuras corporais (BARROS; BANKOFF; SCHMIDT,
2005).
Segundo Labre (2002), a imagem corporal da mulher está fortemente relacionada à
valorização do corpo magro, disseminando a perda de peso. De acordo com Olivier (1999), a
beleza acaba se tornando um fator primordial para sobrevivência social feminina.
28
Cash (1994), em estudo realizado com 803 mulheres norte-americanas, constatou
insatisfação com a massa corporal em 46% delas, sendo o tórax (41%) e o abdômen (51%) os
principais pontos de descontentamento. Neste sentido, Bergström, Stenlund e Svedjehall
(2000), em estudo realizado com adolescentes e jovens adultos, ambos os sexos, constataram
que 95% dos homens e 96% das mulheres pesquisadas superestimavam seu tamanho corporal,
acreditando apresentarem um corpo em maior dimensão que o real. Além disso, em estudo
feito com 1.000 espanhóis, de ambos os sexos, Madrigal-Fritsch et al. (1999) observaram que
4% das mulheres analisadas mostraram uma percepção corporal equivocada em relação ao
real.
Fowler (1989), em estudo realizado com adolescentes norte-americanas, na faixa etária
de 13 a 17 anos, constatou que a massa corporal interfere na formação e distorção da imagem
corporal. Decorrente dessa imagem corporal imprecisa, ou distorcida, Creff e Herschberg
(1983) apontam que o emagrecimento pode deixar uma imagem de gordo fantasma que o
obeso emagrecido não deixará de habitar e reabitar, criando assim, uma condição suplementar
de recaída.
A imagem corporal é algo fortemente estruturado na mente do indivíduo, podendo
sofrer pequenas modificações ao longo da vida do indivíduo, mas praticamente muito dificil
de ser fortemente alterada (CASH, 1994).
Moretti e Rovani (1995) desenvolveram um estudo com 181 adolescentes do sexo
feminino de 12 e 20 anos, que registrou a não associação significante entre sentimentos
positivos e negativos com a imagem corporal, detectando haver predominância de
sentimentos negativos em relação à imagem corporal no aspecto físico.
Por sua vez, Pesa, Syre e Jones (2000) associaram diferenças psicossociais e peso
corporal entre 3.197 adolescentes norte-americanos participantes de um estudo nacional,
concluindo que as adolescentes que apresentavam sobrepeso sofriam de baixa auto-estima.
Segundo Cash (1994), o descontentamento relacionado ao peso, o que muitas vezes
leva a uma imagem corporal negativa, advém de uma ênfase cultural na magreza e estigma
social da obesidade.
O olhar do corpo é inibido e coagido a privar-se de sua liberdade de
expressão estética. Sê-lo apenas já não é mais suficiente para controlar sua
identidade ideológica. É preciso adequar-se às introduções disciplinares e
29
utilitárias dos novos modelos femininos e belos da atualidade. A gradativa
aceitação desses modelos trará, conseqüentemente, o desejo transformador
do indivíduo para internalizar o fato de que é preciso ter um corpo ideal para
que a visão alimentadora do pragmatismo social seja, enfim, realizada
(BARROS; BANKOFF; SCHMIDT, 2005, p. 95).
Não basta apenas ser identificado como parte de uma função social; mais importante é
manter-se focado na presunçosa utilidade que um corpo ideal tem estética e moralmente
(BARROS; BANKOFF; SCHMIDT, 2005), pois os corpos que se desviam dos padrões de
uma normalidade utilitária não interessam (SOARES, 2002).
Diante de um modelo corporal idealizado pela sociedade, Roma, Lebre e Vasconcelos
(2003) expõem que o corpo real acaba sendo reduzido a um corpo ideal.
A mudança ocorrida na imagem corporal gera uma corrida para igualar-se ao
objeto (corpo) de desejo observado. Na maioria dos casos, essa observação é
negativa e o julgamento pode ser castrador, pois encerra uma desvalorização
eminente de nossa própria imagem. Não gostar do corpo relata a influência
que os modelos sociais têm em nossa vida diária (BARROS; BANKOFF;
SCHMIDT, 2005, p. 99).
Dessa forma, o estado emocional, conflitos psíquicos e contatos com o mundo podem
configurar-se como fatores influenciadores na percepção sobre o próprio corpo (CAPISANO,
1991; OLIVIER, 1995). O conhecimento sobre a imagem corporal e o contentamento do
indivíduo com esta são de suma importância para saúde, pois segundo Roma, Lebre e
Vasconcelos (2003), o descontentamento com a imagem corporal é considerado fator de risco
para patologias alimentares. Também para Cooper (1995), o descontentamento com a imagem
corporal tem se configurado num potencial fator de risco ao desenvolvimento de patologias
alimentares.
Considerando-se que o envolvimento com o exercitar em parte está relacionado à
percepção sobre o próprio corpo, conforme exposto por Schilder (1999), verificam-se os
objetivos desta pesquisa.
30
3 OBJETIVOS
31
3.1 OBJETIVO GERAL
Analisar em mulheres praticantes de exercícios físicos regulares a percepção de sua
imagem corporal.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Analisar os relatos individuais sobre a percepção dos benefícios do exercício físico
regular na imagem corporal.
Analisar, no discurso das participantes, o processo de interferência do exercício físico
em sua imagem corporal, comparados antes e depois da prática.
Investigar, no relato das participantes, o grau de satisfação e insatisfação de sua
imagem corporal em mulheres praticantes de atividade física.
32
4 A PESQUISA
33
Neste capítulo, apresenta-se o caminho percorrido durante a trajetória da investigação,
mostrando os passos da metodologia fenomenológica aplicada neste estudo.
4.1 O CAMINHO METODOLÓGICO
A abordagem metodológica utilizada neste estudo é a Pesquisa Qualitativa, cuja forma
elucidativa e subjetiva permite uma interação entre a realidade das entrevistas e o objeto
pragmático que é a prática de exercício físico e a sua percepção da imagem corporal
(MARTINS; BICUDO, 1989). Para a coleta dos dados, foi utilizado um diálogo (entrevista
semi-estruturada), colocando uma questão que pudesse revelar a possível influência da prática
de exercíco físico na realidade corporal de cada entrevistada em relação à sua imagem
corporal.
A organização dos dados foi feita através da análise dos discursos das participantes,
em que o desenrolar do texto permite, de acordo com Orlandi (2000, p. 26), “[...] uma
explicitação dos processos de significação presentes no texto e permite que se possam
‘escutar’ outros sentidos que ali estão, compreendendo como eles se constituem”. Ou seja, a
análise possibilita compreender o processo investigativo, mesclando-o com o processo
discursivo, construindo assim um texto objetivo que traz as implicações tangíveis no que se
refere ao tema abordado.
4.2 CONHECENDO A FENOMENOLOGIA
Tratando-se de um estudo qualitativo, de cunho descritivo, tem-se como aporte teórico
a fenomenologia, que, segundo Merleau-Ponty (1971, p. 4), “[...] é o estudo das essências as
quais problematizam e definem novas essências. Uma filosofia onde se compreende o homem
e o mundo a partir da sua factilidade”. Dessa forma, o pesquisador insere-se no fenômeno a
ser observado, analisando-o à luz de seu desvelamento.
Com isso, longe de um ritual metodológico pré-estabelecido e de categorias
elaboradas, esta pesquisa se estrutura dentro de um movimento peculiar em que o objeto de
pesquisa se institui no próprio processo de investigação em suas diferentes facções, enquanto
fatos do fenômeno que explicitam.
34
A fenomenologia é uma atitude frente ao fenômeno, em que é revelado o modo de ser
do indíviduo, um pressuposto metodológico para descrição e análise da consciência, através
do qual a filosofia tenta obter um caráter estritamente científico. Foi criada por Edmund
Husserl (1849-1938), filósofo alemão nascido em Prossnit e falecido na Alemanha. Esta
filosofia nasceu como reação e ruptura ao idealismo e ao empirismo positivista, tendo como
meta a “volta às coisas mesmas”. Edmund Husserl designava como mundo-vivido a presença
imediata de um ser realidade por ele vivida, inserido no “mundo-próprio” tal como é
encontrada a sua experiência cotidiana. Nesse sentido, trata-se de uma atitude sobre o modo
do ser-no-mundo, dotado de um corpo-próprio, que pensa e questiona o mundo. É uma
caminhada rumo às coisas mesmas, tais como são e se apresentam, tratando de descrever os
fenômenos (GHISELLI, 2004).
A fenomenologia privilegia a concepção de intencionalidade da consciência. Por
intencionalidade entende-se ser o ato de atribuir um sentido, unificando a consciência e o
objeto, a pessoa e o mundo. É a intencionalidade da pessoa que gera o significado. Assim, o
pesquisador põe em suspensão o fenômeno investigado, abandonando a atitude natural,
permitindo ver o mundo sem pressuposições, pois o mundo está aí, tal como é, mesmo antes
da reflexão. A fenomenologia utiliza-se da redução fenomenológica que se caracteriza pela
suspensão das crenças, valores, pré-concepções. Essa redução, também denominada epoché e
tem como finalidade o isolamento do fenômeno (MARTINS; BICUDO, 1989).
A trajetória metodológica constitui-se em três momentos: a descrição, a redução e a
compreensão fenomenológica. Inicialmente, coloca-se o fenômeno em suspensão, assumindo
as posturas fenomenológicas, deixando de lado a atitude natural de pensar comum e iniciando
a descrição (GHISELLI, 2004).
Ao descrever o fenômeno, busca-se a fidelidade, procurando abstrair de qualquer pré-
conceito, buscando “[...] exclusivamente aquilo que se mostra, analisando o fenômeno na sua
estrutura e nas suas conexões intrínsecas [...]” (BICUDO; ESPÓSITO, 1997, p. 60). Descrito
o fenômeno, passou-se a selecionar a essência da descrição.
35
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
36
Para um melhor entendimento, mostra-se passo a passo como foi realizada a pesquisa,
qual o cenário de investigação, quem são as participantes, quais suas características pessoais e
quais foram os procedimentos de análise dos resultados.
5.1 CENÁRIO DA PESQUISA
O bairro Moreninhas foi fundado em 31 de dezembro de 1981, ocupa hoje a quarta
posição populacional quando comparado aos 78 municípios do Estado do Mato Grosso do
Sul, e possui 70.000 habitantes, conforme o Censo 2000 (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSITICA, 2002). Denominada “Região das Moreninhas”, é composta
por dez bairros adjacentes, a saber: Vila Cidade Morena, Jardim Gramado, Santa Felicidade,
Nova Capital, Moreninhas I, II, III e IV, Vila Brasil e Nova Conquista. Está localizada a 16
km do centro da cidade de Campo Grande, MS. Com uma população tão significativa, o
governo de Estado de Mato Grosso do Sul construiu o Parque Jacques da Luz, suprindo a falta
de um local destinado ao lazer e à prática de atividade física regular.
O Projeto “Atividade Física e Saúde – Moreninhas” surgiu em novembro de 2002, por
meio de um convênio de cooperação mútua entre a Universidade para o Desenvolvimento do
Estado e da Região do Pantanal (UNIDERP), Secretaria da Juventude do Esporte e Lazer
(SEJEL) e Fundação Manoel de Barros.
O referido projeto objetiva à iniciação esportiva em diversas modalidades esportivas e
também atividades físicas para saúde, como axé, ginástica localizada, hidroginástica,
procurando desenvolver as potencialidades individuais no campo físico, afetivo e cognitivo,
para promover saúde, bem-estar e prática de atividades físicas de forma regular, em
indivíduos entre 18 a 70 anos. É neste universo que se configura o campo de pesquisa.
5.2 AS PARTICIPANTES
A escolha das participantes desta pesquisa emergiu a partir de bases reflexivas
constituídas ao longo da trajetória profissional deste pesquisador, na qual houve a
oportunidade de atuar como professor de atividades físicas durante cinco anos.
Nesse sentido, para a seleção das participantes colaboradoras deste estudo, utilizou-se
37
a forma voluntária de participação. No primeiro contato, foi explicada a intenção da pesquisa
e seus objetivos; as participantes que concordassem responderiam à pergunta norteadora do
estudo. Dez mulheres voluntárias constituíram a população da pesquisa. As informações então
utilizadas foram autorizadas por meio de um termo de consentimento livre e esclarecido,
obtido com as dez participantes, todas do sexo feminino, com idade entre 35 e 49 anos,
regularmente presentes em atividade física no projeto Atividade Física para a Saúde, há mais
de um ano. Por ser muito flutuante a participação nesse tipo de projeto, estabeleceu-se como
critério de inclusão a participação por mais de um ano nas atividades físicas.
Após o contato inicial com as envolvidas, as entrevistas eram agendadas de acordo
com a sua disponibilidade, e reservada uma sala no próprio projeto, para a garantia de
privacidade entre as entrevistadas, de modo que elas pudessem falar de suas vivências.
O trabalho de coleta dos depoimentos iniciou-se por meio da leitura da pergunta
“Quais as influências que a prática de exercícios físicos regulares traz para seu corpo?”. Essa
única pergunta realizada de maneira clara e de fácil entendimento foi o eixo norteador deste
estudo e permeou todo o processo de análise dos depoimentos.
Para melhor organização no desenvolvimento da pesquisa, as participantes foram
codificadas e numeradas. Utilizou-se a letra “P” para denominar a participante e, na
seqüência, o número correspondente a cada uma delas (ex.: P1).
5.3 CARACTERIZAÇÃO DAS PARTICIPANTES
Descritas as particularidades das participantes da pesquisa, mostram-se a seguir as
idades, as profissões, as principais práticas físicas, períodos das práticas e o tempo de
frequência no projeto.
38
QUADRO 1 - Descrição das participantes da pesquisa
Código Participante Descrição
P1 1 Tem 37 anos, casada, possui um filho, trabalha com serviço autônomo,
freqüenta o Projeto há dois anos, faz ginástica localizada e axé, duas vezes
na semana, com dias intercalados, com duração de uma hora, no período
vespertino.
P2 2 Tem 35 anos, casada, possui um filho. Trabalha no período vespertino e
noturno. Freqüenta o projeto há um ano, faz hidroginástica no período
matutino, quatro vezes por semana, com duração de 45 minutos.
P3 3 Tem 36 anos, casada, tem um filho, é universitária no período matutino.
Freqüenta o projeto há um ano e seis meses, faz aula de axé duas vezes na
semana, com duração de uma hora, no período vespertino.
P4 4 Tem 40 anos, não trabalha, solteira, freqüenta o projeto há um ano, faz
hidroginástica quatro vezes na semana com duração de 45 minutos, no
período vespertino.
P5 5 Tem 48 anos, casada, possui três filhos, é lides do lar. Freqüenta o projeto
há um ano e oito meses, faz hidroginástica quatro vezes na semana, com
duração de uma hora, no período vespertino.
P6 6 Tem 45 anos, separada, possui dois filhos, lides do lar, freqüenta o projeto
há dois anos, faz ginástica localizada e axé duas vezes na semana, em dias
intercalados, com duração de uma hora no período vespertino.
P7 7 Tem 38 anos, não tem filhos, universitária, estuda no período noturno.
Freqüenta o projeto há um ano e dois meses, na modalidade axé, duas vezes
por semana com duração de 1 hora, e hidroginástica, três vezes na semana
com duração de 45 minutos, ambas no período vespertino.
P8 8 Tem 49 anos, casada, possui três filhos, é lides do lar. Freqüenta o projeto
há um ano, faz hidroginástica quatro vezes na semana, com duração de 45
minutos, no período vespertino.
P9 9 Tem 40 anos, casada, diarista. Freqüenta o projeto há um ano e faz ginástica
localizada e axé duas vezes na semana em dias intercalados, com duração de
uma hora, no período vespertino.
P10 10 Tem 42 anos, casada, lides do lar, tem uma filha, freqüenta o projeto há dois
anos e dois meses faz axé e ginástica localizada duas vezes na semana, cada
modalidade em dias intercalados, com duração de 1 hora.
5.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE
Foi utilizado como instrumento de informação o depoimento das participantes, o qual
consiste em uma pergunta investigando a relação da percepção da imagem corporal com a
prática de atividade física regular, que serão tratadas pelas análises ideográficas e nomotética.
Foram coletadas as falas das participantes, de forma que esta pudesse expressar e relatar sua
39
opinião com liberdade, a ótica sobre sua imagem corporal com a prática de exercício físico
regular, a partir da pergunta “Quais as influências que a prática de atividade física regular traz
para seu corpo?”.
Os discursos reais produzidos pelos indivíduos ou grupos revelam e ocultam o que
estão pensando e dizendo. Talvez seja desconhecido para eles mesmos o que as palavras
significam, mas, de qualquer forma, deixam um pouco de traços verbais dos seus
pensamentos, que devem ser decifrados e restituídos, tanto quanto possível, na sua vivacidade
representativa. Assim, pela articulação da palavra, o ser expressa o seu eu-no-mundo e se abre
ao mundo dos entes envolventes. É por meio do discurso que se opera o desvelamento dos
significados concretos do mundo (GHISELLI, 2004).
Após coleta de informações, realizou-se uma leitura cuidadosa das descrições,
buscando familiarizar o pesquisador com as falas das mulheres como um todo, em uma
compreensão global e intuitiva do modo de ser e viver de cada uma, para em seguida realizar
as reduções pela análise ideográfica, norteada pela questão investigadora e destacar as
unidades de significação, também denominadas de asserções.
Dessa forma, após debruçar sob os relatos das participantes, extraíram-se as unidades
de significado – descrições que se relacionam entre si e que mostram sentimentos
identificados pelas participantes como focos de sua atenção – sem a preocupação de enumerar
fatos, mas buscando o significado que as falas anunciadas têm enquanto fenômenos.
O segundo passo seguido após a extração das unidades de significação foi descrevê-las
na linguagem do pesquisador, mantendo um distanciamento e realizando o movimento de ir e
vir, norteado pela questão investigativa, para explicitar e registrar os significados que tem
para as participantes o fenômeno, denominado discurso articulado, demonstrado nos Quadros
2-11 (APÊNDICE B).
Após a elaboração do discurso articulado foi possível estabelecer as convergências
encontradas nas descrições, agrupando as unidades de significação de todas as descrições em
temáticas maiores (QUADROS 12-21, APÊNDICE B). As temáticas apontam para os
aspectos essenciais do fenômeno, levando à compreensão do corpo-próprio de cada
participante colaboradora da pesquisa.
Uma vez definidas as temáticas que interligam as unidades de significação, estas
40
foram novamente reagrupadas em categorias abertas, momento este em que foi refletido o que
o pesquisador pensou sobre a experiência que outra pessoa descreveu. Essas etapas da
pesquisa são descritas nos quadros da análise ideográfica e no quadro das convergências. Em
seguida, para uma melhor visualização, são apresentadadas nos Gráficos 1-6 (APÊNDICE B).
Até este momento são colocados em suspensão os valores, crenças, percepções e pré-
conceitos do pesquisador, como forma de chegar ao fenômeno. Após a organização das
categorias abertas, foi construída a análise e descrição dos resultados. Este momento,
denominado Hermenêutica, foi da interpretação do próprio fenômeno investigado pelo
pesquisado. Fica claro que a Fenomenologia não dá as coisas por acabadas, permitindo e
pedindo que outras interrogações e novos desvelamentos sejam realizados e estudados.
5.5 ASPECTOS ÉTICOS
Esta pesquisa foi realizada respeitando os requisitos e normas da Resolução n. 196, de
10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde (CNS) (BRASIL, 1996). A
autorização para realizá-la foi efetivada pelo coordenador geral do parque, por ser
representante dos projetos da prefeitura. Desse modo, colheu-se a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido por todos os participantes da pesquisa (APÊNDICE A).
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (ANEXO). Os participantes
que colaboraram com a pesquisa tiveram seus nomes sob sigilo, e as entrevistas coletadas não
serão divulgadas individualmente, e sim, de uma forma sistematizada. Desse modo, a
confiança no pesquisador proporcionou um ambiente favorável para o desenvolvimento da
pesquisa.
O pesquisador estava ciente da Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996, do
Conselho Nacional de Saúde, e demais resoluções complementares que estabelecem as
normas e diretrizes para o desenvolvimento de pesquisas com seres humanos (APÊNDICE
A).
41
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
42
Ao serem interrogados sobre “Quais as influências que a prática de exercícios físicos
regulares traz para seu corpo?” as participantes tiveram que se centrar sobre o seu corpo-
próprio, sua imagem corporal, sua vivência ao freqüentar o Projeto e suas aspirações e
resultados encontrados, manifestando assim, sua percepção do fenômeno.
Assim, ao refletir sobre as categorias que emergiram, as quais desvelaram a essência
do fenômeno investigado, assume-se a autoria dos significados achados nos discursos,
esclarecendo que, até o momento, as crenças, valores, pré-conceitos e percepções foram
colocados em suspensão, para chegar ao fenômeno estudado.
Após as análises realizadas, os resultados encontrados são apresentados de acordo com
as temáticas e as categorias abertas. Nesse sentido, passou-se a analisar sob a perspectiva da
ontologia da Fenomenologia.
6.1 ENCONTRANDO-SE COM O PROJETO
Foi necessário estabelecer os motivos que levaram as participantes a ingressarem nas
atividades desenvolvidas no Projeto das Moreninhas, para que a intencionalidade de cada uma
pudesse ser desvelada. Percebe-se que cada uma das participantes foi encaminhada de acordo
com suas necessidades pessoais. Esta categoria pode ser mais bem compreendida com o
desdobramento das temáticas que a geraram, relacionadas a seguir: orientação médica;
patologia manifestada; iniciativa própria.
6.1.1 Orientação médica e patologias manifestadas
As pessoas que buscaram o Projeto por orientação médica encontravam-se em
tratamento de saúde, sendo orientadas pelo médico a realizar alguma atividade física para
auxiliar no tratamento das patologias manifestadas.
Procurei o Projeto por orientação médica já que tenho diabete do tipo dois
e sentia muitas dores nas pernas, para não ter que tomar remédio optei por
fazer atividade física. (P1.A1)
Procurei o Projeto por orientação médica, pois estava com Hipertensão
ocasionada pelo estresse do meu serviço. (P2.A1)
43
Procurei o Projeto por orientação médica, pois tenho depressão
ocasionada pela minha obesidade. (P3.A1)
O exercício físico regular também auxilia no combate à ansiedade, ao estresse e à
depressão, elevando a auto-estima e influenciando de maneira positiva o dia-a-dia das
pessoas. Utilizada como coadjuvante no tratamento de doenças, ela proporciona, ainda, um
bem estar generalizado, influenciando também de maneira positiva a saúde física e
psicológica, afetiva e social (SILVA, C., 2006).
Para Tritschler (2003), a atividade física mostra vários benefícios, como melhora na
prevenção de lombalgias gerada por um enfraquecimento muscular e melhor controle da
pressão arterial e dos batimentos cardíacos. Portanto, os efeitos da atividade física também
englobam as doenças crônicas no controle efetivo do nível de colesterol, glicose, pressão
arterial e desempenho melhor nas atividades de vida diária (AVDs).
A busca pela atividade física demonstra a mudança de hábitos de vida, evitando o uso
descontrolado de remédios e, em contrapartida, propicia um estilo de vida que proporcione
uma melhoria no estado geral da pessoa.
6.1.2 Iniciativa própria
As pessoas que buscaram o Projeto por iniciativa própria optaram por realizar a
atividade física para sanar uma sensação de mal-estar ocasionada por algum problema
psicológico, como a baixa estima, a ansiedade, o aumento de peso corporal.
Procurei o projeto por conta própria por me sentir acima do meu peso, com
dores nas costas e ansiedade. (P4.A1)
Procurei o Projeto porque estava com minha auto-estima baixa causada em
razão da minha separação. (P6.A1)
Essa busca pela atividade física mostrou-se como uma possível solução ao sofrimento
vivido pelas participantes em determinado momento da sua vida. Ao vivenciar a separação
conjugal, a baixa estima manifestada encontrou na prática de atividade física a possibilidade
de convivência e a socialização com outras pessoas, estabelecendo um novo círculo social, e
novos vínculos afetivos.
44
A procura pelo projeto para se sentir bem, evidencia a sua preocupação com um estado
geral de bem-estar físico, mental, social e afetivo. Sabe-se que estar bem implica não apenas
um estado de saúde, mas também uma harmonia dos aspectos ontológicos do ente.
Procurei o projeto por conta própria a minha intenção foi de fazer
atividade física para me sentir bem. (P10.A1)
O estado de ânimo é o modo de a pessoa referir-se ao mundo, aos entes, às outras
pessoas, a si mesmo, sendo um modo de ser-no-mundo. É através dos estados de ânimo que os
as coisas fazem sentido e através deles é que os significados mudam. As emoções do ser
ganham sentidos e dão sentidos à própria maneira de ser na vida.
6.2 DESENCANTANDO-SE COM A IMAGEM CORPORAL
A busca por um corpo ideal, mistificado pela mídia desenfreada na sociedade
contemporânea, estabeleceu padrões de beleza que, na grande maioria das vezes, torna-se
impossível de ser alcançado por grande parte das pessoas consideradas comuns. Ao
desencantarem-se com o corpo, as pessoas perdem a vontade de mostrar-se, interiorizam-se e
podem isolar-se do convívio social por sentirem-se excluídas dos padrões ditados pela
sociedade.
O consumismo manifestado nas sociedades atuais desencadeou, quer na figura, quer
no campo do imaginário social, uma notória importância dada à estética como um objeto de
desejo e de consumo no mercado das necessidades do homem moderno. Assim, desencantar-
se com o corpo tem um sentido de frustração e abandono de si próprio. A perda da imagem
corporal, o desapego ao seu corpo-próprio, implica perda de referência de si (LACOCQUE,
1991).
Cash e Pruzinsky (1990) afirmam que imagem corporal é uma experiência subjetiva; é
multifacetada; inclui sentimentos da pessoa acerca de si própria; é determinada socialmente
através das influências que se prolongam por toda a vida; influencia o processo de
informação, sugestionando a ver o que se espera ver, influenciando também o comportamento
e as relações interpessoais.
Esclarece-se que essa categoria refere-se ao período anterior ao início das atividades
45
no Projeto das Moreninhas, demonstrando qual era a percepção das participantes antes de
participar das atividades físicas.
As temáticas que compõem essa categoria são: perda da imagem corporal; e perda da
auto-imagem.
6.2.1 Perda da imagem corporal
A imagem corporal está presente em ações, sentimentos, emoções e relações sociais.
Imagina-se quem se é, projetando uma idealização de quem se gostaria de ser. E ao perceber
que, às vezes, estas imaginações não conferem com a realidade, as pessoas ficam frustradas e
sentindo que perderam seu referencial de mundo, de ser, de estar (CASH, 1994). Nesse
sentido, cada ser constrói sua imagem de corpo e as emoções constituídas no seu mundo-vida,
elas são responsáveis pela forma em que se visualizam e se interpretam.
Já que depois que tive minha filha engordei um pouco. (P1.A3)
Estava muito insatisfeita com meu corpo porque não parava de engordar e
não tinha ânimo para fazer as aulas. (P3.A3)
A imagem corporal de si própria influencia o ânimo e a apatia em fazer as atividades.
Ao assumir o fato de ter engordado após uma gravidez, nota-se certa frustração e certo
descontentamento com o corpo assumido. A insatisfação corporal demonstra a estaticidade
em relação à participação do rol social, não despertando vontades e desejos em participar
atividades em que este corpo fique evidenciado (BECKER Jr., 1999).
6.2.2 Perda da auto-imagem
A perda da auto-imagem é, em nosso entendimento, a negação total da dimensão
corporal. A pessoa é frustrada e com sentimentos tão negativos em relação ao seu próprio
corpo que vê-lo refletido no espelho causa-lhe um desconforto, fazendo com que deixe de
olhar-se.
46
A auto-imagem é o referencial que a pessoa tem de si, das suas construções corporais,
da sua vida e do seu modo de ser. Relevante lembrar que, ao falar de corpo, não se está apenas
tratando de uma parte biológica, mas de um conjunto construído daquilo que o indivíduo é e
representa (MONTEIRO, 2001).
Para Franco e Novaes (2005), vive-se hoje na “sociedade do espetáculo”, em que o
verdadeiro ser ficou subjugado ao ter e ao ser aquilo que os outros queiram que ele seja. Os
contornos corporais postos em evidência pela imagem tornam-se preponderantes na sociedade
contemporânea, na qual se institucionalizou toda uma cultura em torno deste valor em que o
corpo é transformado em capital, em mercadoria, em objeto de consumo, gerando constante
insatisfação com a imagem corporal atual. Assim, a fala das participantes demonstra essa
insatisfação e os sentimentos gerados por elas.
Não me olhava no espelho, pois me sentia uma mulher triste e feia. (P6.A3)
Nem me olhava mais no espelho. (P7.A2)
Essa insatisfação corporal é ditada por modelos ocidentais de corpo que são
amplamente divulgados e difundidos pela mídia tecnológica imposta pela globalização. A
demonstração do sofrimento em se encontrar fora deste “padrão” causa a rejeição de si
mesmo e os sentimentos mais negativos, interferindo na vida diária, nos relacionamentos e na
própria forma de viver (LACOCQUE, 1991).
Ao perder a auto-imagem, a participante perde também a sua identidade, o seu
estímulo em realizar seus afazeres, em socializar-se, estabelecendo novas relações, sejam elas
quais forem. A fuga do espelho é a fuga de si e da sua realidade, da aceitação do seu ser
corpóreo (SCHILDER, 1999).
6.3 RE-ENCANTANDO-SE COM O CORPO
Após iniciarem as atividades físicas, as participantes descobrem novas possibilidades
da construção de si próprias, uma vez que a atividade física regular auxilia no combate à
ansiedade, ao estresse e à depressão, elevando a auto-estima e influenciando de maneira
positiva o dia-a-dia das pessoas.
Utilizada como coadjuvante no tratamento de doenças, essa atividade proporciona,
47
ainda, um bem-estar generalizado, influenciando também de maneira positiva a saúde física e
psicológica, a afetiva e social.
Ao descobrirem um novo corpo sendo construído e aproximando-se, mesmo que
longinquamente, do “padrão” determinando socialmente, o encanto consigo e com suas novas
“formas” físicas trazem aos participantes uma expectativa e satisfação, que pode ser refletida
em todos os aspectos de sua vida.
A remodelagem corporal é permitida à medida que a busca por uma forma idealizada
de corpo é constante. Ao perceberem que com a atividade física essa remodelagem é possível,
mesmo que realizada de forma mais lenta, e ao compreender que essa etapa é fruto do seu
próprio esforço, as pessoas redescobrem o prazer do seu próprio corpo e da sua imagem
(TAVARES, 2003). Passar a fazer parte desse “padrão” social de corpo reflete também a
modificação de ânimo, de desejos, de sentimentos positivos e de expectativas em torno de
ideais estabelecidos e conquistados. Essa categoria é focada na prática das atividades físicas e
determinada pelas temáticas descritas abaixo: encontro com a estética idealizada; imagem
corporal real; auto-imagem sexual; e consciência corporal.
6.3.1 Encontro com a estética idealizada
A preocupação em sentir e interpretar o belo, filosoficamente, criou a área de estudo
chamada estética, que se encontra intimamente articulada ao processo de compreensão da
cultura do corpo. É a estética que permite que as modificações sejam realizadas no corpo
físico e aceitas como um processo natural.
Essas modificações, porém, estão intimamente submetidas à cultura, e o ponto de
referência estético é relativo e se modifica, não pelo desejo próprio, mas pela sociedade em
que os seres se desenvolvem e vivem (FERNANDES, 2003).
Nesse sentido, a influência da sociedade transforma os desejos, interferindo na forma
de ser no mundo. Estar dentro dos “padrões” estéticos aceitáveis significa ser aceito e isto
desperta sentimentos positivos, tais como a felicidade, a segurança, o sentimento de beleza
entre outros.
Estou com meu corpo mais bonito. (P1.A5)
48
Estou me olhando no espelho com outros olhos. (P2.A6)
Mas estou com meu corpo mais bonito do que antes. (P3.A9)
Quando faço atividade física, me sinto mais bonita e atraente. (P4.A5)
Agora já me sinto uma mulher atraente. (P7.A8)
Estou como corpo mais definido e bonito, sem falar a saúde que melhorou
muito. (P8.A3)
A percepção das participantes em relação ao seu corpo, nesta etapa dos seus
depoimentos, demonstra uma relação de satisfação e fortalecimento dos vínculos com elas
mesmas. Pode-se perceber uma relação de intimidade com a imagem que se tem de si.
A sua auto-intitulação em “atraente”, “mais bonita” expressa a modificação não
apenas na parte corpórea, mas também no aspecto psicológico, demonstrando segurança em
poder olhar-se no espelho desnuda da visão negativa que, antes da sua participação no projeto,
representava o reflexo da sua imagem.
Assim, a participante assume uma nova postura perante si e perante o outro,
certamente sentindo-se aceita em suas relações sociais e em suas representações como pessoa.
Russo e Toledo (2006) afirmam ainda que a imagem do corpo é a imagem corporal,
formada no espírito do indivíduo, é o modo como se apresenta a si mesmo. Desta forma, as
participantes deste estudo encantam-se com as novas possibilidades de transformação e
aceitação do novo corpo, tornando-se um corpo-no-mundo aceito socialmente.
6.3.2 Imagem corporal real
Denomina-se imagem corporal real a imagem da participante tal qual ela é para si
própria. Assim, ao ver-se despida de idealizações, ela assume o seu corpo físico tal qual ele
constitui-se. Após o início das atividades físicas, as participantes percebem as diferenças
ocorridas nos seus corpos e nas suas relações sociais, frutos da própria transformação
corporal.
O real, diferentemente do ideário ou imaginário, representa o concreto, mensurável e
notável de forma clara e consistente. Assim, elas assumem o que pode ser considerado sua
49
evolução social, enquadrando-se na sociedade padronizada de corpos determinantemente
esculpidos no padrão da magreza ocidental.
Diminuindo meu quadril e barriga. (P1.A6)
Na minha beleza física. (P1.A9)
Hoje eliminei medidas e peso. (P2.A3)
Já consigo me olhar no espelho sem ter culpa e isso me faz mais feliz.
(P3.A10)
Vejo como sou uma mulher linda e mais atraente quando me olho no
espelho. (P6.A7)
Estou me olhando com outros olhos porque tenho o corpo mais bonito.
(P9.A4)
Robergs e Roberts (2002) descrevem que a obesidade se refere ao excesso de gordura
corporal em relação ao peso, e as mulheres tendem a armazená-la na porção inferior, no
quadril, nas nádegas e nas coxas (obesidade ginóide).
O primeiro reflexo da mudança da imagem corporal consiste na eliminação de pesos e
medidas, a beleza conseqüência dessa diminuição corporal é fruto de uma construção cultural
ditada pelo modismo social.
O corpo sofre um alto nível de influência dos fatores sociais e culturais, submetendo-
se a flutuações de uma economia política de estratégias tecnocientíficas que o constituem e o
regulam de maneiras distintas, conforme as normas de saúde, beleza, lazer, prazer, felicidade,
consumo, principalmente entre as sociedades ocidentais que dão um alto valor à aparência
corporal (CREFF; HERSCHBERG, 1983).
A diferença entre a beleza e a feiúra está ligada especificamente à sociedade cultural
em que existe. Assim, se para algumas etnias a magreza é o padrão do belo, para outras, a
mulher dotada de volume na região dos glúteos, coxas e quadril é o símbolo do belo.
A importância está em aceitar-se dentro do que cada pessoa considera belo e
satisfatório. Vislumbrar-se como linda e atraente, com o corpo mais bonito, diminuindo
medidas, sem culpas, representa a aquisição de uma imagem corporal real dentro do que para
ela é o objeto de beleza, trazendo-lhe contentamento e estímulos (PENNA, 1986).
50
6.3.3 Auto-imagem sexual
Tratar do tema sexo torna-se um ponto delicado para as participantes colaboradoras,
que se mostraram inibidas e constrangidas. Percebeu-se que evitavam colocar sua sexualidade
à mostra não a relacionando em suas respostas. Ao relacionarem o tema, fizeram de forma
sutil, e com muita timidez.
Até mais sensual. (P6.A8)
E com libido. (P7.A9)
Estou mais animada até no meu casamento, porque tinha vergonha do meu
corpo. (P9.A5)
Com minha vida íntima, já que não sinto mais vergonhas. (P9.A7)
Melhorou meu relacionamento com meu marido. (P9.A8)
Entre as respostas, percebe-se que a modificação corporal, construída a partir da
prática das atividades físicas, interferiu também no aspecto sexual de sua imagem.
Assumindo-se mais “sensual” e com “libido” pôde-se perceber que o “novo corpo” serviu de
estímulo para o aspecto sexual.
Se esse “novo corpo” trouxe estímulos e melhorias na vida íntima, o corpo “velho e
deformado” imputava vergonha e tabus, tornando a relação matrimonial desmotivada e de
relacionamento com o cônjuge difícil no momento da intimidade sexual do casal, determinado
pela frustração que se possui em relação ao corpo. A mudança de aspecto físico modificou a
relação entre o casal.
6.3.4 Consciência corporal
Mais importante do que perceber as diferenças dos corpos transformados pela prática
de atividades físicas, é ter a consciência do corpo-vida existente em cada uma das
participantes.
51
A consciência do que se é, do que se foi e do que se pode ser é o estado da consciência
humana dos seus limites e possibilidades do ser e permite que a participante aceite-se tal qual
ela é e se representa.
Me acho uma gordinha linda. (P7.A6)
Coisa que nunca tive antes de participar das atividades do projeto. (P8.A6)
Estava muito acima do peso, praticamente uma senhora redonda. (P9.A2)
Estou com meu corpo ótimo, mas não sou uma pessoa muito exigente, tento
sempre estar bem. (P10.A2)
Não sou um verdadeiro padrão de beleza, mas tento manter a forma e para
isso tenho a atividade física e a nutrição como meus aliados para um corpo
legal. (P10.A4)
Assumir as formas que possuem e realizar-se como pessoa com estas formas dá um
caráter de satisfação consigo próprio. Pode-se perceber que essas mulheres sentem-se mais
felizes, mesmo que ainda não tenham o padrão idealizado pela sociedade ocidental atual, mas
a sua conscientização em relação ao seu estado corporal permite que estejam com um reforço
positivo na sua imagem corporal.
6.4 IDEALIZANDO O CORPO
Tem-se discutido sobre a interferência da sociedade moderna e influência da mídia
tecnológica na construção dos corpos como fator de idealização de um corpo perfeito e belo.
Essa influência é direcionada desde os gregos antigos, com sua concepção de ser belo.
A sociedade grega era centrada no ideal de perfeição desde o período Homérico (séculos XII-
VIII a.C.) com sua filosofia da natureza em que a virtude e o belo deveriam caminhar juntos.
Sócrates igualmente, em relação ao esporte afirmava que:
Nenhum cidadão tem o direito de ser um amador na matéria de adestramento
físico, sendo parte de seu ofício, como cidadão, manter-se em boas
condições, pronto para servir ao Estado sempre que preciso. Além disso, que
desgraça é para o homem envelhecer sem nunca ter visto a beleza e sem ter
conhecido a força de que seu corpo é capaz de produzir (GHISELLI, 2004,
p. 56).
52
Nesse sentido, o ideal de perfeição e de beleza sempre esteve presente no contexto
sócio-histórico das civilizações, sendo determinado de acordo com a concepção de homem e
de sociedade assumida em cada época.
A imagem corporal não existe per se, ela é uma parte do mundo. Está
presente em toda experiência. É um dos lados da experiência plena, que
inclui a personalidade, o corpo e o mundo. Nossa imagem só adquire suas
possibilidades [...] porque nosso corpo não é isolado. Um corpo é,
necessariamente, um corpo entre corpos (SCHILDER, 1999, p. 310-311).
Ao idealizar sua imagem corporal, o ser a constrói vivenciando o mundo em que se
insere por ser um corpo-próprio inserido num mundo-vida, tornando-se um ser-no-mundo que
interfere e é interferido pela sociedade de que faz parte. Assim, as temáticas que caracterizam
essa categoria são: consciência do ideal; imagem corporal idealizada; busca pelo ideal
estético.
6.4.1 Consciência do ideal
As mulheres, embora tenham a afirmação das melhorias ocasionadas em sua imagem
corporal, têm a consciência de que os resultados ainda não são os ideais para os seus
objetivos. Essa consciência demonstra que não estão em um processo de narcisismo
exarcebado, e são conscientes das suas limitações.
Apesar de não ter emagrecido o tanto que precisava. (P1.A7)
Apesar de não ter emagrecido muito. (P3.A5)
Meu corpo melhorou não sinto mais dores nas costas como antes e
controlei minha ansiedade mesmo perdendo pouco peso. (P4.A3)
Porém, pode-se afirmar que as alterações corporais são de efeito positivo, muito
embora haja a consciência de que a perda de peso ainda seja necessária. Essa consciência
corporal do momento atual em que se encontram são todas relacionadas ao emagrecimento
necessário para que se “enquadre” no padrão social estabelecido de beleza.
53
6.4.2 Imagem corporal idealizada
A imagem corporal é idealizada em virtude das relações sociais existentes. As
participantes têm em seus discursos as etapas vivenciadas por elas durante o processo de
transformação corporal em que se pautam (SCHILDER, 1999). Assim elas, conscientes do
que alcançaram, também idealizam o seu corpo com a prática de exercícios físicos.
Com a atividade física, comecei a emagrecer. (P7.A3)
Isso me fez ter um corpo de viola. (P8.A5)
Tenho na minha mente que o corpo é um cartão de visita para tudo.
(P10.A3)
A forma em que projetam o próprio corpo após o início das atividades demonstra a
subjetividade das suas formas, associando-as a imagens que representam uma boa aparência,
capaz de abrir portas para o estabelecimento de suas relações sociais e afetivas.
Assim, ao imaginar o que se é, projeta-se uma idealização de quem se gostaria ser, e
ao perceber que, às vezes, tais imaginações não conferem com a realidade, a frustração leva a
buscar novas (ou velhas) imagens que possam revelar o corpo num eterno recomeço. Essa
imaginação motiva a continuar e a manter as transformações ocorridas (RUSSO, 2005).
6.4.3 Busca pelo ideal estético
Mesmo conscientes das suas projeções e das suas alterações corporais, afirmando que
as modificações trouxeram experiências positivas em várias dimensões das mulheres
pesquisadas, percebe-se ainda certa insatisfação em suas falas e a busca do ideário estético
mais perfeito.
A obtenção de um padrão de beleza, consensualmente aceita, parece assegurar o
segredo da felicidade eterna (BARKER; BARKER, 2002; ESTEVÃO; BAGRICHEVSKY,
2004).
Quero ainda ficar com o meu corpo mais perfeito, firme e bonito. (P4.A6)
54
Cada aula é uma conquista para as metas que estabeleci em relação ao meu
corpo: emagrecer, firmar e ser feliz. (P5.A5)
O ideal de perfeição é associado à felicidade da inclusão social, uma vez que se
participa de forma constante da sociedade, uma vez que se eliminam os preconceitos
existentes em torno dos esteticamente excluídos do padrão imposto. E percebe-se que essa
preocupação refere-se quase que exclusivamente em torno do peso corporal (VIEIRA, 2004).
6.5 EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO
O exercício físico provoca alterações fisiológicas, bioquímicas e psicológicas,
portanto, pode ser considerado uma intervenção não-medicamentosa para o tratamento de
distúrbios relacionados aos aspecos psicobiológicos (MELLO et al., 2005, p. 203).
A atividade física é importante em todos os estágios da vida, desde o nascimento até as
idades mais avançadas, proporcionando um desenvolvimento saudável com qualidade de vida,
se for orientada devidamente (FEIJÓ, 1992).
O estilo de vida ativo e, em particular, a atividade física trazem benefícios para a
longevidade e têm sido, cada vez mais, um fator decisivo no bem-estar, tanto geral quanto
relacionado à saúde das pessoas em todas as idades e condições (ANDRADE, 1995).
Conforme Leite (1990), o homem adota a prática de exercícios físicos por nove
motivos: busca do lazer; estabilidade emocional; desenvolvimento intelectual; consciência
estética; competência social; desenvolvimento moral; auto-realização; desenvolvimento das
capacidades motoras; desenvolvimento físico-orgânico.
Para Nahas (2001), as pessoas sedentárias procuram fazer exercícios para que estes
lhes proporcionem bem-estar físico, social e mental, ou seja, aumentar o limiar de saúde e
evitar doenças físicas e psicossomáticas.
Assim, ao tratar dessa categoria, relacionam-se as temáticas que a originou, para
limitar a aplicação, pois compreende-se que adentrar ao mundo específico dos efeitos
produzidos pela atividade física desviaria o foco desta pesquisa. Nesse sentido, foram
elencados como temáticas: resultados positivos; auto-estima recuperada; saúde; bem-estar.
55
6.5.1 Resultados positivos
Classificam-se como resultados positivos aqueles decorrentes dos objetivos iniciais
estabelecidos pelas participantes para a prática da atividade física, produzindo efeitos reais e
concretos, passíveis de serem observados pelas próprias participantes e pelas pessoas que as
cercam.
Hoje estou gostando não só por ter controlado minha diabete, mas também
eliminei peso. (P1.A2)
Em relação ao meu corpo, me sinto bem, a atividade física me
proporcionou a melhora no meu corpo, sobretudo firmando e eliminando
gordura. (P2.A2)
Hoje estou me sentindo melhor. (P3.A4)
Mas já estou disposta para fazer as aulas. (P3.A6)
Faço as aulas com muita disposição, pois estou me sentindo muito bem.
(P4.A2)
Hoje tenho meu corpo mais definido e bonito graças à atividade física.
(P5.A3)
Hoje estou muito feliz com meu corpo mais definido. (P6.A4)
Durante as aulas me sinto feliz. (P6.A6)
A atividade física me proporcionou esta segurança. (P7.A7)
Quando comecei as aulas, eu me sentia muito cansada. Hoje percebo que
meu corpo responde bem às atividades. (P8.A2)
Mas estou muito feliz agora, normalizei minha pressão e eliminei peso.
(P9.A3)
Hoje me sinto uma pessoa mais atraente e saudável fisicamente. (P10.A7)
As afirmações das participantes indicam a satisfação alcançada com a prática da
atividade física. Os resultados indicam a melhoria nas variantes entre saúde estética corporal,
aspectos psicológicos.
Segundo Machado (1997), a participação regular em exercício e atividade física é
sugerida para resultar benefícios psicológicos e sociológicos. Com atividade física regular, o
aluno se sente mais disposto, faz novas amizades, melhora sua auto-estima. Porém há aqueles
56
que exageram na quantidade de atividade e acabam saindo pior da atividade, levando à fadiga
psicológica e física.
Conforme estudos de Nahas (2001), Nieman (1999) e Robergs e Roberts (2002),
existem benefícios que a atividade física regular pode corroborar para a saúde da população,
tais como: diminuição do risco de morte prematura; morte por cardiopatia e hipertensão;
melhora no perfil lipídico; maior sucesso no abandono do cigarro; melhora no sistema
cardiorespiratório e vascular; diminuição da depressão e ansiedade; atenuação dos efeitos do
estresse mental; aumento da auto-estima; controle de peso; proporciona elasticidade à coluna;
previne doenças nas articulações, como artrose e artrite; ajuda a estabelecer e manter ossos;
músculos saudáveis; fortalece os ossos, evitando a osteoporose; promove bem-estar
psicológico; melhor desempenho das AVDs; melhoria da expectativa de vida e bem-estar.
Nesse sentido, as participantes apontam para os resultados imediatos percebidos por elas,
vindo ao encontro da literatura científica.
6.5.2 Auto-estima recuperada
Auto-estima é definida como a sensação de amor-próprio em relação a si mesmo
(SAMULSKI, 1995). Ao desencantarem-se com seu corpo, frustrando-se com sua imagem
corporal, as participantes apresentam um quadro de baixa-estima, que se reverte após o início
da prática das atividades físicas, como demonstrado com os depoimentos abaixo:
Então me sinto mais atraente. (P1.A4)
E estou muito feliz com meu novo corpo. (P2.A4)
Sou linda e passei a me amar mais. (P2.A7)
Voltei a me sentir mais bonita e atraente. (P3.A7)
Estou mais vaidosa para cuidar do meu corpo e a minha mente. (P4.A4)
Quando faço as aulas me sinto mais atraente, bonita e animada para não
desistir das aulas. (P5.A4)
E graças à atividade física resgatei minha auto-estima. (P6.A5)
Aprendi que devemos nos cuidar para nós mesmas. (P6.A9)
Durante as aulas não me canso mais como antes e não tenho mais
vergonha. (P7.A5)
57
Fico mais animada para continuar na luta para estar bem e envelhecer com
muita disposição. (P10.A6)
Existe uma quantidade considerável de estudos sugerindo que a atividade física está
associada com a função psicológica (FRANCO; NOVAES, 2005; LEITE, 1990; MELLO et
al., 2005). Nesse contexto, alguns estudos demonstram que a atividade física também tem
efeito na redução da depressão (NORTH; McCULLAGH; TRAN, 1990).
A associação da auto-estima recuperada com a prática de atividades físicas reflete a
mudança de estado de ânimo, de atitude e disposição. Os efeitos são afirmados com
entusiasmo e demonstração da admiração ao seu corpo novo, sua aparência, e com a projeção
de futuro.
6.5.3 Saúde e bem-estar
As participantes admitem ainda, uma sensação de bem-estar causada pela prática de
atividades físicas.
Durante as atividades me sinto com uma sensação de bem-estar com meu
corpo. (P9.A6)
Amo fazer atividade física, quando faço as aulas sinto uma sensação de
bem-estar. (P10.A5)
Tal sensação é demonstrada pelo prazer proporcionado em realizar as aulas. Sabe-se,
no entanto, que a sensação de bem-estar é prorrogada no organismo da pessoa por até 48
horas, dependendo do tipo de exercício físico realizado.
O prazer proporcionado pela prática da atividade física não traz apenas benefícios
físicos, resulta principalmente em benefícios psicológicos como: aceitação do seu corpo-
próprio, afetividade consigo próprio, vínculo com o seu eu, momento de relaxamento e
atenção com o seu corpo, entre outros. Assim, os efeitos da atividade física para a imagem
corporal são, também, um dos geradores do bem-estar.
58
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
59
Este estudo procurou entender quais as influências que o exercício físico traz para a
imagem corporal de mulheres participantes do Projeto das Moreninhas, apontando para a
mudança de percepção que elas têm sobre si próprias.
A reflexão deste estudo deu-se a partir da vivência e experiência do pesquisador com o
Projeto e com a população que o freqüenta, tendo em vista que, especificamente no local
selecionado, as aquisições dos hábitos de atividade física regular ainda não se estabeleceram.
Encontrou-se uma população flutuante na participação e por este motivo, foi estabelecida
como critério de inclusão a participação mínima de um ano no programa de atividades físicas.
De acordo com as atitudes e maneiras de sentir e perceber manifestadas pelas
mulheres, várias indagações surgiram sobre a imagem corporal das mulheres participantes do
projeto. Percebeu-se que tais indagações ajudariam a direcionar novas formas de atendimento
a estas mulheres, proporcionando uma mudança estrutural no projeto.
Aproximando-se da ontologia da fenomenologia, que analisa a existência da pessoa e
sua compreensão do mundo-vida a partir da sua vivência, foi possível aprender modos
peculiares e sutis na maneira de se perceber diante da factilidade da sua imagem corporal.
Não se perdeu de vista o norteamento das indagações apresentadas, compreendendo
que cada ser tem sua história, sua individualidade, sua maneira de ser e de se “ver”, atribuindo
significados a cada experiência vivida. Os discursos apontam para um ser que se reencantou
consigo mesmo, a partir das mudanças percebidas em seu próprio corpo, permitindo que se
abrisse para a vida de uma maneira mais fluída, dando um novo ânimo para suas relações
sociais.
Assim, a mudança de hábito na vida dessas mulheres foi fundamental para que elas
mesmas fossem as atrizes e autoras da transformação ocorrida no corpo-próprio, vívido,
experimentado e sentido.
Ao se desencantarem com o corpo, as mulheres perdem o sentido da sua existência e
passam a se negar como pessoas sociais, isolando-se e evitando refletir-se no espelho para que
não se decepcionem com a própria imagem. Tais atitudes influenciam na sua vida familiar e
na relação matrimonial, impõe vergonha e o enclausuramento do corpo.
O corpo a que se refere ultrapassa o sentido do biológico, para assumir a sua função
cultural, é um corpo que se manifesta e se expressa. Um corpo vívido, construído a partir das
60
suas experiências no mundo em que está inserido e, neste caso específico, reconstruído
através da iniciativa e persistência dessas mulheres.
A reconstrução acontece por meio da atividade física, em que os corpos são
estruturados na busca de um padrão social estabelecido pela sociedade mercantilista e
tecnológica atual. Estar próximo a esse padrão representa ser aceito pelo meio em que se está
inserido.
Os discursos apontam para as transformações ocorridas na imagem corporal a partir da
prática de exercícios físicos e como foram influenciadoras para uma nova forma de ser e de
viver, trazendo felicidade, satisfação, auto-estima e sendo importantes para que se realizem
como pessoas.
Assumir a atitude fenomenológica impôs o desafio de “olhar” além das aparências,
libertando da frieza dos dados quantitativos e permitindo ao pesquisador adentrar o mundo da
subjetividade do discurso das mulheres. Dessa forma, foi possível conhecer uma pequena
parte do feminino acerca do seu corpo e compreender que o exrecício físico ultrapassa o
sentido de benefícios fisiológicos e motores, interferindo diretamente no aspecto psicossocial
do ser.
Proporcionar às participantes a possibilidade de encontro com elas mesmas e a
aceitação de si da forma como se vê, com seus limites e possibilidades, por meio da prática de
exercícios físicos, é papel de todo educador físico. Urge a necessidade de compreensão deste
profissional que, muito além de educar movimentos e esculpir corpos passivos, auxilia a
construção de corpos vívidos, aceitos e felizes, donos do seu fazer e do seu viver.
61
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68
APÊNDICE
69
APÊNDICE A - Documentos utilizados na pesquisa
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Nome do projeto: “A Influência da Prática Regular de Atividade Física na Imagem Corporal:
Imaginário ou Real”.
Nome do responsável pela pesquisa: Paulo Ricardo Martins Nunez.
Objetivo e justificativa: A pesquisa visa verificar a percepção da imagem corporal em
praticantes de atividades físicas regulares, observada em seus depoimentos.
Eu, .................................................................................................................., idade: ................,
RG: ............................. - SSP ............, declaro consentir em participar, sem nenhum gasto, da
pesquisa científica intitulada, “A Influência da Prática Regular de Atividade Física na Imagem
Corporal: Imaginário ou Real”, de autoria de Paulo Ricardo Martins Nunez, docente da
Universidade Para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (UNIDERP), na
cidade de Campo Grande, MS, sob a orientação do Profa. Dra. Sonia Grubits, docente da
Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), na cidade de Campo Grande, MS.
Tenho ciência de que minha participação consistirá em responder a uma pergunta e que as
respostas serão analisadas sem a minha identificação.
Entrevistado (a): Assinatura: ........................................................................
Entrevistador (a) Nome: ................................................................................
Assinatura:.........................................................................
Responsável pela pesquisa: Paulo Ricardo Martins Nunez
Telefone: (67) 3331-8630 / 9256-9696
Professor orientador: Profa. Dra. Sonia Grubits
Campo Grande, MS, de de 2007.
70
TERMO DE COMPROMISSO DO PESQUISADOR E DA INSTITUIÇÃO
Declaramos, por meio deste, que ao realizar esta pesquisa com a participante do Projeto
Atividade Física e Esporte, todos os termos da Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996,
do Conselho Nacional de Saúde, serão cumpridos, de forma a garantir o completo sigilo dos
dados, e a possibilidade de desistência da participação na pesquisa a qualquer momento.
Por ser verdade, comprometemo-nos,
Pesquisador responsável: Paulo Ricardo Martins Nunez
RG: 7032743119 / SSP-RS
Assinatura: ...................................................................................................................................
Orientadora: Profa. Dra. Sonia Grubits
Assinatura: ...................................................................................................................................
Campo Grande, MS, de de 2007.
71
DECLARAÇÃO
Eu, Paulo Ricardo Martins Nunez, declaro para os devidos fins estar ciente da Resolução n.
196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, e demais resoluções
complementares que estabelecem as normas e diretrizes para o desenvolvimento de pesquisas
com seres humanos.
...........................................................
Paulo Ricardo Martins Nunez
72
APÊNDICE B – Resultados das análises ideográfica e nomotética
QUADRO 2 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 1
Discurso Bruto Asserções Discurso Articulado
Procurei o Projeto por
orientação médica já que
tenho diabete do tipo dois e
sentia muitas dores nas
pernas, para não ter que
tomar remédio optei por fazer
atividade física. Hoje estou
gostando não só por ter
controlado minha diabete,
mas também eliminei peso já
que depois que tive minha
filha engordei um pouco,
então me sinto mais atraente,
estou com meu corpo mais
bonito, diminuindo meu
quadril e barriga, apesar de
não ter emagrecido o tanto
que precisava. Agora sei da
importância da Atividade
Física na melhora da minha
qualidade de vida e na minha
beleza física.
A1. Procurei o Projeto por
orientação médica já que tenho
diabete do tipo dois e sentia muitas
dores nas pernas, para não ter que
tomar remédio optei por fazer
atividade física.
A2. Hoje estou gostando não só por
ter controlado minha diabete, mas
também eliminei peso.
A3. Já que depois que tive minha
filha engordei um pouco.
A4. Então me sinto mais atraente.
A5. Estou com meu corpo mais
bonito.
A6. Diminuindo meu quadril e
barriga.
A7. Apesar de não ter emagrecido
o tanto que precisava.
A8. Agora sei da importância da
Atividade Física na melhora da
minha qualidade de vida.
A9. Na minha beleza física.
A Participante 1
procurou o Projeto por
orientação médica por
ser portadora de uma
patologia que lhe
proporcionava dores nas
pernas, e para evitar a
ingestão de remédios,
optou pela atividade
física. Atualmente
controla a Diabetes e
eliminou peso e medidas
(quadril e barriga) já
que uma gravidez havia
alterado sua composição
corporal. Mesmo ainda
não estando no peso
ideal, sente-se atraente,
com o corpo bonito.
Compreende a
importância da atividade
física na melhora da
qualidade de vida e na
sua imagem de beleza
corporal.
73
QUADRO 3 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 2
Discurso Bruto Asserções Discurso Articulado
Procurei o Projeto por
orientação médica, pois
estava com Hipertensão
ocasionada pelo estresse do
meu serviço. Hoje já estou
com minha pressão
normalizada por causa da
prática de atividade regular.
Em relação ao meu corpo, me
sinto bem, a atividade física
me proporcionou a melhora
no meu corpo, sobretudo
firmando e eliminando
gordura. Hoje eliminei
medidas e peso e estou muito
feliz com meu novo corpo e
com minha saúde ótima.
Estou me olhando no espelho
com outros olhos, sou linda e
passei a me amar mais.
A1. Procurei o Projeto por
orientação médica, pois estava com
Hipertensão ocasionada pelo
estresse do meu serviço.
A2. Em relação ao meu corpo, me
sinto bem, a atividade física me
proporcionou a melhora no meu
corpo, sobretudo firmando e
eliminando gordura.
A3. Hoje eliminei medidas e peso e
estou muito feliz com meu novo
corpo e com minha saúde ótima.
A4. Estou me olhando no espelho
com outros olhos, sou linda e
passei a me amar mais.
A Participante 2
procurou o projeto por
orientação médica,
devido a um estado de
hipertensão gerada pelo
stress no ambiente de
trabalho. Atualmente
normalizou a sua
pressão arterial com a
prática de atividade
física. Em relação ao
seu corpo sente-se bem,
pois houve uma
modificação estética.
Eliminou medidas e
peso, o que lhe deixou
muito feliz, dando uma
nova visão a sua
imagem no espelho,
fazendo com que se ame
mais e sinta-se linda.
74
QUADRO 4 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 3
Discurso Bruto Asserções Discurso Articulado
Procurei o Projeto por
orientação médica, pois tenho
depressão ocasionada pela
minha obesidade. Estou
fazendo terapia por motivo
de ter desencadeado uma
compulsão alimentar e uso
remédio antidepressivo: o
fluxetina. Estava muito
insatisfeita com meu corpo
porque não parava de
engordar e não tinha ânimo
para fazer as aulas. Hoje
estou me sentindo melhor,
apesar de não ter emagrecido
muito, mas já estou disposta
para fazer as aulas e voltei a
me sentir mais bonita e
atraente apesar de ainda estar
acima do peso, mas estou
com meu corpo mais bonito
do que antes. Já consigo me
olhar no espelho sem ter
culpa e isso me faz mais
feliz.
A1. Procurei o Projeto por
orientação médica, pois tenho
depressão ocasionada pela minha
obesidade.
A2. Estou fazendo terapia por
motivo de ter desencadeado uma
compulsão alimentar e uso remédio
antidepressivo: o fluxetina.
A3. Estava muito insatisfeita com
meu corpo porque não parava de
engordar e não tinha ânimo para
fazer as aulas.
A4. Hoje estou me sentindo
melhor, apesar de não ter
emagrecido muito, mas já estou
disposta para fazer as aulas.
A5. Voltei a me sentir mais bonita
e atraente.
A6. Apesar de ainda estar acima do
peso.
A7. Mas estou com meu corpo
mais bonito do que antes.
A8. Já consigo me olhar no espelho
sem ter culpa e isso me faz mais
feliz
A Participante 3
procurou o Projeto por
orientação medica por
depressão originada por
sua obesidade. Faz
terapia por ser
compulsiva alimentar
utilizando-se de
medicamento
antidepressivo. Sentia-
se insatisfeita com seu
corpo, sem ânimo para
participar das aulas.
Hoje sente-se melhor,
embora não tenha
alcançado ainda o seu
peso ideal, sentindo-se
mais feliz, mais bonita,
e atraente. Afirma
conseguir olhar-se no
espelho sem culpa pelo
corpo que possui.
75
QUADRO 5 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 4
Discurso Bruto Asserções Discurso Articulado
Procurei o projeto por conta
própria por me sentir acima
do meu peso, com dores nas
costas e ansiedade. Faço as
aulas com muita disposição,
pois estou me sentindo muito
bem. Meu corpo melhorou
não sinto mais dores nas
costas como antes e controlei
minha ansiedade mesmo
perdendo pouco peso, estou
mais vaidosa para cuidar do
meu corpo e a minha mente.
Quando faço atividade física
me sinto mais bonita e
atraente. Quero ainda ficar
com o meu corpo mais
perfeito, firme e bonito.
A1. Procurei o projeto por conta
própria por me sentir acima do meu
peso, com dores nas costas e
ansiedade.
A2. Faço as aulas com muita
disposição, pois estou me sentindo
muito bem.
A3. Meu corpo melhorou não sinto
mais dores nas costas como antes e
controlei minha ansiedade mesmo
perdendo pouco peso.
A4. Estou mais vaidosa para cuidar
do meu corpo e a minha mente.
A5. Quando faço atividade física
me sinto mais bonita e atraente.
A6. Quero ainda ficar com o meu
corpo mais perfeito, firme e bonito.
A Participante 4
procurou o Projeto por
iniciativa própria, por
excesso de peso,
ansiedade e dores nas
costas. Participa das
aulas com disposição,
sentindo-se muito bem.
Conseguiu controlar a
ansiedade, diminuiu
peso corporal, e
eliminou as dores.
Sente-se mais vaidosa,
associando o cuidado do
corpo e da mente.
Participar da atividade
física torna-a mais
bonita e atraente,
desejando tornar seu
corpo mais perfeito,
firme e bonito.
QUADRO 6 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 5
Discurso Bruto Asserções Discurso Articulado
Procurei o Projeto a pedido
do meu medico ortopedista,
por causa de uma distensão
no joelho a partir desse
problema passei a freqüentar
as aulas no projeto
regularmente. Através da
atividade física melhorei um
problema físico e também no
aspecto psicológico, que foi
notado pelo meu
neurologista, que diminuiu
meus medicamentos
controlados, já que sofria de
stress. Hoje tenho meu corpo
mais definido e bonito graças
à atividade física. Quando
faço as aulas me sinto mais
atraente, bonita e animada
para não desistir das aulas.
Cada aula é uma conquista
para as metas que estabeleci
em relação ao meu corpo:
emagrecer, firmar e ser feliz.
A1. Procurei o Projeto a pedido do
meu medico ortopedista, por causa
de uma distensão no joelho a partir
desse problema passei a freqüentar
as aulas no projeto regularmente.
A2. Através da atividade física
melhorei um problema físico e
também no aspecto psicológico,
que foi notado pelo meu
neurologista, que diminuiu meus
medicamentos controlados, já que
sofria de stress.
A3. Hoje tenho meu corpo mais
definido e bonito graças à atividade
física.
A4. Quando faço as aulas me sinto
mais atraente, bonita e animada
para não desistir das aulas.
A5. Cada aula é uma conquista
para as metas que estabeleci e
relação ao meu corpo: emagrecer,
firmar e ser feliz.
A Participante 5
procurou o Projeto por
orientação do médico
ortopedista. Sua
participação nas aulas
eliminou sua patologia
ortopédica, neurológica,
melhorando os aspectos
físicos do seu corpo. Ao
participar das aulas,
sente-se mais bonita e
atraente e isso a anima
para não desistir da sua
participação.
Estabeleceu metas para
seu corpo: firmar,
emagrecer e ser feliz.
76
QUADRO 7 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 6
Discurso Bruto Asserções Discurso Articulado
Procurei o Projeto porque
estava com minha auto-
estima baixa causada em
razão da minha separação e
também para manter o meu
peso e minha saúde. Não me
olhava no espelho, pois me
sentia uma mulher triste e
feia. Hoje estou muito feliz
com meu corpo mais definido
e graças a atividade física
resgatei minha auto-estima.
Durante as aulas me sinto
feliz e vejo como sou uma
mulher linda e mais atraente
quando me olho no espelho,
até mais sensual. Aprendi que
devemos nos cuidar para nós
mesmas.
A1. Procurei o Projeto porque
estava com minha auto-estima
baixa causada em razão da minha
separação.
A2. E também para manter o meu
peso e minha saúde.
A3. Não me olhava no espelho,
pois me sentia uma mulher triste e
feia.
A4. Hoje estou muito feliz com
meu corpo mais definido.
A5. E graças a atividade física
resgatei minha auto-estima.
A6. Durante as aulas me sinto feliz.
A7. Vejo como sou uma mulher
linda e mais atraente quando me
olho no espelho.
A8. Até mais sensual.
A9. Aprendi que devemos nos
cuidar para nós mesmas.
A Participante 6
procurou o projeto por
sentir-se com uma baixa
estima, causada por uma
separação conjugal, e,
paralelamente manter o
seu peso e sua saúde.
Não se olhava mais no
espelho por sentir-se
triste e feia, porém, com
a prática da atividade
física, sente seu corpo
mais definido e resgatou
sua auto-estima e amor
próprio. Sente-se feliz
durante as aulas, e se vê
como uma mulher linda,
atraente e mais sensual
ao refletir-se no espelho.
QUADRO 8 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 7
Discurso Bruto Asserções Discurso Articulado
Procurei o Projeto por estar
obesa, sou uma pessoa muito
ansiosa e não tinha animo
para nada, nem me olhava
mais no espelho. Com a
atividade física comecei a
emagrecer, hoje eu vejo o
quanto meu corpo melhorou.
Durante as aulas não canso
mais como antes e não tenho
mais vergonha, me acho uma
gordinha linda. A atividade
física me proporcionou esta
segurança e agora já me sinto
uma mulher atraente e com
libido.
A1. Procurei o Projeto por estar
obesa, sou uma pessoa muito
ansiosa e não tinha ânimo para
nada.
A2. Nem me olhava mais no
espelho.
A3. Com a atividade física comecei
a emagrecer.
A4. Hoje eu vejo o quanto meu
corpo melhorou.
A5. Durante as aulas não em canso
mais como antes e não tenho mais
vergonha.
A6. Me acho uma gordinha linda.
A7. A atividade física me
proporcionou esta segurança
A8. Agora já me sinto uma mulher
atraente.
A9. E com libido.
A Participante 7
encontrava-se em um
estado de obesidade.
Declara-se uma pessoa
ansiosa e sem ânimo pra
nada, nem mesmo se
olhar no espelho. Com a
atividade física regular
emagreceu e sente seu
corpo melhor. Não sente
mais vergonha do corpo
que possui e se intitula
uma “gordinha linda”.
Sente-se atraente e com
sua libido despertada
pela segurança que sente
proporcionada pela
prática da atividade
física.
77
QUADRO 9 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 8
Discurso Bruto Asserções Discurso Articulado
Procurei o Projeto por conta
própria, sempre fui uma
pessoa sedentária, não tinha
noção do que a atividade
física poderia trazer de
benefícios para minha vida.
Quando comecei as aulas eu
me sentia muito cansada.
Hoje percebo que meu corpo
responde bem as atividades e
estou com o corpo mais
definido e bonito, sem falar a
saúde que melhorou muito.
Minhas medidas diminuíram
no quadril, barriga e seios,
isso me fez ter um corpo de
violão, coisa que nunca tive
antes de participar das
atividades do projeto.
A1. Procurei o Projeto por conta
própria, sempre fui uma pessoa
sedentária, não tinha noção do que
a atividade física poderia trazer de
benefícios para minha vida.
A2. Quando comecei as aulas eu
me sentia muito cansada. Hoje
percebo que meu corpo responde
bem as atividades.
A3. Estou como corpo mais
definido e bonito, sem falar a saúde
que melhorou muito.
A4. Minhas medidas diminuíram
no quadril, barriga e seios.
A5. Isso me fez ter um corpo de
violão.
A6. Coisa que nunca tive antes de
participar das atividades do projeto.
A Participante 8 buscou
o Projeto por iniciativa
própria, pois era
sedentária, sem
conhecimento sobre os
benefícios que a
atividade física poderia
proporcionar a sua vida.
Hoje sente-se mais
disposta e com seu
corpo mais definido e
bonito, com uma boa
saúde. Sente que suas
medidas de quadril,
barriga e seios
diminuíram, dando-lhe o
formato de um violão.
Forma esta nunca
alcançada.
QUADRO 10 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 9
Discurso Bruto Asserções Discurso Articulado
Procurei o Projeto por
orientação da minha
nutricionista já que tinha
hipertensão por ser uma
pessoa sedentária e estava
muito acima do peso,
praticamente uma senhora
redonda. Mas estou muito
feliz agora, normalizei minha
pressão e eliminei peso.
Estou me olhando com outros
olhos porque tenho o corpo
mais bonito. Estou mais
animada até no meu
casamento, porque tinha
vergonha do meu corpo.
Durante as atividades me
sinto com uma sensação de
bem-estar com meu corpo e
com minha vida íntima, já
que não sinto mais vergonhas
e melhorou meu
relacionamento com meu
marido.
A1. Procurei o Projeto por
orientação da minha nutricionista já
que tinha hipertensão por ser uma
pessoa sedentária.
A2. Estava muito acima do peso,
praticamente uma senhora redonda.
A3. Mas estou muito feliz agora,
normalizei minha pressão e
eliminei peso.
A4. Estou me olhando com outros
olhos porque tenho o corpo mais
bonito.
A5. Estou mais animada até no
meu casamento, porque tinha
vergonha do meu corpo.
A6. Durante as atividades me sinto
com uma sensação de bem-estar
com meu corpo
A7. Com minha vida íntima, já que
não sinto mais vergonhas.
A8. Melhorou meu relacionamento
com meu marido.
A Participante 9 buscou
o Projeto por orientação
de profissional da
nutrição, por ser
hipertensa, sedentária e
estar muito acima do
peso corporal,
associando sua imagem
a uma forma circular.
Sente-se feliz por ter
normalizado sua pressão
arterial e eliminado
peso. Olha-se com
outros olhos por sentir-
se mais bonita, o que lhe
proporcionou motivação
na sua relação
matrimonial, eliminando
a vergonha que sentia
do corpo antigo. As
atividades proporcionam
sensação de bem-estar
com seu corpo e sua
vida íntima, melhorando
o seu relacionamento
com o esposo.
78
QUADRO 11 - Redução fenomenológica do discurso da Participante 10
Discurso Bruto Asserções Discurso Articulado
Procurei o projeto por conta
própria a minha intenção foi
de fazer atividade física para
me sentir bem. Estou com
meu corpo ótimo, mas não
sou uma pessoa muito
exigente tento sempre estar
bem, tenho na minha mente
que o corpo e um cartão de
visita para tudo, não sou um
verdadeiro padrão de beleza,
mas tento manter a forma e
para isso tenho à atividade
física e a nutrição como meus
aliados para um corpo legal.
Amo fazer atividade física,
quando faço as aulas sinto
uma sensação de bem estar,
fico mais animada para
continuar na luta para estar
bem e envelhecer com muita
disposição. Hoje me sinto
uma pessoa mais atraente e
saudável fisicamente
A1. Procurei o projeto por
conta própria a minha intenção
foi de fazer atividade física
para me sentir bem.
A2. Estou com meu corpo
ótimo, mas não sou uma
pessoa muito exigente tento
sempre estar bem.
A3. Tenho na minha mente
que o corpo e um cartão de
visita para tudo.
A4. Não sou um verdadeiro
padrão de beleza, mas tento
manter a forma e para isso
tenho à atividade física e a
nutrição como meus aliados
para um corpo legal.
A5. Amo fazer atividade
física, quando faço as aulas
sinto uma sensação de bem
estar.
A6. Fico mais animada para
continuar na luta para estar
bem e envelhecer com muita
disposição.
A7. Hoje me sinto uma pessoa
mais atraente e saudável
fisicamente.
A Participante 10 procurou o
Projeto por intenção própria,
buscando a atividade física
para sentir-se bem. Esta com
o corpo em um padrão
considerado por ela como
ótimo, mas julga-se não
exigente, tentando estar
sempre bem. Julga o corpo
um cartão de visita para tudo,
reconhece não ser um
“verdadeiro padrão de
beleza”, mas tenta manter a
forma associando atividade
física e nutrição como
aliados para um corpo ideal.
Tem prazer em realizar a
atividade física e sente-se
uma pessoa mais atraente e
saudável fisicamente.
79
QUADRO 12 - Convergências temáticas – participante 1
Unidades de significação
Código Asserções Temáticas
Confluências
temáticas -
categorias abertas
P1.A1 Procurei o Projeto por orientação médica
já que tenho diabete do tipo dois e sentia
muitas dores nas pernas, para não ter que
tomar remédio optei por fazer atividade
física.
Orientação médica Encontrando a
atividade física
P1.A2 Hoje estou gostando não só por ter
controlado minha diabete, mas também
eliminei peso.
Resultados
positivos
Efeitos da
atividade física
P1.A3 Já que depois que tive minha filha
engordei um pouco.
Perda da imagem
corporal ideal
Desencantando-se
com o corpo
P1.A4 Então me sinto mais atraente. Auto-estima
recuperada
Efeitos da
atividade física
P1.A5 Estou com meu corpo mais bonito. Encontro com a
estética idealizada
Re-encantando-se
com o corpo
P1.A6 Diminuindo meu quadril e barriga. Imagem corporal
real
Re-encantando-se
com o corpo
P1.A7 Apesar de não ter emagrecido o tanto que
precisava.
Consciência do
ideal
Idealizando o
corpo
P1.A8 Agora sei da importância da atividade
física na melhora da minha qualidade de
vida.
Saúde e Bem-estar Efeitos da
atividade física
P1.A9 Na minha beleza física. Imagem corporal
real
Re-encantando-se
com o corpo
80
QUADRO 13 - Convergências temáticas – participante 2
Unidades de significação
Código Asserções Temáticas
Confluências
temáticas -
categorias abertas
P2.A1 Procurei o Projeto por orientação médica,
pois estava com hipertensão ocasionada
pelo estresse do meu serviço.
Orientação médica Encontrando a
atividade física
P2.A2 Em relação ao meu corpo me sinto bem, a
atividade física me proporcionou a
melhora no meu corpo, sobretudo
firmando e eliminando gordura.
Resultados
positivos
Efeitos da
atividade física
P2.A3 Hoje eliminei medidas e peso. Imagem corporal
real
Re-encantando-se
com o corpo
P2.A4 E estou muito feliz com meu novo corpo. Auto-estima
recuperada
Efeitos da
atividade física
P2.A5 E com minha saúde ótima. Saúde e Bem-estar Efeitos da
atividade física
P2.A6 Estou me olhando no espelho com outros
olhos.
Encontro com a
estética idealizada
Re-encantando-se
com o corpo
P2.A7 Estou linda e passei a me amar mais. Auto-estima
recuperada
Efeitos da
atividade física
81
QUADRO 14 - Convergências temáticas – participante 3
Unidades de significação
Código Asserções Temáticas
Confluências
temáticas -
categorias abertas
P3.A1 Procurei o Projeto por orientação médica,
pois tenho depressão ocasionada pela
minha obesidade.
Orientação médica Encontrando a
atividade física
P3.A2 Estou fazendo terapia por motivo de ter
desencadeado uma compulsão alimentar e
uso remédio antidepressivo: o fluxetina.
Patologia
manifestada
Encontrando a
atividade física
P3.A3 Estava muito insatisfeita com meu corpo
porque não parava de engordar e não tinha
ânimo para fazer as aulas.
Perda da imagem
corporal ideal
Deencantando-se
com o corpo
P3.A4 Hoje estou me sentindo melhor. Resultados
positivos
Efeitos da
atividade física
P3.A5 Apesar de não ter emagrecido muito. Consciência do
ideal
Idealizando o
corpo
P3.A6 Mas já estou disposta para fazer as aulas. Resultados
positivos
Efeitos da
atividade física
P3.A7 Voltei a me sentir mais bonita e atraente. Auto-estima
recuperada
Efeitos da
atividade física
P3.A8 Apesar de ainda estar acima do peso. Consciência do
ideal
Idealizando o
corpo
P3.A9 Mas estou com meu corpo mais bonito do
que antes.
Encontro com a
estética idealizada
Re-encantando-se
com o corpo
P3.A10 Já consigo me olhar no espelho sem ter
culpa e isso me faz mais feliz.
Imagem corporal
real
Re-encantando-se
com o corpo
82
QUADRO 15 - Convergências temáticas – participante 4
Unidades de significação
Código Asserções Temáticas
Confluências
temáticas -
categorias abertas
P4.A1 Procurei o projeto por conta própria por
me sentir acima do meu peso, com dores
nas costas e ansiedade.
Iniciativa própria Encontrando a
atividade física
P4.A2 Faço as aulas com muita disposição, pois
estou me sentindo muito bem.
Resultados
positivos
Efeitos da
atividade física
P4.A3 Meu corpo melhorou não sinto mais dores
nas costas como antes e controlei minha
ansiedade mesmo perdendo pouco peso.
Consciência do
ideal
Idealizando o
corpo
P4.A4 Estou mais vaidosa para cuidar do meu
corpo e a minha mente.
Auto-estima
recuperada
Efeitos da
atividade física
P4.A5 Quando faço atividade física me sinto
mais bonita e atraente.
Encontro com a
estética idealizada
Re-encantando-se
com o corpo
P4.A6 Quero ainda ficar com o meu corpo mais
perfeito, firme e bonito.
Busca pelo ideal
estético
Idealizando o
corpo
QUADRO 16 - Convergências temáticas – participante 5
Unidades de significação
Código Asserções Temáticas
Confluências
temáticas -
categorias abertas
P5.A1 Procurei o Projeto a pedido do meu
medico ortopedista, por causa de uma
distensão no joelho a partir desse
problema passei a freqüentar as aulas no
projeto regularmente.
Orientação médica Encontrando a
atividade física
P5.A2 Através da atividade física melhorei um
problema físico e também no aspecto
psicológico, que foi notado pelo meu
médico, que diminuiu meus
medicamentos controlados, já que sofria
de stress.
Patologia
manifestada
Encontrando a
atividade física
P5.A3 Hoje tenho meu corpo mais definido e
bonito graças à atividade física.
Resultados
positivos
Efeitos da
atividade física
P5.A4 Quando faço as aulas me sinto mais
atraente, bonita e animada para não
desistir das aulas.
Auto-estima
recuperada
Efeitos da
atividade física
P5.A5 Cada aula é uma conquista para as metas
que estabeleci e relação ao meu corpo:
emagrecer, firmar e ser feliz.
Busca pelo ideal
estético
Re-encantando-se
com o corpo
83
QUADRO 17 - Convergências temáticas – participante 6
Unidades de significação
Código Asserções Temáticas
Confluências
temáticas -
categorias abertas
P6.A1 Procurei o Projeto porque estava com
minha auto-estima baixa causada em
razão da minha separação
Iniciativa própria Encontrando a
atividade física
P6.A2 E também para manter o meu peso e
minha saúde.
Saúde e Bem-estar Efeitos da
atividade física
P6.A3 Não me olhava no espelho, pois me sentia
uma mulher triste e feia.
Perda da imagem
corporal ideal
Desencantando-se
com o corpo
P6.A4 Hoje estou muito feliz com meu corpo
mais definido.
Resultados
positivos
Efeitos da
atividade física
P6.A5 E graças a atividade física resgatei minha
auto-estima.
Auto-estima
recuperada
Efeitos da
atividade física
P6.A6 Durante as aulas me sinto feliz. Resultados
positivos
Efeitos da
atividade física
P6.A7 vejo como sou uma mulher linda e mais
atraente quando me olho no espelho.
Imagem corporal
real
Re-encantando-se
com o corpo
P6.A8 Até mais sensual. Auto-imagem
sexual
Re-encantando-se
com o corpo
P6.A9 Aprendi que devemos nos cuidar para nós
mesmas.
Auto-estima
recuperada
Efeitos da
atividade física
84
QUADRO 18 - Convergências temáticas – participante 7
Unidades de significação
Código Asserções Temáticas
Confluências
temáticas -
categorias abertas
P7.A1 Procurei o Projeto por estar obesa, sou
uma pessoa muito ansiosa e não tinha
animo para nada.
Patologia
manifestada
Encontrando a
atividade física
P7.A2 Nem me olhava mais no espelho. Perda da auto-
imagem
Desencantando-se
com o corpo
P7.A3 Com a atividade física comecei a
emagrecer.
Imagem corporal
idealizada
Idealizando o
corpo
P7.A4 hoje eu vejo o quanto meu corpo
melhorou.
Imagem corporal
real
Re-encantando-se
com o corpo
P7.A5 Durante as aulas não canso mais como
antes e não tenho mais vergonha.
Auto-estima
recuperada
Efeitos da
atividade física
P7.A6 Me acho uma gordinha linda. Consciência
corporal
Idealizando o
corpo
P7.A7 A atividade física me proporcionou esta
segurança.
Resultados
positivos
Efeitos da
atividade física
P7.A8 Agora já me sinto uma mulher atraente. Encontro com a
estética idealizada
Re-encantando-se
com o corpo
P7.A9 E com libido. Auto-imagem
sexual
Re-encantando-se
com o corpo
QUADRO 19 - Convergências temáticas – participante 8
Unidades de significação
Código Asserções Temáticas
Confluências
temáticas -
categorias abertas
P8.A1 Procurei o Projeto por conta própria,
sempre fui uma pessoa sedentária, não
tinha noção do que a atividade física
poderia trazer de benefícios para minha
vida.
Iniciativa própria Encontrando a
atividade física
P8.A2 Quando comecei as aulas, eu me sentia
muito cansada. Hoje percebo que meu
corpo responde bem às atividades.
Resultados
positivos
Efeitos da
atividade física
P8.A3 Estou como corpo mais definido e bonito,
sem falar a saúde, que melhorou muito.
Encontro com a
Estética idealizada
Re-encantando-se
com o corpo
P8.A4 Minhas medidas diminuíram no quadril,
barriga e seios.
Imagem corporal
real
Re-encantando-se
com o corpo
P8.A5 Isso me fez ter um corpo de violão. Imagem corporal
idealizada
Idealizando o
corpo
P8.A6 Coisa que nunca tive antes de participar
das atividades do projeto.
Consciência
corporal
Re-encantando-se
com o corpo
85
QUADRO 20 - Convergências temáticas – participante 9
Unidades de significação
Código Asserções Temáticas
Confluências
temáticas -
categorias abertas
P9.A1 Procurei o Projeto por orientação da
minha nutricionista já que tinha
hipertensão por ser uma pessoa sedentária
Orientação médica Encontrando a
atividade física
P9.A2 Estava muito acima do peso, praticamente
uma senhora redonda.
Consciência
corporal
Re-encantando-se
com o corpo
P9.A3 Mas estou muito feliz agora, normalizei
minha pressão e eliminei peso.
Resultados
positivos
Efeitos da
atividade física
P9.A4 Estou me olhando com outros olhos
porque tenho o corpo mais bonito.
Imagem corporal
real
Re-encantando-se
com o corpo
P9.A5 Estou mais animada até no meu
casamento, porque tinha vergonha do meu
corpo.
Auto-imagem
sexual
Re-encantando-se
com o corpo
P9.A6 Durante as atividades me sinto com uma
sensação de bem-estar com meu corpo
Saúde e Bem-estar Efeitos da
atividade física
P9.A7 Com minha vida íntima, já que não sinto
mais vergonha.
Auto-imagem
sexual
Re-encantando-se
com o corpo
P9.A8 Melhorou meu relacionamento com meu
marido.
Auto-imagem
sexual
Re-encantando-se
com o corpo
QUADRO 21 - Convergências temáticas – participante 10
Unidades de significação
Código Asserções Temáticas
Confluências
temáticas -
categorias abertas
P10.A1 Procurei o projeto por conta própria a
minha intenção foi de fazer atividade
física para me sentir bem.
Iniciativa própria Encontrando a
atividade física
P10.A2 Estou com meu corpo ótimo, mas não sou
uma pessoa muito exigente tento sempre
estar bem.
Consciência
corporal
Re-encantando-se
com o corpo
P10.A3 Tenho na minha mente que o corpo é um
cartão de visita para tudo.
Imagem corporal
idealizada
Idealizando o
corpo
P10.A4 Não sou um verdadeiro padrão de beleza,
mas tento manter a forma e para isso
tenho a atividade física e a nutrição como
meus aliados para um corpo legal.
Consciência
corporal
Re-encantando-se
com o corpo
P10.A5 Amo fazer atividade física, quando faço
as aulas, sinto uma sensação de bem estar.
Saúde e Bem-estar Efeitos da
atividade física
P10.A6 Fico mais animada para continuar na luta
para estar bem e envelhecer com muita
disposição.
Auto-estima
recuperada
Efeitos da
atividade física
P10.A7 Hoje me sinto uma pessoa mais atraente e
saudável fisicamente.
Resultado positivo Efeitos da
atividade física
86
GRÁFICO 1 - Categorias abertas.
87
GRÁFICO 2 - Categoria aberta 1.
88
GRÁFICO 3 - Categoria aberta 2.
89
GRÁFICO 4 - Categoria aberta 3.
90
GRÁFICO 5 - Categoria aberta 4.
91
GRÁFICO 6 - Categoria aberta 5.
92
ANEXO
93
Declaração do Comitê de Ética
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