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Vanessa Aranega Pires
Antagonistas adenosinérgicos revertem prejuízos cognitivos
em modelo animal do transtorno de déficit de atenção
Florianópolis – SC
2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA
Antagonistas adenosinérgicos revertem prejuízos cognitivos
em modelo animal do transtorno de déficit de atenção
Vanessa Aranega Pires
Florianópolis – SC
2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA
Vanessa Aranega Pires
Antagonistas adenosinérgicos revertem prejuízos cognitivos em modelo animal
do transtorno de déficit de atenção
Florianópolis – SC
2008
Dissertação apresentada ao Curso
de Pós-Graduação em Farmacologia
do Centro de Ciências Biológicas da
Universidade Federal de Santa
Catarina como requisito parcial à
obtenção de título de mestre em
Farmacologia.
Orientador: Prof. Dr. Reinaldo Naoto
Takahashi
Aos meus pais, Lourdes e José Wilson, por todo o amor,
carinho, incentivo e dedicação; e em especial
à minha avó Terezinha pela realização
deste sonho, amo muito vocês !
“ São futeis e cheias de erros
as ciências que não nasceram da
experimentação, mãe de todo
conhecimento.”
Leonardo da Vinci
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Lourdes e Wilson, seres humanos admiráveis, que exalam bondade e sempre
abriram mão dos próprios sonhos para realização dos meus. Pessoas que tento seguir, mas que
não consigo chegar aos pés. Meu porto seguro, conselheiros e maiores incentivadores;
Aos meus avôs paternos Terezinha e José, e também aos maternos Nair e Gines, por não terem
poupado amor e dedicação durante grande parte da minha criação, eles infelizmente se foram,
mas certamente estão felizes por mais esta etapa vencida;
A minha irmã Izadora, que nasceu para completar a minha vida e me mostrar o quanto o mundo
pode ser diferente, ela que sempre vibra com as minhas vitórias e apesar de crescida será sempre
a minha pequena;
Ao Professor Dr. Reinaldo Naoto Takahashi, pelos 4 anos de convívio e orientação, por ter me
aceitado em seu laboratório como aluna de iniciação cientifica e ter me incentivado a continuar e
hoje estar aqui;
Aos meus padrinhos Fátima e Martin, que sempre foram meus segundos pais e dividiram comigo
cada etapa da minha vida, seres iluminados os quais sempre terei respeito e admiração e também
a minha prima e hoje afilhada Taciana;
A D. Ilze e Sr. Lídio, os pais que me acolheram quando eu ainda uma menina cheguei a
Florianópolis, e com carinho e amor me incentivaram a continuar e a aprender a crescer com os
meus próprios erros;
A Ana Luisa e a Lisiane, com quem divido minhas alegrias e tristezas todos os dias ao chegar em
casa, amigas que amenizam a saudade que sinto de casa e são minha família em Florianópolis;
As velhas e eternas amigas, Bárbara, Débora, Luana, Maísa, Marina, Taisinha, Thalita e Thânea,
as quais morro de saudades, mas que sempre estão presentes em meus pensamentos e me
recebem de braços abertos a cada reencontro, apesar de estarmos tão longe e muito gratificante
perceber que a nossa amizade continua a mesma;
A minha irmã do coração Luana, a irmã que a vida me permitiu escolher, a irmã que mesmo a
quilômetros de distância dividiu comigo cada momento vivido nestes 6 anos longe de casa e que
muitas vezes foi a minha maior conselheira, mesmo que pelo telefone ou pela internet;
As minhas grandes amigas da faculdade, Ana Elisa, Caroline, Denise, Gabriela, Júlia e Stela,
Suelen que dividiram comigo os melhores anos da minha vida, as amigas que ganhei como
presente de formatura, algumas tomaram seu caminho, outras ainda estão próximas
de mim, mas todas estão guardadas com muito carinho dentro da minha memória e do meu
coração;
As amigas que surgiram logo após o termino da faculdade, no período em que me senti mais
sozinha, que a “turma” da faculdade não existia mais, as amigas que são tão recentes, mas
parecem que conheço desde que nasci, amigas pra todas as horas, amigas que sempre serão
amigas, as minhas amoras Aline, Betina, Cristiane, Franciane, Lisiane, Márcia e Nicolle;
Aos meus amigos que não se enquadram a nenhuma das outras coleções de amigos, mas que
possuem uma participação não menos especial na minha vida, pessoas que pra sempre vou amar,
Ana Paula, Daniela, Emerson, Fernanda, Flavinha, Gustavo, Moises e Roberto;
Ao professor Dr. Rui Daniel Prediger, por me apoiar e também orientar durante os obstáculos
encontrados no percurso;
Aos demais professores do Curso de Pós Graduação em Farmacologia, que sempre me guiaram
com entusiasmo e competência;
Aos colegas e ex-colegas do laboratório Aderbal, Daniel Rial, Fabrício Assini, Fabrício
Pamplona, Leandro, Luciano, Pablo, Rafael e em especial a Cristiane e Meigy pela amizade
durante estes anos de convívio;
IX
Aos amigos e colegas da “Fármaco”, pelas conversas e risadas nos corredores, pelos apoio
sempre que precisei, pelos congressos, encontros fora da farmacologia e pela agradável
companhia;
A minha amiga Meigy, pelas infinitas ajudas durante todo o mestrado, por estar sempre pronta
para ajudar independente do dia ou da hora e também pela agradável companhia;
Aos colaboradores Claúdia, Daniel, Pablo, Pamplona e Rui pelas discussões que ajudaram a
realizar este trabalho;
Aos demais e funcionários do Curso de Pós Graduação em Farmacologia, por terem de alguma
forma contribuído para a realização deste trabalho;
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CNPq), pelo apoio financeiro;
Acima de tudo e de todos agradeço a Deus, que em sua onipresença regeu minha vida, dando-me
amparo e equilíbrio nos momentos em que mais precisei. Minha eterna gratidão.
Aos colaboradores Claúdia, Daniel, Pablo, Pamplona e Rui pelas discussões que ajudaram a
realizar este trabalho;
Aos demais e funcionários do Curso de Pós Graduação em Farmacologia, por terem de alguma
forma contribuído para a realização deste trabalho;
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CNPq), pelo apoio financeiro;
Acima de tudo e de todos agradeço a Deus, que em sua onipresença regeu minha vida, dando-me
amparo e equilíbrio nos momentos em que mais precisei. Minha eterna gratidão.
ÌNDICE
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... I
LISTA DE TABELAS .................................................................................................. IV
LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................... V
RESUMO ...................................................................................................................... VI
ABSTRACT ................................................................................................................ VII
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 17
3. MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 19
3.1. Animais .................................................................................................................. 19
3.2. Drogas .................................................................................................................... 20
3.3. Procedimentos experimentais ................................................................................ 21
3.3.1. Reconhecimento de objetos ................................................................................ 21
3.3.2. Locomoção .......................................................................................................... 26
3.3.3. Peso Corporal ...................................................................................................... 26
3.3.4. Pressão arterial .................................................................................................... 26
3.3.5. Reação de Imuno-histoquímica .......................................................................... 27
3.4. Análise estatística .................................................................................................. 30
4. RESULTADOS ........................................................................................................ 32
4.1. Comparação entre as linhagens WIS e SHR no teste do reconhecimento de objetos32
XIII
4.2. Efeitos da administração aguda de metilfenidato ou de cafeína na performance de ratos
machos WIS e SHR no teste de reconhecimento de objetos ........................................ 36
4.3. Efeitos da administração aguda de metilfenidato ou de cafeína na performance de ratos
fêmeas WIS e SHR no teste de reconhecimento de objetos ......................................... 39
4.4. Efeitos 24 horas após a administração aguda de metilfenidato ou de cafeína no teste de
reconhecimento de objetos em ratos fêmeas WIS e SHR ............................................. 43
4.5. Efeitos da administração aguda de antagonistas seletivos para receptores adenosinérgicos A1
e A2A no teste de reconhecimento de objetos em ratos fêmeas WIS e SHR. .............. 46
4.6. Efeitos da administração aguda de metilfenidato, cafeína e de antagonistas seletivos para
receptores adenosinérgicos A1 e A2A na pressão arterial de ratos fêmeas WIS e SHR49
4.7. Efeitos do tratamento repetido com metilfenidato ou cafeína, durante a idade adulta, no teste
de reconhecimento de objetos, em ratos fêmeas WIS e SHR ....................................... 53
4.8. Efeitos do tratamento repetido com metilfenidato ou cafeína, no teste de reconhecimento de
objetos, durante a adolescência, de ratos fêmeas WIS e SHR ...................................... 56
4.9. Efeitos do tratamento repetido com metilfenidato ou cafeína, durante a idade adulta ou
durante a adolescência, na pressão arterial de ratos fêmeas WIS e SHR ..................... 60
4.10. Efeitos do tratamento repetido com metilfenidato ou cafeína, durante a idade adulta ou
durante a adolescência, sob o peso corporal de ratos fêmeas WIS e SHR ................... 63
XIV
4.11. Análise imuno-histoquímica para expressão de receptores de adenosina A1 e A2A em
cérebros de ratos fêmeas adultos das linhagens WIS e SHR ........................................ 66
5. DISCUSSÃO ............................................................................................................ 69
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 79
I
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Representação esquemática do mecanismo de ação do metilfenidato........5
Figura 2 - Representação esquemática de receptores adenosinérgicos........................ 10
Figura 3 – Representação esquemática da expressão de receptores adenosinérgico... 11
Figura 4 - Vista lateral dos três objetos utilizados no modelo de reconhecimento de objeto.
...................................................................................................................................... 22
Figura 5 – Representação da fase de habituação (campo aberto) ................................ 23
Figura 6 – Representação da fase de apresentação aos objetos ................................. ..24
Figura 7 – Representação da fase de reconhecimento dos objetos ....................... .......25
Figura 8 – Comparação entre ratos machos WIS e SHR no teste de reconhecimento de
objetos.......................................................................................................................................... 33
Figura 9 Comparação entre ratos meas WIS e SHR no teste de reconhecimento de
objetos.......................................................................................................................... 35
Figura 10 – Efeitos da administração de metilfenidato e de cafeína, no tempo de investigação (A)
e no índice de reconhecimento (B) em ratos machos WIS e SHR, no teste de reconhecimento do
objeto..............................................................................................................................37
Figura 11 – Efeitos da administração de metilfenidato e de cafeína, no tempo de investigação (A)
e no índice de reconhecimento (B) em ratos fêmeas WIS e SHR, no teste de reconhecimento do
objeto. ........................................................................................................................... 40
II
Figura 12 – Efeitos da administração de metilfenidato e de cafeína, no tempo de investigação (A)
e no índice de reconhecimento, realizado 24 horas após a fase de apresentação aos objetos (B),
em ratos fêmeas WIS e SHR, no teste de reconhecimento do objeto. ........... ..............45
Figura 13 Efeitos da administração de antagonistas seletivos para receptores adenosinérgicos
A1 - DPCPX e A2A ZM241385, no tempo de investigação (A) e no índice de reconhecimento
(B) em ratos fêmeas WIS e SHR, no teste de reconhecimento do
objeto................................................................................................................................47
Figura 14 Efeitos da administração de metilfenidato e de cafeína, sob a pressão arterial, em
ratos fêmeas WIS e SHR..................................................................................................50
Figura 15 Efeitos da administração de antagonistas seletivos para receptores adenosinérgicos
A1 - DPCPX e A2A – ZM241385 sob a pressão arterial, em ratos fêmeas WIS e SHR.51
Figura 16 Efeitos da administração repetida, de metilfenidato e de cafeína, durante a idade
adulta no tempo de investigação (A) e no índice de reconhecimento (B) em ratos fêmeas WIS e
SHR, no teste de reconhecimento do objeto. ................................................................ 54
Figura 17 Efeitos da administração repetida, durante a idade adulta, de metilfenidato e de
cafeína na atividade locomotora de ratos WIS e SHR fêmeas durante a fase de apresentação dos
objetos, no teste do reconhecimento de objetos........................................................... 55
Figura 18 Efeitos da administração repetida, de metilfenidato e de cafeína, durante a
adolescência, no tempo de investigação (A) e no índice de reconhecimento (B) em ratos fêmeas
adultos WIS e SHR, no teste de reconhecimento do objeto. ........................................ 58
Figura 19 Efeitos da administração repetida, durante a adolecência, de metilfenidato e de
cafeína na atividade locomotora de ratos fêmeas WIS e SHR durante a fase de apresentação dos
objetos, no teste do reconhecimento de objetos. ........................................................... 59
Figura 20 Efeitos da administração repetida, durante a idade adulta, de metilfenidato e de
cafeína, sob a pressão arterial em ratos fêmeas adultos WIS e SHR............................61
III
Figura 21 Efeitos da administração repetida, durante a adolescência, de metilfenidato e de
cafeína, sob a pressão arterial em ratos fêmeas adultos WIS e SHR............................62
Figura 22 Efeitos da administração repetida, durante a adolescência (A), ou durante a idade
adulta (B) de metilfenidato e de cafeína, sob o ganho de peso corporal em ratos fêmeas adultos
WIS e SHR....................................................................................................................65
Figura 23 Figura da expressão de receptores de adenosina A1, através de análises de imuno-
histoquímica, no hipocampo e no córtex parietal de ratos WIS e SHR. .................... ...67
Figura 24 Figura da expressão de receptores de adenosina A2A, através de análises de imuno-
histoquímica, no hipocampo, córtex parietal e no estriado de ratos WIS e
SHR................................................................................................................................68
IV
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Efeitos da administração (i.p.) de veiculo, metilfenidato ou cafeína, 30 min antes da
fase de apresentação aos objetos, na atividade locomotora de ratos machos WIS e SHR
.......................................................................................................................................38
Tabela 2 Efeitos da administração (i.p.) de veiculo, metilfenidato ou cafeína, 30 min antes da
fase de apresentação aos objetos, na atividade locomotora de ratos fêmeas WIS e SHR............42
Tabela 3 Efeitos da administração (i.p.) de veiculo ou de antagonistas seletivos para receptores
adenosinérgicos A1 - DPCPX e A2A ZM241385, 30 min antes da fase de apresentação aos
objetos, na atividade locomotora de ratos fêmeas WIS e SHR............................................49
V
LISTA DE ABREVIATURAS
ANOVA análise de variância
CA campo aberto
CAF cafeína
DA dopamina
DMSO dimetilsulfoxido
i.p. intraperitoneal
MAO monoamino-oxidase
MFD metilfenidato
MIX DPCPX (3 mg/kg) e ZM241385 (0,5 mg/kg)
PN pós-natal
SHR ratos espontaneamente hipertensos
SNC sistema nervoso central
TDAH transtorno do déficit de atenção e hiperatividade
WIS wistar
WKY wistar Kyoto
V solução veículo
VI
RESUMO
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos psiquiátricos
mais comuns em crianças e adolescentes, afetando cerca de 2 a 12% das crianças em idade
escolar. A linhagem de ratos espontaneamente hipertensos (SHR) tem sido utilizada como
principal modelo animal para o estudo deste transtorno, já que estes animais apresentam
características comportamentais (hiperatividade, impulsividade e prejuízo atencional) e
neuroquímicas semelhantes às observadas neste transtorno em humanos. Trabalhos recentes
demonstraram que a administração de cafeína, um antagonista adenosinérgico não seletivo,
reverteu os prejuízos apresentados pelos ratos SHR nas tarefas de aprendizado espacial e de
memória social. Sendo assim o objetivo do presente estudo foi caracterizar o prejuízo
apresentado por ratos SHR machos e fêmeas na tarefa de reconhecimento de objetos quando
comparados aos ratos Wistar (WIS). Investigamos ainda o efeito agudo do metilfenidato, cafeína
e de antagonistas seletivos de receptores adenosinérgicos na idade adulta e também o efeito da
administração repetida de metilfenidato e cafeína na idade adulta ou durante a adolescência. Os
resultados demonstraram que os ratos WIS discriminam todos os objetos apresentados, enquanto
que os ratos SHR discriminam apenas os objetos com grandes diferenças estruturais. Foi também
observado que o tratamento intraperitoneal com metilfenidato (2 mg/kg), cafeína (1-10 mg/kg),
antagonistas adenosinérgicos seletivos para receptores A1 - DPCPX (5 mg/kg), antagonistas
adenosinérgicos seletivos para receptores A2A - ZM241385 (1 mg/kg) e também a associação de
doses não efetivas de DPCPX (3 mg/kg) + ZM241385 (0,5 mg/kg) na idade adulta reverteram o
prejuízo apresentado pelos ratos SHR na tarefa de reconhecimentos de objetos, sem alterar a
atividade locomotora ou a hipertensão apresentada por esses animais. Além disso, o tratamento
repetido de metilfenidato (2 mg/kg) ou cafeína (3 mg/kg) durante a idade adulta ou durante a
adolescência reverteram de forma persistente o prejuízo apresentado nesta tarefa pelos ratos SHR,
no entanto a administração de ambas as drogas durante a adolescência causou prejuízo na
capacidade discriminatória dos ratos WIS quando testados na idade adulta. Surpreendentemente
não ocorreram diferenças entre as linhagens, na expressão de receptores adenosinérgicos do
subtipo A1 e A2A avaliada através da técnica de imuno-histoquímica. Estes resultados sugerem
que o desempenho dos ratos SHR na tarefa de reconhecimento de objetos parece estar
relacionado com prejuízos no aprendizado discriminatório, aos déficits atencionais e não com a
capacidade de armazenar informações. O presente estudo demonstra também que os antagonistas
seletivos e não seletivos de receptores adenosinérgicos revertem o prejuízo apresentado pelos
ratos SHR, sendo que os efeitos da administração repetida destas drogas podem persistir mesmo
após o termino do tratamento, sugerindo assim o potencial destas drogas para o tratamento dos
prejuízos cognitivos associados ao TDAH.
VII
ABSTRACT
Attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) is one of the most common childhood
psychiatric disorders, affecting between 2 and 12% of primary-school children. The
spontaneously hypertensive rat (SHR) is considered a genetic model for the study of this disorder
since it displays behavioral and neurochemical characteristics of ADHD. Recent studies
demonstrated that administration of the non selective adenosine receptor antagonist caffeine
improved memory impairments in SHR rats. Therefore the objective of this study was to
investigate whether adult male and female SHR exhibit altered short-term object recognition
abilities compared to Wistar rats (WIS). The acute effects of methylphenidate, caffeine, or
selective adenosine receptor antagonists in the performance of adults WIS and SHR rats in the
object recognition task and the effects of repeated administration of methylphenidate and caffeine
in adult age and adolescence were also evaluated. The results show that WIS rats displayed
discrimination ability for all the objects employed while, SHR only discriminated “distinct” pairs
of objects, they were not able to discriminate pairs of objects with subtle structural differences. In
addition, the acute intraperitoneal (i.p.) injection of methylphenidate (2 mg/kg), caffeine (1–10
mg/kg), the selective adenosine A
1
receptor antagonist DPCPX (5 mg/kg), the selective
adenosine A
2A
receptor antagonist ZM241385 (1.0 mg/kg) or association with low doses with
DPCPX (3 m/kg) and ZM242385 (0,5 mg/kg), reversed the impairment of object recognition in
SHR, without altering the locomotion or hypertensive state. The repeated treatment with
methylphenidate (2 mg/kg) and caffeine (3 mg/kg) in the adult age or in adolescence improved
the object recognition deficits in the SHR rats. However, in WIS rats these treatments during
adolescence impaired the recognition task. Interestingly, no major differences in the
immunoreactivity of adenosine A
1
and A
2A
receptors were observed in brain areas of WIS and
SHR rats. These findings suggest that the previously described inability of SHR in cognitive
paradigm may not be associated with their capacity to store information for short-term periods
but rather may reflect discriminative learning impairments associated with attentional deficits.
The present work also shows that selective and non selective adenosine receptors antagonists
improved the cognitive impairment in SHR rats. Moreover, the effects of repeated administration
of these drugs were persistent after the end of treatment, suggesting the potential of adenosinergic
drugs for the treatment of cognitive impairment associated to ADHD.
I
I
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos
psiquiátricos mais comuns em crianças e adolescentes, afetando cerca de 2 a 12% das crianças
mundiais em idade escolar (Sagvolden et al., 2005). Este transtorno costuma manifestar-se em
idade inferior a 7 anos, e cerca de 20 a 30% dos indivíduos que apresentaram TDAH na infância
ou adolescência continuam com a patologia na idade adulta (Muglia et al., 2000). No entanto, o
mais comum é que os sintomas de hiperatividade desapareçam com o tempo, permanecendo
apenas os sintomas relacionados ao déficit de atenção (Swanson et al., 1998). Essa desordem em
crianças é mais comum em meninos do que em meninas, porém quando analisados o gênero dos
pacientes que apresentaram os sintomas durante a infância ou adolescência e continuam
apresentando na idade adulta o número de mulheres é maior do que o de homens (Biederman et
al., 1994; Muglia et al., 2000).
O primeiro relato não científico utilizado para ilustrar o TDAH é o poema de 1865
“Felipe o inquieto” do médico alemão Heinrich Hoffman. Já as primeiras referências aos
transtornos hipercinéticos na literatura médica aparecem na metade do século XIX. Entretanto,
somente no início do século XX começou-se a descrever o quadro clínico de uma maneira mais
sistemática (Petry, 1999).
Apesar do grande número de estudos já realizados, as causas precisas do TDAH ainda não
são conhecidas. Entretanto, a influência de fatores genéticos e ambientais no seu
2
desenvolvimento é amplamente aceita na literatura (Tannock, 1998; Thapar et al., 1999). A
procura pela associação entre TDAH e complicações na gestação ou no parto tem resultado em
conclusões divergentes, mas tende a suportar a idéia de que tais complicações (toxemia,
eclampsia, pós-maturidade fetal, duração do parto, estresse fetal, baixo peso ao nascer,
hemorragia pré-parto, má saúde materna) predisponham ao transtorno (Faraone e Bierderman,
1998). Recentemente, Mick et al. (2002) documentaram uma associação significativa entre
exposição a fumo e álcool durante a gravidez e a presença de TDAH nos filhos, a qual se
manteve mesmo após controle para psicopatologia familiar (incluindo TDAH), adversidades
sociais e comorbidade com transtorno de conduta. Outros fatores, como danos cerebrais
perinatais no lobo frontal, podem afetar processos de atenção, motivação e planejamento,
relacionando-se indiretamente com a doença (Levy et al., 1998). É importante ressaltar que a
maioria dos estudos sobre possíveis agentes ambientais apenas evidenciaram uma associação
desses fatores com o TDAH, não sendo possível estabelecer uma relação clara de causa e efeito
entre eles (Faraone e Biederman, 1998).
Apesar dos critérios de diagnóstico ainda não estarem completamente definidos, pode-se
considerar que a sintomatologia primária do TDAH se caracteriza por hiperatividade,
impulsividade e déficit de atenção (Taylor, 1998; Himelstein et al., 2000). Os prejuízos
atencionais costumam ser bastante importantes e incluem distração exagerada e dificuldade em
manter a atenção focada em um determinado assunto ou objeto, o que costumeiramente traz
consigo dificuldades de aprendizado e problemas escolares (Sagvolden, 2000; Davids et al.,
2003). Os indivíduos freqüentemente apresentam outros problemas cognitivos, como dificuldade
em planejar tarefas, demora em realizar tarefas intelectuais simples, impetuosidade e
esquecimentos freqüentes. Além disso, o TDAH é considerado um dos grandes fatores de risco
3
para a delinqüência juvenil, abuso de drogas e distúrbios de personalidade, sendo bastante
comum a comorbidade com depressão e ansiedade (Taylor et al., 1998).
Existem três subtipos de diagnósticos para o TDAH: o TDAH onde os indivíduos são
predominantemente desatentos, distraídos e desorganizados que ocorre mais em meninas do que
em meninos; o TDAH predominantemente hiperativo e impulsivo que ocorre mais em meninos
do que em meninas; e o subtipo combinado onde os indivíduos apresentam dificuldades
atencionais e prejuízos cognitivos e ainda apresentam sintomas de hiperatividade e impulsividade
(Taylor et al., 1998).
Pouco se sabe sobre a origem neurobiológica deste transtorno psiquiátrico e, até o
momento, a hipótese mais provável é de que alterações cerebrais no sistema monoaminérgico
estejam envolvidas. Evidências clínicas, por exemplo, demonstram que inibidores da recaptação
de catecolaminas, como d-anfetamina ou metilfenidato (Ritalina), ou inibidores seletivos da
recaptação de noradrenalina, como os antidepressivos tricíclicos, provocam uma melhora
substancial na qualidade de vida dos portadores de TDAH (Biederman e Spencer, 1999; Seeman
e Madras, 1998). Por outro lado, a serotonina o parece ter grande relevância na etiologia do
TDAH, visto que o tratamento com inibidores seletivos da recaptação de serotonina promove
apenas benefícios limitados nos pacientes com TDAH (Barrickman et al., 1991). Mais
especificamente, considera-se que uma hipofunção do sistema dopaminérgico em áreas corticais,
límbicas e motoras do cérebro seja a principal responsável pelas alterações comportamentais
observadas nos pacientes com TDAH (Sagvolden e Sergeant, 1998). De fato, faz bastante sentido
que a dopamina esteja envolvida em uma patologia que congrega sintomas motores e cognitivos,
visto que duas das principais vias dopaminérgicas no sistema nervoso central (SNC) estão
envolvidas diretamente nestes processos (as vias nigro-estriatal e mesolímbica-cortical,
4
respectivamente) (Sagvolden e Sergeant, 1998). Além disso, sugere-se que uma atividade
aumentada dos transportadores de dopamina (Krause et al., 2003) ou da monoamino-oxidase
(MAO), a enzima responsável pela metabolização da dopamina (Stoff et al., 1989), poderiam
contribuir para a hipofunção do sistema dopaminérgico apresentada pelos portadores de TDAH.
Como conseqüência provável do hipofuncionamento deste sistema, crianças com sintomas de
hiperatividade relacionados ao TDAH apresentam também uma concentração aumentada de
receptores dopaminérgicos D
2
no cérebro em relação aos indivíduos sadios de mesma faixa etária
(Jucaite et al., 2005).
O metilfenidato, comercialmente conhecido como Ritalina ®, é um estimulante utilizado
como principal tratamento para o TDAH em crianças e adolescentes (Goldman et al., 1998).
Quando utilizado nas doses recomendadas, essa droga possui um elevado índice de segurança, no
entanto pouco se sabe sobre a conseqüência do uso crônico desta substância durante a infância e
adolescência, idades nas quais está ocorrendo um intenso desenvolvimento e inúmeras
modificações neuronais. No entanto, resultados recentes obtidos em roedores demonstraram
evidências comportamentais que sugerem prejuízos em funções cerebrais induzidos pelo uso
repetido de metilfenidato, e ainda, que essas modificações persistiram por um longo período após
o termino do tratamento e após a droga ter sido completamente excretada do organismo (ver
LeBlanc-Duchin e Taukulis, 2007).
O metilfenidato é um estimulante e seu mecanismo de ação é similar à observada na
cocaína e em anfetaminas (Volkow et al., 1995; Solanto, 2000). A conseqüência da exposição a
esses estimulantes é o aumento dos níveis sinápticos de dopamina e de noradrenalina em varias
regiões do rebro como hipocampo e rtex pré-frontal (Kuczenski e Segal, 2001). Esse
medicamento possui como principal mecanismo de ação a inibição de transportadores de
dopamina (DAT) aumentando assim os níveis de dopamina extracelular, modificações ainda
5
podem ser observadas nos receptores dopaminérgicos do subtipo D
2
e também na
neurotransmissão dopaminérgica (Gatley et al., 1996; Kuczenski e Segal, 1997; Volkow et al.,
1998, 1999, 2001; Russell et al., 1998). Adicionalmente o metilfenidato pode afetar os sistemas
noradrenérgicos e serotoninérgicos através do bloqueio dos transportadores de noradrenalina e
serotonina, no entanto a afinidade por esses transportadores é menor do que pelos transportados
de dopamina (Gatley et al., 1996; Kuczenski e Segal, 1997).
Figura 1 Representação esquemática do mecanismo de ação do metilfenidato (elaborada por
Rial, 2008).
6
A administração crônica de cocaína ou anfetaminas em animais de laboratório, durante o
inicio da fase de desenvolvimento ou durante a idade adulta, resultaram em modificações
funcionais no SNC que trouxeram como conseqüência déficits cognitivos e modificações
comportamentais (ver Robinson e Kolb, 2004). Devido às semelhanças neurofisiológicas entre
esses estimulantes e o metilfenidato, imagina-se que o tratamento crônico com essa droga possa
afetar vários processos críticos para o aprendizado e processos envolvidos na memória de
trabalho. A memória de trabalho está relacionada à integridade funcional do córtex pré-frontal, o
qual depende dos níveis sinápticos de dopamina e noradrenalina (Arnsten e Li, 2005). Evidências
sugerem que o metilfenidato ajuda na manutenção desses níveis e restaura funções cognitivas de
indivíduos que apresentam diminuição nos níveis sinápticos de catecolaminas (Arnsten e Li,
2005). No entanto, em indivíduos que apresentam níveis normais de catecolaminas, o uso
prolongado de metilfenidato pode induzir perturbações que irão causar adaptações neuronais
podendo prejudicar a eficiência das funções cognitivas. Heyser, Pelletier e Febres (2004)
encontraram prejuízos na memória de reconhecimento em animais jovens que foram tratados com
metilfenidato 5 mg/kg (i.p.) duas vezes ao dia durante 7 dias.
O número de prescrições desse medicamento aumentou drasticamente na ultima década
(Olfson et al., 2002), isso tem ocorrido devido a um diagnóstico equivocado, que comumente
crianças que são um pouco mais agitadas são repreendidas e diagnosticadas como portadoras do
TDAH. Sendo assim, se torna claro a necessidade de pesquisas clinicas para determinar
precisamente a severidade dos sintomas que justifiquem o uso de estimulante como tratamento
para esse transtorno, que esse diagnóstico é realizado cada vez mais cedo, colocando em risco
o desenvolvimento cerebral de crianças que estão iniciando esse tratamento antes mesmo dos 2
anos de idade (Zito et al., 2000).
7
1.2. RATOS ESPONTANEAMENTE HIPERTENSOS (SHR)
Diversas tentativas têm sido realizadas na expectativa de se desenvolver um modelo
animal que represente fielmente as particularidades do TDAH. Isto é, que mimetize as
características comportamentais, apresente um perfil similar de resposta aos tratamentos
farmacológicos vigentes e apresente características neurobiológicas semelhantes aos portadores
deste transtorno. Até o momento, alguns modelos animais foram propostos: ratos selecionados
para hiperlocomoção a partir de uma população heterogênea (Puumala et al., 1996), ratos
expostos a toxinas ambientais (Silbergeld e Goldberg, 1974; Holene et al, 1998), ratos com lesões
neurológicas induzidas por toxinas dopaminérgicas (Shaywitz et al., 1976) e pelo menos três
modelos genéticos: Ratos Espontaneamente Hipertensos - SHR (Sagvolden, 2000), ratos Naple
com alta e baixa excitabilidade (Sadile et al., 1996) e camundongos deletados geneticamente para
o transportador de dopamina (Giros et al., 1996). Cada um destes modelos animais apresenta suas
vantagens e desvantagens e, de certa forma, cada um deles é capaz de mimetizar uma ou outra
característica do TDAH. No entanto, os ratos da linhagem isogênica SHR têm sido considerados,
até o momento, o modelo animal mais completo, e por isso o mais utilizado, no estudo do TDAH
(Davids et al., 2003).
A linhagem de ratos SHR foi desenvolvida a partir da seleção de ratos Wistar-Kyoto com
fenótipo de hipertensão e, surpreendentemente, os animais apresentavam também índices
aumentados de atividade locomotora (Moser et al., 1988). Então, Okamoto e Aoki (1963)
utilizando-se da técnica de cruzamentos parentais, criaram a linhagem isogênica SHR, que além
de hiperlocomoção, apresentou dificuldades de aquisição em tarefas de memória e respostas
excessivas em tarefas de condicionamento operante, refletindo aspectos fundamentais do TDAH,
como o déficit de aprendizado, a hiperatividade e a impulsividade, respectivamente (Sagvolden e
8
Sergeant, 1998; Sagvolden, 2000; Russell, 2002). Estes animais apresentam também
características neurobiológicas semelhantes ao esperado para os pacientes de TDAH, como uma
hipofunção do sistema dopaminérgico, resultante de uma baixa liberação de dopamina (Russel et
al., 1995) aliada a uma atividade aumentada da MAO, o que diminuiria a disponibilidade deste
neurotransmissor na fenda sináptica (Boix et al., 1998).
Foram também encontrados veis aumentados de adenosina nos cérebros de ratos SHR,
juntamente a uma baixa atividade da enzima adenosina deaminase, responsável pela
metabolização de adenosina, sugerindo uma possível disfunção do sistema adenosinérgico que
poderia contribuir para a disfunção primária observada no sistema dopaminérgico (Davies et al.,
1987). Existem também várias evidências que suportam o papel modulatório da adenosina em
processos de aprendizado e memória, podendo ser esse desequilibro no sistema adenosinérgico o
responsável pelos déficits apresentados por esses animais.
Outra importante característica dos ratos SHR é que esses animais apresentam uma
relativa diminuição na atividade locomotora e uma melhora nos déficits de aprendizado em
resposta ao tratamento com metilfenidato, o que valida farmacologicamente este modelo animal
(Ueno et al., 2002; Fox et al., 2002, Adriani et al., 2004). Como conseqüência, eles têm sido
intensamente estudados com o objetivo de se investigar os processos de aprendizado e memória
dos portadores de TDAH, visando à possibilidade de desenvolvimento de novas terapias
farmacológicas.
O déficit de aprendizado apresentado pelos ratos SHR foi demonstrado em diversas
tarefas, tais como a esquiva ativa de duas vias (Sutterer et al., 1980), o modelo de
reconhecimento social (Prediger et al., 2005a), o labirinto radial (Wyss et al., 1992; Mori et al.,
1995; Nakamura-Palacios et al., 1996) e o labirinto aquático de Morris (Gattu et al., 1997; Wyss
et al., 2000; Terry et al., 2000; De Bruin et al., 2003, Prediger et al., 2005b). Outros estudos têm
9
demonstrado que esses prejuízos cognitivos apresentados pelos ratos SHR podem estar
relacionados com a falta de atenção apresentada por esses animais causando assim uma
dificuldade de aprendizado (De Bruin et al., 2003; Ferguson e Cada, 2004). No entanto, outros
estudos têm criticado o uso de ratos SHR para o estudo do TDAH, que esses animais não
demonstraram apresentar prejuízos cognitivos em algumas das tarefas avaliadas e apresentaram
hiperlocomoção, quando comparados a outras linhagens, em apenas algumas idades especificas.
Foi possível também observar que os ratos SHR não responderam ao tratamento com
metilfenidato, que é a droga mais utilizada para o tratamento do TDAH (van den Bergh et al.,
2006; Alsop, 2007; Bizot et al., 2007).
1.3. SISTEMA ADENOSINERGICO
A adenosina é um neuromodulador, presente em grande quantidade no SNC, que
desenvolve um importante papel na regulação da transmissão sináptica e na excitabilidade
neuronal (Cunha, 2001). A relevância dos receptores de adenosina foi inicialmente reconhecida
através da cafeína, que atua antagonizando de forma não seletiva receptores adenosinérgicos A
1
e
A
2a
(Synder et al., 1981). Até o presente momento, quatro diferentes subtipos de receptores para
adenosina (A
1
, A
2A
, A
2B
e A
3
) foram clonados e identificados em humanos e roedores, sendo que
todos os subtipos são receptores acoplados à proteína G. As ações fisiológicas da adenosina no
SNC parecem ser mediadas, principalmente, pelos subtipos A
1
e A
2A
, que possuem elevada
afinidade pela adenosina, além de serem altamente expressos em diversas áreas cerebrais. Os
receptores A
1
e A
3
estão acoplados a proteínas G “inibitórias” (Gi ou Go) e os receptores A
2A
e
A
2B
estão acoplados a proteínas G estimulatória (Gs) (Fredholm et al., 2001; Linden, 2001).
10
Figura 2 - Representação esquemática de receptores adenosinérgicos (elaborado por Rial, 2008).
O receptor adenosinérgico do subtipo A
1
é o mais abundante no SNC, principalmente na
região do neocórtex, cerebelo, hipocampo e corno dorsal da coluna vertebral. Já os receptores
A
2A
são altamente expressos em neurônios pálido-estriatais e no bulbo olfatório, uma leve
expressão desses receptores também é encontrada em outras regiões cerebrais como, por
exemplo, o hipocampo (Fredholm et al., 2001; Ribeiro et al., 2003).
11
Figura 3 Representação esquemática da expressão de receptores adenosinérgico, (adaptado de
Ribeiro et al., 2003).
Várias evidências suportam o papel modulatório da adenosina em processos de
aprendizado e memória, inclusive mecanismos celulares básicos envolvidos na formação da
memória, como a potencialização de longa duração (LTP) (de Mendonça e Ribeiro, 1994) e
depressão de longa duração (LTD) (de Mendonça et al., 1997). De fato, diversos estudos
demonstram o envolvimento do sistema adenosinérgico na atenção, bem como nos processos de
aprendizado e memória tanto em humanos quanto em animais (Kenemans e Verbaten, 1998), mas
poucos estudos têm relacionado as propriedades farmacológicas de drogas que atuam neste
sistema com o TDAH (Bizarro et al., 2004). Grande parte dos efeitos da cafeína no SNC são
decorrentes da sua interação com os receptores de adenosina presentes no cérebro, atuando como
Estriado
Amigdala
Bulbo olfatório
Substância negra
Neocortex
Hipocampo
Tálamo
Cerebelo
Medula espinhal
Núcleo do
trato
solitário
Estriado
Amigdala
Bulbo olfatório
Substância negra
Neocortex
Hipocampo
Tálamo
Cerebelo
Medula espinhal
Núcleo do
trato
solitário
Estriado
Amigdala
Bulbo olfatório
Substância negra
Neocortex
Hipocampo
Tálamo
Cerebelo
Medula espinhal
Núcleo do
trato
solitário
Estriado
Amigdala
Bulbo olfatório
Substância negra
Neocortex
Hipocampo
Tálamo
Cerebelo
Medula espinhal
Núcleo do
trato
solitário
Estriado
Amigdala
Bulbo olfatório
Substância negra
Neocortex
Hipocampo
Tálamo
Cerebelo
Medula espinhal
Núcleo do
trato
solitário
12
um antagonista não-seletivo destes receptores. A utilização de agonistas de receptores
adenosinérgicos A1 (Zarrindast e Shafaghi, 1994), ou possivelmente de ambos os subtipos A1
e/ou A2A (Prediger e Takahashi, 2005c), está diretamente relacionada a prejuízos cognitivos,
enquanto o antagonismo dos receptores A2A (Prediger et al., 2005a) ou de ambos os receptores
A1 e/ou A2A (Prediger e Takahashi, 2005c) é capaz de reverter o desempenho de animais
submetidos a tarefas de aprendizado e memória.
Evidências sugerem que a maioria dos efeitos psicofarmacológicos da cafeína sejam
mimetizados somente pelos antagonistas dos receptores A2A e não pelos antagonistas do subtipo
A1, embora a cafeína seja um antagonista não seletivo de receptores adenosinérgicos
(Svenningsson et al., 1997; Huang et al., 2005). Estima-se que os efeitos de antagonistas
adenosinérgicos estejam intimamente relacionados com a ativação de receptores dopaminérgicos,
sugerindo inclusive que a integridade do sistema dopaminérgico seja imprescindível para que a
cafeína exerça seus efeitos estimulatórios (Ferré et al., 1992). De fato, há uma grande co-
localização entre os receptores adenosinérgicos e dopaminérgicos no SNC, sendo possível a
formação de heterodímeros entre os receptores A1/D1 e A2A/D2, levando a alterações alostéricas
que afetam a afinidade e o acoplamento à proteína G, modulando a eficácia de ativação de ambos
os receptores (Fuxe et al., 1998), interferindo assim em processos de aprendizado e de formação
de memória (Franco et al., 2000; Hillion et al., 2002; Franco et al., 2007). Por este motivo,
aparentemente, os agonistas dos receptores de adenosina produzem efeitos comportamentais
similares aos dos antagonistas da dopamina, enquanto que os efeitos dos antagonistas da
adenosina assemelham-se àqueles induzidos por agonistas dopaminérgicos (Fuxe et al, 1998).
Além dos efeitos cognitivos, evidências de que o tratamento repetido com drogas
psicoestimulantes, como a cafeína, poderia diminuir a atividade locomotora exagerada
apresentada pelos ratos SHR, possivelmente também envolvendo uma interação com o sistema
13
dopaminérgico (Wultz et al., 1990). Portanto, levando-se em consideração as evidências acima
expostas, parece bastante factível que a manipulação do sistema adenosinérgico possa resultar em
uma intervenção farmacológica no TDAH para ambas as características de déficit de atenção e de
hiperatividade observadas neste distúrbio comportamental.
A cafeína pertence ao grupo dos compostos químicos chamados de metilxantinas, ela é a
substância psicoativa mundialmente mais consumida, seu grande consumo ocorre principalmente
pelo fato de que ela é um constituinte químico importante de várias bebidas alimentícias ou
estimulantes não alcoólicos e está presente em vários alimentos utilizados diariamente na
alimentação mundial, como no café, chás, chocolates e em refrigerantes a base de guaraná ou
cola, seja como preparações caseiras ou produtos industrializados, com grande importância
econômica e cultural. A cafeína é obtida de fontes vegetais, principalmente do café.
Bebidas contendo metilxantinas são consumidas desde tempos remotos, datando
provavelmente da era paleolítica. A mais antiga delas parece ser o chá-da-índia, cuja primeira
menção documentada de uso é atribuída ao imperador chinês Shen Nung, em 2737 a.C. O
primeiro relato escrito do uso do café data do século X, utilizado como bebida quente na Arábia,
por volta de 1000 d.C. Porém, este vegetal é cultivado na Etiópia desde 575 d.C., onde foi
inicialmente utilizado triturado com gordura, como alimento e a partir da fermentação dos frutos,
como vinho. O cacau também tem uma longa história. Uma bebida doce, considerada um
presente dos deuses e obtida a partir da fermentação, denominada chocolate, foi oferecida pelo
imperador asteca Montezuma aos conquistadores espanhóis em 1519. Esta bebida foi introduzida
na Europa, onde se popularizou e, em 1876, passou a ser produzida com leite, na Suíça, de onde
se originaram as mais variadas formas, consumidas e apreciadas mundialmente (Roberts e
Barone, 1983; Stefanovich, 1989).
14
A farmacocinética da cafeína depende de vários fatores como idade, peso, tabagismo,
regime alimentar, insuficiência hepática e outras condições patológicas. A cafeína é absorvida
facilmente por via oral, sendo que 99 % da absorção ocorre no trato gastrintestinal e os picos
plasmáticos são obtidos em 15 a 45 minutos. Ela possui metabolização hepática sendo que o
principal metabólito da cafeína no homem é a parametilxantina (70%), a excreção é urinária e o
tempo de meia-vida da cafeína está entre 5 e 6 horas (Borstel, 1983; Sawynok, 1995).
A cafeína possui rios alvos farmacológicos, como a inibição da fosfodiesterase e o
bloqueio de receptores GABA
A
(Fredholm et al., 1999), no entanto seu principal alvo é o
antagonismo da ão da adenosina, um neuromodulador presente em grande quantidade no SNC,
que ocorre através do impedimento da ligação de adenosina em seus receptores metabotrópicos
A
1
e A
2A
de forma não seletiva (Snyder et al., 1981).
Esta substância é conhecida pela sua capacidade de melhorar a atenção e a memória
(Fredholm et al., 1999), efeitos esses que estão sendo estudados e demonstrados em diferentes
laboratórios. Estudos pré-clinicos em roedores demonstram o potencial da cafeína na melhora de
prejuízos cognitivos relacionados a dificuldades de aprendizado e déficits de memória (Takahashi
et al., 2008), como os recentemente executados em nosso laboratório onde a cafeína foi capaz de
reverter o prejuízo na performance de ratos SHR em tarefas de memória espacial no labirinto
aquático de Morris e na tarefa de memória social (Prediger et al., 2005a, b). em humanos,
estudos sobre possíveis efeitos do consumo de cafeína, em processos cognitivos, ainda são
contraditórios que não se demonstram claras evidências da melhora dos indivíduos quando
submetidos a testes cognitivos (Hameleers et al., 2000; Smit e Rogers, 2000; Rogers et al., 2003;
van Boxtel et al., 2003; Haskell et al., 2005).
15
1.4. RECONHECIMENTO DO OBJETO
A tarefa de reconhecimento do objeto, originalmente proposto por Ennaceur e Delacour
(1988), é uma ferramenta experimental de bastante utilidade. O protocolo fundamental deste
modelo é bastante simples e utiliza basicamente um campo aberto e pelo menos dois modelos
diferentes de objetos, que serão apresentados aos animais. Primeiramente os animais precisam ser
habituados ao campo aberto, de modo a se familiarizarem ao aparelho, o que aguça a curiosidade
dos animais pelos objetos que posteriormente serão adicionados ao ambiente (Besheer e Bevins,
2000). Após esta etapa, dois objetos idênticos o adicionados ao campo aberto e se observa o
tempo que o animal permanece investigando cada um dos objetos (fase de apresentação dos
objetos). Depois de um intervalo de tempo variável (dependendo da intenção em se avaliar
memória de curta ou longa duração), substitui-se um dos objetos e avalia-se novamente o tempo
que o animal permanece investigando cada um dos objetos (fase de reconhecimento dos objetos).
Nesta etapa, a tendência natural é que o animal reconheça o objeto exposto na primeira etapa e
investigue o objeto novo por um maior período de tempo em relação ao objeto familiar. A
popularidade desde modelo tem aumentado que o animal não precisa ser exposto a estímulos
aversivos, restrição de água ou de alimentos, o procedimento não necessita de varias sessões de
treino e ainda pode ser facilmente replicado em diversos laboratórios tanto para ratos como para
camundongos (Bevins e Besheer, 2006). Embora de simples execução, este modelo experimental
envolve aspectos de locomoção, atenção, aprendizado e memória, que podem torná-lo um modelo
bastante útil para avaliação de drogas com potencial para o tratamento do TDAH.
Além da possibilidade de se avaliar possíveis efeitos de drogas sobre o comportamento
exploratório durante as sessões de habituação, pode-se observar efeitos de drogas sobre a
aquisição de informações durante a fase de apresentação dos objetos e sobre a capacidade visual
16
discriminatória durante a fase de reconhecimento dos mesmos. Ambas as tarefas são processos
mnemônicos nos quais a atenção possui uma importância fundamental (Norman e Eacott, 2004).
No desenvolvimento do presente estudo, utilizaremos uma versão modificada do modelo
de reconhecimento do objeto, sugerida recentemente por Norman e Eacott (2004), que intensifica
a dificuldade da tarefa e aumenta ainda mais a sua utilidade como modelo de atenção. A principal
diferença da modificação proposta por estes autores é que na fase de reconhecimento dos objetos,
ao invés de se utilizar apenas uma opção de objeto novo, os animais são expostos a objetos com
diferentes níveis de complexidade estrutural, comparados ao objeto familiar. Desta forma, uma
maior capacidade discriminatória é requerida aos animais, havendo necessidade de maior atenção
na fase de reconhecimento dos objetos para que o animal perceba as diferenças sutis entre o
objeto familiar e o novo. Sendo assim será possível avaliar a capacidade discriminatória das
linhagens utilizadas e investigar a participação do sistema adenosinérgico nos resultados
encontrados, com a expectativa de caracterizar a participação do mesmo como um possível alvo
farmacológico para o tratamento dos prejuízos cognitivos característicos do TDAH.
17
2. OBJETIVOS
Considerando os fatos relatados na introdução, o objetivo do presente estudo foi comparar
a performance dos ratos WIS e SHR na tarefa de reconhecimento de objetos, e investigar a
participação do sistema adenosinérgico nos prejuízos cognitivos encontrados na linhagem SHR.
Para tanto, as seguintes etapas serão realizadas:
Caracterizar o prejuízo atencional dos ratos SHR em comparação ao desempenho dos
ratos WIS na versão modificada do modelo de reconhecimento do objeto;
Investigar o envolvimento do sistema adenosinérgico no prejuízo cognitivo apresentado
pelos ratos SHR através da administração de cafeína;
Comparar os efeitos do tratamento com cafeína ao metilfenidato, principal terapia
farmacológica utilizada para o TDAH;
Identificar em qual subtipo de receptores adenosinérgicos ocorre a ação da cafeína,
através da administração de antagonistas seletivos para receptores A
1
ou A
2A ;
Investigar o efeito do tratamento agudo com cafeína, metilfenidato e antagonistas
seletivos de receptores adenosinérgicos sobre a pressão arterial, a fim de descartar o
papel da pressão arterial nos resultados encontrados;
18
Avaliar os efeitos do tratamento repetido com cafeína ou metilfenidato em ratos WIS e
SHR adultos na tarefa de reconhecimento de objetos, locomoção, pressão arterial e ganho
de peso corporal;
Avaliar a persistência do efeito do tratamento repetido com cafeína ou metilfenidato em
ratos WIS e SHR durante a adolescência na tarefa de reconhecimento de objetos,
locomoção, pressão arterial e ganho de peso corporal na idade adulta;
Investigar possíveis diferenças na expressão de receptores adenosinérgicos A1 e A2A no
córtex parietal e hipocampo entre as linhagens WIS e SHR através da técnica de imuno-
histoquímica.
19
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Animais
Ratos machos e fêmeas, adolescentes e adultos, das linhagens SHR e Wistar foram
utilizados para os procedimentos experimentais. A adolescência foi definida entre período pós-
natal (PN) 20 e 34 dias, idade correspondete a pré-adolescencia em humanos (Andersen et al.,
2001), já a idade adulta foi definida pelo período entre PN 75 e PN 90.
A colônia de ratos SHR utilizada neste estudo é originária da Universidade de Harvard
(Boston, MA) sendo obtida a partir da UNESP (Botucatu, SP, Brasil) em 1999. A partir daí, os
ratos SHR foram mantidos no laboratório de Genética do Comportamento da UFSC
(Florianópolis, SC, Brasil) sob um sistema de acasalamento irmão/irmã como recomendado para
todas as linhagens consangüíneas (ILAR, 1992). A linhagem SHR foi considerada como
isogênica uma vez que os animais apresentaram uma alta homologia de DNA entre seus
indivíduos (Ramos et al., 1997). Para realização deste estudo as colônias de ratos SHR foram
criadas e mantidas em nosso laboratório.
Embora a linhagem Wistar Kyoto possua um background genético semelhante aos do
SHR, o que faz dela a melhor linhagem para comparações que visam buscar explicações sobre
fenômenos dos ratos SHR, especialmente em estudos de hipertensão, traço para o qual a
linhagem SHR foi desenvolvida a partir da WKY (Okamoto e Aoki, 1963), não a utilizamos
como linhagem controle, que nosso estudo investiga a participação do sistema adenosinérgico
nos prejuízos cognitivos dos ratos SHR, e alguns estudos demonstram que a linhagem WKY
também possui prejuízos em relação às linhagens heterogênicas mais comuns (Grauer e Kapon,
20
1993; De Bruin et al., 2003; Clements e Wainwright, 2006). Por esse motivo, e após validação
das habilidades cognitivas da linhagem WIS em vários modelos experimentais utilizados
anteriormente em nosso laboratório, resolvemos utilizar a linhagem de ratos WIS como controle,
refletindo uma população geneticamente heterogênica.
Sendo assim a colônia de ratos Wistar é originária da EPM/UNIFESP (São Paulo, SP,
Brasil), sendo criadas e mantida no biotério central da UFSC (Florianópolis, SC, Brasil) desde
1991. Para a realização deste estudo as colônias de ratos Wistar, considerados uma população
heterogênea, foram obtidas do biotério central da UFSC.
Os animais foram desmamados e separados por sexo com quatro semanas de idade, é após
isso, foram agrupados em cinco ou seis em gaiolas plásticas (42 x 34 x 17 cm), e mantidos em
ambiente com temperatura controlada (23 ± 1 °C) e ciclo claro-escuro de 12 horas (fase clara
7:00-19:00). Alimento e água foram disponibilizados ad libitum. O estágio do ciclo estral das
fêmeas WIS e SHR não foi analisado nos experimentos realizados, que se pretendeu avaliar o
comportamento de uma população heterogênea. Todos os procedimentos experimentais foram
realizados entre as 09:00 e 17:00 horas e ocorreram de acordo com as normas de conduta com
animais experimentais do Comide Ética para o Uso de Animais da Universidade Federal de
Santa Catarina (CEUA-UFSC).
3.2. Drogas
As drogas utilizadas foram metilfenidato (Ritalin ®, Norvartis, Brasil) na dose de 2 mg/kg
e o antagonista de receptores adenosinérgico não seletivo cafeína (Sigma., USA) nas doses de 1,
3 e 10 mg/kg que foram dissolvidas em 0,9 % de NaCl (salina). Também foram utilizados os
21
antagonistas adenosinérgicos seletivos para receptores A1 ciclopentil-1,3-dipropilxantina
(DPCPX) nas doses de 1, 3 e 5 mg/kg e o antagonista adenosinérgico seletivo para receptores
A2A 4-(2-[7-amino-2-{2-furil}{1,2,4}triazolo-{2,3-a}{1,3,5} triazin-5-il-amino]etil)fenol
(ZM241385) nas doses de 0,5 e 1 mg/kg (Tocris Cookson, USA) que foram dissolvidos em salina
com 10 % de dimetilsulfoxido (DMSO). A solução controle consistiu do veículo utilizado para
dissolver as drogas. Todas as doses foram selecionadas a partir de experimentos pilotos ou de
estudos prévios (Prediger et al., 2005a,b, Andersen et al., 2001).
As drogas foram administradas intraperitonealmente (i.p.) no volume de 1ml/kg de peso
corporal para os animais tratados na idade adulta e no volume de 5 ml/kg de peso corporal para
os animais tratados na adolescência. A administração ocorreu trinta minutos antes da fase de
apresentação aos objetos, no tratamento agudo e uma vez ao dia, durante 14 dias no tratamento
repetido. O tratamento teve inicio no 20° dia PN para os animais tratados na adolescência.
3.3. Procedimentos experimentais
3.3.1. Reconhecimento de objetos
Campo aberto
O campo aberto (CA) para ratos consiste em uma arena feita de madeira com 100x100
cm de base, pintada de branca e dividida por linhas pretas formando 25 quadrados de 20x20 cm.
A base é cercada por paredes brancas de madeira com 40cm de altura. A luminosidade do
ambiente foi mantida em cerca de 10 Lux. Após o final de sessão de análise comportamental o
campo aberto foi limpo com álcool 10 % e papel toalha.
22
Objetos
Três cubos, um "T" e uma pirâmide (“P”) feitos de blocos plásticos desmontáveis,
medindo 10 X 10 cm, foram utilizados na tarefa de reconhecimento do objeto (ver Figura 1). A
fim de se verificar a influência do nível de ambigüidade entre os objetos na capacidade de
reconhecimentos dos mesmos, graus crescente de complexidade estrutural foram utilizados no
presente estudo. Os objetos A1, A2 e A3 foram representados pelos cubos e os objetos B
representados por um dos outros dois objetos disponíveis (pirâmide ou “T”).
Figura 4 - Vista lateral dos três objetos que foram utilizados no modelo de reconhecimento do
objeto.
23
Teste do reconhecimento do objeto
O teste do reconhecimento do objeto foi adaptado de um procedimento experimental
previamente descrito (Norman e Eacott, 2004; Abe et al, 2004) e consistiu de três fases:
Fase de habituação (Dias 1 e 2): Em dois dias consecutivos, os animais foram expostos ao
campo aberto e o exploraram livremente por 10 min. Essa fase é realizada com o objetivo de
familiarização dos animais no aparelho, para que no dia do teste a exploração de um ambiente
novo não interfira na investigação dos objetos. Depois deste período os animais foram colocados
novamente em suas respectivas gaiolas e retornaram ao biotério.
Figura 5 – Representação da fase de habituação (campo aberto).
24
Fase de apresentação dos objetos (Dia 3): Nesta fase os animais foram apresentados por 3 min
a dois objetos idênticos (nomeados de A1 e A2) colocados em duas extremidades opostas do
campo aberto. Cada objeto foi posicionado a cerca de 20 cm das paredes do aparelho e a 60 cm
do outro objeto. Após a fase de apresentação dos objetos, os animais foram retirados do campo
aberto e mantidos em suas respectivas gaiolas.
Figura 6 – Representação da fase de apresentação aos objetos
25
Fase de reconhecimento dos objetos (Dias 3): Trinta minutos após a fase de apresentação dos
objetos os animais foram re-expostos ao campo aberto por 3 min para avaliação de memória de
curta duração. Nesta fase, um objeto idêntico aos anteriores (nomeado de A3) e um objeto novo
(nomeado de B) foram colocados nas posições antes ocupadas pelos objetos A1 e A2. O
posicionamento dos objetos foi balanceado entre as sessões. O tempo de investigação (s),
definido como o tempo em que o animal permanece com o focinho posicionado em direção ao
objeto a uma distância igual ou inferior a 2 cm ou tocando o objeto, foi registrado e utilizado
como índice de memória (Norman e Eacott, 2004; Abe et al., 2004). Além do tempo de
investigação, a razão de discriminação foi utilizada como índice da capacidade de
reconhecimento dos objetos diferentes (A e B) e foi calculada dividindo-se a diferença do tempo
de exploração entre o objeto novo e o conhecido pelo tempo total de exploração na fase de
reconhecimento dos objetos (B - A3)/(B+A3).
Figura 7 – Representação da fase de reconhecimento dos objetos
26
3.3.2. Locomoção
Durante a fase de apresentação aos objetos e/ou durante a fase de discriminação dos
mesmos foi analisado a atividade locomotora dos animais. Este procedimento foi realizado para
avaliar tanto a diferença na atividade locomotora relacionada às diferentes linhagens utilizadas
(WIS e SHR) quanto para avaliar o efeito das drogas utilizadas na locomoção desses animais. A
locomoção foi analisada por 3 min onde o número de cruzamentos horizontais totais dos animais
no campo aberto foram registrados através de contadores manuais. O cruzamento foi considerado
quando os animais cruzavam a linha com as quatro patas.
3.3.3. Peso Corporal
O peso corporal dos animais WIS e SHR foi medido de dois em dois dias durante o
tratamento repetido (14 dias) com solução veiculo, cafeína ou metilfenidato, tanto durante a
adolescência quanto na idade adulta. Esse procedimento foi realizado para verificar o efeito das
drogas utilizadas na ingestão de alimentos e na manutenção do peso corporal.
3.3.4. Pressão arterial
A pressão arterial (mmHg) de ratos fêmeas adultos WIS e SHR foi medida após o
tratamento agudo com: solução veiculo (salina ou salina com DMSO 10 %), metilfenidato
(2mg/kg), cafeína (1, 3 ou 10 mg/kg), DPCPX (1, 3 ou 5 mg/kg), ZM241385 (0,5 ou 1 mg/kg) ou
MIX (3 mg/kg de DPCPX e 0,5 mg/kg de ZM241385) e também após o tratamento repetido com
veiculo, metilfenidato (2mg/kg) ou cafeína (3 mg/kg) durante a adolescência ou durante a idade
adulta. Para realização desta medida os animais foram anestesiados com uma mistura contendo
27
cetamina (90 mg/kg) e xilazina (15 mg/kg), injetada pela via intramuscular. Uma vez
anestesiados, os animais foram posicionados em decúbito dorsal sobre uma mesa cirúrgica
aquecida (temperatura entre 35 e 36º C). Para prevenir a formação de coágulos e a obstrução das
cânulas os animais receberam uma injeção intraperitoneal de heparina (300 UI) 10 minutos antes
da anestesia. Para facilitar a respiração espontânea, todos os animais foram submetidos a
traqueostomia. Na seqüência, a artéria carótida esquerda foi localizada e, de forma cuidadosa e
rápida, separada do nervo vago e tecidos adjacentes. O fluxo sanguíneo da artéria carótida foi
interrompido na extremidade distal através da ligadura com fio de sutura, enquanto o fluxo da
extremidade proximal foi temporariamente suprimido por compressão com uma pinça curva. Um
pequeno corte foi realizado na região medial da porção da artéria carótida clampeada, servindo
como via de inserção de um catéter de polietileno (Angiocath
, número 19), devidamente
heparinizado, o qual foi firmemente amarrado na artéria e conectado ao transdutor de pressão
(Mikro-Tip®, Millar Instruments, Inc., Houston, Texas, USA) acoplado a um sistema de
aquisição Powerlab 8/30 (AD Instruments Pty Ltd., Castle Hill, Australia). Após um período de
estabilização de 30 minutos os valores de pressão arterial média (PAM), sistólica e diastólica (em
mmHg) e da freqüência cardíaca (em batimentos por minuto, bpm) foram registrados. Ao término
dos experimentos, todos os animais foram sacrificados através da administração intravenosa de
altas doses de xilocaína.
3.3.5. Reação de Imuno-histoquímica
Após o termino dos testes comportamentais, ratos adultos WIS e SHR foram perfundidos
transcardicamente com solução PBS contendo 4% de paraformaldeido (w/v). Os cérebros foram
cuidadosamente removidos e mantidos na mesma solução de paraformaldeido por 24 horas, após
28
esse tempo os cérebros foram mantidos em álcool 70% até o momento da confecção dos blocos
de parafina.
A expressão dos receptores de adenosina A1 e A2A foram detectados em cortes
histológicos confeccionados a partir dos blocos de parafina contendo amostras dos cérebros dos
ratos WIS e SHR utilizados no estudo. Os cortes teciduais de espessura de 3 µm foram montados
sobre lâminas preparadas com solução de ATPS a 5% (3-aminopropyltriethoxysilene; SIGMA
CHEMICAL CO, St. Louis, MO, USA) em acetona PA, sendo mantidas em estufa a uma
temperatura de 50°C durante 1h para fixação dos cortes nas lâminas.
Após fixação, os cortes foram desparafinados em xilol e hidratados por passagens
sucessivas em etanol de concentrações decrescentes (etanol absoluto, etanol 90%, etanol 80% e
finalmente etanol 70%). O bloqueio da peroxidase endógena dos tecidos foi realizado com o
objetivo de eliminar o desenvolvimento de reações inespecíficas falso-positivas. Para tanto, as
lâminas foram imersas em uma solução de peróxido de hidrogênio a 1,5% e metanol absoluto
(V/V), em uma passagem de 20 min, com posterior lavagem através de duas passagens em água
destilada.
Previamente à incubação com o anticorpo primário, as lâminas foram submetidas ao
tratamento para reativação antigênica, com a finalidade de recuperar os sítios antigênicos
mascarados pela fixação e inclusão do tecido em formol e parafina. Para este fim, foi preparada
uma solução composta por 180 mL de ácido cítrico 0,1M (MERCK, São Paulo/SP, Brasil) e 820
mL de citrato de sódio 0,1M (MERCK, São Paulo/SP, Brasil) pH 6,0. Após preparo da solução,
as lâminas foram imersas nesta solução de reativação antigênica diluída 1:10 em água destilada, e
mantidas em banho-maria ajustado para 95-98°C, durante 45 min.
Logo após, ainda como parte do processo de reativação antigênica através do calor, as
lâminas foram retiradas do banho-maria, mantidas durante 20 min à temperatura ambiente, e
29
posteriormente lavadas em água destilada. Após a lavagem das lâminas, estas foram submersas
em tampão salina fosfato (PBS, composição: NaCl 137 mM, KCl 2 mM e tampão fosfato 10 mM,
pH 7,2-7,4) (SIGMA CHEMICAL CO., St. Louis, MO, USA).
O anticorpo monoclonal primário anti-A1 (Sigma®, Saint Louis, USA) foi diluído a 1:100
o anticorpo monoclonal primário anti-A2A ( Santa Cruz Biotechnology) foi diluído a 1:200,
em uma solução comercial apropriada à diluição de anticorpos (Dako Cytomation®, Carpinteria,
CA, USA), composta por TRIS-NaCl (Tris Base 13,9g, Tris-HCl 60,6g, NaCl 87,66g, pH 7,6) e
um reagente comercial bloqueador de reação inespecífica.
Após esta etapa, a solução contendo os anticorpos foi adicionada sobre os cortes teciduais
e as lâminas foram mantidas em câmara úmida, de 2-8°C durante 12h. A seguir, estas foram
lavadas com tampão PBS, por 2 vezes, por 5 min cada, à temperatura ambiente. Após lavagem as
lâminas foram incubadas com anticorpo secundário Envision plus (Dako Cytomation®,
Carpinteria, CA, USA) conjugado com um polímero de peroxidase (EN VISION PLUS, Dako
Cytomation, Carpinteria, CA, USA) pronto para uso em câmara úmida durante 1h à temperatura
ambiente.
Posteriormente, foram realizadas duas lavagens utilizando-se PBS por 5 min, à temperatura
ambiente. As amostras foram submetidas a uma revelação colorimétrica com uma solução
cromógena contendo 0,03% de 3,3´-diaminobenzidina (3,3’,4,4´-
tetraaminobiphenyltetrahydrochloride) (DAB), diluído em tampão imidazol pH 7,2 e peróxido de
hidrogênio a 0,3%. Após a revelação, foram realizadas a contra coloração das lâminas com
solução de Hematoxilina de Harris, desidratação através de passagem das lâminas em
concentrações crescentes de etanol (etanol 70%, etanol 80%, 90% e etanol absoluto),
diafanização em xilol e montagem em ENTELLAN® (MERCK, São Paulo/SP, Brasil).
30
O resultado positivo foi revelado pelo aparecimento de coloração castanha no local da
marcação pelos anticorpos. A leitura das lâminas e digitalização das imagens de todas as sub-
regiões hipocampais (CA1, CA2, CA3 e giro denteado), rtex e estriado foram realizadas em
microscópio óptico comum (NIKON, 80i) acoplado a câmera digital (Digital Sight Câmera, DS-
5M-L1; Nikon, Nova Iorque, USA). Para quantificação da expressão dos receptores
adenosinergicos nas diferentes regiões as imagens obtidas em aumento de 20X foram analisadas
através de um software de análise de imagens (CHPTool Cyclops, Brasil).
A quantificação dos receptores foi expressa por porcentagem de área marcada em relação a área
total analisada.
3.4. Análise estatística
Todos os valores foram expressos como média ± erro padrão da média (E.P.M.), sendo
que n é igual ao número de ratos utilizados em cada grupo experimental. A análise estatística foi
realizada utilizando análise de variância (ANOVA) de duas vias, com o fator linhagem, objeto e
tratamento como variáveis independentes ou através da (ANOVA) de três vias, sendo o fator
linhagem, tratamento e repetição as variáveis independentes. O teste post-hoc de Duncan foi
utilizado para comparações adicionais, em decorrência de valores significantes de P <
0.05 para a
ANOVA. O teste “t” de Student foi também utilizado para comparações diretas. O nível de
significância para todos os testes foi de p<0,05. Todas as análises estatísticas foram realizadas
utilizando o pacote estatístico Statistica® 6.0 (StatSoft Inc., Tulsa, OK, USA).
31
Resultados Tratamento Agudo
32
4. RESULTADOS
4.1. Comparação entre as linhagens WIS e SHR no teste do reconhecimento de objetos
Inicialmente, para avaliar a desempenho dos ratos WIS e SHR machos e fêmeas no teste
de reconhecimento de objetos, grupos independentes de ambas as linhagens foram designados
para um dos dois grupos experimentais, nomeados de acordo com o par de objetos utilizados:
cubo X “T” ou cubo X pirâmide.
Os resultados do desempenho dos ratos WIS e SHR machos no tempo de investigação,
durante a etapa de apresentação aos objetos e do índice de reconhecimento, durante a fase de
reconhecimento estão ilustrados nas figuras 8A e 8B. Ao analisar o tempo de investigação dos
objetos, a análise de variância realizada através da ANOVA de duas vias (fator linhagem X
objeto) não revelou efeito significante para os fatores linhagem [F(1,30)=0.83, P=0.37], objetos
[F(1,30)=0.36, P=0.55] e para a interação entre esses fatores [F(1,30)=1.40, P=0.25]. Quando
avaliado o índice de reconhecimento, não foi encontrado efeito significante para os fatores
linhagem [F(1,30)=1.46, P=0.24] e objeto [F(1,30)=2.44, P=0.13
], já para a interação entre os
dois fatores a ANOVA revelou efeito significante
[F(1,30)=4.33, P<0.05]. Subseqüente teste
de Duncan indicou que os ratos SHR apresentam prejuízo no índice de reconhecimento quando
expostos ao objeto “T” durante a fase de reconhecimento dos objetos, comparado ao índice de
reconhecimento dos ratos WIS expostos ao mesmo objeto e também quando comparado ao grupo
exposto ao objeto “P” da mesma linhagem na mesma fase (p<0.05). Já os ratos WIS foram
capazes de discriminar ambos os objetos investigando assim por mais tempo o novo objeto (“T”
ou pirâmide).
33
0
10
20
30
Cubo X Pimide
A
Cubo X T
Tempo de investigação(s)
WIS
SHR
Machos - adultos
-0.25
0.00
0.25
0.50
0.75
B
#
*
Índice de discriminação
Figura 8 Comparação entre ratos machos WIS e SHR adultos no teste de reconhecimento de
objetos. Após a fase de habituação no campo aberto, os animais foram expostos a 2 cubos
idênticos (A1 e A2) na fase de apresentação aos objetos e 30 min depois eles foram expostos a
outro cubo igual aos anteriores (A3) e a um objeto não familiar (B) na fase de reconhecimento
dos objetos. Os objetos B utilizados foram a pirâmide (P) e o objeto na forma de “T”. (A) O
tempo de investigação (s) foi calculado através da soma do tempo de investigação dos objetos A1
e A2 durante a fase de apresentação aos objetos. (B) Já o índice de discriminação foi calculado
pelo tempo que os animais investigaram (B-A3)/(B+A3). Os valores foram expressos como
média ± erro padrão da média (E.P.M.),
#
p<0.05 quando comparado ao grupo “T” WIS. *p<0.05
quando comparado ao grupo “T” SHR (teste de Duncan). (n = 8-9).
34
Após verificação do desempenho de ratos machos das linhagens WIS e SHR no modelo
apresentado, analisamos a performance de ratos fêmeas, das mesmas linhagens, para verificar se
existe diferenças entre sexo (figuras 9Ae 9B). Ao analisar o tempo de investigação dos objetos, a
análise de variância realizada através da ANOVA de duas vias (fator linhagem X objeto) não
revelou efeito significante para os fatores linhagem [F(1,22)=0.01, P=0.92], objeto
[F(1,22)=0.92, P=0.35] ou para a interação entre os fatores linhagem e objeto [F(1,22)=0.71,
P=0.41]. Quando avaliado o índice de reconhecimento, a ANOVA de duas vias revelou efeito
significante para os fatores linhagem [F(1,22)=5.50, P<0.05], objeto [F(1,22)=10.0, P<0.01
] e
para a interação entre os dois fatores
[F(1,22)=5.50, P<0.05]. Subseqüente teste de Duncan
indicou que os ratos SHR apresentam prejuízo no índice de reconhecimento quando expostos ao
objeto “T” durante a fase de reconhecimento dos objetos quando comparado ao índice de
reconhecimento dos ratos WIS e também quando comparado ao grupo exposto ao objeto “P” da
mesma linhagem na mesma fase (p<0.05). Já os ratos WIS foram capazes de discriminar ambos
os objetos investigando assim por mais tempo o novo objeto (“T” ou pirâmide).
Após caracterizar o prejuízo dos ratos SHR, na habilidade de discriminar o objeto “T”, em
todos os próximos experimentos realizados o cubo foi utilizado como objeto familiar e o “T”
como novo objeto.
35
Fêmeas - adultas
0
5
10
15
20
25
Cubo x T
Cubo x Pirâmide
A
WIS SHR
Tempo de investigação (s)
-0.50
-0.25
0.00
0.25
0.50
*
#
B
Índice de discriminação
Figura 9 Comparação entre ratos fêmeas WIS e SHR adultos no teste de reconhecimento de
objetos. Após a fase de habituação no campo aberto, os animais foram expostos a 2 cubos
idênticos (A1 e A2) na fase de apresentação aos objetos e 30 min depois eles foram expostos a
outro cubo igual aos anteriores (A3) e a um objeto não familiar (B) na fase de reconhecimento
dos objetos. Os objetos B utilizados foram a pirâmide e o objeto na forma de “T”. (A) O tempo
de investigação (s) foi calculado através da soma do tempo de investigação dos objetos A1 e A2
durante a fase de apresentação aos objetos. (B) Já o índice de discriminação foi calculado pelo
tempo que os animais investigaram (B-A3)/(B+A3). Os valores foram expressos como média ±
erro padrão da média (E.P.M.),
#
p<0.05 quando comparado ao grupo “T”WIS. *p<0.05 quando
comparado ao grupo “T” SHR (teste de Duncan). (n = 6-7).
36
4.2. Efeitos da administração aguda de metilfenidato ou cafeína na performance de ratos
machos WIS e SHR no teste de reconhecimento de objetos
Os efeitos da administração aguda (i.p.) de metilfenidato ou cafeína, injetados 30 min
antes da fase de apresentação aos objetos, no tempo de investigação e no índice de
reconhecimento, de ratos machos adultos WIS e SHR no teste de reconhecimento de objetos
encontram-se nas Figuras 10A e 10B, respectivamente. No tempo de investigação a ANOVA de
duas vias (linhagem x tratamento) não revelou efeito significativo para o fator linhagem
[F(1,77)=1.22, P=0.27], tratamento [F(4,77)=2.46, P=0.06] ou para interação entre os fatores
linhagem e tratamento [F(4,77)=0.85, P=0.49].quando analisado o índice de reconhecimento a
ANOVA de duas vias revelou efeito significante entre as linhagens [F(1,77)=8.54, P<
0.05], mas
não entre os tratamentos [F(4,77)=0,88, P=0.48], no entanto significante efeito foi encontrado ao
analisar a interação entre os fatores linhagem e tratamento [F(4,77)=2.91, P<
0.05]. Confirmando
esses resultados, subseqüente teste de Duncan indicou que o grupo controle dos ratos SHR
apresentam prejuízo no índice de reconhecimento quando comparados ao grupo controle dos
ratos WIS (P<
0.05). Entretanto a administração (i.p.), de metilfenidato na dose de 2 mg/kg ou de
cafeína na dose de 10 mg/kg, foram capazes de reverter o prejuízo na habilidade discriminatória
dos ratos SHR, sem apresentar qualquer tipo de efeito nos ratos WIS.
37
0
10
20
30
1
3 10
cafeína
1 3
10
cafeína
V
V
mg/kg, i.p
MFD
MFD
WIS
SHR
A
Tempo de investigação (s)
Machos - adultos
-0.25
0.00
0.25
0.50
0.75
*
#
1 3
10
cafeína
V
mg/kg, i.p
MFD
1 3
10
cafeína
V MFD
*
B
Índice de discriminação
Figura 10 Efeitos da administração de veiculo (V), metilfenidato (MFD) 2 mg/kg ou cafeína
(CAF) 1, 3 e 10 mg/kg, 30 min antes da fase de apresentação aos objetos, no tempo de
investigação (A) e no índice de reconhecimento (B) em ratos machos WIS e SHR adultos, no
teste de reconhecimento do objeto. O tempo de investigação (s) foi calculado através da soma do
tempo de investigação dos objetos A1 e A2 durante a fase de apresentação aos objetos. o
índice de discriminação foi calculado pelo tempo que os animais investigaram (B-A3)/(B+A3)
durante a fase de discriminação. Os valores foram expressos como média ± erro padrão da média
(E.P.M.),
#
p<0.05 quando comparado ao grupo V WIS. *p<0.05 quando comparado ao grupo V
SHR (teste de Duncan). (n = 8-10).
38
A tabela 1 ilustra o efeito do tratamento com metilfenidato ou cafeína na atividade
locomotora de ratos machos das linhagens WIS e SHR, a medida foi realizada durante a fase de
apresentação e de discriminação dos objetos na execução do teste de reconhecimento de objetos.
Durante a fase de apresentação aos objetos, através da ANOVA de duas vias (linhagem X
tratamento) nenhum efeito significante foi encontrado para o fator linhagem [F(1,77)=2.44,
P=0.12], tratamento [F(4,77)=1.84, P=0.13] ou para a interação entre os fatores linhagem e
tratamento [F(4,77)=1.13, P=0.35]. O mesmo ocorreu durante a fase de reconhecimento dos
objetos, onde não foi encontrado efeito significante para o fator linhagem [F(1,77)=1.82,
P=0.18], tratamento [F(4,77)=0.97, P=0.43] e para a interação entre os fatores linhagem e
tratamento [F(4,77)=0.76, P=0.55] no total de cruzamentos dos animais durante os 3 min de
teste.
Tabela 1 Efeitos da administração (i.p.) de veiculo (V), metilfenidato (MFD) (2 mg/kg) ou
cafeína (CAF) (1, 3 ou 10 mg/kg), 30 min antes da fase de apresentação aos objetos, na atividade
locomotora de ratos machos WIS e SHR durante a fase de apresentação e de discriminação de
objetos, no teste do reconhecimento de objetos. (n = 8-10).
Tratamento
(mg/kg, i.p.)
V MFD
2
CAF
1
CAF
3
CAF
10
Fase Linhagem
Nº de cruzamentos
Apresentação
aos objetos
WIS
85.25±5.02
85.37±3.82
100,1±5.37
82.87±4.96
94.20±5.83
SHR
100,1±6.20
84.37±4.89
94.11±5.46
95.22±6.88
103.6±8.64
Reconhecimento
dos objetos
WIS
69.75±8.66
81.37±2.28
82.78±4.69
69.62±7.23
84.20±5.77
SHR
86.77±7.01
80.50±6.43
79.66±5.46
79.44±5.75
89.33±9.33
39
4.3. Efeitos da administração aguda de metilfenidato ou cafeína na performance de ratos
fêmeas WIS e SHR no teste de reconhecimento de objetos
que ratos fêmeas da linhagem SHR, assim como os ratos machos da mesma linhagem,
demonstraram prejuízos no testes de reconhecimento dos objetos, avaliamos o efeito do
tratamento com metilfenidato ou cafeína nas mesmas doses utilizadas para avaliar se a resposta
ao tratamento em fêmeas e semelhante a encontrada em machos.
Sendo assim os efeitos da administração aguda (i.p.) de metilfenidato ou cafeína,
injetados 30 min antes da fase de apresentação aos objetos, no tempo de investigação e no índice
de reconhecimento, de ratos fêmeas adultos WIS e SHR no teste de reconhecimento de objetos
encontram-se nas Figuras 11A e 11B. No tempo de investigação a ANOVA de duas vias
(linhagem x tratamento) não revelou efeito significativo para o fator linhagem [F(1,71)=1.73,
P=0.19], tratamento [F(4,71)=1.48, P=0.21] ou para interação entre os fatores linhagem e
tratamento [F(4,71)=0.29, P=0.88]. Porém quando analisado o índice de reconhecimento a
ANOVA de duas vias também não revelou efeito significante entre as linhagens [F(1,71)=0.82,
P=0.77] e tratamentos [F(4,71)=1,03, P=0.39], no entanto, um significante efeito foi encontrado
na interação entre os fatores linhagem e tratamento [F(4,71)=2.57, P<
0.05]. Confirmando esses
resultados, subseqüente teste de Duncan indicou que o grupo controle dos ratos SHR apresentam
prejuízo no índice de reconhecimento quando comparados ao grupo controle dos ratos WIS
(P<
0.05). Foi também observado que a administração (i.p.), de metilfenidato na dose de 2 mg/kg
ou de cafeína nas doses de 1, 3 e 10 mg/kg, foram capazes de reverter o prejuízo na habilidade
discriminatória dos ratos SHR, sem apresentar qualquer tipo de efeito nos ratos WIS.
40
0
10
20
30
1
3 10
cafeína
1 3
10
cafeína
V
V
mg/kg, i.p
MFD
MFD
WIS
SHR
A
Tempo de investigação (s)
Fêmeas - adultas
-0.25
0.00
0.25
0.50
0.75
*
*
#
*
1 3
10
cafeína
V
mg/kg, i.p
MFD
1 3
10
cafeína
V MFD
*
B
Índice de discriminação
Figura 11 Efeitos da administração de veiculo (V), metilfenidato (MFD) 2 mg/kg ou cafeína
(CAF) 1, 3 e 10 mg/kg, 30 min antes da fase de apresentação aos objetos, no tempo de
investigação (A) e no índice de reconhecimento (B) em ratos fêmeas WIS e SHR adultos, no
teste de reconhecimento do objeto. O tempo de investigação (s) foi calculado através da soma do
tempo de investigação dos objetos A1 e A2 durante a fase de apresentação aos objetos. o
índice de discriminação foi calculado pelo tempo que os animais investigaram (B-A3)/(B+A3)
durante a fase de reconhecimento. Os valores foram expressos como média ± erro padrão da
média (E.P.M.),
#
p<0.05 quando comparado ao grupo V WIS. *p<0.05 quando comparado ao
grupo V SHR (teste de Duncan). (n = 8-9).
41
A tabela 2 representa o efeito do tratamento com metilfenidato ou cafeína na atividade
locomotora de ratos fêmeas WIS e SHR, a medida foi realizada durante a fase de apresentação e
de discriminação dos objetos na execução do teste de reconhecimento de objetos. Durante a fase
de apresentação aos objetos, a ANOVA de duas vias (linhagem X tratamento) demonstrou que
nenhum efeito significante foi encontrado para o fator linhagem [F(1,71)=0.82, P=0.37],
tratamento [F(4,71)=0.72, P=0.58] ou para a interação entre os fatores linhagem e tratamento
[F(4,71)=1.61, P=0.18] no total de cruzamentos dos animais durante os 3 min de teste. durante
a fase de reconhecimento dos objetos, a ANOVA de duas vias (linhagem X tratamento) revelou
efeito significante para o fator linhagem [F(1,71)=4.55, P<
0.05] na atividade locomotora dos
animais, porém não foi encontrado efeito significante para o fator tratamento [F(4,71)=0.68,
P=0.61] ou na interação entre os fatores linhagem e tratamento [F(4,71)=1.54, P=0.20]. Analises
subseqüentes através do teste de Duncan não indicaram diferença significativa na atividade
locomotora entre os grupos controles das duas linhagens utilizadas.
42
Tabela 2 Efeitos da administração (i.p.) de veiculo (V), metilfenidato (MFD) (2 mg/kg) ou
cafeína (CAF) (1, 3 ou 10 mg/kg), 30 min antes da fase de apresentação aos objetos, na atividade
locomotora de ratos fêmeas WIS e SHR durante a fase de apresentação e de discriminação de
objetos, no teste do reconhecimento de objetos. (n = 8-9).
Tratamento
(mg/kg, i.p.)
V MFD
2
CAF
1
CAF
3
CAF
10
Fase Linhagem
Nº de cruzamentos
Apresentação
aos objetos
WIS
80.25±5.41
90.78±7.45
89.75±4.43
100.37±10.8
101.00±5.6
SHR
96.75±4.68
105.22±6.6
94.28±5.38
91.75±6.15 93,25±6.99
Reconhecimento
dos objetos
WIS
69.75±8.09
68.00±5.00
73.25±8.20
81.87±10.23
82.62±4.98
SHR
80.0±5.45
97.44±5.53
78.41±6.79
83.12±7.09 83.62±7.12
Após verificar que ratos SHR machos e fêmeas apresentam prejuízo na tarefa de
reconhecimento de objetos quando estes possuem características muito semelhantes e ainda após
avaliar a melhora no desempenho de ambos os neros após tratamento com metilfenidato ou
cafeína, optamos por utilizar o gênero fêmea para prosseguir nossas investigações, já que estamos
utilizando animais adultos e o TDAH na idade adulta é mais comum em mulheres e ainda porque
ratos fêmeas da linhagem SHR demonstraram ser mais sensíveis ao tratamento com cafeína.
43
4.4. Efeitos 24 horas após a administração aguda de metilfenidato ou cafeína no teste de
reconhecimento de objetos em ratos fêmeas WIS e SHR
Para avaliar se o efeito do metilfenidato e da cafeína estavam realmente ocorrendo durante
a fase de apresentação aos objetos, no momento em que os animais necessitam adquirir as
informações, ou se esse efeito estaria ocorrendo apenas durante a evocação das informações
aprendidas que ocorre na fase de reconhecimento dos objetos. Além disso, para avaliar se os
animais necessitam estar sobre o efeito das drogas para que possam apresentar a melhora no
desempenho, um novo grupo de animais foi avaliado.
Para responder essas questões, foram selecionadas as doses de 2 mg/kg de metilfenidato e
a dose de 3 mg/kg de cafeína, que essas doses apresentaram efeito em outros grupos avaliados.
Os animais receberam uma administração aguda (i.p.) de veiculo, cafeína ou metilfenidato,
injetados 30 min antes da fase de apresentação aos objetos. a fase de reconhecimento dos
objetos, que antes era realizada 30 min após a fase de apresentação, foi realizada 24 horas após
esta fase.
Os resultados encontrados estão representados nas figuras 12A e 12B. Como pode ser
observado no tempo de investigação a ANOVA de duas vias (linhagem x tratamento) não revelou
efeito significativo para o fator linhagem [F(1,41)=0.38, P=0.85], tratamento [F(2,41)=1.87,
P=0.17] ou para interação entre os fatores linhagem e tratamento [F(2,41)=0.32, P=0.72].
quando analisado o índice de reconhecimento a ANOVA de duas vias também não revelou efeito
significante entre as linhagens [F(1,41)=2.06, P=0.16] e tratamentos [F(2,41)=2,54, P=0.91]. No
entanto, um significante efeito foi encontrado na interação entre os fatores linhagem e tratamento
[F(2,41)=10.27, P<
0.001]. Confirmando esses resultados, análises post-hoc indicaram que o
grupo controle dos ratos SHR apresentam prejuízo no índice de reconhecimento quando
44
comparados ao grupo controle dos ratos WIS (P<0.05). E ainda, a administração (i.p.), de
metilfenidato na dose de 2 mg/kg ou de cafeína na dose de 3 mg/kg, foram capazes de reverter o
prejuízo na habilidade discriminatória dos ratos SHR, sem apresentar qualquer tipo de efeito nos
ratos WIS, mesmo quando testados 24 horas após a administração.
45
0
10
20
30
V
V
mg/kg, i.p
MFD
MFD
WIS
SHR
A
CAF
CAF
Tempo de investigação (s)
Fêmeas - adultas
-0.50
-0.25
0.00
0.25
0.50
0.75
V
V
mg/kg, i.p
MFD
MFD
B
CAF
CAF
#
*
*
Índice de reconhecimento
Figura 12 Efeitos da administração de V, MFD 2 mg/kg e de cafeína CAF 3 mg/kg, 30 min
antes da fase de apresentação aos objetos, no tempo de investigação (A) e no índice de
reconhecimento, realizado 24 horas após a fase de apresentação aos objetos (B), em ratos fêmeas
WIS e SHR adultos, no teste de reconhecimento do objeto. O tempo de investigação (s) foi
calculado através da soma do tempo de investigação dos objetos A1 e A2 durante a fase de
apresentação aos objetos. o índice de discriminação foi calculado pelo tempo que os animais
investigaram (B-A3)/(B+A3) durante a fase de reconhecimento. Os valores foram expressos
como média ± erro padrão da média (E.P.M.),
#
p<0.05 quando comparado ao grupo V WIS.
*p<0.05 quando comparado ao grupo V SHR (teste de Duncan). (n = 7-8).
46
4.5. Efeitos da administração aguda de antagonistas seletivos para receptores
adenosinérgicos A1 e A2A no teste de reconhecimento de objetos em ratos meas WIS e
SHR.
Nas figuras 13A e 13B encontram-se os resultados da administração aguda (i.p.) dos
antagonistas seletivos para receptores de adenosina A1 (DPCPX) nas doses de 1, 3 e 5 mg/kg e
A2A (ZM241385) nas doses de 0,5 e 1 mg/kg e também o efeito da associação das doses de 3
mg/kg de DPCPX e de 0,5 mg/kg de ZM241385 (MIX), injetados 30 min antes da fase de
apresentação aos objetos, no tempo de investigação e no índice de reconhecimento, de ratos
fêmeas adultos WIS e SHR. No tempo de investigação a ANOVA de duas vias (linhagem x
tratamento) revelou efeito significante para o fator linhagem [F(1,102)=5.13, P<
0.05], mas não
para o fator tratamento [F(6,102)=2.11, P=0.06] ou para a interação entre os fatores linhagem e
tratamento [F(6, 102)=0.66, P=0.68]. quando analisado o índice de reconhecimento a ANOVA
de duas vias (linhagem e tratamento) revelou efeito significante para o fator linhagem
[F(1,102)=4.29, P<
0.05], tratamento [F(6,102)=3.02, P<0.05] e para a interação entre os fatores
linhagem e tratamento [F(6,102)=4.15, p<
0.001]. Confirmando esses resultados, subseqüente
teste de Duncan indicou que o grupo controle dos ratos SHR apresentam prejuízo no índice de
reconhecimento quando comparados ao grupo controle dos ratos WIS e também que a
administração aguda de DPCPX na dose de 5 mg/kg, ZM241385 na dose de 1 mg/kg, e a
associação das doses de 3 mg/kg de DPCPX e 0,5 mg/kg de ZM241385 reverteram o prejuízo na
habilidade discriminatória dos ratos SHR (P<0.05), enquanto nenhum efeito foi encontrado para
os ratos WIS após administração das drogas.
47
Fêmeas - adultas
0
10
20
30
WIS
SHR
A
mg/kg, i.p
V
3
1 1
ZM
0.5
5
V
MIX
3 + 0,5
3
1 1
ZM
0.5
5
MIX
3 + 0,5
DPCPX DPCPX
Tempo de investigação (s)
-0.25
0.00
0.25
0.50
0.75
*
#
B
V
mg/kg, i.p
3
DPCPX
1 1
ZM
0.5
Índice de discriminação
*
*
5
V
MIX
3 + 0,5
3
DPCPX
1
1
ZM
0.5
5
MIX
3 + 0,5
Figura 13 Efeitos da administração de antagonistas seletivos para receptores adenosinérgicos
A1 - DPCPX (1, 3 e 5 mg/kg) e A2A ZM241385 (0,5 e 1 mg/kg) e também da administração
combinada de DPCPX (3 mg/kg) e ZM (0,5 mg/kg) (MIX), 30 min antes da fase de apresentação
aos objetos, no tempo de investigação (A) e no índice de reconhecimento (B) em ratos fêmeas
WIS e SHR, no teste de reconhecimento do objeto. O tempo de investigação (s) foi calculado
através da soma do tempo de investigação dos objetos A1 e A2 durante a fase de apresentação
aos objetos. o índice de discriminação foi calculado pelo tempo que os animais investigaram
(B-A3)/(B+A3) durante a fase de reconhecimento. Os valores foram expressos como média ±
erro padrão da média (E.P.M.),
#
p<0.05 quando comparado ao grupo V WIS. *p<0.05 quando
comparado ao grupo V SHR (teste de Duncan). (n = 8-10).
48
A tabela 3 representa o efeito do tratamento agudo com os antagonistas seletivos na
atividade locomotora de ratos fêmeas WIS e SHR, a medida foi realizada durante a fase de
apresentação e de discriminação dos objetos. Durante a fase de apresentação aos objetos, através
da ANOVA de duas vias (linhagem X tratamento) um significante efeito foi encontrado para o
fator linhagem [F(1,102)=11.4, P<
0.001] e para o fator tratamento [F(6,102)=2.4, P<0.05] no
total de cruzamentos dos animais durante os 3 min de teste. No entanto, a análise não revelou
efeito significante na interação entre os fatores linhagem e tratamento [F(6,102)=1.27, P=0.28].
Comparações adicionais não revelaram diferenças significantes entre os grupos controles das
linhagens WIS e SHR ou em relação aos grupos tratados, quando comparados ao grupo controle
da mesma linhagem. Já durante a fase de reconhecimento dos objetos, a ANOVA de duas vias
(linhagem X tratamento) revelou efeito significante para o fator linhagem [F(1,102)=6.7,
P<
0.01], mas não para o fator tratamento [F(6,102)=0.45, P=0.84] ou para a interação entre os
fatores linhagem e tratamento [F(6,102)=1.05, P=0.40]. Comparações post-hoc adicionais não
revelaram diferenças significantes entre os grupos controles das linhagens WIS e SHR
49
Tabela 3 Efeitos da administração (i.p.) de V, antagonistas seletivos para receptores adenosinérgicos
A1 - DPCPX (1, 3 e 5 mg/kg), A2A – ZM241385 (0,5 e 1 mg/kg) e também da administração
combinada de DPCPX (3 mg/kg) e ZM (0,5 mg/kg) (MIX), 30 min antes da fase de apresentação aos
objetos, na atividade locomotora de ratos fêmeas WIS e SHR durante a fase de apresentação e de
discriminação de objetos, no teste do reconhecimento de objetos. (n = 8-10).
Tratamento
(mg/kg, i.p.)
V DPCPX
1
DPCPX
3
DPCPX
5
ZM
0.5
ZM
1
MIX
Fase Linh
Nº de cruzamentos
Apresentação
aos objetos
WIS
84.4±2.9
76.6±5.0
71.4±4.3
79.0±4.7
78.2±4.0
69.2±1.6
83.0±5.1
SHR
86.8±3.6
73.5±6.9
81.7±4.9
86.6±2.9
95.9±6.6
86.2±6.8
90.9±4.2
Reconhecimento
Dos objetos
WIS
72.3±3.8
72.7±4.1
61.7±4.8
70.5±6.4
73.2±6.9
62.1±5.2
70.0±3.6
SHR
81.2±6.8
73.9±9.5
74.2±8.1
79.7±4.3
68.4±5.7
85.9±9.2
79.9±4.3
4.6. Efeitos da administração aguda de metilfenidato, cafeína e de antagonistas seletivos
para receptores adenosinérgicos A1 e A2A na pressão arterial de ratos fêmeas WIS e SHR
Para avaliar se os déficits cognitivos apresentados pelos ratos SHR são diretamente
relacionados com a hipertensão desses animais ou se as duas patologias possuem mecanismos
distintos, a pressão sangüínea de ambas as linhagens após o tratamento agudo com metilfenidato,
cafeína ou com os antagonistas seletivos para receptores adenosinérgicos, foi avaliada. A figura
14 representa os resultados dos efeitos da administração (i.p.) aguda de veiculo, metilfenidato (2
mg/kg) e cafeína (1, 3 e 10 mg/kg) sob a pressão arterial (mmHg) de ratos fêmeas adultos WIS e
SHR. A ANOVA de duas vias (linhagem x tratamento) revelou significante efeito para o fator
linhagem [F(1,35)=77.20, P<
0.001], mas não foi encontrado efeito significante para o fator
tratamento [F(4,35)=1.94, P=0.12] ou para a interação entre os fatores linhagem e tratamento
[F(4,35)=0.44, P=0.78]. Comparações adicionais através do teste de Duncan, assim como era
50
esperado, demonstraram que os animais SHR tratados com solução veiculo são hipertensivos em
relação aos animais WIS também tratados com solução veiculo (P<
0.001). No entanto a
administração de metilfenidato ou de cafeína, 30 min antes de mensurar a pressão arterial, nas
mesmas doses que foram capazes de reverter os prejuízos cognitivos dos ratos SHR no teste do
reconhecimento de objetos, não causaram alterações significantes nos valores da pressão arterial
tanto em ratos SHR quanto em ratos WIS.
0
30
60
90
120
150
#
WIS SHR
1 3
10
V
mg/kg, i.p
MFD
1 3
10
V MFD
cafeína cafeína
Pressão arterial (mmHg)
Figura 14 Efeitos da administração (i.p.) V, MFD (2 mg/kg) ou CAF (1, 3 e 10 mg/kg), sob a
pressão arterial (média ±E.P.M., in mmHg), em ratos fêmeas WIS e SHR. # p<0,05 comparado
aos ratos WIS controle. (n = 4)
a figura 15 representa os resultados dos efeitos da administração (i.p.) aguda de veiculo ou
dos antagonistas seletivos para receptores adenosinérgicos A1 DPCPX nas doses de 1, 3 e 5
mg/kg, A2A ZM241385 nas doses de 0,5 e 1 mg/kg e também da associação das doses de 3
mg/kg de DPCPX e de 0,5 mg/kg de ZM241385 (MIX), sob a pressão arterial (mmHg) de ratos
fêmeas adultos WIS e SHR. A análise de variância realizada através da ANOVA de duas vias
51
(linhagem x tratamento) revelou significante efeito para o fator linhagem [F(1,41)=200.8,
P<
0.001] e para o fator tratamento [F(6,41)=4.48, P<0.001]. Porém não foi encontrado efeito
significante para a interação entre os fatores linhagem e tratamento [F(6,41)=1.9, P=0.09].
De acordo com os estudos anteriores, comparações adicionais através do teste de Duncan
demonstraram que os animais SHR tratados com veiculo são hipertensos em relação aos animais
WIS tratados com a mesma solução (P<
0.001). E demonstrou ainda que os grupos de animais
SHR tratados com as doses de 3 e 5 mg/kg de DPCPX e também com a associação de 3 mg/kg de
DPCPX e 0,5 mg/kg de ZM apresentaram diminuição da pressão arterial quando comparados ao
grupo controle dos ratos SHR. quando analisado o efeito dos tratamentos na linhagem WIS,
apenas a dose de 1 mg/kg de DPCPX diminuiu a pressão arterial desses animais quando
comparados ao grupo controle da mesma linhagem (p<
0,05).
0
30
60
90
120
150
WIS
SHR
mg/kg, i.p
#
*
*
*
V
3
1 1
ZM
0.5
5
MIX
3 + 0,5
DPCPX
V
3
1 1
ZM
0.5
5
MIX
3 + 0,5
DPCPX
*
Pressão arterial (mmHg)
Figura 15 Efeitos da administração (i.p.) de solução veiculo ou dos antagonistas seletivos para
receptores adenosinérgicos A1 - DPCPX (1, 3 e 5 mg/kg) e A2A ZM241385 (0,5 e 1 mg/kg) e
também da associação das doses de 3 mg/kg de DPCPX e de 0,5 mg/kg de ZM241385 (MIX),
sob a pressão arterial (média ±E.P.M., in mmHg), em ratos fêmeas WIS e SHR. # p<0,05
comparado aos ratos WIS controle. (n = 3 - 4).
52
Resultados Tratamento Repetido
53
4.7. Efeitos do tratamento repetido com metilfenidato ou cafeína, durante a idade adulta, no
teste de reconhecimento de objetos, em ratos fêmeas WIS e SHR
Os efeitos do tratamento repetido durante 14 dias com veiculo, metilfenidato (2mg/kg) ou
cafeína (3 mg/kg), durante a idade adulta, em ratos fêmeas WIS e SHR, no tempo de
investigação e no índice de reconhecimento. A fase de habituação teve início 24h após o ultimo
dia de tratamento e os resultados encontram-se representados nas figuras 16A e 16B. No tempo
de investigação a ANOVA de duas vias (linhagem x tratamento) não revelou efeito significativo
para o fator linhagem [F(1,61)=2.14, P=0.15]. Quando analisado o fator tratamento, significante
efeito foi encontrado [F(2,61)=3.71, P<
0,05], no entanto o mesmo não ocorreu quando analisado
a interação entre os fatores linhagem e tratamento [F(2,61)=1.49, P=0.23]. Comparações
adicionais não revelaram diferença significante entre os grupos tratados e o grupo controle da
respectiva linhagem. Ao analisar o índice de reconhecimento a ANOVA de duas vias também
não revelou efeito significante entre as linhagens [F(1,61)=0.70, P=0.40], no entanto revelou
efeito significante para o fator tratamento [F(2,61)=3.39, P<
0,05], e para a interação entre os
fatores linhagem e tratamento [F(2,61)=4.89, P<
0.05]. Confirmando esses resultados,
subseqüentes comparações post-hoc indicaram que o grupo controle dos ratos SHR apresentam
prejuízo no índice de reconhecimento quando comparados ao grupo controle dos ratos WIS
(P<
0.05). No entanto, a administração (i.p.) repetida, de metilfenidato na dose de 2 mg/kg ou de
cafeína na dose de 3 mg/kg, foi capaz de reverter o prejuízo na habilidade discriminatória dos
ratos SHR, sem apresentar qualquer tipo de efeito nos ratos WIS (Fig 16B).
54
0
5
10
15
20
V
V
mg/kg, i.p
MFD2
MFD2
WIS
SHR
A
CAF3
CAF3
Tempo de investigação (s)
Fêmeas - adultas
-0.50
-0.25
0.00
0.25
0.50
0.75
V
V
mg/kg, i.p
MFD2
MFD2
B
CAF3
CAF3
#
*
*
Índice de reconhecimento
Figura 16 Efeitos da administração (i.p.) repetida (14 dias), de veiculo (V), metilfenidato
(MFD) 2 mg/kg ou cafeína (CAF) 3 mg/kg, durante a idade adulta no tempo de investigação (A)
e no índice de reconhecimento (B) em ratos fêmeas WIS e SHR, no teste de reconhecimento do
objeto. O tempo de investigação (s) foi calculado através da soma do tempo de investigação dos
objetos A1 e A2 durante a fase de apresentação. o índice de discriminação foi calculado pelo
tempo que os animais investigaram (B-A3)/(B+A3) durante a fase de discriminação. Os valores
foram expressos como média ± erro padrão da média (E.P.M.),
#
p<0.05 quando comparado ao
grupo V WIS. *p<0.05 quando comparado ao grupo V SHR (teste de Duncan). (n = 8 – 10).
55
A figura 17 sumariza o efeito do tratamento repetido com veiculo, metilfenidato ou
cafeína na atividade locomotora, durante a idade adulta, de ratos WIS e SHR fêmeas, a medida
foi realizada durante a fase de apresentação aos objetos durante a execução do teste. Através da
ANOVA de duas vias (linhagem X tratamento) nenhum efeito significante foi encontrado para o
fator linhagem [F(1,61)=2.84, P=0.09], tratamento [F(2,61)=1.52, P=0.23], ou para a interação
entre os fatores linhagens e tratamento [F(2,61)=1.38, P=0.26] no total de cruzamentos dos
animais durante os 3 min de testes.
0
25
50
75
100
125
V
V
mg/kg, i.p
MFD2
MFD2
WIS
SHR
A
CAF3
CAF3
Locomoção
Fêmeas - adultas
Figura 17 Efeitos da administração (i.p.) repetida (14 dias) durante a idade adulta, de veiculo
(V), metilfenidato (MFD) 2 mg/kg ou cafeína (CAF) 3 mg/kg na atividade locomotora de ratos
WIS e SHR fêmeas durante a fase de apresentação dos objetos, no teste do reconhecimento de
objetos. (n = 8 – 10).
56
4.8. Efeitos do tratamento repetido com metilfenidato ou cafeína, no teste de
reconhecimento de objetos, durante a adolescência, de ratos fêmeas WIS e SHR
Os efeitos do tratamento repetido durante 14 dias com solução veiculo, metilfenidato
(2mg/kg) ou cafeína (3 mg/kg), durante o início da adolescência (20º ao 34º dia PN) de ratos WIS
e SHR fêmeas, no tempo de investigação e no índice de reconhecimento realizados na idade
adulta (2 meses depois da ultima administração das drogas) encontram-se representados nas
figuras 18A e 18B, respectivamente. Esses experimentos foram realizados para avaliar a
persistência do efeito da administração repetida dessas drogas quando utilizadas como tratamento
durante a adolescência, que é um período crítico, onde várias modificações estão ocorrendo em
todo o SNC tanto humanos como de roedores.
No tempo de investigação a ANOVA de duas vias (linhagem x tratamento) revelou efeito
significativo para o fator linhagem [F(1,49)=5.59, P<0.05]. No entanto nenhum significante
efeito foi encontrado para o fator tratamento [F(2,49)=1.60, P<
0.20], para a interação entre os
fatores linhagem e tratamento significante efeito foi encontrado [F(2,49)=3.36, P<0.05].
Comparações adicionais através do teste de Duncan revelou que os ratos WIS tratados com a
dose de 3 mg/kg de cafeína apresentaram aumento no tempo de investigação quando comparado
ao grupo de ratos WIS tratados com veiculo. Quando analisado o índice de reconhecimento a
ANOVA de duas vias também não revelou efeito significante entre as linhagens [F(1,49)=0.17,
P=0.68], ou entre os diferentes tratamentos [F(2,49)=0.05, P=0.95], quando analisado a
interação entre os fatores linhagem e tratamento, efeito significante foi encontrado
[F(2,49)=11.68, P<
0.001]. Confirmando esses resultados, subseqüente teste de Duncan indicou
que o grupo controle dos ratos SHR apresentam prejuízo no índice de reconhecimento quando
comparados ao grupo controle dos ratos WIS (P<
0.05). Como pode ser observado, a
57
administração (i.p.) repetida de metilfenidato na dose de 2 mg/kg ou de cafeína na dose de 3
mg/kg durante a adolescência dos ratos SHR, foram capazes de reverterem o prejuízo na
habilidade discriminatória apresentado por esses animais. No entanto, surpreendentemente, as
mesmas doses de ambas as drogas que reverteram o prejuízo no índice de discriminação em ratos
SHR causaram prejuízo nesta mesma habilidade em ratos WIS, os quais apresentavam eficiente
capacidade de discriminação entre o objeto novo e o familiar nos experimentos realizados
anteriormente.
58
0
10
20
30
V
V
mg/kg, i.p
MFD2
MFD2
WIS
SHR
A
CAF3
CAF3
Tempo de investigação (s)
*
Fêmeas - adolescentes
-0.50
-0.25
0.00
0.25
0.50
0.75
V
V
mg/kg, i.p
MFD2
MFD2
B
CAF3
CAF3
#
*
*
Índice de reconhecimento
*
*
Figura 18 Efeitos da administração (i.p.) repetida (14 dias), de veiculo (V), metilfenidato
(MFD) 2 mg/kg ou cafeína (CAF) 3 mg/kg, durante adolescência, no tempo de investigação (A) e
no índice de reconhecimento (B) em ratos fêmeas adultos WIS e SHR adultos, no teste de
reconhecimento do objeto. O tempo de investigação (s) foi calculado através da soma do tempo
de investigação dos objetos A1 e A2 durante a fase de apresentação aos objetos. o índice de
discriminação foi calculado pelo tempo que os animais investigaram (B-A3)/(B+A3) durante a
fase de discriminação. Os valores foram expressos como média ± erro padrão da média (E.P.M.),
#
p<0.05 quando comparado ao grupo V WIS. *p<0.05 quando comparado ao grupo V SHR (teste
de Duncan). (n = 10 – 12).
59
A figura 19 expressa o efeito do tratamento repetido durante a adolescência com veiculo,
metilfenidato ou cafeína na atividade locomotora, durante a idade adulta de ratos fêmeas WIS e
SHR. Através da ANOVA de duas vias (linhagem X tratamento) nenhum efeito significante foi
encontrado para o fator linhagem [F(1,49)=2.02, P=0.16], tratamento [F(2,49)=1.96, P=0.15], ou
para a interação entre os fatores linhagem e tratamento [F(2,49)=1.50, P=0.23] no total de
cruzamentos dos animais durante os 3 min de avaliação.
0
25
50
75
100
125
V
V
mg/kg, i.p
MFD2
MFD2
CAF3
CAF3
*
*
WIS
SHR
Fêmeas - adolescentes
Locomoção
Figura 19 Efeitos da administração (i.p.) repetida (14 dias) durante a adolescência, de veiculo
(V), metilfenidato (MFD) 2 mg/kg ou cafeína (CAF) 3 mg/kg na atividade locomotora de ratos
fêmeas WIS e SHR adultos, durante a fase de apresentação dos objetos, no teste do
reconhecimento de objetos. (n = 10 -12).
60
4.9. Efeitos do tratamento repetido com metilfenidato ou cafeína, durante a idade adulta ou
durante a adolescência, na pressão arterial de ratos fêmeas WIS e SHR
Novamente para avaliar se os déficits cognitivos apresentados pelos ratos SHR estão
diretamente relacionados com a hipertensão desses animais, a pressão sanguínea foi avaliada. A
figura 20 ilustra os resultados dos efeitos da administração (i.p.) repetida de veiculo,
metilfenidato (2 mg/kg) ou cafeína (3 mg/kg) durante a idade adulta, sob a pressão arterial
(mmHg) de ratos fêmeas adultos, das linhagens WIS e SHR. A ANOVA de duas vias (linhagem
x tratamento) revelou significante efeito para o fator linhagem [F(1,22)=39.7, P<
0.001] e
também para o fator tratamento [F(2,22)=5.52, P<
0.05], mas não para a interação entre os fatores
linhagem e tratamento [F(2,22)=1.56, P=0.23]. A análise post-hoc destes dados demonstraram
que os animais SHR tratados com veiculo são hipertensos em relação aos animais WIS tratados
com a mesma solução (P<
0.001). No entanto a administração repetida de metilfenidato, na
mesma dose que foi capaz de reverter os prejuízos cognitivos dos ratos SHR no teste do
reconhecimento de objetos, causou uma significante diminuição nos valores da pressão arterial
dos ratos SHR, sem causar qualquer tipo de alteração na pressão arterial dos ratos WIS.
61
0
25
50
75
100
125
V
V
mg/kg, i.p
MFD2
MFD2
CAF3
CAF3
*
*
WIS
SHR
#
*
Fêmeas - adultas
Pressão arterial (mmHg)
Figura 20 Efeitos da administração (i.p.) repetida, durante a idade adulta, de veiculo (V),
metilfenidato (MFD) 2 mg/kg ou cafeína (CAF) 3 mg/kg, sob a pressão arterial (média ±E.P.M.,
in mmHg), em ratos fêmeas WIS e SHR adultos. # p<0,05 comparado aos ratos WIS tratados
com V, * p<0,05 comparado aos ratos SHR tratados com veiculo (n = 3 – 4).
a figura 21 sumariza os resultados dos efeitos da administração (i.p.) repetida de veiculo,
metilfenidato (2 mg/kg) ou cafeína (3 mg/kg), administrados durante a adolescência, sob a
pressão arterial (mmHg) de ratos fêmeas adultos, das linhagens WIS e SHR. A análise de
variância realizada através da ANOVA de duas vias (linhagem x tratamento) revelou significante
efeito para o fator linhagem [F(1,14)=37.15, P<
0.001]. Porém não revelou efeito significante
para o fator tratamento [F(2,14)=0.58, P=0.57] ou a interação entre os fatores linhagem e
tratamento [F(2,14)=0.24, P=0.79]. Reproduzindo dados anteriores, comparações adicionais
demonstraram que os animais SHR tratados com veiculo são hipertensos em relação aos animais
WIS também tratados com veiculo (P<
0.05). No entanto a administração repetida de
62
metilfenidato ou de cafeína, nas mesmas doses que foram capazes de reverter os prejuízos
cognitivos dos ratos SHR e de causar prejuízos nos ratos WIS no teste do reconhecimento de
objetos, não causou alterações significantes nos valores da pressão arterial tanto em ratos SHR
quanto em ratos WIS.
0
25
50
75
100
125
V
V
mg/kg, i.p
MFD2
MFD2
CAF3
CAF3
*
*
WIS
SHR
#
Pressão arterial (mmHg)
Fêmeas - adolescentes
Figura 21 – Efeitos da administração (i.p.) repetida, durante a adolescência, de veiculo, V,
metilfenidato (MFD) 2 mg/kg ou cafeína (CAF) 3 mg/kg, sob a pressão arterial (média ±E.P.M.,
in mmHg), em ratos fêmeas WIS e SHR adultos. # p<0,05 comparado aos ratos WIS tratados
com veiculo (n = 3 – 4).
63
4.10. Efeitos do tratamento repetido com metilfenidato ou cafeína, durante a idade adulta
ou durante a adolescência, sob o peso corporal de ratos fêmeas WIS e SHR
As figuras 22A e 22B ilustram o peso corporal dos animais da linhagem WIS e SHR, que
foram medidos de dois em dois dias durante o tratamento repetido (14 dias) com veiculo,
metilfenidato ou cafeína tanto durante o tratamento na adolescência quanto durante o tratamento
na idade adulta. Esse procedimento foi realizado para verificar o efeito das drogas utilizadas na
ingestão de alimentos e na manutenção do peso corporal já que estudos demonstram a diminuição
da ingestão alimentar e uma conseqüente perda de peso corporal durante a administração
prolongada das drogas utilizadas tanto em humano como em roedores (Rapport e Moffitt, 2002;
Gray et al., 2007).
Na figura 22A pode ser observado que a administração repetida tanto de metilfenidato
quanto de cafeína, durante a idade adulta, não foi capaz de alterar o ganho de peso corporal de
ambas as linhagens durante os 14 dias de tratamento. Através da ANOVA de três vias (linhagem
X tratamento X repetição), a única diferença que pode ser observada é a existente entre o
tamanho e conseqüentemente entre o peso corporal das linhagens WIS e SHR, que não sofreram
alterações [F(1,26)=28.77, P<
0.001]. Já que não houve diferenças significativas entre os outros
parâmetros analisados, além do fator repetição [F(6,156)=9.56, P<
0.001].
Resultados semelhantes foram encontrados com o tratamento realizado durante a
adolescência, como pode ser observado na figura 22B a administração repetida tanto de
metilfenidato quanto de cafeína, durante a adolescência, não foi capaz de alterar o ganho de peso
corporal de ambas as linhagens durante os 14 dias de tratamento. A única diferença que pode ser
observada, assim como ocorreu com o tratamento na idade adulta, é a já existente entre o
tamanho e conseqüentemente entre o peso corporal das linhagens WIS e SHR [F(1,42)=93.13,
64
P<0.001], que não sofreram alterações e também o fator repetição que também era esperado
[F(6,252)=2065.2, P<
0.001].
65
150
175
200
225
250
275
WIS MFD
WIS V
WIS Caf
SHR V
SHR Caf
SHR MFD
1 3 5
9
11 13
Dias
7
A
meas - adultas
Peso Corporal (g)
0
50
100
150
WIS V
WIS CAF
WIS MFD
SHR V
SHR CAF
SHR MFD
1 2 5 7
9
11 13
Dias
B
Fêmeas - adolescentes
Peso corporal (g)
Figura 22 Efeitos da administração (i.p.) repetida, durante a idade adulta (A) ou durante a
adolescência (B) de veiculo (V), metilfenidato (MFD) 2 mg/kg ou cafeína (CAF) 3 mg/kg, sob o
ganho de peso corporal (média ±E.P.M.), em ratos fêmeas adultos WIS e SHR.
66
4.11. Análise imuno-histoquímica para expressão de receptores de adenosina A1 e A2A em
cérebros de ratos fêmeas adultos das linhagens WIS e SHR
Para investigar se a expressão de receptores adenosinérgicos poderia estar envolvida com
o prejuízo cognitivo apresentado pelos ratos SHR foram realizadas análises de imuno-
histoquímica no hipocampo, nas sub-regiões CA1, CA2, CA3 e giro denteado (GD) e no córtex
parietal.
A figura 23 demonstra a expressão de receptores de adenosina A1 no hipocampo (sub-
regiões CA1, CA2, CA3 e GD) e no córtex parietal de ratos fêmeas adultos WIS e SHR ambos
tratados com veiculo. Como pode ser observado no gráfico abaixo da figura, não ocorreu
diferença significativa na quantificação de receptores de adenosina A1 em nenhuma das áreas
analisadas entre as linhagens WIS e SHR.
67
Figura 23 –
Figura representativa da expressão de receptores de adenosina A1, através de
análises de imuno-histoquímica, na região do hipocampo - 4X (A), sub-regiões hipocampais CA1
- 20X(B), CA2 - 20X(C), CA3 - 20X (D) e GD 20X (E), no córtex parietal 20X (F) de ratos
WIS e SHR.
Na figura 24 encontra-se demonstrado a expressão de receptores de adenosina A2A no
hipocampo, córtex parietal e estriado de ratos meas adultos WIS e SHR também tratados com
veiculo. A análise de imuno-histoquímica não foi capaz de detectar a expressão de receptores de
adenosina A2A nas regiões hipocampais analisadas e no córtex parietal de ambas as linhagens.
No entanto, como pode ser observado na figura abaixo, uma pronunciada expressão desses
receptores foi encontrada na região estriatal de ambas as linhagens, que foi então utilizada como
controle positivo para a reação com o anticorpo para receptores de adenosina A2A.
68
Figura 24 Figura representativa da expressão de receptores de adenosina A2A, através de
análises de imuno-histoquímica, no hipocampo 4X (A e B), córtex parietal 20X(C e D) e no
estriado – 40X (E e F) de ratos WIS e SHR.
69
5. DISCUSSÃO
Os resultados do presente estudo demonstram pela primeira vez que ratos SHR machos e
fêmeas apresentam um significante prejuízo na habilidade de reconhecimento de objetos, com
sutis diferenças estruturais, quando comparados com a linhagem de ratos WIS. Observamos
também que esse déficit apresentado pelos ratos SHR foi eficientemente revertidos pela
administração aguda de metilfenidato, cafeína, de antagonistas seletivos para receptores
adenosinérgicos do subtipo A
1
(DPCPX), A
2A
(ZM241385) e também pela administração da
associação de DPCPX e ZM241385 em doses que sozinhas não foram efetivas. Verificamos
ainda que os diferentes tratamentos não alteraram a atividade locomotora e o estado hipertensivo
dos animais, sugerindo que a melhora no prejuízo cognitivo causado pela administração das
drogas utilizadas não está diretamente relacionada com esses fatores. Além disso, investigamos o
efeito da administração repetida de cafeína durante a idade adulta e durante a adolescência, e em
ambos os períodos a cafeína foi capaz de reverter, assim como o metilfenidato, os prejuízos
cognitivos apresentados por esses animais.
Vários estudos têm investigado a disfunção cognitiva dos ratos SHR em diferentes testes
comportamentais, que esses animais apresentam os principais sintomas comportamentais
observados em pacientes que possuem o TDAH como hiperatividade, impulsividade e desatenção
(Sagvolden e Sergeant 1998; Sagvolden, 2000; Russel, 2002). Os prejuízos cognitivos
encontrados neste trabalho estão de acordo com estudos prévios que demonstraram menos
desempenho na performance dos ratos SHR quando comparados à linhagem utilizada como
controle (Hecht et al., 1978; Sutterer et al., 1980; Wyss et al., 1992; Mori et al., 1995;
Nakamura-Palacios et al., 1996; Gattu et al., 1997; Terry et al., 2000; Wyss et al., 2000; De
70
Bruin et al., 2003; Prediger et al., 2005a,b). No entanto é importante salientar que alguns autores
criticam o uso desta linhagem como modelo do TDAH, já que resultados comportamentais
indicaram que esses animais não apresentam sintomas consistentes equivalentes aos
diagnosticados no TDAH, como hiperatividade e prejuízos atencionais (van den Bergh et al.,
2006; Alsop, 2007), ou ainda estudos os quais indicam que os efeitos comportamentais após
tratamento com metilfenidato, a droga freqüentemente mais prescrita para o tratamento do
TDAH, não é especifica para a linhagem SHR (Bizot et al., 2007; Ferguson et al., 2007).
O modelo de reconhecimento de objetos utilizado neste trabalho é amplamente utilizado
como um teste de memória de trabalho, este modelo embora de simples execução é bastante útil
para investigar processos de atenção, aprendizado e ainda diferentes etapas da memória. Ele
utiliza como principal ferramenta a tendência natural que os roedores possuem de investigar
aquilo que é novo, e requer a habilidade de discriminação entre o objeto familiar e o não familiar.
Prediger et al. (2005a) demonstraram que os ratos SHR, os quais apresentam déficits de atenção
em paradigmas clássicos para a avaliação de processos atencionais, são capazes de discriminar
objetos com grandes diferenças estruturais. No entanto, no presente estudo, utilizamos uma
versão modificada do teste de reconhecimento de objetos, onde os animais foram submetidos a
objetos com diferentes níveis de complexidade estruturais, onde foi possível observar que ratos
machos e fêmeas adultos da linhagem SHR são capazes de discriminar objetos com claras
diferenças estruturais (ex: cubo X pirâmide), no entanto não possuem a mesma habilidade quando
os objetos são bem semelhantes (ex: cubo X “T”) quando comparados aos ratos WIS. Este déficit
na capacidade discriminatória não pode ser explicado pela diminuição do interesse dos animais
por novidades ou anedonia, que durante a fase de apresentação aos objetos, onde os dois
objetos eram novos, os ratos SHR apresentaram tempo de investigação semelhante aos ratos WIS
e também não podem ser explicados por prejuízo na formação da memória, que os animais
71
foram capazes de discriminar os objetos quando esses não eram tão semelhantes. As
modificações realizadas nesta versão nos permitiram então avaliar também processos atencionais,
que os objetos são bastante semelhantes e a capacidade de manter a atenção sustentada é
imprescindível para que os animais possam discriminá-los, podendo ser que um prejuízo neste
processo seja o responsável pelo déficit na capacidade discriminatória apresentada pelos ratos
SHR.
Considerando a redução na performance dos ratos SHR em diferentes paradigmas de
avaliação de aprendizado e memória, eles têm sido considerados um modelo interessante para
investigação de substâncias com potencial terapêutico para transtornos de memória e atenção
(Meneses e Hong, 1998). Com o intuito de validar o uso da linhagem de ratos SHR no modelo
utilizado, assim como pode ser observado em nossos resultados, realizamos o tratamento com
metilfenidato em todas as etapas da pesquisa. Além da validação, o uso do metilfenidato teve
como objetivo a investigação de sua ação em ratos SHR, quando submetidos a testes cognitivos,
que são poucos os trabalhos que abordam o uso desta droga em ratos SHR para avaliação
desses prejuízos. Como pode ser observada, a administração aguda de 2 mg/kg de metilfenidato
antes da etapa de apresentação aos objetos, ou a administração repetida da mesma dose tanto
durante as idades adultas, quanto na adolescência, foi capaz de reverter o prejuízo na capacidade
discriminatória apresentada por esses animais (Ueno et al., 2002; Fox et al., 2002; Adriani et al.,
2004). Neste trabalho não foi investigada qual é a persistência do efeito desta droga quando
administrada de forma repetida durante a idade adulta, no entanto, ao tentar simular o tratamento
que ocorre na clínica, administramos metilfenidato de forma repetida durante 14 dias no início da
adolescência e como pode ser observado os efeitos foram persistentes podendo ser detectados 2
meses após o termino do tratamento, tanto em ratos WIS como em ratos SHR.
72
O mecanismo exato responsável pelos déficits cognitivos apresentados pelos ratos SHR
ainda é desconhecido, no entanto a hipótese mais aceita é a existência de um distúrbio na
neurotransmissão dopaminérgica (Russel et al., 1998; Papa et al., 2002; Russel, 2002) assim
como observado no TDAH. Além disso, vários trabalhos têm demonstrado alterações funcionais
na neurotransmissão adenosinérgica em ratos SHR (Kamikawa et al., 1980; Davies et al., 1987,
Illes et al., 1989, Matias et al., 1993). O fato dos ratos SHR apresentarem redução na atividade da
enzima adenosina deaminase, que é responsável pela metabolização da adenosina em inosina,
causa um conseqüente aumento na atividade do sistema adenosinérgico, que pode ser
parcialmente responsável pela disfunção nos processos cognitivos, desde que evidências
suportam o efeito negativo de agonistas de receptores de adenosina no aprendizado e na memória
de roedores (Normile e Barraco, 1991; Zarrindast e Shafaghi, 1994; Ohno e Watanabe, 1996;
Homayoun et al., 2001; Takahashi et al., 2008). Takahashi et al., (2008) revisaram recentemente
estudos psicofarmacológicos pré-clinicos, os quais indicavam que a cafeína e antagonistas
seletivos para receptores de adenosina podem melhorar a memória de roedores assim como
proporcionar efeito protetor nas disfunções de memória apresentado em modelos animais da
doença de Alzheimer, Parkinson e TDAH.
No presente estudo, a administração aguda com cafeína na dose de 10 mg/kg em machos e
nas doses de 1, 3 ou 10 mg/kg em fêmeas, antes da fase de apresentação aos objetos, melhorou
significativamente o índice de reconhecimento apresentado pelos ratos SHR quando objetos com
diferenças estruturais sutis foram apresentados (cubo X T). A cafeína foi capaz de promover um
significante aumento no tempo de investigação do novo objeto na fase de discriminação sem
alterar o tempo de investigar do par de objetos iguais durante a fase de apresentação aos objetos.
Esses resultados não podem ser explicados pelo aumento na atividade locomotora, desde que não
73
foi observado alteração no mero total de cruzamentos no campo aberto, durante a realização
das fases de apresentação e de reconhecimento dos objetos.
Assim como em estudos anteriores que demonstraram que a administração de cafeína
antes da sessão de treinamento é ineficaz, ou pode até mesmo prejudicar a retenção da memória
em roedores (Izquierdo et al., 1979; Angelucci et al., 1999, 2002; Prediger et al., 2005a, b), no
presente estudo a administração de cafeína, nas doses utilizadas, não causou nenhum tipo de
efeito quando administrado agudamente em ratos WIS ou quando administrado de forma repetida
(14 dias) durante a idade adulta. Por outro lado, quando administrados de forma repetida durante
a adolescência e testados na idade adulta a cafeína assim como o metilfenidato causaram um
prejuízo na habilidade discriminatória destes animais. Este efeito provavelmente ocorreu devido a
um desequilíbrio em processos de neurotransmissão, que a fase onde ocorreu o tratamento é
uma fase onde rias modificações e processos de maturações neuronais estão ocorrendo e a
exposição prolongada a psicoestimulantes nesta fase podem causar modificações e adaptações
permanentes, resultando em disfunções no funcionamento cerebral durante a idade adulta
(Andersen, 2003; Stanwood e Levitt, 2004). Estudos demonstram que quando os níveis de
catecolaminas estão normais, a administração repetida de metilfenidato induz perturbações que
podem causar adaptações neuronais, podendo assim prejudicar o eficiente funcionamento
cognitivo. Heyser, Pelletier e Ferris (2004) encontraram prejuízos na memória de reconhecimento
de animais jovens que foram tratados (i.p.) com metilfenidato (5 mg/kg), duas vezes ao dia,
durante sete dias. outro estudo demonstrou que a administração de metilfenidato nas doses de
3 e 5 mg/kg durante 21 dias causou prejuízo na tarefa de reconhecimento de objetos quando
testados 14, 28 ou 42 dias após a ultima administração de metilfenidato (LeBlanc-Duchin e
Taukulis, 2007). Resultados semelhantes foram observados neste mesmo teste quando ratos
74
machos foram tratados cronicamente com d-anfetamina e testados 7 dias depois (Bisagno et al.,
2003).
Possivelmente, a explicação para esses resultados, é que a dificuldade apresentada pelos
ratos SHR na discriminação entre o objeto novo e o familiar ocorre devido a um prejuízo na
aquisição de informações durante a fase onde os objetos são apresentados a esses animais pela
primeira vez, que pode ser conseqüência da impulsividade ou da dificuldade de manter uma
atenção sustentada. Assim, a administração de cafeína, conhecida por melhorar a atenção (Nehlig
et al., 1992), teria permitido a melhora e a sustentação da atenção no momento da apresentação
aos objetos e, conseqüentemente, facilitado o reconhecimento do mesmo durante a fase de
reconhecimento. Este efeito ficou evidente quando administramos a cafeína antes da etapa de
apresentação aos objetos, e realizamos a fase de reconhecimento 24 horas após, esse experimento
nos permitiu verificar que o efeito da droga estava realmente ocorrendo na etapa de aquisição das
informações, pois na etapa de evocação os animais não estavam sobre o efeito da droga.
Através destes mesmos resultados foi também possível excluir a existência de um efeito
dependente de estado, que os ratos SHR demonstraram melhora na habilidade discriminatória
mesmo sem estar sob o efeito das drogas (Corodimas et al., 2000).
Observamos também que a capacidade da cafeína de melhorar o prejuízo na capacidade
de discriminação desses animais parece ser mediada tanto via receptores A
1
quanto via receptores
A
2A ,
que resultados similares aos da cafeína foram obtidos com a administração aguda do
antagonista seletivos para receptores adenosinérgicos do subtipo A
1
DPCPX e também pela
administração aguda do antagonista adenosinérgico seletivos para receptores do subtipo A
2A
-
ZM24138, observamos ainda que doses desses mesmos antagonistas que eram ineficazes quando
administradas isoladamente, foram capazes de reverter o prejuízo dos ratos SHR quando
associadas.
75
Existe uma grande controvérsia a respeito da participação de receptores A1 e A2A em
processos de aprendizado e memória. Resultados anteriores obtidos em nosso laboratório
demonstraram que o ZM241385, assim como a cafeína, foram capazes de reverter o prejuízo
apresentado pelos SHR na tarefa de reconhecimento social, utilizado para avaliar memória de
trabalho, (Prediger et al., 2005a). quando avaliado o efeito da cafeína no teste de memória
espacial no labirinto aquático de Morris (Prediger et al., 2005b), assim como nos nossos
experimentos, tanto a administração de DPCPX quanto a administração de ZM241385 foram
capazes de reverter, assim como a cafeína, o prejuízo apresentado pelos ratos SHR (Takahashi et
al., 2008).
Apesar de não existir um consenso a respeito de qual seria o principal receptor envolvido,
evidências sugerem que o efeito da cafeína ocorre principalmente via receptores A
2A.
Higgins et
al., (2007) demonstraram recentemente que o efeito da cafeína no aumento do tempo de reação
durante a realização do teste de atenção five-choice” é mediado pelo antagonismo de receptores
de adenosina do subtipo A
2A
. Outro trabalho realizado por Gimenez-Llort et al., (2007), onde
foram utilizados ratos transgênicos que superexpressam receptores adenosinérgicos humanos do
subtipo A
2A,
demonstrou que esses animais apresentam déficits na memória de trabalho quando
avaliados no teste de reconhecimento de objetos. Juntos esses trabalhos reforçam nossa hipótese
de que um possível desequilíbrio no sistema adenosinérgico pode ser o responsável, pelo menos
em parte, pelo déficit atencional apresentado pelos ratos SHR, e que a reversão deste
desequilíbrio pela cafeína (através do bloqueio de receptores de adenosina) seja responsável pelo
efeito positivo no desempenho dos ratos SHR no teste de reconhecimento de objetos.
A memória de trabalho é um relevante processo cognitivo para aquisição de informações
importantes e idéias que são críticas para argumentação e para o julgamento humano. Castner et
al. (2004) através de sua revisão, demonstraram que a memória de trabalho depende da
76
integridade funcional do córtex pré-frontal, embora o hipocampo, córtex parietal inferior, núcleo
caudado e núcleo dorsomedial do tálamo são áreas cerebrais conhecidas por apresentarem papel
relevante no circuito neural. Baseado no estudo de Gimenez-llort et al. (2007), onde evidências
demonstraram que déficits na memória de trabalho em ratos podem ser conseqüência de uma
expressão aumentada de receptores de adenosina A
2A
na região do córtex cerebral e do
hipocampo, foi avaliado no presente estudo a comparação da expressão de receptores de
adenosina A1 e A
2A
na região cortical e hipocampal de ratos WIS e SHR através da técnica de
imuno-histoquímica. Entretanto, surpreendentemente não foram encontradas diferenças
significativas nos níveis de receptores de adenosina A
1
e A
2A
entre as linhagens avaliadas.
Embora inéditos esses resultados estão de acordo com a sabida escassez de receptores A
2A
em
algumas áreas cerebrais no SNC de roedores, sendo encontrados principalmente no estriado,
núcleo acumbens e tubérculo olfatório (Fredholm et al., 1998; Rosin et al., 1998, 2003).
Outra possível especulação para os resultados encontrados no presente estudo é a
interação entre receptores de adenosina e de dopamina. Vários trabalhos demonstraram
evidências da existência de formação de complexos heterodímeros entre os receptores A
1
- D
1
e
entre os receptores A
2
D
2
. A formação destes complexos pode causar modificações na
neurotransmissão da dopamina, influenciando tanto as condições fisiológicas quando patológicas
envolvidas. Estudos farmacológicos demonstraram que a neuromodulação adenosinérgica causa
profundo efeito na função neuronal da dopamina (Fuxe et al., 1998; Hillion et al., 2002; Canals et
al., 2003; Kamiya et al., 2003, Fuxe et al., 2007). Os efeitos comportamentais observados neste
estudo, através da administração de antagonistas adenosinérgicos, podem estar relacionados com
a existência desses complexos heterodímeros, desde que os efeitos encontrados com a
administração desses antagonistas foram bastante semelhantes aos encontrados com
77
metilfenidato, uma droga que tem como principal mecanismo de ação a inibição da recaptação de
dopamina causando assim um aumento na concentração da mesma na fenda sináptica.
Outro ponto que deve ser discutido é a possibilidade de algum tipo de relação entre os
déficits cognitivos e a hipertensão apresentados pelos SHR. A ativação de receptores de
adenosina demonstrou diminuir a pressão sanguínea, enquanto seu bloqueio demonstrou causar
hipertensão (Azevedo e Osswald, 1992; Biaggioni, 1992; Abdel-Rahman e Tao, 1996). No
entanto, nossos resultados indicaram que apesar das maiores doses de DPCPX terem causado
uma diminuição na pressão arterial dos ratos SHR, a reversão dos processos cognitivos
encontrados não parecem estar relacionados com a diminuição da pressão arterial, já que as doses
utilizadas de metilfenidato, cafeína e ZM241385, que foram capazes de melhorar a função
cognitiva dos ratos SHR, não foram capazes de alterar o estado hipertensivo desses animais.
Assim como em nossas evidências, estudos prévios que também demonstraram melhora no
aprendizado de ratos SHR, não encontraram nenhuma interferência nos valores da pressão arterial
desses animais (De Bruin et al., 2003; Prediger et al., 2005a, b), sugerindo assim que outros
fatores, mas não a hipertensão estão diretamente relacionados com os déficits cognitivos
apresentados.
Em conclusão, o presente estudo caracteriza pela primeira vez a presença de prejuízos
cognitivos, no teste de reconhecimento de objetos, em ratos SHR machos e fêmeas adultos,
possivelmente devido a dificuldade de manter a atenção sustentada durante o teste. Demonstram
ainda que o déficit apresentado por esses animais foram revertidos pela administração aguda de
metilfenidato e de cafeína, de maneira semelhante em ambos os sexos. Através da administração
de antagonistas adenosinérgicos seletivos, observamos que o efeito encontrado com a cafeína
pode estar relacionado tanto com o bloqueio de receptores A1 como A2A. Encontramos ainda
que a administração repetida de metilfenidato ou de cafeína possivelmente são responsáveis por
78
modificações persistentes em processos neuronais. È interessante ressaltar também que
possivelmente os prejuízos apresentados pelos ratos SHR não estão relacionados com a
hipertensão e que outros estudos são necessários para esclarecer se os resultados encontrados
estão relacionados com alterações na expressão de receptores de adenosina A
1
ou A
2A
.
Certamente mais estudos são necessários também para avaliar o mecanismo pelo qual esses
efeitos estão sendo realizados, a durabilidade dos efeitos e a existência da interação entre o
sistema adenosinérgico e outros sistemas de neurotransmissores que podem estar também
envolvidos com o efeito da cafeína. E ainda deixar claro a importância da descoberta e
desenvolvimento de uma alternativa terapêutica para o tratamento do TDAH, já que o diagnóstico
desde distúrbio está sendo realizado cada vez mais cedo, sendo que muitas vezes é realizado de
forma errônea, colocando em risco o desenvolvimento e saúde mental de milhares de crianças e
adolescentes que são desde cedo submetidos ao uso crônico de psicoestimulantes.
79
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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