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Marília de Oliveira Scliar
Estudos sobre a história da população de Belo Horizonte e de
uma população rural afrodescendente utilizando
microssatélites
Universidade Federal de Minas Gerais
Departamento de Biologia Geral
Instituto de Ciências Biológicas
Belo Horizonte
Junho - 2007
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado do
Departamento de Biologia Geral do Instituto de
Ciências Biológicas da Universidade Federal de
Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do
título de Mestre em Genética.
Área de concentração: Genética de Populações
Orientadora: Prof
a
Dra. Cleusa Graça da Fonseca
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2
Agradecimentos
À Profa. Dra. Cleusa Graça da Fonseca pela orientação e pela confiança.
Ao Dr. Marco lio Vaintraub e a Dra. Patrícia Vaintraub pelo interesse e oportunidade
de realizar este trabalho no Geneticenter.
Às pessoas que trabalham no Geneticenter, especificamente Adriana, Lorena, Joana e
Maurício, pelo aprendizado, ajuda e pelo ambiente de trabalho.
À Profa. Dra. Maria Raquel Santos Carvalho e à Marlene do Laboratório de Genética
Humana e Médica pela disponibilidade em ajudar.
À Daiane, Luciene e em especial à Luciana pela disponibilidade, discussões e sugestões.
Às pessoas do CEDEFES Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva, pela ajuda na
escolha e no contato com as comunidades afrodescendentes.
À Renata di Mambro pela indicação e contato com a comunidade de Marinhos.
À comunidade de Marinhos, especialmente ao Seu Antônio e a Dona Leide, pelo interesse,
atenção e toda ajuda para que o trabalho fosse realizado; e ao Tchelin, nosso ajudante e guia
durante as coletas, e informante de todos os parentescos da comunidade.
Aos meus queridos pais e irmãos.
Ao Jorge, por tudo.
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3
Prefácio
O formato desta dissertação é uma alternativa ao modelo convencional,
facultado pelo Curso de Pós-graduação em Genética.
A dissertação é estruturada da seguinte maneira: introdução, artigo a ser
submetido à publicação, conclues, referências bibliográficas utilizadas apêndices e
anexos.
4
Sumário
Lista de figuras.................................................................................................6
Lista de tabelas.................................................................................................7
Lista de abreviaturas.........................................................................................8
Resumo.............................................................................................................9
Abstract...........................................................................................................10
1. Introdução...................................................................................................11
1.1 Breve esboço da história da população brasileira.................................11
1.2 Breve esboço da história da população mineira....................................16
1.3 Breve esboço da história da população de Belo Horizonte...................17
1.4 Breve esboço da história da população de Marinhos............................19
1.5 Os microssatélites.................................................................................21
1.6 Análise de miscigenação através de marcadores moleculares..............23
2. Objetivos.....................................................................................................26
2.1 Objetivo geral........................................................................................26
2.2 Objetivos específicos.............................................................................26
3. Resultados e discussão – Artigo a ser submetido à publicação...................27
4. Conclusões...................................................................................................51
5. Referências bibliográficas............................................................................52
Apêndice 1. Distribuição das frequências alélicas e parâmetros estatísticos
de 14 STRs na população de Marinhos (ORIG).............................................58
Apêndice 2. Matrizes das distâncias utilizadas na construção das
árvores neighbor-joining da Figura 1..............................................................59
Apêndice 3. Matriz da distância F
ST
utilizada na construção da árvore
neighbor-joining da Figura 2...........................................................................61
Apêndice 4. Estimativas de F
ST
entre as populações africanas constituintes
da população parental africana (AFSA)...........................................................62
Apêndice 5. Estimativas de F
ST
entre as populações ameríndias
constituintes da população parental ameríndia (AME)....................................63
Apêndice 6. Gel de poliacrilamida desnaturante com os marcadores
D8S1179, D5S818, D16S539, D7S820, D13S317 e D3S1358........................64
Anexo 1. Formulário preenchido pelos participantes do estudo do
povoado de Marinhos........................................................................65
5
Anexo 2. Termo de consentimento livre e esclarecido assinado pelos
indivíduos amostrados em Marinhos...............................................66
Anexo 3. Ficha de identificação para investigação de teste de paternidade
do laboratório Geneticenter contendo declaração de consentimento
para uso do DNA em pesquisas populacionais ................................69
Anexo 4. Protocolo de extração de DNA a partir de swab bucal....................70
6
Lista de figuras
Figura 1. Mapa da África................................................................................13
Figura 2. Mapa de Brumadinho incluindo sua zona rural...............................21
7
Lista de tabelas
Tabela 1. Tráfico de escravos para o atual território brasileiro.......................12
Tabela 2. População total e respectiva distribuição percentual por cor/raça
das cinco grandes regiões brasileiras e do Brasil como um todo.....15
Tabela 3. População total e respectiva distribuição percentual por
cor/raça em seis regiões metropolitanas brasileiras.........................18
Tabela 4. Comunidades afrodescendentes da região metropolitana de Belo
Horizonte..........................................................................................20
Tabela 5. Microssatélites usualmente utilizados em testes de paternidade e na
identificação de indivíduos..............................................................22
Tabela 6. Referências bibliográficas de freqüências alélicas de
microssatélites forenses estimadas em
populações brasileiras.......................................................................23
8
Lista de abreviaturas
AFEUA Afrodescendentes Estados Unidos da América
AFSA África subsaariana – população parental
AFSP Afrodescendentes São Paulo
AMA Amazonas
AME Ameríndios – população parental
BH Belo Horizonte
CAB Cabinda
CABV Cabo Verde
DNA Ácido dexoribonucléico
EUSP Eurodescendentes São Paulo
ITA Itália
JAP Japão
MESP Mestiços São Paulo
MG Minas Gerais
MIAs Marcadores informativos de ancestralidade
mtDNA DNA mitocondrial
PCR Polymerase chain reaction
PD Poder de discriminação
PE Poder de exclusão
PI Piauí
PIC Conteúdo de informação polimórfica
POR Portugal – população parental
PSA Population specific alleles
RJ Rio de Janeiro
RS Rio Grande do Sul
SE Erro padrão
STOME São Tomé
STRs Short tandem repeats
TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido
9
Resumo
As freqüências alélicas de 13 e 14 microssatélites forenses foram estimadas em
234 indivíduos de Belo Horizonte/MG e 60 indivíduos de Marinhos/MG (um povoado
rural de maioria afrodescendente). Foram estimadas as contribuições genéticas das três
populações parentais presentes na formão do povo brasileiro - européia, africana e
ameríndia às duas populações. Para verificar a relação das populações de Belo
Horizonte e Marinhos com outras populações brasileiras e mundiais, quatro métodos
distintos de distância genética foram utilizados, dois baseados no modelo de mutação
stepwise (D
SW
e R
ST
) e dois clássicos (F
ST
e D
ST
). As estimativas obtidas para a
população de Belo Horizonte foram: 0,66 ± 0,03 européia / 0,32 ± 0,03 africana / 0,02 ±
0,01 ameríndia. Para a população de Marinhos as estimativas foram: 0,37 ± 0,10
européia / 0,59 ± 0,09 africana / 0,04 ± 0,05 ameríndia. Para a subamostra de Marinhos
(ORIG), constituída por indivíduos cujas famílias residem na região pelo menos desde o
inicio do século XX, foram obtidos os seguintes resultados: 0,27 ± 0,15 européia / 0,81
± 0,13 africana / -0,08 ± 0,06 ameríndia. Concordante com as estimativas de
miscigenação, as estimativas de distância getica apresentaram Belo Horizonte mais
próxima do agrupamento das populações não africanas; e Marinhos se agrupando com
as outras populações africanas/afrodescendentes. As medidas de distância clássicas se
mostraram mais robustas nestas análises. Os microssatélites estudados se mostraram
apropriados para as análises realizadas.
Palavras-chave: miscigenação, distância genética, microssatélites, afrobrasileiros,
afrodescendentes, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
10
Abstract
Allele frequency distribution of 13 and 14 microsatellites loci were investigated
in a sample of 234 individuals from Belo Horizonte/MG and 60 individuals from
Marinhos/MG (a rural comunity of African descendants), respectively. Estimates of
contributions of genes of European, Amerindian and African origin in the gene pool of
these two populations were obtained. Four different measures of genetic distances (D
SW
,
R
ST,
F
ST
e D
ST
) among populations were estimated. The admixture estimates obtained
for Belo Horizonte were: 0,66 ± 0,03 european / 0,32 ± 0,03 african / 0,02 ± 0,01
amerindian; and for Marinhos: 0,37 ± 0,10 european / 0,59 ± 0,09 african / 0,04 ± 0,05
amerindian. The estimates obtained for a local subpopulation of Marinhos (ORIG),
formed by individual whose families live in the region since the onset of XX century,
were: 0,27 ± 0,15 european / 0,81 ± 0,13 african / -0,08 ± 0,06 amerindian. According
with our admixture estimates, in the neighbor-joining trees based on genetic distances,
Belo Horizonte were found close to the non-African populations, while Marinhos lies
close to the African populations. F
ST
e D
ST
performed better than the other distances.
The forensic microsatellites were useful for estimating admixture proportions, genetic
distances and for forensic analyses and paternity tests.
Key-words: admixture, genetic distance, microsatellite, african-brazilian, Belo
Horizonte, Minas Gerais, Brazil.
11
1. Introdução
1.1 Breve esboço da história da população brasileira
A população brasileira é resultado do encontro e miscigenação de três
populações originárias de diferentes regiões geográficas: os europeus, representados
principalmente pelos portugueses colonizadores que chegaram em 1500, e
posteriormente pelos italianos; os africanos, aproximadamente quatro milhões
1
trazidos
como escravos de diferentes regiões da África subsaariana (IBGE, 2000); e os
ameríndios, população autóctone que contava com cerca de dois milhões de indivíduos
quando teve início a colonização (Salzano & Bortolini, 2002).
Os ancestrais dos índios povoaram o continente americano provavelmente entre
40.000-13.000 anos atrás, vindos da Ásia pelo estreito de Bering (Salzano & Bortolini,
2002). No Brasil, sua presença está documentada no período situado entre 11 e 12 mil
anos atrás, mas pesquisas recentes vêm indicando datações mais antigas (FUNAI).
Originários de um estoque parental principal, os índios brasileiros foram se
diversificando com o tempo através de um processo de expansão por diferenciação,
sendo que em 1500 formavam um grupo bastante heterogêneo tanto cultural quanto
biologicamente (Salzano & Bortolini, 2002). Calcula-se que cerca de 1.300 línguas
diferentes eram faladas pelas muitas sociedades indígenas então existentes no território
(FUNAI).
Estima-se que 100 mil portugueses chegaram ao país nos primeiros 200 anos de
colonização. Eram em sua grande maioria homens, vindos de várias regiões de Portugal,
e com presença de minorias, como cristãos novos e ciganos. Na primeira metade do
século XVIII, mais 600 mil vieram principalmente do norte de Portugal. Além dos
portugueses, franceses, holandeses e espanhóis estiveram, durante um curto período,
presentes como colonizadores em algumas regiões, onde tiveram alguma importância na
composição da população atual (IBGE, 2000; Pena et al., 2000).
Os portugueses classificaram genericamente os ameríndios em dois grupos, os
Tupis e os Tapuias. Os primeiros eram os povos que predominavam no litoral brasileiro
no culo XVI, pois tinham derrotado grupos tapuias que viviam ali. Tinham também
língua e costumes semelhantes. Os tupis muitas vezes se rebelaram contra a
colonização, mas foi entre eles que a catequese prosperou mais, e com eles foram feitas
1
As estatísticas populacionais na época colonial não eram sistemáticas, sendo assim há grande
divergência entre os autores.
12
as principais alianças entre colonizadores e índios (IBGE, 2000). Sabe-se também que
os portugueses logo começaram um processo de miscigenação com mulheres indígenas,
surgindo assim os primeiros brasileiros (Ribeiro, 1995).
Os Tapuias eram os que não falavam a língua dos Tupis. A maioria pertencia ao
tronco lingüístico Jê, e eram menos controlados pelos portugueses, sendo que alguns
grupos resistiram à colonização (IBGE, 2000).
A partir de 1550, os escravos africanos foram substituindo a mão-de-obra
indígena nas regiões economicamente mais prósperas da colônia, e desde então foram
trazidos em grande quantidade até 1850, quando o tráfico negreiro foi abolido (Prado Jr,
1999). Com a chegada dos africanos, o processo de miscigenação foi estendido a esta
população, principalmente com a reprodução entre os homens portugueses e as
escravas. Dos quatro milhões de africanos que entraram no Brasil, 15% chegaram no
período de 1551-1701, 48% entre 1701-1810 e 37% entre 1810-1857. Suas regiões de
origem são conhecidas apenas nos aspectos mais gerais (Tabela 1), mas sabe-se que
Angola foi a principal área de saída (Salzano, 1986). A figura 1 apresenta o mapa da
África.
Tabela 1. Tráfico de escravos para o atual território brasileiro
Período 1551-1701
Nº indivíduos 580.000
Origem culo XVI: principalmente da área entre a ilha São Tomé e Angola.
Século XVII: principalmente de Angola, pelos portos de Luanda e Benguela. Outros da
Costa da Mina.
________________________________________________________________________________
Período 1701-1810
Nº indivíduos 1.891.000
Origem Aproximadamente 2/3 de Angola, pelos portos de Luanda e Benguela, de uma região
situada entre os cabos Lopez e Negro. Os restantes vieram da Costa da Mina e da região
limitada pelos cabos Monte e Lopez, com Ajudá como porto principal.
Período 1810-1857
Nº indivíduos 1.145.000
Origem Principalmente de Angola, em grande parte saindo pelo porto de Benguela.
Fonte: Salzano, 1986.
13
Figura 1. Mapa da África
Durante todo o período escravista, muitos negros resistiram à dominação,
lutando de diversas formas, sendo a mais expressiva a fundação de quilombos. Os
quilombos eram comunidades formadas fundamentalmente por escravos fugidos, mas,
muitas vezes, viviam neles ameríndios e brancos marginalizados e perseguidos. aqui
havia de fato uma real harmonia entre indivíduos das três populações, aqui estavam
em condições de igualdade. No resto da colônia, a relação das três populações se deu
sob a dominação dos portugueses, isso tanto no aspecto econômico, social, cultural e
político quanto no processo de miscigenação.
A repressão impedia, na maioria das vezes, a formação de quilombos sedentários
e numerosos, mas alguns conseguiram aglomerar grande número de pessoas e resistir
por bastante tempo (Guimarães, 1983). O quilombo de Palmares, em Alagoas, é o
14
grande exemplo deste feito. Trinta mil pessoas resistiram por um século, parte deste
tempo sob a liderança de Zumbi, às várias tentativas de destruição (Freitas, 1984).
Os escravos africanos no Brasil apresentavam altas taxas de mortalidade e baixo
índice de reprodução natural, fruto da grande exploração que sofriam.
Consequentemente o número de escravos existentes em 1870 1,5 milhões era bem
menor do que a quantidade que havia sido trazida quatro miles (Florentino, 1997).
De 1850 até meados do século XX ocorreu uma imigração massiva européia,
com a entrada de aproximadamente 1.500.000 portugueses e 1.485.000 italianos.
Seguindo estes, vieram os espanhóis, com 583.000, e os alemães, com 250.000. A
estrutura populacional existente foi, então, profundamente modificada. Essa imigração
massiva teve como principal destino o estado de São Paulo e os três estados do sul do
Brasil – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Além dessas populações, imigrantes das mais diversas regiões do mundo
desembarcaram no país nos séculos XIX e XX: sírios, libaneses, austríacos, judeus de
rias origens, chineses e japoneses (IBGE, 2000). Novamente, São Paulo foi o destino
principal.
Dois processos distintos e concomitantes ocorreram na formação da população
brasileira. O primeiro foi o desaparecimento das três populações originais euroia,
africana e ameríndia devido ao processo de miscigenação. O crescente número de
pardos é característico deste processo. Mas, mesmo entre indivíduos classificados como
brancos e pretos e nas populações ameríndias em contato com a civilização, a
miscigenação se faz presente, como m mostrando rios estudos genéticos (Bortolini
et al., 1999; Parra et al., 2003). As exceções são algumas populações formadas pela
recente imigração européia (Marrero et al., 2005), e algumas comunidades ameríndias
que permanecem isoladas.
O segundo processo é a diferente contribuição das três populações originais na
formação da população miscigenada de acordo com a relação de força entre elas.
Verifica-se uma tendência de crescimento do elemento branco, representado pelo
homem português, e uma diminuição dos elementos africano e ameríndio, pelo fato de
ambas as populações terem sido submetidas a uma grande exploração, ainda que sob
diferentes formas. Os ameríndios foram dizimados com a chegada dos portugueses,
tanto pela repressão violenta, quanto em decorrência do contágio por doenças, e com
sua diminuição foi, ao longo do tempo, perdendo importância no processo de
15
miscigenação. os africanos, apesar de sua diminuão, se mantinham em mero
significativo, pois eram a mão de obra principal da colônia e, depois, a do império,
sendo por isso sempre repostos por novas levas vindas da África. Além do mais,
diferentemente dos índios, o africano era mais resistente às doenças do europeu, e
também manteve uma proximidade maior com estes, aumentando sua importância no
processo de miscigenação, se comparado aos índios. Somando-se a tais tendências, a
grande imigração européia dos séculos XIX e XX fortaleceu muito o elemento branco:
rios estudos mostram a maior contribuição genética euroia para as populações que
receberam essas grandes levas de imigrantes em comparação com as que não receberam
(Pena et al., 2000; Callegari-Jacques et al., 2003).
Estes dois processos se refletem na diferença da distribuição por cor/raça
encontrada nas populações atuais dos estados brasileiros em comparação com as
distribuições passadas, conforme números apresentados ao longo do texto (Tabela 2).
Vale ressaltar que no Brasil a definição por cor/raça é baseada
predominantemente na aparência física e não na ancestralidade (Parra et al., 2003). E
que um grande fator subjetivo em sua autodeclaração (que é a metodologia adotada
pelo IBGE), que flutua de acordo com variados movimentos culturais e sociais, e difere,
muitas vezes, da cor determinada de outra maneira que não a autodeclaração. Apesar
disso, uma concordância geral entre a autodeclaração por cor e o que se sabe, por
exemplo, sobre a diferente composição da população dos diferentes estados brasileiros,
diferenças devidas a especificidades no processo de povoamento.
Tabela 2. População total e respectiva distribuição percentual por cor/raça das cinco grandes regiões
brasileiras e do Brasil como um todo
Total Branca Preta Parda
Amarela ou
indígena
Norte 14.726.059 24,0 3,8 71,5 0,6
Nordeste 51.065.275 29,5 7,0 63,1 0,3
Centro-Oeste 13.040.246 43,5 5,7 49,9 0,9
Sudeste 78.557.264 58,5 7,2 33,4 0,9
Sul 26.999.776 80,8 3,6 15,0 0,6
Brasil 184.388.620 49,9 6,3 43,2 0,7
Fonte: IBGE, 2006
16
De acordo com os dois processos descritos acima, temos um grande número de
brancos e pardos, com um crescente número de indivíduos brancos do norte para o sul
do país, o contrário acontecendo em relação ao número de pardos. E um pequeno
número de indivíduos classificados como pretos - menos de 8% em todas regiões e
indígenas - menos de 1% em todas regiões.
1.2 Breve esboço da história da população mineira
Os primeiros bandeirantes chegaram a Minas Gerais em 1596, mas sua
colonização efetiva somente se deu com a descoberta do ouro em 1693, e então sua
exploração sistemática a partir do início do século XVIII (IBGE, 2000). Assim começou
o ciclo do ouro.
O ciclo do ouro atraiu a grande maioria dos 600 mil portugueses que para
vieram no período de 1700 a 1760, número seis vezes maior que a imigração de todo o
período anterior (IBGE, 2000). Também houve uma corrida de brasileiros para a região.
Estes eram resultado do processo de miscigenação ocorrido nos 200 anos anteriores de
colonização. Os bandeirantes paulistas, por exemplo, eram mamelucos, filhos de
brancos e ameríndios. Vieram também grande número de pessoas da Bahia e do Rio de
Janeiro. Estes indivíduos, juntamente com os portugueses, ficaram conhecidos como
emboabas, inimigos dos bandeirantes. Os conflitos entre esses dois grupos foram
constantes durante todo período minerador (Souza, 1994).
Nesse período, Minas tornou-se também a região com maior número de
escravos. Eles chegavam a partir do Rio de Janeiro, vindos da África, e a partir da
Bahia, vindos da África, mas também das plantações açucareiras do nordeste (Souza,
1994). Isso fez com que Minas recebesse escravos de várias regiões africanas, pois os
escravos que chegavam pelo porto do Rio de Janeiro vinham principalmente de Angola;
os traficantes da Bahia tinham se especializado em escravos da região da Costa da
Mina (IBGE, 2000).
Muitos quilombos também se formaram em Minas, sendo que entre 1710-1798,
Guimarães (1983) contabilizou 127 quilombos. O quilombo do Ambsio reuniu cerca
de 1.000 pessoas, e foi destruído em 1746 numa grande operação de guerra, depois
de várias tentativas frustradas (Souza, 1994).
No auge do ciclo do ouro muitos grupos indígenas viviam no terririo entre o
litoral e a área de mineração. Isso porque, em primeiro lugar, este local estava proibido
17
de exploração pela Coroa, para evitar o acesso de invasores à região mineradora e o
contrabando de ouro. E também fruto da solução pombalina da questão indígena, que
proibiu a escravização e as guerras ofensivas contra os índios (um dos aspectos dessa
política foi o estímulo ao casamento entre brancos e índios, o que demonstra a
consciência do papel central da miscigenação no difícil problema da formação da nação
a partir de três povos distintos). Com a decadência do ciclo do ouro, com a revogação da
legislação de Pombal em 1798 e fundamentalmente com o surto econômico que por essa
época passa a colônia e, portanto, com a necessidade crescente de mão de obra, foram
retomadas as agressões contra os índios. Marco dessa política é a guerra declarada em
1808 contra os Aimorés. O resultado dessa nova orientação foi a aniquilação e/ou
assimilação da maioria dos grupos que ainda permaneciam isolados no início do século
XIX (Prado Jr, 1999).
Quatro grupos indígenas que se localizam em Minas pelo menos desde o período
colonial ainda vivem aqui: Maxakalí, Krenak, Aranã e Xacriabá. Estes grupos têm graus
variados de miscigenação com brancos e negros (Instituto Socioambiental).
A partir da metade do século XVIII, o ciclo do ouro atinge seu auge e, assim,
sua posterior decadência. Apesar de ter ocorrido uma emigração do estado, o perdido
setor da mineração foi substitdo pela agricultura e pecuária, e parte da população se
manteve no estado dispersando-se pelo interior (Prado Jr, 1999).
A imigração européia em Minas nos séculos XIX e XX foi pequena. No censo
de 1890, tem-se que da populão total apenas 1,4% era de estrangeiros, a maioria de
italianos (Monteiro, 1973), que se mudaram para núcleos coloniais, como os das cidades
de São João del Rei e Barbacena, nos anos de 1887 e 1889, respectivamente. Dois
núcleos coloniais para receber imigrantes alemães também foram criados no estado, nas
cidades de Teófilo Otoni em 1847, e em Juiz de Fora em 1852 (IBGE, 2000).
As peculiaridades do povoamento mineiro podem, portanto, ser resumidas em
três aspectos: grande imigração de portugueses, brasileiros e escravos por causa do ciclo
do ouro; posterior sustentação do povoamento pela substituição da mineração pela
agricultura e pecuária; pequena imigração européia nos séculos XIX e XX.
18
1.3 Breve esboço da história da população de Belo Horizonte
O terririo onde hoje se localiza a cidade de Belo Horizonte foi primeiro ocupado
pelo bandeirante João Leite da Silva de Ortiz, que veio a procura de ouro, em 1701, mas
acabou se fixando e fundando uma fazenda nessa região (PBH, 1997).
Com a mineração, o povoado foi crescendo, sendo chamado de Curral Del Rei. No
final do século XIX, já em um período de decadência do arraial, este contava com
aproximadamente quatro mil habitantes (PBH, 1997).
Em 1893, a região do Curral Del Rei foi escolhida para sediar a nova capital
mineira, que teria um prazo de quatro anos para ser constrda (PBH, 1997). Muitos
italianos vieram para a construção, sendo criados vários núcleos coloniais, como
Américo Werneck, Carlos Prates e Barreiro (IBGE, 2000).
Em 1897, Belo Horizonte era inaugurada (PBH, 1997). O Anuário Estatístico do
Brasil de 1908-1912 aponta que sua população em 1900 era de 13.472 pessoas, e em
1912 de 38.822 pessoas, sendo que 34.450 brasileiros e 4372 estrangeiros (Anuário
Estatístico de Minas Gerais 1921, 1925). O recenseamento de 1920 conta 50.703
brasileiros e 4.824 estrangeiros como moradores de Belo Horizonte. Todo este período
se caracteriza pelo maior número relativo de estrangeiros na história de Belo Horizonte.
A partir de então, houve um crescente aumento da população, ocorrendo uma explosão
demográfica nos anos 50, quando ela dobrou de tamanho, passando de 350 mil para 700
mil. Esse grande crescimento foi devido, principalmente, ao êxodo rural, caracterizado
pela imigração massiva do interior do estado para a capital. Em 2005, a populão
residente na região metropolitana de Belo Horizonte contava 4.879.213 (IBGE, 2006).
A tabela abaixo apresenta a distribuição percentual por cor/raça em seis regiões
metropolitanas do Brasil (Tabela 3).
Tabela 3. População total e respectiva distribuição percentual por cor/raça em seis regiões metropolitanas
brasileiras
Total Branca Preta Parda
Amarela ou
indígena
Belém 2.046003 27,2 6,4 65,8 0,6
Fortaleza 3.354.962 35,9 2,3 61,3 0,5
Salvador 3.351.569 18,3 26,0 54,9 0,7
Belo Horizonte 4.879.213 40,4 8,9 50,5 0,2
São Paulo 19.424.923 60,4 6,7 30,8 2,0
Porto Alegre 4.036.126 82,5 7,4 9,7 0,4
Fonte: IBGE, 2006
19
Temos as mesmas tendências gerais apresentadas anteriormente, entretanto
agora podemos observar que Belo Horizonte é a região metropolitana em que a
proporção de brancos e pardos é a mais semelhante. Diferente de São Paulo e Porto
Alegre, que receberam grande leva de imigrantes europeus e por isso aumentaram o
número de brancos. E diferente do norte e nordeste, que apresentam menos brancos e
mais pardos, refletindo a diferente migração portuguesa para essas regiões: em Minas,
em decorrência do ciclo do ouro, a imigração foi bem maior do que para essas regiões.
Ressaltamos que no caso de Belém os pardos são resultado principalmente da
miscigenação entre os índios que se concentravam naquela região e os portugueses. E
que Salvador é um caso específico, onde o número de pretos é o maior encontrado no
país, e é também o único caso em que o número de pretos é maior que o número de
brancos.
1.4 Breve esboço da história da população de Marinhos
Existem hoje no Brasil muitas comunidades afrodescendentes. Algumas
reivindicam uma continuidade de quilombos formados quando da escravidão. Outras
foram formadas por escravos alforriados ou libertos com o fim da mesma. Atualmente,
toda comunidade que se reivindica como afrodescendente, independente de como foi
seu processo de formação, é classificada como comunidade remanescente de quilombo.
Há uma potica pública de reconhecimento oficial dessas comunidades, que conseguem
assim garantir alguns direitos, sendo o principal deles a propriedade coletiva da terra.
No presente trabalho, escolhemos usar o termo afrodescente ao invés de
quilombola para designar estas populações. Isto porque, como explicado acima, nem
todas as comunidades atualmente referidas como quilombolas têm efetivamente a
origem em um quilombo.
Algumas dessas comunidades podem ser encontradas na rego metropolitana de
Belo Horizonte (Tabela 4). As comunidades de Luízes, Sapé e Arturos, reivindicaram e
conseguiram certificação oficial de comunidade remanescente de quilombo.
20
Tabela 4. Comunidades afrodescendentes da região metropolitana de Belo Horizonte
Cidade Nome comunidade Nº de famílias
Belo Horizonte Cabula -
Luízes 15
Brumadinho rrego do Feijão -
Sapé 44
Contagem Arturos 70
Jaboticatuba Açude -
Berto -
Mato do Tição 28
Santa Luzia Mangueiras -
Pinhões -
Fonte: Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES).
Marinhos é um povoado da zona rural do município de Brumadinho, cidade da
região metropolitana de Belo Horizonte, onde a maioria de seus habitantes são negros.
Apesar dos moradores relatarem uma história de descendência de escravos que viviam
na região, eles não se reivindicam como comunidade quilombola, pelo menos até o
presente. Marinhos é vizinho da comunidade do Sapé citada acima. Além dos dois,
outros povoados na mesma região (Figura 2) que relatam essa história comum de
descendência dos escravos - Ribeirão, São José do Paraopeba, Mançangano e Martins.
uma grande migração entre estes povoados, com parentes disseminados em todos
eles. também, por motivos econômicos, um crescente contato desses povoados com
as cidades próximas, por exemplo, Belo Horizonte e Brumadinho, abrindo a perspectiva
de uma maior miscigenação com o correr do tempo.
21
Figura 2. Mapa de Brumadinho incluindo sua zona rural. Em destaque os povoados de
Marinhos, Sapé, Maangano e São José do Paraopeba.
Fonte: Instituto de Geociências Aplicadas – www.iga.br
1.5 Os microssatélites
Os microssatélites são seqüências curtas de DNA repetidas em tandem, em
arranjos menores que 1 Kb, cuja unidade de repetição tem no máximo 6 bp (Goldstein
& Schlötterer, 1999). As unidades de repetição mais conhecidas são formadas por di, tri
ou tetranucleotídeos.
Os microssatélites apresentam uma alta taxa de mutação e o deslizamento de
replicação é tido como o principal mecanismo produtor de tal fato. Em geral, a mutação
diminui ou aumenta o tamanho dos microssatélites em uma repetição (Goldstein &
Schlötterer, 1999) e por isso os microssatélites se adequam ao modelo de mutação
stepwise (Kimura & Ohta, 1978). Este tipo de mutação possibilita que os novos alelos
22
produzidos, na verdade sejam estados alélicos presentes na população, levando,
portanto, a homoplasias (diferentes pias de um locus idênticas em estado e não em
descendência). Muitos autores sugerem que devido a esta homoplasia estudos de
estrutura populacional ou relações filogenéticas entre populações utilizando
microssatélites não seriam apropriados. Entretanto, Estoup et al. (2002) sugere que a
grande variabilidade dos microssatélites compensa enormemente sua homoplasia.
Por serem altamente polimórficos, os microssatélites são os marcadores de
escolha para identificação de indivíduos e testes de paternidade. Por variados motivos,
alguns microssatélites foram escolhidos e são utilizados pela comunidade mundial para
a realização destes testes. Por isso, a cada ano cresce as populações amostradas e o
tamanho das amostras para as quais estes microssatélites são genotipados. Este fato
torna o uso destes microssatélites uma grande vantagem, pois se tem acesso a um
crescente banco de dados público com frequências alélicas de muitas populações
mundiais, e a possibilidade de utilizar também os bancos de dados armazenados nos
laboratórios privados. A Tabela 5 apresenta 14 destes microssatélites que foram
utilizados no presente estudo. A Tabela 6 apresenta referências bibliográficas de
freqüências alélicas de microssatélites forenses estimadas em populações brasileiras.
Tabela 5. Microssatélites usualmente utilizados em testes de paternidade e na identificação de indivíduos
Locus Localização Cromossômica Tamanho (pb)
CSF1PO 5q33.3-34 295 - 327
TPOX 2p23-2pter 224 - 252
TH01 11p15.5 179 - 203
vWA 12p12-pter 139 - 167
D16S539 16q24-qter 264 - 304
D7S820 7q11.21-22 215 - 247
D13S317 13q22-q31 165 - 197
D3S1358 3p 115 - 147
F13A01 6p24-p25 283 - 331
F13B 1q31-q32.1 169 - 189
LPL 8p22 105 - 133
D8S1179 8q 203 - 247
D5S818 5q23.3-32 119 - 155
D12S391 12 209 - 253
23
Tabela 6. Referências bibliográficas de freqüências alélicas de microssatélites forenses estimadas em
populações brasileiras
Referências Populações Número de
loci
Corte-Real et al., 2000 Amazônia e São Paulo 9
Grattapaglia et al., 2001 Brasil 13
Hutz et al., 2002 Ameríndios: Gavião, Suruí, Wai Wai, Xavante e Zoró 15
Silva et al., 2002 Alagoas 9
Soares-Vieira et al., 2002 São Paulo – brancos e pardos 9
Bydlowski et al., 2003 São Paulo – brancos, pretos, pardos e asiáticos 12
Callegari-Jacques et al., 2003 Porto Alegre, Campinas, Centro-Oeste (Brasília e
Goiânia), Nordeste (Natal, Recife e Fortaleza), Manaus
12
Leite et al., 2003 Rio Grande do Sul 9
Silva et al., 2003 Rio Grande do Norte 8
Dellalibera et al., 2004 Pernambuco 13
es et al., 2004 Rio de Janeiro 16
Santos et al., 2004 Bahia 16
Silva et al., 2004 Ameríndios: Terena 8
Silva & Moura-Neto, 2004 Rio de Janeiro – brancos 11
Whittle et al., 2004 Sudeste, Sul e Centro-oeste 19
Ferreira et al., 2005 São Luís 5
Kohlrausch et al., 2005 Ameríndios: Caingang e Guarani 15
Rodrigues et al., 2006 Belém 13
1.6 A análise de miscigenação através de marcadores moleculares
Os primeiros estudos tentando estimar as contribuições genéticas relativas das
populações parentais às populações miscigenadas foram feitos por Bernstein em 1931
utilizando dados de grupos sanguíneos. A metodologia desenvolvida por ele usa as
freqüências alélicas das populações e permite estimar a contribuição de apenas duas
populações parentais (Salzano & Bortolini, 2002).
Depois de Bernstein, muitos outros métodos foram desenvolvidos, variando em
precisão e complexidade, e estimando a contribuão de duas ou mais populações
parentais (Salzano & Bortolini, 2002). Todos se fundamentam no fato de que as
frequências alélicas na população miscigenada devem ser combinações lineares das
freqüências alélicas das populações parentais, assumindo que o efeito da deriva ocorrido
depois do evento de miscigenação seja insignificante (Bertorelle & Excoffier, 1998).
24
Três das metodologias mais utilizadas são a da máxima verossimilhança (Krieger et al.,
1965); dos quadrados nimos ponderados (Long, 1991); e da identidade gênica
(Chakraborty, 1985).
Uma suposição comum a todas as metodologias é que não erro na escolha do
grupo parental ou em suas freqüências gênicas. No caso brasileiro, a adequação a tal
suposição apresenta especial dificuldade em relação à população parental ameríndia. Os
ameríndios sul-americanos apresentam uma grande diferenciação nas freqüências
alélicas, formando o grupo mais heterogêneo de todos os continentes. Essa variação
provavelmente reflete uma grande deriva, por causa do pequeno tamanho efetivo dos
grupos, e a ocorrência de efeitos fundadores ao longo da história evolutiva dessas
populações (Mesa et al., 2000). Por isso, mesmo se fizermos uma média das freqüências
alélicas das populações existentes, não podemos ter certeza de quão representativas elas
são da população ameríndia parental.
Assim como as estimativas, os marcadores genéticos para os quais as
freqüências alélicas são calculadas também se desenvolveram, passando, a partir da
década de 50, a ser proteínas e, a partir da década de 80, marcadores de DNA (Cavallii-
Sforza, 1998).
Chakraborty et al. (1991) argumentou que a precisão das estimativas de mistura
é diretamente dependente do grau de diferenciação das freqüências alélicas entre as
populações ). Shriver et al. (1997) desenvolveu uma fórmula para calcular ä entre
duas populações, e determinou como sendo alelos específicos de população, do inglês
population specific alleles PSAs (posteriormente chamados de marcadores
informativos de ancestralidade, Shriver et al., 2003), aqueles marcadores que tivessem
valores de ä 0,5. Estes marcadores seriam apropriados para estimativas de
miscigenação e, portanto, vêm sendo amplamente utilizados (Parra et al., 2003; Shriver
et al., 2003).
Os microssatélites utilizados no presente estudo não apresentam grandes
diferenças nas freqüências alélicas entre as populações como os marcadores citados
acima, mas têm se mostrado adequados para pesquisas de estrutura populacional,
estimativas de distância genética e análises de miscigenação (Pérez-Lezaun et al., 1997;
Cerda-Flores et al, 2003; Sahoo & Kashyap, 2005). Citando uma comparação direta
entre os dois tipos de marcadores, Pimenta et al., (2006), em uma análise com 12
microssatélites utilizados em testes de paternidade, conseguiu diferenciar uma
população africana de São Tomé de uma populão do norte de Portugal, que tinham
25
sido previamente diferenciadas em uma análise com MIAs (Parra et al., 2003). Os
autores concluíram que os microssatélites conseguem discriminar entre europeus e
africanos, apesar de serem menos eficientes que os MIAs.
Diversos estudos para elucidar a miscigenação nas populações brasileiras foram
realizados com variados marcadores: grupos sanguíneos, protnas, MIAs,
microssatélites, mtDNA e cromossomo Y. Uma compilação dos estudos realizados em
toda a América Latina, a maioria utilizando grupos sanguíneos e proteínas, pode ser
encontrada em Salzano & Bortolini (2002).
Algumas generalizações podem ser feitas a partir dos estudos já realizados:
1. uma correlação entre a classificação por cor/raça das populações
analisadas e a população parental que mais contribuiu para sua formação. Se forem
pretos, a maior contribuição encontrada é a da população africana; se forem brancos, a
maior contribuição é a da população européia (Salzano & Bortolini, 2002);
2. A contribuição européia para populações brancas é maior do que a
contribuição africana para populações pretas (Salzano & Bortolini, 2002);
3. Em significativa parcela dos indivíduos brasileiros, a cor, definida a partir de
características morfológicas, não prediz a ancestralidade genética, determinada por
marcadores moleculares (Parra et al., 2003; Pimenta et al., 2006). E concordante com o
segundo item, isto é mais verdadeiro para os pretos do que para os brancos;
4. um processo assimétrico de miscigenação em que homens europeus e
mulheres ameríndias e africanas contribuíram mais para o processo. Pena et al., (2000)
em uma amostra de indivíduos brancos de várias regiões do Brasil, observou que quase
a totalidade das linhagens de cromossomo Y (patrilinhagens) eram de origem européia,
enquanto as linhagens de mtDNA (matrilinhagens) tinham proporções de 0,39 de
origem européia, 0,28 de africana e 0,33 de ameríndia, para o Brasil como um todo. Em
outro estudo com indivíduos pretos do Rio de Janeiro e Porto Alegre, Hünemeier et al.,
(2007) identificou 0,56 e 0,36 de linhagens de cromossomo Y de origem africana nas
populações das duas cidades, respectivamente; e 0,90 e 0,79 linhagens de mtDNA de
origem africana nas duas populações, Rio de Janeiro e Porto Alegre, respectivamente;
5. Há uma significativa heterogeneidade entre regiões e populações do país.
26
2. Objetivos
2.1 Objetivo geral
Contribuir para o esclarecimento da história das populações de Belo Horizonte e
Marinhos a partir de análises de miscigenação utilizando marcadores microssatélites
usualmente empregados em testes de paternidade.
2.2 Objetivos específicos
Estimar as freqüências alélicas de 13 e 14 microssatélites na população de Belo
Horizonte e Marinhos, respectivamente;
Verificar se as freqüências estão em equilíbrio de Hardy-Weinberg;
Estimar os parâmetros forenses, poder de discriminação (PD), poder de exclusão
(PE) e conteúdo de informação polimórfica (PIC);
Realizar testes de diferenciação entre as duas populações Belo Horizonte e
Marinhos - e entre duas subamostras de Marinhos;
Estimar a contribuão genética de cada uma das populações parentais
africana, européia e ameríndia – às duas populações;
Comparar dois métodos de análise de miscigenação: Long (1991) e Chakraborty
(1985);
Comparar quatro medidas diferentes de distância genética: F
ST
, D
ST
, R
ST
e D
SW
;
Analisar as relações de distância genética das populações de BH e Marinhos
com outras populações brasileiras e mundiais;
Confirmar a utilidade destes microssatélites em testes de paternidade e
identificação de indivíduos;
Avaliar a adequação destes microssatélites para as análises de distância genética
e miscigenação.
27
3. Resultados e discussão - Artigo a ser submetido à publicação
Estudos sobre a história da população de Belo Horizonte e de uma população rural
afrodescendente utilizando microssatélites forenses
28
Estudos sobre a história da população de Belo Horizonte e de uma população rural
afrodescendente utilizando microssatélites forenses
2
RESUMO
As freqüências alélicas de 13 e 14 microssatélites forenses foram estimadas em 234 indivíduos de Belo
Horizonte/MG e 60 indivíduos de Marinhos/MG (um povoado rural de maioria afrodescendente). Foram
estimadas as contribuições genéticas das três populações parentais presentes na formação do povo
brasileiro - européia, africana e ameríndia às duas populações. Para verificar a relação das populações
de Belo Horizonte e Marinhos com outras populações brasileiras e mundiais, quatro métodos distintos de
distância genética foram utilizados, dois baseados no modelo de mutação stepwise (D
sw
e R
st
) e dois
clássicos (F
st
e D
st
). As estimativas obtidas para a população de Belo Horizonte foram: 0,66 ± 0,03
européia / 0,32 ± 0,03 africana / 0,02 ± 0,01 ameríndia. Para a população de Marinhos as estimativas
foram: 0,37 ± 0,10 européia / 0,59 ± 0,09 africana / 0,04 ± 0,05 ameríndia. Para a subamostra de
Marinhos (ORIG), constituída por indivíduos cujas famílias residem na região pelo menos desde o inicio
do século XX, foram obtidos os seguintes resultados: 0,27 ± 0,15 européia / 0,81 ± 0,13 africana / -0,08 ±
0,06 ameríndia. Concordante com as estimativas de miscigenação, as estimativas de distância genética
apresentaram Belo Horizonte mais próxima do agrupamento das populações não africanas; e Marinhos se
agrupando com as outras populações africanas/afrodescendentes. As medidas de distância clássicas se
mostraram mais robustas nestas análises. Os microssatélites estudados se mostraram apropriados para as
análises realizadas.
1. Introdução
A população brasileira começou a se constituir quando da chegada dos
colonizadores portugueses em 1500; aproximadamente 100 mil vieram nos primeiros
200 anos (IBGE, 2000). Eles encontraram aqui uma heterogênea população indígena
com cerca de dois milhões de indivíduos (Salzano & Bortolini, 2002). Depois, com o
tráfico de escravos, em torno de quatro miles de africanos de diferentes regiões foram
trazidos ao longo de três séculos, de meados do séc. XVI a meados do c. XIX (IBGE,
2000).
Os portugueses logo começaram um processo de miscigenação com mulheres
indígenas, surgindo assim os primeiros brasileiros. Depois, com a chegada dos escravos,
este processo foi estendido às mulheres africanas (Ribeiro, 1995). Esta miscigenação
assimétrica foi confirmada recentemente por estudos com os marcadores de linhagem
uniparentais - DNA mitocondrial (mtDNA - matrilinhagens), e cromossomo Y
(patrilinhagens) - em indivíduos brancos de várias regiões do Brasil: quase a totalidade
2
Microssatélites forenses do inglês forensic microsatellites.
29
das linhagens de cromossomo Y eram de origem euroia, enquanto as linhagens de
mtDNA tinham proporções de 0,39 de origem européia, 0,28 de africana e 0,33 de
ameríndia, para o Brasil como um todo (Pena et al., 2000).
A colonização aconteceu de forma desigual nas diferentes regiões, resultando em
distintas histórias de miscigenação ao longo do país. O povoamento de Minas Gerais
teve início com o ciclo do ouro, no começo do século XVIII. A maior quantidade de
ouro então descoberta no mundo foi extraída no menor espaço de tempo (Galeano,
1998). Neste período, a imensa maioria dos 600 mil portugueses que vieram para o
Brasil, vieram para esta região. Houve também uma migração massiva de brasileiros
povo novo, resultado da miscigenação ocorrida durante os 200 anos anteriores. Minas
tornou-se também a região com maior número de escravos, que chegavam através dos
portos do Rio de Janeiro e Bahia, e também das plantações do nordeste (Souza, 1994).
Com a decadência do ciclo do ouro, a partir de meados do século XVIII, uma
emigração do estado. Entretanto, como o povoamento foi intenso e organizou-se em
bases sociais relativamente lidas, foi possível substituir, pelo menos parcialmente, o
perdido setor da mineração pela pecuária e agricultura, havendo uma dispersão da
população pelo interior (Prado Jr, 1999). A grande imigração européia ocorrida a partir
de 1850 até meados do século XX, com a entrada de aproximadamente 1.500.000
portugueses, 1.485.000 italianos, e mais um milhão de pessoas de diversas nações, foi
pequena para Minas Gerais. No censo de 1900, tem-se que da população total, apenas
4% (141.647) era de estrangeiros, a maioria de italianos (Anuário Estatístico de Minas
Gerais 1921, 1925; Monteiro, 1973).
Duas populações de Minas Gerais serão analisadas no presente estudo: Belo
Horizonte e Marinhos
3
. Belo Horizonte é a capital do estado e foi fundada em 1897. Seu
crescimento populacional se deu principalmente pela imigração massiva de pessoas
vindas do interior do estado. Belo Horizonte conta atualmente com 2.238.526 habitantes
(IBGE). Marinhos é um pequeno povoado ( ~ 70 casas) da zona rural de Brumadinho,
cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, em que a maioria dos habitantes são
negros. Além de Marinhos, há outros povoados próximos - Ribeirão, Sapé, o José do
Paraopeba, Mançangano e Martins - com essa mesma característica, em que os
moradores relatam uma história comum de descendência de escravos que viviam na
3
Em todo o texto, o povoado referido como Marinhos se refere também a uma vila de 9 casas, 2 km
distante de Marinhos, chamada Rodrigues, que também participa de todas as atividades comunirias de
Marinhos, fazendo parte, portanto, do mesmo povoado.
30
região. Ainda se encontram ali fazendas e igrejas construídas no século dezoito por
escravos, inclusive a fazenda na qual os moradores acreditam ter vivido seus
antepassados, a Fazenda Martins. uma grande migração entre esses povoados, com
parentes disseminados em todos eles.
Muitos estudos com variados marcadores genéticos foram realizados para
elucidar a miscigenação nas populações brasileiras. Em Minas Gerais estudos com
marcadores informativos de ancestralidade (MIAs) autossômicos (Parra et al., 2003),
mtDNA (Alves-Silva et al., 2000) e cromossomo Y (Carvalho-Silva et al., 2001) foram
realizados em indivíduos brancos.
Os microssatélites forenses têm se mostrado adequados para pesquisas de
história genética das populações humanas (Destro-Bisol et al., 2000; Agrawal & Khan,
2005; Malyarchuk & Czarny, 2005; Pimenta et al., 2006), dentre elas a análise de
miscigenação (Cerda-Flores et al., 2002; Callegari-Jacques et al., 2003). Uma grande
vantagem do uso de microssatélites forenses é o crescente banco de dados existente para
esses marcadores em várias populações mundiais, e assim a possibilidade de analisá-los
sem o custo de amostragem e genotipagem.
O presente estudo pretende estimar as freqüências alélicas de 13 e 14
microssatélites forenses nas populações de Belo Horizonte e Marinhos,
respectivamente; estimar as contribuições genéticas das populações parentais européia,
africana e ameríndia às duas populações; comparar as duas populações com outras
populações mundiais através de medidas de distância genética; e avaliar a adequação
destes microssatélites para estas análises.
2. Materiais e Métodos
2.1 Amostras populacionais
A amostra da população de Belo Horizonte (BH) foi construída a partir do banco
de dados de teste de paternidade do laboratório privado Geneticenter, localizado em
Belo Horizonte/MG. Duzentos e trinta e quatro pais e mães que nasceram e residiam em
Belo Horizonte quando da realização dos testes formaram a amostra. Esta o foi
classificada por cor nem por classe. Todos os indivíduos assinaram um termo de
consentimento permitindo o uso de seu DNA para teste de paternidade e pesquisas em
genética de populações.
Sessenta indivíduos do povoado de Marinhos, com idade entre 20 e 89 anos,
foram amostrados e preencheram um formulário com informações sobre o ano e local
31
de seu nascimento, e de seus pais e avós. Todos assinaram o termo de consentimento
livre e esclarecido (TCLE) aprovado pelo Comi de Ética em Pesquisa da UFMG.
Duas amostras foram construídas utilizando indivíduos com grau de parentesco
máximo de primos em primeiro grau. A amostra denominada ATUAL (N = 45) foi
composta com o intuito de representar a população que reside em Marinhos atualmente,
utilizando o máximo de indivíduos amostrados. Uma subamostra composta de 17
indivíduos da amostra ATUAL mais dois indivíduos que não integravam tal amostra em
função do critério de parentesco (ORIG N = 19) foi constitda a partir da análise dos
formurios, com o objetivo de agrupar os indivíduos que pertencem às famílias que
residem na região (Marinhos, Ribeirão, Sapé, São José do Paraopeba, Mançangano e
Martins) pelo menos desde o início do século XX. Para isso foram selecionados
indivíduos que se adequassem a pelo menos um dos três critérios: 1. mais de 88 anos e
nascido na região; 2. mais de 52 anos e com pais nascidos na região; 3. mais de 20 anos
e com todos os avós nascidos na região.
2.2 Extração de DNA e genotipagem dos microssatélites
A extração do DNA dos indivíduos de Marinhos foi feita utilizando protocolo de
extração a partir de swab bucal com sistema proteinase K (adaptado: Sambrook &
Russel, 2001).
Treze microssatélites rotineiramente utilizados nos testes de paternidade foram
analisados nas duas populações: CSF1PO, TPOX, TH01, vWA, D16S539, D7S820,
D13S317, D3S1358, F13A01, F13B, LPL, D8S1179 e D5S818. Além destes, em
Marinhos também foi analisado o locus D12S391.
A PCR, composta de três quadriplex e um duplex formados pelos marcadores
acima mencionados, foi realizada seguindo protocolo do fabricante (GenePrint STR
System Amplification Kit, Promega). Os produtos da PCR foram separados através de
eletroforese em gel de poliacrilamida desnaturante 6%, e visualizados por coloração
com nitrato de prata.
2.3 Análise estatística
As frequências alélicas foram estimadas por contagem direta e o equilíbrio de
Hardy-Weinberg foi verificado pelo teste exato de Guo & Thompsom (1992). Também
foram feitas estimativas de heterozigotos observados e esperados, de F
IS
(Weir &
Cockerham, 1984) e teste para verificação de excesso ou deficiência significativa de
32
heterozigotos (Raymond & Rousset, 1995c). O programa GENEPOP versão 3.4
(Raymond & Rousset, 1995a) foi utilizado para realização dessas análises.
Os parâmetros forenses - poder de discriminação (PD), poder de exclusão (PE) e
conteúdo de informação polimórfica (PIC) - foram estimados com o programa
PowerStatsv12.xls (Promega Corporation, USA).
Para testar a existência de diferenciação entre as populações de Belo Horizonte e
Marinhos, foram utilizados os testes exatos de diferenciação gênica (Raymond &
Rousset, 1995b), que testa a hipótese nula de uma “distribuição alélica idêntica nas
populações”; e o teste de diferenciação genotípica (Goudet et al., 1996), que testa a
hipótese nula de uma distribuição genotípica idêntica nas populações”, utilizando o
programa GENEPOP. Foram feitas também estimativas de F
ST
(Weir & Cockerham,
1984), utilizando o programa Fstat (Goudet, 1995).
As estimativas das contribuições geticas de cada uma das populações
parentais africana, européia e ameríndia às duas populações, foram realizadas por
duas metodologias: quadrados mínimos ponderados (Long, 1991) através do programa
ADMIX.PAS, gentilmente disponibilizado pelo Dr. Jeffrey Long; e identidade nica
(Chakraborty, 1985) através do programa ADMIX95 (www.genetica.fmed.edu.uy).
Para verificar a relação das populações de Belo Horizonte e Marinhos com
outras populações brasileiras e mundiais quatro métodos distintos de distância genética
foram utilizados. Dois métodos foram desenvolvidos especificamente para o uso de
microssatélites, incorporando o modelo de mutação stepwise: D
SW
(Shriver, 1995) é
uma extensão da D
M
de Nei em que os produtos das freqüências alélicas são ponderados
pela diferença no número de repetições; R
ST
(Slatkin, 1995) padronizada por Goodman
(1997) é análoga a F
ST
, sendo equivalente à fração da variância total no número de
repetições entre populações. Para as estimativas de R
ST
as microvariantes foram
agrupadas junto ao alelo mais próximo. Os outros dois métodos são as medidas
clássicas F
ST
(Wright, 1951) reformulada por Reynolds et al. (1983), e D
ST
(Nei, 1972):
as duas consideram somente a deriva genética como fator que leva à divergência entre
populações. O programa POPTREE (Takezaki, 2001) foi utilizado para as estimativas
das distâncias D
SW
e D
ST
e na construção de suas respectivas árvores neighbor-joining
(Saitou & Nei, 1987). Para as distâncias F
ST
e R
ST
o programa MICROSAT (Minch,
2001) foi utilizado, sendo as respectivas árvores neighbor-joining constrdas através do
programa PHYLIP (Felsenstein, 1989). A fidedignidade de todas as árvores foi
33
examinada pelo teste de bootstrap (Felsenstein, 1985), com 1000 replicações e as
visualizações foram feitas através do programa TREEVIEW (Page, 1996).
Informações sobre as populações consideradas como representativas das
populações parentais que foram utilizadas nas análises de miscigenação e de distância
genética são apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1. Origem e tamanho das amostras das populações parentais utilizadas nas análises de
miscigenação e distância genética
Populações Parentais
Microssatélites Européia Africana Ameríndia
CSF1PO Portugal Cabinda, Guiné-Bissau,
Moçambique
Caingang, Guarani, Gavião,
Suruí, Wai Wai, Xavante,
Zoró
N 2028 908 472
TPOX Portugal Cabinda, Cabo Verde, Guiné-
Bissau, Moçambique, São
Tomé
Caingang, Guarani, Gavião,
Suruí, Wai Wai, Xavante,
Zoró
N 6820 1724 672
TH01 Portugal Cabinda, Cabo Verde,
Moçambique, Niria, São
Tomé
Caingang, Guarani, Gavião,
Suruí, Wai Wai, Xavante,
Zoró
N 9278 1684 672
vWA Portugal Angola, Cabinda, Cabo
Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, São Tomé
Caingang, Guarani, Gavião,
Suruí, Wai Wai, Xavante,
Zoró
N 9440 2122 678
D16S539 Portugal Cabinda, Guiné-Bissau,
Moçambique
Caingang, Guarani, Gavião,
Suruí, Wai Wai, Xavante,
Zoró
N 914 622 472
D7S820 Portugal Angola, Cabinda, Cabo
Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, São Tomé
Caingang, Guarani, Gavião,
Suruí, Wai Wai, Xavante,
Zoró
N 2866 1588 478
D13S317 Portugal Angola, Cabinda, Cabo
Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, São Tomé
Caingang, Guarani, Gavião,
Suruí, Wai Wai, Xavante,
Zoró
N 3274 1872 478
D3S1358 Portugal Angola, Cabinda, Cabo
Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, São Tomé
Caingang, Guarani, Gavião,
Suruí, Wai Wai, Xavante,
Zoró
N 4098 1872 478
F13A01 Portugal São Tomé, Nigéria Gavião, Suruí, Wai Wai,
Xavante, Zoró
N 2316 660 250
D8S1179 Portugal Angola, Cabinda, Cabo
Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, São Tomé
Caingang, Guarani, Gavião,
Suruí, Wai Wai, Xavante,
Zoró
N 2880 1368 478
D5S818 Portugal Angola, Cabinda, Cabo
Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, São Tomé
Caingang, Guarani, Gavião,
Suruí, Wai Wai, Xavante,
Zoró
N 3552 2092 478
N: mero de cromossomos. Refs: Portugal (POR) e populações africanas (AFSA): http://www.uni-
duesseldorf.de/WWW/MedFak/Serology/dna.html, Cabinda (Beleza et al., 2004). Populações ameríndias (AME): Caingang,
Guarani (Kohlrausch et al., 2005); Gavião, Suruí, Wai Wai, Xavante, Zoró (Hutz et al., 2002).
34
3. Resultados e Discussão
3.1 Frequências alélicas e parâmetros estatísticos
As Tabelas 2 e 3 apresentam as freqüências alélicas e alguns parâmetros
estatísticos relativos aos microssatélites estudados nas populações de Belo Horizonte e
Marinhos (ATUAL), respectivamente.
Tabela 2. Distribuição das frequências alélicas e parâmetros estatísticos de 13 STRs na população de Belo Horizonte
Alelos CSF1PO TPOX TH01 vWA D16S319 D7S820 D13S317 D3S1358 F13A01 F13B LPL D8S1179 D5S818
3,2 0,091
4 0,047
5 0,002 0,002 0,258
6 0,030 0,184 0,231 0,212
7 0,038 0,009 0,260 0,014 0,262 0,074 0,002 0,004
8 0,024 0,446 0,169 0,022 0,168 0,088 0,036 0,192 0,006 0,029
9 0,015 0,104 0,180 0,191 0,105 0,065 0,221 0,087 0,006 0,038
9,3 0,195
10 0,274 0,065 0,011 0,076 0,314 0,045 0,004 0,301 0,392 0,084 0,072
11 0,294 0,300 0,004 0,258 0,220 0,345 0,002 0,004 0,234 0,075 0,294
12 0,296 0,043 0,258 0,148 0,315 0,007 0,002 0,234 0,108 0,336
13 0,046 0,002 0,173 0,027 0,101 0,005 0,027 0,052 0,231 0,213
14 0,009 0,088 0,022 0,005 0,041 0,119 0,011 0,300 0,009
15 0,002 0,194 0,249 0,020 0,151 0,004
16 0,242 0,300 0,007 0,034
17 0,220 0,207
18 0,161 0,100 0,004
19 0,073 0,012
20 0,015
N 452 460 462 454 450 440 464 430 450 448 462 464 446
Na 9 8 7 9 7 8 7 9 13 5 6 10 9
Ho 0,774 0,674 0,814 0,824 0,755 0,759 0,746 0,767 0,827 0,799 0,736 0,823 0,767
He 0,747 0,695 0,801 0,818 0,796 0,793 0,758 0,783 0,800 0,775 0,728 0,810 0,749
P 0,081 0,459 0,405 0,917 0,153 0,114 0,042 0,966 0,514 0,882 0,983 0,653 0,360
PIC 0,700 0,650 0,770 0,790 0,760 0,760 0,720 0,750 0,770 0,740 0,680 0,780 0,710
PD 0,881 0,859 0,925 0,939 0,928 0,923 0,898 0,919 0,927 0,908 0,880 0,938 0,886
PE 0,552 0,389 0,625 0,644 0,519 0,525 0,502 0,540 0,649 0,597 0,486 0,643 0,539
N: número de cromossomos; Na: número de alelos; Ho: heterozigosidade observada; He: heterozigosidade esperada; P: teste exato
equilíbrio HW; PIC: conteúdo de informação polimórfica; PD: poder de discriminação; PE: poder de exclusão.
Tanto na amostra de Belo Horizonte quanto na de Marinhos todos os loci se
encontram em equilíbrio de Hardy-Weinberg (P > 0,05), com a exceção do locus
D13S317 (P = 0,0425 e P = 0,0308, respectivamente). No caso de Marinhos, este locus
foi responsável por um desvio total do equilíbrio de Hardy-Weinberg (P = 0,042)
(quando este locus é retirado não se observa mais o desvio). Nos três casos, o valor de P
é significante no nível de 5% e não excesso nem deficiência significativa de
heterozigotos. Sendo assim, este afastamento do equilíbrio pode ter sido resultado do
acaso (múltiplos testes) ou consequência da amostragem estatística.
35
Tabela 3. Distribuição das frequências alélicas e parâmetros estatísticos de 14 STRs na população de Marinhos (ATUAL)
Alelos CSF1PO TPOX TH01 vWA D16S359 D7S820 D13S317 D3S1358 F13A01 D12S391 F13B LPL D8S1179 D5S818
3,2 0,069
4 0,056
5 0,347
6 0,051 0,132 0,069 0,297
7 0,081 0,449 0,011 0,333 0,047 0,013
8 0,041 0,256 0,033 0,233 0,056 0,056 0,156 0,036
9 0,041 0,051 0,368 0,133 0,111 0,044 0,234 0,125 0,012
9,3 0,132
10 0,432 0,167 0,211 0,233 0,211 0,022 0,266 0,400 0,061 0,048
11 0,189 0,026 0,158 0,256 0,278 0,256 0,100 0,012 0,321
12 0,122 0,144 0,133 0,444 0,028 0,300 0,122 0,274
13 0,054 0,014 0,189 0,022 0,133 0,011 0,028 0,062 0,195 0,310
14 0,041 0,057 0,011 0,044 0,067 0,014 0,317
15 0,171 0,211 0,132 0,207
16 0,200 0,278 0,013 0,073
17 0,171 0,233 0,197 0,012
18 0,286 0,189 0,197
18,3 0,013
19 0,086 0,011 0,171
20 0,014 0,118
21 0,079
23 0,066
24 0,013
N 74 78 76 70 90 90 90 90 72 76 64 80 82 84
Na 8 6 5 8 7 7 7 7 9 10 5 6 8 6
Ho 0,622 0,641 0,737 0,714 0,711 0,778 0,667 0,778 0,750 0,947 0,687 0,775 0,805 0,762
He 0,760 0,709 0,771 0,822 0,815 0,802 0,720 0,792 0,761 0,862 0,773 0,729 0,804 0,730
P 0,082 0,321 0,418 0,335 0,189 0,496 0,031 0,161 0,423 0,069 0,826 0,089 0,268 0,713
PIC 0,720 0,650 0,720 0,780 0,780 0,760 0,670 0,750 0,720 0,830 0,720 0,680 0,770 0,670
PD 0,900 0,857 0,896 0,926 0,921 0,912 0,858 0,905 0,884 0,920 0,902 0,828 0,909 0,854
PE 0,318 0,343 0,488 0,451 0,446 0,558 0,379 0,558 0,510 0,893 0,409 0,553 0,608 0,530
N: número de cromossomos; Na: número de alelos; Ho: heterozigosidade observada; He: heterozigosidade esperada; P: teste exato
equilíbrio HW; PIC: conteúdo de informação polimórfica; PD: poder de discriminação; PE: poder de exclusão.
O valor do coeficiente de endogamia F
IS
- estimado para a população de Belo
Horizonte foi de 0,0119, e não se mostrou significativo quanto ao teste de deficiência de
heterozigotos (P = 0,6727). Para a amostra de Marinhos foi encontrado um valor de F
IS
mais alto do que o de BH (F
IS
= 0,056). Este resultado era esperado, pois foi constatado
quando da amostragem dos indivíduos que grande parte deles eram parentes, inclusive
com casamentos entre primos, o que é comum de se observar em povoados da zona
rural, que são menores e mais isolados. Apesar do valor mais alto de F
IS
, também não se
obteve um valor significativo para deficiência de heterozigotos (P = 0,0963).
Na amostra de BH, os loci que apresentaram maior heterozigosidade observada -
Ho entre 0,814 e 0,827 - foram F13A01, vWA, D8S1179 e TH01, e o que apresentou
menor heterozigosidade observada foi o locus TPOX (Ho = 0,674). Na amostra de
Marinhos os loci que apresentaram maior heterozigosidade observada foram D12S391
36
(Ho = 0,947) e D8S1179 (Ho = 0,805); e os que apresentaram menor heterozigosidade
observada - Ho entre 0,622 e 0,687 - foram os loci CSF1PO, TPOX, D13S317 e F13B.
Os parâmetros forenses também apresentaram altos valores para os
microssatélites analisados. Na amostra de BH, o PIC variou de 0,650 a 0,790, o PD de
0,859 a 0,939, e o PE de 0,389 a 0,649. Na amostra de Marinhos o PIC variou de 0,650
a 0,830, o PD de 0,828 a 0,926 e o PE de 0,318 a 0,893. Baseando-se nestes valores
estimados, confirma-se que estes marcadores são apropriados para análises forenses e
testes de paternidade nas duas populações.
3.2 Diferenciação entre populações
Primeiramente, os testes de diferenciação gênica e genotípica foram feitos entre
as duas amostras de Marinhos, e o foi encontrada diferenciação significativa em
nenhum locus, consequentemente não se encontrou diferenciação total entre as duas
amostras ATUAL E ORIG. Mas supõe-se que essa não diferenciação se deve à
sobreposição das amostras - 17 indivíduos da amostra ORIG (89% da amostra) também
estão presentes na amostra ATUAL, ou seja, 38% da amostra. Quando foram feitos os
mesmos testes de diferenciação gênica e genotípica, retirando os 17 indivíduos da
amostra ATUAL, obtiveram-se valores significativos tanto de diferenciação nica total
(P = 0,0034), quanto genotípica total (P = 0,0138). As estimativas obtidas para o F
ST
repetem o que se observou em relação aos testes de diferenciação gênica e genotípica:
quando comparadas as amostras sobrepostas, o F
ST
= -0,004 (SE 0,003), confirmando
uma não diferenciação; quando comparadas as amostras não sobrepostas, se obtém um
valor significativo, F
ST
= 0,021 (SE 0,009).
Quando os testes de diferenciação e estimativas de F
ST
foram realizados entre a
amostra de Belo Horizonte e as duas amostras de Marinhos, observou-se uma
diferenciação significativa entre elas (Tabela 4). Foi constatado também um valor mais
alto de F
ST
total entre a amostra de BH e ORIG do que entre a amostra de BH e
ATUAL. Esta análise corrobora o resultado encontrado de diferenciação entre as duas
amostras de Marinhos, e sugere que com o aumento do fluxo gênico observado nas
últimas décadas, as diferenças entre populações do campo e da cidade vêm diminuindo.
37
Tabela 4. Testes de diferenciação gênica e genotípica (valores de P significativos: P < 0,05 em negrito) e
estimativas de F
ST
entre as amostras de BH e ATUAL, e BH e ORIG
BH-ATUAL BH-ORIG*
Loci F
ST
Gênica Genotípica F
ST
Gênica Genotípica
CSF1PO 0,038
0,0004 0,0018
0,120 - -
TPOX 0,022
0,0112 0,0137
0,069 - -
TH01 0,005 0,3516 0,2713 0,014 0,2511 0,1971
vWA 0,005 0,2566 0,3434 0,044
0,0132 0,0185
D16S319 0,019
0,0010 0,0026
0,062 - -
D7S820 0,005 0,5024 0,5321 0,015 0,1658 0,0915
D13S317 0,012 0,2149 0,2013 0,090
0,0032 0,0022
D3S1358 0,002 0,2832 0,3462 0,015 0,2283 0,1443
F13A01 0,018
0,0315 0,0228
0,029 0,1110 0,0791
F13B -0,002 0,5982 0,5653 0,009 0,3060 0,3003
LPL 0,009
0,0360
0,0613 0,025
0,0265 0,0309
D8S1179 -0,0001 0,1365 0,0654 0,010 0,0792
0,0316
D5S818 0,003 0,5789 0,3629 0,017 0,3422 0,2103
total
0,010
SE 0,003
0,00001 0,00002
0,041
SE 0,010
0,0002 0,00002
* Testes de diferenciação gênica e genotípica baseados em 10 loci.
3.3 Análise de Miscigenação
As estimativas obtidas da contribuição européia à populão de Belo Horizonte
foram maiores do que as da contribuição africana, mas esta última foi bastante
significativa (Tabela 5). Uma contribuição mínima ameríndia foi identificada.
Tabela 5. Contribuições genéticas das populações européia, africana e ameríndia à população de Belo
Horizonte estimadas a partir de dois métodos, comparadas com estimativas feitas com MIAs, mtDNA e
cromossomo Y em indivíduos brancos de Minas Gerais
Européia Africana Ameríndia
Método 1 0,66 ± 0,03 0,32 ± 0,03 0,02 ± 0,01
Método 2 0,69 ± 0,01 0,30 ± 0,01 0,01 ± 0,01
MIAs
a
0,68 0,32 ± 0,10 -
mtDNA
b
0,31 0,34 0,33
Cromossomo Y
c
0,96 0,04 0
Método 1: Long (1991) baseada em 11 microssatélites; Método 2: Chakraborty (1985), baseada em 10
microssatélites.
a
Parra et al., 2003.
b
Alves-Silva et al., 2000.
c
Carvalho-Silva et al., 2001.
38
Esses dados correspondem à história do povoamento de Belo Horizonte, que
cresceu fundamentalmente pela imigração massiva de pessoas do interior do estado de
Minas Gerais. A formação da população de Minas, por sua vez, começa no início do
século dezoito com o ciclo do ouro. Neste período houve uma corrida à região tanto de
portugueses quanto de brasileiros - povo novo formado pela miscigenação ocorrida nos
200 anos anteriores - e Minas se tornou também a região com maior número de
escravos. Dados da época apontam que aproximadamente metade da população de
Minas era constituída por escravos, tanto os miscigenados nascidos no Brasil, quanto os
africanos (PNUD, 2005). A miscigenação continuou a ocorrer, resultado principalmente
da reprodução entre os portugueses e as escravas africanas, e da própria reprodução dos
brasileiros. A crescente dizimação da população indígena desde o icio da colonização,
e o aumento de escravos africanos e de colonos portugueses, fez com que a contribuição
do elemento ameríndio fosse sendo progressivamente diluída. Ao mesmo tempo, os
escravos africanos no Brasil apresentavam altas taxas de mortalidade e baixo índice de
reprodução natural, fruto da grande exploração que sofriam. Isso se reflete quando
comparamos o número de escravos que entraram no Brasil (quatro milhões em três
séculos) e seu número em 1870, vinte anos depois da proibição do tráfico (1,5 milhões).
Em contraste, nos Estados Unidos da América entraram 400 mil escravos africanos em
dois séculos e em 1860 eles eram quatro milhões (Florentino, 1997). A diferea não
está em uma menor exploração, mas numa exploração racional baseada no princípio de
conservação e reprodução do instrumento de trabalho.
Com a decadência do ciclo do ouro, a partir de meados do século XVIII, há uma
emigração do estado mas, ao mesmo tempo, com a substituição da mineração pela
agricultura e pecuária, uma parte da população se mantém em Minas e se dispersa por
seu interior (Prado Jr, 1999).
Em 1872, observamos uma alteração dos dados de distribuição por cor
apresentados acima: nesta data os brancos são maioria, representando 41% da
população, os pardos em seguida com 36% e os pretos o minoria com 23% (Anuário
Estatístico de Minas Gerais 1921, 1925). A grande imigração européia ocorrida a partir
de 1850 até meados do século XX, com a entrada de aproximadamente quatro milhões
de pessoas, foi pequena para Minas Gerais, mesmo assim ajudou a fortalecer o elemento
branco. O maior número relativo registrado de estrangeiros foi em 1900, quando
atingiram 4% da população mineira. A maioria desses estrangeiros eram italianos. Este
fato pode ser observado especificamente em Belo Horizonte, fundada em 1897: o
39
recenseamento de 1920 conta 50.703 brasileiros e 4.824 estrangeiros, também a maioria
de italianos, como moradores de Belo Horizonte (Anuário Estatístico de Minas Gerais
1952, 1953), mas essa participação estrangeira foi, com o crescimento da cidade, sendo
mais diluída.
Em linhas gerais, podemos distinguir dois processos concomitantes. O primeiro
é o desaparecimento das três populações originais européia, africana e ameríndia
devido ao processo de miscigenação. O crescimento do número de pardos é
característico desse processo. Mas a miscigenação também está presente nos indivíduos
classificados como brancos, pretos e indígenas, que deixam assim de ser o que eram.
Em estudos recentes Parra et al. (2003) e Pimenta et al. (2006) encontraram, em termos
individuais, uma dissociação significativa entre cor, determinada por características
morfológicas, e ancestralidade africana, determinada por marcadores moleculares. O
segundo processo é a diferente contribuição das três populações originais na formação
da população miscigenada de acordo com a relação de força entre elas: o crescimento do
elemento branco, sustentado pela sua posição de poder, e a diminuição dos elementos
africano e ameríndio, pelo fato de ambas as populações terem sido submetidas a uma
grande exploração, ainda que sob diferentes formas. Consequência disso, a contribuição
africana para populações afrodescentes é em geral menor do que a contribuição européia
para populações eurodescendentes. Estas questões se refletem na distribuição por
cor/raça da população da região metropolitana de Belo Horizonte 40,4% de brancos,
50,5% de pardos, 8,9% de pretos, 0,2% de indígenas (IBGE, 2006) - e nas estimativas
das contribuições das três populações parentais encontradas no presente estudo.
Nosso resultado foi bastante semelhante ao resultado obtido por Parra et al.
(2003) em uma análise baseada em duas populações parentais com dez marcadores
informativos de ancestralidade (MIAs) autossômicos, em indivíduos brancos de Minas
Gerais (Tabela 5). Por que observamos resultados semelhantes entre uma amostra de
indivíduos não classificados e uma amostra de indivíduos brancos? É possível que
levando em consideração o grande erro das estimativas feitas com MIAs, que foram
estimadas pelo método de Long (1991), o resultado do presente estudo realmente
signifique uma maior contribuição africana ao grupo aqui estudado do que a obtida para
a amostra de indivíduos brancos.
Uma outra possível explicação seria que a amostra do banco de teste de
paternidade teria um viés de classe, ou seja, como ele é formado principalmente por
pessoas que podem pagar pelo teste, e como no Brasil há uma correlação positiva entre
40
pessoas com melhores condições financeiras e indivíduos brancos (PNUD, 2005), estes
indivíduos brancos estariam representados na amostra além de sua proporção real na
população de Belo Horizonte, aumentado a contribuição européia e diminuindo a
africana.
Contrastamos também nossos resultados com os de Callegari-Jacques et al.,
(2003) que analisou 12 microssatélites forenses sendo nove deles os mesmos do
presente estudo para identificar as diferentes histórias de miscigenação de várias
populações brasileiras, dentre elas a população de parte do Nordeste (Fortaleza, Natal e
Recife). Pelos dados de distribuição por cor/raça 36% brancos, 59,6% pardos, 3,9%
pretos e 0,5% amarelos/indígenas (IBGE, 2006) esta população nordestina deve ser
pelo menos tão miscigenada quanto à população de Belo Horizonte, mas se obteve
somente 0,15 ± 0,002 de contribuição africana, utilizando o método de Chakraborty
(1985). Os autores sugerem que este resultado pode ser devido a um viés de classe da
amostra, como o sugerido acima, ou por uma falha intrínseca aos microssatélites
utilizados, por não apresentarem grandes diferenças em suas frequências entre os grupos
continentais. Duas questões nos levam a sugerir que o mais provável é que a amostra de
Callegari-Jacques et al. (2003) tenha um viés de classe: primeiro, em nossas análises
obtivemos uma grande contribuição africana; segundo, vários estudos utilizando
microssatélites forenses têm conseguido diferenciar populações africanas e européias
(Cerda-Flores et al., 2002; Pimenta et al., 2006). Tais fatos indicam, então, que estes
microssatélites sejam adequados para as análises, e que se existe um viés de classe em
nossa amostra ele o deve ser grande. No entanto, esse tipo de viés poderá ser
realmente controlado construindo-se amostras que apresentem informações sobre a
classe social dos indivíduos.
Também comparamos nossas estimativas com estudos feitos com mtDNA e
cromossomo Y (Tabela 5). Estudos feitos com amostras de indivíduos brancos de Minas
Gerais encontraram proporções aproximadas de matrilinhagens: 0,31 euroia, 0,34
africana e 0,33 ameríndia (Alves-Silva et al., 2000); e quase a totalidade de
patrilinhagens européia (Carvalho-Silva et al., 2001). Os resultados obtidos no presente
estudo apresentaram uma maior contribuição européia e menor africana e ameríndia do
que as estimadas pelo mtDNA, e uma menor contribuição européia e maior africana e
ameríndia do que as estimadas pelo cromossomo Y, resultado da hisria de
miscigenação assimétrica ocorrida no país. Em uma possível análise posterior de nossos
dados com marcadores uniparentais, esperaríamos que se encontrasse um valor mais
41
alto de linhagens africanas, pelo fato de nossa amostra não ser formada apenas por
indivíduos brancos.
A mínima contribuição ameríndia estimada pode ser explicada pela grande
diluição dos genes ameríndios, diluição esperada, por ser resultado de uma
miscigenação primeira, que não se sustentou no tempo, por causa da dizimação das
populações indígenas. É possível que essa diluição tão grande possa refletir também
uma não adequação da amostra parental ameríndia, ou seja, as freqüências das
populações utilizadas não refletiriam as freqüências das populações ameríndias que
realmente contribuíram no processo de miscigenação. Entretanto, Callegari-Jacques et
al. (2003) conseguiram identificar em cinco populações estudadas uma contribuição
ameríndia um pouco maior do que a encontrada aqui, sendo as menores estimativas
encontradas para a amostra de Campinas (0,07 ± 0,001) e Porto Alegre (0,08 ± 0,005).
As mesmas frequências da população parental ameríndia utilizada por Callegari-Jacques
et al. (2003) foram testadas no presente estudo e não houve modificação significativa do
resultado (dados não apresentados). Isto sugere que a contribuição indígena realmente
foi mais diluída na população de Belo Horizonte estudada aqui, ou que os três
marcadores diferentes utilizados por Callegari-Jacques et al. (2003) D18S51, D21S11
e FGA – fizeram diferença para a identificação dessa contribuição.
Para a população de Marinhos, as estimativas mostraram uma maior
contribuição africana do que européia nas duas amostras, ATUAL e ORIG, e uma maior
contribuição africana na amostra ORIG do que na amostra ATUAL (Tabela 6).
Tabela 6. Contribuições genéticas das populações européia, africana e ameríndia às duas amostras da
população de Marinhos estimadas a partir de dois métodos. Entre parênteses, estimativas feitas com duas
populações parentais – européia e africana
Método 1: Long (1991), baseada em 11 microssatélites; Método 2: Chakraborty (1985), baseada em 10
microssatélites
ORIG ATUAL
Européia Africana Ameríndia Européia Africana Ameríndia
Método
1
0,27 ± 0,15 0,81 ± 0,13 -0,08 ± 0,06 0,37 ± 0,10 0,59 ± 0,09 0,04 ± 0,05
Método
2
0,30 ± 0,02
(0,10 ± 0,04)
1,10 ± 0,02
(0,90 ± 0,04)
-0,41 ± 0,02
(-)
0,39 ± 0,02
(0,32 ± 0,04)
0,80 ± 0,03
(0,68 ± 0,04)
-0,19 ± 0,02
(-)
42
O povoado de Marinhos foi formado no século XIX, provavelmente por
escravos libertos da região. Os moradores relatam uma história de grande parentesco
dentro do povoado constatado quando das coletas - e, também, entre os povoados,
principalmente de Marinhos e Sapé, sugerindo que poucos escravos os tenham fundado.
Em 1919, uma linha férrea foi inaugurada, e para sua construção rias pessoas de
outras cidades migraram para Marinhos. A Tabela 7 mostra que nas duas últimas
gerações continuou havendo migração para o povoado. Pelos resultados encontrados
podemos sugerir que esses migrantes tinham maior ascendência européia, explicando
porque a amostra ATUAL apresenta uma contribuição européia maior do que a amostra
ORIG. Outra questão a ser ponderada é que grande parte dos irmãos/irmãs não
amostrados em função do critério de parentesco eram parentes de indivíduos
selecionados para a amostra ORIG, ou seja, pessoas menos miscigenadas. Sendo assim,
se toda a população do povoado tivesse sido amostrada, é provável que a contribuição
africana estimada fosse ainda maior.
Tabela 7. Distribuição dos locais de nascimento dos indivíduos amostrados em Marinhos e de seus pais e
avós
Local Nascimento SUJEITOS N= 60 SEUS PAIS N= 102 SEUS AVÓS N= 151
Marinhos
55% 29% 25%
RB, SAP, SJP, MAÇ, MAR
a
20% 27% 30%
Cidades região
b
14% 29% 34%
MG 8% 12% 7%
Outros estados 3% 3% 4%
a
RB: Ribeirão; SAP: Sapé; SJP: São José do Paraopeba; MAÇ: Mançangano MAR: Martins.
b
Brumadinho, Belo Vale, Bonfim e Moeda.
Não foi identificada contribuição ameríndia à amostra ORIG, nem à amostra
ATUAL, neste último considerando o erro encontrado no método 1, e o resultado do
método 2. Se essa contribuição ameríndia realmente não existiu ou se padece das
mesmas questões sugeridas no caso de Belo Horizonte, somente estudos com mtDNA e
cromossomo Y poderão confirmar. As análises, então, foram refeitas utilizando somente
duas populações parentais – europeus e africanos – pelo método de Chakraborty (1985),
para se encontrar valores mais aproximados das respectivas contribuições (Tabela 6).
43
Outros estudos realizados com populações afrodescendentes mostraram uma
heterogeneidade significativa entre estas populações, com diferentes graus de
miscigenação encontrados (Arpini-Sampaio et al., 1999; Bortolini et al., 1999;
Vallinoto et al. 2003). Marinhos e Sítio Velho/PI são as populações até agora estudadas
que apresentaram maior estoque genético africano (0,68 e 0,72, respectivamente).
Os dois métodos utilizados nas análises apresentaram resultados semelhantes,
tanto para a população de Belo Horizonte quanto de Marinhos, sugerindo que as
estimativas das diferentes contribuições são razoáveis.
3.4 Distâncias Genéticas
A Figura 1 apresenta as árvores neighbor-joining construídas a partir das
matrizes das quatro distâncias genéticas estimadas. Para estas análises, a amostra ORIG
de Marinhos foi utilizada.
Assim como em estudos anteriores de Pérez-Lezaun et al. (1997) e Callafel et al.
(1998) a medida de distância R
ST
falha em agrupar as populações da maneira esperada
de acordo com outros estudos genéticos e arqueológicos. No presente estudo, é a única
distância que não separa as populações africanas e afrodescendentes das outras
populações analisadas, e a única que não agrupa a população ameríndia com a
população japonesa.
As outras três distâncias formam agrupamentos parecidos, mas D
SW
agrupa as
populações de Belo Horizonte e Portugal, enquanto as distâncias D
ST
e F
ST
agrupam
Itália e Portugal, este último de acordo com o esperado. D
SW
também apresenta valores
de bootstrap menores que D
ST
e F
ST
. Este mesmo resultado, de medidas clássicas de
distância apresentando árvores mais robustas do que árvores baseadas em medidas
desenvolvidas especificamente para microssatélites, também foi encontrado em Pérez-
Lezaun et al. (1997), Callafel et al. (1998), Destro-Bisol et al. (2000) e Jin et al. (2000).
Por causa da recente diferenciação dos grupos humanos é provável que a deriva
genética, e não a mutação, tenha sido o agente principal na formação do padrão de
variação encontrado atualmente (Pérez-Lezaun et al., 1997). Sendo assim, resultados
mais robustos serão encontrados utilizando medidas de distância que consideram a
deriva como agente principal da diferenciação entre populações (F
ST
e D
ST
), do que
utilizando medidas que consideram deriva e mutação (D
SW
), e melhor ainda do que
medidas que consideram principalmente mutação (R
ST
).
44
Figura 1. Árvores neighbor-joining baseadas em oito microssatélites (TPOX, TH01, vWA, D7S820, D13S317, D3S1358, D8S1179, D5S818) e quatro
distâncias genéticas. BH (Belo Horizonte), ORIG (Marinhos), POR (Portugal – população parental), ITA (Itália), AME (Ameríndios - população parental),
JAP (Japão), AFSA (África subsaariana - população parental), AFEUA (Afrodescendentes EUA), CAB (Cabinda), STOME (São Tomé), CABV (Cabo
Verde), MOÇ (Moçambique). Ref. ITA, JAP, AFEUA: http://www.uni-duesseldorf.de/WWW/MedFak/Serology/dna.htm
Dst Fst
Dsw Rst
45
Analisamos então a posição de nossas populões nas árvores baseadas nas
distâncias D
ST
e F
ST
. Nas duas árvores, Belo Horizonte se encontra entre os dois
agrupamentos formados pelas populações africanas/afrodescendentes e os dois
agrupamentos formados por ITA/POR e AME/JAP. Entretanto, nos dois casos BH se
encontra mais próxima do agrupamento das populações não africanas. Este resultado
possivelmente reflete a maior contribuão européia na formação de sua população, mas
também sua não identidade total com essas mesmas populações européias, resultado da
miscigenação com os africanos.
A amostra ORIG da populão de Marinhos se agrupa com as outras populações
africanas e afrodescendentes, resultado concordante com uma maior contribuão da
população africana em sua formação. Nas duas árvores, ORIG forma um agrupamento
com AFEUA, possivelmente pela história de miscigenação entre africanos e europeus,
presente nas duas populações (Parra et al., 1998); e posteriormente com Cabinda (D
ST
)
ou São Tomé (F
ST
). Outro agrupamento de populações africanas é formado por
MOÇ/CABV/AFSA e CAB (F
ST
) ou STOME (D
ST
). Essa divisão dos dois
agrupamentos africanos é sustentada por bootstraps menores que 50% em F
ST
e de 54%
e 66% em D
ST
.
Uma segunda análise baseada na distância F
ST
foi realizada entre as populações
do presente estudo, as populações parentais e outras populações brasileiras (Figura 2).
As populações se ramificam uma por vez sem formarem agrupamentos. O único
agrupamento bem definido é formado por AME/AMA, que pode ser explicado pela
maior contribuão da população ameríndia na formação da população do Amazonas
comparada com as outras populações brasileiras, como demonstrado por Callegari-
Jacques et al. (2003). Podemos observar também que as populações
africanas/afrodescendentes se ramificam uma após a outra, com valores de bootstrap
maiores que 50%, na seguinte ordem: AFSA ATUAL AFSP MESP. Esta ordem
pode refletir uma maior contribuição africana à população de Marinhos, seguida de
AFSP e MESP. Quando a amostra ORIG foi utilizada nas análises, o mesmo
agrupamento das populações africanas/afrodescentes foi observado, com ORIG no lugar
de ATUAL (dados não apresentados). A posição de BH e das populações RJ, EUSP,
NE, RS e POR, não tem sustentação estatística (valores bootstrap menores que 37%),
refletindo a semelhança entre essas populações e a necessidade de mais marcadores para
uma possível elucidação da relação entre as mesmas.
46
4. Conclusões
As estimativas da contribuição européia, africana e ameríndia para a população
de Belo Horizonte 0,66, 0,32 e 0,02, respectivamente - correspondem a história da
formação da população da cidade. Estudos feitos em amostras com classificação dos
indivíduos por cor e classe social poderão esclarecer com maior propriedade os
resultados obtidos.
No caso de Marinhos, demonstrou-se a grande descendência africana de sua
população, e como o aumento do fluxo gênico das últimas décadas aumentou a
contribuição européia ao povoado. Pelo grande estoque de genes africanos, Marinhos se
mostrou uma boa população para futuras pesquisas sobre o componente africano no
Brasil.
Concordante com as estimativas de miscigenação, as estimativas de distância
apresentaram Belo Horizonte mais próxima do agrupamento das populações não
Figura 2. Árvore neighbor-joining construída a partir da distância Fst baseada em sete microssatélites (CSF1PO,
TPOX, TH01, vWA, D7S820, D13S317, D5S818). BH (Belo Horizonte), ATUAL (Marinhos), POR (Portugal
população parental), AME (Ameríndios - população parental), AFSA (África subsaariana - população parental),
AFSP (Afrodescendes São Paulo), MESP (Mestiços São Paulo), EUSP (Eurodescendentes São Paulo), RJ (Rio de
Janeiro), RS (Rio Grande do Sul), NE (Natal, Fortaleza e Recife), AMA (Amazonas). Refs. AFSP, MESP, EUSP:
Bydlowski et al., 2003. RJ: Góes et al., 2004. RS, NE, AMA: Callegari-Jacques et al., 2003.
47
africanas e Marinhos se agrupando com as outras populações
africanas/afrodescendentes. As medidas de distância clássicas se mostraram mais
robustas nestas análises.
Os microssatélites forenses estudados se mostraram apropriados para as análises
realizadas e devem ser utilizados para outras pesquisas de história das populações. Uma
análise baseada em microssatélites forenses e MIAs em uma mesma amostra seria
importante para uma comparação mais direta dos resultados obtidos pelos dois tipos de
marcadores.
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51
4. Conclusões
As estimativas da contribuição européia, africana e ameríndia para a população
de Belo Horizonte 0,66, 0,32 e 0,02, respectivamente - correspondem a história da
formação da população da cidade. Estudos feitos em amostras com classificação dos
indivíduos por cor e classe social poderão esclarecer com maior propriedade os
resultados obtidos.
No caso de Marinhos, demonstrou-se a grande descendência africana de sua
população, e como o aumento do fluxo gênico das últimas décadas aumentou a
contribuição européia ao povoado. Pelo grande estoque de genes africanos, Marinhos se
mostrou uma boa população para futuras pesquisas sobre o componente africano no
Brasil.
Concordante com as estimativas de miscigenação, as estimativas de distância
apresentaram Belo Horizonte mais próxima do agrupamento das populações não
africanas e Marinhos se agrupando com as outras populações
africanas/afrodescendentes. As medidas de distância clássicas se mostraram mais
robustas nestas análises.
Foi confirmada a eficiência destes microssatélites para realização de testes de
paternidade e identificação de indivíduos.
Os microssatélites forenses estudados se mostraram apropriados para as análises
realizadas e devem ser utilizados para outras pesquisas de história das populações. Uma
análise baseada em microssatélites forenses e MIAs em uma mesma amostra seria
importante para uma comparação mais direta dos resultados obtidos pelos dois tipos de
marcadores.
52
5. Referências bibliográficas
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D5S818, FGA, Penta E, TH01, vWA, D8S1179, TPOX, D3S1358 - in the Rio de
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APÊNDICE 1
Distribuição das frequências alélicas e parâmetros estatísticos de 14 STRs na população de Marinhos
(ORIG)
Alelos CSF1PO TPOX TH01 vWA D16S359 D7S820 D13S317 D3S1358 F13A01 D12S391 F13B LPL D8S1179 D5S818
3,2 0,100
4 0,067
5 0,233
6 0,088 0,033 0,393
7 0,147 0,412 0,433 0,036
8 0,059 0,382 0,235 0,289 0,053 0,100 0,107 0,053
9 0,412 0,176 0,105 0,211 0,026 0,179 0,147
9,3 0,088
10 0,588 0,059 0,368 0,184 0,286 0,412 0,056 0,053
11 0,059 0,147 0,132 0,237 0,132 0,029 0,263
12 0,059 0,132 0,079 0,658 0,353 0,056 0,237
13 0,059 0,237 0,079 0,059 0,167 0,395
14 0,029 0,033 0,026 0,053 0,053 0,033 0,333
15 0,067 0,105 0,214 0,306
16 0,267 0,342 0,056
17 0,067 0,316 0,179 0,028
18 0,400 0,184 0,250
18,3
19 0,133 0,107
20 0,033 0,036
21 0,107
23 0,071
24 0,036
N 34 34 34 30 38 38 38 38 30 28 28 34 36 38
Na 7 4 5 7 6 5 6 5 7 8 5 5 7 5
Ho 0,529 0,647 0,647 0,667 0,737 0,737 0,526 0,789 0,800 0,928 0,643 0,647 0,889 0,789
He 0,640 0,680 0,754 0,769 0,784 0,798 0,553 0,754 0,755 0,857 0,750 0,702 0,776 0,731
P 0,069 0,873 0,127 0,539 0,186 0,464 0,139 0,936 0,814 0,538 0,246 0,058 0,540 0,011
N: número de cromossomos; Na: número de alelos; Ho: heterozigosidade observada; He: heterozigosidade esperada; P: teste exato
equilíbrio HW.
59
APÊNDICE 2
Matrizes das distâncias utilizadas na construção das árvores neighbor-joining da Figura
1.
A. R
ST
BH POR AME AFSA ORIG ITA CAB CABV MOÇ STOME AFEUA
POR 0,022
AME 0,115 0,280
AFSA 0,038 0,062 0,152
ORIG 0,225 0,753 0,522 0,533
ITA 0,128 0,038 0,380 0,067 0,854
CAB 0,026 0,252 0,177 0,049 0,109 0,425
CABV 0,026 0,103 0,092 0,007 0,323 0,108 0,046
MOÇ 0,051 0,257 0,103 0,007 0,296 0,244 0,047 0,006
STOME 0,049 0,263 0,148 0,021 0,191 0,259 0,039 0,006 0,006
AFEUA 0,016 0,078 0,151 0,019 0,267 0,200 0,008 0,028 0,036 0,045
JAP 0,102 0,055 0,148 0,083 0,755 0,062 0,294 0,131 0,148 0,292 0,131
B. F
ST
BH POR AME AFSA ORIG ITA CAB CABV MOÇ STOME AFEUA
POR 0,005
AME 0,054 0,056
AFSA 0,014 0,027 0,065
ORIG 0,042 0,058 0,117 0,036
ITA 0,011 0,006 0,054 0,025 0,057
CAB 0,014 0,031 0,080 0,008 0,036 0,037
CABV 0,014 0,022 0,063 0,003 0,043 0,017 0,018
MOÇ 0,024 0,039 0,072 0,002 0,044 0,034 0,015 0,006
STOME 0,018 0,028 0,069 0,003 0,038 0,022 0,014 0,005 0,007
AFEUA 0,008 0,022 0,062 0,009 0,026 0,027 0,005 0,015 0,017 0,013
JAP 0,026 0,027 0,054 0,041 0,075 0,025 0,047 0,038 0,047 0,043 0,041
C. D
ST
BH POR AME AFSA ORIG ITA CAB CABV MOÇ STOME AFEUA
POR 0,014
AME 0,163 0,177
AFSA 0,046 0,094 0,207
ORIG 0,115 0,172 0,350 0,091
ITA 0,036 0,020 0,175 0,088 0,174
CAB 0,040 0,103 0,248 0,022 0,087 0,130
CABV 0,045 0,073 0,197 0,007 0,115 0,057 0,056
MOÇ 0,075 0,133 0,219 0,004 0,113 0,117 0,042 0,015
STOME 0,056 0,092 0,211 0,004 0,094 0,072 0,037 0,010 0,014
AFEUA 0,022 0,074 0,193 0,027 0,058 0,095 0,012 0,047 0,052 0,039
JAP 0,088 0,091 0,166 0,142 0,235 0,087 0,160 0,132 0,156 0,145 0,141
60
D. D
SW
BH POR AME AFSA ORIG ITA CAB CABV MOÇ STOME AFEUA
POR 0,007
AME 0,138 0,162
AFSA 0,028 0,055 0,139
ORIG 0,077 0,097 0,279 0,082
ITA 0,038 0,032 0,148 0,055 0,138
CAB 0,025 0,056 0,192 0,019 0,056 0,097
CABV 0,028 0,047 0,126 0,004 0,103 0,034 0,040
MOÇ 0,050 0,082 0,128 0,004 0,111 0,064 0,040 0,006
STOME 0,036 0,058 0,143 0,005 0,103 0,036 0,036 0,006 0,007
AFEUA 0,016 0,044 0,161 0,014 0,046 0,077 0,004 0,029 0,034 0,029
JAP 0,056 0,055 0,101 0,102 0,193 0,049 0,132 0,084 0,113 0,093 0,111
61
APÊNDICE 3
Matriz da distância F
ST
utilizada na construção da árvore neighbor-joining da Figura 2.
BH POR AME AFSA ATUAL AMA NE RJ EUSP MESP AFSP
POR 0,004
AME 0,058 0,059
AFSA 0,016 0,027 0,073
ATUAL 0,025 0,033 0,091 0,028
AMA 0,019 0,016 0,036 0,026 0,042
NE 0,003 0,003 0,049 0,023 0,030 0,015
RJ 0,012 0,014 0,061 0,017 0,036 0,011 0,013
EUSP 0,004 0,003 0,053 0,019 0,026 0,012 0,002 0,011
MESP 0,003 0,007 0,051 0,015 0,022 0,013 0,004 0,013 0,003
AFSP 0,005 0,013 0,056 0,010 0,024 0,019 0,007 0,014 0,006 0,002
RS 0,005 0,003 0,049 0,027 0,033 0,016 0,002 0,017 0,003 0,005 0,010
62
APÊNDICE 4
Estimativas de F
ST
(e respectivos SE) entre as principais populações africanas
constituintes da população parental africana (AFSA) utilizada nas análises de
miscigenação e distância*.
CAB CABV MOÇ STOME ANG
CABV 0,018 ± 0,013
MOÇ 0,018 ± 0,014 0,005 ± 0,002
STOME 0,017 ± 0,014 0,000 ± 0,001 0,005 ± 0,002
ANG 0,016 ± 0,017 0,006 ± 0,003 0,006 ± 0,002 0,007 ± 0,003
GUINÉ 0,006 ± 0,002 0,014 ± 0,014 0,018 ± 0,014 0,014 ± 0,015 0,019 ± 0,015
*Estimativas baseadas em seis STRs (vWA, D7S820, D13S317, D3S1358, D8S1179, D5S818) utilizando
o programa MICROSAT.
63
APÊNDICE 5
Estimativas de F
ST
(e respectivos SE) entre as populações ameríndias constituintes da
população parental ameríndia (AME) utilizada nas análises de miscigenação e
distância*.
CAINGANG GUARANI GAVIÃO SURUÍ WAI WAI XAVANTE
GUARANI 0,063 ± 0,014
GAVO 0,043 ± 0,015 0,068 ± 0,014
SURUÍ 0,090 ± 0,028 0,073 ± 0,011 0,071 ± 0,022
WAI WAI 0,039 ± 0,007 0,039 ± 0,007 0,031 ± 0,007 0,045 ± 0,013
XAVANTE 0,070 ± 0,013 0,077 ± 0,024 0,059 ± 0,017 0,138 ± 0 ,053 0,056 ± 0,024
ZORÓ 0,040 ± 0,008 0,082 ± 0,023 0,037 ± 0,006 0,061 ± 0,026 0,025 ± 0,011 0,093 ± 0,028
*Estimativas baseadas em dez STRs (CSF1PO, TPOX, TH01, vWA, D7S820, D13S317, D3S1358,
D16S539, D8S1179, D5S818) utilizando o programa MICROSAT.
64
APÊNDICE 6
Gel de poliacrilamida desnaturante 6% com os marcadores D8S1179 e D5S818 (DD) e
D16S539, D7S820, D13S317 e D3S1358 (D4) com suas respectivas escadas alélicas,
controles positivos (+) e amostras de alguns indivíduos de Marinhos.
DD
D4
DD
65
ANEXO 1
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA GERAL
Fone: 3499-2568/3499-2567 (FAX) Correio eletrônico: [email protected]
CÓDIGO:
1. Nome:____________________________________________________________
Ano nascimento:__________ Local nascimento:_____________________
2. Nome pai:_________________________________________________________
Ano nascimento:__________ Local nascimento:_____________________
3. Nome avô paterno:__________________________________________________
Ano nascimento:__________ Local nascimento:_____________________
4. Nome avó paterna:__________________________________________________
Ano nascimento:__________ Local nascimento:_____________________
5. Nome mãe:________________________________________________________
Ano nascimento:__________ Local nascimento:_____________________
6. Nome avô materno:__________________________________________________
Ano nascimento:__________ Local nascimento:_____________________
7. Nome avó materna:__________________________________________________
Nome dos filhos – maiores de 18 anos e que moram na comunidade:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Nome dos irmãos que moram na comunidade:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
66
ANEXO 2
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA GERAL
Fone: 3499-2568/3499-2567 (FAX) Correio eletrônico: [email protected]
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, de uma
pesquisa. Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer
parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é
sua e a outra é do pesquisador responsável. Vo pode recusar-se a participar ou sair do
estudo a qualquer momento sem penalidades. Em caso de você decidir retirar-se do
estudo, deverá notificar às pesquisadoras responsáveis. Em caso de vida você pode
procurar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais
3499-4592.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
Título: Estudos genéticos sobre a história da população de Belo Horizonte e de algumas
comunidades afrodescendentes de sua Região Metropolitana.
Pesquisadores Responsáveis:
Marília de Oliveira Scliar estudante mestrado Genética Instituto de Ciências
Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais - ICB/UFMG
Contatos: 8884-6019 / mariliascliar@yahoo.com.br
Profa. Cleusa Graça da Fonseca Departamento de Biologia Geral do Instituto de
Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais - ICB/UFMG
Contatos: 3499-2589 (UFMG) / 9765-2598 / 3491-3054 (residencial - inclusive ligações
a cobrar) clgr[email protected]fmg.br
Objetivo:
O objetivo deste trabalho é estimar a contribuição genética de cada uma das
populações formadoras da população brasileira – ou seja, população africana, euroia e
indígena à população de Belo Horizonte e a algumas populações de comunidades
afrodescendentes da região metropolitana de BH, para saber qual o grau de
67
miscigenação dessas populações. Além da miscigenação, também serão analisadas
relações de distância genética com outras populações brasileiras e mundiais, para saber
com quais populações maior semelhança ou diferença; medidas de diversidade
genética intra e interpopulacional, estimativas de freqüências alélicas e parâmetros
forenses em todas populações. Para tanto será usado um tipo de marcador de DNA
chamado microssatélite.
Procedimentos da pesquisa:
Cada participante preencherá um formulário com informações sobre seu nome,
ano e local de nascimento, e também de seus pais e avós; e somente o nome de seus
filhos e irmãos. O participante então será identificado por um digo. Somente as
pesquisadoras terão acesso a identificação do código com o nome da pessoa. Serão
coletadas, então, células da boca por um swab bucal. O swab é um cotonete esterilizado
que é esfregado na parte de dentro da bochecha, por um minuto, e nele fica então
armazenadas lulas da boca. Cada pessoa coletará dois swabs. As células contidas no
swab serão armazenadas em um tubinho que será identificado com o código da pessoa.
A partir das células da boca podemos extrair o DNA, e faremos então a análise de 21
microssatélites (CSF1PO, TPOX, TH01, Vwa, F13A01, FES/FPS, F13B, LPL,
D16S539, D7S820, D13S317, D3S1358, D8S1179, D5S818, D14S1434, D22S1045,
D10S1248, FABP2, CD4 e D12S391) que são segmentos do DNA.
Armazenamento material:
O material coletado ficará sob responsabilidade das pesquisadoras, que garantem
sua utilização somente para o presente estudo. O material será descartado depois de
realizada a pesquisa.
Os participantes poderão retirar seu consentimento a qualquer momento,
solicitando o descarte de seu material, sem penalidades.
Resultados esperados:
Espera-se conhecer melhor a história de miscigenação da comunidade,
estimando quanto houve de mistura com populações indígenas e brancas. Não sabemos
qual será o resultado alcançado, e pode acontecer da miscigenação ser
maior do que a esperada pela comunidade. Espera-se entender também o padrão de
variação genética da comunidade e compará-la com outras populações.
Divulgação dos resultados:
68
Os resultados serão divulgados através de publicação em revistas científicas,
divulgação na rádio UFMG e no CEDEFES (Centro de Documentação Eloy Ferreira da
Silva), divulgação nas comunidades estudadas.
A associação entre o nome e o resultado dos indivíduos será conhecida apenas
pelas pesquisadoras responsáveis.
Cleusa Graça da Fonseca ____________________________________
Marília de Oliveira Scliar ____________________________________
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO
Eu,______________________________________________________________,
RG________________________, abaixo assinado, concordo em participar do estudo
__________________________________________ , como sujeito. Fui devidamente
informado e esclarecido pelo pesquisador ______________________________
sobre a pesquisa e os procedimentos nela envolvidos. Foi-me garantido que posso
retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer
penalidade.
Belo Horizonte, ____ de _____________ de 2006.
Nome:
__________________________________
69
ANEXO 3
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO PARA INVESTIGAÇÃO DEPATERNIDADE (CÓDIGO _____________)
RESPONSÁVEL PELA COLETA:
NOME:_________________________________________________________ RG:______________________________
DATA DA COLETA: _____/_____/______HORA DA COLETA:_______________________________________________
LOCAL DA COLETA:________________________________________________________________________________
ASSINATURA:_____________________________________________________________________________________
1 MÃE
NOME: ______________________________________________________________________________
FEZ TRANSFUSÃO DE SANGUE? ( ) SIM ( ) NÃO DATA:______/_______/_____
FEZ TRANSFUSÃO DE MEDULA? ( ) SIM ( ) NÃO DATA:_______/______/_____
DATA E LOCAL DE NASCIMENTO: _______________________________________________________
CPF:___________________________RG: _________________________ÓRG. EXP.________________
ENDEREÇO:_________________________________________________FONE: ___________________
GRAU DE PARENTESCO COM A OUTRA PARTE___________________________________________
2 FILHO(A)-1 (se menor, responsável legal deve preencher)
NOME: ______________________________________________________________________________
FEZ TRANSFUSÃO DE SANGUE? ( ) SIM ( ) NÃO DATA:______/_______/_____
FEZ TRANSFUSÃO DE MEDULA? ( ) SIM ( ) NÃO DATA:______/______/______
DATA E LOCAL DE NASCIMENTO: _______________________________________________________
CPF:___________________________RG: _________________________ÓRG. EXP.________________
ENDEREÇO: _________________________________________________FONE: ___________________
3 SUPOSTO PAI
NOME: ______________________________________________________________________________
FEZ TRANSFUSÃO DE SANGUE? ( ) SIM ( ) NÃO DATA:______/_______/_____
FEZ TRANSFUSÃO DE MEDULA? ( ) SIM ( ) NÃO DATA:______/______/______
DATA E LOCAL DE NASCIMENTO: _______________________________________________________
CPF:___________________________RG: _________________________ÓRG. EXP.________________
ENDEREÇO: _________________________________________________FONE: ___________________
Declaramos, para os devidos fins, que os dados acima descritos são verdadeiros e que fomos informados que o material coletado
destina-se à realização de exames do DNA, para fins de investigação de paternidade e para estudos populacionais, e que fazemos a
coleta de livre e espontânea vontade, sem coação de qualquer espécie.
Estamos cientes de que a entrega do resultado do exame será em duas vias de igual teor, uma para o suposto e outra para a mãe ou,
na ausência desta, para o responsável legal. Exames de cunho judicial serão enviados diretamente ao Juízo.
DATA: _______/_______/_______
ASSINATURA DA MÃE: _______________________________________________________________________
ASSINATURA DO FILHO(A)- (ou responsável): _____________________________________________________
ASSINATURA DO SUPOSTO PAI:_______________________________________________________________
TESTEMUNHA: ______________________________________________________________________________
Polegar direito
Polegar direito
Polegar direito
70
ANEXO 4
O protocolo de extração de DNA utilizado (Sambrook & Russel, 2001), foi
adaptado no Laboratório de Genética Humana e Médica, BIG, ICB, UFMG, e executado
como descrito abaixo:
1. Centrifugar em micro centrífuga a 10.000rpm / 10 min. / 120 segundos de
parada.
2. Desprezar sobrenadante e descolar pellets.
3. Colocar 300 µL de solução de Tris-Edta (TE) pH. 8,3 e centrifugar novamente a
10.000rpm / 10 min. / 120 segundos de parada.
4. Desprezar sobrenadante e deslocar pellets.
5. Colocar: 500 µL de solução de Cloreto de dio-Edta (SE) pH. 8,0, 25 µL de
solução de dodecil sulfato de dio (SDS) 20% e 15 µL de Proteinase K
(2mg/mL).
6. Deixar em banho-maria a 56°C over-night.
7. Colocar 150 µL de solução de cloreto de sódio (NaCl) 5M e agitar no Vortex.
8. Centrifugar a 6500rpm / 5 min. / 90 segundos de parada.
9. Numerar tubos novos, transferindo o sobrenadante para eles.
10. Precipitar fragmentos menores com solução de acetato de Sódio 3M, pH. 5,2, na
proporção de 1:10 do volume, misturando delicadamente por inversão (1-2 min).
11. Precipitar fragmentos maiores com Isopropanol (proporção de 1:1) ou Etanol
100% (proporção 2:1). Misturar por inversão (1-2 min). Deixar de 2 horas a 24
horas em freezer antes de centrifugar.
12. Centrifugar a 13000 rpm / 15 min. / 120 segundos de parada.
13. Se formou o pellet no fundo, desprezar o isopropanol.
14. Lavar com Etanol 70% gelado:
a. Colocar 1000 µL de Etanol 70%, centrifugar 13000 rpm /5 min. /120
segundos de parada.
b. Desprezar Etanol.
c. Colocar1000 µL de Etanol 70%, centrifugar 13000 rpm /5 min. /120
segundos de parada.
d. Desprezar Etanol.
15. Retirar o excesso de Etanol com pipeta tomando cuidado para não encostar no
pellet.
71
16. Deixar secar por 15 a 30 min.
17. Colocar solução de Tris-Edta (TE) pH. 8,3 de acordo com o tamanho dos pellets.
(de 30-100 µL).
18. Deixar em banho Maria a 56° C por uma hora.
19. Armazenar em geladeira (2- 8°C)
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