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diversificado muito, entrando nos mais diversos setores, como transportes e logística,
turismo, telecomunicações, eletro-eletrônicos, e outros. Neste momento percebeu-se que
era necessário repensar este modelo. Foi contratado um projeto de consultoria para ajudar a
avaliar todo o portfólio de negócios. Neste projeto, depois de analisar cada um dos
negócios, decidiu-se por se desfazer e vender aqueles que não tinham sinergia com o
negócio principal, e focalizar-se em aço, cilindros e rodas. A Maxitec e a Symnetics
estavam entre os negócios a serem vendidos ou simplesmente abandonados.
É interessante notar aqui que este mesmo espírito empreendedor, com esta
voracidade e disposição para abrir e entrar em novos mercados que fez com que a Mangels
pudesse crescer, também fez com que ela perdesse o foco e se desviasse de seu negócio
principal. Esta característica e dilema seriam enfrentados também pela Symnetics algumas
vezes no futuro.
De toda forma, Mathias definiu assim este episódio na Mangels:
Estávamos analisando os negócios: esse sim, esse não, esse não, esse sim. Aí
chegou a Symnetics. Nunca me esqueço... Meu primo olhou para esse negócio
junto com o meu tio e falaram: “Isso é uma loucura! Esse negócio aqui, da
Symnetics, tem uma boa rentabilidade até, mas não temos competência para isso,
nós temos que lutar por cada pedido, por cada projeto. É difícil! Não tem uma
oportunidade clara, você vende um depois não tem nada... Era muito diferente. Não
tinha nada a ver, nenhuma sinergia... Vamos vender esse também, põe na lista,
Symnetics vende, vende Maxitec, fecha Maxtrade..., esse também vende, Mathias
você ajuda a vender”. Então eu assumi o papel de vender essas partes e peças
todas.
Quando chegou a hora de vender a Symnetics começamos a estudar as coisas e aí
meu primo olhou para mim e falou: “Olha, Mathias, eu vou te dizer uma coisa bem
sincera, aqui entre nós dois: isso aqui eu acho que vale mais a pena a gente fechar
do que a gente vender, porque qualquer pessoa que vá comprar esse negócio vai
ver que não tem muita história, não tem nada lá”.
Aí nunca me esqueço, me juntei com o Alberto Rutman e com o Piemonte, isso
deve ter sido em 1990, 1991, não sei a data certinha, mas foi depois da Ericsson. Aí
o Piemonte e o Alberto disseram: “Mathias, nós vamos comprar a empresa. Falei:
”O que você quer dizer, nós? Espera aí, eu estou no meio das outras (eu
administrava a Maxitec na época), não vou ter como trabalhar com vocês, não vou
ter tempo”. E o Piemonte insistiu: “Não, mas é preciso e tal”. E começamos a
discutir e falaram: “Ok, faz a proposta para o seu primo”. Então falei com o meu
primo a respeito e ele falou: “Mathias, é o seguinte: se vocês quiserem podem ficar
com isso, mas todas as despesas, todos os custos vocês têm que assumir. Eu
entrego para vocês esse negócio e vocês me pagam um valor mínimo”. Não me
lembro qual o valor. Pagamos alguma coisa, mas foi um valor pequeno. Alberto
Rutman colocou 30%, Piemonte colocou 30% e eu coloquei 40%, ou foi
35,3535%, alguma coisa assim. No fundo dividimos por três esse negócio e cada
um assumiu uma parte (Depoimento).