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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós Graduação em Agricultura Tropical
COMPORTAMENTO INGESTIVO E DESEMPENHO DE
BOVINOS SUPLEMENTADOS NA ÉPOCA DAS ÁGUAS
EM PASTAGEM DE Brachiaria brizantha cv. Marandu E A
VIABILIDADE ECONÔMICA DA EXPLORAÇÃO
CARLA HELOISA AVELINO CABRAL
CUIABÁ – MT
2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós Graduação em Agricultura Tropical
COMPORTAMENTO INGESTIVO E DESEMPENHO DE
BOVINOS SUPLEMENTADOS NA ÉPOCA DAS ÁGUAS
EM PASTAGEM DE Brachiaria brizantha cv. Marandu E A
VIABILIDADE ECONÔMICA DA EXPLORAÇÃO
CARLA HELOISA AVELINO CABRAL
Zootecnista
Orientadora Profa. Dra. MARISTELA DE OLIVEIRA BAUER
Dissertação apresentada à Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Mato Grosso, para
obtenção do título de Mestre em Agricultura
Tropical.
CUIABÁ – MT
2008
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Ficha catalográfica elaborada por Vimário Carvalho da Silva CRB1/1921
C1171c
Cabral, Carla Heloisa Avelino.
Comportamento ingestivo e desempenho de bovinos suplemen-
tados na época das águas em pastagem de Brachiaria brizantha
cv. Marandu e a viabilidade econômica da exploração. / Carla He-
loisa Avelino Cabral. – Cuiabá: a autora, 2008.
102 p.
Orientadora: ProfªDra. Maristela de Oliveira Bauer.
Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Mato Gros-
so. Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária. Campus Cu-
iabá.
1. Agricultura. 2. Zootecnia. 3. Alimentação. 4. Pastagem.
5. Pastejo. 6. Ruminação. 7. Peso. 8. Análise. 9. Gado. I. Título.
CDU 636.2
BIOGRAFIA
Carla Heloisa Avelino Cabral nascida no município de Guiratinga,
interior do Estado de Mato Grosso, em 07 de abril de 1984, filha de Luiz
Carlos Lira Cabral e Maria Célia Avelina dos Santos, contudo, sempre
residiu no município de Rondonópolis-MT.
Em 1990 ingressou no ensino pré-escolar na Escola Estadual de e
graus Major Otávio Pitaluga (E.E.M.O.P.), onde cursou todo seu ensino
fundamental e médio que foi concluído no ano de 2001. Adepta aos
esportes, mas jamais se esqueceu do compromisso com os estudos, pois
desde tenra idade tinha certeza de que uma vida melhor somente seria
possível por meio deles.
No término do ano de 2001 participou do processo seletivo de
vestibular pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de
Rondonópolis para a 1ª turma do curso Bacharelado em Zootecnia, obtendo
aprovação como 1ª colocada.
No decorrer do curso participou de uma rie de atividades técnico-
científicas e priorizou a realização de estágios extracurriculares, além da
participação em congressos e cursos técnicos.
Foi integrante da comissão organizadora de eventos relevantes para
o desenvolvimento e reconhecimento do curso de Zootecnia como a
“Segunda Semana de Zootecnia: Alexandre Ferreira Matos” e “Terceira
Semana de Zootecnia e Primeiro Tecnopec”.
Quando ainda realizava seu estágio curricular como pré-requisito para
obtenção do título de Bacharel em Zootecnia iniciou a seleção para o
ingresso no programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical da UFMT,
aprovada em dezembro de 2005, para a orientação da professora doutora
Maristela de Oliveira Bauer.
Graduou-se em 19 de janeiro de 2006 e iniciou o mestrado em 06 de
março de 2006, como bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq). Concluiu todos os créditos durante seu
primeiro ano no programa de pós-graduação, e concomitantemente, em 26
de julho de 2006 iniciou na carreira de docência superior como professora
substituta na Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAMEV) da
UFMT nos cursos de Agronomia e Medicina Veterinária onde ministrava as
disciplinas Nutrição Animal, Zootecnia Geral e Zootecnia II Alimentação e
Nutrição Animal.
Em Janeiro de 2007 implantou o experimento de mestrado na
Agropecuária Ribeirópolis no município de Rondonópolis com patrocínio de
diversas empresas da região, conduzindo-o até o início de maio de 2007.
No dia 30 de outubro de 2007 ocorreu sua qualificação de mestrado e
submeteu-se à defesa no dia 15 de fevereiro de 2008.
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por
intermédio dele e sem ele, nada do que foi feito se fez”.
(João 1. 1-3)
"Não sou o que devo ser, não sou o que quero
ser, não sou o que um dia espero ser; mas
graças a Deus não sou o que fui antes, e é pela
graça de Deus que sou o que sou. "
(John Newton)
DEDICO
À minha amada família, meus pais Luiz Carlos
Lira Cabral e Maria Célia Avelino dos Santos, meu
irmão Carlos Eduardo Avelino Cabral e aos amigos
Welton Batista Cabral e Maristela de Oliveira Bauer
que me auxiliaram nessa caminhada e nova
conquista.
AGRADECIMENTO
Agradeço a Deus...
Pela graça maravilhosa concedida, minha vida e saúde, por ter me
sustentado e fortalecido em todos os momentos, não me deixando
desanimar e fazendo acreditar que era capaz. Por ter encontrado forças em
tuas escrituras.
Pelos meus pais que me colocaram no mundo e desde então me
ensinaram, corrigiram e proporcionaram meios para todas as minhas
conquistas, e que me amam apesar de meus defeitos.
Pelo meu irmão que é companheiro em todos os momentos, auxilia
nas dificuldades e desafios, compartilha os bons momentos e se alegra com
minhas conquistas, além da paciência no meu estresse diário.
Pela minha orientadora Maristela de Oliveira Bauer, dedicada,
profissional responsável e competente. Não poderia ter feito escolha melhor,
pois, apesar da distância esteve comigo nas dificuldades, disposta a debater
idéias e sanar dúvidas.
Pelas amigas Fernanda Macitelli Benez e Elza Amélia de Souza pelo
auxílio na implantação e condução do meu experimento e pela disposição
em me ajudar sempre.
Pelo professor Alexandre Lima Souza que disponibilizou o laboratório
e equipamentos na UFMT Campus de Rondonópolis e se colocou a
disposição para auxílio em dúvidas na implantação e condução do
experimento e colaborou na correção do trabalho.
Pela professora Regina Célia de Carvalho que contribuiu para
elaboração do capítulo sobre custo de produção, sendo dedicada e receptiva
para responder questionamentos e debater idéias.
Pela professora Maria Izabel Vieira de Almeida que com prontidão
aceitou o convite para compor a banca examinadora do exame de defesa e
dedicou parte de seu tempo para ler e sugerir alterações preciosas para
elevar em dignidade o trabalho elaborado.
Pela Suprenorte Nutrição Animal no nome do médico veterinário
Plínio Araújo Reis e esposa Carmen Janete Candido Reis que forneceram
todo o suplemento utilizado neste trabalho.
Pela Agropecuária Ribeirópolis, representada por Vinícius e Rodrigo,
que colocaram a disposição a área, animais, instalações e funcionários para
auxílio na condução do experimento.
Pelos demais patrocinadores do projeto, Aparecida, Narcísio e Del
pela confiança depositada.
Pelos meus amigos Welton Batista Cabral, Nelcino Francisco de
Paula, Leandro Miranda e Daniel Guedes pelas conversas e debates
técnico-científicos que muito enriqueceram meus conhecimentos, e acima de
tudo, pela ajuda mútua nos momentos de dificuldade.
Pelos colegas de profissão da Agropecuária Ribeirópolis, entre eles
Rodrigo e José que disponibilizaram parte de seu tempo e organizaram o
manejo da fazenda para atender as necessidades do experimento.
Pelo Wagner, Verônica, Willian, Henrique, Inácio, Crislaine, Camila,
Josemar, Emerson, Marcos, Mariane e Christiane que estavam comigo nas
avaliações, alguns com maior freqüência, mas todos com o mesmo afinco e
importância.
Pelo Fábio Guz Alves e família, amado amigo e companheiro fiel, que
esteve comigo em momentos difíceis e torceu muito pelo bom andamento e
conclusão dessa etapa de minha vida.
Pelo Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical no nome
da coordenadora Profª Dra. Maria Cristina de Figueiredo e Albuquerque que
juntamente com a equipe de docentes proporcionaram bases para a
realização do mestrado.
Pelas secretárias Maria Minervina de Souza e Denise Aparecida de
Arruda Alves que estavam sempre atentas à resolução de problemas
burocráticos e muitas vezes pessoais dentro do Programa de Pós-
Graduação.
Pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) pelo fornecimento da bolsa de Formação de Pesquisador de
Mestrado que proporcionou recursos financeiros para sustentabilidade do
projeto e mais uma vez colaborando para o desenvolvimento técnico
científico do país.
Enfim, agradeço a Deus por mais essa conquista e por ter
providenciado a existência dessa grande equipe citada acima, pois, sem ela,
este trabalho não teria se concretizado.
Obrigada Pai pelas bênçãos recebidas!
COMPORTAMENTO INGESTIVO E DESEMPENHO DE BOVINOS
SUPLEMENTADOS NA ÉPOCA DAS ÁGUAS EM PASTAGEM DE
Brachiaria brizantha cv. Marandu E A VIABILIDADE ECONÔMICA DA
EXPLORAÇÃO
RESUMO Objetivou-se avaliar o comportamento ingestivo e o
desempenho de bovinos em pastejo suplementados durante o período das
águas e a viabilidade econômica da exploração. O período experimental
correspondeu aos meses de janeiro a abril de 2007. A área experimental
com oito hectares de Brachiaria brizantha cv. Marandu foi dividida em três
piquetes sob pastejo com lotação contínua, utilizando-se a técnica put-and-
take. Os animais testes foram 21 novilhos inteiros da raça Nelore com peso
médio inicial de 280 kg. Os tratamentos consistiram em suplemento mineral
com 0 % de proteína bruta (PB) e suplementos múltiplos com 20% e 40% de
PB. O resíduo de pastejo foi monitorado no primeiro dia de cada mês
experimental e foram realizadas três amostragens por piquete a 10 cm do
solo para avaliação da estrutura da pastagem. Para análises bromatológicas
foi realizada amostragem por simulação de pastejo. Para o comportamento
ingestivo, as variáveis analisadas foram tempo de pastejo, tempo de ócio,
tempo de ruminação e tempo de permanência dos animais no cocho, por 12
horas consecutivas, considerando os turnos matutino e vespertino. A taxa de
bocado foi determinada no início da manhã e ao final da tarde, em três
intervalos de um minuto cada, intercalados em tempos variáveis de no
mínimo cinco minutos. Para o desempenho avaliou-se o peso vivo final,
ganho médio total e ganho dio diário, com pesagens no início e no final
do experimento, após serem submetidos a jejum de quidos e sólidos de 18
horas, e a cada ciclo de pastejo de 30 dias. O delineamento experimental
adotado foi o inteiramente casualizado, com sete repetições. Para avaliar o
efeito dos turnos adotou-se o delineamento inteiramente casualizado no
esquema de parcelas subdivididas, no qual os turnos consistiram as
subparcelas. A análise de viabilidade econômica foi realizada pela receita
total com a venda dos animais descontando-se os custos totais de produção
(fixos e variáveis). A suplementação protéica no período das águas
influenciou (P<0,05) o comportamento ingestivo de bovinos em pastejo,
diminuindo o tempo de pastejo, aumentando o tempo de ócio e o tempo de
permanência dos animais no cocho, porém não alterou (P>0,05) o tempo de
ruminação e a taxa de bocado. O pastejo dos bovinos foi mais intenso no
período vespertino, enquanto que o tempo de ócio e o tempo de
permanência dos animais no cocho foram maiores no período matutino,
porém o tempo de ruminação e a taxa de bocados não sofreram influencia
dos diferentes turnos. Enquanto que não influenciou (P>0,05) no
desempenho dos animais em pastejo, registrando um ganho médio diário
(GMD) de 0,849 kg. O teor de proteína bruta na parede celular foi
negativamente correlacionado com o desempenho animal e das
características estruturais da pastagem apenas a massa de forragem (kg
matéria seca verde (MSV)/ha) apresentou uma forte e positiva correlação.
Então verificou-se que essa atividade apresentou viabilidade econômica
considerando remuneração do capital de 8% ao ano, a Receita Total foi
superior ao Custo Total para todos os tratamentos.
Palavras-chaves: tempo de pastejo, tempo de ócio, tempo de ruminação,
taxa de bocado, ganho de peso, análise econômica.
INGESTIVE BEHAVIOR AND PERFORMACE OF CATTLE
SUPLEMENTED IN THE RAINY SEASON IN PASTURE OF Brachiaria
brizantha cv. Marandu AND ECONOMIC VIABILIT OF EXPLORATION
ABSTRACT The objective was to evaluate the ingestive behavior
performance and economic viability of cattle in grazing receiving
supplemented with increasing levels of crude protein in the rainy season. The
experimental period comprised January to April of 2007. The experimental
area with eight hectars of Brachiaria brizantha cv. Marandu was divided into
three plots under continuous grazing, using the put-and-take technique. The
test animals were 21 not castrated steers of the Nellore breed with initial
weight of 280 kg. The treatments consisted of supplements with 0% of crude
protein (mineral supplement), 20% and 40% of crude protein. The residue of
grazing was monitored on the first day of each month for evaluation of the
sward structure. For chemical analysis was taken samples by simulation of
grazing. To evaluate ingestive behavior the variables studied were grazing
time, leisure time, rumination time and permanence time of the animals in the
trough, which were evaluated for 12 consecutive hours, considering morning
and afternoon shifts. The bite rate was determined at early morning and late
afternoon, in three intervals of one minute each, interspersed in variables
times of at least five minutes. To evaluate the performance were used final
live weight, total and average daily gain, being weighted at beginning and at
end of the experiment, after fasting from liquids and solids for 18 hours in
each cycle of pasture of 30 days. The analysis of economic viability was
performed by the total revenue from the sale of animals discounting the total
fixed cost and total variable cost. The experimental design used was the
completely random design, with seven replications per treatment. To
evaluate the effect of treatments data were submitted to appropriate
statistical analysis in a completely random design, in split plot arrangement
with the shift assigned sub-unit. Protein supplementation influenced ingestive
behavior of cattle in grazing. It decreased grazing time, increased leisure
time and permanence time of animals at trough, but didn’t modify rumination
time and bite rate. Cattle’s grazing was more intense in afternoon shift, while
leisure time and permanence time of the animals in trough were longer in
morning period. Rumination time and bite rate suffered no influence of
different turns. Supplementation with different levels of protein in rainy
season didn’t influence the animals performance in grazing. Average daily
gain of animals was 0,849 kg. The content of crude protein in cell wall was
negatively correlated with animal performance, and structural characteristics
of the pasture just the mass of forage showed a strong and positive
correlation. It was found that activity in period studied presented economic
viability when considered return capital of 8% a year, the revenue was higher
than Total Cost.
Keywords: grazing time, leisure time, rumination time, bite rate, weight gain,
economic analysis.
SUMARIO
Página
1. INTRODUÇÃO......................................................................................
16
1.1 Revisão de Literatura..........................................................................
19
1.1.1 Consumo animal.............................................................................. 19
1.1.2 Comportamento ingestivo................................................................ 21
1.1.3 Suplementação animal.................................................................... 24
1.1.4 Custos de produção e avaliação econômica................................... 28
1.2 Referências Bibliográficas.................................................................. 31
2. COMPORTAMENTO INGESTIVO DE BOVINOS
SUPLEMENTADOS NA ÉPOCA DAS ÁGUAS EM PASTAGEM DE
Brachiaria brizantha cv. Marandu.............................................................
36
Resumo.....................................................................................................
36
Abstract.....................................................................................................
38
2.1 Introdução........................................................................................... 40
2.2 Material e Métodos............................................................................. 42
2.3 Resultados e Discussão..................................................................... 47
2.4 Conclusões......................................................................................... 56
2.5 Referências Bibliográficas.................................................................. 57
3. DESEMPENHO DE BOVINOS SUPLEMENTADOS NA ÉPOCA
DAS ÁGUAS EM PASTAGEM DE Brachiaria brizantha cv. Marandu.....
60
Resumo.....................................................................................................
60
Abstract.....................................................................................................
61
3.1 Introdução........................................................................................... 62
3.2 Material e Métodos............................................................................. 64
3.3 Resultados e Discussão..................................................................... 68
3.4 Conclusões......................................................................................... 78
3.5 Referências Bibliográficas.................................................................. 78
4. VIABILIDADE ECONÔMICA DA EXPLORAÇÃO DE BOVINOS
SUPLEMENTADOS NA ÉPOCA DAS ÁGUAS EM PASTAGEM DE
Brachiaria brizantha cv. Marandu.............................................................
82
Resumo.....................................................................................................
82
Abstract.....................................................................................................
83
4.1 Introdução........................................................................................... 84
4.2 Material e Métodos............................................................................. 87
4.3 Resultados e Discussão..................................................................... 90
4.4 Conclusões......................................................................................... 94
4.5 Referências Bibliográficas.................................................................. 95
5. CONCLUSÕES.....................................................................................
98
APÊNDICE A - Tempo médio diário em minutos de pastejo, ócio,
ruminação e permanência no cocho.....................................................
100
APÊNDICE B – Planilhas de custo de produção..................................
101
APÊNDICE C – Identificação dos animais............................................ 102
16
1. INTRODUÇÃO
O sistema de criação de bovinos no Brasil é feito essencialmente em
pastagens, certamente por possuir cerca de 220 milhões de hectares de
áreas e um clima favorável à produção de gramíneas com metabolismo do
tipo C
4
, que são forrageiras com alto potencial de produção. Mas, deve-se
considerar que apesar de grande produção, essas forrageiras, como
qualquer outro alimento isoladamente, não possui todos os nutrientes
necessários para promover o máximo desempenho animal.
Segundo Ramalho (2006), por melhor que seja a forrageira de clima
tropical, esta não permite que animais com bom potencial genético atinjam
ganhos de peso expressivos e Corsi (1990) enfatiza que apesar dela possuir
potencial produtivo de matéria seca por hectare duas vezes maior que a
forrageira de clima temperado, a produtividade animal nos trópicos é baixa
devido à sazonalidade da produção de forragem.
O desempenho animal está em função da quantidade e qualidade do
alimento ingerido, enquanto que a capacidade de consumo de matéria seca
determina a ingestão de nutrientes, influenciando a produção animal.
As técnicas de estimativa do consumo são trabalhosas e de precisão
questionável, pois nem sempre consideram a complexidade de fatores que
afetam o consumo de animais em pastejo, os quais interagem entre si. Logo,
o estudo do comportamento do animal em pastejo pode ser utilizado como
um método alternativo confiável para estimar o consumo dos animais em
pastejo (Stobbs, 1973), pois avalia os fatores que o influenciam, tanto
17
relacionados ao animal, quanto às plantas, ao meio ambiente e ao manejo
(Chacon e Stobbs, 1976).
O uso da suplementação para animais em pastejo é uma das várias
práticas que podem ser adotadas na estratégia de manejo de pastagens
visando manter a qualidade do pasto, aumentar a capacidade de suporte e
desempenho animal, pelo suprimento de alguns nutrientes limitantes e
principalmente, pelo fornecimento adicional de proteína e energia.
Segundo Hodgson (1990), os animais quando são suplementados,
novas variáveis interferem no consumo de nutrientes e estão relacionadas
às reações de substituição de forragem por suplemento que mudam
conforme as características da forrageira e do suplemento.
O número de trabalhos de pesquisa sobre suplementação de bovinos
em pastagens tropicais durante o período quente e chuvoso ainda é
pequeno, os dados são pouco consistentes, mas ressalta-se muito o efeito
substitutivo da suplementação energética durante esse período (Ramalho,
2006; Costa, 2007).
Além disso, não tem sido dada a devida importância aos aspectos
econômicos dessas novas tecnologias. A atividade agropecuária deve ser
entendida essencialmente como um empreendimento
com objetivos
definidos, procurando atender, na medida do possível, os desejos
particulares de cada proprietário (Maraschin, 1994; Pilau et al., 2003).
Contudo, não é sempre que uma tecnologia de produção que gera
melhor desempenho, sob o ponto de vista produtivo, resulta em aumento de
lucratividade, devido aos custos oriundos de sua implementação (Rodrigues
Filho et al., 2002).
A inclusão de proteína no suplemento poderá favorecer a
digestibilidade da fibra e aumentar o consumo, contudo influenciando o
comportamento ingestivo dos animais potencializando o desempenho
animal, o que pode resultar em melhor utilização dos recursos financeiros.
Assim, os objetivos com esse trabalho foram avaliar o comportamento
ingestivo de bovinos em pastejo suplementados com concentrados múltiplos
na época das águas por meio das variáveis tempos de pastejo, tempo de
18
ócio, tempo de ruminação, tempo de permanência dos animais no cocho e
taxa de bocados, o desempenho animal e a viabilidade econômica da
exploração.
19
1.1 Revisão de Literatura
1.1.1 Consumo animal
A produção animal é determinada pelo consumo de matéria seca,
valor nutritivo da dieta e resposta do animal. Contudo, o consumo de matéria
seca constitui o primeiro ponto determinante do ingresso de nutrientes
necessários ao atendimento das necessidades nutricionais para mantença e
produção.
Nos trabalhos realizados em nutrição animal tem-se dado bastante
atenção para o estudo da digestibilidade e degradabilidade dos alimentos
pelos ruminantes. A cada dia aumenta os esforços para compreensão da
minuciosa sistemática da microbiota ruminal. Apesar do valor inestimável
desses avanços, é importante destacar, que a primeira variável que interfere
no desempenho animal é a sua capacidade de ingestão de alimentos.
A regulação do consumo animal é baseada em três mecanismos -
regulação fisiológica, limitação física e modulação psicogênica - que podem
agir isoladamente ou em conjunto para regular a capacidade do animal em
consumir determinado alimento (Mertens, 1994).
A teoria de regulação fisiológica assume que quando os animais são
alimentados com dietas com alta energia e pouca fibra, a ingestão é
regulada pela demanda energética do animal. Contrariamente, quando os
animais são alimentados com dieta rica em fibra e com baixa concentração
de energia, a ingestão é limitada pela capacidade de distensão ruminal,
caracterizando a limitação física do trato gastrintestinal. Enquanto a
20
modulação psicogênica do consumo é realizada por fatores inibidores ou
estimuladores relacionados ao alimento ou ao ambiente (Mertens, 1994).
A demanda energética do animal define o consumo de dietas de alta
densidade calórica e a capacidade física do trato gastrintestinal determina o
consumo de dietas de baixo valor nutritivo e baixa densidade energética
(Mertens, 1994). A fração fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) é
utilizada para estimar a capacidade de consumo de alimentos por
determinado animal (limitação física), sendo o consumo máximo dessa
fração na proporção de 1,2% do peso vivo (Mertens, 1992).
A mensuração do consumo da pastagem é complexa e não pode ser
realizada diretamente, como em confinamentos (Minson, 1990). Segundo
Nascimento Júnior (2001), várias metodologias têm sido propostas para se
estimar o consumo animal em pastejo, uma vez que o consumo é uma
variável afetada por uma infinidade de fatores. Dessa forma, não uma
regra geral para sua mensuração, mas, um conjunto de metodologias que
podem ser usadas tais como, os métodos indiretos, métodos diretos e por
meio do comportamento animal.
Dentre os métodos diretos podem ser citados a diferença de peso do
animal, com a pesagem dos animais antes e depois de curtos períodos de
pastejo e os animais são adaptados a arreios e bolsas, para coleta de fezes
e urina; diferença no peso da forragem envolvendo, basicamente, cortes da
forragem antes e após o período de pastejo; sistema telemétrico de peso
animal baseado no uso de transdutores de pressão afixados sobre os
cascos do animal e preso por espécie de bota (Nascimento Júnior, 2001).
As medidas indiretas têm sido utilizadas por sua facilidade quando
comparado aos de estimativa direta. Como exemplo, a estimativa da
produção fecal pode ser determinada diretamente, usando-se sacolas para
colheitas totais das fezes ou indiretamente, com auxílio de marcadores
1
.
O método de determinação do consumo baseado no comportamento
animal em pastejo envolve estimativa do consumo diário de forragem por
1
Cortiça, sulfeto de prata, óxido férrico, cromogênio, itérbio, fibra em detergente ácido e fibra
em detergente neutro indigestíveis, óxido crômico e alguns elementos raros, sendo o óxido
crômico o mais usado.
21
meio do produto de três variáveis do comportamento ingestivo: o tempo de
pastejo, a taxa de bocado e o tamanho dos bocados.
1.1.2 Comportamento ingestivo
No ambiente com diferentes tipos de estrutura, os herbívoros na
procura pela sobrevivência e perpetuação da espécie desenvolveram uma
série de mecanismos de pastejo que compõem o que se chama de
comportamento ingestivo (Carvalho et al., 1999). Este é caracterizado pela
distribuição de uma sucessão de períodos definidos e por vezes discretos de
atividades de ingestão, ruminação e descanso ou ócio.
Um sistema de bovinos em pastejo caracteriza-se por uma complexa
e numerosa quantidade de fatores e suas interações, os quais, por sua vez,
afetam o comportamento ingestivo dos animais a pasto e,
conseqüentemente, o seu desempenho e a rentabilidade do processo
produtivo (Pardo et al., 2003).
Na maioria dos sistemas de produção de bovinos de corte a coleta do
alimento na pastagem é feita pelos animais e por isso é essencial
compreender quais são as estratégias utilizadas por eles. De acordo com
Forbes (1988), os animais buscam atender às suas necessidades
energéticas ao longo do dia de diversas formas, portanto, o consumo
voluntário de alimentos pelos animais é coordenado por mais de um fator.
Eles alteram o seu comportamento ingestivo para superar condições
limitantes do consumo e obter as quantidades de nutrientes necessárias à
mantença e produção.
Os ruminantes, como outras espécies, procuram manter o consumo
de alimentos de acordo com suas necessidades nutricionais, ajusta o
comportamento ingestivo em resposta às mudanças do meio e dividem o
tempo entre atividades de pastejo, ruminação, interações sociais e ócio
(Hodgson, 1985).
A ingestão de alimentos é uma das funções mais importantes dos
seres vivos, inclusive dos bovinos, que respondem diferentemente a vários
22
tipos de alimento e de dieta, alterando os níveis de produção, a taxa de
fertilidade e o comportamento alimentar (Silva et al, 2005).
A forma espacial com que a pastagem é apresentada ao animal é
denominada estrutura da pastagem. A altura, a densidade, as diferentes
partes da planta, a composição botânica do dossel e o arranjo espacial são
fatores que influenciam a ingestão e digestão de plantas forrageiras,
interfere no comportamento ingestivo de bovinos que apresentam
preferência por partes das estruturas como as folhas quando comparadas
com os caules (Sollenberger e Burns, 2001).
Gordon e Illius (1992) afirmam que existe um aumento na ingestão à
medida que aumenta a quantidade de forragem presente na pastagem até
um ponto de estabilização, representado pela saturação do animal em
processar o alimento.
Contudo, uma mesma massa de forragem pode se apresentar ao
animal de diferentes formas por meio de inúmeras combinações entre altura
e densidade o que promove diferentes níveis de ingestão de matéria seca
em uma mesma massa de forragem disponível, resultando em diferenças na
produção animal (Carvalho, 1997).
Os bovinos apresentam tempo de pastejo, ócio, ruminação e taxa de
bocado muito relacionado com a estrutura do dossel forrageiro, sendo a
altura, a relação folha/colmo e a senescência fatores que podem determinar
maior ou menor tempo de pastejo, pois, são fatores que facilitam ou não da
preensão de forragem no pasto (Zanine e Santos, 2006).
Desse modo, o comportamento ingestivo e, conseqüentemente, a
produção animal é modificada no decorrer do período de ocupação de um
piquete porque há redução na massa de forragem e alterações na estrutura
da planta, principalmente na proporção folha/colmo (Chacon e Stobbs,
1976). Esta característica também é ressaltada por O´Reagain e Mentis
(1989) onde bovinos submetidos a diferentes tipos de estruturas de
pastagem escolheram preferencialmente plantas folhosas, altas e com altos
teores de nitrogênio.
23
O comportamento ingestivo dos animais pode ser afetado por níveis
baixos de biomassa de lâminas foliares, forçando-os a aumentarem o
número de bocados como forma de otimizar o consumo de forragem
(Trevisan, 2004).
A ingestão diária de forragem é o resultado do produto entre o tempo
gasto pelo animal na atividade de pastejo e a taxa de ingestão de forragem
durante esse período que, por sua vez, é o resultado do produto entre o
número de bocados por unidade de tempo (taxa de bocados) e a quantidade
de forragem apreendida por bocado (tamanho de bocado) (Erlinger et al.,
1990).
Com o fornecimento de suplementos aos animais em pastejo novas
variáveis interferem no consumo de nutrientes contribuindo para as relações
de substituição de forragem por suplemento ou adição no consumo total de
matéria seca que mudam de acordo com as características da forrageira e
do suplemento (Hodgson, 1990).
Um estudo da influência de diferentes níveis de concentrado sobre o
comportamento ingestivo de bezerros holandeses, observou-se redução
linear no tempo despendido em alimentação e ruminação com o aumento do
nível do concentrado na dieta (Burger et al., 2000).
Ao avaliar o comportamento ingestivo de bezerras de corte mantidas
em pastagem cultivada de aveia e azevém, recebendo diferentes níveis de
suplementação de farelo de trigo, Bremm et al. (2005) verificaram que os
animais suplementados diminuíram o tempo de pastejo em relação aos não
suplementados, mas, sem alteração do consumo estimado de forragem.
Pardo et al. (2003) também observaram que a suplementação energética
modificou o comportamento ingestivo diurno de novilhos em pastejo sobre
uma pastagem nativa melhorada com redução do tempo de pastejo e
aumento do tempo de descanso e caminhada.
Em outro trabalho Goes et al. (2005) observaram que o nível de
fornecimento de suplemento de 1,0% do peso vivo (PV) ocasionou redução
do consumo de Brachiaria brizantha e os suplementos apresentaram efeitos
aditivo e substitutivo, simultaneamente.
24
Os resultados encontrados na literatura, referentes às alterações
provocadas pela suplementação a pasto sobre o comportamento ingestivo
dos ruminantes, ainda são bastante controversos.
1.1.3 Suplementação animal
Em sistemas de criação onde a forragem é o único alimento
disponível para os animais, esta deve fornecer energia, proteína, vitaminas e
minerais exigidos para mantença e produção. Quando os teores destes
compostos estão em veis adequados, a produção animal estará em função
do consumo animal, potencial genético e condições do meio.
Entretanto, a quantidade de alimento que um bovino consome é um
dos fatores mais importantes a controlar a produção de animais mantidos em
pastagens (Minson, 1990).
Na maioria das situações, o pasto não contém todos os nutrientes
necessários na proporção adequada para atender às necessidades
nutricionais dos animais em pastejo. Por isso, deve-se estabelecer
estratégias de fornecimento de nutrientes que viabilizem, da melhor forma
possível, os padrões de crescimento estabelecidos pelo sistema de
produção.
Dessa forma, o suplemento deve ser considerado como um
complemento da dieta, o qual supre os nutrientes deficientes na forragem
disponível (Reis et al., 1997).
Com o decréscimo da qualidade da forragem no período seco do ano,
a suplementação torna-se uma alternativa para atender as necessidades
nutricionais dos animais.
A suplementação de animais em pastejo é feita com o objetivo
principal de manter o desempenho animal quando a massa ou a qualidade
da forragem torna-se limitante (Prache et al., 1990). É uma prática de baixo
risco utilizada, principalmente, durante o período de lento crescimento das
gramíneas, e que de forma efetiva, pode conduzir à manutenção de índices
de produção consideráveis, sobretudo em sistemas pecuários de ciclo
completo (Pilau et al., 2005).
25
A produção animal, independentemente da espécie, é uma função do
consumo e do valor nutritivo da dieta, onde, no caso dos bovinos de corte,
incluem-se a água, a forragem e os suplementos alimentares. A necessidade
de suplementação dos animais e as quantidades a serem fornecidas são
dependentes das metas a serem conseguidas de acordo com o
planejamento proposto na propriedade, do recurso financeiro disponível, dos
animais, da infra-estrutura adequada de cochos e bebedouros, da mão de
obra, entre outros fatores.
Com a valorização das terras, necessidade de mudança no
modelo de produção da pecuária de corte, na direção de um sistema
economicamente viável ou lucrativo. Este sistema é caracterizado pela
intensificação da produção, ou seja, utilização de alta carga animal e pelo
uso da suplementação (Rearte e Pieroni, 2001).
A suplementação a pasto tem como objetivos corrigir a deficiência dos
nutrientes da forragem, aumentar a capacidade de suporte das pastagens,
fornecer aditivos ou promotores de crescimento, auxiliar no manejo de
pastagens. E o sucesso dos programas de alimentação de ruminantes em
pastejo depende do preenchimento de dois tipos de exigências nutricionais
que são as dos microrganismos ruminais e do próprio animal.
Nas águas, a disponibilidade de nitrogênio para as bactérias ruminais,
normalmente não é um fator limitante e a energia torna-se prioridade na
suplementação (Thiago e Silva, 2000). Entretanto, o rápido crescimento
vegetativo das gramíneas C
4
, sob altas temperaturas ambientais e
disponibilidade de água, aumentam as atividades enzimáticas associadas
com a biossíntese de lignina que provocam pida deposição de polímeros
estruturais nas células vegetais portadoras de taxa de fermentação mais
lenta.
Com isso, ocorre maior mobilização de nitrogênio presente sob a
forma de proteínas solúveis para formas insolúveis associadas à parede
celular (PIDA). A magnitude da digestibilidade e do conteúdo de nitrogênio
são, geralmente, moderadas nas gramíneas tropicais e as taxas de declínio
com maturidade crescente são acentuadas.
26
Assim, o fornecimento de suplementos poderia melhorar a utilização
das pastagens, desde que cuidados sejam tomados para manter um balanço
energético/protéico no rúmen, minimizando o efeito de substituição (Thiago e
Silva, 2000).
O uso de suplementos energéticos com a finalidade de melhorar o
aproveitamento das forragens no período das águas tem gerado resultados
controversos na literatura. A quantidade e o tipo do suplemento para
alcançar maior resposta animal vão depender da qualidade da forragem, da
condição do animal, das condições climáticas, além de outros fatores
(Kunkle e Bates, 1998). A eficiência do uso da suplementação é dependente
do efeito do consumo de suplemento sobre o consumo de forragem (Pilau et
al., 2005).
O fornecimento de suplemento energético apenas, o poderia por si
só, eliminar tanto as deficiências energéticas como as protéicas, por não
atender completamente esta última. Todavia, tanto a deficiência em energia
como em proteína podem ser eliminadas apenas pela correção na
deficiência protéica (Paulino et al., 1982).
Os efeitos da suplementação sobre o consumo podem ser divididos
em: aditivos, substitutivos, aditivos/substitutivos, aditivos com estímulo e
substitutivos com diminuição (Goes et al., 2005).
O efeito aditivo é avaliado como um aumento de ganho de peso,
geralmente proporcionado pela suplementação para corrigir deficiências
nutricionais específicas, em que pequenas quantidades de suplemento são
ingeridas, atuando de forma associativa, sem diminuir o consumo total de
matéria seca pelo animal (Euclides, 2002).
O efeito substitutivo ocorre quando o consumo de suplemento diminui
o de forragem, sem melhorar o desempenho animal, podendo ser utilizado
quando se espera aumento da taxa de lotação de determinada área (Reis et
al., 1997; Goes et al., 2005). A taxa de substituição da forragem por
concentrado e a queda da digestão de fibra são fatores que afetam a
ingestão de nutrientes quando bovinos em pastejo são suplementados com
concentrado (Pilau et al., 2005).
27
O efeito aditivo/substitutivo resulta da combinação dos efeitos
anteriores, com diminuição do consumo de forragem e melhora no
desempenho animal, situação que ocorre com mais freqüência nos ensaios
de suplementação. Com o consumo do suplemento, ocorre uma
substituição, por parte do animal de seu consumo de forragem, melhorando
a qualidade da dieta ingerida, em razão da maior disposição de energia, que
leva o animal a ser mais seletivo ao pastejar, ingerindo aquelas espécies ou
as partes da forragem de melhor valor nutritivo (Goes et al., 2005).
No efeito aditivo com estímulo, o consumo de suplemento estimula o
consumo de forragem, como acontece quando se utiliza de suplementos
protéicos em pastagens de baixa qualidade, em que a proteína favorece a
ação dos microrganismos que auxiliam a digestão das forragens,
ocasionando melhor aproveitamento pelo animal (Goes et al., 2005).
O efeito substitutivo com diminuição é aquele em que o suplemento
de menor valor nutritivo que a forragem reduz o consumo e o desempenho
do animal (Pilau et al., 2005).
Os efeitos associativos positivos, em que a suplementação
proporciona aumento do consumo de matéria seca e/ou da digestão da
forragem, ocorrem em virtude do suprimento de nutrientes limitantes, como
nitrogênio e fósforo, presentes no suplemento, mas não na forragem. Os
efeitos negativos, onde a suplementação reduz o consumo e/ou a digestão
da forragem, ocorrem freqüentemente e pode causar queda na eficiência de
utilização dos suplementos (Dixon e Stockdale, 1999).
Os ganhos de pesos médios diários de bovinos, na fase de recria, têm
variando de 0,543 a 1,380 kg/cabeça/dia, para consumos de suplementos de
0,2 a 0,5% do peso vivo e, na fase de engorda, ganhos de pesos médios
diários de 0,671 a 1,24 kg/cabeça/dia para consumos de suplementos de
0,06 e 1,2% do peso vivo (Paulino et al., 2002).
A suplementação energética utilizada no período das águas como
uma ferramenta na produção intensiva de carne bovina em pastagem tem
provocado a substituição no consumo da forrageira. A liberação do
nitrogênio que apresenta-se associado à parede celular, para as bactérias
28
celulolíticas, depende da digestão da fibra, a qual afeta o consumo e,
conseqüentemente, o desempenho animal, podendo influenciar na
viabilidade econômica do sistema de produção.
Por outro lado, em sistemas de produção intensiva com uso de
suplementação em grande quantidade, pode ocorrer um efeito substitutivo
do consumo da forragem pelo consumo do suplemento, diminuindo o
consumo de forragem pelo animal, e assim, promover alterações nas
atividades comportamentais durante o pastejo do animal.
1.1.4 Custos de produção e avaliação econômica
A gestão financeira se constitui numa das questões mais importantes
dentro do processo produtivo de propriedades rurais, independente do seu
setor de atuação e de seu objetivo, sendo relevante o desenvolvimento da
análise econômica e conhecimento dos custos de produção.
Conforme Antunes e Ries (1998) a análise econômica tem como
objetivo primordial desvelar e demonstrar as condições econômicas que as
atividades das empresas estão sujeitas quanto à realização de custos,
receitas e lucros, justamente objetivando a sua permanência no mercado.
A análise econômica está relacionada com averiguação do estado da
organização financeira da entidade, pode ser mensurada em curto, médio e
longo prazo, e baseado nela o gestor da propriedade rural terá condições de
concluir, planejar e tomar decisões adequadas em relação às ações futuras.
Ao analisar economicamente a atividade na qual atua, o empresário
rural passa a conhecer com detalhes e a utilizar de maneira inteligente e
parcimoniosa os fatores econômicos (terra, capital e trabalho). Desta forma,
localiza os pontos de equilíbrio e concentra seus esforços gerenciais e
tecnológicos para atingir seus objetivos, sejam eles de maximização de
lucros ou minimização de custos.
É inevitável, antes de tratar propriamente dos custos de produção,
falar da contabilidade. Segundo Marion (1988) a contabilidade representa
um instrumento que auxilia a administração no momento da tomada de
decisões, uma vez que ela coleta todos os dados econômicos mensurando-
29
os monetariamente, registrando-os, sumarizando-os em forma de relatórios
ou comunicados.
Segundo Crepaldi (1998) por ser tratar de um empreendimento
agropecuário a contabilidade estendida a esta é justamente a rural, sendo
um dos principais sistemas de controle e informação das empresas rurais.
Está outra finalidade da contabilidade rural, o planejamento, pois fornece
informações sobre condições de expandir-se, sobre necessidades de reduzir
custos ou despesas, necessidades de buscar recursos, entre outras.
Marques (2002) descreve que a pecuária desenvolvida no Brasil é
diferenciada e envolve gastos diferenciados que precisam ser controlados
para que sejam identificados – com presteza, eficiência e eficácia – os
custos de produção e de manutenção relativos a cada uma das fases de
criação dos bovinos.
De maneira geral, o objetivo do cálculo dos custos de produção de
uma dada atividade é justamente subsidiar uma decisão gerencial de curto
prazo; bem como para medir sustentabilidade de empreendimentos em
longo prazo e até mesmo para mensurar a capacidade de pagamento de
uma lavoura, pastagem, a viabilidade econômica de uma tecnologia, dentre
outros.
Para Sá e (1993) custo é o investimento para que se consiga um
bem de uso ou de venda. Crepaldi (1998) evidencia que os custos são
gastos relacionados com a transformação de ativos, enquanto, as despesas
são gastos que provocam redução do patrimônio.
Segundo Santos et al. (2002) sistema de custos é um conjunto de
procedimentos administrativos que registra, de forma sistemática e contínua,
a efetiva remuneração dos fatores de produção empregados nos serviços
rurais. Franco (2003) esclarece que a importância de um sistema de custos
dentro de uma empresa rural irá variar de acordo com o grau de
complexidade das atividades desenvolvidas, bem como da estrutura
administrativa e operacional existente.
Desta maneira, ainda observando os apontamentos de Franco (2003),
o sistema de custos deve ser definido levando em consideração as
30
particularidades das estruturas dos processos produtivos, a fim de fornecer
informações mais reais e exatas possíveis aos gestores.
No tocante aos custos de produção, são estimativas baseadas nas
estruturas de custo total adotadas pelo método convencional, compondo
itens que entram direta ou indiretamente no processo produtivo,
classificados como custos fixos e variáveis, respectivamente.
Custos fixos são aqueles que permanecem inalterados em termos
físicos e de valor, independente do volume de produção (Marion, 1996) e
custos variáveis o aqueles que variam em proporção direta com o volume
de produção ou área de plantio (Santos et al., 2002).
Oiagen (2006) ao descrever os custos de produção, apresenta
também o chamado custo de oportunidade, sendo este o termo utilizado em
economia para indicar o custo de algo em termo de uma oportunidade
renunciada, ou seja, representa o valor associado a uma alternativa o
escolhida.
Ainda, para a análise econômica do empreendimento pecuário, é
necessário o cálculo da depreciação de máquinas, equipamentos,
instalações, que Nepomuceno (2004) define como a diminuição do valor do
bem por causas naturais
2
, operacionais, mercadológicas ou tecnológicas.
No entendimento de Simões et al. (2006) os custos de produção são
essenciais para o efetivo controle de uma organização, assim como para as
tomadas de decisões. Desta maneira, o levantamento dos custos se constitui
um método de avaliação de desempenho econômico da propriedade, ou
empresa em questão.
Na pecuária brasileira são poucos os pecuaristas que realizam uma
adequada gestão de custos, dispensando um fator importante de se obter
vantagem na sua atividade. O conhecimento dos custos para o
desenvolvimento da atividade de pecuária é primordial para a análise da
rentabilidade da atividade, bem como fornecer subsídio para identificação da
competitividade de seu produto no mercado, e assim alcançar os objetivos
previstos para a empresa.
2
Desgastes pela ação do sol, da chuva, do frio, do calor, dos ventos, provocando oxidação,
deformação, decomposição, etc.
31
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COMPORTAMENTO INGESTIVO DE BOVINOS SUPLEMENTADOS NA
ÉPOCA DAS ÁGUAS EM PASTAGEM DE Brachiaria brizantha cv. Marandu
RESUMO Objetivou-se avaliar o comportamento ingestivo de bovinos em
pastejo suplementados com níveis crescentes de proteína bruta durante o
período das águas. O período experimental correspondeu aos meses de
janeiro a abril de 2007. A área experimental com oito hectares de Brachiaria
brizantha cv. Marandu foi dividida em três piquetes sob pastejo com lotação
contínua, utilizando-se a técnica put-and-take. Os animais testes foram 21
novilhos inteiros da raça Nelore com peso médio inicial de 280 kg. Os
tratamentos consistiram em suplemento mineral com 0 % de proteína bruta
(PB) e suplementos múltiplos com 20 e 40% de PB. Amostras da forragem
foram obtidas por meio da simulação de pastejo para determinar a
composição bromatológica, o resíduo de pastejo e a estrutura do pasto
foram monitorados por meio do corte direto e separação manual seguida de
pesagem das frações, respectivamente. As variáveis tempo de pastejo,
tempo de ócio, tempo de ruminação e tempo de permanência dos animais
no cocho foram avaliadas por 12 horas consecutivas, considerando os
turnos matutino e vespertino. A taxa de bocado foi determinada no início da
manhã e ao final da tarde, em três intervalos de um minuto cada,
intercalados em tempos variáveis de no mínimo cinco minutos. O
delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com sete
repetições. Para avaliar o efeito dos turnos adotou-se o delineamento
inteiramente casualizado no esquema de parcelas subdivididas, no qual os
turnos consistiram as subparcelas. A suplementação reduziu o tempo de
pastejo, aumentou o tempo de ócio e o tempo de permanência dos animais
no cocho (P<0,05), porém não alterou (P>0,05) o tempo de ruminação e a
taxa de bocado. O pastejo dos bovinos foi mais intenso no período
vespertino, enquanto que o tempo de ócio e o tempo de permanência dos
animais no cocho foram maiores no período matutino. O tempo de
ruminação e a taxa de bocados não sofreram influencia dos diferentes
turnos. A suplementação com 20% de PB promoveu um aumento no tempo
de permanência dos animais no cocho de 20 a 12 pontos percentuais em
relação aos tratamentos 0 e 40%, respectivamente. Assim, a suplementação
com níveis crescentes de proteína bruta no suplemento durante o período
das águas influenciou o comportamento ingestivo de bovinos em pastejo,
pelo provável efeito substitutivo do consumo da forragem pelo suplemento e
excesso de amônia no rúmen com incremento calórico e gasto de energia no
metabolismo do nitrogênio, para os suplementos múltiplos com 20 e 40% de
PB, respectivamente.
Palavras-chave: tempo de cocho, tempo de ócio, tempo de pastejo, tempo
de ruminação, taxa de bocado.
INGESTIVE BEHAVIOR OF CATTLE SUPPLEMENTED IN THE RAINY
SEASON IN PASTURE OF Brachiaria brizantha cv. Marandu
ABSTRACT - The objective was to evaluate the ingestive behavior of cattle
in grazing receiving supplement with increasing levels of crude protein during
the rainy season. The experimental period comprised from January to April of
2007. The experimental area with eight hectars of Brachiaria brizantha cv.
Marandu was divided into three plots under continuous grazing, using the
put-and-take technique. The test animals were 21 not castrated steers of
Nellore breed. The treatments consisted of supplements with 0% of crude
protein (mineral supplement), 20% and 40% of crude protein. The residue of
grazing was monitored on the first day of each month for evaluation of the
sward structure. Samples of grass were obtained through grazing simulation
to determine the chemical composition, the residue of grazing tracked by
cutting direct and sward structure through the manual separation and
weighting fractions. The variables studied were grazing time, leisure time,
rumination time and permanence time of the animals in the trough, which
were evaluated for 12 consecutive hours, considering morning and afternoon
shifts. The bite rate was determined at start of morning and late afternoon, in
three intervals of one minute each, interspersed in variables times of at least
five minutes. The experimental design used was the completely random
design, with seven replications per treatment. To evaluate the effect of shift,
data were submitted to appropriate statistical analysis to completely random
design, in a split plot arrangement with shift assigned sub-unit. Protein
supplementation influenced (P<0,05) the ingestive behavior of cattle in
grazing. It decreased grazing time, increased leisure time and permanence
time of the animals at trough, but didn’t modify the rumination time and bite
rate (P>0,05). Cattle’s grazing was more intense in afternoon shift, while
leisure time and permanence time of animals in the trough were longer in
morning period. Rumination time and bite rate suffered no influence of
different turns. Supplementation with 20% of protein promoted an increase in
permanence time of animals at the trough of 20 and 12 percentage points in
relation to 0 and 40% treatments, respectively. Thus, supplementation with
increasing levels of crude protein supplement in the period of water
influenced the ingestive behavior of cattle in grazing, the likely replacement
effect of the consumption of forage by supplement and excessive ammonia in
the rumen with caloric increase and expenditure of energy in the metabolism
of nitrogen, for multiple supplements with 20 and 40% of CP, respectively.
Keywords: trough time, leisure time, grazing time, rumination time, bite rate.
40
2.1 Introdução
O Brasil possui extensa área territorial agricultável e um clima
favorável à produção de gramíneas do tipo C
4
, ou seja, forrageiras com alto
potencial de produção.
Neste contexto, ao se falar em produção de bovinos, o pensamento
da grande maioria dos produtores e técnicos é otimizar o uso dessas áreas
por meio da produção de bovinos em regime de pastejo. Mas, para que essa
criação seja eficiente, não se pode visualizar o processo isoladamente, e sim
o sistema como um todo, ou seja, solo-clima-planta-animal.
A produção animal depende do consumo de nutrientes em
quantidades suficientes para atender às necessidades nutricionais dos
animais. O consumo de matéria seca consiste no primeiro ponto
determinante para o ingresso de nutrientes, apresenta uma alta correlação
com a produção animal e fornece um melhor índice da reação dos animais
em pastejo às alterações do ambiente (Noller et al., 1996). Assim, ele é
influenciado por fatores relacionados ao animal, às características da
pastagem (estrutura, quantidade de forragem e valor nutritivo), aos fatores
do meio e ao manejo, que interagem entre si e tornam complexa a obtenção
de estimativas reais do consumo.
A estimativa do consumo animal em pastejo e o valor nutritivo da
forragem são essenciais na recomendação da quantidade de alimento a ser
fornecido e a correção das possíveis deficiências da forrageira para se obter
máxima resposta animal e, ou produção por unidade de área. Porém, as
técnicas de estimativa do consumo são trabalhosas e de precisão
41
questionável, pois nem sempre consideram a complexidade de fatores que
afetam o consumo de animais em pastejo, os quais interagem entre si.
Enquanto que, o estudo do comportamento do animal em pastejo pode ser
utilizado como um método alternativo confiável para estimar o consumo dos
animais em pastejo (Stobbs, 1973), pois não depende de equipamentos
caros e análises laboratoriais complexas, representa uma ferramenta capaz
de avaliar os fatores que o influenciam, tanto relacionados ao animal, como
às plantas, ao meio ambiente e ao manejo (Chacon e Stobbs, 1976; Brâncio
et al., 2003).
O uso da suplementação para animais em pastejo é uma das rias
práticas que podem ser adotadas na estratégia de manejo de pastagens
visando manter a qualidade do pasto, aumentar a capacidade de suporte e
desempenho animal. Para utilização dessa tecnologia o necessários
conhecimentos sólidos sobre a mesma, principalmente sobre a quantidade e
a qualidade do suplemento, com o intuito de alcançar máxima eficiência
técnica e econômica, por meio de um manejo racional de baixo custo e de
máxima lucratividade.
A ingestão de suplementos pode alterar a quantidade de forragem
consumida e o comportamento ingestivo dos animais, nos quais os efeitos
desta suplementação poderão ser substitutivos ou aditivos, o que torna
necessário o estudo criterioso para definição dos níveis de proteína bruta no
suplemento.
Segundo Hodgson (1990), quando se adicionam suplementos aos
animais, novas variáveis interferem no consumo de nutrientes e estão
relacionadas às reações de substituição de forragem por suplemento que
mudam conforme as características da forrageira e do suplemento.
Para Pardo et al. (2003) é imprescindível a realização de pesquisas
que venham a esclarecer o efeito da suplementação sobre o comportamento
dos animais em pastejo e seus possíveis reflexos sobre os atributos da
pastagem e o desempenho animal.
Neste contexto, torna-se importante desenvolver o uso da
suplementação que promova efeitos aditivos, aumentando o consumo total
42
de matéria seca, com o intuito intensificar o manejo das pastagens. A
proposta com esse trabalho, então, foi avaliar o comportamento ingestivo de
bovinos em pastejo suplementados com níveis crescentes de proteína bruta
durante período das águas.
2.2 Material e Métodos
O experimento foi conduzido na Agropecuária Ribeirópolis, localizada
na rodovia MT-130 no município de Rondonópolis-MT, em uma área de oito
hectares formada com Brachiaria brizantha cv. Marandu, situada próxima às
coordenadas geográficas de 16º 20’ latitude Sul, 54º 35’ longitude Oeste e
altitude de 299 m.
O clima da região é o Aw, segundo a classificação de Köppen, com
temperatura média do mês mais frio superior a 18ºC e chuvas de verão, com
precipitação inferior a 60 mm no mês menos chuvoso.
Os dados meteorológicos médios mensais de temperatura do ar e
precipitação pluviométrica no período de janeiro a abril de 2007,
correspondendo ao período experimental, foram coletados na Estação
Meteorológica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de
Rondonópolis e apresentados na Figura 1.
A área experimental foi subdividida em três piquetes para pastejo com
lotação contínua, empregando-se a técnica put-and-take (Mott e Lucas,
1952). Cada piquete foi pastejado por sete animais, denominados animais-
testes, e por animais adicionais que foram colocados e removidos de acordo
com a massa de forragem, conservando um resíduo de pastejo superior a
2000 kg de matéria seca verde por hectare (kg MSV/ha).
O resíduo de pastejo (kg MSV/ha) foi monitorado no primeiro dia de
cada mês experimental, com o auxílio de um quadrado de 100 x 60 cm, pelo
método do corte direto (t’ Mannetje, 1978) a 10 cm de altura do solo. Foram
realizadas três amostragens por piquete, nos locais correspondentes a altura
média da forragem no piquete.
43
0
50
100
150
200
250
300
Jan Fev Mar Abr
Precipitão pluviométrica (mm)
15
20
25
30
Temperatura do ar (ºC)
Precipitação Temperatura
FIGURA 1. Médias mensais de precipitação pluviométrica (mm) e de
temperatura do ar (°C) referentes ao período de janeiro a abril
de 2007. Fonte: Estação Agrometeorológica Padre Ricardo
Remetter (9
º
DISME/INMET).
Essa altura média da forragem foi estimada através de 200 leituras
por piquete, com o auxílio de uma régua de 2,0 m de comprimento,
graduada em centímetros, considerando como altura do dossel a distância
entre o ponto de curvatura da lâmina foliar mais alta até o nível do solo.
As amostras de forragem foram pesadas e separadas manualmente
em lâmina verde, colmo + bainha verde e material morto, posteriormente,
essas frações foram secas em estufa de circulação forçada de ar por 72
horas a 65 ºC. Os teores de matéria seca foram determinados seguindo a
metodologia de Silva e Queiroz (2002). O percentual de cada fração
multiplicado pela massa total de forragem (MF) permitiu a estimativa da
massa de lâminas verdes/ha (MLV), massa de colmos + bainhas verdes/ha
(MCV) e massa de material morto/ha (MMM). A massa de forragem verde/ha
(MFV) foi obtida subtraindo-se da MF a MMM.
As amostras de forragem para análise bromatológica foram coletadas
por simulação de pastejo (Johnson, 1978), em número de sete por piquete e
44
homogeneizadas para obtenção de uma amostra composta. As análises
foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal da FAMEV-UFMT.
As amostras de forragem provenientes da simulação de pastejo foram
secas em estufa ventilada a 65°C, por 72 horas, processadas em moinho do
tipo Willey, em peneira de 1 mm e encaminhadas para análises. Os teores
de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) e matéria
mineral (MM), foram determinados conforme procedimentos descritos por
Silva e Queiroz (2002). As determinações dos teores de fibra em detergente
neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e nitrogênio insolúvel em
detergente ácido (NIDA) foram realizadas segundo técnica descrita por Van
Soest et al. (1991). Os carboidratos totais (CT) foram obtidos por intermédio
da equação: 100 - (%PB + %EE + %MM) e os carboidratos não-fibrosos
(CNF), pela diferença entre CT e FDN (Sniffen et al., 1992).
Os tratamentos consistiram no fornecimento de suplementos com
níveis crescentes de proteína bruta, nos quais o suplemento mineral
continha 0% de proteína bruta, representando o tratamento controle, e
suplementos múltiplos com 20% e 40% de PB. Esses suplementos múltiplos
continham uma fonte de nitrogênio prontamente disponível (uréia e sulfato
de cálcio), uma fonte de proteína verdadeira, uma fonte de energia e, além
do suplemento mineral. A composição dos suplementos está apresentada na
Tabela 1.
TABELA 1. Composição dos suplementos (%) com base na matéria natural
Teores de proteína bruta no suplemento
0
20
40
Componentes
%
Mistura mineral 100,0 34,0 21,0
Milho moído
-
25,0 24,0
Farelo de soja
-
15,0 44,0
Casca de soja
-
23,0 5,0
Uréia + CaSO
4
-
3,0 6,0
45
O suplemento mineral foi fornecido ad libitum, e os suplementos
múltiplos em quantidades diárias equivalentes a 0,2% do peso vivo animal
(PV), às 10:00h ao longo de todo o período experimental, e as sobras foram
recolhidas no dia seguinte, devidamente etiquetadas e pesadas. Em todos
os piquetes foram estabelecidos cochos com 1,0 m de comprimento e 0,30 x
0,40 x 0,30 m de profundidade, largura de topo e largura de fundo
respectivamente.
Os animais teste, novilhos inteiros da raça Nelore com peso médio
inicial de 280 kg e idade dia de oito meses, devidamente vacinados e
vermifugados, foram distribuídos ao acaso nos tratamentos, e
posteriormente, alojados nos piquetes. Ao final de cada mês de avaliação,
os animais dos respectivos tratamentos foram transferidos para os outros
piquetes, visando reduzir os possíveis efeitos da estrutura da pastagem
sobre seu comportamento ingestivo.
As variáveis comportamentais avaliadas foram tempo de pastejo,
tempo de ócio, tempo de ruminação, tempo de permanência dos animais no
cocho e taxa de bocado.
Considerou-se como tempo de pastejo, aquele tempo gasto pelos
animais na seleção, preensão da forragem e manipulação do bolo alimentar,
incluindo os curtos espaços de tempo utilizados no deslocamento para
seleção de forragem. O tempo de ócio foi o período em que os animais não
mostravam atividade de locomoção e ausência de movimentos
mandibulares. O tempo gasto na regurgitação e remastigação dos bolos
alimentares e o tempo decorrido entre a deglutição e a regurgitação foi
computado como tempo de ruminação. O tempo de permanência no cocho
foi considerado o período em que os animais ficavam próximo do cocho
consumindo o suplemento e a taxa de bocado, o número de bocados
realizados por minuto.
As variáveis foram avaliadas durante três dias, em cada mês de
avaliação, por 12 horas consecutivas, das 6:00 às 18:00h, com intervalos de
10 minutos entre cada uma hora de observação, considerando o período de
6:00 até 12:00h, como turno matutino e, de 12:01 a 18:00h, como turno
46
vespertino. Dois observadores, utilizados para cada observação e com
auxílio de binóculos, anotavam os horários de início e término de cada
atividade comportamental dos animais. As atividades comportamentais dos
animais foram consideradas como mutuamente excludentes.
A taxa de bocado foi determinada visualmente por dois observadores,
no início da manhã e ao final da tarde, sendo um observador para cada
turno. Registrava-se o número de bocado de todos os animais em três
intervalos de um minuto cada, intercalados em tempos variáveis, mas, de no
mínimo cinco minutos. A avaliação de taxa de bocado foi realizada em dias
alternados com a avaliação das outras variáveis comportamentais.
O delineamento experimental adotado na avaliação das atividades
comportamentais diárias foi inteiramente casualizado, no qual as parcelas
foram constituídas pelos sete animais teste, representando, assim, as
repetições, conforme o modelo estatístico a seguir:
Y
ij
= µ + S
i
+ ε
ij
em que:
Y
ik
= observação referente ao animal j, na suplementação i;
µ = média geral;
S
i
= efeito do nível de suplementação i, i = 1, 2 e 3;
ε
ij
= erro aleatório associado a cada observação Y
ij
, suposto normal e
independente distribuído com média zero e variância σ
2
, j = 1, 2,...,7.
Para o estudo da influência dos turnos matutino e vespertino sobre o
comportamento ingestivo dos bovinos em pastejo, o delineamento
experimental adotado foi inteiramente casualizado, no esquema de parcelas
subdivididas. Os níveis de PB no suplemento constituíram as parcelas e os
turnos as subparcelas, com sete repetições, ou seja, sete animais testes,
conforme o modelo estatístico a seguir:
Y
ijk
= µ + S
i
+ α
i
+ T
j
+ (S x T)
ij
+ ε
ijk
em que:
47
Y
ijk
= observação referente ao animal k, no turno j, relativa ao nível de
PB no suplemento i;
µ = média geral;
S
i
= efeito do nível de PB no suplemento i, i = 1, 2 e 3;
α
i
= erro a;
T
j
= efeito do turno j, j = 1 e 2;
(SxT)
ij
= efeito da interação do nível de PB no suplemento i com o
turno j;
ε
ijk
= erro aleatório associado a cada observação Y
ijk
, suposto normal
e independente distribuído com média zero e variância σ
2
, k = 1, 2,...,7.
Os dados foram submetidos aos testes de Lilliefors e de Cochran,
para verificar a normalidade e a homogeneidade de variância por
tratamentos, com o intuito de atender às pressuposições da análise de
variância. Procedeu-se, então, a análise de variância por meio do teste F, a
5% de probabilidade.
A técnica de decomposição dos graus de liberdade das fontes de
variação em polinômios ortogonais foi utilizada para escolha dos modelos
até a 2ª ordem, quando foram detectados efeitos significativos entre os
níveis de PB no suplemento. Para a escolha dos modelos levou-se em
consideração a significância do teste F e o coeficiente de determinação (R
2
).
Quando detectados os efeitos significativos para o turno e suas interações,
utilizou-se o próprio teste F da análise de variância.
As análises estatísticas foram efetuadas pelo Sistema de Análises
Estatísticas e Genéticas (SAEG), desenvolvido na Universidade Federal de
Viçosa, versão 8.1 (UFV, 2001).
2.3 Resultados e Discussão
O tempo médio diário despendido em pastejo, ócio, e permanência
dos animais no cocho apresentou diferença significativa (P<0,05) entre os
níveis de PB no suplemento (Figura 2A, 2C e 2D). Enquanto que, o tempo
de ruminação e a taxa de bocados não apresentaram diferenças
48
significativas (P>0,05) (Figura 2B). Então, a inclusão de proteína no
alimento fornecido ao animal influenciou no seu comportamento, uma vez
que fornecimento desse nutriente via suplemento tem por objetivo corrigir as
deficiências nutricionais e otimizar a utilização da forragem.
FIGURA 2. Efeito dos níveis de suplementação protéica sobre as atividades
diárias do animal, em 12 horas de avaliação: A - Tempo de
pastejo, B Tempo ruminação C Tempo de ócio e D Tempo
de permanência dos animais no cocho, obtido pela significância
do teste F, por meio da técnica de polinômios ortogonais, ao
nível de 5% de probabilidade.
A análise de regressão revelou efeito quadrático (P<0,05) dos níveis
de PB do suplemento sobre o tempo de pastejo (Figura 2A), estimando-se o
mínimo valor de 396,1 minutos nas 12 horas avaliadas para o nível de
30,28% de PB no suplemento múltiplo. Além disso, verificou-se efeito linear
(P<0,05) dos níveis de proteína bruta do suplemento sobre o tempo de ócio
(Figura 2C), estimando-se um acréscimo de 1,7 minutos para cada unidade
Tempo de pastejo
y = 0,0815079x
2
- 4,9365x + 470,873
R
2
= 0,65
x
mín
= 30,28
340
360
380
400
420
440
460
480
0% 20% 40%
Níveis de PB no suplemento
Tempo (min)
Tempo de ruminação
110
120
130
140
0% 20% 40%
Níveis de PB no suplem ento
Tempo (min)
Tempo de ócio
y = 1,711865x + 111,399
R
2
= 0,62
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
0% 20% 40%
Níveis de PB no suplemento
Tempo (min)
Permanência no cocho
y = - 0,0402183x
2
+ 1,81468x + 6,06349
R
2
= 0,89
x
máx.
= 22,56
0
5
10
15
20
25
30
0% 20% 40%
Níveis de PB no suplemento
Tempo (min)
A
B
C
D
49
de proteína bruta adicionada no suplemento. O tempo de permanência dos
animais no cocho apresentou um efeito quadrático (P<0,05) dos níveis de
PB do suplemento, estimando-se máximo valor de 26,53 minutos para o
nível de 22,56% de PB no suplemento múltiplo (Figura 2D).
Ao incluir PB no suplemento houve uma redução no tempo de pastejo
dos animais em torno de 1,1 horas, promovendo um aumento no tempo de
ócio (Figuras 2A e 2C). Isso indica um efeito de substituição da forragem
pelo suplemento com 20% de proteína, uma vez que o tempo de
permanência dos animais no cocho para esse tratamento foi superior em 20
e 12 pontos percentuais aos tratamentos com 0 e 40% de proteína,
respectivamente.
Considerando que as composições bromatológicas (tabela 2) e as
características estruturais da pastagem (tabela 3) foram similares para todos
os tratamentos, sugere-se que tenha ocorrido um efeito substitutivo do
suplemento múltiplo com 20%de PB sobre o consumo de forragem,
descartando-se a possibilidade de um efeito aditivo, uma vez que o tempo
de ruminação não apresentou diferença estatística (P>0,05) (Figura 2B).
Gonçalves (2001) que trabalhou em campo nativo na região de Porto
Alegre, atribuiu ao efeito substitutivo da suplementação energética o
decréscimo do tempo de pastejo dos animais suplementados em relação ao
tratamento controle. Pardo et al. (2003) também relatou o efeito depressor
do suplemento energético sobre o tempo de pastejo diurno de bovinos, que
nesse caso, os novilhos suplementados diminuíram em 1,5 horas o tempo
de pastejo em comparação ao grupo controle.
O efeito substitutivo é reforçado quando se observam as
características estruturais da pastagem, principalmente a massa de forragem
e o percentual de lâmina foliar (Tabela 3), que foram suficientes para
promover a seletividade animal. Visto que a preferência dos animais é por
componentes da planta com maior concentração de nutrientes,
especialmente aqueles mais digestíveis e de fácil preensão (Hodgson,
1990).
50
TABELA 2. Composição bromatológica (%) da forragem de B. brizantha
obtida por meio da simulação de pastejo em função dos
tratamentos
Teores de proteína bruta no suplemento
0 20 40
Composição
bromatológica da
forragem
%
MS
1
25,7 28,6 26,3
PB
1
10,1 9,2 10,0
EE
1
2,2 2,1 2,2
MM
1
8,9 8,0 8,4
CT
2
78,8 80,7 79,4
CNF² 24,7 24,0 25,0
FDN
3
54,1 56,7 54,4
FDA
3
28,5 29,0 28,0
NIDA
3
0,86 0,91 1,0
1
Conforme Silva e Queiroz (2002);
2
CT = 100 (%PB + %EE + %MM), conforme Sniffen et
al. (1992);
3
Conforme Van Soest et al. (1991).
TABELA 3. Valores médios da estrutura da pastagem de B. brizantha
obtidos em função dos tratamentos ao longo de todo período
experimental
Teores de proteína bruta no suplemento
0 20 40
Estrutura da pastagem
%
Massa (kg MSV/ha)
3613,4 4056,7 3382,2
Lâmina Foliar (%)
30,4 33,2 32,8
Colmo+Bainha (%)
42,1 39,6 39,8
Material Morto (%)
27,5 27,2 27,4
Altura (cm) 26,1 28,9 27,9
No entanto, o fornecimento do suplemento múltiplo com 20 e 40% de
PB promoveu a inserção de nutrientes adicionais que supriram parte das
necessidades nutricionais dos animais, possibilitando a diminuição do tempo
despendido na atividade de pastejo e aumento do ócio.
51
O comportamento linear crescente do tempo de ócio de acordo com
os níveis de proteína nos suplementos corrobora com os resultados
encontrados por Pardo et al. (2003), Fischer et al. (2002) e Barton et al.
(1992), em que os animais não suplementados apresentaram menores
tempos de descanso, resultando em maior tempo de pastejo, em relação aos
animais suplementados, sobretudo naquele nível mais elevado de nutriente
no suplemento, sugerindo, assim, um menor consumo de forragem pelos
animais suplementados. Essa relação positiva entre o tempo de ócio e o
aumento do nível de suplementação, segundo Pardo et al. (2003),
provavelmente esteja relacionado ao aumento do aporte de nutrientes pelo
suplemento e à diminuição do consumo de forragem.
Silva et al. (2005) observaram um comportamento linearmente
crescente do tempo de permanência dos animais no cocho com a elevação
dos níveis de suplementação. Eles relatam que isso seria previsível, uma
vez que ao se utilizar tratamentos com quantidades crescentes de nutrientes
no suplemento, obviamente os animais permaneceriam por maior tempo no
cocho.
Entretando, neste trabalho o efeito quadrático observado para o
tempo de permanência dos animais no cocho resultou em um consumo
médio de 480 g/animal/dia do suplemento múltiplo com 40% de PB, menor
em relação ao de 20% de PB, que foi de 650 g/animal/dia. Os animais
compensaram esse tempo, além do tempo de pastejo, para o descanso
(Figuras 2A, 2C e 2D).
Os animais que consumiam este suplemento
aproximavam-se com maior freqüência no cocho, mas o tempo de
permanência foi inferior ao observado para o suplemento múltiplo com 20%
de PB. Todavia, observou-se que o horário de consumo do suplemento com
40% de PB pelos animais ocorreu entre 18:00 e 6:00h, ou seja fora do
horário de avaliação.
A uréia, por seu sabor amargo, é um ingrediente utilizado como
regulador de consumo, o seu conteúdo no suplemento múltiplo de 40% de
PB pode ter ocasionado um efeito depressor no consumo. Por outro lado,
dependendo do nível de nitrogênio não protéico na dieta, a sua rápida
52
solubilização e à falta de sincronismo com a degradação da fonte energética
pode acarretar excesso de amônia no rúmen, resultando em intoxicação
subclínica.
De acordo com Van Soest (1994), o tempo despendido com
ruminação é influenciado pela natureza da dieta, em que os alimentos
concentrados reduzem o tempo de ruminação e os volumosos, com alto teor
de fibra tendem a aumentá-lo. Welch e Smith (1970) destacaram que existe
uma relação positiva entre o teor de fibra do alimento com o tempo de
ruminação.
Com a inclusão de proteína na dieta não se observou redução
(P>0,05) no tempo de ruminação, ou seja, esses incrementos nos teores de
proteína podem não ter alterado a atividade microbiana, de forma a
proporcionar aumentos no consumo de forragem. Este comportamento pode
ser atribuído, em especial, à qualidade da forragem (Tabela 2).
As diferenças que possam ter ocorrido na estrutura da pastagem,
especialmente na massa de forragem e no percentual de colmo + bainha,
(Tabela 3) não alteraram o comportamento animal, uma vez que elas não
foram suficientes para influenciar (P>0,05) a taxa de bocados. A taxa de
bocados é considerada uma variável importante, juntamente com o tamanho
de bocado e tempo de pastejo, para compreensão dos aspectos pertinentes
à interface planta-animal.
A altura, lâmina foliar e material morto da pastagem para os três
tratamentos alicerçam a idéia de que a taxa de bocado é influenciada
diretamente pela a estrutura do pasto, e justificam os resultados
encontrados.
As características estruturais do pasto, como altura do dossel
forrageiro, relação folha/caule e densidade afetam o consumo, por
influenciarem o tamanho do bocado, a taxa de bocado e o tempo de pastejo
(Stobbs, 1973; Sarmento, 2003).
Portanto, a freqüência média de bocados para preensão da forragem
realizadas por animais em pastejo, conhecida como taxa de bocados, está
ligada às características inerentes à estrutura do dossel forrageiro (Hodgson
53
et al., 1994) e torna-se maior quando as condições do pasto apresentam
menor relação folha/colmo e baixa quantidade de massa seca verde
(Brâncio et al., 2003).
O valor dio encontrado para taxa de bocado foram 39 bocados por
minuto, sendo considerado baixo, comparando aos valores de referência
citados por Minson (1990), que estão entre 55 a 65 bocados por minuto.
Contudo, Farinatti et al. (2004) encontraram valores variando entre 37 e 39
bocados por minuto e Sarmento (2003) observou o valor de 23,8 bocados
por minuto em forragem de capim-Marandu com 30 cm de altura.
No estudo da interação entre os turnos de avaliação (matutino e
vespertino) e os níveis de suplementação protéica houve interação
significativa (P<0,05) somente para o tempo de permanência dos animais no
cocho. Na Figura 3 encontra-se o estudo do efeito do fator turno dentro dos
níveis de suplementação protéica para essa variável.
O maior tempo de permanência dos animais no cocho (P<0,05)
ocorreu no período matutino (6:00 às 12:00h) em todos os tratamentos. O
suplemento foi fornecido aos animais durante todo o período experimental às
10:00h, o que pode ter contribuído para este comportamento.
O tempo de pastejo e tempo de ócio apresentaram diferença
significativa (P<0,05) entre os turnos (Figura 4A e 4B), enquanto que o
tempo de ruminação e a taxa de bocados não apresentaram diferenças
(P>0,05) (Figuras 5 e 6).
Como as atividades de comportamento animal são mutuamente
excludentes, ocorreu o menor tempo de pastejo e maior tempo de ócio
durante o período da manhã (Figura 4A e 4B).
Os picos de pastejo ocorreram das 8:00 às 09:30, de 11:00 às 12:00h
e a partir das 15:00h, corroborando com os resultados de Pardo et al. (2003)
que observou concentração do pastejo das 08:40 às 10:00h e após às
16:00h.
O horário do fornecimento do suplemento parece influenciar
diretamente no comportamento ingestivo do animal, contudo, há poucos
54
estudos abordando o tema. A indicação geral é que se forneça o suplemento
entre 10:00 e 14:00h para não coincidir com os intervalos de pico de pastejo.
Tempo de permanência no cocho
A
A
A
B
B
B
0
5
10
15
20
25
0% 20% 40%
Níveis de PB no suplemento
Tem po (m in)
Matutino
Vespertino
FIGURA 3. Valores médios do tempo de permanência dos animais no cocho
nos períodos matutino e vespertino durante 6 horas de
avaliação, de acordo com o nível de PB no suplemento. As
médias seguidas por letras diferentes diferem entre si pelo teste
F ao nível de 5% de probabilidade.
FIGURA 4. Valores médios dos tempos de pastejo e de ócio em minutos
para os períodos matutino e vespertino, durante 6 horas de
avaliação. As médias seguidas por letras diferentes diferem
entre si pelo teste F ao nível de 5% de probabilidade.
Tempo de ócio
B
A
0
20
40
60
80
100
120
Matutino Vespertino
Turno
T em p o ( m in )
Tempo de pastejo
B
A
0
50
100
150
200
250
300
Matutino Vespertino
Turno
T e m p o (m in )
A B
55
FIGURA 5. Valores médios do tempo de ruminação em minutos para os
períodos matutino e vespertino, durante 6 horas de avaliação.
As médias seguidas por letras diferentes diferem entre si pelo
teste F ao nível de 5% de probabilidade.
Taxa de Bocado
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0% 20% 40%
Níveis de PB no suplemento
mero de bocados/minuto
Matutino
Vespertino
A
A
A
A
A
A
FIGURA 6. Valores médios da taxa de bocado para os períodos matutino e
vespertino, durante 6 horas de avaliação. As médias seguidas
por letras diferentes diferem entre si pelo teste F ao nível de 5%
de probabilidade.
Embora Barton et al. (1992) destaque que o horário de fornecimento
da suplementação não afeta o comportamento ingestivo de animais em
Tempo de ruminação
A
A
62
64
66
68
Matutino Vespertino
Turno
Tempo (min)
56
pastejo, considerando o tempo das atividades de pastejo, ruminação e
caminhada.
No entanto, Adams (1985) constatou alterações na atividade normal
de pastejo de novilhos de corte, quando suplementados com grão de milho
às 07:30 e 13:30h. Eles verificaram que o consumo de forragem foi menor
para os novilhos suplementados pela manhã.
Segundo Deswysen et al. (1989), a atividade de ingestão ocorre
majoritariamente no período diurno, e a atividade de ruminação é mais
consistente durante a madrugada para novilhas. Berchielli et al. (2006) ao
analisarem o processo de ruminação de cabras verificaram um tempo médio
de sete a oito horas diárias, sendo que 75% desta atividade ocorreu à noite,
afirmando ainda que essa característica é comparável à da vaca e a da
ovelha, com apenas o número de períodos diferindo uma espécie da outra.
Esses dados vêm de encontro com os observados, nos quais o tempo
de ruminação corresponde a 2,28 horas no período de 6:00 até 18:00h, o
que corresponde a aproximadamente 28% daquele que seria o tempo de
ruminação diário.
A taxa de bocado não apresentou diferença significativa (P<0,05)
entre os turnos (Figura 6), pois, ambos os turnos, matutino e vespertino,
correspondem aos momentos de pastejo intenso, portanto, horário
preferencial para alimentação dos animais, não constituindo fator limitante.
Sobretudo, os animais foram transferidos para os outros piquetes ao fim de
cada período experimental, para retirar efeito das características estruturais
do pasto (Tabela 3).
2.4 Conclusões
A suplementação com níveis crescentes de proteína bruta no
suplemento durante o período das águas influenciou o comportamento
ingestivo de bovinos em pastejo.
Pelo comportamento quadrático observado para as variáveis tempo
de pastejo e tempo de permanência no cocho infere-se que o fornecimento
de suplemento múltiplo com 20 e 40% de PB para bovinos no período das
57
águas em pastagem bem manejada promoveu, respectivamente, efeito
substitutivo do consumo da forragem pelo suplemento e excesso de amônia
no rúmen com incremento calórico e gasto de energia no metabolismo do
nitrogênio.
O efeito linear para o tempo de ócio demonstra a influência da adição
de proteína na dieta cooperando para suprimento de parte das necessidades
nutricionais e diminuição do gasto energético dos animais para caminhada
na seleção da forragem.
O pastejo dos bovinos foi mais intenso no período vespertino,
enquanto que o tempo de ócio e o tempo de permanência dos animais no
cocho foram maiores no período matutino. Este comportamento
provavelmente ocorreu pelo horário de fornecimento do suplemento.
Os diferentes turnos não tiveram influencia sobre o tempo de
ruminação e taxa de bocados, estas variáveis estão intimamente
relacionadas à estrutura do pasto.
2.5 Referências Bibliográficas
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DESEMPENHO DE BOVINOS SUPLEMENTADOS NA ÉPOCA DAS
ÁGUAS EM PASTAGEM DE Brachiaria brizantha cv. Marandu
RESUMO Objetivou-se avaliar o desempenho de novilhos em pastejo
suplementados com níveis crescentes de proteína bruta no período das
águas e suas correlações com a composição bromatológica da forragem e
com as características estruturais da pastagem. O período experimental
correspondeu aos meses de janeiro a abril de 2007. A área experimental
com oito hectares de Brachiaria brizantha cv. Marandu foi dividida em três
piquetes sob pastejo com lotação contínua, utilizando-se a técnica put-and-
take. Os tratamentos consistiram em suplemento mineral com 0 % de
proteína bruta (PB) e suplementos múltiplos com 20 e 40% de PB. Os
animais testes foram 21 novilhos inteiros da raça Nelore com peso médio
inicial de 280 kg que foram pesados no início e ao final do experimento, após
serem submetidos a jejum de líquidos e sólidos por 18 horas. Amostras da
forragem foram obtidas por meio da simulação de pastejo para determinar a
composição bromatológica, o resíduo de pastejo e a estrutura do pasto
foram monitorados por meio do corte direto e separação manual seguida de
pesagem das frações, respectivamente. O delineamento experimental
adotado foi o inteiramente casualizado, com sete repetições. Em seguida, foi
realizado o estudo das correlações entre o peso vivo final dos animais com a
composição bromatológica da forragem e estrutura da pastagem. O
fornecimento de suplementos com diferentes níveis de proteína no período
das águas não influenciou o desempenho dos animais em pastejo. O ganho
médio diário dos animais durante o período experimental foi de 0,849 kg. O
teor de proteína bruta na parede celular foi negativamente correlacionado
com o desempenho animal e das características estruturais da pastagem
apenas a massa de forragem (kg MSV/ha) apresentou uma forte e positiva
correlação.
Palavras-chave: composição bromatológica, estrutura da pastagem, ganho
de peso, oferta de forragem, suplementação protéica, taxa de lotação
CATTLE PERFORMANCE SUPPLEMENTED IN THE RAINY SEASON IN
PASTURE OF Brachiaria brizantha cv. Marandu
ABSTRACT - The objective of the study was to evaluate the steers
performance in grazing receiving supplemented with increasing levels of
crude protein in the rainy season and its correlation with the pasture´s
composition. The experimental period comprised January until April of 2007.
The experimental area with eight hectars of Brachiaria brizantha cv. Marandu
was divided into three plots under continuous grazing, using the put-and-take
technique. The treatments consisted of supplements with 0% of crude
protein, 20 and 40% of crude protein. The test animals were 21 not castrated
steers of the Nellore race, being heavy at the beginning and the end of the
experiment, after being submitted to fasting from liquids and solids for 18
hours. Samples of grass were obtained through grazing simulation to
determine the chemical composition, the residue of grazing tracked by cutting
direct and sward structure through the manual separation and weighting
fractions. The experimental design used was the completely random design,
with seven replications per treatment. Then was conducted the study of
correlations between the final live weight of animals with chemical
composition of the forage and pasture structure. The supplementation with
different levels of protein in the rainy season didn’t influence of the animals
performance in grazing. The average daily gain of animals was 0,849 kg. The
content of crude protein in the cell wall was negatively correlated with animal
performance, and the structural characteristics of the pasture just the mass of
forage showed a strong and positive correlation.
Keywords: chemical composition, forage allowance, pasture structure,
protein supplementation, stocking rate, weight gain.
62
3.1 Introdução
A criação de bovinos em pastagem é uma alternativa de baixo custo
para produção de carne de qualidade, mas, apesar da alta produtividade no
período das águas, as forrageiras tropicais não possuem todos os nutrientes
necessários para permitir o máximo desempenho animal.
O equilíbrio entre a produção por animal e por área fortalece a cadeia
produtiva da bovinocultura de corte e depende do balanço entre a demanda
de nutrientes e seu suprimento pelas pastagens, além das alternativas
utilizadas para contrabalancear os déficits causados pelas flutuações na
quantidade e qualidade de forragem.
Os produtores e técnicos, na busca por eficiência econômica e
competitividade na comercialização da carne bovina, estimularam a
elaboração do sistema de produção de ciclo curto que explora a eficiência
biológica dos animais com abate precoce. E a precocidade somente é
alcançada com uso de pastagens bem manejadas e suplementação durante
todo ano o que confirma o mérito do conhecimento de um correto manejo
alimentar com uso intensivo das forrageiras.
O termo suplementação é contraditório e, muitas vezes, usado
inadequadamente, uma vez que o alimento fornecido pode compor toda a
dieta do animal (Reis et al., 1997). Para Cardoso (1997), a suplementação
para bovinos em pastejo é empregada quando o pasto apresenta
deficiências que impedem o animal de produzir ou de reproduzir.
63
A suplementação pode ser utilizada mesmo quando o pasto possui
bons valores nutricionais com o objetivo de potencializar o ganho por animal.
A suplementação energética e, ou protéica, utilizada no período das águas,
poderá melhorar o desempenho animal pelo suprimento adicional de
nutrientes. A condição básica para se promover a suplementação é que haja
elevada massa forrageira na pastagem, mesmo sendo de baixa qualidade.
A utilização de suplementos concentrados para bovinos no período das
águas visa otimizar o ganho de peso animal, suprindo deficiências na
qualidade da forragem e capacidade de consumo animal (Euclides e
Medeiros, 2005).
A suplementação energética durante o período chuvoso é utilizada para
aumentar a capacidade de suporte da pastagem quando deveria ser apenas
um instrumento para proporcionar o aumento do desempenho animal.
Comumente, produz um efeito substitutivo, enquanto os suplementos
protéicos podem ser utilizados pelos microrganismos do rúmen com o
objetivo de potencializar a digestão da fibra e, conseqüentemente,
promoverem aumentos no consumo da forragem.
Os resultados de suplementação com concentrados para bovinos
mantidos em pastagens no período das águas têm sido variáveis. Em 28
trabalhos compilados, Costa (2007) verificou que a variação ficou por conta
da quantidade de suplemento, da fonte de proteína ou da fonte de energia,
além disso, ressaltou-se muito o efeito substitutivo da suplementação
energética durante este período.
A suplementação com fontes protéicas que melhoram a digestibilidade
da forragem, aumenta o seu consumo até certo limite. Isso se explica pelo
fato de que a microbiota ruminal, quando suplementada, utiliza melhor a
fibra, melhorando a digestibilidade da forragem e aumentando também a sua
taxa de passagem, influenciando positivamente no consumo pelo animal
(Paulino, 1998). Portanto, o ganho animal está intimamente relacionado com
a quantidade de suplemento e de forragem consumido pelo animal, e dessa
forma, quanto maior o consumo, maior o ganho esperado.
64
Com a finalidade de diminuir o efeito substitutivo e promover o aumento
do consumo de forragem pela suplementação protéica da microbiota
ruminal, o objetivo com esse trabalho foi avaliar o desempenho de novilhos
em pastejo suplementados com diferentes níveis de proteína bruta durante o
período das águas e suas correlações com a composição bromatológica da
forragem e com as características estruturais da pastagem.
3.2 Material e Métodos
O experimento foi conduzido na Agropecuária Ribeirópolis, localizada
na rodovia MT-130 no município de Rondonópolis-MT, em uma área de oito
hectares formada com Brachiaria brizantha cv. Marandu, situada próxima às
coordenadas geográficas de 16º 20’ latitude Sul, 54º 35’ longitude Oeste e
altitude de 299 m. O período experimental correspondeu aos meses de
janeiro a abril de 2007.
O clima da região é o Aw, segundo a classificação de Köppen, com
temperatura média do mês mais frio superior a 18 ºC e chuvas de verão,
com o mês menos chuvoso com precipitação inferior a 60 mm.
Os dados meteorológicos foram coletados na Estação Meteorológica
da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de Rondonópolis.
Na Figura 1 encontram-se os dados médios mensais de temperatura do ar e
precipitação pluviométrica no período de janeiro a abril de 2007.
A área experimental foi subdividida em três piquetes para pastejo com
lotação contínua, empregando-se a técnica put-and-take (Mott e Lucas,
1952). Cada piquete foi pastejado por sete animais, denominados animais-
testes, e por animais adicionais que foram colocados e removidos de acordo
com a massa de forragem, conservando um resíduo de pastejo superior a
2000 kg de MSV/ha.
O resíduo de pastejo (kg MSV/ha) foi monitorado no primeiro dia de
cada mês experimental, com o auxílio de um quadrado de 100 x 60 cm, por
meio do método do corte direto (t’ Mannetje, 1978) a 10 cm de altura do solo.
Foram realizadas três amostragens por piquete para cada período
65
experimental em locais que a forragem representava a altura média do
dossel forrageiro.
0
50
100
150
200
250
300
Jan Fev Mar Abr
Precipitão pluviométrica (mm)
15
20
25
30
Temperatura do ar (ºC)
Precipitação Temperatura
FIGURA 1. Médias mensais de precipitação pluviométrica (mm) e de
temperatura do ar (°C) referentes ao período de janeiro a abril
de 2007. Fonte: Estação Agrometeorológica Padre Ricardo
Remetter (9
º
DISME/INMET).
A altura média da forragem foi estimada através de 200 leituras por
piquete, com o auxílio de uma régua de 2,0 m de comprimento, graduada em
centímetros, considerando como altura do dossel a distância entre o ponto
de curvatura da lâmina foliar mais alta até o nível do solo.
As amostras de forragem foram pesadas e separadas manualmente
em lâmina verde, colmo + bainha verde e material morto, posteriormente,
essas frações foram secas em estufa de circulação forçada de ar por 72
horas a 65 ºC. Os teores de matéria seca foram determinados no
Laboratório de Nutrição Animal da FAMEV-UFMT, seguindo a metodologia
de Silva e Queiroz (2002). O percentual de cada fração multiplicado pela
massa total de forragem (MF) permitiu a estimativa da massa de lâminas
verdes/ha (MLV), massa de colmos + bainhas verdes/ha (MCV) e massa de
66
material morto/ha (MMM). A massa de forragem verde/ha (MFV) foi obtida
subtraindo-se da MF a MMM.
Para determinação do valor nutricional da forragem, foram coletadas
amostras por meio da simulação de pastejo (Johnson, 1978). De acordo com
as técnicas descritas por Silva e Queiroz (2002), determinaram-se os teores
de proteína bruta (PB), matéria mineral (MM) e extrato etéreo (EE). Os
teores de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), fibra insolúvel em
detergente ácido (FDA), nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) e
proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) seguiram os procedimentos
de Van Soest et al. (1991), enquanto que os carboidratos totais (CT) foram
obtidos pela fórmula: CT = 100 (PB + EE + MM), conforme Sniffen et al.
(1992), além dos carboidratos não fibrosos obtidos pela diferença entre os
CT e a FDN.
O consumo de matéria seca foi estimado por meio da equação (1)
sugerida por Valadares Filho et al. (2006) para animais da raça Nelore:
2
GMD×51758,1-GMD×81946,4+PVM×02006,0+40011,2-=)dia/kg(CMS
(1)
em que:
CMS = Consumo diário de matéria seca;
PVM = peso vivo médio, kg e;
GMD = ganho médio diário, kg/dia
Os tratamentos consistiram no fornecimento de suplemento mineral
com 0% de PB, representando o tratamento controle, suplemento múltiplo
com 20 e 40% de PB. Os suplementos continham uma fonte de nitrogênio
prontamente disponível (uréia + sulfato de lcio), uma fonte de proteína
verdadeira, uma fonte de energia e suplemento mineral. A composição do
suplemento está apresentada na Tabela 1.
O suplemento foi fornecido às 10:00h, em quantidades diárias
equivalentes a 0,2% do peso vivo animal (PV), ao longo de todo o período
67
experimental, e as sobras foram recolhidas no dia seguinte, devidamente
etiquetadas e pesadas.
Os animais experimentais, novilhos inteiros da raça Nelore com peso
médio inicial de 280 kg, devidamente vacinados e vermifugados, foram
distribuídos ao acaso nos tratamentos, e posteriormente, alojados nos
piquetes. Ao final de cada mês de avaliação, os animais dos respectivos
tratamentos foram mudados de piquetes, visando reduzir os possíveis
efeitos da estrutura da pastagem sobre seu desempenho.
TABELA 1. Composição dos suplementos (%) com base na matéria natural
Teores de proteína bruta no suplemento
0
20
40
Componentes
%
Mistura mineral 100 34,0 21,0
Milho moído
_
25,0 24,0
Farelo de soja
_
15,0 44,0
Casca de soja
_
23,0 5,0
Uréia + CaSO
4
_
3,0 6,0
Para verificar o desempenho, os animais foram pesados no início e ao
final do experimento, após serem submetidos a jejum de líquidos e sólidos
por 18 horas, objetivando reduzir as possíveis diferenças quanto ao
enchimento do trato digestivo, bem como a cada ciclo de pastejo de 30 dias,
de modo a determinar o ganho de peso diário em função dos tratamentos.
O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado.
Os níveis de proteína bruta no suplemento constituíram os tratamentos e as
parcelas foram constituídas por sete animais (animais testes),
representando, assim, as repetições, conforme o modelo estatístico a seguir:
Y
ij
= µ + S
i
+ ε
ij
em que:
68
Y
ij
= observação referente ao animal j, relativa ao nível de proteína
bruta no suplemento i;
µ = média geral;
S
i
= efeito do nível de de proteína bruta no suplemento i, i = 1, 2 e 3;
ε
ij
= erro aleatório associado a cada observação Y
ij
, suposto normal e
independente distribuído com média zero e variância σ
2
, j = 1, ...., 7.
Os dados foram submetidos aos testes de Lilliefors e de Cochran,
para verificar a normalidade e a homogeneidade de variância por
tratamentos, com o intuito de atender às pressuposições da análise de
variância. Procedeu-se, então, a análise de variância por meio do teste F, a
5% de probabilidade. Em seguida, foi realizado o estudo das correlações
entre o peso vivo final dos animais e os componentes bromatológicos da
forragem e as características estruturais da pastagem.
As análises estatísticas foram efetuadas pelo Sistema de Análises
Estatísticas e Genéticas (SAEG), desenvolvido na Universidade Federal de
Viçosa, versão 8.1 (UFV, 2001).
3.3 Resultados e Discussão
O desempenho dos animais não foi alterado (P>0,05) pelo consumo de
suplementos com diferentes níveis de proteína bruta. Os resultados
referentes ao desempenho dos animais e ao consumo estimado em matéria
seca estão na Tabela 2.
Isso indica que a qualidade nutricional da forragem (Tabela 3) e as
características estruturais da pastagem (Tabela 4), forneceram proteína
bruta e energia suficiente para ganhos médios diários (GMD) de 0,872 kg
por animal, conforme observado no tratamento composto apenas por
suplemento mineral (Tabela 2). Contudo, o suplemento mineral possuía 6%
de fósforo, suprindo a necessidade nutricional deste elemento geralmente
limitante para produção de animais a pasto.
69
TABELA 2. Médias para peso vivo inicial (PVI), peso vivo final (PVF), ganho
médio total (GMT), ganho médio diário (GMD) e coeficiente de
variação (CV) em função dos tratamentos, além do consumo de
matéria seca estimado (CMS)
Teores de proteína bruta no suplemento
0 20 40
Item
%
CV
PVI (kg)
282,57
280,57
274,43
4,83
PVF (kg) 368,00
368,00
352,00
5,72
GMT (kg) 86,00
87,00
77,00
18,61
GMD (kg)
0,872
0,888
0,787
18,36
CMS
2
(kg) 7,16 7,19 6,73
TABELA 3. Composição bromatológica (%) das amostras de B. brizantha
obtidas por meio da simulação de pastejo, em função dos
tratamentos
Teores de proteína bruta no suplemento
0 20 40
Composição
%
MSV
1
25,7 28,6 26,3
PB
1
10,1 9,2 10,0
EE
1
2,2 2,1 2,2
MM
1
8,9 8,0 8,4
CT
2
78,8 80,7 79,4
CNF 24,7 24,0 25,0
FDN
3
54,1 56,7 54,4
FDA
3
28,5 29,0 28,0
NIDA³ 0,14 0,14 0,16
PIDA
3
0,86 0,91 1,0
1
Conforme Silva e Queiroz (2002),
2
CT = 100 (PB + EE + MM), conforme Sniffen et al.
(1992),
3
Conforme van Soest et al. (1991)
70
Ramalho (2006) revisou 15 trabalhos de pesquisa que avaliaram o
desempenho dos animais mantidos em pastagens de Brachiaria decumbens,
Brachiaria brizantha cv. Marandu, Cynodon dactylon cv. Coastcross e
Panicum maximum cv. Mombaça, com ou sem suplementação concentrada
no período das águas e o GMD dos animais mantidos exclusivamente em
pastagens variou de 0,500 kg a 0,890 kg por cabeça com valor médio de
0,700 kg.
TABELA 4. Valores médios da estrutura da pastagem de B. brizantha
obtidos em função dos tratamentos ao longo de todo período
experimental
Teores de proteína bruta no suplemento
0 20 40
Estrutura da pastagem
%
Massa (kg MSV/ha)
3613,4 4056,7 3382,2
Lâmina Foliar (%)
30,4 33,2 32,8
Colmo+Bainha (%)
42,1 39,6 39,8
Material Morto (%)
27,5 27,2 27,4
Altura (cm) 26,1 28,9 27,9
Dificilmente valores de GMD superiores a 0,800 kg por cabeça
durante todo o período das águas, segundo aquele autor, são atingidos por
bovinos mantidos em pastagens tropicais sem a suplementação com
concentrado. Por outro lado, Zervoudakis et al. (2001), observaram ganhos
médios de 0,890 kg/animal/dia, para animais suplementados com sal
mineral, mantidos em pastagens de Brachiaria decumbens, durante o
período de janeiro a maio. Eles consideraram que a massa de forragem por
hectare foi o fator determinante para atingir esse ganho, sendo esse
satisfatório para terminação de bovinos, sem necessidade de suplementação
concentrada.
O consumo estimado para o tratamento controle foi de 7,16 kg de
MS/dia (Tabela 2) e, portanto, uma ingestão de 0,662 kg de proteína bruta
potencialmente digestível por dia, sendo que a pastagem possuía
71
aproximadamente 55% de NDT, considerando o GMD obtido e o consumo
estimado.
Se a síntese de proteína microbiana fixa for equivalente a 120 g
proteína microbiana (Pmic)/kg de NDT, conforme Valadares Filho et al.
(2006), então a produção de proteína microbiana foi de 0,456 kg,
equivalendo à uma quantidade de proteína degradada no rúmen (PDR)
consumida de 0,506 kg (Pmic * 1,11), perfazendo 76,4% da PB consumida.
A necessidade de proteína metabolizável dos animais para o ganho de
peso encontrado foi aproximadamente 0,615 kg. Ao calcular a proporção de
PDR fornecida, a partir da proteína total consumida (0,662 0,506), restam
apenas 0,156 kg de proteína não degradada no rúmen (PNDR). Esse valor
não seria suficiente para alcançar o GMD obtido, podendo-se inferir que
houve um consumo real maior que o estimado pela equação proposta por
Valadares Filho et al. (2006) e, ou uma melhor seletividade do material
efetivamente pastejado, comparado com a simulação de pastejo (Tabela 3).
Segundo Stobbs (1973), as diferenças do valor nutritivo da forragem
apresentada ao animal e aquelas da forragem consumida o grandes, pois
os animais ao selecionarem a dieta, consomem alimento de valor nutritivo
superior da forragem ofertada.
Mesmo considerando um ganho de 0,872 kg como satisfatório,
observado no tratamento com suplemento mineral (Tabela 2), esperava-se
incrementos maiores nos ganhos para os demais tratamentos, uma vez que
o fornecimento de proteína e energia adicional poderia melhorar a
degradabilidade da fibra e corrigir as deficiências da forragem,
proporcionado aumentos no consumo de matéria seca.
A não diferença estatística (P>0,05) no desempenho dos animais entre
os tratamentos sugere que o suplemento com 20% de proteína bruta tenha
promovido um efeito substitutivo no consumo da forragem, provocado pela
inclusão de 23% de casca de soja no suplemento, uma vez que os cuidados
no fornecimento diário de suplemento, na faixa de 0,2 a 0,3% do peso vivo,
podem ser considerados como seguros para não gerar tal efeito.
72
Segundo Poppi e Mclennan (1995), os tipos de suplementos
energéticos para forragens são divididos em três categorias, amido
(carboidrato de reserva), carboidratos solúveis e carboidratos estruturais
(fibras). Essas fibras apresentam baixo teor de proteína, porém são de fácil
digestibilidade e eficientes na captação de amônia.
O efeito do suplemento é determinado pela qualidade de forragem,
sendo que a forrageira de baixa qualidade não tem o seu consumo reduzido
com o fornecimento de concentrado, que a sua ingestão normalmente é
baixa. No entanto, se a forrageira for de boa qualidade, o fornecimento de
suplementos pode causar uma diminuição da ingestão de forragens,
causando um efeito substitutivo (Euclides, 2002). Assim, a suplementação
alimentar em uma pastagem de alta qualidade resulta em redução de
consumo da forragem por parte do animal, como conseqüência do controle
quimiostático, que é sensível à quantidade de energia digerível ingerida.
Dessa forma, para se evitar esse efeito de substituição, a suplementação
durante o período das águas deve ser utilizada para corrigir nutrientes
específicos que estão deficientes na forrageira, como macro e
micronutrientes.
Elizalde et al. (1998) avaliando o efeito de diferentes níveis de
proteína e energia na suplementação de novilhos em pastejo, encontraram
altas taxas de substituição e, consequentemente, desempenhos pouco
expressivos em relação ao tratamento controle. Os tratamentos com milho
quebrado e farelo de glúten de milho, indicaram que os animais reduziram o
consumo de forragem, em razão do consumo dos suplementos.
Poppi e McLennan (1995) confirmaram que os animais em pastejo,
durante a estação chuvosa, respondem ao aumento no fornecimento de
proteína intestinal, contudo, se o suplemento possuir significante quantidade
de energia disponível. Essa resposta pode não ocorrer devido ao efeito
substitutivo que se fará presente notadamente quando a forragem
consumida for de boa qualidade.
Em pastagem de capim-jaraguá, no período das águas, Paulino et al.
(1996) não verificaram efeito dos farelos de soja e algodão em suplementos
73
múltiplos sobre o desenvolvimento de novilhas mestiças e também não
observaram diferenças expressivas entre os diferentes suplementos e o
tratamento com sal mineral. Enquanto que, Detmann et al. (2005)
fornecendo suplemento com níveis crescentes de proteína para terminação
de novilhos em pastejo, no período de transição da seca para as águas,
observaram redução no consumo de forragem e ampliação do consumo de
matéria seca total em relação ao controle, com coeficiente médio de
substituição de 0,41.
Para Prado et al. (2002), a suplementação protéica também não
resultou em melhor desempenho animal quando comparada à
suplementação mineral, durante o período de novembro a janeiro para
novilhos em pastagem de Cynodon plectostachyrus Pilger. Para os animais
em crescimento, o ganho médio diário foi de 0,730 e 0,790 kg, para os
tratamentos com suplemento mineral e suplemento mineral com 40% de
proteína bruta, respectivamente. Enquanto que, para os animais em
terminação, esse ganho foi de 0,720 e 0,610 kg, respectivamente,
Ao contrário de Zervoudakis et al. (2002) que compararam o
desempenho de novilhas consumindo sal mineral, suplementos à base de
milho e farelo de glúten de milho (MFGM), milho e farelo de soja (MFS), com
fornecimento de 0,5 kg/animal, verificaram que os animais alimentados com
suplementos MFS e MFGM obtiveram desempenhos semelhantes entre si, e
superiores, àqueles que receberam sal mineral. Os ganhos médios diários
por animal foram, respectivamente, de 0,920 kg, 0,883 kg e 0,708 kg.
Contudo, o GMD dos animais (Tabela 2) tem-se apresentado próximo
aos valores encontrados nos trabalhos relatados anteriormente.
Por outro lado, Paulino et al. (2006), asseguraram que os animais
respondem a proteína extra fornecida via suplemento, mesmo na estação
das águas, ensejando ganhos adicionais de 200 a 300 g, possibilitando a
obtenção de ganhos de peso de até 1,38 kg/animal/dia.
Essa afirmação baseou-se no evento do rápido crescimento vegetativo
das gramíneas C
4
, sob altas temperaturas ambientais e disponibilidade de
água e o aumento as atividades enzimáticas associadas com a biossíntese
74
de lignina, provocando rápida deposição de polímeros estruturais nas células
vegetais portadoras de taxa de fermentação mais lenta e, com isso, há maior
mobilização de nitrogênio presente sob a forma de proteínas solúveis para
formas insolúveis associadas à parede celular (PIDA).
Entretanto, este fato não foi observado neste trabalho (Tabela 3), o
que pode explicar o ganho de peso (Tabela 2) inferior ao esperado para os
suplementos múltiplos com 20 e 40% de PB e a diferença estatística não
significativa para o desempenho entre os tratamentos.
A fração NIDA relaciona-se com o aumento da lignificação da parede
celular e das ligações dessa com a proteína, podendo estar relacionada
também à proteína danificada pelo calor (PIDA = NIDA x 6,25). Com isso,
seu aumento no alimento representa diminuição da disponibilidade de
proteína bruta para o animal, ou seja, quanto maior a quantidade desta
fração menor e degradabilidade e aproveitamento da mesma, podendo
ocasionar déficit protéico e baixo desempenho.
Essa fração reflete efeito na repleção ruminal, acarretando menor
disponibilidade de nutrientes, em virtude de sua característica de
indigestibilidade, promovendo menor consumo potencial por unidade de
tempo (Van Soest, 1994).
O peso vivo final dos animais apresentou uma correlação negativa
(P<0,05) com o conteúdo de NIDA (Tabela 5). E das características
estruturais da pastagem apenas a massa de forragem (kg MSV/ha)
apresentou um forte e positiva correlação (P<0,05) com o peso vivo final dos
animais, essa correlação foi de 0,762.
TABELA 5. Coeficientes de correlação linear simples entre peso vivo final
dos animais e composição bromatológica da forragem
Composição bromatológica da forragem
Peso vivo animal e
composição da
forragem FDN
1
FDA
2
NIDA
3
PB
4
EE
5
PESO VIVO FINAL
0,0192
ns
0,3248
ns
-0,7963**
-0,2164
ns
0,3873
ns
1
FDN - fibra em detergente neutro;
2
FDA - fibra em detergente ácido;
3
NIDA
nitrogênio indigesvel em detergente ácido;
4
PB proteína bruta;
5
EE extrato etéreo.
ns
(o significativo: P>0,05); ** (P<0,05).
75
Contudo, além do tipo de proteína utilizada, de acordo com Prado et
al. (2002) diferenças observadas sobre o efeito da suplementação protéica
no desempenho animal o decorrentes de alterações na quantidade e na
qualidade da forragem, uma vez que a base da alimentação dos animais
suplementados com o sal mineral proteinado é a forragem e não o
suplemento utilizado.
Considerando a estrutura da pastagem, segundo Genro et al. (2004),
vários trabalhos, principalmente com forrageiras tropicais, têm demonstrado
que geralmente baixa correlação entre o consumo e a produção animal
com a massa de forragem total, no entanto, esta correlação é melhorada
quando a variável dependente é expressa em termos de massa de forragem
verde por hectare.
O manejo inicial do pasto com pastejo de uniformização, seguido de
adubação, especialmente nitrogenada propiciou uma produção adequada de
forragem. Com o manejo subseqüente, a taxa de lotação no período foi da
ordem de 3,31 UA/ha, atingindo uma oferta de forragem de 3%. Com isso
pode-se manter aquela massa de forragem, com as características
nutricionais e estruturais conforme apresentado nas Tabelas 3 e 4. Nesse
caso, como a pressão de pastejo foi bem ajustada, a maior proporção da
parte aérea produzida (produção líquida de forragem) foi consumida pelos
animais, ou seja produção colhetável, isso permitiu que altura do pasto se
mantivesse em torno de 28 cm e favoreceu a obtenção de uma dieta de boa
qualidade pelos animais.
A produção de forragem é determinada pela intensidade de pastejo,
enquanto a relações folha/colmo e o valor nutritivo da forragem consumida
são mais determinados pela freqüência de desfolhação (Hodgson e Da Silva,
2002).
Quando o acúmulo de forragem supera a demanda e a massa de
forragem média torna-se excessivamente alta e de baixo valor nutritivo o
comportamento ingestivo dos animais leva invariavelmente ao aparecimento
de pontos superpastejados e pontos subpastejados (Hodgson, 1990).
76
A estrutura da pastagem conforme apresentado na Tabela 4
demonstra um resíduo de pastejo médio de 3684,1 kg MSV/ha, e desse,
mais de 30% correspondeu à lâmina foliar. Em pastagens tropicais uma
massa de forragem entre 2000 e 3000 kg MS/ha é satisfatória para permitir
condições de crescimento à pastagem e oportunidade de seleção aos
animais em pastejo (Moraes e Maraschin, 1988).
Os animais que consumiam suplemento com 40% de proteína bruta
apresentaram um consumo médio de 0,15% do peso vivo do animal, inferior
aqueles que receberam suplementos com 20% de PB.
Sugere-se que esse suplemento tenha provocado um excesso de
produção de amônia no rúmen. Isso pode ter promovido um incremento
calórico e um gasto de energia para seu metabolismo.
Estima-se que a reciclagem protéica e o transporte de íons através das
células representam mais de 50% do gasto total de energia para mantença
(Baldwin et al., 1980). Segundo Wilson et al. (1975) nos casos em que
presença excessiva de proteína degradável no rúmen na dieta parte da
amônia formada no ambiente ruminal e absorvida via epitélio pode passar
intacta pelo fígado, adentrando a circulação sistêmica levando à intoxicação
subclínica e reduzindo o consumo.
Além disso, a uréia constitui-se no principal limitador de consumo
utilizado na composição de suplementos múltiplos de autoconsumo.
Segundo Paulino et al. (1983), à medida que se aumentou o teor de uréia de
zero para 5, 10 e 15% o consumo (kg MS/animal/dia), foi reduzido de 1,52,
para 0,55, 0,44 e 0,22, respectivamente
.
Deve-se considerar também que a proteína bruta desse suplemento era
composta por 72,5% de PDR e 27,5% de PNDR, ou seja, 29% de PDR e
11% de PNDR na matéria seca. Para o GMD encontrado de 0,787 kg, a
necessidade de proteína metabolizável seria de 0,560 kg/dia.
O consumo estimado de matéria seca para os animais do tratamento
com 40% de proteína bruta foi de 6,73 kg/dia, Então, a ingestão de proteína
bruta degradável no rúmen da forragem seria de 0,563 kg/dia. Logo, ao
adicionar a PDR do suplemento a PDR da forrageira, verificou-se que houve
77
deficiência de energia, pois, o suplemento era composto por apenas 56% de
NDT. Isso pode ter ocasionado um desbalanço entre PB e NDT no rúmen,
fazendo com que ocorresse perda de N.
No National Research Council (NRC) (1996) foi adotada a eficiência
de 130 g de Pmic sintetizada por kg de NDT. Mesmo quando pastagens
tropicais com alto valor energético, ao redor de 65% de NDT, são inseridas
no modelo, este acusa que caso a pastagem contenha 11% de PB com 81%
desta degradável no rúmen, já ocorre excesso de 35,8 g de PDR para o
bovino macho em recria, com 300 kg de peso vivo, mantido nesta pastagem.
O balanço de proteína metabolizável também é positivo, sendo o ganho de
peso do animal limitado por falta de energia (Costa, 2007).
Em experimento avaliando os efeitos de diferentes suplementos
protéicos no desempenho e na eficiência alimentar de novilhas Holandesas
em confinamento, Coomer et al. (1993) verificaram superioridade no GMD
dos animais submetidos aos tratamentos com proteína não-degradada no
rúmen (PNDR), proveniente do farelo de soja tostado e farelo de glúten de
milho, quando comparados aos animais do tratamento com proteína
degradada no rúmen (PDR), proveniente do farelo de soja.
Porém, a utilização de fontes protéicas de baixa degradabilidade
ruminal (proteína de escape), em programas de suplementação em
pastagem, é importante quando uma boa massa de forragem e quando
os animais apresentam um déficit energético para a obtenção de ganhos
maiores (Reis et al., 1997).
Assim, possivelmente, o maior limitante para a produção animal
durante o período avaliado tenha sido a energia e não a proteína degradável
no rúmen, uma vez que a suplementação protéica o resultou em melhor
desempenho animal. Porém, em sistemas de suplementação é
imprescindível adequação da oferta de massa de forragem, dentro de uma
faixa agronômica ótima de uso do pasto, de forma a diminuir as perdas por
senescência e maximizar a recuperação do pasto, assegurando máximo
desempenho animal e a custos mais baixos.
78
3.4 Conclusões
A suplementação com diferentes níveis de proteína bruta no período
das águas não influenciou o desempenho dos animais em pastejo, sugerindo
que o suplemento múltiplo com 20% de PB tenha promovido um efeito
substitutivo no consumo da forragem e o com 40% de PB tenha ocasionado
um excesso de amônia no rúmen.
O ganho médio diário dos animais durante o período experimental foi
de 0,849 kg e o consumo médio foi de 7 kg matéria seca.
Os animais que receberam o suplemento múltiplo com 40% de
proteína bruta apresentaram um consumo médio de 0,05 pontos percentuais
em relação ao peso vivo, inferior àqueles que receberam suplemento
múltiplo com 20% de PB.
O teor de proteína bruta na parede celular foi negativamente
correlacionado com o desempenho animal e das características estruturais
do pasto apenas a massa de forragem apresentou uma forte e positiva
correlação.
O correto manejo da pastagem com adubações periódicas e remoção
de material respeitando as características da forrageira permite ganhos de
peso expressivos somente com suplementação mineral.
3.5 Referências Bibliográficas
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VIABILIDADE ECONÔMICA DA EXPLORAÇÃO DE BOVINOS
SUPLEMENTADOS NA ÉPOCA DAS ÁGUAS EM PASTAGEM DE
Brachiaria brizantha cv. Marandu
RESUMO Objetivo-se com esse trabalho avaliar o custo de produção e
analisar a viabilidade econômica do sistema de criação de bovinos em
pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu suplementados na época das
águas com diferentes níveis de proteína bruta. O período experimental
correspondeu aos meses de janeiro a abril de 2007. A área experimental de
oito hectares foi dividida em três piquetes e submetida ao pastejo com
lotação contínua, com taxa de lotação variável. Os tratamentos consistiram
no fornecimento de suplemento mineral com 0% de proteína bruta (PB),
suplemento múltiplo com 20% de PB e suplemento múltiplo com 40% de PB.
Os animais testes foram 21 novilhos inteiros da raça Nelore, com peso
médio inicial de 280 kg, sendo pesados no início e ao final do experimento,
após serem submetidos a jejum de líquidos e sólidos por 18 horas e a cada
ciclo de pastejo de 30 dias. As planilhas de custos foram elaboradas após o
término do experimento com todos os valores cotados na região. Para o
cálculo do custo de produção e avaliação da viabilidade econômica foram
identificados a Receita Total, o Lucro, o Custo Operacional Variável Total, o
Custo Variável Total, o Custo Operacional Fixo Total, o Custo Fixo Total, o
Custo Total e o Custo Alternativo ou o Custo de Oportunidade. Para análise
da viabilidade econômica utilizou-se a diferença entre a Receita Total e o
Custo Total. Verificou-se que essa atividade no período estudado
apresentou viabilidade econômica considerando remuneração do capital de
8% ao ano, tendo a Receita Total superado o Custo Total para todos os
tratamentos.
Palavras-chave: receita total, custo de produção, custo alternativo, custo
operacional.
ECONOMICAL EVALUATION OF PRODUCTION OF CATTLE
SUPPLEMENTED IN THE RAINY SEASON IN PASTURE OF Brachiaria
brizantha cv. Marandu
ABSTRACT - The objective of the study was to evaluate the cost of
production and to examine the viability of the system of supplementation of
cattle with different levels of crude protein in the rainy season. The
experimental period comprised January until April of 2007. The experimental
area with eight hectars of Brachiaria brizantha cv. Marandu was divided into
three plots under continuous grazing, using the put-and-take technique. The
treatments consisted of supplements with 0% of crude protein (mineral
supplement), 20% and 40% of crude protein. The test animals were 21 not
castrated steers of the Nellore race, being heavy at the beginning and the
end of the experiment, after being submitted to fasting from liquids and solids
for 18 hours and each the cycle of grass of 30 days. The spreadsheets of
cost were drawn up after the end of the experiment with all values quoted in
the region. The variables in the calculation of cost of production and
evaluation of the economic viability were Total Revenue, Income, Variable
Operating Cost Total, Total Cost variable, Fixed Operating Cost Total, Cost
Fixed Total, Total Cost and Alternative Cost or Cost of Opportunity. For
analysis of the economic viability used is the difference between the RT and
CT. It was found that activity in the period studied presented economic
viability when considered return on capital of 8% a year, the revenue was
higher than the Total Cost for all treatments.
Keyword: Total revenue, cost of production, alternative cost, operating cost.
84
4.1 Introdução
A atividade agropecuária deve ser entendida essencialmente como
um empreendimento, assim, produtos como carne, leite, lã, grãos e outros
são produzidos a partir de matérias primas que incluem a terra, a água e
adubos, com objetivos definidos, de maneira que possa atender, na medida
do possível, os desejos particulares de cada proprietário (Maraschin, 1994).
A história da pecuária brasileira confunde-se com a própria história do
país, sendo importante na economia desde o seu descobrimento e
desenvolvimento, a priori como tração para o desenvolvimento de outras
atividades agrícolas e, em seguida com finalidade atender à demanda de
alimentos da própria família ou comunidade específica.
A pecuária tem lugar de destaque na economia do Brasil, o rebanho
bovino em 2005 foi estimado em 205.886.244 milhões de cabeças conforme
dados Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2007) e o estado
de Mato Grosso teve participação significativa, uma vez que apresentou um
valor de 26.651,1 milhões de cabeças, liderando o ranking dos estados
brasileiros.
Este setor tem cada dia mais provado que é eficiente sob o ponto de
vista econômico, uma vez que atende as demandas internas e externas do
país. Mesmo com o real valorizado, apresentou crescimento nas
exportações nos anos de 1997 e 1998. No ano de 2004, o Brasil atingiu a
marca de maior exportador de carne bovina do mundo, com tendência de
aumentar as exportações ainda mais. Com a desvalorização da moeda
nacional em 1999, as exportações ganharam ainda mais impulso e
85
cresceram 60% segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX,
2004).
A relativa estabilidade dos preços, mesmo com o crescimento da
demanda interna e do volume exportado, pode ser explicada por ganhos de
produtividade e pela expansão da área produtiva. Contudo, é importante
lembrar que durante a trajetória dessa atividade houve momentos de perda
de rentabilidade, principalmente no período de 2003 a 2007.
Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
CEPEA (2007) descreve que de 2003 e 2007 foram poucos os momentos
em que o preço pago pela arroba apresentou reajustes superiores aos dos
custos de produção.
Hoje a atividade vive um momento muito crítico, pois, no mercado
interno a cotação dos preços é baixa o remunerando adequadamente os
produtores, mesmo sabendo que as exportações aumentaram mais de 30%
no período de agosto de 2005 (IBGE, 2006).
A tarefa de gerar informações gerenciais que permitam a tomada de
decisão, com base em dados consistentes e reais, é uma dificuldade
constante para os pecuaristas. As informações contábeis, financeiras e de
vendas podem ser empregadas como ferramentas ou subsídios de apoio ao
processo de tomada de decisões.
Crepaldi (1998) ressalta que apesar da obtenção e da compreensão
dos custos não serem atividades rotineiras da atividade pecuária, isso
sempre foi essencial para o sucesso de qualquer negócio.
No tocante aos custos, estes podem ser entendidos como sendo
quantias monetárias gastas na obtenção de mercadorias ou serviços para
um determinado fim. A classificação básica dos custos de produção proposta
pela teoria microeconômica é em custos fixos e custos variáveis.
Os custos fixos são aqueles que estão relacionados a fatores de
produção que não podem ser modificados em termos de quantidade utilizada
em um curto período de tempo ou ciclo produtivo. Fazem parte dos custos
fixos: depreciações, custo de oportunidade do capital, taxas, entre outros
(Varian, 2000).
86
Os custos variáveis referem-se àquelas despesas relacionadas à
utilização de insumos que podem ter suas quantidades variando em curto
espaço de tempo, ou em um único ciclo produtivo, relacionando-se com a
quantidade produzida. São exemplos de custos variáveis as despesas com
ração, medicamentos, mão-de-obra, fertilizantes etc (Varian, 2000).
Alves et al. (2004) evidenciam que a informação sobre custo de
produção é uma das mais importantes ferramentas para qualquer atividade
produtiva, sendo fundamental para a tomada de decisões. Lembra-se ainda
que, no setor rural os custos podem ter finalidades distintas, variando de
acordo com os agentes econômicos.
O estabelecimento da competitividade crescente dentro dos diversos
setores da economia, fruto das medidas de estabilização originadas do
Plano Real, tem incentivado o aumento da eficiência dos processos
produtivos e da qualidade do produto nos mais variados setores de
produção. Isto faz com que os empreendimentos afastem-se da
extensificação e do extrativismo, buscando a tecnificação e a intensificação
como alternativa potencial para a redução dos custos de produção por
unidade de produto gerado (Euclides et al., 1998).
Nos últimos trinta anos, a pesquisa agropecuária no Brasil tem gerado
expressivo número de alternativas tecnológicas aplicáveis aos vários
segmentos do setor produtivo, com efetivo incremento na produtividade, mas
não tem sido dada a devida importância aos aspectos econômicos desses
novos processos. Rodrigues Filho et al. (2002) revelam que tal fato decorre
dos custos das novas tecnologias produtivas serem por vezes altos, e que
no inicio de sua implementação pode acarretar prejuízos aos pecuaristas.
A suplementação de bovinos em pastejo é considerada uma das
principais estratégias para a intensificação do uso da pastagem, permitindo
corrigir deficiências nutricionais, reduzir os ciclos de produção e aumentar a
capacidade de suporte das mesmas, elevando o ganho por área (kg/ha/ano).
Enquanto a viabilidade técnica da suplementação de animais em
pastejo é considerada praticamente consolidada, questionamentos quanto a
sua viabilidade econômica existem desde longa data, muito embora
87
comparações econômicas entre os sistemas intensivos e extensivos de
pecuária tenham apontado para resultados superiores para os sistemas
intensivos (Pilau et al., 2003). A pecuária de corte dispõe de poucos
trabalhos relativos à sua viabilidade econômica, contrastando com a
abundância de dados que dizem respeito à área de geração de tecnologias
(Pötter et al., 2000).
A maioria dos trabalhos de pesquisa está desvinculada da análise
econômica, do planejamento, operação e controle da atividade pecuária. O
objetivo com esse trabalho foi avaliar o custo de produção e analisar a
viabilidade econômica do sistema de criação de bovinos em pastagem de
Brachiaria brizantha cv. Marandu suplementados na época das águas com
diferentes níveis de proteína bruta.
4.2 Material e Métodos
O experimento foi conduzido na Agropecuária Ribeirópolis, localizada
na rodovia MT-130 no município de Rondonópolis-MT, em uma área de oito
hectares, subdividida em três piquetes para pastejo com lotação contínua,
formada com Brachiaria brizantha cv. Marandu, situada próxima às
coordenadas geográficas de 16º 20’ latitude Sul, 54º 35’ longitude Oeste e
altitude de 299 m.
O período experimental correspondeu aos meses de janeiro a abril de
2007, totalizando 98 dias.
Os tratamentos consistiram em suplemento mineral, com 0% de
proteína bruta (PB), suplemento múltiplo com 20 e 40% de PB. Os
suplementos continham uma fonte de nitrogênio prontamente disponível
(uréia e sulfato de cálcio), uma fonte de proteína verdadeira, uma fonte de
energia e suplemento mineral (Tabela 1).
Os suplementos foram fornecidos às 10:00 h, o suplemento mineral
foi fornecido ad libitum, e os suplementos múltiplos em quantidades diárias
equivalentes a 0,2% do peso vivo animal (PV), ao longo de todo o período
experimental, e as sobras foram recolhidas no dia seguinte, sendo
devidamente etiquetadas e pesadas.
88
Os animais experimentais foram constituídos por novilhos inteiros da
raça Nelore com peso médio inicial de 280 kg, sendo sete animais sorteados
por piquete, denominados animais-testes, que receberam seus respectivos
suplementos, e animais adicionais que foram colocados e removidos de
acordo com a massa de forragem, com objetivo de manter um resíduo de
pastejo acima de 2000 kg MVS/ha.
TABELA 1. Composição dos suplementos (%) com base na matéria natural.
Níveis de proteína no suplemento
0
20
40
Componentes
%
Mistura mineral 100,0 34,0 21,0
Milho moído
-
25,0 24,0
Farelo de soja
-
15,0 44,0
Casca de soja
-
23,0 5,0
Uréia
-
3,0 6,0
Os animais foram pesados no início e ao final do experimento, após
serem submetidos a jejum de líquidos e sólidos por 18 horas, bem como a
cada ciclo de pastejo de 30 dias, de modo a determinar o ganho de peso
médio diário em função dos tratamentos.
O cálculo do custo de produção foi realizado no término das avaliações
dos animais a campo. Primeiramente levantaram-se os custos dos
equipamentos, instalações, insumos e serviços cotados na região, que foram
organizados em planilhas com as respectivas quantidades utilizadas.
O levantamento das variáveis de avaliação foi realizado segundo
metodologia de classificação dos custos da forma que segue: Custo
Operacional Variável Total (COpVT), Custo Variável Total (CVT), Custo
Operacional Fixo Total (COpFT), Custo Fixo Total (CFT), Custo Alternativo
ou Custo de Oportunidade (CA), Custo Total (CT), Receita Total (RT) e
Lucro (L).
89
COpVT o os desembolsos diretos para compra de insumos
(suplementos, animais, vacinas, mão-de-obra contratada).
CVT é o somatório do COpVT com custo alternativo, acrescido dos
impostos e taxas e custo de manutenção (de equipamentos e benfeitorias)
de toda infra-estrutura da propriedade.
COpFT é o somatório das depreciações de equipamentos e
benfeitorias. O cálculo de depreciação (DP) foi realizado como descrito na
fórmula (1).
(
)
VU
VRVT
DP
=
(1)
onde:
VT (Valor Total): valor investido nos equipamentos e benfeitorias;
VR (Valor Residual): valor que resta do bem após o término de sua vida útil;
VU (Vida Útil): tempo médio estimado de utilização de determinado bem.
CA é o custo alternativo ou de oportunidade utilizado para a
remuneração do capital médio investido, calculado por uma taxa
proporcional a de 8% ao ano sobre o VT e COpVT para cálculo do CFT e
CVT, respectivamente. Para cálculo do CA da terra foi utilizado o valor do
arrendamento da área.
CFT é a somatória do COpFT com o CA.
O CT foi determinado quando se somou o CFT proporcional ao tempo
de uso e o CVT.
RT é composta por todas as entradas monetárias provenientes da
venda de animais nos diferentes sistemas de produção.
L é obtido subtraindo-se da RT o CT.
Para cada tratamento obteve-se um CT específico, uma vez que cada
um deles apresenta um CVT diferenciado. Para verificação de viabilidade
econômica foi subtraído da RT (venda dos animais) o CT (CFT + CVT), ou
seja, calculou-se o lucro com a atividade. Realizou-se remuneração
90
proporcional dos custos para 98 dias correspondentes ao período
experimental.
4.3 Resultados e Discussão
Os resultados referentes ao desempenho dos animais estão na
Tabela 2. O custo variável médio (CVMe) para o desempenho alcançado
por estes animais foi de R$ 481,30, R$ 506,37, R$ 501,95, e o custo total
médio foi R$ 604,67, R$ 629,64 e R$ 625,31, respectivamente para os
tratamentos com suplemento mineral, suplemento múltiplo com 20 e 40% de
PB. O preço recebido correspondeu a R$ 630,00 por cabeça, valor superior
aos custos de produção. Dessa maneira, em qualquer das suplementações
houve viabilidade econômica (Tabela 3).
TABELA 2. Médias para peso vivo inicial (PVI), peso vivo final (PVF), ganho
médio total (GMT), ganho médio diário (GMD), consumo de
suplemento (CS) e coeficiente de variação (CV) em função dos
tratamentos
Níveis de proteína bruta no suplemento
0 20 40
Item
%
CV
PVI (kg)
282,57
280,57
274,43
4,83
PVF (kg) 368,00
368,00
352,00
5,72
GMT (kg) 86,00
87,00
77,00
18,61
GMD (kg)
0,872
0,888
0,787
18,36
CS (g/animal/dia) 100,0 650,0 480,0
Porém, deve-se levar em consideração que os animais que
receberam suplemento mineral, com consumo médio diário conforme
descrito na Tabela 2, alcançaram um consumo total de 75 kg durante o
período experimental. O valor pago na aquisição do saco de suplemento
com 30 kg foi de R$ 21,30, perfazendo o valor de R$ 53,25 para o lote de 7
animais, que equivaleu a 11,06% do custo variável dio de produção do
tratamento controle.
91
Corroborando com os dados do CEPEA (2007) que a suplementação
mineral e os gastos com manutenção, recuperação ou reforma da pastagem
variam de acordo com a quantidade e qualidade da suplementação, bem
como do manejo aplicado às pastagens e perfaz cerca 13,5 % a 15% dos
custos totais de produção.
TABELA 3. Custo Fixo Total (CFT), Custo Variável Total (CVT), Custo Total
(CT), Receita Total (RT), Lucro (L) para cada tratamento.
Níveis de proteína bruta no suplemento
0 20 40
Item
%
CFT R$ 863,58 R$ 863,58 R$ 863,58
CVT R$ 3369,13 R$ 3544,57 R$ 3513,62
CT R$ 4232,71 R$ 4408,15 R$ 4377,20
RT R$ 4410,00 R$ 4410,00 R$ 4410,00
L R$ 177,29 R$ 1,85 R$ 32,80
Constatou-se para os animais que receberam 20% de proteína bruta
no suplemento, um consumo de 450 kg no período. O valor do custo variável
médio foi de R$ 506,37 e o valor da suplementação na sua totalidade foi R$
225,00, equivalente a 44,43% do valor do custo variável médio total, sendo
este quatro vezes superior ao tratamento anteriormente evidenciado.
A suplementação com 40% de proteína bruta, custou para
propriedade R$ 194,70, correspondendo a 38,8% do custo variável médio
(R$ 501,95). O consumo desse suplemento equivaleu a 330 kg, sendo seu
custo 3,5 vezes maior do que com suplemento mineral.
Esses apontamentos são valiosos porque de acordo com Peres et al.
(2004), conhecer as variáveis com maior peso na determinação dos
resultados de cada sistema é de extrema importância, pois, ao identificar os
itens de maior impacto econômico, evitam-se erros ou decisões que
ocasionam grandes conseqüências, ou até prejuízos na instalação do
sistema escolhido. Assim, pela análise dos custos dos suplementos
92
fornecidos e o desempenho demonstrado pelos animais facilita a decisão de
qual manejo alimentar a ser adotado em cada situação.
Neste momento é percuciente lembrar dos apontamentos de Restle e
Vaz (1999) que inferem que no processo de terminação de bovinos de corte
em confinamento, a alimentação (volumoso + concentrado) representa mais
de 70% do custo total de produção, desses 70% aproximadamente dois
terços são representados pela fração concentrado. Com isso, alternativas
visando à redução nos custos destes componentes aumentaram a
lucratividade e verifica-se a importância de conhecer qual o percentual da
participação da alimentação no custo final para produção do animal.
Os animais foram vendidos em lote de 21 animais com valor de R$
13.230,00. O peso médio de cada lote foi de 362 kg (aproximadamente
12@), ou seja, o valor médio recebido por arroba foi de R$ 52,15.
Considerando que obteve-se nesta pesquisa custo para produção da arroba
de R$ 49,32, R$ 51,36 e R$ 53,31, para os tratamentos suplemento mineral,
mistura múltipla com 20% de PB e mistura múltipla com 40% de PB,
respectivamente. Considerando ainda o valor para formação da arroba em
cada tratamento e o valor recebido pela mesma na comercialização destes
animais, observou-se que o suplemento com 40% de PB não foi lucrativo.
Situação diferenciada da forma como foi realizada a venda destes animais,
pois, seriam futuros tourinhos e o valor foi calculado pelo lote (número de
animais) e não por rendimento de carcaça.
O ganho de peso médio dos animais foi igual estatisticamente entre
os tratamentos, entretanto, se houvesse diferença nos ganhos de peso com
a inclusão de proteína bruta na dieta, de modo que o valor recebido cobrisse
os custos, tornando-o compensatório, mesmo pagando-se pouco mais pela
formação do animal e vendendo-se bem, os custos acabariam sendo
diluídos e a lucratividade ficaria mais aparente.
Portanto, para o suplemento com 40% de PB mostrar-se lucrativo, o
desempenho dos animais deveria ser superior. Para que possa receber um
valor satisfatório, o pecuarista deve se valer de um bom sistema de gestão,
e ficar atento ao custo inerente a atividade explorada.
93
Economicamente, os gestores procuram alternativas que supram as
necessidades financeiras de suas empresas (retorno lucrativo), de modo que
os custos sejam os menores possíveis. Sob essa óptica que é possível
exprimir que a melhor opção, no caso desse experimento, seria a do
tratamento com suplemento mineral, onde a produtividade foi satisfatória,
principalmente quando comparada com a produtividade obtida nos demais
tratamentos que se mostraram mais dispendiosos.
Ao considerar apenas a diferença entre a receita total e o custo
operacional variável total observamos um retorno bastante expressivo de R$
1.182,27; R$ 1.010,52 e R$ 1.040,82, respectivamente para os tratamentos
com suplemento mineral, mistura múltipla com 20% de PB e mistura múltipla
com 40% de PB. Possivelmente, os cálculos de custo de produção na
pecuária nacional têm caminhado neste sentido, e este é o motivo da
ocorrência de utilização de equipamentos sucateados e pastagens
degradadas não conseguindo em longo prazo reestruturação das
propriedades.
Para o cálculo dos custos de produção na atividade pecuária, alguns
dispêndios devem ser levados em consideração, destaque-se principalmente
o valor dos combustíveis e lubrificantes, medicamentos, máquinas e
implementos agrícolas, serviços de terceiros, depreciações, custos de
oportunidade, dentre outros.
Para o cálculo dos custos com alimentação animal, são observadas
despesas com suplementação mineral, bem como os insumos utilizados
para a formação, reforma e manutenção de pastagem fertilizantes,
sementes, máquinas, herbicidas, abrangendo depreciações, energia,
lubrificantes.
É importante salientar que esses resultados refletem um instante de
tempo de cada sistema de produção, sendo possível que estes se alterem
com ocorrências que impactam significativamente os custos e receitas de
cada sistema.
As condições do experimento não devem ser esquecidas, de maneira
que, a realização deste justamente no período das águas (janeiro a abril),
94
pode ter influenciado no ganho de peso. Caso este experimento seja
repetido no período da seca, a forragem podenão fornecer a quantidade
de matéria seca necessária ao ganho de peso médio observado neste
período, e o valor nutricional estaria aquém do desejado.
Figueiredo et al. (2007), avaliou a resposta econômica de quatro
estratégias de suplementação baseadas na idade ao abate dos animais (18,
24, 30 e 40 meses) durante o ciclo produtivo de bovinos de corte recriados e
terminados em pastagens tropicais e todas as alternativas de manejo foram
economicamente viáveis. Entre as estratégias de suplementação avaliadas,
o melhor desempenho observado foi com abate aos 18 meses, seguido
pelas estratégias de abate aos 30, 24 e aos 40 meses.
A lucratividade do sistema de produção é altamente dependente das
variações de mercado, tanto para preços de aquisição de insumos quanto
para venda de animais.
Dessa forma, utilizando-se o processo de armazenagem, a aquisição
de insumos em períodos de alta oferta e, conseqüentemente, de menor
preço permite elevar de forma satisfatória a lucratividade do sistema
(Detmann et al., 2004).
uma relação direta entre a viabilidade de sistemas com
suplementação e o custo do suplemento. A escolha de um ou mais
alimentos abundantes na região resulta em menor custo de aquisição e de
transporte, possibilitando ainda o acompanhamento dinâmico da relação
preços de produtos/insumos (Pötter et al., 2000). Segundo CEPEA (2007) a
pecuária de corte brasileira é bastante competitiva por produzir arrobas a
baixos custos, porém, os custos se diferenciam bastante, conforme a região.
4.4 Conclusões
A suplementação de bovinos no período das águas considerando
suplementos com 0, 20 e 40% de proteína bruta foram viáveis
economicamente.
Como os animais apresentaram não apresentaram diferença
estatística no desempenho entre os tratamentos e considerando a forma
95
como foi realizada a sua comercialização, a suplementação apenas com
suplemento mineral foi a de menor custo, ela mostrou-se mais viável
comparativamente ao suplemento com 20% ou 40% de PB.
A suplementação com 20% de PB teve um custo maior que o de 40%
de PB, devido ao consumo do último suplemento ter sido inferior e o ganho
de peso igual.
Da forma como foram comercializados esses animais, a atividade se
mostrou viável para os três sistemas produtivos, porém se o objetivo do
produtor for somente “Lucro” é interessante que ele o utilize a
suplementação, pois sua utilização reduziria a lucratividade da atividade uma
vez que seus custos seriam adicionados dos gastos com os suplementos.
Porém, se a preocupação do produtor focar sobre a capacidade de produção
sem a descapitalização do mesmo, ou em outras palavras for viável o
processo de produção, e a suplementação trouxer outros benefícios em
prazos maiores de investimento, sua utilização pode ser recomendada.
Contudo, considerando o valor para formação da arroba em cada
tratamento, o suplemento com 40% de PB não se mostrou lucrativo quanto
os demais tratamentos.
4.5 Referências Bibliográficas
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Campus, 2000. 710p.
98
5. CONCLUSÕES
A inclusão de proteína no suplemento influenciou o comportamento
ingestivo dos animais tais como, tempo de pastejo, ócio e tempo de
permanência dos animais no cocho, entretanto, não modificou o tempo de
ruminação e a taxa de bocado. A suplementação diminuiu o tempo de
pastejo, aumentou o tempo de ócio e o tempo de permanência dos animais
no cocho.
Pelo comportamento quadrático observado para as variáveis tempo
de pastejo e tempo de permanência no cocho infere-se que o fornecimento
de suplemento múltiplo com 20 e 40% de PB para bovinos no período das
águas em pastagem bem manejada promoveu, respectivamente, efeito
substitutivo do consumo da forragem pelo suplemento e excesso de amônia
no rúmen com incremento calórico e gasto de energia no metabolismo do
nitrogênio. E a adição de proteína na dieta supriu parte das necessidades
nutricionais e diminuiu o gasto energético dos animais para caminhada na
seleção da forragem, como pode ser observado pelo efeito linear crescente
para tempo de ócio.
Com relação à distribuição das variáveis de comportamento durante o
período diurno, o pastejo dos bovinos foi mais intenso no período vespertino,
enquanto, que o tempo de ócio e o tempo de permanência dos animais no
cocho foram maiores no período matutino, provavelmente, pelo horário de
fornecimento dos suplementos.
99
Os diferentes turnos não tiveram influencia sobre o tempo de
ruminação e taxa de bocados, estas variáveis estão intimamente
relacionadas à estrutura do pasto, que foi mantida uniforme.
A respeito da expectativa de que a inserção de suplementos com
níveis crescentes de proteína na dieta dos animais iria potencializar o
desempenho animal, esta não foi confirmada. A suplementação com
diferentes veis de proteína no período das águas o influenciou o
desempenho dos animais em pastejo e o ganho médio diário dos animais
durante o período experimental foi de 0,849 kg, constituindo-se em uma
ótima resposta quando se considera animais em pastejo recebendo apenas
suplementação mineral. No estudo da correlação do peso animal com a
composição bromatológica da forragem amostrada pela técnica de
simulação de pastejo e a estrutura da pastagem, verificou-se que teor de
proteína bruta na parede celular foi negativamente correlacionado com o
desempenho animal e apenas a massa de forragem apresentou uma forte e
positiva correlação.
A atividade se mostrou viável para os três sistemas produtivos, mas é
importante salientar que esses resultados refletem um instante de tempo de
cada sistema de produção, sendo possível que estes se alterem com
ocorrências que impactam significativamente os custos e receitas de cada
um deles. Pela análise apenas do “lucro” sem considerar outros possíveis
benefícios a longo prazo, a suplementação com suplemento mineral foi a de
menor custo, ela mostrou-se mais viável comparativamente ao suplemento
múltiplo com 20 e 40% de PB. E confrontando os custos da suplementação
com 20 e 40% de PB, a segunda teve um custo menor porque o consumo de
suplemento foi inferior ao estimado inicialmente, entretanto, o ganho de peso
foi o mesmo.
100
APÊNDICE A - Tempo médio diário em minutos, de pastejo, ócio, ruminação
e permanência no cocho dos animais recebendo
suplementos com 0, 20 e 40% de PB, durante todo o período
experimental
Atividades comportamentais (min)
Pastejo Ócio Ruminação Cocho
0 20 40 0 20 40 0 20 40 0 20 40
Meses
% % % %
Fevereiro
452 476 430 129 137 139 132 88 141 7 19 10
Março
501 323 431 102 193 177 113 167 90 4 37 23
Abril
460 416 351 94 126 216 159 156 144 7 2 10
Média
471 405 404 108 152 177 135 137 125 6 26 14
101
APÊNDICE B – Planilhas de custo de produção
Custos Variáveis Totais
Descrição Unidade
Quantidade
Valor Unitário Valor Total
Animais
Vacinas
Mão-de-obra
Suplemento
COpVT
R$ -
Custo Alternativo (%)
R$ -
MDO Administrativa
R$ -
Custos de
Comercialização
R$ -
Impostos e Taxas
R$ -
Custo de Manutenção
R$ -
CVT
R$ -
Custos Fixos Totais
Descrição
Und
Qnt
V. Unitário
Valor Total
Vida
Útil V. Residual
Depreciação
C. Alternativo
Custo Fixo
Terra
Curral
Cerca
Pasto
Represa
Total Investido na Propriedade
R$ - CopFT
R$ - CFT
R$ -
102
APÊNDICE C – Identificação dos animais
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