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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
Naiara Miranda Rust
Estudo da Infecção de Células Endoteliais Humanas
por Arbovírus Modulada pelos Peptídeos Bradicinina e
Angiotensina 1-7
Dissertação de Mestrado submetida à Universidade
Federal do Rio de Janeiro visando a obtenção do grau de
Mestre em Ciências Biológicas (Biofísica)
Rio de Janeiro
2008
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Rust, Naiara Miranda
Estudo da Infecção de Células Endoteliais Humanas por Arbovírus Modulada pelos Peptídeos
Bradicinina e Angiotensina 1-7/Naiara Miranda Rust
Rust - Rio de Janeiro, UFRJ, IBCCF, 2008
Folhas 109
Orientador: Júlio Scharfstein
Co-orientadora: Luciana Barros de Arruda (IMPPG)
Tese (mestrado) – UFRJ/Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho/Programa de Pós-Graduação
em Ciências Biológicas – Biofísica, 2008.
Referências bibliográficas: 86 a 99
1. Dengue 2. Sindbis 3. Bradicinina 4. Angiotensina 1-7 5.Endotélio 6.Óxido Nítrico 7. Apoptose
I. Scharfstein, J. Universidade Federal do Rio de Janeiro
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas.
III. Estudo da Infecção de Células Endoteliais Humanas por Arbovírus Modulada pelos Peptídeos
Bradicinina e Angiotensina 1-7
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Naiara Miranda Rust
Estudo da Infecção de Células Endoteliais Humanas por
Arbovírus Modulada pelos Peptídeos Bradicinina e Angiotensina
1-7
Dissertação de Mestrado apresentada
ao Programa de Pós-Graduação do
Instituto de Biofísica Carlos Chagas
Filho da Universidade Federal do Rio
de Janeiro como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de
mestre em Ciências (Biofísica)
Orientador: Júlio Scharfstein
Co-orientadora: Luciana Barros de Arruda
Rio de Janeiro
2008
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
Universidade Federal do Rio de Janeiro –
Rio de Janeiro - 2008
Este trabalho foi realizado nos Laboratórios: Laboratório de Imunologia Molecular do
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho e Laboratório de Imunobiologia das
Infecções Virais do Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes, na
Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob a orientação do Dr. Júlio Scharfstein e co-
orientação da Dra. Luciana Barros de Arruda Hinds, com auxílio financeiro das
seguintes entidades CAPES e FAPERJ
Naiara Miranda Rust
Estudo da Infecção de Células Endoteliais Humanas por Arbovírus Modulada
pelos Peptídeos Bradicinina e Angiotensina 1-7
Dissertação de Mestrado submetida à Universidade Federal do Rio de Janeiro visando a
obtenção do grau de Mestre em Ciências Biológicas (Biofísica)
Aprovada por:
__________________________________________________
Presidente, Prof. Dr. Ronaldo da Silva Mohana Borges – IBCCF - UFRJ
__________________________________________________
Profa. Dra. Verônica Maria Morandi da Silva- UERJ
__________________________________________________
Prof. Dra. Jennifer Lowe – IBCCF - UFRJ
__________________________________________________
Orientador, Prof. Dr. Júlio Scharfstein – INCCF - UFRJ
__________________________________________________
Co-orientadora, Profa. Dra. Luciana Barros de Arruda Hinds - IMPPG - UFRJ
Resumo
Os arbovirus são um grupo de vírus transmitidos por artrópodes, onde estão incluídos
alguns vírus associados a infecções humanas como os vírus Sindbis (SINV) e da dengue
(DENV). A infecção por SINV está associada a quadros neurológicos e artrite, ambos
resultado de um quadro inflamatório. A infecção por DENV, pode desenvolver-se como
uma febre clássica ou pode levar a uma alteração na permeabilidade do endotélio
microvascular conduzindo ao extravasamento de líquido, caracterizando a dengue
hemorrágica. Manifestações neurológicas também têm sido relatadas. Esses achados
apontam a resposta inflamatória, a manutenção da hemostasia e integridade do endotélio, e
o rompimento da barreira hematoencefálica como elementos importantes da patogênese
dessas infecções. Bradicinina (BK) e Angiotensina 1-7 (Ang 1-7) são peptídeos vasoativos
encontrados no plasma, envolvidos na manutenção da hemostasia. Agem sobre as células
endoteliais, induzindo a produção de óxido nítrico, o que leva ao relaxamento muscular e
vasodilatação, podendo modular também a apoptose. No presente trabalho, nós avaliamos o
efeito de BK e Ang 1-7 na regulação da infecção por DENV e SINV em linhagens celulares
humanas de endotélio microvascular cerebral (BMEC) e de glioma (U87). Nós observamos
que a BK (10 nM) e Ang 1-7 (100nM) modularam positivamente a replicação de ambos os
vírus de maneira dependente dos receptores B2R e AT1R. A adição dos peptídeos às
culturas retardou a apoptose induzida por esses vírus e esse efeito envolveu também os
receptores B2R e AT1R, além de ter sido bloqueado por inibidor de PI3 cinase (PI3K), a
wortmanina. Além disso, a avaliação da infecção de BMEC com DENV demonstrou que
tanto o vírus, quanto os peptídeos BDK e Ang 1-7, isoladamente, induzem a produção de
NO por essas células. Entretanto, a adição dos peptídeos após a infecção de BMECs
promoveu uma inibição da produção desse mediador. Essa inibição é revertida na presença
dos antagonistas dos receptores B2 e AT1 e da wortmanina, sugerindo que esse evento é
modulado por mecanismos semelhantes aos da modulação da replicação viral e da apoptose.
De fato, o NO inibe a replicação de DENV nessas células e induz apoptose, uma vez que o
tratamento de BMECS infectadas com um inibidor da óxido nítrico sintase (L-NMMA)
promoveu um aumento da replicação viral e uma inibição da apoptose induzida pelo vírus.
Em conjunto, nossos dados indicam que BDK e Ang 1-7 potencializam a infecção por
DENV e SINV em células endoteliais (DENV e SINV) e da glia (SINV), possivelmente por
retardar a apoptose e inibir a produção de NO.
Abstract
The arboviruses are a group of virus transmitted by arthropods, which include some viruses
associated to human infection, such as dengue (DENV) and Sindbis (SINV). SINV
infection is associated to neurological symptoms and arthritis, and both manifestations
involves an inflammatory response. DENV infection causes clinical symptoms that vary
from a relatively mild fever to a severe dengue hemorrhagic fever. The severe clinical
manifestations are associated to altered vascular permeability and plasma leak, caused by
modifications in endothelial cells, and by an extensive inflammatory response. Neurological
manifestations were also observed. These findings suggest that the inflammatory response,
alterations in the endothelium integrity and hemosthasis, and the disruption of the brain
blood barrier are key elements of the pathogenesis of these infections. Bradykinin (BK) and
Angiotensin-1-7 (Ang 1-7) are plasma peptides that regulate vascular permeability and
hemostasis. They modulate endothelial cell function, inducing nitric oxide (NO) production,
which mediates vasodilatation and muscular relaxing, and can also influence cellular
apoptosis. In the present work, we evaluated the effect of BK and Ang 1-7 in the regulation
of DENV and SINV infection in a human brain microvascular endothelial cell line (BMEC)
and in a human glioma cell line (U87). We observed that BK (10nM) and Ang 1-7 (100nM)
positively modulated the replication of both viruses, by a mechanism dependent on B2R
and AT1R receptors. The presence of these peptides in the cultures of infected BMECs
inhibited the apoptosis mediated by the viruses, and this effect was also associated to B2R,
AT1R, and was blocked by an PI3 kinase (PI3K) inhibitor, wortmanin. Furthermore, the
analysis of BMEC infection by DENV demonstrated that the virus and the peptides BK and
Ang 1-7 induced NO production when added alone. However, the addition of the peptides
after BMECs infection promoted an inhibition of NO production. This inhibition was
reverted by B2R and AT1R antagonists and by wortmanin, suggesting that this event is
modulated by mechanisms that are similar to the ones involved in the modulation of viral
replication and apoptosis. In fact, NO inhibits DENV replication in BMECs and induce
apoptosis, given that the addition of an NOS inhibitor (L-NMMA) promoted an increase in
the viral titers and an inhibition of virus-mediated apoptosis. Taken together, our data
indicate that BK and Ang 1-7 potentiate DENV and SINV infection in endothelial (DENV
and SINV) and glia (SINV) cells, and this event may be associated to delay in the apoptosis
and a decrease in NO production.
Sumário
1. Introdução 15
1.1. Arbovírus 15
1.1.1. Família Togaviridae 15
1.1.1.1. Alphavirus 16
1.1.1.1.1. Estrutura e Biossíntese do Vírus Sindbis 17
1.1.1.1.2. Patogênese do Vírus Sindbis 20
1.1.2. Família Flaviviridae 22
1.1.2.1. Vírus da Dengue 23
1.1.2.1.1. Estrutura e Biossíntese do Vírus da Dengue 24
1.1.2.1.2. Manifestações Clínicas e Patogênese da Dengue 27
1.2. Mecanismos de Indução de Apoptose Celular e seu Papel na Infecção
Viral
32
1.3. Óxido Nítrico 34
1.4. Mediadores Vasoativos 36
1.4.1. Sistema Calicreína-Cinina 36
1.4.2. Sistema Renina-Angiotensina 39
1.4.3. Integração dos Sistemas Calicreína-Cinina e Renina-Angiotensina 42
1.5. Papel do Sistema Renina-Angiotensina em Infecções Virais 44
1.6. Justificativa do Trabalho 45
2. Objetivos 47
2.1. Objetivo Geral 47
2.2. Objetivos Específicos 47
3. Material e Métodos 49
3.1.Cultura de Células 49
3.2. Vírus 50
3.3. Infecção das Células Endoteliais e Macrófagos 50
3.3.1. Análise da Infecção Celular por Plaqueamento 51
3.3.2. Análise da Infecção Celular por Imunofluorescência (IF) 52
3.4. Análise da Expressão de Receptores de Cininas e Angiotensina 52
3.5. Análise da Viabilidade Celular após Infecção com Vírus da Dengue e 53
com vírus Sindbis, na Presença de Cininas e Angiotensina
3.6. Avaliação da Produção de Óxido Nítrico pelas Células Endoteliais após
Infecção com Vírus da Dengue, na Presença de Cininas e Angiotensina
54
3.7. Analise da Interferência de Óxido Nítrico na Infecção de Células
Endoteliais pelo vírus da Dengue, Modulada por Bradicinina e Angiotensina
1-7
55
3.8. Analises Estatísticas 56
4. Resultados 57
4.1. Infecção de Células Endoteliais pelos Vírus da Dengue e Sindbis 57
4.2. Bradicinina é Capaz de Potencializar a Infecção de BMECs pelo Vírus
Sindbis.
59
4.3. Angiotensina 1-7 Modula a Infecção de BMECs pelo Vírus Sindbis
Através dos Receptores de Angiotensina AT
1
e MAS
61
4.4. Os peptídeos Bradicinina e Angiotensina 1-7 também Potencializam a
Infecção de Células de Glioma (U87) pelos Vírus Sindbis
63
4.5. Os peptídeos Bradicinina e Angiotensina 1-7 Protegem as Células
Endoteliais da Apoptose Induzida por Sindbis.
65
4.6. Modulação da Infecção de Células Endoteliais pelo Vírus da Dengue
Mediada por Bradicinina e Angiotensina 1-7.
67
4.7. Bradicinina Modula a Apoptose Celular em BMECs Infectadas com o
Vírus da Dengue
72
4.8. Os Peptídeos Bradicinina e Angiotensina 1-7 Modulam a Produção de
NO em BMECs Infectadas com o Vírus da Dengue via Receptor B
2
R
74
4.9. A via PI3K pode estar Envolvida na Modulação de NO Mediada por
Bradicinina em BMECs Infectadas com o Vírus da Dengue
77
4.10. Papel do NO na Indução da Apoptose Mediada por DENV2 e na
Regulação da Replicação Viral
79
5. Discussão 82
6. Conclusões 91
7. Modelo Proposto 92
8. Referências Bibliográficas 93
Dedico essa dissertação ao meu Pai, meu
ídolo, meu grande incentivador. Sei que
onde estiver está orgulhoso de mim.
Obrigada por todo amor que teve por
mim, obrigada por todos os momentos
felizes que tivemos, obrigada pelos
puxões de orelha... A vida não tem a
mesma essência sem você... mas posso te
sentir aqui pertinho.. Saudades eternas.
Eu te amo!!
“Quem busca a verdade, deve
questionar tudo.” (Aristóteles)
Agradecimentos
- Ao meu orientador Júlio por investir e acreditar em mim e pela compreensão;
- A minha co-orientadora Luciana pela confiança depositada em mim, pelo incentivo, apoio,
compreensão e pela amizade;
- A Lígia pelo incentivo, orientação e pelo espaço de trabalho cedido;
- Aos colegas de laboratório, Aline, Ana Carolina, Andreza, Carolina, Débora, Juliana,
Leonardo, Raquel, Rodrigo, Thaline e Sidney, pela grande amizade que vocês têm por mim.
Obrigada pelo apoio, compreensão, carinho. Vocês foram essenciais para a realização desse
trabalho e, principalmente, para eu superar os momentos mais difíceis da minha vida;
- A Leila pelos ensinamentos e apoio na sala de cultura;
- A Daniele pela amizade, ensinamentos e ajuda com as imunofluorescências;
- Aos colegas do laboratório de Imunobiologia, Alessandra, Ilka, Verônica, Larissa, Ana
Carolina, Alda pelo apoio;
- Aos amigos dos laboratórios do Marcelo e da Elvira, obrigada por todo apoio, pelo
material cedido e amizade;
- A Juliana e a Wânia, por serem a minha família aqui no Rio. Obrigada por todo apoio,
compreensão e por toda a amizade e carinho dedicados a mim;
- Aos meus grandes amigos Agatha, Caíque, Daniela, Raphaela e Débora pelo incentivo,
apoio incondicional e pela amizade;
- Especialmente a minha mãe, meu pai, e meus irmãos vocês são a razão de toda a minha
existência. Obrigada pelo amor, confiança e orgulho que vocês têm por mim. O incentivo e
a força que depositaram em mim foi essencial para eu chegar até aqui;
- A todos os meu familiares que sempre torceram por mim;
- À Deus por trilhar o meu caminho e me dar forças para superar todos os obstáculos;
- À todos os colaboradores por todo material cedido.
Lista de Figuras
Figura 1 - Ciclo Viral de Sindbis 19
Figura 2 – Ciclo Viral de Dengue 26
Figura 3 – Patogênese da Dengue 32
Figura 4 – Sistema Calicreína-Cinina 37
Figura 5 – Sistema Renina-Angiotensina 42
Figura 6 – Integração dos Sistemas Calicreína-Cinina e Renina-Angiotensina 43
Figura 7 - Avaliação da Permissividade de BMECs por SINV 58
Figura 8 - Potencialização da Infecção de BMECs pelo Sindbis por
Bradicinina.
60
Figura 9 - Angiotensina 1-7 Modula a Infecção de BMECs por Sindbis,
Mediada pelos Receptores AT
1
e MAS
62
Figura 10 - Os peptídeos Angiotensina 1-7 e Bradicinina Modulam a
Infecção de U87 pelo Virus Sindbis, Mediada pelos Receptor Específicos
64
Figura 11 - Modulação da Apoptose Celular Induzida por SINV, Mediada
por Angiotensina 1-7 e Bradicinina
66
Figura 12 - Análise da Expressão de Receptores de Bradicinina em BMECs
Infectadas por Vírus da Dengue.
68
Figura 13 - Potencialização da Infecção de BMECs pelo Vírus da Dengue
Mediada por Bradicinina.
69
Figura 14 - Potencialização da Infecção de BMECs pelo Vírus da Dengue
Mediada por Angiotensina 1-7
70
Figura 15 - Angiotensina 1-7 Modula a Infecção de BMECs pelos Vírus da
Dengue e Sindbis, Mediada pelos Receptores AT
1
e MAS
71
Figura 16 - Bradicinina Inibe a Apoptose Induzida por DENV em BMECs. 73
Figura 17 - Bradicinina Inibe a Produção de NO em Células Endoteliais,
Induzida pelo Vírus da Dengue.
75
Figura 18 - Angiotensina 1-7 Inibe a Produção de NO em Células
Endoteliais, Induzida pelo Vírus da Dengue
76
Figura 19 - A inibição da Produção de NO em BMECs Infectadas por
DENV, Mediada por Bradicinina, pode ser Via PI3K.
78
Figura 20 - L-NMMA Inibe a Produção de NO em BMECs sem Interferir na
Viabilidade Celular.
80
Figura 21 - Papel do NO na Apoptose Induzida por DENV2 e na Regulação 81
da Replicação Viral
Figura 22 – Mecanismos de Modulação da Infecção por Dengue em Células
Endoteliais
92
Abreviações
A779 – antagonista do receptor de angiotensina 1-7
Ac – anticorpo
AKT – proteína cinase B (“Protein Kinase B”)
Ang 1-7 – angiotensina 1-7
Ang II – angiotensina II
AT
1
– receptor para angiotensina II tipo 1
AT
2
- receptor para angiotensina II tipo 2
B
1
R – receptor B
1
de bradicinina
B
2
R – receptor B
2
de bradicinina
BK – bradicinina
BMEC – células endoteliais microvascular cerebral humana (“Brain microvascular
endothelial cells”)
BSA – albumina de soro bovino (“Bovine serum albumin”)
C3a –anafilotoxina 3 do complemento
C5a –anafilotoxina 5 do complemento
C6/36 – linhagem de células de mosquito Aedes albopictus
CPE – efeito citopático
CPM – carboxipeptidase M ou cininase I
Des-BDK – des-Arg
9
-bradicinina
DAF-FM – 4-amino-5-metilamino-2,7-difluoresceína
DCs – células dendríticas
DENV-2 – dengue vírus sorotipo-2
ECA – enzima conversora de Angiotensina tipo 1ou cininase II
ECA 2 - enzima conversora de Angiotensina tipo 2
eNOS – óxido nítrico sintase endotelial
Fc – porção constante da imunoglobulina
FHD – febre hemorrágica de dengue
GPCRs – receptores acoplados a proteína G-regulatória
HK – cininogênio de alto peso molecular
HOE 140 – antagonista de B
2
R
HUVEC – célula endotelial de veia de cordão umbilical humano
ICAM-1 – molécula de adesão intracelular
IFN-γ – interferon gama
IL – interleucina
iNOS – óxido nítrico sintase induzível
JEV – vírus da encefalite Japonesa
[Leu
8
]-des-Arg
9
-BDK – antagonista do receptor de bradicinina
Lis – lisinopril
LK – cininogênio de baixo peso molecular
Losartan – antagonista do receptor AT
1
LPS – lipopolissacaídeo de parede de bactérias gram negativas
MAS – receptor de angiotensina 1-7
MHC – molécula de histocompatibilidade principal
MIF – fator inibidor de migração
MIP – proteína inflamatória de macrófago
MOI – multiplicidade de infecção
NEP – endopeptidase neutra
NF-κB – fator de transcrição κ B
nNOS - óxido nítrico sintase neuronal
NO – óxido nítrico
OMS – organização mundial de saúde
ORF – região aberta de leitura
PAF – fator ativador de plaqueta
PBMC – células polimorfonucleres de sangue periférico
PBS – salina tamponada em fosfato
PFU – unidade formadora de placa
PKC – proteína cinase C
p,i. – pós infecção
P.I. – iodeto de propídeo
PI3K – fosfatidilinositol 3-cinase
RNA – ácido ribonucléico
SINV - Sindbis
SFB – soro fetal bovino
TNF-α – fator alfa de necrose tumoral
VCAM-1 – molécula de adesão vascular
VEGF – fator de crescimento de endotélio vascular
WEV– vírus do oeste do Nilo
Wort – wortmanina
1. Introdução
1.1 – Arbovirus
Os Arbovíus compreendem um grupo de vírus que são transmitidos por vetores
artrópodes. A replicação viral ocorre tanto no hospedeiro invertebrado quanto no
hospedeiro vertebrado (Nathanson, 1996). Mais de 500 vírus ecologica e
epidemiologicamente distintos pertencem a esse grupo (Tesh, 1982), sendo os mais
importantes para saúde pública pertencentes às famílias Flaviviridae, Togaviridae e
Bunyaviridae (Kuniholm et al., 2006). Além do modo de transmissão, esses vírus têm
como característica serem envelopados e possuírem RNA como genoma (Romanos,
2002).
1.1.1 – Família Togaviridae
Originalmente os Togaviridae eram formados por diversos gêneros agrupados
baseados nos seguintes itens (i) - RNA fita simples não segmentado; (ii) forma de
transcrição – RNA funciona como mRNA; e (iii) modo de transmissão. Devido a essas
características, os Flavivirus foram inicialmente classificados como pertencentes a essa
família. Estudos sobre a estrutura do genoma e replicação estabeleceram a criação da
família Flaviviridae, ficando apenas os gêneros Alphavirus e Rubivirus como membros
de Togaviridae. Os rubivirus são representados pelo vírus da rubéola. Esses vírus não
são capazes de replicar em células de insetos, apenas células de vertebrados causando
pouco efeito citopático, diferentemente dos alphavirus (rev. Schlesinger e Schlesinger,
1996).
1.1.1.1 – Alphavirus
Os alphavirus compreendem uma variedade de espécies de vírus que
compartilham características moleculares e estruturais, mas são responsáveis por
diferentes síndromes em humanos e em modelos experimentais de animal. As infecções
em humanos podem ser assintomáticas, causar febre branda, ou gerar doenças graves,
acometendo as articulações e o sistema nervoso central, com subseqüente encefalite
(Johnston e Peters, 1996). Todos os alphavirus patogênicos para humanos replicam e
são transmitidos por mosquitos, entretanto, alguns membros do grupo têm sido isolados
de outros artrópodes hematófagos como carrapato. A distribuição geográfica desses
vírus está relacionada com a presença do mosquito vetor, sendo abundante em regiões
tropicais (Strauss e Strauss, 1994).
O vírus Sindbis (SINV) é o representante dos alphavirus mais estudado, sendo
considerado o protótipo para o estudo de replicação e utilização como vetor biológico
(Johnston e Peters, 1996), sendo amplamente distribuído pela Europa, África, Ásia e
Austrália (Kurkela, et al., 2005). O primeiro registro de infecção por SINV foi em
1952, quando o vírus foi isolado de mosquito do gênero Culex coletado na vila de
Sindbis próximo ao Cairo (Taylor et al., 1955). Hoje se sabe que SINV pode também
ser transmitido pelos gêneros Aedes e Culisela, geralmente adquiridos de aves (Laine et
al., 2004).
Durante anos SINV foi considerado um vírus não patogênico, pois não haviam
sido caracterizados os sintomas da infecção pelo vírus. Em 1961, na Uganda, sintomas
clínicos foram observados em infecção por SINV (Gresikova et al., 1978), mas apenas
em 1980 evidências sorológicas associaram rachaduras e artrites epidêmicas ao vírus.
Mais recentemente demonstraram que SINV foi identificado como agente etiológico da
doença conhecida como “Pagosta” (Kurkela et al., 2005).
Os sintomas da Pagosta aparecem na fase aguda da doença após um período de
aproximadamente 8-9 dias que corresponde à incubação do vírus. O paciente apresenta
inflamação nas articulações, rachadura na pele, fadiga, enxaqueca, febre branda e dor
muscular (Kurkela, et al., 2005; Laine et al., 2004). O acometimento das articulações,
provavelmente, permanece por mais de 12 meses, dependendo da idade do paciente. O
diagnóstico pode ser dado por detecção do RNA viral no sangue ou isolando o vírus da
pele (Kurkela, et al., 2005).
1.1.1.1.1 - Estrutura e Biossíntese Viral do Vírus Sindbis
SINV é formado por um nucleocapsídeo icosaédrico composto por 240 cópias da
proteína do capsídeo (C), envolto por uma bicamada lipídica derivada da membrana
celular do hospedeiro. As duas glicoproteínas virais do envelope, E1 e E2, encontram-se
na forma de heterodímeros E1-E2, e interagem com o capsídeo através de projeções
internas na camada lipídica (rev. Schlesinger e Schlesinger, 1996).
O genoma é composto por RNA fita simples, de polaridade positiva, contendo
11,5 kb, arranjado em dois módulos. O primeiro módulo que corresponde a dois terços
da região 5’ codifica proteínas não estruturais (nsPs 1-4), requeridas para a replicação e
transcrição do RNA. O segundo módulo, correspondente a um terço da região 3’,
codifica as proteínas estruturais E1, E2 e C. O terminal 5’ é capeado por 7-
metilguanosina e o terminal 3’ é poliadenilado (rev. Schlesinger e Schlesinger, 1996).
A biossíntese viral (Fig. 1) se inicia com a entrada do vírus na célula hospedeira,
via endocitose, após interação entre receptores celulares ainda não caracterizados com a
glicoproteína de envelope E2. Anticorpos neutralizantes contra a proteína E2 e
mutações em E2 ou E1 são capazes de alterar a capacidade de infecção do vírus (Chanas
et al., 1982). As vesículas contendo vírus sofrem processo de acidificação levando a
dissociação do heterodímero E1-E2 e concomitante trimerização da subunidade E1
(Schlesinger e Schlesinger, 1996). Esta mudança inicia a fusão do envelope lipídico
com a membrana do endossomo, promovendo a liberação do genoma viral contido no
nucleocapsídeo para o citoplasma (Strauss e Strauss, 1994), evento que permite acesso
dos ribossomos celulares ao RNA viral para iniciar a tradução.
A poliproteína produzida é co-traducionalmente e pós-traducionalmente clivada
em quatro regiões, dando origem às proteínas não estruturais (nsP1-4) requeridas para a
iniciação da amplificação do RNA viral. A protease ativa responsável pela clivagem
está localizada no domínio C-terminal da nsP2 (Strauss e Strauss, 1994; Schlesinger e
Schlesinger, 1996). O RNA fita positiva é também utilizado como molde para gerar a
fita complementar negativa, que dará origem a novos genomas, e ao RNA subgenômico.
As proteínas estruturais são sintetizadas como poliproteína a partir do mRNA
subgenômico. As glicoproteínas do envelope E1 e precursor de E2 (PE2) são separadas
por clivagem da peptidase sinal, formando um heterodímero que migra através da via
secretória para a membrana plasmática (Frolov, et al., 1996).
No citoplasma, o complexo composto da subunidade C e do genoma viral forma
o nucleocapsídeo, que se associa à membrana plasmática, adquirindo um envelope
Figura 1 – Ciclo Viral de Sindbis. 1. Adsorção e entrado do vírus por endocitose. 2.
Liberação do RNA viral no citoplasma. 3. Tradução do genoma em poliproteína viral. 4. RNA
(+) será transcrito em RNA (-) por nsP. 5 e 6. RNA (-) dará origem a novos RNA (+) que serão
traduzidos em proteínas estruturais. 7, 8 e 9. As proteínas estruturais são transportadas até a
membrana por via secretória. 10. Genoma viral se liga ao capsídeo. 11 e 12. Saída do vírus por
botamento. 13. Partícula viral madura.
contendo a bicamada lipídica e as glicoproteínas virais (Frolov et al., 1996).
RNA (+)
RNA (-)
www2.cbm.uam.es/.../Virologia/Togavirus.htm
1.1.1.1.2 - Patogênese do Vírus Sindbis
Devido à interação do vírus com a célula hospedeira ser mediada pela
glicoproteína E2, a mudança de apenas um aminoácido dessa proteína afeta a virulência
de estágios iniciais da replicação de SINV em neurônios (Griffin, 1998). Além disso,
anticorpos neutralizantes contra a proteína E1, são capazes de diminuir a infecção em
células VERO. No entanto, anticorpos subneutralizantes contra essa mesma proteína
viral induzem aumento da infecção em linhagem de macrófagos mediada por receptor
Fc (Chanas et al., 1982).
Estudos comprovam que SINV é capaz de infectar uma variedade de linhagens
de células de inseto e de vertebrados, tanto in vitro quanto in vivo, como neurônios
(Griffin, 1998; Lewis, et al., 1996, 1999; Lin et al., 1999), fibroblasto, célula muscular
(Frolov, et al., 1996), célula tumoral (Tseng et al., 2002) dentre outras. Em cultura de
células de vertebrados infectadas com SINV, é observada uma drástica redução na
transcrição do mRNA do hospedeiro, devido ao direcionamento da maquinaria celular
para produção do mRNA viral (Frolov, et al., 1996). Além disso, a célula exibe efeito
citopático e morte em 24 - 48 h pós infecção (p.i.). Em contraste, em células de inseto, o
efeito citopático da replicação viral é mínimo, com estabelecimento de infecção
persistente pelo vírus (Johnston e Peters, 1996; Frolov, et al., 1996).
Dados da literatura têm demonstrado que a doença causada pela infecção de
camundongos por SINV é dependente da idade do hospedeiro (Taylor et al., 1955) e da
cepa viral utilizada (Griffin, 1998). O SINV tem tropismo pelo sistema nervoso, sendo
capaz de induzir apoptose em neurônios jovens, conduzindo a morte do hospedeiro
(Lewis et al., 1996). Neurônios maduros seriam resistentes por expressarem proteínas
inibidoras de morte programada (Lewis et al., 1996; Griffin, 1998).
Os mecanismos envolvidos no aumento da resistência à apoptose por neurônios
maduros não são bem conhecidos. Sabe-se que a apoptose induzida por SINV em
neonatos pode ser bloqueada por inibidores de caspase-3 (Labrada et al., 2002), e por
membros da família de proteínas anti-apoptóticas Bcl-2 (Jan e Griffin, 1999) e Bax
(Lewis et al., 1999). A indução de apoptose foi também bloqueada por inibidores de
acidificação do endossomo. Esses experimentos demonstraram que o processo de
apoptose inicia com a interação entre glicoproteínas do vírus e receptor celular sem
depender da replicação viral e que a apoptose é engatilhada durante o processo de fusão
do envelope viral com a membrana da célula hospedeira (Jan e Griffin, 1999; Lewis et
al., 1999; Jan et al., 2000).
Não apenas a indução de apoptose está envolvida na maior susceptibilidade de
neonatos a infecção por SINV. Labrada e colaboradores demonstraram em 2002 que em
cérebro de camundongos adultos a expressão de genes para IFN está aumentada, quando
comparada com neonatos. A indução desse gene resulta em retardo da morte desses
camundongos, mostrando um efeito protetor do IFN. Além disso, camundongos
neonatos apresentam maiores níveis de expressão de genes inflamatórios no cérebro,
como genes para MIP-2 e RANTES (Labrada et al., 2002), e níveis aumentados de
algumas citocinas pro-inflamatórias, como TNF-α, IFN-γ, IFN-α/β e IL-6 no soro de
camundongos infectados com o vírus Sindbis (Klimstra, et al., 1999).
Em alguns modelos murinos de infecção intracerebral, foi observado que a
eliminação da infecção está associada à presença de anticorpos neutralizantes contra a
proteína E2, além da presença de outros tipos celulares, como os linfócitos T CD4
+
e T
CD8
+
(Rowell e Griffin, 1999). Em geral, infecções no tecido cerebral são bem
controladas, e a barreira endotelial sangüínea serve como proteção contra a maioria das
células do sistema imune. Somente os linfócitos T conseguem ultrapassar esta barreira,
caso os antígenos se apresentem no tecido cerebral. Mesmo assim, a escassez de
moléculas do complexo de histocompatibilidade principal (MHC) e de moléculas co-
estimulatórias inibem a ativação desses linfócitos. Desta forma, a diferença de resposta
imune entre os modelos murinos, pode estar associada a diferentes padrões de resposta
imunológica, com a síntese e liberação de diversas citocinas as quais serão
determinantes para a severidade da infecção (Rowell e Griffin, 1999).
1.1.2 –Família Flaviviridae
A família Flaviviridae inclui três gêneros, os Flavivirus, os Pestivirus e
Hepacivirus (vírus da hepatite C - HCV). Esses três gêneros possuem diversidade
biológica e não apresentam reatividade sorológica cruzada entre si. No entanto, as
similaridades na morfologia, na organização do genoma e na estratégia de replicação
permitiram o agrupamento desses três gêneros em uma única família. O vírus da febre
amarela foi o primeiro vírus identificado como causador de doença em humanos
transmitido por artrópodes. Esse achado permitiu a criação da família Flaviviridae
(flavus derivado do latim amarelo) que recebeu esse nome devido ao seu vírus tipo
(Rice, 1996).
Os Pestivirus são causadores de moléstias em animais, principalmente bovinos e
suínos, sendo de grande importância econômica. O gênero Hepacivirus é caracterizado
por vírus capaz de infectar humanos, mas não há evidências de transmissão mediada por
vetores (Rice, 1996).
1.1.2.1 – Vírus da Dengue
O vírus da dengue (DENV) pertence ao gênero Flavivirus, que compreende
cerca de 70 vírus, sendo que 67 são transmitidos por artrópodes. Dentre os arbovírus,
55% estão associados a doenças em humanos, como dengue, febre amarela, vírus da
encefalite Japonesa (JEV) e vírus do Oeste do Nilo (WNV), todos eles importantes para
saúde publica mundial (Monath e Heinz, 1996; Lee et al., 2005), sendo dengue
considerada como prioridade pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 2002).
O DENV se distribui na natureza na forma de quatro sorotipos geneticamente
distintos denominados DENV 1-4. A transmissão é feita através de mosquitos das
espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus (Rice, 1996), sendo que para a última espécie
não foi registrado casos de transmissão no Brasil (Degallier et al., 2003).
O número de casos de infecção por dengue vem aumentando nos últimos anos, e
estima-se que 100 milhões de novos casos sejam registrados anualmente, incluindo a
incidência de casos fatais. Dados da OMS indicam que cerca de 2,5 milhões de pessoas,
em 100 países tropicais e subtropicais, estejam sob o risco de infecção, o que gera um
grave problema para a saúde publica em todo mundo (WHO, 2002; Pires Neto et al.,
2005). Os primeiros casos de dengue no Brasil foram registrados em 1986-87 e
associados com o sorotipo 1. Desde então, vários surtos importantes associados aos
sorotipos 2 e 3 vêm sendo registrados, chegando a mais de 1 milhão de casos. Quase
duas centenas de óbitos notificados em 2002 (Nogueira, et al., 1999; DeSimone, et al.,
2004). No ano de 2007, foram registrados de janeiro a novembro, 536.519 casos de
dengue clássica, incluindo 1.275 casos de febre hemorrágica de dengue (FHD) e 136
óbitos, de acordo com dados do Ministério da Saúde (Ministério da Saúde, 2007).
1.1.2.1.1 – Estrutura e Biossíntese do Vírus da Dengue
O vírus da dengue possui como genoma uma molécula de RNA fita simples e
polaridade positiva, inserida em um capsídeo protéico, icosaédrico, formado por várias
cópias de uma única proteína (C). Essa estrutura está recoberta por um envelope lipídico
onde encontram-se ancoradas por regiões hidrofóbicas as proteínas E e M (Rigau-Perez,
et al., 1998; Monath e Heinz, 1996). A proteína E é a principal estrutura exposta na
superfície da partícula, e está organizada em homodímeros paralelos a superfície do
vírus. Cada monômero contém três domínios: o centro estrutural amino terminal, o
domínio que contém o peptídeo hidrofóbico essencial para a fusão vírus-célula e,
finalmente, o terminal carboxílico, que vem sendo proposto como o domínio de ligação
nas regiões dos receptores celulares (Lee e Lobigs, 2002).
O RNA genômico possui cerca de 10,7 Kb, é capeado na extremidade 5’, mas
não é poliadenilado em 3’, e apresenta um único “open reading frame” (ORF),
codificando para uma única grande poliproteína. Flanqueando esse ORF estão regiões
não codificantes (UTR) nas extremidades 5’ e 3’ que contém seqüências conservadas e
complementares (Proutski, et al., 1997). Essas estruturas localizadas nas regiões UTRs
estão envolvidas no processo de síntese e tradução do RNA (Alvarez et al., 2005;
Holden et al., 2005).
Assim como mostrado com o vírus Sindbis, a biossíntese viral (Fig. 2) se inicia
com a interação de receptores específicos na superfície da célula hospedeira com a
proteína E do vírus da dengue (Chen, et al., 1997), permitindo a posterior internalização
da partícula viral por endocitose em vesículas recobertas por clatrina (Chambers, 1990).
A acidificação do endossomo promove uma mudança de conformação na proteína E de
dímeros para trímeros, promovendo a fusão do envelope viral com a membrana do
endossomo (Modis, et al., 2004). Após a fusão, o RNA viral é liberado no citoplasma e
a replicação viral se inicia (Rice, 1996).
O complexo de replicação (CR) exibe enzimas com multi-domínios que
apresentam atividades coordenadas, como RNA sintase, RNA cap, helicase e atividade
de protease (Selisko et al., 2006). O CR está localizado nas membranas celulares e
envolve as proteínas NS3, NS5, que são respectivamente a protease e a RNA polimerase
RNA dependente; a proteína NS1 (glicoproteína); as proteínas hidrofóbicas NS2A e
NS4A; além de fatores celulares do hospedeiro (Mackenzie et al., 1998; Westaway, et
al., 1997). As proteínas virais são geradas a partir da transcrição e tradução em uma
poliproteína, a qual é clivada co-traducionalmente e pós-traducionalmente, pelo
domínio N-terminal da NS3 e por proteases celulares (Speigth et al., 1988). A tradução
ocorre associada ao retículo endoplasmático rugoso, permitindo a translocação das
proteínas prM, E e NS1 para o lúmen, enquanto as demais proteínas permanecem no
citoplasma (C, NS3, NS4A, NS4B e NS5) (Rice, 1996).
Assim como a tradução, a replicação também ocorre associada ao retículo
endoplasmático rugoso. Através da fita de RNA polaridade positiva é formada uma fita
negativa complementar, essa serve como molde para a síntese de novas fitas de RNA
positivas, que darão origem a novas proteínas ou novos virions. No citoplasma, a
proteína C interage com o RNA viral para formar o capsídeo (Rice, 1996; Uchil et al.,
2006). Os vírus morfologicamente maduros são transportados à superfície celular pela
via secretória e liberados por exocitose. Assim como a entrada, a saída das partículas
virais dep ação e
prom m
írus
Figura 2 – Ciclo Viral de Dengue 1. Adsorção e entrado do vírus por endocitose. 2.
Fusão do envelope viral com a membrana do endossoma. 3. Liberação do RNA viral no
citoplasma. 4. Tradução da poliproteína viral associada a membrana do retículo endoplasmático.
5 e 6. Replicação viral. 7. Os vírus imaturos são transportados para a membrana por via
secretória. 8. Os vírus maduros são liberados por exocitose.
ende da queda do pH para que a proteína E sofra mudança de conform
ova a fusão com a membrana celular. Em 8 a 10 horas pós-infecção já existe
partículas virais prontas e, em cerca de 20 horas começa haver a liberação de v
(Rice, 1996).
RNA RNARNA RNA
1
2 3
4
5
7
6
8
1.1.2.1.2 – Manifestações Clínicas e Patogênese da Dengue
A maioria das infecções causadas pelo vírus da dengue apresenta sintomas
brandos como febre, dor de cabeça e mialgia, sendo denominada febre clássica da
dengue (FD). Entretanto alguns indivíduos podem desenvolver sintomas mais graves
como coagulopatia vascular disseminada, extravasamento capilar, trombocitopenia e
disfunção plaquetária, e podem evoluir ao óbito. As formas mais graves são
classificadas como febre hemorrágica da dengue (FHD) e síndrome do choque da
dengue (SCD) (rev. em Rothman, 2004; Bhamarapravati, et al., 1989; Rothman e Ennis,
1999; Huang, et al., 2001).
A patogênese causada pela infecção por dengue e, principalmente, os
mecanismos de desenvolvimento de formas graves ainda permanecem desconhecidos.
Fatores genéticos do hospedeiro (Halstead, 2001; Loke, et al., 2001; Zivna, et al., 2002)
e diferenças de virulência entre as cepas virais (Rico-Hesse, et al., 1997; Leitmeyer, et
al., 1999; Cologna, et al., 2003) podem favorecer o desenvolvimento de formas graves,
entretanto, a potencialização da infecção por mecanismos imunopatológicos também
vem sendo avaliada (Green, et al., 1999; Halstead e O’Rourke, 1977; Rothman e Ennis,
1999). A primeira hipótese criada para explicar o desenvolvimento de formas graves foi
relacionada a potencialização da infecção mediada por anticorpos ou “enhancement”.
De acordo com essa hipótese, anticorpos produzidos em infecções prévias teriam reação
cruzada com antígenos de infecções correntes, mas estes anticorpos não teriam atividade
neutralizante. A formação de imunocomplexos vírus-anticorpo facilitaria a infecção de
células alvo que possuem receptores para a porção Fc de imunoglobulinas (FcγR)
(Halstead e O’Houke, 1977). O aumento da carga viral mediado pelo “enhancement” foi
observado em estudos feitos com monócitos e macrófagos humanos infectados com
dengue, na presença de anticorpos heterólogos em concentrações subneutralizantes
(Anderson, et al., 1997; Chen, et al., 2000).
Além de facilitar a infecção de células alvo, a formação de imunocomplexos
poderia ativar o sistema complemento, com subseqüente liberação de anafilatoxinas
envolvidas com o aumento da permeabilidade vascular e extravasamento de líquido
(Halstead e O’Rourke, 1977; Rothman e Ennis, 1999). De fato, o nível de proteínas do
complemento, C3a e C5a, alcançam o pico no período de defervescência quando o
extravasamento de líquido torna-se mais aparente (Malasit, 1987).
A patofisiologia da dengue envolve também outros componentes do sistema
imune. Nesse sentido, a ativação de linfócitos T e a produção de citocinas tem sido
descritas como importantes para a patogênese de formas graves (Rothman 1998), e a
fisiologia da doença parece ser resultado de uma exacerbada resposta imune. A ativação
de células T pelo vírus induz a liberação de citocinas, atividade citotóxica e produção de
células T de memória vírus-específica (Bashyam et al., 2006). Durante a infecção
secundária, células de memória são ativadas por vírus heterólogos, e a mudança de
apenas um epítopo é capaz de induzir a secreção de distintas citocinas e aumentar ou
diminuir a atividade citolítica de células T. Esta resposta imune exacerbada pode
culminar no desenvolvimento de FHD (Bashyam et al., 2006; Imrie et al., 2007). Além
disso, a mudança do tipo Th1 para uma resposta Th2, com aumento de IL-4 e IL-10
também tem sido associada ao desenvolvimento de FHD (Chatuverdi et al., 1999).
Entretanto, apenas o “enhancement” e/ou a exacerbação da resposta mediada por
linfócitos T não explica totalmente as principais manifestações clínicas relacionadas a
FHD, que é caracterizada por alterações no endotélio microvascular, incluindo aumento
na permeabilidade, extravasamento de líquido, além de quadros de trombocitopenia e
hemoconcentração (rev. em Rothman, 2004).
Tem sido caracterizado, in vitro, que células endoteliais são permissivas ao vírus
da dengue (Avirutnan et al., 1998; Huang et al. 2000; Peyreffite et al., 2006). A
infecção dessas células leva a ativação do sistema complemento e indução de apoptose
(Avirutnan et al., 1998). Esses fatores poderiam contribuir para o dano causado ao
endotélio, o que pode gerar um desequilíbrio na homeostasia e conduzir ao
extravasamento de líquido (Halstead, 1988; Rothman e Ennis, 1999). A infecção de
células endoteliais induz, ainda, aumentada produção de IL-6 (Huang et al. 2000), IL-8
(Avirutnan et al., 1998; Bosch, et al., 2002; Talavera, et al., 2004) e RANTES
(Avirutnan et al., 1998). A secreção de IL-8 pode ser induzida pela proteína, NS5
(Medin et al., 2005), sendo capaz de causar alterações no citoesqueleto de células
endoteliais levando a desorganização das junções do tipo “tight.” A alteração das
junções provoca aumento na permeabilidade endotelial que culmina com o
extravasamento de líquido (Talavera et al., 2004).
O aumento na expressão de moléculas de adesão, como VCAM, ICAM e E-
selectina (Cardier, et al., 2005; Anderson, et al., 1997) também tem sido observado após
a infecção de células endoteliais. Esses eventos podem ser responsáveis pelo
recrutamento de leucócitos para o local de infecção, potencializando a resposta
inflamatória e contribuindo para o aumento da permeabilidade vascular com posterior
extravasamento de líquido.
Além da ação direta do vírus na célula endotelial, mediadores inflamatórios
presentes no soro ou secretados por outras células, também podem atuar na ativação do
endotélio (Cardier et al., 2005). Pacientes com FHD apresentam alto nível de citocinas
inflamatórias como TNF-α, IL-6, IL-8, MCP-1, IL-10, IL-12 e IFN-γ (Azeredo, et al.,
2001; Bethell, et al., 1998; Hober, et al.,1993; Chatuverdi, et al., 1999; Huang, et al.,
2000). Foi demonstrado que monócitos infectados com o vírus da dengue, na presença
de anticorpos produzem TNF-α e esta produção compromete a barreira endotelial em
modelo in vitro (Anderson, et al., 1997). A relação entre macrófagos, altos níveis de
TNF-α e extravasamento de líquido também foi determinada em camundongos que
desenvolveram dengue hemorrágica (Chen et al., 2007).
A trombocitopenia e hemoconcentração são outras manifestações características
da FHD/SCD. Embora os mecanismos envolvidos nesses processos tenham sido pouco
estudados, existem evidências de que os sistemas de coagulação e fibrinólise estejam
ativados durante a infecção. É possível que o desequilíbrio entre esses sistemas possa
aumentar a susceptibilidade de FHD. A trombocitopenia parece ser resultado não só de
uma diminuição da produção de plaquetas (Mitrakul et al, 1987; La Russa e Innis,
1995), mas principalmente, à sua ativação exacerbada levando ao consumo exagerado
(Krishnamurti, et al., 2001). A ativação do endotélio pode ter um papel primordial nesse
processo, uma vez que a infecção de células endoteliais promove a adesão de plaquetas
(Krishnamurti, et al., 2002).
A ativação do endotélio e destruição/disfunção de plaquetas já foram também
relacionados a presença de autoanticorpos induzidos pela infecção (Lin, et al., 2002).
Anticorpos específicos para proteína não estrutural-1 (NS1), que apresentam reação
cruzada com endotélio, induzem apoptose das células endoteliais por uma via
dependente de mitocôndria e regulada por óxido nítrico (NO) (Lin, et al., 2002; Lin, et
al., 2004, Falconar, 1997). Esses anticorpos induzem também a ativação dessas células,
incluindo expressão de ICAM e maior capacidade de adesão de PBMC, além de induzir
a secreção de IL-6, IL-8 e MCP-1, por um mecanismo associado a ativação de NF-kB
(Lin, et al., 2005). Anticorpos anti-plaquetas, também foram observados em pacientes, e
apresentaram atividade citotóxica, especialmente quando obtidos de pacientes com FHD
(Lin, et al., 2001). A presença de anticorpos anti-plaquetas e anti-células endoteliais
poderia, então, estar relacionada à coagulopatia e vasculopatia.
A alteração da função e integridade do endotélio pode facilitar a disseminação
da infecção para outros sítios, como o sistema nervoso central (SNC). Em geral, a
infecção por dengue não está associada a manifestações neurológicas. Entretanto, tem
sido demonstrado que alguns casos de formas graves apresentam sintomas de
encefalopatia (Cam, et al., 2001). A patofisiologia dos sintomas neurológicos tem sido
atribuída a edema cerebral, hemorragia microcapilar, e falha hepática. Alguns estudos
têm sugerido, ainda, um potencial neurotropismo do vírus, e capacidade de atravessar a
barreira hematoencefálica, levando à encefalite, como ocorre com outros flavivirus, tais
como, WNV, StLouis, JEV (Chatuverdi, et al., 1991; Lum, et al., 1996; Miagostovich,
et al., 1997; Wang, et al., 2004). Linhagens de neuroblastoma susceptíveis à infecção,
sofrem apoptose dessas por um mecanismo dependente de caspase. Entretanto, a
apoptose induzida pelo vírus da dengue é um evento relativamente tardio na infecção
celular, e inicialmente, o vírus induz mecanismos anti-apoptóticos, assegurando a
sobrevivência dessas células através da ativação de PI3K/AKT, que só mais tardiamente
é seguido de ativação da apoptose (Lee, et al., 2005).
A ativação de células endoteliais induz a liberação de vários mediadores
químicos, como o NO, prostaglandinas, citocinas (Kono, Y. et al., 2002). Esses
mediadores podem agir na manutenção da homeostase vascular e na integridade das
células endoteliais. É possível que infecção pelo vírus da dengue também induza a
liberação desses mediadores em células endoteliais.
Figura 3 – Patogênese da Dengue
1.2 – Mecanismos de Indução de Apoptose Celular e seu Papel na Infecção Viral
A indução de morte celular por apoptose envolve a ativação de diferentes
caspases e pode ser induzida por duas principais vias (Mehmet, 2000). A via dependente
de receptor de morte é disparada pela interação dos ligantes específicos aos receptores
de superfície FAS e TNFR, levando a ativação de caspase-8 (Medema, et al., 1997). Já a
via mitocondrial está associada a uma alteração de potencial de membrana das
mitocôndrias, levando a liberação de citocromo c presente na membrana dessas
organelas para o citoplasma e está associada a ativação de caspase 9 (Li, et al., 1997).
Mo
DC
DC
Extravasamento de Líquido
Quimioci
EC ativ
nas, NO
ada
Ativação de
plaquetas
TNF-a,
IL-6, IL-8,
IN F-γ
ativação
CD4
C
D
8
CD4
CD4
CD8
CD8
lise
Ativa complemento
C3a,
C5a
Mo
DC
DC
Extravasamento de LíquidoExtravasamento de Líquido
Quimioci
EC ativ
nas, NO
ada
Ativação de
plaquetas
Quimioci
EC ativ
nas, NO
ada
Ativação de
plaquetas
TNF-a,
IL-6, IL-8,
IN F-γ
ativação
CD4
C
D
8
CD4
CD4
CD8
CD8
lise
TNF-a,
IL-6, IL-8,
IN F-γ
ativação
CD4
C
D
8
CD4
CD4
CD8
CD8
lise
CD4CD4
C
D
8
C
D
8
CD4CD4
CD4CD4
CD8
CD8CD8
lise
Ativa complemento
C3a,
C5a
Ativa complemento
C3a,
C5a
Essas vias podem ser indiretamente controladas por uma via de sinalização
intracelular que envolve a ativação da proteína fosfatidil inositol 3-cinase (PI3K), a qual
fosforila e ativa a proteína cinase B (AKT) (Cantley, et al., 2002; Kane, et al., 1999). A
proteína AKT ativada fosforila uma série de proteínas citoplasmáticas, induzindo
mecanismos anti-apoptóticos. Os alvos celulares de AKT são, principalmente, proteínas
envolvidas na indução de apoptose pela via mitocondrial. Dentre esses, está a proteína
Bad, que quando fosforilada, é seqüestrada no citoplasma, impedindo sua migração para
a mitocôndria. A própria caspase 9 também pode ser fosforilada por AKT, tendo sua
ativação bloqueada. Sabe-se, ainda, que a ativação de PI3K está envolvida na regulação
de vários processos celulares como proliferação, crescimento e sobrevivência celular, e
ativação de NF-kB, mecanismos esses que também envolvem ativação de AKT
(Cantley, et al., 2002; Kane, et al., 1999). Em contrapartida, a desfosforilação de AKT
ativa caspase conduzindo a apoptose (Lee, et al., 2005).
A indução da apoptose tem sido relacionada como um mecanismo citopatológico
comum na infecção viral. Tem sido observado que a forma severa de dengue é
associada com quadro de apoptose do tecido cerebral, intestino, fígado e pulmão. Essas
observações foram feitas através de tecido obtidos de indivíduos que chegaram ao óbito
como conseqüência de FHD (Limonata et al., 2007). A infecção de neurônios pelo vírus
Sindbis também induz apoptose, por mecanismo provavelmente relacionado com a
ativação de caspase-3 (Labrada, et al., 2002). Além disso, alguns Flavivirus, como o
vírus da dengue e o vírus da encefalite japonesa, induzem morte celular por apoptose
via caspase-9. Entretanto a indução da apoptose é um evento tardio na infecção viral,
inicialmente o vírus ativa a via da PI3K induzindo via de sobrevivência celular (Lee et
al., 2005).
1.3 – Óxido Nítrico
Óxido nítrico (NO) é um gás hiper–reativo que difunde facilmente entre as
membranas biológicas, e está presente em vários tecidos animais desempenhando
diversas funções. Em células de mamíferos, três tipos de enzimas são responsáveis pela
produção de NO a partir da L-arginina: a óxido nítrico sintase neuronal (nNOS), NOS
induzível (iNOS) e NOS endotelial (eNOS). As três enzimas se assemelham na estrutura
e no modelo catalítico, mas diferenciam no mecanismo de controle da atividade, no
tempo e espaço (Alderton et al., 2001).
A enzima de nosso interesse é a eNOS, expressa em células endoteliais, miócitos
cardíacos e plaquetas do sangue (Palmer et al., 1992), além de ser encontrada em
linhagens de células do sistema imune, como células NK, linfócitos T e células
monocíticas (Bogdan, 2001). A eNOS encontra-se como uma proteína ancorada no
complexo de Golgi sendo transportada para cavéolas na membrana plasmática,
juntamente com caveolina-1, via vesículas. Sinais de estresse ou estímulo por VEGF,
bradicinina, serotonina, dentre outros, resultam na fosforilação de tirosina ou serina de
proteínas específicas, ativação da PI3K e subseqüente ativação de AKT. A ativação
dessas pelos referidos agonistas é mediada por receptores acoplados a proteína G
regulatória, levando ao influxo de Ca
2+
intracelular. Este processo aumenta a afinidade
de eNOS por calmodulina, promovendo sua fosforilação. Em conseqüência disso, a
eNOS se dissocia de caveolina-1, favorecendo a produção de NO no citoplasma (Govers
and Rabelink, 2001).
NO tem papel importante na regulação de vários eventos fisiológicos, incluindo
vasodilatação e relaxamento do músculo liso dos vasos (arteríola e artérias), além de
funcionar como neurotrasmissor em vários processos e em patologias que envolvem o
endotélio vascular (Rogers and Fuseler, 2007). NO inibe o processo de agregação de
plaquetas, adesão de leucócitos e plaquetas ao endotélio (Radomski et al., 1987), e
apoptose celular (Hoffmann et al., 2001). O comprometimento na produção desse gás
tem sido associado a hipertensão, doenças no coração, aterosclerose e diabetes (Govers
and Rabelink, 2001; Vallance and Chan, 2001). Além disso, NO tem efeito citotóxico
ou citostático, sendo, portanto, importante na defesa do hospedeiro contra patógenos
(Akaike e Maeda, 2000). Dados da literatura demonstram que monócitos humanos
infectados com o vírus da dengue são capazes de produzir NO, e que esse inibe a
replicação viral através da inibição da polimerase viral (Neves-Souza et al., 2005;
Takhampunya et al., 2006). Pacientes com infecção secundária que desenvolveram
FHD, apresentam baixos níveis de óxido nítrico no plasma. Em contrapartida, a carga
viral nesses pacientes encontra-se aumentada quando comparada com pacientes com FD
ou FHD primária (Chareonsirisuthigul et al., 2007).
O óxido nítrico também está envolvido no controle da apoptose celular, mas
seus efeitos nesse processo ainda não foram bem estabelecidos. Sabe-se que NO pode
ter efeito anti ou pró-apoptótico dependendo do tipo celular, das condições
experimentais, dentre outros fatores. Dados da literatura indicam que a bradicinina é
capaz de inibir a apoptose de células endoteliais de cordão umbilical (HUVEC) via
indução de óxido nítrico (Kono, Y. et al., 2002). Em contrapartida, NO pode induzir
apoptose em uma variedade de células como macrófagos, células β do pâncreas,
neurônios, hepatócitos, dentre outras (Li e Wogan, 2005).
1.4. Mediadores Vasoativos
1.4.1 – Sistema Calicreína-Cinina
As cininas compõem um grupo de peptídeos vasoativos representado,
principalmente, pela bradicinina (BK). Esses peptídeos estão relacionados com o
aumento da permeabilidade vascular, indução de inflamação, quimiotaxia de
neutrófilos, dor, além de contribuir para a manutenção da homeostase vascular (Bhoola
et al., 1992; Campbell et al., 2001; Moreau et al., 2005).
A ativação do sistema calicreína-cinina se inicia com a ação de serino proteases
– calicreína plasmática e calicreína tissular, sobre a molécula de cininogênio (Mandle et
al., 1976; Bhoola et al., 1992). O gene do cininogênio, localizado no cromossomo 3q26,
origina transcritos que codificam duas proteínas, o cininogênio de alto peso molecular
(HK) e o cininogênio de baixo peso molecular (LK). Ambos possuem a mesma
seqüência de aminoácido na região N-terminal, mas o LK possui uma porção C terminal
mais curta, desprovida dos domínios de ligação para pré-calicreína. HK possui 6
domínios, sendo 1, 2 e 3 localizados na cadeia pesada e 5 e 6 na cadeia leve conectados
pelo domínio 4, que contém a seqüência da cinina. A clivagem do HK pela calicreína
plasmática no domínio 4, libera o nonapeptídeo ativo BK (Fig. 3), alvo de nosso
trabalho. A calicreína plasmática é produzida no fígado, sendo secretada
predominantemente, por células hepáticas na forma inativa de pré-calicreína. Já a
calicreína tissular está distribuída no rim, sistema nervoso central, pâncreas, baço,
dentre outros. Tem como substrato o LK liberando a calidina (Lisi-BK), mas pode atuar
também no HK (rev. Moreau et al., 2005).
Figura 4 – Sistema Calicreína-Cinina
As cininas geradas são rapidamente degradadas e metabolizadas por
metaloproteinases. Dentre estas, podemos citar a enzima conversora de angiotensina
(ECA), a endopeptidase neutra (NEP), a carboxipeptidase N (CPN), a carboxipeptidase
M (COM) e a aminopeptidase P (APP). Essas enzimas dependem de zinco no seu sítio
ativo e, excetuando a CPN, todas são glicoproteínas ancoradas a membrana, podendo
ser encontradas na forma solúvel em fluidos biológicos (rev. Moreau et al., 2005). De
fato, utilização de inibidores da ECA potencializa a ação da bradicinina. Este efeito é
possível devido a degradação do peptídeo, mas também pela capacidade da ECA em
interagir com o B
2
R e impedir a fosforilação dos resíduos de serina impossibilitando a
desensibilização do receptor (Tschöpe et al., 2002).
Os efeitos produzidos pelas cininas são mediados por dois subtipos de receptores
transmembrana, da família rodopsina, acoplados a proteína-G heterodimérica, receptor
de cinina B
2
(B
2
R) e receptor de cinina B
1
(B
1
R) (Regoli e Barabé, 1980; Prado et al.,
2002). O B
2
R é constitutivamente expresso na superfície de células endoteliais, células
do músculo liso, fibroblastos, neurônios, astrócitos, neutrófilos e células dendríticas
Cininogênio
Des-BK
BK
Cininase I
Receptor B1
Receptor B2
ECA
Produto inativo
Lisil-BK
Calicreína
Plasmática
Calicreín
a Tissular
Des-Lisil-BK
Receptor B1
Receptor B2
Cininogênio
Des-BK
BK
Cininase I
Receptor B1
Receptor B2
ECA
Produto inativo
Lisil-BK
Calicreína
Plasmática
Calicreín
a Tissular
Des-Lisil-BK
Receptor B1
Receptor B2
(Aliberti et al., 2003, Moreau et al., 2005). O engajamento do B
2
R é ativado por BK ou
lisil-BDK. Células endoteliais ativadas via B
2
R liberam várias substâncias, como óxido
nítrico, prostaglandinas, catecolaminas e citocinas associadas com a coagulação do
sangue e tônus vascular, além de aumentar a concentração de Ca
2+
intracelular (Kono, et
al., 2002). O excesso de agonista induz a fosforilação de resíduos de serina presentes na
região C-terminal, promovendo a endocitose de B
2
R associada à caveola (Prado et al.,
2002; Tschöpe et al., 2002). Em contraste, a expressão de B
1
R é induzida por danos
causado no tecido através de trauma e/ou inflamação. Em tecidos normais a expressão é
ausente, ou quando existente encontra-se em níveis basais. O B
1
R é ativado pela [des-
Arg
9
]-BK ou [des-Arg
10
]-lisil-BK. Esses peptídeos são produtos do metabolismo de
cininas gerados por ação da enzima cininase I (carboxipeptidase M/N) e possuem a
região C-terminal truncada (Marceau, 1995). Os efeitos da ativação desse receptor são
muito semelhantes aos produzidos pela ativação de B
2
R. No entanto, B
1
R não possui a
seqüência de aminoácidos presente no C-terminal de B
2
R envolvida com a
internalização, portanto esse receptor não sofre o processo de endocitose (Prado et al.,
2002).
Para avaliar os efeitos dos peptídeos na ativação de seus receptores, foram
desenvolvidos fármacos com habilidade de antagonizar a ação das cininas. Os
antagonistas mais potentes para B
1
R são des-Arg
9
[Leu
8
]-BK e a des-Arg
10
[Leu
9
]-
calidina (Burch e DeHass, 1990) e para B
2
R é o HOE 140 (D-Arg-[Hyp
3
-Thi
5
-D-Tic
7
-
Oic
8
]BK (Hock et al., 1991).
Trabalhos feitos por nosso grupo demonstram que tripomastigotas de
Trypanosoma cruzi clivam o cininogênio exposto na superfície celular liberando
cininas, que por sua vez ativam os receptores
B
2
R ou B
1
R promovendo a invasão de
células endoteliais (Nery et al., 1997; Scharfstein et al., 2000). Além disso, foi descrito
que as cininas são capazes de induzir a maturação de células dendríticas (DC),
aumentando a expressão de moléculas de superfície como MHC classe II, CD40, CD80
e CD86 por mecanismos dependentes da ativação de B
2
R. Utilizando modelo de
inflamação alérgica Th2 dependente demonstramos que a BK estimula produção de IL-
12 por DCs, deste modo direcionou a resposta adaptativa para perfil Th1 (Aliberti et al.,
2003).
Em trabalhos posteriores, nosso grupo demonstrou que a liberação de cininas em
tecidos infectados pelo T. cruzi ativa DC via B
2
R. A migração de DC carregando
antígenos para linfonodos drenantes, apresentam antígenos para linfócitos T virgens
intensificando a produção de citocinas (Aliberti et al., 2003, Monteiro et al., 2006;
Scharfstein et al., 2007).
Esta proposição mecanística foi subsequentemente comprovada utilizando
diversos modelo de infecção de T. cruzi (Aliberti et al., 2003, Monteiro et al., 2006;
Monteiro et al., 2007; Scharfstein et al., 2007)
1.4.2 – Sistema Renina-Angiotensina
O sistema renina-angiotensina também está envolvido no controle da
homeostase vascular através da geração de peptídeos, a partir do angiotensinogênio,
denominados angiotensina. O angiotensinogênio é uma glicoproteína, da família das
serpinas, produzida principalmente por hepatócitos. A hidrólise do angiotensinogênio
pela enzima renina, tem como subproduto o decapeptídeo angiotensina I (Ang I), que é
processado por ação da enzima conversora de angiotensina 1 (ECA) em um
octapeptídeo denominado angiotensina II (Ang II) (rev. Burrel et al., 2004).
Recentemente foi descrito uma nova enzima participante do sistema renina-
angiotensina, a enzima conversora de angiotensina 2 (ECA 2). A ECA 2 é uma
metaloproteinase dependente de zinco, que possui 42% de identidade com o sítio
catalítico da ECA (Donoghue et al., 2000). Encontra-se expressa em grandes
quantidades em células endoteliais do coração, rim e testículos. ECA 2 tem importante
papel no controle da homeostase vascular, pois hidrolisa Ang II, um potente
vasoconstrictor, em um peptídeo de função inversa, o vasodilador denominado
angiotensina 1-7 (Ang 1-7). ECA 2 também é capaz de clivar Ang I em angiotensina 1-
9, que por sua vez pela ação da ECA origina Ang 1-7 (Fleming et al, 2005). A via da
angiotensina está demonstrada na Figura 4.
As ações desses peptídeos são mediadas por 3 tipos de receptores acoplados a
proteína G (GPCR): AT
1
, AT
2
, MAS, além de AT
4
(não acoplado a GPCR). Os
receptores AT
1
medeiam a maioria das ações fisiológicas clássicas da Ang II, incluindo
vasoconstricção e hipertensão, enquanto que os receptores AT
2
modulam a função de
AT
1
(Kurdi, et al., 2005). Além disso, há indícios da participação desses receptores em
apoptose celular e no reparo tecidual (Goldenberg, et al., 2001). A Ang 1-7 medeia os
efeitos de que são, na maioria das vezes, opostos aos da Ang II, através da ativação do
receptor MAS que é originado do proto-oncogene mas (Santos, et al., 2003).
Entretanto, nem todos os efeitos mediados pela Ang 1-7 são dependentes desse
receptor. Experimentos realizados utilizando A779, antagonista do receptor MAS, não
foi capaz de reverter o efeito da Ang 1-7 no tecido vascular, além disso, esse peptídeo é
capaz de induzir aumento na pressão arterial mediado pelo receptor AT
1
, como
evidenciado em experiências utilizando seu antagonista losartan. Esse aumento na
pressão é ainda mais forte quando utilizado o antagonista do receptor AT
2
(PD123319).
Esses fatos evidenciam que Ang 1-7 pode mediar suas funções também via receptores
AT
1
, AT
2
ou, ainda, por um complexo mecanismo envolvendo reação cruzada ou
interações físicas entre os três receptores, MAS, AT
1
e AT
2
(Santos e Ferreira, 2007).
Efeitos mediados pela Ang 1-7 que não envolvem nenhum desses receptores e que
parecem estar associados a presença de um receptor ainda não caracterizado também já
foram descritos (Silva, et al., 2007).
Ang 1-7 está presente na circulação sangüínea e em tecidos, incluindo coração,
rim e tecido endotelial (Santos, et al., 2005). A presença da ECA 2 no endotélio faz
desse tecido o maior gerador de Ang 1-7 e também o maior alvo desse peptídeo. A
ativação do endotélio pela angiotensina 1-7, promove a liberação de óxido nítrico (NO),
prostaglandinas e fatores relaxantes responsáveis pelo fenômeno de vasodilatação. Esse
peptídeo é capaz de estimular a produção de óxido nítrico através da fosforilação de
eNOS por um mecanismo via AKT dependente de PI3K (Santos e Ferreira, 2007,
Holger et al., 2007). A ação da angiotensina 1-7 no endotélio propiciou a escolha desse
peptídeo no desenvolvimento do nosso trabalho.
Figura 5 – Sistema Renina-Angiotensina
1.4.3 – Integração dos Sistemas Calicreína-Cinina e Renina-Angiotensina
Embora didaticamente os sistemas calicreína-cinina e renina-angiotensina sejam
classificados de maneira distinta, eles estão em constante interação no organismo para
manter a homeostase vascular (Fig. 5). A BK, gerada através da clivagem do
cininogênio pela calicreína, promove a vasodilação, produção de NO, de prostaciclina,
de ativador de plasminogênio tecidual (tPA), e diminui a pressão sanguínea. Entretanto,
ela pode ser clivada pela ECA em um peptídeo inativo. A enzima ECA é responsável
pela clivagem de Ang I em Ang II, peptídeo que possui ação vascular contrária a BK.
Além disso, ECA também é capaz de gerar Ang 1-7 diretamente de Ang I. Uma outra
enzima, a prolilcarboxipeptidase (PRCP), é capaz de degradar Ang II e ativar pré-
calicreína, contribuindo para o balanço entre os dois sistemas. Por sua vez, a calicreína é
capaz de ativar a pró-renina em renina (Schmaier et al., 2003).
Renina
Ang I (1-10)
Ang II (1-8)
Ang 1-9
ECA
ECA 2
Ang 1-7
ECA
Receptor MAS
Receptor AT1
Receptor AT2
ECA 2
Angiotensinogênio
Ang I (1-10)
Ang II (1-8)
Ang 1-9
ECA
ECA 2
Ang 1-7
ECA
Receptor MAS
Receptor AT1
Receptor AT2
ECA 2
Renina
Ang I (1-10)
Ang II (1-8)
Ang 1-9
ECA
ECA 2
Ang 1-7
ECA
Receptor MAS
Receptor AT1
Receptor AT2
ECA 2
Angiotensinogênio
Ang I (1-10)
Ang II (1-8)
Ang 1-9
ECA
ECA 2
Ang 1-7
ECA
Receptor MAS
Receptor AT1
Receptor AT2
ECA 2
angioten o receptor
B
2 2
R
(Cam
B
2
ima, ou
m sido descrito
também
1
causa um idade de
cininogen et al.,
2002).
Figura 6 – Integração dos Sistemas Calicreína-Cinina e Renina-Angiotensina. 1. Clivagem
da BK pela ECA. 2. Clivagem da Ang I. 3. PRCP pode clivar Ang II e ativar pré-calicreína. 4.
Calicreína ativa pró-renina em renina. 5. Heterodimerização de AT1 com B
2
R. 6. Interação de
B
2
R com receptor MAS. As linhas e setas representadas em vermelho demonstram a via
inibitório da ECA.
Alguns eventos podem alterar o padrão de resposta dos receptores de cinina e
sina. A heterodimerização entre o receptor de angiotensina AT
1
com
induz um aumento da sinalização via AT
1
e diminuição da resposta mediada por B
pell, 2002). Além disso, Ang 1-7 é capaz de potencializar a resposta de BK, via
R, através da ligação desse peptídeo no sítio ativo da ECA, inativando a enz
por interação do receptor MAS após ser estimulado, com o B
2
R. Te
, que o estímulo do receptor AT
2
, por Ang II, na presença de antagonista de AT
a acidificação intracelular. Essa acidificação faz aumentar a ativ
ases, que leva a ativação do sistema calicreína-cinina (rev. Tschöpe
B2
Cininogênio (HK)
BDK
Prorenina
Calicreína
Produto inativo
Renina
Ang I (1-10)
Ang II (1-8)
Ang1-7
PRCP
AT1
AT2
MAS ECA
NEP
ECA
Angiotensinogênio
Produto inativo
Pré-calicreína
12
3
4
5
6
B2
BK
Prorenina
Calicreína
Produto inativo
Renina
Ang I (1-10)
Ang II (1-8)
Ang1-7
PRCP
AT1
AT2
MAS ECA
NEP
ECA
Produto inativo
Pré-calicreína
12
3
4
5
6
B2
Cininogênio (HK)
BDK
Prorenina
Calicreína
Produto inativo
Renina
Ang I (1-10)
Ang II (1-8)
Ang1-7
PRCP
AT1
AT2
MAS ECA
NEP
ECA
Angiotensinogênio
Pré-calicreína
Produto inativo
12
3
4
5
6
B2
BK
Prorenina
Calicreína
Produto inativo
Renina
Ang I (1-10)
Ang II (1-8)
Ang1-7
PRCP
AT1
AT2
MAS ECA
NEP
ECA
Pré-calicreína
Produto inativo
12
3
4
5
6
1.5. Papel do Sistema Renina- Angiotensina em Infecções Virais
Estudos recentes têm demonstrado que o sistema renina-angiotensina contribui
para o desenvolvimento de doenças respiratórias agudas causadas por infecções virais
(Nicholls e Peiris, 2005). Dano alveolar difuso e mudanças histopatológicas associadas
com síndrome respiratória aguda severa (SARS) podem ser iniciados por gases nocivos
ou agentes infecciosos, incluíndo os vírus influenza e coronavirus. O coronavirus é
envelopado, com genoma RNA fita simples polaridade positiva, possui na porção N-
terminal uma glicoproteína (S) que medeia a ligação do vírus com o receptor celular
ECA 2, possibilitando a entrada do vírus na célula hospedeira (Mizutani et al., 2005;
Turner et al., 2004).
Dados da literatura demonstram que a ECA 2 tem um efeito protetor na infecção
por esses vírus, enquanto a ECA tem efeito prejudicial (Turner et al., 2004). Estudos
constataram altos níveis de ECA no fluido bronqueoalveolar de indivíduos que
desenvolveram síndromes respiratórias agudas. De fato, o tratamento de ratos, que
apresentam injúria pulmonar aguda, com inibidores da ECA foi capaz de retardar o
desenvolvimento de SARS (Turner et al., 2004).
A utilização de camundongos nocaute tem tentado esclarecer a participação das
enzimas ECA e ECA 2 no desenvolvimento de doenças pulmonares agudas.
Camundongos nocaute para o gene Eca2 apresentam maior dano no pulmão quando
comparados com o controle. Corroborando com esse achado, o tratamento com uma
proteína humana recombinante rhuECA2 foi capaz de diminuir a injúria. Em
contrapartida, a ECA está relacionada com o desenvolvimento da SARS por mecanismo
dependente de AT
1
(Imai et al., 2005).
Como já foi dito, ECA cliva o peptídeo Ang I em Ang II, que é clivado por ECA
2 gerando Ang 1-7. ECA 2 também é capaz de clivar Ang I gerando Ang 1-9. Dessa
forma ECA 2 regula negativamente as funções de Ang II. A ligação de SARS-CoV na
ECA 2 leva a sua inibição, e faz aumentar a disponibilidade de Ang II. De fato, observa-
se uma correlação entre a intensidade da injúria pulmonar e os níveis de Ang II no
pulmão e no plasma. A ação da Ang II parece ser mediada pelo receptor AT
1
, uma vez
que camundongos nocaute para esse receptor apresentam uma diminuição na injúria
pulmonar, enquanto que o bloqueio de AT
2
aumenta o dano pulmonar (Imai et al.,
2005).
1.6. Justificativa do trabalho
A descoberta de um vírus RNA fita simples polaridade positiva, capaz de se
ligar a enzima conversora de angiotensina 2 promovendo alterações vasculares por
mecanismos dependentes do sistema renina-angiotensina, é um importante precedente a
ser considerado nos estudos sobre o impacto destas infecções sobre o controle de
permeabilidade vascular.
Nas infecções causadas pelos vírus Sindbis e dengue e, particularmente, nas
formas severas de FHD, é plausível que a ativação de complemento por
imunocomplexos, associados a produção de citocinas pro-inflamatórias, estejam
implicadas nas alterações microvasculares observadas na dengue. Por outro lado, o
papel desse peptídeos vasoativos nessas alterações nunca foi avaliado. Neste projeto,
nós propusemos investigar o impacto da ativação dos sistemas calicreína-cinina e
renina-angiotensina sobre o endotélio, partindo da premissa que células endoteliais
infectadas pelo vírus dengue sejam sensíveis aos peptídeos vasoativos gerados nesses
sistemas.
2. Objetivos
2.1. Objetivo Geral
O endotélio vascular e a integridade da barreira hematoencefálica têm um papel
central na patogênese da infecção por arbovírus como os vírus da dengue e Sindbis.
Pouco se sabe sobre a relação entre a resposta inflamatória e os componentes
fisiológicos envolvidos na hemostasia, controle de coagulação, e permeabilidade
vascular observados nessa doença. Os componentes dos sistemas renina-angiotensina e
calicreína-cinina ainda não foram objeto de estudo sistemático em infecções por
arbovirus. Portanto o objetivo do nosso trabalho foi avaliar o papel desses peptídeos e
seus receptores na infecção do endotélio mediada pelos vírus da dengue e Sindbis,
buscando compreender uma possível correlação entre hemostasia, inflamação e
infecção.
2.2. Objetivos específicos
1. Utilizamos os vírus da dengue e Sindbis para verificar a influência das vias cinina-
calicreína e renina-angiotensina (i) na infecção de células de endotélio microvascular
cerebral humanas (BMECs), (ii) em linhagens de glioma humano, e caracterizar o papel
dos receptores B
1
R e B
2
R, MAS e AT
1
.
2. Investigar o papel desses peptídeos na regulação dos mecanismos de apoptose
induzidos pelos vírus.
3. Avaliar se a ativação de BMECs infectadas por DENV e SINV tem impacto sobre a
produção de NO pelo vírus da dengue e o papel dessa modulação no controle da carga
viral e da sobrevivência da célula.
3. Metodologia
3.1. Cultura de Células
As células de linhagem de endotélio microvascular cerebral humano (BMEC,
gentilmente cedida pelo Dr. Dennis J Grab, The Jonhs Hopkins University, EUA) foram
cultivadas em meio 199 (M199) acrescido de 10% de soro fetal bovino inativado (SFB -
Invitrogen, Grand Island, NY, EUA) e ciprofluoxacina a 20 µg/mL (Sigma Chem Co; St
Louis, MO, EUA), a 37 ºC em atmosfera úmida contendo 5% CO
2
.
Linhagens de células VERO, originadas de rim de macaco, foram mantidas em
Dulbecco’s modified Eagle’s medium (DMEM) (Invitrogen, Grand Island, NY, EUA)
suplementado com 5% soro fetal bovino inativado (Sigma Chem Co; St Louis, MO,
EUA), 20 µg/mL de ciprofluoxacina a 37 ºC em atmosfera úmida contendo 5% CO
2
.
Células de glioma humano da linhagem U87 (gentilmente cedida pelo Dr. Dumith C.
Bou Habib, Fiocruz, RJ) foram cultivadas em meio RPMI 10% SFB inativado por calor,
suplementado com Hepes, β-mercatoetanol (50 μM), l-glutamina (2 mM), e antibiótico
a 37 ºC em atmosfera úmida contendo 5% CO
2
.
Células da linhagem C6/36, derivadas de espécies de mosquito Aedes albopictus
foram mantidas em meio de cultura Leibovitz L-15 (Invitrogen, Grand Island, NY,
EUA), suplementado com 5% soro fetal bovino (Sigma Chem Co; St Louis, MO, EUA)
e 10 μg/ml de gentamicina (Sigma Chem Co), a 28
0
C, em ambiente de CO
2
.
Após tratamento com tripsina, as células foram plaqueadas em placas de 6 e 24
poços de acordo com o modelo experimental.
3.2. Vírus
As amostras de vírus dengue 2 (DENV-2), cepa Nova Guiné (NG), foram
gentilmente cedidas por Dr. Ricardo Galler (Biomanguinhos, Fiocruz, Rio de Janeiro).
Amostras de vírus dengue 2 (cepa Jamaica) (Deubel et al., 1988) foram gentilmente
cedidas pela Dra. Claudia N. Duarte dos Santos (IBMP, Paraná). O vírus Sindbis
(SINV) foi gentilmente cedido pela Dra. Andréia T. DaPoian (IBqM, UFRJ, Rio de
Janeiro).
A propagação e manutenção viral de DENV-2 NG e SINV foram feitas em
cultura de células VERO por 5-7 dias. O sobrenadante foi coletado após observação de
efeito citopático, filtrado e estocado a -80 ºC. Para DENV-2 Jamaica a manutenção e
propagação foram feitas em cultura de células C6/36, em meio contendo 2% de soro
fetal bovino.
3.3. Infecção das Células Endoteliais e Macrófagos
Células das linhagens BMEC ou U87 foram plaqueadas em placas de 24 ou 6 poços
(10
5
células/poço ou 10
6
células/poço, respectivamente) e foram infectadas com as
amostras de vírus da dengue ou Sindbis, em multiplicidade de infecção (MOI) de 10 a
0,1. Os vírus foram diluídos em 200 µL de meio de cultura sem soro, e adicionados a
cultura por 60-90 minutos a 37º C em atmosfera úmida contendo 5% CO
2
. Após a
incubação o inóculo foi removido, as células foram lavadas 1X com PBS e mantidas
com 500 µL de meio com 10% SFB, inativado ou ativado, a 37º C, sendo este momento
caracterizado como tempo zero de infecção.
Para avaliar o papel do engajamento de receptores de cininas e angiotensina, na
infecção das diferentes linhagens celulares pelos vírus dengue e Sindbis, foram
utilizados os agonistas e antagonistas específicos de cada receptor. As células foram
infectadas como descrito e os respectivos agonistas/antagonistas foram adicionados em
diferentes períodos de tempo após a infecção, como apontado nos resultados. Lisinopril,
um inibidor da ECA, foi acrescentado a cultura na concentração de 25 µM 30 minutos
antes da BK, para evitar uma possível degradação desse peptídeo pela ECA, que poderia
estar presente no sobrenadante da cultura. Após 48h de cultura, os sobrenadantes foram
recolhidos e a infecção foi avaliada por plaqueamento ou imunofluorescência, como
descrito a seguir.
Agonistas: bradicinina – 10 nM (receptor B2) (Calbiochem),
angiotensina (1-7) – 100 nM (receptor MAS) (cedido pelo Dr. Robson
Santos)
Antagonistas: Hoe-140 – 100 nM (receptor B2) (Aventis Pharmaceuticals, NJ, EUA),
[Leu8]des-Arg9-BK – 100 nM (receptor B1) (Sigma),
Losartan – 1 µM (receptor AT1), (cedido pelo Dr. Robson Santos)
A779 – 1 µM (receptor MAS) (cedido pelo Dr. Robson Santos)
3.3.1. Análise da Infecção Celular por Plaqueamento:
Após 24 e 48 horas de
infecção, os sobrenadantes das culturas foram recolhidos e a infecção foi avaliada
através de plaqueamento em células VERO. As células foram plaqueadas em placas de
24 poços (em duplicata) na concentração de 7,5x10
4
cel/poço em DMEM-5% SFB. Foi
feita diluição seriada dos sobrenadantes de BMEC e U87, infectadas com DENV-2 e
SINV, em DMEM sem soro, iniciando em 10
-1
até a diluição de 10
-6
e 10
-8
,
respectivamente. 200 µl de cada diluição foram adicionados sobre a cultura de células
VERO. Após a incubação de 60 minutos a 37 ºC/5% CO
2
, os sobrenadantes foram
retirados e foram adicionados 500 µl de carboximetilcelulose (CMC) a 3%.
Após sete dias de incubação a 37º C, as células foram fixadas por 2h com
formaldeído 10%, lavadas e coradas com cristal violeta 0,04% por 10 minutos. Após
retirar o corante, as placas formadas foram contadas e o título viral determinado em
PFU/ml.
3.3.2. Análise da Infecção Celular por Imunofluorescência (IF)
:
para posterior titulação, as células infectadas foram fixadas com paraformaldeído 4% e
bloqueadas com cloreto de amônio (NH
4
Cl) por 30 minutos. Após o bloqueio, as células
foram lavadas com PBS 1% BSA e permeabilizadas com saponina 0,1%. Em seguida,
as células foram incubadas com
As células foram
plaqueadas em placas de 24 poços sobre lamínulas pré-tratadas com gelatina 2%. Após
24 e 48 horas de infecção os sobrenadantes das culturas foram recolhidos e estocados
anticorpo anti-DENV2 (gentilmente cedido pela Dra.
Claudia Duarte dos Santos) por 60 minutos. Após incubação, as células foram lavadas
novamente e incubadas com anticorpo anti-Ig de camundongo conjugado a FITC
(Sigma Chemical Co) por 60 minutos. A presença e localização das partículas virais
foram visualizadas em microscópio de fluorescência Axioplan II (Zeiss, Alemanha).
3.4. Análise da Expressão de Receptores de Cininas e Angiotensina
As células endoteliais foram infectadas com DENV-2 e SINV como descrito e a
expressão de receptores B1R (bradicinina) e B2R (desArg-bradicinina) foi avaliada por
IF ou citometria de fluxo (FACS), utilizando anticorpos específicos. Para análise por
FACS as células foram recolhidas, lavadas com PBS, fixadas com paraformaldeído 4%,
por 10 minutos e bloqueadas com PBS 1% BSA por 30 minutos. Para a marcação com o
anticorpo anti-B2 as células foram permeabilizadas com saponina 0,1%, lavadas e
incubadas com o anticorpo obtido da Santa Cruz Biotechnology (CA, EUA). Após 90
minutos as células foram lavadas e incubadas com anti-IgG de cabra conjugado a
Rodamina (Sigma Chemical Co). Para marcação de B1R, após o bloqueio, as células
foram incubadas por 18h a 4º C com soro hiperimune de rato. Em seguida as células
foram incubadas com anti-IgG de rato conjugado a FITC (Sigma Chemical Co).
3.5. Análise da Viabilidade Celular após Infecção com Vírus da Dengue e com
Vírus Sindbis, na Presença de Cininas e Angiotensina
BMECs foram plaqueadas em placas de 6 poços na concentração de
5x10
5
cel/poço em M199-10% SFB inativado. Após 24h de aderência, as células foram
infectadas com os vírus DENV-2 e SINV no MOI de 5 e 0,1 respectivamente, como
descrito anteriormente na item 3.2. Os peptídeos BK (10 nM), Ang 1-7 (100 nM) foram
acrescentados 24h p.i. na presença ou ausência dos seus respectivos antagonistas, HOE
140 (100 nM) e Losartan (1 µM) ou A779 (1 µM). Existem evidências de que PI3
cinase (PI3K) e fosforilação do fator AKT podem estar envolvidas no aumento da
sobrevivência celular em diferentes modelos, incluindo o modelo de infecção por
dengue em células neuroblastoma (Datta, et al., 1999; Lee, et al., 2005). O papel da via
PI3K na modulação da infecção e da apoptose foi avaliado pela adição do inibidor
específico wortmanina (100 nM) às culturas de células infectadas, tratadas ou não com
bradicinina ou angiotensina 1-7. O inibidor foi adicionado 30 minutos antes dos
peptídeos.
Para a análise da apoptose celular as células foram recolhidas, 48h p.i. para
DENV-2 e 24h , 36h e 48h p.i. para SINV, lavadas 1x 500µL de tampão de FACS (PBS
+ 10% SFB + 0,02% de azida), 1x com tampão de anexina (10 mM de Hepes + 140 mM
NaCl + 2,5 mM CaCl
2
, pH 7,4) e marcadas com anexina V conjugada a AlexaFluor 488
(1:20; Becton, Dickinson and Company, Franklin Lakes, NJ USA) por 20 minutos/4ºC.
As células foram ressuspendidas em 200µL de tampão de anexina e foi adicionado
iodeto de propídeo PI (100µg/mL em PBS, Sigma, ST Louis, MO, USA) no momento
de aquisição das células. As células foram analisadas por citometria de fluxo,
utilizando-se o equipamento FACScalibur (Becton Dickson Immunocytometry System,
EUA). Foram adquiridos 10000 eventos e a análises foram realizadas utilizando-se o
programa CellQuest.
3.6. Avaliação da Produção de Óxido Nítrico pelas Células Endoteliais após
Infecção com Vírus da Dengue, na Presença de Cininas e Angiotensina
BMECs foram plaqueadas na concentração de 3x10
4
cel/poço em M199-10%
SFB, em placas de 24 poços, sobre lamínulas pré-tratadas com gelatina 2%. Após 24h
as células foram infectadas com DENV-2 MOI 5, como descrito.
Após incubação de 18h a 37 ºC, as células foram lavadas 2X com PBS,
incubadas por 20 min a 37 ºC com DAF-FM (Molecular Probes) diluído em M199 sem
soro. Em seguida, o meio contendo a sonda foi retirado e foi acrescentado meio 199 sem
soro por mais 20 min. As células foram lavadas 2X com PBS e foi adicionado M199
10% SFB. BK (20 nM) ou Ang 1-7 (100 nM) foram adicionados a cultura na presença
ou ausência dos antagonistas Hoe 140 (200 nM), Losartan (1 µM) e A779 (1 µM), por
10min. Lisinopril (25 µM) foi adicionado a cultura 30 min. antes da BK. Após
incubação com os estímulos as células foram lavadas 2X com PBS e as lamínulas foram
montadas em lâminas contendo n-propilgalato. As lâminas foram analisadas em
microscópio de fluorescência.
Com intuito de avaliar a importância da via da AKT na produção de óxido
nítrico pelas BMECs, wortmanina foi adicionada, na concentração de 100 nM, no tempo
zero de infecção e 18 h após infecção, no momento de adição do Lisinopril.
3.7. Análise da Interferência de Óxido Nítrico na Infecção de Células Endoteliais
pelo Vírus da Dengue, Modulada por Bradicinina e Angiotensina 1-7
Para avaliar o efeito do oxido nítrico na infecção pelo vírus da dengue em
células endoteliais, o inibidor da enzima óxido nítrico sintase, L-NMMA foi adicionado
no tempo zero de infecção, na concentração de 250µM. Após 48 h de infecção, foi feita
a titulação por plaqueamento dos sobrenadantes. A eficácia do inibidor L-NMMA foi
avaliada por imunofluorescência utilizando DAF. As células foram cultivadas com L-
NMMA nas concentrações de 50 µM, 100 µM, 200 µM e 500 µM. Após 30 minutos, as
células foram marcadas com DAF como descrito acima.
Avaliação da citotoxicidade do inibidor L-NMMA foi feita por técnica de XTT.
As células foram cultivadas com L-NMMA nas concentrações de 250 µM e 500 µM.
Após 48h de incubação foi feita a técnica de XTT de acordo com Delorenzi et al,
(2001). Resumidamente, as células foram mantidas em cultura na presença ou ausência
de L-NMMA por 48h. Após esse período as células foram incubadas por 2-4h a 37º C
com 50 µL da solução de XTT. A leitura foi feita em leitor de microplaca utilizando
filtro de 450nm. O corante XTT é metabolizado por enzimas mitocondriais levando a
formação de um composto colorido solúvel em água.
3.9. Análises Estatísticas
Foi realizado o teste t de Student para amostras não pareadas através do
assistente gráfico PrimGraphPad 4. Os dados foram expressos com significância
estatística quando p 0,05.
4. Resultados
4.1. Infecção de Células Endoteliais pelos Vírus da Dengue e Sindbis
Para validar nosso modelo experimental, inicialmente, nós testamos a
permissividade da linhagem celular de endotélio microvascular cerebral humana
(BMEC) a infecção por SINV e DENV. BMECs foram infectadas com o SINV na
multiplicidade de infecção (MOI) de 0,1 e, após 24 e 48 h, os sobrenadantes das
culturas foram recolhidos e a avaliação foi determinada por plaqueamento em células
VERO. Nós observamos que 24 h de infecção com SINV são suficientes para detecção
de vírus nos sobrenadantes. No entanto, as experiências seguintes foram realizadas 48 h
pós infecção (p.i.), porque a carga viral tornou-se mais elevada, (Figura 7A) e o efeito
citopático é mais pronunciado. Nós também testamos MOIs mais elevados, mas isso
resultou em alta mortalidade celular (dado não mostrado). Portanto, adotamos o MOI de
0,1 nos demais experimentos.
Para avaliar a infecção por DENV, foram utilizadas duas cepas de DENV2, a
cepa Nova Guiné (NG) e a cepa Jamaica (que não induz a formação de placas de lise).
As células endoteliais foram infectadas com diferentes MOIs, e a infecção foi avaliada
após 48 h, por plaqueamento (NG) ou imunofluorescência (Jamaica). Nós observamos
que com MOI de 1 já é possível detectar vírus nas células, enquanto que uma grande
quantidade de células é infectada no MOI de 10 (Fig. 7B e C). Para facilitar a
comparação entre diversos tratamentos de células infectadas com o vírus da dengue
(NG), utilizamos um MOI intermediário (MOI=5).
Figura 7. Avaliação da permissividade de BMECs por SINV e DENV. A) BMECs
foram cultivadas com SINV (MOI=0,1). Após 24 h e 48 h de infecção, os sobrenadantes
foram coletados e a infecção foi avaliada por plaqueamento em células VERO. B) e C)
BMECs foram infectadas com DENV2 Nova Guiné (B) e DENV2 Jamamica (C)
(MOIs=1 e 10). A carga viral foi avaliada 48 h p.i. por plaqueamento em células VERO.
100000
120000
20000
40000
60000
80000
SINV
24hrs
SINV
48hrs
0
PFU (x10
3
) / mL
A
100000
120000
20000
40000
60000
80000
SINV
24hrs
SINV
48hrs
0
PFU (x10
3
) / mL
100000
120000
20000
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60000
80000
SINV
24hrs
SINV
48hrs
0
PFU (x10
3
) / mL
100000
120000
20000
40000
60000
80000
SINV
24hrs
SINV
48hrs
0
PFU (x10
3
) / mL
A
100000
120000
20000
40000
60000
80000
SINV
24hrs
SINV
48hrs
0
PFU (x10
3
) / mL
100000
120000
20000
40000
60000
80000
SINV
24hrs
SINV
48hrs
100000
120000
20000
40000
60000
80000
SINV
24hrs
SINV
48hrs
0
PFU (x10
3
) / mL
A
100000
120000
20000
40000
60000
80000
SINV
24hrs
SINV
48hrs
0
PFU (x10
3
) / mL
100000
120000
20000
40000
60000
80000
SINV
24hrs
SINV
48hrs
0
PFU (x10
3
) / mL
MOI=0
,
1
DEN
MOI=1
DEN
MOI=10
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
PFU / mL
B
DEN
MOI=1
DEN
MOI=10
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
PFU / mL
B
Mock MOI 1
MOI 10
C
Mock MOI 1
MOI 10
Mock MOI 1
MOI 10
C
DENV Jamaica
DENV Nova Guiné SINV
4.2. Bradicinina é Capaz de Potencializar a Infecção de BMECs pelo Vírus Sindbis.
Uma vez otimizado o modelo celular de infecção viral, iniciamos os estudos para
avaliar se os componentes das vias de cinina-calicreína e renina-angiotensina poderiam
modular essa infecção. Embora o principal foco do nosso trabalho seja a infecção pelo
DENV, optamos por iniciar os estudos com o SINV, uma vez que este vírus produz
títulos virais mais elevados, sendo comumente utilizado como protótipo de infecção do
grupo arbovírus. Para avaliar o papel de cininas na infecção por SINV, BMECs foram
infectadas com SINV e, após 24 h de infecção o peptídeo bradicinina (BK) foi
adicionado a cultura, na presença ou ausência do antagonista do receptor B
2
R – HOE
140. A carga viral foi então avaliada por plaqueamento 24 h após a adição do peptídeo
(48 h p.i.). Para minimizar a degradação da BK pela enzima conversora de angiotensina
(ECA), acrescentamos lisinopril ao meio de cultura, antes de estimular as células com
BK. Dados não mostrados revelam que o lisinopril não modula a carga viral. Entretanto
a adição e BK ao meio contendo lisinopril promoveu um aumento significativo na
infecção. Esse efeito é mediado por B2R, uma vez que a adição de lisinopril sozinho
não interferiu na carga viral (Fig. 8).
Figura 8. Potencialização da Infecção de BMECs pelo Sindbis por Bradicinina.
BMECs foram cultivadas com SINV (MOI=0,1). Bradicinina (10nM) foi adicionada a
cultura após 24 h de infecção, o antagonista HOE-140 (100 nM) e Lisinopril (25 μM)
foram adicionados a cultura 30 minutos antes da adição de BK. Após 48 h de infecção o
sobrenadante foi coletado e a carga viral avaliada por plaqueamento em células VERO.
(*) indica p < 0,05 em relação a cultura apenas com SINV; (**) indica p < 0,05 em
relação aos tratamentos.
A
-+
+
--
+
SINV
--
+
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4
5
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7
8
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HOE-140/Lis
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7
8
9
10
11
12
logPFU
/ml
-+
+
--
+
SINV
--
+
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
logPFU
/ml
-+
+
--
+
SINV
++
+
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
logPFU
/ml
*
**
HOE-140/Lis
BK/Lis
4.3. Angiotensina 1-7 Modula a Infecção de BMECs pelo Vírus Sindbis através dos
Receptores de Angiotensina AT
1
e MAS
Avaliamos também se o peptídeo vasoativo angiotensina 1-7 é capaz de modular
a infecção de BMECs por SINV. Para isso infectamos BMECs com SINV MOI de 0,1
por 48 h e o peptídeo foi adicionado em cultura 24 h p.i.. Assim como BK, Ang 1-7
potencializou a infecção de células endoteliais por SINV (Figura 8). Recentemente, o
receptor MAS foi caracterizado como o principal responsável pelos efeitos desse
peptídeo, entretanto, como descrito na literatura, além do MAS, angiotensina 1-7 pode
mediar seus efeitos via receptores AT
1
e AT
2
(Santos e Ferreira, 2007). Nós observamos
que a adição de A779, antagonista de MAS, não foi capaz de reverter o efeito
potencializador de Ang 1-7. Entretanto, surpreedentemente, o antagonista aumentou
ainda mais o efeito da Ang 1-7. Em seguida, avaliamos se o efeito potencializador
induzida por Ang 1-7, poderia ser mediada pelo receptor AT
1
. Nossos dados mostram
que, Losartan (Los), reverteu parcialmente o aumento da carga viral induzido por Ang
1-7 (Fig. 9A e B).
Figura 9. Angiotensina 1-7 Modula a Infecção de BMECs pelo Vírus Sindbis
através dos Receptores de Angiotensina AT
1
e MAS. BMECs foram cultivadas com
SINV (MOI=0,1). Angiotensina 1-7 (100 nM) foi adicionada a cultura após 24 h de
infecção, os antagonistas A779 (1 μM) (A) ou Los (1 μM) (B) foram adicionados a
cultura 15-30 minutos antes da adição de Ang 1-7. Após 48h de infecção o sobrenadante
foi coletado e a carga viral avaliada por plaqueamento em células VERO. (*) indica p <
0,05 em relação a cultura apenas com SINV; (**) indica p < 0,05 em relação aos
tratamentos.
SINV
++
-+
A779
Ang 1-7
--
+
+
+
logPFU/ml
5
6
7
8
9
*
**
SI
++
-+
A
-7
--
+
+
+
logPFU/ml
5
6
7
8
9
*
**
5
6
7
8
9
*
**
SINV
++
-+
A779
Ang 1-7
--
+
+
+
logPFU/ml
5
6
7
8
9
*
**
SI
++
-+
A
-7
--
+
+
+
logPFU/ml
5
6
7
8
9
*
**
5
6
7
8
9
*
**
A
SINV
++
-+
A779
Ang 1-7
--
+
+
+
logPFU/ml
5
6
7
8
9
*
**
SI
++
-+
A
-7
--
+
+
+
logPFU/ml
5
6
7
8
9
*
**
5
6
7
8
9
*
**
SINV
++
-+
A779
Ang 1
SINV
++
-+
A779
Ang 1-7
--
+
+
+
logPFU/ml
5
6
7
8
9
*
**
SI
++
-+
A
-7
--
+
+
+
logPFU/ml
5
6
7
8
9
*
**
5
6
7
8
9
*
**
SINV
++
-+
A779
Ang 1-7
--
+
+
+
logPFU/ml
5
6
7
8
9
*
**
SI
++
-+
A
-7
--
+
+
+
logPFU/ml
SINV
++
-+
A779
Ang 1-7
--
+
+
+
logPFU/ml
5
6
7
8
9
*
**
SI
++
-+
A
-7
--
+
+
+
logPFU/ml
5
6
7
8
9
*
**
5
6
7
8
9
*
**
SINV
++
-+
A779
Ang 1-7
--
+
+
+
logPFU/ml
5
6
7
8
9
*
**
SI
++
-+
A
-7
--
+
+
+
logPFU/ml
5
6
7
8
9
*
**
5
6
7
8
9
*
**
A
SINV
++
-+
A779
Ang 1-7
--
+
+
+
logPFU/ml
5
6
7
8
9
*
**
SI
++
-+
A
-7
--
+
+
+
logPFU/ml
5
6
7
8
9
*
**
5
6
7
8
9
*
**
SINV
++
-+
A779
Ang 1
5
6
7
8
9
*
**
5
6
7
8
9
*
**
A
SINV
++
-+
A779
Ang 1-7
--
+
+
+
logPFU/ml
5
6
7
8
9
*
**
SI
++
-+
A
-7
--
+
+
+
logPFU/ml
5
6
7
8
9
*
**
5
6
7
8
9
*
**
SINV
++
-+
A779
Ang 1
7
8
9
10
11
12
*
**
7
8
9
10
11
12
logPFU/ml
+
Los
Ang 1-7
-- +
SINV
++ +
-+
*
**
7
8
9
10
11
12
logPFU/ml
+
Los
Ang
-7
-- +
SINV + + +
-+
*
**
7
8
9
10
11
12
*
**
7
8
9
10
11
12
logPFU/ml
B
+
Los
Ang 1-7
-- +
SINV
++ +
-+
*
**
7
8
9
10
11
12
logPFU/ml
+
Los
Ang
-7
-- +
SINV + + +
-+
*
**
7
8
9
10
11
12
*
**
7
8
9
10
11
12
logPFU/ml
+
Los
Ang 1-7
-- +
SINV
++ +
-+
*
**
7
8
9
10
11
12
logPFU/ml
+
Los
Ang
-7
-- +
SINV + + +
-+
*
**
7
8
9
10
11
12
*
**
7
8
9
10
11
12
logPFU/ml
B
7
8
9
10
11
12
*
**
7
8
9
10
11
12
logPFU/ml
+
Los
Ang 1-7
-- +
SINV
++ +
-+
*
**
7
8
9
10
11
12
logPFU/ml
+
Los
Ang
-7
-- +
SINV + + +
-+
*
**
7
8
9
10
11
12
*
**
7
8
9
10
11
12
logPFU/ml
B
+
Los
Ang 1-7
-- +
SINV
++
7
8
9
10
11
12
*
**
7
8
9
10
11
12
logPFU/ml
+
Los
Ang 1-7
-- +
SINV
++ +
-+
*
**
7
8
9
10
11
12
logPFU/ml
+
Los
Ang
-7
-- +
SINV + + +
-+
*
**
7
8
9
10
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12
*
**
7
8
9
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12
logPFU/ml
B
+
Los
Ang 1-7
-- +
SINV
++ +
-+
*
**
7
8
9
10
11
12
logPFU/ml
+
Los
Ang
-7
-- +
SINV + + +
-+
*
**
7
8
9
10
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12
*
**
7
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11
12
logPFU/ml
+
Los
Ang 1-7
-- +
SINV
++ +
-+
*
**
7
8
9
10
11
12
logPFU/ml
+
Los
Ang
-7
-- +
SINV + + +
-+
*
**
+
-+
*
**
7
8
9
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11
12
logPFU/ml
+
Los
Ang
-7
-- +
SINV + + +
-+
*
**
7
8
9
10
11
12
*
**
7
8
9
10
11
12
logPFU/ml
+
Los
Ang 1-7
-- +
SINV
++ +
-+
*
**
7
8
9
10
11
12
logPFU/ml
+
Los
Ang
-7
-- +
SINV + + +
-+
*
**
7
8
9
10
11
12
*
**
7
8
9
10
11
12
logPFU/ml
B
4.4. Os Peptídeos Bradicinina e Angiotensina 1-7 Potencializam a Infecção de
Células de Glioma (U87) pelos Vírus Sindbis.
Além de células endoteliais, resolvemos ampliar nossos estudos testando o efeito
de BK e Ang 1-7 sobre linhagem celular de glioma humano (U87). U87 foi infectada
com SINV, MOI de 0,1, após 24 h de infecção BK (10 nM) ou Ang 1-7 (100 nM) foram
adicionadas a cultura e 48 h p.i. o sobrenadante foi avaliado. Assim como observamos
com BMECs, BK é capaz de mediar um aumento significativo da infecção de U87 por
SINV. O mecanismo utilizado parece envolver ambos os receptores B
2
R e B
1
R, uma
vez que o aumento da carga viral é revertido na presença dos respectivos antagonistas
HOE 140 (Fig. 10A) e [Leu8]des-Arg9-BK (Fig. 10B). Os resultados obtidos com a
adição de Ang 1-7 em cultura de U87 infectada com SINV, corroboram os dados
apresentados para esse vírus em BMECs. Ang 1-7 potencializa a infecção por
mecanismo que envolve o engajamento do receptor AT
1
,
visto que losartan reverte o
efeito do peptídeo na cultura (Fig. 10C). Além disso, a adição do antagonista do
receptor MAS também induz o aumento da potencialização da infeção mediada por Ang
1-7 (Fig. 10D).
Figura 10. Os Peptídeos Angiotensina 1-7 e Bradicinina Modulam a Infecção de
U87 pelo Vírus Sindbis, mediada pelos Receptores Específicos. U87 foram
cultivadas com SINV (MOI=0,1). A e B) Bradicinina (10 nM) foi adicionada a cultura
após 24 h de infecção, os antagonistas HOE-140 (A) (100 nM) ou B
1
R, [Leu8]des-
Arg9-BK (100 nM) (B) foram adicionado a cultura 30 minutos antes da adição de BK.
Lisinopril (25 μM) foi adicionado junto aos antagonistas. C e D) Angiotensina 1-7 (100
nM) foi adicionada a cultura após 24 h de infecção, os antagonistas A779 (1 μM) (C) ou
Los (1 μM) (D) foram adicionados a cultura 15-30 minutos antes da adição de Ang 1-7.
Após 48 h de infecção o sobrenadante foi coletado e a carga viral avaliada por
plaqueamento em células VERO. (*) indica p < 0,05 em relação a cultura apenas com
SINV; (**) indica p < 0,05 em relação aos tratamentos.
10
11
12
13
Log PFU/ml
A
SINV SINV+BDK SINV+Bk+HoeSINV SINV+BDK SINV+Bk+Hoe
SINV
HOE - 140
+++
-++
--+
BK
*
**
*
10
11
12
13
Log PFU/ml
A
SINV SINV+BDK SINV+Bk+HoeSINV SINV+BDK SINV+Bk+Hoe
SINV
HOE - 140
+++
-++
--+
BK
SINV SINV+BDK SINV+Bk+HoeSINV SINV+BDK SINV+Bk+Hoe
SINV
HOE - 140
+++
-++
--+
BK
*
**
*
10
11
12
13
Log PFU/ml
B
SINV SINV+BDK SINV+BDK+Ant. B1
SINV
++
-+
--
+
+
+
SINV
des-
Arg
9
-BK
++
-+
--
+
+
+
SINV
++
-+
--
BK
+
+
+
SINV
++
-
SINV SINV+BDK SINV+BDK+Ant. B1SINV SINV+BDK SINV+BDK+Ant. B1
SINV
++
-+
--
+
+
+
SINV
[Leu
8
]
des-
++
-+
--
+
+
+
SINV
++
-+
--
BK
+
+
+
SINV
++
-
10
11
12
13
Log PFU/ml
B
SINV SINV+BDK SINV+BDK+Ant. B1
SINV
++
-+
--
+
+
+
SINV
des-
Arg
9
-BK
++
-+
--
+
+
+
SINV
++
-+
--
BK
+
+
+
SINV
++
-
SINV SINV+BDK SINV+BDK+Ant. B1SINV SINV+BDK SINV+BDK+Ant. B1
SINV
++
-+
--
+
+
+
SINV
[Leu
8
]
des-
++
-+
--
+
+
+
SINV
++
-+
--
BK
+
+
+
SINV
++
-
SINV SINV+BDK SINV+BDK+Ant. B1
SINV
++
-+
--
+
+
+
SINV
des-
Arg
9
-BK
++
-+
--
+
+
+
SINV
++
-+
--
BK
+
+
+
SINV
++
-
SINV SINV+BDK SINV+BDK+Ant. B1SINV SINV+BDK SINV+BDK+Ant. B1
SINV
++
-+
--
+
+
+
SINV
[Leu
8
]
des-
++
-+
--
+
+
+
SINV
++
-+
--
BK
+
+
+
SINV
++
-
*
**
10
11
12
13
Log PFU/ml
C
Ang1-7
+
+
+
SINV
A779
++
-+
--
+
+
+
SINV
A779
++
-+
--
Ang1-7
+
+
+
SINV
A779
++
-+
--
+
+
+
*
*
**
10
11
12
13
Log PFU/ml
C
Ang1-7
+
+
+
SINV
A779
++
-+
--
+
+
+
SINV
A779
++
-+
--
Ang1-7
+
+
+
SINV
A779
++
-+
--
+
+
+
10
11
12
13
Log PFU/ml
C
Ang1-7
+
+
+
SINV
A779
++
-+
--
+
+
+
SINV
A779
++
-+
--
Ang1-7
+
+
+
SINV
A779
++
-+
--
+
+
+
10
11
12
13
Log PFU/ml
C
Ang1-7
+
+
+
SINV
A779
++
-+
--
+
+
+
SINV
A779
++
-+
--
Ang1-7
+
+
+
SINV
A779
++
-+
--
+
+
+
Ang1-7
+
+
+
SINV
A779
++
-+
--
+
+
+
SINV
A779
++
-+
--
Ang1-7
+
+
+
SINV
A779
++
-+
--
+
+
+
*
*
**
10
11
12
Log PFU/ml
D
+
SINV
Los
++
-+
--
Ang 1-7
+
+
+
SINV
Los
++
-+
--
Ang 1-7
+
+
+
**
*
*
10
11
12
Log PFU/ml
D
10
11
12
Log PFU/ml
D
+
SINV
Los
++
-+
--
Ang 1-7
+
+
+
SINV
Los
++
-+
--
Ang 1-7
+
+
+
**
*
*
4.5. Os Peptídeos Bradicinina e Angiotensina 1-7 Protegem as Células Endoteliais
da Apoptose Induzida por Sindbis.
A infecção por diferentes arbovírus resulta em apoptose celular. Entretanto,
dados da literatura demonstram que alguns arbovírus, como os flavivirus são capazes de
inibir a apoptose celular em um momento inicial de infecção, por um mecanismo
associado a ativação da via da PI3K e fosforilação do fator AKT, o qual deve ser
importante para garantir o sucesso da replicação viral. Entretanto, nesse mesmo estudo
após 24 h de infecção, não se observa mais AKT fosforilado, o que é seguido da
ativação de caspases e conseqüente indução da apoptose (Lee et al, 2005). Uma vez que
peptídeos como a BK e Ang 1-7 estão associados a ativação de vias de sobrevivência
celular e inibição da apoptose, e que o retardo na indução de morte celular poderia
resultar numa maior replicação viral, nós avaliamos se a presença desses peptídeos
poderia estar regulando o processo de apoptose induzido pelo vírus SINV. Nós
observamos que a adição tanto de BK quanto de Ang 1-7 inibiram a apoptose induzida
pelo SINV. Tal como observado nos experimentos de replicação viral, o efeito de BK e
Ang (1-7) foi mediado pelos receptores B
2
R e AT1, respectivamente. Observamos,
ainda, que a adição de um inibidor da PI3K – wortmanina sugere um papel para essa via
no processo de inibição da apoptose (Fig. 11 A e B).
Figura 11. Modulação da Apoptose Celular Induzida por SINV, mediada por
Angiotensina 1-7 e Bradicinina. BMECs foram infectadas com SINV MOI 0,1, 24 h
p.i. os peptídeos foram adicionados na presença ou ausência do seus antagonistas. BK
(10 nM) e HOE-140 (100 nM) (A) ou Ang 1-7 (100 nM), Los (1 μM) e A779 (1 μM)
(B). O inibidor da via da PI3K (Wort 100 nM) foi adicionada junto com os peptídeos. A
avaliação da apoptose foi realizada 12h (36 h p.i.) após a adição dos peptídeos, através
de dupla marcação das células com iodeto de propídeo e anexina V, e análise por
citometria de fluxo. As células negativas para ambos marcadores foram consideradas
vivas, enquanto que aquelas positivas apenas para anexina V, foram consideradas em
apoptose. Os dados são representativos de 3 experimentos independentes.
Vivas
Mortas Apoptose
0
10
20
30
40
50
60
70
80
% células
SINV
SINV+BK
SINV+BK+HOE-140
SINV+BK+WO
Vivas
Mortas Apoptose
RT
0
10
20
30
40
50
60
70
80
% células
Vivas
Mortas Apoptose
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Vivas
Mortas Apoptose
0
10
20
30
40
50
60
70
80
% células
SINV
SINV+BK
SINV+BK+HOE-140
SINV+BK+WORT
SINV
SINV+BK
SINV+BK+HOE-140
SINV+BK+WO
A
RT
0
10
20
30
40
50
60
Vivas
Mortas Apoptos
% células
e
SINV
SINV+Ang 1-7
SINV+Ang 1-7+A779
SINV+Ang 1-7+LOS
SINV+Ang 1-7+WORT
0
10
20
30
40
50
60
Vivas
Mortas Apoptos
% células
e
0
10
20
30
40
50
60
Vivas
Mortas Apoptos
% células
e
SINV
SINV+Ang 1-7
SINV+Ang 1-7+A779
SINV+Ang 1-7+LOS
SINV+Ang 1-7+WORT
SINV
SINV+Ang 1-7
SINV+Ang 1-7+A779
SINV+Ang 1-7+LOS
SINV+Ang 1-7+
B
WORT
4.6. Modulação da Infecção de Células Endoteliais pelo Vírus da Dengue mediada
por Bradicinina e Angiotensina 1-7.
A patogênese da dengue é caracterizada por eventos que envolvem alterações no
endotélio vascular, como extravasamento de líquido, sendo que essas alterações podem
ser dependentes de ação direta ou indireta do vírus. Baseando-se nesses dados e na
resposta observada pelo vírus Sindbis nas células endoteliais, o modelo experimental
utilizado anteriormente foi mantido. BMECs foram infectadas com o vírus da dengue
sorotipo 2 (DENV2) (cepas Nova Guiné e Jamaica) nas multiplicidades de infecção
(MOI) indicadas nas figuras. Primeiramente nós avaliamos se a infecção de BMECs
pelo vírus da dengue é capaz de modular a expressão dos receptores de bradicinina B
1
R
e B
2
R. Como podemos observar por análise de citometria de fluxo a infecção por
dengue induz aumento na expressão de B
1
R e B
2
R (Fig. 12). Além disso, esses dados
nos permitiram concluir que a linhagem de célula utilizada expressa constitutivamente o
receptor B
1
R. Considerando que a infecção por DENV é capaz de aumentar a expressão
dos receptores de bradicinina, nós avaliamos se a presença desse peptídeo pode modular
a infecção do vírus em cultura de BMEC. Para isso BK foi adicionada em cultura junto
com o vírus ou 24 h p.i.. Podemos observar através de imunofluorescência que BK
adicionada junto com o vírus não foi capaz de modular a infecção por DENV2 cepa
Jamaica. No entanto, em culturas tratadas com BDK 24 h p.i. observa-se um aumento
significativo da infecção de BMECs por DENV2 tanto com a cepa Jamaica quanto a
cepa Nova Guiné (Fig. 13A, B e C). Avaliamos também se o peptídeo Ang 1-7 é capaz
de modular a infecção de BMECs por DENV2. Como observado com BK, BMECs
infectadas com DENV2 (Jamaica) e cultivadas com Ang 1-7 não apresentaram alteração
da infecção (Fig. 14A). Entretanto quando o peptídeo foi adicionado 24 h p.i. Ang 1-7
foi capaz de potencializar a infecção de BMECs pelo DENV2 cepas Jamaica e Nova
Guiné (Fig. 14B e C). Para verificar o papel dos receptores MAS e AT
1
na modulação
da infecção de BMECs por angiotensina 1-7, os antagonistas A779 e Losartan,
respectivamente, foram previamente adicionados a cultura. Dados preliminares
demonstram que o aumento da infecção foi parcialmente revertido na presença dos
antagonistas, indicando que ambos os receptores podem estar envolvidos no aumento da
infecção mediado pela Ang 1-7 (Fig. 15A e B).
Figura 12. Análise da Expressão de Receptores de Bradicinina em BMECs
Infectadas por Vírus da Dengue. BMECs foram cultivadas com meio de cultura ou
DENV2 (cepa Jamaica), após 48 h de infecção as células foram retiradas do poço com
auxílio de “cell scraper”. As células foram marcadas com anticorpo anti-B
1
R e anti-B
2
R,
após serem lavadas com PBS as células foram incubadas com soro hipermune de rato
conjugado a FITC (B
1
R) e anticorpo secundário anti-cabra conjugado a rodamina (B
2
R).
As células foram lavadas, ressuspendidas em PBS e avaliadas por citometria de fluxo.
0
4
8
12
16
20
B1R B2R
Meio
DEN
Receptor
% c
é
0
4
8
12
16
20
B1R B2R
Meio
DEN
Meio
DEN
Receptor
% c
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20
B1R B2R
Meio
DEN
Receptor
% c
é
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4
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12
16
20
B1R B2R
Meio
DEN
Meio
DEN
Receptor
% c
é
lulas
0
4
8
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20
B1R B2R
Meio
DEN
Receptor
% c
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B1R B2R
Meio
DEN
Meio
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B1R B2R
Meio
DEN
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B1R B2R
Meio
DEN
Meio
DENV
Receptor
% c
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B1R B2R
Meio
DEN
Receptor
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4
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B1R B2R
Meio
DEN
Meio
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B1R B2R
Meio
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Receptor
% c
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B1R B2R
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DEN
Meio
DEN
Receptor
% c
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B1R B2R
Meio
DEN
Receptor
% c
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B1R B2R
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DEN
Meio
DEN
Receptor
% c
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4
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B1R B2R
Meio
DEN
Receptor
% c
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4
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16
20
B1R B2R
Meio
DEN
Meio
DEN
Receptor
% c
é
lulas
0
4
8
12
16
20
B1R B2R
Meio
DEN
Receptor
% c
é
0
4
8
12
16
20
B1R B2R
Meio
DEN
Meio
DEN
Receptor
% c
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4
8
12
16
20
B1R B2R
Meio
DEN
Receptor
% c
é
0
4
8
12
16
20
B1R B2R
Meio
DEN
Meio
DENV
Receptor
% c
é
lulas
Figura 13. Potencialização da Infecção de BMECs pelo Vírus da Dengue mediada
por Bradicinina. A e B) BMECs foram infectadas com DENV2 (cepa Jamaica),
bradicinina (10 nM) foi adicionada a meio 199 (M199) + Lis no tempo zero de infecção
(A) ou após 24 h p.i. (B). Após 48 h a infecção foi avaliada por imunofluorescência. C)
BMECs foi infectada com DENV2 (cepa Nova Guiné) (MOI=5), após 24 h de infecção
BK foi adicionada ao M199. Após 48 h de infecção o sobrenadante foi coletado e a
carga viral avaliada por plaqueamento em células VERO. (*) indica p < 0,05. Os dados
são representativos de 3 experimentos independentes.
C
5
6
7
logPFU/ml
+
BK
-
DENV
+
+
*
5
6
7
logPFU/ml
+-
+
+
*
C
5
6
7
logPFU/ml
+
BK
-
DENV
+
+
*
5
6
7
logPFU/ml
+-
+
+
*
DENV Jamaica
DENV Nova Guiné
A
DEN DEN DEN + BDK DEN + BDK
A
DENV DENV DENV + BK DENV + BK
DENV Jamaica
DEN DEN DEN + BK DEN + BK
B
DENV DENV DENV + BK DENV + BK
B
Figura 14. Potencialização da Infecção de BMECs pelo Vírus da Dengue mediada
por Angiotensina 1-7. A e B) BMECs foram infectadas com DENV2 (cepa Jamaica),
angiotensina 1-7 (100 nM) foi adicionada a cultura no tempo zero de infecção (A) ou
após 24 h p.i. (B). Após 48 h a infecção foi avaliada por imunofluorescência. C)
BMECs foi infectada com DENV2 (cepa Nova Guiné) (MOI=5), após 24 h de infecção
Ang 1-7 foi adicionada em cultura. Após 48 h de infecção o sobrenadante foi coletado e
a carga viral avaliada por plaqueamento em células VERO. (*) indica p < 0,05. Os
dados são representativos de 3 experimentos independentes.
*
4
5
6
7
logPFU/ml
+
Ang 1-7
DENV +
-
+
*
4
5
6
7
logPFU/ml
Ang 1-7
DENV +
-
**
4
5
6
7
logPFU/ml
+
Ang 1-7
DENV +
-
+
*
4
5
6
7
logPFU/ml
Ang 1-7
DENV +
-
C
DENV Jamaica
DENV Nova Guiné
A
DEN DEN DEN + Ang (1
-
7) DEN + Ang (1
-
7)
A
DEN Ang (1
-
7) Ang (1
-
7)
DENV Jamaica
DENV DENV + DENV +
B
DEN DEN
DEN + Ang (1
-
7) DEN + Ang
(1
-
7)
B
DENV DENV
Ang (1
-
7) Ang
(1
-
7)
DENV + DENV +
Figura 15. Angiotensina 1-7 Modula a Infecção de BMECs pelos Vírus da Dengue
e Sindbis, Mediada pelos Receptores AT
1
e MAS. BMECs foram cultivadas com
DENV2 (MOI=5). Angiotensina 1-7 (100 nM) foi adicionada a cultura após 24 h de
infecção, os antagonistas A779 (1 μM) (A) ou Los (1 μM) (B) foram adicionados a
cultura 15-30 minutos antes da adição de Ang 1-7. Após 48 h de infecção o
sobrenadante foi coletado e a carga viral avaliada por plaqueamento em células VERO.
(*) indica p < 0,05 em relação a cultura apenas com DENV2; (**) indica p < 0,05 em
relação aos tratamentos.
*
4
5
6
7
logPFU/ml
* *
+
+
Ang 1-7
+
DENV
-
+
+
+-
-
+
A779
+
*
4
5
6
7
logPFU/ml
* *
+
+
Ang 1-7
+
DENV
-
+
+
+-
-
+
A779
+
A
+
Ang 1-7
DENV
-
+
-
-
Los
+
+
+
+
+
+
4
5
6
7
logPFU/ml
*
+
Ang 1-7
DENV
-
+
-
-
Los
+
+
Ang 1-7
DENV
-
+
-
-
Los
+
**
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
4
5
6
7
logPFU/ml
*
**
B
4.7. Bradicinina Modula a Apoptose Celular em BMECs Infectadas com o Vírus
da Dengue
Como observado, os peptídeos vasoativos BK e Ang 1-7 foram capazes de
aumentar a infecção de DENV2 em células endoteliais. Visto que esses peptídeos
medeiam a sobrevivência celular em infecção com SINV, avaliamos também se BDK é
capaz de modular a apoptose em células infectadas com DENV2. Dados preliminares
indicam que a adição de BK a cultura de BMECs infectadas por DENV é capaz de inibir
a apoptose dessas células. O pré-tratamento da cultura com HOE-140 foi capaz de
reverter o efeito da inibição da apoptose mediado por BK, indicando que esse peptídeo
está atuando via receptor B
2
R (Fig. 16).
Figura 16. Bradicinina Inibe a Apoptose Induzida por DENV em BMECs. BMECs
foram infectadas com DENV MOI de 5. 24 h p.i. BK (10 nM) foi adicionada ao meio
199 (M199) suplementado com lisinopril, na presença ou ausência do seu antagonista
(HOE-140 (100 nM)). A avaliação da apoptose foi realizada 24 h (36 h p.i.) após a
adição dos peptídeos, através de dupla marcação das células com iodeto de propídeo e
anexina V, e análise por citometria de fluxo. As células positivas apenas para anexina
V, foram consideradas em apoptose. Os dados são representativos de 2 experimentos
independentes.
14,23
DENV
10,98
DENV+BDK
15,21
DENV+BDK+
HOE-140
7,63
Meio
Anexina V
I.P.
14,23
DENV
14,23
DENV
14,23
DENV
10,98
DENV+BDK
10,98
DENV+BDK
15,21
DENV+BDK+
HOE-140
15,21
DENV+BDK+
HOE-140
7,63
Meio
7,63
Meio
Anexina V
I.P.
4.8. Os Peptídeos Bradicinina e Angiotensina 1-7 Modulam a Produção de NO em
BMECs Infectadas com o Vírus da Dengue
Sabe-se que tanto bradicinina quanto angiotensina 1-7 são capazes de induzir a
produção de óxido nítrico em células endoteliais através da ativação da enzima óxido
nítrico sintase (eNOS) (Kono, et al., 2002). A liberação de NO pode ser também
induzida por patógenos e, em infecções virais, NO pode ter efeito citotóxico e contribuir
para a eliminação do vírus (Akaike e Maeda, 2000). Baseado nessas informações, nós
avaliamos se a produção de NO pode ser modulada pelo vírus da dengue e se esses
peptídeos estão envolvidos nesse processo. Para isso nós incubamos BMECs com
DENV2 (MOI=5) ou sobrenadante de células VERO não infectadas (Mock), após 18 h
de infecção as células foram incubadas com DAF-FM (4-amino-5-metilamino-2’,7’-
difluorofluoesceina diacetato), um composto não fluorescente capaz de atravessar a
membrana celular passivamente, reagir com NO e formar um composto fluorescente. As
células foram estimuladas com bradicinina e angiotensina 1-7, na presença ou ausência
dos respectivos antagonistas, e avaliadas por microscópio de fluorescência. Podemos
observar que as BMECs produzem óxido nítrico em níveis basais e essa produção é
aumentada na presença de DENV2 e na presença dos estímulos, BK e Ang 1-7. Esse
efeito não foi observado no controle Mock. Entretanto, em células infectadas e tratadas
com os peptídeos ocorre uma diminuição na produção desse mediador. Esse efeito pode
ser parcialmente revertido quando pré-tratamos a cultura com os antagonistas dos
receptores. A utilização de HOE-140 indica que BK inibe NO através do engajamento
do receptor B
2
R (Fig. 17A e B). Já o peptídeo Ang 1-7 modula a produção de NO via os
receptores MAS e AT
1
, visto que tanto a utilização de A779 e, principalmente, de
losartan foi capaz de restaurar parcialmente a produção de NO. Esses dados indicam que
pode estar ocorrendo uma cooperação entre esses dois receptores (Fig. 18A e B).
Figura 17. Bradicinina Inibe a Produção de NO em Células Endoteliais, Induzida
pelo Vírus da Dengue. BMECs foram infectadas com DENV2 (MOI=5), ou tratadas
com sobrenadante de células VERO (Mock), 18 h p.i. as células foram incubadas com
DAF (5 μM) por 20 minutos a 37º C, lavadas e estimuladas com BK (20 nM) por 10
minutos, na presença ou ausência do antagonista HOE-140 (200 nM). Lisinopril (25
μM) foi adicionado a cultura 30 minutos antes da BK. As lâminas foram avaliadas em
microscópio de fluorescência utilizando objetiva de 100x. As situações foram realizadas
em duplicata. Este dado é representativo de 5 experimentos.
MeioMeioMeioMeioMeioMeioMeioMeioMeio
Mock
MeioMeio
BK
MeioMeioMeioMeioMeioMeio
DENV + BK/Lis
Meio
Mock
DENV + BK/Lis + HOE -140
DENV
MeioMeioMeioMeioMeioMeioMeioMeioMeio
Mock
MeioMeio
BK
MeioMeioMeioMeioMeioMeio
DENV + BK/Lis
Meio
Mock
DENV + BK/Lis + HOE -140
DENV
Figura 18. Angiotensina 1-7 Inibe a Produção de NO em Células Endoteliais,
Induzida pelo Vírus da Dengue. BMECs foram infectadas com DENV2 (MOI=5), 18
h p.i. as células foram incubadas com DAF (5 μM) por 20 minutos a 37º C, as células
foram lavadas e estimuladas com Ang 1-7 (100 nM) por 10 minutos, na presença ou
ausência dos antagonistas A779 (1 μM) (MAS) ou Losartan (1 μM) (AT1). As lâminas
foram avaliadas em microscópio de fluorescência utilizando objetiva de 100x. As
situações foram realizadas em duplicata. Este dado é representativo de 5 experimentos.
DENV + Ang (1-7)
DENV +Ang (1-7) + Los DENV + Ang (1-7) + A779
Meio
DENV
DENV + Ang (1-7)
DENV +Ang (1-7) + Los DENV + Ang (1-7) + A779
Meio
DENV
DENV + Ang (1-7)
DENV +Ang (1-7) + Los DENV + Ang (1-7) + A779
Meio
DENV
DENV + Ang (1-7)
DENV +Ang (1-7) + Los DENV + Ang (1-7) + A779
Meio
DENV
Ang (1-7)Ang (1-7)Ang (1-7)Ang (1-7)
DENV + Ang (1-7)
DENV +Ang (1-7) + Los DENV + Ang (1-7) + A779
Meio
DENV
DENV + Ang (1-7)
DENV +Ang (1-7) + Los DENV + Ang (1-7) + A779
Meio
DENV
DENV + Ang (1-7)
DENV +Ang (1-7) + Los DENV + Ang (1-7) + A779
Meio
DENV
DENV + Ang (1-7)
DENV +Ang (1-7) + Los DENV + Ang (1-7) + A779
Meio
DENV
Ang (1-7)Ang (1-7)Ang (1-7)Ang (1-7)
4.9. A via PI3K pode estar Envolvida na Modulação de NO mediada por
Bradicinina em BMECs Infectadas com o Vírus da Dengue
Estudos mostram que BK é capaz de ativar a via da PI3K. Sabe-se também que
esta via está envolvida com a ativação da eNOS através do aumento intracelular de
cálcio e subseqüente produção de NO. Para avaliar a possível relação da PI3K com a
produção de NO, nós tratamos as células, no momento zero de infecção e novamente 18
h p.i., com o inibidor específico da PI3K, wortmanina. Como mostrado anteriormente,
podemos observar que BK na presença de dengue inibiu a produção de NO. No entanto
a produção de NO foi restabelecida na presença de wortmanina. A adição de
wortmanina às culturas apenas infectadas na ausência do peptídeo não induziu alteração
da produção de NO pelo vírus. Esses dados indicam que BK está inibindo a síntese de
NO por mecanismo que parece depender da ativação da PI3K e que a indução de NO
por DENV independe da ativação dessa enzima (Fig. 19).
Figura 19. A Inibição da Produção de NO em BMECs Infectadas por DENV,
mediada por BK, pode ser via PI3K. BMECs foram infectadas com DENV2 MOI=5,
18 h p.i. as células foram incubadas com DAF (5 μM) por 20 minutos a 37º C, as células
foram lavadas e estimuladas com BK (20 nM) por 10 minutos na presença de Lis (1
μM). Wortmanina (Wort – 100 nM) foi adicionada no tempo zero de infecção e
juntamente com lisinopril (25 μM), 30 minutos antes da BK. As lâminas foram
avaliadas em microscópio de fluorescência utilizando objetiva de 100x. As situações
foram realizadas em duplicata. Este dado é representativo de 3 experimentos.
DENV + Wort
Meio
DENV
DENV + Wort
Meio
DENV
DENV + Wort
Meio
DENV
DENV + BK/Lis
DENV + Wort
Meio
DENV
DENV + BK/Lis + Wort
DENV + Wort
Meio
DENV
DENV + Wort
Meio
DENV
DENV + Wort
Meio
DENV
DENV + BK/Lis
DENV + Wort
Meio
DENV
DENV + BK/Lis + Wort
4.10. Papel do NO na Indução da Apoptose mediada por DENV2 e na Regulação
da Replicação Viral
Nós acreditamos que a persistência do sinal de ativação da eNOS mediada pelo
vírus e pelos peptídeos resulte num feedback negativo e, por isso, na diminuição da
produção do NO. Uma menor produção de NO poderia ter dois efeitos na modulação da
replicação viral: (i) um efeito direto, já que foi demonstrado que NO possui ação
antiviral; (ii) um efeito indireto, através do controle da apoptose celular. Para avaliar o
papel do NO nesse dois mecanismos, nós utilizamos em nossas culturas um inibidor da
NOS – L-NMMA. Inicialmente, nós verificamos se L-NMMA realmente inibe a
produção de NO em células endoteliais e qual a concentração ideal de uso. Para isso nós
cultivamos BMECs com L-NMMA nas concentrações indicadas e, após 18 h, as células
foram incubadas com DAF-FM (5 μM), estimuladas com Ang 1-7 (100 nM), e
analisadas por IF. Como podemos observar L-NMMA é capaz de inibir a produção de
NO em concentrações acima de 200μM. Paralelamente, nós realizamos um teste de
citotoxicidade com as concentrações inibitórias de L-NMMA, por técnica de XTT.
Através do teste de viabilidade nós concluímos que o inibidor da enzima NOS (todas as
isoformas) não é tóxico para as células nas concentrações utilizadas (Fig. 20 A e B), e
nós escolhemos usar a concentração de 250 μM que é capaz de inibir a produção de NO.
Foi observado que o bloqueio da produção de NO resulta em um aumento da
replicação viral (Figura 21 A) e na inibição da apoptose induzida pelo vírus (Figura 21
B). Esses dados sugerem que a diminuição da produção de NO mediada pela bradicinina
e pela angiotensina 1-7 pode ser um dos mecanismos envolvidos no controle da
apoptose e da replicação viral mediados por esses peptídeos.
Figura 20. L-NMMA Inibe a Produção de NO em BMECs sem Interferir na
Viabilidade Celular. (A) BMECs foram cultivadas com L-NMMA, nas concentrações
indicadas. Depois de 18 h, as células foram incubadas com DAF-FM (5 μM) por 20
minutos a 37º C e estimuladas com Ang 1-7 (100 nM). (B) BMECs foram cultivadas
com L-NMMA, nas concentrações indicadas. Depois de 48 h foi realizada a técnica de
XTT.
L-NMMA 50 μM + Ang 1-7
L-NMMA 200 μM + Ang 1-7
L-NMMA 100 μM + Ang 1-7
L-NMMA 500 μM + Ang 1-7
Meio
A
Triton L-NMMA L-NMMA
% viability
0
20
40
60
80
100
B
Triton L-NMMA L-NMMA
% viability
0
20
40
60
80
100
Triton L-NMMA
(250 µM)
L-NMMA
% viability
0
20
40
60
80
100
B
(500 µM)
Triton L-NMMA L-NMMA
% viability
0
20
40
60
80
100
B
Triton L-NMMA L-NMMA
% viability
0
20
40
60
80
100
Triton L-NMMA
(250 µM)
L-NMMA
% viability
0
20
40
60
80
100
B
(500 µM)
Figura 21. Papel do NO na Apoptose Induzida por DENV2 e na Regulação da
Replicação Viral. (A) BMECs foram infectadas com DENV2 MOI=5, na presença de
L-NMMA, nas concentrações indicadas. Depois de 48 h, o sobrenadante foi recolhido e
o título viral foi avaliado por plaqueamento. (B) BMECs foram infectadas com DENV2
e, após 24 h, L-NMMA (250 μM) foi adicionado a cultura. Após 48 h de infecção as
células foram incubadas com anexina V e iodeto de propídeo, e a percentagem de
células apoptóticas foi avaliada por citometria de fluxo. (*) indica p < 0,05 DENV em
relação ao meio.
NMMA
PFU/ml
Meio L-NMMA
(250uM)
L-
(500uM)
*
*
1.0×10
7
1.0×10
8
1.0×10
9
6
1.0x10
A
PFU/ml
Meio L-NMMA
(250uM)
L-
(500uM)
*
*
NMMA
1.0×10
7
1.0×10
8
1.0×10
9
6
1.0x10
A
9,81
DENV+L-NMMA
10,17
L-NMMA
7,63
Meio
Anexina V
I.P.
7,63
Meio
14,23
DENV
9,81
DENV+L-NMMA
9,81
DENV+L-NMMA
10,17
L-NMMA
10,17
L-NMMA
7,63
Meio
7,63
Meio
Anexina V
I.P.
7,63
Meio
7,63
Meio
14,23
DENV
14,23
DENV
14,23
DENV
5. Discussão
Em nosso trabalho avaliamos o papel dos peptídeos vasoativos bradicinina (BK)
e angiotensina 1-7 (Ang 1-7) na patogênese por arbovirus. Sabe-se que esses peptídeos
estão relacionados com o controle da homeostase vascular através da produção de
mediadores químicos como prostaglandinas, catecolaminas, óxido nítrico, dentre outros,
além de manter o tônus vascular e participar da indução da resposta imune (Bhoola et
al., 1992; Kono, et al., 2002). Além dos efeitos desses peptídeos na circulação
sanguínea, vem sendo descrita a participação de componentes dos sistemas calicreína-
cinina e renina-angiotensina em infecções causadas por diversos patógenos.
Protozoários como Trypanosoma cruzi (Nery et al., 1997; Scharfstein et al., 2000) e
Leishmania donovani (Svensjö et al., 2006) possuem enzimas específicas que agem
clivando a molécula de cininogênio, promovendo a liberação de cininas, o que contribui
para o desenvolvimento da resposta inflamatória e favorece a infecciosidade do parasita.
Além disso, foi caracterizado recentemente, que o vírus causador da síndrome
respiratória aguda (SARS) utiliza a enzima conversora de angiotensina 2 (ECA 2) como
receptor na infecção de células pulmonares e que a proteína ECA contribui para a
gravidade da doença (Mizutani et al., 2005; Turner et al., 2004).
Para avaliar se BK e Ang 1-7 estão envolvidos na infecção por arbovirus
utilizamos dois modelos celulares de infecção. A linhagem celular de endotélio
microvascular cerebral humano (BMECs) foi escolhida devido a capacidade do vírus
Sindbis (SINV) e do vírus da dengue (DENV) em atravessar a barreira
hematoencefálica e consequentemente desenvolver encefalopatias. Devido à
característica neurotrópica de SINV nós também avaliamos a infecção em linhagem
celular de glioma humano (U87). Embora o DENV não seja considerado um vírus
neurotrópico ele também é capaz de infectar células do sistema nervoso. Iniciamos o
nosso estudo com o SINV por esse ser considerado o protótipo do grupo, sendo
utilizado como modelo em diversos estudos. Nós observamos que a presença de BK foi
capaz de potencializar a infecção por SINV com participação do receptor B
2
R, uma vez
que o pré-tratamento com o antagonista do receptor em questão, HOE-140, reverteu
parcialmente o aumento da infecção. Entretanto, o fato de o antagonista do B
2
R não ser
suficiente para reverter o efeito de BK indica que outros mecanismos podem estar
envolvidos nesse evento. Pretendemos avaliar qual a participação do B
1
R na modulação
da infecção por BK e avaliar se a expressão desse receptor, juntamente com B
2
R, está
aumentada na infecção por esse vírus. Considerando que BK tem uma meia vida curta,
nós utilizamos em nossas culturas o inibidor da ECA, lisinopril. Esse inibidor impede a
degradação da BK em um peptídeo inativo, mas não interfere com a infecção viral
(dado não mostrado).
A adição de Ang 1-7 também favoreceu o aumento da infecção por SINV.
Interessantemente, a potencialização da infecção mediada por Ang 1-7 não foi
dependente do receptor específico MAS, ao contrário, o bloqueio desse receptor com
A779 proporcionou um aumento na infecção de BMECs por SINV. Nós acreditamos
que o efeito de angiotensina 1-7 pode estar sendo regulado através da cooperação de
dois ou mais receptores, como AT1, AT2 e, possivelmente, por um terceiro receptor já
descrito, mas ainda não caracterizado (Silva, et al., 2007), pois quando losartan é
utilizado ainda é possível observar pouco efeito de Ang 1-7 sobre a infecção, indicando
que esse peptídeo age preferencialmente via AT1, mas que outros receptores podem
estar competindo pelo agonista. Nossa hipótese é que o bloqueio do receptor MAS
tornaria a Ang 1-7 disponível no meio para se ligar aos demais receptores, contribuindo
para a potencialização da infecção. Uma outra hipótese pode ser usada para esclarecer
esse evento, como nós não avaliamos a ação de angiotensina II (Ang II) nesses
experimentos, é possível que o bloqueio do receptor MAS favoreça a ação de Ang II,
endógena, via seus receptores AT1 e AT2 reforçando, assim, o efeito de Ang 1-7. Esses
resultados são consistentes com dados da literatura, onde experimentos realizados com
perfusão de angiotensina 1-7 no coração de camundongos mostra que esse peptídeo
pode agir via os receptores MAS, AT1 e AT2 ou uma cooperação entre eles, e a ação de
Ang 1-7 é dependente do receptor engajado (Castro et al., 2005). Para esclarecer a
participação dos receptores de angiotensina 1-7 é necessário avaliar os efeitos do
tratamento de BMECs infectadas com SINV, com cada inibidor separadamente e a ação
conjunta desses receptores, além de avaliar a possível participação de Ang II nesse
modelo.
Os resultados obtidos com a infecção da linhagem celular U87 por SINV
corroboram os dados apresentados para BMECs. A potencialização da infecção mediada
por BK é dependente do receptor B
2
R. De fato, o uso do antagonista HOE-140 foi capaz
não só de reverter o efeito da BK, mas também reduzir a infecção quando comparada
com o controle. Possivelmente, a infecção pelo vírus pode induzir a produção de BK
por essas células, e esse peptídeo produzido endogenamente poderia contribuir para a
infecção de SINV em U87. O bloqueio do receptor B
2
R estaria impedindo a ação, tanto
da BK endógena quanto da exógena. Nesse modelo, a utilização de [Leu8]des-Arg9-
BK, antagonista do B
1
R, também foi capaz de reverter o efeito da BK, sugerindo que
ambos os receptores estão envolvidos na potencialização da infecção mediada por BDK,
podendo ocorrer também uma cooperação entre os mesmos. Ang 1-7 também foi capaz
de potencializar a infecção de U87 por SINV. Assim como em BMECs, o bloqueio de
MAS induziu aumento da infecção e o uso de losartan reverteu a ação de Ang 1-7,
demonstrando um papel do receptor AT1 também na infecção desse tipo celular.
Esses achados nos levam a acreditar que BK e Ang 1-7 contribuem com a
patogênese de infecções virais. Dessa maneira resolvemos expandir nossos estudos para
infecção pelo vírus da dengue. Nós acreditamos que os peptídeos BK e Ang 1-7 podem
estar envolvidos na patologia, já que FHD é caracterizada por eventos relacionados com
alterações na homeostase vascular, como plaquetopenia, coagulopatia, aumento da
permeabilidade vascular e extravasamento de líquido. Além disso, a ativação de células
endoteliais pode levar a produção de mediadores inflamatórios e a apoptose dessas
células (Mitrakul et al, 1987; Krishnamurti, et al., 2002).
Os peptídeos BK e Ang 1-7 também foram capazes de modular a infecção de
BMECs por DENV. Nós observamos que esses peptídeos parecem interferir em etapas
tardias da infecção por dengue, já que BK e Ang 1-7 adicionados no início da infecção
por DENV Jamaica não foram capazes de modular a infecção de BMECs. Entretanto,
como observado com SINV a adição de BK e Ang 1-7 24 h pós infecção, potencializa a
infecção de células endoteliais pelo DENV2 cepas Jamaica e Nova Guiné. Além disso, a
infecção por DENV induziu um aumento na expressão de receptores de BK B
1
R e B
2
R.
A ação de Ang 1-7 parece ser mediada pelo engajamento dos receptores MAS e AT
1
,
dados preliminares nos mostraram que tanto o pré-tratamento com A779 quanto com
losartan foram capazes de reverter totalmente a potencialização da infecção.
Provavelmente, os receptores MAS e AT
1
devem estar cooperando na resposta a Ang 1-
7, entretanto mais experimentos devem ser feitos para esclarecer essa hipótese.
Pretendemos também desvendar qual receptor é ativado por BK na modulação da
infecção por dengue.
Ao longo da evolução os vírus vêm desenvolvendo diversas estratégias que
modulam vias de sinalização da célula hospedeira a favor da infecção. Essas vias estão
geralmente associadas à regulação do balanço entre sobrevivência e apoptose celular.
Dados da literatura demonstram que o estabelecimento de infecção persistente em
SARS é dependente da ativação dos fatores anti-apoptóticos AKT e JNK (Mizutani et
al, 2005). Proteínas pertencentes a família de Bcl-2 também estão relacionados com o
desenvolvimento de infecção persistente. O aumento da expressão de Bcl-2 permitiu
infecção persistente por JEV através da redução da apoptose celular (Liao et al., 1998).
Experimentos feitos, in vitro, utilizando infecção por Flavivirus demonstraram que
esses vírus inicialmente inibem a apoptose através da fosforilação de AKT. Entretanto,
em um segundo estágio da infecção a apoptose é induzida via inibição de AKT (Lee et
al., 2005).
Nossos experimentos demonstraram que a morte celular programada de BMECs
induzida por SINV é um evento tardio na patogenia da infecção. Em 24 h de infecção
poucas células apoptóticas foram observadas (dado não mostrado), entretanto, após 36h,
foi observado um número significativo de células mortas. Assim como SINV, DENV
também induz apoptose tardia, entretanto devido ao ciclo replicativo de dengue ser mais
longo, a apoptose foi melhor observada após 48 h de infecção. Como descrito na
literatura, a ação de BK e Ang 1-7 na ativação dos receptores acoplados a proteína G
início a uma série de cascatas de fosforilação intracelular que culmina na ativação de
vias relacionadas à produção de mediadores vasoativos, mas também a ativação de vias
relacionadas à sobrevivência celular, como a via da PI3K (rev. Bhoola et al., 1992;
Kurdi, et al., 2005; Govers e Rabelink, 2001). Os vírus estudados nesse trabalho são
liberados da célula por mecanismos que não dependem de lise celular, portanto, é
extremamente necessário para o sucesso da progênie que a célula se mantenha viva
tempo suficiente para ocorrer a replicação.
Nós hipotetizamos que BK e Ang 1-7 podem estar contribuindo para o aumento
da sobrevivência celular, possibilitando assim, uma maior produção de vírus por célula.
De fato a adição desses peptídeos em BMECs infectadas com SINV ou DENV inibiu a
apoptose celular induzida pelos vírus. Experimentos realizados com SINV indicaram
que o mecanismo de indução da sobrevivência celular é dependente de PI3K, já que o
pré-tratamento com wortmanina, um inibidor da PI3K, foi capaz de reverter a
modulação da apoptose. De forma semelhante a observada nos experimentos de
infecção, a utilização de HOE-140 e losartan foi capaz de reverter a ação de BK e Ang
1-7, respectivamente. Da mesma forma, a utilização de A779 em infecção por SINV,
não foi capaz de restaurar a apoptose mediada pelo vírus. Esses dados demonstram que
o engajamento dos receptores B
2
R pela BK e AT1 pela Ang 1-7 estão envolvidos não só
no aumento da replicação viral, mas também no retardo da apoptose induzida pelo vírus.
A infecção por vírus também é capaz de modular vias de sinalização envolvidas
com a resposta imune do hospedeiro. Dados da literatura nos mostram que dengue é
capaz induzir a ativação de células endoteliais, com subseqüente liberação de
mediadores químicos como citocinas, quimiocinas e óxido nítrico. A ativação dessas
células pode ser devido a ação direta do vírus ou mediada por fatores produzidos por
outras células (Avirutnan et al., 1998; Talavera, et al., 2004; Cardier et al., 2005).
A produção de óxido nítrico também pode ser estimulada por mediadores
presentes no sangue como bradicinina e angiotensina 1-7. O NO proveniente de células
endoteliais é na sua grande maioria produzido pela enzima eNOS. A forma inativa da
enzima encontra-se ancorada a membrana e associada a caveolina -1 e ao receptor de
bradicinina B
2
R. A interação com o receptor de angiotensina II, AT
1
, também é capaz
de inativar eNOS. Dentre outros estímulos, a ligação de BK a B
2
R provoca a
dissociação entre esse receptor e a eNOS, além de induzir o aumento de Ca
2+
intracelular que culmina com a liberação da eNOS, de caveolina-1 que leva à produção
de NO (Venema, 2002). De fato, nossos dados demonstram que tanto a infecção com
DENV quanto o estímulo de BMECs por BK ou Ang 1-7 foram capazes de induzir a
liberação de NO. Curiosamente, BMECs infectadas com DENV e tratadas com BK ou
Ang 1-7 apresentaram uma inibição da produção de NO mediado por dengue.
Um conjunto de fatores está envolvido com a ativação da eNOS. Estímulos
externos induzem tanto o aumento de Ca
2+
intracelular quanto a ativação de proteínas
responsáveis pela fosforilação de sítios específicos na enzima (Oess, et al., 2006). BDK
é capaz de promover ativação de AKT, que resulta na fosforilação de sítios envolvidos
no aumento da atividade da eNOS. Concomitantemente BK estimula a defosforilação de
resíduos Thr-497, sítio que quando fosforilado por PKC torna-se inibitório (Venema,
2002). Nós acreditamos que a ação conjunta de BK e o vírus na ativação da eNOS,
resulte, provavelmente, num feedback negativo. De fato, NO produzido em excesso
pode induzir a fosforilação de sítios inibitórios da eNOS via ativação da proteína cinase
C (PKC). Essa inativação de eNOS via PKC, parece envolver receptores acoplados a
proteína G, como receptores de BK, acetilcolina e serotonina (rev. Govers e Rabelink,
2001). De acordo com nossos dados a modulação de NO por bradicinina é dependente
de B
2
R e a ação da Ang 1-7 ocorre via receptor AT1, ambos receptores acoplados a
proteína G, o que corrobora com a hipótese supracitada.
Nós observamos que a produção de NO mediada pela infecção por dengue não é
dependente de AKT, pois a utilização do inibidor da PI3K (wortmanina), proteína a
jusante na via, não foi capaz de inibir a produção de NO. Entretanto, wortmanina foi
capaz de reverter o efeito de DENV e BK adicionados junto a cultura. Como descrito
anteriormente BK é capaz de ativar eNOS por duas vias, uma dependente e outra via
independente de AKT. Nós hipotetizamos que quando uma dessas vias é bloqueada, a
concentração de NO produzida pode não ser suficiente para induzir controle por
feedback negativo, sendo possível observar NO nas células. Entretanto, outros
experimentos devem ser feitos para esclarecer a participação dessas vias na modulação
da produção de NO.
Nossos dados indicam que Bradicinina e Angiotensina 1-7 podem estar
potencializando a infecção de dengue em BMECs através da modulação da apoptose, e
da inibição da produção de NO. Essa modulação é dependente da ativação dos
receptores acoplados a proteína G. Dados da literatura demonstram que NO é capaz de
induzir a apoptose em macrófagos, células β do pâncreas, neurônios, hepatócitos, dentre
outras (Li e Wogan, 2005). Dessa forma, é possível que a modulação da produção do
NO esteja interferindo também no processo de apoptose mediado pelo vírus. De fato, o
uso do inibidor de NO sintases foi capaz de reduzir a apoptose dessas células. A
inibição do NO, mediada pela BK e Ang 1-7 poderiam estar, então, contribuindo para o
retardo da apoptose e aumento da replicação viral.
Além disso, NO também pode ter ação direta no vírus, funcionando como
antiviral. Sabe-se que NO é capaz de impedir a replicação de dengue inibindo a ação da
polimerase viral NS5 (Takhampunya et al., 2006). Corroborando com a literatura, o
tratamento de BMECs infectadas com DENV na presença do inibidor da NOS, L-
NMMA, proporcionou um aumento na carga viral.
Muitos estudos ainda deverão ser feitos até chegar a completa compreensão da
ação de BK e Ang 1-7 na patogênese de dengue. Entretanto, baseado nesses dados
acreditamos que esses peptídeos contribuem com a infecção pelo vírus da dengue, seja
aumentando a sobrevivência celular por inibição da apoptose, seja por favorecimento da
resposta inflamatória. O entendimento desses mecanismos ajudará na compreensão de
formas graves da doença e possível controle da mesma.
6. Conclusões
Os peptídeos BK e Ang 1-7 são capazes de potencializar a infecção pelos vírus
da dengue e Sindbis em BMECs e em U87 pelo vírus Sindbis;
A modulação da infecção de BMECs e U87 por SINV mediada por bradicinina e
Ang 1-7 é dependente do engajamento dos receptores B
1
R e B
2
R (BK) e AT
1
(Ang 1-7)
A indução da apoptose mediada por Sindbis em BMECs é modulada pelos
peptídeos BK e Ang 1-7, via ativação de PI3K; esse efeito parece ser mediado
pelos receptores B
2
R e AT
1
;
A apoptose induzida por vírus da dengue é modulada negativamente por BK, o
mecanismo de modulação parece envolver bloqueio da produção de NO;
Infecção pelo DENV induz aumento da produção de NO, esse efeito é inibido na
presença de BK ou Ang 1-7;
O tratamento com wortmanina é capaz de reverter o efeito inibitório da produção
de NO, mediado pela infecção por DENV em células tratadas com BK ou Ang
1-7;
7. Modelo Proposto
A interação de bradicinina ou angiotensina 1-7 com seus respectivos receptores,
induz ativação da via de PI3K, com fosfor
celular (passos 1 e 2). Além disso, a ligação
eNOS, por mecanismo dependente de PI3K e d
caveolina -1 e ao B
2
R. A infecção por dengue també
produção de NO (passo 3). A exacerbação
ativação da eNOS pelo vírus e pelos pep
(passo 4). O NO pode também agir diretam
fosforilação da AKT pode ser induzida p
(passo 6). Porém em mome
celular (passo 7).
Figura 22. Mecanismos de Modulação da Infecção por Dengue em Células Endoteliais.
ilação de AKT, culminando na sobrevivência
de BK ao receptor B
2
R induz a ativação de
a desestabilização da ligação de eNOS a
m é capaz de ativar eNOS e induzir
de NO devido a persistência do sinal de
tídeos, provoca inibição da eNOS via PKC
ente inibindo a replicação viral (passo 5). A
elo vírus em momentos iniciais da infecção
ntos tardios da infecção o vírus pode induzir a apoptose
BK
B2
AT1
AT2
Caveolina-1
PI3K
AKT
Sobrevivência
Apoptose
NO
L-arginina
PK
C
Ang 1-7
eNOS
NO
NO
NO
NO
NúcleoCitoplasma
NO
RNA viral
1
1
2
3
eNOS
4
5
3
6
7
B2
AT1
AT2
Caveolina-1
PI3K
AKT
Apoptose
NO
L-arginina
NO
L-arginina
PK
C
Ang 1-7
eNOSeNOS
NO
NO
NO
NO
NO
NO
NO
NO
NúcleoCitoplasma
NO
RNA viral
1
1
2
3
eNOSeNOS
4
5
3
6
7
BK
B2
AT1
AT2
Caveolina-1
PI3K
AKT
Sobrevivência
Apoptose
NO
L-arginina
PK
C
Ang 1-7
eNOS
NO
NO
NO
NO
NúcleoCitoplasma
NO
RNA viral
1
1
2
3
eNOS
4
5
3
6
7
B2
AT1
AT2
Caveolina-1
PI3K
AKT
Apoptose
NO
L-arginina
NO
L-arginina
PK
C
Ang 1-7
eNOSeNOS
NO
NO
NO
NO
NO
NO
NO
NO
NúcleoCitoplasma
NO
RNA viral
1
1
2
3
eNOSeNOS
4
5
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7
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