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Gleice da Graça Rocha
ESTUDO DA ATIVIDADE ANTITUMORAL DE
TRITERPENOS ISOLADOS DA
CECROPIA LYRATILOBA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA À
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO VISANDO A
OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS
BIOLÓGICAS (BIOFISICA)
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
2008
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ESTUDO DA ATIVIDADE ANTITUMORAL DE TRITERPENOS ISOLADOS DA
CECROPIA LYRATILOBA
Autor: Gleice da Graça Rocha
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências
Biológicas (Biofísica), Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF),
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título
de Mestre em Ciências biológicas (Biofísica)
Orientador: Cerli Rocha Gattass
Rio de Janeiro
Fevereiro, 2008
Os dados experimentais desta dissertação foram obtidos no laboratório de
Imunologia Celular do Instituto de Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF),
Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro com apoio
financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq).
ii
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FICHA CATALOGRÁFICA
Rocha, Gleice da Graça
Estudo da atividade antitumoral de triterpenos isolados da Cecropia
lyratiloba / Gleice da Graça Rocha. - 2008.
xv, 9
6 f: il.; 29,7cm.
D
issertação (mestrado) – UFRJ. / IBCCF / Programa de Pós graduação
em Ciências Biológicas (Biofísica), Rio de Janeiro, 2008
Orientador: Cerli Rocha Gattass.
Referências Bibliográficas: f 72-8
9
1
. Ácido 3β-acetil tormêntico. 2. Leucemia. 3. Apoptose. 4. Tri
terpenos.
I. Gattass, Cerli Rocha. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Programa de Pós graduação
em Ciências Biológicas (Biofísica). III. Estudo da atividade antitumoral
de triterpenos isolados da Cecropia lyratiloba.
iii
Dedico esta dissertação aos meus amados pais
Sonia Maria Cordeiro da Graça e José Gabriel Rocha
iv
AGRADECIMENTOS
À Deus, pelas bênçãos e pelo conforto nos momentos de dificuldades, que não
foram poucos.
A cada pessoa que está na minha vida e no meu coração, como amigo, porque
é colaboradora ativa na elaboração desta dissertação.
Tendo agradecido a todos, destaco amigos e companheiros mais diretamente
envolvidos nesta jornada.
À minha orientadora Cerli Rocha Gattass por acreditar em mim e me dar todo o
suporte na produção desta dissertação.
À Alyne (Lindinha) e à Deise por me ensinar os primeiros passos dentro do
laboratório de Imunologia Celular.
À Janaína, pelas sugestões que muitas vezes direcionaram os rumos desse
trabalho e pela alegria e empolgação contagiantes.
À Marisol, “minha estagiaria”, pelo companheirismo e dedicação ao nosso
trabalho. Que ele possa render muitos frutos...
À Kelly. Passamos por muita coisa juntas e apesar dos problemas, você
sempre será minha madrinha...
Ao Adonis por sempre está disposto a ouvir os desabafos... Ah, e também
pelas músicas!
Ao Lindomar. Sem ele o laboratório pára.
Em fim, a todos os amigos do Laboratório de Imunologia Celular, pelo respeito
e carinho durante estes anos de esforço.
À professora Viviam Rumjanek pelas discussões férteis.
Ao Tião pela compreensão nas doações de garrafinhas de células.
v
Ao laboratório de Imunologia Tumoral pela ajuda com os reagentes e
protocolos.
A minha revisora, professora Glória pela ajuda e sugestões.
À Sandrinha, sempre atenciosa e solícita comigo.
À minha irmã, Ana Lúcia pelo incentivo, amor e carinho.
Ao meu esposo, Ed Carlos, pela compreensão, incentivo e amor sem os quais
não conseguiria vencer mais esse desafio.
vi
RESUMO
ESTUDO DA ATIVIDADE ANTITUMORAL DE TRITERPENOS ISOLADOS DA
CECROPIA LYRATILOBA
Autor: Gleice da Graça Rocha
Orientador: Cerli Rocha Gattass.
Resumo da Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Ciências Biológicas (Biofísica), Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
(IBCCF), Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção
do título de Mestre em Ciências biológicas (Biofísica)
Apesar dos avanços tecnológicos o tratamento do câncer ainda constitui um
desafio e a taxa de mortalidade por essa doença é muito alta. A presença do
fenótipo de resistência a ltiplas drogas (MDR), caracterizado pela resistência do
tumor a diversos quimioterápicos estrutural e funcionalmente diferentes, tem sido
apontada como uma das principais causas da falha quimioterápica no câncer. Por
esse motivo, uma busca constante por quimioterápicos mais eficientes, capazes
de controlar a evolução da doença e aumentar a expectativa de vida dos pacientes.
Esse projeto visa contribuir para o desenvolvimento de novos candidatos a fármacos
através do estudo da atividade anti-neoplásica de triterpenos isolados de Cecropia
lyratiloba, uma planta da flora brasileira popularmente conhecida como Embaúba. A
atividade de três triterpenos isolados dessa planta, os ácidos euscáfico (AE),
tormêntico (AT) e 3β-acetil tormêntico (AT3) foi avaliada em linhagens de leucemias
mielóide crônica sensível e resistente a múltiplas drogas (MDR). Todas as
substâncias inibiram a viabilidade celular de ambas as linhagens de maneira dose
dependente. Além disso, os IC
50
calculados demonstraram que esses triterpenos
possuem potencial citotóxico semelhante. O ácido 3β-acetil tormêntico (AT3) induziu
a apoptose em células da linhagem MDR. Esse efeito foi mediado pela via
mitocondrial e involveu aliberação de citocromo c e a ativação de caspase-3. Além
disso, o AT3 não alterou a atividade da proteína MDR, glicoproteína-P (Pgp)
indicando que esse composto não é substrato para essa proteina. Assim, esse
estudo apresenta o 3β-acetil tormêntico como um candidato potencial para o
tratamento de leucemias, incluindo aquelas que apresentam o fenótipo MDR
mediado pela superexpressão da Pgp.
Palavras-chave: Triterpenos; 3
β-acetil tormêntico; Leucemia; Apoptose;
vii
ABSTRACT
STUDY OF ANTITUMOR ACTIVITY OF TRITERPENES ISOLATED FROM
CECROPIA LYRATILOBA.
Autor: Gleice da Graça Rocha
Orientador: Cerli Rocha Gattass.
Abstract da Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Ciências Biológicas (Biofísica), Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
(IBCCF), Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção
do título de Mestre em Ciências biológicas (Biofísica).
Despite technological advances, the treatment of cancer is still a challenge and
the rate of mortalitity due to this disease is very high. Presence of the multidrug
resistance phenotype (MDR), characterized by tumor resistance to several
chemotherapic structural and functionally different, has been suggested as one of the
main causes of chemotherapic failure in cancer. For this reason, there is a constant
search for more efficient compounds, capable to control the evolution of the illness
and to increase the patients’ life expectation. This project aims to contribute for the
development of new drug candidates through the study of the antitumor activity of
triterpenes isolated from Cecropia lyratiloba, a plant of the Brazilian flora, popularly
known as Embaúba. The activity of three triterpenes isolated from this plant,
Euscaphic acid (EA), Tormentic acid (TA) and 3β-acethyl tormentic acid (3ATA) was
evaluated on sensitive and MDR-resistant leukemia cell lines. They had been
evaluated against sensitive and multidrug resistant leukemic cell lines. All substances
inhibited the viability of the cell lines in a dose dependent way. Moreover, the
calculated IC
50
demonstrated that these triterpenes have a similar cytotoxic potential.
3β-acethyl tormentic acid (3ATA) induced apoptosis of the MDR cell line. This
process is mediated by the mitochondrial pathway, involved cytochrome c release
and activation of caspase-3. Moreover, 3ATA had no effect on the activity of the
MDR protein, glycoprotein-P (Pgp) indicating that this compound is not substrate of
this protein. Thus, this study presents the 3β-acethyl tormentic acid as a potential
candidate for the treatment of leukemia, including the ones that present MDR
phenotype mediated for the Pgp overexpression.
Key words: Triterpenes; 3
β-acetyl tormentic; Leukemia; Apoptosis;
viii
LISTA DE ABREVIATURAS
ANT: Adenosine Nucleotide Translocator (Translocador de nucleotídeo adenina)
AE: ácido euscáfico
AT: ácido tormêntico
AT3: 3β-acetil tormêntico
ABCP: ABC placental protein (Proteína ABC placental)
ABC: família “ATP-Binding Cassete
AIF: Apoptosis inductor Factor (Fator indutor de apoptose)
ATP: adenosine triphosphate (adenosina trifosfato)
ADP: adenosine diphosphate (adenosina difosfato)
Apaf-1: Apoptotic Protease Activating Factor (Fator-1 ativador de protease
apoptótica)
BCRP: Breast Cancer Resistance Protein (proteína de resistência de câncer de
mama)
CSA: Ciclosporin A (Ciclosporina A)
CAD: Caspase Activated DNase (DNase ativada por caspase)
DD: Death Domain (Domínio de morte)
DNA:
deoxyribonucleic acid (ácido desoxirribonucléico)
DIOC
6
(3): 3,3'- dihexyloxacarbocyanine iodide (3,3'- iodeto de diexiloxacarbocianina)
dATP: Deoxyadenosine triphosphate (deoxiadenosina trifosfato)
DMSO: Dimetilsulfóxido
DISC: Death Inducing Signaling (Complexo sinalizador da indução de morte)
ψ
m
: Potencial de membrana mitocondrial
FADD: Fas Associated Death Domain (Domínio de morte associado ao Fas)
ICAD: Inhibitor Caspase Activated DNase (Inibidor de DNase ativada por caspase)
IC
50
:
half Inhibitory concentration (Concentração média inibitória)
ix
IAP: Inhibitory Apoptosis Protein (Proteína inibidora de apoptose)
MTT: 3-(4,5-dimethylthiazol-2-yl)-2,5-diphenyltetrazolium bromide (Brometo de 3-
(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazol)
MXR: Mitoxantrone Resistant Protein (proteína de resistência a mitoxantrona)
MRP1/ABCC1: Multidrug Resistance Protein (Proteína-1 associada à resistência a
múltiplas drogas)
MDR: Multidrug Resistance (Resistência a múltiplas drogas)
PTP: Permeability Transition Poro (Poro de permeabilidade de transição)
PARP: Poli-ADP ribose polimerase
PBS: Phosphate buffered saline (Solução fosfato tamponada)
RNA: ribonucleic acid (ácido ribonucléico)
RNA interference: ácido ribonucléico de interferente
SFB: Soro fetal bovino
TNFR: Tumor Necrosis Factor Receptor (Receptor do Fator de Necrose Tumoral)
TNF: Tumor Necrosis Factor (Fator de necrose tumoral)
TRADD/FADD: TNFR1-Associated Death Domain /Fas Associated Death Domain
(Domínio de morte associado ao TNF-R/ domínio de morte associado ao Fas).
TRAIL:
TNF-Related Apoptosis-Inducing Ligand (Ligante Indutor de Apoptose
Relacionado ao TNF)
TRAIL-R: TNF-Related Apoptosis-Inducing Receptor (Receptor do Ligante Indutor de
Apoptose Relacionado ao TNF)
VDAC: Voltage-Dependent Anion Channel (Canal aniônico dependente de voltagem)
VP: Verapamil
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Sítios de ação dos agentes citotóxicos....................................................
Figura 2. Principais vias de apoptose em mamíferos..............................................
Figura 3. Mecanismos moleculares de permeabilização da membrana externa.....
mitocondrial.
Figura 4. Estrutura da glicoproteina-P ....................................................................
Figura 5: Estrutura da MRP-1..................................................................................
Figura 6. Estrutura da BCRP...................................................................................
Figura 7: Cecropia lyratiloba. Popularmente conhecida como Embaúba..............
Figura 8: Estrutura dos triterpenos isolados da Embaúba......................................
Figura 9: Efeito dos triterpenos isolados da C. lyratiloba na viabilidade celular da
linhagem de leucemia mielóide crônica, K562. .......................................................
Figura 10: Efeito dos triterpenos isolados da C. lyratiloba na viabilidade celular
da linhagem de leucemia mielóide crônica MDR, Lucena-1. ..................................
Figura 11: Alterações morfológicas induzidas pelo AT3 na linhagem leucêmica
humana MDR, Lucena-1. ........................................................................................
Figura 12: AT3 induz fragmentação de DNA na linhagem leucêmica humana
MDR, Lucena-1 de forma dose dependente............................................................
Figura 13: AT3 induz fragmentação de DNA na linhagem leucêmica humana
MDR, Lucena-1 de forma tempo dependente..........................................................
Figura 14: AT3 induz ativação de caspase 3 na linhagem Lucena-1......................
Figura 15: Apoptose induzida por AT3 é revertida por Zvad-fmk............................
Figura 16: Efeito do AT3 sobre o potencial de membrana mitocondrial (∆ψ
m
) na
linhagem Lucena-1...................................................................................................
Figura 17: AT3 aumenta os níveis de citocromo c citosólico na linhagem Lucena-
1. ..............................................................................................................................
Figura 18: Furosemida diminui os níveis de fragmentação de DNA induzida por
AT3. .........................................................................................................................
Figura 19: Curva temporal do carregamento de Rho 123 na linhagem Lucena-1.
Figura 20: Efeito de bloqueadores de Pgp sobre o carregamento de Rho 123 na
linhagem Lucena-1. .................................................................................................
5
9
12
19
20
20
25
25
39
40
42
43
44
46
47
50
51
52
53
54
xi
Figura 21: Efeito dos bloqueadores de Pgp na viabilidade celular da
Lucena-1. .....................................................................................................
Figura 22: Efeito do AT3 sobre o carregamento de Rho 123 na linhagem
Lucena-1. .....................................................................................................
Figura 23: Efeito dos bloqueadores de Pgp na viabilidade celular da
Lucena-1. .....................................................................................................
55
57
58
xii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Lista de quimioterápicos substratos dos transportadores ABC 21
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Concentração média inibitória dos triterpenos 41
xiv
SUMARIO
FICHA CATALOGRÁFICA iii
FICHA DE APROVAÇÃO iv
AGRADECIMENTOS v
RESUMO viii
ABSTRACT ix
LISTA DE ABREVIATURAS x
LISTA DE FIGURAS xii
LISTA DE QUADROS xiv
LISTA DE TABELAS xv
1. INTRODUÇÃO
1.1 Câncer
1.2 Mecanismos de ação dos quimioterápicos
1.3 Morte celular por apoptose
1.4 Resistência a quimioterapia
1.5 MDR e quimioterapia
1.6 Produtos naturais como fonte de novos quimioterápicos
2. OBJETTVOS
2.1 Objetivo geral
2.2 Objetivos específicos
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Solões e reagentes
3.2 Obtenção dos triterpenos
3.3 Linhagens tumorais
1
2
4
6
15
21
23
26
27
27
28
29
30
31
xv
3.4 Avaliação da viabilidade celular:
3.5 Avaliação da morfologia celular por microscopia ótica:
3.6 Avaliação da morte celular por fragmentação de DNA:
3.7 Avaliação da ativação de caspases:
3.8 Medida da variação do potencial de membrana da mitocôndria
3.9 Analise da liberação de citocromo c mitocondrial
:
3.10 Medida de atividade de proteínas MDR:
3.11 Efeito de AT3 sobre o carregamento de Rho 123
4. RESULTADOS
4.1 Triterpenos inibem a viabilidade de linhagens leucêmicas:
4.2 AT3 induz apoptose em linhagem leucêmica MDR:
4.3 Apoptose induzida pelo AT3 envolve ativação da via mitocondrial.
4.4 AT3 induz ativação de caspase-3
4.5 AT3 não interfere com a atividade da Pgp
4.6 Efeito do AT3 sobre o carregamento de Rho 123
5. DISCUSSÃO
6.CONCLUSÕES
7. PERSPECTIVAS
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
9. ANEXOS
32
32
33
34
34
35
35
36
37
38
41
45
47
53
56
59
68
70
72
90
xvi
1. Introdução
1
1.1. O câncer
O câncer é uma doença que resulta de alterações intracelulares que
geralmente ocasionam a perda do controle da proliferação e/ou desregulação dos
mecanismos de morte (senescência celular, apoptose). O câncer é um dos líderes
em causa mortis no mundo (World Health Organization, 2007). Das 58 milhões de
mortes que ocorreram no mundo em 2005, 7.6 milhões (13%) foram devidas ao
câncer. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a expectativa, é que esse índice
continue aumentando, com uma estimativa de 9 milhões de mortes em 2015 (World
Health Organization, 2007). Dentre os tipos de cânceres que mais matam estão o de
pulmão (1.3 milhões/ano) e o de cólon (655.000/ano). No Brasil, a morbidade
associada ao câncer é superada pelas doenças cardiovasculares. De fato, as
estimativas do INCa para os anos de 2008 e 2009 apontam para o surgimento de
aproximadamente meio milhão de novos casos de câncer. Dentre esses as
leucemias atingirão aproximadamente 200 pessoas a cada 100.000 habitantes
(www.inca.gov.br).
As leucemias são cânceres de origem clonal que comprometem os diversos
elementos das linhagens sanguíneas (Fialkow et al., 1967)
.
A célula na qual ocorre
a transformação leucêmica pode ser uma célula-tronco hematopoiética, um
precursor linfóide ou mielóide ou um linfócito maduro. Logo, existem diferentes tipos
de leucemias, as linfóides, mielóides, mielodisplásicas, etc, que ainda podem ser
divididas em agudas ou crônicas (Goasguen et al., 1996). Essas doenças são
caracterizadas pelo acúmulo de células anormais da linhagem atingida em
determinada etapa da diferenciação (Tsiftsoglou et al., 2003). Os principais
sintomas das leucemias decorrem do acúmulo dessas células na medula óssea,
2
prejudicando ou impedindo a produção dos glóbulos vermelhos (causando anemia),
dos glóbulos brancos (causando infecções) e das plaquetas (causando hemorragias)
(Kufe et al., 2003).
A leucemia mielóide aguda (LMA) é uma doença maligna do tecido
hematopoiético, caracterizada pela proliferação na medula óssea de células
blásticas de linhagem mielóide, com conseqüente prejuízo da produção de lulas
normais.
A leucemia mielóide crônica (LMC) é uma doença mieloproliferativa que
exibe anormalidade específica resultante da transformação de uma única célula
tronco pluripotente. A LMC foi o primeiro tipo de câncer associado a um marcador
citogenético, o cromossomo Filadélfia (Nowell e Hungerford, 1960). O cromossomo
Filadélfia foi descrito como sendo um resultado da translocação de parte do gene abl
no cromossomo 9 para o gene bcr no cromossomo 22; essa mutação resulta no
gene quimérico bcr/abl. A proteína hibrida bcr/abl, produto desse gene, é uma
tirosina cinase constitutivamente ativa que induz proliferação celular (Tefferi et al.,
2006). A LMC apresenta curso trifásico: fase crônica, com duração média de 3,5
anos, fase acelerada e fase blástica, esta última pouco responsiva à quimioterapia
convencional (Champlin e Golden, 1985; Xu, Wahner e Nguyen, 2004). Um dos
tratamentos no combate da LMC é feito com a utilização de Mesilato de imatinib que
atua como um inibidor seletivo da tirosina cinase, funcionando como um antagonista
contra a proteina bcr/abl (de Kogel e Schellens, 2007). No entanto, casos de
resistência a esse fármaco tem sido relatados (Apperley, 2007; Chung et al.,
2006). Atualmente outros inibidores da proteína bcr/abl têm sido desenvolvidos na
tentativa de driblar a resistência ao Imatinib (Cortes et al., 2007).
3
1.2. Mecanismos de ação dos quimioterápicos
A terapia do câncer visa à inibição do crescimento e proliferação da célula
tumoral ou a indução seletiva da morte dessas células e a conseqüente erradicação
do tumor. Ao lado da cirurgia e radioterapia, a quimioterapia é uma das principais
técnicas utilizadas para o tratamento do câncer. Por ser um método sistêmico, a
quimioterapia é muito empregada no tratamento de leucemias.
Os quimioterápicos sejam de origem natural ou sintética, são substâncias de
alta toxidez que visam à indução da morte ou à inibição do ciclo celular da célula
tumoral. Eles podem ser divididos em três principais grupos com base em seus
modos e sítios de ação: antimetabolitos, agentes genotóxicos e inibidores do fuso
mitótico (Igney e Krammer, 2002) (Figura 1).
Dentre os antimetabolitos podem-se citar os antifolatos que são compostos
inibidores da dihidrofolato redutase, uma enzima envolvida no metabolismo de
nucleotídeos, tendo como exemplo clássico o metotrexato (Hryniuk, 1975). Outro
grupo de antimetabolitos são os antagonistas da pirimidina que atuam bloqueando a
formação dos nucleotídeos pirimidínicos ou causando a terminação prematura da
molécula ao serem incorporados na nova fita de DNA. Exemplos de quimioterápicos
incluídos nesse grupo são o 5-fluorouracil (5-FU) (Chaudhuri et al., 1958) e a
gemcitabina (Hertel et al., 1990). Os antagonistas da purina constituem outro grupo
de antimetabolitos, os quais inibem a síntese de adenina e guanina. Um exemplo
desse tipo de fármaco é o 6-mercaptopurina.
Os agentes genotóxicos se ligam ao DNA ou o danificam indiretamente por
afetar enzimas envolvidas na replicação, levando a indução da apoptose. Essa
classe de compostos pode ser subdividida em diversos grupos. Um deles é o
4
formado pelos agentes alquilantes, que são compostos que modificam as bases do
DNA, interferem com replicação e transcrição e levam a mutação. Um exemplo de
composto pertencente a esse grupo é a cisplatina (Ghosh, Saha, Mahapatra, 2007).
Outro grupo de agentes genotóxicos são os agentes intercalantes, os quais se ligam
a hélice do DNA e interferem com a atividade das polimerases. Um exemplo desse
grupo é a doxorubicina (Marks e Venditti, 1976). Outro grupo é aquele composto
pelos inibidores das topoisomerases. Um exemplo é o topotecan (Hartmann e Lipp,
2006)
Os inibidores do fuso mitótico têm a função de interromper a mitose, uma vez
que afetam a formação/funcionamento das fibras do fuso mitótico. Exemplos incluem
os alcalóides da vinca (Jordan et al., 1992).
Figura 1. Sítios de ação dos agentes citotóxicos (Adaptação de Lugmani, 2005)
5
Ao longo das últimas cadas, muitos estudos foram feitos visando esclarecer
quais mecanismos moleculares estariam sendo induzidos pelos agentes
antitumorais. Hoje se sabe que não só a quimioterapia como outros métodos
terapêuticos tais como irradiação gama e imunoterapia, tem seus efeitos mediados
pela ativação da apoptose (Fulda e Debatin, 2006; Kim et al., 2006).
1.3. Morte celular por apoptose
A apoptose é um programa de morte celular evolutivamente conservado que
ocorre, na maioria das células, em diversas situações fisiológicas e patológicas
(Hengartner, 2000). O processo apoptótico é caracterizado por uma rie de
alterações morfológicas e bioquímicas. Entre essas se inclui diminuição do volume
celular, condensação da cromatina, fragmentação nuclear, “blebs” de membrana e
formação de corpos apoptóticos (Assunção e Linden, 2004). O componente central
deste processo é um sistema proteolítico que envolve uma família de cisteína
proteases conhecida como caspases, as quais estão envolvidas na iniciação e
execução da apoptose (Fuentes-Prior e Salvessen, 2004). Essas proteínas
encontram-se no citoplasma sob a forma de pro-enzimas e sua ativação requer a
clivagem do pró-domínio. Existem dois grupos de caspases, as iniciadoras e as
efetoras. As iniciadoras (8, 10, 9) o capazes de ativar as efetoras. as efetoras
(3, 6 e 7) são as responsáveis pela clivagem de substratos intracelulares, tais como
ICAD (Inhibitor Caspase Activated DNase) com conseqüente liberação de CAD
(Caspase Activated DNase), endonuclease responsável pela degradação
internucleossomal do DNA; clivagem e ativação de gelsolina, uma proteína que
regula a dinâmica da actina; clivagem da lamina, proteína estrutural mais abundante
do envelope nuclear; ativação do fator condensador de cromatina (Acinus), clivagem
6
de PARP (Poli-ADP Ribose Polimerase), enzima envolvida no reparo do DNA. Estes
conjuntos de eventos levam ao desmantelamento e morte celular (Hengartner, 2000;
Zörnig et al., 2001; Kaufmann e Earnshaw, 2000).
A indução da apoptose pode ser mediada por duas vias principais: a via
extrínseca e a via intrínseca. A via extrínseca também conhecida como via dos
receptores de morte requer o envolvimento de receptores da membrana
citoplasmática (Figura 2). Esses receptores são membros da superfamília de
Receptores de Fatores de Necrose Tumoral. Os mais bem caracterizados são TNFR
(Tumor Necrosis Factor Receptor), Fas e TRAIL-R (TNF-Related Apoptosis-Inducing
Ligand Receptor), os quais possuem um domínio de morte (Death Domain, DD).
Quando um ligante, TNF (Tumor Necrosis Factor), Fas ligante ou TRAIL (TNF-
Related Apoptosis-Inducing Ligand
)
respectivamente, se associa a um dos desses
receptores, ele se oligomeriza e sofre mudança conformacional. Em seguida, os
receptores recrutam as moléculas adaptadoras, FADD (Fas Associated Death
Domain) ou TRADD/FADD (TNFR1-Associated Death Domain /Fas Associated
Death Domain) (Fulda e Debatin, 2004). Essas moléculas adaptadoras medeiam à
interação do receptor ativado com a procaspase-8. Juntos, receptor, FADD ou
TRADD/FADD e procaspase-8 formam o complexo indutor de morte conhecido como
DISC (Death Inducing Signaling Complex), no qual a procaspase-8 sofre uma auto-
ativação proteolítica passando a ser chamada de caspase-8 (Wajant et al., 2005).
Esta por sua vez ativa diretamente a procaspase-3 que então cliva outras proteínas
envolvidas na morte celular.
A apoptose é um processo regulado em diferentes níveis. Na via extrínseca
tanto a expressão das moléculas que compõem essa via quanto seus respectivos
7
níveis de ativação podem ser regulados. Um exemplo disso é a expressão
aumentada de Fas e Fas ligante em células T ativadas. FLIP, uma importante
molécula reguladora da via dos receptores de morte atua inibindo o recrutamento e
ativação da caspase-8 através de sua ligação com a molécula adaptadora FADD
(Oyarzo et al., 2006; Lavrik et al., 2005) (Figura 2 ).
A via intrínseca é caracterizada pelo envolvimento da mitocôndria no processo
apoptótico. Nesta via alguns tipos de agentes anti-neoplásicos, radiação UV e outros
estímulos citotóxicos são capazes de perturbar a estabilidade das membranas
mitocondriais e levar a liberação para o citosol de proteínas pro-apoptóticas
anteriormente presentes no espaço intermembranar mitocondrial. Entre elas pode-se
citar o citocromo c (Bossy-Wetzel e Green, 1999), que interage com a molécula
adaptadora Apaf-1 (Apoptotic Protease Activating Factor-1) na presença de dATP
(deoxyadenosine triphosphate) ou ATP (adenosine triphosphate) e pro-caspase 9,
formando um complexo denominado apoptossomo (Guerrero, Chen e Wang, 2007).
Nesse complexo a pro-caspase-9 é processada e ativada. Uma vez ativada, a
caspase-9 cliva as caspases efetoras 3,6 e 7 possibilitando que exerçam suas
atividades (Srinivasula et al., 1998; Kroemer et al., 2007). Outras proteínas
mitocondriais liberadas no citosol têm atividade pro-apoptótica, entre elas temos o
AIF (Apoptosis Inductor Factor) que induz condensação e fragmentação de DNA
independente de caspase (Susin et al., 1999) e Smac/Diablo que neutraliza o efeito
inibitório das proteínas inibidoras de caspases (Du et al., 2000) (Figura 2).
8
Para a liberação das proteínas pró-apoptóticas do espaço intermembranar é
necessário que a membrana externa da mitocôndria se torne permeável a elas.
Atualmente, dois mecanismos têm sido propostos para explicar o processo de
permeabilização da membrana mitocondrial externa. O primeiro envolve a indução
de uma alteração transitória da permeabilidade da membrana externa da
mitocôndria ocasionada pela abertura do Poro de Permeabilidade Transitória (PTP)
(Gogvadze et al., 2006) que é um canal iônico aberto em resposta ao aumento da
concentração de cálcio na mitocôndria ou ao estresse oxidativo (Sharpe et al.,
2004). Este poro é uma estrutura poli-proteica localizada no sítio de contato entre as
Figura 2. Principais vias de apoptose em mamíferos (Adaptação de Hengartner, 2000)
9
membranas mitocondriais interna e externa. Uma das proteínas chave deste
complexo é a ANT (Adenine Nucleotide Translocator), presente em abundancia na
membrana interna. Normalmente esta proteína funciona como um transportador de
ATP/ADP, no entanto pode também funcionar como um poro não específico. Outra
proteína é a VDAC (Voltage- Dependent Anion Channel) presente em abundancia na
membrana externa mitocondrial. A última proteína pertencente a essa estrutura é a
ciclofilina D localizada na matriz mitocondrial (Costantini et al., 2000). A abertura do
poro deflagra um processo de inchaço osmótico da matriz mitocondrial, perda de
potencial de membrana mitocondrial, ruptura da membrana externa mitocondrial e
conseqüente liberação de moléculas do espaço intermembranar tal como citocromo
c (Gogvadze et al., 2001, Bouchier-Hayes et al., 2005). Por outro lado, esse poro
também pode se abrir de uma forma transicional e em uma pequena porção da
mitocôndria. Assim somente parte da mitocôndria estaria com poros abertos em um
determinado tempo, nesse caso a liberação de citocromo c ocorre sem uma ampla
perda de potencial mitocondrial dentro da população mitocondrial da célula (Szalai et
al., 1999; Orrenius, 2004) (Figura 3).
O segundo mecanismo de permeabilização de membrana externa mitocondrial
envolve a atividade de membros pró-apoptóticos da família de proteínas Bcl-2. A
família Bcl-2 consiste de mais de 30 proteínas que são divididas em três subgrupos:
(1) fatores de morte Bax “like” que favorecem a liberação de proteínas pro-
apoptóticas mitocondriais, que incluem Bax, Bak e Bok; (2) fatores de morte BH3-
only que são compostos principalmente por Bid e Bim e contribuem para o
funcionamento das proteínas pro-apoptóticas Bax e Bak, através da indução da
homo-oligomerização dessas proteínas na membrana externa mitocondrial e (3)
10
fatores de sobrevivência Bcl-2 “like” que inibem a liberação de moléculas pro-
apoptóticas mitocondriais, nos quais se incluem Bcl-2, Bcl-xl, Bcl-w e Mcl-1; (Sharpe
et al., 2004; Orrenius, 2004)
Assim, Bax, que em células saudáveis se localiza no citosol na forma de
monômeros, em células apoptóticas sofre uma mudança conformacional, a qual
favorece a exposição de um sitio específico possibilitando a formação de
homodímeros que se translocam para a mitocôndria onde se inserem na membrana
mitocondrial externa (Burlacu, 2003). O complexo protéico composto por Bax
oligomerizado forma um canal que leva à permeabilização da membrana
mitocondrial externa e à conseqüente liberação de citocromo c e outras moléculas
pro-apoptóticas (Cory e Adams, 2002). relatos na literatura de que o poro
formado por Bax e outros membros pro-apoptóticos da família Bcl-2 gera
permeabilização transitória na membrana mitocondrial sem uma alteração imediata
no potencial de membrana mitocondrial (Eskes et al., 1998; Antignani e Youle,
2006) (Figura 3 )
A atividade de Bax é regulada por várias proteínas. Dentre elas pode-se citar a
proteína Bid, membro BH3-only da família Bcl-2. Normalmente Bid é encontrado no
citosol, uma vez na presença de caspase-8 ativada ele é clivado na sua porção
amino-terminal à forma de Bid truncado, tBid, que se transloca para a mitocôndria.
Na mitocôndria tBid interage e ativa Bax, por induzir sua homo-oligomerização,
iniciando assim a liberação de citocromo c e outras proteínas intermembranares
(Eskes at al., 2000; Kuwana e Newmeyer, 2003). Portanto tBid interliga as vias
extrínseca e intrínseca, funcionando como uma alça de amplificação de ativação de
caspases e indução de apoptose.
11
Além dos mecanismos descritos, baseado em experimentos mostrando que
Bax estimula a liberação de citocromo c em lipossomos sintéticos reconstituídos de
VDAC, alguns pesquisadores sugeriram que Bax, Bak e outras proteínas da família
Bcl-2 sejam capazes causar um alargamento do poro formado por VDAC, o
suficiente para permitir o efluxo de citocromo c (Shimizu et al., 1999). Normalmente o
citocromo c liberado na via mitocondrial é encontrado no espaço intermembranar
ancorado a membrana interna mitocondrial através do fosfolipídio aniônico
cardiolipina. Evidencias mostraram que a dissociação do citocromo c da cardiolipina
é o primeiro passo crítico para a liberação do citocromo c para o citosol e
conseqüente indução da apoptose (Orrenius, 2004). Esta dissociação geralmente se
pela oxidação deste fosfolipídio por espécies reativas de oxigênio (Ott et al.,
2007).
Figura 3
. Mecanismos moleculares de permeabilização da membrana externa mitocondrial
(Adaptação de Bouchier-Hayes et al., 2005)
12
Os membros anti-apoptóticos da família Bcl-2, tais como Bcl-2 e Bcl-XL atuam
modulando os fatores que induzem a permeabilidade mitocondrial. Estas proteínas
mantêm a integridade da membrana externa mitocondrial ao se ligar a Bax
impedindo sua oligomerização, prevenindo, assim a liberação de citocromo c (Kluck
et al., 1997; Sharpe, 2004). Elas também são capazes de interagir com VDAC
(proteína componente do PTP), bloqueando a abertura do poro formado por esta
proteína (Shimizu et al., 2000).
Além da modulação efetuada pelos membros da família Bcl-2, a via intrínseca
também é regulada pelas IAPs (Inhibitor Apoptosis Protein), uma importante família
de supressores que inibem diretamente as caspases ativadas. Atualmente são
descritas oito IAPs diferentes em humanos. Seu mecanismo consiste na inibição
direta das pro-caspases e caspases 9, 3 e 7 (Debatin, 2004). Mutações em
membros desta família de inibidores estão associadas ao aumento de casos de
diversos tipos de câncer e a resistência do tumor a quimioterapia. Dentre os
diferentes tipos de IAPs descritas pode-se citar a survivina cuja superexpressão está
associada ao aparecimento de câncer de estomago, mama, pulmão, próstata,
pâncreas e outros e a XIAP que é a IAP mais potente e também a melhor
caracterizada. Sua superexpressão está correlacionada com um pior prognóstico em
pacientes com leucemia mielóide aguda (Malaguarnera, 2004; Nachmias et al.,
2004).
Além das vias clássicas, extrínseca e intrínseca, outras vias apoptóticas são
relatadas na literatura. Uma delas é a via mediada pelo reticulo endoplasmático.
Nessa via, caspase 12, localizada no lado citoplasmático do RE é considerada a
caspase iniciadora (Nakagawa et al., 2000). Foi sugerido que a cisteína protease,
13
calpaina-m, ativada por estresse no RE (aumento dos níveis de cálcio
citoplasmático) seria responsável pela clivagem e ativação da procaspase 12. Por
outro lado, caspase-12 possui um domínio recrutador semelhante aquele presente
na caspase-9, ao qual Apaf-1 interage e forma o complexo apoptossomo. Assim, é
provável que semelhantemente a caspase-9, a caspase-12 seja ativada pela
associação com uma proteína apaf-1-”like” (Nakagawa e Yuan, 2000). Mais tarde foi
proposto que caspase-12 ativa a proteína JNK, que fosforila e ativa Bim, uma
proteína BH3-only essencial para a liberação de citocromo c mediada por Bax. (Lei
e Davis, 2003; Wang, Liu e Cui, 2005).
Outra via de apoptose descrita é a via mediada por granzima B. Células natural
Killer e linfócitos T citotóxicos, os dois principais tipos de linfócitos citotóxicos,
exercem um papel essencial na destruição de células infectadas por agentes virais e
de células tumorais. Os dois principais mecanismos de citotoxidade usada por essas
células incluem a ativação da via do receptor de morte Fas e exocitose de grânulos.
Na exocitose de grânulos, duas proteínas são requeridas. Uma delas é a perforina,
uma proteína formadora de poros que facilita a entrada dos outros componentes dos
grânulos nas células alvo. A outra é a granzima B, uma serina- protease cujos
substratos o semelhantes aos da família de caspases (Pinkoski et al., 2001). Uma
vez liberada pelos linfócitos citotóxicos, granzimas B se ligam aos seus receptores e
então são endocitadas. Quando liberadas no citosol, as granzimas B podem ativar
diretamente a caspase-3 ou indiretamente através da clivagem de Bid a tBid,
ativação de Bax e liberação de citocromo c (Konno et al., 1999; Wang, Liu e Cui,
2005).
14
Embora as vias apoptóticas exerçam papel crucial na morte de células tumorais
em resposta a agentes citotóxicos usados em pacientes de câncer, a apoptose não
é o único mecanismo de morte ativado por fármacos anti-neoplásicos. Esse fato é
resultado de observações de que em alguns casos os inibidores gerais de caspases
não são capazes de inibir totalmente a morte de células tratadas com agentes
citotóxicos, sugerindo que quando a apoptose está bloqueada outros mecanismos
de morte podem ser ativados (Kim et al., 2006). Além disso, alguns estudos
mostraram que células tumorais também podem ser eliminadas pela ativação de
mecanismos de morte não apoptóticos tais como necrose, catástrofe mitótica e
autofagia (Brown e Attardi, 2005; Fulda e Debatin 2006).
1.4. Resistência à quimioterapia
Apesar das vantagens da quimioterapia, o desenvolvimento de mecanismos de
resistência pelas células tumorais tem prejudicado os resultados desse tipo de
tratamento, levando a falhas quimioterápicas e contribuindo para o mau prognóstico
do paciente (Borowski et al., 2005).
A resistência à quimioterapia pode ser de dois tipos: intrínseca ou adquirida. A
resistência intrínseca é aquela que está presente no tumor desde o diagnóstico,
levando esse tumor a não responder aos quimioterápicos de primeira linha. A
estatística clínica mostra que uma em cada 10
6
-10
7
lulas tumorais são resistentes
a um determinado quimioterápico. Clinicamente um tumor é detectável quando
contem aproximadamente 10
9
células, o que significa que a massa tumoral que no
momento está respondendo a quimioterapia contém entre 10 e 1000 células
resistentes, as quais têm o potencial de repovoar o tumor, após a eliminação das
células sensíveis (Lugmani, 2005). A resistência adquirida geralmente aparece após
15
algum tipo de quimioterapia: o tumor que inicialmente respondia ao tratamento
reaparece com um fenótipo de resistência ao quimioterápico usado e a outros não
relacionados (Baird e Kaye, 2003). Tanto a resistência intrínseca quanto a adquirida
pode ser a um quimioterápico, sendo chamada de resistência específica ou a vários
quimioterápicos estruturalmente e funcionalmente não relacionados, caracterizando
uma resistência a múltiplas drogas (Multidrug Resistance, MDR) (Larsen et al.,
2000; Ozben, 2006).
A Resistência a Múltiplas Drogas é um dos principais responsáveis pela falha
quimioterápica no câncer por reduzir severamente a eficácia da quimioterapia em
diversos tipos de tumores. Mesmo quando tratado com altas doses do
quimioterápico o paciente com tumor MDR tem um prognóstico muito ruim e na
maioria das vezes vai a óbito. De fato, a observação de que cerca de 50% dos
pacientes que inicialmente respondem a quimioterapia recidivam e morrem por
metástases generalizadas é atribuída ao desenvolvimento do fenótipo de resistência
a múltiplas drogas.
A MDR é um fenômeno multifatorial e vários mecanismos de resistência
coexistem numa mesma célula tumoral tornado-a refratária ao tratamento. Entre os
mecanismos de resistência encontrados em tumores MDR pode-se citar o aumento
do efluxo da droga, a diminuição do influxo da droga, o seqüestro intracelular da
droga (Duvvuri e Krise, 2005), intensificação dos sistemas de detoxificação, a
alteração dos alvos intracelulares da droga (perda da afinidade droga-alvo) (Baird e
Kaye, 2003), aumento dos mecanismos de reparo do DNA e mecanismos de evasão
da apoptose (Borowski et al., 2005).
16
Superexpressão de proteínas anti-apoptóticas, de IAPs e a deleção ou
mutação de genes que controlam o ciclo celular são alguns dos mecanismos
utilizados pelas células tumorais para escapar da morte por apoptose. Estudos
realizados in vitro e in vivo têm demonstrado que a superexpressão de Bcl-2 confere
resistência a diversos tipos de quimioterápicos e à irradiação. Em vários tipos de
tumores, os altos níveis de expressão de Bcl-2 são associados a um prognóstico
pobre (Weller et al., 1995). Outras proteínas anti-apoptóticas superexpressas em
tumores são Bcl-xl e FLIP (Irmler et al., 1997). Esta última é encontrada em altos
níveis em melanomas humanos, um tipo de tumor conhecido por sua resistência. A
superexpressão das IAPs também é encontrada em diversos tipos de tumores. A
IAP, survivina, é superexpressa em muitos tumores humanos incluindo os
neuroblastomas (Ambrosini et al., 1997). Outro mecanismo de resistência é a
inativação de genes pro-apoptóticos, tais como Bax. Em muitos tumores o gene de
Bax está mutado. A redução dos níveis de Bax está relacionada com a baixa
resposta a quimioterápicos e a baixa sobrevida (Krajewski at al., 1995). Alterações
da via de p53, um mecanismo caracterizado por mutações no gene TP53, tornam o
tumor mais resistente a apoptose. Tumores que possuem o gene da p53 mutado são
intrinsecamente resistentes a doxorrubicina e recidivam mais rapidamente (Lowe et
al., 1994).
Entretanto, o mecanismo de resistência mais bem estudado é aquele que
resulta da alteração de transportadores de membrana, proteínas que atuam como
bombas de efluxo, diminuindo os níveis intracelulares do quimioterápico, impedindo
assim que a concentração necessária para sua eficácia seja alcançada (Gottesman,
2002). Até o momento os transportadores mais bem estudados pertencem à
17
17
superfamília ABC (ATP-Binding Cassete) de transportadores. Atualmente são
conhecidas mais de 100 proteínas transportadoras (entre procariotos e humanos).
No entanto cerca de apenas 10 proteínas são descritas com capacidade de conferir
o fenótipo de resistência (Ozben, 2006). A primeira proteína transportadora
representante da superfamília ABC de transportadores a ser identificada foi a
glicoproteina-P/ABCB1 (Pgp). Ela foi identificada em 1976 por Juliano e Ling na
membrana plasmática de células MDR e foi considerada por eles a primeira proteína
com características de uma bomba de efluxo. Tempos depois outros cientistas
corroboraram seus achados e a Pgp então, foi reconhecida como uma proteína
transportadora de drogas ATP dependente, capaz de transportar agentes citotóxicos
contra um gradiente de concentração (Borst et al., 2000).
A Pgp (Figura 4), tem 170 kDa e é codificada pelo gene ABCB1 (MDR1). É
glicosilada na primeira alça extracelular e é composta por doze domínios
transmembranares hidrofóbicos. Esses domínios são responsáveis pelo
reconhecimento, ligação e efluxo dos substratos. Essa proteína também é composta
por dois sítios de ligação a nucleotídeos localizados no espaço intracelular e
participam da ligação e hidrolise do ATP. A Pgp sofre uma modificação
conformacional e os domínios transmembranares se reorganizam em três domínios
compactos. Essa reorganização abre um poro central e permite o transporte de
drogas hidrofóbicas (Teodori et al., 2006; Pérez-tomás, 2006). A glicoproteina-P
consegue transportar substratos hidrofóbicos, compostos orgânicos neutros ou
catiônicos. Dentre os quimioterápicos transportados pela Pgp pode-se citar
vincristina, doxorrubicina e paclitaxel. Outros exemplos de substratos podem ser
encontrados no quadro 1.
i
18
Por um longo tempo, acreditou-se que a Pgp fosse a única proteína capaz de
conferir a resistência a múltiplas drogas em células de mamíferos. No entanto,
diversos casos de células tumorais humanas apresentando o fenótipo MDR mesmo
na ausência de Pgp apontavam para existência de outras proteínas capazes de
conferir resistência (Borst et al., 2000; Ozben, 2006).
Em 1992, S. Cole e R. Deeley observaram a amplificação e aumento da
expressão de um gene, o MRP1 (ABCC1) em células de linhagem de câncer de
pulmão (small-cell lung cancer) que apresentavam resistência a múltiplas drogas e
ausência de expressão de Pgp. Assim, a Proteína-1 Associada à Resistência a
Múltiplas Drogas (Multidrug Resistance Protein-1, MRP1/ABCC), pertencente à
família ABC de transportadores, codificada pelo gene MRP1, foi identificada e
reconhecida como o segundo tipo de bomba de efluxo. Da mesma forma que
acontece com Pgp, a transfecção do gene MRP1 confirmou a habilidade da proteína
MRP1 em conferir resistência a um grande números de drogas (Grant et al., 1994;
Deeley e Cole, 2006).
A proteína MRP1 (Figura 5) tem 190 kDa, possui 17 domínios
transmembranares responsáveis pela reconhecimento, ligação e transporte do
substrato, também possui dois domínios intracelulares de ligação a nucleosídeo e
sua porção N-terminal é extracelular. Essa proteína é capaz de transportar como
substratos anions orgânicos isolados ou conjugados a glutationa, glucuronato ou
sulfato. Como pode ser visto no quadro 1, um grande número de quimioterápicos
Figura 4
: Estrutura da glicoproteina-P
19
que são substratos para a Pgp também são transportados pela MRP1 com exceção
do paclitaxel que é fracamente transportado pela MRP1 e do metatrexato que não é
transportado pela Pgp (Kruh et al., 2001; Borst et al., 2000; Deeley e Cole, 2006).
Mais exemplos de quimioterápicos transportados pela MRP1 estão no quadro 1.
Após a identificação da MRP1 outras proteínas MRPs foram descritas.
Atualmente são conhecidos nove membros da família MRP, no entanto a função de
algumas delas não é conhecida (Teodori, 2006).
Outro transportador ABC envolvido na MDR foi clonado por Ross e Doyle em
1998 (Doyle et al., 1998) de uma linhagem de câncer de mama (MCF-7/Adr/Vp).
Esta proteína faz parte da subfamília ABCG, é codificada pelo gene ABCG2. Foi
chamada de proteína de resistência de câncer de mama (Breast Cancer Resistance
Protein, BCRP), mas também é conhecida como ABCG2, ABCP (ABC Placental
protein) ou MXR (Mitoxantrone Resistant protein). A BCRP (Figura 6) é um hemi-
transportador e para exercer sua função precisa se dimerizar. Além disso, tem 72
kDa, seis domínios transmembranares e apenas um sitio de ligação a nucleotídeo.
Sua expressão está relacionada à baixa resposta a quimioterapia. Ela tem
capacidade de extruir moléculas grandes e hidrofóbicas tanto positiva quanto
negativamente carregados, além de quimioterápicos como mitoxantrona, topotecan,
metotrexato e outros (Robey et al., 2007; Pérez-tomás, 2006).
Figura 5
: Estrutura da MRP-1
Figura 6
. Estrutura da BCRP.
20
1.5. MDR e Quimioterapia
Uma vez que a proteína MDR bombeia o quimioterápico para fora da lula,
impedindo que ele atinja a concentração letal, uma das estratégias clínicas
desenvolvida para reverter o fenótipo MDR e tratar pacientes com esse tipo de tumor
foi o uso de substâncias que interferem na atividade da bomba.
Assim, no início da década de 80 foi encontrado o primeiro composto capaz
de aumentar in vitro o acúmulo intracelular de muitos agentes antitumorais, tais
como vincristina e doxorubicina. Este composto, conhecido como verapamil era
capaz de inibir a atividade da Pgp possivelmente por competir diretamente com os
substratos deste transportador (Yusa e Tsuruo, 1989). Além do verapamil outros
compostos demonstraram atividade inibidora da Pgp in vitro, dentre eles pode-se
citar a ciclosporina e a quinina (Wigler e Patterson, 1994) que juntamente com
outros formaram a primeira geração de reversores (Gottesman, Fojo e Bates, 2002;
Donnenberg e Donnenberg, 2005). Entretanto, embora essas substâncias fossem
Quadro 1
. Lista de quimioterápicos substratos dos transportadores ABC
(Adaptação de Nobili et al., 2006)
i
21
empregadas na clínica para outras indicações, seu uso como moduladores requeria
dosagens elevadas, resultando em níveis inaceitáveis de toxicidade. Por esse
motivo, novos compostos foram investigados (Nobili, 2006; Donnenberg e
Donnenberg, 2005).
A segunda geração de moduladores, composta principalmente de análogos
dos inibidores da primeira geração, visava encontrar compostos mais específicos e
menos xicos. Faziam parte dessa nova geração o dexverapamil e o valspodar
(PSC 833) que embora mais eficientes que os compostos originais ainda
apresentavam alta toxidez e baixa seletividade (Nobili, 2006).
Uma terceira geração de moléculas foi desenvolvida com o objetivo de driblar
as limitações dos moduladores anteriores. De fato, além de inibir especifica e
eficientemente a proteína transportadora, nenhum dos compostos dessa geração
estão em “trial” clínico em diferentes tipos de tumores, causou alterações relevantes
na farmacocinética das drogas co-administradas. Um dos compostos mais
promissores, o tariquidar, que se encontra em fase III de “trial” clínico, tem mostrado
tanto um alto potencial inibidor e quanto uma alta seletividade para a Pgp
(Hubensack et al., 2007; Fox e Bates, 2007).
Apesar dos esforços desenvolvidos, até o momento nenhum inibidor
específico para os transportadores MDR, foi aprovado para uso clínico o que levou
os cientistas a buscar abordagens alternativas para reverter ou ultrapassar esse
fenômeno. Novas estratégias para reverter o MDR, tais como o uso de
oligonucleotídeos e tecnologia de RNA de interferência (siRNA) (Rumpold et al.,
2005; Lage, 2006), tem se mostrado efetivas in vitro, mas ainda não estão em uso
clínico. Outra estratégia de grande interesse é a utilização de compostos citotóxicos
22
22
(em níveis toleráveis) que não sejam substratos para as proteínas transportadoras
MDR e que exerçam seu efeito independente da presença de transportadores
(Pérez-Tomás, 2006; Nobili et al., 2006).
Dada a inespecificidade destas bombas e o seu impacto na sobrevida dos
pacientes, a busca por substancias com o potencial de superar estes e outros
mecanismos de resistência é extremamente relevante para a clínica.
1.6. Produtos Naturais como fonte de novos quimioterápicos
Apesar da quimioterapia ter trazido soluções para muitos problemas clínicos, a
busca de novas drogas mais efetivas e com melhor seletividade ainda se faz
necessária (Borowski et al., 2005).
Vários trabalhos mostram que produtos de origem vegetal lideram as estruturas
que se tornarão a principal fonte de novos agentes com potencial farmacológico
(Newman, Cragg & Snader, 2000; 2003; Ravelo et al., 2004). Em relação a drogas
antitumorais e antiinfecciosas, cerca de 60% dos produtos no mercado ou em
teste clínico são de origem vegetal (Gragg & Newman, 1999, 2001, 2005).
Dentre os grupos de substâncias de origem natural que possuem atividade
antitumoral, vários triterpenos foram identificados (Pisha et al., 1995; Kim et al.,
2000; Elegbede, Flores & Wang, 2003; Lee et al., 2003; Eiznhamer, 2004). Os
triterpenos , assim como os outros compostos da classe dos terpenos, são produtos
do metabolismo secundário de plantas, biossintetizados através da ciclização do
esqualeno.
Nosso grupo vem trabalhando com uma série de triterpenos isolados de
plantas brasileiras que tiveram sua atividade tumoricida identificada. No estudo com
o ácido pomólico, um triterpeno extraído da Chrysobalanus icaco, a atividade
i
23
antitumoral deste composto em linhagens leucêmicas sensíveis e resistentes a
múltiplas drogas foi verificada (Fernandes et al., 2003). Posteriormente, foi
demonstrado que a atividade antitumoral do ácido pomólico se através da
apoptose num processo iniciado pela ativação da via mitocondrial e dependente de
caspase (Fernandes et al., 2005). Foi mostrado também que a atividade citotóxica
desse composto é modulada, mas não inibida pela superexpressão de proteínas
anti-apoptóticas Bcl-2 e Bcl-xl (Fernandes et al., 2007). Esse triterpeno mostrou ser
efetivo em células de pacientes portadores de leucemia mielôide crônica resistente
ou não a múltiplas drogas (Vasconcelos et al., 2007). Nosso grupo também está
investigando a atividade do ácido oleanólico, um triterpeno extraído da Licania
tomentosa, sobre uma linhagem de leucemia mielóide crônica (Koschek, 2005). Os
resultados mostraram que esse triterpeno é citotóxico para essa linhagem, matando
as células por apoptose, num processo que envolve ativação de caspase 8,9 e 3.
Outros trabalhos, direcionados para avaliar o mecanismo de atividade anti-MDR dos
triterpenos estudados mostraram que os ácidos betulínico e oleanólico matam
linhagens tumorais que expressam Pgp ou MRP1 e que enquanto o ácido betulínico
não inibe a atividade de nenhuma destas bombas (Delou, 2006), o ácido oleanólico
modula a atividade da MRP1 (Braga et al., 2007). A identificação de atividade anti-
MDR nesses triterpenos aumentou nosso interesse nesta classe de compostos.
As plantas pertencentes ao gênero Cecropia (cecropiaceae) são
popularmente empregadas para o tratamento de asma, pressão alta, diabetes e
ansiedade. Recentemente, a atividade anti-hipertensiva do extrato metanólico da C.
lyratiloba foi mostrado (Ramos Almeida et al., 2006). Apesar disso, as propriedades
farmacológicas desta planta ainda não estão bem descritas.
24
Como parte do programa de estudos para avaliação das propriedades
terapêuticas de plantas brasileiras, as propriedades fitoquímicas e farmacológicas da
Cecropia lyratiloba (Figura 7) estão sendo investigadas. Estudos fitoquímicos
levaram a identificação de diferentes triterpenos pentacíclicos, entre os quais o ácido
euscáfico (AE), ácido tormêntico (AT) e o ácido 3β-acetil tormêntico (AT3) (Figura 8).
Embora a atividade antitumoral do AE e do AT tenha sido reportada (Kim et al.,
2000), o AT3 é uma estrutura pouco conhecida e sua atividade tumoral o foi
investigada. Além disso, nada se sabe sobre a ação desses triterpenos sobre
linhagens leucêmicas sensíveis ou que expressam o fenótipo MDR.
Figura 7:
Cecropia lyratiloba. Popularmente conhecida como Embaúba
Figura 8:
Estrutura dos triterpenos isolados da Embaúba.
25
2. OBJETIVOS
26
2.1. Objetivo geral
O objetivo deste trabalho foi investigar a atividade tumoricida e anti-MDR de
triterpenos isolados da Cecropia lyratiloba.
2.2. Objetivos específicos
Investigar a atividade de triterpenos isolados da C. lyratiloba sobre a
viabilidade celular de linhagens tumorais leucêmicas.
Investigar se o ácido 3β-acetil tormêntico é capaz de induzir fragmentação de
DNA
Investigar se o ácido 3β-acetil tormêntico é capaz de perda de potencial
mitocondrial e liberação de citocromo c.
Investigar se ácido 3β-acetil tormêntico é capaz de induzir ativação de
caspases
Investigar o efeito do ácido 3β-acetil tormêntico na atividade da proteína
transportadora Pgp/ABCB1.
27
3 MATERIAL & MÉTODOS
28
3.1. Soluções e reagentes:
Meio de cultura: Para a cultura das linhagens o aderentes (K562 e Lucena) foi
utilizado o meio RPMI (Life Technologies, INC., USA) complementado com HEPES
(3 g/l) (Promega, USA), glicose (2g/l) e água bi-destilada q.s.p um litro.
Soro fetal bovino (SFB) Fornecido por GIBCO (Carlsbad, CA). Inativado a 56ºC e
mantido a -20ºC até o uso. Utilizado no meio de cultura a 10% (v/v).
Dimetilsulfóxido (DMSO): Fornecido pela Sigma (St Louis, MO) . Usado para
dissolver reagentes.
Solução de HFS: solução hipotônica contendo 0,1% de Citrato de Sódio, 0,1% de
Triton X-100 e 50 µg/ml de iodeto de propídeo. Estocado 10X concentrado a -20ºC
e diluído no momento do uso (1:10).
Rodamina 123: Fornecida pela Sigma (St Louis, MO). Solução estoque a 0,5 mg/ml
(em PBS) foi armazenada a -20ºC. A concentração de uso é 200ng/mL (em PBS).
Verapamil - Fornecido pela Sigma (St Louis, MO). O composto foi dissolvido em
DMSO, diluído com meio até a concentração de 100 mM e estocada a -20ºC. No
momento do uso essa solução foi diluída com meio até as concentrações de 10, 25
e 50 µM
Ciclosporina A (CSA) – Fornecido por Sigma (St Louis, MO). O composto foi
dissolvido em DMSO, diluído com meio até a concentração de 10mM e estocada a
-20ºC. No momento do uso essa solução foi diluída com meio até a concentração
de 0,5; 1 e 2 µM.
Brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazol (MTT) Fornecido pela
sigma (St Louis, MO). A concentração da solução foi de 2,5 mg/ml em PBS 1X e
mantida sob refrigeração (4ºC)
29
30
DIOC
6
(3) Fornecido pela Sigma (St Louis, MO). O composto foi dissolvido em
DMSO, diluído com meio até a concentração de 40µM e estocado a -20ºC. No
momento do uso essa solução foi diluída com PBS até a concentração de 40nM.
Furosemida: O composto foi dissolvido em DMSO, diluído em meio até a
concentração de 20 mM e estocada a -20ºC. No momento do uso essa solução foi
diluída com meio até a concentração de 1,1 mM.
Zvad-fmk: O reagente proveniente do Kit CaspGlow (Biovision) foi diluido com PBS
a concentração de 10µl/ml e mantido congelado a -20ºC. A concentração de uso foi
de 20µM.
Anticorpo anti-citocromo c-PE: O anticorpo foi fornecido pela Santa Cruz
biotechnology (Santa Cruz, CA) na proporção 1:10 diluído no momento do uso com
PBS.
Solução de Lise: Fornecido pela BD (Franklin Lakes, NJ). Mantido a 4ºC, usado na
proporção 1:10. Diluído com PBS no momento do uso.
3.2. Obtenção dos triterpenos:
Os triterpenos, ácido euscáfico (AE), ácido tormêntico (AT) e 3-acetil
tormêntico (AT3) foram extraídos da planta Cecropia lyratiloba var. lyratiloba Miquel
pelo grupo da professora Maria Kaplan. Esta foi coletada na Serra do Mendanha,
Rio de Janeiro, RJ, Brasil e identificada pelo botânico Dr. Jorge Pedro P. Carauta.
Uma amostra do espécime foi depositada no herbário Alberto Castellanos, FEEMA
(Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente), Rio de Janeiro, RJ, sobre o
número de registro (GUA 47028). Uma suspensão aquosa do extrato metanólico de
foi parcionada sucessivamente com hexano, diclorometano, acetato de etila e
butanol. A fração CH
2
Cl
2
foi submetida a cromatografia contracorrente de alta
velocidade usando uma mistura de hexano: acetato de etila: metanol: água (1: 2: X:
1) com X = [A (1.25); B (1.50) and C(1.75)] como eluente. De acordo com o perfil
obtido por TLC, o material eluido resultou na separação dos ácidos euscáfico (2α-
OH, 3α-OH), tormêntico (2α-OH, 3β-OH), e 3-acetil tormêntico (2α-OH, 3β-OAc). A
pureza e caracterização desses compostos foram determinadas pela medida de
suas GC/MS,
1
H and
13
C NMR, pontos de fusão e rotações opticais. Os triterpenos
conhecidos foram identificados por comparação com dados físicos e espectrais
anteriormente reportados. Para o uso, as soluções estoque dos triterpenos foram
preparadas em dimetilsulfoxido (1mg do composto /100µL de DMSO) e
posteriormente diluídas com meio nas concentrações de uso.
3.3. Linhagens tumorais:
O estudo da atividade citotóxica dos triterpenos, como mencionado, foi
realizado em linhagens de leucemia mielóide crônica. Uma das linhagens utilizadas
foi a K562, estabelecida por Lozzio e colaboradores (1981), a partir de uma efusão
de liquido pleural de um paciente com LMC em fase blástica. Essa linhagem é
composta por células multipotentes, espontaneamente capazes de se diferenciar em
progenitores da série eritrocítica, granulocítica e monocítica (Lozzio e Lozzio, 1981).
Outra linhagem utilizada foi à linhagem MDR derivada da K562, Lucena-1. Esta
linhagem foi desenvolvida no laboratório da professora Vivian Rumjanek através de
exposições crescentes de células K562 ao quimioterápico vincristina até a
concentração de 60 nM (aumentando 3 nM a cada duas semanas). Ela possui cinco
vezes mais cópias do gene MDR-1 (gene da glicoproteina-p) que sua parental K562.
Similarmente, ela expressa de forma funcional e estável altos níveis de Pgp em sua
membrana plasmática. Como característica de tumor MDR, a Lucena-1 é resistente
31
tanto aos alcalóides da vinca quanto a outras classes de quimioterápicos não
relacionados (Rumjanek et al., 2001). As células foram mantidas em garrafas de
cultura com dois repiques semanais (10
4
células/ mL) em meio RPMI contendo
antibióticos (penicilina e estreptomicina) e 10% de soro fetal bovino
.
3.4. Avaliação da viabilidade celular:
O método de MTT (Mosmann, 1983) foi utilizado para medir o efeito dos
triterpenos na viabilidade celular das linhagens tumorais. Para o experimento, 180µl
de uma suspensão celular (10
4
/ poço) foram distribuídos em placas de cultura (96
poços) e mantidos em estufa de CO
2
(5%) a 37°C por 24 horas. Após este tempo, as
células foram incubadas com meio, diferentes concentrações dos compostos a
serem testados (ácidos euscáfico, tormêntico e 3β-acetil tormêntico) ou DMSO nas
mesmas concentrações carreadas pela droga e mantidas na estufa por diferentes
intervalos de tempo. Então, as células foram tratadas com 20µL de MTT (2,5 mg/mL)
e mantidas na estufa por 4 horas. Em seguida a placa foi centrifugada, o
sobrenadante descartado e o pellet dissolvido com 150µL de DMSO. A densidade
ótica foi medida num Leitor de ELISA (Benchmark/BioRad) a 570nm com filtro de
referência a 655nM. Para cálculo da percentagem de inibição da viabilidade celular
foram utilizadas como controle as culturas tratadas com o solvente utilizado para
dissolver os triterpenos nas mesmas concentrações carreadas por eles. Os
resultados foram expressos como média ± desvio padrão de pelo menos três
diferentes experimentos. Os valores de IC
50
(concentração inibitória média) dos
ensaios de atividade citotóxica foram calculados a partir das curvas de concentração
(MTT) utilizando o programa estatístico Origin 6.0.
32
3.5. Avaliação da morfologia celular por microscopia ótica:
Esse estudo foi realizado com a linhagem leucêmica Lucena-1. Para a
microscopia ótica, 180 µL de uma suspensão de células (10
4
/ poço) foram
plaqueadas em placa de cultura (96 poços) e tratadas com AT3 na concentração de
50 µg/ml por 8 horas. Após o tratamento, as células foram recolhidas e aderidas em
lâminas de vidro por centrifugação durante 3 minutos a 400 rpm, utilizando uma
citocentrifuga (Incibrás). Em seguida, as células foram coradas com um “kit” para
coloração diferencial rápida em hematologia (Instant Prov, Newpro), da seguinte
forma: a lâmina foi submersa por 10 segundos no corante I (solução de
ciclohexadieno a 0.1%), 7 segundos no corante II (solução de azobenzenosulfônico
a 0.1%) e 5 segundos no corante III (solução de fenotiazina a 0.1%). A morfologia
celular foi, então, observada em microscópio invertido (Olimpus) usando o aumento
de 400X.
3.6. Avaliação da morte celular por fragmentação de DNA:
A análise do mecanismo de morte, baseada no aparecimento de núcleos
hipodiplóides foi feita por citometria de fluxo (FACS) em células marcadas com
Iodeto de Propídio (um marcador de DNA) (Fernandes et al., 2003; 2005). Para isso,
180µl de uma suspensão de células (1x10
4
/ poço) foi plaqueada em placa de cultura
(96 poços) por 24 horas. Após esse período, as células foram tratadas com meio ou
com diferentes concentrações do AT3 por até 48 horas. Após esse período as
células foram centrifugadas por 10 segundos a 14000 rpm, ressuspendidas em
200µl de HFS (uma solução hipotônica de citrato de sódio a 0.1%; 0,1% de Triton X-
100 e 50 µg/ml de iodeto de propideo) e em seguida, incubadas por 60 minutos à
4ºC, no escuro. Após a incubação as amostras foram analisadas no FACS, canal FL-
33
2. Como controles, em alguns poços as células foram pré-incubadas por 2h com o
inibidor geral de caspases Z-vad-FMK (20 µM) ou co-incubadas com o inibidor de
Bax, furosemida na concentração de 1,1mM e então tratadas com o triterpeno. Os
resultados foram expressos como média ± desvio padrão de pelo menos três
diferentes experimentos.
3.7. Avaliação da ativação de caspases:
A ativação de caspase-3 foi medida utilizando-se o Kit comercial CaspGlow
(BioVision) conforme instruções do fabricante. Em resumo, a linhagem tumoral foi
plaqueada e tratada como descrito no item 3.2.4. Em seguida, as células foram
recolhidas em tubos especiais para Facs, centrifugadas a 1200 rpm por 7 minutos. O
pellet foi ressuspendido em 100µl da solução do Kit (1:200) e incubado por até 1
hora em estufa à 37ºC. Após esse período as células foram lavadas duas vezes com
o tampão de lavagem do Kit. A solução do Kit possui moléculas conjugadas ao
fluorocromo FITC que se ligam irreversivelmente as caspases-3 ativadas. O
percentual das células com caspase-3 ativada foi medido por citometria de fluxo,
canal FL-1. Os resultados foram expressos como média ± desvio padrão de pelo
menos três diferentes experimentos
3.8. Medida da variação do potencial de membrana da mitocôndria:
Para avaliar o envolvimento da via mitocondrial na apoptose foram feitas
análises da variação do potencial de membrana mitocondrial (∆ψ
m
) por citometria de
fluxo, em células tratadas com AT3 e marcadas com DIOC
6
(3) (Amarante-Mendes
et al., 1998; Ormerod, 2000). Para essa avaliação, 180 µl de uma suspensão de
células (1x10
4
/ poço) foram plaqueadas em placa de cultura (96 poços) e após 24h
de incubação, tratadas com meio ou com 50µg/mL do composto diferentes períodos
34
de tempo. Então, as lulas foram centrifugadas por 10 segundos a 14000 rpm,
ressuspendidas em 200 µl de uma solução contendo DIOC
6
(3) a 20 nM e em
seguida, incubadas por 30 minutos à 37ºC, no escuro. Após a incubação as
amostras foram analisadas no FACS, canal FL1. Os resultados foram expressos
como média ± desvio padrão de pelo menos três diferentes experimentos
3.9. Analise da liberação de citocromo c mitocondrial:
A liberação de citocromo c é um evento característico da via mitocondrial.
Assim, para confirmar o envolvimento desta via no processo de morte induzido pelo
AT3, a liberação de citocromo c foi investigada. Para isso as células foram
incubadas e tratadas com o triterpeno de escolha por vários intervalos de tempo a
fim de saber o momento em que se obtém o máximo de citocromo c citosólico. Após
esses períodos, as células foram recolhidas em tubos especiais para FACS e
centrifugadas a 1200 rpm, por 7 minutos. O sobrenadante foi descartado e o pellet
ressuspendido em uma solução de lise (Becton, Dickinson) e incubado por 30
minutos em temperatura ambiente. Em seguida, as células foram novamente
centrifugadas, e lavadas com uma solução de PBS com 5% de SFB e
recentrifugadas. Após o sobrenadante ser descartado, as células foram
ressuspendidas em 40µL da solução contendo o anticorpo anti-citocromo c-FITC
(1:10) e incubadas por 30 minutos em temperatura ambiente. Em seguida, as
amostras foram analisadas por citometria de fluxo, canal FL-1.
3.10. Medida de atividade de proteínas MDR:
Este ensaio se baseia no uso da substância fluorescente, rodamina 123
(Rho 123), que é substrato para a proteína MDR, Pgp. Como esta substância entra
passivamente na lula e é extruída pela atividade desta proteína, a alteração deste
35
transporte pelo composto bloqueador, reflete seu efeito na atividade das proteínas
transportadoras (Neyfakh, 1988).
Para determinar o tempo no qual acontece o carregamento máximo de Rho
123 (200ng/ml) uma cinética foi realizada. Para esse experimento 160µl de uma
suspensão celular (10
5
células/poço) foram distribuídas em tubos especiais para
FACS. As células foram incubadas com 200ng/ml de Rho 123 por 0, 10, 20, 30 e 60
minutos (volume final em cada tubo de 200µl).
Para avaliar a presença e o funcionamento da proteína de efluxo
superexpressa na linhagem Lucena-1, 160µl de uma suspensão celular
(10
5
células/poço) foram distribuídas em tubos especiais para FACS. As células
foram incubadas por 30 minutos com 200ng/ml de Rho 123 na ausência e na
presença de diferentes concentrações dos bloqueadores verapamil (10, 25, 50µM)
ou ciclosporina A (0,5; 1 e 2 µM) (volume final em cada tubo de 200µl).
3.11. Efeito de AT3 sobre o carregamento de Rho 123:
Para analisar o efeito do AT3 sobre a atividade da Pgp , numa primeira etapa,
160µl de células (10
5
células/poço), distribuídas em tubos especiais para FACS,
foram incubadas por 30 minutos em estufa de CO
2
(5%) a 37ºC na presença de 20µl
do corante fluorescente Rho 123 (200 ng/mL), seguida da adição de 20µl de meio
(controle da atividade da bomba) ou 20 µl do triterpeno (12,5; 25; 37,5 ou 50µg/mL).
Células incubadas apenas com meio (sem corante) foram usadas para controle da
auto-fluorescência. Verapamil na concentração de 25 µM foi utilizado como controle
positivo. Na segunda etapa, as células foram lavadas uma vez com PBS e mantidas
em gelo (cerca de 4ºC) até o momento da leitura da fluorescência intracelular em
aparelho de FACS, canal FL-1.
36
4 RESULTADOS
37
4.1. Triterpenos da C. lyratiloba inibem a viabilidade de linhagens
leucêmicas:
O efeito dos triterpenos sobre a viabilidade de linhagens tumorais sensíveis
(K562) e resistentes a múltiplas drogas (Lucena-1) foi investigado pelo método
colorimétrico do MTT. Esse método se baseia no fato do composto MTT ser reduzido
pela enzima mitocondrial, NADH desidrogenase de células metabolicamente ativas,
gerando cristais de cor violácea chamados de Formazan (Mossman, 1983). Assim,
quanto maior a quantidade de cristal formado maior o número de células viáveis.
Primeiramente a atividade citotóxica dos triterpenos foi testada sobre a
linhagem K562. Células dessa linhagem foram incubadas por 48 horas com
diferentes concentrações dos ácidos euscáfico (AE), tormêntico (AT) e 3β-acetil
tormêntico (AT3) e então a percentagem de inibição da viabilidade foi calculada. Os
resultados mostraram que em 48h de incubação todos os triterpenos inibiram a
viabilidade celular da linhagem K562 de uma maneira dose-dependente (Figura 9).
38
A atividade citotóxica dos triterpenos também foi testada na linhagem MDR,
Lucena-1, que é uma linhagem derivada da linhagem K562 que expressa o fenótipo
de resistência a múltiplas drogas.
Os resultados mostraram que, assim como para a linhagem K562, o
tratamento com os triterpenos AE, AT e AT3 causou a inibição da viabilidade celular
da linhagem Lucena-1 de maneira dose dependente (Figura 10).
A concentração média inibitória (IC
50
) dos triterpenos para as linhagens
tumorais foi calculada a partir das curvas de concentração (tabela 1). Os valores dos
IC
50
foram semelhantes entre todos os triterpenos estudados tanto para a K562
F
igura 9
: Efeito dos triterpenos isolados da C. lyratiloba na viabilidade celular da linhagem
de leucemia mielóide crônica, K562. 1x 10
4
células foram plaqueadas e 24h depois,
diferentes concentrações dos compostos foram adicionados. Após 48h de incubação a
viabilidade celular foi medida pelo ensaio de MTT. Os resultados expressam a média ± DP
de 4 experimentos em triplicata.
39
como para a Lucena-1 mostrando que eles possuem atividades antitumorais
semelhantes.
Estes resultados revelaram a presença de atividade anti-MDR nestes
triterpenos e confirmam que as diferenças estruturais não influenciam suas
atividades.
Figura 10
: Efeito dos triterpenos isolados da C. lyratiloba na viabilidade celular da linhagem
de leucemia mielóide crônica MDR, Lucena-1. 1x 10
4
células foram plaqueadas e 24h depois,
diferentes concentrações dos compostos foram adicionados. Após 48h de incubação a
viabilidade celular foi medida pelo ensaio de MTT. Os resultados expressam a média ± DP de
4 experimentos em triplicata.
40
4.2. AT3 induz apoptose em linhagem leucêmica MDR:
Uma vez sabendo que a MDR ainda é um desafio na quimioterapia e poucos
são os compostos capazes de driblar essa resistência e que o AT3 além de ser uma
estrutura inédita apresentou atividade citotóxica semelhante aos outros isômeros, as
outras etapas do trabalho foram realizadas utilizando esse triterpeno e a linhagem
Lucena-1.
Tendo em vista que o AT3 apresentou atividade citotóxica sobre a linhagem
Lucena-1, a próxima etapa desse trabalho foi tentar esclarecer o mecanismo de
morte induzido, assim como a via intracelular ativada por ele. Dessa maneira a
linhagem Lucena-1 foi incubada por 8 horas com AT3 na concentração de 50 µg/ml.
Após esse tempo a cultura celular foi corada e então observada ao microscópio ótico
no aumento de 400X. Nesse aumento foram observadas lulas com modificações
morfológicas características de apoptose, tais como condensação da cromatina,
diminuição do volume celular e corpos apoptóticos (Figura 11).
Para confirmar que o processo de morte ativado pelo AT3 era apoptose,
células foram incubadas com diferentes concentrações do triterpeno (12,5; 25; 37,5;
50 µg/ml) por 48h ou com AT3 50µg/mL por diferentes intervalos de tempos (4; 8;
12; 24 e 48 horas). Em seguida essas células foram recolhidas e analisadas quanto
Tabela1
: Concentração inibitória média (IC
50
) após 48h de
incubação das linhagens leucêmicas com os triterpenos
41
à presença de fragmentação de DNA. Isso foi feito incubando as células com um
tampão hipotônico contendo triton x-100, e iodeto de propídeo e quantificando a
percentagem de cleos hipodiplóides por citometria de fluxo. Os resultados
mostraram que em 48 horas de tratamento o AT3 foi capaz de induzir fragmentação
de DNA de maneira dose dependente. A percentagem de fragmentação variou de
aproximadamente 20% para AT3 12,5 µg/mL a 70% para AT3 50µg/mL (Figura 12).
Uma cinética feita com 50µg/mL de AT3 mostrou que em 8 horas esse composto foi
capaz de induzir cerca de 40% de fragmentação de DNA (Figura 13).
Figura 11
: Alterações morfológicas induzidas pelo AT3 na linhagem leucêmica humana
MDR, Lucena-1. Células (1x10
4
/poço) foram plaqueadas e após 24 horas incubadas com
50 µg/ml de AT3 por 8 horas. Após esse tempo, as células foram centrifugadas, coradas e
observadas ao microscópio ótico (aumento de 400X). (A) Morfologia das células incubadas
apenas com meio (B) Morfologia das células tratadas com AT3. Seta preta mostra
condensação da cromatina, seta vermelha mostra fragmentação de DNA e setas azuis
mostram corpos apoptóticos.
A
B
42
Figura 12
: AT3 induz fragmentação de DNA na linhagem leucêmica humana MDR,
Lucena-1 de forma dose dependente. Células (1x10
4
/poço) foram plaqueadas e após 24
horas incubadas com diferentes concentrações de AT3 por 48 horas. Após esse tempo, as
células foram incubadas com o tampão HFS (contendo 50 µg/ml de iodeto de propídeo)
por 1h a 4ºC. A percentagem de células com fragmentação do DNA foi quantificada em
citometro de fluxo (FL-2). (A) Histograma representativo do ciclo celular da linhagem
Lucena-1. (B) Quantificação do pico sub-G1 do ciclo celular em células marcadas com
iodeto de propídeo. Os resultados expressam a média ± DP de 3 experimentos em
triplicata.
A
B
43
Figura 13
: AT3 induz fragmentação de DNA na linhagem leucêmica humana MDR,
Lucena-1 de forma tempo dependente. Células (1x10
4
/poço) foram plaqueadas e após 24
horas incubadas por diferentes tempos com 50µg/mL de AT3 por até 48 horas. Após esse
tempo, as células foram incubadas com o tampão HFS por 1h a 4ºC e a % de células com
fragmentação do DNA foi quantificada em citometro de fluxo (FL-2). (A) Histograma
representativo do ciclo celular da linhagem Lucena-1. (B) Quantificação do pico sub-G1 do
ciclo celular em células marcadas com iodeto de propídeo. Os resultados expressam a
média ± DP de 4 experimentos em triplicata.
A
B
44
4.3. AT3 induz ativação de caspase-3:
Caspases são os elementos chaves no processo apoptótico. Independente da
via inicial de sinalização, receptores de morte ou mitocondrial, a ativação da
maquinaria apoptótica leva à ativação de uma cascata de cisteína proteases, as
caspases, cuja atividade resulta no desmantelamento celular (Fuentes-Prior &
Salvesen, 2004; Wang, Liu e Cui, 2005). Na apoptose iniciada por ativação de
receptores de morte, a principal caspase iniciadora ativada é a 8 enquanto na via
mitocondrial, a caspase iniciadora é a caspase 9 (Chen & Wang, 2002). Nos dois
casos, a principal efetora ativada é a caspase 3. De modo a confirmar o mecanismo
de morte induzido pelo AT3, as células incubadas com 50 µg/mL de AT3 por
diferentes tempos foram avaliadas quanto à presença de caspase-3 ativada.
A ativação de caspase-3 foi avaliada utilizando um kit comercial que contem
em sua composição, moléculas conjugadas à fluoresceína (FITC). Essas moléculas
entram na célula e se ligam irreversivelmente à caspase-3 ativada e após lavagens a
fluorescência dessa população foi medida por citometria de fluxo. Como mostrado
na figura 14 foi possível observar que houve ativação de caspases-3. De modo que
em 4 horas de tratamento é possível observar a ativação de caspase e em 48
horas o percentual de células com caspase-3 ativada chega a aproximadamente
70%.
A participação das caspases no processo de morte ativado pelo AT3 foi
confirmada quando o bloqueador geral de caspase, Zvad-fmk (20µM), foi utilizado.
Na figura 15 é possível observar que quando as células foram pré-incubadas com
Zvad o percentual de núcleos hipodiplóides foi reduzido a níveis próximos ao do
controle (Figura 15).
45
Figura 14: AT3 induz ativação de caspase-3 na linhagem Lucena-1. Células (1x10
4
/poço)
foram plaqueadas e após 24 horas, incubadas por diferentes tempos com 50 µg/mL de AT3.
Após esse período, as células foram incubadas por 1h a 37ºC com o reagente do Kit (1:200),
e após duas lavagens foram analisadas em citômetro de fluxo canal FL-1. (A) Histograma
representativo da ativação da caspase-3. (B) Quantificação do percentual de células com
ativação de caspase-3 após tratamento por diferentes tempos com AT3 (50µg/mL). Os
resultados expressam a média ± DP de 3 experimentos em triplicata.
A
B
46
4.4. Apoptose induzida pelo AT3 envolve ativação da via mitocondrial:
Uma vez que o mecanismo de morte induzido pelo AT3 foi identificado como
sendo apoptose, a via (intrínseca ou extrínseca) ativada por este triterpeno foi
investigada. Dados da literatura mostram que outros triterpenos induzem apoptose
por ativação da via mitocondrial (Fulda et al., 1998; Fernandes et al., 2005). Assim,
primeiramente foi investigado se o AT3 era capaz de induzir a morte por essa via
Figura 15
: Apoptose induzida por AT3 é revertida por Zvad-fmk. Células (1x10
4
/poço) foram
plaqueadas e após 24 horas foram pré-incubadas ou não por 2 horas com o bloqueador
geral de caspase, Zvad (20 µM). Em seguida foram tratadas por 8 horas com 50 µg/mL de
AT3. Após esse tempo, as células foram incubadas com o tampão HFS por 1h a 4ºC. O
percentual de células com fragmentação do DNA foi quantificada em citometro de fluxo (FL-
2). (A) Histograma representativo do ciclo celular da linhagem Lucena-1. (B) Quantificação
do pico sub-G1 do ciclo celular em células marcadas com iodeto de propideo. Os resultados
expressam a média ± DP de 2 experimentos em triplicata.
A
B
% Fragmentação do DNA
47
apoptótica. Como mencionado, a alteração do potencial de membrana
mitocondrial, juntamente com a liberação de moléculas pró-apoptóticas do espaço
intermembranar mitocondrial, tais como citocromo c, AIF, SMAC/DIABLO são
eventos característicos da via intrínseca ou mitocondrial. Estes eventos ocorrem em
conseqüência da abertura do Poro de Permeabilidade Transitória (PTP) na
membrana da mitocôndria (Orrenius, 2004). O DIOC
6
(3) é um fluorocromo catiônico
que é acumulado na matriz mitocondrial devido ao gradiente eletroquímico mantido
na membrana interna de mitocôndrias viáveis. A abertura do PTP leva a alteração do
potencial de membrana interna da mitocôndria. Esta alteração de potencial é
refletida pela perda da habilidade de acumular o fluorocromo. Desse modo, a
diminuição da intensidade da fluorescência celular causada pelo menor acúmulo do
fluorocromo, reflete a perda de potencial (Amarante-Mendes et al., 1998; Ormerod,
2000; Vermes, Haanen & Reutelingsperger, 2000).
Para investigar se o AT3 é capaz de induzir alteração no potencial mitocondrial,
células da linhagem Lucena-1 foram tratadas por diferentes tempos com 50µg/ml de
AT3 e após esses períodos, incubadas com uma solução contendo DIOC
6
(3) e em
seguida analisadas por citometria de fluxo. Os resultados mostraram que, em 12
horas, o AT3 induz perda de potencial mitocondrial (Figura 16) em cerca de 20% da
população celular analisada. Assim, para confirmar o envolvimento da via intrínseca
na morte induzida por AT3 à liberação de citocromo c, um evento peculiar da via
mitocondrial, foi avaliada. Para isso, células da linhagem Lucena-1 foram tratadas
por 8, 24 e 48 horas com 50 µg/ml de AT3 e após esse período incubadas com o
anticorpo anti-citocromo c conjugado a PE (1:10). A média de intensidade de
fluorescência foi medida por citometria de fluxo.
48
Os resultados mostraram que células incubadas com 50µg/ml de AT3 por
diferentes tempos apresentaram aumento nos níveis de fluorescência média quando
comparadas as células não tratadas (Figura 17). Esse dado indica que os níveis de
citocromo c citosólicos aumentaram com o tratamento. Juntos esses resultados
comprovam a participação da via mitocondrial na morte induzida pelo AT3.
Como descrito na introdução, um dos mecanismos possíveis para a liberação
de citocromo c da mitocôndria para o citosol é a abertura de um poro formado pela
proteína pro-apoptótica Bax. Assim, o envolvimento de Bax no processo apoptótico
induzido por AT3 foi avaliado utilizando-se Furosemida, um inibidor espefico da
translocação de Bax do citosol para a membrana externa mitocondrial. Para isso,
células da linhagem Lucena-1 foram incubadas com AT3 50µg/mL por 8 horas na
presença ou ausência de furosemida a 1,1 mM. Após esse período a percentagem
de núcleos hipodiplóides foi avaliada por citometria. O resultado mostrou que em 8
horas de tratamento, 50µg/ml de AT3 foi capaz de induzir aproximadamente 39% de
fragmentação de DNA. No entanto, quando o AT3 foi co-incubado com o inibidor de
Bax o percentual de núcleos hipodiplóides é reduzido em cerca de 50%, como
representado na figura 18.
49
Figura 16: Efeito do AT3 sobre o potencial de membrana mitocondrial (
ψ
m
) na linhagem
Lucena-1. Células (1x10
4
/poço) foram plaqueadas e após 24 horas incubadas por
diferentes tempos com 50 µg/mL de AT3. Após esses tempos as células foram
incubadas com uma solução de DIOC
6
(3) a 20 nM e a alteração de ψ
m
medida em
citometro de fluxo (FL-1). (A) Histograma representativo da retenção de DIOC
6
(3) na
linhagem Lucena-1. (B) Quantificação da variação do ∆ψ
m
após tratamento por diferentes
tempos com 50µg/mL de AT3. Os resultados expressam a média ± DP de 5
experimentos em triplicata.
A
B
50
Figura 17
: AT3 aumenta os níveis de citocromo c citosólico na linhagem Lucena-1.
Células (1x10
4
/poço) foram plaqueadas e após 24 horas incubadas por diferentes
tempos com 50 µg/mL de AT3. Após esse período, as células foram incubadas com
anticorpo anti-citocromo c conjugado ao fluorocromo PE (1:10) por 30 minutos (A)
Histograma representativo do aumento da intensidade da fluorescência após tratamento
com AT3. (B) Quantificação da média de intensidade de fluorescência após tratamento
por diferentes tempos com AT3. Os resultados expressam a média ± DP de 3
experimentos em triplicata.
A
B
51
Figura 18
: Furosemida diminui os níveis de fragmentação de DNA induzida por AT3.
Células (1x10
4
/poço) foram plaqueadas e após 24 horas foram co-incubadas ou não
com o bloqueador de Bax, Furosemida (1,1mM) e AT3 50µg/ml por 8 horas. Após esse
tempo, as células foram incubadas com o tampão HFS por 1h a 4ºC. O percentual de
células com fragmentação do DNA foi quantificada em citometro de fluxo (FL-2). (A)
Histograma representativo do ciclo celular da linhagem Lucena-1. (B) Quantificação do
pico sub-G1 do ciclo celular em células marcadas com iodeto de propídeo. Os
resultados expressam a média ± DP de 4 experimentos em triplicatas.
A
B
% Fragmentação do DNA
52
4.5. AT3 não interfere com a atividade da Pgp:
Como descrito em materiais e métodos a atividade da Pgp pode ser avaliada
medindo-se a capacidade da célula MDR em reter a Rodamina 123 (Rho 123), um
substrato específico para essa proteína (Neyfakh, 1988). Assim, inicialmente o
tempo no qual o máximo de carregamento de Rodamina 123 é atingido foi
determinado. Para isso, a linhagem Lucena-1 foi incubada por diferentes tempos
(10, 20, 30 e 60 minutos) com Rodamina 123 (200ng/ml) e a fluorescência
intracelular foi avaliada por FACs. Os resultados mostraram que na faixa de 30-60
minutos o carregamento máximo de Rodamina 123 foi alcançado (Figura 19). Desta
forma, o tempo de 30 minutos foi escolhido para a realização dos demais
experimentos.
Figura 19
: Curva temporal do carregamento de Rho 123 na linhagem Lucena-1. As
células foram incubadas com Rho 123 (200ng/ml) durante diferentes tempos (10, 20,
30 e 60 minutos), lavadas com PBS e a fluorescência média intracelular referente a
quantidade de Rho 123 acumulada após o carregamento foi medida por citometria
de fluxo (FL-1).
53
Para comprovar a presença e funcionalidade da Pgp experimentos de
carregamento de Rho 123 foram realizados na presença ou ausência de diferentes
concentrações dos moduladores da Pgp (verapamil e ciclosporina A). Os resultados
mostraram que os inibidores utilizados foram capazes de aumentar o carregamento
da Rho 123 de forma dose dependente (Figura 20), indicando que a Pgp presente
na linhagem Lucena -1 é funcional.
Figura 20
: Efeito de bloqueadores de Pgp sobre o carregamento de Rho 123 na linhagem
Lucena-1. As células foram incubadas com Rho 123 (200ng/ml) na ausência, coluna (0), ou
na presença de diferentes concentrações de verapamil (10, 25 e 50 µM) ou CSA (0,5; 1 e 2
µM) e lavadas com PBS. A fluorescência média intracelular referente a quantidade de Rho
123 acumulada após o carregamento foi medida por citometria de fluxo (FL-1). (A) Média
de fluorescência do carregamento de Rho 123 na ausência (0) e na presença de verapamil
(VP 10, VP 25 e VP 50). (B) dia de fluorescência do carregamento de Rho 123 na
ausência (0) e na presença de CSA (CSA 0,5; CSA 1 e CSA 2).
A
B
54
Para a certificação de que os bloqueadores nessas concentrações e no tempo
de trinta minutos não interferem na viabilidade celular da linhagem Lucena-1, células
foram incubadas por 30 minutos com diferentes concentrações dos bloqueadores e
então a percentagem de viabilidade celular foi avaliada pelo método de MTT. Os
resultados mostraram que nesse tempo nenhum dos inibidores, nem mesmo na
maior concentração foi citotóxico para células dessa linhagem (Figura 21).
Figura 21
: Efeito dos bloqueadores de Pgp na viabilidade celular da Lucena-1. 1x 10
5
células foram transferidas para tubos de FACs e diferentes concentrações de
verapamil (A) ou ciclosporina A (B) foram adicionados. Após 30 minutos de incubação
a viabilidade celular foi medida pelo ensaio de MTT. Os resultados expressam a média
± DP de 3 experimentos em triplicata.
A
B
55
4.6. Efeito do AT3 sobre o carregamento de Rho 123:
Para investigar se o AT3 é capaz de modular a atividade de transporte da
Pgp, células da linhagem Lucena-1 foram incubadas com Rho 123 na presença e
na ausência de diferentes concentrações do AT3 ou do bloqueador verapamil
(25µM). Os resultados demonstraram que nenhuma das concentrações de AT3
utilizadas foi capaz de modular a atividade da Pgp (Figura 22). Esse dado revela que
o AT3 exerce sua ação citotóxica na célula sem interferir com a funcionalidade desta
bomba.
56
Figura 22
: Efeito do AT3 sobre o carregamento de Rho 123 na linhagem Lucena-1. As
células foram incubadas sem Rho 123 (coluna AF) e com Rho 123 (200ng/ml) na
ausência, [coluna (0)], ou na presença de verapamil 25 µM (coluna VP 25) ou AT3 12,5;
25; 37,5 e 50 µg/mL (colunas AT3 12,5; AT3 25; AT3 37,5 e AT3 50). A fluorescência
média intracelular referente à quantidade de Rho 123 acumulada após o carregamento
foi medida por citometria de fluxo (FL-1). (A) Histograma representativo de um
experimento de carregamento da Rho em diferentes condições (B) Média de
fluorescência do carregamento de Rho 123 na ausência (0) e na presença de AT3. Os
resultados expressam a média ± DP de 5 experimentos em triplicata.
B
A
57
Para garantir que as concentrações de AT3 e tempo de incubação utilizados
para avaliar o seu efeito sobre a atividade da Pgp não interferem na viabilidade
celular da linhagem Lucena-1, células foram incubadas por 30 minutos com
diferentes concentrações do composto e a percentagem de viabilidade celular foi
avaliada. Os resultados mostraram que nesse tempo nenhuma das concentrações
de AT3 foi citotóxica para células dessa linhagem (Figura 23).
Figura 23
: Efeito dos bloqueadores de Pgp na viabilidade celular da Lucena-1. 1x10
5
células foram plaqueadas e então, diferentes concentrações de AT3 foram
adicionadas. Após 30 minutos de incubação a viabilidade celular foi medida pelo
ensaio de MTT. Os resultados expressam a média ± DP de 3 experimentos.
58
5 DISCUSSÃO
59
Um dos maiores problemas na terapia do câncer é a expressão do fenótipo de
resistência a múltiplas drogas nos tumores. Dificuldades encontradas no
desenvolvimento de estratégias que possam ser utilizadas pela clínica para vencer
esse problema têm incentivado a busca por compostos que não sejam substratos
para as proteínas MDR, ou seja, compostos capazes de matar tumores MDR. Nos
últimos anos, produtos naturais e modificações químicas de drogas antitumorais
existentes tem liderado a busca por novos agentes anti-neoplásicos. Esse trabalho
investigou a atividade antitumoral dos triterpenos ácido euscáfico (AE), tormêntico
(AT) e 3β-acetil tormêntico (AT3), isolados da Cecropia lyratiloba, uma planta
conhecida popularmente como Embaúba.
Os dados obtidos mostraram que os três triterpenos são ativos contra
linhagens leucêmicas sensível (K562) e resistente a múltiplas drogas - MDR
(Lucena-1). A atividade antitumoral de alguns desses triterpenos não está limitada a
leucemias. Trabalho de nosso grupo mostrou que o AE é capaz de inibir a
viabilidade celular de tumores sólidos tais como lon, pulmão e laringe (Rocha et
al., 2007) e que o AT3 é efetivo também em células de melanoma murino (dados
não publicados). Além disso, a capacidade de matar células que expressam o
fenótipo MDR não é específica para esses triterpenos uma vez que resultados
semelhantes foram descritos para outros triterpenos como os ácidos betulínico
(Fernandes et al., 2003; Jung et al., 2007) e pomólico (Fernandes et al., 2003, 2005;
Vascancelos et al., 2007). A avaliação da concentração de triterpeno necessária
para inibir a viabilidade celular em 50% das células (IC
50
), revelou que os três
triterpenos isolados da C. lyratiloba têm atividade semelhante, mostrando que as
diferenças na estrutura da molécula não interferem com o potencial citotóxico. Além
60
disso, a diferença dos valores de IC
50
obtidos para a linhagem sensível e resistente é
muito pequena. Como a Lucena-1 expressa 20X mais Pgp que a sua parental K562,
esses resultados indicam que a atividade dos triterpenos não é alterada pela
superexpressão da Pgp (Rocha et al., 2007). Resultados semelhantes foram
observados com o ácido pomólico (Fernandes et al., 2003; Vasconcelos et al.,
2007).
Tendo em vista a similaridade do potencial antitumoral dos triterpenos da C.
lyratiloba, o ácido 3β-acetil tormêntico foi escolhido para o estudo do mecanismo de
ação e das vias de transdução de sinal da atividade desses triterpenos sobre a
linhagem MDR Lucena 1. Os resultados obtidos mostraram que 3β-acetil tormêntico
induz apoptose de maneira dose e tempo dependente, num processo dependente da
ativação de caspases uma vez que tratamento com zVAD, um inibidor geral de
caspases, diminuiu severamente a apoptose induzida por esse triterpeno.
A investigação das vias de sinalização envolvidas na toxidez do AT3,
mostrando alteração do potencial mitocondrial e liberação de citocromo c, indica a
ativação da via mitocondrial. A ativação dessa via apoptótica foi descrita para
outros triterpenos entre eles, os ácidos betulínico (Fulda et al., 2001) e pomólico
(Fernandes et al., 2005). O 3β-acetil tormêntico também induz alteração do
potencial mitocondrial indicando que sua atividade é mediada pela via intrínseca.
Entretanto, seu efeito é mais moderado do que o observado com o ácido pomólico
em HL-60 (Fernandes et al., 2005). Assim, enquanto esse triterpeno induz perda de
potencial mitocondrial (
ψ
m
) em cerca de 80% das células, com o AT3 observou-se
desacoplamento em 20% das células de Lucena-1.
61
Classicamente, na ativação da apoptose pela via intrínseca, há alteração do
potencial de membrana interna mitocondrial (
ψ
m
), seguida da liberação de
citocromo c mitocondrial, ativação de caspases e fragmentação nuclear. O
fenômeno de alteração do potencial de membrana interna mitocondrial é causado
pelo aumento na permeabilidade transitória da membrana mitocondrial (Fulda et al.,
1998; Tsujimoto e Shimizu, 2007), que pode ser gerado pela abertura do poro de
permeabilidade de transição. Entretanto, o qualquer citação na literatura sobre
quanto de despolarização é necessária para induzir apoptose. Porém, relatos de
apoptose em situações de pouca perda de potencial mitocondrial (Ly et al., 2003;
Schimmer et al., 2001; Li, Du e Darzynkiewicz, 2000). Finucane e colaboradores
(1999) mostraram que células da linhagem HL-60 tratadas com estaurosporina
sofrem apoptose com liberação de citocromo c mitocondrial e ativação de caspases,
mas com pequena alteração no ψ
m
. Portanto, esses resultados suportam a
sugestão de que o AT3 esteja induzindo apoptose pela via mitocondrial apesar da
percentagem de células que apresentam alteração no ψ
m
ser menor que a de
fragmentação de DNA.
A liberação de citocromo c é uma etapa crucial na ativação intrínseca (Bayir et
al., 2006). Algumas hipóteses poderiam ser levantadas para explicar a relação entre
o efeito do AT3 sobre o potencial de membrana mitocondrial e a liberação de
citocromo c. Dados da literatura mostram que o poro de permeabilidade transitória
pode operar de dois modos: (1) em estado de alta condutância, o qual está
associado com uma abertura persistente do poro de permeabilidade transitória,
resultando numa redução do
ψ
m
prolongada e marcante. (2) em estado de baixa
62
condutância, que está associado com uma abertura transitória do poro e uma
alteração passageira do ψ
m
(Szalai et al., 1999). Portanto, pode-se postular que a
liberação de citocromo c induzida pelo AT3 não necessite da completa e irreversível
redução no potencial de membrana mitocondrial, mas esteja relacionada à abertura
transitória do poro, operando em baixa condutância. Também tem sido descrito que
proteínas pró-apoptóticas da família Bcl-2 tais como Bax poderiam, ao se translocar
para a membrana externa mitocondrial, formar canais que levariam a saída do
citocromo c para o citoplasma (Gogvadze et al., 2001). Outra possibilidade seria a
interferência do AT3 nesse processo. Yang e colaboradores (2005) mostraram que o
tratamento de uma linhagem leucêmica com o composto TGHQ resultou em baixa
perda de potencial mitocondrial e indução de apoptose caracterizada pela ativação
das caspases 9 e 3 e liberação de citocromo c. Além disso, esse composto também
induziu translocação de Bax do citosol para a mitocôndria. Os resultados obtidos
com o AT3 sugerem que ele seja capaz de induzir a translocação de Bax para a
mitocôndria. De fato, em células co-incubadas com furosemida, um inibidor
específico da translocação de Bax, o percentual de fragmentação de DNA induzido
por AT3 foi reduzido em cerca de 50%, sugerindo o envolvimento de Bax na
apoptose induzida pelo AT3. Entretanto como mostrado em resultados à inibição de
Bax não inibiu totalmente a morte induzido pelo AT3 sugerindo o envolvimento de
outras moléculas pró-apoptóticas.
O fato do AT3 mostrar efeito citotóxico em células que expressam o fenótipo
MDR e baixa toxidez para linfócitos ativados (50% menor que o observado na lula
tumoral) apontam este triterpeno como um composto de grande potencial para o
tratamento de tumores resistentes a múltiplas drogas.
A MDR é reconhecidamente
63
uma das principais causas de falha na quimioterapia do ncer e piora
significativamente o prognóstico do paciente. Na grande maioria dos casos os
tumores desenvolvem algum tipo de resistência em poucos anos, o que os torna
fatais.
A superexpressão de proteínas transportadoras é um dos mecanismos efetores
da MDR mais bem conhecidos (Mimeault et al., 2007; Haimeur et al., 2004; Kourti et
al., 2007). Estas proteínas extruem ativamente os quimioterápicos da célula,
reduzindo sua concentração intracelular e, desse modo, impedindo que eles
exerçam seu efeito citotóxico. A maioria dos quimioterápicos comumente usados,
tais como os taxanos, antraciclinas, alcalóides da vinca são substratos para uma ou
mais bombas (Ozvegy-Laczka et al., 2005). Mesmo drogas alvo específicas como os
inibidores de tirosina cinase têm mostrado ser substratos para algumas dessas
bombas. Investigadores têm relatado a correlação entre uma baixa resposta ao
tratamento e superexpressão de Pgp ou MRP1 em diversos tipos de tumores sólidos
e leucemias (Larkin et al., 2004; van der Heuvel-Eibrink et al., 2001; van der Kolk et
al., 2000). Estudos têm demonstrado que a expressão intrínseca ou adquirida da
Pgp é uma das causas mais freqüente deste fenótipo de resistência na clínica. Por
exemplo, pacientes com carcinoma mamário expressando Pgp estão três vezes
mais suscetíveis à falhas na resposta a quimioterapia que pacientes cujos tumores
são Pgp negativo (Trock et al., 1997). A percentagem de pacientes com leucemia
mielóide aguda (MLA) que tem superexpressão de Pgp é alta no diagnóstico (30%),
aumenta na primeira recaída (50%) e é maior em pacientes idosos (70%) (Leith et
al.,1998). Nessa neoplasia a superexpressão de Pgp ou do gene MDR1, reduz
significativamente a taxa de remissão do paciente (del Poeta et al.,1999).
64
Após 30 anos de investimentos no conhecimento sobre esses transportadores
ainda não existem estratégias terapêuticas capazes de superar a ação dessas
bombas de efluxo no tumor (O`Connor, 2007). Uma das primeiras estratégias
terapêuticas utilizadas para reverter o fenótipo MDR envolve o uso de moduladores
ou reversores como adjuvantes em regimes terapêuticos com as drogas disponíveis
no mercado. Entretanto, nos estudos clínicos, todas as gerações de inibidores
desenvolvidos, mesmo aqueles mais específicos (de terceira geração) não
proporcionaram melhorias ao tratamento (Szakacs et al., 2006). Um dos problemas
dessa estratégia é a pouca seletividade dos atuais inibidores, visto que esses
transportadores são expressos fisiologicamente nos tecidos do corpo (Kuppens et
al., 2005; Breedveld, Beijnen Schellens, 2006). Por isso o uso de moduladores gera
uma série de efeitos colaterais para o paciente como evidenciados por estudos
clínicos (Sonneveld et al., 2001; Dalton et al., 1995).
A ineficiência dessa estratégia impulsionou os cientistas a buscarem novas
abordagens terapêuticas para superar a MDR. A pesquisa por novas substâncias
capazes de matar um tumor MDR sem a necessidade do uso de um modulador é
uma das estratégias mais promissoras. O uso de um composto que não seja
substrato para a bomba, ou seja, que consiga matar um tumor MDR sem interferir
com o funcionamento do transportador é de grande relevância para a clínica. Isso
devido à presença fisiológica das proteínas MDR nos tecidos, as quais são afetadas
indiscriminadamente pelo uso de bloqueadores não seletivos. Por isso, o tratamento
adjuvante com um modulador geralmente leva ao aumento dos níveis de toxidez do
quimioterápico. O AT3, diferentemente de moduladores convencionais da Pgp como
o verapamil e a ciclosporina A, não aumentou a quantidade de Rodamina 123
65
65
carregada, ou seja, o AT3 não interferiu com o funcionamento da Pgp e por isso a
quantidade de Rodamina 123 acumulada durante o período de carregamento foi
baixa. Esses resultados sugerem fortemente que o AT3 não seja substrato para a
Pgp e que seu efeito citotóxico em tumores que superexpressam essa proteína se
independentemente da presença desta bomba. A ineficácia dos quimioterápicos
disponíveis na clínica para o tratamento de um tumor MDR, como por exemplo, as
leucemias mielôide crônica que superexpressam Pgp e são por isso resistentes ao
Imatinib, torna o AT3 uma grande promessa para o tratamento desse tipo de tumor e
também uma esperança para pacientes, até então, desenganados pelos médicos.
Atualmente, ainda são poucos os candidatos a quimioterápicos, relatados na
literatura, com capacidade de matar tumores resistentes a múltiplas drogas. Entre os
raros compostos com esse tipo de potencial temos a curcumina e seus derivados, os
quais possuem atividade citotóxica em linhagem de tumor de mama MDR (Poma et
al., 2007), as lectinas que são capazes de inibir a viabilidade tanto de tumor de cólon
sensível quando resistente a múltiplas drogas (Valentiner et al., 2002) e a
dimetilesfingosina que é citotóxica contra linhagens de leucemia mielóide aguda
humana sensível e MDR (Jendiroba et al., 2002). Além disso, parte dos esforços
para driblar a resistência a múltiplas drogas tem sido direcionada na tentativa de
“melhorar” os quimioterápicos disponíveis. Nesse campo nos temos estudos com
daunorubicina glicosilada, que tem mostrado capacidade de matar linhagens de
leucemia que superexpressa P-gp (Fang et al., 2006) e os derivados do taxol, os
quais se mostraram ativos em tumores MDR (Geney et al., 2002). No entanto, a
grande maioria dos artigos ainda descrevem a descoberta de compostos com
potencial de inibir a atividade da Pgp (Lim et al., 2007; Meschini et al., 2007; Mei et
66
al., 2004; Molnár et al., 2004). Juntas, essas informações revelam a dificuldade de
se encontrar compostos com atividade anti-MDR e ressaltam mais uma vez a
relevância dos resultados obtidos com o AT3.
Como mencionado, outras proteínas transportadoras são capazes de conferir
o fenótipo MDR, por isso o efeito do AT3 sobre a funcionalidade de outras proteínas
MDR tais como MRP1 e BCRP será investigado futuramente, assim como o efeito do
AT3 sobre células que expressam outros mecanismos de resistência, tais como
superexpressão de Bcl-2 e IAPs.
67
6 CONCLUSÕES
68
Portanto este trabalho corrobora com outros trabalhos da literatura que
apresentam os triterpenos como uma classe de produtos naturais com excelente
potencial antitumoral. Todos os triterpenos extraídos da planta C.lyratiloba testados
inibiram a viabilidade das linhagens de leucemia mielóide crônica, incluindo a que
expressa o fenótipo MDR. Dentre esses, o 3β-acetil tormêntico, semelhantemente a
outros triterpenos, demonstrou ser capaz de ativar a via intrínseca da apoptose
induzindo a permeabilização de membrana externa mitocondrial e liberação de
citocromo c. Também foi demonstrado nesse trabalho que esse composto não
interfere na atividade da proteína MDR, glicoproteína-P o que sugere o 3β-acetil
tormêntico como um composto que pode ser usado no tratamento de tumores que
superexpressam essa proteína.
69
7 PERSPECTIVAS
70
Dando continuidade ao estudo da atividade antitumoral dos triterpenos
isolados da Cecropia lyratiloba pretendo ainda:
1. Verificar a ativação das caspases iniciadoras 8 e 9 na via apoptótica induzida
pelo AT3
2. Verificar se AT3 é capaz de modular os níveis de ROS e se esta modulação está
envolvida na indução da morte celular
3. Medir os níveis de Bax citosólicos e mitocondriais
4. Verificar se a inibição da translocação de Bax diminui o nível de citocromo c
liberado no citosol.
5. Estudar se o AT3 interfere com os níveis e atividades de proteínas sinalizadoras
como as MAPK
6. Estudar o efeito de AT3 sobre a atividade de outras proteínas MDR como as
MRP e a BCRP.
7. Verificar se o AT3 é citotóxico para tumores in vivo e em células de pacientes
que expressem ou não o fenótipo de resistência a múltiplas drogas.
71
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