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Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Instituto de F´ısica - os Gradua¸ao
Anomalia 0.7 de Condutˆancia em
Pontos de Contato Quˆanticos
Aluno: Paulo S´ergio de Abreu Bonfim
Orientador: Caio Henrique Lewenkopf
Rio de Janeiro
2005
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Conte´udo
1 Introdu¸ao 1
1.1 Pontos de contato quˆanticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 ormula de condutˆancia de Landauer . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Medidas de condutˆancia em pontos de contato quˆanticos . . . 10
2 Condutˆancia de Landauer para pontos de contato quˆanticos 14
2.1 Geometria adiab´atica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2 Mo delo para um QPC adiab´atico . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3 Inclus˜ao de efeitos de muitos-corpos 22
3.1 O hamiltoniano de Anderson para o QPC . . . . . . . . . . . . 22
3.2 A transforma¸ao de Schrieffer-Wolff . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.3 Hamiltoniano de invers˜ao de spin . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4 Efeitos de correla¸oes eletrˆonicas na condutˆancia 32
4.1 Express˜ao geral para a corrente atrav´es do QPC . . . . . . . . 32
4.2 Matriz T na aproxima¸aodeBorn................ 35
4.3 alculo da corrente e da condutˆancia em segunda ordem . . . 37
4.4 alculo da corrente e da condutˆancia em terceira ordem . . . 40
4.5 A condutˆancia e a anomalia 0,7 . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.6 Compara¸ao com o experimento . . . . . . . . . . . . . . . . 46
5 Conclus˜oes 48
A Tratamento de escala 50
i
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Cap´ıtulo 1
Introdu¸c˜a o
Com o avan¸co da micro e nanoeletrˆonica novos dispositivos semicondutores
cada vez mais diminutos em sido produzidos. T´ecnicas litogr´aficas permitem
que sejam fabricados atualmente em arios lab orat´orios no mundo, inclusive
no Brasil, dispositivos eletrˆonicos com dimens˜oes submicrom´etricas. Este
tamanho alcan¸ca facilmente o comprimento de onda λ
F
dos seus el´etrons
de condu¸ao. Assim, a temperaturas suficientemente baixas o transporte
eletrˆonico atrav´es destes sistemas exibe claramente propriedades quˆanticas.
Nos ´ultimos anos as propriedades quˆanticas de transporte eletrˆonico em
sido investigadas experimentalmente em uma grande variedade de sistemas
submicrom´etricos. Uma b oa introdu¸ao sobre os experimentos, os fenˆomenos
f´ısicos neles envolvidos e as bases te´oricas para explic´a-los pode ser encon-
trada na Ref. [1].
Entre os primeiros sistemas semicondutores litogr´aficos de dimens˜oes sub-
microm´etricas investigados experimentalmente [2, 3] est˜ao os pontos de con-
tato quˆanticos (ou QPCs, do inglˆes “quantum point contacts”), que descreve-
remos em detalhe abaixo. Medidas de condutˆancia nestes dispositivos foram
as primeiras a comprovar a ormula de condutˆancia de Landauer, o que os
tornaram num dos paradigmas de transporte eletrˆonico quˆantico. O impacto
destes resultados pioneiros est´a refletido no fato de que eles ao utilizados
para ilustrar como a ormula de Landauer explica com sucesso experimentos
de condutˆancia, em numerosos livros texto [1, 4, 5, 6, 7].
Exp eriˆencias mais recentes de transporte em pontos de contatos quˆantico
[8, 9, 10, 11], onde arios aspectos do arranjo experimental foram melhorados,
revelaram um aspecto novo e at´e agora inexplicado na condutˆancia, chamado
de anomalia 0,7. Esta anomalia parece ao ser poss´ıvel de ser explicada
1
atrav´es da ormula de Landauer. Isto a torna ainda mais intrigante, tendo
suscitado muitas novas investiga¸oes, tanto experimentais como te´oricas.
O estudo da anomalia 0,7 ´e o tema desta disserta¸ao de mestrado. Neste
cap´ıtulo fazemos inicialmente uma breve descri¸ao dos experimentos que uti-
lizam pontos de contato quˆanticos. Em seguida, discutimos a ormula de
Landauer para uma geometria com dois terminais. Depois apresentamos um
resumo dos resultados experimentais, tanto dos pioneiros, como dos mais
recentes, onde discutimos o que ´e a anomalia 0,7.
1.1 Pontos de contato quˆanticos
Pontos de contato quˆanticos ao tipicamente fabricados litograficamente em
heteroestruturas semicondutoras. As heteroestruturas utilizadas ao basi-
camente um sandu´ıche de arseneto de alio (GaAs) com o mesmo dopado
com pequena quantidade de alum´ınio (Al
x
Ga
1x
As), como ilustrado na
Figura 1.1.
Fig. 1.1 - Ilustra¸ao de uma heteroestrutura e os contatos met´alicos voltim´etricos
que permitem a forma¸ao ponto de contato quˆantico, o QPC, na interface Al-
GaAs/GaAs.
2
A varia¸ao na quantidade x modifica as caracter´ısticas de mobilidade dos
el´etrons de condu¸ao. O alum´ınio tende a retirar do material alguns porta-
dores de carga aumentando a massa efetiva e diminuindo a mobilidade dos
el´etrons [1]. Como a tendˆencia de equil´ıbrio dos el´etrons nesse semicondutor
´e se concentrar nas superf´ıcies (repuls˜ao eletrost´atica), cria-se na interface
uma barreira de potencial na dire¸ao perpendicular `a interface. O perfil
deste p otencial ´e aproximadamente triangular e est´a ilustrado na Figura 1.2.
Usando os parˆametros de massa efetiva desta heterostrutura, um alculo
simples indica que a apenas um estado ligado pelo potencial eletrost´atico
com energia abaixo da energia de Fermi E
F
do material. Assim, a dinˆamica
na dire¸ao perpendicular `a interface, que chamamos por conven¸ao de ze
trivial: os el´etrons o cupam apenas um n´ıvel. Ao mesmo tempo o movimento
no plano paralelo `a interface ´e livre. Por isso este estado eletrˆonico ´e chamado
de as bidimensional de el´etrons (ou 2DEG do inglˆes, “two-dimensional elec-
tron gas”).
Fig. 1.2 - Potencial confinante triangular formado na dire¸ao z perpendicular `a
interface de AlGaAs/GaAs como fun¸ao da posi¸ao ao longo do eixo z. o eixo de
crescimento da hetero estrutura.
.
3
A deposi¸ao de uma camada litogr´afica de ouro sobre o dispositivo per-
mite, aplicando um p otencial eletrost´atico conveniente, criar barreiras de
potencial para o movimento eletrˆonico no 2DEG. Para tal ao acoplados `a
litografia contatos voltim´etricos V
G
que permitem um controle eficiente da
geometria do QPC, ver Fig. 1.1. Aplicando-se um potencial eletrost´atico
negativo, a regi˜ao abaixo da ascara litogr´afica torna-se energeticamente
proibida para os el´etrons do 2DEG. Este ´e o arranjo experimental que define
o QPC. Aplicando-se uma diferen¸ca de potencial V
bias
entre as duas regi˜oes do
2DEG divididas p ela litografia, gera-se uma corrente eletrˆonica I e pode-se
medir a condutˆancia do QPC atrav´es de suas caracter´ısticas I × V .
Fig. 1.3 - O QPC, visto de cima. A abertura litogr´afica ´e de 250nm, trata-se de
um valor t´ıpico. Os reservat´orios ao indicados p or L e R. As ´areas de mesma
tonalidade indicam regi˜oes de mesmo potencial eletrost´atico, os quais ao gerados
pelos eletrodos.
A alta pureza dos materiais garante que os el´etrons sejam transmitidos
balisticamente atrav´es do QPC. A alta mobilidade dos el´etrons no 2DEG
permite inferir um livre caminho edio el´etron-impureza
e
> 8500 nm que
4
´e muito maior que a largura entre as litografias, tipicamente W 250 nm.
A natureza quˆantica da condutˆancia o pode ser verificada em baix´ıssimas
temperaturas (T<10 K). Neste caso, espera-se observar efeitos puramente
quˆanticos na condutˆancia atrav´es do QPC.
A natureza quˆantica do transporte em QPCs pode ser compreendida da
seguinte forma: O comprimento de onda de Fermi no GaAs ´e λ
F
= 40nm,
assim se supusermos de forma ingˆenua que toda regi˜ao imediatamente abaixo
da litografia ´e classicamente proibida para os el´etrons, o QPC ou a constri¸ao
admite uns p oucos modos de transmiss˜ao longitudinais. Uma altera¸ao em
V
G
pode fechar canais tornando a constri¸ao no 2DEG efetivamente menor
(Fig. 1.3). O primeiro mo do de um problema de um p o¸co quadrado uni-
dimensional de largura 250 nm para um el´etron de massa efetiva 0, 067m
e
possui uma energia de E
=17, 2 meV [4]. Dentro deste cen´ario ´e poss´ıvel
detectar assinaturas quˆanticas para temperaturas T<10 K, correspondentes
a E
/k
B
.
A abordagem te´orica tradicional para descrever a condutˆancia em um
sistema bal´ıstico ´e a ormula de Landauer que discutiremos na seq¨uˆencia.
1.2 ormula de condutˆancia de Landauer
a na ecada de 50 [12], Rolf Landauer propˆos sua famosa ormula que rela-
ciona a condutˆancia de um dispositivo eletrˆonico `as suas propriedades de
transmiss˜ao quˆanticas. Embora microscopicamente bem fundamentada, esta
ormula tem a peculiaridade de prever uma resistˆencia finita na ausˆencia de
processos inel´asticos dentro do sistema considerado. Como pela teoria dos
circuitos uma resistˆencia implica em uma gera¸ao de calor, pergunta-se qual
seria o mecanisno microsc´opico subjacente. Isto, al´em de outras obje¸oes
ecnicas, suscitou grande controv´ersia na literatura [6], que o foi esclarecida
na ecada de 80 quando se compreendeu melhor o pap el dos reservat´orios na
ormula de Landauer. Uma ´otima vis˜ao hist´orica desta discuss˜ao ´e apresen-
tada na Ref. [13], enquanto que os pontos ecnicos ao explicados de forma
muito clara no cap´ıtulo 3 do livro de Datta [4].
Vamos derivar uma ormula para a resistˆencia de um resistor quˆantico
com m´ultiplos modos propagantes entre dois contatos (ou terminais) um `a
direita (R) e um `a esquerda (L). Vamos supor que os dois contatos, por
simplicidade, tenham o mesmo n´umero de modos transversais quantizados
N
. Tamb´em vamos considerar uma constri¸ao de comprimento maior do
5
que a de um QPC usual, formando um fio quˆantico, ilustrado na Figura 1.4.
Fig. 1.4 - O disp ositivo acoplado a reservat´orios `a direita (R) e esquerda (L).
A energia cin´etica longitudinal E
n
dos el´etrons no estado transversal n a
temperatura nula ´e:
E
n
+
¯h
2
k
2
n
2m
= E
F
, com n =1, ···,N
, (1.1)
onde k
n
´e o vetor de onda transversal correspondente a /W , com veloci-
dade v
n
hk
n
/m
, onde m
´e a massa efetiva do el´etron de condu¸ao na
heteroestrutura. Da mesma forma:
N
= int
Wk
F
π
. (1.2)
Vamos supor que ambos reservat´orios L e R estejam a mesma temperatura
T e que seus potenciais qu´ımicos sejam µ
L
e µ
R
resp ectivamente. Os reser-
vat´orios ser˜ao fontes de el´etron descorrelacionados, ou seja, el´etrons fluindo
atrav´es de canais diferentes ao possuem coerˆencia de fase. Vamos supor
que µ
L
µ
R
seja suficientemente p equeno de modo que garanta o regime de
transp orte linear. A probabilidade de um el´etron no modo j da esquerda ser
transmitido para um modo i da direita ´e dada por T
ij
= |t
ij
|
2
, onde t
ij
´e
6
a amplitude de espalhamento de j em i. Analogamente a probabilidade de
reflex˜ao ´e R
ij
= |r
ij
|
2
, onde i e j ao modos que pertencem a um mesmo con-
tato ideal. As amplitudes de espalhamento entre os diversos canais formam
a matriz S de espalhamento, de dimens˜ao 2N
× 2N
, que pode ser escrita
em blocos como:
S =
rt
tr
. (1.3)
A matriz S ´e unit´aria devido `a conservao de corrente e N
,on´umero de
modos propagantes, cresce com E
F
. Definem-se a transmiss˜ao T
i
e reflex˜ao
R
i
total no canal i por:
T
i
=
j
T
ij
e R
i
=
j
R
ij
. (1.4)
Fig. 1.5. Esquema ilustrativo dos coeficientes de transmiss˜ao T e reflex˜ao R.As
grandezas indicadas com ap´ostrofe referem-se `a incidˆencia I pela direita, enquanto
que as sem ap´ostrofe correspondem `a incidˆencia pela esquerda.
A unitaridade garante que:
i
T
i
=
i
(1 R
i
) (1.5)
al´em de outras rela¸oes semelhantes, obtidas atraes de combina¸oes de linhas
e colunas de S
S = I.
A corrente no contato da direita devido a um el´etron que se move `a
velocidade v
k
m
,comn´umero de onda k no modo m ´e dada por:
i
R,m
= 2ev
k
m
[P
+
(k
m
,m) P
(k
m
,m)] (1.6)
7
onde P
±
(k
m
,m) ´e a densidade de probabilidade de um el´etron ser encontrado
no estado (k
m
,m) na regi˜ao do amper´ımetro movendo-se para a direita (es-
querda). O sinal fica definido pela escolha do contato onde ´e feita a medida
da corrente. O fator 2 ´e para dar conta de degenerescˆencia de spin. Assim a
corrente total ´e dada por:
I
R
= 2e
m
k
m
v
k
m
[P
+
(k
m
,m) P
(k
m
,m)] . (1.7)
Tomaremos o limite para o cont´ınuo:
k
m
···
ρ
m
(ε) ··· (1.8)
onde ρ
m
(ε) ´e a densidade de estados no modo m. Uma estimativa simples
diz que o umero de n´ıveis at´e a energia ε na regi˜ao unidimensional de com-
primento δL onde fica posicionado o amper´ımetro (esquerda ou direita) ´e:
N =
1
h
(volume do espa¸co de fases) =
2L
h
. (1.9)
A densidade de n´ıveis ´e:
ρ
m
(ε)=
dN
m
(ε)
=
2δL
h
d
2m
ε =
δL
π¯hv
m
. (1.10)
Quando conectamos as regi˜oes `a esquerda e direita do dispositivo, uma vez
alcan¸cado o regime estacion´ario, os el´etrons que se movem para a direita tˆem
duas origens. Eles p odem ser transmitidos do reservat´orio da esquerda com
distribui¸ao de energias f
L
, ou podem vir do reservat´orio `a direita ap´os serem
refletidos pelo dispositivo. Ver Fig. 1.5. Escrevemos:
P
+
(ε, m)=
1
δL
[f
R
(ε)T
m
(ε)+f
L
(ε)R
m
(ε)] (1.11)
onde o fator (δL)
1
a a densidade eletrˆonica e f
R(L)
(ε)={1 + exp[(ε
µ
R(L)
/k
B
T ]}´e a distribui¸ao de Fermi-Dirac para um potencial qu´ımico µ
R(L)
.
a os el´etrons que se movem para a esquerda, medidos por um amper´ımetro
posicionado no lado direito em probabilidade:
P
(ε, m)=
1
δL
f
L
(ε) . (1.12)
8
Como resultado, a soma da contribui¸ao de todos os modos para a corrente
no contato da direita a:
I
R
=
2e
h
m
−∞
[f
R
(ε)T
m
(ε)+f
L
(ε)R
m
(ε) f
L
(ε)] . (1.13)
Usando a rela¸ao de unitaridade (1.5), escrevemos:
I
R
=
2e
h
m
−∞
[f
R
(ε) f
L
(ε)]T
m
(ε) . (1.14)
No limite de baixa ddp (em inglˆes, “zero bias”), onde a diferen¸ca entre os
potenciais qu´ımicos µ
L
e µ
R
´e muito menor que a energia limiar de aber-
tura de novos modos de trasnmiss˜ao, podemos simplificar a express˜ao acima.
Definimos:
µ
0
µ
L
+ µ
R
2
ε
F
(1.15)
e expandimos f
R(L)
em primeira ordem em torno de µ
0
. Obtemos:
f
L
(ε) f
R
(ε) (µ
L
µ
R
)
∂f
0
∂ε
. (1.16)
A corrente ganha a forma:
I
R
=(µ
R
µ
L
)
2e
h
n
−∞
T
n
(ε)
∂f
0
∂ε
. (1.17)
Comparando com as defini¸oes de Eq. (1.4), levando em que a diferen¸ca entre
os potenciais qu´ımicos dos reservat´orios ´e µ
L
µ
R
= eV e que G = I/V ,
escrevemos:
G =
2e
2
h
−∞
∂f
0
∂ε
ij
T
ij
(ε) . (1.18)
onde e
2
/h 13 kΩ
1
.
´
E usual definir-se a condutˆancia adimensional como:
g
ij
T
ij
= tr(tt
) , (1.19)
ou seja, apenas o bloco de transmiss˜ao da matrix S da Eq. (1.3) ´e relevante
para o transporte. Note que para baixas temperaturas, ou seja, onde a
temperatura ´e a menor escala de energia do problema, podemos aproximar:
∂f
0
∂ε
δ(ε
F
ε). (1.20)
9
Vamos reescrever (1.18) considerando a dependˆencia energ´etica de T
i
:
G =
2e
2
h
−∞
ij
T
ij
(ε)δ(ε
F
ε). (1.21)
Integrando sobre o dom´ınio e considerando T
ij
(ε
F
)=T
ij
:
G =
2e
2
h
ij
T
ij
=
2e
2
h
tr (tt
) . (1.22)
Esta ´e a famosa ormula de Landauer.
O modelo mais simples para os coeficientes de transmiss˜ao ´e que o dis-
positivo seja um fio perfeito:
T
ij
= δ
ij
Θ(ε ε
i
) (1.23)
ou seja, a transmiss˜ao ´e perfeita uma vez que haja energia para abrir um
modo de transmiss˜ao. Neste caso:
G =
2e
2
h
i
−∞
Θ(ε ε
i
)
∂f
0
∂ε
(1.24)
E ainda, se ε
i+1
ε
i
k
B
T para qualquer modo de transmiss˜ao i,
G =
2e
2
h
M, (1.25)
onde M ´e o n ´umero de modos abertos.
No cap´ıtulo 2, estudaremos um modelo de geometria para o QPC para
compreendermos o qu˜ao ´e realista ´e a hip´otese da transmiss˜ao unit´aria.
1.3 Medidas de condutˆancia em pontos de
contato quˆanticos
Como a foi discutido na se¸ao anterior, durante as ecadas de 70 e 80
e ormula de Landauer ainda era alvo de intenso debate. Em particular
questionava-se como um formalismo essencialmente quˆantico e local pode dar
conta de efeitos relacionados a irreversibilidade, que invariavelmente acom-
panham um processo de transporte.
10
A discuss˜ao te´orica ainda ao estava inteiramente madura, quando em
1988 foram publicados os resultados de dois exp erimentos que mediram a
condutˆancia atraes de pontos de contato quˆanticos [2, 3]. Estes, a baixas
temperaturas, exib em de forma muito clara degraus de condutˆancia, con-
seq¨encias imediatas da ormula (1.25), como est´a bem ilustrado na Fig. 1.6.
Fig. 1.6. Condutˆancia do QPC em fun¸ao do potencial aplicado aos eletrodos
met´alicos para arios valores da temperatura (da Ref. [3]).
Em medidas mais recentes [8, 9] constatou-se uma “anomalia”nas seq¨uˆen-
cias de degraus da condutˆancia. Esta anomalia aparece a aproximadamente
70% dos platˆos de condutˆancia em unidades de 2e
2
/h. A anomalia possui
clara dependˆencia da temperatura e ´e mais evidente no primeiro degrau de
condutˆancia, embora sobreviva no segundo degrau.
11
Um exame mais minucioso no gr´afico 1.6 a evidenciava esta anomalia,
fato que passou desapercebido, mas que colocamos em evidˆencia na Figura
1.7.
Fig. 1.7 - Anomalia de condutˆancia em evidˆencia (da Ref. [3]).
As medidas experimentais [8, 9] e depois sistematimente analisadas nas
Refs. [10, 11] mostram que existe um intervalo de temperaturas onde a
anomalia ´e mais pronunciada. Este intervalo indica a presen¸ca de um m´ınimo
local de condutˆancia em fun¸ao da temperatura.
O mais recente conjunto de medidas da anomalia 0,7 sistematizou seu
comportamento em fun¸ao da temperatura e do campo magn´etico aplicado
[14]. Ficou estabelecido que a anomalia observada anteriormente ao era um
simples desvio exp erimental, uma vez que aparece em diferentes dispositivos
para distintos grupos experimentais.
12
.
Fig. 1.8 - Medida de condutˆancia para o QPC para diversas temperaturas (da Ref.
[14]).
Como mostraremos em seguida, ao ´e poss´ıvel explicar a anomalia 0,7
atrav´es de uma teoria de part´ıcula independente. Por isto, se especula que
tal fenomˆomeno esteja associado a um mecanismo de transmiss˜ao que envolve
muitos-corpos, seja polariza¸ao espontˆanea de spin [10, 11] ou efeito Kondo
[16, 17].
Pro duzir um mo delo te´orico do qual se derive uma express˜ao de con-
dutˆancia para a anomalia 0,7 ´e o principal objetivo desta disserta¸ao.
13
Cap´ıtulo 2
Condutˆancia de Landauer para
pontos de contato quˆanticos
Como discutimos no Cap´ıtulo 1, a condutˆancia de Landauer ´e proporcional
`a probabilidade de transmiss˜ao do el´etron atrav´es do QPC. O objetivo deste
cap´ıtulo ´e calcular o coeficiente de transmiss˜ao para uma dada geometria
do QPC. Discutiremos especificamente o caso “adiab´atico”, que p ode ser
resolvido analiticamente [18 , 19].
2.1 Geometria adiab´atica
O problema de espalhamento de um el´etron pelo QPC ´e definido pela geome-
tria da Figura 1.4. Faremos variar a abertura da constri¸ao d em fun¸ao da
dire¸ao espacial x. Vamos calcular a matriz t de transmiss˜ao para um el´etron
incidindo da direita (esquerda) e sendo transmitido para esquerda (direita)
atrav´es do QPC. Conforme discutido anteriormente, o movimento eletrˆonico
na dire¸ao z, normal ao plano da Fig. 1.4, de crescimento do cristal ´e con-
finado ao estado fundamental. Como resultado a equa¸ao de Schr¨odinger a
ser considerada ´e bidimensional:
¯h
2
2m
2
∂x
2
+
2
∂y
2
+ V (x, y)
ψ(x, y)=(x, y) . (2.1)
Vamos considerar uma geometria onde as varia¸oes espaciais de V (x, y) ao
muito mais lentas em x do que ao longo de y. Esta situa¸ao ´e freq¨uentemente
chamada de adiab´atica na literatura de QPCs [5]. Neste caso ´e conveniente
14
resolver a Eq. (2.1) atrav´es da seguinte combina¸ao linear:
ψ(x, y)=
n
φ
n
(x)χ
n
(x, y) (2.2)
onde χ
n
(x, y) ´e um conjunto completo, solu¸ao da equa¸ao de Schr¨odinger
unidimensional em y:
¯h
2
2m
2
∂y
2
+ V (x, y)
χ
n
(x, y)=E
n
(x)χ
n
(x, y) (2.3)
onde x ´e um parˆametro. Note que se trata de um problema de espalhamento,
portanto ψ e conseq¨uentemente φ
n
devem ter condi¸oes de contorno apropri-
adas: ondas emergentes ou imergentes.
Multiplicando (2.1) por χ
m
(x, y) e integrando sobre y, obtemos:
dy χ
m
(x, y)
¯h
2
2m
2
+ V (x, y)
n
φ
n
(x)χ
n
(x, y)
= E
dy χ
m
(x, y)
n
φ
n
(x)χ
n
(x, y)
=
m
(x), (2.4)
onde usamos a ortonormalidade dos {χ
m
} para simplificar o lado direito
da equa¸ao. O problema seria separ´avel ao fosse o termo cin´etico em x.
Explicitamente, precisamos tratar:
2
∂x
2
φ
n
(x)χ
n
(x, y)=
2
φ
n
(x)
∂x
2
χ
n
(x, y)+2
∂x
χ
n
(x, y)
∂x
φ
n
(x)+
2
χ
n
(x, y)
∂x
2
φ
n
(x).
Assim, a equa¸ao de Schr¨odinger bidimensional (2.1) se transforma em um
conjunto de equa¸oes acopladas para os φ
n
(x):
¯h
2
2m
2
∂x
2
+ E
n
(x) E
φ
m
(x)=
n
ˆ
A
mn
φ
n
(x) (2.5)
com:
ˆ
A
mn
¯h
2
2m
dy χ
m
(x, y)
2
∂x
2
χ
n
(x, y)
+2
dy χ
m
(x, y)
∂x
χ
n
(x, y)
∂x
(2.6)
15
onde
ˆ
A
mn
´e um operador sobre as fun¸oes de onda φ
n
(x), com ´ındices n e m
definidos pelos estados |χ
n
e |χ
m
.
Aqui fica novamente clara a condi¸ao de separabilidade da equa¸ao de
Schr¨odinger: basta que a ao
ˆ
A
mn
sobre as fun¸oes φ
n
(x) seja pequena em
compara¸ao, por exemplo, com o “potencial efetivo”E
n
(x). Isto ´e esperado
justamente pelo fato das varia¸oes em x serem muito suaves. Se supusermos
que o sistema obedece `a condi¸ao adiab´atica:
m
A
mn
φ
n
E
m
φ
n
, (2.7)
resulta que:
¯h
2
2m
d
2
dx
2
+ E
n
(x)
φ
n
(x)=
n
(x) (2.8)
onde fica evidente porque E
n
(x) faz as vezes de um potencial efetivo e o
conjunto {φ
n
(x)} representa um esp ectro cont´ınuo.
A Eq. (2.8) sugere uma interpreta¸ao ou defini¸ao a mais da condi¸ao
adiab´atica (2.7): Uma vez que (2.8) ´e diagonal nos modos, podemos dizer
que a condi¸ao adiab´atica suprime o convers˜ao entre modos de transmiss˜ao.
At´e agora o desenvolvimento ´e bastante gen´erico, com a solu¸ao especia-
lizada para uma geometria adiab´atica.
2.2 Modelo para um QPC adiab´atico
Vamos agora considerar um modelo espec´ıfico para o QPC. Vamos supor que
o potencial V (x, y) ´e dado por:
V (x, y)=
0se |y| <d(x)/2
se |y|≥d(x)/2,
(2.9)
ou seja, um confinamento por ”paredes duras”. Vamos escolher para d(x)a
seguinte parametriza¸ao:
d(x)=W +
1
2
ax
2
. (2.10)
Desta forma, para a suficientemente pequeno esperamos que a condi¸ao
adiab´atica seja satisfeita, ver Fig. 1.4.
16
A solu¸ao da Eq. (2.3) ´e a mesma da quantiza¸ao de pco infinito unidi-
mensional:
χ
n
(x, y)=
2
d(x)
sin
˜y
d(x)
, (2.11)
com ˜y = y + d/2 e autovalores:
E
n
(x)=
¯h
2
n
2
π
2
2m
[d(x)]
2
. (2.12)
Para conveniˆencia introduzimos κ
n
(x)=/d(x).
Examinaremos agora a condi¸ao adiab´atica para o mo delo prop osto acima.
Para tal, precisamos estudar as seguintes integrais:
I
mn
(x)=
d(x)/2
d(x)/2
dy χ
m
(x, y)
2
∂x
2
χ
n
(x, y) (2.13)
J
mn
(x)=
d(x)/2
d(x)/2
dy χ
m
(x, y)
∂x
χ
n
(x, y).
Explicitamente:
∂x
χ
n
(x, y)=
∂d
∂x
χ
n
2d
2
d
cos
˜y
d
˜y
d
2
(2.14)
e
2
∂x
2
χ
n
(x, y)=
∂d
∂x
2
{
χ
n
2d
2
+
χ
n
4d
2
+
1
2
2
d
7
˜y cos
˜y
d
(2.15)
+
5
2
2
d
7
˜y cos
˜y
d
2
d
9
(˜y)
2
sin
˜y
d
}
logo:
2
∂x
2
χ
n
(x, y)=
∂d
∂x
2
3
4d
2
˜y
d
2
2
χ
n
+3
2
d
7
˜y cos
˜y
d
(2.16)
Usando explicitamente a parametriza¸ao (2.10) para d(x), escrevemos:
∂d
∂x
= ax e
2
d
∂x
2
= a (2.17)
17
e conclu´ımos que para x 0oud(x) W:
I
mn
(x)=α
mn
a
2
x
2
W
+ β
mn
a
W
(2.18)
J
mn
(x)=γ
mn
ax
W
onde α, β e γ ao elementos de matriz da ordem da unidade.
Assim, para que a condi¸ao adiab´atica seja satisfeita ´e necess´aria que:
I
mn
(x) [κ
n
(x)]
2
=
d(x)
2
<
W
2
(2.19)
ou seja, ax ´e parametricamente pequeno. Considera¸oes semelhantes se apli-
cam a J
mn
.
Examinemos agora a equa¸ao de Schr¨odinger dentro da condi¸ao adiab´atica
para o modelo proposto a acima. Com a parametriza¸ao dada para d(x), o
potencial efetivo E
n
(x), torna-se, no modelo de confinamento por paredes
duras:
E
n
(x)=
¯h
2
n
2
π
2
2m
[d(x)]
2
=
¯h
2
n
2
π
2
2m
(W +
1
2
ax
2
)
2
(2.20)
que podemos aproximar:
E
n
(x)
¯h
2
2m
W
2
1
ax
2
W
(2.21)
para ax
2
1, onde W ´e a abertura m´ınima. Note que para x suficientemente
grande ax
2
1 ao pode ser satisfeito. Isto quer dizer que a Eq. (2.21) ´e
apenas uma boa aproxima¸ao local. Para o problema de espalhamento uma
solu¸ao assint´otica teria que ser casada `a solu¸ao aproximada em pontos
dentro do intervalo |x| <
W/a.
Vamos parametrizar E
n
atrav´es de:
E
n
(x)
¯h
2
2m
W
2
1
2
k
n
x
2
(2.22)
onde
k
n
=
¯h
2
m
W
2
a
W
. (2.23)
18
A equa¸ao de Schr¨odinger para φ
n
(x) fica:
¯h
2
2m
2
∂x
2
1
2
k
n
x
2
φ
n
(x)=(E E
(0)
n
)φ
n
(x) (2.24)
onde E
(0)
n
=(¯h
2
/2m
)(/W )
2
´e a energia de limiar da abertura do canal
de transmiss˜ao n do QPC. Os canais correspondem a modos quantizados ao
longo da dire¸ao transversal y.
A Eq. (2.24) representa um oscilador harmˆonico invertido. O problema
de espalhamento foi resolvido nos prim´ordios da mecˆanica quˆantica semiclas-
sicamente p or Kemble [22, 23]:
¯h
2
2m
2
∂x
2
1
2
k
n
x
2
φ
n
(x)=
˜
E
n
φ
n
(x) (2.25)
onde
˜
E
n
= E E
(0)
n
> 0, a o coeficiente de transmiss˜ao:
T
n
(E)=
1
1 + exp
2π
˜
E
n
¯h
m
k
n
. (2.26)
Finalmente, como a condutˆancia adimensional ´e dada por:
g =
−∞
dE
∂f
∂E
n=1
T
n
(E) . (2.27)
Explicitamente temos:
g =
n=1
−∞
dE
1
k
B
T cosh
2
EE
F
2k
B
T
1
1 + exp(α
n
(E E
n
))
, (2.28)
onde o fator α
n
´e determinado comparando (2.28) com (2.23) e (2.26).
Para baixas temperaturas, onde k
B
T ´e bem menor que a diferen¸ca de
energia entre sucessivos limiares de abertura de modos de transmiss˜ao, a
derivada da distribui¸ao de Fermi age efetivamente como uma fun¸ao δ de
Dirac e a integral em (2.28) pode ser aproximada por:
g =
n=1
1
1 + exp(α
n
(E
F
E
n
))
. (2.29)
Para cada modo transversal n existe um intervalo de energias em torno de
E
F
que reproduz um salto de condutˆancia. Isto deve-se `a natureza da fun¸ao
19
T
n
(E), uma fun¸ao escada similar, em termos anal´ıticos, `a fun¸ao de dis-
tribui¸ao de Fermi-Dirac.
´
E interessante notar que, para uma temperatura
fixa, os degraus correspondentes a um crescente n´umero de modos abertos,
ao ficando cada vez mais arredondados, pois α
n
diminui com n crescente.
Este resultado ´e est´a de acordo com os experimentos.
Quando a temperatura k
B
T compete com a escala de energia determi-
nada por α
1
n
, a integral acima precisa ser feita numericamente. Na figura
abaixo, calculamos numericamente a condutˆancia g em fun¸ao de E
F
eda
temperatura k
B
T para um W fixo.
Fig. 2.1 - Condutˆancia adimensional g em fun¸ao da temp eratura k
B
T e da ener-
gia de Fermi E
F
, ambas expressas em unidades da energia do primeiro modo de
transversal de tranmiss˜ao E
(0)
1
.
Observamos que a medida em que a temperatura cresce, os degraus de
condutˆancia ao rapidamente sendo arrendondados, mas ao a indica¸ao de
20
caracter´ıstica qualitativamente diferente do que ´e capturado pela express˜ao
simples (2.29). Concluimos que o alculo num´erico ´e importante para tentar
reproduzir os detalhes da experiˆencia dentro do cen´ario de part´ıcula indepen-
dente, mas a aproxima¸ao anal´ıtica a ´e suficiente para uma boa discuss˜ao
qualitativa.
´
E importante lembrar ainda que os alculos ao correspondem exatamente
`a situa¸ao experimental, onde W ´e variado e E
F
mantido fixo, No entanto,
eles bastam para capturar a essˆencia f´ısica do problema: Para fazermos um
alculo realista ´e preciso convertemos o potencial eletrost´atico em unidades
de abertura W do contato, precisar´ıamos de informa¸oes espec´ıficas sobre a
capacitˆancia de cada sistema. Com isto, o eixo E
F
da Fig. 2.1, p oderia ser
facilmente substituido por V
G
.
O sucesso da modelagem adiab´atica para o QPC se limita aos modos
transversais de Landauer para condutˆancia. Este modelo ao a conta da
anomalia 0,7. A transmiss˜ao por conta de um potencial parab´olico, segundo
a Eq. (2.26), ao admite ressonˆancias extras dentro do intervalo de ener-
gias para cada modo, al´em daquela quantiza¸ao transversal produzida pelo
contorno natural da geometria do QPC. Outros estudos [20, 21] exploraram
potenciais confinantes diferentes do parab´olico, e tamb´em ao obtiveram
sucesso em reproduzir a anomalia 0,7.
Resumindo: arios grupos experimentais, usando amostras bastante difer-
entes, sempre observaram a presen¸ca da anomalia 0,7. Da´ı podemos descartar
a possibilidade de que se trata de uma caracter´ıstica espec´ıfica de um dado
disp ositivo e concluir que estamos diante de um fenˆomeno de transporte mais
geral. Como todos os estudos te´oricos que utilizaram o modelo de part´ıcula
independente falharam, parece natural estudar a anomalia 0,7 levando em
conta efeitos de intera¸ao de muitos-corpos. Isto ser´a feito nos cap´ıtulos que
se seguem.
21
Cap´ıtulo 3
Inclus˜ao de efeitos de
muitos-corpos
No primeiro cap´ıtulo apresentamos o problema da anomalia 0,7. Neste
cap´ıtulo discutiremos os principais trabalhos te´oricos e os mecanismos pro-
postos na literatura para explicar o fenˆomeno.
Como o tratamento de part´ıcula independente usando a ormula de Lan-
dauer ao a conta da anomalia, ´e natural explorar mecanismos envolvendo
correla¸oes de muitos-corpos para o problema. Esta estrat´egia, seguida por
alguns trabalhos te´oricos [10, 11, 16, 17], ser´a discutida neste cap´ıtulo.
3.1 O hamiltoniano de Anderson para o QPC
Uma das estrat´egias para se incluir efeitos de intera¸ao eletrˆonica em pontos
quˆanticos, os quais ao sistemas confinados em todas as dire¸oes e portanto
apresentam um espectro discreto, ´e utilizar o modelo de Anderson. Pontos
de contato quˆanticos ao bastante diferentes e podem ser vistos como fios
quˆanticos de comprimento diminuto. Neste caso ao ´e ´obvio porque haveriam
uma ressonˆancia na proximidade da energia de Fermi.
A demonstra¸ao de que um estado ressonante existe ´e o resultado central
da Ref. [17]. Este trabalho usa a teoria de densidade funcional de spin
(SDFT do inglˆes “spin density function theory”) [24, 25] para mostrar que
a a forma¸ao de um momento magn´etico local na vizinhan¸ca do QPC.
Os alculos da Ref. [17] partem de um potencial eletrost´atico como des-
crito pela Fig.1.3. e ao feitos para arios valores de campo magn´etico, como
22
mostrado na Fig. 3.1. Para campos altos, observa-se uma ´obvia diferen¸ca
de popula¸oes de spin na regi˜ao central do QPC, que persiste `a medida em
que o campo ´e diminuido. O surpreendente ´e que o mesmo trabalho encontra
uma pequena diferen¸ca de densidade de spin a favor do (no sentido positivo
de S
Z
) em rela¸ao ao na vizinhan¸ca das energias compar´aveis ao potencial
qu´ımico µ (energia de Fermi do 2DEG) mesmo a campo nulo, ver Fig. 3.1.
Destacamos que na vizinhan¸ca `a esquerda do potencial qu´ımico µ em B =0T ,
a densidade de spin ´e ligeiramente menor do que a densidade . Esta
diferen¸ca se torna apreci´avel em baixas densidades do 2DEG justificando a
quebra de simetria e a origem de um momento local.
Figura 3.1: Densidade local de estados no centro do QPC com a influˆencia de
campo magn´etico p erpendicular B de 10T at´e 0T em passos de 1T . As linhas cheias
representam a densidade de spin e as linhas tracejadas reprentam a densidade
de spin . (Figura adaptada da Ref. [17]).
A teoria utilizada para prever a forma¸ao de um momento magn´etico
local ´e o SDFT, uma teoria de campo edio. O emprego da STDF ´e ques-
23
tion´avel, uma vez que a forma¸ao de momento magn´etico eletrˆonico local ´e
um fenˆomeno coletivo e ao de campo m´edio. Para esta cr´ıtica os autores
[17] ao fornecem nenhuma resposta convincente, apenas argumentam que
tal procedimento tem sido utilizado extensamente na literatura com grande
ˆexito. Trata-se portanto de um ponto aberto para discuss˜ao. Aqui vamos
sup or que este resultado est´a correto e discutir suas conseq¨uˆencias.
A existˆencia de um momento lo cal justifica escrever o hamiltoniano eletrˆo-
nico de um QPC como um modelo de Anderson. No QPC a banda de
condu¸ao ´e substitu´ıda por dois contatos ligados a reservat´orios (ver Fig.1.4),
enquanto que o estado localizado devido `a impureza magn´etica ´e substitu´ıdo
pela ressonˆancia no centro do QPC.
O hamiltoniano ´e:
H = H
canais
+ H
QP C
+ H
QP Ccanais
, (3.1)
onde dividimos, por conveniˆencia, o espa¸co em duas regi˜oes: uma contendo
os canais e os reservat´orios e outra contendo o ponto de contato quˆantico,
conforme indicado pela Fig. 1.4.
O hamiltoniano dos canais ´e dado por:
H
canais
=
k;αL,R;σ
kασ
c
kασ
c
kασ
, (3.2)
onde c
kασ
e c
kασ
ao os operadores de cria¸ao e aniquila¸ao de el´etrons com
umero de onda k e proje¸ao de spin σ = ou no canal α que conecta o
QPC ao reservat´orio da esquerda (L de “left”) ou da direita (R de “right”).
A energia correspondente ´e
kασ
. Supomos que os el´etrons nos canais tem
comportamento de part´ıcula independente (conforme discuss˜ao no Cap. 1).
O segundo termo da equa¸ao (3.6) ´e o hamiltoniano do QPC:
H
QP C
=
σ
σ
n
σ
+ Un
n
, (3.3)
onde
σ
´e a energia da ressonˆancia, n
σ
´e o operador contagem. Em termos
dos operadores d
σ
e d
σ
de cria¸ao e aniquila¸ao do el´etron no QPC, escreve-se
n
σ
= d
σ
d
σ
. Na Eq. (3.3), U ´e a energia de intera¸ao el´etron-el´etron, dada
por
U =
dr
dr
|φ(r)|
2
V (|r r
|)|φ(r
)|
2
(3.4)
onde V (|r r
|) ´e a intera¸ao residual Coulombiana (blindada) e φ(rea
fun¸ao de onda do estado lo calizado.
´
E o termo de intera¸ao Un
n
que
24
torna o problema ao trivial, induzindo correla¸oes de muitos corpos.
´
E este
termo que faz com que ao possamos utilizar o formalismo apresentado no
cap´ıtulo anterior.
Finalmente o termo de acoplamento ´e dado por:
H
QP Ccanais
=
k;αL,R;σ
V
c
kασ
d
σ
+ H.c.
, (3.5)
onde V
ao os elementos de matriz que acoplam a ressonˆancia no QPC aos
estados nos canais.
Coletando todos os termos, escrevemos:
H =
k;αL,R;σ
kασ
c
kασ
c
kασ
+
σ
σ
n
σ
+ Un
n
+
k;αL,R;σ
V
c
kασ
d
σ
+ H.c.
(3.6)
que ´e o hamiltoniano total.
Figura 3.2: Ilustra¸ao de como V
G
muda efetivamente a largura da constri¸ao do
QPC.
No experimento um potencial de porta V
G
muda a geometria fazendo
com que o n´umero de modos propagantes aumente (diminua) `a medida que
V
G
se torna mais p ositivo (negativo), ver Fig.3.2, enquanto que a energia de
Fermi permanece constante. Em nosso mo delo, por conveniˆencia, mantemos
a geometria fixa e mudamos ε
F
para abrir ou fechar canais de transmiss˜ao.
Assim, V
independe de V
G
em nosso mo delo.
25
O hamiltoniano (3.6) ´e o modelo de Anderson [26], com a diferen¸ca de que
o estado lo calizado se acopla a um n ´umero arbitr´ario de canais (bandas). Na
anomalia 0,7 temos o caso limiar de um canal `a direita e outro `a esquerda.
O hamiltoniano de Anderson ´e usado na an´alise do problema Kondo [27],
onde os el´etrons na da banda de condu¸ao se correlacionam para formar um
singleto de spin.
Para simplificarmos o problema, vamos considerar apenas o caso onde
a anomalia ´e mais pronunciada, ou seja, no limiar da abertura do primeiro
modo de transmiss˜ao transversal. Assim estamos considerando a situa¸ao
onde apenas um canal `a direita e um canal `a esquerda, conectados pelo QPC.
Logo, o n´umero quˆantico α ao “corre”mais sobre canais abertos passando
a discriminar apenas direita ou esquerda.
3.2 A transforma¸ao de Schrieffer-Wolff
Esta transforma¸ao mostra que o modelo de Anderson pode ser mapeado no
modelo s-d mais conveniente para nossa an´alise (ver excelente discuss˜ao na
Ref. [28, 29]). Vamos apresentar aqui uma adapta¸ao da derivao original
de Schrieffer e Wolff [30] para o transporte atraes de um QPC. Lembramos
que, ao contr´ario do problema de Kondo original, nosso sistema envolve dois
contatos ou duas bandas. Mesmo ap´os simplificarmos (3.6), como tratamos
de um problema de transmiss˜ao, precisamos reter ao menos dois canais. Da´ı
a necessidade de generalizar a transforma¸ao proposta na Ref. [30].
Schrieffer e Wolff, em seu trabalho pioneiro prop˜oem a elimina¸ao de
termos lineares no acoplamento V , atrav´es da transforma¸ao canˆonica ou de
similaridade:
¯
H e
S
He
S
, (3.7)
onde S ´e anti-hermiteano, S
= S. Esta transforma¸ao ´e, portanto, unit´aria
e ao altera o espectro de H (para uma discuss˜ao a respeito, ver o Cap. 1 da
Ref. [31]).
Expandindo formalmente os operadores e
S
e e
S
em eries de potˆencias
e reagrupando-os em comutadores, obtem-se:
¯
H =
1 S +
1
2!
S
2
+ ···
H
1+S +
1
2!
S
2
+ ···
= H +[S, H]+
1
2
[S, [S, H]] + ···. (3.8)
26
Antes de prosseguirmos vamos dividir H em duas partes:
H = H
0
+ H
1
(3.9)
onde:
H
0
=
k;σ;αL,R
c
kασ
c
kασ
+
σ
σ
n
σ
+ Un
n
(3.10)
e H
1
´e a parte interagente onde o elemento de hibridiza¸ao V
´e o termo de
acoplamento:
H
1
=
k;σ;αL,R
V
c
kασ
d
σ
+ H.c.
. (3.11)
O hamiltoniano H
0
atua em dois espa¸cos de Fock distintos, os contatos e o
QPC. Sem acoplamento entre eles, H
0
´e sol´uvel exatamente [32].
Substituindo (3.10) e (3.11) em (3.8) obtem-se:
¯
H = H
0
+ H
1
+[S, H
0
+ H
1
]+
1
2
[S, [S, H
0
+ H
1
]] + ··· . (3.12)
Para eliminar os termos lineares em V , faz-se:
H
1
=[H
0
,S]=[S, H
0
]. (3.13)
Esta rela¸ao revela que S ´e linear em V e determina a forma de S, que ´e:
S =
k;αL,R;σ;i
V
k
i
σ
n
i
σ
c
kασ
d
σ
H.c.
. (3.14)
onde ¯σ = σ, os operadores n´umero n
i
σ
ao definidos por:
n
i
σ
=
n
σ
se i =1
1 n
σ
se i =2
(3.15)
e as energias
i
σ
por:
i
σ
=
σ
+ U para i =1
σ
para i =2
. (3.16)
Ap´os a transforma¸ao de Schrieffer e Wolff o hamiltoniano (3.12) fica:
¯
H = H
0
+
1
2
[S, H
1
]+
1
3
[S, [S, H
1
]] +
1
8
[S, [S, [S, H
1
]]] + ···. (3.17)
27
Como S e H
1
ao lineares em V , o termo de ordem mais baixa em V de
¯
H
´e quadr´atico, e oriundo do comutador de S com H
1
. Os termos de ordem
sup erior ao dados pelos comutadores remanescentes.
Vamos trabalhar no regime de acoplamento fraco e, p ortanto, considerar:
¯
H H
0
+
1
2
[S, H
1
]=H
0
+ H
0
+ H

0
+ H
troca
+ H
dir
+ H
carga
, (3.18)
que discutiremos abaixo.
O primeiro termo H
0
´e exatamente a parte do sol´uvel (ou ao pertur-
bada) do hamiltoniano, ou seja, o problema de bandas desacopladas com
uma ressonˆancia isolada. Os demais termos surgem devido ao acoplamento,
representado p elos termos de matriz V
.
Para apresentar
¯
H de forma compacta introduz-se a nota¸ao spinorial:
Ψ
=
c
c
d
=
d
d
(3.19)
para definir os operadores Ψ com duas componentes.
O termo H
0
possui a forma:
H
0
=
kα,k
α
W
kα,k
α
Ψ
Ψ
k
α
(3.20)
onde:
W
kα,k
α
=
1
2
V
k
α
V
1
k
d
+
1
k
d
. (3.21)
De sua estrutura, e-se que ele a conta de processos simples de el´etrons
que est˜ao ou `a direita ou `a esquerda, que visitam a ressonˆancia formando
um estado virtual e voltam a uma estado nos contatos, ao necessariamente
do lado do qual partiram originaramente. Estes pro cessos ao apenas renor-
malizam o potencial sentido pelos el´etrons independentes nos contatos, como
tamb´em contribuem para a transmiss˜ao entre bandas. Obviamente, eles ao
irrelevantes para o problema Kondo padr˜ao com uma ´unica banda, mas ao
para o QPC.
O segundo termo H

0
tem a forma:
H

0
=
kα,k
α
;σ
W
kα,k
α
+
1
2
J
kα,k
α
n
¯σ
n
σ
(3.22)
28
onde:
J
kα,k
α
= V
V
k
α
1
k
(
d
+ U)
+
1
k
(
d
+ U)
1
k
d
1
k
d
.
(3.23)
Aqui se e que H

0
simplesmente renormaliza os coeficientes dos termos de H
0
relacionados `a ressonˆancia no QPC, sem explicitamente dar origem a novos
processos f´ısicos.
O termo de troca H
troca
´e dado por:
H
sd
=
kα,k
α
J
kα,k
α
k
α
SΨ
) ·
d
SΨ
d
) (3.24)
onde os termos de spin ao:
S =
σ
2
(3.25)
com σ sendo as matrizes de Pauli. Este ´e o termo de
¯
H que a origem a pro-
cessos que envolvem spin, essenciais para explicar o fenˆomeno em estudo. O
fato de termos que lidar com duas bandas torna este termo tamb´em diferente
do Hamiltoniano s-d usual [28].
A interpreta¸ao dos processos f´ısicos virtuais envolvidos em (3.24) ´e muito
simples. Deixando os detalhes de alculo para o pr´oximo cap´ıtulo, o quadro
principal est´a ilustrado pela Fig. 3.3.
Figura 3.3: Ilustra¸ao dos processos de transmiss˜ao do QPC para um dos contatos
e vice-versa
29
A posi¸ao das ressonˆancias em rela¸ao ao n´ıvel de Fermi pode variar.
Ambos os n´ıveis ε
d
e ε
d
+ U podem ficar abaixo ou acima de ε
F
. O caso
mais interessante ´e o da Fig. 3.3, quando ε
d
F
e ε
d
+ U>ε
F
. Neste
caso o QPC se encontra ocupado com um el´etron com spin σ. El´etrons de
uma das bandas (direita ou esquerda) populam o QPC com proje¸ao de spin
oposta a σ. Outro processo poss´ıvel ´e que o spin σ migre para uma banda.
Assim, atrav´es de princ´ıpio de exclus˜ao de Pauli; cria-se uma assimetria nos
processos de transmiss˜ao de spin. Para ε
d
F
ou ε
d
+ U<ε
F
, isto ao
ocorre, por isto vamos nos encontrar no caso ε
d
F
d
+ U.
´
E imp ortante manter em mente que todos estes processos f´ısicos depen-
dem da intera¸ao eletrˆonica. No caso extremo em que U = 0, o sistema
torna-se ao interagente e o acoplamento J
kα,k
α
torna-se nulo, como pode
ser facilmente visto na Eq. (3.23).
Antes de prosseguimos ´e importante analisarmos a constante de acopla-
mento J
kα,k
α
. Para temperaturas baixas supondo que os processos de espa-
lhamento mais relevantes ocorrem nas proximidades da energia de Fermi, ou
seja, ε
k
=
ε
k
=
ε
F
e quando V
kR
V
kL
J
kα,k
α
=
2|V
k0
|
2
U
ε
d
(U + ε
d
)
. (3.26)
como estamos analisando casos onde ε
d
F
d
+ U, escrevemos:
J
kα,k
α
=
2|V
|
2
U
|ε
d
(U + ε
d
)|
< 0 (3.27)
que corresponde a uma intera¸ao antiferromagn´etica ([31], Cap.6), favore-
cendo a forma¸ao de um estado singleto de spin entre o QPC e as bandas `a
direita e `a esquerda.
Voltemos `a an´alise de
¯
H. O termo H
dir
´e :
H
dir
=
1
4
kα,k
α
W
kα,k
α
d
Ψ
d
)(Ψ
k
α
Ψ
) . (3.28)
Os denominadores de energia de W
kk
envolvem somente excita¸oes do estado
mais baixo em energia do QPC, ao havendo troca de spin envolvida, mas
podendo haver transmiss˜ao entre os contatos.
O ´ultimo termo H
carga
´e :
H
carga
=
1
4
kα,k
α
;σ
J
kα,k
α
c
k
α
¯σ
c
kασ
d
σ
d
¯σ
+ H.c.
, (3.29)
30
muda a ocupa¸ao do QPC para um estado duplamente ocupado, e portanto
ao ´e importante para o problema de transmiss˜ao.
3.3 Hamiltoniano de invers˜ao de spin
Como vimos a transforma¸ao de Schrieffer-Wolff gera um grande n´umero
de termos. No entanto, alguns apenas renormalizam H
0
enquanto que ou-
tros ao ao importantes para a transmiss˜ao. O destaque fica para o termo
H
troca
que intro duz processos genuinamente ao contemplados pela f´ısica de
part´ıcula independente. Isto o ocorre quando ε
d
F
d
+ U e vamos
dedicar especial aten¸ao a este caso daqui para frente.
´
E conveniente escrever H
troca
em termos dos operadores:
S
Z
1
2
(d
d
d
d
) (3.30)
S
+
d
d
(3.31)
S
d
d
, (3.32)
o que resulta em:
H
troca
=
1
2
kα,k
α
J
kα,k
α
S
Z
c
c
k
α
c
c
k
α
+
S
+
c
c
k
α
+ S
c
c
k
α
. (3.33)
Este ´e o hamiltoniano do bem conhecido modelo s d utilizado para analisar
o efeito Kondo, novamente com a modifica¸ao de incluir duas bandas.
Um tratamento alternativo para os canais, ao esplorado nesta disserta¸ao,
foi proposta por Glazman e Raikh [33]. Estes, num dos trabalhos pioneiros
de efeito Kondo em el´etrons sendo transmitidos atrav´es de pontos quˆanticos
prop˜oem uma transforma¸ao unit´aria no espa¸co de canais que mapeia o pro-
blema de transmiss˜ao no problema de Kondo original. Em pontos quˆanticos
no regime Kondo, ao a processos de transmiss˜ao diretos, ao contr´ario do
que acontece aqui. Assim, embora a estrat´egia de Glazman e Raikh [33]
seja formalmente correta, o pre¸co que se paga ´e que os canais deixam de ter
uma interpreta¸ao f´ısica e a parte direta deixa de ser simples, o que no nosso
problema ao ´e desejavel.
31
Cap´ıtulo 4
Efeitos de correla¸oes
eletrˆonicas na condutˆancia
A ormula de condutˆancia de Landauer ´e obtida a partir da teoria de part´ıcula
independente na presen¸ca de um campo edio, onde a coerˆencia quˆantica
´e preservada. Assim, ao podemos consider´a-la na an´alise de um sistema
de el´etrons interagentes onde correla¸oes eletrˆonicas podem ser importantes.
Usando o racioc´ınio inverso, podemos afirmar que quando a ormula de Lan-
dauer descreve bem as caracter´ısticas I × V de um sistema, isto a uma in-
dica¸ao de que correla¸oes eletrˆonicas ao ao importantes no sistema. Este
ao ´e o caso na anomalia 0,7. Com esta motivao, este cap´ıtulo ´e dedicado
a escrever uma ormula para a condutˆancia e sua an´alise para o hamiltoniano
de muitos corpos introduzido no cap´ıtulo anterior.
4.1 Express˜ao geral para a corrente atrav´es
do QPC
Uma vez descartada a utiliza¸ao da ormula de Landauer, faz-se necess´ario
derivar uma ormula para a corrente a partir do hamiltoniano (3.6). a
arias estrat´egias que utilizam o formalismo das fun¸oes de Green com arios
graus de sofistica¸ao, desde resposta linear [34] at´e grupo de renormaliza¸ao
num´erica [35]. A formula¸ao mais costumeira quando os sistemas ao ao
fortemente correlacionados ´e a de Keldysh, cujos fundamentos ao discutidos
nas Refs. [32, 36]. Nosso problema admite uma abordagem mais simples,
como discutiremos em seguida.
32
Estamos estudando a condutˆancia para uma corrente estacion´aria no li-
mite de diferen¸cas de potencial (ddp) muito baixas (na l´ıngua inglesa “zero
bias”) no regime de acoplamento fraco (ver cap´ıtulo anterior). Assim na
ausˆencia de de processos inel´asticos e dep endˆencias temporais, a condi¸ao de
“zero bias”permite-nos tratar o sistema como se estivesse quase em equil´ıbrio.
Conseq¨uentemente a corrente ser´a descrita por uma diferen¸ca de taxas de
el´etrons entrando e saindo do QPC.
De fato, esta estrat´egia a foi seguida por Appelbaum [37] em um trabalho
seminal e pioneiro sobre a anomalia de “zero bias”na condutˆancia eletrˆonica
atrav´es de jun¸oes entre dois metais normais com uma barreira de tunela-
mento de ´oxido na interface. A hip´otese chave ´e que esta ´ultima admita um
estado localizado ressonante. Como no nosso problema, este sistema apre-
senta duas bandas, convencionalmente uma `a direita e outra `a esquerda e
pode ser mapeado no hamiltoniano (3.6).
Nossa ab ordagem para obter a corrente ´e fortemente inspirada pelo trata-
mento de Appelbaum. As diferen¸cas surgir˜ao quando implementarmos a
dependˆencia em energia das constantes de acoplamento de (3.6), ao discuti-
dos em [37]. Outro fator importante ´e a dimensionalidade de nosso sistema,
que implica em uma diferen¸ca fundamental na computa¸ao das integrais que
surgem no alculo da corrente.
A corrente fluindo da esquerda para a direita (ver Fig. 1.3) ´e dada por:
I = e
M
P
M
kL,σ
k
R,σ
W
kσMk
σ
M
f
L
(ε
)[1 f
R
(ε
k
σ
)]
e
M
P
M
kL,σ
k
R,σ
W
k
σ
M
kσM
f
R
(ε
k
σ
)[1 f
L
(ε
)] , (4.1)
onde e ´e a carga do el´etron, P
M
´e a probabilidade estat´ıstica de que S
Z
= M
e f
α
(ε
) ´e a distribui¸ao de Fermi-Dirac para o potencial qu´ımico µ
α
`a direita
(α = R) ou esquerda (α = L)eosW ’s ao taxas de transi¸ao de um estado
inicial para um final.
A diferen¸ca de potencial aplicada entre os reservat´orios relaciona os po-
tenciais qu´ımicos: µ
R
µ
L
= eV
bias
(ver Fig. 1.3). Note que estamos nos
restringindo aqui ao estudo do caso onde a apenas um ´unico canal longitu-
dinal aberto atraes do QPC, como estabelecido no Cap´ıtulo 3.
Consideraremos P
M
como sendo a ocupa¸ao de equil´ıbrio para o orbital
ressonante com proje¸ao de spin M. Isto est´a em linha com nossa hip´otese
33
de o QPC est´a pr´oximo do equil´ıbrio t´ermico e que as correla¸oes eletrˆonicas
podem ser tratadas perturbativamente.
A informa¸ao ao trivial sobre o processo de transmiss˜ao est´a codifi-
cada nos elementos de matriz ou taxas de transmiss˜ao W . Na Eq. (4.6),
W
kσMk
σ
M
´e a taxa de transi¸ao por unidade de tempo para que um el´etron
no estado () `a esquerda seja espalhado para o estado (k
σ
) `a direita. Neste
caso o spin localizado faz transi¸ao M M
. Obviamente:
σ + M = σ
+ M
, (4.2)
uma vez que o hamiltoniano total (3.6) preserva as proje¸oes do spin total
do sistema.
Vamos escrever a taxa de transi¸ao atraes da regra de ouro de Fermi:
W
kσMk
σ
M
=
2π
¯h
|T (k
σ
M
kσM)|
2
δ(ε
ε
k
σ
) (4.3)
onde T ´e a matriz de amplitudes de transi¸ao. Aqui est´a impl´ıcito que
k
σ
R e L. Vale notar que neste cap´ıtulo T possui um significado
diferente do que lhe atribu´ımos nos Cap´ıtulos 1 e 2. a o s´ımbolo T estava
relacionado `a matriz de probabilidade de transmiss˜ao. Como esta ´ultima
grandeza ao vai mais surgir nesta disserta¸ao, acreditamos que ao haja
ambig¨uidade.
A express˜ao para a corrente fica muito mais simples na ausˆencia de um
campo magn´etico externo: O sistema possui invariˆancia por revers˜ao tem-
poral. (Em termos matem´aticos, ´e facil verificar que H ´e invariante por
revers˜ao temporal, consistente com os processos f´ısicos em an´alise). Como
consequˆencia a matriz de transmiss˜ao ´e sim´etrica, ou seja:
T (k
σ
M
kσM)=T (kσM k
σ
M
) (4.4)
Al´em disto, considerando contatos sim´etricos `a direita e esquerda, a densi-
dade de estados nos contatos, para uma ddp pequena, ´e essencialmente a
mesma. Conclu´ımos que:
W
kσMk
σ
M
= W
k
σ
M
kσM
(4.5)
o que permite simplificar a express˜ao (4.1). A rela¸ao acima ´e chamada de
balan¸co detalhado e est´a usualmente associada a processos com simetria de
revers˜ao temporal. A corrente pode ser reescrita como:
I = e
M
kL,σ
k
R,σ
W
kσM k
σ
M
[f
L
(ε
) f
R
(ε
k
σ
)] , (4.6)
34
uma vez que os termos cruzados em f
L
(ε
)f
R
(ε
k
σ
) se cancelam. Lembrando
da rela¸ao:
f
L
(ε) f
R
(ε) (µ
L
µ
R
)
∂f
0
∂ε
. (4.7)
e que W cont´em o v´ınculo de que ε
= ε
k
σ
, p odemos escrever a condutˆancia
G = I/V
bias
, como:
G = e
2
M
kL,σ
k
R,σ
W
kσM k
σ
M
∂f
0
∂ε
. (4.8)
No que segue vamos considerar a situa¸ao mais geral, onde B = 0. Por´em,
antes de obtermos uma express˜ao fechada para G, passando os somat´orios k
e k
para o cont´ınuo, precisamos derivar uma express˜ao expl´ıcita para W .
´
E
o que faremos a seguir.
4.2 Matriz T na aproxima¸c˜ao de Born
Como nosso problema foi praticamente mapeado no problema Kondo, pode-
mos antecipar os obst´aculos a serem encontrados em um tratamento per-
turbativo. Em seu trabalho seminal, Kondo [27] observou que W diverge
quando calculado em segunda ordem de H
. Traduzindo para a matriz T :
T (ε)=H
+ H
1
ε H
0
H
+ ···
= T
(1)
+ T
(2)
+ ··· , (4.9)
onde H
0
e H
= H
1
foram definidos no Cap. 3. A Eq. (4.9) ´e a s´erie de
Born para matriz T [31]. Aqui os ´ındices sobrescritos indicam a ordem de
perturba¸ao. Para que a equa¸ao acima fa¸ca sentido, ´e necess´ario fazer ε
ε + onde η ´e infinitesimal e positivo, o que nos permite calcular T para
processos de espalhamento emergentes. Definimos:
W
(2)
ij
=
2π
¯h
|T
(1)
ij
|
2
δ(ε
i
ε
j
) (4.10)
e
W
(3)
ij
=
2π
¯h
|T
(1)
ij
T
(2)
ij
+ T
(1)
ij
T
(2)
ij
|
2
δ(ε
i
ε
j
) (4.11)
35
Antes de calcularmos cada um dos termos T
(n)
ij
, vamos introduzir uma
nota¸ao conveniente para os estados iniciais e finais no espa¸co de Fock:
|kσM
L
(c
k,α=L,σ
|−) (d
M
|)
|kσM
R
(c
k,α=R,σ
|−) (d
M
|) (4.12)
onde |− ´e o estado da banda populado de el´etrons at´e a superf´ıcie de
Fermi, enquanto que | ´e o estado do QPC desocupado. Note que os
operadores c
kασ
criam excita¸oes de quase-part´ıculas, podendo representar
part´ıculas (ε
kασ
α
) ou buracos (ε
kασ
α
).
Como vimos no Cap. 3, nem todos os termos de H
1
contribuem para a
transmiss˜ao. Alguns apenas renormalizam os coeficientes que aparecem em
H
0
. Vamos redefinir H
nos atendo apenas aos termos de transmiss˜ao.
O hamiltoniano de troca:
H
troca
=
1
2
kα,k
α
J
kα,k
α
S
Z
c
c
k
α
c
c
k
α
+
S
+
c
c
k
α
+ S
c
c
k
α
. (4.13)
introduzido no cap´ıtulo anterior, a conta de pro cessos que (a) envolvem
el´etrons de condu¸ao no mesmo contato α `a direita e `a esquerda e que (b)
envolvem el´etrons em contatos α e α
distintos. Na primeira ordem de per-
turba¸ao para o alculo da matriz T os processos do tipo (a) ao irrelevantes
para a transmiss˜ao, enquanto que os do tipo (b) ao. a na segunda ordem,
ver Eq. (4.9), para ocorrer transmiss˜ao precisamos de uma combina¸ao de
um termo do tip o (a) com outro do tipo (b).
Outros processos relevantes para transmiss˜ao vem de H
0
edeH
dir
(ver
discuss˜ao no Cap.3). Para o caso do QPC possuir a ressonˆancia abaixo de
ε
F
, escrevemos:
H
t
dir
=
kα,k
α
;σ
N
kα,k
α
c
kασ
c
k
α
σ
(4.14)
onde contra´ımos N
kα,k
α
=(3/4)W
kα,k
α
, com os coeficientes W definidos no
Cap. 3. Aqui, para montar a matriz T vale a mesma discuss˜ao apresentada
acima.
Resumindo, vamos usar H
= H
troca
+ H
t
dir
, e com estes elementos fica
definido o alculo perturbativo para a matriz T .
36
4.3 alculo da corrente e da condutˆancia em
segunda ordem
Usando a Eq. (4.9) p odemos calcular os elementos de matriz T . Vamos
come¸car calculando a ordem mais baixa, T
(1)
, que contribuir´a para a corrente
de segunda ordem em potˆencias de H
:
T
(1)
(k
σ
M
kσM)=
R
k
σ
M
|H
|kσM
L
. (4.15)
Temos ent˜ao quatro possibilidades para os spins da esquerda para a di-
reita, as duas primeiras sem invers˜ao de orienta¸ao spin, as demais com
invers˜ao:
(i) M →↑M
(ii) M →↓M
(iii) M →↓M +1
(iv) M →↑M 1 (4.16)
com amplitudes de espalhamento:
T
(1)
(k
M k M)=
1
2
J
kL,k
R
M + N
kL,k
R
(4.17)
T
(1)
(k
M k M)=+
1
2
J
kL,k
R
M + N
kL,k
R
T
(1)
(k
M +1 k M)=
1
2
J
kL,k
R
S(S +1) M(M +1)
T
(1)
(k
M 1 k M)=
1
2
J
kL,k
R
S(S +1) M(M 1)
As duas ´ultimas ao obtidas lembrando-se que:
SM ± 1|S
±
|SM =
S(S +1) M(M ± 1)
e que S =1/2.
Estas rela¸oes nos permitem calcular as taxas W , que ao variam medi-
ante uma troca de k por k
, mas que dep endem de campo magn´etico atrav´es
das energias ε
(B):
ε
(B)=ε
+
σ
2
g
µ
B
B ε
+
σ
2
(4.18)
37
onde g
´e o fator giromagn´etico do material. Vamos sup or ainda que J
kα,k
α
e W
kα,k
α
dependam muito fracamente de B. Esta aproxima¸ao ´e pass´ıvel de
cr´ıtica, uma vez que quando consideramos excita¸oes pr´oximas a superf´ıcie
de Fermi, corre¸oes devido a B = 0 podem ser importantes. No entanto,
como J e W aparecem apenas como constantes efetivas, nosso tratamento
ao ser´a comprometido. Assim escrevemos a taxa de transi¸ao de segunda
ordem sem invers˜ao de spin:
W
(2)
kσMk
σM
=
2π
¯h
N
kL,k
R
σ
2
J
kL,k
R
M
2
2
δ(ε
ε
k
σ
) (4.19)
enquanto que a taxa de transi¸ao para processos com invers˜ao de proje¸ao
de spin (em inglˆes ”spin-flip”) ´e:
W
(2)
k,σ=±,Mk
=,M±1
=
2π
¯h
×
1
2
J
2
kL,k
R
3
4
M(M ± 1)
δ(ε
ε
k
¯σ
∆)
(4.20)
Com estes elementos calculamos as correntes sem e com spin-flip de segunda
ordem em H
, I
(2)
ssf
e I
(2)
csf
, respectivamente:
I
(2)
ssf
=
e
h
kk
σ
N
2
kL,k
R
+
1
4
J
2
kL,k
R
M
2
[f
L
(ε
) f
R
(ε
k
σ
)] δ(ε
ε
k
σ
)
(4.21)
e
I
(2)
csf
=
e
4h
kk
J
2
kL,k
R

3
4
−M(M +1)
[f
L
(ε
k
) f
R
(ε
k
)] δ(ε
k
ε
k
∆)
+
3
4
−M(M 1)
[f
L
(ε
k
) f
R
(ε
k
)] δ(ε
k
ε
k
+∆)
(4.22)
onde, usamos explicitamente que S =1/2,
M =
1/2
M=1/2
P
M
M e M
2
=
1/2
M=1/2
P
M
M
2
. (4.23)
Na ausˆencia de campo magn´etico = 0, portanto M =0eM
2
=1/4.
Vale notar que da modelagem utilizada para construir H
, vale o balan¸co
detalhado, o que permitiu simplificar as express˜oes acima. Como no Cap.1
vamos passa para a representa¸ao de energias:
k
dερ(ε) (4.24)
38
e aproximando:
f
L
(ε) f
R
(ε) (µ
L
µ
R
)
∂f
0
∂ε
. (4.25)
em ordem linear na diferen¸ca de potenciais qu´ımicos. Lembrando que µ
L
µ
R
eV , escrevemos a condutˆancia de segunda ordem em H
sem spin-flip:
G
(2)
ssf
=
2e
2
h
−∞
∂f
0
∂ε
ρ
L
(ε)ρ
R
(ε)
N
2
(ε)+
1
4
J
2
(ε)M
2
(4.26)
onde o fator 2 surge da independˆencia de spin dos processos, e ρ
α
(εea
densidade de estados no contato α. Usamos a fun¸ao δ de Dirac para eliminar
uma integral em energia e introduzimos as fun¸oes N(ε) N
kL,k
R
e J(ε)
J
kL,k
R
onde ε h
2
k
2
/2m
.
De maneira semelhante escrevemos a condutˆancia para os processos com
spin-flip em segunda ordem de H
:
G
(2)
csf
2e
2
h
−∞
∂f
0
∂ε
ρ
L
(ε)ρ
R
(ε)
1
2
3
8
−M
2
J
2
(ε) . (4.27)
Aqui combinamos os dois processos distintos que contribuem para a corrente
em segunda ordem e desprezamos as corre¸oes nas distribui¸oes de Fermi
devido a: ∆.
Chegamos aqui a um ponto crucial de nossa discuss˜ao. Se assumirmos
que J( ε)eN(ε) possuem uma dependˆencia fraca com a energia, ao menos na
escala de k
B
T , p odemos sacar as constantes de acoplamento das integral. O
resultado ´e muito ruim, pois a condutˆancia passa a ter um valor constante,
independente do valor de ε. Ou seja, parece ao ser poss´ıvel conseguimos
acomodar os degraus de condutˆancia com esta descri¸ao. A solu¸ao ´e arbitrar
uma dependˆencia dos V
k
α com a energia (este procedimento foi adotado por
Meir, Hirose e N.Wingreen [16] sem uma justificativa plaus´ıvel) , de modo
que:
J
i
(ε) −→
J
i
(ε)
1 + exp[β(E
F
E
1
)]
(4.28)
onde i =2, 3 potˆencias em ordens de G e β =(k
B
T )
1
e E
1
´e a energia do
primeiro modo de transmiss˜ao, como discutido no Cap. 2. Obviamente esta
rela¸ao ao reproduz exatamente o resultado da Eq. (2.28), mas a uma boa
ormula interp olativa. Uma rela¸ao similar ´e tamb´em arbitrada para N
2
(ε).
39
4.4 alculo da corrente e da condutˆancia em
terceira ordem
Vamos calcular agora os elementos de matriz T
(2)
, que em conjunto com
T
(1)
, nos permitem calcular a corrente e a condutˆancia de terceira ordem em
potˆencias de H
.
De forma geral, a amplitude de espalhamento T
(2)
, ´e escrita:
T
(2)
ba
=
c=a
b|H
|cc|H
|a
E
a
E
c
(4.29)
os estados |a e |b, como anteriormente, ao estados `a esquerda e `a direita
do QPC respectivamente. a os estados intermedi´arios |a ao todos os es-
tados poss´ıveis, exclu´ıdo o estado de entrada |a. Vamos separar os tipos de
processos f´ısicos em dois tipos: os |a e |b que possuem a mesma proje¸ao
M de spin e os que |a e |b possuem proje¸oes opostas.
Os processos que ao resultam em spin-flips entre o estado inicial e o
final, ao representados pelos diagramas:
Figura 4.1: Processos de segunda ordem entre el´etrons em estado inicial k e
estado final k
. As linhas horizontais representam o spin do QPC. As linhas com
setas representam o spin dos el´etrons.
A soma das proje¸oes de spin ´e conservada. Isto se deve ao fato de que
40
em cada ertice, a intera¸ao considerada em H
, preserva a proje¸ao total de
spin.
Nos pro cessos (a) e (b) ao a nenhum spin-flip, sequer em estados inter-
medi´arios. Para tal, apenas os termos em S
Z
de H
troca
e H
dir
ao envolvidos.
a os processos (c) e (d) envolvem spin-flip no estado intermedi´ario e, por-
tanto, os termos em S
±
de H
troca
. Vamos discutir a f´ısica dos diagramas da
Fig. 4.1, tendo como foco o problema de transmiss˜ao.
O diagrama (a) representa um processo onde um el´etron com n´umero de
onda k e spin esquerda sobre o QPC e ´e espalhado em um estado q de spin
, que pode estar na banda da direita ou esquerda. Trata-se de um estado
virtual fora da camada de energia. Finalmente este estado ´e aniquilado para
oel´etron emergir pela direita com k
e . O diagrama (c) ´e similar, a diferen¸ca
´e que o estado intermedi´ario virtual do el´etron inverte sua posi¸ao de spin e
o QPC ´ıdem. Temos, portanto, em ambos os casos (a) e (c) uma soma sobre
estados intermedi´arios de part´ıcula. Explicitamente, para o caso (a):
β =
q,α
1 f
α
(ε
)
ε
+ ε
, (4.30)
onde o fator 1 f
α
(ε
) surge para dar conta do pric´ıpio de exclus˜ao de
Pauli. Para o caso (c) basta inverter a orienta¸ao do spin dos estados q em
rela¸ao ao k.
O diagrama (b) a conta de um processo menos direto. Inicialmente
temos um estado incidente pela esquerda k com o QPC tendo proje¸ao
de spin M. Forma-se ent˜ao um estado part´ıcula-buraco, onde a part´ıcula
propaga-se `a direita do QPC com k
e o buraco pode estar `a direita ou
esquerda com q . Note que nesta etapa intermedi´aria que envolve buracos,
as somas correm sobre:
γ =
q;α
R,L
f
α
(ε
)
ε
ε
(4.31)
onde σ corresponde ao processo f´ısico em an´alise. Numa segunda etapa,
o buraco ´e aniquilado juntamente com o el´etron no estado incidente. Como
resultado resta assintoticamente o ´eletron no estado emergente `a direita, com
o QPC no estado de spin M. Como este processo ao envolve spin-flip, ele ´e
gerado tanto por H
troca
como por H
dir
.
41
Vamos estimar a contribui¸ao conjunta dos processos (a) e (b), que ao
apresentam pro cesso algum de spin-flip:
T
(2)(a+b)
(k
σM kσM) = (4.32)
=
q;αR,L
(N
kL,
σ
2
J
kL,
)(N
qα,k
R
σ
2
J
qα,kR
)
1
ε
+ ε
Vale notar que a dependˆencia de temperatura desapareceu inteiramente de-
vido ao cancelamento das contribui¸oes de part´ıcula e buraco. Em primeira
insp e¸ao, quando passarmos para o cont´ınuo, a integral da Eq. (4.32) a uma
divergˆencia logar´ıtmica. Isto ´e falso uma vez que a dependˆencia em q das
contribui¸oes de acoplamento N e J elimina a divergˆencia.
O diagrama (d) ´e bastante semelhante ao (b), a diferen¸ca ´e que o par
part´ıcula buraco intermedi´ario p ossui spins opostos, para compensar e man-
ter a proje¸ao de spin total constante o spin do QPC ´e invertido. Assim,
o acoplamento precisa conter termos de spin-flip. Estes ao encontrados em
H
troca
.
Vamos agora estimar as contribui¸oes de (c) e (d) para a amplitude de
espalhamento T . Para tal, lembramos novamente que:
S, M +1|S
±
|S, M =
S(S +1) M(M ± 1)
para S =1/2 estes elementos de matriz podem apenas ter valor 0 ou 1.
Desta forma:
T
(2)(c+d)
(k
σM kσM)=
1
4
q,α
J
kL,
J
qα,k
R
×
δ
Mσ
[1 f
α
(ε
)]
ε
+ ε
+
δ
f
α
(ε
)
ε
k
σ
+ ε
. (4.33)
Ao contr´ario da amplitude de espalhamento sem processo algum de spin-
flip, esta express˜ao depende da temperatura, uma vez que as contribui¸oes
que envolvem distribui¸oes de Fermi ao se cancelam. Como discutimos
anteriormente, os coeficientes J possuem uma dependˆencia com a energia que
regulariza eventuais divergˆencias para ε
ε
. No entanto, para valores
ε
, medidos a partir de ε
F
e menores que U, os elementos de matriz J ao
praticamente constantes. Por este motivo ´e costumeiro sup or J
kL,
J
α
e
impor uma largura efetiva em energia D ε
D para as bandas nos
42
contatos com o prop´osito de regularizar as integra¸oes antes de continuar a
an´alise.
Como os experimentos nos quais estamos interessados ao feitos no limite
de baixas diferen¸cas de potencial e a temperaturas baix´ıssimas, vamos nos
restringir ao caso de transmiss˜ao el´astica, onde ε
= ε
k
σ
, para obter:
T
(2)(c+d)
(kσM kσM)=
1
4
q,α
J
2
α
δ
+ f
α
(ε
)(δ
δ
Mσ
)
ε
+ ε
. (4.34)
O termo que ao depende da temperatura ´e numericamente muito menor
do que o termo que contem a distribui¸ao de Fermi-Dirac. A justificativa ´e
que para J
α
independente da energia, as contribui¸oes com ε
∆e
ε
se cancelam quase exatamente, uma vez que para um QPC
t´ıpico as densidades de n´ıveis ρ
α
(ε) nos reservat´orios tamb´em independem
da energia ε.
Para estimar T
(2)(c+d)
vamos usar a identidade [38]:
D
D
f(ε)
ω ± ε
= Ψ
1
2
±
ω ε
F
2k
B
T
+ln
D + ω
2πk
B
T
2
(4.35)
onde Ψ ´e a fun¸ao Gama [39]. Aqui, devido ao termo logar´ıtmico, vemos
claramente como a dependˆencia na temperatura p ode dominar a transmiss˜ao
para temperaturas suficientemente baixas. Vamos, daqui para frente focar
nossa discuss˜ao neste termo apenas.
Para simplificar vejamos explicitamente o caso T
(2)
(k
M k M).
Passando a soma em q da Eq. (4.34) para o continuo e usando a identidade
(4.35) discutida acima, escrevemos
T
(2)(c+d)
(k
M k M)
1
2
αL,R
J
2
α
M ln
D + ε
2πk
B
T
ρ
α
(ε
F
), (4.36)
aqui desprezamos corre¸oes da ordem de no numerador do termo logar´ıtmico.
Supondo acoplamentos iguais `a direita e `a esquerda, isto ´e J
R
= J
L
= J
0
e
densidades de n´ıveis constantes em energias ρ
L
(ε)=ρ
R
(ε) ρ(ε
F
), escreve-
mos para o espalhamento el´astico:
T
(2)(c+d)
(k M k M) J
2
0
M ln
D + ε
2πk
B
T
ρ(ε
F
), (4.37)
analogamente:
T
(2)(c+d)
(k M k M) ≈−J
2
0
M ln
D + ε
2πk
B
T
ρ(ε
F
). (4.38)
43
Reunindo os resultados, aproveitamos a ormula da corrente para proces-
sos sem spin-flip, Eq. (4.8), usamos a taxa W
(3)
, expandimos na diferen¸ca de
potenciais qu´ımicos para escrever:
G
(3)
ssp
≈−
2e
2
h
−∞
∂f
0
∂ε
[ρ(ε)J
0
]
3
M
2
2
ln
D + ε
2πk
B
T
, (4.39)
onde os termos que multiplicam N se cancelaram. A princ´ıpio o sinal pode
causar alguma estranheza, mas lembramos que J
0
< 0, o que garante uma
condutˆancia positiva.
Finalmente, como ε ε
F
e dado que a fun¸ao logar´ıtmica ´e muito lenta
na escala de k
B
T , ´e uma boa aproxima¸ao escrever:
G
(3)
ssp
≈−
2e
2
h
[ρ(ε)J
0
]
3
M
2
2
ln
ε
F
+ D
2πk
B
T
, (4.40)
Explicitamente (J
0
ρ)
3
M
2
´e uma constante positiva que a conta da densi-
dade de n´ıveis.
Usando as propriedades de logar´ıtimos vamos inverter o argumento lo-
gar´ıtimo, incorp orar 2π a constante de Boltzman (2πk
B
T = KT) e utilizar
a interpreta¸ao de escalas do problema Kondo original [27]:
G
(3)
ssp
/
2e
2
h
M
2
2
=
(ρJ
0
)
3
log
|ε|
D
|ε| >KT,
(ρJ
0
)
3
log
KT
D
|ε| <KT.
(4.41)
unificando os argumentos da express˜ao acima:
G
(3)
ssp
/
2e
2
h
M
2
2
=(ρJ
0
)
3
ln
ε + KT
D
(4.42)
Esta estrat´egia vem da interpreta¸ao de escala do valor principal oriundo da
identidade (4.35) cuja integral a ser tratada ´e:
D
D
log |ε ε
|
∂f
∂ε
(4.43)
A interpreta¸ao de escala foi deixada para o apˆendice A. Neste momento,
fica claro que este termo o pode indicar um comportamento aproximado,
uma vez que para ε
F
k
B
T , a unitaridade ficar´a perdida. alculos em
ordens superiores [28] mostram que o comportamento logar´ıtmico persiste.
Na realidade, tais termos servem apenas para vestir a constante (J
0
ρ)
3
M
2
.
44
A mesma observao vale para os processos que envolvem spin-flip. Como
discutido na Ref. [28], eles ao ao contribui¸oes muitos diferentes das que
a foram calculadas para a amplitude de espalhamento de segunda ordem.
Novamente a diferen¸ca ´e apenas no fator num´erico que multiplica o termo
logar´ıtmico.
O estudo do problema Kondo mostrou que a teoria de perturba¸ao ao
´e capaz de capturar a f´ısica de baixas temperaturas, onde um tratamento
muito mais sofisticado envolvendo o grup o de renormaliza¸ao num´erico se
faz necess´ario. Sabe-se, no entanto, que o m´etodo perturbativo serve muito
bem para descrever a f´ısica de “altas”temperaturas, medidas com rela¸ao `a
temperatura onde as divergˆencias come¸cam a ser observadas. Isto pode ser
visto nos gr´aficos a seguir, que revelam bem a anomalia 0,7. Aqui precisamos
usar novamente a rela¸ao (4.28).
4.5 A condutˆancia e a anomalia 0,7
Nos resta escrever uma express˜ao para a condutˆancia somando todas as con-
tribui¸oes de segunda e terceira ordem (com ou sem spin flip):
G
QP C
= G
(2)
+ G
(3)
(4.44)
Ap´os o uso da importante rela¸ao (4.28), N
2
(ε) f(ε)N
2
, J
2
(ε)
f(ε)J
2
e J
3
(ε) f(ε)J
3
: Ns e Js ficam estacion´arios deixando toda sua
dependˆencia energ´etica na fun¸ao de Fermi (f(ε)). As densidades de estado
ao pequenas e pr´oximas ρ
L
(ε) ρ
R
(ε) ρ, logo vamos incorpor´a-las aos
Js definindo
¯
J ρJ. Somando as contribui¸oes (4.26) e (4.27) de G
(2)
,
comparando com o pr´e fator de G
(3)
, obtemos a condutˆancia corrigida:
G
QP C
=
2e
2
h
f(ε)
¯
J
2
1+k
¯
J ln
ε + KT
D
(4.45)
com:
k =
M
2
2
N
2
J
2
+
3
16
M
2
4
(4.46)
Devido ao fato de que J e N estarem estacion´arios em rela¸ao `a energia,
assumimos
¯
J como um parˆametro e k constante de ajuste entre a segunda e
terceira ordens de G:
As grandezas KT , |ε| e |D| competem entre si dando forma a anomalia
0,7. O argumento do logar´ıtimo da Eq.4.45 estabelece uma compara¸ao de
45
escala. A natureza adimensional deste argumento nos permite escrever D e
KT apenas como fra¸oes da energia de Fermi. Podemos normalizar a energia
de Fermi: ¯ε
f
= 1 e definir as raz˜oes:
ε
f
KT
=
¯ε
f
¯
KT
;
D
ε
f
= a (4.47)
para obter da Eq.4.45 sua forma final:
G
QP C
=
2e
2
h
fε)
¯
J
2
1+3
¯
J ln
¯ε +
¯
KT
a
(4.48)
4.6 Compara¸c˜ao com o experimento
Com o aumento do potencial de porta |V
G
|, vai se fechando o intervalo de
energias dispon´ıveis em torno de ε
f
e surge a anomalia 0,7. Utilizando o
programa Maple7, com a listagem:
> restart; d := 1; t := 0.05; k := 3; j := 0.328; a := 240;
>F:= (1/(exp((x d)/t)+1)) (j
2
) (1 + k j ln((x + t)/(a)));
> plot(F/g,x = 2..0);
obtemos o gr´afico da condutˆancia para diversas isotermas. Observe a
not´avel concordˆancia com a experiˆencia original. Para
¯
J<0 (acoplamento
”antiferromagn´etico”), nossa express˜ao introduziu uma corre¸ao que faz o
programa Maple, com poucas linhas, reproduzir quase exatamente a anomalia
no primeiro platˆo:
Fig.4.6 - Gr´aficos da anomalia 0,7 no primeiro platˆo e sobrepostos, para diferentes
entradas dos seus parˆametros
46
Compare com o gr´afico do exp erimento (ver Cap.1, Fig 1.8). Para facilitar
a compara¸ao vamos reproduzi-lo novamente. A anomalia 0,7 no primeiro
salto para diversas temp eraturas.
Fig. 1.8 - Medida de condutˆancia para o QPC para diversas temperaturas (da Ref.
[14]).
Um outro gr´afico interessante destaca a anomalia 0,7 e a origem da
transi¸ao Kondo.
Fig.4.6 - Gr´afico da anomalia 0,7, com destaque para transi¸ao Kondo.
47
Cap´ıtulo 5
Conclus˜oes
Neste trabalho fomos capazes de demonstrar que a anomalia 0,7 na con-
dutˆancia atrav´es de pontos de contato quˆanticos pode ser explicada por um
mecanismo semelhante ao de Kondo.
Nosso primeiro passo foi mostrar que o cen´ario de part´ıcula independente,
que embora tenha se estabelecido como um paradigma para explicar os de-
graus de condutˆancia em QPCs, ao consegue descrever a anomalia 0,7.
Examinamos enao um modelo inspirado no hamiltoniano de Anderson,
proposto para analisar o efeito Kondo. Tal modelo teve que ser devidamente
adaptado para acomodar dois contatos, necess´arios para descrever um pro-
cesso de transmiss˜ao. A seguir, implementamos a transforma¸ao de Schrieffer
e Wolf para gerar um hamiltoniano parecido com o do modelo sd. Finalmente
calculamos a condutˆancia usando a regra de ouro de Fermi e aproxima¸ao de
segunda ordem de Born para a matriz de amplitude de transmiss˜ao.
O resultado final compara de forma muita boa com os dados experimen-
tais, como discutido no Cap´ıtulo 4.
Nosso sucesso baseia-se essencialmente em duas hip´oteses: (a) Haver, para
qualquer QPC, uma ressonˆancia localizada no QPC em uma energia pr´oxima
`a energia de Fermi. Tal hip´otese conta com o apoio de sofisticados alculos
que usam o funcional de densidade incluindo spin. ao est´a ainda bem esta-
belecido qual o motivo porque esta ressonˆancia sempre aparece nesta energia.
(b) Que os elementos de matriz de acoplamento entre as bandas e o estado
localizado possuam uma apida dependˆencia em energia em torno da energia
de Fermi. Mais especificamente, eles devem ser nulos para energias menores
que a de Fermi e constantes caso contr´ario. Se est´a condi¸ao ao se cumprir,
o modelo ao reproduz os degraus da condutˆancia. Por outro lado, fazendo
48
esta hip´otese, conseguimos reproduzir todos os regimes do experimento.
Estas duas quest˜oes merecem um estudo mais aprofundado. Outras
quest˜oes que merecem aten¸ao ao a extens˜ao de nosso formalismo para aco-
modar uma ddp finita, bem como o estudo do efeito de um campo magn´etico
aplicado. Tais tarefas ao trabalhosas, mas relativamente simples, e a dados
experimentais dispon´ıveis.
49
Apˆendice A
Tratamento de escala
A divergˆencia logar´ıtima que surge do alculo das integrais da identidade
(4.35) p ode ser contornada com uma interpreta¸ao correta da escala. Faremos
a seguir explicitamente esta interpreta¸ao:
D
D
log |ε ε
|
∂f
∂ε
(A.1)
No 1
o
caso, para |ε| >KT(ver Fig.A).
Para ε suficientemente pequeno vale a seguinte desigualdade: KT < |ε|
|D|. Logo, devido a magnitude de ε, Podemos aproximar a Eq.4.43 de:
D
D
log |ε ε
|
∂f
∂ε
−∞
log |ε ε
|δ(ε
)
= log |ε| (A.2)
pois,
−∞
f(x) δ(x) dx = f(0)
No 2
o
caso, para |ε| <KT (ver Fig.A).
Vamos Usar a rela¸ao |ε
ε| = |ε ε
|, e um corol´ario importante da
an´alise real para o teorema do valor m´edio integral :
Seja, h(x) mon´otona e g(x) cont´ınua em x [a, b] ent˜ao c [a, b]
tal que:
b
a
hg = h( b)
b
c
g
Realmente a fun¸ao log ´e mon´otona e ao decrescente, consideramos a
seguinte express˜ao, utilizando o corol´ario e considerando ε>0 (sem perda
50
de generalidade):
KT
0
log |ε
ε|
∂f
∂ε
= log |KTε|
KT
c
∂f
∂ε
= log |KTε|(f(c)f(KT))
(A.3)
vamos fixar ε de forma a variar a temperatura. Sabemos que ε ´e suficiente-
mente p equeno para as aproxima¸oes desejadas. Agora com |ε|KT ∼|D|,
podemos chegar a :
log |KT ε|(f(c) f(KT)) log |KT|(f(0) f()) = log KT (A.4)
Om´etodo principal para a an´alise da escala foi fixar ε fazendo variar KT.
Deste modo ficou n´ıtida a transi¸ao de |ε| <KT para |ε|KT ∼|D|.
Fig A - A rela¸ao entre os tamanhos de KT , |ε| e |D|.
Na literatura, arios autores deram um tratamento de escala semelhante
[26, 27, 29, 37].
51
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