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Dissertac¸
˜
ao de Mestrado
Estudo do Efeito Magnetocal´orico
na S´erie RNi
5
(R = Pr, Nd, Gd, Tb, Dy, Ho, Er)
Daniel Fernandes Grangeia
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Instituto de F
´
ısica
Rio de Janeiro, 25 de Maio de 2005
Orientador: Prof. Dr. Pedro Jorge von Ranke Perlingeiro
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Dissertac¸
˜
ao de
Mestrado
Estudo do Efeito Magnetocal´orico
na S´erie RNi
5
(R = Pr, Nd, Gd, Tb, Dy, Ho, Er)
Daniel Fernandes Grangeia
Instituto de F
´
ısica
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, 25 de Maio de 2005
Orientador: Prof. Dr. Pedro Jorge von Ranke Perlingeiro
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Conte´udo
Dedicat´oria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vi
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vii
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix
Abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . x
1 Introdu¸ao 1
2 Magnetismo das Terras-Raras 5
2.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Os ´ıons de Terras-Raras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.3 Magnetismo de Sistemas com Terras-Raras . . . . . . . . . 8
2.4 Intera¸ao de Troca e a Aproxima¸ao de Campo Molecular . 10
3 Campo El´etrico Cristalino 13
3.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.2 Hamiltoniana de Pertuba¸ao Eletrost´atica no Espa¸co das
Configura¸oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.3 alculo dos Elementos de Matriz do Potencial Cristalino
Perturbativo e as Regras que Limitam a Existˆencia dos Ele-
mentos de Matriz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.4 M´etodo dos Operadores Equivalentes de Stevens . . . . . . 27
3.5 Nota¸ao de Lea-Leask-Wolf . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.6 Hamiltoniana de Campo Cristalino para Sistemas Hexagonais 31
4 O Efeito Magnetocal´orico 32
4.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.2 Entropia e Capacidade ermica . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.3 A Refrigera¸ao Magn´etica . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
i
5 O Efeito Magnetocal´orico na S´erie RNi
5
(R=Pr, Nd, Gd,
Tb, Dy, Ho, Er) 44
5.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.2 Teoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
5.3 Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
5.4 Resultados e Discuss˜oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
5.5 Conclus˜oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
A Grandezas Termodinˆamicas Usadas 73
B Proje¸c˜ao do Momento Angular de Spin na dire¸ao do Mo-
mento Angular Total 75
C alculo Torico do Parˆametro B
m
n
para o P rNi
5
78
D Diagrama de Blocos 83
E Estudo do Cruzamento dos N´ıveis de Energia do PrNi
5
85
ii
Lista de Figuras
3.1 No ponto P situa-se um el´etron 4f do ´ıon i, cuja distˆancia
ao n ´ucleo vale r. A uma distˆancia
R
j
encontra-se outro ´ıon
j de carga q
j
, de modo que r
R
j
. . . . . . . . . . . . . . 15
3.2 Octa´edrica (coordena¸ao 6): o ´ıon de TR na origem, sente
a presen¸ca de cargas pontuais localizadas nos v´ertices de um
octaedro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.3 ubica (coordena¸ao 8): o ´ıon de TR na origem, “sente” a
presen¸ca de cargas pontuais localizadas nos ertices de um
cubo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4.1 Magnetiza¸ao X Campo magn´etico aplicado. . . . . . . . . 38
4.2 Gr´afico da (Capacidade ermica / Temperatura) X Temper-
atura para o composto HoNi
5
usando os seguintes parˆametros:
λ = 3.09 T
2
/meV, B
0
2
= 0.0991 meV, B
0
4
= 0.000164 meV,
B
0
6
= 0.00000017 meV e B
6
6
= 0.000026 meV. . . . . . 39
4.3 Entropia X Temperatura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.1 N´ıveis de energias magn´eticas para o PrNi
5
com campo magn´etico
aplicado na dirao do eixo cristalogr´afico a, calulado numa
temperatura T = 0.3 K, usando os parˆametros do CEC da
referˆencia [47] e o parˆametro de troca λ = 29.84T
2
/meV
(veja [36]). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
5.2 Dependˆencia da temperatura do S
mag
(a) e T
ad
(b) no
GdNi
5
para a varia¸ao do campo magn´etico de 0 a 5 T.
As linhas olidas representam os resultados te´oricos e os
c´ırculos abertos mostram os pontos experimentais. . . . . . 61
iii
5.3 Dependˆencia da temperatura do S
mag
(a) e T
ad
(b) no
DyNi
5
para a varia¸ao do campo magn´etico de 0 a 5 T.
As linhas olidas representam os resultados te´oricos e os
c´ırculos abertos mostram os pontos experimentais. . . . . . 62
5.4 Dependˆencia da temperatura do S
mag
(a) e T
ad
(b) no
HoNi
5
para a varia¸ao do campo magn´etico de 0 a 5 T.
As linhas olidas representam os resultados te´oricos e os
c´ırculos abertos mostram os pontos experimentais. . . . . . 63
5.5 Dependˆencia da temperatura do S
mag
(a) e T
ad
(b) no
NdNi
5
para a varia¸ao do campo magn´etico de 0 a 5 T.
As linhas olidas representam os resultados te´oricos e os
c´ırculos abertos mostram os pontos experimentais. . . . . . 64
5.6 Dependˆencia da temperatura do S
mag
(a) e T
ad
(b) no
TbNi
5
para a varia¸ao do campo magn´etico de 0 a 5 T.
As linhas olidas representam os resultados te´oricos e os
c´ırculos abertos mostram os pontos experimentais. . . . . . 65
5.7 Dependˆencia da temperatura do S
mag
(a) e T
ad
(b) no
ErNi
5
para a varia¸ao do campo magn´etico de 0 a 5 T.
As linhas olidas representam os resultados te´oricos e os
c´ırculos abertos mostram os pontos experimentais. . . . . . 66
5.8 Dependˆencia da temperatura do S
mag
(a) e T
ad
(b) no
PrNi
5
para a varia¸ao do campo magn´etico de 0 a 5 T.
As linhas olidas representam os resultados te´oricos e os
c´ırculos abertos mostram os pontos experimentais. . . . . . 67
C.1 Estrutura cristalina do P rNi
5
. . . . . . . . . . . . . . . . . 79
C.2 Vizinhos no mesmo plano z = 0 (direita) e vizinhos nos
planos acima e abaixo z = ±c
0
/2 (esquerda). . . . . . . . . 81
D.1 Diagrama de blocos para obter as grandezas de interesse para
o estudo do EMC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
E.1 Cruzamento de dois autovalores de energia num campo cr´ıtico
H
c
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
iv
“Deus ao joga dados.”
Albert Einstein
v
Dedicat´oria
`
A Deus e toda a minha fam´ılia
vi
Agradecimentos
Ao Prof. Pedro, pela sua enorme ajuda, generosidade e paciˆencia;
Aos meus pais: Manuel Celmo da Silva Grangeia e Albertina da Silva
Fernandes Grangeia;
`
A minha irm˜a: Luciana Fernandes Grangeia;
`
A todos meus amigos da Gradua¸ao e da os Gradua¸ao, pelo com-
panheirismo de todos os dias;
Ao amigo e companheiro de todos os momentos da os Gradua¸ao:
Eduardo Pilad obrega;
Aos pesquisadores do nosso grupo: Nilson A. de Oliveira e Airton
Caldas;
`
A todo o grupo da UNICAMP liderado pelo Prof. S´ergio Gama pela
colabora¸ao feita na parte experimental;
`
A Coordena¸ao do Programa de os-Gradua¸ao em F´ısica;
Aos meus professores da Gradua¸ao e da os-Gradua¸ao;
vii
Em mem´oria, ao Prof. Chung que foi um excelente professor tanto na
Gradua¸ao quanto na os-Gradua¸ao;
`
A secret´aria da os-Gradua¸ao: Laurimar;
`
A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para a execu¸ao
deste trabalho.
viii
Resumo
Nessa disserta¸ao, o efeito magnetocal´orico nos compostos hexagonais
intermet´alicos da erie RNi
5
foi calculado usando uma hamiltoniana que
inclui o campo el´etrico cristalino, a intera¸ao de troca e o efeito Zeeman.
O trabalho experimental foi feito, em colabora¸ao com o grupo expe-
rimental do Prof. Sergio Gama (IF/UNICAMP), e as quantidades ter-
modinˆamicas conhecidas como varia¸ao isot´ermica da entropia, S
isot
, e
varia¸ao adiab´atica da temperatura, T
ad
, foram obtidos para amostras
policristalinas, usando medidas da capacidade ermica, e esses resultados
foram comparados com as previs˜oes te´oricas.
ix
Abstract
In this dissertation, the magnetocaloric effect in the hexagonal inter-
metallic compounds belonging to the RNi
5
series was calculated using a
Hamiltonian including the crystalline electrical field, exchange interaction,
and the Zeeman effect. Experimental work was performed and the two
thermodynamics quantities, namely, isothermal entropy change and adia-
batic temperature change were obtained for polycrystalline samples, using
heat capacity measurements, and compared to the theoretical predictions.
x
Cap´ıtulo 1
Introdu¸ao
A refrigera¸ao magn´etica ´e baseada no efeito magnetocal´orico ca-
pacidade de certos materiais magn´eticos esquentarem (aumentarem suas
temperaturas) ao serem submetidos `a aplica¸ao de um campo magn´etico
externo, num processo adiab´atico. As quantidades termodinˆamicas que
caracterizam o efeito magnetocal´orico ao: S
mag
(varia¸ao isot´ermica da
entropia magn´etica) e T
ad
(varia¸ao adiab´atica da temperatura), calcula-
dos para uma varia¸ao de campo magn´etico externo H. A demonstra¸ao
experimental do uso desse efeito para a refrigera¸ao magn´etica levou Gi-
auque [1, 2], em 1933, a ganhar o prˆemio Nobel em Qu´ımica. Ele con-
seguiu reduzir a temperatura absoluta de um material magn´etico a base de
gadol´ınio abaixo de 1 K. Investiga¸oes seguintes se interessavam-se, princi-
palmente, em obter temperaturas ainda mais baixas, atrav´es da extens˜ao
dessa t´ecnica com a desmagnetiza¸ao nuclear adiab´atica.
Em 1976, G. V. Brown [3, 4] idealizou um refrigerador magn´etico u-
1
sando gadol´ıneo, elemento da s´erie das terras raras, que ´e capaz de fun-
cionar na faixa de temperatura dos refrigeradores dom´esticos. Com esse
equipamento, a temperatura poderia ser reduzida de 319 K (46
o
C) para
272 K (1
o
C), com uma grande vantagem ecol´ogica: sem usar gases CFCs
e HCFCs. Al´em de dispensar o uso de gases poluentes, a refrigera¸ao
magn´etica ´e produzida com menor perda de energia. Com esses fatos, o
interesse nessa ´area de pesquisa cresceu consideravelmente, principalmente
nos ultimos anos, visto que existe, hoje em dia, uma forte press˜ao mundial
pela preservao ecol´ogica. Para finalizar, um dos obst´aculos do desen-
volvimento dos refrigeradores magn´eticos ´e o alto custo da produ¸ao de
campos magn´eticos intensos, obtidos com materiais supercondutores. No
entanto, os pesquisadores buscam novos materiais que apresentem maior
capacidade de refrigera¸ao com menores campos magn´eticos, por tanto
a expetativa ´e que em breve, o uso comercial da refrigeta¸ao magn´etica
poder´a ser usado nos refrigeradores em larga escala.
Recentemente estudamos o coeficiente de eficiˆencia de materiais magn´e-
ticos refrigerantes operando num ciclo termodinˆamico de Ericson (formado
por dois processos isot´ermico e dois processos isocampo no diagrama de en-
tropia versus temperatura) [5]. Os compostos escolhidos para esse estudo
pertencem a erie RNi
2
(com R = Nd, Gd, Tb, Dy, Ho, Er). A escolha
desses compostos permitiu um estudo sistem´atico do papel da intera¸ao
de troca e do campo cristalino na influˆencia da eficiˆencia do ciclo de Eric-
son. Al´em disso, foi poss´ıvel simular um material composto formado por
2
ErNi
2
, DyNi
2
e TbNi
2
na concentra¸ao molar y
Er
= 0.3437, y
Dy
= 0.3108
e y
T b
= 0.3456 para trabalhar como material refrigerante no intervalo de
temperatura entre 7 e 22 K [5]. A simula¸ao desse composto foi feita
usando a prescri¸ao e o algoritmo de A. Smaili e R. Chahine [6].
Nesse trabalho de disserta¸ao de mestrado, calculamos o potencial mag-
netocal´orico, S
mag
e T
ad
, dos compostos intermet´alicos magn´eticos da
s´erie RNi
5
(com R = Pr, Nd, Gd, Tb, Dy, Ho e Er). Esses compostos ap-
resentam uma estrutura cristalina hexagonal e as intera¸oes relevantes ao:
efeito de campo cristalino, intera¸ao de troca (tratada na aproxima¸ao de
campo edio) e a intera¸ao Zeeman. A entropia da rede foi tratada con-
siderando o modelo de Debye. Para confrontar os resultados dos alculos
te´oricos com resultados experimentais foi feita uma colabora¸ao com o
grupo experimental do Prof. S´ergio Gama do Instituto de F´ısica da UNI-
CAMP, onde as amostras foram preparadas, caracterizadas e medidas. As
medidas de interesse foram dos calores espec´ıficos das amostras na presen¸ca
e na ausˆencia de campo magn´etico externo utilizando um PPMS (Phys-
ical Property Measurement System). Em toda a s´erie foi observada, de
forma geral, uma boa concordˆancia entre os resultados te´oricos e experi-
mentais. Em particular foi predito um efeito magnetocal´orico anˆomalo no
composto paramagn´etico PrNi
5
. Esse composto resfria com a aplica¸ao do
campo magn´etico abaixo de T 15 K devido ao cruzamento dos dois n´ıveis
fundamentais de campo cristalino. Essa anomalia em T
ad
foi verificada
experimentalmente. Os resultados principais dessa tese foram publicados
3
recentemente na Physical Review B [7].
No segundo cap´ıtulo apresentamos de forma sucinta o magnetismo dos
´ıons “livres”das Terras-raras. No terceiro cap´ıtulo discutimos o efeito de
campo cristalino nos compostos com simetria c´ubica e hexagonal partindo
da descri¸ao de carga pontual e chegando na representa¸ao dos operadores
equivalentes de Stevens para o campo cristalino. No capitulo 4 discutimos
o efeito magnetocal´orico, apresentando as grandezas termodinˆamicas de
interesse. No capitulo 5, parte original da tese, o efeito magnetocal´orico
na s´erie RNi
5
(com R = Pr, Nd, Gd, Tb, Dy, Ho e Er) ´e apresentado.
4
Cap´ıtulo 2
Magnetismo das Terras-Raras
2.1 Introdu¸ao
Apresentaremos, nesse capitulo, de forma sucinta, os ´ıons de terras-raras
(TR), bem como, o magnetismo desses ´ıons em presen¸ca de um campo
magn´etico externo e no equl´ıbrio t´ermico.
Partindo do Hamiltoniano Zeeman e usando os procedimentos da f´ısica
estat´ıstica obteremos a equa¸ao de estado magn´etico (fun¸ao de Brillouin)
que descreve a magnetiza¸ao de um sistema de ´ıons magn´eticos em fun¸ao
da temperatura e do campo magn´etico.
5
2.2 Os ´ıons de Terras-Raras
A s´erie dos Lantan´ıdeos ´e formada pelos quinze elementos qu´ımicos com
n´umeros atˆomicos entre 58 (Lananeo) at´e 71 (Lut´ecio). Os ´ıons de TR,
apresentam a camada eletrˆonica 4f, que pode conter at´e 14 el´etrons, in-
completa (n = 0 at´e n = 14). A configura¸ao usual ´e a seguinte:
(P d)
46
4f
n
5s
2
5p
6
5d
1
6s
2
.
A camada 4f ´e preenchida de acordo com o crescimento n´umero atˆomico
dos elementos da erie. Os raios desses n´ıveis eletrˆonicos diminuem con-
forme aumentamos o valor de n. Este fato ´e conhecido como contra¸ao dos
Lantan´ıdeos [8].
Os el´etrons localizados no n´ıvel 4f ao origem a momentos de dipolos
magn´eticos efetivos localizados, dado por
µ = gµ
B
ˆ
J , (2.1)
onde
ˆ
J ´e o operador momento angular total com autovalor [J(J + 1)]
1/2
,
µ
B
´e o magneton de Bohr (µ
B
= 5.79 × 10
2
meV · T
1
) e g ´e o fator de
Land´e
g = 1 +
J(J + 1) + S(S + 1) L(L + 1)
2J(J + 1)
. (2.2)
Para calcularmos o fator de Land´e devemos conhecer o momento total
angular de spin (S), o momento total angular orbital (L) e o momento
angular total, dado por J = |L ±S|, onde o sinal negativo ´e usado quando
n estiver entre 1 e 6, e o sinal positivo ´e usado para n > 7. Para calcular S
e L combinamos o princ´ıpio de Pauli e as regras de Hund. As configura¸oes
6
eletrˆonicas para os ´ıons de TR no estado fundamental com os valores de S,
L e J ao apresentados na tabela 2.1 [9].
n TR l
z
= 3, 2, 1, 0, 1, 2, 3 S L = |
l
z
| J g
0 La - 0 0 0
1 Ce 1/2 3 5/2 6/7
2 Pr 1 5 4 4/5
3 Nd 3/2 6 9/2 8/11
4 Pm 2 6 4 3/5
5 Sm 5/2 5 5/2 2/7
6 Eu 3 3 0
7 Gd 7/2 0 7/2 2
8 Tb ↑↓ 3 3 6 3/2
9 Dy ↑↓ ↑↓ 5/2 5 15/2 4/3
10 Ho ↑↓ ↑↓ ↑↓ 2 6 8 5/4
11 Er ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ 3/2 6 15/2 6/5
12 Tm ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ 1 5 6 7/6
13 Yb ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ 1/2 3 7/2 8/7
14 Lu ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ 0 0 0
Tabela 2.1: Estado fundamental para os ´ıons 4f
n
das terras-raras [9].
7
2.3 Magnetismo de Sistemas com Terras-Raras
Como a foi dito da se¸ao 2.2, um ´ıon isolado de TR ´e caracterizado pelos
parˆametros onicos g (fator de Land´e) e J (momento angular total) [10]. A
intera¸ao de um ´ıon com o campo magn´etico externo aplicado (H
0
), mais
conhecido como efeito Zeeman, ´e representado pelo hamiltoniano:
ˆ
H
zee
= gµ
B
H
0
·
ˆ
J , (2.3)
onde µ
B
´e o magneton de Bohr. Como esse hamiltoniano ´e independente da
dire¸ao escolhida para o campo magn´etico, por simplicidade vamos adotar
a dire¸ao z para o campo magn´etico. Os autovalores da componente z do
momento angular total, J
z
ao dados por:
ˆ
J
z
|n = m
z
|n , onde: m
z
= J, . . . , 0, . . . , J . (2.4)
´
E importante notar que o estado |n ´e 2J + 1 vezes degenerado quando
o campo magn´etico externo ´e nulo. Como veremos mais adiante, se a
intera¸ao de campo cristalino for relevante, a dire¸ao da aplica¸ao do
campo magn´etico externo dever´a ser considerada e o momento angular total
poder´a ser escrito considerando os cossenos diretores do campo magn´etico
externo em rela¸ao aos principais eixos cristalinos.
Para um campo externo aplicado na dire¸ao z vamos encontrar para o
hamiltoniano (2.3) as seguintes auto-energias
E
n
= gµ
B
m
z
H
0z
. (2.5)
8
Considerando que os ´ıons est˜ao em equil´ıbrio t´ermico e que os el´etrons
ao bem localizados e independentes, podemos utilizar as equa¸oes ter-
modinˆamicas citadas no apˆendice (A), escrevendo a fun¸ao parti¸ao refer-
ente ao efeito Zeeman
Z
zee
=
J
m
z
=J
exp
gµ
B
m
z
H
oz
k
B
T
,
que pode ser reescrita na forma:
Z
zee
=
sinh
2J+1
2J
x
sinh
x
2J
, (2.6)
onde x = gµ
B
JH
0z
/k
B
T ´e a raz˜ao entre as energias magn´etica e ermica,
e k
B
= 0.086 meV/K ´e a constante de Boltzmann. A partir da fun¸ao
parti¸ao, construimos a energia livre F
zee
= k
B
T ln Z
zee
, a partir da qual,
obtemos a magnetiza¸ao de um sistema de N ´ıons por unidade de volume
M
zee
(H
0z
, T ) =
F
zee
H
0z
= Ngµ
B
JB
J
(x) , (2.7)
onde
B
J
(x) =
(J + 1)
2J
coth

2J + 1
2J
x
1
2J
coth
x
2J
(2.8)
´e a fun¸ao de Briollouin.
Esse resultado te´orico satisfaz sistemas em que os ´ıons com momentos
magn´eticos est˜ao bem afastados, ou seja, a intera¸ao entre os ´ıons possa
ser desprezada, como foi suposto no in´ıcio. Na pr´oxima se¸ao iremos ver a
intera¸ao entre os ´ıons.
9
2.4 Intera¸c˜ao de Troca e a Aproxima¸ao de Campo
Molecular
Agora veremos como tratar sistemas magn´eticos onde a distˆancia entre
os ´ıons de terras-raras ´e suficientemente pequena, de mo do que a intera¸ao
magn´etica ao possa mais ser desprezada.
Vamos considerar que exista um campo molecular no interior do olido
ferromagn´etico para poder explicar a magnetiza¸ao expontˆanea. Para isso,
consideramos que o campo efetivo em um ´ıon magn´etico localizado num
determinado s´ıtio i ´e proporcional `a intensidade da magnetiza¸ao. Supo-
mos que o campo molecular ´e proporcional `a magnetiza¸ao local, pois as
for¸cas que tendem a alinhar um momento atˆomico no mesmo sentido que
o de suas vizinhan¸cas depender˜ao da propor¸ao em que suas vizinhan¸cas
estejam alinhadas.
Vamos usar o modelo proposto por Heisenberg. O modelo sugere que a
magnetiza¸ao espontˆanea surge devido ao acoplamento entre os momentos
angulares de spin. O hamiltoniano de Heisenberg ´e dado por:
ˆ
H
troca
= 2
i,j
Υ
ij
ˆ
S
i
·
ˆ
S
j
, (2.9)
onde Υ
ij
, no caso, representa o parˆametro de tro ca entre dois ´ıons loca-
lizados em s´ıtios i e j,
ˆ
S
i
´e o momento angular de spin do ´ıon no s´ıtio i e
ˆ
S
j
´e o momento angular de spin do ´ıon no s´ıtio j.
Podemos projetar o momento angular de spin na dire¸ao do momento
10
angular total usando a rela¸ao demonstrada no apˆendice B
ˆ
S = (g 1)
ˆ
J , (2.10)
reescrevendo assim a equa¸ao (2.9) na forma:
ˆ
H
troca
= 2(g 1)
2
i,j
Υ
ij
ˆ
J
i
·
ˆ
J
j
. (2.11)
Na aproxima¸ao de campo molecular, trocamos os termos
ˆ
J
j
da soma
pelo valor m´edio
ˆ
J
e vamos considerar a intera¸ao de troca, entre ´atomos
primeiros vizinhos, de igual valor, sendo assim, o hamiltoniano (2.11) por
´ıon fica escrito na forma
ˆ
H
troca
= gµ
B
H
troca
·
ˆ
J , (2.12)
onde
H
troca
´e o campo molecular do modelo de Weiss:
H
troca
= λ
M , (2.13)
com o fator
λ =
2(g 1)
2
Υ
g
2
µ
2
B
(2.14)
e
M ´e o momento magn´etico edio por volume (magnetiza¸ao) do cristal,
que ´e dado por
M = gµ
B
ˆ
J
. (2.15)
Sendo assim, o hamiltoniano magn´etico por ´ıon, usado para analisar
os sistemas de nosso interesse, ser´a calculado somando-se a intera¸ao de
Zeeman (2.3) e a intera¸ao de troca (2.12):
ˆ
H
mag
= g µ
B
H
0
+
H
troca
·
ˆ
J , (2.16)
11
podendo ser reescrito como sendo
ˆ
H
mag
= g µ
B
H
ef
·
ˆ
J , (2.17)
com
H
ef
=
H
0
+
H
troca
.
12
Cap´ıtulo 3
Campo El´etrico Cristalino
3.1 Introdu¸ao
No cap´ıtulo anterior, estudamos o magnetismo das TR. Agora veremos
o efeito do potencial eletrost´atico que os ´ıons das TR sofrem dentro do
cristal. Esse efeito ´e conhecido como o efeito do campo el´etrico cristal-
ino (CEC). Dependendo da simetria da rede cristalina, teremos um certo
n´umero de parˆametros necess´arios para descrever o CEC. Nesse estudo va-
mos considerar duas estruturas de interesse: rede c´ubica (dois parˆametros)
e rede hexagonal (quatro parˆametros).
Vimos no cap´ıtulo 2 que o estado do ´ıon isolado de TR apresenta uma
degenerecˆencia de (2J + 1). Num s´ıtio cristalino, essa degenerecˆencia ´e
total ou parcialmente removida pela ao do CEC. A nova configura¸ao
dos estados e n´ıveis energ´eticos dos TR ter´a grande influˆencia no compor-
tamento das propriedades magn´eticas, ermicas e de transporte [11] entre
13
outras.
Vamos apresentar o alculo p erturbativo do potencial eletrost´atico, no
espa¸co das configura¸oes para uma rede cubica, no qual o ´ıon de TR est´a
dentro de um octaedro, um cubo e um tetraedro cujas cargas est˜ao nos
v´etices.
´
E usado um sistema de coordenadas regular. Ainda determi-
namos a representa¸ao do potencial cristalino em termos dos harmˆonicos
esf´ericos. Essa representa¸ao ´e apropriada para descrevemos o procedi-
mento do alculo dos elementos de matriz do potencial cristalino pertur-
bativo, assim como as regras de sele¸ao que limitam as transi¸oes entre
os n´ıveis do CEC. Ser´a visto o etodo dos operadores equivalentes de
Stevens e vamos escrever o hamiltoniano de CEC para esse sistema c´ubico
na nota¸ao de Lea-Leask-Wolf.
Por fim, iremos escrever a hamiltoniana de CEC para redes hexagonais
em termos dos operadosres equivalentes de Stevens, O
m
n
, e dos parˆametros,
B
m
n
do CEC.
14
3.2 Hamiltoniana de Pertuba¸ao Eletrost´atica no Espa¸co
das Configura¸oes
O efeito perturbativo do potencial do CEC ser´a determinado atraes
do modelo de carga pontual onica, seguiremos as nota¸oes adotadas no
trabalho do Stevens [12,13]. Vamos imaginar um ponto P situado pr´oximo
de um ´ıon i magn´etico (por exemplo, um ´ıon de TR), onde supostamente
exista um el´etron na camada 4f, e seja r a distˆancia desse ponto ao ´ıon.
Seja, agora,
R
j
a distˆancia do ´ıon i a um outro ´ıon vizinho j de carga
pontual q
j
, sujeita `a condi¸ao de que r
R
j
.
Figura 3.1: No ponto P situa-se um el´etron 4f do ´ıon i, cuja distˆancia ao ucleo vale r.
A uma distˆancia
R
j
encontra-se outro ´ıon j de carga q
j
, de modo que r
R
j
.
Nesse modelo cada ´ıon nas vizinhan¸cas do ponto P ´e considerado como
sendo uma carga pontual. Sendo assim, o potencial eletrost´atico no ponto
P ser´a dado, de acordo com a figura 3.1, por
V (x, y, z) =
j
q
j
|
R
j
r|
, (3.1)
onde q
j
´e a carga do j-´esimo ´ıon vizinho de i.
Se o ´ıon de TR tiver uma carga q
k
localizada no ponto P , ent˜ao a energia
15
potencial cristalina ser´a dada por:
W
c
=
k
q
k
V
k
=
k
j
q
k
q
j
|
R
j
r
k
|
, (3.2)
onde o somat´orio em k ser´a feito apenas para os el´etrons magn´eticos da
camada 4f. A soma em j ser´a feita sobre as cargas q
j
primeiras vizinhas
do ´ıon de TR.
Partindo do modelo descrito anteriormente, deduz-se no espa¸co das con-
figura¸oes e em coordenadas cartesianas e esf´ericas, as express˜oes para a
energia potencial dos el´etrons da camada 4f devido ao CEC para os trˆes
sistemas mais simples de simetria c´ubica:
a) octa´edrica (coordena¸ao 6): quando as cargas ao colocadas nos
v´ertices de um octaedro como mostra a figura 3.2.
b) c´ubica (coordena¸ao 8): quando as cargas est˜ao colocadas nos
v´ertices de um cubo (veja figura 3.3).
c) tetra´edrica (coordena¸ao 4): quando as cargas est˜ao nos ertices de
um tetraedro AFHC ou EBGD (veja figura 3.3).
Vamos calcular o potencial el´etrico para esses sistemas em coordenadas
cartesianas.
a) octa´edrica (coordena¸ao 6):
O potencial no ponto P (x, y, z) ser´a dado por V (x, y, z) = V
x
+ V
y
+ V
z
16
com as cargas distribu´ıdas de acordo com a figura 3.2. Sendo assim teremos:
V (x, y, z) = q
(r
2
+ a
2
2ax)
1/2
+ (r
2
+ a
2
+ 2ax)
1/2
+ q
(r
2
+ a
2
2ay)
1/2
+ (r
2
+ a
2
+ 2ay)
1/2
+ q
(r
2
+ a
2
2az)
1/2
+ (r
2
+ a
2
+ 2az)
1/2
.
(3.3)
Podemos expandir esse potencial (3.3) em s´erie de Taylor:
V (x, y, z) =
6
n=0
1
n!
x
x
0
+ y
y
0
+ z
z
0
n
V (x, y, z) . (3.4)
Figura 3.2: Octa´edrica (coordena¸ao 6): o ´ıon de TR na origem, sente a presen¸ca de
cargas pontuais localizadas nos ertices de um octaedro.
Consideramos a expans˜ao at´e sexta ordem, pois os termos de ordem
superior ao contribuem no alculo dos elementos de matriz, como veremos
mais adiante no estudo das regras de sele¸ao para as transi¸oes eletrˆonicas
no campo cristalino.
17
Sendo assim o potencial pode ser escrito na forma:
V (x, y, z) =
6q
a
+
35q
4a
5
(x
4
+ y
4
+ z
4
)
3
5
r
4
21q
2a
7
(x
6
+ y
6
+ z
6
) +
15
4
(x
2
y
4
+ x
2
z
4
+y
2
x
4
+ y
2
z
4
+ z
2
x
4
+ z
2
y
4
)
15
14
r
6
(3.5)
b) c´ubica (coordena¸ao 8):
Dessa vez as cargas pontuais est˜ao localizadas nos v´ertices de um cubo,
como mostra a figura 3.3.
Figura 3.3: C´ubica (coordena¸ao 8): o ´ıon de TR na origem, “sente” a presen¸ca de cargas
pontuais localizadas nos ertices de um cubo.
Assim o potencial gerado no ponto P (x, y, z) pela carga localizada no
18
ponto A(a, a, a) ´e dado por:
V
A
=
q
[(a x)
2
+ (a y)
2
+ (a z)
2
]
1/2
, (3.6)
de maneira igual podemos escrever o potencial no ponto P (x, y, z) devido as
outras cargas. Fazendo a expans˜ao em s´erie de Taylor (3.4) desse potencial,
tamb´em at´e sexta ordem, teremos:
V (x, y, z) =
8q
d
70q
9d
5
(x
4
+ y
4
+ z
4
)
3r
4
5
224q
9d
7
(x
6
+ y
6
+ z
6
) +
15
4
x
2
y
4
+ x
2
z
4
+y
2
x
4
+ y
2
z
4
+ z
2
x
4
+ z
2
y
4
15r
6
14

,
(3.7)
onde d = a
3 ´e a distˆancia da origem at´e uma das oito cargas.
O mesmo alculo poderia ser feito para o caso c, isto ´e, com quatro
cargas vizinhas. Verifica-se, em todos os casos, devido a simetria c´ubica,
que a energia potencial apresenta apenas termos de quarta e sexta ordem.
A energia potencial de uma carga q
colocada no ponto P (x, y, z) ser´a
dada por:
W
c
= C
4
(x
4
+ y
4
+ z
4
)
3r
4
5
+D
6
(x
6
+ y
6
+ z
6
) +
15
4
(x
2
y
4
+ x
2
z
4
+ y
2
x
4
+ y
2
z
4
+ z
2
x
4
+ z
2
y
4
)
,
(3.8)
onde os coeficientes C
4
e D
6
ao dados na tabela 3.1 para os trˆes casos
do sistema c´ubico em coordenadas cartesianas [14]. Nessa tabela, d ´e a
19
distˆancia da origem, onde est´a localizado o ´ıon da TR, a carga q do ´ıon
vizinho. Na equa¸ao (3.8) ao consideramos o termo de ordem zero na
energia, pois esse contribui apenas como uma referˆencia na energia, ao
afetando as grandezas termodinˆamicas de nosso interesse.
C
4
D
6
c´ubica
70qq
9d
5
224qq
9d
7
octa´edrica +
35qq
4d
5
21qq
2d
5
tetra´edrica
35qq
9d
5
112qq
9d
5
Tabela 3.1: Coeficientes C
4
e D
6
para os trˆes casos de sistemas c´ubicos em coordenadas
cartesianas.
Agora vamos calcular potencial el´etrico para esses sistemas c´ubicos em
coordenadas esf´ericas.
A representa¸ao do efeito perturbativo do CEC em termos dos harmˆonicos
esf´ericos ´e bastante conveniente por dois motivos: primeiro, pela ormula
geral desse alculo ser facilmente deriv´avel; segundo, por ser mais acil
de calcular os elementos de matriz da energia potencial, uma vez que, as
fun¸oes de onda 4f ao geralmente expressas em termos dos harmˆonicos
esf´ericos.
O m´etodo para esse alculo ´e baseado no teorema da adi¸ao dos harmˆonicos
esf´ericos [15–17]. Podemos expressar o ˆangulo ω entre os vetores r
i
e
R
j
20
(veja Fig.3.1) em termos dos ˆangulos polares (θ
i
, φ
i
) e (θ
j
, φ
j
):
P
0
n
(cos ω) =
4π
(2n + 1)
n
m=n
(1)
m
Y
m
n
(θ
j
, φ
j
) Y
m
n
(θ
i
, φ
i
) , (3.9)
onde P
m
n
ao os polinˆomios de Legendre e Y
m
n
os harmˆonicos esf´ericos.
Sendo assim, o potencial (3.1) pode ser escrito como:
V (r, θ, φ) =
j
q
j
n=0
r
n
R
(n+1)
j
P
0
n
(cos ω) com R > r . (3.10)
Para separarmos as quantidades imagin´arias, usaremos os harmˆonicos
tesserais:
Z
n0
= Y
0
n
Z
c
nm
=
1
2
[Y
m
n
+ (1)
m
Y
m
n
]
Z
s
nm
=
1
2
[Y
m
n
(1)
m
Y
m
n
]
(3.11)
com m > 0, com isso
Z
n0
= Y
0
n
Z
c
nm
=
(2n + 1)
2
(n m)!
(n + m)!
1/2
P
m
n
(cos θ)
cos
π
Z
s
nm
=
(2n + 1)
2
(n m)!
(n + m)!
1/2
P
m
n
(cos θ)
sin
π
.
(3.12)
Usando o teorema da adi¸ao dos harmˆonicos esf´ericos (3.9) teremos:
P
0
n
(cos ω) =
4π
(2n + 1)
α
Z
(r) Z
(
R) , (3.13)
21
onde os Z’s ao calculados para os pontos r e
R, e a soma ´e feita sobre todo
α, ou seja, para cada n, existem os termos Z
n0
, Z
c
nm
e Z
s
nm
para todo m.
Enao se V (r, θ, φ) ´e o potencial devido `as cargas q
j
localizadas em
R
j
,
usando a equa¸ao (3.13) em (3.10), teremos:
V (r, θ, φ) =
n=0
α
r
n
γ
Z
(θ, φ) , (3.14)
onde
γ
=
j
q
j
4π
(2n + 1)
Z
(θ
j
, φ
j
)
R
(n+1)
j
. (3.15)
O potencial escrito dessa forma ´e bastante conveniente, pois se Z
´e escrito em coordenadas cartesianas, existe uma correspondˆencia direta
entre eles e os operadores equivalentes de Stevens [12], que podem ser
usados para solucionar os elementos de matrizes, mas isso veremos mais
adiante. Alguns dos harmˆonicos tesserais, expressos em coordenadas carte-
sianas est˜ao listados em [14]. Note que toda a informa¸ao da distribui¸ao
das cargas pontuais est´a contida na rela¸ao (3.15). Como exemplo da
aplica¸ao da rela¸ao (3.15), desenvolvemos, detalhadamente, no apˆendice
C os parˆametros do CEC para o composto PrNi
5
de estrutura cristalina
Hexagonal.
Usando (3.13) para calcular o potencial cristalino nos trˆes casos citados
22
anteriormente para sistemas c´ubicos, teremos para a energia potencial:
W
c
= D
4
Y
0
4
(θ, φ) +
5
14
1/2
Y
4
4
(θ, φ) + Y
4
4
(θ, φ)
+D
6
Y
0
6
(θ, φ) +
7
2
1/2
Y
4
6
(θ, φ) + Y
4
6
(θ, φ)
,
(3.16)
onde os coeficientes D
4
e D
6
est˜ao na tabela 3.2.
D
4
D
6
c´ubica
56
27
πqq
d
5
r
4
+
32
9
π
13
1/2
qq
d
7
r
6
octa´edrica +
7
3
πqq
d
5
r
4
+
3
2
π
13
1/2
qq
d
7
r
6
tetra´edrica
28
27
πqq
d
5
r
4
+
16
9
π
13
1/2
qq
d
7
r
6
Tabela 3.2: Coeficientes D
4
e D
6
, para os trˆes casos de sistemas ubicos em coordenadas
esf´ericas.
23
3.3 alculo dos Elementos de Matriz do Potencial
Cristalino Perturbativo e as Regras que Limitam
a Existˆencia dos Elementos de Matriz
O hamiltoniano associado ao CEC pode ser escrito na forma
ˆ
H
c
= −|e|
i
V (x
i
, y
i
, z
i
) , (3.17)
onde |e| representa o odulo da carga do el´etron na camada 4f e V (x
i
, y
i
, z
i
)
o potencial dado por (3.1), sendo a soma feita sobre os el´etrons da camada
4f.
Quando a energia do CEC for menor do que a intera¸ao spin-´orbita,
como no caso dos el´etrons 4f, as fun¸oes de onda associadas a cada estado
de energia ao da forma |LSJJ
z
.
Queremos obter os elementos de matriz Ψ
4f
|
ˆ
H
c
|Ψ
4f
, onde Ψ
4f
´e a
fun¸ao de onda dos el´etrons 4f, que podem ser representados em termos
das fun¸oes atˆomicas dos el´etrons 4f na forma do determinante de Slater
Ψ
4f
=
1
n
ϕ
1
(r
1
) ϕ
1
(r
2
) ··· ϕ
1
(r
n
)
ϕ
2
(r
1
) ϕ
2
(r
2
) ··· ϕ
2
(r
n
)
.
.
.
.
.
.
ϕ
n
(r
1
) ϕ
n
(r
2
) ··· ϕ
n
(r
n
)
, (3.18)
onde ϕ
n
(r) ´e fatorado em fun¸oes radiais e harmˆonicos esf´ericos.
Como estamos lidando com el´etrons, (3.18) deve satisfazer o princ´ıpio
de exclus˜ao de Pauli. Sendo assim, a matriz Ψ
4f
|
ˆ
H
c
|Ψ
4f
conter´a termos
24
em coordenadas esf´ericas do tipo:
ϕ
m
l
(r
i
, θ
i
, φ
i
) [r
n
Y
m
n
(θ
i
, φ
i
)] ϕ
m

l

(r
i
, θ
i
, φ
i
) , (3.19)
onde os termos dentro dos colchetes referem-se `a energia potencial, e
r
n
=
[f(r)]
2
r
n
dr , (3.20)
sendo f(r) a parte radial da fun¸ao de onda em coordenadas esf´ericas.
Existem trˆes regras que nos permitem, a princ´ıpio, determinar quais os
elementos de matriz ao nulos. Estas regras se baseiam nas propriedades
dos harmˆonicos esf´ericos:
1. todos os elementos de matriz con n > 2l, onde l ´e o n´umero quˆantico
orbital, se anulam. Para as TR temos l = 3, logo n
ax
= 6, o
hamiltoniano do potencial cristalino o vai at´e sexta ordem. Essa foi
a raz˜ao de tomarmos a expans˜ao somente at´e sexta ordem no potencial
do CEC.
2. o operador Y
m
n
(θ
i
, φ
i
) apresenta elementos de matriz diferente de zero
quando l
+ l

+ n = par. Assim, dentro de uma mesma configura¸ao,
estado 4f, (l
= l

) o hamiltoniano ao apresenta termos ´ımpares.
3. o operador Y
m
n
(θ
i
, φ
i
) tem elementos de matriz ao nulos, tamb´em, na
condi¸ao m = |m
m

|.
Quando tivermos mais de um el´etron 4f, o alculo direto dos elementos
de matriz usando o desenvolvimento total da fun¸ao de onda ´e muito exaus-
tivo. Stevens [12] mostrou que os elementos de matriz das fun¸oes angulares
25
ao prop orcionais aos obtidos com a atua¸ao dos operadores equivalentes
nas componentes do momento angular total. Esse m´etodo ser´a apresetado
na pr´oxima se¸ao.
26
3.4 M´etodo dos Operadores Equivalentes de Stevens
Esse m´etodo foi desenvolvido por Stevens [12, 13], e ´e o mais conve-
niente para o alculo dos elementos da matriz do hamiltniano de CEC.
A vantagem ´e que utilizamos diretamente o estado |LSJJ
z
do n´ıvel 4f
incompleto para calcular os elementos da matriz. O estado fundamental
ao perturbado |LSJJ
z
do ´ıon da TR ´e dado pela regra de Hund como
foi visto no cap´ıtulo 2.
O operador hamiltoniano, do CEC, que provoca a perturba¸ao no estado
fundamental ´e obtido pela regra usual, ou seja, trocamos: x x
op
, y y
op
e z z
op
na energia potencial do CEC dada em (3.2)
H
cc
= W
c
= e
i
V (x
i
, y
i
, z
i
) , (3.21)
onde a soma em i estende-se sobre os el´etrons 4f.
Se f(x, y, z) for um termo da energia potencial em coordenadas carte-
sianas, enao para encontrarmos o operador equivalente de cada termo da
soma
i
f(x
i
, y
i
, z
i
), como aparecem em (3.21), devemos trocar x, y e z por
J
x
, J
y
e J
z
respectivamente, e fazer a simetriza¸ao para dar conta da ao
comutatividade dos operadores do momento angular. Essa propriedade ´e
descrita pelo teorema de Wigner Eckart [20]. Vejamos alguns exemplos:
i
(3z
2
i
r
2
i
) α
J
r
2
3J
2
z
J
2
= α
J
r
2
O
0
2
, (3.22)
i
(3x
2
i
y
2
i
) α
J
r
2
3J
2
x
J
2
y
= α
J
r
2
O
2
2
, (3.23)
27
i
(x
i
y
i
) α
J
r
2
(J
x
J
y
+ J
y
J
x
)
2
, (3.24)
i
(x
4
i
6x
2
i
y
2
i
+ y
4
i
) =
i
(x
i
+ iy
i
)
2
+ (x
i
+ iy
i
)
4
2
β
J
r
4
J
4
+
+ J
4
= β
J
r
4
O
4
4
, (3.25)
onde J
±
= J
x
±iJ
y
. Isso significa que os elementos de matriz, por exemplo,
a soma em
i
(3z
2
i
r
2
i
) calculados na base |LSJJ
z
ao iguais a aqueles
α
J
r
2
3J
2
z
J
2
calculados entre a parte orbital das fun¸oes de onda,
isto ´e,
LSJJ
z
|
i
(3z
2
i
r
2
i
) |LSJJ
z
α
J
r
2
· LSJJ
z
|3J
2
z
J
2
|LSJJ
z
.
O fator α
J
´e uma constante num´erica que depende de l (n´umero quˆantico
do orbital) e de n
(n´umero de el´etrons no orbital). Os fatores α
J
, β
J
e
γ
J
aparecem multiplicando os termos de segunda, quarta e sexta ordem
na energia potencial, respectivamente. Esses fatores, ao tabelados para
as TR [14]. Para facilitar, esses fatores ao incoporados dentro dos valores
r
2
,
r
4
e
r
6
no hamiltoniano e deixados como parˆametros de ajuste
(parˆametro do CEC).
Para usarmos esses operadores equivalentes, cujos elementos de matriz
est˜ao tabelados em [14], ´e definida a fun¸ao f
nm
(x, y, z) que se relaciona
com os harmˆonicos tesserais Z
nm
por
Z
nm
= (constante) ·
f
nm
r
n
. (3.26)
As fun¸oes [f
nm
/r
n
] ao aquelas que aparecem dentro dos colchetes na
tabela dos harmˆonicos tesserais tabelados em [14]. Dessa forma, temos a
28
correspondˆencia direta
i
f
nm
(x
i
, y
i
, z
i
) = θ
n
r
n
O
m
n
(3.27)
com: θ
2
= α
J
, θ
4
= β
J
e θ
6
= γ
J
.
Para ilustrar, vamos escrever a energia potencial (3.16) em termos dos
operadores de Stevens. Usando as rela¸oes (3.11), podemos escrever (3.16)
em termos dos harmˆonicos tesserais
H
c
=
i
D
4
Z
40
+
5
7
1/2
Z
c
44
+ D
6
Z
60
7
1/2
Z
c
64
(3.28)
e agora com (3.26) e (3.27) e ainda chamando D
4
= D
4
/r
4
e D
6
= D
6
/r
6
,
obtemos:
H
cc
= B
4
O
0
4
+ 5O
4
4
+ B
6
O
0
6
21O
4
6
, (3.29)
com
B
4
=
3
16
π
D
4
β
J
r
4
e B
6
=
1
32
13
π
1/2
D
6
γ
J
r
6
, (3.30)
onde B
4
e B
6
ao os coeficientes dos termos de quarta e sexta ordem nos op-
eradores de Stevens. Eles ao conhecidos, na literatura, como parˆametros
de CEC para simetria c´ubica. Em geral, eles ao obtidos experimental-
mente. Na pr´oxima se¸ao vamos escrever esse hamiltoniano de CEC na
nota¸ao de Lea-Leask-Wolf (L-L-W) [19].
29
3.5 Nota¸ao de Lea-Leask-Wolf
Para um dado valor de momento angular total, J, teremos uma matriz
O
m
n
de ordem (2J + 1) ×(2J + 1). Essas matrizes, possuem valores comuns
para os termos de quarta ordem, F
4
, e sexta ordem, F
6
.
Sendo assim, o hamiltoniano de CEC para um sistema c´ubico (3.30)
pode ser escrito da seguinte forma:
H
CEC
= B
4
F
4
O
4
F
4
+ B
6
F
6
O
6
F
6
, (3.31)
onde O
4
= O
0
4
+ 5O
4
4
e O
6
= O
0
6
21O
4
6
. Podemos escrever, ainda,
B
4
F
4
= W X (3.32)
B
6
F
6
= W (1 |X|) , (3.33)
onde 1 < X < 1.
Enao, temos:
H
CEC
= W
X
O
4
F
4
+ (1 |X|)
O
6
F
6

. (3.34)
Essa forma de escrever o hamiltoniano de CEC ´e conhecida como nota¸ao
de Lea-Leask-Wolf (L-L-W) [19], onde o parˆametro X a o peso do termo
de quarta ordem em rela¸ao ao peso (1 |X|) de sexta ordem e W a a
escala de energia. As constantes F
4
e F
6
dependem do momento angular
total, J, e foram tabeladas na referˆencia [19].
30
3.6 Hamiltoniana de Campo Cristalino para Sistemas
Hexagonais
Nas se¸oes anteriores montamos a hamiltoniana de CEC para sistemas
c´ubicos e agora vamos escreve-la para sistemas hexagonais. Ela pode ser
escrita na forma:
H
CEC
= B
0
2
O
0
2
+ B
0
4
O
0
4
+ B
0
6
O
0
6
+ B
6
6
O
6
6
, (3.35)
onde O
m
n
ao os op eradores equivalentes de Stevens [12] e os parˆametros,
B
m
n
, ao ajustados experimentalmente ou calculados teoricamente pela
ormula:
B
m
n
= Ze
2
r
n
θ
n
4π
2n + 1
k
j=1
Z
nm
(θ
j
, φ
j
)
R
(n+1)
j
× [constante] , (3.36)
onde θ
n
= α, β e γ para n = 2, 4 e 6 respectivamente, Z
nm
(θ
j
, φ
j
) ao
os harmˆonicos tesserais e a [constante] ´e a que aparece na frente dos
harmˆonicos tesserais. Esse alculo te´orico foi feito para o P rNi
5
e est´a
no apˆendice C.
31
Cap´ıtulo 4
O Efeito Magnetocal´orico
4.1 Introdu¸ao
Certos materiais magn´eticos esquentam quando magnetizados e resfriam
quando removidos do campo magn´etico aplicado. Esse efeito ´e conhecido
como Efeito Magnetocal´orico (EMC) e foi observado pela primeira vez
por Warburg (1881) [21]. Logo depois, Edison (1887) [22] e Tesla (1890)
[23] sugeriram um gerador termomagn´etico de potˆencia el´etrica, usando
materiais em que temperatura dependece da magnetiza¸ao.
O EMC ´e caracterizado por duas quantidades termodinˆamicas: a varia¸ao
da entropia num processo isot´ermico, S
isot
, e a varia¸ao da temperatura
num processo adiab´atico, T
ad
, em fun¸ao da temperatura para uma dada
varia¸ao H do campo magn´etico aplicado na amostra. Essas grandezas
ao obtidas experimentalmente e, os dois principais m´etodos, ao: da mag-
netiza¸ao e da capacidade ermica. Os quais farei um breve comenario
32
mais adiante.
Em 1976, G. V. Brown [24], descreveu um refrigerador magn´etico uti-
lizando o EMC num material (refrigerante) a base de Gadol´ınio (Gd) capaz
de funcionar na faixa da temperatura ambiente. Com esse refrigerador a
temperatura poderia ser reduzida de 519 K (46
0
C) para 272 K (1
0
C)
e tem uma grande vantagem de natureza ecol´ogica, eliminar o uso de clo-
rofluorcarbetos (CFC) e hydrofluorcarbetos (HCCFs) no processo de res-
friamento ou aquecimento. Assim, o trabalho de Brown deu o primeiro
passo para explora¸ao comercial dessa t´ecnica apropriada para uma ´epoca
com crecente conscientiza¸ao de natureza ecol´ogica. Al´em da elimina¸ao
dos poluentes a refrigera¸ao magn´etica ´e produzida com menor perda de
energia e elimina os ru´ıdos existentes dos compressores. Refrigeradores con-
vencionais, com ciclo de vapor, podem atingir 40% de eficiˆencia, ao passo
que, a obten¸ao de 50 a 60% de eficiˆencia ´e esperada para um refrigerador
magn´etico.
Atualmente, o grande problema para a refrigera¸ao est´a na necessidade
de elevados campos magn´eticos, acima de 7 tesla, para a obten¸ao de
uma capacidade de refrigera¸ao satisfat´oria. Tipicamente com um campo
magn´etico de 2 tesla (valor vi´avel para aplica¸oes dom´esticas ou industriais
e que corresponde, aproximadamente, a 100 mil vezes o campo magn´etico
da Terra), consegue-se variar a temperatura de um material magn´etico
em 5
o
C. No entanto esse valor ´e insuficiente para refrigerar e manter re-
frigerado, por exemplo, o interior de uma geladeira. No entanto, quanto
33
maior a capacidade de refrigera¸ao, devida ao EMC do material refrig-
erante, menor ser´a a necessidade de campos magn´eticos elevados. Dessa
forma, a pesquisa de novos materiais, com elevado EMC vem crescendo
em grande escala. O metal gadol´ıneo, por exemplo, tem EMC aximo
em torno de 21
o
C, e a foi usado em alguns prot´otipos de refrigerador. O
gadol´ıneo e suas ligas com outros metais seriam um excelente material para
refrigeradores dom´esticos se ao fossem ao caros e al´em disso apresentam
o problema de metais lantan´ıdeos oxidarem com facilidade alterando seu
potencial magnetocal´orico. Est˜ao sendo estudados tamb´em compostos de
lantan´ıdeos com semimetais ou metais de transi¸ao, como gadol´ıneo-sil´ıcio-
germˆanio, lananio-ferro-cobalto-sil´ıcio e lantˆaneo-ferro-sil´ıcio-hidrogˆenio,
entre outros. Outra classe de compostos em estudo ´e a dos semimetais
e metais de transi¸ao sem lantan´ıdeos, como n´ıquel-manganˆes-g´alio. Um
material que tem atraido a aten¸ao dos pesquisadores ao as manganitas,
ou ´oxidos de manganˆes. Essas substˆancias tˆem interessantes propriedades,
como a capacidade de se tornarem condutoras ou isolantes dependendo
de estarem ou ao sob ao de um campo magn´etico. A principal van-
tagem ´e o baixo custo, al´em de reagirem pouco com o oxigˆenio do ambi-
ente, pois a ao ´oxidos, no entanto seu poder de resfriamento ´e a metade
do obtido com o gadol´ıneo puro, al´em de possu´ırem baixa condutividade
t´ermica [25]. Podemos citar alguns materiais mais recentes que apresen-
tam EMC gigante Gd
5
(Si
x
Ge
1x
)
4
para a concentra¸ao 0 < x < 0.5 [26] e
MnF eP
0.45
As
0.55
[27] e a mais nova descoberta o EMC colossal no MnAs
34
quando submetido `a press˜ao hidrost´atica [28]. Recentemente foi feita uma
investiga¸ao do EMC colossal usando um modelo simples que acopla a
entropia da rede e a entropia magn´etica por meio da deforma¸ao magne-
toel´astica. O modelo do acoplamento da rede magn´etica previu uma alta
varia¸ao da entropia num processo isot´ermico devido a contribui¸ao da
rede para uma varia¸ao do campo magn´etico externo, superando o limite
esperado da varia¸ao da entropia magn´etica, S
max
mag
= R ln(2J + 1), onde
R = 8, 314 J/mol.K ´e a constante universal dos gases e J ´e o momento
magn´etico total do ´ıon magn´etico [29].
35
4.2 Entropia e Capacidade T´ermica
Uma importante caracter´ıstica de um material magn´etico ´e a sua en-
tropia S. Em geral, a entropia pode depender do campo magn´etico, tem-
peratura, press˜ao e outros parˆametros termodinˆamicos.
A entropia total, para um material magn´etico de nosso interesse, pode
ser representada como:
S(H, T, P ) = S
M
(H, T, P ) + S
L
(T, P ) + S
e
(T, P ) , (4.1)
onde S
M
´e a entropia magn´etica, S
L
´e a entropia da rede e S
e
´e a entropia
dos el´etrons de condu¸ao, as quais as duas ultimas assumimos que ao
dependem do campo magn´etico. Caso a entropia da rede dependa do
campo magn´etico uma an´alise mais cuidadosa deve ser feita [29].
A entropia da rede pode ser calculada pela ormula de Debye:
S
L
= R
3 ln(1 e
T
D
/T
) + 12
T
T
D
3
T
D
/T
0
x
3
dx
e
x
1
, (4.2)
onde R ´e a constante dos gases, T
D
´e a temperatura de Debye. Por essa
equa¸ao vemos como S
L
diminui quando T
D
aumenta.
A entropia eletrˆonica pode ser obtida pela rela¸ao
S
e
= γT , (4.3)
onde γ ´e o coeficiente eletrˆonico de capacidade ermica.
36
Em conformidade com (4.1), a capacidade ermica total de um material
magn´etico, de nosso interesse, ´e dada por
C = C
M
+ C
L
+ C
e
, (4.4)
onde C
M
, C
L
e C
e
ao as contribui¸oes magn´etica, da rede e eletrˆonica,
respectivamente.
Em baixas temperaturas comparadas com T
D
, a capacidade ermica da
rede ´e dada por
C
L
=
12π
4
5
Nk
B
T
T
D
3
. (4.5)
A capacidade t´ermica eletrˆonica ´e dada por:
C
e
= γT . (4.6)
Considerando a entropia da rede e a eletrˆonica independentes do campo
magn´etico aplicado, podemos obter a varia¸ao isot´ermica da entropia total
S
isot
, que ser´a igual a varia¸ao isot´ermica da entropia magn´etica S
Mag
,
pelo m´etodo da magnetiza¸ao, usando a rela¸ao de Maxwell
S
H
T,P
=
M
T
H ,P
. (4.7)
Assim teremos
S
isot
= S
Mag
= S(H
2
, T ) S(H
1
, T ) =
H
2
H
1
M(H, T )
T
H ,P
dH .
(4.8)
Em geral, obtemos a dependˆencia de S
isot
com a temperatura, para
uma varia¸ao de campo magn´etico, usando a seguinte aproxima¸ao num´erica
37
Figura 4.1: Magnetiza¸ao X Campo magn´etico aplicado.
da integral (4.8):
S
isot
= S
Mag
1
T
[M(T + T ) M(T )]dH
1
T
M(T + T )dH
M(T )dH
,
assim, para calcularmos S
isot
pelo m´etodo magn´etico faremos uso de
arias curvas isot´ermicas da magnetiza¸ao versus campo magn´etico. Quanto
menor T melhor ser´a nossa medida.
Note que as integrais ao numericamente iguais as ´areas sob as curvas
do gr´afico da figura 4.1, por tanto a diferen¸ca ´e negativa, sendo assim
usualmente graficamos a curva com valor positivo, como sendo:
S
isot
= S
Mag
=
1
T
M(T )dH M(T + T )dH
. (4.9)
O gr´afico da figura 4.1 pode ser obtido atrav´es de medidas experimentais
38
em que se fixa a temperatura e mede-se a magnetiza¸ao variando-se o
campo magn´etico aplicado. Esse m´etodo ´e conhecido como sendo o da
magnetiza¸ao, que possui como desvantagem o fato de ao ser poss´ıvel
obter o T
ad
.
Figura 4.2: Gr´afico da (Capacidade T´ermica / Temperatura) X Temperatura para o com-
posto HoNi
5
usando os seguintes parˆametros: λ = 3.09 T
2
/meV, B
0
2
= 0.0991 meV,
B
0
4
= 0.000164 meV, B
0
6
= 0.00000017 meV e B
6
6
= 0.000026 meV.
Por outro lado, podemos calcular a entropia pela capacidade ermica do
material medida experimentalmente
S(H, T ) =
T
0
C(H, T )
T
dT , (4.10)
39
com e sem o campo magn´etico aplicado. Por tanto, ´e poss´ıvel se calcular
S
isot
= S(H, T )S(H = 0, T ) =
T
0
C(H, T )
T
dT
T
0
C(H = 0, T )
T
dT ,
mas como podemos ver na figura 4.2, pelo gr´afico da capacidade ermica em
fun¸ao da temperatura, que as integrais acima ao numericamente iguais
as ´areas sob as curvas, por tanto essa diferen¸ca ser´a, em geral, negativa e
assim tomamos:
S
isot
= S
Mag
=
T
0
C(H = 0, T )
T
dT
T
0
C(H, T )
T
dT . (4.11)
Como aqui os podemos calcular a entropia pela equa¸ao (4.10) ser´a
acil fazer o alculo da outra grandeza do EMC, a varia¸ao adiab´atica da
temperatura
T
ad
= T (S, H) T (S, H = 0) . (4.12)
Esse etodo ´e conhecido como sendo o da capacidade ermica, que
embora seja ´util por calcular tanto o S
isot
como o T
ad
, ele possui um
inconveniente que ´e o de ter que come¸car a medida com a temperatuta
muito pr´oxima do zero absoluto (0 K).
40
4.3 A Refrigera¸ao Magn´etica
Podemos explicar o que o corre na refrigera¸ao magn´etica pela an´alise
de um gr´afico (figura 4.3) que relaciona a entropia e a temperatura do
material magn´etico refrigerante, na ausˆencia (sendo H
1
= 0) e na presen¸ca
de um campo magn´etico externo, H
2
. Podemos observar nesse gr´afico
que o aumento da temperatura provoca o crescimento da entropia e que,
ao contr´ario, a aplica¸ao do campo magn´etico ordena os ´ıons magn´etico,
diminuindo a entropia.
Figura 4.3: Entropia X Temperatura.
41
O processo de resfriamento pode ser obtido a partir, principalmente,
de trˆes ciclos termodinˆamicos: Carnot, Ericson e Brayton. Vamos discu-
tir apenas os dois primeiros. No ciclo de Carnot, come¸camos no estado
A
, quando o material refrigerante ´e colocado a uma certa temperatura T
2
(temperatura da fonte quente), enao variamos isotermicamente a entropia
do material aplicando sobre ele um campo magn´etico at´e atingir o ponto
B, depois, reduzindo o campo magn´etico, resfriamos a amostra adiabatica-
mente at´e o ponto C
, numa temperatura T
1
(temperatura da fonte fria).
Agora retiramos o campo magn´etico numa transforma¸ao isot´ermica at´e o
ponto D, e por fim, para completar o ciclo, elevamos a temperatura, nova-
mente num processo adiab´atico at´e o ponto A
com aplica¸ao de um campo
magn´etico. a no ciclo de Ericson, come¸amos no ponto A, na temperatura
T
2
, depois aplicamos o campo magn´etico para diminuir a entropia num
processo isot´ermico at´e o ponto B. Enao, abaixamos a tempetatura para
T
1
, ponto C, num processo conhecido como isocampo (campo magn´etico
constante). Agora retiramos o campo magn´etico aumentando a entropia
e mantendo a temperatura constante, T
1
, at´e o ponto D. E para finalizar
o ciclo, aumentamos a temperatura para T
2
novamente num processo iso-
campo at´e voltar ao ponto A.
No artigo [5], publicamos uma investiga¸ao do ciclo termodinˆamico de
Ericson com aplica¸ao na s´erie RNi
2
(com R = Nd, Gd, T b, Dy, Ho e
Er) e uma verifica¸ao do coeficiente de rendimento do cilco de Ericson
e da capacidade de refrigera¸ao sob influˆencia o campo cristalino. Neste
42
trabalho propomos um composto molar ´otimo de Er D y T bNi
2
para
trabalhar como material refrigerante no intervalo de temperatura entre 7
e 22 K.
43
Cap´ıtulo 5
O Efeito Magnetocal´orico na S´erie
RNi
5
(R=Pr, Nd, Gd, Tb, Dy, Ho,
Er)
5.1 Introdu¸ao
arios materiais magn´eticos estudados experimentalmente e teorica-
mente no passado est˜ao sendo reinvestigados com foco no EMC, isto ´e,
a capacidade dos materiais magn´eticos aquecerem quando ao magneti-
zados e de se resfriarem quando o campo magn´etico ´e retirado. A re-
cente renovao do interesse no EMC surgiu ap´os a descoberta do efeito
magnetocal´orico gigante no Gd
5
(Si
2
Ge
2
) pr´oximo da temperatura ambi-
ente feita pelo grupo do Prof. Karl Gshsneidner no laborat´orio de Ames
(EUA) [26]. Os materiais magnetocal´oricos apresentam grande interesse
tecnol´ogico no campo da refrigera¸ao, uma vez que, a t´ecnica refrigera¸ao
44
magn´etica promete maior eficiˆencia e ´e ecol´ogicamente limpa, podendo
ser usada tamb´em na temperatura ambiente, de grande interesse comer-
cial [31]. Mais recentemente, outros dois materiais magnetocal´oricos, isto ´e
MnF eP
0.45
As
0.55
[27] e MnAs
1x
Sb
x
[32,33] mostraram possuir um efeito
magnetocal´orico gigante em torno da temperatura ambiente. Nos trˆes ma-
teriais mencionados a transi¸ao de fase magn´etica de primeira ordem do
estado ferromagn´etico para o paramagn´etico est´a presente e ´e associada a
observao experimental do efeito magnetocal´orico gigante. Investiga¸oes
te´oricas desses materiais foram recentemente relatadas em [29, 34, 35].
Al´em do interesse tecnol´ogico, ´e muito importante entender o EMC
em termos da F´ısica asica. Pesquisas recentes mostram que o composto
intermet´alico (paramagn´etico) PrNi
5
apresenta um efeito magnetocal´orico
anˆomalo. Esse composto, quando submetido a um campo magn´etico (menor
que H
c
= 16 tesla) tem sua entropia aumentada (note: num composto para-
magn´etico normal esperamos uma diminui¸ao na entropia magn´etica, com
aplica¸ao do campo, devido ao alinhamento dos momentos magn´eticos com
o campo magn´etico). Esse comportamento anˆomalo, isto ´e, o composto
PrNi
5
resfria com a aplica¸ao adiab´atica do campo magn´etico e esquenta
com a desmagnetiza¸ao adiab´atica. Esse efeito foi teoricamente predito e
verificado experimentalmente. A origem do efeito anˆomalo no PrNi
5
´e de-
vido a anisotropia do CEC [36]. A figura 5.1 mostra o desdobramento dos
n´ıveis de CEC com aplica¸ao do campo magn´etico. Notamos a existˆencia
de um cruzamento dos n´ıveis fundamentais Γ
1
e Γ
4
em torno de H
c
= 16
45
tesla. Devido a esse cruzamento, abaixo de 16 tesla a entropia cresce com
a aplica¸ao do campo magn´etico e decresce quando o campo aplicado ex-
cede ao valor H
c
= 16 tesla. No apˆendice E consideramos um sistema
formado por dois n´ıveis energ´eticos, com um cruzamento ocorrendo num
campo cr´ıtico ε
1
(H
c
) = ε
2
(H
c
), para mostrar analiticamente a origem do
efeito anˆomalo gerado pelo cruzamento dos n´ıveis de campo cristalino.
Figura 5.1: N´ıveis de energias magn´eticas para o PrNi
5
com campo magn´etico aplicado
na dirao do eixo cristalogr´afico a, calulado numa temperatura T = 0.3 K, usando os
parˆametros do CEC da referˆencia [47] e o parˆametro de troca λ = 29.84T
2
/meV (veja
[36]).
46
Motivado pelo efeito anˆomalo da entropia observado no PrNi
5
[36], o
qual at´e a presente data ´e o ´unico material paramagn´etico que apresenta
esse efeito, nesse cap´ıtulo faremos uma investiga¸ao do EMC na s´erie RNi
5
(R = elementos de TR). Iremos calcular as grandezas termodinˆamicas de
interesse no EMC teoricamente e confrontarmos com os dados experimen-
tais medidos nessa s´erie pelo etodo da medida da capacidade ermica
entre 0 e 5 tesla, obtidos no IF/UNICAMP.
47
5.2 Teoria
Os compostos RNi
5
possuem uma estrutura cristalina hexagonal do tipo
CaCu
5
[37] e o magnetismo vem dos momentos magn´eticos dos ´ıons de TR,
sendo despres´ıvel a contribui¸ao do Ni [38]. Por esse motivo, a aproxima¸ao
te´orica para descrever as propriedades magn´eticas dos compostos RNi
5
´e
dada pela seguinte hamiltoniana:
ˆ
H =
ˆ
H
cc
+
ˆ
H
mag
, (5.1)
onde
ˆ
H
cc
= B
0
2
O
0
2
+ B
0
4
O
0
4
+ B
0
6
O
0
6
+ B
6
6
O
6
6
(5.2)
e
ˆ
H
mag
= gµ
B
H [cos(α)J
x
+ cos(β)J
y
+ cos(γ)J
z
] . (5.3)
A rela¸ao (5.2) a a hamiltoniana de campo el´etrico cristalino (CEC)
por ´ıon , onde O
m
n
ao os operadores equivalentes de Stevens [12], e os
coeficientes, B
m
n
, determinam a intencidade da quebra dos (2J + 1) estados
degenerados, sendo J o momento angular total do ´ıon TR. A rela¸ao (5.3)
determinam a hamiltoniana magn´etica por ´ıon, onde g ´e o fator de Land`e,
µ
B
´e o magneton de Bohr e H = H
0
+ λM ´e o campo de troca efetivo
(campo magn´etico externo mais o campo molecular) com a constante de
campo molecular λ, e M = gµ
B
cos(α)J
x
+ cos(β)J
y
+ cos(γ)J
z
sendo a
magnetiza¸ao na dire¸ao de acil magnetiza¸ao. Os s´ımbolos J
η
, η = x, y, z
representam as trˆes componentes do operador de momento angular total
48
com as dire¸oes dos cossenos relativas aos eixos cristalogr´aficos.
A equa¸ao de estado magn´etico ´e obtida pelo valor edio termodinˆamico
do operador de dipolo magn´etico,
M = gµ
B
J
η
= gµ
B
ε
i
|J
η
|ε
i
exp
ε
i
KT
exp
ε
i
KT
. (5.4)
Os ε
i
e |ε
i
ao os auto-valores de energia e os auto-vetores, respectiva-
mente, do hamiltoniano (5.1) e J
η
´e a componente do momento angular
total numa dire¸ao arbitr´aria η. A magnetiza¸ao e a entropia magn´etica
ao determinadas com solu¸ao de auto-concistˆencia da equa¸ao (5.4). Um
diagrama de blocos ilustrando a solu¸ao atrav´es da auto-concistˆencia est´a
no apˆendice D.
A entropia magn´etica pode ser determinada pela rela¸ao geral, obtida
a partir da energia livre de Helmholtz (F = E T S),
S
M
(T, H
0
) =
1
T
2J+1
k=1
ε
k
exp(ε
k
/k
B
T )
2J+1
k=1
exp(ε
k
/k
B
T )
+k
B
ln
2J+1
k=1
exp(ε
k
/k
B
T )
,
(5.5)
onde k
B
´e a constante de Boltzmann. A Entropia da rede pode ser calculada
49
pela ormula de Debye,
S
L
= 3nR ln
1 exp
T
D
T

+ 12nR
T
T
D
3
T
D
/T
0
x
3
dx
exp(x) 1
,
(5.6)
onde n ´e o n´umero de ´atomos na ormulo unit´aria, no nosso caso, para
RNi
5
, n = 6 e R ´e a constante dos gases e T
D
´e a temperatura de Debye.
A entropia eletrˆonica ´e dada por S
e
= γT , onde o coeficiente de Somerfeld
γ = 36 mJ/mol K
2
, ´e dado pela referˆencia do composto ao magn´etico
LaNi
5
[39] e assumimos que todos os compostos da s´erie RNi
5
possuem o
mesmo valor de γ. A entropia total para qualquer temperatura e campo
magn´etico ´e dada por S(T, H) = S
M
(T, H) + S
L
(T ) + S
e
(T ).
Depois do alculo da entropia acima, a varia¸ao isot´ermica da entropia
total, S
isot
, que ocorre pela varia¸ao do campo magn´etico externo, pode
ser determinada diretamente,
S
isot
(T, H) = S(T, H
2
) S(T, H
1
) . (5.7)
Se o campo magn´etico e a magnetiza¸ao ao alterar a temperatura
de Debye, a varia¸ao da entropia total ser´a igual a varia¸ao da entropia
magn´etica, num processo isot´ermico, como a foi discutido anteriormente.
Existem diferente modos de medir e calcular a varia¸ao adiab´atica da
temperatura, T
ad
, que ocorre com a varia¸ao do campo magn´etico externo
[40]. Nossos procedimentos te´oricos e experimentais determinaram curvas
de entropia total versus temperatura com campos magn´eticos de H
1
= 0
T e H
2
= 5 T, a partir das quais as curvas de T
ad
foram obtidas, usando
50
a equa¸ao
T
ad
(T, H) = T
1
(T ) T
2
(T ) . (5.8)
Essa quantidade, para um par de curvas S(T, H
1
) e S(T, H
2
), ´e deter-
minada pela condi¸ao de um processo adiab´atico, S(T
1
, H
1
) = S(T
2
, H
2
).
51
5.3 Experimental
Na inten¸ao de verificar as previs˜oes te´oricas do comportamento do EMC
na s´erie RNi
5
(com R = Pr, Nd, Gd, Tb, Dy, Ho, Er) os fizemos uma
colabora¸ao junto ao grupo experimental do professor ergio Gama do Ins-
tituto de F´ısica da UNICAMP que preparou amostras policristalinas para
esse fim. Os materiais iniciais tiveram pureza de 99.9% para os elementos
R e 99.99% para Ni. Depois de pesar propor¸oes apropriadas dos elemen-
tos, as amostras foram derretidas muitas vezes em atmosfera altamente
pura, sendo assim homogenizadas. As amostras foram caracterizadas us-
ando difra¸ao de raio X com α radia¸ao de CuK. Caracter´ısticas magn´eticas
temperatura de Curie e magnetiza¸ao de satura¸ao (aonde aplic´avel)
foram feitas em um medidor magn´etico SQUID comercial em campos acima
de 7 T. A capacidade t´ermica foi medida pelos dois etodos em um PPMS
(Physical Property Measurement System do Quantum Design) com e sem
aplica¸ao de campo magn´etico de 5 T.
52
5.4 Resultados e Discuss˜oes
Na Tabela 5.1 coletamos, para cada composto da erie RNi
5
, todos os
parˆamtros magn´eticos necess´arios para usarmos em nosso modelo apresen-
tado ateriormente. Os parˆametros do campo el´etrico cristalino est˜ao em
unidades de meV e os parˆametros de troca est˜ao em T
2
/meV. Na oitava col-
una aparece as dire¸oes cristalogr´aficas das dire¸oes de acil magnetiza¸ao
a qual fixamos na hamiltoniana magn´etica, rela¸ao (5.3). Por exemplo,
HoNi
5
, temos a como o eixo de acil magnetiza¸ao, ent˜ao, a dire¸ao apro-
priada dos cossenos diretores ao cos(α) = 1, cos(β) = 0, e cos(γ) = 0.
´
E
importante notar que a varia¸ao da magnetiza¸ao, com campo magn´etico,
nos materiais com intera¸ao de campo cristalino (anisotropia), geralmente
depende da dire¸ao do campo magn´etico aplicado, enao a varia¸ao na en-
tropia magn´etica tamem depende da dire¸ao de aplica¸ao do campo nos
eixos cristalogr´aficos. Os alculos te´oricos foram feitos considerando os
cristais RNi
5
como sendo monocristais. Na ultima coluna, dessa tabela,
est˜ao as referˆencias de onde foram obtidos esses parˆametros.
A entropia da rede de cada composto da s´erie RNi
5
foi estimada consi-
derando o composto isoestrutural e ao magn´etico LaNi
5
. A dependˆencia
da temperatura de Debye no LaNi
5
com a temperatura, foi determinada
considerando a express˜ao anal´ıtica de Debye para a capacidade ermica e
a tabela experimental da capacidade ermica contra temperatura obtida
na referˆencia [37]. Os ajustes foram feitos usando uma s´erie polinomial de
53
Dir. acil
Comp. B
0
2
B
0
4
× 10
2
B
0
6
× 10
4
B
6
6
× 10
2
λ T
c
mag. Ref.
GdNi
5
32 [41]
DyNi
5
0.198 0.0190 0.0095 0.0024 11.6 b [42]
HoNi
5
0.0991 0.0164 -0.0017 -0.0026 3.09 5 a [43]
NdNi
5
0.289 0.125 -0.302 -0.116 63.77 8 a [44]
TbNi
5
0.331 -0.0034 -0.0345 -0.0034 13.88 23 a [45]
ErNi
5
-0.0732 -0.0092 0.0124 0.0028 9 c [46]
PrNi
5
0.61 0.496 1.01 0.27 29.84 a [47]
Tabela 5.1: Parˆametros magn´eticos para os compostos intermet´alicos pertencentes a erie
RNi
5
.
s´etima ordem, isto ´e,
T
D
(T ) =
7
n=0
a
n
T
n
.
Por isso, a entropia da rede (5.6) foi determinada para cada temperatura
usando a temperatura de Debye apropriada.
´
E importante notar que, sem
esse procedimento, o alculo do T
ad
vs T ao seria poss´ıvel com a precis˜ao
num´erica desej´avel (necess´ario para garantir o processo adiab´atico).
Na figura 5.2 ´e mostrado o S
mag
e o T
ad
contra a temperatura no
composto GdNi
5
, calculado (linha olida) e medido (c´ırculos abertos), para
um campo magn´etico entre 0 e 5 T. Os valores dos S
mag
e T
ad
aximos
ocorrem na temperatura de Curie, como esper´avamos, a que nesta temper-
atura o campo magn´etico externo possibilita com mais facilidade o orde-
namento magn´etico e, portanto uma maior varia¸ao na entropia magn´etica
para um sistema ferromagn´etico normal. Em altas temperaturas T T
c
o
54
campo externo tem pouca influˆencia na ordem-disordem do material devido
a alta agita¸ao (energia ermica) comparada com a energia de ordenamento
magn´etico. Em baixas temperaturas, como o sistema a esta fortemente
com os spins alinhados, o efeito do campo externo tamb´em ser´a pouco
sens´ıvel para a varia¸ao da entropia magn´etica. Visto que o Gd ´e ´ıon
no estado S sem momento orbital, os parˆametros de CEC ao despresa-
dos no alculo. Enao o unico parˆametro magn´etico para esse composto
´e o parˆametro de troca, o qual foi determinado como sendo λ = 38.39
T
2
/meV fixando a temperatura de Curie T
c
= 32 K experimentalmente
encontrada [39].
Na figura 5.3 mostramos os S
mag
e T
ad
contra temperatura, para
um campo magn´etico variado entre 0 e 5 T para o composto DyNi
5
. Note
que o pico agudo revela experimentalmente a temperatura de Curie, para
ambas as curvas, de acordo com os resultados te´oricos. Por outro lado,
para o HoNi
5
, os alculos te´oricos preveem um pico largo para o S
mag
e
o T
ad
ao redor da temperatura de transi¸ao de fase, veja a figura 5.4, o
qual est´a com um bom acordo com as medidas experimentais.
Para o NdNi
5
, os parˆametros do modelo considerados da referˆencia [42],
quando usados na equa¸ao de estado magn´etico (5.4), ao reproduzem
a nossa temperatura de Curie obtida experimentalmente, como mostra a
figura 5.5. Entretanto, as curvas te´oricas apresentam o mesmo perfil das
curvas experimentais.
Para o TbNi
5
, como mostramos na figura 5.6, novamente o parˆametro
55
magn´etico baseado na literatura, quando usamos no modelo, reproduz um
bom acordo entre as curvas te´oricas e experimentais para o efeito magne-
tocal´orico. Na fase ferromagn´etica a concavidade ´e positiva na curva do
S
mag
e negativa na curva do T
ad
contra temperatura, mostrando a sen-
sibilidade do arametro apropriado do CEC utilizado. Quando os temos
baixa concentra¸ao (densidade de estados) dos n´ıveis magn´eticos na regi˜ao
de baixa temperatura, surgi uma baixa entropia magn´etica e portanto a
concavidade negativa no gr´afico S
mag
versus T era esperado. O CEC con-
trola o n´umero de estados magn´eticos em baixa temperatura, e em geral,
a intera¸ao do CEC quebra os (2J + 1) estados degenerados.
A figura 5.7 mostra o S
mag
e o T
ad
contra T para o ErNi
5
. Nesse
composto os obtivemos os melhores resultados te´oricos comparados com
os experimentais para o efeito magnetocal´orico [veja a Fig. 5.7(b)]. Note
que (veja Tabela 5.1) a dire¸ao de acil magnetiza¸ao no ErNi
5
´e perpen-
dicular ao plano de base, isto ´e, est´a na dire¸ao c do eixo cristalogr´afico do
sistema hexagonal. Para mostrar a sensibilidade do efeito magnetocal´orico
na troca da dire¸ao do campo magn´etico aplicado os escolhemos mais duas
outras dire¸oes, chamadas 100 (a dire¸ao no plano base) e 111 (dire¸ao
da diagonal do cubo), veja as curvas tracejadas na Fig. 5.7(b). Na dire¸ao
de dif´ıcil magnetiza¸ao, o mais baixo T
ad
do material mag´etico foi obtido
para a mesma varia¸ao do campo magn´etico, no nosso caso H = 5 T .
Al´em disso, para a dire¸ao intermediaria 111, entre a dire¸ao de acil e
dif´ıcil magnetiza¸ao, o modelo preve uma mudan¸ca de aproximadamente 7
56
K abaixo da temperatura de Curie no pico do T
ad
. A compreen¸ao desta
mudan¸ca pode ter grande importancia para a produ¸ao de novos materi-
ais magn´eticos refrigerantes. Entretanto, resultados experimentais usando
mono-cristais ao necess´arios para confirmar a previs˜ao te´orica da mudan¸ca
na temperatura do pico de T
ad
com a dire¸ao do campo magn´etico.
A Figura 5.8(a) apresenta os resultados para o S
mag
contra T para o
composto PrNi
5
. O modelo te´orico predizia uma anomalia no comporta-
mento da varia¸ao da entropia abaixo de T = 14 K. O composto PrNi
5
(material paramagn´etico) aumenta a entropia quando o campo magn´etico
´e aplicado. O surgimento dessa anomalia foi atribu´ıda ao cruzamento dos
dois n´ıveis fundamentais do CEC [36]. Apesar disso, at´e onde os sabemos,
o efeito magnetocal´orico, isto ´e, T
ad
contra T [veja figura 5.8(b)] nunca
havia sido investigado nesse composto. A anomalia no EMC foi prevista
te´oricamente e medida qualitativamente, isto ´e, o composto PrNi
5
resfria-
se com a magnetiza¸ao e se esquenta com a desmagnetiza¸ao abaixo de
T = 14 K. De fato, esse resultado poderia ser qualitativamente esperado
analisando a rela¸ao termodinˆamica num processo adiab´atico,
dT
ad
=
T
C
S
H
T
dH , (5.9)
onde C ´e a capacidade t´ermica total (uma quantidade positiva). Num
sistema magn´etico normal, S < 0 para H > 0, resultando T
ad
> 0.
No caso da anomalia do PrNi
5
, para H > 0 os temos S > 0 [veja
figura 5.8(a)] e portanto, da rela¸ao (5.9), T
ad
< 0, como foi efetivamente
determinado com nossos alculos e em seguida com nossas medidas de calor
57
espec´ıfico.
58
5.5 Conclus˜oes
Nessa disserta¸ao usamos o modelo que inclui o feito de anisotropia do
CEC para estudarmos as propriedades magn´eticas de interesse como as
quantidades magnetocal´oricas termodinˆamicas: S
mag
e T
ad
contra tem-
peratura para os sistemas intermet´alicos de terras raras com estruturas
cristalinas de simetrias hexagonais, na s´erie RNi
5
, usando os parˆametros
do modelo encontrados na literatura para esses compostos (veja a tabela
5.1). Al´em disso, os resultados do trabalho experimental, feito com a
colabora¸ao do grupo experimental do professor S´ergio Gama (IF - UNI-
CAMP), comparados com os resultados te´oricos para cada composto ao
muito satisfat´orios levando-se em conta que ao foi feito nenhum ajuste,
nos parˆametros do modelo, todos foram obtidos na literatura, conforme
mostra a tabela 5.1. Em geral, nossas curvas te´oricas para o S
mag
e T
ad
reproduz os resultados experimentais em perfil, com a caracter´ıstica de es-
tar um pouco acima das curvas experimentais. Isso pode ser atribu´ıdo ao
fato dos alculos te´oricos terem sido feitos considerando um monocristal e
os alculos experimentais foram feitos usando amostras policristalinas.
Encontramos teoricamente a existˆencia de uma anomalia no EMC (∆T
ad
x T) no PrNi
5
. Vimos que esse material paramagn´etico (isto ´e, ao apre-
senta ordem magn´etica exponanea, na ausˆencia de um campo magn´etico
59
externo) aumenta a entropia quando aplicamos o campo magn´etico at´e um
certo campo, H
c
= 16 T, ou seja, o material esfria quando aplicamos o
campo magn´etico. Esse efeito foi atribu´ıdo ao fato de ocorrer um cruza-
mento dos dois primeiros n´ıveis fundamentais de energia
1
e Γ
4
) para
a hamiltoniana considerada. Essa anomalia foi experimentalmente verifi-
cada, dando um ´otimo acordo com os resultados te´oricos.
A anisotropia no EMC do ErNi
5
foi investigado te´oricamente aplicando
o campo magn´etico em trˆes dire¸oes diferentes. Como era esperado, o
maior EMC ocorre na dire¸ao de acil magnetiza¸ao. A possibilidade da
mudan¸ca da posi¸ao do pico em T
ad
x T, no ErNi
5
, quando o campo
aplicado ´e considerado na dire¸ao 111, foi previsto teoricamente. Essa
quest˜ao requer uma investiga¸ao experimental futura usando uma amostra
de um monocristal, para esse composto.
60
Figura 5.2: Dependˆencia da temperatura do S
mag
(a) e T
ad
(b) no GdNi
5
para a
varia¸ao do campo magn´etico de 0 a 5 T. As linhas olidas representam os resultados
te´oricos e os c´ırculos abertos mostram os pontos experimentais.
61
Figura 5.3: Dependˆencia da temperatura do S
mag
(a) e T
ad
(b) no DyNi
5
para a
varia¸ao do campo magn´etico de 0 a 5 T. As linhas olidas representam os resultados
te´oricos e os c´ırculos abertos mostram os pontos experimentais.
62
0
0
2
4
6
8
10
0 20 40 60
0
2
4
6
8
10
12
HoNi
5
(a)
-S
mag
( J / mol.K )
(b)
-T
ad
( K )
T ( K )
Figura 5.4: Dependˆencia da temperatura do S
mag
(a) e T
ad
(b) no HoNi
5
para a
varia¸ao do campo magn´etico de 0 a 5 T. As linhas olidas representam os resultados
te´oricos e os c´ırculos abertos mostram os pontos experimentais.
63
0
0
1
2
3
4
5
0 20 40 60
0
1
2
3
4
5
6
(a)
NdNi
5
-S
mag
( J / mol.K )
(b)
T ( K )
-T
ad
( K )
Figura 5.5: Dependˆencia da temperatura do S
mag
(a) e T
ad
(b) no NdNi
5
para a
varia¸ao do campo magn´etico de 0 a 5 T. As linhas olidas representam os resultados
te´oricos e os c´ırculos abertos mostram os pontos experimentais.
64
0
0
2
4
6
0 20 40 60
0
2
4
6
8
(a)
TbNi
5
-S
mag
( J / mol.K )
(b)
-T
ad
( K )
T ( K )
Figura 5.6: Dependˆencia da temperatura do S
mag
(a) e T
ad
(b) no TbNi
5
para a
varia¸ao do campo magn´etico de 0 a 5 T. As linhas olidas representam os resultados
te´oricos e os c´ırculos abertos mostram os pontos experimentais.
65
0
0
2
4
6
8
0 20 40 60
0
3
6
9
12
(a)
ErNi
5
-S
mag
( J / mol.K )
(b)
<111>
<001>
<100>
-T
ad
( K )
T ( K )
Figura 5.7: Dependˆencia da temperatura do S
mag
(a) e T
ad
(b) no ErNi
5
para a
varia¸ao do campo magn´etico de 0 a 5 T. As linhas olidas representam os resultados
te´oricos e os c´ırculos abertos mostram os pontos experimentais.
66
0
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0 20 40 60
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
(a)
PrNi
5
-S
mag
( J / mol.K )
(b)
-T
ad
( K )
T ( K )
Figura 5.8: Dependˆencia da temperatura do S
mag
(a) e T
ad
(b) no PrNi
5
para a
varia¸ao do campo magn´etico de 0 a 5 T. As linhas olidas representam os resultados
te´oricos e os c´ırculos abertos mostram os pontos experimentais.
67
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Struct. Crystallogr. Cryst. Chem. 27, 1085 (1971).
[38] V. M. T. S. Barthem, D. Gignoux, A. Na¨ıt-Saada, and D. Schmitt,
Phys. Rev. B 37, 1733 (1987).
[39] R. J. Radwanski, N. H. Kim-Ngan, F. E. Kayzel, J. J. M. Franse, D.
Gignoux, D. Schmitt, and F. Y. Zhang, J. Phys.: Condens. Matter 4,
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[40] A. M. Tishin, Magnetocaloric effect in the vicinity of phase transitions,
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Holland Elsevier, Amsterdam, the Netherlands, (1999), 12, Chap. 4,
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[41] N. Marzouk, R. S. Graig, and W. E. Wallace, J. Phys. Chem. Solids
34, 15 (1973).
71
[42] V. M. T. S. Barthem, D. Gignoux, and D. Schmitt, J. Magn. Magn.
Mater 78, 56 (1989).
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N. H. Kim-Ngan, and R. J. Radwanski, J. Magn. Magn. Mater 130 ,
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[44] L. Morellon, P.A. Algarabel, M. R. Ibarra, A. del Moral, D. Gignoux,
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[45] V. M. T. S. Barthem, D. Gignoux, A. nait-Saada, D. Schmitt, and A.
Y. Takeuchi, J. Magn. Magn. Mater. 80, 142 (1989).
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[47] A. Andreeff, V. Valter, H. Grissmann, L. P. Kaun, B. Lipold, V. Mats,
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[48] N. Marzouk, R. S. Graig, and W. E. Wallace, J. Phys. Chem. Solids
34, 15 (1973).
[49] A. J. Freeman and R. E. Watson, Phys. Rev. 127, 2058 (1962).
72
Apˆendice A
Grandezas Termodinˆamicas Usadas
Nesse apˆendice veremos alguns elementos de F´ısica Estat´ıstica que ao
utilizadas para o alculo de algumas grandezas relevantes no nosso estudo.
Dado um operador hamiltoniano
ˆ
H de um sistema com autoenergias E
n
a fun¸ao parti¸ao, na distribui¸ao de Boltzmann, ´e definida como
Z =
n
exp(βE
n
) = T r[exp(β
ˆ
H)] , (A.1)
onde β = (k
B
T )
1
e k
B
= 1.381 × 10
23
J/K ´e a constante de Boltzmann.
A partir da fun¸ao parti¸ao podemos calcular a energia livre de Helmholtz
F = k
B
T ln(Z) . (A.2)
As grandezas magn´eticas de nosso interesse tais como < µ > a m´edia da
componente do momento magn´etico ao longo do campo externo aplicado
H
0
(magnetiza¸ao), S a entropia e C
H
o calor espec´ıfico a campo mang´etico
constante ao derivadas da fun¸ao parti¸ao ou da energia livre de modo que
< µ >=
F
H
0
T
, (A.3)
73
S =
F
T
H
0
, (A.4)
C
H
= T
S
T
H
0
. (A.5)
74
Apˆendice B
Proje¸ao do Momento Angular de
Spin na dire¸ao do Momento
Angular Total
Queremos demonstrar que:
ˆ
S = (g 1)
ˆ
J (B.1)
projetando o momento angular de spin
ˆ
S sobre o momento angular total
ˆ
J. Ou seja:
ˆ
S
ˆ
J
=
ˆ
S ·
ˆ
J
|
ˆ
J|
. (B.2)
Partindo de
ˆ
S +
ˆ
J
2
=
ˆ
S
2
+
ˆ
J
2
+ 2
ˆ
S ·
ˆ
J (B.3)
e usando que
ˆ
J =
ˆ
S +
ˆ
L vem
ˆ
S +
ˆ
J
2
=
ˆ
S
2
+
ˆ
J
2
+ 2
ˆ
S
2
+ 2
ˆ
S ·
ˆ
L = 3
ˆ
S
2
+
ˆ
J
2
+ 2
ˆ
S ·
ˆ
L ,
75
mas tamb´em temos que
ˆ
J
2
=
ˆ
S
2
+
ˆ
L
2
+ 2
ˆ
S ·
ˆ
L, logo
ˆ
S +
ˆ
J
2
= 3
ˆ
S
2
+
ˆ
S
2
+
ˆ
L
2
+ 2
ˆ
S ·
ˆ
L + 2
ˆ
S ·
ˆ
L = 4
ˆ
S
2
+
ˆ
L
2
+ 4
ˆ
S ·
ˆ
L ,
que igualando a (B.3) teremos
ˆ
S
2
+
ˆ
J
2
+ 2
ˆ
S ·
ˆ
J = 4
ˆ
S
2
+
ˆ
L
2
+ 4
ˆ
S ·
ˆ
L,
logo
2
ˆ
S ·
ˆ
J = 3
ˆ
S
2
+
ˆ
L
2
ˆ
J
2
+ 2
2
ˆ
S ·
ˆ
L
e
2
ˆ
S ·
ˆ
J = 3
ˆ
S
2
+
ˆ
L
2
ˆ
J
2
+ 2
ˆ
J
2
ˆ
S
2
ˆ
L
2
2
ˆ
S ·
ˆ
J =
ˆ
J
2
+
ˆ
S
2
ˆ
L
2
2
ˆ
S ·
ˆ
J =
ˆ
J
2
1 +
ˆ
S
2
ˆ
L
2
ˆ
J
2
ˆ
S ·
ˆ
J
|
ˆ
J|
=
1
2
+
ˆ
S
2
ˆ
L
2
2
ˆ
J
2
enao
ˆ
S ·
ˆ
J
|
ˆ
J|
=
1
2
+
S(S + 1) L(L + 1)
2J(J + 1)
,
onde usamos que
ˆ
S
2
= S(S +1),
ˆ
L
2
= L(L+1) e
ˆ
J
2
= J(J +1). Somando
e subtraindo 1 vem
ˆ
S ·
ˆ
J
|
ˆ
J|
=
1
2
+ 1 +
S(S + 1) L(L + 1)
2J(J + 1)
1 =
3
2
+
S(S + 1) L(L + 1)
2J(J + 1)
1 ,
76
que pode ser substituido em (B.2) dando
ˆ
S = (g 1)
ˆ
J ,
com
g =
3
2
+
S(S + 1) L(L + 1)
2J(J + 1)
provando a rela¸ao (B.1).
77
Apˆendice C
alculo Torico do Parˆametro B
m
n
para o P rNi
5
Para calcularmos o parˆametro B
m
n
vamos assumir que o CEC ´e devido
apenas a cargas pontuais dos ´ıons de N´ıquel (Ni). Cada´ıon de Praseod´ımio
(P r) ´e circulado por um hex´agono de seis ´ıons de Ni mais pr´oximos no
mesmo plano e por mais dois hex´agonos de Ni, um acima e outro abaixo
desse plano, como mostram as figuras C.1 e C.2.
Seja os B
m
n
definidos em termos da equa¸ao (3.15) [18], de maneira que
possa ser escrito como sendo
B
m
n
= Ze
2
r
n
θ
n
4π
2n + 1
k
j=1
Z
nm
(θ
j
, φ
j
)
R
(n+1)
j
× [constante] , (C.1)
onde θ
n
= α, β e γ para n = 2, 4 e 6 respectivamente, Z
nm
(θ
j
, φ
j
) ao
os harmˆonicos tesserais e a [constante] ´e a que aparece na frente dos
harmˆonicos tesserais.
78
Figura C.1: Estrutura cristalina do P rNi
5
.
Para o B
0
2
teremos:
Z
20
=
1
4
5
π
1/2
3z
2
r
2
r
2
=
1
4
5
π
1/2

constante
3 cos
2
θ
j
1
que substituindo em (C.1) fica:
B
0
2
= Ze
2
r
2
θ
2
4π
5
k
j=1
1
4
5
π
1/2
3 cos
2
θ
j
1
R
3
j
×
1
4
5
π
1/2
simplificando
B
0
2
= Ze
2
r
2
α
4
k
j=1
3 cos
2
θ
j
1
R
3
j
. (C.2)
Devemos conhecer as coordenadas esf´ericas (R
j
, θ
j
, φ
j
) de todas as car-
gas vizinhas. No caso do P rNi
5
, temos 6 ´atomos de Ni, primeiros vizinhos
do P r, no plano do P r a uma distˆancia r = a
0
/
3. E como segundos vi-
zinhos, temos 6 ´atomos de Ni no plano acima do plano do P r e mais 6
abaixo. Os segundos vizinhos est˜ao distˆantes de r
=
a
2
+ c
2
= a
0
R/2 do
79
plano do P r plano superior plano inferior
´atomo (R
j
, θ
j
, φ
j
) (R
j
, θ
j
, φ
j
)
z=c
(R
j
, θ
j
, φ
j
)
z=c
1 (r, π/2, 30
o
) (r
, θ
u
, 0
o
) (r
, θ
d
, 0
o
)
2 (r, π/2, 90
o
) (r
, θ
u
, 60
o
) (r
, θ
d
, 60
o
)
3 (r, π/2, 150
o
) (r
, θ
u
, 120
o
) (r
, θ
d
, 120
o
)
4 (r, π/2, 210
o
) (r
, θ
u
, 180
o
) (r
, θ
d
, 180
o
)
5 (r, π/2, 270
o
) (r
, θ
u
, 240
o
) (r
, θ
d
, 240
o
)
6 (r, π/2, 330
o
) (r
, θ
u
, 300
o
) (r
, θ
d
, 300
o
)
Tabela C.1: Posi¸oes dos ´atomos de Ni mais pr´oximos, onde θ
u
e θ
d
ao os ˆangulos entre
o plano do P r e os planos superior e finferior respectivamente e sendo cos θ
u
= cos θ
d
=
c/r
.
´atomo do P r (ver figura C.2), onde
R
2
= 1 +
c
0
a
0
2
, (C.3)
fazendo: a
0
= a/2 e c
0
= c/2, onde a
0
e c
0
ao os parˆametros da rede do
P rNi
5
valendo 4.964
˚
A e 3.975
˚
A respectivamente [18]. Essas posi¸oes est˜ao
na tabela C.1.
Sendo assim, o somat´orio da equa¸ao (C.2) fica:
S =
18
j=1
3 cos
2
θ
j
1
R
3
j
=
6
j=1
3 cos
2
(π/2) 1
r
3
+ 2 ×
6
j=1
3 cos
2
θ
u
1
r
3
80
Figura C.2: Vizinhos no mesmo plano z = 0 (direita) e vizinhos nos planos acima e
abaixo z = ±c
0
/2 (esquerda).
onde usamos que cos θ
u
= cos θ
d
.
18
j=1
3 cos
2
θ
j
1
R
3
j
=
9
3
4a
3
+ 2 × 6
3(c/r
)
2
1
r
3
=
9
3
4a
3
+
12
r
3
×
3c
2
c
2
+ a
2
1
=
9
3
4a
3
+ 12 ×
2c
2
a
2
r
5
=
9
3
4a
3
+ 12 ×
2c
2
a
2
(a
2
+ c
2
)
5/2
=
9
3
4a
3
+ 12 ×
2c
2
/a
2
1
a
3
(1 + c
2
/a
2
)
5/2
mas lembrando da rela¸ao (C.3) vem que
18
j=1
3 cos
2
θ
j
1
R
3
j
=
9
3
4a
3
12
R
5
×
1 2
c
a
2
,
que substituindo em (C.2) teremos finalmente
B
0
2
k
=
Ze
2
r
2
α
ka
3
9
3
16
+
3 6(c/a)
2
R
5
. (C.4)
Usando α = 0.0210101,
r
2
= 0.304
˚
A
2
e e
2
/k = 1.67097 × 10
4
K
˚
A
81
(retirados de [49]) vamos encontrar:
B
0
2
k
= Z × 5.087 K , (C.5)
onde Z significa a carga onica do ´ıon Ni em unidades de +|e|.
Para os outros parˆametros, fazemos da mesma maneira, encontrando:
B
0
4
= 1.341 × 10
3
(kZ) K ,
B
0
6
= +1.733 × 10
5
(kZ) K ,
B
6
6
= 4.683 × 10
4
(kZ) K .
82
Apˆendice D
Diagrama de Blocos
Para facilitar o entendimento do alculo das grandezas de nosso inte-
resse mostramos no diagrama de blocos da figura D.1 como ´e feito esse
alculo. Primeiro, entramos com os parˆametros do composto: g, J, λ, B
0
2
,
B
0
4
, B
0
6
e B
6
6
. Em seguida, para um dado campo magn´etico externo (H) e
temperatura (T ) fixos, colocamos na equa¸ao de estado o valor da magne-
tiza¸ao, M
0
, tentativo. Caso a resposta de sa´ıda seja diferente ao valor de
entrada (M
0
), o programa ´e realimentado at´e que tenhamos a sa´ıda igual
a entrada. Assim teremos todas as grandezas de nosso interesse tais como:
magnetiza¸ao (M), entropia (S), varia¸ao isot´ermica da entropia (∆S
isot
)
e a varia¸ao adiab´atica da temperatura (∆T
ad
). Essa solu¸ao ´e conhecida
como auto-concistˆencia.
83
Figura D.1: Diagrama de blocos para obter as grandezas de interesse para o estudo do
EMC.
84
Apˆendice E
Estudo do Cruzamento dos N´ıveis de
Energia do PrNi
5
Nesse apˆendice faremos uma breve discurs˜ao sobre o efeito do cruza-
mento dos dois primeiros n´ıveis de energia
4
e Γ
1
) dos estados funda-
mentais associados as intera¸oes de CEC e de troca no cristal magn´etico
PrNi
5
.
´
E interessante lembrar que esse composto ´e paramagn´etico, isto ´e,
apresenta os spins desordenados na ausˆencia de campo magn´etico. Sendo
assim, a espectativa ´e que quando se aplica o campo magn´etico os spins
comecem a se alinhar, diminuindo a entropia do sistema. No entanto,
para esse material observamos que a entropia aumenta com a aplica¸ao
do campo dando origem a uma varia¸ao de entropia magn´etica, S
mag
e
varia¸ao de temperatura adiab´atica, T
ad
, negativas, ou seja, ele resfria
com a aplica¸ao do campo magn´etico como foi mostrado na figura 5.8.
Esse comportamento ´e anˆomalo para um composto paramagn´etico.
85
Um diagrama com os n´ıveis de energia do PrNi
5
(ver figura 5.1) foi
feito na referˆencia [36] para uma temperatura T = 0.3 K sendo observado
que o valor do campo magn´etico no ponto do cruzamento dos n´ıveis ´e de
aproximadamente de 16 T.
Isso ocorre at´e um valor de campo magn´etico, o que chamamos de campo
cr´ıtico (H
c
= 16 T). Depois desse valor a entropia come¸ca a diminuir, isto
´e, os spins come¸cam a se orientar. Enao a entropia tem um valor aximo
para o campo cr´ıtico, antes do campo cr´ıtico a entropia cresce com o campo
magn´etico e ap´os o campo cr´ıtico diminui com o campo magn´etico, como
ser´a demosntrado analitiamente a seguir.
Vamos considerar um sistema simples com dois autovalores de energia
(ε
1
e ε
2
) que se cruzam num determinado valor de um campo cr´ıtico, veja
a figura a seguir.
Sendo assim a fun¸ao parti¸ao desse sistema ser´a dada por
Z = e
βε
1
+ e
βε
2
,
onde β = (k
B
T )
1
e as energias dependem do campo magn´etico aplicado.
A entropia ´e dada por
S = R
ln
e
βε
1
+ e
βε
2
+ β
ε
1
e
βε
1
+ ε
2
e
βε
2
e
βε
1
+ e
βε
2
. (E.1)
Queremos mostrar a existˆencia de um pico no gr´afico da entropia contra
campo magn´etico no ponto onde H = H
c
. Para isso a derivada primeira
da entropia em rela¸ao ao campo deve ser nula.
86
Figura E.1: Cruzamento de dois autovalores de energia num campo cr´ıtico H
c
.
Vamos derivar a equa¸ao E.1
1
R
dS
dH
=
β
Z
1
dH
e
βε
1
+
2
dH
e
βε
2
+
β
Z
1
dH
e
βε
1
+
2
dH
e
βε
2
β
2
Z
ε
1
1
dH
e
βε
1
+ ε
2
2
dH
e
βε
2
+
β
2
Z
2
ε
1
e
βε
1
+ ε
2
e
βε
2
·
1
dH
e
βε
1
+
2
dH
e
βε
2

que pode ser simplificado para
87
1
R
dS
dH
=
β
Z
1
dH
e
βε
1
+
2
dH
e
βε
2
+
β
Z
1
dH
e
βε
1
+
2
dH
e
βε
2
β
2
Z
ε
1
1
dH
e
βε
1
+ ε
2
2
dH
e
βε
2
+
β
2
Z
2
ε
1
e
βε
1
+ ε
2
e
βε
2
·
1
dH
e
βε
1
+
2
dH
e
βε
2

logo
1
R
dS
dH
=
β
2
Z
2
ε
1
2
dH
+ ε
2
1
dH
ε
1
1
dH
ε
2
2
dH
e
β(ε
1
+ε
2
)
(E.2)
mas note que para a entropia em fun¸ao do campo magn´etico ter um pico,
a derivada primeira em rela¸ao ao campo deve ser nula, enao
dS
dH
= 0 , (E.3)
o que nos leva a
2
dH
(ε
1
ε
2
) +
1
dH
(ε
2
ε
1
) = 0 ,
veja que para o campo cr´ıtico H = H
c
temos ε
1
= ε
2
, por tanto, indepen-
dentemente das derivadas
1
/dH e
1
/dH a equa¸ao acima ´e nula, como
quer´ıamos demonstrar.
O pr´oximo passo ´e mostrar que a derivada segunda ´e negativa para que
a entropia em fun¸ao do campo magn´etico tem um pico para um campo
cr´ıtico, onde ε
1
= ε
2
. Para isso vamos derivar a equa¸ao E.2 em rela¸ao ao
campo magn´etico e encontraremos a quantidade negativa abaixo
1
R
d
2
S
dH
2
=
β
2
Z
2
e
β(ε
1
+ε
2
)
d
dH
(ε
1
ε
2
)
2
< 0 . (E.4)
88
Sendo assim demonstramos analiticamente que a entropia do PrNi
5
au-
menta quando aumentamos o campo magn´etico aplicado at´e um valor de
campo cr´ıtico, onde come¸ca a ocorre um decr´escimo da entropia quando
aumentamos o campo magn´etico, ou seja, num gr´afico da entropia contra
o campo aplicado existe um pico para um campo cr´ıtico que foi calculado
H
c
= 16 T [36].
89
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