A espécie E. heterophylla apresenta crescimento rápido, podendo formar uma
densa cobertura sobre as plantas cultivadas (Wilson, 1981; Kissmann & Groth, 1997). No
caso das culturas de soja e amendoim, as perdas chegam a 50% (Willard & Griffin, 1993;
Costa, 1982). Na cultura de soja, a espécie também interfere na eficiência da colheita e
qualidade das sementes colhidas, pois acarreta aumento do teor de umidade dos grãos
(Pinto & Panizzi, 1994).
E. heterophylla é hospedeira alternativa para o percevejo marrom, Euschistus
heros, um inseto extremamente danoso à soja (Pinto & Panizzi, 1994). A espécie também é
considerada hospedeira adicional e reservatório do fungo Diaporthe phaseolorum, causador
do cancro da haste da soja (Garrido & Dhingra, 1997).
A emergência de E. heterophylla como um problema agrícola tem sido o
resultado de alterações de práticas de cultivo, especialmente o uso de controle químico
(Deuber, 1992; Fornarolli et al., 2002). Embora o manejo de plantas daninhas possa ser
efetuado por diversos métodos (Deuber, 1992; Burnside, 1992; EMBRAPA, 1999), a espécie
é de difícil controle e para evitar perdas de produtividade, são necessárias repetidas
aplicações, bem como combinações de vários herbicidas (Willard & Griffin, 1993).
Borgo & Rosito (1978) testaram herbicidas pré- e pós-emergentes e não
obtiveram um resultado efetivo no controle de E.heterophylla. Nos Estados Unidos, segundo
Costa (1982), os diferentes programas de controle também não têm tido sucesso e um dos
fatores que determinam problemas no manejo da espécie é a existência contínua de
sementes em processo de germinação, visto que a maturação dos seus frutos e a
conseqüente liberação de suas sementes por uma única planta ocorrem continuamente,
durante o seu ciclo de vida.
Relatos de resistência aos herbicidas inibidores da enzima ALS vêm se
acentuando desde a década de 90 (Heap, 1997). A enzima ALS, também chamada de
acetohidroxibutirato (AHAS), é a primeira enzima a agir na rota de síntese dos aminoácidos
valina, leucina e isoleucina. Os herbicidas que atuam nessa enzima distribuem-se em cinco
grupos químicos, ou seja, imidazolinonas, sulfoniluréias, sulfonanilidas, pirimidiniloxi-
benzoatos e sulfonilaminocarboniltriazolinonas (Vidal & Merotto Jr., 2001), como
chlorimuron-ethyl, etoxysulfuron, metsulfuron-methyl, flazasulfuron, pirasulfuron-ethyl,
halosulfuron, nicosulfuron, oxasulfuron, foramsulfuron + iodosulfuron, imazamox,
imazethapyr, omazapic, imazaquin, imazapir, flumetsulam, diclosulam, chloransulan-methyl,
pyrithiobac-sodium, bispyribac-sodium (Carvalho, 2004).
O primeiro caso de biótipos de E. heterophylla resistentes aos herbicidas
inibidores da ALS foi relatado por Vidal & Fleck (1997). Os autores analisaram uma