Resumo
Esta pesquisa objetiva estudar a construção da identidade das editoras brasileiras
a partir de suas capas de livros. Nossa proposta buscou reconhecer os procedimentos
comuns e os distintivos utilizados especificamente nas 1ª
s
capas. Diante da grande
quantidade de editoras presentes no mercado, optamos por um primeiro recorte, do qual
selecionamos duas dentre as sete maiores editoras em expansão. Trata-se da Record,
considerada a mais antiga, e da Cosac Naify, a mais recente. Num segundo momento,
levamos em conta a atuação dessas duas editoras no ano de 2007, selecionando para
análise o segmento de ficção de acordo com o ranking dos cinco títulos mais vendidos. Do
corpus de cinco capas de ficção, elegemos aleatoriamente três 1ª
s
capas de cada editora
como uma amostragem pertinente do seu fazer. A 1ª capa é tomada nessa investigação
não só como a embalagem do miolo, mas também como a face identitária tanto do livro
quanto da editora. Para os designers que a concebem, ela é desenvolvida e tratada à
maneira de um anúncio publicitário para a venda do produto a partir do primeiro
contato entre o livro e o consumidor. Problematizando esse tipo de interação, como
produção da significação e da construção da identidade editorial, examinamos qual o
papel da articulação entre os sistemas da expressão verbal, visual e espacial da 1ª capa, e
como esses tipos de articulação edificam a expressão da identidade. Abordando os
distintos modos de visibilidade que a articulação sincrética das duas editoras criam nas
1ª
s
capas, chegamos que, além de uma estratégia do enunciador/editora para fazer o
enunciatário/leitor fazer o sentido do livro, depreende-se, ainda, que as editoras
empregam um fazer sentir por meio de um arranjo das qualidades sensíveis dos
elementos constituintes da 1ª capa como um todo de sentido. Esses dois modos de fazer
do destinador, a sociossemiótica de E. Landowski postula como dois modos de interação,
a saber: manipulação e ajustamento. A semiótica discursiva e o seu modelo de análise da
significação pelo plano do conteúdo desenvolvida em torno de A. J. Greimas, assim, como
a semiótica visual com as contribuições de J.-M. Floch embasaram os procedimentos de
descrição e análise dos textos visuais. Enquanto experiências sensíveis e inteligíveis que
esses textos produzem, nossa abordagem encontrou fundamentamos em E. Landowski
para desenvolvê-las tanto enquanto estratégias de persuasão quanto experiências vividas
que se processam ambas nos distintos tipos de interação entre os sujeitos da
comunicação. No primeiro caso, no processar da significação já pronta na capa, no
segundo, no processar do sentido em ato. Esses dois procedimentos interativos nos
levaram a concluir também os dois tipos de especificidade definidores dos leitores, que
nos orientou na depreensão da construção da identidade das editoras. Concluímos como
A.C. de Oliveira que, ao lado do arranjo do plano do conteúdo, são também os
procedimentos de articulação expressiva, selecionados pelas editoras, os sustentáculos de
dois distintos procedimentos de construção identitária: por quantidade e por
qualificação.
Palavras-chaves: sociossemiótica, identidade, regime de visibilidade, editora, 1ª capa
de livro, arranjo plástico.