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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
GABRIEL LUIZ COCCO NUNES
Estudos da relevância biológica da modulação da atividade
da elastase de neutrófilo por glicosaminoglicanos e da
susceptibilidade de peptídeo sintético derivado do Inibidor
Tissular de Metaloproteases -1 (TIMP-1) à atividade da
catepsina L humana.
Mogi das Cruzes, SP
2007
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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
GABRIEL LUIZ COCCO NUNES
Estudos da relevância biológica da modulação da atividade
da elastase de neutrófilo por glicosaminoglicanos e da
susceptibilidade de peptídeo sintético derivado do Inibidor
Tissular de Metaloproteases -1 (TIMP-1) à atividade da
catepsina L humana.
Dissertação apresentada ao programa de
Pós-graduação da Universidade de Mogi
das Cruzes como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em
Biotecnoligia
Área de Concentração: Biológica
Orientador: Prof. Dr. Paulo Cezar de Almeida
Mogi das Cruzes, SP
2007
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DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado à todos aqueles que contribuíram direta
ou indiretamente para sua realização. Pessoas as quais passaram, e por vezes,
permaneceram ativas na minha caminhada deixando marcas indeléveis e
lembranças maravilhosas. A cada um e ao todo, deixo meus mais sinceros
votos de amizade e carinho.
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos mais honestos e sinceros:
A Deus, pela força e estrutura espiritual fornecida nessa jornada;
Aos meus pais, Martha e Edson, pelo apoio, confiança e por acreditar que eu seria capaz de
ir mais além;
A minha irmã, Nathalia, pelo exemplo de força de vida e de como ser um grande guerreiro;
Ao Prof. Dr. Paulo Cezar de Almeida por ter me ensinado, me orientado, me mostrado
como evoluir neste trabalho;
Ao Amigo Paulo Cezar de Almeida, obrigado pela amizade e respeito;
Ao Prof. Dr. Ivarne Luiz dos Santos Tersariol, pela confiança em mim depositada;
Ao Amigo Fábio Henrique Dyszy, que me acompanha desde o início, sempre bem disposto
a ajudar e trabalhar em equipe, e também pela grande amizade;
Aos amigos do CIIB que conquistei nestes seis anos, amigos que foram, amigos que
chegaram e amigos que voltaram: Tiago Rodrigues, Tatinha, Kátia, Carlos Oliveira,
Cristiano, Vivian, Cíntia, Fabrício, Bruna ...
Aos Amigos da Policlínica, que me acolheram e me auxiliaram neste novo ambiente: Gibi,
Mara, Marly, André, Tatiana Marassi, Erik ...;
Aos amigos de todas as horas, que me deram forças e me apoiaram: Patrícia Pelissaro, Lú e
Marcão, Gabriella Floriano, André (Grampola), Pingo e Adriana ...
RESUMO
Enzimas proteolíticas participam de diversos processos fisiopatológicos, como degradação
intracelular, processamento de pró-hormonios e pró-proteinas, artrite reumatóide, processos
inflamatórios e cancerígenos. Dentre estes processos destaca-se a remodelação local da
matriz extracelular, seja de maneira direta ou indireta, através da ativação de outras
enzimas. Em nosso trabalho avaliamos a capacidade das enzimas catepsina L (E.C.
3.4.22.15) e elastase de neutrófílo (E.C. 3.4.21.37) ativarem a remodelação local da matriz
extracelular via degradação do Inibidor Tissular de metalo-protease 1 (TIMP-1) e a
modulação deste evento por glicosaminoglicanos. Para tal utilizou-se técnicas de cinética
enzimática com peptídeo sintético derivado do TIMP-1 (Abz-AMESVMGYFHRSQ-
EDDnp), analise por eletroforese em SDS-Page e também espectrometria de massas. Os
resultados das cinéticas enzimáticas (k
M
, K
cat
e K
cat
/k
M
) indicam que a elastase de neutrófilo
e a catepsina L possuem a capacidade de hidrolizar o peptídeo sintético (que mimetiza a
região de interação entre o TIMP-1 e a Pró-Metalo protease 9) como também, no caso da
elastase, a atividade é modulada positivamente na presença de heparina, dado confirmado
pela eletroforese em SDS-Page com a molécula integral de TIMP-1 em diferentes tempos
de incubação. Entretanto a catepsina L, mostra-se mais eficiente na degradação do TIMP-1
(K
cat
/k
M
2,270 ± 0,113 µM
-1
s
-
1) do que a elastase de neutrrófilo, mesmo quando modulada
por heparina (K
cat
/k
M
0,33 ± 0,03 e 1,10 ± 0,09 µM
-1
s
-
1, respectivamente). Os dados de
espectrometria de massas indicaram o local exato da hidrolise. Uma vez que ambas as
enzimas estão presentes em processos tumorais e inflamatórios estes dados são importantes
na compreensão do mecanismo de regulação destes processos, sinalizando que existe um
controle fino da degradação da matriz extracelular e que este pode ser intensificado por
efeitos em cascata.
Palavras-chave: TIMP – 1; Elastase de Neutrófilo; Catepsina L; Glicosaminoglicanos
ABSTRACT
Proteolytic enzymes participate in a variety of physiological processes, such as intracellular
degradation, processing of prohormones and proproteins, rheumatoid arthritis,
inflammatory and cancerigenous processes. Among these processes, it is distinguished the
local remodeling of extracellular matrix, directly or indirectly, through the activation of
other enzymes. In this work, it was assessed the capacity of the enzymes cathepsin L (E.C.
3.4.22.15) and neutrophil elastase (E.C. 3.4.21.37) in activating the local remodeling of the
extracellular matrix through the degradation of tissular inhibitor of metalloprotease 1
(TIMP-1) and the modulation of this event by glycosaminoglycans. For this, there were
used techniques of enzymatic kinetics with synthetic peptides derived from TIMP-1 (Abz-
AMESVMGYFHRSQ-EDDnp), electrophoresis analysis in SDS-Page and also mass
spectrometry. The results of enzymatic kinetics (k
M
, K
cat
e K
cat
/k
M
) indicate that neutrophil
elastase and cathepsin L have the capacity of hydrolyzing the synthetic peptides (that
mimetizes the region of interaction between TIMP-1 and the pro-matrix metalloprotease-9)
and also that, in the case of elastase, the activity is positively modulated in the presence of
heparin, what was confirmed by electrophoresis in SDS-Page with the integral molecule of
TIMP-1 in different incubation times. However, the cathepsin L shows to be more efficient
in degrading TIMP-1 (K
cat
/k
M
2,270 ± 0,113 µM
-1
s
-
1) than the neutrophil elastase, even
when modulated by heparin (K
cat
/k
M
0,33 ± 0,03 e 1,10 ± 0,09 µM
-1
s
-
1, respectively). The
data from spectrometry indicated the exact site of the hydrolysis. Once both enzymes are
present in tumoral and inflammatory processes, these data are important for comprehending
the regulatory mechanisms of these processes, signalizing that there is a fine control of
extracellular matrix degradation and that this one may be intensified by cascade effects.
Key-words: TIMP – 1; Neutrophil Elastase; Cathepsin L; Glycosaminoglycans
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Estrutura tridimensional da catepsina L em modelo de fita. . . . 20
Figura 2 Detalhe do sítio ativo da catepsina L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Figura 3 Estrutura tridimensional da elastase de neutrófilo em modelo de
fita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
25
Figura 4 Estrutura cristalográfica do complexo formado entre o TIMP-1
e a MMP-3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
26
Figura 5 Nomenclatura de Schechter e Berger. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Figura 6 Representação esquemática da interação entre a elastase de
neutrófilo e um dado substrato. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
36
Figura 7 Curva de atividade da elastase em função do pH, na ausência e
presença de heparina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
48
Figura 8 Espectro de massa do substrato Abz-AMESVMGYFHRSQ-
EDDnp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
51
Figura 9 Espectro de massa do incubado de catepsina L com o substrato
sintético. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
53
Figura 10 LC/MS do incubado com catepsina L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Figura 11 Espectro de massa do incubado de elastase com o substrato
derivado do TIMP-1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
57
Figura 12 Eletroforese em gel SDS (12,5%) avaliando a influência da
heparina na catalise da molécula de TIMP-1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
58
Figura 13 Gráficos construídos a partir dos dados de densitometria do gel
de eletroforese. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
59
Figura 14 Representação da estrutura do peptídeo Abz-
AMESVMGYFHRSQ-EDDnp. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
62
Figura 15 Figura esquemática indicando o ponto de hidrólise do
peptídeo derivado do TIMP-1 pela elastase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
63
Figura 16 Figura esquemática indicando o ponto de hidrólise do
peptídeo derivado do TIMP-1 pela catepsina L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
66
Figura 17 Resumo esquemático dos resultados obtidos. . . . . . . . . . . . . . 70
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Classificação de peptidases de acordo com seu mecanismo de
catálise. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
16
Tabela 2 Aminoácidos constituintes do subsítio S
2
da papaína e
catepsinas B e L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
33
Tabela 3 Diferenças observadas na constante de afinidade determinadas
por cinética michaelianas na presença e ausência de heparina. . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
48
Tabela 4 Constantes de afinidade da elastase de neutrófilo em função do
pH na presença e ausência de heparina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
49
Tabela 5 Constantes de afinidade para catepsina L, suando o substrato
comercial e o substrato sintético. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
49
Tabela 6 Porcentagens de TIMP-1 remanescentes e produto formado a
partir da degradação do TIMP-1 em diversos tempos de incubação na
ausência de heparina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
60
Tabela 7 Comparação da especificidade da catepsina L e elastase na
presença e ausência de heparina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
68
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Abz Ácido orto-aminobenzoico
Da Daltons
DMF Dimetilformoamida
E-64 L-Trans-Epoxisuccinil-L-Leucilamino (4-guanidino)-butano
EDDnp Etilenodiamino-dinitro-fenil
HNE Elastase de neutrófilo humana
K
cat
Constante catalítica
K
cat
/k
M
Constante de especificidade
k
M
Constante de Michaelis-Menten
MCA Metilcumarina
MHC-II Complexo principal de histocompatibilidade classe II
MMP Metalo-protease
MMP-3 Metalo-protease 3 (estromelisina 1)
PMMP-9 Pró Metalo-protease 9 (pró-gelatinase)
PMSF Fluoreto de fenilmetilsulfonila
TIMP Inibidor Tissular de Metalo-protease
UAF Unidades arbritárias de fluorescência
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Ala Alanina
Arg Arginina
Asn Asparagina
Asp Ácido aspártico
Cys Cisteína
Gln Glutamina
Glu Ácido glutâmico
Gly Glicina
His Histidina
Ile Isoleucina
Leu Leucina
Lys Lisina
Met Metionina
Phe Fenilalanina
Pro Prolina
Ser Serina
Thr Treonina
Trp Triptofano
Tyr Tirosina
Val Valina
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.1. Características gerais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2. Cisteíno-Peptidases. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.2.1 Catepsina L . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.3. Serino-Peptidases. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.3.1. Elastase de Neutrófilo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.4. Mecanismo de catálise. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.4.1. Serino-Peptidases. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.4.2. Cisteíno-Peptidases. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.5. Especificidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.5.1 Catepsina L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.5.1.1. Subsítio S
1
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.5.1.2. Subsítio S
2
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.5.1.3. Subsítio S
3
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.5.1.4. Subsítio S’
1
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.5.1.5. Subsítio S’
2
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.5.2. Elastase de Neutrófilo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.5.2.1. Subsítio S
1
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
1.5.2.2. Subsítio S
2
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.5.2.3. Subsítios S
3
e S
4
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.5.2.4. Subsítio S’
1
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.5.2.5. Subsítio S’
2
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.5.2.6. Subsítio S’
3
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2. OBJETIVOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3. MATERIAIS E MÉTODO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.1. Enzimas, Substratos e Moduladores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.1.1. Elastase de Neutrófilo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.1.2. Catepsina L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.1.3. Substratos cumarínicos Z-FR-MCA e MeOsuc-AAPV-MCA. 40
3.1.4. Inibidor Tissular de Metaloproteases – 1. . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.1.5. Heparina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.2. Substrato sintético derivado da seqüência do TIMP-1. . . . . . . . . . . 40
3.3. Estudo das cinéticas enzimáticas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.3.1. Titulação do substrato Abz-AMESVMGYFHRSQ-EDDnp. 41
3.3.2. Calibração do fluorímetro para o grupo Abz. . . . . . . . . . . . . . 42
3.3.3. Calibração do fluorímetro para MCA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.3.4. Cinéticas enzimáticas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.4. Espectrometria de massas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.4.1. Amostras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.4.2. Maldi-Tof. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.4.3. LC-MS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.5. Eletroforese. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4. RESULTADOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.1. Cinéticas enzimáticas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.1.1. Elastase de Neutrófilo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.1.2. Catepsina L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.2. Espectrometria de Massas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.2.1. Catepsina L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.2.2. Elastase de Neutrófilo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.3. Eletroforese. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
5. DISCUSSÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
REFERÊNCIAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 Características Gerais
Proteases, proteinases e peptidases, bem como enzimas proteolíticas, são
denominações atribuídas às proteínas que possuem a capacidade de hidrolisar ligações
peptídicas em peptídeos e/ou proteínas. O Nomenclature Committee of the International
Union of Biochemistry and Molecular Biology (NC-IUBMB) recomenda o termo peptidase
para estas enzimas.
As peptidases são divididas em duas subclasses: as endopeptidases (EC 3.4.21-24 e
EC 3.4.99) e as exopeptidases (EC 3.4.11-19). As endopeptidases atuam no interior da cadeia
polipeptídica e são organizadas em dois grupos, baseado no mecanismo de catálise. A
especificidade das endopeptidases é utilizada exclusivamente para identificar cada enzima em
cada grupo. Estas enzimas estão divididas nas seguintes subclasses: serino-endopeptidases
(EC 3.4.21), cisteíno-endopeptidases (EC 3.4.22), aspartil-endopeptidases (EC 3.4.23),
metalo-endopeptidases (EC 3.4.24) e treonino-endopeptidases (EC 3.4.25). As endopeptidases
que não se incluem nas subclasses EC 3.4.21-25 são elencadas na subclasse E.C 3.4.99.
As exopeptidases, por sua vez, atuam tanto na porção N-terminal como na porção C-
terminal da cadeia polipeptídica. Quando atuam na região C-terminal as exopeptidases
podem liberar um único aminoácido e são denominadas carboxipeptidases (EC 3.4.16-18) ou
dipeptídeos, recebendo a denominação peptidil-dipeptidases (EC 3.4.15). As
carboxipeptidases são divididas em quatro grupos em função do mecanismo de catálise:
serino-carboxipeptidases (EC 3.4.16), as metalo-carboxipeptidases (EC 3.4.17) e as cisteíno-
15
carboxipeptidases (EC 3.4.18). As exopeptidases que reconhecem a região N-terminal da
cadeia polipeptídica podem liberar um único aminoácido, chamadas aminopeptidases (EC
3.4.11), dipeptídeos ou tripeptídeos, as dipeptidil-peptidases e tripeptidil-peptidases (EC
3.4.14), respectivamente.
A organização das peptidases em famílias segue um critério evolutivo, introduzido por
Rawlings e Barrett na década de 1990. Os grupos compõem-se por membros com
similaridade em suas seqüências primárias estatisticamente consideráveis com ao menos um
membro da família, na parte da molécula responsável pela atividade proteolítica. Cada uma
das famílias é nomeada por uma letra indicando o tipo de catálise, assim sendo, S (serino-
peptidases), T (treonino-peptidases), C (cisteíno-peptidases), A (aspartil-peptidases), M
(metalo-peptidases) e U (desconhecida), seguido de um número atribuído de maneira
arbitrária. O agrupamento em clãs ocorre quando as peptidases apresentam sinais de relações
ancestrais, entretanto divergiram de tal maneira que não se pode mais comprovar suas
relações por meio da simples comparação entre as estruturas primárias (RAWLINGS E
BARRETT, 1993; BARRETT E RAWLINGS 1995). A evidencia mais clara entre a relação
dos membros dos clãs e suas famílias são a homologia de estrutura tridimensional e o alto
grau de homologia entre as seqüências de aminoácidos na região do centro ativo. A
nomenclatura do clã é formada por uma letra indicativa do tipo de catálise (assim como para
as famílias), seguida de uma segunda letra maiúscula arbitrária.
As enzimas proteolíticas que pertencem às quatro classes descritas na Tabela 1 estão
envolvidas na patogênese de várias doenças incluindo infecções parasitárias, virais e
bacterianas, hipertensão arterial, desordens de coagulação e câncer, entre outros.
16
Tabela 1 – Classificação de peptidases de acordo com seu mecanismo de catálise.
PEPTIDASES
REPRESENTATIVAS
Aminoácidos
presentes no sítio
catalítico.
SERINO-PEPTIDASES
Clã AS Tripsina, Quimotripsina His, Asp, Ser
Clã SB Subtilisina Asp, His, Ser
Clã SC Carboxipeptidase C Ser, Asp, His
Clã SE Carboxipeptidase de Streptomyces Ser, Lys
Clã SF Repressor Lexa Ser, Lys
Clã SH Assembilina de Citomegalovírus His, Ser, His
CISTEÍNO-PEPTIDASES
Clã CA Papaína Cys, His, Asn
Clã CB Endopeptidases virais quimotripsina-
símile
His, Cys, Glu
Clã CC Endopeptidases virais papaína-símile Cys His
Clã CD Caspase His, Cys
Clã CE Endopeptidases de Adenovírus His, Cys
ASPARTIL-PEPTIDASES
Clã AA Pepsina Asp, Asp
Clã AB Endopeptidases de Nodavírus Asp, Asp
METALO-PEPTIDASES
Clã MA Termolisina Glu, Asp, His/ Zn
2+
Clã MB Astacina His, His, His(/Asp)/
Zn
2+
Clã MC Metalocarboxipeptidases His, Glu, His/ Zn
2+
Clã MD Zinco D-Ala-A-Ala peptidases His, Asp, His/ Zn
2+
Clã ME Pitrilisina His, His, Glu/ Zn
2+
Clã MF Leucil aminopeptidase Asp, Asp, Glu, Zn
2+
Asp, Lys, Asp, Zn
2+
Clã MG Metionil aminopeptidase Asp, His, Glu, Co
2+
Asp, Asp, Glu, Co
2+
Fonte: Adaptado a partir de Expert Protein Analysis System – Expasy (2007).
17
1.2 Cisteíno-Peptidases
As cisteíno-peptidases são encontradas em uma grande gama de seres vivos,
englobando protozoários, plantas e animais. Os tecidos de mamíferos apresentam um grande
número de cisteíno-peptidases, dentre elas estão: a catepsina B (EC 3.4.22.1), catepsina L (EC
3.4.22.15), catepsina S (EC 3.4.22.27), catepsina H (EC 3.4.22.16) e catepsina C (EC
3.4.14.1), todas localizadas nos lisossomos.
A papaína (EC 3.4.22.2) foi à primeira enzima a ser classificada como cisteíno-
peptidase (SMITH & KIMMEL, 1960) sendo, portanto, a mais investigada dessa classe; e foi
a primeira a ter sua estrutura tridimensional resolvida (DRENTH ET AL, 1968). As cisteíno-
peptidases que compõe a família da papaína participam do metabolismo celular, nos processos
de conversão de pró-hormônios e pró-proteínas, na degradação de proteínas da matriz
extracelular, em todas as etapas de progressão tumoral, na distrofia muscular e artrite
reumatóide (SIEWINSK ET AL, 1994; II ET AL, 1993; MORT E BUTTLE, 1997;
CATALDO ET AL 1994).
As catepsinas B e L, cisteíno-peptidases pertencentes à família da papaína, podem
participar na formação de metástase através da degradação de vários componentes da matriz
extracelular (SHEAHAN ET AL, 1989; BUCK ET AL, 1992). A relação entre as cisteíno-
peptidases com componentes da membrana basal é importante na compreensão do papel
biológico dessa classe de enzimas nos processos de invasão tumoral e também na
remodelação da matriz (GUINEC ET AL, 1992). Dados da literatura indicam que a papaína e
a catepsina B possuem a capacidade de interagirem com a lâmina da membrana basal
(DALET-FUMERON ET AL, 1998), estes resultados reforçam o papel proposto das cisteíno-
peptidases na degradação de componentes da matriz extracelular. Em função disso, as
18
interações de cisteíno-peptidases com glicosaminoglicanos podem ser fundamentais para o
entendimento dos processos de remodelação tecidual (ALMEIDA ET AL, 1999).
1.2.1 Catepsina L
A catepsina L madura (Figura 1) é oriunda de um precursor (pré-pró-proteína) de alta
massa molecular (~36KDa) que não apresenta atividade catalítica, uma vez que é inibido pela
sua pró-região. O grau de homologia entre os pró-peptídeos da catepsina L e da papaína é
inferior do que aquele observado entre as enzimas maduras, e apresenta apenas dois motivos
conservados sendo que um deles também é encontrado no pró-peptídeo da catepsina B
(KARRER ET AL, 1993). O precursor da catepsina L é formado por um peptídeo sinal (pré-
peptídeo) com 17 resíduos de aminoácidos, um pró-peptídeo com 96 resíduos e uma enzima
de baixo massa molecular (21KDa, 220 resíduos de aminoácidos) (CARMONA ET AL.,
1996). Enquanto a catepsina B é encontrada unicamente em mamíferos a catepsina L é
relatada em várias espécies animais como o homem, rato, porco, rã, pomba carpa e Euglena
gracillis (BOHLEY E SEGLEN, 1992).
A comparação entre as seqüências primárias da papaína, catepsina B (rato) e catepsina
L (galinha), mostra que as regiões N-terminal (aminoácidos 1-70, numeração da papaína) e C-
terminal (118-212) apresentam identidade de seqüência mais alta, em relação ao domínio
central que possui importantes inserções e deleções. De maneira geral, as seqüências das
catepsinas H e L conservam mais as características da papaína, ao contrário da catepsina B
que difere de forma importante.
As estruturas secundárias das catepsinas H, L e B mostram uma importante
conservação de domínios organizados em α-hélice e dobras β (DUFOUR, 1988). A catepsina
19
L possui uma estrutura típica de cisteíno-peptidases pertencente à família da papaína, ela é
organizada por dois domínios que flanqueiam o sítio ativo, composto pela Cys
25
e His
163
. A
Cys
25
está no domínio composto predominantemente por estruturas do tipo α-hélice, enquanto
a His
163
localiza-se no domínio oposto, com estruturas do tipo dobras β (Figura 2). Pela
comparação dos sítios ativos das catepsinas B e L, através das cristalografias de raios-X,
temos: (a) os subsídios S’ de ambas as enzimas são completamente diferentes, em função da
alça de oclusão próxima ao final dos subsítios S´ da catepsina B; (b) O subsítio S
2
da
catepsina L é raso e limitado em relação a catepsina B; (c) O subsitío S
3
de ambas enzimas
apresentam a maior similaridade entre todos os demais, entretanto a catepsina L acomoda
grupos mais volumosos.
20
Figura 1: Estrutura Tridimensional da catepsina L em modelo de fita. Do lado esquerdo está
o domínio predominantemente formado por estruturas do tipo α-hélices (em azul)
e ao lado direito o domínio constituído por folhas-β (laranja).
Fonte: PDB File: 1icf
21
Figura 2: Detalhe do sítio ativo da catepsina L, evidenciando as cadeias laterais da Cys
25
(em
amarelo) e His
163
(em verde).
Fonte: PDB file 1HNE
A catepsina L é considerada, até o momento, a mais ativa das cisteíno-peptidases
lisossômicas, por hidrolisar os mesmos substratos protéicos com velocidade até dez vezes
superior quando comparada com a catepsina B.
Dentre as funções da catepsina L existem fortes evidencias de funções especificas
como processamento de pró-hormônios, neuro-peptídicos e, também, a conversão de
tiroglobulina em tiroxina nas células epiteliais da tireóide (HONEY AND RUDENSKY,
2003; FRIEDRICHS ET AL., 2003; YASOTHORNSRIKUL
ET AL., 2003).
Um outro ponto de atuação da catepsina L é a remodelação da matriz extracelular. A
atuação das peptidases na remodelação da matriz é essencial para tanto para a sua maturação
quanto para uma deposição controlada dos seus componentes. Extracelularmente, os
colágenos são degradados por colagenases, gelatinases e estromelisinas. Essas proteases
clivam o colágeno em pontos específicos, liberando 1/3 da molécula e seu complementar de
22
2/3, que são então fagocitados por macrófagos e fibroblastos (EVERTS, ET AL 1996). No
interior dessas células os fagossomos contendo componentes da matriz são fusionados aos
lisossomos onde as catepsinas completam a degradação. Além da degradação intracelular dos
colágenos, as catepsinas podem degradar os componentes da matriz in loco. As células
capazes de liberar catepsinas para o meio extracelular são os macrófagos (catepsinas B, K, L e
S), mastócitos (catepsinas C e L) e células tumorais (catepsinas B, L e S) (PUNTURIERI ET
AL, 2000; WOLTERS ET AL, 1998; HEIDTMANN ET AL, 1993).
Recentemente atribuiu-se a catepsina L a participação na apresentação de antígenos
em macrófagos, através do principal complexo de histocompatibilidade classe II (MHC-II).
Antígenos extracelulares, que são incorporados por macrófagos, são comummente
degradados no sistema lisossomo/endossomo. Os peptídeos resultantes expressam-se na
superfície celular após a formação do complexo principal de histocompatibilidade classe II
(MHC-II). Os heterodímeros αβ do MHC-II são sintetizados no reticulo endoplasmático.
Durante a fase inicial da síntese, o heterodímero αβ se associa com uma proteína de
membrana tipo II, a cadeia invariável (Ii), para formar um complexo monomérico de αβIi. O
complexo αβIi atravessa o complexo de Golgi e é então direcionado ao sistema
lisossomo/endossomo onde ocorre a degradação da porção Ii do complexo monomérico,
permitindo assim que as moléculas do MHC-II encontrar e ligar-se a peptídeos antigênicos. O
processo proteolítico participa ativamente na geração do complexo MHC-II – Peptídeos
antigênicos, sobretudo em dois pontos chaves: (i) degradação do Ii, que é um pré-requisito
para a ligação do MHC-II com os peptídeos; e (ii) geração dos peptídeos antigênicos a partir
de proteínas maiores (
BÜHLING ET AL, 2004).
23
1.3 Serino-peptidases
As serino-peptidases estão entre as primeiras enzimas a serem estudadas
extensivamente. O interesse nesta família de peptidases é mantido em parte por um crescente
reconhecimento de seu envolvimento em diversos processos fisiológicos e patológicos.
Somado ao papel biológico, feito pelas enzimas digestivas como a tripsina, as serino-
peptidases também atuam amplamente como reguladoras, através da ativação proteolítica de
precursores protéicos (VAN DE VEM ET AL., 1993). Exemplos desta regulação incluem a
ativação do tripsinogênio em tripsina (HUBER & BODE, 1978) e o controle de diversos
passos da cascata de coagulação (fatores VIIa, IXa, Xa
) (DAVIE ET AL., 1991).
Um motivo para o contínuo estudo das serino-peptidases têm sido a sua caracterização
para a compreensão dos mecanismos correlacionais entre estrutura e função. Até
recentemente as enzimas pertencentes a essa classe de peptidases eram divididas em dois
grupos distintos em função de sua estrutura: as similares a quimiotripsina e as similares a
subtilisina. (MATTHEWS, 1977). Entretanto a estrutura cristalográfica da carboxipeptidase II
de trigo revelou um terceiro grupo estrutural.
As três classes de serino-peptidases distinguem-se pela ausência de algum motivo
conservado na estrutura secundária ou terciária, mas em cada caso, os resíduos catalíticos de
serina e a histidina possuem uma orientação geométrica idêntica. Em menor grau, os grupos
adjacentes que estabilizam o estado de transição do substrato estão arranjados de maneira
similar (LIAO ET AL., 1992).
24
1.3.1 Elastase de neutrófilo
A elastase de neutrófilo (E.C. 3.4.21.37) é uma enzima lisossomal, de
aproximadamente 25kDa, armazenada em grandes quantidades nos grânulos azurófílos de
leucócitos e neutrófilos em mamíferos, pertencente à família das quimiotripsina, caracterizada
assim, pela tríade catalítica formada pelos resíduos Asp
88
, Ser
173
e His
41
na enzima em sua
forma ativa (BEYNON E BOND, 1989).
Intracelularmente essa enzima é responsável pela degradação de microorganismos
exógenos que são fagocitados pelas células fagocitárias. Caso seja lançada para o meio
extracelular, a elastase pode promover uma degradação local da matriz extracelular o que
facilita a migração do neutrófilo e também pode modular a expressão de citocinas na
superfície epitelial e endotelial. A modulação inata de citocininas pela elastase é um potencial
iniciador e polarizador da resposta imune adaptativa (FITCH ET AL, 2006).
Estruturalmente as proteases da família da quimiotripsina consistem em dois
domínios, ambos apresentando extensas regiões de folhas-β antiparalelas dispostas como em
um barril e uma região C-terminal em α-hélice. Em alguns casos, como na elastase, o
segmento que conecta os dois domínios também é organizado na forma de uma α-hélice.
(CZAPINSKA E OTLEWSKI, 1999) (Figura 3).
É sabido que durante processos inflamatórios (ITOH. E NAGASE, 1995) e também na
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (PETTERSON E ADLER, 2002) neutrófilos liberam
grandes quantidades de elastase para a matriz extracelular, provocando um burst local desta
enzima. Uma vez na matriz, a elastase desencadeia o processo de remodelação local da matriz
através da ativação das metalo-proteases (MMPs), facilitando assim a migração de
macrófagos, e outras células fagocitárias.
25
Figura 3: Estrutura tridimensional da elastase de neutrófilo. É possível verificar a existência
de dois domínios bem definidos, formados exclusivamente por folhas-β (em
laranja)
Fonte: PDB: 1HNE
As MMPs de matriz extracelular caracterizam-se pela dependência de Zn
2+
em seus
centros ativos para atividade catalítica, esse íon coordena a estrutura dessas proteases
conferindo-lhes correto posicionamento dos resíduos de Glu e His, responsáveis pela
atividade catalítica. Pertencem a essa família as gelatinases, estromelisinas, matrilisinas, entre
outras (BEYNON E BOND, 1989). O mecanismo de inibição dessa categoria de proteases
envolve o bloqueio do Zn
2+
necessário para catálise, por inibidores endógenos denominados
Tissue Inhibitors of Metalloproteases (TIMPs) através da formação de complexos
estequiométricos 1:1 (NAGASE ET AL, 1997). Esse grupo de inibidores é considerado como
regulador do turnover da matriz extracelular (EMONARD E GRIMAUD, 1990). O TIMP-1
em particular, é uma glicoproteína que apresenta massa molecular variando entre 29-30 kDa
consistindo de 184 aminoácidos (NAGASE, 1996), sendo descrito como capaz de inibir a
conversão da pró-gelatinase (PMMP-9) para sua forma ativa (TAYLOR ET AL, 1996) e
26
também capaz de inibir a atividade da estromelisina-1 (MMP-3), como apresentado na Figura
4, que é responsável pelo processamento proteolítico da PMMP-9. Entretanto, a PMMP-9
encontra-se normalmente complexada ao TIMP-1, não permitindo sua ativação (NAGASE,
1997).
Figura 4: Estrutura cristalográfica do complexo formado entre o TIMP-1 e a MMP-3.
Segmento contendo a ligação Val
69
-Cys
70
que foi utilizado como base para o
desenho do peptídeo sintético.
.
Fonte: adaptado de Gomis-Ruth F. X et al (1997)
O arranjo das pontes dissulfeto do TIMP-1 indicam que ele é constituído de dois
domínios, o N-terminal (resíduos 1-124) e o C-terminal (resíduos 127-184). A interação entre
TIMP-1 e o precursor da MMP-9 ocorre através do domínio C-terminal do inibidor e domínio
C-terminal hemopexina da PMMP-9.
27
Em estudos da degradação do TIMP-1, o que resulta em um aumento da atividade de
metalo-proteases na matriz extracelular, foi determinado que a elastase de neutrófilo é capaz
de inativar o TIMP-1, através da clivagem da ligação Val
69
-Cys
70
que se localiza no domínio
N-terminal, capaz de se complexar à MMP-3 (NAGASE E AL, 1997; YOTH E NAGASE,
1995).
1.4 Mecanismo de catálise
1.4.1 Serino-peptidases
Um mecanismo baseado em dados químicos e estruturais é apresentado aqui em
relação a quimiotripsina, embora seja aplicável a todas as serino-peptidases.
Após a ligação do substrato à enzima, o resíduo de Ser
195
(numeração da
quimiotripsina) promove um ataque nucleofílico ao grupo carbonila da ligação peptídica a ser
clivada formando um intermediário tetraédrico. Estudos estruturais por difração de raios-X
indicam que a Ser
195
está perfeitamente posicionada para que ocorra este ataque. O ataque
envolve a transferência de um próton do anel imidazólico da His
57
formando um íon imidazol.
Esse processo é auxiliado pelo efeito de polarização do íon carboxilato não solvatado do
Asp
102
que forma uma ponte de hidrogênio com a His
57
. O intermediário tetraédrico tem uma
existência bem definida, apesar de temporária.
O intermediário tetraédrico decompõe-se no intermediário acil-enzima sob a força
impulsora da doação do próton N
3
da His
57
. O grupo amino de saída é liberado da enzima e
28
substituído por uma molécula de água do solvente. O intermediário acil-enzima é altamente
suscetível à clivagem hidrolítica.
O intermediário acil-enzima é deacilado pelo reverso das etapas anteriores, seguido da
liberação do produto carboxilado resultante, regenerando a enzima ativa. Neste processo a
água é o nucleófilo que ataca e a Ser
195
é o grupo de saída.
1.4.2 Cisteíno-peptidases
As enzimas do Clã CA seguem um mesmo mecanismo de catálise, baseando na alta
nucleofilicidade do grupo tiol (-SH) do resíduo Cys
25
(numeração da papaína) presente no
sítio ativo, que ataca nucleofilicamente o carbono da carbonila da ligação peptídica
susceptível à hidrólise. Também, o resíduo Hys
159
, por intermédio do par iônico imidazol-
tiolato, confere elevada nucleofilicidade ao grupo tiol da Cys
25
(POLGAR, 1990). Além da
Cys
25
e da Hys
159
, o resíduo Asn
175
tem sua importância para a atividade das enzimas do clã
CA, por interagir com a Hys
159
por intermédio de forças de Van Der Walls, formando assim a
tríade catalítica Cys-His-Asn.
O mecanismo proposto para a catálise das cisteíno-peptidases é baseado no
mecanismo descrito para as serino-peptidases. A primeira etapa da reação de hidrólise por
uma endopeptidase da família C
1
é a ligação não covalente entre a enzima e o substrato,
formando o complexo de Michaelis. A etapa seguinte é a acilação da enzima e a formação do
primeiro produto, R’NH
2
. A acil-enzima reage com uma molécula de H
2
O para a formação de
segundo produto (desacilação da enzima), regenerando, assim, a enzima ativa. Storer e
Ménard (1994) propõem que as etapas de acilação e desacilação da enzima envolvem a
formação de dois intermediários tetraédricos e quatro estados de transição. Tais
intermediários são acompanhados pela formação de carga negativa no oxigênio da carbonila
29
do substrato, denominado oxiânion, que é estabilizado pela formação de duas pontes de
hidrogênio, uma na cadeia principal no resíduo Cys
25
e outra na cadeia lateral do resíduo
Gln
19
(MÉNARD ET AL, 1995).
1.5 Especificidade
A habilidade de uma enzima em diferenciar dois ou mais substratos que competem
entre si, poder ser encarada como a definição de especificidade de uma dada enzima a um
substrato. A natureza das interações eletrostáticas dos aminoácidos e as interações destes com
os aminoácidos envolvidos no mecanismo de catálise são fatores que se correlacionam
diretamente na especificidade enzimática.
O estudo da especificidade de uma peptidase utilizando substratos naturais gera
informações qualitativas a cerca dos sítios de hidrólise, entretanto, não permite quantificar e
delinear a especificidade primária destas enzimas. Um exemplo é o estudo da especificidade
da catepsina B sobre a cadeia β da insulina. Em pH ácido, a atividade exopeptidásica é maior
quando comparada à atividade endopeptidásica, o que leva a uma difícil caracterização do
local exato da hidrólise.
Os substratos peptídicos sintéticos permitem detectar de maneira mais clara a
atividade enzimática, determinar as suas constantes cinéticas características e também fazer
comparações diretas em relação à especificidade primária entre duas ou mais enzimas.
Quando em 1967 Schechter e Berger relataram seu trabalho fundamental sobre sítios
de ligação de substratos da papaína, coube-lhes apenas confiar em dados cinéticos. O estudo
avaliou a dependência das cinéticas de substratos na extensão de uma cadeia de polialanina e
os experimentos demonstraram que as cinéticas são influenciadas pela extensão da cadeia
polipeptídica em sete aminoácidos e, assim, concluíram que existem sete subsítios de ligação
30
na molécula da papaína (S
1
-S
4
e S’
1
-S’
3
), cada um podendo acomodar um único aminoácido
de um dado substrato (P
1
-P
4
e P’
1
-P’
3
). (Figura 5)
Os subsítios S
n
interagem com os aminoácidos P
n
situados do lado N-terminal do sítio
de clivagem, e os subsítios S’
n
interagem com os aminoácidos P’
n
localizados na região C-
terminal do sítio de clivagem (SCHECHTER E BERGER, 1967).
A nomenclatura sugerida por Schechter e Berger (1967) permitiu descrever o sítio
ativo de diversas peptidases. As definições das interações enzima substrato e sua
nomenclatura tornaram-se padrões para a designação dos subsítios de interações de um
substrato polipeptídico e uma enzima proteolítica.
Figura 5: Nomenclatura de Schechter e Berger. Os subsítios da enzima interagem com os
aminoácidos na posição Pn no substrato, situado ao lado N-terminal do ponto de
hidrólise e os subsítios S’
n
com os aminoácidos P’
n
localizados no lado C-terminal.
31
1.5.1 Catepsina L
Quando um número suficiente de estruturas protease/inibidor tornou-se disponível, as
definições de Schecheter e Berger (1967) em relação aos subsítios de ligação do substrato
sobre as enzimas da família da papaína foram redefinidas. A base e as paredes dos subsitíos
de ligação são formadas por quatro segmentos da cadeia. Duas alças curtas no domínio L
(resíduos 19-25 e 61-69) e duas alças longas no domínio R (resíduos 136-162 e 182-213)
(TURK E GUNCAR, 2003).
As estruturas sobrepostas de complexos de catepsinas com inibidores análogos a
substratos revelam que os resíduos do substrato ligam-se ao longo da fenda catalítica em uma
conformação estendida. Com as cadeias laterais orientadas para os domínios L e R, de
maneira alternada. Os resíduos P
2
, P
1
e P’
1
ligam-se de maneira bem definida aos seus
respectivos subsítios. Esta acomodação é orientada pelas interações que envolvem átomos da
cadeia principal e das cadeias laterais. Os subsítios S
1
e S’
1
permitem apenas uma ligação
superficial do substrato, em contra ponto o subsítio S
2
apresenta-se como uma cavidade mais
profunda. A localização do resíduo P
3
é mediada somente por interações da cadeia lateral. Em
função disso, as geometrias de ligação estão dispersas por uma ampla área e exclusivas para
cada substrato.
A localização de subsítios de ligação além de S
3
e S’
2
não é prejudicada pelas
interações da cadeia principal. Cada resíduo liga-se na superfície da enzima à sua própria
maneira. Em função disso Turk et al (1998) sugerem que as ligações alem de S
2
e S
2
’ não
deveriam ser classificadas como subsítios, mas sim como áreas. Dessa maneira as peptidases
pertencentes à família da papaína representam uma classe especial de peptidase, a qual
apresenta um número limitado de subsítios, em oposição as serino-peptidases da família da
32
quimiotripsina que possuem seis subsítios. As descrições dos subsítios da catepsina L estão
mais bem esclarecidas nos tópicos que seguem.
1.5.1.1 Subsítio S
1
O subsítio S
1
das enzimas da família da papaína acomoda preferencialmente resíduos
básicos. A maioria dos substratos sintéticos descritos para essa família contém Lys ou Arg na
posição P
1
(BROCKLEHURST, 1990).
1.5.1.2 Subsítio S
2
O aminoácido que ocupa o subsítio S
2
é crucial para a diferenciação das peptidases da
família da papaína.
A maioria dos substratos descritos contém Phe na posição S
2
(BARRETT E
KIRSCHKE, 1981), entretanto, o subsítio S
2
aceita de maneira geral aminoácidos
hidrofóbicos aromáticos (LECAILLE ET AL, 1999) ou não aromáticos (BRÖMME ET AL,
1999). A natureza dos aminoácidos envolvidos no subsítio S
2
pode explicar as diferentes
especificidades encontradas nas peptidases da família da papaína (TABELA 2) (MUSIL ET
AL, 1991).
33
Tabela 2 – Aminoácidos constituintes do subsítio S
2
da papaína e catepsinas B e L.
Aminoácidos (numeração da papaína)
Enzima
68 133 157 160 205
Papaína Pro Val Val Ala Ser
Catepsina B humana Pro Ala Gly Ala Glu
Catepsina L humana Met Ala Met Gly Ala
Fonte: Adaptado a partir de Portaro et al (2000)
1.5.1.3 Subsítio S
3
O subsítio S
3
da catepsina L é formado por resíduos de Asn
66
, Glu
63
e Leu
69
. Poucos
são os resultados sobre a especificidade em relação ao subsítio S
3
disponíveis na literatura.
Koga et al (1990) demonstraram que a catepsina L, em contra ponto à papaína, acomoda um
aminoácido hidrofóbico nesta posição.
De acordo com os dados obtidos a partir da cristalografia da catepsina L os subsítios
S
3
das catepsinas B e L podem ser considerados similares tem termos de sua especificidade.
Considerando-se apenas os resíduos hidrofóbicos, a ordem preferencial na catepsina L
é: Phe, Trp, Leu e Tyr. Os substratos que apresentam His na posição P
3
, também são bastante
susceptíveis a hidrolise pela catepsina L, entretanto, resíduos ácidos fazem com que a
hidrolise seja afetada negativamente (PORTARO ET AL, 2000).
1.5.1.4 Subsítio S’
1
Os subsítios S
1
’ da papaína, catepsina B e catepsina L possuem um amplo grau de
especificidade. As diferenças residem no tamanho e na hidrofobicidade deste subsítio. A
34
catepsina B acomoda preferencialmente resíduos hidrofóbicos e volumosos, enquanto a
catepsina L aceita substratos com aminoácidos como Ser, Ala, Asn, Gln e Lys na posição P
1
’.
(MÉNARD ET AL, 1993).
1.5.1.5 Subsítio S
2
A especificidade do subsítio S’
2
da catepsina L é muito similar ao da papaína, sendo
ambas enzimas capazes de hidrolisar com eficiência substratos que contenham Phe em P’
2
(BRÖMME E KIRSCHKE, 1993).
O S’
2
da catepsina L é, por sua natureza, preferencialmente hidrofóbico, acomodando
principalmente Trp, Leu e Tyr (PORTARO ET AL, 2000). Este padrão também foi observado
em cristalografia de raios-X da pró-catepsina L, onde a Met
75
da pró-região interage com o
Trp
177
da enzima. (COULOMBE ET AL, 1996).
1.5.2 Elastase de Neutrófilo
A elucidação das estruturas espaciais de diversas enzimas pertencentes à família da
quimiotripsina, como por exemplo, quimiotripsina bovina, elastases suínas e de neutrófilo e
trombina, mostra que domínio catalítico e os sítios de ligação do substrato nas enzimas
similares a quimiotripsina estão localizados no espaço entre os domínios destas enzimas. Os
resíduos funcionais estão posicionados preferencialmente na alça de ligação. O subsítio S
1
,
constituído por três folhas β (resíduos 189-192, 214-216 e 226-228; numeração da
quimiotripsina) e por um sítio de ligação de oxiânion (Gly
193
e Ser
195
), pertencem ao barril-β
35
C-terminal (CZAPINSKA E OTLEWSKI, 1999). Os demais subsítios estão sumarizados na
figura 6, e suas descrições são dadas nos subitens abaixo.
1.5.2.1 Subsítio S
1
A especificidade neste grupo é dada, sobretudo pela interação entre o aminoácido que
ocupa a posição P
1
. A elastase tem por preferência resíduos hidrofóbicos de pequenas ou
médias dimensões. O subsítio S
1
possui uma forma semi-esférica e possui uma característica
bastante hidrofóbica. Curiosamente este subsítio contém uma carga negativa da Asp
226
que,
no entanto, não está disponível para a interação com a cadeia lateral do aminoácido P
1
, uma
vez que está bloqueado pela Val
216
e Val
190
. O subsítio S
1
acomoda bem resíduos de Leu, Ile,
Val ou Met. A intensa ligação de cadeias laterais de Ile e/ou Val é uma característica própria
da elastase que a distingue de praticamente todas as outras serino-peptidases. Uma possível
explicação para essa característica pode ser a grande flexibilidade intrínseca deste subsítio
como conseqüência da sua constituição e interação com outras porções da estrutura (BODE
ET AL, 1989).
1.5.2.2 Subsítio S
2
O subsítio S
2
da elastase, pautado pelos resíduos Phe215 - Leu99 e próximo ao anel
himidazol da His57, apresenta-se em forma de taça e bastante hidrofóbico. Ele acomoda
cadeias laterais de tamanho médio e com característica hidrofóbica, tendo preferência por
resíduos de prolina (BODE ET AL, 1989).
36
1.5.2.3 Subsítios S
3
e S
4
. Cadeias laterais longas e hidrofóbicas podem fazer interações hidrofóbicas com a
superfície da enzima, sobretudo com a Phe
192
e a Val
216
. Em conformidade ao já visto para
outras serino-peptidases, a interação entre P3-S3 é caracterizada por duas pontes de
hidrogênio intramoleculares entre os grupos NH do substrtato e a carbonila do da Val
216
.
Cadeias laterais de Ala direcionam-se através das cadeias laterais da Phe
215
e da Arg
217
do
subsítio S
4
em direção a moléculas de água. Curiosamente, substratos com Lys em P
3
ou P
4
são muito menos reativas do que quando comparadas com Ala. Em contraste substratos com
resíduos de cadeia lateral aromática ou grupos hidrofóbicos longos e com carga são mais bem
aceitos e estabilizam melhor o substrato na enzima (YASUTAKE E POWERS, 1981).
Figura 6: Representação esquemática da interação entre a elastase de neutrófilo (HLE) e um
dado substrato. Os subsítios estão representados por S1, S1’, etc. e os resíduos do
substrato por P
1
, P’
1
etc.
Fonte: adaptado a partir de Bode et al (1989)
37
1.5.2.4 Subsítio S’
1
O subsítio S’
1
é reativamente hidrofóbico, ladeado pelas Cys
42
e Cys
58
, que formam
uma ponte dissulfeto, e pela Phe
41
. Este subsítio não possui uma alta especificidade em
relação às cadeias laterais que acomoda, podendo, assim, receber quase todos os aminoácidos,
com duas exceções: Pro ou resíduos muito volumosos e hidrofóbicos, como Trp (BODE,
1989).
1.5.2.5 Subsítio S’
2
Estudos de afinidade para este subsítio indicam que ele possui uma grande afinidade
por cadeias laterais fenólicas, como da Tyr.
1.5.2.6 Subsítio S’
3
O subsítio S’
3
é formado pelas cadeias laterais da Phe
41
, Leu
35
e Val
63
o que lhe
confere uma característica hidrofóbica levando-o a acomodar de maneira preferencial
substratos com P’
3
que possuam longas cadeias alifáticas (BODE, 1989).
38
2 OBJETIVOS
a) Estudar a especificidade das enzimas catepsina L e Elastase de Neutrófilo Humana
em relação ao substrato sintético derivado da seqüência do Inibidor Tissular de Metalo
Protease – 1 (TIMP-1) em relação aos seus substratos comerciais e determinação das
constantes cinéticas (k
M
, K
cat
e K
cat
/ k
M
) para cada um dos casos;
b) Determinar a influência da heparina nas constantes de especificidade da elastase.
c) Caracterizar os produtos de hidrólise de cada uma das enzimas através dos
fragmentos gerados e analisados por espectrometria de massa;
d) Correlacionar às posições P e P’ do substrato hidrolisado com a especificidade e
características dos subsítios S e S’.
39
3 MATERIAIS E MÉTODO
3.1 Enzimas, Substratos e Moduladores
3.1.1 Elastase de Neutrófilo.
A elastase de neutrófilo (50µg) foi adquirida comercialmente da Calbiochem /
Novabiochem (la Jolla, Califórnia USA), foi diluída em 100 µl de tampão Hepes 10mM, 0,14
M NaCl, em pH 7,4. O sítio ativo foi titulado com fluoreto de fenilmetilsulfonila (PMSF), de
acordo com (BARRETT, 1981).
3.1.2 Catepsina L
A enzima catepsina L foi expressa, purificada e ativada como descrito por Illy (1997).
A concentração estoque (736 µM). A titulação do sítio ativo da enzima foi feita com inibidor
L-Trans-Epoxisuccinil-L-Leucilamino (4-guanidino)-butano (E-64) de acordo com Barrett e
Kirschke (1981). Todo o processo de expressão foi feito no Núcleo Integrado de
Biotecnologia da Universidade de Mogi das Cruzes (NIB – UMC) sob a orientação do Prof.
Dr. Luiz R. Nunes e Profª Drª. Regina C. de Oliveira
40
3.1.3 Substratos Cumarínicos Z-FR-MCA e MeOSuc-AAPV-MCA.
Os substratos derivados cumarínicos utilizados para os ensaios fluorimétricos foram
adquiridos comercialmente da Sigma-Aldrich.
3.1.4 Inibidor Tissular de Metaloproteases – 1 Recombinante
Cedido pela Profª. Drª. Gillian Murphy do Departamento de Oncologia da
Universidade de Cambridge, Reino Unido.
3.1.5 Heparina
A heparina de pulmão bovino foi cedida pelo Prof. Dr. Ivarne Luiz dos Santos
Tersariol do Centro Interdisciplinar de Investigação Bioquímica da Universidade de Mogi das
Cruzes (CIIB-UMC).
3.2 Substrato sintético derivado da seqüência do TIMP-1
O substrato Abz-AMESVMGYFHRSQ-EDDnp foi sintetizado no Departamento de
Biofísica da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) pela Profª Drª Maria Juliano e Pr.
Dr. Luiz Juliano Neto. A modificação realizada no peptídeo em relação a seqüência natural do
TIMP-1 foi a substituição do resíduo de Cys
70
por um resíduo de Met (Abz-
41
AMESVMGYFHRSQ-EDDnp). Essa modificação foi introduzida por conveniência para a
síntese do mesmo.
Trata-se de um substrato fluorescente com supressão interna de fluorescência cuja
aplicação no estudo da especificidade de proteases está bem consolidada. O substrato contém
um grupo florescente, ácido orto-aminobenzóico (Abz) ligado à porção N-terminal e um
supressor da fluorescência, etilenodiamino-dinitro-fenil (EDDnp), na porção C-terminal.
Enquanto a cadeia peptídica estiver integra e os dois grupos estiverem relativamente próximos
à fluorescência do composto será mínima. A partir do momento da hidrólise a fluorescência
irá aumentar.
Por se tratar de um aumento proporcional ao número de moléculas hidrolisadas, este
índice de variação de fluorescência torna-se uma medida direta da velocidade de hidrólise que
pode ser utilizada para a determinação das constantes cinéticas.
3.3 Estudos das cinéticas enzimáticas
3.3.1 Titulação do substrato Abz-AMESVMGYFHRSQ-EDDnp
Para a titulação do substrato Abz-AMESVMGYFHRSQ-EDDnp foram feitas cinco
diluições em água, que foram então submetidas a leitura da absorbância (λ = 365 nm) no
espectrofotômetro U-2001 da Hitachi (Japão) com cubetas de quartzo de 3mL e caminho
óptico de 1cm. Os valores de absorbância obtidos eram analisados através de regressão linear
com o softwear GRAFIT v. 3.01 (Leatherbarrow, 1993) da onde se origina uma reta
42
(absorbância x volume de substrato) cujo coeficiente angular foi utilizado para determinar a
concentração (em µM) a partir da equação:
[]
ε
angularecoeficient
substrato
sendo ξ = 17300 M
-1
.
3.3.2 Calibração do fluorímetro para o grupo Abz.
Para padronizar o fluorímetro (mod. F-2500, Hitachi, Japão) efetuou-se primeiramente
a hidrólise total do substrato (Abz-AMESVMGYFHRSQ-EDDnp) em concentrações
crescentes (0,054 µM, 0,108 µM, 0,162 µM, 0,216 µM e 0,270 µM) com papaína (10nM). A
fluorescência do substrato foi monitorada em λ
Ex
= 320nm, λ
Em
=420nm, fendas de excitação
e emissão 10nm e 20nm, respectivamente, e 700V. Os dados obtidos foram analisados por
regressão linear no softwear GRAFIT v. 3.01 (Leatherbarrow, 1993) de onde se obteve uma
reta (fluorescência x concentração). O coeficiente angular desta reta corresponde à constante
do aparelho, em UAF/ µM. Essa constante permite a conversão da velocidade de UAF/min
para M/min.
43
3.3.3 Calibração do fluorímetro para MCA
Concentrações de MCA livre (5 à 100nM) foram submetidos à leitura da sua
fluorescência, monitorados em λ
Ex
= 360nm, λ
Em
=480nm, fendas de excitação e emissão
10nm e 10nm, respectivamente, e 700V. Os dados obtidos foram analisados por regressão
linear no softwear GRAFIT v. 3.01 (Leatherbarrow, 1993) de onde se obteve uma reta
(fluorescência x concentração). O coeficiente angular desta reta corresponde à constante do
aparelho, em UAF/ µM. Essa constante permite a conversão da velocidade de UAF/min para
M/min.
3.3.4 Cinéticas Enzimáticas
A solução estoque do substrato Abz-AMESVMGYFHRSQ-EDDnp foi preparada em
DMF 10% em H
2
0, a solução de Z-FR-MCA foi feita diretamente em H
2
0, ambas mantidas à
4ºC. Na determinação dos parâmetros cinétios utilizou-se fluorímetro F-2500 (Hitachi, Japão)
ajustado como descrito anteriormente. Foram utilizadas cubetas de caminho óptico 1cm e
volume final 2mL.
Para a elastase de neutrófilo os ensaios foram feitos em tampão Hepes 10mM, 0,14 M
NaCl, em pH 7,4 e 0,05% de Triton X-100. Sendo a concentração final de 2,0nM. Para as
cinéticas com heparina a concentração final foi de 50µM. Para a catepsina L os ensaios foram
feitos em tampão acetato de sódio 400mM, EDTA1mM em pH 5,5 e DTT (5mM) para a
ativação, sendo a concentração final de 2,0nM.
Para a curva de pH com a elastase de neutrófilo (pH 5,0 – 10,0), na ausência e
presença de heparina, utilizou-se tampão acetato de sódio 25mM, MES 25mM, TRIS 25mM,
Glicina 25mM, 0,14 M NaCl e 0,05% Triton X-100.
44
Para assegurar que as soluções de reação estavam livres de contaminastes com
atividade proteolítica, foram mantidas no compartimento termostatizado durante 5 minutos e
monitorada sua fluorescência, antes da adição da enzima.
A variação linear da florescência por unidade de tempo foi convertida em nanomols de
substrato hidrolisado por minuto, baseado na curva de fluorescência da solução do peptídeo
com concentração previamente conhecida.
As constantes cinéticas foram determinadas a partir das velocidade iniciais de
hidrólise ( 10% da hidrólise total, através da extrapolação da fluorescência máxima
possível, para cada concentração de substrato) utilizando a equação descrita por Michaelis-
Mentem, no softwear GRAFIT v. 3.01 (Leatherbarrow, 1993). A velocidade máxima,
expressa em UAF/mim, foi então corrigida para mM/min permitindo o cálculo das constantes
cinéticas. Os desvios padrão, na determinação de K
m
e k
cat
foram sempre menores que 5%.
3.4 Espectrometria de Massas
As análises por espectrometria de massas foram feitas no Centro de Toxicologia
Aplicada do Instituto Butantan (CAT-CEPID) sob a orientação do Prof. Dr. Daniel C
Pimenta.
45
3.4.1 Amostras
Para os ensaios de espectrometria de massas, foram preparadas as seguintes soluções:
a) Controle: Abz-AMESVMGYFHRSQ-EDDnp (10mM), em solução aquosa.
b) Incubado 1: Catepsina L (10nM) mais Abz-AMESVMGYFHRSQ-EDDnp (10µM), em
tampão acetato de sódio 400mM, EDTA1mM em pH 5,5 e DTT (5mM).
c) Incubado 2: Elastase (10nM) mais Abz-AMESVMGYFHRSQ-EDDnp (10µM) em tampão
Hepes 10mM, 0,14 M NaCl, em pH 7,4.
Todas as amostras foram mantidas por 60 minutos em banho termostatizado a 37ºC.
Após o tempo de incubação a atividade enzimática foi interrompida com a adição de
inibidores específicos, para a catepsina L foi usado E-64 e para elastase de neutrófilo PMSF.
3.4.2 Maldi-Tof
Para a espectrometria de massas tipo MALDI-TOF, as análises foram realizadas em
um instrumento MALDI-ToF/Pró (Amersham). As amostras, em solução, foram misturadas
na proporção 1:1 (v:v) com uma solução supersaturada de matriz para peptídeos (ácido
cinâmico) ou matriz para proteínas (ácido sinápico), depositadas sobre a placa de amostragem
(0,4-0,8 µL) e deixadas secar no ambiente. Foi utilizado o modo automático de controle do
equipamento e aquisição de dados do software de controle do equipamento.
46
3.4.3 LC-MS
As amostras previamente secas foram dissolvidas em 0,1% ácido fórmico e
depositadas no amostrador do auto-injetor. 20 µL de amostra são injetadas
em um sistema de HPLC/Espectrometria de Massass (LC/MS) tipo Quadrupolo, MSQ
Surveyor (Thermo Finnigan) sob fluxo constante de 1 mL/min, e submetida a
uma separação cromatográfica por fase reversa em coluna Bischoff NPS C18 1.5
(4.6 x 14 mm), utilizando como solventes A: ácido fórmico 0,1% e solvente B:
ACN: H
2
O:ácido fórmico/900:100:0,1 e um programas de gradiente linear de 0 a
100% de B em 6 minutos. O controle do instrumento, a aquisição e o
processamento de dados foram realizados pelo pacote de programas Xcalibur
(Thermo Finnigan).
3.5 Eletroforese
Para a analise eletroforética foram preparados dois incubados, a saber:
a) Elastase + TIMP-1; e
b) Elastase + TIMP-1 + Heparina
A partir destes incubados foram sendo retiradas alíquotas em tempos pré-
determinados: 20, 40, 60, 90 e 120 minutos. As alíquotas foram aplicadas em gel de SDS-
Page (12,5%) segundo Laemmli (Laemmli, U.K., 1970). O gel foi corado com nitrato de prata
e analisado por densitometria.
47
4 RESULTADOS
4.1 Cinéticas enzimáticas
4.1.1 Elastase de Neutrófilo
Visando a necessidade de um substrato que nos permitisse o acompanhamento da
atividade da elastase de neutrófilo humano, optamos pela utilização do substrato comercial
derivado cumarínico MeOSuc-Ala-Ala-Pro-Val-MCA, que foi utilizado como padrão para a
comparação com os dados obtidos para o substrato Abz-AMESVMGYFHRSQ-EDDnp
(Tabela 3).
O substrato também foi ensaiado na presença de heparina, como modulador da
atividade catalítica. Na determinação das constantes de especificidade (k
cat
/k
M
) após a
determinação individual das constantes de afinidade (K
M
) e de catálise (k
cat
) observamos que
o valor determinado para hidrólise do peptídeo Abz-AMESVMGYFHRSQ-EDDnp na
presença de heparina é aproximadamente quatro vezes maior, diferentemente do peptídeo
comercial, que apresenta um decréscimo na atividade (Tabela 3).
48
Tabela 3: Diferenças observadas na constante de afinidade determinadas por cinética
michaelianas na presença e ausência de heparina.
Cinéticas Michaelianas
[E]: 2,0 nM
Cinéticas
Michaelianas +
50
µM heparina
[E]: 2,0 nM
k
cat
/k
M
(mM
-1
s
-1
)
k
cat
/k
M
(mM
-1
s
-1
)
MeOSuc-AAPV-MCA
30,0
± 3,0 20,0 ± 2,0
Abz-AMESVMGYFHRSQ-EDDnp
330,0
± 30,0 1100,0 ± 90,0
Fonte: Dados obtidos experimentalmente.
A figura 7 mostra a atividade enzimática (k
cat
/K
M
) da elastase em função do pH na
ausência e presença de heparina (50µM). Quando a enzima é ensaiada na presença de
heparina existe uma variação de 0,5 no pH ótimo da enzima, indo de 8,0 para 8,5. Os valores
das constantes de afinidade estão listados na tabela 4.
Figura 7: Curva de atividade da elastase em função do pH (5,5 – 10,5) na ausência de
heparina (pontos brancos) e na presença de 50µM de heparina (pontos pretos)
1086
140
120
100
80
60
40
20
0
pH
Kcat/km (uM-1s-1)
Fonte: Dados obtidos experimentalmente.
49
Tabela 4: Constantes de afinidade da elastase de neutrófilo em função do pH na presença e
ausência de heparina.
pH Sem heparina
k
cat
/k
M
(µM
-1
s
-1
)
Heparina (50 µM)
k
cat
/k
M
(µM
-1
s
-1
)
5,0 0,462 2,263
5,5 4,676 6,788
6,0 9,580 22,641
6,5 42,070 43,006
7,0 79,460 63,385
7,5 104,005 108,654
8,0 111,015 133,559
8,5 79,934 140,347
9,0 58,432 110,918
9,5 35,060 74,700
10,0 10,515 48,663
10,5 4,67669 22,641
Fonte: Dados obtidos experimentalmente.
4.1.2 Catepsina L
À mesma maneira que procedido para a elastase de neutrófilo, utilizou-se um substrato
comercial, derivado cumarínico, o Z-FR-MCA para verificar a atividade enzimática e também
como padrão para comparação dos dados com o substrato derivado da seqüência do TIMP-1.
As constantes cinéticas, neste caso, foram determinadas individualmente por cinética
Michaeliana (Tabela 5).
Tabela 5: Constantes de afinidade para a catepsina L, usando o substrato comercial (Z-FR-
MCA) e o substrato sintético derivado da seqüência do TIMP-1(Abz-
AMESCMGYFHRSQ-EDDnp).
Substrato k
cat
/K
M
(m
M
-1
s
-1
)
Z-FR-MCA
1350,0
± 67,0
Abz-AMESVMGYFHRSQ-EDDnp 2270,0 · 110,0
Fonte: Dados obtidos experimentalmente.
50
4.2 Espectrometria de Massas
Em um primeiro momento, como o intuito de avaliar a integridade do substrato, foi
feito o espectro de Massas apenas deste, nas mesmas condições em que seria submetido à
hidrólise pelas enzimas. O resultado está apresentado na figura 8.
No espectro de Massas do substrato é possível evidenciar três picos distintos
(numerados de 1 a 3). O pico de número 1 corresponde ao substrato integro, e apresenta uma
massa de 1885,72 Da, o que corresponde ao peso calculado através da seqüência de
aminoácidos. Os picos dois e três, também se referem ao substrato na sua totalidade,
entretanto possuem uma diferença de massa de 16 e 32 unidades (picos 2 e 3 respectivamente)
em relação ao pico 1. Essa diferença é em função de os grupos Abz/EDDnp perderem
moléculas de oxigênio durante o processo de ionização da amostra. A perda dessas moléculas
de oxigênio também se reflete aumentando a intensidade do pico, uma vez que a intensidade
do sinal observado está ligada diretamente a quão protonável é a seqüência em questão.
51
Figura 8: Espectro de Maldi-Tof, do substrato Abz-AMESVMGYFHRSQ-EDDnp. O pico 1 refere-se ao substrato integro, assim como
os picos 2 e 3. A diferença entre eles é referente a perda de um e dois oxigênios pelos grupos Abz/EDDnp. (
Fonte: Dados obtidos
experimentalmente.)
3
2
1
52
Esses dados demonstram que o substrato está integro na solução estoque usado para os
ensaios posteriores, portanto, qualquer fragmento de massa molecular menor ao descrito
anteriormente para a molécula integra, é devido exclusivamente ao processo hidrolítico das
enzimas.
4.2.1 Catepsina L
Após confirmar-se pelas cinéticas enzimáticas a habilidade da catepsina L em
hidrolisar o substrato Abz-AMESVMGYFHRSQ-EDDnp, passamos para os experimentos de
espectrometria de Massas, para, então, identificar a ligação peptídica hidrolisada.
O incubado contendo o substrato e catepsina L foi primeiramente analisado por
espectrometria de Massas do tipo MALDI-TOF em função da necessidade de um volume
pequeno de amostra e rapidez na aquisição dos dados. A figura 9 mostra os dados obtidos.
O espectro de massa do incubado mostra um pico com uma boa intensidade de sinal e
com uma massa molecular de 582 Da. Este pico refere-se ao produto de hidrólise obtido pela
ação da catepsina L. Após analise dos possíveis pontos de hidrolise presentes na molécula do
substrato, verificou-se que a ligação hidrolisada foi entre o resíduo de His e o resíduo de Arg,
gerando os fragmentos Abz-AMESVMGYFH e RSQ-EDDnp. A massa real calculada do
fragmento RSQ-EDDnp é de 614 Da, a diferença entre esta e a observada experimentalmente
deve-se mais uma vez à perda de um oxigênio pelo grupo EDDnp.
Para confirmar a hidrolise no ponto sugerido, uma alíquota do incubado foi submetida
à espectrometria de massa do tipo LC-MS, uma vez que o fragmento (1290 Da) não
apresentaria sinal mensurável no MALDI-TOF uma vez que não possui resíduos que possam
ser protonáveis e, com isso, identificados com clareza.
53
Figura 9: Espectro de massa do incubado de catepsina L com o substrato sintético. A seta indica o fragmento gerado pela ação
enzimática. O produto de hidrólise possui uma massa real de 614Da, referente a seqüência RSQ-EDDnp. A diferença entre a
massa calculada e a encontrada deve-se a perda de um oxigênio. (
Fonte: Dados obtidos experimentalmente.)
RSQ-EDDnp
54
A figura 10 refere-se aos experimentos de LC-MS. Na parte superior (Figura 9 A)
podemos verificar dois cromatogramas de fase reversa onde se observa a eluição da região C-
terminal no início do gradiente e o produto N-terminal, em função da sua característica mais
hidrofóbica, é retido mais tempo na coluna o que aumenta o seu tempo de retenção Os tempos
de retenção são de 0,39 minutos e 3,69 minutos, respectivamente.
A figura 9 B apresenta o espectro de massa para cada um dos picos observados. Na
parte superior da figura a região C-terminal com m/z = 598 e na parte inferior o fragmento N-
terminal com duas cargas, ou seja, m/z = 637 (m=1290 – 16, correspondendo a perda de um
oxigênio e z=2). Os demais íons que podem ser vistos no cromatograma podem ser da fase
móvel, impurezas, fragmentação das moléculas ou reagentes presentes no incubado.
Ao verificar-se a presença do fragmento com massa de 1290 Da pelo método LCMS,
pode-se, com clareza afirmar o ponto de hidrólise sugerido pelos experimentos prévios em
MALDI-TOF.
55
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5
Time (min)
0
20
40
60
80
100
0
20
40
60
80
100
Relative Abundance
3.69
0.53
2.92 6.443.60
5.21
0.36
3.82 6.640.70 6.93
3.12 6.205.14 5.860.85 1.43 4.44
4.63
1.64 5.312.542.071.861.16 2.32 5.703.930.02
0.39
0.36
0.53
3.69
0.70
3.43
3.16
1.661.54
1.331.06 5.211.81 2.24 2.99
4.640.26 4.97
5.69 6.373.77
2.85 6.985.24 6.746.084.402.36 4.08
NL:
3.50E5
m/z =
638.40-
639.40 F:
MS
G3_06101012
4949
NL:
5.90E5
m/z =
598.29-
598.81 F:
MS
G3_06101012
4949
NL:
5.90E5
m/z =
598.29-
598.81 F:
MS
G3_06101012
4949
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
m/z
0
20
40
60
80
100
0
20
40
60
80
100
Relative Abundance
146.13
377.27
598.53
620.53
178.38
337.27
418.27
513.28
666.41
731.54
952.56 1080.81
1320.21867.30
1192.07 1483.09 1578.22 1840.111756.73 1927.62
242.51
786.67
142.13
637.54
186.51
596.53
451.40
279.14
808.80
692.41
902.93
1050.19 1627.731203.20 1289.08 1718.481507.47 1865.87 1969.87
NL: 2.60E5
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0.32-0.44 AV: 8 T: {0,0} + p
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det=1153.00 Full ms [
100.00-2000.00]
NL: 2.82E5
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3.64-3.72 AV: 6 T: {0,0} + p
ESI corona sid=75.00
det=1153.00 Full ms [
100.00-2000.00]
Figura 10: LCMS do incubado com catepsina L. Em A está o cromatograma de fase reversa, onde o pico com tempo de retenção de 3,69
minutos é a porção N-terminal do substrato e o pico com tempo de retenção de 0,39 minutos é referente a porção C-terminal.
Em B está o espectro de massa de cada pico, onde na parte superior vemos a região C-terminal (598,53Da) e na parte inferior a
porção N-terminal com duas cargas (637Da), ambos indicados com uma seta vermelha e sua seqüência. (
Fonte: Dados obtidos
experimentalmente.)
Figura 10: LCMS do incubado com catepsina L. Em A está o cromatograma de fase reversa, onde o pico com tempo de retenção de 3,69
minutos é a porção N-terminal do substrato e o pico com tempo de retenção de 0,39 minutos é referente a porção C-terminal.
Em B está o espectro de massa de cada pico, onde na parte superior vemos a região C-terminal (598,53Da) e na parte inferior a
porção N-terminal com duas cargas (637Da), ambos indicados com uma seta vermelha e sua seqüência. (
Fonte: Dados obtidos
experimentalmente.)
A A
B B
55
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5
Time (min)
0
20
40
60
80
100
0
20
40
60
80
100
Relative Abundance
3.69
0.53
2.92 6.443.60
5.21
0.36
3.82 6.640.70 6.93
3.12 6.205.14 5.860.85 1.43 4.44
4.63
1.64 5.312.542.071.861.16 2.32 5.703.930.02
0.39
0.36
0.53
3.69
0.70
3.43
3.16
1.661.54
1.331.06 5.211.81 2.24 2.99
4.640.26 4.97
5.69 6.373.77
2.85 6.985.24 6.746.084.402.36 4.08
NL:
3.50E5
m/z =
638.40-
639.40 F:
MS
G3_06101012
4949
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
m/z
0
20
40
60
80
100
0
20
40
60
80
100
Relative Abundance
146.13
377.27
598.53
620.53
178.38
337.27
418.27
513.28
666.41
731.54
952.56 1080.81
1320.21867.30
1192.07 1483.09 1578.22 1840.111756.73 1927.62
242.51
786.67
142.13
637.54
186.51
596.53
451.40
279.14
808.80
692.41
902.93
1050.19 1627.731203.20 1289.08 1718.481507.47 1865.87 1969.87
NL: 2.60E5
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100.00-2000.00]
NL: 2.82E5
G3_061010124949#214-219 RT:
3.64-3.72 AV: 6 T: {0,0} + p
ESI corona sid=75.00
det=1153.00 Full ms [
100.00-2000.00]
Abz-AMESVMGYFH
RSQ-EDDnp
56
4.2.2 Elastase de Neutrófilo
O incubado com elastase foi submetido também a analise por MALDI-TOF com o
intuito de verificar o ponto de hidrólise. Após analise dos possíveis pontos de hidrólise
presentes na molécula do substrato correlacionando-os com as massas presentes no espectro
obtido (Figura 11), verificou-se que a ligação hidrolisada foi entre o resíduo de Met e o
resíduo de Val, dando origem aos fragmentos e, sendo a massa de cada fragmento 668 e 1217
Da, respectivamente. Os picos referentes aos produtos gerados estão destacados na figura,
com as suas respectivas seqüências.
No caso deste incubado não houve a necessidade de fazer ensaios utilizando LCMS,
uma vez que os dois fragmentos puderam ser observados com o uso do Maldi-Tof.
57
Figura 11: Espectro de Maldi-Tof do incubado de elastase com o substrato derivado do TIMP-1. Os produtos de hidrolise estão indicados
com a seta vermelha, e sua seqüência correspondente. (
Fonte: Dados obtidos experimentalmente.)
Abz-AMESV
MGYFHRSQ-EDDnp
58
4.3 Eletroforese
Visando uma correlação mais informações acerca da influência da heparina como
modulador da elastase na degradação do TIMP-1, nosso próximo passo foi avaliar, através de
eletroforese em gel de SDS-Page, a degradação da molécula integral do TIMP-1 na ausência e
presença de heparina em diferentes tempos de incubação e analisar posteriormente por
densitometria. A figura 12 mostra os resultados obtidos, as pistas marcadas com (+) são
aquelas onde a elastase foi incubada com heparina nas pistas marcadas com (-) não houve
incubação com heparina, os tempos de incubação estão descritos em minutos.
Figura 12: Eletroforese em gel SDS (12,5%) avaliando a influência da heparina na catalise da
molécula de TIMP-1. As pistas marcadas com o sinal (-) não possuem heparina e
as pistas marcadas com (+) possuem heparina.
Fonte: Dados obtidos experimentalmente.
59
Foi realizada a análise por densitometria das bandas observadas nos ensaios de
eletroforese realizados conforme Figura 13. Os valores estão listados na tabela 6
Figura 13: Gráficos construídos a partir dos dados de densitometria do gel de eletroforese.
Em A verifica-se o consumo da molécula de TIMP-1 pela elastase e em B o
aparecimento do produto de hidrólise.
A
0 20 40 60 80 100 120
30
40
50
60
70
80
90
100
% TIMP-1
Tempo (min)
TIMP + HNE
TIMP + HNE + HEP
B
0 20406080100120
0
10
20
30
40
50
60
70
% Produto Formado
Tempo (min)
TIMP + HNE
TIMP + HNE + HEP
Fonte: Dados obtidos experimentalmente.
60
Tabela 6: Porcentagens de TIMP-1 remanescente e produto formado a partir da degradação
do TIMP-1 em diversos tempos de incubação na presença e ausência de
Heparina. As porcentagens foram calculadas a partir dos dados obtidos pela
densitometria do gel em SDS-Page.
Tempo (min) % TIMP % Produto formado
Sem
Heparina
Com Heparina
(50µM)
Sem
Heparina
Com Heparina
(50µM)
0 100 100 0 0
20 83 58 17 42
40 67,7 49 32,3 51
60 59,6 44 40,4 56
90 54,1 40 45,9 60
120 53,5 38 46,5 62
Fonte: Dados obtidos experimentalmente.
61
5 DISCUSSÃO
A hidrólise do inibidor tissular da metaloproteases-1, TIMP-1, constitui passo
fundamental na regulação da atividade das metaloproteases-3 e -9, e, consequentemente, na
degradação da matriz extracelular. A habilidade da elastase em processar o TIMP-1 é relatada
na literatura por Nagase et al (1997) e Ioth e Nagase (1995). Em nosso trabalho apresentamos
aspectos cinéticos deste processo e a influência de glicosaminoglicanos na degradação do
inibidor.
No presente estudo foi observado a influência da heparina na hidrólise do TIMP-1 pela
elastase, com utilização da proteína de TIMP-1 integral, bem como com o emprego de
substrato sintético com apagamento intramolecular da fluorescência contendo 13 resíduos de
aminoácido referentes às posições de 65 a 76 do inibidor humano.
Nos ensaios realizados a heparina foi utilizada como modelo de glicosaminoglicano
polisulfatado, neste caso o heparam sulfato presente na matriz extracelular e na superfície das
células, e a elastase de neutrófilo como protease presente em processos inflamatórios e
tumorais.
Outra protease estudada, como capaz de hidrolisar o TIMP-1, foi a catepsina L, a qual
reconheceu o peptídeo sintético empregado como substrato. Todavia, não tivemos material
disponível para realizar ensaios da proteína de TIMP-1 integral com esta enzima. A
verificação da potencial atividade da catepsina L como enzima capaz de degradar o TIMP-1
teve como base a indicação da literatura de que esta protease é encontrada na matriz
extracelular em processos tumorais (WOLTERS ET AL, 1998; SKRYDLEWSKA, 2005).
Nos ensaios com o peptídeo sintético a análise de especificidade das enzimas
estudadas foi realizada tendo em vista que um peptídeo de 13 resíduos de aminoácidos
62
(Figura 14), contendo os resíduos mostrados, não deve apresentar estrutura rígida, a qual deve
ter transição contínua em solução aquosa.
Figura 14: Representação da estrutura do peptídeo Abz-AMESVMGYFHRSQ-EDDnp
NH
2
O
N
H
O
S
N
H
O
OHO
N
H
O
OH
N
H
O
N
H
O
S
N
H
O
N
H
O
OH
N
H
O
N
H
O
NH
N
N
H
O
NH
NH
2
NH
N
H
O
OH
N
H
O
NH
2
O
H
Ala
Met
Val
Met
Phe
Glu
Ser
Gly
Tyr His
Ser
Gln
Arg
A hidrólise do peptídeo Abz-AMESVMGYFHRSQ-EDDnp pela elastase de neutrófilo
humano ocorreu entre os mesmos resíduos de Val
69
Met
70
como demonstrado para hidrólise
da proteína do TIMP-1 integral por Nagase et al (1997). Todavia, com a utilização do
peptídeo sintético também foi possível observar que a atividade enzimática sobre a seqüência
do substrato na presença de 50
µM de heparina foi aproximadamente 3,3 vezes maior que
quando comparado aos ensaios cinéticos realizados na ausência de heparina. Estes dados
indicaram que a interação da elastase com a heparina poderia promover uma regulação
positiva na degradação do TIMP-1 por esta enzima. Esta indicação foi confirmada em ensaios
de eletroforese em SDS com a proteína integral de TIMP-1 na presença e ausência de
heparina, onde foi observado que a formação de produto no tempo inicial reflete os dados
cinéticos, ou seja, cerca de 3 vezes mais produto formado. (Figura 13).
63
Outro aspecto observado com a utilização de substratos sintéticos foi referente à
influência da região P’ (produto –NH-...) na interação enzima-substrato. Na hidrólise do
substrato sintético MeOSuc-AAPV-MCA a ligação hidrolisada foi a existente entre o resíduo
de Val e o grupamento MCA. Neste caso, não havia resíduos de aminoácidos realizando
interação com os subsítios descritos como S’ da enzima e nos experimentos cinéticos não foi
observada influência da heparina na hidrólise do substrato, não havendo alteração
significativa nas constantes determinadas (Figura 15).
Figura 15. Figura esquemática indicando o ponto de hidrólise do peptídeo derivado do
TIMP-1 pela elastase e os aminoácidos que ocupam os subsítios desta enzima
NH
2
O
N
H
O
S
N
H
O
OHO
N
H
O
OH
N
H
O
Ala
Met
Val
Met
Phe
S
Glu
Ser
Gly
Tyr His
Ser
Gln
Arg
NH
2
O
N
H
O
N
H
O
OH
N
H
O
N
H
O
NH
N
N
H
O
NH
NH
2
NH
N
H
O
OH
N
H
O
NH
2
O
H
S4 S3 S2 S1
P4 P3 P2 P1
S1' S2 ' S3'
P1' P2 ' P3'
Estes resultados sugerem que a influência da heparina na hidrólise do peptídeo tem
como fator determinante a interação de resíduos de aminoácidos com subsítios da região S’ da
enzima. Esta observação sugere que eventuais alterações estruturais decorrentes da interação
da heparina com a elastase têm maior influência em regiões específicas da estrutura da
enzima.
64
Com relação a aspectos de especificidade da elastase humana de neutrófilo (HNE) na
hidrólise do substrato derivado da seqüência do TIMP-1, observa-se que o mesmo apresenta
no subsítio P
1
um resíduo de valina. A preferência do subsítio S
1
da HNE é por resíduos
pertencentes ao grupo dos alifáticos e hidrofóbicos, como Leu e Ile (BODE, 1989). A
similaridade entre as cadeias laterais da Leu e Ile quando comparadas com a da Val, justifica
essa acomodação.
A posição P
2
é ocupada por um resíduo de serina, que possui um grupo OH em sua
cadeia lateral. A interação desse aminoácido com o subsítio S
2
pode ser prejudicada por essa
característica, uma vez que à mesma maneira do subsítio S
1
, ele acomoda preferencialmente
resíduos hidrofóbicos. A interação entre P
2
e S
2
pode ser conseqüência das demais interações
entre o substrato do TIMP-1 e a enzima, não sendo, portanto, fundamental na ação
enzimática.
Conforme descrito por Yasutake e Powers (1981), substratos com cadeias laterais
longas e dotadas de carga são bem aceitas pelos subsítio S
3
e S
4
promovendo uma melhor
interação do que quando comparado a cadeias laterais unicamente hidrofóbicas e curtas. Na
posição P
3
do substrato está localizado um resíduo de Glu, e em P
4
a presença de um resíduo
de Ser. As cadeias laterais dos resíduos de Glu (P
3
) e Ser (P
4
)
não são as ideais para estes
subsítios, uma vez que não promovem os contatos para a estabilização do substrato na
enzima, através de pontes de hidrogênio (BODE, 1989).
Em relação aos resíduos posicionados na porção P´, a primeira posição é ocupada por
uma Met, o que vai de encontro a característica pouco hidrofóbica do subsítio S
1
, entretanto,
excetuando-se resíduos de prolina e resíduos essencialmente hidrofóbicos e muito volumosos,
este subsítio não possui um alto grau de especificidade, podendo acomodar os demais
aminoácidos.
65
A posição P’
2
é ocupada por um resíduo de Gly, que possui em sua cadeia lateral
apenas um átomo de hidrogênio. Mesmo não se tratando de um aminoácido com as
características essenciais para subsítio S’
2
, que acomoda resíduos de cadeias laterais fenólicas,
a interação pode ser apenas superficial, não sendo, portanto fundamental para o
posicionamento do substrato do TIMP-1 na enzima.
O subsítio S’
3
acomoda cadeias alifáticas de características hidrofóbicas, entretanto na
posição P’
3
existe uma tirosina, que em sua cadeia lateral apresenta um grupo fenol. Como a
cadeia lateral da Tyr é volumosa o contato deste resíduo com o subsítio deve ser superficial,
mantido por interações hidrofóbicas, com os resíduos de Phe, Leu, e Val nele localizado.
Outro ponto de interesse em nosso estudo foi monitorar a participação da catepsina L
como uma possível protease capaz de hidrolisar o TIMP-1, ativando assim as metaloproteases
de matriz facilitando assim a migração de células tumorais.
A catepsina L mostrou-se capaz de reconhecer o peptídeo Abz-AMESVMGYFHRSQ-
EDDnp como seu substrato, hidrolisando a ligação His
74
Arg
75
. Ainda com o uso do
substrato sintético pudemos avaliar que, assim como para a elastase, existe a influência da
região P’ na acomodação do substrato na enzima. Em comparação ao substrato comercial, Z-
FR-MCA, onde na região P’ está tão somente o grupamento MCA o peptídeo Abz-
AMESVMGYFHRSQ-EDDnp pode-se observar que o substrato derivado do TIMP-1 é 1,7
vezes mais susceptível à ação da catepsina L. (Figura 16).
66
Figura 16: Figura esquemática indicando o ponto de hidrólise do peptídeo derivado do
TIMP-1 pela Catepsina L e os aminoácidos que ocupam os subsítos desta enzima
NH
2
O
N
H
O
S
N
H
O
OHO
N
H
O
OH
N
H
O
N
H
O
S
N
H
O
N
H
O
OH
N
H
O
N
H
O
NH
N
H
Ala
Met
Val
Met
Phe
Glu
Ser
Gly
Tyr His
Gln
Arg
NH
2
O
NH
NH
2
NH
N
H
O
OH
N
H
O
NH
2
O
S3 S2 S1
P3 P2 P1
S1' S2 ' S3'
P1' P2 ' P3'
Ser
O subsítio S
1
da catepsina L, assim como das outras enzimas pertencentes à família da
papaína, não é o responsável pela especificidade primária da enzima e acomoda
preferencialmente resíduos básicos. A partir dos nossos dados de espectrometria de massa
evidenciamos que o resíduo de His ocupa a posição P
1
no substrato de maneira eficiente, por
se tratar de um aminoácido com cadeia lateral básica, indo de encontro ao descrito para as
enzimas da família da papaína. (BROCKLEHURST, 1990).
O resíduo em P
2
trata-se de uma Phe. Segundo o trabalho Barrett e Kirschke (1981) o
subsítio S
2
das proteases da família da papaína interage com aminoácidos hidrofóbicos, em
função de sua natureza físico-química. Portaro et al (2000) confirmam este resultado, e
demonstram que dentre os resíduos hidrofóbicos, a catepsina L aceita preferencialmente
resíduos de Phe. Esta combinação de S
1
com resíduos básicos flanqueados por um resíduo
hidrofóbico em S
2
mostra-se como fundamental para o reconhecimento do substrato e
posterior ação hidrolítica.
Em P
3
o substrato apresenta um resíduo de Tyr, que possui característica hidrofóbica.
A especificidade do subsítio S
3
encontra-se em acomodar resíduos hidrofóbicos mais
67
volumosos. A presença do resíduo de Tyr na posição P
3
corrobora com essa especificidade,
entretanto é o que possui a menor afinidade pelo subsitío, quando comparado com os demais
resíduos do mesmo grupo físico-químico (KOGA ET AL, 1990), possivelmente pela presença
de um grupo OH ligado ao anel benzênico, contribuindo com uma característica levemente
polar e com isso perturba a interação neste subsítio.
Segundo a literatura, o subsítio S’
1
da catepsina L é de certa maneira inespecífico,
podendo, com isso, acomodar um grande número de resíduos. Entretanto, a catepsina L,
apresenta uma preferência por não hidrofóbicos (MENÁRD ET AL, 1993). O substrato
derivado do TIMP-1 apresenta em P’
1
um resíduo de Arg. Não existem, entretanto, dados na
literatura de substratos que contenham esse aminoácido na posição P’
1
, contudo devido a sua
similaridade com o resíduo de Lys a enzima seja capaz de acomodá-la, entretanto com alguma
diferença na especificidade.
Segundo Brömme e Kirschke (1993) a catepsina L tem forte preferência por
aminoácidos hidrofóbicos em S’
2
, dentre os quais Trp, Leu e Tyr. No substrato sintético
derivado do TIMP-1 o aminoácido que ocupa a posição P’
2
é uma Ser que possui em sua
cadeia lateral um grupo OH, o que está fora dos padrões de especificidade do subsítio. A
interação do resíduo de Ser em S’
2
possivelmente está ocorrendo como uma conseqüência das
demais interações dos outros subsítios, que acabam por forçar a orientação da Ser em S’
2
.
Um dado interessante de nosso trabalho foi verificar que o substrato Abz-
AMESVMGYFHRSQ-EDDnp é mais susceptível a ação da catepsina L do que quando
comparado com a elastase, mesmo na presença de heparina. Ao analisarmos as
especificidades dos subsítios de ambas as enzimas em relação ao substrato a catepsina L
mostra-se como aquela que possui as melhores características para a acomodação do
substrato, isso fica mais evidente quando se comparam os valores das constantes de
68
especificidade, onde a catepsina L, mesmo na ausência de heparina possui um valor 6,9 vezes
maior quando comparada com a elastase na ausência de heparina e 2,0 vezes na presença de
heparina. (tabela 7)
Tabela 7: Comparação da especificidade da catepsina L e elastase na presença de heparina
Enzimas K
cat
/k
M
(µM
-1
s
-1
)
Sem Heparina Heparina (50µM)
Elastase
0,330
± 0,030 1,100 ± 0,090
Catepsina L
2,270
± 0,113
---
Uma característica de processos inflamatórios e tumorais é a acidificação do micro
ambiente variando de pH 7,2 até 5,5. Essa acidificação é um fator importante no controle do
“turnover” dos componentes da matriz; uma diminuição no pH da matriz leva a alteração na
síntese de proteínas e de proteoglicanos em cartilagens, por exemplo (RAZAQ S. ET AL,
2003). O balanço entre a entrada e saída de prótons da célula é de grande importância uma
vez que grande parte das exercidas pelos neutrófilos, como a eliminação de microorganismos,
migração celular, citotoxicidade de células tumorais e liberação de enzimas dos grânulos
azurófilos, são dependentes diretamente do pH. (COAKLEY, 2002).
Em relação aos dados que obtivemos, temos que a elastase atua eficientemente em pH
alcalino (7,5-8,5) ao passo que a catepsina L, por tratar-se de uma enzima lisossomal, tem um
pH ótimo próximo a 5,5. Quando são liberadas para a matriz nos processos descritos, a
catepsina L atua de maneira eficiente, uma vez que está em um ambiente que possui um pH
próximo a aquele que ela necessita para sua ação. Especificamente no caso de processos
inflamatórios a ação da catepsina L pode estar diretamente ligada à fase pré-aguda e aguda,
que em função da liberação de diferentes mediadores do sistema imune possui o pH ideal para
a atuação desta enzima. Ao contrário, a elastase que irá encontrar um ambiente
69
completamente desfavorável, e por conta disso, terá sua atividade reduzida em
aproximadamente 90% (tabela 4). Entretanto, na fase crônica do processo inflamatório, o pH
do micro ambiente está mais próximo ao pH fisiológico, favorecendo assim a ação da
elastase.
Por conta de estar em um ambiente que favorece a sua denaturação, a ação da elastase
no processo inflamatório (pré-agudo e agudo) contará com um tempo reduzido, isso evidencia
que o pH ácido encontrado no micro ambiente, atua como um regulador da ação enzimática,
uma vez que se a elastase fosse liberada em condições fisiológicas a degradação da matriz não
seria apenas local, mas sim se propagaria de modo a causar lesão tecidual, de maneira
reversível, no caso de ativar apoptose, ou irreversível, que é o caso da necrose. Ao se restaurar
a homeostase da lesão a catepsina L que estava ativa, passa a sofrer redução na sua atividade
também. Nossos dados em conjunto com a literatura, parecem mostrar que a elastase e a
catepsina L atuam em momentos diferentes no processo infamatório e tumoral.
A elastase atua em um único ponto na molécula de TIMP-1, como fica evidente tanto
nos experimentos de espectrometria de massas com o peptídeo sintético quanto na
eletroforese utilizando a molécula integral do TIMP-1, mesmo com outros pontos favoráveis a
hidrólise. Em função dessa característica podemos avaliar a elastase como uma enzima
processadora. Quanto a ação da catepsina L, ainda falta-nos avaliar a sua ação sobre a
molécula integral do TIMP-1, para determinar de maneira factível que esta possui também
ação processadora, ao invés de meramente degradar o TIMP-1, em partes que não sejam
importantes no processo de inibição das MMPs pelo TIMP-1, mesmo que os ensaios com
espectrometria de massa mostrem que o peptídeo sintético é susceptível a sua ação.
Nossos resultados indicam que a elastase quando na matriz extracelular, em processos
inflamatórios liga-se a heparina. Uma vez complexada à heparina, a elastase é capaz de
processar o TIMP-1 com maior eficiência. Entretanto a catepsina L, também presente na
70
matriz em diversos processos patológicos, não só reconhece o TIMP-1 como seu substrato,
mas o degrada com maior eficiência do que a elastase, mesmo na presença de heparina. A
figura abaixo (figura 17) mostra de maneira esquemática os resultados obtidos em nosso
estudo.
Figura 17: Resumo esquemático dos resultados obtidos. Em vermelho as enzimas testadas.
As setas em azul indicam a proposta de degradação, a espessura das setas refere-se
à eficiência do processo.
71
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