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RESUMO
Fundamentação: O transplante de pâncreas, quando bem sucedido, restaura o
controle glicêmico em pacientes diabéticos com falência endócrina
pancreática.O transplante duplo rim-pâncreas propicia também a resolução da
insuficiência renal crônica. Esses procedimentos, todavia, requerem o uso
prolongado de drogas imunossupressoras. Todos esses são fatores que podem
modificar o perfil lipídico desses pacientes.
Objetivo: Estudar o perfil lipídico (colesterol total-CT, triglicérides-TG, colesterol
da lipoproteína de alta densidade-HDL-c, colesterol da lipoproteína de baixa
densidade-LDL-c e colesterol não HDL-NHDL-c) de pacientes com transplante
duplo rim-pâncreas (TDRP) ou a transplante de pâncreas isolado (TPI)
funcionantes, comparando-se os dados obtidos após um ano (T1) e dois anos
(T2) do transplante com aqueles do pré-operatório (T0).
Método: Os pacientes foram submetidos ao transplante no Hospital Felício
Rocho entre 2002 e 2005. Foram excluídos aqueles que apresentaram
diabetes após o transplante, creatinina sérica superior a 2mg/dl ou aqueles que
utilizaram drogas hipolipemiantes ou hipoglicemiantes. Todos os pacientes
seguiram protocolo de imunossupressão incluindo, inicialmente, tacrolimus,
micofenolato mofetil e glico-corticóide. Todavia, no momento da análise, cerca
de 20% já não estavam mais em uso de glico-corticóide. Alternativamente, 5%
estavam em uso de sirolimus. Os lípides séricos, expressos em média ± erro
padrão, foram analisados utilizando-se o teste t de Student pareado,
considerando p<0,05 como significância estatística.
Resultados: Foram incluídos 62 pacientes submetidos a TDRP (45% mulheres
e 55% homens, idade média de 36,6±9,5 anos) e 17, a TPI (47% mulheres e 53
% homens, idade média de 34,8±9,9 anos). 53 pacientes completaram dois
anos de seguimento, sendo 42 com TDRP e 11 com TPI. As médias dos lípides
do grupo com TDRP em T1 foram menores que em T0, com exceção do HDL-
c. (CT= 208,1±7,5 x 176,4±5,0 mg/dl, p=0,0002; TG=142,0±8,0 x 110,8±7,6
mg/dl, p=0,003; LDL-c=131,1±6,8 x 106,7±4,6 mg/dl, p=0,0004; NHDL-
c=161,4±7,0 x 129,0±4,8 mg/dl, p=0,0002; HDL-c=46,5±8,4 x 46,8±1,1 mg/dl,
p=0,75). Resultados semelhantes foram observados quando se compararam os
dados dos pacientes com TDRP em T2 em relação a T0. (CT=215,5±9,6 x
169,9±5,3 mg/dl, p=0,0001; TG=153,5±9,4 x 102,3±15,2 mg/dl, p=0,01; LDL-
c=136,9±9,2 x 100,3±4,1 mg/dl, p=0,0002; NHDL-c=170,3±9,1 x 121,9±5,3
mg/dl, p=0,0001; HDL-c=47,1±1,4 x 49,1±1,7 mg/dl, p=0,1). Não houve
diferenças significativas entre os dados de T1 e T2 no TDRP. No grupo com
TPI, as médias dos lípides séricos em T1 foram similares àquelas em T0, com
exceção de queda nos níveis de HDL-c após o transplante. (CT=196,9±6,6 x
182,2±13,4 mg/dl, p=0,29; TG= 93,5± 13,4 x 92,4±9,9 mg/dl, p=0,94; LDL-
c=125,7±6,0 x 114,6±12,2 mg/dl, p=0,34; NHDL-c=144,6±7,5 x 133,1±13,6
mg/dl, p=0,4; HDL-c=52,6±2,7 x 49,0±1,7 mg/dl, p=0,04). Quando se
compararam os dados dos pacientes com TPI em T2 e T0, não foram
encontradas diferenças significativas. (CT=197,3 ± 9,0 x 187,0±15,0 mg/dl,
p=0,86; TG=90,3±8,5 x 91,9±11,4 mg/dl, p=0,86; LDL-c=127,2±8,9 x
117,3±13,6 mg/dl, p=0,35; NHDL-c=145,5±10,0 x 137,5±15,3 mg/dl, p=0,45;
HDL-c=52,3±3,0 x 50,2±2,5 mg/dl, p=0,27). Da mesma forma, não foram
encontradas diferenças significativas entre T1 e T2.