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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS
CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
Ivanice Magalhães da Silva
COMPARAÇÃO DOS ÍNDICES DE QUALIDADE DA ÁGUA E USOS DO FATOR
DE CONTAMINAÇÃO E ÍNDICE DE GEOACUMULAÇÃO PARA OS
SEDIMENTOS DA MICROBACIA DO ARROIO JOÃO CORRÊA, SÃO
LEOPOLDO, RS, BRASIL
SÃO LEOPOLDO
2008
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2
IVANICE MAGALHÃES DA SILVA
COMPARAÇÃO DOS ÍNDICES DE QUALIDADE DA ÁGUA E USOS DO FATOR
DE CONTAMINAÇÃO E ÍNDICE DE GEOACUMULAÇÃO PARA OS
SEDIMENTOS DA MICROBACIA DO ARROIO JOÃO CORRÊA, SÃO
LEOPOLDO, RS, BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Geologia da Universidade do Vale
do Rio dos Sinos UNISINOS, para obtenção do
Título de Mestre (Área de Concentração:
Gerenciamento Ambiental)
Orientador: Prof° Dr. Marco Antonio Fontoura Hansen
Co-Orientador: Prof° Dr. Osmar Gustavo Wöhl Coelho
SÃO LEOPOLDO
2008
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3
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Catalogação na publicação:
Bibliotecário Flávio Nunes CRB 10/1298
S586c Silva, Ivanice Magalhães da.
Comparação dos índices de qualidade da água e usos do
fator de contaminação e índice de geoacumulação para os
sedimentos da Microbacia do Arroio João Corrêa, São
Leopoldo, RS, Brasil / Ivanice Magalhães da Silva. – 2008.
220 f. : il. ; 30 cm.
Dissertação (mestrado) Universidade do Vale do Rio
dos Sinos, Programa de Pós-Graduação em Geologia, 2008.
"Orientador: Prof° Dr. Marco Antonio Fontoura Hansen”.
1. Água Qualidade - Aspectos ambientais João Corrêa,
Arroio (RS). 2. Água – Poluição - Aspectos ambientais João
Corrêa, Arroio (RS). 3. Água Análise. 4. Gestão ambiental.
5. Hidrologia. 6. Água Qualidade Medição. 7. Controle de
qualidade da água São Leopoldo (RS). 8. Geologia. I. Título.
CDU 556.04:504.4.054
4
À minha mãe,
minha primeira e melhor mestre,
fonte constante de inspiração e amor,
e que sempre compreendeu minha ausência, dedico.
5
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos...
...a Deus, pois, sem sua ajuda, nada teria sido possível;
...a minha mãe, ao amor, a educação, ao exemplo, a simplicidade, aos princípios éticos, a
determinação e a força;
...ao Profº Dr. Marco Antonio Fontoura Hansen, por aceitar a orientação, pela paciência e
disponibilidade a sanar minhas dúvidas e acima de tudo pela amizade em todos os momentos;
...ao Profº Dr. Osmar Gustavo Wöhl Coelho pela co-orientação;
... ao Prof° Dr. Friedrich W. Herms e Profª Drª Mariza Tsao pela disponibilidade e
participação na banca examinadora;
...ao SEMAE que financiou as análises de água;
...aos laboratoristas do SEMAE Maristela Paim, Ezequiel Mugge, Sinclair Soares, Ana Paula
Scherer e Geni da Silva que trabalharam em minhas análises;
...ao Sr. Tenente Coronel Igor José Caldeira de Abreu do18° Batalhão de Infantaria
Motorizada, RS, pela liberação para realizar as coletas na área do 18º Batalhão;
...ao Sr. Pedro Rodrigues, pela boa vontade e por permitir a realização das coletas em P4;
...aos Laboratórios de Sedimentologia e Geoquímica da UNISINOS, em especial ao
laboratorista Marcelo Weber e a técnica química Jalir Torres pela atenção, paciência,
competência e profissionalismo;
...ao funcionário Alessandro Ott Reinhardt do laboratório de Sensoriamento Remoto da
UNISINOS LASERCA, pelo auxílio no tratamento das imagens;
...a amiga Samara Lautert pelo carinho, força e incentivo oferecido em todos os momentos;
...aos amigos Antonio Antiqueira, Fabrício Ferreira, Leonardo Florisbal e Patrícia C. Antúnez,
pelo companheirismo e ajuda nas coletas de campo;
...ao colega e amigo Luis E. Pertovt pela alegria e companheirismo em todas as horas;
...à Prosup/Capes pela bolsa de mestrado;
...aos professores do curso de Pós-Graduação, dos quais tive a oportunidade de ser aluna e que
muito contribuíram a minha formação, como disse Einstein, receberam os estudos como
herança, o respeitaram, o aumentaram e agora o transmitem.
6
ORAÇÃO DA ÁGUA
“Bendito sejais, ó Deus Criador, pela água,
criatura vossa, fonte de vida para a Terra e os seres que a povoam.
Bendito sejais, ó Pai Providente, pelos rios e mares imensos,
pela benção das chuvas, pelas fontes refrescantes
e pelas águas secretas do seio da terra.
Bendito sejais, ó Deus Salvador,
pela água feita vinho em Cana,
pela bacia do lava-pés
e pela fonte regeneradora do Batismo.
Perdoai-nos, Senhor Misericordioso,
pela contaminação das águas,
pelo desperdício e pelo egoísmo
que privam os irmãos desse bem tão necessário à vida.
Daí-nos, ó Espírito de Deus,
um coração fraterno e solidário
para usarmos a água com sabedoria e prudência
e para não deixar que ela falte
a nenhuma de vossas criaturas.
Ó Cristo, Vós que também tivestes sede,
ensinai-nos a dar de beber a quem tem sede.
E concedei-nos com fartura a água viva
que brota de Vosso coração e
jorra para a vida eterna.
Amém.”
7
RESUMO
O arroio João Corrêa percorre a zona Sul de São Leopoldo, totalizando 7 km de comprimento,
com uma área de 9,73 km
2
. Tem sua nascente na divisa, com o município de Sapucaia do Sul,
junto ao horto florestal, atravessando São Leopoldo, recebendo durante o seu curso efluentes
domésticos e/ou industriais. Procurando uma avaliação quantitativa dos impactos ambientais
relacionados às atividades humanas, principalmente à matéria orgânica, devida aos nutrientes
e aos metais pesados, foi focalizado por esta pesquisa uma avaliação simultânea da qualidade
da água, dos sedimentos do fundo e seu relacionamento com dinâmica hidrológica. Com
relação a escolha de indicadores ambientais, foi usada uma escala amplamente difundida dos
parâmetros físicos, químicos e microbiológicos (sólidos dissolvidos totais e suspensos,
tamanho de grão dos sedimentos, condutividade elétrica, cor, odor, temperatura, turbidez,
alcalinidade, alumínio, bário, cádmio, carbono inorgânico, cloretos, cromo, demanda química
do oxigênio, dureza, ferro, fosfatos, manganês, nitrogênio, nitrogênio amoniacal, nitrito,
nitrato, oxigênio dissolvido, potenciais hidrogeniônico e redox, sulfatos, zinco, bactérias
heterotróficas, coliformes termotolerantes, coliformes totais, clorofila, demanda bioquímica
do oxigênio e matéria orgânica). A metodologia para as análises foi a adotada no Standard
Methods for the Examination of Water and Wasterwater, 20ª Ed (1998). Pela avaliação,
correlação estatística e análise multivariada foram aplicadas para elaborar os índices
estatísticos da qualidade (IQA) e da carga metálica da água do arroio. Assim, alguns índices
atuais foram comparados, como os da CETESB, NSF, FEAM, COMITESINOS, estatístico,
estado trófico (IET) e de carga metálica para qualidade de água, assim como índice de
geoacumulação e fator de contaminação para os sedimentos de fundo. Finalmente, uma
comparação dos índices da água e as taxas da contaminação dos sedimentos foram realizadas.
A qualidade da água encontrada para todos os índices aplicados foi regular á péssima segundo
o índice estatístico e o mais restritivo foi o índice do COMITESINOS. As condições dos
estados eutrófico e hipereutrófico da água foram encontradas pelo método de IET, o que
poderia ser relacionado à dinâmica hidrológica. Encontrou-se também uma contaminação de
baixa a moderada para os sedimentos, mas os índices do geoacumulação apontaram uma
contaminação forte do cádmio no curso final do rio. Os usos recomendados para a água ao
longo do arroio foram classificados no nível 4, que segue a definição N° 357/2005 do
CONAMA. Os níveis encontrados para bário, cádmio e chumbo estão apontando uma
influência forte de atividades antrópicas na microbacia.
8
ABSTRACT
The João Corrêa creek, with 7 km length and a 9.7 km
2
micro basin (MbaJC), has its main
source into the forested hilly landscape of Sapucaia county and flows trough out the São
Leopoldo city, receiving along his course several urban wastes and industrial effluents.
Looking for a quantified evaluation of environmental impacts related to human activities,
mainly due organic matter, nutrients and heavy metals, it was focused by this research a
simultaneous assessment of water and bottom sediments quality and its relationship with
hydrologic dynamics. Concerning the choice of environmental indicators, it was used first a
widespread range of physical, chemical and microbiological parameters, (dissolved and
suspended solids, grain size of sediments, electrical conductivity, color, smell, total solids,
temperature, turbidity, alkalinity, aluminum, barium, cadmium, inorganic carbon, chlorides,
chromium, lead, chemical demand of oxygen, hardness, iron, phosphates, manganese,
nitrogen, ammoniac nitrogen, nitrite and nitrate, dissolved oxygen, hydrogen and redox
potentials, sulfides, zinc, heterotrophic bacterias, thermotolerant coliformes, total coliformes,
chlorophyll, biochemical oxygen demand and organic substances). The adopted analyses
methodology was the described in Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater 20ª Ed (1998). By the way, statistical correlation and multivariate analysis were
applied to build up statistical indexes of quality (IQA) and metallic load of the stream water.
So far, some current water quality indexes were compared, as CETESB, NSF, FEAM,
COMITESINOS, statistical, trophic state (TEI) and metallic load, as well accumulation factor
and geoaccumulation indexes to bottom sediments. Finally, a full comparison of water
indexes and sediments contamination rates was carried out. The water quality was found
regular to very poor by statistical index; the most restrictive was the COMITESINOS index.
Eutrophic and hipereutrophic water conditions were found by TEI method, what could be
related to hydrological dynamics. It was also found a low to moderated contamination of
sediments, but the geoaccumulation indexes pointed a strong contamination of cadmium in
the final river course. The recommended uses of freshwater along the water stream were
classified in level 4 following the CONAMA Resolution N° 357/2005. The levels found to
Barium, Cadmium and Lead are pointing a strong influence of antropic activities in the micro
basin.
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Diagrama de Hjulström que relaciona as variações entre a velocidade média
e o tamanho das partículas para os processos de erosão, transporte e deposição
67
FIGURA 2 - Mapa de localização da MbaJC 72
FIGURA 3 - Mapa de solos presentes na MbaJC 75
FIGURA 4 - Mapa de zoneamento da MbaJC 77
FIGURA 5 Mapa dos bairros e pontos de amostragem da MbaJC 78
FIGURA 6 Fluxograma da concepção metodológica para a MbaJC 82
FIGURA 7 - Mapa com fotografias ilustrativas dos pontos de amostragem da MbaJC 85
FIGURA 8 Procedimentos para análise granulométrica dos sedimentos de fundo da
MbaJC 86
FIGURA 9 -
Passos utilizados no SPSS 15 para obtenção dos complementares que foram
aplicados na obtenção do IQA estatístico 104
FIGURA 10 - Ano hidrológico da precipitação das estações para a MbaJC 110
FIGURA 11 - Curva-chave representando o P1, nos períodos de coleta da MbaJC 112
FIGURA 12 - Perfil de fundo de P1, com suas lâminas d’água para as diferentes estações
do ano 112
FIGURA 13 - Curva-chave representando o P2, nos períodos de coleta da MbaJC 113
FIGURA 14 - Perfil de fundo de P2, com suas lâminas d’água para as diferentes estações
do ano
113
FIGURA 15 - Curva-chave representando o P3, nos períodos de coleta da MbaJC 114
FIGURA 16 - Perfil de fundo de P3, com suas lâminas d’água para as diferentes estações
do ano
114
FIGURA 17 - Curva-chave representando o P4, nos períodos de coleta da MbaJC 115
FIGURA 18 - Perfil de fundo de P4, com suas lâminas d’água para as diferentes estações
do ano 115
FIGURA 19 - Curva-chave representando o P5, nos períodos de coleta da MbaJC 116
FIGURA 20 - Perfil de fundo de P5, com suas lâminas d’água para as diferentes estações
do ano 116
FIGURA 21 - Curva hipsométrica do leito do arroio João Corrêa 117
FIGURA 22 - Mapa dos tipos de solos, unidades de conservação e pontos de
amostragem da MbaJC 118
FIGURA 23 - Percentual de seixo fino presente no sedimento de fundo relacionado com
a vazão da MbaJC
119
FIGURA 24 - Percentual de seixo muito fino presente no sedimento de fundo
relacionado com a vazão da MbaJC
120
FIGURA 25 - Percentual de areia muito grossa presente no sedimento de fundo
relacionada com a vazão da MbaJC 121
FIGURA 26 - Percentual de areia grossa presente no sedimento de fundo relacionada
com a altitude e a vazão da MbaJC 122
FIGURA 27 - Percentual de areia média presente no sedimento de fundo relacionada
com a vazão da MbaJC 123
FIGURA 28 - Percentual de areia fina presente no sedimento de fundo relacionada com
a vazão da MbaJC
123
FIGURA 29 - Percentual de areia muito fina presente no sedimento de fundo relacionada
com a vazão da MbaJC
124
FIGURA 30 - Percentual de silte e argila presente no sedimento de fundo relacionada
com a vazão da MbaJC
125
FIGURA 31 - Percentual da matéria orgânica presente no sedimento de fundo
relacionada com a vazão da MbaJC
126
FIGURA 32 - Relação do silte e argila com a matéria orgânica presentes nos pontos de
amostragens de fundo da MbaJC 127
FIGURA 33 - Distribuição da granulometria versus a velocidade média plotadas no
diagrama de Hujlstron no inverno 129
FIGURA 34 - Distribuição da granulometria versus a velocidade média plotadas no
diagrama de Hujlstron na primavera 129
FIGURA 35 - Distribuição da granulometria versus a velocidade média plotadas no
diagrama de Hujlstron no verão
130
FIGURA 36 - Distribuição da granulometria versus a velocidade média plotadas no
diagrama de Hujlstron no outono
130
FIGURA 37 - Variações das concentrações de cádmio nas amostragens de sedimento de
fundo da MbaJC relacionado com a vazão e o valor de referência de poluição 131
FIGURA 38 - Variações das concentrações de cromo nas amostragens de sedimento de
fundo da MbaJC relacionado com a vazão e o valor de referência de poluição 132
FIGURA 39 - Variações das concentrações de níquel nas amostragens de sedimento de
fundo da MbaJC relacionado com a vazão e o valor de referência de poluição 133
FIGURA 40 - Variações das concentrações de chumbo nas amostragens de sedimento de
fundo da MbaJC relacionado com a vazão e o valor de referência de poluição
134
FIGURA 41 - Variações das concentrações de fósforo nas amostragens de sedimento de
fundo da MbaJC relacionado com a vazão e o valor de referência de poluição
135
FIGURA 42 - Variações da cor aparente nas amostragens de água da MbaJC 137
FIGURA 43 - Contribuição de efluente do bairro Santa Tereza próximo a P3 na MbaJC 138
FIGURA 44 - Contribuição de efluente do bairro São Miguel próximo a P6 na MbaJC 138
FIGURA 45 - Contribuição de efluente da ETE próximo ao P5 na MbaJC 139
FIGURA 46 - Variações da turbidez nas amostragens da água da MbaJC 141
FIGURA 47 - Variações de alumínio nas amostragens de água da MbaJC 142
FIGURA 48 - Variações de bário nas amostragens de água da MbaJC 143
FIGURA 49 - Variações de cádmio nas amostragens de água da MbaJC 144
FIGURA 50 - Variações de cobre nas amostragens de água da MbaJC 145
FIGURA 51 - Variações de cromo hexavalente nas amostragens de água da MbaJC 146
FIGURA 52 - Variações de chumbo nas amostragens de água da MbaJC 147
FIGURA 53 - Variações da DBO
5
nas amostragens de água da MbaJC 148
FIGURA 54 - Variações de ferro total nas amostragens de água da MbaJC 149
FIGURA 55 - Variações de fósforo total nas amostragens de água da MbaJC 150
FIGURA 56 - Variações de manganês nas amostragens de água da MbaJC 151
FIGURA 57 - Variações de oxigênio dissolvido nas amostragens de água da MbaJC 153
FIGURA 58 - Variações de zinco total nas amostragens de água as MbaJC 156
FIGURA 59 - Variações de bactérias heterotróficas nas amostragens de água da MbaJC 157
FIGURA 60 - Variações de coliformes termotolerantes nas amostragens de água da
MbaJC 158
FIGURA 61 - Resultado da aplicação do IQA na MbaJC aplicando CETESB 160
FIGURA 62 - Mapa da qualidade da água de acordo com o IQA CETESB para a MbaJC 160
FIGURA 63 - Resultado da aplicação do IQA da NSF para a MbaJC 162
FIGURA 64 - Mapa da qualidade da água de acordo com o IQA NSF para a MbaJC 162
FIGURA 65 - Resultado da aplicação do IQA para MbaJC utilizando o COMITESINOS
para MbaJC
164
FIGURA 66 - Mapa da qualidade da água de acordo com o IQA COMITESINOS para a
MbaJC
165
FIGURA 67 - Resultado da aplicação do IQA da FEAM para a MbaJC 166
FIGURA 68 - Mapa da qualidade da água de acordo com o IQA da FEAM para a MbaJC
167
FIGURA 69 Mapa da qualidade da água de acordo com o IQA estatístico para a
MbaJC 173
FIGURA 70 - Mapa do índice do estado trófico para a MbaJC 175
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Faixa de valores do IQA e segundo nível de qualidade, faixa de variação e
de cor de referência
59
TABELA 2 - Faixas de qualidade de água para o IQA do COMITESINOS 60
TABELA 3 - Nível de qualidade segundo FEAM 61
TABELA 4 - Faixas de qualidade para o IQA estatístico 62
TABELA 5 - Escala de valores para a classificação do IET 63
TABELA 6 - Classificação do Estado trófico segundo o índice de Carlson modificado 63
TABELA 7 - Nível de base natural dos metais pesados em µg g
-1
65
TABELA 8 - Classificação dos parâmetros pelo IGeo de metais pesados nos sedimentos,
conforme o grau de poluição 66
TABELA 9 - Relação das ruas e avenida com a espessura do cano das áreas canalizadas
da MbaJC 79
TABELA 10 - Localização dos pontos de amostragem 85
TABELA 11 - Elementos analisados e tamanho das peneiras utilizadas 87
TABELA 12 - Parâmetros e técnicas utilizadas para a avaliação da qualidade da água da
MbaJC 90
TABELA 13 - Parâmetros determinados com a utilização da sonda multiparâmetros 90
TABELA 14 - Parâmetros e pesos relativos para cálculo do IQA da CETESB 93
TABELA 15 - Parâmetros e pesos relativos para cálculo do IQA do COMITESINOS 98
TABELA 16 - Parâmetros e pesos relativos para cálculo do IQA da FEAM 100
TABELA 17 - Dados referente às precipitações ocorrentes na MbaJC 111
TABELA 18 - Vazão nos pontos de coleta ao longo do perfil realizado na MbaJC 111
TABELA 19 - Resultado dos teores da MO nas diferentes épocas de amostragem 126
TABELA 20 - Ocorrência das maiores concentrações da granulometria de sedimento
para os pontos de amostragem ao longo da MbaJC
128
TABELA 21 - Características sentidas e observadas durante o período da realização das
amostragens
139
TABELA 22 -Resultado da aplicação do IQA da CETESB para a MbaJC 159
TABELA 23 - Resultados da aplicação do IQA da NSF para a MbaJC 161
TABELA 24 - Resultado da aplicação do IQA do COMITESINOS para a MbaJC 163
TABELA 25 - Resultado da aplicação do IQA da FEAM para a MbaJC 166
TABELA 26 - Matriz de correlação de Pearson para obtenção do IQA estatístico 168
TABELA 27 - Matriz de comunalidade 169
TABELA 28 - Resultados dos fatores comuns associados aos autovalores e variância 169
TABELA 29 - Comparação entre cargas de fatores não-rotacionada e rotacionada 170
TABELA 30 - Resultados do IQA estatístico para a MbaJC 172
TABELA 31 - IET obtido para a clorofila e o fósforo total nos diferentes pontos de
coleta da MbaJC 174
TABELA 32 - Valores obtidos da aplicação do IET médio para a clorofila e o fósforo 174
TABELA 33 - Fator de contaminação para os metais pesados nos sedimentos da MbaJC 176
TABELA 34 - Valores de IGeo obtido a partir do background da área da MbaJC 178
TABELA 35 - Valores do IGeo obtido a partir do nível de base natural da EPA (1997) 179
TABELA 36 - Valores do IGeo obtido a partir do nível da base natural de Turekian e
Wedepohl (1961) 180
TABELA 37 - Valores do IGeo obtido a partir do nível de base natural de Martin e
Whilfield (1983)
181
TABELA 38 - Matriz de correlação de Pearson para obtenção do ICM 182
TABELA 39 - Matriz de comunalidade 183
TABELA 40 - Resultados dos fatores comuns associados autovalor e variância 183
TABELA 41 - Comparação entre cargas de fatores rotacionada e não rotacionada 184
TABELA 42 - Resultados do ICM para a MbaJC 186
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
AH - Ácido Húmico
AF Ácido Fúlvico
Al - Alumínio
AUS Ausência
Bo - Boa
Ba - Bário
BH - Bactérias Heterotróficas
BHRS - Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos
B - Bom
Ca Cálcio
CAESB Companhia de Água e Esgoto de Brasília
Cd Cádmio
Cdtv - Condutividade
CETESB - Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental de São Paulo
CL - Clorofila
Cl
-
- Cloreto
CO
2
- Carbono Inorgânico
CO
3
2-
- Carbonato
COMITESINOS - Comitê de Preservação, Gerenciamento e Pesquisa da Bacia
Hidrográfica do Rio dos Sinos
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
Cr - Cromo
Cr
6+
- Cromo hexavalente
CONSEMA Conselho Estadual do Meio Ambiente - RS
Cte Coliformes Termotolerantes
Cto Coliformes Totais
Cu - Cobre
D - Detectado
DBO
5
- Demanda Bioquímica de Oxigênio medida em cinco dias
DNAE - Departamento Nacional de Energia
DNAEE - Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica
DNPM - Departamento Nacional da Produção Mineral
DQO - Demanda Química de Oxigênio
E - Excelente
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMBRATEL - Empresa Brasileira de Telecomunicações
EPA - Environmental Protection Agency
ETE - Estação de Tratamento de Esgoto
EX Muito Fortemente Poluído
FC - Fator de contaminação
FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais
FEC Forte a Muito Fortemente Poluído
FEE - Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser
Fe Ferro
FP Fortemente Poluído
FEPAM - Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler RS
g - Gramas
GPS Global Positioning System
HCO
3
-
- Bicarbonato
HF Ácido Fluorídrico
H
2
O - Molécula de Água
ICM - Índice de Carga Metálica
ICP-AES Inductively Coupled Plasma Atomic Emission Spectrometry
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IET - Índice do Estado Trófico
IET(CL) - Índice do Estado Trófico para a Clorofila
IET(P) - Índice do Estado Trófico para o Fósforo
IGeo - Índice de Geoacumulação
INV - Inverno
IQA - Índice de Qualidade da Água
kg - Quilograma
L - Litros
M - Média
Máx - Máxima
MbaJC - Microbacia do arroio João Corrêa
MC - Moderadamente Poluído
MDP - Moderadamente Poluído
MFP - Moderadamente a Fortemente Poluído
Mg Magnésio
mg - Miligramas
Mín - Mínimo
mm - Milímetro
Mn - Manganês
MO - Matéria Orgânica
MP - Muito Poluído
MR Muito Ruim
N Nitrogênio
N
2
Nitrogênio molecular
NBN - Nível de base natural
NBR - Norma Brasileira de Coleta e Preservação de Amostras
NC - Praticamente Não Poluído
ND - Não Detectado
Ni - Níquel
NH
3
- Amônia
NH
4
+
- Amônio
NMP Número mais Provável
NO
2
-
- Nitrito
NO
3
-
- Nitrato
NP - Não Poluído
NSF - National Sanitation Foundation
O
2
Oxigênio Molecular Dissolvido
OD - Oxigênio Dissolvido
OH
-
- Hidróxido
OMS Organização Mundial de Saúde
ORP - Potencial Redox
OUT - Outono
P - Fósforo total
Pb Chumbo
Pe - Péssima
PFG - Peso Final de Grosseiros
pH - Potencial Hidrogeniônico
PHI - Fi
PIA - Pesagem Inicial da Amostra
PIG - Peso Inicial de Grosseiros
PMD Pouco a Moderadamente Poluído
PNRH - Política Nacional de Recursos Hídricos
PO
4
3-
- Fosfato total
ppm Partes por Milhão
PRES Presente
PRI - Primavera
Re Regular
Ru - Ruim
SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente
SEMAE - Serviço Municipal de Águas e Esgotos de São Leopoldo
SEMPLA - Secretaria Municipal de Planejamento de São Leopoldo
SEUC - Sistema Estadual de Unidades de Conservação
SIG Sistema de Informação Geográfica
SNGRH - Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
SPSS Statistical Package for Social Sciences
SO
4
2-
- Sulfatos
STD Sólidos Dissolvidos Totais
Sr - Estrôncio
TMa - Teor máximo
TMe - Teor médio
TMi - Teor mínimo
uC Unidades de cor
UFC - Unidades Formadoras de Colônia
uH - Unidade Hazen
UNT - Unidade Nefelométrica de Turbidez
UNIAGUA - Universidade da Água
UNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos Sinos
USEPA - United States Environmental Protection Agency
uT - Unidade de Medida de Turbidez
UTM - Universal Transversa de Mercator
VER - Verão
VMP - Valor Máximo Permitido
WQI - Water Quality Index
Zn Zinco
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................
23
1.1 Caracterização do Problema...........................................................................................
24
2 OJETIVOS.........................................................................................................................
26
2.1 Objetivo geral................................................................................................................. 26
2.2 Objetivos específicos......................................................................................................
26
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................................
27
3.1 Parâmetros e indicadores de qualidade da água............................................................. 28
3.1.1 Qualidade da água - caracterização física, química e microbiológica.........................
29
3.1.2 Características físicas...................................................................................................
29
3.1.2.1 Condutividade...........................................................................................................
30
3.1.2.2 Cor............................................................................................................................ 30
3.1.2.3 Odor e Sabor.............................................................................................................
31
3.1.2.4 Sólidos dissolvidos totais e suspensos......................................................................
31
3.1.2.5 Temperatura..............................................................................................................
32
3.1.1.6 Turbidez....................................................................................................................
33
3.1.3 Características químicas.............................................................................................. 33
3.1.3.1 Alcalinidade..............................................................................................................
34
3.1.3.2 Alumínio...................................................................................................................
34
3.1.3.3 Bário......................................................................................................................... 35
3.1.3.4 Cádmio......................................................................................................................
35
3.1.3.5 Carbono inorgânico livre..........................................................................................
36
3.1.3.6 Cobre.........................................................................................................................
36
3.1.3.7 Cloreto...................................................................................................................... 37
3.1.3.8 Cromo.......................................................................................................................
37
3.1.3.9 Chumbo.....................................................................................................................
38
3.1.3.10 Demanda bioquímica de oxigênio..........................................................................
38
3.1.3.11 Demanda química de oxigênio............................................................................... 39
3.1.3.12 Dureza.....................................................................................................................
40
3.1.3.13 Ferro total................................................................................................................
41
3.1.3.14 Fosfato total............................................................................................................
41
3.1.3.15 Fósforo total............................................................................................................
42
3.1.3.16 Manganês................................................................................................................
43
3.1.2.17 Matéria orgânica.....................................................................................................
43
3.1.3.18 Nitrogênio...............................................................................................................
44
3.1.3.19 Nitrogênio amoniacal, nitrito, nitrato..................................................................... 44
3.1.3.20 Oxigênio dissolvido................................................................................................
45
3.1.3.21 Potencial hidrogeniônico........................................................................................
46
3.1.3.22 Potencial redox....................................................................................................... 47
3.1.3.23 Sulfato.....................................................................................................................
48
3.1.3.24 Zinco total...............................................................................................................
48
3.1.4 Características microbiológicas...................................................................................
49
3.1.4.1 Bactérias heterotróficas............................................................................................ 49
3.1.4.2 Coliformes termotolerantes...................................................................................... 50
3.1.4.3 Coliformes totais.......................................................................................................
51
3.1.4.4 Clorofila....................................................................................................................
51
3.2 Qualidade do sedimento - caracterização dos metais pesados........................................
51
3.2.1 Cádmio.........................................................................................................................
51
3.2.2 Chumbo........................................................................................................................
52
3.2.3 Cromo..........................................................................................................................
52
3.2.4 Níquel.......................................................................................................................... 53
3.3 Elementos indicadores para qualidade da água e sedimento..........................................
53
3.4 Indicadores de qualidade ambiental................................................................................
56
3.5 Critérios de qualidade de água baseado em indicadores de poluição.............................
57
3.5.1 Índice de qualidade de água (IQA)..............................................................................
57
3.5.2 IQA da CETESB..........................................................................................................
58
3.5.3 IQA da NSF.................................................................................................................
59
3.5.4 IQA do COMITESINOS............................................................................................. 60
3.5.5 IQA da FEAM............................................................................................................. 60
3.5.6 IQA estatístico.............................................................................................................
61
3.5.7 Índice do estado trófico (IET)......................................................................................
62
3.5.7.1 Oligotrófico...............................................................................................................
64
3.5.7.2 Mesotrófico...............................................................................................................
64
3.5.7.3 Eutrófico...................................................................................................................
64
3.5.7.4 Hipereutrófico...........................................................................................................
64
3.5.8 Background................................................................................................................. 64
3.5.9 Fator de contaminação.................................................................................................
65
3.5.10 Índice de geoacumulação...........................................................................................
65
3.5.11 Índice de carga metálica............................................................................................ 66
3.6 Análise Granulométrica..................................................................................................
66
3.6.1 Diagrama de Hjulström................................................................................................
67
3.7 Gestão dos recursos hídricos - normas e legislação ambiental.......................................
68
4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.............................................................
71
4.1 Localização.....................................................................................................................
71
4.2 Aspectos climáticos........................................................................................................
73
4.3 Geologia..........................................................................................................................
73
4.4 Geomorfologia................................................................................................................
74
4.5 Pedologia........................................................................................................................ 74
4.6 Uso e ocupação...............................................................................................................
76
4.7 Vegetação....................................................................................................................... 80
5 MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................................
82
5.1 Materiais e equipamentos...............................................................................................
83
5.2 Métodos.......................................................................................................................... 83
5.3 Amostragem de campo e análises laboratoriais..............................................................
86
5.3.1 Sedimento....................................................................................................................
86
5.3.2 Água.............................................................................................................................
89
5.3.3 Medição da vazão........................................................................................................
91
5.3.4 Medição de precipitação..............................................................................................
91
5.4 Índices de qualidade da água..........................................................................................
92
5.4.1 IQA da CETESB..........................................................................................................
92
5.4.2 IQA do COMITESINOS............................................................................................. 98
5.4.3 IQA da FEAM............................................................................................................. 100
5.4.4 IQA estatístico.............................................................................................................
104
5.5 Índice do estado trófico ................................................................................................. 106
5.6 Nível de base natural (background)...............................................................................
107
5.7 Índices de poluição........................................................................................................
107
5.7.1 Fator de contaminação................................................................................................
108
5.7.2 Índice de geoacumulação........................................................................................... 108
5.7.3 Índice de carga metálica............................................................................................. 108
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................................
110
6.1 Análise da precipitação e vazões da MbaJC..................................................................
110
6.2 Caracterização da MbaJC..............................................................................................
117
6.3 Análises granulométricas...............................................................................................
119
6.4 Análise de variáveis químicas dos sedimentos de fundo da MbaJC..............................
131
6.5 Análise das variáveis da água da MbaJC.......................................................................
136
6.5.1 Análises físicas da água..............................................................................................
136
6.5.2 Análises químicas da água..........................................................................................
141
6.5.3 Análises microbiológicas da água...............................................................................
156
6.6 Análise da qualidade da água da MbaJC.......................................................................
158
6.6.1 Qualidade da água de acordo com o IQA da CETESB..............................................
159
6.6.2 Qualidade da água de acordo com o IQA da NSF......................................................
161
6.6.3 Qualidade da água de acordo com o IQA do COMITESINOS..................................
163
6.6.4 Qualidade da água de acordo com o IQA da FEAM..................................................
165
6.6.5 Qualidade da água de acordo com o IQA estatístico..................................................
167
6.6.5.1 Análise estatística................................................................................................... 168
6.6.5.2 Fórmula e estimativa do IQA estatístico..................................................................
171
6.7 Índice do estado trófico .................................................................................................
173
6.8 Índices de poluição........................................................................................................
176
6.8.1 Fator de contaminação................................................................................................
176
6.8.2 Índice de geoacumulação............................................................................................
177
6.8.3 Índice de carga metálica ............................................................................................ 182
6.8.3.1 Fórmula e estimativa do ICM..................................................................................
185
7 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES..........................................................................
187
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 190
APÊNDICE A - Padrões dos corpos de água doce conforme a Resolução do CONAMA
Nº 357, de 17 de março de 2005, Ministério do Meio Ambiente........................................
200
APÊNDICE B Dados da precipitação do ano hidrológico para a MbaJC, de junho a
agosto de 2006.....................................................................................................................
201
APÊNDICE C Quadro com os dados hidrológicos dos pontos de amostragem ao longo
da MbaJC.............................................................................................................................
205
APÊNDICE D - Resultado das análises granulométrica dos sedimentos por gráfico de
freqüência (%) simples do arroio João Corrêa.....................................................................
207
APÊNDICE E - Resultados das análises químicas do fósforo, cromo, níquel, cádmio e
chumbo realizada nos sedimentos de fundo da MbaJC........................................................
208
APÊNDICE F - Resultados das análises físicas e químicas da água da MbaJC, realizadas
in loco com a sonda multiparâmetros YSI-6.600 no inverno (17/08/06)............................
209
APÊNDICE G Gráficos ilustrativos da análise física da água da MbaJC.........................
210
ANEXO A Curvas médias de variação da qualidade das águas........................................
216
ANEXO B Resultados das análises físicas, químicas e biológicas das águas da MbaJC,
realizadas pelo SEMAE........................................................................................................
217
1 INTRODUÇÃO
A água, importante recurso natural da Terra, é imprescindível para a geração e
manutenção de todas as formas de vida. Lagos e rios são as principais fontes de água potável,
mesmo constituindo, em seu conjunto, menos de 0,01% do suprimento total da água. Cada ser
humano consome diariamente 2,5 litros de água doce para manter-se vivo (BRANCO, 1991;
BAIRD, 2002), mas normalmente utiliza muito mais para cozinhar, lavar e para higiene. A
estimativa do consumo de água residencial por pessoa é de 90 a 120 litros por dia nos centros
urbanos.
A degradação desse recurso vem agravando as dificuldades para seu aproveitamento e
intensificando sua escassez. No mundo inteiro, a qualidade das águas está sendo afetada pela
poluição e pelo uso inadequado das terras. A água serve de habitat para inúmeras espécies de
vegetais, animais e microrganismos que podem ser afetados pela alteração dos componentes
da água. Por ser o único elemento indispensável para o desenvolvimento de uma região, a
água talvez seja o principal elo entre os diferentes compartimentos de um ecossistema
(BRANCO, 1991; EPA, 2006).
A sociedade precisa desenvolver, habilidades conscientização, conhecimento,
procedimentos e instituições para administrar o uso da água, de forma integrada e
abrangente, mantendo assim a qualidade e a quantidade do suprimento de água para as
pessoas e para os ecossistemas (MÜLLER, J., 2005).
Vê-se a necessidade de recuperar, ou seja, restaurar a natureza que hoje se encontra tão
maltratada pelo homem. A poluição com efluentes industriais e resíduos domésticos, sendo
estes orgânicos ou inorgânicos, no estado sólido ou dissolvido, faz com que os cursos de água
se tornem verdadeiros depósitos de resíduos da sociedade humana. Esse descaso pode estar
associado à busca do desenvolvimento econômico e ao conforto do homem, assim acabam
não dando o valor apropriado a esse bem.
Os esgotos contêm além de fezes humanas, restos de alimentos e detergentes, sendo
atribuídos a estes a responsabilidade principal pela poluição da água, resultando em dois
problemas sérios, a contaminação por bactérias patogênicas e por substâncias orgânicas
capazes de serem transformadas por microrganismos.
Os metais pesados são despejados através de efluentes industriais e domésticos
diretamente dentro dos rios ou arroios, sendo a ação desses metais prejudicial, diversificada e
profunda para o ser humano. Entre os mais perigosos estão o mercúrio, o cádmio e o chumbo
(MAGOSSI e BONACELLA, 2003).
A humanidade precisa de maiores conhecimentos e informações para tomar atitudes
concretas com as questões ambientais, os quais só podem ser adquiridos e transmitidos
através de estudos científicos mais detalhados em áreas problemáticas, que a cada dia se
alastram. É importante conservar os recursos hídricos, para garantir a qualidade. Por
intermédio de estudos do meio ambiente podem ser realizados levantamentos, avaliações e
lançar propostas para assim planejar e buscar soluções para os problemas.
Parâmetros físico-químicos e biológicos são análises importantes para a caracterização
e interpretação da qualidade da água. Para este fim é necessário o monitoramento dos
efluentes e cursos de água, cujos resultados permitirão conhecer a verdadeira situação em que
este sistema se encontra. Existem inúmeras substâncias, presentes na água que não devem
ultrapassar os limites máximos permitidos pela legislação vigente, pois se tornam nocivos a
saúde em uso contínuo, assim como para a sobrevivência de organismos aquáticos.
1.1 Caracterização do Problema
Optou-se por estudar a Microbacia do arroio João Corrêa (MbaJC) pelo fato deste não
apresentar nenhum estudo sistemático, que permita a avaliação das atuais condições, da
nascente até a foz.
Uns dos poucos estudos disponíveis na literatura são referentes às análises realizadas
na foz e no canal, que foram utilizados para avaliar a qualidade da água. Estudos de Robaina
et al. (2000) e FEPAM (2006), permitiram enquadrar o arroio João Corrêa na faixa ruim
(entre 26 a 50), de acordo com o Índice de Qualidade da Água (IQA) do Comitesinos (1990).
Segundo Robaina et al. (2002), o arroio João Corrêa apresentou um risco ambiental baixo a
moderado para a avaliação de metais pesados nos sedimentos correntes, a partir de análises
realizadas em apenas dois pontos (canal e efluente do Rossi). Dos metais analisados (Cr, Cu,
Zn, Pb, Ni, Cd) somente o zinco e o chumbo encontram-se na classe de moderado os demais
apresentam valores considerados baixos para a análise numérica do grau de poluição utilizada.
O arroio João Corrêa está sendo altamente impactado, por receber distintas descargas
de poluentes oriundas das canalizações de efluentes domésticos e industriais, da Estação de
Tratamento de Esgoto (ETE) e parte do deflúvio superficial urbano de São Leopoldo. A carga
de poluentes lançada no arroio atinge também o rio dos Sinos, colocando em risco os
ecossistemas a este associados.
Algumas das atividades realizadas por indústrias situadas na MbaJC são a indústria
gráfica, fabricação de rolamentos, distribuição de graxa automotiva, fabricação de armas,
fundição de precisão, alumínio e ferro, fabricação de silicato de etila e ácido clorídrico,
produção de peças em elastrômeros termoplásticos.
2 OBJETIVOS
Os temas abordados a seguir são referentes aos objetivos geral e específicos para a
área de estudo da Microbacia do arroio João Corrêa (MbaJC).
2.1 Objetivo Geral
Quantificar impactos ambientais causados na MbaJC pelos efluentes domésticos e
industriais a partir da caracterização física, química e microbiológica de água e sedimentos.
2.2 Objetivos Específicos
Os objetivos específicos deste estudo são os seguintes:
Avaliar a distribuição granulométrica dos sedimentos de fundo, ao longo do
arroio João Corrêa;
Analisar a distribuição dos metais em água e sedimentos ao longo do arroio;
Obter índices de qualidade de água, geoacumulação e de carga metálica;
Caracterização da vazão;
Realizar o enquadramento da água da MbaJC, segundo a Resolução do
CONAMA Nº 357, de 17 de março de 2005;
Comparar diferentes tipos de Índices de Qualidade de Água (IQA).
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A qualidade das águas superficiais depende do clima, das rochas e solos, da vegetação,
do ecossistema aquático e da influência do homem. Os fenômenos físicos, químicos e
biológicos interagem no todo e não de forma isolada, mantendo relações com o meio e
dependendo simultaneamente do mesmo, podendo sofrer variações positivas ou negativas.
Assim como indicadores de alterações ambientais, deve-se considerar todos os parâmetros
quantitativos ou qualitativos que podem ser capazes de evidenciar modificações nas análises
da água e sedimentos (PORTO, 1991; MACHADO, 1997).
Nas cidades em desenvolvimentos a expansão dos centros urbanos é importante, mas o
crescimento sócio-economico modifica a composição física, química e biológica do ambiente,
por meio das fontes antropogênicas que incluem os resíduos industrial e doméstico, sendo
drenados diretamente dentro dos rios. O sedimento tem sido usado como indicador ambiental,
as análises químicas fornecem informações significativas para a avaliação das atividades
antropogênicas (SINGH et al., 2002).
Os sedimentos são utilizados para identificação das fontes pontuais e distribuição dos
poluentes, refletindo a qualidade do sistema aquático, são vetores de poluentes, pois sua
natureza geoquímica permite tanto a adsorção como a liberação de poluentes capazes de afetar
severamente a biota aquática e a qualidade da água. A comparação das concentrações totais
em água e sedimentos de fundo, através de um perfil longitudinal ao longo do arroio, permite
detectar anomalias metálicas e possíveis fontes de contaminação. O sedimento de fundo ou
superficial é considerado como o resultado da interação de todos os processos, que ocorrem
em um ecossistema aquático influenciando no metabolismo de todo o sistema (FÖRSTNER e
WITTMAN, 1981; ESTEVES, 1998; MINELLA e MERTEN, 2006).
As análises realizadas em sedimentos aquáticos podem indicar a distribuição das
concentrações naturais ou antrópicas de certos elementos, esses sedimentos representam toda
a integração dos processos que ocorrem no sistema aquático à montante e precisa ser estudada
para determinar a poluição ambiental. Atualmente, um dos problemas mais sérios que afetam
o meio ambiente é a poluição química de natureza orgânica ou inorgânica, decorrente dos
despejos residenciais e industriais, sendo estes atribuídos em sua grande maioria aos
elementos-traço. Alguns são substâncias altamente tóxicas e não são compatíveis com a
maioria dos tratamentos biológicos de efluentes existentes (SINGH et al., 2002; AGUILAR
et al., 2002; MOREIRA e BOAVENTURA, 2003).
A introdução e a distribuição de metais pesados no sistema aquático ocorrem tanto
naturalmente, por processos geoquímicos ou intemperismo, como através das ações
antrópicas. Os metais apresentam uma alta permanência no meio hídrico, a avaliação dos
níveis de contaminação metálica não deve ser baseada unicamente na comparação com
índices legais, deve-se incorporar uma análise dinâmica das concentrações monitoradas na
água e sedimento, de forma a compreender o comportamento do corpo hídrico, fornecendo
bases sólidas para avaliar o risco a elas associadas (TRAVASSOS, 1994; YABE e
OLIVEIRA, 1998; CARMO et al., 2005).
O impacto ambiental causado por metais pesados através das atividades antrópicas é
preocupante, principalmente, em ambientes em que as populações interagem diretamente.
Através dos sedimentos, por serem um compartimento de acumulação de espécies poluentes a
partir da coluna de água, tem-se a possibilidade de conhecer as principais fontes de poluição
no sistema aquático. Entre os poluentes ambientais os metais pesados são os mais comuns,
suas fontes podem ser naturais ou antrópicas podendo estar presente tanto nas águas como ser
absorvidos nos sedimentos ou acumulados em organismos bentônicos. Quando retidos nos
sedimentos estes podem atuar como portadores e dissipadores. Por meio da avaliação de
metais em sedimentos verifica-se que estes permanecem por longos períodos no ambiente.
Pelo fato de não serem biodegradáveis permanecem nos ciclos biogeoquímicos, sendo as
águas naturais seu principal meio de condução, podendo assim acumular-se em níveis
elevados no ecossistema aquático. A biodisponibilização do acúmulo desses metais pode ser
afetada devido às mudanças ambientais, por reações de oxi-redução ou ainda re-suspensão.
Assim os metais presentes nos sedimentos podem ser disponibilizados novamente para a
coluna de água (JESUS et al., 2004; SINGH et al., 2005; COTTA et al., 2006).
3.1 Parâmetros e indicadores de qualidade da água
Os padrões da qualidade da água são utilizados para que se possam regulamentar as
classes de qualidade da água, dependendo do uso a que ela está destinada, atendendo aos
propósitos de: manter a qualidade do curso da água ou definir a meta a ser atingida e os níveis
de tratamento a serem adotados na bacia, de modo que os efluentes lançados não alterem as
características do curso da água pelo padrão estabelecido pela CONSEMA N° 128/06. Os
padrões que regulamenta a classificação dos corpos de água superficiais é a Resolução do
CONAMA 357, de 17 de março de 2005, conforme apêndice A. Esses padrões são
utilizados para proteger a qualidade e assegurar os usos previstos.
A potabilidade da água segue a definição estabelecida pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), onde água potável é aquela que apresenta aspecto límpido e transparente, não
apresente gosto ou cheiro objetável, que não contenha nenhum tipo de microrganismo que
possa causar doença ou qualquer outra substância com concentrações que venham a trazer
prejuízos à saúde. No Brasil esses padrões são definidos pela Portaria Nº 518, de 25 de março
de 2004, do Ministério da Saúde, que apresenta valores máximos permitidos (VMP) de
concentração para as diferentes substâncias presentes na água.
3.1.1 Qualidade da água - caracterização física, química e microbiológica
Os conceitos de qualidade da água e poluição estão comumente interligados, porém, a
qualidade da água reflete sua composição quando afetada por causas naturais e por atividades
antropogênicas. A poluição, entretanto, decorre de uma mudança na qualidade física, química,
radiológica ou biológica do ar, água ou solo, que podem ser prejudiciais ao uso presente,
futuro e potencial do recurso (BRANCO, 1991).
A água contém diferentes componentes que podem ser divididos em químicos, físicos
e microbiológicos. Estes por sua vez podem ter origem do próprio ambiente ou introduzido
por atividades humanas.
Para as análises das águas e a correta avaliação dos parâmetros, que serão utilizados
neste estudo, a definição dessas propriedades (físicas, químicas e microbiológicas) é de suma
importância, por serem os indicadores da qualidade da água, avaliados por condições e
padrões específicos, pois estas podem apresentar concentrações superiores às estabelecidas na
legislação vigente.
3.1.2 Características físicas
A água possui inúmeras propriedades físicas, fundamentais na formação e manutenção
dos sistemas aquáticos.
O ser humano por intermédio dos sentidos consegue perceber alterações ocorridas nas
águas, através das características físicas de potabilidade, as quais se espera que seja inodora,
incolor e insípida. Mas a água presente na natureza apresenta cor, devido à presença de
material orgânico em decomposição, cheiro e até gosto, que são retiradas por tratamentos e
desinfecções.
Os parâmetros físicos que foram utilizados neste estudo são: condutividade, cor, odor,
sólidos totais dissolvidos e suspensos, temperatura, turbidez descritas a seguir.
3.1.2.1 Condutividade
A água pura possui a capacidade de solubilização de substâncias, principalmente de
sais, que fazem com que as águas naturais tenham, em geral, altos valores de condutividade
elétrica. Essa condutividade depende da estequiometria do mineral dissolvido (ânions e
cátions presente) da sua concentração (APHA, 1998). A condutividade aumenta também com
a temperatura (LIBÂNIO, 2005).
Os íons são carregados para os corpos de água por intermédio das chuvas ou despejos
de esgotos. A condutividade pode fornecer informações sobre o metabolismo aquático,
informações sobre a magnitude da concentração iônica, auxiliar na detecção das fontes
poluidoras nos ecossistemas aquáticos e de diferenças geoquímicas (ESTEVES, 1998).
A condutividade é expressa em microSiemens por centímetro (µS cm
-1
), apresenta
características similares aos sólidos totais dissolvidos. Em águas naturais pode apresentar
valores de condutividade inferiores a 100 µS cm
-1
, podendo atingir até 1.000 µS cm
-1
quando
as águas recebem cargas de efluentes domésticos e industriais (GASTALDINI e
MENDONÇA, 2001; LIBÂNIO, 2005).
3.1.2.2 Cor
A cor da água é uma característica derivada da existência de substâncias dissolvidas,
sendo o resultado dos processos de decomposição da matéria orgânica que ocorrem no meio
ou do húmus dos solos adjacentes, ou ainda devido à presença de alguns íons metálicos, como
ferro e manganês, além de plâncton, macrófitas e outros resíduos industriais e esgotos
domésticos de origem antropogênica ou lixiviação de vias urbanas. Destes, pode-se destacar
os ácidos húmicos (PORTO et al., 1991; BRAGA et al., 2002; VON SPERLING, 2005). As
cores são resultados da ação dos ácidos húmicos em solução e em suspensão, que podem
variar do verde ao amarelo, do amarelo ao marrom escuro, e preto quando apresentam muito
húmus (KLEEREKOPER, 1990).
A unidade para medir a cor é da escala de Hazen (mg Pt-Co L
-1
) e se expressa no
resultado como unidade Hazen (uH) ou unidades de cor (uC). De acordo com o Ministério da
Saúde (2004) o padrão da cor aparente para aceitação para consumo humano é 15 uH. O
CONAMA N° 357/05 estabelece os padrões de 75 mg Pt L
-1
, para as classes 2 e 3.
3.1.2.3 Odor e Sabor
A água pura não produz sensação de odor ou sabor nos sentidos humanos. O odor é
uma característica estética prejudicial ao consumo da água para o abastecimento público. O
sabor é a interação entre o gosto (salgado, doce, azedo e amargo) e o odor (sensação olfativa)
(VON SPERLING, 2005).
Os produtos que causam odor ou sabor à água resultam na maioria das vezes de
compostos orgânicos voláteis, podendo ser originados da decomposição da matéria orgânica,
atividades biológicas de alguns microrganismos, principalmente, algas e cianobactérias, ou de
origem antropogênica (PORTO et al., 1991; GASTALDINI e MENDONÇA, 2001).
De acordo com a legislação, as águas para o abastecimento devem estar virtualmente
livres de substâncias que podem causar odor ou sabor (CONAMA, 2005).
3.1.2.4 Sólidos dissolvidos totais e suspensos
A classificação dos sólidos é realizada de acordo com seu tamanho e características
químicas. Quanto ao seu tamanho pode ser classificados em sedimentáveis, em suspensão,
colóides e dissolvidos. Os sólidos sedimentáveis são aqueles que se depositam no fundo,
quando se deixa a amostra em repouso no período de uma hora (PORTO et al.,1991).
Os sólidos dissolvidos totais (STD) são constituídos por carbonato, bicarbonato,
cloreto, sulfato, fosfato e possivelmente de cálcio, magnésio, potássio, pode ainda ter
pequenas quantidades de ferro, manganês entre outras, ou seja, todas as substâncias presentes
na água contribuem para a carga de sólidos. Altas concentrações destes sólidos são objetáveis
devido aos possíveis efeitos fisiológicos, ao sabor mineral e as conseqüências econômicas
(BATALHA e PARLATORE, 1977).
Os sólidos em suspensão aumentam a turbidez da água, diminuindo assim sua
transparência. Segundo Braga et al. (2002), com o aumento da turbidez ocorre à redução nas
taxas de fotossíntese, prejudicando assim a procura de alimento para algumas espécies,
ocasionando um desequilíbrio na cadeia alimentar.
Em saneamento, sólidos nas águas correspondem a toda matéria que permanece como
resíduo, após evaporação, secagem ou calcinação da amostra a uma temperatura pré-
estabelecida durante um tempo fixado. Em linhas gerais, as operações de secagem, calcinação
e filtração são as que definem as diversas frações de sólidos presentes na água (sólidos totais,
em suspensão, dissolvidos, fixos e voláteis). Os métodos empregados para a determinação de
sólidos são gravimétricos (utilizando-se balança analítica ou de precisão) (CETESB, 2006a).
Nos estudos de controle de poluição das águas naturais e, principalmente, nos de
caracterização de esgotos sanitários e de efluentes industriais, as determinações dos níveis de
concentração das diversas frações de sólidos resultam em um quadro geral da distribuição das
partículas com relação ao tamanho (sólidos em suspensão e dissolvidos) e com relação à
natureza (fixos ou minerais e voláteis ou orgânicos) (CETESB, 2006a).
De acordo com a legislação os sólidos dissolvidos totais não podem ultrapassar a 500
mg L
-1
(CONAMA, 2005).
3.1.2.5 Temperatura
A temperatura é uma medida de intensidade de calor. Pode influenciar nos processos
biológicos, reações químicas e bioquímicas que ocorrem na água, e também na solubilidade
dos gases dissolvidos. Com o aumento da temperatura nas águas a solubilidade dos gases
decresce e os sais minerais crescem, a maioria dos organismos depende de uma faixa de
temperatura ideal e ou preferencial para sobreviver. A temperatura é importante para a
produtividade biológica, sendo o principal fator limitante na distribuição geográfica de muitas
espécies de plantas e animais (KLEEREKOPER, 1990; PORTO et al., 1991; VON
SPERLING, 2005).
O aumento da temperatura pode ocasionar efeitos danosos à flora e a fauna, mas de
forma indireta, visto que esse aumento implicará numa maior movimentação dos seres
aquáticos, conseqüentemente ocasionando um incremento no consumo de oxigênio dissolvido
por parte desses organismos e uma diminuição no poder de retenção do gás oxigênio através
desse líquido. As alterações de temperatura sofridas na água são oriundas da insolação ou
ainda dos despejos industriais, quando de origem antrópicas (DERISIO, 2000; LIBÂNIO,
2005).
Segundo Pádua (1997), as águas são classificadas como frias quando a média da
temperatura anual é de 19 °C ou menores.
A legislação brasileira não estabelece temperatura máxima para a água, os padrões
canadenses e americanos estipulam como valor máximo 15 °C (LIBÂNIO, 2005).
3.1.2.6 Turbidez
A turbidez da água é o grau de redução que a luz sofre, ao atravessá-la, conferindo
uma aparência turva a mesma por efeito da presença da matéria em suspensão. Essas
partículas suspensas transportam matéria orgânica adsorvida, que podem causar cor, sabor e
odor. Esse material em suspensão pode apresentar-se finamente dividido ou em estado
coloidal, podem ser opacas ou transparentes, coloridas ou incolores, mas obstruem a
passagem da luz na massa da água, exercendo um efeito quantitativo sobre a penetração de
luz, opondo-se a transparência da água. Reduz a fotossíntese da vegetação submersa e algas,
assim como o desenvolvimento das plantas aquáticas, podendo por sua vez suprimir a
produtividade de peixes, influenciando as comunidades biológicas. Pode ainda afetar os usos
doméstico, industrial e recreacional da água. Os esgotos sanitários e diversos efluentes
industriais do processo de erosão provocam elevações na turbidez das águas, esta também
podem ocorrer naturalmente em função de partículas de rochas, argilas, siltes, algas e outros
microrganismos (PORTO et al., 1991; BRAGA et al., 2002; VON SPERLING, 2005;
CETESB, 2006a).
A turbidez é encontrada em quase todas as águas superficiais, em valores elevados,
podendo atingir até 2.000 uT. Após uma precipitação de chuvas as águas de superfície tendem
a aumentar seus valores de turbidez.
De acordo com os padrões de água do CONAMA (2005), os teores máximos
desejáveis e permitidos para a turbidez de água doce, que se enquadram dentro da classe 1 são
de até 40 unidades nefelométrica de turbidez (UNT). Para os padrões de aceitação de
consumo humano são de até 5 UNT, segundo Brasil (2004).
3.1.3 Características químicas
Os parâmetros químicos são os índices mais importantes que caracterizam a qualidade
da água, estão ligados ao poder de dissolver e reagir em maior ou menor intensidade quase
todas as substâncias.
Através de análises realizadas, os parâmetros químicos podem ser relacionados a
valores que permitem classificar o grau de contaminação, a origem ou ainda a natureza dos
principais poluentes e os efeitos que os mesmos podem ocasionar nas águas.
Os parâmetros químicos utilizados neste estudo são: alcalinidade, alumínio, bário,
cádmio, carbono inorgânico, cobre, cloreto, cromo hexavalente, chumbo, demanda
bioquímica de oxigênio, demanda química de oxigênio, dureza, ferro total, fosfato total,
fósforo total, matéria orgânica, manganês, nitrogênio amoniacal, nitrato, nitrito, oxigênio
dissolvido, pH, potencial redox, sulfato e zinco total.
3.1.3.1 Alcalinidade
Alcalinidade é a capacidade que um ecossistema aquático tem de neutralizar ácidos.
Sua ocorrência na água é devido principalmente à presença de bicarbonato (HCO
3
-
),
carbonato (CO
3
2
) e hidróxido (OH
-
), quase sempre de metais alcalinos ou alcalinos-terrosos
(sódio, potássio, cálcio, magnésio, hidrogênio, lítio, berílio, rubídio, estrôncio, césio, bário,
frâncio e rádio), em níveis elevados pode dar sabor desagradável a água (BATALHA e
PARLATORE, 1977; ESTEVES, 1998; BRAGA et al., 2002; LIBÂNIO, 2005).
As formas de alcalinidade que podem ocorrer num sistema hídrico são decorrentes do
pH, quando apresentar valores entre 4,4 e 8,3 à alcalinidade é proveniente apenas de
bicarbonatos, com pH entre 8,3 a 9,4 de carbonatos e bicarbonatos e quando este pH for maior
que 9,4 são oriundas do hidróxidos e do carbonatos. Os valores mais elevados de alcalinidade
estão associados à decomposição de matéria orgânica, atividade respiratória de
microrganismos e do lançamento de efluentes industriais (VON SPERLING, 2005;
LIBÂNIO, 2005).
Nos padrões de qualidade de água não consta valor da alcalinidade por não apresentar
significado sanitário. Segundo a EPA (2006), não se pode recomendar valor desejável pelo
fato da alcalinidade estar associada a outros constituintes.
3.1.3.2 Alumínio
O alumínio (Al) é o principal constituinte de um grande número de componentes
atmosféricos, particularmente de poeira derivada de solos e partículas originadas da
combustão de carvão. Na água, o alumínio é complexado e influenciado pelo pH, temperatura
e a presença de fluoreto, sulfato, matéria orgânica e outros ligantes.
O alumínio é pouco solúvel em pH entre 5,5 e 6,0, devendo apresentar maiores
concentrações nos sedimentos de fundo, onde o pH é menor e pode ocorrer anaerobiose. O
aumento da concentração de alumínio está associado com a geologia da área, o período de
chuvas e, portanto, com a alta turbidez.
A principal via de exposição humana não ocupacional é pela ingestão de alimentos e
água. O acúmulo de alumínio através do consumo de água potável com mais de 100 µg L
-1
tem sido associado a danos neurológicos, como perda da memória, e a um pequeno aumento
de casos de demência senil do tipo Alzheimer. Não há indicação de carcinogenicidade para o
alumínio (EMBRATEL, 1983; BAIRD, 2002).
As concentrações de alumínio em águas naturais são normalmente pequenas, na ordem
de 10
-6
µg L
-1
. Os valores padrões aceitáveis para a presença de alumínio em águas normais,
são de no máximo 0,0001 µg L
-1
(BAIRD, 2002; CONAMA, 2005).
3.1.3.3 Bário
Os sais de bário (Ba) são encontrados em pequenas quantidades nas águas naturais,
quando em grandes concentrações podem ser decorrentes de despejos industriais. São
utilizados na elaboração de fogos de artifício, fabricação de vidro e inseticidas. Seu teor não
deve ultrapassar 0,7 mg L
-1
(EMBRATEL, 1983; CONAMA, 2005).
A presença de bário nos corpos de água quando em altas concentrações representa na
maioria das vezes poluição ambiental. Em geral ocorre nas águas naturais em baixas
concentrações, podendo variar de 0,7 g L
-1
a 900 g L
-1
. A ingestão de bário, em doses
superiores às permitidas, pode causar desde um aumento transitório da pressão sangüínea, por
vasoconstrição, até sérios efeitos tóxicos sobre o coração.
3.1.3.4 Cádmio
O cádmio (Cd) é um elemento poluente em águas que pode ter origem das descargas
industriais e resíduos de mineração. Não apresenta nenhuma qualidade que o torne benéfico
ou essencial aos processos vitais da natureza. Seus efeitos em humanos são cumulativos e
profundos principalmente nos rins e fígado, podendo ainda ocasionar uma alta pressão
arterial, destruição dos glóbulos vermelhos e do tecido testicular, fazendo que o indivíduo
tenha uma vida biológica de 10 a 30 anos (EMBRATEL, 1983; MANAHAN, 1993).
Nas águas naturais o cádmio é encontrado nos sedimentos de fundo e nas partículas
em suspensão. É um elemento obtido da refinação de complexos de zinco e outros metais
(BATALHA e PARLATORE, 1977). Os despejos de galvanoplastia são os maiores
contribuintes para o aumento de suas concentrações na água (DERISIO, 2000)
Os valores máximos permitidos limitam a quantidade de Cd em 0,001 mg L
-1
, a
presença deste em teores elevados é preocupante por se tratar de um elemento muito tóxico. O
cádmio é encontrado em águas naturais em concentrações bastante baixas (EMBRATEL,
1983; DERISIO, 2000; CONAMA, 2005).
3.1.3.5 Carbono inorgânico livre
O carbono inorgânico pode ocorrer no ambiente aquático, sob três formas principais:
carbono inorgânico livre (CO
2
+ H
2
CO
3
), íons bicarbonato (HCO
3
-
) e íons carbonato (CO
3
-
).
Estas formas estão fundamentalmente relacionadas com o pH do meio. A sua distribuição na
coluna de água em função de fatores bióticos (atividades dos organismos) e abióticos (o pH e
a temperatura).
Os compostos de carbono chegam aos ambientes aquáticos através de descarga de
dejetos domésticos e industriais, lixiviação de rochas, decomposição de matéria orgânica
vegetal, ou ainda, pela respiração de micro e macrorganismos, além da oxidação de restos
mortos de organismos (KLEEREKOPER, 1990).
3.1.3.6 Cobre
O cobre (Cu) é distribuído na natureza principalmente na forma de sulfetos, arsenitos,
cloretos e carbonatos. As fontes de cobre para o meio ambiente incluem corrosão de
tubulações de latão por águas ácidas, efluentes de estações de tratamento de esgotos, uso de
compostos de cobre como algicidas aquáticos, escoamento superficial e contaminação da água
subterrânea a partir de usos agrícolas do cobre como fungicida e pesticida no tratamento de
solos e efluentes, além de precipitação atmosférica de fontes industriais. No homem, a
ingestão de doses excessivamente altas pode acarretar irritação e corrosão da mucosa, danos
capilares generalizados, problemas hepáticos e renais e irritação do sistema nervoso central
seguido de depressão. Em pequenas concentrações o Cu é benéfico e essencial, sua carência
pode provocar problemas de anemia (EMBRATEL, 1983; DERISIO, 2000).
Os sais de cobre, quando presentes na água em concentração superior a 1 mg L
-1
,
produzem sabor metálico, mas os teores de cobre são permitidos até 0,009 mg L
-1
(EMBRATEL, 1983; CONAMA, 2005).
3.1.3.7 Cloreto
O cloreto (Cl
-
)
na forma iônica é um dos principais ânions inorgânicos presentes na
água. Sendo este resultante da dissolução de sais com íons, por exemplo, cloreto de sódio. Sua
presença nas águas tem origem na dissolução de minerais, intrusão de águas salinas, águas
utilizadas na irrigação, de origem antropogênica por despejos doméstico ou industrial (APHA,
1998; VON SPERLING, 2005).
Quando os íons cloreto estão presentes nas águas em altas concentrações ocasionam
alterações no sabor, transmitindo um sabor salgado repulsivo. Em quantidades razoáveis não
são prejudiciais à saúde humana. A tolerância dos seres humanos para a presença de cloreto
varia de acordo com o clima e hábitos alimentares da pessoa. No geral, é a associação do
cálcio, magnésio, sódio e potássio com o cloreto que produz o efeito nocivo. Níveis muito
altos caracterizam a presença de esgotos sanitários ou matéria orgânica, efluentes industriais
diversos (químicos, de tintas, explosivos, fósforo, papel, galvanoplastia, bebidas carbonatadas
e processamento de alimentos) aumentando o poder de corrosão da água (EMBRATEL,
1983).
A quantidade de cloreto em soluções nas águas naturais é tolerada até 250 mg L
-1
, mas
em geral as quantidades destes são menores (CONAMA, 2005).
3.1.3.8 Cromo
O cromo (Cr) é obtido do minério cromita, metal de cor cinza que reage com os ácidos
clorídrico e sulfúrico. Baixos teores de cromo trivalente são necessários ao metabolismo
humano e animal, porém o hexavalente não tem função nenhuma ao organismo humano, além
de ser extremamente tóxico Quase todo cromo hexavalente existente no meio ambiente é
proveniente de atividades humanas (WHO, 1988).
É um elemento raramente encontrado em águas naturais não poluídas. O cromo
trivalente presente nas águas decorre, principalmente, do lançamento de despejos de
curtumes. Quando ocorre a presença de cromo hexavalente é devido aos despejos indústrias,
que utilizam processos de cromagem de metais, galvanoplastia, processamento de tintas,
corantes e vernizes, curtumes, fertilizantes, explosivos, cerâmica, vidro, papel, soldagens de
ligas metálicas, fundições, lâmpadas, produção de ligas ferro-cromo, de industriais de
cromatos e de circulação de água de refrigeração, onde é utilizado para o controle de corrosão
(EMBRATEL, 1983; WHO, 1988; DERISIO, 2000).
Os compostos de cromo produzem efeitos cutâneos, nasais, bronco-pulmonares,
renais, gastrintestinais e carcinogênicos.
Os padrões limitam a presença do cromo total em águas naturais até 0,05 mg L
-1
(CONAMA, 2005).
3.1.3.9 Chumbo
O chumbo (Pb) é um elemento tóxico, mesmo quando ingerido em pequenas
quantidades, porque possui efeito cumulativo no organismo. A intoxicação pública se
manifesta, principalmente, por sintomas gastrintestinais, seguidos de perturbações
neurológicas e hematológicas. Uma intoxicação crônica por este metal pode levar a uma
doença denominada saturnismo, que ocorre na maioria das vezes, em trabalhadores expostos
ocupacionalmente. Outros sintomas de uma exposição crônica ao chumbo, quando o efeito
ocorre no sistema nervoso central, são: tontura, irritabilidade, dor de cabeça e perda de
memória. Quando o efeito ocorre no sistema periférico, o sintoma é a deficiência dos
músculos extensores. A toxicidade do chumbo, quando aguda é caracterizada pela sede
intensa, sabor metálico, inflamação gastrintestinal, vômitos e diarréias. A presença de
chumbo na água é causada pela poluição por despejos industriais, ou pelo contato com o
metal dos encanamentos (EMBRATEL, 1983; MANAHAN, 1993; DERISIO, 2000).
Em sistemas aquáticos, o comportamento dos compostos de chumbo é determinado
principalmente, pela hidrossolubilidade. Concentrações de chumbo acima de 0,1 mg L
-1
inibem a oxidação bioquímica de substâncias orgânicas, e são prejudiciais para os organismos
aquáticos inferiores. Concentrações de Pb entre 0,2 mg L
-1
e 0,5 mg L
-1
empobrecem a fauna,
e a partir de 0,5 mg L
-1
a nitrificação é inibida na água.
Segundo o CONAMA (2005) os valores padrões limitam o Pb em 0,01 mg L
-1
.
3.1.3.10 Demanda bioquímica de oxigênio
A capacidade da matéria orgânica presente em uma amostra de água natural em
consumir oxigênio é chamada demanda bioquímica de oxigênio, DBO
5
(BAIRD, 2002).
A DBO
5
é a quantidade de oxigênio necessário para depurar a matéria orgânica
biodegradável lançada na água. Portanto, indica a presença de matéria orgânica, que pode ter
origem nos esgotos cloacais ou nos efluentes industriais. Os maiores aumentos em termos de
DBO
5
num corpo d’água, são provocados por despejos de origem predominantemente
orgânica. Quanto maior a concentração de DBO
5
na água, haverá uma tendência de redução
na concentração do oxigênio que está dissolvido na água (DERISIO, 2000; FEPAM 2006).
A demanda bioquímica de oxigênio é utilizada como medição do potencial poluidor
em certas substâncias biodegradáveis em relação ao consumo de oxigênio dissolvido. Essa
demanda pode ser suficientemente grande para consumir o oxigênio dissolvido da água, que
condiciona a morte de todos os organismos aeróbicos de respiração subaquática. O uso desse
processo permite avaliar um efeito importante da poluição sem a necessidade do processo
analítico, que consiste em identificar todos os compostos orgânicos presentes e determinar
estequiometricamente a quantidade de oxigênio que cada um deles necessita para a sua
oxidação (BRANCO, 1978, 1991; BRAGA et al., 2002).
É um teste padrão, onde a DBO
5
é avaliada experimentalmente para determinar as
concentrações de oxigênio dissolvido, antes e após um período, durante o qual uma amostra
selada de água é mantida no escuro à temperatura constante de 20 ºC, a amostra é submetida a
análises no decorrer de cinco dias, para determinar o oxigênio residual (PORTO et al., 1991;
DERISIO, 2000; BAIRD, 2002).
O CONAMA Nº 357/05 estabelece o limite de DBO medido em cinco dias numa
temperatura de 20 °C até 3 mg L
-1
O
2
para a classe 1, de até 5 mg L
-1
para a classe 2 e de até
10 mg L
-1
para a classe 3.
3.1.3.11 Demanda química de oxigênio
A Demanda Química de Oxigênio (DQO) é a quantidade de oxigênio necessário para
que ocorra a oxidação de matéria orgânica, através de um agente químico. O aumento desta
concentração nas águas é decorrente aos despejos industriais, pois o alto valor de DQO indica
uma grande concentração de matéria orgânica e baixo teor de oxigênio (DERISIO, 2000;
CETESB, 2006a; UNIAGUA, 2006).
A DQO é um teste indireto de medida, pelo qual se avalia a quantidade de oxigênio
dissolvido consumido em meio ácido para degradar a matéria orgânica biodegradável ou não
(PORTO et al., 1991; VON SPERLING, 2005).
A análise da DQO é útil para detectar a presença de substâncias resistentes à
degradação biológica, este teste é empregado, principalmente, para operação de sistemas de
tratamento de efluentes e caracterização de efluentes industriais.
As alterações provocadas pelo lançamento de efluentes com carga orgânica, podem
afetar a composição da fauna e da flora do meio, aumentando o consumo de oxigênio
dissolvido e, consequentemente, modificando as condições aeróbicas no curso d’água. No
caso da diminuição dos índices de oxigênio dissolvido, pode ocorrer à proliferação de
organismos anaeróbicos, que estão relacionados aos fortes odores, pela liberação de gases
como metano e o gás sulfídrico. Podendo ser também fonte de proliferação de vermes, larvas
e insetos.
3.1.3.12 Dureza
A dureza (CaCO
3
) é definida como a soma dos cátions polivalentes expressados numa
quantidade de CaCO
3
(BATALHA e PARLATORE, 1977). Sendo a dureza proporcional ao
conteúdo de sais de cálcio e magnésio, estes em ordem decrescente de abundância na água,
são bicarbonatos (HCO
3
-
), sulfatos (SO
4
2-
), cloretos (Cl
-
) e nitratos (NO
3
-
). Normalmente a
quantidade de cálcio é duas vezes maior do que a de magnésio, estes valores podem ser
diferentes em determinados tipos de água. A dureza pode ser classificada em dureza
carbonato, quando associada a HCO
3
-
e CO
3
2-
ou dureza não carbonato associada a outros
ânions, especialmente Cl
-
e SO
4
2-
(VON SPERLING, 2005).
O índice de dureza é utilizado para medir certos cátions importantes que estão
presentes em amostra de águas naturais, dado que este índice mede a concentração total de
íons Ca
2+
e Mg
2+
, sendo estes os principais responsáveis pela dureza da água de
abastecimento. Em termos químicos, o índice de dureza é definido como: dureza = [Ca
2+
] +
[Mg
2+
] (BAIRD, 2002).
Assim os principais íons metálicos causadores de dureza são cálcio (Ca
2+
) e magnésio
(Mg
2+
), tendo um papel secundário o íon de ferro (Fe
2+
) associado ao nitrato, manganês
(Mn
2+
) quase sempre vinculado ao íon sulfato e ao estrôncio (Sr
2+
) que se associa ao cloreto.
Algumas vezes, também podem ser considerado como contribuintes de dureza, o alumínio.
Quando de origem natural é devido à dissolução das rochas calcáreas e dolomíticas ricas em
cálcio e magnésio, ou ainda, decorrente do lançamento de efluentes industriais (DI
BERNARDO, 2005; LIBÂNIO, 2005).
A dureza total da água pode ser classificada como dureza temporária e permanente,
quando temporária desaparece com o calor e permanente não desaparece com o calor, ou seja,
não é removida com a fervura da água. Uma água caracterizada como dura é desagradável ao
paladar, gasta muito sabão para formar espuma, mancha louças, deposita sais em
equipamentos e dá lugar a depósitos perigosos nas caldeiras e aquecedores (APHA, 1998).
Em termos de tratamento e abastecimento público de água, a dureza pode ser
classificada em água mole (dureza < 50 mg L
-1
), dureza moderada (entre 50 a 150 mg L
-1
),
água dura (de 150 a 300 mg L
-1
) ou ainda água muito dura (> 300 mg L
-1
). Para as águas
potáveis os valores permitidos não podem ultrapassar a 500 mg L
-1
(BRASIL, 2004; VON
SPERLING, 2005).
3.1.3.13 Ferro total
Os compostos de ferro (Fe) são muito comuns nas águas naturais, pois se originam da
dissolução de compostos de rochas e solos. Conferem à água sabor metálico e têm o
inconveniente de manchar de amarelo ou avermelhado as roupas e a louça sanitária, e podem
provocar corrosão das tubulações pelo desenvolvimento de bactérias ferruginosas, pois o ferro
constitui nutriente para algumas espécies de bactérias do gênero Chrenotrix e Gallionella (DI
BERNARDO, 2005; LIBÂNIO, 2005).
O ferro existe nas águas, em geral, sob a forma de bicarbonato solúvel. Quando,
entretanto, a água é enriquecida em oxigênio o carbonato ferroso é transformado em
hidróxido férrico, através da reação: 4 Fe (HCO
3
)
2
+ 2 H
2
O + O
2
4 Fe (OH)
3
+ 8 CO
2
. O
hidróxido férrico resultante é insolúvel e precipita. O pH tem grande influência na velocidade
dessa reação. Assim, em baixos valores de pH, a formação de hidróxido somente se torna
apreciável quando a água se acha saturada de oxigênio, ao passo que com pH igual a 7, o ferro
precipita em grande quantidade, mesmo em concentração de oxigênio de apenas 0,5 mg L
-1
(BRANCO, 1978).
O limite máximo de teor de Fe admitido pelo padrão brasileiro é de 0,3 mg L
-1
(CONAMA, 2005). Este limite foi estabelecido, não pelo fato de ser tóxico. A sua presença
em concentrações mais altas, acima deste limite, confere à água sabor metálico (EMBRATEL,
1983).
3.1.3.14 Fosfato total
O fosfato (PO
4
3-
) é muito importante para os seres vivo, nas diferentes formas em que
se apresenta. Mas, o fosfato inorgânico dissolvido é a principal forma assimilada pelos
vegetais aquáticos, assumindo uma maior relevância (ESTEVES, 1998).
A origem do fosfato nas águas pode provir de adubos, decomposição de matéria
orgânica, material particulado presente na atmosfera, esgotos domésticos e industriais. É o
principal responsável pela eutrofização artificial. A liberação de fosfato na coluna d'água
ocorre mais facilmente em baixas quantidades de oxigênio. O fosfato é indispensável para o
crescimento de algas, pois faz parte da composição dos compostos celulares. O zooplâncton e
os peixes excretam fezes ricas em fosfato, a maior parte do fosfato contido na biomassa
proveniente do fitoplâncton, das macrófitas aquáticas, do zooplâncton, do nécton e dos bentos
é liberada para a coluna d’água, após a morte destes organismos (ESTEVES, 1998;
UNIAGUA, 2006).
Segundo CONAMA (2005) os valores máximos permitidos para a presença de fosfato
total em corpos de água é 0,025 mg L
-1
.
3.1.3.15 Fósforo total
O fósforo (P) apresenta-se em quantidades muito pequenas na composição das águas
naturais, sendo os sais de fósforo um dos elementos indispensáveis para os organismos
aquáticos. Considerado o principal fator limitante à produtividade na maioria dos
ecossistemas aquáticos, quando presente em quantidade excessiva pode ocasionar uma
eutrofização (ESTEVES, 1998; BRAGA et al., 2002).
Despejos orgânicos, especialmente esgotos domésticos, bem como alguns tipos de
despejos industriais, podem enriquecer as águas em fósforo. Nestes, os detergentes e
superfosfatados empregados em larga escala doméstica constituem a principal fonte, além da
própria matéria fecal, que é rica em proteínas. Alguns efluentes industriais, como os de
indústrias de fertilizantes, pesticidas, químicas em geral, conservas alimentícias, abatedouros,
frigoríficos e laticínios apresentam fósforo em quantidades excessivas. As águas drenadas em
áreas agrícolas e urbanas também podem provocar a presença excessiva de fósforo em águas
naturais (BRANCO, 1978; VON SPERLING, 2005; CETESB, 2006a).
Todo fósforo presente nas águas encontra-se sob diferentes formas de fosfato, sendo
atualmente agrupados em apenas cinco formas: fosfato particulado, fosfato orgânico
dissolvido, fosfato inorgânico dissolvido ou ortofosfato ou fosfato reativo, fosfato total
dissolvido e fosfato total originado da dissolução de compostos do solo e decomposição da
matéria orgânica (ESTEVES, 1998; LIBÂNIO, 2005).
Segundo os padrões do CONAMA (2005) o valor máximo permitido para o fósforo
total para ambientes lóticos e tributários intermediários é 0,1 mg L
-1
.
3.1.3.16 Manganês
O manganês (Mn) é um metal cinza escuro semelhante ao ferro, embora seja mais duro
e quebradiço. Os óxidos, carbonatos e silicatos de manganês são os mais abundantes na
natureza e caracterizam-se por serem insolúveis na água. A sua solubilidade depende também
do pH, do teor de CO
2
e oxigênio dissolvido na água. Essas relações existentes entre pH,
oxigênio, gás carbônico, teor de ferro e manganês fazem com que haja uma variação deste
último nas várias camadas de uma massa d’água estratificada, bem como nas diferentes
estações do ano, uma vez que os fatores mencionados, especialmente a quantidade de gases
dissolvidos, variam com a temperatura da água e, portanto, com a profundidade ou época do
ano. Isto pode contribuir, ainda para o estabelecimento de ciclos de vida dos organismos que
sofrem influência do teor desses metais (BRANCO, 1978).
O manganês apresenta inconveniente semelhante aos do ferro. Porém, é menos comum
e sua coloração característica é marrom (BRAGA et al., 2002). Encontra-se em geral
associado ao ferro e, como este, quando presente na água, confere-lhe sabor metálico. Em
doses elevadas o manganês é tóxico, produzindo alterações neurológicas que podem levar a
morte (EMBRATEL, 1983).
O padrão norte-americano admite o limite máximo de 0,05 mg L
-1
, ao passo que o
brasileiro permite 0,1 mg L
-1
(CONAMA, 2005).
3.1.3.17 Matéria orgânica
A matéria orgânica (MO) existente nas águas é originada tanto do ambiente aquático
como terrestre, uma vez que esse material é captado em toda a bacia de drenagem. Pode ser de
origem autóctone, quando formada por atividade sintetizante dos próprios organismos
autótrofos, que compõem a população da massa d’água ou alóctone, quando provém do solo
lavado pelas chuvas, ou, principalmente, pela contribuição antropogênica, através do
lançamento de esgotos domésticos ou industriais (BRANCO, 1978; ERTEL et al., 1986;
KÖRDEL et al., 1997).
A matéria orgânica da água é necessária na nutrição dos seres heterótrofos e aos
autótrofos, como fonte de nutrientes e gás carbônico, no entanto em grandes quantidades
podem ocasionar cor, turbidez, consumo de oxigênio dissolvido por parte dos organismos
decompositores e também poderá elevar os teores de gás carbônico, por meio da
decomposição da matéria orgânica das margens ou do fundo (KLEEREKOPER, 1990).
A MO consiste de uma mistura de compostos em vários estágios de decomposição,
sendo resultante da degradação biológica de resíduos de plantas e animais e das atividades
sintética de microrganismos. Contêm compostos que a agrupam em substâncias não húmicas e
húmicas. Quando não húmicas incluem-se aquelas com características químicas definidas
(carboidratos, proteínas, aminoácidos, gorduras, graxas e ácidos orgânicos de baixo peso
molecular), já as húmicas são mais estáveis (ácido húmico-AH, ácido fúlvico-AF e humina)
(DI BERNARDO, 2005).
3.1.3.18 Nitrogênio
O nitrogênio (N) é um elemento muito importante para o metabolismo dos
ecossistemas aquáticos, participando na formação de proteínas, um dos compostos básicos da
biomassa, além de ser requerido em maiores concentrações para o crescimento dos
microrganismos. Em geral, muito escasso nas águas (ESTEVES, 1998).
Suas principais fontes são: o ar (assimilado por algumas algas), a água da chuva, os
produtos de erosão e a matéria orgânica em decomposição (folhas ou esgotos).
Os compostos de nitrogênio encontram-se nas águas sob a forma de nitrogênio
orgânico na forma dissolvida, nitrogênio molecular (N
2
), amônia (livre N
3
e ionizada NH
4
+
),
nitrato (NO
3
-
) e nitrito (NO
2
-
). As duas primeiras são formas reduzidas e as duas últimas
oxidadas (GASTALDINI e MENDONÇA, 2001; LIBÂNIO, 2005; VON SPERLING, 2005).
Os esgotos sanitários constituem em geral, a principal fonte de lançamento de
nitrogênio orgânico em águas naturais. Isso se dá devido à presença de proteínas e nitrogênio
amoniacal, resultante da hidrólise sofrida pela uréia na água. Efluentes industriais também são
responsáveis por grande parte de descargas de nitrogênio orgânico e amoniacal nas águas.
Escoamento das águas pluviais vindas de áreas agrícolas contribui para a presença de diversas
formas de nitrogênio (CETESB, 2006).
O limite máximo permissível de acordo com os padrões para a potabilidade é de 10
mg L
-1
(BRASIL, 2004).
3.1.3.19 Nitrogênio amoniacal, Nitrito e Nitrato
O nitrogênio amoniacal, nitrato (NO
3
-
) e o nitrito (NO
2
-
) estão ligados aos processos
de produção e de decomposição. Quando se encontra referência à concentração de amônia,
estão englobadas as concentrações das duas formas de nitrogênio amoniacal (NH
3
e NH
4
+
). O
íon amônio (NH
4
+
) é muito importante para os organismos produtores, pois sua absorção é
energeticamente mais viável. As altas concentrações do íon amônio podem ter grandes
implicações ecológicas, uma vez que este pode influenciar na quantidade de oxigênio
dissolvido na água. Para oxidar 1,0 mL do íon amônio são necessários cerca de 4,3 mL de
oxigênio, em pH alcalino, este íon se transforma em gás amônia (NH
3
livre, gasoso), que
dependendo da concentração pode ser tóxico para os organismos aquáticos (ESTEVES,
1998).
O nitrato e o íon amônio são as principais fontes de nitrogênio para os produtores
primários num ecossistema aquático. A fase intermediária destes dois elementos é
representada pelo nitrito que é encontrado em baixas concentrações. A ocorrência de nitritos
em água indica processos biológicos ativos influenciados por poluição orgânica (ESTEVES,
1998).
A presença de nitrato é considerada como indicadora de matéria orgânica na água. O
excesso pode resultar em metahemoglobinemia, doença caracterizada pelo aparecimento de
coloração azulada na pele e nas mucosas devida à destruição dos glóbulos vermelhos do
sangue, pode ocorrer em bebês recém-nascidos, como em adultos com uma determinada
deficiência enzimática (EMBRATEL, 1983; BAIRD, 2002; DI BERNARDO, 2005; VON
SPERLING, 2005).
Concentrações de nitrato superior a 5 mg L
-1
demonstram condições sanitárias
inadequadas, pois a principal fonte de nitrogênio nitrato são dejetos humanos e de animais. O
nitrato estimula o crescimento de plantas, sendo que organismos aquáticos como algas,
florescem na presença deste, quando em elevada concentração pode conduzir a um
desenvolvimento exagerado.
Portanto, quando se encontra muito nitrogênio amoniacal na água pode-se dizer que
esta é pobre em oxigênio dissolvido e que o ambiente deve ter muita matéria em
decomposição. O padrão permitido para o nitrogênio amoniacal varia conforme os índices do
pH sendo 3,7 mg L
-1
para pH = 7,5; 2 mg L
-1
para pH de 7,5 = 8,0; 1 mg L
-1
para pH < 8,0; e =
8,5 e 0,5 mg L
-1
em pH > 8,5.
Para o nitrato é 10 mg L
-1
e o nitrito sua aceitação é de 1 mg L
-1
(CONAMA, 2005).
3.1.3.20 Oxigênio dissolvido
O oxigênio dissolvido (OD) presente nas águas é fundamental para a vida dos
organismos, visto que a maioria destes necessita desse elemento para sobreviver, incluindo os
organismos responsáveis pela autodepuração em águas naturais. O oxigênio é um gás muito
pouco solúvel em água, variando a solubilidade entre 15 mg L
-1
a 0 °C até 8 mg L
-1
a 25 °C,
dependendo da pressão (altitude) e sais dissolvidos (GASTALDINI e MENDONÇA, 2001).
A presença do oxigênio, quando em altas concentrações, beneficia a vida aquática e
favorece a depuração da matéria orgânica lançada nos corpos hídricos. Em baixas
concentrações (< 2,0 mg L
-1
) pode ocasionar mortandade de peixes e outros seres vivos do
meio, caso o oxigênio for totalmente consumido pode-se apresentar as condições anaeróbias
(ausência de oxigênio), com possível geração de maus odores (VON SPERLING, 2005;
FEPAM, 2006).
Como a solubilidade dos gases aumenta quando a temperatura diminui, a quantidade
de O
2
que se dissolve a 0 ºC (14,7 ppm) é menor do que a quantidade dissolvida a 35 ºC (7,0
ppm). A concentração de oxigênio dissolvido em água é baixa, e, por conseguinte, precária do
ponto de vista ecológico (BAIRD, 2002).
O agente oxidante mais importante em águas naturais é o oxigênio molecular
dissolvido, O
2
. Sob reação, cada um de seus átomos de oxigênio é reduzido do estado de
oxidação zero até o estado de -2, quando forma H
2
O ou OH
-
. A semi-reação que ocorre em
solução ácida é O
2
+ 4H
+
+ 4e
-
? 2H
2
O, enquanto a que ocorre em solução aquosa alcalina é
O
2
+ 2H
2
O + 4e
-
? 4OH
-
.
Em águas poluídas, a quantidade de oxigênio dissolvido é ainda menor do que em
condições naturais. A razão de saturação de O
2
em água limpa é de 0,80 mg L
-1
, por razões
práticas, assume-se que 8 mg L
-1
, seja o teor máximo de dissolução de oxigênio na pior
situação ambiental (PORTO et al., 1991). Através da medição do teor de oxigênio dissolvido,
os efeitos dos resíduos oxidáveis sobre águas receptoras e a eficiência do tratamento dos
esgotos, durante a oxidação bioquímica podem ser avaliados. Os níveis de oxigênio dissolvido
também indicam a capacidade de um corpo de água natural manter a vida aquática.
O oxigênio dissolvido é o principal parâmetro para a caracterização dos efeitos de
poluição por despejos orgânicos. Os valores para o oxigênio dissolvido em qualquer amostra
não pode ser inferior a 6 mg L
-1
(VON SPERLING, 2005; CONAMA 2005).
3.1.3.21 Potencial hidrogeniônico
O potencial hidrogeniônico (pH) é a medida de concentração relativa dos íons de
hidrogênio numa solução, consiste em uma reação numérica que expressa equilíbrio entre íons
(H
+
) e íons (OH
-
), definindo acidez, neutralidade ou alcalinidade (DERISIO, 2000; VON
SPERLING, 2005).
O valor do pH, que indica a acidez ou alcalinidade da solução em análise tem variação
de zero a 14. Quando apresentar um valor de pH 7 indica uma solução neutra, para os índice
de pH maiores de 7 são alcalino e para os valores menores de 7 são ácidos. No caso de
predominar íons (OH
-
) o pH será maior que 7, sendo este alcalino. As maiores alterações do
ponto de vista deste indicador são provocadas por despejos de origem doméstica, industrial,
dissolução de rochas e da decorrência da atividade de algas. É importante ressaltar que, os
organismos aquáticos (fitoplâncton e zooplâncton) estão, geralmente, adaptados às condições
de neutralidade, e como conseqüência de alterações bruscas do pH da água pode ocorrer
prejuízo para tais organismos (DERISIO, 2000; LIBÂNIO, 2005; UNIAGUA, 2006).
A medição do valor de pH é imprescindível para qualquer análise de água, o efeito
nocivo e também a disponibilidade biológica de muitas substâncias dependem do valor do pH.
Muitas das reações químicas são afetadas por esse valor.
As concentrações de pH são influenciadas pela temperatura e por sais minerais, os
valores fora das faixas recomendadas podem alterar o sabor da água e ainda favorecer a
adição de alguns constituintes para a água, o que ocorre com o ferro, cobre, zinco, cádmio e
chumbo, dificultando a descontaminação das águas. Águas altamente alcalina na maioria das
vezes, apresentam um alto pH e geralmente um elevado nível de sólidos dissolvidos, em
menor escala outro contribuinte é a amônia em conjunto com o fósforo, sílica, boro e ácidos
orgânicos (MANAHAN, 1993).
Segundo CONAMA (2005) os valores do pH devem se situar entre 6 a 9 para as águas
doces e destinadas ao consumo humano.
3.1.3.22 Potencial redox
O potencial redox (ORP) mede a capacidade do ambiente de fornecer elétrons a um
agente oxidante, ou em retirar elétrons de um agente redutor, caracterizando o estado
oxidação-redução na água. A estabilidade de um elemento em um determinado número de
oxidação em particular depende da variação de energia envolvida na adição ou remoção de
elétrons. Os íons de um mesmo elemento e que se apresentam em diferentes estados de
oxidação formam o sistema redox sendo este expresso por um determinado valor. O potencial
de oxi-redução representa um potencial elétrico entre um eletrodo de metal inerte, o eletrodo
indicador e um eletrodo padrão. O potencial redox é expresso normalmente pelo símbolo ε e,
quando baseado no eletrodo padrão de H, com Eh (ESTEVES, 1998; GASTALDINI e
MEDONÇA, 2001).
O valor de Eh negativo significa que existem elétrons das substâncias dissolvidas na
água facilmente disponíveis, sendo o meio de natureza muito redutora, no caso de valores
positivo as substâncias dissolvidas predominantes são agentes oxidantes, de maneira que
existem poucos elétrons disponíveis para causar redução (BAIRD, 2002).
3.1.3.23 Sulfato
O sulfato (SO
4
2-
) encontra-se nas águas como resultado da lixiviação do gesso e de
outros minerais comuns. Também é produzido como resultado final da oxidação do sulfeto,
sulfito, tiossulfato e da matéria orgânica no ciclo do enxofre. Estes são fontes de energia para
as sulfobactérias, que transformam o sulfito em sulfato. Pode originar-se de numerosas
descargas industriais. As águas com altos níveis de sulfato podem apresentar efeito laxativo
característico do sulfato de sódio e de magnésio (BATALHA e PARLATORE, 1977).
O teor de sulfato presente nas águas é limitado, conforme o padrão máximo de 250 mg
L
-1
(CONAMA, 2005).
3.1.3.24 Zinco total
O zinco (Zn) é oriundo de processos naturais e antrópicos, destacando-se a produção
de zinco primário, combustão de madeira, incineração de resíduos, siderurgias, cimento,
concreto, cal e gesso, indústrias têxteis, termoelétricas e efluentes domésticos. Alguns
compostos orgânicos de zinco são aplicados como pesticidas.
O Zn é um elemento essencial e benéfico para o metabolismo humano (DERISIO,
2000). Algumas atividades realizadas pelo organismo dependem de sua presença como a
insulina e diversos compostos enzimáticos, só se torna prejudicial à saúde quando ingerido em
concentrações muito altas, levando às perturbações do trato gastrintestinal. Um adulto deve
consumir de 10 a 15 mg dia
-1
. Para as crianças a partir dos seis anos, o consumo deve ficar em
torno de 0,3 mg kg
-2
. O Zn é eliminado através das fezes e urina numa média de 10 mg dia
-1
(BATALHA e PARLATORE, 1977).
O limite máximo permissível na água é de 0,18 mg L
-1
, quando presente acima do
limite, confere à água gosto desagradável e em altas concentrações é tóxico (EMBRATEL,
1983; CONAMA, 2005).
3.1.4 Características microbiológicas
A água é habitada por vários tipos de microrganismos de vida livre, que podem alterar
o meio através de suas atividades biológicas. Outros microrganismos têm origem externa e,
ocasionalmente, são introduzidos na água, podendo estes ser parasitários e ou patogênicos, os
quais utilizam a água como veículo.
Os parâmetros microbiológicos são fundamentais para definir a qualidade sanitária da
água, os parâmetros analisados neste estudo são bactérias heterotróficas, coliformes
termotolerantes, coliformes totais e clorofila.
3.1.4.1 Bactérias heterotróficas
As bactérias heterotróficas (BH) indicam a ocorrência de poluição microbiana,
entretanto esse grupo não possui ação patogênica, embora algumas delas possam atuar como
patógenos oportunistas (pseudomonas e aeromonas), especialmente, para indivíduos
debilitados imunologicamente. Uma ocorrência excessiva deste grupo indica infestações
gerais, utiliza o carbono orgânico como fonte de energia (LIBÂNIO, 2005). Realizam a
decomposição de carboidratos, proteínas, ácidos orgânicos e álcoois, produzindo, sobretudo
NO
3-
e SO
4-
. As bactérias heterotróficas alimentam-se, principalmente, da matéria orgânica
que conseguem decompondo organismos mortos entre as bactérias mais representativas deste
grupo destaca-se o gênero Siderocapsa.
O controle da população das BH é de fundamental importância, visto que densidades
elevadas de microorganismos na água podem determinar a deterioração de sua qualidade
como o desenvolvimento de cor e sabor, podendo ainda em quantidades elevadas impedir a
detecção de coliformes, seja devido à produção de fatores de inibição, seja por um
desenvolvimento mais intenso.
A contagem de BH determina a densidade de bactérias que são capazes de produzir
unidades formadoras de colônia (UFC), na presença de compostos orgânicos contidos em
meio de cultura apropriada, sob condições pré-estabelecidas de incubação igual a 35,0 °C
mais ou menos a 0,5 °C por 48 horas. Em 20% das amostras mensais para coliformes totais
deve-se realizar a contagem de BH, quando estas exceder a 500 UFC por mL e uma recoleta e
inspeção local (BRASIL, 2004; DI BERNARDO, 2005).
3.1.4.2 Coliformes termotolerantes
As bactérias do grupo coliforme termotolerantes (Cte) são consideradas as principais
indicadoras de contaminação fecal, sendo utilizadas para medir a possível ocorrência de
bactérias de origem animal, seu percentual de variações em fezes humanas é de 3% a 4%,
enquanto que nas fezes dos animais é de 3% a 8%. Além de estarem presentes em fezes
humanas e de animais homeotérmicos, ocorrem em solos, plantas ou outras matrizes
ambientais que não tenham sido contaminados por material fecal (CONAMA, 2005;
LIBÂNIO, 2005).
Estas bactérias reproduzem-se ativamente a temperatura de 44 °C a 45 °C, valor que
permite fermentar a lactose, com produção de ácidos, gás e aldeído (CONAMA, 2005). São
muitas vezes usadas como indicadores da qualidade sanitária da água, e não representam por
si só um perigo para a saúde, servindo antes como indicadores da presença de outros
organismos causadores de problemas para a saúde. Apesar de não serem patogênicos, indicam
que a água recebeu material fecal e pode conter microorganismos patogênicos, inclui-se nos
coliformes termotolerantes os gêneros bacterianos Escherichia e em menor escala
Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter (BRAGA et al., 2002; DI BERNARDO, 2005;
LIBÂNIO, 2005).
Um ser humano adulto expele diariamente em suas fezes de 50 bilhões a 400 bilhões
de bactérias coliformes. Este parâmetro é um importante indicador da possibilidade da
existência de microrganismos patogênicos e que transmitem doenças como febre tifóide, febre
paratifóide, desenteria bacilar e cólera (BATALHA e PARLATORE, 1977; CETESB, 2006a).
A presença na água de consumo humano de um número significativo de
microorganismos do grupo coliforme indica que esta água recebeu esgotos domésticos e que a
mesma não está sendo tratada ou o tratamento está sendo conduzido de forma inadequada.
O uso das bactérias coliformes termotolerantes para indicar poluição sanitária mostra-
se mais significativo que o uso da bactéria coliforme "total", porque as bactérias fecais estão
restritas ao trato intestinal de animais de sangue quente, sendo a Escherichia coli o indicador
patogênico de origem fecal mais importante, pois quando presente indica que o meio está
contaminado por fezes (BRASIL, 2004; CETESB, 2006a).
Os coliformes termotolerantes não devem exceder o limite de 200 coliformes por 100
mililitros para a classe 1, de 1.000 para a classe 2 e de 2.500 para a classe 3 (CONAMA,
2005). Para a Portaria Nº 518/2004 os coliformes termotolerantes devem estar ausentes em
100 mL (BRASIL, 2004).
3.1.4.3 Coliformes totais
Os coliformes totais (Cto) são bacilos gram-negativos, aeróbios ou anaeróbios
facultativos, não formadores de esporos, capazes de se devolver na presença de sais biliares
ou agentes que fermentam a lactose, produzindo ácido, gás e aldeído. O grupo coliforme é
formado por um número de bactérias, que inclui os gêneros Escherichia, Klebsiella,
Citrobacter, Enterobacter, entre outros gêneros e espécies também pertencentes a este grupo
(BRASIL, 2004; DI BERNARDO, 2005; CETESB, 2006a).
Segundo a Portaria Nº 518, de 25 de março de 2004 em vigência, para o padrão de
potabilidade da água uma análise deverá apresentar ausência de coliformes em 100 mL L
-1
de
amostra (BRASIL, 2004), caso encontrado, representa tratamento inadequado, contaminação
posterior ou nutriente em excesso na água tratada (VON SPERLING, 2005).
3.1.4.4 Clorofila
A clorofila (CL) é um dos pigmentos responsáveis pelo processo fotossintético e
representa aproximadamente de 1% a 2% do peso seco do material orgânico em todas as algas
planctônicas. Por este motivo é um indicador algal, utilizada na avaliação indireta da
biomassa de algas, é considerada a principal variável indicadora de estado trófico dos
ambientes aquáticos (CARLSON e SIMPSON, 1996; GASTALDINI e MEDONÇA, 2001;
CETESB, 2006a).
Segundo o CONAMA (2005) os valores máximos para a presença de clorofila em
águas doces são de 10 µg L
-1
.
3.2 Qualidade do sedimento - caracterização dos metais pesados
O sedimento de fundo é o compartimento que reflete todos os processos que ocorrem
em um ambiente aquático (ESTEVES, 1998).
A avaliação química do sedimento de fundo também proporcionará um diagnóstico da
condição e concentração dos elementos químicos presentes, os metais pesados apresentam
uma grande afinidade por agrupamentos orgânicos contidos nas frações de solo e sedimentos
conferindo as propriedades de bioacumulação na cadeia alimentas e persistência no ambiente.
3.2.1 Cádmio
As ocorrências de cádmio (Cd) nos sedimentos aquáticos são devido ao intemperismo,
erosão do solo e da camada da rocha viva, descargas atmosféricas, vazamentos de aterros,
fertilizantes e uso de lodos de esgotos. O cádmio proveniente de efluentes industriais pode ser
adsorvido a materiais particulados, servindo como depósito para este metal e ser emitido a
coluna dágua mais tarde. O cádmio adsorvido por superfícies de minerais como argilas e
materiais orgânicos é facilmente bioacumulado ou liberado quando ocorrem distúrbios
ambientais, como modificação do pH, salinidade e potencial redox (WHO, 1992; ATSDR,
1997).
Os valores de referência para a classificação quanto à poluição dos sedimentos
segundo U.S.EPA são > 6 ug g
-1
para muito poluído (apud POLETO e GONÇALVES, 2006).
3.2.2 Chumbo
O chumbo (Pb) é um elemento que está distribuído sobre toda a crosta terrestre, as
maiores fontes naturais de chumbo são as emissões vulcânicas, intemperismo geoquímico e
névoas aquáticas. O chumbo secundário é obtido através da recuperação de sucatas e rejeitos,
que constituem importantes fontes emissoras deste metal. Quando se deposita nos rios pode
ser proveniente da atmosfera, da lixiviação do solo, do escoamento superficial oriunda de
fontes naturais ou antropogênicas, o metal que alcança a água é adsorvido aos sólidos
suspensos e sedimentos (ATSDR, 1993; WHO, 1995).
Os valores de referência para a classificação quanto a poluição dos sedimentos
segundo U.S.EPA são de < 40 ug g
-1
para não poluído, 40 - 60 ug g
-1
moderadamente poluído
e de > 60 ug g
-1
para muito poluído (apud POLETO e GONÇALVES, 2006).
3.2.3 Cromo
O cromo (Cr) não ocorre livre na natureza, mas numa grande variedade de minerais na
crosta terrestre, sendo estes na forma de seus compostos. Os dois minerais mais importantes
do cromo são a Crocoíta (PbCrO
4
) e a Cromita (FeCr
2
O
4
), é o principal minério de cromo.
Atualmente, usa-se muito o cromo como metal para revestimento, devido a sua notável
resistência a corrosão e ao elevado poder protetor de suas camadas, também é utilizado na liga
de ferrocromo, com resistência à altas temperaturas, ligas com resistência à corrosão,
ligas com resistência à corrente elétrica, sais de cromo indústria de tintas, coloração de
vidros; indústria têxtil, fabricação de fitas K7 e VHS.
Os valores de referência para a classificação quanto à poluição dos sedimentos
segundo U.S.EPA são de < 25 ug g
-1
para não poluído, 25 - 75 ug g
-1
moderadamente poluído
e de > 75 ug g
-1
muito poluído (apud POLETO e GONÇALVES, 2006).
3.2.4 Níquel
O Níquel (Ni) tem como principal origem geoquímica às rochas magmáticas (máficas
e ultramáficas). Os minerais de níquel são: os sulfetos - milerita e pentlandita (FeNi
9
S
8
), que
se apresentam associados a outros sulfetos metálicos em rochas básicas, freqüentemente
acompanhados de cobre e cobalto, o outro mineral é a garnierita ou silicato hidratado de níquel e
magnésio, que se encontra associado às rochas básicas (peridotitos), concentrando-se por
processos de intemperismo nas partes alteradas.
As principais aplicações do Ni são em ligas ferrosas e não-ferrosas para consumo no setor
industrial, em material militar, em moedas, em transporte/aeronaves, em aplicações na
construção civil, ligas para fabricação de imãs, em ligas elétricas, magnéticas e de expansão, ligas
de cobre-níquel. O metal é muito usado sob a forma pura, para proteção de peças metálicas,
oferecendo grande resistência à oxidação.
Os valores de referência para a classificação quanto à poluição dos sedimentos
segundo U.S.EPA são de < 20 ug g
-1
para não poluído, 20 50 ug g
-1
moderadamente
poluído e de > 50 ug g
-1
muito poluído (apud POLETO e GONÇALVES, 2006).
3.3 Elementos indicadores para qualidade da água e sedimento
O uso de indicadores de qualidade de água consiste no emprego de variáveis que se
correlacionam com as alterações ocorridas na microbacia, sejam estas de origem antrópica ou
natural. A avaliação da qualidade da água em microbacia sob diferentes usos pode ser feita
pelo uso de técnicas estatísticas multivariadas, sendo assim Toledo e Nicolella (2002)
realizaram monitoramento em uma microbacia de Guaíra, São Paulo, onde calcularam um
índice de qualidade da água (IQA) através do uso da técnica de análise fatorial e do método de
Bartlett, para os quais obtiveram diferenças significativas entre os pontos de coleta de água a
montante e a jusante do município de Guaíra. O uso da técnica de análise fatorial permitiu
também avaliar as condições de deterioração da qualidade da água, com vistas à obtenção de
indicadores específicos, os quais poderão ser monitorados ao longo do tempo.
Robaina et al. (2000, 2002) realizaram análises das águas e sedimento do rio dos Sinos
inclusive no arroio João Corrêa, para a determinação do grau de poluição. Os dados
levantados foram comparados com a Resolução do CONAMA Nº 20/86, as condições
sanitárias tiveram bases nos dados da FEPAM (1990 a 1998), e os dados coletados para as
variáveis utilizadas foram submetidos às análises de variância de estado, estação de
amostragem, mensal e anual. Para a análise de poluição por metais pesados nos sedimentos de
correntes, basearam-se nos parâmetros de toxidade potencial para o homem e para a biota
aquática, devido ao freqüente lançamento de metais por empresas situadas na região.
Franzen (2001) realizou análises de sedimentos no arroio Sapucaia e cita ser uma
ferramenta útil para o diagnóstico das condições prevalecentes no ambiente aquático, pois
esse tipo de análise não requer amostragens de alta freqüência, uma vez que os sedimentos
podem reter os poluentes. Segundo os resultados obtidos as concentrações de metais nas
águas fluviais apresentam valores inferiores aos estabelecidos pelos limites de classes de uso
das águas, o fósforo total apresentou limites acima de 50% dos estabelecidos para as classes 1,
2 e 3 e os sedimentos são pouco a moderadamente poluídos pelos metais analisados.
Em estudos realizados por Singh et al. (2002) em seis afluentes do rio Ganga Plain na
Índia, revelaram que os centros urbanos são a fonte da poluição por metais pesados (Cr, Ni,
Cu, Zn, Pb e Cd) nos sedimentos, em análises realizadas, sendo classificado como altamente
perigoso quanto a contaminação.
As avaliações da qualidade de corpos de água não devem ficar restritas aos resultados
do IQA, o qual considera normalmente parâmetros relacionados as propriedades
organolépticas, equilíbrio ecológico e riscos sanitários mais imediatos. Devem ser
considerados também os metais pesados e hidrocarbonetos tóxicos, pois estes podem
apresentar concentrações elevadas mesmo em análises onde o IQA se enquadra na faixa de
ótimo. O IQA estatístico apresenta praticidade e a agilidade, implicando no monitoramento
efetivo da qualidade da água, através das variáveis mais significativas. Assim como a
utilização de índices do COMITESINOS (1993) e de carga metálica, o IQA estatístico
mostrou-se uma ferramenta eficiente para a identificação e avaliação das variáveis mais
impactantes na qualidade da água (JUNIOR et al., 2003; MAKHAMRA, 2004).
Ronchi et al. (2003) realizaram estudos no arroio Peão utilizando variáveis físico-
químicas, onde avaliaram a contaminação da água, solo e sedimento. Para a classificação das
águas utilizaram variáveis clássicas discutidas em FEPAM (1999), APHA (1995) e Ronchi et
al. (2000). O IQA foi determinado utilizando a análise estatística multivariada e os resultados
foram comparados entre si e com os níveis estabelecidos pelos parâmetros do CONAMA
(1986) e USEPA (1992). Os resultados obtidos através da utilização destas variáveis
classificaram as águas do arroio Peão na classe 4, as quais são destinadas somente a
navegação e harmonia paisagística. Já os sedimentos recentes, para os elementos analisados e
seus respectivos critérios de aceitabilidade de poluição, foram classificados como não-
poluidos em todos os pontos de coleta, com exceção do cromo hexavalente caracterizado
como moderadamente poluído. Com a utilização do índice de geoacumulação (IGeo) os
pontos de amostragem foram enquadrados na classe 1 (pouco a moderadamente poluídos).
Segundo Bilich e Lacerda (2005), para caracterizar a qualidade da água, são utilizados
diversos parâmetros, os quais representam as suas características físicas, químicas e
biológicas, sendo estes indicadores da qualidade da água e representam impurezas quando
alcançam valores superiores aos estabelecidos para determinado uso. Em estudo realizado
para avaliar a qualidade da água de todos os pontos de captação da Companhia de Água e
Esgoto de Brasília (CAESB), nos últimos dez anos utilizaram o índice de qualidade de água
(IQA) e o sistema de informação geográfica (SIG), constatando que o padrão de qualidade é
bom, sofrendo poucas alterações ao longo dos dez anos, a piora na qualidade da água ocorre
na estação de verão, que compreende o período de chuva.
Prado e Novo (2006) realizaram estudo no reservatório de Barra Bonita para avaliar o
estado trófico, através da utilização do Índice de Estado de Trofia (IET) de Carlson (1977)
modificado por Toledo et al. (1983), onde consideraram os dados obtidos na superfície da
água do reservatório na estação chuvosa em 1990 e 2002, para detectar as possíveis fontes de
poluição. Todos os pontos analisados em 2002 enquadraram-se no estado eutrófico, no qual o
processo foi intensificado pela entrada de nutrientes por fontes pontuais e difusas. Sendo que
em 1990, os dados obtidos apresentaram situações diferenciadas, onde obtiveram os estados
eutrófico, mesotrófico e oligotrófico para os diferentes pontos amostrados. Os quais são
decorrentes da contribuição dos esgotos domésticos, de fontes pontuais de poluição e da
entrada de poluentes por fontes difusas, como a agricultura.
Em monitoramento da qualidade das águas realizado pela FEPAM (2006) (que integra
hoje a Rede de Monitoramento do Pró-Guaíba) nos diferentes pontos do rio dos Sinos (um
ponto na foz do arroio João Corrêa) foram realizados estudos estatísticos utilizando o IQA e
seus resultados interpretados com a Resolução do CONAMA Nº 357, de 17 de março de
2005. O rio dos Sinos apresenta na nascente uma faixa boa (71 a 90), em seu trecho superior
sua qualidade é regular (51 a 70), em seu trecho médio apresenta uma tendência ao
decréscimo da qualidade, no início, notas na faixa ruim (26 a 50) e declina para a faixa muito
ruim (inferior a 25) e no seu trecho final está no intervalo da faixa ruim, mas não apresenta
tendência ao decréscimo. De acordo com o resultados, a área canalizada do arroio João Corrêa
apresenta altas concentrações de metais pesados (chumbo, cromo total, cádmio, cobre,
mercúrio, níquel e zinco) acima da classe 1 e também de coliformes fecais, com
concentrações médias em torno de 200.000 nmp 100 mL
-1
(classe 4).
3.4 Indicadores de qualidade ambiental
O termo indicador é originário do Latim indicare, que significa descobrir, destacar
apontar, anunciar, estimar. Entende-se por indicador aquela informação que explicita o
atributo que permite a qualificação das condições dos serviços, e por Índice o parâmetro que
mede o indicador, atribuindo-lhe valores numéricos (GARCIAS, 2001).
Os indicadores são dados que permite quantificar, qualificar ou mensurar algum
elemento desejado, facilitando a compreensão dos dados, melhorando a qualidade de
pesquisas como ferramenta de auxílio à decisão, são modelos simplificados da realidade com
a capacidade de facilitar a compreensão dos fenômenos (MAGALHÃES JUNIOR, 2007).
Em 1965 Horton, pesquisador alemão apresentou formalmente o primeiro índice de
qualidade de água, referindo-se a este como uma ferramenta para a avaliação dos programas
de redução da poluição e para informação pública (DERÍSIO, 2000). Os mais utilizados foram
desenvolvidos por Brown, McClelland, Deininger e Tozer nos Estados Unidos (EUA),
financiado pela agencia americana National Sanitation Foundation (NSF) na década de 70,
esses pesquisadores apresentaram um índice de qualidade de água bastante similar em sua
estrutura, ao Índice de Horton. No ano de 1971, Prati, Pavanello e Pesarin (apud OTT, 1978),
propoem um IQA europeu aditivo sem peso ou índice implícito de poluição de Prati. Em 1973
surgiu o índice de poluição de rios por Mcduffie. No ano de 1976, Landwehr e Deininger
desenvolveram uma forma multiplicativa para evitar problemas ocorriam quando um
subíndice apresentava valores extremamente baixos de qualidade de água. Em 1978 Ott
propôs um modelo de uniformização e agregação de dados em indicadores ambientais,
levando em consideração a seleção das variáveis para compor o índice. O índice de Dinius
(apud OTT, 1978) propôs o desenvolvimento de um sistema rudimentar de contabilidade
social que mediria os custos e impactos das medidas de controle de poluição. Em 1996
Cisneros cria no México o índice de disponibilidade de água (SILVA et al.,1999). No ano de
1987, Smith propôs um índice geral relacionado com a legislação da Nova Zelândia, para uso
específico de qualidade de água.
Bollmann e Marques (2000) modificarão o modelo de Ott (1978), o qual foi
estruturado em três etapas: escolha dos parâmetros que comporão o índice, uniformização das
informações através do cálculo de subíndices próprios para cada variável, reunião das
informações para compor o índice final.
O interesse do Brasil por tais índices cresceu desde que o Conselho Nacional de Meio
Ambiente em seu relatório anual de 1972, manifestou a necessidade da utilização de índices
para o meio ambiente.
Segundo Otto (1978) existe três tipos básicos de índices de qualidade de água:
Índices elaborados a partir da opinião de especialistas;
Índices baseados em métodos estatísticos;
Índices biológicos (cujos dados necessários para sua formulação ainda não são
rotineiramente obtidos em programas de monitoramento).
Em geral, um Índice de Qualidade de Água (IQA) é um número adimensional que
exprime a qualidade da água para os diversos fins. Esse número é obtido da agregação de
dados físico-químicos e bacteriológicos por meio de metodologias específicas (DERÍSIO,
2000).
3.5 Critérios de qualidade de água baseado em indicadores de poluição
Os temas abordados a seguir são referentes ao índice de qualidade da água (IQA), da
CETESB, NSF, COMITESINOS, FEAM, estatístico, índice de estado trófico (IET), fator de
contaminação (FC), índice de geoacumulação (IGeo) e o índice de carga metálica (ICM).
3.5.1 Índices de qualidade da água (IQA)
O IQA é um número simples que expressa a qualidade geral da água em um
determinado local e tempo, baseado em várias variáveis de qualidade de água. A utilização do
IQA é bastante útil para transmitir informação a respeito da qualidade da água ao público em
geral. Uma das vantagens no seu uso é a uniformidade dos critérios para apresentação e a fácil
compreensão, podendo dar uma idéia geral da tendência de evolução da qualidade ao longo do
tempo, permitindo comparação relativa entre os sistemas hídricos. Qualquer outro uso, que
necessite de maior detalhamento da qualidade da água, deve-se avaliar os parâmetros de
interesse individualmente (COMITESINOS, 1990; PORTO et al., 1991).
Na seleção dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos de qualidade de água,
deve-se levar em conta os usos previstos para o corpo d’água e as fontes de poluição
existentes na sua área de drenagem. A combinação destes parâmetros possibilita a utilização
de índices que podem representar a situação de determinado corpo d’água de forma confiável
(DERISIO, 2000).
Os IQAs baseiam-se na utilização de variáveis de poluição podendo estar ser físicas,
químicas e biológicas, quantificando a água, quanto ao maior ou menor grau de risco a saúde
humana sobre a forma de um valor único denominado nota de qualidade (PEREIRA, 2002).
Para a interpretação ecológica da qualidade das águas faz-se necessário à utilização de
métodos simples e que forneçam informações objetivas e interpretáveis, para isso o uso de
índices de qualidade de água é uma tentativa que todo o programa de monitoramento prevê,
como forma de acompanhar, através de informações resumidas a possível deterioração dos
recursos hídricos ao longo da bacia hidrográfica ou ao longo do tempo (TOLEDO e
NICOLELLA, 2002).
3.5.2 IQA da CETESB
O IQA é uma adaptação realizada pela CETESB a partir do IQA desenvolvido pela
National Sanitation Foundation (NSF) dos Estados Unidos, em 1970, que selecionou os
parâmetros relevantes, através de um grupo de especialistas, para avaliar a qualidade das
águas e atribuiu, para cada um deles, um peso relativo.
A CETESB utiliza os seguintes parâmetros para avaliar a qualidade das águas, quais
sejam:
Coliformes termotolerantes;
Fósforo total;
Demanda bioquímica de oxigênio;
Nitrogênio total;
Oxigênio dissolvido;
pH;
Resíduo total;
Temperatura; e
Turbidez.
O IQA calculado permite classificar a qualidade da água em uma escala que vai de
péssima a ótima. Quando utilizadas para informar sobre a qualidade da água, o IQA pode
variar de zero a 100. Quanto maior for o valor do IQA, melhor será a qualidade da água,
conforme mostrada na tabela 1.
As curvas médias de variação da qualidade das águas em função de sua concentração
para cada um dos parâmetros são apresentadas no anexo A, onde os valores obtidos para cada
uma das variáveis são comparados com as curvas existentes para verificar se os valores
obtidos para a qualidade relativa (q
s
) são satisfatórios ou não.
De acordo com a CETESB (2006b), o IQA tem por objetivo avaliar a aptidão que as
águas brutas apresentam para a produção de água potável.
TABELA 1:
Faixa de valores do IQA e segundo nível de qualidade, faixa de variação e cor de
referência
Nível de qualidade Faixa de variação Cor de referência
Ótima 79 < IQA = 100 azul
Boa 51 < IQA = 79 verde
Regular 36 < IQA = 51 amarelo
Ruim 19 < IQA = 36 laranja
Péssima IQA = 19 roxo
Fonte: adaptado da CETESB (2007)
3.5.3 IQA da NSF
A National Sanitation Foundation (NSF) desenvolveu em 1970 nos Estados Unidos, o
Índice de Qualidade da Água (Water Quality Index - WQI) embasado no método DELPHI
(Rand Corporation), na tentativa da definição de um sistema de acompanhamento eficaz aos
programas de monitoramento dos recursos hídricos, sendo um método padronizado para
comparar a qualidade da água dos diferentes corpos d'água.
Este índice considera a existência de um vetor de qualidade, fatores de ponderação,
funções de qualidade e funções de agregação, que consiste num questionário lançado a um
painel de peritos sobre a inclusão de 32 variáveis no valor de índice. Deste processo, foram
selecionadas nove variáveis, que passaram a constituir o índice de qualidade da água, sendo a
cada uma delas atribuído em peso relativo variando de 7% a 17%.
O WQI é calculado utilizando nove fatores escolhidos, alguns foram considerados
mais importantes do que outros, então uma média ponderada é utilizada para combinar os
valores. Os parâmetros utilizados para a determinação do índice de qualidade da água são
oxigênio dissolvido (0,17), coliformes termotolerantes (0,16), pH (0,11), DBO
5
(0,11),
temperatura (0,10), fosfato total (0,10), nitrato (0,10), turbidez (0,08) e sólidos totais
dissolvidos (0,07).
Na aplicação do IQA NSF, foram definidas classes para avaliar a qualidade físico-
química e microbiológica das águas superficiais, ou seja, numa escala de classificação da
qualidade da água em que os valores variam de 0 - 100 e são divididos em várias faixas
correspondentes aos termos gerais descritivo, sendo muito ruim (0-25), ruim (25-50), média
(50-70), bom (70-90), ou excelente (90-100), um maior número é indicativo de uma melhor
qualidade da água.
A planilha de versão para o cálculo do WQI, segundo a NSF está disponível na página
http://www.water-research.net/watrqualindex/waterqualityindex.htm.
3.5.4 IQA do COMITESINOS
O IQA do COMITESINOS (1990) é uma modificação do IQA desenvolvido pela
National Sanitation Foundation (NSF) dos Estados Unidos, que considerou para a
determinação do índice de qualidade de água oito variáveis, sendo estes:
Oxigênio dissolvido;
Coliformes termotolerantes;
pH;
Demanda bioquímica de oxigênio;
Fosfato total;
Nitrato;
Turbidez;
Sólidos totais dissolvidos
A interpretação do valor do IQA do COMITESINOS é realizada dentro de um
conjunto de faixas de qualidade de água, sendo esta apresentada na tabela 2.
TABELA 2:
Faixas de qualidade de água para o IQA do COMITESINOS
Faixas de IQA Classificação Cor de referência
0 - 25 Muito ruim preta
26 - 50 Ruim vermelha
51 - 70 Regular amarela
71 - 90 Bom verde
91 - 100 Excelente azul claro
Fonte: adaptado COMITESINOS (1993)
3.5.5 IQA da FEAM
A Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) de Minas Gerais utilizam os
parâmetros para os cálculos do IQA, que representam as características físico-químicas e
biológicas, que foram estabelecidas pela National Sanitation Foudantion (NSF) nos Estados
Unidos, que desenvolveu o índice de qualidade da água através de pesquisa de opinião junto a
vários especialistas da área ambiental. Considerou nove parâmetros representativos sendo o
oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes, pH, DBO
5
, nitratos, fosfatos, variação de
temperatura, turbidez e resíduos totais (FEAM, 2005).
Os valores do índice variam entre 0 e 100, que correspondem aos níveis de qualidade
descritos conforme especificado na tabela 3 a seguir.
TABELA 3:
Nível de qualidade segundo FEAM
Nível de qualidade Faixa Cor representativa
Excelente
90 < IQA = 100
azul
Bom
70 < IQA = 90
verde
Médio
50 < IQA = 70
amarelo
Ruim
25< IQA = 50
laranja
Muito Ruim
0 = IQA = 25
vermelho
Fonte: adaptado da FEAM (2005)
Assim definido, o IQA reflete a interferência por esgotos sanitários e outros materiais
orgânicos, nutrientes e sólidos.
3.5.6 IQA estatístico
O IQA estatístico utiliza a análise fatorial de variáveis físicas, químicas e biológicas da
água, como proposto por Haase e Possoli (1993). Sendo esta uma técnica de interdependência,
onde todas as variáveis analisadas são simultaneamente consideradas, relacionando umas com
as outras.
A utilização da análise fatorial permite condensar as informações em diversas
variáveis originais em um conjunto menor de variáveis estatísticas, com perda mínima de
informações. Possibilitando o resumo e a redução dos dados, auxiliando na relação de um
subconjunto representativo de variáveis, o que permitirá a compreensão de quais variáveis
poderão atuar juntas e quantas realmente serão consideradas como tendo impacto na análise,
obtendo no final um conjunto de fatores mais representativo e parcimonioso possível (HAIR
JUNIOR et al.,1998). Segundo Bollmann e Marques (2000) a importância relativa de cada
variável será dada pelo seu grau de correlação com as demais.
É uma técnica da análise multivariada, que estuda a correlação de um conjunto de “n”
variáveis (X
1
, X
2
... X
n
), permitindo substituí-lo por outro conjunto menor de variáveis
hipotéticas ou fatores comuns, cuja estrutura simplificada deve explicar a maior parte da
variabilidade das variáveis originais (HAIR JUNIOR et al., 1998). Mais precisamente,
procura-se encontrar combinações lineares de variáveis de tal modo que a correlação entre
essas combinações seja máxima (BOLLMANN e MARQUES, 2000).
A tabela 4 representa as faixas de qualidade arbitrária utilizada para a classificação da
variação do IQA estatístico. O IQA tem distribuição com média igual a zero e variância igual
a um. Portanto, espera-se que 99% dos valores estejam entre 3 e + 3. Quanto maior o valor
do IQA, pior a qualidade da água, e quanto mais negativo o IQA, melhor a qualidade da água.
TABELA 4:
Faixas de qualidade para o IQA estatístico
Faixa arbitrária Qualidade Cor representativa
-3 a -2 Excelente azul
-2 a -1 Boa verde
-1 a 0 Regular amarelo
0 a 1 Ruim laranja
1 a 2 Muito ruim vermelho
2 a 3 Péssima preta
Fonte : adaptado Makhamra (2004)
3.5.7 Índice do estado trófico (IET)
O IET tem por finalidade classificar corpos de água em diferentes graus de trofia,
avaliando assim a qualidade da água quanto ao enriquecimento por nutrientes, ao crescimento
das algas e a produção de plantas aquáticas (CARLSON e SIMPSON, 1996).
O processo de eutrofização em um sistema aquático pode ocorrer naturalmente ou
artificialmente. Quando artificial, o processo é induzido pelo homem, e caracteriza-se pelo
envelhecimento precoce do sistema aquático. Neste caso, os nutrientes apresentaram
diferentes origens, sendo oriundas de efluentes domésticos e industriais ricos em nutrientes
decorrentes do processo desordenado de urbanização. De acordo com Von Sperling (2005) a
drenagem pluvial urbana transporta uma carga muito maior de nutrientes que os demais tipos
de ocupação da bacia, contribuindo para a elevação no teor algal, assim como os esgotos
urbanos associados ao maior fator de deterioração, pois contém nitrogênio e fósforo, presente
nas fezes e urina, restos de alimentos, detergentes e outros subprodutos das atividades
humanas, sendo estas contribuições superiores às originadas pela drenagem urbana.
Segundo Esteves (1998), a eutrofização artificial é um processo dinâmico, no qual
ocorrem profundas modificações qualitativas e quantitativas nas comunidades aquáticas, nas
condições físicas e químicas do meio e no nível de produção do sistema, podendo ser
considerada uma forma de poluição.
O IET é empregado com a utilização de diferentes variáveis como clorofila, fósforo
total, transparência (disco de Secchi), nitrogênio. Para a classificação do IET utiliza-se uma
escala de valores de números inteiros entre zero e 100, que será atribuído ao corpo de água
baseado no seu estado de trofia (CARLSON, 1977; CARLSON e SIMPSON, 1996).
O fósforo tem sido apontado como o principal responsável pelos processos de
eutrofização (ESTEVES, 1998). É um fator limitante no crescimento das algas, e
correlaciona-se diretamente com a biomassa (PEREIRA e RODRIGUES, 2006).
Segundo Carlson (1977) a clorofila é a variável mais exata para determinar a biomassa
algal. A transparência deve somente ser usada se não houver nenhum método melhor
disponível, uma vez que os valores de transparência muitas vezes não são representativos do
estado de trofia.
A classificação do IET utilizando as diferentes variáveis com a escala de valores para
determinar o estado de trofia encontra-se relacionado na tabela 5:
TABELA 5:
Escala de valores para a classificação do IET
Classificação do estado trófico
Estado trófico Oligotrófico Mesotrófico Eutrófico Hipereutrófico
Fósforo total < 10 10 - 0 31 - 100 >100
Nitrogênio < 350 350 - 350 651 - 1200 >1200
Clorofila < 3,5 3,5 - 9,0 9,1 - 2,5 >25
Disco de Secchi > 4,0 2 - 4 1,0 - 2, 1 <1,0
Fonte: adaptado de Carlson e Simpson (1996)
Os estados de trofia adotados para a classificação do IET estão relacionados na tabela
a seguir:
TABELA 6:
Classificação do Estado Trófico segundo o Índice de Carlson modificado
Estado trófico Critério Classe do IET
Oligotrófico IET = 44 1
Mesotrófico 44 < IET = 54 2
Eutrófico 54 < IET = 74 3
Hipereutrófico IET > 74 4
Fonte: adaptado da CETESB (2006c)
3.5.7.1 Oligotrófico
O estado de trofia oligotrófico caracteriza-se por corpos de água limpos, que
apresentam baixa produtividade, não ocorrendo interferências indesejáveis sobre os usos da
água. A classe determinada para o estado oligotrófico é 1, é o IET é menor ou igual a 44.
3.5.7.2 Mesotrófico
São aqueles corpos de água com produtividade intermediária, possui possíveis
implicações sobre a qualidade da água, mas em níveis aceitáveis na maioria dos casos. O
estado mesotrófico é enquadrado dentro de uma classe 2, com IET se situa no intervalo maior
do que 44 a 54.
3.5.7.3 Eutrófico
Os eutróficos caracterizam-se por apresentar corpos de água com alta produtividade
em relação às condições naturais, de baixa transparência, sendo na maioria das vezes afetadas
por atividades antrópicas, ocorrendo neste caso alterações indesejáveis na qualidade da água,
assim como interferências nos seus múltiplos usos. A classe determinada para o estado
eutrófico é a 3, com IET se situa no intervalo maior do que 54 a 74.
3.5.7.4 Hipereutrófico
Nos estágios de hipereutrofia os corpos de água são afetados significativamente pelas
elevadas concentrações de matéria orgânica e nutriente, comprometendo acentuadamente os
seus usos. Pode estar associado aos episódios de floração de algas e mortandade de peixes,
causando assim conseqüências indesejáveis sobre as atividades pecuárias nas regiões
ribeirinhas. O estado hipereutrófico é classificado como classe 4, com IET maior do que 74.
3.5.8 Background
As amostras de background são obtidas sob as mesmas condições em áreas
geograficamente próximas a área de estudo, esperando-se que as concentrações sejam
representativas para serem utilizadas nas análises dos elementos da região, pois estas devem
possuir características geológicas similares as do sedimento em estudo e também deverão ser
submetidas aos mesmos procedimentos analíticos (POLETO e GONÇALVES, 2006).
Os valores médios de nível de base naturais globais são propostos por Martin e
Meybeck (1979), conforme tabela 7. Os índices de Turekian e Wedepohl (1961) utilizam os
valores de referência do folhelho-padrão, assim como EPA apud Rodrigues (1997). Já os
índices de Martin e Whitfield (1983) referem-se às médias das concentrações dos elementos
encontrados nas águas dos vinte maiores rios do mundo.
TABELA 7:
Nível de Base Natural dos metais pesados em µg g
-1
Nível de Base Natural Cd Cr Ni Pb
Turekian e Wedepohl (1961) 0,3 90 52 19
Martin e Whitfield (1983) 1 100 90 100
EPA (apud Rodrigues 1997) 0,22 90 68 23
Fonte: modificado de Casartelli (1983); Franzen (2001); Soares (2004)
3.5.9 Fator de contaminação
O fator de contaminação (FC) em sedimentos é utilizado para estimar a contribuição
antrópica dos metais pesados e estabelecer ao longo do perfil realizado a contaminação mais
significativa do sedimento, permitindo verificar a ordem de grandeza, quanto o nível natural
dos sedimentos foi excedido o qual irá indicar o enriquecimento ou caso contrário o
empobrecimento do elemento no sedimento de fundo (HAKANSON, 1980; SOARES et al.,
2004).
3.5.10 Índice de geoacumulação
O índice de geoacumulação (IGeo) é um indicador de poluição causada por metais
pesados no ambiente aquático. Estabelecendo uma relação entre os teores de metais
encontrados na região em análise e um valor referencial, equivalente a média mundial para
metais associados às argilas (MÜLLER, G., 1979).
Este índice é agrupado numa escala de sete intervalos que variam de zero a seis e estão
relacionados com o grau crescente de poluição (Tabela 8), onde o valor mais elevado reflete
um enriquecimento superior ao background de aproximadamente 100 vezes (2
6
= 64 x 1,5).
TABELA 8:
Classificação dos parâmetros pelo IGeo de metais pesados nos sedimentos,
conforme o grau de poluição
Intensidade de poluição Abreviaturas
Acumulação no
sedimento
Classe IGeo
Muito fortemente poluído EX > 5 6
Forte a muito fortemente poluído FEC 4 -5 5
Fortemente poluído FP 3 - 4 4
Moderado a fortemente poluído MFP 2 -3 3
Moderadamente poluído MC 1 -2 2
Pouco a moderadamente poluído PMD 0 - 1 1
Praticamente não poluído NC < 0 0
Fonte: adaptado de Müller (1979) e Singh et al. (1997)
3.5.11 Índice de carga metálica
No índice de carga metálica (ICM), os elementos metálicos presentes na água
apresentam uma carga total, que depende das características geológicas e das atividades
desenvolvidas em suas proximidades e que são lançadas diretamente no sistema aquático,
deve-se considerar também as intensidades destas atividades.
A carga metálica proveniente de efluentes industriais apresenta-se dissolvida na água,
enquanto que a proveniente de processos naturais como o escoamento superficial encontra-se
associado ao material particulado em suspensão.
A solubilização ou precipitação dos metais na água depende dos fatores matéria
orgânica dissolvida e, principalmente, pH e Eh, potencial de oxi-redução. Em baixas
concentrações de oxigênio (baixo potencial redox), ocorre, por exemplo, a oxidação e
consequentemente a solubilização do ferro, enquanto que em ambiente aeróbio e pH
levemente básico, grande parte do ferro é precipitada sob a forma de hidróxido de ferro
trivalente e/ou fosfato férrico (ESTEVES, 1998).
3.6 Análise granulométrica
As análises granulométricas permitem saber a granulometria do material coletado,
sendo uma das propriedades físicas fundamentais, para estabelecer uma expressão quantitativa
da distribuição granulométrica (SUGUIO, 1973).
3.6.1 Diagrama de Hjulström
Os sedimentos que chegam ao curso d’água apresentam diferentes granulometrias e
passam por processos diferenciados de transporte sendo este determinado pelas condições
locais e do escoamento. A dinâmica do transporte fluvial está intimamente relacionada com a
velocidade das águas. Os rios apresentam secções onde ocorre o trabalho geológico, que
compreende os processos que podem agir no modelo fluvial, sendo estes a erosão, o
transporte e a deposição. A erosão é provocada pela remoção de materiais do leito e da
margem do rio, sendo este resultante da pressão da água em movimento ou pelos materiais
arrastados pela corrente e que se chocam com o leito e com a margem. O transporte ocorre
após a remoção do leito e das margens, já a deposição corresponde à parte terminal do
processo de transporte e consiste no acumulo dos detritos no leito e nas margens do rio
(CHRISTOFOLETTI, 1981; SILVA et al., 2003).
O diagrama de Hjulström (Figura 1) representa as curvas experimentais que explicam
a influência da velocidade da corrente e da dimensão dos materiais, nos processos de erosão,
transporte e deposição. Quanto maior for a velocidade do fluxo maior será a tendência a
erosão e quanto maior for a partícula, mais difícil será o transporte desta e maior a tendência a
deposição.
Figura 1 Diagrama de Hjulström que relaciona as variações entre a velocidade média e o
tamanho das partículas para os processos de erosão, transporte e deposição.
Fonte: Hjulström (apud CHRISTOFOLETTI, 1981)
3.7 Gestão dos recursos hídricos normas e legislação ambiental
A água existente deve suprir todas as demandas, em quantidade e qualidade, a gestão
dos recursos hídricos vem sendo desenvolvida, para solucionar questões relativas à escassez
desse recurso, disponibilizando para todos, seja seres humanos, fauna, flora e as futuras
gerações.
No Brasil a gestão dos recursos hídricos teve início na década de 30 vinculada a
questão agrícola, em 1933 criou-se a Diretoria de Águas no Ministério da Agricultura,
substituída pelo Serviço de Águas, sendo em 1934 transferido para o Departamento Nacional
de Pesquisa Mineral atual Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), sendo neste
ano editado o Código das Águas, atualmente em vigor (BRASIL, 1934).
O Código das Águas foi estabelecido pelo Decreto Nº 24.643, de 10 de julho de 1934,
sendo este proveniente de um modelo de gerenciamento de águas orientado por tipos de uso, o
qual tratava-se de uma etapa da administração denominada modelo burocrático com o
objetivo de fazer cumprir os dispositivos legais sobre águas. Esse modelo de gestão tinha
como conseqüência os conflitos de uso e de proteção das águas e a realimentação do processo
de elaboração de novos instrumentos legais para reforçar o esquema legal o que acarretava
num conjunto de leis e normas, muitas vezes conflitantes e de difícil interpretação. A segunda
etapa foi o modelo econômico-financeiro, o qual fazia uso de instrumentos econômicos e
financeiros, por parte do poder público, para promover o desenvolvimento nacional e
regional, além de induzir a obediência das normas legais vigentes (BONSOI e TORRES,
1997). O Código das Águas representa um dos primeiros instrumentos de controle do uso dos
recursos hídricos do país e a base para a gestão pública do setor de saneamento.
Para Young e Young (2007), o Código das Águas foi o principal marco divisório, que
abordou a proteção dos recursos hídricos através da regulamentação da apropriação da água, a
qual apresenta mecanismos que assegura a utilização sustentável e garante o acesso público
das águas.
A gestão dos recursos hídricos sofreu mudanças na estrutura governamental durante o
modelo econômico-financeiro, sendo em 1961 o DNPM integrado ao Ministério das Minas e
Energia. Em 1965, o Serviço de Águas do Ministério da Agricultura foi transformado em
Divisão e passou a Departamento Nacional de Energia (DNAE), o qual em 1968 teve nova
designação para Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE). No ano de
1972 foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), que daria suporte ao
controle de poluição, principalmente dos sistemas hídricos.
Em 1984 é criado o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), o qual em
1986 estabelece a classificação das águas em todo o território nacional, por meio da
Resolução Nº 20/86, estabelecendo classes, para as águas doces, salobras e salinas, sendo
adotado limites e ou condições de qualidade a serem respeitadas para cada uma das classes. O
enquadramento das classes visa assegurar as águas qualidade compatível com os usos
exigentes a que forem destinadas e diminuir os custos de combate a poluição das águas,
mediante ações preventivas permanentes.
No ano de 1997 foi sancionada a Lei Nº 9.433, da Política Nacional de Recursos
Hídricos (PNRH), e para implementar a nova legislação é criado o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH). Esta lei atribuiu princípios, normas e padrões
de gestão de água (BRASIL, 1997). Segundo Ioris (2006) essa nova estrutura institucional foi
introduzida, para dar resposta aos problemas sócio-ambientais do passado, sendo a aprovação
da PNRH o ponto culminante da década de 90. Cuja missão é “assegurar à atual e às futuras
gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos
respectivos usos”.
O Art.11 estabelece que “o regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos
tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efeito
exercício dos direitos de acesso à água”.
O Rio Grande do Sul é um dos estados que possui leis de organização administrativa
para o setor de recursos hídricos. A Lei Estadual Nº 10.350/94 estabelece no Art. 1º que “a
água é um recurso natural de disponibilidade limitada e dotado de valor econômico que,
enquanto bem público de domínio do Estado, terá sua gestão definida através de uma Política
de Recursos Hídricos nos termos desta Lei” (ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, 1994).
Segundo Bollmann e Marques (2000) ao avaliar a qualidade ambiental está, sobretudo,
discutindo as intervenções humanas sobre esse ambiente, a qual deve-se basear na proposição
de indicadores que se dá pela agregação das informações que possibilitaram a interpretação
das variáveis mais importantes. Em 2005, o CONAMA através da Resolução Nº 357/2005
considera a necessidade de reformular a classificação dos corpos de água, por ser essencial à
defesa de seus níveis de qualidade assegurando seus usos preponderantes, quanto ao seu
enquadramento, este deve estar baseado nos níveis de qualidade que devem possuir para
atender as necessidades da comunidade.
Ainda que as atividades antrópicas continuem causando danos, através dos despejos de
efluentes industriais e domésticos lançados diretamente dentro dos corpos de água. O Estado
do Rio Grande do Sul por meio da CONSEMA cria a Resolução Nº 128/2006, que fixa
padrões quanto a emissão de efluentes líquidos para as águas superficiais no Estado do Rio
Grande do Sul, considerando a necessidade de readequação da forma de controle e
fiscalização das atividades geradoras de carga poluidora lançada nos recursos hídricos.
4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Neste capítulo será apresentada à localização da MbaJC assim como os aspectos
relativos ao clima, geologia, geomorfologia, pedologia, uso e ocupação do solo.
4.1 Localização
O arroio João Corrêa está localizado no município de São Leopoldo, RS.
Geograficamente este município situa-se na encosta inferior da região nordeste do Rio Grande
do Sul, na latitude de 29°45’37” S, longitude 51°08’50” W e a 26 metros do nível médio do
mar, próximo a Prefeitura Municipal, localizado na região metropolitana de Porto Alegre, RS.
Está 100% inserido na Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (BHRS), que apresenta uma área
territorial de 3.820 km
2
e abrange 32 municípios. O curso principal d'água apresenta uma
extensão de 190 km, no município de São Leopoldo percorre 20 km.
São Leopoldo faz divisa com os municípios de Portão, Novo Hamburgo, Estância
Velha e Sapucaia, possui uma área de 102,3 km
2
e sua população é de 214.904 habitantes
(FEE, 2006). As feições fisiográficas desta região são as planícies do rio dos Sinos e o morro
de Paula.
No curso inferior do rio dos Sinos, a qualidade da água está comprometida pela
entrada de poluentes oriundos de resíduos domésticos e industriais, que são lançados nos
cursos d’água sem tratamento adequado. A rede hidrográfica municipal que deságua
diretamente ou indiretamente no rio dos Sinos é composta por nove arroios, estando estes
tributários em ambas às margens do rio dos Sinos, que corta a cidade, sendo o arroio João
Corrêa um dos principais afluentes da margem esquerda. Parte significativa dos poluentes no
rio dos Sinos é proveniente de afluentes menores, que estão diretamente submetidos à grande
parte dos problemas ambientais, com conseqüente impacto ambiental no rio principal
(STRIEDER et al., 2003). Segundo os dados da série histórica mensal de 1993 até 2006, os
arroios que mais degradam a qualidade do rio dos Sinos são o Luiz Rau, em Novo Hamburgo
e o João Corrêa, em São Leopoldo (FEPAM, 2006).
O arroio João Corrêa percorre a zona Sul de São Leopoldo, totalizando 7 km, sendo
3,2 km de canalização fechada, possui uma área de 9,73 km
2
com um perímetro de 15,45 km.
Tem sua nascente na divisa com o município de Sapucaia do Sul, junto ao horto florestal,
atravessando São Leopoldo no sentido sul-norte, e na porção central passa de leste-oeste
(Figura 2).
Figura 2 - Mapa de localização da MbaJC. Marcadores em amarelo representam os pontos de
amostragem deste estudo.
Fonte: IBGE (2007) e Google Earth (2007)
4.2 Aspectos climáticos
A área da Microbacia do arroio João Corrêa está inserida no domínio climático da
região de Porto Alegre, sendo este é de clima subtropical úmido, com verões quentes,
invernos frios e chuvosos. A temperatura média de 24,5 °C (janeiro) e 14,3 °C (julho), com a
temperatura média anual de 19,4 °C, mínima absoluta de -0,7 °C e máxima absoluta de 40,4
°C. A precipitação pluviométrica média anual é de 1.324 mm (IBGE, 1986).
4.3 Geologia
A geologia da Microbacia do arroio João Corrêa é formada pelas formações Pirambóia
e Rio do Rasto, Depósitos Colúvio aluviais e Aluviais (DATASinos, 2006).
Segundo Zeltzer et al. (1992) o arroio João Corrêa percorre terrenos sedimentares,
apresentando fácies constituídas por sedimentos cujas dimensões variam de areias até siltes e
depósitos de lamas. Cortando ainda terrenos avermelhados, de arenitos médios a finos
intercalados com camadas argilosas.
Os depósitos aluviais são restritos as calhas e as zonas de várzeas do rio dos Sinos e
arroio João Corrêa, sendo estes formados por sedimentos, que foram depositados ao longo do
tempo e são compostos por areias quartzosas, seixos, grânulos e apresentam ainda lamas nas
zonas de várzeas.
Encontram-se também na planície de inundação do rio dos Sinos com o arroio João
Corrêa, os depósitos colúvios aluviais, sendo estes formados por fragmentos de rochas e por
sedimentos clásticos misturados aos materiais mais finos, que extravasam os canais nas cheias
(planícies de inundação).
A Formação Pirambóia é formada por arenitos muito finos, finos a siltitos, vermelho-
amarelados, com laminações plano-paralelas, estratificações cruzadas acanaladas de baixo
ângulo e sigmoidais (CASTRO et al., 1994).
Segundo Faccini et al. (2003) corresponde à porção basal eólica, constituída por dunas
eólicas e interdunas. As dunas eólicas correspondem às faixas de afloramento dos depósitos
da Formação Pirambóia, formadas por fáceis de arenitos, apresentando estratificação cruzadas
acanaladas ou tangenciais. A maior parte dessas estratificações é de médio a grande porte e
ocorrem como conjuntos assintóticos na base com exposições verticais paralelas ao fluxo. As
interdunas podem ocorrer sob duas formas de acordo com a geometria e sua constituição
faciológica, que pode ser: fáceis de arenitos tabulares amalgamados, compostos por arenitos
com laminação plana, maciços ou bioturbados, estes são constituídos pela superposição de
camadas planas, centimétricas e são compostas por arenitos finos e apresentam estratificações
plana-paralela ou cruzadas de baixo ângulo ou ainda com porte muito pequeno; e fáceis de
pelitos letinculares laminados ou maciços.
A Formação Rio do Rasto integra o Grupo Passa Dois é a unidade sedimentar mais
antiga presente nesta região (Paleozóico, Permiano Superior) situada em zonas mais baixas do
relevo. Composta por arenitos finos a muito finos, lenticulares, siltitos e argilitos com cores
avermelhadas, esverdeadas e amareladas. Com laminações plana-paralelas, estratificações
cruzadas tangenciais de pequena e grande escala, estratificações lenticulares de pequeno porte
com lentes conectadas (ZELTZER et al., 1992).
4.4 Geomorfologia
As unidades geomorfológicas da BHRS estão constituídas pelo Planalto dos Campos
Gerais, Serra Geral e Patamares da Serra Geral nas partes altas, médias e quase toda parte
baixa. A Planície Lagunar e Alúvio-Coluvionar ocorre discretamente na parte baixa. As
planícies de inundação e canais fluviais representam o terceiro domínio que se caracteriza por
terrenos com sedimentos inconsolidados (PAULA, 1995).
O município de São Leopoldo caracteriza-se por duas unidades geomorfológicas, os
Patamares da Serra Geral e a Depressão Periférica. Os Patamares da Serra Geral ocupa uma
extensão de 1,74 km
2
, a sudeste do município, formado por relevo residual, em forma de
colinas e vales fluviais, com aprofundamentos entre 57 a 75 metros associados a ocorrência de
morros testemunho e a cristas simétricas (TEIXEIRA, 2002).
A Planície aluvial da BHRS corresponde às áreas planas e baixas, com declives entre
0% e 2%, formadas por sedimentos quaternários, correspondendo às formas de planícies e
terraços fluviais, possuem baixa drenabilidade. O lençol freático encontra-se próximo à
superfície do solo, com áreas de descarga de aqüíferos (TEIXEIRA, 2002).
4.5 Pedologia
A Microbacia do arroio João Corrêa esta inserida numa área que apresenta os solos do
tipo PLANOSSOLOS HIDROMÓRFICOS Eutróficos arênicos e ARGISSOLOS
VERMELHOS Distróficos arênicos (DATASinos, 2006), observados na figura 3.
Os PLANOSSOLOS HIDROMÓRFICOS Eutróficos arênicos são solos que
apresentam uma textura arenosa desde a superfície até o início do horizonte B plânico, que
ocorre entre 50 a 100 cm de profundidade (EMBRAPA, 1999). Estão distribuídos na planície
de inundação do rio dos Sinos ao longo da Formação Sanga do Cabral, neste estudo
denominada de Formação Pirambóia, onde se encontra a foz do arroio João Corrêa.
Figura 3 - Mapa de solos presentes na MbaJC.
Fonte: adaptada da Carta topográfica de São Leopoldo (1980)
Estes solos apresentam o horizonte A ou A+E de textura com espessura de 50 a 100
cm até o início de B, sendo característicos de áreas inundáveis, textura em relevo plano a
suavemente ondulado. São caracterizados pela presença de horizontes A-E-Bt-C, com o
horizonte A, geralmente, de cor escura e o horizonte E de cor clara (tipo E albino), ambos de
textura mais arenosa, com mudança súbita para o horizonte Bt (tipo B plânico), bem mais
argilosa, de cor cinzenta com ou sem mosquedos vermelhos e ou amarelos (TEIXEIRA,
2002).
Os ARGISSOLOS VERMELHOS Distróficos arênicos ocupam a maior parte da área
da MbaJC, são solos com textura arenosa desde a superfície até o início do horizonte B
textural, que ocorre entre 50 a 100 cm de profundidade (EMBRAPA, 1999). Sua ocorrência se
estabelece com relevo suave, sendo estes geralmente profundos a muito profundos e bem
drenados, apresentando um perfil com uma seqüência de horizontes A-Bt-C ou A-E-Bt-C,
onde o horizonte Bt é do tipo B textural. Seu horizonte apresenta um incremento de argila, em
relação ao horizonte A ou E, sua textura é mais argilosa, com presença de cerosidade nos
agregados estruturais e com tendências para apresentar processos erosivos, acentuados pela
presença de falhamentos geológicos (TEIXEIRA, 2002).
4.6 Uso e ocupação
A área da MbaJC é formada por diferentes zonas, sendo estas industrial, especial,
residencial e comercial, segundo o Mapa de Zoneamento da Prefeitura Municipal de São
Leopoldo elaborado conforme a Lei Municipal Nº 2.133/1981 (Figura 4).
A zona industrial desta microbacia concentra-se na avenida Mauá, no lado esquerdo do
arroio João Corrêa (canalização fechada), as indústrias de grande porte localizadas neste local
são: Amadeo Rossi S.A. Metalúrgica e Munições, Bins S.A. Indústria de Artefatos de
Borracha, Rolamentos Mar Metalúrgica Ltda e a Rotermund Ltda. Já a zona comercial
encontra-se no centro, onde parte deste comércio situa-se na av. João Corrêa.
A zona especial fica entre a divisa dos municípios de São Leopoldo e de Sapucaia do
Sul é formada pelo Horto Florestal ou Reserva Florestal Padre Balduino Rambo incorporada
ao Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC), em 16 de outubro de 2002, o qual
foi dividido em 1961, quando Sapucaia separou-se de São Leopoldo, ficando metade para
cada município.
Figura 4 - Mapa de Zoneamento da MbaJC.
Fonte: adaptada da Carta topográfica de São Leopoldo (1980)
Formando a zona residencial tem-se o total de nove bairros situados na MbaJC, são
estes os bairros Vicentina, São Miguel, Centro, Fião, Morro do Espelho, Cristo Rei, Padre
Reus, Santa Tereza e Duque de Caxias (Figura 5).
Figura 5 - Mapa dos bairros e pontos de coletas presentes na MbaJC.
Fonte: adaptada da Carta topográfica de São Leopoldo (1980)
O arroio recebe as canalizações e efluentes oriundas destes bairros, em alguns pontos,
muitas destas residências liberam seus dejetos domésticos diretamente dentro do arroio, como
ocorre no loteamento da av. Mauá, acima da Estação Unisinos, nas residências próximas ao
antigo curtume Pinheiro.
Segundo Teixeira (2002), os bairros Duque de Caxias, Santa Tereza, Vicentina e São
Miguel possuem subdivisões em vilas e algumas delas apresentam situação irregular junto aos
órgãos responsáveis.
A rede de drenagem do arroio João Corrêa que chega ao rio dos Sinos foi modificada,
através do desvio de seu curso original e canalizada, nos trechos em que passa pela avenida.
Mauá e João Corrêa. Esta canalização é fechada, com blocos de cimento, recebendo diferentes
efluentes em seu percurso original e na área desviada dos bairros pelo qual passa.
Tem sua nascente na Reserva Florestal Padre Balbuino Rambo, em Sapucaia do Sul,
onde ocorre vegetação nativa ao longo do arroio, mas percebe-se que a mesma sofre
influências em suas proximidades por canalizações oriundas de loteamento, que está sendo
ampliado em suas proximidades.
Quando o arroio João Corrêa percorre a av. Mauá recebe na sua margem direita os
efluentes de seis canalizações e na margem esquerda nove canalizações, conforme dados
fornecidos pela prefeitura de São Leopoldo, através do Departamento de Estudos e Projetos
(SEMPLA). Estas canalizações apresentam as seguintes dimensões conforme a tabela 9:
TABELA 9:
Relação das ruas e avenida com a espessura do cano das áreas canalizadas da MbaJC
Margem direita Espessura do cano (mm)
Rua Viamão 1.000 x 1.200
Rua Alvorada 600
Rua Córrego 1.000
Rua Brasil Camoreto Gall 1.200
Rua John Kennedy 1.200
Fábrica Rossi 1.000
Margem esquerda Espessura do cano (mm)
Rua Itororó 400
Rua Riachuelo 600
Rua Humaitá 600
Rua Avaí 400
Rua General Osório 400
Avenida Emília Prass 1.000
Rua da Alegria 400
Avenida João Alberto 400
Avenida Unisinos 1.500 x 1.100 (pontilhado)
Fonte: São Leopoldo (1995)
A partir da Estação Unisinos até o 19º batalhão de Infantaria Motorizada (fundos) esta
canalização é fechada, apresenta uma abertura de mais ou menos 5 m é fechada novamente
até as proximidades da BR 116, quando percorre a avenida João Corrêa sua canalização é
fechada na maior parte, ao chegar no início da rua São Domingos esta canalização é aberta,
novamente, até a rua Jacy Porto localizada entre os bairros Vicentina e São Miguel, seguindo
até o rio dos Sinos.
Na parte inferior do arroio João Corrêa é freqüente a colocação de resíduos domésticos
gerados por residências de famílias carentes, onde recebe também canalizações dos bairros
Vicentina e São Miguel, além da liberação do efluente da ETE.
Os resíduos sólidos que são depositados nas proximidades e margem do arroio por
parte dos moradores acabam sendo transportados para seu leito, os quais ficam presos nas
grades de passagem de água na casa de máquinas. Estes são retirados e depositados numa
pequena área na lateral direita da casa de máquinas até ser recolhido. Em sua foz ocorre a
mineração e depósito de areia para fins comerciais.
4.7 Vegetação
O município de São Leopoldo está inserido dentro do Bioma Mata Atlântica, apresenta
as formações vegetais constituída pela Floresta Estacional Semidecidual e Vegetação das
Formações Pioneiras (IBGE, 1986; IBGE, 2007), região onde se encontra inserida a MbaJC.
As vegetações das Formações Pioneiras encontram-se nas planícies baixas de
inundações do rio dos Sinos, onde predominam gramíneas e ciperáceas, os locais mais altos e
secos a vegetação predominante é gramíneo-lenhosa, juntamente, com espécies arbóreas e
arbustivas, ao longo da margem a vegetação é arbustiva e arbórea. A Floresta Estacional
Semidecidual ocorre nas áreas de relevo suavemente ondulado e estende-se até a planície de
inundação do rio dos Sinos, nas proximidades deste foram cortadas cedendo o lugar para
loteamentos urbanos (TEIXEIRA, 2002).
A vegetação presente ao longo do arroio João Corrêa é mínima, com exceção da
nascente a qual está localizada dentro da Reserva Florestal Padre Balbuino Rambo, apresenta
na sua cobertura vegetal variações, desde reflorestamento com sub-bosque, sendo estes os
mais desenvolvidos, com presença de áreas com plantas exóticas e nativas típicas de mata
secundária, constituído por uma cobertura vegetal nativa característica, mas observa-se em
suas proximidades uma grande interferência pela quantidade de eucaliptos (Eucalyptus sp).
Na margem direita do arroio João Corrêa a partir do início do bairro Duque de Caxias
até a estação do Trensurb da UNISINOS, tem-se a ocorrência de maricá (Mimosa
bimucromata), trombeta-de-anjo (Brugmansia suaveolens), mamoneiro (Ricinus communis),
inhame (Colocasia antiquorum), amoreira-negra (Morus nigra). Sendo o maricá e a trombeta-
de-anjo indicadores de solos com intensa umidade, também verificou-se a presença na
nascente, assim como na foz.
No trecho inferior do arroio João Corrêa entre os bairros Vicentina e São Miguel há
presença de mamona, esta ocorre em solos em processos de degradação. Os demais pontos
encontram-se na área urbana e canalizada, não ocorrendo presença de vegetação nativa.
5 MATERIAIS E MÉTODOS
O fluxograma a seguir permite uma visualização das etapas realizadas para a
elaboração do produto final.
Figura 6 - Fluxograma da concepção metodológica para a MbaJC
No primeiro momento foi realizada a delimitação da MbaJC utilizando carta do
Serviço Geográfico do Exército, para após fazer a caracterização da drenagem, uso e
ocupação, geologia, relevo e pedologia o que resultou na elaboração de mapas. As etapas
seguintes foram a definição e a localização dos pontos de coleta, escolhas dos parâmetros e
freqüência das amostragens. As coletas de água e sedimentos ocorreram com as técnicas
determinadas pelos laboratórios do SEMAE e da UNISINOS, sendo as amostras
encaminhadas a estes. As análises ocorreram utilizando métodos e procedimentos específicos
para os parâmetros analisados e os resultados registrados. Paralelamente as coletas
realizaram-se o perfil da secção nos pontos de amostragens. Os dados foram processados após
o encaminhamento dos resultados pelos laboratórios, os quais foram armazenados e listados
Análise da MbaJC
Definição dos
pontos
Coleta de água
e sedimento
Análise
laboratoriais
Método de
análise
Processamento
de dados
Análise
dos dados
Procedimentos
laboratoriais
Registro de
dados
Localização
dos pontos
Escolha dos
parâmetros
Freqüência das
amostragens
Perfil da
secção
Técnicas
de coleta
Pre
servação
e transporte
Recebimento
dos dados
L
istagem
e
armazenamento
Interpretação e
avaliação
Aplicação de índice
de qualidade
IQAs
e Estatístico
Índice do estado
trófico
Índice de Poluição:
FC e IGeo
Planilha Excel
Físico, Químico
e Microbiológico
Sazonais
Marcação
com GPS
Encaminhamento
aos laboratórios
SEMAE
Sedimentologia
UNISINOS
Geoquímica
UNISINOS
Uso e
Ocupação
Residencial
Industrial Comercial
Drenagem
Geologia
Relevo
Pedologia
Índice de
Carga metálica
Elaboração da
Dissertação
em planilhas Excel. A análise dos dados deu-se através da interpretação e avaliação dos
mesmos, os quais foram aplicados os índices de qualidade. Através dos resultados obtidos
elaborou-se o presente estudo.
5.1 Materiais e equipamentos
Os materiais e equipamentos utilizados no desenvolvimento deste estudo encontram-se
relacionados a seguir:
Carta topográfica de São Leopoldo Folha SH.22-V-D-VI-4 MI-2970/4, na escala
1:50.000;
Mesa digitalizadora Digicon Ao;
Software Autodesk Map 5;
Software ILWIS Academic 3.0;
Software Excel 2003;
Software SPSS 15;
Máquina fotográfica digital Fujifilm S3000;
Receptor GPS Garmin III Plus, com antena DGPS;
Sonda Multiparâmetros (YSI Incorporate - Environmental Monitoring Systems,
modelo 6.600);
Micromolinete Flometer 1, marca Geopacks;
pH Testr 2;
Termômetro, com escala interna;
Frascos de vidro e de polietileno para as coletas de água;
Sacos plásticos para as coletas de sedimento.
5.2 Métodos
Para a avaliação e classificação das águas do arroio João Corrêa foram realizadas
análises físicas, químicas e biológicas, no laboratório do Serviço Municipal de Águas e
Esgotos de São Leopoldo (SEMAE) e na UNISINOS, com a utilização da sonda
multiparâmetros. Para a determinação da qualidade das águas foram empregados o Índice de
Qualidade da Água (IQA) da CETESB, NSF, COMITESINOS, FEAM, estatístico, o Índice
do Estado Trófico (IET), de Índice de Carga Metálica presente e o Índice de Estabilidade
Geoquímica dos Metais.
As análises granulométricas, químicas e biológicas dos sedimentos foram realizadas
nos laboratórios de Sedimentologia e de Geoquímica da UNISINOS, para as quais foram
empregados os índices de geoacumulação e o fator de contaminação. Foram também
realizadas medição da vazão e obtidos dados das precipitações relativas aos períodos que
antecederam as coletas.
Realizou-se, inicialmente, uma inspeção em toda a extensão do arroio João Corrêa,
para levantar os fatores que influenciam a qualidade da água, determinando assim onde se
encontravam as fontes poluidoras, o destino dos resíduos e despejos perigosos. Após foram
estabelecidos os pontos de amostragem de água e sedimentos, sendo as coletas realizadas
sazonalmente.
Os pontos definidos ao longo do arroio foram P1: na nascente (background); P2 e P3:
pontos de recebimento dos efluentes domésticos dos bairros Duque de Caxias e Santa Tereza;
P4: ponto de recebimento dos efluentes industriais; P5: ponto adjacente ao lançamento da
estação de tratamento de esgoto; P6: ponto de recebimentos dos efluentes do bairro São
Miguel e Vicentina e P7: na foz do arroio João Corrêa. Os mesmos estão identificados na
figura 7. Os pontos de amostragem foram mapeados e georreferenciados utilizando o sistema
de coordenadas UTM (Universa Transversa Mercator), e utilizando um receptor GPS (Global
Positioning System) Garmin III Plus, com antena DGPS, para determinação das coordenadas
dos pontos de coletas. As altitudes foram confrontadas com os dados de um altímetro Pauling-
Paluk. (Tabela 10).
As coletas de água e sedimento foram realizadas em quatro períodos de amostragens,
num intervalo de três meses (agosto, outubro, dezembro de 2006 e abril de 2007). Esta
freqüência levou em consideração os períodos de estiagem, normal e de cheia, distribuídas ao
longo de um ano hidrológico, com controle da vazão nos períodos de cheia e na seca. As
amostras de água e de sedimento foram coletadas, em agosto de 2006, período de cheia,
enquanto que as realizadas em outubro e dezembro de 2006, na estiagem e as coletas
realizadas em abril de 2007, no período normal.
Para as coletas e preservação das amostras utilizou-se a norma técnica estabelecida
pelos laboratórios, seguindo a NBR 9.898 (ABNT, 1987). A metodologia utilizada para as
análises físicas, químicas e microbiológicas da água foram as descrita no Standard Methods
for the Examination of Water and Wastewater 20ª Ed (1998). Os resultados obtidos para as
diversas variáveis de qualidade da água foram analisados e permitiram o enquadramento,
conforme as classes estabelecidas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)
Resolução Nº 357, de 17 de março de 2005 (Apêndice A).
A determinação da escala de estudo segue Hansen e Lanna (2001), que definem como
microbacia áreas inferiores a 10 km
2
.
Figura 7 - Mapa com fotografias ilustrativas dos pontos de amostragem da MbaJC.
Fonte: adaptada da Carta topográfica de São Leopoldo (1980) e observações em campo
TABELA 10:
Localização dos pontos de amostragem
Coordenadas em UTM
Pontos de Amostragem Latitude Longitude Altitude (m)
P1 486482 6703341 67
P2 486953 6703873 40
P3 486559 6704578 34
P4 486073 6706194 17
P5 484849 6706453 6
P6 483910 6707072 4
P7 483620 6707278 3
Os mapas foram produzidos a partir da digitalização da Carta topográfica de São
Leopoldo, folha com nomenclatura SH.22-V-D-VI-4 MI-2970/4, na escala 1:50.000
(BRASIL, 1980), no software Autodesk Map 5 e mesa digitalizadora, para após serem
importadas pelo ILWIS 3.3 Academic (Integrated Land and Water Information System), onde
foram gerados os mapas de pedologia, de bairros e dos pontos de coleta.
5.3 Amostragem de campo e análises laboratoriais
As amostragens de água e sedimento utilizam técnicas distintas, conforme descrição a
seguir.
5.3.1 Sedimento
A figura 8 apresenta as etapas do processo realizado para as análises granulométricas
dos sedimentos de fundo da MbaJC.
COLETA
SECAGEM
QUARTEAMENTO
PESAGEM INICAL
HIDRATAÇÃO
ÁGUA
DESTILADA
LAVAGEM
SECAGEM
PENEIRAÇÃO
GROSSOS FINOS
SECAGEM DEFLOCULANTE
PENEIRAÇÃO PIPETAGEM
PESAGEM FINAL SECAGEM
CÁLC. FRAÇÕES PESAGEM FINAL
GROSSAS
CÁLC. FRAÇÕES
FINAS
ANÁLISES
ESTATÍSTICAS
Figura 8 – Procedimentos para análise granulométrica dos sedimentos de fundo da MbaJC.
Fonte: adaptado de Suguio (1973)
As amostras de sedimento de fundo foram coletadas com amostrador de arrasto, que é
um tubo de aço inoxidável, que apresenta uma extremidade aberta e com pequenos furos na
lateral e no fundo para a saída da água. Este tubo possui uma alça superior, onde uma corda
de tamanho variável é amarrada para proceder o arrasto (LEIPNITZ e AGUIAR, 2002;
LEIPNITZ et al., 2005).
Coletou-se aproximadamente 1 kg de amostra de sedimentos, a qual foi embalada em
sacos plásticos e etiquetada com as informações identificadoras do ponto de coleta e
encaminhadas aos laboratórios de Sedimentologia, da UNISINOS.
As análises realizadas foram de determinação dos teores de matéria orgânica e as
diferentes classes de granulometria nos seis pontos de amostragens (P1, P2, P3, P5, P6 e P7)
respeitando a sazonalidade amostral. Para a determinação dos processos de erosão, transporte
e deposição utilizou-se o diagrama de Hjulström. As amostragens de sedimentos não foram
realizadas em P4, pelo fato da canalização neste ponto ser cimentada e não ter sedimento
acumulado.
No laboratório de Sedimentologia da UNISINOS foram realizadas as análises
granulométricas e de matéria orgânica, considerando-se os intervalos das classes
granulométricas das peneiras de 1 PHI (Tabela 11) segundo Wenthwoth (1922), para a
metodologia este laboratório segue a descrita em Suguio (1973).
Os sedimentos coletados foram acondicionados em bacias de plástico e levados à
estufa para secagem, a uma temperatura máxima de 60 °C, para não haver a perda da matéria
orgânica, até massa constante. Posteriormente o material foi desagregado, sendo retirado
pedregulhos que não fazem parte do sedimento.
TABELA 11:
Elementos analisados e tamanho das peneiras utilizadas
Elementos analisados Malha da peneira (mm) PHI
Seixo fino 4,00 -2,00
Seixo muito fino 2,00 -1,00
Areia muito grossa 1,00 0,00
Areia grossa 0,50 1,00
Areia média 0,250 2,00
Areia fina 0,125 3,00
Areia muito fina 0,062 4,00
Silte/Argila < 0,062 5,00
Fonte: adaptado de Wenthwoth (1922)
As amostras foram passadas por uma peneira de malha 9,52 mm, para isolar o material
mais grosso. Após este procedimento, foi realizado o quarteamento. O objetivo foi fracionar a
amostra, sem que ela perca suas características iniciais. O material foi passado pelo
quarteador, tipo Jonnes, tantas vezes quanto necessário, até atingir a quantidade ideal de
material, que foi de aproximadamente 40 g, para isso foi utilizada uma balança semi-analítica.
Após o quarteamento realizou-se a pesagem inicial da amostra (PIA), em balança analítica,
com precisão de quatro casas decimais.
Após a pesagem foi realizada a hidratação da amostra, onde ela foi colocada imersa
em água destilada por 24 horas. Após este período ela foi para o dispersor, onde foi agitada
por um período de 2 a 5 min. Para a lavagem utilizou-se água destilada e uma peneira com
malha 0,062 mm acoplada a um funil, que deixou passar o material menor sendo este
transportado para uma proveta de 1.000 mL, onde foram adicionadas 0,67 g de oxalato de
sódio, cuja função é a de evitar a floculação da argila contida na amostra. Completou-se o
processo preenchendo a proveta com água destilada até a marca, homogeneizando a solução
manualmente.
A amostra foi seca a uma temperatura de 60 °C, para após realizar uma nova pesagem
utilizando-se uma balança analítica, obtendo-se assim o peso inicial de grosseiros (PIG).
As amostras passaram por outra peneiração, utilizando peneiras com malhas de 5,66 a
0,062 mm. Após esta peneiração as amostras foram novamente pesadas para a obtenção do
peso final de grosseiros (PFG). Os dados obtidos foram lançados em planilha Excel para
análise granulométrica de grosseiros.
Para as análises granulométricas finas foram realizadas sete pipetagens para cada
amostra, para isso colocou-se as amostras pesadas em recipientes numerados de 1 a 7,
agitando. Ao parar de agitar disparou-se o cronômetro e, em intervalos de tempo pré-
estabelecidos introduziu-se a pipeta numa altura específicas (nas cinco primeiras pipetagens
aos 10 cm e as últimas a 5 cm) na proveta, de onde retirou-se 20 mL de material colocando
nos copos identificados e pré-pesado a seco e temperatura constante.
As análises dos metais pesados foram realizadas no laboratório de Geoquímica, a
técnica utilizada seguiu o Standard Methods for the Examination of Water amd Wastewater
20ª Ed. O método de digestão utilizado foi uma adaptação do método 3.051 (EPA, 1992),
realizado em chapa elétrica e a leitura da concentração dos metais foi feita por espectrometria
de emissão por plasma indutivamente acoplado (ICP-AES). Para cada um dos elementos
analisados realizou-se a triplicata, onde foram determinadas as concentrações de cádmio (Cd),
cromo (Cr), chumbo (Pb), níquel (Ni) e o fósforo (P).
O preparo da solução consistiu em digerir uma amostra de sedimento total até 0,5 g em
10 mL de HNO
3
concentrado por 10 minutos, utilizando aquecimento por microondas. A
amostra foi colocada em vasos de digestão de teflon com 120 mL de capacidade, juntamente
com o ácido, sendo fechado e aquecido dentro da cavidade. A irradiação foi realizada para
cada grupo de seis vasos a 574W por 10 minutos. A temperatura de cada grupo foi elevada a
175
o
C em menos de 5,5 minutos e o tempo restante entre 170 e 180
o
C, para o balanço de 10
minutos de ciclo de irradiação.
Ao término do ciclo do microondas, realizou-se um resfriamento mínimo de 5
minutos dentro da cavidade, antes da remoção para resfriamento em banho de água fria.
Quando a temperatura ambiente foi atingida, cada sistema foi pesado e registrado sua massa.
Após o resfriamento, o conteúdo do vaso foi diluído e analisado pelo método SW-846. A
determinação das concentrações foi feita sobre a massa original da amostra.
5.3.2 Água
As amostras de água foram coletadas por imersão contra o fluxo de corrente, para
evitar turbilhonamento, utilizando-se frascos de vidro (1 L e 250 mL) e de polietileno (1 L).
Em cada ponto de coleta os frascos utilizados foram identificados com etiquetas, para os
diferentes parâmetros e armazenadas em caixas de isopor com gelo e encaminhadas ao
laboratório do SEMAE.
O pH da água também foi determinado, no próprio local de amostragem com medidor
de pH digital Testr 2, previamente calibrado com solução tampão 4,0 e 7,0. A temperatura
realizada por leitura direta em termômetro de mercúrio, com escala interna, assim como
através da sonda multiparâmetros.
Os parâmetros físicos, químicos e biológicos processados no laboratório do SEMAE e
a técnica utilizada são apresentados na tabela 12 e os resultados no anexo B. As análises
realizadas com a utilização da sonda encontram-se relacionadas na tabela 13 e seus resultados
no apêndice F.
TABELA 12:
Parâmetros e técnicas utilizadas para a avaliação da qualidade da água da MbaJC
Parâmetros Unidades Técnicas utilizadas
Alcalinidade mg L
-1
CaCO
3
Volumetria de neutralização
Alumínio mg L
-1
Al Aluminon (baseado no Standard)
Bário mg L
-1
Ba Turbidimétrico
Bactérias heterotróficas UFC Contagem
Cádmio mg L
-1
Cd Ditizona
Carbono inorgânico livre mg L
-1
CO
2
livre Alcalinidade e pH
Cobre mg L
-1
Cu Bicinchoninate (baseado no Standard)
Coliformes termotolerantes
NMP100 mL
-1
Tubos múltiplos
Coliformes totais NMP100 mL
-1
Tubos múltiplos
Cloreto mg L
-1
Cl
-
Mohr
Cromo hexavalente mg L
-1
Cr Difenilcarbazida
Cor aparente mg L
-1
Pt Colorimetria
Chumbo mgL
-1
Pb Ditizona
DQO mg L
-1
O
2
Espectrofotometria
DBO
5
mg L
-1
O
2
Winkler
Dureza mg L
-1
CaCO
3
Complexometria
Ferro total mg L
-1
Fe Fenantrolina
Fosfato total mg L
-1
PO
4
3-
Colorimétrico com ácido ascórbico
Fósforo total mg L
-1
P Colorimétrico com ácido ascórbico
Manganês mg L
-1
Mn Oxidação com periodato
Matéria orgânica mg L
-1
O
2
consumido Oxi-redução
Nitrato mg L
-1
NO
3
-
Ácido fenoldissulfônico
Nitrito mg L
-1
NO
2
-
Diazotização
Oxigênio dissolvido mg L
-1
O
2
dissolvido Iodométrico
pH - Potenciometria
Temperatura °C Termometria
Turbidez uT Colorimetria
Sulfato mg L
-
1
SO
4
2-
Turbidimétrico
Zinco total mg L
-1
Zn Zincon
Fonte: APHA (1998); UNT: Unidades Nefelométrica de Turbidez, NMP: Número mais provável, UFC:
Unidades formadoras de colônia
TABELA 13:
Parâmetros determinado com a utilização da sonda multiparâmetros
Parâmetros Unidade
Amônia mg L
-1
Clorofila
µg L
-1
Condutividade
µS cm
-3
Potencial redox mV
Sólidos Totais Dissolvidos g L
-1
As amostras da água realizadas em fevereiro de 2007 foram descartadas, devido a
problemas técnicos com o equipamento espectrofotômetro de absorção atômica do laboratório
do SEMAE. Para não comprometer os resultados, optou-se por realizar uma nova coleta em
abril para todos os parâmetros analisados por este laboratório. Os resultados das análises são
média das triplicatas para cada amostra.
5.3.3 Medição da vazão
O método utilizado para a medição da vazão foi o descrito por Santos et al. (2001),
onde a medida envolveu grandezas geométricas da seção (área, perímetro molhado, raio
hidráulico, largura superficial e profundidade média) e grandezas referentes ao escoamento
(velocidade e vazão).
Define-se como área molhada a área da seção transversal ao escoamento ocupada pela
água, expressa em metros quadrados. Perímetro molhado é definido como o comprimento da
linha de contato entre a superfície molhada e o leito, expresso em metros. Raio hidráulico é o
quociente da área molhada pelo perímetro molhado, expresso em metros. A largura superficial
é definida como o comprimento da linha horizontal da área molhada, a profundidade média é
o quociente de área molhada pela largura superficial (CHEVALLIER, 1993).
Em campo realizou-se a medida da seção transversal, do perímetro molhado e da
velocidade da água, a qual foi tomada utilizando um micromolinete Flometer 1, previamente
calibrado. Para a determinação da velocidade média realizou-se a soma das velocidades
obtidas dividindo pelo número de medidas realizadas em cada ponto.
Para uma analise adequada dos dados quali-quantitativos da MbaJC, medições
simultâneas de vazão foram realizadas nos pontos de amostragem de água e sedimento
(17.08.06, 23.10.06, 11.12.06 e 17.04.07), em cinco pontos (P1, P2, P3, P4 e P5), não sendo
possível realizar em P6 e P7 devido à influência do rio dos Sinos com o fator remanso, e do
acúmulo do lodo e da lâmina d’água muito baixa, que impossibilitou o correto funcionamento
do micromolinete para a obtenção da velocidade.
5.3.4 Medição de precipitação
Os dados de precipitação para a Microbacia do arroio João Corrêa estão relacionados
para os meses em que foram realizadas as coletas e acumuladas em planilhas Excel, conforme
apêndice B (DEFESA CIVIL, 2007), os mesmos também foram normalizados aos dias
precedentes de chuvas. Os dados para a precipitação foram coletados em pluviômetro tipo
cunha com capacidade 130 mm, área de captação de 15 cm
2
, divisão de 2,5 mm e material de
poliestireno cristal.
5.4 Índices de qualidade de água
A utilização de diferentes IQAs permitiu determinar o mais restritivo para a MbaJC,
embora todos tenham sido modificados da NSF estes apresentam diferenças quanto aos pesos
estipulados para cada parâmetros, a substituição de parâmetros ou a não utilização e a
determinação de valores.
Comparando todos com o NSF verifica-se que:
A CETESB realizou uma adaptação e adota o nitrogênio total ao invés do nitrogênio
nitrato, uma vez que nesse caso os rios se mostram comprometidos por esgotos domésticos,
que são ricos em outras formas de nitrogênio, tais como o nitrogênio orgânico e o amoniacal.
Sendo assim, utiliza-se a curva do nitrogênio, considerando o nitrogênio total; converte o
fósforo para fosfato, para a determinação do OD% considera a temperatura e a altitude, os
pesos dos coliformes termotolerantes, DBO
5
, pH e sólidos totais dissolvidos apresentam
diferenças.
O COMITESINOS adota apenas oito parâmetros, não fazendo uso da variação de
temperatura, a partir de testes realizados não houve variação significativa para adotar esta
variável. Realizou-se então um redimensionamento dos pesos em função da exclusão da
temperatura.
A FEAM adota os mesmos parâmetros, mas com pesos diferentes para a maioria deles,
para a determinação do OD% considera a temperatura, cloretos e a altitude, sendo este
utilizado pelo Ministério de Meio Ambiente..
A descrição da metodologia aplicada para a aplicação dos diferentes tipos de índices
de qualidade de água encontra-se descritos a seguir:
5.4.1 IQA da CETESB
O algoritmo do produtório empregada no estudo para obter o IQA segue abaixo:
...(1)
Onde:
IQA = índice de qualidade da água, um número entre 0 e 100;
q
i
= qualidade do i-ésimo parâmetro, um número entre 0 e 100, obtido da respectiva
"curva média de variação de qualidade", em função de sua concentração ou medida; e
w
i
= peso correspondente ao i-ésimo parâmetro, um número entre 0 e 1, atribuído em
função da sua importância para a conformação global de qualidade, sendo que:
Os parâmetros aplicados para a obtenção deste IQA e os valores correspondentes aos
pesos relativos para wi são apresentados na tabela 14. Cada parâmetro recebeu um peso de
acordo com sua importância relativa no cálculo do IQA.
TABELA 14:
Parâmetros e pesos relativos para cálculo do IQA da CETESB
Parâmetros Pesos relativos (wi)
Oxigênio dissolvido 0,17
Coliformes termotolerantes 0,15
pH 0,12
Demanda bioquímica de oxigênio 0,10
Fósforo total 0,10
Temperatura 0,10
Nitrogênio total 0,10
Turbidez 0,08
Resíduo total 0,08
Total 1,00
Fonte: CETESB (apud PNMA II, 2007)
O IQA reflete a interferência por esgotos sanitários e outros materiais orgânicos,
nutrientes e sólidos. No caso de não se dispor do valor de algum dos nove parâmetros, o
cálculo do IQA é inviabilizado.
Os dados utilizados para o cálculo do IQA foram acondicionados em planilha no
software Excel, para o desenvolvimento dos cálculos. A seguir são descritas as fórmulas
utilizadas para cada um dos parâmetros utilizados, onde as letras referem-se à coluna e o
número a linha modificado de CETESB (apud PNMA II, 2007).
Oxigênio dissolvido (OD)
C
5
= (14,62 - (0,3898 B5) + (0,006969 (B
5
2
) - (0,00005896 (B
5
3
))) X ((1-0,0000228675
B
6
))
5,167
)
Onde:
C
5
= equação geral para o cálculo de oxigênio dissolvido considerando a temperatura e a
altitude;
B
5
= temperatura;
B
6
= altitude.
C
6
= B
4
X 100/C
5
Onde:
B
4
= valor medido de OD em mg L
-1
de O
2
;
C
5
= equação geral para O
2
, considerando a temperatura e altitude;
C
6
= equação geral para cálculo de OD, envolvendo temperatura, altitude e valor médio de
OD, em mg L
-1
de O
2
.
a) Quando o valor de OD saturado % = 50
q
1
= ((0,34 C
6
) + (0,008095(C
6
2
)) + (1,35252X0,00001 (C
6
3
))) + 3)
Onde:
q
1
= Subíndice para oxigênio dissolvido
b) Quando 50< OD saturado % = 85
q
1
= ((-1,266 C
6
) + (0,058(C
6
2
)) - (3,803435 X 0,0001 (C
6
3
))) + 3)
c) Quando 85 < OD saturado % = 100
q
1
= (3,7745 X (C
6
0,704889
)) + 3)
d) Quando 100 < OD saturado % = 140
q
1
=((2,9 C
6
) - (0,02496 C
6
2
) + (5,60919 X 0,00001 (C
6
3
))) + 3)
e) Quando OD saturado % > 140
q
1
= 47 + 3
Subíndice = q
1
0,17
=F
7
0,17
=C
12
Temperatura (ºC)
Considera-se que a diferença da temperatura é zero, uma vez que nossos cursos
hídricos não apresentam grandes diferenças a montante e a jusante do ponto escolhido, sendo
assim o subíndice é igual a 94.
Subíndice = q
2
0,10
= C
6
Coliformes termotolerantes (Cte)
C
19
= 0, q
3
é 100
Onde:
C
19
= coliformes termotolerantes em NMP 100 mL
-1
a) Quando C
19
> 0; COLI10 > 0 ? C
21
= log C
19
log 10
-1
Onde:
C
21
= parâmetro que serve para calcular o subíndice q
3
para coliformes com frações decimais
de 10
1
a 10
5
.
b) Quando C
21
= 1; COLI10 = 1
q
3
= 100 – (33 C
21
)
c) Quando C
21
> 1 (COLI10>1) ou C
21
= 5 (COLI10=5)
q
3
= 100 – (37,2 C
21
) + (3,60743 (C
21
2
))
d) Quando C
21
> 5 (COLI10>5)
q
3
=3
Subíndice = q
3
0,15
= F
22
0,15
= C
25
pH
a) Quando C
28
= 2, q
4
= 2
Onde:
C
28
= medida de pH em unidades de pH.
q
4
= 3
Subíndice = q
4
0,12
= F
29
0,12
= C
39
Demanda bioquímica de oxigênio (DBO
5
)
a) Quando DBO = 5
q
5
= 99,96 X (2,71828
-0,1232728
X C
42
)
Onde:
C
42
= medida de DBO em mg L
-1
de O
2
b) Quando 5 < DBO
= 15
q
5
= 104,67 (31,5463 X log C
42
)
c) Quando 15 <DBO = 30
q
5
= 4394,91 X (C
42
-1,99809
)
d) Quando DBO > 30
q
5
= 2
Subíndice = q
5
0,10
=F
43
0,10
=C
47
Nitrogênio total (N)
a) Quando C
50
= 10
Onde:
C
50
= N total
q
6
= 100 (8,169 X C
50
) + (0,3059 X (C
50
2
))
b) Quando 10 < C
50
= 60
q
6
= (101,9 + 23,1023 log (C
50
))
c) Quando 60 < C50 = 100
q
6
= (159,3148 X 2,7928 (C
50
X
(-0,0512842)
))
d) Quando C50 = 100
q
6
= 1
Subíndice = q
6
0,10
=F
51
0,10
= C
55
Fosfato total (PO
4
3-
)
a) Conversão de fósforo para fosfato total
PO
4
= B
58
X 3,066
Onde:
PO
4
= fosfato
B
58
= valor do fósforo total em mg L
-1
de P
3,066 = fator de conversão de fósforo para fosfato
b) Quando C
58
= 1
q
7
= 99 X (exp (-0,91629 X C
58
))
c) Quando 1 < C
58
= 5
q
7
= 57,6 (20,178 X C
58
) + (2,1326 X (C
58
2
))
d) Quando 5 < C
58
= 10
q
7
= 19,8 X (exp (-0,13544 X C
58
))
e) Quando C
58
> 10
q
7
= 5
Subíndice = q
7
0,1
0 =F
59
0,10
=C
63
Turbidez (UNT)
a) Quando C
66
= 55
Onde:
C
66
= medida de turbidez em UFT
q
8
= 100,17 (2,67 X C
66
) + 0,03775 X (C
66
2
))
b) Quando 25 < C
66
= 100
q
8
= 84,76 X (2,71828
(-0,016206 X C66)
)
c) Quando C66 > 100
q
8
= 5
Subíndice = q
8
0,08
=F
67
0,08
=C
70
Resíduo total (STD)
a) Quando C
73
= 150
Onde:
C
73
= medida de resíduo total em mg L
-1
q
9
= 79,75 + (0,166 + C
73
) (0,001088 X (C
43
2
))
b) Quando 150 < C
73
= 500
q
9
= 101,67 (0,13917 X C
73
)
c) Quando C
73
> 500
q
9
= 32
Subíndice = q
9
0,08
=F
74
0,08
=C
77
Cálculo do IQA CETESB
IQA = (OD)
0,17
+ (Cte)
0,15
+ (pH)
0,12
+ (DBO
5
)
0,10
+ (PO
4
3-
)
0,10
+ (°C)
0,10
+ (UNT)
0,08
+
(STD)
0,08
5.4.2 IQA do COMITESINOS
O IQA do COMITESINOS (1990) utilizada a fórmula multiplicativa descrita na
equação a seguir:
...(2)
Onde:
? = símbolo de produtório;
qi = qualidade relativa do i-ésimo parâmetro;
wi = número relativo do i-ésimo parâmetro;
i = número de ordem do parâmetro (1 a 8).
O COMITESINOS define a qualidade relativa de cada parâmetro por meio de curvas
de variação, que relaciona o respectivo valor do parâmetro a uma nota, que varia de 0 a 100.
Na tabela 15 encontram-se os pesos relativos para o cálculo do IQA segundo o
COMITESINOS.
TABELA 15:
Parâmetros e pesos relativos para cálculo do IQA da COMITESINOS
Parâmetros Pesos relativos (wi)
Oxigênio dissolvido 0,19
Coliformes termotolerantes 0,17
pH 0,13
Demanda bioquímica de oxigênio 0,11
Fosfato total 0,11
Nitrato 0,11
Turbidez 0,09
Sólidos totais dissolvidos 0,09
Total 1,00
Fonte: adaptado do COMITESINOS (1993)
Para facilitar o cálculo da qualidade relativa (qi) estabeleceram equações para cada
nuvem de pontos “valor da característica x nota” (BENDATI et al., 2003), as quais estão
relacionadas a seguir:
pH
q = exp (-0,0131 * (pH)
3
+ 2,5278 * 10
-5
* exp (pH) + 1,38718 * (ln (pH))
3
- 1,871314 * ln (ln
(pH))
Demanda bioquímica de oxigênio (DBO
5
)
q = exp (4,60934 - 0,130825 * (DBO
5
) + 0,0014955 * (DBO
5
)
2
- 2,06527 * 10
-5
* (DBO
5
3
))
Oxigênio dissolvido
q = 2,982 + 0,338879 * ((OD OD
SAT
-1
)*100) + 0,0003415 * ((OD OD
SAT
-1
)*100)
3
-3,094 *
10
-6
* ((OD OD
SAT
-1
)*100)
4
+ 2,6476 * 10
-13
* ((OD OD
SAT
-1
)*100)
7
Nitrato (NO
3
-
)
q = 96,887435 - 7,39622 * (NO
3
) + 0,3135386 * (NO
3
)
2
- 0,0067919 * (NO
3
)
3
+ 6,9235918 *
(NO
3
)
4
- 2,647822 * 10
-7
* (NO
3
)
5
Turbidez (UNT)
q = exp (4,567765 - 0,0209573 * (Turbidez) + 4,1215 * 10
-5
* (Turbidez)
2
- 5,319846 * 10
-8
*
(Turbidez)
3
)
Fosfato total (PO
4
3-
)
q = 1 (0,009962 + 0,0137639 * PO
4
+ 0,00076279 * (PO
4
)
2
)
-1
Coliformes termotolerantes (Cte)
q = exp (-0,074302 * ln (coli) - 3,50713 * 1 (coli)
-1
- 3,816887 * (1 (coli)
-1
)
2
+ 4,38849 * (exp
(1 coli
-1
)) - 0,0178695 * (ln (coli))
2
)
Sólidos totais dissolvidos (STD)
q = exp (4,404 + 0,0011838 * (STD) - 9,1605 * 10
-6
* (STD)
2
+ 6,48885 * 10
-9
* (STD)
3
)
100
Cálculo do IQA COMITESINOS
IQA = (OD)
0,19
+ (Cte)
0,17
+ (pH)
0,13
+ (DBO
5
)
0,11
+ (PO
4
3-
)
0,11
+ (NO
3
-
)
0,11
+ (UNT)
0,09
+
(STD)
0,09
5.4.3 IQA da FEAM
O IQA da FEAM é calculado pelo produtório ponderado das qualidades de água
correspondente aos parâmetros conforme a equação 3.
...(3)
Onde:
IQA = Índice de qualidade da água, um número de 0 a 100;
qi = qualidade do parâmetro i obtido através da curva média específica de qualidade;
wi = peso atribuído ao parâmetro, em função de sua importância na qualidade, entre 0 e 1.
Os parâmetros utilizados pela FEAM assim como os pesos atribuídos para o cálculo
do IQA, estão listados na tabela 16, seguindo a importância relativa para o cálculo.
TABELA 16:
Parâmetros e pesos relativos para cálculo do IQA da FEAM
Parâmetros Pesos relativos (wi)
Oxigênio dissolvido 0,17
Coliformes termotolerantes 0,15
pH 0,12
Demanda bioquímica de oxigênio 0,10
Nitrato total 0,10
Fosfato total 0,10
Variação na temperatura 0,10
Turbidez 0,08
Sólidos totais 0,08
Total 1,00
Fonte: adaptado da CETESB (apud PNMA II, 2007)
A FEAM determinou equações para o cálculo do índice de qualidade para cada
parâmetro, baseando-se nas curvas da NSF, através de regressões polinomiais e com auxílio
do programa Excel.
101
Oxigênio dissolvido (OD)
O primeiro passo é a determinação da concentração de saturação de oxigênio:
C
s
= (14,2 * e
-0,0212T
- (0,0016 * C
Cl
* e
-0,0264T
)) * (0,994 - (0,0001042 * H))
Onde:
C
s
= concentração de saturação de oxigênio (mg L
-1
);
T = temperatura (°C);
C
Cl
= concentração de cloreto (mg L
-1
);
H = altitude (m).
Segundo passo é calcular a porcentagem de oxigênio dissolvido, dada pela fórmula:
%OD = (OD C
s
-1
) * 100
Onde:
OD% = porcentagem de oxigênio dissolvido;
OD = oxigênio dissolvido (mg L
-1
);
Cs = concentração de saturação de oxigênio dissolvido (mg L
-1
).
Para OD% saturação = 100
Qs = 100 * (sen (y1))
2
- [(2,5 * sen (y2) - 0,018 * OD% + 6,86) * sen (y3)] + 12/e
y4
+ e
y5
e:
y1 = 0,01396 * OD% + 0,0873
y2 = p/56 * (OD% - 27)
y3 = p/85 (OD% - 15)
y4 =(OD% - 65)/10
y5 = (65 - OD%)/10
Para 100 < OD% saturação = 140
q
s
= -0,00777142857142832 * (OD%)
2
+ 1,27854285714278 * OD% + 49,8817148572
Para OD% saturação > 140
q
s
= 47,0
Coliformes termotolerantes (Cte)
Para Cte = 10
5
NMP 100 mL
q
s
= 98,24034 - 34,7145 * (log (Cte)) + 2,614267 * (log (Cte))
2
+ 0,107821 * (log (Cte))
3
102
Para Cte > 105 NMP mL
q
s
= 3,0
Potencial hidrogeniônico (pH)
Para pH = 2,0
q
s
= 2,0
Para 2,0 < pH = 6,9
q
s
= -37,1085 + 41,91277 * pH - 15,7043 * pH
2
+ 2,417486 * pH
3
- 0,091252 * pH
4
Para 6,9 < pH = 7,1
q
s
= - 4,69365 - 21,4593 * pH - 68,4561 * pH
2
+ 21,638886 * pH
3
- 1,59165 * pH
4
Para 7,1 < pH = 12
q
s
= -7.698,19 + 3.262,031 * pH - 499,494 * pH
2
+ 33,1551 * pH
3
- 0,810618 * pH
4
Para pH > 12,0
q
s
= 3,0
Demanda bioquímica de oxigênio (BDO
5
)
Para DBO
5
= 30 mg L
-1
q
s
= 100,9571 - 10,7121 * DBO
5
+ 0,49544 * (DBO
5
)
2
- 0,011167 * (DBO
5
)
3
+ 0,0001 *
(DBO
5
)
4
Para DBO
5
> 30 mg L
-1
q
s
= 2,0
Nitrato total (NO
3
-
)
Para NO
3
= 10 mg L
-1
q
s
= -5,1 * NO
3
+ 100,17
Para 10 < NO
3
= 60 mg L-1
q
s
= -22,853 * ln (NO
3
) + 101,18
Para 60 < NO
3
= 90 mg L-1
q
s
= 10.000.000.000 * (NO
3
)
-5,1161
103
Para NO
3
> 90 mg L
-1
q
s
= 1,0
Fosfato total (PO
4
3-
)
Para PO
4
= 10 mg L
-1
q
s
= 79,7 * (PO
4
+ 0,821)
-1,15
Para PO
4
> 10,0 mg L
-1
q
s
= 5,0
Turbidez (UNT)
Para Tu = 100
q
s
= 90,37 * e
(-0,0169*Tu)
- 15 * cos (0,0571 * (Tu -30)) + 10,22 * e
(-0,231 * Tu)
- 0,8
Para Tu > 100
q
s
= 5,0
Sólidos totais dissolvidos (STD)
Para STD = 500
q
s
= 133,17 *e
(0,0027XSTD)
-53,17 * e
(-0,0141*STD)
+ [(-6,2 * e
(-0,00462 x STD)
)* sen (0,0146 * STD)]
Para STD > 500
q
s
= 30,0
Variação de temperatura (°C)
Pelo fato da temperatura média do Brasil não condizer com as variações de temperaturas
estipuladas pela NSF, tem-se:
?T = 0
Para -0,625 < ?T = 0625
q
s
= 4,8 * ?T + 93
q
s
= 93
104
Cálculo do IQA FEAM
IQA = (OD)
0,17
+ (Cte)
0,15
+ (pH)
0,12
+ (DBO
5
)
0,10
+ (NO
3
-
)
0,10
+ (PO
4
3-
)
0,10
+ (°C)
0,10
+
(UNT)
0,08
+ (STD)
0,10
5.4.4 IQA estatístico
Na figura 9 estão relacionados os passos utilizados para o IQA estatístico, baseado em
Bisquerra et al. (2004) e Hair Junior et al.(1998).
Figura 9 - Passos utilizados no SPSS 15 para obtenção dos complementares que foram
aplicados na obtenção do IQA estatístico
A matriz de dados (Anexo B) foi lançada no Statistical Package for Social Sciences
(SPSS 15) e intercruzados, após realizou-se a depuração dos dados, ou seja, a primeira análise
dos dados a fim de encontrar erros de codificação das variáveis e corrigí-las e consistí-las,
Componentes de escore
Componentes padrões
Dois fatores
Matriz rotacionada Matriz não rotacionada
Componentes de escore padrão
Matriz de componentes
principais
Análise de componentes
principais
Matriz de correlação
Análise Fatorial
Matriz de comunalidade
105
para após realizar a escolha das variáveis relevantes. A partir da matriz de dados selecionados
obteve-se a matriz de correlação utilizando a matriz de correção de Pearson, identificando as
variáveis mais significativas. Realizando-se a seguir a análise de componentes principais a
qual teve por objetivo verificar se uns poucos componentes explicam a maior parte da
variância de dados. Esta técnica identifica um novo conjunto de variáveis como combinações
lineares das variáveis originais, buscando assim novas coordenadas que tivessem variância
máxima e que não se correlacionavam entre si. A matriz de componentes principais também
foi analisada para confirmar assim qual destes dois grupos representava o conjunto de
variáveis mais inter-relacionadas e que pudessem refletir uma avaliação mais geral, que
pudesse ser aplicada para a MbaJC.
Os resultados auxiliaram na seleção de um subconjunto representativos de variáveis
para a correlação da análise fatorial com uma perda mínima de informações.
No modelo da análise fatorial, cada variável X
i
, pode ser expressa como uma função
linear de um número menor de fatores comuns, somando a um componente de variação
residual, de acordo com a equação 4 de Haase e Polossi (1993), apresentada a seguir.
X
i
=
j=1
n
λ
ij
f
j
+ e
i ...
( 4)
Onde:
λ
ij
= a carga fatorial de i-ésima variável, no j-ésimo fator comum, reflete a importância
do j-ésimo fator comum na composição de i-ésima variável,
f
j
= são fatores comuns,
e
i
= são fatores específicos,
representantes da variação residual específica de i-ésima
variável.
Para a determinação dos subíndices que devem fazer parte do IQA foi utilizado o teste
de Bartlett, descrito por Haase e Possoli (1993), sendo este (Equação 5):
IQA = subíndices * Z
i
...(5)
Onde:
Z
i
= é a variável padronizada para cada ponto de amostragem, Z
i
= (x
i
- µ)/σ; e
µ = e σ são a média aritmética e o desvio padrão da variável x
i.
106
A matriz de comunalidade foi gerada automaticamente pelo programa SPSS 15, a qual
determinou as estimativas da variância compartilhada, ou comum, entre as variáveis por meio
da soma em linha de cargas fatoriais ao quadrado. A utilização de escores fatoriais fez-se
necessário, uma vez que este permitiu criar um novo conjunto de variáveis para substituir o
original, representando o grau em que cada indivíduo tem o escore elevado no grupo de itens,
que têm cargas elevadas em um fator (HAIR JUNIOR et al., 1998).
Para a interpretação dos fatores obtiveram-se os componentes padrões que dão origem
a dois fatores distintos a matriz rotacionada e a matriz não rotacionada.
Para a matriz rotacionada os eixos dos fatores foram rotacionados em torno da origem
até que uma posição seja alcançada, redistribuindo a variância dos primeiros fatores para os
últimos e a matriz não rotacionada extrai os fatores na ordem de sua importância, onde o fator
1 é um fator geral com quase toda a variável com carga significativa, explicando a maior
variância, já o fator 2 está baseado na quantia residual de variância (HAIR JUNIOR et al.,
1998). Após a análise dos componentes para determinar qual o apropriado, realizou-se o
cálculo dos fatores determinando assim o mais apropriado, neste processo soma-se todos os
valores correspondente para todas as variáveis, o resultado obtido é dividido com cada
variável, obtendo assim o valor de escore padrão.
Os escores fatoriais do fator escolhido definem o valor para a fórmula do IQA, sendo
esta utilizada para calcular o índice de qualidade da água em cada ponto para todas as coletas
realizadas.
5.5 Índice do estado trófico
O método para determinar o IET que foi adotado é o utilizado pela CETESB (2006c),
que aplica o índice introduzido por Carlson (1977) e modificado por Toledo et al. (1983) e
Toledo (1990) que alterou as expressões originais para adequá-las aos ambientes subtropicais,
onde utiliza três variáveis para as avaliações de estado trófico em função dos valores obtidos:
transparência (disco de Secchi), clorofila e fósforo total.
Para os cálculos do IET consideraram-se apenas duas variáveis, a clorofila (CL) em µg
L
-1
, e fósforo total (P) em µg L
-1
.
O valor do IET é calculado individualmente para cada variável e depois aplicado o
IET médio. O IET foi calculado a partir dos valores de dois parâmetros, cujas expressões são
dadas pelas equações 6 e 7:
107
IET(P) = 10 { 6 - [ ln ( 80,32 P
-1
) ln2
-1
] } ...(6)
IET(CL) = 10{ 6 - [ ( 2,04 - 0,695 lnCL ) ln2
-1
] } ...(7)
Onde:
P = concentração de fósforo total medida à superfície da água, em µg L
-1
CL = concentração de clorofila a medida à superfície da água, em µg L
-1
ln = logaritmo natural.
Nos meses em que estejam disponíveis dados de ambas as variáveis o resultado
apresentado nas tabelas de IET, será a média aritmética simples dos índices relativos ao
fósforo total e a clorofila, segundo a equação 8:
IET(médio) = [IET (P) + IET (CL)] 2
-1
(8)
Onde:
IET (P) = média aritmética simples do fósforo total
IET (CL) = média aritmética simples da clorofila
5.6 Nível de base natural (background)
Para determinar o nível de contaminação nos sedimentos de fundo por metais pesados
foi necessário estabelecer os níveis de base natural (NBN) de cada elemento analisado no
ambiente natural.
Como não há registros sobre os níveis naturais de metais, nas formas dissolvida e
particulada para a MbaJC, tornou-se necessário determinar para a área um índice de
background. Optou-se por utilizar os níveis naturais dos elementos de P1 do arroio João
Corrêa, por ser uma área, que ainda encontra-se preservada e pela importância de se ter base
nos dados geoquímicos da área, pois estes retrataram melhor as condições dos sedimentos de
fundo. Assim como os valores médios de NBN globais da EPA (apud RODRIGUES 1997),
Turekian e Wedepohl (1961) e Martin e Whitfield (1983), realizando uma comparação entre
eles, os quais foram utilizados por Casartelli (1983), Frazen (2001), Ronchi (2003) e Soares
(2004).
5.7 Índices de poluição
Os índices de poluição para água e sedimento aplicados na MbaJC estão descritos a
seguir:
108
5.7.1 Fator de contaminação
O FC dos sedimentos foi calculado através do quociente entre a concentração do metal
no sedimento e o seu nível de base natural ou background no sedimento.
A fórmula para calcular o fator de contaminação é apresentada na equação 9:
FC = Me
S
/ NBN
Me ...
(9)
Onde:
FC = Fator de contaminação;
Me
S
= Concentração do metal no sedimento;
NBN
Me
= background ou concentração natural do metal na área de estudo
Segundo a classificação de Hakanson (1980), para os valores de FC menores que 1
indicam baixa contaminação, para valores entre 1 e 3 contaminação moderada, nos valores
entre 3 e 6 contaminação considerável e valores maiores que 6 alta contaminação.
5.7.2 Índice de geoacumulação
O índice de geoacumulação foi determinado por:
IGeo = log
2
C
n
(1,5. B
n
)
-1
...(10)
Onde:
C
n
= a concentração do elemento “n” na fração (< 2 µm) do sedimento;
B
n
= o background geoquímico do elemento; e
1,5 = o fator usado para minimizar possíveis variações do background, causadas por
diferenças litológicas.
5.7.3 Índice de carga metálica
As variáveis utilizadas para calcular o índice de carga metálica (ICM) foram
correlacionadas numa matriz de Pearson, para os quais aplicou-se o nível de significância,
comunalidade, sendo aplicada também uma rotação ortogonal (tipo Varimax) aos fatores
comuns. Sabe-se que para os valores obtidos podem ocorrer variações entre positivo e
negativo, por este fato a equação 11 é representada a seguir:
IM = x*Fe + y*Mn + z*Ba + n*Cd + t*Cu + a*Zn+ w*Cr + c*Pb ...(11)
109
Onde:
x = valor obtido numa matriz de Pearson para o ferro;
y = valor obtido numa matriz de Pearson para o manganês;
z = valor obtido numa matriz de Pearson para o bário;
n = valor obtido numa matriz de Pearson para o cádmio;
t = valor obtido numa matriz de Pearson para o cobre;
a = valor obtido numa matriz de Pearson para o zinco;
w = valor obtido numa matriz de Pearson para o cromo, e
c = valor obtido numa matriz de Pearson para o chumbo.
O índice da carga metálica é expresso de acordo com uma faixa de grandeza arbitrária,
que pode variar do negativo ao positivo, entre -3 e -2 muito baixa, -2 e -1 baixa, entre -1 e 0
regular, entre 0 e 1 média, entre 1 e 2 alta e entre 2 e 3 muito alta.
110
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados do monitoramento do sistema água - sedimento de fundo da MbaJC são
a seguir descritos e analisados:
6.1 Análise de precipitação e vazões da MbaJC
Os dados obtidos para os índices pluviométricos nos meses em que foram realizadas as
coletas encontram-se no apêndice B. Analisando estes dados (Figura 10) em relação às
estações do ano hidrológico para a MbaJC, verifica-se que o outono (259,3 mm) apresenta os
índices de precipitação mais elevados, seguido do inverno (244,5 mm), do verão (215,5 mm)
e da primavera (156,7 mm). Portanto, para a caracterização pela quantidade de chuvas no ano
em que ocorreram as amostragens, pode-se considerar a primavera como uma estação crítica
devido ao período de estiagem e o outono com período de cheia com o maior poder de
diluição dos contaminantes. Observa-se que o mês de fevereiro apresentou um
comportamento anômalo na série hidrológica elevando os índices pluviométricos do verão.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
jun/06
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
Precipitação (mm)
Figura 10 - Ano hidrológico da precipitação das estações para a MbaJC.
Colunas vermelhas: meses das amostragens
Levando-se em consideração, somente o mês em que se realizaram as coletas,
agosto/06 (inverno) apresentou os maiores índices pluviométricos com 63,5 mm, seguido de
abril/07 (outono) com 54 mm, de outubro/06 (primavera) com 44,5 mm e de dezembro/06
111
com 13,5 mm. Para as precipitações médias analisou-se somente a semana em que antecedeu
os dias das amostragens. Obteve-se no inverno uma precipitação de 10 mm mantendo o nível
alto até a data da coleta, para a primavera obteve-se 3,15 mm, mas o nível encontrava-se
baixo, pelo fato das chuvas terem ocorrido duas semanas antes das amostragens, no verão
com 0,4 mm, apresentando o menor índice pluviométrico, mesmo com chuvas na semana da
coleta estas não foram significativas para influenciar no nível do arroio João Corrêa e no
outono, com 2,1 mm (Tabela 17).
TABELA 17:
Dados referente às precipitações ocorrentes na MbaJC
Data da
coleta
Estação
Chuvas
do mês
(mm)
Chuvas
antecedente a
coleta (mm)
Dias
antecedentes
de chuvas
Precipitação
média
(mm)
17.08.06 Inverno 63,5 30 3 10,00
23.10.06 Primavera 44,5 41 13 3,15
11.12.06 Verão 13,5 2 5 0,40
17.04.07 Outono 54,0 21 10 2,10
Fonte: Chuvas do mês adaptado da Defesa civil (2007)
As vazões encontradas para cinco dos sete pontos de amostragem do arroio João
Corrêa encontram-se na tabela 18. Em P6 e P7 não foram realizadas as medições da vazão
devido ao fator remanso do rio dos Sinos e à dificuldade de se realizar a travessia.
TABELA 18:
Vazão nos pontos de coleta ao longo do perfil realizado na MbaJC
Vazão (m
3
s
-1
)
Estação P1 P2 P3 P4 P5
Inverno 1,60 10
-4
5,39 10
-2
4,90 10
-2
5,20 10
-2
2,94
Primavera 1,40 10
-4
3,70 10
-3
1,80 10
-2
1,30 10
-1
1,8.10
-1
Verão 1,40 10
-4
4,30 10
-3
4,20 10
-2
3,70 10
-2
2,4.10
-1
Outono 1,60 10
-4
5,0 10
-2
5,30 10
-2
5,60 10
-2
2,3.10
-1
Média 1,47 10
-4
2,95 10
-2
4,05 10
-2
3,95 10
-2
9,0.10
-1
Observa-se que a maior vazão foi medida em P5 (2,94 m
3
s
-1
) no inverno, apesar das
chuvas nos dois dias anteriores a contribuição pelo valor elevado desta vazão foi o remanso
do rio dos Sinos. A segunda maior vazão, em P5 ocorreu no verão, e não estão atribuídas as
chuvas, pois estas ocorreram doze dias antes. Nos demais pontos ocorrem variações de
acordo com a estação em que foram realizadas as medições, em ambas ocorreram chuvas
durante a semana.
112
No apêndice C encontram-se os dados que retratam as variações espaço-temporal das
vazões versus a lâmina de água (cota-vazão) para os diferentes pontos de amostragens
realizados na MbaJC. Segundo Chevallier (1993), a representação gráfica é a mais utilizada e
sua curva de ajuste, segue a forma exponencial, sendo esta a representação internacional.
Em P1 obteve-se a mesma vazão de 1,40 10
-4
m
3
s
-1
,
na primavera e verão, com
lâminas de água de 2,48 (A) e 2,5 cm (B), respectivamente, e uma vazão de 1,60 10
-4
m
3
s
-1
no
inverno e outono, com as lâminas de 2,67 (C) e 2,7 cm (D), obtendo-se um R
2
de 99,91%,
com a equação y = 1,4977e
3694,6x
, sendo a curva-chave representada na figura 11.
R
2
= 0,9991
2,45
2,5
2,55
2,6
2,65
2,7
2,75
0,00014 0,00014 0,00015 0,00015 0,00016 0,00016 0,00017
Vazão (m
3
s
-1
)
Lâmina d 'água (cm)
Ponto 1
Figura 11 - Curva-chave representando o P1, nos períodos de coleta da MbaJC
A figura 12 representa o perfil realizado para P1, com suas respectivas lâminas d’água
nas estações de amostragens.
Figura 12 - Perfil de fundo de P1, com suas lâminas d’água para as diferentes estações do ano.
D= 17.04.07; C=17.08.06; B= 23.10.06; A= 11.12.06
Em P2, as menores vazões foram constatadas nas estações da primavera e do verão
com 3,70 10
-3
e 4,30 10
-3
m
3
s
-1
, respectivamente, as quais atingiram uma lâmina de água de
113
13 cm (A) e 14 cm (B), respectivamente. No inverno, a vazão atingiu 5,39 10
-2
m
3
s
-1
com
lâmina de 15,7 cm (C). Na primavera apresentou uma vazão de 5,60 10
-2
m
3
s
-1
a uma
profundidade de 16 cm (D), obtendo um R
2
de 90,7%, com a equação y = 13,317e
3,1725x
, a
figura 13 representa a curva-chave para P2.
R
2
= 0,907
12,5
13
13,5
14
14,5
15
15,5
16
16,5
0,0000 0,0100 0,0200 0,0300 0,0400 0,0500 0,0600
Vazão (m
3
s
-1
)
Lâmina d' água (cm)
Ponto 2
Figura 13 – Curva-chave representando o P2, nos períodos de coleta da MbaJC
O perfil realizado para P2 é representado na figura 14, com suas respectivas lâminas
d’água nas estações de amostragens.
Figura 14 - Perfil de fundo de P2, com suas lâminas d’água para as diferentes estações do ano.
D= 17.04.07; C=17.08.06; B=11.12.06; A= 23.10.06
Em P3, a variação mostra que a primavera teve a vazão mais baixa com 1,80 10
-2
m
3
s
-1
, relativa a uma profundidade de 4,1 cm (A). Pode-se observar um aumento nas vazões para
114
as demais estações, no verão atingiu 4,20 10
-2
m
3
s
-1
com uma lâmina de água de 6,26 cm (B).
No inverno com 4,90 10
-2
m
3
s
-1
com lâmina de água de 6,7 cm (C). A maior vazão ocorreu
no outono, com 5,30 10
-2
m
3
s
-1
relativo a profundidade de 6,95 cm (D), apresentado um R
2
de
98,65%, com a equação y = 3,1431e
15,548x
, a figura 15 apresenta o gráfico da curva-chave para
P3.
R
2
= 0,9865
4
4,5
5
5,5
6
6,5
7
7,5
0,017 0,022 0,027 0,032 0,037 0,042 0,047 0,052
Vazão (m
3
s
-1
)
Lâmina d' água (cm)
Ponto 3
Figura 15 – Curva-chave representado o P3, nos períodos de coleta da MbaJC
A figura 16 apresenta o perfil de P3, com suas respectivas lâminas d’água nas estações
de amostragens.
Figura 16 - Perfil de fundo de P3, com suas lâminas d’água para as diferentes estações do ano.
D= 17.04.07; C=17.08.06; B= 23.10.06; A= 11.12.06
Em P4, a variação mostra que a primavera teve a vazão mais baixa com 1,30 10
-2
m
3
s
-1
relativa a uma profundidade de 9,0 cm (A). Pode-se observar um aumento nas vazões para
as demais estações, no verão atingiu 3,70 10
-2
m
3
s
-1
com uma lâmina de água de 16,0 cm (B).
No inverno ocorreu a vazão de 5,20 10
-2
m
3
s
-1
com lâmina de água de 16,7 cm (C). A maior
115
vazão ocorreu no outono com 5,60 10
-2
m
3
s
-1
com profundidade de 17,3 cm (D), apresentado
um R
2
de 94,95%, com a equação y = 7,6354e
15,329x
, a curva-chave de P4 é apresentada na
figura 17.
R
2
= 0,9495
8,5
10,5
12,5
14,5
16,5
18,5
0,013 0,023 0,033 0,043 0,053
Vazão (m
3
s
-1
)
Lâmina d' água (cm)
Ponto 4
Figura 17 - Curva-chave representando o P4, nos períodos de coleta da MbaJC.
O perfil de P4 é apresentado na figura 18, com suas respectivas lâminas d’água nas
estações de amostragens.
Figura 18 - Perfil de fundo de P4, com suas lâminas d’água para as diferentes estações do ano.
D= 17.04.07; C=17.08.06; B= 23.10.06; A= 11.12.06
Em P5, a variação mostra que a primavera teve a vazão mais baixa com 1,80 10
-1
m
3
s
-1
relativa a uma profundidade de 14,0 cm (A). Pode-se observar um aumento nas vazões
para as demais estações, no outono atingiu 2,33 10
-1
m
3
s
-1
com uma lâmina de água de 16,0
cm (B). No verão apresentou vazão de 2,40 10
-1
m
3
s
-1
com lâmina de água de 16,2 cm (C). A
maior vazão ocorreu no inverno com 2,95 m
3
s
-1
com profundidade de 119 cm (D),
116
apresentado um R
2
de 98,65%, com a equação y = 13,041e
0,7504x
. A figura 19 representa a
curva-chave para P5.
R
2
= 0,998
0
20
40
60
80
100
120
140
0,150 0,650 1,150 1,650 2,150 2,650
Vazão (m
3
s
-1
)
Lâmina d' água (cm)
Ponto 5
Figura 19 - Curva-chave representando o P5, nos períodos de coleta da MbaJC
A figura 20 apresenta o perfil realizado para P5, com suas respectivas lâminas d’água
nas estações de amostragens.
Figura 20 - Perfil de fundo de P5, com suas lâminas d’água para as diferentes estações do ano.
D= 17.08.06; C=11.12.06; B= 17.04.07; A= 23.10.06
As variações espaço-temporal das vazões, nos pontos de amostragens demonstram que
a estação do outono apresentaram as maiores vazões e a primavera com as menores vazões,
onde P1 (1,6 10
-4
e 1,4 10
-4
m
3
s
-1
), P2 (5,6 10
-2
e 3,7 10
-3
m
3
s
-1
), P3 (5,3 10
-2
e 1,8 10
-2
m
3
s
1
)
e P4 (5,6 10
-2
e 1,3 10
-2
m
3
s
-1
). Para P5 a maior vazão está representada na estação de inverno
com 2,5 m
3
s
-1
e a menor na primavera com 1,810
-1
m
3
s
-1
. A comparação dos valores de
vazão demonstra que estas medidas refletem diferentes cenários em relação ao volume de
água transportada para cada época de amostragem, podendo ocorrer variações de acordo com
117
maior intensidade de chuvas, deságüe pelo esgoto doméstico e industrial e influência do
remanso do rio dos Sinos no para P5.
Os dados referente à média da velocidade do fluxo obtida nas seções realizadas para os
pontos de amostragens da MbaJC, demonstram que nos pontos de maior declive à montante,
menor a velocidade do fluxo corrente. Em P1, à montante, com uma altitude de 70 m sobre o
nível médio do mar, a velocidade é 0,03 m s
-1
, enquanto que em P7, à jusante, com uma
altitude de 3 m a velocidade correspondente é de 0,34 m s
-1
. A curva hipsométrica realizada
para o leito do arroio João Corrêa é apresentada na figura 21, onde os pontos de amostragens
estão representados pelas distâncias ocorrentes entre eles da nascente até a foz versus a
altitude medida com altímetro em cada ponto.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 1,3 2,2 3,9 5,5 6,6 7
Distância (km)
Altitude (m)
P1
P2
P3
P4
P5
P6
P7
Figura 21 - Curva hipsométrica do leito do arroio João Corrêa
A medida que a altitude diminui a velocidade aumenta, devido a bacia contribuínte.
Nos pontos em que a altitude não apresenta grandes variações a velocidade mantém-se
praticamente constante.
Os fatores como a precipitação e as vazões fluviais influenciam a qualidade da água do
arroio João Corrêa, assim como a capacidade depurativa do meio.
6.2 Caracterização da MbaJC
A figura 22 mostra o mapa confeccionado a partir dos dados referente ao levantamento
realizado na MbaJC, que possui ampla ocupação urbana. Apresentando a distribuição
espacial dos pontos de coleta, associados ao recebimento dos efluentes doméstico e industrial,
aos tipos de solos e a vegetação.
118
Para os efluentes doméstico e industrial considerou-se apenas aqueles que
apresentaram uma maior contribuição para a MbaJC.
Figura 22 - Mapa dos tipos de solos, unidades de conservação e pontos de coleta da MbaJC
119
6.3 Análises granulométricas
Os resultados obtidos nas análises do teor das frações granulométricas e da matéria
orgânica estão representados nas figuras a seguir e permitiram caracterizar cada trecho do
arroio João Corrêa, conforme a ocorrência das frações de seixo fino a muito fino, areia muito
grossa, grossa, média, fina e muito fina além de silte e argila.
Seixo fino
O seixo fino encontrou-se presente apenas em duas coletas e em dois pontos, sendo
P3, o primeiro ponto antes da canalização e o P5 o primeiro após este. Obteve-se 8,72% de
presença de seixo fino em P3, na época de seca (verão), com um nível da água baixo, a
movimentação desta neste trecho estava muito fraca. A deposição de seixo fino neste ponto se
deve a algum evento pulsátil de maior energia que ocasionou a deposição nestes dois pontos,
pois a velocidade registrada no momento da coleta não caracteriza este tipo de deposição
(Figura 23).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
P1 P2 P3 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Seixo fino (%)
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
Velocidade (m s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono Velocidade
Figura 23 - Percentual de seixo fino presente nos sedimentos de fundo, relacionado com a
velocidade da MbaJC
Em P5 ocorre à erosão e o transporte das frações de seixo fino, com 33,51% em época
de cheia.
Nos pontos em que ocorreu a presença dos seixo fino teve-se a menor concentração de
MO, nos demais pontos não foram encontrados frações para o seixo fino nas amostragens
realizadas, conforme demonstra a curva de freqüência simples. Suas porcentagens
120
independem da altitude, mas estão com correlação positiva com a velocidade da água da
MbaJC.
Seixo muito fino
A figura 24 mostra a ocorrência de seixo muito fino nas amostragens dos sedimentos
de fundo do arroio João Corrêa ocorrendo uma variação de 0,08% a 15,71% para os pontos
amostrados, as maiores concentrações foram encontradas em P3 e P5. As frações de seixo
muito fino foram plotadas no diagrama de Hjulström, onde antes da canalização em P3, com
11,72% ocorreu o transporte, e após, em P5, com 15,71% ocorreu à erosão, com alternância
para as demais estações de chuva e seca.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
P1 P2 P3 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Seixo muito fino (%)
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
Velocidade (m s-
1
)
Inverno Primavera Verão Outono Velocidade
Figura 24 - Percentual de seixo muito fino presente nos sedimentos de fundo relacionado com
a velocidade da MbaJC
Em todas as amostragens realizadas para P1, ocorreu à deposição dos seixo muito fino,
em P2, estes foram erodidos e transportados; para P3 foram transportados em todas as
estações, exceto na primavera, quando ocorreu a deposição destes. Em P5, na estação de
inverno, os seixo muito fino foram erodidos e transportados, na primavera foram depositados,
no verão transportados e no outono foram erodidos.
Areia muito grossa
As altas concentrações de areia muito grossa ocorreram em P3 e P5, onde se obteve
uma variação de 2,41% a 10,40% no sedimento amostrado (Figura 25). As frações de areia
muito grossa foram plotadas no diagrama de Hjulström, observando-se nestes pontos a
121
ocorrência da erosão em P5 e o transporte em P3. Esse fator ocorreu devido aos impactos
decorrentes do processo de canalização, e também por barreiras dentro do canal como o
acúmulo de resíduos sólidos, os quais são removidos pelo SEMAE.
0
2
4
6
8
10
12
P1 P2 P3 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Areia muito grossa (%)
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
Velocidade (m s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono Velocidade
Figura 25 Percentual de areia muito grossa presente nos sedimentos de fundo relacionado
com a velocidade da MbaJC
Em P1, para todas as amostragens realizadas constatou-se que ocorreu a deposição de
areia muito grossa, em P2 ocorreu à erosão (inverno e outono) e a erosão e o transporte
(primavera e verão). De P3 a P5 ocorreram variações entre os processos de erosão e
transporte. Onde no inverno e outono P5 erodiu, na primavera transportou e no verão erodiu e
transportou, para P3 observa-se que no inverno, verão e no outono este erodiu e transportou e
na primavera transportou.
No P7, além da interferência do rio dos Sinos, tem uma empresa que realiza a
dragagem da areia na foz do arroio João Corrêa.
Areia grossa
A areia grossa concentrou-se em P3 e P5, para todas as coletas realizadas numa
variação de 12,73% a 28,91%. Observa-se que na coleta da primeira, para P2 obteve-se
18,47% de areia grossa referente às demais amostragens realizadas (Figura 26). A areia grossa
depositou-se em P1, onde a velocidade é reduzida nas diferentes estações do ano e
consequentemente a vazão é baixa.
122
0
5
10
15
20
25
30
35
P1 P2 P3 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Areia grossa (%)
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
Velocidade (m s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono Velocidade
Figura 26 - Percentual de areia grossa presente nos sedimentos de fundo relacionado com a
velocidade da MbaJC
No inverno ocorreu em P2 e P5 o processo de erosão, em P3 as areias grossas foram
tanto erodidas como transportadas, na primavera P2 sofreram erosão e transporte. Em P3 e P5,
a areia grossa foi transportada. Na estação de verão, P3 e P5 sofreram erosão e transporte e P2
apenas erosão. No outono, em P2, P3 e P5 ocorreu erosão.
Areia média
A areia média encontrou-se presente em todos os pontos amostrados (Figura 27),
numa variação de 0,12% a 45,15%. As maiores concentrações ocorreram no P2 (33,02%),
para a primeira coleta, em P3 (43,28%) e P5 (45,15%), para as demais coletas realizadas,
onde a velocidade da corrente é menor. Por se tratar de frações psamíticas intermediária estas
acabam tendo interferências das barreiras encontradas, impedindo o seu transporte.
Em P1 ocorreu o transporte da areia média independente da estação do ano, em P2
estas foram erodidas no inverno e outono e erodidas e transportadas na primavera e verão.
Para P3, no inverno, verão e outono ocorreu à erosão e o transporte da areia média, na
primavera o transporte. No P5, para as estações de inverno e outono ocorreu erosão, na
primavera transporte e no verão a areia média foi erodida e transportada. Dados obtidos a
partir da plotagem das frações de areias médias no diagrama de Hjulström.
123
0
10
20
30
40
50
P1 P2 P3 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Areia média (%)
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
Velocidade (m s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono Velocidade
Figura 27 – Percentual de areia média nos sedimentos de fundo relacionado com a velocidade
da MbaJC
Areia fina
A presença de areia fina em toda a extensão do arroio está numa concentração variável
de 1,56% a 38,09% (Figura 28). As mais altas foram encontradas em P1 (38,09%), onde
ocorreu o transporte (verão), em P2 (24,53%) esta foi transportada (outono), assim como em
P3 (24,85%) e P5 (20,89%) onde a areia fina foi transportada (inverno).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
P1 P2 P3 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Areia fina (%)
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
Velocidade (m
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono Velocidade
Figura 28 Percentual de areia fina nos sedimentos de fundo relacionado com a velocidade da
MbaJC
124
Em P6 (9,4%) e P7 (10,34%) encontram-se as porcentagens mais baixas para as
amostragens realizadas, por serem áreas de transporte, em P7 recebe a influencia direta do rio
dos Sinos, com seu remanso, que realiza o transporte das mesmas por se tratar de areia fina.
As frações de areia fina plotadas no diagrama de Hjulström determinaram as
diferenças ocorridas para as estações de amostragens. Para P1, em todas as estações ocorreu o
transporte da areia fina. Para P2 no inverno e outono erodiu, na primavera e verão erodiu e
transportou. Em P3, no inverno, verão e outono a areia fina foi erodida e transportada e na
primavera foram transportadas. Em P5 erosionou no inverno e outono, transportou na
primavera e erodiu e no verão transportou.
Areia muito fina
A areia muito fina predominou na maioria dos pontos, variando sua porcentagem de
1,73% a 40,67% (Figura 29). As frações mais altas de areia muito fina foram encontradas nas
amostragens realizadas para P1 (31,23%) e P6 (40,67%).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
P1 P2 P3 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Areia muito fina (%)
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
Velocidade (m s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono Velocidade
Figura 29 - Percentual de areia muito fina nos sedimentos de fundo relacionado com a
velocidade da MbaJC
Em P1 ocorreu o transporte da areia muito fina. Em P2, no inverno e outono, estas
foram erodidas e na primavera e verão foram erodidas e transportadas respectivamente. Em
P3, no inverno e outono, a areia muito fina foi erodida e transportada e na primavera e verão
foram transportadas. Para P5, no inverno ocorreu à erosão e o transporte da areia muito fina,
no outono a erosão destas e na primavera e no verão o transporte.
125
Ao relacionar a areia muito fina com a altitude e a vazão constatou-se que quanto mais
elevada à altitude e menor a vazão, maiores são as porcentagens encontradas para as areias
muito fina.
Silte e Argila
O silte e as argila são formados pelas frações menores que 0,062 mm em diâmetro,
segundo Wenthworth (1922), por isso acabam se depositando nos pontos em que ocorre uma
menor movimentação da água. Nos locais de maior hidrodinâmica, são transportados como
carga em suspensão, como o que ocorreu em P3 (4,88%) e P5 (11,19%). Em P6 e P7 estas
apresentaram as maiores porcentagens de 78,29% e 96,17%, respectivamente (Figura 30).
0
20
40
60
80
100
120
P1 P2 P3 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Silte/Argila (%)
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
Velocidade (m s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono Velocidade
Figura 30 - Percentual de silte e argila presente nos sedimentos de fundo relacionado com a
velocidade da MbaJC
Na relação realizada com as porcentagens de silte e argila com a altitude, observou-se
que quanto menor o declive da área, maior é o acúmulo destas frações, mesmo estando numa
área em que a vazão eleva-se, como ocorreu em P6 e P7.
As frações de silte e argila foram plotadas no diagrama de Hjulström, sendo estas
transportadas a partir de P1, em P2 no inverno sofreu o processo de erosão, em P2 e P5 no
outono ocorreu à erosão e o transporte, para as estações da primavera e verão ocorreu o
transporte do silte e da argila.
126
Matéria orgânica
Os teores de matéria orgânica diferem entre os pontos de coletas nas diferentes
amostragens realizadas, estas variaram de 1,12 a 10,75% (Tabela 19).
TABELA 19:
Resultados dos teores de MO nas diferentes épocas de amostragem
Matéria orgânica (%)
Amostragem P1 P2 P3 P5 P6 P7
Inverno 2,10 1,29 1,31 3,12 9,91 10,75
Primavera 1,98 2,18 1,71 1,12 6,90 2,21
Verão 2,23 1,61 1,31 1,71 4,05 3,53
Outono 5,52 2,80 1,18 3,08 5,46 ----
Nos pontos onde a vazão se manteve praticamente constante, os teores de matéria
orgânica acompanham a mesma tendência. Nos pontos em que a vazão se elevou à MO
também aumentou.
Na figura 31 observa-se que as variações ocorrentes da MO em P1 devem ser de
origem vegetal, pois o ponto encontra-se dentro da Reserva Florestal Balbuino Rambo, em
Sapucaia do Sul. Nos demais pontos sua origem é proveniente de esgotos e resíduos sólidos
lançados diretamente no arroio João Corrêa.
0
2
4
6
8
10
12
P1 P2 P3 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Matéria orgânica (%)
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
Velocidade (m s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono Velocidade
Figura 31 - Percentual da matéria orgânica do sedimento relacionada com a
velocidade da MbaJC
Na primeira coleta realizada no inverno (17.08.06), o nível no arroio estava alto
ocorrendo um grande pico de P5 (3,12%) para P7 (10,75%) nas concentrações de MO, onde a
127
mesma depositou-se, o que não ocorreu na última coleta no outono (17.04.07), também
realizada em época de cheia. Nota-se que ocorrem um acréscimo em suas concentrações de P3
(1,18%) para P6 (5,46%), mas com teores menos acentuados do que no inverno.
Os altos teores da MO foram encontrados em P6, os quais variaram de 5,46 a 9,91%
para todas as coletas realizadas, independente do nível da água do arroio João Corrêa. Mesmo
nas épocas de cheias, não se observou à movimentação da corrente, antes da casa de
máquinas, que serve como dispositivo de contenção de enchentes. O maior contribuinte das
altas concentrações da MO em P6 é o efluente do bairro São Miguel, que está localizado a
100 m do ponto onde as coletas foram realizadas.
As interferências ocorreram apenas em P7 (foz do arroio João Corrêa), quando as
águas do rio dos Sinos avançaram até a casa de máquinas movimentando o sedimento do
fundo. Não constam os teores para outono em P7, pois o sedimento foi erodido pela
correnteza do rio dos Sinos, sendo arrastado pelo mesmo, o que impediu a realização da
coleta.
Existe uma correlação positiva entre as concentrações de matéria orgânica e a presença
de siltes e argilas (Figura 32). Na composição granulométrica dos sedimentos analisados do
arroio João Corrêa (Apêndice D), verifica-se que as frações granulométricas estão distribuídas
ao longo do arroio, apresentando baixas e altas concentrações, exceto para os seixos muito
finos presentes só em P3 e P5 (Tabela 20).
0
20
40
60
80
100
P1 P2 P3 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Silte e Argila (%)
0
2
4
6
8
10
12
Matéria orgânica (%)
Inverno Primavera Verão Outono
Inverno Primavera Verão Outono
Figura 32 – Relação das frações de siltes e argilas com a matéria orgânica presentes nos
pontos de amostragens de fundo da MbaJC.
Colunas: Silte e Argila; Curvas: Matéria orgânica
128
TABELA 20:
Ocorrência das maiores concentrações da granulometria de sedimento para os pontos
de amostragem ao longo da MbaJC
Pontos de amostragem
Intervalos granulométricos
P1 P2 P3 P5 P6 P7
Seixo fino = 4 mm 0 0 8,72 33,51 0 0
Seixo muito fino = 2 mm 3,57 2,67 11,52 15,71 0,19 0,28
Areia muito grossa =1 mm 3,89 2,18 10,40 10,07 0,24 1,00
Areia grossa = 0,50 mm 4,24 18,47 27,40 28,91 6,90 4,17
Areia média = 0,25 mm 6,98 33,02 43,28 45,15 4,93 3,81
Areia fina = 0,125 mm 38,09 24,53 24,85 20,89 9,40 10,34
Areia muito fina = 0,062 mm 31,23 27,52 17,58 8,72 40,67 27,57
Silte/Argila < 0,0062 53,50 51,64 4,88 11,19 78,29 96,17
As análises granulométricas dos sedimentos apontaram diferenças entre os pontos
amostrados. As porcentagens de areias grossas e médias são predominantes em P3 e P5. Para
as areias grossas ocorre uma variação mínima de 27,40% a 28,91%, no caso das areias médias
a variação é de 43,28% a 45,15%, pontos onde ocorreu a erosão, e/ou, a erosão e o transporte
destas. Em P1, P2, P6 e P7, os siltes e as argilas predominaram com 51,64% a 96,17%, por se
tratar do material mais fino este foi transportado como carga em suspensão, sendo
transportado em P1 (53,5%), erodido e transportado em P2 (51,64%) e P3 (4,88%),
predominando o transporte em P5 (11,19%), em P6 (78,29%) e P7 (96,17%) onde
apresentaram as maiores frações granulométricas.
Os teores de MO variaram ao longo das coletas realizadas, a porcentagem mais baixa
foi encontrada em P3 (1,71%), os valores mais altos encontrados estão representados em P6
(9,91%) e P7 (10,75 %), sendo transportados dos pontos anteriores e depositados em P6 e P7.
Nos pontos P3 e P5, onde ocorreu uma maior concentração de seixos finos as
concentrações de MO é menor, sendo esta transportada no material em suspensão, juntamente
com os siltes e a argilas, por se tratarem dos materiais mais finos.
Observou-se que a ocorrência de seixos finos e muito finos, areias muito grossas e
grossas são menores que as porcentagens encontradas para areias média, fina, muito fina,
siltes e argilas, esse fato está associado ao tipo de solo encontrado na área de estudo.
As figuras 33, 34, 35 e 36 apresentam a classificação das frações granulométricas
aplicadas no diagrama de Hjulström, para as diferentes estações de amostragens inverno
(17.08.06), primavera (23.10.06), verão (11.12.06) e outono (17.04.07). No diagrama foi
relacionado o diâmetro da partícula do sedimento de fundo com a velocidade média para a
MbaJC.
129
Figura 33 - Distribuição da granulometria versus a velocidade média plotadas no diagrama de
Hjulström no inverno
Figura 34 - Distribuição da granulometria versus a velocidade média plotadas no diagrama de
Hjulström na primavera
130
Figura 35 - Distribuição da granulometria versus a velocidade média plotadas no diagrama de
Hjulström no verão
Figura 36 - Distribuição da granulometria versus a velocidade média plotadas no diagrama de
Hjulström no outono
131
6.4 Análise das variáveis químicas dos sedimentos de fundo da MbaJC
Os metais pesados analisados nos sedimentos de fundo foram Cd, Cr, Ni, Pb e o
elemento P. Os resultados obtidos são apresentados no apêndice E, e representados nos
histogramas a seguir, para cada uma das variáveis obtidas. Os mesmos foram classificados
conforme U.S.EPA (apud POLETO e GONÇALVES, 2006), os valores de referência estão no
apêndice E.
Cádmio
O cádmio (Cd) encontrou-se presente em todas as amostragens realizadas ao longo do
arroio João Corrêa (Figura 37), oscilando na maioria das coletas realizadas, mantendo-se
constante apenas na coleta do outono. Relacionando a média da vazão com a concentração de
Cd observa-se que a mesma não exerce influência na distribuição deste metal.
Os valores de Cd, quando comparados com os intervalos granulométricos de silte e
argila percebeu-se uma semelhança nas amostragens realizadas para primavera, determinando
que os teores de cádmio nesta estação foram transportados em suspensão nas partículas de
silte e argila por ação mecânica.
0
2
4
6
8
10
12
P1 P2 P3 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Cádmio (µg g
-1
)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Vazão MP (mín.)
Figura 37 - Variações das concentrações de cádmio nas amostragens de sedimento de fundo
da MbaJC relacionado com a vazão e o valor de referência de poluição.
MP: Muito poluído
As maiores concentrações encontradas de Cd nos sedimentos ocorreram em P2 (9,8 µg
g
-1
) e P7 (9,6 µg g
-1
) em diferentes amostragens, sendo a primeira realizada na primavera e a
segunda no inverno. Observa-se que para as coletas realizadas na primavera e no verão as
132
concentrações de cádmio apresentaram uma queda em P5 e elevaram-se até o P7, onde se
encontram os valores máximos dentro de cada uma das amostragens realizadas, com exceção
da coleta realizada na primavera, em que os maiores concentrações de cádmio estão presentes
em P1 e P2, com queda até P5. Observa-se que nos pontos onde ocorreu o recebimento de
efluentes domésticos (P2 e P6), apenas as coletas realizadas no verão apresentaram seus
valores inferiores para a classificação de muito poluído.
De acordo com os valores de referência da U.S.EPA (apud POLETO e
GONÇALVES, 2006), os sedimentos encontram-se poluídos, quando apresentarem teores
acima de 6 µg g
-1
. Neste caso as análises realizadas no inverno apresentaram teores elevados
por cádmio, atingindo estas o mínimo de muito poluído (MP), e para as amostragens
realizadas na primavera apenas em P1, P2 e P7. Não são estipulados valores para o Cd nas
faixas não poluído e moderadamente poluído.
Cromo
O cromo apresentou suas maiores concentrações entre P6 (75,6 µg g
-1
) e P7 (109,7 µg
g
1
), em coleta realizada na época em que o nível de lâmina d’água encontrava-se baixo, para
ambas as coletas. As demais amostragens, conforme a figura 38 apresentou pequenas
oscilações de P1 a P5, após observa-se um acréscimo em suas concentrações até P7. Suas
concentrações mais elevadas ocorreram em P6 e P7, pontos localizados abaixo da zona
industrial.
0
20
40
60
80
100
120
P1 P2 P3 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Cromo (µg g
-1
)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Vazão NP (máx.) MDP (mín.) MP (mín.)
Figura 38 - Variações das concentrações de cromo nas amostragens de sedimento de fundo da
MbaJC relacionado com a vazão e os valores de referência de poluição.
NP: Não poluído; MDP: Moderadamente poluído; MP: Muito poluído
133
Comparando os teores obtidos de Cr com a média da vazão para a MbaJC, observa-se
que os valores destes eleva-se à medida que a vazão aumenta, o acúmulo deste metal em P6 e
P7 determina que o mesmo está sendo transportado juntamente com as partículas de silte e
argila. As maiores porcentagens foram encontradas nestes pontos assim como a matéria
orgânica.
O cromo apresentou altas concentrações em P6 e P7 e de acordo com estes teores
possui diferentes classificações, conforme a época de amostragem. No inverno classifica-se
como moderadamente poluído (MDP), quando o nível estava alto, também na primavera com
nível baixo, já P7, na primavera apresentou valores que se enquadra em muito poluído (MP).
Assim como no verão para ambos os pontos. Apresenta em P7 34,0% a mais do que seu valor
limite que é de 25 a 75 µg g
-1
, segundo a U.S.EPA (apud POLETO e GONÇALVES, 2006).
Níquel
As concentrações mais altas de níquel foram encontradas em P6 (18,20 µg g
-1
) e P7
(17,80 µg g
-1
), ambas realizadas no inverno, pontos localizados abaixo da zona industrial.
O Ni apresentou seus valores menores que 20, classificando como não poluído (NP)
(Figura 39), de acordo com os valores de referência para a classificação dos sedimentos
(U.S.EPA apud POLETO e GONÇALVES, 2006). Segundo Soares et al.(2004), os teores
elevados de Ni no meio ambiente são devido as fontes pontuais, sendo as águas residuárias
municipais, os efluentes industriais e a queima de combustíveis fósseis os maiores
contribuintes para a elevação de seus teores.
0
5
10
15
20
25
P1 P2 P3 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Níquel (µg g
-1
)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Vazão NP (máx.) MDP (mín.)
Figura 39 - Variações das concentrações de níquel nas amostragens dos sedimentos de fundo
da MbaJC relacionado com a vazão e os valores de referência de poluição.
NP: Não poluído; MDP: Moderadamente poluído
134
Relacionando os valores de Ni com a média da vazão obtida para a MbaJC observa-se
que esta exerce uma pequena influência no transporte deste metal. As análises nas estações do
verão (P5, P6 e P7) e primavera não foram realizadas por problemas técnicos no ICP-AES da
UNISINOS, o conserto do equipamento excedeu a seis meses, que é o prazo de validade das
amostras.
Chumbo
As maiores concentrações de chumbo nos sedimentos estão presentes em P6 (36,1 µg
g
-1
) e P7 (59,8 µg g
-1
), ambas as coletas realizadas na época de seca (primavera e verão),
sendo estes pontos localizados após a zona industrial da MbaJC.
Observa-se na figura 40, que ocorreu oscilações nos teores de chumbo para todas as
amostragens realizadas nos diferentes pontos, com exceção de P1, que manteve praticamente
constante seus teores.
0
10
20
30
40
50
60
70
P1 P2 P3 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Chumbo (µg g
-1
)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Vazão NP (máx.) MDP (mín.) MP (mín.)
Figura 40 - Variações das concentrações de chumbo nas amostragens dos sedimentos de
fundo da MbaJC relacionado com a vazão e os valores de referência de poluição.
NP: Não poluído; MDP: Moderadamente poluído; MP: Muito poluído
Os teores mais elevados e preocupantes estão em P6 e P7. Relacionando os teores
obtidos para o Pb com a média da vazão nota-se que seus valores se elevaram à medida que a
vazão aumentou, determinando assim o mesmo comportamento que ocorreu com silte, argila
e a matéria orgânica, sendo estes transportados no material em suspensão de montante para
jusante.
135
O chumbo apresentou duas de suas análises quase no limite para ser classificado como
moderadamente poluído (MDP), segundo os dados da U.S.EPA (apud POLETO e
GONÇALVES, 2006), os valores de referência são de 40 a 60 µg g
-1
.
Fósforo
O fósforo oscilou em todas as amostragens realizadas para os diferentes pontos de
coleta (Figura 41). Observa-se altas concentrações nos sedimentos analisados em P1,
decaindo em P2, voltando a subir em P3 e P5 e tendo um acréscimo com pico mais elevado
para P6 e decaindo novamente em P7, mas manteve-se com suas concentrações elevadas,
tanto em P6 como em P7. As maiores concentrações foram encontradas em P6 (719,1 e 1.077
µg g
-1
).
Segundo Branco (1978) os despejos orgânicos, especialmente esgotos domésticos
podem enriquecer as águas com a presença de fósforo. Este por sua vez pode ter acumulado-
se no sedimento presente em P6, pois o aumento de suas concentrações é justamente no final
da área urbana, onde recebe diretamente os efluentes dos bairros Vicentina e São Miguel. O
decaimento em P7 se relaciona com o remanso parcial com capacidade de maior diluição.
0
200
400
600
800
1000
1200
P1 P2 P3 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Fósforo (µg g
-1
)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Vazão NP (máx.) MDP (mín.) MP (mín.)
Figura 41 - Variações das concentrações de fósforo nas amostragens dos sedimentos de fundo
da MbaJC relacionado com a vazão e os valores de referência de poluição.
NP: Não poluído; MDP: Moderadamente poluído; MP: Muito poluído
Comparando as concentrações de fósforo com a média da vazão da MbaJC observa-se
que a medida que a vazão aumentou os teores de P também aumentaram. Segundo Libânio
(2005) o fósforo encontra-se sob diferentes formas de fosfato, sendo uma delas o fosfato
orgânico. Os valores elevados de P encontrados em P1 são decorrentes do fosfato orgânico
136
que origina a decomposição da matéria orgânica, consequentemente elevando os teores de
fósforo.
As concentrações de fósforo encontradas para P6 e P7 em todas as coletas realizadas
nas diferentes estações do ano o classificam como muito poluído. O P1 também apresentou
valores elevados na coleta realizada no inverno determinando que nesta época enquadrava-se
como moderadamente poluído (MDP).
Segundo U.S.EPA (apud POLETO e GONÇALVES, 2006), os valores de referência
para sedimento muito poluído (MP) são > 650 µg g
-1
e de 420 a 650 µg g
-1
para
moderadamente poluído (MDP).
6.5 Análise das variáveis da água da MbaJC
Porto et al. (1991) considera que as alterações da qualidade da água representam uma
das maiores evidências do impacto das atividades humanas sobre a biosfera.
Os índices físicos, químicos e biológicos são utilizados para descrever, relatar e
controlar as condições do meio ambiente. Os resultados e as discussões destas variáveis para
as águas do arroio João Corrêa são apresentadas a seguir e suas análises laboratoriais
encontram-se no apêndice F (UNISINOS) e anexo B (SEMAE).
6.5.1 Análises físicas da água
A seguir serão apresentados os resultados e discussões referentes a condutividade, cor
aparente, odor, sólidos dissolvidos totais, temperatura e turbidez.
Condutividade
Os dados obtidos para a condutividade (Apêndice G) apresentaram oscilações em
todas as análises realizadas, com exceção de P1, que se mantiveram muito próximas para
todas as amostragens realizadas, característica de área com background. Os níveis mais
elevados foram encontrados em P5 na primavera, quando atingiu 771 µS cm
-1
e no verão com
706 µS cm
-1
, sendo este ponto localizado abaixo da zona industrial e das liberações dos
resíduos da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).
A MbaJC está inserida na área urbana e recebe diferentes efluentes domésticos dos
bairros formadores, assim como efluentes industriais e os resíduos da ETE, seus valores não
137
atingiram os máximos, mas estão acima dos valores para águas naturais. Segundo Gastaldini e
Mendonça (2001) as águas naturais podem apresentar valores inferiores a 100 µS cm
-1
e
aquelas que recebem efluentes domésticos e industriais podem atingir a 1.000 µS cm
-1
.
Cor aparente
A cor aparente das águas do arroio João Corrêa apresentou altas variações, nas coletas
realizadas, apenas P1, P2 e P3 ficaram dentro do valor máximo permitido por lei, que é 75 mg
Pt L
-1
(CONAMA, 2005) em coleta realizada no inverno. As demais coletas apresentaram
concentrações elevadas, ou seja, uma coloração mais intensa, dados também obtidos nas
demais estações do ano (Figura 42).
Segundo Kleerekoper (1990), a cor da água é resultado das partículas em suspensão e
de substâncias dissolvidas. Um dos maiores contribuintes para a coloração das águas do arroio
João Corrêa foram as partículas em suspensão, como o silte, argila e matéria orgânica
encontrados em teores elevados. O lançamento da ETE (P5) também deve ter contribuindo
para as altas concentrações de cor, pois os resíduos lançados apresentaram uma coloração
preta.
0
100
200
300
400
500
600
700
800
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Cor aparente (uH)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono Classe 2 e 3 (máx.)
Figura 42 - Variações da cor aparente nas amostragens de água da MbaJC
Os valores mais elevados foram encontrados em P5 (780 e 770 uH). Para a última
coleta não foi possível realizar as análises para P5, P6 e P7, pois estas excederão o limite
máximo de leitura do equipamento utilizado. Segundo CONAMA (2005), os valores padrões
138
é 75 uH para a classe 2 e 3. Mas de acordo com a Portaria Nº 518/04 a VMP deve ser de 15
uH.
Odor
O odor foi uma característica sentida para a maioria dos pontos de amostragens da
água, com maior ou menor intensidade, assim como a presença de outras substâncias que
também podem ter contribuindo para a produção dos fortes odores nas águas do arroio João
Corrêa, devido à liberação dos efluentes domésticos (Figura 43 e 44) e resíduos da ETE
(Figura 45) diretamente no arroio.
Figura 43 - Contribuição de efluente do bairro Santa Tereza próximo a P3 na MbaJC
Figura 44 - Contribuição de efluente do bairro São Miguel próximo a P6 na MbaJC
139
Figura 45 - Contribuição de efluente da ETE próximo ao P5 na MbaJC
A tabela 21 apresenta as características sentidas ou observadas, as quais foram
classificadas entre mínimo, médio, máximo para os odores, e quanto à presença de outras
substâncias detectadas (como materiais flutuantes, espumas, óleos e graxas) e não detectadas.
Segundo o Brasil (2004), as águas não devem apresentar odores, sendo não objetáveis.
Para o CONAMA (2005), coloca que substâncias que comuniquem gosto ou odor, óleos e
graxas, materiais flutuantes inclusive espumas não naturais devem estar virtualmente ausentes
para todas as classes (1, 2 e 3).
TABELA 21:
Características sentidas e observadas durante a realização das amostragens
Pontos de coleta Odor da água Outras substâncias
P1 ND ND
P2 TMe ND
P3 TMi D
P4 TMe D
P5 TMa D
P6 TMa D
P7 TMe D
TMi: teor mínimo; TMe: teor médio; TMa: teor máximo; D: detectada; ND: não detectado
Sólidos dissolvidos totais
Nas coletas realizadas em P1 suas concentrações apresentaram variações mínimas de
105 a 137 mg L
-1
, nas demais coletas ocorreram oscilações de 45 a 501 mg L
-1
. Suas maiores
140
concentrações foram em P5 (501 mg L
-1
e 460 mg L
-1
), em coletas realizadas na primavera e
no verão, quando o nível da água do arroio João Corrêa encontrava-se baixo (Apêndice G).
A presença de partículas sólidas afeta entre outros fatores a cor e a turbidez da água
(BRANCO, 1978), as quais apresentaram em algumas das amostragens valores elevados.
Segundo Resolução do CONAMA Nº 357/05 os resultados estão em conformidade
com o VMP de sólidos dissolvidos totais, que estabelece um limite máximo de 500 mg L
-1
.
No caso das águas para o consumo humano é de 1.000 mg L
-1
, sendo a Portaria do Ministério
da Saúde Nº 518/04 menos restritiva em suas recomendações.
Temperatura
A temperatura da água apresentou variação dentro de cada análise realizada de 19 °C a
36 °C, as mais baixas foram detectadas em P1 e a mais alta em P3, levando-se em conta
também às condições meteorológicas, no dia em que a coleta foi realizada, as quais se
mantiveram entre 20 °C e 41 °C. Para as amostragens realizadas observou-se que estas
aumentaram à medida que se distanciaram de P1, diminuíram em P4, por estar na sombra
entre prédios, voltando a aumentar em P5 e diminuindo novamente de P6, em direção a P7,
devido a influência do rio dos Sinos (Apêndice G).
No outono foram medidas as temperaturas mais altas para as águas da MbaJC, as quais
variaram de 28 °C a 36 °C. A temperatura influência também os processos físicos, químicos e
biológicos, afetando as concentrações de diversas variáveis, causando também o aumento da
demanda de oxigênio e da decomposição de matéria orgânica (PORTO et al., 1991;
GASTALDINI e MENDONÇA, 2001), as quais também sofreram aumento em suas
concentrações em P5.
Turbidez
A turbidez manteve uma variação de 8,9 uT a 79 uT, com exceção de P5, P6 e P7 para
a coleta realizada no outono, onde se obteve valores superiores a 3.000 uT (Figura 46).
A
maior parte dos pontos coletados não excederam os VMPs por lei. Segundo o CONAMA
(2005) são de até 40 UNT para a classe 1 e 100 UNT para as classes 2 e 3.
141
1
10
100
1000
10000
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Turbidez (uT)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão
Outono Classe 1 Classe 2 e 3
Figura 46 - Variações da turbidez nas amostragens da água da MbaJC.
Em verde: VMP para classe 1; Em laranja: VMPs para as classes 2 e 3
As elevações nos índices da turbidez nestes pontos podem ter sido provenientes da
matéria em suspensão na água como argila, silte e matéria orgânica as quais alteraram sua
transparência, visto que estes três pontos encontram-se após a liberação da ETE, e no dia
destas amostragens os resíduos do tratamento do esgoto estavam sendo liberados. Segundo
Porto et al. (1991) e Braga et al. (2002) a turbidez da água é decorrente da presença de
matéria em suspensão. Essas partículas transportam matéria orgânica adsorvida que podem
causar cor, sabor e odor.
6.5.2 Análises químicas da água
A seguir serão apresentados os resultados e discussões referentes a alcalinidade,
alumínio, bário, cádmio, carbono inorgânico livre, cobre, cloreto, cromo hexavalente,
chumbo, demanda bioquímica de oxigênio, demanda química de oxigênio, dureza, ferro total,
fosfato total, fósforo total, matéria orgânica, manganês, nitrato, nitrito, oxigênio dissolvido,
potencial hidrogeniônico, potencial redox, sulfato e zinco total.
Alcalinidade
Os teores de alcalinidade apresentaram valores semelhantes para duas das coletas
realizadas. Apresentando as menores concentrações em P1 para todas as coletas e uma para
P7. Os valores mais elevados foram encontrados em P5 (265 e 248 mg L
-1
) para duas
amostragens, ambas realizadas na época de seca (Apêndice G).
142
A alcalinidade das águas da MbaJC é proveniente de bicarbonato, pois de acordo com
Libânio (2005) as formas de alcalinidade que podem ocorrer no sistema hídrico é decorrente
do pH, e quando este apresentar valores entre 4,4 e 8,3 é apenas bicarbonato. Os valores do
pH para a MbaJC variaram de 6,9 a 7,6.
Segundo EPA (2006) não se pode estabelecer valores padrões para a alcalinidade uma
vez que esta pode ser influenciada por outros constituintes.
Alumínio
O alumínio oscilou de 0,01 a 0,90 mg L
-1
entre as coletas realizadas, conforme nos
mostra a figura 47. Os valores mais altos foram constatados em P1 (0,537 mg L
-1
) e P2 (0,900
mg L
-1
), para diferentes coletas, mas ambas realizadas na época de seca.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Alumínio (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão
Outono Classe 1 e 2 Classe 3
Figura 47 - Variações de alumínio nas amostragens de água da MbaJC.
Em verde: VMPs para as classes 1 e 2; Em laranja: VMP para a classe 3
Nas análises realizadas em agosto de 2006 percebe-se que se mantêm praticamente
constantes ao longo das coletas realizadas com exceção de P7 (0,309 mg L
-1
), que apresentou
seus valores acima do VMP por lei que é 0,1 mg L
-1
(CONAMA, 2005). Para as demais
coletas ocorreram variações de 0,108 mg L
-1
a 0,900 mg L
-1
em suas concentrações, estando
apenas P3 e P4 dentro dos padrões dos corpos de água doce. A Resolução do CONAMA Nº
357/05 estabelece os valores máximos de 0,1 mg L
-1
para a classe 1 e 2 e de 0,2 mg L
-1
para a
classe 3.
143
Segundo os valores determinados pela CONSEMA (2006) de 10 mg L
-1
para a
liberação de efluentes industriais, o P4 onde se encontra a liberação de efluente industrial na
MbaJC, apresenta seus valores abaixo do estipulado pela Resolução Nº 128/06.
rio
O bário foi encontrado em maiores concentrações entre P2 a P7, variando de 3,55 mg
L
-1
a 7,8 mg L
-1
, para coletas realizadas na primavera e no outono. Para as demais análises
apresentaram pequenas variações em suas concentrações, de acordo com o CONAMA (2005),
apenas a primeira coleta para todos os pontos amostrados mantiveram-se dentro dos padrões
permitido, que são de 0,7 mg L
-1
.
Na figura 48 observa-se que as amostragens realizadas na primavera, com exceção de
P1 (0,48 mg L
-1
) e P6 (0,7 mg L
-1
), no verão P1 (0,3 mg L
-1
), P6 (0,5 mg L
-1
) e P7 (0,6mg L
-1
)
e no outono apenas P1 (0,55 mg L
-1
) com valores abaixo do permitido, as demais
apresentaram seu VPM para a classe 3, que segundo o CONAMA (2005) deve ser de 1,0 mg
L
-1
.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Bário (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão
Outono Classe 1 e 2 (máx) Classe 3 (máx)
Figura 48 - Variações de bário nas amostragens de água da MbaJC.
Em verde: VMPs para as classes 1 e 2; Em laranja: VMP para a classe 3
Para os lançamentos de efluentes segundo a CONSEMA (2006) é de 5 mg L
-1
, onde
P4 (7,0 mg L
-1
), P5 (7,5 mg L
-1
) e P6 (6,5 mg L
-1
) apresentaram valores superiores aos VMPs
nas amostragens realizada no outono, onde está presente o local de liberação de efluentes
industrial e doméstico no arroio João Corrêa.
144
Cádmio
As concentrações de cádmio oscilaram de 0,003 mg L
-1
a 0,058mg L
-1
entre todas as
coletas realizadas, conforme figura 49. As menores concentrações foram encontradas em P3,
P4 e P7 para a coleta realizada em agosto de 2006, no período de cheia. As maiores
concentrações foram obtidas em P5 (0,058 mg L
-1
) e P7 (0,053 mg L
-1
), em diferentes coletas
realizadas, sendo a primeira primavera e a segunda no outono.
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Cádmio (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s-1)
Inverno Primavera Verão
Outono Classe 1 e 2 (máx.) Classe 3 (máx.)
Figura 49 - Variações de cádmio nas amostragens de água da MbaJC.
Em verde: VMPs para as classes 1 e 2; Em laranja: VMP para a classe 3
A presença do Cd em teores elevados é preocupante por se tratar de um elemento
considerado metal pesado muito tóxico (EMBRATEL, 1983; DERISIO, 2000). Todos os
teores encontrados para o cádmio estão acima dos valores estipulados pelo CONAMA (2005),
que é de 0,001 mg L
-1
para as classes 1 e 2 e de 0,01 para a classe 3. Já no caso de efluentes
industriais, os valores estão abaixo do permitido pela CONSEMA (2006) são de 0,1 mg L
-1
.
Carbono inorgânico livre
Para as concentrações de CO
2
livre observam-se variações entre todas as coletas
realizadas para todos os pontos. A maioria das amostragens realizadas apresentou altas
concentrações, porém os valores mais elevados estão representados em P7 (37,44 mg L
-1
)
para os dados obtidos no verão, na estação de seca, o que não ocorreu na última coleta em que
seus valores apresentaram pequenas variações (Apêndice G).
Os principais formadores de CO
2
na água é decomposição da matéria orgânica no
fundo ou nas margens, a respiração dos organismos que ali vivem, assim como, a oxidação de
145
restos de organismos mortos, dejetos domésticos e industriais (KLEEREKOPER, 1990). Com
exceção de P1, os demais pontos da MbaJC recebem efluentes doméstico e industrial.
Cobre
O maior valor de cobre encontrado nas amostragens do arroio João Corrêa foi em P5
(4,450 mg L
-1
), conforme se observa na figura 50. Para as demais coletas os valores também
se encontram acima do VMP por lei que é de 0,009 mg L
-1
para a classe 1 e 2, de 0,013 para a
classe 3, e de 1 mg L
-1
para o lançamento de efluentes (CONAMA, 2005). Os valores
elevados para P4 e P5 podem ser decorrentes do lançamento de efluentes industriais.
0
1
2
3
4
5
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Cobre (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Figura 50 - Variações de cobre nas amostragens da água da MbaJC
O cobre quando presente nas águas superficiais pode apresenta-se na forma de cloreto,
sulfato e nitrato sendo muito solúvel na água, o mesmo não ocorre quando este se apresenta
na forma de carbonato, hidróxido, óxido e sulfeto. Os íons de cobre, quando em águas que
apresentam um pH igual ou maior do que 7, precipitam o carbonato e o hidróxido sendo
removíveis por absorção ou sedimentação. Desse modo suas concentrações em águas naturais
são baixas (BATALHA e PARLATORE, 1977).
Cloreto
Nas concentrações de cloreto são observadas pequenas variações (35 mg L
-1
a 57,98
mg L
-1
) em todas as coletas realizadas (Apêndice G). As concentrações mais altas foram
encontradas em P4 (58,98 mg L
-1
) e P7 (57,98 mg L
-1
).
146
Os valores encontrados de cloreto estão bem abaixo dos valores máximos permitidos
que é de 250 mg L
-1
(CONAMA, 2005). Segundo Von Sperling (2005), quando presente nas
águas umas das origens pode ser a antropogênica por despejos domésticos ou industriais.
Cromo hexavalente
A figura 51 apresenta as concentrações de cromo hexavalente (Cr
6+
), foram detectados
altos valores em P3 (0,11 mg L
-1
). De acordo com Derisio (2000), a presença do Cr
6+
na água
é devido ao despejo de indústrias que utilizam processos de cromagem de metais,
galvonoplastia, soldagens entre outras atividades.
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Cromo hexavalente
(mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Classe 1, 2 e 3 (máx.)
Figura 51 - Variações do cromo hexavalente nas amostragens de água da MbaJC.
Em verde: VMPs para as classes 1, 2 e 3
O VMP do cromo total é de 0,05 mg L
-1
(CONAMA, 2005), observa-se que três das
sete coletas realizadas na primavera apresentaram variações de 0,055 mg L
-1
a 0,088 mg L
-1
,
uma no verão (0,054 mg L
-1
) e uma no outono (0,11 mg L
-1
) apresentando seus valores acima
do valor permitido.
Chumbo
O chumbo apresentou suas maiores concentrações em P5, em duas das coletas
realizadas, na primavera e no outono, onde alcançaram o valor de 0,33 mg L
-1
para ambas as
análises realizadas e estas possuem um decréscimo em seus valores atingindo 0,09 mg L
-1
e
0,08 mg L
-1
, em P6. Nas amostragens realizadas na primavera, o nível encontrava-se baixo e
no outono, o nível da água estava alto.
147
A figura 52 expõe os VMP por lei, para as classes 1, 2 e 3, segundo CONAMA
(2005). As amostragens realizadas nas diferentes estações encontram-se todas acima dos
valores permitidos, para as classes 1 e 2, que deve ser de 0,01 mg L
-1
e para a classe 3 de
0,033 mg L
-1
.
Para os valores estabelecidos pela Resolução do CONSEMA Nº 128/06 de 0,2 mg L
-1,
pode-se observar que em P5 as amostragens da primavera e outono encontraram-se acima do
permitido para a liberação de efluentes líquidos.
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Chumbo (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão
Outono Classe 1 e 2 (máx.) Classe 3 (máx.)
Figura 52 - Variações de chumbo nas amostragens de água da MbaJC.
Em verde: VMPs para as classes 1 e 2; Em azul: VMP para a classe 3
Demanda bioquímica de oxigênio
Nos valores obtidos nas análises da demanda bioquímica de oxigênio ocorreram
variações, onde se obteve o menor valor na amostragem realizada, na primavera, para P1, com
4,7 mg L
-1
, e mais elevada no outono, para P7, com 255 mg L
-1
(Figura 53).
Os valores máximos permitidos para a DBO
5
são de 3 mg L
-1
para a classe 1, de 5 mg
L
-1
para a classe 2 e de 10 mg L
-1
para a classe 3 (CONAMA, 2005), de acordo com a figura
53. As amostragens realizadas para P1 excederam a VMP da classe 1, os demais pontos
excederam os valores máximos da classe 3, com exceção da coleta realizada no inverno, para
P7 que ficou acima do limite máximo da classe 2.
De acordo com a FEPAM (2006) as elevações da DBO
5
em corpos de água são
provocadas por despejos de origem predominantemente orgânica. Com o aumento da DBO
5
diminui as concentrações de OD, fato este constatado para a MbaJC nas diferentes estações de
148
amostragens, o qual pode estar ligado com o lançamento dos efluentes com alta carga
orgânica, o que provocou um aumento nas concentrações de DBO
5
.
1
10
100
1000
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
DBO
5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Classe 1 (máx.) Classe 2 (máx.) Classe 3 (máx.)
Figura 53 - Variações da DBO
5
nas amostragens de água da MbaJC.
Em verde: VMP para classe 1; Em azul: VMP para classe 2; Em laranja: VMP para classe 3
Demanda química de oxigênio
As concentrações mais altas de DQO foram encontradas em P5, P6 e P7. Em análise
realizada P5 apresentou 484 mg L
-1
, 478 mg L
-1
no verão, 473 mg L
-1
no outono. Em P6 e P7
as concentrações mais elevadas de 475 mg L
-1
e 515 mg L
-1
ocorreram no outono
(Apêndice
G).
A DQO apresentou uma variação em seus valores para todas as coletas de 16 mg L
-1
a
515 mg L
-1
, sendo as menores concentrações encontradas no inverno.
Nos pontos em que se obteve uma alta concentração de DQO ocorreram altas
concentrações de metais pesados e baixos teores de oxigênio dissolvido e uma grande
concentração de matéria orgânica, o que explica os fortes odores sentidos nestes pontos de
amostragem. Segundo Derisio (2000), o aumento da DQO nas águas é devido a despejos
industriais, pois o aumento desta indica uma grande concentração de matéria orgânica e baixo
teor de oxigênio, sendo este necessário para que ocorra a oxidação da MO.
Dureza
Nos valores encontrados para a dureza, a maior concentração foi em P5 (98 mg L
-1
), as
substâncias causadoras de dureza nas águas são cloreto, sulfato e bicarbonato duplo de cálcio
149
e magnésio. Observa-se que na coleta realizada no outono, para P5, ocorreu um decréscimo
para os teores de cloreto, sulfato e nitrato encontrados (Apêndice G).
Todos os valores encontrados nas análises para a dureza estão abaixo dos padrões
permitidos por lei, que é de 500 mg L
-1
,
segundo a Portaria Nº 518/2004 do Ministério da
Saúde, para os padrões de aceitação para o consumo humano.
De acordo com a classificação para os valores de dureza esta se apresenta mole e
branda, pois se observam valores menores que 50 mg L
-1
e dureza moderada, pois em alguns
pontos seus valores estão entre 50 mg L
-1
a 150 mg L
-1
.
Ferro total
A maioria das análises realizadas para determinar os valores de ferro presentes nas
águas da MbaJC apresentaram resultados acima do valor máximo permitido, conforme figura
54.
Em P1 ocorreram pequenas oscilações para os valores obtidos de 1,53 mg L
-1
a 1,81
mg L
-1
, nos demais pontos as oscilações são maiores, variaram de 0,26 mg L
-1
a 3,30 mg L
-1
.
O motivo de P1 apresentar as maiores concentrações de ferro é pelo fato de se encontrar
próximo da área fragmentos de basaltos oriundos de porções mais elevadas onde ocorre a
Formação Serra Geral.
0
1
2
3
4
5
6
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Ferro total (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão
Outono Classe 1 e 2 (máx.) Classe 3 (máx.)
Figura 54 - Variações de ferro total nas amostragens de água d a MbaJC.
Em verde: VMPs para as classes 1 e 2; Em laranja: VMP para a classe 3
Na última coleta realizada para o ferro suas concentrações começaram a elevar-se a
partir de P2, apresentando as concentrações mais altas em P4 e P5, com queda em P6.
150
Segundo CONAMA (2005), o valor máximo permitido para o padrão brasileiro é de
0,3 mg L
-1
para a classe 1, para a última amostragem os valores estão bem acima do permitido
pela Resolução.
Fosfato total
A amostragem de fosfato apresentou concentrações elevadas na última coleta, sendo
P3 e P5 as mais altas, que alcançaram 10,92 mg L
-1
e 20,12 mg L
-1
. Nos demais pontos
oscilaram de 0,54 mg L
-1
,
para o valor mais baixo
a 1,81 mg L
-1
,
para o mais alto.
As fontes artificiais de fosfato, quando em altas concentrações, são decorrentes de
esgoto doméstico e industrial, regiões com elevada densidade populacional liberam através
dos dejetos e produtos de limpeza, principalmente, os detergentes (ESTEVES, 1998), as altas
concentrações do fosfato foram encontradas após a liberação da ETE, para a última coleta
realizada em outono na estação de cheia (Apêndice G).
Fósforo total
Os valores obtidos para as análises de fósforo praticamente não oscilaram entre as
amostragens realizadas, os maiores valores foram encontrados em P5. Para todas as coletas
realizadas as variações foram pequenas de 2,58 mg L
-1
a 2,86 mg L
-1
(Figura 55).
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Fósforo total (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão
Outono Classe 1 e 2 (máx.) Classe 3 (máx.)
Figura 55 - Variações de fósforo total nas amostragens de água da MbaJC.
Em verde: VMPs para as classes 1 e 2; Em laranja: VMP para a classe 3
151
Todas as coletas realizadas independente da estação apresentaram-se acima do valor
máximo permitido pela Resolução Nº 357 do CONAMA (2005), que é de 0,1 mg L
-1
, para a
classificação na classe 1 e 2 e de 0,15 mg L
-1
, para a classe 3.
O fósforo é essencial para o crescimento de todas as formas de vida, mas a elevação
nas concentrações deste elemento eleva a proliferação de diversas espécies de microrganismos
autótrofos (BRANCO, 1978), em quantidades excessiva também pode ocasionar a
eutrofização do meio aquático (BRAGA et al., 2002). Segundo Gastaldini e Mendonça
(2001), o aumento das concentrações de fósforo nas águas se dá pela liberação de esgotos, que
contém detergentes, efluentes industriais e fertilizantes.
Os altos índices de fósforo total nas águas do arroio João Corrêa podem ser atribuídos
aos efluentes domésticos, que são liberados diretamente no arroio, além da matéria fecal
provenientes destes encanamentos clandestinos, tem-se também o problema dos detergentes
utilizados nas atividades domésticas.
Manganês
Entre as amostragens realizadas para análise do manganês (Mn) (Figura 56) a
concentração mais alta foi encontrada em P5 (9,2 mg L
-1
), estando esta bem acima do valor
máximo permitido, que é de 0,1 mg L
-1
para a classe 1 e 2 e de 0,5 para a classe 3. Os demais
pontos mantiveram-se com suas concentrações constantes, mas também encontram-se a
maioria deles acima dos valores permitidos pelo CONAMA (2005).
0
2
4
6
8
10
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Manganês (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono Classe 1 e 2 (máx.)
Figura 56 - Variações de manganês nas amostragens de água da MbaJC.
Em verde: VMPs para as classes 1 e 2
152
Os altos valores de manganês estão relacionados com o O
2
dissolvido, CO
2
, teor de
ferro e o pH (BRANCO, 1978). Estas variáveis apresentaram uma queda em seus teores em
P5, associados também ao ferro que apresentou um aumento. Observa-se que estes estão
relacionados aos teores obtidos, para cada uma das variáveis na coleta realizada no outono.
A presença de óxidos e hidróxidos de Mn e Fe nas águas funciona como um
importante suporte para os outros metais em condições oxidantes, sendo comum num sistema
hídrico (FÖRSTNER e WITTMANN, 1981).
Matéria orgânica
Nas análises para a matéria orgânica as maiores concentrações encontradas foram em
P4 (82 mg L
-1
) e P5 (90 mg L
-1
e 94 mg L
-1
), ambas na estação de seca (Apêndice G). Em P4
têm-se a liberação de efluentes domésticos e da fábrica do Rossi e no P5 os efluentes da ETE.
A matéria orgânica em decomposição utiliza oxigênio para sua estabilidade,
consumindo assim o oxigênio presente na água, este fato pode ser observado para as coletas
realizadas em dezembro de 2006, onde ocorre uma queda do oxigênio presente em P4 e P5.
As concentrações de metais nas formas dissolvida e particulada, para o arroio João
Corrêa, apresentaram variações, na forma dissolvida às altas concentrações foram encontradas
nas análises realizadas para o cádmio e o chumbo, já na forma particulada as maiores
concentrações estão associadas com o chumbo e o cromo, em coletas realizadas nas diferentes
estações.
Nitrato
As concentrações mais altas de nitrato foram obtidas em P5 (10 mg L
-1
e 12,1 mg L
-1
),
para as amostragens realizadas na primavera e no verão respectivamente, os demais pontos
apresentaram pequenas oscilações, conforme demonstra o apêndice G.
Com exceção da coleta realizada no verão, os demais valores encontrados estão dentro
dos padrões permitidos por lei, que de acordo com o CONAMA (2005) é de 10 mg L
-1
.
A presença de nitrato na água é indicadora de matéria orgânica, concentrações acima
de 5 mg L
-1
indica condições sanitárias inadequadas, as altas concentrações ocorreram na
estação de seca e após a liberação dos efluentes da ETE, no P5.
153
Nitrito
As concentrações mais altas de nitrito estão representadas em P4, para três das quatro
amostragens realizadas variando de 0,22 mg L
-1
a 0,50 mg L
-1
, conforme o apêndice G. Em
P1 ocorreram pequenas oscilações (0,007 mg L
-1
a 0,090 mg L
-1
) nos valores encontrados.
Nos demais pontos as concentrações se mantiveram praticamente constantes.
Todos os valores encontrados de nitrito estão dentro dos padrões permitidos por lei,
segundo o CONAMA (2005) é de 1 mg L
-1
.
Oxigênio dissolvido
A figura 57 apresenta as concentrações de oxigênio dissolvido para os pontos de
amostragens do arroio João Corrêa. As concentrações mais altas estão representadas em P3,
coleta realizada em outubro de 2006, na estação de seca, as mais baixas foram encontradas em
P5, P6 e P7, no mês de abril de 2007, sendo 0,1 mg L
-1
, águas com baixos teores de oxigênio
dissolvido indicam um alto grau de poluição na forma de matéria orgânica, determinando uma
baixa qualidade dessas águas.
0
1
2
3
4
5
6
7
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
OD (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Classe 1 (mín.) Classe 2 (mín.) Classe 3 (mín.) Classe 4 (mín)
Figura 57 - Variações de O
2
dissolvido nas amostragens de água da MbaJC.
Em verde: VMP para a classes 1; Em azul: VMP para classe 2; Em laranja: VMP para a
classe 3; Em preto: VMP para a classe 4
No outono, nos pontos de amostragens em que o OD diminui ocorreu um aumento nas
concentrações de fosfato, DQO e DBO. Este fato é devido a influência negativa do esgoto
liberado diretamente dentro do arroio João Corrêa, percebe-se que mesmo em P5, onde ocorre
a liberação da ETE tem-se uma forte influência pelos resíduos liberados.
154
Segundo Bendati et al. (2003), a presença de compostos como proteínas, uréia,
aminoácidos e gorduras são resultantes de despejos domésticos e estes constituintes levam a
redução do OD. Essa redução é devido à atividade de organismos aeróbicos que utilizam à
matéria orgânica para alimentação. Ocorrendo assim a oxidação dos compostos, liberando
energia e o OD é consumido.
Em todas as amostragens realizadas seus valores obtidos encontraram-se abaixo dos
padrões aconselháveis, estes não devem ser inferior a 6 mg L
-1
, para a classe 1; de 5 mg L
-1
,
para a classe 2; e de 4 mg L
-1
para a classe 3, segundo a Resolução Nº 357 do CONAMA
(2005).
De acordo com os resultados obtidos, partes das amostragens realizadas enquadram-se
na classe 3, pois os valores obtidos estão acima ou no limite para esta classificação, para as
amostragens realizadas no verão, apenas P1 e P3 não enquadram-se na classe 4.
Segundo Robaina et al. (2000), os valores obtidos para o OD nas análises realizadas a
jusante da foz do arroio João Corrêa, em geral são próximas do limite 4 mg L
-1
, mas valores
muito baixos podem ocorrer.
Potencial hidrogeniônico
As análises de pH realizadas nos pontos de coletas de água do arroio João Corrêa
apresentaram uma variação de 6,9 a 7,7, entre as diferentes épocas de amostragem. Sendo que
no outono e com nível baixo as concentrações encontraram-se as mais elevadas registrando
variações de 7 a 7,6, para a maioria dos pontos, comparando com as demais épocas em que se
realizaram as coletas (Apêndice G).
Os níveis de pH mais elevados estão representados para as coletas realizadas em P4
(7,6), no outono e P5 (7,7), na primavera, sendo estas águas alcalinas. As menores foram
encontradas em P5 e P7, no inverno (6,9), com índice abaixo de 7, classificadas como águas
levemente ácidas.
Das análises realizadas para os diferentes pontos e datas observa-se que cinco destas e
apenas uma vez enquadraram-se no índice de neutralidade. Mas apesar destas pequenas
variações encontradas todos os pontos estão dentro dos padrões da Resolução Nº 357/05 do
CONAMA, que permite uma variação de 6 a 9.
Segundo Gastaldini e Mendonça (2001), o pH também influência os processos
químicos e biológicos de um corpo d’água.
155
Potencial redox
O potencial redox para as águas do arroio João Corrêa apresentou valores positivos e
negativos, onde nas amostragens realizadas, no verão a maior parte dos valores obtidos foram
negativos estando estas em redução, significando que existem elétrons das substâncias
dissolvidas na água facilmente disponíveis, com exceção de P1 (114,2 mV).
As coletas realizadas nas estações do inverno, primavera e outono apresentaram-se em
oxidação de acordo com seus valores positivos conforme apêndice G.
Sulfato
O sulfato apresentou uma concentração elevada em P4 (254 mg L
-1
), em amostragem
realizada no outono, estando acima dos padrões permitidos por lei, que são de 250 mg L
-1
(BRASIL, 2004; CONAMA, 2005). O P4 recebe os efluentes industriais. Segundo Batalha e
Parlatore (1977) o sulfato pode ser originado das descargas industriais.
Nas demais amostragens observam-se pequenas oscilações, ocorrendo um aumento em
P5, com um decréscimo em P6 e P7 para a primeira coleta realizada, conforme o apêndice G.
Zinco total
O zinco apresentou suas concentrações mais elevadas em P2 no inverno com 0,7 mg
L
-1
, P5 no verão com 0,957 mg L-1 e no outono com 0,679 mg L
-1
e P6 na primavera com 0,6
mg L
-1
(Figura 58).
Em P2 apresentou alta em suas concentrações no inverno e se manteve praticamente
constante nos demais pontos. Para P5 ocorreu o inverso, manteve-se constante até elevar-se
em P5 e decaindo novamente nas coletas realizadas na primavera, já as amostragens do
outono ocorreram oscilações.
Para a maioria dos pontos amostrados o zinco apresentou suas concentrações acima
dos valores estipulados pelo CONAMA (2005), que é 0,18 mg L
-1
para as classes 1 e 2.
156
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Zinco total (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono Classe 1 e 2 (máx.)
Figura 58 - Variações de zinco total nas amostragens de água da MbaJC.
Em verde: VMPs para as classes 1 e 2
6.5.3 Análise microbiológica da água
A seguir serão apresentados os resultados e discussões referentes a bactéria
heterotrófica, coliformes termotolerantes, coliformes totais, e clorofila.
Bactérias heterotróficas
Na contagem das bactérias heterotróficas (BH) obtiveram-se valores elevados. Para as
amostragens realizadas, no inverno, ocorreram variações de 900 a 1200 UFC; na primavera
obteve-se uma variação de 1.950 a 4.210 UFC; no verão e no outono apresentaram valores
superiores a 2.000 colônias. As maiores concentrações foram obtidas em P4, com 7.520
colônias no verão, seguida de 6.960 colônias, em P5, no outono.
Segundo a Portaria Nº 518, de março de 2004, em 20% das amostragens para análise
de coliformes termotolerantes deve-se efetuar a contagem de bactérias heterotróficas, e estas
não devem exceder a 500 UFC por mL, quando isso ocorre deve-se realizar uma recoleta,
inspeção local e, se constatada irregularidades tomar providências cabíveis.
Segundo Libânio (2005), a presença das BH nas águas indica a ocorrência de poluição
microbiana e de acordo com as análises realizadas (Figura 59), todos os pontos apresentam
valores que ultrapassam a 500 UFC indicativo de poluição microbiana.
157
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Bactéria Heterotrófica
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono 500 UFC (máx)
Figura 59 - Variações de bactérias heterotróficas nas amostragens de água da MbaJC.
UFC: Unidades formadoras de colônia
De acordo com Von Sperling (2005), a elevação na concentração das bactérias
heterotróficas é decorrente do aumento da produtividade do corpo d’água, as BH alimentam-
se da matéria orgânica das algas e de outros microrganismos mortos, consumindo oxigênio
dissolvido do meio líquido. Este processo de anaerobiose causa problemas, predominando os
elementos e compostos nos estados reduzidos ocasionando a produção de ácido sulfídrico, que
causam maus odores e eleva a toxidade do meio.
Coliformes termotolerantes e totais
Os coliformes totais nos diferentes pontos foram apenas detectados quanto a sua
presença ou ausência, e estes se encontraram presente em todos os pontos de amostragens.
Esta presença dos coliformes nos indica que a mesma recebeu esgotos domésticos,
podendo conter microrganismos causadores de doenças.
Para os coliformes termotolerantes (Cte) as amostragens foram diluídas 10 vezes. Na
figura 60 observa-se às variações para os diferentes pontos de coleta, os valores mais elevados
foram encontrados nas coletas realizadas no verão e outono, onde atingiram em P4 152,084
10
3
NMP por 100 mL e em P5 140,759 10
3
NMP por 100 mL, respectivamente. Os valores
mais baixos foram encontrados nas análises do inverno, em P4 apresentaram 18,201 10
3
NMP
por 100 mL.
158
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Coliformes
termotolerantes (NMP)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Figura 60 - Variações de coliformes termotolerantes nas amostragens de água da MbaJC
Os Cte para todos os pontos de amostragens encontraram-se muito acima do VMP
estabelecido pela legislação vigente, que de acordo com o CONAMA (2005) os coliformes
não devem exceder a um limite de 200 UFC por 100 mL para a classe 1, de 1.000 UFC por
100 mL para a classe 2 e de 2.500 UFC por 100 mL para a classe 3.
Clorofila
A clorofila apresentou a maior concentração na amostragem realizada na primavera,
em P5 atingiu 12 µg L
-1
, para as demais coletas realizadas ocorreram oscilações de 1,2 µg L
-1
a 6,9 µg L
-1
, conforme representado no apêndice G.
Segundo a Resolução Nº 357 (CONAMA, 2005) para a classe 1, o valor máximo
permitido é de 10 µg L
-1
, estando apenas P5, com valor superior ao estabelecido.
6.6 Análise da qualidade da água da MbaJC
A determinação da qualidade das águas da MbaJC foi realizada a partir da aplicação
dos índices de qualidade da água da CETESB e estatístico, sendo estes comparados com os
resultados obtidos pela aplicação do IQA da NSF, COMITESINOS e FEAM. Realizou-se
também os índices de estado trófico, de carga metálica e de poluição sendo aplicado o fator de
contaminação e de geoacumulação.
Segundo Toledo e Nicolella (2002), cada corpo hídrico possui características próprias,
o que torna difícil estabelecer um único índice geral, que explique a qualidade do sistema
159
hídrico. Por isto é necessária a utilização de mais de um índice para a avaliação da qualidade
da água para evidenciar assim a poluição média existente.
6.6.1 Qualidade da água de acordo com o IQA da CETESB
A tabela 22 apresenta os resultados do cálculo do índice de qualidade obtido a partir
do IQA adotado pela CETESB, o qual apresentou variações entre a classe regular a péssima.
TABELA 22:
Resultado da aplicação do IQA da CETESB para a MbaJC
Amostragem Inverno Primavera Verão Outono
IQA médio
por ponto
P1 37,0 31,5 44,1 41,0 38,4
P2 21,4 25,6 14,7 15,6 19,3
P3 31,0 26,7 27,6 20,2 26,3
P4 20,7 25,3 14,0 18,8 19,7
P5 25,0 28,9 14,9 8,1 19,2
P6 23,5 23,8 15,9 8,6 17,9
P7 28,4 30,5 19,3 8,2 21,6
IQA Médio 26,71 27,47 21,50 17,21
Nas amostragens realizadas em P1 no inverno (37), verão (44,1) e outono (41)
enquadraram-se na faixa regular, para a primavera (31,5) como ruim.
Os demais pontos no inverno e primavera obtiveram uma faixa ruim, assim como em
P3, no verão (27,6) e no outono (20,2), as demais amostragens ficaram na faixa péssima
nestas épocas. As piores notas foram obtidas no outono, onde se observa que em P5 (8,1), P6
(8,6) e P7 (8,2) ocorreu um decréscimo em suas notas em relação às demais estações.
O IQA médio obtido por ponto de amostragem enquadra P1 (38,4) na faixa regular, P2
(19,3), P3 (26,3), P4 (19,7), P5 (19,2) e P7(21,6) na faixa ruim e P6 (17,9) na faixa péssima.
A figura 61 apresenta o histograma com os resultados obtidos com a aplicação do IQA
segundo a CETESB para a MbaJC.
A figura 62 demonstra os resultados da aplicação do IQA no mapa temático da
MbaJC, as piores faixas foram obtidas no outono e verão, já as melhores faixas situaram-se no
inverno e na primavera, estações estas em que os índices pluviométricos apresentaram-se
elevados.
160
Figura 61 - Resultado da aplicação do IQA segundo a CETESB, na MbaJC.
E: Excelente; B: Boa; Re: Regular; Ru: Ruim; Pe: Péssima
Figura 62 - Mapa da qualidade da água, de acordo com a aplicação do IQA CETESB para a
MbaJC
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Inverno Primavera Verão Outono
161
6.6.2 Qualidade da água de acordo com o IQA da NSF
A aplicação do IQA segundo NSF resultou nos valores de IQA apresentados na tabela
23. A MbaJC apresentou uma predominância de notas na faixa média (50 a 70), para as
amostragens realizadas no inverno e na primavera, já as coletas efetuadas no verão e do
outono ficaram na faixa ruim (25 a 50).
TABELA 23:
Resultados da aplicação do IQA da NSF para a MbaJC
Amostragem Inverno Primavera Verão Outono
IQA médio
por ponto
P1 58 59 58 55 57,5
P2 54 55 38 32 44,7
P3 59 58 50 47 53,5
P4 50 56 42 46 48,5
P5 54 52 34 32 43,0
P6 54 54 43 33 46,0
P7 53 57 43 34 46,7
IQA médio 54,57 55,86 44,00 39,86
Observa-se que no verão em P5 (34), P6 (43) e P7 (43), apesar de estarem numa faixa
ruim, apresentaram um pequeno decréscimo em suas notas, nestas amostragens do verão.
Apenas P1 (58) e P3 (50) enquadraram-se na faixa média. No outono, a exceção foi em P1,
que obteve uma faixa de 55, indicando uma qualidade média, apesar da maior parte destas
amostragens encontrarem-se numa faixa ruim também apresentaram decréscimo em seus
valores a partir de P3 (47), P4 (46), P5 (32) P6 (33) e P7 (34), conforme o histograma
representado na figura 63.
Para o IQA médio por ponto de amostragem obteve-se para P1 uma faixa de 57,5 a
qual o enquadrou na faixa média, P2 com 44,7 ficando na faixa ruim, já P3 atingiu 53,5 valor
este que o enquadrou na faixa média, os pontos P4 (48,5), P5 (43,0), P6 (46,0) e P7 (46,7)
apresentaram valores que os enquadraram na faixa ruim. No IQA médio por estação o inverno
com 54,57 e a primavera com 55,86 enquadraram-se na faixa média, o verão com 44,0 e o
outono com 39,86 na faixa ruim.
Na figura 64 são apresentados os resultados obtidos da aplicação do IQA NSF a partir
de mapa temático da MbaJC, as piores notas foram obtidas no outono, seguido do verão,
inverno e primavera.
162
Figura 63 - Resultado da aplicação do IQA da NSF para a MbaJC.
E: Excelente; Bo: Boa; M: Média; Ru: Ruim; Mr: Muito ruim
Figura 64 - Mapa da qualidade da água de acordo com o IQA da NSF para a MbaJC
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Inverno Primavera Verão Outono
163
6.6.3 Qualidade da água de acordo com o IQA do COMITESINOS
Os resultados do IQA obtidos adotando o COMITESINOS indicam a ocorrência de
apenas duas faixas ruim (26 a 50) e muito ruim (0 a 25), ocorrendo variações entre estas
faixas para todos os pontos amostrados, conforme tabela 24.
TABELA 24:
Resultado da aplicação do IQA do COMITESINOS para a MbaJC
Amostragem Inverno Primavera Verão Outono
IQA médio por
ponto
P1 37,2 30,5 39,0 35,6 35,57
P2 25,3 25,7 15,7 16,9 20,90
P3 32,8 25,8 26,3 17,0 25,47
P4 24,0 25,4 14,8 16,9 20,27
P5 29,7 25,7 14,5 7,5 19,35
P6 27,9 27,6 16,8 9,0 20,32
P7 31,2 32,8 18,7 8,5 22,80
IQA médio 29,73 27,64 20,83 15,91
Os valores mais elevados foram encontrados em P1 onde se obteve as faixas de 37,2
no inverno, 30,5 para a primavera, 39,0 no verão e 35,6 no outono, enquadrando-o na faixa
ruim, P2 apresentou valores que o enquadram como muito ruim no inverno (25,3) e na
primavera (25,7), e na faixa muito ruim no verão (15,7) e no outono (16,9) estações estas em
que se realizaram as análises.
O ponto P3 ficou na faixa ruim tanto no inverno (32,8) como no verão (26,3),
ocorrendo decréscimo nas estações da primavera (25,8) e do outono (17), para muito ruim, P4
enquadrou-se na faixa de muito ruim em todas as amostragens realizadas.
O P5 no inverno (29,7) apresentou uma faixa ruim para as demais estações muito
ruim, P6 (27,9) e P7 (31,2) nas amostragens do inverno, enquadrando-os na faixa ruim, assim
como as amostragens realizadas na primavera para ambos os pontos, para o verão e o outono
enquadraram-se na faixa muito ruim.
Nas estações em que foram realizadas as amostragens observa-se um declínio bastante
acentuado da faixa ruim na estação da primavera para muito ruim na estação do verão e
outono, a partir de P2 conforme apresentado na figura 65.
A determinação do IQA médio por ponto de amostragem enquadrou P1 com 35,57 na
faixa ruim, P2 com 20,90 na faixa muito ruim, assim como os demais pontos.
164
Figura 65 - Resultado da aplicação do IQA pelo COMITESINOS para MbaJC.
E: Excelente; B: Bom; Re: Regular; Ru: Ruim; Mr: Muito ruim
Os valores encontrados com a aplicação deste IQA médio revelaram uma variação
sazonal na qualidade da água. Os melhores enquadramentos foram obtidos no inverno com
29,73 e na primavera com 27,64 que os enquadram na faixa ruim e os piores no verão com
20,83 seguido do outono com 15,91 que os incluem na faixa muito ruim. Considera-se,
portanto, que as maiores precipitações influenciaram o IQA existindo assim uma relação
positiva para estas estações, embora os valores obtidos sejam baixos.
De acordo com os dados obtidos por Robaina et al. (2000), as condições sanitárias
para o canal do arroio João Corrêa variaram de ruim a péssima.
Na figura 66 é apresentada a distribuição da qualidade da água ao longo da MbaJC
com a aplicação do IQA segundo o COMITESINOS (1993), os piores enquadramentos foram
obtidos no outono seguido do verão, inverno e primavera.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Inverno Primavera Verão Outono
165
Figura 66 - Mapa da qualidade da água de acordo com o IQA do COMITESINOS para a
MbaJC
6.6.4 Qualidade da água de acordo com o IQA da FEAM
A aplicação do IQA da FEAM resultou em faixas que variam de ruim (25 < IQA = 50)
a muito ruim (0 < IQA = 25), independente da estação de amostragem.
As análises realizadas no inverno e na primavera para todos os pontos enquadraram-se
na faixa ruim. No verão apenas P1 (49,6) e P3 (38,2) ficaram na faixa ruim as demais
amostragens na enquadraram-se na faixa muito ruim.
No outono, com exceção de P1 (46,8), P3 (27,1) e P4 (26,1), que atingiram uma faixa
de ruim as demais mantiveram seus índices da amostragem realizada no verão muito ruim,
sendo estas as piores notas encontradas em todas as análises realizadas (Tabela 25).
166
TABELA 25:
Resultado da aplicação do IQA da FEAM para a MbaJC
Amostragem Inverno Primavera Verão Outono
IQA médio por
ponto
P1 46,9 40,8 49,6 46,8 46,02
P2 31,2 34,2 18,4 23,6 26,85
P3 41,8 34,5 38,2 27,1 35,40
P4 29,8 33,8 16,4 26,1 26,52
P5 37,0 37,2 19,1 11,2 26,12
P6 32,9 37,1 19,1 12,0 25,27
P7 36,8 43,4 20,8 11,5 28,12
IQA médio 36,63 37,28 25,94 22,61
A figura 67 apresenta o histograma com o resultado obtido da aplicação do IQA da
FEAM para a MbaJC.
Figura 67 - Resultado da aplicação do IQA da FEAM para a MbaJC.
E: Excelente; B: Bom; M: Médio; Ru: Ruim; Mr: Muito ruim
A figura 68 demonstra os índices de qualidade da água para a MbaJC, nas diferentes
estações de amostragens, com a utilização do IQA da FEAM. As piores faixas são relativas ao
outono seguido do verão, inverno e primavera.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Inverno Primavera Verão Outono
167
Figura 68 - Mapa da qualidade da água de acordo com o IQA da FEAM para a MbaJC
Com a aplicação dos diferentes IQAs observa-se que todos apresentaram a mesma
seqüência na obtenção do enquadramento de suas faixas. Os valores encontrados indicam que
a pior qualidade ocorreu na estação do outono seguido do verão, os melhores IQAs para a
MbaJC foram constatados nos meses de inverno e primavera, sendo estes atribuídos as
maiores pluviosidades ocorridas com maio potencial de diluição do meio.
As melhores notas foram obtidas com a aplicação do IQA da NSF, e o IQA mais
restritivo é do COMITESINOS.
A MbaJC localiza-se na área urbana, a qual recebe esgoto doméstico e industrial, com
exceção de P1, mas devido a sua localização muito próximo a novos loteamentos percebe-se
que também já está recebendo influências antrópicas. As variáveis que mais contribuíram para
o resultado foram coliformes termotolerantes, DBO
5
e OD.
6.6.5 Qualidade da água de acordo com o IQA estatístico
Os resultados apresentados a seguir são referentes à análise estatística e a fórmula e
estimativa do IQA estatístico.
168
6.6.5.1 Análise estatística
A aplicação do IQA estatístico foi obtido a partir da aplicação da análise fatorial, para
a qual, segundo Haase e Possoli (1993) é necessário ter em mente o significado ecológico de
cada variável, em função do problema que esteja sendo considerado. Também se faz
necessário verificar se a matriz de correlação e as cargas fatoriais explicam o comportamento
ecológico do corpo hídrico, em função da descarga de poluentes (MAKHAMRA, 2004).
Para a aplicação da análise fatorial foi correlacionado todas as variáveis físicas,
químicas e microbiológicas, e a partir dos resultados obtidos foram selecionadas as mais
significativas, aquelas que apresentaram maiores coeficientes de correlações com maior
número de variáveis. Das variáveis físicas apenas a condutividade (Cdtv) e a turbidez
obtiveram valores significantes, para as variáveis químicas selecionou-se a dureza, DBO
5,
DQO, MO e OD, nas microbiológicas apenas os coliformes termotolerantes (Cte).
O oxigênio dissolvido apresentou correlação negativa com as demais variáveis
representativas de poluição, sendo que quanto maior a sua concentração mais negativa será o
seu índice e melhor a qualidade da água. A DBO
5
e os coliformes termotolerantes também
apresentaram uma correlação negativa com o oxigênio dissolvido, determinando assim que o
aumento nestas concentrações reduz o nível de OD presente na água.
A matriz de correlação de Pearson (Tabela 26) demonstra que as variáveis apresentam
correlação maior no nível de significância de 1% do que a 5%. As variáveis que apresentaram
um maior nível de significância demonstrando os melhores indicadores da variabilidade da
água da MbaJC foram DBO
5
, dureza e fosfato, seguindo de um grupo intermediário oxigênio
dissolvido, DQO, coliformes termotolerantes, condutividade e matéria orgânica.
TABELA 26:
Matriz de correlação de Pearson para obtenção do IQA estatístico
Matriz de Pearson
Cte Turbidez
Dureza DBO
5
DQO OD Fosfato
Cdtv MO
Cte 1,000
Turbidez
0,451* 1,000
Dureza 0,505** 0,884** 1,000
DBO
5
0,473* 0,972** 0,856** 1,000
DQO 0,678** 0,685** 0,674** 0,665** 1,000
OD -0,559**
-0,601**
-0,698**
-0,604**
-0,564**
1,000
Fosfato 0,402* 0,700** 0,648** 0,693** 0,469* -0,384* 1,000
Cdtv 0,587** -0,042 0,087 0,017 0,547** -0,078 0,030 1,000
MO 0,409* 0,17 -0,22 0,008 0,552** -0,213 -0,10 0,554** 1,000
OBS: Nível de significância: **1% *5%
169
O grau de compartilhamento das variáveis é determinado a partir da matriz de
comunalidade (Tabela 27) a qual é gerada automaticamente pelo SPSS, onde estas são
estimativas da variância compartilhada, ou comum entre as variáveis.
TABELA 27:
Matriz de comunalidade
Variáveis Comunalidade
Cte 0,724
Turbidez 0,931
Dureza 0,880
DBO
5
0,908
DQO 0,874
OD 0,567
Fosfato 0,603
Cdtv 0,780
MO 0,709
Na relação das comunalidades encontradas obteve-se 93,1% da variância
compartilhada da turbidez é explicada pelos fatores comuns, determinando assim que esta
variável tem em comum com as demais, enquanto 56,7% da variância do OD são explicados
pelos mesmos fatores, sendo esta menos relacionada com as demais variáveis incluídas na
análise.
A tabela 28 apresenta as informações sobre os nove fatores possíveis e seu poder
explanatório relativo expresso por seus autovalores. Com a aplicação do teste scree foi
possível determinar os dois fatores apropriados, sendo estes apresentados nas raízes usadas,
que explicam 77,52% da variância das nove variáveis.
TABELA 28:
Resultados dos fatores comuns associados aos autovalores e variância
Fator
Autovalores Variância (%)
Cumulativo
de variância (%)
Autovalores
usados
1 4,930 54,781 54,781 4,930
2 2,047 22,743 77,525 2,047
3 0,644 4,160 84,685
4 0,533 5,920 90,605
5 0,399 4,431 95,036
6 0,232 2,577 97,614
7 0,111 1,228 98,842
8 0,090 0,995 99,837
9 0,015 0,163 1000,000
170
O terceiro fator e demais foram desconsiderados pelo fato de apresentarem seu
autovalor baixo em relação ao valor 1,0 do critério da raiz latente, inviabilizando a inclusão
destes.
O resultado na matriz de cargas fatorial rotacionada e não-rotacionada da análise de
componentes é exibida na tabela 29, onde na não-rotacionada, no fator 1 as cargas muito alta
são representadas pela turbidez, dureza, DBO
5
e DQO, sendo estas na direção positiva, os
coliformes termotolerantes, o fosfato e o OD apresentam uma carga alta na direção positiva,
com exceção do OD, que apresenta-se na direção negativa, as variáveis que apresentaram
carga baixa e na direção positiva é a condutividade e a matéria orgânica.
No fator 2, a maioria das variáveis apresentam cargas baixas com variações entre o
positivo e o negativo, apenas a condutividade e a matéria orgânica demonstram cargas altas e
positivas e o OD com carga muito baixa.
TABELA 29:
Comparação entre cargas de fatores não-rotacionada e rotacionada
Não-rotacionada Rotacionada
Variáveis
Fator 1 Fator 2 Fator 1 Fator 2
Cte 0,729 0,439 0,501 0,688
Turbidez 0,897 -0,356 0,965 0,021
Dureza 0,895 -0,281 0,934 0,089
DBO
5
0,894 -0,329 0,954 0,044
DQO 0,862 0,362 0,654 0,668
OD -0,752 0,036 -0,707 -0,259
Fosfato 0,717 -0,296 0,776 0,006
Cdtv 0,303 0,830 -0,043 0,882
MO 0,279 0,794 -0,051 0,841
Variância total (%) 54,78 22,74 49,94 27,57
A variância total para o fator 1 explicou uma relação de 54,78% e o fator 2 explicou
22,74% na ocorrência de sua variação na matriz não-rotacionada, na análise de componentes
os dois fatores rotacionados diferiram por 32,04%.
No fator 1 das cargas fatoriais rotacionada Varimax, apenas a condutividade e a
matéria orgânica apresentaram cargas muito baixa na direção negativa, as variáveis OD na
direção negativa e DQO e o fosfato na direção positiva apresentam altas cargas, os coliformes
termotolerantes exibem uma carga moderada na direção positiva, já a turbidez, dureza a DBO
5
apresentam cargas muito alta na direção positiva. No segundo fator, as cargas muito alta estão
171
atribuídas à condutividade, a matéria orgânica, para as variáveis coliformes termotolerantes e
a DQO na direção positiva as cargas são alta, os valores baixos é atribuído ao OD na direção
negativa. As demais variáveis apresentaram valores muito baixo na direção positiva.
O índice mostra que o fator 1 da matriz de cargas fatoriais explicou 49,94% e o fator 2
explicou 27,57% da variância ocorrida na rotação da matriz de comunalidade e distribuída
nestes dois fatores de maneira equilibrada. Na análise de componentes os dois fatores
rotacionados diferiram por 22,37%.
Analisando as cargas fatoriais não-rotacionada e rotacionada em ambos os fatores
percebeu-se que o fator 1, da não-rotacionada e o fator 2, da rotacionada demonstraram
consistência ecológica, pois apenas o OD apresenta valores negativos e estes quanto maiores
melhor será as condições do meio, o que não ocorre no fator 2 da não-rotacionada que
apresenta valores negativos para a turbidez, dureza, DBO
5
e fosfato.
O fator 1 da rotacionada apresentou valores negativos para a condutividade e a matéria
orgânica, além do OD, o que é incorreto, sendo estes fatores descartados.
A matriz que melhor explica a variância total ocorrida foi o fator 1, na matriz não-
rotacionada explicando 54,78%, sendo este o mais indicado para fornecer o IQA estatístico da
MbaJC.
6.6.5.2 Fórmula e estimativa do IQA estatístico
Os coeficientes que integraram o índice foram obtidos a partir da matriz de cargas
fatoriais e utilizando o fator 1 da não-rotacionada, estes resultaram na composição final para a
aplicação do IQA estatístico, representada na equação a seguir:
IQA = 0,149 Turbidez
-1
+ 0,148 Dureza
-1
+ 0,148 DBO
5
-1
+ 0,143 DQO
-1
- 0,124 OD
-1
0,121 Cte
-1
+ 0,119 Fosfato
-1
+ 0,050 Cdtv
-1
+ 0,046 MO
-1
...(12)
O resultado do IQA está representado por ordem de importância pela turbidez, dureza,
DBO
5
, DQO, OD, coliformes termotolerantes, fosfato total, condutividade e matéria orgânica.
Os valores resultantes do IQA quanto mais alto pior é a qualidade da água, quando mais
negativo melhor a qualidade da água.
Após a obtenção dos coeficientes para o IQA estatístico, estes foram calculados para
cada uma das amostragens realizadas na MbaJC nas diferentes estações, os quais são
172
apresentados na tabela 30. Além da obtenção do IQA estatístico para cada um dos pontos,
realizou-se a média por ponto e por coleta, levando em conta também o IQA mínimo e
máximo.
TABELA 30:
Resultados do IQA estatístico para a MbaJC
Amostragem Inverno Primavera
Verão Outono
IQA médio por
ponto
P1 0,15141 0,53140 0,32614 0,05987 0,26720
P2 1,38681 0,57787 0,04561 -0,01231 0,49949
P3 0,81218 0,53531 2,75982 0,00501 0,20676
P4 0,22073 0,56789 0,02606 0,01235 0,86001
P5 1,28702 2,19330 -0,02134 -0,01893 0,86001
P6 1,00626 0,64015 0,00027 -0,01152 0,40879
P7 0,30009 1,33904 -0,04880 -0,01643 0,39348
IQA médio por estação
0,73779 0,91214 0,44111 0,00258
IQA mínimo 0,15141 0,53140 0,00027 0,00258
IQA máximo 1,28702 2,19330 2,75982 0,05987
Os valores encontrados no IQA médio por estação demonstram que a pior qualidade
da água foi encontrada na primavera (23.10.06), seguida do inverno (17.08.06), verão
(11.12.06) e do outono (17.04.07) todas se enquadram na faixa ruim. Nos dados obtidos para
o IQA médio por ponto de amostragem também se enquadraram numa faixa ruim.
Para as amostragens realizadas em cada uma das estações (Figura 69) obtiveram-se
variações quanto ao enquadramento de sua qualidade, nas coletas realizadas no inverno P1,
P3, P4 e P7 enquadraram-se numa qualidade ruim, enquanto P2, P5 e P6 com uma qualidade
muito ruim. A estação da primavera P5 apresentou uma qualidade péssima, P7 uma qualidade
muito ruim, os demais pontos de amostragens uma qualidade ruim. O verão apresentou para
P3 uma qualidade péssima, já o P5 e P7 uma qualidade regular, os demais pontos obtiveram
uma qualidade ruim. A estação do outono apresentou uma qualidade ruim para P1, P3 e P4, e
uma qualidade regular para P2, P5, P6 e P7.
173
Figura 69 – Mapa da qualidade da água de acordo com o IEA estatístico para a MbaJC
6.7 Índice do estado trófico
O estado trófico pode ser determinado através do levantamento das concentrações de
nutrientes limitantes (CETESB, 2006c). A eutrofização artificial está relacionada com o
aumento da população, a industrialização, os produtos de limpeza que contêm compostos
polifosfatados. Fatores estes que resultam na liberação de nutrientes como o fosfato e o
nitrogênio, que estimulam a eutrofização (ESTEVES, 1998). No caso do arroio João Corrêa
tem a liberação de esgotos domésticos, industriais e ainda a liberação da ETE, os quais
ocorrem em diferentes pontos ao longo do arroio, e que acabam interferindo nos resultados do
IET.
O IET é utilizado para medir o potencial de eutrofização, na tabela 31 são
apresentados os valores calculados para o fósforo IET(P) e para a clorofila IET(CL). Apesar
174
das baixas concentrações encontradas em P1 para o fósforo e a clorofila obtiveram-se valores
elevados para o IET destes parâmetros utilizados.
TABELA 31:
IET obtido para a clorofila e o fósforo total nos diferentes pontos de coleta da MbaJC
IET da Clorofila e do Fósforo total
Inverno Primavera Verão Outono Pontos de
amostragem
CL P CL P CL P CL P
P1 41,58 98,16 42,83 97,18 41,58 99,04 46,08 98,01
P2 41,58 109,13 36,46 103,35 46,08 104,39 44,20 103,88
P3 41,91 110,72 46,30 106,26 44,84 107,89 48,36 106,59
P4 40,52 101,14 44,46 101,26 46,30 102,91 37,00 102,16
P5 38,48 111,55 55,49 110,09 51,52 110,64 34,62 111,22
P6 37,51 103,61 37,52 107,79 41,58 106,76 49,63 13,38
P7 43,82 91,36 46,30 96,22 47,65 97,01 49,93 105,94
A tabela 32 apresenta os resultados obtidos com aplicação do IET médio para a
clorofila e o fósforo total.
TABELA 32:
Valores obtidos da aplicação do IET médio para a clorofila e o fósforo
IET médio
Inverno Primavera Verão Outono Pontos de
amostragem Nível alto Nível baixo Nível baixo Nível alto
P1 69 70 70 72
P2 75 70 70 74
P3 76 76 76 78
P4 71 73 73 70
P5 75 83 83 73
P6 70 70 73 78
P7 67 76 71 73
As coletas realizadas no inverno (17.08.06) e outono (17.04.07) o nível da água do
arroio João Corrêa estava alto, nas coletas da primavera (23.10.06) o nível estava muito baixo
e as coletas realizadas no verão (11.12.06) o nível estava baixo. Observa-se que as variações
do nível da água nas diferentes épocas em que se realizaram as coletas não interferem
significativamente nos valores de IET médio de uma coleta para outra conforme figura 70.
Os resultados finais oscilam entre os estados eutrófico (classe 3) e hipereutrófico
(classe 4). Observa-se que o nível eutrófico foi o mais freqüente entre as coletas realizadas,
independentemente se a amostragem foi realizada no período de seca ou cheia, o que
175
determina que este fator não seja o decisivo, apesar da ocorrência do alto transporte dos
nutrientes que são realizados em épocas de cheia.
Figura 70 – Mapa do índice do estado trófico para a MbaJC
Verifica-se que para todas as amostragens realizadas em todos os pontos a MbaJC
estão recebendo interferência das atividades antrópicas, resultado da liberação de efluentes
industriais e domésticas, os quais intensificam o processo de eutrofização.
Segundo Von Sperling (2005), o aumento da produtividade do corpo de água causa
uma elevação na concentração de bactérias heterotróficas, assim como a produção de gás
sulfídrico responsável por toxidade, maus odores, distúrbios com mosquitos e insetos.
Problemas estes detectados na MbaJC, os fortes odores podem ser sentidos na maioria dos
pontos, já as alta concentração das bactérias heterotróficas apresentam-se em todos pontos de
amostragem.
176
6.8 Índices de poluição
Com os resultados obtidos foram determinadas as concentrações do fator de
contaminação e do índice de geoacumulação.
6.8.1 Fator de contaminação
Os valores calculados para determinar o fator de contaminação dos sedimentos nas
diferentes estações e pontos de amostragens da MbaJC estão representados na tabela 33.
TABELA 33:
Fator de contaminação para os metais pesados nos sedimentos da MbaJC
Metais pesados
Estação Amostragem Cr Ni Cd Pb
P1 1,00 1,00 1,00 1,00
P2 1,24 0,88 0,70 0,97
P3 1,27 0,90 0,72 0,99
P5 1,00 1,05 0,83 1,15
P6 0,19 0,44 0,80 0,25
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O P7 0,21 0,45 0,66 0,32
P1 1,20 0,85 0,68 0,94
P2 1,14 0,81 0,64 0,78
P3 1,26 1,66 1,31 1,82
P5 1,38 4,50 1,62
P6 0,19 1,03 0,24
P
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E P7 0,13 0,95 0,22
P1 0,73 1,85 0,90
P2 0,72 1,75 0,50
P3 1,24 2,42 0,86
P5 1,18 2,86 0,98
P6 0,15 1,34 0,39
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P7 0,10 1,09 0,15
P1 1,24 1,20 1,02 1,21
P2 1,84 1,30 1,03 1,27
P3 1,81 1,28 1,02 1,41
P5 0,44 0,70 1,03 0,38
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P6 0,37 0,51 1,02 0,28
De acordo com os dados obtidos observou-se que ocorrem variações de baixa
contaminação a contaminação considerável, prevalecendo os valores que indicam baixa
contaminação e a contaminação moderada nas diferentes estações.
Nas amostragens realizadas para Cr classificaram-se com baixa contaminação e
contaminação moderada, onde P6 e P7 apresentaram baixa contaminação para todas as
177
amostragens realizadas, ocorrendo variações de 0,10 a 0,37 assim como P1 (0,73) e P2 (0,72)
nas coletas realizadas no verão e P5 (0,44) no outono, as demais se enquadram em
contaminação moderada, pois as mesmas apresentaram variações de 1,00 a 1,84.
O Cd apresentou contaminação moderada em todos os pontos para as amostragens
analisadas no verão com variações de 1,09 a 2,86, e no outono com valores de 1,02 e 1,03
para os diferentes pontos, no inverno apenas P1 (1,00) e na primavera P3 (1,31) e P6 (1,03). A
baixa contaminação é observada apenas nas coletas realizadas no inverno de P2 a P7, com
variações de 0,66 a 0,83 e na primavera em P1 (0,68), P2 (0,64) e P7 (0,95). Na primavera P5
(4,50) apresentou valores mais elevados que o enquadraram em contaminação considerável.
Os valores do FC que ocorreram nas análises realizadas para Pb apresentam uma
classificação que indicaram baixa contaminação e contaminação moderada. Onde P1 (1,00) e
P5 (1,15) apresentaram uma contaminação moderada para as coletas realizadas no inverno, os
demais pontos obtiveram uma baixa contaminação com variações de 0,25 a 0,99, já nas
amostragens realizadas na primavera P3 (1,82) e P5 (1,62) apresentaram valores que os
enquadram numa contaminação moderada e os demais pontos em baixa contaminação,
variando de 0,22 a 0,94, para o verão todos os pontos obtiveram uma baixa contaminação
com valores entre 0,15 e 0,98 e no outono P5 (0,38) e P6 (0,28) obtiveram uma baixa
contaminação, já P1 (1,21), P2 (1,27) e P3 (1,41) enquadraram-se na contaminação moderada.
O Ni também apresentou apenas duas classes sendo a baixa contaminação e a
contaminação moderada, onde no inverno P1 (1,00) e P5 (1,05) apresentaram uma
contaminação moderada, os demais pontos indicaram uma baixa contaminação, com
variações de 0,44 a 0,90. Para o outono P5 (0,70) e P6 (0,51) classificaram-se como baixa
contaminação e os P1 (1,20), P2 (1,30) e P3 (1,28) enquadraram-se na contaminação
moderada. De acordo com Soares et al. (2004), os índices de contaminação mais elevados do
Ni podem estar relacionados ao lançamento de cargas orgânicas e efluentes domésticos, que
estão acumulando-se na fração fina dos sedimentos de fundo, sendo indícios de poluição
antropogênica.
6.8.2 Índice de geoacumulação
Para a determinação do índice de geoacumulação (IGeo) foram utilizados os valores
obtidos no background da área, sendo este P1, a título de comparação realizou-se também o
cálculo com base nos valores médios de base natural segundo EPA (apud RODRIGUES,
1997), Turekian e Wedepohl (1961) e Martin e Whitfield (1983).
178
Os resultados do IGeo no sedimento de fundo do arroio João Corrêa, utilizando como
nível da base natural o background da área, são apresentados na tabela 34 permitindo a
classificação quanto ao grau de poluição para os diferentes pontos amostrados, onde se obteve
um IGeo de classe 1 para a maioria dos pontos, determinando que esses sedimentos são pouco
a moderadamente poluído (PMD) para todos os metais analisados. As exceções estão
relacionadas com os metais Cr, Pb para P6 e P7.
TABELA 34:
Valores de IGeo obtido a partir do background da área da MbaJC
Metais Pesados
Cd Cr Pb Ni
Estação
Pontos de
Amostragem
Valor
Classificação
Valor
Classificação
Valor
Classificação
Valor
Classificação
P1 0,20 PMD 0,20 PMD 0,20 PMD 0,20 PMD
P2 0,29 PMD 0,16 PMD 0,21 PMD 0,23 PMD
P3 0,28 PMD 0,16 PMD 0,20 PMD 0,22 PMD
P5 0,24 PMD 0,14 PMD 0,17 PMD 0,19 PMD
P6 0,25 PMD 1,05 MC 0,81 PMD 0,46 PMD
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P7 0,31 PMD 0,97 PMD 0,63 PMD 0,45 PMD
P1 0,30 PMD 0,17 PMD 0,21 PMD 0,23 PMD
P2 0,31 PMD 0,18 PMD 0,26 PMD 0,25 PMD
P3 0,15 PMD 0,18 PMD 0,11 PMD 0,12 PMD
P5 0,04 PMD 0,15 PMD 0,12 PMD PMD
P6 0,19 PMD 1,05 MC 0,83 PMD PMD
P
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P7 0,21 PMD 1,56 MC 0,91 PMD PMD
P1 0,11 PMD 0,27 PMD 0,22 PMD PMD
P2 0,11 PMD 0,28 PMD 0,40 PMD PMD
P3 0,08 PMD 0,16 PMD 0,23 PMD PMD
P5 0,04 PMD 0,17 PMD 0,16 PMD PMD
P6 0,15 PMD 1,35 MC 0,51 PMD PMD
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P7 0,18 PMD 1,97 MC 1,37 MC PMD
P1 0,20 PMD 0,16 PMD 0,17 PMD 0,17 PMD
P2 0,19 PMD 0,11 PMD 0,16 PMD 0,15 PMD
P3 0,20 PMD 0,11 PMD 0,14 PMD 0,16 PMD
P5 0,19 PMD 0,46 PMD 0,52 PMD 0,29 PMD
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P6 0,20 PMD 0,54 MC 0,71 PMD 0,39 PMD
MC: Moderadamente poluído; PMD: Pouco a moderadamente poluído
O Cr para P6, em todas as amostragens realizadas apresentou valores que o
enquadraram na classe 2 sendo moderadamente poluído (MC), assim como P7 nas análises
realizadas na primavera e no verão e o Pb em P7, no verão.
Os valores obtidos para o IGeo utilizando os níveis de base natural, segundo EPA
(apud RODRIGUES, 1997) estão relacionados na tabela 35, onde para Cr, Pb e Ni indicaram
pouco a moderadamente poluído (PMD), pertencendo a classe 1. O Cd apresentou altas
179
concentrações para a maioria dos pontos nas diferentes estações do ano, o qual apresentou-se
muito fortemente poluído (EX) em todos os valores obtidos tanto no inverno quanto no
outono.
TABELA 35:
Valores do IGeo obtido a partir do nível de base natural da EPA (apud RODRIGUES, 1997)
Metais Pesados
Cd Cr Pb Ni
Estação
Pontos de
Amostragem
Valor
Classificação
Valor
Classificação
Valor
Classificação
Valor
Classificação
P1 5,75 EX 0,02 PMD 0,08 PMD 0,02 PMD
P2 8,21 EX 0,02 PMD 0,08 PMD 0,03 PMD
P3 8,03 EX 0,02 PMD 0,08 PMD 0,03 PMD
P5 6,93 EX 0,02 PMD 0,07 PMD 0,02 PMD
P6 7,21 EX 0,13 PMD 0,31 PMD 0,05 PMD
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P7 8,76 EX 0,12 PMD 0,24 PMD 0,05 PMD
P1 8,48 EX 0,02 PMD 0,08 PMD 0,03 PMD
P2 8,94 EX 0,02 PMD 0,10 PMD 0,03 PMD
P3 4,38 FEC 0,02 PMD 0,04 PMD 0,01 PMD
P5 1,28 MC 0,02 PMD 0,05 PMD PMD
P6 5,56 EX 0,23 PMD 0,31 PMD PMD
P
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P7 6,02 EX 0,19 PMD 0,35 PMD PMD
P1 3,10 FP 0,03 PMD 0,08 PMD PMD
P2 3,28 FP 0,03 PMD 0,15 PMD PMD
P3 2,37 MFP 0,02 PMD 0,09 PMD PMD
P5 2,01 MFP 0,02 PMD 0,08 PMD PMD
P6 4,29 FEC 0,17 PMD 0,19 PMD PMD
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P7 5,29 EX 0,24 PMD 0,52 PMD PMD
P1 5,66 EX 0,02 PMD 0,06 PMD 0,02 PMD
P2 5,56 EX 0,01 PMD 0,06 PMD 0,02 PMD
P3 5,66 EX 0,01 PMD 0,05 PMD 0,02 PMD
P5 5,56 EX 0,06 PMD 0,20 PMD 0,03 PMD
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P6 5,66 EX 0,07 PMD 0,27 PMD 0,05 PMD
EX: Muito fortemente poluído; FEC: Forte a muito fortemente poluído; FP: Fortemente poluído; MFP:
Moderadamente a fortemente poluído; MC: Moderadamente poluído; PMD: Pouco a moderadamente poluído
Na primavera ocorre variação em P3, que o classificou como forte a muito fortemente
poluído (FEC), enquadrando-o na classe 5, e P5 como moderadamente poluído (MC)
pertencendo a classe 2, os demais pontos indicaram muito fortemente poluído (EX).
O verão também apresentou variações em seus valores, onde P1 e P2 estão incluídos
na classe 4, fortemente poluído, P3 e P5 apresentaram valores que os caracterizaram como
moderadamente a fortemente poluído (classe 3), P6 indicou forte a muito fortemente poluído
(classe 5) e P7 está na classe 6 que o definiu como muito fortemente poluído.
180
A aplicação do IGeo utilizando os índices globais de Turekian e Wedepohl (1961)
obteve-se variações apenas no Cd, conforme a época e o ponto de amostragem, os demais
elementos analisados Cr, Pb e Ni obtiveram valores que os indicam como pouco a
moderadamente poluído (Tabela 36).
TABELA 36:
Valores do IGeo obtido a partir do nível da base natural de Turekian e Wedepohl (1961)
Metais Pesados
Cd Cr Pb Ni
Estação
Pontos de
Amostragem
Valor
Classificação
Valor
Classificação
Valor
Classificação
Valor
Classificação
P1 4,21 FEC 0,02 PMD 0,09 PMD 0,03 PMD
P2 6,02 EX 0,02 PMD 0,10 PMD 0,03 PMD
P3 5,89 EX 0,02 PMD 0,09 PMD 0,03 PMD
P5 5,08 EX 0,02 PMD 0,08 PMD 0,03 PMD
P6 5,28 EX 0,13 PMD 0,37 PMD 0,07 PMD
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P7 6,42 EX 0,12 PMD 0,29 PMD 0,07 PMD
P1 6,22 EX 0,02 PMD 0,10 PMD 0,04 PMD
P2 6,56 EX 0,02 PMD 0,12 PMD 0,04 PMD
P3 3,21 FP 0,02 PMD 0,05 PMD 0,02 PMD
P5 0,94 PMD 0,02 PMD 0,06 PMD PMD
P6 4,08 FEC 0,13 PMD 0,38 PMD PMD
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P7 4,42 FEC 0,19 PMD 0,42 PMD PMD
P1 2,27 MFC 0,03 PMD 0,10 PMD PMD
P2 2,41 MFC 0,03 PMD 0,18 PMD PMD
P3 1,74 MC 0,02 PMD 0,11 PMD PMD
P5 1,47 MC 0,02 PMD 0,09 PMD PMD
P6 3,14 FP 0,17 PMD 0,23 PMD PMD
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P7 3,88 FP 0,24 PMD 0,63 PMD PMD
P1 4,18 FEC 0,02 PMD 0,08 PMD 0,03 PMD
P2 4,08 FEC 0,01 PMD 0,07 PMD 0,02 PMD
P3 4,15 FEC 0,01 PMD 0,07 PMD 0,02 PMD
P5 4,08 FEC 0,06 PMD 0,24 PMD 0,04 PMD
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P6 4,15 FEC 0,07 MC 0,33 PMD 0,06 PMD
EX: Muito fortemente poluído; FEC: Forte a muito fortemente poluído; FP: Fortemente poluído; MFP:
Moderadamente a fortemente poluído; MC: Moderadamente poluído; PMD: Pouco a moderadamente poluído
No inverno obtiveram-se duas classes, sendo a classe 5, para P1, onde os sedimentos
foram considerados forte a muito fortemente poluído e classe 6, para os demais pontos, que
enquadraram-se como muito fortemente poluído. Para a primavera, devido às variações
ocorrentes, os sedimentos enquadraram-se dentro de quatro classes distintas, sendo P1 e P2
classificados como muito fortemente poluído (classe 6), P3 apresentou valores que o define
como fortemente poluído (classe 4), P5 indicou valor de pouco a moderadamente poluído
(classe 1) e, já P6 e P7 ficaram numa faixa de forte a muito fortemente poluído (classe 5).
181
Para o verão verificou-se que ocorreram três tipos diferentes de intensidade de
poluição, sendo P1 e P2 enquadrados como moderado a fortemente poluído (classe 3), P3 e P5
como moderadamente poluído (classe 2) e P6 e P7 apresentaram valores que os enquadraram
como fortemente poluído (classe 4). No outono, observou-se apenas grau de poluição para
todos os pontos, sendo este forte a muito fortemente poluído (classe 5).
A tabela 37 apresenta a estimativa do IGeo dos metais pesados do sedimento de fundo
do arroio João Corrêa, segundo o nível de base natural proposto por Martin e Whitfield
(1983).
TABELA 37:
Valores do IGeo obtido a partir do nível de base natural de Martin e Whitfield (1983)
Metais Pesados
Cd Cr Pb Ni
Estação
Pontos de
Amostragem
Valor
Classificação
Valor
Classificação
Valor
Classificação
Valor
Classificação
P1 1,26 MC 0,02 PMD 0,02 PMD 0,02 PMD
P2 1,81 MC 0,02 PMD 0,02 PMD 0,02 PMD
P3 1,77 MC 0,02 PMD 0,02 PMD 0,02 PMD
P5 1,53 MC 0,02 PMD 0,02 PMD 0,02 PMD
P6 1,59 MC 0,12 PMD 0,07 PMD 0,04 PMD
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P7 1,93 MC 0,11 PMD 0,05 PMD 0,04 PMD
P1 1,87 MC 0,02 PMD 0,02 PMD 0,02 PMD
P2 1,97 MC 0,02 PMD 0,02 PMD 0,02 PMD
P3 0,96 PMD 0,02 PMD 0,01 PMD 0,01 PMD
P5 0,28 PMD 0,02 PMD 0,01 PMD PMD
P6 1,22 MC 0,12 PMD 0,07 PMD PMD
P
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P7 1,32 MC 0,17 PMD 0,08 PMD PMD
P1 0,68 PMD 0,03 PMD 0,02 PMD PMD
P2 0,72 PMD 0,03 PMD 0,04 PMD PMD
P3 0,52 PMD 0,02 PMD 0,02 PMD PMD
P5 0,44 PMD 0,02 PMD 0,02 PMD PMD
P6 0,94 PMD 0,15 PMD 0,04 PMD PMD
V
E
R
Ã
O
P7 1,16 MC 0,22 PMD 0,12 PMD PMD
P1 1,24 MC 0,02 PMD 0,01 PMD 0,01 PMD
P2 1,22 MC 0,01 PMD 0,01 PMD 0,01 PMD
P3 1,24 MC 0,01 PMD 0,01 PMD 0,01 PMD
P5 1,22 MC 0,05 PMD 0,05 PMD 0,03 PMD
O
U
T
O
N
O
P6 1,24 MC 0,06 PMD 0,06 PMD 0,03 PMD
MC: Moderadamente poluído; PMD: Pouco a moderadamente poluído
Na qual se observou que para os metais Cr, Pb e Ni estão classificados como pouco a
moderadamente poluído para todos os pontos de amostragem, e que as variações ocorreram
apenas para o Cd. Para o inverno e o outono em todos os pontos de amostragem foram
classificados como moderadamente poluído (classe 2). Na primavera, P1, P2, P6 e P7
indicaram moderadamente poluído (classe 2), P3 e P5 como pouco a moderadamente poluído
182
(classe 1). No verão a maioria dos pontos classificou-se como pouco a moderadamente
poluído (classe 1), com exceção de P7 que se apresentou como moderadamente poluído
(classe 2).
Observou-se que quando utilizado o background da área (Tabela 34) apresentaram-se
apenas dois intervalos de variação 0,04 -1,97, assim como a tabela 37, ao utilizar os índices de
base natural de Martin e Whitfield (1983) com variação de 0,01 1,97, enquanto que para os
níveis de base natural segundo EPA (apud RODRIGUES, 1997) os intervalos variam de 0,01
8,97 (Tabela 35) e de acordo com os valores de Turekian e Wedepohl (1961) a variação nos
intervalos é de 0,01 6,56 (Tabela 36).
6.8.3 Índice de carga metálica
A partir da matriz de dados podem-se avaliar as variáveis mais significativas na
avaliação para o índice de carga metálica, onde os metais Fe, Mn, Ba, Cu, Cr, Pb, Cd, Zn e as
variáveis pH e OD das amostragens realizadas nas diferentes estações foram consideradas as
mais significativas, sendo estas correlacionadas numa matriz de Pearson, conforme tabela 38.
Segundo Hair Junior et al.(1998), quanto maior o valor absoluto da carga fatorial, mais
importante à carga na interpretação da matriz fatorial.
Considerando os níveis de significância para as variáveis mais correlacionáveis
obteveram-se nível de significância maior a 1% do que a 5%. Para significância de 1%
costataram-se bons níveis para o chumbo, cromo, cádmio e o bário. Apenas o zinco e o
oxigênio dissolvido apresentaram nível de significância a 5%, mas estes não foram
considerados representativos.
TABELA 38:
Matriz de correlação de Pearson para obtenção do ICM
Matriz de Pearson
Fe Mn Ba Cu Cr Pb Cd Zn pH OD
Fe
1
Mn
0,331
1
Ba
0,615**
-0,015 1
Cu
0,523**
0,585** 0,425* 1
Cr
0,175
-0,166 0,713** 0,07 1
Pb
0,345
0,065 0,783** 0,537** 0,671** 1
Cd
0,29
-0,083 0,488** 0,156 0,643** 0,596** 1
Zn
0,122
-0,041 0,161 0,355 0,172 0,391* 0,231 1
pH
0,328
0,215 0,499** 0,236 0,582** 0,466* 0,548** 0,025 1
OD
-0,221
-0,381* -0,048 -0,329 0,089 -0,056 -0,84 -0,156
0,77 1
OBS: Nível de significância: **1% *5%
183
A tabela 39 apresenta a matriz de comunalidade entre os metais presentes na água,
onde o zinco com 82,3% demonstrou ter uma maior variância em relação às demais variáveis
analisadas, a menor correlação compartilhada é exibida pelo oxigênio dissolvido, com 45,9%
em correção com as demais variáveis.
TABELA 39:
Matriz de comunalidade
Variáveis Comunalidade
Fe 0,584
Mn 0,785
Ba 0,779
Cu 0,794
Cr 0,816
Pb 0,815
Cd 0,618
Zn 0,823
pH 0,690
OD 0,459
Na correlação de cada variável com o fator obtiveram-se três valores considerados
bons, estando estes acima em relação ao valor 1,0 do critério da raiz latente, valores menores
inviabilizaram a inclusão, os quais foram obtidos a partir do fator três sendo estes descartados.
Os três valores retidos representaram uma significância de 71,63% da variância das
dez variáveis (Tabela 40).
TABELA 40:
Resultados dos fatores comuns associados ao autovalor e variância
Fator
Autovalor Variância (%)
Cumulativo
de variância (%)
Autovalores
usados
1 4,000 40,000 40,000 4,000
2 2,026 20,258 60,258 2,026
3 1,138 11,380 71,638 1,138
4 0,801 8,013 79,651
5 0,727 7,265 86,916
6 0,525 5,252 92,169
7 0,353 3,532 95,701
8 0,236 2,357 98,058
9 0,137 1,369 99,427
10 0,057 0,573 100,000
184
A matriz de cargas fatorial rotacionada e não-rotacionada é apresentada na tabela 41,
onde para as cargas rotacionada os eixos de referência dos fatores foram rotados em torno da
origem até que alguma outra posição seja alcançada e para os não-rotacionados os fatores
foram retirados de acordo com a ordem de importância.
TABELA 41:
Comparação entre cargas de fatores não-rotacionada e rotacionada
Não-rotacionada
Rotacionada
Variáveis
Fator 1 Fator 2
Fator 3 Fator 1 Fator 2 Fator 3
Fe 0,620 0,387
0,225
0,440 0,623 -0,049
Mn 0,204 0,791
0,344
-0,078 0,856 -0,212
Ba 0,869 -0,134
0,081
0,851 0,216 0,092
Cu 0,597 0,654
-0,103
0,262 0,800 0,292
Cr 0,744 -0,512
0,029
0,881 -0,184 0,078
Pb 0,875 -0,103
-0,198
0,801 0,198 0,367
Cd 0,718 -0,317
-0,043
0,769 -0,029 0,162
Zn 0,366 0,133
-0,822
0,157 0,097 0,888
pH 0,684 -0,177
0,438
0,756 0,170 -0,299
OD -0,167 -0,623
0,206
0,131 -0,594 -0,298
Variância total (%) 40,00 20,25 11,38 36,15 22,73 12,74
A matriz não-rotacionados no fator 1 apresentou para o bário e o chumbo cargas muito
alta, ambas na direção positiva, as variáveis cromo, cádmio, pH e ferro demonstraram cargas
alta, já o cobre exibiu carga moderada, o manganês e o zinco apresentaram cargas baixa e
sendo estas na direção positiva, apenas o oxigênio dissolvido apresentou carga muito baixa na
direção negativa. No fator 2, a variável zinco apresentou carga muito baixa, na direção
positiva, o bário, chumbo e o pH exibiram cargas muito baixa na direção negativa, o ferro
apresentou carga baixa, na direção positiva, e o cádmio na direção negativa, a variável cromo
na direção negativa, com uma carga moderada, o manganês e o cobre na direção positiva e o
oxigênio dissolvido na direção negativa com carga alta. No fator 3, o zinco apresentou uma
carga muito alta na direção negativa, o pH com uma carga moderada e positiva, o ferro e o
manganês apresentam cargas baixa, na direção positiva, as demais variáveis apresentaram
cargas muito baixa sendo estas positivas ou negativas.
O fator 1 da matriz de cargas fatoriais não-rotacionada explicou com 40%, o fator 2
com 20,25%, o fator 3 com 11,38% da variância total ocorridas, ocorreram diferenciação
entre o fator 1 e 2 de 19,75%, entre o fator 1 e 3 de 28,62% e o fator 2 e 3 de 8,87%.
185
No primeiro fator da matriz rotacionada Varimax apenas a variável manganês
apresentou carga negativa. Os valores das cargas muito baixa foram representados pelo
manganês, zinco e oxigênio dissolvido, carga baixa foi representada pelo cobre, com carga
moderada o ferro, já o cádmio apresentou cargas alta, sendo o bário, cromo e o chumbo
representantes das cargas muito alta. No segundo fator, as variáveis manganês e cobre
apresentaram-se com cargas muito alta, na direção positiva, o ferro com carga alta, o oxigênio
dissolvido, com carga moderada, o bário apresentou carga moderada, na direção positiva, o
cromo, cádmio na direção negativa, o bário, chumbo, zinco e o pH na direção positiva, com
cargas muito baixa. No fator 3, apenas o zinco apresentou carga muito alta, na direção
positiva, o chumbo com carga moderada, na direção positiva, as variáveis que apresentaram
cargas baixa foram manganês, pH e OD, na direção negativa, o cobre na direção negativa, já o
ferro na direção negativa, o bário, cromo e o cádmio na direção positiva com cargas muito
baixa.
Para a variância total, o fator 1 explicou com 36,15%, o fator 2 com 22,73% e o fator 3
com 12,74% na significação de suas correlações. Na análise dos componentes os três fatores
diferiram entre eles sendo, entre o fator 1 e 2 uma diferenciação de 13,42%, entre o fator 1 e
3 de 23,41% e entre o fator 2 e 3 de 9,99%.
Comparando os dados obtidos a partir das cargas fatoriais não-rotacionada e
rotacionada observou-se que o fator 1 da matriz não-rotacionada apresentou as melhores
informações para a interpretação ecológica da variabilidade, em função da carga metálica,
onde a não-rotacionada apresentou uma variância total de 40%.
6.8.3.1 Fórmula e estimativa do ICM
Os coeficientes obtidos a partir da carga fatorial rotacionada resultaram na seguinte
composição final para a aplicação do índice de carga metálica:
ICM = 0,154 Pb + 0,153 Ba + 0,131 Cr + 0,126 Cd + 0,120 pH + 0,109 Fe + 0,105 Cu +
0,064 Zn + 0,035 Mn - 0,029 OD ...(13)
Os resultados do ICM encontram-se na ordem de importância sendo chumbo, bário,
cromo, cádmio, pH, ferro, cobre, zinco, manganês e oxigênio dissolvido. Após a obtenção dos
186
coeficientes estes foram aplicados a cada uma das amostragens realizadas para a MbaJC.
Obtendo-se assim o índice de carga metálica apresentado na tabela 42.
TABELA 42:
Resultados do ICM para a MbaJC
Amostragem Inverno Primavera Verão Outono
ICM médio
por ponto
P1 1,04639 1,07903 1,02575 1,04639 1,0494
P2 0,95712 1,81228 1,08648 1,56080 1,3542
P3 0,95085 1,31766 1,00079 2,28186 1,3878
P4 0,97030 1,26325 1,10234 2,26247 1,3996
P5 1,02505 1,62433 1,17076 2,99487 1,7038
P6 0,91821 0,93369 1,01361 2,17029 1,259
P7 0,95873 1,09231 1,01687 1,87162 1,2349
ICM médio 0,97523 1,30322 1,05951 2,02690
ICM mínimo 0,91821 0,93369 1,00079 1,04639
ICM máximo 1,04639 1,81228 1,17076 2,99487
O ICM mínimo encontrado para a MbaJC foi encontrado no inverno com 0,91821, o
máximo no outono com 2,99487. No inverno obteve-se um ICM médio de 0,97523, na
primavera 1,30300, no verão de 1,05951 e para o outono de 2,02690. Observa-se que para
todos os pontos amostrados ocorre a presença de metais na água, as variações que ocorrem
permitiram enquadrar o ICM entre as faixas média e muito alta, pois estes variam de 0 a 1, de
1 a 2, e de 2 a 3 positivo.
187
7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
As análises realizadas para as águas e sedimentos da Microbacia do arroio João Corrêa
são de suma importância para compreender os processos de degradação ocorrentes neste
ambiente e entender a contribuição no rio dos Sinos. A caracterização do sedimento de fundo
quanto a sua granulometria permitiu determinar que a variação textural ocorreu em maiores
teores nas frações finas. Sendo estes sedimentos, propícios a apresentarem altos teores de
poluição, devido a maior facilidade de agregação existente nestas frações.
A aplicação dos diferentes tipos de Índices de Qualidade de Água - CETESB, NSF,
COMITESINOS e FEAM, mostraram uma desigualdade quanto aos valores obtidos, porém
todos enquadraram as águas do arroio João Corrêa nas classes mais baixas, ruim e muito ruim.
Apesar das pequenas variações em seus métodos de enquadramento, há diferenças nos índices
empregados, quanto as suas faixas, embora sejam utilizadas as variáveis mais significativas,
estas são indicadoras das atuais condições da Microbacia do arroio João Corrêa.
O IQA do COMITESINOS foi o mais restritivo, a baixa qualidade da água encontrada
com a utilização deste IQA está relacionada ao fato da MbaJC estar inserida dentro da área
urbana, recebendo efluentes domésticos e industriais.
Utilizando a análise fatorial simplificou-se a utilização das variáveis naquelas que
apresentaram valores significativos para a MbaJC, as quais com a determinação do IQA
estatístico demonstrou a variação na qualidade da água permitindo acompanhar sua evolução
ao longo da microbacia, o qual a enquadrou-a na faixa ruim para as diferentes estações de
amostragens. Isto confirma o impacto negativo causado pela urbanização para a qualidade da
água, o qual foi ratificado pela realização das análises para cada parâmetro, antes da aplicação
da técnica estatística. A adoção do IQA estatístico demonstrou ser uma ferramenta importante
na obtenção de indicadores específicos que mais afetaram a qualidade da água da MnaJC, os
quais poderão ser monitorados ao longo do tempo.
A determinação de outros parâmetros, além dos utilizados para determinar o IQA é
importante, pois podem indicar graus de poluição que não são determinados somente pelas
variáveis utilizadas no cálculo do IQA. A partir dos resultados das variáveis físico-químico e
microbiológicas para as águas da MbaJC foi possível diagnosticar a atual situação em que este
arroio se encontra, o qual segundo os critérios do CONAMA (2005) enquadrasse na classe 4,
pelo fato de diversos parâmetros como alumínio, bário, cádmio, cromo hexavalente, chumbo,
manganês, zinco, bactérias heterotróficas estarem fora dos padrões referenciado. Pôde-se
188
determinar pelos altos índices da variável coliformes termotolerantes que este é um dos
principais contribuintes para a atual situação da MbaJC, observando-se que mesmo as
parcelas de resíduos que recebem tratamento pela ETE apresentaram índices elevados. O
enquadramento na classe 4 determina que as águas da MbaJC podem ser utilizadas somente
para a harmonia paisagística.
Na aplicação do índice de estado trófico obteve-se duas indicações de classes 3
(eutrófico) e 4 (hipereutrófico), os quais indicam que o sistema hídrico está sendo afetado por
atividades antrópicas, ocorrendo alterações indesejáveis na qualidade da água.
As análises de metais no sedimento de fundo e na água revelaram que são
consideráveis as variações das concentrações destes elementos. A partir dos resultados de
metais pesados na água do arroio João Corrêa e considerando-se o limite da Resolução do
CONAMA Nº 357/05, observou-se que houve, freqüentemente, superação dos níveis
estabelecidos para bário, cádmio e chumbo, sendo forte indicativo das atividades antrópicas
na microbacia, estes níveis de concentrações podem prejudicar a vida aquática. O arroio
funciona como transportador de íons para o rio dos Sinos.
Os índices de poluição empregado para o sedimento de fundo ao longo da MbaJC
demonstraram que, para o fator de contaminação prevalecem apenas duas classes, as quais
indicam baixa e moderada contaminação para os metais Cr, Ni e Pb, a variação ocorrente é
determinada pela estação em que foi realizada a amostragem. O Cd foi o único metal que
apresentou uma contaminação considerável para as amostragens realizadas após a liberação
de efluentes. O cálculo do índice de geoacumulação, visando avaliar a intensidade de
contaminação por metais pesados revelou que ocorre variações quanto a classificação, estando
incluído desde a classe 1 (pouco a moderadamente poluído) até a classe 6 (muito fortemente
poluído), estas classificações são decorrentes do nível de base natural que foi utilizado, sendo
as concentrações de Cd o maior responsável. Os sedimentos de fundo mostraram-se
importante compartimento acumulador de cádmio.
Finalmente há de se considerar que a falta de qualidade da água pode ser atribuída as
atividades antrópicas na MbaJC, apresentando esta uma alta concentração demográfica,
ausência de saneamento básico, falta de infra-estrutura em alguns pontos da microbacia e de
uma maior eficiência na fiscalização por parte dos órgãos ambientais.
Recomenda-se o monitoramento junto às indústrias instaladas ao longo da microbacia,
objetivando a manutenção da qualidade dos efluentes industriais finais dentro dos padrões de
lançamento da legislação vigente, assim como o controle da vazão destes efluentes. Também
189
se faz necessário um estudo mais detalhado para a liberação dos resíduos da ETE
principalmente os metais pesados Cu, Pb e Mn.
Para fins de planejamento de ações para a MbaJC que visem a melhoria da qualidade
da água, o Índice de Qualidade de Água IQA estatístico se apresenta como o indicador que
melhor retrata as atuais condições do arroio, por fazer uso das variáveis que representam a
qualidade ambiental deste sistema.
Desenvolvimento de campanhas de educação ambiental, conscientizando a população
dos impactos negativos ao meio ambiente decorrente do lançamento de resíduos sólidos e
líquidos na Microbacia do arroio João Corrêa.
Elaboração de um plano de gestão e manejo da MbaJC, envolvendo um programa de
despoluição do arroio e recuperação da mata ciliar.
190
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200
APÊNDICE A - Padrões dos corpos de água doce, conforme a Resolução do CONAMA Nº
357, de 17 de março de 2005, Ministério do Meio Ambiente
Padrão do corpo de água
Parâmetro
Unidade
Classe 1 Classe 2 Classe 3
Lançamento
de efluentes
Alumínio dissolvido mg L
-1
0,1 0,1 0,2 -
Bário total mg L
-1
0,7 0,7 1,0 5,0
Cádmio total mg L
-1
0,001 0,001 0,010 0,2
Chumbo total mg L
-1
0,010 0,010 0,033 0,5
Cloreto total mg L
-1
250 250 250 -
Clorofila µg L
-1
10 30 60 -
Cobre dissolvido mg L
-1
0,009 0,009 0,013 1,0
Coliformes
termotolerantes
NMP 200 1.000
Depende
do uso
-
Cor mg Pt L
-1
natural 75 75 -
Cromo mg L
-1
0,05 0,05 0,05 0,5
DBO
5
mg L
-1
3 5 10 -
Ferro dissolvido mg L
-1
0,3 0,3 5,0 15,0
Fósforo total mg L
-1
0,10 0,10 0,15 -
Manganês mg L
-1
0,1 0,1 0,5 1,0
Nitrato mg L
-1
10 10 10 -
Nitrito mg L
-1
1,0 1,0 1,0 -
Nitrogênio amoniacal mg L
-1
3,7 3,7 13,3 20,0
Oxigênio Dissolvido mg L
-1
= 6 = 5 = 4 -
pH - 6 a 9 6 a 9 6 a 9 5 a 9
STD mg L
-1
500 500 500 -
Sulfato mg L
-1
250 250 250 -
Temperatura ºC - - - 40
Turbidez UNT 40 100 100 -
Zinco total mg L
-1
0,18 0,18 5,00 5,0
Fonte: Adaptado da Resolução do CONAMA Nº 357/05
201
APÊNDICE B Dados da precipitação do ano hidrológico para a MbaJC, de junho a agosto
de 2006
Dados Pluviométricos - 2006
Data
Precipitação
(mm)
Data
Precipitação
(mm)
Data
Precipitação
(mm)
01.06.06
0 01.07.06
0 01.08.06 0
02.06.06
0 02.07.06
0 02.08.06 0
03.06.06
0 03.07.06
0 03.08.06 0
04.06.06
2 04.07.06
0 04.08.06 0
05.06.06
0 05.07.06
0 05.08.06 0
06.06.06
0 06.07.06
0 06.08.06 17,5
07.06.06
0 07.07.06
0 07.08.06 0
08.06.06
0 08.07.06
0 08.08.06 0
09.06.06
0 09.07.06
10,0 09.08.06 0
10.06.06
0,0 10.07.06
0 10.08.06 30,0
11.06.06
20,2 11.07.06
0 11.08.06 0
12.06.06
20,1 12.07.06
0 12.08.06 0
13.06.06
0 13.07.06
0 13.08.06 0
14.06.06
0 14.07.06
0 14.08.06 0
15.06.06
0 15.07.06
0 15.08.06 0
16.06.06
0 16.07.06
1 16.08.06 0
17.06.06
0 17.07.06
0 17.08.06 0
18.06.06
0,0 18.07.06
0 18.08.06 8,0
19.06.06
0,0 19.07.06
0 19.08.06 3,0
20.06.06
0 20.07.06
0 20.08.06 0
21.06.06
12 21.07.06
0 21.08.06 0
22.06.06
30,2 22.07.06
0 22.08.06 0
23.06.06
0 23.07.06
0 23.08.06 0
24.06.06
0 24.07.06
0 24.08.06 0
25.06.06
0 25.07.06
0 25.08.06 0
26.06.06
16 26.07.06
27,5 26.08.06 0
27.06.06
0 27.07.06
25,0 27.08.06 0
28.06.06
0 28.07.06
17 28.08.06 0
29.06.06
0 29.07.06
0 29.08.06 0
30.06.06
0 30.07.06
0 30.08.06 0
- - 31.07.06
- 31.08.06 5,0
Total 100,5 80,5 63,5
Fonte: Defesa civil, RS (2007)
202
Dados de precipitação do ano hidrológico para MbaJC, setembro a novembro de 2006
Dados Pluviométricos - 2006
Data
Precipitação
(mm) Data
Precipitação
(mm) Data
Precipitação
(mm)
01.09.06
0 01.10.06
0 01.11.06
0
02.09.06
1,5 02.10.06
0 02.11.06
0
03.09.06
0 03.10.06
0 03.11.06
0
04.09.06
0 04.10.06
0 04.11.06
0
05.09.06
1,2 05.10.06
0 05.11.06
0
06.09.06
0 06.10.06
0 06.11.06
50,0
07.09.06
0 07.10.06
0 07.11.06
0
08.09.06
0 08.10.06
0 08.11.06
0
09.09.06
40,0 09.10.06
0 09.11.06
0
10.09.06
0 10.10.06
0 10.11.06
0
11.09.06
0 11.10.06
40,0 11.11.06
0
12.09.06
0 12.10.06
1,0 12.11.06
0
13.09.06
0 13.10.06
0 13.11.06
0
14.09.06
0 14.10.06
0 14.11.06
0
15.09.06
25,0 15.10.06
0 15.11.06
0
16.09.06
0 16.10.06
0 16.11.06
0
17.09.06
0 17.10.06
0 17.11.06
0
18.09.06
0 18.10.06
0 18.11.06
0
19.09.06
0 19.10.06
0 19.11.06
10,0
20.09.06
0 20.10.06
0 20.11.06
0
21.09.06
10,0 21.10.06
0 21.11.06
0
22.09.06
0 22.10.06
0 22.11.06
0
23.09.06
0 23.10.06
0 23.11.06
0
24.09.06
0 24.10.06
0 24.11.06
0
25.09.06
0 25.10.06
0 25.11.06
32,5
26.09.06
0 26.10.06
2,5 26.11.06
2
27.09.06
0 27.10.06
0 27.11.06
0
28.09.06
0 28.10.06
0 28.11.06
0
29.09.06
0 29.10.06
0 29.11.06
0
30.09.06
0 30.10.06
1,0 30.11.06
0
- - 31.10.06
0 - -
Total 77,7 44,5 34,5
Fonte: Defesa civil, RS (2007).
203
Dados de precipitação do ano hidrológico para MbaJC, dezembro de 2006 a fevereiro de
2007
Dados Pluviométricos -2006 e 2007
Data
Precipitação
(mm)
Data
Precipitação
(mm)
Data
Precipitação
(mm)
01.12.06
0 01.01.07
0 01.02.07
0
02.12.06
0 02.01.07
0 02.02.07
0
03.12.06
0 03.01.07
0 03.02.07
0
04.12.06
0 04.01.07
1 04.02.07
0
05.12.06
0 05.01.07
3 05.02.07
0
06.12.06
0 06.01.07
0 06.02.07
35,0
07.12.06
2,0 07.01.07
0 07.02.07
1,0
08.12.06
0 08.01.07
0 08.02.07
0
09.12.06
0 09.01.07
0 09.02.07
0
10.12.06
0 10.01.07
0 10.02.07
0
11.12.06
0 11.01.07
0 11.02.07
10,0
12.12.06
0 12.01.07
0 12.02.07
0
13.12.06
0 13.01.07
0 13.02.07
0
14.12.06
0 14.01.07
0 14.02.07
0
15.12.06
2,5 15.01.07
0 15.02.07
0
16.12.06
0 16.01.07
0 16.02.07
0
17.12.06
0 17.01.07
0 17.02.07
0
18.12.06
2,5 18.01.07
5 18.02.07
1,9
19.12.06
3 19.01.07
15 19.02.07
0
20.12.06
0 20.01.07
1 20.02.07
0
21.12.06
5,2 21.01.07
8 21.02.07
0
22.12.06
0 22.01.07
0 22.02.07
2,1
23.12.06
0 23.01.07
0 23.02.07
55,0
24.12.06
1,3 24.01.07
0 24.02.07
48,0
25.12.06
0 25.01.07
0 25.02.07
0
26.12.06
0 26.01.07
0 26.02.07
0
27.12.06
0 27.01.07
0 27.02.07
0
28.12.06
0 28.01.07
0 28.02.07
0
29.12.06
0 29.01.07
10 - -
30.12.06
0 30.01.07
9 - -
31.12.06
0 31.01.07
0 - -
Total 13,5 52 153
Fonte: Defesa civil, RS (2007)
204
Dados de precipitação do ano hidrológico para MbaJC, março a maio de 2007
Dados Pluviométricos - 2007
Data Precipitação (mm)
Data Precipitação (mm)
Data Precipitação (mm)
01.03.07
0 01.04.07
1 01.05.07
02.03.07
1,0 02.04.07
0 02.05.07
1
03.03.07
1,5 03.04.07
0 03.05.07
26
04.03.07
0 04.04.07
9 04.05.07
0
05.03.07
0 05.04.07
0 05.05.07
0
06.03.07
13,0 06.04.07
0 06.05.07
0
07.03.07
13,0 07.04.07
0 07.05.07
12
08.03.07
0 08.04.07
15 08.05.07
1
09.03.07
0 09.04.07
5 09.05.07
0
10.03.07
0 10.04.07
0 10.05.07
0
11.03.07
0 11.04.07
0 11.05.07
0
12.03.07
0 12.04.07
1 12.05.07
0
13.03.07
0 13.04.07
0 13.05.07
0
14.03.07
8,0 14.04.07
0 14.05.07
28
15.03.07
0 15.04.07
0 15.05.07
0
16.03.07
0 16.04.07
0 16.05.07
50
17.03.07
0 17.04.07
0 17.05.07
0
18.03.07
1,8 18.04.07
0 18.05.07
4
19.03.07
7 19.04.07
0 19.05.07
0
20.03.07
0 20.04.07
0 20.05.07
0
21.03.07
0 21.04.07
0 21.05.07
0
22.03.07
0 22.04.07
0 22.05.07
0
23.03.07
0 23.04.07
0 23.05.07
15
24.03.07
0 24.04.07
0 24.05.07
0
25.03.07
0 25.04.07
9 25.05.07
0
26.03.07
0 26.04.07
14 26.05.07
0
27.03.07
8,0 27.04.07
0 27.05.07
0
28.03.07
0 28.04.07
0 28.05.07
0
29.03.07
0 29.04.07
0 29.05.07
0
30.03.07
0 30.04.07
0 30.05.07
0
31.03.07
15,0 - - 31.05,07
-
Total 68,3 54 137
Fonte: defesa civil (2007)
205
APÊNDICE C Resultados dos dados hidrológicos dos pontos de amostragens ao longo da
MbaJC
Quadro com os dados de P1 dos pontos de amostragem ao longo da MbaJC
Ponto 1
Pontos
Amostragem
h (m) Área (m
2
)
Velocidade
(m s
-1
)
Vazão
(m
3
s
-1
)
Perímetro
úmido
Raio
Hidráulico
A Primavera 0,024 4,625 10
-3
0,030 1,4 10
-4
0,35 0,01
B Verão 0,025 4,588 10
-3
0,029 1,4 10
-4
0,40 0,01
C Inverno 0,026 4,902 10
-3
0,031 1,5 10
-4
0,43 0,01
D Outono 0,027 4,995 10
-3
0,032 1,6 10
-4
0,52 0,009
Quadro com os dados de P2 dos pontos de amostragem ao longo da MbaJC
Ponto 2
Pontos
Amostragem h (m)
Área (m
2
)
Veloci
dade
(m s
-1
)
Vazão
(m
3
s
-1
)
Perímetro
úmido
Raio
hidráulico
A Primavera 0,13 1,69 10
-2
0,21 3,7 10
-3
0,58 0,029
B Verão 0,14 1,82 10
-2
0,23 4,3 10
-3
0,60 0,030
C Inverno 0,15 1,037 10
-1
0,52 5,39 10
-2
0,61 0,168
D Outono 0,16 1,057 10
-1
0,53 5,60 10
-2
0,63 0,167
Quadro com os dados de P3 dos pontos de amostragem ao longo da MbaJC
Ponto 3
Pontos
Amostragem
h (m)
Área (m
2
)
Velocidade
(m s
-1
)
Vazão
(m
3
s
-1
)
Perímetro
úmido
Raio
hidráulico
A Primavera 0,041 2,195 10
-1
0,19 4,2 10
-2
8,18 0,026
B Verão 0,062 1,437 10
-1
0,12 1,8 10
-2
8,52 0,016
C Inverno 0,067 2,305 10
-1
0,21 4,9 10
-2
8,56 0,026
D Outono 0,069 2,392 10
-1
0,22 5,3 10
-2
8,47 0,028
Quadro com os dados de P4 dos pontos de amostragem ao longo da MbaJC
Ponto 4
Pontos
Amostragem
h (m)
Área (m2)
Velocidade
(m s
-1
)
Vazão
(m
3
s
-1
)
Perímetro
úmido
Raio
hidráulico
A Primavera 0,09 1,423 10
-1
0,26 3,7 10
-2
1,27 0,11
B Verão 0,15 8,53 10
-2
0,15 1,3 10
-2
1,23 0,06
C Inverno 0,16 1,02 10
-1
0,51 5,2 10
-2
1,25 0,08
D Outono 0,17 1,057 10
-1
0,53 5,6 10
-2
1,26 0,08
206
Quadro com os dados de P5 dos pontos de amostragem ao longo da MbaJC
Ponto 5
Pontos
Amostragem
h (m)
Área (m
2
)
Velocidade
(m s
-1
)
Vazão
(m
3
s
-1
)
Perímetro
úmido
Raio
hidráulico
A Primavera 0,14 1,091 0,16 0,180 15,71 0,069
B Outono 0,16 0,432 0,54 0,233 15,79 0,027
C Verão 0,16 1,262 0,19 0,240 15,73 0,08
D Inverno 1,19 8,19 0,36 2,948 17,0 0,48
207
APÊNDICE D - Resultado das análises granulométrica dos sedimentos na freqüência (%)
simples do arroio João Corrêa
Pontos
de
coleta
Amostragem
Seixo
fino
Seixo
muito
fino
Areia
muito
grossa
Areia
grossa
Areia
média
Areia
fina
Areia
muito
fina
Silte/Argila
P1 Inverno 0 0 0,26 0,46 0,83 16,65
27,72
34,79
P2 0 2,67 2,18 18,47
33,02
18,91
7,89 16,86
P3 0 2,27 4,08 21,2 43,28
24,85
2,68 1,64
P5 0 2,95 2,41 20,41
36,49
20,89
8,72 8,26
P6 0 0,008 0,21 1,22 2,20 5,89 11,49
78,29
P7 0 0,28 0,92 3,55 3,81 10,34
27,57
53,55
P1 Primavera 0 3,57 3,89 4,24 6,98 34,41
24,22
22,69
P2 0 0 0,04 1,17 5,44 22,65
19,06
51,64
P3 0 10,53 10,4 27,4 32,38
12,93
4,45 1,91
P5 0 8,29 6,52 27,19
45,15
10,84
1,49 0,52
P6 0 0 0 6,90 4,93 6,68 14,05
67,45
P7 0 0,13 1,00 4,17 2,56 3,46 11,03
77,64
P1 Verão 0 0,10 0,63 0,68 2,36 38,09
31,23
26,9
P2 0 0 0,06 1,78 5,83 24,01
25,04
43,28
P3 8,72 7,15 5,91 13,27
19,43
23,06
17,58
4,88
P5 0 5,99 8,97 28,91
36,49
14,79
1,83 3,02
P6 0 0,19 0,08 0,30 1,16 9,4 14,59
74,28
P7 0 0 0 0,13 0,41 1,56 1,73 96,17
P1 Outono 0 0 0,22 0,37 0,77 15,66
29,48
53,50
P2 0 0 0,17 1,93 6,59 24,53
27,52
39,26
P3 0 11,52 4,93 17,05
38,21
22,98
4,26 1,06
P5 33,51
15,71 10,07
12,73
9,71 3,55 3,54 11,19
P6 0 0 0,24 0,1 0,12 2,59 40,67
56,27
208
APÊNDICE E - Resultados das análises químicas do fósforo, cromo, níquel, cádmio e
chumbo realizada nos sedimentos de fundo da MbaJC
Ponto de coleta
Amostragem
P
(µg g
-1
)
Cr
(µg g
-1
)
Ni
(µg g
-1
)
Cd
(µg g
-1
)
Pb
(µg g
-1
)
P1 Inverno 488,15 11,20 7,95 6,30 8,73
P2 67,00 9,00 9,00 9,00 9,00
P3 104,50 8,80 8,80 8,80 8,80
P5 128,20 7,60 7,60 7,60 7,60
P6 712,90 58,40 18,20 7,90 35,20
P7 650,50 54,20 17,80 9,60 27,30
P1 Primavera 200,31 9,30 9,30 9,30 9,30
P2 136,30 9,80 9,80 9,80 11,20
P3 108,50 8,90 4,80 4,80 4,80
P5 123,70 8,10 1,40 5,40
P6 1.077,00
58,60 6,10 36,10
P7 716,30 86,80 6,60 39,80
P1 Verão 249,50 15,30 3,40 9,70
P2 58,00 15,60 3,60 17,50
P3 115,20 9,00 2,60 10,20
P5 290,10 9,50 2,20 8,90
P6 708,30 75,60 4,70 22,20
P7 460,40 109,70 5,80 59,80
P1 Outono 415,20 9,00 6,60 6,20 7,20
P2 16,50 6,10 6,10 6,10 6,90
P3 161,50 6,20 6,20 6,20 6,20
P5 242,70 25,60 11,40 6,10 22,80
P6 719,10 30,00 15,60 6,20 31,00
Valores de referência para classificação quanto à poluição dos sedimentos, desenvolvida pela
Unites States Environmental Protection Agency (concentração total em µg g
-1
)
Parâmetro
Não Poluído
(µg g
-1
)
Moderadamente
poluído (µg g
-1
)
Muito poluído
(µg g
-1
)
Cádmio - - >6
Cromo <25 25-75 >75
Chumbo <40 40-60 >60
Níquel <20 20-50 >50
Fósforo <420 420-650 >650
Fonte: Adaptado de U.S. EPA (apud POLETO e GONÇALVES, 2006)
209
APÊNDICE F - Resultados das análises físicas e químicas da água da MbaJC, realizadas na
in loco com a sonda multiparâmetros no inverno (17.08.06)
Parâmetro Unidade
P1 P2
P3
P4 P5 P6 P7
Amônia mg L
-1
0,018 0,008 0,011 0,010 0,012 0,009 0,002
Clorofila mg L
-1
0,003 0,003 0,003 0,002 0,002 0,002 0,003
Condutividade µS cm
3
166,5 346,0 165,0 335,0 294,0 189,0 69,0
Potencial redox mV 98,25 107,8 107,3 102,8 107,1 108,8 94,5
STD g L
-1
0,108 0,225 0,118 0,218 0,191 0,123 0,045
Resultados das análises físicas e químicas da água da MbaJC, realizadas na in loco com a
sonda multiparâmetros na primavera (23.10.06)
Parâmetro Unidade
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Amônia mg L
-1
0,006 0,041 0,051 0,036 0,075 0,039 0,075
Clorofila mg L
-1
0,003 0,001 0,004 0,004 0,012 0,002 0,004
Condutividade µS cm
3
172 471 548 564 771 493 637
Potencial redox mV 82,3 54,9 35,9 2,9 51,2 89,8 74,4
STD g L
-1
0,112 0,307 0,356 0,366 0,501 0,32 0,415
Resultados das análises físicas e químicas da água da MbaJC, realizadas na in loco com a
sonda multiparâmetros no verão (11.12.06)
Parâmetro Unidade
P1 P2
P3
P4 P5 P6 P7
Amônia mg L
-1
0,031 0,135 0,241 0,091 0,173 0,124 0,103
Clorofila mg L
-1
0,003 0,004 0,004 0,004 0,008 0,003 0,005
Condutividade µS cm
3
161 479 532 520 706 510 588
Potencial redox mV 114,2 -2,1 -42,8 -65,5 -144,4 -26,6 -80,6
STD g L
-1
0,105 0,312 0,346 0,339 0,460 0,332 0,383
Resultados das análises físicas e químicas da água da MbaJC, realizadas na in loco com a
sonda multiparâmetros no outono (17.04.07)
Parâmetro Unidade P1 P2
P3
P4 P5 P6 P7
Amônia mg L
-1
0,020 0,084 0,206 0,101 0,086 0,074 0,088
Clorofila mg L
-1
0,004 0,003 0,005 0,001 0,001 0,006 0,006
Condutividade µS cm
3
211 431 453 444 432 340 370
Pontencial redox mV 80,5 42,2 60,3 54,2 40,1 28,7 65,1
STD g L
-1
0,137 0,281 0,295 0,290 0,282 0,221 0,240
210
APÊNDICE GGráficos ilustrativos da análise física da água da MbaJC
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
P1 P2 P3 P4 P5 P 6 P7
Pontos de coleta
Condutividade (µS cm
3
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Variações da condutividade nas amostragens de água da MbaJC
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
P1 P2 P3 P4 P5 P 6 P7
Pontos de coleta
Sólidos dissolv. Totais
(mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Variações dos sólidos dissolvidos totais nas amostragens da água da MbaJC
0
10
20
30
40
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Temperatura (°C)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Variações da temperatura nas amostragens de água da MbaJC
211
0
50
100
150
200
250
300
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Alcalinidade (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Variações da alcalinidade nas amostragens da água da MbaJC
0
5
10
15
20
25
30
35
40
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
CO
2
livre (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Variações de CO
2
livre nas amostragens de água da MbaJC
0
10
20
30
40
50
60
70
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Cloreto (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Variações de cloreto nas amostragens de água da MbaJC
212
0
100
200
300
400
500
600
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
DQO (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Variações de DQO nas amostragens de água da MbaJC
0
20
40
60
80
100
120
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Dureza (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Variações da dureza nas amostragens de água da MbaJC
0
5
10
15
20
25
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Fosfato total (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Variações de fosfato total nas amostragens de água da MbaJC
213
0
2
4
6
8
10
12
14
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Nitrato (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono Classe 1 a 3 (máx.)
Variações de nitrato nas amostragens de água da MbaJC.
Em verde: VMPs para as classes 1, 2 e 3
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Nitrito (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Classe 1 a 3 (máx.)
Variações de nitrito nas amostragens de água da MbaJC.
Em verde: VMPs para as classes 1, 2 e 3
0
2
4
6
8
10
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
pH
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão
Outono Classe 1 a 4 (mín.) Classe 1 a 4 (máx.)
Variações do pH nas amostragens de água da MbaJC.
Em verde: VMPs máximo; Em azul: VMPs mínimo
214
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
P1 P2 P3 P4 P5 P 6 P7
Pontos de coleta
Potencial redox (mV)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Variações do potencial redox nas amostragens de água da MbaJC
0
50
100
150
200
250
300
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
Sulfato (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono Classe 1, 2 e 3 (máx.)
Variações de sulfato nas amostragens de água da MbaJC.
Em laranja: VMPs para as classes 1,2 e 3
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0,03
0,035
P1 P2 P3 P4 P5 P 6 P7
Pontos de coleta
Clorofila (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão
Outono Classe 1 (máx.) Classe 2 (máx.)
Variações de clorofila nas amostragens de água da MbaJC.
Em verde: VMP para a classe 1; Em preto: VMP para a classe 2
215
0
20
40
60
80
100
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Pontos de coleta
MO (mg L
-1
)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Vazão (m
3
s
-1
)
Inverno Primavera Verão Outono
Variações de matéria orgânica nas amostragens de água da MbaJC
216
ANEXO A Curvas médias de variação da qualidade das águas
Fonte: CETESB (2006b)
217
ANEXO B Resultados das análises físicas, químicas e biológicas das águas da MbaJC,
realizadas pelo SEMAE em 17/08/06
LAUDO DE ANÁLISE DE ÁGUA
Data da Coleta: 17/08/2006
Origem das amostras: Arroio João Corrêa
Amostrado por: Ivanice Magalhães da Silva
Laboratório Responsável: Laboratório Central
Parâmetro Unidade P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Cto Pres/Aus Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente
Cte NMP 23.257,60
20.224,00
26.291,20
18.201,60
30.336,00
21.235,20
24.268,20
BH UFC 900 1.000 1.300 900 1.500 1.050 1.200
Temperatura ºC 19 19 19 19 20 19 19
Turbidez uT 15,80 8,98 12,20 9,35 14,70 11,50 22,30
Cor aparente uH 72 63 79 99 158 119 204
pH - 7,1 7,2 7,2 7,2 6,9 7,0 6,9
Dureza mg L
-1
29,5 36,0 30,0 38,0 45,0 40,0 20,0
Alcalinidade mg L
-1
56 121 110 118 135 134 43
CO
2
livre mg L
-1
8,86 14,76 13,42 14,39 32,40 26,00 10,32
MO mg L
-1
8,6 10,8 11,4 10,8 12,0 11,2 10,0
DBO
5
mg L
-1
4,76 43,25 24,75 42,00 20,00 24,40 9,00
DQO mg L
-1
30 80 24 16 76 24 16
O
2
dissolvido mg L
-1
4,35 2,85 4,90 2,85 3,00 2,35 2,45
Ferro total mg L
-1
1,674 0,505 0,733 0,462 1,533 0,704 0,930
Manganês mg L
-1
0,5 0,4 0,5 0,3 0,3 0,3 0,4
Bário mg L
-1
0,55 0,30 0,70 0,70 0,50 0,20 0,40
Cobre mg L
-1
0,131 0,061 0,086 0,077 0,107 0,092 0,088
Cromo
hexavalente
mg L
-1
0,003 0,003 0,001 0,0001 0,0001 0,003 0,003
Zinco total mg L
-1
0,233 0,700 0,144 0,126 0,180 0,226 0,169
Chumbo mg L
-1
0,029 0,037 0,037 0,029 0,023 0,017 0,026
Alumínio mg L
-1
0,035 0,037 0,048 0,034 0,087 0,093 0,309
Cloreto mg L
-1
44 50 44 38 40 35 36
Sulfato mg L
-1
10,9 39,2 37,4 35,4 >80,0 33,5 6,2
Nitrato mg L
-1
1,4 1,9 2,2 3,3 1,5 1,3 1,8
Nitrito mg L
-1
0,090 0,009 0,010 0,447 0,006 0,013 0,024
Cádmio mg L
-1
0,023 0,028 0,003 0,003 0,029 0,011 0,006
Fósforo total mg L
-1
1,120 2,420 2,700 1,390 2,860 1,650 0,706
Fosfato total mg L
-1
0,960 0,085 0,148 0,523 0,092 0,116 0,389
218
Resultados das análises físicas, químicas e biológicas das águas da MbaJC, realizadas pelo
SEMAE em 23/10/06
LAUDO DE ANÁLISE DE ÁGUA
Data da Coleta: 23/10/2006
Origem das amostras: Arroio João Corrêa
Amostrado por: Ivanice Magalhães da Silva
Laboratório Responsável: Laboratório Central
Parâmetro Unidade P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Cto Pres/Aus Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente
Cte NMP 39.436,80
59.863,04
51.907,20
85.143,04
69.368,32
76.952,32
71.673,85
BH UFC 1.950 2.960 4.050 4.210 3.430 3.805 3.544
Temperatura ºC 23 25 26 22 28 25 23
Turbidez uT 16,9 18,2 16,2 18,3 70,9 25,1 14,9
Cor aparente uH 190 168 215 322 780 281 197
pH - 6,9 7,2 7,1 7,0 7,7 7,0 6,9
Dureza mg L
-1
15 30 32 20 35 37 38
Alcalinidade mg L
-1
48 165 164 162 265 170 80
CO
2
livre mg L
-1
11,52 20,13 25,26 31,43 24,65 32,98 19,20
MO mg L
-1
12,0 13,0 13,2 13,0 90,0 12,8 13,0
DBO
5
mg L
-1
4,7 43,5 31,5 43,0 18,0 26,0 11,8
DQO mg L
-1
60 108 140 204 484 92 100
O
2
dissolvido mg L
-1
4,2 4,6 5,2 5,0 4,8 4,0 4,2
Ferro total mg L
-1
1,811 0,607 0,581 0,568 0,658 0,267 0,547
Manganês mg L
-1
0,3 0,3 0,1 0,2 0,3 0,1 0,5
Bário mg L
-1
0,48 6,2 3,2 2,8 14,2 0,7 1,7
Cobre mg L
-1
0,109 0,079 0,062 0,071 0,184 0,128 0,093
Cromo
hexavalente
mg L
-1
0,004 0,063 0,022 0,055 0,088 0,004 0,003
Zinco total mg L
-1
0,345 0,198 0,280 0,390 0,402 0,600 0,298
Chumbo mg L
-1
0,033 0,157 0,174 0,178 0,330 0,094 0,108
Alumínio mg L
-1
0,537 0,050 0,023 0,057 0,272 0,127 0,055
Cloreto mg L
-1
40 38 36 44 44 46 40
Sulfato mg L
-1
11,8 40,6 43,6 49,6 53,5 31,7 44,3
Nitrato mg L
-1
2,2 3,3 2,4 1,8 10,0 1,2 1,1
Nitrito mg L
-1
0,071 0,006 0,021 0,227 0,009 0,009 0,014
Cádmio mg L
-1
0,027 0,024 0,047 0,031 0,058 0,025 0,024
Fósforo total mg L
-1
1,050 1,621 1,982 1,402 2,585 2,204 0,989
Fosfato total mg L
-1
0,236 0,204 0,222 0,209 0,054 0,183 0,089
219
Resultados das análises físicas, químicas e biológicas das águas da MbaJC, realizadas pelo
SEMAE em 12/11/06
LAUDO DE ANÁLISE DE ÁGUA
Data da Coleta: 11/12/2006
Origem das amostras: Arroio João Corrêa
Amostrado por: Ivanice Magalhães da Silva
Laboratório Responsável: Laboratório Central
Parâmetro Unidade
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Cto Pres/Aus
Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente
Cte NMP 44.492,80 99502,08
137.523,20
152.084,48
108.400,64
132.669,44
119.078,91
BH UFC 2.200 4.920 6.800 7.520 5.360 6.560 5.888
Temperatura
ºC 23 27 28 26 29 31 28
Turbidez uT 14,7 65,1 10,1 26,1 79,0 16,6 18,1
Cor aparente
uH 124 495 159 213 770 176 202
pH - 7,4 7,3 7,4 7,2 7,2 7,1 7,0
Dureza mg L
-1
44 52 38 22 39 56 50
Alcalinidade mg L
-1
64 160 162 168 248 169 193
CO
2
livre mg L
-1
6,21 15,68 15,71 20,50 30,26 26,03 37,44
MO mg L
-1
20,0 22,0 24,0 82,0 94,0 13,8 14,2
DBO
5
mg L
-1
4,8 43,0 18,0 41,0 22,0 27,0 13,0
DQO mg L
-1
45,0 104,5 130,5 168,5 478,5 283,5 307,5
O
2
dissolvido
mg L
-1
4,5 1,1 4,6 0,7 1,2 0,7 0,7
Ferro total mg L
-1
1,537 0,510 0,692 0,742 0,804 0,512 0,457
Manganês mg L
-1
0,7 0,5 0,5 0,4 0,4 0,4 0,5
Bário mg L
-1
0,3 0,9 0,8 0,8 0,9 0,5 0,6
Cobre mg L
-1
0,153 0,142 0,139 0,125 0,133 0,113 0,089
Cromo
hexavalente
mg L
-1
0,002 0,014 0,007 0,032 0,054 0,016 0,016
Zinco total mg L
-1
0,121 0,095 0,088 0,150 0,957 0,124 0,202
Chumbo mg L
-1
0,025 0,034 0,041 0,057 0,100 0,041 0,075
Alumínio mg L
-1
0,173 >0,900 0,066 0,024 0,195 0,031 0,108
Cloreto mg L
-1
48,0 38,0 46,5 44,0 40,0 40,5 42,0
Sulfato mg L
-1
10,0 37,6 45,8 47,2 44,8 35,2 44,3
Nitrato mg L
-1
3,0 4,2 3,8 2,2 12,1 2,0 1,5
Nitrito mg L
-1
0,052 0,0037 0,032 0,007 0,011 0,005 0,003
Cádmio mg L
-1
0,019 0,028 0,027 0,045 0,036 0,042 0,017
Fósforo total
mg L
-1
1,203 1,742 2,220 1,572 2,685 2,052 1,044
Fosfato total
mg L
-1
0,392 0,814 1,178 0,641 1,812 0,761 1,167
220
Resultados das análises físicas, químicas e biológicas das águas da MbaJC, realizadas pelo
SEMAE em 17/04/2007
LAUDO DE ANÁLISE DE ÁGUA
Data da Coleta: 17/04/2007
Origem das amostras: Arroio João Corrêa
Amostrado por: Ivanice Magalhães da Silva
Laboratório Responsável: Laboratório Central
Parâmetro Unidade P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Cto Pres/Aus Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente
Cte NMP 14.877,00
60.368,64
54.382,33
116.085,76
140.759,04
129.231,36
117.703,68
BH UFC 1.700 2.985 2.689 5.740 6.960 6.390 5.820
Temperatura
ºC 29 32 36 28 30 28 28
Turbidez uT 15,8 41,65 11,0 8,90 3000 3000 3000
Cor aparente
uH 157,0 331,5 171,0 142,0 # # #
pH - 7,1 7,2 7,5 7,6 7,4 7,0 7,4
Dureza mg L
-1
29,5 41,0 36,0 32,0 98,0 92,5 86,0
Alcalinidade
mg L
-1
56,0 162,5 62,0 58,0 82,0 81,5 78,0
CO
2
livre mg L
-1
8,86 7,90 5,89 8,45 7,95 7,76 7,66
MO mg L
-1
16,0 17,5 16,0 21,0 25,0 23,5 22,0
DBO
5
mg L
-1
4,6 44,0 45,0 45,0 205,0 233,0 255,0
DQO mg L
-1
52,5 101,0 121,0 133,0 473,0 475,0 515,0
O
2
dissolvido
mg L
-1
4,35 2,55 4,00 4,40 0,00 0,00 0,00
Ferro total mg L
-1
1,674 1,558 1,896 3,012 3,300 2,362 2,557
Manganês mg L
-1
0,5 0,4 0,4 0,1 9,2 0,3 0,6
Bário mg L
-1
0,55 3,55 7,80 7,00 7,50 6,50 4,00
Cobre mg L
-1
0,131 0,110 0,213 0,219 4,450 0,108 0,221
Cromo
hexavalente
mg L
-1
0,003 0,038
0,117
0,052
0,031 0,021
0,028
Zinco total mg L
-1
0,233 0,146 0,184 0,345 0,679 0,401 0,250
Chumbo mg L
-1
0,029 0,095 0,182 0,115 0,330 0,184 0,164
Alumínio mg L
-1
0,355 0,475 0,010 0,092 0,338 0,117 0,051
Cloreto mg L
-1
44,00 38,00 42,99 58,98 48,98 44,00 57,98
Sulfato mg L
-1
10,9 39,1 37,2 254,0 35,9 38,0 45,4
Nitrato mg L
-1
2,60 3,75 3,51 3,76 3,21 1,35 0,82
Nitrito mg L
-1
0,007 0,005 0,007 0,505 0,010 0,007 0,004
Cádmio mg L
-1
0,023 0,026 0,050 0,045 0,038 0,021 0,053
Fósforo total
mg L
-1
1,126 1,681 2,02 1,492 2,796 1,624 1,939
Fosfato total
mg L
-1
3,314 5,509 10,925 9,525 20,125 6,258 9,700
# excede o limite máximo da análise
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