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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC - SP
Luciana Cicutto Mortarello
A relação, na atividade docente, de professores de um
curso de pedagogia com o computador
MESTRADO EM EDUCAÇÃO: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
São Paulo
2008
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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC - SP
Luciana Cicutto Mortarello
A relação, na atividade docente, de professores de um
curso de pedagogia com o computador
MESTRADO EM EDUCAÇÃO: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Trabalho apresentado à Banca
Examinadora como exigência parcial para
obtenção do título de MESTRE em
Educação: Psicologia da Educação pela
Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, sob orientação da Profa. Dra.
Laurinda Ramalho de Almeida.
São Paulo
2008
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BANCA EXAMINADORA
__________________________________
__________________________________
__________________________________
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!
Mário Quintana
Aos meus pais com muito amor.
AGRADECIMENTOS
À Professora Doutora Laurinda Ramalho de Almeida, por me despertar para o
maravilhoso mundo da poesia. Por me apresentar de maneira tão afetuosa à
obra de Henri Wallon e pela valiosa orientação para a realização desse
trabalho.
À Professora Doutora Regina Célia Almeida Rego Prandini, pela forma
atenciosa e carinhosa com que me acompanhou durante a realização desse
trabalho e pelas valiosas sugestões.
À Professora Doutora Vera Maria Nigro de Souza Placco, por te sido a pessoa
que me inspirou a realizar o curso de mestrado no programa de Psicologia da
Educação, pelas ricas considerações e acolhimento no momento da
qualificação.
Aos professores, que foram os sujeitos dessa pesquisa, pela disponibilidade e
paciência.
Às amigas que encontrei durante o curso, Lilian Martins, Regiane Rodrigues de
Moraes e Viviane Laperuta Marquezano, pela amizade que construímos, por
compartilharem comigo momentos tão importantes vivenciados ao longo do
curso e pelas contribuições dadas a esse trabalho.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................11
1 TECNOLOGIAS COMO RECURSOS PEDAGÓGICOS..............................20
1.1 DE RECURSOS TECNOLÓGICOS A RECURSOS PEDAGÓGICOS.....21
1.2 A LEGISLAÇÃO........................................................................................28
2 FORMAÇÃO DOS PROFESSORES...........................................................31
2.1 FORMAÇÃO DOCENTE PARA O USO DAS TECNOLOGIAS DA
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO........................................................33
2.2 UM CAMINHO POSSÍVEL......................................................................38
2.3 FORMAÇÃO DE PROFESSORES – NA PERSPECTIVA DE HENRI
WALLON.................................................................................................40
2.4 DIMENSÃO AFETIVA – NA PERSPECTIVA DE HENRI WALLON
................................................................................................................44
3 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA...............................................................47
3.1 LEVANTAMENTO DADOS.....................................................................49
3.1.1 Depoimento escrito.......................................................................49
3.1.2 Depoimento Oral...........................................................................50
3.1.3 Observações Impressionistas.......................................................51
3.1.4 Caracterização dos professores...................................................51
3.2 TRATAMENTO DOS DADOS.................................................................52
3.2.1 Depoimento Escrito......................................................................52
3.2.2 Depoimento Oral...........................................................................52
3.2.3 Observações Impressionistas.......................................................55
3.3 CONTEXTO DE ATUAÇÃO DO PROFESSOR......................................56
4 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS...............................................................58
4.1 APRESENTANDO DOS PROFESSORES.............................................59
4.2 O COMPUTADOR, ONTEM, HOJE E AMANHÃ....................................63
4.3 TRAJETÓRIA DE FORMAÇÃO..............................................................69
4.4 TRAJETÓRIA PROFISSIONAL..............................................................73
4.5 PROCESSO DE FORMAÇÃO PARA USO DO COMPUTADOR...........76
4.6 UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR NA ATIVIDADE DOCENTE.............83
4.7 ASPECTOS QUE MARCARAM A TRAJETÓRIA DOS PROFESSORES
.....................................................................................................................89
5 CONSIDERAÇOES FINAIS........................................................................92
5.1 RELAÇÃO ENTRE PROFESSOR E COMPUTADOR............................93
5.2 AS PISTAS ENCONTRADAS.................................................................94
5.3 RELAÇÃO PESQUISADORA E TRABALHO DE PESQUISA..............102
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................106
ANEXO I..........................................................................................................111
RESUMO
A utilização das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) na área
educacional, como ferramenta de apoio ao processo de aprendizagem,
desvela-se como um desafio, tanto para professores como para toda a
comunidade educacional. Sua inserção no processo transforma o papel do
professor, uma vez que ele torna-se o mediador no processo de aprendizagem.
Devido à preocupação com a formação de professores para atuação nesse
novo contexto escolar, esse trabalho propôs-se pesquisar sobre a relação de
professores de um curso de pedagogia com o computador em sua atividade
docente. Participaram dessa pesquisa cinco professores de uma instituição de
ensino superior da cidade de São Paulo. Os dados foram obtidos por meio de
depoimentos. O primeiro depoimento foi escrito e teve a seguinte comanda:
"Qual sua relação com o computador em seu trabalho docente, ontem, hoje e
amanhã.” Para que os professores pudessem expor mais detalhadamente
sobre os afetos percebidos nas situações apresentadas no primeiro
depoimento, um segundo foi solicitado, desta vez de forma oral. A partir da
analise dos dados foi possível constatar que a relação desses professores com
o computador, atualmente, é amistosa, pois se habituaram a utilizá-lo, tanto na
vida particular como em suas atividades docente, porém não como ferramenta
de apoio ao processo de aprendizagem. A trajetória mostra, no entanto, que
nem sempre essa convivência foi fácil, pois inicialmente, a maioria dos
professores teve muitas dificuldades para aprender a utilizar o computador e os
seus recursos. O resultado desta pesquisa indica que se forem mais exigidos
quanto ao aprofundamento do uso do computador, como uma ferramenta
facilitadora do processo de aprendizagem, os professores podem responder de
forma positiva; no entanto, as instituições de ensino superior precisam instituir
políticas que almejem além da aquisição de recursos, a preparação e a
motivação de professores e alunos, para esse fim.
Palavras chave: tecnologia educacional; formação de professores; Henri
Wallon
ABSTRACT
The application of Information and Communications Technology (ICT) in the
educational area, as a support tool to the learning process, reveals itself as a
challenge for both teachers/professors and the educational community. Its
insertion in the process transforms the teacher/professor’s role since he/she
becomes a mediator in the learning process. Due to the concern related to
teacher/professor’s education in order to function within this new school context,
this study focuses its proposition on the relationship of professors of a
pedagogy course with the computer during their teaching activity. Five
professors belonging to graduate schools from the city of São Paulo took part in
this study. The data was collected through testimonials. The first testimonial
was written and took the following order: "What is your relationship with the
computer as lecturer in the past, today and in the future.” In order to have
professors disclose in detail the affection perceived in the presented situations
in the first testimonial, a second one was requested, and this time an oral
testimonial was given. From data analysis, it was possible to note that the
relationship of these professors with the computer is currently friendly since
they are used to the computer in both their private lives and professional life as
lecturer – however, not as a support tool for the learning process. The path,
nevertheless, shows that this relationship has not always been an easy one,
since, at first, most professors had faced hardships to learn computer usage
and its resources. The result of this research points out to the fact that if they
have a greater demand as to the in-depth use of the computer as a facilitating
tool of the learning process, they may respond positively. However, the
graduate schools must not simply establish policies for the acquisition of
resources but go beyond and offer to professors and students some preparation
and motivation to reach such goal.
Key words: educational technology; professors’ education; Henri Wallon
11
Introdução
O que vi, sempre, é que toda ação
principia mesmo é por uma palavra pensada.
Palavra pegante, dada ou guardada,
que vai rompendo rumo.
João Guimarães Rosa
12
Introdução
Numa perspectiva emancipadora da educação, a tecnologia não é
nada sem a cidadania. (GADOTTI, 2000, p.251)
Vivemos numa sociedade em que o acesso à informação é disponibilizado de
forma desigual entre as camadas sociais e onde os principais meios de
comunicação são dominados por poucos grupos empresariais que aglomeram
serviços como: televisão, rádio, revista, jornal, editora de livros, cinema,
Internet, telecomunicações, música, parque temático e, até mesmo, instituições
financeiras. Essa concentração na distribuição de informação faz com que os
indivíduos sejam arremessados numa “perspectiva consumidora” (PRETTO,
2006), que fortalece cada vez mais esses grupos empresarias e impede a
entrada de novas fontes de informação e cultura.
Ter acesso à informação, independente de sua fonte, desde que idônea,
significa ao indivíduo a possibilidade de obter recursos para intencionalizar sua
prática profissional e pessoal, evidenciando o caráter social e político de sua
atuação e desempenhando, dessa forma, um papel importante na engrenagem
social: o de transformador de realidades sociais (SEVERINO, 1998).
Atualmente, o acesso ao computador e à Internet representa uma forma de
democratização da informação e pode proporcionar, a todos que se utilizam
desses recursos, o desenvolvimento da autonomia, do autoconhecimento e do
poder sobre a própria aprendizagem (ALMEIDA, 2004b).
O computador e a Internet facilitam o acesso à informação por meio de troca e
de pesquisa em toda a rede mundial de computadores em um curto espaço de
tempo. Favorecem o acesso a locais e pessoas, o que pode proporcionar
infinitas possibilidades de geração de conhecimentos sobre diversas culturas e
sobre os atuais avanços científicos e tecnológicos nas mais diversas áreas de
conhecimento, além das possibilidades de negócios e de lazer.
13
A maioria das pessoas que vive no mundo tecnologicamente
desenvolvido tem um acesso sem precedentes à informação; isso
não significa que disponha de habilidade e do saber necessários
para convertê-los em conhecimento. (SANCHO, 2006. p.18)
No entanto, apenas acessar as informações não é suficiente. Segundo Kenski
(2004), também é necessária a conversão dessas informações em
conhecimento e, para isso, é preciso interação, reflexão, discussão, crítica e
ponderações, processo que é mais facilmente conduzido quando compartilhado
com outras pessoas. Torna-se necessário, também, que a pessoa esteja
disposta a trabalhar mentalmente as informações recebidas para que essas
possam se transformar em conhecimento.
Sendo assim, não ter acesso às fontes de informação, para poder convertê-las
em conhecimentos, significa ao individuo estar em desvantagem em relação
àqueles que têm e usufruem de seus benefícios, o que, conseqüentemente,
pode fortalecer a hegemonia de classes sociais dominantes, devido ao acesso
desigual entre as classes.
Portanto, é necessário assegurar que as transformações possibilitadas pelas
tecnologias da informação e da comunicação sejam fontes de oportunidades, e
não mais um reforçador de desigualdades sociais (DOWBOR, 2004).
No Brasil, a maioria dos jovens terá, apenas no âmbito escolar, a oportunidade
de utilizar o computador e acessar a Internet. Esse fato evidencia a importância
do papel da educação tecnológica no processo de formação desses jovens,
para que, então, esse momento de acesso à informação aconteça de forma
eficiente, consciente e crítica.
No momento, de acordo com o Ministério da Educação (MEC), cerca de 16 mil
1
escolas públicas possuem computadores. Porém, ainda de acordo com o MEC,
até 2010 todas as escolas públicas estarão informatizadas e com acesso à
Internet, o que representa, aproximadamente, 160 mil escolas.
1
Dados fornecidos pelo secretário de Educação a Distância do Ministério da Educação, Ronaldo Mota, em entrevista a
Paulo Henrique Amorim, publicada no site http://conversa-afiada.ig.com.br/ em 03/01/07.
14
Mas, somente a informatização das escolas não é suficiente para garantir aos
alunos o acesso à informação e a possibilidade da construção de novos
conhecimentos. Na pesquisa realizada por Tosta e Oliveira (2006), que
observaram e analisaram a presença das tecnologias da comunicação e da
informação no ambiente escolar, foi possível verificar, a partir de um resultado
parcial da pesquisa, que a sala de informática das escolas pesquisadas é
desvinculada dos demais ambientes: seja porque tem equipamentos novos e
que contrastam com os demais equipamentos escolares; seja pela dificuldade
de seus usuários em relação ao domínio instrumental. Essas situações afastam
os professores das salas de informática, que alegam falta de tempo de
aprender ou apresentam resistência às mudanças que o uso desses
equipamentos representaria na sua rotina escolar. A pesquisa constatou, ainda,
que prevalece, nas escolas, o “processo transmissional” de informações e não
um processo de comunicação interativo e aberto às diversas possibilidades de
aquisição de conhecimento.
Em outra pesquisa sobre a sala de informática nas escolas, Morgado (2006)
concluiu que não há rejeição ou qualquer resistência, por parte dos professores
pesquisados, e que o receio em “sentir sua limitação no uso dos
computadores” (p. 101) é superado quando o preparo da aula é dividido com a
pessoa responsável pelo laboratório de informática educativa. Para esses
professores, enfrentar o ambiente da sala de informática é sinônimo de desafio,
por saírem da sala de aula, local de domínio de conteúdos e estratégias, além
de indicar a necessidade de uma formação para o uso de novas tecnologias.
Essas duas pesquisas evidenciam atitudes diferentes dos professores em
relação à utilização da sala de informática educativa. Sentimentos de
segurança e insegurança estão relacionados à utilização do ambiente pelo
professor. Nota-se, na primeira pesquisa, que, pela falta de domínio técnico, os
professores se afastam da sala de informática educativa, enquanto que, na
segunda pesquisa, como os professores contam com a presença de uma
pessoa responsável pelo laboratório e pela parte técnica, mostram-se,
aparentemente, motivados a superar o desafio e a buscar nova formação.
15
Já o estudo realizado por Klajn (1999) mostra que a oposição dos professores
em relação à utilização de computadores deve-se ao fato de seu uso
representar uma mudança na estrutura tradicional do processo ensino-
aprendizagem. Para que a oposição não ocorra, a autora apresenta a
necessidade de oferecer oportunidades individuais de adaptação aos recursos
tecnológicos, justificando que o professor precisa formar sua “cidadania
tecnológica”, discutindo seus medos e preconceitos, reconhecendo “sua
competência como espectador/informatizador” (p.65) e levando para a sala de
aula essa competência.
Também abordando emoções e sentimentos, Abreu e Nicolaci-da-Silva (2003)
verificaram que os professores entrevistados identificam uma mobilização,
entre eles, para enfrentar os desafios da utilização do computador e da
Internet. No entanto, revelam uma grande dificuldade em lidar com esses
recursos e deixam claro, em seus discursos, o quanto o novo assusta,
desestabiliza e causa ansiedade. A pesquisa também identificou alguns outros
sentimentos nos professores entrevistados quanto à utilização do computador e
da Internet, são eles: sentimento de exclusão, medo de perder o poder e
sensação de estar perdido.
É interessante mencionar, ainda, que em uma pesquisa sobre a lógica que os
adultos usam para a manipulação do computador, Valente (1988) verificou que
o professor apresenta medo de não se comportar de forma inteligente e tem
resistência ao novo.
Nesses trabalhos, destacam-se dois aspectos importantes relacionados ao uso
de recursos tecnológicos por professores: o primeiro, referente ao desafio que
representa para o professor a conquista do domínio instrumental e, o segundo,
refere-se aos afetos que permeiam a relação entre o professor e os recursos
tecnológicos e que podem ser causados por diferentes situações.
É importante, portanto, que os cursos de formação de professores, que formam
e formarão os profissionais que atuarão nas próximas décadas, dêem atenção
à formação para o domínio instrumental dos recursos tecnológicos,
16
fundamentais para a geração de novos conhecimentos. Além disso, espera-se
que a barreira do domínio instrumental seja vencida, e que esses cursos,
também, ofereçam direcionamento para formar um professor mediador, que
viabilize o processo de aprendizagem por meio do acesso à informação
intermediado pelo computador. Espera-se, também, que esse professor seja
capaz de ajudar o aluno a escolher informações valiosas e a compreendê-las
de forma mais abrangente e profunda; a tornar significativas essas informações
(MORAN, 2004), formando o aluno para a cidadania e para a produção de
conhecimento compatível com o desenvolvimento tecnológico atual
(BEHRENS, 2004).
Poderemos ser a favor ou contra certas tecnologias [...], mas o que
não podemos nos permitir, inclusive para orientar as novas
gerações, é delas não termos um conhecimento competente.
(DOWBOR, 2004, p.35)
Webber (2002) afirmou que não é admissível que os cursos universitários de
formação de professores não contemplem a utilização de recursos tecnológicos
no aprimoramento da formação dos futuros professores. Pois, é vivenciando a
tecnologia em sua rotina escolar de aluno que o futuro professor preparar-se-á
para sua prática profissional.
Pode-se afirmar que é sobre o professor universitário, porém, que recai a maior
responsabilidade por essa formação. No entanto, é necessário questionar-se a
respeito da relação desse professor com as tecnologias da informação e
comunicação, se elas foram incorporadas à sua rotina de trabalho e se ele
apropriou-se de seus recursos, como ferramenta de apoio ao processo de
aprendizagem.
Para isso, portanto, este estudo, tem como objetivo analisar a relação, na
atividade docente, de professores de um curso de pedagogia com o
computador.
17
O estudo concentrou-se no uso do computador, por se tratar de uma
ferramenta que possibilita o acesso a uma infinidade de recursos, muitos deles
conhecidos como Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).
Já a escolha do curso de Pedagogia justifica-se por três motivos: primeiro
devido minha trajetória acadêmica e minha preocupação com a formação de
futuros professores para a utilização de recursos tecnológicos em sua atividade
docente; segundo, devido ao vasto leque de oportunidades profissionais que
esse curso oferece ao aluno, após sua conclusão e a realização de cursos de
especialização; terceiro, devido à aparente fragilidade dos professores desse
curso, quanto à utilização do computador.
Identifico minha vivência em situações semelhantes às apresentadas nas
pesquisas como um elemento desencadeador da necessidade de aprofundar
meus conhecimentos a respeito da relação de professores com o computador
em sua atividade docente.
Trabalhei em empresas, do setor privado, no ramo de prestação de serviços e,
nessa ocasião, tive contato constante com computador e Internet. No entanto,
nem sempre foi assim; no início de minha carreira, eram poucos os
profissionais desse segmento que utilizavam computadores. Os trabalhos eram
desenvolvidos, principalmente, de forma manual.
Aos poucos, esse cenário foi transformando-se até que, atualmente, a maioria
das pessoas que continua atuando nesse segmento não consegue se imaginar
trabalhando sem um computador. Esse processo de transformação, porém,
não causou o mesmo impacto sobre todas as pessoas; houve aquelas que
receberam seu computador e logo se adaptaram a ele, inovando suas práticas;
outras se adaptaram porque era necessário, porém com dificuldade e
ansiedade, pois sua utilização não é simples e requer tempo e dedicação para
que novas habilidades sejam adquiridas; um outro grupo não se adaptou e
preferiu continuar com o mesmo sistema de trabalho. Esse último grupo, com o
tempo, foi substituído, sem conseqüências para o processo de trabalho do qual
fazia parte, mas com prejuízos pessoais.
18
Esses fatos fizeram com que eu me questionasse: por que essas pessoas não
aceitam as mudanças? Por que se prendem tanto às formas ultrapassadas de
trabalhar? Percebi mais tarde que essas questões estavam relacionadas às
emoções e/ou aos sentimentos que dificultavam ou impediam que as pessoas
aceitassem as mudanças.
Refletindo sobre a área educacional, percebi que esses questionamentos
também eram pertinentes. Busquei, então, atualizar-me a respeito do assunto e
fiz, em 2005, o curso de “Tecnologias Interativas Aplicadas à Educação”, que
ampliou minha visão sobre os acontecimentos, os desafios, as novidades e os
estudos e autores atuais na área educacional. Na monografia realizada nesse
curso, tratei da importância do papel do coordenador pedagógico de cursos de
pedagogia e demais licenciaturas como facilitador e incentivador do processo
de incorporação de recursos tecnológicos no cotidiano dos cursos e sua
atuação junto a dirigentes, professores e alunos.
Realizar esse trabalho instigou-me a aprofundar meus estudos e, assim, o
mestrado configurou-se como uma possibilidade de estudo e pesquisa nessa
área. Envolvendo-me em leituras sobre afetividade, deparei-me com um autor
que eu havia conhecido na graduação e que, nesse momento, apresentou
argumentos que podem embasar esta pesquisa: Henri Wallon. Em sua
definição de emoção (1941/1995
2
, p.140), encontrei uma direção para esta
pesquisa.
As emoções consistem essencialmente em sistemas de atitudes que
respondem a uma determinada espécie de situação. Atitudes e
situação correspondente implicam-se mutuamente, constituindo uma
maneira global de reagir [...].
As contribuições de Henri Wallon para essa pesquisa extrapolam as questões
relacionadas com sua teoria de desenvolvimento, em que se insere a questão
da dimensão afetiva. Sua discussão sobre o papel da escola na construção de
2
As datas correspondem respectivamente aos anos de publicação da obra e da edição usada pela autora.
19
uma sociedade mais justa e igualitária apoiará as questões que, certamente, a
pesquisa levantará sobre as condições de trabalho do professor e sua
formação, o que expande, de forma interessante, as possibilidades de análise
dos dados e conforta quanto à escolha do direcionamento do trabalho.
Diante do exposto, este trabalho estará assim constituído: o capítulo um trará a
apresentação do que se entende por tecnologia e sua utilização educacional. O
capítulo dois refere-se à formação de professores, incluindo as idéias de Henri
Wallon. O capítulo três apresentará os procedimentos metodológicos. No
capítulo quatro constará a análise dos resultados e, o capítulo cinco,
apresentará as considerações finais.
20
Capítulo I
Tecnologias como recursos pedagógicos
Perdido peço perdão
Prefácio de vida mal vivida
Persistência em busca do algo
Que não se conhece e não se duvida.
Alma prísmea, corpo covarde
Almarge farta, vista rara e cansada
Correndo ao abismo do medo
Esperança de um novo enredo.
Sidnei Martinez
21
1 Tecnologias como recursos pedagógicos
O grande desafio da educação é o de mobilizar as suas forças para
reconstruir uma convergência entre o potencial tecnológico e os
interesses humanos. (DOWBOR, 2004, p.80)
A seleção dos assuntos que serão analisados, neste capítulo, tem a
preocupação de evidenciar que a utilização do computador na educação não
se trata apenas da utilização de mais uma ferramenta com potencial
educacional, trata-se, também, do uso de uma ferramenta que, se voltado para
a equalização social, facilita o caráter transformador da educação.
Portanto, é importante destacar que a utilização do computador nos cursos de
formação dos professores não se limita à promoção de sua apropriação
técnica, mas, sim, da exploração de suas potencialidades para a construção de
conhecimento.
A partir dessa visão e com o objetivo de analisar a relação, na atividade
docente, de professores de um curso de pedagogia com o computador, optou-
se, nesse trabalho, por apresentar algumas possibilidades de uso pedagógico
do computador e um recorte da legislação atual, que traz os objetivos do uso
da tecnologia nos cursos superiores, especificamente, nos de pedagogia.
1.1 De recursos tecnológicos a recursos pedagógicos
Para iniciar, faz-se necessário o esclarecimento sobre o termo tecnologia:
entende-se por tecnologia, segundo Kenski (2004, p.18), o “conjunto de
conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à
construção e à utilização de um equipamento em um determinado tipo de
atividade”. Referindo-se, exclusivamente, à educação, de acordo com Moran
(2005, p.153), “tecnologias são os meios, os apoios, as ferramentas que
utilizamos para que os alunos aprendam.
Partindo dessa visão, o termo tecnologia não deve ser empregado, apenas,
para se referir aos novos objetos, como: computador, celulares, notebooks e
22
vários apetrechos “i”, como: iPod, iPhone, iTunes. Nem, tampouco, ao referir-se
às melhorias que são lançadas diariamente para os equipamentos
existentes, como: tamanho e peso que diminuem, capacidades de
armazenamento e de processamento que aumentam e novas funções que vão
sendo agregadas.
Devem ser consideradas “tecnologia educacional” ferramentas utilizadas na
atividade docente, como: a lousa, o giz, a Internet, o data show, entre outros. É
a partir desse entendimento que o computador precisa ser visto e utilizado, ou
seja, como mais uma ferramenta que possibilita o acesso a uma infinidade de
recursos, que podem ser usados pedagogicamente e são conhecidos como
Tecnologias da Informação e Comunicação - TIC.
O uso educacional das TIC pode ocorre de duas maneiras: como ferramenta
pedagógica, isto é, a serviço do professor e do aluno; e como objeto de estudo,
ou seja, como oportunidade de formação, para o aluno e para o professor,
quando utilizado, de forma crítica, competente e criativa (BELLONI, 2002).
As TIC podem ser introduzidas na educação de diversas maneiras, tanto nas
áreas administrativas, quanto nas pedagógicas. Para essa pesquisa, tratar-se-á
apenas da utilização pedagógica, que pode ocorrer de forma comunicativa e
formativa.
Segundo Pablos (2006), as TIC são apenas mais uma forma de otimizar essas
possibilidades, comunicativa e formativa. Sua contribuição mais significativa
está na capacidade de intervir como mediadora nos processos de
aprendizagem, modificando-o e qualificando-o. Quanto à possibilidade
comunicativa, pode permitir uma maior interatividade entre: professores e
alunos, alunos e alunos, professores e professores, professores e sociedade,
alunos e sociedade, dentre outras possibilidades. Já no aspecto formativo, os
ambientes virtuais de aprendizagem constituem, hoje, uma opção formativa
que permite maior flexibilidade quanto: ao controle do próprio estudante sobre
o seu processo de aprendizagem; ao favorecimento do domínio de capacidade
de uso das TIC; à estimulação da interatividade entre professores e
23
estudantes; e, segundo o autor, especialmente por “favorecer uma melhor
adaptação dos estudantes ao plano de trabalho formativo” (p. 75).
Entende-se por ambientes virtuais de aprendizagem os sistemas
computacionais, geralmente acessados via Internet, que permitem: a
apresentação de informações de maneira organizada; o desenvolvimento de
interações entre pessoas; e a elaboração e socialização de produções. Os
ambientes virtuais de aprendizagem mais utilizados, segundo Moran (2005),
são: WebCT, Blackboard, Teleduc, AulaNet, Universite, LearningSpace e
FirstClass.
Esses ambientes podem ser empregados como suporte para: sistemas de
educação a distância (EaD); apoio às atividades presenciais de sala de aula e
atividades de formação semi-presenciais.
Eles dispõem, geralmente, dos seguintes recursos: fórum, bate-papo,
conferência, correio, centro de recursos, etc. É possível, nesses ambientes, a
gestão das informações, obedecendo a critérios pré-estabelecidos, definidos de
acordo com cada software. Segundo Almeida (2005), essa gestão diz respeito
a diferentes aspectos: estratégias de comunicação e mobilização; participação
dos alunos quanto à interação e aos caminhos percorridos; apoio e orientação
dos formadores aos alunos e avaliação.
O professor, ao ter acesso aos recursos oferecidos pelos ambientes virtuais de
aprendizagem, precisa ultrapassar seu papel atual de transmissor e tornar-se o
mediador do processo de aprendizagem.
Uma proposta adequada para um curso, nessa modalidade de ensino,
necessita conter as seguintes características, segundo Belloni (2002):
autonomia do aluno sobre sua capacidade de formar e de gerir seu processo
de aprendizagem; novas funções e características do professor, que passam,
necessariamente, a ser coletivas; mediação do processo de ensino e
aprendizagem, por meio da integração com os meios de informação e
comunicação; flexibilidade institucional e pedagógica.
24
Os processos de formação, quando bem organizados, utilizando-se das
potencialidades formativa, ou informativa, e comunicativa das redes,
proporcionam aprendizagens significativas e impulsionam professores e alunos
para uma prática que, conseqüentemente, contempla sua utilização em
atividades didáticas.
Dentre as potencialidades pedagógicas que os ambientes virtuais de
aprendizagem oferecem, destacaremos aqui algumas que podem, de acordo
com a experiência e a criatividade do professor, ser ampliadas.
Uma delas, que talvez seja a mais destacada, é a oportunidade que esse
ambiente fornece ao aluno de expressar-se. Muitas vezes, alguns alunos não
encontram espaço, ou até mesmo coragem, para manifestarem-se em uma
aula presencial. Porém, em um ambiente virtual, eles têm maior liberdade de
expressão e, geralmente, aproveitam essa liberdade. Além disso, no ambiente
virtual, o aluno pode exercitar sua capacidade de escrita, leitura e reflexão, em
atividades geralmente programadas para a utilização desses recursos, como:
fóruns ou salas de bate-papo.
Por meio desses recursos, os professores podem explorar a realização de
debates, tanto para introdução quanto para o aprofundamento de algum
assunto. Seu papel nessa atividade é motivar e envolver os alunos que terão,
então, a oportunidade de realizar leituras críticas sobre as opiniões colocadas
pelos demais alunos, concordar ou não com essas opiniões, justificando sua
colocação. De acordo com a manifestação dos alunos, as opiniões podem ser
mudadas e, também, melhor trabalhadas. Desta forma, quanto mais o aluno se
envolver nesse tipo de atividade, mais ele busca se aprofundar no assunto e
participar de forma mais ativa do debate. Com essa atividade, o professor
também possibilita ao aluno o desenvolvimento de sua atitude crítica.
Para facilitar o aprofundamento dos alunos nos mais diversos assuntos, os
professores têm, dentro do próprio ambiente, um espaço para disponibilização
de materiais que serão acessados através de links. Esse recurso pode,
25
também, ser utilizado com um banco de dados de pesquisas realizadas, tanto
por professores quanto por alunos, que ficam disponibilizadas para a consulta
de todos. Trata-se, portanto, de uma possibilidade de direcionar o aluno para a
realização de pesquisas e, também, para a valorização da divulgação
colaborativa de seus achados.
Em toda a sua rotina de trabalho, o professor, dentro do ambiente virtual de
aprendizagem, também pode explorar o e-mail e extrapolar sua utilização que,
geralmente, é voltada para a comunicação de avisos e para o envio e
recebimento de materiais. O e-mail pode, então, ter uma característica mais
formativa, ou seja, envolvendo os alunos, agilizando suas atividades e
favorecendo as interações entre eles, que podem aproveitar o recurso para
buscar auxílio em tarefas e realizar trocas de materiais.
Desenvolvem-se, portanto, novas formas de relacionamento, diferentemente
dos relacionamentos estabelecidos nas salas de aula tradicionais, onde os
alunos e professores se encontram face a face e comunicam-se, tanto
verbalmente quanto por meio de suas expressões e atos, e suas interações
continuam durante os períodos de intervalo. Nos ambientes virtuais de
aprendizagem, os momentos de interação são possíveis por meio de outras
linguagens, possibilitando aos alunos e professores se apresentarem,
mostrarem sua personalidade e interesses, estabelecerem elos e relações sem
se conhecerem fisicamente. Essa interação pode ser feita por meio de textos,
imagens, criações de páginas pessoais e descrição sobre si mesmos, entre
outros.
Pode-se verificar, então, que ambientes virtuais de aprendizagem precisam ser
vistos como uma ferramenta que possibilita aos seus usuários, na maioria das
vezes professores e alunos, inovações quanto ao acesso à informação e à
interatividade com as pessoas. Entretanto, essas possibilidades de utilização
são facilitadas quando a instituição de ensino dispõe de ambientes virtuais de
aprendizagem, porém, apenas dispor não é o suficiente, torna-se
indispensável, também, incentivar sua utilização.
26
Esse incentivo implica em motivar e preparar professores e alunos, pois seu
alcance pedagógico pode ser ilimitável, quando bem explorado. Cabe, também,
ao professor, buscar conhecer melhor os ambientes virtuais, aprender a utilizá-
los e introduzi-los em sua rotina de trabalho, percebendo-os como uma
ferramenta de auxilio e não como uma ferramenta para substituí-lo, como
muitas vezes é confundido.
Verifica-se que, como apresentado por Moran (2005), ensinar e aprender, hoje,
não se limitam ao espaço da sala de aula. Têm-se os espaços presenciais e
virtuais, que exigem modificações nas maneiras de atuar do professor e do
aluno por permitir, a eles, a organização de ações de pesquisa e de
comunicação que possibilitam “continuar aprendendo em ambientes virtuais,
acessando páginas na internet, pesquisando textos, recebendo e enviando
novas mensagens, discutindo questões em fóruns ou em salas de aula virtuais,
divulgando pesquisas e projetos.” (p.152), em momentos diversos de acordo
com a disponibilidade de tempo e interesse de cada um. Em acordo com
Sancho (2006, p.21), “uma das características mais genuínas desta tecnologia
é a versatilidade”.
Fica claro, portanto, que o professor precisa se manter em alerta a respeito das
mudanças que ocorrem em sua profissão e buscar sempre adaptar-se a elas.
Pois, utilização desses ambientes, principalmente nos cursos oferecidos a
distância, vem crescendo muito nos últimos anos, devido às facilidades
proporcionadas pelos avanços tecnológicos, isto é, devido à rápida
modernização de softwares e hardwares. Hoje, educação à distância (EaD) é
uma modalidade de ensino oferecida como forma de aperfeiçoamento e
treinamento para as mais variadas áreas de formação profissional, além dos
projetos de formação inicial, oferecidos em algumas universidades.
Essa modalidade de ensino trata-se, atualmente, de uma renovada alternativa
de formação, principalmente, de pessoas adultas interessadas em formação
técnica ou em graduação. Amplia-se, portanto, o campo profissional de atuação
do professor.
27
A Educação à distância (EaD) não é uma modalidade nova de ensino, pois
surgiu no Brasil, aproximadamente, em 1939, com a fundação do Instituto
Rádio Monitor e, logo depois, em 1941, com o Instituto Universal Brasileiro;
assim como outras tantas experiências que obtiveram relativo sucesso, mas,
não tiveram continuidade. Nos últimos anos, houve um grande crescimento da
oferta de curso de EaD, no entanto, alguns especialistas como Moran (2004),
ainda o consideram lento e alertam quanto à desigualdade econômica, de
acesso, de maturidade, de motivação das pessoas, afirmando que alguns estão
prontos para a mudança, mas muitos outros não estão.
Trata-se, portanto, de uma modalidade de ensino que foi se desenvolvendo e
que, com os avanços tecnológicos, adquiriu um formato que facilitou o seu
acesso. Um dos grandes desafios da EaD, hoje, é mostrar-se com uma solução
que viabilize uma formação de qualidade. No entanto, para que haja a
possibilidade de vencer esse desafio, as instituições de ensino provedoras
dessa modalidade precisam adotar a idéia de qualidade e instituir políticas
internas em seus cursos que os direcione a formação com qualidade, ao invés
de visarem, como prioridade, o lucro.
Os professores e alunos, nesse momento, devem preocupar-se com a
transformação do contexto atual de ensino, que é centrado no professor, como
detentor de todo o conhecimento e de toda a responsabilidade quanto à
transmissão do conteúdo que deve ser aprendido pelo aluno, para um contexto
onde o aluno assuma suas responsabilidades no processo de aprendizagem e
o conduza, consciente de suas potencialidades, e tendo a figura do professor
como um mediador desse processo.
Para essa transformação de contexto, a presença das TIC apresenta-se como
uma ferramenta facilitadora, pois como pôde ser observado, possibilitam
formas criativas e críticas de utilização.
Outro aspecto, que precisa ser observado, refere-se às oportunidades de
obtenção de informações que as TIC promovem, e que precisam ser cuidadas,
para que cada vez mais professores, alunos e comunidade tenham acesso a
28
elas. Pois, assim como as TIC podem ser utilizadas para a redução das
desigualdades existentes entre as classes sociais, para a obtenção de
informações, ela pode, também, caso não se atente para esse aspecto, torna-
se a grande provedora de desigualdade de acesso às informações.
As informações precisam ser vistas de acordo com o poder que elas
representam numa sociedade. Pois, quem detém a informação pode convertê-
la em conhecimentos, manipulá-la e divulgá-la de acordo com seus interesses.
A preocupação com a desigualdade de alcance às informações precisa ser
uma preocupação constante dos profissionais da área educacional e, sua
redução, um de seus principais objetivos.
Será apresentado, a seguir, um recorte da legislação brasileira atual que rege
os cursos superiores e o curso de Pedagogia, enfatizando a finalidade
pedagógica do uso da tecnologia.
1.2 A legislação
Pode-se constatar que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, no
capítulo IV, no que se refere à educação superior, indica, entre outras
finalidades desse nível de ensino, a estimulação do aluno para o
desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; a formação
para a participação no desenvolvimento da sociedade; a divulgação dos
conhecimentos culturais, científicos e técnicos e o incentivo ao
desenvolvimento científico e tecnológico.
Essas finalidades foram destacadas, dentre as demais existentes na lei, devido
à possibilidade de apoio que as TIC forneceriam para o seu alcance. A
utilização das TIC está, praticamente, imbricada nessas finalidades
educacionais, o que justifica a importância de sua presença nos cursos de
formação dos professores.
29
No entanto, diferentemente do apresentado pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Brasileira, na qual apenas pode-se supor a utilização desses
recursos tecnológicos, nas leis especificas do curso de Pedagogia, sua
utilização é mais evidente. É possível destacar a Resolução CNE/CP nº. 1, de
15 de maio de 2006, que menciona, em seu artigo 5º, que o aluno egresso
deve estar apto para:
[...] relacionar as linguagens dos meios de comunicação aplicadas à
educação, nos processos didático-pedagógicos, demonstrando
domínio das tecnologias de informação e comunicação adequadas
ao desenvolvimento de aprendizagens significativas.
Pode-se notar, de forma ampla, a indicação de utilização educacional das
tecnologias nos cursos de pedagogia, direcionando-a para um objetivo
específico: o de desenvolver aprendizagens significativas.
Sendo assim, a legislação não trata da utilização de tecnologia na educação
apenas para sua apropriação técnica, mas, sim, da exploração de suas
possibilidades para a construção de conhecimento.
Para finalizar o capítulo, segundo Severino (2007), a atividade, de ensinar e
aprender, está intimamente vinculada ao processo de construção do
conhecimento. Essa construção, nos cursos superiores, não se dá mais pela
representação do objeto, mas, sim, pela sua construção. Essa construção,
porém, só é possível pela pesquisa. Pôde-se constatar, portanto, pelas
possibilidades de exploração dos recursos tecnológicos apresentadas nesse
trabalho, que as TIC apresentam-se como ferramenta facilitadora da atividade
de ensinar e aprender e que, segundo o autor, têm o objetivo, nesse nível de
ensino, de formar os alunos em três aspectos: formação científica, profissional
e para cidadania.
Cabe, agora, discutir a formação docente para lidar com esses recursos. Para
isso, o próximo capítulo tratará das seguintes questões: a formação do
professor para o uso das TIC; como deve ser essa formação; o que as
instituições educacionais precisam promover para que se tenha uma formação
30
adequada; e formação de professores e dimensão afetiva na perspectiva de
Henri Wallon.
31
Capítulo II
Formação de Professores
Saiu o Semeador a semear
Semeou o dia todo
e a noite o apanhou ainda
com as mãos cheias de sementes.
Ele semeava tranqüilo
sem pensar na colheita
porque muito tinha colhido
do que outros semearam.
Jovem, seja você esse semeador
Semeia com otimismo
Semeia com idealismo
as sementes vivas
da Paz e da Justiça.
Cora Coralina
32
2 Formação dos professores
O mundo do ensino, ao invés de estar sempre atrasado em relação
a uma revolução tecnológica, poderia tomar a frente de uma
demanda social orientada para a formação. Equipar e diversificar as
escolas é bom, mas isso não dispensa uma política mais ambiciosa
quanto às finalidades e às didáticas. (PERRENOUD, 2000, p.138)
Discutir a formação de professores é algo muito instigante e motivador,
delimitar essa discussão à sua formação para o uso pedagógico das TIC,
torna-se um desafio. Atualmente, diversos autores, dentre eles alguns que
serão mencionados no decorrer deste trabalho, tratam desse assunto e pode-
se afirmar que apresentam, de maneira geral, as mesmas preocupações.
São preocupações que esbarram em questões relacionadas à apropriação das
habilidades técnicas, para o uso do computador, que devem ser ultrapassadas,
para que o professor seja preparado para uma realidade, onde ele deixa de ser
o centro do processo de ensino e passe a ser o mediador de um processo de
aprendizagem.
Ao percorrer este capítulo, o leitor precisará ter sempre em mente que o sujeito
dessa pesquisa, em alguns momentos, é o formador de professores, porém,
em outros, é o formando. Quando a discussão for sobre as posturas esperadas
nos professores, o sujeito precisa ser visto como formador, no entanto, quando
a discussão for a respeito da formação necessária para utilização pedagógica
das TIC, o sujeito precisa ser visto como formando. Isso porque os sujeitos são
professores que, ainda, não tiveram formação para essa utilização esperada,
como se verá mais adiante, no momento da caracterização dos sujeitos.
Exatamente por essa característica, por esse duplo papel, que dois
questionamentos foram selecionados, dentre vários apresentados por Sancho
(2006), são eles:
Que tipo de formação necessitam os professores para garantir uma
utilização das TIC orientada para a melhoria do ensino?
33
Até que ponto as condições de trabalho dos docentes lhes garantem
tempo e a energia necessária para adquirir formação que lhe permita
vislumbrar as possibilidades educativas das TIC, criar e executar
projetos educacionais inovadores?(p.28)
Esses questionamentos pertencem a duas esferas cotidianas da vida
profissional do professor: a primeira, por sua necessidade constante de
atualização; e, a segunda, relaciona-se à sua condição de trabalho, que muitas
vezes pode se tornar um obstáculo para a continuidade de sua formação.
Quando se fala em condição de trabalho dos docentes, alguns aspectos
surgem em nossas mentes, como: baixos salários, desvalorização da profissão,
carga horária de trabalho, dentre outras possibilidades que podem variar de
acordo com: região, formação, nível de ensino e instituição que se atua, etc.
Esses aspectos são percebidos de maneira diferente, pelos professores,
devido sua história de vida, seu momento atual, suas expectativas, entre outros
fatores; o que faz com que cada professor atribua seu significado a cada um
deles, e, a partir desse significado, determine suas decisões.
A intenção aqui não será responder esses questionamentos, tendo em vista
que essa pesquisa já tem o seu próprio questionamento. O objetivo, ao
destacá-los, é provocar o leitor sobre aspectos que serão discutidos a seguir.
2.1 Formação docente para o uso das TIC
Para iniciar a discussão, precisa-se ter claro que o processo de formação de
qualquer profissional não se dá apenas no momento de sua formação
acadêmica, essa formação é constante no decorrer de sua prática. Desta
forma, o professor possui saberes profissionais que vão se modificando e se
ampliando no decorrer de sua vida profissional. Muitas vezes, a modificação e
a ampliação desses saberes ocorrem devido às exigências institucionais, ou da
própria sociedade, como é o caso dos saberes relacionados às TIC.
34
De acordo com Tardif (2003), é importante e necessário “atribuírmos à noção
de ‘saber’ um sentido amplo que engloba os conhecimentos, as competências,
as habilidades (ou aptidões) e as atitudes dos docentes” (p.60). E, quando se
trata, especificadamente, dos saberes profissionais de professores, o autor
completa dizendo que esses saberes parecem ser compósitos e heterogêneos,
por trazerem à tona durante a prática “conhecimentos e manifestações do
saber-fazer e do saber-ser bastante diversificados e provenientes de fontes
variadas, aos quais podemos supor também sejam de natureza diferente.”
(p.61).
Portanto, ao questionar-se sobre qual formação os professores necessitam
para atuarem com as TIC, deve-se considerar que esse professor já possui
seus saberes, que precisam ser preservados e valorizados; como diz Belloni
(2002), novas competências são necessárias, estas se acrescentem às antigas
sem as substituir nem descartar, mas transformando-as” (p161).
Moran (2004) destacou duas etapas iniciais para a preparação do professor
para a utilização do computador e da Internet, são elas: primeiro, garantir, de
todas as formas possíveis, o acesso freqüente e personalizado; segundo,
ajudá-lo na familiarização com o computador, aplicativos e acesso à Internet.
Em relação à primeira etapa, Kenski (2004), ainda completa que o profissional
necessita de dois anos de utilização contínua em sala de aula para que tenha
um aproveitamento criativo dos recursos do computador e da Internet,
necessitando, durante todo esse período, ser assessorado por técnicos para
resolução de problemas com os equipamentos. Afirma, ainda, que essa
aproximação com as TIC precisaria acontecer o quanto antes, de preferência
durante a formação inicial, ou seja, nos cursos de pedagogia e demais
licenciaturas.
Na medida em que as pessoas se enxergam, se situam e interagem
nesses ambientes (ambientes virtuais de aprendizagem), sua
curiosidade torna-se mais aguçada em relação ao significado de sua
participação, o que poderá induzi-la à busca de respostas para as
próprias indagações, estabelecendo novas conexões e produzindo
35
conhecimentos que realimentam e dão vida ao ambiente. (ALMEIDA,
2005, p.129)
Ao relacionar o que foi tratado até aqui com a condição de trabalho dos
docentes, pode-se afirmar que, no que diz respeito ao tempo e à energia para
realização de um projeto de utilização constante das TIC, o cenário
educacional, hoje, em todos os níveis, dificulta, enormemente, sua realização.
Principalmente, nas instituições menos preparadas; ou que possuem alta
rotatividade de profissionais; ou que não são comprometidas com a utilização
pedagógica do computador.
Dando continuidade às discussões sobre formação, segundo Belloni (2002),
tanto a formação inicial, quanto à continuada, devem incluir em seus
programas a “cultura técnica, competências de comunicação mediatizada,
capacidade de trabalhar com método e em equipe, capacidade de refletir sobre
as próprias práticas e tornar esse saber acessível a outros e de aproveitar o
saber de outros” (p. 161).
No entanto, o que se constata, de acordo com Alonso (2005), é que os cursos
de formação de professores “ainda não incorporaram o uso das tecnologias da
informática e da telecomunicação como recursos para ampliar o acesso à
informação” (p.29).
Na opinião de Sancho (2006), algumas das principais dificuldades para se
transformar os contextos de ensino com a incorporação das TIC, são: o “fato de
que a tipologia de ensino dominante na escola é centrada no professor.” (p.19);
a “falta de motivação dos professores para introduzir novos métodos; e a pouca
autonomia de professores e alunos”. (p.26).
Nesses pontos levantados de Belloni (2002), Alonso (2005) e Sancho (2006),
pode-se observar a importância do papel das instituições de ensino, e a
responsabilidade, de seus diretores e coordenadores de curso, pelo
direcionamento das ações, tanto administrativas como pedagógicas,
necessárias para a construção de um contexto de ensino preocupado com a
formação, de alunos e professores, para uso pedagógico das TIC.
36
No entanto, cabe, também, aos professores, refletirem sobre o seu papel e
suas responsabilidades na escola atual, pois, segundo Pinto (2002), não se
pode “centrar o processo de formação tão-somente na utilização dos recursos
técnicos [...] a absorção da tecnologia é apenas parte de uma situação muito
mais complexa.” (p.180).
Não se fala aqui de uma formação técnica, na medida em que os
recursos tecnológicos não se colocam como finalidade do processo,
mas como instrumentos ou meios
3
para o exercício da prática
docente. (p. 184)
Complementado essa idéia de Pinto (2002), Perrenoud (1999) apresenta a
seguinte visão sobre o que é formar para a utilização das TIC.
Formar para as novas tecnologias é formar o julgamento, o senso
crítico, o pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades de
observação e de pesquisa, a imaginação, a capacidade de
memorizar e classificar, a leitura e a análise de textos e de imagens,
a representação de redes, de procedimentos e de estratégias de
comunicação. (p.128)
Apoiando essa mesma linha de raciocínio, Pablos (2006) afirma que a
tecnologia, em si mesma, não significa uma oferta pedagógica. Que sua validez
educativa se sustenta no uso que os professores fazem dela. “Assim, a
formação pedagógica dos professores em TIC se converte em um dos fatores-
chave para seu uso.” (p.73).
O desafio é que os profissionais da educação mudem de imediato
sua forma de conceber e pôr em prática o ensino ao descobrir uma
nova ferramenta. Como mostra a história da educação, a
administração e os professores costumam introduzir meios e
técnicas adaptando-os à sua própria forma de entender o ensino, em
vez de questionar suas crenças, muitas vezes implícitas e pouco
refletidas, e tentar implantar outras formas de experiência docente.
(SANCHO, 2006, p. 22)
Alguns aspectos de profunda mudança no processo de aprendizagem, por
meio das TIC, e que requer um profundo repensar dos professores, segundo
Pablos (2006), são: a questão da interatividade que os recursos tecnológicos
podem proporcionar; os ritmos ou tempos de aprendizagem; as diferentes
3
Negrito colocado pela autora da dissertação.
37
tarefas, etc. “O professor não é mais aquele que ensina, mas sim o que
viabiliza o processo de aprendizagem dos alunos” (ALONSO, 2005, p.33)
A respeito da interatividade possível por meio das TIC, há também uma
interatividade necessária, pois, de acordo com Alonso (2005), “o trabalho do
professor não poderá ser concebido individualmente” (p.31), precisa ser em
conjunto com outros professores e extrapolando os limites de suas disciplinas.
A autora, afirma, ainda, que devido às muitas dificuldades que o professor
enfrentará para assumir o seu novo papel, ele requer ajuda dos colegas,
compartilhando dúvidas, buscando, juntos, soluções para problemas comuns,
refletindo, criticamente, sobre suas práticas e reformulando-as, quando
necessário.
Nesse processo de interatividade, o professor, também, precisará encarar “a si
mesmo e seus alunos como uma equipe de trabalho”. (KENSKI, 2004. p.89)
Esses pontos discutidos por Pablos (2006), Alonso (2005) e Kenski (2004),
defrontam-se, também, com a condição de trabalho dos docentes, que, na
maioria das vezes, é determinada por uma rotina de trabalho isolada e
individual, onde as discussões entre professores raramente acontecem, devido
às escassas possibilidades de encontro e aos poucos instantes em que os
professores permanecem na instituição, fora do seu horário de aula.
Essa mesma constatação acontece, também, quando se trata,
especificamente, de EaD. Segundo Belloni (2002), o papel do professor
perpassa por uma das questões mais polêmica dessa possibilidade de ensino,
devido às múltiplas funções que ele é chamado a desempenhar, o que exige
que seja capaz de relacionar-se com profissionais de diversas áreas, saindo,
assim, do seu habitual isolamento.
Novamente, precisa-se pensar na condição de trabalho do professor, para que
ele tenha: espaços programados, físico e de tempo, para realizações de
discussões com os demais professores e coordenação; disponibilidade de
utilização dos recursos tecnológicos; incentivo em praticar a
38
interdisciplinaridade; etc. O professor precisa, realmente, ter condição de fazer
algo para poder, também, ser cobrado a fazer algo. Pois, só a cobrança sem as
condições para realização, faz com que se possa adaptar um antigo ditado, “eu
finjo que mando e você finge que obedece”.
Portanto, o que se espera com a utilização pedagógica do computador, pelos
professores, é que eles passem de transmissores de informação e
conhecimento, para dinamizadores do processo de aprendizagem; o que
tornaria o processo de aprendizagem mais complexo, tanto para professores
como para alunos, porém, mais frutífero.
2.2 Um caminho possível
Um possível caminho para que a educação se aproprie dessas exigências que
são colocadas, atualmente, sobre a carreira docente e que, além disso, permita
uma compreensão, individual e coletiva, do trabalho do professor, pode ser
visualizado, a partir da compreensão da sincronicidade das dimensões que
permeiam os processos de formação de professores, referidas por Placco
(2004).
Essas dimensões são: técnico-cientifica, crítico-reflexiva, avaliativa, da
formação continuada, do trabalho coletivo, dos saberes para ensinar, estética e
cultural, além da dimensão ética, que permeia as demais. Estas estão
presentes no indivíduo de forma “não compartimentada, não isolada e nem
meramente complementares”; devem ser entendidas “em sua co-ocorrência ou
simultaneidade, nas relações dialéticas que estabelecem umas com as outras”
(PLACCO, 2006, p. 2), havendo momento de relevo relativo de uma sobre as
demais. Esse relevo relativo pode ser determinado pelo momento da prática
docente, pela fragmentação de sua formação, ou devido a alguma
característica de identidade, própria do professor, que deve ter consciência
disso e agir para que as demais dimensões tenham, também, momentos de
relevo relativo (PLACCO, 2004).
39
A autora entende que, mesmo sem a intencionalidade do formador, há o
desenvolvimento dessas dimensões no formando. No entanto, quando se trata
de uma ação consciente e intencional, “[...] abre-se a possibilidade de
processos formativos em que sentidos e significados são construídos, por meio
de relações pedagógicas e pessoais significativas, seja cognitiva, seja
afetivamente.” (PLACCO, 2006, p. 3).
Desta forma, desencadeia-se uma possibilidade de ampliação da consciência
da existência da sincronicidade de dimensões (multidimensionalidade
sincrônica), o que provoca um clareamento das direções a serem seguidas
pelo formador e refletindo em sua atuação profissional e pessoal.
É importante, para esse trabalho, ressaltar que esse conceito de
multidimensionalidade sincrônica, analisa o sujeito em sua totalidade, o que
possibilita a sua formação sob diversos aspectos, como: autonomia com
aprimoramento de relações pessoais, desenvolvimento de hábitos de estudo,
formação científica contínua, construção de conhecimentos, além do
compromisso com o desenvolvimento social, emocional e cognitivo dos
educandos.
[...] lidar com o desenvolvimento profissional e a formação do educador
é lidar com a complexidade do humano, com a formação de um ser
humano que pode ser sujeito da transformação de si e da realidade,
realizando, ele mesmo, essa formação como resultado de sua
intencionalidade. (PLACCO, 2006, p.5)
De acordo com Placco (2004), o professor deve considerar os alunos em suas
múltiplas dimensões, possibilitando sua inclusão social, respeitando suas
necessidades, capacidades e complexidades, formando-os para o exercício da
cidadania plena, para que sejam críticos, reflexivos, conscientes da realidade e
capazes de transformá-la.
Observa-se, desta forma, que a compreensão da sincronicidade das
dimensões que permeiam os processos de formação de professores, pode
40
ajudar a superar os desafios, existentes na atividade docente, discutidos no
decorrer deste capítulo.
Encerra-se, portanto, as discussões sobre formação de professores, mas não
se encerra a reflexão sobre: como deve ser essa formação; quais as
necessidades; e quais seriam os possíveis caminhos, além desse apresentado.
A seguir, será apresentado como Henri Wallon atuou na área educacional e,
mais especificamente, com formação de professores.
2.3 Formação de professores – Na perspectiva de Henri Wallon
Todas as crianças, quaisquer que sejam suas origens familiares,
sociais, étnicas, têm igual direito ao desenvolvimento máximo de sua
personalidade. Não devem encontrar outra limitação, que a de suas
aptidões. A educação deve, pois, oferecer a todos, possibilidades
iguais de desenvolvimento [...]. (Plano de Reforma Langevin-Wallon,
1969, p. 157)
Wallon nasceu e viveu na França, entre 1879 e 1962, uma época de
turbulência social, devido ao avanço do fascismo, às revoluções socialistas, à
guerra para libertação das colônias na África e às duas grandes guerras
mundiais. Na primeira grande guerra, atuou como médico e, na segunda, como
integrante da resistência aos nazistas, “o que reforçou ainda mais sua crença
na necessidade da escola assumir valores de solidariedade, justiça social e
anti-racismo”, com o objetivo de construir uma sociedade justa e democrática
(MAHONEY, 2005, p.10).
Estudou filosofia e medicina, conhecimentos que tiveram papel importante na
construção de sua teoria psicogenética. Sua tese de doutorado, intitulada “A
criança turbulenta”, representou o início de um período muito produtivo, com a
publicação de importantes obras.
41
Ao estudar o desenvolvimento do psiquismo humano, interessou-se pela
infância de forma concreta, o que o aproximou, definitivamente, da educação.
Considerava que deveria haver uma relação de contribuição recíproca entre a
psicologia e a educação.
Participou ativamente das discussões educacionais e deixou registrado seu
pensamento, a esse respeito, em vários momentos de sua obra. Para ele, a
educação precisava estar adaptada à estrutura social; observava uma grande
distância entre a estrutura educacional, que se apresentava praticamente a
mesma há meio século, e a estrutura social, que sofreu, nesse mesmo período,
profundas e rápidas modificações, como: a utilização de novas fontes de
energia, o desenvolvimento dos meios de transportes, a concentração industrial
e a entrada massiva das mulheres na vida econômica (Plano de Reforma
Langevin-Wallon, 1969).
A França, nesse momento, tinha uma sociedade marcada por essas
modificações e pelas guerras, e repensar a educação era algo necessário.
Para isso, foi criada uma comissão que ficou responsável pela elaboração de
um plano de reforma educacional. Esse plano ficou conhecido como Projeto
Langevin-Wallon e recebeu esse nome, pois, inicialmente, foi presidido por
Langevin, no entanto, após a sua morte, Wallon, que presidia a subcomissão
responsável pela formação de professores, assumiu o cargo de presidente,
sendo o responsável pela redação final do projeto. Na comissão da qual fazia
parte, expôs sua preocupação com a formação adequada dos professores para
cada modalidade de ensino (ALMEIDA, 2007).
O objetivo desse projeto era garantir a todos, sem distinção de classe, etnia e
raça, uma educação justa, com a total possibilidade de desenvolvimento de
suas capacidades e habilidades para, assim, reconstruir uma sociedade mais
justa. Nessa perspectiva, o projeto apoiou-se em quatro princípios: justiça, no
sentido de garantir igualdade de direito a todos para o seu desenvolvimento
completo; dignidade igual de todas as ocupações que, de acordo com Wallon,
referia-se a uma reorganização de valores e é indispensável para o progresso
42
e para a vida; orientação, voltada para o desenvolvimento das aptidões
individuais, primeiramente escolar e, depois, profissional; cultura geral, pela
importância evidente dessa em um estado democrático, para a compreensão
dos homens sobre os problemas mais amplos.
Antes mesmo da conclusão do projeto, o governo francês criou duzentas salas
das primeiras séries do ensino secundário, esse número cresceu rapidamente
e, em 7 anos, atingiu setecentas salas em duzentos estabelecimentos; no
entanto, a partir de 1952, por restrições orçamentárias, reduziu-se para apenas
sessenta estabelecimentos considerados classes-piloto (ALMEIDA, 2007).
Os princípios do Projeto Langevin-Wallon mostram o compromisso de Wallon
com a educação e com a sociedade. E é ainda mais evidenciado pela
valorização que o autor dispensa ao papel do professor e sua formação. Para
ele “[...] a escola é um meio indispensável à formação do ser humano, e o
professor deve ter uma formação adequada para atuar nesse meio e o
reconhecimento de sua atuação.” (ALMEIDA, 2007, p.77).
O autor mostra, em diversos momentos de sua obra, especial atenção aos
professores e suas responsabilidades perante a sociedade e a criança. Para
ele, o professor precisa, além de manter-se atualizado, conhecer o seu aluno e
sua realidade, manter-se informado sobre suas condições de vida, antes de
tomar qualquer decisão. Ser aberto para as idéias, modificando as suas por
meio do contato com a realidade, precisa evitar distinções sociais e étnicas
entre seus alunos, levando em consideração a busca por relações mais
igualitárias na sociedade. “Um professor, que tem verdadeiramente consciência
das responsabilidades que lhe são confiadas, deve tomar partido das coisas da
sua época.” (WALLON, 1975, p.223).
O professor precisa criar condições afetivas para o aluno atingir o pleno
desenvolvimento cognitivo e vice-versa; ter consciência do papel importante
que desempenha na constituição da pessoa do aluno; conhecer o processo de
desenvolvimento e aprendizagem do aluno (ALMEIDA, 2004a).
43
No texto intitulado A formação psicológica do professor, Wallon (1975),
menciona que, muitas vezes, o melhor pedagogo é aquele em que o “hábito e o
desejo de ensinar tornam impossível a observação sem intervenção” (p. 359).
Para ele, o desenvolvimento se dá por meio de conflitos que provocam
transformações e era motivo de surpresa, para ele, encontrar alguns
professores que recusavam qualquer auxílio técnico colocado à sua disposição.
Para completar seu pensamento sobre a formação psicológica do professor,
Wallon finaliza o capítulo dizendo que:
A formação psicológica dos professores não pode ficar limitada aos
livros. Deve ser uma referência perpétua nas experiências
pedagógicas que eles próprios podem pessoalmente realizar.
(WALLON, 1975, p.366)
Na teoria wallonia, segundo Almeida (2004a, p. 126) “o professor desempenha
um papel ativo na constituição da pessoa do aluno”, sendo o mediador entre o
aluno e o conhecimento, “e essa mediação é tanto afetiva como cognitiva”,
podendo torna-se mais eficaz quando o professor oferece aos alunos o maior
número de linguagens disponíveis, como literatura, dramatização e música, que
de acordo com Almeida (2004a, p.127) “são possibilidades que servem para
canalizar as emoções em favor do pensar”.
Esse pensamento acerca do papel do professor, bem como sobre o
desenvolvimento de uma educação mais justa, com o objetivo de se ter,
também, uma sociedade mais justa, coincidem com as necessidades
educacionais já apresentadas nesse trabalho e auxiliarão nas discussões que
serão realizadas a partir dos dados coletados.
Diante isso, cabe agora apresentar a contribuição da teoria psicogenética de
Henri Wallon, mais especificadamente o papel da dimensão afetiva, que
representa um marco em sua obra, e será, exatamente, sobre ela que esse
trabalho se debruçará para a análise dos dados levantados. Buscando enfocar
aspectos que possam, de alguma forma, contribuir para a melhoria da
educação e para a melhoria na formação de professores.
44
2.4 Dimensão Afetiva – Na perspectiva de Henri Wallon
A emoção é a linguagem antes da linguagem. (ZAZZO, 1995, p.15)
No domínio afetividade estão agrupadas as funções relacionadas às emoções,
sentimentos e paixão, que funcionam como demonstradores das formas pelas
quais as pessoas são afetadas pelo mundo interno e externo. Segundo
Mahoney (2004, p.17) “O afetivo é, portanto indispensável para energizar e dar
direção ao ato motor e ao cognitivo.”.
As primeiras manifestações de afetividade têm sua origem nas sensações de
bem e mal estar, relacionadas ao equilíbrio do organismo e sua manifestação
visa à sobrevivência. Ocorrem nas crianças, num estádio tão elementar, que
não se pode evidentemente distinguir entre o signo e a sua causa”. (WALLON,
1941/1995, p. 137).
(...) a afetividade corresponde à energia que mobiliza a pessoa para
o ato, enquanto ao conhecimento corresponde o poder estruturante
que modela a ação a partir das condições disponíveis no momento
(...). (PRANDINI, 2004, p.36)
Na teoria Walloniana, a emoção aparece com maior destaque, é considerada a
base da afetividade e consiste, segundo o autor “[...] essencialmente em
sistemas de atitudes que respondem a uma determinada espécie de situação.
Atitudes e situação correspondente implicam-se mutuamente, constituindo uma
maneira global de reagir [...].
(WALLON, 1941/1995, p. 140).
Para Wallon (1941/1995, p.140), a emoção “é como uma espécie de prevenção
que depende mais ou menos do temperamento, dos hábitos dos indivíduos”,
ela desencadeia reflexos e é contagiante. Está sempre acompanhada de
alterações faciais e de postura, provoca execução de gestos, é intensa e
permanece fora de controle pela consciência. É por meio do contágio que se
explica sua função basicamente social.
45
À emoção compete unir os indivíduos entre si através das suas
reações mais orgânicas e mais íntimas, devendo esta confusão ter
como conseqüência as oposições e os desdobramentos de que
poderão surgir gradualmente as estruturas da consciência.
(WALLON, 1941/1995, p. 143)
As emoções, que são a exteriorização da afetividade, estimulam assim
mudanças que tendem, por outro lado, a reduzi-las.” (WALLON, 1941/1995, p.
143). Como ressaltado por Dantas (1992, p.86), “a razão nasce da emoção e
vive da sua morte”.
Sentimento, de acordo com o autor, é uma representação da afetividade, ou
seja, quando o individuo não tem, “reações instantâneas e diretas como na
emoção”, pois a reprime, impondo controle e criando obstáculos para amenizar
sua potência (MAHONEY; ALMEIDA, 2007, p. 21), por intermédio da
consciência simbólica que permite ao individuo pensar sobre o que sente.
Já a paixão surge, assim como o sentimento, com o aparecimento e o
progresso das representações mentais. A paixão “revela o aparecimento do
autocontrole para dominar uma situação: tenta para isso silenciar a emoção [...]
caracteriza-se pelo ciúme, exigências, exclusividade” (MAHONEY; ALMEIDA,
2007).
Eis a afirmação de Wallon:
Os emotivos e os sentimentais representam dois tipos de indivíduos
de temperamentos nitidamente distintos. O sentimental pertence ao
tipo dos que ficam ao abrigo da tempestade emotiva, visto ser antes
de tudo um ideativo cuja ideação liquida a todo instante a tensão
emotiva. [...] O apaixonado, habitualmente, se mantém senhor de
suas reações afetivas. Diante de impulsos emotivos, caminha para o
raciocínio. (WALLON, 1971, p. 151)
O autor estabelece, pois, diferenças entre os indivíduos, “a diferença entre o
apaixonado e o sentimental, está na necessidade de transformar em fatos suas
representações” (WALLON, 1971, p. 152). Entre o apaixonado e o emotivo, a
diferença é ainda maior, pois no emotivo ocorre “o predomínio do ambiente ao
46
qual não se sabe fugir” (WALLON, 1971, p. 152), possui reações de ordem
subjetiva que sufocam a noção da realidade exterior.
Essas informações poderão colaborar para o entendimento da maneira de ser
e agir do professor, de acordo com o momento afetivo vivenciado por ele, e,
para esse trabalho, em específico, entender sua relação, na atividade docente,
com computador, considerando-se que, segundo a teoria Walloniana, “ser
adulto significa ter desenvolvido uma consciência moral: reconhecer e assumir
com clareza seus valores e dirigir suas decisões e escolhas de acordo com
eles”. (MAHONEY; ALMEIDA, 2007, p. 24).
O capítulo seguinte apresentará os procedimentos metodológicos utilizados
para a realização dessa pesquisa.
47
Capítulo III
Trajetória Metodológica
O sinal é outro.
Um ainda não é um:
quando ainda faz parte com todos.
João Guimarães Rosa
48
3 Trajetória Metodológica
Os sujeitos desta pesquisa são professores universitários do curso de
pedagogia de uma faculdade da região metropolitana de São Paulo. Este curso
acontece no período noturno e atuam, nele, 12 professores.
Além do curso de pedagogia, a instituição possui outros cursos, nas mais
diversas áreas de formação, no entanto, referente à formação para área
educacional, tem-se: letras, matemática, física e química.
A escolha dessa instituição de ensino superior justifica-se, por: ela estar
iniciando a utilização de ambientes virtuais de aprendizagem; oferecer aos
professores e alunos diversos laboratórios de informática, devidamente,
equipados e recursos áudios-visuais, diversos, para utilização em sala de aula;
e, também, pelos projetos iniciados, no curso de pedagogia, para utilização das
TIC.
Conhecer esse momento do curso de pedagogia apresentou-se como uma
possibilidade de trazer subsídios importantes para a problemática que esta
pesquisa se propunha estudar, tendo em vista, o novo cenário educacional, em
que os professores poderiam ser inseridos.
São dois os projetos iniciados no curso de pedagogia: o primeiro, tem o
objetivo apresentar aos alunos softwares educacionais referentes ao nível de
ensino que atuarão e possibilitar e eles sua avaliação; o segundo, referem-se,
à utilização de um ambiente virtual de aprendizagem, esse ambiente possui, de
maneira geral, todos os recursos, normalmente, encontrados nesses
ambientes, como: fórum, bate-papo, conferência, correio, centro de recursos,
etc., como já detalhado no capítulo sobre os recursos tecnológicos.
O detalhamento do andamento desses projetos será apresentado nesse
mesmo capítulo, quando se discutirá o contexto de atuação dos professores.
49
3.1 Levantamento de dados
O primeiro contato, para a realização da pesquisa, foi feito com a coordenadora
do curso, que, gentilmente, se colocou à disposição para mediar o contato com
os professores e sugeriu uma forma de coleta de dados.
Todos os professores do curso de pedagogia foram convidados a participar e,
na expectativa de alcançar a todos, elaborou-se um questionário que, aplicado
como piloto, se mostrou ineficaz pela oferta insuficiente de dados dos
respondentes e pelo pequeno número de devolutivas. Pensou-se, então, em
outro tipo de instrumento que levasse os professores, ainda que num grupo
menor, a expor com maior liberdade suas emoções e sentimentos. Pensou-se,
também, que seria importante levar o depoente a refletir sobre como o
computador o afetou no passado, presente e futuro. O depoimento de um
professor, como piloto, mostrou a eficácia desse procedimento. Propôs-se,
então, um depoimento escrito com a seguinte comanda: "Qual sua relação com
o computador em seu trabalho docente, ontem, hoje e amanhã. Se possível,
ilustre com descrição de situações.".
No decorrer do processo de levantamento de dados, constatou-se a
necessidade de um segundo depoimento, desta vez oral, que foi aplicado
pessoalmente pelo pesquisador, com o propósito de aprofundamento e
compreensão das emoções e sentimentos, revelados pelo próprio sujeito
4
.
Nesse processo para coleta de dados, várias visitas à instituição de ensino
foram realizadas, e essas ocasiões permitiram a realização de observações
impressionistas que serão utilizadas no decorrer do trabalho.
3.1.1 Depoimento Escrito – 1ª Etapa de levantamento de dados
4
Essa necessidade surgiu durante o tratamento dos dados levantados no depoimento escrito.
50
Os professores foram informados pela coordenadora do curso sobre a
realização da pesquisa e quanto à importância de sua participação.
Devido à dificuldade de encontrar com os professores, pois eles chegam, à
faculdade, próximo do horário de sua aula, e vão embora logo ao seu término,
o contato ocorreu de três maneiras diferentes: para alguns professores
entregou-se a comanda, em mãos; outros professores receberam a comanda
das mãos da coordenadora do curso e, um terceiro grupo de professores,
recebeu a comanda do departamento de apoio da faculdade.
Para a devolução dos depoimentos, ficou combinado com os professores que
eles poderiam marcar um dia para entregá-los diretamente ao pesquisador;
entregar ao departamento de apoio da faculdade; ou, ainda, se preferissem,
enviar por e-mail.
Do total de 12 professores que atuam no curso de pedagogia, 10 deram seu
depoimento escrito. Dois deles deixaram seu depoimento no departamento de
apoio da faculdade e os demais enviaram por e-mail.
3.1.2 Depoimento Oral – 2ª Etapa de levantamento de dados
Para a realização dessa etapa do levantamento de dados, foi enviado, aos 10
professores participantes da primeira etapa, um e-mail, explicando a
necessidade de mais um depoimento e pedindo ao professor que agendasse,
de acordo com sua disponibilidade, um dia, horário e local para o encontro.
Cinco professores se disponibilizaram a participar, também, dessa etapa.
Todos os encontros aconteceram na própria faculdade e desencadearam-se a
partir da leitura do depoimento escrito. O professor complementava o
depoimento anterior relatando suas emoções e seus sentimentos atuais, além
dos vivenciados na ocasião. Buscou-se não interromper, nem conduzir o
depoimento. No final de cada tema, caso o professor não tivesse mencionado
as emoções e os sentimentos, solicitava-se um detalhamento a esse respeito.
51
Os professores mostraram-se receptivos e participaram desse segundo
depoimento de maneira pró-ativa e tranqüila, relatando, não apenas as
emoções e os sentimentos, mas também fornecendo outros detalhes, o que
valorizou, ainda mais, essa segunda etapa de levantamento de dados.
Em relação aos professores que participaram, do depoimento oral, todos são
formados para atuarem na área educacional e desenvolvem, exclusivamente, a
função de professor, exceto a professora Maristela que exerce, também, a
função de pesquisadora na área educacional. Os professores possuem entre
10 e 20 anos de experiência no ensino superior e suas idades variam entre 43
e 65 anos.
3.1.3 Observações impressionistas
Chamo de observações impressionistas, pois não foram observações
sistemáticas com dia, hora e local determinado; essas observações
aconteceram em todos os momentos em que se esteve na instituição. Nelas
puderam ser observados os ambientes, como: salas de aula, laboratórios de
informática, sala dos professores, etc. Essas observações serão utilizadas no
decorrer das considerações finais do trabalho.
3.1.4 Caracterização dos professores
Entre o primeiro e o segundo depoimento houve, também, um contato com os
professores, via e-mail, solicitando alguns dados para sua caracterização; as
informações solicitadas foram: formação acadêmica, tempo de docência em
cada nível de ensino e idade.
O objetivo do levantamento dessas informações foi sua utilização na
apresentação dos professores, além de ser usada como subsídio no momento
da análise dos relatos.
52
Apenas três professores responderam esse e-mail, por isso, no momento do
segundo depoimento, esses dados, também, foram levantados.
Sintetizando, ao final do processo de levantamento de dados, tínhamos: cinco
professores participaram das três etapas, ou seja, depoimento escrito,
depoimento oral e disponibilização dos dados de caracterização; um professor
participou de duas etapas: depoimento escrito e dados de caracterização; e
quatro professores participaram apenas da primeira etapa, depoimento escrito.
3.2 Tratamento dos Dados
3.2.1 Depoimento Escrito
O primeiro passo para o tratamento dos dados foi a elaboração de um quadro,
subdividido em três períodos: ontem, hoje e amanhã, conforme comanda da
pesquisa. No quadro, o relato foi separado em trechos, que foram sendo
classificados de acordo com seu conteúdo e identificados por temas,
conservando-se o texto na íntegra e obedecendo a sua seqüência. Desta
forma, para cada relato, diferentes temas foram obtidos.
O passo seguinte foi elaborar uma terceira coluna, inicialmente, nomeada de
Emoções e Sentimentos. Essa coluna seria preenchida com os afetos
identificados pelo pesquisador, a partir das leituras e análises dos
depoimentos.
Ao final dessa etapa, o quadro possuía três colunas, o que permitiu o início de
uma análise mais avançada dos dados.
3.2.2 Depoimento Oral
53
O tratamento dos dados, levantados a partir do depoimento oral, iniciou-se com
a transcrição da gravação do relato dos professores.
Em seguida, voltou-se ao quadro e outras duas colunas foram criadas:
Emoções e Sentimentos Revelados pelo Professor e Situações Indutoras
Apresentadas pelo Professor.
Devido ao detalhamento de informações fornecidas pelos professores quanto
aos seus afetos, optou-se por retirar a coluna, anteriormente criada, Emoções e
Sentimentos.
Desta forma, o quadro ficou com quadro colunas, organizado na seqüência
abaixo:
tema: procurou-se, nessa coluna, identificar o trecho do depoimento, em
poucas palavras;
depoimento escrito: refere-se ao relato, na íntegra, separado por temas;
emoções e sentimentos revelados pelo professor: refere-se às emoções e
aos sentimentos extraídos do depoimento oral, referente a cada trecho
separado anteriormente;
situações indutoras apresentadas pelo professor: refere-se às situações
descritas pelos professores, no depoimento oral, que os levaram a
vivenciar as emoções e os sentimentos revelados na coluna anterior.
A partir desse quadro, foi possível padronizar as nomenclaturas utilizadas para
a identificação dos temas, e, ao final desse processo, pôde-se observar que
possíveis categorias de análise estavam surgindo. A mesma classificação foi
realizada no depoimento oral, buscando-se verificar a possibilidade de
utilização das mesmas nomenclaturas, o que foi, realmente, possível.
Desta forma, os dois depoimentos, escrito e oral, estavam separados em
trechos e, estes, identificados por temas padronizados, que serão chamados, a
partir de agora, de categorias.
54
Essas categorias são:
trajetória de formação - refere-se aos momentos da vida acadêmica e de
experiências vivenciadas pelos professores, como: início do curso de
graduação, mestrado e doutorado;
trajetória profissional – refere-se ao percurso da vida profissional dos
professores, alguns momentos marcantes, como: início da carreira,
mudanças de emprego, participação em projetos, reconhecimento
profissional, aposentadoria e expectativas para o futuro;
processo de aprendizagem para uso do computador – refere-se aos
momentos de aprendizagem para uso do computador, como: seu início, os
afetos envolvidos, a presença do outro, as exigências e necessidades, as
aprendizagens adquiridas e o objetivo da aprendizagem;
computador – refere-se aos momentos em que essa ferramenta é
mencionada pelo professor: como tudo começou, sua necessidade, sua
dependência, os afetos envolvidos, relação entre geração e tecnologia e sua
forma de utilização na escola;
utilização na atividade profissional – refere-se à relação dos professores com
o computador em suas atividades profissionais, tais como: afetos envolvidos,
a presença do outro, a prática, pontos positivos, ações necessárias para uma
boa formação dos alunos.
Nesse momento do processo de tratamento de dados tinham-se, então dois
quadros: o primeiro, que se constituiu de quadro colunas, como já foi
detalhado, anteriormente; e o segundo, que possuía três colunas, na seguinte
seqüência:
55
período: essa coluna foi preenchida com a informação de ontem, hoje e
amanhã, obedecendo a mesma subdivisão utilizada no tratamento do
depoimento escrito;
depoimento oral: trata-se do depoimento oral na integra, porém separado em
trechos;
categorias: atribuídas de acordo com os trechos separados.
No entanto, antes de se iniciar a interpretação dos dados, fez-se necessário,
para facilitar a manipulação dos dados, reunir as informações em uma única
tabela e classificá-las a partir das colunas de categorias e período.
Desta forma, esse quadro unificado
5
constitui-se das seguintes colunas:
período, afetos revelados pelos professores, situações indutoras identificadas
pelos professores, depoimento oral e categorias.
3.2.3 Observações Impressionistas
Ao final de cada visita realizada à instituição de ensino, fazia-se um relatório
com as observações levantadas. Os relatórios foram, posteriormente,
transformados em uma tabela, para que cada observação pudesse ser
separada e nomeada, de acordo com o seu assunto.
Portanto, ao final de todas as visitas tinha-se a tabela com todas as
observações, devidamente, separadas nos seguintes assuntos: estrutura,
organização e comportamento.
No assunto estrutura ficaram agrupadas as observações sobre os recursos
técnicos e as dependências físicas da instituição. No assunto organização,
agruparam-se as observações feitas quanto ao gerenciamento e
direcionamentos dos assuntos pertinentes a utilização do computador pelos
professores; e no último assunto: comportamento, agruparam-se as
5
Ver anexo I
56
observações feitas quanto à postura dos professores e da coordenação quanto
à utilização do computador, em momentos diferentes do momento de
depoimento oral.
3.3 Contexto de atuação do professor quanto à TIC
Como contexto comum para os cinco professores tem-se que todos são
horistas e, para complementar essa informação, é importante ressaltar que no
curso de pedagogia não há professores mensalistas, ou seja, que trabalham 40
horas por semana na instituição.
Quanto à disponibilidade de utilização do laboratório de informática, somente o
professor de informática tem disponibilidade de uso, no entanto, o mesmo
precisa ser previamente reservado, já em relação à utilização de recursos
áudios-visuais , as salas não possuem nenhum equipamento, esses, também,
devem ser solicitados com antecedência.
Quanto à disponibilidade de uso da estrutura física e dos demais recursos,
pode-se observar que, o professor Daniel difere dos demais, por lecionar a
disciplina “Novas Linguagens e Educação”.
O professor Daniel está envolvido, juntamente, com as professoras Íris e Elena,
com o projeto para a exploração de softwares educativos. Essas professoras
são as responsáveis pelas disciplinas de Metodologia da Língua Portuguesa e
de Matemática, respectivamente.
Esses professores foram envolvidos nesse projeto pela coordenadora do curso,
a professora Maristela, que tem a preocupação de formar professores que
sejam aptos a atuarem nos laboratórios de informática nas escolas, em que
trabalharão, disponibilizando aos seus alunos softwares referentes ao nível de
ensino que atuarão. Esse projeto já está em pauta deste o ano anterior, no
entanto, ainda está em fase inicial. A coordenadora mostrou-se muito incisiva
quanto ao início do projeto e afirmou, em seu depoimento, que não aceitará o
57
programa de ensino do próximo ano letivo sem a inclusão desse projeto. Já as
professoras alegam que não iniciaram as discussões sobre o projeto devido à
falta de disponibilidade de horário para as reuniões, mas mostram-se
conscientes que terão de iniciá-lo no próximo ano letivo.
Quanto ao projeto de utilização do ambiente virtual de aprendizagem, de
acordo com a coordenadora do curso, os professores, que atuam aos sábados,
seriam os primeiros a serem envolvidos. Vale ressaltar, no entanto, que, esses
professores não disponibilizaram seus depoimentos para essa pesquisa.
Para a coordenadora a utilização do ambiente virtual de aprendizagem, não
precisaria ser rigidamente para um curso à distância, poderia funcionar,
aproximadamente, como um estudo dirigido, em que os alunos pudessem
responder às questões e enviá-las de volta às professoras, que as devolveriam
aos alunos com seus comentários. Funcionaria como uma forma de apoio aos
encontros presenciais que poderiam, por exemplo, acontecer apenas um
sábado por mês. Esse projeto de EaD encontra-se em fase inicial. Os
professores já foram comunicados sobre a proposta, no entanto, até a data da
elaboração deste texto, os encontros para o planejamento não tinham iniciado.
No decorrer do próximo capítulo, Interpretação dos dados, tanto a participação
nos projetos, como, também, a utilização dos recursos tecnológicos, na
atividade docente, serão apresentados, mais detalhadamente, utilizando-se das
palavras dos próprios professores.
58
Interpretação dos dados
Contar seguido, alinhavado,
só mesmo as coisas de
rasa importância....
João Guimarães Rosa
59
4 Interpretação dos dados
A realização da interpretação dos dados apoiou-se na trajetória de utilização
das TIC pelos professores, pois se acredita que, por meio dessa trajetória, seja
possível entender sua relação com o computador na atividade docente e,
também, colaborar nas discussões, atuais, sobre formação de professores para
o uso das TIC.
Antes de iniciar a apresentação das categorias, dois aspectos precisam ser
ressaltados. O primeiro diz respeito ao intervalo de tempo entre o primeiro
professor que teve contato com o computador e o último. De acordo com as
datas mencionadas nos depoimentos, pode-se constatar que esse intervalo de
tempo é maior que 15 anos. Intervalo considerável quando se trata de
tecnologia e a rapidez de seu avanço.
O segundo diz respeito à impossibilidade de manter a ordem cronológica dos
acontecimentos no decorrer da interpretação das categorias, o que evidenciou
a necessidade de apresentar um resumo da trajetória de uso do computador de
cada um dos professores, conservando a ordem cronológica e, quando
mencionado, a data aproximada desse acontecimento.
4.1 Apresentação dos professores
Professora Maristela
A professora Maristela iniciou seu contato com o computador por volta dos
anos 70, na época em que estava estudando para a seleção do curso de
mestrado. Uma das matérias era “Programação”, disciplina que formava as
pessoas que, naquela época, faziam a programação e perfuravam os cartões
que eram entregues aos técnicos, que faziam os processamentos.
60
Depois dessa época, a professora voltou a ter acesso ao computador em uma
empresa em que trabalhava, “foi quando surgiram os PC’s, foi ótimo, porque eu
comecei a aprender”. Desse momento em diante, nunca mais deixou de utilizar,
e seus conhecimentos foram se ampliando. Hoje, ela é capaz de pesquisar, se
comunicar com as pessoas, digitar seus textos e fazer suas apresentações.
Atualmente, é coordenadora de curso e leciona as disciplinas de Introdução à
pesquisa e Trabalho de Conclusão de Curso.
Professor Daniel
De acordo com o relato do professor Daniel, seu contato com o computador
ocorreu por volta do final dos anos 80 e início dos anos 90, quando foi trabalhar
em um museu em São Paulo. Ele trabalhava com banco de dados de imagens
“hoje pode parecer ridículo, mas na época, não tinha às vezes um monitor com
capacidade, os monitores eram em fósforo, verdes, [...] você também não tinha
os programas para trabalhar com as imagens”.
Atualmente, é professor de Tecnologia Educacional para turmas do curso de
Pedagogia.
Professora Elena
Por volta dos anos 80, a professora Elena, apesar de não ter contato físico com
computador, teve contato com informação a seu respeito, quando se inscreveu
para fazer um curso disponibilizado pela Secretaria da Educação do Estado de
São Paulo. “Eu já tinha certa curiosidade”, diz ela e, nesse curso, “... eles
falaram sobre programação, explicaram o que era uma tecnologia. E que seria
um negócio muito interessante para escola usar essa ferramenta”.
O seu próximo contato aconteceu no início dos anos 90; após sua
aposentadoria como professora do Estado, ela foi lecionar Desenho
Geométrico em uma escola particular da cidade de São Paulo. Nessa época, a
61
escola estava montando seu laboratório de informática e os professores teriam
que levar os alunos para terem aulas nesse laboratório.
Devido a essa exigência, começou a utilizar o computador a partir dos
ensinamentos passados pelos seus filhos, “mas eu tinha muita dificuldade. O
que fiz: eu peguei uma agenda e tudo que ele (o filho) me explicava eu
anotava”.
Foi a partir das pessoas que conheceu nessa instituição particular que teve a
oportunidade de ir lecionar na PUC. Lá, participou do projeto PEC
6
e teve
acesso aos ambientes virtuais de aprendizagem.
na época da PUC, eu fiz um trabalho de educação a distância, eu
participei de um desses PEC da PUC. Eu fui dar aula em um PEC
gigante lá em Serra Negra. Reuniram professores do estado inteiro,
professores da rede estadual de matemática, basicamente todos os
professores da escola iam para lá, nós fazíamos encontros, foram
três encontros com dois mil professores. Em cada encontro, cada um
ficava responsável por uma ou duas turmas, no final eu tinha três
turmas. A gente deixava tarefas, porque um dos objetivos era que
essas pessoas aprendessem a usar o computador [...] Foi um ano
inteiro. Ano de 2002. [...] nessa ocasião eu ainda não tinha banda
larga, a minha internet ainda era discada, então era um caos [...]. Foi
quando eu coloquei banda larga, começou a ficar mais fácil [...]. Eu
tinha que atender quase 200 alunos, não atendia todo mundo porque
eles não tinham computador, não sabiam mexer, era um drama tudo
aquilo, mas era um curso a distância. Foi uma experiência muito
interessante.
Enquanto trabalhou na PUC, a professora iniciou o seu curso de mestrado,
tendo a exigência, por parte de seus professores, de entregar suas atividades
digitadas.
6
Trata-se de um programa especial para formação de professores efetivos e estáveis na Rede Estadual de
Ensino. Promovido pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, seu objetivo era oferecer um
programa de formação superior de licenciatura plena aos professores que possuíam formação em nível
médio
62
Atualmente, utiliza o computador para se comunicar com os alunos por meio do
e-mail e é professora de Metodologia da Matemática.
Professora Íris
Em seu depoimento, a professora conta que se deparou pela primeira vez com
um computador em casa, comprado pelo marido para uso da família. Nesse
período ela o utilizava como uma máquina de datilografar mais avançada e
também contava, assim como a professora Elena, com a ajuda dos filhos para
fazer algumas operações mais complexas. Aos poucos foi ampliando sua
utilização e hoje é capaz de pesquisar, se comunicar com as pessoas, digitar
seus textos e fazer suas apresentações.
Atualmente, é professora de Metodologia da Língua Portuguesa.
Professora Leila
A professora Leila relata que teve acesso ao computador logo que o PC
(personal computer) entrou no mercado. Seu contato inicial com o computador
fez com que ela gostasse e quisesse se aproximar dos assuntos relacionados à
informática e, devido a isso, formou-se em programação.
Atualmente, leciona a disciplina de Psicologia da Educação I.
Essa, então, foi uma breve descrição sobre a vivência de cada um dos
professores com o computador; pode-se iniciar a apresentação da
interpretação das categorias, pois o leitor está informado sobre: como, quando
e em qual ordem os fatos acontecem para cada um dos professores.
A seqüência de apresentação das categorias foi descoberta no decorrer do
processo de interpretação, a primeira categoria a ser apresentada, será: o
computador, ontem, hoje e amanhã; em seguida, trajetória de formação,
63
trajetória profissional, processo de formação para uso do computador; e, para
finalizar, utilização do computador na atividade docente.
4.2 O computador, ontem, hoje e amanhã
Nesta categoria, buscou-se apresentar a relação estabelecida entre o professor
e o computador, a partir dos momentos mencionados no relato. São eles: como
tudo começou, sua necessidade, sua dependência, os afetos envolvidos,
relação entre geração e tecnologia e sua forma de utilização na escola.
Ao iniciar a interpretação dessa categoria, algo, que ficou muito marcante nos
depoimentos, é à diferença de convivência, de uma geração para outra, com as
questões relacionadas com a utilização das TIC.
Pôde-se identificar, por meio dos depoimentos, que a grande explosão do uso
do computador foi na década de 90, com a popularização dos PC,
principalmente utilizado, no início, nos ambientes de trabalho.
Desta forma, as gerações que já atuavam profissionalmente, anteriores a essa
época, conheciam um mundo em que a maioria das tarefas, conhecidas hoje,
era realizada sem a necessidade do uso do computador. Tarefas que, hoje,
talvez, não concebamos realizá-las sem essa ferramenta, seja por sua
praticidade ou pelo nível de qualidade alcançado e exigido.
Usar o computador não é algo simples de se aprender. Está agregado a isso o
conhecimento e o entendimento de novas terminologias, novas formas de
organização e planejamento das atividades, etc. Necessita-se aprender, não só
como se utiliza, mas também quais são os recursos disponíveis, para que
servem, como explorá-los, o que se pode e o que não se pode fazer. Tudo isso,
não somente em relação ao computador, mas também em relação a tantas
outras novidades tecnológicas que aparecem a cada dia, como: câmeras
fotográficas; celulares; aparelhos diversos para tratamento, baixa e
armazenamento de vídeo e músicas; computadores portáteis; etc.
64
A evolução tecnológica não se restringe apenas aos novos usos de
determinados equipamentos e produtos. Ela altera comportamentos.
A ampliação e a banalização do uso de determinada tecnologia
impõem-se à cultura existente e transformam não apenas o
comportamento individual, mas o de todo o grupo social. (KENSKI,
2004, p.21)
Como acompanhar toda essa rápida evolução tendo passado, a maior parte da
vida, realizando todas as suas tarefas, ouvindo suas músicas, se comunicando
com as pessoas, fotografando, assistindo TV, sem a necessidade, aparente, de
maiores facilidades e qualidade?
A professora Íris em seu relato trata exatamente sobre essa questão.
eu acho que para a minha geração o computador veio um pouco
mais tarde, e eu acho que para algumas pessoas nas quais o
computador veio um pouco mais tarde, talvez seja mesmo mais
difícil, ou porque a pessoa teve a trajetória dela vivendo sem, então
ela acha que se foi possível viver sem, então ela acha, está ali, se eu
quiser, eu continuo a viver sem.[...]
Quanto ao processo de aprendizagem, a professora Íris indica, também,
diferença entre as gerações.
Essa história dos períodos de aprendizagem, eu até estava
pensando nisso. Porque, por exemplo, em algumas coisas que se
estabeleceram na minha trajetória quando eu era mais nova. Então
por exemplo, hábito de leitura, isso eu não vou abandonar nunca,
vou morrer, lendo alguma coisa na véspera. Então o hábito de lidar
com a leitura, eu adquiri e internalizei. Essa coisa da tecnologia,
particularmente o computador eu acho mesmo que os jovens têm
facilidade. É mais da época deles, os jovens e as crianças.
A professora Maristela mostra ter essa mesma opinião ao falar sobre uma
pessoa que trabalha com ela e pertence à outra geração, “Por exemplo, a
Gladis, que é de outra geração, tem uma diferença de quase 20 anos entre eu
e ela. Ela é bala, ela faz tudo, eu não, tenho mais cautela. Eu tenho medo. Eu
acho que a minha geração é mais medrosa”.
65
A professora Elena fala, também, sobre suas dificuldades e as justifica, devido
a sua idade, “A gente quando é mais de idade e começa a mexer no
computador, você perde tudo, é uma coisa incrível, como some! Você não acha
mais de jeito nenhum!”.
A professora Elena faz, também, o comentário abaixo, supondo que outras
pessoas, além dela, apresentavam as mesmas dificuldades a respeito de
exigências de utilização do computador para a digitação das atividades no
curso de mestrado.
A maioria da minha turma era de professores meio antigos, tinha
alguns novos, mas era uma turma grande eu acho que a metade
eram pessoas assim mais velhas. Eu acho que eu era a mais velha
do pedaço, alias, sempre, onde eu trabalho, eu sou a mais velha.
Tardif (2003) coloca que os saberes adquiridos quando da socialização
primária e escolar, têm um peso importante na compreensão da natureza do
saber-fazer e do saber-ser, referindo-se à atividade docente, e que a
competência profissional está amplamente relacionada à história de vida do
professor, suas crenças, representações, hábitos e rotinas de ação.
Então, transferindo esse conceito para a utilização do computador, tornam-se
compreensíveis as dificuldades encontradas por essas professoras, devido ao
momento de sua história de vida em que o computador fez-se presente para
elas.
Já a professora Leila, que dos professores entrevistados é a mais nova,
apresenta uma visão interessante, do ponto de vista pedagógico, da diferença
existente entre as gerações e suas maneiras de processamento do
pensamento.
é que o computador já faz parte do dia-a-dia. Eu não vejo que essa
nossa geração, é uma geração que pensa diferente porque já
convive com a Internet, já convive com o mundo virtual. [...] Eu acho
que a gente tem que pensar em processamento de pensamento
66
diferente. Porque aquele pensamento sistematizado, para mim eu
acho que não existe mais. Os alunos, hoje, eles pensam muito
menos organizado, no sentido antigo da palavra, de que tem uma
seqüência, de que tem uma classificação, uma seriação, uma
moderação. Acho que os alunos pensam em uma produção final,
mas que tem uma lógica uma organização, diferente da organização
anterior. Acho que isso é muito mais globalizante do que é a nossa
proposta.
A partir do relato da professora Leila, pode-se iniciar uma reflexão a respeito do
papel do professor que, ao mesmo tempo em que, muitas vezes, se encontra
em um momento de adaptação aos recursos tecnológicos, convive com uma
geração que está, totalmente, familiarizada com esses recursos. Mas que, no
entanto, precisa ser preparada para o bom uso do computador, como relatado
pelo professor Daniel.
O perfil do aluno mudou muito, mas também muda muito de
instituição para instituição, cinco anos atrás nós pegávamos
alunos no laboratório de informática que sequer sabia ligar o
computador, hoje isso não existe mais. Hoje, por exemplo, você tem
aluno que vem para a sala de aula e ficam assistindo filmes que eles
gravaram no YouTube
7
, o cara que morreu com tiro na cabeça. Veja,
não tem muita diferença, do cara que não sabe ligar o micro, do cara
que não sabe o que fazer com ele.
Vale ressaltar que, quando o professor Daniel faz essa observação, ele está se
referindo ao aluno do curso de Pedagogia e a sua capacidade de utilização
pedagógica do computador.
As preocupações, explicitadas pelos professores, evidenciam o quão
diferentemente precisa ser tratado o processo de aprendizagem quando se
quer incorporar, a ele, o uso pedagógico do computador. Pois se lidará com
alunos de diferentes realidades, mas que se encontram em um mesmo espaço
e tempo para a aprendizagem.
7
Site voltado para exibição de vídeos.
67
Sabe-se que está se tornando, cada vez mais comum o uso do computador em
todos os lugares para os mais variados fins. O que faz com que as pessoas
sintam-se dependentes dele, assim como relatado pela professora Leila, que o
vê como a extensão de suas mãos.
O que eu estou chamando de extensão das mãos, extensão das
mãos porque está dentro do sujeito [..]. Extensão das minhas mãos
eu acho que é por isso, tudo eu acho que vai ter a passagem pela
internet e pelo computador [...] Para mim é assim a era da
informática, já faz parte do dia-a-dia, não tem jeito você não falar que
não faz parte do dia-a-dia das pessoas. E se a gente trabalha com
educação, ainda mais como docente!
Ao usar o termo extensão das mãos, pode-se supor uma dependência para a
realização das mais diversas possibilidades de ações, que perpassam pelo uso
do computador, o que, do ponto de vista da professora Maristela, trata-se de
uma possibilidade de uso fantástica que pode proporcionar maior comodidade
e liberdade às pessoas.
É uma coisa assim, que eu não sei o que estar por vir. De repente,
você pode até fazer coisas fantásticas que você não consegue
prever. Hoje, já tem algo assim, a pessoa está operando lá, o
professor está aqui, ele orienta, já tem coisas desse tipo. Quem sabe
mais pra frente, a gente não vai fazer consulta ao médico. [...] Então
o micro, ele é uma coisa, que é uma libertação, é uma ocupação, ele
é uma coisa que te ocupa a cabeça, que te permite fazer coisas,
criar. Então o micro é uma coisa que eu acho até fantástico nisso.
[...] É uma ferramenta que todo o ser humano, que habita esse
planeta tem que ter. Não dá mais para você poder imaginar que
alguém poderá ficar sem. Ficar sem micro é ficar longe da
civilização. É você se alienar.
Complementando esse ponto de vista da professora Maristela, que visualiza as
mais diversas possibilidades de uso do computador e seus recursos, a
professora Íris relatou o que lhe agrada, atualmente, em relação a esse uso e,
também, como será, talvez, sua relação com ele no futuro.
68
Comunicação entre amigos, eu acho que é gostoso, é uma forma
alternativa. Como você tinha o telefone que é uma comunicação a
distância, você tem a comunicação escrita que substitui o telefone e
que substitui a antiga carta, todos eles a distância. [...] ainda a
questão do e-mail eu acho que isso é sociabilidade é uma das
formas das pessoas trocarem experiências, e é gostoso, tem uma
amiga lá, que fala uma coisa, você manda alguma outra, dá um olá
para alguém que está distante, recebe alguma coisa que você acha
interessante, passa para outras pessoas. Então eu acho que nesse
ponto, também, é um sentimento, é um bom sentimento, é um
sentimento agradável e de satisfação. [...] O meu sentimento, no
futuro, eu acho que eu vou continuar admirando o bom uso do
computador. Acho que, também tem o mau uso, quando você fica
viciada, fica muitas horas na frente do computador navegando. Tem
aquele outro, a conversa, como é que chama? O MSN, eu não uso,
não uso, não acho que seja importante na minha vida. Então assim,
eu acho que o uso precisa ser bem dosado.
Portanto, os professores mostram em sua trajetória de vida que, em relação ao
computador, eles tentam vencer as limitações provenientes de sua geração,
ampliando não só a utilização dos recursos, mas também apostando em utilizá-
lo cada vez mais no futuro.
Mostraram-se, também, conscientes de que os alunos apresentam maior
facilidade para lidar com essa ferramenta, mas que, no entanto, precisam
aprender a fazer um bom uso dos seus recursos e, se tratando,
especificamente de alunos de Pedagogia, precisam aprender a fazer um bom
uso pedagógico desse instrumento que será utilizado, posteriormente, em sua
atuação profissional.
O bom uso pedagógico das TIC extrapola o domínio técnico, o que permite ao
professor ampliar o seu campo de atuação e tornar-se um orientador do
processo de aprendizagem, “integrando de forma equilibrada a orientação
intelectual, a emocional e a gerencial” (MORAN, 2004, p.30).
69
4.3 Trajetória de formação
Três professoras mencionaram, em seus relatos, momentos da vida referente à
sua trajetória de formação, pode-se supor que devido à importância desses
momentos quanto ao seu desenvolvimento na utilização do computador.
A professora Elena relatou sobre o mestrado, contou toda a sua trajetória até
tomar a decisão de iniciá-lo.
Porque a pessoa que dava assessoria para a gente no colégio, era
professora da PUC, também, e tinha outra pessoa que trabalhava
com ela; elas tinham uma firma chamada Tema que dava assessoria
em escolas particulares de fundamental I de forma geral e educação
infantil. Como ela trabalhava comigo no colégio, ela achou que eu
tinha conhecimento e levava jeito para ajudá-las na assessoria, uma
vez que ela estava pegando muitas aulas na PUC, e estava fazendo
o doutorado dela. Eu comecei a acompanhá-las nas seções de
assessoria. A assessoria era técnica mesmo, de conceitos básicos
matemáticos. Quando ela pegou mais aulas na PUC, apareceu uma
escola muito grande, para ela ser assessora geral da escola. Então
ela desistiu do Tema, foi então que a outra pessoa me ligou e disse:
“Olha, a gente vai fechar o Tema, vamos ficar só com as escolas que
a gente já tem, e essas eu sozinha dou conta, mas tem uma coisa, a
PUC está dando um curso chamado PEC, e está precisando de
professores de matemática, vai lá para pegar”, quando cheguei lá já
tinham pegado as aulas. A pessoa que dava assessoria no colégio
que estava em uma reunião e me viu, era uma sala toda de vidro, lá
na Marques de Paranaguá, fez um sinal para que eu esperasse,
sentei lá fiquei esperando, a ela falou assim: _ “nós estamos abrindo
a licenciatura especial, quais noites da semana você tem livre?
“Você vai dar aula aqui na licenciatura especial da PUC”. [...] Eu
estava lá na PUC, fazia tempo que eu queria fazer mestrado, vendo
ali o pessoal eu conheci todo mundo, muita gente que eu já conhecia
inclusive alguns que tinham feito faculdade comigo. Eu fui fazer o
mestrado na PUC.
70
A professora relatou sobre a exigência da utilização do computador para a
digitação das atividades, “A primeira vez eu entreguei a mão, então a
professora falava: _Não, vocês precisam aprender a digitar, como é que vocês
vão fazer depois a dissertação”.
Porém, quanto à dissertação a professora Elena disse: “Para a digitação foi
tranqüilo, o que eu tinha um problema enorme, era que minha dissertação tinha
muitos gráficos”.
A professora Íris, assim como a professora Elena, foi exigida a utilizar o
computador no decorrer da sua trajetória de formação; no caso da professora
Íris, aconteceu no curso de Doutorado, “Na época da pós-graduação, ai meu
Deus! Tabelas, gráficos e outras coisinhas. Não fiz sozinha. Quem me ajudou
foi meu marido”.
Quanto ao seu sentimento em relação ao marido, por tê-la ajudado na
construção de tabelas e gráficos, a professora, diz:
realmente eu sou muito grata, e o meu sentimento era o de gratidão,
a ele, porque ele me ajudava naquelas operações do ponto de vista
de colocar na linguagem do computador, era ele que fazia, então eu
sou eternamente grata a ele por conta disso.
No entanto, a professora menciona e, por isso pode-se supor que tenha sido
marcante para ela, momentos em que teve dificuldade de compartilhar idéias e
decisões com seu marido, devido aos diferentes pontos de vista, nesse caso os
pontos de vista: acadêmico e técnico.
Mas nessa fase aqui também, como ele sabe muito bem essas
coisas, eu dizia: “não, mas tem que aparecer tal coisa” então às
vezes surgiam alguns conflitos, entre o que eu queria que colocasse
que era importante, na tabela, e o que ele achava. “Então vamos
tentar tal coisa”. “Mas isso não vai dar certo, tenta outra”, então a
gente conversava um pouco discutia um pouco para entrar num
acordo.
71
Sobre os sentimentos percebidos naquele momento, quanto à necessidade de
utilização do computador, a professora Íris diz, “O meu sentimento na época da
pós-graduação, eu não tinha um sentimento de dependência”. Ela justifica esse
sentimento dizendo, “eu sentia assim que aquilo era mais difícil, eu poderia ter
uma parceria, que essa coisa dos gráficos tem todo um ajuste [...] eu não
preciso saber tudo, alguém que sabe pode fazer isso muito bem, pode me
ajudar”.
Porém, pode-se perceber que a professora Íris não se sentia, totalmente,
tranqüila com essa dependência “eu até sabia de amigas minhas que estavam
fazendo esse tipo de coisa, eu sentia até um pouco de inveja, porque elas
dominavam, faziam tabela, sabiam apagar a linha lateral. Eu acho que eu até
invejava a habilidade delas”.
Quanto ao relato da professora Íris, pode-se destacar a importância do outro,
ou seja, tanto a presença do seu marido, como a presença de suas amigas
mostraram-se decisivas para a percepção dos afetos mencionados.
Diferentemente, das professoras Elena e Íris, em que a utilização do
computador foi exigida no decorrer de seus cursos, a professora Maristela
necessitou de certos conhecimentos sobre o computador para ser aprovada na
seleção do mestrado.
para você entrar no INPE, uma condição para fazer o mestrado lá
dentro, que fosse aprovada nessa matéria (programação). Então
todo mundo que queria fazer mestrado no INPE, além de passar no
exame, era uma entrevista e um exame de seleção por currículo.
Depois disso tinha que fazer um curso, então, por exemplo, eles
selecionavam 60 e 30 passariam, tinha que fazer esse curso, e tinha
que ser aprovada na disciplina dos cursos. Então tinha aula de
estatística, aula de programação, aula de análise de sistema e tinha
uma aula de comunicação, rádio e TV, porque a gente iria trabalhar
com ensino a distância. Então se não passasse nisso, os outros a
gente sabia, quer dizer era mais tranqüilo, agora esse! Saber
perfurar, fazer o programa. O meu sentimento foi estressante, mas
nada que eu não pudesse fazer, mas eu também não achei prático,
72
achei que era uma coisa! Uma coisa trabalhosa, então eu não
gostei...
Pode-se supor que, devido aos sentimentos percebidos pela professora nessa
ocasião, e por sua percepção sobre a utilização do computador, ela tenha
decido não dar continuidade à utilização e ao aprendizado, uma vez que não
havia mais a exigência externa quanto a isso.
quando terminou o INPE, eu não usei os meus conhecimentos de
computador, eu fiz a minha pesquisa e levei para um estatístico que
processou para mim. Eu não me preocupei em saber como é que
usava, como é que eu continuaria usando esse computador. Então
foi isso, aqui foi (sentimento) de angustia.
Percebe-se que a utilização do computador esteve, em todas as situações,
relacionada a uma exigência e que gerou momentos de dificuldade, o que
causou na professora Maristela, estresse e angústia.
Destaca-se, também, a importância da presença do outro, no papel de
incentivador, para o ingresso e a realização da formação; como auxiliar, para
as questões mais técnicas; e como provocador, como foi o caso da professora
Íris que chegou até a invejar suas amigas, devido suas habilidades ao lidarem
com o computador. Inveja e gratidão são os afetos destacados pelas
professoras nessa relação com o outro.
Portanto, exigência, dificuldade de utilização e a presença do outro foram os
pontos relevantes que marcaram a convivência com o computador na trajetória
de formação dessas professoras. No entanto, observa-se que as professoras
conseguiram alcançar seus objetivos, vencendo os obstáculos existentes e
ampliando seus momentos de utilização do computador para além dos
momentos exigidos.
73
4.4 Trajetória Profissional
Três professores relataram acontecimentos sobre sua trajetória profissional.
O professor Daniel iniciou o seu depoimento contando a respeito da sua
primeira experiência profissional utilizando-se do computador, “eu vejo como
uma experiência positiva, principalmente, naquela época, metade dos anos 80,
início dos anos 90”. Seu trabalho consistia na construção de um banco de
dados de imagem das obras de arte do museu no qual atuava.
Alguns anos depois, entrou para a área educacional como professor
universitário de Antropologia. Atualmente, é professor de Tecnologia
Educacional, ou seja, continua utilizando o computador em sua atividade
profissional.
Em relação às suas expectativas profissionais, o professor afirmou que se
sente inseguro, mas garante que não se trata de pessimismo.
Assim como o professor Daniel, a professora Maristela não iniciou sua carreira
profissional como docente; em seu relato, ela expõe todas as suas
experiências profissionais, antes mesmo de utilizar o computador em sua rotina
de trabalho.
Apesar de possuir conhecimentos de programação, adquiridos durante o
período de realização do curso de mestrado, ao iniciar sua carreira, a
professora não detectou a necessidade de utilização do computador.
a década de 70 foi uma etapa desnecessária, porque a não ser que
você fosse trabalhar com dados quantitativos, mas a gente fazia as
coisas, não usávamos computador nessa época, aqui eu comecei a
trabalhar no CENAFOR, essa foi uma época que para mim era
desnecessário o uso do computador.
74
No entanto, de acordo com a professora, no início dos anos 90, ela começou
aprender a utilizar o PC, que passou a ser sua ferramenta de trabalho; essa
utilização proporcionou-lhe a sensação de liberdade, uma vez que não
precisava mais da figura do digitador para digitar seus textos.
Hoje, afirma que esse sentimento de liberdade é ainda maior, por ser capaz de
utilizar diversos recursos.
Em relação a sua expectativa para o futuro ela diz:
Vou usar o micro para planejar a minha aposentadoria, isso é uma
coisa interessante. Porque você sempre vai ter que se atualizar nos
softwares. O que é que vai acontecer? O micro vai ser a ferramenta
dos velhos. Porque você pode pedir coisas, pode ler coisas, pode
fazer coisas, você pode se corresponder.
Observa-se que, com o advento dos PC, a perspectiva de utilização da
professora Maristela tornou-se ilimitada; hoje, ela mostra entusiasmo quanto ao
seu futuro como usuária do computador e seus mais variados recursos.
Diferentemente, dos professores Daniel e Maristela, a professora Elena iniciou
sua carreira profissional já como docente em uma escola particular da cidade
de São Paulo, lecionando a disciplina de matemática, antes mesmo de se
formar na graduação.
comecei a dar aula em 64 [...] Foi com muito prazer que eu comecei
a trabalhar [...] Passei muito nervosismo, comecei a trabalhar em
uma escola particular [...] As classes tinham muitos alunos, eu
trabalhava a noite, o primeiro ano eu trabalhei a noite. Era um
casarão desses antigos que foi adaptado para a escola, então as
salas eram estreitas e compridas, e a maioria dos alunos era mais
velha do que eu.
Seu encontro com o computador aconteceu, após ter se aposentado como
professora do estado.
75
Ao se aposentar, a professora Elena teve a oportunidade de iniciar uma nova
etapa de sua vida profissional. Foi atuar como professora de Desenho
Geométrico em outra escola particular da cidade de São Paulo,
justamente dia 20 de fevereiro, meu aniversário, foi o dia em que eu
comecei na instituição e foi exatamente nesse dia que saiu a minha
aposentadoria. Tudo de uma vez só! Tudo no mesmo dia. Então
comecei a trabalhar como professora de Desenho Geométrico.
Nessa mesma instituição, iniciou o uso de softwares educacionais
desenvolvidos para o aprendizado de Desenho Geométrico e, também, atuou
como professora de Matemática para o 1º e o 2º ano do Ensino Médio.
Foi a partir das pessoas que conheceu nesse colégio, que a professora teve a
oportunidade de iniciar sua carreira como professora universitária, e foi
lecionar, também, Desenho Geométrico para turma do curso de Matemática na
PUC-SP. Ela afirma, em seu relato, que foi um momento de muita insegurança
e que se sentiu muito assustada.
eu comecei a dar aula nessa licenciatura especial da PUC, foi muito
interessante. Eu falei à pessoa que me indicou _ “Você acha que eu
vou dar conta disso”. Ela falou _ “Elena, eu te conheço há quatro
anos, eu sei que você dá conta”. Eu fiquei muito assustada, já me
deu de cara 8 aulas, duas noites. Isso no comezinho de 97. Isto foi a
coisa mais louca que já me aconteceu. Eu fui trabalhar com
Geometria, no primeiro semestre eu dava Geometria plana e
espacial e no segundo semestre eu trabalhei com a geometria das
transformações e analítica.
Na PUC, também, teve a oportunidade de atuar no projeto PEC, com a
utilização de ambiente virtual de aprendizagem, como já dito, anteriormente,
nesse trabalho.
Dos professores que mencionaram a respeito de sua a trajetória profissional,
pode-se afirmar que a professora Elena é que teve as maiores oportunidades
de utilização pedagógica do computador, no entanto, atualmente o utiliza
76
apenas para recebimento de trabalhos e envio de textos aos alunos por meio
do e-mail.
Observa-se que a inclusão do computador na rotina profissional dos
professores aconteceu, aproximadamente, no início dos anos 90, conforme o
avanço tecnológico e, também, a disponibilidade de recursos oferecidos pelas
instituições de ensino nas quais os professores atuavam.
4.5 Processo de formação para uso do computador
Essa categoria mostrou-se desencadeadora do relato de muitos afetos,
agradáveis e desagradáveis, que poderão ser observado a seguir, juntamente
com suas situações indutoras.
Como já mencionado, anteriormente, neste trabalho, a professora Elena, após
se aposentar como professora do estado, foi trabalhar em uma escola
particular, que adotou softwares educacionais para o aprendizado de
Matemática e Desenho Geométrico.
Então a gente começou a estudar e trabalha, a pessoa que nos
orientava pediu que a gente começasse a criar alguma atividade que
pudesse levar os alunos ao laboratório. Porque o colégio fez uma
sala que tinha uns doze ou quinze computadores [...], foi então que
eu comecei a aprender! Nossa que dificuldade!
Isso aconteceu em 1992 e a professora descreve que foi um momento de muita
ansiedade, pela necessidade constante de aprendizagem e, também, por ter
algo novo a fazer.
eu realmente fiquei muito ansiosa, eu sou naturalmente ansiosa, se
eu tenho uma coisa para fazer eu sou ansiosa e persistente, sou
teimosa, sou muito teimosa. Eu aprendi de teimosa, porque eu não
fui fazer nenhum curso, meu curso foram meus filhos.
77
Outro momento que lhe causou grande ansiedade foi o momento de escrever a
dissertação do mestrado, ela contou que, “para a digitação foi tranqüilo”, e que
seu problema foi trazer os gráficos que eram feitos no software de desenho
geométrico, o Cabri, para o Word
8
.
era a minha orientadora, que me explicava, eu escrevia tudo. [...]
Tinha que fazer de um jeito que a figura não ficasse muito pesada.
Depois eu fui pegando o jeito, eu tinha que desenhar a figura passar
para o Power Point
9
e do Power Point para o Word, porque senão
ela não ficava direito, pesava demais o arquivo, não havia memória
que agüentasse aqueles arquivos tão pesados. Porque no Cabri tudo
bem, mas quando você tira do Cabri e põe em outro software, o
arquivo fica muito pesado, então eu tive ansiedade
Ela também conta sobre a dificuldade que teve para formatar o texto de sua
dissertação.
outra coisa que eu tive bastante dificuldade, foi para fazer as
formatações. Eu formatei a minha dissertação, sou teimosa, não
paguei ninguém para fazer, eu mesma formatei, demorei a pegar o
jeito, mas consegui!
Esses foram os momentos, relatados pela professora, que exigiram dela o
aprendizado do uso do computador; para isso, ela contou com a ajuda de
outras pessoas, uma delas sua orientadora do mestrado, como exposto em seu
depoimento, e, também, de seus filhos.
Nessa ocasião meus dois filhos faziam engenharia [...] e o meu filho
mais velho é bom de inventar moda, ele arrumou, eu nem sei como é
que ele fez aquilo, acho que ele arrumou um PC e usou como
monitor uma televisão velha, e começou a construir gráficos. Ele me
falava _ “mãe você não vai aprender?”, então eu ia, mas eu tinha
muita dificuldade. Eu peguei uma agenda e tudo que ele me
explicava eu anotava, porque eu esquecia. [...] eu ficava ligando para
ele _ “E agora! Olha sumiu! O que aconteceu? O que eu faço? Como
8
Editor de texto da Microsoft
9
Editor de apresentação da Microsoft
78
é que eu continuo?” E assim eu fui pegando o jeito. [...] O meu filho
mais velho, em 94 se formou e foi morar no Paraná, então eu fiquei
meio que me sentindo aleijada em relação ao computador, porque
ele tem mais paciência de ensinar. Eu comecei a cutucar o outro. E
ele falava correndo e ai até lá e mexia. Então eu falava _ “Para! O
que você fez?”. [...] Eu ainda tenho essa agenda até hoje, lá
guardada, mas como lembrança, e penso “como e que eu não
entendia isso, como é que eu não sabia!”. [...] Foram mais ou menos
três anos (com ansiedade) até que eu tive mais tranqüilidade de
aprender. Eu demorei a aprender. Não foi uma coisa de um dia para
o outro não.
Percebe-se que a busca da professora Elena pelo aprendizado, foi provocada
pela necessidade profissional e acadêmica e que, esse momento, foi carregado
de ansiedade, pela necessidade de realização de suas tarefas, de dificuldade
em aprender e memorizar os comandos e que, além disso, a presença do outro
foi decisiva para o seu aprendizado.
Muito semelhante ao processo de aprendizagem da professora Elena foi o
processo de aprendizagem da professora Íris que, além da aprendizagem ser
provocada pela exigência profissional, “eu aprendo quando surge a
necessidade profissional, ai eu vou lá e tendo fazer”, ela também teve, nos
filhos, seus principais auxiliadores e “professores”.
Seu processo de aprendizagem iniciou-se logo após que seu marido adquiriu
um computador. Naquele momento, ela ainda se limitou às possibilidades de
uso de seus recursos e disse, em seu depoimento, “... a única coisa que eu
poderia fazer era usar o meu conhecimento anterior que era o teclado, que é
semelhante das máquinas de datilografia”.
No entanto, ela relata que sua utilização foi se ampliando.
Aos poucos, fui aprendendo a digitar textos, a salvá-los e a guardá-
los, com orientação do meu marido e dos filhos, que muito embora
bem jovens, aprenderam os “segredos” da máquina muito mais
rapidamente do que eu, o que nas horas de precisão, fazia com que
79
eu me tornasse aluna deles! [...] Foi assim, aprender - fazendo,
aprender - perguntando, aprender – observando. Considero ter
aprendido o básico: elaboração de textos e envio – recebimento de
e-mails.
Foi um momento de insegurança, “eu sentia um pouco de insegurança, porque
você não domina o instrumento”. E, também, de dependência em relação aos
outros, “bem aqui eu acho que é esse sentimento de dependência do outro. E
de estar sempre perguntando”.
Aqui eu acho que é um sentimento de dependência das pessoas,
não por serem meus filhos, essa coisa de inversão de papéis. Não é
um sentimento muito agradável de a gente sentir, porque você está
ali no computador e você quer fazer alguma coisa, você tenta fazer
uma operação e não dá certo e como eu não tenho o conhecimento
sobre funcionamento da máquina, eu não sei muito bem como é que
ela raciocina, digamos assim, dá até certa angústia, você não tem o
domínio suficiente para operar essa máquina, e isso dá um
sentimento de angústia e também um sentimento de dependência.
[...] Eu acho que esse sentimento de dependência ainda se mantém,
hoje, porque agora eu faço coisas mais complexas [...] Então eu vou
perguntar de novo eles se recusam a me ensinar, eu fico me
sentindo meio, incompreendida por eles. Eu fico assim dependente e
incompreendida.
Algo que a incomoda muito nessa relação de aprendizagem com os filhos é a
incompreensão deles, em relação aos momentos em que ela refaz alguns
questionamentos.
eu acho que essas coisas do computador você tem que fazer
sempre, você tem aquele período de automatização da operação,
[...] não é com uma vez, são com várias vezes. Mas eu preciso uma
vez, então eu vou fazer outra vez eu já esqueci, porque eu não
automatizei, é como andar de bicicleta, você tem aquele período.
Tem algumas aprendizagens que você precisa de exercício de
repetição para você memorizar. [...] então eu fico perguntando como
é que faz. E tem coisas que, por exemplo, eles se recusam a me
80
ensinar, porque eles já ensinaram uma vez, então eu fico com um
sentimento de não reconhecimento deles, porque a coisa é mais ou
menos assim, eles falam que já me ensinaram e não vão ensinar de
novo, só que eles me ensinaram e eu fiz apenas uma vez.
No entanto, a professora relata um momento em que o processo de
aprendizagem lhe causou grande satisfação. Isso aconteceu quando ela
aprendeu a utilizar o Power Point; quem a ensinou foi uma professora, amiga
sua, e ela justifica essa satisfação pela paciência e pela forma como sua amiga
lhe ensinou.
aqui eu tive um sentimento de satisfação, como ela é da área da
educação, ela tem jeito também para ensinar. Ela me ensinou tudo
muito bonitinho. Eu fiquei muito satisfeita nessa época. O sentimento
era de contentamento. Puxa, consigo dominar essa máquina, nesse
tipo de tarefa, operação ou atividade. Foi bacana!
Quanto à continuidade de seu processo de formação, ela diz que:
eu acho que enquanto eu tiver usando o computador como um apoio
para o que eu preciso, como uma fonte, acho que até a palavra é
como ferramenta como um recurso que é rico, eu vou ter sempre
uma relação de satisfação e de desafio. Porque ele vai me desafiar,
o danado. Têm algumas coisas, que eu vou ter que fazer várias
vezes, ele vai exigir de mim também. Então é um pouco desse
sentimento de satisfação, mas esse sentimento de desafio também.
Puxa vida! Tenho que aprender as coisas dessa máquina. Senão
não vai dar. Porque você tem que se inserir na era, não tem jeito! [...]
Então eu sempre vou ter esse sentimento de satisfação futuramente,
na medida em que, eu tenha uma necessidade, aprenda a usar e
domine minimamente essa necessidade.
No relato da professora Íris, o que se evidencia é a sua relação com o outro
nos momentos de aprendizagem, que gerou situações agradáveis e
desagradáveis. E, também, pela consciência da necessidade constante de
aprender, o desafio que isso representa, além da satisfação que isso lhe traz.
81
A professora Maristela relata momentos do seu processo de formação para uso
do computador e, assim como as professoras Elena e Íris, a presença do outro
e as exigências profissionais permeiam todo esse processo. Como já vimos,
anteriormente, seu primeiro contato ocorreu na época de seleção para o
mestrado.
meu contato com o computador, foi quando eu fui fazer mestrado no
INPE [...] o primeiro sentimento foi assim vamos dizer de angústia,
por vários motivos. Porque primeiro, que era DOS, então tinha que
saber fazer programação em DOS, alias porque nessa época,
década de 70, não tinha PC, existia só o computador enorme. Então
tinha que aprender a fazer a programação, tinha que aprender a
perfurar o cartão, depois de fazer isso, tinha que passar para o
técnico, que rodava no computador e entregava um relatório com os
cartões.
Com a mudança de emprego e, também, com o avanço dos recursos
tecnológicos disponíveis, a maneira de realizar as atividades profissionais foi se
transformando e exigindo a adequação dos conhecimentos e das habilidades.
Foi assim que, em meados dos anos 90, a professora Maristela realizou seu
primeiro curso de Word e, também, um treinamento para utilização do
computador de pequeno porte, os PC.
no começo da década de 90, eu fui à Gávea, a IBM tem um centro
de treinamento na Gávea. Eu ganhei um curso. Era um curso em
que eles apresentavam todos os recursos de informática, como que
você explora o micro. Eles estavam começando com o e-mail. Era
espantoso. Fechava o curso com uma pessoa da IBM passando um
e-mail para uma pessoa do Japão. Então vinha a resposta. Você
ficava pensando, ohhh! Então isso eu acho fantástico. Foi assim
espantoso! Foi de você falar: _ Puxa que maravilha! Era uma coisa
assim _Será que é verdade? Foi quase assim, como o homem
descendo à Lua. Uma coisa que eu não imaginava. Porque naquela
época não se falava em Internet, foi bem numa época que eles
começaram, essa coisa estava começando.
A professora descreve o seu processo de aprendizagem da seguinte maneira:
82
Foi um aprendizado sofrido, não foi um aprendizado fácil. Porque
você vai aprendendo sempre com a prática. O computador é uma
descoberta, se você não usa, desaprende e para você não
desaprender, você tem que usar sempre. O aprendizado é uma
necessidade profissional, se você não sabe tudo isso, se você não
sabe mexer no Power Point, não sabe mexer no Word, não sabe
mexer no Excel
10
, nesses 3 programas, pelo menos, você sempre vai
ficar refém de alguém, que vai ter que fazer as coisas para você.
Agora tudo isso é uma descoberta, que você tem que ir caminhando
e explorando. Porque as pessoas também não param para te
ensinar, ensinam o básico e PT saudações! Não é verdade? Ensina
o básico e pronto! Então é uma coisa difícil.
Quanto à sua relação atual com o processo de aprendizagem, ela diz:
Hoje, o sentimento para mim, é isso de você fazer o trabalho, todo.
Agora, eu me sinto feliz cada vez que eu aprendo uma coisa, eu
gosto de usar, mas eu não sou o supra-sumo. Eu sou preguiçosa, eu
gosto de ter alguém que me ensine. Eu tenho medo de mexer. Eu
tenho receio de estragar o micro. Porque eu não sei recuperar as
coisas, então eu não tenho alguns conhecimentos, que outras
pessoas têm. [...] Eu acho assim esse bichinho é uma coisa que
você não fica parada. Você vai ter que, constantemente, estar se
atualizando, diante das inovações.
Para a professora Maristela, assim como para as demais professoras, o
processo de aprendizagem se mostrou sofrido e com destacada importância da
presença do outro. No entanto, aprender a deixa feliz pela liberdade que isso
representa para ela.
Pode-se afirmar, então, que o fio condutor dos três depoimentos é a exigência
de uso, profissional e acadêmica; a necessidade de aprender; a presença do
outro como formador; e a satisfação em aprender e utilizar.
10
Software para construção de planilhas de cálculo da Microsoft
83
4.6 Utilização do computador na atividade docente
Esta é a última categoria a ser apresentada, trata-se de uma categoria que traz
aspectos muito importantes quanto à atual utilização do computador por esses
professores.
Como professor da disciplina de Tecnologia Educacional, o professor Daniel,
expõe uma de suas propostas no curso, e diz, “Nós procuramos fazer uma
reflexão crítica, em geral à forma como a tecnologia entra na escola, que é a
pior possível, ela é imposta”. Supõe-se que, nesse momento, ele tenha se
referido a imposição de uso aos professores sem que esses estejam
preparados para isso.
Mesmo as escolas da rede que tem laboratório, durante muitos anos
esses laboratórios ficaram fechados, porque não tinha gente com
competência para utilizá-lo. Ou então quando eles abrem, eles
limitam o acesso, o aluno não pode usar, por exemplo, o Messenger,
não pode acessar o Orkut, que são ferramentas que podem ser bem
utilizadas.
Sobre a preparação que é dada aos alunos nos cursos em que leciona, ele
coloca.
Tentamos sensibilizar essas pessoas que utilizem essas ferramentas
de forma criativa. Em comunidades carentes isso é fundamental,
pode ser uma forma de preservação de valores, de modificar alguns
hábitos. [...] Então é esse tipo de formação básica de nós tentamos
passar para os alunos, é importante nesse sentido, tentar abrir um
pouquinho a mente para o uso mais aberto da informática. [...] É
fundamental você pegar os alunos que estudam pedagogia e poder
dar esses elementos para eles, mesmo que não se utilizem assim de
maneira imediata.
O professor, ainda, relata sua preocupação com a contratação, pelas
instituições educacionais, dos sistemas de ensino, que ele denominou de
franchising, Tem grandes empresas, que é cômodo para o pedagogo, ele já
recebe o pacote pronto, o que não é o grande problema, o grande problema é o
pedagogo não ter consciência disso, então a gente procura mostrar”.
84
O professor Daniel justifica sua colocação sobre a adoção de sistemas de
ensino dizendo que, “é melhor o aluno fazer um joguinho no Power Point, que
dá para fazer, mas colocando a realidade da escola dele, dos alunos dele, do
que você pegar uma coisa pronta, genérica. É isso que a gente tenta passar
para os alunos”.
A respeito da reciprocidade dos alunos quanto à sua forma de trabalhar, o
professor conta que:
não são todos, mas uma boa parte dos alunos sai do meu curso com
uma visão não tão fechada, alguns até começam a fazer
experiências, fazem joguinhos, montam sua home page, avaliam
produtos educacionais, isso é legal!
Observa-se, portanto, na prática do professor Daniel, sua preocupação com a
formação crítica dos alunos quanto ao uso do computador; no entanto não fica
claro em seu relato se ele ultrapassa o aprendizado de habilidades técnicas e
proporciona aos alunos a aprendizagem do uso pedagógico do computador.
A utilização, na atividade profissional, do computador, para a professora Elena,
iniciou-se em 1992, como já visto, ao trabalhar com softwares educacionais.
Ela aprendia sobre o funcionamento do software ao mesmo tempo em que
levava os alunos ao laboratório de informática. De acordo com ela, foi um
momento de muita ansiedade, porque os alunos aprendiam muito rápido e ela
ainda não dominava o uso do computador.
sentia aquela ansiedade de chegar à classe, porque os alunos
aprendem muito rápido, ainda mais uma classe social mais alta, todo
mundo tinha computador em casa, todo mundo sabia mexer.
No entanto, ela relata como conseguiu lidar com essa situação, “Então eu
consegui e comecei a dizer a eles: Eu não sei, eu sei usar o programa, eu sei
fazer as construções que estão no programa, mas não entendo nada de
computador”.
85
Com a ampliação de seus conhecimentos, passou a utilizar o computador,
também, como uma ferramenta de apoio “Então eu comecei a fazer prova no
computador, ao invés de datilografar, mas tudo com muita dificuldade”.
No projeto do PEC, permaneceu por um ano; no entanto, não contou sobre os
recursos técnicos utilizados nesse período, o que ficou mais evidente em seu
depoimento, sobre essa ocasião, foi a respeito do uso do e-mail para se
comunicar com os alunos.
Quanto ao uso atual do computador em sua atividade docente, ela descreve da
seguinte maneira, “ao invés do aluno ficar copiando, então eu mando o texto
via e-mail, porque é mais fácil para eles trabalharem. Os trabalhos muitas
vezes eles me mandam via e-mail, também, porque agiliza o trabalho”.
Atualmente, está envolvida com o projeto de exploração de softwares
educativos, como mencionado no capítulo que tratou da contextualização do
ambiente de trabalho do professor; sobre esse projeto, cujo início está sendo
aguardado há um ano, a professora Elena diz que:
O professor Daniel arrumou uns programas interessantes para
trabalhar na educação infantil e, nós estamos agendando uma
reunião para a primeira semana de dezembro para combinarmos
como é que a gente vai levar as alunas. Porque não tem assim a
disponibilidade de muitos dias, mas o professor Daniel trabalha
nesse setor, então a gente trabalhar junto com ele, a gente passa a
atividade ele executa na aula dele, traz o retorno. Vamos trabalhar
em conjunto, eu com matemática a Íris com o português e o Daniel
com o computador.
Sobre sua expectativa a respeito do uso do computador, ela diz que vê “o
computador como uma ferramenta do dia-a-dia, ele é imprescindível na vida de
um professor, hoje em dia eu não consigo entender um professor que não
saiba usar o computador”.
86
Portanto, pode-se verificar que a trajetória de utilização do computador, na
atividade docente da professora Elena, concentra-se em três momentos
distintos: seu início, quando trabalhou com o Cabri, no Projeto PEC e, agora,
quando o utiliza como ferramenta de comunicação entre ela e os alunos.
Pode-se verificar que a professora teve a oportunidade de utilizar o computador
como ferramenta para apoio ao processo de aprendizagem, mas que, no
entanto, isso, atualmente, não está acontecendo.
Assim como a professora Elena, a professora Íris também tem a oportunidade
de participar do projeto de avaliação de softwares educacionais.
Vamos precisar nos encontrar para verificar, porque o Daniel fala
que é assim, ele traz alguns programas para os alunos analisarem e
do ponto de vista da questão da alfabetização, eles conseguem olhar
com certa crítica. Porque em termos de produção de programas tem
coisas interessantes, mas tem coisas que também não te a ver com
alguns princípios ligados a alfabetização e letramento que está
sendo vinculado para alfabetização na fase inicial para as crianças.
Mas, o Daniel acha que os alunos conseguem fazer esse tipo de
coisa, então a idéia seria analisar esses programas, ver quais
programas seriam legais, como um recurso, uma atividade a mais,
tanto na matemática como na língua portuguesa. Mas, nós
precisamos formatar ainda, a idéia interdisciplinar e juntar um pouco.
Eu acho que é coisa para o ano que vem.
No entanto, hoje, a professora relatou a utilização que faz do computador em
sua atividade docente em dois momentos: como apoio às atividades docentes
e o uso burocrático.
Como apoio às atividades docentes, o uso atual que a professora faz do
computador, ela descreve da seguinte maneira:
preparo de aula, eu acho que é ótimo, ajuda 100%. [...], na
organização de material, o arquivo que fica para a gente, depois a
gente pode voltar e consultar e ou transformar. Não precisa aquele
monte de papel. E nas pesquisas mesmo, no levantamento de
bibliografia, você entra em sites científicos, você entra em livrarias,
87
você procura por palavra-chave para ver o que tem publicado. Então
isso ajuda bastante na tarefa dos professores. Então isso dá um
sentimento de satisfação na relação com o computador muito
grande.
Já a respeito do uso burocrático, a professora mostra-se indignada e relata,
que:
hoje, em relação aos trabalhos administrativos que passamos a
fazer, que era coisa que a faculdade fazia e agora ela manda para o
professor fazer, eu tenho um sentimento de raiva. Porque essas
questões não foram, ainda, discutidas e acaba meio que onerando a
carga horária do professor, tirando de funções administrativas da
faculdade essa tarefa e passando para o professor, sem levar em
conta a hora de trabalho dele. Então em relação aos professores que
são, principalmente, horistas, eles acabam por conta dessa
tecnologia, aumentado a carga horária do professor e o professor se
sente meio injustiçado. Eu me sinto injustiçada e me dá um pouco de
raiva mesmo. É raiva mesmo. Isto está meio acobertado. Isso não foi
discutido.
A professora, ao mencionar suas expectativas, diz que, “Eu acho que a minha
relação com o computador, pelo menos pelos próximos anos, acho que vai ser
de apoio para o meu trabalho”. A professora afirma que, profissionalmente, é
impossível viver sem e finaliza seu depoimento com a seguinte frase, “Você
tem que entrar, você tem que minimamente saber alguma coisa do
computador. Não tem saída”.
Observa-se que, profissionalmente, as professoras Elena e Íris passam por um
momento de utilização do computador semelhante. Elas aprenderam a utilizá-
lo, usam seus recursos como apoio às suas atividades profissionais, e têm a
oportunidade de iniciar o uso de outros recursos, voltando-se muito mais para o
aspecto pedagógico de sua utilização.
Já a professora Maristela, expôs sua utilização do computador em suas
atividades profissionais, no entanto, como coordenadora de curso. Ela falou
sobre os seus projetos de utilização dos recursos do computador para a
exploração dos softwares educacionais e sobre a plataforma de ensino a
88
distância, disponível na faculdade, para uso dos professores, como já
mencionado no capítulo que traz a contextualização do ambiente de trabalho
dos professores.
A respeito do projeto sobre a exploração dos softwares educacionais, ela diz:
quando meu aluno chegar numa escola que vai ter laboratório, essa
escola não tem laboratório para que o aluno aprenda a mexer com
Word e Excel. Os professores, por exemplo, levam para aprender
matemática. Então eles usam softwares educativos. E como o meu
aluno que sai da Pedagogia vai atuar? Ele vai ter que aprender.
Então eu quero, eu queria que elas (professoras Íris e Elena)
trabalhassem utilizando softwares educativos.
Já em relação à utilização da plataforma de ensino a distância, a professora
Maristela, explica que o processo já se iniciou com uma primeira reunião, mas
que outras serão necessárias, para que os professores, realmente, se
conscientizem da necessidade de iniciá-lo, para isso, a professora relatou
como pretende dar continuidade ao processo.
Eu vou planejar uma nova reunião com a coordenação da faculdade.
Eu vou pedir a coordenação convocar todos nós para uma reunião.
Para falar sobre a plataforma de ensino a distância. Eu quero que ela
institua uma condição. Para sair! Porque como eu falei [...], não
precisa nem ser, rigidamente, ensino a distância, para mim é o
seguinte, se elas fizessem estudo dirigido, onde elas tivessem a
ligação com os alunos, um apoio ao presencial, se funcionasse
assim já estava bom. Elas podem dar um estudo dirigido, o aluno
responde, manda para elas, elas corrigem, devolve para os alunos
com comentário. Elas não teriam que vir à faculdade, elas só teriam
que vir um sábado por mês.
Pode-se verificar que a professora Maristela, em seu papel de coordenadora de
curso, mostrou-se preocupada com o uso pedagógico do computador e com a
preparação dos alunos para esse modo de utilização, apresentando algumas
oportunidades aos professores de ampliação da utilização do uso do
computador em suas atividades docentes; no entanto, não mostrou um
gerenciamento de ações para que o projeto aconteça.
89
Já no depoimento das professoras, foi possível identificar alguns aspectos
relacionados às suas condições de trabalho que dificultaram, até esse
momento, uma eficaz participação nos projetos. Tanto a professora Elena,
como a professora Maristela, colocam suas dificuldades sobre a disponibilidade
de tempo, fora de seu horário de trabalho na faculdade, para a realização de
reuniões. A professora Elena diz, “Precisamos combinar um dia. Eu queria
encontrar com ele (professor Daniel), mas eu não posso vir na quarta”. Sobre
essa mesma questão, a professora Maristela, ainda, diz:
Porque eu trabalho aqui quatro horas, na coordenação. Eu não
posso vir aqui na 2ª, na 3ª, na 4ª, na 5ª para fazer reunião [...] É o
maior sacrifício fazer uma reunião. Eu nunca tenho a equipe toda [...]
ninguém tem a disponibilidade de vir no dia do outro.
Portanto, verifica-se que os desafios para a realização desses projetos
ultrapassam as questões técnicas de utilização do computador e, também, as
questões afetivas que poderiam motivá-los ou reprimi-los, e esbarram em
questões, como: capacitação profissional, condição de trabalho e
gerenciamento.
4.7 Aspectos que marcaram a trajetória dos professores
Finalizada a análise de todas as categorias, é possível, portanto, destacar
alguns aspectos que marcaram a trajetória desses professores quando ao uso
do computador em suas atividades profissionais e acadêmicas e que servirá de
encaminhamento para responder ao problema de pesquisa desse trabalho.
Os aspectos observados foram:
exigência profissional e/ou acadêmica de utilização, observou-se
que o aprendizado e o aprofundamento quanto ao uso do
computador, para a maioria dos professores, ocorreu por
exigência profissional ou acadêmica;
necessidade de aprendizagem continua, pôde-se verificar que,
para a maioria dos professores, a necessidade de atualização é
90
contínua, no entanto, eles mostraram-se conscientes de que isso
é um processo normal quando trata-se de recursos tecnológicos,
e sentem-se desafiados quanto a isso;
presença do outro, a presença do outro foi fortemente destacada
nos relatos dos professores, seja como facilitador para o contato
inicial, como pessoas que auxiliaram o processo de
aprendizagem, ou como motivadores para a utilização;
satisfação em aprender, os relatos evidenciaram o quanto o
processo de aprendizagem traz satisfação quando os resultados
alcançados são os esperados; nesse caso, quando os resultados
permitem desenvolver as tarefas as quais, os professores, tinham
a necessidade de realizar. Mesmo que durante o processo de
aprendizagem se apresente, como foi relatado, um momento
sofrido e de grandes dificuldades;
condição de trabalho, pôde-se constatar, nos relatos, que as
condições de trabalho dos professores interferem em sua relação
com o computador, impedindo a ampliação do seu uso.
Para unir-se a esses aspectos, com o objetivo de auxiliar na interpretação dos
dados e no entendimento da relação de professores com o computador, será
apresentada uma síntese da trajetória da presença do computador na vida
desses professores, ontem, hoje e amanhã, de acordo com o que foi relatado
por eles.
Os professores, sujeitos desta pesquisa, iniciaram o uso do
computador por exigência profissional ou acadêmica.
Pelas datas mencionadas, todos os professores iniciaram a
utilização do computador, aproximadamente, na mesma época, por
volta do início dos anos 90.
Eles sentem-se desconfortáveis pelas dificuldades que sua
geração tem de se apropriar de algumas tarefas.
Os professores contaram com a ajuda de outras pessoas para
lhes ensinarem, no entanto, essa relação com o outro despertou, em
91
alguns professores, o sentimento de dependência e de
incompreensão.
O processo de aprendizagem foi um momento carregado de
afetividade, iniciando-se pelo sentimento de angústia e ansiedade
devido às dificuldades, e finalizando-se com o sentimento de
felicidade e de liberdade, pelas conquistas e pela independência para
a realização das tarefas.
Esses professores, atualmente, são usuários do computador
como ferramenta de apoio às suas atividades profissionais.
Esses professores estão inseridos em uma realidade institucional
que está iniciando o uso pedagógico do computador.
Atualmente, alguns professores estão sendo inseridos em
projetos que exigem o uso pedagógico do computador.
Os professores justificam a pouca dedicação a esse projeto, até
esse momento, às suas condições de trabalho, que não lhes permite
reuniões de planejamento e estudo.
Eles apostam na utilização, cada vez mais freqüente, do
computador nos mais variados momentos de suas vidas.
Os professores mostraram-se preocupados com o uso dado ao
computador pelas novas gerações e conscientes de seu papel de
formador.
A coordenação mostrou-se ansiosa por iniciar os projetos, no
entanto, também se vê limitada por não conseguir reunir os
professores e com a sua própria condição de trabalho, que não lhe
permite se dedicar mais.
Concluída a interpretação dos dados, chega-se, finalmente, o momento de
conhecer as considerações finais, que serão apresentadas no próximo capítulo.
92
Capítulo V
Considerações Finais
só aos poucos é que o escuro é claro.
João Guimarães Rosa
93
5 Considerações finais
O decorrer desse trabalho possibilitou que, nesse momento de conclusão e,
também, de reflexão sobre os achados dessa pesquisa, esse capítulo referente
às Considerações Finais fosse dividido em duas partes: a primeira refere-se às
considerações sobre o objeto de pesquisa desse trabalho, ou seja, a relação
professor e computador na atividade docente; e, a segunda, refere-se à relação
pesquisadora e o trabalho de pesquisa.
5.1 Relação entre professor e computador
Todo indivíduo recebe a marca da civilização que regula a sua
existência e se impõe à sua actividade. (Wallon , 1975, p.57)
Retornando o objetivo dessa pesquisa que é analisar a relação na atividade
docente, de professores de um curso de pedagogia com o computador, vale
ressaltar que o uso, na atividade docente, relatado pelos professores, ainda
não é o esperado, ou seja, esses professores não fazem uso pedagógico do
computador.
No entanto, as informações obtidas nesta pesquisa mostram que a relação
deles com o computador, até agora, foi movida pela exigência de utilização,
mas que o professor esteve afetivamente preparado para responder de forma
positiva aos desafios que lhe foram colocados, tanto em suas atividades
profissionais, como acadêmicas.
Conclui-se que se trata de uma relação que envolve momentos de desafio, os
desafios fazem com que os professores sintam ansiedade e curiosidade.
Vencê-los, desvela-se como um processo marcado pela dificuldade e
sofrimento, no entanto, ao alcançar os resultados, o sentimento é de felicidade
e realização.
Essas constatações podem ser mais bem entendidas, quando se retorna à
teoria de Wallon. PRANDINI (2004) explica, como já vimos no capítulo teórico
desse trabalho, que:
[...] a afetividade corresponde à energia que mobiliza a pessoa para
o ato, enquanto ao conhecimento corresponde o poder estruturante
94
que modela a ação a partir das condições disponíveis no momento
[...]. (PRANDINI, 2004, p.36)
Trata-se, também, de uma relação que provoca a dependência, ou seja, os
professores se vêem dependentes da utilização do computador, para as mais
variadas tarefas, sejam elas profissionais, ou não.
Sabe-se que o alcance dessa pesquisa não permite afirmar que o professor
está, totalmente, preparado para incorporar o uso pedagógico do computador
em sua atividade docente. No entanto, o resultado permite afirmar que, caso
seja mais exigido, o professor poderá responder positivamente, pois se
mostrou capaz de, em diferentes momentos de sua trajetória, ultrapassar as
dificuldades e alcançar os resultados esperados, com dificuldade, sofrimento,
angústia e com a dependência do outro; mas, ao final, feliz com o resultado e
buscando cada vez mais explorar os recursos.
O trabalho investigativo realizado evidencia algumas pistas que, se bem
trabalhadas, facilitarão o caminhar desses professores e, pode-se afirma que,
também, para facilitar o caminhar de outros professores e projetos que tenham
como objetivo a incorporação do computador como ferramenta pedagógica no
processo de aprendizagem. Quais sejam: o direcionamento ou gerenciamento
das ações, a capacitação profissional, a disponibilidade de recursos e a
condição de trabalho.
5.2 As pistas encontradas
As quatro pistas evidenciadas nos relatos serão discutidas a partir de agora, a
primeira trata-se da capacitação profissional para o uso pedagógico do
computador.
Pinto (2002) aborda uma questão, que precisa constantemente ser lembrada,
ao se pensar em capacitação profissional, quanto à forma de utilização dos
recursos tecnológicos, ela diz:
Na utilização desses recursos, o que está em jogo não é a maior ou
a menor eficácia com que são manipulados, ou a presteza e a
confiabilidade dos resultados que produzem, mas a possibilidade de
serem utilizados como motivo de reflexão e de retomada dos
pressupostos da prática docente. (p.184)
95
No entanto, os professores contaram até agora, apenas com capacitação para
a utilização dos recursos técnicos, pois, como relatado, o processo de
aprendizagem para uso do computador deu-se, principalmente, por meio da
ajuda de outras pessoas, ou seja, houve uma formação informal.
Como apresentado pela professora Íris, “Aos poucos, fui aprendendo a digitar
textos, a salvá-los e a guardá-los, com orientação do meu marido e dos filhos”.
A professora Maristela conta a dificuldade desse momento, “Porque as
pessoas também não param para te ensinar, ensinam o básico e PT
saudações.”
No entanto, sabe-se que a instituição de ensino na qual estão trabalhando e na
qual estão sendo inseridos em novos projetos, possui um ambiente virtual de
aprendizagem, porém, em nenhum momento, é mencionada, nem pelos
professores, e nem pela coordenação do curso, a possibilidade de capacitação
dos professores para uso desse recurso. A professora Maristela relata o
seguinte sobre o projeto para utilização do ambiente.
Não estamos utilizando, nós fizemos uma reunião, agora, para
discutir isso. Tem duas disciplinas no sábado. Então eu já fiz uma
reunião com os professores envolvidos. Num sábado, eu vim aqui,
fizemos a reunião, para começar o ensino distância. Parou aí.
Ninguém mais se mexeu.
Por que será que as professoras não se mexeram? Este ponto não foi
investigado, porém, de acordo com os depoimentos, bem como observações
impressionistas durante as visitas à instituição, tem-se a impressão de que
essas professorasm, não têm informações do que seja um ambiente virtual de
aprendizagem, como ele pode ser utilizado e quais são seus recursos.
Entende-se, portanto, que o fato de as professoras não conhecerem do que se
trata, já é uma razão para o afastamento do projeto.
Observa-se, portanto, a importância do papel da instituição de ensino como
provedora de formação, e, como já discutido anteriormente, neste trabalho, não
96
basta à instituição oferecer as ferramentas, ela tem a obrigação de preparar
professores e também alunos para a sua utilização.
Esse momento deve trazer ao professor o que ele realmente precisa para o
desempenho do seu trabalho, ou seja, precisa ser ensinado o que realmente
ele tenha interesse e necessidade de aprender. Os gestores responsáveis pela
formação desses professores precisam conhecer os recursos técnica e
pedagogicamente, e conhecer as necessidades e interesses de cada professor,
pois só assim os manterão motivados.
Um aspecto tratado na pesquisa de Klajn (1999) apresentada, também, na
Introdução desse trabalho, mostra que, uma maneira de evitar a oposição do
professor quanto ao uso do computador, é oferecer oportunidades individuais
de adaptação.
Além do momento de capacitação, de acordo com Kenski (2004), o professor
necessita de mais dois anos de utilização contínua dos recursos tecnológicos,
para que se possa ter um aproveitamento criativo. Essa informação, portanto,
revela outro papel da instituição de ensino, a de patrocinadora; a instituição
precisa patrocinar o período de adaptação do professor, mantendo equipes de
apoio, tanto para assuntos técnicos, como pedagógicos, pois se trata um
período em que ele estará, constantemente, em processo de aprendizagem.
Porém, como já foi discutido, o professor não deve se eximir de suas
responsabilidades, e precisa ter clareza do que se espera do seu novo papel,
que foi discutido no decorrer desse trabalho, e responsabilizar-se por sua
formação e atuação.
Um professor, que tem verdadeiramente consciência das
responsabilidades que lhe são confiadas, deve tomar partido das
coisas da sua época. (WALLON, 1975, p.223)
A segunda pista trata-se da disponibilidade de recursos, e refere-se à
disponibilidade de laboratórios devidamente equipados e com acesso a
Internet, de profissionais técnicos para apoio ao professor, recursos
audiovisuais para utilização em sala de aula, salas de aula preparadas para
utilização desses recursos, ambientes virtuais de aprendizagem, softwares
97
educacionais para exploração dos alunos, entre outras possibilidades que
possam surgir de acordo com a criatividade dos professores.
Pode-se observar que os professores, ao relatarem sua trajetória profissional,
mencionam muito pouco a utilização pedagógica do computador; no entanto, a
professor Elena, ao relatar sua experiência no laboratório de informática,
refere-se à importância da presença de uma pessoa para apoiar os
professores. “A escola contratou uma pessoa para assessorar os professores
com a máquina.”. Isso a deixou mais tranqüila para a realização do seu
trabalho.
Essa mesma constatação pôde ser vista nas pesquisas que foram
apresentadas na Introdução de trabalho, a pesquisa realizada por Tosta e
Oliveira (2006) mostrou que a sala de informática é desvinculada dos demais
ambientes, devido às dificuldades dos professores em relação ao domínio
instrumental da máquina, ou seja, a instituição não conta com uma pessoa de
apoio. Já na pesquisa realizada por Morgado (2006), o receio de utilizar a sala
de informática é superado quando a preparação da aula é dividida com a
pessoa responsável pela sala de informática.
Esses resultados, somados ao que foi relatado pela professora Elena, mostram
que, com um pequeno um investimento financeiro, pode-se trazer um grande
resultado para as questões pedagógicas.
Um exemplo de falta de investimento foi verificado a partir de observações
impressionistas realizadas nessa instituição de ensino; pôde-se constatar que a
instituição de ensino não investe, por exemplo, em softwares educacionais,
exatamente, o recurso necessário para um dos projetos iniciados.
A falta de investimento não seria um fator desmotivador para os professores,
pois, isso, limitaria o projeto em análise? Será que um projeto inicial sobre
softwares educativos, não seria a criação de uma biblioteca de softwares para
pesquisa e exploração por professores e alunos?
Outro aspecto que pôde ser verificado, a partir das observações
impressionistas, foi a diferença de investimento em recursos tecnológicos,
98
entre os cursos. Pode-se, supostamente, afirmar que o perfil de alunos e
professores do curso de pedagogia faz com que a instituição não se preocupe
com a disponibilidade de recursos, talvez porque isso não seja cobrado, por
alunos e professores.
A terceira pista, levantada a partir dos depoimentos, foi: condição de trabalho.
Talvez, um dos aspectos mais importantes para a concretização de qualquer
projeto educacional, seja a condição de trabalho dos professores e
coordenadores de curso. Sabe-se que a rotina de trabalho atual dos
professores, como já discutido, anteriormente, nesse trabalho, dificulta a sua
permanência na instituição de ensino, fora dos momentos de aula.
A professora Elena conta a dificuldade de realizar uma reunião sobre um dos
projetos, existentes na instituição.
porque eu não venho nas quartas e os dois estão aqui nas quartas.
A Iris vem segunda e quarta se não me engano. O Daniel, quarta eu
sei que ele está aqui. Precisamos combinar um dia. Eu queria
encontrar com ele, mas eu não posso vir na quarta.
Até mesmo a coordenadora do curso, relata sobre sua dificuldade em encontrar
com os professores, “Porque eu trabalho aqui 4 horas só de coordenação. Eu
não posso vir aqui na 2ª, na 3ª, na 4ª, na 5ª para fazer reunião”.
Entende-se que o sucesso de qualquer projeto depende da participação efetiva
dos professores. Esse projeto, em específico, para a incorporação pedagógica
do computador na atividade docente, requer, antes de tudo, que a instituição de
ensino reveja sua postura e contrate os professores, também, para a realização
de reuniões e discussões, garantindo uma atuação crítica e o desenvolvimento
de projetos e não somente para dar aula.
Essa pista evidencia um problema atual no trabalho docente, que é o
isolamento; um dos papéis da instituição, tem que ser o de preocupar-se para
que haja trabalho coletivo, pois se criou um hábito nessa profissão de se
trabalhar sozinho. A instituição precisa promover espaço para discussão de
problemas e busca de soluções.
99
o esforço individual dos professores não é suficiente para garantir o
sucesso [...] é necessário que exista na escola ambientes favorável e
estimulador para que eles se sintam apoiados e satisfeitos com o
seu trabalho. (ALONSO, 2005, p. 107)
Belloni (2002), ao se referir às características do ensino a distância, de
segmentar o ato de ensinar em muitas e diferentes tarefas, ela coloca como
exigência ao professor deixar de ser “um indivíduo-professor onisciente e
multicompetente” e passe a ser “um professor capaz de sair de seu isolamento
disciplinar e docente e de aprender a trabalhar em equipes com profissionais
de outras áreas acadêmicas e técnicas.” (p. 160).
Trata-se, portanto, de um aspecto que professores e instituição de ensino,
precisam solucionar em conjunto, o primeiro buscando mudar sua postura e o
segundo apoiando e motivando essa mudança de postura.
Acredita-se que essa é uma questão muito importante que perpassa pela
valorização profissional do professor e que deve ser vista de forma criteriosa
por todos aqueles que acreditam na possibilidade de ver essa profissão
valorizada.
A quarta, e última pista, diz respeito ao gerenciamento de projetos
educacionais, refere-se à transformação de objetivos em projetos de âmbito
administrativo e pedagógico.
Todo projeto tem uma pessoa que faz o seu gerenciamento, geralmente na
área educacional, uma pessoa da direção da instituição ou a própria
coordenação de curso, desde que possua autonomia para isso.
O projeto, para ter o envolvimento de todos, precisa ser elaborado com a
participação de todas as pessoas que trabalharão nele.
Todo projeto precisa ser documentado, deste a etapa de planejamento até o
momento de incorporação e avaliação dos resultados. Precisa ter previsto
encontros entre os envolvidos para avaliação de sua evolução e, também, dos
resultados. Precisa ter claramente definida as responsabilidades de cada um
dos envolvidos. As etapas do projeto precisam ter as datas limites para a
100
realização e ou término, quando for o caso. O gestor do projeto precisa manter
a equipe envolvida e motivada, e, para isso, seu próprio envolvimento é crucial.
No entanto, essas características não foram encontradas nos projetos iniciados
na instituição de ensino, de acordo com o relatado, pela professora Maristela.
Então eu quero, eu queria que elas trabalhassem utilizando
softwares educativos. E esses softwares fossem analisados por elas
e pelo Daniel. E o Daniel faria a discussão com elas de como se
analisa software educativos. Só que elas não interagem com o
Daniel. O Daniel está fazendo sozinho. Eu esperava que esse ano
elas se preparassem, elas não pesquisaram, eu acho que a Iris não
pesquisou já a Iris nem se mexeu.
O relato da coordenação evidencia que esse projeto não foi estruturado ou
documentado, que não houve o envolvimento necessário dos professores, nem
prazos para que eles realizassem suas tarefas. O relato da coordenadora
mostra, portanto, que não existe um gerenciamento, existe, sim, uma idéia, que
precisaria ser planejada, organizada e debatida, entre todas as pessoas
participantes.
O exercício da liderança é fundamental para a realização de um
trabalho coletivo articulado, capaz de despertar o envolvimento e o
compromisso de todos os membros da comunidade escolar.
(ALMEIDA, 2005, p.14)
Outra constatação, possível, deve-se ao fato de que houve muito mais
preocupação em se ter, na instituição, um ambiente virtual de aprendizagem,
do que desenvolver uma política para instituí-la como ferramenta de trabalho
pedagógico.
Porque como eu falei para elas, não precisa nem ser, rigidamente,
ensino a distância, para mim é o seguinte, se elas fizessem estudo
dirigido, onde elas tivessem a ligação com os alunos, um apoio ao
presencial, se funcionasse assim já estava bom. Elas podem dar um
estudo dirigido, o aluno responde, manda para elas, elas corrigem,
devolve para os alunos com comentário. Elas não teriam que vir à
faculdade, elas só teriam que vir um sábado por mês. [...] Não
precisa fazer a técnica de como construir o material, para estudo
101
digirido, que tem que ter isso, tem que ter tal diagramação, que tem
que fazer isso.
Essas são algumas das pistas que puderam ser levantadas a partir dos dados
desta pesquisa; acredito que elas trazem subsídios interessantes para a
incorporação do computador na atividade docente.
No entanto, deve-se esclarecer que essas pistas não eximem de
responsabilidades o professor, apenas procuram evidenciar que o trabalho
isolado, tendo em vista os propósitos individuais de cada professor, precisa ser
superado para a transformação educacional que se espera. Alonso (2005, p.
31), afirma sobre isso, que: “o professor será também gestor desse processo
educativo; portanto, o seu trabalho não poderá mais ser concebido
isoladamente”.
Placco (2004), ao não negar os sentidos individuais, dá uma colaboração
importante, quanto ao trabalho coletivo, quando afirma:
A busca da construção de novos significados grupais não implica
negar os sentidos individualmente atribuídos, mas novas
compreensões dos princípios que norteiam para determinadas metas
consideradas valiosas para o grupo todo. Há na vivência em grupo
perda e ganhos.
Então, o trabalho coletivo não se refere ao abandono de meus significados,
refere-se, sim, à construções de significados coletivos tendo em vista os
objetivos a serem alcançados.
Desta forma, cabe a cada um de nós, professores, coordenadores e diretores,
dentro de nossa realidade, buscar soluções que consigam trazer algum tipo de
resultado. Minha experiência como aluna, professora e agora pesquisadora
levam-me a afirmar que o trabalho coletivo e de colaboração mútua, seja o
caminho mais curto para a incorporação das TIC como ferramenta de apoio ao
processo de aprendizagem em qualquer nível de ensino e em qualquer outro
projeto educacional.
102
5.3 Relação pesquisadora e trabalho de pesquisa
Em todas as épocas, a educação dirige-se ao futuro das crianças. O grande
estimulante deve ser a alegria do amanhã. (WALLON, 1975, p.240)
Esse trabalho permitiu conhecer a trajetória de uma relação: professor e
computador. No entanto, outra trajetória também se estabeleceu nesse período
de estudo e desenvolvimento desse projeto: a minha trajetória como
pesquisadora, a minha relação com o projeto de pesquisa.
A minha relação com o projeto de pesquisa, assim como a relação dos
professores com o computador, é composta de ontem, hoje e amanhã.
Iniciei minha trajetória com muitas incertezas e algumas certezas, que foram
sendo transformadas, também em incertezas.
Desde o primeiro instante tinha certo que meu projeto de pesquisa seria sobre
o uso educacional do computador por professores do curso de pedagogia,
devido à grande preocupação que tenho com a formação de novos
professores.
Mas, o quê, realmente, eu poderia estudar e como Wallon me ajudaria nessa
caminhada? Esse foi um dos questionamentos que fez a minha certeza, quanto
ao objeto de estudo, virar incertezas várias vezes. Mas, a certeza da
importância do estudo me restabelecia, me reanimava e persisti com o meu
objetivo.
Muitos caminhos foram iniciados, poucos foram se mostrando eficazes, chegar
ao objetivo de estudar a relação do professor com o computador, não foi fácil.
Mas, chegar a ele foi muito gratificante, vi naquele momento que o que eu tinha
em mãos para explorar seria algo que poderia trazer resultados significativos,
que poderiam ser aprofundados por outros pesquisadores, tanto em relação à
formação de professores, como também em relação ao uso pedagógico do
computador.
103
Confesso que esperava encontrar professores que negassem o uso do
computador devido aos seus medos. Medo de se exporem, de serem
esmagados pelas possibilidades dos recursos, medo do novo, da mudança,
dentre tantos outros resultados nesse sentido de negação, que a pesquisa
pudesse apresentar. Pois, sempre ao conhecer equipes de professores de
cursos de pedagogia, eu os via distante da tecnologia e tinha, realmente, a
impressão de negação.
Estive certa por algum tempo que, nesse momento de escrever as
considerações finais, eu escreveria que o professor, afetivamente não está
preparado para o uso pedagógico do computador. Cheguei a pensar em alguns
momentos, sendo essa a realidade que os dados me apresentariam, quais
poderiam ser as soluções possíveis que poderia apresentar ao finalizar meu
trabalho.
Hoje, escrevendo finalmente as considerações finais desse trabalho, sinto-me
feliz, vejo que me precipitei quanto às hipóteses que levantei, não considerei
algo fundamental nessa pesquisa. Não considerei algumas características
comuns encontradas em meus sujeitos, não me dei conta que estaria
estudando PROFESSORES. Os professores são de uma categoria profissional
marcada por uma história de lutas e de dificuldades. Uma categoria
acostumada a lutar por seu espaço, pela valorização de seu trabalho, pela
qualidade do ensino, entre outras tantas lutas. Portanto, um profissional
acostumado a lidar com desafios, com situação de dificuldade. Mas, também
acostumado em buscar, no conhecimento, saídas para a melhoria de suas
condições de trabalho ou, até mesmo, para a sua permanência na profissão.
Essas características os fazem, diante de um desafio, ultrapassar seus medos
e inseguranças em busca do resultado esperado.
Confesso ao chegar ao final desse projeto de pesquisa, que ao reler os
quadros que elaborei, percebi que teria mais a discutir se a coluna, sentimentos
captados pelo pesquisador tivesse sido acrescentada. Mas, os achados foram
suficientes para que esse momento seja prazeroso para mim, pois constato e
acredito que há possibilidade de mudança no cenário educacional quanto ao
uso pedagógico do computador pelo professor. Constato isso porque, apesar
104
da necessidade de planejamento e organização por parte das instituições de
ensino, que devem estar comprometidas com os resultados, a outra parte
envolvida, o professor, mostrou-se capaz de ultrapassar os desafios quando
estes lhe foram colocados.
Para o amanhã, espero iniciar minha trajetória de professora universitária e
continuar minha trajetória como pesquisadora, na busca por respostas que
possam contribuir com os demais pesquisadores que atuam na área de
conhecimento.
Para isso, entendo ser necessário aprofundar meus estudos sobre: a atuação
dos coordenadores de cursos e sobre o processo de formação inicial e
continuada de professores para o uso pedagógico do computador. Tenho
clareza que a dimensão afetiva, na proposta da teoria de desenvolvimento de
Henri Wallon me ajudará no encaminhamento dessas questões.
São tantos os questionamentos que se revelam nesse momento, que entendo
ser melhor apresentá-los para, quem sabe, servirem de inspiração para o
estudo de outros pesquisadores.
São eles:
como professores que dispõe de incentivo e de recursos aproveitam isso e
tentam mudar sua maneira de trabalhar, visando à incorporação do uso
pedagógico do computador em sua prática docente?
qual a interferência da afetividade no gerenciamento de projetos para
incorporação do computador como ferramenta de apoio ao processo de
aprendizagem, por coordenadores de cursos?
qual a interferência da afetividade quando da realização de trabalho em
equipe, por professores dos cursos de pedagogia e demais licenciaturas?
105
quais fatores poderiam favorecer o uso do computador como ferramenta de
apoio ao processo de aprendizagem, em cursos de formação de
professores?
os coordenadores de curso possuem autonomia para gerenciarem projetos
de incorporação do computador como ferramenta de apoio ao processo de
aprendizagem nos cursos de formação de professores?
as instituições de ensino superior promovem o trabalho em equipe para o
desenvolvimento de projetos para a utilização do computador como
ferramenta de apoio ao processo de aprendizagem nos cursos de formação
de professores?
como é a prática docente dos alunos formados em cursos de pedagogia
que já utilizam as TIC, como ferramenta de apoio a aprendizagem?
esses alunos têm espaço nas instituições para essa prática?
como eles aproveitam o aprendizado adquirido durante a graduação?
Finalizo esse trabalho, certa de que outros aspectos poderiam ser discutidos,
mas feliz quanto aos achados e, certa também, de que os resultados
alcançados poderão contribuir para ampliar os conhecimentos educacionais na
área de tecnologias da informação e comunicação, que já não é mais nova,
mas continua precisando de estudos.
106
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Anexo I
Profº. Daniel
Período Afetos
revelados pelo
professor – a
partir do
depoimento oral
Situações
Indutoras
identificadas
pelo
professor – a
partir do
depoimento
oral
Depoimento Oral Categoria
Ontem
Eu vou falar sobre a atividade que eu fiz
no museu paulista.
Eu vejo como uma experiência positiva,
principalmente, naquela época, metade
dos anos 80, início dos anos 90. Por
exemplo, trabalhar com imagens no
museu, fazer uma base de dados que
tivesse imagem, hoje pode parecer
ridículo, mas na época, não tinha às
vezes um monitor com capacidade, os
monitores eram em fósforo, verdes,
então tinham alguns monitores que
apareciam lá na USP. E também não
tinha os programas para trabalhar com
as imagens, então, uma empresa norte
americana lançou um produto chamado
Picture Power, não Power Picture. Foi o
primeiro banco de dados relacional que
trabalhava com imagens, eu descobri
uma instituição, a universidade Brás
Cubas de Mogi das Cruzes que estava
trabalhando com esse programa e fez um
restauro, o pessoal da Arquitetura no
Pelourinho na Bahia, registraram os
componentes que foram restaurados,
fizeram um banco de dados com
imagens utilizando esse software. Foi
uma experiência muito nova. Foi uma
relação para manter contatos.
Trajetória
Profissional
Ontem
Embora eu não tivesse relação nenhuma,
após alguns anos quando eu comecei a
lecionar no ensino superior eu comecei a
dar aula na Braz Cubas. Lá eu fui dar
aula de antropologia. Que na verdade é a
minha praia.
Trajetória
Profissional
Futuro Insegurança,
incerteza e não
pessimismo
A respeito da
vida
profissional
Amanhã, não sei! Não faço idéia. Eu
procuro acompanhar as coisas. A
insegurança perpassa sempre,
principalmente hoje em dia, perpassa
bastante a vida da gente, no lado
profissional. Mas você quer saber em
relação a sentimento o que melhor
retrata isso, não estou me lembrando o
nome, é uma música do Raul Seixas
“Hoje é um buraco no futuro onde o
passado começa a jorrar”. Não é um
pessimismo da minha parte, não!
Trajetória
Profissional
Hoje Esperança A tecnologia
pode ser
utilizada para
o bem
Passando de ontem para hoje, com toda
essa questão da globalização, você
ainda pode se ela, (a tecnologia), for
utilizada para o bem, você pode ter
formas de preservar saberes locais,
valores, pequenas comunidades.
Utilização
na
atividade
docente
Hoje Desafio Devido às
rápidas
mudanças
É meio que um desafio. Essa é uma área
que muda muito, por exemplo, eu nunca
consigo dar o mesmo curso, as coisas
são muito rápidas, as mudanças são
muito rápidas.
Utilização
na
atividade
docente
Hoje Insatisfação Pela forma
como a
tecnologia
entra na
escola: como
imposição
Nós procuramos fazer uma reflexão
crítica, em geral à forma como a
tecnologia entra na escola que é a pior
possível, ela é imposta.
Utilização
na
atividade
docente
Hoje Insatisfação Pela
existência de
equipamentos,
mas o
despreparo do
professor
Mesmo as escolas da rede que tem
laboratório, durante muitos anos esses
laboratórios ficaram fechados, porque
não tinha gente com competência para
utilizá-lo. Ou então quando eles abrem,
eles limitam o acesso, o aluno não pode
usar, por exemplo, o Messenger, não
pode acessar o Orkut, que são
ferramentas que podem ser bem
utilizadas.
Utilização
na
atividade
docente
Hoje
Tem grandes empresas, não vou citar
nomes, que é cômodo para o pedagogo
pegar uma franchising, então ela já
recebe o pacote, esse não é o grande
problema, o grande problema é o
pedagogo não ter consciência disso,
então a gente procura mostrar.
Utilização
na
atividade
docente
Hoje
È melhor o aluno fazer um joguinho no
Power Point, que dá para fazer, mas
colocando a realidade da escola dele,
dos alunos deles, do que você pegar
uma coisa pronta genérica. É isso que a
gente (tenta passar) para os alunos. E é
legal porque de ponto de vista dos
sentimentos isso agrega bastante a
gente percebe não são todos, mas uma
boa parte dos alunos sai do meu curso
com uma visão assim não tão fechada,
alguns até começam a fazer experiências
montam, fazem joguinhos, montam sua
home page avaliando produtos
educacionais , isso é legal. Dá para
brincar com isso, e eles topam.
Utilização
na
atividade
docente
Hoje Preocupação Necessidade
de usar a
informática de
forma mais
aberta
Então é esse tipo de formação básica de
nós tentamos passar para os alunos é
importante nesse sentido, tentar abrir um
pouquinho a mente para o uso mais
aberto da informática.
Utilização
na
atividade
docente
Hoje
Tentar sensibilizar essas pessoas que
utilizem essas ferramentas de forma
criativa. Em comunidades carentes isso é
fundamental, pode ser uma forma de
preservação de valores, de modificar
Utilização
na
atividade
docente
alguns hábitos.
Hoje Responsabilidade Os alunos de
pedagogia vão
trabalhar em
regiões
periféricas e
precisam de
criatividade
É fundamental você pegar os alunos que
estudam pedagogia e poder dar esses
elementos para eles, mesmo que não se
utilizem assim de maneira imediata.
Porque você pega um professor que vai
trabalhar numa região periférica.
Utilização
na
atividade
docente
Hoje
Eu lembro uma vez que o Severino
estava numa fala dele comentando que
um município do Nordeste recebeu um
laboratório completo de informática,
máquinas novas, só tinha um problema,
a escola não tinha energia elétrica. Pior
que isso ocorre!
Não
z
ar
Hoje Admiração Pelo bom
resultado
alcançado em
um projeto
com utilização
de recursos
tecnológicos
Eu tenho um amigo que conseguiu
instalar numa escola municipal de Mogi
das Cruzes, em um desses laboratórios
que estavam lá fechados, os alunos
montaram um jornalzinho informatizado e
colocaram na Internet, eles contavam a
realidade deles, foi a iniciativa de um
cara. A escola em si nunca teve a
iniciativa. O laboratório ficou lá um
tempão.
Não
categorizar
Hoje
O perfil do aluno mudou muito, mas
também mudaria muito de instituição
para instituição, há cinco anos atrás nós
pegávamos alunos no laboratório de
informática que o aluno sequer sabia
ligar o computador, hoje isso não existe
mais. Hoje, por exemplo, você tem aluno
que vem para a sala de aula e ficam
assistindo filmes que eles gravaram no
YouTube, o cara que morreu com tiro na
cabeça. Veja não tem muita diferença do
cara que não sabe ligar o micro do cara
que não sabe o que fazer com isso.
Não
categorizar
Hoje
Preocupação
As pessoas
estão
“embarcando”
nas
facilidades do
franchising,
sem perceber
que
Temos alunos aqui que já dão aula, tem
uma aluna que é formada em letras, dá
aula como professora substituta na rede
estadual. Acho que ela se formou no ano
passado então ainda não pegou os
concursos da rede. Uma parte dos
alunos trabalha em escolas privadas, nas
escolas de educação infantil particulares,
eles têm acesso, por exemplo, a essas
franchisings, que eu também acho legal,
porque é uma forma de conhecer, porque
mais tarde eles também poderão ser
supervisores e coordenadores e poderão
exigir mais, ao invés de pegar a apostila
e entender. É incrível como as pessoas
estão embarcando nisso. É engraçado
como os próprios donos, eles não dão
conta que isso é uma coisa
empobrecedora, elimina a criatividade da
escola. Se eu fosse dono de escola eu
acho que faria um cartaz. “Não adotamos
franchising, adotamos nossos próprios
Não
categorizar
empobrecem
a criatividade
do professor
métodos.” Eles usam o computador a
partir do primeiro dia de aula, como se
isso fosse muito necessário.
Ontem
Interessante porque eles não
acompanharam, eles que eram top de
linha nessas inovações, lembro que eles
até faziam as vinhetas da Globo, e eles
não conseguiram manter esse patamar.
Perderam espaço.
Não
categorizar
Profª. Elena
Período Afetos
revelados pelo
professor, a
partir do
depoimento
oral
Situações
indutoras
reveladas pelo
professor, a
partir do
depoimento
oral
Depoimento Oral Categorias
Ontem
Ansiedade e
nervosismo
Por estar
iniciando na
escola nova e
já ter que tomar
conhecimento
de uma
tecnologia
Não foi um nervosismo, foi uma
ansiedade, porque eu estava
entrando na escola, eles pedindo
para tomar conhecimento de uma
tecnologia, que eu não fazia a
menor idéia.
Computador
Ontem
Quando somos de mais idade e
começa a mexer no computador,
perde tudo. É uma coisa incrível!
Como some! Depois não acha mais
de jeito nenhum. Tanto que meu
marido não gosta de computador,
não mexe com isso. Ele quer uma
regra fixa para usar o computador,
ele quer uma receita. Igual desenho
geométrico: 1º passo, 2º passo, 3º
passo de construção.
Computador
Hoje
Dependência Por todas as
atividades que
realiza com
utilizando o
computador
Meu sentimento hoje é de
dependência do computador, é
incrível, mas eu chego a minha
casa, a primeira coisa que eu faço
é ligar o meu computador, sempre
tenho alguma coisa para fazer no
computador. Eu faço horário de
professor, tudo eu faço usando o
computador, hoje eu sou uma
dependente, parece que ele é um
braço a mais que eu tenho.
Computador
Amanhã Dificuldade Em deixar de
depender
... eu acho que o computador, não
tenho como deixá-lo de lado. Pode
ser até que eu passe a depender
um pouco menos, fica meio difícil
não depender,
Computador
Ontem
Curiosidade Por
computação,
enquanto era
professora do
estado
Ah! O que eu me esqueci de dizer,
eu já tinha certa curiosidade,
porque enquanto estava no estado,
um dos departamentos do estado
ofereceu um curso para os
professores que queriam aprender
sobre computação, fui fazer, era
aqui no Bom Retiro, sei que foi uma
semana, uma semana não, acho
que foram dois dias. Foi um curso
bem rápido, eles falaram sobre
programação, explicou que era uma
tecnologia, que seria algo muito
interessante para a escola se
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
utilizar dessa ferramenta. Eu não
usava essa palavra “ferramenta”, foi
depois disso que eu entendi como
poderia ser.
Ontem
Dificuldade Para lidar com
aparelhos
eletrônicos
Foi então que aconteceu essa
assessoria. Então eu fui para essa
escola particular para dar aula de
Matemática e Desenho Geométrico.
E no ensino médio que era
Matemática tinha a assessoria, e
ela trouxe uma calculadora que
fazia gráfico, uma porção de coisa,
eu nunca fui muito habilidosa com
aparelhos eletrônicos, talvez por
não ter feito parte da minha
juventude. Eu sempre tive certa
dificuldade. Então começamos a
trabalhar, a gente usou no primeiro
semestre a calculadora.
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem
Dificuldade
Em aprender a
usar o
equipamento e
também em
levar os alunos
para o
laboratório
Quando chegou o segundo
semestre, o pessoal da França
mandou para o colégio um
programa chamado Cabri, foram
várias versões, uma versão
específica para geometria, outra
para gráficos e para desenho
geométrico, mesmo. Então a gente
começou a estudar e trabalhar. A
orientadora pediu que a gente
começasse a criar alguma atividade
que pudesse levar os alunos ao
laboratório. Porque o colégio fez
uma sala que tinha uns doze ou
quinze computadores, e era para
nós, professores, fazermos algum
trabalho, foi então que eu comecei
a aprender. Nossa! Que dificuldade!
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem
Ansiedade
Por achar que
sempre precisa
conhecer e
estudar mais
Eu sempre fui um pouco ansiosa, a
ansiedade me acompanhou, foi
diminuindo, acho que isso me faz
sempre ficar estudando, sou
ansiosa acho que eu preciso
conhecer mais, estudar mais, saber
mais, então eu fico sempre
buscando alguma coisa.
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem
Ansiedade
Quando tem
algo para fazer
Aqui então (1992) eu realmente
fiquei muito ansiosa, eu sou
naturalmente ansiosa, se eu tenho
uma coisa para fazer eu sou
ansiosa e persistente, sou teimosa,
sou muito teimosa. Eu aprendi de
teimosa, porque eu não fui fazer
nenhum curso, meu curso foram
meus filhos.
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem
Dificuldade Em aprender e
guardar o que
estava
aprendendo
(reter)
Nessa ocasião meus dois filhos
faziam engenharia e o mais velho,
eu tinha uma televisão velha, em
branco e preto, e o meu filho mais
velho, ele é bom de inventar moda,
ele arrumou, eu nem sei como é
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
que ele fez aquilo, acho que ele
arrumou um PC e usou como
monitor essa televisão velha. Ele
começou a construir gráficos e ele
me falava _ “mãe você não vai
aprender?”, então eu ia lá, mas eu
tinha muita dificuldade. O que eu
fazia! Eu peguei uma agenda e
tudo que ele me explicava eu
anotava em uma agenda, porque
eu esquecia.
Ontem
Tranqüilidade
Após uns três
anos, teve mais
tranqüilidade
para aprender
Foram mais ou menos três anos
(com ansiedade) até que eu tive
mais tranqüilidade de aprender. Eu
demorei a aprender. Não foi uma
coisa de um dia para o outro não.
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem
Dependência Pela
necessidade de
ligar para o
filho
eu ficava ligando para um dos
meus filhos _ “E agora! Olha sumiu!
O que aconteceu? O que eu faço?
Como é que eu continuo?”. E assim
eu fui pegando o jeito.
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem
Desamparada
Insegurança
Pelo filho que a
ajudava ter se
mudado
Por achar que
pode perder o
programa
O meu filho mais velho, em 94 se
formou e foi morar no Paraná.
Então, eu fiquei meio que me
sentindo aleijada em relação ao
computador, porque ele tinha mais
paciência de ensinar. Foi quando
eu comecei a cutucar o outro. Ele
falava correndo e ai até o
computador e mexia. Então eu
falava _ “Para! O que você fez?”.
Eu ainda tenho a agenda de
anotações até hoje guardada, mas
como lembrança, “como e que eu
não entendia isso, como é que eu
não sabia!”.
Essa coisa de perder programa é
um caos porque você acha que vai
sumir que vai estragar o
computador, é muito engraçado
essa sensação.
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem
Ansiedade
Por achar que
tinha de
dominar mais,
a respeito do
Cabri.
... eu tinha um problema enorme,
minha dissertação havia muitos
gráficos, eu fazia o gráfico, como
eu tinha começado a mexer no
Cabri, ainda, tinha alguma
ansiedade com algumas coisas do
Cabri, achava que, eu tinha que
dominar mais.
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem
Ansiedade
Tranqüilidade
Por ter que
inserir as
figuras do
Cabri no texto
da dissertação.
Porque “pegou
o jeito”.
Meu problema era que trazer as
construções do Cabri para a minha
dissertação, quando chegou a hora
de inserir essas figuras. Minha
orientadora me explicava, eu
escrevia tudo. _ “o que eu faço
primeiro”. Tinha que fazer de um
jeito que a figura não ficasse muito
pesada. Depois eu fui pegando o
jeito, eu tinha que desenhar a figura
passar para o Power Point e do
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Power Point para o Word, porque
senão ela não ficava certa, pesava
demais o arquivo, não havia
memória que agüentasse aqueles
arquivos tão pesados. Porque no
Cabri tudo bem, mas quando você
tira do Cabri e põe em outro
software, o arquivo fica muito
pesado, então eu tive ansiedade.
Ontem
Tranqüilidade
Na digitação Para a digitação foi tranqüilo. Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem
Dificuldade Para fazer as
formatações da
dissertação
... outra coisa que eu tive bastante
dificuldade foi para fazer as
formatações. Fui eu que formatei a
minha dissertação, eu sou teimosa,
eu não paguei ninguém para fazer.
Eu mesma formatei, eu demorei em
pegar o jeito, mas consegui.
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem Eu entrei na faculdade em 1963. Trajetória de
formação
Ontem
Eu estava lá na PUC, fazia tempo
que eu queria fazer mestrado,
vendo ali o pessoal eu conheci todo
mundo, muita gente que eu já
conhecia inclusive alguns que
tinham feito faculdade comigo.
Trajetória de
formação
Ontem Então, eu fui fazer o mestrado na
PUC, o mestrado também tem uma
historiazinha relacionada com o
computador.
Trajetória de
formação
Ontem
Pressão Por ter que
fazer as
atividades do
mestrado,
digitadas.
Então, comecei a fazer o mestrado
e tem que digitar. Como é que vai
fazer? A primeira atividade eu
entreguei a mão, mas a professora
começava a brigar _ “Não! Vocês
precisam aprender a digitar, como é
que vocês vão fazer depois a
dissertação?”. A maioria da minha
turma era de professores meio
antigos, tinha alguns novos, mas
era uma turma grande eu acho que
a metade eram pessoas assim mais
velhas. Eu acho que eu era a mais
velha, alias, sempre, onde eu
trabalho, eu sou a mais velha.
Trajetória de
Formação
Ontem
Prazer
De lembrar-se
da época
Pelo do início
da carreira
Foi uma época muito interessante
(o início da carreira), e até essa
semana eu estava me lembrando
disso, eu fui contar alguma coisa
para um dos meus filhos. E lembrei-
me dessa época. E uma época que
me lembro sempre com muito
prazer.
Trajetória
profissional
Ontem
Independência
Financeira
Por conseguir
para a
mensalidade
da faculdade e
ainda sobrava
... comecei a dar aula em 64.
Porque eu vim do interior, uma
menina pobre, meu pai tinha um
sítio grande, tinha umas casas na
cidade, mas não tinha dinheiro.
Trajetória
profissional
Nervosismo
Desafiador
um pouco para
outras coisas
Devido ao
número de
alunos na sala
Maioria dos
alunos serem
mais velhos
Pelos alunos
tentarem mexer
com ela
Estabelecer
formas de
trabalho
Pela rotina
diária de
trabalhar e
estudar
Então cada um de nós teve que
trabalhar um pouco para começar,
para se manter. Então eu comecei
a trabalhar, foi uma época de
independência financeira, gostosa.
Eu conseguia pagar a minha
mensalidade, eu estudava na PUC.
E, ainda, sobrava, muito pouco,
mais sobrava. Foi com muito prazer
que eu comecei a trabalhar. Passei
muito nervosismo, comecei a
trabalhar em uma escola particular,
chamada colégio Apeneu Brasil,
onde hoje é a estação Paraíso. As
classes tinham muitos alunos, eu
trabalhava a noite, o primeiro ano
eu trabalhei a noite. Era um
casarão desses antigos que foi
adaptado para a escola, então as
salas eram estreitas e compridas, e
a maioria dos alunos era mais velha
do que eu. Você mocinha, tentam
mexer um pouco, naquela época,
então, escola noturna, era uma
coisa mais ou menos nova, tinha
começado há pouco tempo, então
era muito trabalhoso. Quando eu
dava prova, eu tinha uma sétima e
uma oitava série, e quando eu dava
prova, se tivesse quatro fileiras na
classe, eu fazia quatro provas
diferentes e alternava. Depois para
corrigir era um caos, mas era o
único jeito que eu via, no momento,
de fazer prova que os alunos
pudessem fazer individualmente,
assim mesmo eles ainda colavam.
Mas pelo menos eu tinha um pouco
mais de consciência de que eles
estavam estudando. Foi um desafio
muito grande, muito grande
mesmo. Eu estudava de dia na
PUC, eu entrava naquela época, às
13h e saia 19h ou 20h e já ia direto
para o colégio.
Ontem
No segundo semestre eu comecei a
dar algumas aulas no período da
manhã, porque um professor, um
senhor bem velhinho deixou de dar
as aulas e passou para mim. Foi
muito interessante, porque esse
professor velhinho, que era
professor de matemática, quando
eu comecei a dar aula ele me
ajudou muito, me deu muita força,
muito incentivo. _ “Você, não fique
nervosa, não fique preocupada, se
precisar me chama”. Ele era um
dos donos da escola. _ “Me chama
na sala de aula, eu ajudo”. Eu não
Trajetória
profissional
precisei chamá-lo, nenhuma vez,
eu dei conta do recado. Era alguém
que dava um apoio, foi muito
interessante. Então, passei a dar as
alunas que ele dava de manhã.
Então, eu levantava cedo, nos dias
que eu tinha aula de manhã, ai para
o colégio dava aula. De lá eu ia
para a PUC e da PUC eu ia para o
colégio de novo. Então, eu ficava o
dia inteiro trabalhando.
Ontem
... eu comecei a pensar, _ “Eu vou
me aposentar, eu poderia fazer
alguma coisa”. Então uma
professora de Desenho
Geométrico, da escola Assunção
iria ganhar bebê e eles precisavam
de alguém para substituir. Minha
habilitação é matemática, mas meu
registro permite que eu dê aula de
Física e Desenho Geométrico.
Porque na época que eu fiz
faculdade, a gente tinha um ano de
Desenho Geométrico, Geometria
descritiva. Fui fazer a entrevista, _
“Bom, você vem substitui a Silvia, e
vê se por acaso você gostar, a
Silvia não vai continuar dando aula
de Desenho Geométrico, porque
ela é professora de Educação
Artística, mas não tem habilitação
em Desenho”, o MEC estava
brigando com a escola por conta
disso. Então eu fui substituí-la, e
justamente no dia 20 de fevereiro,
que é meu aniversário, era o dia em
que eu comecei na instituição e foi
exatamente o dia que saiu a minha
aposentadoria. Tudo de uma vez
só! Tudo no mesmo dia. Então
comecei a trabalhar lá, como
professora de Desenho
Geométrico.
Trajetória
profissional
Ontem
Mas quando acertamos os pontos,
mais ou menos em outubro de 91,
mas quando foi em dezembro 91,
eles iriam precisar de um professor
de matemática para o ensino
médio. Então eu fui dar aula para
um número grande de alunos,
então eu fiquei com o pessoal que
iria para humanas, eles tiveram que
fazer uma separação de turmas,
então separou pessoal que iria para
humanas e o pessoal de exatas. Eu
peguei aula no 1º e no 2º ano do
ensino médio.
Trajetória
profissional
Ontem
1992: eu aposentei no estado e ao
mesmo tempo em que eu me
aposentei no estado eu comecei a
Trajetória
profissional
trabalhar no colégio Assunção, aqui
no jardim Paulista, na Pamplona
esquina com a Lorena. Meu marido
dava aula lá, ele é professor de
matemática também.
Ontem
Porque a pessoa que nos dava
assessoria no Colégio Assunção,
ela era professora da PUC,
também. Ela e outra pessoa tinham
uma firma chamada Lema que dava
assessoria em escolas particulares
de fundamental I, de forma geral e
educação infantil. Como ela
trabalhava comigo no Assunção,
ela achou que eu tinha
conhecimento e levava jeito para
ajudá-las na assessoria, uma vez
que ela estava pegando muitas
aulas na PUC, e estava fazendo o
doutorado. Eu comecei a
acompanhar a sócia dela nas
seções de assessoria. A assessoria
era técnica mesmo, de conceitos
básicos matemáticos. Quando a
pessoa que nos assessorava pegou
mais aulas na PUC, e também
apareceu uma escola muito grande,
para ela ser assessora geral da
escola, ela resolveu desistir do
Lema. Então a sócia dela me ligou
_ “Olha, a gente vai fechar o Lema,
vamos ficar só com as escolas que
a gente já tem, e essas eu sozinha
dou conta, mas tem uma coisa, a
PUC tem um projeto chamado
PEC, e estão precisando de
professores de matemática, vai lá
para pegar”. Quando cheguei lá já
tinham pegado as aulas. A outra
pessoa do Lema que era
professora da PUC estava em uma
reunião e me viu. Era uma sala
toda de vidro, lá na Marques de
Paranaguá. Ela fez um sinal para
que eu esperasse. Então sentei e
fiquei esperando. Quando ela
chegou, ela falou assim: _ “Nós
estamos abrindo a licenciatura
especial, quais noites da semana
você tem livre? Você vai dar aula
aqui na licenciatura especial da
PUC.”.
Trajetória de
profissional
Ontem
Assustada
Por começar a
das aulas na
graduação da
PUC.
... eu comecei a dar aula nessa
licenciatura especial da PUC, foi
muito interessante. Eu falei à
pessoa que me indicou _ “Você
acha que eu vou dar conta disso.”
Ela falou _ “Elena, eu te conheço
há quatro anos, eu sei que você dá
conta.”. Eu fiquei muito assustada,
Trajetória
profissional
Realização
Por trabalhar
na licenciatura
já me deu de cara 8 aulas, duas
noites. Isso no comezinho de 97.
Isto foi a coisa mais louca que já
me aconteceu. Eu fui trabalhar com
Geometria, no primeiro semestre eu
dava Geometria plana e espacial e
no segundo semestre eu trabalhei
com a geometria das
transformações e analítica.
Ontem
Desconforto
Realizada
Por não
atender a todos
os alunos.
Pela
experiência
com EaD.
Nesse período aqui, na época da
PUC, a gente fez um trabalho de
educação a distância, eu participei
num desses PEC. A PUC foi dar
um PEC gigante lá em Serra Negra.
Reuniram professores do estado
inteiro, professores da rede
estadual de matemática,
basicamente todos os professores
da escola iam para lá, nós fazíamos
os encontros, foram três encontros
com dois mil professores em cada
encontro. Cada um ficava
responsável por uma ou duas
turmas, no final eu tinha três
turmas. A gente deixava tarefas,
porque um dos objetivos era que
essas pessoas aprendessem a usar
o computador. Foi um ano inteiro.
Ano de 2002. Nessa ocasião eu
ainda não tinha banda larga, a
minha internet ainda era discada,
então era um caos, eu começa
atender às vezes as ligações
caiam, então não consegue
conectar novamente. Foi quando eu
coloquei banda larga, então
começou a ficar mais fácil. Eu
passei a ter duas turmas, cada
professor tinha duas turmas. Eu
tinha que atender quase 200
alunos, não atendia todo mundo
porque eles não tinham
computador, não sabiam mexer,
era um drama tudo aquilo, mas era
um curso a distância. Foi uma
experiência muito interessante.
Trajetória
profissional
Ontem
Ansiedade
De chegar à
sala e lidar com
alunos mais
preparados
... sentia aquela ansiedade de
chegar à classe, porque os alunos
aprendem muito rápido, ainda mais
uma classe social mais alta, todo
mundo tinha computador em casa,
todo mundo sabia mexer.
Utilização na
atividade
docente
Ontem
Tem que ter o domínio do conceito
é com isso que eu trabalhava. Com
o tempo tinha um computador onde
eu gerenciava e eles
acompanhavam, a gente tinha que
ficar muito atento porque eles
saiam com a maior facilidade do
programa, entravam em jogo, em
Utilização na
atividade
docente
mil coisas que eles queriam.
Ontem
Segurança
Quanto à parte
conceitual da
sua disciplina
Quanto à parte
conceitual da
sua disciplina
Então eu consegui e comecei a
dizer a eles “eu não sei, “eu sei
usar o programa”, “eu sei fazer as
construções que estão no
programa, mas não entendo nada
de computador”. A escola contratou
uma pessoa para assessorar os
professores com a máquina. Minha
segurança estava na parte
conceitual, Cabri é um programa
que requer um pouco de conceito.
Utilização na
atividade
docente
Ontem
Dificuldade
Em fazer
provas e outras
tarefas para a
atividade
docente
Então eu comecei a fazer prova no
computador, ao invés de
datilografar eu fazia no computador,
mas tudo com muita dificuldade.
Utilização na
atividade
docente
Hoje
... eu, por exemplo, oriento quatro
alunos de TCC. Como vou um dia
só na faculdade, eu oriento mais via
e-mail. Esses alunos são de uma
faculdade lá de Diadema, tenho
quatro orientandas, agora três,
porque uma desistiu, desistiu não,
eu a obriguei a desistir, ela não
estava dando conta. Eu tenho
atendido mais via a distância do
que pessoalmente, porque não dá,
um dia só que eu vou lá não
tempo. Eu uso e-mail, elas têm um
grupo, comecei orientar pelo grupo,
mas depois eu achei que era
melhor fazer individualmente
porque é uma coisa muito pessoal,
e ruim ficar expondo. É por e-mail
mesmo!
Utilização na
atividade
docente
Hoje
Eu vim do Paraná esses dias, e a
sogra do meu filho e professora de
Português, nós estávamos
conversando sobre educação. Meu
filho falou assim, _ “A Dulce, ou ela
vai deixar de dar aula, ou ela tem
que aprender a usar o
computador.”. Porque ela não quer
aprender a usar. Ele falou, _ “ela
está ficando para trás, vai chegar
uma hora que a escola vai exigir
que ela, use”.
Utilização na
atividade
docente
Amanhã ... ao invés do aluno ficar copiando,
então mando o texto via e-mail,
porque é mais fácil deles
trabalharem. Os trabalhos, muitas
vezes, eles me mandam via e-mail,
também, porque agiliza.
Utilização na
atividade
docente
Amanhã Vejo o computador como uma
ferramenta do dia-a-dia, ele é
imprescindível na vida de um
professor, hoje em dia eu não
consigo entender um professor que
Utilização na
atividade
docente
não saiba usar o computador.
Projeto
Decepção
Pelo não
retorno dos
professores,
quanto ao
agendamento
do encontro
para discussão
do projeto.
Aqui mesmo a coordenadora do
curso está pedindo. O Daniel
arrumou uns programas
interessantes para trabalhar na
educação infantil e nós estamos
agendando uma reunião para a
primeira semana de dezembro para
combinarmos como é que a gente
vai levar as alunas ao laboratório.
Porque não tem a disponibilidade
de muitos dias, mas o Daniel
trabalha nesse setor, então a gente
trabalharia com ele, a gente passa
a atividade, ele executa na aula
dele, trás o retorno. Vamos
trabalhar em conjunto, eu com
matemática, a Íris com o português
e o Daniel com o computador. A
coordenadora passou um e-mail
para nós agendarmos um dia, eu
respondi mais ninguém me
retornou. Então, eu agora prefiro
falar, diretamente, com a Íris e com
o Daniel, para a gente achar um
horário compatível, porque eu não
venho nas quartas e os dois estão
aqui nas quartas. A Íris vem
segunda e quarta se não me
engano. O Daniel, quarta eu sei
que ele está aqui. Precisamos
combinar um dia. Eu queria
encontrar com ele, mas eu não
posso vir na quarta, quarta e o dia
de eu buscar minhas netas na
escola, eu já reservo um dia para
ajudar a minha filha. Minha filha é
psicóloga, e ela tem pacientes a
noite, então ela já marca para o dia
que eu vou pegar as meninas. A
gente tem que mudar o dia para o
ano que vem dar certo. É isso!
Utilização na
atividade
docente
Ontem Foi uma época gostosa, comecei a
namorar, foi muito bom!
Não
categorizar
Ontem
Nós (ela e o marido) nos
conhecemos no cursinho. Vim do
interior, eu não sabia andar em São
Paulo, meu tio que morava aqui,
me matriculou no cursinho, para
que eu tivesse a necessidade de
andar e aprendesse, porque ele
tinha um trabalho que não permitia
que ele me acompanhasse em
lugar nenhum. Então um dia ele me
levou e me ensinou a ir e voltar e a
partir daí eu bati as asas.
Não
categorizar
Ontem
Minha papelada no estado já
estava correndo há bastante tempo,
com uma morosidade total, já fazia
mais de dois anos que eu podia
Não
categorizar
estar aposentada .... e eu ainda não
estava.
Ontem
... sem as idéias básicas, porque
ele foi feito, os idealizadores do
Cabri, foram alguns matemáticos
franceses. Depois começaram
outras pessoas que foram
aprimorando. Eles queriam fazer
um programa em que o aluno,
pudesse dispensar o uso da régua,
do compasso e do esquadro, mas
ele tinha que ter os conhecimentos
básicos. Por exemplo, para ser
perpenticular tem que ter ser
construção é firme, não desmonta a
perpenticularidade, faz-se duas
retas perpenticulares e pode mexer
para o lado que quiser que não
desmonta, se construir
conceitualmente correta.
Não
categorizar
Ontem
Primeiro, eu usava o Cabri, que era
o programa que a gente usava no
colégio, para fazer algumas
construções. Ele era todo em
Francês, eu tenho facilidade com o
Francês, porque na minha época
de colegial, optei por Francês, eu
sabia melhor, eu acho que a
professora de Francês foi muito
melhor, que a professora de Inglês,
então eu aprendi muito mais essa
língua. Então quanto à língua eu
não tinha problema eu lia bem.
Não
categorizar
Ontem
Mais uns dois anos depois a gente
comprou um computador, meu filho
arranjou uma pessoa que montava
e trazia montado, então nós
compramos um 1º computador que
era de uso da família. Eles (os
filhos) iam me explicando. Nesse já
tinha o Word. Já era um
computador mesmo, não era um
ajeitamento. Meu filho fazia coisas
incríveis, ele pegava uma equação,
meu filho adora Matemática, esse
mais velho, ele pegava uma
equação e conseguia fazer um
programa que desenhava o gráfico
da equação.
Não
categorizar
Ontem
...também dando aula de geometria
para os meninos da licenciatura
especial, era especial essa
graduação porque as pessoas que
tinham feito ciência ou química e
queriam licenciatura em
matemática. O curso era de um ano
e meio, depois passou para dois
anos. Eles faziam somente as
matérias de matemática, porque
eles já tinham feitos as
Não
categorizar
pedagógicas. Eles estudavam a
parte ligada a educação
matemática, algumas partes
teóricas da didática da matemática
e também os fundamentos básicos
da matemática. Eles queriam dar
aula de matemática, era um
pessoal que sabia muito pouco de
matemática, eu dava geometria
plana espacial. Nossa! Era como se
eu estivesse dando aula para os
alunos do colegial, que nunca
tinham visto geometria na vida. Foi
então que eu pensei que geometria
poderia ser um campo interessante
para a minha dissertação, eles
foram os meus sujeitos da
pesquisa, foi interessante.
Profª. Íris
Período Afetos
revelados pelo
professor, a
partir do
depoimento
oral
Situações
indutoras
reveladas pelo
professor, a
partir do
depoimento
oral
Depoimento Oral Categorias
Ontem
Bom, o primeiro quadro aqui eu falo
que me deparei com o computador,
que não foi adquirido por mim. Mas
hoje em dia se não tivesse sido
adquirido pelo meu marido, eu até
teria adquirido também. Porque seria
necessário.
Computador
Ontem
Curiosidade
Insegurança
Pelo o que é
novo
Porque não
domina o
instrumento e
porque é novo
Meu sentimento em relação a isso, eu
acho que meio de curiosidade e
também de insegurança, como
qualquer outra situação em que a
gente se depara com alguma coisa
nova que não faz parte do seu
repertório e que você vai ter que
explorar de alguma forma para tentar
entender.
Computador
Ontem
Surpresa Com o novo Então eu acho que seria assim, meio
de surpresa, frente ao novo, coisa de
expectativa.
Computador
Ontem
Insegurança e
curiosidade
Porque é uma
coisa nova
... então você fica inseguro, ao
mesmo tempo em que curioso, eu
acho que a gente fica um pouco
inseguro porque a coisa é nova. Uma
coisa nova que se coloca ali na sua
frente.
Computador
Ontem Satisfação,
alegria,
conquista de
poder e
independência
Por aprender a
navegar na
Internet, pela
possibilidade
de entrar em
artigos
científicos,
entrar nas
bibliotecas das
faculdades e
fazer pesquisas
por assunto.
Ainda sobre o passado, aprender
navegar, procurar coisa, isso é
maravilhoso, nossa! Dá uma
sensação muito boa, em dizer o
quanto essa tecnologia é bacana, no
sentido de que você vai, entra em
artigos científicos, entra nas
bibliotecas das faculdades, você quer
um assunto. Então quando eu
comecei a entrar e fazer esse tipo de
coisa, o sentimento foi de muita
satisfação, de muita alegria e de
conquista de poder. Entrar naquele
caminho, e vai, vai e vai achando.
Então é muito bacana. O sentimento
é de muita satisfação. De
independência.
Computador
Hoje Satisfação Pela rapidez do
e-mail, seu
poder de
sociabilidade.
Poder trocar
informações,
“falar” e “ouvir”
Comunicação entre amigos, eu acho
que é gostoso, é uma forma
alternativa. Como você tinha o
telefone que é uma comunicação a
distância, você tem a comunicação
escrita que substitui o telefone e que
substitui a antiga carta, todos eles a
Computador
com as amigas.
Receber e
enviar coisas
interessantes.
distância. Acho então que encurta
bastante a distância, porque a carta,
se bem que o correio é rápido, mas
mesmo assim, é mais rápido ainda a
questão do e-mail e acho que isso é
sociabilidade, é uma das formas das
pessoas trocarem idéias, e é gostoso
ouvir, tem uma amiga lá, que fala
uma coisa, você manda alguma
coisa, dá um olá para alguém que
está distante, recebe alguma coisa,
acha interessante, passa para outras
pessoas. Então eu acho que nesse
ponto também é um sentimento, é um
bom sentimento, é um sentimento
agradável e de satisfação.
Futuro
Admiração
Pelo bom uso
do computador
(mal uso para
ela é ficar
viciada, e por
isso ficar
muitas horas
navegando)
O meu sentimento, no futuro, eu acho
que eu vou continuar admirando o
bom uso do computador. Acho que
também tem o mau uso, quando você
fica viciada, que você fica muitas
horas na frente do computador
navegando. Tem aquele outro, a
conversa, como é que chama? O
MSN, eu não uso, não uso, não acho
que seja importante na minha vida.
Então eu acho que o uso precisa ser
bem dosado.
Computador
Futuro
Dificuldade Devidos aos
períodos de
aprendizagem.
“Coisas” na
nossa época
ou geração.
E não é fácil. Essa história dos
períodos de aprendizagem. Eu estava
pensando nisso. Em algumas coisas
até deve ter um pouco a ver. Porque,
por exemplo, em algumas coisas que
se estabeleceram na minha trajetória
quando eu era mais nova, como por
exemplo, hábito de leitura, isso eu
não vou abandonar nunca, vou
morrer, lendo alguma coisa na
véspera.
Então o hábito de leitura eu adquiri e
internalizei. Essa coisa da tecnologia,
particularmente o computador eu
acho mesmo que os jovens têm
facilidade. É mais da época deles, os
jovens e as crianças que hoje. Vejo
pela geração mais nova dos meus
parentes, vejo pelos meus filhos e
também pelas outras crianças. Tenho
um sobrinho de quatro ou cinco anos,
que interage com o computador, os
de dez já tem uma facilidade de
entrar na máquina. Então eu acho
que para a minha geração o
computador veio um pouco mais
tarde, e eu acho que para algumas
pessoas nas quais o computador veio
um pouco mais tarde, talvez seja
mesmo mais difícil, ou porque a
pessoa teve a trajetória dela vivendo
sem, então ela acha que se foi
Computador
possível viver sem, então acha, que
se quiser continua a viver sem.
Ontem
Limitação
Pelo
conhecimento
que tinha até o
momento.
... a única coisa que eu poderia fazer
era usar o meu conhecimento anterior
que era o teclado, que é semelhante
das máquinas de datilografia.
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem
Insegurança
Porque não
domina o
instrumento
... eu acho que eu sentia um pouco
de insegurança, porque você não
domina o instrumento
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem
Em relação ao segundo quadro, me
deixaeu reler “Aos poucos, fui
aprendendo a digitar textos, a salvá-
los e a guardá-los, com orientação do
meu marido e dos filhos, que muito
embora bem jovens, aprenderam os
“segredos” da máquina muito mais
rapidamente do que eu, o que nas
horas de precisão, fazia com que eu
me tornasse aluna deles!
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem
Dependência
do outro (não é
um sentimento
agradável de
se sentir, e que
persiste até
hoje)
Angustia
Por querer
fazer uma
operação e não
dá certo
Por não ter o
conhecimento
do
funcionamento
da máquina,
não saber
muito bem
como é que ela
raciocina.
Porque não
domina.
Aqui eu acho que o sentimento é de
dependência das pessoas, não por
ser meus filhos, essa coisa de
inversão de papéis, mas não é um
sentimento muito agradável de se
sentir, porque você está ali no
computador e quer fazer alguma
coisa, tenta fazer uma operação e
não dá certo e como eu não tenho o
conhecimento do funcionamento da
máquina, eu não sei muito bem como
é que ela raciocina, digamos assim,
dá até certa angustia, você não tem o
domínio suficiente para operar essa
máquina, e isso é um sentimento de
angustia e também um sentimento de
dependência.
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem
Dependência
do outro
Pela
necessidade de
estar sempre
perguntando.
Eu acho que é esse sentimento de
dependência do outro, de estar
sempre perguntando.
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem
Insatisfação
Pelo modo
como os filhos
a ensinava.
Pela
dependência
dos
conhecimentos
Eu acho que o Wallon, pelo o que eu
me lembro, essa questão de
dependência do outro, mas é assim
você precisa da interação com o
outro, é claro como eu precisaria de
um professor, mas como no papel de
marido e de filhos eles não são
professores, dão a dica, eles não
ensinam o suficiente para você
entender tudo, te ensina uma coisa
mais pontual. É essa coisa da
dependência do conhecimento deles,
do conhecimento do outro. Se eu, por
exemplo, fosse para um curso que,
às vezes, ainda penso em ir, eu teria
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
deles. uma interação com o professor, que
eu seria dependente, mas, que ao
mesmo tempo eu caminharia para a
independência. Porque ele me
ensinaria algumas coisas a mais, que
na relação com os seus pares, os
seus parceiros familiares não é esse
tipo de coisa. Eles não são
professores, eles ensinam, mas não
como ensinaria um professor, eu
acho. E também minha relação com
eles, não é bem uma relação de
aluna.
Ontem
Foi assim, aprender - fazendo,
aprender - perguntando, aprender –
observando. Considero ter aprendido
o básico: elaboração de textos e
envio – recebimento de e-mails.
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem
Desespero (na
ocasião)
Sentimento que
sofrer por
pouca coisa
(hoje)
Por não
conseguir
enviar e-mail,
ligar, o fuso
horário e por
não saber se o
marido e o filho
estavam bem
Porque mandar
e-mail e muito
simples
... hoje eu sinto que sofri por pouca
coisa. Porque mandar e-mail é uma
coisa tão simples, mas naquela
época não deu! Mas na época o meu
sentimento era assim eu lembro que
me deu até um desespero, eu não
consegui dominar, eu tentava ligar e
não acertava, tentava mandar e-mail
e também não acertava, deu certo
desespero. Sabe quando a gente
começa a pensar, “a meu Deus será
que eles estão bem, será que
aconteceu alguma coisa, porque eles
também não se comunicam”, se eles
estão lá bem, tudo bem, era um
período de telefone, a gente tinha
combinado mais ou menos assim,
uma vez por semana eles ligarem. E
nesse ínterim eu queria mandar
esses benditos desses e-mails e não
conseguia, era uma primeira
aprendizagem, eu não sabia nada e
mandar e-mail era uma coisa muito
complicada. Hoje, eu acho realmente
que é uma coisa assim, sofrimento
por pouca coisa, porque não tem
nada a ver é uma coisa bastante fácil.
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem Satisfação e
contentamento
Pela forma
como foi
ensinada e por
conseguir
dominar a
máquina,
naquele tipo de
tarefa,
operação ou
atividade.
No quarto, aqui eu tive um sentimento
de satisfação, como ela é da área da
educação, ela tem jeito também para
ensinar. Ela me ensinou tudo muito
bonitinho. Eu fiquei muito satisfeita
nessa época. O sentimento era de
contentamento. Puxa, consigo
dominar essa máquina, nesse tipo de
tarefa, operação ou atividade. Foi
bacana!
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Hoje
Dependência
do outro
Por, hoje fazer
coisas mais
complexas
E eu acho que esse sentimento de
dependência ainda se mantém, hoje
ainda se mantém, porque agora eu
faço coisas mais complexas
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Hoje Dependente e Pela recusa, do Quando eu vou perguntar de novo Processo de
incompreendid
a
outro, de
ensinar
eles se recusam a me ensinar, eu fico
me sentindo meio, incompreendida
por eles. Eu fico assim dependente e
incompreendida.
aprendizagem
para uso do
computador
Hoje
Não
reconheciment
o
Pela recusa, do
outro, de
ensinar o que
já foi ensinado
um vez
... eu fico perguntando como é que
faz. E tem coisas que, por exemplo,
eles se recusam a me ensinar,
porque eles já ensinaram uma vez,
então eu fico com um sentimento de
não reconhecimento deles, porque a
coisa é mais ou menos assim, eles
falam que já me ensinaram e não vão
ensinar de novo, só que eles me
ensinaram e eu fiz apenas uma vez
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Hoje
Desconforto
Pelos filhos
fazerem o que
ela não
consegue.
... depois a gente acaba resolvendo,
ou então meu filho fala “deixa que eu
faço” e resolve. Eu não gosto, “me
explica como é que é para eu
aprender” e anoto. Eu dependo do
humor deles.
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Hoje
... eu acho que essas coisas do
computador você tem que fazer
sempre, você tem aquele período de
automatização da operação, [...] não
é com uma vez, são necessárias
várias vezes. Mas eu preciso uma
vez, então eu vou fazer outra vez eu
já esqueci, porque eu não
automatizei, é como andar de
bicicleta, você tem aquele período.
Tem algumas aprendizagens que
você precisa de exercício de
repetição para você memorizar.
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Hoje
Pressionada
A aprender
pela
necessidade
profissional.
e eu aprendo quando surgi a
necessidade profissional, então eu
vou lá e tendo fazer
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Futuro
Segurança
Quanto ao que
quer aprender
em relação ao
uso do
computador e a
priorização de
seu tempo.
Tem algumas coisas que eu nem
tenho a pretensão de dominar. Eu
ainda prefiro ler um livro a ficar
aprendendo alguma coisa no
computador, aquelas que eu não
preciso. Então como eu acho que a
gente precisa estabelecer prioridade
em relação ao tempo é por isso que
eu não tenho a pretensão de ser uma
grande, de ser uma técnica do
computador, eu quero aprender
aquilo que ele me apóia na minha
vida profissional e naquilo que
pessoalmente ajuda. Mas, eu tenho
esse pensamento, preciso
hierarquizar o meu tempo. Eu vou
aprender na medida da necessidade,
não quero ficar lá navegando,
navegando, aprendendo programas,
eu não tenho essa pretensão.
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Futuro
Satisfação
À medida que
tenha uma
Então eu sempre vou ter esse
sentimento de satisfação,
Processo de
aprendizagem
necessidade,
aprenda a usar
e domine.
futuramente, na medida em que
tenha uma necessidade, aprenda a
usar e domine minimamente essa
necessidade.
para uso do
computador
Futuro
Desafio e
satisfação
Por ter que
aprender
sempre para
atender às
necessidades.
e acho que enquanto eu tiver usando
o computador como um apoio para o
que eu preciso, como uma fonte,
acho que até a palavra é como
ferramenta mesmo, como um recurso
que é rico, eu vou ter sempre uma
relação de satisfação e de desafio.
Porque ele vai me desafiar, o danado.
Têm algumas coisas, que eu vou ter
que fazer várias vezes, ele vai exigir
de mim também. Então é um pouco
desse sentimento de satisfação, mas
esse sentimento de desafio também.
___ Puxa vida! Tenho que aprender
as coisas dessa máquina. Senão não
vai dar. Porque você tem que se
inserir na era, não tem jeito.
Processo de
aprendizagem
para uso do
computador
Ontem
Desespero
Amparada
Pelas tantas
atividades da
pós-graduação.
Pela ajuda do
marido.
Na época da pós-graduação, aí meu
Deus! Tabelas, gráficos e outras
coisinhas. Não fiz sozinha. Quem me
ajudou foi o Zé Carlos.
Trajetória de
formação
Ontem
Não
dependência
Porque as
necessidades
eram mais
difíceis e
sentia-se
tranqüila, por
não ter que
fazer tudo
sozinha.
O meu sentimento na época da pós-
graduação, eu não tinha um
sentimento de dependência, eu sentia
assim que aquilo que era mais difícil
eu poderia ter uma parceria, que essa
coisa dos gráficos que tem todo um
ajuste,
Trajetória de
formação
Ontem
Inveja
Da habilidade
das amigas.
enfim, lógico que se eu conversasse,
eu até sabia amigas minhas que
estavam fazendo esse tipo de coisa,
eu sentia até um pouco de inveja,
porque elas dominavam, faziam
tabela, sabiam apagar a linha lateral.
Eu acho que até invejava da
habilidade delas.
Trajetória de
formação
Ontem
Gratidão
Ao marido por
tê-la ajudado
na construção
das tabelas e
gráficos.
E realmente eu sou muito grata e o
meu sentimento era o de gratidão, a
ele, porque ele me ajudava naquelas
operações do ponto de vista de
colocar na linguagem do computador
era ele que fazia então eu sou
eternamente grata a ele por conta
disso. Mas nessa fase aqui também,
como ele sabe muito bem essas
coisas, eu dizia “não, mas tem que
aparecer tal coisa”, então, às vezes,
surgiam alguns conflitos, entre o que
eu queria que ele colocasse, que era
importante na tabela, entre o que ele
achava. “Então vamos tentar tal
Trajetória de
formação
coisa, mas isso não vai dar certo
tenta outra”. A gente conversava um
pouco discutia um pouco para entrar
num acordo.
Ontem
Alívio
Por não ter o
compromisso
de ter que
saber tudo.
Mas ao mesmo tempo, eu não
preciso saber tudo, alguém que sabe
fazer isso muito bem, pode me
ajudar.
Trajetória de
formação
Hoje
Raiva e
injustiçada
Por ter que
fazer coisa que
antes eram
feitas na
faculdade e por
essa situação
estar meio
acobertada.
Não foi
discutida.
Pelo aumento
da carga de
trabalho sem
remuneração
Hoje, aqui comunicação com as
faculdades, aqui é um sentimento que
vem quando eu tenho que fazer
coisa, que a faculdade fazia na
faculdade e ela manda para o
professor fazer é um sentimento de
raiva. Porque essas questões não
foram, ainda, discutidas e que acaba
meio onerando a carga horária do
professor, tirando das áreas
administrativas da faculdade essa
tarefa e passando para o professor,
sem levar em conta a hora de
trabalho dele. Então em relação aos
professores que são principalmente
horistas, eles acabam por conta
dessa tecnologia, aumentado a carga
horária do professor e o professor se
sente meio injustiçado. Eu me sinto
injustiçada e me dá um pouco de
raiva mesmo. É raiva mesmo. Isto
está meio acobertado. Isso não foi
discutido.
Utilização para
a atividade
docente
Hoje De ser ajudada
(pelo
computador)
Gratidão
Satisfação
A partir do
momento que
saiba usar
Ao ser humano
que acabou
construindo
essa
tecnologia, que
é ótima para o
preparo da
aula.
Por estar
utilizando um
recurso que a
ajuda,
enquanto
professora para
o preparo de
aulas, a
organização de
material,
guarda de
arquivos para
futuras
consulta e
atualizações.
Preparo de aula, eu acho que ótimo
ajuda, 100%. O sentimento em
relação ao computador, é de que a
partir do momento que eu saiba usar
ele me ajuda. Então o sentimento,
não vou dizer de gratidão, mas eu
acho que é de gratidão ao ser
humano que acabou construindo
essa tecnologia, ao ser que construiu,
e outras coisas que são construídas e
que trazem benefícios para a
humanidade. Acho que sou grata a
essas pessoas, não sei se ao Bill
Gates, mas não deve ser só ele,
enfim todo esse pessoal que
trabalhou em prol dessa tecnologia.
Uso na organização de material de
aula, o arquivo que fica para a gente,
depois a gente pode voltar e
consultar e ou transformar. Não
precisa aquele monte de papel. E nas
pesquisas mesmo, no levantamento
de bibliografia, você entra em sites
científicos, você entra em livrarias,
você procura por palavra-chave para
ver o que tem publicado. Então isso
ajuda bastante na tarefa dos
professores. Então isso dá um
Utilização para
a atividade
docente
Por não
precisar mais
daquele monte
de papel.
Por realizar
pesquisas,
levantamento
de bibliografia,
visita à sites
científicos e
livrarias.
Buscas por
palavra-chave.
sentimento de satisfação, na relação
com o computador, muito grande.
Futuro
Eu acho que a minha relação com o
computador, pelo menos pelos
próximos anos, acho que vai ser
essa, de apoio para o meu trabalho
Utilização na
atividade
docente
Futuro
Dependência Do computador
profissionalmen
te.
Agora em termos profissionais não é
possível viver sem. Você tem que
entrar, você tem que minimamente
saber alguma coisa do computador.
Não tem saída.
Utilização na
atividade
docente
Projeto
Na verdade eu não tenho nem
detalhes, eu sei que tem a idéia, que
a gente conversou no primeiro
semestre, e que a coordenação quer
tentar amarrar esse projeto colocar
na grade de matemática e
metodologia da Língua Portuguesa.
Seriam alguns jogos e trabalhar com
o professor que dá tecnologia
educacional. Agora o detalhe desse
projeto a gente ainda não tem.
Vamos precisar nos encontrar para
verificar, porque o professor de
tecnologia educacional fala que é
assim, ele traz alguns programas
para os alunos analisarem e do ponto
de vista da questão da alfabetização,
eles conseguem olhar com certa
crítica. Porque em termos de
produção de programas tem coisas
interessantes, mas tem coisas que
também não te a ver com alguns
princípios ligados a alfabetização e
letramento que está sendo vinculado
para alfabetização na fase inicial para
as crianças. Mas o professor acha
que os alunos conseguem fazer esse
tipo de coisa, então a idéia seria um
pouco analisar esses programas, ver
quais programas seriam legais, como
um recurso, uma atividade a mais,
tanto na matemática como na língua
portuguesa. Mas nós precisamos
formatar ainda, a idéia interdisciplinar
e juntar um pouco. Eu acho que é
coisa para o ano que vem.
Utilização na
atividade
docente
Ontem
Desespero Pela falta de
noticia.
Nossa! Aqui o sentimento que eu tive
na época, foi assim: foram meu
Não
categorizar
marido e meu filho para o Canadá, eu
tenho dois filhos, eu fiquei com um
aqui e os dois foram para lá. Eu não
consegui ter notícias, por telefone
sim, o tal do e-mail que a gente tinha
combinado, eu não conseguia,
Futuro
Então eu já estou entrando no futuro.
Deixa-me ver o que eu escrevi aqui.
“Atender novas demandas”. Eu acho
que eu te falei, eu passei do presente
para o futuro. Eu acabei te falando
isso aqui que está no futuro.
Não
categorizar
Profª. Leila
Período Afetos
revelados pelo
professor, a
partir do
depoimento
oral
Situações
indutoras
reveladas pelo
professor, a
partir do
depoimento
oral
Depoimento Oral Categorias
Ontem Euforia Devido à
facilidade e a
ajuda que o
computador
proporcionou,
comparando o
com o
mimeografo e
com a máquina
de datilografar
e também pela
possibilidade
de ter e poder
usar um
computador
portátil
Estou tentando lembrar-me de
alguma coisa diferente. Acho que é
porque quando chegou a era do
computador, tudo tinha que se
datilografado, qualquer erro que
acontecia você tinha que reescrever,
redatilografar tudo. Para mim eu
separo em dois momentos, um
quando era mimeografo, por
exemplo, e tudo tinha que ser
mimeografado, depois tudo podia ser
datilografado. E agora a época do
computador, onde o rascunho
começa a não existir. Então quando
eu penso nessa máquina de
datilografar, eu penso numa máquina
de datilografar diferente, mais
sofisticada, como era o único uso que
a gente conseguia fazer, o sistema
não era nem Windows era DOS,
ainda, quando eu comecei a mexer
no computador. Então era só isso que
eu pensava naquela época. Uma
máquina de datilografar
ultramoderna. E que me ajudava
muito. Porque você podia gravar
inclusive, qualquer matriz que vo
quisesse era só ir lá e ela já estava
lá. Você não precisava como no
mimeografo, por exemplo, fazer de
novo uma nova matriz. Eu acho que
sentia uma euforia, acho que era uma
facilidade então ajudava muito. Em
termos de sentimento acho que era
uma coisa diferente. Quando se
pensava em computador eram
coisas muito grandes, coisas que
você tinha pouco acesso, tinha um
computador que era para
processamento de dados da Ford do
Brasil, então imaginava uma coisa
muito grande. E quando você começa
a ver um computador portátil ou
usável então é uma euforia muito
grande.
Computador
Ontem Satisfação Pelo rápido
acesso que
teve aos
primeiros
computadores
lançados no
mercado.
Acho que nesse sentido eu tive uma
vantagem porque eu fui casada com
uma pessoa que era da automação
industrial, então foi assim os
primeiros computadores que eu tive
acesso, também foi rapidamente,
logo que foi chegando ao mercado eu
Computador
já tive acesso.
Hoje Sentimento
bom
Devido à
maneira
diferente de
pensar e
organizar o
pensamento
proporcionado
pelo mundo
virtual
Então quando você pensa em
sentimento, um sentimento bom,
porque eu acho que a gente tem que
pensar em processamento de
pensamento diferente inclusive.
Porque aquele pensamento
sistematizado, para mim eu acho que
não existe mais. Os alunos, hoje, eles
pensam muito menos organizado, no
sentido antigo da palavra, de que tem
uma seqüência, de que tem uma
classificação, uma seriação, uma
moderação. Acho que os alunos
pensam em uma produção final, mas
que tem uma lógica uma
organização, diferente da
organização anterior. Acho que muito
mais globalizante do que é a nossa
proposta.
Computador
Hoje Dependência O computador
como extensão
das mãos.
Eu pensei uma coisa assim da mão
mesmo, uma extensão, porque é
claro que se você tem aquilo, é uma
extensão para pesquisa, dá para
você utilizá-lo como uma fonte de
bibliografia, mas acho que quando eu
penso em Internet, eu acho que já
penso nesse computador junto com o
sujeito.
Computador
Hoje Eu acho que eu pensei na
bibliografia, mas eu acho que já faz
parte, acho que quando você pensa
em computação você já pensa em
acesso rápido. Pensar na internet,
pensar na computação como uma
fonte a mais de pesquisa? Acho que
já pensei mais eu pensei tudo junto.
Extensão das minhas mãos eu acho
que é por isso, tudo eu acho que vai
ter a passagem pela internet e pelo
computador.
Computador
Hoje
É que o computador já faz parte do
dia-a-dia, eu não vejo essa nossa
geração, é uma geração que pensa
diferente porque já convivi com a
Internet, já convivi com o mundo
virtual.
Computador
Ontem Euforia Devido à
facilidade e a
ajuda que o
computador
proporcionou
Então é isso que me vem, eu fui
programadora. Então que quis ir fazer
um curso de programação, gostei e
gosto dessas coisas da informática.
Então eu sou programadora. Acho
que é isso, meio euforia.
Processo de
aprendizage
m do uso do
computador
Hoje Euforia
Pela facilidade
que
proporciona a
vida do
professor e do
aluno, inclusive
Quando eu penso hoje no apoio a
escrita, eu acho que é porque na
realidade isso já veio assim. A letra
pedagógica, boa, aquele trabalho
limpo que a gente tanto exigia, antes,
do aluno, acho que hoje nem como
Utilização na
atividade
docente
Tristeza
os com
necessidades
especiais.
Pela escrita
manual que
está sendo
esquecida
docente tem e nem do aluno você
pode esperar. O que você solicita
hoje para ele pode escrever no
computador. Trazer de um jeito
diferente. Pensando em sentimento
eu acho que é tudo euforia, pensando
que tudo isso facilita a sua vida.
Facilita a vida do professor e facilita a
vida do aluno. Eu tenho um pouco de
tristeza, porque tem uma coisa do
manual que eu acho que vai ficar
esquecida. Acho que é uma
habilidade para quem tem, e que vai
acabar ficando esquecida. Por outro
lado se você pensa em crianças que
tem dificuldade psicomotora, isso é
fantástico ter a máquina, o
computador vem para facilitar, para
as pessoas que tem algum tipo de
necessidade, que são portadoras que
algum tipo de necessidade.
Futuro Expectativa De ter salas de
aulas
equipadas com
multimídias.
Então quando eu falo no amanhã o
trabalho docente já vai estar
incorporado, hoje você escuta assim
_ “Eu preciso solicitar um
equipamento multimídia para dar
aula”. Acho que não, acho que daqui
há algum tempo, as próprias sala
devem estar equipadas, com tais
possibilidades, por isso que eu acho
isso de extensão das mãos do
professor. Você já tem lousas
eletrônicas, em que o professor
escreve em seu computador e já
aparece lá, eu acho que chama
Board Write, então eu acho assim
que já faz parte do processo mesmo
do professor, extensão mesmo,
devido à possibilidade que ele tem de
lecionar de ser docente
Utilização na
atividade
docente
Futuro Preocupação Com todas as
formas de
inclusão.
O docente, eu acho que vira um
facilitador destas coisas. Acho que a
inclusão digital, parte principalmente
do professor. Quando a gente fala em
inclusão no geral, tem que estar
aberto para as inclusões, inclusive a
digital.
Utilização na
atividade
docente
Profª. Maristela
Período Afetos
revelados
pelo
professor, a
partir do
depoimento
oral
Situações
indutoras
reveladas
pelo
professor, a
partir do
depoimento
oral
Depoimento Oral Temas
Amanhã Incerteza Pelas
possibilidades
da tecnologia
para o futuro.
E uma coisa assim que eu não
sei o que estar por vir. De
repente, você pode até fazer
coisas fantásticas que você não
consegue prever. Hoje, já tem
algo assim, a pessoa está
operando lá, o professor está
aqui, ele orienta, já tem coisas
desse tipo. Quem sabe mais pra
frente, a gente não vai fazer
consulta no médico.
Computador
Amanhã Liberdade e
de ocupação
Atualização
e renovação
Esperança
Por ocupar a
cabeça e
permitir fazer e
criar as coisas.
Pelo micro
permitir a
interação com
outras
pessoas.
De utilização,
para interação
com as
pessoas
quando estiver
mais velha.
Então o micro ele é uma coisa,
que é uma libertação, é uma
ocupação, ele é uma coisa que te
ocupa a cabeça, que te permite
fazer coisas, criar. Então o micro
é uma coisa que eu acho até
fantástico nisso. Meu sentimento
de atualização e renovação, de
ele te permitir interagir com
outras pessoas. Porque quem
sabe mais para frente, não vou
começar a bater-papo nele. Olha
tenho uma amiga que mora em
Floripa, duas, uma em Blumenau
e outra em Floripa, as minhas
amigas que moram no interior.
Hoje a gente já manda e-mail
uma para outra. Olha veja tal
coisa, já está além do telefone.
Então quando a gente ficar mais
velha, ai vai ser ótimo.
Computador
Hoje Espanto
Dependência
Com o rápido
avanço que
houve entre as
décadas de 70
e 90.
Não dá para
viver ser o
micro.
É interessante você ver a
evolução, porque se da década
de 70, até 90 que começaram os
PC’s, ficou 20 anos aí que fico
(parou de falar). Aí de repente
quando começam os PC’s, você
vê o bummm que deu. É uma
coisa assim espantosa. Você
pesquisar na Internet. Coisas que
eu uso, pesquiso na Internet,
quer dizer para mim o micro é
fundamental não dá para viver
sem ele. É uma ferramenta que é
todo o ser humano, que habita
esse planeta tem que ter. Não dá
mais para você poder imaginar
que alguém poderá ficar sem.
Computador
Ficar sem micro é ficar longe da
civilização. É você se alienar.
Hoje Não gosta Blog, por achar
que é uma
exposição
Agora eu não gosto desse
negócio de BLOG, o pessoal
gosta. Eu já acho que é uma
exposição, no meu modo de
pensar, isso daí já começa a ser
(parou de falar). A não ser que
você tenha fins comerciais, você
é um designer, você tem alguma
coisa para fazer, você tem um
objetivo.
Computador
Ontem Libertação Por não
precisar, mas
do trabalho da
datilografa.
Que veio o Word, o que era ruim
ainda no 1º momento era que
DOS. Então ainda tinha o
problema que era ruim de mexer,
mas quando saiu o Windows, o
Office e o Word e que os
computadores entraram, então
diminuíram, então o
enxugamento da profissão de
secretária foi enorme. Então no
Itaú nós éramos um grupo de 10
pessoas, que tínhamos uma
secretária só para agendar os
contatos de telefone para a
gente, ela atendia 10 pessoas. A
gente que fazia. (a digitação).
Aqui foi um sentimento de
libertação. Foi um sentimento
assim, eu fiquei livre da
secretária, livre a digitadora, foi
um sentimento de libertação para
mim. Porque eu até poderia
passar para ela alguma coisa. Eu
não sabia fazer era diagramar.
Mas, eu digitava tudo e a
secretária só diagramava. A
minha idéia estava no papel,
tudo estava no papel, e ela
diagramava. Então foi um
sentimento de libertação
Computador
Ontem Surpresa Devido ao
avanço
tecnológico.
Então aqui nessa época “eu não
imaginava o salto que seria dado,
eu não imaginava o salto que eu
ia ter com o computador.
Computador
Ontem
Porque era assim, as coisas que
nós fazíamos, eram coisas tão
pequenas, que eu não precisava
usar o computador, o que gente
precisava usar nessa época do
CENAFOR era a calculadora. Só
bastava você ter uma ótima
calculadora, que você dava
conta. Isso a parte de
processamento de dados, que a
gente trabalhava com pesquisa.
Computador
Ontem
O uso do computador era
desnecessário. Essas 3 épocas
aqui podem dizer que era uma
Computador
coisa desnecessária (uso do
computador). Em termos de
processamento de dados, a
gente fazia a tabulação na mão,
ai eu fazia a tabulação na mão,
fazia as porcentagens na
calculadora, a calculadora era o
mais importante, a gente até
aprendeu a usar um pouco a HP.
Ontem
eu tinha que saber fazer uma
coisa que eu nem imaginava o
quão importante era à nossa
área de educação,
Computador
Ontem Estress e
Angustia
Pelo retrabalho
provocado pela
necessidade
de
redatilografar
os relatórios
devido aos
erros de
datilografia.
Então quando eu estava no
CENAFOR, o que era mais
importante para a gente e
quando a gente escrevia os
relatórios era realmente a gente
poder digitar. Então, às vezes eu
tinha que fazer relatórios e a
digitadora errava uma palavra, ai
ela tinha que digitar tudo e no
que você ia corrigir ela acertava
aquela palavra e errava outra.
Então isso era um trabalho
insano, era uma coisa assim
insana. Então por exemplo, você
tinha um relatório de 60 folhas.
Então, pegava um erro, ela
acertava pegava outro, quer dizer
era uma coisa! Estressava a
gente e a digitadora. Era uma
coisa muito difícil. Depois as
máquinas de digitação
começaram a ter aquele
branquinho, as máquinas de
digitação ficaram melhores, elas
passavam o branquinho, ela
batia com a máquina o
branquinho assentava e ela
corrigia em cima. Não existia o
computador, existia a máquina
de escrever. Então, nesse
aspecto era insano, era um
trabalho angustiante, mas eu
nem imaginava, nessa época que
um computador iria resolver o
problema.
Computador
Ontem Surpresa Com o avanço
tecnológico e
com as
facilidades
proporcionadas
por ele.
Hoje, quando erra uma palavra,
você abre, vai naquela palavra,
corrigi, imprimi. Quer dizer é uma
coisa inimaginável. É uma coisa
para mim de ficção quando eu
volto para trás, e penso o que a
gente passava quando a gente ia
fazer o relatório. Vamos dizer,
aqui predominava o trabalho de
formiguinha, porque você fazia,
refazia e refazia. Mas, você não
imaginava o que era o
Computador
computador. Então eu não tinha
nem noção.
Hoje Cautela e
medo
Acha que sua
geração é mais
medrosa
Por exemplo, a Gláucia, que é de
outra geração, tem uma
diferença de quase 20 anos entre
eu e ela. Ela é bala, ela faz tudo,
eu não, tenho mais cautela. Eu
tenho medo. Porque eu acho que
a minha geração é mais
medrosa.
Computador
Hoje
Mas de qualquer forma eu tenho
scanner, eu scanneio, eu preparo
os textos. Então, eu não sou tão
lerda. Mas, eu não tenho MSN.
Eu podia colocar, uma vez foi
colocado e eu tirei, eu não fico no
micro conversando. Eu não tenho
esse hábito. Eu sou da geração
que prefere falar por telefone.
Agora e-mail não, e-mail eu acho
10. Você se corresponde com
todo mundo se comunica
Computador
Amanhã Incerteza Quanto sua
forma, atual,
de pensar
sobre o uso do
computador
quando ficar
mais velha
Eu estou pensando assim, uma
pessoa mais nova, que não
tenha a minha idade, talvez ela
enxergue o futuro de outra forma,
agora eu enxergo o futuro assim,
não sei se estou falando isso
hoje, porque minha irmã foi viajar
e eu tive que deixar a minha mãe
com as minhas tias, porque
trabalho bastante, minha mãe
tem que ter uma pessoa que
fique com ela, porque ela já tem
90 anos, pode cair e tudo.
Computador
Amanhã
Chega uma hora que o velho fica
mesmo só em casa, com o micro
você vai poder interagir com o
mundo. Você não fica longe do
mundo.
Computador
Amanhã Então eu vejo assim, minha mãe
e minhas tias. Elas são
dependentes do telefone. E
quando as pessoas vão ficando
velhas, elas vão ficando mais
dentro de casa. Então eu vejo
minha mãe, minha tias, elas já
não saem mais tanto.
Não
categorizar
Amanhã
E na casa das minhas tias uma
tem 91 e outra 83, e lá tem o
motorista, a cozinheira arruma a
casa, ajuda porque elas também
fazem as coisas e tem uma moça
que é especializada em cuidar do
idoso, então ela só fica lá, é uma
dama de companhia, ela
conversa com elas, dá os
remédios que elas têm que tomar
e tudo, vai à feira com elas. Lá é
ótimo para a minha mãe. Quando
Não
categorizar
a gente não está por perto e
quem fica mais com a minha mãe
é minha irmã que tem outro tipo
de trabalho. Ai eu fiquei
pensando nisso quando você
veio agora fazer a entrevista.
Veio-me isso na cabeça
Amanhã
A minha irmã tem um amigo dela,
acho que ele fez 81, O Guilhermo
e ele comprou um micro
recentemente. Ele se aposentou.
É assim, ele já era aposentado,
mas aí ele fazia um trabalho em
casa para a firma e então agora
ele parou de trabalhar. E o micro
para ele é tudo, se comunica
com as pessoas, e ele é italiano,
ele fala com os parentes dele na
Itália, com os parentes dele em
Israel. Então ele é uma pessoa,
que já para sair, ele tem carro,
ele sai e tudo. Mas você vê que
ele tem mais limitação. O micro é
o contato dele com o mundo.
Não
categorizar
Amanhã Tem já aquelas pessoas que
fizeram aquelas experiências de
ficar em casa e usar o micro para
tudo, para saber se a pessoa
precisa ou não sair na rua. Daqui
a pouco você faz a consulta do
médico pela Internet. Meu
sentimento é de constante
atualização, é um sentimento de
que não dá para ficar parada.
Não
categorizar
Ontem Angustia Então aqui é angustia (1º e 2º
quadro)
Não
categorizar
Ontem Então a gente já fazia tudo, e é
uma coisa tão engraçada, que é
assim a mão de obra, que no
CENAFOR cada grupo tinha uma
digitadora, uma secretária. E a
mesma coisa no Itaú, quando
chegaram os PC’s, então tinha
uma secretária que atendia 20
pessoas, quer dizer tinha POOL
de digitação. As empresas
tinham o POOL de digitação. O
banco até chegou a ter o POOL
de digitação, ai quando vieram os
PC’s.
Não
categorizar
Hoje
Eu tenho uma conhecida, ela é
psicóloga, e ela tem, eu acho que
é um BLOG, nem sei mas se é
BLOG ou se ela já tem uma
página. Ela é uma psicóloga que
trabalha com hospitais com
doentes com câncer. E ela
montou um BLOG que era sobre
oncologia, ela tem assim
prevenção, diagnóstico, o que
Não
categorizar
fazer, então ela montou, ela
trabalha. Ela tem uma página,
agora é patrocinada, acho que
agora virou até site. Está
patrocinada por laboratório.
Então ela tem um objetivo
especifico. Agora tem gente que
monta Blog, e eu não vejo
objetivo. Mas as pessoas vêem.
Ontem Angustia Por ter que
usar
programação
Então é aqui, “meu contato com
o computador”, foi quando eu fui
fazer mestrado no INPE, então
quando eu fui fazer o mestrado
no INPE, o primeiro sentimento
foi assim vamos dizer de
angustia, por vários motivos
porque primeiro que era DOS,
então tinha que saber fazer
programação em DOS, alias
porque nessa época, década de
70, não tinha PC, existia só o
computador enorme.
Processo de
formação do
uso do
computador
Ontem
Então tinha que aprender a fazer
a programação, tinha que
aprender a perfurar o cartão,
depois de fazer isso, tinha que
passar para o técnico, que
rodava no computador e
entregava um relatório com os
cartões.
Processo de
formação do
uso do
computador
Ontem Angustia Por não
dominar a
programação
Então aqui era assim “na década
de 70 perfurava cartões... depois
se estive errado o técnico
devolveria, para alguém como eu
que não dominava”, aqui vamos
dizer no 1º momento foi angustia
Processo de
formação do
uso do
computador
Ontem
Eu tive no Itaú meus primeiros
cursos de Word, mas no Itaú eu
só aprendi a mexer no Word.
Processo de
formação do
uso do
computador
Ontem Espanto Por conhecer
como
funcionava o e-
mail
Eu fui quando eu estava no
banco Itaú, será que foi no
começo da década de 90, acho
que no começo da década de 90,
eu fui à Gávea, a IBM tem um
centro de treinamento na Gávea.
E eu ganhei um curso, para ir lá.
E era um curso em que eles
apresentavam todos os recursos
de informática, como que você
explora o micro. Eles estavam
começando com o e-mail. Era
espantoso. Fechava o curso com
uma pessoa da IBM passando
um e-mail para uma pessoa do
Japão. Aí vinha a resposta. Você
ficava pensando Ohhh. E hoje
você manda. Então isso eu acho
fantástico. Foi assim espantoso,
Foi de você fala _ Puxa que
Processo de
formação do
uso do
computador
maravilha! Era uma coisa assim
_ Será que é verdade. Foi quase
assim, como o homem descendo
à Lua. Uma coisa que eu não
imaginava. Porque nessa época
não se falava em Internet, foi
bem numa época que eles
começaram, essa coisa estava
começando.
Hoje Sofrimento
Desespero
Por ter que
usar o Office
2007 e estar
acostumada
com o 2003
Quando traz
trabalho para
casa e tem que
usar o Office
2007
Agora eu troquei o micro,
comprei um LapTop e o Office é
2007, eu estou sofrendo, é
completamente diferente do
Office até então.
Então agora eu estou sofrendo
com ele, e como na Fundação eu
passo 8h, e uso o da o modelo
antigo. Quando eu chego em
casa, todo o trabalho que eu vou
fazer é um desespero. Nem o
pessoal da informática na
Fundação trabalha com esse.
Então eles também não sabem.
Processo de
formação do
uso do
computador
Hoje Ansiedade Quando não
sabe alguma
coisa
Mas hoje eu ainda tenho um
pouco de ansiedade, quando eu
não sei uma coisa, eu fico
ansiosa. Eu chamo o menino,
tem um menino que cuida do
meu micro, ele é aluno daqui, ele
vai lá, se eu não sei, ele explica.
Ele compra os equipamentos
para mim, estas coisas, ele vai
me explicando e eu vou
aprendendo com ele. “Não
concebo mais trabalhar sem
micro, minha tese, o convite de
casamento da minha filha, o
exame médico, etc.”
Processo de
formação do
uso do
computador
Hoje Sofrimento Por ter que
aprender com
a prática e com
a necessidade
profissional
Foi um aprendizado sofrido, não
foi um aprendizado fácil. Porque
você vai aprendendo sempre
com a prática. O computador é
uma descoberta, você não usa
você desaprende e para você
não desaprender, você tem que
usar sempre. O aprendizado é
uma necessidade profissional, se
você não sabe tudo isso, se você
não sabe mexer no Power Point,
se você não sabe mexer no
Word, se você não sabe mexer
no Excel, nesses 3 programas,
pelo menos. Você sempre vai
ficar refém de alguém, que vai ter
que fazer as coisas para você.
Agora tudo isso é uma
descoberta, que você tem que ir
caminhando e explorando.
Porque as pessoas também não
param para te ensinar, ensinam o
Processo de
formação do
uso do
computador
básico e PT saudações. Não é
verdade? Ensina o básico e
pronto. Você que corra atrás do
prejuízo. Então é uma coisa
difícil.
Hoje Felicidade
Preguiça
Medo
Com cada vez
que aprende
Tem que ter
alguém para
ensinar
De estragar o
micro. De
perder
informações e
não saber
recuperar
Então, hoje, o sentimento para
mim, é isso de você fazer o
trabalho, todo. Agora, eu me
sinto feliz cada vez que eu
aprendo uma coisa, eu gosto de
usar, mas eu não sou o supra-
sumo. Eu sou preguiçosa, eu
gosto de ter alguém que me
ensine. Eu tenho medo de
mexer. Eu tenho receio de
estragar o micro. Porque eu não
sei recuperar as coisas, então eu
não tenho alguns
conhecimentos, que outras
pessoas têm.
Processo de
formação do
uso do
computador
Amanhã
Eu acho assim esse bichinho é
uma coisa que você não fica
parada. Você vai ter que
constantemente estar se
atualizando, diante das
inovações. Porque se levou 20
anos de 90 para 2000, já a
revolução foi completa. Meu
sentimento, eu acho que é de
aprendizado, meu sentimento é
uma coisa assim.
Processo de
formação do
uso do
computador
Ontem Estress e
angustia
Por ter que ser
aprovada na
matéria de
programação
E para você entrar no INPE, uma
condição para você fazer o
mestrado lá dentro, que você
fosse aprovada nessa matéria
(programação). Então todo
mundo que queria fazer
mestrado no INPE, além de
passar no exame, era uma
entrevista e um exame de
seleção por currículo. Depois
disso você tinha que fazer um
curso, então, por exemplo, eles
selecionavam 60 e 30 passariam,
você tinha que ser aprovada na
disciplina dos cursos, então era
assim tinha aula de estatística,
aula de programação, aula de
análise de sistema e uma aula de
comunicação, rádio e TV. Porque
a gente iria trabalhar com ensino
a distância. Então se você não
passasse nisso, os outros a
gente sabia, quer dizer era mais
tranqüilo, agora esse aí, você
saber perfurar, fazer o programa.
O meu sentimento foi
estressante, mas nada que eu
não pudesse fazer, mas eu
Trajetória de
formação
E
Processo
de formação
do uso do
computador
também não achei prático, achei
que era uma coisa! Como é que
eu vou te falar, uma coisa
trabalhosa, então eu também não
gostei, e quando terminou o
INPE, eu até nem usei os meus
conhecimento de computador, eu
fiz a minha pesquisa e levei para
um estatístico que processou
para mim. Então eu nem me
preocupei em saber como é que
usava, como é que eu
continuaria usando esse
computador. Então foi isso, aqui
foi de angustia.
Ontem
.... aqui depois dessa década de
70, foi uma etapa desnecessária,
porque a não ser que você fosse
trabalhar com dados
quantitativos, mas a gente fazia
as coisas, não usávamos
computador nessa época, aqui
eu comecei a trabalhar no
CENAFOR, “quando, sai do
INPE”, essa época que para mim
era desnecessário (Computador),
não usei.
Trajetória
profissional
Ontem
... do CENAFOR eu fui trabalhar
no banco Itaú (5º quadro), foi
quando surgiram os PC, foi
ótimo, porque daí eu comecei a
aprender.
Trajetória
profissional
Hoje Libertação
ainda maior
Porque além
de usar o
Word, também,
utiliza outros
softwares
E quando eu fui para a Fundação
Carlos Chagas , meu sentimento
de libertação foi maior ainda.
Porque agora, hoje, eu sei
diagramar, hoje eu sei mexer no
Paint Push, eu sei o Excel, eu
aprendi mexer no Excel, hoje a
minha libertação é maior ainda.
Trajetória
Profissional
Amanhã O micro para eu planejar a minha
aposentadoria é uma coisa
interessante. Porque você
sempre vai ter que se atualizar
nos software e tal. Eu penso
assim se eu não tiver Alzheimer.
O que é que vai acontecer. O
micro vai ser a ferramenta dos
velhos. Porque você pode pedir
coisas, pode ler coisas, pode
fazer coisas, você pode se
corresponder.
Trajetória
profissional
Hoje Liberdade Por poder
desenvolver
questionários e
qualquer
pessoa poder
Porque na Fundação essa
liberdade foi maior ainda, porque
daí agora, hoje eu sei diagramar,
hoje eu sei mexer no Paint Push,
eu sei o Excel, eu aprendi mexer
Utilização na
atividade de
docente
tabular e só
voltar para ela
tirar as médias
no Excel, hoje a minha libertação
é maior ainda. E para eu me
libertar mais, agora eu tenho que
aprender os programas, mexer
com os softwares, agora tem um
software o SPSS, de estatística,
então preciso aprender. Por que,
que é de libertação? Porque
hoje, por exemplo, eu tenho que
aplicar questionário para avaliar
o curso de Pedagogia eu montei
o questionário, eu vou montar a
planilha, e qualquer pessoa pode
tabular para você. Eu passo para
a pessoa, ela tabula para mim,
depois eu pego e tiro média,
pontuação. Hoje você faz tudo,
faço gráfico. Eu sei recortar colar,
eu sei colocar figura, Power
Point. Eu faço as minhas
apresentações, eu crio do jeito
que eu quero
Hoje Confesso que hoje não sou das
mais informatizadas. O uso do
micro é para o trabalho. “Já que
sou professora e pesquisadora”.
Utilização na
atividade de
pesquisa e
de
coordenação
Hoje
Então é um pouco isso que eu
falei, “a relação com a internet,
meu uso é de pesquisa,
correspondência. Não entro em
sala de bate papo”, quer dizer
essas coisas eu não faço.
Utilização na
atividade de
pesquisa e
de
coordenação
Projeto e
questões
da
Faculdade
Na pedagogia, até hoje, eu acho
que eles já deviam ter feito.
Quando se tem um software, há
milhões de softwares. Softwares
bons e ruins. Quando o aluno
chegar numa escola que vai ter
laboratório, essa escola não tem
laboratório para esse aluno
aprender a mexer com Word e
Excel. Os professores, por
exemplo, levam para aprender
matemática. Então eles usam
softwares educativos. E como o
meu aluno que sai da Pedagogia
vai atuar? Ele vai ter que
aprender. Então eu quero, eu
queria que elas trabalhassem
utilizando softwares educativos.
E esses softwares fossem
analisados por elas e pelo
Daniel. E o Daniel faria a
discussão com elas de como
você analisa Software
educativos. Só que elas não
interagem com o Daniel. O
Daniel está fazendo sozinho. Eu
esperava que esse ano elas se
preparassem, elas não
pesquisaram, eu acho que a Íris
não pesquisou, a Íris nem se
mexeu. A Elena que falou, então
a Elena está preocupada, ela
tocou no assunto. Só que eu
acho que elas têm que se mexer.
Não sou eu que tenho que
marcar uma reunião. É um pouco
isso que eu falo para você que é
o gerenciar pessoas, eu cheguei
falei. Agora elas têm que fazer.
Porque não sou eu que tenho
que falar, olha! Porque eu
trabalho aqui 4 horas só de
coordenação. Eu não posso vir
aqui na 2ª, na 3ª, na 4ª, na 5ª
para fazer reunião. Elas têm o
endereço do professor. Todos
têm o e-mail dele. Eu já dei o e-
mail dele. Agora é um caos. E
me irrita muito, porque eu passo
um texto para ele, porque é
assim tem um curso de educação
infantil, pronto no MEC. No site
do MEC. Tem um curso de
educação infantil, não sei se
você já viu no site do MEC. Que
é um curso prontinho para a
formação do professor para a
educação infantil. Têm todas as
apostilas, todo o curso é
apostilado. Eu passei para eles.
Eu falei se conhecia, a maioria
respondeu que não. Quer dizer
não procuram. Eu passo. Não
tem o uso do computador, quer
dizer porque eles são da minha
geração, então eles usam o
computador, mas eu os acho têm
que estar atualizado nesse
sentido. Tem material no MEC e
na secretaria da educação que
você baixa, é uma coisa super
interessante. Você baixa aquilo lá
e a apostila já está pronta. Você
já tem um material que você
pode explorar com os seus
alunos. Você pode dizer, vai a tal
lugar. E você pode usar como
material didático também. E pode
usar como orientação, como
referência para o seu curso. Será
que estou dando aquilo que
deveria dar, eu estou atualizada.
Vai lá no MEC, uma equipe de
pessoas que está altamente
especializada montou aquele
curso, é só eu comparar. Então
eu passei para todos os
professores, um pedacinho,
baixei uma apostila de currículo,
uma de avaliação, uma apostila
de matemática, uma apostila de
português e passei para eles.
Então eu acho que é uma coisa
de você estar olhando. E o que
eu acho, além disso, as escolas
estão com laboratório de
informática, então como eu vou
formar um aluno que não tem
não o conhecimento do que é um
laboratório de informática na
escola? Então o que eu estou
pedindo para elas, eu passei um
ano, nenhuma delas passou e-
mail para o Daniel. Nem ele para
elas! Mas ele se ofereceu, ele até
já achou um site francês, G
Combri, ele achou, quer dizer ele
foi atrás. Agora elas têm que ir
atrás dele. Eu não pressionei,
estou falando sem pressionar,
agora para acontecer eu vou ter
que pressionar, para pressionar
eu acho chato porque professor
universitário. Mas esse ano eu
vou fazer, quando elas me
mandarem o programa, eu vou
ler e vou devolver. Eu vou ser
chata esse ano. Esse ano 2007
eu não fui, eu pedi, falei, falo,
aconselho. 2008 eu vou
devolver. Eu vou pedir para elas
fazerem a pesquisa. Eu vou falar
para atualizar.
EaD
Sobre a plataforma de ensino a
distância:
Não estamos utilizando, nós
fizemos uma reunião, agora, para
discutir isso. Tem duas
disciplinas no sábado. Então eu
já fiz uma reunião com os
professores envolvidos. Num
sábado, eu vim aqui, fizemos a
reunião, para começar o ensino a
distância. Parou aí. Ninguém
mais se mexeu. Então o que eu
vou fazer, eu vou planejar uma
nova reunião com a coordenação
da faculdade. Eu vou pedir a
coordenação convocar todos nós
para uma reunião. Para falar do
ensino a distância. Eu quero que
ela institua essa condição. Para
sair! Porque como eu falei para
elas, sabe o que eu acho, não
precisa nem ser, rigidamente,
ensino a distância, para mim é o
seguinte, se elas fizessem
estudo dirigido, onde elas
tivessem a ligação com os
alunos, um apoio ao presencial,
se funcionasse assim já estava
bom. Elas podem dar um estudo
dirigido, o aluno responde,
manda para elas, elas corrigem,
devolve para os alunos com
comentário. Elas não teriam que
vir à faculdade, elas só teriam
que vir um sábado por mês. [...]
Não precisa fazer a técnica de
como construir o material, para
estudo digirido, que tem que ter
isso, tem que ter tal
diagramação, que tem que fazer
isso. Acho que nem precisava
ser assim. Começando a gente
vai!
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