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captação das imagens
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, todavia em suporte próprio – num gravador Nagra
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ou
DAT, por exemplo; a trilha com os ruídos dos objetos de cena e do ambiente é
composta por uma variedade de pequenos trechos pós-sincronizados à imagem – o
estilhaçar de uma janela, os passos apressados na escada, o chamar de um
telefone, o sibilar do vento, o estampido de um tiro, o circundante e confuso ruído do
trânsito –muitas vezes são criados inteiramente pelos profissionais
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responsáveis
pelo som; e, por fim, a trilha musical que estabelece e reforça o tom emocional das
cenas, criando o contraponto audiovisual
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. O conjunto de todos os sons mixados e
já sincronizados com a imagem, constitui a banda ou trilha sonora. Esta é enviada
em fita magnética ao laboratório para que seja transcrita para película ótica.
Finalizada a montagem, o filme encontra-se terminado e não mais poderá
ser alterado. O corte final do filme comportado no copião, que neste estágio é a
única materialização da parte visual do projeto, é enviado ao laboratório para que
seja feito o corte do negativo original.
Nesta importante e delicada etapa, um técnico especializado corta o
negativo tomando como referência os números de borda, de maneira que os
segmentos do original sejam idênticos aos do copião. Estes segmentos são unidos
com uma cola especial e passam por um analisador de cor, onde o diretor de
fotografia e o colorista, determinam o color timing
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, ou marcação de luz, do filme.
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Alternativamente a voz pode ser pré-sincronizada, recurso bastante utilizado em musicais e vídeo clipes, onde
uma gravação prévia do ator é colocada em autofalantes no estúdio, ou locação, e, no momento da filmagem, o
ator move os lábios em sincronismo, como se estivesse cantando. Outra opção é a pós-sincronização, na qual,
após a captação das imagens, na fase de pós-produção, os atores gravarão suas vozes assistindo às cenas
montadas, tentando manter o sincronismo – automated dialog replacement ADR nos E.U.A. e pos-
synchronization na Europa. Este recurso, que era utilizado basicamente quando uma cena externa não continha
extensos diálogos, passou a fazer parte da rotina de alguns diretores que as utilizavam mesmo em cenas rodadas
em estúdios. Rossellini é um dos exemplos usuais desta prática.
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O gravador Nagra, com sua fita de ¼ de polegada, é um dos ícones do som no cinema e durante cerca de
quatro décadas foi a melhor escolha, do ponto de vista técnico, para a gravação de som direto. Com o passar dos
tempos e maior difusão das tecnologia digitais, o Nagra perdeu espaço para o gravador DAT – Digital Audio
Tape – que valendo-se de uma fita de 4mm encapsulada, garantia altíssima qualidade amostrando a 48khz – 16b.
Lançado na década de 80 pela Sony, ocupou o lugar de seu antecessor com fitas magnéticas não por muito
tempo. No ano passado, 2005, a Sony anunciou que a produção do DAT seria descontinuada. Estabeleceu-se a
gravação em disco rígido.
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Os termos são diversos para designar os profissionais responsáveis pelo som do filme: diretor de som,
operador de som e assistente de som; sonoplasta, som direto e operador de boom; engenheiro de som, técnico de
som e microfonista; design de som, operador de boom (e outras variações). Para nosso objetivo, optamos por nos
referir ao conjunto, independentemente da nomenclatura adotada.
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Eisenstein referia-se à montagem combinada das imagens, do som, das palavras e da música como contraponto
audiovisual.
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Em inglês, o termo mais abrangente para a marcação de luz é color-grading, pois engloba as correções foto-
químicas, eletrônicas e digitais. Contudo, para o processo foto-químico o mais adequado é o termo color-timing,