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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTA
MENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
ESTUDO DA ASSOCIAÇÃO ENTRE SÍNDROME PRÉ
-
MENSTRUAL,
PERSONALIDADE E DESEMPENHO ESPORTIVO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADODISSERTAÇÃO DE MESTRADO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
PATRÍCIA APARECIDA GAION
PATRÍCIA APARECIDA GAIONPATRÍCIA APARECIDA GAION
PATRÍCIA APARECIDA GAION
MARINGÁ
MARINGÁMARINGÁ
MARINGÁ-
--
-PARA
PARANÁPARANÁ
PARANÁ
2008
20082008
2008
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iii
Maringá
2008
PATRÍCIA APARECIDA GAION
ESTUDO DA A
ESTUDO DA AESTUDO DA A
ESTUDO DA ASSOCIAÇÃO
SSOCIAÇÃO SSOCIAÇÃO
SSOCIAÇÃO
ENTRE SÍNDROME PRÉ
ENTRE SÍNDROME PRÉENTRE SÍNDROME PRÉ
ENTRE SÍNDROME PRÉ-
--
-
MENSTRUAL, PERSONALIDADE
MENSTRUAL, PERSONALIDADEMENSTRUAL, PERSONALIDADE
MENSTRUAL, PERSONALIDADE
E
EE
E
DESEMPENHO ESPORTIVO
DESEMPENHO ESPORTIVODESEMPENHO ESPORTIVO
DESEMPENHO ESPORTIVO
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iii
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação Associado
em Educação Física UEM/UEL para
obtenção do título de Mestre em
Educação Física.
Maringá
2008
PATRÍCIA APARECIDA GAION
ESTUDO DA
ESTUDO DA ESTUDO DA
ESTUDO DA ASSOCIAÇÃO
ASSOCIAÇÃO ASSOCIAÇÃO
ASSOCIAÇÃO
ENTRE SÍNDROME PR
ENTRE SÍNDROME PRENTRE SÍNDROME PR
ENTRE SÍNDROME PRÉ
ÉÉ
É-
--
-
MENSTRUAL,
MENSTRUAL, MENSTRUAL,
MENSTRUAL, PERSONALIDADE
PERSONALIDADEPERSONALIDADE
PERSONALIDADE
E
EE
E
DESEMPENHO ESPORTIVO
DESEMPENHO ESPORTIVODESEMPENHO ESPORTIVO
DESEMPENHO ESPORTIVO
Orientadora: Profª. Drª. Lenamar Fiorese Vieira
iv
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Central - UEM, Maringá – PR., Brasil)
Gaion, Patrícia Aparecida
G142e Estudo da associação entre síndrome pré-menstrual,
personalidade e desempenho esportivo / Patrícia Aparecida
Gaion. -- Maringá : [s.n.], 2008.
158 f.
Orientador : Profª. Drª. Lenamar Fiorese Vieira.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Maringá.
Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física
UEM/UEL, área de concentração: Estudos do Movimento Humano,
2008.
1. Síndrome pré-menstrual. 2. Personalidade. 3. Estado de
humor. 4. Esporte. 5. Psicologia do esporte. 6. Medicina do
esporte. I. Universidade Estadual de Maringá. Programa de Pós-
Graduação Associado em Educação Física UEM/UEL. II. Título.
CDD 21.ed. 796.01
v
Este exemplar corresponde a defesa de
Dissertação de Mestrado defendida por
Patrícia Aparecida Gaion e aprovada pela
Comissão julgadora em:
29/02/2008.
Profª. Drª. Lenamar Fiorese Vieira
Orientadora
Maringá
2008
PATRÍCIA APARECIDA GAION
ESTUDO DA A
ESTUDO DA AESTUDO DA A
ESTUDO DA A
SSOCIAÇÃO ENTRE SÍNDRO
SSOCIAÇÃO ENTRE SÍNDROSSOCIAÇÃO ENTRE SÍNDRO
SSOCIAÇÃO ENTRE SÍNDRO
ME
ME ME
ME
PRÉ
PRÉPRÉ
PRÉ-
--
-MENSTRUAL, PERSONALIDADE
MENSTRUAL, PERSONALIDADEMENSTRUAL, PERSONALIDADE
MENSTRUAL, PERSONALIDADE
E
E E
E
DESEMPENHO ESPORTIVO
DESEMPENHO ESPORTIVODESEMPENHO ESPORTIVO
DESEMPENHO ESPORTIVO
v
COMISSÃO JULGADORA
Profª. Drª. Lenamar Fiorese Vieira
Orientadora
Prof. Dr. Afonso Antonio Machado
Prof. Dr. José Luiz Lopes Vieira
vii
Dedicatória
Dedico este trabalho à minha família.
ix
Agradecimentos
Ao finalizar este estudo, gostaria de agradecer a todos aqueles que, de
alguma maneira, contribuíram para minha formação acadêmica na pós-
graduação:
Ao Programa de Mestrado Associado em Educação Física Universidade
Estadual de Maringá e Universidade Estadual de Londrina, pela ótima
estrutura oferecida durante os dois anos de Mestrado.
À minha orientadora, Lenamar Fiorese Vieira, pela oportunidade,
aprendizado, paciência e especialmente pela valiosa contribuição ao meu
crescimento profissional e pessoal.
Ao corpo docente do Programa, sobretudo àqueles com os quais eu tive
a satisfação de conviver e aprender através das disciplinas cursadas.
À colega Celene Maria Longo da Silva, do Programa de s Graduação
em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas/RS, pelo auxílio
durante a realização deste trabalho.
x
À Secretaria de Esportes do Município de Maringá/PR pelas
informações a respeito das modalidades esportivas desenvolvidas na cidade.
Aos técnicos e principalmente às atletas participantes, pela
disponibilidade, seriedade e comprometimento durante a realização da
pesquisa.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), pelo apoio recebido através de bolsa de estudo durante o primeiro
ano do Mestrado.
Aos amigos e também a todos os colegas do Mestrado, em especial,
João Ricardo Nickenig Vissoci, Leandro Rechenchosky, Augusto César de
Moraes e Priscila Garcia Marques da Rocha por toda ajuda recebida e por
terem tornado essa fase de grande aprendizado, mais prazerosa.
E, em especial a toda minha família: minha mãe, minhas irmãs, meu
irmão, minhas sobrinhas e à tia Cema, por todo o apoio e incentivo recebido.
E a Deus por colocar pessoas tão especiais em minha vida!
xi
“Cada procedimento deixa atrás de si algum traço de sua ocorrência
um novo fato, o germe de uma idéia, uma reavaliação de alguma coisa, um
apego mais afetuoso a alguém, uma leve melhora em uma habilidade, uma
renovação de esperança, uma outra razão para o desânimo. Assim,
lentamente, em gradações praticamente imperceptíveis às vezes por meio
de um súbito pulo para a frente ou de um escorregão para trás - a pessoa
muda dia-a-dia. Uma vez que seus amigos e familiares também mudam,
podemos dizer que, sempre que ela se encontra com um deles, ambos estão
diferentes. Em resumo, cada procedimento é em alguns aspectos único
(MURRAY; KLUCKHOHN, 1953)”.
xv
GAION, Patrícia Aparecida. Estudo da Associação entre Síndrome Pré-Menstrual,
Personalidade e Desempenho Esportivo 2008. 158f. Dissertação (Mestrado em
Educação Física) Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Educação Física.
Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2008.
RESUMO
O estudo investigou a associação entre Síndrome Pré-Menstrual (SPM), características
de personalidade, perfil de estado de humor e percepção de impacto dos sintomas pré-
menstruais no desempenho esportivo. Fizeram parte do estudo, 25 atletas de diferentes
modalidades esportivas, com idade entre 18 e 49 anos, vinculadas à Secretaria de
Esportes do Município de Maringá/PR. Os instrumentos utilizados foram: Ficha de
Identificação da Atleta, Ficha de Diagnóstico de SPM, Ficha de Percepção de Impacto
dos Sintomas Pré-Menstruais no Desempenho Esportivo, Inventário Fatorial de
Personalidade (IFP), Profile of Mood States (POMS) e Diário de Sintomas da SPM,
sendo os dois últimos preenchidos durante dois ciclos menstruais. Para análise dos
dados utilizou-se os testes: Shapiro-Wilk, Mann-Whitney, Wilcoxon, Friedman, Kruskal-
Wallis e exato de Fisher, adotando P<0,05. Verificou-se que a prevalência de SPM
estimada de forma retrospectiva foi maior que a estimada através do acompanhamento
diário, sendo ambas consideradas altas. Foram encontradas associações significativas
entre SPM e volume de treinamento semanal, número de sintomas, sintomas físicos,
mastalgia e desconforto abdominal. As atletas com SPM diferiram-se das atletas sem
SPM por forte necessidade de desempenho, necessidades fracas de assistência e de
intracepção e necessidade muito fraca de mudança e as atletas sem SPM diferiram-se
por muito forte necessidade de denegação e necessidades fortes de assistência, de
dominância e de persistência. Houve associação significativa entre necessidade de
denegação (fraca) e SPM. As atletas com SPM apresentaram valores de último dia do
ciclo menstrual (CM) superiores às atletas sem SPM nas dimensões fadiga, raiva e
confusão. As atletas sem SPM apresentaram queda na dimensão confusão do dia à
última semana do CM e as atletas com SPM tiveram diminuição na dimensão vigor da
última semana para o último dia do CM. As atletas sem SPM não apresentaram perfil
iceberg em nenhum dos dias devido ao baixo escore na dimensão vigor e as atletas
com SPM não apresentaram perfil iceberg principalmente no período pré-menstrual e
menstrual, devido aos altos escores nas dimensões fadiga e raiva e baixo escore na
dimensão vigor. Grande parte das atletas (80%) relatou impacto dos sintomas pré-
menstruais no desempenho esportivo, sendo que a maioria se sentiu mais afetada
durante os treinamentos do que nas competições. Foi encontrada associação
significativa entre percepção de impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho
esportivo durante os treinamentos e SPM estimada de forma retrospectiva, e percepção
de impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo durante as
competições com SPM estimada pelo acompanhamento diário, volume de treinamento
semanal, isolamento e mastalgia. As atletas que sentiram impacto dos sintomas pré-
menstruais no desempenho esportivo apresentaram maior necessidade de
xvi
heterossexualidade e de desempenho. Concluiu-se que a SPM desperta necessidades
primárias (dor, mal estar) nas atletas que, quando expostas a ambientes de pressão
(competições), entram em conflito com outras necessidades secundárias (como
desempenho), fazendo com que essas atletas apresentem maior estado de tensão e
percebam como negativo o impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho
esportivo.
Palavras-chave: Síndrome Pré-Menstrual; Personalidade; Estado de Humor; Esporte.
xvii
GAION, Patrícia Aparecida. Study of the association between Premenstrual Syndrome,
Personality and Sport Performance. 2008. 158f. Dissertation (Master Degree in Physical
Education) – Health Science Center. State University of Maringá, Maringá, 2008.
ABSTRACT
This study investigated the association between Pre-Menstrual Syndrome (SPM),
personality characteristics, mood state profile and perceived impact of pre-menstrual
syndrome symptoms on sport performance. Were part of the study 25 athletes from
different sport modalities, with ages varying from 18 to 49 years old, connected to the
Sport Secretariat from de City of Maringá/PR. The instruments used were: athlete
identification sheet, the SPM`s diagnostic sheet, perceived SPM`s symptoms impact on
sport performance sheet, Factorial Personality Inventory (IFP), Profile of Mood States
(POMS) and a SPM`s symptoms diary, being that the last two were answered during two
menstrual cycles. For the data analysis were used the tests: Shapiro-Wilk, Mann-
Whitney, Wilcoxon, Kruskal-Wallis and the exact of Fisher, adopting P<0,05. It was
verified that the SPM prevalence estimated retrospectively was higher than the one
estimated through daily following, being that both were considered high. Significant
associations were found between SPM and the weekly training volume, number of
symptoms, physical symptoms, breast pain and abdominal discomfort. The athletes with
SPM differed from the athletes without SPM by high need of performance, low need of
assistance and intraception, and high need of change, as the athletes without SPM
differed by very high need of assistance and high need of dominance, denegation and
persistence. There were significant association between denegation (low need) and
SPM. The athletes with SPM presented Menstrual Cycle`s (CM) last day values higher
than those from the athletes without SPM for the fatigue, anger and confusion
dimensions. The athletes without SPM presented a decrease on confusion dimension
from the 7º day to the last week of the CM and the athletes with SPM had a decrease on
vigor dimension from the last week to the last day of the CM. The athletes without SPM
did not present the iceberg profile in none of the days due to the low level of vigor
dimension and the athletes with SPM did not present iceberg profile mainly on the pre-
menstrual and menstrual, due to high scores on fatigue and anger dimensions and low
scores on vigor dimension. Most part of the athletes (80%) informed an impact of SPM
symptoms on sport performance, being that most of them felt more affected in training
than in competition. Significant association was found between perceived impact of
syndrome`s symptoms on sport performance during training and SPM estimated
retrospectively and perceived impact of syndrome`s symptoms on sport performance
during competitions with SPM estimated by dairies, week training volume, isolation,
breast pain. The athletes who perceived impact of pre-menstrual syndrome symptoms
on sport performance showed higher need of heterosexuality and performance. So it is
concluded that SPM awake primary needs (pain, sickness) in athletes that, when
exposed to pressure environments (competitions), have conflicts with secondary needs
xviii
(such as performance), allowing these athletes to present higher tension states and
perceive the pre-menstrual symptoms impact on sport performance as negative.
Keywords: Pre-Menstrual Syndrome; Personality; Mood States; Sport.
xix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 -
Perfil de personalidade do total de atletas e das atletas com e sem
síndrome pré-menstrual......................................................................
57
Figura 2 -
Valores de mediana do total de alteração do humor das atletas ao
longo dos ciclos menstruais................................................................
62
Figura 3 -
Valores de mediana do total de alteração do humor das atletas com
e sem síndrome pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 1...........
63
Figura 4 -
Valores de mediana do total de alteração do humor das atletas com
e sem síndrome pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 2...........
64
Figura 5 -
Percentis do perfil de estado de humor das atletas ao longo do ciclo
menstrual 1.........................................................................................
68
Figura 6 -
Percentis do perfil de estado de humor das atletas ao longo do ciclo
menstrual 2.........................................................................................
68
Figura 7 -
Percentis do perfil de estado de humor das atletas com síndrome
pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 1......................................
69
Figura 8 -
Percentis do perfil de estado de humor das atletas sem síndrome
pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 1......................................
70
Figura 9 -
Percentis do perfil de estado de humor das atletas com síndrome
pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 2......................................
70
Figura 10 -
Percentis do perfil de estado de humor das atletas sem síndrome
pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 2......................................
71
Figura 11 -
Percentis do perfil de personalidade das atletas com e sem impacto
no desempenho esportivo...................................................................
78
Figura 12 -
Modelo da Associação entre Síndrome Pré-Menstrual,
Personalidade e Desempenho Esportivo............................................
118
xix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 -
Prevalência de síndrome pré-menstrual estimada de forma
retrospectiva e com acompanhamento diário......................................
52
Tabela 2 -
Freqüência e percentual dos sintomas pré-menstruais totais,
emocionais e físicos dos grupos com e sem síndrome pré-
menstrual.............................................................................................
54
Tabela 3 -
Distribuição de atletas com e sem síndrome pré-menstrual de
acordo com faixa etária, tempo de prática, tipo de esporte, volume
de treinamento semanal e sintomas pré-menstruais...........................
55
Tabela 4 -
Distribuição de atletas com e sem síndrome pré-menstrual de
acordo com as características de personalidade................................
60
Tabela 5 -
Valores de mediana e intervalo interquartílico das dimensões do
humor das atletas ao longo dos dois ciclos menstruais......................
65
Tabela 6 -
Distribuição de atletas de acordo com percepção de impacto dos
sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo durante os
treinamentos, em função de SPM, faixa etária, tempo de prática,
tipo de esporte, volume de treinamento e nível técnico......................
73
Tabela 7 -
Distribuição de atletas de acordo com percepção de impacto dos
sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo durante os
treinamentos, em função do número e tipo de sintomas pré-
menstruais...........................................................................................
74
Tabela 8 -
Distribuição de atletas de acordo com percepção de impacto dos
sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo durante as
competições, em função de SPM, faixa etária, tempo de prática, tipo
de esporte, volume de treinamento e nível técnico.............................
75
xx
Tabela 9 - Distribuição de atletas de acordo com percepção de impacto dos
sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo durante as
competições, em função do número e tipo de sintomas pré-
menstruais..........................................................................................
76
xxi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ACOG
American College of Obstetricians and Gynecologist
APA
American Psychiatric Association
CM Ciclo Menstrual
CM1 Ciclo Menstrual um
CM2 Ciclo Menstrual dois
CMs Ciclos Menstruais
GSPM Grupo com Síndrome Pré-Menstrual
Gs/SPM Grupo sem Síndrome Pré-Menstrual
SPM Síndrome Pré-Menstrual
xxiii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................
01
1.1 Justificativa ......................................................................................................
03
1.2 Hipótese Conceitual ........................................................................................
05
2 OBJETIVOS .........................................................................................................
06
2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................
06
2.2 Objetivos Específicos .....................................................................................
06
3 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................
08
3.1 Síndrome Pré-Menstrual..................................................................................
08
3.1.1 Impacto da síndrome pré-menstrual no desempenho de atividades da
Vida da mulher ...............................................................................................
17
3.2 Personalidade...................................................................................................
21
3.2.1 A teoria da Personologia de Henry Murray.....................................................
21
3.2.2 Relações entre personalidade, síndrome pré-menstrual e desempenho
esportivo..........................................................................................................
29
4 MÉTODOS ........................................................................................................... 36
4.1 Tipo de Estudo..................................................................................................
36
4.2 População Alvo.................................................................................................
36
4.2.1 Sujeitos...........................................................................................................
37
4.3 Instrumentos.....................................................................................................
39
4.3.1 Ficha de identificação da atleta.......................................................................
40
4.3.2 Ficha de diagnóstico de síndrome pré-menstrual...........................................
41
4.3.3 Ficha de percepção de impacto dos sintomas pré-menstruais no
desempenho esportivo....................................................................................
41
4.3.4 Diário de sintomas da síndrome pré-menstrual...............................................
42
4.3.5 Inventário fatorial de personalidade................................................................ 43
4.3.6 Perfil de estado de humor............................................................................... 47
4.4 Procedimentos..................................................................................................
48
4.5 Análise Estatística............................................................................................
49
5 RESULTADOS .....................................................................................................
51
5.1 Prevalência e Fatores Associados à Síndrome Pré-Menstrual em Atletas.
51
xxiv
5.2 Perfil de Personalidade das Atletas e Associação com Síndrome Pré-
Menstrual...........................................................................................................
56
5.3 Comparações do Perfil de Estado de Humor de Atletas ao Longo dos
Ciclos Menstruais.............................................................................................
61
5.3.1 Total de alteração do humor das atletas ao longo dos ciclos menstruais ......
61
5.3.2 Alterações nas dimensões do humor das atletas ao longo dos ciclos
menstruais ......................................................................................................
64
5.3.3 Perfil iceberg das atletas ao longo dos ciclos menstruais...............................
67
5.4 Percepção de Impacto dos Sintomas Pré-Menstruais no Desempenho
Esportivo e Associação com SPM e Personalidade ....................................
71
6 DISCUSSÃO ........................................................................................................
81
6.1 Prevalência e Fatores Associados à Síndrome Pré-Menstrual em Atletas.
81
6.2 Perfil de Personalidade das Atletas e Associação com Síndrome Pré-
Menstrual...........................................................................................................
88
6.3 Comparações do Perfil de Estado de Humor de Atletas ao Longo dos
Ciclos Menstruais.............................................................................................
94
6.4 Associação entre Síndrome Pré-Menstrual, Personalidade, Estado de
Humor e Percepção de Impacto dos Sintomas Pré-Menstruais no
Desempenho Esportivo ..................................................................................
101
7 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 119
REFERÊNCIAS .......................................................................................................
124
ANEXOS ................................................................................................................. 131
APÊNDICES ............................................................................................................
131
1
1 INTRODUÇÃO
A Síndrome Pré-Menstrual (SPM) é um conjunto de sintomas,
emocionais e físicos, incômodos e persistentes, que ocorre ciclicamente durante o
período pré-menstrual e que gera impacto negativo nas atividades diárias das mulheres
afetadas (ACOG, 2000; BRAVERMAN, 2007; CAMPAGNE; CAMPAGNE, 2007). Entre
os sintomas pré-menstruais podem-se citar: depressão, ansiedade, irritabilidade,
confusão, explosão de raiva, isolamento, mastalgia, desconforto abdominal, cefaléia,
edema entre outros (ACOG, 2000).
Devido à diversidade e à freqüência de ocorrência desses sintomas, é
difícil estabelecer uma única causa para a SPM (VALADARES et al., 2006). Sabe-se
que as alterações hormonais decorrentes do ciclo menstrual (CM) ovulatório
desempenham papel fundamental, no entanto, os estudos não têm conseguido justificar
a etiologia da SPM apenas pelos aspectos hormonais (DICKERSON et al., 2003),
sugerindo que outros fatores, como características de personalidade, podem estar
atrelados (HALBREICH, 1997).
A teoria da Personologia de Henry Murray prediz que o comportamento
humano sofre a influência de processos biológicos e psicológicos (HALL; LINDZEY;
CAMPBELL, 2000) e, por isso, um segmento do comportamento não pode ser
compreendido isoladamente do restante da pessoa em funcionamento. Assim, é
possível que a SPM seja uma interação de aspectos biológicos e psicológicos,
2
representada pela interpretação que as mulheres fazem das alterações hormonais e
dos eventos estressores que acontecem no período pré-menstrual.
Possivelmente devido a esse forte componente psicológico que envolve
a SPM e também por não existir um parâmetro biológico que possa identificá-la,
diferentes critérios e protocolos têm sido utilizados para diagnosticar SPM (DEAN et al,
2006). Essas diferenças entre os procedimentos metodológicos têm afetado
diretamente a prevalência de SPM, onde estudos com critérios mais rigorosos (com
maior número de sintomas) têm encontrado prevalências mais baixas (SILVA et al.,
2006) do que aqueles onde um menor número de sintomas é necessário para identificar
a presença de SPM (NOGUEIRA; SILVA, 2000).
Atualmente o critério estabelecido pelo American College of
Obstetricians and Gynecologist (ACOG, 2000) tem sido sugerido como critério
diagnóstico para SPM (MILEWICZ; JEDRZEJUK, 2006). Para ser caracterizado o
quadro de SPM, as mulheres devem apresentar a combinação de pelo menos um
sintoma emocional e um físico durante a fase pré-menstrual, com um período
assintomático na fase pós-menstrual. Os sintomas devem afetar acentuadamente as
atividades diárias das mulheres e devem ocorrer na ausência de qualquer terapia
farmacológica, anticoncepcional hormonal, consumo de drogas ilícitas ou bebidas
alcoólicas em excesso (ACOG, 2000).
Os tratamentos sugeridos para SPM normalmente são feitos em função
da gravidade e dos tipos de sintomas (FREEMAN, 2003). Nos casos onde os sintomas
são mais leves, tratamentos não-farmacológicos, como terapias cognitivo-
comportamentais (KIRKBY, 1994), alterações na dieta e exercício físico (RAPKIN,
2003) têm sido sugeridos, embora a eficácia ainda não esteja completamente
3
confirmada (STEVINSON; ERNST, 2001). na forma mais grave de SPM, conhecida
como transtorno disfórico pré-menstrual, alguns antidepressivos, especialmente os
inibidores seletivos da recaptação da serotonina, parecem ser eficazes (CHENIAUX,
2006).
Apesar do impacto negativo da SPM sobre a qualidade de vida e
produtividade no trabalho das mulheres (ESPINA; FUENZALIDA; URRUTIA, 2005) ser
difundido na literatura e nos meios de comunicação, existe uma lacuna a respeito do
impacto da SPM no desempenho de atletas. Assim, baseando-se nas argumentações
apresentadas, o presente estudo tem como questão geradora: existe associação entre
SPM, características de personalidade, perfil de estado de humor e percepção de
impacto no desempenho esportivo?
1.1 Justificativa
O interesse da pesquisadora pelo tema SPM e desempenho esportivo
foi devido à sua experiência como auxiliar técnica de uma equipe de Ginástica Rítmica,
na qual pode observar que determinadas atletas apresentavam alterações emocionais e
físicas durante a fase pré-menstrual, o que as prejudicava durante os treinamentos e
competições, tanto por uma espécie de cansaço precoce, quanto por problemas de
relacionamento com as outras atletas.
A partir dessa experiência prática, procurou-se encontrar
fundamentação na literatura na tentativa de explicar o por quê tais atletas eram
4
afetadas no período pré-menstrual. A maioria dos estudos que investigou o efeito das
diferentes fases do CM no desempenho físico baseou-se em alterações hormonais
normais de cada período. Muitos desses estudos não encontraram diferenças
significativas no desempenho de atividades com predomínio de capacidades físicas
como força muscular (JANSE DE JONGE et al., 2001), flexibilidade (CHAVES, SIMÃO;
ARAÚJO, 2002; MELEGÁRIO et al., 2006) e resistência aeróbia e anaeróbia
(CONSTANTINI; DUBNOV; LEBRUN, 2005; JANSE DE JONGE, 2003).
Observou-se, no entanto, que o impacto no desempenho físico
apresentou uma alta variação individual (CHAVES, SIMÃO e ARAÚJO, 2002),
sugerindo que as alterações hormonais por si poderiam ser limitadas para explicar o
impacto negativo da fase pré-menstrual no desempenho físico e, por isso, talvez entre
as mulheres que apresentavam queda no desempenho durante essa fase estivessem
aquelas com SPM.
Não foram encontrados estudos que tenham analisado a prevalência de
SPM em atletas e suas relações com características de personalidade, estado de
humor e impacto no desempenho esportivo. Sabe-se que no esporte de rendimento
qualquer fator pode ser decisivo para se alcançar o sucesso. Assim, supõe-se que os
desconfortos causados pelos sintomas físicos, atrelados às alterações de humor e de
comportamento que os sintomas emocionais causam, podem afetar o desempenho
esportivo tanto individual (aspectos físicos e psicológicos das atletas) quanto coletivo
(atrapalhando, por exemplo, a coesão da equipe).
Além disso, sabe-se que embora a personalidade tenha sido
determinada pelos eventos que aconteceram na infância do sujeito, ela pode ser
alterada em processos quase imperceptíveis através das interações das necessidades
5
das pessoas com as pressões pelas quais passam na vida (MURRAY; KLUCKHOHN,
1953) e, por isso, o esporte também pode contribuir para o fortalecimento de algumas
características de personalidade das atletas. Essas características por sua vez, podem
influenciar o modo como as atletas percebem o impacto do sintomas pré-menstruais no
desempenho esportivo.
Assim, é possível que uma interação entre essas características de
personalidade (necessidades) das atletas, com as pressões exercidas pelo ambiente
esportivo, poderá gerar um estado de tensão maior nas atletas com SPM e fazer com
que elas percebam como negativo o impacto dos sintomas pré-menstruais no
desempenho esportivo.
1.2 Hipótese Conceitual
A hipótese conceitual do estudo foi de que as atletas com SPM iriam ter
algumas características de personalidade mais vulneráveis ao aparecimento dessa
síndrome, apresentariam alterações negativas de humor no período pré-menstrual e
sentiriam maior impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo.
6
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Investigar a associação entre síndrome pré-menstrual, características
de personalidade, perfil de estado de humor e percepção de impacto dos sintomas pré-
menstruais no desempenho esportivo.
2.2 Objetivos Específicos
Identificar a prevalência de síndrome pré-menstrual em atletas,
associando com faixa etária, tempo de prática e tipo de esporte,
volume de treinamento e sintomas pré-menstruais;
Traçar o perfil de personalidade das atletas e associar com
síndrome pré-menstrual;
Identificar e comparar o perfil de estado de humor de atletas com e
sem síndrome pré-menstrual, ao longo de dois ciclos menstruais;
Verificar e associar a percepção de impacto dos sintomas pré-
menstruais no desempenho esportivo com síndrome pré-menstrual,
7
faixa etária, tempo de prática e tipo de esporte, volume de
treinamento, nível técnico anterior e atual, sintomas pré-menstruais
e características de personalidade.
8
3 REVISÃO DA LITERATURA
Considerando a questão geradora do estudo e os objetivos a serem
investigados, procurou-se elaborar um referencial teórico atualizado, de modo a
subsidiar a fundamentação e discussão do estudo. No primeiro capítulo foi apresentada
a SPM, desde sua etiologia até os tratamentos recomendados, enfatizando, sobretudo,
o impacto que os sintomas físicos e as alterações de humor decorrentes desta
síndrome pode gerar no desempenho esportivo. O segundo capítulo tratou da
personalidade, enfocando a teoria da Personologia de Henry Murray que suporte
teórico a esse estudo e, também foram abordadas as possíveis relações entre
características de personalidade, SPM e desempenho esportivo.
3.1 Síndrome Pré-Menstrual
Muitas mulheres em idade reprodutiva apresentam sintomas
relacionados às fases do CM (VALADARES et al, 2006). Esses sintomas podem ser
negativos ou positivos e são considerados normais, uma vez que estão relacionados
aos efeitos naturais produzidos pelo ciclo ovariano da mulher. Somente nos casos onde
os sintomas ocorrem na fase pré-menstrual e apresentam uma influência decididamente
negativa no funcionamento físico, psicológico e social da mulher, com conseqüente
9
redução da sua qualidade de vida, é que podem fazer parte da SPM (CAMPAGNE;
CAMPAGNE, 2007).
A SPM pode ser definida como a ocorrência cíclica de sintomas físicos
e emocionais, incômodos e persistentes, durante o período pré-menstrual, que
retrocede durante a menstruação e apresenta uma fase assintomática no período pós-
menstrual (ACOG, 2000; BRAVERMAN, 2007; MILEWICZ; JEDRZEJUK, 2006).
O componente essencial da SPM inclui, além do impacto nas atividades
diárias das mulheres, confirmação de que os sintomas ocorram necessariamente na
fase pré-menstrual e cessem após a menstruação. Isso porque a SPM pode ser
confundida com outras desordens que manifestam uma magnitude dos sintomas no
período pré-menstrual, incluindo depressão, ansiedade, problemas com álcool e muitas
outras condições. Mas ao contrário da SPM, essas desordens não se restringem
somente ao período pré-menstrual, ocorrendo em várias fases do CM e, normalmente
apresentando uma maior intensidade no período pré-menstrual (ANDRADE; VIANA;
SILVEIRA, 2006; SVIKIS et al., 2006).
Enquanto os sintomas da SPM necessariamente ocorrem na fase pré-
menstrual do CM, considerável variação na duração dos sintomas (HALBREICH,
2003). A maioria das mulheres que procura tratamento experimenta sintomas por uma a
duas semanas pré-menstruais, mas outros padrões têm sido observados. Algumas
mulheres relatam que os sintomas são prejudiciais por alguns dias ao longo da
ovulação e então retornam na semana pré-menstrual, outras apresentam sintomas
somente alguns dias antes da menstruação. Não é conhecido se essas variações dos
padrões dos sintomas também diferem na sua etiologia (FREEMAN, 2003).
10
A etiologia da SPM ainda não está clara, porém parece ser complexa e
multifatorial (DICKERSON et al., 2003). Acredita-se que as alterações cíclicas do níveis
hormonais ocorridas nos ciclos menstruais (CMs) ovulatórios possam desempenhar
papel fundamental, no entanto o impacto de cada hormônio, sobretudo nas alterações
de humor, ainda necessita ser mais bem investigado (MILEWICZ; JEDRZEJUK, 2006).
O CM ovulatório (CM caracterizado pela ocorrência de ovulação) pode
ser dividido basicamente em duas fases: folicular e lútea. A fase folicular tem início no
primeiro dia de menstruação e é caracterizada pelo crescimento de diversos folículos
nos ovários, promovido sobretudo pela maior secreção do hormônio folículo-estimulante
(FSH), o que ocasiona também uma considerável secreção de estrogênio. No final
desta fase, ocorre um aumento súbito na produção do hormônio luteinizante (LH),
culminando com o desenvolvimento final e desprendimento de um dos folículos,
processo conhecido como ovulação. A fase lútea é caracterizada pelo desenvolvimento
do corpo lúteo, que secreta quantidades elevadas de progesterona. No final da fase,
caso não tenha existido fecundação, o corpo lúteo se degenera, provocando o súbito
declínio na secreção do estrogênio e da progesterona e, ocorrendo assim, a
menstruação (LÓPEZ-MATO et al, 2000; MEDEIROS; MEDEIROS, 2007).
Essas alterações hormonais decorrentes do CM ovulatório têm sido
associadas, pelo menos em parte, com desregulação serotoninérgica (RAPKIN, 2003).
Uma possível restrição do triptofano induzida por um declínio do estrogênio durante
poucos dias da fase lútea, seria a responsável pela redução da síntese de serotonina
nesse período. Sabe-se que a serotonina tem papel fundamental na regulação do
comportamento e do humor (DOYLE; EWALD; EWALD, 2007) e, por isso uma redução
11
desse neurotransmissor poderia estar associada às alterações de humor no período
pré-menstrual.
No entanto, é possível que essas reduções na serotonina expliquem
melhor as alterações de humor de mulheres com transtorno disfórico pré-menstrual,
tendo em vista que a função serotoninérgica de mulheres com SPM e transtorno
disfórico pré-menstrual parece se comportar de maneira diferente ao longo do CM.
Inoue et al. (2007) analisaram a função serotoninérgica de 24 mulheres com SPM,
transtorno disfórico pré-menstrual e um grupo controle, durante as fases folicular e lútea
e observaram que as mulheres com transtorno disfórico pré-menstrual apresentaram
uma função serotoninérgica mais alta na fase folicular e mais baixa na fase lútea,
comparada com mulheres com SPM e o grupo controle.
Somado a isso, não se tem encontrado diferenças significativas entre
níveis de estrogênio e progesterona em mulheres que apresentam ou não SPM
(DICKERSON et al., 2003) indicando que, embora as alterações hormonais decorrentes
do CM ovulatório apresentam papel fundamental no aparecimento dos sintomas da
SPM, essas alterações não atingem as mulheres da mesma forma e por isso outras
variáveis como aspectos cognitivos e afetivos podem ajudar a explicar melhor porque
algumas mulheres apresentam SPM (RUBINOW; SCHMIDT, 2006).
Desta forma, os estudos que buscam respostas exclusivamente nas
alterações hormonais para os sintomas da SPM não têm conseguido encontrar
resultados muito satisfatórios (MONTES; VAZ, 2003). Tem sido sugerido que algumas
características de personalidade podem ser predisponentes para as mulheres
perceberem de forma mais negativa as alterações hormonais normais desencadeadas
pelos CMs ovulatórios (HALBREICH, 1997).
12
Cada pessoa tem um mundo dentro de si, e toda mulher tem dentro
dela um conjunto de parâmetros “normais”. Assim, deve-se compreender que, embora
diagnósticos clínicos trabalhem com estatísticas generalizadas e valores
estereotipados, existem importantes diferenças entre as homeostases o equilíbrio de
valores básicos de pessoa para pessoa. Os veis das substâncias hormonais de
testes bioquímicos têm um limiar superior e inferior que dão origem a inúmeras
combinações entre todas possíveis - ainda “normais” variações. A ciência médica
trabalha com um modelo padrão de normalidade que se refere a uma entidade
hipotética que pode não existir no mundo real. Isso significa que as modificações sobre
as quais se fala afetam um indivíduo mais ou menos dependente da sua homeostase
não à medida que os seus limiares superiores e inferiores se alteram, mas também
em função de como ele subjetivamente experimenta a sua variabilidade "normal". Mais
ainda, quando variações superam o limiar normal, tanto no caminho positivo ou
negativo, o efeito final na mulher depende dos seus recursos psicológicos e as
sensibilidades ou resistências que ela pode ter desenvolvido (CAMPAGNE;
CAMPAGNE, 2007).
Talvez por essa forte influência do componente psicológico e por não
apresentar nenhum padrão de referência biológico, comportamental ou outra medida
para validar e comparar diferentes definições de SPM, ainda não exista um consenso a
respeito de critérios diagnósticos para SPM (BRAVERMAN, 2007; DEAN et al, 2006;
FREEMAN, 2003). Embora de uma certa maneira, os sintomas pré-menstruais tenham
sido descritos desde a época de Hipócrates, somente na década de 50 é que a SPM
começou a ser delineada mais claramente. No entanto, na década de 90 é que os
primeiros critérios para pesquisa foram mais bem fundamentados, com a inclusão da
13
forma mais grave de SPM, conhecida como transtorno disfórico pré-menstrual, no
Apêndice do Manual de Diagnóstico e Estatística da American Psychiatric Association
(APA). Já no ano de 2000, o American College of Obstetricians and Gynecologist
(ACOG) publicou uma recomendação de critério diagnóstico para SPM (RAPKIN, 2003).
É importante observar que quando o objetivo é analisar o transtorno
disfórico pré-menstrual, a recomendação é que se utilizem os critérios de diagnóstico
sugeridos pela American Psychiatric Association, que caracteriza transtorno disfórico
pré-menstrual como a ocorrência de pelo menos cinco sintomas (sendo pelo menos um
emocional) no período pré-menstrual, com período assintomático na fase folicular e que
gere grande impacto negativo na qualidade de vida da mulher. quando o objetivo é
investigar a SPM, sugere-se a utilização do critério diagnóstico sugerido pelo American
College of Obstetricians and Gynecologist, o qual caracteriza SPM como a presença de
pelo menos um sintoma emocional e um sintoma físico durante o período pré-
menstrual, com um período assintomático na fase folicular do CM e que interfira
acentuadamente nas atividades diárias das mulheres. Esses sintomas devem ocorrer
na ausência de qualquer terapia farmacológica e/ou hormonal, drogas ilícitas ou
consumo excessivo de álcool (MILEWICZ; JEDRZEJUK, 2006; RAPKIN, 2003).
Sabe-se que para a pesquisa, um diagnóstico cuidadoso baseado numa
definição clara, com critério replicável é essencial (FREEMAN, 2003) e que o valor do
método psicométrico tal como um questionário ou um registro de sintomas é
condicionado pelo critério diagnóstico específico, aceito pela comunidade dica. No
caso da SPM não tal avaliação, somente sugestões, indicações e propostas
(CAMPAGNE; CAMPAGNE, 2007). O protocolo que tem sido considerado o padrão de
14
referência para o diagnóstico de SPM é o registro diário dos sintomas durante dois a
três CMs (BRAVERMAN, 2007; RAPKIN, 2003).
Embora existam muitas formas para diários de sintomas, nenhum
registro de sintomas tem sido tecnicamente validado (CAMPAGNE; CAMPAGNE,
2007), mas não evidências que a forma afete a qualidade da informação. O
importante é observar a freqüência de ocorrência dos sintomas, sabendo diferenciar a
fase lútea (mensurada no período de cinco dias precedentes ao primeiro dia de
menstruação) da fase folicular do CM (período compreendido de 6-10 dias seguintes ao
primeiro dia de menstruação) (FREEMAN, 2003).
Essas diferenças nos critérios e nos protocolos utilizados têm
influenciado a acurácia de prevalência estimada pelos diferentes estudos onde, uma
definição extremamente restrita pode dar uma alta especificidade (mulheres que não
apresentam SPM), mas pobre sensibilidade (mulheres com SPM) e subestimar a
prevalência, enquanto uma restrição menor pode dar uma alta sensibilidade mas pobre
especificidade e superestimar a prevalência. Além dos critérios e protocolos, a
população estudada também têm influenciado a prevalência de SPM (DEAN et al,
2006).
No Brasil, Nogueira e Silva (2000), em estudo realizado em ambulatório
de ginecologia, o qual caracterizou SPM como a presença de pelo menos um sintoma
severo, encontrou uma proporção de 43,3% de mulheres com SPM. no estudo de
base populacional de Silva et al. (2006), cujo critério para SPM foi a presença de pelo
menos cinco sintomas, observou-se uma prevalência de 25,2% de mulheres com SPM.
Assim, observa-se que é essencial alcançar um consenso para critério
diagnóstico de SPM, pois isso além de permitir uma estimativa mais verdadeira da
15
prevalência, contribuirá para a promoção de tratamentos mais efetivos (FREEMAN,
2003). Por enquanto, os tratamentos têm se baseado no tipo de sintomas e na
severidade de impacto nas atividades diárias. Quando os sintomas são mais leves,
sugere-se terapias não farmacológicas, como alterações no estilo de vida; quando os
sintomas causam de moderado a intenso impacto no dia-a-dia das mulheres, tem sido
indicado tanto alterações nos hábitos de vida, quanto terapias farmacológicas
(DICKERSON et al., 2003).
Entre as terapias não-farmacológicas recomendadas estão as terapias
cognitivo-comportamentais, alterações na dieta e exercício aeróbio (MILEWICZ;
JEDRZEJUK, 2006). Kirkby (1994), em estudo com 48 mulheres, com média de 29
anos de idade, verificou que o grupo que participou de uma intervenção com terapia
cognitivo-comportamental, uma vez na semana por seis semanas, reduziu
significativamente a intensidade dos sintomas pré-menstruais e essa redução foi
mantida após 9 meses, sugerindo que esta cnica pode auxiliar no tratamento de
mulheres com SPM.
Entre as modificações na dieta, tem sido recomendada a restrição de
sódio para minimizar a retenção de fluidos, dor e inchaço nas mamas e a restrição de
cafeína por causa da associação desta substância com irritabilidade e insônia pré-
menstrual embora a eficácia ainda precise ser mais claramente confirmada
(DICKERSON et al., 2003). Em uma revisão sistemática a respeito de terapias
alternativas para SPM, Stevinson e Ernst (2001) verificaram que os estudos que
envolvem terapias como homeopatia, suplementações dietéticas, técnicas de
relaxamento e massagem apresentaram grande fragilidade metodológica e por isso,
nenhuma dessas terapias tem se mostrado cientificamente efetiva.
16
Embora o exercício físico aeróbio tenha sido associado com melhorias
do bem estar em mulheres com SPM (HALBREICH, 2003), ainda são necessários
estudos bem delineados, que minimizem o efeito de outras variáveis intervenientes,
para confirmar clinicamente a eficácia desse tratamento não-farmacológico nos
sintomas da SPM (RAPKIN, 2003)
As terapias farmacológicas m sido indicadas tanto para o tratamento
de sintomas específicos quanto para a alteração do CM. Alguns antidepressivos,
sobretudo os inibidores seletivos da recaptação de serotonina, como fluoxetina,
sertralina, citalopram e paroxetina, têm sido eficazes no tratamento de sintomas afetivos
relacionados ao transtorno disfórico pré-menstrual. No entanto, os resultados com
esses tratamentos não podem ser extrapolados para SPM, devendo sempre que
possível nos casos mais leves poupar as mulheres dos riscos de efeitos colaterais que
esses medicamentos podem ocasionar (CHENIAUX, 2006).
Alguns tratamentos farmacológicos são utilizados para inibir a ovulação,
uma vez que esta é associada com os sintomas pré-menstruais (MILEWICZ;
JEDRZEJUK, 2006). Em estudo com 110 mulheres japonesas, Matsumoto et al. (2007)
verificaram o efeito de contraceptivos orais na qualidade de vida de grupos que fizeram
uso desses medicamentos por três meses com diferentes objetivos (contracepção,
SPM, acne, entre outros) e observaram que o grupo de SPM apresentou melhoras nos
domínios psicológicos e totais da qualidade de vida.
No entanto, existe uma polêmica a respeito de que em alguns casos os
contraceptivos orais podem gerar efeitos colaterais semelhantes aos da SPM, como
mastalgia, dor de cabeça, inchaço e depressão (RAPKIN, 2003), embora em um estudo
mais recente, Rapkin et al. (2006) não encontraram associação com alterações de
17
humor. É possível que tanto as diferenças na composição dos medicamentos quanto a
própria adaptação de cada mulher ao tratamento influencie o resultado final dos
contraceptivos orais no organismo feminino.
Assim observa-se que a SPM apresenta um importante componente
psicossomático que influencia tanto sua avaliação quanto seu tratamento (CAMPAGNE;
CAMPAGNE, 2007) e, por isso pode ser que afete também de forma diferenciada o
desempenho esportivo de atletas durante o período pré-menstrual.
3.1.1 Impacto da síndrome pré-menstrual no desempenho de
atividades da vida da mulher
Assim como a SPM carece de estudos que apontem mais claramente
uma definição, causas e critério diagnóstico, bem como modalidades de tratamento
mais efetivas, existe uma lacuna na literatura a respeito do impacto da SPM nas
diversas atividades da vida da mulher, sobretudo em populações específicas, como
atletas.
A produtividade no trabalho parece ser um importante domínio da vida
da mulher adversamente afetado pela SPM, manifestada tanto pelo aumento da taxa de
ausência no trabalho quanto pela redução da produtividade (ESPINA; FUENZALIDA;
URRUTIA, 2005). É interessante notar que embora o critério utilizado para o diagnóstico
de SPM possa afetar diretamente a prevalência, impacto negativo na qualidade de vida
relacionada à saúde e prejuízo na produtividade de trabalho foram observados em
18
mulheres com SPM mesmo quando o critério foi menos rigoroso, sugerindo que muitas
mulheres com sintomas pré-menstruais menos severos experimentam diminuições na
qualidade de vida e funcional e podem se beneficiar de tratamento (DEAN et al, 2006).
o impacto da SPM no exercício físico ou no esporte ainda é um tema
pouco explorado na literatura. O que se tem observado são estudos que analisam o
impacto do CM (e não da SPM) no desempenho, avaliado sobretudo por testes físicos.
A maioria dos estudos que envolve o impacto das fases do CM no desempenho baseia-
se nas influências que as alterações hormonais podem ocasionar nas capacidades
físicas (CONSTANTINI; DUBNOV; LEBRUN, 2005; JANSE DE JONGE, 2003).
Chaves, Simão e Araújo (2002) investigaram a flexibilidade de 15
mulheres, divididas em grupos com CM eumenorréico e mulheres que faziam uso de
anticoncepcionais, ao longo das fases folicular, ovulatória e lútea do CM e o
encontraram alterações significativas. De forma semelhante, Melegário et al. (2006)
analisaram a flexibilidade de 20 mulheres praticantes de ginástica de academia ao
longo das três fases citadas do CM e também não encontraram alterações
significativas.
Muitos estudos analisaram o impacto das diferentes fases do CM na
força muscular e fadiga, mas poucos apresentaram um bom rigor metodológico; entre
aqueles que controlaram corretamente as taxas hormonais durante as fases analisadas,
a maioria não encontrou impacto significativo das diferentes fases do CM no
desempenho de atividades com predomínio de força muscular (JANSE DE JONGE,
2003). Janse de Jonge et al. (2001) analisaram a influência das diferentes fases do CM
nas características contráteis dos músculos (força máxima isométrica de quadríceps,
fadiga e propriedades contráteis estimuladas eletronicamente) de 19 mulheres com CM
19
regular e também não encontraram alterações significativas entre as diferentes fases do
CM.
Em exercícios onde o predomínio é a potência aeróbia ou anaeróbia,
também não se tem um consenso; embora a maioria dos estudos não tenha encontrado
diferenças significativas (CONSTANTINI; DUBNOV; LEBRUN, 2005), Middleton e
Wenger (2006), analisando 6 mulheres jovens ativas fisicamente durante 10 sprints de
6 segundos no cicloergômetro tanto na fase folicular quanto na fase lútea, encontraram
que a média de trabalho, bem como o VO
2
podem ser ligeiramente maior na fase
folicular.
em exercícios de longa duração, sobretudo realizados sobre calor
intenso, pode haver uma queda no desempenho físico durante a fase lútea
(CONSTANTINI; DUBNOV; LEBRUN, 2005; JANSE DE JONGE, 2003). No entanto,
Garcia et al. (2006) observaram em 11 mulheres que se exercitaram sob calor e
umidade, durante 60 minutos, tanto na fase folicular quanto lútea, que quando mulheres
se exercitam nesse tipo de ambiente bem hidratadas, ocorre uma melhor adaptação do
organismo ao aumento da temperatura corporal induzida pela elevação da
progesterona observada na fase lútea.
Assim, apesar de grande parte das pesquisas não constatar influências
significativas das alterações hormonais relacionadas às fases do CM no desempenho
físico, observou-se que essas influências apresentam uma considerável variação
individual e, por isso, em algumas mulheres tem sido observada queda de desempenho
em determinadas fases do CM (CHAVES; SIMÃO; ARAÚJO, 2002). Talvez as mulheres
que apresentam queda no desempenho durante a fase pré-menstrual apresentem SPM.
20
Tendo em vista que a SPM apresenta sintomas debilitantes, tanto de
ordem física quanto emocional, é possível que as atletas afetadas apresentem alguma
dificuldade de manter o bem-estar, bem como o controle emocional durante a fase pré-
menstrual. Sabe-se que as emoções apresentam uma forte influência no desempenho
de atletas (SKINNER; BREWER, 2004) e que um estado de humor positivo pré-
competitivo tem sido associado com ótimo desempenho durante competições
(COVASSIN; PERO, 2004), por isso não apresentar uma boa disposição física e
psicológica pode fazer com que as atletas com SPM percebam de uma maneira ainda
mais negativa situações de dificuldade normais nas competições, deixando-se abater e
desistindo facilmente.
Um sintoma bastante freqüente entre mulheres com SPM é a depressão
(NOGUEIRA; SILVA, 2000; SILVA et al, 2006) e atualmente tem sido sugerido que este
é o constructo mais importante na regulação do estado de humor, tendo em vista sua
natureza desmotivante e conseqüente influência negativa nas outras dimensões do
humor (LANE et al., 2001). Em estudo com 188 corredores, Lane (2001) investigou o
impacto do humor depressivo em dimensões do humor e na preparação percebida para
a corrida e notou que no grupo de atletas que o apresentou humor depressivo, a
raiva se correlacionou positivamente com preparação para a corrida e essa relação foi
negativa no grupo com humor depressivo, sugerindo que a raiva, quando experienciada
na ausência de humor depressivo pode ser um elemento motivador para o
desempenho.
Desta forma, com base nessas especulações, é possível que a SPM
afete negativamente o desempenho esportivo das atletas, no entanto, essa questão
será mais bem esclarecida com a realização de estudos que investiguem o modo como
21
as atletas percebem o impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo.
Essas percepções, tanto dos sintomas, quanto do impacto no desempenho esportivo
podem estar relacionadas a características de personalidade das atletas.
3.2 Personalidade
Este estudo fundamentou-se na perspectiva de que as alterações
biológicas decorrentes do CM normal interagem com alguns componentes psicológicos
que, em algumas mulheres, poderão gerar a SPM, bem como também poderão
influenciar a percepção de impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho
esportivo. Como suporte teórico para o estudo utilizou-se a teoria da Personologia de
Henry Murray, por ser uma teoria que enfatiza a inter-relação de processos biológicos e
psicológicos como determinantes do comportamento.
3.2.1 A teoria da Personologia de Henry Murray
O termo “personologia” foi empregado por Henry Murray em 1938 para
indicar que o foco de sua teoria de personalidade é o indivíduo em toda sua
complexidade (HALL; LINDZEY, 1973). Essa teoria é baseada sobretudo na forte
influência biológica e psicanalítica que Murray vivenciou durante sua vida.
22
Henry Murray nasceu em Nova Iorque em 1893, foi bacharel em
história, mestre em biologia e Ph.D em bioquímica. Trabalhou como professor de
fisiologia, médico cirurgião e pesquisador-assistente em embriologia. Interessou-se pela
psicologia profunda através de Carl Jung. Teve formação em psicanálise, foi professor
de psicologia e coordenador da Clínica Psicológica de Harvard, onde conduziu
inúmeros trabalhos que deram à teoria psicanalítica uma atenção acadêmica ria. Fez
parte do Corpo Médico do Exército com a função de avaliar os candidatos para missões
complexas, perigosas e secretas. Recebeu vários prêmios importantes na área da
psicologia e faleceu aos 95 anos de pneumonia (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000).
Para Murray, a personalidade é uma estrutura hipotética da mente,
cujos consistentes processos e estruturações se manifestam de forma repetida
(juntamente com novos elementos) nas condutas internas e externas que constituem a
vida de uma pessoa, não sendo uma série de fatos biográficos, mas algo mais amplo e
permanente, deduzido dos acontecimentos (MURRAY; KLUCKHOHN, 1953).
Através dessa definição, nota-se que a personalidade não é
simplesmente uma descrição do comportamento do indivíduo e sim uma construção do
teórico que a analisa. Essa abstração deve levar em conta tanto os elementos
duradouros e recorrentes do comportamento, bem como os novos, que devem ser
analisados através de uma série de eventos que abrange toda a vida do indivíduo
(HALL; LINDZEY, 1973). Além disso, a definição enfatiza o papel organizador ou
governador que a personalidade desempenha sobre o sujeito, destacando a influência
biológica de Murray ao indicar que a personalidade está localizada no cérebro
(MURRAY, 1951).
23
Murray enfatizou consistentemente a qualidade orgânica, indicando que
um segmento do comportamento não pode ser compreendido isoladamente do restante
da pessoa em funcionamento. Valorizou também o contexto ambiental, insistindo que o
mesmo precisa ser totalmente compreendido e analisado antes de ser possível uma
explicação adequada do comportamento individual (HALL; LINDZEY; CAMPBELL,
2000).
Para essa análise mais completa do indivíduo, Murray propôs termos
como procedimentos e séries que são dados através dos quais o psicólogo observa o
comportamento do sujeito, procurando representá-los e explicá-los por meio de
modelos. Os procedimentos são os fatos observados, as interações sujeito e objetos ou
sujeito e sujeitos, com duração suficiente para se verificar um padrão de
comportamento dinamicamente significativo. as séries são unidades funcionais mais
longas do comportamento, que podem ser formuladas em termos aproximados, uma
vez que os procedimentos estão tão intimamente relacionados que não é possível
estudá-los separadamente sem perder seu significado total (MURRAY, 1951).
Para Murray (1938), a personalidade está normalmente em estado de
fluxo, porém o desenvolvimento da mesma é determinado sobretudo pelos eventos que
ocorreram no período de bebê e na infância do sujeito. Para isso, ele compartinha com
a psicanálise os termos complexos infantis, que são decorrentes de cinco condições ou
atividades altamente agradáveis, que podem ser frustradas, limitadas ou terminadas
(em algum ponto do desenvolvimento) por forças externas:
24
(...) (1) a existência segura, passiva e dependente no útero (rudemente
interrompida pela dolorosa experiência do nascimento); (2) o prazer
sensível de sugar o bom alimento do seio da mãe (ou da mamadeira),
estendido, seguro, nos seus braços (suspenso pelo desmame); (3) o
prazer das sensações agradáveis que acompanham a eliminação de
fezes (interrompido pelo controle); (4) as sensações agradáveis que
acompanham o ato de urinar...; (5) as excitações que resultam da
manipulação dos órgãos genitais (proibidas com ameaças de punição)
(MURRAY, 1938 – p. 361-362).
Nos casos em que os efeitos dessas experiências infantis sobre o
comportamento posterior são claros e extensos, fala-se de complexo. Presume-se que
todas as pessoas apresentam complexos, de variável gravidade, mas que só nos casos
extremos, indicam anormalidades. Murray definiu cinco complexos: claustral, oral, anal,
uretral e de castração (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000).
O complexo claustral representa resíduos de experiências uterinas ou
pré-natal que pode ser caracterizado pelo desejo de restaurar as condições que
prevaleciam antes do nascimento, ou na ansiedade decorrente da falta de apoio e
amparo e até mesmo um comportamento ansioso dirigido contra a sufocação e o
confinamento. o complexo oral diz respeito às experiências relacionadas à
alimentação na primeira infância e envolve atividades relacionadas à boca (sugar,
comer e beber compulsivamente, entre outros). O complexo anal decorre de fatos
associados ao ato de defecar e ao treino de controle que podem ser associados a
comportamentos de expelir (diarréia, necessidade de agressão, entre outros) ou de
reter (necessidade de ordem e limpeza). O complexo uretral relaciona-se ao ato de
molhar a cama, sujar-se pela uretra e erotismo uretral. E, por fim, o complexo de
castração estaria relacionado à fantasia de que o pênis poderia ser cortado (HALL;
LINDZEY, 1973).
25
Além do conceito de complexos, Murray também compartilha com a
psicanálise os termos utilizados para descrever as estruturas estáveis da
personalidade, conhecidos como id, ego e superego; no entanto, ao descrever esses
conceitos, Murray introduz alguns elementos distintivos. O id representa a origem da
energia, as emoções e necessidades básicas da personalidade, algumas plenamente
aceitáveis e outras totalmente inaceitáveis. Mas, para Murray, essas necessidades, na
maioria das vezes, são aceitáveis quando se expressam em uma forma culturalmente
aprovada, em direção a um objeto culturalmente aprovado e em um lugar e momento
culturalmente aprovado (MURRAY; KLUCKHOHN, 1953).
Desse modo, a função do ego não é tanto a de suprimir as
necessidades instintuais do id quanto a de adequá-las, moderando sua intensidade e
determinando os modos e os momentos de sua realização. Já o superego é um
implante cultural, um subsistema internalizado que age no indivíduo para regular o
comportamento de uma maneira muito semelhante à dos agentes que o cercava no
passado (pais, professores, personalidades públicas, entre outros). Intimamente
relacionado ao superego está o ideal de ego que consiste em uma imagem idealizada
do self, um self desejado, ou um conjunto de ambições pessoais buscado pelo indivíduo
(HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000).
O principal diferencial da teoria de Murray é o modo como ele
representa a dinâmica da personalidade, indicando que a chave para entender o
comportamento humano está em estudar as direcionalidades das atividades do sujeito,
sendo elas mentais, verbais ou físicas (MURRAY, 1951). Essa dinâmica é caracterizada
pelas relações entre necessidades e pressões.
26
Necessidade é um constructo que representa uma força (na região do
cérebro) que organiza o comportamento de maneira a transformar em certa direção
uma situação insatisfatória existente, numa situação final que acalma o organismo
(MURRAY, 1938). As necessidades podem ser primárias/viscerogênicas (ligadas a
eventos orgânicos) ou secundárias/psicogênicas (sem ligação com processos
orgânicos); aparentes (expressas de forma mais ou menos direta) ou ocultas
(fantasias); focais (limitadas a objetos ambientais) ou difusas (generalizadas que se
aplicam à qualquer situação ambiental); pró-ativas (existem dentro da pessoa) ou
reativas (em resposta a algum evento ambiental); necessidades de efeito (que levam a
algum estado final desejado), modais (fazer objetivando apenas o desempenho com
excelência em si) e atividade de processo (fazer pelo fazer; necessidades ligadas a
visão, fala, pensamento, etc.) (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000).
Murray (1938) elaborou uma lista com 20 necessidades que se
relacionam com a motivação do comportamento humano: afiliação (aproximar-se do
outro), agressão (superar pela força a oposição), altruísmo (ser compassivo),
autodefesa física (evitar dor), autodefesa psíquica (evitar humilhação), autonomia (ser
independente), contra-reação (superar fracassos), deferência (admirar um superior),
defesa (defender-se ou justificar-se), divertimento (agir por diversão), dominação
(controlar o ambiente), entendimento (ser interessado), exibição (causar impressão),
humilhação (submeter-se passivamente), ordem (organização), realização
(desempenho), rejeição (separar-se de um objeto negativo), segurança (afago),
sensualização (sentir prazer com impressões sexuais) e sexo (ter relações sexuais).
As necessidades operam sob influências mútuas, mas existe uma
hierarquia entre elas, onde as necessidades predominantes são aquelas que não
27
podem ser adiadas (ex. fome, sede, dor, entre outras), ou seja, é importante que uma
mínima satisfação dessas necessidades ocorra para que outras possam ser atendidas.
Podem ocorrer fusões de necessidades ou acadeias de subsidiação, onde algumas
necessidades operam em função da outra (HALL; LINDZEY, 1973).
Do mesmo modo como as necessidades representam os determinantes
significativos do comportamento dentro da pessoa, o conceito de pressão representa os
determinantes efetivos ou significativos do comportamento no ambiente (HALL;
LINDZEY; CAMPBELL, 2000). As pressões são representadas por objetos ou pessoas
do ambiente que facilitam ou impedem os esforços do indivíduo para atingir uma
determinada meta, ou seja, “é aquilo que o objeto pode fazer o sujeito fazer” (MURRAY,
1938).
Assim, as pressões impostas ao sujeito despertam sua (s) necessidade
(s) e fazem com que ele fique em estado de tensão, até que essa (s) necessidade (s)
seja (sejam) satisfeita (s). O organismo então vai aprender a prestar atenção a objetos
e a realizar atos que no passado estavam associados à redução de tensão e, até em
alguns momentos, vai procurar gerar o estado de tensão para ter o prazer que a
satisfação da necessidade proporcionará (HALL; LINDZEY, 1973).
O processo de planejar e de obter o resultado esperado é definido por
Murray por ordenação, que envolve os programas seriados (metas que o sujeito
estabelece para atingir dentro de um determinado período de tempo o estado final
desejado) e planos seriados (submetas que o indivíduo desenvolve para atingir sua
meta principal) (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000).
A unidade comportamental que inclui a situação instigadora (pressão) e
a necessidade que está operando, é denominada tema. A análise de vários temas
28
objetivaria analisar respostas características de uma pessoa a uma determinada
pressão e não simplesmente uma tendência comportamental livremente flutuante
(MURRAY, 1938), demonstrando assim a influência ambiental no comportamento,
sobretudo o modo como o sujeito percebe o ambiente.
A personalidade humana é portanto, um compromisso entre os
impulsos do indivíduo e as exigências e os interesses de outras pessoas (ambiente). Só
ocasionalmente, e no caso de indivíduos incomuns, é que a pessoa consegue modificar
os padrões culturais de modo a aliviar o conflito com seus impulsos. Em geral, é a
personalidade que é mais maleável e, portanto, o conflito normalmente é reduzido,
alterando-se a pessoa (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000). Assim, embora as
experiências infantis sejam determinantes, a formação da personalidade também pode
ser afetada lentamente e em gradações praticamente imperceptíveis (MURRAY;
KLUCKHOHN, 1953) ao longo do curso da vida, conforme as pessoas reagem às suas
circunstâncias e passam a se definir (GAZZANIGA; HEATHERTON, 2005).
Diante da influência da personalidade no comportamento das pessoas,
bem como dos fatores biológicos e ambientais que contribuem para o seu
desenvolvimento, pode ser que características de personalidade das atletas influenciem
o aparecimento da SPM e a maneira como irão perceber o impacto dos sintomas pré-
menstruais no desempenho esportivo.
29
3.2.2 Relações entre personalidade, síndrome pré-menstrual e
desempenho esportivo
Embora não tenham sido encontrados estudos que analisassem a
relação entre personalidade, SPM e desempenho esportivo conjuntamente, algumas
pesquisas têm focado relações entre características de personalidade e SPM
(HALBREICH, 1997; MONTES; VAZ, 2003), bem como entre perfil de personalidade e
esporte (BACHNER-MELMAN et al., 2006; BÄCKMAND et al., 2001; BARA FILHO,
RIBEIRO, GARCÍA, 2005; FILAIRE et al., 1999; VALLANCE; DUNN; DUNN, 2006).
O interesse dos pesquisadores em estudar relações entre
personalidade e SPM reside na incógnita de que apesar da maioria das mulheres
experimentar basicamente as mesmas flutuações hormonais ao longo do CM, somente
algumas têm SPM. Acredita-se que essas mulheres podem apresentar características
de personalidade vulneráveis que, em resposta a algum estímulo desencadeador,
fazem vir à tona os sintomas pré-menstruais (HALBREICH, 1997). Esse estímulo
desencadeador pode estar relacionado a uma situação estressante interna, como uma
diminuição da serotonina, por exemplo (INDUSEKHAR; USMAN; O’BRIEN, 2007) e/ou
externa, como uma experiência mais estressante (HALBREICH, 2003). O modo como
cada mulher irá perceber e avaliar essas situações determinará a forma como irá reagir
(STRAUB, 2005).
Desta forma, pode ser que mulheres que apresentem altos níveis de
neuroticismo ou baixa extroversão, por exemplo, podem ter uma maior predisposição
para perceber essas alterações pré-menstruais como negativas. Alto neuroticismo
30
identifica indivíduos com inclinação a sofrimentos psicológicos e que podem apresentar
altos níveis de ansiedade, depressão, hostilidade, vulnerabilidade, autocrítica e
impulsividade (ITO; GOBITTA; GUZZO, 2007), indicando uma tendência à instabilidade
emocional e susceptibilidade a sentimentos negativos. a baixa extroversão
demonstra uma propensão a pouca sociabilidade e baixo nível de atividade e
dominância (MALCHAIRE et al., 2001).
Baixa extroversão e alto neuroticismo têm sido associados com
transtornos de humor, sobretudo com distúrbios depressivo e de ansiedade
(BIENVENU, 2007) e algumas mulheres que apresentam SPM, também podem
apresentar depressão breve recorrente, um tipo de depressão que ocorre com
freqüência mensal e duração de aproximadamente 14 dias (WILLIAMS et al., 2007).
Montes e Vaz (2003), em estudo com 43 universitárias, de 18 a 35 anos
de idade, verificaram através da cnica de Zulliger (Z-Teste de forma coletiva) que
mulheres com SPM tendem a reagir emocionalmente de forma mais intensa e têm
tendência à perda de controle emocional em índice maior que as mulheres sem SPM,
no entanto não diferiram das universitárias sem SPM em relação à ansiedade traço e
estado.
Com relação aos sintomas físicos da SPM, existe uma lacuna na
literatura a respeito da associação com traços de personalidade, mas alguns autores
têm associado características de personalidade com propensão à dor física. Malchaire
et al. (2001) verificaram a associação entre vários aspectos físicos e comportamentais e
queixas no pulso e pescoço de 133 mulheres e, embora tenha sido encontrada uma
associação negativa entre extroversão e queixas no pulso, concluiu-se que
31
características de personalidade não são consideradas fatores de risco para o
desenvolvimento de desordens musculoesqueléticas.
Por outro lado, esses mesmos autores indicam que introversão tem sido
associada com baixa exteriorização e somatização de queixas musculoesqueléticas, o
que poderia estar relacionado a um fator psicológico relativamente estável que
influencia a consciência das pessoas em relação a sintomas físicos, conhecido como
foco de atenção. Pessoas que têm um foco interno sobre seu corpo, suas emoções e
seu bem-estar geral têm mais probabilidade de detectar sintomas e de relatá-los mais
rapidamente do que pessoas que têm um foco mais externo. Pessoas isoladas do ponto
de vista social, que estão cansadas de seu trabalho e que moram sozinhas m mais
propensão a desenvolver foco interno, ao passo que pessoas com vidas mais ativas
estão sujeitas a mais distrações, que afastam suas mentes dos próprios problemas
(STRAUB, 2005).
Assim, observa-se que certas características de personalidade podem
ser elementos de vulnerabilidade para algumas mulheres responderem de forma
diferenciada a eventos estressantes (HALBREICH, 1997), no entanto, no caso
específico da SPM, ainda são necessários mais estudos que esclareçam quais
características de personalidade se relacionam diretamente com o aparecimento desta
síndrome.
Em relação à associação entre características de personalidade e
esporte observou-se ao longo dos anos, a existência de um grande número de
investigações, que, no entanto, ainda não possibilitou um consenso. De 1968 a 1980,
os estudos objetivavam sobretudo a determinação de um perfil da personalidade dos
atletas, seja através da comparação de atletas e não-atletas, entre diferentes
32
modalidades esportivas ou diferentes níveis de desempenho. A partir dos anos 80 e
principalmente nos anos 90, notou-se um interesse em se correlacionar traços de
personalidade com algumas variáveis psicológicas e marcadores fisiológicos. A partir do
ano 2000, esses estudos continuaram a existir, porém com menor força, uma vez que
novos tópicos passaram a ser estudados pela psicologia do esporte (BARA FILHO;
RIBEIRO, 2005).
A comparação do perfil de personalidade de atletas e não-atletas,
embora tenha sido bastante explorada, ainda é um pico a ser estudado. Talvez um
dos fatores que tenha contribuído para a dificuldade de análise dos estudos seja a falta
de uma definição mais exata a respeito da caracterização do que é ser atleta, pois
muitos estudos não deixam claro se são atletas de elite, profissionais ou recreacionais
(WEINBERG; GOULD, 2001).
Recentemente, Bara Filho, Ribeiro e García (2005) compararam as
características de personalidade de 209 atletas de quatro modalidades esportivas, com
a de 214 sujeitos não-atletas, de ambos os gêneros. Os atletas apresentaram valores
superiores aos de não-atletas nas variáveis inibição, irritabilidade, agressividade,
fatigabilidade, queixas físicas, sinceridade e emotividade e valores inferiores em
preocupação com saúde e essas diferenças mantiveram-se de maneira constante,
mesmo quando os grupos foram divididos e comparados através das variáveis gênero
(homens e mulheres atletas com seus semelhantes não-atletas) e modalidades
esportivas (atletas de esportes coletivos e individuais com não-atletas).
Embora neste estudo os autores deixem claro que os sujeitos são
atletas de alto desempenho, não é detalhado quem são os indivíduos do grupo de não-
33
atletas, fato que também pode ter influenciado o resultado uma vez que a
personalidade é afetada por muitos outros fatores além da prática ou não de esporte.
Bäckmand et al. (2001) compararam características de
personalidade de 1040 atletas finlandeses de elite, do gênero masculino, que haviam
deixado suas carreiras esportivas, com 777 jovens militares de até 20 anos de idade,
considerados saudáveis. Foi observado que atletas que haviam participado de esportes
de combate e de esportes coletivos foram mais extrovertidos do que o grupo controle e,
atletas que haviam praticado esportes de resistência e tiro apresentaram valores mais
baixos de neuroticismo do que o grupo controle. Além disso, notou-se que os grupos de
atletas apresentaram valores mais baixos significativamente de depressão em relação
ao grupo controle.
Quando se comparam características de personalidade de atletas de
diferentes modalidades esportivas, também não se tem um consenso, mas algumas
diferenças são observadas. Filaire et al. (1999) compararam algumas características de
personalidade de atletas de elite das modalidades de handebol (13 atletas) e voleibol (7
atletas) e observaram que jogadoras de handebol apresentaram níveis mais elevados
de ansiedade-traço, motivação, dominância, resistência psicológica e agressividade o
que, segundo os autores pode ter sido desenvolvido/reforçado também pelas próprias
características de cada esporte, uma vez que no handebol é possível um maior contato
físico, o que no voleibol é delimitado pela rede.
Ao se analisar o perfil de personalidade de atletas de elite, nota-se a
existência de poucas diferenças entre os gêneros, no entanto, quando a comparação é
feita entre mulheres atletas e não atletas, as diferenças ficam mais evidentes
(WEINBERG; GOULD, 2001). No estudo de Bara Filho, Ribeiro e García (2005), as
34
atletas do gênero feminino apresentaram valores superiores aos de não-atletas de
ambos os gêneros para inibição, irritabilidade, agressividade, fatigabilidade, queixas
físicas, sinceridade e emotividade e valores inferiores em preocupação com saúde,
caracterizando-as como mais retraídas nas relações pessoais, menos espontâneas,
com menor autocontrole, apresentando maior disposição para o comportamento
agressivo e nível de estresse mais freqüente, com mais queixas físicas, mais
despreocupadas com normas de condutas sociais, com maiores alterações de humor e
ansiedade e menos preocupadas com a saúde.
Alguns estudos relacionaram também características de personalidade
de atletas com distúrbios como transtorno alimentar e anorexia. Engel et al. (2003)
verificaram em um estudo com 1445 jovens atletas, de ambos os gêneros, que a
variável auto-estima baixa (utilizada como uma variável relacionada à personalidade)
esteve relacionada com comportamentos e atitudes que indicaram transtornos
alimentares. Bachner-Melman et al. (2006) compararam características de
personalidade de 458 mulheres de 13 a 35 anos de idade, divididas em um grupo de
mulheres com anorexia nervosa, atletas de esportes com características estéticas
(ginástica, dança, nado sincronizado, entre outros), atletas de esportes não
considerados estéticos (basquete, corredoras, voleibol, natação, entre outros) e um
grupo controle. O perfil de personalidade do grupo de atletas de esportes tido como
estéticos o foi diferente significativamente do outro grupo de atletas e nem tão pouco
do grupo controle. Já o grupo de mulheres com anorexia nervosa diferiu em alguns
aspectos como valores mais altos em perfeccionismo e mais baixos em auto-estima.
Mais recentemente, têm-se observado estudos que analisaram o
impacto de características de personalidade no desempenho esportivo. Vallance, Dunn
35
e Dunn (2006), em estudo com 229 jogadores de hóquei com média de idade de 14
anos, encontraram relação entre tendências ao alto perfeccionismo e alta disposição à
raiva. Atletas com alto perfeccionismo consistentemente relataram níveis mais intensos
de raiva seguidos de erros do que atletas de moderado e baixo perfeccionismo,
independentemente se os erros foram cometidos em situações muito ou pouco críticas.
A possível explicação é que pessoas que exibem alta orientação perfeccionista são
particularmente propensos a experimentar estresse e afeto negativo quando
experimentam falha (VALLANCE; DUNN; DUNN, 2006).
Desse modo, nota-se que, apesar dos estudos terem encontrado
alguma associação entre SPM e características de personalidade e esporte e
personalidade, maiores inferências poderão ser feitas quando se estudar a interação
desses três fatores em uma mesma população.
36
4 MÉTODOS
4.1 Tipo de Estudo
O estudo caracterizou-se descritivo do tipo inquérito, tendo em vista que
objetivou analisar o comportamento das participantes através de instrumentos de auto-
relato (STRAUB, 2005).
4.2 População Alvo
A população alvo do estudo foi composta por 65 atletas do gênero
feminino, com idade entre 18 e 49 anos e que estavam treinando na cidade de Maringá-
Paraná no segundo semestre do ano de 2007.
37
4.2.1 Sujeitos
Como critérios de inclusão para os sujeitos do estudo foram adotados:
a) ser do gênero feminino; b) apresentar idade entre 18 e 49 anos; c) ser atleta de uma
das equipes esportivas competitivas vinculadas à Secretaria de Esportes de Maringá; e)
participar no ano de 2007 de competição oficial do esporte que pratica. A inclusão de
atletas acima de 18 anos é devida ao fato que adolescentes poderiam ter dificuldades
de identificar e diferenciar alguns sintomas pré-menstruais (DERMAN et al., 2004). a
idade máxima de 49 anos está relacionada à idade reprodutiva da mulher (SCHOR et
al., 2000). Os outros dois critérios foram estabelecidos para que fossem selecionadas
as atletas das equipes que treinam visando o desempenho esportivo, sobretudo para
representar o município em competições oficiais.
Nesse sentido, foi realizado um levantamento junto à Secretaria de
Esportes de Maringá para identificar os esportes que apresentavam atletas do gênero
feminino. No total, foram encontradas 16 modalidades esportivas: atletismo,
basquetebol, bolão, ciclismo, futsal, ginástica rítmica, handebol, judô, karatê, natação,
taekowndo, tênis, tênis de mesa, voleibol, vôlei de praia e xadrez.
Após um contato inicial com os técnicos para identificar as atletas com
idade entre 18 e 49 anos, foram excluídas três modalidades esportivas: taekwondo e
tênis devido às atletas participantes não apresentarem idade superior a 18 anos e
bolão, em função das atletas da equipe ter mais que 49 anos. Além destas três
modalidades, outras duas equipes foram excluídas por não apresentar disponibilidade
para participar do estudo.
38
Desta forma, foram selecionadas, todas as atletas entre 18 e 49 anos
de 11 modalidades esportivas, sendo 08 atletas de atletismo, 10 atletas de basquetebol,
03 atletas de ciclismo, 01 atleta de ginástica rítmica, 14 atletas de handebol, 02 atletas
de judô, 04 atletas de karatê, 01 atleta de natação, 08 atletas de voleibol, 04 atletas de
vôlei de praia e 02 atletas de xadrez, totalizando 57 atletas. Todas as atletas
consentiram em participar do estudo.
Como critérios de exclusão foram estabelecidos: a) não possuir CM
eumenorréico (CMs regulares, com intervalos de 21 a 35 dias – CREININ; KEVERLINE;
MEYN, 2004); b) ter tido a menarca menos de dois anos; c) usar no período da
coleta de dados ou ter sido usuária nos três CMs antecedentes, de anticoncepcionais
hormonais, terapias farmacológicas, drogas ilícitas e/ou bebidas alcoólicas em excesso
(ACOG, 2000); d) parar de treinar durante o período da coleta de dados; e) não
responder os instrumentos de coleta de dados.
Das 57 atletas acompanhadas, 08 atletas foram excluídas por não
possuírem CM eumenorréico, 08 atletas por usarem regularmente anticoncepcional
hormonal e 04 atletas por utilizar esses medicamentos para manipular o CM, 06 atletas
por pararem de treinar durante a coleta de dados e 06 atletas por não apresentarem
disponibilidade para responder os diários durante dois CMs consecutivos.
Nenhuma atleta relatou utilizar drogas ilícitas ou bebidas alcoólicas em
excesso (caracterizada como o consumo diário de bebida alcoólica GIGLIOTTI;
BESSA, 2004) e todas as atletas haviam tido a menarca pelo menos dois anos.
Cinco atletas utilizaram antinflamatórios durante o período analisado, no entanto, não
foram excluídas do estudo devido o uso do medicamento ter sido feito apenas por um
período de até cinco dias em um dos CMs analisados. Assim, a amostra final foi
39
composta por 25 atletas de 10 modalidades esportivas: atletismo (02 atletas),
basquetebol (06 atletas), ciclismo (01 atleta), ginástica rítmica (01 atleta), handebol (07
atletas), karatê (04 atletas), natação (01 atleta), voleibol (01 atleta), vôlei de praia (01
atleta) e xadrez (01 atleta).
As atletas apresentaram Md = 21 (6) anos de idade, Md = 13 (2) anos
de idade de menarca, Md = 9 (6) anos de prática do esporte e Md = 12 (8) horas de
treinamento semanal. Três atletas (12%) haviam disputado competições
internacionais, 19 atletas (76%) competições nacionais e 03 atletas (12%) haviam
competido apenas em nível estadual. No ano de 2007, 13 atletas (52%) iriam disputar
competições cujo nível mais alto seria estadual e 12 atletas (48%) competições
nacionais.
4.3 Instrumentos
Foram utilizados como instrumentos para coleta de dados a Ficha de
Identificação da Atleta, a Ficha de Diagnóstico de SPM, a Ficha de Percepção de
Impacto dos Sintomas Pré-Menstruais no Desempenho Esportivo, o Diário de Sintomas
da SPM, o Inventário Fatorial de Personalidade (IFP) e o Profile of Mood States
(POMS).
40
4.3.1 Ficha de identificação da atleta
A Ficha de Identificação da Atleta registrou o nome, data de nascimento,
idade, endereço, telefone, modalidade esportiva que pratica, categoria que pertence,
tempo de prática do esporte, horas de treinamento diário, dias de treinamentos na
semana, nível mais alto de campeonato que participou, ano do campeonato, nível
mais alto de competição que irá participar no ano de 2007, idade de menarca,
regularidade do CM, utilização de anticoncepcionais hormonais, terapias
farmacológicas, consumo de drogas ilícitas e bebidas alcoólicas (APÊNDICE A).
4.3.2 Ficha de diagnóstico de síndrome pré-menstrual
A Ficha de Diagnóstico de SPM (APÊNDICE B) foi baseada nos
critérios estabelecidos pelo American College of Obstetricians and Gynecologist
(ACOG, 2000) e objetivou verificar os sintomas pré-menstruais percebidos pelas atletas
nos últimos três CMs.
A atleta deveria assinalar qual (is) dos sintomas, durante os últimos três
CMs, esteve (estiveram) presente (s) na maior parte do tempo durante a semana que
antecedeu a menstruação (período pré-menstrual), começou (começaram) a diminuir
dentro de alguns dias após o início da menstruação, e esteve (estiveram) ausente (s)
41
na semana após a menstruação. As atletas deveriam assinalar somente o (s) sintoma
(s) que tivesse (tivessem) interferido acentuadamente nas suas atividades diárias.
Os sintomas contidos na Ficha de Diagnóstico da SPM foram: sintomas
emocionais: depressão (baixa auto-estima/tristeza excessiva), ansiedade, confusão,
irritabilidade, isolamento e explosão de raiva; sintomas físicos: mastalgia, desconforto
abdominal, cefaléia e edema. Além disso, acrescentou-se a opção “outro (s)” para que
a atleta relatasse outro (s) sintoma (s) que não tivesse sido contemplado na ficha.
A percepção de SPM foi constatada quando a atleta relatou a
combinação de pelo menos um sintoma emocional e um sintoma físico no período pré-
menstrual (ACOG, 2000).
4.3.3 Ficha de percepção de impacto dos sintomas pré-menstruais
no desempenho esportivo
A Ficha de Percepção de Impacto dos Sintomas Pré-Menstruais no
Desempenho Esportivo (APÊNDICE C) conteve duas questões: uma a respeito da
percepção de impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo durante
os treinamentos e outra sobre a percepção de impacto dos sintomas pré-menstruais no
desempenho esportivo durante as competições.
A escala de percepção de impacto dos sintomas pré-menstruais no
desempenho esportivo foi do tipo Likert e contemplou os valores: 0 “nada afetado”, 1
“um pouco afetado”, 2 “moderadamente afetado”, 3 “bastante afetado” e 4
42
“extremamente afetado”. Essa escala foi previamente analisada por quatro professores
doutores na área do treinamento esportivo e testada em um estudo piloto realizado com
112 atletas de futsal de diferentes regiões do país (GAION; FIORESE; SILVA, 2007).
4.3.4 Diário de sintomas da síndrome pré-menstrual
O Diário de Sintomas da SPM (APÊNDICE D) foi utilizado para
confirmação diagnóstica de SPM e foi respondido pelas atletas durante dois CMs
consecutivos. Os sintomas contidos no Diário de Sintomas da SPM foram os mesmos
da Ficha de Diagnóstico da SPM. Ao final de cada dia, as atletas deveriam assinalar
somente o (s) sintoma (s) que estivesse (estiveram) presente (s) no seu dia e que
tivesse (tivessem) interferido acentuadamente em suas atividades diárias. O primeiro
dia de preenchimento do diário correspondeu ao primeiro dia do CM (primeiro dia de
menstruação). A troca de diários foi realizada semanalmente pela pesquisadora.
Foi diagnosticada SPM quando a atleta apresentou a combinação de
pelo menos um sintoma emocional e um sintoma físico, ocorridos necessariamente no
período pré-menstrual (cinco dias antecedentes à menstruação) e ausentes no período
folicular (sexto ao décimo dia do CM) (ACOG, 2000).
43
4.3.5 Inventário fatorial de personalidade
O IFP fundamenta-se no Edwards Personal Preference Schedule
(EPPS), um instrumento desenvolvido por Allen L Edwards em 1953 e revisto em 1959,
baseado na teoria das necessidades básicas formulada por Henry Murray (1938). Em
1997, foi adaptado e validado para língua portuguesa (PASQUALI, AZEVEDO e
GHESTI, 1997). Esse inventário visa avaliar o sujeito normal em 15 necessidades ou
motivos psicológicos:
a) Assistência: caracterizada por desejos e sentimentos de piedade,
compaixão e ternura, pelos quais o sujeito deseja dar simpatia e
gratificar as necessidades de um sujeito indefeso, defendê-lo no
perigo, dar-lhe suporte emocional e consolo na tristeza, doença e
outros infortúnios;
b) Intracepção: sentimentos e inclinações difusas, de procura pela
felicidade, fantasia e imaginação. O intraceptivo é definido por
adjetivos como: subjetivo, imaginativo, pouco prático, caloroso e
apaixonado, sensitivo, dedutivo, intuitivo nas observações, idealista e
de pensar filosófico penetrante;
c) Afago: busca de apoio e proteção; o sujeito espera ter seus desejos
satisfeitos por alguma pessoa querida e amiga, deseja ser afagado,
apoiado, protegido, amado, orientado, perdoado, consolado; sofre de
sentimentos e ansiedade de abandono, insegurança e desespero;
44
d) Deferência: caracterizada por respeito, admiração e reverência a um
superior; o sujeito apresenta a necessidade de elogiar, imitar e
obedecer a seus superiores;
e) Afiliação: necessidade de dar e receber afeto dos amigos; os sujeitos
gostam de ser leais, demonstrar confiança, boa vontade e amor aos
seus amigos;
f) Dominância: sentimentos de autoconfiança e desejo de controlar os
outros, influenciando ou dirigindo o comportamento das pessoas
através de sugestão, sedução, persuasão ou comando;
g) Denegação: desejo ou tendência de se submeter passivamente à
força externa; aceitar desaforo, castigo e culpa; resignar-se ao
destino, admitir inferioridade, erro e fracasso; desejo de
autodestruição, dor, castigo, doença e desgraça;
h) Desempenho: caracterizado por ambição e empenho, expressado
pelo desejo de realizar algo difícil, como dominar, manipular e
organizar objetos, pessoas e idéias; os sujeitos gostam de fazer
coisas independentemente e com a maior rapidez possível,
sobressair, vencer obstáculos e manter altos padrões de realização;
i) Exibição: vaidade, desejo de impressionar, ser ouvido e visto; o
indivíduo gosta de fascinar as pessoas e a mesmo chocá-las,
dramatizando os fatos para impressionar e entreter;
j) Agressão: caracterizada pela raiva, irritação, ódio e desejo de
superar com vigor a oposição; os sujeitos gostam de brigar, atacar,
injuriar, censurar e ridicularizar os outros;
45
k) Ordem: tendência de pôr todas as coisas em ordem, mantendo
limpeza, organização, equilíbrio e precisão;
l) Persistência: necessidade de concluir qualquer trabalho iniciado por
mais difícil que possa parecer, esquecendo o tempo e repouso
necessário, resultando, não raro, em queixas de pouco tempo, de
cansaço e preocupações;
m) Mudança: desejo de desligar-se de tudo que é rotineiro e fixo; os
sujeitos gostam de novidade, aventura, mudar hábitos e não ter
nenhuma ligação permanente em lugares, objetos ou pessoas;
n) Autonomia: caracterizada pelo sentimento de ser livre, resistir à
coerção e à oposição; os indivíduos não gostam de executar tarefas
impostas por autoridades, pois necessitam agir independentemente,
seguindo seus impulsos e desafiando as convenções;
o) Heterossexualidade: desejo de manter relações, desde românticas
até sexuais, com indivíduos do sexo oposto; o sujeito se interessa
por sexo e assuntos afins.
Além das quinze necessidades, o IFP apresenta uma escala de
validade, cuja função é verificar se o sujeito respondeu adequadamente ao inventário,
isto é, se ele ou não entendeu a tarefa ou respondeu sem a menor atenção ou
simplesmente mentiu e, uma escala de desejabilidade social, que visa identificar os
sujeitos que tentaram demais se apresentar de uma maneira que os outros gostariam
que ele fosse visto.
O IFP é composto por 155 questões, sendo 09 questões para cada uma
das 15 necessidades, 08 questões para escala de validade e 12 questões para
46
desejabilidade social. O sujeito deve responder cada questão dentro de uma escala tipo
Likert, composta de 7 pontos, onde 1 representa “nada característico” e 7 representa
“totalmente característico”. O escore bruto de cada necessidade é dado pela soma das
suas respectivas questões; para as questões de validade e desejabilidade social, a
pontuação é feita de forma inversa, ou seja, onde o sujeito atribuiu o valor de 7, deve-se
na verdade, pontuar o valor de 1. Os escores percentílicos são obtidos colocando-se os
valores brutos na tabela de normas (em função do gênero).
Caso o sujeito apresente escores acima de 30 para validade e percentil
igual ou superior a 70 para desejabilidade social deve ser retirado da análise. Podendo
ser utilizado para pesquisas, ensino e aconselhamento, o IFP é auto-aplicável e
utilizado com pessoas entre 18 e 60 anos de idade. Para este estudo, a aplicação e a
análise do teste foi realizada por um psicólogo.
O perfil de personalidade das atletas foi expresso de acordo com
percentis de cada necessidade, sendo que os valores percentil 25 representaram
necessidades muito fracas, escores entre percentil 30 e percentil 40 indicaram
necessidades fracas, valores acima do percentil 60 a percentil 70 representaram
necessidades fortes e escores > percentil 70 indicaram necessidades muito fortes.
47
4.3.6 Perfil de estado de humor
O perfil de estado de humor foi avaliado através do questionário Profile
of Mood States (POMS ANEXO A), desenvolvido inicialmente para observação de
estados de humor em pacientes psiquiátricos (McNAIR; LORR; DROPPLEMAN, 1992)
e validado para língua portuguesa por Pelluso (2003). Esse questionário é um
instrumento de avaliação do humor auto-aplicável, com 65 palavras que descrevem
sentimentos, as quais o sujeito atribui um número correspondente a uma escala do tipo
Likert, que vai de zero (de jeito nenhum) a quatro (extremamente), referente ao seu
estado de humor em relação ao período de tempo determinado (dia, semana). Avalia
seis dimensões do humor: tensão (9 itens), depressão (15 itens), raiva (12 itens), vigor
(8 itens), fadiga (7 itens) e confusão (7 itens). O escore bruto das dimensões é dado
pela somatória dos itens relacionados, exceto para as dimensões tensão e confusão,
onde após somar os valores, subtrai-se um dos itens.
A aplicação do POMS foi feita em cinco momentos durante o CM: dia
do CM (primeiro dia de menstruação), dia do CM, 14º dia do CM, última semana do
CM (um dia na semana que antecedeu a próxima menstruação semana pré-
menstrual) e último dia do CM (dia anterior à próxima menstruação). Não foi
estabelecido um dia específico para a última semana porque não existiria um dia que
pudesse atender a todos os CMs, tendo em vista que os CMs variaram de 21 a 35 dias
e não se sabia qual seria o intervalo real do CM. Então, após o preenchimento do 14º
dia, a atleta levava o questionário para preencher no 21º dia e assim sucessivamente
(as trocas dos questionários eram feitas com intervalo de 7 dias); a única atleta que
48
apresentou o CM com duração de 21 dias, teve seu valor de última semana e último dia
iguais. Para as demais atletas, o valor de última semana foi sempre o questionário
preenchido antes do último dia.
As atletas foram instruídas a responder o POMS sempre ao final do dia,
recordando como se sentiram na maior parte do tempo do dia analisado. Para último
dia, o preenchimento foi feito de forma retrospectiva no dia da menstruação, tendo em
vista a dificuldade de saber previamente qual seria o último dia do CM. A aplicação do
POMS foi feita nos dois CMs analisados durante a aplicação do Diário de Sintomas da
SPM.
Para este estudo a análise do POMS se deu de três formas: 1 –
calculando a total de alteração do humor, obtida pela somatória das dimensões tensão,
depressão, raiva, fadiga e confusão, subtraída do vigor; 2 analisando as alterações
nas dimensões do humor separadamente; 3 identificando o perfil iceberg,
caracterizado por valores do vigor 16 pontos (acima do percentil 50), de tensão 13
pontos, depressão 13 pontos, raiva 9 pontos, fadiga 10 pontos, e confusão 10
pontos (abaixo do percentil 50).
4.4 Procedimentos
Após a aprovação do estudo pelo Comitê Permanente de Ética em
Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (COPEP), da Universidade Estadual de Maringá
(Parecer . 064/2007 ANEXO B), foi solicitado aos técnicos das modalidades
49
esportivas selecionadas, permissão para desenvolver o estudo junto às equipes.
Técnicos e atletas foram informados a respeito dos procedimentos da pesquisa e, após
manifestarem interesse em participar, as atletas assinaram o termo de consentimento
livre e esclarecido (APENDICE E).
Inicialmente foram aplicadas a Ficha de Identificação da Atleta, a Ficha
de Diagnóstico da SPM e a Ficha de Percepção de Impacto dos Sintomas Pré-
Menstruais no Desempenho Esportivo. Em seguida, foram distribuídos os Diários de
Sintomas da SPM, que as atletas deveriam começar a preencher a partir da sua
próxima menstruação, juntamente com o POMS para o 1º dia do CM. O IFP foi
agendado de acordo com a disponibilidade das atletas e sua aplicação foi realizada por
um psicólogo. A troca dos Diários de Sintomas da SPM e do POMS foi feita
semanalmente, pela pesquisadora, no próprio local de treinamento das atletas. A coleta
de dados teve duração de 20 semanas.
4.5 Análise estatística
Para as variáveis numéricas foi aplicado o teste de Shapiro-Wilk para
verificar a normalidade dos dados. Como não houve distribuição normal, utilizou-se
mediana (Md) e intervalo interquartílico (IQ) para caracterizar os grupos e testes não
paramétricos para as comparações: teste de Mann-Whitney para comparações entre os
dois grupos, teste de Wilcoxon para comparações de dois momentos do mesmo grupo,
teste de Friedman para comparações de três ou mais momentos do mesmo grupo e
50
teste de Kruskal-Wallis para comparações entre três grupos. Para as variáveis
categóricas, utilizou-se freqüência e percentual para caracterização dos grupos e teste
exato de Fisher para associação entre as variáveis. A significância adotada foi de
P<0,05.
O total de atletas avaliadas foi de 25, no entanto, as atletas foram
divididas em dois grupos conforme a análise dos dados. Para verificar os fatores
associados à SPM, as atletas foram divididas em função de presença (12 atletas) ou
ausência (13 atletas) de SPM nos CMs analisados. Essa divisão foi mantida para as
comparações de personalidade entre atletas com e sem SPM.
para as análises do estado de humor, a divisão das atletas foi em
função de presença ou ausência de SPM em cada um dos CMs, uma vez que tiveram
atletas com SPM em apenas um dos CMs. Assim, no CM1, o grupo de atletas com SPM
(GSPM) foi composto por 8 atletas e o grupo de atletas sem SPM (Gs/SPM) apresentou
17 atletas. No CM2, o GSPM foi composto por 7 atletas e o Gs/SPM por 18 atletas.
Para verificar os fatores associados à percepção de impacto no
desempenho esportivo, as atletas foram divididas conforme percepção de impacto
durante treinamentos e durante competições. Assim, quando se verificou os fatores
associados à percepção de impacto no desempenho esportivo durante os treinamentos,
as atletas foram divididas em atletas com presença de impacto (19 atletas) e ausência
de impacto (06 atletas) dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo durante
os treinamentos. Para identificar os fatores associados à percepção de impacto no
desempenho esportivo durante as competições, as atletas foram divididas em atletas
com presença de impacto (13 atletas) e ausência de impacto (12 atletas) dos sintomas
pré-menstruais no desempenho esportivo durante as competições.
51
5 RESULTADOS
A apresentação dos resultados baseou-se nos objetivos específicos do
estudo. Inicialmente, foi abordada a prevalência e fatores associados à síndrome pré-
menstrual em atletas. Na seqüência, foi apresentado o perfil de personalidade das
atletas e associação com síndrome pré-menstrual. Em seguida, foram abordadas as
comparações do perfil de estado de humor de atletas ao longo dos ciclos menstruais.
Por fim, foi apresentada a percepção de impacto dos sintomas pré-menstruais no
desempenho esportivo e associação com síndrome pré-menstrual e personalidade.
5.1 Prevalência e Fatores Associados à Síndrome Pré-Menstrual
em Atletas
Para identificar a prevalência de SPM nas atletas inicialmente foi
aplicada a Ficha de Diagnóstico de SPM, onde as atletas relataram a percepção de
sintomas pré-menstruais de forma retrospectiva. Tendo em vista que informações
retrospectivas podem ser diferentes das encontradas de forma prospectiva (MARVAN;
CORTES-INIESTRA, 2001), foi aplicado também o Diário de Sintomas da SPM durante
dois CMs consecutivos, por ser este o método mais recomendado para a confirmação
diagnóstica de SPM.
52
Observou-se (TABELA 1) que a prevalência estimada de forma
retrospectiva foi de 68%, enquanto que a estimada pelo acompanhamento com os
diários foi de 48% (considerando as atletas que atingiram critério para diagnóstico de
SPM em pelo menos um dos dois CMs analisados). Notou-se também que 03 atletas
(12%) apresentaram SPM nos dois CMs analisados, enquanto 09 atletas (36%)
confirmaram a presença de SPM em apenas um dos CMs.
Tabela 1 - Prevalência de síndrome pré-menstrual estimada de forma retrospectiva e
com acompanhamento diário (n = 25):
Percepção das atletas Prevalência SPM
Forma retrospectiva 68% (17 atletas)
Acompanhamento diário (presença SPM em pelo menos um CM) 48% (12 atletas)
Acompanhamento diário (presença SPM apenas em um dos CMs)
36% (09 atletas)
Acompanhamento diário (presença SPM nos dois CMs) 12% (03 atletas)
SPM: síndrome pré-menstrual; CM: ciclo menstrual; CMs: ciclos menstruais.
Para divisão dos grupos com SPM (GSPM) e sem SPM (Gs/SPM)
utilizou-se a presença de SPM em pelo menos um dos CMs acompanhados pelo Diário
de Sintomas da SPM, ou seja, as atletas que em pelo menos um dos dois CMs
analisados apresentaram SPM foram incluídas no GSPM (n = 12) e as atletas que não
apresentaram SPM em nenhum dos CMs foram classificadas no Gs/SPM (n = 13).
Verificou-se que 83% das atletas do GSPM (10 atletas) confirmaram
através do acompanhamento diário, o diagnóstico estabelecido pela Ficha de
Diagnóstico de SPM, ou seja, essas atletas relataram na ficha a presença de SPM e
essa presença foi confirmada através do acompanhamento com o Diário de Sintomas
53
da SPM; no Gs/SPM, 46% das atletas (6 atletas) não relataram na Ficha de
Diagnóstico da SPM sintomas suficientes para caracterizar SPM e realmente não
apresentaram esta síndrome através do acompanhamento com o Diário de Sintomas da
SPM.
Com relação à percepção de duração do CM (relatada na Ficha de
Identificação da Atleta) o foram observadas diferenças significativas entre os grupos
com e sem SPM (GSPM: Md = 29 (2); Gs/SPM: Md = 28 (3); P = 0,186). De forma
semelhante, a duração real do CM (observada através do acompanhamento com o
Diário de Sintomas da SPM) não apresentou diferenças significativas entre os grupos
(GSPM: Md = 28 (7); Gs/SPM: Md = 28,5 (8); P = 0,428). Também não foram
identificadas diferenças significativas entre os grupos com e sem SPM para duração do
período menstrual (GSPM: Md = 5 (1); Gs/SPM: Md = 6 (1,5); P = 0,443) e idade de
menarca (GSPM: Md = 13 (2); Gs/SPM: Md = 12 (3); P = 0,099).
Notou-se que a maior freqüência de sintomas pré-menstruais totais do
GSPM foi de 03 a 07 sintomas, enquanto que no Gs/SPM foi de 00 a 02 sintomas
(TABELA 2). Para os sintomas pré-menstruais emocionais, o GSPM apresentou maior
freqüência de 01 sintoma e o Gs/SPM entre 00 e 01 sintoma. para sintomas pré-
menstruais físicos, a maior freqüência do GSPM foi 01 a 02 sintomas e para o Gs/SPM
foi de nenhum sintoma. O maior número de sintomas pré-menstruais emocionais foi de
05 sintomas (atleta do GSPM) e de sintomas pré-menstruais físicos foi de 03 sintomas
(atleta do GSPM).
54
Tabela 2 - Freqüência e percentual dos sintomas pré-menstruais totais,
emocionais e físicos das atletas com SPM (n = 12) e sem SPM (n = 13):
SintomasTotais Sintomas Emocionais Sintomas Físicos
GSPM Gs/SPM
GSPM Gs/SPM
GSPM Gs/SPM
f
%
f
%
f
%
F
%
f
%
f
%
f
%
f
%
f
%
0 - - 4 100 4 100 - - 6 100 6 100 - - 8 100 8 100
1 - - 3 100 3 100 7 58 5 42 12 100 4 50 4 50 8 100
2 2 29 5 71 7 100 2 67 1 33 3 100 6 86 1 14 7 100
3 5 100 - - 5 100 2 100 - - 2 100 2 100 - - 2 100
4 2 67 1 33 3 100 - - 1 100 1 100 - - - - - -
5 2 100 - - 2 100 1 100 - - 1 100 - - - - - -
6 - - - - - 100 - - - - - 100 - - - - - -
7 1 100 - - 1 100 - - - - - 100 - - - - - -
Nº: número de sintomas; GSPM: grupo com síndrome pré-menstrual; Gs/SPM: grupo sem síndrome pré-menstrual
A freqüência e o percentual de atletas por tipo de sintoma pré-menstrual
foram de 12 atletas (48%) para mastalgia, 08 atletas (32%) para explosão de raiva, 07
atletas (28%) para ansiedade, 07 atletas (28%) para irritabilidade, 06 atletas (24%) para
cefaléia, 06 atletas (25%) para confusão, 05 atletas (20%) para desconforto abdominal,
05 atletas (20%) para isolamento, 04 atletas (16%) para depressão e 04 atletas (16%)
para edema.
A tabela 3 apresenta a distribuição de atletas com e sem SPM de
acordo com faixa etária, tempo de prática e tipo de esporte, volume de treinamento
semanal e sintomas pré-menstruais. Foram observadas associações significativas entre
SPM e volume de treinamento semanal (P = 0,041), SPM e número de sintomas totais
(P < 0,0001), SPM e número de sintomas sicos (P = 0,004), SPM e mastalgia (P =
0,028) e SPM e desconforto abdominal (P = 0,015).
55
Tabela 3 - Distribuição de atletas com e sem síndrome pré-menstrual de acordo com
faixa etária, tempo de prática, tipo de esporte, volume de treinamento
semanal e sintomas pré-menstruais:
Variável Síndrome Pré-Menstrual
Presença (n = 12) Ausência (n = 13)
F
%
f
%
f
%
P
Faixa etária
18-26 anos 11 55 9 45 20 100 0,322
32-40 anos 1 20 4 80 5 100
Tempo prática esporte
1-13 anos 10 48 11 52 21 100 1,000
16-30 anos 2 50 2 50 4 100
Volume treino semanal
5-15 horas 5 31 11 69 16 100 0,041*
18-30 horas 7 78 2 22 9 100
Tipo de esporte
Individual 5 50 5 50 10 100 1,000
Coletivo 7 47 8 53 15 100
Nº sintomas totais
0-2 sintomas 2 14 12 86 14 100 <0,0001**
3-7 sintomas 10 91 1 9 11 100
Nº sintomas emocionais
0-1 sintomas 7 39 11 61 18 100 0,202
2-5 sintomas 5 71 2 29 7 100
Nº sintomas físicos
0-1 sintomas 4 25 12 75 16 100 0,004**
2-3 sintomas 8 89 1 11 9 100
Tipo de sintoma
Depressão 2 50 2 50 4 100 1,000
Ansiedade 4 57 3 43 7 100 0,673
Confusão 5 83 1 17 6 100 0,073
Irritabilidade 5 71 2 29 7 100 0,202
Isolamento 4 80 1 20 5 100 0,160
Explosão de raiva 4 50 4 50 8 100 1,000
Mastalgia 9 75 3 25 12 100 0,028*
Desc. Abdominal 5 100 - - 5 100 0,015*
Cefaléia 5 83 1 17 6 100 0,073
Edema 2 50 2 50 4 100 1,000
Teste exato de Fisher; *diferença significativa P<0,05; ** diferença significativa P<0,01
56
5.2 Perfil de Personalidade das Atletas e Associação com SPM
Através do IFP foi possível traçar um perfil de personalidade das
atletas. Nenhuma atleta foi excluída da análise pois todas apresentaram valores para
escala de validade de até 30 pontos e percentil menor que 70 para desejabilidade
social. A figura 1 apresenta o perfil de personalidade (em percentis) das atletas
(amostra total) e em função de presença e ausência de SPM. Valores percentil 25
representam necessidades muito fracas, escores entre percentil 30 e percentil 40,
indicam necessidades fracas, valores acima do percentil 60 a percentil 70
representam necessidades fortes e escores > percentil 70 indicam necessidades muito
fortes das atletas. Quando analisados os valores brutos, não foram identificadas
diferenças significativas entre as características de personalidade do total de atletas
(amostra total) e entre os grupos GSPM e Gs/SPM (P = 0,516).
57
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Amostra total
GSPM
Gs/SPM
GSPM: grupo com síndrome pré-menstrual; Gs/SPM: grupo sem síndrome pré-menstrual;
Ass: Assistência; I: Intracepção; Af: Afago; Def: Deferência; Afl: Afiliação; Do: Dominância; Den:
Denegação; Des: Desempenho; Ex: Exibição; Ag: Agressão; O: Ordem; Pers: Persistência; M:
Mudança; Aut: Autonomia; Het: Heterossexualidade.
Figura 1 - Perfil de personalidade do total de atletas e das atletas com e sem síndrome
pré-menstrual
O perfil de personalidade das atletas (amostra total) indicou
necessidade muito forte de afiliação (percentil 75), necessidades fortes de dominância
(percentil 65), de denegação (percentil 65), de desempenho (percentil 65), de
persistência (percentil 65) e de autonomia (percentil 65) e necessidades fracas de afago
(percentil 30), de agressão (percentil 35), de mudança (percentil 30) e de
heterossexualidade (percentil entre 30 e 35). Esse perfil de personalidade aponta que
as atletas gostam de estabelecer fortes relações de amizade (afiliação), embora não
necessitem muito serem constantemente protegidas e afagadas (afago); gostam de
comandar (dominância), mas não através de atitudes muito agressivas (agressão);
apresentam forte ambição e altos padrões de realização (desempenho), não desistem
facilmente (persistência) e gostam de seguir uma rotina (mudança); gostam de agir
independentemente e livremente (autonomia), embora se submetam passivamente à
Ass I Af Def Afl Do Den Des Ex Ag O Pers M Aut Het
P
E
R
C
E
N
T
I
L
58
força externa quando necessário (denegação) e apresentam baixa necessidade de
tratar de assuntos relacionados ao sexo oposto (heterossexualidade).
O GSPM apresentou necessidades fortes de afiliação (percentil 65), de
desempenho (percentil 70) e de autonomia (percentil 65), necessidades fracas de
assistência (percentil 30), de intracepção (percentil 35) e de afago (percentil 30),
necessidades muito fracas de agressão (percentil entre 20 e 25), de mudança (percentil
20) e de heterossexualidade (percentil 25). Esse perfil de personalidade indica que as
atletas com SPM gostam de estabelecer fortes relações de amizade (afiliação), sem
necessitar muito de proteção e apoio (afago); são pouco agressivas (agressão), mas
também apresentam pouca preocupação em ajudar os outros (assistência); não gostam
de alterações em suas rotinas (mudança), apresentam altos padrões de realização
(desempenho) e gostam de agir livremente (autonomia); são práticas e pouco
imaginativas (intracepção) e apresentam necessidade muito fraca a respeito de
assuntos vinculados ao sexo oposto (heterossexualidade).
O Gs/SPM apresentou necessidades muito fortes de afiliação (percentil
80) e de denegação (percentil 80), necessidades fortes de assistência (percentil entre
65 e 70), de dominância (percentil 70), de persistência (percentil 65) e de autonomia
(percentil 70) e necessidades fracas de afago (percentil 30), de agressão (percentil 35)
e de heterossexualidade (percentil entre 30 e 35). Esse perfil de personalidade aponta
que as atletas sem SPM também gostam de estabelecer fortes relações de amizade
(afiliação), embora prefiram mais ajudar os outros (assistência) do que receber afeto
(afago); submetem-se passivamente à força externa (denegação), embora também
gostem de comandar (dominância), especialmente sem serem muito agressivas
(agressão); necessitam ser independentes (autonomia) e concluir qualquer trabalho que
59
tenham iniciado (persistência). Também apresentam necessidade fraca de tratar de
assuntos relacionados ao sexo oposto (heterossexualidade).
A tabela 4 apresenta a distribuição de atletas com e sem SPM de
acordo com as características de personalidade (tendo como ponto de corte percentil
25 para classificar as necessidades como muito fracas e o percentil > 70 para
categorizar as necessidades como muito fortes). Foi verificada associação significativa
entre SPM e denegação (fraca) (P = 0,035).
60
Tabela 4 - Distribuição de atletas com e sem síndrome pré-menstrual de acordo com
características de personalidade:
Necessidades Síndrome Pré-Menstrual
Presença (n = 12) Ausência (n = 13)
f
%
F
%
f
%
P
Assistência Fraca
Forte
5
2
62%
25%
3
6
38%
75%
8
8
100%
100%
0,315
Intracepção Fraca
Forte
3
1
43%
20%
4
4
57%
80%
7
5
100%
100%
0,576
Afago Fraca
Forte
5
2
56%
40%
4
3
44%
60%
9
5
100%
100%
1,000
Deferência Fraca
Forte
1
2
25%
29%
3
5
75%
71%
4
7
100%
100%
1,000
Afiliação Fraca
Forte
3
5
75%
38%
1
8
25%
62%
4
13
100%
100%
0,294
Dominância Fraca
Forte
3
3
60%
33%
2
6
40%
67%
5
9
100%
100%
0,580
Denegação Fraca
Forte
3
2
100%
20%
-
8
-
80%
3
10
100%
100%
0,035*
Desempenho Fraca
Forte
1
6
33%
54%
2
5
67%
46%
3
11
100%
100%
1,000
Exibição Fraca
Forte
3
2
75%
29%
1
5
25%
71%
4
7
100%
100%
0,242
Agressão Fraca
Forte
6
1
54%
33%
5
2
46%
67%
11
3
100%
100%
1,000
Ordem Fraca
Forte
2
3
33%
100%
4
-
66%
-
6
3
100%
100%
0,058
Persistência Fraca
Forte
1
3
33%
38%
2
5
67%
62%
3
8
100%
100%
0,898
Mudança Fraca
Forte
7
1
64%
33%
4
3
36%
67%
11
4
100%
100%
0,282
Autonomia Fraca
Forte
4
2
57%
25%
3
6
43%
75%
7
8
100%
100%
0,315
Heterossexualidade Fraca
Forte
6
-
50%
-
6
1
50%
100%
12
1
100%
100%
1,000
Teste exato de Fisher; *diferença significativa P<0,05
61
5.3 Comparações do Perfil de Estado de Humor de Atletas ao longo
dos Ciclos Menstruais
O perfil de estado de humor foi analisado ao longo de dois CMs
consecutivos, sempre nos dias: dia do CM, dia do CM, 14º dia do CM, um dia
durante a última semana do CM e último dia do CM. A análise dos dados foi realizada
calculando o total de alteração do humor, as alterações nas dimensões do humor
isoladamente e o perfil iceberg, tanto para o total de atletas (amostra total) quanto para
comparações entre GSPM e Gs/SPM.
A comparação entre grupos foi feita de acordo com o CM, tendo em
vista que algumas atletas apresentaram SPM somente em um dos CMs (9 atletas -
36%). No CM1, 8 atletas (32%) apresentaram SPM, enquanto no CM2 foram 7 atletas
(28%). Assim, no CM1, o GSPM foi composto por 08 atletas e o Gs/SPM por 17 atletas,
enquanto que no CM2, o GSPM foi composto por 07 atletas e o Gs/SPM por 18 atletas.
5.3.1 Total de alteração do humor das atletas ao longo dos ciclos
menstruais
A figura 2 apresenta os valores de mediana do total de alteração do
humor das atletas (amostra total) ao longo dos dois CMs analisados. No CM1, foram
observadas Md = 22,5 (41) para dia, Md = 4 (32) para dia, Md = 6,5 (3,5) para 14º
62
dia, Md = 2,5 (25) para última semana e Md = 8 (38) para último dia. No CM2
identificou-se Md = 11 (39) para dia, Md = 10,5 (38) para dia, Md = 2,5 (33) para
14º dia, Md = 8,5 (36) para última semana e Md = 8,5 (35) para último dia. Não foram
observadas diferenças significativas no total de alteração do humor das atletas
(amostra total) em nenhum dos CMs analisados (CM1: P = 0,164; CM2: P = 0,835).
0
5
10
15
20
25
1º dia 7º dia 14º dia Última semana Último dia
CM1
CM2
CM1: ciclo menstrual 1; CM2: ciclo menstrual 2
Figura 2 - Valores de mediana do total de alteração do humor das atletas ao longo
dos ciclos menstruais (n = 25).
A figura 3 apresenta os valores de mediana do total de alteração do
humor ao longo do CM1 dos GSPM e Gs/SPM. O GSPM apresentou valores de Md =
20 (72) para dia, Md = 21 (36) para dia, Md = 10 (20) para 14º dia, Md = 3 (46)
para última semana e Md = 41 (35) para último dia. o Gs/SPM obteve Md = 25 (27)
para 1º dia, Md = 1 (32) para 7º dia, Md = 25 (32) para 14º dia, Md = 10 (25) para última
semana e Md = 10 (36) para último dia.
Observou-se que os valores para último dia do GSPM foram
significativamente superiores aos do Gs/SPM (P = 0,019). Nos demais dias, não houve
diferenças significativas entre os grupos (1º dia: P = 0,518; dia: P = 0,104; 1dia: P
63
= 0,420; última semana: P = 0,884). Não houve alterações significativas intra grupos no
total de alteração do humor ao longo do CM1 (GSPM: P = 0,506; Gs/SPM: P = 0,907),
embora o GSPM apresentou um aumento da última semana para um pico no último dia.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1º dia 7º dia 14º dia Última semana Último dia
GSPM
Gs/SPM
GSPM: grupo com síndrome pré-menstrual; Gs/SPM: grupo sem síndrome pré-menstrual
Figura 3 - Valores de mediana do total de alteração do humor das atletas com
(n = 08) e sem síndrome pré-menstrual (n = 17) ao longo do ciclo
menstrual 1.
O total de alteração do humor dos grupos com e sem SPM no CM2
pode ser visualizada na figura 4. Verificaram-se valores para o GSPM de Md = 7 (60)
para dia, Md = 9 (94) para dia, Md = -6 (61) para 14º dia, Md = -9 (64) para última
semana e Md = 14 (93) para último dia e para o Gs/SPM de Md = 9 (18) para 1º dia, Md
= 15 (31) para 7º dia, Md = 25 (30) para 14º dia, Md = 11 (25) para última semana e Md
= 7 (23) para último dia. Não houve diferença significativa entre os grupos em nenhum
dos dias analisados (1º dia: P = 0,922; dia: P = 0,461; 14º dia: P = 0,679; última
semana: P = 0,096; último dia: P = 0,226) e nem intra grupos (GSPM: P = 0,322;
Gs/SPM: P = 0,903), ainda que os valores do GSPM aumentaram da última semana
para o último dia e foram superiores ao do Gs/SPM no último dia.
64
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
GSPM
Gs/SPM
GSPM: grupo com síndrome pré-menstrual; Gs/SPM: grupo sem síndrome pré-menstrual
Figura 4 - Valores de mediana do total de alteração do humor das atletas com
(n = 07) e sem síndrome pré-menstrual (n = 18) ao longo do ciclo
menstrual 2
5.3.2 Alterações nas dimensões do humor das atletas ao longo dos
ciclos menstruais
A tabela 5 apresenta os valores de mediana das alterações nas
dimensões do humor das atletas (amostra total) ao longo do CM1 e CM2. No CM1
foram notadas diferenças significativas na dimensão tensão entre o 1º dia e a última
semana (P = 0,020) e o 7º dia e a última semana (P = 0,036) e, na dimensão raiva entre
o 1º dia e a última semana (P = 0,001) e a última semana e o último dia (P = 0,024). No
CM2 foram observadas diferenças significativas na dimensão confusão entre o dia e
o 14º dia (P = 0,003) e o dia e o último dia (P = 0,045). Os apêndices F a K
apresentam a representação gráfica das dimensões do humor ao longo dos CMs.
1º dia
7º dia
14º dia última semana
último dia
65
Tabela 5 - Valores de mediana (Md) e intervalo interquartílico (IQ) das dimensões do
humor das atletas ao longo dos ciclos menstruais:
CM1 1º dia 7º dia 14º dia Última
semana
Último dia
Dimensão
Md (IQ) Md (IQ) Md (IQ) Md (IQ) Md (IQ)
P
Tensão 6,5 (8)* 5 (7)
#
6 (8) 4,5 (8)*
#
5 (6) 0,020*
0,036
#
Depressão
4,5 (11) 4 (8) 2,5 (5) 1,5 (5) 2 (8) 0,066
Raiva 6 (10)* 3 (6) 2,5 (8) 1,5 (6)*
4,5 (9)
0,001*
0,024
Vigor
10,5 (10) 16 (10) 14 (10) 13,5 (7) 13,5 (10) 0,068
Fadiga
9,5 (9) 7 (9) 8 (6) 7 (6) 8 (10) 0,054
Confusão
1 (5) 4,5 (7) 2 (5) 3 (4) 2 (5) 0,474
CM2
Tensão
4,5 (8) 3,5 (6) 4 (8) 4,5 (7) 4,5 (6) 0,939
Depressão
4,5 (6) 4,5 (9) 1 (4) 2 (6) 3 (5) 0,361
Raiva
5,5 (8) 3 (11) 2,5 (7) 3 (9) 3,5 (9) 0,674
Vigor
13 (11) 11 (10) 12,5 (11) 12 (13) 10 (10) 0,413
Fadiga
4,5 (10) 6 (9) 6,5 (6) 5 (4) 7,5 (10) 0,109
Confusão 3 (5) 4,5 (6)**
##
1,5 (4)** 2,5 (4) 2 (5)
##
0,003**
0,045
##
CM1: ciclo menstrual 1; CM2: ciclo menstrual 2;
Teste de Friedman seguido de Teste de Wilcoxon: * diferença significativa entre 1º dia e última semana;
#
diferença significativa entre dia e última semana;
diferença significativa entre última semana e último
dia; ** diferença significativa entre dia e 14º dia;
##
diferença significativa entre dia e último dia
(P<0,05).
66
Em relação aos grupos com e sem SPM, observa-se no apêndice L a
tabela com alterações nas dimensões do humor dos grupos ao longo dos CMs. Notou-
se no CM1, que o GSPM apresentou valores superiores aos do Gs/SPM para a
dimensão fadiga no dia e no último dia (P = 0,002 e P = 0,023, respectivamente) e
também no último dia para a dimensão confusão (P = 0,010). Para os demais dias, não
foram identificadas alterações significativas no estado de humor ao longo do CM1
(Tensão: dia: P = 0,545; dia: P = 0,804; 14º dia: P = 0,515; última semana: P =
0,953; último dia: P = 0,219; Depressão: dia: P = 0,053; dia: P = 0,052; 1dia: P
= 0,820; última semana: P = 0,836; último dia: P = 0,117; Raiva: dia: P = 0,252;
dia: P = 0,184; 14º dia: P = 0,819; última semana: P = 0,700 e último dia: P = 0,101;
Vigor: dia: P = 0,215; dia: P = 0,951; 14º dia: P = 0,712; última semana: P = 0,640
e último dia: P = 0,280; Fadiga: dia: P = 0,080; 14º dia: P = 0,079; última semana: P
= 0,088; Confusão: 1º dia: P = 0,118; dia: P = 0,059; 14º dia: P = 0,948; última
semana: P = 0,904). Os apêndices M a R apresentam a representação gráfica das
alterações nas dimensões do humor dos grupos com e sem SPM ao longo do CM1.
No CM2, o GSPM mostrou valores de último dia superiores aos do
Gs/SPM (P = 0,030) para a dimensão raiva. Não foram observadas diferenças
significativas entre os grupos no CM2 para os demais dias (Tensão: dia: P = 0,639;
dia: P = 0,414; 14º dia: P = 0,353; última semana: P = 0,114; último dia: P = 0,606;
Depressão: dia: P = 0,737; dia: P = 0,627; 14º dia: P = 0,644; última semana: P =
0,076; último dia: P = 0,592; Raiva: dia: P = 0,406; dia: P = 0,281; 14º dia: P =
0,676; última semana: P = 0,483; Vigor: 1º dia: P = 0,569; 7º dia: P = 0,178; 14º dia: P =
0,849; última semana: P = 0,122; último dia: P = 0,430; Fadiga: 1º dia: P = 0,789; 7º dia:
P = 0,769; 14º dia: P = 0,679; última semana: P = 0,171; último dia: P = 1,000; e
67
Confusão: dia: P = 0,865; dia: P = 0,970; 14º dia: P = 0,820; última semana: P =
0,230; último dia: P = 0,209). Os apêndices S a X apresentam a representação gráfica
das alterações nas dimensões do humor dos grupos com e sem SPM ao longo do CM2.
Também não foram notadas diferenças significativas intra grupos nas
alterações das dimensões do humor ao longo do CM1, tanto para o GSPM (Tensão: P =
0,173; Depressão: P = 0,066; Raiva: P = 0,057; Vigor: P =0,103; Fadiga: P = 0,263;
Confusão: P = 0,250), quanto para o Gs/SPM (Tensão: P = 0,242; Depressão: P =
0,537; Raiva: P = 0,055; Vigor: P =0,201; Fadiga: P = 0,243; Confusão: P = 0,717).
No CM2, foi identificada diminuição significativa do vigor do GSPM da
última semana para o último dia (P = 0,040) e na dimensão confusão do Gs/SPM nos
dias dia para o 1dia (P = 0,031) e do 14º dia para a última semana (P = 0,048).
Nos demais dias, não foram identificadas alterações significativas tanto no GSPM
(Tensão: P = 0,342; Depressão: P = 0,421; Raiva: P = 0,353; Fadiga: P = 0,187;
Confusão: P = 0,055), quanto no Gs/SPM (Tensão: P = 0,703; Depressão: P = 0,668;
Raiva: P = 0,730; Vigor: P =0,703; Fadiga: P = 0,518).
5.3.3 Perfil iceberg das atletas ao longo dos ciclos menstruais
Quando se analisou o perfil de estado de humor graficamente, verificou-
se que a principal alteração ao longo dos dias dos CMs e que afetou a formação do
perfil iceberg do humor das atletas é a dimensão vigor. A figura 5 apresenta a
representação gráfica do perfil de estado de humor das atletas (amostra total) ao longo
68
do CM1. Observou-se que o perfil iceberg foi formado no dia, pois nos demais
dias do CM1 as atletas apresentaram valores da dimensão vigor abaixo do percentil 50.
0
10
20
30
40
50
60
Tensão Depressão Raiva Vigor Fadiga Confusão
1º dia
7º dia
14º dia
Última semana
Último dia
Figura 5 - Percentis do perfil de estado de humor das atletas ao longo do ciclo
menstrual 1 (n = 25).
no CM2 (figura 6), em nenhum dos dias foi possível observar o perfil
iceberg devido aos valores da dimensão vigor encontrar-se abaixo de percentil 50.
0
10
20
30
40
50
Tensão Depressão Raiva Vigor Fadiga Confusão
dia
dia
14º dia
Última semana
Último dia
Figura 6 - Percentis do perfil de estado de humor das atletas ao longo do ciclo
menstrual 2 (n = 25).
P
E
R
C
E
N
T
I
L
P
E
R
C
E
N
T
I
L
69
Quando se analisou o perfil iceberg dos grupos com e sem SPM,
verificou-se que as dimensões fadiga e raiva, além do vigor, contribuíram para a não
formação do perfil iceberg ao longo dos dias do GSPM, no CM1. A figura 7 apresenta a
representação gráfica do perfil de estado de humor do GSPM. Observou-se que apenas
na última semana foi possível visualizar o perfil iceberg com os valores das dimensões
tensão, depressão, raiva, fadiga e confusão abaixo do percentil 50 e vigor acima do
percentil 50. No dia não se formou o perfil iceberg devido aos valores das dimensões
raiva e fadiga se encontrarem acima do percentil 50; no dia, as atletas apresentaram
valores da dimensão fadiga acima do percentil 50; no 14º valores da dimensão vigor
estiveram abaixo do percentil 50; e, no último dia valores das dimensões raiva e fadiga
estiveram acima do percentil 50 e os da dimensão vigor, abaixo do percentil 50.
0
10
20
30
40
50
60
Tensão Depressão Raiva Vigor Fadiga Confusão
1º dia
7º dia
14º dia
Última semana
Último dia
Figura 7 - Percentis do perfil de estado de humor das atletas com síndrome
pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 1 (n = 08).
Já no Gs/SPM, a dimensão que afetou a formação do perfil iceberg foi o
vigor tendo em vista que em todos os dias ao longo do CM1 se apresentou abaixo do
percentil 50 (figura 8).
P
E
R
C
E
N
T
I
L
70
0
10
20
30
40
50
60
Tensão Depressão Raiva Vigor Fadiga Confusão
1º dia
7º dia
14º dia
Última semana
Último dia
Figura 8 - Percentis do perfil de estado de humor das atletas sem síndrome
pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 1 (n = 17).
no CM2, observou-se que a dimensão vigor foi a que mais afetou o
perfil iceberg em ambos os grupos. A figura 9 apresenta a representação gráfica do
perfil de estado de humor do GSPM. O perfil iceberg não foi formado no dia e no
último dia devido aos valores da dimensão vigor estar abaixo do percentil 50.
0
10
20
30
40
50
60
Tensão Depressão Raiva Vigor Fadiga Confusão
1º dia
7º dia
14º dia
Última semana
Último dia
Figura 9 - Percentis do perfil de estado de humor das atletas com síndrome
pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 2 (n = 07).
P
E
R
C
E
N
T
I
L
71
A figura 10 apresenta a representação gráfica do perfil de estado de
humor do Gs/SPM ao longo do CM2. Notou-se que a dimensão vigor não apresentou
valores superiores ao percentil 50 em nenhum dos dias analisados.
0
10
20
30
40
50
60
Tensão Depressão Raiva Vigor Fadiga Confusão
1º dia
7º dia
14º dia
Última semana
Última dia
Figura 10 - Percentis do perfil de estado de humor das atletas sem síndrome pré-
menstrual ao longo do ciclo menstrual 2 (n = 18).
5.4 Percepção de Impacto dos Sintomas Pré-Menstruais no
Desempenho Esportivo e Associação com Síndrome Pré-Menstrual e
Personalidade
Através da Ficha de Percepção de Impacto dos Sintomas Pré-
Menstruais no Desempenho Esportivo foi possível identificar a percepção das atletas a
respeito do impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo, tanto nos
treinamentos quanto nas competições. Verificou-se que 20 atletas (80% da amostra
total) sentiram seu desempenho esportivo afetado pelos sintomas pré-menstruais;
P
E
R
C
E
N
T
I
L
72
destas, 19 atletas (95% das atletas afetadas) sentiram-se afetadas durante os
treinamentos e 13 atletas (65%), durante as competições.
A tabela 6 apresenta a distribuição de atletas por percepção de impacto
dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo durante os treinamentos, de
acordo com SPM, faixa etária, tempo de prática, tipo de esporte, volume de treinamento
semanal e nível técnico. Foram encontradas associações significativas entre percepção
de impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo durante os
treinamentos e SPM avaliada de forma retrospectiva (P = 0,006).
73
Tabela 6 - Distribuição de atletas de acordo com percepção de impacto dos sintomas
pré-menstruais no desempenho esportivo durante os treinamentos, em
função de síndrome pré-menstrual, faixa etária, tempo de prática, tipo de
esporte, volume de treinamento e nível técnico:
Variável Percepção Impacto Treinamentos
Presença (n = 19) Ausência (n = 6)
f
%
f
%
f
%
P
SPM (retrospectiva)
Presença 16 94 1 6 17 100 0,006*
Ausência 3 37 5 63 8 100
SPM (diários)
Presença 11 92 1 8 12 100 0,160
Ausência 8 61 5 39 13 100
Faixa etária
18-26 anos
32-40anos
16
3
80
60
4
2
20
40
20
5
100
100
0,562
Tempo prática esporte
1-13 anos
16-30 anos
14
5
78
71
4
2
22
29
18
7
100
100
1,000
Volume treino semanal
5-15 horas
18-30 horas
10
9
62
100
6
0
38
-
16
9
100
100
0,057
Tipo de esporte
Individual
Coletivo
6
13
60
87
4
2
40
13
10
15
100
100
0,175
Nível técnico anterior
Estadual
Nacional/Internacional
1
18
33
82
2
4
67
18
3
22
100
100
0,133
Nível técnico atual
Estadual
Nacional
10
9
77
75
3
3
33
25
13
12
100
100
1,000
Teste exato de Fisher; *diferença significativa P<0,01
A tabela 7 apresenta a distribuição de atletas por percepção de impacto
dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo durante os treinamentos em
função do número e tipo de sintomas pré-menstruais. Não foram notadas associações
significativas entre as variáveis.
74
Tabela 7 - Distribuição de atletas de acordo com percepção de impacto dos sintomas
pré-menstruais no desempenho esportivo durante os treinamentos, em
função do número e tipo de sintomas pré-menstruais:
Variável Percepção Impacto Treinamentos
Presença (n = 19) Ausência (n = 6)
f
%
f
%
f
%
P
Nº sintomas totais
0-2 sintomas
3-7 sintomas
9
10
64
91
5
1
36
9
14
11
100
100
0,180
Nº sintomas emocionais
0-1 sintomas
2-5 sintomas
13
6
72
86
5
1
28
14
18
7
100
100
0,637
Nº sintomas físicos
0-1 sintomas
2-3 sintomas
11
8
69
89
5
1
31
11
16
9
100
100
0,364
Tipo de sintoma
Depressão 4 100 0 - 4 100 0,540
Ansiedade 5 71 2 29 7 100 1,000
Confusão 6 100 0 - 6 100 0,289
Irritabilidade 6 86 1 14 7 100 0,637
Isolamento 5 100 0 - 5 100 0,289
Explosão de raiva 7 88 1 12 8 100 0,624
Mastalgia 10 83 2 17 12 100 0,645
Desc. abdominal 5 100 0 - 5 100 0,289
Cefaléia 5 83 1 17 6 100 1,000
Edema 3 75 1 25 4 100 1,000
Teste exato de Fisher; P<0,05
com relação à percepção de impacto dos sintomas pré-menstruais
no desempenho esportivo durante as competições (tabela 8), foram observadas
associações significativas com SPM (acompanhamento diário) (P = 0,009) e volume de
treinamento semanal (P = 0,011).
75
Tabela 8 - Distribuição de atletas de acordo com percepção de impacto dos sintomas
pré-menstruais no desempenho esportivo durante as competições, em
função de síndrome pré-menstrual, faixa etária, tempo de prática, tipo de
esporte, volume de treinamento e nível técnico:
Variável Percepção Impacto Competições
Presença (n = 13) Ausência (n = 12)
f
%
f
%
F
%
P
SPM (retrospectiva)
Presença 11 65 6 35 17 100 0,097
Ausência 2 25 6 75 8 100
SPM (diários)
Presença 10 83 2 17 12 100 0,009**
Ausência 3 33 10 77 13
Faixa etária
18-26 anos
32-40anos
12
1
60
20
8
4
40
80
20
5
100
100
0,136
Tempo prática esporte
1-13 anos
16-30 anos
9
4
50
57
9
3
50
43
18
7
100
100
1,000
Volume treino semanal
5-15 horas
18-30 horas
5
8
31
89
11
1
69
11
16
9
100
100
0,011*
Tipo de esporte
Individual
Coletivo
5
8
50
53
5
7
50
47
10
15
100
100
1000
Nível técnico anterior
Estadual
Nacional/Internacional
0
13
-
59
3
9
100
41
3
22
100
100
0,096
Nível técnico atual
Estadual
Nacional
5
8
38
67
8
4
62
33
13
12
100
100
0,238
Teste exato de Fisher; *diferença significativa P<0,05; **diferença significativa P<0,01
A tabela 9 apresenta a distribuição de atletas por percepção de impacto
dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo durante as competições em
função do número e tipo de sintomas pré-menstruais. Observou-se associações
significativas entre percepção de impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho
esportivo durante as competições e isolamento (P = 0,039) e também mastalgia (P =
0,047).
76
Tabela 9 - Distribuição de atletas de acordo com percepção de impacto dos sintomas
pré-menstruais no desempenho esportivo durante as competições, em
função do número e tipo de sintomas pré-menstruais:
Variável Percepção Impacto Competições
Presença (n = 13) Ausência (n = 12)
f
%
f
%
f
%
P
Nº sintomas totais
0-2 sintomas
3-7 sintomas
5
8
36
73
9
3
64
27
14
11
100
100
0,111
Nº sintomas emocionais
0-1 sintomas
2-5 sintomas
9
4
50
57
9
3
50
43
18
7
100
100
1,000
Nº sintomas físicos
0-1 sintomas
2-3 sintomas
6
7
37
78
10
2
63
22
16
9
100
100
0,097
Tipo de sintoma
Depressão 2 50 2 50 4 100 1,000
Ansiedade 3 43 4 53 7 100 0,673
Confusão 5 83 1 17 6 100 0,278
Irritabilidade 5 71 2 29 7 100 0,378
Isolamento 5 100 0 - 5 100 0,039*
Explosão de raiva 4 50 4 50 8 100 1,000
Mastalgia 9 75 3 25 12 100 0,047*
Desc. abdominal 4 80 1 20 5 100 0,322
Cefaléia 3 50 3 50 6 100 1,000
Edema 3 75 1 25 4 100 0,593
Teste exato de Fisher; *diferença significativa P<0,05
A figura 10 apresenta o perfil de personalidade das atletas que sentiram
e as que não sentiram impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo.
Foi verificado que as atletas que perceberam impacto dos sintomas pré-menstruais no
desempenho esportivo apresentaram necessidades muito fortes de afiliação e de
desempenho (percentil 75), fortes necessidades de dominância, de autonomia (percentil
65) e de heterossexualidade (percentil 65) e fraca necessidade de mudança (percentil
30). Esse perfil de personalidade indica que as atletas que sentiram impacto dos
sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo necessitam ser livre e
independentes (autonomia), gostam de estabelecer fortes relações de amizade
(afiliação), mas também gostam de dominar e liderar as outras pessoas (dominância);
77
não gostam muito de alterações em suas rotinas (mudança) e apresentam forte
interesse por assuntos relacionados ao sexo oposto (heterossexualidade). Além disso,
primam por realizar suas atividades sempre com alto nível de excelência
(desempenho).
Já as atletas que não perceberam impacto dos sintomas pré-menstruais
no desempenho esportivo apresentaram necessidade muito forte de denegação e de
persistência (percentil 75), forte necessidade de afiliação (percentil 65), necessidades
fracas de assistência, de intracepção, de deferência, de exibição e de agressão
(percentil 35) e necessidades muito fracas de afago (percentil 25), de mudança
(percentil 15) e de heterossexualidade (percentil 5). Esse perfil de personalidade aponta
que as atletas que não sentiram impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho
esportivo também apresentam forte necessidade de estabelecer relações de amizade
(afiliação), porém sem muita necessidade de serem afagadas ou protegidas (afago) ou
de prestar assistência às pessoas (assistência). o altamente resignadas
(denegação), não gostam muito de se auto-analisar (intracepção), de chocar as
pessoas (exibição) e nem tão pouco de falar a respeito de assuntos relacionados ao
sexo oposto (heterossexualidade). São muito persistentes (persistência) para atingir
seus objetivos, porém sem serem agressivas (agressão) e sem grandes alterações em
suas rotinas (mudança).
78
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Impacto DE
Não impacto DE
d
DE: Desempenho Esportivo
Ass: Assistência; I: Intracepção; Af: Afago; Def: Deferência; Afl: Afiliação; Do: Dominância;
Den: Denegação; Des: Desempenho; Ex: Exibição; Ag: Agressão; O: Ordem; Pers: Persistência;
M: Mudança; Aut: Autonomia; Het: Heterossexualidade.
Figura 11 - Percentis do perfil de personalidade das atletas com (n = 20) e sem (n = 5)
percepção de impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho
esportivo.
A comparação dos valores brutos das características de personalidade
das atletas que sentiram e não sentiram impacto dos sintomas pré-menstruais no
desempenho esportivo mostrou que as atletas que se sentiram afetadas apresentaram
maior necessidade de desempenho (Md = 52 (9); Md = 45 (5); P = 0,045) e de
heterossexualidade (Md = 44 (12); Md = 28 (10); P = 0,002).
Nas outras necessidades não foram identificadas diferenças
significativas entre as atletas que perceberam impacto dos sintomas pré-menstruais no
desempenho esportivo e as que não apresentaram impacto (Assistência: Md = 50,5
(16); Md = 46 (8); P = 0,276; Intracepção: Md = 44 (15); Md = 43 (5); P = 0,585; Afago:
Md = 44 (16); Md: 40 (10); P = 0,089; Deferência: Md = 45 (8); 42 (14); P = 0,220;
Dominância: Md = 36,5 (10); Md = 31 (18); P = 0,185; Denegação: Md = 37,5 (10); Md =
41 (12); P = 0,474; Exibição: Md = 35 (10); Md = 29 (16); P = 0,185; Agressão: Md = 30
(14); 29 (16); P = 0,838; Ordem: Md = 46,5 (9); 49 (9); P = 0,247; Persistência: Md = 45
Ass I Af Def Afl Do Den Des Ex Ag O Pers M Aut Het
P
E
R
C
E
N
T
I
L
79
(8); Md = 49 (11); P = 0,432; Mudança: Md = 44,5 (13); 39 (18); P = 0,324; Autonomia:
Md = 46 (19); 44 (9); P = 0,865, respectivamente).
Não foram encontradas associações significativas entre percepção de
impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo e características de
personalidade extremas, tendo como ponto de corte percentil 25 para classificar as
necessidades como muito fracas e o percentil > 70 para categorizar as necessidades
como muito fortes (Assistência: P = 1,000; Intracepção: P = 1,000; Afago: P = 0,255;
Deferência: P = 1,000; Afiliação: P = 0,270; Dominância: P = 1,000; Denegação: P =
1,000; Desempenho: P = 1,000; Exibição: P = 1,000; Agressão: P = 0,539; Ordem: P =
1,000; Persistência: P = 1,000; Mudança: P = 1,000; Autonomia: P = 1,000;
Heterossexualidade: P = 0,574).
Quando se verificou a freqüência e percentual de atletas nas diferentes
escalas, observou-se que em relação à percepção de impacto dos sintomas pré-
menstruais durante os treinamentos, 06 atletas (24%) não se sentira afetadas, 15
atletas (60%) sentiram-se um pouco ou moderadamente afetadas e 04 atletas (16%)
sentiram seu desempenho esportivo bastante ou extremamente afetado pelos sintomas
pré-menstruais durante os treinamentos. em relação à percepção de impacto dos
sintomas pré-menstruais durante as competições, notou-se que 12 atletas (48%) não se
sentiram afetadas, 09 atletas (36%) sentiram-se um pouco ou moderadamente afetadas
e 04 atletas (16%) sentiram seu desempenho esportivo bastante ou extremamente
afetado pelos sintomas pré-menstruais durante as competições.
Entre as 04 atletas que sentiram seu desempenho esportivo bastante
ou extremamente afetado pelos sintomas pré-menstruais durante os treinamentos, 03
atletas foram do GSPM (75%). Também foi verificado que das 04 atletas que sentiram
80
seu desempenho esportivo bastante ou extremamente afetado pelos sintomas pré-
menstruais durante as competições, 03 atletas foram do GSPM. Notou-se que 02
atletas (ambas do GSPM) sentiram seu desempenho esportivo bastante ou
extremamente afetado pelos sintomas pré-menstruais, tanto durante os treinamentos
quanto durante as competições; dentre as outras duas atletas que sentiram seu
desempenho esportivo bastante afetado pelos sintomas pré-menstruais durante os
treinamentos, uma atleta não se sentiu afetada na competição e a outra atleta sentiu
seu desempenho esportivo afetado de forma moderada. As outras 02 atletas que
sentiram seu desempenho esportivo bastante afetado pelos sintomas pré-menstruais
durante as competições, sentiram-se moderadamente afetadas durante os
treinamentos.
81
6 DISCUSSÃO
A SPM pode ser definida como a ocorrência cíclica de sintomas físicos
e emocionais, incômodos e persistentes, durante o período pré-menstrual, que
retrocedem durante a menstruação e apresentam uma fase assintomática no período
pós-menstrual (ACOG, 2000; BRAVERMAN, 2007; MILEWICZ; JEDRZEJUK, 2006).
Apesar do impacto negativo relatado na qualidade de vida e produtividade de trabalho
das mulheres em geral (DEAN et al., 2006; ESPINA; FUENZALIDA; URRUTIA, 2005),
existe uma lacuna na literatura a respeito do impacto no desempenho esportivo de
atletas. Desta forma, esse estudo caracteriza-se por ser um dos pioneiros no Brasil a
investigar a prevalência de SPM em atletas e suas relações com características de
personalidade, perfil de estado de humor e percepção de impacto dos sintomas pré-
menstruais no desempenho esportivo.
6.1 Prevalência e Fatores Associados à Síndrome Pré-Menstrual
em Atletas
A prevalência de SPM na população em geral tem apresentado uma
grande variação entre os estudos. Isso se deve sobretudo à população estudada, ao
método e ao critério utilizado para diagnosticar SPM (DEAN et al., 2006). Tem sido
82
sugerido que dados coletados de forma retrospectiva (onde a mulher recorda quais os
sintomas apresentou em alguns dos seus CMs anteriores) podem ser diferentes dos
observados através do acompanhamento diário (no qual a avaliada responde
diariamente quais sintomas está apresentando) (MARVAN; CORTES-INIESTRA, 2001).
Nesse estudo, notou-se que a prevalência estimada de forma retrospectiva foi 20%
maior que a observada através do acompanhamento com os diários por dois CMs
consecutivos (TABELA 1). Essa diferença nas prevalências pode ser devida sobretudo,
por uma exacerbação de sintomas no período pré-menstrual, ou pelo aspecto cultural
que influencia a percepção de saúde e doença das pessoas.
Estudos têm sugerido que os sintomas pré-menstruais podem ser uma
exacerbação de sintomas que ocorrem frequentemente ao longo do CM (ANDRADE;
VIANA; SILVEIRA, 2006; HALBREICH, 1997), sobretudo em casos de transtorno
disfórico pré-menstrual. Pode ser que, entre as atletas que relataram de forma
retrospectiva que apresentavam determinados sintomas, existam atletas que possuíam
esses sintomas também fora do período pré-menstrual, mas como esses sintomas fora
dessa fase são corriqueiros e menos intensos, é possível que sejam percebidos durante
o período onde ficam mais intensos (período pré-menstrual).
Outra questão que pode ter influenciado uma maior prevalência
retrospectiva é o aspecto cultural que influencia a percepção de saúde ou de doença
das pessoas, conhecido como representações da doença (STRAUB, 2005). As
representações da doença influenciam a saúde de várias maneiras, seja influenciando
os comportamentos preventivos das pessoas, seja afetando a maneira como reagem ao
surgimento de sintomas. Parece haver relação simétrica entre o rótulo de uma doença e
seus sintomas. Assim, alguém que tenha sintomas irá buscar um rótulo diagnóstico
83
para os mesmos. Embora a SPM não seja considerada uma doença, ela é
frequentemente difundida nos meios de comunicação como um conjunto de sintomas
que afeta o bem-estar das mulheres e por isso algumas atletas podem ter associado
alguns períodos nos quais não estavam bem como estando de “tpm” (nome
popularmente dado à SPM) e assim relatado na Ficha de Diagnóstico da SPM esses
sintomas como pré-menstruais.
Essas questões ganham fundamento quando se observa que, a
concordância entre o diagnóstico estabelecido na Ficha de Diagnóstico de SPM e
confirmado pelo Diário de Sintomas da SPM foi de 83% entre as atletas que realmente
apresentaram SPM e de apenas 46% entre as atletas que não apresentaram SPM. É
possível que para as atletas que realmente apresentam SPM o impacto em sua vidas
seja suficientemente intenso para que consigam percebê-los melhor como pré-
menstruais.
Quando se comparou as prevalências observadas com a de outros
estudos brasileiros, notou-se uma alta prevalência nas mulheres do presente estudo.
Nogueira e Silva (2000), em estudo realizado com 110 mulheres que procuraram
atendimento de rotina em ambulatório de ginecologia, observaram uma prevalência de
43,3% de SPM. Já no estudo de base populacional de Silva et al. (2006), realizado com
1395 mulheres, de 15 a 49 anos de idade, na cidade de Pelotas/RS, foi encontrada uma
prevalência de SPM de 25,2%.
É importante ressaltar que nesses estudos o diagnóstico de SPM foi
feito de forma retrospectiva e o critério utilizado foi diferenciado; no primeiro estudo, foi
caracterizada a presença de SPM como a ocorrência de pelo menos um sintoma severo
no período pré-menstrual, enquanto no segundo estudo, o critério foi similar ao de
84
transtorno disfórico pré-menstrual, onde a mulher deveria apresentar pelo menos cinco
sintomas, sendo pelo menos um emocional.
Embora no estudo piloto da presente pesquisa, realizado com atletas de
futsal (GAION, FIORESE, SILVA, 2007), tenha sido observada uma prevalência
semelhante (47,32%) a do presente estudo (48%), essa alta prevalência poderia não
ser esperada em atletas, uma vez que o exercício físico é indicado como um dos
tratamentos não-farmacológicos para SPM (DICKERSON et al., 2003; MILEWICZ;
JEDRZEJUK, 2006; RAPKIN, 2003).
Apesar de ainda não se ter muito claro quais as possíveis explicações
dos benefícios do exercício físico para a saúde mental (WERNECK; BARA FILHO,
RIBEIRO, 2005), sabe-se que apresenta um papel importante na redução de certos
transtornos de humor (BODIN; MARTINSEN, 2004; MELLO et al., 2005). Assim, como
as atletas desempenham em suas rotinas de treinamento vários tipo de exercício físico,
poderia se esperar que a prevalência de SPM fosse menor. No entanto, o exercício
físico desempenhado por atletas apresentam intensidades bem mais altas do que as
recomendadas para melhorias no estado de humor (PELLUSO; ANDRADE, 2005).
Enquanto melhorias no humor têm sido associadas com intensidades
moderadas, um grande volume ou uma alta intensidade de treinamento tem sido
associadas com prejuízos para a saúde mental. Pelluso (2003) avaliou alterações em
aspectos afetivos de nadadores e observou que esses atletas apresentaram alterações
de humor associadas à quantidade de treinamento e manifestadas pelo aumento da
fadiga, diminuição do afeto positivo e nenhuma alteração no afeto negativo, o que
indica proximidade com o constructo depressão.
85
Tendo em vista a lacuna na literatura sobre prevalência de SPM em
atletas, é difícil inferir quais são as possíveis causas da maior prevalência nessa
população, porém tendo em vista a associação de atividade física intensa com
prejuízos para algumas condições afetivas, pode ser que o treinamento excessivo
contribua para o aparecimento da SPM em atletas. Esta inferência foi reforçada com a
associação significativa entre SPM e volume de treinamento semanal, onde as atletas
que apresentaram SPM também apresentaram maior volume de treinamento semanal
(TABELA 3).
Observou-se que nem todas as atletas que apresentaram SPM tiveram
a presença confirmada nos dois CMs analisados (TABELA 1). A maior parte dessas
atletas (75%) confirmou a presença de SPM em apenas um dos CMs. Sabe-se que os
sintomas pré-menstruais apresentam flutuações principalmente na severidade, seja em
resposta a algum estímulo interno ou ambiental (HALBREICH, 1997). Tendo em vista
que as atletas foram instruídas a assinalar no Diário de Sintomas da SPM apenas os
sintomas que tivessem interferido acentuadamente em suas atividades diárias, pode ser
que em um dos CMs analisados, a intensidade dos sintomas não tivesse sido
acentuada o suficiente para as atletas assinalarem o sintoma no período pré-menstrual.
Os sintomas pré-menstruais mais citados pelas atletas foram um pouco
diferentes dos mais citados em estudos brasileiros de SPM. No presente estudo,
encontrou-se uma baixa proporção de atletas por tipo de sintoma em relação aos outros
estudos e também a inversão de colocação dos mais citados, sendo que em alguns
casos, os mais citados em outros estudos nem estiveram entre os mais citados no
presente estudo.
86
SILVA et al (2006) verificaram que os sintomas pré-menstruais mais
citados em seu estudo de base populacional foram irritabilidade, desconforto
abdominal, nervosismo, cefaléia, cansaço e mastalgia (todos acima de 50% de
prevalência), no presente estudo, o único sintoma que se aproximou de 50% foi
mastalgia (48%); notou-se que irritabilidade, explosão de raiva (ou nervosismo) e
mastalgia estiveram presentes entre os mais citados em ambos os estudos, porém em
ordem diferenciada.
Nogueira e Silva (2000) observaram em mulheres que se
consultavam em um ambulatório de ginecologia, que os sintomas mais citados foram
irritabilidade, cansaço, depressão, cefaléia e mastalgia. A diferença de proporções e
dos tipos de sintomas mais citados entre os estudos deve-se ao tipo de população
estudada, aos instrumentos utilizados e, sobretudo porque a variabilidade de sintomas
inter-sujeitos é esperada nesta síndrome que sofre influência tanto de fatores biológicos
quanto psicológicos e culturais (HALBREICH, 1997).
Com relação ao número de sintomas pré-menstruais por grupo, foi
verificado que o GSPM apresentou maiores freqüências de sintomas totais, emocionais
e físicos (TABELA 2), fato que era esperado uma vez que para ser diagnosticada a
presença de SPM a atleta deveria apresentar a combinação de pelo menos um sintoma
emocional e um sintoma físico. No entanto, uma atleta do Gs/SPM apresentou quatro
sintomas, todos emocionais, o que pode ser a exacerbação de sintomas pré-existentes
ou até mesmo a presença de outras co-morbidades emocionais que se manifestam
ciclicamente e ficam mais intensas no período pré-menstrual (WILLIAMS et al., 2007).
Não foram notadas diferenças significativas entre os grupos com e sem
SPM para duração do CM, idade de menarca ou duração do período menstrual.
87
Azevedo et al. (2006), em estudo com 360 estudantes, de 14 a 18 anos de idade, na
cidade de Santo André/SP, observaram que as adolescentes que apresentaram SPM
tiveram menor idade de menarca, mas não apresentaram diferenças significativas em
relação às do grupo sem SPM para duração do CM. As autoras não deixam claro qual o
motivo para essa diferença significativa entre os grupos; é possível que o fato de serem
adolescentes e estarem mais próximas da idade de menarca faz com que as que
menstruem há mais tempo percebam melhor os sintomas pré-menstruais do que as que
apresentaram a idade de menarca mais tardia, fato que no grupo analisado no presente
estudo pode apresentar menor importância uma vez que são atletas adultas e tiveram a
idade de menarca há mais tempo.
Foram observadas associações significativas entre SPM e volume de
treinamento semanal, número de sintomas totais, número de sintomas físicos, mastalgia
e desconforto abdominal (TABELA 3). A associação significativa de SPM com número
de sintomas totais foi devida ao próprio critério diagnóstico para SPM utilizado nesse
estudo requerer um maior número de sintomas. Já a associação significativa com
sintomas físicos confirma um quadro sintomatológico mais relacionado à SPM, uma vez
que se o predomínio fosse de sintomas emocionais intensos, a caracterização poderia
ser de transtorno disfórico pré-menstrual (HALBREICH et al., 2003; INDUSEKLAR;
USMAN; O’BRIEN, 2007).
Diferente de Silva et al. (2006), que encontraram associação entre faixa
etária e SPM, onde as mulheres mais jovens apresentaram maior risco, o presente
estudo não observou associação significativa entre faixa etária e SPM. Também não
foram verificadas associações significativas entre SPM e tempo de prática e SPM e tipo
de esporte. É possível que não foram notadas associações significativas porque o
88
grupo de atletas avaliado é bastante homogêneo e jovem, sendo 80% das atletas com
idade entre 18 a 25 anos e 84% com até 13 anos de treinamento.
6.2 Perfil de Personalidade das Atletas e Associação com
Síndrome Pré-Menstrual
O perfil de personalidade das atletas foi estabelecido pelo IFP
(PASQUALI, AZEVEDO e GHESTI, 1997), teste baseado na teoria da Personologia de
Henry Murray, que possibilita a análise de 15 necessidades dos sujeitos: assistência,
intracepção, deferência, afiliação, dominância, denegação, desempenho, exibição,
agressão, ordem, persistência, mudança, autonomia e heterossexualidade.
Para Murray, a personalidade está em estado de fluxo, onde embora os
eventos que ocorreram no período da infância sejam determinantes para o
comportamento adulto, as experiências pelas quais o sujeito passa no presente para
satisfazer suas necessidades, também contribuem para que se modifique (HALL;
LINDZEY; CAMPBELL, 2000). Assim, no caso das atletas desse estudo, não foi
possível verificar como foram suas experiências de infância que podem ter determinado
o atual perfil de personalidade, mas se pode inferir que o esporte tenha fortalecido o
desenvolvimento dessas características de personalidade.
O perfil de personalidade das atletas (amostra total) indicou que
gostam de estabelecer fortes relações de amizade (necessidade muito forte de
afiliação), embora não necessitem muito serem constantemente protegidas e afagadas
89
(necessidade fraca de afago); gostam de comandar (necessidade forte de dominância),
mas não através de atitudes muito agressivas (necessidade fraca de agressão);
apresentam forte ambição e altos padrões de realização (necessidade forte de
desempenho), não desistem facilmente (necessidade forte de persistência) e gostam de
seguir uma rotina (necessidade fraca de mudança); gostam de agir independentemente
e livremente (necessidade forte de autonomia), embora se submetam passivamente à
força externa quando necessário (necessidade forte de denegação) e apresentam fraca
necessidade de tratar de assuntos relacionados ao sexo oposto (necessidade fraca de
heterossexualidade) (FIGURA 1).
Necessidades fortes de afiliação, de dominância, de denegação, de
desempenho, de persistência e de autonomia são características importantes para o
desempenho esportivo. A necessidade de afiliação é o desejo de dar e receber afeto,
estabelecendo relações de confiança entre os sujeitos (PASQUALI, AZEVEDO e
GHESTI, 1997); essa necessidade pode ter sido fortalecida pela prática do esporte uma
vez que a confiança entre os membros da equipe (atletas, técnicos e membros da
comissão) é fundamental para a coesão esportiva, que tem sido amplamente difundida
como importante para o sucesso no esporte (CARRON et al., 2002).
A necessidade de dominância está relacionada a sentimentos de
autoconfiança e de tentativas de controlar outras pessoas (PASQUALI, AZEVEDO e
GHESTI, 1997), características também trabalhadas no esporte, uma vez que
sentimentos de autoconfiança têm sido associados ao alto desempenho esportivo
(CRAFT et al., 2003) e, em determinados esportes, sobretudo nos coletivos, as atletas
necessitam liderar suas companheiras, o que também reforça a necessidade de
dominância.
90
A necessidade de liderança que a atleta tem que desempenhar em seu
esporte, também pode estar relacionada à necessidade de autonomia, uma vez que,
principalmente durante as competições, situações inesperadas podem acontecer e as
atletas necessitam tomar decisões rápidas e independentes. Por outro lado, as atletas
também apresentaram necessidade forte de denegação, indicando que se submetem
ao comando de alguém quando necessário, como por exemplo, o técnico.
Necessidades de desempenho e de persistência são constantemente
fortalecidas com a prática esportiva que objetiva o rendimento. Com freqüência, as
atletas são desafiadas a vencer obstáculos, a se sobressair, a atingir altos padrões de
realização e, para isso, se empenham para atingir seus objetivos (WEINBERG;
GOULD, 2001). A fraca necessidade de mudança também pode ter sido reforçada
pelo esporte tendo em vista que normalmente a atleta segue rotinas (de treinamento,
alimentação, entre outras), estruturando suas atividades pessoais em função das
atividades do esporte e, por isso, possivelmente não goste muito de mudanças em seus
hábitos.
As atletas também apresentaram necessidades fracas de afago, de
heterossexualidade e de agressão. A necessidade de afago está relacionado à busca
de proteção e consolo e, normalmente o sujeito com altos escores nessa característica
são inseguros, apresentando sentimentos de ansiedade (PASQUALI, AZEVEDO e
GHESTI, 1997). Tendo em vista que as atletas apresentaram necessidades fortes de
autonomia e de dominância (necessidades relacionadas a sentimentos de
autoconfiança), poderia ser esperado que apresentassem baixos escores de
necessidade de afago. No caso da necessidade fraca de heterossexualidade, é
possível que seja mais reforçada pela influência cultural do que propriamente pelo
91
esporte, tendo em vista que para muitas mulheres, demonstrar interesse por assuntos
relacionados ao sexo, ainda pode ser uma questão difícil.
a necessidade fraca de agressão demonstra que essas atletas não
gostam de brigar, atacar ou ridicularizar os outros (PASQUALI, AZEVEDO e GHESTI,
1997). Tem sido sugerido que o comportamento agressivo, quando ocorrido dentro das
regras, pode ser utilizado pelos atletas para atingir objetivos de desempenho, sobretudo
em modalidades de contato físico (BIDUTTE et al, 2005); no entanto, o IFP o é um
instrumento direcionado para o comportamento no esporte e então pode ser que em
questões que avaliem a agressão, as atletas possam ter interpretado como fora das
regras das modalidades esportivas.
A comparação do perfil de personalidade de atletas entre os estudos é
dificultada pela diversidade de características avaliadas, que são mensuradas por
instrumentos diferenciados. Bara Filho, Ribeiro e García (2005) analisaram o perfil de
personalidade de atletas de alto rendimento, de quatro modalidades esportivas, através
do Inventário de Personalidade de Freiburg (FPI-R) e encontraram valores mais altos de
inibição, irritabilidade, agressividade, fatigabilidade, queixas físicas, sinceridade e
emotividade e baixos escores de preocupação com saúde, quando comparados com
não-atletas.
Filaire et al. (1999), em estudo com 20 atletas de handebol e
voleibol, do gênero feminino, o qual utilizou o teste de Bortner para avaliar padrões de
comportamento, observou que as jogadoras de handebol foram caracterizadas por
maior motivação, dominância, resistência psicológica e agressividade, sugerindo que
tais características psicológicas podem ter sido fortalecidas pelas diferenças entre as
92
modalidades esportivas avaliadas, uma vez que o handebol por ser um esporte de
contato pode favorecer o desenvolvimento dessas características nas atletas.
Desta forma, percebe-se ser difícil padronizar um perfil de
personalidade de atletas, tendo em vista a diversidade de fatores (além do esporte) que
influenciam ou fortalecem o desenvolvimento da personalidade. Embora não seja
possível definir um único perfil de personalidade, os estudos têm tentado encontrar
características similares entre sujeitos que manifestam algum distúrbio (BACHNER-
MELMAN et al., 2006; ENGEL et al., 2003) para verificar se essas necessidades podem
contribuir para o aparecimento da doença ou síndrome. A teoria da Personologia de
Murray enfatiza consistentemente a qualidade orgânica do comportamento, indicando
que um segmento do comportamento o pode ser compreendido isoladamente do
restante da pessoa em funcionamento, ou seja, existem processos fisiológicos
coexistentes e funcionalmente vinculados que acompanham todos os processos
psicológicos (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000). Assim, pode ser que algumas
mulheres percebam as alterações fisiológicas relacionadas ao CM normal de forma
diferenciada, em função de suas necessidades, e isso faz com que apresentem SPM.
No presente estudo, analisando os dados brutos, não foram
encontradas diferenças significativas entre os grupos com e sem SPM, no entanto,
quando se analisou os percentis de cada grupo, observou-se que as principais
oscilações nos percentis entre os grupos foram nas necessidades de assistência, de
intracepção, de dominância, de denegação, de desempenho, de persistência e de
mudança. Diferentemente do Gs/SPM, o GSPM apresentou necessidade forte de
desempenho, necessidades fracas de assistência e de intracepção e necessidade
muito fraca de mudança, enquanto o Gs/SPM diferenciou-se do GSPM sobretudo por
93
necessidade muito forte de denegação e necessidades fortes de assistência, de
dominância e de persistência (FIGURA 1).
No caso das atletas do grupo SPM deste estudo, a necessidade muito
fraca de mudança indicam que não gostam de alterações em suas vidas e, por isso,
pode ser que as mudanças internas que o CM provoca, sobretudo as alterações
hormonais referentes ao período pré-menstrual, sejam percebidas de forma mais
intensa e negativa do que pelas atletas que não apresentam essa necessidade como
muito baixa. Contribuindo para esse quadro, soma-se a forte necessidade de
desempenho que as atletas com SPM possuem, onde, por querer sempre atingir
padrões de excelência, podem ser mais sensíveis a qualquer alteração que as deixe
fora do seu “padrão ideal”, como por exemplo, as alterações hormonais do CM.
A fraca necessidade de intracepção indica que essas atletas não
costumam analisar seus próprios sentimentos e intenções e nem o pouco se colocar
no lugar dos outros, o que é confirmado também pela fraca necessidade de assistência.
O fato de não apresentarem o costume de se auto-analisar e nem tão pouco se
importarem muito em se colocar no lugar dos outros pode contribuir para que quando
as mulheres apresentam as alterações bruscas de humor características da SPM, ajam
descontroladamente, descontando, muitas vezes sem perceber, o seu mau humor nas
pessoas que estão ao seu redor (HALBREICH et al., 2003).
Diferentemente das atletas com SPM, o Gs/SPM foi caracterizado por
fortes necessidades de assistência e também de dominância, de denegação e de
persistência. É possível que a forte necessidade de dominância favoreça que essas
atletas consigam também se auto-dominar, não se deixando afetar pelas alterações
hormonais decorrentes do CM. Por outro lado, pode ser também que a necessidade
94
muito forte de denegação faça com que essas atletas aceitem melhor as alterações
hormonais do CM, não as transformando em sintomas negativos. Além disso, a forte
necessidade de persistência pode contribuir para que as atletas sejam mais
persistentes para manter seu bem-estar frente a adversidades.
Quando se associou apenas as atletas com necessidades muito fortes
ou muito fracas com SPM, verificou-se que a única necessidade que obteve associação
significativa com SPM foi a denegação (TABELA 4), onde as atletas que apresentaram
SPM tiveram maiores proporções de atletas com necessidade fraca de denegação,
enquanto que o Gs/SPM apresentou maiores proporções de atletas com necessidade
forte de denegação, sugerindo que as atletas com necessidade forte de denegação
podem ser mais resignadas frente às mudanças provocadas no organismo pelas
alterações hormonais decorrentes do CM e por isso, contribuir para que essas atletas
não sintam como negativos os sintomas pré-menstruais.
6.3 Comparações do Perfil de Estado de Humor de Atletas ao longo
dos Ciclos Menstruais
Para analisar o perfil de estado de humor das atletas ao longo dos CMs,
foram feitas comparações entre os grupos referentes à total de alteração do humor, às
alterações das dimensões do humor e ao perfil iceberg. O total de alteração do humor
foi calculada somando-se as dimensões tensão, depressão, raiva, fadiga e confusão e
95
subtraindo-se a dimensão vigor. Analisando-se as atletas (amostra total), não foram
observadas diferenças significativas do total de alteração do humor ao longo dos dois
CMs analisados (FIGURA 2).
Existe uma lacuna na literatura a respeito da análise do estado de
humor de atletas ao longo de CMs, no entanto, pesquisas têm investigado o
comportamento do estado de humor de atletas, de ambos os gêneros, em diferentes
momentos durante os treinamentos ou competições. Notou-se que a maioria dos
estudos que analisou as alterações de estado de humor ou de outros componentes
somáticos durante os treinamentos, objetivou investigar a relação desses componentes
com aumentos nas cargas de treinamento durante poucos dias da periodização
(BOUGET et al., 2006; JÜRIMÄE et al., 2004).
Tem sido sugerido que alterações no estado de humor, sobretudo na
relação das dimensões vigor, fadiga e depressão, podem servir como indicador de
adaptação do atleta às cargas de treinamento. Reduções no vigor e aumentos na fadiga
podem ser respostas normais a treinamentos árduos, porém quando essa situação
ocorre com aumento na depressão, pode ser um indicativo de resposta de
adaptação às cargas de treinamento (LANE et al., 2004), podendo algumas vezes
indicar a síndrome do excesso de treinamento (ROHLFS et al., 2004).
Bouget et al. (2006) investigaram a relação dose-resposta entre um
aumento súbito nas cargas de treinamento e a percepção de estresse-recuperação de
12 ciclistas de alto vel, do gênero feminino. Verificou-se que o aumento bito nas
cargas de treinamento afetou negativamente os componentes físicos e psicológicos
avaliados. Resultados semelhantes foram encontrados por Jürimäe et al. (2004) que
96
analisaram a percepção de estresse-recuperação de 21 remadores, após 6 dias de
grande aumento nas cargas de treinamento.
Estudos analisaram também alterações no estado de humor durante
diferentes fases de uma competição. Bueno e Di Bonifácio (2007) investigaram
alterações no estado de ânimo em atletas de voleibol de nível nacional, de ambos os
gêneros, durante as fases semifinal e final do campeonato. Foi observado que ambos
os grupos mostraram que os valores de intensidade foram maiores no jogo da final,
em comparação com o jogo da semifinal nas locuções “sinto uma necessidade” e
“sinto-me orgulhoso”, enquanto que na locução “sinto-me calmo”, houve uma tendência
de diminuição de valor de intensidade do primeiro para o último jogo. Essas alterações
no estado de ânimo dos atletas foram devidas principalmente à importância do jogo e à
incerteza do resultado das partidas.
Vieira et al. (2008) encontraram algumas diferenças entre os
gêneros em 23 atletas de voleibol, ao longo de um período de treinamento e de
diferentes fases de um campeonato estadual, totalizando 16 semanas. Observou-se
que embora ambos os gêneros apresentaram um perfil iceberg durante todas as fases
analisadas, as atletas obtiveram maiores valores nas dimensões depressão, vigor e
fadiga em relação aos atletas. Além disso, os atletas tiveram aumento significativo da
dimensão fadiga do primeiro para o último jogo da equipe, enquanto que nas atletas a
dimensão confusão diminuiu significativamente ao longo da competição.
Nota-se que variáveis como alterações súbitas nas cargas de
treinamento e situações competitivas podem alterar o estado de humor de atletas. No
presente estudo, esse fator não pode ser controlado uma vez que para se identificar a
prevalência de SPM em atletas, foi necessário avaliar atletas de diferentes modalidades
97
esportivas e, além disso, a análise do estado de humor teve que ser feita baseada no
CM de cada atleta, o que obviamente não coincidiu igualmente nos mesmos períodos
de treinamento e competição das atletas.
Assim é possível que os dados do perfil de estado de humor tenham
sofrido alguma influência tanto das cargas de treinamento quanto das competições; no
entanto, foi interessante observar que, mesmo assim, a SPM parece ter uma influência
nas alterações do estado de humor das atletas, uma vez que, quando se analisou as
alterações do estado de humor por grupo, foram encontradas diferenças significativas,
sobretudo no último dia do CM (FIGURA 3).
O GSPM obteve valores superiores de total de alteração do humor no
último dia em ambos os CMs, embora essa diferença tenha sido significativa no
CM1, indicando que assim como ocorre na população de mulheres em geral
(DICKERSON et al., 2003; VALADARES et al., 2006), atletas com SPM também
apresentam alterações negativas no humor anteriormente à menstruação. No entanto,
existem relatos que algumas mulheres podem apresentar os sintomas da SPM de uma
a duas semanas antes da menstruação (HALBREICH, 2003), fato que não ocorreu com
essas atletas, uma vez que até uma semana antes da menstruação foi o período no
qual elas apresentaram a menor alteração total de humor.
Outro ponto importante a ser observado foi o padrão do gráfico do total
de alteração do humor das atletas com SPM (FIGURAS 3 e 4); notou-se que no
primeiro e no sétimo dia dos CMs, os valores mantiveram-se semelhantes, com
diminuições no décimo quarto e até uma semana antes (onde apresentaram a menor
alteração total de humor) e, finalizando o CM com aumento no último dia. Esse perfil de
total de alteração do humor exemplifica muito bem como se dão as alterações de humor
98
relacionadas à SPM e relatadas na literatura, onde os sintomas pré-menstruais (e
conseqüente piora do humor) ocorrem no período pré-menstrual e em algumas
mulheres podem permanecer a o fim da menstruação, desaparecendo no período
entre o fim da menstruação e poucos dias antes da menstruação (sendo a duração do
período de bem-estar diferente entre as mulheres) (INDUSEKHAR; USMAN; O’BRIEN,
2007).
Quando se analisou as diferentes dimensões do humor, notou-se que
houve diferenças significativas tanto no total de atletas (amostra total), quanto entre e
intra-grupos nos dois CMs (TABELA 5 e APÊNDICE L). Embora no geral (amostra total)
as atletas não tenham apresentado diferenças significativas no total de alteração do
humor ao longo dos dois CMs, foram encontradas diferenças significativas nas
dimensões tensão, raiva e confusão, demonstrando que, as atletas estiveram menos
tensas, menos confusas e com menor sentimento de raiva até uma semana antes da
menstruação. È possível que até uma semana antes da menstruação seja um período
de bem-estar geral para a maioria das atletas, independente de presença ou ausência
de SPM.
Observou-se que o GSPM apresentou valores de último dia superiores
aos do Gs/SPM para as dimensões fadiga (diferença mantida também no dia) e
confusão no CM1 e raiva no CM2. Além disso, as atletas que apresentaram SPM no
CM2 apresentaram queda significativa da dimensão vigor da última semana para o
último dia. Esse impacto nas dimensões fadiga e vigor podem estar relacionados ao
maior predomínio de sintomas físicos observados no GSPM (TABELA 3). Já com
relação à dimensão confusão, embora não tenha sido encontrada uma associação
99
significativa com SPM, observou-se que 83% das atletas que apresentaram confusão
como sintoma pré-menstrual eram do GSPM.
A dimensão raiva pode ser relacionada aos sintomas irritabilidade e
explosão de raiva analisados pelos diários de sintomas da SPM; notou-se que no
sintoma pré-menstrual irritabilidade, 71% das atletas eram do GSPM, enquanto que no
sintoma pré-menstrual explosão de raiva houve empate entre os grupos (50%). Pelo
fato dos Diários de Sintomas da SPM não terem analisado a intensidade dos sintomas,
pode ser que no sintoma explosão de raiva as atletas do GSPM tenham apresentado
maior intensidade e por isso, tenham apresentado diferença significativa para o
Gs/SPM na dimensão raiva mensurada pelo POMS.
Foi interessante observar que o Gs/SPM no CM2 (APÊNDICE L)
apresentou diminuições significativas na dimensão confusão do dia à última semana
e, embora não tenha sido significativa, houve diminuição também da última semana
para o último dia do CM (APÊNDICE X). Algumas mulheres têm apresentado sintomas
positivos relacionados ao período pré-menstrual (CAMPAGNE; CAMPAGNE, 2007);
pode ser que as atletas do Gs/SPM do CM2 também apresentem alguns sintomas
positivos relacionados ao CM, o que teria contribuído para essa diminuição na
dimensão confusão. No entanto, como os Diários de Sintomas de SPM utilizados nesse
estudo foram formulados para identificar sintomas pré-menstruais que interferissem de
forma negativa nas atividades diárias das atletas, não foi possível identificar os
sintomas positivos que por ventura alguma atleta pudesse apresentar.
Assim como ocorreu no total de alteração do humor, quando se
analisou a forma do gráfico do GSPM em todas as dimensões do humor (APÊNDICES
M a X), tanto no CM1 quanto no CM2, notou-se um aumento nas dimensões tidas como
100
negativas (tensão, depressão, raiva, fadiga e confusão) e diminuições na dimensão
vigor, da última semana para o último dia do CM, demonstrando que embora algumas
dimensões não tenham apresentado diferenças significativas, também parecem ser
afetadas pela SPM.
Quando se analisou o perfil iceberg das atletas (amostra total), notou-se
que o principal fator que contribui para a o-formação desse perfil são os baixos
valores na dimensão vigor. Com exceção do dia do CM1, em todos os outros dias de
ambos os CMs, não houver formação do perfil iceberg porque os valores da dimensão
vigor se encontraram abaixo do percentil 50 (FIGURAS 5 e 6). É possível que a rotina
de treinamentos, somada a outras atividades como estudo ou trabalho, contribuíram
para esse baixo valor no vigor. Mas é importante destacar que as outras dimensões
tidas como negativas mantiveram-se abaixo do percentil 50, indicando que, no geral, as
atletas apresentaram uma boa saúde mental (LANE et al. 2001) e também não
demonstraram indícios de excesso de treinamento (ROHLFS et al. 2004).
A dimensão vigor contribuiu de forma semelhante para a não formação
do perfil iceberg dos grupos, sobretudo para o Gs/SPM, porque no GSPM as
dimensões raiva e fadiga também influenciaram. O Gs/SPM não apresentou perfil
iceberg em nenhum dos dias analisados, tanto no CM1, quanto no CM2, devido aos
valores da dimensão vigor se encontrarem abaixo do percentil 50 (FIGURA 8 e 10). Já o
GSPM, sobretudo no CM1, não apresentou perfil iceberg no 1º dia e no último dia
devido aos altos escores nas dimensões raiva e fadiga, no dia devido ao alto escore
na dimensão fadiga e no 14º dia para baixo escore na dimensão vigor (FIGURA 7); no
CM2, o GSPM não apresentou escores na dimensão vigor acima do percentil 50 no
dia e na última semana (FIGURA 9).
101
Nota-se que o Gs/SPM manteve uma boa saúde mental ao longo dos
CMs analisados, tendo em vista que apenas na dimensão vigor não atingiu critérios
para um perfil iceberg. o GSPM foi afetado também pelas dimensões raiva e fadiga,
sobretudo no e último dia do CM, indicando que os sintomas da SPM realmente
podem afetar o melhor estado de humor das atletas no período pré-menstrual. É
importante destacar que o GSPM conseguiu a formação do perfil iceberg em quatro
momentos ao longo dos CMs analisados (última semana do CM1, dia, 14º dia e
última semana do CM2), indicando que, fora do período pré-menstrual as atletas com
SPM conseguem manter um bom perfil de estado de humor para atletas (COVASSIN;
PERO, 2004), fato que não aconteceu com o Gs/SPM que teve sua dimensão de vigor
sempre abaixo do percentil 50 para todos os dias analisados.
6.4 Associação entre Síndrome Pré-Menstrual, Personalidade,
Estado de Humor e Percepção de Impacto dos Sintomas Pré-Menstruais no
Desempenho Esportivo
O esporte de rendimento tem se desenvolvido nos últimos 30 anos de
maneira significativa em todo o mundo. Com isso, ciências como a fisiologia do esporte,
bioquímica, medicina, biomecânica, sociologia e a psicologia do esporte m
implementado grandes avanços na área do treinamento esportivo para que o
desempenho dos atletas esteja melhor a cada dia (BARA FILHO; RIBEIRO, 2005).
Assim, qualquer fator que interfira no bem-estar físico ou emocional do atleta pode ser
102
decisivo para seu melhor desempenho e consequentemente para seu sucesso
esportivo.
No caso da mulher atleta, um dos assuntos que têm recebido atenção
como interveniente no desempenho esportivo são as mudanças ocasionadas no
organismo feminino pelas diferentes fases do CM. Embora ainda não se tenha chegado
a um consenso, muitos estudos não têm encontrado impacto significativo das
alterações hormonais decorrentes do CM no desempenho físico de atividades com
predomínio de várias capacidades físicas (CHAVES; SIMÃO; ARAÚJO, 2002;
CONSTANTINI; DUBNOV; LEBRUN, 2005; JANSE DE JONGE, 2003; JANSE DE
JONGE et al., 2001; MELEGÁRIO et al., 2006), indicando que além do componente
hormonal, outros fatores atrelados às fases do CM podem interferir no desempenho
esportivo.
O período pré-menstrual das mulheres tem sido associado a certos
sintomas debilitantes, tanto de natureza física quanto emocional (HALBREICH, 2003;
INDUSEKHAR; USMAN; O’BRIEN, 2007). O presente estudo investigou a percepção de
impacto desses sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo das atletas. Notou-
se que a maioria das atletas (80%) sentiu seu desempenho esportivo afetado pelos
sintomas pré-menstruais, sendo que mais atletas se sentiram afetadas nos
treinamentos do que nas competições.
Essa diferença nas proporções de atletas afetadas nos treinamentos e
nas competições deve-se, sobretudo, às atletas que não apresentaram sintomas
suficientes para caracterizar SPM; notou-se que 61% (08 atletas) do Gs/SPM se
sentiram afetadas durante os treinamentos, enquanto que 23% (03 atletas) sentiram-se
103
afetadas nas competições. no GSPM, 92% (11 atletas) sentiram-se afetadas nos
treinamentos e 83% (10 atletas) nas competições.
Sete atletas (54%) do Gs/SPM relataram na Ficha de Diagnóstico de
SPM sintomas suficientes para caracterizar a presença de SPM, no entanto, não
apresentaram confirmação diagnóstica através do acompanhamento diário. Como a
Ficha de Percepção de Impacto dos Sintomas Pré-Menstruais no Desempenho
Esportivo foi baseada nos sintomas que as atletas perceberam (e o nos que
realmente apresentaram) como pré-menstruais, pode ser que a maior parte das que se
sentem afetadas apenas nos treinamentos, seja de atletas que acreditam ter SPM, mas
na verdade não apresentaram confirmação diagnóstica. Essa hipótese é embasada na
associação significativa encontrada entre percepção de impacto dos sintomas pré-
menstruais no desempenho esportivo durante os treinamentos e SPM analisada de
forma retrospectiva (TABELA 6).
entre as atletas que apresentaram SPM através do
acompanhamento diário, 83% sentiram-se afetadas tanto nos treinamentos quanto nas
competições. É possível que nessas atletas os sintomas sejam intensos o suficiente
para prejudicar o desempenho até mesmo quando estão mais motivadas, como
normalmente ocorre durante as competições, enquanto que no Gs/SPM os sintomas
(quando existem) podem não ser tão intensos para gerar impacto no desempenho
esportivo, suposição baseada na associação significativa encontrada entre percepção
de impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo durante as
competições e SPM diagnosticada pelos Diários de Sintomas da SPM (TABELA 8).
Dessa forma, observa-se que a SPM é um fator que afeta
negativamente o desempenho esportivo das atletas. No presente estudo, SPM se
104
associou significativamente com número de sintomas totais e sintomas físicos,
sobretudo mastalgia e desconforto abdominal (TABELA 3). Segundo Murray a dor é
uma necessidade primária/viscerogênica e por isso tem que ser satisfeita (no caso,
amenizada ou eliminada) para que a atleta consiga a satisfação de outras necessidades
secundárias, porém também importantes, como a necessidade de desempenho, por
exemplo. No caso dos treinamentos onde existem pressões como a do técnico para a
atleta apresentar um bom desempenho e, principalmente na competição onde na
maioria das vezes vários tipos de pressões são manifestadas (técnico, torcida,
patrocinador, entre outros), será difícil para a atleta reduzir a tensão provocada por
essa relação necessidade-pressão (tema), enquanto ela não diminuir a tensão
provocada pela necessidade primária que é a de amenizar/eliminar a dor.
Esse conflito entre satisfação de necessidades e pressões, somado a
alguns sintomas emocionais podem gerar um estado de confusão em algumas atletas
com SPM (sobretudo no último dia do CM) o que possivelmente dificultará a
concentração, fato que pode ser observado no relato de algumas atletas: Afeta
negativamente, pois perco boa parte da concentração”.(A16); outra atleta relatou falta
de atenção” (A13) durante treinos e competições.
Mastalgia também se associou de forma significativa com percepção de
impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo durante as
competições (TABELA 9), fato que é relatado por algumas atletas: “Desconforto durante
a corrida devido às mamas estar inchadas (...)” (A2); As mamas ficam mais sensíveis,
aumentando o medo em relação ao contato, apesar de não haver contato físico na
maioria” (A18). Nota-se aqui, novamente que além do incômodo relacionado à dor,
105
pode haver uma alteração do foco de atenção durante a competição uma vez que a
atleta se preocupa em não ser atingida nas mamas.
Outra queixa relatada pelas atletas e que apresenta ligação com SPM é
a fadiga. Alguns estudos têm sugerido que o sistema serotoninérgico estaria
relacionado às alterações afetivas observadas durante o período pré-menstrual e que
por isso, a SPM poderia estar relacionada à fadiga central (relacionada ao sistema
nervoso central e que prejudicaria os impulsos eletroquímicos para os músculos)
(ROSSI; TIRAPEGUI, 2004). É importante que essa inferência seja mais bem
investigada uma vez que o cansaço excessivo no período pré-menstrual também foi
relatado: Cansaço excessivo durante o treinamento (...)” (...) “cansaço (...) corpo
pesado“. (durante competições) (A9).
a associação significativa entre volume de treinamento semanal e
percepção de impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo durante
as competições (TABELA 8) pode ter sido devida ao volume de treinamento semanal
estar associado à presença de SPM neste estudo e, SPM estar associada à percepção
de impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo durante as
competições (TABELA 8). Como mencionado, embora o exercício físico, sobretudo
com predominância aeróbia, vem sendo indicado como terapia não-farmacológica para
SPM (MILEWICZ; JEDRZEJUK, 2006; RAPKIN, 2003), Pelluso (2003) encontrou que
altos volumes de treinamento podem estão associados à alterações de humor em
atletas. Assim, é provável que as alterações de humor observadas no período pré-
menstrual também afetem o desempenho esportivo das atletas nessa fase do CM.
O humor é um constructo muito importante para a vida das pessoas
porque funciona como um filtro das situações, influenciando o modo como cada
106
indivíduo perceberá os acontecimentos. Normalmente um sujeito que apresenta um
estado de humor mais negativo tenderá a perceber as situações também como mais
negativas e vice-versa (LANE et al., 2004). Por isso, uma maior alteração total de
humor observada nas atletas do GSPM durante o período pré-menstrual, sobretudo
relacionada ao aumento das dimensões raiva, fadiga e confusão e, diminuições na
dimensão vigor, podem afetar o melhor estado emocional das atletas nessa fase (como
visualizado no perfil iceberg).
Estudos têm relacionado o perfil de estado de humor e desempenho
esportivo (COVASSIN; PERO, 2004; LANE; CHAPPELL, 2001; VIEIRA et al., 2008;) e
têm encontrado diferentes impactos do humor no esporte. Covassin e Pero (2004)
analisaram o estado de humor pré-competitivo de 24 tenistas do gênero masculino
durante todas as fases de um campeonato e relacionaram com o desempenho dos
atletas ao longo das partidas. Foi observado que os atletas vencedores tiveram
significativamente mais baixos escores de total de alteração do humor do que os atletas
que perderam as partidas e também apresentaram o perfil iceberg.
com relação a esportes coletivos o estado de humor parece não
predizer tão diretamente o desempenho esportivo como nos esportes individuais. Vieira
et al. (2008), em estudo com 23 atletas de voleibol, de ambos os gêneros, observaram
que o estado de humor dos atletas masculinos com mais alto desempenho (medido por
skalts) o foi diferente significativamente dos atletas de médio ou baixo desempenho,
enquanto que as atletas de alto desempenho apresentaram menor escore na dimensão
vigor e maior escore na dimensão fadiga em relação às atletas de médio ou baixo
desempenho.
107
Lane e Chappell (2001) investigaram o estado de humor pré-
competitivo de 10 jogadores de basquete, universitários, durante 08 jogos e associaram
com percepção de satisfação de desempenho após o jogo. Notou-se que para cinco
jogadores o humor predisse 40% do desempenho, enquanto que para os outros cinco
jogadores, nenhuma associação foi encontrada, sugerindo que outras variáveis, como
personalidade e o fato do desempenho muitas vezes depender da atuação dos
companheiros, podem estar envolvidas.
No presente estudo, o GSPM foi composto tanto por atletas de esportes
individuais quanto coletivos, que apresentaram alteração do humor mais negativa no
período pré-menstrual e que sentiram o impacto desse constructo tanto nos
treinamentos quanto nas competições, conforme observado no relato de algumas
atletas: Uma situação incômoda, dolorosa, irritante, prejudica o desempenho, afetando
o emocional”; “Fico ansiosa, irritada, tensa, me deixa mais preocupada” (A4); “(...) mal
humor gerando conflitos com a equipe”; “Irritação com pessoas ao redor e até mesmo
com a modalidade pela qual estou competindo” (A10); “Fico irritada, explodo por nada,
me estresso com as companheiras”; “Fico precipitada, com certo grau de nervosismo e
irritada” (A7). Assim, observa-se que para as atletas com SPM, tanto de esportes
coletivos quanto individuais, o estado de humor apresenta um papel muito importante
no desempenho, inclusive durante as competições.
Como pode ser notado nos relatos das atletas, a dimensão de humor
que mais afeta as atletas do GSPM é a raiva (que apresentou diferença significativa
entre os grupos no último dia do CM), onde um aumento na intensidade desse
componente do humor faz com que as atletas não consigam se controlar a ponto de
gerar conflitos com as companheiras, com o técnico ou com todos que estiverem ao seu
108
redor, o que afeta negativamente a coesão das equipes e consequentemente o
desempenho esportivo das atletas.
Observou-se, no entanto, que uma atleta do GSPM consegue
interpretar esse aumento na raiva durante o período pré-menstrual como algo positivo:
“(...) me deixa com a adrenalina um pouco maior (A2). Essa atleta é uma das mais
experientes da amostra, com 27 anos de prática do esporte e talvez esse fato tenha a
auxiliado interpretar como positiva uma alteração que poderia ser negativa. Estudos
têm sugerido que a raiva, quando experienciada na ausência de depressão, pode ser
um elemento motivador para o esporte (LANE, 2001; LANE et al., 2001). No presente
estudo, a análise do perfil iceberg tanto do total de atletas (amostra total) quanto dos
grupos com e sem SPM o apontaram valores superiores ao percentil 50 para o
constructo depressão (FIGURAS 5 a 10). Assim, pode-se sugerir para as atletas que
apresentam aumento da raiva no período pré-menstrual, na ausência de humor
depressivo, que aprendam através de técnicas psicológicas a trabalhar a raiva como um
fator motivador para seu desempenho esportivo.
Por outro lado, as evidências apontam que o modo como as atletas
percebem o impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo é
influenciado por suas características de personalidade. Foram encontradas diferenças
significativas entre as atletas que apresentaram impacto no desempenho esportivo e
aquelas que não apresentaram, em relação às necessidades de desempenho (P<0,05)
e de heterossexualidade (P<0,01). O grupo que sente seu desempenho esportivo
afetado pelos sintomas pré-menstruais apresentou escores mais altos de
heterossexualidade em relação ao grupo que não apresentou impacto no desempenho
esportivo; não se encontrou uma explicação coerente na literatura para essa diferença;
109
é possível que essa necessidade esteja se manifestando de forma mais aparente, em
função de outra (s) necessidade (s) mais oculta (s), representando uma espécie de
cadeia de subsidiação.
O grupo de atletas que sente seu desempenho esportivo afetado pelos
sintomas pré-menstruais também apresentou escores mais altos significativamente para
necessidade de desempenho em relação ao grupo que não se sentiu afetado (P<0,05).
Essa necessidade muito forte de desempenho gera um estado de tensão maior quando
as atletas são colocadas sob alguma pressão no período pré-menstrual. Assim, em uma
competição por exemplo, as atletas que apresentam forte necessidade de desempenho
irão querer fazer o seu melhor, no entanto como estão no período pré-menstrual, as
dores e alterações psicológicas não permitirão que desempenhem tudo que possam;
isso gerará um estado de tensão ainda maior que poderá culminar por exemplo, na
explosão de raiva relatada por várias atletas.
Quando se objetivou verificar diferenças somente entre as atletas que
apresentaram características de personalidade mais extremas (necessidades muito
fortes ou muito fracas) não foram encontradas diferenças significativas entre as atletas
que sentiram e as que não sentiram seu desempenho esportivo afetado pelos sintomas
pré-menstruais, indicando que as necessidades isoladas pouco podem representar o
comportamento das atletas. Por isso, a comparação dos perfis de personalidade das
atletas que se sentiram e as que não se sentiram afetadas representa melhor as
diferenças entre as atletas que sentiram e não sentiram o impacto dos sintomas pré-
menstruais no desempenho esportivo.
Notou-se que, além da necessidade de desempenho, as atletas que
sentiram seu desempenho esportivo afetado pelos sintomas pré-menstruais diferiram-se
110
do grupo que não se sentiu, sobretudo, pela forte necessidade de dominância e de
autonomia. O fato de apresentarem uma forte necessidade de desempenho somada a
uma forte necessidade de dominância pode fazer com que as atletas queiram impor o
seu ponto de vista e, quando estão no período pré-menstrual, o aumento da raiva faz
com que queiram dominar o ambiente, reagindo às pressões de técnicos, árbitros,
torcida ou colegas de equipe com comportamentos inadequados, como relataram
algumas atletas: “Fico muito estressada e acabo discutindo com todo mundo” (A6); “A
impaciência me deixa sem paciência tanto com o técnico quanto com as outras atletas”
(A17); “(...) e a irritabilidade por motivos muitas vezes banais podem e atrapalham o
relacionamento com as demais atletas” (A15); “Fico mais irritada quando não acerto
exercícios, comigo e com as meninas do time” (A8).
Essas duas necessidades associadas com uma forte necessidade de
autonomia podem fazer com que as atletas queiram decidir tudo sozinhas e, por isso,
acabam se isolando nesse período em que os sintomas estão mais evidentes. Essa
hipótese ganhou reforço quando se verificou uma associação significativa entre
percepção de impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo durante
as competições e o sintoma pré-menstrual de isolamento, como bem relatado por uma
atleta: “Não querer conversar com companheiros, não participar de brincadeiras, não
estar motivada” (A24).
Já o grupo de atletas que não sentiu seu desempenho esportivo afetado
pelos sintomas pré-menstruais diferiu-se do grupo de atletas que se sentiu afetado
sobretudo por muito fortes necessidades de denegação e de persistência,
necessidades fracas de assistência, de intracepção, de deferência, de exibição e de
agressão e muito fraca necessidade de afago. É possível que a necessidade muito forte
111
de denegação e de persistência faça com que as atletas não se deixem abater nesse
período pelos sintomas pré-menstruais e sejam mais persistentes para alcançar seus
resultados. Somada a isso, necessidades fracas de deferência, de assistência e de
afago sugerem que essas atletas se preocupam menos em agradar as pessoas que
admiram, em dar assistência ou afago e por isso não se preocupam muito com as
alterações de humor que possam ter e o que isso pode desencadear, por isso acham
que não são afetadas.
Associada a essas necessidades, pode ser que a fraca necessidade de
exibição contribua para que as atletas não sintam pressionadas a se exibir, mostrar alto
desempenho e por isso, não consideram significativas as alterações que os sintomas
pré-menstruais possam exercer sobre seu desempenho esportivo. a fraca
necessidade de intracepção associada a uma fraca necessidade de agressão podem
indicar que as atletas conseguem se expressar nesse período sem ser muito agressivas
com técnicos, companheiros ou até com elas mesmas.
Notou-se que o perfil de personalidade característico das atletas com e
sem SPM diferiu em algumas necessidades das atletas que sentiram e não sentiram
seu desempenho esportivo afetado pelos sintomas pré-menstruais. Embora a SPM
tenha sido associada significativamente com impacto no desempenho esportivo durante
as competições e muitas atletas do GSPM também apresentaram impacto no
desempenho esportivo durante os treinamentos, necessidades como fraca assistência,
que foi característico do GSPM, esteve presente também no perfil de personalidade das
atletas que não se sentiram afetadas pelos sintomas pré-menstruais. E, o contrário
também ocorreu; atletas que não apresentaram SPM tiveram necessidade forte de
112
dominância e, no entanto, essa foi uma característica do grupo de atletas que acredita
ter impacto negativo no desempenho esportivo durante o período pré-menstrual.
Observa-se que uma atleta que apresenta forte necessidade de
dominância pode, por exemplo, conseguir se dominar e acreditar não ter sintomas pré-
menstruais ou manifestar essa dominância de forma negativa através da imposição de
idéias, muitas vezes com comportamentos equivocados. A maneira como cada atleta irá
reagir depende de vários fatores como por exemplo, como se deu o desenvolvimento
dessas necessidades, quais são as outras necessidades que atuam em conjunto
(cadeias de subsidiação), quais as necessidades predonimantes e quais são as
pressões que fazem com que a atleta atue dessa forma.
Por isso, ao se analisar o comportamento deve-se não verificar as
necessidades isoladas mas tentar interpretar de que modo essas necessidades atuam
em conjunto, procurando entender o indivíduo em toda sua complexidade e sempre
levando em consideração também quais são as respostas mais freqüentes que cada
sujeito desempenha frente a uma determinada situação de pressão (MURRAY, 1938).
Outra consideração importante feita por Murray é que se analisem também os sujeitos
que não se encaixaram no perfil predominante da amostra, pois relatar um achado que
caracteriza 80% de um grupo especificado o tem muito valor a menos que se possa
dar alguma explicação de por que os outros 20% não se ajustam a esse padrão (HALL;
LINDZEY; CAMPBELL, 2000).
No caso do presente estudo, verificou-se que apesar da SPM afetar de
forma negativa a percepção de impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho
esportivo, tanto nos treinamentos, quanto principalmente nas competições, uma atleta
que apresentou SPM diagnosticada através dos Diários de Sintomas da SPM, não
113
sente seu desempenho esportivo afetado pelos sintomas pré-menstruais. Essa atleta
não relatou nenhum sintoma na Ficha de Diagnóstico de SPM, ou seja, é possível que
não havia percebido que durante a fase pré-menstrual apresentava sintomas negativos,
fato que pode ser devido a esses sintomas serem menos intensos ou a uma dificuldade
de auto-análise de forma retrospectiva, tendo em vista que quando essa atleta se
analisou de forma diária, observou a presença de sintomas suficientes para caracterizar
SPM. Além dessa atleta, outra atleta do GSPM sente-se um pouco afetada somente
nos treinamentos, o que também pode indicar que os sintomas pré-menstruais embora
exerçam algum impacto no dia-a-dia, podem não ser tão intensos a ponto de gerar
maior impacto na competição.
Embora a percepção de impacto dos sintomas pré-menstruais no
desempenho esportivo durante as competições tenha sido associada significativamente
com SPM diagnosticada pelos Diários de Sintomas da SPM, três atletas do Gs/SPM
perceberam impacto negativo dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo
durante as competições, sendo que duas atletas sentiram-se afetadas de forma
moderada e uma atleta sentiu-se bastante afetada. A atleta que se sentiu bastante
afetada durante as competições, sentiu-se afetada de forma moderada nos
treinamentos; essa atleta, porém não apresentou nenhum sintoma pré-menstrual. Foi
interessante notar, entretanto, que a atleta apresentou durante boa parte dos CMs
analisados, sintomas como ansiedade e depressão (que podem ter ficado mais intensos
no período pré-menstrual), sugerindo que antes de preencher o Diário de Sintomas da
SPM, essa atleta não tinha o hábito de se analisar e, por isso, acreditava que tinha
esses sintomas durante o período pré-menstrual.
114
Entre as outras atletas que não apresentaram SPM mas se sentiram
afetadas de forma moderada pelos sintomas pré-menstruais durante as competições, o
impacto no desempenho esportivo durante os treinamentos também foi percebido como
moderado. Observou-se que essas atletas apresentaram sintomas pré-menstruais (uma
atleta irritabilidade e explosão de raiva e outra atleta isolamento) e, além disso, também
tiveram sintomas em grande parte dos CMs analisados (ansiedade, confusão,
depressão e cefaléia), indicando que essas atletas podem tanto ser atingidas pelos
sintomas pré-menstruais quanto por aqueles que existem ao longo do CM e
provavelmente se acentuam no período pré-menstrual.
Foi observado que duas atletas se sentiram extremamente afetadas
pelos sintomas pré-menstruais, ambas do GSPM. Uma dessas atletas sentiu seu
desempenho esportivo extremamente afetado pelos sintomas pré-menstruais durante
as competições e bastante afetado durante os treinamentos. Essa atleta apresentou
quatro sintomas pré-menstruais emocionais (confusão, irritabilidade, isolamento e
explosão de raiva) e um físico (edema) e, além disso, teve sintomas de depressão e
ansiedade durante boa parte dos CMs analisados.
Através do relato da atleta é possível verificar o modo como
normalmente se sente afetada durante os treinamentos e competições,
respectivamente: “Em questão a baixo estima, nesse período sinto que serei incapaz de
terminar uma série”; Sinto que a depressão e ansiedade prejudicam tanto meu sico
como o psicológico, além de diminuir minha auto-confiança” (A22). Notou-se através do
relato da atleta que os sintomas que a afetam durante a competição o justamente os
sintomas que não são pré-menstruais e sim aqueles que se manifestaram durante
115
vários dias dos dois CMs analisados; esses sintomas devem ficar mais intensos durante
o período pré-menstrual e por isso, a atleta os relaciona como pré-menstruais.
A outra atleta que sentiu seu desempenho esportivo extremamente
afetado pelos sintomas pré-menstruais durante as competições também se sentiu
afetada de forma extrema durante os treinamentos. Essa atleta apresentou cinco
sintomas pré-menstruais emocionais (depressão, ansiedade, confusão, irritabilidade e
isolamento) e dois sintomas físicos (mastalgia e desconforto abdominal). Esses
sintomas iniciaram cerca de uma semana antes da menstruação e persistiram até o
final da menstruação. Notou-se que essa atleta apresentou sintomas suficientes para
atingir o critério estabelecido pelo American Psychiatric Association (APA) para
transtorno disfórico pré-menstrual, o qual caracteriza a presença de pelo menos cinco
sintomas, sendo pelo menos um emocional (FREEMAN, 2003; MILEWICZ;
JEDRZEJUK, 2006).
O relato desta atleta mostrou como normalmente se sente afetada pelos
sintomas pré-menstruais: “Cansaço excessivo durante o treinamento, sonolência, falta
de motivação para os treinos”; “Falta de competitividade e motivação, cansaço,
retenção líquida, corpo pesado” (A9). Nota-se que sintomas como falta de motivação,
cansaço excessivo, sonolência, corpo pesado podem estar relacionados ao sintoma
depressão relatado pela atleta durante o período pré-menstrual, enquanto que retenção
hídrica pode estar associada com mastalgia e, muitas vezes com desconforto
abdominal.
Desta forma, observa-se que nem sempre todos os sintomas
percebidos no período pré-menstrual irão gerar impacto no desempenho esportivo da
mesma forma, como no caso anteriormente citado, onde a atleta relatou se sentir
116
afetada muito mais por conseqüências relacionadas ao sintoma depressão do que, por
exemplo, ao sintoma de explosão de raiva. Talvez por isso seja o difícil estabelecer
um padrão característico de personalidade para atletas que se sentem afetadas pelos
sintomas pré-menstruais. É possível que o impacto seja maior devido ao sintoma
depressão do que a outro porque alguma necessidade da atleta é diretamente afetada
e/ou manifestada através desse sintoma.
Mais uma vez cabe a sugestão de Murray (1938) de que o
comportamento deve ser analisado nos seus mínimos detalhes, levando em
consideração, não as necessidades, mas a interação das mesmas com as pressões
ambientais. Além disso, é preciso tentar entender como o sujeito organiza suas
necessidades, uma vez que sua personalidade é muito mais do que a somatória desses
constructos psicológicos.
Diante das questões abordadas, elaborou-se o Modelo da Associação
entre SPM, Personalidade e Desempenho Esportivo. O modelo estabelece a relação
entre a SPM, as características de personalidade das atletas com SPM e a pressão
exercida pelas competições. Verifica-se que a SPM desperta necessidades primárias,
como dor e mal-estar que, quando interagem com características de personalidade
afetam a percepção, o pensamento, o sentimento e a ação das atletas.
Assim, as necessidades fracas de denegação e de mudança
interagindo com as necessidades primárias despertadas pela SPM (dor e mal estar)
podem fazer com que as atletas apresentem maior dificuldade de aceitar passivamente
as alterações físicas e psicológicas que a SPM desencadeia. Já as necessidades fracas
de intracepção e de assistência podem fazer com que as atletas não percebam muito
bem as alterações pelas quais estão passando e acabam tendo comportamentos
117
descontrolados e inadequados para com as outras pessoas. Somada a isso, a forte
necessidade de desempenho pode desencadear um maior conflito nas atletas que
querem desempenhar bem, entretanto não estão nas melhores condições físicas e
psicológicas devido à SPM.
Nota-se que no Modelo da Associação entre SPM, Personalidade e
Desempenho Esportivo, os fatores biológicos (necessidades primárias despertadas pela
SPM) inter-relacionam-se com os fatores psicológicos (características de
personalidade) para gerar os comportamentos das atletas (dificuldade de aceitar
alterações físicas e psíquicas, atitudes descontroladas e inadequadas e conflito entre
querer desempenhar bem, mas não estar nas melhores condições).
Esses comportamentos, por sua vez, irão desencadear dificuldades de
concentração, aumento do cansaço e alteração de humor nas atletas que, quando
expostas a um ambiente de pressão, como as competições, podem ter seu
desempenho esportivo prejudicado. Desta forma, as atletas terão maiores dificuldades
de satisfazer as necessidades secundárias despertadas pelas competições
(desempenho esportivo) porque não conseguiram satisfazer as necessidades primárias
despertadas pela SPM, que, quando combinadas com as características de
personalidade, geraram certos comportamentos que culminaram com dificuldades de
concentração, aumento do cansaço e alteração de humor.
118
Figura 12: Modelo da Associação entre Síndrome Pré-Menstrual, Personalidade e
Desempenho Esportivo
Aumento do
cansaço
Dificuldade de
concentração
Alteração de
humor
NECESSIDADES
SECUNDÁRIAS
(Desempenho
Esportivo)
PRESSÃO
(competição)
NECESSIDADES
PRIMÁRIAS
(dor e mal-estar)
Necessidades fracas
de denegação
e de mudança
Necessidades fracas
de assistência e de
intracepção
Atitudes descontroladas e
inadequadas para com as
outras pessoas
Conflito entre querer
desempenhar bem, mas
não estar nas melhores
condições
Necessidade forte de
desempenho
Dificuldades de aceitar
alterações físicas e
psíquicas
CARACTERÍSTICAS
DE PERSONALIDADE
SPM
119
7 CONCLUSÃO
No final desta investigação, tendo sempre como base os objetivos e
procedimentos metodológicos adotados, e entendendo que o comportamento humano
sofre a influência da interação de fatores biológicos, psicológicos e ambientais,
manifestado pelas relações entre necessidades e pressões, considera-se que foi
possível responder à questão de pesquisa levantada.
Constatou-se que a prevalência de SPM em atletas foi considerada alta
e que a análise retrospectiva superestimou a prevalência de SPM em relação ao
acompanhamento diário. Foram encontradas associações significativas entre SPM e
volume de treinamento semanal, número de sintomas, sintomas físicos, mastalgia e
desconforto abdominal. Faixa etária, tempo de prática e tipo de esporte não
apresentaram associações significativas com SPM.
Com relação ao perfil de personalidade, verificou-se que as atletas
apresentaram algumas características importantes para o desempenho esportivo como
fortes necessidades de desempenho, de persistência, de afiliação, de autonomia, de
dominância e de denegação. A análise do perfil de personalidade dos grupos
evidenciou que as atletas com SPM apresentaram algumas necessidades que quando
em ambientes de pressão podem influenciar as atletas reagirem com maior tensão
(como muito fraca necessidade de mudança e forte necessidade de desempenho),
enquanto que as atletas sem SPM demonstraram algumas necessidades que podem
favorecer um maior autodomínio frente às tensões produzidas pelas pressões internas
120
ou externas (por exemplo, necessidades fortes de dominância e de persistência). Além
disso, houve associação significativa entre SPM e necessidade de denegação (fraca).
Quanto ao perfil de estado de humor das atletas, notou-se que a
principal dimensão afetada foi o vigor, sendo considerado baixo em quase todos os dias
analisados. Com relação aos grupos, observou-se que as atletas com SPM
apresentaram maior alteração total de humor, sobretudo caracterizada por alta
dimensão de fadiga, de confusão e de raiva, além de diminuições na dimensão vigor
durante o período pré-menstrual; as atletas sem SPM foram afetadas sobretudo por
baixa dimensão vigor ao longo de todo CM e apresentou uma diminuição da dimensão
confusão próxima da menstruação.
Em relação à percepção de impacto dos sintomas pré-menstruais no
desempenho esportivo, notou-se que grande parte das atletas percebeu como
negativos os efeitos dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo, sendo o
impacto mais evidenciado nos treinamentos do que nas competições. A percepção de
impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho esportivo durante os
treinamentos foi associada significativamente com SPM estimada de forma
retrospectiva. a percepção de impacto dos sintomas pré-menstruais no desempenho
esportivo durante as competições foi associada significativamente com SPM estimada
pelo acompanhamento diário, volume de treinamento semanal, isolamento, mastalgia,
desconforto abdominal, necessidade de heterossexualidade (fraca) e necessidade de
desempenho (forte).
Desta forma, concluiu-se que certas características de personalidade
podem contribuir para que as atletas percebam as mudanças internas relacionadas ao
período pré-menstrual (necessidades primárias) e as mudanças externas (pressões
121
ambientais) como negativas, favorecendo o aparecimento da SPM. Os sintomas físicos
e emocionais da SPM passam a ser necessidades predominantes nas atletas, gerando
alterações no estado de humor, como aumento na fadiga, raiva e confusão, o que
possivelmente irá gerar um conflito com necessidades despertadas pelas pressões
ambientais (como as competições), fazendo com que o estado de tensão gerado seja
mais intenso, culminando, por exemplo, nos comportamentos de explosão de raiva e
cansaço excessivo relatados pelas atletas como prejudiciais ao desempenho esportivo.
Este estudo caracterizou-se por ser um dos pioneiros na área da
Educação Física no Brasil a analisar a associação entre SPM, características de
personalidade, perfil de estado de humor e percepção de impacto no desempenho
esportivo. Embora os resultados aqui observados possam ser relevantes, é importante
que sejam interpretados com algumas considerações, em função das limitações e
delimitações apresentadas.
A amostra estudada foi de 25 atletas, entre 18 a 49 anos de idade, da
cidade de Maringá/PR. É possível que estudos com populações de atletas, com maior
ou menor número de sujeitos, de outras regiões do Brasil ou de outros países, e com
atletas adolescentes possam encontrar resultados diferenciados do presente estudo.
Além disso, o critério utilizado para caracterizar SPM foi o do American College of
Obstetricians and Gynecologist (ACOG, 2000), por isso, outros critérios utilizados irão
encontrar uma prevalência diferenciada e consequentemente os resultados das
associações com características de personalidade, perfil de estado de humor e
percepção de impacto no desempenho esportivo podem ser outros.
Pelo fato da amostra apresentar atletas de inúmeros esportes, não foi
possível encontrar um único teste que pudesse caracterizar o impacto no desempenho
122
esportivo de todas as modalidades, por isso optou-se por uma escala de percepção. É
interessante que novos estudos analisem de que modo a SPM pode afetar diretamente
o desempenho esportivo das atletas.
Embora os estudos que analisaram a prevalência de SPM e suas
relações com características de personalidade ou desempenho o realizaram análises
hormonais, ainda não está claro na literatura se as mulheres com e sem SPM
apresentam as mesmas taxas ou alterações hormonais. Por isso, não se pode inferir se
as atletas que apresentaram SPM sofreram alguma influência de alterações hormonais
mais intensas no período pré-menstrual.
Além disso, sabe-se que a SPM é influenciada por fatores biológicos,
psicológicos e ambientais. Esse estudo focou-se sobretudo na relação de SPM com
variáveis psicológicas (estado de humor e personalidade). É possível que fatores
ambientais, sobretudo a respeito do modo como foram as primeiras experiências
menstruais das atletas, a maneira como cada uma foi ensinada a respeito das
alterações decorrentes do CM, entre outros fatores, podem ter contribuído para que
elas percebam ou não os sintomas pré-menstruais como negativos.
Devido a diversidade de fatores que podem afetar a presença de SPM,
bem como o impacto no desempenho esportivo, pode ser que estudos de caso com
atletas que se sentem bastante ou extremamente afetadas podem ajudar a entender
melhor como se deu o desenvolvimento da SPM, quais as necessidades psicológicas
envolvidas no processo e de que modo essas necessidades interagem com as
pressões sofridas pelas atletas durante os treinamentos e competições, para gerar um
maior impacto no desempenho esportivo.
123
Finalizando, considerando que no esporte de rendimento qualquer fator
passa a ser decisivo para o melhor desempenho, é importante que técnicos e
profissionais que atuam com equipes femininas estejam atentos às questões
relacionadas ao CM, sobretudo ao período pré-menstrual de atletas que apresentam
SPM. Essa atenção especial deve ser dada não somente à periodização das cargas de
treinamento, mas também através de suporte psicológico e, quando necessário,
encaminhamento dessas atletas a tratamentos para SPM, na tentativa de minimizar o
impacto negativo da SPM no desempenho esportivo.
124
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ANEXOS E APÊNDICES
132
ANEXO A: Profile of Mood States (POMS).
Nome: _________________________________________ Data: ____/_____/__________
Para cada adjetivo abaixo indique o que melhor representou seus sentimentos no dia de hoje, segundo a
escala abaixo:
0 = de jeito nenhum 1 = um pouco 2 = moderadamente 3 = bastante 4 = extremamente
1. Cordial ___ 23. Indigno
(sem valor)
___ 45. Desesperado ___
2. Tenso ___ 24. Vingativo ___ 46. Vagaroso ___
3. Zangado ___ 25. Simpático ___ 47. Rebelde ___
4. Cansado ___ 26. Desconfortável ___ 48. Desamparado ___
5. Infeliz ___ 27. Inquieto ___ 49. Entediado ___
6. Lúcido ___ 28. Disperso
(incapaz de se concentrar)
___ 50. Espantado ___
7. Animado ___ 29. Fadigado ___ 51. Alerta ___
8. Confuso ___ 30. Prestativo ___ 52. Enganado ___
9. Arrependido por coisas feitas ___ 31. Aborrecido ___ 53. Furioso ___
10. Trêmulo ___ 32. Desencorajado ___ 54. Eficiente ___
11. Desatento / Desinteressado ___ 33. Ressentido ___ 55. Confiante ___
12. Perturbado ___ 34. Nervoso ___ 56. Disposto ___
13. Atencioso ___ 35. Solitário ___ 57. Mal humorado ___
14. Triste ___ 36. Miserável ___ 58. Inútil ___
15. Ativo ___ 37. Atrapalhado ___ 59. Esquecido ___
16. Irritado ___ 38. Alegre ___ 60. Despreocupado ___
17. Queixoso ___ 39. Amargurado ___ 61. Apavorado ___
18. Deprimido ___ 40. Exausto ___ 62. Culpado ___
19. Energético ___ 41. Ansioso ___ 63. Vigoroso ___
20. Em pânico ___ 42. Pronto pra brigar ___ 64. Indeciso ___
21. Desesperançado ___ 43. Boa índole ___ 65. Esgotado ___
22. Relaxado ___ 44. Melancólico ___
133
ANEXO B: Parecer do Comitê de Ética.
134
135
APENDICE A: Ficha de Identificação da Atleta.
1. Nome completo: _____________________________________________________________
2. Data de nascimento: _____/_____/_______
3. Idade: _________
4. Email: _____________________________________________________________________
5. Telefone: _______________
6. Esporte: ___________________ 7. Categoria: _________________
8. Idade que começou a praticar esse esporte: ____________________
9. Quantos dias você treina por semana? _______
10. Quantas horas você treina por dia? ________
11. Assinale o nível mais alto de campeonato que já participou neste esporte:
( ) Municipal ( ) Estadual ( ) Nacional ( ) Internacional
12. Ano que participou desse campeonato: _________
13. Assinale o nível mais alto de competição que irá participar nesse ano de 2007:
( ) Municipal ( ) Estadual ( ) Nacional ( ) Internacional
14. Idade que teve a primeira menstruação: ________
15. Analisando os últimos 3 meses (seus últimos três ciclos menstruais), relate qual foi o intervalo
médio entre uma menstruação e outra (ex. de 28 em 28 dias); comece a contagem a partir do
primeiro dia de menstruação: ____________
16. Utiliza atualmente ou utilizou nos últimos três meses algum tipo de medicamento
anticoncepcional?
( ) Sim ( ) Não
17. Utiliza atualmente, ou utilizou nos últimos três meses algum tipo de medicamento de uso
prolongado?
( ) Sim ( ) Não
136
Se SIM, qual (is), quando e por quanto tempo?
___________________________________________________________________________
18. Utiliza atualmente, ou utilizou nos últimos três meses algum tipo de droga ilícita?
( ) Sim ( ) Não
19. Qual a freqüência semanal que você consome bebidas alcoólicas?
( ) Não consumo
( ) Uma vez
( ) Duas vezes
( ) Três vezes
( ) Quatro vezes
( ) Cinco vezes
( ) Seis vezes
( ) Sete vezes
137
APENDICE B: Ficha de Diagnóstico de Síndrome Pré-Menstrual.
Nome: ___________________________________________________________________________
Durante os últimos três ciclos menstruais, qual (is) do (s) sintoma (s) abaixo esteve (estiveram) presente
(s) na maior parte do tempo durante a semana que antecedeu sua menstruação (período pré-
menstrual), começou (começaram) a diminuir dentro de alguns dias após o início da menstruação, e
esteve (estiveram) ausente (s) na semana após a menstruação?
Assinale apenas o (s) sintoma (s) que tenha (m) interferido acentuadamente nas suas atividades
diárias. Ex. Sua produtividade e eficiência ficaram evidentemente diminuídas seja no trabalho, na escola
ou em outras atividades sociais.
( ) Depressão (tristeza excessiva / baixa auto-estima)
( ) Ansiedade
( ) Confusão
( ) Irritabilidade
( ) Isolamento
( ) Explosão de Raiva
( ) Mastalgia (mamas doloridas)
( ) Desconforto abdominal
( ) Cefaléia (dor de cabeça)
( ) Edema (inchaço) nas mãos e/ou nas pernas/pés
( ) Outro (s) ______________________________________________________________
138
APENDICE C: Ficha de Percepção de Impacto dos Sintomas Pré-Menstruais no
Desempenho Esportivo.
Nome: ___________________________________________________________________________
A. De acordo com a ficha preenchida anteriormente, indique em que grau você sente que seu
desempenho esportivo é afetado nos treinamentos pelos sintomas que você assinalou como presentes
no seu período pré-menstrual e ausentes após a menstruação (assinale apenas uma das alternativas).”
0 1 2 3 4
0. Nada afetado
1. Um pouco afetado
2. Moderadamente afetado
3. Bastante afetado
4. Extremamente afetado
Se você assinalou 1, 2, 3 ou 4 na questão A, relate de que modo você sente que esse (s) sintoma (s) te
afeta nos treinamentos:
____________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
B. De acordo com a ficha preenchida anteriormente, indique em que grau você sente que seu
desempenho esportivo é afetado nas competições pelos sintomas que você assinalou como presentes
no seu período pré-menstrual e ausentes após a menstruação (assinale apenas uma das alternativas).”
0 1 2 3 4
0. Nada afetado
1. Um pouco afetado
2. Moderadamente afetado
3. Bastante afetado
4. Extremamente afetado
Se você assinalou 1, 2, 3 ou 4 na questão B, relate de que modo você sente que esse (s) sintoma (s) te
afeta nas competições:
____________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
139
APENDICE D: Diário de Sintomas da SPM.
Nome:
Ciclo de 2
Semana de 4
De acordo com o dia de preenchimento, assinale apenas o (s) sintoma (s) que você sentiu no seu dia e
que interferiu (interferiam) acentuadamente em suas atividades diárias. Caso não tenha sentido
nenhum sintoma, não assinale nenhum.
Dias do ciclo
Sintomas
Depressão (tristeza excessiva / baixa auto-estima)
Ansiedade
Confusão
Irritabilidade
Isolamento
Explosão de Raiva
Mastalgia (mamas doloridas/inchadas)
Desconforto abdominal
Cefaléia (dor de cabeça)
Inchaço nas mãos e/ou nas pernas/pés
Outro (s) ________________
Nome da pesquisadora: (telefone) – email de contato
140
APENDICE E: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Título do Projeto: Síndrome Pré-Menstrual, Personalidade e Desempenho Esportivo: um Estudo
Correlacional.
Prezadas Atletas,
Estamos conduzindo uma pesquisa na área da Educação Física com o objetivo de investigar a
relação entre síndrome pré-menstrual (SPM), características de personalidade e desempenho esportivo.
Para a realização do trabalho, será necessária a participação de atletas maiores de 18 anos, do
sexo feminino, que estejam treinando em Maringá/PR.
A pesquisa envolverá a aplicação de uma ficha de identificação da atleta (com dados pessoais),
uma ficha de diagnóstico da SPM, uma ficha de relato de desempenho esportivo, um diário de sintomas
da SPM (este preenchido por dois meses) e um teste de personalidade (Inventário Fatorial de
Personalidade).
Durante o decorrer e após a conclusão do trabalho, será resguardada a identidade das
participantes. Informamos que durante qualquer momento da coleta dos dados a atleta poderá recusar-se
a participar, bem como retirar-se da pesquisa sem qualquer tipo de penalização. O trabalho será
desenvolvido pela mestranda Patrícia Aparecida Gaion, com a orientação da Prof. Dra. Lenamar Fiorese
Vieira, do Programa de Mestrado Associado em Educação Física UEM/UEL.
Caso V. Sa. concorde com sua participação no estudo, solicitamos seu consentimento
preenchendo as informações abaixo:
Eu, ______________________________________________________, após ter lido e entendido
as informações acima e esclarecido todas as minhas vidas referentes ao estudo, CONCORDO
VOLUNTARIAMENTE, em participar da pesquisa.
__________________________________________________ Data: _____/_____/_____
Assinatura
________________________________________________________________________
Eu, Patrícia Aparecida Gaion, declaro que forneci todas as informações referentes ao estudo.
Equipe
Patrícia Aparecida Gaion (Telefone)
(Endereço)
Lenamar Fiorese Vieira (Telefone)
(Endereço)
Qualquer dúvida ou maiores esclarecimentos procurar um dos membros da equipe do projeto ou o
Comitê Permanente de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (COPEP) da Universidade
Estadual de Maringá – Bloco 035 – Campus Central – Telefone: (44) 261-4444.
141
APENDICE F: Representação gráfica da dimensão tensão das atletas ao longo dos
dois ciclos menstruais.
0
1
2
3
4
5
6
7
1º dia 7º dia 14º dia Última semana Último dia
CM1
CM2
CM1: Ciclo Menstrual 1; CM2: Ciclo Menstrual 2
142
APENDICE G: Representação gráfica da dimensão depressão das atletas ao longo dos
dois ciclos menstruais.
0
1
2
3
4
5
1º dia 7º dia 14º dia Última semana Último dia
CM1
CM2
CM1: Ciclo Menstrual 1; CM2: Ciclo Menstrual 2
143
APENDICE H: Representação gráfica da dimensão raiva das atletas ao longo dos dois
ciclos menstruais.
0
1
2
3
4
5
6
7
1º dia 7º dia 14º dia Última semana Último dia
CM1
CM2
CM1: Ciclo Menstrual 1; CM2: Ciclo Menstrual 2
144
APENDICE I: Representação gráfica da dimensão vigor das atletas ao longo dos dois
ciclos menstruais.
0
5
10
15
20
1º dia 7º dia 14º dia Última sem ana Último dia
CM1
CM2
CM1: Ciclo Menstrual 1; CM2: Ciclo Menstrual 2
145
APENDICE J: Representação gráfica da dimensão fadiga das atletas ao longo dos dois
ciclos menstruais.
0
2
4
6
8
10
1º dia 7º dia 14º dia Últim a semana Último dia
CM1
CM2
CM1: Ciclo Menstrual 1; CM2: Ciclo Menstrual 2
146
APENDICE K: Representação gráfica da dimensão confusão das atletas ao longo dos
dois ciclos menstruais.
0
1
2
3
4
5
1º dia 7º dia 14º dia Última semana Último dia
CM1
CM2
CM1: Ciclo Menstrual 1; CM2: Ciclo Menstrual 2
147
APENDICE L: Alterações nas dimensões do estado de humor das atletas com e sem
síndrome pré-menstrual ao longo de dois ciclos menstruais:
148
APENDICE M: Representação gráfica da dimensão tensão das atletas com e sem
síndrome pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 1.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1º dia 7º dia 14º dia Última semana Último dia
GSPM
Gs/SPM
GSM: Grupo Síndrome Pré-Menstrual; Gs/SPM: Grupo sem Síndrome Pré-Menstrual
149
APENDICE N: Representação gráfica da dimensão depressão das atletas com e sem
síndrome pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 1.
0
2
4
6
8
10
12
1º dia 7º dia 14º dia Última semana Último dia
GSPM
Gs/SPM
GSM: Grupo Síndrome Pré-Menstrual; Gs/SPM: Grupo sem Síndrome Pré-Menstrual
150
APENDICE O: Representação gráfica da dimensão raiva das atletas com e sem
síndrome pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 1.
0
2
4
6
8
10
1º dia 7º dia 14º dia Última semana Último dia
GSPM
Gs/SPM
GSM: Grupo Síndrome Pré-Menstrual; Gs/SPM: Grupo sem Síndrome Pré-Menstrual
151
APENDICE P: Representação gráfica da dimensão vigor das atletas com e sem
síndrome pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 1.
0
5
10
15
20
1º dia 7º dia 14º dia Última semana Último dia
GSPM
Gs/SPM
GSM: Grupo Síndrome Pré-Menstrual; Gs/SPM: Grupo sem Síndrome Pré-Menstrual
152
APENDICE Q: Representação gráfica da dimensão fadiga das atletas com e sem
síndrome pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 1.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
1º dia 7º dia 14º dia Última semana Último dia
GSPM
Gs/SPM
GSM: Grupo Síndrome Pré-Menstrual; Gs/SPM: Grupo sem Síndrome Pré-Menstrual
153
APENDICE R: Representação gráfica da dimensão confusão das atletas com e sem
síndrome pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 1.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1º dia 7º dia 14º dia Última sem ana Último dia
GSPM
Gs/SPM
GSM: Grupo Síndrome Pré-Menstrual; Gs/SPM: Grupo sem Síndrome Pré-Menstrual
154
APENDICE S: Representação gráfica da dimensão tensão das atletas com e sem
síndrome pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 2.
0
2
4
6
8
10
1º dia 7º dia 14º dia Última semana Último dia
GSPM
Gs/SPM
GSM: Grupo Síndrome Pré-Menstrual; Gs/SPM: Grupo sem Síndrome Pré-Menstrual
155
APENDICE T: Representação gráfica da dimensão depressão das atletas com e sem
síndrome pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 2.
0
1
2
3
4
5
6
1º dia 7º dia 14º dia Última semana Último dia
GSPM
Gs/SPM
GSM: Grupo Síndrome Pré-Menstrual; Gs/SPM: Grupo sem Síndrome Pré-Menstrual
156
APENDICE U: Representação gráfica da dimensão raiva das atletas com e sem
síndrome pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 2.
0
2
4
6
8
10
1º dia 7º dia 14º dia Última semana Último dia
GSPM
Gs/SPM
GSM: Grupo Síndrome Pré-Menstrual; Gs/SPM: Grupo sem Síndrome Pré-Menstrual
157
APENDICE V: Representação gráfica da dimensão vigor das atletas com e sem
síndrome pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 2.
0
5
10
15
20
25
1º dia 7º dia 14º dia Última semana Último dia
GSPM
Gs/SPM
GSM: Grupo Síndrome Pré-Menstrual; Gs/SPM: Grupo sem Síndrome Pré-Menstrual
158
APENDICE W: Representação gráfica da dimensão fadiga das atletas com e sem
síndrome pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 2.
0
2
4
6
8
10
12
1º dia 7º dia 14º dia Última semana Último dia
GSPM
Gs/SPM
GSM: Grupo Síndrome Pré-Menstrual; Gs/SPM: Grupo sem Síndrome Pré-Menstrual
159
APENDICE X: Representação gráfica da dimensão confusão das atletas com e sem
síndrome pré-menstrual ao longo do ciclo menstrual 2.
0
1
2
3
4
5
6
1º dia 7º dia 14º dia Última semana Último dia
GSPM
Gs/SPM
GSM: Grupo Síndrome Pré-Menstrual; Gs/SPM: Grupo sem Síndrome Pré-Menstrual
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