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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia Clínica e
Experimental – Clinex
Nível: Doutorado
AVALIAÇÃO DA MICROCIRCULAÇÃO CUTÂNEA NA
INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA – Estudo Crítico da Utilização
da Técnica de Imagem Espectral por Polarização Ortogonal
Carlos Eduardo Virgini Magalhães
Rio de Janeiro
2004
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ii
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
AVALIAÇÃO DA MICROCIRCULAÇÃO CUTÂNEA NA INSUFICIÊNCIA
VENOSA CRÔNICA – Estudo Crítico da Utilização da Técnica de Imagem
Espectral por Polarização Ortogonal
Carlos Eduardo Virgini Magalhães
Tese apresentada ao Curso de
Pós-graduação em Fisiopatologia
Clínica e Experimental – Clinex da
Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, para obtenção do grau de
Doutor.
Rio de Janeiro
2004
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FICHA CATALOGRÁFICA
Virgini-Magalhães, Carlos Eduardo
Avaliação da Microcirculação Cutânea na Insuficiência Venosa
Crônica – Estudo Crítico da Utilização da Técnica de Imagem Espectral
por Polarização Ortogonal / Carlos Eduardo Virgini Magalhães. – 2004.
x, 107 p.: il.
Orientadora: Eliete Bouskela
Tese (Doutorado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Clinex.
1. Insuficiência Venosa Crônica. 2. Microcirculação. 3.Cytoscan.
4.CEAP. I. Bouskela, Eliete. II. Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. Clinex. III. Título.
iii
iv
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental – Clinex
Nível: Doutorado
AVALIAÇÃO DA MICROCIRCULAÇÃO CUTÂNEA NA
INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA – Estudo Crítico da Utilização
da Técnica de Imagem Espectral por Polarização Ortogonal
Carlos Eduardo Virgini Magalhães
Orientador: Prof. Eliete Bouskela
Co-orientador: José Augusto Fernandes Quadra
Aprovada em _______ de ________________ de 2004, pela banca examinadora:
Prof. Dr. __________________________________________________________
Prof. Dr. __________________________________________________________
Prof. Dr. __________________________________________________________
Prof. Dr. __________________________________________________________
Rio de Janeiro
2004
O que sabemos é uma gota.
O que ignoramos é um oceano.
(Isaac Newton)
DEDICATÓRIA
Esta tese é dedicada ao Hospital Universitário Pedro Ernesto. A
todos os professores, alunos e amigos que fazem parte desta grande família
chamada HUPE e que nos últimos vinte e dois anos participaram da minha vida
de alguma forma.
Que o meu crescimento profissional possa contribuir, ainda que
modestamente, para o contínuo desenvolvimento desta casa.
vii
AGRADECIMENTOS
À professora Eliete Bouskela por tudo que aprendi e certamente
aprenderei com a sua ajuda. Sua orientação foi uma grata surpresa nos últimos
quatro anos e representa um marco definitivo em minha vida profissional.
Ao professor Quadra, co-orientador desta tese, por acreditar no meu
trabalho e pelo seu apoio decisivo.
E à minha esposa que tanto admiro por sua força, sua compreensão
e, sobretudo por seu Amor.
viii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO _______________________________________________________ 1
2. OBJETIVOS ________________________________________________________ 13
3. PACIENTES E MÉTODOS ___________________________________________ 14
3.1. Pacientes _____________________________________________________________ 14
3.2. Cytoscan ________________________________________Erro! Indicador não definido.
3.3. Outros Equipamentos __________________________________________________ 19
3.4. Desenho do Projeto_____________________________________________________ 20
3.5. Protocolo _____________________________________________________________ 24
3.6. Teste de Reprodutibilidade das Medidas___________________________________ 25
3.7. Análise Estatística______________________________________________________ 26
4. RESULTADOS______________________________________________________ 28
4.1. Classificação (CEAP) do grupo estudado___________________________________ 28
4.2. Parâmetros da Microcirculação __________________________________________ 32
4.3. Análise Estatística______________________________________________________ 38
5. DISCUSSÃO________________________________________________________ 41
5.1. Classificação da IVC ___________________________________________________ 41
5.2. Imagem Espectral por Polarização Ortogonal ______________________________ 50
5.3. Pacientes e Métodos ____________________________________________________ 59
5.4. Resultados das Medidas da Microcirculação________________________________ 67
6. CONCLUSÕES _____________________________________________________ 80
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ___________________________________ 81
ANEXOS_________________________________________________________________ 97
ix
RESUMO
A insuficiência venosa crônica de membros inferiores (IVC) é uma das
patologias mais prevalentes no mundo de hoje e ainda desafia os especialistas na sua diversidade
de apresentações e quadros clínicos. A microangiopatia causada pela hipertensão venosa crônica
ocorre precocemente na instalação das lesões tróficas na IVC e está intimamente ligada à sua
gravidade, embora ainda seja completamente desconhecida da prática clínica. Apesar de avanços
recentes no campo da pesquisa, faltam instrumentos mais objetivos de avaliação da patologia
venosa crônica. É difícil prever com exatidão o prognóstico de alguns pacientes baseando-se
exclusivamente na clínica e nos exames complementares atualmente disponíveis.
O objetivo do trabalho foi avaliar a utilização de uma nova tecnologia (imagem
espectral por polarização ortogonal - Cytoscan®), na análise quantitativa da microangiopatia
cutânea de portadores de IVC.
Cinqüenta e seis indivíduos do sexo feminino, representando um total de 112
membros inferiores foram selecionados e divididos em seis grupos: C1 (n=21), C2 (n=20), C3
(n=17), C4 (n=18), C5 (n=11) e grupo controle (n=25). Utilizando o Cytoscan®, foram medidos os
seguintes parâmetros da microcirculação cutânea: (1) densidade capilar, (2) morfologia capilar, (3)
diâmetro da papila dérmica, (4) diâmetro do novelo capilar e (5) diâmetro da alça capilar. Os
resultados foram comparados ao grupo controle e interpretados de acordo com a classificação
CEAP.
A morfologia capilar (p=0,028) e o diâmetro da alça capilar (p=0,007) foram os
parâmetros que se alteraram mais precocemente na IVC, havendo diferença estatística a partir de
C2 quando comparamos ao grupo controle. A densidade capilar é semelhante nos grupos
controle, C1, C2 e C3, havendo redução do número de capilares apenas nos estágios mais
avançados da IVC, com diferença estatística a partir de C4 (p=0,015). Os diâmetros do novelo
(p=0,001) e da papila dérmica (p=0,039) tendem a aumentar conforme se avança na classificação
CEAP, mostrando diferença estatística quando comparados ao grupo controle a partir de C3.
Estes achados representam a hipertrofia da papila dérmica encontrada na lipodermatosclerose em
estágios mais avançados da IVC.
Concluímos que é possível quantificar de forma objetiva o grau de
microangiopatia na IVC através do Cytoscan®. De todos os parâmetros estudados, dois figuram
como os mais importantes para identificar diferenças significativas entre pacientes e controles nas
fases iniciais da IVC: morfologia capilar e diâmetro do novelo capilar. A rarefação capilar, medida
através da densidade capilar, só é identificável em fases tardias da IVC. Sugerimos um índice
microcirculatório a fim de classificar os achados da microcirculação que apresentou boa correlação
com a classificação CEAP. A tecnologia de imagem espectral por polarização ortogonal é um
método eficaz e prático para a aquisição de imagens da microcirculação cutânea e suas
alterações na IVC.
x
ABSTRACT
Chronic Venous Insufficiency (CVI) is one of the most prevalent diseases in the
world and it still challenges the experts by its great variability of clinical presentations. The
microangiopathy caused by chronic venous hypertension occurs early with trofic lesions and it is
intimately linked with severity of the disease but completely ignored in clinical practice. In spite of
recent advances in research field, there is a lack of objective instruments available to evaluate CVI.
It is still hard to predict with certainty the prognostic of some patients based exclusively on clinics
and the complementary exams available nowadays.
The objective of this work were to evaluate a new technology named orthogonal
polarization spectral image (OPS image) and its equipment Cytoscan, to access quantitatively the
cutaneous microangiopathy in CVI patients.
A total of 56 women (112 limbs) were selected and divided in six groups based
on CEAP classification: C1 (n=21), C2 (n=20), C3 (n=17), C4 (n=18), C5 (n=11) and control a
group (n=25). Using the Cytoscan we measured the following parameters: (1) total capillary density
per mm
2
, (2) diameter of dermal papilla in μm, (3) larger diameter of the capillary (bulk) in μm, (4)
diameter of capillary loop in μm and (5) capillary morphology.
Diameter of capillary loop (p=0,007) and Capillary morphology (p=0,028) were
the parameters which changed earlier in CVI with statistic difference from C2 when we compare to
controls. The capillary density is similar in control group, C1, C2 and C3 with a reduction in the
number of capillaries only in advanced stages of CVI. The statistic difference begins only after C4
(p=0,015)). The diameters of the capillary bulk (p=0,001) and dermal papilla (p=0,039) seem to
enhance as CVI worsens, with statistic differences after C3, when compared with controls. These
findings represent the hypertrophy of dermal papilla found in lipodermatosclerosis in advanced
stages of CVI.
We concluded that is possible to objective by grade microangiopathy in CVI with
the Cytoscan. Two parameters were the most important to identify differences between patients
and controls at initial stages of CVI: diameter of capillary loop and capillary morphology. The
capillary rarefaction is apparent only in late stages of the disease. We suggested a Microcirculatory
Index to classify the microangiopathy findings which presented good correlation with CEAP. The
OPS image is a practical and efficient method for image acquisition of cutaneous microcirculation
and its remodeling in CVI.
________________________________________________________________________________
Introdução
1
1. INTRODUÇÃO
O termo Insuficiência Venosa Crônica (IVC) é um dos mais
conhecidos e correntes da literatura especializada e os inúmeros trabalhos e artigos
dedicados a este conceito costumam ser pouco explícitos e imprecisos, existindo
múltiplas definições que podem ser consideradas no seu todo insatisfatórias
(ALBINO 2003). O termo Doença Venosa Crônica dos membros inferiores (DVC)
abrange uma série de entidades nosológicas e pode ser utilizado para englobar um
amplo espectro de quadros clínicos, desde a presença assintomática de
telangiectasias e varizes reticulares até a síndrome pós-flebítica com úlceras de
perna e lesões tróficas cutâneas. A expressão DVC foi criada com o intuito de
integrar todas as formas de patologia venosa não aguda, restringindo o termo IVC à
apresentação mais grave da DVC como conseqüência da hipertensão venosa
mantida nos membros inferiores. Assim, alguns autores passaram a adotar esta
nova entidade (DVC) para englobar a diversidade de sinais e sintomas da doença
venosa de membros inferiores (PORTER E MONETA 1995; SMITH 1998;
KISTNER E MASUDA 2000). Embora reconhecidamente impreciso (CASTRO-
SILVA 1987; NORGREN 1997; ALBINO 2003), o termo IVC é utilizado de forma
universal, ainda que sob diferentes interpretações, e haja até o momento diferentes
versões sobre seu conceito (ALBINO 2003). Nicolaides (2000), em um artigo
publicado recentemente com o título Investigation of Chronic Venous Insufficiency A
Consensus Statement, com a participação de várias entidades científicas, inclui
como características de IVC sinais como telangiectasias e varizes reticulares em
uma descrição extremamente abrangente e inespecífica da patologia venosa
________________________________________________________________________________
Introdução
2
crônica de membros inferiores. Este conceito de IVC também é referido por outros
autores (SANTOS 2002; ALBINO 2003). Sem o objetivo de discutir profundamente
definições, utilizaremos neste trabalho os dois termos (DVC e IVC) como sinônimos
em seus conceitos mais genéricos e mais abrangentes da doença venosa de
membros inferiores.
A IVC é uma das patologias mais prevalentes no mundo de hoje e
é responsável por um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes por
ela afetados (HOBSON 1997). Suas causas são multifatoriais e a apresentação
clínica é consideravelmente variada desde problemas estéticos menores até lesões
tróficas, ulceração dos membros e incapacidade para o trabalho (CARPENTIER
2000). Sua prevalência é muito variada segundo a fonte consultada, entre 1 % e
38 % nos homens e entre 1 % e 61 % nas mulheres, de acordo com idade,
localização geográfica, tipo de atividade laborativa, história familiar, entre vários
outros fatores, de acordo com inúmeros estudos epidemiológicos realizados na
literatura e compilados por De Baker (1997). No Brasil, esta prevalência pode
chegar a 50 % (MAFFEI e cols. 1986), representa a 14ª causa de absenteísmo no
trabalho e a 32ª causa de aposentadorias por invalidez (CASTRO-SILVA 1991).
Estudos populacionais como o de Framingham (BRAND e cols. 1988) e o de San
Valentino (CESARONE e cols. 1997, 2002), entre outros (HOBSON 1997; DE
BAKER 1997) estimam a prevalência de doença varicosa associada a sintomas
clínicos entre 5 e 15 % nos homens e 3 e 29 % entre as mulheres, e a incidência de
ulceração de perna em torno de 0,03 % e 2 % da população a cada ano (CHEATLE
e cols. 1991; VALENCIA e cols. 2001). A úlcera de perna, o estágio mais avançado
da IVC, representa um impacto importante, porém ainda subestimado nos custos
de atenção médica dos países ocidentais (ABENHAIM e KURZ 1997). Estima-se
________________________________________________________________________________
Introdução
3
que os Estados Unidos da América do Norte gastem entre 1,9 e 2,5 bilhões de
dólares por ano entre cuidados de enfermagem, curativos e hospitalizações
(VALENCIA e cols. 2001). E apesar de não aumentar a mortalidade, esta
complicação da IVC está associada à deterioração da qualidade de vida (LONGO
JUNIOR e cols. 2001) e a uma alta morbidade, já que cerca de metade destas
lesões não cicatrizam em um período de até cinco anos e aquelas que cicatrizam,
recidivam com freqüência (ÅGREN e cols. 2000).
Uma variedade de terapêuticas tem sido recomendada para o
tratamento da IVC. Diversas classes de drogas, compressão, terapia local,
escleroterapia e procedimentos cirúrgicos vêm sendo empregados para este fim,
com seus resultados publicados no meio científico. Trabalhos experimentais têm
procurado elucidar o mecanismo de ação de uma série de fármacos que atuam
sobre a IVC, especialmente no tratamento do edema associado à doença venosa
crônica (MARCELON e cols. 1983; BOUSKELA e cols 1993; VERBEUREN e cols.
1999; SMITH 2000; RAMELET 2000). Até recentemente, não havia análise
sistemática da qualidade dos trabalhos clínicos produzidos e um número enorme
de publicações sem evidências em bases científicas se acumulou, trazendo
ceticismo especialmente para a terapia medicamentosa da IVC (CLEMENT 2000).
Mesmo com a publicação de estudos randomizados (DIEHM e cols. 1996;
SCONDOTTO e cols. 1999; OLSZELWSKI 2000; CESARONE e cols. 2001a;
INCANDELA e cols. 2001) e grandes séries (JANTET 2000), o benefício dos
esquemas medicamentosos ainda é objeto de discussão no meio científico, em
grande parte pela dificuldade de uniformizar resultados e padronizar sinais e
sintomas da IVC (STAFFA 2002).
________________________________________________________________________________
Introdução
4
Apesar de inúmeros estudos clínicos e experimentais, a
etiopatogenia da IVC ainda não foi completamente elucidada (LUCCAS e cols.
2002). De certa forma, é consenso que as alterações da hemodinâmica venosa,
seja pela insuficiência valvular de veias tronculares, seja pelas cicatrizes residuais
do sistema venoso profundo na síndrome pós-flebítica, e a conseqüente
hipertensão venosa instalada, são os eventos primários no estabelecimento de uma
microangiopatia na IVC (PORTER E MONETA 1995; GARRIDO e cols. 1996,
TAKASE e cols. 1999; CESARONE e cols. 2001a). A elevada pressão ambulatorial
manifesta-se não só na macrociculação troncular com o desenvolvimento de
varizes, mas também se transmite para o leito capilar causando dano crônico e
destruição da microcirculação. Os capilares cutâneos progressivamente tornam-se
dilatados e tortuosos formando verdadeiros enovelados, que são descritos na
literatura como novelos de lã ou capilares com aspecto glomerular (FAGRELL
1981; BOLLINGER e cols. 1997; JÜNGER e cols. 2000). As próprias células
endoteliais tornam-se congestas, com poros interendoteliais alargados e a luz
capilar adquire aspecto irregular com projeções e fendas citoplasmáticas
(CHEATLE e cols. 1991). Estas alterações causam o aumento da permeabilidade
capilar com extravasamento de plasma, células sangüíneas e macromoléculas
como fibrinogênio. No interstício, o fibrinogênio é ativado formando um manguito de
fibrina que envolve os capilares e forma uma barreira à troca de nutrientes com o
interstício (BURNAND e cols.1982), embora não haja consenso a respeito da
importância deste fenômeno (SMITH 1999; CHEATLE e cols.1991). A combinação
de estase e hipertensão venosa ativa as células endoteliais e leucócitos, e resulta
na expressão exacerbada de moléculas de adesão leucocitária como moléculas de
adesão intercelular tipo 1 (ICAM-I), moléculas de adesão celular vascular tipo 1 e 2
________________________________________________________________________________
Introdução
5
(VCAM-I e VCAM-II) e E-selectina, bem como imunoglobulinas e integrinas. O
resultado é um processo inflamatório crônico de todo o leito capilar cutâneo e do
tecido celular à sua volta. Estas alterações histoquímicas estão na origem do
aprisionamento de leucócitos (SMITH e cols. 1988; SCHMID-SHÖENBEIN e cols.
2001), da ativação celular com produção de metabolitos tóxicos e radicais livres, e
da formação do edema clínico (ÅGREN e cols. 2000). O papel dos leucócitos vem
adquirindo importância crescente na fisiopatologia das alterações cutâneas da IVC
(CHEATLE e cols. 1991; CARPENTIER 1998; TAKASE e cols. 1999; VERBEUREN
e cols. 2000; SCHMID-SHÖENBEIN e cols. 2001; KUBES e KERFOOT 2001).
Em estágios avançados de IVC, ocorre o comprometimento
linfático local (BOLLINGER e cols. 1997; MORTIMER 2000; OLSZEWSKI 2001) e a
redução progressiva do número de capilares como conseqüência da
microangiopatia crônica resultando nas desordens tróficas e ulceração de perna tão
conhecida de angiologistas e cirurgiões vasculares (FAGRELL 1981; BOLLINGER
e cols. 1997; JÜNGER e cols. 2000).
Uma variedade de métodos tem sido utilizada no estudo direto ou
indireto da microcirculação em humanos (NICOLAIDES 1997,2000; STÜCKER e
cols. 2000; CESARONE e cols. 2001b; BELCARO e cols. 1998, 2001). A
fluxometria laser Doppler (BOLLINGER 1997, CESARONE e cols. 2001a, 2001b), a
medida da tensão de O2 cutâneo (BOLLINGER e cols. 1997; STÜCKER e cols.
2000; CESARONE e cols. 2001b), a pletismografia (EVANGELISTA 1996;
YAMAKAKI e cols. 2000; PHILLIPS 2000; OWENS e cols. 2000; BELCARO e cols.
2001; McDANIEL e cols. 2002) e a microlinfografia por fluorescência (BOLLINGER
e cols. 1997) são alguns dos procedimentos mais utilizados. Mas é a microscopia
intravital a metodologia mais significativa para a visualização do tecido vivo e,
________________________________________________________________________________
Introdução
6
particularmente, da microcirculação (FAGRELL 1973; JOUANNY e cols. 1993;
INTAGLIETTA 2000).
Muitos aspectos da fisiopatologia da IVC foram esclarecidos por
autores que estudaram as mudanças estruturais dos capilares cutâneos através da
capilaroscopia (JOUANNY e cols. 1993). Fagrell (1973, 1979, 1981; FAGRELL E
INTAGLIETA 1997), Burnand e cols. (1982) e Bollinger (BOLLINGER e cols. 1990;
BOLLINGER E FAGRELL 1997) estão entre os principais estudiosos, com
contribuições expressivas para o conhecimento da microcirculação. No entanto, um
aspecto crítico desta técnica é a necessidade de iluminação do tecido sob
investigação e o experimento em humanos tem se restringido a áreas como a
prega ungueal, onde é possível estudar apenas os vasos capilares por epi-
iluminação (PAZOS-MOURA e cols. 1990,1998). Ainda que a utilização de vídeo-
câmeras de baixa luminosidade tenha aperfeiçoado a técnica, a vídeo-
capilaroscopia permanece como instrumento de pesquisa experimental em animais
(KORTHUIS E UNTHANK 2000) e de pouca utilidade no diagnóstico e
acompanhamento clínico dos nossos pacientes (FAGRELL e INTAGLIETTA 1997;
INTAGLIETTA 2000)
Embora o conhecimento sobre as alterações microcirculatórias
cutâneas na IVC tenha se acumulado nos últimos anos, o impacto destes achados
na prática clínica ainda não é muito claro. O papel exato da microcirculação na
severidade e progressão da IVC não é bem definido e apenas recentemente tem
sido objeto de investigações sistemáticas (SHIMD-SHÖENBEIN e cols. 2001). Um
dos problemas a serem solucionados é o desenvolvimento de um teste capaz de
quantificar as alterações estruturais da microcirculação que seja utilizado com
segurança através de um método prático e não invasivo. Isto pode significar a
________________________________________________________________________________
Introdução
7
possibilidade de melhor entender as diferentes apresentações da IVC e
precocemente modificar-se a terapêutica, os resultados clínicos e até mesmo
estabelecer parâmetros prognósticos desta patologia de tão alto custo sócio-
econômico (HOBSON 1997; VANHOUTTE e cols. 1997).
Uma nova tecnologia chamada imagem espectral por polarização
ortogonal foi idealizada durante o processo de desenvolvimento de um vídeo-
microscópio que obtivesse imagens altamente contrastadas do sangue na
microcirculação usando luz refletida. Este novo equipamento patenteado em 1999
pela Cytometrics, Inc. (Philadelfia, Pa.,USA) e conhecido como Cytoscan®, abre
uma perspectiva inteiramente nova no desenvolvimento de aplicações inéditas no
campo da pesquisa, do diagnóstico e do tratamento, ampliando a compreensão do
funcionamento e das desordens da microcirculação (GRONER e cols. 1999;
NADEAU e GRONER 2000, 2001).
O princípio desta tecnologia baseia-se no fato que os fótons
mudam de direção muito mais facilmente do que mudam sua polarização. A
mudança de direção, que ocorre por simples reflexão ou como resultado da
dispersão na superfície do alvo, não altera a polarização do fóton.
Ao se incidir um feixe de luz polarizada na superfície de um tecido
alvo, a maior parte da luz que é refletida na superfície mantém-se polarizada,
enquanto apenas a luz que penetrou no tecido mais profundamente sofre múltiplas
dispersões e torna-se despolarizada antes de ser refletida de volta à superfície
(NADEAU e GRONER 2000).
No equipamento, ao captar os raios refletidos do tecido alvo,
apenas aqueles despolarizados (refletidos da profundidade do tecido) são utilizados
________________________________________________________________________________
Introdução
8
para a formação da imagem, em um processo inverso de repolarização do feixe e
filtragem dos raios ainda polarizados (refletidos na superfície do tecido-alvo).
De forma simplista, a seqüência de eventos pode ser resumida da
seguinte forma: dentro da sonda óptica existe um sistema de emissão de luz
polarizada e outro para captar e filtrar a luz refletida de volta do tecido. A partir da
sonda, um feixe de luz polarizada incide sobre um tecido alvo; a maior parte dos
raios é refletida na superfície do tecido mantendo sua polarização enquanto que
uma porção menor de fótons penetra mais profundamente no tecido (cerca de
2–3 mm) e se despolariza antes de ser refletida de volta para o equipamento. Ao
ser captada pela sonda através de um analisador (polarizador), a luz refletida que
se mantém polarizada (fótons refletidos da superfície) é rejeitada e a luz refletida
despolarizada (fótons com maior penetração no tecido) é utilizada para a
construção da imagem (OPS IMAGING 2004).
De fato, a luz refletida e polarizada (da superfície do tecido),
através do posicionamento ortogonal dos dois polarizadores (emissor e receptor) na
sonda óptica, é utilizada como contraste da imagem construída como se esta
estivesse sendo iluminada por detrás. Este é um dos motivos desta tecnologia
fornecer um melhor contraste da imagem, considerando um dos problemas
fundamentais da imagem por epi-iluminação (quando a iluminação vem da mesma
direção do ponto de visão). Existe um paradoxo quando se utiliza a epi-iluminação
para visualizar meios turvos; se o meio é muito turvo, existe pouco contraste por
causa da turbidez; se ocorre pouca turbidez, não existe contraste porque não há luz
refletida.
Nesta tecnologia, cria-se uma imagem, em escala de cinza, onde
as hemácias (hemoglobina) oferecem o maior contraste e aparecem de cor escura
________________________________________________________________________________
Introdução
9
nas imagens da microcirculação. O pigmento melanina acumulado na superfície
cutânea, por possuir cumprimento de onda muito semelhante ao da hemoglobina,
confunde e dificulta a observação das hemácias circulantes, podendo inclusive
impedir a aquisição de imagens, dependendo de sua concentração na pele. Daí a
limitação do método em alguns fototipos de pele.
A nova tecnologia empregada apresenta algumas vantagens sobre
a capilaroscopia convencional e outros exames de imagem da microcirculação: (1)
qualidade superior de imagens mais abrangentes que avaliam arteríolas e vênulas
além dos capilares (LAEMMEL e cols. 2000; LANGER e cols. 2002);
(2) tamanho
do aparelho, que utiliza uma pequena sonda óptica de fácil manuseio conferindo
agilidade e simplicidade ao examinador; (3) possibilidade de utilização inclusive
durante procedimentos cirúrgicos (UHL e cols. 2000, 2003; PENNINGS e cols.
2004; CHRIST e cols. 2000; MATHURA 2000) com o paciente anestesiado; e (4) a
não necessidade de epi-iluminação do segmento estudado permitindo imagens em
diversos tecidos e superfície de órgãos sólidos.
Esta capacidade de obter imagens in loco, de forma não invasiva
não só dos capilares, mas também de arteríolas e vênulas de tecidos e órgãos
sólidos de pacientes, implementada em uma pequena sonda óptica (LAEMMEL e
cols. 2000), é o grande atrativo deste método em comparação com a
vídeocapilaroscopia convencional (CHRIST e cols. 2000; MATHURA e cols. 2001;
LANGER e cols. 2002). Este equipamento não se limita ao estudo exclusivo de
capilares passíveis de epi-iluminação ou trans-iluminação e pode ser utilizado para
aplicações em diagnóstico e evolução clínica, transformando-se em um
conveniente método de microscopia intravital em locais e órgãos sólidos até então
inacessíveis de pacientes acordados ou durante cirurgias (CHRIST e cols. 2000;
________________________________________________________________________________
Introdução
10
UHL e cols. 2000; MATHURA 2000; DE BAKER e cols. 2000; DE BAKER e
DUBOIS 2001; DE BAKER 2003;). A aplicabilidade do Cytoscan® é superior à da
microscopia intravital porque é possível a obtenção de imagens de forma dinâmica
de qualquer tecido in loco em pacientes, e a quantificação dos principais
parâmetros microcirculatórios de uma forma prática (LAEMMEL e cols. 2000). O
estudo da microcirculação com o método da capilaroscopia exige que o órgão ou
tecido a ser avaliado seja levado até à platina do microscópio, ao passo que a
sonda do Cytoscan® pode ser levada a qualquer estrutura in vivo de uma forma
muito simples e prática.
Apesar de avanços recentes no campo da pesquisa, especialmente
a partir do desenvolvimento da ecografia vascular, que se tornou o principal método
de investigação na avaliação funcional do sistema venoso de membros inferiores
(NICOLAIDES e RENTON 1990; PHILLIPS 2000), faltam instrumentos mais
objetivos de avaliação da patologia venosa crônica. É difícil prever com exatidão o
prognóstico de alguns pacientes baseando-se única e exclusivamente na clínica e
nos exames complementares disponíveis atualmente. Novas tecnologias são bem
vindas nesse sentido.
Nas últimas décadas, inúmeros sistemas de classificação têm sido
propostos com o objetivo de melhor entender a IVC, uniformizar resultados e avaliar
diferentes modalidades de tratamento (ANTIGNANI 2001). Segundo Barel (2002),
classificações sugeridas por Bassi
*
(1967), Da Silva e cols. (1974), Griton* (1980),
Vigoni* (1983), Sytchev (1985), Porter e cols. (1988), Griton e Widmer (1992),
Miranda e cols. (1993) e Becker (1994), abordaram vários critérios da IVC com
*
apud GRITON e WIDMER (1992)
________________________________________________________________________________
Introdução
11
este intuito, mas de alguma forma falharam em oferecer um sistema que
contemplasse todos os aspectos da patologia venosa crônica e ganhasse aceitação
universal.
Em 1994, um grupo de especialistas internacionais reuniu-se em
Mauí no Havaí com a participação do Fórum Venoso Americano com a intenção de
buscar consenso em torno de uma nova classificação que deveria ser a mais
precisa e completa possível. A Classificação idealizada para contemplar quatro
grandes critérios - clínico (C), etiológico (E), anatômico (A) e fisiopatológico (P) - da
patologia venosa crônica foi chamada CEAP (anexo 1) que representa a sigla
destes critérios (clinical – etiology – anatomy – pathophysiology) (PORTER e
MONETA 1995, BEEBE e cols. 1996, KISTNER e cols. 1996, ANTIGNANI e DI
FORTUNATO 1997, LABROPOULOS e cols. 1997). Alguns anos depois, a CEAP
tornou-se a classificação mais divulgada no meio científico, já publicada em oito
idiomas em cinco continentes e em 25 revistas especializadas e livros texto
(MONETA 2003). É, nos dias de hoje, o sistema mais aceito e possivelmente o
mais completo no estagiamento da doença venosa crônica (ANTIGNANI 2001).
Ainda assim, no dia-a-dia da prática médica, no entanto,
encontramos pacientes com quadros diversos e sintomatologia variada. Pacientes
assintomáticos portadores de safenas com refluxo, portadores de sintomas de
estase venosa e ausência de varizes, úlceras de perna de difícil cicatrização,
varizes reticulares refratárias à terapia esclerosante; enfim, uma variedade de
quadros clínicos ainda desafia o juízo crítico e a proficiência dos especialistas na
prática diária tanto no diagnóstico específico quanto na definição da melhor conduta
e no prognóstico da patologia.
________________________________________________________________________________
Introdução
12
Apesar de tudo, nenhuma classificação nos dias de hoje é capaz
de suprir os objetivos e as necessidades de sistematização e uniformização da
doença venosa crônica. Nem mesmo a classificação CEAP escapa de críticas
(RUTHERFORD e cols. 2000; MONETA 2003, CARPENTIER e cols. 2003). Por
outro lado, nenhum sistema de estagiamento da IVC descrito na literatura leva em
conta as alterações microcirculatórias conseqüentes à hipertensão venosa. Isto
provavelmente se deve à dificuldade em quantificar de forma objetiva tais
fenômenos. Ainda que os efeitos na microcirculação sejam possivelmente os
primeiros sinais detectáveis do processo de destruição tecidual na IVC, não há
métodos complementares disponíveis para realizar estas medidas de forma
rotineira. Estas alterações que ocorrem precocemente na instalação da IVC, e
estão intimamente relacionadas à sua gravidade, ainda são completamente
desconhecidas da prática clínica.
Este trabalho experimental procurou investigar a capacidade do
equipamento Cytoscan® em detectar e quantificar as alterações da microcirculação
na IVC, além de especular sobre o papel desta nova tecnologia como método
diagnóstico complementar.
________________________________________________________________________________
Objetivos
13
2. OBJETIVOS
1. Obter imagens e parâmetros da microcirculação com a técnica de imagem
espectral por polarização ortogonal em pacientes portadores de IVC e
compará-los a um grupo controle.
2. Relacionar os parâmetros microcirculatórios do Cytoscan® com os achados
clínicos da insuficiência venosa crônica baseando-se na classificação CEAP.
3. Identificar possíveis valores prognósticos deste novo método na avaliação
da microcirculação cutânea em pacientes com IVC
3. PACIENTES E MÉTODOS
3.1. Pacientes
Cinqüenta e seis indivíduos do sexo feminino foram selecionados
para o estudo. As pacientes foram classificadas e agrupadas de acordo com a
classificação CEAP para Doença Venosa Crônica elaborada por um Comitê Ad Hoc
(Ad Hoc Commitee on Reporting Standards of the Joint Council) da Sociedade de
Cirurgia Vascular e do Capítulo Norte Americano da Sociedade Internacional de
Cirurgia Cardiovascular (PORTER 1995; BEEBE e cols.; 1996, NICOLAIDES e AD
HOC COMITEE 1997) formando cinco grupos (C1, C2, C3, C4 e C5), além de um
grupo controle.
A pesquisa foi realizada na Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. A seleção de pacientes foi realizada a partir do movimento ambulatorial da
Disciplina de Cirurgia Vascular e Endovascular da Faculdade de Ciências Médicas,
no Hospital Universitário Pedro Ernesto. Toda a pesquisa foi coordenada pela Prof.
Eliete Bouskela, chefe do Laboratório de Pesquisa em Microcirculação.
Critérios de Inclusão – apenas pacientes do sexo feminino
portadoras de varizes de membros inferiores, entre 25 e 65 anos, que se
ofereceram como voluntárias para participar do estudo através da assinatura de
consentimento informado foram aceitas.
Critérios de Exclusão - Foram excluídas do trabalho pacientes
que apresentavam doença arterial isquêmica de membros inferiores caracterizada
pela ausência e/ou diminuição de pulsos arteriais nas extremidades e com um
________________________________________________________________________________
Pacientes e Métodos
14
índice Doppler supramaleolar inferior a 0,8. Foram ainda excluídas pacientes
diabéticas pela possibilidade da presença de microangiopatia e neuropatia
diabética associada como possível fonte de viés nos resultados. Foram excluídas
também portadoras de outras síndromes edematosas como, por exemplo,
insuficiência cardíaca congestiva e insuficiência renal crônica. As pacientes não
poderiam ter sido submetidas a tratamento cirúrgico prévio de varizes de membros
inferiores nem apresentar úlcera ativa de membros inferiores (CEAP classe C6). A
exclusão dos pacientes classe C6 do estudo ocorreu em razão da dificuldade
técnica da realização do exame em membros inferiores com ulcerações em
atividade.
Também foram excluídas do estudo pacientes com pele fototipo V
e VI da classificação de Fitzpatrick (1988) pela dificuldade de aquisição de imagens
a partir do Cytoscan® nestes tipos de pele. Isto se deve à semelhança de contraste
entre a hemoglobina das hemácias e a melanina, pigmentos com comprimentos de
onda muito similares.
Dados Demográficos e Fatores de Risco - Dados demográficos
e principais fatores de risco como idade, peso, hormonioterapia, multiparidade,
obesidade, entre outros, foram comparados aos resultados e aos grupos CEAP. As
principais informações relacionando dados demográficos e classificação CEAP das
pacientes são mostradas na tabela 1. A idade dos pacientes variou entre 28 e 60
anos, sendo o grupo de pacientes C5 o mais jovem (42,0 ± 6,3 anos), entre os
grupos CEAP estudados. O tempo estimado de evolução da patologia venosa foi
em torno 20 a 25 anos, sendo maior nas classes C3 e C4 e curiosamente menor
nos pacientes da classe C5.
________________________________________________________________________________
Pacientes e Métodos
15
A história familiar de varizes positiva foi relatada por grande parte
das pacientes, sendo considerada um achado freqüente de anamnese variando
entre 58,8 % nos pacientes C3 e chegando até 100 % nos pacientes C4.
Tabela 1: Dados demográficos dos pacientes de acordo com a classificação CEAP
C1 C2 C3 C4 C5
Idade (anos)* 49,7 ± 6,2 48,6 ± 9,1 48,7 ± 9,4 48,6 ± 11,2 42,0 ± 6,9
T. evolução (anos)* 19,7 ± 13 20,9 ± 14,1 25,9 ± 10,7 25,4 ± 15,9 10,9 ± 7,4
HPP
TVP (%)
Flebite (%)
Linfangite (%)
13,3
6,7
6,7
15,0
20,0
10,0
5,0
17,7
17,7
17,7
5,9
44,4
33,3
0,0
22,2
44,4
44,4
11,1
33 Obesidade (%) 13,3
Ginecológica
Multiparidade (%)
TVP gestação (%)
ACO (%)
47
0,0
53,3
55,0
10,0
55,0
T. uso de ACO (anos)* 10,6 ± 8,9
HPP: História Patológica Pregressa; TVP: Trombose Venosa Profunda; ACO: uso de
anticoncepcional; T: Tempo
11,1 ± 4,0
70,6
23,5
64,7
11,4 ± 5,5
100
43,7
62,5
6,7 ± 6,5
44,4
0,0
44,4
11,3 ± 4,0
H familiar (%) 66,7 75,0 58,8 100,0 66,7
* média e desvio padrão
A trombose venosa profunda estava presente na história patológica
pregressa de várias pacientes em todos os grupos, embora represente um fator de
risco mais importante em C4 e C5, com quase metade dos casos em cada um dos
grupos. Nos outros três grupos, os percentuais de pacientes com história de
trombose venosa profunda foram semelhantes e menores que 20 % dos casos. Da
mesma forma, o histórico de tromboflebite superficial de membros inferiores foi
________________________________________________________________________________
Pacientes e Métodos
16
mais freqüente entre os pacientes dos grupos C4 e C5. Linfangite de membros
inferiores prévia foi um achado pouco freqüente entre as pacientes sendo o grupo
C3 o mais acometido com 17,7 % dos casos.
Na história ginecológica das pacientes estudadas, encontramos a
multiparidade como um fator de risco freqüente chegando a 100 % no grupo C4. A
prevalência de multíparas nos grupos CEAP aumenta à medida que as classes
evoluem, com exceção do grupo C5 que apresentou o menor percentual entre as
pacientes (44,4 %). A trombose venosa profunda durante a gestação está presente
apenas nos grupos C2, C3 e C4, sendo em percentual importante apenas neste
último grupo. O uso de medicação anticoncepcional oral foi referido por
aproximadamente metade das pacientes em cada um dos grupos, com tempos de
utilização similares entre os grupos, em torno de 11 anos, com exceção de C4
(média de 6,7 anos).
A obesidade como fator de risco foi relatada em percentuais
variáveis entre os grupos, sendo maior na classe C5 com cerca de 1/3 dos
pacientes.
Classificação das pacientes - A distribuição das pacientes nos
grupos de acordo com as classes CEAP foi feita através de exame clínico com o
mesmo examinador e realização de eco-Doppler venoso de membros inferiores no
momento da inserção da paciente na pesquisa, caracterizando o sistema venoso
profundo e superficial, pesquisando sinais de obstrução, refluxo valvular e presença
de perfurantes incompetentes. Todos os exames de ecografia vascular foram
________________________________________________________________________________
Pacientes e Métodos
17
realizados por profissional experimentado em condições idênticas para todas as
pacientes.
Cada membro inferior foi classificado de forma individual, já que a
patologia venosa pode assumir muitas vezes aspectos totalmente diversos em
cada um dos membros inferiores no mesmo paciente. Por conta deste conceito,
uma das pacientes teve os dados do seu membro inferior direito incluídos no grupo
C3 e do seu membro inferior esquerdo incluídos no grupo controle. Portanto, foi
possível obter em 56 indivíduos um número amostral igual a 112 membros
inferiores, incluídos o grupo controle de 12 indivíduos (n=25 membros) e o grupo
com todos os 43 pacientes (n=87 membros inferiores). Desta maneira, os grupos
ficaram assim distribuídos: C1 (n=21), C2 (n=20), C3 (n=17), C4 (n=18), C5 (n=11)
e grupo controle C0 (n=25).
Grupo Controle – Doze indivíduos sãos do sexo feminino, com
idade entre 25 e 60 anos (32,3 + 9,5 anos) participaram do estudo formando o
grupo controle, sendo realizada a avaliação da microcirculação como estabelecido
no protocolo da pesquisa. Como já relatado anteriormente, foi atribuída ausência de
patologia venosa no membro inferior esquerdo de uma das pacientes submetidas
ao protocolo. Os dados relativos a este membro inferior foram incluídos no grupo
controle. Os membros inferiores foram analisados também de forma individual com
seus resultados expressos separadamente (n = 25).
3.2. Cytoscan®
O aparelho Cytoscan® adquirido da Cytometrics.Inc, Philadelfia,
USA, produz imagens da microcirculação a partir da luz refletida de membranas
________________________________________________________________________________
Pacientes e Métodos
18
mucosas e órgãos sólidos, utilizando a tecnologia de Imagem Espectral por
Polarização Ortogonal (figura 1). O equipamento possui dois tipos de sondas
ópticas 5X e 10X, sendo utilizado neste estudo a sonda 10 X que equivale a um
aumento de aproximadamente 360X da imagem estudada.
Neste trabalho, os parâmetros relacionados à microcirculação
estudados com o Cytoscan® foram: diâmetros da alça capilar, diâmetro do novelo
capilar, diâmetro da papila dérmica, densidade capilar funcional e a morfologia
capilar.
3.3. Outros Equipamentos
Por se tratar de aquisição de imagens em tamanho microscópico, e
não haver metodologia descrita para utilização do Cytoscan® na superfície cutânea
foi necessário no início deste estudo o desenvolvimento de dois outros
equipamentos: (1) um suporte motorizado para fixar e posicionar a sonda do
Cytoscan® que conferiu sustentação, estabilidade e movimentos finos nos três
eixos da sonda; e (2) uma pequena plataforma (Figura 2) onde era colocado o pé
do paciente e através de coordenadas x e y era possível localizar exatamente os
pontos de observação da superfície cutânea logo acima do maléolo interno
conforme descrito no protocolo de estudo.
Além dos equipamentos de suporte para o uso de Cytoscan®, a
gravação, digitalização e leitura das imagens adquiridas, contaram com a utilização
de um videocassete S-VHS (Philips VR 999) e um computador Pentium III com uma
placa de imagem Matrox e o software CAPIMAGE (ZEINTL e cols. 1989). O
treinamento do pessoal envolvido com estes equipamentos foi necessário,
previamente ao início do estudo propriamente dito com a realização dos exames.
________________________________________________________________________________
Pacientes e Métodos
19
3.4. Desenho do Projeto
Um estudo observacional da microcirculação, utilizando-se a
tecnologia do Cytoscan®, foi realizado em pacientes portadores de IVC
previamente classificados pelo exame clínico e eco-Doppler venoso, e comparado
a um grupo controle. O projeto teve como intuito a aquisição de informações e
experiência com a aplicação deste novo método no estudo da IVC.
Os pacientes foram avaliados clinicamente, através de eco-
Doppler, e estratificados de acordo com a classificação CEAP preconizada por um
comitê Ad Hoc (Ad Hoc Commitee on Reporting Standards of the Joint Council) da
Sociedade de Cirurgia Vascular e do Capítulo Norte Americano da Sociedade
Internacional de Cirurgia Cardiovascular, com diretrizes baseadas em evidência
clínica e criação de um consenso para a investigação das desordens venosas
crônicas dos membros inferiores (PORTER e MONETA. 1995; BEEBE e cols. 1996;
KISTNER e cols. 1996; ANTIGNANI e DI FORTUNATO 1997; LABROPOULOS e
cols. 1997). Os resultados obtidos pelo Cytoscan® foram analisados da seguinte
forma: (1) através de um protocolo para testar a variabilidade do método utilizado;
(2) comparados a um grupo controle (pacientes portadores de IVC X indivíduos
sãos); e (3) comparados à classificação CEAP.
________________________________________________________________________________
Pacientes e Métodos
20
________________________________________________________________________________
Pacientes e Métodos
21
________________________________________________________________________________
Pacientes e Métodos
22
________________________________________________________________________________
Pacientes e Métodos
23
3.5. Protocolo
O protocolo de avaliação incluiu história, exame físico (anexo 2),
duplex-scan de ambos os membros inferiores e o estudo de cada membro com o
Cytoscan®. O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro e todos os indivíduos estudados
assinaram o consentimento informado (anexo 3). Para estudar a microcirculação
cutânea foram usados o Cytoscan®, além de todo o equpamento de gravação e
digitalização das imagens, conforme mencionado anteriormente.
Antes do exame, cada paciente permaneceu durante 30 minutos
em ambiente com temperatura controlada (25 ± 1ºC). A mesma temperatura foi
mantida na sala de exame, que foi realizado com os membros inferiores em
ortostatismo. Uma área de 7,5 cm
2
(3,0 cm de largura por 2,5 cm de altura),
localizada imediatamente acima do maléolo interno foi selecionada para o exame
(figura 3). Esta área, também conhecida como gaiter zone ou zona da polaina,
corresponde ao local de maior prevalência da úlcera de estase, provavelmente pela
proximidade com a veia safena interna e as pressões hidrostáticas exercidas neste
local, e a menor densidade capilar nesta região (ÅGREN 2000).
Com o paciente em ortostatismo, a sonda do Cytoscan® foi
posicionada perpendicular à pele com o auxílio de um suporte motorizado dentro da
área definida previamente e gravações de 30 segundos no videocassete S-VHS
foram feitas em 10 campos diferentes dentro da área pré-estabelecida (figuras 4 e
5). As imagens (figuras 6 e 7) nos cassetes foram digitalizadas através do software
________________________________________________________________________________
Pacientes e Métodos
24
Capimage (ZEINTL e cols. 1989) e analisadas por técnico independente, sem
conhecimento prévio do paciente ou de sua classificação. Os seguintes parâmetros
foram analisados utilizando a imagem obtida com o Cytoscan®: (1) densidade
capilar total por milímetro quadrado, (2) o diâmetro da papila dérmica em
micrômetros, (3) o maior diâmetro do novelo capilar em micrômetros, (4) o maior
diâmetro da luz capilar que corresponde à largura média da coluna de hemácias
em micrômetros e (5) a morfologia capilar. A densidade capilar total foi determinada
pela contagem do número de capilares visíveis por campo e o valor apurado
corresponde à média dos 10 campos gravados e analisados em cada membro
inferior. A morfologia foi definida como um percentual do número de capilares
alterados (tortuosos) em relação ao número total de capilares observados. Os
diâmetros foram apurados a partir das medidas de cada campo gravado, obtendo-
se os dois maiores valores em cada campo e finalmente o resultado final foi a
média de 20 valores para cada parâmetro no membro inferior estudado. A medida
do diâmetro da luz capilar em realidade representa a largura média da coluna de
hemácias, já que a parede capilar não pode ser visualizada com esta metodologia e
apenas o contraste da coluna de eritrócitos no interior da luz capilar pode ser
mensurado.
3.6. Teste de Reprodutibilidade das Medidas
A metodologia de coleta de medidas foi submetida a um teste de
reprodutibilidade para cada um dos parâmetros estudados. Um subgrupo de sete
indivíduos controle (n=14 membros) e um subgrupo de cinco pacientes (n=10
membros) escolhidos aleatoriamente, foram submetidos a três exames
consecutivos em dias diferentes. Cada exame foi realizado de acordo com o
________________________________________________________________________________
Pacientes e Métodos
25
protocolo estabelecido e descrito acima. As medidas registradas foram
comparadas, com suas médias, desvio padrão e percentual de variabilidade
calculado separadamente para cada um dos parâmetros.
3.7. Análise Estatística
Os principais parâmetros medidos pelo Cytoscan® tiveram seus
valores avaliados quanto a sua reprodutibilidade e variabilidade em comparação ao
grupo controle. As diferenças estatísticas entre os grupos CEAP e o grupo controle,
bem como as diferenças dos indivíduos dentro da classificação CEAP foram
testadas através da ANOVA com teste de Tukey utilizando p= 0,05 como valor
estatisticamente significativo. Todos os cálculos foram realizados com o auxílio de
software Statistica®.
Índice Microcirculatório
A análise estatística para a criação de um índice que contemplasse
as medidas dos parâmetros estudados foi realizada em dois estágios. Primeiro,
uma análise discriminante foi feita para apontar a importância das variáveis
canônicas. Em seguida, um escore composto (I) foi criado como a soma ponderada
do escore multiplicado por cada um dos seus pesos correspondentes. Estes
Escores, definidos como 1, 2 ou 3, foram sugeridos pelo intervalo do quartil da
amostra para cada um dos parâmetros acima. Neste contexto, um escore composto
final foi então calculado para cada paciente. Para um escore composto discordante
menor do que 8, foi definido como de classificação I (microcirculação normal), para
um escore discordante entre 8 e 12 foi definido o valor II (microangiopatia
________________________________________________________________________________
Pacientes e Métodos
26
moderada), e finalmente para o intervalo entre 12 e 15, foi dada a classificação III
(microangiopatia severa).
________________________________________________________________________________
Pacientes e Métodos
27
4. RESULTADOS
4.1. Classificação (CEAP) do grupo estudado
Os pacientes foram classificados dentro da CEAP. Os principais
parâmetros da classificação CEAP estão dispostos na tabela 2. Dentro do grupo de
portadoras de varizes, o número de pacientes assintomáticas diminui conforme as
classes avançam sendo de 38,1 % em C1 e 0 % em C5. No entanto, na classe C4
encontramos dois casos assintomáticos o que equivale a 11,1 % do grupo.
A etiologia primária foi a mais freqüente causa da IVC nestes
pacientes. A etiologia essencial foi a única responsável pela doença varicosa nas
classes C1 e C2, e C3. Nas classes C4 e C5 ela foi responsável por
aproximadamente 1/3 de todos os casos de IVC, com 38,9 % e 36,4 %,
respectivamente. O envolvimento do sistema venoso superficial foi o principal
achado no diagnóstico ecográfico da doença varicosa na classe C1, sendo o único
sistema envolvido em 95,2 % dos casos. A participação exclusiva do sistema
superficial foi importante apenas nesta classe, caindo significativamente a partir de
C2 com metade dos casos, e chegando a apenas 16,7 % na classe C4. Não houve
pacientes com envolvimento exclusivo do sistema venoso superficial na classe C5.
Em contrapartida, o envolvimento do sistema venoso profundo e de veias
perfurantes tem importância crescente conforme avançam as classes da CEAP. A
presença de perfurantes insuficientes identificadas ao duplex-scan ocorreu em
apenas 4,8 % dos casos C1, mas esteve presente em mais de 2/3 dos casos nas
classes C4 e C5 com percentuais de 72,2 % e 81,8 % respectivamente. O
________________________________________________________________________________
Resultados
28
envolvimento do sistema venoso profundo não foi encontrado pela ecografia
vascular em C1, mas sua participação na patologia venosa cresce à medida que as
classes avançam ficando em mais de 40 % em C4 e C5.
No que diz respeito à fisiopatologia, o refluxo predominou como
principal desencadeante da IVC seja ele primário ou secundário à recanalização de
obstruções venosas prévias. Encontramos, através do duplex-scan, algum grau de
refluxo venoso em 100 % dos casos nas classes C4 e C5, e uma participação
bastante importante na origem da patologia venosa em C1, C2 e C3, com 61,9 %,
90,0 % e 94,1 %, respectivamente. Ainda assim, não detectamos nenhuma das
duas entidades – refluxo ou obstrução – em boa parte dos casos de C1 (38,1 %
dos casos), e alguns poucos casos de C2 com 10,0 %. Apesar desta possibilidade
não ser referida na classificação CEAP, chamamos este subgrupo de P
Ǿ
.
Tabela 2: Detalhes da Classificação CEAP* de acordo com cada grupo estudado
C1 C2 C3 C4 C5
Assintomático (%) 38,1 25,0 0,0 11,1 0,0
Etiologia (%)
Primária
100,0
100,0
100,0
38,9
36,4
Anatomia (%)
Perfurantes
Profunda
Apenas superficial
4,8
0,0
95,2
45,0
5,0
50,0
47,1
11,8
41,2
72,2
44,4
16,7
81,8
36,4
0,0
Fisiopatologia (%)
Refluxo
Obstrução
Não detectado
61,9
0
38,1
90,0
0,0
10,0
94,1
5,9
5,9
100,0
16,7
0,0
100,0
18,2
0,0
Escore Clínico (pontos)** 0,7 ± 0,5 1 ± 1,1 1,9 ± 0,9 3,9 ± 1,6 4,9 ± 1,4
* Segmento Clínico (C) da Classificação CEAP
** média e desvio padrão
________________________________________________________________________________
Resultados
29
________________________________________________________________________________
Resultados
30
________________________________________________________________________________
Resultados
31
O escore clínico, calculado de acordo com as regras da CEAP,
teve um comportamento proporcional conforme as classes avançavam em
gravidade, com os menores valores em C1 (0,7 ± 0,5) e os maiores em C5 (4,9 ±
1,4). Quando levamos em consideração a pontuação do escore clínico da CEAP, a
imensa maioria dos pacientes com escore igual ou maior que quatro (n= 17) faz
parte dos grupos C4 e C5, com exceção de um paciente C2 e outro C3.
4.2. Parâmetros da Microcirculação
Foram cinco os parâmetros estudados com o Cytoscan®:
densidade capilar, morfologia capilar, diâmetro da papila dérmica, diâmetro capilar
(do novelo), e diâmetro da alça capilar. Na tabela 3 estão dispostas as medidas
com o desvio padrão de todos os parâmetros estudados de acordo com as classes
CEAP, além do grupo controle. A distribuição dos valores de cada um dos
parâmetros estudados está representada nas figuras 8 a 12 de acordo com a
classe CEAP. Os gráficos comparam os valores entre as diversas classes
estudadas e o grupo controle.
A morfologia capilar, parâmetro que mede a relação entre o
número de alças capilares anômalas e o número total de capilares em cada campo
estudado, foi estimado em número percentual que quantifica a freqüência das
alterações morfológicas em cada paciente. Este número retrata bem a evolução
das classes da patologia venosa. O menor percentual de capilares de morfologia
alterada é encontrado em C1 com 20,3 %, e esta proporção aumenta à medida que
o grupo piora em severidade: C2 com cerca de 27,5 %, C3 com 44,9 %, C4 com
58,5 % e C5 com 75,2 %. O grupo controle apresentou apenas um percentual de
________________________________________________________________________________
Resultados
32
3,6 % de alterações de morfologia capilar. Quando comparamos o grupo controle
com as classes CEAP, encontramos diferença estatística das medidas a partir de
C2 (p=0,028).
A Densidade capilar, ou seja, o número de capilares por milímetro
quadrado, apresenta valores semelhantes nos grupos C1, C2 e C3, além do
controle, com números em torno de 21 unidades funcionais por campo estudado,
sofrendo redução gradual que se torna significativa (p=0,015) apenas a partir de C4
com 14,5 ± 4,5 e C5 com 12,1 ± 8,2 capilares por milímetro quadrado.
Tabela 3: Parâmetros da microcirculação avaliados de acordo com a classificação
CEAP (média e desvio padrão)
Dens.
Capilar
(μm)
D. Papila
(μm)
D. Novelo D. Capilar
Morfologia*
(μm) (μm)
(%)
Controle
3,6 ± 5,5 20,9 ± 6,1 111,4 ± 13,5 52,8 ± 8,8 8,1 ± 0,8
C1
20,3 ±12,8 20,6 ± 4,8 125,1 ± 26,5 77,1 ± 31,6 8,7 ± 1,2
C2
27,5 ±17,7 20,9 ± 6,6 141,0 ± 21,1 75,8 ± 17,9 9,7 ± 1,3
C3
44,9 ± 32,6 18,0 ± 4,4 150,5 ± 31,7 87,8 ± 26,9 9,1 ± 1,6
C4
58,5 ± 28,7 14,5 ± 4,5 169,5 ± 23,7 103,2 ± 35,4 9,5 ± 1,8
C5
75,2 ± 37,0 12,1 ± 8,2 223,9 ± 126,9 149,1 ± 56,3
D.: diâmetro; Dens.: densidade; * capilares com alterações morfológicas
11,1 ± 2,9
O diâmetro da papila dérmica, menor unidade funcional da pele,
apresentou comportamento semelhante às alterações da morfologia capilar. Com
diâmetros que variaram entre 125,1 μm em C1 e 223,9 μm em C5, houve um
________________________________________________________________________________
Resultados
33
aumento de tamanho da papila conforme as classes da IVC pioravam. O grupo
controle expressou uma diferença importante deste parâmetro em relação às
classes patológicas. Com 111,4 μm de diâmetro, a papila dérmica no grupo
controle mostrou diferença significativa já a partir da classe C3 (p=0,039).
As mesmas alterações são vistas com os parâmetros que avaliam
os diâmetros capilares. Todos os três parâmetros parecem ter o mesmo
comportamento com a evolução das classes CEAP.
O diâmetro do novelo capilar, como já mencionado anteriormente,
medida que avalia o tamanho do enovelado em que se transforma o clássico
formato de grampo de cabelo dos capilares cutâneos, aumenta à medida que a
doença venosa avança na sua progressão. Com um grupo controle que teve como
média 52,8 μm de diâmetro, que representa na verdade a distância entre os ramos
venular e arteriolar da alça capilar, o novelo vai crescendo gradualmente atingindo
cerca de três vezes o tamanho original com média de 149,1 μm em C5. Os valores
são muito semelhantes em C1 e C2 e quando se compara ao grupo controle,
observamos diferença estatisticamente significativa a partir de C3 (p=0,001).
Da mesma maneira, o diâmetro da luz capilar, cresce
gradativamente com a evolução das classes CEAP. Com uma média em torno de
8,1 μm para o grupo controle (8,1 ± 0,75), o diâmetro interno capilar chega até 11,1
μm em média no grupo C5, embora com diferença estatística significativa a partir
de C2 (p = 0,007) quando comparamos ao grupo controle.
Se correlacionarmos os valores dos parâmetros medidos neste
trabalho com as classes CEAP e o grupo controle, verificamos que os parâmetros
________________________________________________________________________________
Resultados
34
com alterações mais precoces, de forma significativa, são a morfologia e o diâmetro
da alça capilar já com diferenças estatísticas a partir de C2, seguidos pelo diâmetro
da papila dérmica e do novelo capilar com medidas significativamente diferentes a
partir de C3. A análise estatística revela que a diminuição da densidade capilar com
rarefação da rede capilar cutânea é observada apenas em estágios avançados, a
partir de C4.
±Std. Dev.
±Std. Err.
Mean
Categorized Plot for Variable: MORF
CEAP
MORF
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
C0 C1 C2 C3 C4 C5
FIGURA 8 – Gráfico Box-plot da distribuição dos valores do parâmetro morfologia de acordo com
a classificação CEAP e grupo controle (C0). Std.Dev.: Desvio padrão; Std.Err.: Erro padrão;
Mean: média
________________________________________________________________________________
Resultados
35
±Std. Dev.
±Std. Err.
Mean
Categorized Plot for Variable: DPAP
CEAP
DPAP
60
100
140
180
220
260
300
340
380
C0 C1 C2 C3 C4 C5
FIGURA 9 – Gráfico Box-plot da distribuição dos valores do diâmetro da papila dérmica de acordo
com a classificação CEAP e grupo controle (C0). Std.Dev.: Desvio padrão; Std.Err.: Erro padrão;
Mean: média
±Std. Dev.
±Std. Err.
Mean
Categorized Plot for Variable: DNOV
CEAP
DNOV
20
60
100
140
180
220
C0 C1 C2 C3 C4 C5
FIGURA 10 – Gráfico Box-plot da distribuição dos valores do diâmetro do novelo capilar de acordo
com a classificação CEAP e grupo controle (C0). Std.Dev.: Desvio padrão; Std.Err.: Erro padrão;
Mean: média
________________________________________________________________________________
Resultados
36
FIGURA 11 – Gráfico Box-plot da distribuição dos valores do diâmetro da alça capilar de acordo
com a classificação CEAP e grupo controle (C0). Std.Dev.: Desvio padrão; Std.Err.: Erro padrão;
Mean: média
±Std. Dev.
±Std. Err.
Mean
Categorized Plot for Variable: DCAP
CEAP
DCAP
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
C0 C1 C2 C3 C4 C5
±Std. Dev.
±Std. Err.
Mean
Categorized Plot for Variable: DENS
CEAP
DENS
2
6
10
14
18
22
26
30
C0 C1 C2 C3 C4 C5
FIGURA 12 – Gráfico Box-plot da distribuição dos valores da densidade capilar de acordo com a
classificação CEAP e grupo controle (C0). Std.Dev.: Desvio padrão; Std.Err.: Erro padrão; Mean:
média
________________________________________________________________________________
Resultados
37
4.3. Análise Estatística
4.3.1. Reprodutibilidade
Os resultados do teste de reprodutibilidade estão representados na
tabela 4. Não há diferença significativa entre os parâmetros Diâmetro da papila,
diâmetro da alça e diâmetro capilar tanto no subgrupo de pacientes quanto no
subgrupo controle. No entanto, a variabilidade foi maior no subgrupo controle e no
subgrupo de pacientes no que diz respeito à densidade capilar (19,4 % x 15,3 %
respectivamente), e à morfologia capilar (68,3 % x 22,1 % respectivamente).
Tabela 4: Teste de reprodutibilidade de medidas
Parâmetros Subgrupo controle (n=14) Subgrupo pacientes (n=10)
Média dp Var Média dp Var
Densidade Capilar
19,5 3,8 19,4 % 27,6 4,2 15,3 %
Morfologia Capilar
0,1 0,0 68,3 % 0,3 0,1 22,1 %
Diâmetro da Papila
100,5 5,5 5,5 % 112,7 5,1 4,5 %
Diâmetro da Alça
46,2 3,0 6,5 % 61,7 5,5 8,8 %
Diâmetro Capilar
7,6 0,4 5,4 % 7,8 0,4 5,2 %
dp:desvio padrão; Var: variabilidade
4.3.2. Índice Microcirculatório (IM)
O índice microcirculatório (IM), baseado nos valores ponderados
dos cinco parâmetros avaliados, foi calculado em todos os casos, inclusive nos
casos controle. Em 11 membros dos 112 avaliados, pelo menos uma das medidas
________________________________________________________________________________
Resultados
38
não pode ser realizada por problemas relacionados à limitação do método. Ao todo
foram 11 leituras das 560 medidas propostas, sendo 8 medidas do diâmetro da
papila, duas de diâmetros novelo e uma medida da densidade capilar, que não
puderam ser calculadas. A razão da falha na leitura foi a pigmentação excessiva do
campo avaliado.
O escore para o índice era calculado com os valores dos cinco
parâmetros medidos. Após a apuração do escore, cada caso era classificado como
grau I (microangiopatia leve), grau II (microangiopatia moderada) ou grau III
(microangiopatia severa).
Apesar de em 11 casos faltar uma das cinco medidas dos
parâmetros que compunham o IM, foi possível classificar quatro destes casos, pois
o escore de cada caso ultrapassava os valores para o grau III mesmo não estando
disponível a medida de um dos parâmetros. Os quatro casos faziam parte do grupo
C5. Desta maneira, dos 112 membros avaliados incluindo o grupo controle, sete
não tiveram o IM calculado e 105 casos foram distribuídos de acordo com o grau de
microangiopatia da seguinte forma: grau I (n=30), grau II (n=39) e grau III (n=36).
Na tabela 5 encontram-se distribuídos os membros avaliados de acordo com a
classificação clínica da CEAP e o IM. Como era de se esperar, existe correlação
entre IM e CEAP, mas curiosamente, encontramos algumas discrepâncias
acentuadas entre a classificação clínica e o estagiamento da microcirculação.
Conforme as classes CEAP avançam, piora o grau de microangiopatia. No entanto,
na classe C1 a presença de três membros classificados como microangiopatia grau
III surpreende assim como um caso C4 estagiado como microangiopatia grau I.
Quando correlacionamos o escore clínico da CEAP e o IM, encontramos três casos
________________________________________________________________________________
Resultados
39
assintomáticos (pontuação = 0) como portadores de alterações da microcirculação
grau III.
Tabela 5: Distribuição dos casos de acordo com o Índice Microcirculatório (IM) e a
CEAP
C0 (n=25) C1 (n =21) C2 (n=20) C3 (n=17) C4 (n=18) C5 (n=11)
I (n=30)* 25 2 1 1 1 0
II (n=38) 0 13 10 8 5 2
III (n=36) 0 3 6 8 12 8
Total
25 18** 17** 17 18 10**
* Inclui o grupo controle (C0).
** Em 7 casos não foi possível estabelecer o IM porque pelo menos uma das medidas não foi
calculada. (três casos de C1, três casos de C2 e um caso de C5).
________________________________________________________________________________
Resultados
40
________________________________________________________________________________
Discussão
41
5. DISCUSSÃO
5.1. Classificação da IVC
A Classificação CEAP, elaborada a partir da criação de um comitê
internacional no Fórum Venoso Americano realizado em Mauí em 1994, teve como
objetivo contemplar vários aspectos da patologia venosa (PORTER e MONETA.
1995; BEEBE e cols. 1996; KISTNER e cols. 1996; ANTIGNANI e DI FORTUNATO
1997; LABROPOULOS e cols. 1997). Esta classificação de consenso, assinada por
diversos especialistas, leva em consideração quatro aspectos da patologia venosa:
quadro clínico (C), etiologia (E), distribuição anatômica (A) e fisiopatologia (P). O
trabalho destes profissionais resultou em uma classificação sistemática e complexa,
que nem por isso deixou de ser objeto de críticas da comunidade científica
(RUTHERFORD 1996, 1997; CORNU-THENARD e cols. 1999). Levando-se em
conta todos os parâmetros da classificação CEAP, seriam possíveis 8904
combinações diferentes (CORNU-THENARD e cols. 1999). Rutherford (1996, 1997)
argumentou que tal sistematização seria muito trabalhosa na prática clínica.
Outros aspectos considerados importantes na doença venosa
crônica foram deixados de fora da CEAP: a não inclusão de parâmetros
relacionados à recidiva de varizes (CORNU-THENARD e cols. 1999), fatores de
risco, história familiar e história patológica pregressa, e a ausência de métodos não
invasivos que pudessem quantificar a severidade das alterações fisiopatológicas de
forma objetiva (RUTHERFORD 1996,1997) foram objeto de crítica.
A Classificação Clínica (C), talvez a subdivisão mais útil e mais
popularizada da classificação CEAP, é também passível de muitas críticas. A
hierarquização em seis classes nos dá uma idéia de evolução da doença venosa,
no entanto, em muitas situações isso não corresponde à realidade e pacientes em
classes avançadas da IVC não apresentam todos os sintomas de classes
anteriores. Antignani (2001) lembra que 13,5 % dos pacientes com úlceras
cicatrizadas ou em atividade (C5 e C6) não apresentam as alterações cutâneas de
C4. Desta maneira, as classes clínicas podem não representar de fato um quadro
evolutivo.
Muitos outros parâmetros do exame físico foram considerados
incoerentes, insatisfatórios ou simplesmente foram omitidos da CEAP. A coroa
flebectásica, sinal importante indicativo das fases iniciais da IVC, foi suprimida
como sinal de gravidade da patologia; da mesma forma, o grau de dilatação venosa
não é mencionado, embora represente um parâmetro objetivo de comprometimento
do quadro clínico. Darke e Ruckley (1996) argumentaram ser incoerente juntar, em
uma única classificação, critérios objetivos como dermatofibrose na classe C4 e
subjetivos como edema da classe C3, a fim de graduar a severidade da doença
venosa. Da mesma forma, relacionar parâmetros claramente evolutivos, como é o
caso da presença de úlcera ativa, com outros completamente inespecíficos
(telangiectasias, por exemplo) em uma única classificação pareceu a eles irracional.
Muitos aspectos da classificação são considerados subjetivos e já foram
demonstrados problemas na sua reprodutibilidade. Como está colocada atualmente
a classificação clínica, Antignani (2001) e Uhl (2001) encontraram uma boa
reprodutibilidade intra-observador, mas o mesmo não ocorreu quando se avaliou a
________________________________________________________________________________
Discussão
42
reprodutibilidade inter-observador, significando diferenças subjetivas no diagnóstico
entre examinadores diferentes. Isso parece ser mais importante quando se avaliam
parâmetros que representam a transição entre as classes clínicas. A dificuldade de
mensuração do edema em suas fases iniciais, ou identificação de pigmentação
cutânea, a subjetividade dos sintomas de estase venosa, as características de
certas apresentações clínicas com lesões localizadas e segmentares, são algumas
das razões que levam a interpretações diferentes do exame físico por parte dos
examinadores. Até mesmo o momento do exame físico, quando o paciente é
classificado, pode representar um diferencial significativo na interpretação do
examinador. Período de repouso postural antes do exame, fase do ciclo menstrual,
e mesmo mudanças climáticas, como exposição ao calor intenso, podem
representar a diferença entre estagiar o paciente em uma ou outra classe,
especialmente quando se investiga pacientes das classes C1, C2, e C3, mesmo
com profissionais experimentados.
Outras incongruências são apontadas na literatura: a classificação
Fisiopatológica (P) menciona apenas duas possibilidades – refluxo ou obstrução –
quando em um grande número de pacientes não se observa nenhuma das duas
alterações. Isto não só gera dificuldades na aplicação prática da classificação, mas
também possibilita um viés importante já que pode sugerir, de forma equivocada,
que estes pacientes não teriam sido examinados (BAREL 2002).
O Escore clínico, considerado por Cornu-Thenard e cols. (1999) e
Antignani (ANTIGNANI e cols. 1999; ANTIGNANI 2001), outro avanço na
classificação da IVC, também não é isento de críticas. A claudicação venosa,
critério de severidade importante na IVC, não é valorizada e tem o mesmo peso da
________________________________________________________________________________
Discussão
43
dor, muito mais subjetiva e variável. Por outro lado, a úlcera de estase recebeu
valoração especial enquanto outros parâmetros clínicos, tão importantes quanto,
não foram considerados. A CEAP não vislumbra a aderência ao tratamento nem a
resposta terapêutica, parâmetros considerados importantes para se atribuir
gravidade e prognóstico (ERICKSON e cols. 1995; RUTHERFORD 1996,1997).
Ainda assim, a partir de 1994, a classificação CEAP difundiu-se com
força e atualmente é considerada o padrão pelo qual a patologia venosa é
classificada e apresentada na literatura científica. Várias Instituições científicas
ligadas à pesquisa adotaram oficialmente a CEAP como sistemática de
classificação da doença venosa crônica (KISTNER 1996). A classificação clínica
(C) é forma corrente de expressar resultados apesar de todas as críticas já
mencionadas. O sem número de óbices a esta classificação tem um significado
importante: é, na atualidade, a classificação mais estudada e utilizada em trabalhos
científicos com enfoque na patologia venosa, suas limitações são bem conhecidas
assim como suas vantagens, e este aspecto credencia a CEAP como referência na
IVC (MONETA 2003). Em grande parte, este foi o motivo que nos levou a adotar
esta classificação como ponto de partida em nosso trabalho.
A CEAP, em verdade, tem vários méritos: sua complexidade e
detalhamento possibilitam a sua aplicação desde o tratamento de telangiectasias
até à avaliação de reconstruções cirúrgicas complexas de veias tronculares como
ilíacas e cava (GLOVICZKI 1996). A facilidade com que se identifica a presença ou
não de sintomas (através da letra s para sintomático ou letra a para assintomático),
a quantificação dos achados clínicos e a inclusão de escores de severidade clínica
são inovações bem vindas (CORNU-THENARD e cols. 1999; ANTIGNANI e cols.
________________________________________________________________________________
Discussão
44
1999, ANTIGNANI 2001). Kistner e cols. (1996) ressaltam que as doenças
relacionadas à patologia venosa são entidades complexas, de tal modo que
tentativas de simplificá-las resultariam em falhas na sua compreensão integral e
dificuldade de interpretação de dados científicos. Portanto, como qualquer nova
padronização, a classificação CEAP exige curva de aprendizado para ser dominada
e utilizada corretamente.
Rutherford (1996) apontou, como uma das falhas da classificação
CEAP, a ausência de algum teste não invasivo e quantitativo que estimasse a real
gravidade das alterações fisiopatológicas de forma objetiva, mas tal exame ainda
não estaria disponível. Isto levou o autor a sugerir modificações na classificação e
propor novos sistemas de pontuação: Escore de Severidade Clínica Venosa,
Escore Segmentar da Doença Venosa, e Escore de Incapacidade Venosa
(RUTHERFORD e cols. 2000). Entretanto, como autocrítica às propostas de
mudança elaboradas por seu grupo, o artigo argumenta a necessidade de estudos
multicêntricos para corroborar seus resultados. Estes escores vêm sendo propostos
e analisados por outros autores, com o argumento que a CEAP é pouco útil na
avaliação evolutiva da doença venosa, entre outras razões por ser pouco sensível a
mudanças após medidas terapêuticas (MEISSNER e cols. 2002; KAKKOS e cols.
2003)
De fato, todas as classificações utilizadas até o momento, em que
pesem críticas de excessiva simplicidade ou extrema complexidade, não foram
capazes de reproduzir a patologia venosa na sua diversidade de apresentações e
formas clínicas. Várias classificações precederam a CEAP, algumas com enfoques
puramente anatômicos ou topográficos, e outras associando padrões evolutivos e
________________________________________________________________________________
Discussão
45
quadro clínico. Sytchev (1985) foi um dos poucos autores que não levou em
consideração apenas o estagiamento clínico e anatômico da patologia venosa, mas
também o seu aspecto funcional, ao propor uma classificação que utilizava testes
funcionais, achados cirúrgicos e estudos anátomo-patológicos. Sua metodologia
atribui à classificação da doença venosa não só o aspecto etiológico quando fala
em dilatações essenciais, pós-oclusão trombótica e displasias, mas também se
refere a desordens trófico-circulatórias regionais, a condições pré-ulcerosas,
desordens tróficas funcionais e desordens da hemodinâmica central.
A maioria das classificações, no entanto, procurou dar um enfoque
essencialmente clínico à patologia venosa, dividindo a doença em níveis de
comprometimento e sugerindo um padrão evolutivo. Griton e Widmer (1992)
separam a doença venosa em cinco classes, que vão desde o paciente
assintomático até aqueles portadores de varizes com processos inflamatórios, pré-
ulcerosos ou úlcera ativa. Mencionam um déficit valvar ao Doppler ou à
pletismografia mesmo na classe I. Becker (1994) sugere quatro classes:
assintomático, insuficiência venosa leve, moderada e severa. Leva em
consideração apenas aspectos clínicos e assegura graus diferenciados em sua
classificação à presença ou não de achados clínicos clássicos como coroa
flebectásica, atrofia branca e úlcera ativa.
Naturalmente, a CEAP é fruto do consenso e do aprimoramento dos
profissionais envolvidos na sua criação, tendo como pano de fundo todas as
classificações anteriores publicadas na literatura. Do mesmo modo que as
classificações que a sucederam, a CEAP tem como enfoque o quadro clínico (C), a
etiologia (E), a anatomia (A) e a fisiopatologia (P), áreas comuns a todas as
________________________________________________________________________________
Discussão
46
iniciativas de estagiar adequadamente a doença venosa. Em 1988, uma tentativa
de se elaborar uma classificação abrangente da patologia venosa já havia sido feita
através de um subcomitê (Subcomittee on Reporting Standards in Venous Disease)
que fazia parte do Ad Hoc Comittee on Reporting Standards, da Sociedade de
Cirurgia Vascular, Capítulo da América do Norte, e Sociedade Internacional de
Cirurgia Cardiovascular. Esta classificação, publicada sob responsabilidade do Dr.
Porter (1988), abordava três aspectos da patologia venosa: anatomia, etiologia e
severidade clínica. A anatomia fazia referência ao comprometimento do sistema
venoso superficial, profundo e/ou as alterações das veias perfurantes. A etiologia
se dividia simplesmente em adquirida e congênita, e o quadro clínico foi estagiado
em quatro classes: assintomática, leve, moderada e severa. Esta classificação
tornou-se o padrão mais aceito nos meios científicos desde então até a criação da
CEAP.
Como a classificação de Porter (1988), muitas classificações que
pretenderam englobar o quadro clínico, com algumas diferenças de sistematização,
dividiram em três classes principais a doença varicosa propriamente dita: leve,
moderada e severa. A presença de alterações tróficas cutâneas como dermatite
ocre e lipodermatosclerose significaria a evolução da patologia para um estágio
moderado, e a presença de úlcera ativa ou cicatrizada representaria a evolução
para a classe severa. Com pequenas variações, estes são os limites mais
reconhecidos entre os autores, no que diz respeito à severidade da patologia
venosa. É assim com a classificação de Da Silva e cols. (1974), Miranda e cols.
(1993), Becker (1994) e a própria classificação proposta por Porter em 1988. Na
classificação CEAP, o estágio leve da patologia venosa é subdividido em C1, C2 e
________________________________________________________________________________
Discussão
47
C3 diferenciando-se a presença ou não de edema, difícil de quantificar
objetivamente (BÉRARD e cols. 1998, BÉRARD e ZUCCARELLI 2000; PERRIN e
GUEXX 2000) e o calibre das varizes. Muitas vezes ao exame clínico, estas
diferenças podem não ser bem definidas e dar margem a erros de interpretação.
Da mesma forma, o grau mais severo da doença varicosa é subdividido em C5 e
C6, que significa úlcera cicatrizada e ativa respectivamente, parâmetros que
isoladamente podem não ter importância clínica no julgamento da severidade da
insuficiência venosa crônica.
Portanto, dois aspectos clínicos são utilizados pela maioria dos
autores para definir graus de severidade da IVC: a presença de alterações
cutâneas e a presença de ulceração. Por se tratarem de sinais de mais fácil
identificação, sujeitos a menos interpretação por parte do profissional, são
utilizados de maneira corriqueira para representar a mudança no grau de
comprometimento da IVC. Isto é especialmente importante quando se trata de
responder a um questionário ou escore clínico onde a resposta exigida é
simplesmente positiva ou negativa, como ter ou não ter úlcera, presença ou
ausência de lipodermatosclerose. No entanto, mesmo estas alterações mais
facilmente confirmadas no exame clínico não parecem representar graus diferentes
de severidade da patologia venosa crônica. O desafio em classificar a IVC consiste
exatamente em criar limites precisos para uma patologia que não os possui.
Embora não haja limites exatos na apresentação de sinais e
sintomas da patologia venosa crônica, é possível na observação clínica diferenciar-
se mais facilmente dois grandes grupos: pacientes com varizes de membros
inferiores com pouca ou nenhuma repercussão clínica em sua maioria composta
________________________________________________________________________________
Discussão
48
por portadores de telangiectasias, microvarizes e varizes de pequeno calibre, e
aqueles com lesões avançadas e seqüelas da destruição da rede capilar cutânea
como conseqüência do processo de estase e hipertensão venosa crônica nos
membros inferiores. Entre estes dois extremos da apresentação clínica,
encontramos um grupo intermediário, cuja evolução é, muitas vezes, difícil de
prever e, por conseguinte, um desafio escolher a melhor conduta terapêutica.
Apesar de avanços recentes no campo da pesquisa, especialmente
a partir do desenvolvimento da ecografia vascular, muito pouco se conhece a
respeito da patologia venosa; e é provável que, devido a sua diversidade de sinais
e sintomas, mecanismos fisiopatológicos diferentes dos atualmente conhecidos
ainda poderão tornar-se evidentes para explicar distintas apresentações clínicas,
hoje englobadas como uma só doença. O próprio termo Insuficiência venosa
crônica abrange um conjunto de entidades nosológicas, desde varizes primárias do
sistema venoso superficial, até as conseqüências da síndrome pós-flebítica,
representando um universo heterogêneo do termo varizes de membros inferiores
(PHILIPS 2000). Do mesmo modo, a forma atual de se estagiar IVC ainda não
abrange a complexidade da doença e, nos próximos anos, a classificação CEAP
deverá ser aprimorada (CARPENTIER e cols. 2003), com desdobramentos a partir
do melhor entendimento da fisiopatologia da doença venosa crônica e do
desenvolvimento de novas ferramentas de diagnóstico complementar. Com esta
perspectiva, um teste capaz de quantificar a microangiopatia, substrato inicial de
todas as alterações cutâneas da IVC, que se instala gradativamente nestes
pacientes, pode desempenhar um papel promissor no estagiamento e classificação
da doença venosa crônica.
________________________________________________________________________________
Discussão
49
5.2. Imagem Espectral por Polarização Ortogonal
Um novo processo de aquisição de imagens da microcirculação, a
partir do desenvolvimento de uma tecnologia chamada Imagem Espectral por
Polarização Ortogonal, abriu uma perspectiva inteiramente nova na compreensão
do funcionamento e das desordens da microcirculação. A criação do Cytoscan®,
equipamento que utiliza esta nova tecnologia, pela Cytometrics, Inc (Philadelfia,
Pa.,USA) em 1999, vem possibilitando aplicações inéditas no campo da pesquisa e
do diagnóstico clínico. Passados pouco menos de cinco anos desde a sua criação,
um sem número de publicações demonstra o potencial desta tecnologia na área da
pesquisa experimental, mas principalmente na pesquisa e no diagnóstico clínico.
5.2.1. Validação do Método
A necessidade de validação do método estimulou estudos
comparativos com a microscopia intravital, método considerado padrão ouro na
aquisição de imagens de tecidos vivos e especialmente da microcirculação. Já no
final de 1999, no 16º Simpósio em Microcirculação de Bodensee, em Lindau,
discutiu-se a experiência inicial de pesquisadores envolvidos com o método, com
apresentação dos primeiros resultados de validação da nova técnica (HARRIS e
cols. 2000b; LANGER e cols. 2000; LAEMMEL e cols. 2000). Outros trabalhos de
validação se sucederam, comparando a microscopia intravital com o Cytoscan®.
Os parâmetros foram avaliados com os dois métodos em modelos experimentais
estudando neoplasia cutânea (KLITZMAN e cols. 2000; PATHERNIK e cols. 2002),
cicatrização de feridas (LANGER e cols. 2002), doença inflamatória intestinal
(BIBERTHALER e cols. 2001), e retalhos cutâneos (LANGER e cols. 2001a). A
validação dos resultados em humanos foi realizada utilizando-se o leito da prega
________________________________________________________________________________
Discussão
50
ungueal e comparando-se capilaroscopia e Cytoscan® (MATHURA e cols. 2001).
A comparação entre microscopia intravital e Cytoscan® foi testada submetendo
tecidos à isquemia-reperfusão (HARRIS e cols. 2000a), e ainda em situações de
hemodiluição progressiva e baixos hematócritos (HARRIS e cols. 2002) - já que a
leitura dos parâmetros do Cytoscan® é dependente em grande parte do contraste
fornecido pelos eritrócitos. Nos estudos realizados todas as medidas de densidade
vascular (MATHURA e cols. 2001; PATHERNIK e cols. 2002; LANGER e cols.
2001b, 2002; HARRIS e cols. 2002; BIBERTHALER e cols. 2001; velocidade de
fluxo (PATHERNIK e cols. 2002; LANGER e cols. 2002; BIBERTHALER e cols.
2001; HARRIS e cols. 2000b), e diâmetros vasculares (PATHERNIK e cols. 2002;
LANGER e cols. 2002; HARRIS e cols. 2002; BIBERTHALER e cols. 2001;
MATHURA e cols. 2001; HARRIS e cols. 2000b) eram comparáveis e
equivalentes nos dois métodos. Curiosamente, um viés sistemático foi apontado
por vários autores na mensuração dos diâmetros vasculares. As medidas
realizadas pelo Cytoscan® eram sistematicamente menores cerca de 4 a 5 μm
quando comparadas à microscopia intravital. Este fenômeno é facilmente explicado
já que, diferente da microscopia intravital, o Cytoscan® utiliza o contraste da coluna
de eritrócitos para visualizar a luz vascular, enquanto a medida realizada pela
microscopia intravital revela o diâmetro intraluminal do vaso estudado (HARRIS e
cols. 2002). A diferença entre diâmetro da coluna de eritrócitos e as paredes
vasculares é responsável pela distorção identificada.
A literatura nos parece bastante clara, portanto, quanto à
capacidade desta nova tecnologia em quantificar os parâmetros da microcirculação
e a validação do método frente aos padrões atuais. Microscopia intravital e
________________________________________________________________________________
Discussão
51
Cytoscan® são equivalentes e capazes de obter resultados semelhantes na
avaliação da densidade e diâmetros vasculares, e nas medidas de velocidade do
fluxo intraluminal (HARRIS e cols. 2000b; MATHURA e cols. 2001; BIBERTHALER
e cols. 2001; LANGER e cols. 2001b, 2002; HARRIS e cols. 2002; PATHERNIK e
cols. 2002). Resta saber qual a vantagem da nova tecnologia sobre a já conhecida
e bem estudada microscopia intravital.
A microscopia intravital, baseia-se primariamente na microscopia
óptica convencional. Um dos aspectos críticos desta técnica é a necessidade de
iluminação do tecido sob investigação, um fator limitante na utilização do método
especialmente em experimentos in vivo (INTAGLIETTA 2000). Em seres humanos,
a observação da microcirculação fica quase restrita à capilaroscopia de áreas como
a prega ungueal, onde é possível estudar apenas os capilares por epi-iluminação.
Ainda que a utilização de videocâmeras de baixa luminosidade tenha aperfeiçoado
a técnica, a microscopia intravital permanece como instrumento de pesquisa
experimental em animais e ainda de pouca utilidade na pesquisa clínica e no
diagnóstico de pacientes. Outra desvantagem da técnica convencional é o tamanho
do equipamento que inviabiliza sua utilização em outras áreas além de, em
algumas situações, haver necessidade de se lançar mão de contrastes
fluorescentes muitas vezes tóxicos nas concentrações exigidas para a aquisição de
imagens da microcirculação (JÜNGER e BRAUN 2003). Por não necessitar de
material de contraste, e estar disponível em uma sonda óptica de fácil manuseio, o
Cytoscan® possibilitou a produção de trabalhos inéditos nos mais diversos campos
da pesquisa clínica e experimental.
5.2.2. Estudos Experimentais
________________________________________________________________________________
Discussão
52
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Discussão
53
Estes experimentos vêm inovando o estudo da microcirculação in
vivo a partir da tecnologia de imagem espectral por polarização ortogonal. Olivier e
cols. (2003) demonstraram de forma objetiva que o Cytoscan® é capaz de avaliar
mais precisamente a viabilidade de retalhos cutâneos quando comparados ao
exame clínico. A estase microcirculatória observada pelo Cytoscan® é mais
acurada em predizer as zonas de necrose do retalho. Isso representa um campo a
ser explorado pela cirurgia plástica na utilização per-operatória desta tecnologia na
rotação de retalhos pediculados e cirurgias de reconstrução. As diversas áreas da
cirurgia parecem oferecer um campo especialmente atrativo para utilização do
Cytoscan®. A possibilidade de se ter acesso às alterações da microcirculação de
órgãos sólidos de forma instantânea durante o ato cirúrgico sem a necessidade de
ressecções, biópsias ou estudos anátomo-patológicos pode, em tese, revolucionar
o julgamento clínico, a conduta operatória e obviamente os resultados destas
cirurgias. A pesquisa com a tecnologia de Imagem espectral por polarização
ortogonal caminha nesta direção. Além da neurocirurgia, já com experimentos
clínicos sendo desenvolvidos (UHL e cols. 2000,2003; PENNINGS e cols. 2004),
outros estudos experimentais vêm sendo realizados com o intuito de viabilizar os
testes clínicos. Von Dobschuetz e cols. (2003), que analisaram a microcirculação
pancreática de camundongos com pancreatite induzida e após o fenômeno de
isquemia-reperfusão, especulam uma potencial utilização desta técnica em
transplantes de órgãos. De forma semelhante, Langer e cols. (2001b) estudaram a
microcirculação hepática submetida à isquemia-reperfusão comparando-a com a
microscopia intravital e concluindo que a nova tecnologia tem capacidade potencial
de avaliar a microcirculação hepática em humanos. A capacidade de avaliar a
resposta ao tratamento de neoplasias cutâneas foi testada com sucesso por
Pathernik e cols. (2002), ao identificarem a redução da angiogênese tumoral em
modelos de câmara dorsal da pele de hamsters com melanoma e submetidos a
tratamento quimioterápico. Tugtekin e cols. (2000) obtiveram imagens da
microcirculação de mucosa ileal in situ em porcos pela primeira vez com a
utilização desta nova tecnologia e testaram a disfunção microcirculatória das
vilosidades ileais em vigência de acidose. O mérito deste trabalho está na aquisição
de imagens inéditas in vivo e in situ em animais de grande porte com sistemas
vasculares parecidos com o do homem, antes impossível com a microscopia
intravital, antecipando aplicações clínicas diversas para o Cytoscan®.
5.2.3. Estudos Clínicos
Mais surpreendentes são os estudos clínicos que vêm sendo
desenvolvidos. O primeiro uso clínico do Cytoscan® foi descrito por Mathura e Ince.
(2000). Com o propósito de demonstrar o potencial de aplicações clínicas, foram
gravadas imagens durante neurocirurgias, endoscopia retal, em ileostomias e com
a observação da cinética de leucócitos na mucosa sublingual, imagens até então
inéditas da microcirculação in vivo e in situ em humanos. A utilização em
experimentos clínicos vem crescendo rapidamente. Outros artigos têm
demonstrado as alterações de contratilidade arteriolar do córtex cerebral durante
cirurgias (UHL e cols. 2000) de aneurismas e outras lesões patológicas como
hemorragia subaracnoidéia avaliando o efeito direto da hiperventilação e da
hipercapnia (UHL e cols. 2003; PENNINGS e cols. 2004) na microcirculação
cerebral.
Uma área de interesse que vem recebendo atenção especial são
os transtornos da microcirculação relacionados com o choque e suas diversas
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Discussão
54
causas (DE BAKER e cols. 2000; DE BAKER e DUBOIS 2001). De Baker e cols.
(2004) estudaram a mucosa sublingual de 40 pacientes com choque cardiogênico
e, comparando a um grupo controle, demonstraram que a proporção de vasos de
pequeno calibre (menor que 20 micrômetros de diâmetro) é menor nos pacientes
com insuficiência cardíaca e choque cardiogênico, enquanto a perfusão de vasos
maiores se mantém preservada nos dois grupos. A diferença encontrada é ainda
maior no grupo de pacientes que não sobreviveu ao choque, renovando a
especulação de que as alterações de fluxo sangüíneo da microcirculação podem
ser decisivas na instalação e manutenção da falência de múltiplos órgãos, um
possível determinante da irreversibilidade do quadro. Os autores ainda
demonstraram neste experimento que a administração de acetilcolina tópica
reverteu totalmente estas alterações. O mesmo De Baker e cols. (2002)
demonstraram a redução significativa da densidade capilar em 50 pacientes com
sepse, quando comparados a um grupo controle, relacionando seus resultados com
a severidade do quadro clínico e mostrando a reversão das alterações da
microcirculação com o uso de acetilcolina tópica. Do mesmo modo que o trabalho
citado anteriormente, os autores comprovam uma relação direta dos parâmetros
microcirulatórios com a gravidade do quadro clínico.
Estudos clínicos de monitoração hemodinâmica e microcirculatória
com neonatos a termo e pré-termo, correlacionaram débito cardíaco, pressão
arterial, hematócrito e temperatura corporal com velocidade de fluxo vascular e
densidade capilar nestes pequenos pacientes (GENZEL-BOROVICZENY e cols.
2002). Vollebregt e cols. (2001) mostraram a disfunção do reflexo veno-arteriolar na
pré-eclâmpsia na microcirculação nutritiva, mas não nos vasos termo-regulatórios
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Discussão
55
cutâneos, ao comparar os resultados do Cytoscan® com os achados da fluxometria
por laser-doppler. Nadeau e Groner (2001), idealizadores da nova tecnologia, que
originalmente, se propunha avaliar de forma não invasiva o hematócrito e
diagnosticar anemia, argumentam que, por ser totalmente não invasivo, o
Cytoscan® poderia ser utilizado à beira do leito, sem a necessidade de amostras
de sangue, ser repetido com freqüência sem haver prejuízo para o paciente. Os
dados obtidos estariam associados, além do valor numérico do hematócrito, a
informações sobre densidade capilar e status da microcirculação de forma precoce,
em pacientes com quadro clínico instável e sob risco contínuo.
5.2.4. Vantagens do Cytoscan®
Observando-se os trabalhos experimentais e clínicos na literatura
com a tecnologia da imagem espectral por polarização ortogonal, torna-se evidente
a principal vantagem desta tecnologia sobre a microscopia intravital e todos os
outros métodos funcionais de estudo da microcirculação disponíveis na atualidade.
A capacidade de obter imagens in loco de tecidos e órgãos sólidos, e a
possibilidade desta tecnologia ser implementada em uma pequena sonda óptica,
transforma o Cytoscan® em uma poderosa ferramenta para estudo da
microcirculação de locais até então inacessíveis aos métodos convencionais a
exemplo do que já vem sendo feito com estudos em pacientes durante
procedimentos cirúrgicos. No caso de seres humanos, a aplicabilidade do
Cytoscan® é superior à microcopia intravital porque é possível a obtenção de
imagens de capilares, arteríolas e vênulas de forma dinâmica, instantaneamente de
qualquer tecido in loco em pacientes, já que não se limita ao estudo exclusivo de
capilares passíveis de epi-iluminação, em geral, restritos à prega ungueal. Outra
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Discussão
56
vantagem importante do Cytoscan® é a de obter medidas da microcirculação sem a
necessidade de utilização de contrastes fluorescentes tóxicos, como a Fluoresceína
ou a Rhodamina, comumente utilizados em pesquisas experimentais. Estes
contrastes estão relacionados a efeitos colaterais importantes em humanos como
choque anafilático e, portanto, o possível benefício diagnóstico desta metodologia
deve ser levado em consideração com os riscos potenciais associados ao
procedimento na pesquisa clínica (FAGRELL e INTAGLIETTA 1997; JUNGER e
BRAUN 2003).
O que nos parece da maior importância na utilização desta
tecnologia em humanos e, portanto, diferencia e traz superioridade sobre o método
da microscopia intravital convencional é na verdade um somatório de todas as
características expostas acima. O fato de se utilizar uma sonda portátil e obter-se
imagens dinâmicas instantâneas de superfícies de tecidos com a capacidade de
observar com detalhe capilares, vênulas e arteríolas, e quantificar os principais
parâmetros microcirculatórios tais como diâmetros, valores hemodinâmicos e
densidade destes vasos, dá uma perspectiva inédita à pesquisa e ao diagnóstico
clínico. Várias especulações podem ser feitas com a aplicação desta tecnologia no
dia-a-dia da prática médica. É fácil imaginar utilidades para o Cytoscan®: em
diagnósticos per-operatórios, de viabilidade de tecidos em isquemias agudas ou
rotações de retalhos cirúrgicos, no acompanhamento de lesões, processos
cicatriciais, ou de resultados do efeito de determinadas terapêuticas, na
identificação de alterações precoces da microcirculação em várias patologias
estabelecendo prognóstico, e alterando a conduta clínica, como é o caso da
insuficiência venosa crônica.
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Discussão
57
5.2.5. Desvantagens do Cytoscan®
Quando comparamos a tecnologia de imagem espectral por
polarização ortogonal com a capilaroscopia convencional não encontramos
desvantagens com a utilização do novo método. O Cytoscan® pode ser utilizado
nas mesmas situações que a videocapilaroscopia tradicionalmente vem sendo
empregada e ainda em várias outras situações inéditas pela versatilidade do novo
método. No entanto, é importante ressaltar as limitações do método encontradas
durante este trabalho. Da mesma forma que a capilaroscopia, a presença da
camada córnea rica em melanina, representa um limitante importante na aquisição
de imagens da microcirculação cutânea, já que, como foi referido anteriormente, as
semelhanças entre melanina e hemoglobina nas suas características físicas
confundem a visualização dos capilares cutâneos. Quanto mais espessa for a
camada córnea e mais pigmentada, maior será a dificuldade na aquisição de
imagens pelo Cytoscan® e superfícies como a região plantar representam um
desafio para esta nova técnica. Esta limitação só pareceu importante em peles com
grande concentração de melanina com fototipos V e VI da classificação de
Fitzpatrick (1988). Novamente, não há vantagens da capilaroscopia tradicional
neste aspecto, apenas um fator limitante nos dois métodos. Esta mesma
dificuldade não ocorre quando se estudam mucosas, e a imagem obtida a partir
destes tecidos é de alta qualidade, já que não há camada córnea formando uma
barreira inicial ao feixe luminoso do Cytoscan®. Arteríolas e vênulas são facilmente
observadas in loco e de maneira dinâmica com o Cytoscan®.
Outro fator que deve ser levado em consideração e que não
representa propriamente um fator impeditivo, mas desafia o pesquisador a
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Discussão
58
desenvolver estratégias na utilização do método, é que, por se tratar de imagens
com aumentos superiores a 300 X, é preciso buscar precisão e estabilidade entre
sonda e tecido alvo. Embora imagens instantâneas possam ser adquiridas de
maneira simples de qualquer tecido, apenas com o manuseio do equipamento,
gravações dinâmicas por períodos de tempo maiores podem exigir a utilização de
sistemas de fixação e posicionamento da sonda do Cytoscan®. Em especial, as
medidas de velocidade de fluxo vascular podem necessitar deste tipo de suporte e
várias técnicas e equipamentos vêm sendo descritos na literatura (TUGTEKIN e
cols. 2000; LAEMMEL e cols. 2000; UHL e cols. 2003; PENNINGS e cols. 2004; DE
BAKER e cols. 2004). No nosso caso, como será mais bem discutido a seguir, foi
necessário o desenvolvimento de acessórios para a realização do método proposto
com precisão, antes de se iniciar o protocolo de pesquisa.
5.3. Pacientes e Métodos
5.3.1. Pacientes
Foram estudados ao todo 56 indivíduos do sexo feminino, incluindo
12 mulheres que fizeram parte do grupo controle. Os membros inferiores de cada
um dos indivíduos estudados foram considerados separadamente na análise dos
parâmetros, já que não são incomuns classificações diferentes para os dois
membros inferiores em um mesmo paciente.
A seleção dos pacientes foi realizada principalmente a partir do
Ambulatório de Doenças Venosas da Disciplina de Cirurgia Vascular e
Endovascular da Faculdade de Ciências Médicas (Hospital Universitário Pedro
Ernesto – UERJ). Ainda que tenha sido aleatória, um possível viés contido nesta
________________________________________________________________________________
Discussão
59
seleção pode ser a própria origem das pacientes – um ambulatório de hospital
universitário que se caracteriza, em sua maioria, por pacientes com patologias de
maior complexidade. Como não se pretendeu definir dados de prevalência de
nenhuma população como objetivo desta pesquisa, não foi exigido rigor
metodológico na seleção de pacientes. No entanto, as possíveis diferenças
encontradas entre os grupos, quanto aos seus dados demográficos que justifiquem
análise crítica foram abordadas a seguir.
A média de idade dos pacientes foi de 48 anos, com uma faixa
etária que variou entre 28 e 61 anos entre os grupos. No Estudo RELIEF (JANTET
2002), estudando um grupo com faixa etária semelhante, observaram-se médias
maiores relacionadas ao refluxo e a classes mais avançadas da CEAP. Analisando
mais de 3.000 pacientes, encontrou-se uma média de 47,2 anos para aqueles com
refluxo e 43,8 anos para os pacientes sem refluxo ao eco-Doppler. Da mesma
forma, pacientes sintomáticos considerados C0 (sem sinais de IVC, mas com
sintomas) tinham em torno de 40,3 anos contra os 54,2 anos do grupo C4. Não há
diferenças estatísticas entre os grupos estudados, apenas o grupo C5 apresentou
média de 42 anos. A prevalência de varizes cresce linearmente com a idade (DE
BAKER 1997) e seria de se esperar valores ascendentes das médias de idade
entre os pacientes conforme a evolução da CEAP. Em outro estudo multicêntrico
(CARPENTIER e cols. 2003), em 700 pacientes do sexo feminino, a média de
idade encontrada foi de 50 anos. Nesta amostra, as classes de maior participação
foram C2 e C3 com aproximadamente 29 % e 20 % de todos os pacientes. Em
nosso trabalho, o maior número encontrava-se nas classes C1 e C2 com 24,1 % e
23,0 % de todos os pacientes.
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Discussão
60
O tempo de evolução da patologia varicosa variou em torno de 20
a 25 anos, sem diferenças estatísticas entre os grupos. Espera-se que o tempo de
evolução aumente, conforme se avance nas classes clínicas da IVC. O tempo
médio de doença em pacientes sintomáticos considerados C0 foi de 7 anos de
doença, e 18,5 anos para pacientes C4 (CESARONE e cols. 1997). Novamente, o
grupo C5 apresentou diferenças importantes com relação aos outros grupos, com
tempo médio de evolução em torno de 11 anos. Embora todos os grupos
apresentem um desvio padrão considerado grande e, portanto, não representem
uma amostra homogênea, parece evidente que a classe C5 apresenta
características distintas aos outros grupos. Além da faixa etária e do tempo de
evolução menor da doença venosa, outras características demográficas destes
pacientes chamam atenção: informações como multiparidade, uso de
anticoncepcional oral e história de trombose venosa profunda durante a gestação,
obtiveram percentuais menores, considerando o comportamento ascendente
destes fatores de risco de acordo com as classes CEAP neste trabalho.
Apesar das diferenças apontadas nos dados demográficos do
grupo C5, encontramos um “comportamento” esperado deste grupo quando
analisamos os detalhes da classificação CEAP. O envolvimento de veias
perfurantes aumenta conforme as classes CEAP evoluem sendo maior em C5,
estando presente em 81,8 % dos casos nesta classe. Quando comparamos aos
outros grupos, o grupo C5 também é responsável pela maior pontuação do escore
clínico, pelos maiores valores percentuais quanto a presença de obstrução e refluxo
no item “P” da CEAP e junto com a classe C4 apresenta os menores índices de
________________________________________________________________________________
Discussão
61
envolvimento exclusivo do sistema superficial e de etiologia primária como
responsáveis pelo quadro clínico de seus pacientes.
A história familiar de varizes como fator de risco neste estudo
variou entre 66,7 % e 100 % dos casos de acordo com as classes. Na literatura
esta relação é bem conhecida (JANTET 2000, CESARONE e cols. 1997). O risco
de varizes em herdeiros foi calculado por Cesarone e cols. (2002), em um estudo
populacional na Itália, como de 90 % quando ambos os pais são afetados, 20 %
quando nenhum é, e 45 % quando apenas um é afetado, sendo 25 % para o sexo
masculino e 62 % para o feminino. Em outro estudo, Jantet (2002) encontrou
relação entre a história familiar e a presença de refluxo, sendo de 67 % contra 58 %
as taxas de história positiva naqueles pacientes com refluxo e sem refluxo,
respectivamente.
Neste trabalho o refluxo venoso foi a alteração fisiopatológica mais
encontrada entre os pacientes, estando presente em todas as classes em grandes
percentuais. A identificação de obstrução do sistema venoso profundo foi
encontrada apenas nas classes C3, C4 e C5. Curiosamente, não encontramos nem
refluxo nem obstrução em uma parcela significativa dos pacientes C1 (61,9 % dos
casos), mas também em 10 % dos casos de C2 e 5,9 % dos casos de C3. No
estudo RELIEF (JANTET 2000, 2002), um estudo multicêntrico com 3174
pacientes, o refluxo venoso esteve ausente em 57 % dos pacientes.
5.3.2 Metodologia Desenvolvida
O método foi totalmente desenvolvido no Laboratório de Pesquisas
em Microcirculação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, já que não havia
estudos prévios da patologia venosa com esta tecnologia. O exame foi realizado
________________________________________________________________________________
Discussão
62
em um intervalo de tempo pequeno, em torno de no máximo 30 minutos de maneira
relativamente simples, embora necessite de equipamento suplementar. O estudo
da microcirculação cutânea nos membros inferiores através do Cytoscan® foi
possível neste trabalho a partir da padronização da técnica de utilização do
equipamento. Foi necessária a criação de um suporte mecânico motorizado para
fixação da sonda do Cytoscan® e uma plataforma onde foi posvel reproduzir o
local da mensuração dos parâmetros na região perimaleolar, especialmente
importante na avaliação nas medidas de reprodutibilidade do método quando as
mensurações foram repetidas em momentos diferentes em determinados
pacientes.
O suporte desenvolvido possibilitou movimentos nos três eixos da
sonda, além de permitir a sua angulação para que pudesse ficar exatamente
perpendicular às angulações da região perimaleolar. Os eixos do suporte mecânico
possuem controle de movimentos finos, facilitando ainda mais o posicionamento da
sonda no paciente. A plataforma de acrílico onde o paciente colocava o pé, cujo
objetivo é localizar com precisão os pontos acima do maléolo para a aquisição de
imagens, possui réguas nos eixos x e y e as medidas de reprodutibilidade do
método foram feitas a partir da padronização do local de exame na região
perimaleolar. Outros equipamentos para fixação da sonda óptica vêm sendo
desenvolvidos em outros laboratórios e vários artigos que utilizam a tecnologia da
imagem espectral por polarização ortogonal descrevem tais aparelhos (LAEMMEL
e cols. 2000; TUGTEKIN e cols. 2000; UHL e cols. 2003; PENNINGS e cols. 2004;
DE BAKER e cols. 2004). No entanto, o formato da sonda permite a utilização
manual do equipamento e imagens instantâneas podem ser adquiridas desta
________________________________________________________________________________
Discussão
63
maneira simples, limitadas à habilidade do operador. Em realidade, esta é uma
forma simples e ao mesmo tempo poderosa de se obter imagens da
microcirculação de qualquer superfície sem a necessidade de recursos extras e
com uma boa qualidade de informação.
A maior dificuldade técnica do exame com o Cytoscan® diz
respeito às próprias alterações da microcirculação por vários fatores além do
ortostatismo. Com o objetivo de controlar tais fatores, a metodologia exigiu o
repouso padronizado do pacientes 30 minutos antes de iniciar o exame e o controle
da temperatura ambiente em 25 ± 1
o
C. Um dos problemas mais importantes foi a
compressão exercida pela sonda do equipamento. De forma ideal a sonda deve ser
posicionada perpendicularmente à pele do paciente com uma fina camada de óleo
mineral entre a fonte óptica e a superfície cutânea. No entanto, freqüentemente,
durante a acomodação da sonda e obtenção do foco, ocorria uma leve compressão
pelo aparelho, e ainda que leve, poderia comprometer as medidas a serem
realizadas. A solução foi sistematizar a compressão de maneira que, durante todos
os exames, o posicionamento e a focalização da sonda tinham como referência
inicial o desaparecimento do leito capilar através de uma leve compressão da
sonda; a compressão era aliviada até o aparecimento e focalização de todos os
capilares no campo.
No início do projeto, um dos parâmetros a serem analisados seria a
velocidade de fluxo nos capilares observados. Dois obstáculos tornaram a medida
impossível: (1) diferente da capilaroscopia peri-ungueal, onde é possível observar o
capilar com seu formato clássico de grampo de cabelo distribuído por sobre a
matriz ungueal, o campo observado pelo Cytoscan® no maléolo interno mostra
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Discussão
64
capilares dispostos perpendicularmente (o segmento mais visível é a alça capilar)
representando um segmento pequeno ou muitas vezes enovelado, o que dificultava
a medida de forma rotineira; e (2) durante a observação do leito capilar cutâneo,
encontramos uma perfusão heterogênea tanto em pacientes quanto em indivíduos
controle. Em um mesmo campo de exame encontramos capilares sem fluxo,
capilares com velocidades aumentadas ou lentificadas e unidades iniciando ou
interrompendo o fluxo no intervalo de tempo observado, impossibilitando a
padronização de uma medida que representasse de fato a perfusão daquele leito
vascular. Além disso, a própria compressão pela sonda, que foi usada
sistematicamente, ainda que muito superficial, poderia modificar completamente a
regulação do fluxo no leito capilar, mesmo em situações controladas de repouso ou
ortostatismo. Esta heterogeneidade já foi bem demonstrada na literatura (PRIES
1999) e representa uma limitação importante em usar parâmetros vasculares
típicos, como velocidade e fluxo em estudos da microcirculação.
A imagem obtida foi gravada em vídeo-cassete super VHS e suas
imagens foram digitalizadas para obtenção de medidas com o software Capimage
(ZEINTL e cols. 1989). Ainda que houvesse perda de qualidade da imagem inicial
entre o equipamento Cytoscan®, onde a imagem era adquirida de forma
instantânea e dinâmica, e o monitor do computador onde se realizavam as leituras
após as fitas super VHS serem digitalizadas, não houve dificuldade para realizar as
medidas propostas: (1) densidade capilar, (2) morfologia capilar, (3) diâmetros da
papila, (4) da alça e (5) do novelo capilar.
O técnico, que fazia as leituras e realizava as mensurações dos
parâmetros, não tinha nenhum contato com os pacientes nem com seus arquivos.
________________________________________________________________________________
Discussão
65
Ainda assim, após certo treino, ele era capaz de identificar sem grandes
dificuldades pacientes com microangiopatia severa e aqueles sem alterações
significativas no leito capilar analisado.
Apesar de haver sido estabelecido como critério de exclusão
pacientes com fototipo V e VI (FITZPATRICK 1988), pelas razões já discutidas
anteriormente, os indivíduos estudados apresentavam uma gama extensa de tons
de pele com fototipos variados em todos os subgrupos analisados. Isto não
representou um obstáculo importante à leitura das imagens, mas algumas medidas
deixaram de ser realizadas em poucos campos isolados em função da pigmentação
cutânea, seja de origem genética ou como seqüela do processo cicatricial de pele
pós-flebite ou por lipodermatosclerose. Em um país como o nosso, onde a
miscigenação de raças tem origens profundas e encontra-se amplamente difundida
na maioria da população, a metodologia empregada pode ser objeto de crítica ao
não ser capaz de contemplar uma parcela significativa desta população. No
entanto, até o momento, não há tecnologia capaz de superar tais limitações e as
técnicas disponíveis na atualidade não se mostraram superiores à imagem
espectral por polarização ortogonal neste aspecto. Em nossa opinião, esta
tecnologia e a metodologia desenvolvida representam um avanço claro na
aquisição de imagens da microcirculação in vivo e in loco, ainda que, como todo
método, possua limitações.
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Discussão
66
5.4. Resultados das Medidas da Microcirculação
5.4.1. Parâmetros da Microcirculação
5.4.1.1. Densidade Capilar
A densidade capilar encontrada nos indivíduos controle foi de
20,9
+ 6,1 capilares/mm
2
. Este número é semelhante ao encontrado por Jünger e
cols. (2000) (em torno de 26 capilares/mm
2
) e menor que o descrito por
(HASSELBACH e cols. 1986) de 40 capilares/mm2. Em um trabalho recente
Howlader e Smith (2003) encontraram valores ainda menores de densidade capilar
em pacientes com IVC. Estas diferenças podem estar relacionadas à metodologia
utilizada em cada um dos estudos no que tange à temperatura ambiente, repouso
postural e posição durante o exame, cor da pele do indivíduo examinado, entre
outras variáveis. Os dados da literatura deixam clara a dificuldade de se quantificar
as alterações da microcirculação e a ausência de uma metodologia de consenso
para este fim, mesmo em se tratando da contagem de capilares.
As medidas estão praticamente inalteradas nas classes C1 e C2 da
classificação CEAP mas, a partir de C3, o número de capilares cutâneos diminui à
medida que avançam os estágios da IVC, chegando a 12 + 8,2 capilares/mm
2
na
classe C5. Estes dados estão de acordo com os de Jünger e cols. (2000) que
encontram cerca de 18 capilares/mm
2
nos estágios 1 e 2 e algo em torno de 14 a
19 capilares/mm
2
no estágio 3 da Classificação de Widmer
*
. A diferença entre a
densidade capilar de indivíduos controle e pacientes passa a ser significativa
*
Apud JEANNERET C. Varices, Rflux Veineux et Valsalva. Méthodes d’investigation anciennes et nouvelles. Forum Med
Suisse, 28:679-86, 2002
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Discussão
67
apenas nos estágios da CEAP que equivalem ao estágio 3 da classificação de
Widmer (C4 e C5 da CEAP). A queda na densidade capilar é um achado já descrito
e corrobora a teoria de isquemia tissular na gênese da ulceração cutânea, já que a
perda do fluxo sangüíneo nutritivo poderia ser a principal causa do dano tecidual.
De fato, além das medidas realizadas, podemos observar que esta rarefação é
ainda mais severa em áreas com lipodermatosclerose e com atrofia branca.
No entanto, de acordo com os achados deste trabalho, o número
de capilares cutâneos somente sofre diminuição significativa em fases avançadas
da IVC. A densidade capilar isoladamente não nos parece um bom parâmetro para
detecção precoce de alterações tróficas da patologia venosa, embora possa ter um
papel importante na avaliação da perfusão e no prognóstico da cicatrização de
úlceras, ou inversamente, na avaliação do tratamento e do risco de lesões pré-
ulcerosas.
No teste de reprodutibilidade de medidas, o parâmetro Densidade
Capilar apresentou uma variabilidade de 15,3 % no subgrupo de pacientes e de
19,4 % no subgrupo controle. Uma das razões para estes dados é a característica
heterogêna que o leito capilar assume na evolução da IVC. É possível observar
áreas de pele normal e rarefação capilar coexistindo (HASSELBACH e cols. 1986,
LEU e cols. 1995, BOLLINGER e cols. 1997).
5.4.1.2. Morfologia Capilar
A morfologia capilar foi um parâmetro bastante sensível no
diagnóstico da doença venosa crônica. O número de alterações morfológicas
encontradas nos capilares dos pacientes apresenta diferença estatística a partir de
C2 quando comparado ao grupo controle (p=0,028). Este número, expresso como
________________________________________________________________________________
Discussão
68
percentual do número total de capilares, aumenta gradualmente conforme se
avança nos estágios da IVC. Desta maneira, em média, apenas 3,6 % dos
capilares encontrados nos indivíduos controle apresentava alguma alteração
grosseira na sua forma comparado ao grupo C1 com 20 % de capilares alterados,
C2 com aproximadamente 27 %, C3 com 45 %, C4 com 59 % e C5 com 75 %.
Observa-se, a partir destes achados que, na evolução natural da IVC, ocorre a
substituição gradual do padrão clássico em grampo de cabelo pelo formato
conhecido como glomerulus-like (aspecto glomérular) descrito por Burnand e cols.
(1982). Em realidade, conforme a doença avança, ocorre uma rarefação gradual do
leito capilar restando finalmente poucos enovelados capilares hipertrofiados
entrecortados por espaços avasculares. São capilares de tamanho e formas
bizarras, com alças tortuosas e dilatadas, onde é impossível diferenciar-se os
ramos arteriolar e o venular. Uma metodologia criada com o intuito de quantificar
estas aberrações de múltiplas alças e enovelados mostrou uma associação direta
com a gravidade clínica da IVC e é proposta pelos autores como um método
objetivo para quantificar a microangiopatia na DVC (HOWLADER e SMITH 2003).
5.4.1.3. Diâmetro do Novelo Capilar
Estes enovelados vasculares crescem gradualmente de acordo
com a evolução da IVC. O diâmetro do novelo capilar, parâmetro que mediu o
maior diâmetro entre as alças de um único capilar (maior diâmetro de todo o
novelo) é cerca de três vezes maior na classe C5 quando comparado ao grupo
controle. A partir de C3 existe diferença estatística entre controles e pacientes
(p=0,001), no entanto, não há uma progressão clara destes diâmetros e as classes
________________________________________________________________________________
Discussão
69
C1 e C2 apresentam valores semelhantes, sugerindo uma superposição do grau da
microangiopatia nestes grupos de pacientes.
5.4.1.4. Diâmetro da Papila
Outros dois parâmetros foram medidos: o diâmetro da papila
dérmica e o diâmetro da alça capilar. O comportamento da papila é semelhante ao
novelo capilar – tende a hipertrofiar com o tempo e a progressão da doença.
Enquanto as medidas dos controles são em média de 111,4 μm, estes valores
chegam a 223,9 μm na classe C5 e apresentam um aumento gradual em todas as
classes CEAP estudadas. Estas alterações são mais proeminentes em pacientes
com lesões cutâneas da IVC, muitas vezes com seqüelas de erisipelas ou em
portadores de lipodermatosclerose, mas a hipertrofia se instala de forma gradual e
os diâmetros crescem gradativamente com a evolução das classes CEAP. Quando
comparamos estas classes com o grupo controle, observamos diferença estatística
a partir de C3 (p=0,039). A papila dérmica tende a hipertrofiar-se à medida que o
capilar em seu interior torna-se tortuoso e alongado. Segundo Fagrell (1979), em
grande parte, este aumento inicial de tamanho da unidade funcional traduz as
mudanças na qualidade das trocas entre capilar e espaço intersticial com a
formação de um halo pericapilar que seria responsável pelo edema pré-clínico, ou
seja, a primeira evidência da falência dos mecanismos de drenagem mesmo antes
do edema clínico aparecer. Em sua teoria, o aumento do diâmetro da papila
dérmica indica o início do processo inflamatório. Ele sugere ainda que estas
“bolhas” de edema pericapilar, com o paciente em posição supina, poderiam
exercer pressão suficiente para comprimir o vaso e, ao assumir a posição
ortostática, embora os capilares permanecessem abertos, haveria interferência
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Discussão
70
direta da nutrição cutânea onde o edema pericapilar causaria um bloqueio à
passagem de nutrientes a partir do leito capilar.
5.4.1.5. Diâmetro da alça Capilar
Quando comparamos os valores das diversas classes estudadas,
encontramos diferença estatística a partir de C2 (p=0,007). O maior diâmetro das
alças capilares, que corresponde ao ramo venular do clássico modelo de grampo
de cabelo, tem cerca de 8,1 μm em seu maior diâmetro nos indivíduos controle e
estas medidas crescem lentamente até cerca de 11,1 μm nos capilares de
pacientes classe C5. Esta mudança de calibre aparentemente pequena pode
representar um impacto significativo na regulação hemodinâmica do leito capilar por
modificação das forças de cisalhamento e pressão hidrostática intraluminal,
resultando na ativação de células endoteliais com regulação em novos patamares
no metabolismo celular e de diversas proteínas estruturais, moléculas de adesão e
outras enzimas (SHMID-SHÖENBEIN e cols. 2001).
Embora não faça parte dos objetivos deste trabalho, e muito menos
haja consenso na literatura ou dados suficientes para esgotar o assunto, quando
observamos os resultados dos parâmetros analisados e comparamos com as
diversas classes CEAP, é possível especular sobre a seqüência de eventos que
ocorre na microcirculação cutânea nos pacientes com IVC, desde a instalação da
estase e hipertensão venosa até a ulceração típica. A hipertensão hidrostática
mantida se propaga retrogradamente através das vênulas para o leito capilar
reduzindo o gradiente entre as alças arteriolar e venular, gerando estase e redução
da velocidade de fluxo. Estas alterações hemodinâmicas causam inicialmente a
modificação da conformação dos capilares cutâneos, que se tornam
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Discussão
71
progressivamente tortuosos e alargados. Estas alterações não são apenas
histológicas, mas têm caráter funcional afetando as funções homeostáticas do
endotélio capilar, aumentando a permeabilidade vascular. Como conseqüência do
aumento da permeabilidade e da elevada pressão hidrostática ocorre exsudação de
fluido plasmático que favorece o extravasamento de macromoléculas como
fibrinogênio para o espaço intersticial, além da formação do edema.
Diversas teorias têm procurado explicar a fisiopatologia da IVC na
formação da úlcera de perna. Aos poucos, vários aspectos da fisiopatologia vão
sendo elucidados. Muito mais que teorias isoladas, uma série de eventos
interligados, que tem como ambiente a microcirculação cutânea são, em última
análise, responsáveis pela história natural da IVC, uma entidade complexa e
multifatorial.
O leito capilar é, portanto, do nosso ponto de vista, o local onde
todas as teorias convergem. Todos os eventos e teorias que propõe a fisiopatologia
da IVC têm como tema em comum as alterações hemodinâmicas (BELCARO e
cols. 1991) que afetam as funções histoquímicas da microcirculação gerando um
processo inflamatório crônico e, finalmente, destruição do leito capilar nutritivo e
conseqüente lesão trófica. As células endoteliais necessitam de condições de fluxo
fisiológico para exercer suas funções. Alterações de pressão hidrostática e,
principalmente, alterações das forças de cisalhamento vascular são responsáveis
por diferenças importantes de regulação de diversos substratos ativos, como a
síntese de colágeno (SANSILVESTRI-MOREL e cols. 2001), ICAM-1, VCAM-1,
moléculas de adesão leucócito-endotelial tipo 1 (ELAM-1) e o fator de crescimento
do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) (SHMID-SHÖENBEIN e cols.
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Discussão
72
2001). Nicolaides e cols. (1982, 1993) mostraram forte relação entre pressão
venosa ambulatorial e prevalência de úlcera de estase, corroborando as
conseqüências das alterações hemodinâmicas tronculares na evolução da IVC.
São essas forças hemodinâmicas que exercem seus efeitos deletérios sobre a
microcirculação ainda em uma fase precoce sem alterações morfológicas
(CHEATLE e cols. 1991) e acarretam um remodelamento microvascular e
provavelmente macrovascular (JONES e cols. 1999; PORTO e cols. 2002). O
remodelamento do leito vascular, por sua vez, agrava e perpetua a desregulação
endotelial. As alterações histoquímicas que resultam no aumento da deposição de
colágeno na parede venosa e no tecido celular subcutâneo característica da
lipodermatosclerose podem ter como origem outros fatores: fatores hormonais
(MILLER e cols. 1991; VANHOUTTE e cols. 1997); hipóxia (FAGRELL 1979;
BOLLINGER e cols. 1997; BERGAN 1999), fatores metabólicos (PEARSON 1999;
PADBERG e cols. 2003), genéticos (VANHOUTTE e cols. 1997; DIRIDOULLOU e
cols. 2000; NICOLAIDES 2001) e ambientais (VANHOUTTE e cols. 1997).
O edema intersticial resultante da saída de plasma através de
capilares dilatados e tortuosos com permeabilidade aumentada, os manguitos de
fibrina pericapilar que têm origem a partir da ativação do fibrinogênio extravasado
para o tecido intersticial, a disfunção endotelial e a expressão exagerada de
moléculas de adesão causando ativação leucocitária, aprisionamento de leucócitos
na parede endotelial e no interstício, acabam por gerar um processo inflamatório
crônico que se auto perpetua.
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Discussão
73
5.4.2. Índice Microcirculatório
Na amostra estudada, a exemplo da prática clínica, foi possível
reconhecer claramente pacientes com estágios avançados da patologia venosa
crônica, incluídos em sua maioria nas classes C4 e C5 da classificação CEAP e
aqueles pacientes com varizes sem repercussão clínica significativa, geralmente
localizados nas classes C1 e C2. Entre estes dois extremos, encontramos uma
enorme superposição de sinais e sintomas que dificulta o estagiamento adequado
dentro da CEAP. É difícil prever com exatidão o prognóstico de alguns pacientes
com patologias leves baseados única e exclusivamente na clínica e nos exames
complementares disponíveis atualmente. No dia-a-dia da prática médica
encontramos pacientes com apresentações clínicas diversas e sintomatologia
variada. Safenas com refluxo em pacientes assintomáticos, portadores de sintomas
de estase venosa e ausência de varizes, úlceras de perna em pacientes sem
varizes calibrosas, enfim, uma variedade de quadros clínicos ainda desafia o juízo
crítico e a proficiência dos especialistas tanto no diagnóstico específico quanto na
melhor conduta e no prognóstico da patologia. No Estudo de San Valentino
(CESARONE e cols. 1997, 2002), 12 % dos pacientes tinham apenas varizes sem
refluxo venoso, 2 % eram portadores de refluxo, porém sem varizes de membros
inferiores, e ainda, 2 % de pacientes com IVC não tinham refluxo, o que mostra
uma variedade enorme de situações clínicas dentro da chamada doença venosa
crônica.
Segundo Norgren (1997), a avaliação cuidadosa é a única maneira
de oferecer tratamento apropriado e individualizado a cada paciente, mas o exame
clínico não é suficiente na maioria dos casos de IVC, já que não revela o estado
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Discussão
74
funcional do sistema venoso ou da bomba muscular. Outros métodos
complementares são aconselháveis com a intenção de personalizar tal tratamento.
Acreditamos que os achados da microcirculação podem auxiliar
com mais precisão o estagiamento clínico da doença venosa e ter um papel
importante na definição da melhor conduta e do prognóstico correto da IVC,
inclusive como avaliação rotineira das medidas terapêuticas empregadas.
Foi possível constatar, durante a pesquisa e a partir da observação
clínica em estudos anteriores (VIRGINI-MAGALHÃES e cols. 2002), que alguns
pacientes situados pela classificação CEAP em estágios leves da doença varicosa
apresentavam padrões microcirculatórios considerados avançados, e vice-versa,
havendo, portanto em alguns casos incompatibilidade entre CEAP e parâmetros
microcirculatórios. A partir desta impressão clínica surgiu a idéia de classificarem-
se os resultados em três grupos diferentes: (1) pacientes com pouca ou nenhuma
alteração dos parâmetros microcirculatórios avaliados; (2) pacientes com dados
inconclusivos; e (3) pacientes com valores dos parâmetros muito alterados.
Curiosamente, da mesma maneira, o técnico que realizava a leitura das fitas de
vídeo e fazia as medidas da microcirculação, apesar de não ter acesso ao exame
físico nem à classificação CEAP de cada paciente, depois de algum treinamento
era capaz de classificar os achados da microcirculação em leves, inconclusivos e
graves.
Baseados nesta idéia, e na premissa de que a Classificação CEAP
não é capaz de definir de forma conclusiva a terapêutica e o prognóstico, é que
sugerimos uma classificação com o objetivo de reunir as informações dos
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Discussão
75
parâmetros microcirculatórios e sugerimos um índice que traduza os achados da
microcirculação cutânea e se relacione com a IVC.
É através do estudo deste grupo intermediário, e daqueles
pacientes onde quadro clínico e parâmetros da microcirculação não são
exatamente coincidentes, que surge a possibilidade de antever o prognóstico e
identificar a terapêutica mais adequada, e aqueles que podem se beneficiar da
terapêutica mais precocemente.
Partindo do que já foi discutido acima, que é possível definir três
grandes grupos na patologia venosa, ainda que haja uma importante superposição
de apresentações clínicas, idealizamos uma pontuação que leva em conta as
medidas de todos os parâmetros microcirculatórios estudados neste trabalho.
Baseados nesta pontuação, elaboramos um índice que chamamos de Índice
Microcirculatório (IM) e classificamos os achados da microcirculação como grau I
(microcirculação normal), grau II (microangiopatia moderada) e grau III
(microangiopatia severa). As medidas de cada um dos parâmetros foram
separadas em três escores, baseados em sua distribuição no intervalo do quartil da
amostra . Foram incluídos, na amostra para a elaboração do IM, todos os
indivíduos controle, já que se pretendia com isso representar valores normais para
considerar como grau I a microcirculação normal. Ao utilizar o grupo controle como
parte da amostra na construção do IM, asseguramos os padrões de normalidade
dentro da distribuição dos valores de cada um dos parâmetros.
Quando comparamos os índices obtidos e os dados clínicos de
cada paciente, como era de se esperar, encontramos uma boa correlação entre
quadro clínico e microangiopatia. A imensa maioria de pacientes considerados
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Discussão
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como grau I era assintomática (93,1 %) e nenhum destes pacientes teve escore
clínico maior que quatro. Os pacientes classificados como portadores de
microangiopatia moderada (grau II) eram em sua maioria sintomáticos (75 %), mas
apenas 8,3 % tinham escore clínico maior que quatro. Embora os sintomas e sinais
estivessem presentes neste grupo, apenas um pequeno número de pacientes
exibia gravidade da patologia e cerca de um quarto de pacientes eram
assintomáticos. Aqueles com microangiopatia severa eram sintomáticos em sua
maioria (90,3 %) e cerca de metade apresentava escore clínico maior que quatro.
Ainda assim, pouco menos que 10 % destes pacientes eram assintomáticos.
Ao correlacionar os índices obtidos e o estagiamento segundo a
classificação CEAP, encontramos os 25 controles (C0), uma paciente C1, uma
paciente C2, uma paciente C3 e uma paciente C4 dentro do grau I (microcirculação
normal). No grau II, encontramos a maioria das pacientes C1 (n=14), C2 (n=10), e
ainda cinco pacientes C4 e dois pacientes C5. Finalmente com grau III
encontramos apenas dois casos C1, seis da classe C2, oito casos C3, 12 em C4 e
quatro em C5). O índice Microcirculatório mostrou boa equivalência com a
classificação CEAP, mas algumas pacientes claramente apresentaram perfil
diferente quando comparados com a CEAP. Como exemplo, podemos mencionar
as duas pacientes da classe C1 e seis pacientes da classe C2 situados como
microangiopatia grau II pelo Índice Microcirculatório. Do mesmo, modo
encontramos uma paciente classe C4 e outra classe C3 posicionadas como grau I
do índice. Foi possível constatar, portanto, que algumas pacientes situadas pela
classificação CEAP em estágios leves da doença varicosa apresentavam padrões
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Discussão
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microcirculatórios considerados avançados, e vice-versa, havendo em alguns casos
divergência entre quadro clínico e parâmetros microcirculatórios.
Apesar dos dados sobre a microangiopatia na IVC não serem
novos, existem muito poucos relatos na literatura apresentando medidas
quantitativas da microcirculação cutânea na IVC no sentido de estagiar a doença
venosa crônica (HASSELBACH e cols. 1986; JÜNGER e cols. 2000; HOWLADER
e SMITH 2003). A maioria dos trabalhos relata apenas as mudanças qualitativas do
leito capilar cutâneo encontradas nos estágios avançados da IVC, porém não
sugere dados objetivos de evolução da microangiopatia de acordo com o
agravamento da doença (FAGRELL 1981, BOLLINGER e cols. 1997, CESARONE
e cols. 2001b). Recentemente, Jünger e cols. (2000), utilizando o microscópio de
Bollinger
(1983) e baseando-se na classificação de Widmer, procuraram
quantificar a densidade e a morfologia capilar nas diversas classes da IVC.
Correlacionando vários aspectos da IVC, eles demonstraram que a microangiopatia
antecede as alterações tróficas cutâneas e, mesmo em áreas com condições
normais de trofismo da pele, é possível identificar alterações morfológicas dos
capilares nutritivos, um sinal precoce dos distúrbios de perfusão cutânea.
Apesar de progressos inegáveis na genética e na biologia
molecular, o impacto destes avanços tem sido visto com muito ceticismo. Esta
situação sugere a necessidade de uma ponte que promova a aproximação entre o
mundo macroscópico representado por órgãos, pacientes e populações e outro
microscópico, dominado por células, componentes celulares e material genético.
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Discussão
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Apud Junger 2000 (Bollinger A., Franzeck U., Jäger K. Quantitative capillaroscopy in man using fluorescence videomicroscopy.
Prog Appl Microcir, 3:97-118, 1983)
Esta ligação entre a escala macroscópica e a escala molecular no desenvolvimento
da biologia humana, na opinião de Fagrell e Intaglietta (1997), é representada pela
microcirculação. A microcirculação representa a menor unidade funcional do
sistema cardiovascular, onde a interação entre sangue e tecidos cria o ambiente
necessário para a função celular. Especulamos neste trabalho a possibilidade de
uma nova tecnologia vir a fazer parte da prática clínica como método complementar
explorando esta área ainda tão pouco conhecida de cirurgiões e angiologistas.
Desta forma, a investigação da microcirculação em pacientes com
IVC, em grande parte, se restringe à pesquisa científica e ainda não trouxe
benefícios consistentes para a prática clínica. Em verdade, a dificuldade de se
estudar tais fenômenos pela falta de uma metodologia adequada para a aplicação
em humanos, deixa evidente o potencial da tecnologia de imagem espectral por
polarização ortogonal para desenvolver novos caminhos na compreensão da
insuficiência venosa crônica.
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Discussão
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Conclusões
80
6. CONCLUSÕES
Foi possível quantificar de forma objetiva o grau da microangiopatia através
dos parâmetros estudados com o Cytoscan® e comparar as alterações da
microcirculação na IVC com um grupo controle.
Dois parâmetros figuraram como os mais importantes em identificar diferenças
entre pacientes e controles nas fases iniciais da classificação CEAP: a morfologia
capilar e o diâmetro da alça capilar.
A rarefação capilar, medida através do parâmetro densidade capilar, parece
ser o último evento da microangiopatia na IVC, só identificável em estágios
avançados da doença na classificação CEAP.
O índice microcirculatório sugerido neste trabalho obteve boa correlação com
a classificação CEAP, mas seu impacto na identificação de valores prognósticos da
doença venosa crônica ainda depende de sua aplicação e avaliação em caráter
prospectivo.
________________________________________________________________________________
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Referências Bibliográficas
96
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Anexos
ANEXOS
97
Anexo 1
__________________________________________________________________________
Anexos
CLASSIFICAÇÃO CEAP
O sistema CEAP (PORTER 1995; BEEBE e cols. 1996,
NICOLAIDES e AD HOC COMITEE 1997) é baseado em 4 ítens que formam a
sigla que dá nome à classificação: “C” de classe clínica (tabela A), ”E” de Etiologia
(tabela B), “A” de Anatomia (tabela C) e “P” de fisiopatologia da palavra inglesa
pathophysiology (tabela D). A tabela E mostra o Escore Clínico também utilizado
pela classificação CEAP para quantificar o grau de severidade clínica.
Tabela A: Classificação Clínica “C”*
Classe Descrição
Ausência de sinais de doença venosa, à inspeção ou palpação
C
0
Telangiectasias ou veias reticulares**
C
1
Veias varicosas***
C
2
Edema
C
3
Alterações cutâneas associadas à doença venosa (ex. hiperpigmentação, eczema,
dermatofibrose)
C
4
Alterações cutâneas definidas acima associadas à presença de úlcera cicatrizada
C
5
Alterações cutâneas definidas acima associadas à presença de úlcera ativa
C
6
* A presença ou ausência de sintomas (dor, câimbras, sensação de peso, etc) deve ser referida com a letra
a (assintomático) ou s (sintomático) complementando a classificação clínica;
** Telangiectasias são consideradas vênulas intradérmicas dilatadas com diâmetro até 1 mm e veias
reticulares são vasos subdérmicas dilatados de até 4 mm de diâmetro, não palpáveis;
*** Vasos dilatados e palpáveis do subcutâneo, geralmente com mais de 4 mm.
Tabela B: Classificação Etiológica “E”
E
C
congênita;
98
Anexo 1
primária (causa indeterminada); E
P
secundária (pós-trombótica, pós-traumática, outras). E
S
Tabela C: Classificação Anatômica “A”
Segmento Classificação
Veias Superficiais (A
S
)
1 Telangiectasias; veias reticulares
Safena interna
2 acima do joelho
3 abaixo do joelho
4 Safena externa
5 Veias não relacionadas às safenas
Veias Profundas (A
D
)
6 Cava inferior
Iilíaca
7 Comum
8 Interna
9 Externa
10 Veias pélvicas/gonadal
Femoral
11 Comum
12 Profunda
13 Superficial
14 Poplítea
15 Tibiais e fibulares
16 Musculares
Veias Perfurantes (A
P
)
17 Perfurantes de coxa
18 Perfurantes de perna
__________________________________________________________________________
Anexos
99
Anexo 1
Tabela D: Classificação Fisiopatológica “P”
P
R
Refluxo
P
O
Obstrução
Refluxo e obstrução
P
R,O
Tabela E. Escore Clínico
Grau
Sinal/Sintoma
0 1 2
Dor
Ausente
Moderada
(sem analgésico)
Severa
(com analgésico)
Edema
Ausente Leve/moderado Severo
Claudicação
Ausente Leve/moderada Severa
Pigmentação
Ausente Localizada Extensa
Dermatofibrose
Ausente Localizada Extensa
Úlcera
Ausente
Diâmetro
Ausente < 2 cm > 2 cm
Duração
Ausente < 3 meses > 3 meses
Recidiva
Ausente uma vez mais vezes
Número
Ausente Única Múltiplas
O Escore Clínico é obtido pela soma dos sinais e sintomas apresentados.
__________________________________________________________________________
Anexos
100
ANEXO 2
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO BIOMÉDICO - HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO
LABORATÓRIO DE PESQUISA EM MICROCIRVULAÇÃO / DISCIPLINA
DE CIRURGIA VASCULAR
__________________________________________________________________________
Anexos
101
PROTOCOLO DE INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA
CADASTRO
NOME MATRÍCULA
DATA DO CADASTRO IDADE DATA NASCIMENTO SEXO
COR PROFISSÃO NACIONALIDADE/NATURAL
ENDEREÇO
BAIRRO CIDADE CEP
TEL 1 TEL 2 TEL 3
OBS.
HISTÓRIA VASCULAR ATUAL (QP E HDA)
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
HISTÓRIA PATOLÓGICA PREGRESSA
1. ALERGIAS SIM NÃO
2. CIRURGIAS SIM NÃO
3. GESTA SIM NÃO
4. ABORTO SIM NÃO
5. FLEBITE SUP. SIM NÃO
6. TVP SIM NÃO
7. HAS SIM NÃO
8. ANGINA SIM NÃO
9. ARRITMIA SIM NÃO
10. ICC SIM NÃO
11. IAM SIM NÃO
12. DPOC SIM NÃO
13. OBESIDADE SIM NÃO
14. DIABETES SIM NÃO
15. INSUF. ARTERIAL SIM NÃO
16. ARTRITE SIM NÃO
17. COLAGENOSES SIM NÃO
18. TUBERCULOSE SIM NÃO
19. INFECÇÕES SIM NÃO
20. OUTROS HPP SIM NÃO
OBSERVAÇÕES DA HPP: ________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
ANEXO 2
HISTÓRIA FAMILIAR
DIABETES SIM NÃO HIPERTENSÃO SIM NÃO
DÇA VASCULAR SIM NÃO OUTROS SIM NÃO
Obs. ___________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
HISTÓRIA SOCIAL
TABAGISMO SIM NÃO ___________________________________________________
USO DE DROGAS SIM NÃO ____________________________________________________
ETILISMO SIM NÃO ____________________________________________________
EDUCAÇÃO: ANALFABETO 1
O
GRAU 2
O
GRAU SUPERIOR
OCUPAÇÃO: DO LAR APOSENTADO PROFISSÃO:________________________________
HISTÓRIA GINECOLÓGICA
GESTA: PARA: CESÁREAS: PARTO NORMAL: ABORTOS:
__________________________________________________________________________
Anexos
102
DOR NOS MIS SIM NÃO
APARECIMENTO DE VARIZES SIM NÃO
SINAIS E SINTOMAS NA GESTAÇÃO
EDEMA DE MIS SIM NÃO
TVP SIM NÃO
EVOLUÇÃO DO PUERPÉRIO:
USO DE HORMÔNIOS: SIM NÃO NOME/TEMPO DE USO:
AUMENTO DAS MAMAS SIM NÃO
EDEMA DE MIS SIM NÃO
SINTOMAS NOS MIS SIM NÃO
PERÍODO MENSTRUAL
MENOPAUSA
PIORA DOS SINTOMAS SIM NÃO
PIORA DAS VARIZES SIM NÃO
OBSERVAÇÕES:
ANEXO 2
TRATAMENTO CLÍNICO
USO DE MEIAS NUNCA ESPORADICAMENTE REGULARMENTE SEMPRE
TIPO DE MEIA:
USO DE FLEBOTRÓPICOS NUNCA ESPORADICAMENTE REGULARMENTE
USO CONTÍNUO NOME COMERCIAL:
EFEITO S/ EFEITO POUCA MELHORA MELHRA MUITO EXCELENTE
USO DE POMADAS/CREMES: NUNCA ESPORADICAMENTE REGULARMENTE
SEMPRE NOME COMERCIAL:
ELEVAÇÃO DO MIS NUNCA ESPORADICAMENTE REGULARMENTE
SEMPRE CALÇOS NOS PÉS DA CAMA
USO DE ATADURAS NUNCA ESPORADICAMENTE REGULARMENTE SEMPRE
VISITA MÉDICA NUNCA ESPORADICAMENTE REGULARMENTE SEMPRE
ESCLEROTERAPIA NUNCA ESPORADICAMENTE REGULARMENTE SEMPRE
IMPRESSÃO:
JÁ FOI SUBMETIDO À CIRURGIA SIM NÃO
CIRURGIA DE VARIZES (RESULTADO CIRÚRGICO)
CIRURGIAS (NÚMERO/DATAS):
CIRURGIA (DATA/ANESTESIA/INDICAÇÃO)
ÚLTIMASCIRURGIAS
CIRURGIA (DATA/ANESTESIA/INDICAÇÃO)
PARESTESIA
__________________________________________________________________________
Anexos
103
EDEMA
RESULTADOS
VARIZES RECIDIVADAS
DUPLEX- SCAN:_________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
ANEXO 2
EXAME FÍSICO (VENOSO)
Descrever o exame venoso de cada membro separadamente detalhando os ítens abaixo.
Numerar e descrever cada item utilizando as palavras e siglas padronizadas sempre que
possível.
ÍTENS PADRONIZAÇÃO DA DESCRIÇÃO
1. SAF. INTERNA
2. SAF. EXTERNA
3. COLATERAIS
4. PERFURANTES
5. MICROVARIZES
6. PIGMENTAÇÃO
7. EDEMA/LINFEDEMA
8. LIPODERMAT.
9. ÚLCERA
LOCALIZAÇÃO =1/3 INF. 1/3 MED. 1/3 SUP. COXA/PERNA/PANTURRILHA/POPLÍTEA
TRAJETO DE SAFENA FACE INTERNA/EXTERNA
ASPECTO Ñ PALPÁVEL - NORMAL – TENSA - INSUFICIENTE – VARICOSA -
TROMBOSADA PNA/MÉDIA/GRANDE CALIBRE TRAJETO DE SAFENA/ DIFUSAS
PERNA/COXA
MICROVARIZES AGRUPADAS/DIFUSAS PERFURANTES LOCALIZAÇÃO
PIGMENTAÇÃO LEVE – MODERADA – ACENTUADA GRAU E LOCALIZAÇÃO
ÚLCERA NÚMERO – TEMPO – DOR LOCAL – CICATRIZ - TAMANHO
EDEMA SIM – NÃO EXTENSÃO CACIFO/DURO PERMANENTE/VESPERTINO
LIPODERMAT. SIM – NÃO LOCALIZADA/DIFUSA DOLOROSA CICATRICIAL
LINFEDEMA SIM – NÃO LOCALIZAÇÃO
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Anexos
104
ANEXO 2
RESUMO: _______________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
SCORE CLÍNICO
M I D M I E
DOR 0=SEM DOR 1=MODERADA (NÃO REQUER ANALGÉSICOS ) 2=SEVERA( REQUER
ANLAGÉSICOS)
EDEMA 0 = NÃO TEM 1 = LEVE A MODERADO 2 = SEVERO
CLAUDICAÇÃO VENOSA 0 = NÃO 1 = LEVE A MODERADA 2 = SEVERA
PIGMENTAÇÃO 0 = NÃO TEM 1 = LOCALIZADA 2 = EXTENSA
LIPODERMATOSCLEROSE 0 = NÃO TEM 1 = LOCALIZADA 2 = EXTENSA
ÚLCERA-TAMANHO 0 = NÃO TEM 1 = MENOR QUE 2 cm 2 = MAIOR QUE 2 cm
ÚLCERA-RECORRÊNCIA 0 = NÃO TEVE 1 = UMA VEZ 2 = MAIS DE UMA VEZ
ÚLCERA-NÚMERO 0 = NÃO TEM 1 = ÚNICA 2 = MÚLTIMPLA
SCORE CLÍNICO TOTAL
CLASSIFICAÇÃO CEAP
M I D M I E
C
1 – microvarizes
2 – varizes
3 – edema
4 – alt. Pele
5 – úlcera cicatrizada
6 – úlcera ativa
Assintomático
Sintomático
1 – microvarizes
2 – varizes
3 – edema
4 – alt. Pele
5 – úlcera cicatrizada
6 – úlcera ativa
Assintomático
Sintomático
E
Congênito Primário Secundário Congênito Primário Secundário
A
Superficial Deep Perfurantes Superficial Deep Perfurantes
P
Refluxo Obstrução RO
(ambas)
Refluxo Obstrução RO (ambas)
MID = MIE =
AVALIADO POR: DATA: ___/___/___
__________________________________________________________________________
Anexos
105
ANEXO 3
PROTOCOLO CLÍNICO PARA ESTUDO DA MICROCIRCULAÇÃO NA
INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA
Termo de consentimento livre e esclarecido para participação em Estudo Clínico
INVESTIGADOR:
Nome: CARLOS EDUARDO VIRGINI MAGALHÃES
Local de estudo:
Laboratório de Pesquisas em Microcirculação (LPM-UERJ)
Endereço:
Rua São Francisco Xavier 524, Maracanã, RJ
Telefone: (021) 2587-7771
Este termo de consentimento pode conter palavras que você não entenda. Por favor,
pergunte ao seu médico do estudo ou à equipe do estudo a respeito de quaisquer palavras ou informações que
você não entenda claramente.
Você receberá uma cópia deste termo de consentimento para seu registro.
Introdução e Objetivos
Você está sendo solicitado a participar de um estudo clínico. Este estudo envolve pesquisa.
O objetivo desta pesquisa é avaliar a microcirculação na insuficiência venosa crônica (varizes crônicas).
Descrição do Estudo
Trata-se de um estudo em pacientes com Insuficiência Venosa Crônica nos Membros
Inferiores. O estudo incluirá duas avaliações. Os pacientes deverão comparecer ao local do exame pela
manhã e serão examinados, utilizando-se dois aparelhos: o Cytoscan® e o duplex scan colorido (ultra-
sonografia vascular), a fim de avaliarmos a microcirculação e as veias tronculares dos membros inferiores,
respectivamente.
Riscos ou Desconfortos
Esses exames (ultra-sonografia vascular e Cytoscan®) não apresentam riscos para a saúde
ou desconfortos (efeitos colaterais).
Benefícios
Você não terá gastos pelos exames realizados como parte do estudo. A informação obtida
através de sua participação no estudo poderá trazer benefícios a você, a longo prazo, e a outros pacientes com
condições semelhantes à sua.
Confidencialidade
As informações que foram obtidas deste estudo, incluindo registros clínicos e/ou
hospitalares, serão tratadas como sendo privilegiadas e confidenciais e não serão liberadas ou reveladas a
qualquer pessoa sem o seu consentimento escrito, exceto ao seu médico ou alguém designado por ele e o
Comitê de Ética da Instituição responsável por este estudo.
__________________________________________________________________________
Anexos
106
ANEXO 3
Participação Voluntária/Retirada
A sua participação nesse estudo é voluntária. Você pode recusar-se a participar ou parar de
participar desse estudo em qualquer momento. A sua decisão de não participar do estudo não afetará a sua
assistência médica atual ou futura ou qualquer benefício que tenha recebido nesse local. O médico do estudo
pode interromper a sua participação a qualquer momento, se decidir que é o melhor para o seu interesse. Ele
também poderá fazer isso, se você não seguir as instruções para a realização do estudo.
Novos Achados
Você será comunicado, assim que a informação estiver disponível, sobre qualquer novo
achado significativo registrado no decorrer deste estudo, que possa eventualmente influenciar seu desejo de
continuar no estudo.
Consentimento do Paciente
Li e entendi as informações procedentes descrevendo esse estudo e todas as minhas dúvidas
em relação ao estudo e à minha participação nele foram respondidas satisfatoriamente. Dou livremente meu
consentimento em participar do estudo até que decida pelo contrário. Autorizo a liberação dos meus registros
para o médico do estudo e demais órgãos autorizados por ele.
Assinando este termo de consentimento, concordo em participar desse estudo e não abro
mão, na condição de participante de um estudo de pesquisa, de nenhum dos direitos legais que eu teria de
outra forma.
_____________________________ _____________________ ___/___/____
Nome do Paciente Assinatura do Paciente Data
_____________________________ _______________________ ___/___/___
Nome da Testemunha Assinatura da Testemunha Data
(letra de forma)
O paciente acima mencionado recebeu todas as informações sobre o estudo.
_____________________________ ________________________ ___/___/____
Nome do Invetigador Assinatura do Investigador Data
(letra de forma)
__________________________________________________________________________
Anexos
107
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