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UNIVERSIDADEFEDERALDORIOGRANDEDOSUL
INSTITUTODECIÊNCIASBÁSICASDASAÚDE
PROGRAMADEPÓSGRADUAÇÃO EMCIÊNCIASBIOLÓGICAS:NEUROCIÊNCIAS
ESTUDODOCOMPORTAMENTONOCICEPTIVO,PORMEIODOSREFLEXOSDE
AUTOLIMPEZAERETIRADADACAUDA,EMMODELODEATIVA ÇÃOPERIFÉRICAE
SISTÊMICADEVIASTRIGEMINAIS
AlexandredaSilveiraPerla
Julhode2007
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Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
UNIVERSIDADEFEDERALDORIOGRANDEDOSUL
INSTITUTODECIÊNCIASBÁSICASDASAÚDE
PROGRAMADEPÓSGRADUAÇÃO EMCIÊNCIASBIOLÓGICAS:NEUROCIÊNCIAS
ESTUDODOCOMPORTAMENTONOCICEPTIVO,PORMEIODOSREFLEXOSDE
AUTOLIMPEZAERETIRADADACAUDA,EMMODELODEATIVA ÇÃOPERIFÉRICAE
SISTÊMICADEVIASTRIGEMINAIS
ALEXANDREDASILVEIRAPERLA
Orientação:PROFA.DRA.MARIABEATRIZCARDOSOFERREIRA
Coorientação:PROFA.DRA.MATILDEACHAVALELENA
DissertaçãoapresentadaaoProgramadePósgraduaçãoemCiênciasBiológicas:
NeurociênciasdaUniversidadeFederal doRioGrandedoSul,comorequisitoparcialparaa
obtençãodotítulodeMestre
nareferidaárea.
Julhode2007
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3
DedicoestaDissertaçãoaminhaesposaDéboraeaosmeusamadosfilhos
GabrieleRafael.
4
Na vida, não existe o caminho certo, nem o
errado. sempre dois caminhos a seguir, o mais
simpleseomaiscomplexo.Dependedoquesequeira
aprender.Ofinalésempreomesmo!
5

AGRADECIMENTOS
AoPaimaior,quemeproporcionoumaisumaopçãodeaprendizadonessaexistência.
À minha eterna companheira, Débora Fortes Meirelles, pelo amor incondicional,
companheira de todas as horas, que sempre me incentivou e participou da minha vida em
todososmomentos.
Aos meus filhos amados, Gabriel e Rafael,
meus anjos, por existirem e serem minha
fontedeinspiração.
Aosmeuspais CarloseFrancisca,porteremmeensinadooverdadeirosignificadodas
palavrastrabalho,respeito,dignidadeeéticaequetudoépossívelquandosetemumsonho.
À minha querida amiga e orientadora Professora Maria Beatriz, pelos
ensinamentos,
pelapaciência,pelaamizade,incentivo,confiança,portermeensinadoqueumcaminhodifícil
podeserpercorridosemsofrimento.
À querida Professora Matilde Achaval, minha coorientadora, pela amizade e
ensinamentosdespendidos.
Aos meus queridos amigos Dr. Nelson Aspese e Cassandra Borges, pelo apoio e
amizadenashorasmaisdifíceis.
À Professora Liselotte Menke Barea, além de agradecimento, meu mais profundo
respeitoporminhaformaçãodequalidadenaáreadeestudodascefaléias.
AoscolegasdolaboratóriodeNeurobiologia da Dor,especialmente a Joana, Luciane,
GiovanaeLauren,pelaamizade,companheirismoeauxílionosexperimentos.
Aos colegas do Laboratório de
Histofisiologia Comparada, especialmante a Jocemar,
PatríciaeRafaela,PaulaeÉricapelaamizadeeauxílionosexperimentos.
Aosmeuscolegasmédicosepacientes,pelapaciênciaecompreensãopelasvezesque
deixeideladooexercíciodamedicinaparafazerosexperimentosdessadissertação.
À Universidade Fe deral do Rio Grande do Sul,
pelo ensino de excelência que me foi
oferecidoduranteagraduaçãoeapósgraduação.
6
AoServiçodeNeurologia doComplexoHospitalarSantaCasaeFFFCMPA,napessoado
ProfessorLuisNelsonFernandes,porminhaformaçãoemNeurologia.
AoServiçodeNeurologiadoHospitaldeClínicasdePortoAlegre,quemeacolheueme
proporcionoucoordenaroAmbulatóriodeCefaléias.
Aosamigos,colegasefuncionáriosdo
DepartamentodeFarmacologia,especialmente
àIedaeàCláudia.
AosProfessoreseFuncionáriosdoProgramadePósGraduaçãoemNe urociências,pela
formaçãoproporcionada.
7
ÍNDICE
Listadeabreviaturas
09
Listadetabelas
11
Listadefiguras
12
Resumo
16
Abstract
17
Introdução
18
1. Nocicepção
20
2. Modulaçãodador
24
3. Dorescefálicas
29
4. Processoinflamatóriovascularneurogênico
31
5. Fisiopatogeniadasdorescefálicas
32
6. Dorcefálicaeóxidonítrico
38
7. Tratamentodasdorescefálicas
41
8. Modelosexperimentaisparaoestudodascefaléias
42
8.1. Modelosvascularesinvivoparaestudosfarmacológicos
44
8.2. Modelosvascularesinvitroparaestudosfarmacológicos
46
8.3. Modelosneurovascularesparaestudosfarmacológicos
46
9. Modeloneurovasculardeativaçãotrigeminalporadministraçãode
nitroglicerina,porviasistêmica
47
10. Dororofacialinduzidaporformalinasubcutânea
48
Objetivos
52
1. Objetivogeral
53
2. Objetivosespecíficos
53
Materialemétodos
54
8
1. Animaisexperimentais
55
2. Avaliaçõescomportamentais
55
2.1. Observaçãoemcampoaberto
55
2.2. Avaliaçãodoreflexoderetiradadacauda(tailflick)
57
2.3. Nocicepçãoorofacialinduzidapelaadministraçãosubcutâneade
formalina
59
2.4. Modeloneurovasculardeativaçãotrigeminalporadministração
sistêmicadenitroglicerina
60
3. Tratamentosfarmacológicos
61
4. Análiseestatística
61
5. Aspectoséticos
62
Resultados
63
Experimento 1: Avaliação de parâmetros comportamentais e resposta nociceptiva em
ratossubmetidosamodelodedororofacialinduzidaporformalinasubcutânea.
64
Experimento 2: Avaliação do padrão temporal do reflexo de autolimpeza (grooming)
comomedidaindicativadenocicepçãoemratossubmetidosamodelodedororofacial
induzidaporformalina
subcutânea.
71
Experimento3:Perfildoreflexoderetiradadacauda(tailflicklatency)edoreflexode
autolimpeza(grooming)apósaadministraçãosistêmicadenitroglicerinacomomodelo
experimentaldecefaléia.
78
Experimento4:Avaliaçãodomodelodedororofacialinduzidapela formalinaassociado
aomodeloexperimentaldecefaléia,induzidopelousosistêmicodenitroglicerina.
83
Discussão
104
Conclusões
135
9
Perspectivas 139
ReferênciasBibliográficas
142
10
LISTADEABREVIATURAS
AAV:anastomosesarteriovenosascranianas
Ach:acetilcolina
ANOVA:análisedevariância
ATP:adenosinatrifosfato
CGRP:peptídeorelacionadoaogenedacalcitonina
CIOMS: Conselho para Organizações Internacionais de Ciências Médicas (Council for
InternationalOrganizationsofMedicalScienceseminglês)
Cl
:cloro
cm:centímetro(s)
COBEA:ColégioBrasileirodeExperimentaçãoAnimal
CREAL:CentrodeReproduçãodeAnimaisdeLaboratório
DPM:desviopadrãodamédia
g:grama(s)
GABA:ácidogamaaminobutírico
GMPc:guanosinamonofosfatada clica
GTP:guanosinatrifosfatada
h:hora(s)
5HT:serotonina
IASP:AssociaçãoInternacionalparaoEstudodaDor(InternationalAssociationforthe
StudyofPaineminglês)
IHS:InternationalHeadacheSociety
ILAR:InstitutodePesquisasemAnimaisdeLaboratório (InstituteofLaboratoryAnimal
Resourceseminglês)
i.p.:intraperitoneal
11
kg:quilograma
mA:miliampére(s)
mg:miligrama(s)
min:minuto(s)
ml:mililitro(s)
mm:milímetro(s)
NA:noradrenalina
NaCl:cloretodesódio
NANC:nonadrenergic,nonconcholinergicneurotransmitters
NCT:núcleocaudaldotrigêmeo
NKA:neuroquininaA
NMDA:NmetilDaspartato
NO:óxidonítrico
NOS:óxidonítricosintase(nitricoxidesynthaseouNOS,eminglês)
NPY:neuropeptídeoY
NTG:nitroglicerina
PACAP:pituitareadenylatecyclaseactivatingpeptide
s:segundo(s)
s.c.:subcutâneo(a)
SP:substânciaP
STV:sistematrigeminovascular
TFL:latênciaderetiradadacauda(tailflick
latencyeminglês)
VIP:peptídeointestinalvasoativo(vasoactiveintestinalpeptideeminglês)
WDR:neurôniodeamplafaixadinâmica(widedynamicrangeeminglês)
µl:microlitro(s)
12
LISTADETABELAS
Tabela 1. Classificação de cefaléias primárias, segundo critérios de International
HeadacheSociety.
30
Tabela 2. Achados clínicos observados em crises de enxaqueca e suas possíveis
correlaçõesbiológicas.
43
Tabela3.Modelosemanimaisparaestudodedorescefálicas.
45
Tabela4.Medidasdosparâmetroscomportamentaisemestudo,obtidasimedi atamente
antesdaadministração subcutânea de solução deformalinaa 5%ousoluçãosalina na
vibrissadireitadosratos,emtestedetailflickeduranteaobservaçãoemcampoaberto.
66
Tabela 5. Latência de retirada da cauda e tempo gasto em autolimpeza em campo
aberto,imediatamenteantes(basal)daadministraçãosubcutâneadeformalinaa5%(50
µl)ousoluçãosalina(50µl)navibrissadireitaderatos.
72
Tabela6.Latência de retiradadacauda e tempogastoemreflexodeautolimpezaem
campo aberto, imediatamente antes (basal) da administração intraperitoneal de
nitroglicerina0,05%(10mg/ml)ouveículo(30%deetanol,30%depropilenoglicol,40%
deágua)emratos.
80
Tabela7.Tempo gastoemreflexodeautolimpezaelatência deretiradadacaudaem
campoaberto,imediatamenteantes (basal)daadministraçãosubcutâneadesoluçãode
formalina a 5% (50 µl) ou solução salina (50 µl) na vibrissa direita e da administração
intraperitoneal de ni troglicerina 0,05% (10 mg/ml) ou
veículo (30% de etanol, 30% de
propilenoglicol,40%deágua),noprimeiro dia daprimeirasemanadeexperimento.
87
13
LISTADEFIGURAS
Figura 1. Principais vias ascendentes nociceptivas de cabeça, região cervical alta (C1,
C2),troncoemembrosatécórtexsomestésico.
Figura2.Viasdosistemacentraldescendentedemodulaçãodador
23
25
Figura3.Relaçõesentreviasaferenteseeferentesdosmecanismosdesencadeadorese
neuromoduladoresdedorescefálicas.
Figura4.Viasneuronaisenvolvendoaativaçãotrigeminovasculareoprocessodador
33
34
Figura5.InflamaçãoNeurogênica.
36
Figura6.SíntesedeNOendotelial.
39
Figura7. Caixa demadeira paraobservaçãoem campoaberto, recobertapor fórmica
(internaeexternamente),medindo50x60x40cmdeprofundidade,comfaceanterior
devidroeassoalhodivididoem12retângulosde15,0x13,3cm,comlinhasescuras.
56
Figura8.Padrõescomportamentaisobservadosemcampoaberto.
57
Figura9.Aparelhodemedidadereflexoderetiradadacauda(tailflick).
Figura10.Regiãoorofacialdeadministraçãodeformalina5%subcutâneanorato
58
59
Figura 11. Organização geral do experimento 1. Esquema de administração do
tratamentoproposto (agente irritanteousolução controle) etemposde medidasdos
parâmetroscomportamentaisemestudo.
65
Figura12.Latênciaderetiradadacaudaimediatamenteantes(basal)eapós(30minou
24h)aadministraçãosubcutâneadesoluçãodeformalinaa5%(50µl)ou salina(50µl),
navibrissadireitadosratos.
66
Figura 13. Número de cruzamentos em campo aberto antes (basal), imediatamente
após(0min)edepoisde15mine24hdaadministraçãosubcutâneadeforma linaa 5%
(50µl)ousoluçãosalina(50µl)navibrissadireitadosratos.
68
Figura14.Númeroderespostasdeorientaçãoemcampoabertoantes(basal)eapós(0 69
14
min,15minou24h)aadministraçãosubcutâneadeformalinaa5%(50µl)ousolução
salina(50µl)navibrissadireitadosratos.
Figura15.Tempogastoemreflexodeautolimpeza(grooming)emcampoabertoantes
(basal)eapós(0min,15minou24h)aadministraçãosubcutâneadeformalinaa5%
(50µl)ousoluçãosalina(50µl)navibrissadireitadosratos.
70
Figura 16. Tempo gasto em reflexo de autolimpeza no campo aberto, durante
observação realizada nas primeiras 4 horas após a administração subcutânea de
formalinaa5%(50µl)ousoluçãosalina(50µl)navibrissadireitadosratos.
74
Figura17.Tempogastonocomportamentodeautolimpezaemcampoaberto,medido
antes (basal) e após 24 h, 48 h, 7 dias e 14 dias da administração subcutânea de
formalinaa5%(50µl)ousoluçãosalina(50µl)navibrissadireitadosratos.
75
Figura 18. Latência do reflexo de retirada da cauda (tailflick latency) imediatamente
antes (basal) e em diferentes momentos durante as primeiras 4 horas seguintes à
administraçãosubcutâneadeformalinaa5%(50µl)ousoluçãosalina(50µl)navibrissa
direitadosratos.
76
Figura19.Latênciade reflexoderetiradadacaudaimediatamenteantes(basal),24h,
48h,7e14diasapósaadministraçãosubcutâneadeformalina a5%(50µl)ousolução
salina(50µl)navibrissadireitaderatos.
77
Figura 20. Organização geral do experimento 3. Esquema de administração do
tratamento proposto (nitroglicerina ou veículo) e mensuração dos parâmetros
comportamentaisemestudo.
79
Figura 21. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) no campo
aberto, imediatamente antes (basal) e após 5 min, 30 min, 1 h, 2 h e 4 h da
administraçãointraperitonealdenitroglicerinaa0,05%(10mg/kg)ouveículo.
81
Figura 22. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) no campo
aberto, imediatamente antes (basal) e após período mais prolongado de observação
81
15
(24 h e 48 h), a partir da administração intraperitoneal de nitr oglicerina a 0,05% (10
mg/kg)ouveículo.
Figura23.Latênciaderetiradadacauda(tailflicklatency)imediatamenteantes(basal),
depoisde30 mineapósperíodomaisprolongadodeobservação(24he48h),apartir
da administração intraperitoneal de nitroglicerina a 0,05% (10 mg/kg) ou veículo em
ratos.
82
Figura 24. Organização geral do experimento 4. Esquema de administração dos
tratamentospropostoseaferiçãodosparâmetroscomportamentaisemestudo.
86
Figura 25. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) em campo
aberto,nosperíodosbasaisdeavaliação,duranteastrêssemanasdeexperimento.
88
Figura 26. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) em campo
aberto, 15 minutos após a administração dos tratamentos propostos, durante as três
semanasdeexperimento.
90
Figura 27. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) em campo
aberto, 30 minutos após a administração dos tratamentos propostos, durante as três
semanasdeexperimento.
91
Figura 28. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) em campo
aberto,120minutosapós aadministraçãodostratamentospropostos,duranteastrês
semanasdeexperimento.
92
Figura 29. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) em campo
aberto,240minutosapós aadministraçãodostratamentospropostos,duranteastrês
semanasdeexperimento.
93
Figura 30. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) em campo
aberto, 24 horas após a administração dos tratamentos propostos, durante as três
semanasdeexperimento.
94
Figura 31. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) em campo 95
16
aberto, 48 horas após a administração dos tratamentos propostos, durante as três
semanasdeexperimento.
Figura32. Latência deretirada dacauda (tailflick)noperíodo prévioàadministração
dostratamentospropostos(basal),duranteastrêssemanasdeexperimento.
96
Figura 33. Latências de retirada da cauda (tailflick) obtidas 15 minutos após a
administraçãodostratamentospropostos,duranteastrêssemanasdeexperimento.
97
Figura 34. Latências de retirada da cauda (tailflick) obtidas 30 minutos após a
administraçãodostratamentospropostos,duranteastrêssemanasdeexperimento.
98
Figura 35. Latências de retirada da cauda (tailflick) obtidas 120 minutos após a
administraçãodostratamentospropostos,duranteastrêssemanasdeexperimento.
99
Figura 36. Latências de retirada da cauda (tailflick) obtidas 240 minutos após a
administraçãodostratamentospropostos,duranteastrêssemanasdeexperimento.
100
Figura37.Latênciasderetiradadacauda(tailflick )obtidas24hapósaadministração
dostratamentospropostos,duranteastrêssemanasdeexperimento.
101
Figura38.Latênciasderetiradadacauda(tailflick )obtidas48hapósaadministração
dostratamentospropostos,duranteastrêssemanasdeexperimento.
102
Figura39.Pesocorporaldosanimaisduranteastrêssemanasdeexperimento.
Figura 40. Ativação do Sistema Trig eminovascular durante dor de cabeça e sua
interaçãocomtálamo,hipotálamo,troncoeSistemaNervosoVegetativo
Figura41.Viasnociceptiva sdaregiãodacabeçaecervicalalta
Figura42.Viasnociceptiva sdaregiãodotroncoemembros
103
105
116
117
17
RESUMO
As regiões orofacial e craniana são densamente inervadas pelo nervo trigêmeo e suas
ramificações.Condiçõespatológicas,comocefaléiasedoresorofaciais,têmsuafisiopatogenia
relacionadaaofuncionamentodosistematrigeminal.Existempoucosmodelosexperimentais
deavaliaçãocomportamentalparaestudodanocicepçãomediada pelo nervo trigêmeo. Essa
dissertação teve por
objetivo realizar estudos comportamentais sobre a modulação da
nocicepçãomediada por vias trigeminais, em modeloanimalcorrelacionávelcomosquadros
de dores orofaciais e cefálicas em seres humanos. Para tal, foi promovida a ativação do
sistema trigeminovascular de modos periférico (dor orofacial induzida por formalina) e
sistêmico (modelo neurovascular de
ativação sistêmica por administração de nitroglicerina).
Apósessaativação,avaliaramsecomportamentosdeautolimpeza,motricidadeeorientação
espacial,emcampoaberto,erespostareflexaaestímulonociceptivo,pormeiodamedidade
latência de retirada da cauda. Entre as respostas comportamentais avaliadas, o tempo
despendido em reflexo de autolimpeza
foi considerado o parâmetro representativo da
respostanociceptivanomodelodedororofacialinduzidapelaformalina.Aadministraçãode
nitroglicerina,porsisó,nãofoicapazdepromoveralteraçõescomportamentaissugestivasde
atividade nociceptiva. A medida de latência de retirada da cauda não foi capaz de aferir
alteraçõesnociceptivaspotencialmente
desencadeadaspelosdoismodelosempregadosnessa
Dissertação.Naassociaçãodessesdoismodelos,observousequeanitroglicerinafoicapazde
promoverredução dotempogasto noreflexode autolimpeza desencadeado pelaformalina
administrada por via subcutânea. É possível que a nitroglicerina participe modulando e/ou
ativandoosmecanismosenvolvidosnanocicepção
trigeminal,porémmaisestudosnecessitam
serrealizadosparadelinearmelhorsuaaçãonesseprocesso.
18
ABSTRACT
The orofacial and cranium regions are densely innervated by the trigeminal nerve and their
branches. Pathological states asheadache and orofacial pain have their pathogenesis related
tothetrigeminalfunctions.Therearefewexperimentalmodelsforbehavioralevaluationofthe
nociception mediated
by the trigeminal nerve. The present work aimed to study the
behavioral parameters related to the modulation of trigeminal system, using an animal
model capable of simulating orofacial and cephalic pain in human beings. Afterwards, it
was performed the
activation of trigeminovascular system using regional (through the
orofacial formalin test) and/or systemic models (through intraperitoneal administration of
nitroglycerine). In open field, it wasevaluated grooming,crossing,andrearingbehaviors. In
tail-flick test, it was evaluated the nociceptive response to the noxious stimulus. In the
present study
, grooming was considered the representative beh avior of the nociceptive
response
inthe orofacial painmodel (induced by formalin).Nitroglycerinewasnotcapable
to
determine behavioral changes that suggest nociception reactionin the open field.The
tailflick latency
did not detect potential nociceptive effects occurred in the evaluated
models. In the association of the two models of regional and systemic trigeminal
activation
, nitroglycerine reversed the increase of grooming induced by the subcutaneous
administration
of formalin. The result suggests that nitroglycerine could act modulating
and/or activating mechanisms involved in the trigeminal nociception.
However, more
studiesareneed
ed.
19
Introdução
20
Doréumadasgrandespreocupaçõesdahumanidade.Desdetemposmais remotos,o
homembuscaesclarecersua ocorrência, bemcomoestabelecer medidaseficazes destina das
ao seu controle. É definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável,
relacionada com dano tecidual real ou potencial, ou descrita em termos deste tipo de dano
(Turk e Okifuji, 2001). Existem, assim, dois componentes a serem considerados: a sensação
dolorosapropriamenteditaounocicepção
eareatividadeàdor.
Nocicepção é a resposta neural a estímulos traumáti cos ou lesivos. Referese à
atividade do sistema nervoso aferente induzida por estímulos nocivos, tanto exógenos
(mecânicos, químicos, físicos e biológicos), quanto endógenos (inflamação, aumento de
peristaltismo, isquemia tecidual). Compreende a recepção dos estímulos por estruturas
periféricasespecíficas,sua conduçãoaté o
sistema nervosocentral, atravésdevias nervosas
sensitivas,eaintegraçãodasensaçãodolorosaemníveistalâmicoecortical(ByerseBonica,
2001;ChudlereBonica,2001;TermaneBonica,2001).
A reação à dor compreende uma série de comportamentos defensivos‐desde a
retirada reflexa da área afetada, para longe
do fator agressor, até as respostas emocionais
complexas, expressas por padrões de comportamento inatos e aprendidos e sensações
subjetivasdedesconfortoesofrimento.Areatividadeemocionalcorrespondeàinterpretação
afetiva da dor, de caráter individual e influenciada por estados ou traços psicológicos,
experiênciaspréviasefatoresculturais,sociaiseambientais(Jones,
1993;Taenzeretal.,1986;
Wall e Melzack, 1994). Esses fatoressão capazes de filtrar, modular oudistorcer a sensação
dolorosa, de modoque a resposta à dor pode variar marcadamente de umindivíduo para o
outro,assimcomoemummesmoindivíduo, emmomentosdiferentes,apesardea nocicepção
serigual(ChapmaneTurner,2001;LeResche,2001).
Adoréchamadadecrônicaquandoperduraporlongoperíodo detempo,comumente
portrêsmesesoumais,emboratalpontodecortesejaarbitrário (JacobsoneMariano,2001;
Morgan e Mikhail, 1996; Turk e Okifuji, 2001). Outra definição encontrada na
literatura,
21
também ambígua, caracteriza a dor crônica como aquela cuja duração se estende além do
períodoesperadoderesoluçãodoinsultonociceptivo(FerreiraePerla,2007).
Dorcrônicacausadaporinjúriaoudoençaéumadasprincipaiscausasdesofrimento
humano.Postulasequemudançasdelongaduraçãonassinapsessensoriais,em
váriosníveis
dosistemanervosocentral,estejamenvolvidasnasuagênese(KoeZhuo,2004).
A dor crônica representa por si uma doença, com etiologia, mecanismos,
sintomatologia,condutasdiagnósticaeterapêutica diferentes dadoraguda(FerreiraePerla,
2007).Nos dias dehoje, écrescente suaocorrência, possivelmenterelacionada
ahábitos de
vida atuais, longevidade, prolongamento da sobrevida dos indivíduos com doenças
naturalmente fatais e modificações ambientais. Além disso, maior reconhecimento de
novas patologias dolorosas, bem como aplicação de novos conceitos que traduzam seu
significado(MailisePapagapiou,1993).
Dorcrônica,alémderepresentarestressorfísicoeemocionalsignificativo,
tantopara
o paciente, quanto para seus familiares, determina alto custo econômico e social. Com
freqüência,está associada atranstornos psiquiátricos,como ansiedadee depressão, embora
relaçãocausalnão estejaestabelecida . Em cerca de5%dosindivíduos,pobrerespostaao
tratamento,emquadrodegrande importânciadevidoàssuas
gravesrepercussõesindividuais
esociais(DrayeUrban,1996).
1. NOCICEPÇÃO
A percepção de estímulos nocivos acontece pela ativação de receptores sensoriais
especializados‐osnociceptores‐localizadosemquasetodooorganismo(BasbaumeJessell,
2000). Os nociceptores constituem a porção terminal periférica de fibras que conduzem os
potenciais de ação
propagados até o corno dorsal da medula espinhal e porção caudal do
nervo trigêmeo. Tais fibras são os axônios de célula s sensoriais primárias, conhecidas como
neurôniosaferentesprimários,localizadasemgângliodorsaldamedulaespinhalenogânglio
22
trigeminal(GângliodeGasser).Cadaneurôniotemumúnicoaxônioquesebifurca,demodo
que uma extremidade termina em tecidos periféricos e a outra, dentro do corno posterior
(dorsal) da medula espinhal ou na porção cervical do núcleo sensitivo do nervo trigêmeo.
Assim,o impulsodoloroso captadona periferia dirige
seinicialmente para ocorpo celulare,
após, vai ao corno dorsal da medula espinhal, ou ao seu correspondente núcleo sensitivo
caudal trigeminal (Basbaum e Jessell, 2000; Byers e Bonica, 2001; Morgan e Mikhail, 1996;
Messlingeretal.,2006).
As fibras que transmitem o estímulonocivo sãode doistipos
‐Aδ e C. As primeiras,
mielinizadas e com maior velocidade de condução, contribuem para a percepção da dor de
forma rápida, enquanto as fibras C, nãomielinizadas e com menor velocidade de condução,
relacionamseprincipalmentecomadordecaráterdolente(BasbaumeJessell,2000;Byerse
Bonica,2001;
MorganeMikhail,1996).
Nocornodorsaldamedulaespinhalenonúcleosensitivocaudaltrigeminal,asfibras
nervosas dos neurônios aferentes primários fazem sinapse com neurônios secundários, que
dão origem às vias ascendentes de condução da dor. Os axônios dos neurônios secundários
cruzamalinha médiaeascendempelo
tratoespinotalâmicocontralateral.Asfibrastrigeminais
ascendem por meio do trato trigeminotalâmico (Messlinger et al, 2006). Além das sinapses
comneurôniosdesegund aordem,osneurôniosaferentesprim ários podemfazersinapsecom
interneurônios,neurôniossimpáticoseneurôniosdocornoventralmotor(MorganeMikhail,
1996;TermaneBonica,2001).
Os
neurôniossecundáriospodemserdedoistipos‐especificamentenociceptivosou
defaixaampla(widedynamicrangeouWDReminglês).Osprimeirosrelacionamseapenasa
estímulos nocivos, enquanto os segundos também recebem aferência nãonociceptiva de
fibras Aβ, Aδ e C. Os neurônios especificamente nociceptivos estão arranjados
somatotopicamente
na mina I do corno dorsal, são normalmente silentes e respondem
apenas à estimulação nociva de alto limiar. Os neurônios de ampla faixa constituem o tipo
23
celularpredo minantenocorno dorsal,sendomaisabundantesnalâminaV.Emcondiçõesde
injúriagraveoupersistente, as fibrasCdisparamrepetidamente,e a respostadosneurônios
do corno dorsal aumenta progressivamente, de forma gradual, em um fenômeno conhecido
comowindup(ChudlereBonica,2001;MorganeMikhail,1996;
TermaneBonica,2001).
duasviasprincipaisdeconduçãodador.Contidasnotratoespinotalâmico,ambas
partemdamedulaespinhal,cruzamalinhamédia(aoníveldacomissuraanterior)echegam
ao tálamo. O trato espinotalâmico lateral (ou vianeoespinotalâmica), de aparecimento mais
recentenocursodaevoluçãobiológica,
tempoucasestações sinápticaseseprojetanonúcleo
ventral pósterolateral do tálamo, cujos neurônios recebem o nome de terciários. O trato
trigeminotalâmico,demaneiraanáloga aotrato espinotalâmico,partedocleosensitivodo
trigêmeo, atravessa a linha média e ascende até o tálamo (núcleo ventral pósteromedial
(Messlinger et
al., 2006). A partir do tálamo, as projeções dirigemse para o córt ex
somatossensorial primário, onde ocorre a percepção da dor (Figura 1). Esses tratos
relacionamse com os aspectos discriminativos da dor, como localização, intensidade e
duração. Observase estreita relação topográfica entre a área estimulada na periferia e
as
regiões talâmicas e corticais ativadas, ou seja, somatotopia. Isto contribui para que o
indivíduo saiba precisarcomexatidão oponto deorigemda dorem um trauma (Bearet al.,
1996;ChudlereBonica,2001;MorganeMikhail,1996;Termane Bonica,2001).
24
Figura 1.Principais vias ascendentesnociceptivas decabeça, região cervical alta (C1,
C2),troncoemembrosatécórtexsomestésico(Pacák&Palkovits,2001;Messlinger,2006).
Otratoespinotalâmicomedial(ouviapaleoespinotalâmica)émaisantigonaescalade
evolução. Ao contrário do trato
lateral, tem várias estações sinápticas. A partir da medula
espinhal,projetaseparaotálamomediale,daí,difusamenteparaocórtexcerebraldeambos
oshemisférioscerebrais.Perdese,assim,asomatotopiadosestímulospercebidos.Projetase
tambémparaasubstânciacinzentaperiaquedutal,oquepoderepresentarimportanteligação
entre
vias ascendentes e descendentes da dor. Fibras colaterais do trato medial alcançam o
sistemareticularativadorehipotálamo,sendoresponsáveispelarespostadealertaobservada
ESTÍMULO NOCICEPTIVO
TÁLAMO
(NÚCLEO VENTRAL
PÓSTERO-MEDIAL)
TRATO
TRIGEMINOTALÂMICO
CÓRTEX SOMATOSSENSITIVO
(GIRO PÓS-CENTRAL – ÁREA 1)
ATIVAÇÃO DE FIBRAS NOCICEPTIVAS
AFERENTES TIPO Aδ e C
NEURÔNIOS
DO NÚCLEO
CAUDAL DO
TRIGÊMEO
ATIVAÇÃO
EXCITATÓRIA
NEURÔNIOS
DO CORNO
DORSAL DA
MEDULA
ESPINHAL
MEMBROS
e
TRONCO
CABEÇA e
REGIÃO CERVICAL
ALTA (C1-C2)
TRATO
ESPINOTALÂMICO
LATERAL
TÁLAMO
(NÚCLEO VENTRAL
PÓSTERO-LATERAL)
25
emassociação à presença de dor.Suaprojeção paraestruturas dochamado sistemalímbico
explicaoaparecimentodasrespostasemocionaisdesagradáveis(Bearet al.,1996;Chudlere
Bonica,2001;MorganeMikhail,1996;TermaneBonica,2001).Devidoàsmúltiplasestações
sinápticas,aviapaleoespinotalâmicaéaquemaisse
prestaàinfluênciamoduladoradeoutros
sistemascentrais(Bearetal.,1996;ChudlereBonica,2001;TermaneBonica,2001).
2. MODULAÇÃODADOR
Atransmissãodeestímulosnocivosdesdeaperiferiaatéoscentroscerebraisnãoéum
processo linear. Circuitos emdiferentes níveis têm a capacidade de alterar
marcadamente a
passagemdosimpulsose,portanto,a respostaàestimulaçãonociva.Obalanço da atividade
entrecircuitosexcitatórioseinibitórios determinaráquaisserãoasinformaçõesquechegarão
ao cérebro. A modulação da dor pode ocorrer perifericamente, em medula espinhal e
estruturas supraespinhais. Esta modulação pode ser inibitória ou
facilitatória (Figura
2)(ChudlereBonica,2001;Millan,2002;Morgan eMikhail,1996;TermaneBonica,2001).
A modulação periférica se expressa por meio do fenômeno de sensibilização. Após
estimulação repetida, os nociceptores podem apresentar resposta aumentada a estímulos
nocivosouadquirirresponsividademaioraquaisquerestímulos,incluindoosnãonocivos.
A diminuição do limiar de dor, chamada de hiperalgesia, pode ser gerada por
sensibilizaçãoperiférica,comativaçãodenocicepto r es(BasbaumeJessell,2000;Levineetal.,
1986, 1984, 1993; Markenson, 1996) ou de segundos mensageiros (Taiwo e Levine, 1989,
1991). Mediadores liberados pelo tecido lesado, como prostaglandina E2, prostaciclina,
adenosina,bradicinina,
potássioeserotonina(5HT),podematuardiretamentenonociceptor,
ativandoo e produzindo hiperalgesia primária (Basbaum e Jessell, 2000; Cesare e
McNaughton,1997).
O nociceptor produz substância P e CGRP (peptídeo relaci onado ao gene da
calcitonina).Asubstância Pliberadaageemmastócitos,liberandohistamina.Esta,porsuavez,
26
excita diretamente o nociceptor e provoca extravasamento de CGRP para o plasma.
vasodilatação, edema e liberação adicional de bradicinina, sensibilizando ainda mais o
nociceptor. Isto caracteriza a hiperalgesia secundária (Basbaum e Jessell, 2000; Cesare e
McNaughton,1997).
Figura2.Viasdosistemacentraldescendentede modulação dador.Oponto central
das sinapses é a substância cinzenta periaquedutal. É ativada por aferências hipotalâmicas,
córtex frontal e sistema límbico. Também recebe aferências medulares. Neurônios
glutamatérgicos excitatórios da substância cinzenta (vermelhos) fazem com nexão com os
neurôniosserotoninérgicosdonúcleodarafeenoradrenérgicos dolocuscoeruleus(ambosem
azul). Seus axônios sequem pelo trato dorsolateral e terminam direta ou indiretamente nos
neurônios de projeção que conduzem a dor, bloqueando a transmissão do impulso
nociceptivo.(AdaptadodeSchünkeetal.,2007)
27
Apósestimula çãoprolongada,ahiperalgesia podepersistir,mesmoquandocessama
respostainflamatóriaeador.Nestecaso,diantedeumestímulo,mesmoleve,serestabelece
o estado hiperalgésico anterior, fenômeno denominado de “memória periférica da dor”.
Estadoshiperalgésicostambémpodemsercausadosporsensibilizaçãocentral,fenômenoem
que os
neurônios nociceptivos do corno dorsal da medula espinhal têm sua sensibilidade
aumentadaàestimulaçãosensorial(Chudlere Bonica,2001;TermaneBonica,2001).
No que se referem à modulação central, diversos mecanismos contribuem para o
fenômenodesensibilizaçã oemmedulaespinhal,sendo,portanto,facilitadoresdador.Estudos
têm demonstrado que dano
tecidual pode causar expansão dos campos receptivos e
diminuiçãonolimiardeexcitabilidadedosneurôniosdocornodorsaldamedula,fazendocom
que pequenos estímulos passem a desencadear respostas exageradas (alodinia), dor com
estímulossubliminares(hiperalgesia)ouatémesmodorespontânea(ChudlereBonica,2001;
TermaneBonica,2001).Tal
mecanismocontribuiriaparadorescrônicas,comoadomembro
fantasma, em que, mesmo após amputação, o paciente se queixa de dor com locali zação e
intensidade similares às apresentadas antes da cirurgia (Chudler e Bonica, 2001; Marbach,
1996;TermaneBonica,2001).Osmediadoresneuroquímicosenvolvidoscomofenômenode
sensibilização central
incluem substância P, VIP, colecistocinina, angiotensina, galanina,
glutamatoeaspartato.
A modulação central inibitória da dor pode se ocorrer por meio de mecanismos
existentes no próprio segmento medular que recebe os impulsos ou da atividade de vias
descendentes (com origem supraespinhal) (figura 2). O sistema modulador supraespinhal
provavelmente
mais conhecido tem origem na substância cinzenta periaquedutal (região
ventrolateral),ondemecanismosinibitóriosencefalinérgicoseadrenérgicoscontribuempara
a modulação central da dor. Estimulação elétrica e administração local de morfina naquela
estruturaproduzemmarcadaanalgesia,tantoemanimaisquantoemsereshumanos(Chudler
28
e Bonica, 2001; Pleuvry e Lauretti, 1996; Terman e Bonica, 2001). Da substância cinzenta
periaquedutal partemfibras parao bulbo,especificamentepara onúcleomagno darafe ea
formação reticular bulbar, e daí originamse fibras descendentes que percorrem o funículo
dorsolateraldamedula,terminandonalâminaIIdocorno
dorsaldamedula(ChudlereBonica,
2001; Terman e Bonica, 2001). As vias inibitórias adrenérgicas partem primariamente de
substância cinzenta periaquedutal e formação reticular. Vias serotoninérgicas partem do
núcleo magno da rafe e dirigemse para o corno dorsal através do funículo dorsolateral. O
sistemaopióideendógenotemorigemprimariamente
emformaçãoreticularenúcleomagno
da rafe, com liberação de encefalinas, que atuam présinapticamente, hiperpolarizando
neurônios aferentes primários na medula espinhal e inibindo a liberação de substância P.
Também parece haver inibição póssináptica por opióides (figura 2)(Chudler e Bonica, 2001;
TermaneBonica,2001).
Ainibiçãosegmentarde
estímulosnociceptivostevecomobaseateoriadoportãode
MelzackeWall(1965).Estesautorespropuseramaexistênciadeumsistemadecontroleem
medulaespinhalquemodulariaosimpulsosvindosdapele,antesquehouvessepercepçãoe
resposta à dor. Nesse contexto, os neurônios encefalinérgicos encontrados na lâmina
II da
medula espinhal (interneurônios) seriam o equivalente neurohumoral do conceito
neurofisiológicodacomportaespinhaldadorpropostoporaquelesautores(ChudlereBonica,
2001;TermaneBonica,2001).
Neurônios encefalinérgicos exercem papel fisiológico inibitório, modulando a
informação em nível de primeira sinapse central. A inibição da atividade de neurônios
medulares de segunda ordem e do trato espinotalâmico, por meio da ativação de fibras
aferentesdemaiordiâmetrorelacionadasàsensaçãoepicrítica,segueomodelodateoriado
portãoeexplica comoaestimulação mecânicapode aliviarador.Friccionar,por exemplo, o
cotovelo imediatamente após um traumatismo leve reduz
a dor. De forma similar, a
estimulaçãonocivaemáreasnãocontíguasdoorganismoinibeneurôniosdesegundaordem
29
em vários veis da medula, de modo que a presença de dor em uma região do organismo
tendeainibiroseuaparecimentoemoutrasregiões(ChudlereBonica,2001;TermaneBonica,
2001).
Os aminoácidos glicina e ácido gamaaminobutírico (GABA), que atuam como
neurotransmissores inibitórios, parecem exercer importante papel
na inibição segmentar da
dor.OGABAéconsideradooprincipalneurotransmissorinibitóriodosistemanervosocentral.
Em nível de medula espinhal, sua atuação se faz por meio de receptores GABA
A
e GABA
B.
O
canaliônicoassociadoaoreceptorGABA
A
éseletivoparaíoncloreto.QuandoGABAseligaao
seu receptor, o influxo de Cl
faz com que a célula se hiperpolarize (Waxham, 1999).
Picrotoxina,umpotenteantagonistaGABA
A
,pareceseligardentrodocanal,impedindoofluxo
deCl
paradentro dacélula (Waxham, 1999).QuantoaosreceptoresmetabotrópicosGABA
B
,
sua ativação aumenta a condutância da membrana celular ao potássio, tornando a
despolarização mais difícil. A ativação de receptores de glicina, por sua vez, aumenta a
condutância da membrana ao cloro. A ação da glicina é mais complexa que a do GABA por
também ter efeito facilitatório sobre receptores glutamatérgicos
de tipo NMDA (NmetilD
aspartato)(Bormann,1988).
Outroimportantesistemadeneurotransmissoresenvolvidonamodulaçãoinibitória da
doréo sistema opióide.Osopióides endógenos,quecompreendemendorfinas, dinorfin ase
encefalinas,seligamcomgrandeafinidadeareceptoresespecíficos.Estespodemserdetrês
tipos: mu, delta e
kappa. Em neurônios da medula espinhal, seu efeito predominante é
diminuirodisparoneuronal.Aligaçãoemreceptoresprésinápticosfazcomquealiberaçãode
neurotransmissoresenvolvidosnasviasdador sejareduzida.Aestimulaçãodereceptorespós
sinápticosinibeaneurotransmissãoporproduzirhiperpolarizaçãoereduzir,assim,a
atividade
evocada. Um terceiromecanismo envolve a inibição de determinado neurônio, que, por sua
vez, inibe um neurônio inibitório. Uma vez que a inibição do neurônio inibitório não está
30
ocorrendo,estepodeserativadoeexercerseupapel nacircuitarianeuronal(ChudlereBonica,
2001;GutsteineAkil,2001;Marshetal., 1997;TermaneBonica,2001).
3. DORESCEFÁLICAS
As dores cefálicas (cefaléias ou dores de cabeça) constituem entidade clínica
conhecidamuitoséculos.eramreferidasnas
culturasmaisantigas.Egípcios,conformeos
manuscritos médicos do Papiro de Ebers (encontrado em Tebas e datado de 1550 a.C.),
Hipócrates, Galeno e manuscritos gregos faziam referência a essa queixa extremamente
comumnapopulação(WaebereMoskowitz,2003).
O termo cefaléia engloba dores de diferentes tipos, a maioriade caráter
benigno. O
sistemadeclassificaçãoedefiniçãopropostoporInternationalHeadacheSociety(IHS),emsua
segunda edição (Headache Classification Subcommittee of the IHS, 2004), embora não seja
perfeito,éatualmenteomaisaceito,pelomenosparapropósitosdepesquisa(Welch,2001).
Dentreasdoresdecabeça,sãomaisfreqüentesas
dotipotensional,masenxaquecassãomais
dolorosas e mais vezes condicionam a procura por atendimento médico (Ferreira e Perla,
2007).
Aimportância doestudo das cefaléiasrelacionase ao considerável impacto que traz
nosâmbitospessoal,socioculturaleeconômico(WaebereMoskowitz,2003).
Na tabela 1, são apresentados tipos e
subtipos de cefaléias primárias (Headache
ClassificationSubcommitteeoftheIHS,2004).
31
Tabela 1. Classificação de cefaléias primárias, segundo critérios de International
HeadacheSociety(HeadacheClassificationSubcommitteeoftheIHS,2004).
1.Migrânea(enxaqueca)
1.1.Migrâneasemaura(comumouhemicraniasimples)
1.2.Migrâneacomaura(clássica)
1.2.1.Auratípicacomcefaléiamigranosa
1.2.2.Auratípicacomcefaléianãomigranosa
1.2.3.Auratípicasemcefaléia
1.2.4.Migrâneahemiplégicafamiliar
1.2.5.Migrâneahemiplégicaesporádica
1.2.6.Migrâneadotipoba silar
1.3.
Síndromesperiódicasdainfânciaquesãoprecursorasfreqüentesdemigrânea
1.3.1.Vômitocíclico
1.3.2.Migrâneaabdominal
1.3.3.Vertigemparoxísticabenignadainfância
1.4.Migrânearetiniana
1.5.Complicaçõesdamigrânea
1.5.1.Migrâneacrônica
1.5.2.Estadomigranosa(enxaquecoso)
1.5.3.Aurapersistenteseminfarto
1.5.4.Infartomigranoso(enxaquecoso)
1.5.5.
Crisesdesencadeadaspormigrânea
1.6.Provávelmigrânea
1.6.1.Provávelmigrâneasemaura
1.6.2.Provávelmigrâneacomaura
1.6.3.Provávelmigrâneacrônica
2.Cefaléiatipotensional
3.Cefaléiaemsalvaseoutrastrigeminalgiasautonômicas
4.Outrascefaléiasprimárias
___________________________________________________________________
32
Dentreasdoresdecabeçadeetiopatogeniavascular,amigrânea(ouenxaque ca)nãoé
apenas um dos tipos mais comuns de cefaléia, mas, também, uma síndrome neurológica.
Caracterizase pela presença de dores de cabeça recorrentes, unilaterais ou bilaterais,
geralmente decaráter pulsátil, comintensidade moderada a intensa, precedi das ou não
por
sinais neurológicos focais denominados de aura. Usualmente acompanhamse de náuseas,
vômitos,fonofobia e fotofobia. As crises podem perdurar por 4 a 72 horas. Alguns sintomas
premonitórios podem aparecer horas ou dias antes da cefaléia, incluindo anore xia,
hiperatividade,depressão,irritabilidade,bocejosrepetidos,dificuldadesdememória,desejos
poralimentosespecíficos
esonolência(Schoen,1997;Silbersteinetal,1997,2001).
Quando ocorrem crises em 15 ou mais dias do mês, durante mais de 3 meses, na
ausência de abuso de medicação, a migrânea é denominada de crônica. Essa situação pode
causarincapacitaçãopeladoreafetaraexecuçãodeatividadesdiárias
eaqualidadedevida
(HeadacheClassificationCommitteeoftheInternationalHeadacheSociety,2004).
4. PROCESSOINFLAMATÓRIOVASCULARNEUROGÊNICO
mais deumséculo,foi observadoquea a tivação deneurôniosdo gânglio daraiz
dorsalresultaemsinais inflamatóriosevasodilatação,sugerindoqueessascélulasnãoapenas
conduzem informações
aferentes à medula, como também podem apresentar função
eferente: a fibra sensitiva conduz nos dois sentidos (Bayliss, 1901). Hoje, sabese que a
ativação sensitiva axonal reflexa leva à liberação de neurotransmissores (nonadrenergic,
noncholinergic neurotransmitters NANC) na periferia, contribuindo para aquelas
manifestaçõesinflamatóriasevasculares(Lundberg,1996).
Neurôniosdo
cornodaraizdorsaldamedulapodemapresentaratividadeortodrômica
eantidrômica.Nãoconduzemestímulosaferentes(atividadeortodrômica),comotambém
sãocapazesdeapresentarfunçõeseferentes(atividadeantidrômica).Aativaçãodeterminais
periféricos de nervos sensoriais, por meio de despolarização local, é capaz de liberar
33
substânciasbioativas,pormeiodereflexoaxonaloureflexodaraizdorsal.Essa ssubstância s,
por sua vez, atuam na periferia, em célulasalvo como mastócitos, células imunes e células
vasculares de músculos lisos, produzindo inflamação. O processo é caracterizado por
hiperemia local (secundária à vasodilatação local), edema (secundário ao extravasamento
plasmático)
e hipersensibilidade (secundária a alterações na excitabilidade de neurônios
sensoriais). Esse fenômeno é denominado de “inflamação neurogênica”, que resulta da
liberaçãode substânciasdeterminais nervosossensoriaisprimários (Bayliss,1901;Durnett e
Vasko,2002).
5. FISIOPATOGENIADASDORESCEFÁLICAS
Omesmofenômenodeativaçãoantidrômicoobservadoemgângliodaraiz
dorsalda
medula espinhal pode ser evidenciado em meninges e seus vasos. A relação funcional das
fibras trigeminais com os vasos deu origem à expressão “sistema trigeminovascular”
(Moskowitz,1984).Afisiopatogeniadasdorescefálicasdeetiologiavascular,comoenxaqueca
ecefaléiaemsalvas,estáassociadaàativaçãodefibrasaferentes
primáriasqueinervamva sos
sangüíneos cefálicos ou meníngeos do cérebro, relacionados ao sistema trigeminovascular
(STV)(Moskowitz,1984)(Figuras3,4).
Existemtrêstiposdefibrasnervosasnaparededosvasoscranianos,sobretudoentre
as camadas adventícia e média e na própria camada adventícia. Estas fibras apresentam, na
porção présináptica, compostos
vasoativos, que são liberados pelo estímulo nervoso. São
fibras simpáticas (oriundas principalmente do gânglio cervical superior), parassimpáticas
(projeçõesnervosasaferentesdogânglioesfenopalatino)esensoriaisdetiposAδeC(primeiro
neurônio do sistema trigeminovascular) (Edvinsson e Uddman, 2005; Pietrobon e Striessing,
2003)(Figura4).Aquelescompostosinteragemcomsubstânciasvasorreguladoras
presentesna
corrente sangüínea e/ou no vaso, contribuindo para a regulação do tono vascular, além de
serem também responsáveis pelo desencadeamento da chamada reação inflamatória
34
neurogênica, principalmente em vasos durais, que se caracteriza pelo extravasamento de
proteínas,mastócitoseplaquetas(EdvinssoneUddman,2005;UddmaneEdvinsson,1989).
Figura3.Relaçõesentreviasaferenteseeferentesdosmecanismosdesencadea dores
e neuromoduladores de dores cefálicas (Moskowitz, 1984; Uddman,
1989; Vincent, 1998;
Pietrobon,2003;Edvinsson,2005).
CGRP(peptídeoliberadordogenedacalcitonina),GABA(ácidogamaaminobutírico),
VIP(peptídeointestinalvasoativo),PACAP(pituitareadenylatecyclaseactivatingpeptide).

FATORES
DESENCADEANTES
E PREDISPOSIÇÃO
INDIVIDUAL
NÚCLEO
SALIVATÓRIO
SUPERIOR
TÁLAMO
(NÚCLEO MEDIAL PÓSTERO-VENTRAL)
TRATO TRIGEMINOTALÂMICO
CÓRTEX SOMATOSSENSITIVO PRIMÁRIO
“DOR”
HIPOTÁLAMO
SISTEMA LÍMBICO
SUBSTÂNCIA CINZENTA
PERIAQUEDUTAL
NÚCLEO
DORSAL DA
RAFE
LOCUS
COERULEOS
NÚCLEO
MAGNO DA
RAFE
MODULAÇÃO DESCENDENTE DA DOR
NÚCLEO
SENSITIVO
DO NERVO
TRIGÊMEO
CGRP, PACAP, SUBSTÂNCIA P
NEURO
UININA A
VIP
ÓXIDO NÍTRICO
ACETILCOLINA
NORADRENALINA SEROTONINA
GLUTAMATO
SUBSTÂNCIA P
ADRENALINA,
ENCEFALINA
ENCEFALINA
GABA
GÂNGLIO
DE GASSER
SIMPÁTICO
NORADRENALINA
NEUROPEPTÍDEO Y
ATP
DOR CEFÁLICA
EXCITABILIDADE
CORTICAL
GÂNGLIO
PTERIGOPALATINO
DILATAÇÃO DOS
VASOS MENÍNGEOS
E CRANIANOS
PARASSIMPÁTICO
35
Figura4‐Viasneuronaisenvolvendoaativaçãotrigeminovasculareoprocessodador
(IV, quarto ventrículo; ACh, acetilcolina; CGRP, peptídeo relacionado ao gene da calcitonina;
LC,locuscoeruleus;PAG,subtânciacinzentaperiaq uedutal;MRN,núcelomagnodarafe;NKA,
neuroquininaA;NO,óxidonítrico;SP,substânciaP;SPG,gânglioesfenopalatino; SSN,
núcelo
salivatório superior; TG, gânglio trigeminal; TNC, núcelo caudal do trigêmeo; VIP, peptídeo
vasoativointestinal)(AdaptadodePietroboeStriessnig,2003).
Tálamo
Hipotálamo
PAG
Vasos Durais
Vasos Piais
36
No que se refere à regulação do tono vascular pelo sistema nervoso vegetativo, as
fibrassimpáticas,originadasdogângliocervicalsuperior,contêm,alémdenoradrenalina(NA),
o neuropeptídeo Y (NPY), que apresenta atividade vasoconstritora (Uddman e Edvinsson,
1989). As fibras parassimpáticas, originadas no gânglio esfenopalatino, contêm acetilcolina
(Ach),umconvencional
vasodilatadordependentedoendotélio,eoutroscompostos,comoo
peptídeo intestinal vasoativo (VIP). Estas fibras também são capazes de liberar óxido nítrico
(NO)(Lundberg,1996).
Fibras sensitivas também funcionam nesse caso como fibras eferentes do sistema
nervosovegetativo.Assimcomooutrosneurôniossensoriaisprimários,osnervos trigeminais
são iniciadores críticos e
promotores de inflamação tecidual. Sua ativação libera de seus
terminais aferentes substâncias vasoativas, como CGRP (peptídeo relacionado ao gene da
calcitonina), substância P (SP) e neuroquinina A (NKA), que atuam como potentes
vasodilatadores,pormeiodaviadeNO.Oeventofinaléodesencadeamentodeumarea ç ão
inflamatória no
tecido alvo, sendo, nesse caso, os vasos sangüíneos cerebrais (Figura 5)
(LizasoaineLeira,2003;Moskowitz,1984).
Fibras trigeminais nãomielínicas do tipo C, além da função ortodrômica, liberam
distintos neurotransmissores na periferia por estimulação antidrômica: substância P (SP),
CGRP, dinorfina B, pituitare adenylate cyclase activating peptide (PACAP), além de outras
taquiquininas,comoneuroquininaA(NKA)(Vincent,1998;EdvinssoneUddman,2005).
Dependendo do sítio de ação, a substância P pode provocar vasodilatação menos
intensa ede mais curta duração, podendo atuar como neuromodulador do tono vascular.O
CGRP, potente vasodilatador presente em grande quantidade na divisão oftálmica do nerv o
trigêmeo,
tambémpode terefeito neuromodulador. Emboranão determineextravasamento
deproteí nas, elepode aumentálopormeiodafacilitaçãodaaçãodeSP(Vincentetal.,1992;
LeGrevesetal.,1985).
37
Figura 5. Inflamação Neurogênica. A ativação neuronal resulta em libera ção de
substânciasvasoativas,quelevamavasodilatação,extravasamentoplasmático esensibilização
determinaisnervososnociceptivos,resultandoemdor(AdaptadodeLizasoaineLeira,2003;
Moskowitz,1984).
Experimentos de Furchgott e Zawadzki (1980) demonstraram que a vasodilataçã o
induzidaporacetilcolina
ocorriacomainfluência defatoresendoteliais,especialmentepor
meiodaliberaçãodeNO,sintetizadoapartirdeLarginina,poraçãodaenzimaóxido nítrico
sintase (nitric oxide synthase ou NOS, em inglês). Além de vasodilatador, o óxido nítrico
apresenta atividade neurotransmissora, havendo evidências da presença de NOS
em fibras
nervosas,inclusiveperivasculares(FurchgotteZawadzki,1980;Moncadaetal.,1991;Goadsby
etal.,1996).
Estudos de Olesen e colaboradores (1995) demonstraram que os principais
neuropeptídeos relacionados à inflamação neurogênica não causam dor per se. Contud o,
cogitaramahipótesedoNOsermoléculaalgógenanaenxaqueca. Assim,
aativaçãodaviaNO
NEURÔNIO
TRIGEMINAL
VASO CEREBRAL
VASODILATAÇÃO
SUBSTÂNCIA P
NEURO
Q
UININA CGRP
DURAMÁTE
R
EXTRAVAZAMENTO
PLASMÁTICO
DOR
1. ATIVAÇÃO
NEURONAL
NEURÔNIO
TRIGEMINAL
38
e a conseqüente estimulação de GMPc podem causar crises de cefaléias. Paralelamente,
fármacos que atuam inibindo as etapas da via NOGMPc ou antagonizando os efeitos de
metabólitosgeradosporestaviapodemagircomoantienxaquecosos(Silbersteinetal,1997;
Schoen,1997;Zuckerman,2000).
Acreditase que sistemas endógenos
de analgesia também estariam alterados na
presençadeenxaqueca,peladepleçãodemonoaminaseopióidesendógenos.Possivelmente,
taisalteraçõesseriamfacilitadasporpredisposiçãohereditária(Silbersteinetal,1997;Schoen,
1997;Zuckerman,2000).
Além disso, observamse inúmeras variações bioquímicas, tanto na crise, quanto no
período intercrítico, em indivíduos que apresentam
enxaqueca, como, por exemplo, as que
envolvemserotonina,glutamatoemagnésio(Zuckerman,2000).Receptoresserotoninérgicos
(5HT
1B/1D
)parecemestarenvolvidosnaregulaçãodesseprocesso,poisomesmoéinibidopelo
usodeagonistas,comoosumatriptano(clássico fármacoantienxaquecoso)(LizasoaineLeira,
2003).
Oextravasamentoplasmáticoemduramáterpodeestarenvolvidonagênesedador
relacionadaàsdorescefálicasdotipoenxaque ca(LizasoaineLeira,
2003).Essemecanismoé
similaraodescritonoreflexoaxonal(Bayliss,1901).
Tais achados suportam a teoria de que as cefaléias vasculares seriam resultantes de
umaalteraçãoneurobiológicaquerefletiriadistúrbiosnainteraçãoentreonervotrigêmeoe o
órgãoalvo(vasossangüíneoscerebrais)(LizasoaineLeira,2003;Moskowitz,1984).
Sendo assim, o desenvolvimento do quadro de cefaléia poderia ser resumido na
seqüência de eventos a seguir, que ocorrem posteriormente à estimulação do sistema
trigeminovascular(Figura1).Ocorreriasínteseetransportedemediadoresnocicept ivos(como
prostaglandinas, histamina, serotonina e bradicinina), por meio do sistema circulatório, até
receptoresespecíficos,localizadosemfibras
sensoriaisperivasculares.Aativaçãodestasfibras
desencadearia despolarização e liberação de substâncias neuroativas em grandes vasos
39
sangüíneos durais. Paralelamente, estímulos nociceptivos também seriam transmitidos ao
núcleo caudal do trigêmeo (NCT) e, dele, para estruturas nervosas superiores (Moskowitz,
1984;Uddman,1989;Vincent,1998;Pietrobon,2003;Edvinsson,2005).
6. DORCEFÁLICAEÓXIDONÍTRICO
Óxidonítrico(NO)égásendógeno,comaltataxadedifusão.Ésintetizadoa
partirdo
nitrogênio do terminal guanidino da molécula de Larginina, por meio de sua conversão em
citrulina,poraçãodaenzimaóxidonítricosintase(NOS)(ThomseneOlesen,1997).
A enzima óxido nítrico sintase é descrita em várias estruturas: endotélio vascular,
neurônios de Sistema Nervoso Central(SNC) eSistema Nervoso
Periférico, fibrasmusculares
lisas de vasos sangüíneos, fibras musculares miocárdicas, macrófagos, neutrófilos e células
gliais, como as micróglias (Thomsen e Olesen, 1997). Ela existe em três isoformas: duas
(neuronaleendotelial)sãodenominadas“constitutivas” euma,“induzi da”.
Asformas“constitutivas”deNOSsãodependentesdeCa
+2
/CalmodulinaeliberamNO
deendotélio (eNOS) e neurônios(nNOS). Essaliberação épotencializada por estimulação de
váriosreceptoresespecíficosligadosàmembrana celular, como aquelesligadosaglutamato,
bradicinina, serotonina, acetilcolina, histamina, substância P e CGRP (Figura 6) (Thomsen e
Olesen,1997).
O óxido nítrico endotelial é um dos maiores
responsáveis pela dilatação vascular. A
forma neuronal pode atuar como efetor em neurô nios capazes de induzir vasodilatação, de
modo que o NO produzido age como neurotransmissor ou como parte de um sistema de
segundomensageiro(Kerinetal.,2001;OleseneThonsen,2001;Myers,1999).
A forma “induzida” (iNOS) funciona
independentemente de cálcio. É capaz de gerar
NO,porperíodoprolongadodetempoeemgrandesquantidades,emrespostaaendotoxinas
ecitocinas.Muitas ações fisiológicassãomediadaspormeio daativaçãodessavia.Além de
estar envolvida na regulação cerebrovascular (vasodilatação neurogênica dependente do
40
endotélio), também participa da neurotransmissão nociceptiva (Thomsen e Olesen, 1997;
Myers,1999;Kerinetal.,2001;OleseneThonsen,2001).
A vasodilatação dependente do endotélio é importante para a regulação das
atividades cerebrovasculares e para a vasodilatação neurogênica mediada por fibras
perivasculares.EstasúltimasfibrassãoreguladaspeloNO,por
meiodaativaçãodeneurônios
nãoadrenérgicos e nãocolinérgicos (nonadrenergic, noncholinergic neurotransmitters
NANC)(Lundberg,1996;ThomseneOlesen,1997).
AneurotransmissãoenvolvendoóxidonítriconoSNCéimportante parapercepçãoda
dor (hiperalgesia), podendo també m contribuir para a transmissão sensorial de nervos
periféricos (Thomsen e Olesen, 1997). NO
pode estimular a liberação de CGRP de terminais
nervososperivasculares,atuandonareaçãoinflamatórianeurogênica(Weietal.,1994).
Figura6.SíntesedeNOendotelial.NOSendotelialéestimuladapelocálciointracelular
aproduzirNO,quesedifundeparamúsculolisoeativaaguanilatociclase(GC).Estaenzima
catalisaaproduçãodeGMPceaativaçãodeproteínasquinases.Oresultadoéaestimulaçã o
da bomba de
cálcio, que transportará este íon para fora da fibra muscular, gerando
relaxamento muscular e vasodilatação. Compostos nitrosos agem como doadores de NO e
atuamporessamesmaviaparagerarvasodilatação(ThomseneOlesen,1997).
Nitrovasodilatadores
Histamina
Bradicinina
Substância P
Acetilcolina
NOSe
Endotélio Músculo Liso
Efluxo de Ca
+2
Ca
+2
- ATPase
GC
Proteína
Quinase
41
NO não atua diretamente em músculo liso vascular, mas, sim, por meio de um
segundo mensageiro purínico, a guanosina monofosfatada cíclica ou GMPc. NO ativa a
guanilato ciclase solúvel, promovendo a transformação de guanosina trifosfatada (GTP)em
GMPc e a redução nos níveis de Ca
+2
intracelular. Esse segundo mensageiro gera alterações
bioquímicasqueculminarãonaaberturade canaisiônicos(decálcioepotássio)dependentes
de adenosina trifosfato (ATP). Assim, ocorre relaxamento da musculatura lisa vascular e
conseqüentevasodilatação(Figura6)(ThomseneOlesen,1997;Myers,1999).
Diferentemente da maioria dos neurotransmissores, NO não é desativado
por
recaptação, nempor degradação enzimática. Possui meiavida de cerca de 5 a 30 segundos.
Depoisdesintetizado,éprontamenteconvertidoemdióxidodenitrogênio(NO
2
),que,porsua
vez,érapidamenteconvertidoemsuasformasmaisestáveis:nitrito(NO
2
)enitrato(NO
3
),por
meio de vias oxidativas mediadas por oxigênio ou superóxidos. Vários compostos nitrosos
orgânicos (nitroglicerina) e inorgânicos (nitrato/nitrito amilnitrito) podem originar NO por
catalisação enzimática (Myers, 1999). A biotransformação dos nitratos orgânicos é resultado
da hidrólise redutiva catalisada pela enzima hepática glutationa redutase. Duas moléculas
destaenzima,na
formareduzida,reagemcomumadenitroglicerina,oxidandoseeformando
1,3ou1,2glicerildinitrato.
A ocorrência de cefaléia como reação adversa ao uso de nitratos foi primeiramente
observada Ascânio Sobrero na metade do século IXI. Este pesquisador, ao sintetizar
nitroglicerina, observou que tal composto era capaz de desencadear
cefaléia quando
administradoporviaoral(MarsheMarch,2000).OsclássicosestudosdeWolff(1929)também
demonstraramesseefeitoadverso.Combasenessesdados,Olesenecolaboradores (1993)e
Iversen e colaboradores (1993)propuseram que apatofisiologia da enxaqueca poderia estar
relacionadaaumahipersensibilidadeàaçãodeNO.Eles
demonstraramqueacefaléiainduzida
por nitroglicerina (NTG) é mais grave em pacientes enxaquecosos, sendo que a mesma
melhora, de maneira consistente, após a administração de inibidores de NOS. Durante
42
episódiosdecefaléiainduzidaporNTG,existeaumentonaconcentraçãoplasmáticadeCGRP,
efeitoque tambémé observadoem váriascefaléias primárias, como enxaqueca,cefaléia em
salvas e cefaléia hemicrânia paroxística (Myers, 1999). Além disso, estudo experimental em
ratosdemonstroumaiorexpressãodecfosnonúcleotrigeminalcaudalapósa
administração
sistêmicadenitroglicerina,emcomparaçãocomocontrole(TassorellieJoseph,1995).
7. TRATAMENTODASDORESCEFÁLICAS
O tratamento de dores crônicas é complexo, obtendose mais sucesso com ações
multidisciplinares (Ferreira e Perla, 2007). A abordagem é direcionada para reabilitação e
manejo sintomático do quadro, mais do que
para a cura (Hans e Hansen, 1999). Deve ser
iniciadaprecocemente,queestímulosnociceptivosprolongadosegeneralizadosaumentam
a excitabilidade em sistema nervoso central, e dores persistentes podem induzir danos
orgânicos eemocionais (Mailis e Papagapiou, 1993). Seu manejo farmacológico centrase na
interrupçãodemecanismosqueainduzem
ouexacerbam(FerreiraePerla,2007).
Ascefaléiasprimárias(enxaquecasecefaléias trigeminálgicasautonômicas),juntocom
asneuralgias(detrigêmeoepósherpética), sãopossivelmenteosprocessosálgicosorofaciais
commaior dificuldade demanejo. Estefato deveseàcomplexidade dofenômeno doloroso,
bem como à existência de conhecimentos inadequados com
relação a diagnóstico e
tratamento(Temenbaumetal.,2001).
O tratamento farmacológico da enxaqueca, assim como dos demais tipos de dores
cefálicas, pode ser agudo, para as crises de dor (abortivo), ou preventivo (profilático). O
tratamentoagudotemporobjetivoaboliraprogressãodascrisesdedordecabeça,enquanto
opreventivovisareduzirafreqüênciaeagravidadedasmesmas(Silbersteinetal.,2001).
No passado, o tratamento agudo da enxaqueca era feito com agentes
antiinflamatóriosouderivados ergotamínicos.Osprimeiros,namaioriadasvezes,erampouco
eficazes,eosúltimosapresentavammuitosefeitosadversos,principalmentedevidoàfalta
de
43
seletividade desses agonistas serotoninérgicos. Atualmente, com o advento dos triptanos‐
agonistas serotoninérgicos mais específicos, a terapêutica tornouse mais eficaz e segura
(Silbersteinetal.,2001;Silberstein,2000;FerreiraePerla,2007).
Com o decorrer dos anos, o tratamento preventivo também se modernizou e se
tornou mais efetivo. Vários fármacos
podem ser utilizados na profilaxia da enxaqueca‐
antidepressivostricíclicos,anticonvulsivantes,antagonistasdos canaisdecálcioeantagonistas
serotoninérgicos.Oavançodosestudosreferentes à fisiopatogenia das dores de cabeçatem
levado à busca de novos fármacos, vitaminasou minerais que possam ser utilizados como
agentes profiláticos, como é ocaso de
riboflavina emagnésio (Morey, 2000a,2000b,2000c;
Schoen,1997;Zuckerman,2000;Silbersteinetal.,2001).
8. MODELOS EXPERIMENTAISPARAOESTUDODASCEFALÉIAS
Com o desenvolvimento neurofarmacológico das últimas décadas, surgiu a
necessidade da criação de modelos animais que contribuam de maneira significativa para o
melhor conhecimento dos mecanismos
fisiopatogênicos das cefaléias, particularme nte da
enxaqueca. Na maioria das vezes, esses modelos constituem valiosas ferramentas para a
exploraçãodeeventosquecompõemocomplexomecanismoneuroquímicoefisiológicodesse
processo neurológico, bem como para o estudo de sua correlação com achados clínicos
(Tabela2)(GoadsbyeKaube,2000).
Geralmente, os modelos
experimentais são construídos com base na avaliação da
respostanociceptiva,atendoseaoestudodotratamentoagudo dascrisesedeestratégiasde
manejopreventivo.Namaioriadasvezes,elesnegligenciamomecanismofisiopatológico eas
possíveisalteraçõescomportamentaisenvolvidasnoprocesso.
44
Tabela 2. Achados clínicos observados em crises de enxaqueca e suas possíveis
correlaçõesbiológicas(AdaptadodeGoadsbyeKaube,2000).
Achadosclínicos Possíveisexplicaçõesbiológicas
(mecanismose/oulocalizações)
Distribuiçãounilateraldador Envolvimentotrigeminal
Envolvimentonervoso
Envolvimentonuclear
Característicapulsátildador Inervaçãovascular
Agravamentopelomovimento Inflamaçãoneurogênica
Náuseas/Vômitos AtivaçãodoNúcleodoTratoSolitário
Fotofobia/Fonofobia EnvolvimentodeLocuscoeruleus
Hiperexcitabilidadecortical
Naturezaepisódica Canalopatia(?)
Comprometimentoglobal Sistemadecontrolesensorialaminérgico
AtivaçãodeLocuscoeruleus
EnvolvimentodeNúcleoDorsaldaRafe
EnvolvimentodeSubstânciaCinzentaPeriaquedutal
Osmodelosanimaisparaoestudodascefaléiaspodemserdivididosemdoisgrupos:
simples e complexos. Os primeiros são mais bem aplicados em pesquisas farmacológicas,
destacandoseos modelos devasosisolados, de receptoresclonados e decultivo celular.Os
modeloscomplexossãoempregadosparaaavaliaçãodos mecanismos
envolvidosnateoriada
inflamaçãoneurogênicavascular.Podemserutilizados para ainvestigaçãodoscomponentes
fisiológicos da enxaqueca, como sistemas nociceptivos, mecanismos inflamatórios e reações
vasculares(LizasoaineLeira,2003).
Nãomodeloidealquemimetizeumacrisedeenxaqueca.Osexistentesapresentam
vantagens e desvantagens. Modelos complexos, assumindo a hipótese
de que integração
neurogênicaevascularnoprocessofisiopatogênicodas cefaléias,seriamaquelesquemelhor
refletiriamarealidade(Lizaso a ineLeira,2003).Nessegrupo,destacamseosmodelosaseguir
(Tabela3).
45
8.1Modelosvascularesinvivoparaestudosfarmacológicos
Os modelos em animais foram desenvolvidos com o objetivo de mimetizar a
vasodilatação extracraniana relacionada a cefaléias vasculares, como a enxaqueca. Embora
muitosdelessejamessencialmentevasculares,tambémexploramcomponentesneurogênicos,
como aqueles nos quais é administrada, por via intravenosa, capsaicina e investigada
a
liberaçãosubseqüentedeCGRP(Kapooretal.,2003;Bergerotetal.,2006).
Baseiamse na teoria de que a vasodilatação extracerebral exerce papel importante
na fisiopatologia da enxaqueca. Fundamentamse no fato de que fármacos ergóticos e
sumatriptano,apesardeefetivosparaotratamentodascrisesde
cefaléia,oultrapassama
barreira hematoencefálica, apresentando efeito vasoconstritor periférico (Lizasoain e Leira,
2003).
Existem dois modelos fundamentais. Um deles o modelo de anastomose
arteriovenosa parte da hipótese de que a vasodilatação afeta fundamen talmente
anastomoses arteriovenosas cranianas (AAV), que são comunicações précapilares entre
artérias e veias
(Heyck, 1969). A vasodilatação de AAV determinaria aumento de fluxo em
veias, sem passar pelos capilares. Es se modelo foi muito importante para o avanço do
conhecimentodafisiopatologiadaenxaqueca,pois,nele,observousequeaserotoninaproduz
dilataçãoarteriolarevasoconstriçãodeAAV.Tambémsemostrourelevantepara oestudo
de
fármacos antienxaquecosos, principalmente aqueles com ação em receptores específicos.
Nele, m sido estudados fármacos capazes de contrair vasos cranianos dilatados,
independentemente do mecanis mo, como agentes ergóticos, triptanos e inibidores de NO
(LizasoaineLeira,2003;Bergerotetal.,2006).
46
Tabela3.Modelosemanimaisparaestudodedorescefálicas(Bergerotetal.,2006).
TipodeModelo
Função/Estrutura Metodologia
Vascular
(vasoconstriçãoou
vasodilatação)

Invitro
Invivo
Veiaseartériasisoladas
Leitoarterialcarotídeo
Anastomoses
arteriovenosas
Artériaspiais
Efeitodefármacose
modulaçãodeestimulação
elétrica
Avaliaçãoderesistênciae
diâmetrovasculares
Neurovascular
Inflamatório
(extravasamentoplasmático‐EP)
AtivaçãodoNúcleoTrigeminal
Caudal(NTC)
DepressãoCorticalAlastrante
Efeitosdedoadoresde
óxidonítrico
SistemaTrigeminovascular
SistemaTrigeminovascular
Viasnociceptivascentrais
Vasodilataçãoeativaçãode
neurôniostrigeminaispor
depressãoalastrante
SistemaTrigeminovascular
Viasnociceptivascentrais
Interaçãonociceptiva
autonômica
InduçãoouinibiçãodeEP
porestimulaçãoquímicaou
elétricadenervosegânglio
trigeminaiseavaliaçãocom
traçadoresradiomarcados
oucorantesvitais
Estimulaçãomeníngeaou
estimulaçãomecânica/
elétricadeestruturas
inervadaspelotrigêmeo
Aplicaçãocorticaldecloreto
depotássio(KCl),expressão
decfosnoNTC
Respostasnociceptivas,
cerebrovascularese
neuroquímicasdecorrentes
deadministraçãocentralou
sistêmicadenitroglicerina
47
8.2Modelosvascularesinvitroparaestudosfarmacológicos
Nesses modelos são utilizados diferentes tipos de vasos sangüíneos, incluindo os de
sereshumanos,paraoestudodefármacosempregadosnotratamentodedoresdecabeça.É
métodorazoavelmentesensívele, apresentandofácilreprodutibilidade, permiteoestudode
muitos compostos em curto
período detempo, utilizandose a mesmapreparação. Também
permite o estudo dos receptores e neurotransmissores envolvidos (Lizasoain e Leira, 2003,
Bergerotetal.,2006).
8.3Modelosneurovasculares paraestudosfarmacológicos
Emmodelosneurovasculares,éfeitaaativaçãodosistematrigeminovascular(STV)por
meio de estimulação elétrica, química ou imunológica
do gânglio trigeminal, ou mesmo de
seusnervosmaisperiféricos(LizasoaineLeira,2003;Bergerotetal.,2006).
Moskowitz e colaboradores (1984) foram os primeiros a descrever o fenômeno da
inflamação neurogênica em meninges de ratos, após esse tipo de estimulação. Estímulo
nociceptivo produz aumento da atividade neuronal, que pode
ser evidenciado por meio da
quantificaçãodeneurôniosqueexpressamcfosnaslâminasIeIIdonúcleocaudaldonervo
trigêmeo. Isso desencadeia a liberação de peptídeos neuroinflamatórios, como CGRP, SP e
NKA,que são potentes vasodilatadores, agindo de modo dependente do óxido nítrico. Esses
mediadores,além
degeraremextravasamentoplasmáticoemduramáter,estãoenvolvidosno
mecanismo de dor durante o episódio de cefaléia (Lizasoain e Leira, 2003; Bergerot et al.,
2006).
Em modelos experimentais de cefaléia, antes da estimulação do STV, pode ser
administrada,porviaintravenosa, albumina
125
IouazuldeEvans,comafinalidadedeverificar
a ocorrência de extravasamento plasmático durante o processo, que seria resultante da
48
inflamaçãoneurogênica.Paratal,érealizadaamedidadaquantidadedessassubstânciasfora
doespaçointravascular(LizasoaineLeira,2003;SpokeseMiddlefell,1995).
Entre os modelos neurovasculares, talvez o mais interessante sejam aqueles
relacionados à administração sistêmica de nitratos orgânicos, que são potentes
vasodilatadores.
9. MODELONEUROVASCULARDEATIVAÇÃO
TRIGEMINALPORADMINISTRAÇÃODE
NITROGLICERINA,PORVIASISTÊMICA
O modelo animal de ativação do sistema trigeminovascular pela administração de
nitroglicerina baseiase na observação, em seres humanos, de que este fármaco é capaz de
desencadear cefaléia similar àquelas apresentadas por indivíduo s enxaquecosos, após rias
horasdesuaadministraçã o,alémdereproduzir
sintomaspremonitóriosassociadosacrisesde
enxaqueca(Iversenetal.,1989).Estecompostotambémécapazdedesencadearaexpressão
de cfos no complexo trigeminocervical, indicando ativação deste sistema nociceptivo da
regiãocervicalaltaecrânio(TassorellieJoseph,1995).
Anitroglicerina(trinitratodeglicerina;NTG)éumnitrato
orgânico,decurtameiavida
plasmáticacercade1a4minutos,quepodeserprolongadaemtecidoslipofílicos,incluindo
o encéfalo. Este composto é rapidamente metabolizado intracelularmente em NO, que é
importante mensageiro neuronal, com diversas funções sinalizadoras, tanto em SNC, quanto
em Sistema Nervoso Periférico (Moncada et
al., 1991, Bergerot et al., 2006).Sua
metabolizaçãoérealizadapelaenzimamitocondrialaldeídoDhidrogenase(Michel,2006).
Agindo em sistema cardiovascular, a nitroglicerina causa vasodilatação, acarretando
diminuiçãodapressãodiastólicaediscretareduçãoemresistênciavascularpulmonaredébito
cardíaco.Emaltasdoses,écapazdegerarestasevenosa,
aumentodaresistênciaarteriolare
redução da pressão arterial (sistólica e diastólica) e débito cardíaco, podendo acionar
mecanismosautonômicosregulatóriosdasfunçõescardiovasculares(Michel,2006).
49
Repetidaoucontínuaexposiçãoànitroglicerinapodelevaràate nuaçãodamagnitude
deseuefeitofarmacológico.Essatolerânciaérelacionadaadosagemefreqüênciadeuso.Esse
fenômeno pode ser resultante de: (a) redução da capacidade da musculatura lisa converter
aquele composto em óxido nítrico (Figura 6), o que é chamado
de “tolerância vascular
verdadeira”,ou(b)deativaçãodemecanismosextravasculares(pesudotolerância).Algunsdos
possíveismecanismosenvolvidosna“tolerânciavascular”são:aumentodevolumeplasmático,
ativaçãoneurohumoral,depleção celular de grupossulfidrilasegeraçãoderadicaislivres. O
estresseoxidativotambémpodeestarrelacionadoaessefenôm eno,poisocorre
inativaçãoda
enzima aldeídoDhidrogenase mitoco ndrial nessa circunstância (Michel, 2006). Fenômeno
interessante, associado à tolerância a nitratos, é o surgimento de cefaléia cerca de uma
semana após as primeiras manifestações da exposição prolonga da a esses compostos. É a
chamadaMondayDisease(Marsh eMarsh,2000;Michel,2006).
A maioria dos
estudos que utilizam nitratos orgânicos para ativação sistêmica do
sistema trigeminovascular não explora o padrão comportamental que os animais possam
apresentar(Tabela3).Algunsutilizamoreflexoderetiradadacaudaaestímulotérmiconocivo
(tailflick latency)como medidanociceptiva, mas outrosparâmetros comportamentais pouco
sãoexplorados.Na
maioriadas vezes,osestudosseatêmamedidasimunoistoquímicas,como
aexpressãodecfos(TassorellieJoseph,1995),oua parâmetroseletrofisiológicosedefluxo
vascular(Bergerotetal.,2006).
10. DOROROFACIALINDUZIDAPORFORMALINASUBCUTÂNEA
Aregiãoorofacialéáreadensamenteinervadapelonervotrigêmeo
e,muitasvezes,é
sítio freqüentede dores referida e crônica. Alteraçõesclínicas noterritório trigeminal, como
aumento da sensibilidade cutânea e hi peralgesia, observadas em cefaléias primárias e dores
orofaciaisemgeral,sãomuitosugestivasdeanormalidadesnosistemanociceptivotrigeminal
(Bartchetal.,2003).
50
Existempoucosmodeloscomportamentaisdedicadosà avaliaçãodenocicepçãonessa
área,especialmentenoqueserefereàsuarelaçãocomcefaléias.Amaioriadelessebaseianas
medidas de limiaresnociceptivos ou la tências após estímulos nocivos na região orofacial ou
emestruturascranianasprofundas,comoseiosvenososegrandesartériasdurais
(LeBarset
al.,2001;Lizasoainetal.,2003;Mitsikostasetal.2001;RaboissoneDallel,2004).
Entreosmodelosnocicept ivosexperimentaisdedoresorofaciaisecefálicas,otesteda
formalina é um dos mais relevantes e o mais preditivo, em termos de aplicabilidade clínica,
quandoseestudam
doresagudas.Elea valia anocicepçãotrigemi nalpormeiodaaplicaçãode
estímulo químico (administração subcutânea de formalina) na região orofacial. Esse modelo
constituiumaadaptaçãodotestedaformalinaadministradanasuperfícieplantardea nimais
(Clavelouetal.,1989;Dubuissonetal.,1977;RaboissoneDallel,2004;Raboissonet
al.,2004).
A injeção subcutânea de formalina na pata gera injúria tecidual, com conseqüentes
alteraçõescomportamentais eresposta eletrofisiológicaqueperduram por minutos até mais
deumahora.Osachadoscaracterísticosdarespostacomportamentalàinjeçãodeformalina(1
a5%)emroedoreséumpadrãonociceptivobifásico(Pacáke
Palkovits,2001).Imediatamente
após a administração do estímulo químico, uma fase aguda de nocicepção, expressa por
respostacomportamentalvigorosa(fase1),queperdurapor3a5minutos.Segueseumafase
silente (sem comportamento sugestivo de nocicepção), que se inicia 5 a 15 minutos após a
injeção e
dura de 10 a 15 minutos. Na última etapa (fase 2), ocorre reação inflamatória no
tecido periférico, caracterizada por intensa atividade nociceptiva, que perdura por 20 a 60
minutos(Clavelouetal.,1989;DickensoneSullivan,1987;PacákePalkovits,2001).
Asprincipaisrespostascomportamentaisobservadasnessemodelosão:(1)medida
do
número de reflexos de autolimpeza (grooming em inglês), dirigidos ao local da injeção de
formalina, (2) vocalização espontânea, (3) tremores vigorosos do corpo (shaking em inglês),
associados ao ato de lamber as patas dianteiras e proteger vigorosamente o focinho, e (4)
51
trismo.Todosestescomportamentossãopotencialmenteindicativosdedoredisestesiagrave
(Andersonetal.,2003).
SegundoDubuissonecolaboradores(1977),a dor,nomodelonociceptivotrigeminal,
seria inicialmente resultante da reação inflamatória gerada pela ligação da formalina às
proteínas teciduais, por meio da formação de pontes primárias de carbono
(propriedade
fixadora do tecido). Tal reação inflamatória na área de injeção persiste por período
relativamentelongo.Edemadelábiosuperior,porexemplo,podeserobservadoaté24horas
após.Arespostainicial(fase1)possivelmentedecorredaestimulaçãodiretadosnociceptores,
enquantoasegundafasedeveseainflamaçãoesensibilização
central(Ichinoseetal.,1999).
EstudoseletrofisiológicosdemonstraramqueosnociceptoresdasfibrasperiféricasAδ
e C, bem como os neurônios nociceptivos convergentes do núcleo trigeminal espinhal, são
excitadospelaadministraçãodeformalina nocamponociceptivocorrespondente(Andersonet
al.,2003;Raboissonetal.,2004;).
Leonge colaboradores(2000)
observaram quea injeçãosubcutânea deformalina na
região da face inervada pelo segundo ramo do nervo trigêmeo induz a expressão do proto
oncogenecfos(cfos)naslâminasIeIIdonúcleosensitivo trigeminal.Estaexpressãodecfos
possivelmentesejamediadaporóxidonítrico(Leonget
al.,1999).
No modelo de injeção plantar de formalina, receptores glutamatérgicos ionotrópicos
nãoNMDA (subtipo cainato GluR5) parecem mediar a resposta nociceptiva à formalina em
neurôniosdocornodorsaldamedulaespinhal(Simmonsetal.,1998).Nãodadosquantoao
modelodeinjeçãoorofacialdessecomposto.
Entreos
principaisparâmetroscomportamentais medidosnomodelodeadministração
de formalina na área facial, está o reflexo de autolimpeza (grooming) (Raboisson e Dallel,
2004). O mesmo é dirigido para a região orofacial com o uso do membro (anterior ou
posterior) ipsilateral ao do local da administração de formalina. Outras medidas
comportamentais, como o número de cruzamentos (crossings em inglês medida de
52
locomoção) e o número de respostas de orientação (rearings em inglês medida de
comportamentoexploratório),esuaassociaçãocommedidasnociceptivas(tailflicklatency
latênciadoreflexoderetiradadacauda),sãopoucoexploradas.
Sendoassim,essaDissertaçãotevecomoobjetivorealizarestudossobreamodulação
da
nocicepç ão mediada por vias trigeminais, em modelo animal correlacionável com os
quadrosdedoresorofaciaisecefálicasemsereshumanos.Paratal,foipromovidaaativação
do sistema trigeminovascular de modos periférico (dor orofacial induzida por formalina) e
sistêmico (modelo neurovascular de ativação sistêmica por administração de nitroglicerina).
Pela facilidade
técnica e resultados prévios, foram selecionados os modelos descritos por
Clavelouecolaboradores(1989)eTassorelliecolaboradores(1999)paraempregonapresente
Dissertação.
53
Objetivos
54
1. OBJETIVO GERAL
Essa Dissertação teve como objetivo geral avalia r parâmetros comportamentais e
nociceptivos resultantes da associação de modelo de ativação periférica do sistema
trigeminovascular, baseado na administração subcutânea de formalina na região orofacial,
commodeloneurovasculardeativaçãosistêmica,baseadonaadministraçãointraperitonealde
nitroglicerina. Para tal, aqueles parâmetros foram
previamente avaliados em cada um dos
modelos propostosisoladamente. Procurouse, assim, verificara ocorrência de uma possível
sensibilizaçãodeviasmedularesnociceptivas,pormeiodaavaliaçãoderespostasnociceptivas
comportamentaisgeradasporestímuloperiféricoesistêmicodosistematrigeminal.
2. OBJETIVOSESPECÍFICOS
2.1. Avaliar parâmetros comportamentais em campo
aberto número de cruzamentos
(crossing),númeroderespostasdeorientação(rearing)etempogastoemreflexode
autolimpeza (grooming) utilizando o modelo de dor orofacial induzida pela
formalina, a fim de verificar qual deles poderia melhor representar a resposta
nociceptivanessasituação.
2.2. Avaliar,
nomodeloneurovasculardeativaçãotrigeminalporadministraçãosistêmica
de nitroglicerina, o padrão de resposta da medida comportamental previamente
selecionadacomorepresentativadenocicepçãoemcampoaberto(objetivo2.1).
2.3. Avaliararespostanociceptiva,porme iodamedidadoreflexoderetiradadacaudaa
estímulo térmico nocivo (tail
flick latency), em experimento no qual se associam os
modelos de dor orofacial induzida pela formalina e neurovascular de ativação
trigeminalporadministraçãosistêmicadenitroglicerina.
55
MateriaiseMétodos
56
1.ANIMAISEXPERIMENTAIS
ForamutilizadosnoestudoratosWistar,machos,comidadede60diasaoiníciodos
experimentos, pesando entre 200 e 300 gramas, provenientes do Centro de Reprodução de
Animais de Laboratório (CREAL) do Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS) da
UniversidadeFederaldoRioGrandedo
Sul(UFRGS).
Osanimaisforammantidosemcaixasmoradiaconfeccionadasemplexiglass,medindo
41 cm de altura, 34 cm de largura e 16 cm de profundidade, com fundo recoberto por
serragem.Foramsubmetidosacicloclaroescurode12horas(períododeluzdas7hàs19h),
recebendo
raçãopadronizadaeáguaadlibitum.
Os animais foram pesados e aleatoriamente distribuídos nos grupos propostos em
cadaexperimento.
Ao término dos experimentos, os animais foram eutanasiados em câmara de gás
carbônico,soboscuidadosdoCREALdoInstitutodeCiênciasBásicasdaSaúde.
2.AVALIAÇÕESCOMPORTAMENTAIS
2.1. OBSERVAÇÃO
EMCAMPOABERTO
Foi realizada em caixa de madeira recoberta por fórmica (interna e externamente),
medindo 50cm de altura, 60 cm de largura e40 cmde profundidade, comface anteriorde
vidro. O assoalho estava dividido em 12 retângulos de 15,0 x 13,3 cm, com linhas escuras
(Figura7)
(Nettoetal,1987;Spruijtetal.,1992).
57
Figura7.Caixademadeiraparaobservaçãoemcampoaberto,recobertaporfórmica
(interna e externamente), medindo 50 x 60 x 40 cm de profundidade, com face anterior de
vidroeassoalhodivididoem12retângulosde15,0x13,3cm,comlinhasescuras.
Cadaanimalfoigentilmentecolocado
nocantoposterioresquerdodacaixaedeixado
livrepara exploraro ambiente por 5 minutos, durante os quais foramrealizadas as medidas
propostas. O registro do número de respostas de orientação (rearings), do número de
cruzamentos(crossings)edotempogastorealizandoreflexosdeautolimpeza(groomings
)foi
feitoemdiferentesperíodosdetempo,deacordocomoexperimentoemquestão(Spruijtet
al.,1992,Nahas,1999)(Figura8).Foramobtidasmedidasimediatamenteantes(basal)eapós
osanimaisseremsubmetidosaotratamentoestipulado.
Onúmerodecruzamentosfoimedidoemfunçãodonúmero totalderetângulos
queo
animalultrapassoucomasquatropatas.Namedidadonúmerodereflexosdeorientação,foi
58
consideradoonúmerototaldevezesqueoanimalseapoiounaspatastraseiraseassumiua
posiçãoortostática(Nahas,1999).Otempototal(emsegundos)emqueoanimalpermaneceu
realizando o reflexo de autolimpeza (grooming) na região das vibrissas foi utilizado como
medidadecomportamentonociceptivo (Clavelou
etal.,1989).
A
B C
Figura 8. Padrões comportamentais observados em campo aberto. (A) Número de
cruzamentos (crossings); (B) número de respostas de orientação (rearings), (C) reflexos de
autolimpeza(groomings).
2.2.AVALIAÇÃODOREFLEXODERETIRADADACAUDA(TAILFLICK)
Arespostanociceptivafoiavaliadapormeiodo
aparelhodetailflick,conformecnica
descritaporD’AmoureSmith(1941).Cadaanimalfoicontido,empregandoseumatoalhade
tecido de algodão, e colocado no aparelho, com a cauda imobilizada sobre uma fenda
delimitada por duas chapas de metal. Ligado o aparelho, feixe de luz fixa incidia 2
3 cm
rostralmente à porção mais distal da cauda. O acionamento da fonte luminosa disparava
59
automaticamenteumcronômetrodigital.Adeflexãodacauda,motivadapelocalorirradiado
da fonte luminosa, interrompia sistema de fotocélula ligado ao feixe de luz, encerrando a
medida(comtravamentodocronômetro).Aintensidadedaluzfoiajustadaem0,35mA,afim
deseobteremlatênciasbasaisderetirada dacauda
(tailflicklatencyouTFLeminglês)de3a 5
segundosnogrupocontrole.Limitede10segundos(teto)foiimpostoàsmedidasparaevitar
danosteciduais(D’AmoureSmith,1941;Nettoetal.,1987;Siegfriedetal.,1987)(Figura9).
Figura9.Aparelhodemedidadereflexoderetiradadacauda( tailflick).Apósacauda
serimobilizadasobreumafenda,oaaparelho foi acionadoefeixedeluzfixaincidiu 23cm
rostralmente à porção mais distal da cauda. O acionamento da fonte luminosa disparou
automaticamente
umcronômetrodigital.Adeflexãodacauda,motivadapelocalorirradiado
da fonte luminosa, interrompeu o sistema de fotocélula ligado ao feixe de luz e encerrou a
medida(Basal:36s/Teto:10s).
60
Essetestebaseiasenoprincípiodequeocalorproduzidopelaincidênciadeluzsobre
oanimal provocauma respostanociceptiva, manifestadapor meio do reflexo de retiradada
cauda (D’Amo ur e Smith, 1941; Netto et al., 1987 ; Siegfried et al., 1987). A latência para
retiradadacauda (TFL)
representaoperíododetempo(emsegundos)queseestendeudesde
oiníciodacontagematéadeflexãodacauda.
Oprocedimentopadrãoparaobtençãodessasmedidasconstoudasetapasaseguir.
(a) Vinte e quatro horas antes do experimento, os animais foram expostos ao
aparelho,parafamiliarizaremsecom
omesmoecomoprocedimentoaserrealizado,umavez
queanovidadepodeinduzirantinocicepção(Nettoetal.,1987).
(b)Nodiadoexperimento,foramobtidasmedidasimediatamenteantes(latência de
base)eapóscadaanimalreceberotratamentoproposto,emtemposespecíficos,conformeo
experimentoemquestão.
2.3. NOCICEPÇÃO OROFACIAL INDUZIDA PELA ADMINISTRAÇÃO SUBCUTÂNEA DE
FORMALINA
Notestededororofacialinduzidaporformalina(Clavelouetal.,1989),foirealizadaa
administração de agente irritante solução de formalina 5% (50 μL) ou de solução salina
(NaCla0,9%;50μL),porviasubcutânea,no
coximdireitodasvibrissasdecadaanimal(figura
10)
Figura 10. Região orofacial do rato em que éadministradofo rmalina 5 % por via
subcutânea(AdaptadodeRaboissoneDallel,2004).
61
Nesseteste,foiobservadoocomportamentodeautolimpeza(grooming),pormeio do
ato de coçar com as patas dianteiras a região em que foi feita a injeção de formalina. Foi
cronometrado o tempo gasto pelo animal nesse comportamento. Para tanto, antes do
experimento, o animal foi colocado no campo
aberto por período de 5 minutos (conforme
descritonoitem2.1),paraquefosseregistrado otempototaldereflexodeautolimpezana
regiãodasvibrissas,alémdonúmerototaldecruzamentosedereflexosde orientaçãoespacial
(medidasbasais).
2.4. MODELO NEUROVASCULAR DE ATIVAÇÃO TRIGEMINAL POR ADMINISTRAÇÃO
SISTÊMICA
DENITROGLICERINA
No modelo neurovascular de ativação trigeminal por nitroglicerina (Tassorelli, 1999),
foi realizada a administração, por via intraperitoneal, de trinitrato de glicerina (TRIDIL®,
soluçãode5mg/mL;dose de10mg/kg),veículo(propilenoglicol30%,etanol30%,água40%)
ousoluçãosalina(NaCla0,9%)(Tassorellietal.,1999).
Uma vez que não estudos na literatura avaliando padrões comportamentais
relacionadosaessemodelo,utilizousecomobaseodelineamentoexperimentaldomodelode
dor orofacial induzida pela formalina (Clavelou et al., 1989). Imediatamente antes (basal) e
após a administração do tratamento proposto trinitrato de glicerina, veículo ou solução
salina,foifeitaobservaçãodoanimalporperíodode5minutos,duranteoqualseregistrouo
número desegundos gastos na realização do reflexo deautolimpeza (grooming) em campo
aberto.Osregistrospóstratamentoforamfeitosemdiferentesperíodosdetempo,deacordo
comoexperimentoem
questão.
Também foram registradas as latências do reflexo de retirada da cauda a estímulo
térmiconocivo(tail‐flicklatency)antes(basal)eemdistintosperíodosapóso animalrecebera
administração do tratamento proposto no modelo de ativação neurovascular de ativação
trigeminal.
62
3.TRATAMENTOSFARMACOLÓGICOS
Foramadministradososfármacosesoluçõesdescritosaseguir.
(1) Solução salina(NaCla0,9%), administradapor via subcutânea,emvolumede 50
μL.
(2) Solução de formalina a 5% (Formol P.A.®; Labotatório Synth; diluído em solução
salina),administradaporviasubcutânea,emvolumede50μL.
(3) Veículo, constituído por 30% de propilenoglicol, 30% de etanol e 40% de água
destilada,administradoporviaintraperitoneal.
(4) Trinitrato de glicerina (TRITIL®, Laboratório Cristália; em solução de 5 mg/mL,
obtida a partir da diluição em veículo), na dose de 10 mg/kg, administrada por via
intraperitoneal.
Foiutilizadasolução
salinaparadiluiçãoeobtençãodasolução desejadadeformalina.
Ambasassoluçõesforamadministradasporviasubcutânea,emvolumede50µL.
Paraadiluiçãodetrinitratodeglicerina,foiutilizadoveículo.Assoluçõesdeglicerinae
veículo foram preparadas de modo a se injetar volume de 1 ml/kg por
animal, por via
intraperitoneal.
Asdosesempregadas tiveram por baseestudospréviosda literatura(Clavelouet al.,
1989;Tassorellietal.,1999).
4.ANÁLISEESTATÍSTICA
Osdadosforamexpressoscomomédia±desviopadrão damédia(DPM).
Teste t de Student para amostras independentes ou ANOVA de uma via, seguida
de
teste de comparações múltiplas de Bonferroni quando indicado, foram utilizados para
comparação das medidas basais das latências de retirada da cauda (TFL), do número de
respostas de orientação e cruzamentos e do tempo gasto em comportamento de auto
limpeza,nosgruposexperimentaispropostos.
63
Para comparação dos grupos quanto às latências de retirada da cauda (TFL), ao
númeroderespostasdeorientaçãoecruzamentos eaotempogastoemcomportamentode
autolimpeza, nos diferentes momentos de avaliação, foi utilizada ANOVA de medidas
repetidas,seguidadetestedecomparaçõesmúltiplasdeBonferroni,quandoindicado.
As
diferenças foram consideradas estatisticamente significativas com probabilidades
deerroalfaiguaisouinferioresa5%(P≤0,05).
5.ASPECTOSÉTICOS
Todososprocedimentosforamrealizadosemconformidadecomalegislaçãovigente
noBrasil,Lei6.638(DiárioOficialdaUnião‐08/05/1979),queestabelecenormasparapráticas
didáticocientíficas davivissecção
deanimais,assimcomoregulamentaoregistrodosBiotérios
eCentrosdeExperimentação.
Todos os procedimentos operacionais realizados foram embasados nas publicaçõe s
Guideforthe Care and Useof Laboratory Animals‐ILAR/EUA(1996)eManualparaTécnicos
em Bioterismo (COBEA/Brasil, 1996), estando de acordo com Ethical Guideline for
Investigations of
Experimental Pain in Conscious Animals, como indicado por International
Association for the Study of Pain (IASP). Tais procedimentos são de uso habitual por
pesquisadores que trabalham e publicam na área e obedecem às normas propostas pela
DeclaraçãoUniversaldosDireitosdosAnimais(UNESCO‐27dejaneirode1978)ePrincípio s
Internacionais Orientadores para a Pesquisa Biomédica Envolvendo Animais (Council for
InternationalOrganizationsofMedicalSciences‐CIOMS)(GoldimeRaymundo,1997).
Todososprocedimentosforamplanejadosparaminimizardoredesconforto.
64
Resultados
65
66
EXPERIMENTO 1: AVALIAÇÃO DE PARÂ METROS COMPORTAMENTAIS E RESPOSTA
NOCICEPTIVA EM RATOS SUBMETIDOS A MODELO DE DOR OROFACIAL INDUZIDA POR
FORMALINASUBCUTÂNEA
As regiões orofacial e craniana são ricamente inervadas pelo nervo trigêmeo.
Processos dolorosos nessas regiões são muito sugestivos de anormalidades no sistema
nociceptivotrigeminal(Bartchetal.,2003).
Entre
os modelos experimentais para o estudo de dores orofaciais, o teste da
formalina é um dos mais relevantes (Raboisson e Dallel, 2004). O principal parâmetro
comportamental medido nessa circunstância é o reflexo de autolimpeza (grooming)
(RaboissoneDallel,2004).Outrasmedidascomportamentais,comoonúmerodecruzamentos
(crossings
medidadelocomoção)eonúmeroderespostasdeorientação(rearingsmedida
decomportamentoexploratório),esuaassociaçãocomoutrasmedidasnociceptivas(tailflick
latencyreflexoderetiradadacauda),sãopoucoexploradas.
Esse experimento teve por objetivo avaliar parâmetros comportamentais associados
aomodelodedor
orofacialdecorrentedaadministraçãosubcutâneadeforma lina.
ForamutilizadosratosWistaradultos,com200a300gdepesocorporal,divididosem
doisgrupos:SALINAeFORMALINA.Nos diasdoexperimento,foramobtidasasmedidasbasais
dos parâmetros comportamentais em estudo. Após, foi feita a administração, por via
subcutânea,de
soluçãodeformalinaa 5%(50µL) ou solução salina(NaCl0,9%)(50 µL),por
meio de agulha 30 x 0,5 mm, no centro da vibrissa direita. A seguir, foram mensuradas as
respostaspóstratamento.
Para a avaliação da resposta nociceptiva a um estímulo térmico nocivo (tailflick), os
animais
foram submetidos a medidas do reflexo de retirada da cauda imedia tamente antes
(basal),30minutose24horasapósaadministraçãosubcutâneadeformalinaousalina(Figura
11).
67
Paraaavaliação dasrespostasmotora(cruzamentos),deautolimpeza(grooming)ede
exploraçãodeumnovoambiente(respostasdeorientação),osanimaisforamcolocadospara
observaçãoemcampoabertoporperíodo5minutos.Aquelesparâmetrosforammensurados
imediatamenteantes(medidasbasais),imediatamenteapós(0minuto),15minutose24
horas
apósaadministração,porviasubcutânea,deformalinaousoluçãosalina(Figura8).
Figura 11. Organização geral do experimento 1. Esquema de administração do
tratamento proposto (agente irritante ou solução controle) e tempos de medidas dos
parâmetroscomportamentaisemestudo.
Nesse experimento, não
foi observada qualquer diferença estatisticamente
significativaentreosgruposSALINAeFORMALINAquantoàsmedidasbasaisdosparâmetros
comportamentais avaliados, seja no teste de tailflick, seja na observação em campo aberto
(TestetdeStudentparaamostrasindependentes,P>0,05)(Tabela4).
Vinte e quatro horas antes do experimento
Alocação aleatória dos animais nos grupos experimentais
Habituação ao aparelho de retirada da cauda (tail-flick)
Dia do experimento
Medidas basais da latência de retirada da cauda
Medidas basais dos parâmetros comportamentais em campo aberto
GRUPO 1
GRUPO 2
Salina, via s.c. (50 µL) Formalina 5%, via s.c. (50 µL)
Medidas da latência de retirada da cauda em 30 min e 24 h
Medidas dos parâmetros comportamentais em campo aberto, imediatamente após (0
min) e depois de 15 min e 24 h da administração do tratamento
68
Tabela 4. Medidas dos parâmetros comportamentais em estudo, obtidas
imediatamente antesda administração subcutânea desolução deformalina a5% (50µL) ou
soluçãosalina(50µL)navibrissadireitadosratos,emtestedetailflickeduranteaobservação
emcampoaberto.Dadosexpressoscomomédia±DPM.
Grupos
Latênciade
retiradada
cauda(s)
1
Númerode
cruzamentos
1
Númerode
respostasde
orientação
1
Tempogastoem
reflexodeauto
limpeza(s)
1
Salina(n=10) 4,45±1,20 39,60±26,87 18,20±9,61 29,09±17,94
Formalina(n=10) 4,16±0,99 46,10±16,99 23,70±9,12 38,12±24,51
1
TestetdeStudentparaamostrasindependentes,P>0,05.
Para a análise da resposta nociceptiva ao longo do tempo, por meio da medida da
latência do reflexo de retirada da cauda, utilizouse ANOVA de medidas repetidas. Não se
observaramdiferenças estatisticamente significativas nacomparação entre os tempos, entre
osgrupos
ounainteraçãoentretemposegrupos(F=0,09paraostempos,P=0,77;F=0,99para
osgrupos,P=0,33;F=3,05parainteraçãoentretemposegrupos,P=0,09)(Figura12).
Figura12.Latênciaderetiradadacaudaimediatamenteantes (basal) e após (30min
ou24h)aadministraçãosubcutâneadesoluçãodeformalinaa5%(50µL)ousalina(50µL),na
vibrissadireitadosratos.Dadosexpressoscomomédia±DPM.
Ausência de diferenças significativas entre grupos, tempos
ou interação grupos x
tempos (ANOVA de medidas repetidas; F=0,99 para grupos, P=0,33; F=0,09 para tempos,
P=0,77;F=3,05parainteraçãotemposxgrupos,P=0,09).
Basal
69
Paraaanálisedecomportamentosemcampoabertoaolongodotempo,foiutilizada
ANOVA de medidas repetidas, seguida do teste de comparações múltiplas de Bonferroni
quando indicado. Por meio daquela, observouse redução significativa do número de
cruzamentos com o decorrer do tempo, em comparação com a medida basal (ANOVA
de
medidas repetidas; F=82,135, P=0,0001). Não se observaram diferenças significativas na
comparaçãoentreosgruposouquantoàinteraçãoentreostemposeosgrupos (ANOVAde
medidas repetidas; F=0,09 para grupos, P=0,77; F=2,50 para interação tempos x grupos,
P=0,13). Verificouse que, em todos os tempos obtidos após
a administração do tratamento
proposto, o número de cruzamentos mostrouse diferente daquele considerado como basal
(teste de comparações múltiplas de Bonferroni, P=0,0001). As medidas desse parâmetro,
obtidasimediatamenteapósaadministraçãodostratamentos(0minuto)eem24horas,não
diferiram entre si (teste de comparações múltiplas de Bonferroni,
P=0,48), mas ambas
mostraramse significativamente diferentes daquelas obtidas aos 15 minutos (teste de
comparações múltiplas de Bonferroni, P=0,001 e P=0,042 respectivamente)(Figura 13).
Observouse,assim,reduçãogradualdoscruzamentosemcampoaberto,apósaadministração
dequaisquerdostratamentospropostos,porpelomenos24horas,sendomaisacentuada
aos
15minutos.
Quantoaonúmerodeorientaçõesespaciaisobservadasemcampoaberto,evidenciou
se que essas medidas variaram unicamente em função do tempo, não havendo diferenças
significativas entre os gru pos ou na interação entre tempos e grupos (ANOVA de medidas
repetidas; F=71,55 para os tempos, P=0,0001; F=0,99 para os
grupos, P=0,33; F=2,16 para
interaçãotemposxgrupos,P=0,16).Observousequeasrespostasdeorientaçãoespacial,em
ambos os grupos, reduziram ao longo do tempo, diferindo significativamente, em todos os
momentos avaliados, daquelas obtidas no tempo basal (teste de comparações múltiplas de
Bonferroni,P=0,0001).Observouse,ainda,que
amedidadesseparâmetroobtida15mi nutos
após a administração dos tratamentos propostos diferiu significativamente daquelas obtidas
70
nos tempos 0 minuto e 24 horas (teste de comparações múltiplas de Bonferroni, P=0,002 e
P=0,01respectivamente)(Figura14).
Figura 13. Número de cruzamentos em campo aberto antes (basal), imediatamente
após(0min)edepoisde15mine24hdaadministraçãosubcutâneadeforma linaa5%(50µL)
ousoluçãosalina(50µL)navibrissadireitadosratos.Dadosexpressoscomomédia±DPM.
Diferença significativa entre
os tempos e ausência de diferença significativa entre
gruposou interação temposx grupos(ANOVAde medidasrepetidas; F=82,135paratempos,
P=0,0001;F=0,09paragrupos,P=0,77;F=2,50parainteraçãotemposxgrupos,P=0,13).
*Diferença significativa em relação às medidas basais e àquelas obtidas aos 15 min
(testedecomparações
múltiplasdeBonferroni,P0,04),independentementedotratamento
recebido.**Diferença significativa em relação a todas as demais medidas (teste de
comparaçõesmúltiplasdeBonferroni,P0,04).
TambémutilizandoANOV Ademedidasrepetidas paraaavaliaçãodotempogastoem
reflexo de autolimpeza (grooming), observouse diferença significativa de
comportamento
entre os grupos salina e formalina, não se observando o mesmo na comparação entre os
temposounainteraçãoentretemposegrupos(F=22,29paraosgrupos,P=0,0001;F=0,11para
ostempos,P=0,75;F=0,18parainteraçãotemposxgrupos,P=0,67).Logo apósaadministração
subcutâneadeformalina, o
períodogasto emautolimpezaaumentou demodosignificati vo,
permanecendo assim por pelo menos 15 minutos (teste de comparações múltiplas de
Bonferroni, P=0,0001). As medidas obtidas nesses dois momentos (0 e 15 minutos) não
Basal 0 min 15 min 24 h
71
diferiram entre si (teste de comparações múltiplas de Bonferroni, P>0,05). Em avaliação
realizada após 24 horas, os valores do grupo formalina retornaram aos níveis das medidas
basaisedogruposalina(testedecomparaçõesmúltiplasdeBonferroni,P>0,05).Asmedidas
dereflexodeautolimpezaobtidasnogrupoquerecebeu
soluçãosalinanãodiferiramentresi
aolongodotempo(Figura15).
Figura14.Númeroderespostasdeorientaçãoemcampoabertoantes(basal)eapós
(0 min, 15 min ou 24 h) a administração subcutânea de formalina a 5% (50 µL) ou solução
salina(50µL)navibrissadireitadosratos.Dadosexpressoscomomédia±DPM.
Diferença significativa entre os
tempos e ausência de diferença significativa entre
gruposouinteraçãotem posxgrupos(ANOVAdemedidasrepetidas;F=71,55paraostempos,
P=0,0001;F=0,99paraosgrupos,P=0,33;F=2,16paraainteraçãotemposxgrupos,P=0,16).
*Diferença significativa em relação às medidas basais e àquelas obtidas aos 15 min
(teste
decomparaçõesmúltiplasdeBonferroni,P0,01),independentementedotratamento
recebido.**Diferença significativa em relação a todas as demais medidas (teste de
comparaçõesmúltiplasdeBonferroni,P0,01).
Basal 0 min 15 min 24 h
72
Figura 15. Tempo gasto em reflexo de autolimpeza (grooming) em campo aberto
antes(basal)eapós(0min,15minou24h)aadministraçãosubcutâneadeformalinaa5%(50
µL)ousoluçãosalina(50µL)navibrissadireitadosratos.Dadosexpressoscomomédia±DPM.
Diferença significativa entre os grupos e ausência de diferença entre os tempos ou
interação entre grupos e tempos (ANOVA de me didas repetidas; F=22,29 para os grupos,
P=0,0001;F=0,11paraostempos,P=0,75;F=0,18paraainteraçãotemposxgrupos,P=0,67).
*Diferença significativa em relação ao grupo salina nos tempos
assinalados (teste de
comparações múltiplas de Bonferroni, P=0,0001) e em relação aos grupos salina e formalina
nosdemaistempos(testedecomparações múltiplasdeBonferroni,P<
0,003).
Basal 0 min 15 min 24 h
73
EXPERIMENTO 2: AVALIAÇÃO DO PADRÃO TEMPORAL DO REFLEXO DE AUTOLIMPEZA
(GROOMING) COMO MEDIDA INDICATIVA DE NOCICEPÇÃO EM RATOS SUBMETIDOS A
MODELODEDOROROFACIALINDUZIDAPORFORMALINASUBCUTÂNEA
Noexperimento1,dentreosparâmetroscomportamentaisestudados,otempogasto
noreflexodeautolimpeza(grooming)foiaquele
quesemostrousensívelàadministraçãode
formalinasubcutânea. Sugerese,assim,que estesejaoparâmetro quemelhor representa a
atividadenociceptivatrigeminalnomodelodedororofacialinduzidaporaqueleagente.
No clássico estudo de Clavelou e colaboradores (1989), o reflexo de autolimpeza
desencadeadopelaadministraçãode
formalina5%naregiãodolábiosuperiorfoiavaliadopor
período de tempo de 45 minu tos, em 15 blocos de 3 minutos cada um. A cada 6 minutos,
realizouse a aferição de grooming por período de tempo de 3 minutos. Aqueles autores
demonstraram que essa resposta nociceptiva comportase de
maneira bifásica. Os animais
apresentaramexacerbaçãodoreflexodeautolimpeza duranteos3primeiros minutos(fase1)
enotempocompreendidoentre18e42minutos(fase2)apósaadministraçãodotratamento.
No experimento 1 dessa Dissertação, as medidas foram obtidas em duas janelas de
observação:umaentre
0e15minutoseoutraem24horas.
O presente experimento foi, então, delineado com a finalida de de estabelecer o
período de tempo durante o qual o reflexo de autolimpeza pode permanecer alterado,
realizando avaliações em maior número de momentos, tanto logo após a administra ção,
quantoemlongoprazo,
oquepoderiarefletirsensibilizaçãodeviasnociceptivas(Yaksh,1999).
Para tal, utilizaramse ratos Wistar adultos, com 200 a 300 g de peso corporal,
divididosem2grupos:SALINAeFORMALINA.Ametodologiautilizadafoiamesmaadotadano
experimento 1 (Figura 11). Nos dias do experimento, foram obtidas
as medidas basais dos
parâmetroscomportamentaisemestudo.Após,foifeitaaadministração,porviasubcutânea,
74
desoluçãodeformalina5%(50µL)ousoluçãosalina(50µL),nocentrodavibrissadireita.A
seguir,forammensuradasasrespostaspóstratamento.
No campo aberto, foi avaliado apenas o tempo gasto com reflexos de autolimpeza
(groomings)durante observaçãopor5minutos.Esteparâmetrofoimensuradoimediatamente
antes(basal),15minutos,30minutos,2horas,4horas,24horas,48horas,7e21diasapósa
administração,porviasubcutânea,deformalinaousoluçãosalina.
Além de grooming, também foi feita a avaliação do padrão temporal do reflexo de
retirada da cauda, com a finalidade de
se verificar se o estímulo nociceptivo continuado,
gerado pela administração de formalina, por via subcutânea, seria capaz de ativar vias
medularesnociceptivasrelacionadasàinervaçãotrigeminal.
Paraaavaliaçãodarespostanociceptivaaestímulotérmiconocivo,osanimaisforam
submetidosamedidasdoreflexoderetiradada caudaimediatamenteantes,15
e30minutos,
2horas,4horas,24e48horas,7e21diasapósaadministraçãodostratamentospropostos.
Nesse experimento, não foi observada qualquer diferença estatisticamente
significativaentreosgruposSALINAeFORMALINAquantoàsmedidasbasaisdosparâmetros
comportamentais avaliados, seja na observação em campo aberto,
seja no teste de tailflick
(TestetdeStudentparaamostrasindependentes,P>0,05)(Tabela5).
Tabela 5. Latência de retirada da cauda e tempo gasto em autolimpeza em campo
aberto,imediatamenteantes(basal)daadministraçãosubcutâneadeformalina5%(50µL)ou
soluçãosalina(50µL)navibrissa
direitaderatos.Dadosexpressoscomomédia±DPM.
Grupos Tempogastoemreflexode
autolimpeza(s)
1
Latênciapararetiradada
cauda(s)
1
Salina(n=9) 14,03±10,19 5,01±1,09
Formalina(n=9) 13,67±06,06 5,11±1,23
1
TestetdeStudentparaamostrasindependentes,P>0,05.
75
Por meio de ANOVA de medidas repetidas, verificouse que, nas observações
realizadas nas primeiras 4 horas após a administração dos tratamentos em estudo, o
comportamento de autolimpeza apresentou diferenças significativas, ao se compararem os
temposeosgrupos,nãohavendo interaçãoentreambos (F=10,92 para os tempos,P=0,004;
F=6,34paraosgrupos,P=0,02;F=0,98paraainteraçãotemposxgrupos,P=0,34).
Nacomparaçãodosgruposestudados,asmedidasdotempogastoemautolimpeza15
minutos após a administração de formalina mostraramse estatisticamente significativas
daquelas referentes aos períodos basal, 2 horas e 4 horas, nos animais
que receberam esse
tratamento (teste de comparações múltiplas de Bonferroni; P=0,001, P=0,001 e P=0,005,
respectivamente). As medidas obtidas aos 15 minutos no grupo que recebeu formalina
tambémdiferiramsignificativamentedaquelasaferidasnogruposalina,emtodos osperíodos
propostosbasal,15minutos,30minutos,2horas e4
horas(testedecomparaçõesmúltiplas
deBonferroni;P=0,002,P=0,006,P=0,001,P=0,001eP=0,001,respectivamente).Sendo assim,
15 minutos após a administração do agente irritante, os animais despenderam mais tempo
realizandocomportamentosdeautolimpeza,emcomparaçãocomoscontroles(Figura16).
Na comparação das medidas obtidas ao longo
do tempo, independente mente do
grupo estudado, constatouse que os valores referentes aos 15 minutos diferiram
significativamente daqueles referentes ao momento basal, às 2 horas e às 4 horas (teste de
comparaçõesmúltiplasdeBonferroni;P=0,02,P=0,006eP=0,02,respectivamente)(Figura16).
76
77
Figura 16. Tempo gasto em reflexo de autolimpeza no campo aberto, duran te
observaçãorealizadanasprimeiras4horasapósaadministraçãosubcutâneadeformalina5%
(50 µL) ou solução salina (50 µL) na vibrissa direita dos ratos. Dados expressos em média ±
DPM.
Diferençasignificativaentretempose
gruposeausênciadeinteraçãotemposxgrupos
(ANOVA de medidas repetidas; F=10,92 para tempos, P=0,004; F=6,34 para grupos, P=0,02;
F=0,98paraainteraçãotemposxgrupo s,P=0,34).
*Diferença significativa em relação aos grupos salina, em todos os demais tempos
avaliados(teste decomparaçõesmúltiplas de Bonferroni,P<
0,006),eemrelaçãoaos grupos
formalina, nos tempos basal, 2 h e 4 h (teste de comparações múltiplas de Bonferroni,
P<
0,006).
Por meio de ANOVA de medidas repetidas, verificouse que, nas observações
realizadasemperíodomaisprolongadodetempo,estendendosede1dia(24horas)a14dias,
após a administração dos tratamentos em estudo, o comportamento de autolimpeza não
diferiusignificativamente, aosecompararem ostempos
eos grupos e seavaliar a interação
entre ambos (F=4,29 para os tempos, P=0,05; F=1,82 para os grupos, P=0,19; F=0,03 para a
interaçãotemposxgrupos,P=0,87)(Figura17).
78
Figura 17. Tempo gasto no comportamen to de autolimpeza em campo aberto,
medido antes (basal) e após 24 h, 48 h, 7 dias e 14 dias da administração subcutânea de
formalinaa5%(50µL)ousoluçãosalina(50µL)navibrissadireitadosratos.Dadosexpressos
emmédia±
DPM.
Ausênciadediferençasignificativaentretempos, entregruposenainteraçãotemposx
grupos (AN OVA de medidas repetidas; F=4,29 para tempos, P=0,05; F=1,82 para grupos,
P=0,19;F=0,03paraainteraçãotemposxgrupos,P=0,87).
Na análise das latências de retirada da cauda aferidas nas primeiras 4 horas após
a
administraçãodeformalinaousoluçãosalina,observaramsediferenças entreostempos,mas
nãoentreosgruposounainteraçãoentreambos(ANOVAdemedidasrepetidas;F=8,74para
ostempos, P=0,009;F=0,16 paraos grupos,P=0,70; F=0,07 paraa interação entre tempose
grupos,P=0,80)(Figura18).
79
Figura 18.Latência do reflexode retirada da cauda (tailflick latency) imediatamente
antes (basal) e em diferentes momentos durante as primeiras 4 horas seguintes à
administração subcutânea de formalina a 5% (50 µL) ou solução salina (50 µL) na vibrissa
direitadosratos.Dadosexpressosemmédia±
DPM.
Diferençasignificativa entretempos,mas nãoentre gruposou na interação grupos x
tempos (ANOVA de medidas repetidas; F=8,74 para os tempos, P=0,009; F=0,16 para os
grupos,P=0,70;F=0,07paraainteraçãoentretemposegrupos,P=0,80).
*Diferençasignificativaemrelaçãoaostemposde30mine2
h,independentemente
dos grupos avaliados (teste de comparações múltiplas de Bonferroni, P=0,04 e P=0,01,
respectivamente)** Diferença significativa em relação ao basal, independentemente dos
gruposavaliados(testedecomparaçõesmúltiplasdeBonferroni,P=0,004).
Na comparação das medidas obtidas ao longo do tempo, independentemente do
grupoestudado,constatouseque
aslatênciasderetiradadacaudaaos15minutosdiferiram
significativamente daquelas referentes aos 30 minutos e 2 horas (teste de comparações
múltiplas de Bonferroni; P=0,038 e P=0,011, respectivamente). As latências obtidas após 2
horasde tratamentomostraramseestatisticamente diferentesdaquelas consideradasbasais
(testedecomparaçõesmúltiplasdeBonferroni;
P=0,004)(Figura18).
Avaliandoseasmedidasdelatênciaderetiradadacaudaemperíododetempopara
mais prolongado, estendendose de 1 dia (24 horas) a 14 dias após a administração
subcutânea de formalinaa 5%ousolução salina, nãose observaram diferençassignificativas
80
entreostempos,entreosgruposounainteraçãoentregruposetempos(ANOVAdemedidas
repetidas; F=0,05 para tempos, P=0,82; F=0,01 para grupos, P=0,94; F=0,33 para a interação
temposxgrupos,P=0,58)(Figura19).
Figura19.Latênciadereflexoderetiradadacaudaimediatamenteantes(basal),24h,
48h,7e14diasapósaadministraçãosubcutâneadeformalina5%(50µL)ousoluçãosalina
(50µL)navibrissadireitaderatos.Dadosexpressoscomomédia±DPM.
Ausência de diferenças significativas entre
grupos, tempos ou interação grupos x
tempos (ANOVA de medidas repetidas; F=0,05 para tempos, P=0,82; F=0,01 para gru pos,
P=0,94;F=0,33paraainteraçãotemposxgrupos,P=0,58).
81
EXPERIMENTO 3: PERFIL DO REFLEXO DE RETIRADA DA CAUDA (TAILFLICK LATENCY) E DO
REFLEXO DE AUTOLIMPEZA (GROOMING) APÓS A ADMINISTRAÇÃO SISTÊMICA DE
NITROGLICERINACOMOMODELOEXPERIMENTALDECEFALÉIA
Cefaléia vascular, um dos tipos de dores cranianas, é uma das principais reações
adversas observadas com a administração
de nitroglicerina, fármaco vasodilatador utilizado
por pacientes no tratamento de cardi opatia isquêmica. A cefaléia induzida por esse agente
possivelmentedecorredesuametabolizaçãoaóxidonítrico(Myers,1999).
Estudos demonstram a existência de forte correlação entre os nitratos orgânicos,
comonitroglicerina,eafisiopatologiadasdoresdecabeça(Olese net
al.,1993;Iversenetal.,
1993).Paralelamente,evidênciasdequeaquelepotentevasodilatadorpodeserativadorde
viasnociceptivastrigeminais(Kerinetal.,2001;Myersetal.,1999;TassorellieJoseph,1995).
O reflexo de autolimpeza é considerado como um dos melhores parâmetros
comportamentaisparaaavaliaçãode
nocicepçãoagudaorofacialapósestímuloquímicoagudo
(Anderson et al., 2003). Com base nisso e na carência de estudos dedicados à avaliação de
padrõesde comportamentoemmodelosde ativaçãosistêmicado sistematrigeminovascular
(STV),pormeiodouso denitratosorgânicos,delineouseesseexperimentocomafinalidade
de
avaliaraspectoscomportamentaisrelacionadosaosmesmos.
Para tal, foram utilizados ratos Wistar adultos, com 200 a 300 g de peso corporal,
divididosemdoisgrupos:NITROGLICERINA(n=20)eVEÍCULO(n=20).Ini cialmente,osanimais
forampesadosealeatoriamentealocadosemumdosdoisgrupos.Nosdiasdoexperimento,
foram obtidas as medidas basais dos parâmetros comportamentais em estudo reflexo de
autolimpeza (grooming) e latênciade retirada da cauda (tail‐ flick latency). Após, foi feita a
administração,porviaintraperitoneal(i.p.),denitroglicerinaa0,05%(5mg/ml),nadosede10
mg/kg, ou veículo (30% de etanol, 30% de propilenoglicol, 40% de água). A seguir, foram
mensuradasasrespostaspóstratamento(Figura20).
82
Paraaavaliaçãodarespostadeautolimpeza(grooming),osanimaisforamcolocados
em campo aberto e aquele parâmetro foi mensurado imediatamente antes (basal) e em
distintos períodos após a administração intraperitoneal de nitroglicerina ou veículo 5
minutos,30minutos,1hora,2horas,4horas,24horase48horas(Figura20).
Paraaavaliaçãodarespostanociceptivaaoestímulotérmiconocivo(tailflicklatency),
osanimaisforamsubmetidosàsmedidasdoreflexoderetiradadacauda imediatamenteantes
(basal),30minutos,24horas e48horasapósaadministração intraperitonealdenitroglicerina
ouveículo(Figura20).
Figura 20. Organização geral do experimento 3. Esquema de administração do
tratamento proposto (nitroglicerina ou veículo) e mensuração dos parâmetros
comportamentaisemestudo.
Não foi observada qualquer diferença estatisticamente significativa entre os grupos
VEÍCULO e NITROGLICERINA quanto às medidas basais dos parâmetros comportamentais
avaliados,sejanaobservaçãoemcampoaberto,sejanotestedetailflick(TestetdeStudent
paraamostrasindependentes,P>0,05)(Tabela6).
Vinteequatrohorasantesdoexperimento
Alocaçãoaleatóriadosanimaisnosgruposexperimentais
Habituaçãoaoaparelhoderetiradadacauda(tailflick)
Diadoexperimento
Medidasbasaisdalatênciaderetiradadacauda
Medidasbasaisdotempogastoemreflexodeautolimpeza(grooming)
Grupo2
Veículo
Grupo1
Nitroglicerina
Tempogastoemreflexodeautolimpeza
(5min,30min,1h,2h,4h,24he48h)
Latênciaderetiradadacauda
(30min,24he48h)
83
Tabela6.Latênciaderetiradadacaudaetempogastoemreflexodeautolimpezaem
campoaberto,imediatamenteantes(basal)daadministraçãointraperitonealdenitroglicerina
0,05%(10mg/mL)ouveículo(30%deetanol,30%depropile noglicol,40%deágua)emratos.
Dadosexpressoscomomédia±DPM.
Grupos Tempogastoemreflexodeauto
limpeza(s)
1
Latênciapararetiradada
cauda(s)
1
Veículo(n=20) 13,76±05,54 5,07±1,58
Nitroglicerina(n=20) 14,05±13,00 4,72±1,72
1
TestetdeStudentparaamostrasindependentes,P>0,05.
Na análise das medidas de tempo gasto em reflexo de autolimpeza (grooming)
duranteasprimeiras4horasapósaadministraçãodenitroglicerinaouveículo,observousea
existência de diferenças significativas entre os tempos, não entre os grupos ou na interação
destescomostempos(ANOVAdemedidasrepetidas;F=6,61para ostempos,P=0,01;F=0,55
paraosgrupos,P=0,46;F=0,125paraainteraçãotemposxgrupos,P=0,73)(Figura21).
Verificousequeasmedidasobtidasaos5minutosforamsignificativamentediferentes
dasbasais (testedecomparaçõesmúltiplasdeBonferroni,P=0,007)edaquelasreferentesaos
temposde1hora,2horase4horas(testedecomparaçõesmúltiplas deBonferroni,P=0,005,
P=0,0001 e P=0,013, respectivamente). O tempo gasto em reflexo de autolimpeza na
avaliaçãode30minutosfoisignificativamentediferentedaquelemensuradoem2horas(teste
decomparaçõesmúltiplasdeBonferroni, P=0,014)(Figura 21).
Estudandose o tempo gasto no comportamento de autolimpeza (grooming), tendo
decorridointervalomaislongodaadministraçãodenitroglicerinaouveículo24horasou48
horas,nãoseobservouqualqueralteraçãosignificativa(ANOVAdemedidasrepetidas;F=0,11
paraostempos,P=0,74;F=1,66paraosgrupos,P=0,21;F=0,07paraainteraçãoentretempos
egrupos,P=0,80)(Figura22).
84
Figura 21. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) no campo
aberto, imediatamente antes (basal) e após 5 min, 30 min, 1 h, 2 h e 4 h da administração
intraperitonealdenitroglicerinaa 0,05%(10mg/kg)ouveículo.Dadosexpressoscomomédia±
DPM.
Diferença estatisticamente significativa
na comparação entre os tempos, mas não
entreosgrupos ounainteração gruposxtem pos(ANOVAdemedidasrepetidas;F=6,61para
ostempos,P=0,01;F=0,55para osgrupos,P=0,46;F=0,12paraainteraçãotemposxgrupos,
P=0,73).
*Diferença si gnificativa em relação aos tempos basal, 1 h, 2 h
e 4 h (teste de
comparaçõesmúltiplasdeBonferroni,P<
0,013).**Diferençasignificativaemrelaçãoaotempo
de2h(testedecomparaçõesmúltiplasdeBonferroni,P=0,01).
Figura 22. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) no campo
aberto,imediatamenteantes(basal)eapósperíodomaisprolongadodeobservação(24he48
h),apartir daadministraçãointraperitonealdenitroglicerinaa 0,05%(10mg/kg)ouveículo.
Dadosexpressoscomomédia±DPM.
Ausência de
diferença estatisticamente significativa entre tempos, grupos ou na
interaçãogruposxtempos(ANOVAdemedidasrepetidas;F=0,11paratempos,P=0,74;F=1,66
paragrupos,P=0,21;F=0,07paraainteraçãotemposxgrupos,P=0,80).
Basal
Basal
85
Nesse experimento, as medidas das latências de retirada da cauda também não se
mostraram diferentes entre si (ANOVA de medidas repetidas; F=3,50 para tempos, P =0,07;
F=1,45paragrupos,P=0,24;F=0,79paraainteraçãotemposxgrupos,P=0,38)(Figura23).
Figura 23. Latência de retirada da cauda (tailflick latency) imediatamente antes
(basal),depoisde30mineapósperíodomaisprolongadodeobservação(24he48h),apartir
da administração intraperitoneal de nitroglicerina a 0,05% (10 mg/kg) ou veículo em ratos.
Dadosexpressoscomomédia±
DPM.
Ausência de diferença estatisticamente significativa entre tempos, grupos ou na
interaçãogruposxtempos(ANOVAdemedidasrepetidas;F=3,50paratempos,P=0,07;F=1,45
paragrupos,P=0,24;F=0,79paraainteraçãotemposxgrupos,P=0,38).
86
EXPERIMENTO4:AVALIAÇÃODOMODELODEDOROROFACIALINDUZIDAPELAFORMA LINA
ASSOCIADO AO MODELO EXPERIMENTAL DE CEFALÉIA, INDUZIDO PELO USO SISTÊMICO DE
NITROGLICERINA PROPOSIÇÃO COMO MODELO COMPORTAMENTAL DE INTEGRAÇÃO
NOCICEPTIVACENTRALEPERIFÉRICADOSISTEMATRIGEMINAL.
NosdoisprimeirosexperimentosdessaDissertação,observousequeotempoemque
os
animais permaneceram realizando o comportamento de grooming foi o melhor padrão
comportamental relacionado à atividade nociceptiva após estimulação dolorosa na região
inervadapelonervotrigêmeo.
Modelos experimentais com seres humanos demonstraram que compostos nitrosos,
comoanitroglicerina,quandoutilizadossistemicamente,sãocapazesdedesencadearcrisesde
cefaléia(Olesenetal.,
1993;Iversenetal.,1993).Emanimaisdelaboratório,anitroglicerinaé
capazdeinduziralteraçõesbioquímicasehistofisiológicas,comoaumentodaexpressãodec
foseaumentodaatividadedeGMPc,porémopadrãocomportamentalnociceptivoresultante
destas alterações tem sido pouco explorado (Torfgard et al., 1989;
Torfgard e Ahnler, 1991;
TassorellieJoseph,1995a;Tassorellietal.,2004).Noexperimento3dessaDissertação,nãose
observou padrão comportamental diferenciado após a administração de nitroglicerina (na
doseestudada)ouveículo,tantonaavaliaçãodereflexodeautolimpeza,quantodalatência
deretiradadacauda.
Com base nesses dados, delineouse um quarto experimento, com a finalidade de
avaliar os reflexos de autolimpeza e de retirada da cauda (como medidas de resposta
nociceptiva)emnovomodelopropostopelosautoresdessaDissertaçãoparaestudodedores
orofaciais e cranianas. O mesmo foi constituído pela associação de um modelo de ativação
periférica do sistema trigeminal (dor orofacial induzida pela administração subcutânea de
formalina) com outro de ativação sistêmica (pela administração intraperitoneal de
nitroglicerina).
87
Para tal, foram utilizados ratos Wistar adultos, com 200 a 300 g de peso corporal,
divididosemseisgrupos,conformedescritoaseguir.
Vinte e quatro horas antes do início do experimento, os animais foram pesados e
aleatoriamentealocadosemcadaumdosgrupos.Foram,ainda,familiarizadoscomoaparelho
demedidadoreflexoderetiradadacauda,conformedescritoemmaterialemétodos.
O procedimento experimental foi dividido em três semanas. No primeiro dia da
primeira semana (Dia 1 início do experimento), foram obtidas as medidas basais dos
parâmetros comportamentais emestudo reflexode autolimpeza (grooming)e latência de
retiradadacauda(tail‐ flicklatency ).Logoapós,foifeitaaadministração,porviasubcutânea
(s.c.),desoluçãodeformalina5%(50µL)ousoluçãosalina(NaCl0,9%)(50µL),nocentrodo
coximdireitodasvibrissas.Aseguir,foirealizadaaadministração,porviaintraperitoneal(i.p.),
denitroglicerinaa0,05%(5mg/mL),nadosede10mg/kg,ouveículo(30%deetanol,30%de
propilenoglicol, 40% de água). Foram mensuradas, então, as respostas póstratamento da
primeirasemana(Figura24).
Noprimeirodiadecadaumadasduassemanasseguintes,correspondendoaosdias8
e15doexperimento,osanimaisreceberam,porviaintraperitoneal,nitroglicerinaouveículo,
deigualmodoaodaprimeirasemanaerespeitandoosmesmosgruposestabelecidosnaquele
momento(Figura21).Obtiveramse,assim,osgruposexperimentaisaseguir.
GRUPO 1 SS Os animais receberam solução salina, por via s.c., no dia 1 do
experimento,esoluçãosalina,porviai.p.,nosdias1,8e15.
GRUPO 2 SV Os animais receberam solução salina, por via s.c., no dia 1 do
experimento,eveículo,porviai.p.,nosdias1,8e15.
GRUPO 3 SN Os animais receberam solução salina, por via s.c., no dia 1 do
experimento,enitroglicerina,porviai.p.,nosdias1,8e15.
GRUPO4FSOsanimaisreceberamsoluçãodeformalina5%,porvias.c.,nodia1
doexperimento,esoluçãosalina,porviai.p.,nosdias1,8e15.
88
GRUPO5FVOsanimaisrecebera msoluçãodeformalina5%,porvia s.c.,nodia1
doexperimento,eveículo,porviai.p.,nosdias1,8e15.
GRUPO6FNOsanimaisreceberamsoluçãodeformalinaa5%,porvia s.c.,nodia1
doexperimento,enitroglicerina,porviai.p.,nosdias1,8e15.
Emtodasastrêssemanas,antesdeiniciaroexperimento daqueleperíododetempo,
aferiuse o peso de cada animal, assim como as medidas basais dos reflexos de retirada da
caudaedeautolimpeza.
Para a avaliação da resposta nociceptiva a um estímulo térmico nocivo (tailflick), os
animais foram submetidos a medidas do reflexo de retirada da cauda imediatamente antes
(basal), 15 minutos,30 minutos, 2 horas,4 horas, 24horase 48horas após aadministração
dos
tratamentospropostos(Figura24).
Para a avaliação do comportamento de autolimpeza (grooming), os animais foram
colocados para observação em campo aberto por período 5 minutos. Aquele parâmetro foi
mensuradoimediata menteantes(basal),15minutos,30minutos,2 horas,4horas,24horase
48horasapósaadministraçãodostratamentospropostos(Figura24).
89
Figura 24. Organização geral do experi mento 4. Esquema de administração dos tratamentos
propostoseaferiçãodosparâmetroscomportamentaisemestudo.
Não foi observada qualquer diferença estatisticamente signifi cativa entre os seis
gruposquantoàsmedidasbasaisdocomportamentodeautolimpeza,naavaliaçãorealizada
no primeiro dia da primeira semana de experimento (ANOVA de uma via; F=0,40, P=0,85).
Vinte e quatro horas antes do início do experimento
Alocação aleatória dos animais nos grupos experimentais
Habituação ao aparelho de retirada da cauda (tail-flick)
Grupo 1 -
SS
Tempo gasto em reflexo de auto-limpeza
Latência de retirada da cauda
15 min, 30 min, 2 h, 4 h, 24 h e 48 h
Grupo 2 -
SV
Grupo 3 -
SN
Grupo 4 -
FS
Grupo 5 -
FV
Grupo 6 -
FN
Primeiro dia das segunda e terceira semanas de experimento (dias 8 e 15 – semanas 2 e 3)
Medidas basais da latência de retirada da cauda (tail-flick latency)
Medidas basais do tempo gasto em reflexo de auto-limpeza (grooming)
Administração de nitroglicerina (10 mg/kg) (N) ou veículo (V), por via intraperitoneal
Grupo 1 -
SS
Grupo 2 -
SV
Grupo 3 -
SN
Grupo 4 -
FS
Grupo 5 -
FV
Grupo 6 -
FN
Tempo gasto em reflexo de auto-limpeza
Latência de retirada da cauda
15 min, 30 min, 2 h, 4 h, 24 h e 48 h
Primeiro dia da primeira semana de experimento (dia 1 – semana 1)
Medidas basais da latência de retirada da cauda
Medidas basais do tempo gasto em reflexo de auto-limpeza
Administração dos tratamentos propostos: formalina 5% (F) ou solução salina (S), por via
subcutânea, e nitroglicerina (10 mg/kg) (N) ou veículo (V), por via intraperitoneal
90
Idêntico resultado foi observado na avaliação das medidas basais da latência de retirada da
caudanotestederetiradadacauda(ANOVAdeumavia;F=1,38,P=0,24)(Tabela7).
Tabela7.Tempogastoemreflexodeautolimpezaelatênciaderetiradadacaudaem
campo aberto, imediatamente antes (basal) da administração subcutânea de solução de
formalina 5% (50 µL) ou solução salina (50
µL) na vibrissa direita e da administração
intraperitoneal de nitroglicerina 0,05% (10 mg/mL) ou veículo (30% de etanol, 30% de
propilenoglicol, 40% de água), no primeiro dia da primeira semana de experimento. Dados
expressoscomomédia±DPM.
Grupos Tempogastoemreflexode
autolimpeza(s)
1
Latênciapararetirada
dacauda(s)
2
Salina/Salina(n=12) 18,37±13,79 4,86±1,18
Salina/Veículo(n=12) 19,60±11,81 4,95±1,01
Salina/Nitroglicerina(n=12) 14,30±14,39 5,80±2,06
Formalina/Salina(n=12) 17,78±09,78 5,16±1,04
Formalina/Veículo(n=16) 15,79±07,05 4,75±0,94
Formalina/Nitroglicerina(n=15) 16,91±05,33 5,59±1,43
1
ANOVAdeumavia;F=0,40,P=0,85.
2
ANOVAdeumavia;F=1,38,P=0,24.
Na análise das medidas de tempo gasto em reflexo de autolimpeza (grooming),
obtidas nos períodos basais de cada uma das três semanas de experim ento, observouse a
existência de diferenças significativas entre as semanas de tratamento (tempos), mas não
entreosgruposounainteraçãodestescomostempos(ANOVAdemedidas repetidas;F=9,83
para os tempos, P=0,002; F=0,73 para os grupos, P=0,60; F=0,65 para a interação tempos x
grupos,P=0,66)(Figura25).
Os tempos despendidos no comportamento de autolimpeza, no período basal da
segunda e da terceira semanas, mostraramse similares entre si (teste de comparações
múltiplas de Bonferroni; P=0,20), mas foram significativamente diferentes daqueles
observados na primeira semana de experimento (teste de comparações múltiplas de
Bonferroni;
P=0,002eP=0,007,respectivamente)(Figura25).
91
Figura 25. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) em campo
aberto, nos períodos basais de avaliação, durante as três semanas de experimento. Dados
expressoscomomédia±DPM.
SS:Salina,vias.c.,nodia1 doexperimento(D1),esalina,viai.p.,nosdias1,8e
15(D1,
D8eD15).SV:Salina,via s.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.SN:Salina,vias.c.,
emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.FS:Formalina5%,vias.c.,emD1,esalina,via
i.p.,emD1,D8eD15.
FV:Formalina5%,vias.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.
FN:Formalina5%,vias.c.,emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.
Diferença estatisticamente significativa na comparação entre as semanas (tempos),
masnãoentregruposounainteraçãogrupos x
tempos(ANOVAdeme didasrepetidas;F=9,83
para tempos, P=0,002; F=0,73paragrupos, P=0,60; F=0,65 para interação tempos xgrupos,
P=0,66).
*Diferençasignificativaemrelaçãoàprimeirasemana,independe ntementedosgrupos
estudados(testedecomparaçõesmúltiplasdeBonferroni,P<
0,007).
Utilizandose ANOVA de medidas repetidas para a análise do tempo despendido em
comportamento de autolimpeza, 15 minutos após a administração dos tratamentos
estipulados, observaramse diferenças significativas entre as semanas estudadas (tempos),
entreos gruposena interaçãoentre estes eos tempos (F=15,82paraos tempos,P=0,0001;
F=4,90 para os grupos,P=0,001; F=3,43 para a interação entre tempos e grupos, P=0,009)
(Figura26).
Na comparação entre as semanas, independentemente dos grupos testados, houve
redução significativa do tempo gasto emautolimpeza nasegun da e na terceirasemanas de
experimento,emrelaçãoàprimeira(testedecomparaçõesmúltiplasdeBonferroni;P=0,0001
92
eP=0,001,respectivamente).Nãoseobservoudiferençanaqueleparâmetrocomportamental
ao se compararem as medidas das segunda e terceira semanas (teste de comparações
múltiplasdeBonferroni;P=0,10)(Figura26).
Na comparação entre os grupos testados, independentemente das semanas de
experimento,osanimaisquereceberamformalina,porviasubcutânea,esoluçãosalinaporvia
intraperitoneal(Grupo4FS),despenderammaistemporealizandocomportamentodeauto
limpeza,emrelaçãoàquelesquereceberamosseguintestratamentos:(a)soluçãosalina,por
via subcutânea, e veículo, por via intraperitoneal (Grupo 2 SV) (teste de comparações
múltiplasdeBonferroni;P=0,012);(b)soluçãosalina,porviasubcutânea,enitroglicerina,por
viaintraperitoneal(Grupo3SN)(testedecomparaçõesmúltiplasdeBonferroni;P=0,002);(c)
formalina,porviasubcutânea,enitroglicerina,porviaintraperitoneal(Grupo6FN)(testede
comparaçõesmúltiplasdeBonferroni;P=0,03)(Figura26).
Na comparaçãono período de 15 minutos da administração, em que selevaram em
conta os grupos e as semanas de experimento (interação entre essas duas variáveis),
observouse que, na primeira semana, os animais que receberam formalina, por via
subcutânea, e solução salina, por via intraperitoneal (Grupo 4 FS), despenderam
significativamente mais tempo realizando comportamento de autolimpeza, em rela ção
àqueles alocados em todos os demaisgrupos estudados(teste decomparações múltiplasde
Bonferroni;P<0,02),excetoosdogrupoquerecebeuformalina,porviasubcutânea,eveículo,
porviaintraperitoneal(Grupo5FV)(testedecomparaçõesmúltiplasdeBonferroni;P=0,06).
Nassegundaeterceirasemanas,todososgruposdiferiramsignificativamenteapenasdogrupo
querecebeuformalina,porviasubcutânea,esoluçãosalina,porviaintraperitoneal(Grupo4
FS)naprimeirasemana(testedecomparaçõesmúltiplasdeBonferroni;P=0,0001)(Figura26).
93
Figura 26. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) em campo
aberto,15minutosapósaadministraçãodostratamentospropostos,duranteastrêssemanas
deexperimento.Dadosexpressoscomomédia±DPM.
SS:Salina,vias.c.,nodia1 doexperimento(D1),esalina,viai.p.,nosdias
1,8e15(D1,
D8eD15).SV:Salina,via s.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.SN:Salina, vias.c.,
emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.FS:Formalina5%,vias.c.,emD1,esalina,via
i.p.,emD1,
D8eD15.FV:Formalina5%,vias.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.
FN:Formalina5%,vias.c.,emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.
Diferença estatisticament e significativa na comparação entre semanas (tempos),
gruposenainteraçãogruposxtempos
(ANOVAdemedidas repetidas;F=15,82paratempos,
P=0,0001;F=4,90paragrupos,P=0,001;F=3,43parainteraçãotemposxgrupos,P=0,009).
*Diferençasignificativadasesemanasemrelação à1ª,independentementedos
grupos estudados (teste de comparações múltiplas de Bonferroni, P<
0,001); diferença
significativa de todos os grupos, nas semanas assinaladas, em relação ao grupo FS da
semanadeexperimento(testedecomparaçõesmúlti plasdeBonferroni,P<
0,0001).
**Diferençasignificativadogrupoassinalado(FS)emrelaçãoaosgruposSV,SNeFN,
independentemente das semanas avaliadas (teste de comparações múltiplas de Bonferroni,
P<
0,03);diferençasignificativadaquelegrupo(FS)emrelação aosgruposSS,SV,SNeFN,na
semanadoexperimento(testedecomparaçõesmúltiplasdeBonferroni,P<
0,02).
***Diferençasignificativadogrupoassinalado(FS)emrelaçãoaosgruposSV,SNeFN,
independentemente das semanas avaliadas (teste de comparações múltiplas de Bonferroni,
P<0,03).
A análise do tempo gasto no comportamento de autolimpeza , no período de 30
minutosdaadministração,monstroudiferençasignificativaentreosgrupos,masnãoentreas
semanasde experimento(tempos) ou nainteração entre ostemposeosgrupos (ANOVAde
medidasrepetidas;F=0,34paraostempos,P=0,56;F=2,99paraosgrupos,P=0,02;F=2,01para
ainteraçãoentreostemposeosgrupos,P=0,09).Independentementedasemanaavaliada,o
94
grupoquerecebeusalina,porviasubcutânea,enitroglicerina,porviaintraperitoneal(Grupo3
SN), diferiu daquele que recebeu formalina, por via subcutânea, e veículo, por via
intraperitoneal (Grupo 5 FV) (teste de comparações múltiplas de Bonferroni, P =0,043),
emboraessadiferençanãoapresentesignificadobiológicodeinteresse(Figura27).
Figura 27. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) em campo
aberto,30minutosapósaadministraçãodostratamentospropostos,duranteastrêssemanas
deexperimento.Dadosexpressoscomomédia±DPM.
SS:Salina,vias.c.,nodia1 doexperimento(D1),esalina,viai.p.,nosdias
1,8e15(D1,
D8eD15).SV:Salina,via s.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.SN:Salina,vias.c.,
emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.FS:Formalina5%,vias.c.,emD1,esalina,via
i.p.,emD1,
D8eD15.FV:Formalina5%,vias.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.
FN:Formalina5%,vias.c.,emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.
Diferençaestatisticamentesignificativaentregrupos,mas nãoentresemanas(tempos)
ounainteraçãogruposx
tempos(ANOVAdemedidasrepetidas;F=0,34paratempos,P=0,56;
F=2,99paragrupos,P=0,02;F=2,01parainteraçãotemposxgrupos,P=0,09).
*Diferença significativa do grupo assinalado (SN) em relação ao grupo FV,
independentemente da semana de experimento (teste de comparações múltiplas de
Bonferroni,P=0,043).
Na análise do comportamento de autolimpeza após 120 minutos da administração
dos tratamentos propostos, não se observaram diferenças entre os grup os, semanas de
experimento(tempos)ounainteraçãoentregruposetempos(ANOVAdemedidasrepetidas;
95
F=0,62paraostempos,P=0,44;F=0,75paraosgrupos,P=0,59;F=1,13paraainteraçãoentre
ostemposeosgrupos,P=0,35)(Figura28).
Figura 28. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) em campo
aberto, 120 minutos após a administração dos tratamentos propostos, durante as três
semanasdeexperimento.Dadosexpressoscomomédia±DPM.
SS:Salina,vias.c.,nodia1 doexperimento(D1),esalina,viai.p.,nosdias
1,8e15(D1,
D8eD15).SV:Salina,via s.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.SN:Salina, vias.c.,
emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.FS:Formalina5%,vias.c.,emD1,esalina,via
i.p.,emD1,
D8eD15.FV:Formalina5%,vias.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.
FN:Formalina5%,vias.c.,emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.
Ausência de diferenças significativas entre grupos, semanas (tempos) e na interação
gruposxtempos(ANOVA
demedidasrepetidas;F=0,62paraostempos,P=0,44;F=0,75para
osgrupos,P=0,59;F=1,13paraainteraçãoentreostemposeosgrupos,P=0,35).
Na observação realizada 240 minutos após a administração dos tratamentos
propostos,nãoseverificamdiferençassignificativasnocomportamentodeautolimpezaaose
avaliaremosgrupos,assemanasdeexperimento(tempos)eainteraçãoentreostemposeos
grupos(ANOVAdemedidasrepetidas;F=0,68paraostempos,P=0,41;F=1,33paraosgrupos,
P=0,26;F=0,92paraainteraçãoentreostemposeosgrupos,P=0,48)(Figura29).
96
Por meio de ANOVA de medidas repetidas, observaramse diferenças significativas
entreassemanasdeexperimento(tempos),masnãoentreosgrupos ounainteraçãoentreos
grupos e os tempos, na avaliação do comportamento de grooming após 24 horas da
administração dos tratamentos propostos (F=5,91 para os tempos, P=0,02; F=0,87 para os
grupos, P=0,51; F=0,68 para a interação entre os tempos e os grupos, P=0,64).
Independentemente dos grupos estudados, os animais despenderam tempos
significativamentediferentesrealizandoreflexodeautolimpezaaosecompararemassegunda
eterceirasemanasdeexperimento(teste decomparaçõesmúltiplasdeBonferroni,P=0,001).
Aquele parâmetro apresentou padrão similar ao se comparar a primeira semana com cada
uma dassemanas seguintes (teste de comparações múltiplas de Bonferroni,P=0,05 e P =1,0,
respectivamente)(Figura30).
Figura 29. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) em campo
aberto, 240 minutos após a administração dos tratamentos propostos, durante as três
semanasdeexperimento.Dadosexpressoscomomédia±DPM.
SS:Salina,vias.c.,nodia1doexperime nto(D1),esalina,viai.p.,nosdias
1,8e15(D1,
D8eD15).SV:Salina,vias.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.SN:Salina,vias.c.,
emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.FS:Formalina5%,vias.c.,emD1,esalina,via
i.p.,em
D1,D8eD15.FV:Formalina5%,vias.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.
FN:Formalina5%,vias.c.,emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.
Ausênciadediferençassignificativasentregrupos,semanas(tempos)enainteração
gruposxtempos(ANOVA
demedidasrepetidas;F=0, 68paratempos,P=0,41;F=1,33para
grupos,P=0,26;F=0,92parainteraçãotemposxgrupos,P=0,48).
97
Figura 30. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) em campo
aberto,24horasapósaadministraçãodostratamentospropostos,duranteastrêssemanasde
experimento.Dadosexpressoscomomédia±DPM.
SS:Salina,vias.c.,nodia1 doexperimento(D1),esalina,viai.p.,nosdias
1,8e15(D1,
D8eD15).SV:Salina,via s.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.SN:Salina,vias.c.,
emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.FS:Formalina5%,vias.c.,emD1,esalina,via
i.p.,emD1,
D8eD15.FV:Formalina5%,vias.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.
FN:Formalina5%,vias.c.,emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.
Diferençaestatisticamente significativa nacomparação entresemanas(tempos),mas
nãoentregruposounainteração
gruposxtempos(ANOVAdemedidasrepetidas;F=5,91para
tempos, P=0,02; F=0,87 para grupos, P=0,51; F=0,68 para interação entre tempos x grupos,
P=0,64).
*Diferença significativa em relação à segunda semana de experimento,
independentemente dos grupos estudados (teste de comparações múltiplas de Bonferroni,
P=0,001).
Por meio de ANOVA de
medidas repetidas, observaramse diferenças significativas
entreassemanasdeexperimento(tempos),masnãoentreosgrupos ounainteraçãoentreos
grupos e os tempos, na avaliação do comportamento de autolimpeza após 48 horas da
administração dos tratamentos propostos (F=7,13 para os tempos, P=0,009; F=1,48 para os
grupos,
P=0,21; F=0,89 para a interação entre os tempos e os grupos, P=0,50).
Independentemente dos grupos estudados, os animais despenderam tempos
significativamente diferentes realizando reflexo de autolimpeza ao se compararem as
primeirae terceira semanasde experimento (testede comparaçõesmúltiplas deBonferroni,
P=0,028).Aqueleparâmetroapresentoupadrãosimilar
aosecompararasegundasemanacom
98
cada uma das outras duas semanas (teste de comparações múltiplas de Bonferroni; P=0,55
paraaprimeirasemana;P=0,82paraaterceirasemana)(Figura31).
Foi realizada a análise das latências do reflexo de retirada da cauda em resposta a
estímulotérmiconocivo(tailflick)demodosimilaraoquefoifeitoparaocomportamentode
autolimpeza(Figura24).
Figura 31. Tempo gasto em comportamento de autolimpeza (grooming) em campo
aberto,48horasapósaadministraçãodostratamentospropostos,duranteastrêssemanasde
experimento.Dadosexpressoscomomédia±DPM.
SS:Salina,vias.c.,nodia1 doexperimento(D1),esalina,viai.p.,nosdias
1,8e15(D1,
D8eD15).SV:Salina,via s.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.SN:Salina,vias.c.,
emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.FS:Formalina5%,vias.c.,emD1,esalina,via
i.p.,emD1,
D8eD15.FV:Formalina5%,vias.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.
FN:Formalina5%,vias.c.,emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.
Diferençaestatisticamente significativa nacomparação entresemanas(tempos),mas
nãoentregruposounainteração
gruposxtempos(ANOVAdemedidasrepetidas;F=7,13para
tempos, P=0,009; F=1,48para grupos,P=0,21; F=0,89para interação entretempos x grupos,
P=0,50).
*Diferença significativa em relação à primeira semana de experimento,
independentemente dos grupos estudados (teste de comparações múltiplas de Bonferroni,
P=0,03).
99
Na avaliação do reflexo de retirada da cauda, não se observaram diferenças
significativas entre as semanas de tratamento (tempos), entre os grupos ou na interação
dessas duas variáveis, para as medidas obtidas nos períodos basal (ANOVA de medidas
repetidas; F=2,59 para os tempos, P=0,11; F=0,74 para os gru pos, P=0,59; F=0,43 para a
interação entre os tempos e os grupos, P=0,83), 15 minutos (ANOVA de medidas repetidas;
F=1,12paraostempos,P=0,30;F=1,16paraosgrupos,P=0,34;F=1,67paraainteraçãoentre
ostempos e osgrupos, P=0,16)e30 minu tos(ANOVA demedidas repetidas;F=1,46 paraos
tempos,P=0,23;F=0,88paraosgrupos,P=0,50;F=1,38paraainteraçãoentreostemposeos
grupos,P=0,24)apósaadministraçãodostratamentospropostos(Figuras32a34).
Figura32.Latênciaderetiradadacauda(tailflick)noperíodoprévioàadministração
dostratamentospropostos(basal),duranteastrês semanasdeexperimento.Dadosexpressos
comomédia±DPM.
SS:Salina,vias.c.,nodia1 doexperimento(D1),esalina,viai.p.,nosdias1,8e
15(D1,
D8eD15).SV:Salina,via s.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.SN:Salina,vias.c.,
emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.FS:Formalina5%,vias.c.,emD1,esalina,via
i.p.,emD1,D8e
D15.FV:Formalina5%,vias.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.
FN:Formalina5%,vias.c.,emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.
Ausência de diferença significativa entre semanas (tempos), grupos e na interação
grupos x tempos (ANOVA de medidas repetidas;
F=2,59 para tempos, P=0,11; F=0,74 para
grupos,P=0,59;F=0,43parainteraçãoentretemposxgrupos,P=0,83).
100
Figura 33. Latências de retirada da cauda (tailflick) obtidas 15 minutos após a
administração dos tratamentos propostos, durante as três semanas de experimento. Dados
expressoscomomédia±DPM.
SS:Salina,vias.c.,nodia1 doexperimento(D1),esalina,viai.p.,nosdias1,8e15(D1,
D8eD15).SV:Salina,via s.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.SN:Salina,vias.c.,
emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.FS:Formalina5%,vias.c.,emD1,esalina,via
i.p.,emD1,D8eD15.FV:Formalina5%,vias.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.
FN:Formalina5%,vias.c.,emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.
Ausência de diferença significativa entre semanas (tempos), grupos e na interação
grupos x tempos (ANOVA de medidas repetidas; F=1,12 para tempos, P=0,30; F=1,16 para
grupos,P=0,34;F=1,67parainteraçãoentretemposxgrupos,P=0,16).
Na avaliação das latências de retirada da cauda obtidas após 120 minutos da
administração dos tratamentos propostos, constataramse diferenças significativas entre as
semanasdoexperimento(tempos),masnãoentreosgrupos ounainteraçãoentreostempos
eosgrupos(ANOVAdemedidasrepetidas;F=12,16paraostemp os,P=0,001;F=1,31paraos
grupos, P=0,08; F=0,77 para a interação entre os tempos e os grupos, P=0,57). Observouse
aumentosignificativodas latênciasdetailflicknassegundaeterceirasemanas,emrelaçãoàs
obtidasnaprimeirasemana(testedecomparaçõesmúltiplasdeBonferroni,P=0,04eP<0,01,
respectivamente)(Figura35).
101
Figura 34. Latências de retirada da cauda (tailflick) obtidas 30 minutos após a
administração dos tratamentos propostos, durante as três semanas de experimento. Dados
expressoscomomédia±DPM.
SS:Salina,vias.c.,nodia1 doexperimento(D1),esalina,viai.p.,nosdias1,8e
15(D1,
D8eD15).SV:Salina,via s.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.SN:Salina,vias.c.,
emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.FS:Formalina5%,vias.c.,emD1,esalina,via
i.p.,emD1,D8e
D15.FV:Formalina5%,vias.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.
FN:Formalina5%,vias.c.,emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.
Ausência de diferença significativa entre semanas (tempos), grupos e na interação
grupos x tempos (ANOVA de medidas repetidas;
F=1,46 para tempos, P=0,23; F=0,88 para
grupos,P=0,50;F=1,38parainteraçãoentretemposxgrupos,P=0,24).
Na avaliação das medidas do reflexo de retirada da cauda, não se observaram
diferenças significativas entre as semanas de tratamento (tempos), entre os grupos ou na
interação dessas duas variáveis, para as medidas obtidas 240 minutos (ANOVA de medidas
repetidas; F=1,87 para os tempos, P=0,18; F=0,60 para os gru pos, P=0,70; F=1,02 para a
interação entre os temp os e os grupos, P=0,41), 24 horas (ANOVA de medidas repetidas;
F=0,29paraostempos,P=0,59;F=0,22paraosgrupos,P=0,95;F=0,48paraainteraçãoentre
os tempos e os grupos, P=0,79) e 48 horas (ANOVA de medidas repetidas; F=3,67 para os
tempos,P=0,06;F=0,86paraosgrupos,P=0,51;F=0,60paraainteraçãoentreostemposeos
grupos,P=0,70)apósaadministraçãodostratamentospropostos(Figuras36a38).
102
Aanálisedopesocorporaldosanimais nesseexperimentodemonstrouaexistênciade
diferençassignificativasentreostemposenainteraçãoentreostemposeosgrupos.Nãose
observaram diferenças significativas entre os grupos (ANOVA demedidas repetidas; F=31,80
para os tempos, P=0,001; F=7,08 para os grupos, P=0,001; F=1,17
para a interação entre os
tempos e os grupos, P=0,33). No decorrer do experimento, constatouse que os animais
aumentaram gradualmente de peso corporal, de maneira independente do tratamento
instituído.Naterceirasemana,osanimaisapresentaramsemaispesadosdoquenaprimeira
semanaenasegundasemanadeexperimento
(testedecomparaçõesmúltiplas deBonferro ni;
P=0,01eP=0,01,respectivamente)(Figura39).
Figura 35. Latências de retirada da cauda (tailflick) obtidas 120 minutos após a
administração dos tratamentos propostos, durante as três semanas de experimento. Dados
expressoscomomédia±DPM.
SS:Salina,vias.c.,nodia1 doexperimento(D1),esalina,viai.p.,nosdias1,8e
15(D1,
D8eD15).SV:Salina,via s.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.SN:Salina,vias.c.,
emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.FS:Formalina5%,vias.c.,emD1,esalina,via
i.p.,emD1,D8eD15.
FV:Formalina5%,vias.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.
FN:Formalina5%,vias.c.,emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.
Diferençasignificativaentresemanas(tempos),masnãoentregruposounainteração
grupos x tempos (ANOVA de medidas
repetidas; F=12,16 para tempos, P=0,001;F=1,31 para
grupos,P=0,08;F=0,77parainteraçãoentretemposxgrupos,P=0,57).
*Diferença significativa em relação à primeira semana de experimento,
independentemente dos grupos estudados (teste de comparações múltiplas de Bonferroni,
P<
0,04).
103
Figura 36. Latências de retirada da cauda (tailflick) obtidas 240 minutos após a
administração dos tratamentos propostos, durante as três semanas de experimento. Dados
expressoscomomédia±DPM.
SS:Salina,vias.c.,nodia1 doexperimento(D1),esalina,viai.p.,nosdias1,8e
15(D1,
D8eD15).SV:Salina,via s.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.SN:Salina,vias.c.,
emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.FS:Formalina5%,vias.c.,emD1,esalina,via
i.p.,emD1,D8eD15.
FV:Formalina5%,vias.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.
FN:Formalina5%,vias.c.,emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.
Ausência de diferença significativa entre semanas (tempos), grupos e na interação
gruposxtempos(ANOVAdemedidasrepetidas;
F=1,87paraostempos, P=0,18;F=0,60para
osgrupos,P=0,70;F=1,02paraainteraçãoentreostemposeosgrupos,P=0,41).

104
Figura37.Latênciasderetiradadacauda(tailflick)obtidas24hapósaadministração
dostratamentospropostos,duranteastrêssemanasdeexperimento.Dados expressoscomo
média±DPM.
SS:Salina,vias.c.,nodia1 doexperimento(D1),esalina,viai.p.,nosdias1,8e
15(D1,
D8eD15).SV:Salina,via s.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.SN:Salina,vias.c.,
emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.FS:Formalina5%,vias.c.,emD1,esalina,via
i.p.,emD1,D8eD15.
FV:Formalina5%,vias.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.
FN:Formalina5%,vias.c.,emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.
Ausência de diferença significativa entre semanas (tempos), grupos e na interação
grupos x tempos (ANOVA de medidas repetidas;
F=0,29 para tempos, P=0,59; F=0,22 para
grupos,P=0,95;F=0,48parainteraçãoentretemposxgrupos,P=0,79).
105
Figura38.Latênciasderetiradadacauda(tailflick)obtidas48hapósaadministração
dostratamentospropostos,duranteastrêssemanasdeexperimento.Dados expressoscomo
média±DPM.
SS:Salina,vias.c.,nodia1 doexperimento(D1),esalina,viai.p.,nosdias1,8e
15(D1,
D8eD15).SV:Salina,via s.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.SN:Salina,vias.c.,
emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.FS:Formalina5%,vias.c.,emD1,esalina,via
i.p.,emD1,D8e
D15.FV:Formalina5%,vias.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,D8eD15.
FN:Formalina5%,vias.c.,emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.
Ausência de diferença significativa entre semanas (tempos), grupos e na interação
grupos x tempos (ANOVA de medidas repetidas;
F=3,67 para tempos, P=0,06; F=0,86 para
grupos,P=0,51;F=0,60parainteraçãoentretemposxgrupos,P=0,70).
106
Figura39.Pesocorporaldosanimaisduranteastrêssemanasdeexperimento.Dados
expressoscomomédia±DPM.
SS:Salina,vias.c.,nodia1 doexperimento(D1),esalina,viai.p.,nosdias1,8e15(D1,
D8eD15).SV:Salina,via s.c.,emD1,eveículo,
viai.p.,emD1,D8eD15.SN :Salina,vias.c.,
emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.FS:Formalina5%,vias.c.,emD1,esalina,via
i.p.,emD1,D8eD15.FV:Formalina5%,vias.c.,emD1,eveículo,viai.p.,emD1,
D8eD15.
FN:Formalina5%,vias.c.,emD1,enitroglicerina,viai.p.,emD1,D8eD15.
Diferençasignificativaentresemanasdetratamento(tempos)enainteraçãotemposx
grupos,masnãoentregrupos(ANOVAdemedidasrepetidas;F=31,80paratempos,P=0,001;
F=7,08paragrupos,P=0,001;F=1,17
parainteraçãoentretemposegrupos,P=0,33).
*Diferença significativa em relação a e semanas de experimento (teste de
comparaçõesmúltiplasdeBonferroni;P=0,01eP=0,01,respectivamente).
107
Discussão
108
váriasteoriasrelacionadasàfisiopatogeniadasdorescranianas,principalmenteem
relaçãoàscefaléias comimportanteenvolvimentovascular,comoaenxaqueca.Todavia,existe
consensodeque,nasdorescefálicas,umenvolvimentodosvasoscerebrais,demodoquea
informação nociceptiva vinculadas a eles é transmitida ao Sistema Nervoso Central (SNC)
através de fibras nervosas sensoriais do nervo trigêmeo, por meio de neurotransmissores
(Moskowitz,1984).
As cefaléiascom componente vascular podemser consideradas como uma alteração
neurobiológicaquerefletedistúrbiosnainteraçãoentreonervotrigêmeoeoórgãoalvo,que
seriaovasosangüíneocerebral(Moskowtiz,1984).Asfibrastrigeminais
fazempartedeuma
intricadarededecomunicaçãoqueseprojetaaoencéfalo.Estãosituadasnainterfaceentrea
circulação sangüíne a e o SNC, envolvendo o vaso e estando em íntimo contato com as três
camadas vasculares.Ativação neural libera neurotransmissores vasoativos deseus processos
aferentes, que determinam alterações inflamatórias perivasculares.
Após algum tem po,
resposta nocicept iva é transmitida ao SNC por meio de diversas vias nociceptivas e núcleos
(Figuras4,40)(Moskowitz,1984;Goadsbyetal.;2002).
Figura40.AtivaçãodoSistema Trigeminovascularduranteepisódiodedordecabeçae
seu envolvimento com núcleos Talâmicos, Hipotalâmicos, do Tronco e Sistema Nervoso
Vegetativo(Parassimpático)(ModificadodeGoadsbyetal.;2002).

Córtex
Hi
p
otálamo
Tálamo
NúcleoDorsal
daRafe
Locoscoeruleus
Núcleo.Salivatório
Superior
NúcleoMagno
daRafe
Gânglio
Pterigopalatino
Gânglio
Trigeminal
Dura
M
áte
r
109
Modelos experimentais de nocicepção são fundamentais para o conhecimento dos
mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento, pela manutenção e, por vezes, pela
perpetuaçãodaexperiênciadolorosahumana.Emsuamaioria,estãobaseadosemrespostas
nociceptivas passíveis deseremreproduzidas, sendo queváriosaspectosdo comportamento
animalpodemserestudados.
Entreosmodelos
nociceptivosparaoestudodasdoresorofaciaisecefaléias,talvezos
mais estudados sejam aqueles que enfocam os mecanismos envolvidos na teoria da
inflamação neurogênica e vascular, principalmente os modelos de ativação do sistema
trigeminovascular. Esta ativação pode estabelecerse por meio de estimulação de ra mos
periféricos do nervo trigêmeo, que,
através do reflexo axonal, reproduz o processo
fisiopatogênico das cefaléias vasculares (Moskowitz, 1984). Outra forma de ativação seria a
sistêmica,emqueumasubstânciavasoativa,administradasistemicamente,podedesencadear
doresdecabeça.Dentreessesfármacos,talvezomaisrelevantesejamoscompostosnitrosos.
Édedomíniocientífico, desdeoséculo
XIX,queumdosprincipais efeitos adversosdaqueles
compostoséodesencadeamentodecefaléiadepadrãovascular:dorpulsátil,demédiaaforte
intensidade,comagravamentosporatividadesdevida diáriase,àsvezes,comsintomatologia
vegetativa associada (Marsh e Marsh, 2000). Estudos prévios sugerem que administração
sistêmica de nitroglicerina ou
histamina pode desencadear crises de cefaléia em pacientes
enxaquecosos, mais freqüentemente doque emnormais (Krabbe eOlesen, 1980;Sicuteri et
al.,1987;OleseneThomsen,1993;LarseOlesen,2001).Emestudoscomanimais,compostos
nitrosos, como trinitrato de glicerina (nitroglicerina), também são utilizados em modelos
experimentaisdedores
cefálicas(Tassorelietal.,2003;Bergerotetal. ,2006).Nestes model o s,
quando se avaliam parâmetros nociceptivos, na maioria das vezes, utilizase a medida da
latência de retirada da cauda (Costa et al., 2005). Porém, pouca relevância é dada a outros
parâmetroscomportamentais,comooreflexodeautolimpeza.
110
A administração subcutânea de formalina na região orofacial é um método
conveniente para a avaliação da nocicepção na região inervada pelo nervo trigêmeo e,
possivelmente, para o estudo das cefaléias. Aquela administração determina uma primeira
faseagudadenocicepção,comduraçãode1a5minutos.Aestasesegue
umperíodo(5a15
minutos após a injeção) em que o animal não apresenta comportamento nociceptivo. É a
chamadafasesilente.Naúltimaetapa,denominadadefasetônica,ocorrereaçãoinflamatória
no tecido periférico, caracterizada por intensa atividade nociceptiva, que perdura por
aproximadamente20a60minutos(DickensoneSullivan,
1987;Clavelouetal.,1989;Pacáke
Palkovits,2001). Nestafase, ocorreliberaçãode diferentes substâncias mediadorasde dore
sensibilizaçãocentraldeviasnociceptivas(Tǿlsen etal.,1922).
A administração de formalina determina lesão tecidual dependente da concentração
empregada, ativação de nociceptores periféricos e ativação de fibras A
δ e C, que são as
principais fibras efetoras da via primária nociceptiva trigeminal (Raboisson e Dallel, 2003).
Ortodromicamente, a ativação de nociceptores sensibiliza o primeiro neurônio da via
(localizado no gânglio de Gasser) e, conseqüentemente, o núcleo trigeminal caudal e as
estruturas nociceptivas superiores, por meio do trato trigeminotalâmico (Pacák
e Palkovits,
2001; Messlinger, 2006) (Figuras 1, 4, 41). Esta ativação também determina a ocorrência do
reflexotrigeminovascular,que,pormeio detransmissãoantidrômica,estimulaaliberaçãode
substânciasvasodilatadorasepróinflamatórias.Essefenômenonãoseriaresponsávelpelo
desencadeamento de dor, como também por sua perpetuação (Bayliss, 1901; Moskowitz,
1984;Uddman,1989;Vincent,1998;MayeGoadsby,1999;DurnetteVasko,2002;Pietrobon,
2003;Edvinsson,2005).
Partindosedopressupostodequeestímuloelétrico,químicoouimunológicoaplicado
emum nervo sensitivopossa desencadearprocesso inflamatório neurogêni co (Bayliss, 1901;
Durnett e Vasko, 2002; Lizasoain e Leira, 2003; Bergerot et
al., 2006), o modelo de dor
orofacial induzido por formalina, administrada por via subcutânea, ao ativar aferências
111
trigeminais, teoricamente também pode funcionar como modelo neurovascular deativação
periféricadosistematrigeminovascular(figuras4e40).
Estudosnociceptivosorofaciais,comumentebaseadosnaadministraçãodeformalina,
porviasubcutânea,raramenteavaliamoutrosparâmetroscomportamentaisquenãooreflexo
deautolimpeza(grooming)ipsilateralàlesãoeaobservação
emcampoabertoparaaferição
dosmesmos(Andersonetal.,2003;Cadetetal.,1995;Clavelouetal.,1995;Eisenbergetal.,
1993;Eisenbergetal.,1996;Gilbertetal.,2001;Pelissieretal., 2002;RaboissoneDallel,2004;
Roveronietal.,2001;Vosetal.,
1998).Parâmetroscomportamentaisrelacionadosaomodelo
nociceptivoorofacialcomformalina sãopoucoexplorados.Nestemodelo,segundoAndersone
colaboradores(2003),otempogastopeloanimalnocomportamentodegroomingseriauma
dasrespostascomportamentaismaisrepresentativasdedisestesiagrave.
Assim,nosprimeiroesegundoexperimentosdessaDissertação,procuraramseavaliar
parâmetros
comportamentais e nociceptivos relacionados à ativação periférica do sistema
trigeminal, por meio da utilização do modelo de dor orofacial induzida pela administração
subcutânea de formalina. Além do comportamento de autolimpeza, foram analisadas
locomoção (por meio do número de cruzamentos ou crossings, em inglês) e atividade
exploratória (por meio
do número de respostas de orientação ou rearings, em inglês), em
campo aberto. Supôsse que a nocicepção desencadeada pela administração de formalina
poderia repercutir sobre tais parâmetros, levando à eventual redução de cruzamentos e
respostasdeorientação.Nessecaso,osmesmos poderiam servircomomedidas indiretas de
nocicepção.
Na
avaliação dos parâmetros comportamentais explorados, observouse, no campo
aberto, que os animais que receberam formalina apresentaram número de cr uzamentos
similaraosdogrupocontrole(Figura13),ouseja, esse parâmetro não se mostrou sensível à
administração do agenteirritante. Paralelamente, observouserápidaeprecoce reduçãodos
cruzamentos, independentemente do
tratamento, em todos os tempos de observação
112
propostos,emcomparaçãocomasmedidasbasais.Talreduçãoiniciouimediatamenteapósa
administração das soluções estudadas e mantevese por pelo menos 24 horas, sendo mais
acentuadaaos15minutos.Na figura13,seumacurvaemU,emqueasmedidasdaquele
parâmetroem0 minutoe24
horasnãodiferementresi,masofazemdaquelasobtidasaos15
minutos. Este último período corresponde exatamenteao momento em que os animais que
receberam formalina, por via subcutânea, despenderam mais tempo no comportamento de
autolimpeza.Issopoderiajustificaramaiorreduçãodecruzamentos.Noentanto,talefeito
foi
observadotambémnogrupo controleesemanteveportemposuperioraodoefeitosobreo
comportamento de grooming (pelo menos 24 horas versus 15 minutos, respectivamente).
Sugeresequeessesejaumefeitorelacionadoàmanipulaçãodosanimaisdurantearealização
doestudo.Comoocorreuindepend entementedogrupoexperimental,
issosugerequenãose
trata de resposta nociceptiva específica à formalina. Ambos os grupos seguem o mesmo
padrãocomportamentalaolongodotempo.Idênticoraciocíniopodeserfeitoemrelação ao
número de respostas de orientação, que apresentou perfil similar de resultados (Figura 14).
Assim,concluiu sequea
administraçãosubcutâneadassoluçõespropostas,sejadeformalina,
seja de salina, na área das vibrissas de ratos, determinou o mesmo tipo de efeito sobre
cruzamentos e respostas de orientação em campo aberto. Sugerese que a redução dos
parâmetrosestudadospossaestarrelacionadaàhabituaçãoaoambiente,depoisderepetidas
exposições
aomesmo.
Cruzamentos (crossings) e respostas de orientação (rearings) são parâmetros
comportamentais exploratórios, que refletem a resposta do animal à exposição a um novo
ambiente,representando,respectivamente,medidasdelocomoçãoeorientaçãonoespaço.
Areduçãodonúmero decruzamentos e respostasdeorientaçãoao longo dotempo
poderia
serjustificada,pelomenosemparte,pelofenômenodehabituaçãoaonovoambiente.
Acreditase que essa seja uma das mais elementares formas de aprendizado, em que se
observa redução na atividade exploratória em função de repetidas exposições ao mesmo
113
ambiente(Thielet al.,1998,1999;Vianaetal.,2001).Normalmente,éestudadaemduasou
maissessõesdeobservação,emcampoabertoouemummesmolocal(Vianaetal.,2001).No
experimento1dessaDissertação,asrepetidasexposiçõesaocampoaberto,paraaobtenção
dasmedidasao
longodotempo,podetercontribuídoparaomenornúmerodecruzamentose
respostasdeorientaçãoemrelaçãoaoperíodobasal(antesdaadministraçãodostratamentos
propostos),mesmoapós24horas.
Curiosamente,associadoàreduçãodasmedidasdessesdoisparâmetrosexploratórios,
aumentoconcomitantedotempogastoemautolimpeza.
Éinteressanteseobservarque
parece haver redução compensatória das medidas exploratórias emrelação aomaior tempo
gasto em grooming. Em tempos em que se constata menor atividade exploratória
imediatamente após (0 minuto) e depois de 15 minutos da administração dos tratamentos,
observase também maio r atividade de grooming.
No entanto, os padrões temporais são
distintos. A atividade exploratória está reduzida em todos os momentos avaliados após a
administraçãodostratamentospropostos, sendosignificativamente menoraos15minutosem
relação aos períodos de 0 minuto e 24 horas. o tempo gasto em autolimpeza é
significativamentemaioraos
0e15minutos(nãodiferindoentresi),voltandoaosníveisbasais
em 24 horas. Também contrária à idéia do aumento de tempo gasto em autolimpeza estar
influenciandoaatividadeexploratória,éo fatodosanimaisquereceberamsoluçõesdesalina
ou formalina apresentarem mesmo padrão de comportamento em relação
a cruzamentos e
respostasdeorientação.
Nocampoaberto,aoinversodoqueocorreucomaatividadeexploratória,observou
se aumento do tempo despendido pelos animais na realização de comportamento de auto
limpeza relacionado à administração de solução de formalina 5%. Este aumento iniciou
imediatamenteapósainjeçãodaquelaso lução
eperdurouporpelomenos15minutos(Figuras
15e16).Aos30minutos,esseefeitocomeçouadesaparecer(Figura16), demodoque,nesse
período, os valores do comportamento degrooming ocuparam uma posição intermediária
114
não diferiram dos basais, nem dos valores obtidos aos 15 minutos. Aquele comportamento
retornouaonívelobservadopreviamenteaotratamentoem2horas(Figura16),mantendose
assimporpelomenos14dias(Figuras15e16).Como talrespostanãofoidetectadanogrupo
controle,quenãodiferiuaolongo
dotempo,podeseproporqueamesmaéespecíficaparao
grupo que recebeu formalina e, portanto, o comportamento de autolimpeza mostrouse
sensívelàadministraçãodoagenteirritantenessemodelo.Concluiuse,assim,que,dentreos
parâmetroscomportamentaisemestudo,odeautolimpezaéoque
melhorsecorrelaciona
comaatividadenociceptivadesencadeadapelaformalinaadministradaporviasubcu tânea,na
regiãoorofacial,emobservaçõesdecampoaberto.
Esses dados confirmam resultados de Anderson e colaboradores (2003) e Clavelou e
colaboradores (1989). Reforçam evidências encontradas na literatura científica de que essa
atividade comportamental seria uma das mais
preditivas da atividade nociceptiva orofacial
(Anderson et a.l, 2003). Corroboram resultados de Clavelou e colaboradores (1989 e 1995),
que demonstraram padrão bifásico de resposta para a formalina, com aumento do
comportamento de autolimpeza nos primeiros 3 a 5 minutos e no período entre 18 e 42
minutosapósa
injeção.Osperíodos detempoaquiestudados,de0minutoa14dias,engloba
asduasfasesrelatadasporaquelesautores.
Em mamíferos, entre outras funções, como as reprodutivas e sociais, o
comportamentodeautolimpezaestárelacionadoàremoçãodesubstânciasaversivas,sendo
geralmenteassociadoainjúriascutâneas.Paralelamente,
situaçõesqueaumentodoestado
de alerta dos animais, como na presença de novidade ou agentes estressores externos
(atividade nociceptiva desencadeada por estímulo irritante), podem ser ativadores desse
comportamento (Spruijt et al., 1992), como foi observado nos experimentos 1 e 2 dessa
Dissertação.
115
Em termos eletrofisiológicos, os estudos demonstraram que nociceptores de fibras
periféricas Aδ e C, bem como neurônios nociceptivos convergentes do núcleo trigeminal
espinhal,sãoexcitadospelaadministraçãodeformalinanocamponociceptivocorrespondente
(Andersonetal.,2003;Raboissonetal.,2004).Leongecolaboradores(2000)observaramque
a injeção subcutânea
de formalina na região da face inervada pelo segundo ramo do nervo
trigêmeo induz a expressão do protooncogene cfos (cfos) nas lâminas I e II do núcleo
sensitivo trigeminal. Esta expressão de cfos possivelmente seja mediada por óxido nítrico
(Leong et al., 1999).Estudos adicionais
demonstraramque estímulos nociceptivos emface e
polpa dentária, por extração dentária ou injeção subcutânea de formalina, são capazes de
desencadear essa expressão de cfos no núcleo caudal do trigêmeo (Strass et al., 1993;
Coimbra e Coimbra, 1994; Hou et al., 1997). Observouse, ainda, que, no núcleo caudal
do
trigêmeo,aexpressãodecfosestápresentepredominantementenalâminasuperficial(Leong
etal.,2000).
Uma vez demonstrado que o comportamento de autolimpeza, avaliado em campo
aberto,foiomelhorparâmetrorepresentativodeatividadenociceptivadaáreainervadapelo
nervotrigêmeo,pormeiodotestededor
orofacialinduzidapelaformalina,administradapor
via subcutânea, procurouse estabelecer o seu perfil temporal por período de 2 semanas
(Experimento 2; Figuras 16 e 17). Apesar dos animais apresentarem comportamento
nociceptivo semelhante ao basal na avaliação feita em 24 horas, a lesão tecidual provocada
pelaformalinadeveterpermanecido.
Clavelouecolaboradores(1995),analisandoaprodução
defibrina,demonstraramque,10diasapósaadministraçãodeformalina,nasconcentrações
de2,5%a10%,nãohouvecompletaci catrizaçãodalesão.Adegranulaçãomastocitária,após
aquelalesãotecidual,permaneceuporcercade4horas,eoedema,porcercade5
dias.
Outro fato interessante foi observado por Ichinose e colaboradores (1999). Estes
autoresdemonstraram,pormeiode eletrencefalogramacortical,queumadiscrepâncianos
resultados eletrencefalográficos sugestivos de comportamento nociceptivo, durante as
116
distintasfasesdo testededorprovocadopela formalina. Duranteafasesilente,período em
que teoricamente não atividade nocicept iva, achados de padrão de vigília (altas
freqüênciascombaixasamplitudes,sugerindoatividadenociceptiva),e,nafasetônica(fase2),
padrãodenãovigília(altas amplitudes e baixas freqüências, sugerindo
ausênciadeatividade
nociceptiva).Assim,pormaisquenãohajacomportamentonociceptivocaracterísticoemcerta
fasecomportamental,podehaveratividadeeletrencefalográficanociceptivaassociada.
No segundo experimento, observouse que, nas primeiras 4 horas após a
administração de formalina, o período em que os animais permaneceram mais tempo
realizandoautolimpeza
correspondeuaodos15minutos.Nesteperíodo,ogrupoexpostoao
agenteirritanteeo controleapresentaramdiferençassignificativasdecomportamento,tanto
nacomparaçãoentresi,quantonacomparaçãocomosvaloresbasais(Figuras16e17).
O tempo total de autolimpeza parece ter correlação com a atividade nociceptiva
apenas
durante os primeiros 15 minutos após aadministração de formalina. A partir dos 30
minutos, as medidas desse parâmetro comportamental apresentaram valores semelhantes
àqueles registrados no tempo basal. Todavia, Clavelou e colaboradores (1989) descreveram
que essas alterações podem perdurar por até cerca de 45 minutos após a administração do
agente
irritante.
Nos primeiro e segundo experimentos dessaDissertação tambémforam avaliadasas
medidas delatênciado reflexo deretira da da cauda. Esse teste de nocicepção tem algumas
vantagens.Alémdeserummétododesimplesapl icação,podeserrepetidoporváriasvezes,
apresenta pequena variabilidade para aferição da atividade nociceptiva (King
et al., 1997;Le
Barsetal.,2001)erefleteaativaçãodeviasnociceptivascentrais(Irwinetal.,1951;LeBarset
al., 2001). Pretendiase, assim, verificar se a estimulação nociceptiva determinada pela
formalina poderia ativar vias medulares nociceptivas relacionadas à inervação trigeminal.
Outra possibilidade seria a de
que a administração daquele agente irritante poderia atuar
117
como estressor, levando à ativação de sistemas antinociceptivos relacionados ao estresse
(analgesiainduzida porestresse).
Esperavase que a ativação periférica da via trigeminotalâmica pelo estímulo
nociceptivo,geradopelaadministraçãosubcutâneadeformalina,desencadeasseumareposta
nociceptiva capaz de ativ ar globalmente vias modulatórias descendentes (Figuras 2 e 3).
Todavia,aanálise
dasmedidasdoreflexoderetirada de caudafeitanosexperimentos1e2
nãocorroboraessahipótese.Nãoseobservou,nostemposdeobservação,qualquer alteração
significativa nos valores dessa medida nociceptiva, ao se compararemos grupos formalina e
salina(Figuras12,18e19).Essadiscrepânciaentreresultados
esperadoseencontradospode
estarrefletindoumaincapacidadede oagenteirritante,administradonaregiãodasvibrissas
do animal, ativar indiretamente vias nociceptivas periféricas e/ou centrais, distintas das
trigeminais. Outra hipótese seria a de que, embora atuando como um estressor para o
organismo, a intensidade do estímulo não seja suficiente para
desencadear resposta
antinociceptiva mediada por vias modulatórias descendentes da dor (como observado na
analgesiainduzidaporestresse).
Doseeconcentraçãodaformalinapoderiamserfatoresaventadoscomotendorelação
com a incapacidade de ativação das vias nociceptivas. Todavia, a solução de formalina
empregada concentração de 5% e dose de
50 μL é a mesma encontrada na descrição
original do modelo de dor orofacial com formalina, no clássico estudo de Clavelou e
colaboradores(1989).Naliteratura,aquelesparâmetros(concentraçãoevolume)têmvariado
de 0,02% a 15% e de 20 a 150 μL, conforme o estudo (Raboisson e Dallel,
2004).
Concentrações de formalina até 1,5% têm sido utilizadas para melhorar a sensibilidade do
teste, além de diminuírem o sofrimento dos animais (Clavelou et al., 1995). Altas
concentraçõesdeformalinageramumparaleloagravamentodareaçãoinflamatóriateciduale
dainjúriatecidual(RaboissoneDallel,2004)edessensibilizaçãodefibras
nervosasperiféricas
(PuigeSorkin,1995).
118
Possível explicação para os resultados descritos no teste de latê ncia de retirada da
caudaestariarelacionadaàsviasnociceptivasmedularesquefazemaintegraçãodeestímulos
dolorosos periféricos com a atividade em níveis de controle superiores. Quando o estímul o
nociceptivo é aplicado abaixo da região cervical, a principal via medular nociceptiva
integradora utilizada é o trato espinotalâmico lateral, que ascende até o núcleo ventral
pósterolateral do tálamo e, posteriormente, ao córtex somestésico primário (Pacák e
Palkovits, 2001; Le Bars, 2001) (Figuras 1, 41 e 42). A ativação determinada pelo estímulo
térmico,provocadopelaluzincandescente sobreapeledoanimalduranteotestedetailflick,
percorre essa via medular ascendente (Figura 42)(Le Bars, 2001). Todavia, quando o agente
irritante (no caso, solução de formalina a 5%) é aplicado na região orofacial, a estimulação
nociceptiva aferente, transmitida ao núcleo caudal do nervo trigêmeo, trafega pelo trato
trigeminotalâmicoatéo núcleoventralpósteromedialdotálamoe,daí,aocórtexsomestésico
primário (Figuras 1 e 41). Apesar de ambas as vias transportarem os mesmos tipos de
informações nociceptivas e terminarem na mesma área cortical, ascendem de modo
independente, carreando informações de áreas diferentes do corpo (Figura 1, 41 e 42).
Possivelmente a ativação do trato trigeminotalâmico não seja capaz de atuar sobre
mecanismosdescendentesmodulatóriosrelacionadosàviaespinotalâmicalateral.(Bearetal.,
1996 Morgan e Mikhail, 1996; Chudler e Bonica, 2001; Pacák e Palkovits, 2001; Terman e
Bonica,2001;Messlinger,2006,Schünkeetal.,2007)
No experimento 2, observaramse diferenças significativas entre as latências de
retirada da cauda aferidas 15 minutos após a administração dostratamentos propostos, em
comparaçãocomasobtidasem30minutose2horas.Nessafase,depois dos30minutos,
queda
gradualnasmedidasdetailflick. Em2horas,foramencontradasasmenoreslatências
deretiradadacauda,quesemostraramsignifi cativamentediferentesdasobtidasnoperíodo
basaleem15minutos.Esseachadoécompatívelcomodeumestadohiperalgésico.Todavia,
nãoseevidencioudiferençasignificativaentreosgrupos
(Figura18).
119

Figura41.Viasnociceptivasdaregião da cabeçaecervicalalta.Essasviasseguem os
ramos do nervo trigêmio (V1V3). Os neurônios aferentes primários situamse dentro do
gângliotrigeminaleseusaxôniosterminamnocleoespinhaldonervotrigêmeo.Osaxônios
do 2
o
neurônio cruzama linha médiae ascendem pelo trato trigeminotalâmico até o núcleo
ventral pósteromedial do tálamo. Dessa região parte os axônios do 3
o
neurônio que
terminaramnocótexsomestésicoprimário (AdaptadodeSchünkeetal.,2007)
Nervo Oftálmmico (V1)
Nervo Maxilar (V2)
Nervo Mandibular (V3)
120
Figura42.Via s nociceptivasdaregiãodotroncoemembros.Osaxôniosdosneurônios
primários terminam nos neurônios de projeção no corno posterior da medula. Os axônios
destes neurônios cruzam a linha média e ascendem pelo trato espinotalâmico e
espinomesencefálico até o tálamo, mas não fazem conexão com onúcleo ventral póstero
medialdotálamo,comoaviatrigeminotalâmica.(AdaptadodeSchünkeetal.,2007)
121
Essahiperalgesianãopareceestarrelacionadaaoprocessonociceptivodesencadeado
pela formalina. Pode estar associada a um processo de modulação das vias nociceptivas,
gerado pelo número de vezes que a cauda dos animais foi submetida ao estímulo
termoalgésico durante a realização do teste de tailflick. Seria um fenômeno de habituação,
decorrente da repetida exposição ao teste, fazendo com os animais passassem a retirar a
cauda mais rapidamente ao serem colocados no aparelho. Caso isso realmente tenha
acontecido, esse processo foi rapidamente modulado pelas vias antinociceptivas,
desaparecendoem4horaseassimpermanecendonosdiassubseqüentes.
Em nenhum momento dos experi mentos
1 e 2, foram observados achados
característicosdeanalgesia.Essefenômenopoderiaterocorridosecundariamenteaoestresse
agudogerad o peloprocedimentoexperimental(AmireAmit,1978;Hayesetal.,1978;Bodnar,
1986).Esperarseia que, duranteoperíodo de observação,ocorresseaumentodaslatências
de retirada da cauda, fato
que não foi observado. Todavia, se isso ocorreu, deve ter sido
adequadamentemodulado,pois,duranteosprimeiros30minutosdeexperimento,nãoforam
observadasalteraçõescaracterísticasdesseprocesso.
Por outro lado, como conseqüência da lesão gerada pela formalina, poderia ocorrer
um eventual estado hiperalgésico. Todavia, as medidas do tempo gasto em
reflexode auto
limpeza, avaliadas em períodos curtos (15 minutos, 30 minutos, 2 horas e 4 horas) ou mais
prolongados(24horas,48horas,7diase14dias),nãomostrarampadrãodiferenciadoentre
osgrupos(Figuras12,18e19).
Duranteafasedeobservaçãotardiadoexperimento2
(em24horas,48horas,7dias e
14dias),foiavaliado,nocampoaberto,apenasocomportamentodeautolimpezaespontâneo
apresentadopelosanimais.Nenhumestimulodiretoouindiretofoiaplicadosobreelesnesse
período. Se a lesão tecidual causada pela formalina foi capaz de alterar a funcionalidade
neuronal,aponto
deinduzirmemóriacelularemníveltrigeminal,talvezissoserefletissecomo
diminuiçãodolimiarexcitatório dessascélulas.Assim,serianecessárioumestímulosubliminar
122
paradesencadearocom portamentonociceptivotípiconessemodeloexperimental.Contudo,
issonãofoiobservado(Figura16).
Recentemente, foi docum entado que a estimulação nervosa repetitiva pode induzir
potenciação de longa duração (longterm potentiation ou LTP, em inglês) na transmissão
aferenteprimária,mediadaporfibrasdetipoC,nonúcleocaudal
donervotrigêmeo(Lianget
al.,2005).
Acapacidadedetransformarexperiênciastransitóriasemmemóriapelo cérebro tem
sidoassociadacomalteraçõessinápticasinduzi dasporumatransmissãoneuronalrápidaede
alta freqüência (longterm potentiation ou LTP), descoberta por Lømo (1966) e descrita por
BlisseLømo(1973).Estí mulos
rápidosedealtafreqüência(100Hz)nasviasaferentesdogiro
denteadodohipocampopodeinduzirLTP.Essefenômenoé arepresentaçãoeletrofisiológica
do postulado de Donald Hebb (1949), pelo qual, quando dois neurônios são ativados
repetidamenteporalgumtempo,ocorrealguma interaçãoentreeles,demodoque,ao
final,a
atividadedeumconduzàatividadedooutro.
O processo de LTP envolve vias de transdução celular dependente de cálcio,
necessitando de um transitório, porém significante, aumento póssináptico da concentração
decálciointracelular(Ryghetal.,2002).Oglutamato,agindoemreceptoresglutamatérgicos
metabotrópicos, induzativação defosfolipaseC, comconseqüenteliberação dediacilglicerol
(que,porsuavez,ativaproteínasquinases)edeinositoltrifosfato(IP
3
)(quemediaaliberação
docálciointracelularparaocitosol).GlutamatotambémagesobrereceptoresAMPA,abrindo
canaisiônicosdesódio.Esseinfluxodesódiogeraumpotencialpóssinápticodespolarizante
capazdeexpeliroíonmagnésiodointeriordocanal decálcioNMDA,aumentandoaindamais
aconcentraçãode
cálciointracelular.EsteaumentogeraativaçãodeproteínasquinasesC,que
fosforilam o canal de cálcio, neutralizando os locais de fixação do íon magnésio, de modo a
manter o canal aberto e aumentar a excitabilidade do neurônio. Todo esse complexo
123
mecanismo contribui para a facilitação ou potenciação sináptica, que é o substrato da
memóriacelular(Hudspith,1997;Basbaum,1996;WoolfeManion,1999).
OprocessodeLTPfoiexaustivamenteestudadocomoummodelocelulardememória
eaprendizado.Entretanto,recentesestudos demonstraramquemecanismossimilarespodem
ocorreremviasnociceptivas,estando
envolvidoscomo aparecimentodehiperalgesia,alodinia
e analgesia (Sandkühler, 2000). Assim como no hipocampo, esse processo também pode
acontecer em neurônios nociceptivos do corno dorsal da medula espinhal, podendo
representar uma primitiva forma somatossensorial de “memória e aprendizado celular” na
circuitarianociceptivaespi nhal(Ryghetal., 2002).
Não existem
métodos experimentais que possam reproduzir a totalidade de um
fenômenofisiológicoou fisiopatogênicode determinadaentidade nosológica.No estudodas
dores cefálicas com componente vascular, principalmente de enxaqueca ou de cefaléia em
salvas,aativaçãodosistematrigeminovascularéoprincipaleventofisiopatogênicoenvolvido
(Moskowitz,1984).Todavia,acausaprimária
eosfatoresquelevamaestaativaçãonãosão
completamente esclarecidos. Acreditase que tenha causa multifatorial, envolvendo desde
mecanismosgeneticamenteherda dos(mutaçõesnosgenesCACNA1Anocromossomo19p13e
ATP1A2 no cromossomo 1q23, responsáveis por alterações em canais de cálcio e sódio,
respectivamente) até influências ambientais e psicossomáticas (Pietrobon
et al., 2003;
Moskowitz,2007;Hargreaves,2007).
Conforme mencionado, outra importante maneira de ativar o sistema
trigeminovascular é por meio da administração de nitroglicerina sistemicamente. Padrões
comportamentaisnociceptivosassociadosaessemodelodeativaçãodosistematrigeminalsão
pouco explorados. Por esse motivo, elaborouse o experimento 3. Nele,
observouse
importante redução da atividade de autolimpeza(grooming) nos dois grupos estudados, no
tempode5minutosapósaadministraçãodenitroglicerina ouveículo,emcomparaçãocomos
valoresbasaiseaquelesobtidosem1 hora,2horase4horas(Figura21).Otempogastopelos
124
animaisrealizandoaquelecomportamentotambémsemostrousignificativamentemenoraos
30 minutos, em comparação com o que foi observado em 2 horas (Figura 21). Não foram
observadas alterações nos períodos de 24 e 48 horas (Figura 19). Concluiuse, assim, que a
administraçãodostratamentospropostosnitroglicerinaeveículo
levouàrápidadiminuição
do tempo despendido no comportame nto de autolimpeza (aos 5 minutos). A partir dos 30
minutos,osvaloresdesseparâmetrocomeçaramavoltaraosníveis basais,demodoqueem1
horanãomaisdiferiramdaquelesobtidosantesdaadministraçãodostratamentospropostos.
As medidas de
tempo gasto em autolimpeza aos 30 minutos assumiram posição
intermediária, pois não foram diferentes daquelas obtidas aos 15 minutos, nem das
observadasem 1hora.Os dadossugerem, portanto, que ocomportamento deautolimpeza
nãoésensívelaosefeitosdaadministraçãodenitroglicerina.
Noexperimento3,tambémforamavaliadas
aslatênciasderetiradadacauda após a
administraçãodenitroglicerinaeveículo,emdiferentestempos(basal,30minutos,24horase
48 horas), não tendo sido observadas diferenças significativas entre os grupos ou entre os
períodosdeavaliação(Figura23).
Desdeas primeirasdescrições de Sobrero (1846),se reconhece
que dor de cabeça é
umdosprincipaisefeitosadversosrelacionadosaousodenitratosorgânicos.Essescompostos,
quando metabolizados, são importantes doadores de óxido nítrico (Moncada et al., 1991;
MarsheMarsh,1997;Kerinetal.,2001;Bergerotetal.,2006).
Estudos de Olesen e colaboradores (1993) e
Iversen e colaboradores (1993)
propuseram que a patofisiologia da enxaqueca estaria relacionada à hipersensibilidade ao
óxido nítrico. Em modelos experimentais de cefaléia em seres humanos, a administração de
nitroglicerina (NTG) é capaz de desen cadear dor de cabeça mais proeminente em pacientes
comhistóriapréviadecefaléiaprimáriadoquenoscontroles
(KrabbeeOlesen,1980;Sicuteri
etal.,1987;Olesene Thomsen,1993;LarseOlesen,2001).Alémdisso,aquelefármacofoi
descrito como ativador de vias nociceptivas trigeminais, levando à maior expressão de cfos
125
em núcleo trigeminal caudal (Tassorelli e Joseph, 1995). Em modelos experimentais para o
estudodecefaléia,usodenitroglicerinaédescritocomoummodelocomplexo,categorizado
comoneurovasculardeativaçãotrigeminal(Bergerotetal.,2006).
Com base nessas evidências, esperavase que a nitroglicerina fosse capaz de
desencadearprocessonociceptivo
mediadopelosistematrigeminovascular,caracterizadopor
aumento nas medidas de auto limpeza, parâmetro comportamental eleito como medida
nociceptiva relacionada à nocicepção trigeminal no primeiro experimento dessa Dissertação.
Todavia, os resultados demonstraram, ao contrário, marcada redução da quelas medidas
comportamentais (Figura 21). Além disso, tanto os animais que receberam nitroglicerina,
quantoaquelesque
receberamveículo,nasdoseseconcentraçõesestipuladas,apresentaram
o mesmo padrão de resposta comportamental. Logo, o efeito observado não se mostro u
relacionadoespecificamenteàadministraçãodofármaco.
Talresultado,inicialmente,apresenta estreitarelaçãotemporalcomoperíodonoqual
pode ocorrer hipotensão arterial decorrente do uso de nitratos. Em experimentos
com
animais, quando nitroglicerina é administrada sistemicamente, cerca de 1 a 4 minutos após,
podese observar hipotensão arterial sistêmica (Michel, 2007). Além disso, a dose de
nitroglicerina empregada nos experimentos desta Dissertação é reconhecidamente capaz de
induzirhipotensão,que pode perdurarporaté75 minutos(Needleman, 1970).Essefármaco
induz
hipotensão arterial por meio de vasodilatação mediada pelo óxido nítrico (Tassorelli e
Joseph,1995a).
Nitroglicerina(trinitrato deglicerina ouNTG)éum nitrato orgânico.Apresentameia
vida plasmática de cerca de 1 a 4 minutos, que pode ser prolongada em tecidos lipofílicos,
incluindoocérebro.Essecompostoérapidamentemetabolizado
nomeiointracelularemNO,
queéumimportantemensageironeuronal,comdiversasfunçõessinalizadorastantonoSNC,
quanto no Sistema Nervoso Periférico (Moncada et al., 1991; Bergerot et al., 2006).Sua
metabolização é realizada pela enzima mitocondrial aldeídodhidrogenase (Michel, 2006).
126
Agindo em sistema cardiovascular, causa vasodilatação, acarretando diminuição da pressão
diastólica e discreta redução em resistência vascular pulmonar e débito cardíaco. Em altas
doses,écapazdegerarestasevenosa,aumentoderesistênciaarteriolarereduçãodepressão
arterial (sistólica e diastólica) e débito cardíaco, podendo acionar mecanismos autonômicos
regulatóriosdas
funçõescardiovasculares(Michel,2006).
A administra ção de nitratos orgânicos desencadeia uma consistente e sustentada
ativação de áreas cardiovasculares centrais e regiões envolvidas na percepção e na
transmissão do processodoloroso (Tassorelli e Joseph, 1995a; 1995b; 1996; Tassorelli et al.,
1997).
Expressão de cfos é observada em várias regiões
cerebrais após a administração
sistêmica de nitroglicerina. Esse fenômeno é encontrado em algumas áreas primariamente
envolvidas na resposta barorreceptora, onde os neurônios são ativados em resposta a um
episódiodehipotensão(subnúcleosmedialelateraldonúcleodotratosolitário),assimcomo
nobulbo(porçãoventrolateral),queexerce
papelfundamentalnaregulaçãofásicaetônicada
pressão arterial (Tassorelli e Joseph, 1995a). Aumento de expressão daquele próoncogene
também é observado em áreas não relacionadas às funções cardiovasculares, como em
núcleos comissurais, sugerindo que esse fenômeno não esteja estritamente relacionado ao
controledapressãoarterial.Algunsdoslocaisque
apresentamabundanteexpressãodecfos
após a administração de nitroglicerina apresentam íntima relação com os processos
nociceptivos desencadea dos por injúria tecidual subcutânea, provocada pela injeção de
formalinaa5%naregiãoorofacial(TassorellieJoseph,1995a).
No núcleo caudal espinhal do nervo trigêmeo, a maioria das células imunorreativas
para
cfos é encontrada na lâmina I, que recebe aferência de fibras nociceptivas não
mielinizadas, e na lâmina II, de onde as informações daquelas fibras são transmitidas para
centrosrostrais(TassorellieJoseph,1995a).Taisachadossugeremumapossívelativaçãodos
127
neurônios envolvidos na sensibilidade de face, vasos sangüíneos ou meninges (Nozaki et al.,
1992;Kaubeetal.,1993).
Aexpressãodecfosobservadanosnúcleoscaudalespinhaldotrigêmeoecomissural
do trato solitário pode ser diretamente afetada pelo efeito da nitroglicerina no sistema
trigeminovascular, onde ocorre a regulação
do s mecanismos nociceptivos e vasculares
cerebrais. Wei e colaboradores (1992) demonstraram que a vasodilatação cerebral indu zida
pela nitroglicerina é inibida por antagonista de receptores para CGRP, provavelmente o
principal regulador do sistema trigeminovascular, e que a denervação crônica trigeminal
diminuiarespostadasarteríolascerebraisaessenitratoorgânico.
Estudos
demonstraramqueexisteimportanteaumentodeGMPcnonúcleotrigeminal
caudal entre 2 e 4 horas após a administração de nitroglicerina, sendo que o maior valor é
observadonoperíodode4horas(Torfgardet al.,1989;TorfgardeAhnler, 1991;Tassorelliet
al.,2004).Essesachadospredominaramnasfibrasneuronais
donúcleocaudaldotrigêmeoe
dotratotrigeminoespinhal.Noselementosvascularesassociados,níveisaumentadosdeGMPc
ficaram restritos às paredes das pequenas arteríolas corticais e capilares. Possivelmente, o
aumento desse nucleotídeo seja resultante de uma cascata de eventos secundários à
administração de NTG, que possivelmente inclui ativação de estruturas
perivasculares e
neurôniosdotroncoencef á lico,seguidapelaexpressãodogenedeNOS
i
.
Essefenômenosugerequeanitroglicerinainduzalteraçõesespecíficasnasparedesde
microvasos,oque,porsuavez,ativariaasfibrastrigeminovascularesoriginadasemgângliode
Gasser. Esse composto seria responsável por uma superregulação de GMPc em arteríolas
corticais e neurônios trigeminais nociceptivos. Paralelamente, a nitroglicerina induz
significativas alterações
de fluxo sangüíneo em córtex somatossensorial, que perduram por
mais de 2 horas. Portanto, esse fármaco é capaz de induzir indiretamente alterações
neuroquímicasnonúcleocaudaldonervotrigêmeo.TaisachadossugeremqueaviaNOGMPc
128
sejaumaconexãoentreoseventosvasculareseneuronaisenvolvidosnodesencadeamentoe
namanutençãodasdorescefálicas,principalme nteemenxaqueca(Tassorellietal.,2004).
Se a maior expressão de GMPc e a atividade algésica trigeminal desencadeada pela
administração de nitroglicerina são eventos que ocorrem de modo paralelo, teoricamente o
tempo entre 2 e 4 horas seria aquele em que maior registro de atividade nociceptiva seria
observada.Todavia, no experimento 3, ocomportamento sugestivo de atividade noci ceptiva
foiobservadonos primeiros5minutosapósotratamentocomaquelefármaco.Alémdisso,
elefoidenaturezaconflitanteaoresultadoesperado
reduçãoemvezdeaumentodotempo
gasto em autolimpeza (Figura 18). Possivelmente, se ocorreu processo álgico secundário à
administraçãodenitroglicerina,elefoimoduladoadequadamentepelasviasdescendentesde
dorouoparâmetrodeaferiçãoadotado(tempodegrooming)não foiadequadoparadetectá
lo.
Tassoreli e Joseph
(1995a) demonstraram marcante expressão de cfos na porção
ventrolateralcaudaldasubstânciacinzentaperiaquedutal, queapresentaimportanteatuação
nos mecanismos nociceptivos. Similar expressão desse protooncogene naquela região
tambémpodeserobservadaapóshipotensãohipovolêmica(ChaneSawchenko,1993).Paraos
primeiros autores, é possível que os mecanismos relacionados
tanto à hipotensão, quanto à
estimulação nociceptiva possam estar envolvidos, especialmente quando considerada a
ativação dos neurônios no núcleo caudal do trigêmeo, sendo que as projeções desta última
estruturaàsubstânciaperiaquedutalpareceterimportanteenvolvimentonessefenômeno.
Densaexpressãodecfosemáreasdeintegraçãodasrepostas vegetativa,endócrina
e
comportamental também é observada após tratamento com nitrato orgânico. São descritas
extensas conexões entre núcleo parabraquial e regiões de tronco e mesen céfalo, tais como
núcleodotratosolitário,medulaventrolateral,substânciaperiaquedutalcinzenta,hipotálamo
periventricular e núcleo central da amígdala (Tassoreli e Joseph, 1995a; Pacák e Palkovits,
2001). A
porção ventrolateral do núcleo parabraquial recebe suas maiores aferências dos
129
núcleosdotratosolitárioeáreapóstremaeprojetaseaosnúcleosprosencefálicoscomfunção
integradora autonômica (Herbet et al., 1990; Tassoreli e Joseph, 1995a; Pacák e Palkovits,
2001).
Outroimportantelocal deexpressãode cfos é olocus coeruleus,quepossivelmente
não apresenta papel ativo na regulação vasomotora.
Estudos demonstraram ausência de
projeçõesdosnúcleosdotratosolitárioparaessaestrutura,bemcomoqueelapareceexercer
poucoounenhumefeitosobreapressãoarterial(AnstonJonesetal.,1986;Valentinoetal.,
1986).Olocuscoeruleusrecebeaferênciasdosneurôniosdaporçãoventrolateraldobulboe
as encaminha para áreas prosencefálicas e vasos cerebrais. Assim, aquela região parece
exercerfunçãofundamentalnasinalizaçãoenacoor denaçãodarepostaglobalaosefeitosda
nitroglicerina(Valentinoetal.,1980;Goadsbyetal.,1982;AnstonJonesetal.,1986;Kachidian
etal.,1990;Pieriboneetal.,1991).
O estudo conduzido por Tassoreli e Joseph (1995a) sugere que a nitroglicerina pode
ativar áreas envolvidas com mecanismos neuroendócrinos e vegetativos, uma vez que foi
observadaintensaexpres são decfosnosnúcl eos paraventriculareshipotalâmicos,queestão
intrinsecamente envolvidos com aqueles mecanismos. Share (1988) também demonstrou
intensa expressão desse protooncogene
em núcleos supra ópticos, fato que pode estar
relacionado à secreção de vasopressina secundária à hipotensão gerada por aquele
nitrovasodilatador.
Grande número de neurônios do núcleo central da amígdala também apresentou
intensa expressão de cfos após a administração de nitroglicerina, o que estaria mais
relacionadaaosfenômenosnociceptivosdo
queaoscardiovascularespropriamenteditos.As
conexões daquela estrutura límbica com a substância cinzenta periaquedutal reforçam o
vínculo entre os circuitos que coordenam as funções vegetativas e os eventos nociceptivos
(TassorelieJoseph,1995a;PacákePalkovits,2001).
130
Alémdisso,extensaexpressãodecfosnascélulasdoórgãosubfornicialpodeocorrer
secundariamenteaousodenitroglicerina.Essefatopodeestarrelacionadoaoacessodiretode
substâncias circulantes (angiotensina e vasopressina) aos receptores neurais localizados no
interior daquele órgão, o que seria resultante das respostas vegetativa, neuroendócrina e
comportamental
mediadas por suas conexões com o núcleo paraventricular do hipotálamo
(TassorellieJoseph,1995a).
Assim como a nitroglicerina, o veículo, por ter sua composição à base de alcoóis
(mistura de etanol [30%], propilenoglicol [50%] e água [40 %]) também seria propício a
desencadearrelaxamentovascularehip o tensãoarterial.Possivelmente,esses
efeitosestariam
mais correlacionados ao etanol. Vários mecanismos foram propostos para justificar a
capacidade do etanol de desencadear hipotensão (ElMas e AbdelRahman, 2007). Howe e
colaboradores (1989) atribuíram o efeito hipotensor do etanol às alterações no controle
vegetativo cardiovascular, que podem ser abolidos após o bloqueio. Outros fatores
relacionados
a esse fenômeno incluem inibição do influxo de cálcio para dentro do sculo
lisovascular(Turlapatyetal.,1979),promoçãodas atividadesdeprostaglandinasendoteliaise
óxidonítrico(Grennbergetal.,1993),induçãodedepressãomiocárdica(Kelbaeketal.,1985)
eaumentodorelaxamentovascular,mediadoporreceptores
deadenosina(Rekiketal.,2002).
Ascoincidentesmedidasdeautolimpezaencontradasentreosgruposquereceberam
nitroglicerina e veículo podem estar relacionadas aos efeitos hipotensores que ambo s os
compostos desencadeiam, por meio das vias óxidonitrérgicas, e não necessariamente
relacionadasao desencadeamentodeumprocessonociceptivopropriamentedito.
Alémdisso,
oefeitodecorrentedanitroglicerinapo deriaserpotencializadopelosalcoóisquecompõemo
veículo em que é diluída. Assim, poderseia esperar valores intermediários das medidas de
autolimpezanosanimaisdogrupocontrole,fatotambémnão ocorrido.
Aadministraçãodenitroglicerinaemindivíduoscomenxaquecaou
cefaléiaemsalvas
desencadeia dor cefálica mais proeminente do que naqueles previamente hígidos.
131
Possivelmente, isso estaria relacionado a uma hipersensibilidade ao óxido nítrico (Iversen et
al.,1993;Olesenetal.,1993).Outrapossibilidadeéadequeindivíduoscomhistóriapréviade
dor de cabeça apresentassem um sistema trigeminal sensibilizado, o que facilitaria o
desencadeamento da dor ou exacerbaria sua intensidade. Essa hipótese
corroboraria os
resultados observados no terceiro experimento, pois os animais apenas receberam
nitroglicerina por via sistêmica, sem apresentar experiências nociceptivas mediadas pelo
sistematrigeminalpreviamente.
Aassociaçãodemodelosno ciceptivosabrangendoasmaisvariadasformasdeativação
do sistema trigeminovascular seria interessante durante estudos experimentais relacionados
às dores orofaciais e
cefálicas com componente vascular. Por isso, nessa Dissertação, foi
propostooexperimento4comesseobjetivo.Associouseummodelodeativaçãoperiféricado
sistema trigeminal (dor orofacial induzida pela formalina) com outro de ativação sistêmica
neurovascular, utilizando composto vasodilatador (nitroglicerina). Procurouse avaliar as
medidas do tempo total gasto com
o reflexo de autolimpeza e de latência de retirada da
cauda.
Na análise do tempo despendido em comportamento de autolimpeza, não foram
encontradas diferenças significativas entre os grupos no primeiro dia da primeira semana,
imediatamente antes da administração dos tratamentos propostos (Tabela 7). Ao se
compararemas medidasbasais de cadauma dastrês semanas deexperimento, observouse
redução daquele tempo na segunda e na terceira semanas em relação à primeira,
independentementedosgruposconsiderados(Figura25).Esseachadopodeestarrelacionado
aofenômenodehabituação.Como,duranteoexperimento,osanimaisforamsubmetidosao
mesmo ambiente por várias vezes, tendência a reduzir os parâmetros comportamentais
com a familiarização com o campo aberto (Thiel et al., 1998, 1999; Viana et al., 2001). É
importanteressaltarquetodas essasmedidas,indep endentementedasemanaavaliada,foram
132
obtidasantesdaadministraçãodequalquertratamento,nãoestando,portanto,relacionadas à
injeçãodassoluçõesemestudo.
Naanálisedotempodespendidoemgrooming 15minutos após a administraçãodos
tratamentos propostos, novamente observaramse diferenças significativas das segunda e
terceirasemanaemre laçãoàprimeira,independentementedosgruposexperimentais (Figura
26). Houve redução do comportamento de autolimpeza, provavelmente como resultado da
habituação ao ambiente. Adicionalmente, foram também observadas diferenças entre os
gruposeinteraçãoentreestes eassemanasdeavaliação.Naprimeirasemana,osanimaisque
receberamsoluçãosalina,porviasubcutânea,eumdostrêstratamentospropostosparaavia
intraperitoneal (solução salina, veículo ou ni troglicerina, correspondendo, respectivamente,
aos grupos SS, SV e SN) não diferiram entre si (Figura 26). Concluiuse, assim, que a
nitroglicerina não interferiu sobreo parâmetro comportamental nesse período de avaliação.
Esse resultado complementa o que foi visto no experimento 3, em que houve redução do
tempo gasto em autolimpeza entre 5 e 30 minutos depois da administração de veículo ou
nitroglicerina(Figura21).
Ainda na primeira semana de avaliação, foi observado que a administração de
formalina, por via subcutânea, associada à solução salina, por via intraperitoneal
(correspondendo aogrupo FS), levouao aumento dotempo despendido no comportamento
de autolimpeza, em relação ao grupo controle, que recebeu solução salina tanto por via
subcutânea, quanto por via intraperitoneal, correspondendo ao grupo SS. De fato, aquele
grupo(FS)diferiudetodos aquelesquereceberamsolução salina,por viasubcutânea(SS,SVe
SN),edoquerecebeuformalina,porviasubcutânea,enitroglicerina, por via intraperitoneal
(FN)(Figura26).Taisdadosconfirmamaquelesobtidosnosexperimentos1e2(Figuras15e
16).
O comportamento observado no grupo que recebeu solução formalina, por via
subcutânea, e veículo, por via intraperitoneal (grupo FV), apresentou um padrão
133
intermediário, de modo que não diferiu do grupo que recebeu solução salina, por via
subcutânea,eveículo,porviaintraperitoneal(grupoSV),nemdogrupoquerecebeusolução
formalina, por via subcutânea, e salina, por via intraperitoneal (grupo FS) (Figura 26). Isso
sugere que o veículo pode apresentar certo efeito no modelo de dor orofacial induzida por
formalina,revertendo parcialmente oaumento do tempo gasto em autolimpeza por aquela
substânciairritante.
Observouse, ainda na primeira semana, que os animais para os quais foram
administradas formalina, por via subcutânea, e salina, por via intraperitoneal (grupo FS)
diferiram significativame nte daqueles que receberam formalina, por via subcutânea, e
nitroglicerina, por via intraperitoneal (grupo FN) (Figura 26). Os primeiros despenderam
significativamente mais tempo em autolimpeza do que os segundos. Assim, embora a
administraçãodenitroglicerina(grupoSN)nãotenhaapresentadoefeitoporsisó,foicapazde
reverter o aumento do tempo gasto em autolimpeza determinado pela formalina. Logo, no
primeiro dia da primeira semana de tratamento, 15 minutos após receberem o nitrato, os
animais expostos ao modelo de dor orofacial pela formalina voltaram a apresentar
comportamentosimilaraodoscontroles(quereceberamsalina,porviasubcutânea,eumdos
três tratamentospropostos para uso por via intraperitoneal, correspondendo aosgrupos SS,
SVeSN)(Figura23).Nasduassemanasseguintes,todososgruposavaliados(correspondendo
aSS,SV,SN,FS,FVeFN)diferiramsignificativamentedogrupoquerecebeuformalina, porvia
subcutânea,esoluçãosalina,porviaintraperitoneal(FS),naprimeirasemanadeexperimento.
De fato, nas segunda e terceira semanas, a solução de formalina não foi novamente
administrada. Isso pode explicar a ausência do efeito observado na primeira semana, com
aumento do tempo de grooming. Co mo esse efeito não ocorreu aqui, a administração de
nitroglicerina também não levou a alterações de comportamento em relação aos controles
(Figura 26). Concluiuse que a ni troglicerina reverte o efeito agudo da administração da
134
formalina, quando aumento do tempo em autolimpeza (fase aguda do modelo de dor
orofacial).Nãoexerceefeitoemlongoprazonessemodelo.
Porfim,15minutosapósaadministração dos tratamentospropostos,nassegunda e
terceira semanas de experimento, observouse redução do tempo despendido em auto
limpeza,emcomparaçãocomaprimeirasemana,independentementedosgruposestudados,
sugerindomaisumavezmaisahabituaçãoaoambiente(Figura26)(Thieletal,1998and1999;
Vianaetal,2001).
Podemse aventar algumas hipóteses para explicar a reversão que a nitroglicerina
determinousobreoaumentodogroominginduzidopelaformalina.
Pormeiodotradicionalmodelodedordesencadeadapelaadministraçãosubcutânea
de formalina na pata dos animais, Okuda ecolabo radores (2001) demonstraram que, com o
uso de alta concentração de agente irritante, formalina 10% , não produção de efeito
máximo no comportamento nociceptivo, nem produção de óxido nítrico ou liberação de
glutamato no corno dorsal da medula espinhal. Os autores sugerem que esse fato pode ser
decorrentedaaltaintensidadedoestímulonociceptivogerado.Comoresultadodeaferência
nociceptiva persistente ou intensa, haveria maior ativação dos mecanismos descendentes
inibitórios de controle da dor, envolvendo várias estruturas supraespinhais. Com isso, a
respostafinalobservadaseriaumefeitomaisatenuadoaoestímulonocivo.
Comoosmodelosdedororofacialinduzidapelaformalinaeexperimentaldecefaléia
induzidapor nitratoscompartilhamde processosfisiopatogênicoscomuns, poderseiasupor
queanitroglicerina,agindocomoumdoadordeóxido nítricoestejaatuandosinergicamente
com o agente irritante, potencializando seu efeito nociceptivo. Alguns autores referem que
aquele fár m aco, um próformador de óxido nítrico, influencia indiretamente o fenômeno
doloroso,especialmenteoprocessodesensibilizaçãodosnociceptoresdesegundaordemem
nível medular (Saito et al., 1994; Lin et al., 1999). Como conseqüência da atuação pró
nociceptivadosdoiscompostosformalinaenitroglicerinaemdoissítiosdistintos,ocorreria
135
maior ativação das vias descendentes inibitórias e esta, por sua vez, determinaria como
resultadofinalaatenuaçãodarespostacomportamental,comretornodas medidasdetempo
gastocomocomportamentodeautolimpezaàquelasencontradasnoperíodo basal.
OóxidonítricoestáenvolvidoemumavariedadedefunçõesfisiológicasnosSNC.
evidências de sua atuação sobre respostas nociceptivas e inflamatórias. Tem sido proposta,
por exemplo , uma complexa interação entre os sistemas óxidonitrérgicos e opióides,
envolvendo paralelamente mecanismos GABAérgicos e glutamatérgicos de tipo NmetilD
aspartato(NMDA) (Homayounetal., 2002;Okuducue Onal, 2005).Morfina eóxidonítrico
parecem atuar de forma acoplada em diversos processos (Ferreira et al., 1991;Gyires, K.,
1994;Kolesnikovetal, 1993;Bhargava,1995;DambisyaeLee,1996).
Morfinapodeestimular
aliberaçãodeóxidonítricoemdiferentestecidos,incluindoeminênciamediaderatos(Stefano
etal.,1997).Temsidosugeridoquealiberaçãodeóxidonítricoinduzidapormorfinapodeser
mediadapor receptores mu(Welterset al., 2000).Poroutrolado,a administraçãoagudade
substratos de
NO altera a distribuição de morfina no encéfalo e na medula espinhal,
possivelmenteporinibiçãodacaptaçãodemorfinaemsítioscentrais(Bhargavaetal.,1998).
Taisalteraçõestêmsidoimplicadasnamodulação daanalgesiadamorfinaporNO(Bhargava
etal.,1998).Estudos propõemefeitomoduladordosistemaNO
sobreaanalgesiaevocadapor
receptoresopióides,especialmenteosdetipomu(McDonaldetal.,1994;Fideckaetal.,1997;
Capassoetal.,1998;Homayounetal.,2003;Chenaetal.,2006).
Conforme Spruijt e colaboradores (1992), em situações de estresse agudo, após a
ativação do eixo hipotálamohipófiseadrenal, se observou importante aumento do
comportamento de autolimpeza, mediado principalmente pela ação de ACTH (hormônio
adrenocortrópico). Também se observou papel de ADH, que foi capaz de desencadear tal
parâmetrocomportamentalporlongosperíodos.Segundoessesautores,existeumasériede
evidênciasassociandoosistemaopióidecomodesencadeamentodocomportamentodeauto
136
limpeza, principalmente por meio da ação de ACTH. É reconhecido que baixas doses de
morfina ouβendorfina são capazes de gerar atividade de autolimpeza. A administração de
antagonistaopióide,comonaloxona,podeinibiressecomportamento,quandodesencadeado
pelaaçãodeACTH epeptídeosopióides.Alémdisso,aadministraçãodeACTHeβendorfina
nasubstânciacinzentaperiaquedutalpoderesultaremexcessivoaumentonoreflexodeauto
limpeza(Spruijtetal.,1992).
Assim, vários sistemas neurohumorais relacionados a esse modelo experimental
podem estar influenciando, direta ou indiretamente, o padrão comportamental de auto
limpeza15minutosapósaadministraçãoassociadadeformalinaenitroglicerina,noprimeiro
dia do experimento. Entretanto, mais estudos necessitam ser realizados para melhor
elucidação
dessasobservações.Antagonistasopióidespoderiam serutiliza dos comafinalidade
deavaliaropapeldo sistema opióidenosefeitosobservados quandodaassociação dos dois
modelos,dedororofacialeneurovasculardecefaléia.
Naanálisedotempodespendidoemgrooming30mi nutos,120minutose240minutos
apósaadministração dostratamentospropostos,nãoseobservaramdiferençassignificativas,
querentreosgrupos,querentreassemanasdeobservação(Figuras27,28e29),confirmando
dados dos experimentos 2 e 3. Parece haver uma dissociação entre os tempos em que
maiorproduçãode óxido nítrico,representadapela atividadedeGMPcduranteosperíodos
de 2 e 4 horas (Torfgard et al., 1989; Torfgard e Ahnler, 1991; Tassorelli et al., 2004), e a
medidacomportamentalemquestão.
Quando da avaliação daquele parâmetro 24 e 48 horas após a instituição dos
tratamentos em estudo, apareceram diferenças significativas entre as semanas,
independentemente dos grupos, demodo que o tempo gasto emautolimpeza foimaior na
terceira semana do experimento, em comparação, respectivamente, com a segunda ou a
primeira.
137
No experimento 4, também foram avaliadas as medidas de latência de retirada da
cauda(tailflick).Nãoseobservaramdiferençassignificativas,querentreosgrupos,querentre
as semanas, nos períodos imediata mente antes (basal) e após 15 minutos, 30 minutos, 240
minutos,24horas e48horasdaadministraçãodostratamentospropostos(Figuras32a34,36
a35).Apenasnotempode2horasobservouseaumentosignificativodaslatênciasderetirada
da cauda nas segunda e terceira semanas de observação em relação à primeira,
independentementedosgruposexperimentais.Talresultadopodeseratribuídoàhabituação
dosanimaisàexposiçãoaoaparelho,demodoque,comarepetiçãodoteste,familiarizamse
comoestímuloaplicadoepassamademorarmaispararetiraracauda.
Essesresultados diferemdos de Costae colaboradores (2005),que relataramestado
hiperalgésico 2 a 4 horas após a administração de nitroglicerina, por via intraperitoneal, na
dose de 10 mg/kg. Todavia, tal resultado poderia estar relacionado ao modelo utilizado por
estesautores,quealémdediferirdopropostonesteexperimento,tambémapresenta técnicas
deinduçãoaestressecrônico,comcontençãodosanimaisporlongosperíodos.
Por meio da observação da evolução de peso corporal dos animais, é possível supor
queaexposiçãodos animaisaosmodelospropostosnãointerferiucomseuestadodesaúde
geral. No decorrer das semanas, houve aumento gradual daquele peso, o que é o padrão
habitual,esperado,paraanimaissadios.
138
Conclusões
139
¾ Onúmero de cruzamentos (crossings) emcampo aberto,utilizando omodelo dedor
orofacialinduzidapelaformalina,nãoapresentoudife rençasignificativaemrelaçãoao
grupocontrole.Combasenesseachado,sugeresequeonúmerodecruzamentosnão
ésensívelàadministraçãodeformalinaporviasubcutânea.
¾ Onúmeroderespostasdeorientação (rearing)emcampoaberto,utilizandoomodelo
dedororofacialinduzidapelaformalina,nãosemostroudiferentedaqueleobservado
nogrupocontrole.Combasenesseachado,sugeresequeonúmeroderespostasde
orientaçãonãoésensívelàadministraçãodeformalina
porviasubcutânea.
¾ Otempogastoemreflexodeautolimpeza(grooming),emcampoaberto,utilizandoo
modelo de dor orofacial induzida pela formalina, apresentou um valor superior ao
grupo controle durante os primeiros 20 minutos do experimento. Com base nesse
achado,sugeresequeessedeveser
consideradocomooparâmetrorepresentativoda
respostanociceptivanomodelodedororofacialinduzidapelaformalinaduranteesta
janelatemporal.
¾ Otempogastoemreflexodeautolimpeza(grooming),emcampoaberto,utilizandoo
modelo neurovascular de ativação trigeminal por administração sistêmica de
nitroglicerina,nãoapresentoudiferençaem
relação aoseucontrole.Combasenesse
achado, sugerese que o comportamento de autolimpeza não é sensível à
administraçãodessevasodilatadorsistêmico.
¾ Otempogastoemreflexodeautolimpeza(grooming),emcampoaberto,nomodelo
associado de dor orofacial induzida pela formalina e ativa ção
trigeminal por
administração sistêmica de nitroglicerina, apresentou uma redução em relação ao
140
grupo controle que recebeu apenas formalina por via subcutânea e salina por via
intraperitoneal. Com base nesse achado, sugerese que a nitrogl icerina é capaz de
reverter o aumento do comportamento de autolimpeza induzido pela formalina
subcutânea.
¾ Arespostanociceptiva,avaliadapormeiodamedidadoreflexode
retiradadacaudaa
estímulo térmico nocivo(tailflick latency), no modelo de dor orofacialinduzida pela
formalina,não apresentoualteraçõessignificativas quandocomparadas com ogrupo
controle. Com basenesse achado, sugerese que este método não é adequado para
avaliar resposta das vias nociceptivas relacionadas à ativação do
trato
trigeminotalâmico.
¾ Arespostanociceptiva,avaliadapormeiodamedidadoreflexoderetiradadacaudaa
estímulo térmico nocivo (tailflick latency), no modelo neurovascular de ativação
trigeminal por administração sistêmica de nitroglicerina, não apresentou diferença
com relação aos controles em nenhum momento do experimento. Com base nesse
achado, sugerese que a nitroglicerina não é capaz de desencadear uma resposta
comportamental capaz de ser me nsurada, ou este método não é sensível para
avaliaçãonociceptivanestemodelodenocicepção.
¾ Arespostanociceptiva,avaliadapormeiodamedidadoreflexoderetiradadacaudaa
estímulo térmico nocivo (tailflick latency), no modelo associado de dor orofacial
induzida pela formalina e ativação trigeminal por administração sistêmica de
nitroglicerina, apresentou alterações sugestivas de analgesia apenas 2 hora s após
administrado o
tratamento, durante a segunda e terceira semana de experimento,
porém o res ultado não foi diferente do grupo controle. Com base nesse achado,
141
sugeresequeasalteraçõesrelacionadasaestarespostanociceptivaestárelacionada
àhabituaçãoeomesmonãoésensívelparaavaliaçãodeatividadenociceptivaneste
modelo.
142
Perspectivas
143
¾ Os estudos envolvidos nessa Dissertação contribuíram para a elaboração de dois
capítulosdelivrosdidáticos:
1. Ferreira MBC, Perla AS. Dores crônicas orofaciais. In: Wannmacher L,
Ferreira MBC, eds. Farmacologia Clínica para Dentistas. 3 ed. Rio de
Janeiro:GuanabaraKoogan;2007:231249.
2. Ferreira MBC, Perla AS. Farmacologia
do Sistema Nervoso Central. In:
WannmacherL,FerreiraMBC,eds.Farmacologia Clínica para Dentistas.3
ed.RiodeJaneiro:GuanabaraKoogan;2007:109115.
¾ Apartirdosresultadosobtidos dessaDissertação,estãosendoelaboradostrêsartigos,
que estão em fase de conclusão e serão encaminhados para as revistas Pain
e
Cephalalgia.
1. Estudo comportamental por meio da análise das medidas do reflexo de
autolimpeza e retirada da cauda no modelo de ativação periférica
trigeminalsecundárioàadministraçãodeformalinasubcutânea.
2. Avaliação da atividade nociceptiva por meio do estudo do tempo
dispendidonoreflexodeautolimpeza,
apósativaçãotrigeminalsistêmica
poradministraçãodenitroglicerinaporviaintraperitoneal.
3. Influênciadaadminstraçãosistêmicadenitroglicerinanomodeloorofacial
deformalina.
144
¾ OsresultadosobtidosnessaDissertaçãotambémservirãodebaseparaelaboraçãodo
projetodeDoutorado.Procurarseámapearasviasnociceptivas,comsuasrespectivas
estruturas, após a ativação da via trigeminal, tanto perifericamente, pela
administração de formalina por via subcutânea, quanto sistemicamente, pela
administração de nitroglicerina, por meio
de estudos imunoistoquímicos env o lvendo
expressãodecfoseneuropeptídeosrelacionadosàfisiopatogeniadasdorescefálicas,
comoCGRPeSubstânciaP.
Omesmoprocessotambémseráaplicadonomodeloqueassociaosdoismétodosde
ativação das vias trigeminais (central eperiférico). Nele,também seestudará asvias
moduladoras descendentes
da nocicep ção, especialmente no que tange o
envolvimentodasviasoxidonitrérgicas.
O maior conhecimento deste modelo poderá tornálo uma ferramente últil para o
estudodenovosmedicamentosnotratamentodedoresorofaciais.
145
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