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SANDRA RIBEIRO DE ALMEIDA LOPES
FATORES PSICOSSOCIAIS ASSOCIADOS À GRAVIDEZ E
AO DIABETES NA ADOLESCÊNCIA
São Paulo
2006
Tese apresentada ao curso de Pós-Graduação da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de
São Paulo para obtenção do Título de Doutor em
Ciências da Saúde.
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SANDRA RIBEIRO DE ALMEIDA LOPES
FATORES PSICOSSOCIAIS ASSOCIADOS À GRAVIDEZ E
AO DIABETES NA ADOLESCÊNCIA
Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Longui
São Paulo
2006
Tese apresentada ao curso de Pós-Graduação da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de
São Paulo para obtenção do título de Doutor em
Ciências da Saúde
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A Deus, à vida e à minha família por tudo que têm me
proporcionado
“O segredo da vida não é o que acontece com você, e sim o que
você faz do que acontece com você”.
Norman Vincent Peale
Agradecimentos
Gostaria de agradecer a todas as pessoas que direta ou indiretamente
participaram da minha trajetória profissional e me ajudaram a chegar até este
momento.
Às minhas filhas Carolina e Beatriz, que me presentearam com uma das
mais ricas experiências da vida: a maternidade.
Ao meu marido Wanderley, com quem divido os conflitos, as dificuldades e
as alegrias da tarefa de conciliar os papéis de profissional, mãe, mulher e tantos
outros que a vida nos impõe. E mais importante, por podermos compartilhar a
missão de criar, educar e amar nossas crianças de maneira a prepará-las para os
desafios de uma adolescência saudável.
Aos meus pais, pelo constante apoio e ajuda para a realização de meus
projetos de vida.
Ao Prof. Dr. Carlos Alberto Longui, Chefe da Pós - graduação, orientador e
incentivador, que esteve sempre presente e disponível em cada uma das etapas
desse trabalho.
À amiga Sandra Amorim, pela amizade e companheirismo ao longo destes
14 anos de trabalho na Santa Casa de São Paulo.
À CAPES, pelo valioso apoio financeiro.
À Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, instituição que
possibilitou a realização deste e de tantos outros trabalhos, que só me
engrandeceram do ponto de vista profissional e pessoal.
À Profa. Dra. Wilze Laura Bruscato, Chefe do Serviço de Psicologia
Hospitalar da Santa Casa de São Paulo, pelo estímulo ao constante crescimento
profissional.
À Profa. Dra. Verônica Coates, que me abriu as portas do Ambulatório de
Adolescência, possibilitando o contato direto com o fascinante e desafiador mundo
da adolescência.
Ao Prof. Dr. Nilson Donadio, Chefe de Clínica da Faculdade de Ciências
Médicas da Santa Casa de São Paulo e Chefe da Clínica de Infertilidade Conjugal
do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, por sua colaboração tão afetuosa
e por suas idéias tão férteis.
Às funcionárias da Pós-graduação da Faculdade de Ciências Médicas da
Santa Casa de São Paulo, pela eficiência e dedicação com que desempenharam
seus papéis. Em especial à Ting, profissional de estatística, que com sua
paciência “oriental” me fez encarar o segredo dos números e gráficos com
coragem e objetividade.
À profissional Creusa Dal Bó, que finalizou o tratamento estatístico do
estudo.
Às minhas auxiliares de pesquisa, Thaís, Paula, Fernanda, Meire e
Roberta, por terem se aventurado junto a mim neste caminho de descoberta do
universo emocional das adolescentes estudadas.
Às colegas do Serviço de Psicologia Hospitalar por terem acompanhado
meus desafios diários de maneira compreensiva.
Aos colegas da Faculdade de Psicologia da Universidade Presbiteriana
Mackenzie pelas valiosas sugestões.
Às jovens que participaram deste estudo, por terem me confiado seus
segredos, suas angústias, seus sonhos, alegrias e decepções, dando ao estudo
um colorido vivo e humano.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................01
1.1. Caracterização do período da adolescência...........................................06
1.1.1. Desenvolvimento físico ..................................................................06
1.1.2. Desenvolvimento emocional e cognitivo...........................................08
1.1.3. Sexualidade na adolescência...........................................................12
1.1.4. A Família do adolescente.................................................................14
1.2. Gravidez na adolescência......................................................................19
1.3. Diabetes Melittus.....................................................................................26
1.3.1. O adolescente e a doença crônica....................................................29
1.3.2. Aspectos emocionais do paciente diabético......................................35
1.3.3 Repercussões emocionais do Diabetes na família.............................38
2. OBJETIVOS....................................................................................................42
3. CASUÍSTICA E MÉTODO...............................................................................43
3.1. Desenho do estudo..............................................................................43
3.2. Amostra................................................................................................44
3.3. Critérios de inclusão.............................................................................44
3.4. Critérios de exclusão............................................................................44
3.5.Instrumentos....................................................................................... 45
3.5.1. Ficha sócio-demográfica................................................................45
3.5.2. Inventário Fatorial de Personalidade..............................................46
3.5.3 Bateria de testes –BPR-5 – Raciocínio verbal................................49
3.6. Procedimentos......................................................................................50
3.7. Análise...................................................................................................51
4.RESULTADOS....................................................................................................53
4.1. Apresentação dos casos.............................................................................53
4.2. Dados sócio-demográficos..........................................................................57
4.3. Raciocínio Verbal........................................................................................74
4.4. Inventário Fatorial de Personalidade..........................................................76
5. DISCUSSÃO.......................................................................................................85
6. CONCLUSÕES.................................................................................................131
7. ANEXOS...........................................................................................................102
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................122
RESUMO.........................................................................................................127
ABSTRACT......................................................................................................128
1. INTRODUÇÃO
A concepção deste estudo partiu inicialmente do trabalho desenvolvido
no Serviço de Psicologia Hospitalar, junto à Clínica da Adolescência, mais
especificamente ao Pré-Natal Multiprofissional de Apoio à Gestante
Adolescente do Departamento de Pediatria e Puericultura da Santa Casa de
São Paulo.
O atendimento psicológico tinha início mediante uma entrevista de
triagem, realizada assim que as jovens ingressavam no ambulatório. A
finalidade era verificar o impacto emocional da gestação, além de identificar
recursos egóicos para o enfrentamento dos desafios, condições psicossociais e
rede de apoio social. A jovem passava então a ser acompanhada no grupo
multiprofissional, de acordo com a proposta inicial e, dependendo dos dados da
triagem, poderia ainda necessitar de seguimento psicológico individual.
O trabalho individual se dava nos moldes da psicoterapia breve de apoio,
segundo propõe Penna (1992) com sessões quinzenais ou semanais,
dependendo da demanda, podendo incluir nos encontros o parceiro ou os pais
(avós) da jovem. Os temas mais freqüentemente abordados se referiam a
sentimentos de vergonha, arrependimento, culpa, tristeza, ideação suicida,
dificuldades de aceitação da condição de gestante e futura mãe, bem como a
conflitos na relação com os pais e/ou com o parceiro.
Sendo assim, os objetivos de nossa atuação se concentravam na
minimização do estresse emocional diante da confirmação da gestação,
restauração ou melhoria da auto-estima, da capacidade adaptativa e da função
egóica, além de integrar e ampliar a rede de apoio social.
Acompanhar estas jovens ao longo de todo o processo gestacional,
presenciar suas decisões, seus dilemas, suas dificuldades, procurando ajudá-
las a se organizar e se estruturar melhor diante de tantas demandas, levou-nos
a pensar nos motivos conscientes ou não desta escolha, e nas mudanças
significativas que acabavam sendo promovidas em suas vidas, em um
momento já tão repleto de transformações.
Muitas adolescentes não desejavam a gravidez, por se perceberem
imaturas, por acreditarem que suas vidas passariam por sérias modificações e
que teriam responsabilidades para as quais não estariam preparadas. Algumas
rompiam o relacionamento com o parceiro assim que recebiam a notícia da
gravidez, outras abandonavam os estudos ou já não desenvolviam nenhuma
atividade ocupacional nem alimentavam qualquer plano para o futuro. Muitas
delas enfrentavam sérios problemas de ordem financeira, o que acabava
contribuindo para torná-las ainda mais dependentes dos pais, inseguras e
frágeis.
Nossa experiência mostrou que a gravidez neste momento de vida pode
desencadear quadro depressivo e ideação suicida em muitas das adolescentes,
confirmando os achados de Freitas e Botega (2002). Outras situações eram
igualmente preocupantes, como a das jovens que planejavam abandonar seus
filhos, ou a condição das “avós-mães” que resolviam assumir a
responsabilidade pelos cuidados do recém-nascido retirando de suas filhas a
possibilidade de desenvolver o papel de mãe e com isto amadurecer.
Claro que felizmente pudemos também acompanhar e ajudar, através de
nossa intervenção, estas jovens a olhar para a situação de uma maneira mais
positiva e até mobilizadora para seu crescimento pessoal. Estas jovens foram
capazes de se tornar mães cuidadosas e responsáveis por elas mesmas e por
seus filhos. Adolescentes capazes de fazer planos de vida nos quais a
maternidade, juntamente com os estudos, trabalho e vida afetiva puderam se
harmonizar, tornando-se suas maiores prioridades.
De qualquer forma, a prevenção da gravidez na adolescência é uma
questão que ainda nos intriga. Sabemos que, atualmente, uma das grandes
preocupações do Ministério da Saúde é quanto a reincidência que, segundo
este mesmo órgão, vem aumentando e já se encontra na faixa de 30% no
primeiro ano pós-parto.
Um estudo, não publicado, realizado pela Clínica da Adolescência em
1999, mostra que a reincidência de gravidez das jovens acompanhadas pelo
Pré-Natal Multiprofissional foi de 5% ao longo de 5 anos de acompanhamento,
índice bem abaixo do registrado na população em geral, o que aponta para a
importância do acompanhamento, da orientação e do suporte para a prevenção
da gravidez precoce.
Muito se tem discutido sobre as causas para a gravidez na adolescência,
como: falta de informações corretas, iniciação sexual precoce, relações sexuais
sem proteção, influência dos meios de comunicação de massa, nível socio-
econômico, conflitos familiares, carência afetiva e ausência de projetos de vida.
Do ponto de vista psicológico discute-se a questão da busca de
identidade pessoal, típica da fase da adolescência, em contraponto a da
maternidade, os movimentos de independência e dependência das figuras
parentais, os modelos de identificação com a mãe, dentre outros aspectos(
Soifer, 1980; Maldonado, 1985; Khhale, 1997). No nosso entender, as
argumentações ainda são pouco conclusivas, tendo em vista que não se tem
notícia de programas preventivos realmente eficazes. Sabemos que as escolas
têm se empenhado em programas educativos, porém, devido ao seu caráter
técnico e basicamente informativo, pouco tem conseguido atender às
necessidades dos jovens.
Dentro deste contexto, outro aspecto relevante chama nossa atenção e
reforça a idéia de se investigar as necessidades e motivações das jovens
portadoras de doenças crônicas, como lúpus, cardiopatias diversas e diabetes.
para a gestação.
Questionamo-nos acerca do que leva estas meninas à "escolher" a
maternidade, mesmo conhecendo os riscos de vida implicados para elas e para
seus bebês. Algumas precisam ficar internadas para observação e controles
clínicos com relativa freqüência ao longo da gestação, interrompendo ou
dificultando o curso das atividades que eventualmente venham desenvolvendo,
comprometendo assim a rotina de vida. Não podemos deixar de considerar os
níveis elevados de ansiedade a que são submetidas diante da constante
preocupação relacionada ao estado de saúde e aos riscos de má formação
fetal.
Este estudo se propôs a investigar o diabetes tipo I como referência de
doença crônica, considerando todas as suas particularidades, porém
acreditamos que os resultados obtidos poderão servir de parâmetro para as
demais doenças de natureza crônica.
Sabemos que o tema gravidez na adolescência já tem sido bastante
estudado por profissionais de diferentes áreas, no entanto ainda pouco se tem
explorado sobre as motivações para a maternidade em jovens portadoras de
uma doença crônica, mais especificamente jovens diabéticas. Pensamos em
identificar as condições emocionais e sociais dessas jovens e compará-las com
as de jovens clinicamente saudáveis.
O enfoque do estudo será direcionado para as implicações sociais e
psicológicas do fenômeno, acompanhando a formação profissional da
pesquisadora.
O trabalho apresenta um levantamento bibliográfico, no qual são
discutidas teorias e conceitos sobre o desenvolvimento físico, emocional,
cognitivo e social do adolescente, a questão da sexualidade na adolescência e
a importância da família na formação do jovem. Abordaremos ainda a gravidez
na adolescência, a questão da doença crônica e suas repercussões no estado
emocional e a psicologia do paciente diabético.
1.1. Caracterização do período da adolescência
1.1.1. Desenvolvimento físico
O termo adolescência vem do verbo latino adolescere (crescer para a
maturidade). De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde,1997)
compreende a faixa etária entre 10 a 19 anos. Segundo o ECA (Estatuto da
criança e do adolescente, 1990) A puberdade refere-se às transformações
biológicas ou corporais, enquanto a adolescência às mudanças psicossociais.
A palavra puberdade originou-se do latim pubertate, que significa idade
viril; e do verbo pubescere, que tem por significado “cobrir-se de pêlos na região
púbica” (Griffa e Moreno, 2001).
A puberdade envolve um conjunto significativo de mudanças, nas quais o
corpo da criança vai aos poucos se aproximando do corpo do adulto.
O crescimento é processo caracterizado pelo aumento físico do corpo, por
meio do aumento do número de células de todos os órgãos e sistemas, que se
inicia na concepção e prossegue até a idade adulta. De acordo com Colli et al,
(2003), é importante ressaltar que o crescimento, o desenvolvimento e as
características pessoais dos adolescentes resultam da interação biológica,
psicológica e social no contexto da família, da sociedade e do ambiente
sociocultural.
Esta fase é evidenciada, na prática, pelo aparecimento dos caracteres
sexuais secundários até o completo desenvolvimento físico.
As modificações pubertárias são observadas em praticamente todos os
setores do organismo, porém as principais são:
estirão de crescimento constituído pela aceleração e posterior
desaceleração do crescimento do esqueleto e de muitos órgãos internos;
a evolução das gônadas;
desenvolvimento dos órgãos de reprodução e de caracteres sexuais
secundários;
mudanças de composição corporal englobando quantidade e distribuição
de gordura, crescimento do esqueleto e da musculatura;
desenvolvimento dos sistemas respiratório e circulatório que levam,
principalmente no sexo masculino, ao aumento de força e da musculatura;
alterações hormonais, sendo as principais, as gonodotrofinas e os
esteróides gonadais que têm sua secreção aumentada.
Segundo Leal e Silva (2001), nas meninas, a primeira manifestação de
puberdade é, na maioria das vezes, o aparecimento do broto ou botão mamário e,
no mesmo ano o aparecimento dos pêlos pubianos, sendo que isto ocorre em
média aos 9 anos e 7 meses. Ao mesmo tempo, útero, trompas, vagina e vulva
passam por modificações anatômicas e funcionais. Em média, aos 10 anos e 4
meses surgem os pêlos axilares e desenvolvem-se as glândulas sudoríparas. Em
média, aos 12 anos e 2 meses aparece a menarca. Os dois primeiros anos pós-
menarca são geralmente seguidos de irregularidade no ciclo menstrual. Após este
período, estas irregularidades tendem a desaparecer em virtude do eixo
neuroendócrino e maior número de ciclos ovulatórios.
De todas as modificações sofridas pelo ser humano no decorrer do seu
desenvolvimento, a puberdade é sem dúvida a mais marcante.
Nesta fase, o cérebro passa por modificações significativas, da mesma
forma que o corpo sofre a ação maciça dos hormônios, que em interação com os
fatores psicológicos e ambientais, disparam um processo sem retorno na vida do
adolescente, um processo de construção de uma nova identidade.
A adolescência, por sua vez, é um processo que ocorre durante o
desenvolvimento evolutivo do indivíduo, caracterizado por mudanças corpóreas
rápidas e impetuosas, além de profundas e estruturais, que tornam o jovem
desconhecido para si próprio (Ferrari, 1996). Ele não mais se reconhece como
criança, mas também ainda não se vê como um adulto.
Esta é uma das etapas em que o ser humano sofre as maiores
modificações no seu processo vital, do nascimento à morte.
1.1.2. Desenvolvimento emocional e cognitivo
O início e o final da adolescência variam, segundo Assumpção e Kuczynsky
(1999), de acordo com fatores constitucionais, psicológicos, sociais, geográficos,
econômicos e culturais.
Outeiral (2003) propõe a divisão da adolescência em inicial (de 10 a 14
anos) caracterizada pelas transformações corporais e alterações psíquicas
derivadas destes acontecimentos. A adolescência média ou intermediária (de 14
a 17 anos) tem como seu elemento central as questões relacionadas à
sexualidade e a adolescência final (de 17 a 20 anos) têm vários elementos
importantes, entre os quais o estabelecimento de novos vínculos com os pais, a
questão profissional, a aceitação do “novo” corpo e dos processos psíquicos do
mundo “adulto”.
O amadurecimento dos órgãos genitais e o aparecimento dos caracteres
sexuais secundários são fundamentais no desenvolvimento psicológico desta fase,
no entanto não é possível estabelecer correspondência absoluta entre as
mudanças fisiológicas e psicológicas, uma vez que há indivíduos que neste
período se comportam como adolescentes sem ter ainda atingido a maturidade
sexual, e outros, que embora púberes, se comportam de maneira infantilizada.
Segundo Levinsky (1998), as sociedades definem os status infantil e de
adulto, ou seja, os critérios que marcam a progressão do adolescente para a
vida adulta, embora alguns aspectos possam ser considerados universais,
independentemente da cultura ou sociedade a qual o indivíduo pertence.
Ainda, segundo o mesmo autor, hoje, em nossa sociedade, as condições
necessárias para a ascensão à vida adulta envolvem aspectos que ampliam as
dificuldades e complexidades, tornando esta fase de transição mais prolongada
e aparentemente penosa.
A identidade, segundo, Erikson (1972) é um produto único, que encontra
na adolescência uma crise a ser resolvida apenas através de novas
identificações com os companheiros de mesma idade e com figuras de líderes
fora da família.
Para Ajuriaguerra (1985), grande parte dos problemas da adolescência
está relacionada a uma desvalorização das figuras de identificação
apresentadas ao jovem, não se relacionando apenas à falta de valor que o
adolescente atribui às figuras de referência, mas também à imagem
desvalorizada que a família e o meio social a ele oferecem.
O grande desafio dos jovens é tornarem-se pessoas totais por meio de
seus próprios esforços. Para experimentar a totalidade, Erikson (1972) afirma
que o jovem deve sentir uma continuidade progressiva entre o que vem sendo
durante a infância e o que promete tornar-se no futuro; entre aquilo que se
concebe ser e o que percebe que os outros vêem nele e esperam dele. Libonati
e Pitanguy (2002) consideram que a elaboração de novos vínculos afetivos leva
o jovem para fora dos limites familiares. Desta forma, começa a perceber que a
maneira de viver e os valores de sua família não são os únicos possíveis.
Aberastury e Knobel (1992) falam da adolescência como um processo de
desenvolvimento com características bastante específicas, dentre elas, a busca de
si mesmo e de identidade. Stengel (2000) afirma que o processo de construção da
identidade se inicia na infância e continua por toda vida, mas é na adolescência
que se desenvolve de forma mais expressiva.
As transformações corporais trazem ao jovem uma sensação de
estranheza e incertezas. Não se reconhece mais como criança, mas ainda não
se vê como adulto. O luto pelo corpo infantil é um ponto importante deste
processo porque ele representa o abandono de antigos valores e relações e a
conquista de novos. O luto pelo papel e identidade infantis obriga o adolescente
a sair de uma condição de dependência para uma de aceitação de
responsabilidades.
A tendência grupal é outra característica do adolescente, que ao se
separar emocionalmente de seus pais, busca apoio e segurança na união com
iguais, pessoas que estão vivendo a mesma situação.
Uma das maneiras que o jovem encontra para compensar as perdas que
está vivendo é através do pensamento. De acordo com Stengel (2000), as
fantasias conscientes e a intelectualização servem como mecanismos
defensivos e compensatórios e têm a função de controlar os impulsos instintivos
com os quais o adolescente não sabe lidar.
A deslocalização temporal, conforme denomina Knobel (2003), é outra
marca do funcionamento do adolescente. Para ele, só existe o presente, o
concentrar-se no agora, neutralizando emocionalmente o passado e adiando o
futuro, como forma de aliviar a ansiedade e o medo das mudanças.
O jovem contesta os valores da sociedade, tenta modificá-la, muitas
vezes por meio de atitudes reivindicatórias de caráter anti-social, a chamada
rebeldia juvenil, de cujos exemplos a história está repleta.
Ainda segundo o autor, o adolescente apresenta constantes flutuações
de humor e estado de ânimo, como características normais desta fase do
desenvolvimento. O jovem reage a uma frustração com profundo sentimento de
pesar e tristeza e pode no momento seguinte, frente a uma simples notícia,
reagir com alegria e entusiasmo com a mesma intensidade.. Ao se referir sobre
a importância desta vivência diz:
"Assim é que se aprende a ter sentimentos
humanos, sentimentos válidos com o grande
valor das experiências vividas plena e
intensamente, ainda que possam ser pouco
duradouras
"
Knobel (2003. p.43).
O aspecto cognitivo também sofre alterações e a inteligência evolui do nível
concreto para o formal, caracterizado pelo pensamento hipotético-dedutivo. O
jovem é capaz de raciocinar baseado em hipóteses, podendo agora estabelecer
relações entre fatos e idéias, o que lhe permite adentrar-se a um novo mundo.e
pensar independentemente. Interessa-se por questões políticas, sociais,
ideológicas e econômicas. Indaga sobre o significado da vida, do sexo e do amor,
enquanto tenta encontrar sua autenticidade, autonomia e emancipação (Levinsky,
1998).
1.1. 3. Sexualidade na adolescência
Dentre as mudanças sofridas pelo adolescente, a que causa maior
impacto é o aparecimento dos caracteres sexuais secundários, pois marca o
início da capacidade reprodutiva e a possibilidade do exercício pleno da
sexualidade.
Durante este período, a sexualidade passa a ter novos significados e este
novo contexto reflete-se diretamente no seu comportamento enquanto jovem.
A sexualidade, segundo propõe a Psicanálise, deve ser entendida dentro
de um contexto mais amplo e como parte do desenvolvimento integral do ser
humano, respeitando as diferentes necessidades e exigências correspondentes
às etapas do crescimento. Lembrando que Freud foi um dos grandes
precursores dessa temática, abordando a sexualidade de uma maneira jamais
relacionada antes, identificando a associação direta entre psiquismo e
sexualidade humana, que representa a base da identidade do sujeito.
Segundo Reato (2003), as etapas da adolescência, já descritas
anteriormente, são acompanhada por mudanças biológicas, psicológicas e
sociais específicas, enquanto o momento e a velocidade em que ocorrem
variam social e individualmente.
A adolescência inicial caracteriza-se pelo aparecimento dos caracteres
sexuais secundários, pela curiosidade acerca dessas mudanças corporais e
pelas fantasias sexuais que são comuns e podem vir acompanhadas de
sentimentos de culpa. Nesta fase, a masturbação funciona como meio de
descobrir o corpo e de como este pode lhe proporcionar prazer.
Na adolescência média ou intermediária, a maturação física já se
completou, há maior interesse no contato físico e a energia sexual está mais
desenvolvida. Segundo a autora, neste momento o comportamento sexual é de
natureza exploratória, as relações são casuais e a negação das conseqüências
da atividade sexual é comum. Experiências homossexuais ocasionais são
freqüentes entre adolescentes e fazem parte do processo de aprendizagem dos
papéis sexuais.
Na fase final, o comportamento sexual torna-se mais expressivo, com
relações mais íntimas e constantes. Muitas vezes, o exercício da genitalidade e
do amor encontra certos obstáculos impostos pelos pais ou pela sociedade aos
adolescentes, dificultando uma vivência mais livre e plena deste aspecto da
vida.
Para Levinsky (1998), na primeira fase da adolescência o jovem ainda
não se sente preparado para uma relação sexual verdadeira. Apenas na
segunda fase, quando o adolescente define sua identidade sexual, é que está
apto para vivenciar esta relação com um parceiro real, desprendendo-se das
fantasias presentes da fase anterior. Será capaz de integrar o corpo, os desejos
e o afeto numa mesma experiência, estando consciente de suas repercussões
para sua vida.
No entanto, tem se observado que a atividade sexual na adolescência
tem se iniciado cada vez mais cedo e de maneira mais despreparada, o que
torna o jovem vulnerável aos riscos não apenas de uma gravidez precoce, mas
às doenças sexualmente transmissíveis e AIDS.
Alguns fatores podem ter importante contribuição para este fato, dentre
eles, o constante estímulo da mídia, a escassez de diálogo e orientação correta
dada pela família e os precários programas de orientação sexual oferecidos nas
escolas.
Sobre esta discussão, Levinsky (1998) afirma :
“A sociedade contemporânea é profundamente contraditória. Estimula
precocemente a prática sexual por meio de filmes pornográficos, propagandas
insinuantes, prevalecendo à mentalidade de consumo. Ela não oferece a devida
educação necessária para que o indivíduo possa aprender a se defender do
que lhe é bom e do que lhe é mau. A mentalidade preventiva ainda está muito
longe de ser alcançada em nossa sociedade” (p.64).
1.1.4. A família do adolescente
Podemos entender o ciclo vital familiar como um conjunto de etapas ou
fases definidas segundo alguns critérios: união do casal, chegada dos filhos,
idade dos mesmos, tempo de união do casal, entre outros. De qualquer forma,
a idéia é de que não se pode entender o indivíduo separado do meio em que
ele está inserido. É através desse convívio que cada membro do grupo
influencia e é influenciado pelos demais, configurando assim o cotidiano familiar
(Cerveny e Berthoud, 2002).
Alguns teóricos vêm se dedicado ao estudo e à pesquisa do
funcionamento das famílias e das formas de intervenção. Minuchin (1982)
contribuiu significativamente para esse conhecimento quando, em seu trabalho,
analisou as famílias em termos de estrutura, padrões de interação, hierarquias
e subsistemas, bem como fronteiras e vínculos afetivos entre os membros em
seus diferentes momentos.
Lidchi e Eisenstein, (2004) afirmam que a família é responsável tanto
pelos aspectos do cuidado e desenvolvimento de seus membros no âmbito
interno, como também pelos aspectos voltados para a adaptação à sociedade e
continuidade da sua cultura. Dentre as funções essenciais da família, podemos
citar: criação dos filhos, apoio e proteção a cada um de seus membros e
transmissão de valores, que nortearão a vida das pessoas, num processo de
adaptação das expectativas do futuro à realidade presente.
As autoras descrevem ainda uma família funcional como sendo afetuosa,
com boa comunicação, coesa, com regras flexíveis, porém com limites claros,
dando aos seus membros os recursos necessários ao crescimento individual e
apoio diante das dificuldades.
Lidchi e Eisenstein (2004) afirmam que:
É o equilíbrio entre a proteção e a autonomia oferecida pela família que
vai desenvolver nas crianças e nos adolescentes a confiança básica
indispensável à organização de seu comportamento e à integração de sua auto-
estima, a valorização como pessoa, sendo um membro importante e com direito
a ter saúde no seu grupo social”. (p. 222)
Cervey e Berthoud (2002) enfatizam o conceito de família “adolescente”,
não apenas como uma família com filhos adolescentes, mas um conceito que
qualifica todo o sistema familiar em período adolescente. Segundo estas é o
sistema que “adolesce”, uma vez que exige novos significados e novos papéis
na vida e na dinâmica familiar.
Para as autoras, a família adolescente vivencia dois processos
fundamentais, reconfigurando as relações pais/filhos e vivendo um novo ritmo
na família, que, em linhas gerais, resumem todas as profundas modificações
que ocorrem no círculo familiar nesse período.
A mudança de identidade do adolescente acarreta mudanças nas
relações com seus pais. Strinthall (1999) cita que as integrações familiares
sofrem alterações à medida que os adolescentes vão se tornando fisicamente
mais maduros, sugerindo que as transformações físicas podem alterar as suas
expectativas quanto à forma como deverão ser tratados na família, ao longo do
seu desenvolvimento. O processo de independência do adolescente implica
numa transformação e não numa ruptura ou deteriorização das relações
familiares. Kahhale (1997) lembra que o processo de separação é dual: tanto os
pais precisam desenvolver relações com o jovem que promovam sua
independência, como o filho precisa buscar sua independência e neste sentido
a luta do adolescente pela independência faz parte do desenrolar natural do
desenvolvimento humano.
As transformações se fazem necessárias na medida em que os padrões
comportamentais e as atitudes educacionais não mais atendem às demandas
do momento. Assim, de acordo com as autoras, os recursos estratégicos
básicos para a família adolescente seriam: adaptando-se ao filho,
compartilhando, depositando confiança, buscando orientação, dando limites e
dialogando. O cuidado que os pais precisam ter é o de não priorizar as
necessidades do jovem em detrimento de outras necessidades do grupo
familiar, sob o risco de tornarem-se escravos do filho adolescente.
Libonati e Pitanguy (2002) dizem que a maioria dos conflitos entre pais e
adolescentes diz respeito a assuntos do cotidiano, porém são naturais e
previsíveis. Os pais podem ser uma influência facilitadora ou complicadora,
dependendo da atitude que adotam.
Sangenis (1993) acredita que, apesar das discussões com os pais, estes
são ainda as pessoas mais confiáveis para os adolescentes. Em contrapartida,
eles devem sentir-se depositários da confiança dos pais .
De que modo, então, pode a família ser um fator protetor para o
desenvolvimento da adolescente, questiona Fonseca (2004). Para a autora, a
família deve promover a auto-estima do jovem, procurando descartar o discurso
negativista, deixando que os sentimentos se expressem, permitindo que o
adolescente descubra qual tipo de adulto quer ser. Completa ainda, dizendo
que regras e limites claros norteiam o comportamento do jovem, além de
contribuir de forma saudável com o seu desenvolvimento.
No que se refere à questão da sexualidade, é comum que os pais fiquem
assustados e confusos quando seus filhos começam a expressar seus
interesses sexuais. No caso das meninas, é freqüente os pais quererem
proteger suas filhas dos perigos do mundo, temendo a possibilidade de
exploração sexual, estupro ou uma gravidez indesejada, em parte por as
considerarem incapazes de se protegerem de fatos da realidade, conforme
lembram Carter e McGoldrick (1995).
Ainda segundo os autores, os pais que lidam melhor com a própria
sexualidade conseguem aceitar melhor a sexualidade dos jovens, transmitindo
aceitação. Da mesma forma que, em um ambiente em que a informação é
abertamente compartilhada, há maiores condições de estabelecer limites
realistas e sensíveis. Por outro lado, se a crescente sexualidade do
adolescente é negada, ignorada ou rejeitada pelos pais, as possibilidades de
desenvolvimento de um auto-conceito sexual negativo ficam maiores, o
distanciamento entre pais e filhos aumenta e os riscos de uma iniciação sexual
precoce, excessiva ou perigosa ficam maiores (Carter e McGoldrick, 1995).
Os terapeutas de família levantam dois objetivos de trabalho em nível de
prevenção primária: ajudar a família a entrar numa nova fase do ciclo de vida e
auxiliar o adolescente a realizar as tarefas da adolescência. Em termos de
prevenção secundária propõem como objetivos: fazer a detecção precoce de
quadros psicopatológicos e proceder a um encaminhamento e um seguimento
adequados (Fonseca, 2004).
1.2. Gravidez na adolescência
O aumento do número de casos de gravidez na adolescência vem sendo
apontado em vários levantamentos estatísticos, além da ocorrência estar sendo
constatada em meninas cada vez mais jovens.
No Brasil, o número de partos vem diminuindo, porém o nascimento de
filhos de jovens entre 10 e 19 anos vem aumentando. No Estado de São Paulo,
no ano de 2002, nasceram 57.525 bebês de mães entre 10 e 19 anos de idade
e 247.881 bebês de mães entre 20 e 50 anos, o que significa que 23,3% desses
bebês eram de mães adolescentes. Se olharmos a estatística na região do
nordeste do país, mais especificamente o Estado da Bahia, podemos verificar
que o percentual cresce para 34,8% (DATASUS, 2005).
Os EUA possuem a taxa de natalidade na adolescência mais elevada de
todos os países desenvolvidos, apesar da atividade sexual ser semelhante a do
ocidente europeu (Spitz,1996 e Moore,1995) citado por Sant'Anna e Coates,
(2001).
A gravidez na adolescência é considerada pela Organização Mundial de
Saúde (1995) como de alto risco, por implicar em maior índice de mortalidade
no parto e puerpério, maior número de abortos espontâneos, natimortos, mortes
perinatais, partos prematuros e recém-nascidos de baixo peso.
De acordo com Dados do Ministério da Saúde (1996), 40% dos abortos
realizados ocorrem em menores de 20 anos e um terço das mortes decorrentes
de aborto ocorrem na faixa etária de 15 a 19 anos.
Monteiro et al (1998) discutem a questão da reincidência da gravidez em
jovens, afirmando ser da ordem de 30%, o que torna o problema ainda mais
preocupante.
Pesquisas complementares informam que embora esta ocorrência seja
freqüente em todos os níveis sociais, a maior incidência ocorre nas populações
de baixa renda, até mesmo porque são os dados que aparecem nas estatísticas
dos Serviços de Saúde Pública.
Em estudo comparativo sobre os fatores associados com o
comportamento sexual e reprodutivo entre adolescentes das regiões Sudeste e
Nordeste do Brasil, Leite et al (2004), entrevistaram 3.035 mulheres com idades
entre 15 e 24 anos, sendo 1.174 na região Sudeste e 1.861 na região Nordeste.
Concluíram que a região onde a adolescente reside não exerce nenhum efeito
sobre a chance de uma jovem ter a primeira relação sexual na adolescência;
contudo, a probabilidade de uma adolescente residente no Sudeste usar algum
tipo de método anticoncepcional é duas vezes maior aquele das jovens que
residem no Nordeste. No entanto, o risco de uma jovem da região Sudeste ter
um filho é alto, o que levou os pesquisadores a considerar que o uso de
métodos anticoncepcionais entre adolescentes não é contínuo.
A idade mostrou ser um fator de grande relevância, sendo observado
que o risco de ter a primeira relação sexual aumenta sensivelmente entre as
idades de 13 a 17 anos, apresentando um leve declínio entre as idades de 18 e
19 anos.
O nível educacional da adolescente revelou-se o fator de risco mais
importante. Adolescentes com cinco ou mais anos de escolaridade são menos
propensas a de ter a primeira relação sexual na adolescência, mais propensas
a usar métodos anticoncepcionais nesta relação e apresentam menores riscos
de ter filhos, quando comparadas com adolescentes com menos de cinco anos
de escolaridade.
Estudo realizado em um município de São Paulo (Schor e Lopez,1990)
com 78 jovens puérperas confirma a importância da relação entre o nível de
escolaridade e o uso de anticoncepcional e ressalta que adolescentes de 13 e
14 anos praticamente desconhecem os métodos anticoncepcionais, enquanto
jovens de 19 anos demonstram maior conhecimento. Entre os métodos
anticoncepcionais mais conhecidos, foram referidos, por ordem decrescente, a
pílula, o método Ogino-Knauss (tabelinha) e o preservativo. A obtenção de
informação referente aos métodos anticoncepcionais deu-se através de canais
interpessoais: amigas (40,9%), parentes (21,6%) e parceiros (13,6%), sendo os
profissionais de saúde os menos procurados.
Pesquisa mais recente sobre o tema (Belo e Silva, 2004), realizada com
156 adolescentes gestantes em cidade do Estado de São Paulo, constatou que
99,4% da amostra tinha conhecimento do condom e 98% de anticoncepcional
oral, seguido pelo coito interrompido, tabelinha e diafragma. Comparativamente
com estudos anteriores, podemos pensar que o aumento significativo do
conhecimento do condom pode ser em parte justificado pelas campanhas de
combate e prevenção às DST/AIDS, muito veiculadas nos últimos anos nos
meios de comunicação.
A idade da primeira relação sexual foi 14,5 anos e, nessa primeira
relação, 54,5% usaram algum método contraceptivo, sendo a camisinha o mais
utilizado. A distribuição em relação à faixa etária entre as que utilizaram algum
método foi: 55,3% tinham entre 15 e 17 anos, 43,5% eram menores de 14 anos
e 1,2% entre 18 e 19 anos. A idade da menarca das adolescentes gestantes foi
de 12,2 anos. No momento da entrevista, 51,9% não freqüentam a escola e das
que freqüentavam (48,1%), 44% estavam no primeiro grau e 54,7% cursavam o
segundo grau. A análise da escolaridade dos genitores das gestantes
adolescentes encontrou que 48,7% dos pais e 59,6% das mães tinham apenas
o primeiro grau incompleto.
No que concerne a questão da orientação sexual, a comunidade
científica americana vem desenvolvendo pesquisas e estudos com o intuito de
avaliar a eficácia e os limites das propostas dos programas de orientação
sexual oferecidos aos jovens através das escolas. Em estudo realizado por
Kirby et.al. 2004, examinou-se o impacto dos programas denominados “safer
choices” em diferentes grupos de jovens. Os objetivos dessas intervenções são:
adiar a idade da iniciação sexual, reduzir a freqüência sexual, reduzir o número
de parceiros e aumentar o uso de condom e outros contraceptivos. Os efeitos
têm sido demonstrados em diferentes contextos num período de um ano a um
ano e meio. Entretanto, discute-se que a eficácia desses programas depende
de algumas variáveis tais como: as características da população assistida, a
idade, pois ao que parece eles são mais eficientes para os jovens que ainda
não iniciaram vida sexual, entre outros.
Estudo comparativo de 349 gestantes, sendo 77 adolescentes e 272
adultas (Alegria et al, 1989) revelou que o grupo de adolescentes gestantes
teve uma assistência pré-natal deficiente, já que a primeira consulta se deu no
segundo trimestre, tendo em média duas consultas. Verificou-se durante o pré-
natal maior incidência de infecção urinária, infecções vaginais, ameaça de parto
prematuro e anemias, no grupo de adolescentes gestantes em comparação
com o grupo de gestantes adultas. Em relação ao tipo de parto, as
adolescentes apresentaram maior proporção de partos operatórios do que as
gestantes adultas.
Do ponto de vista psicológico a jovem que engravida assume uma dupla
tarefa: buscar a identidade pessoal e fazê-la por meio da maternidade, o que
pode significar tanto um processo de desenvolvimento e integração de sua
identidade de mulher, como pode significar um aumento da dependência das
figuras parentais e/ou do companheiro (Kahhale,1997).
Aguirre (1995), estudando 40 gestantes adolescentes de 12 a 16 anos
que freqüentavam o Serviço de Assistência Pública no Estado de São Paulo,
identificou que para 90% da população assistida a gestação era não intencional
e que era vivida com intensa angústia e fortes bloqueios afetivos, não havendo
maturidade psíquica para estabelecer um relacionamento de casal ou
desenvolver um vínculo saudável com o bebê. De acordo com a autora, a
ocorrência da gestação parece derivar de conflitos inconscientes próprios da
adolescência normal, convertidos em atuações para evitar etapas dolorosas da
transformação de criança em mulher adulta. Depreende uma problemática de
identidade ligada a um relacionamento ambivalente e/ou simbiótico da
adolescente com a própria mãe.
Soifer (1980) e Maldonado (1985) identificaram alguns motivos para uma
mulher engravidar, que são: identificar-se com a mãe, comprovar a fertilidade,
presentear o pai com um bebê, reviver a infância no bebê, rivalizar com outras
mulheres, reter o companheiro e necessitar de status. Dessas razões, as duas
primeiras parecem estar mais presentes na adolescência.
Podemos pensar que a maternidade na adolescência responde às
dúvidas dos jovens no que se refere à fertilidade, ao mesmo tempo criando uma
ilusão de independência, já que, em muitos casos, a jovem abdica de seus
projetos profissionais para assumir exclusivamente o papel de mãe.
As conseqüências sociais implicam geralmente em abandono escolar e
limitação da formação profissional, dificultando o ingresso no mercado de
trabalho e perpetuando o ciclo de dependência e pobreza.
Pesquisa realizada na cidade do México, onde a questão da gravidez na
adolescência é tema de preocupação dos órgãos públicos, avaliou 30 jovens
grávidas comparadas com 30 adultas grávidas e identificou que as primeiras
não tinham uma boa vivência de suas experiências sexuais, lidando com muita
angústia com as pulsões internas, precoces na maioria das vezes, sentimentos
de culpa, comportamentos sexuais impulsivos, desvalorização e uma auto-
estima frágil. Observaram-se ainda sinais de regressão, egocentrismo e
atitudes infantis (Lartigue e Rocabert, 2004).
No caso das gestantes adolescentes portadoras de uma doença crônica,
a questão se torna ainda mais complexa, uma vez que os cuidados devem ser
redobrados. A literatura pouco tem abordado a questão da ocorrência da
gestação em jovens portadoras de doença crônica. Em levantamento
bibliográfico realizado sobre o tema foi encontrada apenas uma referência, que
será discutida a seguir, entretanto não foi localizado nenhum estudo com jovens
diabéticas.
Pesquisa realizada em São Paulo (Moraes et al, 2004) com a finalidade
de avaliar a incidência e evolução de gravidez entre adolescentes portadoras de
febre reumática, revelou que, da amostra de 123 pacientes do sexo feminino
portadoras de febre reumática, 13% já haviam engravidado pelo menos uma
vez. Observou-se que a idade de início da atividade sexual variou de 13 a 18
anos (média 15,2 anos) e da primeira gestação de 14 aos 19 anos (média 16,7
anos). Identificou-se a ocorrência em 15 casos de insuficiência mitral, estando
associada com insuficiência aórtica em cinco. Durante o pré-natal foram
notificadas duas intercorrências: uma recidiva da febre reumática e outra
infecção pelo HIV. No pós-parto, uma paciente apresentou infecção na incisão
cirúrgica e outra abscesso mamário. Nenhuma paciente reativou a febre
reumática no parto e pós-parto.
Considerando a complexidade dos processos envolvidos na gestação da
adolescente, tenha ela algum comprometimento clínico ou não, o atendimento
de saúde deve priorizar uma abordagem multiprofissional, visando uma
assistência mais integrada e global, aliada ao encaminhamento de pesquisas
que acrescentem novos conhecimentos a esta prática.
1.3. Diabetes Mellitus
Diabetes mellitus é uma síndrome clínica heterogênea, que se
caracteriza por anormalidades endócrino-metabólicas que alteram a
homeostase (Manual do Diabetes do Ministério da Saúde, 1996). As
anormalidades endócrinas têm como elemento fundamental uma deficiência
insulínica absoluta ou relativa, que se manifesta por uma deficiente função
secretora de insulina pelo pâncreas e/ou por uma ação deficiente da insulina
nos tecidos-alvos. Essa incapacidade de manter a concentração de açúcar no
sangue dentro dos limites normais altera o metabolismo não só dos
carboidratos, mas também das gorduras e das proteínas.
O diagnóstico inicial de diabetes é feito basicamente de três maneiras,
segundo preconiza a American Diabetes Association,(1993) descrito por Melo
D'elia (1997).
1. o paciente apresenta sintomas clínicos evidentes (polidipsia, poliúria,
perda de peso, turvação visual, candidíase genital) e uma glicemia de
qualquer horário elevada, acima de 200mg/dl;
2. o paciente, referindo ou não sintomas, apresenta duas glicemias de
jejum, em diferentes ocasiões, maiores ou iguais a 140mg/dl;
3. o paciente apresenta glicemia de jejum menor do que 140mg/dl, mas
no teste de tolerância à glicose apresenta duas medidas de glicemia
maiores do que 200mg/dl, sendo uma delas após 2 horas da ingestão
dos 75g de glicose.
O diabetes atinge 3 a 5% da população, sendo que um décimo destes
casos corresponde ao diabetes mellitus tipo I (Ministério da Saúde, 1994).
Segundo essa mesma estimativa, metade desse total desconhece a sua
condição de diabético. A freqüência maior do diabetes tipo I é entre 5 e 15 anos
e a prevalência da doença, de um modo geral, vem aumentando na últimas
décadas.
O Guia de Vigilância Epidemiológica (2000) conforme citado por Kovacs
(2001) estima que, no Brasil, existam 5 milhões de diabéticos, considerando-se
todas as faixas etárias. Existe uma discreta predominância do diabetes em
meninas (51,41%), em relação aos meninos (48,6%).
Os principais tipos de diabetes são:
Tipo I ou insulino-dependente: São pacientes dependentes do uso
terapêutico de insulina devido a uma acentuada deficiência da produção
insulínica. Ocorre, geralmente, no início da infância ou adolescência, podendo
também aparecer em idades mais avançadas. Tem como causas fatores
genéticos e/ou ambientais.
Anjos (1980) descrito por Kovacs (2001) aponta para os seguintes
agentes causais ou desencadeantes do diabetes tipo I:
1. Infecções: agentes infecciosos podem precipitar o diabetes na criança,
como os causadores de caxumba, hepatite, rubéola, citomegalovírus.
2. Traumas psíquicos: são considerados como precipitantes de diabetes
em indivíduos predispostos geneticamente. O estresse psíquico pode
ser considerado como fator desencadeador da doença.
3. Obesidade: parece contribuir para o aparecimento do diabetes por
aumentar a resistência à ação da insulina.
4. .Picos de crescimento: as fases de maior crescimento estão
associadas a alterações endócrinas, que em crianças com
predisposição genética, podem desencadear o quadro de diabetes
mellitus tipo I.
Tipo II ou não insulino-dependente: é geralmente encontrado em
adultos após os 40 anos, sendo sua incidência progressiva com o
envelhecimento. Geralmente está associadas à ingestão excessiva de calorias
e conseqüente obesidade com história familiar confirmada em muitos casos. É
comum a doença manter-se por muitos anos assintomática, sendo o início e a
progressão dos sintomas insidiosos. O aumento da prevalência de obesidade
na população tem determinado a apresentação cada vez mais precoce deste
tipo de diabetes, às vezes com início no período de adolescência.
Diabetes Gestacional: o início ou o diagnóstico ocorre durante o
período gestacional. As alterações hormonais que ocorrem durante este
período favorecem a diminuição da tolerância à glicose, principalmente no
terceiro trimestre de gestação.
Os riscos e as complicações da doença são bastante graves e merecem
ser devidamente esclarecidos ao paciente e seus familiares como forma de
prevenção e controle. Em levantamento realizado pelo Diabetes Control and
Complications Trial Research Group (1993), citado por Melo D'elia (1997), cerca
de 60% dos pacientes com diabetes tipo II e quase a totalidade dos portadores
de diabetes tipo I, após 20 anos de doença, apresentam algum grau de
retinopatia, sendo o diabetes a maior causa de cegueira não congênita e não
secundária a trauma, a maior causa de insuficiência renal e de amputações de
membro inferior, devido à alteração de sensibilidade e circulação acompanhada
de dificuldade de cicatrização. Por este motivo, preconiza-se que o tratamento e
o acompanhamento do paciente diabético deva ser intensivo e abrangente e
que contemple um bom controle e manutenção das taxas de glicemia dentro
dos limites normais, orientação quanto à dieta alimentar, necessidade de
atividade física constante, uso regular e adequado de medicação, suporte
psicológico ao paciente e familiares e esclarecimentos quanto à natureza da
doença, cuidados e possíveis complicações.
O tratamento exige controle e isso, segundo Burd (2004), dependerá da
forma como seus portadores encaram a condição de doentes, em função de
seu aprendizado e experiências anteriores dentro do seu meio sócio-cultural.
1.3.1.O adolescente e a doença crônica
Diante de todas as constatações sobre a adolescência, das mudanças
que serão vividas pelo adolescente, o fato dele ser acometido por uma doença
crônica poderá acarretar-lhe maiores dificuldades em transitar por essa etapa
de vida, especialmente no que tange às implicações médicas da doença de
base e às conseqüências da falha de seu controle clínico. Desta forma,
podemos nos questionar sobre as repercussões no desenvolvimento de um
adolescente portador de uma doença crônica.
Os adolescentes portadores de uma doença crônica podem ter seu
desenvolvimento físico e/ou emocional prejudicado, especialmente no que se
refere à aquisição de habilidades sociais ou pessoais necessárias para o devido
amadurecimento. Katchadourian (1980) citado por Greydanus et al (1992)
destaca quatro problemas psicológicos mais recorrentes nesta população:
1. Dificuldade em obter a independência em relação aos pais. Os jovens
cronicamente doentes podem encontrar dificuldades no desempenho desta
tarefa e a ansiedade dos pais e deles próprios pode não permitir o
desenvolvimento de um senso de responsabilidade. A experimentação é
essencial para a conquista da independência, sendo vetada em certos casos, e
em outros, apenas frente à garantia que precauções especiais sejam tomadas a
fim de não se colocar a vida em risco.
Os pais de jovens cronicamente doentes freqüentemente reconhecem a
necessidade de independência de seus filhos, no entanto não confiam em
ninguém que cuide deles e os proteja. Famílias superprotetoras, em geral, não
permitem que o filho participe na tomada de decisões e o jovem, por sua vez,
movido pela necessidade de controle, acaba tomando certas decisões à revelia
da família.
2. Recusa em sujeitar-se ao tratamento. Adolescentes acometidos por
uma doença crônica não raro mudam às escondidas seu regime terapêutico,
podendo se deparar com conseqüências sérias. O jovem necessita adquirir um
senso de controle que lhe permita tomar decisões responsáveis sobre sua
doença. Os profissionais de saúde e a família podem encorajá-lo permitindo
comportamentos autoconfiantes apropriados.
3. Restrições legais. Algumas leis podem impedir o adolescente portador
de uma doença crônica de realizar certas atividades ou fazer determinadas
escolhas devido às limitações e/ou incapacidades decorrentes do quadro clínico.
4. Incapacidade para formar uma auto-imagem positiva. No decorrer do
desenvolvimento e com o aparecimento dos caracteres sexuais secundários, os
adolescentes passam a se preocupar com a imagem corporal e anseiam por se
igualar aos seus pares. O adolescente doente crônico sofre tanto a ansiedade
das mudanças corporais como das possíveis anormalidades físicas decorrentes
da doença, o que irá contribuir diretamente na formação de sua identidade.
Jovens com baixa auto-estima e imagem corporal desvalorizada, podem temer
o contato físico, podem se sentir inseguros quanto ao seu poder de atração do
outro, como podem ainda ter dúvidas quanto à sua capacidade reprodutiva.
Lidar com a doença crônica exige do portador comportamentos que
diferem de uma doença aguda, uma vez que implicam em mudanças definitivas
no estilo de vida, pois o tratamento do portador de doença crônica envolve,
entre outras coisas, prevenção, atendimento permanente e aquisição de novas
formas de se comportar (Fonseca,1996).
A doença crônica tem seu início, na maioria das vezes, insidioso e
aparece em geral de forma lenta e imperceptível. Alguns sinais e sintomas
podem ficar imperceptíveis por um longo período de tempo, até o surgimento de
novos sintomas, mais aparentes, que podem ocorrer de forma repentina,
levando o paciente a necessitar de internação hospitalar como meio de
controlar o problema. O aparecimento brusco de sintomas faz com que a família
pense que algo grave pode estar acontecendo e que procure ansiosamente por
uma resposta. O jovem passa a ter sua rotina de vida alterada, e é submetido
neste período, a inúmeras consultas médicas, exames, podendo faltar à escola
e se afastar do grupo de amigos, levando à manifestação de sentimentos de
insegurança e medo.
A descoberta da doença, propriamente dita, é uma fase em que o
portador sente que tudo mudou em sua vida e que esta nunca mais será a
mesma. Essa nova realidade quase sempre vem associada a um alto grau de
ansiedade, surgindo pensamentos temerosos no que se refere às limitações
que a doença determinará.
Dados do estudo de Oliveira (1994) citado por Kovacs (2001), que
investigou quatro famílias de crianças e jovens portadores de diabetes mellitus
tipo I, confirmaram as limitações de caráter social nos indivíduos pesquisados
que declararam deixar de realizar viagens e passeios longos devido à rotina
rigorosa do tratamento. Segundo a autora do estudo, tais limitações
acarretaram nos envolvidos sentimentos de angústia e tristeza, pois a vida
passou a depender do tratamento, de horários e consultas médicas com os
jovens, não podendo ser desfrutada de maneira mais livre.
O jovem doente crônico é geralmente excluído ou poupado das
brincadeiras e jogos de seus amigos, que temem que algo de arriscado possa
acontecer com ele. Sabemos da importância da interação social no processo de
desenvolvimento da personalidade da criança e do jovem. É através do contato
com o outro que se desenvolve boa parte da auto-imagem e do auto-conceito.
Para o jovem, perceber-se diferente do grupo implica numa idéia de
inferioridade, de desvalorização, levando-o a adotar atitudes e comportamentos
de isolamento.
A doença crônica pode ainda levar os jovens portadores a conviverem
com a idéia da morte, que aparece como uma contradição quase
incompreensível nesta fase da vida em que o impulso de vida, o desejo de
liberdade e de conquista estão tão presentes. Portanto, ser doente crônico pode
significar conviver com a idéia de estreitamento das perspectivas de futuro, já
que são diversas as possibilidades de complicações clínicas, colocando a vida,
de fato, em risco.
A busca de identidade, característica da idade, leva a questionamentos
de normas e padrões, podendo as atitudes de rebeldia envolver uma série de
comportamentos de risco.
Muitos pacientes não seguem a dieta alimentar, sob a alegação de que
vão morrer de qualquer maneira, sendo a causa deste comportamento o fato de
associarem fatores de risco a restrições na qualidade de vida. Consideram que
a vida não vale a pena sem certos alimentos, hábitos ou comportamentos, ou
ainda, que a solução para a doença está na tecnologia, que a qualquer
momento será descoberta a cura para sua doença, conforme exemplificam
Stachnik et al (1983) em Guimarães (1996).
Por outro lado, características próprias da adolescência como a
onipotência e a idéia de invulnerabilidade podem representar grandes riscos
frente à vivência da sexualidade em portadores de doenças crônicas. A crença
de que "nada acontece comigo", bem como a negação da doença, associadas
ao desejo de se igualar aos adolescentes saudáveis, favorecem a exposição a
inúmeros comportamentos de risco sem avaliação das conseqüências.
Os riscos de uma gravidez nesta fase da vida são significativos e para a
adolescente portadora de uma doença crônica, no caso de diabetes, a
freqüência de má - formação e mortalidade perinatal é significativamente maior
do que em mulheres adultas, trazendo conseqüências adicionais ao quadro.
Entretanto, pesquisa realizada por Frey et al (1997) aponta menor
freqüência de comportamentos de risco (uso de álcool, cigarros e atividade
sexual sem proteção) em adolescentes portadores de diabetes tipo I, quando
comparados ao grupo de adolescentes da comunidade sem alteração clínica.
As atitudes e expectativas desenvolvidas na adolescência determinam
em parte os padrões e a eficácia do funcionamento sexual. Os relacionamentos
sociais e as normas culturais com as quais o jovem está envolvido influenciam
diretamente sua vida sexual.
O adolescente está em busca de sua identidade e não raro ele se vale
da atividade sexual como parte dessa busca por identidade. Segundo
Greydanus et al (1992), os adolescentes podem ocupar-se com sexo,
estabelecer amizades ou até casar-se esperando atingir a identidade pessoal
através um do outro. Sabemos, no entanto, que a verdadeira intimidade só é
possível quando a identidade do indivíduo estiver completamente estabelecida.
A doença pode gerar problemas que interferem na sexualidade normal e
podem levar à disfunção sexual, alguns deles têm origem física e outros
psicológica.
Greydanus et al (1992), alertam os profissionais de saúde ao afirmar que,
em muitos casos, questões sexuais trazidas pelo adolescente cronicamente
doente, tanto podem servir para esconder como para revelar ansiedade sobre a
doença e que, de modo semelhante, dúvidas sobre a doença podem esconder
uma preocupação mais profunda sobre a identidade sexual ou relacionamentos
com companheiros.
1.3.2. Aspectos emocionais do paciente diabético
O diabetes melittus, como já citado anteriormente, é uma doença
crônica, que exige cuidados rigorosos, podendo representar uma importante
fonte de estresse, aumentando a possibilidade do paciente apresentar
alterações emocionais e distúrbios psiquiátricos.
No tratamento do diabetes é necessário controle contínuo dos níveis de
glicose no sangue, no entanto, mesmo com acompanhamento médico, pode
haver descontroles glicêmicos graves, com repercussões físicas e psíquicas. A
hipoglicemia, por exemplo, produzida por uso excessivo de insulina, excesso de
atividade física ou redução da ingestão alimentar pode promover sintomas
psíquicos como falta de concentração, sensação de fadiga, apreensão, redução
intensa da atenção, sonolência, levando, em casos mais graves, ao coma,
segundo nos descreve Melo D'elia (1997). Na hiperglicemia, os sintomas
psíquicos são semelhantes, podendo aparecer em menor grau ou somente em
desequilíbrios graves.
A presença de uma doença crônica e limitante, como o diabetes,
aumenta o risco de aparecimento de depressão (Gavard, 1993) que, por sua
vez, pode agravar a evolução da doença física.
Há muito vem sendo estudada a influência de fatores emocionais na
etiopatogênia do diabetes.
Chiozza (1991) apresenta em seu trabalho um levantamento histórico de
estudos acerca dos aspectos psicodinâmicos dos pacientes portadores do
diabetes, o qual nos valeremos para citar alguns desses.
Estudos apontam para a freqüência de depressão e ansiedade na
maioria dos diabéticos (Meninger,1935, Daniels,1936), enquanto outros afirmam
que os pacientes diabéticos se descompensam após um período de longas
tensões e esforços e arrastam desde a infância dificuldades tais como a
indecisão e a insegurança, oscilando entre a dependência e a independência
(Bunbar et al,1936). No que se refere ao estresse, estudos confirmam que ele é
um mecanismo desencadeante da doença num indivíduo predisposto por
fatores constitucionais (Mirsky,1939). Para outros autores, os diabéticos são
pessoas com necessidades exageradas de afeto, nunca satisfeitas, cujos
sentimentos de frustração se traduzem em reações de hostilidade. Seriam
pessoas reservadas, inibidas, desconfiadas, indecisas, inclinadas à auto-
acusação e a atitudes infantis (Mayer et al, 1945). Outras pesquisas indicam
que a doença é produto de uma deficiência de adaptação devida à insegurança
física e emocional, ocorrida na infância, provavelmente por uma rejeição dos
pais, pelo nascimento de um irmão ou perda da mãe (Hinkle, Wolf, 1966).
Para Mello Filho os diabetes podem provocar nos pacientes insegurança
e perda da auto-estima, passividade e dependência, desajuste sexual,
masoquismo e auto-agressões, rebeldia, ansiedade e depressão.
Em um estudo investigando a relação entre estilos de relacionamento e
controle glicêmico em adolescentes diabéticos, Delamater et al. (1987) citados
por Stoudemire (2000), encontraram que aqueles que tinham um pior controle
da glicemia utilizavam significativamente mais pensamento mágico e
comportamento de fuga do que aqueles com um controle melhor.
Entretanto, para outros autores, como Debray (1995), acreditam que não
exista uma estrutura de personalidade típica do portador de diabetes, uma vez
que não explica a peculiaridade dos distúrbios diabéticos, já que ela se
apresenta em pessoas que não são diabéticas ou que têm outras doenças.
Segundo a autora, quanto melhor for o funcionamento mental, mais a doença
se apresentará circunscrita e assumida e, se o funcionamento mental estiver
alterado, menos a doença poderá ser tratada, mais se tornará invasora e de
difícil controle.
Ainda que estudos retrospectivos sugiram uma relação entre os eventos
de vida estressantes e o curso do diabete mellitus, nada muito conclusivo foi
ainda apresentado, o que indica a necessidade da realização de novos estudos.
Trabalho recente realizado por Farrell, et al. (2004) que teve como
objetivo investigar a importância das distorções cognitivas e a relação entre
adesão ao tratamento, estresse especificamente relacionado ao diabetes,
estresse geral e controle metabólico, concluiu que maiores níveis de distorções
cognitivas negativas estavam associadas com maiores índices de estresse,
tanto geral quanto específico, e que maiores níveis de estresse geral levavam a
comportamentos de menor adesão ao tratamento e, conseqüentemente, a
controles metabólicos mais precários. Desta forma, os achados do estudo
indicaram um papel indireto das distorções cognitivas negativas sobre o
controle metabólico.
1.3.3. Repercussões emocionais do diabetes na família
O diagnóstico de uma doença crônica, como o diabetes melltius tipo I
tem um impacto muito grande na vida do indivíduo e de sua família (Melino,
1997).
McDaniel et al (1994), definem o diagnóstico de uma doença crônica
como sendo uma crise vital, significativa para o portador e a família. O paciente
e a família geralmente não estão preparados para as mudanças físicas,
períodos alternados de estabilidade e crise e incertezas do futuro. A doença
crônica exige novos modos de enfrentamento, mudanças nas autodefinições do
paciente e da família e períodos extensos de adaptações.
Os terapeutas de família apontam para algumas características
familiares que afetam a doença, como a superproteção, que segundo McDaniel
et. al (1994), trata-se de uma característica negativa que pode levar a menor
autonomia pessoal, agravo da doença ou maior incapacitação do paciente.
Oliveira (1994) citada por Kovacs (2001) constatou em seu estudo que a família
do doente crônico tenta compensar o sofrimento do jovem e as restrições
impostas pela doença, com presentes, excesso de afeto e atitudes de
superproteção, o que segundo a autora, reforça ainda mais a idéia de
"diferença", propiciando sentimentos de inferioridade e incapacidade.
Entretanto, sabemos que algum nível de proteção se faz necessário para o
devido cuidado com o familiar.
Para outros teóricos (Boss et al, 1988) em McDaniel et al (1994), a
tolerância à incerteza ou ambigüidade sobre o curso da doença é uma
característica importante para a adaptação bem sucedida à doença crônica.
O momento em que a doença se manifesta em muito contribui com a
maneira pela qual o doente e sua família vão reagir, como por exemplo, se o
diabetes tipo 1 ocorrer na infância, a doença se dará simultaneamente à
construção da identidade do indivíduo e os pais podem tender à superproteção,
impedindo o bom desenvolvimento físico e psíquico do indivíduo. Segundo Burd
(2004), a criança pode assumir uma postura de dependência passiva diante de
um comportamento superprotetor, levando à elaboração de uma imagem
fragilizada de si mesma.
É comum os pais de jovens portadores de doença crônica desejarem
saber porque a doença ocorreu e quem é o culpado e experimentam ainda
sentimentos de culpa pelo fato de serem saudáveis e sentimentos conflitantes
em relação ao filho doente. No caso do diabetes, por ser uma doença
hereditária, os pais podem se sentir culpados ou culpar um ao outro. Esse
sentimento pode se manifestar também pela rejeição do filho doente
descuidando-se das tarefas necessárias à manutenção do bom controle. Os
pais se sentem culpados e sua permissividade poderá aliviar a culpa.
Se a doença tiver seu início na adolescência, o movimento de
independência desse jovem pode ser dificultado, a independência progressiva
dos pais, por vezes não se faz ou é retardada, aumentando a interface do
conflito (Amado e Leal, 2001).
O período da adolescência é considerado crítico para o controle do
diabetes, uma vez que se trata de uma fase de contestação de valores e
normas, da definição da identidade, do aflorar da sexualidade, da vinculação a
grupos e do “gosto pelo risco” movido pelo sentimento de imortalidade.
Burlar a dieta, não querer fazer os exames, deixar de controlar a
glicemia, são algumas das transgressões ao tratamento que se repetidas
freqüentemente podem levar a internações hospitalares que podem ser
consideradas como tentativas inconscientes de suicídio.
De acordo com Burd (2004), a maioria dos problemas de relacionamento
ou de comportamento do diabético, já existia antes do aparecimento da doença.
Em muitos casos, os pais reclamam da agressividade do filho diabético,
condição essa já existente que passou a ser percebida após o diagnóstico da
enfermidade.
No que concerne à sexualidade, os pais do adolescente limitado pela
doença crônica, por sua vez, se vêm confusos e angustiados sem saber como
lidar com os comportamentos e atitudes manifestas adotam, por vezes uma
postura superprotetora insistindo em mantê-los numa posição infantil e quase
assexuada, criando uma dependência ainda maior que a gerada pela própria
doença, o que contribui para intensificar o isolamento social.
É consenso que a família é peça chave para a aceitação da doença e
dos demais conflitos típicos deste momento do desenvolvimento. Sabe-se que o
paciente tende a aceitar melhor sua condição, se sente o mesmo por parte da
família, se encontra conforto, participação, segurança e tranqüilidade.
2. OBJETIVOS
Geral:
Identificar os fatores psicossociais associados ao diabetes que possam
predispor à gestação na adolescência.
Específico:
Analisar as repercussões emocionais da gestação em jovens diabéticas
comparadas às adolescentes não diabéticas.
3. CASUÍSTICA E MÉTODO
3.1. Desenho do Estudo
Estudo transversal
3.2. Sujeitos
O estudo contou com 55 colaboradoras, estando estas distribuídas em
quatro grupos: jovens diabéticas e não diabéticas, gestantes e não gestantes,
avaliadas no período de junho de 2004 a setembro de 2005.
Grupo 1 – 16 - Adolescentes diabéticas (acompanhadas no Ambulatório de
Endocrinologia Pediátrica)
Grupo 2 - 3 - Adolescentes diabéticas gestantes (acompanhadas nos
Ambulatórios de Endocrinologia Pediátrica e de Pré-natal de alto risco do
Departamento de Ginecologia e Obstetrícia)
Grupo 3 – 16 - Adolescentes não diabéticas (encaminhadas ao Ambulatório de
Psicologia Hospitalar para avaliação específica após ter sido descartada
patologia de natureza orgânica pela equipe médica)
Grupo 4- 20 – Adolescentes não diabéticas gestantes (avaliadas em primeira
consulta de triagem no Ambulatório da Clínica de Adolescência no programa de
Pré-natal Multiprofissional de apoio à gestante adolescente)
Vale ressaltar que, não foi possível ampliar o número de colaboradoras
adolescentes diabéticas gestantes (grupo 2), em primeiro lugar por trata-se de
uma população reduzida e em segundo lugar por termos encontrado dificuldade
para localizá-las, já que algumas delas haviam mudado de endereço e mesmo
de cidade.
Sendo assim, optamos por proceder à descrição dos casos na íntegra a
fim de compor um quadro de informações mais completo, que nos permitiu
identificar semelhanças e diferenças em relação aos demais grupos.
3.2.1. Critérios de inclusão:
1. Idade entre 11 e 19 anos (no caso das gestantes, em que a concepção tenha
ocorrido neste período)
2. Sexo feminino, diabéticas e não diabéticas
3. Gestantes, primigestas a partir do segundo trimestre, diabéticas e não
diabéticas
3.2.2. Critérios de exclusão
1. Antecedentes psiquiátricos
2. Quadro de deficiência mental
3. Não concordância em participar do estudo, por qualquer motivo
4. Sujeitos que apresentaram escore superior a 32 na escala de validade no
Inventário Fatorial de Personalidade
3.3. Instrumentos
3.3.1 Questionário sócio-demográfico
– especialmente elaborado para
fins desta pesquisa, englobando dados que, segundo a literatura da área,
podem representar variáveis intervenientes na ocorrência da gestação
(explicitados nos anexos da página 102)
3.3.2. Inventário Fatorial de Personalidade
- IFP
Está fundamentado no “Edwards Personal Preference Schedule” (EPPS)
desenvolvido por Allen Edwards em 1953 e revisto em 1959. O IFP representa
uma adaptação modificada do EPPS e foi realizada pela equipe do Laboratório
de Pesquisas em Avaliação e Medida, pertencente ao Instituto de Psicologia da
Universidade de Brasília, sob a coordenação do Prof. Luiz Pasquali, em 1997,
sendo editado pela Casa do Psicólogo no mesmo ano.
Objetivando a validação e normatização do IFP, os autores do teste
procederam à coleta dos dados por meio do envio do material a 30
universidades do País, o que resultou em 4.308 questionários respondidos. Os
dados coletados foram analisados utilizando-se o programa estatístico SPSS.
Foram realizadas análise fatorial heurística e análise fatorial confirmatória, que
concluíram pela validade e confiabilidade do instrumento. Detalhes sobre os
estudos e análise do material encontram-se descritos no manual.
Este é um inventário de personalidade objetivo, de natureza verbal,
baseado na teoria das necessidades básicas formuladas por Henry Murray em
1938. Visa avaliar o indivíduo em 15 necessidades ou motivos psicológicos, a
saber: Assistência, Dominância, Ordem, Denegação, Intracepção,
Desempenho, Exibição, Heterossexualidade, Afago, Mudança, Persistência,
Agressão, Deferência, Autonomia e Afiliação.
As 15 necessidades avaliadas pelo teste são assim definidas:
Assistência – representa os desejos e os sentimentos de piedade, compaixão e
ternura, pelos quais o sujeito deseja dar simpatia e gratificar as necessidades
do outro, defendê-lo no perigo, dar-lhe suporte emocional e consolo na tristeza,
doença e outros infortúnios.
Dominância – indica sentimentos de autoconfiança e o desejo de
controlar os outros, influenciar ou dirigir o comportamento deles através de
sugestão, sedução, persuasão ou comando.
Ordem – representa a tendência de pôr as coisas em ordem, manter
limpeza, organização, equilíbrio e precisão.
Denegação – se refere à resignação, abulia. Tendência ou desejo de se
submeter passivamente à força externa, aceitar desaforo, castigo e culpa,
resignar-se ao destino, admitir inferioridade, erro e fracasso.
Intracepção – expressa a tendência de se deixar conduzir por
sentimentos e inclinações difusas, pela procura de felicidade, pela fantasia e
imaginação. O sujeito intraceptivo é definido por adjetivos do tipo: subjetivo,
imaginativo, pessoal nos julgamentos, pouco prático, sensitivo e intuitivo.
Desempenho – representa ambição e empenho na realização de algo
difícil, como dominar, manipular organizar objetos, pessoas e idéias. Desejo de
fazer coisas independentemente e com maior rapidez possível, sobressair e
vencer obstáculos.
Exibição – representa o desejo de impressionar, ser ouvido e visto,
necessidade de fascinar as pessoas e mesmo chocá-las.
Heterossexualidade – fala do desejo de manter relações, desde
românticas até sexuais com o sexo oposto.
Afago – trata-se da busca de apoio e proteção, o sujeito deseja ter seus
desejos satisfeitos por alguma pessoa querida e amiga, deseja ser afagado,
apoiado, protegido, amado, perdoado e consolado. Precisa de alguém que o
entenda e o proteja.
Mudança – significa o desejo de desligar-se de tudo que é rotineiro e fixo,
gosto por novidades, aventura e mudanças de hábitos.
Persistência – expressa tendência de levar a cabo qualquer trabalho
iniciado por mais difícil que possa parecer.
Agressão – expressa o desejo de superar com vigor e violência a
oposição.
Deferência – respeito, admiração e reverência a um superior.
Autonomia – desejo em sentir-se livre, sair do confinamento, resistir à
coerção e à oposição, desafio às convenções.
Afiliação – caracteriza o desejo de dar e receber afeto de amigos, apego
e lealdade a eles.
O teste inclui uma escala de validade, composta por 8 itens, cuja
finalidade é analisar o grau de veracidade das respostas apresentadas pelo
sujeito. Verifica se o examinando respondeu adequadamente ao inventário, ou
seja se ele entendeu a tarefa ou se respondeu sem a menor atenção ou se
simplesmente mentiu. O sujeito que obtiver um escore acima de 32, terá seu
protocolo invalidado.
Existe ainda a escala de desejabilidade social, composta por 12 itens
cuja finalidade é a de indicar quanto à pessoa tenta se apresentar de uma
maneira que os outros gostariam que ela fosse vista, procura atender às
expectativas das outras pessoas não seguindo suas próprias necessidades. Se
o percentil for elevado, a interpretação deve ser feita com cautela, pois a
pessoa pode ter usado a mesma técnica ao responder o questionário.
Sendo assim , o teste contém 155 itens: 135 correspondentes às quinze
necessidades e 20 às escalas de validade e desejabilidade social.
O teste consiste em afirmações as quais o sujeito deve pontuar de
acordo com suas características pessoais dentro de uma escala composta de 7
pontos. Os pontos da escala correspondem progressivamente de 1, que
significa nada característico, até 7, que significa totalmente característico.
A apuração é feita por computador, obtendo-se o escore bruto em cada
um dos 17 fatores. Descoberto o escore bruto, este será convertido em percentil
a partir das tabelas de normas descritas no manual do teste. As tabelas são
divididas por sexo.
O perfil da personalidade do sujeito é expresso por aquelas
necessidades cujos percentuais se situam abaixo de 30 e acima de 70. Os
percentuais entre 40 e 30, bem como os entre 60 e 70, também representam
necessidades salientes do sujeito, mas menos acentuadas. Os percentuais
abaixo de 40, representam necessidades fracas e os acima de 60 necessidades
fortes.
A análise dos componentes principais mostrou a presença de 4 grupos
bastante fortes no conjunto dos itens do IFP, após a análise fatorial dos eixos
principais para os quatro fatores, observou-se que as necessidades medidas
pelo inventário se agrupavam da seguinte maneira (Pasquali et al, 1997):
-grupo 1 : afago, assistência, afiliação, intracepção e deferência
-grupo 2: dominância, exibição, agressão, denegação e desempenho
-grupo 3: ordem e persistência
-grupo 4: autonomia e mudança,
ficando a heterossexualidade independente.
Desta forma, os grupos passam a representar determinadas áreas da
personalidade, assim o grupo 1 refere-se à área dos sentimentos e afetos, o
grupo 2 caracteriza-se pela ação, o grupo 3 reporta-se ao metódico e o grupo 4
à independência.
3.3.3. BPR-5 – Bateria de Provas de Raciocínio.
Trata-se de uma bateria multidimensional padronizada de avaliação das
habilidades cognitivas que oferece estimativas tanto do funcionamento cognitivo
geral quanto das forças e fraquezas em 5 áreas mais específicas: raciocínio
abstrato, verbal, visual-espacial, numérico e mecânico. Originou-se da Bateria de
Provas de Raciocínio Diferencial, construída por Almeida (1986,1988,2000). O
uso da bateria é amplamente utilizado em Portugal desde a década de 80 a partir
de vários estudos que evidenciaram sua validade e precisão. A adaptação dessa
bateria para uso no Brasil iniciou-se em 1996 (Primi, Almeida & Lucarelli), tendo
sido realizados inúmeros estudos com amostras brasileiras e portuguesas Seu
último estudo se deu em 1999, sendo publicada pela Casa do Psicólogo em
2000.
Para efeito deste estudo utilizamos apenas a prova de raciocínio verbal,
uma vez que nosso intuito era avaliar o nível de compreensão das informações
e orientações recebidas pelas colaboradoras.
A prova que é composta por 25 itens envolvendo analogia entre palavras,
avaliando a extensão do vocabulário e a capacidade de estabelecer relações
abstratas entre os conceitos verbais. O tempo máximo de execução do teste é
de 10 minutos.
A correção da BPR-5 inclui a soma dos acertos em cada item da prova e a
transformação do número de acertos para o Escore-Padrão Normalizado e para
percentil. O percentil é uma escala de 1 a100 que indica a porcentagem de
pessoas, no grupo de referência, ou seja de mesma faixa etária e nível de
escolaridade, que tiveram nota igual ou menor àquela que o sujeito obteve.
Existem duas formas do instrumento: a forma A, que deve ser aplicada em
estudantes da 6
ª
, 7
ª
e 8
ª
séries do ensino fundamental e a forma B, aplicada em
estudantes da 1
ª
, 2
ª
e 3
ª
séries do ensino médio.
3.4. Procedimentos
O projeto de pesquisa foi encaminhado e aprovado pela Comissão de Ética
em Pesquisa da Santa Casa de São Paulo.
Os indivíduos que concordaram em participar da pesquisa o fizeram
espontaneamente após seus responsáveis e eles próprios terem assinado o
Termo de Consentimento Informado, elaborado de acordo com a Resolução nº
196 de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, que estabelece
diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos
A coleta de dados foi realizada através do preenchimento individualizado
dos instrumentos pelas colaboradoras, após leitura em voz alta das instruções
dos testes pela pesquisadora certificando-se que as mesmas haviam
compreendido o que era para ser feito. O exame se deu em sala apropriada no
Ambulatório de Psicologia do Departamento de Pediatria e no Serviço de
Psicologia Hospitalar da Santa Casa de São Paulo, ocorreu em um primeiro e
único contato com a pesquisadora, e teve duração aproximada de uma hora e
meia.
A escolha da amostra foi aleatória, desde que respeitados os critérios de
inclusão e exclusão
3.4. Análise estatística
Os dados coletados foram analisados utilizando- se o programa estatístico
SPSS. Inicialmente todas as variáveis foram analisadas descritivamente. Para as
variáveis quantitativas esta análise foi feita através da observação dos valores
mínimos e máximos, e do cálculo de médias e desvios-padrão (Dp) e medianas.
Para as variáveis qualitativas calculou-se freqüências absolutas e relativas.
Para a análise da hipótese de igualdade entre os três grupos utilizou-se a
Análise de Variância a um fator. Quando a suposição de normalidade dos dados
foi rejeitada utilizamos o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis (Rosner,1986)
Para se testar a homogeneidade dos grupos em relação às proporções foi
utilizado o teste qui-quadrado ou o teste exato de Fisher (que é indicado quando
ocorrerem freqüências esperadas menores do que 5) (Rosner,1986).
O nível de significância utilizado para os testes foi de 5%.
5. RESULTADOS
Caso nº1
Paciente com 17 anos de idade, solteira, gestante de 5 meses, reside com os
pais e dois irmãos (25 e 21 anos), concluiu o ensino médio, atualmente faz
cursinho pré -vestibular e trabalha com o pai num pequeno comércio. A renda da
família é de R$ 4.000,00 mensais. Os pais são casados e ambos estão com 51
anos de idade.
Quanto ao relacionamento familiar, afirma que com a mãe a relação é
regular, segundo ela não chegam a ter muitos problemas, porém a maneira de
pensar e encarar os fatos é muito diferente, “a gente tem muitas divergências no
jeito de pensar” (sic) . Com o pai o relacionamento é bom, “tranqüilo” (sic), apesar
de conversarem pouco. Quanto aos irmãos, segundo ela com o mais novo a
relação é de muita amizade, com o outro é uma relação mais distante.
Foi informada do diagnóstico de diabetes aos 3 anos de idade, conta que a
mãe havia observado que ela sentia muita sede, fome e que estava perdendo
peso, além de estar muito nervosa. Refere que por ser ainda pequena, foi mais
fácil aceitar a doença e que a mãe sempre ajudou muito. Informa que outras
pessoas da família têm doença crônica, como diabetes, hipertensão e bronquite
Afirma que por vezes fica difícil manter a dieta e ter que tomar diariamente a
insulina, mas procura fazer porque gosta de cuidar da própria saúde. Realiza o
controle sozinha, porém nesses últimos meses, por conta da gestação, precisou
ficar internada duas vezes para controle.
Teme que possa acontecer algo com o bebê, sabe que o fato da mãe ser
diabética o bebê pode ter alguma má-formação, por isso aceitou ficar internada e
cuidar da saúde.
Quanto à gravidez, diz que não esperava que fosse acontecer, apesar de
saber que fosse possível. Iniciou a vida sexual aos 16 anos, com o atual
namorado, pai do bebê. Havia tido outro namorado aos 15 anos. Nunca fez uso de
contraceptivos, embora afirme conhecê-los. A menarca ocorreu aos 13 anos e
quanto à orientação sexual diz que recebeu na escola, com os professores.
No que se refere à maternidade, pensa que vai ser difícil no começo, muito
trabalho e responsabilidades, mas que depois tudo se acerta.
Com relação aos planos futuros, deseja estudar, trabalhar e cuidar do filho.
Caso nº2
Paciente com 18 anos de idade, casada, gestante de 6 meses, estudante,
reside com o marido no quintal da casa dos pais. O marido trabalha e a renda
mensal do casal é de R$400,00.
Os pais são casados, a mãe tem 45 anos e o pai 53 anos. Tem três irmãos
(30,28,22 anos). Segundo ela, o relacionamento com a família é bom.
Soube do diagnóstico do diabetes aos 5 anos de idade, porque sentia muita
sede e ia ao banheiro com freqüência, foi então à consulta médica, fez exames e
confirmou o diagnóstico. Afirma não ter se importado muito com a doença, porque
a mãe sempre cuidou bem dela, “passou a fazer só comida diet(sic). O controle
glicêmico sempre foi feito por ela e também pela mãe, segundo a paciente porque
sempre foi “meio relaxada” (sic). Afirma que agora, por conta da gravidez, ficou
mais responsável e passou a controlar melhor, muito provavelmente porque ficou
com medo que o bebê pudesse ser anormal. Informa que a avó também é
diabética.
Iniciou a vida sexual aos 14 anos e teve dois parceiros. A menarca ocorreu
aos 13 de idade. Recebeu orientação na escola, com professores.
Fazia uso de pílula anticoncepcional para tratamento de um cisto tendo que
parar por recomendação médica, quando engravidou. Acreditava que não pudesse
engravidar devido o cisto. Sentiu medo quando teve a confirmação da gestação,
temendo por sua saúde e a do bebê.
Acredita que a maternidade vá lhe trazer mais responsabilidades e
preocupações, julgando-se preparada para enfrentá-las.
Inclui nos seus planos futuros a criação do filho.
Caso nº3
Paciente com 20 anos, solteira, gestante de 5 meses, reside com o
namorado, concluiu o ensino médio e no momento apenas cuida do lar. A renda
do casal de R$ 450,00 provém do trabalho do parceiro como estoquista.
Afirma que seu relacionamento com a mãe é ruim, pois quando se
encontram só brigam. Mãe tem 48 anos, trabalha como diarista e tem 2º grau
completo, o pai é desconhecido e não tem irmãos.
Conta que foi criada por uma tia, porque segundo informações, a mãe não
tinha condições financeiras para sustentá-la. Aos 4 aos de idade essa tia faleceu,
tendo que ir morar com pessoas estranhas, que a mal trataram, chegando a ser
espancada. Aos 7 anos foi morar com tios que não tinham filhos. Alguns anos
depois o tio veio a falecer, passando a viver sozinha com a tia. Começou a manter
contato com a mãe a partir dos 12 anos de idade.
Soube do diagnóstico de diabetes aos 6 anos de idade, quando precisou
ser internada. A doença lhe causou um impacto “horrível” (sic), não aceitava fazer
dieta, nem tomar insulina. Aos poucos, através do convívio com outras crianças
diabéticas e com as orientações médicas, passou a aceitar melhor. Quanto ao
controle, diz que o faz sozinha desde os 9 anos de idade, tendo já necessitado de
diversas internações por descompensação, porém não no último ano. Outras
pessoas da família são portadoras de diabetes e doenças cardíacas e vasculares.
Com relação à gravidez, afirma que desde os 15 anos de idade procurava o
parceiro certo para ter a gestação. A paciente afirma que sempre quis ser mãe
jovem, ouvia as pessoas falarem que por causa da doença ela não poderia ser
mãe, tinha medo que isso fosse verdade, ao mesmo tempo não tinha coragem de
perguntar aos médicos, temia o impacto. Conta que se preocupa em piorar da
doença, do diabetes trazer outras complicações clínicas, de perder o controle
sobre a própria saúde, “enquanto a gente é jovem é mais fácil se cuidar” (sic).
Refere ainda, que ao contrário de sua mãe, deseja poder criar o filho e dar tudo
aquilo que ela mesma não teve.
Sobre a maternidade, acredita que vai ser obrigada a ter mais
responsabilidades, mais autoridade e maior cuidado com a criança e consigo
mesma, “é como se fosse um motivo a mais para você se cuidar e viver” (sic).
A menarca ocorreu aos 11 anos de idade, iniciou a vida sexual aos 15,
tendo 4 parceiros, fez uso de pílula e camisinha e recebeu orientação sexual nas
consultas médicas.
Esta é a primeira gravidez, nunca fez aborto e seus planos para o futuro
são cuidar do filho e trabalhar.
Passaremos a apresentar os resultados comparativos entre os grupos e
uma descrição dos resultados dos casos das gestantes diabéticas.
4.2 Resultados quanto aos dados sócio-demográficos
Comparação dos grupos
Variáveis que caracterizam as adolescentes
Tabela I: Valores de média, desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo da idade
das adolescentes, segundo o grupo de estudo
Variável Grupo N Média dp Mediana Mínimo Máximo P*
Diabéticas 16 15,06 1,77 15,00 12,00 18,00
Idade Não Diabéticas 16 15,06 1,53 15,50 13,00 17,00 0,324
Gestantes Não
Diabéticas 20 15,75 1,48 15,50 13,00 18,00
*: nível descritivo de probabilidade da ANOVA
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação à idade, sendo 15 anos a média de idade das
adolescentes estudadas. As idades das gestantes diabéticas são: 17,18 e 20
anos, sendo 18,3 a média de idade do desse grupo.
Tabela II: Freqüências absolutas e relativas ao nível de escolaridade das
adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
Curso Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
n % N % n % p*
Fundamental 7 43,8 8 50,0 7 35,0 0,657
Médio 9 56,3 8 50,0 13 65,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste qui-quadrado
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação à escolaridade, estando, pelo menos metade da
amostra de cada grupo, cursando o ensino médio. As gestantes diabéticas estão
cursando ou já concluíram o ensino médio.
Tabela III: Freqüências absolutas e relativas da série do curso das adolescentes,
segundo o grupo de estudo
Grupo
Série Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
n % n % n % P*
1ª. 4 25,0 4 25,0 7 35,0
2ª. 1 6,3 2 12,5 4 20,0
3ª. 4 25,0 2 12,5 2 10,0 0,897
6ª. 2 12,5 2 12,5 1 5,0
7ª. 4 25,0 3 18,8 3 15,0
8ª. 1 6,3 3 18,8 3 15,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação à série em curso. Podemos afirmar que todas as
adolescentes têm pelo cinco anos de escolaridade, enquanto as gestantes
diabéticas estão cursando ou já concluíram a 3ª.série do ensino médio, o que
corresponde a 11 anos de escolaridade.
Tabela IV: Freqüências absolutas e relativas do estado civil das adolescentes,
segundo o grupo de estudo
Grupo
Estado Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes Não
Diabéticas
Civil N % n % n % p*
Solteira 16 100,0 16 100,0 18 90,0
Casada/Amasiada 0 0,0 0 0,0 2 10,0 0,324
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação ao estado civil, o que nos permite dizer que
nossa amostra é composta eminentemente de jovens solteiras, exceção feita às
duas jovens gestantes que são casadas ou amasiadas. No caso das gestantes
diabéticas uma é solteira e as outras duas são casadas/amasiadas.
Tabela V: Freqüências absolutas e relativas da ocupação das adolescentes,
segundo o grupo de estudo
Grupo
Ocupação Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
n % n % n % P*
Estuda 14 87,5 16 100,0 13 65,0
Trabalha 1 6,3 0 0,0 1 5,0 0,004
Estuda e trabalha 1 6,3 0 0,0 0 0,0
Sem atividade 0 0,0 0 0,0 6 30,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos apresentam diferença
significativa em relação à ocupação. Nos grupos de diabéticas e não diabéticas, o
estudo é a ocupação predominante. Nesses grupos não temos adolescentes sem
atividade, no entanto no grupo de gestantes não diabéticas, 30% das jovens estão
nesta classificação de ocupação. Para as gestantes diabéticas, uma estuda, a
outra cuida do lar e a outra estuda e trabalha.
Tabela VI: Valores de média, desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo da idade
da menarca das adolescentes, segundo o grupo de estudo
Variável Grupo N Média dp Mediana Mínimo Máximo p*
Diabéticas 14 12,71 1,68 12,50 10,00 15,00
Idade da Não Diabéticas 15 12,13 1,60 12,00 10,00 15,00 0,241
Menarca
Gestantes Não
Diabéticas 20 11,85 1,14 12,00 9,00 13,00
*: nível descritivo de probabilidade da ANOVA
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação à idade da menarca, uma vez que essa se deu
por volta dos 12 anos para os três grupos. Duas adolescentes do grupo de
diabéticas e uma do grupo das não diabéticas referiram ainda não terem
menstruado. Duas gestantes diabéticas tiveram a menarca aos 13 anos de idade e
uma aos 11 anos.
Variáveis da Vida sexual das adolescentes
Tabela VII: Freqüências absolutas e relativas do namoro das adolescentes,
segundo o grupo de estudo
Grupo
Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
Namoro n % n % n % p*
Sim 12 75,0 9 56,2 20 100,0 0,002
Não 4 25,0 7 43,8 0 0,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos apresentam diferença
significativa em relação ao namoro. Observamos que o grupo das adolescentes
não diabética apresenta uma porcentagem menor de namoro que a do grupo de
diabéticas e que a do grupo das gestantes não diabéticas. As três gestantes
diabéticas relataram já terem namorado.
Tabela VIII: Freqüências absolutas e relativas da atividade sexual das
adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
Atividade Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
Sexual n % n % n % p*
Não 11 68,8 12 75,0 0 0,0 0,001
Sim 5 31,3 4 25,0 20 100,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste qui-quadrado
Através da tabela acima observamos que os grupos apresentam diferença
significativa em relação à atividade sexual. Observamos que as diabéticas
apresentam maior nível de atividade sexual do que as não diabéticas. Embora
75% do grupo das diabéticas e 56,2% do grupo de não diabéticas afirmem já ter
namorado, a porcentagem de atividade sexual é relativamente baixa.
Tabela IX: Valores de média, desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo da idade
de início da atividade sexual e do número de parceiros das adolescentes, segundo
o grupo de estudo
Variável Grupo N Média dp Mediana Mínimo Máximo P*
Idade de Diabéticas 5 15,60 1,14 16,00 14,00 17,00
Inicio da
Não
Diabéticas 4 14,25 1,50 14,00 13,00 16,00 0,176
Vida sexual
Gestantes Não
Diabéticas 20 14,40 1,47 14,00 12,00 18,00
Número Diabéticas 5 1,20 0,45 1,00 1,00 2,00
De
Não
Diabéticas 4 1,00 0,00 1,00 1,00 1,00 0,235
Parceiros
Gestantes Não
Diabéticas 20 2,15 2,25 1,00 1,00 10,00
*: nível descritivo de probabilidade do teste não-paramétrico de Kruskal-
Wallis
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação à idade de inicio da vida sexual e ao número de
parceiros. Podemos afirmar que, a média de idade do início da vida sexual da
amostra dos três grupos é de 14,7 anos. Nove adolescentes do grupo de
diabéticas e onze do grupo de não diabéticas ainda não são sexualmente ativas.
As gestantes diabéticas iniciaram a vida sexual com 14, 15 e 16 anos, com média
de 15 anos, tiveram respectivamente 1, 2 e 4 parceiros.
Tabela X: Freqüências absolutas e relativas da orientação sexual das
adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
Orientação Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
Sexual n % n % N % p*
Não / ninguém 7 43,8 4 25,0 15 75,0
Em casa com a família 0 0,0 3 18,8 1 5,0
Com amigas 8 50,0 7 43,8 2 10,0
Na escola
(professores) 1 6,3 2 12,5 0 0,0 0,005
Médicos/profissionais
da saúde 0 0,0 0 0,0 1 5,0
Sozinha (livros /
revistas) 0 0,0 0 0,0 1 5,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos apresentam diferença
significativa em relação à orientação sexual. No grupo de gestantes a maior
porcentagem não recebeu orientação sexual, enquanto no grupo das diabéticas e
das não diabéticas a orientação sexual que tiveram foi através de amigas. Da
mesma forma duas gestantes diabéticas também receberam orientação de amigas
e uma delas recebeu dos médicos.
Tabela XI: Freqüências absolutas e relativas do uso de contraceptivo das
adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
Uso de Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
Contraceptivo N % N % N % P*
Sim 3 60,0 4 100,0 9 45,0 0,133
Não 2 40,0 0 0,0 11 55,0
Total 5 100,0 4 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação ao uso de contraceptivo. Dentre as jovens que
iniciaram vida sexual, 40% das diabéticas e 55% das gestantes nunca fizeram uso
de qualquer contraceptivo. No caso das gestantes diabéticas, duas fizeram uso
irregular, enquanto uma não usou.
Tabela XII: Freqüências absolutas e relativas do tipo de contraceptivo das
adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
Tipo de Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
Contraceptivo n % N % n % p*
Nenhum 2 40,0 0 0,0 11 55,0
Camisinha/con
don 3 60,0 4 100,0 6 30,0 0,248
Pílula 0 0,0 0 0,0 2 10,0
Pílula do dia
Seguinte 0 0,0 0 0,0 1 5,0
Total 5 100,0 4 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação ao tipo de contraceptivo utilizado. A
camisinha/condom é o método anticoncepcional mais conhecido e utilizado pelas
jovens diabéticas e não diabéticas. Por outro lado, as gestantes não diabéticas,
em sua maioria, não haviam feito uso de nenhum anticoncepcional.
Duas gestantes diabéticas fizeram uso de pílula e camisinha. Uma delas
interrompeu por orientação médica o uso da pílula que vinha fazendo, por conta
de um tratamento de cisto ovariano, e devido a este problema acreditava que não
engravidaria. A outra usava pílula e camisinha nas relações, porém interrompeu o
uso intencionalmente para engravidar. A terceira nunca usou qualquer método
contraceptivo.
Variáveis referentes ao controle glicêmico
As adolescentes diabéticas foram questionadas com relação ao controle
glicêmio, se eram elas próprias que o realizavam ou se contavam com ajuda de
outra pessoa, no caso as mães. Foi investigado também se o diabetes estava
compensado ou não, utilizando como parâmetro à necessidade de internação no
último ano.
Observamos que das 16 adolescentes diabéticas, 12 (75,0%) não
necessitaram de internação no último ano enquanto 4 (25,0%) necessitaram. As
duas gestantes diabéticas, necessitaram de pelo menos uma internação no último
ano. A outra afirmou estar compensada, não tendo necessitado de internação no
último ano.
Em relação ao controle do diabetes, das 16 diabéticas, 6 (37,5%) fazem o
controle sozinhas, 4 (25,0%) as mães que realizam o controle e em 6 (37,5%) o
controle é realizado conjuntamente mãe e adolescente. As duas gestantes
diabéticas realizam sozinhas o controle, enquanto a outra, a mãe e a adolescente
o realizam juntas.
Variáveis da vida familiar e social
Tabela XIII: Freqüências absolutas e relativas do Histórico de doença crônica na
família das adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
H do CR Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
N % N % n % p*
Sim 14 87,5 12 75,0 8 40,0
Não 2 12,5 3 18,8 12 60,0 0,005
Não sabe
informar 0 0,0 1 6,3 0 0,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos apresentam diferença
significativa em relação ao histórico de doença crônica na família. A maior
porcentagem das gestantes não apresenta e, nos grupos de diabéticas e não
diabéticas, a maior parte apresenta histórico de doença crônica, como
cardiopatias, hipertensão e diabetes. As três gestantes diabéticas apresentam
histórico de doença crônica na família, em sua maioria diabetes.
Tabela XIV: Valores de média, desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo da
idade da progenitora na 1ª. gravidez e o número de irmãos das adolescentes,
segundo o grupo de estudo
Variável Grupo N Média dp Mediana Mínimo Máximo p*
Idade da Diabéticas 16 21,31 5,82 19,00 15,00 33,00
Progenitora
na Não Diabéticas 16 23,00 6,22 21,50 16,00 36,00 0,678
(1)
1ª.gravidez
Gestantes Não
Diabéticas 20 22,65 5,25 22,00 16,00 39,00
Número Diabéticas 16 1,81 1,17 2,00 0,00 5,00
De Não Diabéticas 16 2,94 2,67 2,50 0,00 11,00 0,431
(2)
Irmãos
Gestantes Não
Diabéticas 20 2,20 1,44 2,00 0,00 6,00
(1): nível descritivo de probabilidade da ANOVA
(2): nível descritivo de probabilidade do teste não-paramétrico de Kruskal-
Wallis
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação à idade da progenitora na 1ª. gravidez ou em
relação ao número de irmãos. As gestantes diabéticas apresentam valores de
idades 15, 26 e 38 anos e nenhum irmão, 2 e 3 irmãos.
Tabela XV: Freqüências absolutas e relativas da situação conjugal dos pais das
adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
Situação
conjugal Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
Dos pais n % N % n % p*
Casados
(amasiados) 10 62,5 6 37,5 8 40,0
Separados 5 31,3 7 43,8 9 45,0 0,642
Pai falecido 1 6,3 3 18,8 3 15,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação à situação conjugal dos pais. Os pais de duas
gestantes diabéticas são casados (amasiados) e da outra o pai é desconhecido.
Tabela XVI: Freqüências absolutas e relativas da renda familiar das adolescentes,
segundo o grupo de estudo
Grupo
Renda familiar Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
n % n % n % p*
Não soube
informar 1 6,3 1 6,3 7 35,0
até 1 SM 2 12,5 1 6,3 0 0,0
> 1 até 2 SM 5 31,3 9 56,3 5 25,0
> 2 ATÉ 5 SM 6 37,5 5 31,3 8 40,0 0,090
> 5 até 10 SM 1 6,3 0 0,0 0 0,0
>10 até 30 SM 1 6,3 0 0,0 0 0,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação à renda familiar. No caso das gestantes
diabéticas duas delas apresentam renda familiar de >1 até 2 SM e a outra de > 10
até 30 SM. Nossa amostra é caracteristicamente pertencente à classe sócio-
econômica média-baixa, cuja renda majoritariamente não ultrapassa 5 salários
mínimos, sendo as famílias constituídas de pelo menos 5 pessoas.
Tabela XVII Freqüências absolutas e relativas da posição das adolescentes na
família, segundo o grupo de estudo
Grupo
Posição na
família Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Daibéticas
n % n % n % p*
Filha única 1 6,3 1 6,3 1 5,0
Mais velha 6 37,5 1 6,3 8 40,0 0,166
Intermediária 2 12,5 7 43,8 5 25,0
Mais Nova 7 43,8 7 43,8 6 30,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação à posição na família. Podemos perceber que
43,8% das diabéticas são filhas mais novas da prole, que 43,8% das jovens não
diabéticas são mais novas e igualmente 43,8% ocupam a posição intermediária,
enquanto que na amostra das gestantes não diabéticas, 40% são filhas mais
velhas. Duas gestantes diabéticas são as mais novas da família e a outra jovem
estudada é filha única.
Tabela XVIII: Freqüências absolutas e relativas da relação das adolescentes com
a mãe, segundo o grupo de estudo
Grupo
Relação com a
mãe Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
n % n % n % p*
Bom 11 68,8 9 56,3 15 75,0
Regular 3 18,8 5 31,3 2 10,0 0,546
Ruim 2 12,5 1 6,3 3 15,0
Não tem contato 0 0,0 1 6,3 0 0,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação ao relacionamento com a mãe, classificando-o
como bom. Para uma das gestantes diabéticas o relacionamento com a mãe é
bom, para a outra o relacionamento é regular, enquanto que para terceira é ruim.
Tabela XIX: Freqüências absolutas e relativas da escolaridade da mãe das
adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
Escolaridade da mãe Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
n % n % n % p*
Não soube informar 9 56,3 9 56,3 2 10,0
Fundamental
incompleto 3 18,8 3 18,8 13 65,0
Fundamental 1 6,3 2 12,5 4 20,0 0,003
Médio incompleto 1 6,3 0 0,0 0 0,0
Médio 2 12,5 1 6,3 0 0,0
Superior incompleto 0 0,0 1 6,3 1 5,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos apresentam diferença
significativa em relação à escolaridade da mãe. No grupo das gestantes a maior
porcentagem corresponde à mãe que tem escolaridade fundamental incompleto e
nos outros dois grupos não souberam informar. Para as gestantes diabéticas, uma
não soube informar, a outra a mãe tem escolaridade fundamental incompleto e a
mãe da terceira concluiu o ensino médio.
Tabela XX: Freqüências absolutas e relativas da relação das adolescentes com o
pai, segundo o grupo de estudo
Grupo
Relação com o
pai Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
n % n % n % p*
Bom 10 62,5 6 37,5 7 35,0
Regular 1 6,3 3 18,8 3 15,0
Ruim 0 0,0 2 12,5 3 15,0 0,603
Não tem contato 4 25,0 2 12,5 4 20,0
Falecido 1 6,3 3 18,8 3 15,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação ao relacionamento com o pai. Duas gestantes
diabéticas têm um relacionamento bom com o pai, enquanto a outra não tem
qualquer conhecimento a seu respeito.
Tabela XXI: Freqüências absolutas e relativas da escolaridade do pai das
adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
Escolaridade do pai Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
n % n % n % p*
Não soube informar 12 75,0 9 56,3 6 30,0
Fundamental
incompleto 2 12,5 3 18,8 6 30,0
Fundamental 1 6,3 2 12,5 3 15,0 0,268
Médio incompleto 0 0,0 2 12,5 1 5,0
Médio 1 6,3 0 0,0 3 15,0
Superior incompleto 0 0,0 0 0,0 1 5,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação à escolaridade do pai. Para duas gestantes
diabéticas o pai tem escolaridade desconhecida, para outra o pai tem nível médio
de escolaridade.
Tabela XXII: Freqüências absolutas e relativas da relação das adolescentes com
os irmãos, segundo o grupo de estudo.
Grupo
Relação com os Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
Irmãos N % N % N % p*
Não tem irmãos 1 6,3 1 6,3 1 5,0
Bom 12 75,0 11 68,8 17 85,0
Regular 2 12,5 1 6,3 0 0,0 0,627
Ruim 0 0,0 2 12,5 2 10,0
Não tem contato 1 6,3 1 6,3 0 0,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação ao relacionamento com os irmãos, que segundo
a maioria é bom. Para as gestantes diabéticas uma delas o relacionamento é bom,
a outra é regular, e a outra não tem irmãos.
Variável planos para o futuro
Tabela XXIII Freqüências absolutas e relativas dos planos para o futuro das
adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
Planos para o futuro Diabéticas Não Diabéticas
Gestantes Não
Diabéticas
n % n % n % p*
Estudar
7 43,8 8 50,0 2 10,0
Trabalhar
1 6,3 1 6,3 3 15,0
Estudar e trabalhar
1 6,3 3 18,8 2 10,0
Casar e / ou cuidar dos
filhos 0 0,0 0 0,0 6 30,0 < 0,001
Estudar, trabalhar, casar e
Ter filhos
2 12,5 3 18,8 1 5,0
Estudar, casar e ter filhos
5 31,3 1 6,3 0 0,0
Sem planos
0 0,0 0 0,0 2 10,0
Estudar, trabalhar e cuidar
do filho 0 0,0 0 0,0 4 20,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos apresentam diferença
significativa em relação aos planos para o futuro. Os grupos diabéticas e sem
alteração clínica apresentam a maior porcentagem em “estudar” e no grupo
gestantes temos a maior porcentagem em “casar e / ou cuidar dos filhos”.
Uma das duas gestantes diabéticas respondeu “cuidar dos filhos” a outra
“estudar, trabalhar e cuidar do filho” e a terceira “cuidar do filho e trabalhar”.
Variável Raciocínio Verbal
Tabela XXIV: Valores de média, desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo do
escore do raciocínio verbal das adolescentes, segundo o grupo de estudo
Variável Grupo n Média Dp Mediana Mínimo Máximo p*
Diabéticas 16 0,37 0,28 0,31 0,04 0,93
Raciocínio Não Diabéticas 16 0,43 0,32 0,37 0,03 0,88 0,875
Verbal
Gestantes Não
Diabéticas 20 0,42 0,32 0,32 0,03 0,99
*: nível descritivo de probabilidade do teste não-paramétrico de Kruskal-
Wallis
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação ao raciocínio verbal. Os resultados das
gestantes diabéticas apresentam os seguintes valores: 0,47, 0,55 e 0,27.
Tabela XXV: Freqüências absolutas e relativas do escore do raciocínio verbal das
adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
Raciocínio Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Diabéticas
Verbal n % N % N % p*
0 |---- 25% 6 37,5 7 43,8 9 45,0
25% |----50% 6 37,5 2 12,5 3 15,0 0,736
50% |---75% 2 12,5 4 25,0 5 25,0
>= 75% 2 12,5 3 18,8 3 15,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação ao raciocínio verbal. As duas gestantes
diabéticas apresentam valores entre 25 e 50% e a outra entre 50 a 75%.
Tabela XXV a: Freqüências absolutas e relativas do escore do raciocínio verbal
das adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
Raciocínio Diabéticas
Não
Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
Verbal n % N % N % p*
0 |---- 50% 12 75,0 9 56,3 12 60,0 0,501
>= 50% 4 25,0 7 43,7 8 40,0
Total 16 100,0 16 100,0 20 100,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste qui-quadrado
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação ao raciocínio verbal. Duas gestantes diabéticas
apresentam valores abaixo de 50% e outra acima de 50%.
4.4 Inventário Fatorial de Personalidade
Área: afeto e sentimentos
Tabela XXVI: Valores de média, desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo dos
escores de afeto e sentimentos das adolescentes, segundo o grupo de estudo
Variável Grupo n Média Dp Mediana Mínimo Máximo p*
Diabéticas 16 61,31 35,81 67,50 5,00 99,00
Assistência Não Diabéticas 16 59,38 33,21 72,50 5,00 95,00 0,314
Gestantes Não
Diabéticas
20 47,45 33,89 45,00 5,00 99,00
Diabéticas 16 49,44 31,83 52,50 1,00 90,00
Intracepção Não Diabéticas 16 57,25 26,94 65,00 1,00 95,00 0,457
Gestantes Não
Diabéticas 20 42,80 35,24 32,50 1,00 99,00
Diabéticas 16 51,94 33,66 60,00 1,00 95,00
Afago Não Diabéticas 16 56,56 31,24 60,00 1,00 99,00 0,082
Gestantes Não
Diabéticas 20 33,45 32,12 22,50 1,00 95,00
Diabéticas 16 54,25 32,47 57,50 10,00 99,00
Deferência Não Diabéticas 16 68,63 23,74 75,00 30,00 99,00 0,343
Gestantes Não
Diabéticas 20 53,30 35,51 55,00 1,00 99,00
Diabéticas 16 71,00 27,93 75,00 10,00 99,00
Afiliação Não Diabéticas 16 65,50 29,79 77,50 10,00 99,00 0,280
Gestantes Não
Diabéticas 20 52,35 37,17 50,00 1,00 99,00
*: nível descritivo de probabilidade do teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação às variáveis que representam afeto e
sentimentos.
Tabela XXVI.a: Freqüências absolutas e relativas dos escores de afeto e
sentimentos das adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
Diabéticas Não Diabéticas
Gestantes Não
Diabéticas
Variável
n % N % N % p*
< 30% 3 18,8 4 25,0 8 40,0
Assistência 30% - 70% 5 31,3 4 25,0 6 30,0 0,614
> 70% 8 50,0 8 50,0 6 30,0
< 30% 7 43,8 3 18,8 9 45,0
Intracepção 30% - 70% 2 12,5 8 50,0 6 30,0 0,163
> 70% 7 43,8 5 31,3 5 25,0
< 30% 5 31,3 4 25,0 11 55,0
Afago 30% - 70% 4 25,0 6 37,5 5 25,0 0,333
> 70% 7 43,8 6 37,5 4 20,0
< 30% 4 25,0 0 0,0 6 30,0
Deferência 30% - 70% 6 37,5 8 50,0 5 25,0 0,126
> 70% 6 37,5 8 50,0 9 45,0
< 30% 1 6,3 2 12,5 6 30,0
Afiliação 30% - 70% 7 43,8 5 31,3 7 35,0 0,397
> 70% 8 50,0 9 56,3 7 35,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação às variáveis que representam afeto e
sentimentos.
No grupo das diabéticas as características mais marcantes são: assistência
(50% - >70%) e afiliação (50% - >70%). No grupo das jovens não diabéticas as
características mais marcantes são: assistência (50% - >70%), deferência (50% -
>70%) e afiliação (56,3% - >70%), enquanto no grupo das gestantes não
diabéticas a característica mais marcante é o afago (55% - < 30%)
Nestas variáveis obtivemos os seguintes valores para as três gestantes
diabéticas:
Variável A1 A2 A3
Assistência < 30% 30-70% >70%
Intracepção 30-70% > 70% 30-70%
Afago 30-70% > 70% <30%
Deferência 30-70% 30-70% <30%
Afiliação < 30% < 30% >70%
As variáveis que mais caracterizam a gestante diabética 1 são: assistência
(<30%) e afiliação (<30%).Para a gestante diabética 2 são: intracepção (>70%),
afago (>70%) e afiliação (<30%) e para gestante diabética 3: são assistência
(>70%), afago (<30%), deferência (<30%) e afiliação (>70%).
Área: Ação
Tabela XXVII: Valores de média, desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo dos
escores de ação das adolescentes, segundo o grupo de estudo
Variável Grupo n Média Dp Mediana Mínimo Máximo p*
Diabéticas 16 35,94 27,76 30,00 5,00 90,00
Dominância Não Diabéticas 16 57,19 24,70 57,50 20,00 95,00 0,086
Gestantes Não
Diabéticas
20 40,35 35,81 30,00 1,00 99,00
Diabéticas 16 65,75 31,58 75,00 10,00 99,00
Denegação Não Diabéticas 16 66,56 29,59 77,50 10,00 95,00 0,708
Gestantes Não
Diabéticas 20 60,20 29,20 60,00 1,00 99,00
Diabéticas 16 53,75 30,25 55,00 5,00 95,00
Desempenho Não Diabéticas 16 62,19 29,16 62,50 1,00 99,00 0,507
Gestantes Não
Diabéticas 20 47,85 36,41 47,50 1,00 95,00
Diabéticas 16 49,38 31,83 45,00 1,00 99,00
Exibição Não Diabéticas 16 52,94 32,42 45,00 5,00 99,00 0,724
Gestantes Não
Diabéticas 20 46,15 34,74 37,50 1,00 99,00
Diabéticas 16 45,63 25,02 47,50 5,00 90,00
Agressão Não Diabéticas 16 48,38 31,07 50,00 5,00 99,00 0,972
Gestantes Não
Diabéticas 20 47,90 37,30 52,50 1,00 95,00
*: nível descritivo de probabilidade do teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação às variáveis que representam a ação.
Tabela XXVIa: Freqüências absolutas e relativas dos escores de ação das
adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
Diabéticas Não Diabéticas
Gestantes Não
Diabéticas
Variável n % N % n % p*
< 30% 6 12,5 2 12,5 9 45,0
Dominância 30% - 70% 7 62,5 10 62,5 6 30,0 0,247
> 70% 3 25,0 4 25,0 5 25,0
< 30% 4 18,8 3 18,8 3 15,0
Denegação 30% - 70% 3 25,0 4 25,0 10 50,0 0,344
> 70% 9 56,3 9 56,3 7 35,0
< 30% 4 12,5 2 12,5 8 40,0
Desempenho 30% - 70% 7 43,8 7 43,8 5 25,0 0,415
> 70% 5 43,8 7 43,8 7 35,0
< 30% 4 18,8 3 18,8 9 45,0
Exibição 30% - 70% 7 50,0 8 50,0 5 25,0 0,467
> 70% 5 31,3 5 31,3 6 30,0
< 30% 4 31,3 5 31,3 8 40,0
Agressão 30% - 70% 11 43,8 7 43,8 6 30,0 0,191
> 70% 1 25,0 4 25,0 6 30,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação às variáveis que representam ação.
A característica mais representativa tanto para o grupo das diabéticas
quanto para o das não diabéticas é a denegação (56,3% - > 70%). O grupo das
gestantes não diabéticas não apresentou nenhuma característica representativa.
Nestas variáveis obtivemos os seguintes valores para as três gestantes
diabéticas:
A1 A2 A3
Dominância > 70% > 70% 30-70%
Denegação 30-70% > 70% 30-70%
Desempenho > 70% > 70% >70%
Exibição > 70% > 70% 30-70%
Agressão 30-70% 30-70% 30-70%
No caso da gestante diabética 1, as variáveis que mais a caracterizam são:
dominância (>70%), desempenho (>70%) e exibição (> 70%). Para a gestante
diabética 2, são: dominância (>70%), denegação (>70%), desempenho (>70%) e
exibição (>70%), enquanto que para a gestante diabética 3 é o desempenho.
Área: Metódico
Tabela XXVIII: Valores de média, desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo dos
escores de metódico das adolescentes, segundo o grupo de estudo
Variável Grupo n Média dp Mediana Mínimo Máximo p*
Diabéticas 16 61,50 35,51 75,00 1,00 99,00
Ordem Não Diabéticas 16 72,38 24,82 80,00 20,00 99,00 0,127
Gestantes Não
Diabéticas 20 49,50 33,32 47,50 1,00 99,00
Diabéticas 16 60,75 36,04 67,50 5,00 99,00
Persistência Não Diabéticas 16 65,13 32,47 75,00 10,00 99,00 0,217
Gestantes Não
Diabéticas 20 48,30 33,22 47,50 1,00 95,00
*: nível descritivo de probabilidade do teste não-paramétrico de Kruskal-
Wallis
Tabela XXVIII a: Freqüências absolutas e relativas dos escores de metódico das
adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
Diabéticas Não Diabéticas
Gestantes Não
Diabéticas
Variável N % N % N % p*
< 30% 3 18,8 1 6,3 7 35,0
Ordem 30% - 70% 5 31,3 5 31,3 6 30,0 0,301
> 70% 8 50,0 10 62,5 7 35,0
< 30% 5 31,3 4 25,0 7 35,0
Persist. 30% - 70% 3 18,8 4 25,0 6 30,0 0,858
> 70% 8 50,0 8 50,0 7 35,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação às variáveis que representam área metódico.
As variáveis ordem (50% - >70%) e persistência (50% - >70%) são as que
mais caracterizam o grupo das diabéticas e o das não diabéticas.
Nestas variáveis obtivemos os seguintes valores para as três gestantes
diabéticas:
Variável A1 A2 A3
Ordem >70% >70%
>70%
Persistência
>70% >70%
>70%
Para as três gestantes diabéticas as características de ordem e persistência
são significativas.
Área: Independência
Tabela XXIX: Valores de média, desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo dos
escores de independência das adolescentes, segundo o grupo de estudo
Variável Grupo N Média dp Mediana Mínimo Máximo p*
Diabéticas 16 55,25 34,39 55,00 5,00 99,00
Mudança Não Diabéticas 16 42,88 21,93 45,00 1,00 75,00 0,260
Gestantes Não
Diabéticas 20 38,05 32,64 32,50 1,00 99,00
Diabéticas 16 58,63 29,51 52,50 5,00 99,00
Autonomia Não Diabéticas 16 52,25 30,33 62,50 1,00 90,00 0,841
Gestantes Não
Diabéticas 20 53,00 33,14 62,50 1,00 99,00
*: nível descritivo de probabilidade do teste não-paramétrico de Kruskal-
Wallis
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação às variáveis que representam a independência.
Tabela XXIX.a: Freqüências absolutas e relativas dos escores de independência
das adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
Diabéticas Não Diabéticas
Gestantes Não
Diabéticas
Variável n % N % n % p*
< 30% 4 25,0 4 25,0 9 45,0
Mudança 30% - 70% 6 37,5 11 68,8 7 35,0 0,122
> 70% 6 37,5 1 6,3 4 20,0
< 30% 3 18,8 4 25,0 6 30,0
Autonomia 30% - 70% 7 43,8 8 50,0 6 30,0 0,755
> 70% 6 37,5 4 25,0 8 40,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação as variáveis que representam a independência.
Nesse item não houve um número de respostas que correspondesse a uma
porcentagem representativa dos grupos.
Nestas variáveis obtivemos os seguintes valores para as três gestantes
diabéticas:
Variável A1 A2 A3
Mudança < 30% 30-70% < 30%
Autonomia 30-70% > 70% >70%
No caso da gestante diabética 1, mudança foi à característica mais
representativa (<30%), enquanto para gestante diabética 2, foi a autonomia
(>70%), e no caso da 3, as características de mudança (<30%) e autonomia
(>70%) foram mais representativas.
Área: Heterossexualidade
Tabela XXX: Valores de média, desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo do
escore de heterossexualidade das adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo N Média Dp Mediana Mínimo Máximo p*
Diabéticas 16 30,81 28,88 20,00 1,00 90,00
Não Diabéticas 16 23,31 20,75 20,00 1,00 70,00 0,705
Gestantes Não
Diabéticas 20 34,95 32,56 27,50 1,00 90,00
*: nível descritivo de probabilidade do teste não-paramétrico de Kruskal-
Wallis
Tabela XXX.a: Freqüências absolutas e relativas do escore de heterossexualidade
das adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
Diabéticas Não Diabéticas
Gestantes
Não
Diabéticas
Heterossexualidade n % N % n % p*
< 30% 9 56,3 10 62,5 10 50,0
30% - 70% 5 31,3 6 37,5 5 25,0 0,325
> 70% 2 12,5 0 0,0 5 25,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam diferença
significativa em relação à variável de heterossexualidade. Nos três grupos
encontramos percentual <30%.
Para as duas gestantes diabéticas os valores obtidos foram <30, enquanto
para terceira foi entre 30-70%.
Área: Desejabilidade social
Tabela XXXI: Valores de média, desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo do
escore de desejabilidade social das adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo N Média Dp Mediana Mínimo Máximo p*
Diabéticas 16 60,69 29,07 67,50 1,00 95,00
Não Diabéticas 16 59,31 33,43 67,50 1,00 99,00 0,981
Gestantes Diabéticas 20 60,00 30,22 72,50 5,00 95,00
*: nível descritivo de probabilidade do teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis
Tabela XXXI.a: Freqüências absolutas e relativas do escore de desejabilidade
social das adolescentes, segundo o grupo de estudo
Grupo
Desejabilidade Diabéticas
Não Diabéticas
Gestantes Não
Diabéticas
Social n % N % N % p*
< 30% 3 18,8 4 25,0 4 20,0
30% - 70% 8 50,0 6 37,5 6 30,0 0,766
> 70% 5 31,3 6 37,5 10 50,0
(*): nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Através da tabela acima observamos que os grupos não apresentam
diferença significativa em relação à variável de desejabilidade social. Apenas no
grupo das gestantes não diabéticas encontramos valores representativos (50% -
>70%).
No caso das gestantes diabéticas obtivemos os seguintes valores: uma
entre 30% e 70% e as outras duas > 70% neste item.
6. DISCUSSÃO
No que se refere à caracterização da população estudada, observamos que
a média de idade dos grupos de jovens diabéticas, não diabéticas e gestantes não
diabéticas é de 15 anos. Tal fato reflete uma certa homogeneidade nestes grupos,
uma vez que características da fase da adolescência intermediária (14 -17), como
aumento dos conflitos internos e interpessoais, como também aumento do
interesse no contato físico, comportamento sexual de natureza exploratória e
relações casuais acompanhadas da negação de suas conseqüências, tenderiam a
predominar. O grupo de gestantes diabéticas, por sua vez, tem a média de idade
situada na fase final da adolescência (18,3 anos), fase na qual um certo
assentamento dos conflitos acompanhado por um maior grau de maturidade,
maior envolvimento com as questões relativas ao mundo adulto, sendo as
relações afetivas mais íntimas e constantes.
Quanto ao nível de escolaridade das adolescentes estudadas, notamos que
a maioria delas, ou estão cursando ou já concluíram o ensino médio, o que
corresponde ao esperado para a faixa etária, não havendo registro de reprovações
ou interrupções no processo educacional. No entanto, vale ressaltar que por
pertencer a uma faixa etária mais avançada, as gestantes diabéticas apresentam
maior nível de escolaridade, pressupondo maior tempo de exposição às
informações e maior capacidade de administrar as escolhas.
No que concerne ao estado civil das jovens, nota-se que das 20 gestantes
não diabéticas estudadas, apenas duas residem com seus parceiros, enquanto
das três gestantes diabéticas só uma não reside. Apesar da casuística ser
pequena e não permitir uma análise comparativa, cogitamos a respeito da
qualidade desses relacionamentos, o grau de envolvimento e compromisso em
relação à chegada de um filho. Estar com o parceiro implica assumir uma relação
de casal, desprendendo-se dos próprios pais e do vínculo de dependência destes,
assumindo o papel de futuros pais, que incorre necessariamente tanto em
independência pessoal e econômica, quanto em maior grau de responsabilidade,
o que parece mais característico no grupo de gestantes diabéticas.
Podemos também considerar o fato de algumas delas terem optado por
morar junto com o parceiro para atender as eventuais pressões sociais que
tenham sofrido e não necessariamente por terem desejado.
Associados a esse fato temos a questão da ocupação atual e dos planos
para o futuro, uma vez que boa parte das gestantes não diabéticas não trabalha
nem estuda e tem no casamento e no cuidado com o filho suas únicas metas,
diferentemente das adolescentes dos demais grupos, incluindo aqui as gestantes
diabéticas, em que o estudo e o trabalho fazem parte de suas vidas atuais e de
seus planos futuros, condições estas favoráveis para uma maior independência.
No que diz respeito ao aspecto da idade da menarca identificamos que a
média de idade para todas as adolescentes avaliadas foi de 12 anos, o que
confirma os dados de literatura. Interessante notar que o tempo transcorrido entre
a data da menarca e a gravidez é superior no caso das gestantes diabéticas em
comparação as não diabéticas, o que fala a favor de um maior amadurecimento e
preparo físico e emocional para a gestação e para a maternidade.
Quanto à sexualidade, observamos que mais da metade das jovens
diabéticas e não diabéticas estudadas já teve alguma experiência de namoro,
embora uma pequena parcela tenha iniciado a vida sexual. No que se refere ao
início da atividade sexual, foi possível identificar que a média de idade para os
grupos de diabéticas, não diabéticas e gestantes foi de 14,7 anos, enquanto para
as gestantes diabéticas foi de 15 anos, muito próximo do achado da literatura, que
é de 14,5 anos. Não podemos deixar de considerar o fato de ser esta uma idade
ainda bastante precoce, se levarmos em conta aspectos referentes ao
desenvolvimento emocional e a capacidade de realizar escolhas.
Realizar escolhas conscientes implica, entre outros fatores, estar de posse
de informações consistentes e realistas, o que parece não ter ocorrido com as
jovens do estudo, uma vez que a maioria ou não recebeu nenhum tipo de
orientação ou recebeu alguma orientação de amigas, exceção feita às gestantes
diabéticas, em que todas afirmaram ter sido orientadas.
No entanto, podemos discutir a natureza desta orientação, haja vista que a
maioria foi orientada por amigas, secundariamente por pessoas da família,
professores e por último por profissionais de saúde. Dias e Gomes (2000) em
estudo sobre as conversas em família sobre sexualidade, perceberam que a
informação que as jovens gestantes recebiam eram parcial e incompleta, que a
comunicação esteve comprometida por falta de confiança no interlocutor
preferencial (mãe) e que a rede de apoio constituída por tias e amigas não trouxe
os esclarecimentos necessários.
As famílias parecem persistir na dificuldade de abordar o assunto em casa,
os meios de comunicação que atravessam o assunto sem o menor
comprometimento e os programas de orientação sexual que falham tanto no que
se refere ao nível quanto à qualidade da orientação. Não podemos deixar de falar
das jovens que raramente recebem orientação por parte de médicos especialistas
que a acompanham, muitas vezes por anos, devido a uma doença de base
Faz-se importante apontar o fato de que a exposição ao risco de gravidez
tanto no grupo de jovens diabéticas quanto no grupo de gestantes diabéticas e
não diabéticas é ou foi bastante significativo, se levarmos em conta que boa parte
delas iniciou a vida sexual sem fazer uso de qualquer método contraceptivo.
Outros estudos, já mencionados anteriormente neste trabalho, sobre o uso de
contraceptivos pela população jovem, afirmam que pelo menos 55% das que
iniciam vida sexual utiliza algum método contraceptivo desde a primeira relação, e
que a camisinha é o método mais conhecido e usado pela população jovem, até
mesmo porque está associado à função de prevenir contra às DST/AIDS.
Interessante notar que uma das gestantes afirmou ter usado a pílula do dia
seguinte como método contraceptivo, recurso este indicado apenas em casos
especiais e mediante orientação e prescrição médica, o que é pouco provável que
isto tenha ocorrido. Apesar de ter sido informado este fato por apenas uma jovem
de nosso estudo, muito nos preocupa estar sendo esta uma prática difundida entre
as adolescentes.
Vale a pena discutir o exemplo da gestante diabética (caso 2), que
interrompeu, por orientação médica, o uso de pílula anticoncepcional que fazia,
por conta de um cisto ovariano, acreditando que não engravidaria. Podemos
pensar a respeito do grau de desconhecimento da paciente sobre a possibilidade
de engravidar, associado à inabilidade da orientação médica que apenas
privilegiou o tratamento clínico desconsiderando a possibilidade de gravidez com a
interrupção da pílula, uma vez que a jovem tinha vida sexual ativa.
Na questão sobre aborto, nenhuma das jovens entrevistadas afirmou ter
pensado ou realizado aborto.
No que se refere especificamente aos grupos de diabéticas, notamos que,
em sua maioria, elas ainda contam com suas mães para realizar o controle da
doença, o que denota uma relação de dependência com estas mãe no tocante aos
cuidados com a própria saúde, além de uma necessidade de cuidado e proteção
materna, decorrentes de sentimentos de insegurança de o fazerem sozinhas e ou
de uma necessidade de manterem-se ligadas às suas mães através de um vínculo
de dependência. Lembrando que, quando o diabetes ocorre na infância, os pais
tendem a superproteção e a criança, segundo Burd (2004), pode assumir uma
postura de dependência passiva, podendo desenvolver uma imagem fragilizada de
si mesma.
Encontramos aqui sentimentos ambivalentes: ao mesmo tempo em que
desejam ter independência e responsabilidades, desejam também se manter
dependentes da figura materna, numa atitude primitiva de garantia da
sobrevivência, ameaçada pela doença e por uma estrutura psíquica ainda em
formação. Compartilhamos do princípio descrito por Celia (2004) de que qualquer
gestação não é totalmente aceita nem desejada e o não desejado nem sempre é
rejeitado. Tratam-se de vivências opostas e normais, que se tornam mais fortes no
momento particular da gravidez.
Vale enfatizar que, o tempo para as jovens diabéticas adquire um caráter
de urgência, uma vez que a doença crônica pode levar a limitações físicas ou
apresentar complicações clínicas que comprometam seriamente a qualidade de
vida futura das mesmas, assim, a necessidade de realizar planos e projetos a
curto e médio prazo se faz imperiosa.
Abordando o item da idade da progenitora, verificamos que, em sua
maioria, as mães das jovens de nossa amostra não se tornaram mães na
adolescência, fato este discutido na literatura como uma ocorrência freqüente nos
casos de gravidez na adolescência, uma vez que a própria mãe serviria como
modelo de identificação para a filha. No caso de uma das gestantes diabéticas, a
idade da progenitora foi de 15 anos, ou seja, ambas deram à luz ainda na
adolescência.
Falando a respeito do relacionamento das jovens com suas mães, a maioria
delas afirma ter bom relacionamento com suas mães, no entanto, no que se refere
à questão da orientação sexual, elas não se valeram deste vínculo como fonte de
esclarecimento de questões referentes à sexualidade, conforme já citado
anteriormente. Steinberg (1999), fala da ocorrência de uma associação entre o
aparecimento de características físicas pubertárias e um distanciamento
progressivo entre os pais e filhos, podendo ser intensificados alguns conflitos,
especialmente com a figura materna. A experiência da sexualidade é um dos
aspectos mais importantes e problemáticos do diálogo entre os adolescentes e
seus pais.
A questão da escolaridade da mãe, pode também ser um fator relevante
para esta discussão, uma vez que em sua maioria as jovens desconhecem a
escolaridade das mães, o que demostra um certo desinteresse quanto à vida
pessoal dessas, apesar de terem referido bom relacionamento. Outro fato que
deve ser apontado é o baixo nível de escolaridade das mães (fundamental
incompleto), o que nos leva a pensar sobre a importância desse fator na
quantidade e qualidade das informações transmitidas.
Quanto à situação conjugal dos pais, se compararmos o grupo de
diabéticas com o grupo de não diabéticas, verificamos que no primeiro grupo
predominam pais casados em relação ao segundo em que a situação conjugal é
predominantemente de pais separados. Merece destaque o fato, ainda que não
significativo do ponto de vista estatístico, que salvo o grupo de diabéticas, em que
os pais, em sua maioria, são casados/amasiados, no grupo das adolescentes não
diabéticas e no grupo de gestantes, a soma da condição de pais separados com a
de pai falecido/desconhecido é superior à condição de casados/amasiados, o que
nos permite pensar num contato distante ou mesmo ausente com a figura paterna,
trazendo repercussões importantes para o desenvolvimento psicológico da jovem.
O item referente à qualidade do relacionamento com o pai confirma estes
dados, uma vez que, à exceção do grupo de diabéticas, se considerarmos o
somatório das respostas ruim, não tem contato e pai falecido, o resultado superará
o número de respostas referentes a um bom relacionamento, o que implica dizer
que o vínculo dessas jovens com a figura paterna parece ser precário da mesma
maneira que a representação de sua função. Tais resultados corroboram os de
outros estudos (Taquette,1992, Raine et al,1999,Karosfsky et,2000 citados por
Taquette et al,2004), que revelam que a ausência do pai, especialmente do ponto
de vista afetivo, é um fator de risco à sexualidade precoce. Jovens que não
receberam carinho e cuidado familiar, cedo se engajam em relacionamento sexual
desprotegido, talvez para suprir uma carência emocional. Os autores identificaram
ainda que, o grupo de jovens virgens apresentou maior índice de diálogo com
seus pais, existindo uma forte associação entre virgindade e família estruturada.
A exemplo das mães, as jovens parecem, em sua maioria, desconhecer o
nível de escolaridade dos pais, neste caso, muito provavelmente em decorrência
de um relacionamento distante.
Quanto aos resultados obtidos no teste de raciocínio verbal podemos
afirmar que houve uma certa homogeneidade nos três grupos, indicando
capacidade abaixo da média em estabelecer relações abstratas entre conceitos
verbais e conhecimento vocabular estando, portanto, abaixo da expectativa para
pessoas de mesma idade e mesmo de nível escolaridade. A avaliação realizada
não nos permite falar em termos de nível mental, mas de habilidade cognitiva
específica. O que nos faz pensar num baixo nível de compreensão destas jovens
acerca das informações e orientações recebidas.
Passaremos a discutir os resultados referentes aos perfis de
personalidade. por grupos .
Grupo de jovens diabéticas:
Podemos afirmar que o grupo de jovens diabéticas apresenta forte desejo
de prestar ajuda ao outro, de gratificar as necessidades de uma outra pessoa em
situação de desvantagem, de dar suporte emocional e consolo na tristeza, doença
e outros infortúnios. Tem como característica a necessidade de vincular-se a um
grupo, dar e receber afeto de pessoas conhecidas, em geral são pessoas leais, de
confiança e de boa vontade. Apresenta ainda, uma tendência de se submeter
passivamente à força externa, aceitar desaforo, castigo e culpa, resignar-se ao
destino, admitir erros e fracassos se colocando numa posição de inferioridade. O
grupo demonstra ter tendência a colocar as coisas em ordem, manter a limpeza,
organização, equilíbrio e precisão, bem como de levar a cabo qualquer trabalho ou
atividade iniciada por mais difícil que possa parecer. Pode viver obcecado por ver
o resultado final de um trabalho, esquecendo o tempo e o repouso necessário,
resultando em queixas de cansaço e preocupações. Demonstra pouco interesse
por questões de natureza sexual.
Grupo de jovens não diabéticas
O grupo tem como características marcantes, um forte desejo de prestar
ajuda e gratificar às necessidades do outro, além de buscar unir-se a outras
pessoas com as quais possa ter uma amizade sincera e leal. As jovens desse
grupo apresentam uma relação de admiração e obediência frente às figuras de
autoridade O grupo demonstra ter tendência a colocar as coisas em ordem,
manter a limpeza, organização, equilíbrio e precisão, bem como de levar a cabo
qualquer trabalho ou atividade iniciada por mais difícil que possa parecer. Pode
viver obcecado por ver o resultado final de um trabalho, esquecendo o tempo e o
repouso necessário, resultando em queixas de cansaço e preocupações. Interesse
e desejo limitados em manter relações românticas e sexuais com pessoas do sexo
oposto.
Grupo de gestantes:
O que mais caracteriza o grupo das gestantes é a recusa em buscar e
receber apoio e proteção das pessoas e a pouca tolerância em aguardar que seus
desejos sejam satisfeitos por alguma pessoa querida e amiga. Apresenta
preocupação em agradar, atender às expectativas de outras pessoas, ou
responder àquilo que consideram que os outros gostariam de ouvir.
Gestantes diabéticas:
A adolescente 1, é uma jovem que pouco se interessa em prestar ajuda ao
outro, bem como estabelecer vínculos de amizade. Trata-se de uma jovem que
apresenta sentimentos de autoconfiança e desejo de controlar os outros,
influenciar ou dirigir o comportamento das pessoas através de sugestão, sedução,
persuasão ou comando. É ambiciosa, gosta de fazer coisas independentemente e
com rapidez a fim de se sobressair, vencer obstáculos e manter altos padrões de
realização. Associa-se a isso a vaidade, expressa pelo desejo de impressionar,
ser ouvida e vista. Gosta de fascinar as pessoas, e até mesmo chocá-las,
tendendo a uma certa dramatização. A jovem não demonstra desejo em mudar
seus hábitos, nem experimentar coisas novas, ao contrário, prefere o que é
rotineiro, fixo e sem aventura .
No caso da adolescente 2, pode-se dizer que é uma jovem que se deixa
conduzir por sentimentos e inclinações difusas, é dominada pela procura da
felicidade por meio da fantasia e imaginação. É subjetiva em suas atitudes e
decisões, pouco prática, intuitiva, algo egocêntrica e idealista. Busca, entretanto,
apoio e proteção de pessoas que a entendam. Deseja ser apoiada, consolada e
orientada No entanto, essa busca não se dá através da amizade, já que não
demonstra necessidade de vinculação aos amigos. Apresenta ainda, tendência à
resignação e à passividade, o que muito provavelmente atua como um impeditivo
na concretização de seus planos e ideais. A jovem manifesta forte desejo de
sentir-se livre, não gosta de executar tarefas impostas por alguma autoridade,
desafia qualquer convenção, gosta de agir livremente e independentemente,
seguindo seus próprios impulsos, no entanto procura corresponder ás
expectativas dos outros.
É característico da jovem 3 o desejo de ajudar o outro e a busca de apoio,
proteção e satisfação de seus desejos por meio de alguém que a entenda ou
através de um grupo de amigos Demonstra ter pouca admiração e respeito pelas
figuras de autoridade. Recusa em buscar e receber apoio e ajuda das pessoas e
pouca tolerância em aguardar que seus desejos sejam satisfeitos por alguma
pessoa querida e amada. Observa-se que a ambição e o empenho em realizar são
aspectos que lhe são difíceis, por outro lado, manipular, dominar e organizar
objetos, pessoas e idéias são as caraterísticas que mais a definem.A jovem não
deseja mudar seus hábitos de vida, no entanto deseja ter mais autonomia, se
sentir livre para tomar suas próprias decisões. O interesse e o desejo em manter
relações românticas e sexuais com pessoas do sexo oposto, ocorrem dentro do
que pode ser considerado como esperado. Procura ainda, corresponder às
expectativas de outras pessoas.
No que se refere aos perfis de personalidade identificados para cada grupo,
podemos identificar fortes semelhanças entre os grupos de jovens diabéticas e o
das jovens não diabéticas. Ambos demonstram interesse em prestar ajuda ao
outro e desejo de estar entre amigos, características típicas do período da
adolescência, em que o grupo serve como referência de valores e atitudes. No
caso das diabéticas, podemos pensar que existe também uma tendência a
aproximação de outros jovens, também portadores da doença, como meio de
troca de experiências e de ajuda. Têm ordem no que fazem e são disciplinadas, o
que no caso das diabéticas é característica imprescindível para uma boa adesão
ao tratamento. Demonstram ainda pouco interesse por questões sexuais e não se
preocupam em fazer ou dizer coisas para agradar o outro, sendo fiéis aos seus
desejos e necessidades. Entretanto, apresentam certa resignação e passividade
diante das situações de vida. Para as diabéticas interpretamos como sendo uma
forma encontrada para poder explicar o surgimento da doença e poder assim dar
conta de todas as exigências e limitações que dela decorrem. No caso das jovens
não diabéticas, aparece ainda uma relação de respeito e admiração por pessoas
de autoridade, porém com um caráter de submissão.
Para o grupo de gestantes, como poucas características foram fortemente
evidenciadas, optamos em fazer uma análise das tendências do grupo, ficando
marcada a recusa em receber e buscar apoio e proteção das pessoas e uma
tendência do grupo em não se preocupar em ajudar o outro, como se estivessem
voltadas apenas para si mesmas e para suas próprias necessidades. O grupo
tende a ser mais pragmático e objetivo em suas avaliações e decisões. Respeitam
autoridade, beirando um certo grau de submissão. Parece não terem interesse em
mudar seus hábitos de vida, mas anseiam ter autonomia, desejam sentir-se livres,
seguirem os próprios impulsos, desafiar convenções.
Tal constatação nos faz pensar que talvez seja por esse motivo que um
número significativo de adolescentes que engravidam continuam a morar com os
pais, mantendo as mesmas condições de vida que mantinham antes da
gestação. Reportando-nos a Lartigue e Rocabert (2004), quando descrevem a
condição vivida pela jovem gestante associada à crise da adolescência: ”existe
uma tendência a abrigar-se em certas etapas evolutivas anteriores à fase da
autonomia, aumentando a dependência e dificultando consideravelmente a
possibilidade de evolução longe da família de origem” (pag. 191).
O que há em comum no grupo de gestantes diabéticas estudadas diz
respeito ao desejo de unirem-se ao grupo de amigos, havendo uma valorização
da amizade. São jovens ambiciosas e têm o desejo de fazer as coisas
independentemente com empenho e rapidez, vencem obstáculos e mantêm
elevados padrões de realização. Executam suas atividades com ordem e são
disciplinadas no exercício de suas atribuições. Tendem a manter suas rotinas de
vida sem grandes modificações, porém desejam tomar atitudes e decisões
livremente baseadas em seus próprios impulsos.
Vale lembrar que, diferente do que se acredita, as jovens gestantes de
nossa amostra a exemplo das jovens dos demais grupos, não apresentaram
elevado interesse por relacionamentos amorosos e sexuais, pelo contrário, o
interesse mostrou estar abaixo do considerado esperado. No caso das
diabéticas, podemos entender a questão baseando-se nas considerações feitas
por Katchadourian (1980) citado por Greydanus et al (1992), quando afirma que
os jovens doentes crônicos podem desenvolver baixa auto-estima e imagem
corporal desvalorizada, podem temer o contato físico, podem se sentir inseguros
quanto ao seu poder de atração do outro, como podem ter dúvidas quanto à sua
capacidade reprodutiva.
Podemos ainda nos valer da releitura feita por Dias e Gomes (2000) de
Foucault (1993) sobre a sexualidade, que sugere que as jovens, ao exercerem
sua sexualidade, estão também buscando o prazer de conhecer a si mesmas, e
não apenas o prazer sexual. A verdade sobre a sexualidade estaria para estas
jovens comprometida pelas contradições informativas sobre prazer e riscos e
pela ambigüidade comunicativa de seus interlocutores. As jovens acabam por
descobrir que sexo e prazer só podem ser conhecidos na própria experiência que
as levará ao conhecimento de si mesmas.
A doença interfere no desenvolvimento da sexualidade podendo ser um
fator de risco. As restrições impostas pela doença e tratamento, a forma como a
família e o grupo de amigos lidam com a jovem diabética podem dificultar o
processo adolescente. Segundo Mores et al (2004), entre as jovens com doenças
crônicas, o desejo de gravidez, mesmo que inconsciente, pode surgir como forma
de provar a capacidade de gerar vida, carregando-a dentro de si, ou como
tentativa de resgate da própria vida. O que muito bem exemplifica a jovem do
caso 3, quando nos diz: ӎ como se fosse um motivo a mais para se cuidar e
viver”.
Podemos afirmar que a gravidez estaria representando tanto um passo em
direção ao crescimento, amadurecimento e individuação, quanto um retorno à
condição de dependência da figura materna, como forma de reativar o vínculo
simbiótico. Para a jovem diabética a urgência do tempo associada a um maior
grau de consciência e maturidade, uma vez que a doença pode trazer
complicações clínicas que comprometam seriamente a qualidade de vida futura
das mesmas, tornam a necessidade de realização de planos e projetos a curto e
médio prazo imperiosa.
Tais informações acentuam nossa percepção de que as jovens diabéticas
“decidem” pela gestação com propriedade e desejosas de com isto poder
conseguir liberdade, amadurecimento e um sentido de vida.
Ainda assim, podemos considerar que a gravidez para as jovens diabéticas
não ocorreu de maneira tão ocasional e imprevista, mas de uma forma “desejada”,
num nível mais ou menos consciente. Ao nosso ver a gravidez aqui teria uma
função organizadora do ponto de vista psíquico, uma vez que ela traria a exigência
de uma maior auto-proteção, por meio de cuidados mais rigorosos e disciplinados
com sua saúde, em prol de seu bem estar e de seu bebê, o que para muitos casos
não vinha acontecendo.
Parece-nos que estas jovens “buscam” a gravidez com forma de
amadurecimento. A gestação aqui estaria a serviço da promoção do crescimento,
do aumento das responsabilidades e da autonomia, inversamente ao que é
esperado.
Consideramos de fundamental importância a criação de programas
institucionais voltados para a saúde do adolescente que contemplem, além de
discussões e informações claras e objetivas sobre sexualidade e contracepção, a
inclusão de pais ou responsáveis com o objetivo de fortalecer a relação, diminuir
as distancias, minimizar os conflitos através do reconhecimento e expressão de
dúvidas e sentimentos.
Desta forma acreditamos ser possível reduzir o número de gestações na
adolescência, postergando-a para um momento de vida em que estas jovens se
percebam mais preparadas e maduras.
7. Conclusões
Concluímos que fatores como a idade, o nível de escolaridade, a ocupação
atual, os planos para o futuro e a orientação sexual podem predispor à gravidez.
As gestantes diabéticas caracterizam-se por pertencer a uma faixa etária superior,
com maior grau de escolaridade, tendo como ocupação o estudo e ou trabalho,
planos para o futuro e por ter recebido mais orientações sexuais do que as jovens
dos demais grupos estudados. A doença crônica, o diabetes, parece ser um fator
igualmente relevante na decisão pela gravidez.
Outros fatores como idade de início da vida sexual, uso regular de algum
método contraceptivo e qualidade do relacionamento familiar são significativos
para a ocorrência de uma gravidez na adolescência, sendo estes similares nas
populações de jovens diabéticas e não diabéticas.
O desejo de independência associado a uma resistência à mudança
caracteriza o perfil das gestantes tanto diabéticas quanto não diabéticas,
entretanto, a ambição, o empenho em vencer obstáculos, bem como a ordem e a
disciplina na concretização de suas metas diferenciam as gestantes diabéticas,
tornado-as mais conscientes de suas escolhas.
7. ANEXOS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
São Paulo, ......... de …………………......... de 2004.
Eu, Sandra Ribeiro de Almeida Lopes, estou realizando uma pesquisa com
o título: “Estudo comparativo dos fatores predisponentes à gravidez em
adolescentes diabéticas e não diabéticas” que tem por objetivo identificar e
analisar os fatores que levam a gravidez em jovens com diabetes e sem diabetes.
A pesquisa em questão está sendo desenvolvida sob orientação do Prof.
Dr. Carlos Alberto Longui, no programa de pós-graduação em Ciências da Saúde
da Faculdade de Ciências Médicas Da Santa Casa de São Paulo.
Ao aceitar participar deste estudo, você responderá a três questionários,
este material tem por finalidade conhecê-la melhor.
Sua participação é voluntária e pode ser interrompida a qualquer momento,
sem que esta decisão venha prejudicar seu tratamento, atual ou futuro neste
hospital
As informações oferecidas serão mantidas em lugar seguro, codificadas e a
identificação só será realizada pelo autor que conduz o estudo. Caso o material
venha a ser utilizado para publicação científica ou atividades didáticas sua
identidade será preservada.
________________________________________
Assinatura do Pesquisado/ Responsável
________________________________________
Assinatura da Pesquisadora
Sandra Ribeiro de Almeida Lopes
IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO
SERVIÇO DE PSICOLOGIA HOSPITALAR
FICHA SÓCIO-DEMOGRÁFICA
IDENTIFICAÇÃO
1. Nome da paciente:___________________________________________
2. Reg.:_______________________________________________________
3. Data da Entrevista:___________________________________________
4. Endereço:___________________________________________________
Complemento:___________________________Bairro:______________
Cep:_________________________Cidade:______________________________
Telefone:__________________________________________________________
5. Data de nascimento:__________________________________________
6. Idade:______________________________________________________
7. Naturalidade:________________________________________________
8. Estado Civil:________________________________________________
9. Escolaridade:_______________________________________________
10. Situação ocupacional atual:___________________________________
Constituição Familiar
11. Com quem reside: __________________________________________
12. Renda familiar:_____________________________________________
13 Situação conjugal dos pais: ___________________________________
14. Idade dos pais:_____________________________________________
15. Idade dos irmãos:___________________________________________
16 Relacionamento com familiares
mãe:__________________________________________________________
pai:___________________________________________________________
irmãos:________________________________________________________
17.Histórico de doenças na família:_________________________________
História Pessoal:
18 Para as diabéticas
:
a. Como e quando soube do diagnóstico?_____________________________
b. Reação emocional diante do diagnóstico?___________________________
_________________________________________________________________
C. Como vem enfrentando as restrições impostas pelo diabetes:___________
d. Tem conseguido controlar o diabetes? Quem realiza o
controle?_________________________________________________________
19.Para as gestantes
:
a Como e quando obteve a confirmação da informação da gestação?
_________________________________________________________________
b. Reação emocional diante da
gravidez:__________________________________________________________
c. Reação da família e/ou companheiro:_______________________________
Para todas as jovens:
20-Histórico de doenças:____________________________________________
21- Uso de medicação:______________________________________________
22- Data da menarca:_______________________________________________
23- Namoro:_______________________________________________________
24- Orientação sexual:______________________________________________
25- Início da vida sexual:____________________________________________
26. Número de parceiros:_________________________________________
27. Se faz/ fez uso de algum anticoncepcional: _______________________
28 Se já ficou grávida alguma vez:_________________________________
29. Se já fez algum aborto: _______________________________________
30. Planos futuros:______________________________________________
BPR – 5
Leandro S. Almeida
Ricardo Primi
Forma A
RV – Raciocínio Verbal
Casa do Psicólogo
INSTRUÇÕES
Esta prova é constituída por frases onde falta a última palavra. É necessário encontrar essa
palavra de modo a completar a frase. Veja este exemplo:
EX. A
Dia está para Noite como Claro está para
A. Luz B. Energia C. Escuro D. Claridade E. Nuvem
A frase estaria certa ao escolhermos a palavra “escuro”. Na folha de respostas, na linha
correspondente ao Exemplo A na coluna da Prova RV, foi assinalado a letra C, exemplificando a
forma como você irá responder.
Analise agora os exemplos seguintes e assinale, na sua folha de respostas, a letra
correspondente à sua escolha.
EX.B
Calçado está para Couro como Vestuário está para
A. Tecido B. Camisola C. Têxtil D. Roupa E. Algodão
EX. C
Almoço está para Refeição como Automóvel está para
A. Auto-estrada B. Motor C. Piloto D. Veículo E. Viagem
No exemplo B a resposta certa é “A”; no exemplo C a resposta certa é “D”.
Verifique se as suas respostas coincidem.
Certifique-se de que compreendeu o tipo de exercícios que você irá resolver assim como a
forma de responder. Trabalhe sem perder tempo. Em caso de dificuldade passe ao exercício
seguinte; no final se quiser pode voltar atrás e tentar resolver os exercícios em falta.
Não escreva nada neste caderno. Tenha cuidado para não trocar a ordem das respostas.
1. Tapete está para Chão como Quadro está para
A. Muro B. Parede C. Museu D. Sala E. Frente
2. Quartel está para Soldado como Fábrica está para
A. Trabalho B. Indústria C. Esforço D. Material E. Operário
3. Hora está para Dia como Mês está para
A. Semana B. Tempo C. Calendário D. Ano E. Século
4. Anel está para Dedo como Gravata está para
A. Pescoço B. Festa C. Camisa D. Cerimônia E. Paletó
5. Alto está para Baixo como Estreito está para
A. Apertado B. Grande C. Largo D. Fundo E. Alto
6. Médico está para Doente como Vendedor está para
A. Feirante B. Cobrador C. Imposto D. Cliente E. Comerciante
7. Nunca está para Jamais como Sempre está para
A. Futuro B. Hoje C. Eterno D. Logo E. Prazo
8. Lenda está para Realidade como Dúvida está para
A. Certeza B. Tradição C. História D. Possível E. Imaginação
9. Bússola está para Navegador como Semáforo está para
A. Polícia B. Motorista C. Carro D. Sinaleiro E. Código
10. Rosto está para Face como Topo está para
A. Baixo B. Base C. Corpo D. Lado E. Cume
11. Asa está para Ar como Roda está para
A. Pneu B. Carro C. Eixo D. Estrada E. Velocidade
12. Importar está para Comprar como Exportar
está para
A. Adquirir B. Trocar C. Comercializar D. Enviar E. Vender
13. Minoria está para Maioria como Poucos está para
A. Alguns B. Vários C. Muitos D. Todos E. Bastante
14. Moldura está para Quadro como Fronteira está para
A. Arredores B. Contorno C. Terra D. País E. Alfândega
15. Piano está para Música como Voz está para
A. Cantor B. Canto C. Disco D. Melodia E. Rádio
16. Muito está para Nada como Sempre está para
A. Agora B. Todos C. Freqüente D. Às vezes E. Nunca
17. Esperança está para Futuro como Arrependimento está para
A. Posterior B. Hoje C. Passado D. Correção E. Culpa
18. Revista está para Leitura como Bola está para
A. Desporto B. Atleta C. Futebol D. Ginástica E. Descanso
19. Escultura está para Arte como Poesia está para
A. Poema B. Literatura C. Livro D. Canção E. Escritor
20. Aprovar está para Contradizer como Avançar está para
A. Correr B. Parar C. Impedir D. Mudar E. Retroceder
21. Antecedente está para Conseqüente como Presente está para
A. Futuro B. Agora C. Hoje
D. Desenvolvimento E. Atualidade
22. Permanente está para Constante como Habitual está para
A. Sempre B. Inconstante C. Freqüente D. Repetitivo E. Escasso
23. Tarde está para Cedo como Tardio está para
A. Passado B. Nunca C. Pontual D. Precoce E. Rápido
24. Nascente está para Rio como Partida está para
A. Percurso B. Começo C. Poente D. Início E. Final
25. Meditar está para Concentração como Julgar está para
A. Afirmação B. Ponderação C. Atenção D. Justiça E. Julgamento
BPR – 5
Leandro S. Almeida
Ricardo Primi
Forma B
RV – Raciocínio Verbal
Casa do Psicólogo
INSTRUÇÕES
Esta prova é constituída por frases onde falta a última palavra. É necessário encontrar essa
palavra de modo a completar a frase. Veja este exemplo:
EX. A
Dia está para Noite como Claro está para
A. Luz B. Energia C. Escuro D. Claridade E. Nuvem
A frase estaria certa ao escolhermos a palavra “escuro”. Na folha de respostas, na linha
correspondente ao Exemplo A na coluna da Prova RV, foi assinalado a letra C, exemplificando a
forma como você irá responder.
Analise agora os exemplos seguintes e assinale, na sua folha de respostas, a letra
correspondente à sua escolha.
EX.B
Calçado está para Couro como Vestuário está para
A. Tecido B. Camisola C. Têxtil D. Roupa E. Algodão
EX. C
Almoço está para Refeição como Automóvel está para
A. Auto-estrada B. Motor C. Piloto D. Veículo E. Viagem
No exemplo B a resposta certa é “A”; no exemplo C a resposta certa é “D”.
Verifique se as suas respostas coincidem.
Certifique-se de que compreendeu o tipo de exercícios que você irá resolver assim como a
forma de responder. Trabalhe sem perder tempo. Em caso de dificuldade passe ao exercício
seguinte; no final se quiser pode voltar atrás e tentar resolver os exercícios em falta.
Não escreva nada neste caderno. Tenha cuidado para não trocar a ordem das respostas.
1. Tapete está para Chão como Quadro está para
A. Muro B. Museu C. Parede D. Sala E. Frente
2. Quartel está para Soldado como Fábrica está para
A. Trabalho B. Indústria C. Esforço D. Material E. Operário
3. Hora está para Dia como Mês está para
A. Semana B. Tempo C. Calendário D. Ano E. Século
4. Anel está para Dedo como Gravata está para
A. Pescoço B. Festa C. Camisa D. Cerimônia E. Paletó
5. Passado está para Presente como Ontem está para
A. Futuro B. Hoje C. Após D. Amanhã E. Dia
6. Médico está para Doente como Vendedor está para
A. Feirante B. Cobrador C. Imposto D. Cliente E. Comerciante
7. Nunca está para Jamais como Sempre está para
A. Futuro B. Hoje C. Eterno D. Logo E. Prazo
8. Piano está para Música como Voz está para
A. Cantor B. Canto C. Disco D. Melodia E. Rádio
9. Bússola está para Navegador como Semáforo está para
A. Motorista B. Polícia C. Carro D. Sinaleiro E. Código
10. Porta está para Casa como Título está para
A. Entrada B. Livro C. Capítulo D. Prefácio E. Sumário
11. Exceder está para Ultrapassar como Medir está para
A. Distinguir B. Observar C. Analisar D. Ordenar E. Avaliar
12. Praia está para Mar como Margem
está para
A. Baía B. Terra C. Rio D. Porto E. Leito
13. Experimentar está para Ensaiar como Persistir está para
A. Permanecer B. Agüentar C. Incentivar D. Progredir E. Analisar
14. Moldura está para Quadro como Fronteira está para
A. Arredores B. Contorno C. Terra D. País E. Alfândega
15. Sinônimo está para Antônimo como Igual está para
A. Diferente B. Parecido C. Contrário D. Inverso E. Idêntico
16. Muito está para Nada como Sempre está para
A. Agora B. Todos C. Freqüente D. Às vezes E. Nunca
17. Esperança está para Futuro como Arrependimento está para
A. Posterior B. Hoje C. Passado D. Correção E. Culpa
18. Revista está para Leitura como Bola está para
A. Atleta B. Descanso C. Futebol D. Ginástica E. Desporto
19. Escultura está para Arte como Poesia está para
A. Poema B. Literatura C. Livro D. Canção E. Escritor
20. Aprovar está para Contradizer como Avançar está para
A. Correr B. Parar C. Impedir D. Mudar E. Retroceder
21. Antecedente está para Conseqüente como Presente está para
A. Futuro B. Agora C. Hoje
D. Desenvolvimento E. Atualidade
22. Permanente está para Constante como Habitual está para
A. Sempre B. Inconstante C. Freqüente D. Repetitivo E. Escasso
23. Tarde está para Cedo como Tardio está para
A. Passado B. Nunca C. Pontual D. Precoce E. Rápido
24. Ouvido está para Música como Olfato está para
A. Gosto B. Perfume C. Ar D. Cheiro E. Ritmo
25. Meditar está para Concentração como Julgar está para
A. Afirmação B. Justiça C. Atenção D. Ponderação E. Julgamento
IFP – Inventário Fatorial de Personalidade
Luiz Pasquali / Maria Mazzarello Azevedo / Ivânia Ghesti
Instituto de Psicoogia, UnB
Instruções
Este questionário constitui-se de 155 afirmações sobre coisas que
você pode gostar ou não, sobre sentimentos que você pode experimentar ou
não e jeitos de ser que você pode ter ou não.
Você deve ler atentamente cada afirmação e dizer quanto do que ela afirma
caracteriza você. Para tanto, escreva na FOLHA DE RESPOSTAS um número de
1 a 7 para cada afirmação identificada pelo número de ordem correspondente,
conforme a seguinte escala:
7= Totalmente característico
6= Muito característico
5= Característico
4= Indiferente
3= Pouco característico
2= Muito pouco característico
1= Nada característico.
Exemplo:
1. Gosto de falar de mim mesmo
2. Detesto trabalhar à noite
3. (...)
QUADRO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 1 2 3 ...
RESPOSTA 6 3 ...
Nesse exemplo, o respondente escreveu “6” para a questão 1 (“Gosto
de falar de mim mesmo”) porque achou que ela afirma algo muito
característico dele; ao passo que escreveu “3” para a questão 2 (“Detesto
trabalhar à noite” porque achou que ela afirmava algo pouco
característico dele.
Este não é um teste ou uma prova. Não há respostas certas ou
erradas. A resposta simplesmente descreve como você se sente, o que
pensa ou o que gosta. Suas escolhas, portanto, devem ser feitas em
função de seus gostos, preferências e sentimentos, pessoais e atuais; e
não em função do passado ou das impressões que os outros têm de
você.
Procure responder seqüencialmente a todas as questões.
Casa do Psicólogo
Livraria e Editora Ltda.
01- Gosto que meus amigos me apóiem quando fracasso.
02- Gosto de fazer coisas que outras pessoas consideram fora do comum.
03- Gostaria de realizar um grande feito ou grande obra na minha vida.
04- Gosto de experimentar novidades e mudanças em meu dia-a-dia.
05- Gosto de sair com pessoas atraentes do sexo oposto.
06- Se me pedissem para levantar um peso de 10 toneladas, eu o faria.
07- Parece-me mais importante avaliar as pessoas por suas intenções que por
suas ações.
08- Não gosto de situações em que se exige que eu me comporte de
determinada maneira.
09- Sinto-me deprimido(a) diante de minha incapacidade em lidar com várias
situações.
10- Se eu tiver que viajar, gosto de ter as coisas planejadas com antecedência.
11- Minha moral está acima de qualquer critica.
12- Prefiro arranjar trabalhos novos e diferentes a continuar fazendo sempre a
mesma coisa.
13- Gosto de dizer o que penso a respeito das coisas.
14- Gosto de saber o que grandes personalidades disseram sobre os
problemas pelos quais eu me interesso.
15- Gosto de ser capaz de fazer as coisas melhor do que as outras pessoas.
16- Gosto de concluir qualquer trabalho ou tarefa que tenha começado.
17- Gosto de ajudar meus amigos quando eles estão com problemas.
18- Não costumo abandonar um quebra-cabeça ou problema antes que
consiga resolvê-lo.
19- Gosto de dizer aos outros como fazer seus trabalhos.
20- Gostaria de ser considerado(a) uma autoridade em algum trabalho,
profissão ou campo de especialização.
21- Gosto que meus amigos sintam pena de mim quando estou doente.
22- Gosto de experimentar e provar coisas novas.
23- Já fiz coisas de natureza sexual que a sociedade não aprova.
24- Quando acordo de manhã, meu coração está batendo.
25- Quando tenho alguma tarefa para fazer, gosto de começar logo e
permanecer trabalhando até completá-la.
26- Aceito com prazer a liderança das pessoas que admiro.
27- Acho que o sofrimento me faz mais bem do que mal.
28- Gosto de ficar sexualmente excitado.
29- Gosto de trabalhar horas a fio sem ser interrompido(a).
30- Gosto que meus amigos me dêem muita atenção quando estou sofrendo
ou doente.
31- Costumo analisar minhas intenções e sentimentos.
32- Sinto-me melhor quando desisto e evito uma briga do que quando tento
fazer as coisas de minha maneira.
33- Gosto de fazer com carinho pequenos favores a meus amigos.
34- Sinto-me inferior aos outros na maioria dos aspectos.
35- Minhas maneiras à mesa quando estou em casa exatamente as mesmas
quando sou convidado(a) para jantar fora.
36- Gosto de ficar acordado(a) até tarde para terminar um trabalho.
37- Não tenho medo de dizer às pessoas que não gosto delas.
38- Gosto de andar pelo país e viver em lugares diferentes.
39- Gosto de analisar os sentimentos e intenções dos outros.
40- Gosto de atacar pontos de vista contrários aos meus.
41- Gosto de fazer gozação com pessoas que fazem coisas que eu considero
estúpidas.
42- Se o mundo fosse acabar amanhã, continuaria vivendo como vivi até
agora.
43- Tenho vontade de me vingar quando alguém me insulta.
44- Gosto de pensar sobre o caráter dos meus amigos e tentar descobrir o que
os faz serem como são.
45- Sou leal aos meus amigos.
46- Gosto de levar um trabalho ou tarefa até o fim antes de começar outro.
47- Como demais.
48- Gosto de dizer aos meus superiores que eles fizeram um bom trabalho,
quando acredito nisso.
49- Gosto de me colocar no lugar de alguém e imaginar como eu me sentiria
na mesma situação.
50- Gosto que meus amigos sejam solidários comigo e me animem quando
estou deprimida.
51- Antes de começar um trabalho, gosto de organizá-lo e planejá-lo.
52- Não gosto de ser interrompido enquanto trabalho.
53- Gosto que meus amigos demonstrem muito afeto por mim.
54- Gosto de realizar tarefas que, na opinião dos outros, exigem habilidade e
esforço.
55- Gosto de ser chamado(a) para resolver brigas e disputas entre outras
pessoas.
56- Gosto de ser bem-sucedido nas coisas que faço.
57- Gosto de fazer amizades.
58- Gosto de ser considerado(a) um(a) líder pelos outros.
59- Dou todo o dinheiro que posso para a caridade.
60- Gosto de realizar com afinco (sem descanso) qualquer trabalho que faço.
61- Vez por outra em minha vida, eu senti medo.
62- Gosto de participar de grupos cujos membros se tratem com afeto e
amizade.
63- Sinto-me satisfeito(a) quando realizo bem um trabalho difícil.
64- Tenho vontade de mandar os outros calarem a boca quando discordo
deles.
65- Gosto de fazer coisas do meu jeito sem me importar com o que os outros
possam pensar.
66- Gosto de ser considerado(a) fisicamente atraente pelas pessoas do sexo
oposto.
67- Gosto de viajar e conhecer o país.
68- Não admito que meu ponto de vista seja atacado pelos outros.
69- Gosto de me fixar em um trabalho ou problema mesmo quando a solução
pareça extremamente difícil.
70- Gosto de participar de discussões sobre sexo e atividades sexuais.
71- Uma vez ou outra em minha vida, roubei alguma coisa.
72- Gosto de ouvir ou contar piadas em que o sexo é o assunto principal.
73- Gosto de conhecer novas pessoas.
74- Gosto de dividir coisas com os outros.
75- Sinto-me satisfeito(a) quando consigo convencer e influenciar os outros.
76- Gosto de demonstrar muita afeição por meus amigos.
77- Gosto de prestar favores aos outros.
78- Gosto de seguir instruções e fazer o que é esperado de mim.
79- Acredito que meu corpo viverá para sempre.
80- Gosto de elogiar alguém que admito.
81- Quando planejo alguma coisa, procuro sugestões de pessoas que respeito.
82- Gosto de manter minhas coisas limpas e ordenadas em minha
escrivaninha ou em meu local de trabalho.
83- Se a ficha de um telefone público é devolvida depois de eu ter falado, eu a
reponho no telefone.
84- Perco a confiança em mim mesmo(a) na presença de pessoas que
considero meus superiores.
85- Gosto de manter fortes laços de amizade.
86- Gosto que meus amigos me ajudem quando estou com problema.
87- Gosto que meus amigos mostrem boa vontade em me prestar pequenos
favores,
88- Sinto-me culpado quando faço alguma coisa que sei que está errada.
89- Gosto de estar apaixonado por alguém do sexo oposto.
90- Gosto de manter minhas cartas, contas e outros papéis bem arrumados e
arquivados de acordo com algum sistema.
91- Gosto que meus amigos sejam solidários e compreensivos quando tenho
problemas.
92- Gosto de participar de atividades sociais com pessoas do sexo oposto.
93- Prefiro fazer coisas com meus amigos a fazer sozinho.
94- Gosto de tratar outras pessoas com bondade e compaixão.
95- Gosto de comer em restaurantes novos e exóticos.
96- Minto se for conveniente para mim.
97- Procuro entender como meus amigos se sentem a respeito de problemas
que eles enfrentam.
98- Gosto de ser o centro das atenções em um grupo.
99- Existem coisas que eu não entendo.
100 Gosto de ser um dos líderes nas organizações e grupos aos quais
pertenço.
101 Gosto de ser independente dos outros para decidir o que quero fazer.
102 Gosto de me manter em contato com meus amigos.
103 Se faço alguma coisa errada, sinto que deveria ser punido.
104 Quando participo de uma comissão (reunião), gosto de ser indicado ou
eleito presidente.
105 Gosto de fazer tantos amigos quanto possível.
106 Gosto de observar como uma outra pessoa se sente numa determinada
situação.
107 Gosto de acompanhar a modo e estilos novos.
108 Quando estou em um grupo, aceito com prazer a liderança de outra
pessoa para decidir o que o grupo fará.
109 Não gosto de me sentir pressionado(a) por responsabilidades e deveres.
110 Na escolha de meus amigos, ignoro coisas como raça, religião e
convicções políticas.
111 Ás vezes, fico tão irritado(a) que sinto vontade de jogar e quebrar coisas.
112 Gosto de fazer perguntas que ninguém será capaz de responder.
113 Gosto de ter minha vida arrumada de tal modo que ela passe
tranqüilamente sem muitas mudanças em meus planos.
114 Ás vezes, gosto de fazer coisas simplesmente para ver o efeito que terão
sobre os outros.
115 Sou solidário com meus amigos quando machucados ou doentes.
116 Não tenho medo de criticar pessoas que ocupam posições de autoridade.
117 Gosto de fiscalizar e dirigir os atos dos outros sempre que posso.
118 Acredito ser a única pessoa da terra com quem Deus falou pessoalmente.
119 Culpo os outros quando as coisas dão errado comigo.
120 Gosto que as pessoas me façam confidências e me contem seus
problemas.
121 Gosto de ajudar pessoas que têm menos sorte do que eu.
122 Gosto de planejar e organizar, em todos os detalhes, qualquer trabalho
que eu faço.
123 Na escola colei algumas vezes.
124 Gosto de fazer coisas novas e diferentes.
125 Gosto de ler livros e assistir peças em que o sexo seja o tema principal.
126 Gostaria de realizar com sucesso alguma coisa de grande importância.
127 Quando estou com um grupo de pessoas, gosto de decidir sobre o que
vamos fazer.
128 Interesso-me em conhecer a vida de grandes personalidades.
129 Procuro me adaptar ao modo de ser das pessoas que admiro.
130 Quando as coisas dão erradas comigo, sinto-me mais responsável do que
os outros por isso.
131 Gosto de resolver quebra-cabeças e problemas com os quais outras
pessoas têm dificuldades.
132 Gosto de falar sobre os meus sucessos.
133 Gosto de beijar pessoas atraentes do sexo oposto.
134 Gosto de dar o melhor de mim em tudo que faço.
135 Gosto de estudar e analisar o comportamento dos outros.
136 Em tudo que faço, tento realmente fazer o melhor possível.
137 Gosto de contar aos outros aventuras e coisas estranhas que acontecem
comigo.
138 Existe algumas pessoas no mundo que não conheço pessoalmente.
139 Sinto que devo confessar que faço e considero erradas.
140 Perdôo as pessoas que às vezes possam me magoar.
141 Gosto de prever(entender) como meus amigos irão agir em diferentes
situações.
142 Não tenho medo de criticar alguém em publico quando ele merece.
143 Gosto de me sentir livre para fazer o que quero.
144 Gosto de me sentir livre para ir e vir quando quiser.
145 Gosto de usar palavras cujo significado as outras pessoas desconhecem.
146 Gosto de planejar antes de iniciar algo difícil.
147 Qualquer trabalho escrito que faço, gosto que seja preciso, limpo e bem-
organizado.
148 Gosto que as pessoas notem e comentem a minha aparência quando
estou em público.
149 Gosto de ler ou assistir manchetes sobre assassinatos ou outras formas
de violência.
150 Agi covardemente em certos momentos de minha vida.
151 Gosto que meus amigos me tratem com delicadeza.
152 Gosto de ser generoso(a) com os outros.
153 Gosto de ter minhas refeições organizadas e um horário definido para
comer.
154 Gosto de contar estórias e piadas engraçadas em festas.
155 Gosto de dizer coisas que os outros consideram engraçadas e inteligentes.
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RESUMO
LOPES, S R A - Fatores psicossociais associados à gravidez e ao Diabetes na
adolescência. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa
de São Paulo, 2006.
O estudo tem por finalidade identificar os fatores psicossociais associados ao
diabetes que possam predispor à gravidez na adolescência, além de analisar as
repercussões emocionais da gestação em jovens diabéticas comparadas às
jovens não diabéticas.
Trata-se de um estudo transversal, que contou com a colaboração de 55
adolescentes do sexo feminino, com idades entre 11 e 19 anos, sendo distribuídas
em quatro grupos: diabéticas (16), não diabéticas (16), gestantes não diabéticas –
primigestas, (20) e gestantes diabéticas – primigestas.(3). Foram utilizados como
instrumentos de investigação: questionário elaborado especificamente para os fins
deste estudo, Inventário Fatorial de Personalidade (IFP) e BPR –V ( Bateria de
Provas de Raciocínio – Raciocínio Verbal).
Conclui-se que fatores como a idade, o nível de escolaridade, a ocupação atual,
os planos para o futuro e a orientação sexual podem predispor à gravidez. As
gestantes diabéticas caracterizam-se por pertencer a uma faixa etária superior,
com maior grau de escolaridade, tendo como ocupação o estudo e ou trabalho,
planos para o futuro e por ter recebido mais orientações sexuais do que as jovens
dos demais grupos estudados. A doença crônica, o diabetes, parece ser um fator
igualmente relevante na decisão pela gravidez. Outros fatores como idade de
início da vida sexual, uso regular de algum método contraceptivo e qualidade do
relacionamento familiar são significativos para a ocorrência de uma gravidez na
adolescência, sendo estes similares nas populações de jovens diabéticas e não
diabéticas. O desejo de independência associado a uma resistência à mudança
caracteriza o perfil das gestantes tanto diabéticas quanto não diabéticas,
entretanto, a ambição, o empenho em vencer obstáculos, bem como a ordem e a
disciplina na concretização de suas metas diferenciam as gestantes diabéticas,
tornado-as mais conscientes de suas escolhas.
ABSTRACT
LOPES, S R A – Psychosocial aspects associated to pregnancy and diabetes in
adolescence. Doctorate Thesis. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de
São Paulo, 2006.
The aim of this study is to identify the psychosocial aspects associated to diabetes
that may predispose adolescents to pregnancy, and also to analise emotional
repercussions on diabetic young pregnant compared to non-diabetic young
pregnant.
This is a transversal study, with the colaboration of 55 female adolescents with
ages between 11 and 19 years old, distributed in four groups: diabetic (16), non-
diabetic (16), non-diabetic first-time pregnant (20), diabetic first-time pregnant (3).
The following investigation instruments were used: specific questionnaire
elaborated for this study, Personality Factorial Inventary (PFI) e RTB – V
(Reasoning Tests Battery – Verbal Reasoning).
The conclusion is that aspects like age, educational level, current occupation,
future plans and sexual choice may predispose to pregnancy. Diabetic pregnant
belong to a higher age agroup, with a higher educational level, an occupation
(study or job), plans for the future and more sexual information than the young
adolescents from the other studied groups. Chronic disease, diabetes, seems to be
an equally relevant factor on pregnancy decision. Other aspects like age of the
beginning of sexual life, regular use of any contraceptive method and quality of
family relationships are significant to adolescence pregnancy, being similar to the
diabetic and non-diabetic young populations. A desire of independence associated
to a resitance to change characterize the profile of both diabetic and non-diabetic
pregnant, although ambition, willing to overcome obstacles, as well as order and
discipline on achieving their goals distinguish the diabetic pregnant, making them
more conscious of their choices.
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