A morte de Bussunda, noticiada nas capas dos jornais (18.6.2006), tem na paródia
força que produz sentido dialógico. Entende-se que a paródia “[...] é o modo privilegiado de
carnavalização artística. Ao aproximar-se de um discurso já existente, diametralmente oposta à do
original, a paródia é especialmente adequada às necessidades da cultura opositora, precisamente
porque ela reconhece a força do discurso.” (STAM, 2000, p. 90). A associação do arranjo que
ecoa o signo do humor flui em dialogismo com os enunciados discursivos da televisão
(humorista), do jornalismo impresso (Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo), do futebol
(jogador Ronaldo) e da política (presidente Lula). O discurso é parte de uma discussão ideológica
numa escala maior, refutando, confirmando e antecipando respostas, produzindo sentido na
relação daquilo que é conhecido (futebol e política) com o humor promovido pela paródia.
Através do dialogismo, percebe-se a necessidade do outro na realização do discurso, pois o
discurso é uma promessa, objetivo de realização de si mesmo (BAKHTIN, 1995, p. 123).
Através do dialogismo entendido como um princípio geral do agir humano, que, na
interação, com referência ou com contraste a outros enunciados, orienta o entendimento
(SOBRAL. In: BRAIT, 2005), compreende-se que no jornal O Estado de S. Paulo (7 e 9 de junho
– Tabela 2 - ANEXO C – 2), o fato de Lula ter dado “senha” e apoio financeiro a órgão ligado
ao MLST, de que integrantes que cometeram crimes, torna Lula também criminoso.
A comunicação é instrumento de realização social. A forma aparece como processo
estético e a linguagem como conteúdo, efetivando relações materializadas no signo, sentido
histórico – ideológico. “O ser, refletido no signo, não apenas nele se reflete, mas também se
refrata. O que determina esta refração do ser no signo ideológico? O confronto de interesses
sociais nos limites de uma só e mesma comunidade semiótica [...]”. (BAKHTIN, 1995, p. 46).
Os signos observados nas capas dos jornais produzem uma realidade material
concreta, evidenciando o sujeito do jornal como ser do discurso, numa condição sócio-histórica
que integra o outro numa cadeia semiótica com contexto mediato e imediato, num devir
sustentado na alteridade. Essa necessidade do outro confirma a dialogicidade que define a
multidirecionalidade
da orientação de um eu para o outro (MACHADO, 1995, p. 310).
O signo, na dialogia discursiva da arena social do jornalismo, sua forma interdisciplinar
e a dinâmica interacional de totalidades com função ideológica e significação com produção de
sentido na circulação de enunciados jornalísticos, em signos como agrado, agressão, alter ego,
amizade, aumento de preço, autoritarismo, bebida, campanha, chantagem, comemoração, crime,
demagogia, derrota, despreocupação, disputa, favorecimento, fracasso, guerra econômica, imposto,
inauguração, ingenuidade, introspecção, lazer, negação, precariedade econômica, prosperidade,
protesto, reunião, tribunal e outros, demonstra como o jornalismo seleciona sentidos considerando
o outro num processo de comunicação constante, efetivado no devir.
Assim, a alteridade aparece como reflexo de si mesmo, afirmando a diferença do
outro, seja como ruptura ao centramento de si mesmo, seja como afirmação da diferença