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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
FACULDADE DE GEOLOGIA
CONSIDERAÇÕES MORFO-ESTRUTURAIS AO LARGO
DA PONTA DO PAI VITÓRIO – BÚZIOS – RJ
JORGE LUIZ FREITAS MATTIODA
Orientadora: Profa. Dra. Mônica Heilbron
Co-orientador: Prof. Dr. Marcelo Sperle Dias
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Programa de Pós-graduação em Análise de Bacias e Faixas Móveis
Rio de Janeiro
2005
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2
FICHA CATALOGRÁFICA
MATTIODA, JORGE L. F..
[Considerações Morfo-estruturais ao Largo da Ponta do Pai Vitório
– Búzios – RJ. Rio de Janeiro] 2005.
V, 30 p. 29,7 cm (Faculdade de Geologia - UERJ, Msc., Programa
de Pós-Graduação em Análise de Bacias e Faixas Móveis, 2005).
Tese - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, realizada na
Faculdade de Geologia.
1. Geologia e topografia marinhas da FPV. 2. Evolução da
margem Atlântica na área da FPV. 3. Registro de Linhas sísmica da
área da FPV.
I - FGEL/UERJ II - Título (série)
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3
Dedico esse trabalho à todos que de alguma forma me apoiaram e incentivaram e espero que num futuro
próximo possa continuar nessa linha de pesquisa e aprimorar os resultados.
4
Agradeço à minha orientadora Profa. Dra. Mônica Heilbron, pela oportunidade de estar retornando à
ciência, ao Prof. Dr. Paulo de Tarso pelo apoio no tratamento dos dados, a todo o pessoal do TEKTOS e a
minha família.
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Lista de Fotos, Figuras e Tabelas
Foto 1- Imagem de satélite da área de estudo.......................................................2
Foto 2 - Foto aérea da Ponta do Pai Vitório.........................................................24
Foto 3 - Visada do alinhamento Ponta do Pai Vitório – Ilha Feia.........................25
Foto 4 - Foto de perfil da Ponta do Pai Vitório.....................................................26
Fotos 5 e 6 - Escarpa da Ilha Feia.......................................................................29
Fotos 7 e 8 - Fotos da cabine de comando da embarcação................................32
Foto 9 - Perfilador de Subfundo Geostar SB-216 S.............................................33
Foto 10 - Lançamento do perfilador de Subfundo................................................33
Fotos 11 e 12 – Monitor de bordo exibindo linha sísmica em tempo real............34
Figura 1 - Mapa estrutural sísmico da área de estudo...........................................3
Figura 2 - Intenção inicial do levantamento............................................................5
Figura 3 - Tipo de resposta e traço do eco.............................................................7
Figura 4 - Sistema de aquisição de dados.............................................................8
Figura 5 - Esquema de reboque usado no levantamento......................................9
Figura 6 - Subdivisãodo sistema orogênico Mantiqueira.....................................10
Figura 7 - Localização dos orógenos do sistema orogênico Mantiqueira............11
Figura 8 - O supercontinente Gondwana.............................................................12
Figura 9 - Mapa geológico simplificado do orógeno Ribeira................................13
Figura 10 - Seção estrutural composta do orógeno Ribeira.................................14
Figura 11 - Perfil esquemático (transect) da área de estudo...............................16
Figura 12 - Localização do perfil esquemático.....................................................16
Figura 13 - Hipótese de abertura do Atlântico Sul................................................19
Figura 14 - Arcabouço Tectônico do Sudeste......................................................20
Figura 15 - O Rift Continental Sudeste do Brasil.................................................22
Figura 16 -Mapa magnetométrico da área do Gráben de Barra de São João.....23
Figura 17 - Geologia da Ponta do Pai Vitório.......................................................24
Figura 18 - Perfil esquemático clássico de falha..................................................26
Figura 19 - Localização das linhas sísmicas efetuadas.......................................28
Figuras 20, 21, 22 e 23 - Perfis sísmicos analisados................................. .39 a 42
Figura 24 - Mapa com as linhas sísmicas plotadas..............................................43
Figura 25 - Mapa com as feições estruturais plotadas.........................................45
Figura 26 - Mapa comparando o trabalho de Mohriak e este trabalho.................47
Tabela 1 – Relação das linhas sísmicas efetuadas.............................................30
6
INDICE
Cap 1. INTRODUÇÃO:
1.1 Caracterização do Problema e Localização da Área.........................................1
1.2 Objetivos de estudo..........................................................................................3
Cap 2. METODOLOGIA:
2.1 Levantamento Bibliográfico...............................................................................3
2.2 Preparação Para a Etapa de Campo................................................................4
2.3 Fundamentos de Sísmica Rasa........................................................................6
2.4 Descrição dos Equipamentos Usados e Parâmetros de Aquisição..................8
Cap 3. CONTEXTO TECTÔNICO E GEOLÓGICO REGIONAL:
3.1 Introdução...................................................................................................... 10
3.2 Arcabouço Tectônico do Precambriano da Região Sudeste..........................11
3.2.1 A Faixa Ribeira............................................................................ ...............14
3.2.2 O Terreno Cabo Frio e a Orogenia Búzios................................... ..............16
3.3 Evolução Tectônica Meso-Cenozóica............................................................18
3.3.1 Quebra do Gondwana e Formação das Bacias de Campos e Santos........19
3.3.2 Reativações Cenozóicas e O Sistema de Rifts Continentais do Sudeste...21
3.3.3 O Gráben de Barra de São João.................................................................24
3.3.3.1 A Falha do Pai Vitório...............................................................................22
Cap 4. RESULTADOS:
4.1 Síntese da Etapa de Campo...........................................................................30
4.2 Linhas Sísmicas..............................................................................................37
4.2.2 As Linhas L4, L10, L12 e L14.....................................................................38
Cap. 5 DISCUSSÕES:
5.1 Considerações Gerais sobre os Resultados..................................................44
5.2 Comparações com Trabalhos Anteriores.......................................................46
Cap.6 CONCLUSÕES:
6.1 Conclusões Gerais.........................................................................................48
BIBLIOGRAFIA
......................................................................................................49
ANEXOS
..................................................................................................................ix
7
RESUMO
Entendimentos dos mecanismos e causas dos movimentos tectônicos têm preocupado muito a raça humana, não
somente no que se refere a catástrofes naturais, bem como a proteção e manutenção de estruturas de engenharia e a
morfologia de fundo e sub-fundo em diversos locais da crosta terrestre. O presente trabalho visa a ilustrar feições
estruturais decorrentes de movimentos tectônicos, enfocando mais a parte de estruturas que podem exemplificar
movimentos tectônicos recentes. A área de estudo está localizada bem próxima a prolífica Bacia de Campos no estado
do Rio de Janeiro, mais precisamente na plataforma rasa ao largo da ponta do Pai Vitório em Búzios-RJ. A prospecção
geofísica foi feita utilizando-se um perfilador de sub-fundo da Edgetech, o Geostar SB-216S na intenção de se
identificar e mapear feições estruturais decorrentes de movimentos tectônicos recentes. Perfis sismicos paralelos (dip) e
perpendiculares (strike) à Falha do Pai Vitório (Heilbron, 1982) foram obtidos e analisados. No presente trabalho
somente encontra-se resultados parciais que já se apresentaram bem satisfatórios na exemplificação das feições
estruturais de movimentos tectônicos recentes.
8
ABSTRACT
The understanding of the mechanisms e causes of the tectonic movements has much worried the human race, not only in
concern of natural catastrophic events, as well as the protection and maintenance of engineering structures and bottom
and sub-bottom morphology in many places of the earth´s crust. This present work aims to illustrate structural features
originated from tectonic movements, focusing more in the recent tectonic movements examples. The area of this present
work is located very close to the prolific Campos Basin in Rio de Janeiro state, more precisely on the shallow platform
area offshore of Ponta do Pai Vitório in Búzios-RJ. The geophysical prospection was done using a sub-bottom profiler
from Edgetech, the Geostar SB-216S with the intention of identification and mapping the structural features originated
by recent tectonic movements. Seismic profiles dip (parallel) and strike (perpendicular) of the Pai Vitório´s fault
(Heilbron, 1982) were obtained and analised. In this present work is only parcial results which are well satisfactory in
the exemplification of the structural features from recent tectonic movements.
9
Capítulo 1. INTRODUÇÃO
O Sistema de Riftes Continentais do Sudeste (Riccomini, 1989), foi primeiramente
denominado por Almeida, 1976, como Sistema de Riftes da Serra do Mar. Este sistema
está localizado próximo à borda da margem continental sudeste brasileira e é constituído
por bacias tafrogênicas cenozóicas, alinhadas numa direção aproximada NE-SW. Em
1990 foi descoberto ao largo da linha de costa de Barra de São João, no Estado do Rio de
Janeiro, um gráben assimétrico denominado de Gráben de Barra de São João (Mohriak &
Barros, 1990), o qual foi interpretado como integrante desse sistema de riftes na parte
offshore da margem continental sudeste. A área de estudo se localiza nas proximidades
da porção sudoeste deste gráben, mais precisamente ao largo da Ponta do Pai Vitório ao
norte do Cabo Búzios no estado do Rio de Janeiro.
1.1 Caracterização do Problema e Localização da Área
A área da região de estudo está situada na região do Cabo Búzios, na costa do
Estado do Rio de Janeiro e vem sendo considerada por diversos autores (Heilbron et al,
1982, Fonseca et al, 1984, Schmitt, 2001) como um “terreno raro”, de características
ímpares na costa brasileira, possuindo sua correlação geológica somente do outro lado do
Atlântico, na África.
O Cabo de Búzios é uma feição geomorfológica com comprimento de 6 - 7 km
aproximadamente que faz parte, juntamente com a Região de Cabo Frio, da zona de
inflexão da costa brasileira. A Ponta do Pai Vitório está ao nordeste do Cabo de Búzios
como uma pequena indentância na linha de costa (Foto 1).
Com o objetivo de auxiliar a investigação da evolução tectônica da margem Sudeste
brasileira, o presente estudo pretende investigar o arcabouço da porção rasa da Bacia de
Campos junto ao Cabo Búzios e correlacionar com dados de Geologia onshore, bem como
os dados estruturais disponíveis para o Gráben de Barra de São João.
10
Os dados estruturais levantados por Heilbron et al., 1982 e por Rubim, 2004;
sugerem que a falha do Pai Vitório possa representar o prolongamento das falhas do
Gráben de Barra de São João publicadas por Mohriak & Barros, 1990.
Esses problemas foram investigados com um equipamento de sísmica de alta
resolução e fez parte de uma parceria de colaboração científica entre o DGRG/FGEL e o
Depto. de Oceanografia/IGEO da UERJ.
Foto 1: Imagem de Satélite da região de estudo e o suposto lineamento paralelo as estruturas do
estudo.
Ponta do Pai Vitório
Ilha Feia
Cabo Búzios
11
1.2 Objetivos de estudo
O objetivo central do presente trabalho é a integração estrutural entre o
embasamento onshore aflorante e a porção rasa offshore da região do Grabén de Barra
de São João (Mohriak & Barros, 1990) com o detalhamento da continuidade da Falha do
Pai Vitório (Heilbron,1982), efetuando-se a investigação de feições estruturais indicadoras
de processos de tectonismo recente. Essas feições poderiam ser zonas de falhas,
escalonamentos, desníveis de terreno, etc.
Numa escala mais regional objetiva-se também a investigação da conexão entre
esse alinhamento (Falha do Pai Vitório – Ilha Feia) e a borda sul do Gráben de Barra de
São João a qual sugere que seja uma continuação da Falha do Pai Vitório (Heilbron et al,
1982) (fig. 1).
Figura 1: Mapa estrutural sísmico com intervalo de contorno de 50 milissegundos (Mohriak & Barros, 1990)
Borda Sul do Gráben de B. de S. João
Ponta. do Pai Vitório
Falha do Pai Vitório
Área de Estudo
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Capítulo 2. METODOLOGIA
2.1 Levantamento Bibliográfico
Nessa etapa, foram consultados artigos de diversas publicações referentes à área
de estudos e a identificação de cartas náuticas do DHN (Departamento de Hidrovias
Navegáveis), carta 1500 (Cabo São Tomé – Rio de Janeiro) regional e carta 1504
(Enseadas de Búzios), escala 1:20000, local. Tambem foi utilizado uma carta do DRM
(Departamento de Recursos Minerais), nº SF.24-Y-A-IV-1, de Barra de São João, escala
1:50000.
As principais feições geológicas da porção emersa foram obtidas a partir do Mapa
Geológico da Região Sudeste fornecido pelo Grupo de Pesquisa em Tectônica, TEKTOS,
da Faculdade de Geologia da UERJ.
2.2 Preparação Para a Etapa de Campo
Com a direção do alinhamento estrutural definido (foto 1), e após levantamento
bibliográfico sobre a área de interesse, foi efetuada uma investigação sobre a
disponibilidade de dados levantados sobre a morfologia de fundo (batimetria) visando
otimizar as condições de operação dos equipamentos que seriam utilizados. Quanto à
disponibilidade de dados, foram obtidos dados de batimetria das cartas náuticas DHN-
1504 e DRM Nº SF.24-Y-A-IV-1 de Barra de São João e numa escala mais regional,
levantamentos aéreos de magnetometria e gravimetria.
Para efetuarmos a obtenção das linhas sísmicas, estabelecemos linhas de
navegação perpendiculares à estrutura principal a ser analisada (o prolongamento da
Falha do Pai Vitório em direção ao mar). Procuramos também definir uma direção de
alinhamento offshore da Falha do Pai Vitório que iria da feição fisiográfica Ponta do Pai
Vitório até a escarpa nordeste da Ilha Feia, a aproximadamente 2 Km da costa (linha
plotada na foto 1e figura 2). Foram tambem planejadas linhas de navegação paralelas à
direção do alinhamento.
13
A carta náutica DHN-1504 (Enseadas de Búzios), a qual melhor representou a
cobertura de dados iniciais, foi utilizada para a digitalização da linha de costa (Cabo
Búzios – Ponta do Pai Vitório). Nesta etapa de estudos foram utilizadas as dependências
do Laboratório de Oceanografia Geológica da UERJ e a versão 14 do software AutoCad
para processamento da digitalização. Foi necessária a transformação de coordenadas
geográficas (latitude e longitude) para coordenadas UTM (Universal Transverse de
Mercator), e para tal procedimento foi utilizado o software Geocalc.
Visando atingir os objetivos, foram programadas oito linhas sísmicas
perperdiculares à direção do alinhamento e pelo menos duas linhas sísmicas paralelas a
estrutura, intersectando as linhas sísmicas perpendiculares em ambos os lados da
estrutura principal. Pela nomenclatura internacional, denominei as linhas paralelas à linha
de costa como linhas “strike”, e as linhas perpendiculares à linha de costa como linhas
“dip”.
Foram tomadas precauções no sentido de não investigarmos áreas de
granulometria grosseira como a Formação Barreiras visto que essa formação, por
experiências anteriores, proporcionou um registro sísmico de qualidade ruim devido à sua
forte compactação e mescla de granulometria (Sperle, (comunicação verbal) 2004).
Figura 2: Proposta inicial do levantamento sísmico.
Direção do Alinhamento
CABO BÚZIOS
Ponta do Pai Vitório
14
Uma vez obtidas, as linhas sísmicas foram processadas e tratadas e foram
efetuadas análises sismo-estratigráficas e correlações sismo-estratigráficas para
evidenciar descontinuidades e possíveis falhamentos das camadas superficiais (primeiros
20 – 25m) de sub-fundo, e posteriormente efetuar a plotagem desses possíveis
falhamentos com suas direções de mergulho.
De posse de todos esses dados georreferenciados, foram mapeados os horizontes
sísmicos e elaborado um mapa de feições com dados mais atualizados da área de estudo.
Existe também a intenção de comparar os dados obtidos nessa campanha com os dados
obtidos segundo Mohriak & Barros, 1990, mesmo sendo este citado levantamento
realizado em uma escala de menor detalhe, utilizando diferentes equipamentos de
prospecção geofísica.
2.3 Fundamentos de Sísmica de Reflexão de Alta Resolução
Apesar dos métodos de sensoriamento remoto convencionais (ótico e radar)
poderem ser utilizados amplamente no reconhecimento de terras emersas, bem como a
alta tecnologia dos satélites, que se aprimora a cada dia, esta técnica não poder ser
utilizada na investigação submarina, por causa da alta atenuação ocasionada nas ondas
eletromagnéticas pela água do mar. Desta forma, o método de sensoriamento remoto
acústico é o mais viável para a investigação das superfícies do fundo do mar e das
camadas geológicas de sub-fundo.
A velocidade de propagação das ondas acústicas em um meio qualquer é função
de suas constantes elásticas: módulo de Young (E), modulo de Poisson (n), módulo de
rigidez (µ) e módulo de compressão (k). Estas constantes variam com o tipo de material e
a deformação que este material sofre quando uma força atua sobre ele. A velocidade das
ondas P (longitudinais) e S (transversais) são dadas pelas equações de Schön, 1996:
k + 4 μ
Vp = _____3___ Vs= ___µ___
ρ ρ
15
Onde ρ é a densidade do material em que a onda se propaga. Como o módulo de
rigidez (µ) da água é igual a zero as ondas do tipo S não conseguem se propagar nesse
meio. A variação da velocidade do som na água do mar depende basicamente da
salinidade e é assumida como sendo 1500 m/s. A velocidade de propagação do som nos
sedimentos, depende basicamente dos módulos de compressão e rigidez. Woods (1991),
sugere que os fatores que controlam esses parâmetros são: porosidade, pressão de
confinamento, grau de saturação e temperatura e que os sedimentos inconsolidados
possuem duas fases de matéria: sólida e grãos com líquidos = fluido intersticial.
A velocidade das ondas P variam entre 800 m/s em sedimentos inconsolidados
saturados com gás a 4000 m/s em rochas sedimentares profundas.
A impedância acústica é a propriedade que diferencia a propagação da velocidade
do som nos diferentes materiais e é definida como o produto da velocidade do som e a
densidade do material. A diferença entre as impedâncias acústicas é o que proporciona a
reflexão (e refração) do som nas camadas de sub-fundo evidenciando os refletores
acústicos (ou sísmicos) no registro sísmico.
Também em relação ao tipo de eco e rugosidade do fundo, podemos ter diferentes
tipos de resposta e posteriormente a sugestão de elaborar um mapa de carater de eco e
fácies geológicas (Fig.3).
Figura 3: Tipo de resposta e traço do eco em relação ao tipo de fundo (rugosidade) (extraído de
Ayres, A., 2001)
16
2.3 Descrição dos Equipamentos e Parâmetros de Aquisição
Foram utilizados os seguintes equipamentos de prospecção geofísica: Ecobatímetro
Raytheon e Perfilador de Sub-fundo Geostar SB-216S da Edgetech. Para o
posicionamento durante a aquisição, foram adicionados ao sistema de aquisição de dados
dois tipos de posicionamento por satélite: GPS (da CSI, Comunication International
Systems) e DGPS (versão digital do GPS) Multi-Navigator (da Silva Sweden AB.) para
confirmar e tornar mais acurado o posicionamento. O peixe de reboque utilizado foi o SB-
216S Tow Vehicle da Edgetech Corporation, o qual possui alcances de freqüência em três
níveis: de 2 a 16 kHz, 2 a 12 kHz e 2 a 10 kHz, proporcionando uma possível variação de
acordo com a necessidade de resolução e penetração do pulso sísmico. O transdutor e o
receptor são montados no mesmo veículo de reboque, o que caracteriza o levantamento
como sendo do tipo “single-shot”, ou seja monocanal (Fig. 4). A penetração típica
alcançada pelo sistema seria de seis metros em areias grossas e calcáreas a oitenta
metros (optimum máximo) em argilas inconsolidadas.
O esquema de aquisição de dados está exemplificado suscintamente na figura 5.
Figura 4: Esquema de reboque utilizado no levantamento (extraído de Ayres, A., 2001).
17
Processador de Bordo
Figura 5: Peixe de Reboque SB-216s, um processador de bordo, um ecobatímetro e dois tipos de
sistema de posicionamento (GPS e DGPS) compõe o sistema de aquisição de dados.
Uma vez que o levantamento foi realizado em esquema de reboque simples (Fig.
4), e o sistema de aquisição de dados com as características de single shot (tiro único), foi
possível estabelecer a correlação dos dados do perfilador de sub-fundo e do ecobatímetro
em tempo real, o que reafirma a profundidade local à cada “ping” (pulso sísmico). O peixe
de reboque permaneceu a profundidade de aproximadamente dois metros durante todo o
levantamento.
A penetração e a resolução dos perfis sísmicos alcançou de 60 a 80 milissegundos
de penetração em média, o que se traduz em um intervalo de 20 a 40 metros de
profundidade aproximadamente.
Ecobatímetro
Raytheon
GPS e DGPS
18
Capítulo 3. CONTEXTO TECTÔNICO E GEOLÓGICO REGIONAL
3.1 Introdução
O supercontinente Gondwana formou-se no Neoproterozóico como resultado da
colagem de terrenos acrescidos aos crátons do Amazonas e do São Francisco durante a
orogenia Brasiliana e/ou Panafricana (Almeida, 1967; Almeida, 1969; Almeida et al., 1976;
Almeida et al., 1981; Almeida et al., 2000; Cordani et al., 2000; Heilbron et al., 2000 in
Mohriak, 2005). A orogenia Brasiliana-Panafricana teve seu ápice no Neoprecambriano-
Eopaleozóico. Em seguida, as bacias sedimentares geradas teriam sido preenchidas por
uma fase de sedimentação intracratônica paleozóica (Paraná, Parnaíba, Amazonas) com
diversos ciclos deposicionais (Milani & Zalán, 1999; Milani & Thomaz-Filho, 2000; apud
Mohriak 2005). No Mesozóico essas bacias sofreram extensão afetada pela ruptura
continental (quebra do Gondwana), resultando em feições extensionais de riftes
superpostos aos sedimentos anteriormente depositados. Ocorreram também coberturas
de derrames basálticos associados à abertura do Atlântico Sul. Eventos tectono-
magmáticos são também registrados no Neocretáceo e no Eoterciário, notadamente na
Região Sudeste, com a implantação de um sistema de riftes tafrogênicos entre São Paulo
e Rio de Janeiro (Almeida, 1976; Almeida, 1983; Melo et al., 1985; Almeida, 1986; Almeida
& Carneiro, 1989; Almeida et al., 1996; in Mohriak, 2005).
O sistema de riftes que formaram as bacias da margem continental brasileira,
principalmente no segmento entre Sergipe-Alagoas e Santos, são conseqüência de
processos extensionais datados do Neojurássico ao Eocretáceo (Asmus & Baisch, 1983;
Szatmari et al., 1985; Chang et al., 1992; apud Mohriak, 2005). Há evidências de esforços
extensionais polifásicos nas regiões extremas da placa sul-americana, com idades de
sedimentos preenchendo grábens que atingem até o Triássico, corroboradas por datação
geocronológica de rochas intrusivas e extrusivas precedendo a fase principal de
rifteamento (Conceição et al., 1988; Mizusaki et al., 1988; Mizusaki et al., 2002; apud
Mohriak, 2005). O clímax do rifteamento deu-se no intervalo Neojurássico-Eocretáceo,
coincidente ou logo após a formação de lavas basálticas (Rabinowitz & LaBrecque, 1979;
Müller et al., 1997; apud Mohriak, 2005).
19
3.2 Arcabouço Tectônico do Precambriano da Região Sudeste
O embasamento do Sistema de Rifts Continentais do Sudeste, situa-se no
segmento central da província da Mantiqueira, que compreende um sistema orogênico
Neoproterozóico no Sul e Sudeste do Brasil, e compõem-se dos orógenos Araçuaí no
segmento setentrional, Ribeira, Brasília Sul e Apiaí no segmento central e Dom Feliciano e
São Gabriel no segmento meridional; desde o Sul da Bahia até o Rio Grande do Sul (fig. 6,
extraído de Heilbron et al, 2004).
Fig. 6- Subdivisão do Sistema Orogênico Mantiqueira: o segmento setentrional é o Orógeno Araçuaí;
o segmento central inclui a porção sul do Orógeno Brasília e os orógenos Ribeira e Apiaí; e o segmento
meridional inclui os orógenos Dom Feliciano e São Gabriel. As cores roxo e laranja indicam os terrenos que
alojam os arcos magmáticos neoproterozóicos (Heilbron et al., 2004)
20
A figura 7 (extraída de Heilbron et al., 2004) mostra a hipótese no contexto
Gondwana Ocidental. Nessa figura podemos observar do lado brasileiro, os orógenos
Ribeira (R), Araçuaí (A), Brasília (B) e Apiaí (AP) e correspondentemente na África, os
orógenos Congo (CO) e Kaoko (K). O cráton do São Francisco no lado brasileiro
corresponderia ao cráton do Congo (que seriam neoproterozóicos).
A história do embasamento cristalino da Região Sudeste do Brasil está ligada a
formação do supercontinente Gondwana. Schmitt et al, 2004 (fig. 8) exibem a sugestão de
posição dos blocos cratônicos continentais e faixas móveis no pretérito supercontinente
(modificado de Powell, 1993).
Fig. 7- Localização dos orógenos do Sistema Orogênico Mantiqueira no contexto do Gondwana
Ocidental (extraído de Heilbron et al., 2004; modificado de Trompette, 1994). 1- Bacias fanerozóicas. 2-
Coberturas cratônicas. 3- Orógenos neoproterozóicos (B- Brasília, A- Araçuaí, R- Ribeira, ZI- Zona de
Interferência, AP- Apiaí, DF- Dom Feliciano). 4- Crátons neoproterozóicos (CSF- São Francisco, LA- Luis
Alves, RP- Rio de La Plata). Na África localizam-se as faixas neoproterozóicas do Congo Ocidental (CO),
Kaoko (K), Damara (D), Gariep (G) e Saldania (S), relacionadas aos crátons do Congo e Kalahari.
21
Figura 8: O Supercontinente Gondwana com seus blocos cratônicos e faixas móveis Pan-Africano-
Brasiliano (extraído de Schmitt et al, 2004, modificado de Powell, 1993).
22
3.2.1 A Faixa Ribeira
A Faixa Ribeira (fig. 9 e 10) possui uma extensão de aproximadamente 1400 km ao
longo da margem Atlântica da Região Sudeste e se desenvolveu na borda sudeste do
Cráton do São Francisco.
Fig. 9- Mapa geológico simplificado do Orógeno Ribeira, extraído de Heilbron et al , 2004. Legenda
1-Sedimentos quaternários, 2- Sedimentos terciários, 3-Rochas alcalinas cretáceas/terciárias, 4-Granitóide
Brasilianos sin a pós-colisionais (4-9)- 4-Biotita granitos pós-colisionais (510-480 Ma, G 5 ), 5-Granitos
contemporâneos às ZCs D3 (535-520 Ma,G 4 ), 6-granitos e charnockitos tardi-colisionais (ca. 560 Ma, G 3 );
7-Granitos porfiróides sin-colisionais (590-560 Ma); 8-Leucogranitos e charnockitos tipo S ou híbridos sin-
colisionais (ca. 580 Ma, G2); granitóides com idade indeterminada (9-10): 9-Hornblenda granito gnaisse; 10-
Suítes Anta e São Primo; 11-Arco magmático Rio Negro (790-620 Ma); Terreno Ocidental (12-17):
Megasseqüência Andrelândia (12-14): 12-Seqüência Rio do Turvo em fácies granulito de alta P; 13-
Seqüência Rio do Turvo; 14-Seqüência Carrancas; 15-Complexo Mantiqueira; 16-Fácies distais da
Megasseqüência Andrelândia no Domínio Juiz de Fora; 17-Complexo Juiz de Fora; 18-Complexo Embu
indiviso; Terreno Paraíba do Sul (19-20): 19- Grupo Paraíba do Sul; 20-Complexo Quirino; Terreno Orinetal
(21-22): 21-Sucessão metassedimentar Italva; 22-Sucessão metassedimentar Costeiro; Terreno Cabo Frio
(23-24): 23-Sucessão Búzios e Palmital; 24-Complexo Região dos Lagos
23
Heilbron et al, 2000 sugerem que a Faixa Ribeira possa ser subdividida em quatro
diferentes terrenos tectono-estratigraficamente: o Terreno Ocidental, a Klippe do Paraíba
do Sul, o Terreno Oriental e o Terreno de Cabo Frio.
O Terreno Ocidental se divide em dois domínios, Andrelândia e Juiz de Fora que se
sobrepõem ao Cráton do São Francisco. O Klippe do Paraíba do Sul seria a fatia superior
do dobramento do segmento central da Faixa Ribeira (fig. 10).
Segundo Tubinambá et al, 1998 e Almeida et al, 1998, o Terreno Oriental, baseado
nos dados estruturais e geocronológicos seria o local de docagem do Arco Magmático
Ribeira.
Fig. 10- Seção estrutural composta do Orógeno Ribeira com a relação entre os diferentes terrenos e
domínios estruturais. Legenda: Terreno Ocidental (1-6): 1 a 3- Megasseqüência Andrelândia nos domínios
Autóctone, Andrelândia e Juiz de Fora, Terreno Ocidental; 4 a 6- Associações do embasamento (Complexos
Barbacena, Mantiqueira e Juiz de Fora); Terreno Paraíba do Sul (7-8): 7- Grupo Paraíba do Sul; 8-
Complexo Quirino; Terreno Oriental (9-13): 9- Seqüência Cambuci; 10- Seqüência Italva; 11- Seqüência
Costeiro; 12-Arco Magmático Rio Negro; 13- Granitos colisionais; Terreno Cabo Frio(14-15): 14-Seqüências
Búzios e Palmital; 15-Complexo Região dos Lagos
Em todos os terrenos da Faixa Ribeira foi proposta uma subdivisão lito-estratigráfica
simplificada entre três eventos deformacionais que foram mapeados segundo Heilbron et
al, 2000: a) rochas do embasamento antes de 1.8 Ga, b) cobertura metassedimentar
incluindo rochas metabásicas de afinidade MORB a intraplaca continental e c) Granitóides
Brasilianos. Essas divisões foram oriundas de dados geocronológicos e geoquímicos e o
mapeamento detalhado foi realizado com a suporte do grupo de pesquisas tectônicas da
Faculdade de Geologia, TEKTOS - UERJ
24
3.2.2 O Terreno Cabo Frio e a Orogenia Búzios
O embasamento da área alvo está inserido no Terreno Cabo Frio, tardiamente
amalgamado ao Gondwana em cerca de 520 Ma, na denominada Orogenia Búzios
(Schmitt, 2001).
O Terreno Cabo Frio é constituído por dois conjuntos do embasamento:
1 – Complexo Região dos Lagos
2 – Unidades Metassedimentares Neoproterozóicas
O Complexo Região dos Lagos corresponde a rochas metaígneas intensamente
metamorfizadas provavelmente com a ultima deformação e metamorfismo datando do
Cambriano (Schmitt et al, 2004; baseado em datações de U/Pb em zircão). Na figura 11
podemos evidenciar a Unidade Região dos Lagos localizada na área de estudo, composta
basicamente por ortognaisses félsicos e próxima à área de estudo a Unidade do Forte de
São Mateus caracterizada por anfibolitos.
Na zona de falha do Pai Vitório, o Complexo Região dos Lagos aflora no lado do
bloco mais elevado e cria um contato (descontinuidade) com sedimentos quaternários da
Formação Barreiras.
Em relação às unidades metassedimentares neoproterozóicas ocorrem duas
seqüências supracrustais denominadas de Unidade Búzios e Unidade Palmital (Reis et al.,
1980; Heilbron et al 1982, Ferrari et al., 1982 & Reis, 1995) basicamente compostas por
metassedimentos com menor grau de metamorfismo.
Observando-se os perfis elaborados por Schmitt et al., 2004 formando um transect
SW- NE da praia de José Gonçalves à ponta da praia de Geribá em Armação dos Búzios
(fig. 11), pode-se visualizar as superposições dessas seqüências supracrustais sobre o
Complexo Região dos Lagos (embasamento), as quais acredita-se que sofreram 3
períodos deformacionais (D1,D2, e D3). No evento caracterizado por Orogenia Búzios
(525 Ma – 460 Ma), o segmento mais ocidental da Faixa Ribeira, resultante da última
colagem de formação do Gondwana originou-se o espessamento crustal do Terreno Cabo
Frio com dobramentos e nappes.
25
A fase deformacional D1 representa uma tectônica mais dúctil e intensa com maior
gradiente térmico e que resultou na geração de grandes nappes. As fases D2 e D3
ocorrerram em condições de menor temperatura e pressão e na fase D3 se originaram as
foliações subparalelas e dobras em meso e macroescala (Schmitt et al., 2004).Finalmente
seguiu-se a fase deformacional D4, a qual se restringiu mais à oeste do Terreno Cabo Frio
(fora da área de estudo desse trabalho).
Palmital Succession
Búzios Succession
Foliation trace
Basement
B
Ky - Kyanite Kfs - K-feldspar Sil - Sillimanite
E
W
NE
SW
Búzios
Cabo Frio
4 Km
B’
A’
A
Sil
Ky + Kfs (+ Sil)
Ky + Kfs
(+ Sil)
Sil
Amphibolite boudins
Figura 11: Perfil esquemático dos transects na região de estudo, Schmitt et al., 2004.
A localização desses perfis está na figura 12.
26
42º00'
42º30'
A
TL
A
N
TI
C
O
C
E
A
N
30 km
Ponta Ne
g
ra
Armação dos
Búzios
Macaé
Rio das Ostras
Cabo Frio
Araruama
Lagoon
BUZ-01, 44
BUZ-79
BUZ-06,07,08
BUZ-18,19,20
BUZ-11
BUZ-46
BUZ-62
BUZ-48
Granitoids (Cambrian-Ordovician)
Metasedimentary rocks
(Neoproterozoic - Cambrian)
Tinguí-Maricá orthogneiss (?)
Palmital Succession
(Neoproterozoic-Cambrian)
Supracrustal
Unit
Búzios Succession
(Neoproterozoic- Cambrian)
Paleoproterozoic basement
Região dos Lagos
and Forte de São Mateus
Units
Macaé
City
- Outcrops with
geochronological data
BUZ-XX
Ky-in
B’
B
A’
A
C
C’
Macaé
D
3
-
t
h
r
u
s
t
f
a
u
l
t
“ Oriental terrane
CFTD
NW
C
?
Alkaline plutons (Cretaceous to Paleogene)
Sedimentary cover (Cenozoic)
Structures
43º00'
22º30’
23º00'
41º
30
'
“Oriental terrane”
C
a
b
o
F
r
i
o
T
e
c
t
o
n
i
c
D
o
m
a
i
n
Ocean
C’
SE
22
º
00'
Figura 12: Localização dos perfis A – A’ e B – B’ (Schmitt et al, 2004 ).
Essa atividade tectônica Cambriana-Ordoviciana originou outras orogenias
sincrônicas ao longo da Margem do Gondwana. (ex: a Orogenia Pampeana na Argentina
entre outras) (Schmitt et al., 2004).
3.3 Evolução Tectônica Meso-Cenozóica
Sendo ferramenta de amplo interesse para o entendimento da geologia estrutural
de uma região, verificou-se que o reconhecimento de tectonismo recente seria um fator
importante para colaborar no entendimento da geomorfologia de superfície e sub-
superfície. Verificou-se também que auxiliaria em desvendar parâmetros como migração e
armazenamento de recursos minerais. Os estudos de tectonismo recente vêm melhorando
paralelamente ao desenvolvimento de tecnologia com a melhoria de técnicas de aquisição
de dados (geofísicos, imageamento por satélite, etc.).
27
Estruturas de caráter dúctil e rúptil, vêm comprovando um tectonismo intenso na
região Sudeste do período Paleozóico ao Cenozóico. Desde a abertura do Oceano
Atlântico no Cretáceo até os dias de hoje as rupturas de poços por compreessões intra-
placa, corrobora com a hipótese de que a região sudeste possui mecanismos tectônicos
de acomodação e transformação. Nessa região de tanto interesse de exploração dos
combustíveis fósseis é de suma importância que entendamos cada vez melhor como
esses mecanismos ocorreram e continuam atuando na geomorfologia local.
3.3.1 Quebra do Gondwana e a Formação das Bacias de Campos e Santos
Quando da abertura do Oceano Atlântico Sul durante o Cretáceo, tardio em relação
ao Atlântico Norte ocorreram diferentes pólos de rotação e movimentos relativos entre o
Brasil e a África ao longo do Cretáceo. Clásticos lacustres foram depositados desde o
Hauteriviano até o Aptiano e as bacias de sal foram depositadas durante o Albiano-
Aptiano. A atividade vulcânica, sugerida por vários autores como sendo de modelo de
"hot-spot", as quais formaram a elevações de Walvis (no lado africano) e Rio Grande (no
Brasil), serviram como barreiras para a deposição desses evaporitos que não ocorrem ao
sul dessas feições fisiográficas.
Como essa ocorrência das bacias de sal está balizada ao norte pela elevação do
Rio Grande, a indústria petrolífera acredita que a ocorrência de hidrocarbonetos esteja
ligada intrinsicamente a esses corpos salinos. Assim, desenvolve-se a maioria dos
estudos e prospecções de hidrocarbonetos nas bacias de Campos, Santos e mais
ultimamente na bacia do Espírito Santo. A espessura destas camadas de evaporitos varia
entre essas bacias e o tectonismo relacionado à elas também.
Estudos da abertura do Atlântico Sul tem sido levados em detalhe na região de
estudo, como o mapeamento dos diques toleíticos no Cabo de Búzios (Tetzner & Almeida,
2002). Estes autores concluiram que o alinhamento desses diques (EDCB – Enxame de
Diques do Cabo de Búzios) é concordante com o Enxame de Diques da Serra do Mar
(EDSM).
28
Por conseqüência, este alinhamento NE-SW verificado é coincidente com a maioria
dos alinhamentos das feições fisiográficas na região (Cabo de Búzios, Ponta do Pai
Vitório, Gráben de Barra de São João, etc.), reafirmando a tendência de inflexão dos
alinhamentos de N-S para E-W no interior desse zona de inflexão da linha de costa
brasileira, associadas à ação de zonas de transcorrëncia E-W.
Com base em estudos tectônicos, a abertura do Atlântico sul está de alguma forma
interligada a esses movimentos oriundos de esforços tectônicos E-W no Mesozóico e
Cenozóico atuantes em quase toda a margem continental brasileira, balizados por
magmatismos intrusionais, que se estendem desde o norte da margem continental leste
(Cadeia Vitória-Trindade) até o sul, (Elevação do Rio Grande) (fig. 13).
Figura 13: Hipótese da abertura do Atlântico Sul
(www.acd.ufrj.br/multimin/mmp/textos/cap5p/fig_4.htm)
29
Figura 14: Arcabouço Tectônico do Sudeste (segundo Cobbold et al, 2001)
3.3.2 Reativações Cenozóicas e o Sistema de Rifts Continentais do Sudeste
Aparentemente, segundo trabalho recente de Cobbold et al., 2001 (fig. 14), a região
da margem continental leste brasileira encontra-se atualmente sobre compressão devido à
pressões distantes provenientes dos Andes. Essa compressão é confirmada através da
análises de focos sísmicos (mais freqüentes na parte sul do sudeste) provenientes de
abalos sísmicos profundos na zona de subducção andina e da reativação tectônica
recente dessa margem afinada crustalmente por um soerguimento da MOHO. Outra forma
de comprovação destes esforços compressionais seria através da observação de
“breakouts” (ou quebra de colunas) e ovulações de poços exploratórios perfurados em
vários pontos; com maior incidência de “breakouts” nas bacias de Campos e Santos.
30
A região Sudeste obteve tensões compressivas E-W no Paleogeno e NW-SE no
Neogeno e isto se sucedeu através de um modelo de margem obliquamente rifteada
(Cobbold et al, 2001) (fig. 14). Os pólos de rotação das placas tectônicas quando da
abertura do Atlântico Sul também variaram no tempo geológico como indica a figura 13.
No Aptiano Superior (113 Ma) o pólo de rotação estava em 36º N/ 25º W e no Campaniano
Inferior (84 Ma) estava em 57º N/ 36º W sugerindo prováveis regiões de maior resistência
para a separação do Gondwana. Nesses locais houve uma circulação mais restrita desse
proto-oceano (fig. 13 - fonte www. acd.ufrj.br/multimin/mmp/textos/cap5p/fig_4.htm)
Ainda segundo Cobbold et al., 2001, esta compressão também poderia ter causado
a exumação dos maciços litorâneos. Desde do arco de Ponta Grossa mais ao sul e
seguindo para noroeste, temos a Serra de Paranapiacaba, Serra da Mantiqueira, Serra da
Mar e Serra dos Órgãos; essa última possuindo uma falha ativa na região a oeste do
Gráben de Barra de São João. A figura 14 mostra o mapa de Cobbold et al. (2001) para a
região sudeste. Cobbold et al 2001, também sugerem que dentre os fatores que
influenciaram a abertura do Atlântico Sul, houve a atuação de um hot-spot conjugada com
a atuação de forças distantes (Farfield stresses), a qual teria ocasionado que a crosta na
região da margem sudeste tenha sido rifteada obliquamente.
Quanto ao magmatismo, na porção onshore, foram reconhecidos dois pulsos
magmáticos distintos: um mais antigo (quebra do Gondwana) e um mais recente relativo a
reativação da plataforma sulamericana (Almeida, 1976). O mais antigo possui composição
toleítica (enxames de diques da Serra do Mar) e o mais recente composição alcalina
(diques, plugs e stocks), como por exemplo o Morro de São João, que faz parte do
lineamento de alcalinas Cabo Frio-Poços de Caldas. Na porção meridional da Plataforma
Brasileira são reconhecidas cerca de uma centena de intrusões de rochas alcalinas pós-
paleozóicas. Na região do SRCS ( Sistema de Rifts Continentais do Sudeste) essas
rochas integram as províncias do Arco de Ponta Grossa (Riccomini et al., 2004a), Serra do
Mar (Almeida, 1983) e do Alinhamento Magmático de Cabo Frio (Almeida, 1991; Riccomini
et al., 2004a).
31
Segundo Ricomini et al., 2000a, o SRCS em seu estágio atual pode ser dividido em
3 segmentos: Ocidental, Central e Oriental. O segmento ocidental, englobaria a Bacia de
Curitiba, área de ocorrência da Formação Alexandra, os grábens de Guaraqueçaba, Sete
Barras e Cananéia, área de ocorrência da formação Pariquera-Açu. O segmento central
incluiria as bacias de São Paulo, Taubaté, Resende e Volta Redonda, além das
ocorrências menores de Bonfim e Cafundó. O segmento oriental teria o gráben da
Guanabara que englobaria as bacias de Macacu e Itaboraí e o gráben de Barra de São
João (fig.15).
No segmento oriental do RCSB, os grábens da Guanabara e Barra de São João
possuem alinhamentos próximos com os grábens de Macacu e Itaboraí com direção ENE
e os grábens de Barra de São João e Guanabara com direção NE. Os grábens de Macacu
e Itaboraí seriam classificados como do tipo Hemi-grábens, com as falhas da borda Sul
possuindo um rejeito maior, análogo ao gráben de Barra de São João que tambem
apresenta a falha da borda Sul com maior rejeito. O gráben de Barra de São João foi
classificado como um Rombo-gráben, sugerindo assim maior atuação de forças
transpressionais / transtensionais.
Na área do gráben de Barra de São João foram registrados intensos sismos bem
como intrusões magmáticas alcalinas recentes, sugerindo assim que essa parte do
segmento oriental do RCSB poderia ter estado sujeito à forças extensionais quando da
abertura do Oceano Altlântico e forças compressivas mais recentes (Meso-cenozóicas).
Cobbold et al 2001, sugere que essas forças compressivas seriam de origem andina e que
teriam direções NW-SE no paleogeno e E-W no Neogeno (fig.14).
32
Figura 15: O RCSB (segundo Riccomini et al, 2004)
Contexto geológico regional do Rift Continental
do Sudeste do Brasil (RCSB) - 1) embasamento pré-cambriano; 2) rochas sedimentares paleozóicas da
Bacia do Paraná; 3) rochas vulcânicas toleíticas eocretáceas da Formação Serra Geral; 4) rochas
relacionadas ao magmatismo alcalino mesozóico-cenozóico; 5) bacias cenozóicas do rift (1- Bacia de
Itaboraí, 2- Gráben de Barra de São João, 3- Bacia do Macacu, 4- Bacia de Volta Redonda, 5- Bacia de
Resende, 6- Bacia de Taubaté, 7- Bacia de São Paulo, 8- Gráben de Sete Barras, 9-Formação Pariqüera-
Açu, 10- Formação Alexandra e Gráben de Guaraqueçaba, 11- Bacia de Curitiba, 12- Gráben de Cananéia);
6) zonas de cisalhamento pré-cambrianas, em parte reativadas durante o Mesozóico e Cenozóico. Fontes:
modificado de Melo et al.(1985a),Riccomini et al.(1996) e Ferrari & Silva (1997).
3.3.3 O Gráben de Barra de São João
As evidëncias de tectonismo Meso-cenozóico nas bacias de Santos e Campos
foram discutidas por inúmeros autores (Almeida J. et al, 2002; Cobbold et al., 2001;
Mohriak e Barros, 1990; etc.). A descoberta do Gráben de Barra de São João em 1990 por
Mohriak & Barros foi como que uma grande confirmação dessas evidências.
Este gráben foi classificado como um rombo-gráben de quarenta por vinte
quilômetros e com cerca de 800 metros de sedimentos empilhados sobre sua calha Sul,
mais profunda (Mohriak & Barros, 1990). A morfologia dessa estrutura tectônica somente
corrobora para a hipótese da presença de estruturas romboédricas devido a componentes
dextrais e sinistrais (Riccomini et al, 2004). O mapa magnetométrico residual do gráben de
Barra de São João, segundo Souza, 2002 está ilustrado na figura 16.
33
GRÁBEN DE BARRA DE SÃO JOÃO
área aproximada de 800 Km
2
Figura 16: Mapa Magnetométrico Residual da área do Gráben de Barra de São João. (Monografia deSouza,
2002).
34
3.2.3.1 A Falha do Pai Vitório
Avançando para o mar e estabelecendo uma forma de cabo com aproximadamente
400 a 500m de comprimento, entre as coordenadas UTM de 7482900 N, 196100 E e
7483150 N, 196500 E, (fuso 24 W, datum: córrego alegre) situa-se a Ponta do Pai Vitório
(fotos 1, 2, 3 e 4), feição fisiográfica originada pela ação da Falha do Pai Vitório. Segundo
Rubim, I. N., 2004 (monografia de graduação da Faculdade de Geologia da UERJ). A
Falha afeta um ortognaisse migmatítico com intrusões pegmatíticas e boudins de
anfibolito, onde se nota intensas zonas de fraturamento com espaçamento aproximado de
10m, perpendiculares ao plano de falha. Na zona de falha são encontrados brechas e
clataclasitos, onde em alguns pontos é possível indentificar clastos milimétricos,
suportados por uma matriz silicosa amorfa de coloração amarronzada (fig.17).
Figura 17: Geologia da Ponta do Pai Vitório (segundo Rubim, 2004).
59
84
89
19
08
07
01
06
02
03
05
04
09
17
16
11
12
18
13
14
15
Gnaisse brechado com clastos centimétricos
Cataclasito com clastos milimétricos
Ultra-cataclasito
Brecha clara com preenchimento milimétrico
Blocos gnaissicos suportados por matriz argilosa
Arenito conglomerático
Contato litológico obsrvado
Contato litológico inferido
Foliação
Falha normal
Zona de fraturamento
Pontos Estudados
Notação
Coberturas
Unidades cataclasticas
Unidades do embasamento
Praias
Talus com blocos de arenito conglomerático
Talus com blocos de brechas tectônicas
Dique anfibolítico
Biotita ganisse localmente lixiviado
LEGENDA
10
20 40
60
200m
ANEXO I
Mapa Geológico da Falha do Pai Vitório
Monografia de Graduação - Faculdade de Geologia / UERJ
Autor: Ilson Nunes Rubim
Orientador: Prof. Dr. Julio Almeida
(DGRG / FGEL / UERJ)
Base: Imagem aérea. Escala 1:1000
Escala 1: 2.000
Casimiro de
Abreu
Macaé
Cabiúnas
Morro de
São João
Barra de
São João
Cabo Frio
Farol do
Cabo
DECLINAÇÃO MAGNÉTICA 1983
E CONVERGÊNCIA MEDIANA
DO CENTRO DA FOLHA
NQ
NM
-20°18
1°06’22 ”
A DECLINAÇÃO MAGNÉTICA
CRESCE 8’ ANUALMENTE
Utilizar exclusivamenteos dados numéricos
N
G
44º
42º
21º
23º
Localização da Folha no
Estado do Rio de Janeiro
Grupo de Pesqui sa em Geotectônica - UERJ
Geologia da Falha do Pai Vitório
196400196100
196150
196200 196250 196300
196350
7482950
196350
196400
7482900
196450 196500
7483200
7483150
7483100
7483050
196250 196300
196500
7483000
196450
196200
35
66666666666666666666666666666666666666666666666666666666
Foto 2: Foto aérea da Ponta do Pai Vitório (segundo Rubim, 2004).
Foto 3: Visada do alinhamento Ponta do Pai Vitório (1º plano) – Ilha Feia (ao fundo)
36
O perfil clássico de falha (fig. 18) pode ser um modelo o qual se aplicaria ao modelo
geológico esquemático para a Ponta do Pai Vitório, sugerindo que a Falha do Pai Vitório
teria se submetido a mais de uma fase de reativação pois no afloramento em questão
pode-se encontrar brecha sobre brecha e ultra-cataclasitos com granulometria mais
grossa servindo como rocha matriz para ultra-cataclasitos compostos de granulometria
mais fina. A seção completa da falha da Ponta do Pai Vitório, tem cerca de 60m de
espessura, sendo que o núcleo da falha (ultra-cataclasito) tem espessura em torno de 3m,
com forma tabular e mergulhos em torno de 70º para NW. As seis unidades cartografadas
são descontínuas e podem variar de espessura de uma seção para outra.
Figura 18: Perfil esquemático clássico de falha (Rubim, 2004)
Foto 4: Perfil da Ponta do Pai Vitório, realçando a zona brechada em vermelho e contato entre
rochas neoproterozóicas (Compxo. Região dos Lagos) e sedimentos terciários (Fm Barreiras) (Rubim, 2004).
Complexo Região dos Lagos
Formação Barreiras
37
Na intenção de melhor ilustrar o problema levantado, selecionei algumas fotos ( 5 e
6) da escarpa da Ilha Feia quando do levantamento dos dados no campo.
Essa escarpa tem sua face para o Norte e é mais evidenciada na porção oeste da
Ilha. Mas nem toda a face Norte da Ilha Feia é tomada pela escarpa. Como se pode
visualizar na foto, cerca de dois terços da face Norte da Ilha é constituída pela face da
escarpa, enquanto os um terço restante possui uma geomorfologia de encosta com
vegetação, sugerindo que esse um terço da face Norte não faça parte desse hipotético
plano de falha.
Fotos 5 e 6: Escarpa da Ilha Feia (suposto plano de falha).
A escarpa da Ilha Feia se trata de uma falésia de aproximadamente 50 metros de
altura acima do nível do mar que sugere o prolongamento offshore da Falha do Pai Vitório
no continente. Essa hipótese é enfatisada pela sua semelhança com o afloramento da
Falha do Pai Vitório (a Ponta do Pai Vitório) e pelas características geomorfológicas da
Ilha que sugere a ocorrência de um plano brechado de falha semelhante ao da Ponta do
Pai Vitório. Acredito que a análise mais minuciosa da litologia e a presença de estrias de
falhas na escarpa são fatores que devem ser melhor estudados num futuro próximo para
correlação dos dados já obtidos por Rubim, 2004 na descrição da Ponta do Pai Vitório.
38
Capítulo 4. RESULTADOS
4.1 Síntese da Etapa de Campo
Essa etapa de estudo foi chefiada pela Profa. Dra. Mônica Heilbron, minha
orientadora e pelo meu co-orientador Prof. Dr. Marcelo Sperle Dias que proporcionaram a
realização de um cruzeiro de pesquisas, no qual foram operados um equipamento de
levantamento batimétrico e um perfilador de sub-fundo de alta-frequência. As condições
climáticas e meteorológicas colaboraram em muito para o sucesso da expedição e as
linhas sísmicas obtidas apresentaram ótima qualidade de resolução e um “optimum” nos
quesitos penetração e resolução, proporcionando uma performance de boa qualidade na
obtenção dos registros sísmicos no cruzeiro de pesquisa.
Uma vez que a escassez de dados na localidade era a principal causa para a
elaboração do cruzeiro de pesquisa, e devido principalmente ao relevo acidentado e
baixas cotas batimétricas, com lajes e recifes aflorantes, foi utilizada uma embarcação de
baixo calado, e a escolha das linhas sísmicas foi minuciosamente elaborada de modo a
minimizar os riscos de dano ao equipamento e ao projeto. O alinhamento Ponta do Pai
Vitório - Ilha Feia, visualmente implica no alinhamento da falha do Pai Vitório (Foto 2). A
face norte da Ilha Feia se apresenta como uma escarpa de aproximadamente 50 metros e
sugere o deslocamento de blocos (rejeito) dentro de uma falha normal que, por todas as
evidências sugere que seria a conexão da falha do Pai Vitório com a falha da borda sul do
Gráben de Barra de São João (Mohriak & Barros, 1990).
As linhas levantadas estão representadas pela figura 19.
39
Figura 19: Localização das linhas sísmicas efetuadas e a numeração estabelecida de acordo
com a navegação.
CABO BÚZIOS
Ponta do Pai Vitório
5 metros
10 metros
20 metros
40
Todo o aparato de prospecção geofísica foi instalado no barco utilizado na tarde
anterior ao cruzeiro de pesquisa, restando apenas pequenos ajustes e calibração do
equipamento na manhã do levantamento. A foto 7 e 8 mostra a disposição do
equipamento de bordo na cabine da embarcação.
Fotos 7 e 8: Panorama do equipamento instalado na cabine da embarcação utilizada
Podemos visualizar nas foto 7 e 8, as quais mostram o lado direito e esquerdo da
cabine de comando, o processador de bordo com um computador do tipo “laptop”. Ao lado
mais à direita um monitor no qual se podia observar o registro sísmico em tempo real. A
foto 8, do lado esquerdo da cabine, mostra os equipamentos de controle da embarcação.
Atrás do piloto foi instalado o ecobatímetro, (foto11) o qual não pode ser visualizado nessa
foto, para dupla conferência da profundidade local. No topo da cabine de comando, do
lado externo, foram instalados os equipamentos de posicionamento, o GPS e o DGPS
(Digital Global Positioning System), o qual forneciam nossa posição em tempo real. A
utilização de dois equipamentos de posicionamento por satélite, foi uma estratégia
utilizada para a aumentar a precisão de nossa posição geográfica, visto que um
posicionamento com maior precisão fornece maior certeza e qualidade dos dados obtidos.
No deck de proa da embarcação, foi lançado o perfilador de fundo (Raia), foto 9.
Laptop (navegação)
Processador de Bordo
Monitor da aquisição do registro sísmico
41
Foto 9: Perfilador de subfundo Geostar SB-216 S (Raia).
O perfilador de subfundo foi rebocado a uma profundidade constante de 2 metros
abaixo do nível do mar, profundidade considerada ideal para o levantamento dentro da
área de estudo. Devido às suas propriedades hidrodinâmicas (quilha e sua forma
pisciforme), o mesmo se manteve estável durante todo o levantamento.
Na foto 10, visualiza-se o lançamento do perfilador do deck de popa da
embarcação.
Foto 10: Lançamento do perfilador de subfundo para iniciar o reboque.
42
Todos os equipamentos trabalhavam interconectados. O processador de bordo, o
qual reunia todas as informações de dados geofísicos, os armazenava. Os dados
geofísicos (registros sísmicos) foram armazenados no formato SEG-Y, o qual é um
formato padrão internacional elaborado pela Sociedade de Exploração Geofísica (Society
of Exploration Geophysicists) em Houston, Texas, EUA. O laptop, posicionado acima do
processador de bordo, adquiria o posicionamento e nos informava em tempo real nossa
navegação. As linhas propostas e a linha de costa, bem como todas as informações
necessárias para uma navegação segura foram plotadas no display do laptop.
A foto 11 expõe o ecobatímetro Raytheon utilizado, localizado atrás do piloto,
durante sua fase de calibração. A calibração se efetuou variando a profundidade do
transdutor / receptor à profundidades pré-estabelecidas, através de uma haste; por isso
podemos visualizar na foto os diferentes níveis verticais de variação. A profundidade
também pode ser lida no display digital, localizado à direita da foto.
Foto 11: Ecobatímetro Raytheon (durante a fase de calibração).
Display digital da profundidade
Fase de calibração
43
Nas fotos 12 e 13 podemos visualizar o monitor expondo um registro sísmico em
tempo real. Nota-se a superfície do assoalho marinho e as camadas de sub-fundo. O
assoalho marinho encontra-se mais regular que o subfundo, o qual intercalam-se camadas
de sedimento mais grosseiro (maior impedância acústica) e uma camada de sedimentos
mais finos (menor impedância acústica). A diferença entre as impedâncias acústicas
origina os refletores sísmicos e evidenciam camadas paralelas e subparalelas no sub-
fundo que posteriormente são interpretadas como feições estruturais.
Foto 12: Exemplo de registro sísmico em tempo real no monitor de bordo.
Foto 13: Exemplo de registro sísmico em tempo real no monitor de bordo.
44
Em geral nos perfis sísmicos analisados e interpretados na área de estudo,
podemos encontrar o embasamento sísmico, que é representado pela ausência de
reflexões sísmicas após uma determinada profundidade. Devido às características do
equipamento de prospecção sísmica utilizado (alta freqüência), o embasamento sísmico
ocorreu à uma profundidade bem rasa (em torno de 20 – 25 metros de subfundo). Esse
embasamento sísmico também foi interpretado como o embasamento cristalino sugerindo
uma deposição sedimentar pouco efetiva. Devido aos perigos de navegação peculiares da
área (arrecifes e lages aflorantes) foi possível apenas a realização de uma linha
perpendicular à principal área de interesse e de quatro outras linhas de navegação (semi-
paralelas) à leste da Ilha Feia. Uma vez que a direção aproximada do alinhamento (Ponta
do Pai Vitório – Ilha Feia) é de aproximadamente 70° NW, tentou-se estabelecer uma
perpendiculariedade planejando-se as linhas de navegação na direção de 20° NE
(denominadas de linhas ‘’strike’’, no presente trabalho) e linhas quasi-paralelas a direção
do alinhamento, com direção aproximada de 60° - 70° NW (denominadas linhas ‘’dip’’ e\ou
de controle, no presente trabalho). As direções médias das isóbatas estabeleceram
aproximadamente um angulo de 10° a 20° NE com as linhas ‘’strike’’ e aproximadamente
90° - 100° NE com as linhas “dip”.
Acredito que o levantamento sísmico deste presente trabalho somente venha a
colaborar para que a hipótese da conexão da Falha do Pai Vitório com o Gráben de Barra
de São João, seja elucidada. Uma vez que as evidëncias comprovadas de atividades de
falhas no Terciário estavam principalmente concentradas na extremidade nordeste da
Bacia de Campos, acerca do Cabo de São Tomé e a maioria das falhas estariam
associadas à tectônica de sal e os descolamentos dos blocos na fase rift (Mohriak, 1984;
Mohriak & Barros, 1990). Foram produzidas 13 linhas sísmicas.
45
4.2 As Linhas Sísmicas
As linhas ou perfis sísmicos fornecidas pelo Prof. Dr. Marcelo Sperle Dias foram
descarregadas do processador de bordo do equipamento Geostar (download), em número
de 13 juntamente com os 13 arquivos XYZ de navegação. A tabela 1 apresenta os dados:
LINHAS
Navegação
Latitude inicial Longitude inicial
Classe Hora Inicial Hora Final
11_40_13 L2
202675.88 7481619.50
DIP 11:40:30 11:44:46
11_44_13 L3
203013.40 7482147.03
DIP 11:44:59 11:48:59
11_49_13 L4
203562.06 7482392.34
STRIKE 11:49:36 12:33:15
12_33_13 L5
201668.81 7488165.13
STRIKE 12:33:26 12:38:26
12_39_13 L6
201490.41 7488954.13
DIP 12:39:21 12:47:00
12_47_13 L7
202663.93 7489167.32
STRIKE 12:47:42 13:15:25
13_20_13 L8
204738.57 7484986.62
DIP 13:20:32 13:30:11
13_30_13 L9
203631.73 7483917.71
DIP 13:30:16 13:39:31
13_39_13 L10
202214.79 7483204.71
STRIKE 13:39:49 14:08:34
14_11_13 L11
200393.68 7488149.37
DIP 14:11:15 14:16:52
14_17_13 L12
199834.05 7487406.82
STRIKE 14:17:22 14:59:39
15_00_13 L13
201353.77 7482110.84
DIP 15:00:40 15:08:57
15_09_03 L14
200200.44 7481249.46
STRIKE 15:09:37 15:53:16
Tabela 1: Relação das linhas sísmicas efetuadas no levantamento de campo.
Uma cópia de impressão de cada linha se encontra em Anexos. As linhas foram
exportadas em formato JPEG geradas pelo Laboratório de Oceanografia Geológica da
UERJ (uma filtragem básica dos efeitos de onda foi efetuada pelo laboratório).
Foram selecionadas quatro linhas no levantamento, classificadas de linhas strike,
para serem interpretadas analogicamente: as linhas L4, L10, L12 e L14 (assim chamadas
pela ordem de aquisição), obtidas em arquivos do tipo SEG-Y do equipamento Geostar.
Essas linhas foram selecionadas por mim e pela Profa. Dra. Mônica Heilbron devido
a boa representatividade de feições características de movimentos tectônicos recentes.
46
4.2.2 As Linhas L4, L10, L12 e L14.
Segundo análise e interpretação das linhas sísmicas, as linhas selecionadas (entre
as 13 disponíveis) foram: L4, L10, L12 e L14. Foram possíveis o reconhecimento de
feições de falhas, movimentos relativos de blocos originando falhas normais e reversas,
além de serem linhas perpendiculares à estrutura principal do estudo (a Falha do Pai
Vitório). As camadas de rochas sedimentares variaram num mesmo intervalo (10 a 20
metros) em quase toda a extensão dos quatro perfis analisados sugerindo um suprimento
de sedimentos não muito intenso durante o Quaternário. È sugerido também, que o
embasamento da área estudada, compreendida entre essas quatro linhas sísmicas,
encontra-se relativamente próximo a superfície e possui fraturamentos com intrusões de
diques. Basicamente as camadas deposicionais, segundo os registros sísmicos sugerem,
se intercalam em sedimentos finos (sem muito aporte fluvial) e sedimentos mais
grosseiros (períodos de maior aporte fluvial). Tambem foi interpretado que há uma
camada mais espessa de sedimentos grosseiros logo acima do embasamento. Essa
camada sugere a variação mais significativa de impedância acústica em quase toda a
extensão dos dois perfis sísmicos.
As falhas interpretadas variaram de normais à reversas com alguns exemplos
sugerindo a conexão dessas falhas com a superfície, o que corrobora com a hipótese de
existência de tectonismo recente. Todas as feições interpretadas foram plotadas em
mapa através do cálculo de distâncias equivalentes entre a seção sísmica (plotada em
papel) e sua extensão no mapa.
As quatro linhas (perfis sísmicos) foram impressas em papel (figs. 20 e 21, 22 e 23)
e interpretadas. A interpretação foi digitalizada com o auxilio do software AutoCad R13,
gerando arquivos de extensão DXF, os quais foram carregados no software Arcview 3.2,
para uma visualização dos perfis na área de estudo em mapa.
As linhas e o mapa resultante se encontram nas figuras 20, 21, 22, 23, 24 e 25.
Uma cópia de cada uma das linhas interpretadas e a plotagem das feições estruturais em
mapa (fig. 25) também foram plotados em Anexos, ao final do presente trabalho, onde
pode-se obter um maior detalhe devido a plotagem em uma escala menor.
47
Figura 20: Linha 4 interpretada (refletores sísmicos)
48
Figura 21: Linha 10 interpretada (refletores sísmicos)
49
Figura 22: Linha 12 interpretada (refletores sísmicos)
50
Figura 23: Linha 14 interpretada (refletores sísmicos)
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Fig 24. Linhas plotadas na área de estudo.
Linha 10
Linha 12
Linha 14
CABO BÚZIOS
Ponta do Pai Vitório
Linha 4
52
Também foram gerados figuras maiores das linhas e suas interpretações, que se
encontram em anexos ao final da presente dissertação
Capitulo 5. DISCUSSÕES
5.1 Considerações Gerais sobre os Resultados
De acordo com a bibliografia consultada é sugerido que a área de estudo se
encontra sobre a atuação de um regime transpressivo/transtensivos com alívios de
pressão e tensão localizados. De acordo com o que podemos observar nessas primeiras
camadas de subfundo imageadas pelo levantamento sísmico de alta freqüência,
observamos que as estruturas superficiais (ex: falhas que afloram à superfície), dentro da
dimensão da área analisada de aproximadamente 30 Km
2
, não são significativas para
caracterizarmos um tectonismo recente intenso, mas como evidenciado, encontra-se
dentro da área de trabalho, indicações de algum tectonismo recente.
Após a interpretação de cada linha sísmica e plotagem das mesmas no mapa
local, foi elaborado um mapa de feições estruturais apresentado pela figura 25. As falhas
que se prolongariam até a superfície foram marcadas com a representação de sólido cheio
e as falhas de subfundo pelo sólido sem preenchimento.
De acordo com a bibliografia de estudos anteriores, a ocorrência de diques
intrusivos, de um modo geral, freqüente na porção emersa do Cabo Búzios possuem uma
variação de seus alinhamentos variando de NE a NW. Quanto a identificação desse
possíveis diques intrusivos na porção offshore nada pode ser conclusivo no presente
trabalho.
53
Figura 25: Mapa das feições estruturais visualizadas.
54
De uma forma geral as direções estruturais das falhas mapeadas não podem ser
interconectadas, devido ao espaçamento entre as linhas variar entre 0.8 a 2 Km. Feições
estruturais como blocos soerguidos por falhas de empurrão e escalonamento de falhas em
ambas as direções (Norte e Sul) foram notadas nas quatro linhas selecionadas.
5.2 Comparações com Trabalhos Anteriores
Conforme nossa intenção inicial, procuramos comparar o presente trabalho aos
trabalhos anteriores. Segundo o mapa estrutural sísmico do Gráben de Barra de São João
(Mohriak & Barros, 1990) as falhas plotadas próximas a área de estudos do presente
trabalho, de uma forma geral, coincidem com as falhas superficiais encontradas nos perfis
sísmicos selecionados, com falhas normais com direções de mergulho tanto para Norte
como para Sul. Os escalonamentos de blocos também são observados em macro
(Mohriak & Barros) e mesoescalas (presente trabalho).
A figura 26 compara as diferentes escalas de levantamento do presente trabalho
com o mapa de Mohriak & Barros, 1990:
55
Figura 26: Comparação de escala entre o presente trabalho e Mohriak & Barros, 1990.
Área do presente trabalho
56
Capitulo 6. CONCLUSÕES
6.1 Conclusões Gerais.
- De um modo geral a presença de feições estruturais de tectonismo recente não
implementa um modelo de grande atividade tectônica recente, visto que o número de
feições estruturais indicadoras de tectonismo recente, tais como, falhas que afloram a
superfície e movimentos verticais submersos representativos não foram identificados no
presente trabalho.
- A conexão da Falha do Pai Vitório – Ilha Feia, colocada no ínicio do presente
trabalho, não se fez visível como um alinhamento pré-concebido, sugerindo que as falhas
existentes na área, apresentam uma distribuição que parece estar mais afetada pelos
movimentos transcorrentes locais.
- O escalonamento de blocos e feições estruturais, falhas, grábens e horsts
também se mostrou interligado com movimentos transcorrentes locais, sugerindo que todo
o assoalho marinho, bem como as camadas de subfundo e embasamento, estejam
deslocados na direção Norte-Sul.
- O alinhamento preferencial das estruturas pretéritas se ajustam com a direção
mais presente em quase todas as feições estruturais encontradas e variam de N–S a NE-
SW e NW–SE.
57
BIBLIOGRAFIA
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Rifting and Magmatism Associated With The South America and Africa Break Up, Revista
Brasileira de Geociências 30(1): 017 – 019.
60
ANEXOS
61
Anexo 1: Linha 11_40_13.03 (L2)
62
Anexo2: Linha 11_44_13.03 (L3)
63
Anexo 3: Linha 11_49_13.03 (L4)
64
Anexo 4: Linha 12_33_13.03 (L5)
65
Anexo 5: Linha 12_39_13.03 (L6)
66
Anexo 6: Linha 12_47_13.03 (L7)
67
Anexo 7: Linha 13_20_13.03 (L8)
68
Anexo 8: Linha 13_30_13.03 (L9)
69
Anexo 9: Linha 14_11_13.03 (L11)
70
Anexo 10: Linha 15_00_13.03 (L13)
71
Anexo 11: Linha 15_09_14.03 (L13)
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