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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
ANGELA BARTIRA FAMER DE AZEVEDO DIAS
FATORES ASSOCIADOS AO SOBREPESO E OBESIDADE EM ADOLESCENTES
DE 10 A 14 AN0S ATENDIDOS NO POSTO DE ATENÇÃO INFANTIL (PAI) EM
BALNEÁRIO CAMBORIÚ - SC
Itajaí
2007
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ANGELA BARTIRA FAMER DE AZEVEDO DIAS
FATORES ASSOCIADOS AO SOBREPESO E OBESIDADE EM ADOLESCENTES
DE 10-14 ANOS, ATENDIDOS NO POSTO DE ATENÇÃO INFANTIL (PAI) EM
BALNEÁRIO CAMBORIÚ – SC.
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado
Profissionalizante em Saúde e Gestão do Trabalho,
Centro de Ciências da Saúde, Universidade do Vale
de Itajaí, como requisito parcial para a obtenção do
grau de Mestre em Saúde e Gestão do Trabalho
Orientadora: Profª. Drª Luciane Peter Grillo
Itajaí
2007
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ANGELA BARTIRA FAMER DE AZEVEDO DIAS
FATORES ASSOCIADOS AO SOBREPESO E OBESIDADE EM ADOLESCENTES
DE 10-14 ANOS, ATENDIDOS NO POSTO DE ATENÇÃO INFANTIL (PAI) EM
BALNEÁRIO CAMBORIÚ – SC.
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do grau de Mestre em Saúde
e Gestão do Trabalho e aprovada pelo Programa de Mestrado Profissionalizante em
Saúde e Gestão do Trabalho da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências
da Saúde, Itajaí.
Área de concentração: Saúde e Gestão do Trabalho
Itajaí, 07 de dezembro de 2007
Profª. Drª Luciane Peter Grillo
UNIVALI Itajaí
Orientadora
Profª. Drª. Elisete Navas Sanches Próspero
UNIVALI Itajaí
Membro
Profª. Drª. Maria Marlene de Souza Pires
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Membro
4
AGRADECIMENTOS
De forma especial e com muito carinho agradeço a minha orientadora Luciane
Peter Grillo por sua enorme contribuição, não neste trabalho de mestrado, mas
principalmente à minha vida profissional, pois a verei sempre como um exemplo a
ser seguido. Obrigada por me fazer entender todo o processo de elaboração e
organização do pensamento científico, pela paciência e pelo esforço na arte de
saber ensinar. Ensinar dia a dia como atingir, da melhor forma, a meta planejada,
sem deixar de ser a melhor esposa e mãe, a profissional mais competente,
incentivando a busca pelo novo, fazendo uma coisa a cada vez e cada vez melhor.
Às Nutricionistas Francieli Medina e Aline Brandão Mariath, a quem recorri
nos momentos em que precisei de ajuda e assessoria estatística, e que sempre
foram generosas e atenciosas, disponibilizando um pouco do seu precioso tempo
para me ajudar.
Às acadêmicas de Nutrição, bolsistas desta pesquisa, Laiz Guedes Lauda e
Vivian Gasperin, que sempre atenciosamente receberam os pacientes e seus
familiares para entrevistas, coletaram dados com muita responsabilidade e
profissionalismo e organizaram o banco de dados, essencial para o desenvolvimento
de nosso estudo.
À Secretaria Municipal de Saúde de Balneário Camboriú, que oportunizou
esta pesquisa e os exames laboratoriais, possibilitando a coleta de dados no Posto
de Atenção Infantil (PAI). A todos os funcionários daquele estabelecimento e aos
adolescentes, sem os quais essa pesquisa não teria razão para existir, fica a minha
gratidão.
Às minhas eternas amigas: Sandra, Juliana, Gabriela, minha secretária e meu
braço direito, eficiente e prestativa no seu trabalho, que me oportunizaram os
desabafos, as preocupações, as descrições, os relatos e sempre à sua maneira
procuraram incansavelmente me ajudar.
Agradeço à minha família, que nunca deixou de compreender a correria, o
cansaço, a minha indisponibilidade, o meu mau humor” e que me incentivou a
superar todas as etapas necessárias para o término desta minha primeira
experiência científica.
5
“De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava
sempre comando, a certeza de que era preciso continuar e
a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer
da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo
de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da
procura um encontro.”
Fernando Sabino.
FATORES ASSOCIADOS AO SOBREPESO E OBESIDADE EM ADOLESCENTES
DE 10-14 ANOS, ATENDIDOS NO POSTO DE ATENÇÃO INFANTIL (PAI) EM
BALNEÁRIO CAMBORIÚ – SC.
Resumo
O sobrepeso/obesidade e suas consequências têm ameaçado a longevidade cada vez
mais cedo e têm se estabelecido devido a hábitos inadequados de vida. O presente estudo
teve como objetivo identificar fatores de risco do sobrepeso/obesidade em adolescentes de
10 a 14 anos de idade por meio de estudo caso-controle, desenvolvido com 216
adolescentes atendidos no Posto de Atenção Infantil em Balneário Camboriú, SC.
Considerou-se caso o grupo com sobrepeso/obesidade, diagnosticado quando o
adolescente apresentava percentil de índice de massa corporal (IMC) igual ou maior que 85
e controle os adolescentes que apresentaram IMC abaixo do percentil 85. Além da coleta de
peso e estatura para o cálculo do índice de massa corporal, foi verificada a medida da
circunferência da cintura e coletaram-se amostras de sangue para dosagens de colesterol,
triglicéride, lipoproteína de baixa densidade e lipoproteína de alta densidade, avaliadas
segundo os pontos de corte propostos na IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e
Prevenção da Aterosclerose. Os resultados mostraram que o grupo caso apresentou
valores significativamente mais elevados para as variáveis peso, IMC, circunferência
da cintura, LDL–colesterol e triglicérides quando comparados ao grupo controle.
Verificou-se tamm correlação positiva e significativa entre as variáveis IMC e
circunferência da cintura (r=0,35; p<0,001). O odds ratio apontou o
sobrepeso/obesidade como fator de risco para o aumento dos valores LDL
colesterol (OR=2,97; IC=1,57 a 5,64) e da medida da circunferência da cintura
(OR=19,78; IC=8,69 a 45,03). Os resultados apontaram o sobrepeso/obesidade como
fator de risco para veis de LDL–colesterol e de medida da circunferência da cintura
inadequados. Sugere-se a adoção da medida da circunferência da cintura como
procedimento de rotina nas consultas, visto que os distúrbios nutricionais contribuem para o
aumento dos níveis lipídicos e conseqüentemente de doenças crônicas não transmissíveis.
Palavras-chave: Adolescente. Sobrepeso. Obesidade. Pressão Arterial.
Dislipidemias. Circunferência da cintura.
RISK FACTORS ASSOCIATED WITH EXCESS WEIGHT AND OBESITY AMONG
ADOLESCENTS AGED 10-14 YEARS ATTENDED BY A PEDIATRIC HEALTH
CENTER IN BALNEÁRIO CAMBORIÚ, SC, BRAZIL.
ABSTRACT
Excess weight/obesity and its consequences are increasing, resulting in earlier death,
and have become more widespread due to inadequate lifestyles. This study sought to
identify the risk factors associated with excess weight and obesity among adolescents aged
10-14 years, through a case-control study carried out with 216 individuals attended by a
pediatric health center in Balneário Camboriú, SC, Brazil. A group was considered a case
when overweight/obese adolescents were identified. Overweight/obese adolescents were
defined as having a body mass index (BMI) over the 85
th
percentile and control as an
adolescent with a BMI below the 85
th
percentile. Besides weight and height to calculate the
BMI, waist circumference was also measured. Blood samples were collected to measure the
cholesterol, triglyceride, low-density lipoprotein (LDL-cholesterol) and high-density lipoprotein
(HDL-cholesterol) levels. All measures were evaluated according to cutoff points proposed in
the IV Brazilian Guidelines on Dyslipidemia and Atherosclerosis Prevention. The results
show that the case group had significantly higher weight, higher BMI, larger waist
circumference, and higher LDL-cholesterol and triglyceride levels, compared with the control
group. There was a significant and positive correlation between BMI and waist circumference
(r=0.35; p<0.001), and the odds ratio established overweight/obesity as a risk factor for
increasing LDL-cholesterol (OR=2.97; CI=1.57-5.64) and waist circumference (OR=19.78;
CI=8.69- 45.03). The results of this study show that excess weight/obesity are risk factors for
inadequate LDL-cholesterol levels and waist circumference measurements. Given that
nutritional disorders contribute to the increase in lipid profiles and, as a result, to chronic non-
transmittable diseases, the adoption of waist circumference measurements is suggested as a
routine procedure in medical appointments.
Key-words: Adolescent. Overweight. Obesity. Blood pressure. Hypercholesterolemia. Waist
circumference.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Classificação do estado nutricional de acordo com os percentis de IMC.............34
Tabela 2 Pontos de corte sugeridos (P80) para a circunferência de cintura de
adolescentes, para identificação do excesso de massa de gordura na região do tronco. ..355
Tabela 3 – Valores de referência para lípides entre 2 e 19 anos........................................377
Tabela 4 Média e desvio padrão, mediana, valor mínimo, valor máximo e nível de
significância da idade, peso, estatura, índice de massa corporal, circunferência da cintura,
pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica segundo o grupo. Balneário Camboriú
SC, 2006............................................................................................................................399
Tabela 5 Estágios de maturação sexual de acordo com os grupos. Balneário Camboriú
SC, 2006..............................................................................................................................40
Tabela 6 Condições Socioeconômicas dos adolescentes de acordo com os grupos.
Balneário Camboriú – SC, 2006.........................................................................................400
Tabela 7 Média, desvio padrão, mediana, valor mínimo, valor máximo e nível de
significância do colesterol total, HDL colesterol, LDL colesterol, triglicérides segundo o
grupo. Balneário Camboriú – SC, 2006................................................................................41
Tabela 8 Distribuição dos adolescentes conforme a alteração do colesterol total, HDL-
colesterol, LDL–colesterol, triglicérides, hipertensão arterial e circunferência da cintura.
Balneário Camboriú – SC, 2006.........................................................................................422
Tabela 9 Coeficiente de correlação de Pearson entre o índice de massa corporal e colesterol
total, HDL–colesterol, LDL–colesterol, triglirides, pressão arterial sistólica e diastólica,
circunferência da cintura e renda per capita em salário mínimo. Balneário Cambor – SC, 2006.
..........................................................................................................................................422
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 - Características puberais de acordo com sexo e o estágio de maturação sexual.
............................................................................................................................................26
Figura 1 - Coeficiente de correlação de Pearson entre o índice de massa corporal e a
circunferência da cintura....................................................................................................433
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS.............................................................................................................8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES....................................................................................................9
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................12
1.2 PROBLEMA DA PESQUISA..........................................................................................16
2 OBJETIVOS.....................................................................................................................17
2.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................................17
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..........................................................................................17
3 JUSTIFICATIVA...............................................................................................................18
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................................21
4.1 ADOLESCENTES..........................................................................................................21
4.2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DO SOBREPESO E DA
OBESIDADE...........................................................................................................................22
4.3 ESTADO NUTRICIONAL DA POPULAÇÃO..................................................................24
4.4 ESTADIAMENTO PUBERAL.........................................................................................25
4.5 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA.......................................................................27
4.6 PERFIL LIPÍDICO..........................................................................................................29
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..........................................................................32
5.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA..................................................................................32
5.2 POPULAÇÃO E AMOSTRAGEM...................................................................................32
5.3 COLETA DOS DADOS................................................................................................333
5.3.1 Avaliação socioeconômica ......................................................................................33
5.3.2 Avaliação do estado nutricional ..............................................................................33
5.3.3 Avaliação do estadiamento puberal ........................................................................35
5.3.4 Avaliação da pressão arterial...................................................................................35
5.3.5 Avaliação das dosagens lipídicas ...........................................................................36
5.3.6 Termo de consentimento livre e esclarecido..........................................................37
5.3.7 Comissão de ética.....................................................................................................37
5.3.8 Análise dos dados ....................................................................................................37
6 RESULTADOS...............................................................................................................399
7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.................................................................................444
7.1 SOBREPESO E OBESIDADE .....................................................................................444
7.2 CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA ..............................................................................466
7.3 MATURAÇÃO SEXUAL.................................................................................................48
7.4 NÍVEL SOCIOECONÔMICO..........................................................................................50
11
7.5 HIPERTENSÃO ARTERIAL.........................................................................................511
7.6 PERFIL LIPÍDICO..........................................................................................................53
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................58
REFERÊNCIAS...................................................................................................................60
APÊNDICES........................................................................................................................71
APÊNDICE 1 - AVALIAÇÃO SOCIOECONÔMICA ..............................................................71
APÊNDICE 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.........................72
ANEXOS ...........................................................................................................................733
ANEXO 1 - DESENVOLVIMENTO PUBERAL FEMININO.................................................734
ANEXO 2 - DESENVOLVIMENTO PUBERAL MASCULINO .............................................745
ANEXO 3 – TERMO DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA.......................................756
12
1 INTRODUÇÃO
Cronologicamente a adolescência corresponde ao período de 10 a 19 anos,
sendo este dividido em duas fases: a primeira, de 10 a 14 anos, inclui o início de
mudanças puberais; na segunda, de 15 a 19 anos, ocorre o término da fase de
crescimento e de desenvolvimento morfológico (WHO, 1995).
Entre os problemas nutricionais que acometem os adolescentes pode-se
destacar, nos últimos anos, o aumento do sobrepeso e da obesidade (ALBANO;
SOUZA, 2001). A obesidade é uma doença complexa, de etiologia multifatorial e
conseqüências metabólicas heterogênicas (FISBERG, 2005), onde ocorre uma
sobreposição de fatores genéticos e ambientais, um distúrbio do metabolismo
energético e o armazenamento excessivo de energia sob a forma de triglicérides no
tecido adiposo (TRICHES, 2004).
Sendo a obesidade um dos mais antigos distúrbios nutricionais que se
conhece e tendo atingido atualmente prevalências como nunca observadas
anteriormente, a Organizão Mundial da Saúde (OMS) declarou recentemente ser
esta a nova síndrome mundial, considerando-se que altas prevalências já podem ser
encontradas também nas chamadas economias emergentes (TOJO-SIERRA; LEIS-
TRABAZO, 2002). Transformões significativasm ocorrido nos padrões dietéticos
e nutricionais de populações, e tais mudanças vêm sendo analisadas como parte de
um processo chamado de transição nutricional (POPKIN, 1993). No século passado
as pesquisas nutricionais e os problemas focados eram a pobreza e a subnutrição,
mas atualmente uma crescente preocupação com o sobrepeso e a obesidade
(WANG et al., 2002). O Brasil segue esta tendência, contudo pouca atenção tem
sido dada a esse problema pelos seus governantes. O estilo de vida moderno tem
assumido importante papel no contexto da obesidade. Refeições ricas em calorias e
gorduras são cada vez mais consumidas em restaurantes fast food, principalmente
em grandes cidades (NELMS, 2001), tendendo a um desequilíbrio entre a ingestão e
o gasto energético, resultando assim num balanço positivo e na conseqüente
deposição de gordura (TROWBRIDGE, 1998; HEIRD, 2002).
A diminuição da prática de exercícios físicos também colabora para a
13
prevalência de obesidade, e diversas hipóteses têm sido aventadas para explicar
este fenômeno. A urbanização que ocorreu nas últimas cadas obrigou a criança e
o adolescente a limitarem o seu tempo fora de casa. Com o aumento da violência
urbana, aprenderam a utilizar o seu tempo de lazer com atividades sedentárias,
como televisão, jogos eletrônicos de videogames e computadores (NELMS, 2001).
Atividades cotidianas, como ir andando ou de bicicleta para escola, foram
abandonadas em função da falta de segurança e justificável receio dos pais. A
combinação destes fatores com a oferta cada vez maior de uma grande variedade
de alimentos com alta densidade calórica tem resultado no aumento epidêmico do
índice de massa corporal de crianças de todo mundo (CARAMELLI; GIULIANO,
2005).
As práticas alimentares e de atividade física são componentes intrínsecos na
gênese da obesidade, sendo descritos por diversos autores. A influência do
ambiente nas escolhas alimentares, na atividade física e na imagem corporal traz
para o adolescente meios para definir seus comportamentos e esses,
conseqüentemente, levam a um estado nutricional adequado ou não (TRICHES,
2004).
A obesidade pode surgir especialmente nos períodos de aceleração de
crescimento. Um adolescente obeso que foi uma criança obesa possui maior
probabilidade de manter esta condição na vida adulta, principalmente se pelo menos
um de seus pais for obeso (DIETZ, 1998). Estudos apontam que quando pai e mãe
o obesos a chance da criança tamm ser obesa é de 80%. Em contrapartida,
quando nenhum dos pais apresenta obesidade a chance é reduzida a 7%. O risco
de uma criança obesa permanecer nesta condição na vida adulta é de 25%,
aumentando para 80% quando o excesso de peso se instala na adolescência
(TRAEBER et al., 2004). Estudos longitudinais da infância até o início da fase adulta
sugerem que o excesso de peso da criança é mantido na idade adulta. O risco
relativo da criança obesa se tornar um adulto obeso aumenta com a idade dentro da
própria infância e em comparação com os magros. Assim, quanto maior a idade da
criança obesa, maior a probabilidade de se tornar um adulto obeso. Alguns estudos
mostram que aproximadamente 30% das crianças obesas podem ser adultos
obesos e que as chances de um indivíduo obeso conseguir remissão permanente
não o maiores que 30% na maioria dos estudos (PIRES et al., 2007) Am disso,
14
crianças e adolescentes obesos apresentam diminuição da expectativa de vida
devido ao aumento da morbidade e da mortalidade por doenças cardiovasculares,
diabetes mellitus tipo II, entre outras causas associadas (ESCRIVÃO; TADDEI,
2007).
As dislipidemias são consideradas um dos principais fatores determinantes
para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Elevadas concentrações de
triglicérides plasticos (TGL), colesterol total (CT) e sua fração LDL-colesterol
(lipoproteína de baixa densidade), associadas à diminuição dos valores de HDL-
colesterol (lipoproteínas de alta densidade), aumentam a probabilidade para o
desenvolvimento dessas enfermidades (SANTOS, 2001).
Os estudos do perfil lipídico fornecem subsídios para a prevenção das
doenças ateroescleróticas e a redução das elevadas taxas de mortalidade por
doenças do aparelho circulatório. As investigações epidemiológicas sobre
dislipidemias, particularmente em jovens, merecem maior atenção à medida que as
evidências da associação com a ateroesclerose e a instalação precoce de suas
lesões tornam-se mais consistentes (SEKI et al., 2003).
Assim, Brotons et al. (1998) relatam em sua revisão sobre estudos
epidemiológicos do perfil lipídico de crianças e adolescentes que o nível de
colesterol na infância é um fator preditivo do nível de colesterol na vida adulta. O
início da ateroesclerose na infância, pelo aumento do colesterol plasmático, seria
potencializado no decorrer da vida pela obesidade e uma série de outros fatores,
como a história familiar, a inatividade física e a hipertensão arterial (PELLANDA et
al., 2002), inferindo a necessidade de ampla prevenção dos fatores de risco ainda na
idade infanto-juvenil (McGILL et al., 2000).
A hipertensão arterial é um dos problemas de saúde pública mais comum nos
países desenvolvidos. É frequentemente chamada de “assassina silenciosa”, pois os
indivíduos hipertensos podem apresentar-se assintomáticos. A hipertensão arterial
na infância es associada a uma maior incidência de causas secundárias que nos
adultos. Entretanto, na última década os estudos têm mostrado um aumento na
incidência de hipertensão essencial na população pediátrica, principalmente na
adolesncia. O fator mais importante implicado na gênese da hipertensão essencial
na infância é a obesidade, que está se tornado um problema epidêmico. Embora não
exista cura, a prevenção e o tratamento diminuem a incidência e as seqüelas da
15
doença. A ênfase dada para as mudanças no estilo de vida tem contribuído para que
a dieta represente um papel importante na prevenção e no tratamento da
hipertensão (KRUMMEL, 2002; LIMA, 2004).
Desta forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar o sobrepeso e a
obesidade e seus fatores associados em adolescentes de 10 a 14 anos atendidos no
Posto de Atenção Infantil (PAI) de Balneário Camboriú, SC. Segundo projeção
demográfica do IBGE (2005), a população fixa do município é de 94.222 (noventa e
quatro mil duzentos e vinte dois) habitantes, sendo 8,45% destes adolescentes.
Toda a população está localizada em uma área de 50km², eminentemente urbana.
Balneário Camboriú foi classificado no Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD/ONU) como o município no ranking dos 5.507
municípios brasileiros em qualidade de vida e o lugar entre os 293 municípios
catarinenses. O PAI oferece atendimento especializado para crianças e
adolescentes desde recém nascidos até os quatorze anos, visando à prevenção e à
promão da saúde. Em 2006 completou três anos de funcionamento, somando
72.572 mil consultas médicas, sendo 30.168 mil realizadas por pediatria geral e as
demais realizadas por outras especialidades pediátricas e totalizando mais de 130
mil procedimentos (PREFEITURA MUNICIPAL DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ, 2006).
A Prefeitura do Município tem como uma de suas prioridades o atendimento a esta
faixa eria, pois além de criar uma unidade para atendimento específico para este
grupo, escusteando os exames laboratoriais deste projeto. Este trabalho também
visa à promoção de práticas alimentares e modos de vida saudáveis, com
abordagem integral, humanizada e interdisciplinar dos profissionais que trabalham
com adolescentes em risco nutricional, com enfoque na promão de saúde e
prevenção de outras doenças crônicas não transmissíveis, a fim de introduzir na
rotina de atendimento a abordagem nutricional como prática efetiva em nível
populacional, servindo como base para a criação de um centro de atendimento para
adolescentes em Balneário Camboriú, SC.
16
1.2 PROBLEMA DA PESQUISA
Frente ao exposto, apresentamos o seguinte problema de pesquisa: Quais os
possíveis fatores associados ao sobrepeso e à obesidade em adolescentes de 10 a
14 anos atendidos no PAI em Balneário Camboriú-SC ?
17
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Identificar os possíveis fatores associados ao sobrepeso e à obesidade em
adolescentes de 10 a 14 anos atendidos no PAI em Balneário Camboriú – SC.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar o estado nutricional, através da antropometria;
Descrever as condições socioeconômicas;
Avaliar a prevalência de hipertensão arterial;
Determinar as concentrações de Colesterol Total, Triglicérides,
Lipoproteína de Alta Densidade (HDL-colesterol) e Lipoproteína de Baixa
Densidade (LDL-colesterol);
Descrever o estadiamento puberal.
18
3 JUSTIFICATIVA
A opção por este tema tem relação com a área de interesse da pesquisadora,
que atua vários anos junto ao ambulatório de pediatria do PAI, da Prefeitura
Municipal de Balneário Camboriú, SC. As experiências vividas apontam que quanto
mais prevalente se torna a obesidade, maior é o estímulo para estudar grupos
populacionais mais vulneráveis ao problema, onde se possam levantar hipóteses
relacionadas à determinação desta doença. Um destes grupos é o adolescente que,
quando obeso, apresenta maior probabilidade de se tornar um adulto obeso, fato
este preocupante.
No Brasil, no ano de 2000, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística, os adolescentes representavam 21% da população, totalizando mais
de 35 milhões de habitantes (IBGE, 2004).
Os estudos nacionais sobre as prevalências de sobrepeso e obesidade no
Brasil são escassos. As contribuições mais recentes nesta área vêm surgindo de
estudos realizados em diferentes localidades do país, normalmente com
abrangência municipal ou, muitas vezes, de pequenas comunidades, destacando-se
alguns estudos isolados realizados recentemente em diferentes cidades (FISBERG
et al., 2005; GIULIANO et al., 2005).
Segundo a International Obesity Task Force, aproximadamente 10% da
população mundial de 5 a 17 anos está com excesso de peso e ¼ desse percentual
apresenta obesidade. Esta estimativa global traduz ampla variação dos valores de
prevalência do excesso de peso entre as diversas regiões do mundo, sendo bem
abaixo de 10% na África e Ásia e acima de 20% nas Américas e na Europa
(ESCRIVÃO et al., 2007).
Um estudo publicado recentemente prevê que, em 2010, 61,65% das
crianças e adolescentes das Américas do Norte e do Sul estarão com sobrepeso ou
obesos. Na Europa, 48% da população desta faixa etária estará acima do peso
(WANG; LOBSTEIN, 2006).
De acordo com relatos da Organização Mundial da Saúde, a prevalência de
obesidade infantil tem crescido em torno de 10 a 40% na maioria dos países
19
europeus nos últimos 10 anos. A obesidade ocorre mais freqüentemente no primeiro
ano de vida, entre 5 e 6 anos, e na adolescência (MELLO et al., 2004).
Estudos realizados na América Latina apontam desde prevalências bastante
baixas de obesidade infantil, como 5,0% em Quito, Equador (AGUILAR et al., 2001),
até prevalências muito elevadas, como 26,2% em San José, Costa Rica (NÚNEZ-
RIVAS et al., 2003).
Outros estudos, analisando a tendência de sobrepeso no Brasil e nos Estados
Unidos no período de 1970 a 2000, mostraram que a cada ano ocorreu um adicional
de 0,5% na prevalência de sobrepeso na população de 6 a 18 anos de idade. No
Brasil, entre 1974 e 1997, a prevalência de sobrepeso e obesidade na faixa etária de
6 a 17 anos mais do que triplicou, subindo de 4,1 % para 13,9% (ESCRIVÃO et al.,
2007).
A pesquisa de Orçamentos Familiares de 2002-2003 mostrou que entre
adolescentes do sexo masculino, 17,9% apresentavam sobrepeso e 1,8%
obesidade, e entre o sexo feminino 15,4% e 2,9%, respectivamente. No estado de
Santa Catarina, o sexo masculino apresentou 22,2% de sobrepeso e 2,1% de
obesidade, e o feminino 15,55% e 2,5%, respectivamente (IBGE, 2006).
Em Balneário Camboriú encontrou-se 14% de sobrepeso e obesidade em
adolescentes pertencentes às escolas municipais (MATOS et al., 2003).
Embora a prevalência de sobrepeso entre adolescentes no Brasil ainda esteja
distante dos índices encontrados em outros países como, por exemplo, os Estados
Unidos, a tendência de elevação destas taxas reitera a necessidade de desenvolver
projetos de prevenção, particularmente através de uma alimentação saudável
(MENDONÇA; ANJOS, 2004).
Associada à obesidade observa-se grande proporção de doenças
cardiovasculares na população, as quais representam a principal causa de morte no
Brasil (HOFELMANN et al., 2005). As doenças cardiovasculares são responsáveis
por cerca de 300 mil falecimentos por ano, ou seja, 820 por dia (MACHADO et al.,
2003).
O Brasil apresenta um grande número de jovens em sua base e meio da
pirâmide populacional, além de uma expectativa de vida que apresentou um
crescimento significativo nos últimos anos, perfil provavelmente relacionado à queda
20
da mortalidade infantil. Esses dados indicam que poderá ocorrer um crescimento
significativo de doenças cardiovasculares na medida em que estes indivíduos forem
atingindo faixas etárias mais elevadas.
Nessas condições, a prevenção torna-se o tratamento de eleição tanto em
caráter individual quanto populacional. Mostra-se necessária a disseminação de
estudos que não apenas avaliem a prevalência destas doeas nesta faixa etária,
mas que tenham o propósito de realizar atividades de cunho preventivo e
educacional, estratégias dirigidas para o seu controle, um estado de vigia
permanente, amenizando este sério problema para o sistema de saúde.
21
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4.1 ADOLESCENTES
O termo adolescente significa, em sua etimologia, ad (para frente) e dolescere
(crescer com dor), caracterizando um período de mutação, de crises, um estágio de
amadurecimento refletindo mudanças e fase de transformações, atingindo os níveis
sociais, corporal e intelectual (SOUZA et al., 2004).
A adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta,
caracterizado pelas intensas mudanças corporais da puberdade e pelos impulsos do
desenvolvimento emocional, mental e social. Todas essas mudanças o partes de
um processo contínuo e dinâmico, que inicia na vida fetal e vai se modificando
durante a infância sob as influências favoráveis ou desfavoráveis do meio ambiente
e do contexto social. Terminam com o completo crescimento físico, ocorrendo a
maturação sexual, a consolidação da personalidade, a independência econômica e a
integração do indivíduo em seu grupo social (GODOY et al., 2006).
O reconhecimento de uma etapa de vida marcada pela transitoriedade entre a
infância e a vida adulta sempre existiu em todas as sociedades e em todas as
épocas da história humana. Nos dias de hoje, a expectativa de vida das pessoas
aumentou consideravelmente e se observa, entre outras conquistas, o controle dos
processos mórbidos e a queda da mortalidade infantil. Como conseqüência, emerge
a possibilidade de se redefinir em grandes linhas as fronteiras da vida neste contexto
contemporâneo. A adolescência se impõe pelo seu contingente populacional e
demarcam-se com mais nitidez as estruturas demográficas em crescente expansão
e suas peculiares de conduta (MAAKAROUN; SOUZA, 2007).
“É natural que a adolescência fosse negada e a velhice fosse desprezada
naqueles tempos, em que se vivia em média trinta anos de idade”. “A adolescência
se expande empurrando a infância para trás e a maturidade para frente, e vamos
passando de uma época sem adolescência para outra, em que a adolescência é a
idade favorita” (ÁRIES apud MAAKAROUN; SOUZA, 2007).
22
4.2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE PREVENÇÃO E COMBATE AO SOBREPESO E
OBESIDADE
A alimentação e a nutrição constituem requisitos básicos para a promoção e a
proteção da saúde, possibilitando a afirmão plena do potencial de crescimento e
desenvolvimento humano, com qualidade de vida e cidadania.
O Ministério da Saúde, no ano de 1999, homologou a Política Nacional de
Alimentação e Nutrição (PNAN), integrando a Política Nacional de Saúde e a
Segurança Nutricional e Alimentar e compondo o conjunto das políticas
governamentais voltadas à concretizão do direito humano e universal à
alimentação e nutrição adequadas.
A PNAN tem como objetivos garantir a qualidade dos alimentos colocados
para o consumo no País, a promoção de práticas alimentares saudáveis como
estratégia central, a prevenção e o controle dos distúrbios nutricionais, bem como o
estímulo às ações intersetoriais que propiciam o acesso universal aos alimentos.
Outra diretriz que se propõe a contribuir para a promão da saúde é a
promão de práticas alimentares e estilos de vida sauveis.
O incentivo ao aleitamento materno é fundamental neste processo, pois
através deste é iniciada a promão da prática alimentar saudável, que por sua vez
es inserida no contexto de adoção de estilo de vida saudável e é componente
fundamental da promão de saúde.
Nesse sentido, a socialização do conhecimento sobre os alimentos e o
processo de alimentação, assim como acerca da prevenção dos problemas
nutricionais, desde a desnutrição, incluindo as carências específicas até a
obesidade, precisa ser enfatizada.
O direito humano à alimentação deve ser fundamentado em toda ação e
constar em todo material educativo produzido, considerando-se que a informação é
condição indispensável à construção da cidadania.
A saúde das pessoas é resultado de fatores sociais, culturais, ecológicos,
psicológicos, econômicos e religiosos, que atuam como determinantes ou
condicionantes de saúde. Assim, além de se apresentar como um conceito positivo,
23
a sde assume um conceito abrangente que se apóia nos recursos sociais e
coletivos, e não somente na capacidade física ou condição biológica dos sujeitos,
individualmente. Fatores determinantes da saúde vão determinar a condição
alimentar e nutricional.
Na Primeira Conferência Nacional de Segurança Alimentar, em 1994, foi
adotado o seguinte conceito de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN): “é a
garantia, a todos, de condições de acesso a alimentos básicos de qualidade, em
quantidade suficiente, de modo permanente e sem comprometer o acesso a outras
necessidades básicas como saúde, educação, moradia, trabalho, lazer..., com base
em práticas alimentares que contribuam assim para uma existência digna em um
contexto de desenvolvimento integral da pessoa humana”.
As ações voltadas a garantir essa segurança dão, assim, conseqüências
práticas ao direito humano à alimentação e nutrição adequadas, extrapolando,
portanto, o setor sde e alcançando também um caráter intersetorial.
Para garantir o Direito Humano à Alimentação é dever do Estado estabelecer
políticas que melhorem o acesso das pessoas aos recursos para a produção ou
aquisição, seleção e consumo de alimentos, impulsionando, desta forma, a
compreensão do papel do setor Saúde no tocante à alimentação e nutrição,
reconhecidas como elementos essenciais para a promoção, proteção e recuperação
da saúde.
Frente aos alarmantes dados epidemiológicos de ascensão do
sobrepeso/obesidade em nível mundial, a Organização Pan-Americana de Saúde
Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS) elaborou uma proposta de Estratégia
Global para a Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde,
possibilitando implantar ões efetivas para a redução de mortes e doenças
relacionadas à alimentação inadequada e à inatividade física durante o Fórum
Global para Doenças Crônicas não Transmissíveis, na cidade do Rio de Janeiro, em
2003. Durante o evento a OPAS/OMS, em parceria com a FAO, lançou uma
campanha mundial para incentivar o consumo de frutas, verduras e hortaliças,
evitando doenças e melhorando a qualidade de vida da população.
Guia-se por princípios-base como a multisetorialidade, multidisciplinariedade
e participação, condizentes com a carta de Ottawa e baseados nas recentes
24
pesquisas científicas dispoveis. O Relatório 916 da OMS, elaborado por
pesquisadores e especialistas mundiais no tema de Doenças Crônicas Não
Transmissíveis (DCNT), contribuiu com dados e informões científicas que
legitimam as preocupações e proposições que levam à asserção da estratégia.
Para a redução das DCNT é necessário grande esforço em alimentação,
atividade sica e saúde pública. Ressalta-se também a necessidade de avaliação,
monitoramento e vigilância.
4.3 ESTADO NUTRICIONAL DA POPULAÇÃO
A avaliação nutricional é um instrumento diagnóstico, já que mede - de
diversas maneiras - as condições nutricionais do organismo, determinadas pelos
processos de ingestão, absorção, utilização e excreção de nutrientes. Ou seja, a
avalião nutricional determina o estado nutricional, que é resultante do balanço
entre a ingestão e a perda de nutrientes. O estado nutricional de uma população é
um excelente indicador de sua qualidade de vida. A preferência pelas variáveis
antropométricas, sobretudo em estudos populacionais, se deve principalmente ao
baixo custo e à relativa simplicidade de realizão das medidas (FISBERG et al.,
2005).
São utilizados diferentes métodos para a avalião do estado nutricional, pois
é consenso que apenas um parâmetro não é suficiente para caracterizá-lo. Entre os
mais utilizados estão os seguintes métodos: antropometria (peso e estatura, para o
lculo do índice de massa corporal, e a circunferência da cintura), análise de
parâmetros bioquímicos, determinação da composição corporal e a avaliação global
das condições dos adolescentes. Esses métodos ajudam a identificar as
modificações no perfil nutricional individual, associadas ou não a situações de
doença, permitindo assim uma intervenção adequada no sentido de promover a
recuperação ou a manutenção da saúde (ESCRIVÃO et al., 2007).
O índice de massa corporal tem sido amplamente utilizado para a estimativa
de sobrepeso e obesidade. É um indicador simples do estado nutricional devido a
sua boa correlação com a massa corporal e baixa correlação com a estatura
25
(SANTOS; SICHIERI, 2005).
Tem sido também empregada para a avaliação do estado nutricional a
medida da circunferência da cintura, a qual é apontada como a variável que se
correlaciona melhor com o tecido adiposo visceral e pode ser facilmente mensurada
e interpretada (OLIVEIRA; VEIGA, 2005).
Na adolescência, para a avaliação do estado nutricional e das modificações
antropométricas e de composição corporal, é de extrema importância a
consideração do estágio de maturação sexual. Os fenômenos puberais apresentam
variabilidade no que diz respeito às idades de início e término, à velocidade e
magnitude em que se expressam e às suas interligações. Tais fenômenos
influenciam as modificações antropométricas e de composição corporal que
caracterizam o processo de crescimento e desenvolvimento da adolescência
(BARBOSA et al., 2006).
4.4ESTADIAMENTO PUBERAL
Puberdade é um fenômeno biológico que se refere às mudanças morfológicas
e fisiológicas (forma, tamanho, função) resultantes da reativação dos mecanismos
neuro-hormonais do eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal-gonadal. Estas mudaas
o partes de um processo contínuo e dinâmico, que se inicia durante a vida fetal e
termina com o completo crescimento e a fusão total das epífises ósseas (TANNER,
1962).
É importante salientar que ocorre uma enorme variabilidade no tempo de
início, duração e progressão do desenvolvimento puberal, com marcantes diferenças
entre os sexos e entre os diversos grupos étnicos e sociais de uma população,
inclusive de acordo com o estado nutricional e fatores alimentares, ambientais e
contextuais (FISBERG, 2005).
Na adolescência, após as primeiras modificações hormonais, ocorrem as
mudanças físicas, como o desenvolvimento das mamas, dos pêlos pubianos e a
maturação genital (FALKER; TANNER,1978). A maior ação hormonal converge para
26
a condrogênese. Além de controlar o crescimento longitudinal, o hormônio do
crescimento age na distribuição do tecido adiposo e no metabolismo das proteínas,
dos carboidratos, dos lipídios, dos minerais e da água. Na puberdade ocorrem dois
processos para aumentar as secreções dos esteróides gonadais: a adrenarca
(aumento da secreção dos androgênios das supra-renais) e a gonadarca, com
aumento do estrogênio no sexo feminino e da testosterona no sexo masculino,
hormônios responsáveis pelo aparecimento dos caracteres sexuais secundários
(ovulação e espermatogênese) e pelo processo de fertilizão, garantindo a
perpetuação da formação humana (BAVIS; DOBBING, 1974; GUEDES; GUEDES,
1977, apud VITOLO, 2003).
Com a atividade dos hormônios sexuais ocorrem transformões físicas
diferentes entre os sexos, que podem ser observadas no período de estirão do
crescimento (VITOLO, 2003). Neste processo são estabelecidos estágios de
maturação sexual, que são denominados estágios de Tanner. Estes critérios,
enumerados de 1 a 5, consideram as mamas (M), os pelos pubianos (P) e a genitália
masculina (G), conforme apresenta o Quadro 1. A avaliação dos estágios é realizada
durante exame físico, na consulta de médico com experiência clínica de
adolescentes, que deveavaliar a presença ou não de material glandular mamário
e de pêlos pubianos. Contudo, considerando-se as diferenças étnicas e possíveis
distúrbios hormonais, estes o são usados como parâmetro isolado de diagnóstico
(COATES et al. apud VITOLO, 2003).
Quadro 1 - Características puberais de acordo com sexo e o esgio de maturação
sexual.
Características do adolescente de acordo com o sexo e o estágio
de maturação sexual de Tanner
Sexo
masculino
Pêlos pubianos (P) Genitália (G)
Estágio 1 Nenhum Características infantis sem alteração
Estágio 2 Presença de pêlos finos claros Aumento do pênis, pequeno ou ausente,
aumento inicial do volume testicular
Estágio 3 Púbis coberto Crescimento peniano em comprimento;
maior crescimento dos testículos e do
escroto
Estágio 4 Tipo adulto: sem extensão para
as coxas
Crescimento peniano principalmente no
diâmetro
Estágio 5 Tipo adulto: com extensão para
as coxas
Desenvolvimento completo da genitália
27
Sexo feminino Pêlos pubianos (P) Mamas (M)
Estágio 1 Ausentes Sem modificação da fase infantil
Estágio 2 Pequenas quantidades: longos,
finos e lisos
Brotos mamários: elevação da aréola e
distribuídos ao longo dos grandes lábios
papilas formando uma pequena saliência
Estágio 3 Aumento de quantidade e
espessura, mais escuros e
encaracolados
Maior crescimento da mama e da aréola,
mas sem separação dos contornos
Estágio 4 Pêlos do tipo adulto: cobrindo
mais densamente a região
púbica, sem atingir as coxas
Maior crescimento da mama e da aréola,
havendo separação dos contornos
Estágio 5 Pilosidade pubiana igual à do
adulto, invadindo a parte interna
das coxas
Mamas com aspecto adulto, o contorno
areolar é incorporado novamente ao
contorno da mama
Fonte: Tanner, J.M. Growth at adolescence. Blackwel, Oxford, 1962.
4.5 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA
A hipertensão é um sintoma que se manifesta por um aumento permanente
da pressão arterial sistólica ou diastólica, ou de ambas. É definida como uma
elevação da pressão sangüínea a níveis superiores aos normais, que geralmente
o considerados iguais ou superiores a 140 mmHg para a pressão sistólica e 90
mmHg para a diastólica, sendo a pressão sistólica o número mais significativo
(BODINSKI, 1999). Crianças e adolescentes com pressão sistólica superior a 120
mmHg e diastólica superior a 80 mmHg, independentemente da idade, devem ser
considerados pré-hipertensos e orientados para a mudança de estilo de vida
(INGELFINGER, 2004).
Diversos fatores podem estar implicados nas alterações dos mecanismos que
regulam a pressão sanguínea no organismo, sendo que as alterações dos níveis
pressóricos são creditadas a fatores genéticos e ambientais. O fator genético
relaciona-se com a herança familiar, uma ou mais anormalidades dentro de um
conjunto complexo de sistemas, transportes de eletrólitos, mecanismos de controle
simtico e endócrino, cada qual com alterações genéticas em potencial. A
alteração em algum desses genes ou uma combinação de alterações resultaria na
manifestação clínica da hipertensão arterial. Fatores ambientais que atuam no
indivíduo susceptível são distúrbios alimentares, como a ingestão excessiva de sal,
28
a obesidade, o consumo de álcool, café, fumo e a presença de diabetes mellitus.
(SALGADO; CARVALHAES, 2003).
A pressão sangüínea é o resultado da multiplicação do bito cardíaco pela
resistência vascular periférica. O diâmetro do vaso sangüíneo afeta notadamente o
fluxo sangüíneo. Quando o diâmetro é diminuído, a resistência e a pressão
sanínea aumentam. Ao contrário, quando o diâmetro é aumentado, ocorre uma
diminuição da resistência vascular e, conseqüentemente, a pressão baixa
(KRUMMEL et al., 2002).
Muitos sistemas mantêm o controle homeostático da pressão sangüínea. Os
maiores reguladores são o sistema nervoso simpático e os rins. Em resposta a uma
queda na pressão sangüínea, o sistema nervoso simpático secreta norepinefrina, um
vasoconstritor, que atua em pequenas artérias e arteolas para aumentar a
resistência periférica e elevar a pressão sangüínea. Os rins regulam a pressão
arterial através do controle de volume de fluido extracelular, secretando renina, que
ativa o sistema renina-angiotensina. Quando os mecanismos regulatórios falham,
desenvolve-se a hipertensão (KRUMMEL, 2002).
Segundo Krummel (2002), em muitos casos de hipertensão arterial um
aumento da resistência vascular periférica. Esta resistência foa o ventrículo
esquerdo a aumentar a sua força de ejeção no bombeamento sanguíneo através de
todo o sistema vascular. Com o tempo, o ventrículo esquerdo torna-se hipertrófico e,
eventualmente, desenvolve-se a insuficiência cardíaca crônica. Cerca de 50% dos
pacientes com hipertensão morrem por insuficiência cardíaca crônica.
As doenças cardiovasculares, que m a hipertensão arterial como um dos
seus principais fatores de risco, o atualmente responsáveis por 32% do total de
óbitos no Brasil, e por mais de um milhão de internações por ano no Sistema Único
de Saúde (SUS). No Brasil estima-se que haja mais de 16 milhões de hipertensos,
cerca de 14 a 18% da população adulta, sendo a obesidade um dos principais
fatores de risco para a hipertensão (BRASIL, 2004).
Estudos americanos publicados em 2004 mostram que a hipertensão arterial
atinge cerca de 30% da populão adulta americana, e que esta é a responsável
direta por 9,1% das mortes, 6,5% das internações domiciliares e 3,4% das
internações hospitalares (GREENLUND et al., 2004).
29
A maior prevalência de hipertensão na obesidade tem sido atribuída à
hiperinsulinemia decorrente da resistência à insulina presente em indivíduos obesos,
principalmente naqueles que apresentam excesso de gordura na região do tronco,
promovendo a ativação do sistema nervoso simpático e a reabsorção tubular de
dio. Apontada como mecanismo inicial básico do aumento da pressão arterial de
obesos, muitos destes caracterizados como indivíduos sódio-sensíveis, a
reabsorção tubular de sódio contribui para o aumento da resisncia vascular
periférica e da pressão arterial (BARROSO et al, 2002; CARNEIRO et al., 2003).
Simone et al. (2005) demonstraram em seu estudo que a composição
corporal e a distribuição de gordura podem influenciar a hemodinâmica sistêmica em
adultos normotensos e hipertensos de uma amostra populacional, mesmo na
ausência de obesidade. A preocupação com a prevenção de eventos
cardiovasculares futuros tem sido traduzida em propostas claras feitas por
especialistas e em ações governamentais, como a restrição da venda de alimentos
considerados inadequados ao consumo em escolas e a promão de programas
estimulando um estilo de vida mais ativo (BRANDÃO et. al., 2004).
No Brasil, assim como na maior parte dos pses desenvolvidos, as doenças
cardiovasculares representam a principal causa de morbimortalidade e têm ocorrido
em idade precoce, levando a um aumento significativo de anos perdidos na vida
produtiva (CORONELI; MOURA, 2003).
4.6 PERFIL LIPÍDICO
O perfil lipídico é definido pelas determinações bioquímicas do colesterol total,
colesterol ligado ao HDL-colesterol, dos triglicérides e do colesterol ligado ao LDL-
colesterol as jejum de 12 a 14 horas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
CARDIOLOGIA , 2007).
A ateroesclerose é uma doença inflamatória crônica de origem multifatorial
que ocorre em resposta à agressão endotelial, acometendo principalmente a
camada íntima de artérias de médio e grande calibre (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
CARDIOLOGIA, 2007).
30
A placa ateroesclerótica plenamente desenvolvida é constituída por
elementos celulares, componentes da matriz extracelular e núcleo lipídico. Estes
elementos formam, na placa ateroesclerótica, o núcleo lipídico, rico em colesterol, e
a capa fibrosa, rica em colágeno. As placas estáveis caracterizam-se por predomínio
de colágeno, organizado em capa fibrosa espessa, escassas células inflamatórias e
núcleo lipídico de proporções menores. As instáveis apresentam atividade
inflamatória intensa, especialmente nas suas bordas laterais, com grande atividade
proteolítica, núcleo lipídico proeminente e capa fibrótica nue. A ruptura desta capa
expõe material lipídico altamente trombogênico, levando à formão de um trombo
sobrejacente. Este processo, tamm conhecido por aterotrombose, é um dos
principais determinantes das manifestações clínicas da ateroesclerose (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2007).
Existem evidências anatomo-patológicas de que a formão da placa
aterosclerótica inicia-se na infância e progride lentamente até a vida adulta
(FRANCOSO; COATES, 2002).
Estudos epidemiológicos prospectivos de coorte realizados em crianças,
como os de Bogalusa, Muscatine e Cincinatti, evidenciaram que a presença de um
determinado fator de risco genético e ambiental na infância associava-se à maior
probabilidade de sua presença também na vida adulta. (OLIVEIRA et al., 2007.) Este
fenômeno foi chamado de “trilha” e é observado para a maioria dos fatores de risco.
Além disso, observa-se com freqüência uma agregação de fatores de risco, e a
exposição a esses fatores durante a infância e a adolescência associa-se com o
desenvolvimento precoce de aterosclerose (SOROF; DANIELS, 2002).
A doença aterosclerótica é uma das principais causas de morbidade e
mortalidade em todo o mundo, com uma tendência a acometer pessoas mais jovens
nos países em desenvolvimento. Na América Latina, esta doença é responsável por
cerca de 20 a 35% da mortalidade total (LEVI et al., 2002).
Baixos veis de HDL-colesterol são fator de risco importante para a
ateroesclerose (BARTER; RYE, 1996). Santos e Spósito (2002) relatam que a
principal dislipidemia associada à obesidade é caracterizada por elevações leves e
moderadas dos triglicérides e pela diminuição do HDL-colesterol.
Estudos mundiais demonstram alterações no perfil lipídico de crianças e
31
adolescentes, acarretando a necessidade de prevenção das doeas cardiovasculares
nesta fase da vida (CHOR et al., 1995; BROTONS, 1998; McGILL et al., 2000;
PELLANDA et al., 2002).
32
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
5.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Foi desenvolvido um estudo caso-controle a partir de um estudo retrospectivo
no município de Balneário Camboriú, no estado de Santa Catarina.
Os dados de adolescentes de 10 a 14 anos foram coletados pela
pesquisadora durante consulta médica no Posto de Atenção Infantil (PAI), no
período de fevereiro a dezembro de 2006. Foram excluídos da análise os menores
de 10 e os maiores de 14 anos, aqueles que apresentavam doenças cardíacas ou
metabólicas, eram fumantes, usuários de contraceptivos orais e os que não
retornaram para entregar os resultados dos exames bioquímicos.
5.2 POPULAÇÃO E AMOSTRAGEM
A população inicial foi composta por 315 adolescentes. Destes, 6% (n=18)
apresentavam baixo peso, 73% (n=232) eutrofia e 21% (n=65)
sobrepeso/obesidade. Para compor o grupo caso foram selecionados todos os que
apresentavam sobrepeso e obesidade e que aceitaram participar do estudo (n=54).
Para o grupo controle consideraram-se os adolescentes eutróficos, na proporção de
três controles para cada caso. Os adolescentes do grupo controle foram amostras
aleatórias da mesma população, obtidas a partir de sorteio. No total, 216
adolescentes foram estudados, sendo 54 casos e 162 controles.
33
5.3 COLETA DOS DADOS
5.3.1 Avaliação socioeconômica
Utilizaram-se para a avaliação socioeconômica as variáveis: características
do domicílio, coleta de lixo, saneamento básico, abastecimento de água e renda per
capita em salário mínimo (Apêndice 1).
O valor do sario mínimo utilizado refere-se ao mês de fevereiro de 2006
(R$350,00).
A renda per capita foi obtida pela divisão da renda familiar pelo número de
pessoas moradoras no mesmo domicílio.
5.3.2 Avaliação do estado nutricional
Para a avaliação do peso corporal foi utilizada uma balança eletrônica da
marca Plenna
®
, tipo portátil, com capacidade máxima de 150 kg e sensibilidade de
50g. Para a verificação desta medida o adolescente estava com roupas leves e
descalço. O avaliado permaneceu de sobre a plataforma da balança, no centro
da mesma, com o peso do corpo distribuído igualmente em ambos os pés e com os
braços ao lado do corpo. A massa foi registrada em quilos (kg) e gramas (g) (WHO,
1995).
Para verificar a estatura utilizou-se estadiômetro vertical da marca SECA
®
,
com capacidade de 200 cm e escala de variação de 0,1cm, conforme preconizado
pela WHO (1995). O avaliado estava descalço e foi colocado sobre a base do
estadiômetro, de forma ereta, com os pés unidos e os membros superiores
pendentes ao lado do corpo, com o peso distribuído igualmente em ambos os pés,
colocando as superfícies posteriores dos calcanhares, as nádegas e a região
34
occipital em contato com a parede. A cabeça foi orientada de modo que a linha de
visão ficasse perpendicular ao corpo, ou seja, paralela ao solo. A referência para a
mensuração foi o ponto mais alto da cabeça, com pressão suficiente para comprimir
o cabelo.
A Organização Mundial da Saúde sugere o Índice de Massa Corporal para a
triagem de adolescentes com sobrepeso e obesidade por ser bem correlacionado
com a gordura corporal, ser de cil obtenção, ter referências para comparações e
ainda permitir uma continuidade do critério utilizado para a avaliação de adultos
(VIEIRA et al., 2004).
Após o cálculo do Índice de Massa Corporal os adolescentes foram
classificados conforme a tabela do Índice de Massa Corporal de acordo com o sexo
e a idade em percentis, segundo o padrão do National Center for Health Statistics
(KUCZMARSKI et al., 2002), a partir dos pontos de corte recomendados pela
Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995) (Tabela 1).
Tabela 1 - Classificação do estado nutricional de acordo com os percentis de IMC.
Percentil Diagnóstico
< 5 Baixo peso
5-85 Eutrofia (normalidade)
85-95 Sobrepeso
95 Obesidade
Fonte: WHO, 1995.
A medida da circunferência da cintura foi realizada com fita métrica inelástica
e inextensível, graduada em centímetros e mimetros, na menor curvatura da
cintura, com o indivíduo de pé, sem roupas e segundo a metodologia e os pontos de
corte sugeridos por Taylor et al. (2000) (Tabela 2).
35
Tabela 2 Pontos de corte sugeridos (P80) para a circunferência da cintura de
adolescentes para a identificação do excesso de massa de gordura na região do
tronco.
Circunferência (cm)
Idade Meninas Meninos
10 69,6 72,4
11 71,8 74,7
12 73,8 76,9
13 75,6 79,0
14 77,0 81,1
Fonte: Taylor et al., 2000.
5.3.3 Avaliação do estadiamento puberal
A avaliação clínica do desenvolvimento puberal foi realizada pela própria
pesquisadora (médica pediatra), a fim de caracterizar os estágios puberais (Anexos
1 e 2) segundo os cririos estabelecidos por Tanner (1962). Os cririos de Tanner
consistem numa escala composta por cinco estágios (Quadro 1) de desenvolvimento
de pêlos (ambos os sexos), genitais (meninos) e mamas (meninas), retratados em
desenhos ou fotos. Na escala, o estágio 1 indica o estágio pré-puberal, isto é, a
ausência de desenvolvimento das características puberais, os estágios de 2 a 4 a
evolução do desenvolvimento e o estágio 5 representa o desenvolvimento adulto,
pós-púbere (JUZWIAK; PASCHOAL, 2004).
5.3.4 Avaliação da pressão arterial
A pressão arterial dos adolescentes foi aferida com o auxílio de monitor
portátil de pulso, marca Omron
, calibrado diariamente contra procedimento
efetuado com esfignomanômetro clínico por profissional devidamente treinado.
Durante a aferição, os adolescentes ficaram sentados por um período mínimo de
cinco minutos e o aparelho foi colocado no pulso esquerdo, de acordo com as
36
recomendações do fabricante.
Foram realizadas três medidas da pressão arterial com intervalos de dois
minutos cada, sendo considerado o menor dos valores obtidos.
Para o diagnóstico de hipertensão arterial utilizaram-se os pontos de corte
definidos pelas IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2002), que definem os limites da pressão arterial
segundo o sexo, a idade e o percentil de estatura. Considera-se:
pressão normal: pressão arterial sistólica e diastólica abaixo do percentil
90;
pressão normal-alta ou limítrofe: pressão arterial sistólica ou diastólica
entre os percentis 90 e 95;
hipertensão arterial: pressão arterial sistólica ou diastólica acima do
percentil 95, medida em três ocasiões diferentes.
5.3.5 Avaliação das dosagens lipídicas
Foram coletadas amostras sangüíneas dos adolescentes no período
matutino, por profissional devidamente capacitado e habilitado, após jejum de doze
horas. Foram realizadas as dosagens de colesterol total, LDL-colesterol, HDL-
colesterol e triglicérides. Para o diagnóstico de dislipidemias utilizaram-se os pontos
de corte propostos pelas IV Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Prevenção
da Ateroesclerose (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2007) (Tabela
3).
37
Tabela 3 – Valores de referência para lípides entre 2 e 19 anos.
Lípides Valores ( mg/dL)
Idade Desejáveis Limítrofes Aumentados
CT 2 a 19 <170 170-199 >200
LDL-c 2 a 19 <110 110-129 >130
HDL-c < 10 >40 - -
10-19 >35 - -
TGL <10 <100 - >100
10-19 <130 - >130
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2007.
5.3.6 Termo de consentimento livre e esclarecido
Foi solicitada aos pais e/ou responsáveis dos adolescentes a assinatura de
duas vias do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, onde constaram todas as
etapas do estudo (Apêndice 2). Uma das vias deste termo ficou em posse do
assinante e a outra em posse do pesquisador.
5.3.7 Comissão de ética
O presente projeto foi aprovado pela Comissão de Ética da Universidade o
Vale do Itajaí (UNIVALI), sob o parecer número 57/2006 (Apêndice 3).
5.3.8 Análise dos dados
Os dados foram analisados com o auxílio do programa Statistica
, com
intervalo de confiança de 95% e nível de significância inferior a 5% (p<0,05).
Inicialmente, as variáveis foram descritas conforme o grupo estudado por freqüência,
médias, desvios-padrão e porcentagens. Posteriormente, realizou-se o estudo da
associação entre sobrepeso e obesidade e as variáveis independentes, utilizando-se
38
o teste t de Student para as variáveis quantitativas (comparação das médias do
índice de massa corporal de acordo com as classificações do colesterol total,
triglicérides, HDL-colesterol, LDL-colesterol, pressão arterial e renda per capita).
Para a análise das diferenças entre as variáveis qualitativas empregou-se o teste do
qui-quadrado de Wald. Para a estimativa de risco, foi utilizado o odds-ratio,
considerando-se o sobrepeso/obesidade como variável dependente. A correlação de
Pearson foi utilizada para testar as correlações entre as variáveis.
39
6 RESULTADOS
Participaram do estudo 216 adolescentes, sendo 55% (n=117) do sexo
feminino e 46% (n=99) do sexo masculino. A idade média foi de 12,24 ± 1,36 anos.
A Tabela 4 apresenta as características antropométricas dos grupos estudados.
Observou-se no grupo caso valores significativamente mais elevados para as
variáveis peso, índice de massa corporal e circunferência da cintura quando
comparados ao grupo controle.
Tabela 4 Médias, desvios-padrão e nível de significância da idade, peso, estatura,
índice de massa corporal, circunferência da cintura, pressão arterial sistólica e
pressão arterial diastólica segundo o grupo. Balneário Camboriú – SC, 2006.
Variáveis Grupo Médias e Desvios-Padrão p
Caso 11,9 ± 1,3 Idade (anos)
Controle 12,3 ± 1,3
ns
Caso 56,2 ± 13,3 Peso (kg)
Controle 41,8 ± 9,2
<0,0001
Caso 1,5 ± 0,08 Estatura (m)
Controle 1,5 ± 0,1
ns
Caso 24,7 ± 4,5 Índice de Massa Corporal (Kg/ m
2
)
Controle 18,3 ± 2,27
<0,0001
Caso 77,1 ± 9,0 Circunferência da Cintura (cm)
Controle 64,3 ± 6,2
<0,0001
Caso 102,52 ± 16,98 Pressão Arterial Sistólica (mmHg)
Controle 102,20 ± 15,74
ns
Caso 64,80 ± 11,51 Pressão Arterial Diastólica (mmHg)
Controle 64,53 ± 12,04
ns
Legenda: Teste-t entre as médias dos grupos das variáveis.
Na Tabela 5 estão descritos os estágios de maturação sexual de acordo com
os grupos. Observa-se que, tanto no grupo caso quanto o grupo controle, a maioria
dos adolescentes encontrava-se no estágio 2, 37% (n=20) e 33% (n=52),
respectivamente. Não se observou diferença entre os grupos nos diferentes estágios
puberais.
40
Tabela 5 Estágios de maturação sexual de acordo com os grupos. Balneário
Camboriú – SC, 2006.
Caso Controle Total Estágios
N % n % n %
1 11 20 18 11 29 14
2 20 37,0 52 33,0 72 34
3 14 26 48 30 62 29
4 7 13 34 21,5 41 19
5 2 4 6 4 8 4
Total 54 100 158 100 212 100
Na Tabela 6 estão descritas as condições socioeconômicas dos adolescentes
de acordo com os grupos. Observou-se em ambos os grupos a predominância do
domicílio de madeira, a coleta de lixo realizada pela prefeitura, o esgoto com
saneamento básico e o abastecimento de água pela rede pública.
Tabela 6 – Condições socioeconômicas dos adolescentes de acordo com os grupos.
Balneário Camboriú – SC, 2006.
Caso Controle Total
Variáveis
n % n % n
Até 1 Salário Mínimo 23 43 106 65 129 Renda per capita
Entre 1 e 2 Salários Mínimos 25 46 48 30 73
Acima de 2 Salários Mínimos 6 11 8 5 14
Domicilio Madeira 47 87 127 79 174
Alvenaria 3 6 15 09 18
Misto 4 7 20 12 24
Cômodos Até 5 26 48 93 57 119
De 5 a 10 26 48 68 42 94
Acima de 10 2 4 1 1 3
Coleta de lixo Realizada pela Prefeitura 52 96 162 100 216
Enterrado 2 4 - - 2
Saneamento básico Esgoto 54 100 157 97 211
Fossa - - 3 2 3
Céu aberto - - 2 1 2
Abastecimento de água Rede pública 54 100 156 96 210
Poço artesiano - - 6 4 6
41
A Tabela 7 mostra que o grupo caso apresentou valores significativamente
mais elevados para as variáveis LDL–colesterol e triglicérides quando comparado ao
grupo controle.
Tabela 7 Médias, desvios-padrão e níveis de significância do colesterol total,
HDL–colesterol, LDL–colesterol e triglicérides segundo o grupo. Balneário
Camboriú–SC, 2006.
Variável Grupo Médias e Desvios-Padrão p
Caso 167,8 ± 35,7 ns Colesterol Total (mg/dL)
Controle 162,0 ± 32,7
Caso 44,4 ± 13,1 ns HDL- colesterol (mg/dL)
Controle 47,8 ± 13,1
Caso 107,8 ± 31,7 0,03 LDL- colesterol (mg/dL)
Controle 97,7 ± 29,3
Caso 96,5 ± 58,3 0,01 Triglicérides (mg/dL)
Controle 80,4 ± 32,3
A Tabela 8 mostra a distribuição dos valores conforme as variáveis de risco
estudadas segundo o grupo. Nota-se que não houve diferença significativa entre os
grupos em relação às variáveis colesterol total, HDL–colesterol, triglicérides e
hipertensão arterial sistêmica. Os adolescentes do grupo caso apresentaram 1,80;
1,84; 2,02 e 1,02 mais chances de demonstrarem valores de colesterol total, HDL-
colesterol, triglicérides e hipertensão arterial, respectivamente, mais elevados
quando comparados ao grupo controle.
Observou-se diferença estatisticamente significativa entre as variáveis LDL–
colesterol e circunferência da cintura entre os grupos caso e controle. Os
adolescentes do grupo caso apresentaram 2,97 e 19,78 vezes mais chances de
demonstrarem valores de LDL–colesterol e da circunferência da cintura elevados,
respectivamente.
42
Tabela 8 Distribuição dos adolescentes conforme a alteração do colesterol total,
HDL-colesterol, LDL–colesterol, triglicérides, hipertensão arterial e circunferência da
cintura. Balneário Camboriú – SC, 2006.
Variável Grupo Normal Alterado Total IC
n % n % n %
Odds
ratio
Caso 28 52 26 48 54 100
Colesterol Total
Controle 107 66 55 34 162 100
1,80 0,96-3,38
Caso 45 83 9 17 54 100
HDL-colesterol Controle 146 90 16 10 162 100
1,84 0,76-4,47
Caso 25 46 29 54 54 100
LDL-colesterol * Controle 117 72 45 28 162 100
2,97 1,57-5,64
Caso 47 87 7 13 54 100
Triglicérides Controle 151 93 11 7 162 100
2,02 0,73-5,56
Caso 48 89 6 11 54 100
Hipertensão Arterial Sistêmica
Controle 143 88 19 12 162 100
0,91 0,34-2,43
Caso 22 41 32 59 54 100
Circunferência da Cintura *
Controle 151 93 11 7 162 100
19,78 8,69-45,03
*Valor de p<0,05.
A Tabela 9 apresenta as correlações entre as variáveis índice de massa
corporal, níveis lipídicos, pressão arterial e renda.
Tabela 9 Coeficientes de correlação de Pearson entre o índice de massa corporal e
colesterol total, HDL–colesterol, LDL–colesterol, triglicérides, pressão arterial sistólica e
diaslica, circunferência da cintura e renda per capita em salário mínimo. Balneário
Camboriú – SC, 2006.
Índice de Massa Corporal
Variáveis
r p
Colesterol Total 0,05 ns
HDL–colesterol 0,05 ns
LDL–colesterol 0,01 ns
Triglicérides 0,08 ns
Pressão Arterial Sistólica 0,04 ns
Pressão Arterial Diastólica 0,04 ns
Circunferência da Cintura 0,35 <0,001
Renda per capita em Salário Mínimo 0,06 ns
43
A Figura 1 apresenta a correlação positiva e significativa entre as variáveis
índice de massa corporal e circunferência da cintura (r=0,35; p<0,001).
Índice de Massa Corporal vs. Circunferência da Cintura
Correlação: r = 0,86896
10 15 20 25 30 35 40 45
Índice de Massa Corporal
40
50
60
70
80
90
100
110
120
Circunferência da Cintura
95% confiança
Figura 1 - Coeficiente de correlação de Pearson entre o índice de massa corporal e
a circunferência da cintura.
44
7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Além das limitações próprias de um estudo caso-controle, como a possível
falta de interesse dos familiares em retornar com os exames solicitados, o número
de variáveis estudadas foi pequeno. Todavia, o estudo é importante por contribuir
com novos dados no cerio nacional. Em adição, as variáveis estudadas (estado
nutricional, circunferência da cintura, pressão arterial, níveis sanguíneos de
colesterol total e frações e triglicérides) devem fazer parte das consultas de rotina da
rede básica de saúde, contribuindo para a vigilância precoce.
7.1 SOBREPESO E OBESIDADE
As conseqüências do mundo moderno, tais como a diminuição da atividade
física e o acúmulo de adiposidade desde a infância e adolescência, são nefastas e
bem conhecidas para a saúde do homem na vida adulta: maior risco de
ateroesclerose e suas conseqüências (angina, infarto do miocárdio, doença vascular
cerebral), aumento da obesidade, da hipertensão arterial, do diabetes, da
osteoporose, das dislipidemias, da doença pulmonar obstrutiva crônica, da asma, da
depressão, da ansiedade, além de aumento do risco de afeões osteomusculares e
de alguns tipos de câncer (ALVES, 2003).
Na adolescência tamm se o pico máximo da velocidade de crescimento,
que coincide com a máxima ingestão energética e, então, é observado um real
aumento do apetite, o que pode levar ao sobrepeso e à obesidade (VITOLO, 2003).
Evidências sugerem que as prevancias de sobrepeso e obesidade na faixa
pediátrica m aumentado significativamente, apontando para uma epidemia
mundial. Este fato é preocupante, uma vez que as alterações metabólicas e
conseqüências oriundas da obesidade, antes evidentes apenas em adultos,
podem ser observadas na faixa etária mais jovem (LIMA et al., 2004).
O Brasil, junto com a Dinamarca, Itália e Bahrain (ilha do Golfo Pérsico), está
entre os quatro países que apresentam uma rápida elevação da prevalência de
45
sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes quando avaliados pelo índice de
massa corporal, mesmo em populações mais carentes (LEÃO et al., 2003).
No presente estudo, quando observados os índices de massa corporal dos
grupos, constatou-se diferença significativa entre eles. Os índices de massa corporal
médios dos adolescentes dos grupos caso e controle foram de 24,7 e 18,3 kg/m
2
,
respectivamente (p<0,0001). Dados semelhantes também foram encontrados por
Lima et al. (2004) quando avaliaram 66 crianças e adolescentes com idade entre 6 e
16 anos no Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica do Hospital de Pediatria da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal–RN.
Neste estudo, constatou-se que 21% (n=65) dos adolescentes apresentavam
sobrepeso e obesidade. Resultados inferiores foram encontrados nos seguintes
estudos: Grillo et al. (2005), quando avaliaram o perfil lipídico e obesidade em 257
escolares de baixa renda, com idade entre 3 e 14 anos no município de Itaj–SC,
encontraram 7,4%. Garcia et al. (2003), em pesquisa realizada com 153
adolescentes de ambos os sexos com idade entre 10 e 19 anos no Centro de
Juventude do Município de São Paulo, verificaram que 10,8% dos meninos e 13,1%
das meninas apresentavam risco de sobrepeso e 9,8% e 5% apresentavam
sobrepeso, respectivamente. Detectou-se então, risco de sobrepeso e sobrepeso
instalados em 19,6% dos adolescentes. Essa proporção (19,6%) pode ser
significativa se considerada a elevada prevalência de sobrepeso que vem sendo
observada entre crianças e adolescentes norte-americanos, e acresce-se a essa
constatação o fato de existir associação do sobrepeso e da obesidade com doenças
crônicas não transmissíveis na idade adulta. Mezadri et al. (2000) identificaram
sobrepeso em 18% dos adolescentes de escolas particulares de Itajaí e 17% em
adolescentes pertencentes a escolas públicas no Município de Bombinhas. Dutra et
al. (2006) avaliaram a prevalência de sobrepeso em 810 adolescentes com idade
entre 10 e 19 anos residentes na cidade de Pelotas–RS, por meio de um amplo
inquérito sobre saúde. Constataram que 19,3% dos adolescentes apresentavam
sobrepeso, sendo que a maior prevalência foi entre os de 10 e 14 anos.
Dados semelhantes ao presente estudo foram encontrados por Suñé et al.
(2007), que avaliaram o estado nutricional de 719 escolares com idade entre 11 e 13
anos na cidade de Capão da Canoa–RS e constataram que 24,8% (n=178) dos
mesmos apresentavam sobrepeso e obesidade. Em contrapartida, Albano e Souza
46
(2001) avaliaram a prevalência de risco de sobrepeso e sobrepeso em 92 alunos
matriculados em escola pública, de ensino fundamental e médio do Município de
São Paulo e constataram que 32,8% dos adolescentes com idade entre 11 e 13
anos apresentaram sobrepeso e risco de sobrepeso e 28% dos adolescentes entre
14 e 17 anos.
Must et al. (1992), em seu estudo de coorte denominado Harvard Growth
Study, realizado com adolescentes que foram acompanhados durante 55 anos,
verificaram que 52% dos indivíduos que apresentavam excesso de peso quando
adolescentes permaneceram neste estado nutricional após o período de 55 anos.
Sabe-se que a obesidade na infância e na adolescência diminui a expectativa
de vida. Desta forma, a detecção precoce das crianças com maior risco para o
desenvolvimento de obesidade, juntamente com a verificação de medidas para
controlar este problema, fazem com que o prognóstico seja mais favorável em longo
prazo. Quanto maior a idade e maior o excesso de peso, mais difícil será a reversão
da obesidade, em fuão dos hábitos alimentares incorporados e das alterações
metabólicas instaladas (SOTELO et al., 2004). McCathy et al. (2001), em estudo
realizado com crianças e adolescentes entre 5 e 16 anos, descreveram aumento de
índice de massa corporal com o aumento da idade.
A distribuição da gordura corporal, principalmente a localizada na região da
cintura, parece ser mais relevante para o desenvolvimento de fatores de risco para
doenças cardiovasculares do que a quantidade propriamente dita (OLIVEIRA et al.,
2001).
7.2 CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA
Embora a circunferência da cintura não possa discriminar entre gordura
visceral e gordura subcutânea, pesquisas dão suporte à idéia de que indivíduos com
circunferência da cintura elevada m maior probabilidade de ter hipertensão,
diabetes, dislipidemia ou ndrome metabólica, acrescentando informação àquela
fornecida pelo índice de massa corporal (GUS, et al., 2004). Em investigações nas
quais foram usadas medidas mais precisas de gordura foi demonstrado que as
47
associações entre a gordura intra-abdominal e várias desordens metabólicas
comam a ocorrer na infância (OKOSUN et al., 2000).
Atualmente sabe-se que é a localização abdominal da gordura (obesidade
central) que se mostra mais associada a disrbios metabólicos e risco
cardiovascular. Medidas regionais de obesidade, dentre as quais a circunferência da
cintura e a razão entre as circunferências da cintura e do quadril, são capazes de
fornecer estimativa da gordura abdominal, que, por sua vez, está correlacionada à
quantidade de tecido adiposo visceral (LERÁRIO et al., 2002).
O acúmulo de gordura na região abdominal encontra-se associado a níveis
elevados de certos marcadores inflamatórios como a interleucina 6, o fator de
necrose tumoral e a proteína C reativa. Alterações metabólicas aterogênicas,
trombogênicas e inflamatórias contribuem para que adolescentes com obesidade
abdominal apresentem maior risco para o desenvolvimento de doença coronariana
na vida adulta (OLIVEIRA et al., 2004). Estudos indicam correlação significativa
entre o amulo de gordura na região abdominal e triglicérides, HDL-colesterol e
pressão arterial sistólica aumentados (OLIVEIRA et al., 2001).
De acordo com Nunes et al. (2006), o excesso de gordura na região
abdominal e visceral está fortemente relacionado à redução da apoliproteína B. Am
disso, um aumento de 10% na medida da circunferência da cintura provoca um
aumento considevel no número de pacientes acometidos por doença coronariana
e mesmo na taxa de mortalidade.
No presente estudo foi aferida a medida da circunferência da cintura, e se
constatou que houve diferença estatística entre os grupos, pois os adolescentes com
sobrepeso e obesidade apresentaram média superior ao grupo controle (77,1 cm
contra 64,3 cm; p<0,0001). Notou-se também que os adolescentes do grupo caso
demonstraram ter quase 20 vezes mais chances de apresentar medidas da
circunferência da cintura aumentadas do que o grupo controle. A correlação foi
positiva entre o índice de massa corporal e a circunferência da cintura (r=0,35;
p<0,001).
Resultados semelhantes ao presente estudo foram encontrados por Rosa et
al. (2007), avaliando 456 adolescentes de 12 e 17 anos em Niterói–RJ, por Vitolo et
al. (2006), em pesquisa com 183 crianças e adolescentes de 7 e 14 anos
48
participantes do Programa Social da Universidade do Vale do Rio dos Sinos-RS, por
Pereira et al. (2006), em estudo realizado com 106 adolescentes entre 10 e 19 anos
atendidos no Programa de Atenção à Saúde do Adolescente no Município de
Viçosa–MG, e Carneiro et al. (2000), avaliando 66 adolescentes (sendo, 38
pertencentes ao grupo obeso e 28 não obesos) do Programa de Atenção e
Prevenção da Obesidade do Núcleo de Estudos dos Adolescentes da Universidade
Estadual do Rio de Janeiro.
De acordo com Oliveira et al. (2004), durante a fase da puberdade existe uma
diferença entre os sexos quanto à distribuição da gordura corporal. Nos meninos,
ocorre uma redistribuição do acúmulo de gordura das extremidades para o tronco,
enquanto nas meninas há uma tendência a ocorrer o inverso, sendo que esta
diferença ocorre pelas modificações nos níveis de estrogênio e testosterona durante
a puberdade. Já Moreno (1998) relata que a quantidade excessiva de gordura
corporal em adolescentes é acompanhada pelo maior depósito de gordura na região
abdominal em relação às extremidades, independentemente do sexo.
7.3 MATURAÇÃO SEXUAL
Na adolescência, além do sexo e da idade, o estágio de maturão sexual
tamm é um fator importante na interpretação dos dados antropométricos. O ideal
é utilizar um indicador para o início do estirão puberal e um indicador para verificar o
término da velocidade máxima de crescimento em altura e das mudanças a ela
associadas. Para o sexo masculino considera-se como característica “voz de adulto”
e “órgãos genitais externos no estágio 3 de desenvolvimento”; para o sexo feminino,
as características a serem consideradas são a menarca e “mamas no estágio 2 de
desenvolvimento” (WHO, 1995).
Existem grandes variações entre indivíduos e entre populações quanto ao
momento de início e todo o desenrolar do processo de maturação sexual. Este se
dá, principalmente, na faixa entre 10 e 14 anos (OLIVEIRA; VEIGA, 2005).
Holst e Grimaldi (2002) ressaltam que as modificações do tecido adiposo,
49
bem como a distribuição do mesmo durante a adolescência, são fortemente
influenciadas pela maturação sexual. Esta, por sua vez, é marcada pela
variabilidade biológica humana, que se origina da interação entre os fatores
genéticos e ambientais que ocorrem durante o estirão puberal.
No presente estudo, observou-se que não houve diferença estatística entre os
grupos nos diferentes estágios da maturação sexual, mas constatou-se prevalência
entre os grupos nos estágios 2 e 3. No grupo caso, observou-se que 37% dos
adolescentes estavam no estágio 2 e 25,9% no estágio 3. No grupo controle, notou-
se que 33% e 30,4% estavam nos estágios 2 e 3, respectivamente. Em
contrapartida, Kanbur et al. (2002), em estudo realizado com 6462 adolescentes
obesos entre 9 e 16 anos e considerando o estadiamento puberal, observaram que
no sexo feminino o aumento do índice de massa corporal teve significância entre os
esgios 1 e 2. Para o sexo masculino, não foi observado aumento no índice de
massa corporal em relação aos estágios de desenvolvimento pubertário. No entanto,
a prevalência de obesidade foi maior nos esgios 1 e 2. Oliveira e Veiga (2005), em
estudo transversal com 502 adolescentes de ambos os sexos de 11 a 15,9 anos,
estudantes em uma escola pública e uma escola privada do Município do Rio de
Janeiro, notaram que o risco de desenvolver sobrepeso/obesidade foi maior nos
adolescentes em estágios mais avançados do que naqueles em estágios iniciais. Os
autores verificaram também associação significativa entre a maturação sexual e a
prevalência de sobrepeso/obesidade entre as meninas, mas não entre os meninos, e
entre os adolescentes de escola pública, mas não entre os da escola privada,
indicando que os adolescentes da escola privada atingem o final do processo de
maturação sexual mais precocemente do que os da escola pública.
É evidente a crescente importância em se considerar o estágio de maturação
sexual na avaliação do estado nutricional de adolescentes. Díaz et al. (1996),
utilizando o índice de massa corporal segundo o grau de desenvolvimento pubertário
na avaliação do estado nutricional de adolescentes, realizaram um estudo com 2976
crianças e adolescentes entre 7 e 17 anos de idade, de ambos os sexos, concluindo
que o índice de massa corporal aumentava significativamente a cada estágio de
maturação sexual entre 0,5 e 1,3 kg/m
2
.
Com o objetivo de verificar a associação da maturação sexual precoce com a
adiposidade e a distribuição de gordura corporal, Ibanez et al. (2003) realizaram um
50
estudo transversal retrospectivo com adolescentes do sexo feminino assistidas em
uma clínica especializada. O grupo das que apresentaram maturação sexual
precoce foi constituído de 67 adolescentes, que tiveram o início do estadiamento
puberal marcado pelo estágio 2 do desenvolvimento dos pêlos púbicos. O grupo
sem maturação sexual precoce foi constituído por 65 meninas, pareadas pela idade
e estágio de desenvolvimento dos los púbicos, caracterizando assim, o grupo
controle. Os resultados mostraram que, independentemente do índice de massa
corporal, tanto as medidas que refletem a adiposidade total (gordura corporal em kg
e percentual de gordura corporal) como aquelas que refletem a distribuição de
gordura corporal (circunferência da cintura, relação cintura/quadril, gordura
abdominal) foram significativamente maiores em relação a todos os estágios
puberais entre as meninas com maturação sexual precoce quando comparadas ao
grupo controle. Com isso concluiu-se que, no sexo feminino, a maturação sexual
precoce está associada à maior adiposidade e à distribuição centralizada dessa.
7.4 NÍVEL SOCIOECOMICO
O status socioeconômico desempenha uma maior influência na gênese da
obesidade do que os fatores étnicos e geográficos (NUNES et al., 2007).
As razões para uma maior prevalência de obesidade em crianças de nível
socioeconômico mais alto poderiam estar associadas ao fácil acesso ao consumo de
alimentos ricos em calorias vazias ou por diminuição da atividade física (LEÃO et al.,
2003). Adolescentes de classe socioeconômica baixa freqüentemente estão
inseridos no mercado de trabalho, desempenhando muitas vezes atividades com
grande gasto energético (SILVA et al., 2005).
No presente estudo verificou-se diferença estatisticamente significativa entre
os grupos quando comparados em relação à renda per capita em salário mínimo.
Adolescentes do grupo caso apresentaram média superior ao grupo controle.
Resultado semelhante foi encontrado por Silva et al. (2005), que compararam as
prevalências de sobrepeso e obesidade em um grupo de pré-escolares, escolares e
51
adolescentes de diferentes condições socioeconômicas na cidade de Recife,
verificaram maior prevalência de sobrepeso nos escolares de classes mais
favorecidas quando comparados aos de baixa condição socioeconômica. Ribeiro et
al. (2006), que avaliaram o sobrepeso e obesidade em 1450 estudantes de 6 a 18
anos matriculados em escolas públicas e particulares no Município de Belo
Horizonte–MG, observaram que estudantes com excesso de peso apresentavam
aproximadamente duas vezes mais chances de se situar em níveis socioeconômicos
mais elevados do que aqueles eutróficos. Nunes et al. (2007), em pesquisa realizada
com 588 alunos matriculados em escolas públicas pertencentes às classes
econômicas C, D e E e alunos da escola privada oriundos das classes econômicas A
e B com idades entre 10 e 19 anos na cidade de Campina Grande–PB, constataram
que a proporção de adolescentes com sobrepeso e obesidade foi significativamente
maior nas classes econômicas A e B do que nas classes C, D e E. Campos et al.
(2006), avaliando 1158 adolescentes escolares (10-19 anos) do Município de
Fortaleza–CE, observaram maior prevalência de sobrepeso e obesidade nas classes
de nível socioeconômico mais elevado, 24,8% contra 17,4%, do que nas de menor
vel. Silva et al. (2005), em pesquisa realizada com jovens entre 7 e 17 anos de
ambos os sexos de diferentes classes econômicas (de A até E) matriculados em
escolas públicas e particulares da cidade de Maceió, constataram que houve
predomínio de risco de sobrepeso em estudantes das escolas privadas e nas
classes A e B.
7.5 HIPERTENSÃO ARTERIAL
A pressão arterial de um indivíduo é determinada pela interação entre fatores
genéticos e ambientais. A teoria predominante sobre a genética na hipertensão
arterial é que essa resultaria de uma ou mais anormalidades dentro de um conjunto
complexo de sistemas, como o transporte de eletrólitos, os mecanismos de controle
simtico e endócrino, cada qual com alterações genéticas em potencial. A
ocorrência de alterações resultaria na manifestação clínica de hipertensão arterial
(SALGADO; CAVALHAES, 2003).
52
Estudos epidemiológicos realizados no Brasil sobre hipertensão arterial
primária na infância e adolescência demonstraram uma prevalência que variou de
0,8% a 8,2% (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005).
A prevalência de hipertensão arterial nos adolescentes do presente estudo foi
de aproximadamente 11,6% da população, sendo 11% (n=6) do grupo caso e 12%
(n=19) do grupo controle. Quando comparada a presença de hipertensão arterial
entre os grupos, o se observou diferença estatisticamente significativa. Dados
inferiores aos do presente trabalho foram obtidos nos seguintes estudos: Tressoldi et
al. (2007), em pesquisa realizada com 123 crianças e adolescentes entre 3 e 14
anos atendidos em um centro de referencia Infantil de Balneário Camboriú-SC,
constataram que 18,5% apresentavam pressão arterial alterada. Moura et al. (2004),
avaliando 1253 escolares e adolescentes com idade entre 7 e 17 anos que
freqüentavam as escolas de nível fundamental e médio de Maceió–AL, notaram que
9,4% apresentavam hipertensão. Neste mesmo estudo, em relação à prevalência de
pressão arterial elevada, houve diferença significante quando comparados os grupos
eutrófico e sobrepeso e quando comparados os grupos sobrepeso e risco de
sobrepeso (p=0,01). Silva et al. (2005) detectaram que 7,7% (n=97) dos jovens
apresentavam hipertensão arterial sistêmica, não havendo associação entre a
freqüência de hipertensão com o sexo e o tipo de escola, se pública ou privada, mas
com associação significante com as classes econômicas A e B. Rosa et al. (2007)
verificaram que a prevalência de hipertensão arterial para ambos os sexos foi de
4,6%, sendo de 5,9% para os meninos e de 3,6% para as meninas, e encontraram
associação estatisticamente significativa entre a hipertensão e os pontos de corte
considerados desfavoráveis, tanto para o índice de massa corporal como para a
circunferência da cintura.
Srinivasan et al. (1996) observaram em um estudo longitudinal que dentre
191 adolescentes obesos, 58% (n=110) permaneceram neste estado na fase adulta
(12 a 14 anos mais tarde) e tiveram uma prevalência de hipertensão 8,5 vezes maior
em relação aos que não apresentavam sobrepeso.
Carneiro et al. (2000) verificaram que as medidas de pressão arterial sistólica
após cinco minutos de repouso foram maiores no grupo de obesos quando
comparados ao grupo dos não obesos. Quando observaram a pressão arterial
diastólica após cinco minutos de repouso, tamm notaram diferença
53
estatisticamente significativa entre obesos e não obesos.
Aproximadamente entre 20% e 30% das crianças obesas têm pressão arterial
elevada, sendo que as obesas têm um risco de 2,4 vezes maior do que as eutróficas
(OLIVEIRA et al., 2004).
Na pesquisa realizada por Ribeiro et al. (2006), estudantes com excesso de
peso apresentaram 3,6 e 2,7 vezes mais chance de ter, respectivamente, pressão
arterial sistólica e diastólica aumentadas.
No estudo conduzido por Coronelli e Moura (2003), no qual se observaram os
fatores de risco que interferem com as concentrações de colesterol em 172
escolares do Município de Campinas SP, a preso arterial, tanto sistólica quanto
distólica, não se associou com a colesterolemia.
7.6 PERFIL LIPÍDICO
A presença de pelo menos um fator de risco para doenças cardiovasculares
(dislipidemia, hipertensão ou hiperinsulinemia) tem sido observada em 60% das
crianças e adolescentes com excesso de peso, sendo que 20% apresentam dois ou
mais fatores de risco (STYNE, 2001).
No presente estudo, quando observado o perfil lipídico dos adolescentes em
relação ao colesterol total, não se observou diferença estatisticamente significativa
entre os grupos, mas se percebeu que adolescentes com sobrepeso e obesidade
demonstraram 1,8 vezes mais chances de apresentarem concentrações de
colesterol total elevado. Similarmente ao presente estudo, Carneiro et al. (2000) não
observaram diferença estatística quando compararam os valores do colesterol total
nos diferentes grupos (obesos e não obesos). Grillo et al. (2005), estudando
escolares de baixa renda no município de Itajaí-SC, e Gerber e Zielinsky (1997),
avaliando 1501 indivíduos de Bento Goalves-RS, com idade variando de 6 a 16
anos incompletos, verificaram que os escolares obesos não apresentavam maior
prevalência de hipercolesterolemia, sendo a associação não estatisticamente
significante, e sugerindo que a influência do perfil lipídico destes escolares advém de
54
outros fatores de risco que não a obesidade, tais como hábitos alimentares e o
potencial genético.
Resultados diferentes do presente estudo foram encontrados por Coronelli e
Moura (2003) no município de Campinas-SP, pois se observou que o índice de
massa corporal associou-se à colesterolemia e que os escolares do grupo caso
(hipercolesterolêmicos) tiveram 2,17 vezes mais chances de apresentarem
obesidade que o grupo controle. Giuliano et al. (2005), estudando 1053 escolares
com idade entre 7 e 18 anos no Município de Florianópolis-SC, verificaram que o
excesso de peso revelou-se o fator mais fortemente associado à hipercolesterolemia
(r=0,319; p=0,001). Forti et al. (1996), no programa de prevenção primária de
doenças ateroescleróticas desenvolvido pelo Instituto do Coração do Hospital das
Clínicas da Universidade de São Paulo com 104 crianças entre 2 e 12 anos e 176
adolescentes entre 12 e 19 anos, filhos de coronariopatas, observaram que as
crianças e os adolescentes com aumento do peso apresentavam freqüência
significativamente mais elevada de colesterol total acima dos valores desejáveis.
Observaram também prevalência de inadequação com relação ao colesterol total em
57,7% das crianças e 42,6% dos adolescentes.
O Bogalusa Heart Study, realizado com 9167 indivíduos de 5 a 17 anos de
idade entre 1973 e 1994, com o objetivo de avaliar fatores de risco para doença
cardiovascular nas primeiras décadas de vida, constatou que entre os que
apresentavam obesidade, 58% tinham pelo menos um fator de risco (dislipidemia,
hipertensão arterial ou hiperinsulinemia). As crianças e adolescentes obesos
apresentaram também 2,4 vezes e 7,1 vezes maiores chances, respectivamente, de
ter concentrações de colesterol total e triglicérides mais elevadas do que os
eutróficos (FREEDMAN et al., 1999).
Notou-se no presente estudo que cerca de 38% (n=81) dos adolescentes
apresentavam colesterol alterado (>170mg/dl). Resultados inferiores foram
encontrados por Romaldine et al. (2004), que avaliaram a prevalência de
dislipidemias em 109 crianças e adolescentes entre 2 e 20 anos matriculados na
Unidade de Nutrição e Metabolismo do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e verificaram que 27,5%
dos participantes apresentavam valores de colesterol total acima do normal.
Observaram tamm que as alterações lipídicas estavam presentes em 57,1% dos
55
casos com excesso de peso. Seki et al. (2001) em Londrina-PR, em um estudo com
624 indivíduos com idade entre 3 e 19 anos atendidos em um laboratório particular,
notaram que 13,1% apresentavam hipercolesterolemia, sendo esta maior em
indivíduos com idade acima de 10 anos. Silva et al. (2007), avaliando 787 crianças e
adolescentes com idade entre 2 e 19 anos, pacientes do Ambulatório de Pediatria do
Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense,
verificaram que 22,2% apresentavam concentrações de colesterol total limítrofe e
19,4% alterado.
Dados semelhantes ao presente estudo foram encontrados por Moura et al.
(2000), que avaliaram o perfil lipídico e fatores de risco para a hipercolesterolemia
em 1600 escolares com idade entre 7 e 14 anos, do Município de Campinas–SP, e
observaram que 35% dos escolares apresentavam hipercolesterolemia, sendo
23,7% acima de 180 mg/dL e 9,5% acima de 200 mg/dL. Ribeiro et al. (2006)
verificaram em Belo Horizonte-MG que 32,9% dos estudantes apresentavam
concentrações de colesterol total acima dos valores considerados desejáveis e que
32,9% desses estudantes se encontravam em uma faixa de risco moderado e grave
de desenvolver doença ateroesclerótica quando atingissem a idade adulta. Notaram
tamm que 17% dos estudantes apresentavam concentrações de HDL–colesterol
consideradas o desejáveis e que a chance de um estudante eutrófico ter
concentrações desejáveis de HDL-colesterol foi 2,20 vezes maior do que a chance
de outro com excesso de peso.
No presente estudo, quando observado o HDL-colesterol, verificou-se que os
adolescentes do grupo caso (com sobrepeso e obesidade) demonstraram 1,84
vezes mais chances de apresentar concentrações inadequadas do que o grupo
controle, porém sem diferença significativa. Mendes et al. (2006), avaliando 48
adolescentes entre 10 e 19 anos em o Paulo, sendo 18 filhos de portadores de
doença arterial coronariana prematura (grupo caso) e 30 adolescentes no grupo
controle, e Carneiro et al. (2000), no Rio de Janeiro, verificaram que houve diferença
estatisticamente significativa entre os grupos quando observados os valores das
concentrações do HDL-colesterol.
Observou-se no presente estudo que cerca de 88% (n=191) dos adolescentes
apresentavam concentração do HDL-colesterol abaixo do desejável. Resultados
inferiores foram obtidos por Romaldine et al. (2004) em São Paulo (13,8%), por Forti
56
et al. (1996) tamm em São Paulo (14,2%), por Grillo et al. (2005) em Santa
Catarina (17,9%), por Silva, et al. (2007) no Rio de Janeiro, (22%) e por Gerber e
Zielinsky (1997) no Rio Grande do Sul, (9,73%), destas 2,07% mostraram-se com
hipercolesterolemia associada. Portanto, 7,66% dos escolares tinham HDL-
colesterol baixo e colesterolemia normal.
Giuliano et al. (2005) verificaram em Florianópolis-SC que 5% dos estudantes
apresentavam concentrações de HDL-colesterol abaixo do valor desejado e 6% dos
estudantes apresentavam valores o desejáveis de LDL-colesterol. Constataram
que nos adolescentes entre 11 e 14 anos a média de LDL-colesterol foi de 89mg/dL,
não havendo diferenças estatísticas.
No presente estudo, aproximadamente 34% (n=74) dos adolescentes
apresentavam concentrações de LDL-colesterol alterado. Os pertencentes ao grupo
caso tiveram quase 3 vezes mais chances de apresentar concentrações de LDL-
colesterol alteradas quando comparados ao grupo controle (p<0,001). Diferença
estatisticamente significativa entre os grupos nas concentrações do LDL-colesterol
foi encontrada também no trabalho realizado por Mendes et al. (2006) na cidade de
São Paulo, onde adolescentes do grupo caso apresentaram a média de 144,2 mg/dl
e o grupo controle de 100,4 mg/dl (p<0,001).
Diferentemente do presente estudo, Silva et al. (2007), no Rio de Janeiro,
verificaram que 16,8% das crianças e adolescentes apresentavam valores limítrofes
e 16,1% valores alterados de LDL-colesterol. Grillo et al. (2005), em Santa Catarina,
detectaram que 6,6% apresentavam valores alterados e 14,4% limítrofes. Em São
Paulo, Romaldine et al. (2004) verificaram que no total de seus participantes 19,3%
apresentavam valores de LDL-colesterol acima do normal. Em Minas Gerais, Ribeiro
et al. (2006) constataram que 25,1% apresentavam valores acima dos considerados
desejáveis, sendo que 32% destes se encontravam em uma faixa de risco moderado
e grave de desenvolver doença aterosclerótica quando adultos. Por fim, Forti et al.
(1996) verificaram em São Paulo que 38,2% dos adolescentes apresentavam
valores de LDL-colesterol não desejáveis.
Na pesquisa de Gerber e Zielinsky (1997) na cidade de Bento Gonçalves-RS,
10,33% dos alunos apresentavam valor de LDL-colesterol elevado e 36,9% da
amostra total apresentaram hipercolesterolemia simultaneamente. A correlação
entre o LDL-colesterol e a hipercolesterolemia mostrou a existência de uma
57
associação muito forte (r=0,93).
Srinivasan et al. (1996) verificaram em um estudo longitudinal que após 12 a
14 anos os adolescentes que permaneceram obesos na fase adulta tiveram
prevalência de LDL–colesterol e triglicérides 3,1 e 8,3 vezes maior, respectivamente,
em relação aos pacientes que não apresentavam sobrepeso.
Observou-se no presente estudo que adolescentes do grupo caso
apresentavam concentrações de triglicérides superiores ao grupo controle (96,5
mg/dL contra 80,4 mg/dL; p=0,01). Resultados semelhantes foram encontrados por
Carneiro et al. (2000). Apesar de os triglicérides não serem considerados um fator
de risco independente para doença coronariana, seu excesso pode estar associado
à redução das concentrações de HDL–colesterol, o que favorece o fenômeno de
“enriquecimento” do LDL–colesterol com triglicérides. O LDL–colesterol “enriquecido
de triglicérides sofre ação da lípase hepática, resultando em partículas menores e
mais densas de LDLcolesterol e com maior poder aterogênico. Existem evidências
de que estas partículas estão associadas a um risco elevado para doença
coronariana. Além disso, o estado de hipertrigliceridemia parece estar associado a
distúrbios da atividade fibrinolítica, também relacionados com a incidência de
doença coronariana.
Cerca de 8% dos adolescentes (n=18) do presente estudo apresentaram
concentrações elevadas de triglicérides. Resultados semelhantes foram encontrados
por Forti et al. (1996) em o Paulo, (10,7%) e por Gerber e Zielinsky (1997) no RS
(9,06%). Já Silva et al. (2007), no Rio de Janeiro, constataram valores superiores:
23,1% dos adolescentes entre 10 e 19 anos. Giuliano et al. (2005) e Romaldine et al.
(2004), em São Paulo, encontraram 22% e 13%, respectivamente.
No estudo realizado por Grillo et al. (2005) em Itajaí-SC, os autores
verificaram que 4,7% dos escolares apresentavam concentrações alteradas de
triglicérides e Mendes et al. (2006) na cidade de São Paulo, verificaram que não
houve diferença significativa entre os grupos quando observados estes valores.
58
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados mostraram que os adolescentes com sobrepeso e obesidade
tiveram mais chances de demonstrar valores de colesterol total, HDL-colesterol,
triglicérides e hipertensão arterial superiores aos eutróficos. E quando observadas
as variáveis LDL-colesterol e circunferência da cintura, constatou-se que os
adolescentes do grupo caso apresentaram, respectivamente, 2,97 e 19,78 vezes
mais chances de apresentar valores elevados. Esses dados indicam que as
conseqüências do sobrepeso e obesidade, somadas aos fatores de risco, constituem
problema mundial de saúde pública.
Na clínica, vigiar e detectar precocemente o sobrepeso/obesidade são
fatores fundamentais, de difícil controle, através da obtenção e manutenção do peso
para altura, sexo e idade apresenta altos percentuais de insucessos terapêuticos e
de recidivas. De acordo com os resultados obtidos, sugere-se que a medida da
circunferência da cintura e a mensuração da pressão arterial devam ser adotadas
como dados adicionais a serem coletados, pois ajudam a detectar os riscos
associados.
Nota-se emergência nas implementões de medidas intervencionistas para a
prevenção, reconhecimento precoce e tratamento efetivo deste distúrbio nutricional
em indivíduos mais jovens. Cabe salientar que o comportamento alimentar tem suas
bases fixadas na infância e diretamente influenciadas pelo comportamento alimentar
exercido no micro ambiente familiar. Portanto, a freqüência com que os pais
demonstram hábitos alimentares saudáveis influencia o comportamento alimentar
dos filhos de maneira positiva e duradoura.
Algumas áreas merecem atenção, sendo a educação, a indústria alimentícia e
os meios de comunicação de massa os principais veículos de atuação. Medidas de
caráter educativo e informativo, por meio do currículo escolar e dos meios de
comunicação de massa, assim como um controle da propaganda de alimentos não
saudáveis, dirigidas principalmente ao público infantil, e a inclusão de um percentual
mínimo de alimentos in natura e de um programa nacional de alimentação escolar
oões que devem ser praticadas.
A prevenção e o tratamento da obesidade devem partir de uma ampla e
59
complexa modificação nutricional e comportamental da sociedade, que propicie uma
vida mais saudável, com alimentação de qualidade. Além disso, ões públicas que
permitam o acesso de todos, independentemente de classe social, à informão
sobre os determinantes e conseqüências da obesidade são imprescindíveis para o
controle da doença. É um grande desafio. A melhor estratégia é a prevenção. É
elementar que se disponibilize o conhecimento para que as pessoas tenham
condições de construir e melhorar comportamentos. Estratégias que favoreçam um
ambiente preventivo são necessárias e só então efetivas. Para tanto, a escola, a
família e a sociedade são fundamentais nesses processos.
Por meio dos resultados encontrados no presente e em outros estudos que
eso sendo desenvolvidos no município de Balneário Camboriú, será proposta a
implantação de um Centro de Atendimento ao Adolescente com o objetivo de
promover hábitos alimentares saudáveis e aumento da atividade física, criando
condições objetivas para sua realização, reduzindo assim a incidência de obesidade
e suas complicações na vida adulta, bem como os custos futuros com tratamentos
médicos e/ou hospitalares.
60
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71
APÊNDICES
APÊNDICE 1 - AVALIAÇÃO SOCIOECONÔMICA
DADOS INDIVIDUAIS
Nome: ___________________________________________________________________________
Sexo: ( ) feminino ( ) masculino Data de nascimento: __________________________ _______
Data da visita: __________________ Idade: _____________________________________________
Faz uso de medicamentos? ( ) não ( ) sim. Qual/Quais?_________________________________
Avaliação antropométrica:
Peso: _________ Estatura: ______ IMC: _________ Circunferência Cintura:____________________
Pressão Arterial:
PA1: _________________ PA2: _________________ PA3: _________________________________
Estadiamento puberal (Tanner,1962): _________________________________________________
Mamas/ Pelos(feminino):______Genitália/ pelos (masculino):________________________________
Exames bioquímicos
Triglicerídeos: _____ Colesterol total: _____HDL-c:_____ LDL-c:_____________________________
DADOS FAMILIARES
Endereço: ________________________________________________________________________
Composição Familiar e Instrução
N° de
Ordem
Nome
Grau de
parentesco
Sexo
Data de
nascimento
Grau de
Instrução
Grau de instrução:
1- analfabeto
2- ensino fundamental incompleto
3 - ensino fundamental completo
4 - ensino médio incompleto
Ocupação e Renda
N° de
Ordem
Ocupação Salário
Renda familiar: ___________________________________________________
Características do domicílio
a) Tipo de construção:
( ) madeira ( ) alvenaria ( ) misto
b) Número de cômodos: ______________________________________________
c) Possui banheiro? ( ) sim ( ) não
Você possui animais domésticos? ( ) sim ( ) não
Coleta de lixo é:
( ) realizado pela prefeitura ( ) enterrado ( )queimado ( ) outros____________
Saneamento básico
( ) esgoto ( ) fossa ( ) céu aberto
Abastecimento de água
( ) rede pública ( ) poço ( ) caminhão pipa
5
-
ensino médio completo
6 - ensino superior incompleto
7 - ensino superior completo
8 - pós-graduação
72
APÊNDICE 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
AUTORIZAÇÃO
O senhor, ______________________________, responsável pelo (a) menor
____________________, declara que foi informado (a) de forma detalhada sobre o
projeto de pesquisa intitulado “FATORES ASSOCIADOS AO SOBREPESO E
OBESIDADE EM ADOLESCENTES DE 10 A 14 ANOS ATENDIDOS NO POSTO
DE ATENCAO INFANTIL (PAI) EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ-SC, que tem como
objetivo avaliar o perfil nutricional, através da avaliação de peso, altura e
circunferência da cintura; do exame de sangue para verificar os níveis de colesterol
total, triglicerídeos, lipoproteína de alta e baixa densidade; da mensuração da
pressão arterial; desenvolvimento puberal por meio de avaliação clínica feita pela
pediatra e da situação socioeconômica por meio da aplicação de um questionário.
O senhor (a) será informado (a) de que, se o diagnóstico de algum exame
apresentar resultado alterado, o seu filho (a) será tratado pelo próprio pesquisador,
que é pediatra.
Os dados serão sigilosos e privados. A divulgação dos resultados visará
apenas mostrar os possíveis benefícios obtidos pela pesquisa em questão. Por ser
voluntário e sem interesse financeiro, o (a) senhor (a) não terá direito a nenhuma
remuneração. No entanto, seu filho(a) poderá desistir a qualquer momento da
mesma, inclusive sem nenhum motivo, bastando para isso informar, da maneira que
achar mais conveniente, a desistência.
O senhor foi informado (a) que todos os procedimentos deste trabalho são
inofensivos à saúde de seu(sua) filho(a).
O diagnóstico precoce possibilita a realizão de atividades preventivas e
educacionais.
Balneário Camboriú,________de_____________________de 2006.
73
ANEXOS
ANEXO 1 - DESENVOLVIMENTO PUBERAL FEMININO
74
ANEXO 2 - DESENVOLVIMENTO PUBERAL MASCULINO
75
ANEXO 3 – TERMO DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA
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