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Para Tornos et al. (1992), embora a sobrevida das pacientes no
estádio IG1, seja superior a 90%, não é desprezível a mortalidade inclusive neste
subgrupo, face do grande número de pacientes acometidas.
A maior parte dos fatores prognósticos utilizados para prever a
evolução das enfermas embasam-se no estudo de peças operatórias, obtidos por
ocasião da cirurgia. Assim, quando a FIGO (1988) modificou e preconizou o
estadiamento clínico-cirúrgico atual, vários fatores prognósticos passaram a ser
avaliados com maior exatidão, identificando-se subgrupos com maior risco para
apresentar recidivas e metástases. Estes dados, obtidos pelo estadiamento, são de
suma importância para o adequado tratamento e prognóstico (Gal et al., 1992).
Indubitavelmente, os critérios adotados pela FIGO (1988) ao estadiar
o câncer de endométrio, associando os informes da propedêutica clínica aos dados
histopatológicos obtidos das peças operatórias na laparotomia, incluíram os principais
fatores prognósticos, destacando-se o grau de invasão miometrial, a presença e o grau
do comprometimento do colo, dos anexos, da vagina e dos paramétrios, o
acometimento linfonodal, a presença de citologia peritoneal positiva, a invasão tumoral
da mucosa da bexiga ou do reto e a ocorrência de metástases.
Gebrim et al. (1999) assinalaram a importância de vários elementos
ao aquilatar o risco de recidivas. Consideraram, além do estadiamento, a idade da
enferma, o volume do útero, a diferenciação histológica, o grau de invasão miometrial,
o tipo histopatológico, o comprometimento linfonodal, a citologia peritoneal, a invasão
linfática tumoral, os receptores hormonais e a obesidade. Na dependência destas
variáveis, classificaram as pacientes em sem risco, com pequeno e com grande risco
para recidivas da neoplasia.
Assim, as pacientes identificadas no subgrupo de grande risco
deveriam receber terapia adjuvante, enquanto as de baixo risco seriam dispensadas da
rádio, hormônio e/ou da quimioterapia.
Por outro lado, na literatura assinalam-se outras variáveis
relacionadas ao maior risco de recidivas e metástases e que não estão incluídas no
estadiamento vigente da FIGO. Assinalam-se o tipo histopatológico, a invasão
linfovascular, o número de mitoses por campo de grande aumento e a presença de
infiltrado linfocítico perivascular. Estes parâmetros podem ser obtidos dentro da
metodologia rotineira no estudo anátomo-patológico das peças operatórias (Góis et al.,
1993; Esteller et al., 1999; Stávale, 1999).