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RICARDO ANDRÉ AMORIM LEITE
COMPARAÇÃO DA ESPECTROSCOPIA DE PRÓTONS À
ASSOCIAÇÃO DA ELETRENCEFALOGRAFIA E DA
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA POR IMAGEM NA
INVESTIGAÇÃO DA ZONA EPILEPTOGÊNICA DAS
EPILEPSIAS EXTRATEMPORAIS
Recife
2007
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Leite, Ricardo André Amorim
Comparação da espectroscopia de prótons à
associação da eletrencefalografia e da ressonância
magnética por imagem na investigação da zona
epileptogênica das epilepsias extratemporais
/
Ricardo André Amorim Leite.
Recife : O Autor,
2007.
XV, 94 folhas : il., fig., tab.
Dissertação (mestrado) –
Universidade Federal de
Pernambuco. CCS. Neuropsiquiatria e Ciências do
Comportamento, 2007.
Inclui bibliografia e anexos.
1. Epilepsia. 2. Espectro
scopia. 3. Extra
Temporal. I. Título.
616.8 CDU (2.ed.) UFPE
616.853 CDD (22.ed.) CCS2008-05
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II
Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Ciências da Saúde
Pós-graduação em Neuropsiquiatria e Ciência do Comportamento
RICARDO ANDRÉ AMORIM LEITE
COMPARAÇÃO DA ESPECTROSCOPIA DE PRÓTONS À
ASSOCIAÇÃO DA ELETRENCEFALOGRAFIA E DA
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA POR IMAGEM NA
INVESTIGAÇÃO DA ZONA EPILEPTOGÊNICA DAS
EPILEPSIAS EXTRATEMPORAIS
Orientador: Prof. Dr. Gilson Edmar Gonçalves e Silva
Co-orientadora: Profª. Drª. Maria Concepción Garcia Otaduy
Mestre Maria de Fátima Viana Vasco Aragão
Recife
2007
Dissertação aprovada pelo Colegiado do Programa de
Pós-Graduação em Neuropsiquiatria e Ciências do
Comportamento do Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal de Pernambuco, para obtenção
do grau de Mestre
Área de Concentração: Neurologia
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof. Amaro Henrique Pessoa Lins
PRÓ-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
Prof. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado
DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Prof. José Tadeu Pinheiro
DIRETOR SUPERINTENDENTE DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS
Profª. Heloísa Mendonça de Morais
CHEFE DO DEPARTAMENTO DE NEUROPSIQUIATRIA E CIÊNCIAS DO
COMPORTAMENTO
Prof. Alex Caetano de Barros
COORDENADOR DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
NEUROPSIQUIATRIA E CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO
Prof. Dr. Marcelo Moraes Valença
VICE-COORDENADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
NEUROPSIQUIATRIA E CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO
Prof. Dr. Murilo Duarte Costa Lima
CORPO DOCENTE
Belmira Lima da Silveira Andrade da Costa
Everton Botelho Sogey
Gilson Edmar Gonçalves e Silva
Hildo Rocha Cirne de Azevedo Filho
João Ricardo de Oliveira
Luis Ataíde Filho
Maria Lúcia Simas
Othon Bastos Filho
Raul Guimarães de Castro
Wilson Farias da Silva
III
IV
DEDICATÓRIA
À pessoa que, com facilidade e perseverança,
fez-me compreender e vivenciar a frase de Kalil
Gibran, Drª. Maria Lúcia Brito Ferreira:
Quando você trabalha,
você é uma flauta através de cujo âmago o murmurar das
horas se transforma em música.
Amar a vida através do trabalho é conhecer o segredo
mais profundo da vida.
Todo o trabalho é vazio a não ser que haja amor, porque
o trabalho é o amor tornado visível.
Kahlil Gibran
V
AGRADECIMENTOS
"Rir é correr risco de parecer tolo.
Chorar é correr o risco de parecer sentimental.
Estender a mão é correr o risco de se envolver.
Expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu.
Defender seus sonhos e idéias diante da multidão é correr o risco de
perder as pessoas.
Amar é correr o risco de não ser correspondido.
Viver é correr o risco de morrer.
Confiar é correr o risco de se decepcionar.
Tentar é correr o risco de fracassar.
Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar
nada.
Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não têm
nada e não são nada.
Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não
conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem,
não amam, não vivem.
Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua
liberdade.
Somente a pessoa que corre riscos é livre!"
Sêneca (orador romano)
Aos meus pais e irmãos, pelo amor incondicional;
A Dr. Gilson Edmar, meu orientador, pela desinquietação que me motivou a crescer
intelectualmente;
A Drª. Fátima Aragão e Drª. Maria Concepción Otaduy, minhas co-orientadoras, pelo
compromisso para com o saber e ajuda na construção deste trabalho;
A sócia, amiga e exemplo Drª. Lúcia Brito, pela confiança, obstinação,
encorajamento e deferência por todos esses anos;
A amiga Paula Martins, por ter permeado o início de minha carreira de portas
abertas;
Aos amigos João Lins, Píer-Paolo e Letícia Martelli, Juliano Souza, Betty Maia,
Eduardo Aquino, Alex Santos, Lílian Garcez, Tiago Miranda e Sérgio Verri, pelo
companheirismo que dá sustentação e motiva à felicidade;
Aos amigos do Hospital Português (Real Pronto-Neuro e Unidade de Cirurgia
Cárdio-torácica) e do Hospital da Restauração, pela compreensão e estímulo.
VI
A perfeição
O que me tranqüiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.
Clarice Lispector
VII
RESUMO
Os avanços no tratamento das epilepsias têm exigido diagnósticos de certeza mais
precisos, nos quais estejam incluídas a localização e a lateralização da zona
epileptogênica para planejamento cirúrgico, o que motivou a investigação de
métodos de imagem capazes de complementar as informações obtidas a partir da
eletrencefalografia. Para diagnóstico das epilepsias, foram desenvolvidas a deo-
eletrencefalografia, considerada como padrão-ouro para diagnóstico e avaliação pré-
cirúrgica, assim como a imagem por ressonância magnética, para avaliação
estrutural de lesões cerebrais. Mais recentemente, se tem empregado a
espectroscopia de prótons, um método não invasivo, capaz de avaliar o metabolismo
cerebral, por meio das alterações das concentrações de N-acetil-aspartato, creatina
e colina, para avaliação das epilepsias extratemporais. Na presente dissertação,
foram apresentadas uma revisão bibliográfica das conquistas na investigação
dessas epilepsias e as perspectivas de futuras investigações, assim como os
resultados de um estudo transversal, tipo série de casos, incluindo 33 pacientes,
diagnosticados no Ambulatório de Epilepsia do Hospital da Restauração, Recife,
Pernambuco, entre Março e Outubro de 2006, com idade de 13 a 59 anos (25,18 ±
11,39 anos), de ambos os sexos. Vinte e cinco (75,8%) pacientes apresentavam
alteração estrutural à imagem por ressonância magnética ou neurofisiológica à
eletrencefalografia (72,7%). As variáveis foram alterações dos coeficientes de
assimetria das razões N-acetil-aspartato/colina, N-acetil-aspartato/creatina,
Colina/Creatina e N-acetil-aspartato/colina+creatina (avaliadas pela área dos picos
dos metabólitos na espectroscopia de prótons com tempo de eco longo de 135 ms).
As taxas de concordância de lateralização dos coeficientes de assimetria das razões
de metabólitos NAA/Co, NAA/Cr, Co/Cr e NAA/Co+Cr com a IRM, independente da
alteração da EGG de superfície, alteraram-se de 93,3%, 57,9%, 15,4% e 93,3%,
respectivamente, para 100%, 33,3%, zero e 100%, em 16 pacientes, nos quais
houve concordância da IRM e do EEG de superfície. Quando o EEG de superfície foi
normal, as taxas foram 75%, 100%, 66,7% e 100%, respectivamente. Nos 24
pacientes em que havia alteração de EEG ambulatorial, independente de alteração à
IRM, as taxas de concordância reduziram-se de 78,6%, 31,6%, zero e 57,2%, para
33,3%, 33,3%, zero e 40% em oito pacientes com IRM normal. Conclui-se que a
espectroscopia de prótons de hidrogênio concordou melhor com a lateralização da
zona epileptogênica com IRM do que com o EEG de superfície.
Palavras Chave: Epilepsias neocorticais extratemporais. Métodos diagnósticos.
Espectroscopia por Ressonância Magnética. Avaliação pré-cirúrgica.
VIII
ABSTRACT
The advances on epilepsies treatment have demanded certainty diagnosis which
included localization and lateralization of epileptogenic focus for surgical planning.
This controversy motivated the inquiry of image methods capable to complement the
information gotten by means of electroencephalography. For epilepsies diagnosis,
one has developed video-electroencephalography, considered as gold standard for
diagnosis and pre-surgical evaluation, thus as magnetic resonance for image, for
structural evaluation of cerebral injuries. More recently, proton spectroscopy, a non
invasive method, has been used, to evaluate cerebral metabolism, by means of the
alterations on concentrations of N-acetil-aspartate, creatine and choline, for
evaluation of the extratemporal epilepsies. In the present paper, the author presented
a bibliographical revision about conquests in the inquiry of these epilepsies and the
perspectives of future inquiries, as well as results of a cross sectional study, type
series of cases, including 33 patients, diagnosed at Epilepsy Outcome of Hospital da
Restauração, Recife, Pernambuco, Brazil, from March to October 2006, aging from
13 to 59 years old (25.18 ± 11.39), of both gender, presenting structural alteration
identified in magnetic resonance image (75.8%) or neurophysiologic by
electroencephalography (72.7%). The variables were: alterations of N-acetyl-
aspartate/choline, N-acetyl-aspartate/creatine, Choline/creatine and N-acetyl-
aspartate/ choline+creatine coefficient of asymmetry (evaluated by metabolic peak
area of proton magnetic spectroscopy with long echo time of 135 ms). Agreement
rates of lateralization by coefficient of asymmetry of NAA/Co, NAA/Cr, Co/Cr and
NAA/Co+Cr with MRI, independently to alteration of surface EEG, were equal to
93.3%, 57.9%, 15.4% and 93.3%, respectively, modifying for 100%, 33.3%, zero and
100%, in 16 patients, with lateralization agreement of MRI and face EEG. When
surface EEG was normal, the rates were 75%, 100%, 66.7% and 100%, respectively.
In 24 patients with alteration of surface EEG, independently to MRI alteration,
agreement rates were 78.5%, 31.6%, zero and 57.2%, reducing to 33.3%, 33.3%,
zero and 40% in eight patients with normal MRI. One concluded that proton magnetic
spectroscopy agreed better with MRI to lateralization of epileptogenic zone than with
surface EEG.
Key words: Extra-temporal neocortical epilepsies. Diagnose methods. Magnetic
resonance spectroscopy. Pre-surgical evaluation.
IX
LISTA DE FIGURAS DO ARTIGO 1
Figura 1– Diferenças dos gráficos da espectroscopia de prótons de hidrogênio de
pacientes normais, realizadas com TE longo e TE curto .................................. 33
LISTA DE QUADROS DO ARTIGO 1
Quadro 1 – Significado celular e localização dos principais metabólitos identificados
por espectroscopia de prótons de hidrogênio.................................................... 34
Quadro 2 – Distribuição dos resultados de imagem por ressonância magnética,
eletrencefalograma, razões de médias de metabólitos cerebrais de 33 pacientes
com epilepsia neocortical extratemporal– Recife, Março/Outubro de 2006....... 53
Quadro 3 – Resumo dos resultados de concordância de coeficiente de assimetria
comparado à IRM e ao EEG de superfície........................................................ 62
X
LISTA DE FIGURAS DO ARTIGO 2
Figura 2. 1 – Paciente 20 - Esclerose tuberosa e zona epileptogênica lateralizada
para hemisfério cerebral direito por IRM e 1H
+
ERM ........................................ 50
Figura 2. 2 – Paciente 23 - Anomalia do desenvolvimento venoso com lateralização
da zona epileptogênica em hemisfério cerebral direito à IRM e à !H
+
ERM ...... 57
Figura 2. 3 – Paciente 22 - Paciente sem lesão estrutural por imagem e lateralização
de zona epileptogênica para hemisfério cerebral esquerdo por EEG e 1H
+
ERM
.......................................................................................................................... 59
Figura 2. 4 – Metabolismo do N-acetil-aspartato no Sistema Nervoso Central ........ 64
Figura 2. 5 – Metabolismo da colina no Sistema Nervoso Central ........................... 65
XI
LISTA DE TABELAS DO ARTIGO 2
Tabela 1 – Distribuição dos coeficientes de assimetria de razões dos metabólitos
cerebrais, avaliada pela área dos picos do gráfico de espectroscopia, segundo
lateralização determinada pela imagem por ressonância magnética – Recife,
Março/Outubro 2006 ......................................................................................... 56
Tabela 2 – Distribuição dos coeficientes de assimetria de razões dos metabólitos
cerebrais, avaliados pela área dos picos do gráfico de espectroscopia, segundo
lateralização determinada por anormalidade interictal à eletrencefalografia –
Recife, Março/Outubro 2006 ............................................................................. 58
Tabela 3 – Distribuição dos coeficientes de assimetria de razões dos metabólitos
cerebrais, avaliados pela área dos picos do gráfico de espectroscopia, segundo
lateralização determinada por anormalidade interictal à eletrencefalografia e
anormalidade à imagem por ressonância magnética – Recife, Março/Outubro
2006 .................................................................................................................. 60
Tabela 4 – Distribuição dos coeficientes de assimetria de razões dos metabólitos
cerebrais, avaliados pela área dos picos do gráfico de espectroscopia, segundo
anormalidade à imagem por ressonância magnética e eletrencefalografia normal
– Recife, Março/Outubro 2006 .......................................................................... 61
Tabela 5 – Distribuição dos coeficientes de assimetria de razões dos metabólitos
cerebrais, avaliados pela área dos picos do gráfico de espectroscopia, segundo
lateralização determinada por anormalidade interictal à eletrencefalografia e
normalidade à imagem por ressonância magnética – Recife, Março/Outubro
2006 .................................................................................................................. 62
Tabela 6 – Distribuição das variáveis de caracterização amostral dos 33 pacientes –
Recife, Março/Outubro 2006 ............................................................................. 83
XII
LISTA DE ABREVIATURAS
1H
+
ERM – Espectroscopia de prótons de hidrogênio por ressonância magnética
CENEF – Centro de Epilepsia e Neurofisiologia
CDC – Center for Disease Control and Prevention
Co – Colina
Cr – Creatina
DNET – Tumor neuroepitelial desembrioplástico
EEG – Eletroencefalograma
ERM – Espectroscopia por ressonância magnética
FOV – Field of View (campo de visão)
GABA – Ácido gama-aminobutírico
GLU - Glutamato
Glx – Glutamina e glutamato
ILAE – International League Against Epilepsy
IMR– Imagem por ressonância magnética
ml – mio-inositol
NAA – N-acetil-aspartato
NAA/Co –Razão N-acetil-aspartato/colina
NAA/Co+Cr –Razão N-acetil-aspartato/colina + creatina
NAA/Cr – Razão N-acetil-aspartato/creatina
NAA-G – N-acetil-aspartato glutamato
NEX – Número de excitações
NH
2
– Grupamento amina
NH
3
– Amônia
OMS – Organização Mundial de Saúde
PET – Tomografia por emissão de pósitrons
SNC – Sistema Nervoso Central
SPECT – Tomografia de emissão de fóton único
TE – Tempo de eco
TR – Tempo de repetição
WHO – World Health Organization
XIII
SUMÁRIO
RESUMO...............................................................................................................................................VII
ABSTRACT..........................................................................................................................................VIII
LISTA DE FIGURAS DO ARTIGO 1 .....................................................................................................IX
LISTA DE QUADROS DO ARTIGO 1 ...................................................................................................IX
LISTA DE FIGURAS DO ARTIGO 2 ......................................................................................................X
LISTA DE TABELAS DO ARTIGO 2.....................................................................................................XI
LISTA DE ABREVIATURAS.................................................................................................................XII
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................ 15
ARTIGO 1
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e futuro
......................................................................................................................20
RESUMO .............................................................................................................................21
ABSTRACT ..........................................................................................................................22
Introdução ............................................................................................................................................ 22
A eletrencefalografia ........................................................................................................................... 26
Diagnósticos por imagem – o presente ............................................................................................ 27
Diagnósticos por imagem – o futuro................................................................................................. 30
Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 36
ARTIGO 2
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das
epilepsias extratemporais.....................................................................................................42
RESUMO .............................................................................................................................43
ABSTRACT ..........................................................................................................................44
Introdução ............................................................................................................................................ 45
Pacientes e Métodos........................................................................................................................... 47
Resultados ........................................................................................................................................... 52
Discussão............................................................................................................................................. 63
XIV
Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 69
Referências Bibliográficas Totais...................................................................................................... 74
APÊNDICES.......................................................................................................................................... 82
Apêndice A – Distribuição das variáveis de caracterização amostral dos 33 pacientes ............ 83
Apêndice B – Prontuário de coleta de dados................................................................................... 85
Apêndice C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ......................................................... 86
Apêndice D – Valores das razões de metabólitos dos controles, segundo hemisfério cerebral 89
Apêndice E – Valores dos coeficientes de assimetria das razões de metabólitos dos controles
............................................................................................................................................................... 90
ANEXOS................................................................................................................................................ 91
Anexo A – Classificação das crises epilépticas segundo a Proposta de Esquema Diagnóstico
para Pessoas com Crises Epilépticas e com Epilepsia - ILAE – 2001........................................... 92
Anexo B – Classificação das síndromes epilépticas segundo a Proposta de Esquema
Diagnóstico para Pessoas com Crises Epilépticas e com Epilepsia - ILAE – 2001 ..................... 93
Anexo C – Registro da pesquisa no Sistema Nacional de Pesquisa............................................. 94
Anexo D – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital da Restauração da
Dissertação após modificação do título ........................................................................................... 95
APRESENTAÇÃO
Apresentação
16
Desde 1830, com o advento da eletrencefalografia, diversas conquistas
foram feitas no campo da epileptologia (GOMES, 2006). No entanto ainda
detalhamentos diagnósticos que estão a exigir pesquisas. Dentre eles, devem ser
ressaltados: a explicação da gênese das crises, assim como a lateralização e a
localização precisas da zona epileptogênica para planejamento cirúrgico,
considerado como a região do córtex cerebral que removida irá resultar num estado
livre de crises epilépticas (CENTENO et al., 2006).
Quanto ao diagnóstico de certeza, é fundamental notar que os erros
diagnósticos das epilepsias são potencialmente perigosos. Por esse motivo, o
diagnóstico diferencial sempre deve ser muito meticuloso (BEAUMONT, 2007). Em
alguns casos, o diagnóstico das síndromes epilépticas e dos tipos de crises é
incorreto, ou os eventos o se devem à epilepsia, mas, sim, a distúrbios
metabólicos, cardíacos, psiquiátricos e psicológicos, que exigirão condutas
terapêuticas distintas. Nesses casos, o uso inadequado de drogas anti-epilépticas
pode expor o paciente a riscos desnecessários, particularmente nos atendimentos
de urgência (DUNCAN et al., 2006). O diagnóstico das epilepsias requer uma
anamnese cuidadosa e dirigida para investigação dos fatores de risco e
caracterização das crises, à qual se devem associar exames complementares, tanto
para diagnóstico diferencial, quanto para planejamento terapêutico (VAN
DONSELAAR; STROINK, 2006).
Dentre os exames complementares para diagnóstico diferencial estão:
a eletrencefalografia de superfície e, num nível de maior complexidade, a vídeo-
eletrencefalografia, considerada o padrão-ouro para diagnóstico e avaliação pré-
cirúrgica das epilepsias (KILPATRICK et al., 2003).
A eletrencefalografia de superfície tem se mostrado útil para o
diagnóstico, a evolução do quadro clínico e o planejamento terapêutico das
epilepsias, mas sofre interferência das estruturas anatômicas interpostas entre o
córtex cerebral e os eletrodos. Além disso, sua interpretação é examinador
dependente (FOUTAIN; FREEMAN, 2006) e os resultados são menos fidedignos
para localização e lateralização das zonas epileptogênicas nas epilepsias
Apresentação
17
extratemporais, cuja investigação freqüentemente é mais difícil do nas temporais e,
portanto, requerem outros métodos neurofisiológicos (PILLAI; SPERLING, 2006).
Dentre os métodos investigatórios diferentes do EEG de superfície, a
vídeo-eletrencefalografia, atualmente, tem sido considerada como indispensável no
diagnóstico de certeza das epilepsias, assim como na localização da zona
epileptogênica durante a avaliação pré-cirúrgica, inclusive nas epilepsias
extratemporais. A ela se associam a imagem por ressonância magnética (IRM), a
tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT), a tomografia por
emissão de pósitrons (PET) e a magnetencefalografia interictal (CENTENO et al.,
2006).
A PET e a magnetencefalografia interictal ainda são todos de alto
custo e estão inacessíveis mesmo em alguns centros diagnósticos de alta
complexidade. Por esse motivo, a IRM e o SPECT têm sido mais empregados
(CASSE et al., 2002).
Na maior parte dos casos, o diagnóstico pode ser firmado de forma não
invasiva, empregando-se o EEG de superfície e a IRM. Não obstante, quando os
resultados dessas investigações são contraditórios, alguns pacientes ainda
necessitam de técnicas invasivas, como o vídeo-EEG intracraniano, utilizando
eletrodos profundos, placas ou estrias subdurais, associadas ao aumento do custo
diagnóstico e ao risco de complicações, como as hemorragias cerebrais e as
infecções intracranianas. Por esse motivo, se têm investigado novos métodos de
localização e lateralização de zona epileptogênica, dentre os quais, a espectroscopia
de prótons, um método não invasivo que surge como uma possibilidade (WILLMANN
et al., 2006).
A espectroscopia de prótons (ERM) é capaz de avaliar o metabolismo
cerebral, por meio das alterações de N-acetil aspartato (NAA), creatina (Cr), colina
(Co), mio-inositol (mI), lactato, lipídios, alanina, glutamina e glutamato (Glx), scilo-
inositol, glicose, cetonas, manitol, etanol, aminoácido do citosol, acetato, succinato,
aspartato e taurina. A ERM tem sido empregada, com sucesso, no diagnóstico de
Apresentação
18
neoplasias cerebrais, doenças neurodegenerativas, esclerose múltipla e neuro-
infecções, entre outras (SIMISTER et al., 2003).
Estudos sobre metabolismo cerebral em epilepsias temporais têm
demonstrado redução das concentrações de NAA e das razões NAA/Co, NAA/Cr e
NAA/Co+Cr (BONAVITA; DI SALLE; TEDESCHI, 1999; MAUGUIÈRE; RYVLIN,
2004).
Uma metanálise incluindo 22 estudos, dentre 500 publicados no
período de Janeiro de 1992 a Julho de 2003, demonstrou que a espectroscopia de
prótons de hidrogênio por ressonância magnética (1H
+
ERM) foi capaz de identificar
a zona epileptogênica na avaliação pré-cirúrgica de epilepsias do lobo temporal,
assim como a normalização dos metabólitos cerebrais, para pacientes livres de crise
pós-cirurgia (WILLMANN et al., 2006).
Com base na revisão bibliográfica, aventaram-se algumas hipóteses
que motivaram a presente pesquisa. Poderá a espectroscopia de prótons integrar o
arsenal primário de investigação das epilepsias? Os padrões espectroscópicos das
epilepsias extratemporais, relacionam-se com as anormalidades
eletrencefalográficas e estruturais, identificadas por IRM?
Esses questionamentos também têm sido enunciados por outros
autores, como Lundbom et al. (2001), Simister et al. (2003) e Stanley et al. (1998),
objetivando facilitar a avaliação clínica e pré-cirúrgica das epilepsias focais
extratemporais, visto que este grupo apresenta o maior grau de dificuldade para a
localização e lateralização das zonas epileptogênicas. Os resultados poderão
permitir a redução do tempo dessa avaliação e aumentar o nível de confiança do
diagnóstico topográfico.
A presente dissertação está dividida em dois artigos que se
complementam. No primeiro, sob título Métodos diagnósticos das epilepsias focais
extratemporais: presente e futuro, foram analisadas as possibilidades de emprego
da espectroscopia de prótons por imagem na avaliação clínica e pré-cirúrgica das
epilepsias focais extratemporais, como uma possibilidade de melhora do nível de
Apresentação
19
confiança do diagnóstico topográfico, visto que estas epilepsias oferecem maior grau
de dificuldade para lateralização e localização das zonas epileptogênicas.
No segundo artigo, sob título Comparação da espectroscopia de
prótons de hidrogênio à associação da eletrencefalografia e da imagem por
ressonância magnética na investigação ambulatorial da zona epileptogênica das
epilepsias extratemporais, foi analisada a eficácia do método de espectroscopia de
prótons de hidrogênio na avaliação clínica ambulatorial das epilepsias focais
extratemporais, por meio da investigação de 36 pacientes.
ARTIGO 1 Métodos diagnósticos das epilepsias focais
extratemporais: presente e futuro
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e futuro
21
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e
futuro
Diagnostic methods for extra-temporal focal epilepsies –
present and future
Ricardo André Amorim Leite
RESUMO
Tem sido grande o progresso no diagnóstico das epilepsias, mas dentre os
detalhamentos diagnósticos a exigir pesquisas, estão a lateralização e a localização
precisas da zona epileptogênica, considerada como a região do córtex cerebral que
removida irá resultar num estado livre de crises. Na maior parte dos casos, o
diagnóstico pode ser firmado de forma não invasiva, empregando-se a
eletrencefalografia de superfície, a vídeo-eletrencefalografia, considerada o padrão-
ouro e a imagem por ressonância magnética. No entanto, quando os resultados
dessas investigações são contraditórios, alguns pacientes necessitam de técnicas
invasivas, como o vídeo-EEG intracraniano, utilizando eletrodos profundos, placas
ou estrias subdurais, que se associam ao aumento do custo diagnóstico e do risco
de complicações, como as hemorragias cerebrais e as infecções intracranianas. A
espectroscopia de prótons surge como uma possibilidade, dada sua capacidade de
avaliar o metabolismo cerebral, por meio das alterações de N-acetil aspartato (NAA),
creatina (Cr) e colina (Co), dentre outros metabólitos. Por meio de revisão da
literatura, o objetivo deste artigo é expor e analisar os métodos diagnósticos das
epilepsias neocorticais extratemporais, dadas as características que as tornam mais
complexas do que as epilepsias temporais visto que estas apresentam o maior grau
de dificuldade para lateralização e localização das zonas epileptogênicas.
Descritores: Epilepsias neocorticais extratemporais. Métodos diagnósticos.
Espectroscopia por Ressonância Magnética. Avaliação pré-cirúrgica.
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e futuro
22
ABSTRACT
The progress of epilepsies diagnosis has been great, but, amongst the diagnostic
detailing that demand research, one of the most important is the essential
lateralization and localization of epileptogenic zone, considered as the cerebral
cortex region, that removed, will result in a free state of seizures. In almost all cases,
a non invasive diagnosis can be performed using routine electroencephalography,
video-electroencephalography - considered as gold standard, and magnetic
resonance imaging. However, when the results of these exams are contradictory,
some patients need invasive techniques, as the intra-cranial video-EEG, using deep
electrodes, sub-dural strip and grid, that are associated with increased diagnostic
cost and risk of complications, as cerebral hemorrhages and intra-cranial infections.
Proton spectroscopy appears as a possibility, given its capacity to evaluate cerebral
metabolism, by N-acetil aspartate (NAA), creatine (Cre) and choline (Cho)
concentrations, amongst other metabolites. The present article aims to analyze the
possible uses of proton spectroscopy for clinical and pre-surgical evaluation of focal
extratemporal epilepsies, since this group presents the highest difficulty degree for
lateralizing and locating epileptogenic zones. This non invasive method may provide
time reduction of this evaluation and reliable level improvement for this topographical
diagnosis.
Key words: Extratemporal neocortical epilepsies. Diagnose methods. Magnetic
resonance spectroscopy. Pre-surgical evaluation.
Introdução
Epilepsia é um conjunto de enfermidades neurológicas, que têm em
comum a presença de descargas elétricas cerebrais excessivas, anormais, não
provocadas, repetitivas, com manifestações clínicas denominadas crises epilépticas,
as quais causam conseqüências neurobiológicas, cognitivas e sociais, porque se
associam a co-morbidades (BORGES et al., 2004; CARNEY; PROWSE;
SCHEFFER, 2005; DUNCAN et al., 2006; FISHER et al., 2005; SEINO, 2006). As
co-morbidades, progressivas ou não, podem incluir: distúrbios de aprendizagem,
déficits neurológicos permanentes, problemas psicológicos e psiquiátricos (DUNCAN
et al., 2006).
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e futuro
23
Os fatores de risco para epilepsia variam de acordo com a idade e o
nível de desenvolvimento da localização geográfica, do que deriva a grande
variabilidade das taxas de prevalência e incidência (DUNCAN et al., 2006).
Segundo estudos mundiais, a incidência geral anual da epilepsia varia
entre 24,0 - 82,0 por 100.000 habitantes/ano, mas se altera com o nível de
desenvolvimento do país, de tal forma que em países industrializados alcança a cifra
de 40 a 70:100.000 habitantes/ano, sendo maior nos países mais pobres (PANDIAN
et al., 2004). Na América Latina, em revisão sistemática, Burneo, Tellez-Zenteno e
Wiebe (2005) encontram três estudos elegíveis dentre 2.895 publicados no período
de 1987 a julho de 2004, e informam a incidência por 100.000 habitantes/ano
variando de 77,7, nas Ilhas Martinica, 190,0, no Equador. A incidência idade-
específica é maior no primeiro ano de vida; decrescendo durante a infância, com
variação de 83,0 a 87,0 por 100.000 habitantes/ano; atinge os menores valores entre
20 e 39 anos de idade, aumenta substancialmente a partir dos 60 anos, atingindo
valor máximo aos 70 anos de idade (DUNCAN et al., 2006; HAUT; BIGAL; LIPTON,
2006; OLAFSSON et al., 2005; PANDIAN et al., 2004).
A prevalência, em paises industrializados, varia de 4 a 10 por 1.000
habitantes/ano, mas os estudos epidemiológicos são extremamente controversos
devido à grande variação metodológica (DUNCAN et al., 2006; HAUT; BIGAL;
LIPTON, 2006). Na Europa, a incidência de epilepsia ativa varia entre 3,3 e 7,8 por
1.000 habitantes/ano (PANDIAN et al., 2004). Na América Latina, dentre 1.713
estudos publicados no período de 1987 a julho de 2004, 32 são selecionados em
revisão sistemática, com prevalência geral igual a 17,8 por 1.000 habitantes/ano,
variando entre 6,0 a 44,3 (BURNEO; TELLEZ-ZENTENO; WIEBE, 2005). No Brasil,
a prevalência de epilepsia varia de 11,9 a 18,6 por 1.000 habitantes/ano (BORGES
et al., 2004; BURNEO; TELLEZ-ZENTENO; WIEBE, 2005).
Dada a dimensão epidemiológica e o impacto social, a epilepsia é
considerada um problema de saúde pública de difícil solução, pois mesmo o
diagnóstico é complexo. Até 1970, não se dispunha de uma sistematização dos
diagnósticos de epilepsia, o que originam diversas tentativas de classificação e
terminologia das crises epilépticas e epilepsias. Em 2001, a International League
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e futuro
24
Against Epilepsy (ILAE) lança a Proposta de Classificação e Terminologia do
Esquema Diagnóstico para Pessoas com Crises Epilépticas e Epilepsia, na qual
recomenda cinco eixos diagnósticos (ENGEL JR, 2001; FISHER et al., 2005; SEINO,
2006):
Eixo 1: Fenomenologia ictal – o qual contempla a descrição detalhada dos eventos
ocorridos durante a crise epiléptica;
Eixo 2: para classificação da crise, segundo uma tabela correspondente
(Anexo A)
Em linhas gerais, para atender aos objetivos do presente
artigo, ressalta-se que as crises focais, diferente das generalizadas,
são geradas a partir de uma disfunção neuronal regional, localizada ou
que pode se difundir por dispersão das descargas elétricas para outras
áreas do cérebro por meio da excitação neuronal em rede (CARNEY;
PROWSE; SCHEFFER, 2005; DUNCAN et al., 2006; ENGEL JR, 2001;
FISHER et al., 2005; SEINO, 2006; WRIGHT, 2001).
Eixo 3: para classificação da síndrome epiléptica, segundo a tabela apropriada
(Anexo B), adotando, como critérios, as características do quadro clínico e os
achados neurofisiológicos e de imagem
Ainda atendendo aos objetivos do presente artigo, cumpre
destacar as síndromes sintomáticas, ou seja, com etiologia definida; e
as provavelmente sintomáticas, anteriormente denominadas
criptogênicas, assim classificadas porque, embora não se tenha
identificado o agente etiológico, é plausível supor sua existência.
Ambas podem ser subdivididas em: límbicas (por comprometerem o
sistema límbico, em especial a porção mesial do lobo temporal) e
neocorticais (por acometerem o neocórtex cerebral nos lobos frontais,
temporais, parietais e occipitais) (CARNEY; PROWSE; SCHEFFER,
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e futuro
25
2005; DUNCAN et al., 2006; ENGEL JR, 2001; FISHER et al., 2005;
SEINO, 2006; WRIGHT, 2001).
Eixo 4: correspondente à identificação do agente etiológico, quando possível
Como agente etiológico das epilepsias, está uma enorme
variedade de enfermidades sendo as principais: doenças cérebro-
vasculares, tumores (gangliogliomas, astrocitomas fibrilar e pilocíticos,
oligodendrogliomas e tumor neuroepitelial desembrioplástico - DNET),
distúrbios do desenvolvimento vascular (malformações artério-venosas
e angiomas cavernosos), distúrbios do desenvolvimento cortical
(esquizencefalias, heterotopias, displasias, polimicrogirias, paquigirias,
etc.), traumatismo crânio-encefálico, infecções do sistema nervoso
central (neurotoxoplasmose, tuberculomas, criptococomas,
cisticercose, etc.), doenças degenerativas cerebrais (doença de
Alzheimer, Coréia de Huntington, etc.) e outras (BLUME, 2003;
CARNEY; PROWSE; SCHEFFER, 2005; CONNOR; JAROSZ, 2001;
DUNCAN et al., 2006; ENGEL JR, 2001; YUN et al., 2006).
Eixo 5: referente ao comprometimento psicossocial, que é opcional
Detalhada a classificação das crises epilépticas e das epilepsias, pode-
se compreender que o tema do presente artigo contempla epilepsias focais,
sintomáticas ou provavelmente sintomáticas, neocorticais, exceto a síndrome de
Rasmussen, e de localização extratemporal, ou seja, acometendo os lobos frontais,
parietais ou occipitais e que esse diagnóstico requer necessariamente a localização
e a lateralização da zona epileptogênica, considerada como a região em que se
origina a crise epileptogênica.
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e futuro
26
Atualmente os exames neurofisiológicos e de imagem trouxeram uma
nova perspectiva ao diagnóstico e, conseqüentemente, ao tratamento e ao
seguimento dos portadores de epilepsia.
O objetivo deste artigo é expor e analisar os métodos diagnósticos das
epilepsias neocorticais extratemporais, dadas as características que as tornam mais
complexas do que as epilepsias temporais.
A eletrencefalografia
O avanço tecnológico permite o emprego de três técnicas de
eletrencefalografia (EEG) para o diagnóstico das epilepsias: o EEG de superfície,
que consiste na colocação de eletrodos sobre o couro cabeludo; nos sistemas 10-
20, 10-20 com eletrodos adicionais e 10-10; a vídeo-EEG, no qual se associa o
registro eletrencefalográfico ao da crise clínica, a estéreo-vídeo-EEG, que se
diferencia da vídeo-EEG pela inserção de eletrodos profundos, posicionados
diretamente no córtex encefálico, por meio de cirurgia estereotáxica (NORDLI JR,
2006), e a eletrocorticografia.
A eletrencefalografia de superfície é um método essencial para: o
diagnóstico, a caracterização e a localização das epilepsias neocorticais
extratemporais, todavia apresenta baixa sensibilidade quando comparada com
idêntica aplicação nas epilepsias temporais (LEACH et al., 2006).
Assim, nas epilepsias frontais, a falsa lateralização e a presença de
descargas generalizadas, as quais, na realidade, o o resultado de uma
sincronização bilateral secundária, implicam em uma limitação importante para
identificação da real lateralização da zona epileptogênica. Em relação às epilepsias
do lobo parietal, a avaliação e a localização das descargas epileptogênicas pelo
EEG de superfície são mais difíceis, do que derivam a impossibilidade de
localização definida ou, mesmo, a falsa lateralização. Nas epilepsias do lobo
occipital, a dificuldade de lateralização soma-se, em muitos casos, a uma difusão
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e futuro
27
das descargas para o lobo temporal ipsilateral com manifestação clínica semelhante
à do lobo temporal (VERMA; RADTKE, 2006).
Devido às limitações diagnósticas do EEG de superfície, especialmente
nas epilepsias extratemporais, a vídeo-eletrencefalografia tem se constituído num
método extremamente eficaz no diagnóstico e na localização das zonas
epileptogênicas. Mostra-se capaz de caracterizar a mesmo as zonas
epileptogênicas primárias, secundárias e as áreas de dispersão. Apesar de se
constituir num método mais acurado que o EEG de superfície, também tem menor
sensibilidade diagnóstica nas epilepsias neocorticais extratemporais que nas
temporais (LAWSON et al., 2002).
Essa limitação diagnóstica da EEG e da vídeo-EEG fica ainda mais
evidente quando a terapêutica cirúrgica da epilepsia passa a ser mais utilizada, pela
necessidade de uma localização acurada da zona epileptogênica a ser extirpada.
Disso deriva o emprego da eletrocorticografia.
A eletrocorticografia é um método que analisa a sincronização dos
potenciais pós-sinápticos, de ocorrência primária nas células piramidais do rtex
cerebral, sem a interferência de meios físicos como o liquido cefalorraquiano, a
membrana aracnóide, a meninge dura-máter, os ossos do crânio e o tecido
subcutâneo do escalpe. Por esse motivo, é um método mais sensível para a
localização da zona epileptogênica do que a EEG de superfície, por não estar sujeita
à variação da amplitude do potencial elétrico e ter uma boa resolução espacial
(HASHIGUCHI et al., 2006; RAY et al., 2007; WILSON, 2004).
Diagnósticos por imagem – o presente
Atualmente, os exames de imagem oferecem uma nova perspectiva
para diagnóstico, tratamento e acompanhamento das epilepsias. É preciso analisar
sua contribuição para esses processos, assim como para a localização e
lateralização da zona epileptogênica nas epilepsias extratemporais. Dentre esses
métodos, cumpre destacar: a tomografia computadorizada, a imagem por
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e futuro
28
ressonância magnética, a ressonância magnética funcional, a tomografia por
emissão de pósitrons e a tomografia por emissão de fóton único.
Por volta dos anos 70, a tomografia computadorizada revoluciona o
diagnóstico neurológico ao permitir a visualização de suas estruturas de forma mais
segura e com melhor imagem, passando a ser considerada o melhor método
diagnóstico por imagem, em neurologia (LEEDS; KIEFFER, 2000). É ideal para
detectar e avaliar a extensão de calcificações intracranianas em cistos, neoplasias e
na síndrome de Sturge-Weber, as hemorragias cerebrais e os traumas crânio-
encefálicos, dentre outras indicações (BONILHA et al., 2004; CONNOR; JAROSZ,
2001; WRIGHT, 2001).
Apesar de ainda ser muito utilizada nos serviços de urgência, devido ao
tempo reduzido de processamento e ao baixo custo, quando comparada a outros
métodos de imagem, a tomografia computadorizada não apresenta critérios bem
definidos para auxiliar no diagnóstico ou influenciar no prognóstico, bem como sua
relação custo/benefício é alta, em face da escassez de recursos financeiros para o
setor de saúde em nosso país (NÓVAK et al., 2001). Por outro lado, no diagnóstico
das lesões estruturais cerebrais presentes nas epilepsias, o exame apresenta baixa
sensibilidade, sendo por isso, considerado como método diagnóstico de suporte ou
suplementar a outros mais acurados (BONILHA et al., 2004; CONNOR; JAROSZ,
2001; WRIGHT, 2001).
A imagem por ressonância magnética (IRM) revoluciona a neuro-
imagem, entre o final da década de 70 e início dos anos 80, e se consagra como o
melhor método não invasivo na avaliação estrutural do encéfalo (NÓVAK et al.,
2001; WRIGHT, 2001). É o método de eleição nas epilepsias refratárias ao
tratamento medicamentoso, com indicação cirúrgica, por apresentar uma alta
sensibilidade e especificidade para lesões como tumor, distúrbios da migração
neuronal (especialmente as displasias), insultos hipóxico-isquêmicos, infecções,
erros do metabolismo, traumatismo, doenças neuro-cutâneas, malformações
vasculares, glioses, etc. (BONILHA et al., 2004; CONNOR; JAROSZ, 2001;
DUNCAN et al., 2006; WRIGHT, 2001).
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e futuro
29
No entanto, com o advento da cirurgia para tratamento das epilepsias,
a necessidade de investigar novos todos para planejamento terapêutico. O
avanço tecnológico na área do diagnóstico por imagem permite a avaliação funcional
através da ativação de áreas eloqüentes do cérebro, aferidas pelo aumento do fluxo
sanguíneo sem associação com o consumo de oxigênio, sugerindo metabolismo
anaeróbico durante a ativação. A ressonância magnética funcional baseia-se na
avaliação da diferença de concentração de oxigênio nos capilares e veias
sangûíneas, nas áreas ativadas em comparação com as não ativadas, expressa por
uma diferença de intensidade de sinal. Essa diferença é utilizada para gerar um
mapa funcional (CONNOR; JAROSZ, 2001; DUNCAN et al., 2006; RICHARDSON,
2001; WRIGHT, 2001), cuja superposição às estruturas anatômicas permite
identificar áreas associadas com funções motoras, sensoriais e cognitivas
(BRIELLMANN et al., 2003).
Nas epilepsias extratemporais, a ressonância magnética funcional
associa o estudo estrutural encefálico à funcionalidade de suas estruturas, o que
representa um ganho importante nas cirurgias neurológicas. No entanto esse exame
não se presta à localização e lateralização da zona epileptogênica, daí empregam-
se outros métodos funcionais.
A tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT) é a
técnica funcional de imagem mais utilizada em epilepsias. Com ela se pode
visualizar a distribuição dos radiofármacos de acordo com o fluxo sanguíneo
cerebral, identificando uma hiperperfusão na zona epileptogênica, no período ictal, o
que o diferencia do período interictal ou pós-ictal (DUNCAN et al., 2006;
RICHARDSON, 2001). No entanto, nas epilepsias extratemporais, essa diferença
não é tão significativa e, por conseguinte, o se obtém a localização da zona
epileptogênica com fidedignidade suficiente para conferir segurança no
planejamento cirúrgico (WRIGHT, 2001).
A tomografia por emissão de pósitrons (PET) utiliza a
fluorodeoxiglicose (FDG) como marcador do metabolismo da glicose, o que permite
identificação da zona epileptogênica pela redução do metabolismo na área
correspondente. Por ser um exame funcional de avaliação metabólica, o ideal é que
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e futuro
30
seja realizado no período ictal, quando a velocidade metabólica é maior e a
marcação da zona epileptogênica pode ser mais acentuada. No entanto, como o
marcador é rapidamente metabolizado, o exame é realizado, na maior parte das
vezes, no período interictal, com marcação atenuada da zona epileptogênica,
portanto com perda de sensibilidade (CASSE et al., 2002; MAUGUIÈRE; RYVLIN,
2004; RICHARDSON, 2001; WRIGHT, 2001). Essa perda de sensibilidade é ainda
maior em epilepsias extratemporais que nas epilepsias temporais devido,
principalmente, à rápida difusão da atividade elétrica anormal para áreas vizinhas, o
que pode se constituir em fator de confundimento pela marcação de outros locais
que não a zona epileptogênica (CASSE et al., 2002; MAUGUIÈRE; RYVLIN, 2004;
RICHARDSON, 2001; WRIGHT, 2001).
Apesar da diversidade de métodos por imagem, ainda resta uma
lacuna diagnóstica e de seguimento terapêutico dos pacientes com epilepsia
neocortical extratemporal, o que tem dificultado a possibilidade de controle das
crises. As investigações m sido direcionadas para os métodos funcionais, com
maior sensibilidade que os métodos estáticos. Dentre eles, o futuro está
representado pela ressonância magnética por tensor de difusão, pela tractografia de
fibras e pela espectroscopia de prótons.
Diagnósticos por imagem – o futuro
A ressonância nuclear magnética com tensor de difusão e a tractografia
de fibras, ainda em estudo, se mostram extremamente promissoras na investigação
e na avaliação pré-cirúrgica de epilepsias neocorticais extratemporais (CONCHA et
al., 2006; LEE et al., 2003; UGUR; DINCER; ÖZEK, 2006; YAMADA et al., 2004).
A ressonância por tensor de difusão é uma técnica não invasiva que
utiliza medidas quantitativas, em terceira dimensão, da difusão passiva de água na
orientação de fibras de axônios na substância branca, in vivo. No cérebro, a
movimentação das moléculas de água é limitada por estruturas como os axônios e a
mielina, e, em conseqüência do direcionamento ou anisotropia, a difusão das
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e futuro
31
moléculas de água tem o padrão de orientação das fibras cerebrais. A orientação
dominante e a magnitude da difusão podem ser quantificadas, respectivamente,
como vetor e valor da difusão, obtida pela medida do tensor de difusão. Estas
informações são codificadas por cores ou mapas de vetor. O tensor de difusão
permite que se construa um mapa anatômico funcional cerebral com identificação de
aferência e eferência nos tractos cerebrais, mapa este denominado tractografia de
fibras. Pode-se realizar planejamento cirúrgico, por meio dessa análise, tornando
possível a pré-seleção da melhor forma de abordagem e de exérese de uma lesão.
(GUYE et al., 2003).
Outro método diagnóstico das epilepsias neocorticais extratemporais,
com grandes perspectivas de futuro, é a espectroscopia por ressonância magnética
(ERM), que hoje representa o maior avanço na pesquisa não invasiva do
metabolismo cerebral in vivo (BONAVITA; DI SALLE; TEDESCHI, 1999; GUYE et al.,
2005; LUNDBOM et al., 2001; MORALES-CHACÓN, 2001; NAJM et al., 1998;
STANLEY et al., 1998).
A ERM e a IRM utilizam-se dos mesmos princípios físicos, diferindo
apenas na forma em que os dados são processados e apresentados. Ao invés de
imagens anatômicas, o que se obtém na ERM é um gráfico, no qual estão
identificados alguns metabólitos encefálicos não visíveis na IRM (DANIELSEN;
ROSS, 1999).
A espectroscopia pode ser obtida de vários átomos como hidrogênio
(
1
H), sforo (
31
P) e carbono (
13
C). No entanto, do ponto de vista clínico, a mais
utilizada é a de hidrogênio (espectroscopia de prótons de hidrogênio) devido à
abundância desse átomo no organismo, e ao fato de fornecer um sinal muito mais
intenso. podem ser detectados os metabólitos encefálicos que apresentam
prótons H
+
em sua molécula e cuja concentração seja maior que 0,5 mMol/L. Devido
à água ter concentração quase 100 vezes maior que os metabólitos, é necessária a
supressão de seu pico, para que os metabólitos encefálicos possam ser visualizados
(ROSS, 2000).
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e futuro
32
Na avaliação do gráfico da 1H
+
ERM, cada metabólito é identificado por
ocupar uma localização específica no eixo das abscissas, que é expressa em partes
por milhão (ppm). No eixo da ordenadas, a altura do pico, por meio da qual o
aparelho calcula a área, corresponde ao pico de cada um dos metabólitos (ARAGÃO
et al., 2001).
Após a aquisição de uma seqüência de IRM, é iniciada a técnica da
1H
+
ERM, escolhendo e delimitando uma região do encéfalo, denominada volume de
interesse, local em que será realizada a avaliação bioquímica. De acordo com o
volume de interesse, a 1H
+
ERM pode ser dividida tecnicamente em: espectroscopia
de volume único e espectroscopia de múltiplos volumes de interesse. Na técnica de
volume único, o gráfico de 1H
+
ERM também é único e representa a atividade
metabólica de todo o volume cerebral analisado, medindo preferencialmente 8 cm
3
,
enquanto que, na técnica com aquisição simultânea de múltiplos volumes de
interesse, podem-se obter gráficos correspondentes aos espectros de diferentes
regiões da lesão encefálica e do tecido encefálico contralateral, porque o volume
focalizado é dividido em pequenos subvolumes (NELSON, 2001).
Outro parâmetro físico da 1H
+
ERM é o tempo de eco (TE). Com TE
longo (superior a 100 ms), é possível identificar quatro metabólitos (N-acetil-
aspartato, creatina, colina e lipídeo-lactato) (Figura 1A). Com TE curto (em torno de
30 ms), além desses, mais dois metabólitos são detectados: o mio-inositol e a
glutamina-glutamato (Figura 1B) (DANIELSEN; ROSS, 1999; MAJÓS et al., 2004;
ROSS, 2000).
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e futuro
33
Figura 1– Diferenças dos gráficos da espectroscopia de prótons de hidrogênio de pacientes
normais, realizadas com TE longo e TE curto
NOTA: (A) – com TE longo, no qual se identificam três metabólitos (Cr, Co, NAA) (B) – Com TE curto,
além desses, mais dois metabólitos são identificados: mI e Glx
A interpretação do exame consiste na análise do espectro, feita por
inspeção visual ou computadorizada. A inspeção visual exige que se conheça o
espectro normal para reconhecer o espectro anormal, por meio da relação entre as
alturas dos metabólitos, do que deriva a classificação de análise subjetiva. Na
análise computadorizada, a avaliação é quantitativa relativa, porque um programa de
computador avalia a relação da área do pico de cada metabólito em relação a outro
metabólito, que, geralmente, é a creatina (Cr) por ser, segundo a literatura, a mais
TE longo
TE longo
TE = 135 ms
•NAA -N-acetilaspartato
• Co - Colina
• Cr – Creatina
A
TE longo
TE longo
TE = 135 msTE = 135 ms
•NAA -N-acetilaspartato
• Co - Colina
• Cr – Creatina
A
TE curto
TE curto
TE = 30 ms
GLX- Glutamina-glutamato
• Mi - Mioinositol
• NAA -N-acetilaspartato
• Co - Colina
• Cr - Creatina
B
TE curto
TE curto
TE = 30 msTE = 30 ms
GLX- Glutamina-glutamato
• Mi - Mioinositol
• NAA -N-acetilaspartato
• Co - Colina
• Cr - Creatina
B
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e futuro
34
estável nas diversas doenças do SNC (DANIELSEN; ROSS, 1999; HENRY et al.,
2000).
No Quadro 1, estão expressos os significados celulares dos principais
metabólitos identificados à espectroscopia de prótons de hidrogênio.
PICO (ppm)
METABÓLITO SIGNIFICADO CELULAR DOS METABÓLITOS
primeiro outros
NAA – N-acetil-
aspartato
marcador do número e da viabilidade de neurônios 2,02 2,6
Cr – creatina
Marcador dos sistemas energéticos das células do
encéfalo
3,03 3,9
Co – colina
Marcador de membrana.
Relaciona-se ao ciclo de produção e destruição da
membrana celular
Em alta concentração, indica hipercelularidade e
destruição de mielina
3,2 -
Lac – lactato
Ausente no tecido normal
Em alta concentração, indica falha da respiração
oxidativa celular
1,32 -
Lip – lipideos Marcador de necrose (tumores de alto grau) 0,8 1,2–1,5
α – 3,65 a 3,8
-
GLX –
glutamina-
glutamato
Neurotransmissor neuroexcitatório, detoxificação e
regulador da atividade de neurotransmissão
β – 2,05 a 2,5
-
mI – mio-inositol
Osmólito (regulador osmolar do volume celular)
Marcador glial
3,56 -
Quadro 1 – Significado celular e localização dos principais metabólitos identificados por
espectroscopia de prótons de hidrogênio
FONTE: Adaptado de Danielsen e Ross (1999)
Em portadores de epilepsia, o NAA pode estar reduzido devido ao
aumento do consumo de energia despendida nas descargas elétricas, por disfunção
neuronal ou, ainda, por lesão neuronal (BONAVITA; DI SALLE; TEDESCHI, 1999;
STANLEY et al., 1998).
Atualmente, aventa-se a hipótese de que o aumento do consumo de
energia mitocondrial acarreta redução da síntese neuronal do NAA e, por
conseguinte, do aumento de glutamato (seu precursor), o que promove, em
indivíduos normais, maior síntese do ácido γ-aminobutírico (GABA), que é um
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e futuro
35
neurotransmissor inibitório. O maior consumo energético dá-se de forma
intermitente, a depender das necessidades fisiológicas, de tal sorte que o GABA
também sofre variações ao longo do dia. No entanto, nos indivíduos epilépticos,
parece haver um desequilíbrio entre glutamina, glutamato (neurotransmissores
excitatórios) e o GABA. (MOFFET et al., 2007), o por falta de substrato, mas por
escassez da glutamato transferase (BOUGH; RHO, 2007).
O pico de Cr é gerado a partir do metabolismo da fosfocreatina e da
creatinina e indiretamente reflete o metabolismo energético, sendo a creatina muito
utilizada como pico de referência na intensidade de sinal do metabolismo normal. O
sinal da Co é gerado por glicerofosfocolina, fosfocolina e colina livre como
participantes da síntese e da degradação de membrana celular (BONAVITA; DI
SALLE; TEDESCHI, 1999).
Nas epilepsias, as pesquisas têm objetivado identificar a relação entre
as alterações desses metabólitos e as modificações ao EEG, ao vídeo-EEG e à IRM,
como forma de estabelecer padrões diagnósticos, de localização e de lateralização
da zona epileptogênica. Nos estudos realizados em indivíduos normais, não são
encontradas assimetrias tipo direito-esquerda cerebral e o padrão de distribuição
dos metabólitos NAA, Co e Cr é característico de cada uma das regiões cerebrais
(BONAVITA; DI SALLE; TEDESCHI, 1999).
No entanto, nos estudos de vídeo-eletrencefalografia e estéreo-vídeo-
eletrencefalografia das epilepsias neocorticais extratemporais, está relatada uma
diminuição do NAA e das relações NAA/Cr e NAA/Cr+Co, no lado da zona
epileptogênica em relação ao contralateral (GUYE et al., 2005; LUNDBOM et al.,
2001; STANLEY et al., 1998).
Nas últimas quatro décadas, sem dúvida, os avanços tecnológicos
muito contribuíram para o diagnóstico das epilepsias, porém ainda têm se mostrado
insuficientes para atender a todos os objetivos de prognóstico. Por esse motivo, têm
sido intensificadas as pesquisas empregando espectroscopia de prótons, priorizando
a análise metabólica cerebral. Esses achados apontam para a possibilidade de a
Métodos diagnósticos das epilepsias focais extratemporais: presente e futuro
36
espectroscopia, no futuro, poder se constituir em mais um exame no arsenal de
planejamento terapêutico e diagnóstico das epilepsias.
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ARTIGO 2 Espectroscopia de prótons de hidrogênio na
investigação ambulatorial das epilepsias
extratemporais
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
43
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial
das epilepsias extratemporais
Hydrogen proton spectroscopy for outcome investigation of
extra-temporal epilepsies
Ricardo André Amorim Leite
RESUMO
Para analisar a taxa de concordância da espectroscopia de prótons de hidrogênio na
avaliação das epilepsias focais neocorticais extratemporais, com a imagem por
ressonância magnética e com o EEG de superfície, realizou-se estudo transversal,
tipo série de casos, incluindo 33 pacientes, diagnosticados no Ambulatório de
Epilepsia do Hospital da Restauração, Recife, Pernambuco, entre Março e Outubro
de 2006, com idade de 13 a 59 anos (25,18 ± 11,39 anos), de ambos os sexos. Vinte
e cinco (75,8%) pacientes apresentavam alteração estrutural à imagem por
ressonância magnética ou neurofisiológica à eletrencefalografia (72,7%). As
variáveis foram alterações dos coeficientes de assimetria das razões N-acetil-
aspartato/colina, N-acetil-aspartato/creatina, Colina/Creatina e N-acetil-
aspartato/colina+creatina (avaliadas pela área dos picos dos metabólitos na
espectroscopia de prótons com tempo de eco longo de 135 ms). As taxas de
concordância de lateralização dos coeficientes de assimetria das razões de
metabólitos NAA/Co, NAA/Cr, Co/Cr e NAA/Co+Cr com a IRM, independente da
alteração da EGG de superfície, alteraram-se de 93,3%, 57,9%, 15,4% e 93,3%,
respectivamente, para 100%, 33,3%, zero e 100%, em 16 pacientes, nos quais
houve concordância da IRM e do EEG de superfície. Quando o EEG de superfície foi
normal, as taxas foram 75%, 100%, 66,7% e 100%, respectivamente. Nos 24
pacientes em que havia alteração de EEG ambulatorial, independente de alteração à
IRM, as taxas de concordância reduziram-se de 78,6%, 31,6%, zero e 57,2%, para
33,3%, 33,3%, zero e 40% em oito pacientes com IRM normal. Conclusão: A
espectroscopia de prótons de hidrogênio concordou melhor com a lateralização da
zona epileptogênica com IRM do que com o EEG de superfície.
Descritores: Epilepsias neocorticais extratemporais. Métodos diagnósticos.
Espectroscopia por Ressonância Magnética. Avaliação pré-cirúrgica.
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
44
ABSTRACT
To analyze agreement rate of proton magnetic spectroscopy in the evaluation of
extra-temporal neocortical focal epilepsies, with magnetic resonance image and
surface EEG, one developed a cross sectional study, type series of cases, including
33 patients, diagnosed at Epilepsy Outcome of Hospital da Restauração, Recife,
Pernambuco, Brazil, from March to October 2006, aging from 13 to 59 years old
(25.18 ± 11.39), of both gender, presenting structural alteration identified in magnetic
resonance image (75.8%) or neurophysiologic by electroencephalography (72.7%).
The variables were: alterations of N-acetyl-aspartate/choline, N-acetyl-
aspartate/creatine, Choline/creatine and N-acetyl-aspartate/ choline+creatine
coefficient of asymmetry (evaluated by metabolic peak area of proton magnetic
spectroscopy with long echo time of 135 ms). Agreement rates of lateralization by
coefficient of asymmetry of NAA/Co, NAA/Cr, Co/Cr and NAA/Co+Cr with MRI,
independently to alteration of surface EEG, were equal to 93.3%, 57.9%, 15.4% and
93.3%, respectively, modifying for 100%, 33.3%, zero and 100%, in 16 patients, with
lateralization agreement of MRI and face EEG. When surface EEG was normal, the
rates were 75%, 100%, 66.7% and 100%, respectively. In 24 patients with alteration
of surface EEG, independently to MRI alteration, agreement rates were 78.5%,
31.6%, zero and 57.2%, reducing to 33.3%, 33.3%, zero and 40% in eight patients
with normal MRI. Conclusion: The proton magnetic spectroscopy agreed better with
MRI to lateralization of epileptogenic zone than with surface EEG.
Key words: Extra-temporal neocortical epilepsies. Diagnose methods. Magnetic
resonance spectroscopy. Pre-surgical evaluation.
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
45
Introdução
Dentre as epilepsias, as focais, sintomáticas ou provavelmente
sintomáticas, neocorticais exigem a localização e a lateralização da zona
epileptogênica, necessariamente, para que se firme diagnóstico e se institua o
tratamento clínico ou cirúrgico mais adequado. Para tanto, as epilepsias
extratemporais, por apresentarem características que as tornam mais complexas do
que as temporais requerem o emprego de métodos diagnósticos mais sensíveis e
mais específicos, dentre os quais estão: a eletrencefalografia de superfície, a
imagem por ressonância magnética e, mais modernamente a espectroscopia de
prótons de hidrogênio.
A eletrencefalografia de superfície, embora seja um método essencial
para: diagnóstico, caracterização e localização dessas epilepsias apresenta baixa
sensibilidade quando comparada com idêntica aplicação nas epilepsias temporais
(Leach et al., 2006), independente da localização da zona epileptogênica. Nas
epilepsias frontais, uma das principais limitações consiste na falsa lateralização,
devido à presença de descargas generalizadas resultantes de uma sincronização
bilateral secundária. Quando a zona se localiza no lobo parietal, pode ocorrer
impossibilidade de localização definida ou, mesmo, a falsa lateralização e nas
epilepsias do lobo occipital, a dificuldade de lateralização soma-se, em muitos casos,
a uma difusão das descargas para o lobo temporal ipsilateral, com manifestação
clínica semelhante à do lobo temporal (Verma, Radtke, 2006).
Atualmente, os exames de imagem oferecem uma nova perspectiva
para diagnóstico, tratamento e acompanhamento das epilepsias. A imagem por
ressonância magnética (IRM) é consagradamente o melhor método não invasivo na
avaliação estrutural do encéfalo (Nóvak et al., 2001, Wright, 2001) e, por isso,
método de eleição nas epilepsias refratárias ao tratamento medicamentoso, com
indicação cirúrgica, por apresentar uma alta sensibilidade e especificidade para
lesões como tumor, distúrbios da migração neuronal (especialmente as displasias),
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
46
insultos hipóxico-isquêmicos, infecções, erros do metabolismo, traumatismo,
doenças neuro-cutâneas, malformações vasculares, glioses, etc. (Bonilha et al.,
2004, Connor, Jarosz, 2001, Duncan et al., 2006, Wright, 2001).
O advento da cirurgia para tratamento das epilepsias levou à
necessidade de investigar novos métodos para planejamento terapêutico. Foram
desenvolvidos: ressonância magnética funcional (Connor, Jarosz, 2001), tomografia
por emissão de pósitrons e por emissão de fóton único (Duncan et al., 2006),
ressonância por tensor de difusão e tractografia de fibras (Concha et al., 2006, Lee et
al., 2003, Ugur, Dincer, Özek, 2006). Apesar disso ainda resta uma lacuna
diagnóstica e de seguimento terapêutico dos pacientes com epilepsia neocortical
extratemporal, o que tem dificultado a possibilidade de cura das crises.
As investigações têm sido direcionadas para os métodos funcionais,
com maior sensibilidade que os estáticos, mas também para a melhor compreensão
do metabolismo cerebral. Essa conjunção de informações parece indicar que a
espectroscopia por ressonância magnética (ERM) pode representar um grande
avanço na pesquisa não invasiva do metabolismo cerebral in vivo (Bonavita, Di Salle,
Tedeschi, 1999, Guye et al., 2005, Lundbom et al., 2001, Morales-Chacón, 2001).
A ERM e a IRM utilizam-se dos mesmos princípios físicos, diferindo
apenas na forma em que os dados são processados e apresentados. Ao invés de
imagens anatômicas, o que se obtém na ERM é um gráfico, no qual estão
identificados alguns metabólitos encefálicos não visíveis na IRM (Danielsen, Ross,
1999). Do ponto de vista clínico, a espectroscopia de prótons mais utilizada é a de
hidrogênio, devido à abundância desse átomo no organismo, e ao fato de fornecer
um sinal muito mais intenso (Ross, 2000), que permite identificar os metabólitos: N-
acetil-aspartato (NAA), colina (Co), creatina (Cr), dentre outros (Danielsen, Ross,
1999, Henry et al., 2000).
Em portadores de epilepsia, o NAA pode estar reduzido por disfunção,
por lesão neuronal ou devido ao aumento do consumo de energia despendida nas
descargas elétricas (Bonavita, Di Salle, Tedeschi, 1999, Moffet et al., 2007).
Nas epilepsias, as pesquisas m objetivado identificar a relação entre
as alterações desses metabólitos e as modificações ao EEG, ao vídeo-EEG e à IRM,
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
47
como forma de estabelecer padrões diagnósticos de localização e de lateralização
da zona epileptogênica. Nos estudos realizados em indivíduos normais, não são
encontradas assimetrias cerebrais tipo direito-esquerdo e o padrão de distribuição
dos metabólitos NAA, Co e Cr característico de cada uma das regiões cerebrais
(Bonavita, Di Salle, Tedeschi, 1999).
Esses achados apontam para a possibilidade de a espectroscopia, no
futuro, poder se constituir em um importante exame no arsenal de planejamento
terapêutico, diagnóstico e prognóstico, do que derivou a pesquisa atual, que tem por
objetivo analisar a eficácia da espectroscopia de prótons de hidrogênio na avaliação
ambulatorial das epilepsias focais extratemporais.
Pacientes e Métodos
O estudo foi transversal, tipo série de casos. O grupo de análise
(pacientes) consistiu em pacientes com crises epilépticas focais neocorticais
extratemporais, diagnosticados ambulatorialmente no período de Março a Outubro
de 2006, na faixa etária de 13 a 59 anos, de ambos os sexos, que apresentavam
lesão unilateral à imagem por ressonância magnética ou anormalidade interictal
lateralizada à eletrencefalografia de superfície. Foram considerados critérios de
exclusão: o diagnóstico concomitante de outros tipos de epilepsias, absenteísmo
constante às consultas ambulatoriais de seguimento, presença de lesão difusa
identificada à imagem por ressonância magnética, presença de eletrencefalograma
sem lateralização definida e recusa do paciente ou de seu responsável na
participação da pesquisa.
Houve três locais de estudo: o Ambulatório de Epilepsia do Hospital da
Restauração (CENEF- Centro de Epilepsia e Neurofisiologia), Recife, Pernambuco,
Brasil, onde foram diagnosticados, acompanhados e submetidos à
eletrencefalografia os pacientes epilépticos; o Serviço de Radiologia Multimagem,
Recife, Pernambuco, Brasil, onde foram realizados os exames de imagem por
ressonância magnética e de espectroscopia de prótons de hidrogênio, e o Serviço de
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
48
Radiologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, São Paulo, São
Paulo, Brasil, no qual se procederam às fases de pós-processamento e análise dos
dados espectroscópicos.
A amostra esteve constituída por 33 pacientes, com média de idade
igual a 25,18 ± 11,39 anos, variando entre 13 e 59 anos, com predomínio de sexo
masculino (63,6%), escolaridade a ensino fundamental incompleto (60,6%) e
ocupação como estudante (45,5%) ou aposentado (27,3%). Constatou-se que 56,6%
apresentavam algum grau de deficiência mental. Quanto às crises epilépticas, 33,3%
dos pacientes apresentavam crises focais secundariamente generalizadas, dentre as
quais 75,8 eram sintomáticas. Dentre as nosologias de epilepsia predominaram
hipóxia pré ou perinatal (27,4%), traumatismo crânio-encefálico (15,2%), status pós-
cirúrgico (9,1%) (APÊNDICE A).
As variáveis analisadas foram: alterações das razões de metabólitos
cerebrais NAA/Co, NAA/Cr e NAA/Co + Cr, avaliadas pela área dos picos dos
metabólitos da 1H
+
ERM com TE longo de 135 ms e aquisição simultânea de
múltiplos volumes de interesse; alterações morfológicas diagnosticadas por imagem
por ressonância magnética (normal ou com lesão) e alterações neurofisiológicas à
eletrencefalografia (normal ou com atividade interictal).
Após a autorização do estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
Hospital da Restauração, durante o atendimento de rotina, o pesquisador passou a
convidar os pacientes que obedeciam aos critérios de inclusão a participar da
pesquisa, solicitando-lhes que assinassem o Termo de Consentimento Livre
Esclarecido (Apêndice C). Por meio de uma anamnese neurológica dirigida,
obtiveram-se os dados de identificação do paciente, assim como das crises, relativas
a: freqüência, resposta terapêutica aos anti-epilépticos e terapêutica associada ou
isolada.
Os pacientes foram submetidos à imagem por ressonância magnética
em aparelho de 1,5 Tesla, modelo Signa Infinity (General Electric Health Care,
Milwaukee, Wi, USA). Obtiveram-se as seqüências de imagens T1 e T2 da
ressonância magnética do encéfalo, pré-contraste, nos planos axial e coronal, com o
paciente em decúbito dorsal na mesa de exame.
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
49
Os parâmetros usados para aquisição das imagens axiais spin-echo
ponderadas em T1 foram: tempo de repetição (TR) de 500 ms, tempo de eco (TE) de
14 ms, espessura do corte de 5 mm, intervalo dos cortes de 2,5 mm, matriz de
256x192 e número de excitações (NEX) igual a 2. As imagens axiais ponderadas em
T2, com a técnica spin-echo rápido (fast spin-echo), foram obtidas com TR = 4000
ms, TE = 100 ms, espessura de corte = 5 mm e intervalo dos cortes = 2,5 mm, matriz
= 320x224 e NEX = 2. Empregou-se também a cnica de volume SPGR, TR de 25
ms, TE de 4.2, FOV de 24 cm, espessamento de 0,5 x 0,7, matriz de 192 x 192, e
NEX = 1.
Para a realização da 1H
+
ERM com aquisição simultânea de múltiplos
volumes de interesse, utilizou-se uma imagem axial ponderada em T2 do encéfalo,
como referência. Nessa imagem, identificou-se a localização de interesse, guiada por
eletrencefalografia ou imagem por ressonância magnética, e escolheu-se a região na
qual foi realizada a 1H
+
ERM, que foi comparada com a região contralateral.
A 1H
+
ERM com aquisição simultânea de múltiplos volumes foi
realizada pela técnica PRESS (Point-Resolved Spectroscopy), com TR = 1500 ms,
TE = 135 ms, espessura do volume de interesse =10 mm, campo de visão = 24 cm,
codificação de fase = 16x16, NEX = 1 e direção da freqüência ântero-posterior.
Após o término da aquisição da 1H
+
ERM com aquisição simultânea de
múltiplos volumes de interesse, injetou-se contraste em volume correspondente a 0,2
mL de gadopentetato de dimeglumina (Magnograf
®
) por quilograma de peso corporal
do paciente, via endovenosa, em aproximadamente 30 segundos. Esse meio de
contraste, cujo caráter paramagnético o destina para ser usado em ressonância
magnética, tem eliminação renal.
Foram obtidas imagens pós-contraste com ponderação T1, nos planos
sagital, coronal e axial, com as quais se encerrou a primeira fase do exame, sendo
então liberado o paciente. As imagens adquiridas e os dados brutos da 1H
+
ERM
foram registrados em meio paramagnético portátil constituído por disquetes e
compact disk.
A segunda fase do exame de 1H
+
ERM com aquisição simultânea de
múltiplos volumes de interesse, também denominada pós-processamento dos dados,
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
50
teve o objetivo de transformar os dados brutos do exame em gráficos. Foi realizada
na estação de trabalho Sun 60 Ultrasparc
®
, localizada no Serviço de radiologia do
Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo, São Paulo, São Paulo, Brasil. Os
dados brutos foram transferidos de disquetes e compact disks para a estação de
trabalho, na qual foram processados, empregando-se o programa SA/GE
®
(General
Electric Health Care, Milwaukee, Wi, USA).
O volume de interesse escolhido foi localizado na substância branca do
lobo cerebral analisado, em área próxima à lesão para as localizações por IRM ou
mesmo próximo ao córtex cerebral, quando analisado por EEG (Figura 2.1).
Figura 2. 1 – Paciente 20 - Esclerose tuberosa e zona epileptogênica lateralizada para
hemisfério cerebral direito por IRM e 1H
+
ERM
NOTA: (A) imagem axial T
1
, onde se observam nódulos subependimários hiperintensos
(B) imagem axial T
1
mostrando túber cortical e subcortical calcificado em lobo frontal direito
(C) imagem axial T
2,
utilizado para posicionamento do volume de interesse, em região frontal. Gráfico
espectroscópico demonstrando uma redução significativa da relação do NAA com a Co e a Cr, no lado
da lesão frontal, à direita
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
51
Obedecidos a esses critérios, evitando escolher os volumes de
interesse das áreas periféricas que podiam ser ruidosas e apresentar sinal
diminuído, duas a três integrais de área do pico de cada um dos metabólitos
cerebrais (NAA; Cr e Co) foram registradas em protocolo elaborado para esse fim
(APÊNDICE B).
Na terceira fase, a análise da 1H
+
ERM com aquisição simultânea de
múltiplos volumes de interesse consistiu na determinação das médias dos
metabólitos, com as quais foram calculados os índices dos metabólitos por meio das
razões entre: NAA/Cr, NAA/Co, NAA/Co+Cr e Co/Cr. Com as razões de metabólitos,
foram calculados os respectivos coeficientes de assimetria (C
a
), conforme fórmula
(Krsek et al., 2007):
(
)
( )
+
×=
dir
x
esq
X
dir
x
esq
X
a
RR
RR
C 2
onde:
x razão de metabólito em estudo
R
esq
valor da razão de metabólito do hemisfério cerebral esquerdo
R
dir
valor da razão de metabólito do hemisfério cerebral direito
Os coeficientes de assimetria dos pacientes foram comparados aos do
grupo controle, pelo teste ANOVA, seguindo-se teste t para amostras pareadas. As
diferenças significantes entre controles e pacientes basearam-se na hipótese nula de
que os coeficientes de assimetria dos controles não eram diferentes dos coeficientes
grupo de pacientes, rejeitando-a em nível de significância de 0,05.
Os exames de eletrencefalografia de superfície foram realizados no
Serviço de Eletrencefalografia do CENEF, no sistema 10-20, no escalpe craniano,
com 20 eletrodos, em aparelho EMSA
®
modelo
Brainwave
, empregando protocolo de
20 minutos de exame e leitura com parâmetros de velocidade 15 mm/s e amplitude
de 100
µ
V. Os todos de ativação foram do tipo: abertura e fechamento ocular,
hiperventilação e foto-estimulação.
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
52
Empregou-se o programa EPI-INFO, versão 6.04d, para organização
dos dados, e
Statistical Package for Social Sciences
, versão 13.0, para análise
estatística.
Para análise da concordância de lateralização da zona epileptogênica
entre os todos complementares empregados nesta pesquisa, admitiu-se que: em
indivíduos não portadores de doenças neurológicas, não diferença significante
entre a concentração de metabólitos e de suas razões do hemisfério cerebral direito
em relação ao esquerdo, para volumes de interesse em áreas correlatas, assim
como, no hemisfério cerebral com lesão epileptogênica, redução da concentração
de metabólitos e de suas razões. Por este motivo, o coeficiente de assimetria menor
que limite inferior do intervalo de confiança do grupo controle, em nível de 95%,
indicou a lateralização direita, e, quando maior que o limite superior do intervalo de
confiança do grupo controle, lateralização esquerda (Apêndices D e E).
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
da Restauração, Recife, Pernambuco, em obediência ao que preceituam a
Declaração de Helsinque, revisada em Hong-Kong em 2005 e a Resolução 196/96
do Conselho Nacional de Saúde (Brasil, 1996). Todos os pacientes concordaram em
participar da pesquisa por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre
Esclarecido (Apêndice C), após lhes terem sido explicados os objetivos da pesquisa,
assim como dirimidas as possíveis dúvidas. Foi assegurada a todos os sujeitos da
pesquisa assistência à saúde, independe de sua participação. Não houve conflito de
interesses.
Resultados
No Quadro 2, estão expressos, caso a caso, tipo e localização
anatômica da lesão identificada à imagem por ressonância magnética, a alteração
interictal e sua projeção no córtex cerebral, diagnosticada por eletrencefalografia de
superfície, assim como as razões dos metabólitos cerebrais.
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
53
Quadro 2 – Distribuição dos resultados de imagem por ressonância magnética, eletrencefalograma, razões de médias de metabólitos cerebrais de
33 pacientes com epilepsia neocortical extratemporal– Recife, Março/Outubro de 2006
Imagem por Ressonância Magnética Eletrencefalograma NAA/Co NAA/Cr NAA/Co+Cr Co/Cr
Reg
Iniciais
dos
Pacientes
Resultado Localização da lesão Resultado Localização D E D E D E D E
1 AASF
neoplasia primária de
SNC
frontal D normal 1,3693
1,7103
1,5697
1,7408
0,7313
0,8627
1,1463
1,0178
2 ACA- gliose frontal E normal 1,1874
1,1779
1,5803
1,1831
0,6780
0,5903
1,3309
1,0044
3 AJS- normal
ponta-onda e
poliponta-onda
frontal E 2,3445
1,6878
1,4369
1,1454
0,8909
0,6823
0,6129
0,6786
4 CCAV gliose parietoccipital E
onda aguda e
onda lenta
parietoccipital
E
1,4244
1,2594
1,3235
1,9637
0,6860
0,7673
0,9291
1,5592
5 DJC- gliose frontoparietoccipital D
ritmo teta
regional
frontoparietal
D
1,3685
1,4060
1,6931
1,2627
0,7568
0,6653
1,2372
0,8981
6 EAF gliose frontoccipital E normal 1,6996
1,7307
1,7760
1,4301
0,8685
0,7831
1,0450
0,8263
7 EFS gliose parietoccipital E
ponta e ponta-
onda
parietoccipital
E
1,7962
1,4904
1,7051
2,1875
0,8748
0,8865
0,9493
1,4677
8 EJSG- gliose frontal D ponta-onda frontal D 0,9633
0,9762
3,0089
2,2481
0,7297
0,6806
3,1235
2,3029
9 EMNS normal
ponta-onda,
onda aguda e
onda lenta
frontal D 1,0763
1,2525
1,4252
1,7403
0,6132
0,7283
1,3242
1,3895
10 ESBS displasia frontal E normal 1,7052
1,6318
2,6170
1,9587
1,0325
0,8902
1,5347
1,2003
11 FSG- gliose frontal E
ponta-onda,
onda aguda e
onda lenta
frontal D 2,4223
2,2187
2,0821
1,6369
1,1197
0,9419
0,8595
0,7378
12 JAS- normal
ponta-onda,
onda aguda e
onda lenta
pariteoccipital
E
1,6291
1,5228
1,4426
1,6676
0,7651
0,7960
0,8855
1,0951
13 JEP gliose frontal D
ponta e onda
aguda
frontal D 1,3282
1,3116
1,4719
1,2938
0,6982
0,6513
1,1083
0,9864
14 JL polimicrogiria frontoccipital E normal 1,5227
1,9539
2,0157
1,9805
0,8674
0,9836
1,3238
1,0137
15 JLS normal onda aguda frontal D 2,0144
2,3804
1,8163
1,1412
0,9551
0,7714
0,9017
0,4794
16 KMPS- gliose frontal E
ponta e ponta-
onda
frontal E 2,1688
1,5898
1,3480
1,3502
0,8313
0,7301
0,6215
0,8493
continua
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
54
Imagem por Ressonância Magnética Eletrencefalograma NAA/Co NAA/Cr NAA/Co+Cr Co/Cr
Reg
Iniciais
dos
Pacientes
Resultado Localização da lesão Resultado Localização D E D E D E D E
17 LBSJ- displasia parietoccipital E
onda aguda e
onda lenta
parietal E 1,5139
0,9717
1,6763
1,0480
0,7955
0,5042
1,1072
1,0785
18 LHRF- normal
ponta-onda,
onda aguda e
onda lenta
frontal D 1,6991
1,4499
1,8324
1,2559
0,8816
0,6730
1,0785
0,8662
19 LNC gliose frontoparietal E ponta-onda
frontoparietal
E
2,0851
1,3613
1,9195
2,6314
0,9994
0,8972
0,9206
1,9330
20 LSS túber cortical frontal D normal 1,6767
2,1938
1,5658
1,8731
0,8097
1,0104
0,9339
0,8538
21 MBN neurocisticercose frontal D normal 1,8913
1,7672
1,8613
2,2196
0,9381
0,9839
0,9841
1,2560
22 MFBS- normal
ponta-onda,
onda aguda e
onda lenta
frontoparietal
E
1,5042
1,7349
2,1524
2,0039
0,8854
0,9299
1,4309
1,1551
23 MFCM
mal formação venosa
de SNC
frontal D
onda aguda e
onda lenta
frontal E 1,4430
1,7773
1,7224
1,7958
0,7852
0,8932
1,1937
1,0104
24 MJVS normal
onda aguda e
onda lenta
frontal D 2,1505
1,2235
2,8485
1,5290
1,2254
0,6796
1,3246
1,2497
25 MS normal onda aguda frontal D 1,4709
1,5899
1,7693
1,7045
0,8032
0,8226
1,2028
1,0721
26 PMB- gliose frontal E
baixa
amplitude
frontal E 1,4602
1,3245
2,1795
1,5403
0,8744
0,7121
1,4926
1,1629
27 RFS gliose frontoparietal D
onda aguda e
onda lenta
frontoparietal
D
1,7347
1,9131
1,8964
1,5739
0,9060
0,8635
1,0932
0,8227
28 RMMF gliose parietal D
ritmo teta
regional
parietoccipital
D
1,9834
3,8567
2,4433
1,8189
1,0947
1,2360
1,2318
0,4716
29 SAJB gliose frontoparietoccipital D
ritmo denta
regional
frontal D 0,8987
2,3425
1,3048
1,6487
0,5322
0,9676
1,4519
0,7038
30 SLSA gliose frontoparietoccipital E ponta-onda frontal E 1,5216
1,4012
1,9992
2,3210
0,8640
0,8737
1,3138
1,6565
31 UMS neurocisticercose frontal E normal 1,8687
2,0794
1,7859
1,8297
0,9132
0,9733
0,9557
0,8799
32 VAC gliose parietal E
ponta-onda e
onda aguda
frontoparietal
E
2,6710
2,1594
2,6525
1,9188
1,3309
1,0160
0,9931
0,8885
33 VAS- gliose frontal E normal 2,3078
1,5009
1,7350
1,3849
0,9904
0,7203
0,7518
0,9227
continuação
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
55
Comparando os coeficientes de assimetria das razões dos metabólitos
NAA/Co, NAA/Cr, NAA/Co+Cr e Co/Cr dos 33 pacientes aos limites do intervalo de
confiança em nível de 95% do grupo controle, constatou-se que 29 (87,9%)
pacientes apresentaram diferença significante. Quanto ao coeficiente de assimetria,
foram significantes 18 (54,5%) pacientes para NAA/Co; 25 (75,7%) pacientes para
NAA/Cr, 20 (60,6%) para a razão NAA/Co+Cr e 16 (48,5%) pacientes para a razão
Co/Cr (Apêndice E).
Considerando os 25 pacientes que apresentaram lesão lateralizada à
imagem por ressonância magnética, 23 (92%) tiveram coeficiente de assimetria
significante em relação ao grupo de base, sendo 15 (60,0%) das razões NAA/Co ou
NAA/Co+Cr, 19 (76%) das razões NAA/Cr e 13 (52%) das razões Co/Cr. As taxas de
concordância de lateralização entre imagem por ressonância magnética e
espectroscopia de prótons de hidrogênio foram 93,3%, 57,9%, 93,3% e 15,4%,
respectivamente avaliadas pelas razões NAA/Co, NAA/Cr, NAA/Co+Cr e Co/Cr
(Tabela 1).
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
56
Tabela 1 – Distribuição dos coeficientes de assimetria de razões dos metabólitos cerebrais,
avaliada pela área dos picos do gráfico de espectroscopia, segundo lateralização determinada
pela imagem por ressonância magnética – Recife, Março/Outubro 2006
Reg
Iniciais dos
Pacientes
Lado da lesão à
IRM
C
a
NAA/Co
C
a
NAA/Cr
C
a
Co/Cr
C
a
NAA/Co+Cr
1 AASF direito
0,2215
0,1034 -0,1188
0,1648
2 ACA esquerdo -0,0080
-0,2875 -0,2796 -0,1383
4 CCAV esquerdo
-0,1230 0,3895 0,5064
0,1118
5 DJC direito 0,0270
-0,2912 -0,3176 -0,1287
6 EAF esquerdo 0,0182
-0,2157
-0,2337
-0,1034
7 EFS esquerdo
-0,1861 0,2478 0,4290
0,0133
8 EJSG direito 0,0133
-0,2894 -0,3024
-0,0696
10 ESBS esquerdo -0,0440
-0,2878
-0,2445
-0,1480
11 FSG esquerdo
-0,0877 -0,2394
-0,1525
-0,1724
13 JEP direito -0,0126 -0,1288 -0,1163 -0,0695
14 JL esquerdo
0,2481
-0,0176 -0,2654 0,1255
16 KMPS esquerdo
-0,3081
0,0016
0,3097 -0,1296
17 LBSJ esquerdo
-0,4363 -0,4612
-0,0263
-0,4482
19 LNC esquerdo
-0,4201 0,3129 0,7096 -0,1079
20 LSS direito
0,2672 0,1787
-0,0896
0,2206
21 MBN direito -0,0679
0,1756 0,2427
0,0476
23 MFCN direito 0,2076 0,0417 -0,1662
0,1288
26 PMB esquerdo
-0,0975 -0,3437
-0,2483
-0,2460
27 RFS direito 0,0978
-0,1858 -0,2824
-0,0480
28 RMMF direito
0,6415 -0,2930 -0,8925
0,1212
29 SAJB direito
0,8909 0,2328 -0,6941 0,5807
30 SLSA esquerdo
-0,0824 0,1490 0,2307
0,0112
31 UMS esquerdo 0,1067 0,0242 -0,0826 0,0637
32 VAC esquerdo
-0,2118 -0,3210
-0,1111
-0,2683
33 VAS esquerdo
-0,4238 -0,2245 0,2041 -0,3158
Pacientes com alteração à 1H
+
ERM
(n,%)
(2)
15 (60,0%) 19 (76,0%) 13 (52,0%) 15 (60,0%)
Taxa de concordância com 1H
+
ERM
(n,%)
(3)
14 (93,3%) 11 (57,9%) 2 (15,4%) 14 (93,3%)
NOTA:
(1)
Valores grafados em negrito foram menores ou maiores que respectivos limites do intervalo de
confiança a 95%
(2)
- Percentuais calculados sobre o total de 25 pacientes com IRM anormal
(3)
- Percentuais calculados sobre o total de pacientes com diferença anormal de coeficiente de assimetria
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
57
Figura 2. 2 – Paciente 23 - Anomalia do desenvolvimento venoso com lateralização da zona
epileptogênica em hemisfério cerebral direito à IRM e à !H
+
ERM
NOTA: (A) imagem axial T
1
pós-contraste, mostrando uma lesão hiperintensa de aspecto vascular em giro frontal
médio à direita
(B) imagem axial T
1
não demonstrando lesão
(C) imagem axial T
2,
utilizado para posicionamento do volume de interesse em região frontal, em
comparação com a contralateral. Gráfico espectroscópico nas quais se observa redução nas relações
do NAA com a Co e a Cr, no lado direito em comparação com o esquerdo.
Considerando os 24 pacientes que apresentaram lateralização por
atividade interictal à eletrencefalografia, 21 (87,5%) tiveram coeficiente de assimetria
significante em relação ao grupo de base, sendo 14 (58,3%) para coeficiente das
razões NAA/Co e NAA/Co+Cr, 19 (79,2%) das razões de NAA/Cr, 13 (54,2%)
daquelas de Co/Cr. As taxas de concordância de lateralização entre EEG e
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
58
espectroscopia de prótons de hidrogênio foram 78,6%, 31,6% e 57,2%,
respectivamente avaliadas pelas razões NAA/Co, NAA/Cr e NAA/Co+Cr. Não houve
qualquer concordância entre EEG e Co/Cr (Tabela 2).
Tabela 2 – Distribuição dos coeficientes de assimetria de razões dos metabólitos cerebrais,
avaliados pela área dos picos do gráfico de espectroscopia, segundo lateralização
determinada por anormalidade interictal à eletrencefalografia – Recife, Março/Outubro 2006
Reg
Iniciais dos
Pacientes
Lado da alteração ao
EEG
C
a
NAA/Co
C
a
NAA/Cr
C
a
Co/Cr
C
a
NAA/Co+Cr
3 AJS esquerdo
-0,3257 -0,2258 0,1018 -0,2651
4 CCAV esquerdo
-0,1230 0,3895 0,5064
0,1118
5 DJC direito 0,0270
-0,2912 -0,3176 -0,1287
7 EFS esquerdo
-0,1861 0,2478 0,4290
0,0133
8 EJSG direito 0,0133
-0,2894 -0,3024
-0,0696
9 EMNS direito 0,1514
0,1991
0,0481
0,1716
11 FSG direito
-0,0877 -0,2394
-0,1525
-0,1724
12 JAS esquerdo -0,0674
0,1447 0,2116
0,0395
13 JEP direito -0,0126 -0,1288 -0,1163 -0,0695
15 JLS direito 0,1666
-0,4565 -0,6115 -0,2128
16 KMPS esquerdo
-0,3081
0,0016
0,3097 -0,1296
17 LBSJ esquerdo
-0,4363 -0,4612
-0,0263
-0,4482
18 LHRF direito
-0,1583 -0,3734
-0,2183
-0,2684
19 LNC esquerdo
-0,4201 0,3129 0,7096 -0,1079
22 MFBS esquerdo 0,1424 -0,0714 -0,2133 0,0490
23 MFCM esquerdo 0,2076 0,0417 -0,1662
0,1288
24 MJVS direito
-0,5495 -0,6029
-0,0582
-0,5730
25 MS direito 0,0777 -0,0373 -0,1149 0,0239
26 PMB esquerdo
-0,0975 -0,3437
-0,2483
-0,2046
27 RFS direito 0,0978
-0,1858 -0,2824
-0,0480
28 RMMF direito
0,6415 -0,2930 -0,8925
0,1212
29 SAJB direito
0,8909 0,2328 -0,6941 0,5807
30 SLSA esquerdo
-0,0824 0,1490 0,2307
0,0112
32 VAC esquerdo
-0,2118 -0,3210
-0,1111
-0,2683
Pacientes com alteração à 1H
+
ERM
(n,%)
(2)
14 (58,3%) 19 (79,2%) 13 (54,2%) 14 (58,3%)
Taxa de concordância com 1H
+
ERM
(n,%)
(3)
11 (78,6%) 6 (31,6%) - 8 (57,2%)
NOTA:
(1)
Valores grafados em negrito foram menores ou maiores que respectivos limites do intervalo de
confiança a 95%
(2)
- Percentuais calculados sobre o total de 24 pacientes com EEG anormal
(3)
- Percentuais calculados sobre o total de pacientes com coeficiente de assimetria anormal
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
59
Figura 2. 3 – Paciente 22 - Paciente sem lesão estrutural por imagem e lateralização de zona
epileptogênica para hemisfério cerebral esquerdo por EEG e 1H
+
ERM
NOTA: Ressonância nuclear magnética normal e EEG lateralizando as descargas epileptogênicas na projeção da
região fronto-parietal esquerda
(A) Imagem axial T
2,
utilizado para posicionamento do volume de interesse, na região fronto-parietal
(B) Gráfico espectroscópico demonstrando uma redução significativa da relação do NAA com a Cr, no
lado esquerdo.
Considerando os 16 pacientes que apresentaram lateralização por
atividade interictal à eletrencefalografia e por imagem à ressonância magnética, 15
(93,8%) tiveram coeficiente de assimetria significante em relação ao grupo de base,
sendo 11 (68,8%) das razões NAA/Co, 13 (81,3%) das razões de NAA/Cr, 9 (56,3%)
das razões NAA/Co+Cr e 10 (62,5%) para as razões Co/Cr. As taxas de
concordância de lateralização entre EEG e espectroscopia de prótons de hidrogênio
foram 91%, 30,8% e 66,7%, respectivamente avaliadas pelas razões NAA/Co,
NAA/Cr e NAA/Co+Cr, sem qualquer paciente com concordância para a razão Co/Cr,
ao passo que as taxas de concordância, correspondentes à imagem por ressonância
magnética, igualaram-se a 100%, 38,5%, 88,9%, respectivamente, igualmente sem
qualquer paciente com concordância para a razão Co/Cr (Tabela 3).
Comparando a lateralização da zona epileptogênica pelos três métodos
empregados, a taxa de concordância foi 100%, 33,3% e 100%, respectivamente para
NAA/Co, NAA/Cr e NAA/Co+Cr, igualando-se a zero para a razão Co/Cr (Tabela 3).
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
60
Tabela 3 – Distribuição dos coeficientes de assimetria de razões dos metabólitos cerebrais,
avaliados pela área dos picos do gráfico de espectroscopia, segundo lateralização
determinada por anormalidade interictal à eletrencefalografia e anormalidade à imagem por
ressonância magnética – Recife, Março/Outubro 2006
Reg
Iniciais
dos
Pacientes
Lado da
alteração
ao EEG
Lado da
lesão à
IRM
C
a
NAA/Co
C
a
NAA/Cr
C
a
Co/Cr
C
a
NAA/Co+Cr
4 CCAV
esquerdo esquerdo
-0,1230 0,3895 0,5064
0,1118
5 DJC
direito direito
0,0270
-0,2912 -0,3176 -0,1287
7 EFS
esquerdo esquerdo
-0,1861 0,2478 0,4290
0,0133
8 EJSG
direito direito
0,0133
-0,2894 -0,3024
-0,0696
11 FSG
direito esquerdo
-0,0877 -0,2394
-0,1525
-0,1724
13 JEP
direito direito
-0,0126 -0,1288 -0,1163 -0,0695
16 KMPS
esquerdo esquerdo
-0,0381
0,0016
0,3097 -0,1296
17 LBSJ
esquerdo esquerdo
-0,4363 -0,4612
-0,0263
-0,4482
19 LNC
esquerdo esquerdo
-0,4201 0,3129 0,7096 -0,1079
23 MFCM
esquerdo direito
0,2073 0,0417 -0,1662
0,1288
26 PMB
esquerdo esquerdo
-0,0975 -0,3437
-0,2483
-0,2046
27 RFS
direito direito
0,0978
-0,1858 -0,2824
-0,0480
28 RMMF
direito direito
0,6415 -0,2930 -0,8925
0,1212
29 SAJB
direito direito
0,8909 0,2328 -0,6941 0,5807
30 SLSA
esquerdo esquerdo
-0,0824 0,1490 0,2307
0,0112
32 VAC
esquerdo esquerdo
-0,2118 -0,3210
-0,1111
-0,2683
Pacientes com alteração à 1H
+
ERM
(n,%)
(2)
11 (68,8%) 13 (81,3%) 10 (62,5%) 9 (56,3%)
Taxa de concordância do EEG com
1H
+
ERM (n,%)
(3)
10 (91,0%) 4 (30,8%) - 6 (66,7%)
Taxa de concordância da IRM com
1H
+
ERM (n,%)
(3)
11 (100%) 5 (38,5%) - 8 (88,9%)
Taxa de concordância de EEG e IRM
com 1H
+
ERM (n,%)
(4)
10/10 (100%) 4/12 (33,3%) - 6/6 (100%)
NOTA:
(1)
Valores grafados em negrito foram menores ou maiores que respectivos limites do intervalo de
confiança a 95%
(2)
- Percentuais calculados sobre o total de 16 pacientes com anormalidade ao EEG e à IRM
(3)
- Percentuais calculados sobre o total de pacientes com diferença anormal de coeficiente de assimetria
(4)
- Percentuais calculados sobre o total de pacientes com lateralização concordante entre EEG e IRM
Considerando os 9 pacientes que apresentaram lateralização por lesão
na imagem por ressonância magnética associada à normalidade da
eletrencefalografia, 8 (88,9%) tiveram coeficiente de assimetria significante em
relação ao grupo de base, sendo 4 (44,4%) das razões NAA/Co, 6 (66,7%) das
razões de NAA/Cr, 3 (33,3%) das razões Co/Cr e 6 (66,7%) de NAA/Co+Cr. As taxas
de concordância de lateralização entre IRM e espectroscopia de prótons de
hidrogênio, associadas a EEG normal, foram 75%, 100%, 66,7% e 100%,
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
61
respectivamente avaliadas pelas razões NAA/Co, NAA/Cr, Co/Cr e NAA/Co+Cr
(Tabela 4).
Tabela 4 – Distribuição dos coeficientes de assimetria de razões dos metabólitos cerebrais,
avaliados pela área dos picos do gráfico de espectroscopia, segundo anormalidade à imagem
por ressonância magnética e eletrencefalografia normal – Recife, Março/Outubro 2006
Reg
Iniciais dos
Pacientes
Lado da lesão à
IRM
C
a
NAA/Co
C
a
NAA/Cr
C
a
Co/Cr
C
a
NAA/Co+Cr
1 AASF
direito
0,2215
0,1034 -0,1188
0,1648
2 ACA
esquerdo
-0,0080
-0,2875 -0,2796 -0,1383
6 EAF
esquerdo
0,0182
-0,2157
-0,2337
-0,1034
10 ESBS
esquerdo
-0,0440
-0,2878
-0,2445
-0,1480
14 JL
esquerdo
0,2481
-0,0176 -0,2654 0,1255
20 LSS
direito
0,2672 0,1787
-0,0896
0,2206
21 MBN
direito
-0,0679
0,1756 0,2427
0,0476
31 UMS
esquerdo
0,1067 0,0242 -0,0826 0,0637
33 VAS
esquerdo
-0,4238 -0,2245 0,2041 -0,3158
pacientes com alteração à 1H
+
ERM
(n,%)
(2)
4 (44,4%) 6 (66,7%) 3 (33,3%) 6 (66,7%)
Taxa de concordância da IRM com
1H
+
ERM (n,%)
(3)
3 (75%) 6 (100%) 2 (66,7%) 6 (100%)
NOTA:
(1)
Valores grafados em negrito foram menores ou maiores que respectivos limites do intervalo de
confiança a 95%
(2)
- Percentuais calculados sobre o total de 9 pacientes com anormalidade exclusivamente à IRM
(3)
- Percentuais calculados sobre o total de pacientes com diferença anormal dos coeficientes de
assimetria
Considerando os oito pacientes que apresentaram lateralização por
anormalidade interictal à eletrencefalografia associada à normalidade da imagem por
ressonância magnética, 6 (75%) tiveram diferença significante de coeficiente de
assimetria em relação ao grupo de base, sendo 3 (37,5%) das razões NAA/Co, 6
(75%) das razões de NAA/Cr, 3 (37,5%) de Co/Cr e 5 (62,5%) das razões de
NAA/Co+Cr. As taxas de concordância de lateralização entre EEG e espectroscopia
de prótons de hidrogênio, associadas a IRM normal, foram 33,3% para as razões
NAA/Co, e NAA/Cr, 40% para NAA/Co+Cr e zero para Co/Cr (Tabela 5).
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
62
Tabela 5 – Distribuição dos coeficientes de assimetria de razões dos metabólitos cerebrais,
avaliados pela área dos picos do gráfico de espectroscopia, segundo lateralização
determinada por anormalidade interictal à eletrencefalografia e normalidade à imagem por
ressonância magnética – Recife, Março/Outubro 2006
Reg
Iniciais
dos
Pacientes
Lado da
alteração ao EEG
C
a
NAA/Co
C
a
NAA/Cr
C
a
Co/Cr
C
a
NAA/Co+Cr
3 AJS esquerdo
-0,3257 -0,2258 0,1018 -0,2651
9 EMNS direito 0,1514
0,1991
0,0481
0,1716
12 JAS esquerdo -0,0674
0,1447 0,2116
0,0395
15 JLS direito 0,1666
-0,4565 -0,6115 -0,2128
18 LHRF direito
-0,1583 -0,3734
-0,2183
-0,2684
22 MFBS esquerdo 0,1424 -0,0714 -0,2133 0,0490
24 MJVS direito
-0,5495 -0,6029
-0,0582
-0,5730
25 MS direito 0,0777 -0,0373 -0,1149 0,0239
pacientes com alteração à 1H
+
ERM
(n,%)
(2)
3 (37,5%) 6 (75%) 3 (37,5%) 5 (62,5%)
Taxa de concordância do EEG com
1H
+
ERM (n,%)
(3)
1 (33,3%) 2 (33,3%) - 2 (40%)
NOTA:
(1)
Valores grafados em negrito foram menores ou maiores que respectivos limites do intervalo de
confiança a 95%
(2)
- Percentuais calculados sobre o total de 8 pacientes com anormalidade exclusivamente ao EEG
(3)
- Percentuais calculados sobre o total de pacientes com diferença anormal de coeficiente de assimetria
Resumindo os resultados obtidos, segundo alteração identificada por
IRM ou EEG de superfície, constatou-se que houve maior concordância de
lateralização do coeficiente de assimetria da razão de metabólitos por 1H+ IRM com
a IRM do que com o EEG de superfície (Quadro 3).
Quadro 3 – Resumo dos resultados de concordância de coeficiente de assimetria comparado à
IRM e ao EEG de superfície
Métodos Taxa de concordância dos coeficientes de assimetria (%)
IRM EEG C
a
NAA/Co C
a
NAA/Cr C
a
Co/Cr C
a
NAA/Co+Cr
Total de pacientes
Alterada
- 93,3 57,9 15,4 93,3 25
- Alterado 78,6 31,6 - 57,2 24
Alterada
Alterado 100,0 33,3 - 100,0 16
Alterada
Normal 75,0 100,0 66,7 100,0 9
Normal Alterado 33,3 33,3 - 40 8
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
63
Discussão
A localização e a lateralização da zona epileptogênica nas epilepsias
passou a ter especial importância com o advento do tratamento cirúrgico, porque a
determinação dessa zona viabiliza sua ressecção, podendo acarretar a cura das
crises epilépticas, quando bem sucedida, ou, no mínimo, controle mais adequado
com doses menores de drogas anti-epilépticas (Palmini, 2006).
Dentre as epilepsias, as neocorticais apresentam maior grau de
dificuldade diagnóstica devido ao grande número de conexões neuronais em rede,
intra e inter-hemisférios cerebrais, gerando dúvidas diagnósticas no campo da
neurofisiologia, da neurorradiologia funcional e da neuroimagem (Stanley
et al.
,
1998).
Por esse motivo têm sido investigados métodos capazes de refinar a
localização e a lateralização da zona epileptogênica, dentre os quais estão o EEG
ambulatorial, a IRM e a espectroscopia de prótons de hidrogênio. Enquanto o EEG
ambulatorial investiga os tipos e a localização de descargas elétricas patológicas, a
IRM permite a visualização da lesão estrutural encefálica e a espectroscopia de
prótons de hidrogênio determina as alterações de metabólitos cerebrais, dentre os
quais, NAA, Co e Cr (Blume, 2003; Connor, Jarosz, 2001; Janszky, 2004; Verma,
Radtke, 2006).
Para explicar os achados da presente pesquisa, referentes ao
significado clínico das alterações de concentração dos metabólitos cerebrais
determinados por 1H
+
ERM, nas epilepsias neocorticais extratemporais, parece
necessário o conhecimento de alguns detalhes do metabolismo cerebral do N-acetil-
aspartato, da colina e da creatina (Simister
et al.
, 2003; Sherwin, 1999; Vermathen,
2003).
O NAA é sintetizado nas mitocôndrias neuronais e pode ser
transportado aos oligodendrócitos, para síntese de ácidos graxos e produção de
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
64
energia, no ciclo dos ácidos tricarboxílicos, ou pode ser utilizado para ntese de N-
acetil-aspartilglutamato (NAA-G) nos neurônios (Clark
et al.
, 2006).
A glutamina, presente nos astrócitos, por deaminação, converte-se em
glutamato, que, no neurônio, se une ao NAA, formando o N-acetil-aspartilglutamato,
o qual é liberado nas sinapses nervosas, juntamente com outros neurotransmissores
excitatórios, como glutamato excedente. No meio extracelular, o NAA-G é hidrolisado
pela glutamato-carboxipeptidase II, originando NAA, que se difunde para os
astrócitos, e glutamato, que pode ser convertido em glutamina, pela incorporação
molecular do grupamento amônia, sob a ação da glutamina-sintetase. O NAA,
sintetizado pela mitocôndria neuronal ou derivado da dissociação NAA-G, em
presença de excesso de nitrogênio cerebral, é excretado via capilares sanguíneos do
sistema nervoso central, juntamente com o excesso de glutamina (Moffet
et al.
,
2007).
Figura 2. 4 – Metabolismo do N-acetil-aspartato no Sistema Nervoso Central
LEGENDA: NAA – N-acetil-aspartato, GLU – Glutamato, NAA-G – NAA glutamato, NH
3
– grupamento amônia,
NH
2
– radical amina
FONTE: Adaptado de Moffet et al. (2007)
NAA
NAA
NAA
NAA
Produção
de energia
Ácidos graxos
ASTRÓCITO
ASTRÓCITO
NEURÔNIO
NEURÔNIO
Axônio
NAA-glutamato
NAA-G
Glutamato
+
NAA
NAA-glutamato
GLU
GLU
NAA-G
NAA
GLU
GLU
GLU
GLU
Glutamina
NH
3
NH
2
Glutamina
NAA
OLIGODENDRÓCITO
OLIGODENDRÓCITO
c
a
p
i
l
a
r
c
a
p
i
l
a
r
NAA
NAA
NAA
NAA
Produção
de energia
Ácidos graxos
ASTRÓCITO
ASTRÓCITO
NEURÔNIO
NEURÔNIO
Axônio
NAA-glutamato
NAA-G
Glutamato
+
NAA
NAA-glutamato
GLU
GLU
NAA-G
NAA
GLU
GLU
GLU
GLU
Glutamina
NH
3
NH
2
Glutamina
NAA
OLIGODENDRÓCITO
OLIGODENDRÓCITO
c
a
p
i
l
a
r
c
a
p
i
l
a
r
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
65
Em virtude desse metabolismo, o NAA exerce, no SNC, duas funções:
facilitação do metabolismo energético na mitocôndria neuronal e síntese de ácidos
graxos e esteróides, via acetato, nos oligodendrócitos. Em outras palavras, o NAA
expressa a celularidade e a capacidade metabólica neuronal (Wang
et al.
, 2007).
Outro metabólito cerebral largamente estudado é a colina, molécula
que integra uma via cíclica, a partir da qual tanto é catabólito da fosfatidilcolina, como
seu anabólito, o que, em condições fisiológicas normais, acarreta manutenção da
colina e da fosfatidilcolina, por sua interconversão. A fosfatidilcolina é degradada
pela ação da fosfolipase A
2
, em ácidos graxos livres e liso-fosfatidilcolina, a qual
pode ser reconvertida a fosfatidilcolina, ou degradada pelas liso-fosfolipases a ácidos
graxos livres e glicerofosfocolina. A glicerofosfocolina pode seguir dois caminhos
metabólicos distintos: converte-se em fosfocolina, por ação da fosfatase alcalina, ou
em colina livre (Klein, 2000).
A fosfocolina tanto pode se converter em colina livre, por ação da
colino-quinase, como pode ser anabolisada por ela, para formar citidilfosfo-colina,
sob ação da colina-transferase, e, posteriormente, fosfatidilcolina, sob ação da
colinafosfo-transferase, fechando o ciclo metabólico fosfatidilcolina colina (Zhao
et
al.
, 2001).
Figura 2. 5 – Metabolismo da colina no Sistema Nervoso Central
FONTE: Adaptado de Klein (2000)
Fosfatidilcolina
Liso-fosfatidilcolina
Glicerofosfocolina
FOSFOCOLINA
COLINA
Colino-quinase
Citidil-transferase
Citidilfosfo-colina
Liso-fosfolipase
Fosfo-lipase A
2
Colina fosfotransferase
Ácidos
graxos livres
Ácidos
graxos livres
Fosfatase alcalina
Fosfatidilcolina
Liso-fosfatidilcolina
Glicerofosfocolina
FOSFOCOLINA
COLINA
Colino-quinase
Citidil-transferase
Citidilfosfo-colina
Liso-fosfolipase
Fosfo-lipase A
2
Colina fosfotransferase
Ácidos
graxos livres
Ácidos
graxos livres
Fosfatase alcalina
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
66
A fosfatidilcolina é o mais abundante dos fosfolipídeos das membranas
dos eucariotas e representa 40% de seu conteúdo. Nos processos patológicos de
quebra de membrana, sua concentração aumenta promovendo também aumento de
seus produtos de degradação, dentre os quais, a colina. Por esse motivo o aumento
da colina representa a destruição de membrana e sua redução, síntese de
membrana (
turnover
celular) (Walter
et al.
, 2004).
O terceiro metabólito de interesse para o presente estudo é a creatina,
molécula envolvida no armazenamento de energia celular, sob forma de
fosfocreatina. Por esse motivo, os valores aumentados de creatina expressam a
capacidade neuronal de armazenar energia (sob forma de fosfocreatina) ou o
consumo de energia, que se expressa por redução da Cr (García-Segura, 2002;
Wyss, Kaddurah-Daouk, 2000).
Com base nos aspectos aqui ressaltados do metabolismo cerebral,
buscou-se explicar os achados da presente pesquisa de redução dos coeficientes de
assimetria das razões NAA/Co, NAA/Cr, NAA/Co+Cr e Co/Cr em pacientes com
epilepsia focal neocortical extratemporal.
Na epilepsia, o ocorre aumento da população celular, mas sim uma
redução porque, na realidade, o grupamento celular sofre uma agressão física e
química, levando a um sofrimento neuronal, com redução da síntese mitocondrial de
NAA, indicada pela diminuição da concentração desse metabólito, que é marcador
do número e da viabilidade dos neurônios (Briellman
et al.
, 2003).
Outro mecanismo possível para explicar a redução do NAA respalda-se
na comparação entre as epilepsias generalizadas e as focais occipitais,
identificando-se aumento da glutamina-glutamato e de GABA nas primeiras e uma
tendência de aumento nas últimas. Devido à presença de um maior número de
descargas epileptogênicas interictais, pode-se aventar a hipótese de haver aumento
da necessidade de formação de glutamina-glutamato (neurotransmissores
excitatórios), e, pelos mecanismos de compensação, maior produção de GABA para
inibir o processo, o que acarretaria redução do NAA (Simister
et al.,
2003).
O coeficiente de assimetria das razões de NAA/Co, NAA/Cr, Co/Cr e
NAA/Co+Cr, entre os hemisférios nas epilepsias focais neocorticais extra-temporais,
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
67
pode ter como possível explicação uma alteração metabólica caracterizada pela
redução do NAA no lado da lesão, secundária a um aumento do consumo de energia
devido à alta atividade metabólica necessária para gerar a atividade elétrica anormal,
na zona epileptogênica. Esse aumento da atividade metabólica promove aumento da
produção da creatina, do que deriva uma redução da relação NAA/Cr (Lumdbon
et
al.
, 2001).
Pode-se admitir ainda que a epilepsia, em nível celular, consiste em
funcionamento anormal decorrente de hiperexcitação intercelular em presença de
hipocelularidade. Significa dizer que o tecido cerebral do paciente epiléptico
apresenta redução da celularidade, expressa pela redução do NAA, aumento do
metabolismo, identificado pelo aumento de creatina, e aumento do
turnover
celular,
caracterizado pelo aumento da colina (Krsek
et al.
, 2007).
A utilidade desses conhecimentos é auxiliar na localização da zona
epileptogênica para orientar o tratamento cirúrgico da epilepsia. Assim, quando
concordância de lateralização entre EEG ambulatorial e IRM, o diagnóstico dessa
zona pode ser feito sem outro procedimento invasivo, ficando a 1H
+
ERM como um
método auxiliar para aumentar a probabilidade de localização (Willmann
et al., 2006).
Este fato foi constatado na presente pesquisa pelas taxas de concordância de
lateralização dos coeficientes de assimetria de 100% para NAA/Co e NAA/Co+Cr,
33,3% para NAA/Cr, nos pacientes com alteração de IRM e EEG ambulatorial
concordantes.
Na prática clínica, quando os resultados da IRM e do EEG ambulatorial
não são conclusivos quanto à identificação da zona epileptogênica, é requerido o
emprego de métodos invasivos como o uso de eletrodos profundos ou placas e
estrias subdurais, que são procedimentos de alto custo. Nesses casos, a associação
da 1H
+
ERM poderá evitar o emprego de métodos de alta complexidade com
conseqüente redução de custo diagnóstico e de morbidade (Zumsteg, Wieser, 2000).
A 1H
+
ERM, com aquisição simultânea de múltiplos volumes de
interesse e TE longo de 135 ms, mostrou-se eficaz na lateralização da zona
epileptogênica quando comparada à IRM, que é um método de alta sensibilidade e
especificidade nos pacientes com lesão estrutural cerebral única, porque a lesão
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
68
estrutural na maior parte dos casos é a própria zona, independente da lateralização
do EEG ambulatorial, o que pode se constituir em mais um recurso para aumentar a
confiança na localização e lateralização da área cerebral a ser ressecada (Centeno
et al
, 2006).
A lateralização da zona epileptogênica em comparação com a
lateralização das descargas epileptogênicas, localizadas e lateralizadas pelo EEG
ambulatorial, se mostraram menos efetivas, tendo em vista que o EEG ambulatorial é
um todo de baixa sensibilidade e especificidade na determinação da zona
epileptogênica em epilepsias focais, neocorticais, extratemporais (Verma, Radtke,
2006).
No presente estudo, detectou-se que, comparando os pacientes com
lateralização e localização realizadas unicamente com EEG ambulatorial
independentemente dos achados à IRM, àqueles com EEG ambulatorial alterado e
IRM normal, houve uma redução acentuada da taxa de concordância de
lateralização pelos coeficientes de assimetria NAA/Co, NAA/Cr e NAA/Co+Cr (78,6%
para 33,3%, 31,6% para 33,3% e 57,2% para 40%), sugerindo que a zona de
descargas interictais parece não coincidir com a zona epileptogênica (Krsek
et al.
,
2007).
Por outro lado, ao comparar os pacientes com lateralização e
localização realizadas unicamente pela alteração detectada à IRM,
independentemente dos achados ao EEG ambulatorial, àqueles com IRM alterada e
EEG ambulatorial normal, identificou-se redução da taxa de concordância dos
coeficientes de assimetria de NAA/Co (passando de 93,3% para 75%), enquanto que
para os coeficientes de assimetria de NAA/Cr e NAA/Co+Cr houve aumento
significante (de 57,9% para 100% e 93,3% para 100%, respectivamente).
Em resumo, na presente pesquisa, identificou-se baixa concordância
entre a eletrencefalografia de superfície e a 1H
+
ERM, na lateralização da zona
epileptogênica, diferente do que ocorreu quando se comparou a IRM à 1H
+
ERM, em
relação à diferença dos coeficientes de assimetria de NAA/Co+Cr entre os
hemisférios cerebrais.
Espectroscopia de prótons de hidrogênio na investigação ambulatorial das epilepsias extratemporais
69
Por esse motivo, admitiu-se que os coeficientes de assimetria das
razões entre metabólitos cerebrais, os quais diferem significantemente entre o
hemisfério afetado e o não afetado, espelham as inter-relações entre vias
metabólicas distintas que são afetadas nas epilepsias, tal como se demonstrou no
presente estudo.
Concluiu-se que a 1H
+
ERM com aquisição simultânea de múltiplos
volumes de interesse e TE longo de 135 ms pode se constituir num método
complementar para lateralização das zonas epileptogênicas em epilepsias
neocorticais extratemporais com lesão estrutural à IRM, e que apresenta grande
perspectiva de igual sucesso na lateralização de zonas epileptogênicas em
epilepsias neocorticais extratemporais que não apresentam lesão à IRM, devendo
para isso serem realizados novos estudos comparando a 1H
+
ERM, feita na
avaliação ambulatorial, com estudos de vídeo-eletrencefalografia pré-operatória.
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81
YAMADA, K.; KIZU, O.; ITO, H.; NISHIMURA, T. Tractography for an arteriovenous
malformaton. NeuroImage, p. 669, 2004.
YUN, C. H.; LEE, S. K.; LEE, S. Y.; KIM, K. K.; JEONG, S. W.; CHUNG, C. K.
Prognostic factors in neocortical epilepsy surgery: multivariate analysis. Epilepsia, v.
47, n. 3, p. 574-579, 2006.
ZHAO, D. FROHMAN, M. A.; BLUSZTAJN, J. K. Generation of choline for
acetylcholine synthesis by phospholipase D isoforms. BMC Neurosci, v. 2, p. 1-16,
2001.
ZUMSTEG, D.; WIESER, H. G. Presurgical evaluation: Current role of invasive EEG.
Epilepsia. v. 41, (Suppl 3), p. S55-S60, 2000.
APÊNDICES
Apêndice
83
Apêndice A – Distribuição das variáveis de caracterização
amostral dos 33 pacientes
Tabela 6 – Distribuição das variáveis de caracterização amostral dos 33 pacientes –
Recife, Março/Outubro 2006
Variáveis de caracterização amostral Freqüência Percentual
Sexo
Feminino 12 36,4
Masculino 21 63,6
Grau de instrução
Iletrado 6 18,2
grau incompleto 14 42,4
grau completo 1 6,0
grau incompleto 2 6,1
grau completo 10 30,3
Ocupação
Aposentado 9 27,3
Sem ocupação 4 12,1
Do lar 4 12,1
Estudante 15 45,5
Pintor 1 3,0
Déficit cognitivo
Ausente 14 42,4
Leve 4 12,1
Moderado 7 21,2
Moderado a grave 3 9,1
Grave 5 15,2
Tipo de crise
Focal simples e complexa 1 3,0
Focal complexa 8 24,3
Focal secundariamente generalizada 11 33,3
Focal simples e secundariamente generalizada 4 12,1
Focal complexa e secundariamente generalizada 9 27,3
Tempo de doença (anos)
Menor ou igual a 13 18 54,5
Maior que 13 15 45,5
Tipo de síndrome
Sintomática 25 75,8
Provavelmente sintomática 8 24,2
Diagnósticos nosológicos
*
Hipóxia peri ou pré-natal 9 27,4
Traumatismo crânio-encefálico 5 15,2
Status pós-cirúrgico 3 9,1
Neurocisticercose 2 6,1
Esclerose tuberosa 2 6,1
Displasia 2 6,1
Tumor 1 3,0
Anomalia do desenvolvimento venoso 1 3,0
Erro de migração neuronal do tipo polimicrogiria 1 3,0
Sensibilidade farmacológica
Sensível 18 54,5
Resistente 15 45,5
Apêndice
84
Variáveis de caracterização amostral Freqüência Percentual
Terapia
Monoterapia 12 36,4
Politerapia 21 63,6
Eletrencefalografia
Normal 9 27,3
Com atividade interictal 24 72,7
Imagem por ressonância magnética
Normal 8 24,2
Alterada 25 75,8
NOTA: * - Para 9 (25%) pacientes, não foi firmado diagnóstico nosológico
Apêndice
85
Apêndice B – Prontuário de coleta de dados
Identificação
Registro: _____________________
Nome:______________________________________________________________________
Idade:____anos Sexo: feminino masculino
Grau de cognição: normal déficit leve déficit moderado déficit moderado a grave
grave
Escolaridade: iletrado 1° grau: incompleto completo
grau: incompleto completo
Ocupação : __________________________________________________________________
Caracterização da crise
Descrição: ___________________________________________________________________
Classificação: ________________________________________________________________
Classificação da síndrome: ______________________________________________________
Diagnóstico nosológico: ________________________________________________________-
Tempo de doença: _____ anos Esquema terapêutico: monoterapia politerapia
Fármaco-sensibilidade: sensível resistente
Indicação cirúrgica: sim não
Resultados da eletrencefalografia
Diagnóstico: normal anormal
Atividade de base: _____________________________________________________________
Atividade epileptogênica: _______________________________________________________
Lateralização: direita esquerda Localização: frontal parietal occipital
Resultados da imagem por ressonância magnética do encéfalo
Diagnóstico: normal anormal
Lesão estrutural : _____________________________________________________________
Lateralização: direita esquerda Localização: frontal parietal occipital
Áreas de metabólitos calculados por espectroscopia de prótons de hidrogênio – Multivoxel com
eco longo
Hemisfério direito 1
11
1 Hemisfério esquerdo 1
11
1
NAA: NAA:
Co:
Co:
Cr:
Cr:
NAA/Co: NAA/Co:
NAA/CR:
NAA/Cr:
NAA/Co+Cr:
NAA/Co+Cr:
Hemisfério direito 2
22
2 Hemisfério esquerdo 2
22
2
NAA:
NAA:
Co:
Co:
Cr: Cr:
NAA/Co:
NAA/Co:
NAA/CR:
NAA/Cr:
NAA/Co+Cr:
NAA/Co+Cr:
Hemisfério direito 3
33
3 Hemisfério esquerdo 3
33
3
NAA:
NAA:
Co: Co:
Cr:
Cr:
NAA/Co:
NAA/Co:
NAA/CR: NA
A/Cr:
NAA/Co+Cr:
NAA/Co+Cr:
Apêndice
86
Apêndice C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
HOSPITAL DA RESTAURAÇÃO
SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBUCO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Identificação do Projeto de Pesquisa
Título do Projeto: Comparação da espectroscopia de prótons de hidrogênio à associação da
eletrencefalografia e da imagem por ressonância magnética na investigação da zona
epileptogênica das epilepsias extratemporais
Área do Conhecimento: Neurologia – Epileptologia, Eletrencefalografia e Radiologia
Curso: Mestrado em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento Universidade Federal
de Pernambuco
Local do Estudo: Hospital da Restauração Avenida Agamenon Magalhães s/n Derby
Recife - Pernambuco
Fone: (81) 3421-5444 E-mail: hr2000@elogica.com.br
Número de sujeitos no Centro: 2.000 epilépticos cadastrados
Número de sujeitos na pesquisa: 36 epilépticos
Patrocinador da Pesquisa: não há
Nome da Orientadora: Dr. Gilson Edmar Gonçalves e Silva
Nome da Pesquisadora: Dr. Ricardo André Amorim Leite
Endereço: Hospital da Restauração Avenida Agamenon Magalhães s/n Derby Recife
Pernambuco
Fone: (81) 3421-5444 E-mail: hr2000@elogica.com.br
Você está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa acima identificado.
O documento abaixo contém todas as informões necessárias sobre a pesquisa que estamos
fazendo. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir, a
qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você, ao seu tratamento e ao
atendimento de que você possa precisar aqui no Hospital da Restauração.
Leia com atenção todos os itens abaixo e, se tiver qualquer vida, faça perguntas
para que você possa entender os detalhes da presente pesquisa.
O objetivo da pesquisa é analisar a eficácia da espectroscopia de prótons de hidrogênio
na avaliação das epilepsias focais extratemporais.
O procedimento para coleta de dados será: durante seu atendimento no Serviço de
Neurologia do Hospital da Restauração, serão agendados os dois dias em que você será
submetido ao exame de eletrencefalografia, neste Serviço, e à imagem por ressonância
magnética, no Serviço de Radiologia Multimagem.
Os benefícios esperados são: oferecer a você a imagem por ressonância magnética, um
exame de alto custo, que pode auxiliar a aprimorar o diagnóstico e o tratamento de sua
epilepsia, assim como poder oferecer esse mesmo benefício a outros pacientes com
epilepsia, a depender dos resultados dessa pesquisa.
Os possíveis desconfortos - atendendo ao disposto nos Artigos 56 e 59 do Código de
Ética e no Artigo 9 da Lei 8078 e após a apresentação de métodos alternativos, devo lhe
informar que o exame de imagem de ressonância magnética por espectroscopia de prótons,
consiste em: obtenção de imagens do seu cérebro, antes e após administração de contraste
introduzido em seu corpo por via venosa. O contraste a ser injetado é uma solução que
permite visualizar as estruturas de seu cérebro e, assim, facilita identificar as lesões
porventura existentes. O(A) Senhor(a) está sendo informado(a) de que o contraste, segundo
os estudos feitos até o presente momento, é muito bem tolerado e, somente em casos
isolados, provoca reações adversas locais e gerais, em sua maioria de grau leve, não
havendo até o momento relato de contra-indicações. Mesmo em pacientes com alterações
graves da função renal, até o presente momento, não foi observado agravamento adicional
da função renal, bem como outras reações adversas atribuíveis à administração do meio de
Apêndice
87
contraste. Dentre as possíveis reações adversas, extremamente raras, estão: sensação de
dor ou calor locais e de curta duração associados à punção e à infusão; náuseas, vômitos
ou reações alérgicas na pele e mucosas.
A sua participação neste projeto tem como objetivo complementar o diagnóstico de sua
epilepsia, consentindo em ser submetido ao exame de imagem por ressonância magnética
com contraste, pois que a eletrencefalogafia faz parte dos exames que o(a) Senhor(a)
faz de superfície aqui no Serviço, como parte de seu tratamento..
A sua participação é isenta de despesas e lhe o direito à assistência, ao tratamento,
às consultas no Hospital da Restauração, sempre que necessário.
O(A) Senhor(a) tem a liberdade de desistir ou de interromper sua colaboração nesta
pesquisa, no momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação.
A sua desistência não causará qualquer prejuízo a sua saúde ou ao seu bem-estar físico.
Não virá a interferir no atendimento, na assistência, no tratamento médico de que o(a)
Senhor(a) possa vir a precisar no Hospital da Restauração.
Declaro que obtive todas as informações necessárias e esclarecimentos
quanto às dúvidas por mim apresentadas. Declaro também que:
Os resultados obtidos durante este estudo serão mantidos em sigilo, mas concordo
que sejam divulgados em publicações científicas ou congressos, desde que meus
dados pessoais não sejam mencionados e minha identidade não seja revelada.
Poderei consultar o pesquisador responsável Dr. Ricardo André Amorim Leite,
fone (81) 9969-5791, sempre que entender necessário obter informações ou
esclarecimentos sobre o projeto de pesquisa e minha participação no mesmo,
podendo ligar a cobrar.
Poderei também procurar o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital da
Restauração caso julgue que um ou mais itens desse Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido não estão sendo obedecidos pelo Médico Pesquisador,
podendo ligar a cobrar para o telefone do referido Comitê.
Tenho a garantia de tomar conhecimento, pessoalmente, do(s) resultado(s)
parcial(is) e final(is) desta pesquisa.
QUALIFICAÇÃO DO DECLARANTE
NOME:
RG: DATA DE NASCIMENTO: _____/____/_______
Endereço:
apto: Bairro:
Cidade: CEP: Fone:
Assinatura
Impressão digital
Apêndice
88
QUALIFICAÇÃO DO REPRESENTANTE LEGAL
NOME:
NATUREZA DA REPRESENTAÇÃO mãe pai irmã irmão
tio tia avô avó
RG: DATA DE NASCIMENTO: __/___/____ SEXO: m f
Endereço:
apto: Bairro:
Cidade: CEP: Fone:
Assinatura
Impressão digital
Apêndice
89
Apêndice D – Valores das razões de metabólitos dos controles, segundo hemisfério cerebral
NAA/Co NAA/Cr Co/Cr NAA/Co+Cr
Reg
Iniciais dos
Controles
dir esq dir esq dir esq dir esq
1 AFS 1,6046 1,5267 1,6634 1,9550 1,0366 1,2806 0,8167 0,8573
2 ENC 1,1369 1,2563 1,4567 1,8664 1,2813 1,4857 0,6385 0,7509
3 MFS 2,0698 1,9931 2,1052 1,7953 1,0171 0,9008 1,0437 0,9445
4 MIQS 1,2614 1,5854 1,8183 1,7021 1,4415 1,0736 0,7447 0,8208
5 MVSC 2,2445 2,0715 1,7224 1,5587 0,7674 0,7525 0,9745 0,8894
6 RAAL 1,5850 2,0334 1,6643 2,2447 1,0500 1,1039 0,8118 1,0669
7 SFS 1,6039 1,6944 2,2248 1,8743 1,3871 1,1062 0,9320 0,8899
8 VMSA 1,8714 1,4239 1,8493 1,6618 0,9882 1,1670 0,9301 0,7668
Apêndice
90
Apêndice E – Valores dos coeficientes de assimetria das razões de metabólitos dos controles
Controles
Iniciais dos Controles
C
a
NAA/Co
C
a
NAA/Cr
C
a
Co/Cr
C
a
NAA/Co+Cr
1
AFS
-0,0498 0,1612 0,2106 0,0484
2
ENC
0,0998 0,2466 0,1477 0,1617
3
MFS
-0,0377 -0,1589 -0,1213 -0,0997
4
MIQS
0,2276 -0,0660 -0,2925 0,0972
5
MVSC
-0,0802 -0,0997 -0,0196 -0,0913
6
RAAL
0,2478 0,2970 0,0501 0,2715
7
SFS
0,0549 -0,1710 -0,2254 -0,0462
8
VMSA
-0,2716 -0,1068 0,1660 -0,1925
valor mínimo
-0,0802 -0,1710
-0,2925
-0,1925
valor máximo
0,2478 0,2970
0,2106
0,2715
média
0,068794 0,022070
-0,089455
0,024651
desvio-padrão
0,1968651 0,1833727
0,2472463
0,1448835
Intervalo de confiança a 95%
-0,072035 – 0,209623
-0,153247 – 0,199107
-0,266324 – 0,087415
-0,078993 – 0,128294
ANEXOS
Anexos
92
Anexo A – Classificação das crises epilépticas segundo a
Proposta de Esquema Diagnóstico para Pessoas com
Crises Epilépticas e com Epilepsia - ILAE – 2001
Anexos
93
Anexo B – Classificação das síndromes epilépticas
segundo a Proposta de Esquema Diagnóstico para
Pessoas com Crises Epilépticas e com Epilepsia - ILAE –
2001
Anexos
94
Anexo C – Registro da pesquisa no Sistema Nacional de
Pesquisa
Anexos
95
Anexo D – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do
Hospital da Restauração da Dissertação após modificação
do título
Livros Grátis
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