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VERA LÚCIA GOMES SANTIAGO
PERFIL NEUROPSICOLÓGICO DE UMA AMOSTRA
DE IDOSOS DA CIDADE DO RECIFE
RECIFE
2007
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Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
VERA LÚCIA GOMES SANTIAGO
PERFIL NEUROPSICOLÓGICO DE UMA AMOSTRA
DE IDOSOS DA CIDADE DO RECIFE
Dissertação apresentada ao Colegiado do Programa de Pós-
Graduação em Neuropsiquiatria e Ciências Comportamento do
Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de
Pernambuco, como parte dos requisitos para obtenção do título
de Mestre em Neurociências.
Orientador
Prof. Dr. Everton Botelho Sougey - UFPE
Co-orientador
Prof. Dra. Jacqueline Abrisqueta-Gomez -UNIFESP
RECIFE
2007
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Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Santiago, Vera Lúcia Gomes
Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos
da cidade do Recife / Vera Lúcia Gomes Santiago.
Recife: O Autor, 2007.
xiv, 103 folhas : il., gráf., tab.
Dissertação (mestrado)
Universidade Federal de
Pernambuco. CCS. Neurociências, 2007.
Inclui bibliografia
e anexos
.
1.
Neuropsicologia
Av
aliação. 2
.
Cognição do
idoso Avaliação. I. Título.
616.
8
CDU (2.ed.)
UFPE
61
7
.
736 8
CDD (22.ed.)
CCS200
7
-
59
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof. Amaro Henrique Pessoa Lins
VICE-REITOR
Prof. Gilson Edmar Gonçalves e Silva
PRÓ-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
Prof. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DIRETOR
Prof. José Thadeu Pinheiro
HOSPITAL DAS CLÍNICAS
DIRETORA SUPERINTENDENTE
Prof
a
. Heloísa Mendonça de Morais
DEPARTAMENTO DE NEUROPSIQUIATRIA E CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO
Prof. Alex Caetano de Barros
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
NEUROPSIQUIATRIA
COORDENADOR
Prof. Marcelo Moraes Valença
VICE-COORDENADOR
Prof. Murilo Duarte Costa Lima
CORPO DOCENTE
Prof
a
. Belmira Lara da Silveira Andrade da Costa
Prof. Everton Botelho Sougey
Prof. Gilson Edmar Gonçalves e Silva
Prof. Hildo Rocha Cirne Azevedo Filho
Prof. João Ricardo de Oliveira
Prof. Luiz Ataíde Júnior
Prof. Marcelo Moraes Valença
Prof
a
. Maria Carolina Martins Lima
Prof
a
. Maria Lúcia Simas
Prof. Murilo Duarte Costa Lima
Prof. Othon Bastos Filho
Prof. Raul Manhães de Castro
Prof
a
. Sheva Maia da Nóbrega
Prof. Wilson Farias Silva
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DEDICATÓRIA
Para a minha amada família,
Rodolfo, Junior, Carol e Gabriel, fonte de amor e respeito.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
EM ESPECIAL
Ao meu Deus, que guia minha vida me inundando de esperança e permitindo que
eu seja bênção na vida de muitos queridos. Este trabalho é fruto dos Teus planos para mim.
Só a TI, toda Honra e toda Glória.
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AGRADECIMENTOS
Ao meu marido Rodolfo, pelo amor e confiança incondicional com que me
acompanha em direção a realização dos meus sonhos. Aquece meu coração sentir que
verdadeiramente somos mais que parceiros... Obrigada também pelo maritrocínio, sem ele
tudo seria muito difícil, ou melhor, impossível.
Ao meu filho Junior, pelos incentivos que sempre despertam em mim a consciência
de que sou uma referência positiva em sua vida. Isto me enche de alegria. Foi de muito valor
sua disponibilidade em corrigir este trabalho. Você é precioso para mim.
A minha filha Carol, pela compreensão e parceria nos momentos em que esteve
assumindo o meu papel, e pelas inúmeras vezes em que não pude ouvi-la sem que isso
despertasse culpa. Você é uma grande filha!
Ao meu filho Gabriel, pela docilidade em lidar com minhas faltas. Sua vida é um
presente para mim.
A minha mãe, por ser sempre meu lugar seguro para aliviar minhas dores e renovar
meu ânimo. Você é minha referência de acolhimento e força.
As minhas irmãs Nadir e Tita, que mesmo de tão longe conseguem se fazer
presentes em carinho e confiança.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
A minha irmã Luca, por estar sempre me fazendo sentir o que realmente significa
viver e trabalhar em família.
A família Castello, que me acolhe em São Paulo para as supervisões, minha irmã
Ana, sempre me incentivando e ajudando a ser melhor profissional. Roberto, obrigada pela
atenção e carinho com que facilitou minha vida aí. Penélope Charmosa, você sempre me
fazendo sentir à vontade, mesmo eu lhe tirando do seu cantinho. Beta, os nossos passeios e
lanchinhos (ah, e o pãozinho?) tornaram meus dias aí bem mais leves.
Aos meus queridos sobrinhos Gabi e Kyle, pela preciosa conversão dos meus
resumos para o inglês, sob tanta pressão e doença. Vocês fazem diferença na minha vida.
Ao meu orientador Prof. Dr. Everton Botelho Sougey, pela coragem, confiança e
respeito com que permitiu que eu desenvolvesse este trabalho. Sinto que isso foi determinante
para que tudo caminhasse tranqüilamente. Obrigada pelos momentos em que facilitou meu
crescimento.
A minha orientadora Profa. Dra. Jaqueline, que me ensinou como não ficar
“andando em círculos”. Pela generosidade, disponibilidade, competência e ética com que
dividiu comigo o seu saber. Senti-me segura ao ser introduzida no mundo da pesquisa e dei
um salto qualitativo como profissional. Obrigada por sempre estar presente (mesmo tão longe)
nos meus momentos de insegurança e agonia, me acolhendo com carinho e firmeza e me
impulsionando a seguir no prumo.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Ao coordenador do departamento Prof. Dr. Marcelo Valença, pelo empenho em nos
tornar pesquisadores. Você foi quem possibilitou viabilizar de fato o início da minha pesquisa.
Você é um exemplo de como se deve trabalhar em pesquisa, e de todas as suas orientações e
dicas, a que eu não segui me arrependi de não a ter feito. Obrigada pela disponibilidade com
que me ensinou a operacionalizar o programa estatístico mesmo fora do horário de aula.
Ao Instituto de Neuropsicologia Aplicada (INAp), na figura da presidente Marisa Sá
Leitão, por ter sido o início de tudo, os sonhos e financiador do treinamento do NEUROPSI.
O pontapé inicial do Banco de Dados já foi dado, e o INAp seguramente será o primeiro que
terá acesso a esses resultados.
As queridas colegas Luciana, Laura, Etiene e Adriana, amigas, parceiras dos
sonhos, alegrias e dificuldades, pela disponibilidade nas avaliações e pelo constante incentivo.
Valeu a pena pertencer a essa equipe.
Aos colegas de Mestrado Ana Cristina, Gutemberg, Dema, Lúcia, Jane e Ribas,
pela companhia, trocas e incentivos. Foi muito bom sofrer junto, dividir sucessos e
dificuldades. Estou na torcida por vocês.
A secretária do Departamento Solange, pela atenção e presteza em orientar as
questões administrativas da pesquisa.
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Ao departamento de assistência ao idoso da Prefeitura Municipal do Recife, no nome
das coordenadoras Edwirgens Correia e Elisabeth Doherty, que viabilizaram e
acompanharam o processo de pesquisa junto aos grupos de terceira idade. Está sendo
enriquecedora essa parceria (o banco de dados apenas começou).
A todos os idosos que gentilmente participaram desse estudo, e mais do que
avaliações, muitas lições aprendi em nossos encontros. A maior delas foi que quando fazemos
alguma coisa por amor colhemos frutos certamente.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.................................................................
x
i
LISTA DE TABELAS.......................................................................
...........................
xii
i
RESUMO.......................................................................................................................
iv
ABSTRACT....................................................................................
..............................
v
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................
01
2. JUSTIFICATIVA
.................................................................................
....................
03
3. OBJETIVOS
.............................................................................................................
04
3.1 Geral................................................................................................
....................
04
3.2 Específico............................................................................................................
04
4. LITERATURA...........................................................................................
..............
05
4.1 Epidemiologia e aspectos gerais........................................................................
05
4.2
Envelhecimento cognitivo normal......................................................................
08
4.2.1
Aspectos
neurobiológicos............................................................................
09
4.2.2 Plasticidade neuronal e EC..........................................................................
11
4.2.3 Mudanças no funcionamento cognitivo no EC..
.........................................
12
4.2.4 Funcionamento da memória no EC.............................................................
20
4.2.5
O papel do lobo frontal no EC.....................................................................
23
4.3 Envelhecimento cognitivo patológico.................................................................
25
4.3.1 Comprometimento cognitivo leve...............................................................
26
4.3.2 Pseudodemência depressiva...........
.............................................................
28
4.3.3 Demência no idoso......................................................................................
29
4.3.4 Demência de Alzheimer.................................................
.............................
30
4.3.5 Outros tipos de demências no idoso............................................................
31
4.4 Avaliação neuropsicológica no EC.....................................................................
33
4.4.1 T
estes neuropsicológicos.............................................................................
37
4.4.2 Testes de rastreio na avaliação do EC.........................................................
39
4.4.3 Bateria neuropsicológica abreviada NEURO
PSI.......................................
41
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5. MÉTODO
..................................................................................................................
44
5.
1 Casuística...................................................................
.........................................
44
5.2 Seleção da amostra..............................................................................................
44
5.3 Critérios de exclusão................................................................
...........................
45
5.4 Critérios de inclusão............................................................................................
45
5.5 Procedimento......................................................................................
.................
46
5.5.1 Instrumento..................................................................................................
47
5.6 Análise dos dados e estatística............................................................................
49
5.6.1 Análise dos dados........................................................................................
49
5.6.2 Análise estatística........................................................................................
50
5.7 Ética...........
..........................................................................................................
51
6. RESULTADOS
.........................................................................................................
52
6.1 Resultados análise
I.............................................................................................
52
6.2 Resultados análise II...........................................................................................
55
6.3 Resultados análise III.........
.................................................................................
58
6.4 Resultados análise IV..........................................................................................
59
7. DISCUSSÃO
......................................
.......................................................................
62
8. CONCLUSÕES.........................................................................................................
72
9. REFERÊNCIAS...........................................
............................................................
74
ANEXOS.......................................................................................................................
.
8
7
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ADAS Alzheimer´s Disease Assessment Scale
ADAS-cog Sub escala Alzheimer´s Disease Assessment Scale
AN Avaliação neuropsicológica
ANOVA Análise de variância
APP Afasia primária progressiva
AVDs Atividades de vida diária
CAMDEX Cambridge Mental Disorder of the Elderly Examination
CERAD Consortiun to Establish a Registry for Alzheimer´s Disease
CCL Comprometimento cognitivo leve
CCP Comprometimento cognitivo patológico
CID-10 Código Internacional de Doenças Organização Mundial de Saúde
DA Doença de Alzheimer
DCL Demência corpos de Lewy
DFT Demência Frontotemporal
DH Doença de Huntington
DIT Depressão de início tardio
DP Doença de Parkinson
DSM-IV Statistical Manual of Mental disorders IV
EC Envelhecimento cognitivo
F Quociente de Fisher
G1 Grupo sujeitos 65 a 69 anos
G2 Grupo sujeitos 70 a 79 anos
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G3 Grupo sujeitos 80 anos ou mais
GA Grupo sujeitos analfabetos
GB Grupo sujeitos baixa escolaridade
GC Grupo sujeitos média escolaridade
GD Grupo sujeitos alta escolaridade
GSF Grupo sujeitos sexo feminino
GSM Grupo sujeitos sexo masculino
Graphpad-Prism 3 Programa estatístico Prism 3
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LF Lobo frontal
MEEM Mini exame do estado mental
MO Memória operacional
NEUROPSI Bateria Neuropsicológica Abreviada
NINCDS-ADRDA Instituto Nacional de Neurologia Associação da Doença de Alzheimer
e Desordens Associadas
p Nível de significância estatística
PSD-D Pseudodemência depressive
PSP Paralisia supranuclear progressiva
UNIFESP Universidade Federal de São Paulo
WAIS-R Wechsler Adult Intelligenge Scale-Revised
WHSA World Health Statistic Annual
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Dados descritos dos grupos vari
ável idade (média e des
vio padrão)........
52
Tabela 2
Resultados do NEUROPSI dos grupos da variável idade (média,
DP
)
.....
53
Tabela 3
Dados descritivos dos grupos variável escolaridade, média e desvio
padrão.........................................................................................................
55
Tabela 4
Resultados do NEUROPSI dos grupos da variável escolaridade (média,
desvio padrão)...........................................................................................
56
Tabela 5
Dados descritivos
dos grupos variável gênero..........................................
57
Tabela 6
Resultados do NEUROPSI dos grupos da variável gênero (média,
desvio padrão)............................................................................................
58
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RESUMO
Introdução: Muitas mudanças ocorrem no cérebro, ao longo da vida, e vão exercer um papel
importante na cognição do idoso, freqüentemente alterando sua funcionalidade. A avaliação
neuropsicológica tem oferecido grande contribuição, sendo utilizada como auxílio na
identificação de padrões de envelhecimento cognitivo normal e patológico. Objetivos:
Investigar o perfil cognitivo de uma amostra de idosos da região metropolitana do Recife.
Verificar a influência das variáveis: idade, escolaridade e gênero no desempenho cognitivo
dos sujeitos. Método: Participaram deste estudo 101 indivíduos saudáveis de ambos os sexos
(selecionados de uma amostra de 119 sujeitos), com idade acima de 65 anos e diferentes
níveis de escolaridade. A amostra foi selecionada através de uma triagem que incluía o Mini
Exame do Estado Mental (MEEM). Os selecionados foram avaliados com a Bateria
Neuropsicológica Abreviada (NEUROPSI). Este instrumento é de rápida aplicação (30 a 40
minutos), e permite fazer um diagnóstico inicial ou preditivo das alterações cognitivas em
populações com diferentes graus de escolaridade, incluindo analfabetos. Examina as seguintes
funções cognitivas: memória visual e verbal (processos de codificação, armazenamento e
evocação), aprendizagem, atenção, linguagem e funções executivas (conceituais e motoras).
Para efeitos comparativos a amostra foi dividida de acordo com a idade, em: G1 (65 a 69 anos), G2
(70 a 79 anos) e G3 (80 anos ou mais), grau de escolaridade: GA (analfabetos), GB (baixa: um a
quatro anos), GC (média: cinco a nove anos) e GD (alta: 10 anos ou mais) e gênero (sexo masculino e
femenino). Foram realizadas as análises descritivas dos resultados do MEEM e NEUROPSI e efetuada
as comparações com ANOVA. Resultados: Não foram encontradas diferenças significativas nos
resultados de ambos testes, no que se refere a variável idade, mas houve diminuição da pontuação com
o aumento da idade (G3), alcançando nível de significância em alguns subtestes. A variável
escolaridade apresentou diferenças significativas para ambos os testes. O GA apresentou a pontuação
mais baixa em comparação com os demais grupos. Também o GB esteve em desvantagem em
comparação com os grupos GC e GD. Foram evidenciadas poucas diferenças significativas entre os
grupos GC e GD. A variável gênero apresentou diferença apenas na tarefa de reconhecimento do
subteste de memória. Conclusões: Encontramos uma forte influência da escolaridade (analfabetismo)
no desempenho cognitivo, resultados compatíveis com a literatura. A educação pode contribuir na
aquisição da reserva cerebral, sugerindo que uma exposição à estimulação cognitiva mais intensa e
complexa pode estar associada com maiores conexões sinápticas. Por outro lado, o fato de não
encontrar diferenças no desempenho cognitivo de sujeitos em diversas faixas etárias (apesar da
tendência dos mais novos perfilar melhor), pode estar atribuído, ao critério de incluir sujeitos
“socialmente ativos” na amostra. Entretanto, outros estudos são necessários para esclarecer esta
hipótese.
DESCRITORES: NEUROPSI; Envelhecimento cognitivo; Idoso; Avaliação neuropsicológica
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ABSTRACT
Background: The many changes in the brain in the course of a lifetime play an important role in
cognition for seniors and frequently affect functionality. Neuropsychological assessment has provided
a major contribution to the identification of normal or pathological patterns of cognitive aging.
Objective: Verify the influence of age, education and gender variables on cognitive performance for a
sample of seniors from Recife metropolitan region. Method: Participants were 101 healthy individuals
of both sexes (selected from a sample of 119 subjects), aged 65 or over, with varying levels of
schooling. Sample selection methods included administering the Mini-Mental State Exam (MMSE).
Those selected were then assessed using the Abbreviated Neuropsychological Battery (NEUROPSI).
This instrument has a short administration period (30 to 40 minutes), which facilitates an initial or
predictive diagnosis of cognitive alterations in populations with different levels of education,
including illiterates. It examines the following cognitive functions: visual and verbal memory
(encoding processes, storage and recall), learning, attention, language and executive functions
(conceptual and motor). Results: For the comparative purposes, the sample was divided by age (G1
aged 65-69, G2 70-79, and G3 80 and over); by educational level (GA illiterates; GB low, 1-4 years of
schooling; GC medium, 5-9 years; GD high, 10 years or more); and by gender (male and female).
Descriptive analyses of the MMSE and NEUROPSI scores were performed and comparisons made by
ANOVA. Scores declined with age (G3) but no significant differences in relation to the age variable
were found in scores on either test, except for certain some subtests. The education variable produced
significant differences on both tests. GA presented the lowest score of all the groups and GB scored
lower than GC or GD. There were no significant differences between GC and GD. The gender variable
showed differences only on the recognition task in the memory subtest. Conclusions: We found a
strong effect of educational level (or illiteracy) on cognitive performance, and our results were
compatible findings in the literature. Schooling may contribute to the acquisition of cerebral capacity,
suggesting that exposure to more intensive and complex cognitive stimulation may be associated with
more development of synaptic connections. It may well be that there were no differences in cognitive
performance across different age groups (despite the tendency for the younger ones to score better)
due to the sampling criterion of including "socially active" participants. However, further research is
required to explicate this hypothesis.
KEYWORDS: NEUROPSI; Cognitive aging; Elderly; Neuropsychological assessment
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INTRODUÇÃO
O envelhecimento é um fenômeno mundial que tem captado o interesse de muitos
estudiosos, e largas discussões sobre este tema têm ocorrido nas últimas décadas, provocando
grandes desafios para a pesquisa. O envelhecimento não é um simples fenômeno, ocorre em
muitos níveis e pode ser conceitualizado em pelo menos três dimensões primárias: biológica,
psicológica e social
1
.
Enquanto os países do primeiro mundo já convivem com os desafios do
envelhecimento há mais tempo, países como o Brasil nas últimas décadas, vêm apresentando
de forma acelerada um envelhecimento populacional em função de índices menores nas taxas
de mortalidade e fecundidade
2
.
A mudança no estilo de vida, a melhora nas políticas de saúde e a ênfase na medicina
preventiva, possivelmente contribuem para uma maior longevidade da população.
Entretanto o sucesso na expectativa de vida, além de ser uma das maiores conquistas
do século XX, é também um fator de risco para o desenvolvimento de doenças, entre elas as
síndromes degenerativas que levam a uma perda progressiva da capacidade cognitiva
alterando a funcionalidade, e são a principal causa de morte entre a população idosa
3
.
São diversos os fatores que podem estar associados à saúde do cérebro que
envelhece. O nível de escolaridade, saúde cardiovascular, atividade física, fatores
psicossociais e genéticos, são variáveis atualmente investigadas
4
.
Por outro lado, a identificação de indivíduos que desenvolveram alguma doença
neurológica na terceira idade é um tema de crescente importância, que vem sendo estudado
nas últimas décadas
5-7
. O ponto central destas pesquisas é compreender as mudanças
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
fisiológicas que causam os distúrbios cognitivos e/ou síndromes demenciais, tentando explicar
porque alguns idosos são atingidos e outros não
8
.
No entanto, existe uma grande complexidade em pesquisar o envelhecimento
cognitivo (EC), devido à dificuldade em controlar diversas variáveis (idade, nível educacional
e cultural, entre outras), as quais demonstraram ter importância no desempenho cognitivo
9-11
.
No Brasil este problema é mais evidente, já que são esperadas diferenças culturais
devido à diversidade de procedência da população e a extensão do país. Portanto, além do
viés cultural esperado nos estudos sobre EC, temos outro problema ainda maior que é a falta
de profissionais treinados para este tipo de avaliação, e a pressão de tempo pela elevada
demanda sobre os serviços de saúde o que inviabiliza avaliações muito longas
11-15
.
Para contornar este problema, Abrisqueta-Gomez
11
, em 1999, traduziu e adaptou ao
português (do Brasil), o NEUROPSI, que é uma Bateria de Avaliação Neuropsicológica
Breve
9
desenvolvida para latino-americanos de fala espanhola, que permite fazer um
diagnóstico rápido do funcionamento cognitivo.
Foi objetivo deste estudo verificar a aplicabilidade desta Bateria numa pequena
amostra de idosos da região metropolitana de Recife.
A identificação do perfil cognitivo do idoso desta cidade auxiliará nos diagnósticos
de EC normal e patológico e servirá de referência para futuros estudos comparativos entre
populações idosas nos diversos estados do Brasil. Podendo ainda servir de base para futuros
estudos prospectivos de EC na população idosa desta região.
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JUSTIFICATIVA
A importância da identificação do EC normal e patológico faz necessária a utilização
de um instrumento de avaliação cognitiva.
No Nordeste, ainda não existe um estudo cognitivo com um instrumento como o
NEUROPSI, breve, objetivo e confiável que permite fazer um diagnóstico inicial ou preditivo
das alterações cognitivas em populações idosas com diferentes graus de escolaridade
(incluindo analfabetos).
Sua utilização seria de grande valia na identificação do perfil cognitivo do idoso de
Recife servindo como referência no auxílio diagnóstico e em estudos prospectivos.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
OBJETIVOS
3.1 Geral
? Avaliar o desempenho cognitivo de uma pequena amostra de idosos sadios da
região metropolitana da cidade do Recife, por meio da Bateria Neuropsicológica
Abreviada NEUROPSI.
3.2 Específico
? Verificar os efeitos da idade, escolaridade e gênero no desempenho cognitivo da
população avaliada.
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LITERATURA
4.1 Epidemiologia e aspectos gerais
As estimativas do envelhecimento populacional mundial, para o século XXI, estão
sendo revisadas continuamente
16
. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), em 2000, descreve que em 1950 a população idosa mundial era de 204
milhões, alcançando em 1998 aproximadamente 579 milhões de pessoas, e com projeções
para 2050 de chegar a 1,9 bilhões de indivíduos
17
.
Em muitos países desenvolvidos a proporção de pessoas, com mais de 65 anos, já é
muito alta, e o número absoluto de idosos cresce rapidamente no mundo. Nos Estados Unidos,
12.5% da população são idosos, na Itália é de 14.6%, enquanto que Índia e China excedem
estes números
18
.
A relação entre índices menores nas taxas de mortalidade e também nas taxas de
fecundidade promove uma base demográfica real para a avaliação do processo de
envelhecimento da população. Essas características também estão presentes nos países mais
desenvolvidos, apenas de forma menos acentuada
2
.
A América Latina apresenta uma grande diversidade na sua população idosa, com a
proporção variando de 6,4% na Venezuela a 17,1% no Uruguai. Quando se compara a
população idosa do Brasil com as dos países da América Latina, esta assume uma posição
intermediária, correspondendo a 8,6% da população total. A população européia apresenta,
caracteristicamente, proporções mais elevadas, com idosos representando algo em torno de
1/5 da população de seus países
17
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Segundo projeções do World Health Statistic Annual (WHSA), no início dos anos
80, o Brasil passaria de 16º país com maior contingente de idosos no mundo em 1950, para
estar em 7º no ano 2000
17
.
O Brasil, para muitos, é um país de jovens. Porém essa afirmação não corresponde
com os dias atuais. De acordo com o Censo Populacional do IBGE (2000), a população
brasileira de idosos com 60 ou mais foi de 14.536.029. Aumentou a quantidade de pessoas
desta faixa etária para 8.6% da população total
17
.
A partir de 1940, a mortalidade começou a declinar no Brasil, e esse processo
continuou aceleradamente até a os anos 70. No início do século passado menos de 20% da
população conseguia chegar aos 60 anos, porém no ano 2000 81% das mulheres e 71% dos
homens alcançaram esse patamar
19
. Hoje, a esperança de vida ao nascer ultrapassa 65 anos
para os homens e 73 para as mulheres. Analisando de acordo com a projeção mais recente da
mortalidade, a esperança de vida média por volta de 2040 estará alcançando um patamar de
80 anos de esperança de vida ao nascer
17
.
Um indicador do envelhecimento da população é o índice de envelhecimento. Em
2000, no Brasil, para cada grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos, havia 18,3 idosos de 65 anos
ou mais. Em 2050, a relação poderá ser de 100 para 105,5
17
.
Como em outros países do mundo, há um número maior de mulheres na faixa etária
idosa (55%). Essa diferença é acentuada à medida que a idade avança. Explica-se este
fenômeno pela razão de sexo que é de 118 mulheres para cada 100 homens na faixa de 65 a
69 anos e de 141 para 100 no grupo de 80 anos ou mais
17
.
Porém, o envelhecimento reflete um grande impacto para o indivíduo e sociedade.
Observa-se que as pessoas não se preparam para envelhecer e planejar como lidar com as
mudanças e perdas que naturalmente ocorrem ao entrar na terceira idade
20
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Para o setor de saúde, o primeiro impacto do envelhecimento da população é a
grande mudança nas causas de mortalidade com as doenças crônico-degenerativas ocupando o
lugar das infecto-contagiosas
3
.
Segundo o IBGE (2000), os idosos apresentam mais problemas de saúde que a
população geral. Mais da metade dos idosos apresenta algum problema de saúde (53,3%),
sendo 23,1% portadores de doenças crônicas
17
.
A curva de vida que, até aproximadamente em 1960, ainda apresentava sua
característica de representação gráfica, foi aos poucos adquirindo uma retangularização,
significando que as mortes em vez de serem distribuídas ao longo dos estágios da vida, estão
agora sendo comprimidas na terceira idade e são freqüentemente associadas com condições de
incapacidades crônicas
21
.
O envelhecimento bem sucedido refere-se ao estado de saúde em que há aspectos
mensuráveis positivos numa série de medidas de saúde, as quais envolvem aspectos
funcionais e cognitivos do idoso
22
.
Com o envelhecimento vão sendo observadas alterações orgânicas e funcionais,
decorrentes de mudanças nos mecanismos de homeostase que são controlados pelos sistemas
imunológico, endócrino e nervoso. Portanto, pessoas que envelhecem normalmente podem
apresentar alguns déficits leves. Alguns indivíduos experienciam menos declínio cognitivo
que outros, e uma mudança radical na habilidade mental de uma pessoa idosa pode indicar um
comprometimento importante da saúde. Essas diferenças individuais aumentam
dramaticamente com a idade
23
.
Múltiplos fatores afetam o desenvolvimento e envelhecimento cerebral, alguns deles
agem como acelerador do declínio com a idade e outros mostram um potencial para diminuir
a deterioração e atrasar o avanço de níveis patológicos. Esses fatores entre outros são: riscos
vasculares, atividade física aeróbica, reposição hormonal e estresse
24
. De acordo com Staff et
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
al. (2004), a educação e a ocupação podem ser consideradas como representantes da reserva
cerebral ativa, e, é esta que permite manter o status cognitivo no envelhecimento
25
.
Sob o ponto de vista neuropsicológico, o envelhecimento tem uma perspectiva mais
complexa do que o modelo de declínio biológico, defendendo que a mudança de
comportamento no envelhecimento não é apenas declínio. Algumas funções declinam, mas
outras continuam a se desenvolver, como aquisição de conhecimentos sobre o significado de
palavras e tomada de decisões
16
.
Os efeitos da idade são relativamente pequenos nos domínios das habilidades
cristalizadas como vocabulário e senso comum. Por outro lado, o envelhecimento traz uma
importante desvantagem nos domínios das atividades fluidas como memória episódica,
habilidade espacial e funções executivas
26
. Em grande parte, as mudanças são determinadas
mais pela lentificação do processamento de informações do que pela perda da capacidade
26
.
Atualmente, as pesquisas sobre o EC estão mais voltadas para a compreensão das
diferenças entre o envelhecimento normal e patológico, buscando identificar sinais mais
precoces de alterações cognitivas.
4.2 Envelhecimento cognitivo normal
O envelhecimento cognitivo tem sido compreendido como um processo vital que
reflete os efeitos combinados de um desenvolvimento biológico normal, o impacto de
enfermidade e danos, as expectativas e padrões culturais, mudanças nas redes sociais e um
contínuo crescimento psicológico e acomodação
1
. Nele manifestam-se múltiplos processos
biológicos universais, e com a passagem do tempo, ocorrem alterações significativas na
anatomia, neuroquímica e fisiologia de todos os organismos
24
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
4.2.1 Aspectos neurobiológicos
No cérebro, os impactos do EC são foco de muitas pesquisas que constatam
numerosas mudanças que envolvem a totalidade cerebral. Com os avanços da tecnologia, vai-
se permitindo conhecer de forma mais acurada as diferenças, inclusive as de base
fisiopatogênicas, a forma como se processam e em que regiões corticais acontecem
27
.
Pitella (2005) relaciona as mudanças que ocorrem no cérebro no EC, que são macro e
microscópicas, e incluem o tamanho do órgão, o aspecto dos giros e sulcos, a densidade da
substância branca, o volume dos ventrículos, o tamanho e o número dos neurônios, a extensão
da ramificação dendrítica, o número de sinapses, o acúmulo de pigmento de lipofuscina nos
neurônios e células glias e o aparecimento de modificações microscópicas características,
quer sejam placas senis, emaranhados neurofibrilares, degeneração granulovacuolar, os
corpos de hirano e a angiopatia amilóide cerebral
28
.
Apesar das alterações estarem presentes em quantidades crescentes, à proporção que
os anos passam, não acontecem de forma igual para todas as pessoas. Podendo estar ausentes
em alguns indivíduos, mesmo nos anos mais avançados, ou aparecerem de modo escasso.
Mesmo havendo um consenso de que o cérebro humano sofre um retrocesso com a
idade, muitas questões continuam em aberto, com alguns estudos referindo que encontram
maior declínio cognitivo associado à idade do que outros
29
.
Não obstante a literatura indicar que o EC manifesta-se de forma diferente, o padrão
exato de heterogeneidade do declínio cerebral é impreciso, ainda existe incerteza de que as
regiões frontais anteriores produzem o maior peso das mudanças cognitivas no
envelhecimento, ou, qual é o papel do risco vascular no envelhecimento cerebral heterogêneo,
entre outras
24
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Segundo Mora (2004), os estudos longitudinais indicam que usar a idade como
parâmetro é somente uma estimativa geral, não sendo absolutamente uma medida do
processo. Isso porque não são as idades biológica ou funcional que determinam a deterioração
ou funcionalidade de determinados órgãos e sua comparação com a idade real. Sendo assim,
um indivíduo de determinada idade pode ter condições anatômicas ou funcionais que não
correspondem às médias dessas mesmas funções encontradas em um grupo de indivíduos com
a mesma idade. Essas condições podem ser melhores ou piores. Isso acontece porque o
processo do envelhecimento é o produto final da combinação de fatores hereditários e fatores
exógenos, e estes são diferentes individualmente
30
.
Estudos recentes mostram que no EC os neurônios não sofrem morte de forma
generalizada. Os sistemas neuronais mais afetados com o envelhecimento são os que
sintetizam os neurotransmissores acetilcolina, noradrenalina e dopamina
30
.
Muitas pesquisas têm focado perda de marcadores colinérgicos durante o EC levando
à hipótese colinérgica para o declínio de memória. Essa perda é pequena quando comparada à
perda na doença de Alzheimer
31
.
Estudos sobre o sistema dopaminergico evidenciaram uma degeneração lenta e
progressiva nas vias que liberam dopamina nas áreas relacionadas com o movimento,
planejamento de atos futuros de comportamento, na interface da intenção-ação, a emoção e no
controle da secreção de hormônios
30
.
Ainda com referência à perda neuronal, estudos apontam para diminuição de
neurônios nas áreas do lobo frontal, temporal, hipocampo e região basilar subcortical
29
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
4.2.2 Plasticidade neuronal e EC
Na metade do século XX, onde prevalecia o conhecimento de que não ocorria
divisão neuronal após o nascimento, a inclusão da plasticidade nas pesquisas do sistema
nervoso do adulto e idoso encontrava muita resistência. Em 1966, o pesquisador Young
mostrou a primeira evidência de que verdadeiramente podia ocorrer uma regeneração
funcional no cordão espinhal. Apenas no final do século houve um interesse real em se
pesquisar esse tema
16
.
Por plasticidade no cérebro entende-se que é a capacidade adaptativa para mudanças
cognitivas e comportamentais que advêm de uma organização do cérebro, a nível estrutural e
químico, para suprir as perdas que ocorrem no envelhecimento. Num nível neurobiológico, a
plasticidade inclui numerosos mecanismos, tendo como principal o brotamento neuronal em
resposta à degeneração
16
.
Estudos recentes mostram que à medida que ocorre uma perda neuronal nos sistemas
de neurotransmissores, outros sistemas compensatórios surgem. São mecanismos que entram
em ação para aumentar a velocidade de recaptação e liberação do neurotransmissor pelos
mesmos neurônios que ainda encontram-se preservados no processo degenerativo. Em
conseqüência desse processo, a função decorrente da área afetada permanece compensada por
muito mais tempo e os déficits funcionais não aparecem. Apenas ao esgotar-se esta reserva
funcional, é que os déficits começam a se estabelecer
30
.
Um dos principais fatores que determina a árvore dendrítica e sináptica dos
neurônios é o meio ambiente. A educação é uma variável que produz a multiplicação das
sinapses corticais. Uma educação deficiente não aumentaria a densidade sináptica
29
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Outro fator importante que também produz modificação nas sinapses é a ocupação.
Esses dois fatores são considerados os representantes da reserva cerebral ativa e influenciam
diferentes domínios cognitivos em várias extensões
25
. Essa reserva ativa é vista como
protetora no declínio cognitivo, atrasando o aparecimento dos déficits e o surgimento de
patologias degenerativas
32
.
Também como uma hipótese de mecanismo compensatório, o declínio do fluxo
cerebral sanguíneo reflete uma indicação de EC. Nesta fase ele é reduzido em várias partes do
cérebro, principalmente nas regiões frontais e temporais. O padrão do fluxo sanguíneo no
idoso tende a ser mais espalhado. Isso sugere que, ou a atividade neural para focalizar esteja
prejudicada no idoso, ou que ocorre um grande recrutamento das regiões cerebrais para
realizar tarefas, como uma forma de compensação pelo aumento das ineficiências
29
.
Em revisão sobre plasticidade, Nyberg, em 2005 concluiu que existe um potencial de
plasticidade neural no envelhecimento, mas que este vai depende das diferenças nas variáveis
individuais. Uma reduzida plasticidade no idoso pode refletir alterações no processamento
mental evidenciada na produção de déficits. O processamento mental ineficiente está
associado com mudanças no córtex pré-frontal associadas à idade, considerando que os
correlatos neurais referentes aos déficits parecem ser para tarefas específicas
33
.
4.2.3 Mudanças no funcionamento cognitivo no EC
Segundo Howieson et al (2004), estudos longitudinais mostram poucas mudanças na
cognição com a idade. Ao longo do tempo, o desempenho tende a declinar silenciosamente
nas medidas de aprendizagem e memória não-verbal, retenção de material verbal, velocidade
psicomotora, velocidade de processamento visuoespacial e concentração. Entretanto, muitas
dessas mudanças são pouco significantes
29
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Uma importante mudança associada à idade é a lentificação do processamento da
resposta. Isto é observado na realização de testes neuropsicológicos e afeta uma quantidade de
domínios. O tempo de reação não envolve decidir sobre o estímulo, mas é o tempo em que se
leva para perceber o estímulo e responder. O simples tempo de reação aumenta com a idade, e
o tempo de reação da escolha, que inclui a toma de decisão sobre pelo menos dois estímulos,
freqüentemente aumenta mais que o simples tempo de reação. A origem dessa lentificação
tem mais a ver com os processos nervosos centrais que periféricos. Alterações ao nível das
sinapses são uma das prováveis causas da mudança no tempo de reação associada à idade
16
.
Backman & Farde, em 2005, referem que estudos realizados através de imagens
funcionais, mostraram que o aumento da idade estaria associado com a deficiência na
integração de redes neurais das regiões cerebrais
34
. Um exemplo foi a pesquisa de Espósito et
al (1999), onde foram observadas alterações nas relações entre o córtex pré-frontal e o
hipocampo nos idosos durante a execução do teste de Wisconsin
35
.
Desordens na conectividade neural durante o processamento cognitivo no EC, podem
ocorrer por múltiplas causas, incluindo uma disrupção na área da substância branca
36
.
Especificamente, essas mudanças na integração das redes neurais podem ser traduzidas como
uma diminuição da relação estímulo-interferência, trazendo como conseqüência uma
dificuldade em suprimir respostas irrelevantes.
Desordens na substância branca também estão associadas a um pobre desempenho
em tarefas de velocidade de processamento, memória e funções executivas
29
.
Madden et al (2005), ampliam as conclusões acima descritas, quando reportam que o
processamento perceptual é iniciado ao nível dos receptores sensoriais, e as mudanças que
ocorrem no sistema visual, como alterações na retina, podem afetar significantemente os
estágios iniciais do processamento das informações visuais, como também poderiam ser de
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
outro domínio sensorial, e essas alterações dificultariam a extração dos estímulos que também
interagem com os estágios de processamento tardios
37
.
Os resultados de suas pesquisas em 2002 revelam que a lentificação do
processamento da informação pode estar na base de muitas mudanças no desempenho
perceptual e cognitivo do idoso
37
.
Analisando os resultados obtidos por outros pesquisadores, Madden et al., em 2005,
concluiram que as mudanças associadas à idade no funcionamento sensorial, na velocidade
perceptual e desempenho cognitivo podem derivar de uma mesma causa que é provavelmente
um declínio no funcionamento do sistema nervoso central
37
.
A lentificação dos processos cognitivos associados à idade ocorre em decorrência da
mudança em três aspectos no arco reflexo: nas vias sensoriais, no processamento central de
informações e na resposta motora
38
.
É muito íntima a relação entre os processos perceptivos, velocidade de
processamento e a função da atenção. Os efeitos da idade sobre o sistema atencional variam
em função das tarefas. No EC ocorre uma defasagem na atenção seletiva, sustentada e na
distratibilidade
29
.
Rösler et al., em 2003, no estudo que investigou o mecanismo que pode afetar uma
busca eficiente em idosos normais e com doença de Alzheimer (DA), referiram que a busca
visuoespacial requer uma mudança dinâmica entre a alocação focal e global da atenção. Eles
observaram que no envelhecimento esse mecanismo está alterado, porém bem menos que na
DA. Concordando com outros pesquisadores que também observaram um número maior de
erros quanto ao estímulo alvo. A hipótese para esse fato é que ocorre uma diminuição no
número de fixações durante a busca de tarefas específicas, sendo observado no desempenho
do jovem uma amplitude atencional alocada no centro da tarefa, que facilita abarcar também a
identificação periférica, e essa condição está deficitária no idoso
39
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
No estudo sobre efeitos da idade no sistema top-down atencional (a informação em
níveis mais elevados de processamento pode influenciar níveis mais baixos, anteriores na
hierarquia de processamento), Madden et al., em 2004, observaram que o desempenho e
tempo de reação de jovens e idosos foram iguais na tarefa simples e na complexa, ocorrendo
apenas um aumento do tempo de reação para ambos os grupos na tarefa complexa. Então eles
concluíram que sob condições equiparadas da estrutura física do estimulo alvo, em tarefas
complexas, o sistema top-down atencional pode ser menos eficiente tanto para jovens quanto
para idosos
40
.
Dessa forma, podemos considerar que não existe alteração do sistema top-down
atencional associada à idade. Madden et al., ainda referem que uma mudança associada à
idade na base das atividades neurais pode ter uma função compensatória, talvez representando
um aumento no sistema top-down atencional, com o objetivo de compensar a deficiência no
processamento da informação. Essas conclusões foram feitas através de estudos que
mostraram o desempenho de idosos no processamento visual de características de palavras.
Os idosos que mostraram maior eficiência no processamento, também mostraram através da
neuroimagem, um nível mais alto de atividade no córtex primário visual
40
.
Segundo Woodruff-Pak (1997), experimentos envolvendo processamento da
informação visual sugerem um declínio associado à idade com relação à inibição. Este
aspecto seletivo da atenção é observado na diminuição da habilidade para inibir os efeitos
distratores da informação irrelevante
16
.
Reconhecido nas tarefas que envolvem atenção dividida entre múltiplos estímulos ou
diferentes tipos de decisões em tarefas sucessivas, o déficit inibitório no EC é mais evidente.
Para esclarecer melhor essa área, pesquisas sobre o controle executivo e inibitório estão em
evidência. Porém, tem sido difícil estabelecer as fronteiras para distinguir o que é controle
executivo do processo perceptual e habilidades de memória. Também não é fácil avaliar o que
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
está realmente defasado no controle executivo, dada a variedade de interações entre diversos
processos.
Pesquisadores já conseguiram elucidar que a atenção não pode ser alocada para uma
segunda resposta até a primeira resposta ser completada. Eles observaram que esse período
refratário é maior para o idoso, sugerindo que a seleção da resposta no gargalo atencional é
vulnerável ao declínio com a idade. Porém, outras pesquisas mostram que na mesma situação,
se as respostas forem multimodais, os déficits associados à idade não existirão, sugerindo
ainda que, neste gargalo atencional só é possível gerar um programa motor específico de cada
vez e que a alternância da modalidade não defasará o funcionamento do idoso
37
.
Diante desses resultados, observa-se que as alterações estruturais e neuroquímicas
associadas à idade, respeitando as significantes diferenças individuais, provavelmente
provocam um déficit nos processos perceptivos, atentivos e de processamento da informação,
que conseqüentemente, como o cérebro funciona em redes de trocas entre as estruturas dos
diversos lobos, poderá acarretar dificuldades em outros domínios, e, caso não sejam eficientes
os processos de plasticidade nas áreas afetadas, possivelmente surgirá alguma incapacidade
comprometendo a funcionalidade.
Mudanças nas funções sensório-motoras são relatadas no EC. Lentificação em todos
os aspectos do comportamento do idoso é percebida. As modalidades sensoriais declinam em
sensibilidade e acurácia, o tempo de resposta é tardio e os movimentos motores finos parecem
pesados e desajeitados. A resistência motora começa a declinar aos quarenta anos e acelera a
perda a partir daí
29
.
A habilidade para gerar imagens mentais é um processamento mental que permite a
execução de movimentos simples ou complexos de partes isoladas ou de todo o corpo em
interação com o meio ambiente. Skoura et al (2005), examinando as características das ações
visíveis e encobertas do EC observaram que a habilidade para gerar imagens motoras não
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
seria diferente em jovens e idosos. Porém sob características temporais de movimentos
visíveis e encobertos envolvendo forte limitação temporo-espacial, os idosos apresentaram
nas ações visíveis um desempenho igual ao do jovem, respeitando as normas, apesar de
diminuída a velocidade do movimento. Na execução encoberta, a velocidade dos movimentos
diminui com a idade e também o idoso não obedece às normas. Isso sugere que a geração e o
controle das intenções motoras que não participam conscientemente da execução,
principalmente em tarefas complexas são progressivamente alterados no EC. Concluíram que
alguns aspectos da representação da ação, tais como intenção para mover e predições motoras
tornam-se progressivamente mais frágeis com a idade
41
.
Os estudos de neuroimagem sugerem que a mesma rede no sistema sensoriomotor é
ativada quando o sujeito imagina ou executa uma ação. As estruturas neurais que participam
dessas ações são os córtices pré-frontal e parietal, a área motora suplementar, o córtice pré-
motor e motor primário, os gânglios basais, o cerebelo, e para algumas tarefas específicas o
cordão espinal é engajado
41
.
Imaginação motora é um processo cognitivo onde o cérebro recupera informações da
memória de longo-prazo, monitora intenções e planejamento de ações, mas conscientemente
guarda-as de uma execução visível. Isto exige uma alta organização temporal de seqüências
de ações simuladas. Este processo cognitivo altera com a idade, porque a atenção, memória de
trabalho, funções espaciais do lobo parietal declinam com a idade. Os córtices pré-frontal e
frontal são ativados nessas tarefas e o idoso sub-recruta essa região ou não recruta, o que pode
explicar a alteração em simulação de movimentos internos
41
.
Focando outra função cognitiva com alguns domínios vulneráveis aos efeitos da
idade, está a linguagem. A maioria das habilidades verbais usualmente está preservada no EC.
Porém, a capacidade de acessar palavras para nomes e objetos é uma habilidade claramente
percebida com déficit no envelhecimento
16
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
La Rue, em 1992, reporta quatro tipos de erros qualitativos na nomeação:
circunlocuções, nominalizações, erros perceptuais e erros associados à semântica. Esses erros
podem indicar que o idoso tem uma quantidade grande de informações sobre o objeto, mas
que não recorda o nome preciso do mesmo
1
.
Tsang e Lee, em 2001, pesquisando os efeitos do envelhecimento na nomeação,
controlando a variável escolaridade e sexo, concluíram que este tem um impacto negativo
nesta habilidade. A hipótese para este declínio seria multifatorial: ineficiência do controle
inibitório para estímulos irrelevantes, processos perceptuais e motores alterados. Nesse estudo
não houve diferença quanto ao nível de educação e sexo
42
.
Fluência semântica no EC também tem sido alvo de pesquisas. Howeison et al., em
2004, refere que os estudos sobre nomeação e fluência verbal no idoso são muito conflitantes.
Alguns encontraram nenhum declínio, outros, pouco declínio e outros, declínio significante
29
.
Mejia et al., em 2001, nos seus resultados na pesquisa sobre memória e funções
executivas no idoso, concluíram que fluência semântica não sofre influência da educação, mas
da idade. Fluência semântica seria interpretada como uma espécie de tarefa para acessar a
capacidade lexical. Essa dificuldade associada à idade pode ser devido à diminuição na
atividade do repertório lexical e também a lentificação da velocidade do processamento da
informação
43
.
Outra habilidade de linguagem que mostra déficit associado à idade é compreensão
de sentenças complexas. Há uma estabilidade na compreensão até os 60 anos, mas por volta
dos 70 anos em diante, esta função começa a mostrar declínio. Um fenômeno que
possivelmente pode contribuir para esse declínio é a lentificação dos processos da informação.
Também o processamento auditivo alterado pode contribuir. Não foram observadas alterações
nas estruturas do hemisfério esquerdo especializadas no processamento da linguagem
16
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Pesquisando dificuldades de compreensão na linguagem em idosos Schnider et al.,
em 2005, observaram que além da lenficação do funcionamento cerebral como causa atribuída
a esse declínio, a incapacidade do sistema auditivo para manejar a velocidade do estímulo, em
função de alguma degradação, também afetaria a compreensão. Quando os autores, durante o
experimento, manejaram a velocidade do estímulo de forma que produzisse o mínimo de
degradação, tanto o grupo jovem quanto o de idosos tiveram desempenhos equivalentes.
Porém, sem o controle dessa variável, os idosos mostraram muito mais declínio que os jovens.
Diante dessas evidências, eles concluíram que tanto o declínio auditivo quanto a lentificação
do processamento da informação podem ser responsáveis pelo pobre desempenho de idosos
na compreensão da linguagem em condições de alta velocidade da informação
44
.
Apesar de algumas habilidades de linguagem no idoso serem percebidas como
alteradas, os déficits provavelmente ocorrem em função de mudanças no processamento
sensorial e na lentificação do processamento da informação. Não é observado um
comprometimento significante na funcionalidade devido a essas alterações, apenas
desconforto em situações de conversação
29
.
Em tarefas visuoespaciais e visuoconstrutivas no idoso é observado um desempenho
inferior ao adulto jovem, mas normalmente esses declínios não interferem na
funcionalidade
29
.
Na pesquisa realizada por Mapstone et al., em 2003, sobre a variância da função
visuoespacial em sujeitos normais, com Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) e com DA
concluiu-se que a alteração da função estava associada a um prejuízo seletivo no
processamento visual radial e não ao déficit de memória, e em alguns sujeitos idosos normais
foi observada uma relação entre o prejuízo do fluxo na percepção visual com a desorientação
espacial
45
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Jenkins et al., em 2000, na realização de três experimentos buscando evidências para
demonstrar se haveria efeito da idade sobre as funções cognitivas verbal e visuoespacial,
concluíram que ocorre um maior déficit na função visuoespacial do que na verbal, mas não
conseguiram encontrar uma adequada explicação para esses achados através de mediadores
psicológicos nem de evidências neurobiológicas
46
.
4.2.4 Funcionamento da memória no EC
Na população idosa são muito comuns as queixas de memória. Entretanto a perda de
memória associada à idade depende do tipo de tarefa. Alguns subsistemas de memória
apresentam uma queda significante no desempenho com o aumento da idade, mas em outros o
desempenho continua estável. Respostas refletindo uma diminuição no monitoramento,
redução da flexibilidade e pouco uso de estratégias podem contribuir para um declínio no
desempenho em testes de memória no idoso
29
.
O envelhecimento está mais associado a uma lentificação na codificação da
informação e no tempo de reação. A velocidade com que a informação é apresentada ao idoso
para ser retida pode afetar o desempenho da memória. Quando a informação é apresentada em
alta velocidade há prejuízo na codificação, mas, se a apresentação é lenta, o prejuízo
desaparece. Pessoas idosas requerem um número maior de apresentação do estímulo para
codificar a informação
43
.
A memória sensorial e a memória de curto prazo como medida de span simples,
declinam levemente com a idade
1
.
Quando a memória de curto-prazo exige manipulação, armazenamento e
transformação do material, numa atividade ativa que é chamada de memória de trabalho ou
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
operacional (MO) (conceito introduzido por Baddeley & Hitch
47
e Craik
48
observam-se
diferenças substanciais no envelhecimento
29
.
Os estudos debatem sobre as razões desse declínio na MO, algumas pesquisas
sugerem uma diminuição da energia mental ou nos recursos atencionais, outras argumentam
um declínio na velocidade de processamento, ou no controle inibitório de informações
irrelevantes. Porém, essas dificuldades na MO no EC poderiam aumentar quando a atividade é
mais complexa exigindo simultaneidade de tarefas
48
.
Na literatura encontram-se três aspectos a serem considerados nas alterações da MO
no EC. O primeiro se refere à diferenciação do declínio na sustentação versus processos
executivos. Ambos, armazenamento e processos executivos declinam com a idade, e para
realizar operações de armazenamento o cérebro envelhecido recruta áreas adicionais,
incluindo áreas do processamento executivo. Esse é um padrão de função compensatória para
minimizar a expressão do declínio nas alterações de armazenamento no EC. O segundo
aspecto a considerar é a interferência na MO do declínio dos mecanismos atencional e
inibitório, que resulta na ineficiência dos processos executivos e armazenamento. O terceiro
aspecto é o declínio na MO verbal e não verbal, onde os achados de neuroimagem apontam
para um maior declínio na memória não verbal. Esses achados mostram também uma
implicação maior do hipocampo no declínio da MO não verbal. No EC foi encontrada uma
maior sub-ativação do hipocampo nas demandas de tarefas visuais
49
.
Mejia et al., em 2001, pesquisando as diferenças individuais nas habilidades de
memória e funções executivas, observaram diferenças significativas nos testes de memória
nas tarefas de recuperação, concluíram que as variáveis individuais são associadas com as
mudanças observadas durante o EC. Como em tarefas de reconhecimento não encontraram
diferenças, sugeriram que o prejuízo da memória não seria no armazenamento, mas na
recuperação da informação
43
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
O estudo de Ostrosky-Solis et al., em 2001, sobre habilidades de memória em idosos
normais, analisando as mudanças nos desvios padrões e correlações entre os testes de
memória funcional e psicométricos, concluíram que nos quatro fatores dos testes de memória
da bateria neuropsicológica utilizada (memória não verbal, memória verbal imediata,
memória com retardo e memória lógica imediata) o envelhecimento provocou o aumento dos
escores de dispersão (desvio padrão). As diferenças foram significativas, pois enquanto alguns
sujeitos mantinham as funções cognitivas com desempenho estáveis, outros apresentaram um
declínio prematuro e rápido
50
.
Os desvios nos escores foram observados na maioria dos testes de sujeitos idosos,
excetuando dígitos. Correlação mais alta foi observada entre os testes de memória funcional e
verbal do que nos de memória não verbal. Os escores dos testes funcionais foram estáveis nos
idosos, significando que o declínio na memória funcional é discreto, e geralmente mais lento
do que o medido através dos testes psicométricos. Apenas algum declínio significativo foi
observado nos idosos com mais de 80 anos nos escores de memória.
Nos quatro fatores analisados nos testes de memória da bateria, foram encontradas
diferenças significantes, o que era esperado. Sendo inesperada, a diferença encontrada,
somada em mais de 40% do total da variância, no aspecto de memória não verbal. Nos outros
três fatores o percentual de variância foi bem menos acentuado.
Diante disso, eles concluíram, e são apoiados por outras pesquisas, que a memória
não verbal é considerada como o déficit central no EC. Estes resultados são conflitantes já que
outras pesquisas encontraram que a memória verbal é mais vulnerável aos efeitos da idade
que a não verbal
43
.
Small et al., em 1999, em estudo longitudinal para estabelecer se ocorreria declínio
de memória associado à idade, concluíram que ocorre o declínio, e que este não acontece
difusamente através dos múltiplos domínios cognitivos. Eles observaram que o declínio se
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
manifestou nas medidas de aquisição e breve recuperação de novas informações, e não na
medida de retenção
51
.
Quanto à memória implícita há um consenso nos estudos de que ela permanece
estável no EC. A memória de procedimento e a aprendizagem de habilidades continuam
relativamente intactas
29
.
Estudos também apontam declínio na memória prospectiva no EC. Eles mostram
evidências de que esse declínio é resultado da integridade funcional dos mecanismos neurais
que são mediados pelo lobo frontal e são responsáveis pela formação e manutenção das
intenções por um espaço de tempo e pela detecção de dicas da memória prospectiva
52
.
4.2.5 O papel do lobo frontal no EC
É notório o papel que exerce o lobo frontal (LF) nos processos de memória, tanto no
conteúdo quanto no contexto. Estudos têm indicado que os correlatos do LF com esses
aspectos da memória são afetados pelo EC
53
.
Quanto ao conteúdo da memória, o LF participa da codificação e recuperação da
informação. Reuter-Lorenz, em 1999, através de exames de imagem funcional mediu a
ativação no LF em jovens e idosos, em tarefas de estudo de faces, e observou que o padrão de
ativação no idoso foi inferior no córtex pré-frontal esquerdo e também na região hipocampal
direita. Esse padrão pobre de reconhecimento de faces foi compreendido como uma falha do
LF, onde a ativação foi menor no LF esquerdo. Podendo refletir um pobre desempenho das
estratégias de codificação e conseqüentemente uma incipiente recuperação. Então, as
mudanças com a idade, na atividade pré-frontal, parecem alterar as interações nas redes das
regiões cerebrais envolvidas nos aspectos de codificação e recuperação da memória, incluindo
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
o hipocampo e estruturas relacionadas, e dependendo da modalidade e material específico,
podem envolver áreas localizadas em regiões mais posteriores do cérebro
53
.
Quanto ao contexto da memória, pessoas idosas também apresentam dificuldades
para lembrar a origem ou recência da informação que reconhecem com sucesso. Estudos
apontam para um prejuízo relacionado à idade no desempenho do LF na ordem temporal da
memória
53
.
Além do papel que desempenha no conteúdo e contexto da memória e na MO, o LF
também está implicado em outras habilidades cognitivas como nas “funções executivas”
termo utilizado para abranger alguns componentes cognitivos controlados pelo LF. Estes
incluem planejamento, organização, inibição e automonitoramento. Intimamente, essas
funções estão ligadas com a MO e a atenção, que são processos metacognitivos controlados
no LF, e pesquisas indicam que mudanças na função frontal decorrente da idade alteram o
desempenho dessas funçõe
16
.
Outros componentes sob o controle do LF são raciocínio abstrato e formação de
conceitos. Estes também sofrem declínio com a idade. A resolução de problemas sobre
material familiar não sofre alteração, porém diante de problemas com estruturas complexas
que exigem distinguir elementos relevantes dos irrelevantes, pessoas idosas apresentam maior
dificuldade com o aumento da idade
54
.
Alguns autores observaram em testes neuropsicológicos que abstração e formação de
conceitos também declinam com a idade, apresentando o idoso a tendência de pensar em
termos mais concretos. Porém outros pesquisadores encontraram essas dificuldades apenas
com idosos acima de 80 anos
29
.
Diante do que foi anteriormente abordado, foi entendido que no EC as mudanças nas
propriedades dinâmicas das funções corticais sofrem influências diretas da degeneração
neuroanatômica e do declínio nos processos neuroquímicos que afetam padrões de
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
representação e transferência de informações com e entre as regiões corticais. Esse declínio
pode ser compreendido como tendo um fator preponderante que é a alteração na modulação
dopaminergica nas regiões pré-frontais e regiões correlatas que produzirão as diferenças no
desempenho de algumas funções cognitivas da pessoa idosa
55
.
Com os avanços das pesquisas para conhecer como se dá o EC, houve também uma
preocupação dos pesquisadores em definir o declínio cognitivo na tentativa, inicialmente, de
estabelecer o que seria funcionamento normal da cognição. Porém, com o progresso dos
conhecimentos sobre funcionamento do cérebro, novas classificações foram surgindo
objetivando identificar padrões cognitivos que diagnosticassem precocemente a fase inicial de
doenças degenerativas.
4.3 Envelhecimento cognitivo patológico
Nas décadas recentes a população dos países desenvolvidos industrialmente tem
experimentado um significativo prolongamento da expectativa de vida. Porém, um
preocupante aspecto desses avanços é o grande aumento na prevalência de doenças cerebrais
degenerativas associadas à idade.
A etiologia de muitas dessas doenças são ainda pouco conhecidas. Muitos esforços
ainda estão sendo realizados a fim de detalhar as alterações cerebrais associadas ao
envelhecimento cognitivo normal e suas fronteiras com o envelhecimento cognitivo
patológico (ECP).
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
4.3.1 Comprometimento cognitivo leve
O declínio da capacidade cognitiva nas últimas décadas foi conceituado inicialmente
caracterizando os déficits do envelhecimento normal
56-59
.
Através dos anos, foram conduzidos diversos estudos na tentativa de entender o que
realmente significa ECP. Desde a proposta do termo de Benign Senescent Forgetfullness ou
“Esquecimento Benigno da senescência” por Kral, em 1962, em atribuição a idosos com
queixas de memória que poderiam desenvolver futuros quadros demenciais
57
, até o termo
Mild Cognitive Impairment, traduzido ao português como “Comprometimento Cognitivo
Leve” (CCL)
60
, proposto por Petersen et al., 2001, para identificar pessoas em fase de
transição entre o EC normal e patológico, passaram-se várias décadas de pesquisas
5
.
Na Conferência de Chicago, “Currents Concepts in Mild cognitive Impairment”,
1999, um grupo de pesquisadores de todo o mundo, concordou que o CCL seria um
importante tópico a ser estudado, mas discordaram quanto à uniformidade da sua definição
58
.
Portanto, tem sido o tópico de EC mais estudado e pesquisado nos últimos anos
5,6,61-63
.
Segundo Petersen (2003), existe uma heterogeneidade no CCL. Ele pode ser definido
em três categorias diagnósticas: 1) CCL amnésico, com o maior risco de desenvolver
demência de Alzheimer; 2) CCL com comprometimento leve de múltiplos domínios
cognitivos com risco maior de desenvolver outras síndromes demenciais, ou com a
possibilidade de desenvolver a demência de Alzheimer; 3) CCL com uma única função
cognitiva comprometida que não fosse a memória, com o maior risco de desenvolver
demência fronto-temporal e ou afasia progressiva
64
.
Na reunião de Estocolmo, foram discutidos o status atual e futuro do CCL, com o
objetivo de integrar as perspectivas clínicas e epidemiológicas. Elaboraram um consenso dos
seguintes critérios gerais de diagnósticos para o CCL: 1) O individuo não seria normal nem
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
demente; 2) evidências de declínio cognitivo mensurável objetivamente ou baseado em
percepção subjetiva combinada a comprometimento cognitivo objetivo; preservação das
atividades da vida diária, atividades instrumentais complexas intactas ou minimamente
comprometidas
65
.
Pessoas que apresentam CCL têm maior risco de desenvolver uma doença
degenerativa dos que têm um desempenho cognitivo dentro dos parâmetros normais.
Entretanto a evolução do CCL é heterogênea, existindo pessoas que apresentam melhora ou
estabilidade dos déficits cognitivos com o passar do tempo, enquanto outras têm um aumento
do risco de mortalidade
65
.
Apesar do esforço em compreender melhor a neurofisiologia do CCL e de
estabelecer critérios cada vez mais estreitos para o diagnóstico precoce de doenças
degenerativas, existem ainda muitas limitações. A grande liberdade de escolha dos métodos
avaliativos e avaliações fora do contexto multidisciplinar são algumas delas. Em conexão com
estes fatos, os estudos sobre a prevalência do CCL e sua conversão para demência são pouco
comparáveis e apresentam uma variação muito alta nos resultados
26
.
Há pouco tempo atrás, o EC era visto como uma deterioração global da cognição, e a
demência como uma aceleração desse processo. Agora, é conhecido que o declínio cognitivo
ocorre de várias formas, expressando diferenças na natureza e na ordem do desenvolvimento
dos sintomas comportamentais e que muitas pessoas que preenchem os critérios podem estar
na fase inicial da DA, e outras podem não apresentar doenças degenerativa
26,66
.
O CCL do tipo amnésico é compreendido como uma fase de transição entre o EC e a
fase muito inicial da DA. No seu estudo longitudinal, a taxa de conversão para DA foi de,
aproximadamente, 10 a 15% ao ano
5
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Diante dos dados sobre CCL, uma questão importante é saber se uma pessoa que
apresenta os critérios estabelecidos tem realmente um acometimento benigno ou se evoluirá
para perdas cognitivas mais significativas.
4.3.2 Pseudodemência depressiva
Perdas cognitivas mais graves no idoso significam ECP. E, dentre as patologias mais
freqüentes que o idoso apresenta está a pseudodemência depressiva (PSD-d). É uma síndrome
demencial que cursa com declínio cognitivo de intensidade tão marcada quanto ao de uma
demência, mas diferente por ter a possibilidade de reversão. Diante desses sintomas a
avaliação neuropsicológica torna-se obrigatória para afastar a possibilidade de comorbidade
demencial
67
. Apesar da característica de reversibilidade, estudos recentes demonstram que
mesmo com a melhora dos sintomas afetivos, seu desempenho cognitivo, apesar de melhorar,
poderá não voltar à condição anterior
68
.
Muitos autores, diante da freqüente evolução da PSD-d para uma demência efetiva,
questionam se a depressão geriátrica, principalmente a depressão de inicio tardio (DIT), não
seria uma fase prévia ou fator de risco para a demência. Na literatura, resultados de pesquisas
sugerem que a DIT poderia ser pródromo da DA
68
.
Os domínios cognitivos mais visíveis na PSD-d descritos de forma consensual pelos
estudiosos são: declínio nas funções executivas, memória de trabalho, velocidade do
processamento, atenção sustentada, função visuoespacial e função visuoconstrutiva
68,69
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
4.3.3 Demências no idoso
Muitos processos de doença no idoso envolvem uma progressiva degeneração de
áreas cerebrais e do comportamento. A morte neuronal é o fator central do processo
degenerativo. A natureza da seleção onde ocorre a morte das células nervosas é que determina
as características dos sintomas. Quanto tempo para que os sintomas apareçam, quais sintomas
aparecem primeiro e qual a velocidade da progressão, vai depender das diferenças individuais
e das condições que cercam o indivíduo. Na prática clínica, a grande dificuldade de
diagnosticar indivíduos com demência é a ocorrência cocomitante de sintomas depressivos e
alterações cognitivas
70
. Como ocorre uma deterioração progressiva das funções cognitivas, o
sujeito perde o senso, a capacidade de julgamento e a condição de cuidar de si. Torna-se
completamente dependente
69
.
As doenças degenerativas mais freqüentes no idoso foram classificadas em
demências corticais e subcorticais para facilitar diagnostico diferencial. Como a mais
prevalente demência cortical encontra-se a DA, depois a frontotemporal (DFT), demência
com corpos de Lewy (DCL), afasia primária progressiva (APP) e demência semântica (DS).
As subcorticais são: doença de Parkinson (DP), doença de Huntington (DH) e paralisia
supranuclear progressiva (PSP)
71
.
Por ser o córtex cerebral constituído por áreas especializadas e com conexões entre
si, acometimento nessas áreas geram déficits nas funções de memória, linguagem,
visuoespaciais e raciocínio aritmético e matemático como é observado nas demências
corticais. Nas demências onde há um predomínio das alterações subcorticais ocorre um
comprometimento da modulação do comportamento e da atenção, e muitas vezes do
funcionamento motor global
72
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Existem critérios estabelecidos para o diagnóstico das demências elaborados por
diversas organizações, tais como, a American Psychiatric Association Diagnostic and
Statistical Manual of mental Disorders IV (DSM-IV)
72
, a Organização Mundial de Saúde
(CID-10), e o grupo de trabalho do Instituto Nacional de Neurologia (especificamente para
DA), em conjunto com a Associação da Doença de Alzheimer e Desordens Relacionadas dos
Estados Unidos
71,72
.
4.3.4 Demência de Alzheimer
Na DA quando o cérebro é examinado na autópsia, mostra um acúmulo de placas
amilóides e emaranhados neurofibrilares. Várias regiões cerebrais são afetadas de forma
diferente. No início da doença ocorre morte neuronal na região do hipocampo e regiões
adjacentes do lobo temporal. Com a progressão as áreas frontais e parietais são invadidas. As
áreas motoras primárias e as regiões corticais sensoriais são geralmente poupadas
73
.
Apesar de afetar áreas comportamentais, a DA provoca muitas mudanças na
cognição, principalmente na memória e aprendizagem, evidente para material verbal. A
orientação temporal e atenção focal e alternada geralmente são comprometidas na fase inicial.
A linguagem se prejudica nos aspectos quantitativos, qualitativos, de significados e de
compreensão. O problema mais central é a quebra do conteúdo semântico interferindo na
compreensão do sujeito, e ele não consegue associar a palavra com o seu significado. As
funções visuoespaciais, construcionais e práxicas geralmente tendem a deteriorar
principalmente em tarefas complexas. Raciocínio abstrato também fica alterado. Os aspectos
das funções executivas mais comprometidos no início da doença são funcionamento crítico
para a competência social. Altera também a consciência de si. Desenvolvem-se perseverações,
intrusões e confabulações na linguagem. Como a MO vai ficando comprometida, aos poucos
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
o idoso vai apresentando dificuldades em tarefas complexas que envolvem planejamento,
flexibilidade e organização
69
.
4.3.5 Outros tipos de demências no idoso
A DFT acomete os lobos frontais e temporais, poupando as regiões posteriores do
cérebro. As alterações cognitivas são acompanhadas de alterações de personalidade e
mudanças de comportamento. No aspecto cognitivo ocorre um grande prejuízo das funções
executivas, apresentando déficits em abstração, raciocínio. É característico apresentarem
ecolalia, perseverações e estereotipias
69,73,74
.
A DCL é um quadro neuropsiquiátrico complexo, decorrente da presença
característica de inclusões intracitoplasmáticas em neurônios corticais e subcorticais. No
córtex cerebral os corpos de Lewy se distribuem de modo desigual, um maior número é
encontrado no sistema límbico. Encontram-se perdas neuronais no núcleo basal de Meynert,
amigdala, lócus ceruleus, núcleo dorsal da rafe, entre outros. As alterações características são
distúrbios comportamentais como alucinações visuais, delírios, agitação, transtorno de humor.
Alterações cognitivas com comprometimento maior na memória, funções visuoespaciais,
funções executivas, atenção, velocidade psicomotora função visuoconstrutiva. E as alterações
neurológicas que são os sinais parkinsonianos
75,76
.
A APP é uma desordem que acomete o lobo frontal e o parietal esquerdo. Estão
descritos na literatura os tipos fluentes e não fluente. Freqüentemente começa com anomia e
prossegue com prejuízo na estrutura gramatical e compreensão da linguagem
69
.
A DS é uma rara condição que acomete a porção lateral do lobo temporal,
principalmente no giro temporal médio inferior, afetando a amígdala. É encontrada também
uma atrofia do hipocampo. A alteração da cognição se dá na dificuldade de compreender o
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
significado das palavras, objetos e conceitos. Diferente das outras demências a memória
recente é mais preservada que a de longo-prazo
69
.
A DP é uma desordem nos gânglios da base e suas conexões com a substância nigra
e núcleo caudado. Os sintomas motores são os principais, e o sujeito refere falta de sensação,
frieza, quentura ou dor. Apresenta lentificação para iniciar e executar as atividades. As
funções cognitivas alteradas são as executivas como a formação de conceitos e as regras na
execução motora, e a atenção muito acometida com evidencias de dificuldade no
desengajamento atencional. A função visuoespacial também progride no prejuízo,
evidenciando grande dificuldade nas tarefas que dependem da análise visuoespacial
69,77
.
A DH é uma afecção heredodegenerativa do sistema nervoso central. Existe uma
marcante degeneração dos gânglios da base, afetando mais o núcleo caudado e o putâmen.
Também, são percebidas alterações no córtex, tálamo e núcleo talâmico. É caracterizada por
alterações motoras, cognitivas, neurológicas e psiquiátricas progressivas. Os sinais motores
são a presença de movimentos coréicos, disartria, disfagia, marcha característica, desordens
na movimentação ocular e na motricidade voluntária. Os sintomas neurológicos são
incontinência esfincteriana, disfunção autonômica e crises convulsivas. As alterações
psiquiátricas são de personalidade, transtorno de humor e psicose esquizofreniforme. As
alterações cognitivas são na memória recente e remota. Dificuldade em acessar a informação
e às vezes o reconhecimento está prejudicado. A memória de procedimento para tarefas
motoras é comprometida. Estudos recentes mostraram prejuízo no aprendizado, flexibilidade
e atenção. A fluência verbal e as funções visuoespaciais são alteradas
69,78
.
A PSP é classicamente associada com uma inabilidade de olhar para baixo sob
comando. Ocorre uma lesão crítica num nível acima do núcleo supranuclear. A paralisia
supranuclear é doença progressiva que desgasta as estruturas subcorticais e altera as corticais
como as regiões primárias pré-frontais, funcionando como uma decomposição das
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
interconexões subcortical-cortical. Os sintomas sensório-motores são dificuldades visuais
decorrentes dos prejuízos óculos-motor. Ocorre um comprometimento motor com lentificação
para realizar seqüências de movimentos com as mãos. As praxias ideomotoras podem estar
presentes. Os déficits cognitivos são compatíveis com os de lesões pré-frontais e lentificação
do processamento mental. Podem estar presentes alguns sintomas comportamentais como
apatia e inércia
69
.
Outras desordens no cérebro que também podem provocar demência são as
alterações vasculares. A demência vascular (DV) é um declínio na função cognitiva em
decorrência de episódios de causas vasculares. A demência por multi-infartos gera um grande
prejuízo cognitivo como resultado de repetidos infartos em diferentes regiões. Os
comprometimentos comportamentais e cognitivos vão depender das áreas afetadas, pois os
quadros são muito variados
69,79
.
Diante de tantas expressões de sintomas das diferentes doenças, que muitas vezes
caminham associadas, e devido às diferenças individuais, as dificuldades para esclarecer um
diagnóstico são muito grandes.
Visando auxiliar a compreensão do funcionamento cognitivo normal e patológico,
muitos instrumentos avaliativos foram desenvolvidos, alguns breves e outros mais extensos. A
avaliação neuropsicológica (AN) tem sido um recurso de credibilidade muito utilizado em
pesquisas transversais e longitudinais
63,65
.
4.4 Avaliação neuropsicológica no EC
A AN é um instrumento auxiliar de complemento diagnóstico que pode ser
considerado como um exame funcional do cérebro realizado num ambiente clínico
72
.
Utilizada para documentar tanto as alterações cognitivas quanto as funções cognitivas
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
preservadas, relatando a forma que o comportamento é expresso
1
. Estabelece-se assim um
perfil do funcionamento cognitivo do sujeito que vai facilitar o diagnóstico de doenças em sua
fase incipiente, e auxiliar no diagnóstico diferencial de patologias neurológicas.
Existem três principais objetivos da AN: 1) documentar o que está preservado ou
comprometido na cognição e relatar os comportamentos; 2) interpretar os resultados para o
diagnóstico; 3) acompanhar a evolução do quadro cognitivo, fazer orientações para tratamento
e manejo dos problemas de comportamento
1,29
.
A AN tem sido muito utilizada em pesquisas para estudar a organização da atividade
cerebral e sua transformação em comportamento. Na prática forense também é utilizada no
esclarecimento de danos cerebrais que podem estar determinando comportamentos
patológicos
29
.
Pesquisas apontam alguns fatores que podem influenciar os resultados da AN no EC
e que devem ser levados em consideração, como por exemplo, as alterações sensoriais
manifestas geralmente no envelhecimento déficits que podem prejudicar o desempenho nos
testes como a diminuição na acuidade sensorial, a destreza motora, a menor flexibilidade e
adaptabilidade, distratibilidade e fadiga. Importante também é saber se o idoso está fazendo
uso de alguma medicação de efeito central que possa comprometer a cognição. O avaliador
precisa estar atento a essas interferências para que as interpretações dos resultados reflitam os
déficits com a menor contaminação possível
1,29
.
Outro fator seria a presença de consistente reserva cognitiva que pode trazer
vantagens no desempenho dos testes neuropsicológicos, mas também, em alguns casos, pode
mascarar o aparecimento dos déficits que sinalizam uma patologia
29,80
. Estudos também
relatam a correlação entre o nível de educação com um maior controle do processamento
cognitivo e com a habilidade de conceitualização, que são capacidades indispensáveis para
uma consistente reserva cognitiva
29
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Os efeitos da educação no funcionamento neuropsicológicos são intensos. Eles são
refletidos principalmente nos testes verbais, dígitos, memória espacial, tarefas de
cancelamento e mesmo em cópia de figuras simples
30,81
.
A diferença no desempenho entre os anos de educação formal é constatada em
apenas um ou dois anos. Porém, ela é mais robusta quando comparamos sujeitos analfabetos
com os de três anos de escolaridade. As diferenças entre três a seis anos de educação podem
ser baixas, entre seis a nove são frementemente baixas e nenhuma diferença é esperada entre
doze e quinze anos
82
.
Normalmente o critério utilizado nas pesquisas quanto à educação, é o número de
anos que o sujeito estudou. Pesquisas recentes têm investigado essa variável com relação à
qualidade do resultado dessa experiência educacional em relação ao desempenho cognitivo
82
.
Manly et al. (2005), pesquisando declínio cognitivo em idosos com bagagem de
leitura e escrita, com diversas etinicidades, concluíram que a qualidade da bagagem
educacional, não apenas influencia fortemente as medidas neuropsicológicas, mas também
mostram uma grande consistência em classificar os declínios na memória, funções executivas
e linguagem, do que os anos de educação. Então, a bagagem educacional reflete uma melhor
medida de avaliação da experiência educacional que os anos de educação
83
.
Esses pesquisadores, diante das diferenças na bagagem educacional encontrada entre
grupos étnicos, devido à interferência do fator cultural, alertaram para o cuidado com a
utilização de resultados obtidos em pesquisas utilizando como referências outras populações,
já que pode ocorrer uma inadequação na interpretação dos resultados devido às diferenças
entre culturas. Pois, em uma coorte diversificada etnicamente, o nível de bagagem cultural
deveria ser considerado como um revelador das interações entre os fatores biológicos e o
ambientais no declínio cognitivo
83
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Ardila et al., estudando os complexos efeitos da educação no declínio cognitivo do
idoso, encontraram que os analfabetos têm uma baixa pontuação em relação aos demais
grupos de escolaridade e quando comparados entre si, por idade, os analfabetos jovens
obtiveram escores mais baixos que os de 50 anos em diante
84
.
Quanto às oportunidades que a educação oferece e que em conseqüência provocam
modificações no funcionamento do cérebro, o sujeito analfabeto pode ter sido pouco exposto
a representações bidimensionais e a representações mais abstratas de desenhos, dessa maneira
desenhos simples encontrados até mesmo nos testes de rastreio cognitivo podem ser muito
difíceis de serem executados. Por outro lado, a leitura aumenta o conhecimento da
correspondência grafema-fonema, dessa maneira, o analfabeto sem essa oportunidade,
provavelmente vai adquirir um processamento fonológico pobre e essa condição traz
conseqüências negativas para a organização funcional cerebral, onde atualmente pesquisas
com imagens funcionais referem que diante de tarefas de repetição de pseudopalavras áreas
cerebrais no analfabeto são ativadas diferentemente das áreas dos alfabetizados
29
.
Outra pesquisa com analfabetos mostrou conclusões esclarecedoras, nos resultados
de Ostrosky-Solis et al., em alguns testes, como compreensão de linguagem, fluência verbal e
habilidades conceituais, o desempenho foi significantemente diferente com apenas um ou dois
anos de educação formal. Eles explicaram que os baixos resultados no desempenho dos
analfabetos, poderiam ser parcialmente devido às diferenças nas oportunidades de
aprendizagem das habilidades exigidas em testes neuropsicológicos. Também pesaria o fato
de que para esses sujeitos a situação de teste não teria um significado, parecendo sem sentido
e até mesmo absurda, desconhecendo até como se comportariam diante dela
82
.
Entretanto, apesar das pesquisas indicarem que o analfabetismo está mais associado
com uma condição social baixa, que desordens no sistema nervoso também estão mais
presente em classe social desfavorecida, que estimulação cognitiva de qualidade está mais
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
presente em classe social alta, vale salientar que analfabetismo não é sinônimo de privação de
desenvolvimento cognitivo. A observação do dia a dia sugere que a maioria das pessoas
analfabetas e com baixa escolaridade encontram-se funcionais aos 60, 70 e mesmo aos 80
anos. Pode ocorrer nesta condição outros tipos de aprendizagem, talvez habilidades de
procedimento, só que elas serão mais bem avaliadas por testes mais funcionais que tratem de
memória procedural do que por testes que apenas se baseiam na educação formal
81
.
Argimon & Stein (2005), realizaram um estudo longitudinal sobre habilidades
cognitivas em indivíduos muito idosos utilizando escalas, questionários e testes de funções
individuais. Suas conclusões foram que sujeitos, apesar da idade avançada, apresentaram um
declínio leve nas habilidades cognitivas, não sendo suficiente para acarretar mudanças
significativas no seu padrão cognitivo. Observaram que idosos com mais anos de escolaridade
mostraram resultados melhores nos testes de atenção do que idosos com menos escolaridade.
Em testes de memória para figuras através de recordação livre e pistas apresentaram um
declínio leve
85
.
4.4.1 Testes neuropsicológicos
Desde os anos de 1940 a AN foi utilizada inicialmente focando o diagnóstico de
problemas congênitos que decorreriam de lesões cerebrais. Com a evolução das pesquisas
para uma melhor compreensão do funcionamento do cérebro, a AN foi ampliando o foco da
sua investigação para entender as relações entre cérebro e comportamento e suas expressões
psicossociais
86
. Nesse contexto, os instrumentos avaliativos tradicionais apresentavam
grandes limitações referentes às normas quanto à seleção de sujeitos, de pontuação, de
especificidade, sensibilidade, tempo de aplicação entre outras
1
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Vários instrumentos individuais eram utilizados para medir os prejuízos de algumas
funções, mas com os avanços da ciência houve uma necessidade de reunir testes que
avaliassem todas as funções.
Em 1947, foi desenvolvida, nos Estados Unidos, a Bateria de neuropsicológica
Halstead-Reitan, começando com testes que Halstead usava em suas tentativas de quantificar
a “inteligência biológica” em pacientes com prejuízo do lobo frontal. Em 1974, essa bateria
foi revisada e outros testes foram adicionados. Também foi melhorada a forma de obtenção
dos escores. Porém, é exigido um longo tempo para a aplicação e assim não fica viável para o
uso de rotina com o sujeito idoso. Muitos estudos sobre essa bateria têm sido realizados para
abreviar e torná-la mais sensível para a avaliação no envelhecimento
1
.
Um estudo descrito por Luria junto a paciente com lesões cerebrais, apresentaram
uma abordagem de avaliação neuropsicológica individualizada e qualitativa. Christensen
desenvolveu um conjunto de materiais e questões baseadas nos estudos de Luria, Golden et
al., desenvolveram a Bateria Neuropsicológica Luria-Nebraska na qual muitas tarefas do
trabalho de Luria foram preservadas, mas tornou a abordagem avaliativa mais flexível. Essa
bateria pode ser utilizada em idosos, porém requer amplo conhecimento da teoria que está na
base dos testes
1
.
Outras baterias individualizadas foram desenvolvidas como o WAIS-R
87
, o
Neurobehavioral Cognitive Status Examination
88
.
Devido à necessidade em identificar idosos atingidos por alguma síndrome
demencial, nas últimas décadas foram desenvolvidos diversos instrumentos de avaliação
neuropsicológica, alguns deles já traduzidos e adaptados para nosso meio.
O Consortium to Establish a Registry for Alzheimer´s Disease (CERAD), é uma
bateria neuropsicológica utilizada na avaliação de pacientes com DA. Inclui além do Mini-
Exame do Estado Mental, outros testes altamente sensíveis para o diagnóstico da doença, tais
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
como provas que avaliam a memória declarativa, praxias e funções executivas entre outros;
seu tempo de administração é de 30 minutos
89
. A tradução e adaptação do CERAD para a
população brasileira foram realizadas por alguns autores
15,90
.
A Alzheimer´s Disease Assesment Scale (ADAS) é uma escala que serve para
avaliar o perfil clínico evolutivo do paciente com DA, mais utilizada em estudos de terapia
medicamentosa
91
. Esta escala é composta de duas partes, uma que avalia a função cognitiva
(ADAS-cog) e outra que avalia os distúrbios comportamentais. A sub-escala cognitiva
ADAS-cog foi adaptada para a população brasileira por Schultz et al., em 2001, e requer
aproximadamente 30 a 45 minutos para ser aplicada
15,92
.
A Dementia Rating Scale
93
, é uma escala de avaliação de demência traduzida e
adpatada por Porto
94
, em 2003, para a população brasileira, e que demonstrou ser altamente
sensível e específica na discriminação de pacientes com DA.
Outra bateria, utilizada no diagnóstico diferencial de transtornos mentais no idoso, é
o Cambridge Mental Disorder of the Eldery Examination (CAMDEX)
95
; uma versão em
português por Bottino et al. (2001) vem sendo utilizada em alguns centros de pesquisa e
atendimento clínico (Hospital das Clínicas e Santa Casa de São Paulo)
96
. O tempo
aproximado de aplicação é de 80 minutos
15
.
Porém, algumas dessas baterias são extensas e têm duas limitações importantes: sua
administração e pontuação requerem muitas horas e fica impraticável a utilização no dia a dia;
e sua aplicação e correção requerem treinamento especializado
9
.
4.4.2 Testes de rastreio na avaliação do EC
Para superar as dificuldades anteriormente mencionadas, diversas escalas,
questionários abreviados e testes de rastreio foram desenvolvidos.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Sendo assim, na procura de testes de rápida aplicação que pudessem ser usados na
detecção de idosos com demência em estudos populacionais, Storandt et al., em 1984,
mostraram que a aplicação em 10 minutos de quatro testes: memória lógica e controle mental
da escala de memória de Wechsler, teste de trihas forma A e teste de fluência verbal, são
suficientes para separar corretamente doentes com Alzheimer de sujeitos controles
15,97
.
Estes achados foram confirmados posteriormente por Eslinger et al, em (1985) que
combinando três testes com 10 minutos de duração (retenção visual, associação de palavras e
orientação temporal), conseguiram diferenciar idosos demenciados de sujeitos controles com
uma sensibilidade e especificidade de 87 e 91%, respectivamente
15,98
.
Também, no Brasil, os testes de rápida aplicação mostraram sua elevada capacidade
discriminativa, segundo estudos realizados por Nitrini et al. (1994), seis testes de rápida
aplicação (fluência verbal, percepção visual, memória visual incidental, cálculo, desenho do
relógio e memória tardia após 5 minutos) revelaram grande acurácia para identificar pacientes
demenciados de controles
99
. Atualmente, dois destes testes de rápida aplicação, já foram
amplamente estudados por pesquisadores brasileiros; teste de fluência verbal categoria
animais
100
e o desenho do relógio
15,101
.
Contudo, um teste de rápida administração (variando de 5 a 10 minutos), que sem
dúvida é o mais citado pela literatura e usado em estudos de pesquisa e avaliação clínica de
pacientes idosos demenciados é o Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)
102
, traduzido e
adaptado para nosso meio por Bertolucci et al., em 1994. Até o momento diversos estudos
foram conduzidos inclusive no Brasil com este instrumento
10
.
Brito (1999) propôs uma nova versão modificada do MEEM em função da
escolaridade, esse estudo foi realizado com idosos sadios de classe social média baixa na
cidade de Olinda (estado de Pernambuco). Esse foi um dos poucos estudos de avaliação
cognitiva de idosos conduzidos no nordeste do Brasil
103
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Laks et al. (2003), utilizou o MEEM em 341 idosos de uma comunidade do Rio de
Janeiro, e dividiu a amostra em dois grupos, idosos jovens de 65 a 84 anos e idosos velhos
com mais de 85 anos, separados nos dois níveis de escolaridade em analfabetos e
alfabetizados, observaram que tanto a escolaridade quanto a idade influenciaram os resultados
do MEEM nos grupos estudados
104
.
Com a finalidade de esclarecer as diversas modalidades de aplicação do MEEM no
Brasil, Brucki et al, 2003, conduziram um estudo com a versão do MEEM comumente
utilizada e avaliaram 433 sujeitos saudáveis. Os resultados indicaram que a variável
escolaridade foi o principal fator que influenciou os resultados dos sujeitos
105
. Portanto,
consideraram esta versão útil para sua uniformização de aplicação em nosso meio.
4.4.3 Bateria neuropsicológica abreviada NEUROPSI
Apesar dos instrumentos de avaliação neuropsicológica breve serem muito eficientes
em relação ao tempo, são demasiado simples e trazem como conseqüência um alto número de
falsos negativos, eles são insensíveis a alterações cognitivas leves ou iniciais e o nível
educacional afeta bastante seu desempenho, precisando ser complementado com outros para
estabelecer um diagnóstico mais aguçado especialmente nos quadros de demênci
15
.
Considerando estes aspectos foi desenvolvida por Ostrosky-Solis et al. a Evaluación
Neuropsicológica Breve em Español NEUROPSI ou Bateria Neuropsicológica Abreviada
NEUROPSI, em português
82
.
Este instrumento foi traduzido e adaptado para a população brasileira no
Departamento de Psicobiologia da UNIFESP por Abrisqueta-Gómez (1999), por ser um
instrumento de rápida aplicação (cerca de 25 minutos), objetivo e confiável, desenvolvido no
México, país com algumas características sóciodemográficas próximas à população brasileira,
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
e que permite fazer um diagnóstico inicial ou preditivo das alterações cognitivas em
populações com diferentes graus de escolaridade incluindo analfabetos
15
. Em seu desenho
foram incluídas provas com alta validade neuropsicológica e em alguns casos se adaptaram
algumas provas para poder avaliar populações de idosos e psiquiátricas.
O NEUROPSI foi padronizado com 800 sujeitos com idades entre 16 e 85 anos. Nos
resultados obtidos por Ostrosky-Solis et al., 1999, a educação foi a variável com maior nível
de significância na maioria dos subtestes, tais como: habilidades visuoconstrutivas, fluência
verbal fonológica, funções conceituais, semelhanças, cálculos e funções motoras
9
. As
diferenças com maior nível de significância foram encontradas no grupo de baixa
escolaridade. Porém, os efeitos da educação entre os grupos não ocorreram de forma linear,
pois, entre os grupos de analfabetos e baixa escolaridade as diferenças foram enormes, entre
os grupos de baixa e média escolaridade foram menores e entre média e alta também foram
pequenas. Apresentando efeito teto o grupo com mais de dez anos de educação
9
.
Com relação aos resultados de idosos houve uma tendência à diminuição dos escores
com o aumento da idade. Os subtestes mais sensíveis ao envelhecimento foram:
cancelamento, memória verbal, reações opostas e a recordação das tarefas verbais e
visuoespaciais. Diferenças mínimas foram observadas nos testes de orientação (local e idade),
linguagem (repetição e compreensão de frases) e algumas funções executivas (seqüência)
9
.
Outro estudo conduzido por Ostrosky-Solis et al., 1998, utilizando o NEUROPSI,
avaliando 64 analfabetos comparados com dois grupos controles, o primeiro com o máximo
dois anos de escolaridade e o segundo com três a quatro anos de escolaridade, entre 16 a 85
anos, observaram que houve diferenças significativas na maioria dos subtestes. Os efeitos do
envelhecimento apareceram no teste de cancelamento, memória verbal e habilidade
visuoconstrutiva
82
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
O NEUROPSI está sendo utilizado em diversos protocolos internacionais, inclusive
em populações imigrantes de língua espanhola que vivem na América e/ou Europa,
possibilitando a realização de estudos comparativos transculturais
84,106
.
Resultados preliminares conduzidos por Abrisqueta-Gomez et al., com esta bateria,
foram promissores, sugerindo que o NEUROPSI é o instrumento traduzido para o português
com melhor acurácia no diagnóstico da DA que pode colaborar para o diagnóstico diferencial
em condições que envolvam prejuízo cognitivo, e proporcionar dados importantes na
elaboração de planos de reabilitação neuropsicológica incluindo políticas de prevenção de
saúde mental, podendo facilitar o estabelecimento do perfil cognitivo basal antes, durante e
depois de tratamentos
8,12,15
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
MÉTODO
5.1 Casuística
Participaram deste estudo 101 idosos saudáveis de ambos os sexos, selecionados de
uma amostra de 119 sujeitos, com idade entre 65 a 97 anos, com diferentes níveis de
escolaridade incluindo analfabetos.
O recrutamento da amostra foi realizado através de Centros de idosos da Prefeitura
do Recife (organizados por regiões político-administrativas), bem como pela divulgação
através da mídia (jornal, rádio, cartazes, entre outros) e entre idosos da comunidade.
5.2 Seleção da amostra
Foi realizada de acordo aos critérios adotados por Abrisqueta-Gomez et al., na
condução do Estudo Multicêntrico no Brasil com a Bateria Neuropsicológica Abreviada
NEUROPSI
11-13
. Sendo a única mudança a utilização dos dados do MEEM de Brucki et al.
105
,
e não de Bertolucci et al.
10
conforme no trabalho original.
Dessa forma num primeiro momento os sujeitos interessados em participar da
pesquisa foram pré-selecionados de acordo com os critérios de inclusão e exclusão
previamente estabelecidos, sendo posteriormente submetidos a testagem.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
5.3 Critérios de exclusão
Indivíduos que apresentaram histórico de doenças neurológicas, abuso de drogas
(psicotrópicas e álcool), depressão e outros distúrbios psiquiátricos, distúrbios visuais ou
auditivos não corrigidos, comprometimento motor que poderiam comprometer as funções
cognitivas. Sujeitos com desempenho abaixo do esperado no MEEM
105
.
5.4 Critérios de inclusão
Foram aceitos para o estudo, indivíduos sadios ou aqueles que apresentaram doenças
crônicas, como hipertensão arterial, diabete melitos, tiróide e cardiopatia, se compensadas.
Sendo indispensável que o sujeito tenha independência funcional nas atividades do cotidiano.
Para tal efeito inicialmente foi realizada uma entrevista (semiestruturada), onde
foram administrados instrumentos de rápida aplicação e escalas de humor e funcionalidade a
seguir (ver anexos 1 a 4).
? Escala de Depressão em Geriatria é um instrumento que avalia os estados de
depressão no idoso. Neste estudo foi utilizada a versão original composta de 30
questões
107
;
? Mini-exame do Estado Mental é um teste de rastreio que avalia o
comprometimento cognitivo com aplicabilidade em estudos populacionais
10,107
.
Em sua última revisão Brucki et al., 2003 estabeleceram médias para populações
com diferentes idades e graus de escolaridade
105
, os quais foram usados neste
estudo como critérios de exclusão;
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
? Escala de Atividades Básicas da Vida Diária AVDs
108
. A independência
funcional do participante foi estabelecida através desta escala composta de 17
categorias, que abrangem tarefas do cotidiano do sujeito. A pontuação máxima da
escala é 48 pontos, escores baixos nesta escala significam menor grau de
dependência. Neste estudo foi adotada a pontuação de 8 como indicadora de
independência funcional;
? Questionário de Atividade e Inatividade Social
109
. Este questionário considera
os relacionamentos sociais e o grau de atividade social que apresenta o
participante e não foi variável de exclusão desta pesquisa.
Do grupo total de 119 entrevistados foram excluídos da amostra 15 sujeitos por não
comparecerem ao segundo encontro e três por não alcançarem as médias esperadas no MEEM
Sendo assim ficaram 101 sujeitos classificados para o estudo os quais foram submetidos num
segundo momento à Bateria Neuropsicológica Abreviada NEUROPSI.
5.5 Procedimento
Todos os sujeitos foram submetidos ao NEUROPSI em forma individual e em
diversos horários (manhã e tarde), após um período máximo de sete dias da entrevista de
seleção. Embora as condições de avaliação não tenham sido as mesmas devido a que os
sujeitos foram avaliados em diversos contextos ambientais (sala de consultórios, de
instituições e residências), foi estabelecido que o ambiente tivesse boa iluminação e com
mínimas interferências de ruídos.
Os instrumentos utilizados nesta avaliação foram uma mesa, lápis, canetas, papel
sulfite (branco), cronômetro e o Protocolo do NEUROPSI (anexo 5) .
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Participaram deste estudo no máximo cinco avaliadores (psicólogos) os quais foram
treinados para manter o mesmo padrão de aplicação e correção do instrumento. As instruções
dos testes e subtestes foram padronizadas e lidas pelos examinadores. Concluída a avaliação
todos os sujeitos tiveram acesso a um informe qualitativo de seu desempenho.
5.5.1 Instrumento
Conforme foi descrito na revisão da literatura o NEUROPSI é uma Bateria
Neuropsicológica Abreviada, que permite avaliar num breve período de tempo múltiplas
funções cognitivas.
O material que compõe a bateria, consta de um protocolo de aplicação, um bloco
contendo as figuras estímulos e uma folha avulsa de reposta.As funções cognitivas que avalia
são:
? Orientação: compreende questões que avaliam se o sujeito está orientado no
tempo ou espaço, assim como, informação referida a sua idade pessoal;
? Atenção e concentração: avalia esta função através da repetição de dígitos de
números em ordem inversa e de tarefas de controle mental, por ex. fazer o cálculo
mental de 20-3 (cinco tentativas), também examina processos de hemi-inatenção
espacial através de tarefas de cancelamento;
? Memória: Avalia os processos de codificação, armazenamento e evocação de
informação através de tarefas de memória incidental na modalidade verbal e
visual. Na modalidade verbal; é lida uma lista contendo seis palavras com
conteúdo semântico (animais, frutas e partes do corpo) após a leitura se pede para
o sujeito evocar as palavras que ouviu (são realizados três ensaios), após 20
minutos é recuperada a informação espontaneamente, em seguida, para ajudar na
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
recordação de todas as palavras, são proporcionadas algumas dicas com conteúdo
semântico, finalmente é realizado o reconhecimento das palavras. A memória
visual é medida através da cópia da figura semicomplexa de Rey (adaptada para
esta bateria), é feita a recuperação espontânea do desenho após 20 minutos;
? Linguagem: É avaliada através de provas de fluência verbal semântica (animais)
e fonológica (letra F)), compreensão (através da execução de comandos de
tarefas), repetição (repetição de palavras e sentenças), nomeação (é solicitado a
nomear oito figuras). Também avalia tarefas de leitura, ditado e cópia;
? Funções executivas: são avaliadas as modalidades Conceituais e Motoras. Nas
Conceituais estão incluídos os subtestes de semelhanças; onde é solicitado ao
sujeito encontrar similaridades de pares de animais, frutas e partes do corpo. No
subteste de Cálculo se pede ao sujeito que resolva alguns problemas e operações
mentais. No subteste de seqüência se mostra ao sujeito uma lâmina com desenhos
(círculos e cruzes) e se pede ao sujeito que continue a seqüência. Nas funções
executivas Motoras se pede ao sujeito para fazer tarefas que incluem desde
mudança da posição das mãos (direita e esquerda), movimentos alternados (com
as duas mãos) até obedecer a comandos opostos.
O escore máximo do total da pontuação nesta bateria é 130 pontos.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
5.6 Análise dos dados e estatística
5.6.1 Análise dos dados
Para fins comparativos os dados foram analisados em quatro partes:
? Análise I: Estudo da variável idade
A amostra total foi dividida em três subgrupos de acordo com a idade:
? Grupo 1 (G1): de 65 a 69 anos;
? Grupo 2 (G2): de 70 a 79 anos;
? Grupo 3 (G3): 80 anos ou mais.
? Análise II: Estudo da variável escolaridade
A amostra total foi dividida em quatro subgrupos de acordo com os anos de
educação formal, incluindo analfabetos:
? Grupo Analfabetos (GA) sujeitos, que não freqüentaram a escola sem
conhecimentos de leitura e escritura;
? Grupo Baixa Escolaridade (GB) sujeitos que completaram de um a quatro
anos de estudo formal;
? Grupo Escolaridade Media (GC) sujeitos que completaram de cinco a nove
anos de estudo formal;
? Grupo Alta Escolaridade (GD) sujeitos que tinham 10 ou mais anos de estudo
formal.
? Análise III: Estudo da variável gênero
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Foi selecionada uma amostra (por conveniência) de 26 sujeitos e divididos em
dois grupos de acordo com a variável sexo, pareados de acordo com a idade e escolaridade:
? Grupo Sexo Feminino (GSF)
? Grupo Sexo Masculino (GSM)
? Análise IV: Estudo da curva de aprendizagem
Em forma adicional foi analisada a Curva de Aprendizagem do subteste de
memória (codificação verbal) do NEUROPSI em todos os grupos.
5.6.2 Análise estatística
A análise dos dados foi elaborada através do pacote estatístico GRAPHPAD Prism3.
Foram estabelecidas as análises descritivas (medidas de posição e dispersão: média,
desvio padrão, valores mínimo e máximo) de todas as variáveis contínuas nos diferentes
grupos.
As diferenças entre médias de dados contínuos nos escores obtidos no NEUROPSI e
MEEM da Análise I e II foram realizadas através de testes paramétricos (análises de variância
de uma via - ANOVA), para verificar onde aconteceram as diferenças foi realizado o teste de
Tukey.
Nas análises II (GA: GB) e III onde foi necessário estabelecer comparações entre
dois grupos, utilizamos o teste paramétrico T student.
Todos os testes foram bicaudais e a probabilidade menor ou igual a 0,05 foi
considerada para indicar a significância estatística.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
5.7 Ética
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de
Pernambuco (anexo 6), e na entrevista inicial todos os participantes foram informados
verbalmente e por escrito sobre o objetivo e procedimento da pesquisa do caráter voluntário
de sua participação. Os interessados em participar assinaram um termo de consentimento
informando que estavam de acordo com o procedimento (anexo 7). O risco da avaliação foi
mínimo.
Não acontecendo neste estudo qualquer tipo de incidente pelo qual possa ter sido
suspensa alguma entrevista.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
RESULTADOS
6.1 Resultados análise I
Como pode ser observado na tabela 1, não foram encontradas diferenças nos
resultados da variável escolaridade, no teste de rastreio MEEM e no total de NEUROPSI em
todos os grupos.
Tabela 1. Dados descritivos dos grupos variável idade (média e desvio padrão)
G1
n=31
G2
n=36
G3
n=34
Variáveis
Média
DP
Média
DP
Média
DP
p
Escolaridade (anos)
5,8
5,3
5,5
5,4
5,5
4,9
0,96
MEEM
25,9
2,9
25,1
3,9
24,8
3,0
0,44
Total NEUROPSI 86,0 17,0 80,5 17,3 75,5 17,8 0,057
*Diferença significativa entre grupos, DP=desvio padrão
Apesar dos escores totais do NEUROPSI por idade não apresentaram diferenças
significativas, foi observada uma tendência de diminuição nos escores com o aumento da
idade (tabela 1). Na análise dos subtestes individualmente, algumas diferenças significativas
foram encontradas, conforme podemos observar na tabela 2.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Tabela 2. Resultados do NEUROPSI dos grupos da variável idade (média, DP)
G1
n=31
G2
n=36
G3
n=34
Subtestes do NEUROPSI Média DP Média DP Média DP p Comparação
entre grupos
Orientação
Total (tempo, espaço, idade) 5,9 0,3
5,6
0,5 5,6 0,6 0,08
Atenção
Ordem inversa 3,2 0,9
2,8
1,0 2,8 1,0 0,15
Cancelamento 10,0 3,3
8,8
3,0 8,1 3,8 0,08
Cálculo mental 4,2 1,4
3,8
1,8 3,8 1,6 0,64
Total 17,4 4,6
15,5
4,5 14,8 5,5 0,10
Memória codificação
Palavras (média 3 ensaios) 4,7 0,5
4,3
0,7 3,9 0,8 0,0001* G1>G3
Cópia figura de Rey 9,3 2,4
8,8
3,4 8,5 3,0 0,59
Recordação
Palavras 2,0 1,8
1,6
1,8 1,0 1,5 0,09
Pistas 2,8 1,7
2,5
1,6 1,8 1,5 0,04* G1>G3
Reconhecimento 5,2 0,8
5,0
1,4 5,5 0,9 0,74
Figura de Rey 6,7 2,7
5,7
3,1 4,3 2,7 0,005* G1>G3
Linguagem
FV semântica 15,2 4,6
13,6
4,6 12,7 5,1 0,10
FV fonológica 10,2 4,1
8,4
3,6 9,1 3,3 0,42
Compreensão 3,5 2,3
3,2
2,5 3,3 1,6 0,88
Nomeação 7,5 0,5
7,5
0,6 7,3 0,5 0,28
Repetição 4,0 0,0
4,0
0,0 4,0 0,0 -
Leitura, ditado, cópia 1,9 2,2
1,8
2,2 2,0 2,1 0,97
Total (sem FV) 17,0 4,4
16,6
4,6 16,7 3,4 0,94
Funções executivas
conceituais
Semelhança 4,0 1,7
3,8
1,6 3,9 1,2 0,87
Problemas e cálculos 2,1 0,9
1,5
1,1 1,4 0,9 0,02* G1>G3
Seqüência 0,1 0,3
0,03
0,1 0,1 0,03 0,35
Funções executivas motoras
Total (movimentos da mão
direita, esquerda, alternados e
reações opostas
4,8 1,9
4,9
1,6 4,6 1,8 0,78
*Diferença significativa entre grupos, DP=desvio padrão
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
As ANOVAs apontaram diferenças significativas nos subtestes de memória, na
codificação de palavras, na recordação verbal com pistas e em tarefas de recordação livre da
figura semicomplexa de Rey, como pode ser observado na Tabela 2 e nos gráficos 1 e 2 .
O desempenho dos grupos nas funções executivas (conceituais), observado na tabela
2 e no gráfico 3 foi significativamente diferente no subteste de problemas e cálculo.
SUBTESTES DE MEMÓRIA VERBAL
Variável Idade
0
1
2
3
4
5
6
Codificação Pistas
quantidade de palavras
G1
G2
G3
*
*
* Diferença significativa G1> G3
Gráfico 1
SUBTESTES MEMÓRIA VISUOMOTORA
FIGURA DE REY
Variável Idade
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Recordação
quantidade de palavras
G1
G2
G3
*
SUBTESTES FUNÇÕES EXECUTIVAS
Variável Idade
0
1
2
3
4
Problemas e Cálculo
G1
G2
G3
*
Escores
* Diferença significativa G1> G3 * Diferença significativa G1> G3
Gráfico 2
G
G
r
r
á
á
f
f
i
i
c
c
o
o
3
3
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
6.2 Resultados análise II
Quando separados por escolaridade os grupos apresentaram diferenças significativas nos
escores do MEEM e NEUROPSI conforme pode ser observado na tabela 3.
Tabela 3. Dados descritivos dos grupos variável escolaridade, média e desvio padrão
GA
n=23
GB
n=29
GC
n=24
GD
n=25
Variáveis
Média
DP
Média
DP
Média
DP
Média
DP
p
Idade (anos)
75,0
7,8
74,4
7,3
77,6
1
0,0
74,3
6,8
0,43
MEEM
20,8
2,2
24,9
2,3
26,7
2,0
28,3
1,4
<0,0001
*
Total
NEUROPSI
62,4 13,0 75,1 11,5 86,9 13,8 97,5 11,6
0,0001*
*Diferença significativa entre grupos, DP=desvio padrão
Houve diferença significativa na maioria dos subtestes excetuando recordação livre,
com pistas, reconhecimento, ditado, cópia e seqüência, conforme pode ser observado na
Tabela 4.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Tabela 4. Resultados do NEUROPSI dos grupos da variável escolaridade (média, desvio padrão)
GA
n=23
GB
n=29
GC
n=24
GD
n=25
Subtestes do
NEUROPSI
Média DP Média DP Média DP Média DP p Comparação
entre grupos
Orientação
Total (tempo, espaço,
idade)
5,5 0,7 5,6 0,5 5,8 0,3 5,9 0,2
0,03*
GA<GC, GD
GB<GC, GD
Atenção
Ordem inversa 1,9 1,0 2,6 0,6 3,3 0,7 3,8 0,8
0,0001*
GA<GB, GC, GD
GB<GC, GD
Cancelamento 6,6 3,1 9,2 3,2 9,2 3,5 10,5 3,0
0,001*
GA<GB, GC, GD
Cálculo mental 2,1 2,0 4,0 1,4 4,5 0,9 4,9 0,2
0,0001*
GA<GB, GC, GD
Total 10,7 4,8 15,9 4,0 17,1 3,6 19,2 3,4
0,0001*
GA>GB, GC,
GD; GB<GD
Memória
codificação
Palavras (média 3
ensaios)
4,2 0,6 4,1 0,7 4,3 0,9 4,7 06
0,03*
GB<GD
Cópia figura de Rey 5,7 3,3 9,0 2,8 9,8 1,8 10,9 1,2
0,01*
GA<GD
Recordação
Palavras 1,1 1,8 1,2 1,4 1,7 1,7 2,1 2,0
0,17
Pistas 2,0 1,7 2,0 1,3 2,6 1,7 2,9 1,8
0,13
Reconhecimento 5,3 0,7 4,8 1,4 5,1 0,8 5,0 1,2
0,61
Figura de Rey 4,0 2,3 5,6 3,0 5,8 3,2 6,7 2,8
0,01*
GA<GD
Linguagem
FV semântica 12,6 3,3 11,6 3,8 13,7 4,8 17,4 5,3
0,0
001*
GA<GD;GB<GD;
GC<GD
FV fonológica N.A. N.A. 7,6 3,2 10,4 4,0
0,01*
GC<GD
Compreensão 1,7 1,8 2,1 2,0 4,2 1,2 5,4 0,8
0,0001*
GA<GC, GD;
GB<GC, GD;
GC<GD
Nomeação 7,1 0,6 7,5 0,5 7,2 0,5 7,8 0,4
0,0002*
GA<GB, GD;
GC<GD
Repetição 4,0 0,0 4,0 0,0 4,0 0,0 4,0 0,0
Leitura N.A. N.A. N.A. N.A. 1,6 1,1 2,4 0,9
0,003*
GC<GD
Escrita N.A. N.A. N.A. N.A. 0,9 0,2 1,0 0,0
Ditado N.A. N.A. N.A. N.A. 0,9 0,2 1,0 0,0
Funções executivas
conceituais
Semelhança 2,7 1,7 3,6 1,5 4,2 1,1 5,0 0,6
0,0001*
GA<GC, GD;
GB<GD
Problemas e cálculos 0,5 0,9 1,6 0,8 1,9 0,9 2,5 0,5
0,0001*
GA<GB, GC,
GD; GB<GD
Seqüência N.A. N.A. N.A. N.A. 0,0 0,2 0,2 0,4
0,14
Funções executivas
motoras
Total (movimentos da
o direita, esquerda,
alternados e reações
opostas
3,5 1,7 4,3 1,7 5,2 1,2 6,1 1,3
0,0001*
GA<GB, GC,
GD; GB<GC,
GD; GC<GD
*Diferença significativa entre grupos, DP=desvio padrão, N.A.=não avaliado
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
6.3 Resultados análise III
Não foram encontradas diferenças na variável idade, escolaridade e nos escores do
MEEM como pode ser observado na tabela 5. Estes resultados estabelecem que os dois grupos
são homogêneos nestas variáveis.
Tabela 5. Dados descritivos dos grupos variável gênero
GSF
n=13
GSMn
n=13
Variáveis
Média
DP
Média
DP
p
Idade (anos)
69,1
4,3
69,1
4,4
1,0
Escolaridade (anos)
8,5
5,5
9,3
5,9
0,2
MEEM
26,6
4,0
27,0
2,4
0,3
Total NEUROPSI 93,7 18,2 89,4 14,2 0,43
Conforme podemos observar na tabela 6, os dois grupos não apresentaram diferenças
significativas no escore total do NEUROPSI, nem nos subtestes, excetuando a tarefa de
reconhecimento do subteste de memória (Gráfico 4).
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Tabela 6. Resultados do NEUROPSI dos grupos da variável gênero (média, desvio padrão)
G1
n=13
G2
n=13
Subtestes do NEUROPSI Média
DP
Média
DP
p Comparação
entre grupos
Orientação
Total (tempo, espaço, idade) 5,7
0,5
5,9
0,2
0,43
Atenção
Ordem inversa 3,5
1,0
3,5
0,9
1,00
Cancelamento 10,0
3,7
9,0
3,8
0,37
Cálculo mental 4,6
0,4
4,6
0,8
1,00
Total 18,3
4,6
17,2
4,0
0,49
Memória codificação
Palavras (média 3 ensaios) 4,8
0,5
4,5
0,7
0,30
Cópia figura de Rey 10,0
2,2
9,8
1,8
0,73
Recordação
Palavras (retardo) 2,3
2,3
1,8
1,8
0,52
Pistas 3,4
1,7
2,9
1,6
0,46
Reconhecimento 5,6
0,4
4,7
1,4
0,04*
GSF>GSM
Figura de Rey 7,4
2,3
5,8
3,1
0,20
Linguagem
FV semântica 16,6
3,1
18,0
5,6
0,44
FV fonológica 13,3
5,6
8,3
6,0
0,09
Compreensão 4,6
2,1
4,6
1,7
0,93
Nomeação 7,6
0,5
7,6
0,5
1,00
Repetição 4,0
0,0
4,0
0,0
-
Leitura 1,7
1,4
1,3
1,3
0,51
Escrita 0,6
0,4
0,7
0,4
0,67
Ditado 0,6
0,4
0,7
0,4
0,67
Funções executivas
conceituais
Semelhança 4,5
1,2
4,6
1,1
0,68
Problemas e cálculos 2,2
0,7
2,7
0,4
0,08
Seqüência 0,2
0,4
0,1
0,3
0,58
Funções executivas motoras
Total (movimentos da mão
direita, esquerda, alternados e
reações opostas
5,0
2,4
5,6
1,1
0,35
*Diferença significativa entre grupos, DP=desvio padrão
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
SUBTESTES MEMÓRIA VERBAL
Variável Gênero
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Reconhecimento
GSF
GSM
*
Escores
* Diferença significativa GSF> GSM
Gráfico 4.
6.4 Resultados análise IV
As diferenças encontradas nos subtestes de memória (em especial de conteúdo
verbal), nas diversas variáveis estudadas (idade, escolaridade, gênero) denotaram a
necessidade de ampliar a análise sobre os processos de codificação verbal que interferem nos
processos de memória declarativa.
Dado que o subteste de codificação de palavras (imediata) foi realizado em três
ensaios consecutivos e que nas tabelas dos resultados (Análise I, II, III) só consta a média dos
resultados, procedemos a analisar como se forma a curva de codificação da aprendizagem nos
diferentes grupos de acordo com as variáveis, idade, escolaridade e sexo. (gráficos 5, 6 e 7).
De acordo com a variável gênero, não foram encontradas diferenças significativas
entre os dois grupos nos três ensaios { 1º ensaio [p= 0,17]}; {2º ensaio [p= 1,0]}; {3º ensaio
[p= 0,25]}(ver gráfico 5).
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Já na variável escolaridade, encontramos diferenças significativas entre grupos no
primeiro ensaio [p=0,01], com o GB apresentando um escore menor que o GD. No segundo e
terceiro ensaios os grupos não apresentaram diferenças (respectivamente, [p= 0,06]; [p =0,65]
(ver gráfico 6).
A variável idade foi a que apresentou maiores diferenças significativas entre grupos
nos três ensaios. No primeiro [p= 0,02], segundo [p =0,02] e terceiro ensaio [p=0,01] o G1 foi
melhor que o G3 (ver gráfico 7).
Curva de Aprendizagem dos Grupos
Variável Gênero
0
1
2
3
4
5
6
1º ensaio 2º ensaio 3º ensaio
quantidade de palavras
GSM
GSF
Gráfico 5.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Curva de Aprendizagem dos Grupos
Variável Escolaridade
0
1
2
3
4
5
6
1º ensaio 2º ensaio 3º ensaio
quantidade de palavras
GA
GB
GC
GD
*
* Diferença significativa, grupo GB < GD
Gráfico 6.
Curva de Aprendizagem dos Grupos
Variável Idade
0
1
2
3
4
5
6
1º ensaio 2º ensaio 3º ensaio
quantidade de palavras
G1
G2
G3
*
* Diferença significativa grupo G1> G3 nos três ensaios.
Gráfico 7.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
DISCUSSÃO
Os resultados obtidos com a Bateria Neuropsicológica Abreviada NEUROPSI
mostraram a influência das diversas variáveis (idade, escolaridade e gênero) no desempenho
cognitivo de uma pequena amostra de idosos da região metropolitana de Recife. Entretanto,
conforme pode ser observado maiores diferenças significativas foram encontradas na Análise
II, isto é, quando os grupos foram estudados de acordo com a variável escolaridade. Também
o subteste que melhor identificou e separou os grupos foi o de memória declarativa (verbal)
sinalizando que domínios que requerem aprendizagem de situações novas têm influência
principalmente das variáveis escolaridade e idade.
Em relação à variável idade podemos observar que na pontuação total da bateria,
houve uma tendência dos escores decrescerem de forma equivalente com o passar dos anos
apesar de não alcançar nível de significância nos diferentes grupos. Diferenças em relação à
idade já foram descritas na literatura que são menores, pois segundo Howieson et al.
29
,
estudos longitudinais mostram poucas mudanças na cognição com a idade. Também o fato de
não encontrar diferenças no desempenho cognitivo de sujeitos em diversas faixas etárias, pode
estar atribuído à questão de que as idades biológica e funcional não determinam a
deterioração ou funcionalidade de determinados órgãos e sua comparação com a idade real, e
isso possivelmente ocorre devido às diferenças biológicas, psicológicas e sociais de cada
sujeito, como é observado em estudos longitudinais
30
.
Por outro lado, o critério de incluir sujeitos “socialmente ativos” pode ter
contribuído para que não se estabeleça essa diferença cognitiva nos diferentes grupos. Um
estudo transversal dirigido por Hultsch et al. (1993), apontou que atividades intelectuais,
sociais e produtivas estão bem associadas a maiores níveis de funcionamento cognitivo
110
.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
As tarefas de memória imediata (codificação de palavras), recordação livre (figura
do Rey) e funções executivas conceituais (operações de cálculo), foram habilidades mais
susceptíveis ao envelhecimento cognitivo, já que sofreram interferências das variáveis idade e
escolaridade.
Essas funções cognitivas são classificadas como habilidades fluidas, menos a
utilização de estratégias que é uma habilidade cristalizada, e requerem abstração,
planejamento e organização.
No envelhecimento vai ocorrendo uma lentificação nesses processos, e, como foi
observado, o grupo com mais idade apresentou maior déficit, possivelmente indicando que a
perda de uma boa condição para codificar informações começa em torno dos 65 anos e
continua gradualmente com o avançar da idade. Mas, será que, nos processos que envolvem
habilidades de utilizar estratégias (cristalizada) não estariam presentes alguns que são
classificados como fluidos, pois aprendizagem é habilidade fluida e utilização de estratégias
faz parte da aprendizagem.
Esses resultados estão de acordo com outras pesquisas nas quais observaram que os
efeitos da idade na cognição são relativamente pequenos nos domínios das habilidades
cristalizadas como vocabulário e senso comum. Por outro lado, o envelhecimento traz uma
importante desvantagem nos domínios das habilidades fluidas como memória episódica,
habilidade espacial e funções executivas
26
.
Neste estudo o rebaixamento no funcionamento das habilidades fluidas foi
observado na codificação (seis palavras) do subteste de memória verbal. Nesta tarefa todos os
grupos foram semelhantes no desempenho, exceto o G3. A curva de aprendizagem foi mais
susceptível aos efeitos da idade, pois os idosos mais jovens conseguiram reter um maior
número de estímulos desde o primeiro ensaio.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Porém, apesar do escore ser mais baixo no primeiro ensaio, o grupo mais idoso
conseguiu um bom resultado no terceiro ensaio, mostrando que se beneficiou da repetição.
Confirmando estudos anteriores que referem que sujeitos mais idosos requerem um número
maior de apresentação do estímulo para codificar a informação
43
.
Vale a pena ressaltar que apesar de algumas pesquisas mencionar que o
envelhecimento está associado a lentificação na codificação da informação e no tempo de
reação, neste estudo não podemos afirmar isto, inclusive porque a informação foi apresentada
em velocidade lenta para todos os grupos, e não foi colocado tempo limite para as respostas.
Inclusive, observamos que a dificuldade em codificar novas aprendizagens vai
acontecendo vagarosamente, não é muito visível no idoso com idade intermediária, mas se
consolida na idade mais avançada. É possível que este grupo tenha apresentado esta
dificuldade em função de déficits sensoriais, atencionais, lentificação da velocidade de
processamento ou de utilização de estratégias de memória. Porém quando observamos os
resultados entre grupos nas outras tarefas que demandam processos atencionais (ordem
inversa, cancelamento e cálculo mental simples) não encontramos diferenças significativas
entre eles, direcionando para a hipótese de que a dificuldade em codificar o material verbal
pode estar mais relacionada com diminuição da velocidade de processamento da informação e
com a ineficiência da utilização de estratégias de memória.
Estudos que dão suporte a esses resultados afirmam que respostas refletindo uma
diminuição no monitoramento, redução da flexibilidade e pouco uso de estratégias podem
contribuir para um declínio no desempenho em testes de memória no idoso
29
. Sendo assim,
neste estudo foram evidenciados alguns aspectos que podem reforçar as hipóteses
anteriormente citadas. Sujeitos com 80 anos ou mais apresentaram diminuição da
flexibilidade cognitiva na tarefa de problemas e cálculos mentais que fazem parte do subteste
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
de funções executivas, assim como, na tarefa de recordação da figura de Rey que envolvem
planejamento em sua execução.
Na recordação com pistas, apenas houve diferença significativa na variável idade,
mostrando que não ocorre benefício da escolaridade nessa prova, e que sujeitos na faixa de 80
anos já não conseguem se beneficiar da estratégia de pré-ativação da rede semântica para
evocar a informação como os de 65 anos. Essa dificuldade possivelmente seria pela
ineficiência do processo de codificação onde o uso das estratégias não facilitaria as palavras a
se vincularem às redes de significado ou também pela própria diminuição das redes
semânticas acarretadas pelas mudanças no cérebro. Pesquisas que dão suporte a essas
hipóteses afirmam que as mudanças com a idade na atividade pré-frontal parecem alterar as
interações nas redes cerebrais envolvidas nos aspectos de codificação e recuperação da
memória
53
.
Ainda na análise I, na recordação da figura de Rey, houve um desempenho
significativamente diferente do G1 em relação ao G3. Os efeitos da escolaridade também
foram significativos, com o GA apresentando desempenho inferior ao GD. Podemos observar
que tanto a idade quanto escolaridade interferem na recordação visuoespacial, porém os
efeitos da escolaridade são diferenciados.
Os processos de memória sofrem perdas mais significativas relacionadas à
escolaridade na codificação de estímulos (verbal e visuoespacial), diferenciando os grupos
desde o começo. Contudo, quando realizada a análise intragrupos podemos observar que os
analfabetos apresentam maior recordação da informação visuoespacial, apesar de ter
codificado pior. Isto não aconteceu no desempenho com relação à idade onde as pontuações
entre grupos foram muito próximas e não houve diferenças estatísticas na codificação da
informação visuoespacial e sim verbal. Contudo após interferência houve inversão de
resultados ficando a informação visuoespacial em desvantagem em comparação a verbal.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Desta forma, podemos inferir que os processos de memória episódica sofrem
influência da variável idade e escolaridade de forma diferenciada, sendo a codificação da
informação mais afetada pelos efeitos da escolaridade, enquanto o armazenamento e
habilidade de recuperação da informação (recordação) poderiam ser mais influenciados pela
variável idade.
Também susceptíveis aos efeitos da idade e escolaridade foram as funções
executivas conceituais, representadas no subteste de problemas e cálculo mental. O grupo
com mais idade (G3) apresentou prejuízo em relação ao de menos idade (G1), entretanto, os
efeitos da educação foram maiores que os da idade quando observamos as desvantagens dos
grupos de baixa escolaridade GA e GB em relação aos de escolaridade média e alta
respectivamente.
As funções que estão envolvidas na habilidade de resolver problemas e realizar
cálculos são as fluidas, comandadas pelo lobo frontal, e, é conhecido que elas sofrem perdas
com o envelhecimento. Porém, também é conhecido, que os processos de abstração
necessários para realizar operações se desenvolvem mais eficazmente como produto de
atividades realizadas através da educação formal, levando o sujeito a passar do pensamento
concreto para o abstrato.
Dessa forma podemos compreender porque os sujeitos analfabetos ficaram em
tamanha desvantagem, pois além de sofrerem as perdas normais com a senescência, não
puderam desenvolver essa habilidade e adquirir maior reserva cognitiva, e possivelmente
obter uma diferente organização cerebral.
Nossos resultados estão de acordo com estudos que relatam a correlação entre o
nível de educação com um maior controle do processamento cognitivo e com a habilidade de
conceitualização, que são capacidades indispensáveis para uma consistente reserva
cognitiva
29
. Howieson et al, comenta que a resolução de problemas sobre material familiar
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
não sofre alteração com a idade, porém diante de problemas com estruturas complexas que
exigem distinguir elementos relevantes dos irrelevantes, pessoas idosas apresentam maior
dificuldade com o aumento da idade
29
. Ela ainda refere que pesquisadores observaram a
tendência de idosos acima de 80 anos pensar em termos mais concretos.
Em relação à análise II os resultados obtidos reafirmam a conclusão bem
estabelecida da influência dos efeitos da escolaridade na cognição refletidos principalmente
nos testes verbais, dígitos, memória espacial, tarefas de cancelamento e mesmo em cópia de
figuras simples
10,11,29,56,81,82,105,111-114
.
De forma geral, os analfabetos obtiveram escores rebaixados em comparação com
sujeitos com alta escolaridade. Outras diferenças, ainda que menores, foram observadas com
relação aos demais grupos. Os subtestes mais sensíveis aos efeitos da escolaridade foram os
que avaliaram as funções de atenção (ordem inversa, cancelamento e cálculo mental), fluência
semântica, funções executivas conceituais (semelhança e cálculos) e motoras (movimentos
alternados com a mão direita, mão esquerda e reações opostas), além das tarefas de memória
discutidas anteriormente.
Nas tarefas que exigiram monitoramento atencional, organização, controle mental,
manipulação de dados e abstração, o fato de ter realizado apenas um ou dois anos de educação
formal fez muita diferença, pois os tipos de demandas já tinham sido enfrentados
anteriormente, o que não aconteceu com os analfabetos. Também a falta de intimidade com
operações mentais estruturadas (fora da concretude do contexto deles) e a possibilidade de
que a situação de serem testados possa ter causado perplexidade diante dos enunciados ou
mesmo inibição, podem ter contribuído para os baixos escores.
Ostrosky-Solis et al. (1998), pesquisando as diferenças na avaliação
neuropsicológica em analfabetos (utilizando a mesma bateria neuropsicológica), concluíram
que a educação representa a variável mais significativa no desempenho de testes
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neuropsicológicos. Além do que já é conhecido, que pessoas que não são estimuladas pela
falta da educação formal, e que vivem em ambientes com poucas exigências cognitivas,
sofrem alterações no desenvolvimento do sistema nervoso central e dessa maneira apresentam
outros estilos de comportamento que não beneficiam o desempenho em avaliações
neuropsicológicas. Nesse contexto, os maus resultados do analfabeto não seriam
necessariamente indicadores de doenças e sim uma expressão diferente de uma organização
cerebral resultante de pouca estimulação cognitiva. Referiram ainda que os baixos escores dos
analfabetos também possam ter sido influenciados pela surpresa diante do fato de conseguir
lidar só com situações que podem ser representadas concretamente
82
.
Ainda voltando à discussão sobre as habilidades de cópia ou reprodução de figuras
viusoespaciais dos analfabetos, diversas pesquisas apontam grandes diferenças no
desempenho da reprodução de figuras simples quando analisadas em sujeitos com diferentes
anos de escolaridade
9,82,84
. Estudando as conseqüências do prejuízo cerebral na população
analfabeta, foram evidenciadas representações bilaterais para habilidades de linguagem e
visuoespaciais
9
.
Dessa forma, treinos formais, graduando tarefas simples e complexas, em situações
com lápis e papel (para a transposição de um estímulo) desenvolvem, principalmente, as
funções de reconhecimento visual, representação mental, análise espacial, monitoramento e
habilidade motora.
É importante mencionar que a figura de Rey utilizada na bateria do NEUROPSI foi
modificada devido a sua complexidade, em função de que outros estudos com a cópia da
figura original, indicaram que educação e idade são variáveis que devem ser levadas em
consideração quando se interpreta o desempenho nesta tarefa
115
.
Em relação à idade algumas pesquisas concluem que quando a cópia é de desenhos
geométricos simples, o desempenho do idoso não difere do jovem, apesar de que alguns
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
idosos apresentaram dificuldade em iniciar corretamente a cópia da figura mais difícil
115
.
Fischer & Loring (2004) referem que diante de desenhos mais complexos os idosos
apresentaram escores muito mais baixos que os dos jovens, principalmente na figura com
maior grau de complexidade. Concluíram que sujeitos muito idosos parecem ter bastante
dificuldade em organizar espacialmente as relações entre as partes do desenho
115
.
Fluência Verbal semântica e fonológica também apresentaram uma robusta
diferença quanto à variável escolaridade. O comportamento dos grupos revelou diferença
apenas da alta escolaridade com relação aos outros grupos, mostrando que nenhuma, pouca ou
média escolaridade foi suficiente para melhorar a quantidade de palavras evocadas,
especialmente no contexto semântico.
Esse fato sugere que maior escolaridade possivelmente pode influenciar no
fortalecimento das redes de significado e também na melhor utilização de estratégias de busca
na memória de longo prazo.
Nossos resultados são discordantes com outros estudos onde não foram encontradas
influências da educação na fluência verbal semântica e sim na fonológica
43
. Uma possível
explicação para isto é que no Brasil existem diferenças no contexto educacional entre escolas
públicas e privadas e que o ensino fundamental é bastante heterogêneo com características
regionais próprias, o que não acontece em outros países onde o ensino é mais homogêneo.
Nas funções executivas motoras também foi observada grande influência da variável
escolaridade, sendo nossos resultados compatíveis com os de Ostrosky-Solis et al. (1998) os
quais encontram diferenças robustas neste subteste utilizando a mesma bateria NEUROPSI,
porém com maior número de sujeitos. Sugerindo que reproduzir movimentos requer
representação mental, planejamento, organização, dissociação e execução motora.
Possivelmente, nesta pesquisa, os sujeitos com grau maior de escolaridade tiveram melhores
condições na regulação dos atos motores
82
.
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Outros estudos que utilizaram a técnica de Luria, para examinar a capacidade de
regulação motora, fazem mais referências a perdas relacionadas à idade na função do lobo
frontal, onde ocorreria um prejuízo evidenciado na dissociação entre compreensão da ordem e
execução do movimento, sem fazer referência se a escolaridade interfere ou não nesse
processo
29
.
Na Análise III, a única diferença encontrada foi na tarefa de reconhecimento
(subteste de memória verbal). As mulheres tiveram um desempenho melhor que os homens.
Possivelmente, pelas mulheres ser mais colaboradoras nos processos de avaliação e estar mais
envolvidas e motivadas desde o começo do exame. Não sendo o caso do gênero masculino
onde muitas vezes mostram falta de motivação e interesse no início da tarefa de codificação o
que pode ter prejudicado a recuperação da informação. Contudo, devido à amostra ser
pequena os resultados não podem ser generalizados, precisando ser realizados mais estudos
para esclarecer este fato.
Nossa pesquisa apresenta limitações devido ao tamanho da amostra. Entretanto, uma
possível causa para não conseguir mais participante foi a demora em selecionar a amostra e
ainda realizar a avaliação em dois momentos diferentes. Também alguns sujeitos não
retornavam na data agendada e isso demandou atrasos no cronograma de avaliação. Outro
aspecto a considerar foi que tivemos que avaliar os idosos em diferentes contextos (casa,
consultórios, locais públicos etc.) devido a que muitos não tinham condições econômicas de
comparecer ao local de avaliação. Contudo, foi feito o máximo possível para que a aplicação
da bateria acontecesse em condições adequadas, conforme foi mencionado no método.
Outra limitação encontrada foi que apenas 12,74% da amostra foram do sexo
masculino. Quanto a essa carência de homens é possível que seja atribuída a que pessoas do
sexo masculino morrem mais cedo que as do sexo feminino segundo dados do IBGE (2000)
17
.
Além de apresentar menor interesse em participar deste tipo de estudo.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Finalizando, nossos resultados demonstraram a boa aplicabilidade da Bateria
Neuropsicológica Abreviada NEUROPSI, numa pequena amostra da população nordestina e
contribuíram ainda na identificação da influência das variáveis idade e escolaridade no
desempenho cognitivo desta população, fato este constatado também com o MEEM, teste de
rastreio amplamente comentado em outros estudos brasileiros e utilizado nesta pesquisa.
Entretanto, outros estudos precisam ser realizados com amostras maiores, a fim de
esclarecer se realmente existem maiores diferenças com relação à idade, já que houve uma
tendência dos grupos a pontuarem pior com o aumento da idade o que poderia sinalizar o
curso do EC.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
CONCLUSÕES
? O perfil neuropsicológico do idoso da cidade do Recife, quando a avaliação foi
realizada por idade, expressou alterações no grupo de 80 anos ou mais nas
funções cognitivas fluidas de memória declarativa verbal e visuoespacial e
funções executivas conceituais. Quando a avaliação foi realizada por graus de
escolaridade, apresentou maiores diferenças no desempenho em quase todas as
funções principalmente no grupo dos analfabetos em relação ao de alta
escolaridade;
? A escolaridade foi a variável que mais influenciou os resultados das avaliações
neuropsicológicas nessa pesquisa.
? O subteste que melhor identificou e separou os grupos foi o de memória
declarativa. Os efeitos da escolaridade foram mais observados em tarefas de
memória imediata (verbal e visuoespacial) e memória de longo prazo para
material não verbal;
? A variável idade teve maior expressão em subtestes de memória e funções
executivas conceituais;
? A variável gênero foi diferente apenas na tarefa de recordação;
? A curva de aprendizagem sofreu maior influência da variável idade apresentando
uma perda progressiva com o aumento da idade;
? O tamanho da amostra não possibilitou fazer uma generalização dos resultados.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos neste estudo são o início da construção de um banco de dados
sobre o funcionamento cognitivo da população idosa da região do nordeste do Brasil, podendo
servir como referência para diagnósticos diferenciais de envelhecimento cognitivo normal e
patológico e no acompanhamento terapêutico de idosos que apresentem alterações cognitivas.
Devido à limitação de instrumentos de avaliação neuropsicológica para idosos e de
pessoal treinado para sua aplicação, o NEUROPSI poderia ser adequado para sua utilização
em sistemas de saúde pública do nordeste do país. Porém, necessário se faz aumentar a
amostra a fim a ampliar a fidedignidade dos resultados especialmente nas populações
analfabetas e de baixa escolaridade.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
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ANEXOS
Anexo 1
Questionario de Atividade Social
Autora: Elizabeth Piovezan
INATIVO OU ATIVO SOCIALMENTE?
(1) CONVÍVIO ESTRITAMENTE FAMILIAR marido esposa filhos netos pais.
(2) CONVÍVIO COM DEMAIS PARENTES
(3) CONVÍVIO COM AMIGOS
(4) CONVÍVIO COM COLEGAS trabalho ou cursos que freqüenta, voluntariado, etc.
(5) CONVÍVIO COM CLUBES DE MATURIDADE OU OUTRAS ASSOCIAÇÕES
ENQUADRADO (A) COMO: ( ) ATIVO SOCIALMENTE
( ) INATIVO SOCIALMENTE
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Anexo 2
MINI-MENTAL
(Folstein et al., 1975; revisado por Brucki et al., 2003)
Paciente:__________________________________________________________________
Data de avaliação:_________________ Avaliador:_______________________________
Orientação temporal:
? Que dia é hoje? (1) ( )
? Em que mês estamos? (1) ( )
? Em que ano estamos? (1) ( )
? Em que dia da semana estamos? (1) ( )
? Qual a hora aproximada? (1) ( )
Orientação espacial:
? Em que lugar nós estamos?(apontando para o chão) (1) ( )
? Que local é este?(apontando ao redor num sentido mais amplo) (1) ( )
? Em que bairro nós estamos ou qual o nome de uma rua próxima? (1) ( )
? Em que cidade nós estamos? (1) ( )
? Em que estado nós estamos? (1) ( )
Memória imediata:
? Eu vou dizer três palavras e você irá repetir a seguir: (3) ( )
CARRO-VASO-TIJOLO.
Cálculo:
? Subtração de setes seriadamente
(100-7, 93-7, 86-7, 79-7, 72-7, 65). (5) ( )
Evocação das palavras:
? Pergunte quais as palavras que o sujeito acabara de repetir. (3) ( )
Nomeação:
? Peça para o sujeito nomear os objetos mostrados(relógio, caneta) (2) ( )
Repetição:
? Preste atenção: vou lhe dizer uma frase e quero que você repita depois de mim: “Nem
aqui, nem ali, nem lá”. (1) ( )
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Comando:
? Pegue este papel com a mão direita, dobre-o ao meio e coloque no chão. (3) ( )
Leitura:
? Mostre a frase escrita “FECHE OS OLHOS” e peça para o sujeito ler o que está sendo
mandado. (1) ( )
Escrita:
? Peça ao indivíduo para escrever uma frase. (1) ( )
Cópia do desenho:
? Mostre o desenho e peça para ele copiar o melhor possível. (1) ( )
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Anexo 3
Avaliação das Atividades da Vida Diária – Índice de Katz
A- Índice de atividades básicas - rotineiras do paciente
1- Tomar banho ( esponja, chuveiro ou banheira):
( I ) Não precisa de ajuda
( A ) Precisa de ajuda para lavar apenas uma parte do corpo ( costas ou pernas )
( D ) Precisa de ajuda para higiene completa ( ou não toma banho )
2- Vestir-se:
( I ) Pega as roupas e veste-se sem nenhuma ajuda
( A ) Pega as roupas e veste-se sem ajuda, com exceção de amarrar os sapatos
( D ) Precisa de ajuda para pegar as roupas ou para vestir-se, ou fica parcial ou
completamente não vestido
3- Ir ao banheiro:
( I ) Vai ao banheiro, faz a higiene, e se veste sem ajuda ( mesmo usando um objeto
para suporte como bengala, andador, cadeira de rodas, e pode usar vaso à noite,
esvaziando-o pela manhã )
( A ) Recebe ajuda para ir ao banheiro, ou para fazer a higiene, ou para se vestir depois
de usar o banheiro, ou para uso do vaso à noite
( D ) Não vai ao banheiro para fazer suas necessidades
4- Locomoção:
( I ) Entra e sai da cama, assim como da cadeira, sem ajuda ( pode estar usando objeto
para suporte, como bengala ou andador)
( A ) Entra e sai da cama ou da cadeira sem ajuda
( D ) Não sai da cama
5- Continência:
( I ) Controla a urina e movimentos do intestino completamente por si próprio
( A ) Tem acidentes ocasionais
( D ) Supervisão ajuda a manter controle de urina ou intestino, cateter é usado, ou é
incontinente
6- Alimentação:
( I ) Alimenta-se sem ajuda
( A ) Alimenta-se, com exceção no caso de cortar a carne ou passar manteiga no pão
( D ) Recebe ajuda para se alimentar ou é alimentado parcial ou completamente por
meio de tubos ou fluidos intravenosos
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
B- Sobre o paciente atividades instrumentais da vida diária
As alternativas devem ser escolhidas em relação aos últimos 30 dias
1-Telefone:
( I ) Capaz de olhar os números, discar,receber e fazer chamadas sem ajuda
( A ) É capaz de receber chamadas ou ligar para a telefonista em uma emergência, mas
necessita de um telefone especial ou ajuda para pegar um numero ou discar
( D ) É incapaz de usar um telefone ( escreva -não se aplica se o paciente nunca
recebeu uma chamada ou usou um telefone )
2- Locomoção fora de casa:
( I ) É capaz de dirigir seu próprio carro ou andar em um ônibus ou de táxi sozinho
( A ) É capaz de se locomover fora de casa, mas não sozinho
( D ) É incapaz de se locomover fora de casa
3- Compras:
( I ) É capaz de tomar conta de todas as compras, desde que o transporte seja
providenciado
( A ) É capaz de fazer compras mas não sozinho
( D ) É incapaz de fazer compras
4- Preparar a comida:
( I ) É capaz de planejar e preparar uma refeição sozinho
( A ) É capaz de preparar pratos simples, mas incapaz de cozinhar uma refeição
completa sozinho
( D ) Incapaz de preparar qualquer comida ( se o paciente nunca foi responsável por
preparar uma refeição, pergunte algo como fazer um sanduíche, pegar uma fruta para
comer, etc. Verificar se estas atividades diminuíram e marcar da mesma forma )
5- Trabalho doméstico:
( I ) É capaz de fazer o trabalho doméstico pesado ( ex. limpar o chão )
( A ) É capaz de fazer o trabalho doméstico leve, mas precisa de ajuda nas tarefas
pesadas
( D ) É incapaz de fazer qualquer trabalho doméstico
7- Medicação:
( I ) É capaz de tomar a medicação na dose e hora certa
( A ) É capaz de tomar as medicações, mas precisa ser lembrado ou alguém precisa
preparar a medicação
( D ) É incapaz de tomar sozinho suas medicações
8- Dinheiro:
( I ) É capaz de fazer as compras de coisas necessárias, preencher cheques e pagar
contas
( A ) É capaz de fazer as compras de uso diário, mas necessita de ajuda com o talão
de cheque e pagar as contas
( D ) É incapaz de lidar com dinheiro
Abreviações: I = independente A = assistência D = dependente
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Anexo 4
Escala Geriátrica de Depressão Yesavage
Traduzida para o Português por A. Zilenovski, MD São Paulo
Assinale a resposta mais apropriada ao seu estado de espírito durante a última semana:
1- Você está basicamente satisfeito com sua vida?...................................................Sim Não
2- Você abandonou muitas atividades de interesse?.................................................Sim Não
3- Você sente que sua vida é vazia:..........................................................................Sim Não
4- Você sente-se entediado com freqüência?............................................................Sim Não
5- Você vê o futuro com otimismo?..........................................................................Sim Não
6- Você sente-se perturbado por pensamentos que não lhe saem da cabeça?...........Sim Não
7- Você está geralmente de bom humor?..................................................................Sim Não
8- Você tem medo que algo mal irá lhe acontecer?.................................................Sim Não
9- Você sente-se feliz a maior parte do tempo?........................................................Sim Não
10- Você sente-se indefeso com freqüência?............................................................Sim Não
11- Você sente-se irrequieto?....................................................................................Sim Não
12- Você prefere ficar em casa a sair em busca de novas experiências?..................Sim Não
13- Você preocupa-se freqüentemente com o futuro?..............................................Sim Não
14- Você acha que tem a memória pior que a média?..............................................Sim Não
15- Você acha que é maravilhoso estar vivo agora?.................................................Sim Não
16- Você sente-se desanimado e deprimido com freqüência?..................................Sim Não
17- Você sente que não tem valor no estado em que está agora?.............................Sim Não
18- Você se preocupa muito com o passado?...........................................................Sim Não
19- Você acha a vida excitante?................................................................................Sim Não
20- É difícil para você iniciar novos projetos? ....................................................... Sim Não
21- Você sente-se cheio de energia?.........................................................................Sim Não
22- Você sente que não há esperança para a sua situação?.......................................Sim Não
23- Você acha que a maioria das pessoas está melhor que você?.............................Sim Não
24- Você se altera com freqüência sobre pequenas coisas?......................................Sim Não
25- Você tem freqüentemente vontade de chorar?....................................................Sim Não
26- Você tem dificuldade de concentrar-se?.............................................................Sim Não
27- Você gosta de levantar-se pela manhã?..............................................................Sim Não
28- Você prefere evitar encontros sociais?...............................................................Sim Não
29- Você toma decisões com facilidade?..................................................................Sim Não
30- A sua mente está tão clara como antigamente?..................................................Sim Não
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Anexo 5
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA BREVE NEUROPSI
PROTOCOLO DE APLICAÇÃO
Dra. Feggy Ostrosky-Solis, Dr. Alfredo Ardila e Dra. Monica Roselli
Tradução e adaptação Dra. Jacqueline Abrisqueta-Gomez
DADOS GERAIS
Nome______________________________________________________________
Idade___________Local e data de nascimento_____________________________
Sexo (F) (M) Escolaridade__________________Ocupação___________________
Lateralidade_______________________________
Data da avaliação: _______________ Início: ___________ Término:____________
MOTIVO DA CONSULTA
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
OBSERVAÇÕES MÉDICAS E NEUROLÓGICAS
1 Estado de alerta; consciente; sonolento; torporoso; comatoso, etc
__________________________________________________________________
2 Se a pessoa estiver tomando algum medicamento, especifique qual a dose.
__________________________________________________________________
3 Outros exames: angiografia, eletroencefalograma, etc.
__________________________________________________________________
4 Antecedentes médicos:
Marcar com um “X” se tem ou se já teve alguma das seguintes doenças:
( ) Hipertensão arterial ( ) Traumatismo encefalocraniano
( ) Doenças pulmonares ( ) Diabetes
( ) Alcoolismo ( ) Tireoidopatia
( ) Farmacodependência ( ) AVC
( ) Diminuição de acuidade visual ou auditiva ( ) Outras
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AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA BREVE NEUROPSI
(escolaridade baixa, média e alta)
Instrução Geral: Par
a os critérios de qualificação qualitativos e quantitativos de cada pergunta é
necessário consultar o manual.
1 ORIENTAÇÃO Respostas Pontuação
A No tempo Que dia é hoje? 0 1
Em que mês estamos? 0 1
Em que ano estamos? 0 1
B No espaço Em que cidade estamos? 0 1
Em que lugar estamos? 0 1
C Pessoal Quantos anos você tem? 0 1
TOTAL___________(6)
2 ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO
A. DÍGITOS EM ORDEM INVERSA
Peça que repita cada série em ordem inversa. Dar o exemplo de 2 5 que em forma inversa é 5-
2
Se conseguir repetir a primeira série de ensaio
, passar à série seguinte; se fracassar aplicar o
segundo ensaio da mesma quantidade de dígitos.
Resposta Resposta Resposta
4-8_________ 2 2-8-3_______________ 3 8-6-3-2________________ 4
9-1 _________ 2 7-1-6_______________ 3 2-6-1-7________________ 4
Resposta Resposta
6-3-5-9-1_____________________5 5-2-7-9-1-8_______________________6
3-8-1-6-2_____________________ 5 1-4-9-3-2-7_______________________6
Total___________________(6)
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B
DETECÇÃO VISUAL
Coloque a folha de detecção visual em frente ao sujeito e peça para marcar com um “X” todas as figuras
que sejam iguais ao modelo (figura A do mat
erial anexo), o qual se apresentara durante 3 segundos;
suspender ao fim de 60 segundos.
TOTAL DE ERROS___________________________
TOTAL DE ACERTOS_______________________(16)
C 20 3
Pedir ao sujeito que subtraia 20
3 e assim sucessivamente; não proporcionar ajuda e suspender a
prova após 5 tentativas.
17 14 11 8 5 RESPOSTAS _____________________________TOTAL _________(5)
3 CODIFICAÇÃO
A. MEMÓRIA VERBAL ESPONTÂNEA
Ler uma série de 6 palavras. Após a leitura, pedir para o sujeito repetir as palavras que ouviu.
Proporcionar 3 ensaios.
CURVA DE MEMÓRIA ESPONTÂNEA
gato ________________ punho ________________ ombro _________________
pêra ________________ vaca ________________ manga _________________
punho _______________ manga________________ pêra _________________
manga_______________ gato ________________ vaca _________________
vaca ________________ ombro________________ gato __________________
ombro________________ pêra _________________ punho__________________
TOTAL____________________________(6)
TOTAL INTRUSÕES: _____________________________
TOTAL PERSEVERAÇÕES:________________________
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B
PROCESSO VISU
O
-
ESPACIAL
(Cópia da figura semi
-
complexa)
Peça para copiar a figura 1 do material anexo. Utilize a reprodução apresentada abaixo para
registrar a sequência da cópia.
Hora_________________ TOTAL ____________________(12)
Tempo inicial____________________ Tempo Final_______________________-
4 LINGUAGEM
A. NOMEAÇÃO
Pedir o nome das figuras apresentadas nas folhas 2 ao 9 (material anexo), anotar as
respostas.
BODE 0 1 ______________ RELÓGIO 0 1 ______________
VIOLÃO 0 1 ______________ COBRA 0 1 ______________
CORNETA 0 1 ______________ CHAVE 0 1 ______________
DEDO 0 1 ______________ BICICLETA 0 1 ______________
NOTA:
Se o paciente apresentar problemas de acuidade visual que limitem a sua
capacidade para realizar a atividade anterior, pedir para nomear os seguin
tes estímulos
perguntando: O QUE É ISTO?
LÁPIS RELÓGIO BOTÃO TETO COTOVELO CALCANHAR SAPATO CHAVE
1 2 3 4 5 6 7 8
TOTAL ___________________________(8)
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B
REPETIÇÃO
Peça que repita as seguintes palavras e sentenças:
Sol .............................................................................. ________________ 0 1
Janela ......................................................................... ________________ 0 1
A criança chora........................................................... _________________ 0 1
O homem caminha devagar pela rua ........................ _________________ 0 1
TOTAL:__________________(4)
C COMPREENSÃO
Apresentar a lâmina 10 e avaliar
a compreensão das seguintes instruções, levando em
consideração se o sujeito entende os termos “quadrado” e "círculo" caso não entenda,
tente com outras palavras tais como: “bolinha” e “quadro”.
Aponte o quadrado pequeno........................................................ 0 1
Aponte um círculo e um quadrado............................................... 0 1
Aponte um círculo pequeno e um quadrado grande..................... 0 1
Toque o círculo pequeno se existe um quadrado grande ............... 0 1
Toque o quadrado grande em vez do círculo pequeno ................... 0 1
Além de tocar os círculos, toque o quadrado pequeno ....................
0 1
TOTAL __________________
____(6)
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D FLUÊNCIA VERBAL
Peça para nomear num minuto todos os animais que conheça. Posteriormente empregando o mesmo
tempo solicite que nomeie todas as palavras que lembrar que começarem com a letra “F” sem que sejam
nomes próprios ou palavras derivadas (ex. família, familiar).
NOTA: Não se aplica fluência verbal fonológica a indivíduos analfabetos ou baixa escolaridade.
Nomes de animais Palavras que começam com “F”
1___________________
15____________________ 1____________________ 15 ___________________
2___________________ 16____________________ 2____________________ 16 ___________________
3___________________ 17____________________ 3____________________ 17_
___________________
4 ___________________ 18____________________ 4 ____________________ 18____________________
5 ___________________ 19____________________ 5____________________ 19____________________
6 ___________________ 20____________
________ 6____________________ 20 ___________________
7 ___________________ 21 ___________________ 7____________________ 21____________________
8 ___________________ 22____________________ 8____________________ 22_________________
___
9 ___________________ 23____________________ 9 ___________________ 23____________________
10___________________ 24 ____________________ 10 ___________________ 24____________________
11___________________ 25 ____________________ 11____
________________ 25____________________
12___________________ 26____________________ 12___________________ 26____________________
13___________________ 27 ___________________ 13 __________________ 27 ___________________
14 _____________
_____ 28____________________ 14___________________ 28 ____________________
TOTAL SEMÂNTICO ___________________ TOTAL FONOLÓGICO ____________________
INTRUSÕES __________________________ INTRUSÕES ___________________________
PERSEVERAÇÕES _____________________ PERSEVERAÇÕES______________________
5 LEITURA
Peça que leia em voz alta o texto da lâmina 11 do material anexo. Mencione que serão feitas
perguntas sobre seu conteúdo.
NOTA: Não se aplica a indivíduos analfabetos ou de baixa escolaridade.
Resposta Pontuação
Por que a lagarta se afogou? __________________________________________ 0 1
O que aconteceu com a outra lagarta? ___________________________________ 0 1
Como se salvou a lagarta? ____________________________________________ 0 1
TOTAL _________________(3)
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6
ESCRITA
NOTA: Não se aplica a indivíduos analfabetos ou de baixa escolaridade.
Pontuação
DITAR: O cachorro caminha pela rua. 0 1
COPIAR: As laranjas crescem nas árvores (apresentar lâmina 12) 0 1
TOTAL____________ (2)
7 FUNÇÕES EXECUTIVAS
A. CONCEITUAIS
1. Semelhanças
Pergunte em que se parecem os seguintes estímulos. Proporcione exemplo: “cadeira- sofá .... são?
Resposta Pontuação
Laranja pêra ____________________________________________ 0 1 2
Cachorro cavalo __________________________________________ 0 1 2
Olho nariz ______________________________________________ 0 1 2
TOTAL : __________________(6)
2. Cálculo
Peça que resolva mentalmente as seguintes operações. Tempo limite para resolver cada problema:
60 segundos. Você pode ler novamente o problema dentro do limite do tempo.
Resposta
Quanto é 13 + 15? (28) ........................................................................................ _______________
João tinha R$ 12,00, recebeu R$ 9,00 e gastou R$ 14,00. Quanto sobrou? (7) . _______________
Quantas laranjas há em duas dúzias e meia? (30) ............................................. _______________
TOTAL ___________________(3)
3. Seqüência
Apresentar a lâmina 13 do material anexo e pedir que continue com a sequência.
NOTA: Não se aplica a indivíduos analfabetos ou de baixa escolaridade.
TOTAL ___________________(1)
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B. FUNÇÕES MOTORAS (Para sua aplicação, consultar o manual)
1. Mudança da posição da mão
0 = não fez
1 = fez, entre o segundo e terceiro ensaio
2 = fez corretamente no primeiro ensaio
Execução direita 0 1 2
esquerda 0 1 2 TOTAL:____________(4)
Obs:
Erros de perseveração, problemas de coordenação espacial, dificuldade para seguir sequência
correta
2. Movimentos alternados das duas mãos
0 = não fez
1 = fez com hesitação (movimentos lentos)
2 = fez corretamente. TOTAL: _______________(2)
3. Reações opostas
0 = Não fez
1 = fez com erros
2 = fez corretamente. TOTAL: _______________(2)
8 FUNÇÕES DE EVOCAÇÃO
A. MEMÓRIA VÍSUO-ESPACIAL (após 20’)
Peça que reproduza a figura da lâmina 1 e registre a sequência observada.
HORA ____________________ TOTAL_______________ (12)
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B MEMÓRIA VERBAL
1. Espontânea
Peça que lembre e evoque as palavras que treino anteriormente.
Gato _______________ pêra ________________ INTRUSÕES __________________
Punho ______________ vaca _______________ PERSEVERAÇÕES _____________
0mbro ______________ Manga _____________ TOTAL ____________________(6)
1. Por dicas
Peça para lembrar as palavras anteriormente memorizadas de acordo com as seguintes categorias:
Partes do corpo _____________________________ INTRUSÕES________________________
Frutas ____________________________________ PERSEVERAÇÕES___________________
Animais ___________________________________ TOTAL _____________(6)
2. Reconhecimento
Leia as seguintes pal
avras e peça que reconheça aquelas que pertencem à série memorizada
anteriormente.
Boca ___________ ombro* __________ raposa ___________ vaca* _____________
Gato*__________ árvore ___________ punho*___________ flor _______________
Cama __________ galo ______________ manga*__________
Pêra*___________ lápis _____________ sobrancelha ____________
TOTAL: ____________________(6)
INTRUSÕES___________________________
OBSERVAÇÕES
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
PONTUAÇÃO TOTAL ____________________________
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Anexo 6
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Anexo 7
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Dados de identificação do sujeito da pesquisa:
Nome: ___________________________________________________________________
Registro geral:___________________ Sexo: _____ Data de nascimento:_______________
Endereço:___________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Bairro:____________________________ Cidade:___________________ UF:__________
CEP:________________________ Telefone:_____________________________________
Dados sobre a pesquisa científica:
Título do protocolo de pesquisa: Avaliação neuropsicológica do idoso normal da cidade do
Recife.
Pesquisador: Vera Lúcia Gomes Santiago.
Inscrição no Conselho Regional: CRP / 02 – 4345.
Cargo/Função: Psicóloga.
Instituição: Departamento de Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento.
Avaliação do risco da pesquisa: Sem risco
Duração da pesquisa: 2 anos.
Registro das explicações do pesquisador ao paciente sobre a pesquisa consignando:
Este estudo faz parte do trabalho de conclusão do curso de mestrado em Neuropsiquiatria e
Ciências do Comportamento da Universidade Federal de Pernambuco e tem por objetivo a
determinação dos resultados esperados da avaliação neuropsicológica em idosos normais da
cidade do Recife. Para a sua realização, será feito um cadastramento que seguirá os critérios
de exclusão e inclusão estabelecidos previamente. Após o cadastramento será realizada a
avaliação cognitiva em dois encontros a serem combinados. Esta avaliação cognitiva é uma
bateria de testes para avaliar atenção, memória, orientação temporal e espacial, cálculo,
linguagem raciocínio lógico e abstrato, planejamento. Este exame não prevê nenhum tipo de
risco ou prejuízo na sua realização e os seus resultados poderão contribuir para o diagnostico
de doentes neurológicos. Se você mudar de idéia depois de começado a avaliação, esta poderá
ser interrompida. Seu resultado será mantido em sigilo, cumprindo os preceitos ético-
cientificos. Caso concorde em participar dessa pesquisa, por favor, assine este termo de
consentimento.
Santiago, Vera Lúcia Gomes Perfil neuropsicológico de uma amostra de idosos...
Esclarecimentos dados pelo pesquisador sobre garantias do sujeito da pesquisa
consiguinando:
1. Você terá acesso, a qualquer tempo, às informações sobre procedimentos, riscos e
benefícios relacionados à pesquisa, inclusive para esclarecer eventuais dúvidas.
2. Você também terá liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de
deixar de participar do estudo, sem que isto traga nenhum prejuízo.
3. As informações fornecidas serão sigilosas, salvaguardando sua confidencialidade,
sigilo e privacidade.
Informações de nomes e telefones dos responsáveis pelo acompanhamento da pesquisa:
a. Pesquisador executante: Vera Lúcia Gomes Santiago Tel: (81) 3222.0370.
b. Orientador: Everton Botelho Sougy Tel: (81) 2126.8539.
c. Co-orientador: Jacqueline Abrisqueta Gómez Tel: (11) 5549.6899.
Consentimento pós-esclarecido:
Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me
foi explicado, consinto em participar do presente protocolo de pesquisa.
Recife, ______ de_______________ de_______.
_______________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa
_______________________________________________________
Assinatura do pesquisador
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( http://www.livrosgratis.com.br )
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