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Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico
Faculdade de Enfermagem
Katia Maria dos Santos Calegaro
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Rio de Janeiro
2007
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1
Katia Maria dos Santos Calegaro
Exposição à Radiação Ionizante dos Profissionais de Saúde em
Hemodinâmica: o enfoque da Enfermagem
Dissertação apresentada, como requisito para
obtenção do título de Mestre, ao Programa de
Pós-Graduação em Enfermagem, da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Área de concentração: Enfermagem, Saúde e
Sociedade
Orientadora: Profª. Drª. Maria Yvone Chaves Mauro
Rio de Janeiro
2007
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2
CATALOGAÇÃO DA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/CBB
C148 Calegaro, Kátia Maria dos Santos.
Exposição à radiação ionizante dos profissionais de saúde em
hemodinâmica: o enfoque da enfermagem / Kátia Maria dos Santos
Calegaro. - 2007.
93 f.
Orientador: Maria Yvone Chaves Mauro
Dissertação (Mestrado) Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Faculdade de Enfermagem.
1. Enfermagem do Trabalho 2. Recursos humanos na saúde 3.
Radiação ionizante. 4. Saúde e trabalho Fatores de risco. I. Mauro,
Maria Yvone Chaves. II. Universidade do Estado do Rio Janeiro.
Faculdade de Enfermagem. III. Título.
CDU
614.253.5
Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial
desta dissertação.
_______________________________ ____________________
Assinatura Data
3
Katia Maria dos Santos Calegaro
Exposição à radiação ionizante dos profissionais de saúde em hemodinâmica:
o enfoque da enfermagem
Dissertação apresentada, como requisito
para obtenção do tulo de Mestre, ao
Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Enfermagem da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro. Área de concentração:
Enfermagem, Saúde e Sociedade.
Aprovado em _______________________________
Banca Examinadora:
__________________________________________________________
Profª. Drª. Maria Yvone Chaves Mauro (Orientadora)
Faculdade de Enfermagem da UERJ
__________________________________________________________
Profª. Drª. Lucía Viviana Canevaro
Instituto de Radioproteção e Dosimetria
__________________________________________________________
Prof. Dr. Antonio Augusto de Freitas Peregrino
Faculdade de Enfermagem da UERJ
____________________________________________________
Profª. Drª. Marilurde Donato
Escola de Enfermagem Anna Nery da UFRJ
____________________________________________________
Profª. Drª. Helena Maria Scherlowisky Leal David
Faculdade de Enfermagem da UERJ
Rio de Janeiro
2007
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos aqueles que de alguma forma me ajudaram na realização deste
projeto.
À minha família e todos os meus amigos, por sempre estarem por perto nos
momentos mais difíceis e por compreenderem minha ansiedade e principalmente, minha
falta de tempo.
Ao meu namorado Gabriel, por ser um dos meus maiores incentivadores. Sem
você, teria sido mais difícil chegar até aqui. Obrigada por ter estado ao meu lado em
TODOS os momentos e por ter dito as palavras certas nos instantes mais propícios.
À minha querida orientadora, Profª. Dr
a.
Maria Yvone Chaves Mauro você é
um grande exemplo na minha vida. Obrigado por absolutamente TUDO que você tem
feito por mim e pela confiança.
Ao Prof. Dr. Antonio Augusto de Freitas Peregrino, do Laboratório de
Ciências Radiológicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LCR/UERJ).
Você sempre acreditou na minha proposta e hoje eu tenho a agradecer por todo o
conhecimento que temos compartilhado. Sua orientação e parceria é fundamental para
o sucesso deste projeto.
Aos amigos, Dr. Bernardo Dantas e Dr
a
. Ana Letícia Dantas do Instituto de
Radioproteção e Dosimetria, pelo apoio que vocês me deram desde a idealização mental
deste projeto.
Às professoras Dr
as
.
Maria Lúcia Robazzi, da Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto/Universidade de o Paulo (EERP/USP) e Lucía Canevaro, do
Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD/CNEN). A colaboração de vocês foi
imprescindível para a realização deste projeto; muito obrigada pelas sugestões e
conselhos.
A Lucia Ladeira, da Comissão Nacional de Energia Nuclear, pela ajuda na
obtenção do referencial bibliográfico para este estudo. Ao Enf. Everaldo, da
Universidade de Brasília, pela cessão de importantes conteúdos necessários à
composição deste projeto.
5
RESUMO
CALEGARO, Katia Maria dos Santos Calegaro. Exposição à radiação ionizantes dos
profissionais de saúde em hemodinâmica: o enfoque da Enfermagem. 2007. 91f.
Dissertação (Mestrado em Enfermagem) Faculdade de Enfermagem, Universidade
do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.
As radiações ionizantes têm sido cada vez mais usadas na medicina
contemporânea, inserida em contextos diagnósticos e terapêuticos. O objeto deste
estudo foi, portanto, a exposição à radiação ionizante relacionada ao processo de
trabalho dos profissionais de saúde em hemodinâmica e seus objetivos foram
conhecer o perfil dos trabalhadores de saúde que atuam no setor de hemodinâmica,
levantar os problemas de saúde provocados ou agravados pelo trabalho a partir da
ótica do profissional, conhecer as doses ocupacionais dos trabalhadores,
correlacionando os dados encontrados à luz da legislação específica vigente.
Tratou-se de um estudo exploratório e descritivo com abordagem quanti-qualitativa
que teve como instrumentos de coleta de dados: a observação sistemática do local
de estudo, lê-se, o setor de hemodinâmica de um hospital universitário localizado na
cidade do Rio de Janeiro; a aplicação de um questionário com 35 perguntas abertas
e fechadas aos sujeitos do estudo, -se, os profissionais de saúde médicos,
enfermeiros, técnicos de enfermagem e técnicos de radiologia que atuavam no
setor de hemodinâmica; e a busca documental pelas doses ocupacionais
retrospectivas dos trabalhadores. Como resultados, identificou-se uma população
com média de 39 anos, com experiência profissional média, em saúde e
hemodinâmica, de 10 anos, que trabalham em mais de uma instituição de saúde
expostos à radiação ionizante. Foram discutidas questões relativas à saúde,
segurança, formação e prática profissional dos sujeitos à luz das legislações que
versam sobre o uso de radiações ionizantes. Concluiu-se a necessidade de
adaptações e mudanças em diversas esferas / setores objetivando a otimização da
radioproteção, da saúde dos trabalhadores e da prática em hemodinâmica.
Palavras-Chave: Riscos ocupacionais. Radiações ionizantes. Enfermagem do
trabalho.
6
ABSTRACT
Ionizing radiations have been used in the contemporary medicine, inserted in
disgnostic and therapeutical contexts. Therefore, the object of this study was the
relation among ionizing radiation exposition and the work process of the health
professionals at hemodynamic; the objectives were: know the profile of the
professionals working at hemodynamic unit, identify health problems caused or
aggravated by work on the workers´ agreement, know the occupational dosis of this
professionals and correlate data with the specific current law. This is a descriptive
study, quanti-qualitative that had like data collection instruments: a systematic
observation of an hemodynamic unit located in an university hospital in Rio de
Janeiro; application of a questionnaire with 35 open and closed questions to
population health´s professionals: physicians, nurses, radiology technicians and
nursing technicians - that works at hemodynamics, and a documentary search about
their last occupational dosis. The results of this study shows a population with
average age of 39 years, with a lot of professional experience, in health and
hemodynamic (10 years in average), that work at more than one health institution
exposed to ionizing radiation. Questions about health, security, graduation and
professional practice had been analyzed and argued based in the specific legislation.
The conclusions are a necessity of adaptations and changes in diverse sectors
objectifying the optimization of radioprotection, workers´ health and the practice at
hemodynamics units.
Keywords: Occupational risks. Ionizing radiation. Occupational nursing.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................
8
REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................
16
1.1 Trabalho ................................................................................................
16
1.2 Processo de trabalho dos profissionais de saúde ...........................
18
1.3 Riscos Ocupacionais ...........................................................................
21
1.4 Radiações ionizantes ..........................................................................
23
1.4.1 Tipos de fontes radioativas ....................................................................
24
1.4.2 Efeitos das radiações no ser humano ....................................................
25
1.5 Cardiologia intervencionista ...............................................................
28
2 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................
31
2.1 Local do estudo ...................................................................................
34
2.2 População .............................................................................................
37
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................
40
4 CONCLUSÕES ......................................................................................
74
REFERÊNCIAS ......................................................................................
80
APÊNDICE A Termo de consentimento livre e esclarecido ................
85
APÊNDICE B Carta de autorização/instituição ...................................
86
APÊNDICE C Questionário .................................................................
87
APÊNDICE D Carta de autorização ...................................................
90
ANEXO A - Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa .......
91
8
INTRODUÇÃO
Este estudo insere-se na linha de pesquisa que trata do trabalho de
enfermagem Trabalho e Formação em Saúde e Enfermagem, que aborda o mundo
contemporâneo. A investigação surge a partir de minhas vivências como enfermeira
residente na unidade de imagem de um hospital universitário do Rio de Janeiro,
onde evidenciei algumas situações inquietantes, que me chamaram atenção, sobre
o trabalho da equipe de saúde em hemodinâmica.
Durante o período em que desenvolvi atividades de enfermagem no serviço
de radiologia, observei que os profissionais de saúde (médicos, enfermeiros,
auxiliares de enfermagem e técnicos de radiologia) pouco utilizavam o dispositivo
para monitoração externa de radiações ionizantes, conhecido popularmente como:
dosímetro
1
(monitor individual ou monitor pessoal).
Conversando informalmente com os profissionais, constatei que sabiam da
importância do uso do dosímetro, mas não o utilizavam por “esquecimento”.
Constatei também, durante conversas informais, que o conhecimento que os
trabalhadores possuíam acerca da legislação especifica que versa sobre a
exposição ocupacional a radiações ionizantes era pequeno.
Verifiquei ainda que parte dos trabalhadores que atuavam no setor de
imagem, principalmente médicos e técnicos de radiologia, possuía mais de um
emprego na área da saúde desenvolvendo o mesmo tipo de trabalho. Essa situação
faz com que estes profissionais tenham uma probabilidade maior de exposição
acima dos limites preconizados. O múltiplo vínculo empregatício nas áreas de saúde
é algo comum; entretanto, gera implicações para os trabalhadores no que diz
respeito à exposição aos riscos ocupacionais. Quem exerce atividades em duas
instituições, por exemplo, tem a maior possibilidade de exposição a fatores de risco,
muitas vezes de diversas categorias.
No que diz respeito à questão específica das salas de estudos
hemodinâmicos, pude observar que médicos especialistas, técnicos de radiologia,
enfermeiro e técnicos de enfermagem podem estar expostos à radiação durante a
realização de exames e intervenções.
1
Dosímetro = todo equipamento utilizado para medir radiação. No caso citado, trata-se de um monitor individual
que monitora a dose de radiação recebida pelo trabalhador.
9
A equipe de enfermagem permanece posicionada em locais alternados da
sala. O dico, que possui habilitação e conhecimentos próprios para a realização
do procedimento, se posiciona ao lado do paciente, a uma distância de pelo menos
30 centímetros do equipamento, enquanto o cnico de radiologia opera o
equipamento a uma distância de 1 metro do mesmo.
Esta situação me chamou atenção no sentido de entender o campo de
radiação existente nas salas de hemodinâmica e a sua relação com o
posicionamento dos profissionais de saúde durante os exames e a conseqüente
exposição à radiação emitida pelo equipamento.
Todas as questões descritas despertaram meu interesse, dando início, assim,
à realização desse estudo.
A aplicação das radiações tem sido alvo de estudos mundiais envolvendo a
biologia, medicina, enfermagem, sociologia, psicologia e o direito. Trata-se de uma
temática em que as discussões se tornam cada vez mais multidisciplinares, tendo
em vista os numerosos aspectos permeados.
Ocorre que o uso comprovadamente crescente e diversificado das radiações,
na sua forma ionizante, na medicina e em outras áreas de atuação e conhecimento,
não pode ser dissociado da preocupação com a segurança das pessoas expostas,
sejam estas cidadãos comuns ou profissionais (MENDES, 2003); tanto é que
pesquisas têm sido realizadas enfocando a exposição ocupacional às radiações
ionizantes associada às práticas de radioproteção e otimização do processo de
trabalho.
Okuno, Caldas e Chow (1982) definem radiação como uma forma de energia
emitida por uma determinada fonte que se propaga sob a forma de partículas
(radiações corpusculares) ou sob a forma de ondas eletromagnéticas (radiações
eletromagnéticas).
As radiações, quando possuem energia suficiente, podem ionizar átomos e
moléculas modificando seu comportamento químico e gerando, nos seres humanos,
mutações genéticas e outras anormalidades. Dentro de um certo limite de exposição,
as células do corpo vivem bem, porém, se esse limite é ultrapassado por algum
motivo, há possibilidade de aparecimento de efeitos negativos para o corpo humano.
Vale salientar que os trabalhadores que atuam em setores que desenvolvem
atividades de cardiologia intervencionista, como os estudos hemodinâmicos, estão
expostos ocupacionalmente a radiações artificiais que podem trazer, em longo
10
prazo, efeitos deletérios se em dosagens excessivas e sem os equipamentos para
radioproteção.
Pesquisando em bases de dados eletrônicas como o International Nuclear
Information System (INIS), Biblioteca Virtual de Saúde (BIREME), Scientific Eletronic
Library Online (SCIELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da
Saúde (LILACS) e Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE))
evidenciei que a literatura atual ainda não apresenta dados concretos sobre os
efeitos da exposição a baixas doses, como é o caso da exposição ocupacional.
Constatei também que não há evidência de estudos realizados com a variável
“número de empregos”. O cerne da questão o reside simplesmente trabalhar no
fato de atuar em mais de uma instituição e sim no somatório da dose total recebida
pelos profissionais.
Tendo em vista as inquietações surgidas no decorrer da minha prática
enquanto enfermeira residente e a preocupação no que se refere à saúde dos
trabalhadores que exercem suas atividades laborativas expostos à radiação, este
estudo tem como questionamento inicial as seguintes interrogativas:
- Qual o nível de exposição mensal dos trabalhadores de saúde que atuam
nas salas de hemodinâmica?
- Quais o as implicações desse grau de exposição associado ao processo
de trabalho para a sua saúde?
Estes questionamentos partem do pressuposto que a dosagem de radiação
absorvida pelos trabalhadores, ao longo de sua vida produtiva, pode trazer efeitos
negativos para a sua saúde, que se trata de um fator de risco físico, invisível aos
olhos, cujas conseqüências o, muitas vezes, irreversíveis. É, portanto, de suma
importância, que o grau de exposição esteja compatível com os limites
estabelecidos.
Ainda visualizam-se como questões relevantes o conhecimento que o
profissional precisa ter da legislação em vigor para que estejam conscientes dos
benefícios da proteção radiológica e das conseqüências da exposição ocupacional.
Dessa forma, acredita-se que o próprio trabalhador pode vir a otimizar sua conduta
profissional, incorporando as práticas de radioproteção à sua rotina e atitude como
algo cotidiano.
Os profissionais de saúde possuem um processo de trabalho singular e
podem estar empregados em duas ou mais instituições, com vínculo trabalhista ou
11
não, expostos as radiações ionizantes nos serviços de imagem de empresas
públicas ou privadas. Há, portanto a necessidade de um controle rígido de diversos
aspectos que influenciam esta relação, como: os padrões de segurança das
unidades; a existência e uso das vestimentas de proteção individual preconizados; o
controle da saúde dos trabalhadores através dos exames periódicos; e a
interlocução dos empregadores no caso de dupla exposição para proceder ao
somatório das doses ocupacionais mensais do profissional.
Dessa maneira, o problema do estudo é a exposição ocupacional dos
profissionais de saúde a radiações ionizantes relacionada a peculiaridades do
processo de trabalho exercido.
Trata-se de um problema de relevância, haja vista as características
singulares do processo de trabalho destes profissionais. Fato interessante, e que
chamou atenção, é que não foi encontrado nenhum estudo que considerasse
enquanto variável, o número de empregos dos trabalhadores investigados, talvez
por conta dos muitos vieses que podem advir desta variável. O trabalho realizado
por profissionais em ambiente, onde exposição à radiação ionizante, também
permanece pouco explorado pelos pesquisadores na área de enfermagem.
A partir do problema levantado, delineiam-se as seguintes questões de
pesquisa:
Qual é o perfil profissional dos trabalhadores que atuam nas salas de
estudos hemodinâmicos?
Quais as variáveis que levam ao não somatório das doses
ocupacionais quando há múltipla jornada?
Quais as implicações da múltipla exposição à radiação ionizante para a
saúde destes trabalhadores?
Esse estudo busca respostas para estas questões, a fim de entender o
contexto em que está se dando na atualidade: a formação dos profissionais que
atuam hoje nas salas de hemodinâmica, assim como a atenção à segurança e
saúde dos trabalhadores expostos a radiações ionizantes. Desvelar o perfil dos
trabalhadores da saúde que atuam nas salas de hemodinâmica é imprescindível,
para que se tenha acesso ao histórico social, educacional (lê-se, formação técnica
ou superior), profissional e de saúde dos mesmos.
O somatório das doses de radiação absorvidas pelos profissionais, que atuam
duplamente expostos, é uma das grandes preocupações deste estudo, bem como as
12
repercussões dessa questão para a saúde dos mesmos, que, através de
levantamento bibliográfico realizado a priori foi identificado que o assunto é
abordado de forma breve pela legislação.
O problema e as questões de pesquisa dão margem a seguinte hipótese:
As doses ocupacionais dos profissionais que atuam na hemodinâmica com
múltipla exposição à radiação ionizante não são somadas mensalmente
conforme prevê a legislação específica.
A hipótese nula sugere que as doses ocupacionais são somadas. A hipótese
alternativa, que se deseja comprovar, diz que as doses ocupacionais não são
somadas. Dessa maneira, a variável dependente do estudo é o somatório de doses
ocupacionais e a variável independente é o número de empregos do profissional.
Objetivos do estudo
Tendo em vista todas as preocupações, inquietações e questionamentos que
se deseja responder, esta pesquisa tem os seguintes objetivos:
1) Conhecer o perfil profissional dos trabalhadores de saúde que atuam no
serviço de hemodinâmica de um hospital universitário do Rio de Janeiro;
2) Identificar os problemas de saúde provocados ou agravados pelo trabalho
relatados pelos profissionais de saúde que atuam no serviço de
hemodinâmica;
3) Conhecer as doses ocupacionais dos trabalhadores;
4) Correlacionar aos dados com a prática profissional à luz da legislação
vigente.
Justificativa do estudo
Iniciando uma discussão acerca da relevância e justificativa deste estudo,
salienta-se que os serviços de imagem ocupam posição de destaque dentro das
unidades terciárias públicas e privadas de assistência à saúde (EDUARDO;
NOVAES, 2004). Com o avanço da medicina diagnóstica ao longo do século XX,
esses serviços tornaram-se fundamentais dentro das instituições hospitalares para
fins diagnósticos e terapêuticos, trazendo rapidez e precisão aos achados
diagnósticos, melhoria nos tratamentos e aumento provável da expectativa de vida
da população que possui acesso a tais serviços.
13
O crescimento dessas unidades é diretamente proporcional à formação de
recursos humanos capacitados para manipular o maquinário e atender à clientela
que recorre a esses serviços. Trata-se de um grupo de profissionais com
treinamento especializado que está exposto a um dos riscos físicos mais discutidos
na atualidade.
O processo de trabalho dos profissionais de saúde é complexo é inclui
singularidades não existentes no processo de trabalho de outras categorias
profissionais. Podem-se citar como exemplos relevantes para este estudo: a
exposição aos riscos físicos (radiações), químicos (substâncias químicas como
glutaraldeido), riscos biológicos (sangue e secreções), riscos de acidentes
(explosões, acidentes radioativos), riscos ergonômicos (estresse e distúrbios
osteomusculares), longas jornadas de trabalho em regime de plantão, trabalhos em
turnos (diurno e noturno) que podem “confundir” e alterar o ciclo circadiano, variados
vínculos empregatícios decorrentes dos horários em turnos e dos baixos salários,
dentre outros.
Tendo em vista tantas peculiaridades e grandes responsabilidades, é
fundamental que a formação acadêmica (nível médio ou superior) dos profissionais,
que irão atuar nos serviços de radiologia intervencionista, contemple temas como
radioproteção, dosimetria individual, uso de vestimentas de proteção individual,
efeitos deletérios das radiações ionizantes, legislação (trabalhista, de saúde e de
segurança) e aspectos relativos à saúde do trabalhador como a realização de
exames periódicos. Entretanto, a experiência pessoal como docente em níveis
técnico e superior mostra que estes não são tópicos abordados com freqüência e
obrigatoriedade nas universidades e nos cursos cnicos de enfermagem, por
exemplo.
Com a evolução tecnológica e ampliação do uso das radiações em diversas
áreas, tornou-se necessária a criação de normatizações que regulamentassem as
atividades que passavam a ser desenvolvidas. Órgãos oficiais como a Comissão
Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), além do próprio Ministério do Trabalho, Organização Internacional do
Trabalho e órgãos de classe como o Conselho Federal de Enfermagem, por
exemplo, estabelecem diretrizes e normatizações para a atuação de trabalhadores
expostos a radiações ionizantes.
14
Essas regras dispõem sobre assuntos de suma importância como o controle
da saúde dos trabalhadores, limite de dosagem ocupacional, normas rígidas de
radioproteção, dosimetria externa e interna das radiações ionizantes. Em síntese,
trata-se de um compêndio que deve ser conhecido pelos profissionais que exercem
atividades laborativas, expostos a esse importante e invisível agente físico, a
radiação.
A relevância deste estudo é contemporânea, tendo em vista o crescente
desenvolvimento tecnológico que incorpora, à prática, novas técnicas de diagnóstico
por imagem a cada dia. A maioria dessas técnicas traz consigo as radiações X como
elemento fundamental.
Tendo em vista o processo de trabalho peculiar dos trabalhadores de saúde e
a exposição ocupacional às radiações ionizantes, torna-se fundamental investigar
tópicos significativos para a saúde dessas pessoas, tais como a ocorrência do
somatório de doses ocupacionais, o conhecimento acerca das legislações
específicas sobre o assunto, dentre outros. Dessa maneira, este estudo é relevante
para as categorias profissionais que atuam nas salas de hemodinâmica e para os
trabalhadores que possuem mais de um emprego nesta área.
Os estudos realizados apontam para padrões normais ou levemente alterados
de doses ocupacionais absorvidas. A importância da discussão dos dados à luz das
legislações vigentes na atualidade sobre o tema também traz uma perspectiva
inovadora, já que poderá correlacionar os dados da pesquisa com a prática realizada
pelos profissionais de saúde, identificando o cumprimento e a adequação das
normas às práticas.
A análise oriunda desta correlação irá delinear uma interface social e
trabalhista, identificando possíveis arestas na legislação, na formação e no
treinamento desses trabalhadores.
No caso específico da Enfermagem, pretende-se propor a revisão da
legislação específica que versa sobre o exposição dos trabalhadores de
enfermagem à radiações ionizantes, -se a Resolução 211 do Conselho Federal de
Enfermagem, que data de 1998. Essa proposta surge no sentido de colaborar para a
adequação de tais diretrizes à realidade atual, diferente da apresentada 9 anos,
quando a Resolução foi redigida. (COFEN, 1998).
Assim, este estudo pretende contribuir com uma discussão contundente e
fundamentada que traga subsídios e mudanças significativas na atitude e na prática
15
dos profissionais de saúde que atuam nas salas de hemodinâmica, dos
empregadores e dos órgãos fiscalizadores, objetivando maior rigor no cumprimento
das normas e conseqüente promoção e proteção da saúde dos trabalhadores.
Pretende-se, como conseqüência, sugerir estratégias ativas de proteção à
saúde dos trabalhadores de saúde, que desenvolvem atividades, expostos a
radiações ionizantes. Estas estratégias estarão dirigidas às instâncias que se
fizerem necessárias, como formação e capacitação profissional, controle e vigilância
da saúde dos trabalhadores, fiscalização, conduta profissional, dentre outras.
16
1 REVISÃO DE LITERATURA
Com o propósito de buscar, na literatura específica, os fundamentos que
pudessem orientar a investigação para o alcance dos objetivos deste estudo, foram
estabelecidas áreas temáticas focais estratégicas. Neste capítulo, descrevem-se os
aspectos teóricos de trabalho, processo de trabalho em saúde, saúde do
trabalhador, riscos ocupacionais, radiações ionizantes, radiologia intervencionista e
legislações relativas à temática central.
1.1 Trabalho
A etimologia da palavra “trabalho” vem do latim tripaliare, que significa
martirizar com o tripaliu, nome dado a um artefato destinado à tortura. (MICHAELIS,
2001).
Na sociedade contemporânea, o trabalho humano é tido como uma
obrigatoriedade, como elemento fundamental na constituição da identidade do
sujeito, que contribui e é vital para o desenvolvimento social da comunidade em que
se vive e com as quais se relaciona. O ato de trabalhar pode ser entendido como
toda atividade realizada pelo ser humano, onde este utiliza suas energias físicas e
mentais para a produção de bens ou serviços.
De acordo com Marx apud Codo e Sampaio (1995), o trabalho possui duas
naturezas; uma, que pode ser chamada de trabalho concreto e outra denominada
trabalho abstrato. A natureza concreta se refere à atividade material, intencional, que
envolve instrumentos e procedimentos e é voltada para a realização de um produto
necessário aos homens. A natureza abstrata pode ser entendida como a
transformação desta atividade em mercadoria, voltando-a para os interesses do
capital, do mercado, perfazendo a forma como o trabalho é explorado.
Durante séculos, o trabalho foi associado à penosidade, à servidão, sendo
realizado por escravos ou pessoas que pertenciam a classes menos favorecidas,
como os camponeses, em uma sociedade ainda agrária. A Revolução Industrial leva
o homem para dentro das fábricas, dando início à Era Industrial, onde se estrutura e
consolida o sistema capitalista.
Todavia, nem tudo é martírio quando se trata de trabalho. A execução de
atividades produtivas ou o trabalho em condições dignas, em ambiente seguro,
inserido em um contexto humanizado de organização, participando de um processo
17
de trabalho saudável, contribui positivamente para o crescimento social e pessoal do
sujeito.
O trabalho, nesta perspectiva, permite que o trabalhador obtenha satisfação
em nível material, psicológico e social, fundamentada no provimento de afeto, da
noção de pertencer a um grupo, da companhia de outras pessoas, de realização
profissional, experiências novas, segurança financeira e otimismo (MIELNIK, 1976).
É, portanto, fundamental na vida do ser humano, colaborando para sua inserção no
mundo e contribuindo para a formação da sua identidade enquanto adulto e
trabalhador. (MOREIRA, 2003).
Historicamente, desde os primórdios agrícolas, passando pela produção
eminentemente industrial até o mundo do trabalho que se configura na
contemporaneidade, o trabalhador, principal peça da engrenagem trabalho, tem sua
saúde comprometida por conta dos processos de trabalho impostos pelos detentores
dos meios de produção, pelo ambiente desfavorável dos locais de trabalho e por sua
inserção em linhas de produção de bens e serviços com empecilhos ao trabalho
digno e seguro.
Hoje, vivencia-se uma reestruturação do sistema produtivo, do mundo do
trabalho que era conhecido até o final do século XX, e isso gera repercussões ao
trabalhador e as organizações. Com a globalização, emerge também a reafirmação
da lógica de acumulação de lucro / capital que enfatiza a competitividade entre as
organizações e a qualidade absoluta, em prol de um mercado crescente e exigente.
Este processo de reestruturação das atividades produtivas inclui, a partir da
segunda metade do século XX (década de 70), inovações tecnológicas e novas
formas de gestão da força de trabalho, ocasionando um aumento nos índices de
produtividade, alterações no relacionamento entre as empresas e interferências nas
relações de trabalho e no processo de negociação das corporações com os
sindicatos.
Pode-se dizer que o trabalho, como prática que conduz ao progresso e ao
crescimento, adequou-se a essa nova realidade trazendo conseqüências positivas,
principalmente às empresas e empregadores, e negativas aos trabalhadores de uma
maneira geral.
O que se visualiza hoje no Brasil e no mundo (com exceção de alguns países
periféricos que se mantêm afastados do capitalismo) é a hipervalorização do capital
em detrimento do sujeito, e isso se reflete também nas relações de trabalho e nas
18
políticas trabalhistas. O novo mundo do trabalho é caracterizado pela diminuição dos
empregos fixos e aumento de outras modalidades de emprego (autônomo, contratos
por projeto, por tempo determinado), por salários variados atrelados à tarefa
realizada, qualificação e produtividade, pela diminuição da ação sindical, surgindo
negociações entre trabalhadores e empresa (o que diminui a força dos grupos), pela
exigência por parte das empresas de diversificação profissional e especialização e
principalmente pela falta de estabilidade no emprego.
Esta situação é refletida diretamente no ambiente de trabalho, nas condições
de trabalho e na saúde do trabalhador e devem ser discutidas seriamente no intuito
de estabelecer um trabalho digno, afastando a precariedade que hoje atinge várias
das atividades laborais.
1.2 Processo de trabalho dos profissionais de saúde
O trabalho em saúde é caracterizado como uma atividade profissional
extremamente complexa e meticulosa, que tem como agente e como sujeito da
ação, o ser humano. Durante o desenvolvimento destas atividades, são
estabelecidas relações estreitas entre as pessoas, como não vistas em outra área de
trabalho.
Podem ser considerados profissionais de saúde, aqueles com formação
técnica (de nível médio) ou superior no campo da saúde. Este campo é abrangente
e detém distintas categorias profissionais, que atuam diretamente com o ser
humano, prestando assistência à saúde em nível ambulatorial, hospitalar, domiciliar,
promovendo a saúde, ajudando a prevenir doenças, efetuando tratamento e
diagnóstico, recuperando a saúde e reabilitando pessoas que um dia estiveram
enfermas.
No caso especifico deste estudo, estarão sendo investigados os seguintes
profissionais de saúde: enfermeiros, auxiliares de enfermagem, médicos e técnicos
de radiologia. Trata-se de grupos que possuem regulamentação profissional
assegurada no Brasil, como é o caso de enfermeiros, auxiliares de enfermagem e
técnicos de radiologia e da classe médica, que não possui regulamentação do
exercício da profissão em âmbito nacional, entretanto desenvolve atividades de
diagnóstico e tratamento de doenças desde os primórdios.
A primeira lei que regulamentou o exercício da enfermagem profissional data
de 1955. Trata-se da Lei 2604, de 17/09/1955, que dispunha quem poderia estar
19
exercendo a enfermagem no Brasil na qualidade de enfermeiro, obstetriz, auxiliar de
enfermagem e da parteira. A lei mencionava como atribuições do enfermeiro, além
do exercício de enfermagem, a direção de serviços de enfermagem nos órgãos
hospitalares e públicos, a participação no ensino nas escolas de formação de
enfermeiros e auxiliares, a direção destas escolas e a participação em bancas
examinadoras de práticos de enfermagem
2
. (BRASIL, 1955).
Em 1986, a Lei 7498 dispõe sobre o exercício da Enfermagem em âmbito
nacional, sendo regulamentada em junho do ano seguinte pelo Decreto 94.406. A
lei traz as características, mantidas até hoje, dos profissionais de enfermagem de
nível médio (auxiliares e técnicos de enfermagem) e superior (enfermeiro) e das
parteiras e determina as funções privativas de cada profissional, estando o
enfermeiro responsável pela assistência de enfermagem de alta complexidade, o
técnico de enfermagem pela assistência de enfermagem de média complexidade e o
auxiliar de enfermagem responsável pelas ações de tratamento simples e pela
higiene e conforto do cliente. (BRASIL, 1986).
Hoje, existem especulações relativas à extinção da categoria auxiliar de
enfermagem, entretanto o único projeto que tramitou no Senado Federal sobre essa
questão foi o Projeto de Lei nº 005/2002, do senador Tião Viana e propunha o fim da
categoria de técnicos e auxiliares de enfermagem, a partir de dezembro de 2012,
dando aos profissionais existentes acesso diferenciado na graduação, para que
estes pudessem se tornar enfermeiros. (BRASIL, 2005).
No que tange à atuação dos profissionais da equipe de enfermagem no setor
de Hemodinâmica, não foram encontradas Resoluções ou Regulamentações do
Conselho Federal de Enfermagem que versem sobre a regulação desta prática. O
que existe é a já citada Resolução 211, do Conselho Federal de Enfermagem.
O exercício da profissão de cnico de Radiologia é regulamentado pela Lei
nº 7394, de 29 de outubro de 1985. De acordo com o documento,
regulam o exercício da profissão de Técnico em Radiologia, conceituando-se como
tal, todos os Operadores de Raios X que, profissionalmente, executam as cnicas:
radiológica, no setor de diagnóstico, radioterápica, no setor de terapia,
radioisotópica, no setor de radioisótopos, industrial, no setor industrial e de medicina
nuclear. (CNTR, 1985).
2
De acordo com o Decreto nº 23.774, de 22/01/1934, os enfermeiros que apresentassem atestados firmados por
diretores de hospitais, provando ter mais de cinco anos de prática efetiva de enfermagem, seriam inscritos como
“enfermeiros práticos” no Departamento Nacional de Saúde Pública, sendo antes submetidos a uma prova
pratica perante a uma Comissão. (BRASIL, 1934).
20
O exercício profissional nas salas de hemodinâmica corresponde às técnicas
descritas como radiológicas. Este trabalhador atua, portanto, em setores de
diagnóstico por imagem, como é o caso das salas de hemodinâmica, onde são
realizados exames de diagnóstico como o cateterismo cardíaco, por exemplo. Nesse
sentido, o Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER) institui e
normatiza, com a Resolução CONTER 03/2006, as atribuições do Técnico e
Tecnólogo em Radiologia na especialidade de diagnóstico no setor de
hemodinâmica. (CNTR, 2006).
Os médicos, apesar de terem uma profissão, cujas ações encontram-se
registradas na história mais de 5 mil anos, não têm seu campo de ação
delimitado em um documento legal no Brasil. Desde 2002, entidades políticas que
representam a classe médica vêm buscando essa regulamentação pelo projeto de
lei que hoje é conhecido como Ato Médico. (MODESTO FILHO, 2007).
Trata-se de um projeto complexo, que tem sido muito discutido, não pelos
médicos, mas por todos os profissionais de saúde, pois entendem que uma série de
idéias defendidas pelo documento poderia tirar a autonomia de ação dos outros
profissionais da área da saúde. A classe médica defende o movimento, afirmando
que a regulamentação é necessária e que imporá limites maiores e mais claros as
ações de outros profissionais. (MARTINS, A., 2003).
Com relação à regulamentação da formação e atuação do médico nos centros
de hemodinâmica, especificamente em procedimentos de cardiologia
intervencionista, cumprem-se as diretrizes da Sociedade Brasileira de
Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), que versam sobre a
habilitação dos centros de treinamento e certificação do médico como especialista
ou hemodinamicista. De acordo com essas normas, o médico precisa ter cumprido,
no mínimo, dois anos de Residência Médica em Cardiologia ou ser especialista em
Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, além de realizar provas
teóricas e práticas e ter pelo menos 520 procedimentos realizados, entre
cateterismos, angiografias e intervenções coronarianas. (GUIMARÃES, 2005).
Os profissionais da área de saúde constituem um conjunto de pessoas com
singularidades que os diferenciam dos demais profissionais, principalmente em
relação ao cuidado com sua própria saúde. Uma vez que estes trabalhadores são
detentores de conhecimento técnico-cientifico sobre doenças, os mesmos acabam
21
se sentindo distintos, intactos, como se as enfermidades não pudessem atingi-los,
como se desenvolvessem, ao longo de sua prática, uma barreira imunológica.
Este pensamento, que se traduz em atitude na prática profissional, pode ser
um mau aliado, tendo em vista que, na maioria das vezes, os “inimigos” são
invisíveis, ou seja, grande parte dos riscos aos quais estes trabalhadores estão
expostos é invisível.
O processo de trabalho dos profissionais de saúde é bastante peculiar, com
longas jornadas de trabalho, possibilidade de dobras (realização de um turno
seguido do outro por necessidade do serviço ou ausência do profissional da
continuidade, principalmente enfermeiros e cnicos de enfermagem), extensa
responsabilidade, exposição a riscos químicos, físicos, ergonômicos e biológicos,
além de múltiplos vínculos empregatícios.
A multiplicidade de vínculos em busca de remunerações cada vez mais altas
é comum nas áreas de saúde e educação. Não é raro encontrar médicos,
enfermeiros, técnicos de enfermagem e professores de ensinos fundamentais,
médios e superior exercendo suas atividades em mais de uma instituição
(CALEGARO, 2005). No caso específico dos cnicos de radiologia, esta situação
não poderia ocorrer, entretanto não é incomum encontrar estes profissionais
trabalhando em mais de uma instituição.
1.3 Riscos ocupacionais
Os profissionais de saúde estão amplamente expostos aos fatores de risco
ocupacionais, principalmente no universo hospitalar, onde estão localizados todos os
serviços de hemodinâmica do Rio de Janeiro. Esses fatores de risco têm origem nas
atividades insalubres e perigosas, aquelas cuja natureza, condições de operação e
métodos de trabalho podem, em algum momento, provocar efeitos deletérios à
saúde dos trabalhadores.
O autor Cartejón Vilella (1997, p.12) descreve a diferença semântica entre
risco e fator de risco. Embora pareça existir conformidade entre os termos, estes têm
significados distintos. Ele define fator de risco como: “todo objeto, substância, forma
de energia ou características da organização do trabalho que podem contribuir para
a ocorrência de um acidente de trabalho, agravar as suas conseqüências ou
produzir, em longo prazo, danos à saúde dos trabalhadores”. Assim, estão incluídos
neste leque como fatores de risco, por exemplo: ferramentas inadequadas (objeto),
22
produtos químicos (substâncias), radiação, calor (formas de energia), divisão do
trabalho e sobrecarga (organização do trabalho).
O risco é, por sua vez, definido pelo mesmo autor (op. cit., p. 13) como “a
magnitude do dano que um conjunto de fatores de risco produzirá em um período de
tempo”, podendo ser entendido como as reais conseqüências da exposição aos
fatores de risco.
A legislação brasileira expõe que é considerada como uma dos fatores de
risco, toda característica ou circunstância que acompanha um aumento de
probabilidade de ocorrência de um fato indesejado, seja este fato um acidente ou
uma doença (NR 9). (BRASIL, 2006b).
Podem ser encontradas, na literatura nacional e internacional, diferentes
classificações de risco ocupacional, todavia a maioria apresenta pelo menos quatro
grandes grupos de risco: físico, químico, biológico e de acidentes. As Normas
Regulamentadoras brasileiras apontam um quinto grupo que aborda os fatores de
risco ergonômicos ou anti-ergonômicos. De acordo com a Organização Pan-
Americana da Saúde (2001) no Brasil, este complexo também pode ser chamado de
grupo dos riscos psicossociais.
Por outro lado, existem classificações distintas, que não se encaixam nestes
padrões, como a de Cartejón Vilella (1997), que divide os fatores de risco em:
1) Ambiental: quando sua origem é material.
2) Psicossociais: quando o caráter material, sendo relacionado à
organização geral do trabalho. O autor ainda divide os fatores de risco
psicossociais em: físicos, ou seja, derivados de carga de trabalho, esforço
físico intenso, ritmos de trabalho e, psíquicos, relacionados à
complexidade do trabalho, ao nível de responsabilidade e atenção,
monotonia.
Utilizando a classificação do Ministério do Trabalho e Emprego, conforme a
Portaria 3214, de 08 de junho de 1978, que se refere às Normas
Regulamentadoras, têm-se os seguintes grupos de risco: de acidente ou acidentais,
ergonômicos, quimicos, biológicos e físicos.
Os riscos de acidente são fatores que colocam os trabalhadores em situação
de perigo, podendo afetar sua integridade física; como exemplo desse tipo de risco
podem-se destacar incêndios e explosões.
23
Os riscos ergonômicos são quaisquer fatores que possam interferir nas
características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto e/ou afetando
a saúde, como por exemplo, lesões e traumatismos sofridos pelo pessoal de
enfermagem por conta da manipulação de pacientes acamados, divisão do trabalho
equivocada, relação interpessoal, estresse, fadiga, dentre outros. Este grupo é
encontrado em classificações de outros autores como: fatores de risco psicossocial.
(ESTRYN BEHAR, 1996; OTERO, 1993).
Os riscos químicos referem-se a todas as substâncias que possam,
porventura, penetrar no organismo por via respiratória ou que, pela natureza da
atividade, possam ter contato ou ser absorvidas pelo organismo através da pele ou
ingestão. Como exemplo desse tipo de risco pode-se citar o manuseio de gases e
vapores anestésicos, anti-sépticos e esterilizantes, drogas citostáticas,
quimioterápicos, entre outros. A exposição aos riscos químicos está relacionada com
a área de atuação do trabalhador, com o tipo de produto químico e tempo de
contato, além da concentração do produto. Isso pode ocasionar sensibilização
alérgica, aumento da atividade mutagênica e até esterilidade.
Quanto aos riscos biológicos, eles se referem ao contato do trabalhador com
microorganismos (bactérias, parasitas, fungos, vírus, protozoários e insetos) ou
material infectado, os quais podem causar doenças como: tuberculose, hepatite,
rubéola, herpes, escabiose e Sida. Teoricamente, qualquer tipo de microorganismo
pode constituir-se um agente de risco ocupacional aos trabalhadores de saúde.
Os riscos físicos referem-se às diversas formas de energia a que possam
estar expostos os trabalhadores como, por exemplo, a temperatura ambiental
(elevada nas áreas de esterilização e baixa em centro cirúrgico), radiação ionizante,
ruídos e iluminação em níveis inadequados, choques elétricos.
Embora os trabalhadores da área da saúde estejam expostos a um grande
número de fatores de risco presentes no ambiente hospitalar, estará sendo
abordado com ênfase no próximo tópico, em virtude da temática do estudo, as
radiações ionizantes, por ser o fator físico que está presente nas salas de
hemodinâmica.
1.4 Radiações ionizantes
Radiação pode ser entendida como qualquer processo físico de emissão e
propagação de energia, por intermédio de fenômenos ondulatórios ou por meio de
24
partículas dotadas de energia cinética. (CNEN, 2007) Essa propagação de energia
se dá de várias formas, dividindo as radiações em dois tipos distintos:
a) Radiação Corpuscular: aquela constituída por um feixe de partículas
elementares ou núcleos atômicos como feixes de elétrons, prótons,
nêutrons e partículas alfa;
b) Radiação Eletromagnética: constituída de campos magnéticos e elétricos
oscilantes que se propagam com velocidade constante no vácuo, como é
o caso dos raios ultravioleta, raios X e gama, infravermelhos e ondas de
rádio.
Tanto as radiações corpusculares quanto as eletromagnéticas, quando
possuem energia suficiente, atravessam a matéria ionizando átomos e moléculas
modificando-lhes assim o comportamento químico. Dessa forma, entende-se que
radiação ionizante é aquela originária de partículas de núcleos instáveis ou ondas
eletromagnéticas com energia suficiente para remover elétrons de um átomo,
ionizando-o. Quando este processo acontece com as células do corpo humano
podem desencadear anomalias genéticas e diversas anormalidades. (OKUNO,
1988).
Dentro de um certo limite de exposição, as células do corpo vivem bem,
mesmo sendo expostas freqüentemente, considerando-se que um pequeno e
contínuo grau de radiação no ambiente, denominada radiação natural (OKUNO,
1988). Contudo, quando a exposição é excessiva pode determinar lesão física e até
a morte.
1.4.1 Tipos de Fontes Radioativas
O corpo humano pode ser exposto a esta forma de energia por meio das
radiações de fundo, por fontes radioativas externas e por fontes radioativas internas.
As radiações, existem no planeta Terra desde a sua origem, sendo, portanto, um
fenômeno natural. Dessa forma, as radiações provenientes dos raios cósmicos e dos
elementos radioativos existentes na crosta terrestre e na atmosfera o chamadas
radiações de fundo ou background natural. (BISAGNI, 2001).
As fontes externas de radiação estão dispersas no ambiente e podem ser
oriundas de: raios-X e gama, os mais freqüentemente encontrados e que constituem
o maior perigo, de partículas beta, que podem ser de alto risco, dependendo da sua
energia, de nêutrons, que possuem grande poder de penetração e de partículas alfa,
25
que têm dupla carga positiva e massa elevada, perdendo grande energia para o
meio, não apresentando portanto, grandes riscos ao ser humano. (WELLS;
GIAMPAOLI; ZIDAN, 1994).
As fontes internas de radiação penetram no corpo humano através de
inalação, ingestão ou pela pele. Esse tipo de exposição é extremamente perigoso
pois mantém o organismo em exposição contínua à fonte radioativa.
Neste caso, os materiais emissores de radiações alfa são os mais perigosos
no interior do corpo, devido a sua massa grande e dupla carga positiva, que levam à
atuação concentrada no organismo, implicando em uma alta ionização da área
atingida. As partículas beta são menos perigosas, pois possuem carga e massa
menores que as partículas alfa, resultando numa maior trajetória e menor ionização
específica (WELLS; GIAMPAOLI; ZIDAN, 1994).
1.4.2 Efeitos das radiações no ser humano
Quando a radiação ionizante interage com a matéria são geradas
conseqüências físicas, químicas e biológicas. Em termos físicos, pela ionização, são
arrancados, aleatoriamente, elétrons das camadas eletrônicas dos átomos,
colaborando, mesmo que momentaneamente, para o desequilíbrio entre as cargas
negativas e positivas do átomo em questão; após a introdução de cargas livres em
um meio irradiado, segue-se um rearranjo eletrônico que pode envolver elétrons de
outros átomos e moléculas próximos. Esta busca pelo reequilíbrio pode resultar na
perda da identidade química da molécula envolvida e na geração de moléculas
estranhas ao sistema. (CNEN, 2007).
Como conseqüência da ionização e excitação dos átomos (fenômeno físico) e
da quebra das moléculas (fenômeno químico), biologicamente, ocorre a formação de
íons e radicais livres altamente reativos que podem atacar moléculas como o DNA
do núcleo celular, causando mudanças que acarretarão danos à estrutura. (OKUNO,
1988).
Nem todas as células do corpo humano têm a mesma sensibilidade à
radiação. As células com maior atividade são mais sensíveis do que aquelas que
não possuem tanta atividade no sentido de replicação e de movimentos bioquímicos
intracelulares; as células da pele, dos órgãos hematopoiéticos e do revestimento
intestinal possuem esta característica, portanto os efeitos das radiações nesses
grupos celulares são maiores.
26
Assim, as células do corpo humano podem ser classificadas segundo suas
taxas de reprodução, que também indicam sua relativa sensibilidade à radiação. Os
linfócitos e a medula óssea, por exemplo, estão em constante reprodução e o as
mais sensíveis à radiação; as células reprodutivas e gastrointestinais não se
reproduzem tão rápido, sendo, portanto, menos sensíveis aos efeitos da radiação
ionizante. No caso dos grupos celulares do sistema nervoso e muscular, pouca
sensibilidade à radiação, já que estes são lentos ou não atuam em termos de
reprodução, a partir de um determinado tempo de vida ou pouco o fazem,
respectivamente.
Salienta-se, nesse aspecto, que as diferenças de radiosensibilidade entre as
células segue a Lei de Bergonie e Tribondeau, que prevê que a radiosensibilidade
das células é diretamente proporcional a sua capacidade de reprodução e
inversamente proporcional ao seu grau de especialização. (USP, 2007).
Para dissertar sobre os efeitos das radiações ionizantes no corpo humano,
deve-se considerar determinados aspectos como: a qualidade ou tipo de radiação a
qual se é exposto, a dose total de radiação recebida pelo corpo, o tempo de
exposição do indivíduo a esse tipo de radiação e as áreas do corpo que foram
realmente expostas.
Os efeitos biológicos decorrentes da exposição às radiações ionizantes
podem ser estocásticos ou determinísticos.
De acordo com D´Ippolito e Medeiros (2005), os efeitos determinísticos são
aqueles que acontecem em decorrência da exposição à altas doses de radiação,
como a morte das células neoplásicas e/ou saudáveis expostas à radioterapia, por
exemplo, as queimaduras na pele, a ocorrência de cataratas, leucemia, anemia,
hemorragia e ainda, esterilidade.
Os efeitos determinísticos dependem de um limiar de dose para acontecerem,
ou seja, são evidenciados pela exposição a partir de uma determinada dose,
aparecendo geralmente num curto intervalo de tempo (COELHO, 2007).
Os efeitos estocásticos são aqueles que não são visualizados imediatamente
após a irradiação, manifestando-se meses ou anos após a exposição e estão
relacionados a baixas doses de radiação como a exposição ocupacional, por
exemplo (D´IPPOLITO e MEDEIROS, 2005). Este tipo de agravo leva à
transformação celular em virtude da alteração no DNA da célula e não apresenta
27
limiar de dose, ou seja, pode ser causado por uma dose mínima, contínua de
radiação por um longo tempo.
Quando a alteração em uma única célula aleatória do corpo humano, há a
possibilidade de desenvolvimento futuro de neoplasias malignas (efeito somático),
visto que a célula modificada continua se reproduzindo normalmente (AZEVEDO,
s.a). Caso haja alterações nas células germinativas, há a possibilidade de ocorrência
futura de efeitos genéticos e hereditários (COELHO, 2007). Vale salientar que o
efeito somático ocorre apenas com o indivíduo irradiado, enquanto o efeito genético
pode ser passado à geração seguinte, na forma de mal-formações e anomalias
congênitas.
Com relação os efeitos estocásticos, ao contrário dos efeitos determinísticos,
a relação entre causa e efeito não fica estabelecida com clareza, tendo em vista as
inúmeras variáveis associadas e o longo tempo de latência para o aparecimento de
um câncer, por exemplo (Brent apud D´Ippolito e Medeiros, 2005).
Nesse caso seriam necessários longos estudos prospectivos com controle
rigoroso de variáveis envolvidas. Ainda assim, o nexo causal poderia ser
comprometido por possíveis e prováveis vieses. Hoje, os principais estudos sobre
efeitos estocásticos são aqueles realizados a partir da análise das populações
expostas à explosão nuclear de Hiroshima e Nagasaki ou a acidentes nucleares,
como o de Chernobyl e o de Goiânia. Destaca-se, no entanto, que a exposição
sofrida por esta população foi de alta dose em curto espaço de tempo, ao contrário
das exposições ocupacionais, principal exemplo quando se trata de efeitos
estocásticos.
O efeito deletério da radiação está relacionado com a razão entre a
quantidade de energia (medida em Joules) da radiação transferida ao tecido e a
massa do indivíduo (medida em Kg). A razão entre a energia depositada numa
determinada massa é denominada dose absorvida, que possui a dimensão
Joules/Kg. O Sistema Internacional de Pesos e Medidas dispõe como unidade de
dose de radiação absorvida o GRAY, apontando que: 1 Gray (Gy) = 1 Joule/Kg
(J/Kg).
A intensidade dos efeitos depende da energia da radiação, de sua estrutura
(particulada ou eletromagnética), de sua massa e carga elétrica e principalmente do
rendimento de transferência da energia por milímetro de percurso (LET) no tecido
28
orgânico. O fator de qualidade (Q) para cada tipo de radiação também é relevante,
sendo mostrado na Figura 1.
Figura 1- Fator de Qualidade para as radiações.
Fonte: Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Universidade de São Paulo (2007).
1.5 Cardiologia intervencionista
A cardiologia, assim como a maioria das clínicas, vem se especializando cada
vez mais ao longo das últimas décadas. A cardiologia intervencionista é uma dessas
divisões especializadas e tem sua ação direcionada à realização de estudos
hemodinâmicos diagnósticos e terapêuticos.
Pode-se dizer que esta especialidade faz parte de um grande grupo nomeado
pela ICRP de radiologia intervencionista, que compreende intervenções diagnósticas
e terapêuticas guiadas por acesso percutâneo ou outro acesso invasivo, executadas
sob anestesia local e/ou sedação, com uso da fluoroscopia para localizar tanto
lesões quanto o local de tratamento. (ICRP, 2000).
Os procedimentos hemodinâmicos em cardiologia intervencionista têm, então,
o objetivo de visualizar estruturas vasculares ou não acometidas por agravos como:
obstruções coronarianas, aneurismas de grandes artérias como a aorta, obstruções
parciais com diminuição da luz vascular e conseqüente diminuição da irrigação
sangüínea para determinada área cardíaca, entre outros.
Em termos de diagnóstico, o exame mais comumente realizado é a
cineangiocoronariografia, conhecido também como cateterismo cardíaco ou
angiografia coronariana. Este exame tem o objetivo de estudar as artérias coronárias
29
e a cavidade ventricular esquerda em busca de quaisquer alterações, principalmente
obstruções por placas ateromatosas ou trombos.
No sentido do tratamento, o procedimento realizado com maior freqüência é a
angioplastia, com ou sem implantação de stent. Trata-se de um procedimento que
consiste na introdução de um cateter em acesso arterial a fim de liberar o fluxo
sangüíneo local sem necessidade de intervenção cirúrgica. Pode-se ou não
proceder a implantação de stent, uma espécie de estrutura em forma cilíndrica que
mantém a linha arterial aberta no local da obstrução retirada, mantendo o fluxo
sanguineo necessário à área e impedindo recidivas.
Tanto no cateterismo como na angioplastia são usados equipamentos de
fluoroscopia, que são emissores de raios X que permitem ao hemodinamicista um
acompanhamento dinâmico das estruturas internas do corpo, formando imagens em
movimento com o auxílio de contraste a base de iodo. O contraste é usado quando
as opacidades dos tecidos estudados ao raio X diferem pouco, resultando em uma
imagem praticamente homogênea e indefinida; o contraste é então responsável por
destacar a imagem de um tecido em detrimento do outro. (CARUSO; OGURI, 2006).
Os equipamentos fluoroscópicos possuem um arco em C contendo em uma
das extremidades o intensificador de imagem e na outra, o tubo de raios X. Quando
o aparelho é acionado, o feixe de raio X liberado pelo tubo incide sobre a placa
fluorescente de entrada do intensificador, que a partir do efeito fotoelétrico
3
converte
a energia incidente para a forma de luz visível e elétrons livres. Com o auxílio de
uma fonte de alta tensão e de lentes eletrostáticas, direciona-se o feixe de elétrons
para a placa fluorescente de saída do intensificador. A partir desta interação ocorre
uma nova transformação, multiplicando ainda mais a quantidade de energia sob
forma de luz visível. (CARUSO, OGURI, 2006).
Estes sinais de luz visível são transmitidos ao monitor, que permite a
visualização adequada das estruturas em estudo ou daquelas que serão tratadas,
com o auxílio também de meio de contraste iodado. A escopia e a aquisição de
imagem são controladas pelo médico através de um pedal localizado nos pés da
mesa de procedimento.
3
Consiste na liberação de elétrons pela superfície do metal após absorção de energia proveniente da radiação eletromagnética
incidente sobre o mesmo. (CARUSO, OGURI, 2006).
30
Em uma sala adjacente à sala de exames fica localizada a mesa de comando
com monitores que permitem o tratamento digital da imagem adquirida através de
softwares específicos para a posterior gravação. (LUZ, 2004).
Os equipamentos fluoroscópicos possibilitam a projeção de imagem em vários
ângulos por possuírem um arco cirúrgico em forma de C que se movimenta em torno
da mesa de procedimento. A angulação direciona o feixe de raios X para locais
específicos já determinados em guideline e dependendo da incidência do tubo,
várias partes do corpo dos profissionais podem ser irradiadas como joelho, gônodas,
mãos, tórax e olhos. As incidências mais utilizadas na angioplastia são obliqua
anterior esquerda, obliqua anterior direita, cranial e caudal, com angulações de 20º a
90º.
De acordo com Luz (2004, p. 36), “na fluoroscopia o feixe de raios X é
utilizado por longo tempo e, por esta razão, submete pacientes e profissionais a altas
doses de radiação”, aumentando o risco de efeitos estocásticos e podendo
ocasionar efeitos deterministicos. Tem-se, desta forma, a justificativa teórico-
científica para a realização deste estudo no setor de hemodinâmica.
31
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Para atender os objetivos da pesquisa, utilizou-se a abordagem quanti-
qualitativa. Tratou-se de um estudo exploratório e descritivo, onde os dados foram
analisados à luz da estatística descritiva.
Flegner (1995, p. 67) explica que “os estudos descritivos são utilizados para
obter informações acerca de condições existentes com respeito às variáveis de uma
situação”. Já as pesquisas exploratórias proporcionam uma visão abrangente e
familiar do objeto de estudo. (GIL, 1995).
Para Polit e Hungler (1995), a pesquisa quantitativa enfatiza o raciocínio
dedutivo, as regras da lógica e os atributos mensuráveis da experiência humana,
tendo como base os procedimentos estatísticos para análise das informações
numéricas.
A pesquisa qualitativa visa a análise sistemática de informações subjetivas,
“enfatiza aspectos dinâmicos, holísticos e individuais da experiência humana,
tentando apresentar tais aspectos na sua totalidade, no contexto daqueles que estão
vivenciando”. (POLIT; HUNGLER, 1995, p.18).
A opção pela abordagem quantiqualitativa deu-se pela necessidade de
integrar dados numéricos a questões subjetivas, numa tentativa de
complementariedade dos dados obtidos, enriquecendo, assim, a discussão dos
dados numa perspectiva de integralidade.
Minayo (1992) refere que o conjunto de dados quantitativos e qualitativos não
se opõem, se complementam. Segundo Guedes (2000, p.66),
a pesquisa quantiqualitativa interpreta as informações quantitativas através de
símbolos numéricos e os dados qualitativos através da evidência de atributos
inerentes aos sujeitos da pesquisa, objetivando investigar a relação de causalidade
entre os fenômenos observados.
A pesquisa passou por uma fase processual, relativa às questões éticas e
legais e por duas fases de aplicação metodológica, onde se fez uso, no primeiro
momento, da observação sistemática com registro de dados em diário de campo e
no segundo momento aplicou-se um questionário aos sujeitos do estudo.
A fase classificada como processual teve início da partir da aprovação do
Projeto da Pesquisa, dada a partir dos pareceres favoráveis emitidos por dois
doutores, consultores, em setembro de 2006 para o Programa de Pós-Graduação
em Enfermagem; todas as modificações e ajustes sugeridos pelos consultores foram
32
feitos para que o projeto, juntamente com o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Apêndice A) redigido nos moldes da Declaração 196/96 do Ministério
da Saúde, fossem encaminhados em novembro para o respectivo Comitê de Ética
em Pesquisa, onde a investigação seria realizada.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital
Universitário Pedro Ernesto (HUPE), onde o estudo foi realizado no período de junho
a agosto de 2007. A carta de aprovação do CEP institucional pode ser encontrada
como Anexo A.
Encaminhou-se uma carta de solicitação de autorização (Apêndice B) para a
realização do estudo às Chefias de: Enfermagem da Unidade de Imagem,
responsável pelos profissionais de enfermagem de nível técnico e superior, e para a
Chefia de Radiologia, que responde pelos técnicos de radiologia; os médicos
hemodinamicistas, outra categoria envolvida na investigação, não se encontram
subordinados a chefia direta, por isso o contato foi feito diretamente com os
mesmos. A pesquisa foi explicada em todas as suas fases aos gerentes citados, que
aprovaram sua realização e colocaram-se a disposição para cessão de eventuais
suportes técnicos.
A primeira fase de aplicação metodológica da pesquisa se refere à
observação estruturada do local de estudo, ou seja, da sala de hemodinâmica, dos
processos de trabalho dos profissionais que compõem a equipe multidisciplinar
presente neste sítio durante os estudos hemodinâmicos e do procedimento de
cateterização cardíaca, conhecida como cineangiocoronariografia.
A observação faz parte da vida cotidiana do sujeito, contudo se torna cientifica
à medida que serve a um objetivo formulado de pesquisa, é sistematicamente
planejada e é submetida à verificação e controles de validação e precisão (GIL,
1999). Dessa maneira, pode ser entendida como meio de coleta de dados ou ainda,
segundo o mesmo autor, como método de investigação.
Para Marconi e Lakatos (2005), a observação é uma técnica de coleta de
dados utilizada para conseguir informações, utilizando os sentidos na obtenção de
aspectos peculiares da realidade que se quer estudar. Não se trata somente de ver,
mas também de ouvir o que é dito, perceber o que seta sendo expresso através da
comunicação não verbal, para ao final examinar fatos e fenômenos que tragam
respostas fidedignas.
33
A observação sistematizada faz uso de instrumentos pré-fabricados e
estruturados para a coleta das informações e dos fenômenos observados. Nesse
sentido, Gil (1999) destaca que é necessário um plano de observação elaborado
previamente. Os instrumentos utilizados para anotar os eventos obtidos durante a
observação sistemática foram um diário de campo (bloco de anotações) e fotografias
de diversos ângulos da sala de hemodinâmica.
A segunda fase de aplicação metodológica diz respeito à aplicação de um
questionário (Apêndice C) com 35 perguntas, sendo 18 abertas e 17 fechadas,
divididas em quatro seções:
1) Aspectos gerais da população, que inclui idade e sexo;
2) Aspectos profissionais, abordando dados como tempo de serviço na
hemodinâmica, existência de outro emprego, setor de atuação em outra
instituição;
3) Aspectos de segurança, como o uso do dosímetro, somatório de doses
ocupacionais em caso de exercício profissional em mais de uma
instituição; reconhecimento de fatores de risco ocupacionais;
4) Aspectos relacionados à saúde do trabalhador como a realização de
exames periódicos de saúde, ocorrência de problemas de saúde atuais;
5) Aspectos relativos à formação profissional tais quais a existência de
disciplinas durante a formação que tratem de radioproteção e legislações
específicas, atualização profissional, entre outros.
Salienta-se que o questionário aplicado foi validado inicialmente em uma
instituição privada, sendo adequado para esta investigação e que todos os sujeitos,
que responderam ao questionário, assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, elaborado de acordo com as normas da Resolução 196/96 do Ministério
da Saúde. (BRASIL, 1996).
Como complementação ao questionário, foram levantadas as doses
ocupacionais retrospectivas de todos os trabalhadores entrevistados, após
assinatura de um termo de autorização (Apêndice D). As dosagens foram obtidas
através de busca no documento oficial emitido pelo laboratório que faz a leitura
mensal dos dosímetros usados pelos profissionais diariamente. Esse acesso foi
autorizado previamente pelo chefe de radiologia à época.
34
2.1 Local do estudo
O estudo foi realizado na Unidade de Imagem, mais especificamente em uma
das salas de estudos hemodinâmicos do Hospital Universitário Pedro Ernesto
(HUPE), que é o hospital escola da Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
localizado em Vila Isabel, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro.
O HUPE é um hospital universitário, de nível terciário / quaterrio, possuindo
hoje mais de 44 mil metros quadrados de área construída, funcionam 600 leitos de
internação, 150 consultórios ambulatoriais, 16 salas de cirurgia, onde o realizados
diariamente procedimentos diagnósticos e terapêuticos de alta complexidade,
cirurgias em mais de 60 especialidades, incluindo transplante de órgãos.
(CALEGARO et al., 2007).
De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM, 2006), os hospitais
universitários são unidades de saúde heterogêneas quanto à capacidade instalada,
incorporação tecnológica e abrangência no atendimento, que são capazes de
prestarem serviços altamente especializados, com qualidade e tecnologia de ponta à
população.
A efetiva prestação de serviços de assistência à população possibilita o
constante aprimoramento do atendimento, com a formulação de protocolos técnicos
para as diversas patologias, o que garante melhores padrões de eficiência e
eficácia, colocados à disposição para a Rede do Sistema Único de Saúde (SUS).
(CFM, 2006).
Segundo dados do CFM (2006), o Estado do Rio de Janeiro tem, atualmente,
onze hospitais universitários, sendo cinco hospitais gerais e seis hospitais
especializados, em: neurologia, psiquiatria, ginecologia, pneumologia, pediatria e
obstetricia, que fazem parte da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Optou-se por realizar o estudo em um hospital universitário por entender que
o mesmo possui características de hospitais de ensino, primando pela excelência
nos aspectos de tecnologia, assistência e educação em serviço. A opção de realizar
este estudo somente no setor de hemodinâmica e não na unidade de imagem como
um todo se pelo fato da exposição ocupacional na sala de hemodinâmica se dar
através de um campo de radiação e ser sensivelmente mais elevada que nas salas
de radiologia.
A Unidade de Imagem do HUPE fica localizada em um prédio anexo, onde
funcionam salas de radiologia, ultra-sonografia, angiografia, hemodinâmica e
35
ressonância magnética. Existem atualmente, em funcionamento, 09 salas de
radiologia equipadas com aparelhagem de raios-X analógica, 04 salas de ultra-
sonografia e 02 salas de hemodinâmica equipadas com um angiógrafo em arco C
(Figuras 2 e 3) que usa fluoroscopia em estudos dinâmicos. Os maquinários
fluoroscópicos possuem em uma de suas extremidades o intensificador de imagem e
na outra o tubo de raios-x, que permite visualização das estruturas em diversos
ângulos. (LUZ, 2004).
Figura 2 Equipamento Fluoroscópico
fixo com arco em C
Figura 3 Equipamento fluoroscópico com telas de
visualização (canto superior direito) e central de controle
(canto inferior direito)
Até o fim da coleta de dados, a aparelhagem de ressonância magnética não
estava funcionando, por problemas técnicos, e uma das salas de estudos
hemodinâmicos estava fechada para aterramento da fiação.
36
O setor de hemodinâmica é composto por uma sala de exames de
aproximadamente 30 metros quadrados, precedida por uma sala de controle sem
alcance de radiação (Figura 4), onde está localizada a central digital da aparelhagem
fluoroscópica. No centro da sala de exames encontra-se a mesa onde o paciente é
posicionado para exame à frente do arco C do aparelho (Figura 5). A mesa
localizada a frente do médico na imagem 2 se refere à mesa de comando do técnico
de radiologia, que no caso estudado fica a direita do médico, na altura dos pés do
paciente.
Figura 4 Modelo de central de controle de angiógrafo
Toshiba. Toshiba Medical. 2007
Figura 5 Exemplo de Angiógrafo com arco em C e monitores. Posicionamento
do paciente na mesa e do hemodinamicista durante o exame. Toshiba Medical.
2007
37
São realizados, atualmente, no setor de hemodinâmica, exames relacionados
à cardiologia intervencionista, angiologia e neurologia. Eventualmente, são
realizados estudos de gastroenterologia e de nefrologia. De acordo com a chefia de
enfermagem da Unidade de Imagem, são realizados mensalmente cerca de 80
procedimentos diagnósticos e terapêuticos na hemodinâmica, sendo uma média de
35 cateterismos cardíacos, procedimento diagnóstico enfocado por este estudo.
2.2 População
Este estudo buscou trabalhar com uma população finita e não com
amostragem. De acordo com Lopes (1999), população consiste no total de pessoas
a partir das quais se deseja estudar, obter alguma informação ou tomar alguma
decisão, enquanto amostra corresponde a um conjunto de pessoas selecionadas de
uma determinada população.
A população deste estudo foi o conjunto de profissionais de saúde que
desenvolvem suas atividades laborativas nas salas de estudos hemodinâmicos do
tipo cineangiocoronariografia do Hospital Universitário Pedro Ernesto e que
pertencem às seguintes categorias: técnicos de radiologia, técnicos de enfermagem,
enfermeiros e médicos.
Mesmo trabalhando com uma população finita, estabeleceram-se critérios de
inclusão e exclusão para o estudo, haja vista o teste piloto, que mostrou que
existiriam vieses caso os critérios não fossem ajustados. Assim, o critério de
inclusão para a pesquisa foi fazer parte da equipe de saúde que atua na sala de
hemodinâmica em procedimentos de cateterismo cardíaco e os critérios de exclusão
incluíam: fazer parte da equipe de saúde mas não participar dos procedimentos de
cateterismo cardíaco e estar afastado do serviço por qualquer motivo no momento
da coleta de dados.
Optou-se por desenvolver o estudo com todos os profissionais de saúde, por
entender que existe um grupo profissional específico composto pelas quatro
categorias citadas, que atuam em conjunto, num trabalho multidisciplinar, nas salas
de hemodinâmica durante a realização dos exames de imagem. Mesmo entendendo
que os processos de trabalho das categorias são distintos, chegou-se à conclusão
de que este aspecto não interferiria na fidedignidade da análise, tendo em vista os
objetivos da pesquisa e as variáveis estabelecidas.
38
A Unidade de Imagem do HUPE dispõe, em seu quadro de funcionários,
profissionais de nível técnico e superior, que atuam nos diferentes braços do setor.
Na hemodinâmica, especificamente no ramo da cardiologia intervencionista,
trabalham hoje quatro médicos cardiologistas hemodinamicistas
4
, quatro
enfermeiras, sendo uma delas Enfermeira Chefe da Unidade de Imagem, dois
técnicos de radiologia e nove técnicos de enfermagem.
Foram inseridos também no estudo, como população exposta à radiação
ionizante na sala de hemodinâmica, os residentes de enfermagem cardiovascular,
em um total de três e dois residentes de medicina (área de cardiologia). Mesmo
entendendo que os residentes permanecem durante um curto período de tempo no
setor de hemodinâmica (apenas dois meses), acredita-se que os dados obtidos
sobre este nicho profissionais possam trazer questionamentos e subsídios para o
desenvolvimento de novas investigações.
Assim, a população do estudo seria composta por 24 profissionais. Contudo,
em virtude de afastamentos de trabalhadores da área de enfermagem por rias e
doença por incompatibilidade de horários com a equipe médica, a população do
estudo foi estabelecida com 19 sujeitos, sendo 07 técnicos de enfermagem (aqui
descritos como auxiliares pelas razões explicitadas), 03 enfermeiros, 03
residentes de enfermagem, 02 cnicos de radiologia, 02 residentes de medicina e
02 médicos. Não participaram do estudo 02 técnicos de enfermagem (01 de férias e
01 de licença médica), 01 enfermeira e 02 médicos.
Esses profissionais têm regimes e processos de trabalho distintos, sendo
conveniente a explanação dos mesmos de modo que fiquem claras as diferenças e
singularidades existentes entre eles.
Os técnicos de enfermagem, embora recebam esta nomenclatura durante a
elaboração deste estudo, foram aprovados em concurso público estadual para o
hospital investigado para o cargo de auxiliar de enfermagem. Dessa forma, embora
todos os sujeitos investigados tenham realizado o Curso de Complementação para
Técnico de Enfermagem e sejam hoje, de fato, cnicos de enfermagem, no HUPE,
para efeitos legais, são auxiliares de enfermagem. Esses profissionais estão lotados
na Unidade de Imagem, sob supervisão e chefia de enfermeiras, obedecem à escala
4
Título conferido à médicos cardiologistas que passaram por treinamento em centros de hemodinâmica
conveniados à Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Radiologia Intervencionista, cumpriram carga horária
prática e teórica e foram aprovados.
39
de serviço de 12 x 36 horas de trabalho, perfazendo uma carga horária total de 36
horas por semana.
Os enfermeiros, por sua vez, encontram-se na equipe da Unidade de Imagem
e respondem à chefia direta de enfermagem da unidade, ocupada também por uma
enfermeira. Esses profissionais obedecem a uma escala de enfermagem pré-
determinada e acordada com a chefia, dividida em turnos, onde cumprem uma carga
horária semanal de 30 horas; a enfermeira chefe da unidade de imagem também
assume a mesma carga horária, realizando suas atividades no turno da manhã.
Os residentes de enfermagem pertencem ao programa de especialização em
enfermagem cardiovascular e respondem diretamente à enfermeira chefe da
unidade de imagem, como preceptora neste campo de estudo. Os residentes têm
carga horária semanal de 60 horas, das quais quarenta horas são cumpridas na
hemodinâmica.
Os médicos que realizam os estudos hemodinâmicos pertencem à cadeira de
cardiologia são concursados ou professores da UERJ e respondem diretamente ao
departamento de cardiologia do HUPE, enquanto os residentes de medicina
pertencem ao programa de cardiologia. O regime horário pode ser de quarenta
horas, das quais pelo menos doze são cumpridas na hemodinâmica, se tratar-se de
médico servidor ou professor; o residente de cardiologia acompanha os exames
realizados pelo seu departamento, podendo variar sua carga horária de 24 a 40
horas semanais, no máximo.
Os cnicos de radiologia respondem diretamente à chefia do setor de
Radiologia do HUPE e têm carga horária semanal, como manda legislação
especifica de 24 horas. (CNTR, 1985).
40
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O primeiro aspecto que este estudo traz como resultado diz respeito à
descrição das atividades de trabalho realizadas por cada profissional da equipe, que
foram observadas durante a primeira fase da coleta de dados.
Os técnicos de enfermagem possuem, enquanto atividades na hemodinâmica:
o preparo da sala, equipamentos e materiais para os procedimentos, recepção e
preparo do paciente na mesa, instalação e troca de contraste endovenoso,
circulação na sala durante o procedimento para busca e entrega de dispositivos
solicitados, preparo do paciente para transporte pelo maqueiro após o exame e
organização da sala após os procedimentos.
O técnico de enfermagem (juntamente com o enfermeiro) é o primeiro
profissional a chegar no setor, às 7 horas da manhã, estando sob sua
responsabilidade o processo de organização logística e material da sala de
hemodinâmica tendo em vista os exames e procedimentos agendados para o dia. A
equipe de enfermagem também é a última a se retirar do local de trabalho, que
está entre suas atribuições a arrumação do setor (descarte de insumos,
encaminhamento de materiais permanentes para limpeza e esterilização, se
necessário) após o último procedimento do dia.
No que se refere às atividades desenvolvidas pelas enfermeiras na sala de
hemodinâmica, não diferença entre enfermeira chefe, enfermeiras clínicas e
residente de enfermagem; todos desenvolvem as mesmas ações, entre as quais
pode-se destacar: punção de acesso venoso periférico para administração de
contraste, monitorização do paciente e acompanhamento do exame em sala para
atendimento de possíveis intercorrências; o enfermeiro residente, por sua vez, pode
participar da montagem da sala para o exame, a fim de conhecer os equipamentos e
insumos utilizados e suas singularidades.
O enfermeiro ainda é responsável pela supervisão do serviço, reposição de
materiais, organização do setor para o cumprimento da agenda do dia seguinte, com
a provisão dos materiais específicos previstos para cada procedimento e
encaminhamento de materiais para a central de esterilização.
Os hemodinamicistas são treinados e capacitados a realizar diversos
procedimentos em hemodinâmica, contudo especializam-se naqueles que se
referem a sua habilitação primária. Na cardiologia intervencionista e no caso
41
particular do cateterismo, os médicos têm a função de puncionar um acesso arterial
(na maioria das vezes, a artéria femoral, seguida pela artéria braquial e, por último,
caso haja impossibilidade ou insucesso nas duas primeiras, a artéria radial), para
introdução de um cateter que caminhará até o coração para visualização, durante o
exame, das artérias coronárias. A manipulação do cateter, a solicitação para
instilação de contraste venoso e a hemostasia pós-exame são ações comumente
realizadas por eles em estudos dessa natureza. o médico residente,
especializando da área de cardiologia, acompanha os procedimentos, podendo vir a
realizá-los, sob supervisão do hemodinamicista.
Foram observadas como atividades desenvolvidas, pelos cnicos de
radiologia, a operação da central de controle digital da aparelhagem fluoroscópica,
fora da sala, a operação do aparelho durante o exame, dentro da sala e a gravação
das imagens obtidas durante o procedimento.
O segundo aspecto apontado trata da distância que os trabalhadores mantêm
do equipamento de fluoroscopia enquanto esem funcionamento e sua postura em
relação ao mesmo.
Durante o procedimento de cineangiocoronariografia, o técnico de
enfermagem fica posicionado, na maioria do tempo, a uma distância de no máximo
três metros e meio do equipamento, em pontos diferentes da planta física, tendo em
vista sua função de circulante durante o procedimento; todavia, o ponto mais
próximo assumido pelo profissional está a menos de 1 metro de distância do tubo de
raios-X, ao lado do paciente, quando há necessidade de troca de frasco de contraste
endovenoso.
A distância assumida pelo enfermeiro (o mesmo se aplica ao residente) é
semelhante a do técnico de enfermagem, com uma única diferença: enquanto o
técnico circula na sala durante o exame caso haja necessidade (usualmente é
necessário), o enfermeiro se posiciona em um ponto fixo, saindo deste somente em
caso de solicitação; este ponto assume uma distância de aproximadamente dois
metros e meio a dois metros do angiógrafo, dependendo da extremidade da sala.
O médico permanece ao lado do paciente e a menos de 30 centímetros da
fonte emissora de radiação durante todo o exame, que varia entre 20 e 40 minutos.
Assim como o médico, o técnico de radiologia também assume uma distância
pequena da fonte, de aproximadamente um metro e permanece na sala durante todo
o exame.
42
A distância do equipamento, isoladamente, não constitui variável fundamental
e conclusiva; entretanto, quando associada às angulações do aparelho fornece
importante subsídio para análise dos níveis de radiação em pontos específicos da
sala, pontos onde se localizam os profissionais durante os procedimentos
intervencionistas. A rigor, dependendo do ângulo de incidência do angiógrafo, uma
determinada parte do corpo do profissional poderá ser mais ou menos irradiada.
Este conhecimento é importante no sentido de otimizar a proteção e a prática em
hemodinâmica.
Como pôde ser constatado, os processos de trabalho são distintos em relação
à gerência, carga horária e atividades desenvolvidas, todavia nuances de
semelhança relacionadas como a exposição dos trabalhadores à radiação ionizante
durante o cateterismo cardíaco, a distância do profissional para o equipamento em
uso e o posicionamento em relação ao mesmo.
A carga horária dos trabalhadores foi um dos principais aspectos que
chamaram atenção neste estudo, visto que variou entre 24 e 40 horas por semana.
Trata-se de uma variável bastante complexa (quando relacionada à exposição à
radiação ionizante) que este estudo não se propunha a discutir; entretanto, vale a
pena ser investigada em outros trabalhos.
Quando um profissional informa que trabalha por 40 horas semanais em
hemodinâmica, a primeira tendência é pensar que se trata de um tempo de
exposição excessivamente longo; contudo, outras variáveis precisam ser
investigadas para que a afirmativa seja fidedigna. Nesse sentido, estudos que
venham a abordar o tempo real de exposição durante a jornada de trabalho são
interessantes.
Foram acompanhados 19 exames feitos pela equipe de cardiologia
intervencionista, dentre 12 cateterismos cardíacos (procedimento diagnóstico
invasivo) e 7 angioplastias (tratamento intervencionista). O tempo de realização dos
exames é semelhante, ficando em uma média de 20 minutos, quando não há
dificuldade no procedimento ou alguma intercorrência clínica por instabilidade
hemodinâmica do paciente ou alergia ao contraste. Os exames com maior duração
tiveram uma média de 40 minutos.
Durante as cineangiocoronariografias assistidas, foi calculado o tempo de
exposição efetivo à radiação emitida pelo aparelho. Nos procedimentos normais,
sem intercorrencias, houve exposição durante uma média de 13 minutos, ou seja,
43
67% do tempo do exame. Entende-se, assim, que o profissional está exposto à
radiação ionizante em quase 70% do tempo, durante a realização de cateterismos
cardíacos. Essa informação é relevante, principalmente para os profissionais que
permanecem mais próximos da aparelhagem durante o procedimento e para os que
possuem mais de um vinculo empregatício expostos à radiação ionizante na
hemodinâmica.
Um aspecto muito importante foi observado durante esta fase e diz respeito
aos equipamentos de proteção individual que são ou deveriam ser usados pelos
profissionais. Observou-se que a equipe utiliza capote plumbífero (Figura 6) e
protetor de tireóide (Figura 7), também de chumbo, elemento não ultrapassado pelas
radiações ionizantes. Porém, muitos dos capotes utilizados pelas equipes
encontram-se quebrados, o que os inutiliza enquanto equipamentos de proteção
individual, uma vez que podem assim ser transpassados pela radiação, atingindo o
corpo do profissional. Vale salientar que os trabalhadores entrevistados na segunda
fase da pesquisa fizeram menção a esta questão.
Figura 6 Modelo de capote de chumbo usado no
serviço. CARP Suprimentos. São Paulo. 2007.
44
Figura 7 Protetor de Tireóide. CARP Suprimentos.
São Paulo. 2007.
Outra questão importante diz respeito aos óculos plumbíferos. Somente um
profissional médico utiliza aos óculos plumbíferos (Figura 8) para proteção dos olhos
como meio de prevenção, principalmente da catarata induzida por radiação. Os
profissionais informaram que os óculos utilizados eram pessoais do trabalhador e
não fornecidos pelo serviço e ainda que, pelo menos, mais dois profissionais de
enfermagem possuem óculos pessoais.
Observou-se, ainda, secundariamente ao estudo, a inobservância de
princípios de biossegurança e controle de infecção hospitalar por parte de alguns
profissionais ao ter contato direto com o paciente durante o exame sem o uso de
máscara e gorro.
Figura 8 Óculos plumbífero. CARP Suprimentos.
São Paulo. 2007.
Os profissionais de saúde que atuam na hemodinâmica do HUPE no
procedimento de cateterização cardíaca foram convidados a responder um
questionário a fim de responder aos objetivos 1 e 2 do estudo, ou seja, levantar o
perfil dos profissionais de saúde que atuam na hemodinâmica e identificar os
possíveis problemas de saúde provocados ou agravados pelo trabalho.
45
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
AE E RE TR RM ME
Total
Participantes
Dessa forma, o Gráfico 1 mostra um comparativo entre todos os profissionais
que atuam em hemodinâmica em procedimentos de cineangiocoronariografia e os
que efetivamente participaram desta investigação.
Gráfico 1 Comparativo entre o número total de trabalhadores e os trabalhadores que participaram do
estudo. Rio de Janeiro. 2007.
O gráfico acima mostra claramente que a pesquisa foi realizada com mais de
80% da população alvo e foi respondida pela totalidade de técnicos de enfermagem,
residentes e técnicos de radiologia, levando em consideração os critérios de
exclusão, o que proporciona, estatisticamente, fidedignidade aos dados.
A diferença no número de pessoas relacionado às categorias profissionais é
produto da organização do trabalho em saúde, onde a quantidade de cnicos de
enfermagem é sempre maior que o número de enfermeiros nas unidades (com
exceção das unidades onde atuam enfermeiros) e o número de médicos tenta ser
proporcional aos clientes atendidos.
A apresentação dos dados segue com a distribuição da população por
gênero, como mostra o Gráfico 2.
AE Auxiliar de
Enfermagem
E Enfermeiro
RE Residente de
Enfermagem
TR Técnico de
Radiologia
RM Residente
Médico
ME - Médico
46
Gráfico 2 Distribuição da população quanto ao gênero. HUPE.
Rio de Janeiro, 2007.
Evidencia-se uma nuance distinta das apresentadas nos estudos realizados
pela enfermagem, onde a maioria dos profissionais é do gênero feminino. Neste
estudo, com a participação de outras categorias, este dado é invertido. Isso se deve
a inclusão no estudo de categorias profissionais, onde o predomínio do sexo
masculino como é o caso dos técnicos de radiologia. Segundo dados da Sociedade
Brasileira de Cardiologia (SBC, 2007), essa tendência se repete entre os médicos
cardiologistas.
A idade dos trabalhadores é apresentada no Gráfico 3 em faixas etárias.
Através da representação gráfica das faixas etárias identifica-se uma população que
tem, em sua maioria entre 41 e 50 anos (47%), com média de 39 anos e moda de 48
anos, com três ocorrências, evidenciando uma população adulta, com vasta
experiência profissional, economicamente ativa, porém com possibilidades de
acometimento por doenças crônicas e profissionais, haja vista a longa carreira
profissional dentro e fora da hemodinâmica.
8
42%
11
58%
Feminino
Masculino
47
Gráfico 3 Distribuição da população em faixas etárias. HUPE. RJ, 2007.
A longa carreira profissional é comprovada através do Gráfico 4, onde se
verifica que 52% dos entrevistados têm entre 6 e 15 anos de experiência e serviço
nos setor de hemodinâmica da instituição em estudo; uma pequena porcentagem
dos entrevistados, em geral técnicos de radiologia e médicos possuem experiência
anterior em hemodinâmica, principalmente em serviços privados. Isso desperta
preocupação e questionamentos já que se tratam dos profissionais que mantêm
posicionamento mais próximo ao angiógrafo e os que possuem mais de um emprego
em serviços de hemodinâmica, como será apresentado adiante.
Gráfico 4 Distribuição da população de acordo com o tempo de serviço na
hemodinâmica do HUPE. RJ. 2007.
26,3
21,1
47,4
5,3
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
1
Faixas Etárias
20 - 30
31 - 40
41 - 50
Mais de 50
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
Menos
de 1 ano
1 - 5
anos
6 - 10
anos
11 - 15
anos
16 - 20
anos
Menos de 1
ano
1 - 5 anos
6 - 10 anos
11 - 15 anos
16 - 20 anos
48
Este dado é de extrema importância, tendo em vista a exposição ocupacional
à radiação ionizante. É sabido que os profissionais que trabalham expostos a este
tipo de risco físico absorvem diariamente uma quantidade X de radiação; esta
quantidade pode ser maior ou menor dependendo da intensidade da radiação
emitida, do tempo de exposição do profissional e da distância deste da fonte de
emissão.
O tempo de exposição à radiação pode variar de acordo com a carga horária
semanal e a intensidade da radiação vai variar com o inverso do quadrado da
distância da fonte, ou seja, quanto mais distante estiver o profissional da fonte
emissora de radiação, menor será a intensidade da radiação que chegará até ele.
As angulações do aparelho também influenciam na exposição, maior ou
menor, de partes específicas do corpo. ainda, a questão do espalhamento, que
ocorre quando os fótons de raios-X colidem com os elétrons dos materiais ao redor,
inclusive os tecidos humanos, havendo o desvio da direção do feixe para outras
direções que não a inicial.
Dessa forma, o cuidado tomado pelos trabalhadores, entendido por eles como
medida de radioproteção, de “não dar as costas para a aparelhagem” porque o
avental de chumbo não cobre a parte posterior do corpo, acaba sendo ineficaz uma
vez que retroespalhada a radiação pode tomar direções diversas.
As exposições ocupacionais são consideradas de baixa dosagem, contudo
são doses acumulativas que podem provocar efeitos estocásticos. Não há, no
entanto, nenhuma pesquisa científica que tenha conseguido provar, através de
estudos epidemiológicos ou pesquisas clínicas, a associação da radiação recebida
em âmbito ocupacional com a maioria das patologias associadas, tendo em vista o
grande número de variáveis ambientais associadas.
Mesmo conhecendo esta realidade, é fato que o profissional que possui mais
tempo de serviço na hemodinâmica tem um acúmulo de radiação absorvida muito
maior que os jovens, que iniciaram recentemente sua carreira profissional. Assim,
torna-se impreterível a vigilância da saúde de trabalhadores com estas
características por meio de exames periódicos em calendário semestral rígido, como
prevê a NR-7.
O item 7.4.3.2 da NR-7 descreve os intervalos mínimos de tempo para
realização dos exames periódicos de saúde, enfatizando que o exame deve ser
anual ou a intervalos menores, de acordo com negociação sindical “para os
49
trabalhadores expostos a riscos ou situações de trabalho que impliquem em
desencadeamento ou agravamento de doença ocupacional”.
Um dos questionamentos que deu origem a este estudo, versa sobre o
número de empregos dos trabalhadores da área da saúde que atuam expostos a
radiações ionizantes. O Gráfico 5 deixa clara a situação da equipe de saúde da
hemodinâmica do hospital estudado.
Gráfico 5 Distribuição da população de acordo com o mero de
empregos. RJ. 2007.
O gráfico não deixa dúvida sobre a situação vivenciada pelos trabalhadores
do setor de hemodinâmica e aponta claramente que pelo menos 42% dos
profissionais têm mais de um emprego, chegando a haver pessoas com até quatro
empregos (11%). Salienta-se que os trabalhadores que fazem parte desses 11%
pertencem à categoria médica; fato preocupante, visto que se tratam dos
profissionais que, no decorrer dos exames, se posicionam mais próximos à fonte
emissora, recebendo, com maior intensidade, radiação secundária.
Quando se trata de processo de trabalho, esta é uma prática comum no
Brasil, tanto na área da saúde como na área de educação. Entretanto, a questão
toma um rumo diferente, com necessidade de olhar crítico e mudanças imediatas
quando os trabalhadores permanecem a maior parte da sua vida expostos a um
risco físico que ainda “ignoram”, seja por sua invisibilidade ou pela ausência de
danos imediatamente identificados.
De acordo com Lyra e Lopes apud Mauro (1991), na sociedade
contemporânea, o ser humano dedica ao trabalho aproximadamente 65% do seu
26%
42%
21%
11%
1 Emprego
2 Empregos
3 Empregos
4 Empregos
50
tempo, isso pode significar a metade da vida mais um terço da mesma, expostos
dupla ou triplamente à radiação. Os efeitos de tanto tempo de insalubridade pode
ser somente sentido no fim da vida produtiva, na velhice ou, às vezes, somente nas
gerações futuras. A situação fica ainda pior quando a vigilância à saúde dos
trabalhadores é feita de maneira ineficaz ou não é feita.
A Tabela 1 mostra a distribuição a partir do segundo emprego, no que diz
respeito ao tipo de vínculo. A maioria dos trabalhadores que possuem o segundo ou
o terceiro emprego (n = 12), os tem no serviço privado. Quando questionados
informalmente sobre os motivos pelos quais trabalhavam em mais de um local, com
cargas horárias extensas e sobrecarga de trabalho, os trabalhadores respondem
que o fazem pelo retorno financeiro e porque dispõem de tempo e facilidade
trabalhista para fazê-lo.
Tabela 1 Distribuição dos múltiplos empregos a partir do tipo de
vínculo Rio de Janeiro - 2007
Emprego
Público
Privado
Filantrópico
Outros
Emprego 2
Emprego 3
Emprego 4
4
1
0
8
4
1
0
0
0
1
1
1
Total
5
13
0
3
Está situação faz parte de um caminho que se inicia na flexibilização do
trabalho na atualidade e nos inúmeros meios de contratar um profissional. Tanto o
serviço público quanto o setor privado aumentam a cada dia o número de
funcionários contratados por tempo determinado, por meio de cooperativas e fora da
consolidação das leis trabalhistas (CLT). Como as remunerações são, em muitos
casos, baixas, o trabalhador vai a busca do que considera, uma complementação de
renda, sendo na maioria das vezes, contratado sem carteira assinada e sem direitos
trabalhistas. A conseqüência é a perda de elementos importantíssimos que
garantem a saúde e segurança dos profissionais dentro das empresas.
Com as cooperativas, por exemplo, fica a responsabilidade de realizar
exames admissionais e periódicos. De acordo com os profissionais entrevistados
quando se trabalha por contrato, ou por tempo determinado, o funcionário não
recebe o dosímetro individual para mensuração de radiação absorvida, por não
51
pertencer ao quadro efetivo da empresa”. Na prática, o que antes era obrigação da
instituição que contrata, passa a ser das empresas que fazem a intermediação da
contratação.
Nesse sentido, um sério equivoco e uma fiscalização pouco adequada por
parte dos órgãos competentes, que não se evidenciou indicio de cumprimento, da
Norma 3.01 da Comissão Nacional de Energia Nuclear, que versa sobre Proteção
Radiológica. A norma deixa claro no item 5.9.3 que qualquer empregado que possa
receber uma exposição ocupacional sujeita a controle deve ser submetido à
monitoração individual sempre que “adequada, apropriada e factível”. (CNEN, 2005).
A Portaria 453 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária também dita, no
capítulo que trata de monitoração individual, que todo individuo que trabalha com
raios-x deve usar, durante sua jornada de trabalho e enquanto permanecer em área
controlada
5
, dosímetro individual de leitura indireta, a ser trocado todo mês.
(ANVISA, 1998).
Parece razoável pressupor que um profissional que atua em três salas de
hemodinâmica de três instituições diferentes esteja incluído no critério estabelecido
pela CNEN e de certo, enquadra-se no disposto pela ANVISA. Entretanto, os dados
desta investigação evidenciam o contrário.
Os entrevistados também responderam o tempo de serviço em cada emprego
de onde se obteve uma média de 7 anos de trabalho no segundo emprego, quatro
no terceiro emprego e 8 anos na quarta ocupação. Quando questionados a respeito
do setor de trabalho nas outras instituições, obtiveram-se respostas preocupantes,
visto o fator de risco físico envolvido, que 31,8% dos trabalhadores atuam em
outros serviços de hemodinâmica, estando de fato duplamente expostos à radiação
ionizante, como mostra a Tabela 2.
5
Área sujeita a regras especiais de proteção e segurança com a finalidade de controlar as exposições normais e
evitar exposições não autorizadas ou acidentais. (ANVISA, 1998).
52
Tabela 2 Distribuição dos setores de atuação dos trabalhadores
que possuem múltiplos empregos Rio de Janeiro 2007
Setores de atuação
N
%
Home Care
2
9,1
Hemodinâmica
7
31,8
Cardiologia
3
13,7
Emergência
2
9,1
CTI
2
9,1
Psiquiatria
2
9,1
Ensino
1
4,5
Consultório
2
9,1
Consultoria
1
4,5
Total
22
100,0
O fato de que muitos trabalhadores que atuam na hemodinâmica do HUPE
também exercem atividades em outras salas de hemodinâmica justifica a iniciativa
deste estudo e as indagações iniciais com relação à múltipla exposição ocupacional
as radiações ionizantes e ao somatório das doses ocupacionais.
Buscando literaturas de referências para composição deste estudo,
encontrou-se muito material científico e legislativo que tratam da segurança nos
estabelecimentos de saúde que fazem uso de radiações ionizantes.
Os trabalhadores entrevistados vêem-se expostos a diversas classes de risco
ocupacional, como comprova o Quadro 1.
Quadro 1 - Distribuição dos fatores de risco identificados pelos
trabalhadores no ambiente. HUPE. RJ. 2007.
53
A radiação, principal alvo de discussão deste estudo, foi citada por todos os
profissionais de saúde entrevistados (n = 19), seguida pela percepção acerca dos
agentes biológicos, elementos perfurantes e cortantes que podem ocasionar
acidentes e o peso do avental.
Os estudos de diversas áreas de conhecimento relacionados, acerca dos
fatores de risco existentes nos serviços de imagem, enfocam e discutem somente a
exposição à radiação sofrida pelos profissionais; entretanto, nota-se que a
percepção dos trabalhadores vai além. Pode-se dizer que hoje, mais que no século
passado não muito distante, os profissionais têm uma percepção maior dos fatores
de risco existentes no ambiente de trabalho, provavelmente pelo contato direto com
estes fatores e pelo entendimento das repercussões geradas por este contato
contínuo.
No que tange aos fatores que possam ser geradores de acidentes, os
materiais perfurantes e cortantes são amplamente discutidos em estudos realizados
por enfermeiros em quase todas as unidades de assistência à saúde. Ainda assim, a
ocorrência desse tipo de acidente ainda é alta e sofre influência de fatores
ergonômicos de difícil governabilidade como a falta de atenção relacionada ao
cansaço e múltiplas jornadas de trabalho e outros de média governabilidade como a
organização e divisão do trabalho.
Diversas investigações comprovam o grande número de acidentes com
constituintes pérfuro-cortantes durante o descarte relacionado ao reeencape de
agulhas e descarte inadequado dos materiais (BALSAMO; FELLI, 2006;
CALEGARO, 2005; BASSO, 1999), comprovando a necessidade de investimento
intelectual e tecnológico que traga resolutividade a questão.
A problemática, acerca dos acidentes com materiais rfuro-cortantes, vem
acompanhada da exposição do profissional a materiais biológicos, item que também
foi citado pelos trabalhadores entrevistados. No decorrer da observação realizada no
campo de pesquisa, pôde ser constatada a inobservância de normas de precaução e
biossegurança, por parte de um grupo de profissionais, traduzida no desuso de
máscara, gorro e óculos de proteção.
Nesse sentido, a norma é clara quando indica o uso de luvas, avental,
máscara e óculos, além da lavagem das mãos para procedimentos onde
possibilidade de respingo de sangue e secreções (BRASIL, 1999). No caso em
estudo, é feita a punção de uma artéria de grosso calibre e pressão significativa,
54
incorrendo na possibilidade não de respingos, mas, ocasionalmente, de espirros
de sangue sob pressão.
O mais complicado, nesse sentido, é a sensibilização do profissional e a
mudança de atitude, já que o mesmo tem prévia ciência do risco e sabe quais são as
formas de proteção. Se mesmo de posse do conhecimento, a atitude tomada
continua sendo insegura, hão de se investigar os motivos e traçar estratégias ativas
que tragam uma mudança de atitude dos profissionais.
Os fatores de risco ergonômicos citados pelos trabalhadores incluem dois
aspectos relacionados ao peso, do avental e do paciente em manipulação. De
acordo com o NIOSH - National Institute for Occupational Safety and Health, o peso
recomendado deve respeitar o limite que pelo menos 90% dos homens e 75% das
mulheres possam erguer ou carregar consigo em atividade de trabalho, ficando
estabelecida a carga máxima de 23 kg. (MERINO, 1996).
Embora o equipamento de proteção individual pese apenas, em média, 4 kg
por conta do chumbo utilizado em sua fabricação (GRUPO GRX, 2007), existem
outros fatores biomecânicos que podem contribuir para o acometimento da coluna e
articulações quando o trabalhador carrega consigo uma carga (como é o caso do
avental) ou quando transporta uma carga, como é o caso da manipulação dos
clientes.
De acordo com Gonçalves (1998), diversos fatores de ordem fisiológica,
biomecânica, psicofísica e epidemiológicas devem ser observados quando se trata
de levantamento e suporte de cargas como: a forma da carga, o peso da mesma, a
velocidade de execução do movimento, a forma de pega, dentre outros. Nesse
sentido, existem regras para prevenir lesões ocasionadas pela manipulação e
postura incorretas, aplicadas individualmente, de acordo com as características de
cada pessoa.
Torna-se, então, importantíssima a orientação dos trabalhadores acerca
dessas questões, que o levantamento de cargas é uma característica inerente do
processo de trabalho das equipes de enfermagem e o uso dos VPI´s de chumbo é
comum a toda equipe de saúde que atua em áreas controladas.
No que diz respeito aos fatores de risco de ordem física, citados pelos
trabalhadores, ressaltam-se as radiações ionizantes e a baixa temperatura existente
na sala de hemodinâmica, mantida entre 18 e 22ºC devido ao excesso de calor
emitido pela produção de raios-X. Como a baixa temperatura pode trazer
55
desconforto ao trabalhador, como foi sugerido durante as entrevistas, sugere-se o
uso de agasalhos flanelados, que a flanela é um material isolante que retém o
calor do corpo impedindo que o mesmo se perca para o ambiente.
A Norma Regulamentadora 15 (NR-15), que trata das Atividades e Operações
Insalubres, dispõe, em seu anexo 5 que os limites de segurança para operações
com radiação ionizantes serão ditados pela CNEN, agência reguladora operante no
Brasil. A CNEN (2005), por sua vez, baseia as indicações da Norma 3.01 (Proteção
Radiológica) nas diretrizes da Recomendação 60 da International Commission on
Radiological Protection (ICRP60).
O sistema de proteção radiológica recomendado pela ICRP e seguido pela
CNEN para práticas ocupacionais com exposição à radiação é baseado no
cumprimento dos seguintes princípios gerais: justificativa da prática, otimização da
proteção e limitação do risco e das doses individuais. (ICRP, 1990; CNEN, 2006).
Qualquer prática ou fonte associada à prática só pode efetivamente acontecer
se os benefícios gerados para os expostos e para a sociedade compensarem os
detrimentos correspondentes, ou seja, no caso do uso da radiação em exames
hemodinâmicos, a prática é justificada a partir do momento que o mesmo trará
determinado diagnóstico que poderá salvar a vida de uma pessoa, ou conduzir mais
claramente um tratamento que a beneficiará.
Figura 9 - Limites de doses ocupacionais anuais estabelecidos pela CNEN. [a] Dose no período de janeiro a
dezembro. [b] Média ponderada em 5 anos consecutivos, desde que não exceda 50 mSv/ano. [d] Valor médio
de 1 cm
2
na região mais irradiada. (CNEN, 2005).
56
A dose recebida pelos indivíduos ocupacionalmente expostos deve ser
restringida para que não exceda o limite de dose especificado pela Figura 9,
integrante da Norma 3.01 da CNEN (2005).
Entende-se por dose equivalente, o produto da dose média absorvida em
determinado órgão ou tecido pelo fator de ponderação da radiação usada; essa
grandeza tem como unidade internacional o joule por quilograma (J/Kg),
denominada sievert (Sv). A dose efetiva, também medida em sievert, é a soma das
doses equivalentes ponderadas nos diversos tecidos e órgãos pelo fator de
ponderação de órgão ou tecido.
O critério de otimização, deve ser cumprido para que as doses o atinjam
valores acima do recomendado. De acordo com a CNEN (2006), a proteção
radiológica deve ser otimizada de forma que a magnitude das doses individuais, o
número de pessoas expostas e a probabilidade de ocorrência de exposições
mantenham-se tão baixas quanto possa ser razoavelmente exeqüível. Trata-se do
Princípio Alara (As Low As Reasonable Achievable).
Isto significa, de acordo com Gomes e Silva (2006), que o serviço precisa ter
como meta, níveis de exposição mensais abaixo dos limites previstos pela
legislação, tanto quanto as equipes precisam pautar as práticas de maneira que o
trabalhador seja submetido a menor exposição possível durante a jornada de
trabalho. Assim, a aplicação do Princípio Alara fundamenta-se em três aspectos:
distância da fonte, tempo de exposição e blindagem, traduzida nesse aspecto como
os equipamentos de proteção individuais usados pelos profissionais.
Questionou-se se os trabalhadores utilizavam o monitor individual de
radiação, conhecido como dosímetro, onde a maioria respondeu que usava o
artefato e por cima do avental de chumbo fornecido pelo serviço, em sua maioria,
com o objetivo de medir a radiação recebida (Gráfico 6). Os indivíduos que
responderam que não utilizam o artefato são residentes de enfermagem e medicina,
que passam poucos meses pela unidade e médicos, que informaram não ter
recebido o dispositivo.
57
Gráfico 6 - Distribuição da população de acordo com o uso do
dosímetro. HUPE. RJ. 2007
O dosímetro utilizado pelos profissionais no HUPE é do tipo
termoluminescente. Este tipo de dispositivo é composto por cristais que, quando
irradiados, armazenam a energia da radiação incidente; a leitura é feita com o
aquecimento do aparelho e a liberação da energia armazenada na forma de luz,
fenômeno conhecido como termoluminescência. A quantidade de luz emitida durante
o aquecimento é proporcional à dose absorvida pelo aparelho. Salienta-se que esse
tipo de dosímetro tem pouquíssima dependência direcional e podem ser reutilizados.
(DAROS, 2007).
A monitoração individual é obrigatória para indivíduos ocupacionalmente
expostos como prevê a Norma 3.01 e 3.02 da CNEN e a Portaria 453 da ANVISA,
sendo o empregador responsável pelo fornecimento do equipamento aos
funcionários. Entretanto a prática parece caminhar na direção oposta.
A norma é clara quanto à monitoração dos trabalhadores e quanto às
responsabilidades, contudo profissionais da área médica que durante os exames e
procedimentos estão a menos de 30 centímetros da fonte emissora de radiação e
desenvolvem atividades no serviço de hemodinâmica de outras instituições atuam
sem o uso do dispositivo. A situação fica ainda mais séria e preocupante quando é
perguntado aos trabalhadores que possuem mais de um vínculo empregatício se as
doses ocupacionais mensuradas pelos dosímetros são somadas mensalmente. A
resposta encontra-se no gráfico abaixo.
Uso do dosímetro
63%
37%
Sim
Não
58
Gráfico 7 - Demonstrativo do somatório das doses ocupacionais dos trabalhadores
de saúde que possuem mais de um emprego expostos a radiação ionizante. HUPE.
RJ. 2007.
A primeira hipótese levantada pelo estudo é comprovada, haja vista que de
fato as doses ocupacionais dos profissionais de saúde que atuam em mais de uma
instituição expostos a radiações ionizantes nas salas de hemodinâmica não são
somadas mensalmente.
As legislações relativas ao uso de radiação no Brasil são propostas pela
CNEN, porém ditadas e organizadas por órgãos competentes e responsáveis de
áreas afins, como o Ministério da Saúde e os Conselhos Profissionais, enquanto o
cumprimento dessas normas é fiscalizado pela ANVISA. Contudo, o que se constata
é o não cumprimento, por parte pelo menos da instituição pesquisada, de algumas
normas prescritas.
A Norma 3.01 da CNEN expõe como responsabilidades dos empregadores:
- Proteção radiológica dos profissionais expostos;
- Assegurar-se, quando terceirizar serviços, que o empregador tem ciência
das normas previstas;
- Obter o histórico de doses dos profissionais que porventura, venham a
trabalhar expostos à radiação;
- Obter informações dos trabalhadores que venham a assegurar a proteção
radiológica dos mesmos.
A observância destes itens sugere que a instituição deve ter um plano de
proteção radiológica que inclua a monitoração individual dos trabalhadores expostos,
0
5
1
0
1
2
3
4
5
Sim Não Não sabe
As doses ocupacionais são somadas
mensalmente?
59
bem como o levantamento radiométrico das áreas controladas; a legislação registra
ainda a importância de conhecer o histórico de doses do trabalhador que se
contrata, contudo ver-se-á adiante que nem os próprios profissionais m ciência de
suas doses ocupacionais. Outra questão de extrema relevância é o levantamento
acerca de outras atividades de trabalho dos funcionários que atuam expostos; ocorre
que se um ou mais trabalhadores atuam em outras instituições em contato com
radiações, isso deve ser comunicado para que efetivamente as doses mensais
sejam somadas.
A Portaria 453 da ANVISA dispõe sobre o assunto nos seguintes termos: caso
os indivíduos trabalhem em mais de um serviço, os responsáveis por cada instituição
devem tomar as medidas necessárias de modo a garantir que a soma das
exposições ocupacionais de cada indivíduo não ultrapasse os limites estabelecidos
pela CNEN, também dispostos pela Agência. Para que haja efetividade no
cumprimento desta norma, ainda sugere que sejam criadas guias operacionais
individuais, considerando a fração das jornadas de trabalho em cada
estabelecimento ou ainda um acerto de cooperação entre os empregadores de
modo a fornecer / obter os resultados de monitoração em cada serviço.
A situação encontrada é preocupante, tendo em vista que mais da metade
dos itens abordados não são contemplados na unidade de imagem do hospital
estudado, levando a crer que providências imediatas precisam ser tomadas para que
a saúde e a segurança dos trabalhadores não esteja comprometida em médio e
longo prazo.
É fato que as análises cientificas efetuadas, até o momento, não conseguiram
relacionar com clareza as baixas doses ocupacionais recebidas mensalmente pelos
trabalhadores com a ocorrência de patologias ou agravos que possam ser oriundos
da exposição, haja vista a infinidade de fatores ambientais associados ao processo.
Contudo, sabe-se que a exposição contínua à radiação pode trazer malefícios
descritos na literatura. Dentro desta perspectiva, fica evidente a necessidade da
implantação de procedimentos operacionais que de fato assegurem a manutenção
da saúde dos profissionais, pelo menos no que diz respeito à exposição à radiação.
Estes procedimentos não devem ser advindos somente da esfera
institucional, mas, também, dos trabalhadores através da capacitação teórica,
formação e atualização permanente, além do desenvolvimento do pensamento
crítico, que se inicia na academia, tanto de nível médio como de nível superior.
60
Outra questão importante levantada pelo estudo diz respeito ao conhecimento
dos trabalhadores acerca das mensurações mensais obtidas através de seus
dosímetro. O gráfico 8 mostra que mais da metade dos profissionais não têm
acesso à leitura mensal do seu dispositivo. Na instituição estudada, a chefia de
radiologia é responsável pelo recebimento e arquivamento das mensurações, que
não são disponibilizadas em local público por conta da privacidade das informões.
Gráfico 8 - Distribuição da população de acordo com o acesso à leitura
mensal dos dosímetros. HUPE. RJ. 2007.
Teoricamente, os trabalhadores deveriam ser instruídos a respeito da
questão, todavia não o são. A maioria deles informa não ter acesso à informação,
nem buscam pela mesma, acreditando que “se alguma coisa errada estiver
acontecendo”, serão informados pelo responsável cnico. Na realidade, a formação
dos profissionais de saúde não tem dado subsidio teórico nesse sentido e parece
não haver o entendimento, por parte dos trabalhadores, da importância dos
resultados de sua leitura mensal.
Foram investigados determinados aspectos, acerca da saúde dos
trabalhadores, para ter um entendimento real dos procedimentos adotados pela
instituição no controle e vigilância da saúde dos trabalhadores e para identificar a
ocorrência de problemas de saúde provocados ou agravados pelo exercício
profissional na hemodinâmica.
Questionou-se, inicialmente, a respeito dos exames de saúde realizados pelo
profissional no ato da admissão na instituição e no ato de sua entrada no setor de
Acesso à leitura do dosímetro
26%
21%
53%
Sim
Não
Não usa
61
hemodinâmica. Por se tratar de uma instituição quaternária, onde pode haver
rotatividade dos profissionais em diversas unidades, parte-se do pressuposto que os
trabalhadores nem sempre estiverem lotados neste serviço. O pressuposto se
confirma quando os dados confirmam que nenhum deles iniciou as atividades
diretamente na hemodinâmica, tendo passado primeiro, por outros setores e
especialidades.
Dos indivíduos que participaram do estudo, 68% realizaram exames
admissionais quando iniciaram suas atividades no hospital, com exceção dos
residentes, tanto de medicina, quanto de enfermagem e de um médico contratado.
Entretanto, nenhum profissional fez o exame para mudança de função. Quando foi
argüido sobre a realização de exames periódicos, apenas 33% dos entrevistados
confirmou fazer tais exames no HUPE, enquanto que 45% informa fazê-lo em outra
instituição.
No que se refere à periodicidade dos exames periódicos, averiguou-se que
mais da metade dos profissionais (64%) a mantêm anualmente e apenas 14% faz os
exames, por conta própria, semestralmente, como manda a legislação trabalhista
quando se trata de atividades com franca exposição a riscos ocupacionais, como é o
caso da radiação. Os exames realizados durante a consulta médica para o periódico
também foram abordados, conforme mostra a Tabela 3.
Tabela 3 - Relação dos exames solicitados pelos médicos
assistentes durante o exame periódico - HUPE - Rio de
Janeiro 2007
Tipo de Exame
Pedidos
Hemograma completo
14
T3/T4/TSH
3
Bioquímica
5
ECG
1
Teste de Esforço
1
Ecocardiograma
1
Nenhum exame
1
Raio X torax
2
Perfil lipídico
1
EAS
1
PSA
1
A Norma Regulamentadora 7 (NR-7), que trata do Programa de Controle
Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) informa a respeito da realização obrigatória
62
dos seguintes exames: admissional, periódico, de retorno ao trabalho (após licença
maternidade ou afastamento por mais de 30 dias, por doença ou não), de mudança
de função e demissional. Durante esses exames deve ser feita, pelo médico do
trabalho, a avaliação clínica do trabalhador, abrangendo a anamnese ocupacional e
os exames físico e mental, além da solicitação de exames complementares, dentro
das especificações cabíveis.
Existem três questões que precisam ser discutidas e estas dizem respeito à
não realização de exames admissionais e periódicos pelos residentes, o não
cumprimento, por parte da instituição de um calendário rígido para operacionalização
dos exames periódicos e o exame para troca de função.
Esmiuçando, os profissionais conhecidos como residentes de enfermagem e
medicina são, respectivamente, enfermeiros e médicos formados que estão
realizando um curso de especialização prático conhecido como Residência, onde
existe o treinamento em serviço, ou seja, os especializandos apreendem
conhecimentos e técnicas através da prática. Esses trabalhadores, por assim dizer,
são aprovados em um concurso público e recebem uma bolsa de estudos durante
dois anos para se especializarem. Na prática, o que ocorre é que, durante dois anos,
os novos profissionais irão efetivamente trabalhar na instituição.
O importante, acerca dessa questão, é que essas pessoas estarão expostas,
durante dois anos, aos mesmos riscos ocupacionais que os trabalhadores
contratados e concursados da instituição. Portanto, acredita-se que devem receber,
por parte do serviço de saúde e segurança do trabalho, a mesma atenção fornecida
aos demais.
Isso não acontece na prática. Os residentes não realizam nenhum exame de
saúde nem para entrar, nem para sair da especialização, nem tampouco durante o
curso, que possui uma carga horária de 60 horas semanais (HUPE, 2007),
incompatível com qualquer legislação trabalhista brasileira, que prevê o máximo de
40 horas semanais trabalhadas (BRASIL, 2005). Como se trata de um curso de
especialização, que tem como modalidade de trabalho o treinamento em serviço, os
profissionais residentes não são encarados como trabalhadores às vistas da
legislação específica.
Todavia, fica claro que estes profissionais, no decorrer do tempo que se
encontrarem desenvolvendo atividades dentro de uma instituição hospitalar, estarão
em ambiente insalubre, e sujeitos a toda espécie de risco ocupacional existente.
63
Dessa forma, é necessária a implementação de um novo programa de atenção à
saúde deste grupo especifico, a fim de evitar a ocorrência de agravos oriundos do
trabalho enquanto residente. Esse programa certamente deve incluir procedimentos
operacionais padrão relativos à realização de exames de entrada (admissional),
saída (demissional) e periódicos que contemplem a categoria.
São, no mínimo, questionáveis os motivos pelos quais a os exames
admissional, periódico e demissional não são realizados. Além disso, este fato
também incita reflexões do sentido trabalhista, que a modalidade não é
enquadrada como emprego e sim como treinamento em serviço.
A segunda questão que surge para discussão diz respeito aos exames
admissionais, que deveriam ser realizados pelos trabalhadores que atuam
diretamente expostos a radiação, minimamente de 6 em 6 meses, de acordo com
acordo coletivo fixado pelo menos pelo Sindicato dos Técnicos de Radiologia.
Quanto aos demais profissionais de saúde que compõem a equipe da
hemodinâmica, não acordos coletivos latentes entre seus sindicatos e o
empresariado.
A NR-7 prevê que para trabalhadores expostos a riscos ou a situações de
trabalho que impliquem no desenvolvimento ou agravamento de doença
ocupacional, os exames devem ser repetidos a cada ano ou a intervalos menos, a
critério do médico encarregado ou por conta de negociação coletiva de trabalho.
O trabalho com radiações ionizantes é considerado perigoso, de acordo com
a NR-16, que trata de Atividades e operações perigosas e também insalubres, de
acordo com a NR-15, deixando óbvia, a necessidade do acompanhamento da saúde
dos trabalhadores que atuam expostos à radiação ionizante, em períodos mais
curtos que um ano. (BRASIL, 2006a).
O mais grave, nesse sentido, é o relato dos trabalhadores acerca da
periodicidade com que são feitos os exames periódicos no HUPE. De acordo com a
maioria absolta dos sujeitos, o último exame foi feito dois anos atrás, em 2005,
por conta de um projeto “especial” que estava sendo desenvolvido no serviço de
saúde do trabalhador. Esse é o tipo de situação que precisa da atenção das
autoridades institucionais competentes, para que suas razões sejam buscadas e
sanadas, pois é, no mínimo, inadequado que um trabalhador que atua no serviço de
imagem exposto à radiação não faça um exame periódico de saúde há 2 anos.
64
O prejuízo da não realização de tais exames não reside somente na questão
relativa à radiação, mas, também, na inobservância do estado de saúde dos
trabalhadores. Viu-se, no subitem que apresentou os dados pessoais dos sujeitos,
que se trata de um grupo com idade média de 39 anos, ou seja, de pessoas que
possuem um longo tempo de exposição ocupacional a diversos fatores de risco, sem
contar a influência, ao longo do tempo, de fatores ambientais e socioeconômicos,
que corroboram para o estado de saúde do individuo.
Realizar tal acompanhamento, previsto na legislação trabalhista vigente,
significa proceder à vigilância da saúde dos profissionais, antecipando possíveis
agravos com o auxílio das ações de prevenção primária, diagnosticando
precocemente quaisquer patologias ou intercorrências para que as providências
cabíveis sejam tomadas o quanto antes. Assim, ganha o trabalhador e ganha a
instituição com um profissional potencialmente produtivo, saudável, livre de mazelas
oriundas ou não da atividade profissional.
Outro aspecto que surgiu, a partir da análise dos dados, foi o fato de nenhum
trabalhador ter feito algum exame ocupacional antes de começar a atuar no serviço
de imagem. De certo não se trata de uma troca de função, no sentido literal da
palavra, até porque o profissional enfermeiro que trabalhava na unidade de terapia
intensiva, por exemplo, continuará sendo enfermeiro na unidade de imagem. Trata-
se de precaução e vigilância.
A realização de avaliação clínica ocupacional do trabalhador, que é
transferido para o setor de imagem, deveria ser enquadrada como procedimento de
rotina para verificação das condições de saúde do sujeito naquele momento, para
que se tenha a certeza documentada que o trabalhador se encontra em tais
condições ao iniciar atividades em um setor controlado. Os procedimentos
realizados na avaliação funcional do profissional que atua exposto à radiação são
específicos, contando, por exemplo, com exame de sangue do tipo hematologia com
diferencial e plaquetas, para quantificação de células vermelhas, leucócitos,
neutrófilos e plaquetas, em virtude da indução à toxicidade hematológica.
Normalmente, os exames periódicos e admissionais para a área da saúde
não contam com a solicitação de exames do tipo hemograma. Ainda nesse aspecto,
são listados no Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) de maioria dos trabalhadores
de saúde fatores de risco ergonômicos e biológicos e para profissionais que
trabalham em unidades de quimioterapia, por exemplo, fatores de risco químicos.
65
Pelas razões descritas, considera-se importante a incorporação de uma
espécie de “exame de troca de função” para os profissionais que serão transferidos
e irão atuar em áreas onde há ocorrência de radiação.
A saúde dos trabalhadores que atuam no setor de hemodinâmica foi
investigada com a finalidade de identificar possíveis associações, mesmo que
empíricas, com a atividade de trabalho desenvolvida em um ambiente onde há a
emissão de raios-x. Foi perguntado aos trabalhadores se eles tinham, no momento,
algum problema de saúde, onde se percebe, pelo Gráfico 9, que 67% afirma ter
algum agravo.
Não se pode fazer associação de causa e efeito quando se fala de doses
ocupacionais, contudo outros fatores de risco existentes na hemodinâmica, além da
radiação, podem provocar agravos à saúde do trabalhador.
Gráfico 9 - Distribuição da população de acordo com a existência
de problemas de saúde no tempo atual. HUPE. RJ. 2007.
Dentre os problemas de saúde citados ou não citados, questionou-se se, na
opinião do trabalhador, algum agravo presente ou passado era provocado ou
agravado pelo trabalho desenvolvido na hemodinâmica.
Os problemas que mais acometem os profissionais de enfermagem são, em
ordem crescente, os distúrbios psiquiátricos, os problemas osteomusculares e os
acidentes com constituintes pérfuro-cortante contendo material biológico
contaminado. (GUEDES, 2000; MARTINS, L., 2003; MIRANDA, 2005; MOREIRA,
2003).
Tem algum problema de saúde no momento?
67%
33%
Sim
Não
66
No que tange aos profissionais médicos, a literatura reforça a alta incidência
de problemas psíquicos como o estresse ocupacional, depressão e ainda fadiga,
hipertensão arterial e algias diversas em virtude de uma prática profissional
exaustiva, com poucas horas de sono e solicitação de alto nível de atenção.
(MARTINS, L., 2003; NASCIMENTO SOBRINO et al., 2006).
Os profissionais de saúde, de forma geral, sofrem com o estresse
ocupacional, pelo fato de lidarem com a vida e a morte, o sofrimento humano e
incertezas, o que, muitas vezes, acaba gerando problemas psiquiátricos como
depressão e ansiedade. Trata-se de um assunto em voga que merece estudos e
discussões.
Nesta investigação os profissionais apresentaram queixas latentes
provocadas ou agravadas pelo trabalho, como mostra o Quadro 2. Os agravos que
estão presentes nas três situações são: dores na coluna (problemas de coluna, na
primeira coluna à esquerda), tensão muscular e a síndrome do olho seco,
apresentada por uma profissional da área técnica de enfermagem.
Relatados
N
Provocados
N
Agravados
N
Hipertensão
3
Dor na coluna
4
Nenhum
10
Problemas de coluna
2
Stress
3
Dor na coluna
2
Stress
2
Depressão
1
Tensão muscular
1
Cervicite
1
Ansiedade
1
Retrocolite
1
Esofagite
1
Tensão muscular
1
Síndrome olho seco
1
Sinusite
1
Síndrome olho seco
1
Miopia
2
Cólica menstrual
1
Problemas posturais
1
Refluxo
1
Tensão muscular
1
Protusão disco vertebral
1
Problemas de visão
1
Retrocolite ulcerativa
1
Hipertensão
1
Síndrome olho seco
1
Protusão disco
vertebral
1
Refluxo
gastroesofágico
1
Quadro 2 - Apresentação dos problemas relatados pelos profissionais entrevistados. HUPE. RJ. 2007.
Os problemas osteomusculares acometem comumente os profissionais de
saúde, tanto quanto a tensão muscular. Basta conversar informalmente com um
trabalhador depois de um plantão de 12 horas e ele poderá confirmar a informação.
As longas e cansativas jornadas de trabalho, a permanência por longos períodos de
67
ou deambulando, a excessiva carga de trabalho associada à cargas horárias
absurdas de mais de 60 horas semanais colaboram para essas ocorrências.
No caso da equipe de enfermagem, a manipulação de pacientes, discutida
anteriormente, associada à carga excessiva de trabalho e o longo tempo de
contribui para o desenvolvimento de problemas musculoesqueléticos como hérnias
de disco, lombalgias, cervicalgias, costocondrite. No caso dos médicos e técnicos de
radiologia, a permanência de durante longos períodos favorece a fadiga, cansaço
e dores nas pernas, em curto prazo e em longo prazo, o aparecimento de varizes e
problemas ósseos e musculares mais sérios.
Segundo Scarpi apud Fridman (2004), a Síndrome do Olho Seco pode ser
entendida como resultado de insuficiência lacrimal causada por irregularidades na
relação entre a produção da lágrima e a manutenção da superfície córneo-
conjuntival, enquanto Lemp, citado pelo mesmo autor, informa que se trata de um
distúrbio associado a uma deficiência na produção lacrimal e/ou a um excesso de
sua evaporação, causando, principalmente, desconforto ocular e danos à superfície
interpalpebral.
De acordo com a classificação de Lemp e colaboradores, publicada em 1995,
os indivíduos portadores desta síndrome podem ser dispostos em dois grupos
distintos: os portadores de insuficiência lacrimal e de olho seco evaporativo. Nesse
sentido, destaca-se que a doença lacrimal (deficiência lacrimal) pode ser secundária
à exposição à radiação ionizante. (FRIDMAN, 2004).
Embora a maioria das associações causais relacionadas à radiação seja
atribuída às radiações ultravioleta, somente um grupo de pesquisadores visualiza
nexo causal entre a síndrome do olho seco e a exposição a radiações do tipo
ionizante (FRIDMAN, 2004). De qualquer forma, trata-se de um tipo de agravo que
pode ser evitado ou minimizado com a otimização da radioproteção, conseguida
através do uso contínuo, nas salas de exame dos óculos plumbífero, equipamento
de proteção individual que hoje não é fornecido pelo serviço estudado aos seus
funcionários.
Pelo menos três pessoas relataram problemas reativos à visão: a síndrome
do olho seco á referida, problemas de visão de forma generalizada, embora o
trabalhador estivesse falando a respeito de secura e ardência nos olhos e miopia
surgida após 40 anos de idade, o que de acordo com a Sociedade Brasileira de
Oftalmologia é incomum. (SOB, 2007).
68
É indispensável dizer que os agravos que acometem qualquer trabalhador
podem ser suprimidos a partir de ações de promoção da saúde, proteção específica
e prevenção de doenças e podem ser identificados precocemente através dos
exames periódicos da saúde do trabalhador. Para que isso ocorra, de forma efetiva,
os setores de saúde e segurança do trabalho, treinamento e a gerência da unidade
devem estabelecer os padrões para procedimentos operacionais e integrar suas
ações, dando resolutividade às questões pertinentes, atingindo as metas propostas
e o objetivo final.
A proteção dos trabalhadores, que atuam expostos a radiações ionizantes
deve estar pautada, então, nos princípios recomendados pela ICRP e estabelecidos
pela CNEN. A aplicação desses princípios pode ser traduzida, na prática, com a
revisão das normas de radioproteção em vigor no serviço, vigilância da saúde e
segurança do trabalhador e reorganização da prática profissional, através da
descrição das atividades da equipe interdisciplinar da hemodinâmica e posterior
estabelecimento de rotinas para o serviço. As ações profissionais específicas para
unidades de hemodinâmica não são descritas na legislação que regulamenta a
exercício da enfermagem, todavia o são para técnicos de radiologia e médicos
hemodinamicistas.
No que diz respeito à formação em saúde, foi questionado se os
trabalhadores tinham conhecimento acerca das normas de radioproteção e das
legislações vigente que versam sobre o uso das radiações no Brasil. Todos os
profissionais informaram conhecer as normas de radioproteção, enquanto que
apenas 44% relatam conhecer as legislações que regulamentam a exposição
ocupacional à radiações, radioproteção, além da legislação trabalhista e
previdenciária.
Pediu-se ainda que as pessoas descrevessem seus conhecimentos e suas
respostas compõem a figura a seguir. Através do mesmo percebe-se que os
trabalhadores, de uma forma geral, possuem conhecimento regular acerca das
temáticas que envolvem radioproteção, apesar dos doze itens citados; apenas dois
itens, uso dos equipamentos de proteção individual e o uso do dosímetro foi
contemplado por mais de 50% dos entrevistados.
69
Temas relativos à radioproteção
N
Temas relativos à legislação
N
Uso de VPI
18
Tempo de serviço menor até a aposentadoria
3
Usar dosímetro
9
Controle de doses ocupacionais
2
Realização exames periódicos
4
Recebimento de adicional de periculosidade
2
Distância da fonte
4
Tempo de férias diferenciado
2
Não dar as costas p/ fonte
3
Regras de radioproteção
2
Localização na sala
2
Realização de periódicos de 6/6 meses
2
Controle do tempo de exposição
2
Regulamentação da estrutura física das salas
2
Blindagem
2
Fiscalização pelos órgãos competentes
1
Levantamento Radiométrico da sala
2
Indenização ou ganho extra em caso de doença
1
Otimização uso aparelhagem
2
Piso salarial da categoria
1
Regime trabalho diferenciado
1
Manipulação da aparelhagem por prof. habilitado
1
Qualidade dos VPI’s
1
Tempo de exposição
1
Quadro 3 - Temas informados pelos trabalhadores sobre os assuntos: Radiproteção e Legislação,
respectivamente. HUPE. RJ. 2007.
Quando o assunto é legislação, o panorama muda, visto que menos da
metade da população tem conhecimentos sólidos sobre as regulamentações, seja
na área trabalhista, de saúde ou proteção. Os assuntos mais citados dizem respeito
aos benefícios, financeiros ou não, oriundos da exposição como aposentadoria com
menos tempo de serviço, adicionais, férias diferenciadas, dentre outros.
Em verdade, o que se percebe é que o profissional sabe que precisa usar as
VPI´s, que precisam manter distância do equipamento, que precisam usar exames
periódicos, contudo não sabe onde estas regras estão escritas e dispostas
legalmente.
Crê-se que os conhecimentos são adquiridos basicamente através da
formação profissional, especializações e atualizações e pela experiência profissional
adquirida, em ordem crescente. Contudo, o estudo aponta que os profissionais que
hoje atuam no serviço de imagem do HUPE obtiveram conhecimentos relevantes a
sua prática fora da academia, como deixa claro o Quadro 4.
Radioproteção
Legislações
Local de aprendizado
N
Local de aprendizado
N
Trabalhando
Na academia
Atualização / treinamento
Pesquisando por conta própria
8
6
5
3
Por conta própria
Trabalhando
Atualização / treinamento
Faculdade
3
2
2
1
Quadro 4 - Identificação do aprendizado profissional sobre Radioproteção e Legislações.
HUPE. RJ. 2007.
70
Outra pergunta, que complementa e suporte a essa discussão, aborda de
forma objetiva a grade curricular dos cursos superiores de enfermagem e medicina e
dos cursos técnicos em enfermagem e radiologia. Quando questionados sobre a
existência no currículo de qualquer disciplina que enfocasse o tema, descobre-se
que 68% dos trabalhadores não tiveram acesso à matéria que tratasse de
radioproteção e que 79% das pessoas nunca ouviram falar das normatizações
específicas, porque não existia em sua grade curricular alguma disciplina que as
enfocasse.
Essas informações trazem reflexões acerca da formação básica dos
profissionais de saúde. Quando este estudo começou a ser desenhado, ainda
durante a busca de literaturas que pudessem vir a subsidiá-lo, perceberam-se
questões interessantes sobre a grade curricular de médicos, enfermeiros, técnicos
de radiologia e técnicos de enfermagem.
Tanto os médicos quanto os enfermeiros têm em suas grades curriculares
uma disciplina denominada “Biofísica”, que aborda a radioproteção e fala
resumidamente das legislações, voltando a atenção para a CNEN; contudo, não são
todas as universidades que oferecem esta disciplina. Institutos públicos e privados
no Brasil inteiro foram pesquisados e foi constatado que menos de 50% das
universidades tem esta matéria em sua grade.
Os técnicos de radiologia e os tecnólogos são, aparentemente, os mais
respaldados pela informação específica dentro do grupo estudado, haja vista que em
seu currículo acadêmico podem ser encontradas disciplinas como: biofísica, física
aplicada à medicina e radioproteção.
Este entendimento pode ser justificado a partir do momento que os técnicos
de radiologia possuem uma prática de trabalho específica, onde a questão
“radiação” está inserida intrinsecamente no contexto profissional. Isso torna o
conhecimento acerca desta temática uma necessidade imperativa para a prática. A
prática de enfermagem e medicina é, por sua vez, generalista, ou seja, a temática
“radiação” está inserida apenas em uma parcela do todo profissional, tornando o
conhecimento esparso.
Sobre a formação acadêmica, ainda é interessante notar que não existe uma
disciplina que fale exclusivamente de legislações. A princípio, em algumas
instituições pesquisadas, a matéria “Administração” contempla brevemente este
aspecto.
71
Dentro da equipe de saúde que presta serviços em hemodinâmica, a única
categoria que não possui formação acadêmica voltada para a temática especifica é
dos cnicos de enfermagem. Não existe nenhuma disciplina, em todas as grades
curriculares analisadas, que verse sobre radioproteção ou aspectos legislativos.
Dessa maneira, percebe-se que existe uma lacuna na formação profissional
no campo da saúde. indícios de que as pessoas saem da universidade ou do
curso técnico sem base teórica sólida para trabalhar em unidade de imagem. Esta
base será complementada e solidificada na prática.
De acordo com os trabalhadores entrevistados, muito do conhecimento
específico foi adquirido através da prática profissional. Trata-se de uma experiência
importante e que não deve ser desconsiderada, contudo ressalta-se a necessidade
da formação completa, atualização e capacitação do trabalhador que atua nas
unidades de imagem, haja vista a realidade específica identificada neste setor.
Assim, existem algumas vertentes: fazer um curso de especialização,
capacitar os profissionais a partir do momento que eles são admitidos no setor ou
“aprender fazendo, o que seria uma solução, hipoteticamente, menos adequada.
A resposta para esta questão reside na incorporação da temática pelas
grades curriculares, de forma que o profissional possa ter o mínimo de subsidio para
exercer uma prática segura e eficiente, neste ramo, depois de formado.
A fim de responder ao terceiro objetivo da pesquisa, as doses ocupacionais
dos trabalhadores que participaram do estudo foram levantadas conforme
especificado.
Salienta-se que o dispositivo de monitoração individual usado pelos
trabalhadores é do tipo termoluminescente, sendo sua leitura, realizada
mensalmente pelo Laboratório de Dosimetria da Universidade de São Paulo (USP).
Abaixo, a sala onde é realizado o tratamento térmico dos detectores.
72
Figura 10 - Sala de tratamento térmico do Laboratório de
Dosimetria da USP. 2007.
De acordo com Barsanelli, Rodrigues e Lunazzi (2003), o material
termoluminescente, para ser considerado um dosímetro deve apresentar, dentre
outras, as seguintes características: sensibilidade mesmo para doses muito
pequenas (entre 0,005 e 0,2 mSv) e resposta reprodutível, mesmo para doses muito
pequenas próximas do limite de detecção do material.
Os relatórios de leitura analisados possuem, como resposta, a identificação
ND, significando “Não detectável” ou dados numéricos, mensurados em sievert (Sv).
Quando a radiação absorvida pelo dispositivo é muito pequena, -se, ao relatório,
não detectável (ND). Quando a mensuração ultrapassa 0,2 mSv, tem-se a
apresentação de dados numéricos que quantificam a dose absorvida no período.
Procedeu-se a leitura das doses ocupacionais dos seis meses anteriores ao
estudo, onde se verificou a ocorrência de 8 casos onde as doses foram
apresentadas numericamente, sendo 4 casos atribuídos às mesmas pessoas: um
técnico de radiologia e um técnico de enfermagem. Apesar de se tratarem de baixas
doses, os dois profissionais possuíam um segundo emprego, expostos a radiação
ionizante, fato que desperta interesse para este estudo, reafirmando a preocupação
inicial relativa à sobreposição das doses ocupacionais absorvidas em mais de uma
empresa.
Mesmo havendo uma margem de segurança considerável para os limites que
são estabelecidos para exposição ocupacional, a aresta está na ausência de
comunicação entre as instituições para o procedimento de somatório e a vigilância
epidemiológica ineficiente do serviço. Se estas ações estivessem sendo feitas como
73
prevê a legislação, o grau de segurança seria maior e a certeza, acerca do “não
comprometimento” da saúde por baixas doses, seria completa.
O estudo vem citando repetidamente que não comprovação cientifica da
associação da exposição a baixas doses de radiação e a ocorrência de patologias
relacionadas. Assim, ainda não se pode sacramentar a associação em discussão,
mas se pode sinalizar e destacar pontos falhos que precisam ser resolvidos para que
a relação baixas doses e patologias nunca venham a acontecer nas vias de fato.
74
4 CONCLUSÕES
Este estudo tinha como objetivos, inicialmente, conhecer o perfil profissional
dos trabalhadores de saúde que atuam no serviço de hemodinâmica do Hospital
Universitário Pedro Ernesto e identificar os problemas de saúde provocados ou
agravados pelo trabalho relatados por eles.
O perfil traçado mostra um grupo de profissionais com média de 39 anos de
idade, dotados de ampla experiência profissional em radiologia e estudos
hemodinâmicos e que atuam, em sua maioria, em mais de uma instituição de saúde.
Esse fato deixa claro que os profissionais estão expostos dupla e, às vezes,
triplamente a radiações ionizantes há pelo menos cinco anos.
Trata-se de trabalhadores que possuem vínculo público com o hospital
estudado, mas trabalham em duas ou mais instituições privadas, respaldados ou não
pela CLT. A análise dos dados levou a conclusões alarmantes, nesse sentido,
mostrando que quando os profissionais exercem atividades em empresas privadas
por meio de contrato temporário ou cooperativa, as normas estabelecidas pela
CNEN e pelo MS por meio da ANVISA não são cumpridas.
Constatou-se o desuso dos dispositivos de monitoração individual como uma
das principais contravenções. Ainda se verificou, comprovando a primeira hipótese
levantada pela pesquisa, que as doses ocupacionais dos trabalhadores que atuam
expostos a radiação em mais de uma unidade de saúde não são somadas
mensalmente, como manda a legislação.
Aliada a esta questão, comprovou-se a ineficiência dos serviços de saúde e
segurança do trabalho, através da não realização de exames periódicos de saúde
como previsto pela lei, o que tem deixado os trabalhadores mais de dois anos
sem monitoração de sua saúde em âmbito de trabalho. Essa realidade também é
encontrada quando os vínculos trabalhistas não são pautados na CLT. Se em algum
momento poder-se-ia previr precocemente qualquer agravo, na atual situação isso
não é possível, pois não há o controle rígido em forma de vigilância epidemiológica
da saúde dos trabalhadores.
Se por um lado, não se tem comprovação da associação da exposição
ocupacional a baixas doses com a ocorrência de doença, por outro, se esta situação
permanecer como hoje, perder-se-á a chance de prevenir qualquer agravo oriundo
desta possível associação.
75
Quando à identificação dos problemas de saúde apresentados pelos
trabalhadores, foram encontrados como provocados ou agravados pelo trabalho,
principalmente a ocorrência de problemas osteomusculares e tensão muscular.
Com relação aos problemas osteomusculares oriundos da prática em
hemodinâmica, estes podem estar relacionados, de certa forma, com a otimização
inadequada da proteção radiológica. Quando um profissional usa um avental de
chumbo com uma espessura maior e, conseqüentemente mais pesado, sem
necessidade, pode-se entender como inadequação. Vale citar brevemente o
exemplo dos profissionais de enfermagem, que permanecem a maioria do tempo
distantes mais de dois metros do tubo de raios-X em funcionamento e usam um
capote de 5mm de chumbo sem necessidade, haja vista a distância do equipamento.
Este tipo de atitude pode estar acarretando problemas osteomusculares a estes
trabalhadores. Esta é uma questão que poderá ser discutida e abordada em outros
estudos que venham a ser desenhados por pesquisadores na área de enfermagem.
Embora os dois primeiros agravos fossem esperados, tendo em vista os
estudos realizados até hoje no campo da saúde do trabalhador, percebem-se, mais
uma vez, as conseqüências da sobrecarga de trabalho sobre os profissionais de
saúde e a falta de intervenção dos serviços de saúde do trabalhador na resolução de
certas questões.
Apesar da realidade vivenciada hoje ser pautada em um processo de trabalho
exaustivo na tentativa de aumentar os proventos financeiros, existem maneiras de
minimizar as conseqüências no corpo e na mente dos profissionais. Atividades de
promoção da saúde do trabalhador, já difundidas e amplamente realizadas em
paises como Canadá, Suécia e até Chile, na América do Sul, podem fazer a
diferença entre um trabalhador tensionado e cansado ao final de cada expediente e
um profissional conhecedor de meios que podem diminuir o estresse e a fadiga.
Ginástica laboral, aplicação de terapias alternativas, pausas para descanso
no trabalho, horários de almoço fora do local de atividade podem contribuir para a
melhoria da qualidade de vida no trabalho, como vem sendo comprovado por
estudos na área. O HUPE é um hospital escola. Por que não estimular as parcerias
entre o hospital e a faculdade na realização de projetos que visem a promoção da
saúde no trabalho?
É obrigação legal da empresa prover VPI´s aos profissionais, podendo estes
se recusar a trabalhar na ausência dos mesmos. O não uso caracteriza
76
inobservância dos elementos fundamentais para operações e uso de radiações, ou
seja, a radioproteção não está sendo otimizada e a dose equivalente sobre os olhos,
por exemplo, pode não estar tão baixas quanto possíveis, pela ausência dos óculos
plumbíferos.
Esta consideração não é, entretanto, aplicável a todas as categorias
profissionais que atuam na sala de hemodinâmica e sim àquelas que estão próximas
ao equipamento em uso e sob incidência do campo de radiação em partes
específicas do corpo, como é o caso dos médicos hemodinamicistas, por exemplo.
A formação, em nível técnico e superior, merece atenção especial, tendo em
vista as deficiências observadas. É fundamental a revisão das grades curriculares
das escolas de nível técnico em enfermagem, pois o currículo hoje o contempla a
saúde do trabalhador e muito menos a radioproteção e os trabalhos onde
exposição a radiações. O técnico recebe hoje um conteúdo genérico que exige a
busca pela capacitação profissional após o término do curso, o que nem sempre
acontece por diversos motivos.
Sugere-se a discussão acerca da temática pelos conselhos de enfermagem e
a incorporação no curriculum de tópicos que abordem a saúde do trabalhador e em
algum momento a radioproteção, pois eventualmente este técnico estará assumindo
um posto de trabalho em um serviço de imagem sem ter ciência dos riscos e
procedimentos corretos a serem tomados durante o exercício profissional.
Ainda sobre a formação profissional, lembra-se a inexistência de disciplinas
que trabalhem as legislações e as políticas de saúde e segurança no trabalho. A
conseqüência reside em trabalhadores que não tiveram a oportunidade de conhecer
e discutir na academia seus direitos e deveres, deixando a maioria dos profissionais
à beira da alienação, com pouca ou quase nenhuma consciência de seus direitos e
deveres.
A prática profissional é outro aspecto que merece destaque, principalmente
quando se refere à prática da equipe de enfermagem. Ao contrário das demais
categorias profissionais estudadas, os profissionais de enfermagem não possuem
uma regulamentação legal de suas atribuições na hemodinâmica. Não existe nada
por escrito que diga quais são as atividades prescritas e possíveis a estes
profissionais quando estão atuando neste tipo de unidade, tanto em nível
operacional, quanto administrativo. A única coisa que existe o trabalhos
77
individuais, das gerenciais das instituições, citando as rotinas e atribuições,
estabelecidas de acordo com o andamento e a necessidade do serviço.
É uma necessidade latente a formulação de resoluções, por parte do
Conselho Federal de Enfermagem, que regulamentem a atividade de enfermagem
na hemodinâmica, descrevendo ações e competências para que os profissionais de
nível técnico e superior tenham respaldo legal no exercício da profissão neste nicho
especifico.
O levantamento das doses ocupacionais realizado deixa um sinalizador para
a importância da cooperação entre instituições na averiguação das doses
ocupacionais dos trabalhadores com mais de um emprego. A legislação assim o
recomenda e o bom senso da mesma forma, visto que essas leituras são o reflexo
da exposição ocupacional do sujeito.
Os únicos casos de identificação numérica são de trabalhadores que
possuem mais de um emprego em áreas de exposição; como não existem
coincidências na ciência, o somatório das doses ocupacionais mensais precisa ser
efetuado como forma de obter leituras fidedignas de exposição. Essa é uma prática
que estará colaborando de maneira efetiva para a manutenção da saúde dos
trabalhadores.
Muito se falou em descumprimento de leis e normas, contudo percebe-se a
fiscalização pouco efetiva, por parte dos órgãos competentes. Parece óbvio que se
houvesse fiscalizações efetivas e penalidades severas para o não ajustamento,
determinadas situações não estariam sendo observadas.
Cabe, portanto, aos órgãos fiscalizadores, a realização de auditorias e
levantamentos com mais freqüência, com mais rigidez e seriedade para que os
trabalhadores que exercem atividades por mais de 30 horas semanais dentro da
hemodinâmica tenham seus exames periódicos feitos de dois em dois anos, para
que as empresas tenham a obrigação de fornecer o dispositivo de monitoração
individual ao trabalhador, mesmo que ele trabalhe apenas por dois anos por
contrato.
Vale uma última consideração, neste tópico de abordagem, sobre a
inexistência de exames de admissão, periódicos e de saída (“demissional”) para os
residentes de enfermagem e medicina. Estes profissionais permanecem durante 24
meses fazendo um curso de especialização onde a modalidade é o treinamento em
78
serviço e estão expostos, no ambiente de trabalho, aos mesmos fatores de risco que
qualquer profissional contratado ou concursado pela instituição.
É de fundamental importância que os residentes façam os referidos exames,
de modo a estabelecer a vigilância em saúde também para esta categoria
profissional, que trabalha exaustivamente por 60 horas semanais e, como estudos
vêm mostrando, sofrem sérias conseqüências no corpo e na mente.
O levantamento radiométrico, embora o realizado durante este percurso,
aparece como um procedimento que pode dar respostas e subsídios a questões
importantes, como a otimização da radioproteção, através da utilização consciente e
adequada das vestimentas de proteção individual, do posicionamento dos
trabalhadores em sala, dentre outros aspectos
O procedimento também é de grande valia para instrumentalizar manual
futuro de normas e rotinas, pois revela os pontos de maior e menor incidência de
radiação em pontos específicos da sala de hemodinâmica, correlacionando-os com o
funcionamento da aparelhagem em cada exame. Vale salientar a importância de
realizar o levantamento radiométrico de todos os procedimentos realizados, para que
sejam traçadas a partir dele, normas de radioproteção efetivas e otimizadas. Trata-
se ainda de algo previsto pela legislação como parte integrante das ações de
radioproteção.
Acredita-se que este estudo trouxe sérias situações e sinalizações ao serviço
onde foi realizado, aos órgãos públicos, à academia e aos profissionais, de uma
forma geral.
Para os serviços, ao investigar sua realidade, traçar o perfil de sua equipe e
sugerir mudanças efetivas que irão colaborar para a melhoria da qualidade de vida
no trabalho e para a maximização da saúde e da segurança de seus profissionais.
Para os órgãos blicos por identificar as arestas, a partir da vida real e sugerir
estratégias que tragam resolutividade, aparando-as.
Para a academia, por ser um sinalizador acerca do currículo que hoje é
aplicado aos jovens profissionais, indicando ausências e sugerindo incorporações
relevantes. Por fim, acredita-se que os mais beneficiados por esta investigação são
os profissionais de saúde que hoje atuam nas salas de hemodinâmica, pois poderão
se encontrar refletidos em cada linha deste trabalho e encontrar soluções e
sugestões criativas para a maioria das problemáticas evidenciadas.
79
Para os profissionais de enfermagem, especificamente, acredita-se na
necessidade de atualização da legislação específica por conta dos avanços
tecnológicos e científicos. Mais do que uma resolução, este documento deve ser um
norteador da prática de enfermagem em hemodinâmica, devendo ser discutido e
escrito por experts no assunto, mas, também, profissionais que vivenciam esta
prática, com o objetivo de estabelecer uma nova prática de enfermagem
intervencionista, pautada na cientificidade e na otimização.
80
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estabelece as diretrizes básicas de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico
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81
em radiodiagnóstico médico e odontológico e dispõe sobre o uso dos raios-x
diagnósticos em todo território nacional. Diário Oficial [da] União, Brasília, DF,
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84
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86
APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO BIOMÉDICO
FACULDADE DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO
Pesquisa: EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM
HEMODINÂNICA: o enfoque da Enfermagem
Pesquisador Responsável: KATIA MARIA DOS SANTOS CALEGARO
Orientadora: Prof
a
Dr
a
MARIA YVONE CHAVES MAURO
Instituição: Faculdade de Enfermagem Universidade do Estado do Rio de Janeiro
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado para participar da pesquisa “Dosimetria Individual dos
Trabalhadores de Saúde na Hemodinâmica: um enfoque de Enfermagem”. Sua participação não é
obrigatória e a qualquer momento você pode desistir e retirar seu consentimento. Sua recusa não
trará nenhum prejuízo em sua relação com a pesquisadora ou com a instituição.
O estudo tem como objetivos: traçar o perfil profissional dos trabalhadores, realizar o
levantamento radiométrico da sala de hemodinâmica, levantar o histórico de doses ocupacionais dos
trabalhadores e discutir os dados à luz da legislação vigente.
Sua participação nesta pesquisa consistirá na resposta a um questionário com questões
abertas e fechadas tais como: idade, categoria profissional, número de empregos, uso de
equipamento de proteção individual, conhecimentos sobre práticas de radioproteção e dosimetria e
legislação, entre outras.
Não existe nenhum risco decorrente da sua participação nessa pesquisa.
Sua participação trará benefícios no sentido de obter informações precisas sobre o perfil dos
trabalhadores de saúde que atuam nas salas de hemodinâmica, a fim de estabelecer uma interface
entre saúde, trabalho e formação profissional, e conseqüentemente a proposição de estratégias
inovadoras de proteção da saúde dos trabalhadores e prevenção de agravos oriundos da exposição
ocupacional à radiação ionizante.
As informações obtidas através desta pesquisa serão confidenciais e asseguramos o sigilo
sobre a sua participação. A privacidade estará garantida mediante codificação de cada participante,
sem revelar nomes de pessoas ou instituições.
Você receberá uma cópia deste termo, onde consta o telefone e o endereço do pesquisador,
podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e participação, gora ou em qualquer momento.
Rio de Janeiro, _____ de ______________ de ______.
Eu, _________________________________________, aceito fazer parte deste estudo, tendo
compreendido o termo e estando de acordo com o mesmo.
Assinatura do Pesquisador
Assinatura do Voluntário
87
APÊNDICE B - Carta de Autorização / Instituição
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO BIOMÉDICO
FACULDADE DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO
Rio de Janeiro, _______ de ____________________ de ________.
Á: (Chefia da Unidade de Imagem)
Assunto: Autorização
Prezado(a) Senhor(a),
Venho por meio desta solicitar autorização para a realização do estudo
intitulado: EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM
HEMODINÂNICA: o enfoque da Enfermagem na Unidade de Imagem Hemodinâmica do
(nome da Instituição).
De acordo com a metodologia descrita no projeto encaminhado em anexo,
realizar-se-á na unidade:
- Contato com os trabalhadores de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos de
enfermagem e técnicos de radiologia) que atuam na hemodinâmica, para que
respondam, mediante assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, a
um questionário que irá determinar o perfil profissional dos mesmos.
Disponibilizo, em anexo, um resumo do Projeto de Pesquisa para que os
Senhores(as) possam ter conhecimento dos objetivos do estudo, sua metodologia e
contribuições para a saúde dos trabalhadores e para o desenvolvimento sustentável
da instituição.
Coloco-me a disposição para elucidar qualquer dúvida.
Atenciosamente,
_______________________
Assinatura do Pesquisador
88
APÊNDICE C - Questionário
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO BIOMÉDICO
FACULDADE DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO
Pesquisa: EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM
HEMODINÂNICA: o enfoque da Enfermagem
Pesquisador Responsável: KATIA MARIA DOS SANTOS CALEGARO
Orientadora: Prof
a
Dr
a
MARIA YVONE CHAVES MAURO
Instituição: Faculdade de Enfermagem Universidade do Estado do Rio de Janeiro
1) Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
2) Idade: ____ anos
3) Categoria Profissional: ( ) auxiliar de enfermagem ( ) técnico de enfermagem
( ) enfermeiro ( ) técnico de radiologia
( ) Residente de Enfermagem. Programa: _________________________.
( ) Residente de Medicina. Programa: ____________________________.
( ) Médico. Especialidade: _________________________.
4) Quanto tempo você tem de formado? R: ____________________________
5) Há quanto tempo você trabalha na Hemodinâmica? R: ___________________.
6) Você tem quantos empregos? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Outros
Se você possui mais de 1 emprego, responda as questões de 7 a 9; se você possui apenas
um emprego, passe para a questão 10.
7) Em que outro tipo de instituição você trabalha?
2º) ( ) pública ( ) privada ( ) filantrópica ( ) outros ___________
3º) ( ) pública ( ) privada ( ) filantrópica ( ) outros ___________
8) Em que setor você trabalha na outra instituição?
2º) _________________________________________________________.
3º) _________________________________________________________.
9) Há quanto tempo você trabalha neste setor?
2º) _________________________________________________________.
3º) _________________________________________________________.
10) No seu trabalho você está exposto a riscos? ( ) sim ( ) não
11) Se sim, que tipos de risco?
R: _______________________________________________________________
_________________________________________________________________.
89
12) Você conhece as normas de radioproteção? ( ) sim ( ) não
13) O que você sabe sobre normas de radioproteção?
R: _______________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________.
14) Onde você obteve este conhecimento?
R: _______________________________________________________________
15) Você conhece as legislações que tratam dos trabalhos onde exposição à radiações
ionizantes? ( ) sim ( ) não
16) O que você sabe sobre essas legislações?
R: _______________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________.
17) Onde você obteve esse conhecimento?
R: _______________________________________________________________
18) Você teve, durante a sua formação, alguma aula ou disciplina que tratasse das normas
de radioproteção? ( ) sim ( ) não
19) Você teve, durante a sua formação, alguma aula ou disciplina que tratasse das
legislações citadas na questão 15? ( ) sim ( ) não
20) Você utiliza o dosímetro durante a sua prática profissional? ( ) sim ( ) não
21) Por que você utiliza o dosímetro?
R: _______________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________.
22) Como você usa o seu dosímetro? ( ) em baixo do avental de chumbo
( ) em cima do avental de chumbo
23) Você tem acesso à leitura mensal do seu dosímetro? ( ) sim ( ) não
Se você possuir mais de um emprego, responda as questões 24 e 25, senão passe direto
para a questão 26.
24) Você usa o dosimetro em todas as instituições que você trabalha? Por que?
( ) sim ( ) não
R: _______________________________________________________________
_________________________________________________________________
25) Você sabe informar se, no final de cada mês, as doses de radiação mensuradas pelos
seus dosimetros, são somadas?
R: _______________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________.
90
26) Que equipamentos de proteção individual (EPI´s) você usa durante a sua prática
profissional?
R: _______________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________.
27) Por que você usa esses EPI´s?
R: _______________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________.
28) Você realizou exames admissional? ( ) sim ( ) não
29) Você realiza exames periódicos de saúde na(s) instituição (ões) que você trabalha?
R: _______________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________.
30) De quanto em quanto tempo você é chamado para realizar exames periódicos? R:
_____________________________________________________.
31) Quando você fez o seu último exame periódico de saúde?
R: _______________________________________________________________.
32) Que exames foram solicitados durante o periódico?
R: _______________________________________________________________
33) Você teve acesso ao resultado desses exames? ( ) sim ( ) não
34) Você tem algum problema de saúde no momento? Qual?
R: _______________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________.
35) Você já teve algum problema de saúde provocado ou agravado pelo seu trabalho?
R: _______________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________.
91
APENDICE D - Carta de Autorização
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO BIOMÉDICO
FACULDADE DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO
Pesquisa: EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM
HEMODINÂNICA: o enfoque da Enfermagem
Pesquisador Responsável: KATIA MARIA DOS SANTOS CALEGARO
Orientadora: Prof
a
Dr
a
MARIA YVONE CHAVES MAURO
Instituição: Faculdade de Enfermagem Universidade do Estado do Rio de Janeiro
TERMO DE CONSENTIMENTO
Solicitamos a sua autorização, enquanto sujeito do estudo “DOSIMETRIA
INDIVIDUAL DOS TRABALHADORES DE SAÚDE NA HEMODINÂMICA: um enfoque de
Enfermagem”, para realizar o levantamento do seu histórico de doses ocupacionais no
laboratório conveniado a sua instituição e ao Instituto de Radioproteção e Dosimetria para a
leitura das radiações ionizantes absorvidas durante o seu exercício profissional.
Este procedimento faz parte da terceira etapa deste estudo e trará contribuições
fundamentais, na medida que revelará dosagem de radiação média absorvida pelos
trabalhadores expostos em mais de uma instituição. Este dado quantitativo servirá de base
para análise e discussão das implicações da múltipla exposição ocupacional para a saúde
dos trabalhadores, e conseqüentemente para a proposição de mecanismos efetivos de
proteção à saúde deste profissional.
Salienta-se que sua participação nesta fase da pesquisa não é obrigatória e que sua
recusa não trará nenhum prejuízo para sua relação com o pesquisador ou com a instituição.
Ressalta-se ainda que não existe nenhum risco decorrente da sua participação e que
as informações obtidas serão sigilosas e confidenciais; a privacidade será garantida
mediante a codificação de cada participante, sem revelar nomes de pessoas ou empresas.
Você receberá uma cópia deste termo, onde consta o telefone e o endereço do
pesquisador, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e participação, gora ou em
qualquer momento.
Rio de Janeiro, _____ de ______________ de ______.
__________________________ ________________________
Assinatura do Pesquisador Assinatura do Voluntário
92
ANEXO A - Carta de Aprovão do Comitê de Ética em Pesquisa
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