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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
PROGRAMA DE MESTRADO EM CIÊNCIA ANIMAL
RECURSOS HUMANOS NA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM
BOVINOS DE CORTE
HUMAN RESOURCES IN ARTIFICIAL INSEMINATION IN BEEF CATTLE
Lívia dos Santos Russi
CAMPO GRANDE
MATO GROSSO DO SUL – BRASIL
MAIO/2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
PROGRAMA DE MESTRADO EM CIÊNCIA ANIMAL
RECURSOS HUMANOS NA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM
BOVINOS DE CORTE
HUMAN RESOURCES IN ARTIFICIAL INSEMINATION IN BEEF CATTLE
Lívia dos Santos Russi
Orientadora: Profª. Drª. Eliane Vianna da Costa e Silva
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, como requisito parcial à obtenção do
título de Mestre em Ciência Animal. Área de
concentração: Produção Animal
CAMPO GRANDE
MATO GROSSO DO SUL – BRASIL
2008
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Coordenadoria de Biblioteca Central – UFMS, Campo Grande, MS, Brasil)
Russi, Lívia dos Santos.
R969r Recursos humanos na inseminação artificial em bovinos de corte / Lívia
dos Santos Russi. -- 2008.
74 f. ; 30 cm.
Orientador: Eliane Vianna da Costa e Silva.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
2008.
1. Bovino de corte – Inseminação artificial. I. Silva, Eliane
Vianna da Costa e. II. Título.
AGRADECIMENTOS
À Deus....
Por ter me dado a vida, por estar comigo em todos os momentos, por me dar força e sabedoria para
lutar pelos meus sonhos e, principalmente, por me amar apesar de todas as minhas imperfeições.
Obrigada Paizinho!
À minha família...
Meus pais, Gérson e Dora, minhas irmãs Tatiana e Ludmila e meus cunhados Alex e Alexandre...
Obrigada pelo amor incondicional, pelo incentivo e apoio nos momentos mais difíceis... Vocês fazem
cada minuto da minha vida valer a pena! Amo vocês!
Ao meu querido Marcelo, que Deus colocou na minha vida de um modo tão especial... Obrigada pelo
amor, pela compreensão, por dividir comigo tantos sonhos e por sempre acreditar em mim! Te amo!
Aos meus primos, tios e avós que sempre torceram por mim independentemente da distância...
À minha família do coração...
Tio Cléusio, tia Alice, Léo, Rafa, Fabi e todos os primos, tios, avós e amigos que eu conheci através
de vocês... Obrigada pelo apoio, pelo carinho e pela torcida!
Aos colegas...
À minha orientadora Lili... Através de você descobri a minha paixão pela pesquisa e pela vida
acadêmica! Obrigada pela amizade, pelo apoio, pelo exemplo profissional e especialmente por
acreditar em mim e me proporcionar tantas oportunidades!
À professora Fana pelo exemplo profissional, pelo apoio e amizade, pelas oportunidades e pelas
sugestões sempre enriquecedoras!
Aos colegas do mestrado, do grupo de pesquisa (em especial Marcelo e Paola) e todos os demais
amigos que comigo compartilham a vida... Obrigada pela convivência, pela troca de conhecimentos e
acima de tudo, pela amizade.
Aos técnicos do Laboratório de Reprodução Animal da UFMS, Luiz e Ludomir, pela disposição para
ajudar e pela convivência sempre amiga.
Ao professores do Programa de Mestrado, professora Mariazinha e Marilete... Pelo exemplo
profissional, troca de conhecimentos e principalmente pela amizade... Com a ajuda de vocês pude
concretizar mais esta etapa da minha vida!
Aos bolsistas: Anajô, Caciliana, Daniele, Gabriela, Odilon e Tiago, pelo companheirismo e apoio na
execução dos trabalhos.
Às professoras Diva e Norly pela ajuda na confecção dos roteiros de entrevistas.
Ao professor Ivan Sampaio pelo auxílio na análise estatística.
E a todos aqueles que contribuíram, de alguma forma, com a realização deste trabalho!
v
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO II PROCEDIMENTOS DE MANEJO E A EFICIÊNCIA DA INSEMINAÇÃO
ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO EM BOVINOS DE CORTE
Tabela 1. Distribuição de inseminadores, touros e de fêmeas submetidas à inseminação
artificial convencional e/ou em tempo fixo em três propriedades das regiões
Sudeste e Centro-Oeste do Brasil ...............................................................................
27
CAPÍTULO III RECURSOS HUMANOS NA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM BOVINOS
DE CORTE – PERFIL DOS ADMINISTRADORES E INSEMINADORES
Tabela 1. Distribuição dos administradores entrevistados (n=40) em função da classe de
tempo de formação profissional e os respectivos intervalos de cada classe ..............
44
Tabela 2. Características profissionais de responsáveis por processos de seleção e
gerenciamento de inseminadores no Brasil Central, de acordo com a classe de
tempo de formação .....................................................................................................
45
CAPÍTULO IV – IMPACTO DA QUALIDADE DE VIDA DOS INSEMINADORES NOS
RESULTADOS DE PROGRAMAS DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM BOVINOS DE
CORTE
Tabela 1. Distribuição dos inseminadores entrevistados (n=21) em função da classe de taxa
de gestação e os respectivos intervalos de cada classe ..............................................
58
Tabela 2. Distribuição de inseminadores, touros e de fêmeas submetidas à inseminação
artificial em três propriedades das regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil ...........
59
Tabela 3. Caracterização geral do perfil profissional e pessoal de inseminadores (n=21)
atuantes na bovinocultura de corte no Brasil Central ................................................
60
Tabela 4. Coeficientes de correlação de Spearman entre os valores modais obtidos em
função do nível de atendimento das necessidades de inseminadores (n=21)
atuantes na bovinocultura de corte no Brasil Central ................................................
61
Tabela 5. Autovalores dos componentes principais obtidos a partir dos valores modais
correspondentes ao nível de atendimento das necessidades de inseminadores
(n=21) atuantes na bovinocultura de corte no Brasil Central .....................................
61
vi
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO I – CONSIDERAÇÕES GERAIS
Figura 1. Interação entre a teoria dos fatores de Herzberg e a pirâmide da hierarquia das
necessidades de Maslow ............................................................................................
19
CAPÍTULO II PROCEDIMENTOS DE MANEJO E A EFICIÊNCIA DA INSEMINAÇÃO
ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO EM BOVINOS DE CORTE
Figura 1. Esquema dos protocolos hormonais utilizados para a inseminação artificial em
tempo fixo de fêmeas bovinas em três propriedades rurais das regiões Sudeste e
Centro-Oeste do Brasil ...............................................................................................
28
Figura 2. Taxas de gestação obtidas em programas de inseminação artificial convencional
e/ou em tempo fixo em três propriedades rurais das regiões Sudeste e Centro-Oeste
do Brasil .....................................................................................................................
29
Figura 3. Taxas de gestação de fêmeas bovinas de corte em função do escore de condição
corporal (ECC) em três propriedades rurais das regiões Sudeste e Centro-Oeste do
Brasil ..........................................................................................................................
32
Figura 4. Relação entre índice de serviço e taxa de gestação obtida por inseminadores
(n=30) em três propriedades rurais das regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil ...
34
CAPÍTULO III RECURSOS HUMANOS NA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM BOVINOS
DE CORTE – PERFIL DOS ADMINISTRADORES E INSEMINADORES
Figura 1. Principais conceitos associados à gestão de recursos humanos, segundo
administradores (n=40) de programas de inseminação artificial em bovinos de
corte no Brasil Central ...............................................................................................
46
Figura 2. Critérios utilizados na seleção de inseminadores segundo administradores (n=40)
de programas de inseminação artificial em bovinos de corte no Brasil Central ........
46
Figura 3. Motivos de demissão de inseminadores segundo administradores (n=40) de
programas de inseminação artificial em bovinos de corte no Brasil Central .............
47
Figura 4. Fatores que podem comprometer o desempenho do inseminador segundo
administradores (n=40) de programas de inseminação artificial em bovinos de
corte no Brasil Central ...............................................................................................
47
Figura 5. Fatores supervisionados durante a inseminação segundo administradores (n=40) de
programas de inseminação artificial em bovinos de corte no Brasil Central .............
48
Figura 6. Nível de escolaridade de inseminadores (n=30) atuantes na bovinocultura de corte
no Brasil Central ........................................................................................................
50
vii
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO IV – IMPACTO DA QUALIDADE DE VIDA DOS INSEMINADORES NOS
RESULTADOS DE PROGRAMAS DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM BOVINOS DE
CORTE
Figura 1. Taxa de gestação e índice de serviço de inseminadores (n=21) atuantes em
programas de inseminação artificial em bovinos de corte em três propriedades
rurais do Brasil Central ..............................................................................................
60
Figura 2. Taxas de gestação obtidas em programas de inseminação artificial convencional
e/ou em tempo fixo em bovinos de corte em três propriedades rurais do Brasil
Central ........................................................................................................................
60
Figura 3. Representação gráfica dos componentes principais obtidos em função do nível de
atendimento das necessidades de inseminadores (n=21) de três propriedades rurais
do Brasil Central ........................................................................................................
62
Figura 4. Freqüência de itens assinalados na Fase I do Inventário de Sintomas de Estresse
em Adultos de Lipp, em função da classe da taxa de gestação, por inseminadores
(n=21) atuantes na bovinocultura de corte no Brasil Central .....................................
65
viii
SUMÁRIO
“Páginas”
CAPÍTULO I – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 11
2. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................................... 12
2.1.O Papel do Inseminador na Eficiência da Inseminação Artificial em Bovinos de Corte ....... 12
2.1.1. Considerações iniciais ..................................................................................................... 12
2.1.2. Interação humano-animal ............................................................................................... 12
2.1.3 O estresse e a função reprodutiva dos bovinos................................................................. 14
2.1.4 Fatores que interferem com o desempenho dos inseminadores........................................ 15
2.2. Gestão de Recursos Humanos................................................................................................ 16
2.2.1. Considerações iniciais ..................................................................................................... 16
2.2.2. Recrutamento e seleção................................................................................................... 17
2.2.3. Motivação e comprometimento....................................................................................... 18
2.2.4. Remuneração................................................................................................................... 19
2.3. Alternativas para Melhorar o Desempenho de Inseminadores .............................................. 20
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................. 21
CAPÍTULO II PROCEDIMENTOS DE MANEJO E A EFICIÊNCIA DA INSEMINAÇÃO
ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO EM BOVINOS DE CORTE
RESUMO............................................................................................................................................ 25
ABSTRACT........................................................................................................................................ 25
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 26
MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................... 26
RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................................ 29
CONCLUSÕES................................................................................................................................... 35
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................. 35
CAPÍTULO III RECURSOS HUMANOS NA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM BOVINOS
DE CORTE – PERFIL DOS ADMINISTRADORES E INSEMINADORES
RESUMO............................................................................................................................................ 41
ABSTRACT........................................................................................................................................ 41
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 42
MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................... 43
RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................................ 45
CONCLUSÕES................................................................................................................................... 51
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................. 52
CAPÍTULO IV – IMPACTO DA QUALIDADE DE VIDA DOS INSEMINADORES NOS
RESULTADOS DE PROGRAMAS DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM BOVINOS DE
CORTE
RESUMO............................................................................................................................................ 54
ABSTRACT........................................................................................................................................ 54
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 55
MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................... 56
RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................................ 58
CONCLUSÕES................................................................................................................................... 65
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................. 66
APÊNDICES...................................................................................................................................... 68
ix
RECURSOS HUMANOS NA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM BOVINOS DE CORTE
RESUMO
Foram avaliados os dados de 2.276 fêmeas bovinas submetidas à inseminação artificial convencional
(n=413) ou em tempo fixo (n=1.863), mantidas em sistema extensivo de criação em três propriedades
rurais do Brasil Central, sendo registrados: ordem da inseminação, raça, categoria, escore de condição
corporal (ECC), tipo de inseminação, touro, raça do touro, partida e inseminador, utilizando o teste do
Qui-quadrado para verificar o efeito destas variáveis sobre a taxa de gestação (TG). Para caracterizar o
perfil dos profissionais atuantes nestes programas foram realizadas entrevistas com 40 administradores
e 30 inseminadores, cujos dados foram analisados através de correlação de Spearman, análises de
variância e freqüência de respostas. Adicionalmente, 21 inseminadores foram entrevistados e
classificados em função da TG obtida (CLTG), com o intuito de avaliar o efeito do nível de satisfação
das necessidades individuais sobre os seus resultados em programas de inseminação. Foram realizadas
análises de variância considerando o efeito da CLTG e da fazenda sobre as demais variáveis, com
comparação das médias pelo teste de Duncan. A associação entre o nível de atendimento das
necessidades e a TG foi estimada através da correlação de Spearman e da análise de componentes
principais, utilizando o teste do Qui-quadrado para verificar o efeito isolado de cada variável dos
grupos de necessidades sobre a TG à primeira inseminação. A TG geral, considerando as três fazendas
e desconsiderando o número e o tipo de inseminação, foi de 38%, variando em função de
características próprias de cada fazenda, com os melhores resultados sendo obtidos para as fêmeas
mestiças primíparas com ECC=5,0 (escala 1 a 9). A inseminação artificial convencional apresentou
melhores resultados que a IATF na primeira inseminação, embora este resultado tenha variado em
função do protocolo utilizado. Também houve efeito de touro, raça do touro e inseminador sugerindo
que tais fatores podem comprometer a viabilidade econômica da técnica. Com relação ao perfil
profissional, os resultados demonstraram que os administradores associam o conceito de gestão
principalmente à supervisão do trabalho, priorizando fatores técnicos nos processos de seleção,
embora os problemas de relacionamento interpessoal sejam apontados como principal motivo de
demissão. Com relação aos inseminadores os resultados revelaram que a maioria possui apenas as
séries iniciais do ensino fundamental, em grande parte incompletas, evidenciando uma escolaridade
precária entre estes. Além disso, preferem a IA convencional embora reconheçam que a IATF pode
facilitar o manejo na fazenda. O relacionamento interpessoal também pareceu ser mais importante do
que os baixos salários para determinar um menor desempenho destes. Com relação ao último estudo,
observou-se que a satisfação das necessidades biológicas, financeiras e de treinamento foi mais
intimamente relacionada à TG que a satisfação das demais necessidades, embora nenhuma delas tenha
apresentado relação antagônica com a mesma, evidenciando que fatores ligados à vida pessoal e ao
trabalho podem ser importantes na determinação do desempenho dos inseminadores.
Palavras-chave: eficiência reprodutiva, IATF, inseminador, motivação, recursos humanos
x
HUMAN RESOURCES IN ARTIFICIAL INSEMINATION IN BEEF CATTLE
ABSTRACT
We evaluated data of 2,276 bovine females that were submitted to conventional (n=413) or in fixed-
time artificial insemination (n=1,863) or AI (n=413), kept in extensive systems in three farms from
Central Brazil, being registered:, insemination order, breed, category, body condition score (BCS),
insemination type, sire, sire breed, batch and inseminator, using chi-square test to verify the effects of
this variables on pregnancy rates (PR). To characterize the profile of the professionals involved in
these programs interviews were accomplished with 40 managers and 30 inseminators, whose data
were analyzed through Spearman’s correlation, variance analyses and frequency of answers.
Additionally, 21 inseminators were interviewed and classified according to general PR obtained
(CLPR) to evaluate the effect of the level of individual needs satisfaction on their results in artificial
insemination programs. Variance analyses were accomplished considering the effect of CLPR and
farm on the other variables, using Duncan’s test for averages comparison. The association between
the level of fulfillment of needs and PR was esteemed through Spearman’s correlation and principal
components analysis, using chi-square test to verify the isolated effects of each variable of the needs
group on PR at first insemination. General PR, considering the three farms and disrespecting the
number and the insemination type, was 38%, varying in function of each farm owns’ characteristics,
with the best results being obtained for primiparous cross-bred females with BCS=5.0 (9 point scale).
Conventional artificial insemination presented better results than FTAI at first insemination, although
this result has varied in function of the protocol used. There were also effects of sire, sire breed and
inseminator suggesting that such factors can commit the economical viability of the technique.
Regarding the professional profile, the results showed that supervisors associate the concept of human
resources management mainly to work supervision, prioritizing technical factors in the selection
processes, although the interpersonal relationship problems have been pointed as main reason of
dismissal. Regarding the inseminators the results revealed that most of them possesses only the initial
series of the fundamental education, largely incomplete, evidencing a precarious education among
them. Besides, they prefer conventional AI although recognize that FTAI can make the handling in the
farm easier. The interpersonal relationship also seemed to be more important than the low wages to
determine the professionals' performance. Regarding the last study, it was observed that the
satisfaction of biological, financial and training needs was more intimately related to PR than the
satisfaction of the other needs, although none of them has presented antagonistic relationship with it,
evidencing that factors due to life quality and work condition can be important in the determination of
the inseminators’ performance.
Keywords: reproductive efficiency, FTAI, inseminators, motivation, human resources
11
1. INTRODUÇÃO
A inseminação artificial (IA) foi desenvolvida com o intuito de promover melhorias nos
rebanhos através da utilização de material genético proveniente de reprodutores de elevado valor
zootécnico, utilizando procedimentos relativamente simples e de baixo custo em relação a outras
biotécnicas (GONÇALVES et al., 2002).
Apesar de seus benefícios a IA vem evoluindo pouco no Brasil. No ano de 2006 foram
comercializadas 6.735.204 doses de sêmen nacional e importado, correspondendo a aproximadamente
7% do rebanho nacional de vacas (ASBIA, 2007). Paralelo a este fato, dos cerca de 8.000 novos
inseminadores formados anualmente, apenas 5.000 tornar-se-ão reforço aos quase 70.000 indivíduos
que compõem o quadro nacional (PITOMBO, 2000).
Dentre os principais fatores limitantes para o sucesso da IA em animais zebuínos, que
representam aproximadamente 53% do rebanho bovino brasileiro (ACNB, 2007), estão a curta
duração do estro e sua alta incidência no período noturno (PINHEIRO et al., 1998), o que torna difícil
sua detecção, especialmente se o procedimento não for auxiliado pelo uso de rufiões. Além disso,
fatores como estresse, interações sociais negativas, baixo nível nutricional e condições climáticas
adversas podem reduzir o período de estro nesta espécie (ORIHUELA, 2000).
O desenvolvimento de protocolos para inseminação artificial em tempo fixo (IATF) permitiu
suprimir a etapa de detecção do estro, possibilitando uma maior concentração das atividades de
manejo e um melhor controle dos animais no decorrer da estação reprodutiva. Contudo, o sucesso
dessa técnica depende de diversos fatores e sua introdução pode afetar diretamente o sistema
produtivo, em virtude da grande movimentação de curral que demanda, podendo comprometer o bem-
estar humano e animal.
Pimentel e Freire (1991) destacam a falta de pessoal capacitado como um dos fatores limitantes
para a expansão da IA no Brasil. Adicionalmente, estudos têm demonstrado que o estresse produzido
por um manejo aversivo pode alterar a resposta dos animais aos tratamentos recebidos, ocasionando
alterações na dinâmica folicular e até mesmo perdas embrionárias (DOBSON e SMITH, 2000).
Embora os benefícios da gestão de recursos humanos já sejam conhecidos no meio urbano, nas
empresas rurais a técnica ainda é pouco utilizada, de modo que a seleção de inseminadores e demais
trabalhadores não tem seguido critérios bem definidos e poucos estudos m sido apresentados para
demonstrar a real participação destes profissionais no sucesso dos programas de IA/IATF em bovinos
de corte (FERNANDES Jr., 2001).
Sob essa perspectiva, o objetivo deste trabalho foi caracterizar alguns fatores que podem
interferir na eficiência dos programas de IA/IATF em bovinos de corte, com enfoque principal sobre o
inseminador, no intuito de caracterizar seu perfil profissional, apresentar os principais aspectos
gerenciais aplicados a ele nas propriedades rurais e verificar como fatores ligados à vida pessoal e ao
trabalho podem interferir com os seus resultados nestes programas.
12
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. O Papel do Inseminador na Eficiência da Inseminação Artificial em Bovinos de Corte
2.1.1. Considerações iniciais
O inseminador apresenta um papel fundamental para a eficiência da inseminação artificial em
bovinos. Seu trabalho é essencial para que a técnica resulte em prenhez efetiva e, por esta razão, a
habilidade desse profissional pode se tornar um fator limitante na obtenção de resultados satisfatórios
de concepção. Imperfeições na manipulação do sêmen e/ou na execução da técnica são geralmente
apontados como fatores que podem comprometer o sucesso da IA. Entretanto, não podem ser
desconsiderados os fatores relacionados ao manejo dos animais, pois embora haja certa escassez de
literatura correlacionando os efeitos da interação humano-animal com a função reprodutiva dos
bovinos, acredita-se que ela possa ter uma influência significativa uma vez que pode atuar como um
agente estressor, interferindo nos principais hormônios que regulam a reprodução (COUBROUGH,
1985).
Para compreender os efeitos que o inseminador pode exercer sobre a eficiência reprodutiva de
um rebanho é necessário fazer algumas considerações. Sabe-se que a produção animal é resultante da
interação entre o animal e o ambiente, e que desta interação depende a manutenção da homeostase,
pois permite que o indivíduo supra suas necessidades através dos recursos disponibilizados no meio.
Entretanto, isto ocorrerá se os recursos forem suficientemente disponíveis, em quantidade e
qualidade, em todos os momentos de necessidade; caso contrário, eles poderão atuar como agentes
estressores, comprometendo o bem-estar e a saúde do animal (COSTA E SILVA, 2003).
Assim, quando um animal é mantido em ambiente inadequado os diversos constituintes do meio,
isolados ou combinados entre si, atuam sobre o organismo desencadeando uma série de reações
adaptativas não específicas, promovendo mudanças na fisiologia e no comportamento dos animais.
Essas reações são genericamente chamadas de respostas ao estresse e podem ser desencadeadas por
diferentes estímulos, dentre os quais podemos citar a interação humano-animal (MOBERG e MENCH,
2002).
2.1.2. Interação humano-animal
A interação humano-animal (IHA) pode ser definida como sendo a relação estabelecida entre o
homem e o animal durante as atividades diárias de manejo (HEMSWORTH e COLEMAN, 1998).
Está presente nas diferentes atividades desenvolvidas nas propriedades rurais, podendo exercer efeitos
significativos sobre o bem-estar de ambas as partes.
De maneira geral, pode-se afirmar que o estabelecimento de uma boa relação com os animais
depende, em grande parte, das pessoas envolvidas no manejo. O ser humano é fundamental dentro de
um sistema produtivo, pois é ele quem interage a maior parte do tempo com os animais, podendo
exercer efeitos significativos sobre o bem-estar e, conseqüentemente, sobre a produção destes
13
(HEMSWORTH et al., 1986). Por essa razão, os profissionais responsáveis pelo manejo deveriam ter
habilidade para lidar com os animais, sendo capazes de reconhecer o comportamento normal destes e
detectar possíveis variações que indicassem algum desconforto ou problema (ALBRIGTH e ARAVE,
1997).
Na prática, entretanto, o que se observa é que a habilidade dos tratadores em lidar com o gado é
muitas vezes avaliada pela capacidade do indivíduo em executar determinadas atividades, não
considerando o modo como ele interage com os animais durante a execução destas. Esse fato pode se
tornar um problema dentro dos sistemas produtivos, pois as atitudes e comportamentos dos tratadores,
quando realizados de forma agressiva, podem condicionar os animais a terem medo da presença
humana e das áreas de manejo, dificultando a execução de atividades rotineiras e trazendo riscos de
acidentes para ambas as partes (PARANHOS DA COSTA et al., 2002).
Entende-se que os bovinos são capazes de reconhecer diferenças individuais entre os humanos
com os quais interagem (TAYLOR e DAVIS, 1998), apresentando reações específicas para cada um
deles, em função da interação homem-animal estabelecida (PARANHOS DA COSTA et al., 2002).
Essa interação pode ser positiva, negativa ou neutra e depende não apenas do tipo de ação praticada
pelo homem, mas também dos efeitos que ela produz sobre o bem-estar do animal (RAUSSI, 2003).
Os bovinos podem utilizar diferentes recursos tais como a face e a altura da pessoa
(RYBAREZYK et al., 2001) ou até mesmo a cor da roupa (MUNKSGAARD et al., 1997) para fazer a
distinção entre tratadores rudes e gentis. Entretanto, o uso constante de tratamentos negativos pode
motivar a sensação de medo, presumivelmente por um processo de aprendizado, no qual aprendem a
associar o manejo aversivo com uma pessoa (HEMSWORTH, 2003) ou situação em particular,
sugerindo que o local onde ocorrem as interações pode ser utilizado para predizer como a pessoa irá
agir (RUSHEN et al., 1998). Portanto, a resposta comportamental de um animal pode se estender para
outras pessoas através de um processo de “generalização de estímulos”, definido como uma “tendência
de estender aos estímulos similares as respostas a um dado estímulo original, em uma situação de
aprendizado” (HEMSWORTH et al., 1994).
O modo como a interação irá se estabelecer depende de fatores inerentes ao animal, ao homem e
ao próprio ambiente. Acredita-se, por exemplo, que existam períodos mais sensíveis para a definição
de relações positivas entre humanos e bovinos (RAUSSI, 2003). Boivin et al. (1992) demonstraram
que bezerros manejados de forma gentil próximo ao nascimento e desmame foram menos reativos à
presença humana, apresentando supressão de respostas agressivas mesmo após muitos meses. Györkös
et al. (1999) sugeriram que a primeira semana de vida do bezerro é o período mais sensível para o
estabelecimento de relações positivas com humanos.
As experiências prévias também parecem ser importantes. Lewis e Hurnik (1998) observaram
que a maior porcentagem de animais que tentaram escapar durante uma atividade de manejo era
daqueles que nunca haviam participado de tal atividade. Adicionalmente, Waiblinger et al. (2004)
sugeriram que as reações de estresse em vacas durante a palpação retal ou a inseminação podem ser
reduzidas pelo fornecimento de interações positivas no momento do procedimento; entretanto, a
14
qualidade da IHA é uma pré-condição para permitir os efeitos calmantes do manejo gentil, porque do
contrário ele pode não ser percebido como positivo para os animais.
A regularidade das interações positivas também é um fator de grande importância. Em um
estudo realizado por Boissy e Bouissou (1988) foi demonstrado que bezerros manejados positivamente
do nascimento aos nove meses de idade foram menos reativos à presença humana do que bezerros
manejados positivamente do nascimento aos três meses de idade, sugerindo que o manejo gentil deve
ser realizado continuamente para que haja o estabelecimento de uma boa IHA.
Com relação ao ser humano, fatores como comportamento, atitudes e mesmo influências
culturais podem ser importantes determinantes no estabelecimento da IHA (RAUSSI, 2003). Seabrook
(1986) sugeriu que os bons tratadores têm um comportamento diferenciado, pois gostam de estar com
os animais, e por isso, gastam a maior parte do seu tempo livre com eles, interagindo especialmente
quando eles estão passando por algum tipo de estresse.
Estudos sugerem que a qualidade da interação pode ter efeitos diretos sobre o bem-estar do ser
humano por afetar, por exemplo, a motivação e a satisfação com o trabalho (HEMSWORTH e
COLEMAN, 1998; HEMSWORTH, 2007). Segundo Hemsworth (2004), alcançar padrões elevados e
contínuos de bem-estar animal em uma propriedade depende de uma combinação de motivação,
conhecimento técnico e habilidade dos tratadores. Qualquer deficiência nestas importantes
características poderia determinar alterações nas atitudes dos tratadores e comprometer, ainda que
indiretamente, o bem-estar animal.
Trabalhar com animais pode oferecer benefícios importantes aos tratadores, tais como
companhia e comprometimento, produzindo um senso de satisfação que irá refletir-se no bem-estar do
próprio indivíduo e daqueles que o cercam (HEMSWORTH, 2007). O estreitamento do laço humano-
animal também pode contribuir para aumentar o senso de responsabilidade, permitindo uma maior
compreensão e apreciação dos animais, fazendo com que os funcionários reconheçam as necessidades
destes e não apenas sua utilidade ou valor econômico (ANTHONY, 2003).
2.1.3. O estresse e a função reprodutiva dos bovinos
Os efeitos do estresse prolongado sobre a reprodução são mediados por alguns hormônios dentre
os quais se destacam o hormônio liberador de corticotrofinas (CRH), o hormônio adrenocorticotrófico
(ACTH), os opióides endógenos e o cortisol (RIVIER e RIVEST, 1991; VARLEY e STEDMAN,
1994).
O CRH é o primeiro hormônio liberado pelo hipotálamo como resposta a um estímulo estressor,
e pode interferir na função reprodutiva por estimular a produção de β-endorfinas e ACTH. As β-
endorfinas, juntamente com as encefalinas, possuem propriedades opióides (SPINOSA et al., 2002),
apresentando importante papel na redução das emoções negativas e da dor (VARLEY e STEDMAN,
1994). Atuam nos processos reprodutivos inibindo a secreção de GnRH, por ação direta nos neurônios
produtores deste hormônio, além de atuar na adenohipófise inibindo a liberação de LH
(CHATTERTON, 1990). O ACTH, por outro lado, suprime a capacidade de resposta da hipófise ao
15
GnRH, e pode diminuir a secreção deste hormônio, através da liberação de glicocorticóides (VARLEY
e STEDMAN, 1994). Além disso, o CRH pode ativar o sistema noradrenérgico que atua sobre os
neurônios produtores de GnRH, inibindo sua secreção (MOBERG, 1991).
Os glicocorticóides, como o cortisol, atuam diretamente sobre o hipotálamo diminuindo a
secreção de GnRH e reduzindo o número de receptores deste na hipófise (VARLEY e STEDMAN,
1994). Também suprimem o desenvolvimento folicular por causarem distúrbios na diferenciação das
células da granulosa (diminuindo a expressão dos receptores para o LH), além de diminuir a secreção
de estrógenos por inibição da atividade da aromatase (SMITH e DOBSON, 2002). A falta de
estrógenos atrasa ou bloqueia a onda pré-ovulatória de LH, comprometendo a ovulação
(MACFARLANE et al., 2000).
A secreção inadequada de LH compromete o processo ovulatório e a luteinização dos folículos,
podendo resultar no aparecimento de cistos foliculares (LIPTRAP, 1970). Em alguns casos, mesmo
que a dinâmica folicular ocorra, a integridade das células da granulosa e do próprio ovócito ficará
comprometida, e ainda que ocorra a fecundação, dificilmente esta gestação virá a termo (DOBSON e
SMITH, 2000).
2.1.4. Fatores que interferem com o desempenho dos inseminadores
O efeito do estado emocional sobre o desempenho dos inseminadores foi apresentado no estudo
de Cembrowicz (1964), citado por Pickett (1971). O autor observou que o estado emocional
influenciou a taxa de não-retorno ao cio (TNR) após as inseminações, sendo que quando um
inseminador encontrava-se muito preocupado com algum problema, a TNR ficava abaixo da média
esperada, resultando em comprometimento da eficiência da técnica.
No estudo de Miller (1991), citado por Albright e Arave (1997), foram utilizados questionários e
check-lists em 22 fazendas leiteiras para avaliar como as características do tratador poderiam interferir
no bem-estar animal. Foram encontradas correlações significativas entre o índice de serviço e a
personalidade do inseminador, com os melhores resultados sendo observados para os indivíduos mais
tranqüilos.
O desempenho dos inseminadores também pode ser afetado pelo sugestionamento. Em estudo
realizado por Uwland (1983), os inseminadores foram sugestionados quanto à baixa fertilidade de
determinadas partidas de sêmen e isto acarretou diminuição do desempenho, principalmente nos
profissionais de baixo aproveitamento. As palhetas marcadas como sendo de qualidade superior
geraram TNR maiores do que aquelas marcadas como sendo de qualidade inferior (73,2% versus
70,6%, respectivamente, χ
2
= 5,3, GL=1 e p<0,05), sugerindo que para alguns profissionais, a
confiança na partida de sêmen é muito importante.
Lamount e Foulkes (1981) avaliaram as diferenças no desempenho reprodutivo entre
propriedades que utilizavam inseminadores profissionais (IP) ou inseminadores próprios da fazenda
(IF) e constataram que a utilização de IF resultou num maior índice de serviço (1,9 versus 1,4
doses/concepção, p<0,05) e num maior número de animais não-gestantes (12,4% versus 9,5%, p<0,05)
16
comparado ao uso de IP. Resultados semelhantes foram encontrados por Schemerhorn et al. (1986)
citados por Buckley et al. (2003), que verificaram que as propriedades que utilizavam IF apresentavam
maior intervalo entre partos do que aquelas que utilizavam IP.
A segurança quanto ao posicionamento da pipeta e local de deposição do sêmen também são
fatores importantes (STEVENSON, 2005), uma vez que a deposição do sêmen no cérvix resulta numa
perda retrógrada duas vezes maior do que aquela observada quando a deposição é feita nos cornos
uterinos ou no corpo do útero (GALLAGHER e SENGER, 1989), podendo comprometer a fertilidade.
A reciclagem também é importante, pois aumenta a habilidade e autoconfiança do inseminador
(KING e MACPHERSON, 1965; SENGER et al., 1988). Num estudo com 40 inseminadores, Peters et
al. (1984) demonstraram através de radiografias que aproximadamente um terço dos inseminadores
depositaram o sêmen no interior do cérvix, evidenciando a necessidade de treinamento dos mesmos.
Recentemente, Fernandes Jr. (2001) observou que as variáveis: habilidade (p<0,01), curso de IA
(p<0,05) e reciclagens (p<0,01) geraram diferenças significativas entre os resultados dos
inseminadores, medidos pela taxa de prenhez na primeira inseminação, reforçando a necessidade de
revisar todo o processo de inseminação periodicamente.
Outro fator relevante é o cansaço, especialmente quando se utilizam programas de IATF. No
estudo de Costa e Silva et al. (2004) os autores verificaram que algumas manifestações indicativas de
cansaço ocorriam antes do inseminador solicitar sua substituição, ou seja, antes dele verbalizar o
desconforto, o que poderia determinar uma queda no rendimento do profissional. Além disso, não se
pode esquecer que as relações interpessoais no ambiente de trabalho podem promover alguma
intimidação, fazendo com que o indivíduo evite demonstrar determinados comportamentos para não
ser recriminado pelos companheiros de serviço.
Remuneração e comprometimento também são componentes importantes que podem interferir
no desempenho dos inseminadores. Segundo Fernandes Jr. (2001), inseminadores com maior
comprometimento afetivo apresentam melhores resultados quando comparados aos indivíduos que
apresentam apenas um comprometimento por razões econômicas (taxas de prenhez – 84,78% e
67,76%, respectivamente, p<0,05).
2.2. Gestão de Recursos Humanos
2.2.1. Considerações iniciais
O conceito de gestão de recursos humanos se refere à função administrativa voltada à aquisição,
treinamento, avaliação e remuneração dos empregados (DESSLER, 1998). Entre suas
responsabilidades destacam-se: recrutamento, seleção, integração e orientação de novos funcionários;
treinamentos, avaliações e melhoraria do desempenho das equipes; estímulo ao desenvolvimento de
cooperação criativa, bem como de relações agradáveis no trabalho; interpretação das políticas e
procedimentos da organização; controle de custos; desenvolvimento das capacidades e habilidades
individuais; proteção à saúde e criação de condições adequadas de trabalho (CLARKE et al., 2006).
17
Atualmente, o uso de técnicas de gestão de recursos humanos tem sido amplamente difundido
em muitas empresas urbanas, especialmente pelos benefícios que produzem em longo prazo. Um dos
mais importantes é a mudança do papel dos funcionários, que deixaram de ser vistos como simples
mão-de-obra e ganharam status de colaboradores (parceiros), investindo suas habilidades na empresa à
medida que recebem um retorno adequado. Entretanto, esta nova visão gerencial ainda é pouco
aplicada no meio rural, o que faz com que a seleção de funcionários e, particularmente, de
inseminadores, seja realizada de modo empírico, sem seguir critérios bem definidos, influenciada
muitas vezes pela experiência e pelos valores individuais dos profissionais responsáveis pelas
contratações dentro de cada propriedade.
A falta de diretrizes para a seleção de trabalhadores rurais pode produzir resultados indesejáveis
especialmente se considerarmos que existem inúmeros fatores que podem comprometer o desempenho
destes profissionais.
É necessário estabelecer critérios para determinar qual o perfil mais adequado para cada função;
no caso dos inseminadores, por exemplo, deve-se procurar um indivíduo com aptidão para o trabalho,
ou seja, que tenha consciência da importância de cada etapa do processo e que saiba manejar os
animais de modo a minimizar os efeitos negativos que o procedimento possa proporcionar, além do
domínio da técnica propriamente dita. Entretanto, para que a escolha seja bem-sucedida é importante
compreender como as políticas adotadas pelos administradores podem beneficiar ou prejudicar a
gestão de recursos humanos na propriedade rural.
2.2.2. Recrutamento e seleção
A seleção de funcionários é uma das etapas mais importantes, pois é uma decisão que pode ter
impacto em todo o processo produtivo.
Segundo Fogleman (2000) um processo de seleção bem sucedido deve ser precedido por duas
etapas: a primeira, chamada análise do trabalho, consistiria no detalhamento do trabalho a ser
realizado e a segunda, chamada especificação do trabalho, determinaria as qualificações necessárias
para o exercício daquela função. Somente depois de cumpridas estas etapas é que a avaliação dos
candidatos poderia ser realizada e nela deveriam ser incluídos diferentes tipos de testes, cada um com
um objetivo em particular: testes escritos, para avaliar a capacidade de leitura, compreensão e
conhecimento técnico; testes orais para avaliar a capacidade de comunicação; testes práticos para
avaliar a habilidade de executar determinadas tarefas e entrevistas, que embora subjetivas (pois o
avaliador pode basear o seu julgamento por sugestões não-verbais ou mesmo valores individuais),
permitiriam uma maior troca de informações, podendo fornecer indícios da personalidade do
entrevistado (introspecção, por exemplo).
Analisando a realidade nacional, observa-se que em grande parte das propriedades a seleção dos
trabalhadores rurais tem se baseado apenas em entrevistas informais e análise das referências do
candidato, o que pode trazer poucas informações a respeito de características psicológicas do
indivíduo, por exemplo, levantando questionamentos sobre a aplicabilidade da metodologia
18
anteriormente citada para o meio rural.
De fato, as condições brasileiras são bastante diversas das condições nas quais foi desenvolvido
o estudo citado; em muitas regiões um problema grave de analfabetismo e a grande maioria dos
administradores das propriedades rurais não possuem formação na área de gestão de recursos
humanos. O que poderia ser feito então? Uma alternativa possível seria buscar a adequação desses
mecanismos para a realidade do homem rural brasileiro e a partir daí estabelecer diretrizes que
orientariam o processo seletivo desses profissionais.
2.2.3. Motivação e comprometimento
De acordo com Glasser (1994) citado por Bergamini e Coda (1997), “o fracasso da maioria das
empresas não está na falta de conhecimento técnico, e sim na maneira de lidar com as pessoas”. Essa
afirmação implica que para manter os funcionários motivados é necessário que se estabeleçam boas
relações no trabalho, e estas dependem diretamente de uma boa comunicação entre empregadores e
funcionários.
Para compreender a importância deste conceito é necessário considerar que a motivação está
intimamente relacionada à satisfação das necessidades individuais. O ciclo motivacional começa com
o surgimento de uma necessidade que rompe o estado de equilíbrio do organismo, causando
insatisfação ou desconforto, levando o indivíduo a efetuar um determinado comportamento na
tentativa de corrigir a situação. Isso implica que o comportamento não é aleatório, ou seja, ele possui
uma causa (estímulos internos ou externos) e uma finalidade (dirige-se para algum objetivo).
Maslow (1970) citado por Hagerty (1999) sugeriu que as necessidades humanas estão
organizadas em uma pirâmide de importância (Figura 1), obedecendo a uma hierarquia capaz de
exercer profundas influências sobre o comportamento humano: as necessidades biológicas ou
fisiológicas seriam aquelas mais básicas, relacionadas à sobrevivência do indivíduo; as necessidades
de segurança compreenderiam questões relacionadas à segurança, proteção e estabilidade; as
necessidades sociais ou de associação incluiriam aspectos como necessidade de ser amado, de ser
aceito ou de se sentir necessário para outras pessoas; as necessidades de estima estariam ligadas à
capacidade de se auto-valorizar e as necessidades de auto-realização se associariam com a
necessidade de desenvolvimento de potencialidades individuais.
Esta teoria implica que uma pessoa tem que ter suas necessidades mais inferiores satisfeitas, ou
quase integralmente satisfeitas, para sentir necessidades mais superiores, ou seja, à medida que as
necessidades básicas são preenchidas, as pessoas podem deslocar seus desejos para aspirações mais
elevadas.
Outra teoria importante, intimamente relacionada à anterior, está alicerçada no ambiente externo
e no trabalho do indivíduo. A teoria de Herzberg determina que os fatores capazes de promover a
insatisfação são distintos dos que levam à motivação. Os primeiros (fatores higiênicos)
corresponderiam às necessidades primárias da teoria de Maslow (necessidades biológicas e de
segurança pessoal), sendo extrínsecos ao trabalho, podendo incluir: política da empresa, supervisão,
19
relações interpessoais, vida pessoal, condições de trabalho e salários; os últimos (fatores
motivacionais) corresponderiam aos três últimos níveis da pirâmide de Maslow e seriam intrínsecos ao
trabalho, incluindo: realização e reconhecimento, o trabalho por si próprio, responsabilidade e
crescimento profissional (HERZBERG, 1968 citado por HAGERTY, 1999).
Figura 1. Interação entre a teoria dos fatores de Herzberg e a pirâmide da hierarquia das necessidades de
Maslow. Fonte: <http://www.bbconsult.com.br/artigoIndicadores.asp>
O comprometimento, portanto, poderia ser considerado um indicador da eficácia organizacional
(STEERS, 1977), podendo ser dividido em dois grupos: comprometimento afetivo, caracterizado pela
aceitação dos valores e objetivos da empresa e comprometimento financeiro, baseado em razões
econômicas, ou seja, é a ameaça da perda que compromete a pessoa com a empresa (BUCHANAN,
1974).
O estudo desenvolvido por STROCHLIC e HAMERSCHLAG (2005) em 12 fazendas da
Califórnia (EUA) procurou caracterizar os fatores mais apreciados num ambiente com boas condições
de trabalho, por parte dos funcionários. Os principais elementos apontados, com base na freqüência de
respostas foram: tratamento respeitoso, tranqüilidade para execução dos trabalhos, compensação justa,
estabilidade, seguro saúde, empréstimos, comida, ambiente saudável e seguro, horários flexíveis,
oportunidade para desenvolvimento profissional, diversidade de tarefas, envolvimento nos processos
de tomada de decisões e planos de aposentadoria. Estes mesmos autores também detectaram que os
funcionários expressam apreciação por gestos importantes, porém simples, muitas vezes
negligenciados no dia-a-dia da propriedade, como: cumprimentos, questionamento sobre a família,
compartilhamento de refeições ou convites para comemorações.
2.2.4. Remuneração
As recompensas ou premiações por desempenho são importantes ferramentas da GRH. Para
Bergamini e Coda (1997) elas atuam como uma forma de condicionamento dos funcionários, obtido
por meio de reforços positivos.
A princípio, para que um programa de incentivos seja bem sucedido é necessário que ele tenha
objetivos claros, de modo que os funcionários possam saber o que é esperado de cada um. Entretanto,
nem sempre estes incentivos estão vinculados à remuneração; pelo contrário, estudos apontam que o
20
dinheiro nem sempre é um incentivo ideal, pois geralmente é gasto com contas domésticas ou em
coisas sem importância (DANIEL e METCALF, 2005 citados por FOGLEMAN, 2006). Elogios
verbais, reconhecimento pelos empregadores e colegas de equipe, presentes informais como
churrascos e certificados, alimentos, camisetas, entre outros, quando bem utilizados, podem atingir
melhores resultados. No estudo acima citado estes programas não remunerados atingiram quase três
vezes o retorno do investimento, sendo citados por 79% dos funcionários entrevistados como efetivos
em motivar a equipe.
A compensação em dinheiro deve ser muito bem utilizada. Os bônus não devem substituir
salários justos; pelo contrário, eles devem ser baseados em fatores de produção ou desempenho. Por
isso, a necessidade de manter um constante feedback com os funcionários, através de reuniões e
avaliações, para verificar se os resultados propostos estão sendo alcançados, permitindo ajustes que
serão importantes para o bom andamento da empresa.
2.3. Alternativas para Melhorar o Desempenho de Inseminadores
Sob a ótica da IHA, existem evidências concretas de que é possível desenvolver relações
positivas no dia-a-dia das propriedades rurais, não sendo necessários grandes investimentos para que
isto seja alcançado. Entretanto, há necessidade de se reconhecer que a mudança no comportamento dos
tratadores não é uma tarefa simples. Eles geralmente têm crenças e hábitos bem-estabelecidos,
desenvolvidos em conseqüência de experiências passadas.
Hemsworth e Coleman (1998) sugerem que a modificação do comportamento depende de
programas de treinamento que sejam capazes de fazer o funcionário reconhecer que os animais são
sensíveis à presença humana e que determinadas atitudes podem afetá-los, trazendo reflexos na
produtividade. Entretanto, é importante que os treinamentos sejam repetidos periodicamente para que
as mudanças alcançadas sejam mantidas (HEMSWORTH e GONYOU, 1997).
Do ponto de vista de gestão operacional sugere-se que os responsáveis pelo gerenciamento do
processo estabeleçam critérios para a seleção dos inseminadores, realizando constantes verificações
durante a estação reprodutiva. Para isso seria interessante criar uma lista com itens para verificação,
abrangendo todos os aspectos do processo de inseminação. Estes itens poderiam incluir: habilidade
para detecção de cio, higiene pessoal e com os animais, manejo do botijão, organização dos dados
zootécnicos, manejo dos animais, entre outros. Sempre que possível deveriam ser proporcionados
cursos de reciclagem, para garantir a capacitação dos inseminadores, assim como treinamentos em
manejo racional para conscientizá-los dos efeitos negativos que o estresse pode acarretar sobre o bem-
estar e a produtividade dos animais. Outro ponto importante é o estímulo à sua auto-estima, através de
certificados e medalhas oferecendo, sempre que possível, premiação para as equipes de trabalho e não
apenas individual. Também deveriam ser realizadas avaliações periódicas do comprometimento e
satisfação dos funcionários na empresa.
21
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25
PROCEDIMENTOS DE MANEJO E A EFICIÊNCIA DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
CONVENCIONAL E EM TEMPO FIXO EM BOVINOS DE CORTE
Handling procedures and the efficiency of conventional or in fixed-time artificial insemination in beef
cattle
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar os principais fatores que podem comprometer a eficiência da
inseminação artificial convencional e em tempo fixo (IATF) em bovinos de corte. Foram utilizados os
dados de 2.276 fêmeas bovinas submetidas, na primeira inseminação, à IATF (n=1.863) ou IA
convencional (n=413), mantidas em sistema extensivo de criação em três propriedades rurais das
regiões Sudeste (Fazenda A) e Centro-Oeste do Brasil (Fazendas B e C), sendo registrados: ordem da
inseminação, raça, categoria, escore de condição corporal (ECC), tipo de inseminação, touro, raça do
touro, partida, inseminador e o resultado do diagnóstico de gestação (gestante ou não-gestante). A taxa
de gestação (TG) geral obtida, considerando as três fazendas e desconsiderando o número e o tipo de
inseminação, foi de 38%, com diferença significativa (p<0,05) entre as fazendas. O teste do χ
2
também
permitiu verificar que a TG variou significativamente em função de: raça (p=0,0010; χ
2
=10,74) e
categoria da fêmea (p=0,0002; χ
2
=16,67), ECC (p=0,0281; χ
2
=10,86), tipo de inseminação (p<0,0001;
χ
2
=50,10), touro (p<0,0001; χ
2
=100,79), raça do touro (p=0,0001; χ
2
=20,69) e inseminador (p<0,0001;
χ
2
=89,59), sugerindo que tais variáveis podem comprometer a viabilidade econômica da técnica.
Palavras-chave: eficiência reprodutiva, gado de corte, IATF, inseminador
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the main factors that can commit the efficiency of
conventional or in fixed-time artificial insemination (FTAI) in beef cattle. We evaluated data of 2,276
bovine females that were submitted, in first insemination, to FTAI (n=1,863) or conventional AI
(n=413), maintained in extensive systems in three rural properties of Southeast (Farm A) and Center-
west of Brazil (Farms B and C), being registered: insemination order, breed, category, body condition
score (BCS), insemination type, sire, sire breed, batch, inseminator and the result of pregnancy
diagnosis (pregnant or no-pregnant). General pregnancy rate (PR) obtained, considering the three
farms and disrespecting the number and insemination type, was 38%, with significant difference (p
<0.05) among the farms. The chi-square test also allowed to verify that PR varied significantly in
function of: breed (p=0.001; χ
2
=10.74) and female category (p=0.000; χ
2
=16.67), BCS (p=0.0281;
χ
2
=10.86),insemination type (p<0.000; χ
2
=50.10), sire (p<0.000; χ
2
=100.79), sire breed (p=0.0001;
χ
2
=20.69) and inseminator (p<0.0001; χ
2
=89.59), suggesting that such variables can commit the
economical viability of the technique.
Keywords: reproductive efficiency, beef cattle, FTAI, inseminator
26
INTRODUÇÃO
Um dos principais pontos limitantes no sistema de produção de bovinos de corte é a melhoria da
taxa de fertilidade anual que depende diretamente da capacidade das vacas paridas em conceber antes
de 90 dias pós-parto. A inseminação artificial (IA) foi uma técnica desenvolvida com o objetivo de
promover melhorias nos rebanhos, através da utilização de material genético proveniente de
reprodutores de elevado valor zootécnico, apresentando vantagens adicionais por ser relativamente
simples de ser executada e por apresentar baixo custo quando comparada com outras técnicas
(GONÇALVES et al., 2002). Entretanto, ela ainda é pouco empregada no Brasil, visto que apenas 7%
das fêmeas aptas à reprodução estariam sendo inseminadas anualmente (ASBIA, 2007).
Pelo fato da observação de cio ser um dos maiores pontos de estrangulamento da IA tradicional
(ORIHUELA, 2000; LANDAETA-HERNÁNDEZ et al., 2002), protocolos para sincronização de cio
foram desenvolvidos, possibilitando a realização da inseminação artificial em tempo fixo (IATF), uma
técnica que permite a manipulação do ciclo estral através de diferentes combinações hormonais,
podendo ou não ser associada com a remoção temporária dos bezerros (shang). Sua principal
vantagem está em concentrar as atividades de manejo, possibilitando um maior controle dos animais
no decorrer da estação reprodutiva. Contudo, a adoção dessa técnica tem sofrido restrições devido aos
altos custos e a grande movimentação de curral que demanda.
O sucesso do processo reprodutivo depende de diversos fatores, tanto individuais como
ambientais, e a introdução dessas novas técnicas, particularmente da IATF, pode ter efeitos diretos
sobre o sistema produtivo, podendo comprometer não apenas o bem-estar dos animais, mas também
do próprio ser humano, por intensificar o contato entre eles. O estresse provocado por um manejo
inadequado pode comprometer a liberação do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH),
hormônio luteinizante (LH) e estrógenos, prejudicando o desenvolvimento folicular e impedindo a
manutenção de ciclos estrais normais (VARLEY e STEDMAN, 1994; MACFARLANE et al., 2000).
Além disso, pode ocorrer diminuição na expressão de cio, atraso no processo ovulatório e até mesmo,
perdas embrionárias (DOBSON e SMITH, 2000).
Sob esta perspectiva, o objetivo deste estudo foi verificar o impacto de fatores que possam
comprometer os resultados de programas de IA/IATF em bovinos de corte, tais como o tipo de
inseminação e o protocolo utilizado, raça, categoria e escore de condição corporal da fêmea, touro e
inseminador.
MATERIAIS E MÉTODOS
Fazendas. O estudo foi realizado entre os meses de novembro de 2006 a março de 2007, em três
propriedades rurais particulares, com sistema extensivo de criação. A fazenda A localiza-se no
município de Presidente Epitácio, extremo oeste paulista (latitude 22º01’44”S, longitude 52º14’41”W,
altitude de 300m), apresentando topografia plana, com precipitação pluviométrica anual média
variando entre 1.300 a 1.400 mm, concentrada nos períodos de primavera/verão, e temperatura anual
média de 23ºC, variando entre 10ºC a 36ºC (INPE, 2008). Apresenta pastagens formadas
27
principalmente por Brachiaria brizantha (braquiarão) e Panicum maximum (colonião).
As fazendas B e C estão localizadas no Centro-Oeste brasileiro, na transição entre o Pantanal e o
Planalto Central, no Estado de Mato Grosso do Sul, município de Miranda. A Fazenda B situa-se a
19º51’42”S, 56º59’11”W, com altitude de 140m; a Fazenda C situa-se a 19º51’S, 56º59’W, com
altitude de 125m. Segundo o INPE (2008), a região apresenta precipitação pluviométrica anual média
de 1.182 mm, concentrada no verão, e temperatura anual média de 25ºC, variando entre 15 a 38ºC. As
pastagens das duas propriedades são formadas principalmente por Brachiaria spp e Panicum
maximum (colonião), com algumas áreas de mata e pasto nativo no seu interior.
Animais. Foram avaliados os dados de 2.276 fêmeas bovinas que receberam, na primeira
inseminação, IATF (n=1.863) ou IA convencional (com observação de cio, n=413, apenas na fazenda
C), distribuídas conforme apresentado na Tabela 1.
Tabela 1. Distribuição de inseminadores, touros e de fêmeas submetidas à inseminação artificial convencional
e/ou em tempo fixo em três propriedades das regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.
Fazenda A Fazenda B Fazenda C Total
Inseminadores 03 09 18 30
Touros
(1)
05 17 27 49
Fêmeas Nelore
Nulíparas 00 105 00 105
Primíparas 65 00 00 65
Pluríparas 00 342 1.614 1.956
Fêmeas Mestiças
(2)
Primíparas 53 00 00 53
Pluríparas 00 97 00 97
(1)
Raça dos touros: Fazenda A Bonsmara (n=3) e Nelore (n=2); Fazenda BBrangus (n=2), Red Angus (n=2)
e Nelore (n=13); Fazenda C – Nelore (n=27)
(2)
Fêmeas mestiças = Nelore x Red Angus
As coletas de dados foram realizadas no dia do procedimento da IA/IATF nas fazendas A e B,
através de observações diretas e com amostragem focal, identificando os animais através da
numeração própria de cada fazenda. Na fazenda C, as observações foram indiretas utilizando
informações disponibilizadas pela fazenda, sendo excluídos os touros e inseminadores com menos de
dez observações.
Sêmen. As partidas de sêmen utilizadas encontravam-se armazenadas em botijões criogênicos,
tendo sido escolhidas e distribuídas pelo técnico responsável de cada propriedade, de acordo com o
programa de acasalamento estabelecido. O método de descongelação preconizado foi o da imersão das
palhetas em descongelador eletrônico, em temperatura de 37ºC durante 30 segundos. Apenas as
fazendas A e B disponibilizaram informações sobre as partidas utilizadas, não havendo registros,
portanto, para a fazenda C.
Inseminação artificial em tempo fixo. Os animais foram submetidos a dois programas de
sincronização de estro para IATF (Figura 1). Nas fazendas B e C o protocolo consistia na utilização de
implante intravaginal de progesterona (CIDR
®
- Pfizer/Pharmacia) juntamente com 2,0 ml de benzoato
28
de estradiol (Estrogin® - Farmavet) no D0 (início do protocolo), seguido da aplicação de 2,5 ml de
dinoprost (Lutalyse
®
- Pfizer) aplicado via intramuscular profunda e 0,3 ml de cipionato de estradiol
(ECP
®
- Pfizer) no momento da retirada do implante (08 dias depois), com a IATF sendo realizada 72
h após a retirada do implante. Na fazenda A utilizou-se um protocolo semelhante, entretanto não foi
feita aplicação de dinoprost no dia da retirada do implante (09 dias depois), sendo feita apenas
aplicação de ECP seguida de shang por 48 h.
Figura 1. Esquema dos protocolos hormonais utilizados para a inseminação artificial em tempo fixo de
fêmeas bovinas em três propriedades rurais das regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.
Após a IATF os animais foram mantidos juntos em um esquema reprodutivo que consistiu de 45
dias de monitoramento para detecção de cio. As observações foram realizadas pelos funcionários das
fazendas, duas vezes ao dia, com auxílio de rufiões apenas nas fazendas A e C. Nestas fazendas as
fêmeas que retornaram ao cio foram submetidas a uma segunda inseminação (IA convencional) 12 h
após a detecção do cio, de acordo com o sistema proposto por Trimberger (1948). Em todas as
propriedades, após a última inseminação, as fêmeas foram expostas por um período de 45 dias aos
touros próprios de cada fazenda, todos da raça Nelore.
Inseminadores. Cada fazenda possuía equipes próprias de trabalho, não havendo terceirização
do serviço. A distribuição de fêmeas por inseminador foi aleatória (não foram definidos números
mínimo ou máximo de vacas por inseminador), assim como a distribuição de touros e partidas de
sêmen.
Variáveis registradas. Em todas as propriedades foram registradas as seguintes variáveis para
cada animal: ordem da inseminação (1ª ou 2ª), raça (Nelore ou mestiça), categoria (nulípara,
primípara, plurípara), escore de condição corporal (ECC), tipo de inseminação (IA convencional ou
IATF), touro, raça do touro, partida, inseminador e posteriormente, o resultado do diagnóstico de
gestação (gestante ou não-gestante), fornecido pelas propriedades.
O diagnóstico de gestação foi realizado por meio de palpação retal na fazenda B e por ultra-
sonografia nas fazendas A e C, cerca de 60 dias após a última IA. A taxa de gestação [TG = (total de
fêmeas gestantes/total de fêmeas inseminadas) x 100] por fazenda foi obtida através desse resultado e
se refere apenas aos resultados da inseminação, independente do número de inseminações a que o
animal foi submetido, sendo consideradas não-gestantes inclusive as fêmeas gestantes de touros.
29
Também foram calculadas as TG por touro, por partida e por inseminador (geral e à primeira
inseminação – TG1ªIA) e o índice de serviço (IS=número de doses/concepção) por touro e por
inseminador.
Apenas as fazendas A e B disponibilizaram informações sobre a condição corporal das fêmeas,
sendo que a última propriedade forneceu dados para apenas 507 animais, totalizando 625 animais com
esta informação disponível. Para análise desta variável, foi necessário fazer um ajuste da escala 1-5,
utilizada na fazenda A, para a escala 1-9 (WILTBANK, 1983), utilizada na fazenda B. Foram
utilizadas as escalas propostas por Roche et al. (2004) através das quais foi produzida a equação
y=1,6875x 0,3313 (R
2
=1), em que: y= ECC(1-9) e x= ECC(1-5), adotada como modelo para a
transformação dos escores da fazenda A.
Análise estatística. As variáveis foram submetidas ao teste do χ
2
(Qui-quadrado) para verificar o
efeito sobre a TG, utilizando o Programa Estatístico SAS (SAS, 1999), com vel de significância de
5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A TG geral, considerando as três fazendas e desconsiderando o número e o tipo de inseminação,
foi de 38% (906/2.393), com diferença significativa pelo teste do χ
2
(p<0,05) entre as fazendas,
conforme ilustrado na Figura 2.
A TG geral da inseminação foi de 38% (857/2.276), havendo diferença em função do tipo,
sendo de 34% (638/1.862) para a IATF e 53% (219/413) para a IA convencional, realizada apenas em
um lote da fazenda C, conforme enunciado anteriormente (p<0,0001; χ
2
=50,10, GL=1).
Nas fazendas A e C, o número de fêmeas na inseminação (IA convencional) foi,
respectivamente, 27 primíparas (sendo 17 da raça Nelore e 10 mestiças) e 90 pluríparas (todas da raça
Nelore), totalizando 117 animais. Deste total, 49 animais (15 primíparas e 34 pluríparas) tornaram-se
gestantes, totalizando 42% de TG, sendo de 56% (15/27) para a fazenda A e 38% (34/90) para a
fazenda C. Comparando a TG da IA convencional na fazenda C para a e inseminação (53%
versus 38%) observa-se diferença significativa pelo teste do χ
2
(p=0,0087; χ
2
=6,87, GL=1).
c
b
a
0
10
20
30
40
50
60
A B C
Fazenda
Taxa de gestação (%)
p<0,0001, χ2 = 24,52, GL=2
Figura 2. Taxas de gestação obtidas em programas de inseminação artificial convencional e/ou em tempo fixo
em três propriedades rurais das regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Letras diferentes indicam diferença
significativa ao nível de 5% pelo teste do χ
2
.
30
A baixa eficiência reprodutiva obtida com o uso da IATF corrobora os achados de alguns
autores que têm demonstrado que as taxas gerais de prenhez têm permanecido entre 20 e 35%, quando
a técnica é utilizada isoladamente (BÓ e MAPLETOFT, 2004; KASIMANICKAM et al., 2005), o que
tem limitado sua utilização em rebanhos comerciais de gado de corte. Uma relação custo-benefício
favorável é alcançada quando o protocolo empregado resulta em 40 a 50% de prenhez (BÓ et al.,
2004), o que torna a sua viabilidade econômica dependente de repasses da sincronização (SIQUEIRA
et al., 2008) que podem proporcionar aumentos na TG de até 17% (MADUREIRA et al., 2002).
Em vacas de corte lactantes no Brasil, os programas que utilizam exclusivamente a IATF,
independentemente do indutor da ovulação utilizado, apresentam TG que oscilam entre 25 e 67%
(FERNANDES et al., 2001; BARUSELLI et al., 2004), variando em função da porcentagem de
animais acíclicos, condições ambientais, nutricionais e da associação hormonal utilizada.
Com relação ao melhor desempenho da IA convencional em relação à IATF, os resultados
encontrados foram semelhantes aos de Kasimanickam et al. (2005) que observaram que a TG geral
para a IA convencional foi significativamente maior que a da IATF (34% versus 21%; p=0,0001).
Segundo Macmillan et al. (2003), esta baixa eficiência da IATF ocorre porque folículos em diferentes
estágios de maturação podem ser induzidos à ovulação, resultando em corpos lúteos menos
competentes, com aumento na prevalência de ciclos estrais curtos.
No que concerne aos protocolos utilizados, com relação ao tempo de manutenção do implante de
progesterona, embora o intervalo entre a remoção do CIDR
®
e a ovulação seja menor para animais
tratados com o dispositivo por 09 dias que para aqueles tratados por 08 dias (76,4±4,1 versus 88,3±3,8
h; p<0,05) as TG parecem não ser afetadas (COLAZO et al., 2003). Além disso, embora a emergência
da onda folicular seja mais variável, o cipionato de estradiol tem sido considerado um bom indutor da
ovulação, podendo ser administrado no momento da remoção do CIDR
®
, permitindo reduzir a
freqüência com que os animais devem ser manejados (COLAZO et al., 2002), sem apresentar
prejuízos no resultado da IATF. No estudo de Marques et al. (2004), com vacas Nelore lactantes
(n=214), não foram observadas diferenças significativas (p>0,05) nas TG entre os grupos que
receberam cipionato ou benzoato de estradiol no momento da retirada do CIDR
®
(46% versus 41%)
ou 24 h após (42% versus 43%, respectivamente).
As melhores TG encontradas na fazenda A podem ser explicadas, em parte, pela realização da
IATF 72 h após a remoção do dispositivo de progesterona. Peeler et al. (2004) comparando o efeito de
protocolos de sincronização em novilhas leiteiras (n=110) observaram que aquelas sincronizadas com
CIDR
®
-ECP
®
inseminadas 56 horas após a remoção do dispositivo tiveram uma maior TG (81%)
quando comparadas àquelas inseminadas 48 ou 72 h após (67% versus 50%; p<0,05). Adicionalmente,
Penteado et al. (2006) encontraram TG de 39% e 41% em programas de IATF em vacas Nelore
lactantes (n=501) utilizando cipionato ou benzoato de estradiol, respectivamente, quando a IATF foi
realizada 54 a 58 h após a remoção do dispositivo de progesterona.
Adicionalmente, a utilização de protocolos hormonais com progestágenos associados ao shang
tem se mostrado eficiente em induzir o estro em vacas com 45 dias de parição (YELICH et al., 1995),
31
mas segundo Pires et al. (2004), as respostas obtidas podem variar de acordo com a idade da vaca e do
bezerro, com o nível nutricional ou até com o genótipo do rebanho, ou seja, dentro de uma mesma
raça, algumas linhagens responderiam melhor do que outras. Além disso, a mera percepção da
possibilidade de amamentação pode ser suficiente para prolongar o período de anestro, uma vez que
tanto o olfato como a visão são igualmente eficientes em permitir a identificação do bezerro pela vaca
(WILLIAMS e GRIFFITH, 1995).
Uma das explicações para o bom desempenho do shang é que ele aumenta a secreção de GnRH
e a freqüência dos pulsos de LH, estimulando o crescimento folicular e a ovulação (YAVAS e
WALTON, 2000). A amamentação aumenta a sensibilidade do hipotálamo ao feedback negativo do
estradiol e a liberação de opióides endógenos (MALVEN et al., 1986), que atuam sobre a eminência
média impedindo que ela libere o GnRH (WILLIAMS e GRIFFITH, 1995). Além disso, provoca a
liberação de ocitocina que estimula a síntese de PGF
2
α, produzindo luteólise prematura e, portanto,
ciclos estrais de curta duração (MADUREIRA et al., 2005).
Segundo SHIVELY e WILLIAMS (1989) a interrupção brusca da amamentação em vacas de
corte é caracterizada por um rápido aumento na secreção pulsátil de LH, dentro de 48 a 96 horas, além
da redução da secreção de opióides endógenos, contribuindo para que muitas vacas iniciem ciclos
ovarianos normais. Smith et al. (1979) reportaram que a remoção temporária do bezerro por 48 h
aumentou as TG na IATF em vacas de corte. Resultados semelhantes foram encontrados por Geary et
al. (2001), que observaram que a remoção temporária do bezerro aumentou as TG da IATF em 17%, e
Barreiros et al. (2003) que demonstraram um aumento de 22% na TG após 54 h de shang.
Para a variável categoria animal, foram encontradas diferenças significativas pelo teste do χ
2
(p=0,0002; χ2=16,67, GL=2) entre as TG de nulíparas (36%), primíparas (54%) e pluríparas (37%).
Também foram observadas diferenças significativas em função da raça da fêmea, sendo que as TG dos
animais Nelore e mestiços foram 37 e 50% respectivamente (p=0,0010; χ
2
=10,74, GL=1).
As diferenças encontradas na fertilidade de vacas e novilhas podem ser influenciadas por fatores
como lactação, condição nutricional, idade e número de partos (BUTLER e SMITH, 1989). Estes
fatores produzem diferenças na qualidade do ovócito e no ambiente uterino que podem determinar
uma redução na fertilidade (PURSLEY et al., 1997). Os resultados encontrados foram semelhantes aos
apresentados por Thatcher et al. (2001) que reportaram uma maior TG à primeira inseminação, em
programas de IATF, para primíparas do que para pluríparas (47 versus 25%; p<0,01).
Com relação à diferença entre raças, sabe-se que animais mestiços (Bos indicus x Bos taurus)
apresentam heterose em muitas características de importância econômica, sendo que os efeitos mais
notáveis são observados no desempenho reprodutivo (TURNER, 1980).
O ECC (média ± desvio-padrão) foi de 5,99±1,29 (CV=21,47) para as nulíparas, 4,57±1,07
(CV=23,35) para primíparas e 5,05±1,04 (CV=20,60) para pluríparas, com diferença significativa
entre as TG obtidas de acordo com os diferentes ECC (Figura 3), corroborando os achados de outros
estudos que demonstraram o efeito da condição corporal na ciclicidade ovariana e TG em vacas de
corte (D’OCCHIO et al., 1990; VIZCARRA et al., 1998).
32
b
b
a
b
b
0
10
20
30
40
50
60
70
3,0 4,0 5,0 6,0 7,0
ECC
Taxa de gestação (%)
p=0,0281, χ2= 10,86, GL=4, CC=0,13
Figura 3. Taxa de gestação de fêmeas bovinas de corte em função do escore de condição corporal (ECC) em
três propriedades rurais das regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Letras diferentes indicam diferença
significativa em nível de 5% pelo teste do χ
2
.
O correto funcionamento do eixo reprodutivo depende do estado nutricional e das reservas de
gordura corporal, capazes de regular a secreção de hormônios hipotalâmicos e hipofisários importantes
neste processo (SHORT e ADAMS, 1988; MONTIEL e AHUJA, 2005). A restrição nutricional atua
interferindo em mediadores importantes como leptina (CUNNINGHAM et al., 1999), insulina e IGF-
1, promovendo um decréscimo na secreção de GnRH e/ou LH (HESS et al., 2005), reduzindo o
crescimento folicular e diminuindo as concentrações plasmáticas de estradiol, além de influenciar
diretamente a função ovariana (WETTEMANN et al., 2003).
No caso de vacas lactantes, sabe-se que o restabelecimento da atividade reprodutiva coincide
com a recuperação da condição corporal e, portanto, vacas que entram na estação de monta com um
ECC melhor teriam maior probabilidade de concepção (ANDERSON, 1998). Além disso, a condição
corporal também pode influenciar o índice de serviço e o intervalo entre partos (KUNKLE et al.,
1998).
Grecellé et al. (2006) e Moraes et al. (2007) sugerem que o ECC na estação de monta é um fator
importante para aumentar a fertilidade em animais criados sob restrição alimentar. Renquist et al.
(2006) realizaram um experimento com vacas pluríparas mestiças objetivando determinar pontos
críticos da condição corporal capazes de afetar a TG e outros parâmetros reprodutivos. Os autores
concluíram que o ECC tanto no período pré-parto quanto na estação de monta afetaram a TG
(p=0,0009 e p<0,0001, respectivamente), encontrando uma relação quadrática entre o ECC na estação
de monta e a TG [TG= -4,81(ECC)
2
-0,52(ECC)-4,339], o que sugere que o ECC ótimo durante este
período estaria entre 4,5 e 5,5, corroborando os resultados encontrados. Richards et al. (1986) também
sugerem que o ECC 5,0 é fundamental para garantir um bom desempenho reprodutivo, sendo este
valor consistente para fêmeas de corte, independente da raça ou cruzamento (TINKER et al., 1989).
Foram observadas diferenças entre os touros quanto à TG (p<0,000; χ
2
=100,79, GL=45), sendo
que apenas dez deles obtiveram TG50% e IS2,00 (Anexo I). As TG variaram entre 12 e 82%. O
índice de serviço médio foi 2,92±1,35 doses/concepção. Separando os touros por fazenda, foram
observadas diferenças significativas entre as TG para a fazenda A (p=0,0093; χ
2
=13,43, GL=4) e C
33
(p=0,003; χ
2
=49,78, GL=26), mas não para a fazenda B (p=0,4992; χ2=15,35, GL=16).
Não foram observadas diferenças significativas (p=0,1405; χ
2
=58,60, GL=48) para a TG entre as
partidas (Anexo II). Entretanto, quando se avaliou a TG por partida para cada touro individualmente
foi encontrada diferença significativa apenas para o touro 02 (p=0,0440; χ
2
=4,0548, GL=1). Também
foram observadas diferenças significativas na TG (p=0,000; χ
2
=20,69, GL=3) em função de raça,
sendo: Nelore (36%), Brangus (43%), Red Angus (46%) e Bonsmara (60%).
Embora tenha sido observada uma ampla variação nas TG obtidas entre os touros, os resultados
encontrados foram semelhantes aos reportados por Davidson e Farver (1980), Senger et al. (1984) que
reportaram uma variação na TG entre touros de IA de 35 a 70% e de 45 a 60%, respectivamente.
Dentre os fatores apontados como responsáveis por afetar o nível de fertilidade dos touros
poderiam ser citados o método de coleta, processamento, armazenamento e transporte do sêmen
(RYCROFT e BEAN, 1992), que atuariam interferindo em aspectos importantes como a viabilidade
espermática pós-descongelação, transporte dos espermatozóides no trato genital feminino, formação
do reservatório espermático no istmo, capacitação e reação acrossômica, diminuindo a capacidade
fecundante (PHILLIPS et al., 2004). Além disso, Thundathil et al. (1999) concluíram que a proporção
de espermatozóides não capacitados no sêmen descongelado varia entre touros e que a fertilidade está
positivamente correlacionada com a concentração pós-descongelação destes.
A fertilidade do touro, portanto, está intimamente associada com a longevidade dos
espermatozóides no trato reprodutivo feminino, o que depende de qualidades extrínsecas e intrínsecas
do sêmen (DEN DAAS, 1992). Assim, em programas que utilizam a IATF as diferenças na fertilidade
dos touros poderiam ser acentuadas em função da variação no tempo entre a IA e a ovulação (DE
JARNETTE et al., 2004).
Outra importante consideração é que o uso de técnicas de IA programadas aumentam a
probabilidade de inseminar várias vacas no mesmo dia, o que pode fazer com que os inseminadores
descongelem simultaneamente várias doses (uma prática comum em todas as fazendas
acompanhadas). Embora não tenham sido feitas avaliações para determinar se esse procedimento
interferiu com a TG obtida, estudos têm demonstrado resultados controversos, que não permitem
descartar uma possível interferência desta prática nos resultados obtidos.
No estudo de Kaproth et al. (2002), realizado nos EUA, a ordem de descongelação não teve
efeito significativo sobre a probabilidade de concepção e também não foram observadas diferenças na
motilidade progressiva dos espermatozóides com cinco (48,5%) ou vinte (48,7%) minutos pós-
descongelação, quando as doses foram descongeladas a 35ºC e mantidas na mesma temperatura.
Contrariamente, Lee et al. (1997) avaliando vacas leiteiras em condições de estresse por calor
(ITU>72) observaram redução na TG e na viabilidade dos espermatozóides em função da ordem de
descongelação (TG: 1ª dose – 48% versus dose – 25%).
Estes resultados, entretanto, parecem depender da experiência do inseminador. Goodell (2000) e
Sprenger et al. (2001) demonstraram que a descongelação de mais do que duas partidas por vez
resultou em TG menores para a terceira e quarta doses, quando a inseminação foi realizada por
34
inseminadores próprios da fazenda. Adicionalmente, Dalton et al. (2004) observaram que o tempo
decorrido entre a descongelação da primeira dose até a conclusão da quarta inseminação foi menor
para os inseminadores profissionais do que para os da própria fazenda (7,6±0,22 versus 10,9±0,38
minutos; p<0,01).
Houve diferença significativa entre os inseminadores quanto à TG (p<0,0001; χ
2
=89,59,
GL=29), com as TG variando entre 12 e 75%, sendo que apenas 23% deles (7/30) obtiveram TG50%
e IS2,00 (Anexo III). O índice de serviço médio encontrado foi 2,95±1,49 doses/concepção. Não
foram observadas diferenças significativas (p>0,05) entre as TG dos inseminadores das fazendas A e
B; entretanto foram observadas diferenças significativas entre as TG na fazenda C (p<0,0001,
χ
2
=57,38, GL=17), o que pode ter contribuído para o menor resultado desta. A relação entre o índice
de serviço e a TG dos inseminadores está apresentada na Figura 4, na qual se observa que o gráfico de
dispersão produzido resultou numa linha de tendência do tipo exponencial, em que TG=100 x IS
-1
(R
2
=1,00).
y = 100x
-1
R
2
= 1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Taxa de gestação/inseminador (%)
Índice de servo (doses/concepção)
Figura 4. Relação entre índice de serviço e taxa de gestação de inseminadores (n=30) em três propriedades
rurais das regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.
Os resultados encontrados corroboram aqueles apresentados em outros estudos que reportaram o
efeito do inseminador sobre os resultados de programas de IA/IATF em bovinos de corte (REURINK
et al., 1990; FERNANDES Jr., 2001; VENDRUSCOLO et al., 2005).
Dentre os fatores que poderiam ser responsabilizados por essa diferença nos resultados poderiam
ser citados: estado emocional (CEMBROWICZ, 1964, citado por PICKETT, 1971), confiança na
partida do sêmen (UWLAND, 1983), segurança quanto ao posicionamento da pipeta (STEVENSON,
2005) e local de deposição do sêmen (MACPHERSON, 1968; SENGER, 2003), habilidade
(VENDRUSCOLO et al., 2005), tipo de inseminador – profissional ou não (SCHERMERHORN et al.,
1986 citados por BUCKLEY et al., 2003) e reciclagem (SENGER et al., 1988), um fator
particularmente importante. Peters et al. (1984) avaliaram 40 inseminadores para determinar a posição
do aplicador em peças submetidas a uma IA simulada. Os autores concluíram que 82% deles foram
incapazes de colocar o aplicador na posição correta em mais de 60% das vezes, independentemente do
tipo de inseminador (profissional ou não) o que reforça a necessidade de realizar treinamentos para
revisar o processo continuamente.
35
O cansaço também pode ser considerado como um fator que interfere com o desempenho dos
inseminadores, especialmente em programas de IATF. Costa e Silva et al. (2004) estudaram o
comportamento de inseminadores e verificaram que diversas manifestações indicativas de cansaço
ocorriam antes que o inseminador manifestasse verbalmente o desconforto e pedisse para ser trocado.
Essa situação pode se tornar um problema grave, pois pode determinar uma queda no rendimento,
influenciando no sucesso da técnica.
Com relação ao índice de serviço, embora tenha sido observada uma grande variação entre os
inseminadores, o valor médio encontrado foi maior do que o considerado economicamente viável.
McDowell (1972) define como 1,0 o número ideal de doses por fecundação, podendo variar entre 1,3
(rebanhos com boas condições de manejo) a 2,0 (rebanhos deficientes). Entretanto, Baruselli et al.
(2002) reportaram IS variando entre 1,4 a 3,4 em programas de IATF em bovinos de corte no Brasil,
havendo variação em função do tipo de protocolo de sincronização utilizado. Índices de serviço > 2,30
são considerados extremamente negativos sob o ponto de vista econômico, não apenas em função do
custo do sêmen, mas também em função do prolongamento do período de serviço (FONSECA, 1991
citado por PORTO et al., 1993).
CONCLUSÕES
Os resultados dos programas de IA/IATF variaram em função de características próprias de cada
fazenda com os melhores resultados sendo obtidos para as fêmeas mestiças primíparas com ECC 5,0.
A inseminação artificial convencional apresentou melhores resultados que a IATF na primeira
inseminação, embora este resultado tenha variado em função do protocolo utilizado. Também houve
efeito de touro, raça do touro e inseminador sugerindo que tais fatores podem comprometer a
viabilidade econômica da técnica.
Agradecimentos
Os autores agradecem à FUNDECT/MS pelo apoio financeiro, à CAPES pela concessão da
bolsa de mestrado e às fazendas por fornecerem as informações necessárias à pesquisa.
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41
RECURSOS HUMANOS NA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM BOVINOS DE CORTE –
PERFIL DOS ADMINISTRADORES E INSEMINADORES
Human resources in artificial insemination of beef cattle – Managers’ and inseminators’ profile
RESUMO
O objetivo deste estudo foi caracterizar o perfil dos administradores e inseminadores de programas de
inseminação artificial convencional e/ou em tempo fixo em bovinos de corte, no intuito de apresentar
as principais características que vêm sendo utilizadas no gerenciamento desses profissionais e detectar
particularidades ligadas à vida pessoal e ao trabalho que possam ser utilizadas para avaliar a qualidade
de vida dos inseminadores nas propriedades rurais. Foram realizadas entrevistas com 40
administradores e 30 inseminadores, cujos dados foram analisados através de correlação de Spearman
e análises de variância, com comparação das médias pelo teste de Duncan. As questões abertas foram
analisadas por freqüência de respostas, após serem agrupadas por similaridade. Os resultados
demonstram que os administradores associam o conceito de gestão de recursos humanos
principalmente à supervisão do trabalho, priorizando fatores técnicos como experiência profissional e
índices nos processos de seleção, embora os problemas de relacionamento interpessoal sejam
apontados como principal motivo de demissão. Com relação aos inseminadores, os resultados
revelaram que a maioria possui apenas as séries iniciais do ensino fundamental, em grande parte
incompletas, o que demonstra uma escolaridade precária entre estes trabalhadores. Além disso,
preferem a IA convencional embora reconheçam que a IATF pode facilitar o manejo na fazenda. O
relacionamento interpessoal também parece ser mais importante para determinar o desempenho dos
profissionais do que os baixos salários.
Palavras-chave: gado de corte, inseminadores, manejo reprodutivo, recursos humanos
ABSTRACT
The objective of this study was to characterize the profile of managers and inseminators of
conventional or in fixed-time artificial insemination programs in beef cattle, presenting the main
characteristics that have been used in those professionals' management and detect particularities due
to personal life and work that can be used to evaluate the inseminators’ quality of life in the rural
properties. Interviews were accomplished with 40 managers and 30 inseminators, whose data were
analyzed through Spearman’s correlation and variance analyses, using Duncan’s test for averages
comparison. The open questions were analyzed by frequency of answers, after being contained by
similarity. The results demonstrated that supervisors associate the concept of human resources
management mainly to work supervision, prioritizing technical factors as professional experience and
indexes in the selection processes, although interpersonal relationship problems had been pointed as
the main reason of dismissal. Regarding the inseminators, the results revealed that most possess only
the initial series of the fundamental education, largely incomplete, showing a precarious education
among these workers. Besides, they prefer conventional AI although recognize that FTAI can make the
handling in the farm easier. The interpersonal relationship also seems to be more important than the
low wages on the determination of the professionals' performance.
Keywords: beef cattle, inseminators, reproductive management, human resources
42
INTRODUÇÃO
O conceito de gestão de recursos humanos se refere à função administrativa voltada à aquisição,
treinamento, avaliação e remuneração dos empregados (DESSLER, 1998). Embora seus benefícios já
sejam bem conhecidos no meio urbano, nas empresas rurais a técnica ainda é pouco aplicada, o que
pode trazer problemas, especialmente se considerarmos que o aumento na produtividade depende da
racionalização do trabalho pelo funcionário. No caso da inseminação artificial sabe-se que os
processos de seleção não seguem critérios bem definidos, sendo influenciados principalmente pela
experiência e por valores individuais dos administradores.
O inseminador apresenta um papel fundamental para a eficiência da inseminação e, por esta
razão, a falta de habilidade deste profissional torna-se um fator limitante na obtenção de resultados
satisfatórios de concepção. Imperfeições na manipulação do sêmen, na execução da técnica e mesmo a
interação humano-animal durante o procedimento são fatores relevantes que podem afetar o sucesso
do processo reprodutivo, mas existem inúmeros outros fatores que podem interferir no desempenho
destes profissionais e por isso há a necessidade de se avaliar melhor seu processo de seleção.
Dentre as alternativas para aperfeiçoar este processo, a opção em trabalhar com entrevistas
para delinear um perfil profissional, o que permitiria alocar o indivíduo na função que melhor se
adequasse às suas características pessoais. Esta metodologia surge da teoria de Ajzen e Fishbein
(1980) que sugere que a partir de características pessoais é possível obter um reflexo, ainda que
indireto, do comportamento dos indivíduos, uma vez que elas influenciam as atitudes tomadas. Isso é
importante, pois sugere que as características pessoais o importantes determinantes do
comportamento do ser humano em relação às outras pessoas e aos próprios animais, o que pode
influenciar o processo produtivo (WAIBLINGER et al., 2002).
Além disso, medidas da qualidade de vida podem ser utilizadas para monitorar a satisfação do
indivíduo no ambiente de trabalho, como forma de detectar possíveis problemas e permitir as
correções necessárias. Dentre estas medidas destaca-se o Inventário de Sintomas de Estresse em
Adultos, proposto por Lipp (2000), uma ferramenta utilizada com o intuito de obter informações
acerca do estresse dos profissionais. Ele parte da idéia de que o estresse pode ser identificado e
categorizado em diferentes níveis (fase de alerta FASE I, fase de resistência FASE II e fase de
exaustão FASE III), via sintomatologia física e psicológica, sendo passível de observação e análise,
dependendo da freqüência e da relação entre os sintomas.
Sob essa perspectiva, foi desenvolvido um estudo com o objetivo de caracterizar o perfil dos
administradores e inseminadores de programas de inseminação artificial convencional e/ou em tempo
fixo em bovinos de corte, no intuito de apresentar as principais características que vêm sendo
utilizadas no gerenciamento desses profissionais e detectar particularidades ligadas à vida pessoal e ao
trabalho que possam ser utilizadas posteriormente para avaliar a qualidade de vida dos inseminadores
nas propriedades rurais.
43
MATERIAIS E MÉTODOS
Entrevistas – administradores de programas de IA/IATF em bovinos de corte.
Foram realizadas entrevistas com 40 profissionais responsáveis por processos de seleção e
treinamento de inseminadores em diferentes regiões do país, durante o período de novembro de 2006 a
março de 2007. O roteiro utilizado está apresentado no Anexo IV e incluiu questões sobre: profissão,
tempo de formação profissional, tempo de trabalho com IA/IATF, número de inseminadores/fazenda,
número de vacas/lote sugerido na IATF e número de cursos de atualização que o profissional realiza
por ano. Além disso, os entrevistados foram questionados sobre conceitos ligados à gestão de recursos
humanos tais como: critérios utilizados na seleção e demissão de inseminadores, características do
bom inseminador, fatores supervisionados no processo de IA/IATF, fatores que podem interferir no
desempenho dos inseminadores, perfil do bom chefe, oferta e incentivo a cursos de reciclagens.
Entrevistas – perfil dos inseminadores
Foram realizadas entrevistas com 30 inseminadores provenientes de três propriedades rurais
localizadas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, todas com sistema extensivo de criação de
bovinos de corte, durante os meses de janeiro a março de 2007.
O roteiro aplicado foi desenvolvido com o auxílio de psicólogos e testado em fase pré-
experimental para verificar sua eficiência em extrair informações que pudessem ser utilizadas para
esboçar um perfil desses profissionais. As entrevistas foram individuais, em local reservado para esta
finalidade, dentro de cada propriedade, de modo a manter o sigilo das informações obtidas.
Inicialmente, foi explicado a cada participante o objetivo da entrevista e, em caso de dúvida,
foram feitos os esclarecimentos necessários, cabendo ao inseminador decidir se participaria ou não.
Caso concordasse, o participante era instruído a ler e preencher um termo de consentimento, elaborado
de acordo com as normas recomendadas pelo Comitê de Ética em Experimentação Humana da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, com a finalidade de permitir a utilização dos dados
provenientes das entrevistas.
No roteiro utilizado as perguntas foram divididas em quatro grandes grupos (Anexo V). O
primeiro, denominado dados pessoais, incluía questões sobre: sexo, idade, estado civil (solteiro ou
casado), número de filhos, cargo/função (campeiro, serviços gerais ou capataz), nível de escolaridade,
satisfação com moradia (sim ou não) e desejo de realizar reformas (sim ou não).
O segundo grupo, vida social, incluía questões sobre possibilidade de folga aos finais de semana
(sim ou não), tipo de atividades de lazer (individuais ou coletivas) e religião (sim ou não).
Consideraram-se atividades individuais aquelas que o indivíduo pode realizar sozinho como assistir
televisão, e coletivas aquelas que o indivíduo realiza em grupo como jogos de futebol, por exemplo.
O terceiro grupo, saúde, abordava questões sobre: assistência médico-odontológica subsidiada
pela propriedade, uso de medicamentos, cirurgias, acidentes decorrentes do trabalho com os animais e
qualidade do sono, todas com possibilidade de resposta do tipo binomial (sim ou não).
O quarto grupo, profissional, incluía questões relacionadas à experiência profissional tais como:
44
idade com a qual começou a trabalhar, tempo de trabalho na empresa, satisfação com o salário atual
(sim ou não), curso de inseminação e reciclagens (sim ou não), características do bom inseminador,
fatores que podem interferir com o trabalho, tipo de inseminação que considera melhor (IA
convencional ou IATF), conhecimentos sobre manejo racional e interesse em realizar novos cursos
(ambas com possibilidade de resposta do tipo binomial), e planos para o futuro (individuais ou
coletivos). Para esta última variável consideraram-se planos individuais aqueles que diziam respeito
apenas ao indivíduo, como conseguir um cargo melhor, e coletivos aqueles que diziam respeito a
terceiros, como comprar uma casa própria para a família ou garantir o estudo dos filhos, por exemplo.
Após a conclusão do roteiro, o participante era orientado a responder sozinho o Inventário de
Sintomas de Estresse em Adultos (ISSL), no qual deveria assinalar com um “x” caso apresentasse
algum dos sintomas descritos (Anexo VI). O ISSL foi lido e explicado para cada participante antes que
o mesmo pudesse respondê-lo. Todas as folhas de resposta foram marcadas com códigos numéricos,
apenas para controle dos dados, não havendo identificação nominal dos participantes nas mesmas.
Análise estatística
Os administradores foram agrupados em classes, construídas em função do tempo de formação
(CtF), seguindo o modelo de distribuição de freqüências de Yule, proposto por Sampaio (1998),
conforme apresentado na Tabela 1.
Foram realizadas análises de correlação de Spearman e análises de variância considerando o
efeito fixo da CtF sobre as variáveis: tempo de formação profissional, tempo de trabalho com
IA/IATF, número de inseminadores/fazenda, número de vacas/lote sugerido na IATF e número de
cursos de atualização que o profissional realiza por ano, com a comparação das médias feita através do
Teste de Duncan. As questões abertas foram analisadas por freqüência de respostas, após serem
agrupadas por similaridade.
Os dados referentes aos inseminadores também foram analisados por freqüência de respostas,
após serem agrupados por similaridade, e análises de correlação de Spearman.
Todas as análises foram realizadas através do Programa Estatístico SAS (SAS, 1999), com nível
de significância de 5%.
Tabela 1. Distribuição dos administradores entrevistados (n=40) em função da classe de tempo de formação
profissional e os respectivos intervalos de cada classe.
TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL
(classes)
n
INTERVALO DE CLASSES
(anos)
1 14 2,0 ── 7,0
2 10 7,0 ├── 12,0
3 07 12,0 ├── 17,0
4 04 17,0 ├── 22,0
5 05 22,0 ├──┤ 32,0
45
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Perfil dos administradores
Dentre os administradores entrevistados, 35 possuíam formação em Medicina Veterinária, três
em Zootecnia e dois em cursos técnicos (agropecuária e agrimensura), com a maior parte atuando na
região Centro-Oeste do país (60%) e para as demais regiões a distribuição foi 17% (Sudeste), 11%
(Sul), 7% (Nordeste) e 4% (Norte). Estas diferenças regionais podem ser importantes para determinar
o perfil gerencial, uma vez que não apenas os valores individuais, mas também os culturais podem
interferir nas práticas adotadas na gestão de recursos humanos e mesmo na aceitação de novas técnicas
(STONE et al., 2007).
O tempo médio de formação profissional foi 11,15 ± 7,29 anos (CV=65,39) e o tempo de
trabalho com IA/IATF 10,20 ± 6,98 anos (CV=68,40). Em média, os administradores possuem 1,63 ±
0,96 inseminadores/fazenda (CV=59,02), indicando 137,00 ± 76,00 fêmeas/lote na IATF (CV=55,47)
e realizando 1,49 ± 1,22 cursos de atualização profissional/ano (CV=81,80).
Foram encontradas correlações positivas entre CtF e tTRABIA (p<0,0001; r
s
=0,86) sugerindo
que quanto maior a classe, mais tempo o profissional tem de trabalho com IA/IATF. De fato, foi
encontrada correlação entre tF e tTRABIA (p<0,0001; r
s
=0,88), sugerindo que os profissionais
começam a trabalhar com a IA/IATF logo após terem se formado.
Na análise de variância observou-se efeito da CtF sobre o tF (p<0,0001; R
2
= 0,93, CV=18,05)
e o tTRABIA (p<0,0001; R
2
=0,82, CV=30,78). As médias e o desvio-padrão, para cada uma das
variáveis analisadas, em função da CtF, estão apresentadas na Tabela 2, na qual é possível perceber
que o tempo de formação profissional não altera as características de manejo vigentes.
Tabela 2. Características profissionais de responsáveis por processos de seleção e gerenciamento de
inseminadores no Brasil, de acordo com a classe de tempo de formação (média ± desvio-padrão).
CtF tF tTRABIA INS VAC CURSO
1 3,86 ± 1,70
e
4,43 ± 3,16
d
1,46 ± 1,06
a
107,14 ± 66,53
a
1,64 ± 1,60
a
2 9,60 ± 1,43
d
8,30 ± 2,58
c
1,70 ± 0,79
a
153,00 ± 47,03
a
1,50 ± 1,43
a
3 14,29 ± 1,25
c
11,29 ± 3,90
c
1,71 ± 1,50
a
189,29 ± 125,71
a
1,29 ± 0,49
a
4 18,50 ± 0,58
b
16,75 ± 2,87
b
1,63 ± 0,48
a
125,00 ± 50,00
a
1,88 ± 0,25
a
5 24,40 ± 4,33
a
23,40± 3,13
a
1,80 ± 0,45
a
125,00 ± 50,00
a
1,00 ± 0,71
a
Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa pelo Teste de Duncan em nível de 5%. CtF = classe de
tempo de formado, tF = tempo de formação, tTRABIA = tempo de trabalho com inseminação, INS = número de
inseminadores/fazenda, VAC = número de vacas sugeridas/lote IATF, CURSO = número de cursos de atualização
profissional/ano.
Quanto à gestão de recursos humanos, 60% dos entrevistados (24/40) afirmaram adotar algum
tipo de técnica de gestão nas propriedades onde atuam. Entretanto, 71% destes (17/24) tiveram
dificuldades em conceituá-la, havendo grande variação nas respostas fornecidas (Figura 1). Observou-
se que parece haver uma associação indevida entre o conceito de gestão e o acompanhamento técnico
do trabalho (gerência de produção), sugerindo que os administradores talvez não a visualizem como
um processo global, cujas responsabilidades seriam muito mais amplas, envolvendo seleção e
46
integração de novos funcionários; treinamentos para melhoraria do desempenho das equipes; estímulo
à cooperação criativa e relações agradáveis no trabalho; controle de custos; desenvolvimento das
capacidades e habilidades individuais; proteção à saúde e criação de condições adequadas de trabalho
(CLARKE et al., 2006).
0 20 40 60 80 100
Acompanhamento do trabalho
Gerenciamento de equipes
Qualificão da mão-de-obra
Melhoria condições de trabalho
Trabalhar habilidades individuais
Respeito à pessoa
Figura 1. Principais conceitos associados à gestão de recursos humanos, segundo administradores (n=40) de
programas de inseminação artificial em bovinos de corte no Brasil Central.
Os principais critérios utilizados para a seleção de inseminadores são apresentados na Figura 2.
Os administradores parecem utilizar preferencialmente fatores como experiência e índices, sendo
dispensada pouca atenção a critérios de ordem psicológica, como um bom relacionamento
interpessoal, por exemplo. Tal fato pode estar associado à maior facilidade de avaliação dos critérios
técnicos e ao próprio processo seletivo utilizado na maioria das propriedades, que geralmente consiste
na avaliação de referências anteriores ou na escolha de funcionários locais para assumir a função de
inseminador. Os critérios de ordem psicológica demandam um processo seletivo um pouco mais
apurado, e muitas vezes este aspecto só é realmente conhecido nas rotinas do dia-a-dia da propriedade.
0 20 40 60 80
Experiência
Índices
Responsabilidade
Higiene/Asseio
Comprometimento
Escolaridade
Bom relacionamento interpessoal
Reciclagem periódica
Figura 2. Critérios utilizados na seleção de inseminadores segundo administradores (n=40) de programas de
inseminação artificial em bovinos de corte no Brasil Central.
Uma consideração interessante surge ao observarmos os critérios de demissão (Figura 3). Nota-
se que grande parte dos inseminadores é demitida por problemas de relacionamento interpessoal, um
critério pouco utilizado no processo seletivo. Resultados semelhantes foram observados por Billikopf
(2001), num estudo com 42 administradores nos EUA, no qual insubordinação (26%) e temperamento
47
agressivo (17%) foram apontados como os principais motivos de demissão, sugerindo que
independentemente do nível tecnológico utilizado na propriedade, os critérios psicológicos
representam um fator importante.
É interessante notar que no grupo de gestores que seleciona funcionários observando o
relacionamento interpessoal (5/40) apenas 20% deles (1/5) demitem-nos por esse motivo. No grupo
dos que não selecionam (35/40), 77% (27/35) demitem funcionários por essa razão (p=0,0223),
mostrando o quão eficiente esta avaliação pode ser quando se pensa em contratar novos funcionários.
0 20 40 60 80
Problemas de relacionamento interpessoal
Falta de responsabilidade
Baixos índices
Falta de habilidade
Higiene
Prepotência
Figura 3. Motivos de demissão de inseminadores segundo administradores (n=40) de programas de inseminação
artificial em bovinos de corte no Brasil Central.
Com relação aos fatores que podem comprometer o desempenho do inseminador (Figura 4), a
satisfação no ambiente de trabalho foi mencionada por boa parte dos entrevistados, corroborando os
achados de Fernandes Jr. (2000) que demonstraram a importância desse critério para o sucesso dos
programas de IA, sugerindo que inseminadores satisfeitos apresentam melhores resultados quando
comparados aos insatisfeitos dentro das mesmas propriedades.
0 20 40 60 80
Estrutura da fazenda
Satisfão com a empresa
Problemas técnicos
Relacionamento interpessoal
Manejo dos animais
Vícios
Falta de escolaridade
Figura 4. Fatores que podem comprometer o desempenho do inseminador segundo administradores (n=40) de
programas de inseminação artificial em bovinos de corte no Brasil Central.
No estudo de Strochlic e Hamerschlag (2005) os inseminadores foram questionados quanto aos
fatores mais apreciados num ambiente com boas condições de trabalho. Os principais elementos
apontados, com base na freqüência de respostas, foram: tratamento respeitoso, tranqüilidade para
execução dos trabalhos, compensação justa, estabilidade, assistência médica, boa alimentação,
ambiente saudável e seguro, horários flexíveis, oportunidade para desenvolvimento profissional,
48
diversidade de tarefas, envolvimento nos processos de tomada de decisões e planos de aposentadoria.
Estes mesmos autores também detectaram que os funcionários expressam apreciação por gestos
aparentemente simples, mas muitas vezes esquecidos nas atividades diárias da propriedade como
cumprimentos, questionamentos sobre a família, compartilhamento de refeições ou convites para
comemorações.
É preciso salientar, entretanto, que diversos estudos têm apontado outros fatores que podem
comprometer a eficiência do inseminador, mas que não foram mencionados pelos técnicos
entrevistados, em especial: estado emocional (CEMBROWICZ, 1964, citado por PICKETT, 1971),
confiança na partida do sêmen (UWLAND, 1983), segurança quanto ao posicionamento da pipeta e
local de deposição do sêmen (STEVENSON, 2005), tipo de inseminador (SCHERMERHORN et al.,
1986 citados por BUCKLEY et al., 2003) e reciclagem (SENGER et al., 1988).
Com relação a este último fator, embora 100% tenham afirmado estimular seus funcionários a
fazerem cursos de atualização, apenas 47% disponibilizam estes cursos nas propriedades, o que pode
dificultar a capacitação profissional. A reciclagem é um fator muito importante para a eficiência do
inseminador, pois o torna mais interessado nos processos utilizados na IA, aumentando a sua
habilidade e autoconfiança (KING e MACPHERSON, 1965). Peters et al. (1984) demonstraram,
através de radiografias, que aproximadamente um terço dos inseminadores depositam o men no
interior do cérvix, evidenciando a necessidade de treinamento dos mesmos. Fernandes Jr. (2001)
observou que as variáveis: habilidade (p<0,01), curso de inseminação (p<0,05) e reciclagens (p<0,01)
geraram diferenças significativas entre inseminadores na taxa de gestação à primeira inseminação.
que se ressaltar também os fatores supervisionados durante a execução da IA/IATF (Figura
5). Nota-se que embora 100% tenham afirmado orientar os funcionários quanto ao manejo dos
animais, apenas 35% deles (14/40) afirmaram avaliar o manejo durante a execução da inseminação.
Tal observação é problemática visto que o estresse provocado por um manejo inadequado pode
comprometer a liberação de GnRH, LH e estrógenos, prejudicando o desenvolvimento folicular e
impedindo a manutenção de ciclos estrais normais (VARLEY e STEDMAN, 1994; MACFARLANE
et al., 2000). Além disso, pode ocorrer diminuição na expressão de cio, atraso no processo ovulatório e
até mesmo, perdas embrionárias (DOBSON e SMITH, 2000).
0 20 40 60 80 100
Descongelamento do sêmen
Higiene
Rapidez
Anotação dos dados
Manejo dos animais
Figura 5. Fatores supervisionados durante a inseminação segundo administradores (n=40) de programas de
inseminação artificial em bovinos de corte no Brasil Central.
49
Cerca de 80% dos administradores (31/40) afirmaram haver diferenças entre trabalhar com
inseminadores profissionais ou próprios da fazenda, enquanto 22,5% (9/40) afirmaram não haver
diferenças entre os dois tipos. No primeiro grupo, 71% (22/31) afirmaram preferir trabalhar com
inseminadores da fazenda porque eles conhecem melhor a propriedade, as rotinas de manejo e os
outros funcionários. Os 29% restantes (9/31) preferem os inseminadores profissionais, justificando que
devido ao maior treinamento estes alcançam melhores resultados.
Com relação aos incentivos 75% (30/40) afirmaram haver algum tipo de premiação quando as
metas são alcançadas; entretanto, apenas 47% destes (14/30) concedem a premiação para a equipe de
inseminação, o que pode determinar o surgimento de problemas de relacionamento uma vez que
apenas o inseminador seria beneficiado.
A importância do aperfeiçoamento e atualização dos administradores pode ser observada na
questão referente ao conhecimento sobre manejo racional. Embora apenas 35% (14/30) tenham
participado de algum treinamento sobre o tema, 79% destes (11/14) acreditam que o manejo
inadequado pode comprometer os resultados do programa de inseminação, o que faz com que 57%
deles (8/14) avaliem o manejo durante a execução dos procedimentos.
Dentre as principais características associadas aos bons inseminadores foram citadas:
responsabilidade (52,5%), comprometimento (42,5%), paciência e experiência (ambas com 40% cada),
higiene (30%) e atenção (15%), com apenas 27,5% citando a capacidade de trabalho em grupo. Isso
pode sugerir que os administradores associam os bons resultados da IA/IATF a fatores individuais,
inerentes a cada inseminador, o que poderia justificar o fato das premiações serem feitas apenas para
este profissional.
Com relação ao perfil do bom chefe, as principais características citadas foram: capacidade de
manter um bom relacionamento com os funcionários (67,5%), empatia (35%), comprometimento com
a empresa (32,5%), conhecimento e capacidade de liderança (ambas com 27,5% cada) e criatividade
(7,5%). Estes achados foram corroborados pelas características apontadas para o mau chefe que foram:
autoritarismo (50%), falta de comprometimento (40%), relacionamento interpessoal ruim (35%), falta
de conhecimento (27,5%) e desonestidade (20%).
Perfil dos inseminadores
Os 30 inseminadores avaliados tinham idade média de 35,23 ± 10,42 anos (CV=29,57), com
1,77 ± 1,30 filhos/família (CV=73,85), começaram a trabalhar aos 13,00 ± 3,48 anos (CV=26,80) e o
tempo de trabalho na empresa atual é de 9,24 ± 8,11 anos (CV=87,75). Todos eram do sexo masculino
(30/30), 83,3% deles (25/30) eram casados e 60% (18/30) afirmaram seguir alguma religião.
Verificou-se que a idade esteve correlacionada positivamente com número de filhos (p<0,01;
r
s
=0,48), religião (p<0,05; r
s
=0,39), tempo de trabalho na empresa (p<0,01; r
s
=0,48) e uso de
medicamentos (p<0,05; r
s
=0,40) e negativamente com a qualidade do sono (p<0,05; r
s
=-0,47).
A satisfação com a moradia foi positivamente correlacionada com a qualidade do sono (p<0,05;
r
s
=0,52) e com a participação em atividades de lazer coletivas (p<0,05; r
s
=0,50) e negativamente
50
correlacionada com o desejo de reformas (p<0,01; r
s
=-0,68) o que pode sugerir que as propriedades
com uma melhor qualidade de vida em geral disponibilizam locais para que os funcionários possam ter
atividades de lazer coletivas durante as folgas, permitindo um melhor aproveitamento do tempo livre e
incentivando o convívio social.
O curso de inseminação esteve correlacionado positivamente com reciclagens (p<0,0001;
r
s
=0,65), conhecimento sobre manejo racional (p<0,05; r
s
=0,46), interesse em realizar novos cursos
(p<0,05; r
s
=0,45) e salário (p<0,05; r
s
=0,51), sugerindo que a oportunidade de capacitação profissional
pode ser importante para aumentar o desejo de aperfeiçoamento contínuo por parte dos funcionários,
bem como contribuir para melhorar a renda dos profissionais.
O nível de escolaridade foi positivamente correlacionado com o cargo (p<0,01; r
s
=0,46), e com
os planos para o futuro (p<0,05; r
s
=0,51), sugerindo que os inseminadores com melhor nível escolar
em geral ocupam cargos mais elevados na hierarquia da propriedade e fazem planos coletivos, ou seja,
que envolvem terceiros, como aquisição de casa própria ou investimento no estudo dos filhos.
Para a distribuição do nível de escolaridade o ensino fundamental (1ª a série) foi dividido em
dois grupos para facilitar a representação dos resultados nos gráficos: séries iniciais do ensino
fundamental (1ª a série) e séries finais do ensino fundamental (5ª a série). Os cursos de ensino
médio (técnico agrícola e agrimensura) foram agrupados como cursos técnicos.
Observou-se que a maioria possui apenas as ries iniciais do ensino fundamental com 43,3%
(13/30) apresentando ensino incompleto para esta fase, o que demonstra uma escolaridade precária
entre estes trabalhadores (Figura 6). Isto pode ser justificado pela dificuldade de acesso a escolas no
meio rural e também pelo fato deles começarem a trabalhar ainda muito jovens, o que pode contribuir
para um abandono dos estudos ainda nas séries iniciais.
43,3%
10%
30%
6,7%
10%
rie inicial incompleta rie inicial completa rie final incompleta
rie final completa Cursos técnicos
Figura 6. Nível de escolaridade de inseminadores (n=30) atuantes na bovinocultura de corte no Brasil Central.
Quanto à saúde, 67% (20/30) afirmaram possuir assistência médico-odontológica paga pela
propriedade e 60% (18/30) sofreram algum acidente grave durante o manejo com animais. Quanto
às informações profissionais, dos 87% (26/30) que realizaram curso de inseminação, 73% (19/26)
também fizeram reciclagens nos últimos dois anos. Além disso, 60% (18/30) afirmaram desconhecer
técnicas de manejo racional e 87% (26/30) manifestaram interesse em fazer cursos.
51
Quanto à percepção sobre a melhor técnica de inseminação observou-se que 56,7% deles (17/30)
preferem a IA convencional, 40% (12/30) preferem a IATF e apenas 3,3% deles (1/30) afirmaramo
haver diferenças entre elas. Embora 38,7% (12/30) tenham afirmado que a IATF facilita o manejo na
fazenda, 29% (9/30) acreditam que a técnica por si só produz piores resultados, sendo apontados como
fatores negativos: não ser um procedimento “natural”, uma vez que não se observa o cio dos animais
(19,4%) e maior estresse destes, pelo fato de serem levados várias vezes ao curral (12,9%).
As principais características associadas aos bons inseminadores foram: paciência (69%), atenção
(41,4%), bom relacionamento interpessoal (38%), apreço pelo trabalho (27,6%), vontade de aprender
(17%), higiene (14%) e experiência (7%).
Quanto aos fatores que podem comprometer o desempenho, 83% citaram os companheiros de
trabalho, 52% problemas relacionados à estrutura da fazenda (mangueiros, disponibilidade de pasto,
entre outros), 28% a qualidade e o estado nutricional dos animais e 3,5% apontaram o sêmen.
Surpreendentemente, os baixos salários foram apontados por apenas 34,5% deles. Este resultado
sugere que a qualidade do relacionamento interpessoal pode ser mais importante na determinação dos
resultados dos inseminadores do que os baixos salários, o que é compreensível se considerarmos que
os entrevistados moram nas propriedades em tempo integral, formando uma espécie de “sociedade”
dentro dela, fazendo com que o convívio com os outros funcionários se torne constante.
Com relação ao inventário de sintomas de estresse (ISSL), nenhum dos inseminadores
ultrapassou a fase de alerta (FASE I), o que é um resultado favorável se considerarmos que esta é a
fase positiva do estresse, caracterizada pela produção e ação da adrenalina que torna o indivíduo mais
atento, mais forte e mais motivado (LIPP, 2000). Entretanto, devemos ressaltar que se esta fase for
mantida por períodos muito prolongados ou se novos estressores forem se acumulando o organismo
entra na fase de resistência (FASE II), quando tenta, inconscientemente, restabelecer a homeostase
comprometida na fase inicial. Neste momento a produtividade começa a ser afetada e o indivíduo pode
se tornar mais suscetível a doenças.
Esta observação corrobora os achados do inventário, quando se procedeu a análise dos sintomas
mais freqüentemente assinalados, observando-se uma predominância dos sintomas físicos em relação
aos psicológicos. Dentre os problemas físicos, foram citados: tensão muscular/cansaço (21%), dores
de estômago (18%), mudança no apetite (14%), hipertensão arterial (6,5%) e insônia (5%) e dentre os
psicológicos, vontade súbita de iniciar novos projetos (13%), perda do senso de humor (6,5%),
pensamento constante sobre um só assunto (5%), ansiedade diária e apatia prolongada (3% cada).
CONCLUSÕES
Os administradores responsáveis por programas de inseminação artificial convencional e/ou em
tempo fixo associam o conceito de gestão de recursos humanos principalmente à supervisão do
trabalho, priorizando fatores técnicos nos processos de seleção, embora os problemas de
relacionamento interpessoal sejam apontados como principal motivo de demissão. Com relação aos
inseminadores, as evidências indicam que o relacionamento interpessoal pode ser mais importante que
52
os baixos salários na determinação dos seus resultados. Sugere-se que novos estudos sejam realizados
visando ampliar estas informações, permitindo o desenvolvimento de diretrizes que possam auxiliar na
gerência de inseminadores para a bovinocultura de corte.
Agradecimentos
Os autores agradecem à FUNDECT/MS pelo apoio financeiro, à CAPES pela concessão da
bolsa de mestrado e às fazendas por fornecerem as demais informações necessárias à pesquisa.
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54
IMPACTO DA QUALIDADE DE VIDA DOS INSEMINADORES NOS RESULTADOS DE
PROGRAMAS DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM BOVINOS DE CORTE
Impact of inseminator’s well-being in the results of artificial inseminations programs in beef cattle
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de fatores ligados à vida pessoal e ao trabalho sobre os
resultados obtidos por inseminadores em programas de inseminação artificial convencional e em
tempo fixo em bovinos de corte. Vinte e um inseminadores de três propriedades rurais foram
entrevistados e classificados em função da taxa de gestação geral obtida (CLTG). Foram realizadas
análises de variância considerando o efeito da CLTG e da fazenda sobre as outras variáveis, com
comparação das médias pelo teste de Duncan. A motivação foi estimada a partir do nível de
atendimento das necessidades individuais, utilizando-se correlação de Spearman e análise de
componentes principais para verificar sua associação com a TG obtida. Para verificar o efeito de cada
variável dos grupos de necessidades sobre a TG à primeira inseminação utilizou-se o teste do Qui-
quadrado. As questões abertas foram analisadas por freqüência de respostas após serem agrupadas por
similaridade. A TG variou entre 12 e 57%, com índice de serviço médio de 3,10±1,62
doses/concepção. Observou-se também que a satisfação das necessidades biológicas, financeiras e de
treinamento foi mais intimamente relacionada à TG que a satisfação das demais necessidades, embora
nenhuma delas tenha apresentado relação antagônica com a mesma, evidenciando que fatores ligados à
qualidade de vida e ao trabalho podem ser importantes na determinação do desempenho destes
profissionais.
Palavras-chave: gado de corte, inseminadores, qualidade de vida, recursos humanos
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the effect of factors due to personal life and work condition
on the results obtained by inseminators in conventional or in fixed-timed artificial insemination
programs in beef cattle. Twenty-one inseminators coming from three farms were interviewed and
classified according to the general pregnancy rates obtained (CLPR). Variance analyses were
accomplished considering the effects of CLPR and farm on the further variables, using Duncan’s test
for averages comparison. Motivation was predicted starting from the level of fulfillment of individual
needs, using Spearman’s correlation and principal component analysis to verify its association with
PR obtain. Chi-square test was used to verify the effect of each variable of the needs group on PR at
first insemination. The open questions were analyzed by frequency of answers. Pregnancy rates varied
between 12 and 57%, with mean service index of 3.10±1.62 doses/conception. It was also observed
that the satisfaction of biological, financial and training needs was more intimately related to PR than
the satisfaction of the other needs, although none of them has shown antagonistic relationship with it,
evidencing that factors due to the quality of life and work can be important in the determination of this
professionals’ performance.
Keywords: beef cattle, inseminators, well-being, human resources
55
INTRODUÇÃO
Atualmente, o uso de técnicas de gestão de recursos humanos tem sido amplamente difundido
em muitas empresas urbanas, especialmente pelos benefícios que produzem em longo prazo. Um dos
mais importantes é a mudança do papel dos funcionários, que deixaram de ser vistos como simples
mão-de-obra e ganharam status de colaboradores, investindo suas habilidades na empresa a medida
que recebem um retorno adequado. Entretanto, esta nova visão gerencial ainda é pouco aplicada no
meio rural, o que faz com que o gerenciamento de funcionários e, particularmente, de inseminadores,
seja realizada de modo empírico, sem seguir critérios bem definidos, influenciada muitas vezes pela
experiência e pelos valores individuais dos administradores de cada propriedade.
Essa falta de diretrizes pode produzir resultados indesejáveis especialmente se considerarmos
que existem inúmeros fatores que podem comprometer o desempenho destes profissionais. O nível de
satisfação no trabalho, por exemplo, foi citado como sendo um importante fator que influencia a
saúde e, conseqüentemente, a produtividade (FARAGHER et al., 2005), podendo comprometer até
mesmo a motivação dos funcionários, um fator que está intimamente relacionado ao nível de
atendimento de determinadas necessidades individuais.
Essas necessidades, segundo a teoria de Maslow, estão organizadas e dispostas em níveis, numa
hierarquia de importância, podendo ser visualizadas como uma pirâmide (MASLOW, 1970 citado por
HAGERTY, 1999). As necessidades biológicas constituiriam o nível mais baixo, seguidas pelas
necessidades de segurança pessoal, que juntas formariam as chamadas necessidades primárias, de
vital importância para o ser humano. As necessidades sociais estariam num terceiro nível, incluindo a
necessidade de aceitação por parte dos companheiros e afeto. Finalmente, no topo da pirâmide,
estariam as necessidades de estima e de auto-realização, relacionadas à maneira como o indivíduo se
e seu desejo de se auto-desenvolver continuamente. Embora haja variação individual, essa teoria
implica que somente quando um nível inferior de necessidade está satisfeito (ou atendido) é que o
nível imediatamente mais elevado surge no comportamento, determinando que quanto maior o nível
de atendimento das necessidades, mais motivado o indivíduo estará (CHIAVENATO, 1999).
Medidas da qualidade de vida podem ser utilizadas para monitorar a satisfação do indivíduo no
ambiente de trabalho, como forma de detectar possíveis problemas e permitir as correções necessárias.
Dentre estas destaca-se o Inventário de Sintomas de Estresse em Adultos, proposto por Lipp (2000),
uma ferramenta utilizada com o intuito de obter informações acerca do estresse dos profissionais. Ele
parte da idéia de que o estresse pode ser identificado e categorizado em diferentes níveis (fase de alerta
FASE I, fase de resistência FASE II e fase de exaustão FASE III), via sintomatologia física e
psicológica, sendo passível de observação e análise, dependendo da freqüência e da relação entre eles.
O inseminador apresenta um papel fundamental para a eficiência da inseminação e, por esta
razão, a falta de habilidade deste profissional torna-se um fator limitante na obtenção de resultados
satisfatórios de concepção. Diversos estudos têm demonstrado seu efeito sobre os resultados de
programas de inseminação artificial em bovinos de corte (REURINK et al., 1990; FERNANDES Jr.,
2001; VENDRUSCOLO et al., 2005). Imperfeições na manipulação do sêmen, na execução da técnica
56
e mesmo a interação humano-animal durante o procedimento são fatores relevantes que podem afetar
o sucesso do processo reprodutivo; entretanto, poucos estudos têm apontado o efeito de fatores ligados
à qualidade de vida sobre o desempenho destes profissionais.
Sob essa perspectiva, foi desenvolvido um estudo com o objetivo de avaliar o efeito de fatores
ligados à vida pessoal e ao trabalho sobre os resultados obtidos por inseminadores em programas de
inseminação artificial convencional (IA) e em tempo fixo (IATF) em bovinos de corte.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram realizadas entrevistas com 21 inseminadores provenientes de três propriedades rurais
particulares, todas com sistema extensivo de criação de bovinos de corte, durante os meses de janeiro a
março de 2007.
A fazenda A localiza-se no município de Presidente Epitácio, extremo oeste paulista (latitude
22º01’44”S, longitude 52º14’41”W, altitude de 300m), apresentando topografia plana, com
precipitação pluviométrica anual média variando entre 1.300 a 1.400 mm e temperatura anual média
de 23ºC, variando entre 10ºC a 36ºC (INPE, 2008). Apresenta pastagens formadas principalmente por
Brachiaria brizantha (braquiarão) e Panicum maximum (colonião).
As fazendas B e C estão localizadas no Centro-Oeste brasileiro, na transição entre o Pantanal e o
Planalto Central do Estado de Mato Grosso do Sul, no município de Miranda. A Fazenda B situa-se a
19º51’42”S, 56º59’11”W, com altitude de 140m; a Fazenda C situa-se a 19º51’S, 56º59’W, com
altitude de 125m. Segundo o INPE (2008), a região apresenta precipitação pluviométrica anual média
de 1.182 mm e temperatura anual média de 25ºC, variando entre 15 a 38ºC. As pastagens das duas
propriedades são formadas principalmente por Brachiaria spp e Panicum maximum (colonião), com
algumas áreas de mata e pasto nativo no seu interior.
O roteiro aplicado nas entrevistas foi desenvolvido com o auxílio de psicólogos e testado em
fase pré-experimental para verificar sua eficiência em extrair informações que pudessem ser utilizadas
para esboçar um perfil desses profissionais. As entrevistas foram individuais, em local reservado para
esta finalidade, dentro de cada propriedade, de modo a manter o sigilo das informações obtidas.
Inicialmente, foi explicado a cada participante o objetivo da entrevista e, em caso de dúvida,
foram feitos os esclarecimentos necessários, cabendo ao inseminador decidir se participaria ou não.
Caso concordasse, o participante era instruído a ler e preencher um termo de consentimento, elaborado
de acordo com as normas recomendadas pelo Comitê de Ética em Experimentação Humana da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, com a finalidade de permitir a utilização dos dados
provenientes das entrevistas.
No roteiro utilizado as perguntas foram divididas em quatro grandes grupos (Anexo V). O
primeiro, denominado dados pessoais, incluía questões sobre: sexo, idade, estado civil (solteiro ou
casado), número de filhos, cargo/função (campeiro, serviços gerais ou capataz), nível de escolaridade,
satisfação com moradia (sim ou não) e desejo de realizar reformas (sim ou não).
O segundo grupo, vida social, incluía questões sobre possibilidade de folga aos finais de semana
57
(sim ou não), tipo de atividades de lazer (individuais ou coletivas) e religião (sim ou não).
Consideraram-se atividades individuais aquelas que o indivíduo pode realizar sozinho como assistir
televisão, e coletivas aquelas que o indivíduo realiza em grupo como jogos de futebol, por exemplo.
O terceiro grupo, saúde, abordava questões sobre: assistência médico-odontológica subsidiada
pela propriedade, uso de medicamentos, cirurgias, acidentes decorrentes do trabalho com os animais e
qualidade do sono, todas com possibilidade de resposta do tipo binomial (sim ou não).
O quarto grupo, profissional, incluía questões relacionadas à experiência profissional tais como:
idade com a qual começou a trabalhar, tempo de trabalho na empresa, satisfação com o salário atual
(sim ou não), curso de inseminação e reciclagens (sim ou não), características do bom inseminador,
fatores que podem interferir com o trabalho, tipo de inseminação que considera melhor (IA
convencional ou IATF), conhecimentos sobre manejo racional e interesse em realizar novos cursos
(ambas com possibilidade de resposta do tipo binomial), e planos para o futuro (individuais ou
coletivos). Para esta última variável, consideraram-se planos individuais aqueles que diziam respeito
apenas ao indivíduo, como conseguir um cargo melhor, e coletivos aqueles que diziam respeito à
terceiros, como comprar uma casa própria para a família ou garantir o estudo dos filhos, por exemplo.
Após a conclusão do roteiro o participante era orientado a responder sozinho o Inventário de
Sintomas de Estresse em Adultos (ISSL), no qual deveria assinalar com um “x” caso apresentasse
algum dos sintomas descritos (Anexo VI). O ISSL foi lido e explicado para cada participante antes que
o mesmo pudesse respondê-lo. Todas as folhas de resposta foram marcadas com códigos numéricos,
apenas para controle dos dados, não havendo identificação nominal dos participantes nas mesmas.
Ao final da etapa de entrevistas as respostas foram categorizadas, seguindo o modelo da
hierarquia das necessidades de Maslow, e o nível de atendimento das necessidades foi avaliado em
função da percentagem de respostas rotuladas como “ideais” para cada item do grupo de necessidades
avaliado, sendo o nível classificado em alto (3) 100%, médio (2) 50 a 75% ou baixo (1) <50%.
Dada a natureza binomial da maioria das variáveis consideradas (possibilidades de resposta sim=1 ou
não=0) foram consideradas como “ideais” as combinações abaixo representadas:
- Necessidades biológicas: satisfação com moradia (1), desejo de realizar reformas (0) e
qualidade do sono (1);
- Necessidades de segurança pessoal: assistência médico-odontológica (1), utilização de
medicamentos (0), cirurgias (0) e acidentes de trabalho (0);
- Necessidade de segurança financeira: satisfação com o salário (1);
- Necessidades sociais: religião (1), estado civil (casado), folga aos finais de semana (1) e
atividades de lazer (atividades coletivas);
- Necessidade de treinamento: curso de inseminação (1), reciclagens (1), conhecimento sobre
manejo racional (1), interesse em realizar novos cursos (1).
A partir dessas combinações foi determinada uma classificação geral do atendimento das
necessidades para cada inseminador, correspondendo aos valores modais obtidos, ou seja, o valor
referente ao nível de atendimento (alto, médio ou baixo) que mais se repetiu para cada indivíduo,
58
considerando todas as necessidades avaliadas.
Estas informações foram analisadas em conjunto com as informações fornecidas pelas
propriedades acerca do desempenho dos inseminadores na última estação reprodutiva (novembro/2006
a janeiro/2007), sendo consideradas a taxa de gestação à primeira inseminação (TG 1ªIA), taxa de
gestação geral [TG=(total de fêmeas gestantes/total de fêmeas inseminadas) x 100] e índice de serviço
(IS=número de doses/concepção).
Também foram incluídos dados da categoria animal predominante (nulípara, primípara ou
multípara), obtidos através dos valores modais, ou seja, considerando a categoria que mais se repetiu
para cada indivíduo. A TG geral se refere apenas aos resultados da inseminação, independente do
número de inseminações e do repasse com touros.
Análise estatística
Os inseminadores foram classificados (Tabela 1) em função da TG geral obtida (CLTG),
seguindo o modelo de distribuição de freqüências de Yule (SAMPAIO, 1998), sendo realizadas
análises de variância considerando o efeito da CLTG sobre as variáveis dependentes: TG, TG 1ªIA, IS,
idade, número de filhos, idade com a qual começou a trabalhar e tempo de trabalho na empresa atual, e
também considerando o efeito da fazenda sobre a TG e as demais variáveis, com comparação das
médias pelo teste de Duncan.
Para averiguar a associação entre o nível de atendimento das necessidades e a TG foram
utilizadas a correlação de Spearman e a análise de componentes principais. Para verificar o efeito
individual de cada variável dos grupos de necessidades sobre a TG 1ªIA utilizou-se o teste do Qui-
quadrado. As questões abertas foram analisadas por freqüência de respostas após serem agrupadas por
similaridade. Todas as análises foram realizadas através do Programa Estatístico SAS (SAS, 1999),
com nível de significância de 5%.
Tabela 1. Distribuição dos inseminadores entrevistados (n=21) em função da classe de taxa de gestação e os
respectivos intervalos de cada uma.
TAXA DE GESTAÇÃO (classe) n INTERVALO DE CLASSES (TG%)
1 02 11,76 ├─ 20,76
2 02 20,76 ── 29,76
3 05 29,76 ── 38,76
4 08 38,76 47,76
5 04 47,76 ─┤56,76
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados referentes ao desempenho dos inseminadores envolveram 2.276 meas bovinas que
receberam, na primeira inseminação, IATF (n=1.863) ou IA convencional (com observação de cio,
n=413, apenas na fazenda C), distribuídas conforme apresentado na Tabela 2. A TG geral encontrada
(média ± desvio-padrão) foi 37,60±11,59 (CV=30,84) e a TG1ªIA foi 37,51±11,19 (CV=29,82).
59
Tabela 2. Distribuição de inseminadores, touros e de meas submetidas à inseminação artificial em três
propriedades das regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.
Fazenda A Fazenda B Fazenda C Total
Inseminadores 02 06 13 21
Touros
(1)
05 17 27 49
Fêmeas 118 544 1.614 2.276
(1)
Fazenda A=03 touros Bonsmara e 02 Nelore, Fazenda B=02 touros Brangus, 02 Red Angus e 13 Nelore,
Fazenda C=27 touros Nelore.
Os resultados mostraram que os entrevistados tinham, em média, 36,62±10,46 (CV=28,57) anos,
com 2,05±1,36 (CV=66,38) filhos/família, começaram a trabalhar aos 13,14±3,68 (CV=27,99) anos e
o tempo de trabalho na empresa atual é 10,81±7,35 (CV=67,96) anos. Cerca de 90% (19/21) eram
casados, 57% (12/21) afirmaram seguir alguma religião e 62% (13/21) afirmaram estar satisfeitos com
as condições de moradia. Quanto ao cargo, 62% (13/21) realizavam serviços gerais, 28,6% (6/21)
eram campeiros e apenas 9,5% (2/21) eram capatazes.
Quanto à escolaridade, observou-se que a maioria possuía apenas as séries iniciais do ensino
fundamental, sendo incompleto para 38% (8/21) deles, com apenas 14,3% (3/21) possuindo cursos
técnicos, o que demonstra uma escolaridade precária entre estes trabalhadores. Isto pode ser justificado
pela dificuldade de acesso a escolas no meio rural e também pelo fato deles começarem a trabalhar
ainda muito jovens, o que pode contribuir para um abandono dos estudos ainda nas séries iniciais.
Quanto à saúde 71% (15/21) afirmaram possuir assistência médico-odontológica subsidiada pela
fazenda, com apenas 29% (6/21) tomando medicamentos de uso contínuo. Entretanto, 67% (14/21)
afirmaram já ter sofrido acidentes decorrentes do manejo com os animais e 24% (5/21) já necessitaram
de cirurgias em virtude destes acidentes, um resultado preocupante que demonstra a necessidade de
investimentos em treinamento dos funcionários, sobretudo em relação a técnicas de manejo racional.
Estas técnicas podem facilitar o trabalho com os animais e assim diminuir o risco de acidentes que em
geral representam custos elevados para propriedade por determinarem o afastamento do funcionário
durante longos períodos de tempo além de poder trazer conseqüências mais sérias, como lesões
irreparáveis (TEIXEIRA e FREITAS, 2003).
A taxa de gestação obtida variou entre 12 e 57%, com índice de serviço médio de 3,10±1,62
(CV=52,43) doses/concepção (Figura1).
Na análise de variância foi observado efeito da CLTG sobre TG (p<0,0001; R
2
=0,98, CV=5,41),
TG1ªIA (p<0,0001; R
2
=0,98, CV=4,34) e IS (p<0,0001; R
2
=0,95, CV=12,79), não havendo diferença
para as outras variáveis analisadas, conforme apresentado na Tabela 3. Também foi observado efeito
de fazenda para TG (Figura 2), assistência médico-odontológica (p<0,0001; R
2
=1,00) e atividades de
lazer (p=0,0196; R
2
=0,35, CV=30,51) , evidenciando diferenças entre as propriedades quanto aos
cuidados com a saúde e com a vida social de seus funcionários.
60
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U
Inseminador
Taxa de gestação (%)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Índice de serviço
Figura 1. Taxa de gestação e índice de serviço obtidos por inseminadores (n=21) atuantes em programas de
inseminação artificial em bovinos de corte em três propriedades rurais do Brasil Central*. As colunas ()
representam a taxa de gestação e os pontos () representam o índice de serviço (número de doses/concepção).
*Fazenda A = A, B e C; fazenda B = D, E, F,G,H e I; fazenda C = inseminadores J a U.
Tabela 3. Caracterização geral do perfil profissional e pessoal de inseminadores (n=21) atuantes na
bovinocultura de corte no Brasil Central.
CLTG TG1ªIA TG IS IDAD FILHOS IDINTR tTRAB
1 14,55±0,37
e
13,71±2,76
e
7,44±1,50
a
35,50±9,19
a
3,50±2,12
a
13,50±4,95
a
4,50±2,12
b
2 22,51±0,23
d
22,87±0,73
d
4,38±0,13
b
41,00±2,83
a
2,00±0,00
a
9,50±3,54
a
19,00±4,24
a
3 36,19±2,60
c
36,03±2,70
c
2,79±0,23
c
34,60±4,83
a
2,00±1,22
a
15,00±2,35
a
6,80±3,90
b
4 40,41±1,36
b
40,44±1,28
b
2,48±0,08
c,d
40,38±14,98
a
2,00±1,51
a
14,00±3,55
a
13,50±8,72
a,b
5 52,34±0,87
a
53,17±2,41
a
1,91±0,02
d
30,00±5,29
a
1,50±1,29
a
10,75±4,11
a
9,50±5,92
a,b
Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa pelo Teste de Duncan em nível de 5%. CLTG
= classe da taxa de gestação, TG1ªIA = taxa de gestação à primeira inseminação, TG = taxa de gestação geral, IS
= índice de serviço, IDAD = idade, FILHOS = número de filhos, IDINTR = idade com a qual começou a
trabalhar, tTRAB = tempo de trabalho na propriedade atual.
a
a,b
b
0
10
20
30
40
50
60
A B C
Fazenda
Taxa de gestação (%)
p=0,0438, R2= 0,29, CV=27,32
Figura 2. Taxas de gestação obtidas em programas de inseminação artificial convencional e/ou em tempo
fixo em bovinos de corte, em três propriedades rurais do Brasil Central. Letras diferentes indicam diferença
em nível de 5% no teste de Duncan.
61
A associação entre o nível de atendimento das necessidades e a taxa de gestação está
apresentada na Tabela 4, na qual se observa que foram encontradas correlações positivas significativas
com todos os grupos de necessidades, sugerindo que quanto maior o nível de atendimento, melhor o
resultado obtido pelos inseminador.
Tabela 4. Coeficientes de correlação de Spearman entre os valores modais obtidos em função do nível de
atendimento das necessidades de inseminadores (n=21) atuantes na bovinocultura de corte no Brasil Central.
NBIOL NSEGP NSOCIAL NFINANC NTREIN GERAL
TG 0,60** 0,44* 0,43* 0,54** 0,53** 0,60**
NBIOL 1 0,36 0,39 0,57** 0,44* 0,87***
NSEGP - 1 0,16 0,52* 0,34 0,50*
NSOCIAL - - 1 0,18 0,55** 0,52*
NFINANC - - - 1 0,33 0,53*
NTREIN - - - - 1 0,50*
GERAL - - - - - 1
TG = taxa de gestação, NBIOL= necessidades biológicas, NSEGP= necessidade de segurança pessoal,
NSOCIAL= necessidade social, NFINANC= necessidade de segurança financeira, NTREIN= necessidade de
treinamento, GERAL= conjunto de todas as necessidades.
* p<0,05; ** p<0,01; *** p<0,0001
Na Tabela 5 são apresentados os autovalores originados a partir da análise de componentes
principais. Esta análise multivariada consiste basicamente em reescrever as coordenadas das amostras
em outro sistema de eixo, mais conveniente para a análise dos dados, permitindo que as variáveis
originais (no caso os grupos de necessidades) sejam reduzidas a componentes principais obtidas em
ordem decrescente de máxima variância. Embora a informação estatística seja a mesma das variáveis
originais a análise permite, em termos práticos, obter boa parte desta informação com apenas duas ou
três das componentes principais, permitindo julgar a importância das próprias variáveis originais
escolhidas, ou seja, aquelas que possuírem maior peso na combinação das primeiras componentes
principais serão as mais importantes do ponto de vista estatístico (MOITA NETO e MOITA, 1998).
Os resultados mostram que as três primeiras componentes principais conseguiram explicar 83%
da variância encontrada, sugerindo que a combinação linear entre elas pode fornecer importantes
explicações sobre quais necessidades seriam mais importantes na determinação do resultado dos
inseminadores.
Tabela 5. Autovalores das componentes principais obtidos a partir dos valores modais correspondentes ao nível
de atendimento das necessidades de inseminadores (n=21) atuantes na bovinocultura de corte no Brasil Central.
COMPONENTE
PRINCIPAL
AUTOVALOR
DIFERENÇA
PROPORÇÃO
VARIÂNCIA
ACUMULADA
1 3,26 2,22 0,54 0,54
2 1,05 0,35 0,17 0,72
3 0,70 0,21 0,12 0,83
Devido ao fato dos valores obtidos para a componente principal 1 serem todos positivos (o que
colocaria as variáveis todas num mesmo plano), optou-se em trabalhar com a combinação linear entre
as componentes 2 e 3, permitindo assim avaliar melhor a relação entre o nível de satisfação das
necessidades individuais entre si e entre a taxa de gestação obtida (Figura 3).
62
-1,00
-0,80
-0,60
-0,40
-0,20
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
-1,00 -0,80 -0,60 -0,40 -0,20 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
Componente principal 2
Componente principal 3
NBIOL (0,84)
TG (0,87)
NSEGP (0,53)
NTREIN (0,69)
NSOCIAL (0,66)
NFINANC (0,77)
Figura 3. Representação gráfica das componentes principais obtidas em função do nível de atendimento das
necessidades de inseminadores (n=21) de três propriedades rurais do Brasil Central. Entre parênteses estão
apresentados os valores da componente principal 1.
NBIOL=necessidades biológicas, NFINANC=necessidade de segurança financeira, NSEGP=necessidade de
segurança pessoal, NSOCIAL=necessidade social, NTREIN=necessidade de treinamento, TG=taxa de gestação.
Observou-se que a satisfação das necessidades biológicas, financeiras e de treinamento foi mais
intimamente relacionada à taxa de gestação que a satisfação das demais necessidades, embora
nenhuma delas tenha apresentado relação antagônica com a mesma. O antagonismo, entretanto, foi
observado entre a satisfação das necessidades sociais e de treinamento com a satisfação das
necessidades biológicas e financeiras.
Estes achados sugerem que quanto mais capacitado (necessidades de treinamento mais
satisfeitas) mais insatisfeito o indivíduo estaria com suas condições salariais e de moradia; do mesmo
modo, quanto mais atendido na parte social, mais insatisfeito ele se tornaria com estas mesmas
condições. Essas associações podem ser explicadas pelo fato de que as condições salariais e,
particularmente as de moradia, nem sempre são modificadas em função da maior capacitação do
inseminador. Além disso, a propriedade pode oferecer um bom suporte social, com oportunidades de
lazer, sem modificar estas condições.
Avaliando isoladamente o efeito de cada variável dentro dos grupos de necessidades observou-
se que no grupo das necessidades biológicas não houve diferença na TG (p=0,0619; χ
2
=3,49) com
relação à satisfação com a moradia (40,6% para os satisfeitos versus 36,4% para os insatisfeitos);
entretanto, houve diferença na TG (p<0,0001; χ
2
=19,27) quanto à qualidade do sono (39,5% para os
que dormem bem versus 24,3% para os demais).
Estes resultados podem ser justificados pelo fato de que mais de 60% dos entrevistados
afirmaram estar satisfeitos com as condições de moradia, o que pode ter diminuído a relevância dessa
variável na determinação dos resultados obtidos na inseminação; adicionalmente, os resultados
63
evidenciam a importância da qualidade do sono para a produtividade, o que pode ser facilmente
compreendido se considerarmos que ele possui uma função restauradora essencial para a manutenção
do equilíbrio do organismo (KAPCZINSKI et al., 2000 citado por TERTULIANO, 2003).
Para o grupo necessidade de segurança pessoal foi observada diferença (p<0,05) na TG apenas
com relação ao uso de medicamentos (33,6% sim versus 40,4% não, χ
2
=9,58) e acidentes de trabalho
(36,7% sim versus 42% não, χ
2
=4,18) sugerindo que os funcionários em melhor estado de saúde
apresentariam melhor produtividade.
Para as necessidades sociais houve diferença significativa apenas para folga aos finais de
semana (40% sim versus 29,8% não p=0,0001; χ
2
=15,11) e atividades de lazer (48,6% atividades
coletivas versus 35,8% individuais p<0,0001; χ
2
=18,81), corroborando as proposições de De Masi
(2000) que afirma que o ócio é necessário à qualidade de vida e à produção de idéias, pois oferece a
possibilidade de satisfazer necessidades importantes relacionadas à introspecção e ao convívio social e
que têm um grande peso na motivação dos trabalhadores. Adicionalmente, Michie (2002) afirmaram
que dentre os fatores que podem ajudar a superar as pressões do ambiente de trabalho e,
conseqüentemente, determinar uma melhor produtividade, os mais importantes seriam as
características pessoais, como capacidade de adaptação e facilidade de relacionamento, e o suporte
social oferecido pela empresa.
Com relação às necessidades de treinamento, houve diferença (p<0,0001) na TG apenas com
relação a reciclagens (χ
2
=19,67) e curso de inseminação (38,9% versus 14,7% para os que realizaram
ou o o curso, respectivamente, χ
2
=22,56), evidenciando a importância da capacitação para o bom
desempenho dos inseminadores. A confiança na técnica de inseminação utilizada também se mostrou
importante, uma vez que os inseminadores que não acreditam na eficiência da IATF obtiveram TG
inferiores àquelas dos que acreditam (36% versus 40,4%, respectivamente; p=0,0438).
A reciclagem é um fator muito importante para a eficiência do inseminador, pois o torna mais
interessado nos processos utilizados na inseminação, aumentando a sua habilidade e autoconfiança
(KING e MACPHERSON, 1965). Peters et al. (1984) demonstraram, através de radiografias, que
aproximadamente um terço dos inseminadores depositam o men no interior do cérvix, evidenciando
a necessidade de treinamento dos mesmos. Recentemente, Fernandes Jr. (2001) observou que as
variáveis: habilidade (p<0,01), curso de inseminação (p<0,05) e reciclagens (p<0,01) geraram
diferenças significativas entre inseminadores na taxa de gestação à primeira inseminação.
Quanto à necessidade de segurança financeira foi observada diferença entre a TG dos satisfeitos
(36,5%) e insatisfeitos (32,3%) com o salário (p=0,0419; χ
2
=9,61) e com relação aos planos para o
futuro não houve diferença significativa entre aqueles que fazem planos individuais ou coletivos,
sendo a TG de 38,4% e 37,1%, respectivamente (p=0,0711; χ
2
= 5,29).
Estes resultados corroboram os achados de Barbutto Jr. et al. (2004) que observaram que a
principal fonte de motivação entre trabalhadores rurais americanos foi o que os autores denominaram
como “auto-conceito”, sugerindo que estes profissionais seriam mais motivados por procedimentos
que reforçassem seus padrões pessoais de competência, possibilitando a auto-realização no trabalho.
64
Achados semelhantes foram encontrados por Tang (2007) que sugeriu que a qualidade de vida está
mais relacionada à satisfação com o trabalho propriamente dito do que com o salário, evidenciando
que os trabalhadores precisam de mais do que melhores salários para que efetivamente sejam
motivados.
Observando o conjunto dos resultados apresentados acima é possível perceber que o
atendimento das necessidades básicas foi um fator importante na determinação do desempenho dos
inseminadores, corroborando as teorias propostas por Maslow e Herzberg que afirmam que a
motivação ocorre pela deficiência, ou seja, através dela o homem busca completar aquilo que lhe falta.
Entretanto, é importante lembrar que segundo essas teorias a satisfação das necessidades primárias
(biológicas, segurança pessoal e financeira) apenas evitaria a insatisfação no trabalho, enquanto as
demais necessidades e, particularmente a de auto-realização, seriam efetivamente responsáveis pela
motivação, possuindo um efeito muito mais profundo e estável na produtividade dos funcionários
(CHIAVENATO, 1999). Contudo, isso só ocorrerá quando os níveis inferiores de necessidades
estiverem adequadamente atendidos.
É necessário ressaltar que as teorias mencionadas acima foram desenvolvidas a partir de estudos
com trabalhadores urbanos, cuja realidade é bastante diversa daquela vivenciada pelos trabalhadores
rurais. No meio urbano, o ambiente de trabalho é quase sempre separado do local de moradia; a folga é
garantida ao menos um dia por semana e são inúmeras as atividades de lazer disponíveis. Além disso,
os salários são normalmente acrescidos de benefícios e não faltam ofertas de cursos de qualificação
profissional. No campo, por outro lado, o dia-a-dia é bem diferente: a fazenda é o local de moradia e
também o ambiente de trabalho; os vizinhos são os próprios companheiros de serviço e as instalações
para lazer, quando existentes, são precárias e em pouco contribuem para melhorar o convívio social.
Além disso, cursos de capacitação são raros e os salários nem sempre sofrem reajustes, o que
compromete o poder de compra.
Partindo destes aspectos, cabe fazer algumas considerações. Até que ponto a teoria de Maslow
poderia ser aplicada aos trabalhadores rurais? Seriam suas necessidades iguais às de um trabalhador
urbano? A pirâmide de necessidades seria a mesma?
Embora os resultados apresentados não permitam responder plenamente a todas estas questões é
possível que existam diferenças. O gráfico de componentes principais (Figura 3) mostrou que embora
a satisfação da necessidade financeira tenha sido relacionada à taxa de gestação e, portanto, ao
resultado dos inseminadores, essa associação foi mais distante do que a encontrada para a satisfação de
necessidades biológicas, por exemplo, o que indicaria que o salário teria um menor peso na
determinação dos resultados destes profissionais.
Esta conclusão pode ser facilmente compreendida se considerarmos que trabalhadores rurais e
urbanos possuem despesas diferenciadas e, talvez por isso, no meio rural, as condições de moradia e
de relacionamento interpessoal sejam mais importantes do que salário. Além disso, se considerarmos
que a motivação é fortemente impulsionada pelo atendimento de necessidades de auto-estima e auto-
realização facilmente constataremos que estas são muito pouco atendidas na maioria das empresas
65
rurais, devido à pouca oferta de cursos de capacitação e a quase inexistência de planos de carreira para
os funcionários.
Com relação ao ISSL, como nenhum dos inseminadores ultrapassou a Fase I (fase de alarme),
que é a fase positiva do estresse, os resultados foram submetidos à análise de variância (Figura 4),
observando-se diferença significativa entre a quantidade média de itens assinalados em função da
CLTG (ANOVA: p=0,0172; R
2
=0,51, CV=72,45), evidenciando que os inseminadores que obtiveram
os piores resultados assinalaram, em média, uma maior quantidade de itens nesta fase.
Este achado é importante, pois devemos considerar que o estresse é um processo crônico e se
esta fase for mantida por períodos muito prolongados entra na fase de resistência na qual a
produtividade começa a ser afetada e o indivíduo pode se tornar mais suscetível a doenças. Faragher et
al. (2005) sugeriram que o nível de satisfação no trabalho é um importante fator que influencia a saúde
dos trabalhadores, estando fortemente associado com problemas psicológicos como depressão,
ansiedade e baixa auto-estima.
b
b
b
b
a
0
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5
Classes obtidas em função da taxa de gestão
Quantidade de itens assinalados (média)
Figura 4. Freqüência de itens assinalados na Fase I do Inventário de Sintomas de Estresse em Adultos de Lipp,
em função da classe da taxa de gestação, por inseminadores (n=21) atuantes na bovinocultura de corte no Brasil
Central. Letras diferentes indicam diferença significativa pelo teste de Duncan em nível de 5%.
CONCLUSÕES
O nível de satisfação de necessidades individuais interferiu nos resultados obtidos nos
programas de IA/IATF, sugerindo que fatores ligados à vida pessoal e ao trabalho podem ser
importantes para o desempenho dos inseminadores. Embora tenha sido associado à taxa de gestação e,
portanto, ao resultado dos inseminadores, o salário parece ter um menor peso do que a qualidade da
moradia e do relacionamento interpessoal na determinação destes resultados. Sugere-se que novos
estudos sejam realizados visando ampliar estas informações, auxiliando na melhoria da gerência de
recursos humanos para a bovinocultura de corte.
Agradecimentos
Os autores agradecem a FUNDECT-MS pelo apoio financeiro, à CAPES pela concessão da
bolsa de mestrado, e às fazendas por fornecerem as demais informações necessárias à pesquisa.
66
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBUTTO Jr, J.E.; TROUT, S.K.; BROWN, L.L. Identifying sources of motivation of adult rural
workers. J. Agric. Educ., v.45, n.3, p.11-21, 2004.
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. ed. Rio de Janeiro: Campus,
1999. 920p.
DE MASI, D. O ócio criativo: entrevista a Maria Selena Palieri (tradução de Lea Manzi). Rio de
Janeiro: Sextante, 2000, 336p.
FARAGHER, E.B.; CASS, M.; COOPER, C.L. The relationship between job satisfaction and health: a
meta-analysis. Occup. Environ. Med., v.62, p.105-112, 2005.
FERNANDES Jr., JA. Inseminação artificial em gado de corte: impacto da equipe de
inseminadores nos resultados obtidos. 2001. Dissertação. (Mestrado em Medicina Veterinária) –
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2001,
87p.
HAGERTY, M.R. Testing Maslow’s hierarchy of needs: national quality of life across time. Soc. Ind.
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INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. 2008. Disponível em <http://www.inpe.br>. Acesso
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KING, G.J.; MACPHERSON, J. W. Observations on retraining of artificial insemination technicians
and its importance in maintaining efficiency. Can. Vet. J., v.6, p.83-87, 1965.
LIPP, M.N. Manual do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos (ISSL), São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2000. 55p.
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MOITA NETO, J.M.; MOITA, G.C. Uma introdução à análise exploratória de dados multivariados.
Quím. Nov., v. 21(4), p. 467-469, 1998.
PETERS, J.L.; SENGER, P.L.; ROSENBERGER, J.L. et al. Radiographic evaluation of bovine
artificial inseminating technique among professional and herdsman-inseminators using .5 and .25-
ml french straws. J. Anim. Sci., v.59, n.6 p.1671-1683, 1984.
REURINK, A.; DEN DAAS, J.H.G.; WILMINK J.B.M. Effects of AI sires and technicians on non-
return rates in the Netherlands. Liv. Prod. Sci., v.26, n.2, p.107-118, 1990.
SAMPAIO, I.B.M. Estatística aplicada à experimentação animal. Fundação de Ensino e Pesquisa
em Medicina Veterinária. Belo Horizonte, 1998, 221 p.
SAS – Statistical analysis system. User’s guide: Stat. Version 6.11. Cary: SAS Institute, 1999.
TANG, T.L. Income and quality of life: does the love of money make a difference? J. Busin. Eth.,
v.72, p.375-393, 2007.
TEIXEIRA, M.L.; FREITAS, R.M.V. Acidentes do trabalho rural no interior paulista. São Paulo em
perspectiva, v.17, n.2., p.81-90, 2003.
67
TERTULIANO, K.L. Fatores externos que afetam a produtividade humana em seu ambiente de
trabalho. 2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Universidade Federal de
Santa Catarina. Florianópolis, 2003, 156p.
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inseminação artificial em bovinos e a fertilidade. Arch. Vet. Sci., v.10, p.81-88, 2005.
68
APÊNDICES
69
ANEXO I
Taxa de gestação e índice de serviço de 46 touros cujo sêmen foi utilizado em programas de inseminação artificial em bovinos de corte, em três
propriedades das regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
2 3 4 5 6 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 21 23 24 25 27 29 30 33 37 38 39 40 41 42 46 48 50 51 59 60 61 63 64 66 67 68 69 71 73 74 75
Touros
Taxa de gestação (%)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Índice de servo (nº doses/concepção)
As colunas () representam a taxa de gestação e os pontos () representam o índice de serviço (número de doses/concepção)
70
ANEXO II
Taxa de gestação das partidas de 21 touros utilizados em programas de inseminação artificial em bovinos de corte, em duas
propriedades das regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
2 3 4 5 6 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 21 23 24 25 27 29
Touros
Taxa de gestação (%)
*p<0,05
*
71
ANEXO III
Taxa de gestação e índice de serviço de 30 inseminadores em programas de inseminação artificial em bovinos de corte, em três propriedades
das regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Inseminador
Taxa de gestação (%)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Índice de serviço (nº doses/concepção)
As colunas () representam a taxa de gestação e os pontos () representam o índice de serviço (número de doses/concepção)
72
ANEXO IV
ROTEIRO DE ENTREVISTA – TÉCNICOS (CONFIDENCIAL)
1) Formação: ( ) Medicina Veterinária ( ) Zootecnia ( ) Outra: .................................................................
2) Tempo de formado: .................... Estado(s) onde atua: ..................................................................................
3) Há quanto tempo trabalha com inseminação? .....................
4) Nas fazendas onde atua:
a. nº de inseminadores (média): ...............
b. Tipo de inseminação: ( )IA tradicional ( ) IATF ( ) Ambas
c. nº vacas/lote (IATF): ............................
5) Realizou cursos depois de formado? ( ) Sim ( ) Não Cursos/ano: ..................
6) O que entende por Gestão de Recursos Humanos? Aplica alguma técnica? ......................................................
.....................................................................................................................................................................................
7) O que leva em consideração para selecionar um inseminador? ..........................................................................
.....................................................................................................................................................................................
8) Realiza algum tipo de avaliação durante o processo de inseminação? ( ) Sim ( ) Não
O que observa? ....................................................................................................................................................
9) O que caracteriza...
a. bom inseminador? ...........................................................................................................................................
..............................................................................................................................................................................
inseminador ruim? ...........................................................................................................................................
..............................................................................................................................................................................
10) Quais motivos fazem você mandar um inseminador embora? ............................................................................
.....................................................................................................................................................................................
11) Que fatores podem influenciar na qualidade do serviço do funcionário? ...........................................................
.....................................................................................................................................................................................
12) Existe algum tipo de premiação ou incentivo para os funcionários que atingem bons resultados?
( ) Sim ( ) Não Como é feita esta avaliação? ........................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
13) Existe alguma diferença entre trabalhar com um funcionário da própria fazenda e um contratado
temporariamente? ( ) Sim ( ) Não Qual? .......................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
14) Incentiva cursos de reciclagem ou aperfeiçoamento? ( ) Sim ( ) Não
15) Disponibiliza estes cursos na propriedade? ( ) Sim ( ) Não Por quê? .........................................................
16) O que caracteriza...
a. um bom chefe? ................................................................................................................................................
..............................................................................................................................................................................
um chefe ruim? ................................................................................................................................................
..............................................................................................................................................................................
17) Como você se relaciona com os funcionários? ...................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
18) Existe algum tipo de orientação aos funcionários quanto ao manejo dos animais? ( ) Sim ( ) Não
Qual? ..........................................................................................................................................................................
19) Tem algum conhecimento sobre manejo racional e bem-estar animal? ( ) Sim ( ) Não
Em caso afirmativo, aplica algum desses conceitos no treinamento de pessoal?
( ) Sim ( ) Não Como? ..........................................................................................................................................
Obrigada pela colaboração!
73
ANEXO V – ROTEIRO DE ENTREVISTAS - INSEMINADORES
DADOS PESSOAIS
1. Atividade: _____________________ Escolaridade: _________________________
2. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Idade: __________
3. Estado Civil: ( ) Solteiro ( ) Casado Filhos: ( ) Sim ( )Não Quantos? _____
4. Como é a casa onde você mora? Caso houvesse possibilidade, o que você gostaria de mudar?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
VIDA SOCIAL
a)Você consegue tirar folga aos finais de semana freqüentemente: ( )Sim ( )Não
b) O que costuma fazer nas nesses dias? Tem algum passatempo predileto?______________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
c)Você tem religião? ( )Sim ( )Não Qual? ______________________________________________
SAÚDE
a) Você tem acesso a médico e dentista através da fazenda? ( )Sim ( )Não
b)Você faz uso de algum medicamento? ( )Sim ( )Não
c)Você já fez alguma cirurgia? ( )Sim ( )Não
d) Você tem dificuldades para dormir? O sono é tranqüilo? ( )Sim ( )Não
3)Você já sofreu algum acidente na lida com os animais? ( )Sim ( )Não
PROFISSIONAL
a)Com que idade você começou a trabalhar? ______________________________________________________
b) Há quanto tempo trabalha na empresa? ________________________________________________________
c) O salário que você recebe é suficiente? ( )Sim ( )Não
d) Você fez curso para ser inseminador? ( )Sim ( )Não
e) Realizou cursos de reciclagem? ( )Sim ( )Não Quando? _______________________________________
f) Para ser um bom inseminador, o que é preciso? _________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
g) O que pode interferir com o seu trabalho como inseminador? _______________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
h) Qual técnica você considera melhor? ( ) IA ( ) IATF ( ) São iguais. Por quê? ____________________
__________________________________________________________________________________________
i) Você conhece o manejo em curral fechado (racional)? ( ) Sim ( ) Não
Qual a sua opinião? __________________________________________________________________________
l) Gostaria de fazer algum curso? ( ) Sim ( ) Não. Qual? __________________________________________
__________________________________________________________________________________________
m) Quais os planos que você tem para o futuro: ____________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
Obrigada pela colaboração!
74
ANEXO VI - INVENTÁRIO DE SINTOMAS DE ESTRESSE EM ADULTOS DE LIPP
FASE I - SINTOMAS EXPERIMENTADOS NAS ÚLTIMAS 24 HORAS:
( ) Mãos e pés frios
( ) Boca seca
( ) Nó ou dor no estômago
( ) Aumento da sudorese (muito suor)
( ) Tensão muscular (dores nas costas, pescoço, ombros)
( ) Aperto na mandíbula/ranger de dentes ou roer unhas ou ponta de caneta
( ) Diarréia passageira
( ) Insônia, dificuldade de dormir
( ) Taquicardia (batimentos acelerados do coração)
( ) Respiração ofegante, entrecortada
( ) Hipertensão súbita e passageira (pressão alta súbita e passageira)
( ) Mudança de apetite (comer bastante/ter falta de apetite)
( ) Aumento súbito de motivação
( ) Entusiasmo súbito
( ) Vontade súbita de iniciar novos projetos
FASE II - SINTOMAS APRESENTADOS NO ÚLTIMO MÊS:
( ) Problemas com a memória, esquecimento.
( ) Mal-estar generalizado, sem causa específica.
( ) Formigamento nas extremidades (pés ou mãos)
( ) Sensação de desgaste físico constante
( ) Mudança de apetite
( ) Aparecimento de problemas dermatológicos (pele)
( ) Hipertensão arterial (pressão alta)
( ) Cansaço constante
( ) Aparecimento de gastrite prolongada (queimação no estômago, azia)
( ) Tontura, sensação de estar flutuando
( ) Sensibilidade emotiva excessiva, emociona-se por qualquer coisa.
( ) Dúvidas quanto à si próprio
( ) Pensamento constante sobre um só assunto
( ) Irritabilidade excessiva
( ) Diminuição da libido (desejo sexual)
FASE III - SINTOMAS APRESENTADOS NOS ÚLTIMOS TRÊS MÊSES:
( ) Diarréia freqüente.
( ) Dificuldades sexuais
( ) Formigamento nas extremidades (mãos e pés)
( ) Insônia
( ) Tiques nervosos
( ) Hipertensão arterial continuada
( ) Problemas dermatológicos continuados (pele)
( ) Mudança extrema de apetite
( ) Taquicardia (batimentos acelerados do coração)
( ) Tontura freqüente
( ) Úlcera
( ) Infarto
( ) Impossibilidade de trabalhar
( ) Pesadelos
( ) Sensação de incompetência em todas as áreas
( ) Vontade de fugir de tudo
( ) Apatia, vontade de fazer nada, depressão ou raiva prolongada.
( ) Cansaço excessivo
( ) Pensamento/fala constante sobre um mesmo assunto
( ) Irritabilidade sem causa aparente
( ) Angústia ou ansiedade diária
( ) Hipersensibilidade emotiva
( ) Perda do senso de humor Obrigada pela colaboração!
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