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cantante Eldorado”, casas lendárias onde os “barões” do café acendiam
charutos cubanos com notas de mil réis e, além do champanhe, também as
dançarinas eram importadas da França.
Toda a opulência desta época é narrada pelo historiador Rubem Cione
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em sua “História de Ribeirão Preto”, e pode ser constatada em nota publicada
por um jornal local, reproduzida no livro, a qual resume o fausto, o luxo, e
também a luxúria, em que vivia a sociedade ribeirãopretana:
“...no auge do “ouro verde”, tinha 30 mil habitantes, cem
cocheiros de casaca e cartola ( o táxi da época ) e 200
casas de mulheres. (...) Nos teatros, atrizes européias,
vindas direto do porto de Santos para Ribeirão no “trem de
ferro”. Mas, requinte dos requintes, na vida noturna, era o
“Cassino Antarctica”, sob a batuta do ex-garçon “Monsieur
Cassulé”, onde a roleta tragava fortunas, e o champanha,
numa moda chamada “cascatinha”, era despejado nas
pernas das “cocotes” de cancan e aparada embaixo por
taças de cristal baccarat... Era também um tempo em que se
lavava, nas fazendas, os cavalos com champanha, e nas
pensões populares não faltava cabrito ou frango.
Desnecessário lembrar filhos estudando na Europa, o
francês idioma oficial na granfinagem e fazendas que
abarcavam áreas onde hoje estão cidades.”
Mesmo no final deste período, já em 1930, é inaugurado o Teatro Pedro II,
no conjunto arquitetônico denominado “Quarteirão Paulista”, construído com as
características dos teatros de ópera europeus e transformando-se logo no maior
centro cultural da região.
Segundo a professora Myrian Strambi
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, os membros da sociedade local
reuniam-se também em “saraus familiares”, onde faziam exibições de seus
dotes artísticos, tocando, cantando, ou mesmo declamando. Os pianos
proliferavam em Ribeirão Preto e, com eles, cantores acompanhados por
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CIONE, Rubem. “História de Ribeirão Preto”. V Volume. Ribeirão Preto: Legis Summa, 1997.
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STRAMBI, Myrian de Souza. ”Belmácio Pousa Godinho, Compositor Musical em Ribeirão Preto”.
Monografia. Ribeirão Preto, 1983.