Download PDF
ads:
Fernanda da Rocha Lapa
Avaliação da Atividade Antinociceptiva, Antiinflamatória
e Protetora Gástrica do Extrato Hidroalcoólico Bruto da
Polygala paniculata L.
CURITIBA
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Fernanda da Rocha Lapa
Avaliação da Atividade Antinociceptiva, Antiinflamatória
e Protetora Gástrica do Extrato Hidroalcoólico Bruto da
Polygala paniculata L.
Dissertação desenvolvida no Departamento
de Farmacologia do Setor de Ciências
Biológicas da Universidade Federal do
Paraná e no Departamento de Ciências
Fisiológicas da Universidade Federal de
Santa Catarina durante o curso de Pós-
Graduação em Farmacologia e apresentada
como requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Farmacologia.
Orientador: Profº Drº Adair Roberto Soares
dos Santos
Co-orientadora: Profª Dr
a
Maria Consuelo
Andrade Marques
CURITIBA
2006
ii
ads:
AGRADECIMENTOS
À DEUS, pela proteção e saúde, por iluminar meus caminhos em busca do
conhecimento e realização pessoal.
Á minha família, pelo amor e incentivo e por estar presente no decorrer de todo este
trabalho.
Ao amigo e professor orientador Adair Roberto Soares dos Santos e à professora
co-orientadora Maria Consuelo Andrade Marques, pelos ensinamentos transmitidos,
paciência, confiança em mim depositada e pelo exemplo de dedicação à ciência.
Ao professor Moacir G. Pizzolatti e seus alunos, pela preparação do extrato e
isolamento dos compostos.
Ao meu namorado, Vinícius Scalco Costa, pelo seu grande companheirismo,
incentivo e compreensão demonstrados em todos os momentos desta jornada.
À Cristina Setim Freitas e à Critiane Hatsuko Baggio, pela parceria e amizade no
decorrer deste estudo.
À CAPES pelo apoio financeiro.
Aos amigos da Pós-graduação em Neurosciências de Florianópolis, pelo imenso
apoio e ensinamentos que contribuíram decisivamente para o desenvolvimento deste
trabalho.
À todos colegas e docentes do curso de Pós-graduação em Farmacologia da UFPR,
pelo respeito, amizade e conhecimento transmitidos.
iii
O valor das coisas não está no tempo que
elas duram, mas na intensidade com que
acontecem. Por isso existem momentos
inesquecíveis, coisas inexplicáveis e
pessoas incomparáveis.
Fernando Pessoa
iv
RESUMO
v
A Polygala paniculata L. é conhecida por vários nomes populares, dentre eles,
“barba-de-são-joão, bromil, vassourinha branca e mimosa”. Esta planta é utilizada na
medicina popular para o tratamento da asma, bronquite, artrite, dor de estômago e
diarréia. O presente estudo investiga as possíveis atividades antinociceptiva,
antiinflamatória e protetora gástrica do extrato hidroalcoólico da P. paniculata
(EHPP), e os efeitos antinociceptivos de mais três compostos isolados a partir desta
planta: a febalosina, aurapten e rutina, em vários modelos experimentais in vivo, em
ratos e camundongos. Quando administrado por via oral (v.o.), o EHPP reduziu a
nocicepção induzida pelo ácido acético, formalina, capsaicina e glutamato, sem
influenciar no período de latência no modelo de nocicepção térmica (tail-flick). O
efeito antinociceptivo do EHPP não foi influenciado pelo pré-tratamento com L-
arginina (precursor do óxido nítrico) ou com naloxona (antagonista de receptores
opióides), quando verificado no modelo do glutamato e não está relacionado com
efeitos inespecíficos como relaxamento muscular ou sedação, como o observado na
caixa de movimentação espontânea. Os compostos isolados, administrados por via
intraperitoneal (i.p.), apresentaram efeito antinociceptivo no modelo do glutamato,
sendo que a rutina foi mais potente e eficaz neste modelo de nocicepção. Além
disso, o EHPP e a rutina, reduziram a nocicepção induzida pela administração
intratecal de glutamato e NMDA, bem como de IL-1β e TNF-α. O EHPP reduziu de
forma parcial a inflamação induzida pela carragenina no modelo do edema de pata e
pleurisia. No teste de lesões gástricas agudas, induzidas pelo etanol 70%, o EHPP,
administrado pela v.o. e i.p., apresentou importante atividade protetora gástrica,
reduzindo o índice de úlceras e aumentando a produção de muco gástrico, em ratos.
Contudo, o EHPP não protegeu a mucosa gástrica contra lesões induzidas pela
indometacina, nem alterou o volume e pH da secreção gástrica, quando avaliados no
modelo da ligadura pilórica em ratos e, tão pouco, alterou a motilidade
gastrointestinal e o esvaziamento gástrico, quando avaliado no modelo do vermelho
de fenol, em camundongos. Em síntese, os dados analisados em conjunto, permitem
sugerir que o EHPP e o compostos isolados, principalmente a rutina, apresentam
importante efeito antinociceptivo, e esta ação está envolvida a participação direta ou
indireta dos receptores glutamatérgicos ionotrópicos tipo NMDA e de citocinas pró-
inflamatórias. O EHPP reduziu, de maneira parcial, o edema de pata e a migração
celular induzidos pela carragenina nos modelos de edema de pata e pleurisia. Em
adição, foi possível demonstrar que o EHPP protegeu a mucosa gástrica de ratos
contra lesões induzidas pelo etanol, esta ação citoprotetora envolve o aumento da
secreção de muco gástrico. Finalmente, os resultados mostram que o EHPP
apresenta importante atividade antinociceptiva, antiinflamatória e protetora gástrica,
confirmando a utilização popular da P. paniculata.
Palavras-chave: Polygala paniculata L., nocicepção, glutamato, inflamação,
gastroproteção, muco, plantas medicinais.
vi
ABSTRACT
vii
The Polygala paniculata L., is known by a popular name of “barba-de-são-joão,
bromil, vassourinha branca and mimosa”. It is used in the folk medicine for the
treatment of asthma, bronchitis, arthritis, stomach pain and diarrhea. The present
study examined the gastroprotective, antiinflammatory and antinociceptive effects of
the hydroalcoholic extract of P. paniculata (HEPP), in several experimental models in
vivo, in rats and mice. The antinociceptive effect of compounds isolated from this
plant: phebalosin, auraptene and rutin, was also evaluated. The HEPP, given orally
(p.o.), reduced the nociception induced by acetic acid, formalin, capsaicin and
glutamate, without influence the latency to noxious stimulus in the tail-flick model in
mice. The HEPP antinociception was neither affected by the pre-treatement with L-
arginine or by the antagonist of opioid receptors, naloxone, nor associated with
nonspecific effects such as muscle relaxation or sedation, as observed in the
spontaneous locomotor activity test. The isolated compounds given by intraperitoneal
route (i.p.) also presented antinociceptive activity in the glutamate model of pain. The
rutin was the compound with the greatest potency and efficacy in the glutamate test.
Both, HEPP and rutin reduced the nociceptive response induced by intrathecal
injection of glutamate and NMDA, as well IL-1β and TNF-α. The extract reduced
partially the oedema induced by carrageenan when accessed in the paw oedema in
rats, but it was more efficacious in inhibit leukocyte migration in the pleurisy induced
by same phlogistic agent in mice. The treatment of rats with HEPP by p.o. or i.p.
route, decreased the index of lesions and increased the gastric mucus production, in
the acute gastric lesions caused by ethanol 70%. On the other hand, the extract
neither protected the mucosa against indomethacin induced lesions, nor changed the
volume and pH of gastric secretion, when accessed in the model of pylorus ligature.
The HEPP did not alter the gastrointestinal motility or gastric emptyness as
determined by the phenol red model in mice. The data from the current study show
that the HEPP and isolated compounds, mainly the rutin, produce an important
antinociceptive effect, which could be related with a direct or indirect interaction with
the NMDA type glutamatergic ionotropic receptors and pro-inflammatory cytokines
(IL-1β and TNF-α). The extract reduced partially, the oedema and the cell migration,
induced by carrageenan, when accessed in the paw oedema and pleurisy acute
models of inflammation. Moreover, was possible to show, that the HEPP presented
gastroprotective action against ethanol induced lesions. These effects were probably
related with increased mucus production, and maybe, this could be responsible for its
citoprotective effects. Finally our results show that EHPP presented important
antinociceptive, antiinflammatory and gastroprotective effects, confirming the popular
use of P. paniculata.
Key-words: Polygala paniculata, nociception, glutamate, inflammation,
gastroprotection, mucus, medicinal plants.
viii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS xii
LISTA DE ABREVIATURAS xiv
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 16
1.1 Família Polygalaceae e plantas do gênero Polygala................................................
17
1.2 Polygala paniculata L................................................................................................
19
1.3 Mecanismos envolvidos na nocicepção....................................................................
22
1.4 Mecanismos evolvidos na etiologia da úlcera péptica e citoproteção gástrica.........
29
2.0 JUSTIFICATIVA........................................................................................................ 35
3.0 OBJETIVOS.............................................................................................................. 36
3.1 Objetivos gerais.........................................................................................................
36
3.2 Objetivos específicos................................................................................................
36
4.0 MATERIAL e MÉTODOS.......................................................................................... 37
4.1 Animais......................................................................................................................
37
4.2 Classificação botânica...............................................................................................
37
4.3 Preparação do extrato, identificação, isolamento e purificação dos compostos.......
38
4.3.1 Preparação do extrato e purificação dos compostos................................................
38
4.3.2 Isolamento e purificação dos compostos..................................................................
38
4.4 Drogas e soluções usadas........................................................................................
39
4.5 Análise farmacológica in vivo....................................................................................
39
4.5.1 Vias de administração...............................................................................................
39
4.6 Métodos.....................................................................................................................
40
4.6.1 Teste das contorções abdominais induzidas pela injeção intraperitoneal de ácido
acético (0,6%), em camundongos.............................................................................
41
4.6.2 Nocicepção induzida pela injeção intraplantar de formalina (2,5%), em
camundongos............................................................................................................
41
4.6.3 Nocicepção induzida pela injeção intraplantar de capsaicina, em
camundongos............................................................................................................
42
4.6.4 Nocicepção induzida pela injeção intraplantar de glutamato....................................
43
4.6.5 Teste da retirada da cauda (tail-flick)........................................................................
44
ix
4.6.6 Efeito sobre o desempenho motor no teste de atividade locomotora
espontânea................................................................................................................
45
4.6.7 Estudo do possível mecanismo de ação antinociceptivo do EHPP, em
camundongos............................................................................................................
45
4.6.7.1 Participação do sistema opióide................................................................................
45
4.6.7.2 Participação da via L-arginina-óxido nítrico..............................................................
46
4.6.7.3 Participação do sistema glutamatérgico....................................................................
46
4.6.7.4
Participação de citocinas como a IL-1β e TNF-α............................................................
47
4.7 Estudo da atividade antiinflamatória do EHPP..........................................................
48
4.7.1 Avaliação da atividade antiinflamatória do EHPP no modelo do edema de pata
induzido pela administração intraplantar de carragenina, em ratos..........................
48
4.7.2 Avaliação da atividade antiinflamatória do EHPP no modelo de pleurisia induzido
pela carragenina, em camundongos.........................................................................
48
4.8 Estudo da atividade antiúlcera e anti-secretora ácida do EHPP, em ratas...............
49
4.8.1 Lesões gástricas induzidas por etanol......................................................................
49
4.8.2 Lesões gástricas induzidas por indometacina...........................................................
50
4.8.3 Avaliação das lesões gástricas nos modelos de indução aguda..............................
51
4.8.3.1 Determinação do índice de úlceras...........................................................................
51
4.8.3.2 Quantificação do muco gástrico................................................................................
51
4.8.4 Método de estudo in vivo: Método da ligadura pilórica.............................................
52
4.8.5 Estudo dos mecanismos de ação envolvidos no possível efeito protetor gástrico
do EHPP, em ratas....................................................................................................
53
4.8.6 Avaliação do EHPP sobre a motilidade gastrointestinal...........................................
53
4.8.6.1 Trânsito intestinal, em camundongos........................................................................
53
4.8.6.2 Esvaziamento gástrico de semi-sólidos....................................................................
54
4.9 Análise Estatística.....................................................................................................
55
5 RESULTADOS.......................................................................................................... 56
5.1 Nocicepção induzida pela injeção intraperitoneal de ácido acético (0,6%), em
camundongos............................................................................................................
56
5.2 Nocicepção induzida pela administração intraplantar de formalina (2,5%) em
camundongos............................................................................................................
57
5.3
Nocicepção induzida pela administração intraplantar de capsaicina (1,6µg/pata)
em camundongos......................................................................................................
58
5.4 Efeito do EHPP no modelo do tail – flick em camundongos.....................................
59
5.5 Efeito do EHPP sobre o desempenho motor no teste de atividade locomotora
espontânea................................................................................................................
60
x
5.6 Efeito do EHPP e dos compostos isolados, febalosina, aurapten e rutina sobre a
nocicepção induzida pela administração intraplantar de glutamato, em
camundongos............................................................................................................
61
5.7 Curva tempo-resposta do EHPP no modelo de nocicepção induzida pela
administração intraplantar de glutamato em camundongos......................................
63
5.8 Análise do mecanismo de ação do EHPP.................................................................
64
5.8.1 Efeito do pré-tratamento com L-arginina...................................................................
64
5.8.2 Participação do sistema opióide................................................................................
65
5.8.3 Efeito do EHPP e da rutina sobre a nocicepção causada pela injeção intratecal de
aminoácidos excitatórios (AAE)................................................................................
66
5.8.4 Efeito do EHPP e da rutina sobre a nocicepção causada pela injeção intratecal de
IL-1β (1 pg) e TNF-α (0,1 pg)....................................................................................
68
5.9 Atividade antiinflamatória do EHPP..........................................................................
69
5.9.1 Efeito do EHPP no edema de pata induzido pela injeção intraplantar de
carragenina, em ratos...............................................................................................
69
5.9.2 Efeito do EHPP na pleurisia induzida pela injeção intrapleural de carragenina, em
camundongos............................................................................................................
70
5.10 Atividade protetora gástrica do EHPP.......................................................................
71
5.10.1 Efeito do EHPP sobre as lesões gástricas agudas induzidas por etanol 70%, em
ratas..........................................................................................................................
71
5.10.2 Efeito do EHPP sobre a quantidade de muco da mucosa gástrica após a indução
de lesões com etanol 70%, em ratas........................................................................
72
5.10.3 Influência da inibição da óxido nítrico sintase sobre a atividade protetora gástrica
do EHPP, após a indução de lesões com etanol 70%, em ratas..............................
73
5.10.4 Efeito do EHPP sobre as lesões gástricas agudas induzidas por indometacina,
em ratas....................................................................................................................
74
5.10.5 Avaliação da atividade anti-secretora gástrica o EHPP............................................
75
5.10.5.1 Efeito do EHPP sobre a secreção ácida gástrica basal (não estimulada), quando
avaliado no modelo da ligadura pilórica, em ratas....................................................
75
5.11 Avaliação da atividade do EHPP sobre as atividades gerais do trato
gastrointestinal..........................................................................................................
77
5.11.1 Atividade do EHPP sobre o trânsito intestinal e esvaziamento gástrico...................
77
6 DISCUSSÃO............................................................................................................. 78
7 CONCLUSÕES......................................................................................................... 97
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 98
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1:
Partes aéreas da Polygala paniculata L................................................................
20
Figura 2:
Partes aéreas da Polygala paniculata L...............................................................
20
Figura 3:
Foco das flores ....................................................................................................
20
Figura 4:
Flavonóide e cumarinas isoladas da Polygala paniculata L..................................
21
Figura 5:
Efeito do EHPP sobre as contorções abdominais induzidas por ácido acético,
em camundongos.................................................................................................
56
Figura 6:
Efeito do EHPP sobre a nocicepção induzida pela formalina, em
camundongos........................................................................................................
57
Figura 7:
Efeito do EHPP sobre a nocicepção induzida pela capsaicina, em
camundongos........................................................................................................
58
Figura 8:
Efeito do EHPP e da morfina sobre latência ao estímulo térmico nocivo
aplicado no método da teste da retirada da cauda tail-flick, em camundongos....
59
Figura 9:
Efeito do tratamento dos animais com EHPP sobre o desempenho motor, em
camundongos........................................................................................................
60
Figura 10:
Efeito do EHPP na nocicepção induzida pela administração intraplantar de
glutamato, em camundongos................................................................................
61
Figura 11:
Efeito da febalosina, aurapten e rutina em relação a nocicepção induzida pela
injeção intraplantar de glutamato, em camundongos...........................................
62
Figura 12:
Curva tempo-resposta do EHPP no modelo de nocicepção induzida pela
administração intraplantar de glutamato em camundongos..................................
63
Figura 13:
Efeito do pré-tratamento com L-arginina sobre a antinocicepção causada pelo
EHPP.....................................................................................................................
64
Figura 14:
Efeito do pré-tratamento com naloxona sobre a antinocicepção causada pelo
EHPP.....................................................................................................................
65
Figura 15:
Efeito antinociceptivo do EHPP e da rutina sobre a nocicepção causada pela
injeção intratecal de glutamato, NMDA e trans-ACPD, em camundongos...........
67
Figura 16:
Efeito antinociceptivo do EHPP e da rutina em relação a nocicepção causada
pela injeção intratecal de IL-1β (1 pg) e TNF-α (0,1 pg).......................................
68
Figura 17:
Efeito do EHPP sobre o edema de pata causado pela administração
intraplantar de carragenina, em ratos....................................................................
69
Figura 18:
Efeito do pré-tratamento com EHPP na pleurisia induzida pela carragenina, em
camundongos........................................................................................................
70
Figura 19:
Efeito do EHPP, sobre as lesões gástricas agudas induzidas por etanol 70%,
em ratas................................................................................................................
71
xii
Figura 20;
Efeito do tratamento dos animais com EHPP sobre as concentrações de muco
da mucosa glandular gástrica de ratas..................................................................
72
Figura 21:
Efeito do pré-tratamento com L-NAME e do etanol 70% sobre a atividade
protetora gástrica do EHPP, em ratas...................................................................
73
Figura 22:
Efeito do EHPP sobre as lesões gástricas agudas induzidas por indometacina,
em ratas.................................................................................................................
74
Figura 23:
Efeito do EHPP sobre a secreção ácida gástrica basal, em
ratas.......................................................................................................................
76
Figura 24:
Atividade do EHPP sobre o trânsito intestinal e esvaziamento gástrico, em
camundongos........................................................................................................
77
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS
AAE Amino ácido excitatório
AMPA
α-amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxalopropionato
ATP Adenosina trifosfato
Ca
+2
Cálcio
CCD Cromatografia de camada delgada
CCK
2
Receptor da colecistocinina tipo 2
COX Cicloxigenase
COX-2 Cicloxigenase-2
CGRP Peptídeo relacionado ao gene da calcitonina
C
3
a Componente C
3
a do sistema complemento
C
5
a Componente C
5
a do sistema complemento
ECL Célula enterocromoafim
EHPP Extrato hidroalcoólico da Polygala paniculata
E.P.M. Erro padrão da média
EXINS Interneurônios exitatórios
GLU Glutamato
H Hora
IASP Associação internacional para estudo da dor
DI
50
Dose que reduziu a resposta em 50% quando comparado ao grupo controle
ININS Interneurônios inibitórios
IL-1β
Interleucina-1 beta
IL-1α
Interleucina-1 alfa
IL- 8 Interleucina- 8
IM Inibição máxima
i.d. Intraduodenal
i.p. Intraperitoneal
i.pl. Intrapleural
i.pt. Intraplantar
i.t. Intratecal
K
+
Potássio
KA Cainato
KCl Cloreto de potássio
L- NAME L-arginina metil éster
L- NOARG
N
ω
-nitro-arginina
LTP Potencial de longa duração
xiv
min. Minutos
MeHg Metil mercúrio
Na
+
Sódio
NaOH Hidróxido de sódio
NMDA N-metil-D-aspartato
NO Óxido nítrico
NOS Sintase do óxido nítrico
NRM Núcleo magno da rafe
PAG Substância cinzenta periaquedutal
PGE
2
Prostaglandina E
2
PGI
2
Prostaglandina I
2
PME Porcentagem de efeito máximo
PN Neurônios de projeção
RVM Medula rostroventomedial
s.c. Subcutânea
SNC Sistema nervoso central
SNE Sistema nervoso entérico
SP Substância P
TNF-α
Fator de necrose tumoral – alfa
xv
16
1 INTRODUÇÃO
A utilização das plantas, como medicamento para o tratamento das
enfermidades que acometem a espécie humana, remonta à idade antiga (CALIXTO,
2001).
As primeiras drogas foram as de origem natural, extraídas principalmente de
plantas superiores e destinavam-se à terapia de doenças infecciosas. De fato, povos
antigos, como os do mediterrâneo, chineses, hindus e maias (séculos antes da era
atual), já conheciam o emprego terapêutico de certas plantas e de alguns minerais
(KOROLKOVAS e BURCKHALTER, 1988).
Nesse sentido, a terapêutica moderna, composta por um grande número de
medicamentos com ações específicas sobre receptores, enzimas e canais iônicos,
não teria atingindo o grau de desenvolvimento atual se não fosse o auxílio dos
produtos naturais, notadamente aqueles derivados das plantas superiores
(CALIXTO, 2001).
São inúmeros os exemplos de medicamentos que foram desenvolvidos, direta
ou indiretamente, de fontes naturais, especialmente de plantas, incluindo dentre
outros a morfina, a pilocarpina, os digitálicos, os curares, a quinina, a artemisina, a
atropina, escopolamina e o cromolin. Além disso, cerca de 60% a 75% dos
medicamentos para tratamento do câncer e de doenças infecciosas que estão
disponíveis no mercado ou em fase clínica de desenvolvimento, são derivados de
produtos naturais (FARNSWORTH e BINGEL, 1997; CALIXTO, 2001; NEWMAN et
al., 2003; BOLDI, 2004).
Estes dados justificam o crescente interesse da indústria farmacêutica na
produção de agentes terapêuticos de origem natural, inclusive em países de clima
tropical, como o Brasil, que apresentam grande biodiversidade. Entre os países da
América Latina, somente o Brasil detêm cerca de 20-22% das plantas e micro-
organismos do planeta (CALIXTO, 2005). Porém, apesar de toda diversidade natural,
até por volta do ano 1996, cerca de 84% das drogas presentes no mercado brasileiro
eram importadas e 60% de todas as drogas processadas eram consumidas por
17
somente 23% da população, fazendo com que os remédios caseiros a base de
plantas medicinais se mantivesse como a principal fonte de medicamentos para a
maioria da população (ELIZABETSKY e COSTA-CAMPOS, 1996; ELISABETSKY,
1999).
Apesar do Brasil não ter uma indústria farmacêutica forte, o comércio interno
de medicamentos registrado no país atinge hoje a casa dos 10 bilhões de dólares,
sendo o sétimo mercado mundial em termos de vendas. Dentro desse contexto, as
plantas medicinais e em especial o uso dos medicamentos fitoterápicos adquirem
importância como agentes terapêuticos e, por isso, devem ser prioritariamente
analisados segundo os métodos modernos disponíveis (LAPA et al., 1999; CALIXTO,
2001).
Para a sociedade dos países em desenvolvimento, a produção e utilização de
fitoterápicos padronizados com seus benefícios comprovados e de alta qualidade,
podem facilitar o acesso da população a medicamentos seguros e de baixo custo,
facilitando ainda o crescimento da fitomedicina nacional e desta forma, apresentando
impacto na economia local (ELIZABETSKY e COSTA-CAMPOS, 1996).
1.1 Família Polygalaceae e plantas do gênero Polygala
As plantas da família Polygalaceae são predominantemente encontradas em
regiões tropicais. Entre as plantas desta família, incluem-se as do gênero Polygala,
que compreende cerca de 500 espécies, apresentando-se a maior parte das vezes
na forma de arbustos ou de pequenas trepadeiras que cobrem galhos de árvores.
Suas flores apresentam cor rosa ou branca e variam entre as espécies (GENTRY,
1996).
Os membros da família Polygalaceae são conhecidos por conter uma grande
diversidade de compostos químicos, muitos dos quais exibem significante atividade
biológica. Investigações fitoquimicas em diferentes espécies de Polygala revelaram
vários compostos incluindo lignanas citotóxicas (DALL´ACQUA et al., 2002),
saponinas (DESBENE et al., 1999; ESTRADA et al., 2000; CHUNG et al., 2002),
18
xantonas (EL SAYAH, et al., 1999; MAK et al., 2001; DALL´ACQUA et al., 2002;
CRISTIANO et al., 2003), cumarinas e flavonóides (CRISTIANO et al., 2003).
Investigações sobre as ações de compostos como lignanas e xantonas,
isoladas da Polygala vulgaris L., em relação à proliferação celular de tumores
sólidos, demonstraram que principalmente as xantonas apresentaram atividade
antiproliferativa em tumores sensíveis e não sensíveis ao tratamento com
doxorubicina, um importante quimioterápico (DALL´ACQUA et al., 2002).
A Polygala tenuifolia W., rica em saponinas, é utilizada a centenas de anos, na
medicina coreana e chinesa, no tratamento de doenças psicóticas. Estudos de
binding mostraram sua afinidade por receptores dopaminérgicos e serotoninérgicos.
Estudos adicionais in vivo demonstraram que estas saponinas são capazes de
reduzir a psicose promovida pela síndrome serotoninérgica, induzida
experimentalmente pela 5-hidroxitriptamina e o comportamento de hiperatividade
induzido pela cocaína em ratos (CHUNG et al., 2002).
Recentemente, foi demonstrado que o extrato aquoso das raízes de Polygala
tenuifolia W. inibiu a liberação de fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e interleucina
1 beta (IL-1β) em cultura de astrócitos de camundongos, sugerindo que esta planta
pode apresentar uma importante atividade antiinflamatória central (KIM et al., 1998).
Além disso, foi demonstrado que o extrato das raízes desta planta também
apresentou ação neuroprotetora contra a morte celular induzida pelo N-metil-D-
aspatato (NMDA) em cultura de células cerebelares de ratos (LEE et al., 2004).
O extrato hidroalcoólico da Polygala fallax H., quando analisado in vivo,
apresentou um importante efeito antiinflamatório, promovendo uma diminuição do
edema de orelha provocado pela administração tópica de xilol (KOU et al., 2003).
Em um estudo com outra planta da família Polygalaceae, a Polygala cyparissias St.
Hillaire & Moquin, foi demonstrado que tanto o seu extrato hidroalcoólico quanto a
1,7-dihidroxi-2,3-dimetoxi xantona, isolada a partir deste extrato, apresentaram
notável atividade antinociceptiva quando analisados nos modelos de nocicepção
induzida pelo ácido acético, formalina, capsaicina e no modelo de hiperalgesia
induzida pela bradicinina e substância P (CAMPOS et al., 1997).
19
Posteriormente, um estudo complementar, realizado pelo mesmo grupo,
demonstrou através de experimentos in vitro, utilizando traquéia isolada de cobaia
não sensibilizada e sensibilizada por ovalbumina, que tanto o extrato hidroalcoólico
quanto a 1,7-dihidroxi-2,3-dimetoxi xantona, isolada da Polygala cyparissias St.
Hillaire & Moquin., apresentaram importante efeito antiespasmódico, contra
contrações induzidas pela acetilcolina, KCl, bradicinina, prostaglandina E
2
, histamina,
substância P, composto 48/80 (composto liberador de histamina) e U46619 (um
análogo estável do tromboxano A
2
) (EL SAYAH et al., 1999).
Recentemente, o nosso grupo de pesquisa demonstrou que as frações
clorofórmica, etanólica e butanólica obtidas a partir do extrato bruto da Polygala
sabulosa A. W. Bennett, bem como vários compostos isolados a partir destas
frações, como dihidroestiril-2-pirona e estiril-2-pirona, α-espinasterol, escopoletina,
além dos compostos modificados a partir da escopoletina, a acetilescopoletina e
bezoilescopoletina apresentaram importante atividade antinociceptiva, no modelo das
contorções abdominais, induzidas pelo ácido acético 0,6% (MEOTTI et al., 2006).
Em adição, o α-espinasterol e a escopoletina foram cerca de 55 a 91 vezes mais
potentes que todos outros os compostos isolados testados neste estudo. O α-
espinasterol e a escopoletina também foram de 313 a 400 vezes mais potentes que o
acetaminofeno e a aspirina, quando analisados no modelo do ácido acético (MEOTTI
et al., 2006).
1.2 Polygala paniculata L.
A Polygala paniculata L. (Fig. 1, 2 e 3) é uma planta que cresce na costa
Atlântica brasileira, sendo encontrada também no litoral de Santa Catarina. É
conhecida popularmente como barba-de-são-joão, barba-de-bode, bromil,
vassourinha branca e mimosa, sendo seu chá utilizado na medicina popular para o
tratamento da asma, bronquite crônica, demais afecções do aparelho respiratório,
atrite, artrose, água no joelho, problemas renais, dor de estômago, diarréia, bem
como tonificante (NEWALL et al., 1996; LORENZI e MATOS, 2002).
20
3
2
1
Figura 1, 2 e 3: Partes aéreas da Polygala paniculata L. (Fig.1 e 2); foco das flores (Fig. 3).
Fonte:(Fig. 1) Warren L. Wagner (2005); (Fig. 2): Forest & Kim Starr (2005); (Fig. 3): G.D.
Carr (2005).
Alguns compostos da P. paniculata já foram identificados e isolados.
CRISTIANO et al. (2003) isolaram em suas análises três xantonas (denominadas 1-
hidroxi-5-metoxi-2,3-metilenodioxixantona, 1,5-dihidroxi-3,2-dimetoxixantona e 1-
hidroxi-2,3,5-trimetoxixantona). A presença de outros compostos como cumarinas e
um flavonóide rutina foi observada. Dois esteróis também foram caracterizados como
o espinasterol e delta 25-espinasterol.
Estudos recentes mostraram que o extrato bruto hidroalcoólico da P.
paniculata (EHPP) possui importante atividade antioxidante. Esta atividade foi
relacionada ao seu efeito protetor contra a neurotoxicidade induzida pelo tratamento
crônico de camundongos com metilmercúrio (MeHg) (FARINA et al., 2005). Existem
evidências indicando que as células cerebelares são as células mais atingidas após
a intoxicação por MeHg. Dessa forma, a intoxicação por este agente afeta
principalmente o sistema motor (GRANDJEAN et al., 1997; SANFELIU et al., 2003).
21
O tratamento com o EHPP foi capaz de reverter completamente o prejuízo
motor provocado pelo MeHg e restabeleceu a atividade da glutationa peroxidase e da
glutationa redutase, no córtex cerebral e cerebelo, que estava diminuída e
aumentada pelo tratamento com MeHg, respectivamente (FARINA et al., 2005). Os
autores sugeriram que o efeito apresentado pelo extrato, está relacionado a
presença de xantonas e flavonóides, que são compostos que apresentam importante
efeito antioxidante.
7- genariloxi cumarina
Aurapten
Quercetina-3-rutinosídeo
(Rutina)
OO
O
OCH
3
O
O
O
O
OH
OH
HO
OH O
O
O
OH
HO
HO
CH
3
O
O
HO
HO
OH
Febalosina
Figura 4: Flavonóide e cumarinas isoladas da Polygala paniculata L.
Fonte: Cortesia Profº Moacir Pizzolatti
22
1.3 Mecanismos envolvidos na nocicepção
A dor é um sintoma de muitas desordens clínicas e afeta grande parte da
população (BESSON e DICKENSON, 1997). Ela é uma característica cardinal dos
mecanismos protetores fisiológicos normais e uma das suas funções é preservar o
organismo, evitando o dano tecidual (DRAY, 1997).
Segundo a IASP - Associação Internacional para Estudo da Dor, a dor pode
ser definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a
dano tecidual real ou potencial, ou descrita em termo de tal lesão (MELZAC e
LOESER, 1999; RAINVILLE, 2002; ALMEIDA et al., 2004).
Além envolver um estímulo potencialmente nocivo, a dor tem uma conotação
individual e é representada por uma experiência subjetiva, incluindo componentes
afetivos e emocionais, que amplificam ou diminuem a sensação dolorosa (MELZACK
e LOESER, 1999; RAINVILLE, 2002; ALMEIDA et al., 2004).
O fenômeno doloroso pode ocorrer espontaneamente, em decorrência da
redução do limiar de sensibilidade para dor, devido a danos no SNC ou ainda lesão
nas fibras sensoriais. A este tipo de dor é atribuído o termo de dor neuropática
(MILLAN, 1999; ALMEIDA et al., 2004).
Existe uma diferença entre os termos nocicepção e dor. O termo nocicepção
refere-se a manifestações neurofisiológicas, geradas por estímulos nocivos. A dor
envolve a percepção de um estímulo aversivo e requer a capacidade de abstração e
elaboração do impulso sensorial (MELZACK e LOESER, 1999; ALMEIDA et al.,
2004).
Em termos de duração, a dor pode ser classificada como aguda ou crônica. A
dor aguda é caracterizada por ser pontual delimitada e desaparecer com a resolução
do processo patológico. A dor crônica persiste por um longo período de tempo,
sendo associada à processos patológicos crônicos e mudanças no padrão de
transmissão neuronal (ALMEIDA et al., 2004).
Na maioria das situações, o processo inflamatório pode estar relacionado aos
mecanismos que envolvem a nocicepção (LEVINE e REICHLING, 1999).
23
A inflamação caracteriza-se por um fenômeno complexo multimediado. Ela é
uma resposta desencadeada por traumas, lesões teciduais e invasão por agentes
infecciosos, com a finalidade de eliminar microorganismos ou outros agentes
irritantes e potenciar o reparo tecidual (SHERWOOD e TOLIVER-KINSKY, 2004).
Os sinais clínicos da inflamação, eritema, calor, inchaço e dor, foram descritos
no início da era clássica pelos gregos e romanos (FANTONE e WARD, 1990). O
quinto sinal da inflamação, lesão aguda dos tecidos, com perda da função dos
órgãos foi mencionado mais tarde por Virchow, no século XIX (ROCHA e SILVA,
1978).
Neste contexto, a inflamação pode ser classificada como aguda e crônica, de
acordo com o tempo de duração e características patológicas (SHERWOOD e
TOLIVER-KINSKY, 2004).
A inflamação aguda apresenta curta duração (horas a meses). Durante o
processo inflamatório agudo, muitos mediadores como o NO e prostaglandinas como
prostaglandina I
2
(PGI
2
), prostaglandina D
2
(PGD
2
), prostaglandina E
2
(PGE
2
) e
prostaglandina F
2α
.(PGF
2α
) promovem principalmente vasodilatação, um dos sinais
clássicos do processo inflamatório agudo, representado pelo calor e rubor
característicos da reação inflamatória (SHERWOOD e TOLIVER-KINSKY, 2004).
Outro sinal precoce da inflamação aguda é a formação do edema, que ocorre
devido ao fluxo transvascular de fluido rico em proteínas (plasma) dos
compartimentos intravasculares para o interstício devido ao aumento de
permeabilidade vascular de capilares e vênulas, como resultado da liberação de
histamina, bradicinina, leucotrienos, fatores do complemento, substância P e fator de
agregação plaquetária (PAF) no sítio inflamatório (SHERWOOD e TOLIVER-
KINSKY, 2004).
A vasodilatação e formação de exsudato são geralmente acompanhadas da
marginação, adesão e migração de leucócitos, principalmente neutrófilos. Na fase
aguda da resposta inflamatória, ocorre a liberação de vários mediadores em especial
componentes do complemento como os fragmentos C3a e C5a, leucotrienos,
quimiocinas como a IL-8 e ainda bioprodutos bacterianos como peptídeos N-
24
formilados, que promovem a quimiotaxia de leucócitos e outras células fagocíticas
para o sítio da reação inflamatória (SHERWOOD e TOLIVER-KINSKY, 2004;
ADEREM e SMITH, 2004).
A inflamação aguda pode finalizar-se com a resolução de todos eventos
característicos da reação inflamatória e retorno do tecido lesionado à normalidade ou
sua substituição por tecido conjuntivo (GILROY et al., 2004; ADEREM e SMITH,
2004).
A progressão da resposta tecidual para inflamação crônica caracteriza-se por
infiltração de células mononucleares, que incluem macrófagos, linfócitos e
plasmócitos. Os processos inflamatórios crônicos são de duração prolongada
estendendo-se de semanas a meses. Durante a inflamação crônica ocorrem
simultaneamente: a presença de processo inflamatório ativo, tentativas de reparo
tecidual com conseqüente destruição do tecido e formação de fibrose. Entre as
doenças crônicas inflamatórias incluem-se desordens como artrite reumatóide,
aterosclerose e lupus eritematoso sistêmico (GILROY et al., 2004; SHERWOOD e
TOLIVER-KINSKY, 2004).
A liberação de mediadores, em tecidos inflamados pode sensibilizar fibras
nociceptivas periféricas, promovendo a facilitação central da transmissão nociceptiva
(SYRIÁTOWICZ et al., 1999; VANEGAS, 2004), levando a uma resposta dolorosa
aumentada a um estímulo nocivo, chamado de hiperalgesia (TJ
ØLSEN e HOLE
1997; VANEGAS, 2004; SOMMER e KRESS, 2004; COUTAUX et al., 2005).
Alterações na percepção sensorial, envolvendo sensibilização central, pode levar a
alodínia, que está relacionada a dor evocada por um estímulo normalmente não
nocivo (MILLAN, 1999).
O processo inflamatório resulta da liberação de vários mediadores, alguns
deles podendo ativar ou sensibilizar os nociceptores locais das fibras aferentes
periféricas (C e Aδ). Contribuindo em maior parte para o desenvolvimento da dor de
origem inflamatória, bem como aumento e/ou expressão de moléculas como
neurotransmissores, enzimas, canais iônicos e receptores (LEVINE et al., 1993;
DRAY, 1994; BESSON e DICKENSON, 1997; COUTAUX et al., 2005).
25
A propagação da dor é iniciada com a ativação de receptores sensíveis aos
estímulos nocivos, amplamente encontrados na pele, membranas, tecidos conectivos
de órgãos vicerais, ligamentos, cápsulas articulares, periósteo, músculos, tendões e
vasos sangüíneos. Os nociceptores correspondem às terminações nervosas livres e
representam a parte mais distal dos neurônios aferentes de primeira ordem, que
consistem nas fibras de pequeno diâmetro, dos tipos Aδ e do tipo C,
respectivamente (JULIUS e BASBAUM, 2001; ALMEIDA et al., 2004).
As fibras Aδ, são fibras pouco mielinizadas, de médio diâmetro que medeiam a
“primeira” dor, representada pela dor pungente, aguda e passageira, que aparece
logo após a lesão tecidual. As fibras C, não mielinizadas de pequeno diâmetro,
medeiam a “segunda” dor, uma dor mais latente e difusa, que se perpetua por mais
tempo (JULIUS e BASBAUM, 2001; CRAIG, 2003).
Estas fibras podem ser chamadas de polimodais, pois respondem a estímulos
nocivos térmicos, mecânicos e químicos. Dessa forma, apresentam receptores
termosensíveis ao calor e ao frio, bem como receptores específicos para substâncias
algogênicas (HUNT e MANTYH, 2001; IKEDA et al., 2001; ALMEIDA et al., 2004;
COUTAUX et al., 2005).
Os corpos celulares dos neurônios sensoriais, de grande diâmetro, localizados
na raiz do gânglio dorsal, dão origem as fibras mielinizadas, de rápida condução,
chamadas de fibras primárias aferentes Aβ. Estas fibras detectam estímulos inócuos
aplicados sobre a pele, músculos e juntas, não contribuindo para condução da dor,
em situações normais (MILLAN, 1999).
Dentro deste contexto, basicamente, os neurônios aferentes primários podem
ser ativados por uma gama de mediadores, liberados no tecido lesado. A lesão
tecidual pode ser desencadeada por estímulos térmicos, traumas mecânicos,
invasão com agentes infecciosos e reações antígeno-anticorpo (SAWYNOK, 2003).
Estes mediadores promovem a despolarização das fibras aferentes primárias Aδ e C
que irão conduzir o impulso doloroso, iniciado em diferentes tecidos, para o corno
dorsal da medula espinhal, principalmente até suas lâminas mais superficiais,
26
lâminas I/II e profundas V/VI e X (HUNT e MANTYH, 2001; MILLAN, 2002; CRAIG,
2003).
A partir da integração dos impulsos no corno dorsal, as vias nociceptivas
aferentes dão origem a diferentes modelos de projeção à estruturas corticais e
supracorticais. Neste estágio, os componentes sensoriais; discriminativos e afetivos,
bem como os componentes cognitivos, são atribuídos ao impulso nociceptivo
(WILLIS et al., 1997; MORROW et al., 2000; ALMEIDA et al., 2004).
Os diferentes feixes ascendentes que se formam devido à interação de
neurônios de primeira ordem com neurônios de segunda ordem no corno dorsal da
medula espinhal darão origem a diversas vias ascendentes que podem ser
classificadas em dois grupos: monossinápticas e polissinápticas (MILLAN, 1999;
ALMEIDA et al., 2004).
As vias de projeção monossinápticas projetam-se diretamente a estruturas
cerebrais superiores e incluem os feixes: espinotalâmico, espinoreticular,
espinomencefálico, espinoparabraquio-amigdalóide, espinoparabraquio-hipotalâmico,
espinohipotalâmico e neoespinotalâmico. O outro sistema, polissináptico, apresenta
uma estação de retransmissão a neurônios de segunda ordem que conduzem a
informação nociceptiva aos centros superiores cerebrais e consistem nos feixes
paleoespinotalâmico, espinocervical e coluna dorsal polissináptica (MILLAN, 1999;
MILLAN, 2002; ALMEIDA et al., 2004).
Muitas destas vias ascendentes fazem conexões com neurônios de terceira
ordem no tálamo, que projetam seus axônios pela cápsula interna do córtex
somatosensorial até o giro pós-central, onde a localização do estímulo nociceptivo é
realizada; e giro anterior do cingulado, relacionado a interpretação emocional da dor
(RUSSO e BRODE, 1998).
Dentro deste contexto, há uma complexa e integrativa rede neuronal até
estruturas supraespinhais, que constituem as vias ascendentes. Estas regiões
supraespinhais são extensivamente interligadas e também interagem com
mecanismos da modulação descendente, permitindo a ativação rápida de circuitos
envolvidos no controle da dor (MILLAN, 1999).
27
As vias descendentes originam-se no tronco cerebral e outras estruturas como
hipotálamo, córtex e tálamo, bem como o núcleo magno da rafe (NRM), substância
cinzenta periaquedutal (PAG) e estruturas adjacentes da medula rostroventromedial
(RVM), que exercem um importante papel na modulação e integração das
mensagens nociceptivas no corno dorsal (MILLAN, 1999; MILLAN, 2002; VANEGAS
e SCHAIBLE, 2004).
Os mecanismos descendentes modulam a resposta nociceptiva por exercer
suas ações em nociceptores presentes nas fibras primárias aferentes, bem como em
neurônios intrínsecos do corno dorsal, como interneurônios excitatórios (EXINS),
interneurônios inibitórios (ININS) e neurônios de projeção (PN) (MILLAN, 1999;
MILLAN, 2002).
Acredita-se que um importante componente modulador da resposta
nociceptiva esteja presente no sistema de “analgesia” proveniente da RVM e pode
estar relacionado a dois tipos de neurônios, as chamadas células “liga” (on) e
“desliga” (off) (MILLAN, 1997; MASON, 1999; MILLAN, 2002; VANEGAS e
SCHAIBLE, 2004).
É proposto que as células “liga” (on) medeiem a facilitação da condução de
estímulos nociceptivos e as células “desliga” (off) medeiam a inibição da transmissão
da dor, provocada pela estimulação da PAG e liberação de opióides endógenos,
diminuindo a sensação dolorosa (MASON, 1999; VANEGAS e SCHAIBLE, 2004).
A importância de alguns mediadores na modulação das vias descendentes
ainda não está totalmente esclarecida, contudo acredita-se que as vias
serotoninérgica, noradrenérgica e em menor extensão a dopaminérgica contemplam
os maiores componentes dos mecanismos descendentes (MILLAN, 1999; MILLAN,
2002). Outros mediadores como a colecistocinina, encefalinas, glutamato e NO
também estão envolvidos neste mecanismo (MILLAN, 1999; VANEGAS, 2004;
VANEGAS e SCHAIBLE, 2004).
De uma maneira geral, os mediadores que participam da resposta nociceptiva
podem ser produzidos pelo sistema vascular, células imunes, tecido lesado, nervos
sensoriais. Dentre os principais mediadores incluem-se: cininas, histamina,
28
serotonina, adenosina trifosfato (ATP), prótons, peptídeos, prostaglandinas e
citocinas (DRAY, 1997; JULIUS e BASBAUM, 2001; SAWYNOK, 2003).
Grandes evidências indicam que os aminoácidos excitatórios, principalmente o
glutamato, que é encontrado primariamente em fibras sensoriais C, apresentam um
papel crítico na transmissão da informação nociceptiva da medula espinhal até
estruturas centrais (MILLAN, 1999; BEIRITH et al., 2002; BEIRITH et al., 2003).
No nível espinhal, o glutamato está presente nos terminais aferentes
primários, nas lâminas I, III e IV do corno dorsal. Nas fibras C o glutamato coexiste
com peptídeos como a substância P (SP), desta forma um estímulo nocivo liberaria
ambos, peptídeos e aminoácidos excitatórios das fibras nociceptivas aferentes e
estes agiriam de maneira sinérgica na transmissão da dor (DICKENSON, 1997;
BEIRITH et al., 2004).
Existem dois grupos distintos de receptores glutamatérgicos denominados
ionotrópicos e metabotrópicos. Os receptores N-metil-D-aspatato (NMDA), cainato
(KA) e α - amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazolepropionato (AMPA) são canais iônicos
permeáveis ao Ca
+2
, Na
+
ou K
+
. (DICKENSON, 1997; BEIRITH et al., 2002).
Fortes evidências sugerem que os receptores glutamatérgicos ionotrópicos,
sensíveis ao NMDA (um análogo do glutamato), são receptores formados por várias
subunidades (NR1/NRA2, NR1/NRB2, NR1/NRC2, NR1/NRD2) e encontram-se
amplamente distribuídos no SNC (OZAWA et al., 1997; YAMAKURA e SHIMOJI,
1999).
Os receptores glutamatérgicos metabotrópicos (
m
GluR) dividem-se em oito
subtipos classificados em três subgrupos de acordo com a sua homologia. O grupo I
(
m
GluR 1 e 5) promove ativação da via da fosfolipase C; o grupo II (
m
GluR 2 e 3) e o
grupo III (
m
GluR 4, 6 e 7) estão acoplados negativamente a adenilato ciclase
(OZAWA et al., 1997).
Fortes indícios sugerem que os aminoácidos excitatórios e seus receptores,
além de contribuírem com a transmissão dolorosa, estão envolvidos na patogenia da
dor neuropática (hiperalgesia), assim como desordens neurológicas crônicas, além
de participarem de eventos como plasticidade neuronal e formação do potencial de
29
longa duração (LTP) (OZAWA et al., 1997; MILLAN, 1999; YAMAKURA e SHIMOJI,
1999).
É importante mencionar que tanto na dor clínica quanto na dor induzida em
modelos experimentais não há, a princípio, um mediador ou uma via (ascendente ou
descendente) dominante que contribua para a condução e perpetuação do estímulo
nociceptivo. Dependendo do local, tipo e duração do estímulo, levando-se em conta
componentes afetivos e emocionais, ocorrem a ativação de múltiplos canais
sensoriais, que irão convergir e interagir com estruturas supraespinhais, promovendo
a sensação global de dor (MILLAN, 1999).
1.4 Mecanismos envolvidos na etiologia da úlcera péptica e citoproteção
gástrica
O estômago apresenta muitas funções como motilidade, digestão, secreção
ácida e controle dos mecanismos de defesa da mucosa, além de manter o tônus do
esfíncter esofagiano e pilórico. Estas funções são fortemente influenciadas pela
liberação de hormônios gastrintestinais como a gastrina, colecistocinina e
somatostatina, bem como pelo sistema nervoso entérico (SNE), (EKBLAD et al.,
2000).
O sistema nervoso entérico é formado basicamente por dois plexos: o plexo
mioentérico e o plexo submucoso. Os neurônios que pertencem a estes plexos são
chamados de neurônios intrínsecos. O plexo mais externo denominado mioentérico
ou de Auerbach inerva as camadas musculares circular e longitudinal e regula a
função motora. O plexo submucoso, um plexo mais interno, inerva a mucosa e
controla a absorção, secreção gastrintestinal e o fluxo sangüíneo local (COSTA e
BROOKES, 1994; EKBLAD et al., 2000).
Os neurônios intrínsecos dos dois plexos do SNE realizam conexões com
neurônios do sistema nervoso simpático, parassimpático e neurônios sensoriais.
Estes neurônios são denominados neurônios extrínsecos (EKBLAD et al., 2000).
30
A maioria dos neurônios extrínsecos alcança o estômago através do nervo
vago. As fibras vagais são pré-ganglionares parassimpáticas e terminam nos
gânglios do plexo mioentérico. A estimulação das fibras parassimpáticas produz
aumento geral da motilidade e secreção gástrica (COSTA e BROOKES, 1994;
EKBLAD et al., 2000).
Os neurônios simpáticos são pós-ganglionares e inervam principalmente o
gânglio entérico e os vasos sangüíneos, inibindo a motilidade e a atividade secretora
do trato gastrintestinal e estimulam a contração da mucularis mucosae e de alguns
esfíncteres (LONGHUST et al., 1984 a-b).
A inervação da mucosa também apresenta importante papel na proteção
gástrica, em particular, as fibras aferentes sensíveis a capsaicina têm sido implicadas
diretamente na resposta aguda à agressão na mucosa, promovendo a dilatação das
arteríolas da submucosa e aumentando rapidamente a circulação sangüínea local.
Este mecanismo é mediado pela liberação de neuropeptídeos, fatores de
crescimento e liberação de óxido nítrico (MOZSIK, 1997; EKBLAD et al., 2000;
MATSUMOTO et al., 2001; VONGTHAVARAVAT et al., 2003).
De uma maneira geral, uma variedade de mensageiros neuronais (acetilcolina,
CGRP, NO), hormonais (gastrina), parácrinos (histamina e somatostatina), fatores de
crescimento (TGF-α), estão relacionados tanto com o processo de proteção, quanto
com a regulação de várias funções fisiológicas da mucosa, entre elas a secreção de
ácido (SCHUBERT, 2005).
A secreção de ácido clorídrico no estômago é mediada pelas células parietais,
presentes em maior quantidade nas glândulas oxínticas (ou gástricas), que estão
localizadas na mucosa oxíntica, que se estende pelo corpo e fundo gástrico. Na
glândula oxíntica também se encontram as células principais ou pépticas que
secretam pepsinogênio; as células secretoras de muco; as células D que liberam
somatostatina e células enterocromoafins envolvidas na síntese e secreção de
histamina (COSTA e BROOKES, 1994; YAO e FORTE, 2003).
31
Basicamente, a mucosa gástrica é revestida por uma série de glândulas com
células epiteliais superficiais e além da mucosa oxíntica, no antro gástrico,
encontramos a mucosa antral (HOGBEN et al., 1974).
Nesta mucosa, as glândulas apresentam os mesmos tipos de células que as
glândulas oxínticas com exceção das células parietais. Nas glândulas da mucosa
antral o tipo celular mais números são as células G, que secretam gastrina (LLOYD e
DEBAS, 1994; MÒZSIK et al., 1997).
A acetilcolina e a histamina, juntamente com a gastrina, constituem os
principais secretagogos envolvidos na secreção de ácido pela célula parietal
(SACHS, 1997; FUKUSHIMA et al., 2004). Via estimulação vagal, a acetilcolina é
liberada, ativando mecanismos intracelulares nas células parietais, através da
interação com receptores muscarínicos (M
3
), promovendo liberação de ácido. As
células G da mucosa antral secretam gastrina, que atua em receptores do tipo CCK
2
e que juntamente com a acetilcolina, promove a liberação de histamina pelas células
enterocromoafins (ECL). Além disso, a gastrina pode interagir com os receptores
CCK
2
na célula parietal e estimular diretamente a produção de ácido. A histamina
liberada contribui com a liberação de ácido pelas células parietais, através da sua
interação com os receptores H
2
(SACHS et al., 1997; SCHUBERT, 2005).
De acordo com Glavin e Szabo (1992), acreditava-se que a secreção de ácido
gástrico era o principal fator envolvido na ulceração da mucosa gástrica. Contudo,
em 1987, Isenberg e colaboradores demonstraram que pacientes com úlcera
duodenal apresentavam também diminuição da secreção de bicarbonato, dessa
forma percebeu-se que não só o excesso de um fator agressivo, mas também, a
deficiência de um mecanismo de defesa estava contribuindo com a ulceração da
mucosa.
Atualmente, está bem estabelecido que independentemente da etiologia da
úlcera, esta é formada quando ocorre um desequilíbrio entre os fatores agressivos
luminais (ácido clorídrico e pepsina) e fatores de defesa da mucosa (secreção de
muco e bicarbonato, prostaglandinas, fluxo sangüíneo e migração de granulócitos),
32
ocasionando irritação, ulceração da mucosa e sangramento (WALLACE, 2001;
WHITLLE, 2004; DEMBINSKI et al., 2005).
As úlceras gástricas são formadas no estômago e as formadas no duodeno
são chamadas de úlceras duodenais. De maneira geral podemos chamar tanto as
localizadas no estômago quanto no duodeno de úlceras pépticas que são lesões
crônicas, na maioria das vezes solitárias, que ocorrem em qualquer nível do trato
gastrointestinal exposto à ação agressiva dos sucos ácidos-pépticos (DAYAL e De
LELLIS, 1989).
Geralmente, os estímulos lesivos sobre a mucosa, responsáveis pela
formação de úlceras pépticas, são acompanhados por danos microvasculares locais,
com conseqüente isquemia, diminuição da distribuição de nutrientes, formação de
radicais livres e necrose tecidual (TARNAWSHI, 2005).
Um dos principais fatores de defesa da mucosa contra agentes agressivos
consiste em uma fina camada aderente de muco, que serve como uma barreira física
sobre a mucosa e é continuamente secretado por células epiteliais. O bicarbonato é
secretado juntamente pelas mesmas células, constituindo a chamada barreira muco-
bicarbonato. O muco e o bicarbonato formam uma camada gelatinosa que protege a
mucosa do suco gástrico. Acredita-se que esta barreira forma a primeira linha de
defesa da mucosa do estômago e duodeno contra agentes nocivos como o HCl, a
pepsina luminal e outros agentes lesivos (MÒZSIK et al., 1997; BI e KAUNITZ, 2003).
Contraditoriamente, o HCl pode ser considerado um fator de defesa de
mucosa, reduzindo a possibilidade de colonização por bactérias, fungos e parasitas
(WALLACE, 2001).
A barreira de proteção gástrica não depende somente da secreção de muco e
bicarbonato, mas também, depende essencialmente dos mecanismos fisiológicos,
como a secreção de prostaglandinas, para manter suas propriedades defensivas
(HOLZER, 2000). A síntese local de prostaglandinas, principalmente as
prostaglandinas da série E (E
1
, E
2
e 16,16diMePGE
2
) e a PGI
2
,
contribuem com a
manutenção dos mecanismos de defesa, estimulando produção de muco, secreção
33
alcalina no estômago e duodeno e aumento da microcirculação local (MÒZSIK et al.,
1997).
Atualmente, sabe-se que o uso crônico de medicamentos que inibem a
produção de prostaglandinas, como os antinflamatórios não esteroidais (AINES),
causa danos à mucosa gástrica, constituindo um fator de risco para eventos
adversos como ulceração, sangramento e perfuração gástrica (WHITTLE, 2004;
NEWTON, 2005). A utilização de medicamentos como anticoagulantes,
antiinflamatórios esteroidais, também contribuem com a formação de úlceras
(JONES e HAWKEY, 2001).
Não só o uso de medicamentos, mas também, a idade é um dos principais
fatores para o aumento da prevalência e patogênese da úlcera péptica,
principalmente no estômago, devido à perda gradual de mecanismos de proteção e
reparo da mucosa, envolvendo diminuição do conteúdo de prostaglandinas (JONES
e HAWKEY, 2001; NEWTON, 2005).
Vários outros fatores também favorecem o surgimento de ulceração na
mucosa. Entre eles estão: o aumento de secreção gástrica de ácido, aumento dos
níveis circulantes de catecolaminas, isquemia da mucosa gástrica, infecção por
Helicobacter pylori, fatores genéticos e o estilo de vida (que engloba o estresse, uso
abusivo de álcool, fumo e hábitos alimentares) (PAPPAS, 1999; WALLACE, 2001;
BAGGIO et al., 2003; ELLIOT e WHITTLE, 2004; DEMBINSKI et al., 2005).
Devido aos vários fatores predisponentes, pacientes portadores de úlcera
péptica tornaram-se comuns em países industrializados (DAYAL e De LELLIS, 1989).
Dessa forma, nos últimos anos, as lesões gastrointestinais vêm tornando-se
um dos principais focos de investigações experimentais e clínicas, adquirindo ênfase
comercial para desenvolvimento de novos agentes terapêuticos (WHITTLE, 2004).
Segundo Wallace, 2001, a chave para o desenvolvimento de melhores
estratégias terapêuticas é a identificação e caracterização de fatores de crescimento
e outros mediadores, ainda não esclarecidos, que possam apresentar papel central
no processo de reparo da úlcera. Outro alvo importante para a pesquisa, no futuro,
34
seria o melhor entendimento de como podemos melhorar a qualidade da cicatrização
da úlcera e ainda evitar sua recorrência.
Dentro deste contexto, as plantas medicinais apresentam importância como
agentes terapêuticos, visto sua ampla utilização na medicina popular, no tratamento
relacionado à sintomatologia de desordens gástricas tais como úlceras gástricas e
gastrites (SCHMEDA-HIRSCHMANN e YESILADA, 2005).
35
2 JUSTIFICATIVA
Atualmente, o desenvolvimento de fitoterápicos tem recebido muita atenção
tanto por parte da comunidade científica, quanto pelas indústrias farmacêuticas.
Apesar da grande aceitação e seu extenso uso terapêutico pela população em geral,
principalmente a de baixa renda, as plantas medicinais têm sido relativamente pouco
avaliadas cientificamente, sendo, dessa forma, necessário estudos mais detalhados
no sentido de verificar e assegurar sua qualidade, segurança e eficácia.
Os produtos naturais apresentam-se como fonte de compostos com potencial
atividade biológica, assim, a descoberta de protótipos para o desenvolvimento de
novos fármacos ou de novos agentes terapêuticos, representa uma possibilidade
para o tratamento de patologias gástricas e processos inflamatórios associados à
dor, podendo determinar uma melhor qualidade de vida para os pacientes.
Dessa maneira, a importância deste estudo, se justifica na confirmação das
propriedades antinociceptivas, antiinflamatória e citoprotetora da Polygala paniculata
L., tendo como base o seu emprego na medicina tradicional. Estudos
complementares foram realizados com o objetivo de esclarecer os possíveis
mecanismos de ação envolvidos e validar seu uso popular.
36
3 OBJETIVOS
3.1 Geral:
Avaliar a possível atividade antinociceptiva, antiinflamatória e gastroprotetora do
extrato hidroalcoólico da P. paniculata (EHPP) e os mecanismos de ação envolvidos
nestes efeitos.
3.2 Específicos:
- Verificar os efeitos antinociceptivos do EHPP em modelos de nocicepção química
(testes do ácido acético, formalina, capsaicina, glutamato, NMDA, trans-ACPD, IL-
1β, TNF-α) e térmica ( modelo do tail-flick) em camundongos.
- Verificar a atividade antinociceptiva dos compostos isolados da P. paniculata
(febalosina, aurapten e rutina) no modelo de nocicepção química induzida pelo
glutamato e por citocinas pró-inflamatórias (IL-1β, TNF-α).
- Verificar, com o emprego de técnicas farmacológicas in vivo, o(s) possível(is)
mecanismo(s) envolvido(s) no efeito antinociceptivo da planta através da utilização
de agonistas e antagonistas seletivos de vários receptores que modulam a
nocicepção.
- Verificar a atividade protetora gástrica através dos modelos de lesões gástricas
agudas induzidas pelo etanol 70% e pela indometacina.
- Verificar a atividade anti-secretora ácida do EHPP através do método da ligadura
pilórica.
- Verificar os possíveis mecanismos de ação envolvidos na ação protetora gástrica
do EHPP através de técnicas farmacológicas in vivo, utilizando agonistas e
antagonistas seletivos.
37
MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Animais
Foram utilizados ratos Wistar adultos (160 a 230 g) e camundongos Swiss
adultos (18 a 35 g) fêmeas, provenientes do biotério central do Setor de Ciências
Biológicas da Universidade Federal do Paraná e do biotério central do Centro de
Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina.
Os animais foram mantidos em temperatura constante (23 ± 2
0
C), com
umidade relativa do ar entre 30% e 70%, ciclo claro-escuro de 12 horas e tratados
com água e ração ad libitum. Os animais permaneceram no laboratório para sua
adaptação por um período de pelo menos 1 h antes da realização dos experimentos,
os quais foram conduzidos entre 8 e 17 horas à temperatura de 22 ± 2 °C. Os
procedimentos experimentais foram aprovados pelo Comitê de Ética do Uso de
Animais (CEUA) da UFPR sob protocolo nº 41685/04-46/2004 – 110. Os
experimentos foram conduzidos de acordo com as normas internacionais para o
estudo com os animais de laboratório (ZIMMERNANN, 1983).
4.2 Classificação botânica
A P. paniculata foi coletada no município de Florianópolis, na praia de Daniela
(Estado de Santa Catarina) e foi classificada pelo Dr. Olavo de Araújo Guimarães, do
Departamento de botânica da Universidade Federal do Paraná. Um exemplar está
catalogado no Herbário do Departamento de Botânica da UFPR sob o registro
UPCNB 26027.
38
4.3 Preparação do extrato, identificação, isolamento e purificação dos
compostos
4.3.1 Preparação do extrato e identificação dos compostos
A obtenção do extrato bruto hidroalcoólico da P. paniculata (EHPP) e a
identificação, isolamento e purificação dos compostos foi realizada pelo grupo de
pesquisa coordenado pelo Profº Moacir Pizzolatti do Departamento de Química da
Universidade Federal de Santa Catarina. Cerca de 1000g da planta inteira, seca e
triturada foram submetidos à extração, por maceração em 80% de etanol-água, à
temperatura ambiente (22 ± 3º C), por 14 dias. O etanol foi evaporado e o extrato
(rendimento 50g) foi concentrado ao nível desejado.
Os estudos fitoquímicos conduzidos com o extrato da P. paniculata
demonstraram a presença de muitos constituintes (CRISTIANO et al, 2003). Usando
métodos químicos e de espectroscopia (EIMS, IR,
1
H e
13
CNMR, NOE, DIF), foi
identificada a estrutura de duas xantonas (1-hidroxi-5-metoxi-2,3-
metilenodioxixantona e 1,5-dihidroxi-3,2-dimetoxixantona) e a presença de outros
compostos como cumarinas e o flavonóide rutina. Usando cromatografia de gás
acoplada à espectrometria de massa, dois esteróis foram caracterizados
(espinasterol e delta25-espinasterol) e uma xantona em menor quantidade (1-hidroxi-
2,3,5-trimetoxixantona).
4.3.2 Isolamento e purificação dos compostos
O composto isolado aurapten foi obtido a partir do extrato bruto diclorometano. A
febalosina foi isolada a partir da cera edicuticular da P. paniculata e a rutina foi obtida
a partir do extrato bruto hidroalcoólico da P. paniculata conforme descrito por Missau
e colaboradores (dados não publicados).
39
4.4 Drogas e soluções usadas
Foram utilizadas as seguintes drogas e soluções: ácido acético, formalina,
hidrocloreto ou hidrobrometo de morfina (Merck AG, Darmstadt, Alemanha), N
ω
-nitro-
L-arginina (L-NOARG), L-arginina-metil-éster (L-NAME), L-arginina, glutamato,
carragenina lambda, capsaicina, IL-1β, TNF-α, cimetidina (Sigma Chemical CO., St
Luis, MO, EUA), hidrocloreto de naloxona (Research Biochemicals International,
Natick, MA, EUA), éter etílico, álcool etílico, sacarose, alciam blue e cloreto de
magnésio (Biotec). Os demais reagentes e sais utilizados foram de alto grau de
pureza analítica e procedência Merck.
A capsaicina foi dissolvida em etanol absoluto e carbonato de sódio (0,5%).
Os compostos isolados, febalosina e aurapten foram diluídos em uma mistura
de tween 80 e salina (NaCl 0,9%), sendo que a concentração final de tween não
excedeu a 10%, de modo a não influenciar na atividade exercida pelos compostos.
As demais drogas e o extrato hidroalcoólico e a rutina foram diluídos em
salina.
4.5 Análise Farmacológica in vivo
4.5.1 Vias de administração
Para avaliar a atividade antinociceptiva do EHPP, de modo sistêmico, o
mesmo foi administrado por via oral (v.o.) e os compostos isolados (febalosina,
aurapten e rutina) foram administrados por via intraperitoneal (i.p.). Os animais foram
tratados por v.o. e i.p., com diferentes doses do extrato ou compostos,
respectivamente 60 e 30 minutos antes da administração dos agentes indutores da
nocicepção, que foram administrados por via i.p., intraplantar (i.pt.) e via intratecal
(i.t.).
40
A atividade antiinflamatória do EHPP foi avaliada através da administração de
diferentes doses do extrato por v.o., respectivamente 60 minutos antes da
administração dos agentes flogísticos, que foram administrados por via i.pt. e
intrapleural (i.pl.).
A atividade protetora gástrica foi verificada através da administração do EHPP
por v.o., 1 h antes e por via i.p., 30 min. antes da administração dos agentes
indutores da lesão gástrica. Para indução das lesões gástricas, o etanol foi
administrado por v.o. e a indometacina por via subcutânea (s.c.). O extrato também
foi administrado por via intraduodenal (i.d.), durante a cirurgia da ligadura do piloro.
4.6 Métodos
A metodologia utilizada para verificar a atividade antinociceptiva EHPP
consistiu inicialmente na utilização de modelos de nocicepção química, induzida pelo
ácido acético (0,6%, 450µl/ animal, i.p.), formalina (2,5%, 20 µl/pata), capsaicina (1,6
µg/pata), glutamato (10 µmol/pata; 175 nmol/ sítio, i.t.), NMDA (450 pmol/sítio, i.t.),
Trans-ACPD (50 nmol/sítio, i.t.), IL-1β (1 pmol/sítio, i.t.) e TNF-α (0,1pmol/sítio, i.t.).
Também foi utilizado o modelo de nocicepção térmica, o tail-flick (potência 90W).
(SCHEIDT et al., 2002; SANTOS et al., 1999; BEIRITH et al., 2002).
Com a finalidade de verificar a ação antiinflamatória do EHPP, foi utilizado
como agente flogístico, a carragenina tanto nos modelos de edema de pata
(300 µg/pata) como no modelo de pleurisia (1%, 0,1ml/sítio).
A atividade protetora gástrica do EHPP foi verificada através de modelos de
indução aguda de lesões gástricas induzidas por etanol 70% (0,5 ml/animal, v.o.) e
por indometacina (20 mg/kg, s.c.). A secreção ácida gástrica foi avaliada através do
modelo da ligadura pilórica. O trânsito intestinal e o esvaziamento gástrico foram
verificados através do método do vermelho de fenol.
41
4.6.1 Teste das contorções abdominais induzidas pela injeção intraperitoneal
de ácido acético (0,6%), em camundongos
Este modelo consiste na indução da resposta nociceptiva através da
administração intraperitoneal de ácido acético (0,6%) diluído em solução salina. A
administração de ácido acético por via intraperitoneal provoca irritação da membrana
serosa, o que ocasiona movimentos estereotipados, os quais são caracterizados por
contração da musculatura abdominal (contorções abdominais), juntamente com a
extensão de uma das patas posteriores (COLLIER et al., 1968; SANTOS et al., 1999;
LE BARS et al., 2001).
Grupos de animais foram pré-tratados por via oral com o EHPP, nas doses de
5, 10, 50, 100 e 200 mg/kg, 1 h antes da injeção do ácido acético. Os grupos
controles receberam o mesmo volume do veículo (salina, 10 ml/kg, v.o.) utilizado
para diluir o extrato. Após a administração do ácido acético, os animais foram
colocados sob funis de vidro individuais transparentes e durante 20 minutos, o
número de contorções abdominais foi quantificado cumulativamente. A atividade
antinociceptiva do extrato pôde ser obtida através da comparação do número de
contorções abdominais quantificadas entre os grupos controle (tratado com o
veículo) e tratado com o EHPP.
4.6.2 Nocicepção induzida pela injeção intraplantar de formalina (2,5%), em
camundongos
Para confirmação do efeito antinociceptivo do EHPP, foi utilizado o teste de
nocicepção induzida pela injeção intraplantar de formalina, na pata traseira direita,
(HUNSKAAR e HOLE, 1987 e SANTOS et al., 1999). Este modelo é mais específico
que o teste de contorções abdominais, permitindo avaliar dois tipos de dor: a dor de
origem neurogênica (estimulação direta dos neurônios nociceptivos) e a dor
inflamatória (caracterizada pela liberação de mediadores pró-inflamatórios). Os
42
animais pré - tratados com o EHPP, receberam 20 µl de formalina a 2,5% (0,92% de
formaldeído) por via intraplantar, na superfície ventral da pata posterior traseira. Logo
após a injeção da formalina os animais foram colocados individualmente dentro de
um funil de vidro, ao lado de um espelho para facilitar a observação. Em seguida o
tempo foi cronometrado durante 30 minutos.
O tempo que o animal permaneceu lambendo ou mordendo a pata injetada
com formalina foi quantificado cumulativamente em segundos como índice de
nocicepção. Os 5 min iniciais, após a administração intraplantar de formalina,
correspondem à primeira fase (dor de origem neurogênica) da nocicepção
desencadeada por este agente nociceptivo. A segunda fase, que ocorre entre 15 a
30 min após a administração de formalina, representam a resposta tônica à
nocicepção, acompanhada de uma resposta inflamatória relacionada à liberação de
mediadores inflamatórios. Ao fim do experimento os animais foram sacrificados por
deslocamento cervical e para verificar a ação antiedematogênica do EHPP, a pata
que recebeu o agente nociceptivo foi cortada na altura da articulação e pesada em
balança analítica. A diferença entre a pata que recebeu o agente algogênico e a pata
que não o recebeu, corresponde ao edema, em mg, como descrito por Ferreira et al.,
1999 e Beirith et al., 2002.
Grupos de animais foram previamente tratados com o EHPP por via oral, nas
doses de 0,0001, 0,001, 0,01 e 0,1 mg/kg, 1 h antes da injeção da formalina. Os
animais controle receberam igual volume do veículo (salina, 10 ml/kg, v.o.) utilizado
para diluir o extrato.
4.6.3 Nocicepção induzida pela injeção intraplantar de capsaicina, em
camundongos
Esse modelo foi proposto para o estudo de compostos que atuam sobre a dor
de origem neurogênica. A injeção de capsaicina induz estimulação direta dos
neurônios nociceptivos e causa a liberação de vários neuropeptídeos e aminoácidos
excitatórios, envolvidos na transmissão dolorosa, incluindo principalmente as
43
taquicininas (substância P, neurocinina A e neurocinina B) e o glutamato,
respectivamente (SAKURADA et al, 1992, SAKURADA et al, 1996).
Os animais foram colocados sob funis de vidro transparentes individuais, para
um período de adaptação de 20 minutos. Após, esse período, cada animal recebeu
por via intraplantar 20 µl de solução de capsaicina (1,6 µg/pata) na pata posterior
direita, sendo que o tempo que o animal permaneceu lambendo ou mordendo a pata
injetada com capsaicina foi cronometrado por um período de 5 min e considerado
como índice de nocicepção. Grupos de animais foram tratados com o EHPP, nas
doses de 0,01, 0,1 0,5, 1,0 e 10 mg/kg por via oral 1 h antes da injeção da
capsaicina. Os animais controles receberam igual volume dos veículos utilizados
(salina, 10 ml/kg, v.o.) para diluir o extrato.
4.6.4 Nocicepção induzida pela injeção intraplantar de glutamato, em
camundongos
Para testar a hipótese do envolvimento dos aminoácidos excitatórios (AAE) no
efeito antinociceptivo do EHPP, este foi administrado por via oral e uma hora após,
sua atividade foi analisada no modelo de nocicepção induzida pelo glutamato
(SANTOS e CALIXTO, 1997; BEIRITH et al., 2002). Também neste modelo, foi
avaliada a atividade antinociceptiva dos três compostos isolados da P paniculata,
sendo que todos foram administrados por via intraperitoneal, devido a pouca
quantidade. A febalosina foi administrada nas doses de 1, 3, 10 e 30 mg/kg; o
aurapten, administrado nas doses de 3, 10, 30 e 100 mg/kg e a rutina, nas doses de
1, 3, 10, 30 e 100 mg/kg, 30 minutos antes da injeção de glutamato.
Após os tratamentos com o extrato e/ou compostos isolados, os animais receberam
20 µl de solução de glutamato (10 µmol/pata) dissolvido em salina por via intraplantar
na pata traseira direita. Após, os animais foram colocados individualmente sob funis
de vidro transparentes, e o tempo que o animal permaneceu lambendo ou mordendo
a pata injetada foi cronometrado durante 15 minutos e considerado como um índice
de nocicepção. Ao fim do experimento, os animais foram sacrificados por
44
deslocamento cervical e a pata foi cortada na altura da articulação e pesada em
balança analítica. A diferença entre a pata que recebeu o agente nociceptivo e a pata
que não o recebeu, corresponde ao edema, em mg (FERREIRA et al., 1999;
BEIRITH et al., 2002).
Os animais controle receberam igual volume de veículos utilizados para diluir
o extrato e compostos.
4.6.5 Teste da retirada da cauda (tail-flick)
A atividade antinociceptiva do EHPP foi analisada no teste da retirada da
cauda, também chamado tail-flick, descrito previamente por D`Amour e Smith, 1941.
O teste do tail-flick é um teste simples e de fácil visualização que consiste na
utilização de uma fonte de calor como estímulo nociceptivo. Para a realização deste
foi utilizado o aparelho tail-flick analgesia meter, San Diego instruments. Este
aparelho possui um aparato que contém uma fonte térmica luminosa e um suporte
para encaixe da cauda do camundongo. No mesmo momento em que a cauda é
colocada no aparato, a fonte térmica nociva é acionada e um cronômetro é
disparado, sendo que o tempo até a retirada da cauda (período de latência) é
utilizado como determinação do índice de nocicepção (Le BARS et al., 2001). Todos
animais foram pré-selecionados. Nesta pré-seleção, os animais que permaneceram
no aparato, por mais de 8 segundos, foram eliminados do teste. Durante a avaliação
da atividade antinociceptiva do extrato, o tempo máximo de permanência permitido
aos animais, no aparato, foi de 30 s para evitar danos teciduais.
Os animais foram pré-tratados, por via oral, com o EHPP, na dose de 100
mg/kg, 1 h antes do experimento ou, 30 min antes com morfina (5 mg/kg, s.c.),
utilizada como controle positivo. O tempo de permanência dos animais no aparelho
de tail-flick foi convertido em percentuais, sendo utilizada a seguinte fórmula:
percentagem de efeito máximo (PME)= TF (tempo final) – TI (tempo basal)/30 – TI
(tempo basal).
45
4.6.6 Efeito sobre desempenho motor no teste de atividade locomotora
espontânea
Com o objetivo de esclarecer a presença de efeito depressor sobre o sistema
nervoso central ou periférico dos compostos em estudo, foi empregado o teste de
atividade locomotora espontânea, que analisa o desempenho motor do animal. Este
teste é realizado em caixas fechadas de 40 x 25 x 20 (Plexiglas cages) equipada
com três fotocélulas que são sensíveis à passagem do animal. O número total de
vezes que o animal passou em frente à fotocélula, em um tempo de 5 minutos, foi
cumulativamente registrado e foi utilizado como indicativo de atividade motora
(SKALISZ et al., 2004).
Os animais foram tratados por via oral com o EHPP nas doses de 5, 10, 50 e
100 mg/kg, 1 h antes do teste ou somente com o veículo (salina,10 ml/kg) utilizados
para diluir o extrato, sendo o grupo tratado com o veículo, foi identificado como grupo
controle.
4.6.7 Estudo do possível mecanismo de ação antinociceptivo do EHPP, em
camundongos.
4.6.7.1 Participação do sistema opióide
Com o objetivo de avaliar a influência do sistema opióide sobre o efeito
antinociceptivo do EHPP, grupos distintos de animais foram pré-tratados com o
antagonista opióide não seletivo, naloxona (1 mg/kg, i.p.) 20 min antes da
administração do EHPP (0,1 mg/kg, v.o.) ou da morfina (5 mg/kg, s.c.), que foi
utilizada como controle positivo. Decorridos 1h após a administração por via oral do
extrato ou 30 minutos após a administração subcutânea de morfina, foi avaliado o
efeito desse tratamento em relação a nocicepção induzida pela injeção intraplantar
de glutamato. Os grupos utilizados como controle foram tratados 1h antes com o
EHPP (0,1 mg/kg, v.o.) ou veículo utilizado para diluir o extrato, agonistas e
46
antagonista (salina, 10 ml/kg, v.o.), ou 30 minutos antes da injeção de glutamato,
com a morfina (5 mg/kg, s.c.) ou naloxona (1 mg/kg, i.p.).
4.6.7.2 Participação da via L-arginina-óxido nítrico
Para avaliamos também a participação da via da L - arginina - óxido nítrico no
efeito antinociceptivo causado pelo EHPP, os animais foram previamente tratados
com o precursor do óxido nítrico, a L-arginina (600 mg/kg, i.p.) e após 15 min
receberam o EHPP (0,1 mg/kg, v.o.) ou Nω
– nitro – L - arginina (L-NOARG, 100
mg/kg, i.p.) um inibidor da enzima óxido nítrico sintase (BEIRITH et al., 1998).
Decorridos 1h após a administração do EHPP e 30 min após o tratamento com L-
NOARG, os animais foram avaliados quanto a nocicepção induzida pela injeção
intraplantar de glutamato. Os animais controles foram tratados 1h antes da injeção
intraplantar de glutamato, com o EHPP (0,1 mg/kg, v.o.) ou com veículo utilizado
para diluir o extrato, agonistas e antagonista (salina, 10 ml/kg, v.o.); ou 30 minutos
antes da administração, com L-arginina (600 mg/kg, i.p.) ou L-NOARG (100 mg/kg,
i.p).
4.6.7.3 Participação do sistema glutamatérgico
Para verificar se a atividade antinociceptiva da P. paniculata está relacionada
a uma possível interação com receptores glutamatérgicos, o efeito antinociceptivo do
EHPP (1,0 mg/kg, v.o.) e também da rutina (30 mg/kg, i.p.) foi analisado sobre a
resposta induzida pela administração intratecal de glutamato (GLU, 175nm/sítio, i.t.),
NMDA (450pm/sítio, i.t.) e trans-ACPD (50nm/sítio, i.t.).
As injeções foram administradas nos animais acordados conforme o método
descrito por Hylden e Wilcox, 1980. Os animais foram imobilizados manualmente e
uma agulha conectada a uma microseringa de 50 µl, foi inserida através da pele
entre as vértebras L
5
e L
6
, no espaço subdural. A nocicepção foi induzida pela
administração intratecal (no volume de 5 µl) dos aminoácidos excitatórios diluídos em
47
solução salina. Como controle também foi administrado somente o veículo (salina).
O tempo que o animal permaneceu lambendo ou mordendo os membros
inferiores (patas posteriores, cauda e abdômen) foi cronometrado durante o período
de tempo padronizado para cada AAE, após sua administração, (glutamato: 3 min;
NMDA: 5 min e trans-ACPD: 15 min). Este tempo foi considerado como índice de
nocicepção, conforme descrito previamente (FERREIRA et al., 1999; SCHEIDT et al.,
2002).
4.6.7.4 Participação de citocinas como a IL-1β e TNF-α
Tanto a IL-1β quanto o TNF-α contribuem diretamente na perpetuação da dor
associada a processos inflamatórios como a hiperalgesia e alodínia (FERREIRA et
al., 1988; DAVIS e PERKINS, 1994, CUNHA e FERREIRA, 2003, COUTAUX et al.,
2005). Com base nestas informações, decidiu-se avaliar o efeito antinociceptivo do
EHPP (0,1 mg/kg, v.o.) e de seu composto isolado rutina (30mg/kg, i.p.) na
nocicepção induzida pela administração intratecal destas citocinas. Os animais
receberam uma injeção intratecal de 5 µl de IL-1β (1pg/sítio, i.t.), TNF-α (0,1pg/sítio,
i.t.) ou das soluções veículo usadas para diluir extrato (salina) e compostos (salina e
tween). As injeções foram administradas nos animais acordados conforme o método
descrito por Wilcox em 1980. Os animais foram imobilizados manualmente e com
uma agulha conectada a uma microseringa de 50 µl, que foi inserida através da pele
entre as vértebras L
5
e L
6
dentro do espaço subdural, foram administradas as
soluções.
O tempo que o animal permaneceu lambendo ou mordendo os membros
inferiores, após a injeção de IL-1β e TNF-α foi cronometrado por um período de 15
min, sendo utilizado para determinar o índice de nocicepção, conforme descrito
previamente (FERREIRA et al., 1999; SCHEIDT et al., 2002).
48
4.7 Estudo da atividade antiinflamatória do EHPP
4.7.1 Avaliação da atividade antiinflamatória do EHPP no modelo do edema de
pata induzido injeção intraplantar de carragenina, em ratos
O modelo de edema em pata de rato foi realizado de acordo com Winter,
1962. O volume da pata direita e esquerda dos animais foi avaliado por
pletismometria. Em seguida, os animais receberam o tratamento com EHPP, nas
doses de 30, 100 e 300 mg/kg (v.o.), indometacina (4 mg/kg, i.p.) ou veículo (salina,
10 ml/Kg, v.o) e após 60 e 30 min.respectivamente, receberam uma injeção
intraplantar de carragenina (300 µg/pata) na pata posterior direita e salina na pata
posterior esquerda no volume de 50 µl. Os volumes das patas traseiras direita e
esquerda foram avaliados novamente por pletismometria após 1, 2, 3 e 4 h. Os
resultados foram expressos como a diferença entre o volume final da pata a cada
tempo (Vf) e o volume inicial (Vi), representados pela fórmula Vf-Vi.
4.7.2 Avaliação da atividade antiinflamatória do EHPP no modelo de pleurisia,
induzido pela injeção intrapleural de carragenina, em camundongos
Para indução experimental da pleurisia, primeiramente foi administrado por via
endovenosa a solução de Azul de Evans (25 mg/kg, 0,2 ml i.v.), para posterior
determinação indireta do grau de exsudação na cavidade pleural (SALEH, 1997;
VIANNA e CALIXTO, 1998). Decorridos 30 min da injeção de Azul de Evans, grupos
de animais foram tratados com EHPP (3, 10, 30 mg/kg, v.o.). Após 1 hora do
tratamento, os mesmos foram levemente anestesiados com éter etílico e em seguida
foi administrado na cavidade pleural direita, através do espaço intercostal, 0,1 ml de
solução fisiológica estéril (NaCl 0,9%) contendo, carragenina (1%), ou somente
salina (grupo controle). Quatro horas após a administração do agente flogístico, os
animais foram mortos com uma overdose de éter etílico. A seguir os animais foram
fixados em mesa cirúrgica, em declive de 30 a 45º, sendo feita uma incisão
49
transversal na pele e nos músculos abdominais. Em seguida o apêndice xifóide foi
pinçado e através de uma incisão abaixo do esterno, os pulmões e a cavidade
pleural foram expostos. Logo após esta operação, a cavidade pleural foi lavada com
1,0 mL de solução salina heparinizada (20 UI/ ml). A seguir, o volume líquido da
cavidade pleural foi coletado com auxílio de pipetas automáticas e processado para
posterior determinação do número total e diferencial de células e da exsudação.
A contagem total foi realizada utilizando-se a câmara de Neubauer espelhada
e microscópio óptico (aumento de 400 vezes), com uma prévia diluição de 10 µl do
exsudato em 200 µl do líquido de Türk (2% de ácido acético).
A contagem diferencial foi efetuada, realizando-se a leitura das amostras de
exsudato fixadas em 3% de albumina bovina, sendo secados à temperatura
ambiente e corados pelo método de May-Grunwald-Giensa. A contagem diferencial
foi feita em microscópio óptico comum com auxílio de objetiva de imersão, contando-
se aproximadamente 100 células por lâmina.
Após a lavagem das cavidades pleurais com solução salina heparinizada, uma
alíquota de 1 ml foi separada e congelada em freezer (-20ºC) para posterior
determinação dos níveis de Azul de Evans em espectrofotômetro (Pharmacia Biotech
– Ultrospec 2000) por leitura de densidade óptica, em comprimento de onda de 600
nm. Para tal, curvas-padrão com concentrações previamente conhecidas do corante
também tiveram suas densidades óticas determinadas, permitindo a quantificação
dos valores experimentais em µg/ml com auxílio de equação da reta.
4.8 Estudo da atividade antiúlcerogênica e anti-secretora ácida do EHPP, em
ratas
4.8.1 Lesões gástricas induzidas por etanol
Este modelo foi descrito por Robert e colaboradores (1979) e nele, as lesões
da mucosa gástrica ocorrem independente de qualquer efeito sobre a secreção
50
gástrica, sendo que a lesão se caracteriza pela presença de focos hiperêmicos e
hemorrágicos indicando o comprometimento do fluxo sangüíneo pelo agente lesivo.
Para testar a hipótese de uma possível atividade protetora gástrica do EHPP,
o mesmo foi administrado em ratas Wistar adultas, em jejum de 15-18 horas, por via
oral, nas doses de 30, 100 e 300 mg/kg, e por via intraperitoneal, nas doses de 3, 10
e 30 mg/kg. Uma hora depois da administração do etanol 70% (0,5 ml/ animal, v.o.),
os animais foram mortos e a parede abdominal foi exposta e o estômago foi
localizado e removido.
Após a remoção do estômago, o mesmo foi mantido em placa de Petri, lavado
e aberto ao longo da curvatura menor. O conteúdo gástrico foi desprezado, a mucosa
foi lavada delicadamente com água destilada e esticada em placa de isopor. Depois
deste procedimento, o índice de úlceras foi determinado através de “leitura cega” de
acordo com a tabela de pontuação para lesões gástricas agudas como descrito no
item 4.8.3.1.
4.8.2 Lesões gástricas induzidas por indometacina
O modelo de lesões gástricas induzidas por indometacina foi conduzido de
acordo com Djahanguiri, 1969. Nele, as úlceras são induzidas através da inibição da
síntese de prostaglandinas, cuja função fisiológica é estimular a secreção de muco e
bicarbonato e inibir a secreção gástrica.
Para testar a atividade protetora gástrica do EHPP, o extrato foi administrado
por via oral nas doses de 30, 100 e 300 mg/kg, em ratas Wistar adultas, 1 hora antes
de iniciar os outros tratamentos.
Os animais, em jejum de 15-18 horas, foram tratados com água e extrato, por
gavagem (via oral). Após uma hora do pré-tratamento, foi administrado indometacina
20 mg/Kg, por via subcutânea. Seis horas após a administração do antiinflamatório,
os animais foram sacrificados e a parede abdominal foi exposta e o estômago foi
localizado e removido.
Após a remoção do estômago, o mesmo foi mantido em placa de Petri, lavado
e aberto ao longo da curvatura menor. O conteúdo gástrico foi desprezado, a mucosa
51
foi lavada delicadamente com água destilada e esticada em placa de isopor. Depois
deste procedimento, o índice de úlceras foi determinado em ‘’leitura cega’’, de acordo
com a tabela de pontuação para lesões gástricas agudas, como descrito no item
4.8.3.1..
4.8.3 Avaliação das lesões gástricas nos modelos de indução aguda
4.8.3.1 Determinação do índice de úlceras: O índice de úlceras foi determinado de
acordo com Mesia, 1998, por contagem direta das lesões menores ou iguais a 1 mm
(1 ponto). Quando maiores, o comprimento de cada lesão na mucosa glandular foi
medido e quantificado, considerando 1,5 pontos x mm. No caso de úlceras
perfuradas, estas também foram medidas e cada mm de lesão e multiplicado por 5
pontos (5 pontos x mm)
4.8.3.2 Quantificação do muco gástrico
Após a realização do modelo de lesão gástrica por etanol, foi realizada a
quantificação do muco gástrico. Neste modelo, segmentos úmidos da mucosa
gástrica (exatamente pesados), foram incubados em 10 ml de solução da Alcian Blue
0,1%, onde permaneceram corando por duas horas. O excesso de Alcian Blue foi
removido com sacarose 0,25 mol/L (duas lavadas sucessivas, a primeira por 15
minutos e a segunda durante 45 minutos). O corante complexado com o muco da
parede glandular foi extraído com 5 ml de cloreto de magnésio (0,5 mol/L), agitando-
se intermitentemente, cada segmento, por 1 minuto, a cada 30 minutos durante duas
horas. Foi misturada 3 ml da solução sobrenadante azul, obtida com 3 ml de éter
dietílico e agitado vigorosamente até a formação de uma emulsão. Centrifugou-se a
3600 rpm x 10 min., para separar a fase aquosa, descartando o resíduo. A
concentração de Alcian Blue, nas amostras, foi determinada por leitura
espectrométrica a 598 nm (CORNE et al, 1974). Para tal, curvas-padrão com
concentrações previamente conhecidas do corante também tiveram suas densidades
52
óticas determinadas, permitindo a quantificação dos valores experimentais em µg de
Alcian Blue/ml/g de tecido úmido, através da interpolação na curva padrão do corante
4.8.4 Método de estudo in vivo: Método da ligadura pilórica
Este modelo foi conduzido de acordo com o descrito por Shay et al, 1945. O
modelo da ligadura pilórica nos permite estudar o efeito da drogas sobre a secreção
gástrica, bem como sobre eventos envolvidos na gastroproteção. Neste método, o
conteúdo gástrico, acumulado durante 4 horas, foi avaliado em termos de volume
secretado, pH, acidez total e atividade péptica. Com o objetivo de descartar efeitos
inespecíficos que interferem com a secreção, como o estímulo reflexo de secreção
gástrica pelo contato direto de um extrato vegetal com terminações nervosas
sensitivas peritoneais, deu-se preferência à via de administração intraduodenal
porque, além de ser protegida pela mucosa, é a que mais se aproxima da via oral.
Para fazer a ligadura no piloro, os ratos em jejum (15-18 horas) foram
anestesiados com éter e fixados em decúbito dorsal em uma placa de isopor. Através
de uma incisão de cerca de 2 cm no abdômen, o estômago foi localizado e o piloro
foi amarrado com linha cordonê. Após este procedimento, foi administrado o veículo:
água (10 ml/Kg) pela via intraduodenal nos animais controle. A cimetidina 60 mg/kg e
o EHPP nas concentrações de 30, 100 e 300 mg/kg foram administrados por via
intraduodenal.
Depois deste procedimento a parede abdominal e a pele foram suturadas e foi
aguardada a recuperação da anestesia. Quatro horas após a cirurgia, os animais
foram mortos e seus estômagos foram removidos após pinçamento do esôfago para
evitar perda do material secretado.
Depois da retirada do estômago, o órgão foi lavado com água destilada,
secado com gaze e mantido em placa de Petri. O estômago foi aberto ao longo da
curvatura menor e a mucosa foi lavada com 3 ml de água destilada, recolhendo, a
seguir, o suco gástrico em tubos de ensaios. Os tubos foram centrifugados (1500
rpm x 30 min. em centrífuga refrigerada), sendo o volume determinado por medida
53
direta em provetas e a acidez total (mEq [H
+
]/ml/4h) foi determinada por titulação
com NaOH 0,1N utilizando solução de fenoftaleína 2% como indicador da
neutralização.
4.8.5 Estudo dos mecanismos de ação envolvidos no possível efeito protetor
gástrico do EHPP, em ratas
Com o objetivo de avaliar a participação do óxido nítrico no mecanismo de
ação envolvido na atividade protetora gástrica do EHPP, observada no modelo de
úlceras agudas induzidas por etanol, os animais foram previamente tratados com o
inibidor da óxido nítrico sintase, L-NAME (70 mg/kg, i.p.) e após 30 minutos
receberam o EHPP (100 mg/kg, v.o.). Após 1h, foi administrado por gavagem 0,5 ml
de etanol 70% para cada animal; 1h depois da administração do etanol, os animais
foram sacrificados e a parede abdominal foi exposta e o estômago foi localizado e
removido (ARRIETA et al, 2003).
O pré-tratamento com L-NAME modifica as características da úlcera induzida
pelo etanol, aumentando o tamanho da lesão e tornando-a mais larga. Dessa forma,
para aumentar a reprodutibilidade da leitura do índice de úlceras, o mesmo foi
determinado de forma diferente do descrito no item 4.8.3.1., através da leitura da
área lesada, onde a largura da lesão foi medida e multiplicada pelo seu comprimento.
A concentração de muco, secretado pela mucosa gástrica, foi quantificada como
descrito no item 4.8.3.2..
4.8.6 Avaliação do EHPP sobre a motilidade gastrintestinal
4.8.6.1 Trânsito intestinal, em camundongos
Esse método consiste na administração de um marcador colorido (vermelho
de fenol 0,05% em carboximetilcelulose 1,5%) e na avaliação do trajeto do mesmo
no intestino delgado durante um período de tempo. Camundongos, em jejum de 6
54
horas, foram tratados com o veículo (grupo C: controle, água, via oral), ou com
metoclopramida 30 mg/kg v.o., ou com atropina 3,0 mg/kg, s.c. ou com EHPP (10, 30
e 100 mg/kg, v.o.). Decorrido 1 h dos tratamentos, foi administrado o marcador
colorido, por via oral a todos os animais. O grupo controle tempo zero foi morto, por
deslocamento cervical, logo após a administração do marcador colorido e os outros
grupos, após 20 min. da administração. A cavidade abdominal foi aberta e o intestino
delgado foi removido. Com auxílio de uma régua, foi medido o comprimento total do
intestino delgado de cada animal desde o piloro até a válvula ileocecal, bem como a
distância percorrida pelo marcador. Os resultados destas medidas foram expressos
em porcentagem de distância percorrida pelo marcador em relação ao comprimento
total do intestino delgado (SCARPIGNATO et al, 1980).
4.8.6.2 Esvaziamento gástrico de semi-sólidos
Esse método consiste na administração de um marcador colorido semi-sólido
(vermelho de fenol 0,05% em carboximetilcelulose 1,5%) e na avaliação da
quantidade do marcador que permanece no estômago durante um período de tempo.
Camundongos, em jejum de 6 horas, foram tratados com o veículo (grupo C:
controle, água, via oral), ou com metoclopramida 30 mg/kg v.o., ou com atropina 3,0
mg/kg, s.c. ou com EHPP (10, 30 e 100 mg/kg, v.o.). O grupo controle tempo zero foi
sacrificado, por deslocamento cervical, logo após a administração do marcador
colorido, e os outros grupos, após 20 min. da administração. A cavidade abdominal
foi aberta, o piloro e a parte distal do esôfago foram pinçados, o estômago retirado
com seu conteúdo e então aberto e lavado com 7ml de água destilada. O conteúdo
gástrico coletado foi centrifugado a 1.500 (r.p.m.), por 15 min. Foi coletado 1 ml do
sobrenadante, no qual foi adicionado 1 ml de NaOH 1N (pH 12). Os resultados
foram obtidos por leitura espectrofotométrica a 560nm, e expressos em porcentagem
de esvaziamento gástrico em relação ao grupo controle tempo zero (SCARPIGNATO
et al , 1980).
55
4.9 Análise Estatística
Os resultados são apresentados como a média ± erro padrão da média, exceto as
DI
50
s (dose ou concentração das drogas ou compostos que reduziram a resposta em
50% em relação ao grupo controle), que são apresentadas como médias
geométricas, acompanhadas de seus respectivos limites de confiança, em nível de
95%. As análises estatísticas dos resultados foram realizadas por meio de análise de
variância (ANOVA), seguidas pelo teste de múltipla comparação, utilizando-se o
método de Newman Keuls, quando apropriado. Valores de P<0,05 foram
considerados como indicativos de significância. As DI
50
s foram estimadas a partir de
experimentos individuais, utilizando o método de regressão linear através do
programa “Graph Pad” ou “Instat”.
56
5 RESULTADOS
5.1 Nocicepção induzida pela injeção intraperitoneal de ácido acético (0,6%) em
camundongos
A Figura 5 mostra que o EHPP (5, 10, 50, 100 e 200 mg/kg), administrado por
via oral, foi capaz de reduzir, de forma dependente da dose, as contorções
abdominais induzidas pela injeção intraperitoneal de ácido acético em camundongos.
O valor médio da DI
50
(juntamente com seus limites de confiança de 95%) foi de 24,8
(18,3 - 33,5) mg/kg, apresentando inibição de 90 ± 4% na dose de 200 mg/kg.
C 5 10 50 100 200
0
10
20
30
40
EHPP (mg/kg, v.o.)
***
***
***
**
Número de contorções
Figura 5: Efeito do EHPP sobre as contorções abdominais induzidas por ácido acético, em
camundongos. Os animais foram tratados com o extrato (barras abertas) ou veículo (C, barra
fechada), 1h antes por via oral, nas doses indicadas e após este período, receberam uma
injeção intraperitoneal de ácido acético 0,6% e o número de contorções abdominais foi
avaliado durante 20 min. Cada grupo representa a média de 6 -12 animais e as barras
verticais o E.P.M. Na análise estatística, foi considerado significante **P < 0,01 e ***P <
0,001 quando comparado ao grupo controle (C).
57
5.2 Nocicepção induzida pela administração intraplantar de formalina (2,5%) em
camundongos
A Figura 6 mostra que o EHPP (0,0001-0,1 mg/kg), administrado por v.o., foi
capaz de inibir de forma parcial a nocicepção de origem neurogênica (1ª fase –
Figura 6A) com inibição de 24 ± 6%, na dose de 0,01 mg/kg, sendo mais eficaz em
reduzir a nocicepção inflamatória (2ª fase – Figura 6B) com valor médio de DI
50
de
4,2 (3,5-4,9) µg/kg e inibição de 69 ± 4%, na dose de 0,01 mg/kg. No entanto, o
tratamento com o extrato não apresentou efeito sobre o edema de pata causado pela
injeção intraplantar de formalina (dado não apresentado).
C 0,0001 0,001 0,01 0,1
0
25
50
75
100
EHPP (mg/kg, v.o.)
*
*
A
Tempo de reação (s)
C 0,0001 0,001 0,01 0,1
0
100
200
300
EHPP (mg/kg, v.o.)
***
***
**
B
Tempo de reação (s)
Figura 6: Efeito do EHPP sobre a nocicepção, induzida pela formalina, em camundongos.
Os animais foram tratados com o extrato (barras abertas) ou veículo (controle: C, barra
fechada), 1h antes por via oral, nas doses indicadas e após este período receberam uma
injeção intraplantar de formalina 2,5% e a nocicepção foi avaliada na primeira (A) e segunda
fase (B). Cada grupo representa a média de 6 - 12 animais e as barras verticais o E.P.M. Na
análise estatística, foi considerado não significante P > 0,05 e significante *P < 0,05 **P<
0,01 e ***P < 0,001 quando comparado ao grupo controle (C).
58
5.3 Nocicepção induzida pela administração intraplantar de capsaicina
(1,6µg/pata) em camundongos
O resultado apresentado na Figura 7 mostra que o EHPP (0,01-10 mg/kg),
administrado por v.o., foi capaz de inibir de maneira significativa a nocicepção de
origem neurogênica causada pela capsaicina, somente na dose de 1,0 mg/kg com
inibição de 50 ± 3%.
C 0,01 0,1 0,5 1,0 10
0
10
20
30
40
50
**
EHPP (mg/kg, v.o.)
Tempo de reação (s)
Figura 7: Efeito do EHPP sobre a nocicepção induzida pela capsaicina, em camundongos.
Os animais foram tratados com o extrato (barras abertas) ou veículo (C, barra fechada), 1h
antes por via oral, nas doses indicadas e após este período receberam a injeção intraplantar
de capsaicina e a nocicepção foi avaliada. Cada grupo representa a média de 6 - 12 animais
e as barras verticais o E.P.M. Na análise estatística foi considerado não significante P > 0,05
e significante **P < 0,01 quando comparado ao grupo controle (C).
59
5.4 Efeito do EHPP no teste da retirada da cauda (tail-flick), em camundongos
O resultado na Figura 8 mostra que o EHPP (100 mg/kg, 1h antes),
administrado por via oral, não foi capaz de alterar o período de latência ao estímulo
térmico luminoso, quando analisado no teste do tail-flick, após 1 e 2 hs da sua
administração por via oral. Porém, o tratamento com morfina (agonista opióide, 5
mg/kg, s.c.) aumentou o período de latência de resposta dos animais ao estímulo
térmico quando avaliada por este modelo.
C 1h 2h morfina
0
25
50
75
**
EHPP (100mg/kg, v.o.)
PME%
Figura 8: Efeito do EHPP e da morfina sobre latência ao estímulo térmico nocivo aplicado no
teste da retirada da cauda (tail-flick), em camundongos. Os animais foram tratados com o
extrato (barra aberta) ou veículo (C, barra fechada), 1h antes por via oral ou morfina (barra
hachurada, 5mg/kg, s.c.) 30 min. antes, nas doses indicadas e após, a latência ao estímulo
térmico foi avaliada. Cada grupo representa a média de 6 - 12 animais e as barras verticais
o E.P.M. Na análise estatística, foi considerado não significante P > 0,05 e significante **P <
0,01, quando comparado ao grupo controle (C).
60
5.5 Efeito do EHPP sobre a performance motora no teste de atividade
PP (5-100 mg/kg, v.o.), 1
hora a
igura 9:
Efeito do tratamento dos animais com EHPP sobre o desempenho motor, em
amundongos. Os animais foram tratados com o extrato (barras abertas) ou veículo (C, barra
locomotora espontânea, em camundongos
A Figura 9 demonstra que o tratamento com o EH
ntes, não alterou de maneira significante a atividade locomotora dos animais
quando avaliados no modelo da caixa de atividade locomotora, quando comparado
ao grupo controle, que corresponde aos animais tratados somente com o veículo
(salina).
C 5 10 50 100
0
50
100
150
EHPP (mg/kg, v.o.)
Número de interrupções
200
F
c
fechada), 1h antes por via oral, nas doses indicadas e após, a atividade locomotora foi
avaliada. Cada grupo representa a média de reação de 6 - 12 animais e as barras verticais o
E.P.M. Na análise estatística, foi considerado não significante P > 0,05 quando comparado
ao grupo controle (C).
61
5.6 Efeito do EHPP e dos compostos isolados, febalosina, aurapten e rutina
Os resultados apresentados na Figura 10 mostram que o EHPP (0,001 – 1,0
igura 10:
Efeito do EHPP na nocicepção induzida pela administração intraplantar de
glutamato, em camundongos. Os animais foram tratados com o extrato (barras abertas) ou
os com o EHPP, a atividade
sobre a nocicepção induzida pela injeção intraplantar de glutamato, em
camundongos
mg/kg), administrado por via oral, causou uma inibição de forma dose dependente,
da nocicepção induzida pela injeção intraplantar de glutamato (10µmol/pata) em
camundongos, porém sem interferir com o edema produzido pela mesma (dado não
apresentado). O valor médio da DI
50
(juntamente com seus limites de confiança de
95%) foi de 8,4 (7,7 – 9,2) µg/kg, apresentando inibição de 72 ± 3% para a dose de
1,0 mg/kg.
C 0,001 0,005 0,01 0,1 1
0
50
100
150
***
***
***
*
EHPP (mg/kg, v.o.)
Tempo de reação (s)
200
F
veículo (C, barra fechada), 1h antes por via oral nas doses indicadas e após a nocicepção
foi avaliada. Cada grupo representa a média de 6 - 12 animais e as barras verticais o E.P.M..
Na análise estatística foi considerado não significante P > 0,05 e *P < 0,05; ***P < 0,001,
significante quando comparado ao grupo controle (C).
e forma a complementar, aos dados obtidD
antinociceptiva dos compostos isolados febalosina (1-30 mg/kg, i.p.), aurapten (3-100
mg/kg, i.p.) e rutina (1-100 mg/kg, i.p.), foram testados no modelo de nocicepção
62
induzida pelo glutamato. A Figura 11 C, mostra que o rutina apresentou, de forma
dependente da dose, uma importante atividade antinociceptiva, com inibição de 82
±
7%, para a dose de 100 mg/kg e valor médio da DI
50
(juntamente com seus limites de
confiança de 95%) de 10,98 (7,80-15,45) mg/kg.
No entanto, a febalosina (Fig. 11 A) apresentou atividade antinociceptiva
igu
duzida pela administração intraplantar de glutamato, em camundongos. Os animais foram
somente na dose de 10 mg/kg, i.p., com inibição de 64
± 12%. O mesmo ocorreu com
o aurapten (Fig. 11 B), que apresentou efeito inibitório somente na dose de 100
mg/kg, com inibição de 71
± 7%.
ra 11:
Efeito da febalosina (A), aurapten (B) e rutina (C) em relação a nocicepção
C131030
0
100
200
Febalosina (mg/kg, i.p.)
**
Tempo de reação (s)
C 3 10 30 100
0
100
200
*
Aurapten (mg/kg, i.p.)
Tempo de reação (s)
C 1 3 10 30 100
0
100
200
***
***
**
**
Rutina (mg/kg, i.p.)
Tempo de reação (s)
C
A
B
F
in
tratados com os compostos (barras abertas) ou veículo (C, barra fechada), 30 minutos antes
por via intraperitoneal nas doses indicadas e após a nocicepção foi avaliada. Cada grupo
representa a média de 6 - 12 animais e as barras verticais o E.P.M.. Na análise estatística foi
considerado não significante P > 0,05 e *P < 0,05; **P < 0,01, ***P < 0,001, significante
quando comparado ao grupo controle (C).
63
5.7 Curva tempo-resposta do EHPP no modelo de nocicepção induzida pela
administração intraplantar de glutamato (10 µmol/ pata), em camundongos
A Figura 12 mostra que o EHPP, quando administrado na dose de 0,1 mg/kg,
igura 12:
Curva tempo-resposta do EHPP no modelo de nocicepção induzido pela
dministração intraplantar de glutamato, em camundongos. Os animais foram tratados com o
por via oral, 1 hora antes, foi capaz de inibir significativamente a nocicepção causada
pela injeção intraplantar de glutamato. Os resultados demonstram que a atividade
antinociceptiva do extrato foi mantida até a oitava hora, sendo mais pronunciada da
primeira a quarta hora.
1 2 4 6 8 12
0
50
100
150
***
***
*
*
Tempo (h)
Tempo de Resposta
***
200
(h)
F
a
extrato (círculos abertos) ou veículo (C, círculos fechados), 1h antes por via oral, na dose de
0,1mg/kg e após o efeito antinociceptivo tempo-resposta foi avaliado. Cada grupo representa
a média ± erro padrão da média de 6 -12 animais e as barras verticais o E.P.M. Na análise
estatística foi considerado não significante P > 0,05 e *P < 0,05; ***P < 0,001, significante
quando comparado ao grupo controle (C).
64
5.8 Análise do mecanismo de ação do EHPP
5.8.1 Efeito do pré-tratamento com L-arginina
ento dos animais com L-arginina, A Figura 13 demonstra que o pré-tratam
(substrato da óxido nítrico sintase, 600mg/kg, i.p.), reverteu a ação antinociceptiva
causada pela administração da L-NOARG (inibidor da óxido nítrico sintase, 75 mg/kg,
i.p.). Porém, o tratamento com a L-arginina não interferiu de forma significativa com a
atividade antinociceptiva causada pelo EHPP (0,1 mg/kg, v.o.), quando analisada em
relação a nocicepção induzida pelo glutamato.
igura 13:
ausada pelo EHPP (0,1 mg/kg; 1h antes) por via oral ou pela L-NOARG (100mg/kg, i.p.) em
Efeito do pré-tratamento com L-arginina (600mg/kg, i.p.) sobre a antinocicepção
0
40
80
120
160
Veículo
L-arginina (600mg/kg)
L-NOARG (100mg/kg)
EHPP(0,1mg/kg)
Glutamato
+
-
-
-
+
-
+
-
-
+
+
-
+
-
+
-
+
+
-
+
+
-
-
+
+
-
+
-
+
+
***
***
***
#
Tempo de reação (s
200
)
F
c
relação à nocicepção induzida pela injeção intraplantar de glutamato em camundongos.
Cada grupo representa a média de 6 - 12 animais e as barras verticais o E.P.M. Na análise
estatística, foi considerado não significante P > 0,05 e ***P < 0,001, significante quando
comparado aos grupos pré-tratados com controle e antagonista (veículo + glutamato e L-
arginina + glutamato) e # P < 0,001 difere significativamente do grupo tratado com L-NOARG
e glutamato.
65
5.8.2 Participação do sistema opióide
14 mostra que pré-tratamento dos animais
om
igura 14:
ausada
O resultado apresentado na Figura
c naloxona (1 mg/kg, i.p.) reverteu a ação antinociceptiva causada pela
administração da morfina (5 mg/kg, s.c.). No entanto, o tratamento com a naloxona
não interferiu com a antinocicepção causada pelo EHPP (0,1 mg/kg, v.o.), quando
analisada em relação a nocicepção induzida pela administração intraplantar de
glutamato.
Efeito do pré-tratamento com naloxona (1 mg/kg, i.p.) sobre a antinocicepção
pelo EHPP (0,1 mg/kg; 1h antes) por via oral ou pela morfina (5 mg/kg, s.c.) em
0
40
80
120
160
Veículo
Naloxona(1mg/kg)
Morfina (5mg/kg)
EHPP(0,1 mg/kg)
Glutamato
***
***
***
#
+
-
-
-
+
-
+
-
-
+
+
-
+
-
+
-
+
+
-
+
+
-
-
+
+
-
+
-
+
+
Tempo de reação (s)
200
F
c
relação à nocicepção induzida pela injeção intraplantar de glutamato em camundongos.
Cada grupo representa a média de 6 – 12 animais e as barras verticais o E.P.M. Na análise
estatística, foi considerado não significante P > 0,05 e ***P < 0,001 significante quando
comparado ao grupo pré-tratado com controle e antagonistas (veículo + glutamato e
naloxona + glutamato) e #P < 0,001 difere significativamente do grupo tratado com morfina +
glutamato.
66
5.8.3 Efeito do EHPP e da rutina sobre a nocicepção causada pela injeção
tratecal de aminoácidos excitatórios (AAE), em camundongos
e tanto o EHPP
,0 mg/kg, v.o., 1 hora antes), quanto a rutina (30 mg/kg, i.p., 30 min. antes) foram
in
Os dados apresentados na Figura 15 (A e B) demonstram qu
(1
capazes de reverter de forma significativa a nocicepção causada pela administração
intratecal de glutamato (175 nmol/sítio) e NMDA (450 pmol/sítio) com inibições de 48
± 9% e de 81 ± 5%, respectivamente para o EHPP e 45 ± 13% e de 39 ± 15%,
respectivamente para a rutina. No entanto, o EHPP e a rutina não interferiram na
nocicepção induzida pelo trans-ACPD (50nmol/sítio).
67
A
Figura
nocicepção
duzida
CPD ( ou rutina
15:
Efeito antinociceptivo do EHPP (A) e da rutina (B), em relação a
pela administração intratecal de glutamato (175 nmol), NMDA (450 pmol) e trans-
50 nmol), em camundongos. Os animais foram tratados com o EHPP
0
100
200
Glutamato
(175nmol)
Controle
EHPP
(1,0 mg/kg, v.o.)
NMDA
(450pmol)
Veículo
(5µg/i.t)
Trans-ACPD
(50nmol)
-
-
***
+
-
+
-
+
-
-
+
-
+
-
+
***
Tempo de reação (
0
100
200
300
Controle
Rutina
(30 mg/kg, i.p.)
-
-
+
-
Veículo
(5µg/i.t)
-
+
Glutamato
(175nmol)
*
*
+
-
-
+
NMDA
(450pmol)
+
-
-
+
Trans-ACPD
(50nmol)
Tempo de reação (s)
B
300
s)
in
A
(barras abertas) ou veículo (C, barras fechadas), 1h antes, v.o. ou 30 min. antes, i.p. nas
doses indicadas, respectivamente e após a nocicepção foi avaliada. Cada grupo representa
a média de 6 - 12 animais e as barras verticais o E.P.M.. Na análise estatística, foi
considerado não significante P > 0,05 e *P < 0,05, ***P < 0,001, significante quando
comparado com o grupo controle.
68
5.8.4 Efeito do EHPP e da rutina sobre a nocicepção causada pela injeção
tratecal de IL-1
β (1 pg) e TNF-α (0,1 pg), em camundongos
pela administração
tratecal de IL-1
β (1pg) e TNF-α (0,1pg). Tanto o EHPP (0,1 mg/kg, v.o., 1 hora
atados com o EHPP ou rutina (barras abertas) ou veículo (C, barras fechadas), 1h antes,
in
A Figura 16 (A e B) mostra o efeito nociceptivo induzido
in
antes), quanto a rutina (30 mg/kg, i.p., 30 min. antes) foram capazes de reduzir de
maneira significativa a nocicepção causada pela IL-1
β e pelo TNF-α, com inibição de
59 ± 14% e 46 ± 12%, respectivamente para o EHPP e de 87 ± 3% e de 73 ± 5%,
respectivamente para a rutina.
300
)
A
B
Cont
EH
igura 16
: Efeito antinociceptivo do EHPP (A) e da rutina (B), em relação a nocicepção
duzida pela injeção intratecal de IL-1β e TNF-α, em camundongos. Os animais foram
0
100
200
*
*
role
PP
0,1mg/kg, v.o.)
-
-
+
-
Veículo
(5µg/i.t)
-
+
IL -1β
(1pg/i.t.)
+
-
-
+
TNF-α
(0,1pg/i.t.)
Tempo de reação (s
0
100
200
Controle
Rutina
(30mg/kg, i.p.)
-
-
+
-
-
+
+
-
-
+
(0,1pg/i.t.)
***
***
(1pg/i.t.)
IL-1β
TNF- α
Veículo
(5µg/i.t)
Tempo de reação (
300
s)
(
F
in
tr
v.o. ou 30 min. antes, i.p. nas doses indicadas, respectivamente e após a nocicepção foi
avaliada. Cada grupo representa a média de 6 - 12 animais e as barras verticais o E.P.M..
Na análise estatística, foi considerado não significante P > 0,05 e *P < 0,05; significante
quando comparado ao grupo controle.
69
5.9 Atividade antiinflamatória do EHPP
a induzido pela injeção intraplantar de
A Figura 17 demonstra que o EHPP (30 e 300 mg/kg, v.o., 1 hora antes) foi
5.9.1 Efeito do EHPP no edema de pat
carragenina, em ratos
capaz de reduzir o edema de pata causado pela administração intraplantar de
carragenina (300
µg/sítio), na segunda hora após a injeção do agente flogístico,
somente nas doses de 30 e 300 mg/kg com inibição de 43 ± 2 % e 58 ± 13 %,
respectivamente. Além disso, foi possível confirmar que a indometacina, um
antiinflamatório não esteroidal, inibidor inespecífico da cicloxigenase, reduziu quase
que totalmente o edema induzido pela carragenina.
igura 17:
Efeito do EHPP sobre o edema de pata causado pela administração intraplantar
e carragenina, em ratos. Os animais foram tratados, com indometacina ou EHPP nas doses
0 1 2 3 4
0.00
0.25
0.50
Controle
Indometacina
EHPP 30mg/kg,v.o.
EHPP 100mg/kg, v.o.
EHPP 300mg/kg, v.o.
*
*
Tempo (h)
Volume da pata (ml)
*
*
*
*
0.75
F
d
indicadas ou veículo e após 30 min e 1h respectivamente, receberam a administração
intraplantar de carragenina. O efeito antiedematogênico destas drogas, foi analisado através
da variação do volume da pata medido no pletismômetro, 1, 2, 3 e 4 hs após a administração
da carragenina. Os pontos representam a média de 8 animais e as barras verticais o E.P.M..
Na análise estatística P > 0,05, foi considerado não significante e *P < 0,05 significante,
quando comparado ao grupo controle carragenina.
70
5.9.2 Efeito do EHPP na pleurisia induzida pela carragenina, em camundongos
Os resultados apresentados na Figura 18 (A - D) demonstram que o
atamento dos animais com EHPP (3, 10, 30 mg/kg, v.o.) foi capaz de inibir a tr
primeira fase do processo inflamatório (4 h) da cavidade pleural induzido pela injeção
de carragenina (1%). Podemos observar que o EHPP causou uma redução da
migração celular (número de leucócitos totais) para a cavidade pleural (Figura 18 A)
com inibição de 34 ± 5% para dose de 30 mg/kg, v.o.. Esta redução foi representada
principalmente por uma diminuição na migração de neutrófilos (Figura 18 C) com
inibição de 53 ± 5% para dose de 30 mg/kg, v.o. e DI
50
de 13,04 (9,28-18-32) mg/kg.
Contudo, o EHPP não foi capaz de reduzir a exsudação induzida pela carragenina
(Figura 18 B) e a migração de mononucleares (Figura 18 D) para o sítio inflamatório.
#
A
x10
6
)
#
B
g/ml)
S CAR 3 10 30
0.0
2.5
5.0
7.5
10.0
**
EHPP (mg/kg, v.o.)
Leucócitos totais (
S CAR 3 10 30
0.0
2.5
5.0
7.5
EHPP (mg/kg, v.o.)
Azul de Evans (
µ
S CAR 3 10 30
0.0
2.5
5.0
7.5
10.0
#
**
EHPP (mg/kg, v.o.)
**
**
C
Neutrófilos (x10
6
)
S CAR 3 10 30
0
1
2
3
EHPP (mg/kg, v.o.)
#
D
Mononucleares (x10
6
)
Figura 18: Efeito do pré-tratamento com EHPP na pleurisia induzida pela carragenina, em
camundongos. Os leucócitos totais (A); extravasamento de azul de evans (B); neutrófilos (C)
mononucleares (D) foram medidos 4 h após a administração intrapleural de carragenina na
resença e na ausência das drogas. Cada coluna representa a média de 6 - 12 animais e as
e
p
barras verticais o E.P.M.. Na análise estatística P > 0,05, foi considerado não significante, *P
< 0,05 significante quando comparado ao grupo controle tratado com carragenina (CAR) e
#P < 0,001 significante quando comparado ao grupo controle tratado com salina (S).
71
5.10 Atividade protetora gástrica do EHPP
5.10.1 Efeito do EHPP sobre as lesões gástricas agudas induzidas por etanol
70% em ratas
A Figura 19 (A e B) mostra a atividade protetora gástrica do EHPP,
administrado por via oral, nas doses de 30, 100 e 300 mg/kg, e nas doses de 3, 10 e
30 mg/kg, por via intraperitoneal. Quando administrado por via oral, o EHPP, foi
capaz de reduzir o índice de úlceras apresentando DI
de 101,6 (78,8-130,8) mg/kg
e inibição de 97±1% na dose de 300 mg/kg. Quando administrado por via
intraperitoneal, o EHPP reduziu o índice de úlceras induzidas pelo etanol
O extrato administrado na dose de 30 mg/kg, v.o. e de 3 mg/kg, i.p. não protegeu a
mucosa.
mini ação do etanol 70%. Cada grupo representa a média de 6 animais e as barras
50
apresentando DI
50
de 13,03 (7,8 - 21,81) mg/kg e inibição de 74 ± 3%, na dose de 10
mg/kg.
Figura 19: Efeito do EHPP, sobre as lesões gástricas induzidas por etanol 70% (A e B), em
ratas. Os animais foram tratados com o extrato ou veículo, 1h antes por via oral (A) ou 30
minutos antes pela via intraperitoneal (B), nas doses indicadas e após ocorreu a
CNL CL 30 100 300
0
50
100
EHPP (mg/kg, v.o.)
Etanol 70%(0.5 mL/animal)
***
***
***
Índice de úlceras
CNL CL 3 10 30
0
50
100
***
Etanol 70%(0.5 mL/animal)
EHPP (mg/kg, i.p.)
**
**
Índice de úlceras
150
A
B
150
ad str
verticais o E.P.M. A barra hachurada corresponde ao grupo controle não lesado (CNL)
tratado somente com água, a barra fechada, ao grupo controle lesado (CL) tratado com o
etanol (0,5 mL/animal, v.o.) e as barras abertas correspondem aos grupos tratados com
72
etanol e extrato. Na análise estatística, foi considerado não significante P > 0,05 e ***P <
0,001, significante quando comparado ao grupo controle (C).
5.10.2 Efeito de EHPP sobre a quantidade de muco da mucosa gástrica após a
indução de lesões com etanol 70%, em ratas
A Figura 20 (A e B) mostra o efeito do EHPP, administrado pela via oral ou por
via intraperitoneal, na proteção da mucosa gástrica contra o estímulo lesivo do
etanol. O EHPP, administrado por via oral, foi capaz de promover um aumento da
secreção de muco gástrico (doses de 100 e 300 mg/kg, v.o. e 10 e 30 mg/kg, i.p.),
quando comparado ao grupo controle lesado (CL), que foi somente tratado com
etanol. Nestas mesmas doses, a quantidade de muco gástrico foi restabelecida ao
nível da mucosa não lesada (CNL).
CNL CL 30 100 300
0
25
50
75
100
Etanol 70%(0.5 mL/animal)
EHPP (mg/kg, v.o.)
**
**
#
µ
g de Alcian Blue/ mL/ te
#
CNL CL 3 10 30
0
25
50
75
100
EHPP (mg/kg, i.p.)
Etanol 70%(0.5 mL/animal)
**
*
#
µ
g de Alcian Blue/ mL/ tecido
abertas) ou ve
intraperitoneal
A
cido
B
Figura 20: Efeito do tratamento dos animais com EHPP sobre as concentrações de muco da
mucosa glandular gástrica de ratas (A e B). Os animais foram tratados com o extrato (barras
ículo (CNL, barra hachurada), 1h e 30 min. antes por via oral (A) ou via
(B), nas doses indicadas e após este período estes animais e o grupo controle
lesado (CL, barra fechada) receberam por via oral etanol 70%. Cada grupo representa a
média da concentração da Alcian Blue e as barras verticais o E.P.M.. Na análise estatística,
P > 0,05 foi considerado não significante, *P < 0,05, **P < 0,01 significante quando
comparado ao grupo controle lesado (CL) e #P <0,01 significante quando comparado ao
grupo controle não lesado (CNL).
73
5.10.3 Influência da inibição do óxido nítrico sintase sobre a atividade protetora
ástrica do EHPP, após a indução de lesões com etanol 70%, em ratas
que o
atamento dos animais com um inibidor da óxido nítrico sintase, L-NAME (70mg/kg,
g
Os resultados apresentados na Figura 21 (A e B) demonstram
tr
i.p.), foi capaz de aumentar o índice de úlceras induzidas pelo etanol 70%. No
entanto, não foi capaz de reverter a proteção gástrica (Inibição de 65 ± 7%) e a
produção de muco, induzida pelo EHPP (100 mg/kg, v.o.).
A
B
0
50
100
150
Salina
L-NAME
EHPP
Etanol
***
***
-
-
-
+
-
+
-
+
-
-
+
+
-
+
+
+
+
-
-
-
NS
**
#
S
Índice de úlceras
0
50
100
150
200
#
Salina
L-NAME
EHPP
Etanol
+
-
-
-
-
-
-
+
-
+
-
+
-
-
+
+
-
+
+
+
#
#
***
**
NS
µ
g de Alcian Blue/ mL/ tecido
F
a
igura 21:
Efeito do pré-tratamento com L-NAME (70 mg/kg, i.p.) e do etanol 70% sobre a
tividade protetora gástrica do EHPP (100 mg/kg, v.o.), em ratas. Os animais foram pré-
atados com L-NAME e/ou etanol, sendo após 1 h, avaliado o índice de úlceras (A) e a tr
secreção de muco gástrico (B). Cada grupo representa a média de 6 – 12 animais e as
barras verticais o E.P.M.. Na análise estatística foi considerado não significante P > 0,05;
significante **P < 0,01, ***P < 0,001, quando comparado ao grupo tratado com etanol e
#P<0,001, significante quando comparado ao grupo controle salina.
74
5.10.4 Efeito do EHPP sobre as lesões gástricas agudas induzidas por
dometacina, em ratas
que o tratamento com o EHPP pela via oral, nas doses de
0, 100 e 300 mg/kg, não foi capaz de reduzir significativamente o índice de úlceras
igura 22:
em ratas.
s animais foram tratados com o extrato ou veículo, 1h antes por via oral, nas doses
dicadas e após ocorreu a administração da indometacina. A barra fechada corresponde ao
in
A Figura 22 mostra
3
da mucosa gástrica, provocado pela administração subcutânea de indometacina (20
mg/kg), quando comparado ao grupo controle lesado.
75
Efeito do EHPP, sobre as lesões gástricas induzidas por indometacina,
CNL CL 30 100 300
0
25
50
***
EHPP (mg/kg, v.o.)
Indometacina, 20 mg/kg, s.c.
Índice de úlcera
s
F
O
in
grupo tratado com indometacina (CL) e as barras abertas correspondem aos grupos tratados
com indometacina e extrato. Cada grupo representa a média de 6 animais e as barras
verticais os E.P.M.. Na análise estatística, foi considerado não significante P > 0,05 e ***P <
0,01 significante quando comparado ao grupo controle lesado (CL).
75
5.10.5 Avaliação da atividade anti-secretora gástrica o EHPP
l (não estimulada),
uando avaliado no modelo da ligadura pilórica, em ratas
.d.), nas doses de 30,
00 e 300 mg/kg, no momento da cirurgia da ligadura pilórica, não foi capaz de
5.10.5.1 Efeito do EHPP sobre a secreção ácida gástrica basa
q
O EHPP, quando administrado por via intraduodenal (i
1
alterar o volume, o pH e a acidez total do conteúdo gástrico secretado após 4 horas
da cirurgia, quando comparados ao controle veículo (água 0,1 mL/100g, v.o), como
apresentado na Figura 23 (A-C). Contudo a cimetidina, um antagonista de receptores
H
2
, foi capaz de aumentar o pH e reduzir a acidez e o volume da secreção ácida
gástrica.
76
A
ram tratados com o extrato no momento da cirurgia por via intraduodenal, nas doses
dicadas. A barra fechada corresponde ao grupo tratado com cimetidina, a barra hachurada,
o grupo controle (C) tratado com água e as barras abertas correspondem aos grupos
Figura 23:
Efeito do EHPP sobre a secreção ácida gástrica basal, em ratas. Os animais
C 30 100 300
0.0
2.5
5.0
Cimetidina
EHPP (mg/kg, i.d.)
*
Volume (mL)
C 30 100 300
0
1
2
3
Cimetidina
EHPP (mg/kg, i.d.)
pH
C 30 100 300
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
Cimetidina
EHPP (mg/kg, i.d.)
**
C
Acidez total (mEq[H
+
]/ml)
4
***
B
7.5
fo
in
a
operados e tratados com o extrato. Cada grupo representa a média de 6 animais e as barras
verticais os E.P.M.. Na análise estatística, foi considerado não significante P > 0,05 e ***P <
0,001, **P < 0,01, *P < 0,05 significante quando comparado ao grupo controle (C).
77
5.11 Avaliação da atividade do EHPP sobre as atividades gerais do trato
astrintestinal
g
5.11.1 Atividade do EHPP sobre o trânsito intestinal e esvaziamento gástrico
Figura 24 mostra que o tratamento com o EHPP, pela via oral, nas doses de
o,
uando comparado aos grupos controle (C: água 0,1 mL/100g, v.o.), bem como,
ntes, nas doses indicadas. A barra fechada corresponde ao grupo controle (C) tratado com
eículo e as barras hachuradas, aos grupos controle tratados com A (atropina) e M
etoclopramida); as barras abertas correspondem aos grupos tratados com o extrato. Cada
A
10, 30 e 100 mg/kg, não modificou o trânsito intestinal e o esvaziamento gástric
q
quando comparado à atropina (A: 3 mg/kg, v.o., um antagonista muscarínico),
redutor da motilidade intestinal, ou metoclopramida (M: 30 mg/kg, v.o., agente pró-
cinético), estimulador da motilidade intestinal.
75
A
%)
B
Figura 24:
Efeito do EHPP, sobre o trânsito intestinal (A) e esvaziamento gástrico (B), em
camundongos. Os animais foram tratados com o extrato, atropina e metoclopramida 1h
AM
0
25
50
*
EHPP (mg/kg, v.o.)
(3 mg/kg, v.o.) (30 mg/kg, v.o.)
C
10
10030
Distância de verm
fenol (%)
AM
0
25
50
75
EHPP (mg/kg, v.o.)
*
C
10
10030
(3 mg/kg, v.o.) (30 mg/kg, v.o.)
Esvasiamento gástr
*
elho de
100
**
ico (
a
v
(m
grupo representa a média de 8 animais e as barras verticais os E.P.M.. Na análise
estatística, foi considerado não significante P > 0,05 e *P < 0,05, **P < 0,01 significante
quando comparado ao grupo controle (C).
78
6 DISCUSSÃO
Embora a fitoterapia já agregue um contingente apreciável de trabalhos
realizados e publicados, constitui, ainda, um vasto campo para pesquisa.
Nos últimos dez anos, o número de publicações científicas, nos países latino-
americanos, aumentou muito (CALIXTO, 2005). O interesse pela fitomedicina
cresceu e está crescendo, devido à busca de novas alternativas terapêuticas para o
tratamento de diversas doenças cujos cuidados baseiam-se no uso de
medicamentos que apresentam uma série de efeitos colaterais e muitas vezes
aliviam parcialmente os sintomas sem tratar a doença (ALICE
et al., 1995).
Dessa forma, o potencial natural encontrado nos países latino-americanos,
principalmente no Brasil, aliado à diversidade de compostos bioativos encontrados,
especialmente nas plantas superiores, têm atraído a atenção da comunidade
científica e das indústrias farmacêuticas que apostam na produção de fitoterápicos
como um negócio lucrativo, uma vez que a utilização de plantas medicinais atinge
um público cada vez maior (CALIXTO, 2005).
O aumento do emprego dos produtos naturais traz consigo o uso
indiscriminado de plantas sem qualquer conhecimento fitoquímico, farmacológico e
toxicológico, o que é fato preocupante e também chama a atenção dos
pesquisadores, uma vez que isto está acontecendo com a maioria das espécies
vegetais consumidas pela população, em todo país (ALICE
et al, 1995).
Entre as várias espécies utilizadas pela população estão as plantas do gênero
Polygala que são amplamente distribuídas no litoral brasileiro, sendo encontradas
principalmente em zonas costeiras de solos arenosos, da Bahia ao Rio Grande do
Sul. Inúmeros representantes do gênero Polygala contêm altas concentrações de
salicilato de metila, que confere odor característico em suas raízes (WASICKY,
1945). Nos estados acima da Bahia, são conhecidas popularmente pelo nome de
erva-iodex e seu extrato alcoólico é usado, na forma de aplicações locais, em
entorces, machucados ou artropatias crônicas (LORENZI e MATOS, 2002).
79
Nas regiões costeiras do sul e sudeste, principalmente no estado de Santa
encontradas diversas espécies de plantas que pertencem ao gênero
Polyga
nnett e P.
l que é
003) demonstraram que as frações
quando
administrado pela via oral, reduziu de maneira dependente da dose o número de
Catarina, são
la, incluindo P. cyparissias St. Hillaire & Moquin, P. linoides var. ambiqua
Felipp & Beauverd,
P. campestris G., P. aspalata L., P. sabulosa A. W. Be
paniculata
L. (MEOTTI et al., 2006).
Entre estas espécies, a
P. paniculata, vem sendo utilizada por longa data pela
população e é conhecida popularmente como barba-de-são-joão, barba-de-são-
pedro, bromil, arrozinho, alecrim-de-santa-catarina, vassourinha branca. Análises
fitoquímicas têm revelado em sua composição a presença de várias cumarinas,
flavonóides e xantonas (CRISTIANO, 2003), além de um óleo essencia
utilizado para o tratamento da asma, bronquite crônica e doenças relacionadas. Esta
planta também é usada para dor de estômago, diarréia, nefropatias e em acidentes
ofídicos (LORENZI e MATOS, 2002). Apesar do seu grande uso, a eficácia e a
segurança de suas preparações não foram, comprovadas cientificamente.
A
P. paniculata vem sendo recentemente pesquisada. Estudos anteriores
realizados por Pizzolatti e colaboradores (2
diclorometano e hexanólica do extrato bruto da
P. paniculata apresentaram atividade
tripanossomicida contra a forma epimastigota do parasita
Trypanossoma cruzi. Outro
trabalho, conduzido por Farina e colaboradores (2005) constatou importante
atividade neuroprotetora e antioxidante do extrato bruto hidroalcoólico da
P.
paniculata
, em relação a neurotoxicidade induzida pelo metilmercúrio.
Estes trabalhos mostram claramente o potencial farmacológico da
P.
paniculata
. Adicionalmente, o presente estudo, baseando-se nas indicações
populares, mostrou pela primeira vez, quando administrado sistemicamente, que o
EHPP apresentou significativa atividade antinociceptiva em diferentes modelos de
nocicepção química, em camundongos. Além disso, foi demonstrado que o extrato
apresentou atividade antiinflamatória parcial e importante atividade protetora
gástrica, em modelos de indução aguda de lesões gástricas.
Os dados mais relevantes deste trabalho foram: (1) o EHPP,
80
contorções abdominais induzida pelo ácido acético e a nocicepção induzida pela
injeção intraplantar de formalina, capsaicina e glutamato, sendo que, nesse último
modelo, o efeito permaneceu significativo até a oitava hora; (2) a ação
antinociceptiva do EHPP, não foi revertida pelo pré-tratamento dos animais com L-
arginina e naloxona; (3) os compostos isolados, principalmente a rutina,
aprese
ção está
relacio
o teste das
contor
os em camundongos e
ratos,
ntaram atividade antinociceptiva no modelo de nocicepção química induzido
pela injeção intraplantar de glutamato; (4) quando administrados sistemicamente o
EHPP e a rutina (i.p.) reduziram de maneira significativa a nocicepção induzida pela
injeção intratecal de AAE (glutamato, NMDA) e de citocinas pró-inflamatórias (TNF-
α e IL-1β); (5) o EHPP apresentou efeito antiinflamatório parcial nos modelo do
edema de pata em ratos e de pleurisia em camundongos; (6) o EHPP também
apresentou atividade protetora gástrica, reduzindo o índice de úlceras na mucosa
causado pela administração oral de etanol 70%. Neste modelo, o EHPP foi
administrado pelas vias oral e intraperitoneal, sendo que esta prote
nada ao aumento da produção de muco gástrico.
Atualmente, o interesse para o uso clínico de novas substâncias com atividade
analgésicas, utilizadas principalmente para o tratamento de vários tipos de dor (tanto
de origem neurogência quanto inflamatória), vem aumentando significativamente.
Vários modelos de nocicepção em animais de laboratório foram desenvolvidos para
verificar a atividade analgésica de extratos e compostos.
Entre os modelos de nocicepção utilizados neste trabalho,
ções abdominais, induzidas pelo ácido acético, é descrito como um típico
modelo para avaliar a dor de origem inflamatória, pouco específico, mas com boa
sensibilidade, sendo uma ferramenta de triagem para avaliação da atividade
analgésica e antiinflamatória de novos agentes (IKEDA
et al., 2001; LE BARS et al.,
2001).
Neste modelo, a administração de um agente irritante para membrana serosa,
como o ácido acético, provoca comportamentos estereotipad
que são caracterizados por contorções abdominais, redução e incoordenação
81
da atividade motora. Estes comportamentos são considerados reflexos e evidenciam
a dor visceral (LE BARS
et al., 2001).
Através da realização deste teste, foi possível observar que a administração
sistêmica, v.o. do EHPP reverteu, de maneira dependente da dose, o número de
contorções abdominais produzidas pela injeção i.p. de ácido acético em
camundongos. A irritação local, provocada pela administração deste agente na
cavidade intraperitoneal desencadeia a liberação de vários mediadores como a
bradicinina, substância P e prostaglandinas, principalmente a PGI
2
, bem como
algumas citocinas como IL-1
β, TNFα e IL-8 (CORREA et al., 1996; RIBEIRO et al.,
2000; IKEDA
et al., 2001). Estes mediadores ativam nociceptores quimiosensíveis
que contribuem com o desenvolvimento da dor de origem inflamatória. Dessa forma,
o resultado obtido neste trabalho sugere que o efeito antinociceptivo do EHPP pode
estar relacionado à inibição da liberação de mediadores pró-inflamatórios, induzida
pelo ácido acético.
Os resultados obtidos no presente estudo também demonstraram que o EHPP
não a
nocicepção induzida pela
formal
fase inicial é caracterizada pela dor de origem neurogênica causada pela
inflamação nos tecidos periféricos e mecanismos de sensibilização espinhal e central
presentou qualquer interferência sobre a atividade locomotora, causando
incoodernação motora ou ainda efeitos relaxantes sobre a musculatura, assegurando
que o efeito antinociceptivo observado não está relacionado a um destes efeitos
inespecíficos.
Outro modelo empregado neste trabalho foi o de
ina. Este modelo consiste na injeção intraplantar ou subcutânea desta
substância. A resposta provocada pela formalina constitui-se duas fases de
nocicepção: uma fase inicial e uma tardia, que parecem envolver mediadores
químicos diferentes (TJOLSEN e HOLE, 1997; SANTOS
et al., 1999; VANEGAS e
SCHAIBLE, 2004).
A
estimulação química direta dos nociceptores das fibras sensoriais aferentes,
principalmente fibras do tipo C. A fase tardia é representada pela dor de origem
inflamatória que é desencadeada por uma combinação de estímulos que incluem
82
(TJØSEN et al., 1992; TJØLSEN e HOLE, 1997). Vários trabalhos têm
demonstrado que a administração intraplantar de formalina em roedores produz
TOS e CALIXTO, 1997; SANTOS
et al., 1999; VANEGAS e
formalina (dado não apresentado). Este resultado nos sugere que o
istração intraplantar de capsaicina em camundongos. Os dados
significativo aumento dos níveis espinhais de diferentes mediadores como
aminoácidos excitatórios, neuropeptídeos, PGE
2
, óxido nítrico e cininas (MALMBERG
e YARSH, 1995; SANTOS e CALIXTO, 1997; SANTOS
et al., 1998; OMOTE et al.,
1998).
Com os resultados obtidos neste trabalho foi possível mostrar que o EHPP foi
capaz de reduzir de forma significativa tanto a fase inicial, quanto a fase tardia da
resposta à formalina, onde o extrato apresentou seu efeito mais pronunciado. Estes
dados reforçam os indícios de que a planta em questão possui um importante efeito
antinociceptivo e antiinflamatório, pois é nesta fase que ocorre a liberação de
mediadores pró-inflamatórios, ocorrendo a ativação de neurônios aferentes
sensibilizados, devido à liberação anterior de mediadores neuroativos (TJOLSEN e
HOLE, 1997; SAN
SCHAIBLE, 2004).
Apesar de ser mais efetivo na fase tardia da nocicepção evocada pela injeção
de formalina, onde ocorre a inflamação dos tecido periféricos e sensibilização central,
o EHPP não foi capaz de reduzir, o edema de pata causado pela administração
intraplantar de
extrato não interfere na liberação periférica de mediadores pró-inflamatórios como a
histamina, bradicinina, leucotrienos, substância P e PAF, que contribuem com a
formação do edema, mas sim, seu efeito pode estar relacionado a uma ação
inibitória sobre a condução nociceptiva espinhal ou central.
O efeito EHPP também foi avaliado no modelo de nocicepção neurogênica,
induzida pela admin
apresentados neste trabalho indicam que o EHPP, administrado por v.o., foi capaz
de reduzir a nocicepção causada pela capsaicina de maneira significativa sendo, no
entanto menos efetivo, se comparado aos outros modelos de nocicepção, visto que o
extrato foi efetivo em reduzir a nocicepção somente na dose de 1,0 mg/kg.
83
A capsaicina (8-metil-N-vanilil-6-nonenamida) é o componente ativo
encontrado em pimentas vermelhas, sendo uma valiosa ferramenta farmacológica
para o estudo de drogas que atuam modulando a transmissão nociceptiva em
mamíferos através dos neurônios sensoriais primários do tipo C e A
δ (HOLZER,
1991; JANCSO, 1992).
Sua ação irritante e neurotóxica promove, quando administrada por via
992; SAKURADA et al., 1996).
1997; CARLTON, 2001;
em oito
subtipos, todos acoplados à proteína G (GAVIRAGHI, 2000). De maneira geral, a
intraplantar, reação dolorosa caracterizada por mordidas e lambidas na pata (JULIUS
e BASBAUM, 2001; LE BARS
et al., 2001). Estudos demonstraram que o estímulo
nociceptivo causado pela capsaicina é mediado pela ativação do receptor vaniloíde
(TRPV1), um canal iônico não seletivo encontrado nas fibras sensoriais de pequeno
diâmetro presentes nas raízes do corno dorsal e no gânglio trigêmeo (CATERINA
et
al.
, 1997). Estudos indicam que quando administrada, a capsaicina promove
liberação periférica de vários mediadores, aminoácidos excitatórios, óxido nítrico e
taquicininas que contribuem com a transmissão da informação nociceptiva
(SAKURADA
et al., 1
Está bem estabelecido que os aminoácidos excitatórios, principalmente o
glutamato, é o neurotransmissor encontrado na maioria das sinapses excitatórias
rápidas no sistema nervoso de mamíferos e está envolvido em processos fisiológicos
(memória e aprendizado) e em algumas patologias (neurodegeneração crônica e
aguda) (GAVIRAGI, 2000). Além disso, está bem descrito na literatura que o
glutamato exerce um papel crítico no processo de transmissão da dor até estruturas
supraespinhais, sendo liberado na medula espinhal, após lesão tecidual ou em
processos inflamatórios (ZHOU
et al., 1996; DICKENSON,
BEIRITH
et al., 2003).
Os receptores glutamatérgicos são categorizados em dois grupos distintos: os
ionotrópicos e os metabotrópicos. Os receptores ionotrópicos são classificados em
três subtipos de acordo com sua permeabilidade a íons e o tipo de ligante, sendo
denominados N-metil-D-aspartato (NMDA),
α-amino-3-hidroxi-5-metil-4-
isoxazolepropionato (AMPA) e cainato. Os metabotrópicos são divididos
84
ativaçã
apresentam importante efeito antinociceptivo em diferentes
espéc
mbém demonstraram que o efeito antinociceptivo do extrato
pode
o de todos os tipos de receptores sensíveis ao glutamato participam na
indução, modulação ou manutenção da dor (BEIRITH
et al., 2003).
Em concordância com essas afirmações, dados da literatura demonstram que
substâncias capazes de bloquear os receptores glutamatérgicos tanto ionotrópicos
quanto metabotrópicos,
ies de mamíferos, inclusive em humanos (LUTFY
et al., 1997; NEUGEBAUER,
2002; WIECH
et al., 2004).
Em um estudo, Beirith e colaboradores, em 2002 e 2003, demonstraram que o
glutamato quando administrado por via intraplantar em roedores, desencadeia um
comportamento nociceptivo rápido e de curta duração, associado à formação de
edema de pata, que é desencadeado de maneira dependente da dose administrada
de glutamato. A resposta nociceptiva estava fortemente relacionada à ativação de
receptores NMDA e não-NMDA (AMPA, cainato e metabotrópico). O edema pareceu
ser mediado principalmente por receptores glutamatérgicos do tipo não–NMDA, pelo
NO e taquicininas.
Os resultados obtidos no presente estudo mostraram que o EHPP,
administrado por v.o., apresentou importante atividade antinociceptiva no modelo do
glutamato, apesar disso, não foi capaz de reduzir o edema de pata provocado pela
administração deste agente (resultado não apresentado).
Foi observado ainda que o EHPP, administrado por v.o., quando avaliado no
teste do glutamato, produziu um significativo efeito antinociceptivo que se manteve
por 8 horas e foi mais pronunciado da primeira a quarta hora. Estes dados foram
utilizados como referencial para os demais tratamentos.
Nossos dados ta
ser explicado, em parte, por uma possível interação de um ou mais
componentes do extrato com receptores glutamatérgicos em nível periférico ou
central, porém esta interação não estaria interferindo com a liberação dos
mediadores envolvidos na formação do edema como as taquicininas e NO.
85
Com o objetivo de avaliar mais detalhadamente o efeito do EHPP, no modelo
do glutamato, alguns compostos isolados da
P. paniculata foram também avaliados,
neste
alizados com outras espécies do gênero, demonstraram
que a
.
s isolados, foram obtidos
import
ministrada i.p., foi capaz de
reverte
nto pela
administração i.t. de glutamato (agonista glutamatérgicos) quanto pela administração
mesmo modelo.
De acordo com análises fitoquímicas, vários compostos com atividade
biológica, como xantonas, cumarinas, flavonóides e esteróis estão presentes na
planta em estudo.
Estudos anteriores, re
cumarina isolada da
Polygala. sabulosa A. W. Bennett apresentou uma
importante atividade antinociceptiva no modelo de nocicepção química induzida pelo
ácido acético (MEOTTI
et al., 2006). Um outro trabalho indicou que as xantonas
isoladas da
Polygala. cyparissias St. Hillaire & Moquin além de demostrarem
importante atividade antinociceptiva em modelos de nocicepção química e mecânica,
apresentaram importante atividade antiespasmódica em um modelo
in vitro,
utilizando traquéia de cobaia sensibilizada por ovalbumina (CAMPOS
et al., 1997; El
SAYAH
et al., 1999)
Dos compostos já identificados e isolados apartir da
P. paniculata, duas
cumarinas; febalosina e o aurapten, bem como, um flavonóide; a rutina, são
encontrados em maior quantidade.
Avaliando a atividade antinociceptiva dos composto
antes resultados. Tanto a febalosina, como o aurapten foram administrados
sistemicamente por via i.p.e reduziram de forma significativa a nocicepção induzida
pela injeção intraplantar de glutamato, porém somente em uma dose (10 e 100
mg/kg, respectivamente). Em contrapartida, a rutina, ad
r a nocicepção induzida pelo glutamato significativamente e de forma dose-
dependente, caracterizando-se por ser o composto que apresentou a melhor
atividade.
Os resultados do presente trabalho demonstraram também que tanto o EHPP
como a rutina reduziram, de maneira significativa, a nocicepção causada ta
86
i.t. de
intratecal de AAE desencadeia comportamentos nociceptivos
espon
ERRE, 2003).
ta a injeção intraplantar de formalina, capsaicina ou substância
P, ou a
duziram a nocicepção causada pela injeção
associadas a neuropatias, crescimento tumoral e doenças inflamatórias
ponto final da cascata resulta na ativação da cicloxigenanse-2 (COX-2) (SOMMER e
NMDA (agonista dos receptores ionotrópicos tipo NMDA), sem interferir na
nocicepção promovida pelo trans-ACPD.
A administração
tâneos como elevação da cauda, mordidas, lambidas dos membros posteriores
(contato do focinho do animal com o membro) e elevação de uma das patas traseiras
(OSBORNE e COD
Os resultados obtidos neste teste sugerem que o efeito antinociceptivo obtido
no modelo da administração intraplantar e intratecal do glutamato seja em parte
devido à interação de um ou mais compostos, presentes no EHPP, além da rutina,
com receptores glutamatérgicos ionotrópicos sensíveis ao NMDA.
Estes dados também sugerem que este mecanismo pode ainda estar
envolvido indiretamente no efeito antinociceptivo do EHPP em outros modelos de
nocicepção realizados neste trabalho, como o da formalina e capsaicina, visto que
estudos evidenciam que aminoácidos excitatórios são liberados na medula espinhal
ou na pata em respos
inda em processos inflamatórios (BEIRITH
et al., 2002).
Este trabalho também demonstrou que o EHPP administrado por v.o. e a
rutina administrado por via i.p. re
intratecal das citocinas pró-inflamatórias IL-1
β e TNF-α. A administração intratecal
de IL-1
β e TNF-α desencadeia movimentos nociceptivos espontâneos como os
provocados pela administração intratecal de AAE.
Citocinas como IL-1
β e TNF-α participam ativamente de processos
inflamatórios e da transmissão nociceptiva (IKEDA
et al., 2001; ITO et al., 2001;
VANEGAS e SCHAIBLE, 2001).
A citocina inflamatória IL-1
β é produzida e secretada sobre condições
patológicas
crônicas como artrite reumatóide (SOMMER e KRESS, 2004).
O TNF-
α é considerado uma citocina inflamatória primária, devido seu papel
de iniciar a cascata de ativação de outras citocinas (IL-1
β, IL-6 e IL-8), sendo que o
87
KRESS, 2004). A IL-1β e o TNF-α são produzidas e liberadas durante a inflamação
periférica e também, nas mesmas condições, são liberados por células presentes no
balho, realizado por Kleinschnitz e colaboradores
ndire mente com
esar da rutina ser o composto em
. A atividade do extrato pode ainda ser atribuída a
s não publicados).
SNC, como células de Schwann, mononucleares (SOMMER e KRESS, 2004;
KLEINSCHNITZ
et al., 2004) e pela glia (VITKOVIC et al., 2000; WIESELER-FRANK
et al., 2004).
Além disso, um recente tra
(2004), demonstrou que os receptores glutamatérgicos NMDA modulam a expressão
de citocinas inflamatórias, como a IL-1
β e o TNF-α em modelos de lesão de nervo
periférico, em camundongos. Este resultado nos fornece subsídios, indicando que o
extrato e o composto isolado, possam estar interferindo direta ou i ta
a ação de citocinas, ou ainda estar inibindo a resposta nociceptiva desencadeada
pela IL-1
β e TNF-α, atuando em receptores glutamatérgicos ionotrópicos tipo NMDA.
Os dados apresentados neste trabalho ainda indicam grandes diferenças em
relação à atividade antinociceptiva apresentada pela rutina e pelo EHPP. O extrato
foi cerca de 300 vezes mais potente em inibir a nocicepção causada pela
administração intratecal de IL-1
β e TNF-α, respectivamente.
Outro dado de igual importância nos mostra que o EHPP ainda foi cerca de 30 vezes
mais potente e cerca 2,2 vezes mais eficaz (em termos de inibição máxima) em
reduzir a nocicepção causada pela administração intratecal de glutamato e NMDA,
em comparação à rutina.
Estes resultados, por tanto, indicam que ap
maior quantidade no EHPP, o efeito antinociceptivo, demonstrado pelo extrato, deva
estar relacionado à presença de outros compostos encontrados em menor
quantidade, porém mais potentes
ação sinérgica de vários compostos, estando entre eles a rutina, visto que estudos
fitoquímicos realizados com o EHPP apontam a presença de cinco compostos
desconhecidos, além daqueles já identificados e isolados (dado
Nossos dados também demonstram que a via da L-arginina-óxido nítrico não
está envolvida no efeito antinociceptivo do EHPP, uma vez que a L-arginina não foi
88
capaz de reverter o efeito antinociceptivo do extrato, quando administrado
sistemicamente.
Está bem descrito que a via da L-arginina – óxido nítrico, também exerce um
papel importante na modulação na nocicepção, uma vez que a ativação de
receptores glutamatérgicos, especialmente o NMDA, pode estimular a atividade de
ento do sistema opióide
reconhecidos por algum tempo. Em adição, os receptores
a
nocice
transmissão.
enzimas intracelulares como a óxido nítrico sintase (NOS) através do aumento de
cálcio intracelular e a produção de uma variedade de segundos mensageiros, como o
óxido nítrico (NO), relacionados com a transmissão e perpetuação da condução
dolorosa (BEIRITH
et al., 2002).
Em nossos experimentos ainda foi possível constatar como descrito na
literatura que a L-N
ω
-nitro-arginina (L-NOARG - inibidor da óxido nítrico sintase),
quando administrado por via intraperitoneal, reduziu marcadamente a nocicepção
induzida pela administração intraplantar de glutamato. Este efeito da L-NOARG foi
totalmente revertido, com a injeção sistêmica por via i.p., da L-arginina, substrato da
NOS.
Outro mecanismo de ação investigado foi o envolvim
na atividade antinociceptiva do EHPP.
Os efeitos centrais dos opióides na transmissão da dor, por interação com
seus receptores (
µ, κ e δ), no corno dorsal da medula espinhal e regiões
supraespinhais, têm sido
opióides estão presentes também nos terminais periféricos das fibras aferentes
sensoriais (SAWYNOK, 2003).
Inúmeros estudos comportamentais têm sido utilizados para examinar os
efeitos antinociceptivos dos opióides exógenos, como a morfina e também de
extratos obtidos a partir de plantas medicinais.
Dentro deste contexto, este trabalho também demonstrou que quando
administrada por via subcutânea, a morfina foi capaz de reverter totalmente
pção causada pela administração intraplantar de glutamato. Este efeito se
deve a sua ligação a receptores opióides localizados em vários níveis de
89
Durante nossos experimentos, também foi observado que a naloxona, um
antagonista não específico de receptores opióides, reduziu significativamente a
flick.
lares que controlam os movimentos da cauda (DOUGLASS e CARSTENS,
1997).
motores (DOUGLASS e CARSTENS, 1997).
Do po
97).
emprego popular da
P. paniculata,
usada
crito que as cumarinas e flavóides como a rutina, encontradas em
nocicepção causada pela morfina, contudo, não reverteu a nocicepção promovida
pelo EHPP.
Estes resultados sugerem que a atividade antinociceptiva do EHPP parece
não estar envolvida com o sistema opióide. Esta hipótese pode ser reforçada pelo
fato do extrato apresentar pouca atividade, na primeira fase (dor neurogênica) da
nocicepção induzida pela formalina e por não interferir com a latência ao estímulo
térmico nocivo, no modelo do
tail
O modelo da elevação da cauda (
tail flick) consiste na aplicação térmica de
uma fonte radiante de calor, como estímulo nociceptivo na cauda do animal
provocando um rápido movimento de retirada da cauda (D`AMOUR e SMITH, 1941;
SMITH
et al., 1943). Este movimento pode ser caracterizado como um reflexo
organizado que usualmente envolve neurônios motores que inervam os três grupos
muscu
Este estímulo também desencadeia a ativação de interneurônios nociceptivos
que fazem conexões com os neurônios
nto de vista farmacológico, este método é eficiente para verificar a atividade
analgésica de substâncias com características semelhantes aos opióides (Le BARS
et al., 2001), uma vez que a morfina, administrada sistemicamente, foi capaz de
suprimir respostas de neurônios espinhais ao estímulo térmico nocivo da cauda
(DOUGLASS e CARSTENS, 19
Os resultados obtidos neste trabalho estendem os dados descritos na
literatura, mostrando claramente que o EHPP apresenta importante atividade
antinociceptiva. Além disso, tendo como base o
muitas vezes em lesões como entorces, machucados e processos
inflamatórios crônicos como artrite e artrose, a atividade antinflamatória do EHPP foi
verificada.
Em adição, vários dados encontrados na literatura reforçam esta hipótese.
Está bem des
90
muitas
sente trabalho podemos constatar que o EHPP apresentou importante
ativida
tes como os prostanóides, histamina e serotonina (DE BRITO, 1989),
plantas medicinais, apresentam grande atividade antioxidante e
antiinflamatória (SELLOUM
et al., 2003; De SOUZA e De GIOVANI, 2004; KIM et al.,
2005; BAJPAI et al., 2005; MICELI et al., 2005; ALIA et al., 2006).
No pre
de antiinflamatória quando analisada no modelo de pleurisia induzida pela
administração intrapleural de carragenina reduzindo, de forma dose dependente a
migração celular de neutrófilos para a cavidade pleural. O EHPP também foi capaz
de reduzir de maneira significativa o edema de pata causado pela administração
intraplantar de carragenina.
Trabalhos descritos anteriormente (HENRIQUES
et al., 1990; HENRIQUES,
1993), demonstraram que a administração de carragenina na cavidade pleural de
camundongos induz uma resposta inflamatória, bifásica, com aumento significativo
tanto do número total de células quanto da exsudação. Dessa forma, foi determinado
que este padrão de resposta é representado por duas fases, sendo uma precoce
(primeira fase) e a outra tardia (segunda fase) da resposta inflamatória induzida pela
carragenina em camundongos. Além disso, foi observado que a administração de
carragenina na cavidade pleural promoveu um aumento gradual do número total de
leucócitos, principalmente de neutrófilos, cujo pico foi em torno de 4 h seguido do
decréscimo por volta de 5 h, retornando aos valores basais dentro de 24 h.
Paralelamente, também foi observado um aumento da exsudação, avaliada
pelo extravasamento de azul de evans na cavidade pleural, com picos entre 4 e 5 h
da indução da pleurisia.
Deste modo, a carragenina tem sido o agente irritante mais utilizado para o
estudo do processo inflamatório na cavidade pleural, principalmente por induzir
intensa reação inflamatória (DE BRITO, 1989). Alguns estudos mostram que a
resposta inflamatória induzida pela carragenina é, em parte mediada pela bradicinina
(SALEH
et al., 1997), sendo que a carragenina também promove a liberação de
outros agen
observando-se que a liberação da bradicinina pode estar ligada com um processo
proteolítico produzido pela própria carragenina (DI ROSA e SORRENTINO, 1968).
91
Os nossos resultados mostram que o EHPP foi capaz de inibir de forma
significativa e dependente da dose, porém parcial, o influxo de leucócitos (migração),
principalmente de neutrófilos, para a cavidade pleural, sem interferir na exsudação.
e teste para pesquisa de drogas antiinflamatórias
(CRUN
mente o
edema
o não esteroidal aboliu quase totalmente o edema. Este
dado
e
Dessa forma, o dado do presente trabalho sugere que um ou mais
componentes do extrato estejam promovendo o efeito observado, principalmente por
interferir na atividade dos mediadores pró-inflamatórios principalmente ligados à
migração celular.
O modelo de inflamação, induzido pela injeção intraplantar de carragenina, é
considerado um important
KHORN e MEACOCK, 1971; HENRIQUES
et al., 1987). A administração de
carragenina na pata promove intensa vasodilação e extravasamento plasmático
mediados pela liberação de substâncias como cininas, taquicininas, óxido nítrico,
prostanóides, bem como a liberação de serotonina e histamina apartir de mastócitos
(CRUNKHORN e MEACOCK, 1971; ALVES
et al., 1999). Além de desencadearem a
formação do edema, estes mediadores contribuem fortemente com a migração
celular, principalmente de neutrófilos para o sítio inflamatório, como demonstrado por
Henriques e colaboradores (1987) através da análise histológica da região subplantar
da pata, realizado 4 horas após a administração de carragenina.
Nossos resultados demonstraram que o EHPP reduziu significativa
de pata induzido pela administração intraplantar de carragenina em ratos.
Além disso, foi possível demonstrar que o pré-tratamento com indometacina, um
conhecido antiinflamatóri
está de acordo com o descrito na literatura que descrevem tanto a
indometacina, quanto a dexametasona (um antiinflamatório esteroidal), como drogas
antiinflamatórias com importante efeito antiedematogênico no modelo do edema de
pata induzido pela carragenina (HENRIQUES
et al., 1987).
Em adição, o efeito antiinflamatório parcial do EHPP neste modelo, pode ser
atribuído à ação de um ou vários compostos presentes no extrato entre eles a rutina.
Um trabalho realizado por Selloum e colaboradores (2003), indicou que o rutina,
quando administrado por v.o., reduziu o edema de pata e a migração celular d
92
neutró
).
Dessa
r utilizada como antiinflamatória e analgésica, a
P. paniculata
dade intestinal, quando
filos, a partir da segunda hora, após a administração de carragenina. Também
foi demonstrado que a rutina apresenta um potente efeito inibitório sobre o burst
respiratório de neutrófilos estimulado pela f-Met-Leu-Phe (SELLOUM et al., 2003
forma, os resultados obtidos no presente estudo vão de encontro aos
descritos na literatura e indicam que a atividade antiinflamatória do EHPP, observada
no modelo do edema de pata e pleurisia, pode ser em parte atribuída à rutina.
Além de se
também apresenta indicação popular para “problemas gástricos”. Em adição, muitas
das etapas dos processos de gastrite e úlcera envolvem componentes relacionados
à dor e inflamação. Desta forma, a presença da ação protetora gástrica foi
investigada.
Os resultado obtidos neste estudo mostraram pela primeira vez que o EHPP
administrado sistemicamente por via oral foi capaz de proteger a mucosa gástrica
contra lesões induzidas pelo etanol 70%.
Está bem descrito que o etanol exerce sua ação lesiva através da agressão física da
mucosa, causada pelo seu efeito direto sobre a mesma, caracterizando-se por
esfoliação, erosão do epitélio, lesão vascular da mucosa e necrose celular (SZABO
et al., 1985).
Em adição, o EHPP quando administrado por via intraperitoneal, também
apresentou importante efeito citoprotetor. Este dado é de grande importância, pois
tendo ele como base, pode-se descartar a possibilidade do efeito observado quando
o EHPP foi administrado por via oral, ter ocorrido devido à aderência do extrato na
mucosa, formando uma barreira protetora à ação do etanol.
Uma das indicações populares da
P. paniculata é seu uso como anti-diarreico.
Esta indicação não foi confirmada, uma vez que os resultados do presente trabalho
mostraram que o EHPP não alterou o trânsito e motili
comparado aos controles atropina e metoclopramida. Está bem estabelecido que
tanto a metoclopramida (um importante antiemético e pró-cinético) como a atropina
(um antagonista muscarínico – redutor da motilidade intestinal) apresentam
93
importante aplicação na medicina clínica e em modelos experimentais
(SCARPIGNATO, 1990; VAN HOOGMOED, 2003; BURGER
et al., 2006).
Nossos resultados também demonstraram que o efeito protetor exercido pelo
EHPP, sobre as lesões agudas induzidas pelo etanol, está relacionado ao aumento
da produção de muco gástrico. Este efeito foi observado quando o extrato foi
administrado tanto por via oral como por via intraperitoneal, sendo que por esta via
de ser estimulada por muitos mediadores, entre eles fatores do
tiinflamatório não esteroidal indometacina,
io não esteroidal, foi capaz de lesionar a mucosa gástrica,
gástrica, por estarem
foi 10 vezes mais potente em relação ao aumento da produção de muco.
O muco é um dos principais fatores de defesa da mucosa contra agentes
agressivos. Serve como uma barreira física sobre a mucosa e é continuamente
secretado por células epiteliais (MÒZSIK
et al., 1997; BI e KAUNITZ, 2003). Sua
produção po
crescimento, acetilcolina, óxido nítrico e prostaglandinas (ICHIKAWA
et al., 2000).
O presente estudo também mostrou que o EHPP não foi capaz de proteger a
mucosa contra as lesões induzidas pelo an
sugerindo que neste extrato não estão presentes ou não estão em concentração
suficiente, compostos que exercem interação com a síntese de prostanóides.
Também foi possível observar em nosso estudo que a indometacina, um
antiinflamatór
caracterizando-se como uma importante ferramenta experimental. Esta atividade já
se encontra bem descrita na literatura, uma vez que a interferência com a atividade
da COX promove a inibição da produção de prostaglandinas. Além do seu papel
como importante mediador na dor e na inflamação, as prostaglandinas exercem um
papel fisiológico primordial na manutenção da integridade
envolvidas com a produção do muco protetor do epitélio gástrico e bicarbonato
(FIORUCCI
et al., 2003; SAWYNOK, 2003; WHITLLE, 2004).
Os principais fármacos capazes de proteger a mucosa gástrica,
comercializados atualmente (cimetidina, ranitidina e omeprazol) apesar de atuarem
por vias diferentes (receptores H
2
e H
+
-K
+
-ATPase), reduzem a secreção ácida
gástrica. Para verificar se o efeito citoprotetor do EHPP, observado no modelo do
94
etanol, estava relacionado, pelo menos em parte, a um mecanismo de redução da
secreção de ácido, realizou-se o modelo da cirurgia da ligadura do piloro.
a
contra
uda e
com a finalidade de
O extrato testado nas doses de 30, 100 e 300 mg/kg não foi capaz de alterar
nem a quantidade nem a acidez da secreção ácida gástrica, durante as quatro horas
em que os animais estavam com o piloro ligado. Foi possível sugerir então que não é
através da diminuição da secreção gástrica que o EHPP exerce sua atividade
citoprotetora.
Os resultados obtidos até o momento sugerem que o EHPP pode estar
exercendo algum mecanismo de citoproteção, envolvido com a manutenção dos
níveis de muco, que talvez não esteja relacionado ação das prostaglandinas.
McNaughton e colaboradores (1989) mostraram que o óxido nítrico (NO), bem
como agentes liberadores de óxido nítrico, protegem significantemente a mucos
lesões induzidas pelo etanol, sendo que esta ação não foi alterada pelo pré-
tratamento com indometacina, sugerindo mecanismos diferentes daqueles que
envolvem prostaglandinas.
Atualmente, sabe-se, através de experimentos realizados por Mas
colaboradores (1995), que a supressão da síntese do óxido nítrico promove
diminuição do fluxo sangüíneo da mucosa, indicando que o NO diminui a lesão
causada pelo etanol através da regulação da microcirculação da mucosa. Em adição,
o efeito protetor do NO inclui aumento da secreção de muco, observando-se que a
óxido nítrico sintase (NOS) está presente em células epiteliais secretoras de muco.
Além disso, dados experimentais indicam também que doadores de NO e análogos
do GMPc estimulam a secreção de muco
in vivo e in vitro (BROWN et al., 1992;
BROWN et al., 1993)
Baseando-se nestes dados, experimentos adicionais
averiguar o envolvimento do óxido nítrico no mecanismo de proteção gástrica do
EHPP, foram realizados. Contudo, através dos resultados obtidos foi possível
observar que o pré-tratamento dos animais com L-NAME não foi capaz de reverter a
citoproteção e a produção de muco promovida pela administração oral do extrato,
95
sugerindo que provavelmente o NO, não esteja relacionado ao efeito protetor do
extrato.
De acordo com os resultados obtidos nesta série de experimentos realizados
para verificar a atividade protetora do EHPP, é possível somente afirmar que: (1) o
extrato apresenta efeito protetor da mucosa somente no modelo do etanol 70%; (2)
este efeito pode ser atribuído ao aumento da secreção de muco gástrico; (3) este
efeito protetor provavelmente não envolve interação de componentes do extrato com
ucosa.
se tecidual desencadeada pela isquemia da mucosa
verão ser realizados, porém envolverão a padronização de
febalosina, aurapten e rutina, também reduziram a nocicepção induzida pelo
a síntese ou atividade de prostaglandinas ou ainda a liberação do NO.
Não podemos descartar, no entanto, o possível efeito inibitório do extrato
sobre outros mediadores que estariam contribuindo com a ulceração da m
Acredita-se que muitos mediadores como leucotrienos (LT), tromboxano A
2
(TXA),
fator de ativação plaquetária e a endotelina – 1 estão implicados na formação da
úlcera induzida pelo etanol, principalmente por propiciarem potente vasoconstrição e
congestão da mucosa (IAQUINTO
et al, 2003).
Além disso, a necro
gástrica promove liberação de leucotrieno B, que atrai leucócitos e macrófagos, os
quais fagocitam o tecido necrosado e liberam citocinas pró-inflamatórias (como TNF-
α, IL-1α e IL-1β), ativando células epiteliais e endoteliais (TARNAWSKI, 2005). Uma
possível questão a ser analisada, seria do efeito citoprotetor do extrato estar ligado a
inibição da liberação de citocinas pró-inflamatórias, visto que tanto o EHPP, como
seu composto isolado, a rutina apresentaram atividade antinociceptiva, em modelos
de nocicepção induzidos pelas citocinas inflamatórias TNF-
α e IL-1β.
Novos experimentos para elucidar os mecanismos envolvidos com esta
atividade protetora de
novas metodologias e estudos
in vitro para confirmação dos resultados.
Em síntese, os resultados do presente trabalho, confirmam alguns de seus
usos populares e estendem os dados descritos na literatura, indicando que o EHPP
apresenta atividade antinociceptiva, em modelos de nocicepção química induzida
pelo ácido acético, formalina, capsaicina e glutamato. Os compostos isolados
96
glutamato. Os resultados apresentados são de grande importância, uma vez que a
antinocicepção induzida EHPP parece ser dependente de uma interação com
tora gástrica
dos adicionais dever ser realizados
fornece base
receptores ionotrópicos glutamatérgicos tipo NMDA e da inibição da atividade de
citocinas pró-inflamatórias (TNF-
α e IL-1β).
Além disso, com este trabalho foi possível confirmar, baseando-se no uso
popular da
P. paniculata, que o EHPP possui atividade antiinflamatória parcial em
modelos de inflamação, como o modelo do edema de pata e pleurisia.
Outro dado relevante aqui demonstrado foi a atividade prote
exercida pelo extrato. Este dado é particularmente interessante, uma vez que esta
atividade está ligada ao aumento da produção de muco gástrico, um fator de
proteção da mucosa gástrica e não da inibição de um fator agressor, como a
produção de ácido gástrico, sendo este o mecanismo comum a todos os
medicamentos mais empregados para o tratamento de úlceras gástricas atualmente.
Apesar deste importante resultado, estu
com a finalidade de caracterizar de forma mais detalhada os mecanismos envolvidos
neste efeito.
Estudos adicionais deverão também ser realizados para a confirmação do
preciso mecanismo de ação envolvido na atividade antinociceptiva do EHPP e da
rutina. Estudos químicos estão em progresso para caracterizar outros compostos,
que talvez contribuam com potencial antinociceptivo, antiinflamatório e protetor
gástrico do EHPP.
Neste contexto, o resultado obtido neste estudo nos
farmacológica para utilização da
P. paniculata, validando seu uso popular e
indicando seu potencial terapêutico para o desenvolvimento de novos fitofármacos
com propriedades analgésicas, antiinflamatórias e antiulcerosas.
.
97
7 CONCLUSÕES
Os resultados do presente trabalho permitem estender os dados descritos na
literatura, demonstrando que o EHPP e principalmente a rutina apresentam
s ionotrópicos
adicionais com o extrato hidroalcoólico e com compostos isolados
tencial atividade biológica que poderão dar origem ou servir de
importante ação antinociceptiva.
Analisando os resultados, observou-se que este efeito antinociceptivo pode envolver
uma possível ação do EHPP e da rutina em receptores glutamatérgico
tipo NMDA e inibição da atividade de citocinas pró-inflamatórias.
Além disso, foi demonstrado que o EHPP apresentou atividade antiinflamatória
parcial no modelo do edema de pata e pleurisia, porém os mecanismos envolvidos
neste efeito não foram esclarecidos.
Foi possível concluirmos também que o extrato bruto da
P. paniculata exerce
atividade citoprotetora gástrica local por um mecanismo que evolve uma elevação na
produção de muco e que esta atividade não está relacionada com a redução da
secreção ácida gástrica e produção de óxido nítrico.
Experimentos
devem ser realizados para esclarecer melhor o mecanismo de ação envolvido
principalmente na atividade citoprotetora quanto na ação antinociceptiva.
Os resultados deste trabalho em conjunto com os dados descritos na literatura,
mostram nitidamente que as plantas medicinais são fonte de uma variedade de
compostos com po
protótipo para o desenvolvimento de novos fármacos e/ou fitofármacos.
98
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
28, 2006.
: atlas farmacognóstico. Porto alegre: Editora
, 2004.
7, 1999.
rons. Planta
ed.,
v.69, n.10, p.905-909, 2003.
AGGIO, C. H.; FREITAS, C. S.; RIECK, L.; MARQUES, M. C. A. Gastroprotective
ffects of a crude extract of
Baccharis illinita DC in rats. Pharmacol. Res., v.47, p.
3-98, 2003.
BAJPAI, M.; PANDE, A.; TEWARI, S.K.; PRAKASHI, D. Phenolic contents and
antioxidant activity of some food and medical plants.
Int. J. Food Sci. Nutr., v.59,
n.4, p.287-291, 2005.
ADEREM, A,; SMITH, K.D. A systems approach to dissecting immunity and
inflammation.
Sem. Immunol., v.16, p.55-67, 2004.
ALIA, M.; MATEUS, R.; RAMOS, S.; LECUMBERRI, E.; BRAVO, L.; GOYA, L.
Influence of quercetin and rutin on growth and antioxidant defense system of a
humam hepatoma cell line (HepG2).
Eur. J. Nutr., v.45, n.1, p.19-
ALICE, C.B.; SIQUEIRA, S.C.N.; MENTZ, L.A.; SILVA, G.A.A.B.; JOSÉ, K.F.D.
Plantas medicinais de uso popular
da Ulbra, p.9, 1995.
ALMEIDA, T. F.; ROIZENBLATT, S.; TUFIK, S. Afferent pain pathways: a
neuroanatomical review.
Brain Res., v.1000, p.40-56
ALVES, R.; CAMPOS, M.M.;SANTOS, A.R.S.; CALIXTO, J.B. Receptor subtypes
involved in tachykinin-mediated edema formation.
Peptides, v.20, p.921-92
ARRIETA, J.; BENITEZ J.; FLORES E.; CASTILHO, C.; NAVARRETE, A.;Purification
of gastroprotective triterpenoids from the stem bark of
Amphipterugium adstringens;
role of prostaglandins, sulfhydryls, nitric oxide and capsaicin-sensive neu
M
B
e
9
99
BEIRITH, A.; SANTOS, A. R. S.; CALIXTO, J. B. Mechanisms underlying the
ociception and paw oedema caused by injection of glutamate into the mouse paw.
EIRITH, A.; SANTOS, A. R. S.; CALIXTO, J. B. The role of neuropeptides and
EIRITH, A.; SANTOS, A.R.; CALIXTO, J.B. The role of neuropeptides and
ESSON, M. J.; DICKENSON, A.
The pharmacology of pain. Berlin: Springer-
I, L.C.; KAUNITZ, J.D. Gastroduodenal mucosal defense: an intregrated protective
OLDI, A. Libraries from natural products-like scaffolds.
Curr. Opin. Chem. Biol.,
y gaastric mucosal cells.
Am. J. Physiol., v.265,
G418-G422, 1993.
t stomach.
Eur. J. Pharmacol., v.223, p.103-104, 1992.
n
Brain Res., v.924, p.219-228, 2002.
B
capsaicin-sensive fibre in glutamate-induced nociception and paw oedema in mice.
Brain Res., v. 969, p.110-116, 2003.
B
capsaicin-sensive fibres in glutamate-induced nociception and paw oedema in mice.
Brain Res., v. 969, n.1-2, p.110-116, 2004.
B
Verlag, v.130, p.21-41, 1997.
B
response.
Curr. Opin. Gastroenterol., v.19, p.526-532, 2003.
B
v.8, p.281-286, 2004.
BROWN, J.; KEATES, A.; HANSON, P.; WHITTLE B. Nitric oxide generators and
cGMP stimulate mucus secretion b
p.
BROWN, J.; HANSON, P.; WHITTLE B. Nitric oxice donors increases mucus gel
thickness in ra
100
BURGER, D.M.; WIESTNER, T.; HUBLER, M.; BINDER, H.; KEISER, M.; ARNOLD,
S. Effects of anticholinergics (atropine, glycopyrrolate) and prokinetics
(metoclopramide, cisapride) on gastric motility in beagles and labradors retrievers. J.
et. Med. A. Physiol. Pathol. Clin. Med.,
v.53, n.2, p.97-107, 2006.
edu/faculty/carr/polygal.htm > Acesso em: 21
v. 2006.
. In:
Plantas medicinais sob a ótica da
uímica moderna.
YUNES, R. A; CALIXTO, J. B. Chapecó: Editora Argos. p.297-
CALIXTO, J.B. Twenty-five years of research on medicinal plants in Latin América. A
personal view.
J. Ethnopharmacol., v.100, p.131-134, 2005.
CAMPOS, O. P. R.; SANTOS, A. R. S.; VAZ, Z. R.; PINHEIRO, T. R.; PIZZOLATTI,
M. G.; CHECHINEL FILHO, V.; MONACHE, F. D.; YUNE
Antinociceptive properties of the hydroalcoholic extract and preliminary study of a
xanthone isolated from
Polygala cyparissias (Polygalaceae). Life Sci., v.61, n.16,
p.1619-1630, 1997.
CATERINA, M.J.; SCHUMACHER, M.A.; TOMINAGA, M.; ROSEN, T.A.; LEVINE,
J.D.; JULIUS, D. The capsaicin receptor: a heat-activated ion channel in the pain
pathway.
Nature, v. 389, p.816-824, 1997.
CARLTON, S.M. Peripheral excitatory amino acids,
Curr. Opin. Pharmacol., v.1,
p.52-56, 2001.
V
CARR, G.D.
Images and descriptions of flowering plant families. Poligalaceae.
Disponível em: <www.botany.hawaii.
fe
CALIXTO, J. B. Medicamentos fitoterápicos
q
315, 2001.
S, R. A.; CALIXTO, J. B.
101
CHAPLAN, S. R.; BACH, F. W.; POGREL, J. W.; CHUNG, J. M.; YAKSH, T. L.
Quantitative assessment of tactile allodynia in the rat paw.
J. Neur. Met., v.53, p.55-
63, 1994.
CHUNG, I. W.; MOORE, N. A.; OH, W. K.; O´NEIL, M. F.; AHN, J. S.; PARK, J. B.;
CRAIG A. D. Pain mechanismis: Labeled lines versus convergence in central
processing.
Annu. Rev. Neurosci., v.26, p.1-30, 2003.
, R.; PIZZOLATTI, M.G.; DELLE F.M.; REZENDE C.M.; BRANCO, A.
Two xanthones from
Polygala paniculata and confirmation of the 1-hydroxy-2,3,5-
trimethoxy-xanthone at trace level by HRGC-MS.
Z. Naturforsch [C], v.58, n.7-8, p.
OSTA, M.; BROOKES, S. J. H. The enteric nervous system.
Am. J. Gastroenterol.,
acol., v.117, n.3, p.552-558, 1996.
1968.
stric barrier mucus.
J. Physiol., v. 224, p.116-117P, 1974.
KANG, Y.S. Behavioural pharmacology of polygalasaponins indicates potential
antipsychotic efficacy.
Pharmacol. Biochem. Behav., v.71, n.1-2, p.191-195, 2002.
CRISTIANO
490-494, 2003.
C
v.89, p.129-137, 1994.
CORREA, C.R; KYLE, D.J.; CHAKRAVERTY, S. CALIXTO, J.B. Antinociceptive
profile of the pseudopepitide B
2
bradykinin and receptor antagonist NPC 18688 in
mice.
Brit. J. Pharm
COLLIER, H.O.J.; DINNEEN, L.C.; JOHNSON, C.A.; SCHNEIDER, C. The abdominal
constriction response and its suppression by analgesic drugs in the mouse.
Br. J.
Pharmacol. Chemother.,
v.32, p.295-310,
CORNE, S. J.; MORRISEY, S. M. & WOODS, R. J. A method for the quantitative
estimation of ga
102
COUTAUX, A.; ADAM, F.; WILLER, J.C.; LE BARS, D. Hyperalgesia and allodynia:
peripheral mechanisms.
Joint Bone Spine, v.72, p.359-371, 2005.
CRUNKHORN, R.; MEACOCK, S.C.R. Mediators of the inflammation induced in the
.
iol.,
v.521, p. 22-39, 2003.
D’AMOUR, F.E.; SMITH, D.L. A method for determining loss of pain sensation.
J.
harmacol. Exp. Ther.,
v.72, p.74-79, 1941.
13, p.63-68, 1994.
logia estrutural e funcional, Rio de Janeiro, Guanabara
oogan, 1989.
ala vulgaris. Chem. Pharm.
ull.,
v.50, n.11, p.1499-1501, 2002.
Inflammation.
Dagenham: Rhone
oulenc. p.173-228, 1989.
rat paw by carrageenin.
Br. J. Pharmacol., v.42, p. 392-402, 1971.
CUNHA F.Q.; FERREIRA, S.H. Peripheral hyperalgesic cytokines.
Adv. Exp. Méd
B
P
DAVIS, A. J.; PERKINS M. N. The involvement of bradykinin B1 and B2 receptor
mechanisms in cytokine-induced merchanical hyperalgesia in the rat.
Br. J.
Pharmacol.,
v.1
DAYAL,Y.; De LELLIS, R.A. Trato Gastrintestinal. In : ROBBINS, S.L.; KUMAR, V.;
CONTRAN, R.S.
Pato
K
DALL`ACQUA, S.; INNOCENTI, G.; VIOLA, G.; PIOVAN, A.; CANIATO, R.;
CAPPELLETTI, E. M. Cytotoxic compounds from
Polyg
B
DE BRITO, F. D. Pleurisy and pouch models of acute inflammation.
Pharmacological methods in the Control of
P
103
DESBENE S. ; HANQUET B. ; SHOYMA Y. ; WAGNER H. ; LACAILLE-DUBOIS M.
A. Biologically active triterperne saponins from callus tissue of Polygala amarelle.
J.
at. Prod.,
v.62, n.6, p.923-926, 1999.
ZOZOWSKI, T.;
EMBINSKI, M.; KONTUREK, S. J.; PAWLIK, W. W. Hole of capsaicin sensive
in rats. Eur. J. Pharmacol., v.508, p.211-22, 2005.
De SOUZA, R.F.; De GIOVANI, W.F. Antioxidant properties of complexes of
JAHANGUIRI, B. The production of acute gastric ulceration by indomethacin in the
. Responses of rat sacral spinal neurons to
echanical and noxious thermal stimulation of the tail.
J. Neurosci., v.77, p.611-620,
heral mediators of pain. In: BESSON, M. J.; DICKENSON, A.
The
: BESSON, M. J.; DICKENSON, A.
The
harmacology of pain.
Berlin: Springer-Verlag, v.130, p.21-41, 1997.
col., v.4, p.340-342, 1968.
N
DEMBINSKI, A.; WARZECHA, Z.; CERANOWICZ, P.; BR
D
nerver and histamine, H
1
, H
2
and H
3
receptors in the gastroprotective effect of
histamine against stress ulcer
flavonoids with metal ions.
Redox. Rep., v.9, n.2, p.97-104, 2004.
D
rat.
Scand. J. Gastroenterol., v.4, p. 265, 1969.
DOUGLASS, D.K.; CARSTENS, E
m
1997.
DRAY, A. Perip
pharmacology of pain.
Berlin: Springer-Verlag, v.130, p.21-41,1997.
DICKENSON, A. Mechanisms of central hypersensitivity: excitatory amino acids
mechanisms and their control. In
p
DI ROSA, M.; SORRENTINO, L. The mechanism of the inflammatory effect of
carragenin..
Eur. J. Pharma
104
EKBLAD, E.; MEI, Q.; SUNDLER, F. Innervation of the gastric mucosa. Micros. Res.
Tech.,
v.48, p.241-257, 2000.
EL SAYAH, M., CHECHINEL FILHO, V., PINHEIRO, T. R., YUNES, R. A., CALIXTO,
amenta na busca de substâncias
tivas.In: Farmacognosia: da planta ao medicamento
/Organizado por Simões,
LIZABETISKY, E.; COSTA-CAMPOS, L. Medicinal plant genetic resources and
.
J. B. In vitro effect of the extract and the 1,7-dihydroxy-2,3-dimethoxy xanthone from
Polygala cyparissias on the contractions induced by inflammatory mediators and
ovalbumin in normal and actively sensitised trachea from guinea
pig. Inflamm Res.,
v.48, n.4, p.218-223, 1999.
ELLIOT, S.N., WALLACE J.L. Nitric oxide: A regulator of mucosal defense and injury.
J. Gastroenterol., v.33, p.792-803, 1998.
ELISABETISKY, E.
Etnofarmacologia como ferr
a
C.M.O. et al. Porto Alegre/Florianópolis: 1ed. Universidade/UFRGS/ed. da UFSC, p.
87-99, 1999.
E
international cooperation: the Brazilian perspective.
J. Ethnopharmacol., v.51,
p.111-120, 1996.
ESTRADA, A.; KATSELIS, G. S.; LAARVELD; BARL, B. Isolation and evaluation of
immunological adjuvant activities saponins from
Polygala senega. Comp. Immunol.
Microbiol. Infect. Dis.,
v.23, n.1, p.27-43, 2000.
FANTONE J. C.; WARD, P. A.. Inflamação. In: RUBIN, E.; FARBER, J. L.
Patologia.
Rio de Janeiro, Brasil: Guanabara Koogan, p.34-58, 1990
105
FARNSWORTH, N. R., BINGEL, A. S. New natural products and plant drugs with
pharmacological, biological or therapeutical activity.
Springer: New York; p.61-
3, 1997.
onized by a tripeptide analogue.
Nature.,
.334, p.698-700, 1988.
injection of glutamate in mice.
Neuropharmacol., v.38, p.835-842,
999.
roc. Natl. Acad. Sci. U.S.A., v.100,
.19, p.10937-10941, 2003.
L.. Disponível em:
www.hear.org/starr/hiplants/images/600max/html/starr_020803_0101_polygala_pani
culata.htm> Acesso em: 25 fev. 2005.
7
FARINA, M.; FRANCO, J.L.; RIBAS, C.M.; MEOTTI, F.C.; PIZZOLATTI, M.G.;
DAFRÉ, A.L.; SANTOS, A. R. S. Protective effects of
Polygala paniculata extract
against methylmercury-induced neurotoxicity in mice.
J. Pharm. Pharmacol., v.57,
p.1-6, 2005.
FERREIRA S. H.; LORENZETTI, B. B.; BRISTOW A. F.; POOLE, S. Interleukin-1
beta as a potent hyperalgesic agent antag
v
FERREIRA, J.; SANTOS, A.R.S.; CALIXTO, J.B. A hole for a systemic, spinal and
supraspinal L-arginine – nitric oxide – cGMP pathway in thermal hiperalgesia caused
by intrathecal
1
FILHO, G. B. et al.
Bolioglo Patologia. 5ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p.
110-143, 1994.
FIORUCCI, S.; SANTUCCI, L.; WALLACE, J. L.; SARDINA, M.; ROMANO, M. ; DEL
SOLDATO, P. Interaction of a selective cyclooxygenase-2 inibitor with aspirin and
NO-releasins aspirin in human gastric mucosa.
P
n
FOREST & KIM STARR.
Polygala paniculata
<
106
FUKUSHIMA, Y. et al. Unique roles of G-protein-coupled histamine H
2
and gastrin
receptors in growth and differentiation of gastric mucosa.
Eur. J. Pharmacol., v.502,
p.243-252, 2004.
H.
A field guide to the families and genera of woody plants of
orthwest south America (Colombia, Equador e Peru).
Chicago: The University of
ENCE, T.; PERRETTI, M.; ROSSI, A. G. Inflammatory
solution: new opportunities for drug discovery.
Nat. Rev., v.3, p.104-416, 2004.
l,
v.6, p.825-831, 1992.
ORENSEN, N.; DAHL, R.;JORGENSEN, P.J. Cognitive deficit in 7-
ear-old children with prenatal exposure to methylmercury.
Neurotoxicol. Teratol.,
P.M.; MARTINS, M.A.; FLORES, C.A.; CUNHA, F.Q.;
ASSUREY-FILHO, J.;CORDEIRO, R.S. Mouse paw edema. A new model for
inflammation?
Braz. J. Med. Biol. Res., v.20, n.2, p.243-249, 1987.
GAVIRAGHI, G. Excitatory amino acid receptors.
Pharm. Act. Helv., v.74, p.219-220,
2000.
GENTRY, A.
n
Chicago Press. p.689-693, 1996.
GILROY, D. W.; LAWR
re
GLAVIN, G.; SZABO, S. Experimental gastric mucosal injury: laboratory models
reveal mechanisms of pathogenesis and new therapeutic strategies.
The FASEB
Journa
GRANDJEAN, P.; WEIHE, P.; WHITE, R.F.; DEBES, F.; ARAKI, S.; YOKOYAMA, K.;
MURATA, K.; S
y
v.19, p.417-428, 1997.
HENRIQUES, M.G.; SILVA,
107
HENRIQUES, M.G.; WEG, V.B; MARTINS, M.A.; SILVA, P.M.; FERNANDES, P.D.;
CORDEIRO, R.S.; VARGAFTIG, B.B. Differential inhibition by two hetrazepine PAF
antagonists of acute inflammation in the mouse. Br. J. Pharmacol., v.99, n.1 p.164-
68, 1990.
HENRIQUES, M. G.
Estudo da reação inflamatória induzida por carragenina em
fisiologia e Farmacodinâmica. Fundação Osvaldo Cruz.
OGBEN, C.A.M.; KENT, T.H.; WOODHARD, P.A.; SILL,A.J. Quantitative histology
HUNT, S. P.; MANTYH, P. W. The molecular dynamics of pain control.
Nat. Rew.
Neurosci.,
v.2, p.83-91, 2001.
HOLZER, P. Gastroduodenal mucosal defense.
Curr. Opin. Gastroenterol., v.16, p.
, 1991.
YLDEN, J.K.L., WILCOX, G.L. Intrathecal morphine in mice: a new technique.
Eur.
. Pharmacol.,
v.67, p.313-316, 1980.
1
camundongos
. Rio de Janeiro, 1993. Tese de Doutorado. Departamento de
H
of gastric mucosa: Man, dog, cat, guinea pig and frog.
Gastroenterol., v.67, p.1143-
1154, 1974.
469-478, 2000.
HOLZER, P. Capsaicin as a tool for studying sensory neuron functions.
Adv. Exp.
Med.Biol.,
v.298, p.3-16
HUNSKAAR, S. e HOLE, K. The formalin test in mice: dissociation between
inflammatory and non-inflammatory pain. Pain, v.30, p.103-114, 1987.
H
J
108
IAQUINTO, G.; GIARDULLO, N.; TACCONE,W.; LEANDRO, G.; PASQUALE, L.;
LUCA, L.; SZABO, S. Role of endogenous endothelin-1 in ethanol induced gastric
mucosal damage in humans. Dig. Dis. Sci., v.48, n.4, p.663-669, 2003.
ICHIKAWA, T.; ENDOH, H.; HOTTA, K.; ICHIKAWA, K. The mucin biosynthesis
stimulated by epidermal growth factor occurs in surface mucus cells, but not in gland
mucus cells, of rat sto
IKEDA, Y.; UENO A.; NARABA, H.; OH-ISHI. Involvement of vaniloid receptor VR1
nd prostanoids in the acid-induced writhing responses of mice.
Life Sci., v.69, p.
J.; SELLING, J.; HOGAN, D.; KOSS, M. Impaired proximal duodenal
mucosal bicarbonate secretion in patients with duodenal ulcer.
New Eng. J. Med.,
v.316, p.374-379, 1987.
ITO, S.; ASHITAKA, O. E.; MINAMI, T. Central and periferal roles of prostaglandins in
pain and their interactions with novel neuropepitides nociceptin and nocistatin.
Neurosci. Res., v.41, p.299-332, 2001.
JANCSÓ, G. Pathobiological reactions of C-fibre primary sensory neurones to
peripheral nerve injury.
Exp. Physiol., v. 77, p.405-43, 1992.
ONES, J.I.W.; HAWKEY, C.J. Physology and organ-related pathology of the elderly:
mach.
Lif. Sci., v.67, p.1095-1101, 2000.
a
2911-2919, 2001.
ISENBERG,
J
stomach ulcers. Best Pract. & Res. Clin. Gastroenterol., v.15, n.6, p.943-961,
2001.
JULIUS, D.; BASBAUM, A. Molecular mechanisms of nociception.
Nature., v.413, p.
203-210, 2001.
109
KIM, H.M.; LEE, E.H.; NA, H.J.; LEE, S.B.; SHIN, T.Y.; LYU, Y.S.; KIM, N.S.;
NOMURA, S
. Effect of Polygala tenuifolia root extract on the tumor necrosis factor-
alpha secretion from mouse astrocytes. J. Ethnopharmacol., v.61, n.3, p.201-208,
998.
ercetin glycoside, for
eatment of inflammatory bowel disease.
Pharm. Res., v.22, n.9, p.1499-1509, 2005
induction in peripheral nerve depends on the mode of injury and
MDA receptor signaling.
J. Neuroimmunol., v.149, p.77-83, 2004.
5, 1988.
APA, A. J.; SOUCCAR, C.; LIMA-LANDAMAN, M. T. R.; GODINHO, R. O.; DE
Simões, C.M.O.
et al.
orto Alegre/Florianópolis: ed. Universidade/UFRGS/ed. da UFSC, p.181-196, 1999.
acol. Rev., v.53, n.4, p.597-652, 2001.
adix extract protects cultured rat granule cells agaist damage induced
y NMDA.
Am. J. Chin. Med. v.32, n.4, p.599-610, 2004.
1
KIM, H.; KONG, H.; CHOI, B.; YANG Y.; KIM, Y.; LIM, M.J.; NECKERS, L.; JUNG, Y.
Metabolic and pharmacological properties of rutin a dietary qu
tr
KLEINSCHNITZ, C., BRINKHOFF, J., ZELANKA, M., SOMMER, C., STOLL, G. The
extent of cytokine
N
KOROLKOVAS, A.; BURCKHALTER, J. H.
Química farmacêutica. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan. p.4-
KOU J.; MA R.; ZHU D.; YAN Y. Blood-activating and anti-inflammatory actions of
Polygala fallax. Zhong Yao Cai., v.26, n.4, p. 268-71, 2003.
L
LIMA, T. C. M.
Farmacologia e toxicologia de produtos naturais. In:
Farmacognosia: da planta ao medicamento/Organizado por
P
LE BARS, D.; GOZARIU, M.; CADDEN, S.W. Animals models of nociception.
Pharm
LEE, H.J.; BAN, J.Y.; KOH, S.B.; SEONG, N.S.; SONG, K.S.; BAE, K.W.; SEONG,
Y.H. Polygalae r
b
110
LEVINE, J.D.; REICHLING, D.B. Peripheral mechanisms of inflammatory pain. In:
Wall PD, Melzack R, editor,
Textbook of pain. 4 ed., Londres: Churchill Livingstone,
p.59-84, 1999.
LLOYD, K.C.; DEBAS, H.T. Peripheral regulation of gastric acid secretion. In:
ONGHUST, J.C.; KAUFMANN, M.P.; ORDWAY, G.A.; MUSCH, T.I. Effects of
m the stomach of the cat.
Am. J. Physiol. – Heart
irculatory Physiology,
v.247, n.16, p. 459-466, 1984 (b).
asil. São Paulo, p.386,
002.
euxanthone-induded differentiation of
euroblastoma cells.
Planta Med., v.67, n.5, p.400-405, 2001.
Physiology of the gastrointestinal tract. 3ed., Raven Press Ltd., v.2, p.1185-1226,
1994.
L
bradykinin and capsaicin on endings of afferent fibers from abdominal visceral
organs.
Am. J. Physiol. – Regulatory Integrative comparative Physiology, v.247,
n.16, p.R552 – R559, 1984(a).
LONGHUST, J.C.; STTEBINS, C.L.; ORDWAY, G.A. Chemically induced
cardiovascular reflexes arising fro
C
LORENZI, H.; MATOS, F.J.A.
Plantas Medicinais do Br
2
LUFTY, K.; CAI, S.X.; WOODWARD, R.M.; WEBER, E. Antinociceptive effects of
NMDA and non-NMDA receptor antagonists in the tail flick test in mice.
Pain, v.70,
p.31-40, 1997.
MAK, N. K.; LUNG, H. L.; WONG, R. N.; LEUNG, H. W.; TSANG, H. Y.; LEUNG, K.
N. Expression of protein kinase C isoforms in
n
111
MALMBERG, A.B.; YAKSH, T.L. The effect of morphine on formalin-evoked
behaviour and spinal release of excitatory amino acids and prostaglandin E2 using
microdialysis inconscious rats. Br. J. Pharmacol., v.114, p.1069-1075, 1995.
cNAUGHTON, W., CIRINO, G., WALLACE, J. Endotheliun-derived relaxing factor
NAGANO, K. Endogenous nitric oxide modulates
thanol-induced gastric mucosal injury in rats.
Gastroenterol., v.108, p.58-64, 1995.
asodilatatory effects of
pidermal growth factor: the role of sensory afferent neurons.
Am. Physiol.
ENDES, G.; SANTOS, A. R. S.; CAMPOS, M. M. TRATSK, K. S.; YUNES, R. A.;
., v.63, n.55, p.369-381, 1998.
M.S.; MOURA, J. D.,
UNHA, A.J.; PIZZOLATTI, M.G., SANTOS, A.R S. Antinocieptive properties of
coumarins, steroid and dihydrostyryl-2-pyrones from
Polygala sabulosa
(Polygalaceae). J. Pharm. Pharmacol., v.58, n.1, p.107-112, 2006.
MANSON, P. Central mechanismis of pain modulation.
Curr. Opin. Neurobiol., v.9,
p.436-441, 1999.
M
(nitric oxide) has protective actions in the stomach.
Life Sci., v.45, p.1869-1876,
1989.
MASUDA, E.; KAWANA, S.;
e
MATSUMOTO, Y.; KANAMOTO, K.; KAWAKUBO, K.; AOMI, H.; MATSUMOTO, T.;
IBAYASHI, S.; FUJISHIMA, M. Gastroprotective and v
e
Gastrointest. Liver Physiol.,
v.280, p.G897-G903, 2001.
M
CECHINEL FILHO, V.; CALIXTO, J. B. Anti-hyperalgesic properties of the extract and
of the main sesquiterpene polygodial isolated from the barks of
Drymis winteri
(winteraceae).
Life Sci
MELZACK, R.; LOESER, J. D. Pain: an overview. Pain, v. 353, p.1607-1609, 1999.
MEOTTI, F. C.; ARDENGHI, J. V.; PRETTO, J.B., SOUZA,
C
112
MESIA-VELA S. Mecanismos das ações anti-secretora ácida e antiúlcera
gástrica de princípios isolados do gervão-roxo (
Starchytarpheta cayennensis
Vahl).,
São Paulo, 1998 (Doutorado em Farmacologia) – Instituto Nacional de
armacologia (INFAR), escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São
ICELI, N.; TAVIANO, M.F.; GIUFFRIDA, D.; TROVATO, A.; TZAKOU, O.; GALATI,
ILLAN, M. J. The role of descending noradrenergic and serotoninergic parthways in
997.
ILLAN, M. J. Descending control of pain.
Prog. Neurobiol., v.66, p.355-474, 2002.
e
fferent nerves in gastric mucosal damage and protection.
Budapest: Akadémiai
5.
F
Paulo.
M
E.M. Anti-inflammatory activity of extract and fractions from
Nepeta sibthorpii
bentham.
J. Ethnopharmacol., v.97, n.2, p.261-266, 2005.
M
the modulation of nociception: focus on receptor multiplicity. In:
The pharmacology
of pain.,
BESSON, M. J.; DICKENSON, A. Berlin: Springer-Verlag, v.130, p.385-449,
1
MILLAN, M. J. The induction of pain: an integrative review.
Prog. Neurobiol., v.57, p.
1-164, 1999.
M
MORROW, J.T.; PAULSON. P. E.; BREWER K. L. YEZIERSKI R. P.; CASEY K. L.
Chronic selective forebrain responses to endotoxic dorsal horn injury.
Exp. Neur.,
v.161, p.220-226, 1999.
MÓZSIK, G.Y.; ABDEL-SALAM, O.M.E.; SZOLCSANYI, J.
Capsaicin-sensitiv
a
Kiadó, p. 3-27, 1997.
NEWTON, J. Effect of age related changes in gastric physiology on tolerability of
medications for older people.
Drugs Aging, v.22, n.8, p.655-661, 200
113
NEWALL, A.C.; ANDERSON A.L.; PHILLIPSON, D.J. Herbal Medicines: A guide
for health-care professionals.
3.ed. London: The pharmaceutical press,
p.241,1996.
NEWMAN, D.J.; GRAGG, G.M.; SNADER, K.M. Natural products as source of new
drugs over a period 1981-2002.
J. Nat. Prod., v.66, p.1022-1037, 2003.
NEUGEBAUER, V. Metabotropic glutamate receptors – important modulators of
nociception and pain behavioral.
Pain, v. 98, p.1-8, 2002.
of excitatory amino acids in the skin of the rat hindpaw.
v.787, p.161-164,
1998.
OSBORNE M.G.; CODERRE, T. J. Nociceptives effects of intrathecal administration
sulphur-containing amino acids.
Behav. Brain Res., v.144, p.105-110, 2003.
OZAWA, S.; KAMIYA, H.; TSUZUKI, K. Glutamate receptors in the mammalian
central nervous system.
Prog. Neurob., v.54, p.581-618, 1998.
SABISTON, D.; KYERLY, H.K. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 10ed, v.1, p.788-807, 1999.
brazilian atlantic rain forest plant species.
Phytomedicine.
.10, n.5, p.422-426, 2003.
OMOTE, K.; KAWAMATA, T.; KAWAMATA, M.; NAMIKI, A. Formalin-induced release
Brain Res.,
PAPPAS, N.T. O estômago e o duodeno. In:
Tratado de cirurgia: As bases
biológicas da prática cirúrgica moderna.
PIZZOLATTI, M.G.; KOGA, A.H.; GRISARD, E.C.; STEINDEL, M. Trypanocidal
activity of extracts from
v
114
RAINVILLE, P. Brain mechanisms of pain affect and pain modulation. Curr. Opin.
Neurobiol
,, v.12, p.195-204, 2002.
RIBEIRO, R.A.; VALE, M.L.; THOMAZZI, S.M.; PASCHOALATO, A. B.; POOLE, S.;
FERREIRA, S.H.; CUNHA, F.Q. Involvemente of resident macrophages and mast
cells in the writhing nociceptive response induced by zimozan and acetic acid in mice.
Eur. J. Pharmacol., v. 387, n.1, p.111-118, 2000.
ROBERT, A.; NEZAMIS, J. E.; LANCASTER, C. & HAUCHAR, A. J. Cytoprotection
by prostaglandins in rats. Prevention of gastric necrosis produced by alcohol, HCl,
NaOH, hypertonic NaCl and thermal injury.
Gastroenterol., v. 77, p. 433-443, 1979.
ROCHA E SILVA, M.O. Brief history of inflammation. .R.; FERREIRA,
S.H.,
Handbook of Experimental Pharmacology. New York: Springer-Verlag, p.6-
5, 1978.
USSO, C.M. & BROSE, W.G. Chronic pain.
Annu. Rev. Med., v.49, p.123-133,
998.
stric endocrine cells.
nnu. Rev. Physiol., v.59, p.243-256, 1997.
armacol., v.331, p.43-52,
997
.
urial compounds.
Neurotox. Res., v.5, p.283-305, 2003.
In: VANE, J
2
R
1
SACHS, G.; ZENG, N.; PRINZ C. Physiology of isolated ga
A
SALEH T. S. F., CALIXTO, J. B. , MEDEIROS, Y. S. Proinflammatory effects induced
by bradykinin in a murine model of pleurisy.
Eur. J. Ph
1
SANFELIU, C.; SEBASTIA, J.; CRISTOFOL, R.; RODRIGUEZ-FARRE, E.
Neurotoxicity of organomerc
115
SANTOS A. R. S.; CALIXTO, J. B. Further evidence for the involvement of tachycinin
receptor subtypes in formalin and capsaicin models of pain in mice.
Neuropeptides,
.31, n.4, p.381-389, 1997.
.
harmacol. Exp. Therap.,
v.289, n.1, p.417-426, 1999.
test in mice for evaluating tachykinin antagonists in the spinal cord.
europharmacol., v. 31, p.1279-1285, 1992.
ADA, T.; SUGIYAMA, A.; SAKURADA, C.; TANNO, K.; SAKURADA, S.;
ISARA, K.; HARA, A.; ABIKO, Y. Involvement of nitric-oxide in spinally mediated
CARPIGNATO, S.; CAPOVILLA,T.; BERTACCINI,G. Action of caerilein on gastric
v
SANTOS, A.R.S.; VEDANA, E.M.A.; De FREITAS, G.A.G. Antinociceptive effect of
meloxicam, in neurogenic and inflammatory nociceptive models in mice.
Inflam. Res.,
v.47, p. 302-307, 1998.
SANTOS A. R. S.; MIGUEL, O. G.; YUNES, R. A.; CALIXTO, J. B. Antinociceptive
properties of the new alkaloid,
cis-8,10-di-N-propillobelidiol hidrochloridie dihydrate
isolated from Siphocampylus vercillatus: Evidence for the mechanism of action.
J
P
SAKURADA, T.; KATSUMATA, K.; TAN-NO, K.; SAKURADA, S.; KISARA, K.
The
capsaicin
N
SAKUR
K
capsaicin- and glutamate-induced behavioral responses in the mouse.
Neurochem.
Int.,
v.29, n.3, p.271-278, 1996.
SAWYNOK, J. Topical and peripherally acting analgesics.
Pharmacol. Rev., v.55,
n.1, p.1-20, 2003.
S
emptying of conscious rat.
Arch. Int. Pharmacodyn., v.246, p.286-294,1980.
116
SCHEIDT, C.; SANTOS, A. R. S.; FERREIRA, J.; MALHEIROS, A.; CECHINEL
FILHO, V.; YUNES, R. A.; CALIXTO, J. B. Evidence for the involvement of
glutamatergic receptors in the antinociception caused in mice by sesquiterpene
rimanial.
Neuropharmacol., v.43, p. 340-347, 2002.
KHA, C.; Anti-inflammatory
ffect of rutin on rat paw oedema, and on neutrophis chemotaxis and degranulation.
AZE, D.; GRUENSTEIN, M.; SIPLET,
. A simple method for the uniform production of gastric ulceration in rat.
. Anaesthesiol., v.18, n.3, p. 385-405, 2004.
TRO-FARIA-NETO, H.C. Bradykinin down-regulates LPS-induced
osinophil accumulation in the pleural cavity of mice through type 2-kinin receptor
KALISZ L. L.; BEIJAMINI V.; ANDREATINI, R. Effect of Hypericum perforatum on
arble-burying by mice.
Phytot. Res., v.18, n.5, p.399-402, 2004.
d
SCHUBERT, M. Gastric secretion.
Curr. Opin. Gastroenterol., v.21, p.636-643,
2005.
SCHMEDA-HIRSCHMANN, G. ; YESILADA, E. Traditional medicine and
gastroprotective crude drugs.
J. Ethnopharmacol., v.100, p.61-66, 2005.
SELLOUM, L.; BOURICHE, H.; TIGRINE, C.; BOUDOU
e
Exp. Toxicol. Pathol., v.54, n.4, p.313-318, 2003.
SHAY, H.; KOMAROV, S.A.; FELS, S.E.; MER
H
Gastroenterol., v.5, p. 43-61, 1945.
SHERWOOD, E.R.; TOLIVER-KINSKY, T. Mechanisms of the inflammation
response.
Best Pract. Res. Clin
SILVA A. R.; LARANGEIRA, A.P.; PACHECO, P.; CALIXT, J.B.; HENRIQUES, M.G.;
BOZZA, P.T; CAS
e
activation: arolefor prostaglandins.
Br. J. Pharmacol., v.127, n.2, p.569-575, 1999.
S
m
117
SMITH, D. L.; D`AMOUR, M.C; D`AMOUR, F.E. Analgesic properties of certain drugs
and drugs combination.
J. Pharmacol. Exp. Ther., n.77, p.184-193, 1943.
SOMMER, C.; KRESS, M. Recent findings on how proinflammatory cytokines cause
pain: peripheral mechanisms in inflammatory and neuropathic hiperalgesia.
eurosci. Lett., v.361, p.184-187, 2004.
TOWICZ, J.P.; HU, D.; WALKER J.S.; TRACEY, D.J. Hyperalgesia due to
erve injury: role of prostaglandins.
Neurosci., v.94, n.2, p.587-594, 1999.
injury and
creased vascular permeability in gastric mucosal injury caused by ethanol in the rat.
s of gastrointestinal ulcer healing.
ig. Dis. Sci., v.50, s.1, S24-S33, 2005.
A. Berlin: Springer-Verlag, p. 21-41, 1997.
s. Letters., v.361,
.225-228, 2004.
N
SYRIÁ
n
SZABO, S. TRIER, J. BROWN, A. e SCHNOOR, J. Early vascular
in
Gastroenterol., v.88, p.228-236, 1985.
TARNAWSHI, A. Cellular and molecular mechanism
D
TJ
ØLSEN, A.; HOLE, K. Animal models of analgesia. In: The pharmacology of
pain.,
BESSON, M. J.; DICKENSON,
TJ
ØLSEN, A.;BERGE, O.G.; HUNSKAAR, S.; ROSLAND, J.H.;HOLE, K. The
formalin test: an evaluation of the method.
Pain, v.51, n.1, p.5-17, 1992.
VAN RENSBURG, C. J.; HARTMANN, M.; THORPE, A.; VENTER, L.; THERON, I.;
LÜHMANN, R.; WURST, W. Intragastric pH during continuous infusion with
pantoprazolein pacientes with bleeding peptic ulcer.
Am. J. Gastroenterol., v.98
n.12, p.2636-2641, 2003.
VANEGAS, H. To the descending pain-control system in rats, inflammation-induced
primary and secondary hyperalgesia are two different things.
Neuro
p
118
VANEGAS, H.; SCHAIBLE, H.G. Prostaglandins and cicloxygenases in spinal cord.
Prog. Neurob., v.64, p.327-363, 2001.
VANEGAS, H.; SCHAIBLE, H. G. Descending control of persistent pain: inhibitory or
facilitatory?
Brain. Res. Rev., p.1-15, 2004.
in mouse
leusisy.
Br. J. Pharmacol., v.123, p.281-291, 1998.
rochem., n.74, p.457-471, 2000.
ctor-
α (TGF-α) induced gastroprotection
gainst ethanol in the rat.
Dig. Dis. Sci., v.48, n.2, p. 329-333, 2003.
em:
http://www.hear.org/Pier/imagepages/singles/popanp57.htm > Acesso em: 06 jul.
ALLACE, J. L. Mechanisms of protection and healing: current knowledge and future
ulo, p.189-217, 1945.
HITTLE, B.J.R. Mechanisms underlying intestinal injury induced by anti-
VIANNA, R. M. J.; CALIXTO, J. B. Characterization of the receptor and the
mechanisms underlying the inflammatory response induced by des-Arg9-bk
p
VITKOVIT, L.; BOCKAERT, J.; JACQUE. C. “Inflammatory” cytokines :
neuromodulators in normal brain?
J. Neu
VONGTHAVARAVAT, V.; MESIYA, S.; SAYMEH, L.; XIA, Y.; HARTY, R.
Mechanisms of transforming growth fa
a
WAGNER, L. W. Pacific Island Ecosystems at risk (PIER). Disponível
<
2005.
W
research.
Amer. J. Med., v. 110, p.19S-23S, 2001.
WASICKY, R. Anais da Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade
de São Paulo
, v.4, São Pa
W
inflammatory COX inibidors.
Eur. J. Pharmacol., v.500, p.427-439, 2004.
119
WIECH, K.; KIEFER, R.T.; TOPFNER, S.; PREISSL, H.; BRAUN, C.; UNERTL, K.;
FLOR, H.; BIRBAUMER, N. A placebo-controlled randomized crossover trial of the N-
ethyl-Daspartic acid receptor antagonist, memantine, in patients with chronic
IESELER-FRANK, J.; MAIER, S.F., WATKINS, L.R. Glial activation and
the pain system that modulate
ain.
J. Clin. Neurophysiol., v.14, p.3-31, 1997.
d paw of
e rat as an assay for anti-inflammatory drugs.
In: Proceedings of the Society for
y of the NMDA
ceptor channel.
Prog. Neurob., v.59, p.279-298, 1999.
l.,
v.65, p.103-131, 2003.
report., v.7, p. 895-900, 1996.
m
phantom limb pain.
Anesth. Analg., v. 98, p.408-413, 2004.
W
pathological pain.
Neurochem. Intern., v.45, p.386-395, 2004.
WILLIS, W. D.; WESTLUND, K. N. Neuroanatomy of
p
WINTER, C.; RISLEY, E.; NUSS,G.
Carrageenan-induced edema in hin
th
Experimental Biology and Medicine III. p. 544, 1962.
YAMAKURA, T.; SHIMOJI, K. Subunit- and site specific pharmacolog
re
YAO, X.; FORTE, J. Cell biology of acid secretion by the parietal cell.
Annu. Rev.
Physio
ZHOU, S.; BONASERA, L.; CARLTON, S.M.; Peripheral administration of NMDA,
AMPA or KA results in pain behavious in rats,
Neuro
ZIMMERMANN, M. Ethical guidelines for investigations of experimental pain in
conscious animals.
Pain., v.16, p.109-110, 1983.
75
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo