Download PDF
ads:
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
CUSTO-EFETIVIDADE DE DESFIBRILADORES
IMPLANTÁVEIS NO BRASIL: ANÁLISE EM
PREVENÇÃO PRIMÁRIA NO SETOR PÚBLICO
Rodrigo Antonini Ribeiro
Orientador: Profª. Drª. Carísi Anne Polanczyk
Porto Alegre, Dezembro de 2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
CUSTO-EFETIVIDADE DE DESFIBRILADORES IMPLANTÁVEIS
NO BRASIL: ANÁLISE EM PREVENÇÃO PRIMÁRIA NO SETOR
PÚBLICO
Rodrigo Antonini Ribeiro
Orientador: Profª. Dra. Carísi Anne Polanczyk
A apresentação desta dissertação é exigência do
Programa de Pós-graduação em Epidemiologia,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
para obtenção do título de Mestre.
Porto Alegre, Brasil.
2007
ads:
3
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Álvaro Vigo, PPG Epidemiologia, UFRGS
Prof. Dr. Eduardo Bartholomay, UFRGS e PUC-RS
Profª. Dra. Paola Zucchi, UNIFESP
4
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Marco Antônio e Beatriz, por lançarem as bases para o meu
desenvolvimento como pessoa, e aos demais membros da minha família, especialmente à
minha irmã Luciana, pela presença tanto nas horas boas como nas difíceis.
À minha namorada Anelise, por seu amor e companheirismo em todas as horas.
Ao Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pelo aprendizado proporcionado durante esses
2 anos.
Aos demais co-autores desse trabalho, especialmente ao acadêmico de medicina
Steffan Stella, pelo apoio e esforço para concretização desse trabalho.
E, por último, à minha orientadora, Profª Carísi Polanczyk, exemplo de pessoa e
profissional com quem convivo desde a graduação, passando pela residência médica e
agora na pós-graduação, por sua dedicação e atuação sempre correta, tanto como
orientadora como em suas demais atividades.
5
SUMÁRIO
Abreviaturas e Siglas 6
Resumo 3
Abstract 10
1. APRESENTAÇÂO 11
2. INTRODUÇÃO 12
3. REVISÃO DA LITERATURA 13
3.1. Considerações referentes a estudos de custo efetividade 13
3.2. Considerações sobre o cardio-desfibrilador implantável 16
3.3. Terapias farmacológicas com impacto sobre mortalidade 18
em insuficiência cardíaca
3.4. Estudos sobre utilização de cardio-desfibriladores implantáveis 19
em insuficiência cardíaca
3.5 Estudos de custo-efetividade sobre desfibriladores implantáveis 25
3.6. Utilização de cardio-desfibrilador implantável no Brasil 30
3.7. Considerações finais 31
4. OBJETIVOS 33
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 34
6. ARTIGO 42
7. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 52
8. ANEXOS
a. Anexo 1 - Projeto de Pesquisa 75
6
ABREVIATURAS E SIGLAS
ABREVIATURAS GERAIS
AIH – Autorização de Internação Hospitalar
CDI – Cardio-desfibrilador implantável
CE – Custo-efetividade
ECR – Ensaio clínico randomizado
I-ECA – Inibidores da enzima conversora da angiotensina
IAM – Infarto agudo do miocárdio
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IC – Intervalo de confiança
ICC – Insuficiência cardíaca congestiva
NYHA – New York Heart Association
QALY – Quality adjusted life years
SUS – Sistema Único de Saúde
ABREVIATURAS DOS ENSAIOS CLÍNICOS
AMIOVIRT – Amiodarone Versus Implantable Cardioverter-Defibrillator Randomized
Trial
AVID – The Antiarrhythmics versus Implantable Defibrillators Trial
CABG-PATCH – Coronary Artery Bypass Graft (CABG) PATCH Trial
CASH – The Cardiac Arrest Study Hamburg
CAT – The Cardiomyopathy Trial
7
CIDS – Canadian Implantable Defibrillator Study
COMPANION – Comparison of Medical Therapy, Pacing, and Defibrillation in Heart
Failure
DEFINITE – Defibrillators in Non-Ischemic Cardiomyopathy Treatment Evaluation
DINAMIT – Defibrillator in Acute Myocardial Infarction Trial
MADIT – Multicenter Automatic Defibrillator Implantation Trial
MUSTT – Multicenter Unsustained Tachycardia Trial
SCD-HeFT – Sudden Cardiac Death in Heart Failure Trial
8
RESUMO
Introdução: Inúmeras evidências apontam para o benefício do cardio-desfibrilador
implantável (CDI) em prevenção primária de eventos em pacientes com insuficiência
cardíaca congestiva (ICC). Apesar da disseminação do uso de CDI também em países em
desenvolvimento, nenhum trabalho avaliou a sua custo-efetividade nesse tipo de cenário.
Objetivo: Avaliar a custo-efetividade do CDI em pacientes com ICC na perspectiva do
Sistema Único de Saúde (SUS). Métodos: Foi construído um modelo de Markov para a
avaliação da relação de custo-efetividade incremental (RCEI) do CDI em relação à terapia
convencional, em pacientes com ICC em classe funcional II e III na linha de base. O
desfecho analisado foi anos de vida salvos ajustados pela qualidade (AVAQ). O horizonte
temporal foi de 20 anos. Dados sobre efetividade, complicações, mortalidade e utilidade
foram buscados em ensaios clínicos e estudos de coorte através do portal Pubmed. Os
custos incluídos foram retirados das tabelas do SUS. A robustez do modelo foi avaliada por
simulação de Monte Carlo. Análises de sensibilidade univariadas foram feitas nos
parâmetros mais importantes. Resultados: A relação de custo-efetividade da terapia com
CDI, em relação ao tratamento convencional, foi de R$ 68.318/AVAQ. Nas análises de
sensibilidade, os resultados se mostraram mais sensíveis ao custo da troca do CDI e da sua
bateria, ao tempo de substituição da mesma e à efetividade do CDI. A análise de Monte
Carlo mostrou somente 2% das simulações abaixo do limiar de R$ 37.311 por AVAC, o
qual foi definido pela multiplicação por três do Produto Interno Bruto per capita brasileiro.
Na simulação do modelo em uma coorte hipotética de pacientes mais graves, com
características mais semelhantes à população do estudo MADIT-I e assumindo mesma
efetividade do CDI, a relação de custo-efetividade incremental foi de R$ 23.739/AVAC.
9
Conclusões: No cenário Brasileiro, onde o custo do CDI é proporcionalmente mais elevado
do que em países desenvolvidos, o CDI apresenta uma RCEI elevada. Estratégias para
melhorar efetividade do dispositivo e diminuir custos associados devem ser perseguidas.
10
ABSTRACT
Background: Several studies have demonstrated the effectiveness and cost-effectiveness of
implantable cardioverter–defibrillators (ICDs) in chronic heart failure (CHF) patients.
Despite its widespread use in developing countries, limited data exist on its cost-
effectiveness in these settings. Objective: To evaluate the cost-effectiveness of ICD in
CHF patients under the perspective of the Brazilian Public Healthcare System (PHS).
Methods: We developed a Markov model to evaluate the incremental cost-effectiveness
ratio (ICER) of ICD compared to conventional therapy in patients with CHF and New York
Heart Association class II and III at baseline. Effectiveness was evaluated in quality-
adjusted life years (QALYs). Time horizon was 20 years. We searched MEDLINE for
clinical trials and cohort studies to estimate data from effectiveness, complications,
mortality and utilities. Costs from the PHS were retrieved from national codebook. The
model’s robustness was tested in a Monte Carlo simulation. One-way sensitivity analysis
was performed in most important variables. Results: ICER was R$ 68,318/QALY. Results
were most sensitive to costs related to the device; ICD effectiveness also had influence on
the results. Monte Carlo simulation showed only 2% of trials bellow the threshold of R$
37,311, which was set by multiplying Brazil’s gross domestic product per head by three. In
a simulation resembling MADIT-I population survival and ICD benefit, the ICER was R$
23,739/QALY. Conclusion: In a Brazilian scenario, where ICD cost is proportionally more
elevated than in developed countries, ICD has an elevated ICER. Strategies to improve
device effectiveness and diminish associated costs should be pursued.
11
1. APRESENTAÇÃO
Este trabalho consiste na dissertação de mestrado intitulada “Custo-Efetividade de
Desfibriladores Implantáveis no Brasil: Análise em Prevenção Primária no Setor Público”,
apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, em 14 de Dezembro de 2007. O trabalho é apresentado em três partes,
na ordem que segue:
1. Introdução, Revisão da Literatura e Objetivos
2. Artigo(s)
3. Conclusões e Considerações Finais.
Documentos de apoio, incluindo o Projeto de Pesquisa, estão apresentados nos anexos.
12
2. INTRODUÇÃO
O cardio-desfibrilador implantável é um dispositivo com o potencial de interromper
arritmias potencialmente fatais. Os primeiros ensaios clínicos envolvendo o mesmo
começaram a ser publicados na segunda metade da década de 90, tendo comprovado sua
eficácia primeiramente para pacientes com histórico de arritmias potencialmente fatais.
Posteriormente, esse dispositivo passou a ser estudo em pacientes com insuficiência
cardíaca, tendo em vista a alta mortalidade desse grupo de pacientes em decorrência de
arritmias cardíacas. A redução média de mortalidade nesse grupo de pacientes foi de 25%,
o que justificaria o uso desse dispositivo em ampla escala se considerássemos apenas o
parâmetro de eficácia.
Entretanto, os gastos crescentes em saúde e o surgimento cada vez maior de novas
tecnologias com efetividade comprovada porém de alto custo nos confrontam com a
necessidade de avaliações de eficiência, onde não somente o benefício da terapia mas
também os recursos necessários na utilização da mesma precisam ser avaliados. De acordo
com essa premissa, realizamos uma avaliação de custo-efetividade do cardio-desfibrilador
implantável, quando comparado com a terapia clínica otimizada, na perspectiva do SUS,
em uma população hipotética de pacientes com insuficiência cardíaca. Nesta análise,
utilizamos como desfecho clínico os anos de vida ajustados para qualidade proporcionados
por cada terapia; os custos são expressos em reais.
13
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1. Considerações referentes a estudos de custo efetividade
Nas últimas décadas, importantes avanços foram feitos na prevenção, diagnóstico,
avaliação e manejo de diversas condições de saúde. Atualmente, uma tendência
crescente de utilização de ferramentas da medicina baseada em evidências no processo de
tomada de decisões referentes à avaliação de tecnologias em saúde, novas ou antigas
(Institute of Medicine,1989; National Information Service on Health Services
Research,1998; National Institute for Clinical Excellence,2004). É inquestionável o
benefício representado pelo emprego de evidências clínico-epidemiológicas para auxiliar
neste processo, estabelecendo-se, por exemplo, se uma nova terapia é eficaz, efetiva e
segura através da existência de comprovação adequada conduzida sob determinados
padrões metodológicos. Entretanto, a avaliação do benefício e a segurança de uma
determinada intervenção em saúde é apenas um dos componentes do processo decisório
relativo às políticas de saúde. É de conhecimento que os recursos financeiros no setor são
findáveis: o emprego de recursos em uma nova tecnologia significa realocação de outra
área. Desta forma, não os benefícios esperados, mas também os custos envolvidos, são
itens cada vez mais importantes na análise de novos insumos no setor de saúde.
Muitas agências internacionais e órgãos governamentais de outros países têm
adotado estudos de custo-efetividade no seu processo de tomada de decisão em relação às
políticas de saúde, como forma de racionalizar os recursos existentes (Baltussen,2002;
Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health,2006; National Institute for
Clinical Excellence,2004). Dado este cenário atual da saúde no mundo e no Brasil, é
crescente a importância dos estudos de custo-efetividade para apoiar a tomada de decisão
14
quanto às políticas de saúde, incorporação de novas tecnologias, implementação de
programas preventivos e o desenvolvimento de diretrizes assistenciais na área médica. Para
a correta avaliação desse tipo de estudo, é fundamental que os tomadores de decisão
tenham conhecimento sobre os aspectos metodológicos básicos do mesmo.
A construção de modelos que são alimentados por dados secundários da literatura é
a maneira mais popular de realização de estudos de custo-efetividade atualmente. Nesse
tipo de estudo, são feitos modelos esquemáticos que tentam representar a história natural da
doença em estudo. Estes modelos são usualmente construídos na forma de árvores de
decisão clínica, cujas ramificações mostram a evolução prevista dos pacientes com e sem a
adoção da terapia em avaliação. Essa técnica, porém, tem uso limitado nas doenças
crônicas, onde a complexidade e recorrência de eventos tornam necessária a utilização de
metodologias mais complexas, dentre as quais a modelagem de estados transicionais ou
modelo de Markov é a mais usada atualmente (Detsky,1997).
No modelo de Markov, são criados alguns estados de saúde que são considerados
relevantes para a doença em questão. Em um modelo de cardiopatia isquêmica (CI), por
exemplo, poderíamos ter o estado inicial de CI estável, a qual poderia progredir para CI
com revascularização prévia, CI com infarto prévio e morte. O modelo é então rodado
durante vários ciclos, durante os quais os pacientes podem transitar de um estado para o
outro ou permanecerem no seu estado atual, sendo que as probabilidades de transição são
buscadas na literatura. Neste nosso exemplo, cabe ressaltar que, uma vez que a
probabilidade de morte ou de um novo infarto é alterada pela ocorrência prévia de infarto
ou revascularização, é fundamental haver a representação desses estados no modelo, para
que se possam designar essas probabilidades diferentes a cada tipo de paciente. Visto a
15
ocorrência periódica de eventos nesse exemplo e na maioria das doenças crônicas, isto é,
durante cada intervalo de tempo X, um paciente pode ter um evento (nesse caso um infarto),
permanecer estável ou falecer, é impossível a realização esquemática desse tipo de doença
em árvores de decisão simples. A determinação do tempo de cada intervalo é dada pela
disponibilidade de dados na literatura: se tivermos dados de probabilidade mensal de um
cardiopata infartar, utilizamos o mês como intervalo entre cada ciclo, caso se disponha de
probabilidades anuais, utilizamos esse tempo como intervalo. Para um descrição mais
detalhada desse tipo de modelagem, sugiro o artigo de Briggs e Sculpher (Briggs,1998).
Um ponto chave para se avaliar a robustez de um estudo de custo-efetividade é a
análise de sensibilidade. Uma vez que muitos dos parâmetros utilizados (incidência da
doença, taxa de resposta ao tratamento, custos relacionados à doença) podem variar no
mundo real, se faz necessário avaliar qual o impacto destas variações nos resultados
encontrados. Nas análises de sensibilidade, esses parâmetros são variados dentro de uma
gama de valores plausíveis, sendo avaliada a magnitude da alteração na razão de custo-
efetividade. Existem três tipos principais de análise de sensibilidade: univariada, bivariada
e probabilística ou análise de Monte Carlo. No primeiro caso, varia-se somente um
parâmetro por vez, no segundo, essa variação é feita com duas variáveis. A análise de
Monte Carlo varia todos os valores ao mesmo tempo, realizando centenas de simulações
com as possíveis combinações de valores. Enquanto que as primeiras análises citadas nos
mostram a sensibilidade do modelo a parâmetros específicos, a última nos mostra a
robustez global do modelo (Muennig,2002).
Dados de efetividade são mais facilmente transferíveis de lugar para lugar;
entretanto, inúmeras razões que dificultam a generalização de resultados de estudos
16
econômicos em saúde. Muitos dos resultados de estudos de eficácia ou efetividade de
determinada intervenção são claramente transponíveis para o sistema de saúde brasileiro.
Por exemplo, a eficácia de um tratamento anti-hipertensivo pode ser a mesma em pacientes
norte-americanos, europeus ou tratados no Brasil. Porém, um estudo de custo-efetividade
sobre o mesmo assunto tem sua aplicabilidade reduzida quando analisada em diferentes
países. A dificuldade de generalização de resultados de estudos avaliando intervenções em
saúde se deve a inúmeros fatores, entre eles as diferenças clínico-epidemiológicas, as
características dos sistemas de saúde, a oferta de serviços e, especialmente, os custos em
saúde. Logo, torna-se necessária a existência de informações confiáveis localmente
produzidas e contextualizadas para realidade brasileira.
3.2. Considerações sobre o cardio-desfibrilador implantável
A morte súbita está entre as causas mais comuns de óbito em pacientes com doença
cardiovascular. A arritmia que mais comumente ocasiona a morte súbita é a fibrilação
ventricular, a qual pode ser antecedida por taquicardia ventricular monomórfica ou
polimórfica. A única abordagem efetiva para interromper a fibrilação ventricular é a
desfibrilação elétrica, prática que vem sendo adotada na ressuscitação de pacientes com
arritmias fatais ou potencialmente fatais através de desfibrilador automático externo
cerca de cinco décadas. No final da década de 60, foram iniciadas pesquisas que visavam o
desenvolvimento de um dispositivo implantável com essa finalidade, que culminaram com
a implantação do primeiro cardio-desfibrilador implantável (CDI) em humanos, no ano de
1980 (Mirowski,1980).
Esse dispositivo é composto por três itens:
17
Eletrodos sensitivos, os quais são implantados atualmente por via transvenosa no
endocárdio do ventrículo direito, com a finalidade de detectar arritmias
potencialmente fatais;
Eletrodos de desfibrilação, os quais também são hoje em dia implantados por via
transvenosa, sendo os responsáveis pela geração da corrente elétrica que realiza a
desfibrilação;
Gerador de pulsos, o qual é composto pelos circuitos sensitivos, pela bateria e por
capacitores de alta voltagem. Esse dispositivo é inserido hoje em dia por
implantação peitoral.
Após a implantação dos componentes citados acima, a sensibilidade e a função de
marca-passo são testadas, sendo em seguida determinado o limiar de desfibrilação, o qual
indica a necessidade energética para desfibrilação. Os dispositivos modernos possuem
várias funções além das de desfibrilação: marca-passo anti-bradicardia, marca-passo anti-
taquicardia, cardioversão de baixa energia e armazenamento de traçados
eletrocardiográficos.
As principais indicações na atualidade para esses dispositivos são na prevenção
secundária de arritmias malignas, isto é, uso em pacientes que tiveram taquicardia ou
fibrilação ventricular, e na prevenção primária dessas arritmias em pacientes de alto risco
para o seu desenvolvimento, onde o maior grupo é composto por pacientes com
insuficiência cardíaca.
18
3.3. Terapias farmacológicas com impacto sobre mortalidade em insuficiência
cardíaca
Nos últimos 20 anos, o manejo da insuficiência cardíaca congestiva tem atingido
importante redução de desfechos clinicamente relevantes, como internação hospitalar,
morbidade e mortalidade. São várias as terapias farmacológicas que mostraram redução
importante na mortalidade, variando entre 23% e 30% quando os dados são analisados de
forma agregada (Califf,2002).
Dentro dessas terapias, a primeira a se mostrar consistentemente associada com
redução importante de mortalidade foi o uso de inibidores da enzima conversora da
angiotensina (I-ECA), sobre a qual o primeiro estudo relevante data de 1987 (The
CONSENSUS Trial Study Group,1987). Em 2000, foi publicada uma metanálise de 5
estudos dos quais os investigadores dispunham de dados individuais, totalizando 12.763
pacientes (Flather,2000). Nesta análise, foi vista uma redução de mortalidade de 20% (IC
95%: 13-26%), a qual iniciou precocemente após início da terapia e se manteve estável até
o final do seguimento, cuja média foi de 3 anos.
Posteriormente, a segunda classe de droga que teve demonstração de redução
significativa de mortalidade em ICC foi a dos beta-bloqueadores. Vista inicialmente no ano
de 1994 com bisoprolol (CIBIS Investigators and Committees, 1994 e 1999), e,
posteriormente, com carvedilol (Bristow,1996; Colucci,1996; Packer,1996; Packer,2001;
Packer,1996), metoprolol (MERIT-HF Study Group,1999) e bucindolol (Beta-Blocker
Evaluation of Survival Trial Investigators,2001), a redução de mortalidade se mostrou
consistente entre os estudos, oscilando entre 10% e 40%.
19
Em adição a essas duas drogas, outras terapias farmacológicas foram testadas mais
recentemente, com destaque maior para os antagonistas da aldosterona e para a combinação
de nitrato com hidralazina. No primeiro caso, foi vista redução de mortalidade que oscilou
entre 15% e 30% em dois grande ensaios clínicos (Pitt,2003; Pitt,1999). no caso da
combinação de isossorbida e hidralazina, essa redução chegou a 43% (Taylor,2004).
Porém, é importante lembrar que esse último estudo foi conduzido somente em pacientes
negros, os quais respondem de forma menos marcada à classe dos I-ECA e têm maior
benefício dessa terapia combinada.
3.4. Estudos sobre utilização de cardio-desfibriladores implantáveis em
insuficiência cardíaca
Mais recentemente, terapias inovadoras têm se somado às intervenções
farmacológicas na tentativa de reduzir a mortalidade por insuficiência cardíaca, havendo
um mero considerável de ensaios clínicos randomizados (ECRs) publicados na área.
Entre essas terapias temos o uso de CDIs, sobre o qual foram realizados diversos estudos
analisando sua eficácia em prevenção primária e secundária de mortalidade arrítmica. O seu
uso, porém, é motivo de debate especialmente em prevenção primária –, por reforçar o
novo paradigma onde a eficácia da intervenção não é suficiente para a decisão de sua
implementação, considerando-se os custos e o elevado número de indivíduos na população
elegíveis para seu uso.
O primeiro ensaio clínico randomizado (ECR) importante a ser publicado sobre
CDIs em prevenção secundária ocorreu em 1995, na Holanda (Wever,1995). Neste estudo,
Wever e col. randomizaram 60 pacientes pós-parada cardio-respiratória (PCR) para
20
colocação de CDIs precocemente ou seguir um fluxograma de terapia baseada em estudo
eletrofisiológico. Mesmo com esse pequeno número de pacientes, foi demonstrado um
benefício estatisticamente significativo de 73% na mortalidade total do grupo CDI.
Após esse estudo, três grandes estudos foram conduzidos em regiões distintas do
mundo (EUA, Canadá e Alemanha): AVID, CIDS e CASH (Connolly,2000; Kuck,2000;
The Antiarrhythmics versus Implantable Defibrillators (AVID) Investigators,1997).
Enquanto que no primeiro houve uma redução estatisticamente significativa de mortalidade
total, os outros dois estudos, ainda que também tenham sugerido diminuição de
mortalidade, não obtiveram significância estatística. Em 2000, foi publicada uma
metanálise desses três grandes estudos, sendo encontrada uma redução de 28% na
mortalidade total (Connolly,2000). Em outra metanálise, em 2003, onde foi incluído
também o estudo holandês, se chegou a um percentual de redução de mortalidade total de
25% (Lee,2003).
Em pacientes com insuficiência cardíaca, o benefício do CDI reside na capacidade
de intervir direta e automaticamente no evento que se estima ser responsável pela morte da
metade dos pacientes com essa doença, a morte súbita por arritmia ventricular. O primeiro
ensaio clínico importante nesta área foi o estudo Multicenter Automatic Defibrillator
Implantation Trial (MADIT-I), publicado em 1996, o qual avaliou 196 pacientes com
insuficiência cardíaca com classe funcional da New York Heart Association (NYHA) I, II e
III; pelo menos um infarto agudo do miocárdio (IAM) prévio; um episódio documentado de
taquicardia ventricular não sustentada; e fibrilação ou taquicardia ventricular sustentada
induzida em estudo eletrofisiológico não reversível com administração de procainamida. O
21
risco relativo para mortalidade total, avaliada durante tempo dio de seguimento de 5
anos, foi de 0,46 (IC 95% 0,26 – 0,82).
Três anos após este estudo, foi publicado o estudo MUSTT (Buxton,1999), cujos
704 pacientes incluídos tinham características clínicas semelhantes ao estudo MADIT-I. A
comparação entre pacientes que receberam um CDI contra os que não o receberam mostrou
uma diminuição de mortalidade de 76% (IC 95% 55-87%). Entretanto, é importante
ressaltar que essa comparação não pode ser considerada randomizada, dado que os 2
grupos eram inicialmente randomizados para terapia antiarrítmica guiada por estudo
eletrofisiológico versus nenhuma terapia antiarrítmica, e apenas uma parcela dos pacientes
do primeiro grupo receberam um CDI em algum momento. Apesar dos resultados
extremamente atraentes destes dois estudos, a aplicabilidade dos mesmos era de certa forma
comprometida, visto a necessidade de estudo eletrofisiológico em todos os pacientes.
Entretanto, no ano de 2002, foi publicado o estudo MADIT-II (Moss,2002), o qual
teve impacto muito maior que os estudos acima citados, dada a abrangência de seus
critérios de inclusão (pacientes com ICC classe funcional I a III e com infarto prévio) e
pequena quantidade de critérios de exclusão. Neste estudo, com aplicabilidade muito maior
que os seus antecessores, tanto pelos critérios de inclusão mais abrangentes como pela
ausência de necessidade de estudo eletrofisiológico, a redução de mortalidade total no
seguimento médio foi de 31% (IC 95%: 7-49%).
Em contraponto aos estudos acima, outros estudos em ICC de causa isquêmica
mostraram resultados negativos. No estudo CABG-PATCH (Bigger,1997), foram arrolados
900 pacientes com cirurgia de revascularização do miocárdio agendada, que apresentavam
alto risco para arritmias cardíacas conforme critérios de eletrocardiograma de alta
22
resolução. A implantação do CDI se dava no momento da cirurgia de revascularização.
Após um seguimento médio de 32 meses, o risco relativo para mortalidade total foi de 1,07
(IC 95% 0,81-1,42). no estudo DINAMIT (Hohnloser,2004), que avaliou 674 pacientes
com fração de ejeção menor ou igual a 30% e com infarto do miocárdio recente (6 a 40
dias), o risco relativo para morte foi de 1,08 (IC 95% 0,76-1,55).
no tocante à miocardiopatia dilatada não isquêmica, os estudos ainda são
controversos. Em dois estudos pequenos CAT (Bansch,2002) e AMIOVIRT
(Strickberger,2003) -, cada um com cerca de 100 pacientes, a sobrevida dos pacientes foi
muito semelhante após seguimento de cinco e dois anos, respectivamente. Cabe ressaltar
que o estudo AMIOVIRT tinha intenção de recrutar 600 pacientes, porém foi interrompido
precocemente por análise interina que descartou possibilidade de demonstração de
benefício estatisticamente significativo. no estudo DEFINITE (Kadish,2004), o maior
realizado até o momento nesse grupo de pacientes (N = 458), houve redução de 35% na
mortalidade total, porém de forma não significativa do ponto de vista estatístico (p = 0,08).
Além dos estudos citados acima, mais dois grandes estudos avaliaram o papel do
CDI nos últimos anos, sendo que em ambos os pacientes eram portadores de ICC tanto de
origem isquêmica quanto idiopática. No estudo COMPANION (Bristow,2004), foi testado
contra placebo o uso de ressincronização cardíaca – sozinha ou acompanhada de CDI. Não
no estudo comparação entre ressincronização e ressincronização mais CDI (só
comparação de ambos contra placebo, com resultados semelhantes), não sendo possível
quantificar o benefício atribuível exclusivamente ao CDI.
no SCD-HeFT (Bardy,2005), o mais recente e maior estudo na área, 2521
pacientes com ICC foram randomizados de forma 1:1:1 para amiodarona, CDI ou placebo.
23
Após um seguimento médio de 45 meses, enquanto que a amiodarona apresentou taxa de
mortalidade total semelhante ao placebo, o CDI reduziu a mesma em 23% (IC 95% 4-38%).
Na análise estratificada por etiologia de ICC, houve benefício semelhante entre pacientes
isquêmicos e não-isquêmicos, porém em ambas o benefício do CDI contra placebo
(diminuição de 30% da mortalidade) não atingiu significância estatística.
Após a publicação desses ensaios clínicos, foram publicadas duas metanálises que
merecem destaque. Em uma delas (Al-Khatib,2005), os autores incluíram apenas 8 dos
estudos citados acima, sem explicitar qual teria sido o motivo para não incluir os estudos
CAT e AMIOVIRT. Ainda que tenha sido produzida uma medida agregada de risco
relativo de 0,71 (IC 95% 0,58-0,88), o estudo não considera a mesma válida, uma vez que o
teste de inconsistência mostrou uma heterogeneidade muito grande entre os estudos (I
2
=
70,3%).
Os dois problemas acima foram contornados na outra metanálise
(Nanthakumar,2004), a qual, além de incluir todos os dez estudos disponíveis, buscou
soluções para o problema da heterogeneidade. Visto que o valor do teste de inconsistência
também foi elevado nesse estudo (I
2
= 69,7%), os autores analisaram de forma cuidadosa os
estudos individuais para tentar compreender quais as causas de um valor tão alto. A
conclusão foi de que três estudos eram metodologicamente muito diferentes dos demais
para serem incluídos na análise:
No estudo MUSTT, o uso de CDI não ocorreu de forma randomizada, sendo o seu
uso uma possibilidade dentro de um dos protocolos;
Os estudos CABG-PATCH e DINAMIT tinham populações com características
clínicas muito distintas dos pacientes dos demais estudos: enquanto que no primeiro
24
os pacientes sofriam implantação do dispositivo durante cirurgia de
revascularização, no segundo os pacientes haviam tido infarto do miocárdio
recentemente.
Em conseqüência dessas observações, os autores decidiram retirar esses 3 estudos
da análise, reduzindo o N total de 7253 para 4981. Essa medida teve impacto fundamental
na redução da inconsistência (I
2
= 5,2%), sem alterar de forma significativa o risco relativo
[RR = 0,74 (IC 95% 0,67 0,83) na análise reduzida e RR = 0,75 (IC 95% 0,63 0,91) na
análise global dos dez estudos].
Entretanto, apesar dessas características metodológicas de boa qualidade, esse
estudo apresenta dois problemas, na nossa opinião:
O estudo COMPANION foi incluído na sua forma publicada, ou seja, CDI mais
ressincronização versus placebo, o que não isola o benefício do CDI. Ainda que
haja uma análise de sensibilidade excluindo esse estudo da análise combinada,
achamos que o procedimento mais correto seria de contatar os autores para obtenção
desse dado (comparação CDI + ressincronização versus somente ressincronização),
pois dessa forma o estudo poderia ser incluído na análise combinada de forma mais
correta;
Não foi realizada sub-análise por etiologia da ICC. Pelos resultados dos estudos
individuais, acreditamos que os benefícios sejam diferentes entre pacientes
isquêmicos e não-isquêmicos, sendo interessante a publicação de resultados
separados além da análise global.
No mesmo ano, foi publicada uma metanálise utilizando somente estudos de
miocardiopatia dilatada não isquêmica (Desai,2004), sendo incluídos os três estudos citados
25
acima com pacientes somente com essa patologia e os dois estudos mistos, usando-se
somente os pacientes não isquêmicos. A redução de mortalidade foi de 31%, caindo para
26% com a exclusão do estudo COMPANION (o qual foi excluído porque, como citado,
não houve isolamento somente do benefício do CDI), com manutenção de significância
estatística. Até o momento, desconhecemos uma metanálise que tenha incluído somente
pacientes isquêmicos.
3.5. Estudos de custo-efetividade sobre desfibriladores implantáveis
Pelo exposto acima, fica demonstrado que, por critério de eficácia, os
desfibriladores implantáveis deveriam ser considerados no arsenal terapêutico para
insuficiência cardíaca na mesma magnitude que a terapia farmacológica em uso corrente
recomendada, visto que a redução de mortalidade é comparável à atingida pelas drogas.
Porém, dado o elevado custo deste dispositivo, é sobremaneira importante a realização de
estudos de custo-efetividade sobre o tema.
O impacto econômico das doenças cardiovasculares tem crescido exponencialmente
nas últimas décadas. Em 2004, as doenças cardiovasculares foram responsáveis pela
principal alocação de recursos públicos em hospitalizações no Brasil - aproximadamente
$1,4 bilhões -, e foram a terceira causa de permanência hospitalar prolongada (Lessa,1996;
Ministério da Saúde,2004). Os gastos com internações por doenças cardiovasculares
duplicaram no período de 1998 a 2004, compreendendo 19% do total de recursos com
Autorizações de Internação Hospitalar (AIHs) pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse
cenário de gastos expressivos, fica clara a necessidade de estudos econômicos sobre uso de
26
CDI no cenário brasileiro, cuja implantação custa ao SUS cerca de R$ 30.000 por
dispositivo.
Alguns estudos de custo-efetividade foram publicados na área, com resultados
conflitantes. Na área de prevenção secundária, o primeiro estudo publicado foi realizado
por Wever (Wever,1996), utilizando dados de custos e efetividade de seu próprio ensaio
clínico. Nesse estudo, a terapia com implantação precoce de CDI após evento arrítmico
grave foi considerada dominante, ou seja, mais efetiva e menos custosa do que a terapia do
grupo controle (terapia guiada por estudo eletrofisiológico). Porém, o pequeno mero de
pacientes desse estudo (N=60) e a ausência de análises de sensibilidade reduzem a
aplicabilidade desses dados.
Também foram feitos estudos econômicos dentro dos maiores ECRs da área, AVID
(Larsen,2002) e CIDS (O'Brien,2001). No primeiro estudo, conduzido nos EUA, foi
encontrada uma relação de custo-efetividade incremental de cerca de US$ 60.000, um valor
razoável para aquele país. Já no segundo estudo, feito no Canadá, esta razão ficou em torno
de C$ 200.000, sendo reduzida para cerca de C$ 100.000 no cenário mais otimista,
permanecendo, ainda, muito pouco atrativa para os patamares daquele país.
Em outro estudo americano de prevenção secundária, foi utilizada abordagem
diferente: em uma coorte retrospectiva de mais de 100.000 pacientes, foi feito um caso-
controle aninhado nesta coorte, com cerca de 15.000 pacientes, sendo que metade destes
haviam recebido um CDI (Weiss,2002). Foi então avaliado o benefício e os custos nos dois
grupos. A razão de custo-efetividade (que assim como nos dois estudos acima, não foi
ajustada para qualidade de vida) encontrou razão incremental de US$ 78.000 por ano de
vida salva.
27
Na área de prevenção primária, o primeiro estudo de custo-efetividade realizado foi
feito com os dados do ensaio clínico MADIT-I (Mushlin,1998). Nesse trabalho, a razão
incremental de custo efetividade do desfibrilador comparado à terapia convencional foi de
US$ 27.000 por ano de vida salvo. A ressalva importante a esse trabalho é de que o
horizonte temporal foi somente de quatro anos (tempo de seguimento da maioria dos
pacientes), ou seja, não foram computados diversos gastos com a manutenção do
dispositivo que ocorrem a médio e longo prazo, que provavelmente seriam
proporcionalmente superiores aos benefícios clínicos que ocorreriam no mesmo período.
Após o estudo MADIT-II, três estudos foram publicados avaliando a custo-
efetividade de CDIs em prevenção primária de eventos, ambos utilizando dados daquele
ensaio clínico. No trabalho de Al-Khatib e col. (Al-Khatib,2005), foi feita modelagem com
a coorte de Duke, uma coorte com cerca de 1300 pacientes em tratamento medicamentoso
para insuficiência cardíaca, da qual haviam dados disponíveis para cálculos de taxas de
eventos, custos e outros parâmetros necessários para o modelo de custo-efetividade. Essa
coorte era composta por pacientes semelhantes ao braço clínico (sem CDI) do estudo
MADIT-II, sendo criada, como grupo controle, uma coorte hipotética de pacientes com
CDI. Para a criação desta, foi utilizado o dado de benefício em sobrevida encontrado no
estudo MADIT-II. A razão incremental de custo-efetividade do CDI foi de US$ 50.500 por
ano de vida salvo, considerada atrativa de acordo com padrões americanos atuais. Esse
valor se elevou para US$ 57.300 quando ajustado para qualidade de vida. Os resultados se
mostraram robustos na análise de sensibilidade, sendo que o tempo para troca de bateria foi
o parâmetro que mais influenciou a razão incremental (com desfecho não ajustado para
qualidade): enquanto que uma troca de gerador a cada 3 anos gerou uma razão de custo-
28
efetividade de US$ 61.400, esse valor cairia para US$ 42.200 se o tempo de troca fosse a
cada 10 anos.
No estudo de Zwanziger (Zwanziger,2006), foram utilizados dados dos próprios
pacientes do MADIT-II, sendo incluídos somente pacientes com informações completas
(88% dos 1232 indivíduos). Uma vez que o tempo médio de acompanhamento dos
pacientes no MADIT-II foi de 3,5 anos, foi necessária uma projeção para extensão do
horizonte temporal (definido pelos autores em 12 anos), feito através de modelo de taxa de
hazards quadrático. Foram feitos 3 modelos nesta projeção de 12 anos, sendo que o
pressuposto alterado em cada um deles era o tempo e intensidade do benefício em
mortalidade do CDI. A razão incremental de custo-efetividade encontrada nos três modelos
variou entre US$ 78.600 e US$ 114.000 por ano de vida ajustado para qualidade, valores
considerados elevados para os padrões mais aceitos atualmente. Esse valor foi semelhante
ao encontrado no estudo de Al-Khatib, quando analisados os cálculos utilizando um
horizonte temporal de 12 anos naquele estudo.
No trabalho de Sanders e col. (Sanders,2004), com metodologia e modelagem
semelhantes ao trabalho de Al-Khatib (novamente utilizando dados de efetividade do
MADIT-II), a relação incremental de custo-efetividade foi de US$ 50.900 por QALY
ganho. Um dado importante citado pelos autores, que também é comentado brevemente no
próprio estudo MADIT-II, é de que a população americana que se estima preencher os
critérios de inclusão do estudo é de 3 a 4 milhões de pessoas. Mesmo em um país com o
desenvolvimento econômico como os Estados Unidos, o valor do CDI e o mero de
pacientes elegíveis seriam proibitivos para implantação nessa população.
29
Outro ensaio clínico de grande relevância que teve um estudo de custo-efetividade
acoplado foi o SCD-HeFT. Nesse artigo, Mark e col. encontraram uma relação de custo-
efetividade do CDI em relação ao placebo de US$ 41.530 (Mark,2006), utilizando dados de
utilização de recursos do próprio ensaio clínico, com projeção de expectativa de vida para
horizonte por todo o tempo de vida.
Em outro estudo de prevenção primária, feito no início de 2004, foi encontrada uma
razão de custo-efetividade próxima a US$ 100.000. Porém, a construção deste modelo tem
vários problemas. Em primeiro lugar, é feita uma estimativa de mortalidade total de
pacientes com insuficiência cardíaca de 20% ao ano, para a qual não é dada nenhuma
referência bibliográfica. Além disso, essa taxa é assumida como constante ao longo do
tempo, um pressuposto visivelmente equivocado, já que essa doença – assim como a
maioria das patologias crônicas apresenta uma taxa de mortalidade crescente ao longo do
tempo. Por último, o modelo assume que o desfibrilador previne 100% das mortes
arrítmicas, dado que também não nos parece o mais correto.
Até o momento, o único trabalho que tentou realizar uma análise de custo-
efetividade agregando toda a evidência disponível sobre a efetividade do CDI foi o de
Sanders e col., publicado no final de 2005 no New England Journal of Medicine
(Sanders,2005). Neste estudo foram incluídos 8 dos estudos acima citados sobre prevenção
primária (todos menos os estudos CAT e AMIOVIRT). A abordagem feita nesse trabalho,
porém, foi diferente. Visto que, em revisão prévia da literatura (Al-Khatib,2005), os autores
concluíram que os estudos publicados tinham grande heterogeneidade de efeito, os mesmo
concluíram que não seria correto compilar a efetividade dos trabalhos com uma metanálise
dos mesmos. Foram feitos, então, cálculos de razão incremental de CE de cada estudo em
30
separado (exceto CABG-PATCH e DINAMIT, pois os mesmos não reduziram
mortalidade), com razões variando entre US$ 34.000 e US$ 70.000 por QALY. Essa
abordagem, porém, não nos parece a mais correta, posto que o problema da
heterogeneidade, citado pelos autores como motivo para não utilizar os dados de
efetividade de forma agregada, é passível de uma solução razoável, como mostrado por
Nanthakumar em sua metanálise (Nanthakumar,2004).
Por último, citamos extensa revisão do National Institute for Health and Clinical
Excellence, instituto inglês especializado em análises de tecnologia em saúde, publicado no
ano passado (Buxton,2006). Nesse trabalho, foram coletados dados de cerca de 500
pacientes para obtenção de informações sobre custos e características clínicas. Também
foram gerados dados sobre qualidade de vida, com entrevistas de 229 indivíduos. A razão
incremental de custo-efetividade nesse estudo foi de £ 57.104, valor considerado elevado
para o Reino Unido, cujo limiar de atratividade mais aceito se situa em torno de £ 30.000. É
importante ressaltar, porém, que os dados de efetividade desse estudo derivam basicamente
do estudo canadense CIDS (Connolly,2000), não sendo levados em consideração outros
dados de efetividade dos demais estudos comentados anteriormente.
3.6. Utilização de cardio-desfibrilador implantável no Brasil
A utilização do uso do CDI em pacientes com insuficiência cardíaca pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) já foi aprovada, em portaria da SAS/MS 725, de 06 de dezembro
de 1999. As indicações classe I são citadas abaixo, refletindo, basicamente, os critérios de
inclusão dos estudos MADIT-I e MUSTT, os maiores publicados até aquele momento:
31
Sobreviventes de parada cardíaca por fibrilação ventricular (FV) ou taquicardia
ventricular (TV) conseqüente a causas irreversíveis e não transitórias.
TV sustentada espontânea, mal tolerada, sem alternativa terapêutica eficaz.
Síncope de origem indeterminada, com indução no estudo eletrofisiológico (EEF)
de FV ou TV sustentada com comprometimento hemodinâmico significativo,
quando a terapia farmacológica é ineficaz, mal tolerada ou inconveniente.
TV não sustentada, em portador de infarto do miocárdio (IM) prévio e com
importante disfunção de VE, com indução ao EEF de FV ou TV sustentadas e não
suprimidas por drogas antiarrítmicas do grupo I.
É importante ressaltar que essa aprovação se deu em momento que ainda havia
poucos estudos sobre o tema. Além disso, não citação de nenhuma análise econômica
internacional, nem menção de estudo desse tipo no país, algo sobremaneira importante em
vista do custo dessa terapia.
3.7. Considerações finais
Visto o exposto acima, o campo de estudos da custo-efetividade de desfibriladores
implantáveis ainda está em aberto. No tocante à prevenção primária, foco do nosso
trabalho, não estudo definitivo. A maioria dos estudos baseou-se em trabalhos
individuais para estimar efetividade. No único estudo da área que tentou avaliar a totalidade
da evidência sobre efetividade, não houve agregação das informações sobre a mesma,
utilizando-se uma justificativa (de heterogeneidade na metanálise do conjunto dos estudos)
que não parece adequada - vide a metanálise de Nanthakumar (Nanthakumar,2004). Ainda
32
que seja válido mostrar as diferentes relações de custo-efetividade com base em cada
estudo clínico individualmente, os quais de fato apresentam populações um tanto
diferentes, achamos bastante interessante fazer o uso da informação de todos os estudos
agregados, os quais avaliaram quase 5.000 pacientes (já considerando somente os 7 estudos
da metanálise com baixa heterogeneidade), com conseqüente intervalo de confiança mais
estreito. Apesar da vantagem de realizar análises de custo-efetividade com os estudos
individuais, cujas características clínicas poderiam estratificar melhor a população, os
mesmos têm intervalos de confiança muito amplos, gerando pouca robustez nas análises de
sensibilidade. Conseqüentemente, um estudo com a efetividade agregada poderia responder
a pergunta mais global sobre a utilização de desfibriladores na insuficiência cardíaca sob o
prisma da custo-efetividade, o qual poderia ser complementado com análises de dados dos
estudos individuais, porém com robustez e confiabilidade menor.
Somado a esses fatores, lembramos da difícil transposição de resultados de países de
primeiro mundo para a nossa realidade, com pacientes com características clínicas
diferentes e preços e serviços com valores pouco semelhantes aos aplicados lá. Portanto,
realizamos esse estudo com o objetivo primário de estimar a relação de custo-efetividade de
CDIs na prevenção primária de eventos em pacientes com insuficiência cardíaca, em
cenário com dados brasileiros, com utilização de dados de efetividade reunindo a totalidade
da evidência. Secundariamente, também tivemos o objetivo de analisar subgrupos de maior
risco, para tentar identificar grupos de pacientes onde essa relação fosse mais atrativa.
33
4. OBJETIVOS
4.1. Objetivo Geral
Estimar a relação de custo-efetividade do desfibrilador implantável, quando
comparado à terapia convencional, em pacientes com insuficiência cardíaca, no setor
público brasileiro.
4.2. Objetivos Específicos
Estimar os custos e a efetividade, avaliada em anos de vida salvos e os mesmos
ajustados para qualidade, da terapia convencional e da mesma acrescida de
desfibrilador implantável na insuficiência cardíaca, na perspectiva do SUS;
Avaliar a relação de custo-efetividade incremental na comparação da estratégia do
desfibrilador quando comparado à terapia convencional;
Avaliar esses parâmetros em uma modelagem que espelhe a história natural de uma
população com doença mais grave, semelhante aos pacientes do ensaio clínico
MADIT-I;
Realizar análise de sensibilidade nos principais parâmetros do modelo;
Avaliar a robustez do modelo com análise de Monte Carlo.
34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Al-Khatib SM, Anstrom KJ, Eisenstein EL, Peterson ED, Jollis JG, Mark DB, et al.
Clinical and economic implications of the Multicenter Automatic Defibrillator Implantation
Trial-II. Ann Intern Med. 2005 Apr 19;142(8):593-600.
2. Al-Khatib SM, Sanders GD, Mark DB, Lee KL, Bardy GH, Bigger JT, et al. Implantable
cardioverter defibrillators and cardiac resynchronization therapy in patients with left
ventricular dysfunction: randomized trial evidence through 2004. Am Heart J. 2005
Jun;149(6):1020-34.
3. Baltussen RAT, Torres TT, Hutubessy R, Acharya A, Evans D, Murray C. Generalized
cost-effectiveness analysis: A guide. Geneva: World Health Organization; 2002.
4. Bansch D, Antz M, Boczor S, Volkmer M, Tebbenjohanns J, Seidl K, et al. Primary
prevention of sudden cardiac death in idiopathic dilated cardiomyopathy: the
Cardiomyopathy Trial (CAT). Circulation. 2002 Mar 26;105(12):1453-8.
5. Bardy GH, Lee KL, Mark DB, Poole JE, Packer DL, Boineau R, et al. Amiodarone or an
implantable cardioverter-defibrillator for congestive heart failure. N Engl J Med. 2005 Jan
20;352(3):225-37.
6. Beta-Blocker Evaluation of Survival Trial Investigators. A trial of the beta-blocker
bucindolol in patients with advanced chronic heart failure. N Engl J Med. 2001 May
31;344(22):1659-67.
7. Bigger JT, Jr. Prophylactic use of implanted cardiac defibrillators in patients at high risk
for ventricular arrhythmias after coronary-artery bypass graft surgery. Coronary Artery
Bypass Graft (CABG) Patch Trial Investigators. N Engl J Med. 1997 Nov
27;337(22):1569-75.
35
8. Briggs A, Sculpher M. An introduction to Markov modelling for economic evaluation.
Pharmacoeconomics. 1998 Apr;13(4):397-409.
9. Bristow MR, Gilbert EM, Abraham WT, Adams KF, Fowler MB, Hershberger RE, et al.
Carvedilol produces dose-related improvements in left ventricular function and survival in
subjects with chronic heart failure. MOCHA Investigators. Circulation. 1996 Dec
1;94(11):2807-16.
10. Bristow MR, Saxon LA, Boehmer J, Krueger S, Kass DA, De Marco T, et al. Cardiac-
resynchronization therapy with or without an implantable defibrillator in advanced chronic
heart failure. N Engl J Med. 2004 May 20;350(21):2140-50.
11. Buxton AE, Lee KL, Fisher JD, Josephson ME, Prystowsky EN, Hafley G. A
randomized study of the prevention of sudden death in patients with coronary artery
disease. Multicenter Unsustained Tachycardia Trial Investigators. N Engl J Med. 1999 Dec
16;341(25):1882-90.
12. Buxton M, Caine N, Chase D, Connelly D, Grace A, Jackson C, et al. A review of the
evidence on the effects and costs of implantable cardioverter defibrillator therapy in
different patient groups, and modelling of cost-effectiveness and cost-utility for these
groups in a UK context. Health Technol Assess. 2006 Aug;10(27):iii-iv, ix-xi, 1-164.
13. Califf RM, DeMets DL. Principles from clinical trials relevant to clinical practice: Part
I. Circulation. 2002 Aug 20;106(8):1015-21.
14. Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health. The Health Technology
Assessment Process. 2006 [Acessado em 21/05/2007]; Disponível em:
http://www.cadth.ca/index.php/en/hta/programs/health-technology-assessment/process
36
15. Colucci WS, Packer M, Bristow MR, Gilbert EM, Cohn JN, Fowler MB, et al.
Carvedilol inhibits clinical progression in patients with mild symptoms of heart failure. US
Carvedilol Heart Failure Study Group. Circulation. 1996 Dec 1;94(11):2800-6.
16. Connolly SJ, Gent M, Roberts RS, Dorian P, Roy D, Sheldon RS, et al. Canadian
implantable defibrillator study (CIDS) : a randomized trial of the implantable cardioverter
defibrillator against amiodarone. Circulation. 2000 Mar 21;101(11):1297-302.
17. Connolly SJ, Hallstrom AP, Cappato R, Schron EB, Kuck KH, Zipes DP, et al. Meta-
analysis of the implantable cardioverter defibrillator secondary prevention trials. AVID,
CASH and CIDS studies. Antiarrhythmics vs Implantable Defibrillator study. Cardiac
Arrest Study Hamburg . Canadian Implantable Defibrillator Study. Eur Heart J. 2000
Dec;21(24):2071-8.
18. Desai AS, Fang JC, Maisel WH, Baughman KL. Implantable defibrillators for the
prevention of mortality in patients with nonischemic cardiomyopathy: a meta-analysis of
randomized controlled trials. Jama. 2004 Dec 15;292(23):2874-9.
19. Detsky AS, Naglie G, Krahn MD, Redelmeier DA, Naimark D. Primer on medical
decision analysis: Part 2--Building a tree. Med Decis Making. 1997 Apr-Jun;17(2):126-35.
20. Flather MD, Yusuf S, Kober L, Pfeffer M, Hall A, Murray G, et al. Long-term ACE-
inhibitor therapy in patients with heart failure or left-ventricular dysfunction: a systematic
overview of data from individual patients. ACE-Inhibitor Myocardial Infarction
Collaborative Group. Lancet. 2000 May 6;355(9215):1575-81.
21. Hohnloser SH, Kuck KH, Dorian P, Roberts RS, Hampton JR, Hatala R, et al.
Prophylactic use of an implantable cardioverter-defibrillator after acute myocardial
infarction. N Engl J Med. 2004 Dec 9;351(24):2481-8.
37
22. Institute of Medicine. Assessment of Diagnostic Technology in Health Care. Rationale,
Methods, Problems, and Directions. Washington, DC: National Academy Press; 1989.
23. Kadish A, Dyer A, Daubert JP, Quigg R, Estes NA, Anderson KP, et al. Prophylactic
defibrillator implantation in patients with nonischemic dilated cardiomyopathy. N Engl J
Med. 2004 May 20;350(21):2151-8.
24. Kuck KH, Cappato R, Siebels J, Ruppel R. Randomized comparison of antiarrhythmic
drug therapy with implantable defibrillators in patients resuscitated from cardiac arrest : the
Cardiac Arrest Study Hamburg (CASH). Circulation. 2000 Aug 15;102(7):748-54.
25. Larsen G, Hallstrom A, McAnulty J, Pinski S, Olarte A, Sullivan S, et al. Cost-
effectiveness of the implantable cardioverter-defibrillator versus antiarrhythmic drugs in
survivors of serious ventricular tachyarrhythmias: results of the Antiarrhythmics Versus
Implantable Defibrillators (AVID) economic analysis substudy. Circulation. 2002 Apr
30;105(17):2049-57.
26. Lee DS, Green LD, Liu PP, Dorian P, Newman DM, Grant FC, et al. Effectiveness of
implantable defibrillators for preventing arrhythmic events and death: a meta-analysis. J
Am Coll Cardiol. 2003 May 7;41(9):1573-82.
27. Lessa I, Mendonca GA, Teixeira MT. [Non-communicable chronic diseases in Brazil:
from risk factors to social impact]. Bol Oficina Sanit Panam. 1996 May;120(5):389-413.
28. Mark DB, Nelson CL, Anstrom KJ, Al-Khatib SM, Tsiatis AA, Cowper PA, et al. Cost-
effectiveness of defibrillator therapy or amiodarone in chronic stable heart failure: results
from the Sudden Cardiac Death in Heart Failure Trial (SCD-HeFT). Circulation. 2006 Jul
11;114(2):135-42.
38
29. MERIT-HF Study Group. Effect of metoprolol CR/XL in chronic heart failure:
Metoprolol CR/XL Randomised Intervention Trial in Congestive Heart Failure (MERIT-
HF). Lancet. 1999 Jun 12;353(9169):2001-7.
30. Ministério da Saúde. DATASUS. 2004 [Acessado em 01/07/2006]; Disponível em:
http:\www.datasus.gov.br
31. Mirowski M, Reid PR, Mower MM, Watkins L, Gott VL, Schauble JF, et al.
Termination of malignant ventricular arrhythmias with an implanted automatic defibrillator
in human beings. N Engl J Med. 1980 Aug 7;303(6):322-4.
32. Moss AJ, Zareba W, Hall WJ, Klein H, Wilber DJ, Cannom DS, et al. Prophylactic
implantation of a defibrillator in patients with myocardial infarction and reduced ejection
fraction. N Engl J Med. 2002 Mar 21;346(12):877-83.
33. Muennig P. Designing and conducting cost-effectiveness analysis in medicine and
health care. New York: John Wiley & Sons; 2002.
34. Mushlin AI, Hall WJ, Zwanziger J, Gajary E, Andrews M, Marron R, et al. The cost-
effectiveness of automatic implantable cardiac defibrillators: results from MADIT.
Multicenter Automatic Defibrillator Implantation Trial. Circulation. 1998 Jun
2;97(21):2129-35.
35. Nanthakumar K, Epstein AE, Kay GN, Plumb VJ, Lee DS. Prophylactic implantable
cardioverter-defibrillator therapy in patients with left ventricular systolic dysfunction: a
pooled analysis of 10 primary prevention trials. J Am Coll Cardiol. 2004 Dec
7;44(11):2166-72.
36. National Information Service on Health Services Research. Introduction to Health Care
Technology Assessment. 1998 [Acessado em 21/05/2007]; Disponível em:
http://www.nlm.nih.gov/archive//20040831/nichsr/ta101/ta10103.html
39
37. National Institute for Clinical Excellence. Guide to the Methods of Technology
Appraisal. 2004 [Acessado em 21/05/2007]; Disponível em:
http://www.nice.org.uk/pdf/TAP_Methods.pdf
38. O'Brien BJ, Connolly SJ, Goeree R, Blackhouse G, Willan A, Yee R, et al. Cost-
effectiveness of the implantable cardioverter-defibrillator: results from the Canadian
Implantable Defibrillator Study (CIDS). Circulation. 2001 Mar 13;103(10):1416-21.
39. Packer M, Bristow MR, Cohn JN, Colucci WS, Fowler MB, Gilbert EM, et al. The
effect of carvedilol on morbidity and mortality in patients with chronic heart failure. U.S.
Carvedilol Heart Failure Study Group. N Engl J Med. 1996 May 23;334(21):1349-55.
40. Packer M, Coats AJ, Fowler MB, Katus HA, Krum H, Mohacsi P, et al. Effect of
carvedilol on survival in severe chronic heart failure. N Engl J Med. 2001 May
31;344(22):1651-8.
41. Packer M, Colucci WS, Sackner-Bernstein JD, Liang CS, Goldscher DA, Freeman I, et
al. Double-blind, placebo-controlled study of the effects of carvedilol in patients with
moderate to severe heart failure. The PRECISE Trial. Prospective Randomized Evaluation
of Carvedilol on Symptoms and Exercise. Circulation. 1996 Dec 1;94(11):2793-9.
42. Pitt B, Remme W, Zannad F, Neaton J, Martinez F, Roniker B, et al. Eplerenone, a
selective aldosterone blocker, in patients with left ventricular dysfunction after myocardial
infarction. N Engl J Med. 2003 Apr 3;348(14):1309-21.
43. Pitt B, Zannad F, Remme WJ, Cody R, Castaigne A, Perez A, et al. The effect of
spironolactone on morbidity and mortality in patients with severe heart failure. Randomized
Aldactone Evaluation Study Investigators. N Engl J Med. 1999 Sep 2;341(10):709-17.
44. Sanders G, Hlatky M, Owens D. Cost-Effectiveness of Implantable Cardioverter-
Defibrillators in a MADIT-II Population. TEC Assessment. 2004;19(3):1-26.
40
45. Sanders GD, Hlatky MA, Owens DK. Cost-effectiveness of implantable cardioverter-
defibrillators. N Engl J Med. 2005 Oct 6;353(14):1471-80.
46. Strickberger SA, Hummel JD, Bartlett TG, Frumin HI, Schuger CD, Beau SL, et al.
Amiodarone versus implantable cardioverter-defibrillator:randomized trial in patients with
nonischemic dilated cardiomyopathy and asymptomatic nonsustained ventricular
tachycardia--AMIOVIRT. J Am Coll Cardiol. 2003 May 21;41(10):1707-12.
47. Taylor AL, Ziesche S, Yancy C, Carson P, D'Agostino R, Jr., Ferdinand K, et al.
Combination of isosorbide dinitrate and hydralazine in blacks with heart failure. N Engl J
Med. 2004 Nov 11;351(20):2049-57.
48. The Antiarrhythmics versus Implantable Defibrillators (AVID) Investigators. A
comparison of antiarrhythmic-drug therapy with implantable defibrillators in patients
resuscitated from near-fatal ventricular arrhythmias. . N Engl J Med. 1997 Nov
27;337(22):1576-83.
49. The CONSENSUS Trial Study Group. Effects of enalapril on mortality in severe
congestive heart failure. Results of the Cooperative North Scandinavian Enalapril Survival
Study (CONSENSUS). . N Engl J Med. 1987 Jun 4;316(23):1429-35.
50. Weiss JP, Saynina O, McDonald KM, McClellan MB, Hlatky MA. Effectiveness and
cost-effectiveness of implantable cardioverter defibrillators in the treatment of ventricular
arrhythmias among medicare beneficiaries. Am J Med. 2002 May;112(7):519-27.
51. Wever EF, Hauer RN, Schrijvers G, van Capelle FJ, Tijssen JG, Crijns HJ, et al. Cost-
effectiveness of implantable defibrillator as first-choice therapy versus
electrophysiologically guided, tiered strategy in postinfarct sudden death survivors. A
randomized study. Circulation. 1996 Feb 1;93(3):489-96.
41
52. Wever EF, Hauer RN, van Capelle FL, Tijssen JG, Crijns HJ, Algra A, et al.
Randomized study of implantable defibrillator as first-choice therapy versus conventional
strategy in postinfarct sudden death survivors. Circulation. 1995 Apr 15;91(8):2195-203.
53. Zwanziger J, Hall WJ, Dick AW, Zhao H, Mushlin AI, Hahn RM, et al. The cost
effectiveness of implantable cardioverter-defibrillators: results from the Multicenter
Automatic Defibrillator Implantation Trial (MADIT)-II. J Am Coll Cardiol. 2006 Jun
6;47(11):2310-8.
42
COST-EFFECTIVENESS OF IMPLANTABLE CARDIOVERTER–
DEFIBRILLATORS IN BRAZIL: PRIMARY PREVENTION ANALYSIS IN
THE PUBLIC SECTOR
Rodrigo Antonini Ribeiro, MD,
Steffan Frozi Stella, MS
Suzy Alves Camey, PhD
Leandro Ioschpe Zimmerman, MD, ScD
Maurício Pimentel, MD, MSc
Luis Eduardo Rohde, MD, ScD
Carísi Anne Polanczyk, MD, ScD
Post-Graduate Program in Epidemiology and Post-Graduate Program in Cardiology of
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brazil.
This project received financial support from Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq)
Correspondence should be addressed:
Rodrigo Antonini Ribeiro
Rua Vitor Hugo, 266, apto. 401, Porto Alegre, RS, Brazil
Phone: 55 51 3330-7423 FAX: 55 51 3331-5166
43
ABSTRACT
Background: Several studies have demonstrated the effectiveness and cost-effectiveness of
implantable cardioverter–defibrillators (ICDs) in chronic heart failure (CHF) patients.
Despite its widespread use in developing countries, limited data exist on its cost-
effectiveness in these settings. Objective: To evaluate the cost-effectiveness of ICD in
CHF patients under the perspective of the Brazilian Public Healthcare System (PHS).
Methods: We developed a Markov model to evaluate the incremental cost-effectiveness
ratio (ICER) of ICD compared to conventional therapy in patients with CHF and New York
Heart Association class II and III at baseline. Effectiveness was evaluated in quality-
adjusted life years (QALYs). Time horizon was 20 years. We searched MEDLINE for
clinical trials and cohort studies to estimate data from effectiveness, complications,
mortality and utilities. Costs from the PHS were retrieved from national codebook. The
model’s robustness was tested in a Monte Carlo simulation. One-way sensitivity analysis
was performed in most important variables. Results: ICER was R$ 68,318/QALY. Results
were most sensitive to costs related to the device; ICD effectiveness also had influence on
the results. Monte Carlo simulation showed only 2% of trials bellow the threshold of R$
37,311, which was set by multiplying Brazil’s gross domestic product per head by three. In
a simulation resembling MADIT-I population survival and ICD benefit, the ICER was R$
23,739/QALY. Conclusion: In a Brazilian scenario, where ICD cost is proportionally more
elevated than in developed countries, ICD has an elevated ICER. Strategies to improve
device effectiveness and diminish associated costs should be pursued.
44
BACKGROUND
Chronic heart failure is nowadays recognized as a major health problem, with
increasing incidence and mortality in the past few years [1-4]. In 2006, it was responsible
for almost 300,000 admissions and nearly fifty thousand deaths in Brazil [5]. Nearly half of
these patients die due to fatal arrhythmia. The implantable cardioverter–defibrillator (ICD)
is a device that has the potential to terminate life-threatening arrhythmias, and has been
studied in patients with left ventricular systolic dysfunction since 1996, when the MADIT-I
trial was published [6]. Since then, nine other trials have studied the benefits of ICD in
different CHF populations [7-15], and a metanalysis of these studies has described a
relative risk reduction of 25% for total mortality [16].
Although the ICD is associated with this consistent total death reduction in heart
failure patients, its high cost prohibits large scale implantation, even in developed
countries. It is estimated that more than 3 million North Americans meet eligibility criteria
from MADIT-II (that is, previous myocardial infarction and an ejection fraction of 0.30 or
less) [17], and this huge population makes a broad implantation unaffordable. Concerning
this issue, some cost-effectiveness analyses have been published lately. However, these
papers used only partial evidence available, that is, instead of using metanalysis data about
effectiveness, they used individual data from the trials - mostly from MADIT-II [17-20]
or analyzed each trial separately [21]. Besides, none of them used developing country cost
data, which are probably very different from those in the United States, Canada and
Europe.
In this report, we sought to evaluate the costs, effectiveness and cost-effectiveness
of ICD implant in a hypothetical cohort of CHF patients with New York Heart Association
45
(NYHA) functional class II and III and a left ventricular ejection fraction (LVEF) of 35%
or less, using cost and survival data from Brazil. As a secondary objective, we evaluated the
effect of some clinical and ICD related parameters in sensitivity analysis.
METHODS
Target Population
The choice of our target population characteristics is intended to reproduce, in a
broader way, the clinical features of the majority of patients included in the ten
aforementioned trials. Considering that SCD-HeFT [15] - the largest among ICD trials -
had only patients with NYHA class II and III, and more than 80% of patients in the other
trials were in these classes, the population starts the model with NYHA functional class II
or III. Also reflecting other entry criteria in these trials, LVEF in the target population is
35%, and the etiology of CHF is either ischemic or non-ischemic. All hypothetical patients
enter the cohort at the age of sixty.
Decision Model Structure
We constructed a decision tree model with Markov transitional states using Treeage
version 5.0. The model tracks a hypothetical cohort of CHF patients over time who receives
an ICD plus conventional therapy or conventional therapy alone. We decided to evaluate
single chamber ICD, because of its equal efficacy, smaller cost and lower rate of
complications when compared to double chamber devices.
46
Patients in conventional treatment may stay well or die in each yearly cycle. In the
ICD arm, patients can suffer operative death or survive the procedure. Surviving patients
may have implantation failure, when they enter a Markov process identical to conventional
treatment, or have a successful implantation, being susceptible to minor procedure-related
complications, such as pneumothorax or deep vein thrombosis. Both patients with and
without these complications enter a Markov process that simulates the natural history of
patients treated with ICD. During each one year cycle, patients in this path can remain
stable, suffer ICD complications or die. ICDs will have their generator replaced every 5
years in the base case, with a maximum occurrence of three times.
Complications included in the model were infection - which demanded ICD
replacement, in case of survival -, lead dislodgement, break, or insulation defect. We
constructed the model using all cause mortality instead of stratifying death by
cardiovascular or other causes, since most of the evidence about ICD efficacy reports total
mortality reduction. A schematic representation of the decision tree is displayed in Figure
1.
The discount rate for both costs and effectiveness was 3% per year. We used the
third party payer perspective and a 20-year time horizon.
Survival Data
In order to build a model with reliable data regarding the natural history of heart
failure in Brazil, we used data from a local cohort of heart failure patients followed by a
heart failure team [22, 23] (unpublished data). This cohort is comprised of 386 subjects
(63% male), with a median age of 59 years [Interquartile range (IQR) 49 68] and a
47
median follow-up of 35 months (IQR 18 60). Forty-one percent of these patients had
ischemic heart disease as the main cause of heart failure. There were 53% of patients with
hypertension, 33% with diabetes and 13% with current use of tobacco; 89% were on ACE-
inhibitors and 73% were on beta-blockers. Considering the small number of patients with a
follow-up longer than 7 years in this cohort, we needed to project survival beyond this time
point. We undertook a comparison among the survival curve of this cohort and the one
from the general Brazilian population, in order to identify which mathematical function
would best fit the data. Exponential function (compared to linear and quadratic) best fitted
the curves, judged by its higher r square, and was therefore chosen for survival modeling.
The final equation for survival prediction was Y = 0.000387 *(EXP(X*7.922)), where X is
the survival function for an individual from the general population at a given age, Y is the
estimated survival for a heart failure patient at that given age, 0.000387 is the intercept of
the function and 7.922 is the
β
coefficient. Survival function from general population was
calculated with a Cox model, using data from National Demographic Census. Given the
fact then the census has stratified mortality data only from age 60 to 79, the model’s time
horizon was set to twenty years.
Effectiveness data
Clinical outcomes considered in the model were life years saved (LYS) and quality-
adjusted life years (QALY). The base case was modeled using the later, as recommended
by the Panel on Cost Effectiveness [24].
48
We searched MEDLINE for clinical trials and meta-analyses of ICD usage in heart
failure patients in order to obtain ICD effectiveness estimates. There are two meta-analyses
published compiling data from ten primary prevention trials available. Al-Khatib et al
found a hazard ratio for total mortality of 0.71, with an I
2
of 70% [25]. This large
heterogeneity was the reason given by Sanders el al to analyze each trial separately in their
cost-effectiveness report [21]. However, a very interesting paper from Nanthakumar et al
seemed to solve this heterogeneity problem [16]. When they pooled the results from the ten
studies, they came to a relative risk (RR) of 0.75 [95% Confidence Interval (CI) 0.63-0.91],
also with a high heterogeneity (I
2
of 69%). They attributed this finding to three trials with
design very different from the other seven: the DINAMIT trial [14], which included
patients with recent myocardial infarction (maximum 40 days); the MUSTT trial [8], which
was not a randomized comparison of ICD use; and the CABG-PATCH [7] trial, in which
the device was implanted during a scheduled coronary artery bypass surgery. A second
analysis excluding these 3 trials (which comprised approximately 30% of the total sample)
yielded a similar RR of 0.74 (95% CI 0.67-0.83) and a very low heterogeneity (I
2
of 5.2%).
We decided to use this risk reduction in our base case analysis.
Complications
For parameters regarding complications of ICD therapy, the evidence search
comprised clinical trials, cohort studies and international registries. In order to best reflect
these data under the use of present-day technology and expertise, we included only studies
published since 1996, when the majority of lead systems were implanted transvenously.
49
A meta-analysis conducted by Ezekowitz et al [26] provided rates for system
infection (total number of patients = 12,436), peri-implantation mortality (N = 39,858) and
implantation failure (N = 11,129). Probabilities adopted for lead dislodgement and death
associated with ICD infection were calculated through random effects metanalyses of the
incidence rates from individual studies. We included studies with at least 90% of ICDs with
pectoral implants; there were four reporting lead dislodgement [27-30] and four reporting
device infection related mortality [9, 27, 28, 31].
Probabilities for lead dislodgement were applied only during the cycle immediately
after ICD implantation, since this kind of complication rarely occurs after this period. If the
patient was subjected to a new implant during the Markov process, succeeding an infection
for example, he would have again the risk of lead dislodgement for another cycle.
Data input for lead complications requiring its replacement (such as breaks and
insulation defects) were collected from a work by Kleemann et al, which followed a cohort
of patients up to ten years [32]. We chose to use data solely from this article instead of a
compilation of all evidence available since this study showed a progressive increase in the
rate of this complication over time, what was already suggested by Luria et al in an analysis
with fewer patients [33]. Considering that the other evidence available had a much shorter
follow up, we consider more appropriate not to include them in a metanalysis of this rate.
Since the number of patients accompanied for more than seven years was very small,
yielding a low confidence in the parameter, we used the yearly rate until the 7
th
year
presented in the study and decided to apply the rate of the 7
th
cycle to all remaining cycles
in the model. Because our model simulates patients with single chamber ICDs, we did a
transformation of the annual rates presented by the study, using the hazard ratio presented
to single versus double chamber ICDs regarding this complication (0.69) and the number of
50
single chamber ICDs implanted (46.6%). Our calculations generated a formula in which the
annual rate of lead change for single chamber device was equal to the study value for a
given year divided by 1.24.
Utilities
Utility data regarding CHF patients vary considerably in published papers. A study
in the 1,601 patients from the SOLVD trial, which used a visual analogue scale, the Ladder
of Life questionnaire, found values of 0.71, 0.61, 0.52 and 0.47 for NYHA classes I
through IV, respectively [34]. The mean utility for CHF patients was 0.77 in a report by
Havranek et al, which used the time trade-off technique in 50 patients (NYHA not
reported) [35]. The Beaver Dam study [36], which interviewed 1,356 healthy subjects,
calculated the utility of general CHF patients as 0.88; this value was adopted by Al-Kathib
et al [19] and Sanders el al [17, 21, 37] in their analysis .
In the base case analysis, we used a utility of 0.88, in accordance with the majority
of studies reported. Sensitivity analysis were performed ranging these values from 0.71
from Chen and Hay paper [38] to 0.88, which were the lowest and highest utility values
found in the literature, respectively. This range contains base case values from a large
number of other relevant cost-effectiveness papers in this area [39-42]
Inappropriate shocks associated with ICD can affect quality of life [43, 44]. In the
Cardiac Arrhythmia Patient Outcomes Research Team study, mean utility for low,
moderate and severe rates of device-related side effects were 0.76, 0.75 and 0.64,
respectively [45]. We did not incorporate these changes in quality of life in the ICD paths
in our base case, although we considered these scenarios in our sensitivity analysis, where
51
we ranged ICD utility from 0.88 (the same as in the conventional therapy) to 0.64, the
lowest value described in the literature.
Costs
Annual costs of conventional therapy were derived from a cohort study of
ambulatory patients from Southeastern Brazil [46]. We used their resource utilization data
to calculate costs from the Public Healthcare System (PHS) perspective, which was the one
chosen to our study. PHS costs included expenditures with diagnostic tests, laboratory
exams, admissions, medical visits, and all medications paid by the government.
Medication costs were based on Brazilian retail sales price. Prices of consultations,
admissions, ICD implantation and complications, and laboratory and imaging tests were
derived from the codebooks used by the PHS (Tabela SUS) for reimbursement in Brazil.
Costs are expressed in Brazilian Real (R$).
Sensitivity Analyses
We performed one-way sensitivity analysis on most parameters in the model. Rates
of ICD effectiveness, peri-operative death, system infection and its associated mortality,
implantation failure and lead dislodgement were oscillated between the boundaries of the
metanalyses confidence intervals. Lead change rates were varied among their original
values and our transformation previously mentioned. Costs were varied between ± 50% of
their original values and discount for both costs and utilities between 0 and 7%. Battery
52
replacement frequency was oscillated between 3 and 7 years. Utilities variation was applied
as described above.
We also performed an analysis modifying the survival curve in order to simulate the
model in a population more similar to the MADIT-I population, which was at a higher risk
of ventricular arrhythmias as accessed by electrophysiological, changing the α and β in the
exponential equation to 0.000367 and 7.762, respectively. Accordingly, we used the
relative risk associated with ICD achieved in that study, which was 0.41 (95%CI: 0.24-
0.69) [16].
The robustness of the model was tested in a Monte Carlo simulation, with
generation of 1000 trials and variation of values in the range cited above. We also
performed threshold analysis of the cost of the ICD in different clinical scenarios. Table 1
lists the base case assumptions and the range used in sensitivity analysis.
RESULTS
For the base-case analysis, in the model starting at 60 years of age for patients with
CHF class II or III, the predicted mean survival was 5.95 years with conventional
treatment, 6.99 with ICD therapy, falling to 5.23 and 6.15 when adjusted for quality,
respectively. The survival curve can be seen on Figure 2. The undiscounted effectiveness
gained for ICD was 1.42 years and 1.24 QALYs. Table 2 shows the health benefits -
expressed in LYS and in QALYs –, the costs of each strategy, and the incremental cost
effectiveness ratio (ICER). ICD therapy was both more expensive and effective when
compared to conventional therapy, yielding an incremental cost-effectiveness ratio of R$
68,318 per QALY and R$ 60,121 per LYS in the base case.
53
In order to simulate the natural history of a population with more advanced heart
failure, similar to patients evaluated in the MADIT-I trial, we changed the survival curve
and effectiveness parameters as described above, and obtained a predicted mean survival of
4.37 QALYs in the conventional treatment branch and 7.63 QALYs in the ICD branch.
Survival curves of this simulation are displayed on Figure 2. In this scenario, the ICER
decreased to R$ 23,739 per QALY and R$ 20,890 per LYS.
One-way sensitivity analyses are displayed in Table 3. Results were most sensitive
to ICD and generator costs, generator replacement frequency and ICD effectiveness.
Discount rate and utility of a patient with heart failure had moderate effect on the
incremental cost-effectiveness ratio, and the remaining parameters had little effect on the
overall result. If we considered that a patient with ICD had lower utility than a patient
without the device, which could happen as a result of inappropriate shocks, the ICER would
rise substantially and the ICD would be eventually dominated (data not shown). In the
MADIT-I model, variation in relative risk of death associated with ICD from 0.24 to 0.69
yielded cost-effectiveness ratios of R$ 18,314 and R$ 47,000 per QALY, respectively.
Figure 3 shows 2-way sensitivity analyses. If the generator replacement frequency
increases to 6-year intervals and the ICD cost falls by 25%, ICER would drop to R$ 47,686
per QALY. If the relative risk reduction associated with the ICD increases to 30% and the
generator cost is reduced by 25%, ICER would also have a considerable decrease, reaching
R$ 44,481 per QALY.
In the Monte Carlo simulation, we evaluated the number of simulations that fell
below the threshold of R$ 37,311, which was set by multiplying by three the Brazilian
gross domestic product (GDP) per head in 2006 [47], according to the World Health
Organization (WHO) recommendation [48]. Figure 4 shows the 1,000 trials produced; only
54
2% of them fell below this threshold. Conversely, in the Monte Carlo simulation with
MADIT-I parameters, 84% of trials fell below R$ 37,311 per QALY.
DISCUSSION
Our results shows that the incremental cost-effectiveness ratio of ICD implant
versus optimal medical therapy alone for heart failure patients in Brazil is elevated,
reaching R$ 68,318 per QALY and R$ 60,121 per LYS. For international comparison
purposes, it would be inaccurate to apply the exchange rate from Brazilian Real to United
States Dollar, since that would not consider the purchase power of money in each country.
An international dollar (I$) is a hypothetical currency that is used as a means of translating
and comparing costs from one country to the other, and exchange rates were published in
2000 by the WHO, when one I$ was equivalent to 0,776 Brazilian Real. The conversion of
our study results to I$ would generate ICER of 88,039 per QALY and 77,475 per LYS,
which are greater than most of the evaluations conducted in the United States. In the works
by Sanders, Al-Khatib and Zwanziger [17, 19, 20], whose model’s assumptions were based
on MADIT-II, cost-effectiveness ratios were US$ 39,000, 50,500 and 78,000 per LYS,
respectively. In the study by Mark, with data from SCD-HeFT, ICER was US$ 41,530 per
QALY [41]. In another work by Sanders, where analyses were made separately for 6
primary prevention trials, ICER ranged from $34,000 to $70,200 per QALY [21].
The reason for higher ICER seen in our study is possibly explained by the higher
proportional lifetime costs of ICD compared with conventional therapy. In all
aforementioned studies, cost ratio of ICD to conventional therapy was always below two,
and in our work, that ratio was always very close to three, what was maintained in all
55
sensitivity analysis except for the one of ICD cost. This is explained by the higher
proportional cost of ICD in our country, which is equal to almost ten years of optimal
medical therapy, and the high generator replacement cost, which is almost as expansive as
the ICD. Another factor that might have driven our results to unfavorable values was the
higher rates of complications used in our model. These ratios come from papers published
in the last two years, which followed a larger number of patients for a longer time,
providing more accurate estimates [26, 32].
The ICER was also elevated when compared to the WHO suggested benchmark,
which is three times the GDP per capita of a country, namely R$ 37,311 for Brazil in 2006.
Interestingly, if we translate this value to I$, we would come to a value of 48,081, very
close to one of the American’s most used benchmark, US$ 50,000 per QALY. In sensitivity
analyses, the ICER would fall below this ratio only if ICD implant and generator cost
would be reduced by 50%, and would get very close to this value if the generator
replacement frequency increased to 7 years intervals. All other parameters did not
decreased the ICER to lower than 50,000 R$/QALY in the most favorable boundaries. In
the analysis where we projected a worst survival curve and used effectiveness data from the
MADIT-I trial, where the population had a higher risk of ventricular arrhythmias, the ICER
was much more favorable, and remained below the selected threshold in 84% of trials in
Monte Carlo simulation.
Our study has several strengths. We had access to a database of almost 400 patients
from a Brazilian heart failure cohort, being able to model survival based on local data.
Besides, our study is the first to our knowledge to use meta-analysis data for both
effectiveness and complications, and the progressive rate of complications over time,
specially the ones requiring lead change, was incorporated into the model. The extended
56
time horizon of our study is also an important feature, since it has the ability to capture
almost all costs and benefits yielded by each therapy. The validity of our results are
confirmed in the comparison of our projected LYS (1.04) with other published studies: this
value is exactly the same estimate for the MADIT-II population in Zwanziger et al work
[20], and close to the value of 1.63 calculated by Mark et al in their analysis [41].
Some limitations should me mentioned. First, we considered the benefit of ICD
constant over time, which can overestimate its benefits since other cause mortalities have a
tendency to grow with increasing age, decreasing the proportion of deaths due to
arrhythmia. To overcome this problem, it would be necessary a clinical trial with extended
follow up, since available data so far have a follow up of 5 years or less. Second, there were
no national data available on utilities, which might be different from one country to
another, and so our result in QALYs might not be a true estimate for the Brazilian
population. Third, our analysis is limited to the PHS perspective, not including many costs
that would be counted in the societal perspective. Fourth, although statistically
homogeneous, one might argue that the value that we used for effectiveness came from a
metanalysis that included the COMPANION study, which evaluated patients with worst
heart failure (class III and IV) and had a more complex device, with resynchronization
capacity. If we remove this study from the metanalysis, the ICD would have a mortality
benefit of 28% (95% CI: 18 36%), yielding an ICER of R$ 62,708 / QALY, quite similar
to the one we found using the original result from the metanalysis. Finally, it could be
debated if the metanalysis of complications that we used was adequate [26], since some of
the patients included in it were not exactly the same as the ones in the population we
wished to simulate. However, this study is the best evidence about complications published
57
to date, and, as seen in sensitivity analysis, those parameters had minimal influence on the
results.
This study is an interesting tool for policy makers, although cost-effectiveness
analyses should not be the only basis for decision making in health care resource allocation.
Strategies aiming at cost reduction of ICD should be pursued, in order to generate more
favorable cost-effectiveness ratios for a larger number of patients. Considering present-day
thresholds of acceptable cost-effectiveness ratios, ICD implantation should be strongly
considered for patients at high risk for ventricular arrhythmias in this Brazilian scenario,
but usage in other eligible populations should be evaluated carefully.
58
FIGURE LEGENDS
Figure 1: Schematic representation of the decision model. Patients with heart failure can
either stay on conventional therapy or undergo ICD implantation. Patients assigned to ICD
can suffer operative death or implant failure. Patients with successful implant can suffer
minor procedure-related complications. After the acute phase, patients enter a Markov
process which includes most common ICD chronic complications. Patients in the
conventional branch also enter a Markov model of chronic heart failure.
Figure 2: Survival curve of conventional treatment and ICD therapy in base case and in the
simulation resembling MADIT-I population.
Figure 3: Two-way sensitivity analysis. (a) ICD costs versus ICD effectiveness. (b) ICD
costs versus generator replacement interval.
Figure 4: Monte Carlo 1000 trials scatter plot. The number of points below the threshold
lines, from bottom to top, are as follows: 2% (line 1: R$ 37,311 / QALY), 11.7% (line 2:
R$ 50,000 / QALY), 26.4% (line 3: R$ 60,000 / QALY), 43.5% (line 4: R$ 70,000 /
QALY).
59
Figure 1
Patients
with heart
failure
Conventional treatment
ICD
Death
Implantation
failure
Acute minor
complications
No acute minor
complications
No complications
Death
Stay Alive
Death
Complications
Dislogement
Break
Infection
Patients
with heart
failure
Patients
with heart
failure
Successful
Implantation
60
Figure 2
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21
Years from baseline
Probability of survival
ICD
Conventional therapy
ICD - MADIT-I
Conventional therapy - MADIT-I
61
Figure 3
(a)
(b)
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
180.000
0,66 0,68 0,70 0,72 0,74 0,76 0,78 0,80 0,82 0,84
Effectiveness of ICD
-
50%
-
25%
R$ 30.460
+ 25%
+ 50%
Base Case
Incrementeal cost-effectiveness of ICD
(R$/QALY)
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
180.000
0,66 0,68 0,70 0,72 0,74 0,76 0,78 0,80 0,82 0,84
Effectiveness of ICD
-
50%
-
25%
R$ 30.460
+ 25%
+ 50%
Base Case
Incrementeal cost-effectiveness of ICD
(R$/QALY)
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
2 3 4 5 6 7 8
Frequency of ICD Generator Replacement (yr)
Incrementeal cost-effectiveness of ICD
(R$/QALY)
-
50%
-
25%
R$ 30.460
+ 25%
+ 50%
Base Case
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
2 3 4 5 6 7 8
Frequency of ICD Generator Replacement (yr)
Incrementeal cost-effectiveness of ICD
(R$/QALY)
-
50%
-
25%
R$ 30.460
+ 25%
+ 50%
Base Case
62
Figure 4
63
TABLES
Table 1 - Input variables, values, and sources
Input Variable
Base Case
Variation for
sensitivity analysis
Source
ICD variables
Procedural death (%)
1.3 1.2-1.4
[26]
Frequency of generator replacement (y) 5 3-7
Risk reduction relative to conventional treatment
(%)
26
17-33
[16]
Annual probability of system infection (%)
0.6 0.5-0.8
[26]
Annual probability of lead change (%)
[32]
1
st
year
2.36 2.36-2.93
2
nd
year 1.62 1.62-2.01
3
rd
year
2.09 2.09-2.59
4
th
year
2.19 2.19-2.71
5
th
year
3.16 3.16-3.92
6
th
year
5.44 5.44-6.75
7
th
through 20
th
year
6.72 6.72-8.33
Lead dislodgement (%)
3.48‡ 1.92-5.23
[27-30]
Mortality associated with infection (%)
21 0-50
[9, 27, 28, 31]
Implantation failure (%)
1.1 0.9-1.3
[26]
Minor procedure related complications* 0 0-4
[27]
Costs (R$)
Initial ICD implantation, total costs 30,460 15,230-45,690
Generator replacement
29,408 14,704-44,112
Admission for lead replacement
7,594 3,797-11,391
Admission for lead repositioning
393 196-589
Admission for system infection (additional)† 1,500 0-3,046
Annual cost of heart failure treatment
3,160 1,580-4,741
Extra annual cost for ICD follow-up 22 15-30
Utilities
Utility of a patient with heart failure 0.88 0.71-0.88
[17, 19, 21, 37, 38]
Discount rate (%) 3 0-7
‡ Mean value calculated with incidence rates meta-analysis, random effect model from DerSimonian ad Laird.
* Minor peri-implant complications include pneumothorax, lower limbs deep vein thrombosis and brachial thrombosis.
† Additional cost for system infection, considering that a patient with this complication would be admitted for treatment of infection and
ICD change, and would generate a cost of at least the same as the one for ICD implant.
64
Table 2 – Model predicted cost, effectiveness and cost-effectiveness of competing
strategies
Total cost Effectiveness
Incremental Cost-
Effectiveness
Mean Life
Years
Mean
QALYs
R$ / LYS R$ / QALY
Conventional treatment 33,408 5.95 5.23 - -
ICD therapy 96,131 6.99 6.15 60,121 68,318
65
TABLE 3 - One way sensitivity analysis*
Variables Lower ICER Higher ICER
Mortality reduction with ICD 51,973 113,551
Probability of system infection 67,512 69,968
Probability of death for system infection 65,468 72,694
Probability of procedural death 67,915 68,727
Probability of implantation failure 68,238 68,398
Probability of minor peri-implant complications 68,307 68,329
Probability of lead dislodgement 68,309 68,328
Probability of lead replacement 68,318 69,005
Utility of a patient with heart failure 68,318 84,676
Discount rate 56,986 86,429
Battery replacement frequency 39,375 97,822
Cost of ICD implant and battery replacement‡ 36,409 100,224
Cost of heart failure optimal treatment per year 66,522 70,114
Cost of electrode replacement 66,886 69,750
Cost of system infection 68,237 68,399
Cost of ICD maintenance 68,261 68,375
Cost of lead dislodgement 68,308 68,328
Cost of minor peri-implant complications 68,313 68,323
*Parameter ranges as described in Table 1. ‡ Cost of battery replacement was considered as 96.54% of ICD
implant cost, and variation in the later fell on both parameters. ICER = Incremental Cost-Effectiveness Ratio
66
REFERENCES
1. McMurray JJ, Petrie MC, Murdoch DR, et al. Clinical epidemiology of heart
failure: public and private health burden. Eur Heart J 1998;19 Suppl P:P9-16.
2. Hoes AW, Mosterd A, Grobbee DE. An epidemic of heart failure? Recent evidence
from Europe. Eur Heart J 1998;19 Suppl L:L2-9.
3. Krum H, Stewart S. Chronic heart failure: time to recognize this major public health
problem. Med J Aust 2006;184(4):147-8.
4. Stewart S, MacIntyre K, Capewell S, et al. Heart failure and the aging population:
an increasing burden in the 21st century? Heart 2003;89(1):49-53.
5. DATASUS. (Accessed Acessado em Junho/2006, at http:\www.datasus.gov.br.)
6. Moss AJ, Hall WJ, Cannom DS, et al. Improved survival with an implanted
defibrillator in patients with coronary disease at high risk for ventricular arrhythmia.
Multicenter Automatic Defibrillator Implantation Trial Investigators. N Engl J Med
1996;335(26):1933-40.
7. Bigger JT, Jr. Prophylactic use of implanted cardiac defibrillators in patients at high
risk for ventricular arrhythmias after coronary-artery bypass graft surgery. Coronary Artery
Bypass Graft (CABG) Patch Trial Investigators. N Engl J Med 1997;337(22):1569-75.
8. Buxton AE, Lee KL, Fisher JD, et al. A randomized study of the prevention of
sudden death in patients with coronary artery disease. Multicenter Unsustained Tachycardia
Trial Investigators. N Engl J Med 1999;341(25):1882-90.
9. Bansch D, Antz M, Boczor S, et al. Primary prevention of sudden cardiac death in
idiopathic dilated cardiomyopathy: the Cardiomyopathy Trial (CAT). Circulation
2002;105(12):1453-8.
67
10. Moss AJ, Zareba W, Hall WJ, et al. Prophylactic implantation of a defibrillator in
patients with myocardial infarction and reduced ejection fraction. N Engl J Med
2002;346(12):877-83.
11. Strickberger SA, Hummel JD, Bartlett TG, et al. Amiodarone versus implantable
cardioverter-defibrillator:randomized trial in patients with nonischemic dilated
cardiomyopathy and asymptomatic nonsustained ventricular tachycardia--AMIOVIRT. J
Am Coll Cardiol 2003;41(10):1707-12.
12. Bristow MR, Saxon LA, Boehmer J, et al. Cardiac-resynchronization therapy with
or without an implantable defibrillator in advanced chronic heart failure. N Engl J Med
2004;350(21):2140-50.
13. Kadish A, Dyer A, Daubert JP, et al. Prophylactic defibrillator implantation in
patients with nonischemic dilated cardiomyopathy. N Engl J Med 2004;350(21):2151-8.
14. Hohnloser SH, Kuck KH, Dorian P, et al. Prophylactic use of an implantable
cardioverter-defibrillator after acute myocardial infarction. N Engl J Med
2004;351(24):2481-8.
15. Bardy GH, Lee KL, Mark DB, et al. Amiodarone or an implantable cardioverter-
defibrillator for congestive heart failure. N Engl J Med 2005;352(3):225-37.
16. Nanthakumar K, Epstein AE, Kay GN, et al. Prophylactic implantable cardioverter-
defibrillator therapy in patients with left ventricular systolic dysfunction: a pooled analysis
of 10 primary prevention trials. J Am Coll Cardiol 2004;44(11):2166-72.
17. Sanders G, Hlatky M, Owens D. Cost-Effectiveness of Implantable Cardioverter-
Defibrillators in a MADIT-II Population. TEC Assessment 2004;19(3):1-26.
68
18. Boriani G, Biffi M, Martignani C, et al. Cardioverter-defibrillators after MADIT-II:
the balance between weight of evidence and treatment costs. Eur J Heart Fail
2003;5(4):419-25.
19. Al-Khatib SM, Anstrom KJ, Eisenstein EL, et al. Clinical and economic
implications of the Multicenter Automatic Defibrillator Implantation Trial-II. Ann Intern
Med 2005;142(8):593-600.
20. Zwanziger J, Hall WJ, Dick AW, et al. The cost effectiveness of implantable
cardioverter-defibrillators: results from the Multicenter Automatic Defibrillator
Implantation Trial (MADIT)-II. J Am Coll Cardiol 2006;47(11):2310-8.
21. Sanders GD, Hlatky MA, Owens DK. Cost-effectiveness of implantable
cardioverter-defibrillators. N Engl J Med 2005;353(14):1471-80.
22. Rohde LE, Beck-da-Silva L, Goldraich L, et al. Reliability and prognostic value of
traditional signs and symptoms in outpatients with congestive heart failure. Can J Cardiol
2004;20(7):697-702.
23. Rohde LE, Clausell N, Ribeiro JP, et al. Health outcomes in decompensated
congestive heart failure: a comparison of tertiary hospitals in Brazil and United States. Int J
Cardiol 2005;102(1):71-7.
24. Weinstein MC, Siegel JE, Gold MR, et al. Recommendations of the Panel on Cost-
effectiveness in Health and Medicine. Jama 1996;276(15):1253-8.
25. Al-Khatib SM, Sanders GD, Mark DB, et al. Implantable cardioverter defibrillators
and cardiac resynchronization therapy in patients with left ventricular dysfunction:
randomized trial evidence through 2004. Am Heart J 2005;149(6):1020-34.
69
26. Ezekowitz JA, Rowe BH, Dryden DM, et al. Systematic review: implantable
cardioverter defibrillators for adults with left ventricular systolic dysfunction. Ann Intern
Med 2007;147(4):251-62.
27. Alter P, Waldhans S, Plachta E, et al. Complications of implantable cardioverter
defibrillator therapy in 440 consecutive patients. Pacing Clin Electrophysiol
2005;28(9):926-32.
28. Schoels W, Swerdlow CD, Jung W, et al. Worldwide clinical experience with a new
dual-chamber implantable cardioverter defibrillator system. J Cardiovasc Electrophysiol
2001;12(5):521-8.
29. Bardy GH, Yee R, Jung W. Multicenter experience with a pectoral unipolar
implantable cardioverter-defibrillator. Active Can Investigators. J Am Coll Cardiol
1996;28(2):400-10.
30. Takahashi T, Bhandari AK, Watanuki M, et al. High incidence of device-related and
lead-related complications in the dual-chamber implantable cardioverter defibrillator
compared with the single-chamber version. Circ J 2002;66(8):746-50.
31. Rosenqvist M, Beyer T, Block M, et al. Adverse events with transvenous
implantable cardioverter-defibrillators: a prospective multicenter study. European 7219
Jewel ICD investigators. Circulation 1998;98(7):663-70.
32. Kleemann T, Becker T, Doenges K, et al. Annual rate of transvenous defibrillation
lead defects in implantable cardioverter-defibrillators over a period of >10 years.
Circulation 2007;115(19):2474-80.
33. Luria D, Glikson M, Brady PA, et al. Predictors and mode of detection of
transvenous lead malfunction in implantable defibrillators. Am J Cardiol 2001;87(7):901-4.
70
34. Cook J, Glick H, Kinosian B, et al. “Ladder of Life” score as a value measure for
health status
in congestive heart failure. Med Decis Making 1993;13:386.
35. Havranek EP, McGovern KM, Weinberger J, et al. Patient preferences for heart
failure treatment: utilities are valid measures of health-related quality of life in heart failure.
J Card Fail 1999;5(2):85-91.
36. Fryback DG, Dasbach EJ, Klein R, et al. The Beaver Dam Health Outcomes Study:
initial catalog of health-state quality factors. Med Decis Making 1993;13(2):89-102.
37. Sanders GD, Hlatky MA, Every NR, et al. Potential cost-effectiveness of
prophylactic use of the implantable cardioverter defibrillator or amiodarone after
myocardial infarction. Ann Intern Med 2001;135(10):870-83.
38. Chen L, Hay JW. Cost-effectiveness of primary implanted cardioverter defibrillator
for sudden death prevention in congestive heart failure. Cardiovasc Drugs Ther
2004;18(2):161-70.
39. Buxton M, Caine N, Chase D, et al. A review of the evidence on the effects and
costs of implantable cardioverter defibrillator therapy in different patient groups, and
modelling of cost-effectiveness and cost-utility for these groups in a UK context. Health
Technol Assess 2006;10(27):iii-iv, ix-xi, 1-164.
40. Owens DK, Sanders GD, Heidenreich PA, et al. Effect of risk stratification on cost-
effectiveness of the implantable cardioverter defibrillator. Am Heart J 2002;144(3):440-8.
41. Mark DB, Nelson CL, Anstrom KJ, et al. Cost-effectiveness of defibrillator therapy
or amiodarone in chronic stable heart failure: results from the Sudden Cardiac Death in
Heart Failure Trial (SCD-HeFT). Circulation 2006;114(2):135-42.
71
42. Banz K. Cardiac resynchronization therapy (CRT) in heart failure--a model to
assess the economic value of this new medical technology. Value Health 2005;8(2):128-39.
43. Costa R, da Silva KR, Mendonca RC, et al. Incidence of shock and quality of life in
young patients with implantable cardioverter-defibrillator. Arq Bras Cardiol
2007;88(3):258-64.
44. Chen RH, Chen KP, Wang FZ, et al. Incidence and causes of inappropriate
detection and therapy by implantable defibrillators of cardioversion in patients with
ventricular tachyarrhythmia. Chin Med J (Engl) 2006;119(7):557-63.
45. McDonald K, Hornberger J, Ziegler J, et al. Health-related quality of life for
patients at risk of sudden cardiac death: amiodarone versus implantable
cardioverter defibrillators. Med Decis Making 2000;20:501.
46. Araujo DV, Tavares LR, Verissimo R, et al. [Cost of heart failure in the Unified
Health System]. Arq Bras Cardiol 2005;84(5):422-7.
47. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
http://www1.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=850&
id_pagina=1.
48. WHO Commission on Macroeconomics and Health. Macroeconomics and health:
investing in health for economic development. Report of the Commission on
Macroeconomics and Health Geneva: WHO, 2001.
72
CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, estimamos a relação de custo-efetividade do desfibrilador
implantável, quando comparado à terapia convencional, em pacientes com insuficiência
cardíaca, na perspectiva do SUS. O valor encontrado foi de R$ 60.121 por ano de vida e R$
68.318 quando feito ajuste pela qualidade, com aumento na expectativa de vida de
aproximadamente um ano. Na análise de sensibilidade, esses valores foram bastante
sensíveis aos parâmetros econômicos (preço do dispositivo e da bateria, assim como tempo
de troca da mesma) e à efetividade do dispositivo. Em uma sub-análise imaginando uma
população com maior mortalidade arrítmica, como a do estudo MADIT-I, as relações de
custo-efetividade encontraram valores muito menores.
Este trabalho reforça a importância de avaliações econômicas em saúde nos dias
atuais, onde o aporte cada vez maior de novas tecnologias efetivas porém dispendiosas
obriga o tomador de decisão da área da saúde a realizar escolhas não apenas considerando
critério de eficácia. Tendo em vista a escassez de recursos financeiros disponíveis para a
área da saúde, é impossível oferecer hoje em dia todos os tratamentos de eficácia
comprovada para a totalidade das pessoas que se beneficiaria dos mesmos. Os estudos de
custo-efetividade não são a única ferramenta de apoio na decisão de alocação de recursos,
mas seu potencial para ajudar na escolha mais judiciosa deve ser valorizado.
A aprovação do uso de desfibriladores no Brasil pelo Sistema Único de Saúde se
deu em 1999, tendo sido aprovada para uso em prevenção primária e secundária, sendo que
no primeiro caso somente para pacientes com características clínicas semelhantes ao estudo
MADIT-I, ou seja, presença de arritmias ventriculares prévias com gravidade ou ocorrência
de síncope acompanhada de arritmia grave induzida em estudo eletrofisiológico. Naquele
momento, ainda havia poucas evidências de efetividade, sendo o estudo supracitado, na
verdade, o único estudo contundente mostrando eficácia da terapia, já que as demais
73
evidências publicadas até aquele momento em pacientes com insuficiência cardíaca eram
um estudo negativo (CABG-PATCH) e um estudo não randomizado (MUSTT). Ainda que
a eficácia da terapia tenha sido comprovada em estudos posteriores, não havia sido
realizado, até aquele momento (e nem posteriormente) nenhum estudo avaliando a custo-
efetividade do desfibrilador implantável, algo justificável visto o alto custo do mesmo.
Este trabalho preenche essa lacuna, ao analisar a relação de custo-efetividade
incremental do desfibrilador implantável, quando comparado à terapia convencional,
utilizando dados de custos brasileiros, em uma população hipotética modelada com base em
dados de uma coorte de aproximadamente 400 pacientes com essa patologia, igualmente
nacional. Visto que não uma definição clara pelas agências reguladoras de qual o valor
aceitável para considerarmos uma relação de custo-efetividade como atrativa no nosso
meio, e também em decorrência da ausência de outros trabalhos com dados nacionais para
podermos traçar paralelos, optamos por comparar o valor obtido no nosso trabalho com um
ponto de corte sugerido pela Organização Mundial da Saúde, equivalente a três vezes o
Produto Interno Bruto per capita de um país. O resultado encontrado, de R$ 68.318 por ano
de vida ajustado para qualidade, é substancialmente acima desse limiar, que seria de R$
37.311 para o Brasil, e essa situação se manteve em 98% das simulações na análise de
sensibilidade probabilística. Em contrapartida, nossa sub-análise com parâmetros que
objetivam reproduzir a população do estudo MADIT-I e a efetividade do desfibrilador
nessa população, a utilização do desfibrilador se mostrou atrativa do ponto de vista de
custo-efetividade em 84% das simulações da análise de Monte Carlo. Ainda que os demais
estudos clínicos realizados posteriormente não tenham sido feitos em populações com essas
características clínicas, a incerteza do valor pontual de efetividade do desfibrilador na
mesma está contemplada na análise de Monte Carlo, mostrando a robustez dos resultados
74
nessa parcela populacional. Portanto, nosso estudo referenda a utilização do desfibrilador
em pacientes com insuficiência cardíaca e alto risco para arritmias ventriculares, ao mesmo
tempo em que mostra uma relação de custo-efetividade desfavorável para a utilização do
dispositivo em ampla escala para pacientes com insuficiência cardíaca. Uma análise
adicional que necessitaria ser feita seria a de impacto orçamentário, porém não dados ou
estimativas nacionais para predizer o número de candidatos ao dispositivo de acordo com
os critérios da portaria.
Por último, é importante lembrar que o papel dos estudos de custo-efetividade
reside na tomada de decisões de aplicação de recursos em larga escala. A tomada de
decisão frente ao paciente, de forma individual, deve-se basear principalmente em critérios
de eficácia, onde o desfibrilador implantável atinge níveis que justificam seu implante em
uma gama de pacientes bastante abrangente em prevenção primária de eventos.
75
Anexo 1 – Projeto de Pesquisa
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA
CUSTO-EFETIVIDADE DE DESFIBRILADORES IMPLANTÁVEIS NO
BRASIL: ANÁLISE EM PREVENÇÃO PRIMÁRIA NO SETOR
PÚBLICO
Investigadores principais:
Rodrigo Antonini Ribeiro
Carísi Anne Polanczyk
Colaboradores:
Leandro Ioschpe Zimerman
Luís Eduardo Paim Rohde
Maurício Pimentel
Steffan Frozi Stella
Suzi Camey
76
1. IDENTIFICAÇÃO:
Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL /
HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE
Título: CUSTO-EFETIVIDADE DE DESFIBRILADORES
IMPLANTÁVEIS NO BRASIL: ANÁLISE EM PREVENÇÃO
PRIMÁRIA NO SETOR PÚBLICO
Responsáveis: Rodrigo Antonini Ribeiro*
Carísi Anne Polanczyk**
Local de origem do projeto: Programa de pós-graduação em Epidemiologia FAMED /
UFRGS
Locais de execução da pesquisa: Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Palavras-Chave: Desfibriladores Implantáveis, Custo-Efetividade, Insuficiência
Cardíaca
* Mestrando do Programa de Pós Graduação em Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul.
** Doutora em Cardiologia pela UFRGS. Professora Adjunta da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. Professora dos Programas de Pós-graduação em Medicina: Cardiologia e
Epidemiologia da UFRGS.
77
2. BASE TEÓRICA:
2.1) Considerações referentes a estudos de custo efetividade
Nas últimas décadas, importantes avanços foram feitos na prevenção, diagnóstico,
avaliação e manejo de diversas condições de saúde. Atualmente, uma tendência
crescente de utilização de ferramentas da medicina baseada em evidências[1-3] no processo
de tomada de decisões referentes à avaliação de tecnologias em saúde, novas ou antigas. É
inquestionável o benefício representado pelo emprego de evidências clínico-
epidemiológicas para auxiliar neste processo, estabelecendo-se, por exemplo, se uma nova
terapia é eficaz, efetiva e segura através da existência de comprovação adequada conduzida
sob determinados padrões metodológicos. Entretanto, a avaliação do benefício e a
segurança de uma determinada intervenção em saúde é apenas um dos componentes do
processo decisório relativo às políticas de saúde. É de conhecimento que os recursos
financeiros no setor são findáveis: o emprego de recursos em uma nova tecnologia significa
realocação de outra área. Desta forma, não os benefícios esperados, mas também os
custos envolvidos, são itens cada vez mais importantes na análise de novos insumos no
setor de saúde.
Muitas agências internacionais e órgãos governamentais de outros países têm
adotado estudos de custo-efetividade no seu processo de tomada de decisão em relação às
políticas de saúde, como forma de racionalizar os recursos existentes[3-5]. Dado este
cenário atual da saúde no mundo e no Brasil, é crescente a importância dos estudos de
custo-efetividade para apoiar a tomada de decisão quanto às políticas de saúde e
incorporação de novas tecnologias. Visto que, em 2004, as doenças cardiovasculares foram
responsáveis pela principal alocação de recursos públicos em hospitalizações no Brasil -
78
aproximadamente $1,4 bilhões -, se torna muito importante a realização de estudos
econômicos relacionados com essas patologias.
2.2) Terapias com impacto sobre mortalidade em insuficiência cardíaca
Nos últimos 20 anos, o manejo da insuficiência cardíaca congestiva tem atingido
importante redução de desfechos clinicamente relevantes, como internação hospitalar,
morbidade e mortalidade. São várias as terapias farmacológicas que mostraram redução
importante na mortalidade, variando entre 23% e 30% quando os dados são analisados de
forma agregada[6].
Dentro dessas terapias, a primeira a se mostrar consistentemente associada com
redução importante de mortalidade foi o uso de inibidores da enzima conversora da
angiotensina (I-ECA), sobre a qual o primeiro estudo relevante data de 1987[7]. Em 2000,
foi publicada uma metanálise sobre essa intervenção, sendo vista uma redução de
mortalidade de 20% (IC 95%: 13-26%), a qual iniciou precocemente após início da terapia
e se manteve estável até o final do seguimento, cuja média foi de 3 anos[8]. Posteriormente,
a segunda classe de droga que teve demonstração de redução significativa de mortalidade
em insuficiência cardíaca congestiva (ICC) foi a dos beta-bloqueadores. Vista inicialmente
no ano de 1994 com bisoprolol[9, 10], e, posteriormente, com carvedilol[11-15],
metoprolol[16] e bucindolol[17], a redução de mortalidade se mostrou consistente entre os
estudos, oscilando entre 10% e 40%. Em adição a essas duas drogas, outras terapias
farmacológicas demonstraram benefício em mortalidade recentemente, com destaque maior
para os antagonistas da aldosterona[18, 19] e para a combinação de nitrato com
hidralazina[20].
79
Nos últimos anos, terapias inovadoras têm sido propostas na tentativa de diminuição
da mortalidade pela doença, dentre as quais uma das mais estudadas é o cardio-
desfibrilador implantável (CDI). O objetivo desse dispositivo é a cessação de arritmias
fatais ou potencialmente fatais, como fibrilação e taquicardia ventricular, as quais são
responsáveis por aproximadamente 50% das mortes de causas cardíacas em pacientes com
insuficiência cardíaca[21]. Os principais estudos avaliando o CDI nesse grupo de pacientes
são descritos abaixo.
2.3) Estudos sobre utilização de cardio-desfibriladores implantáveis em
insuficiência cardíaca
O primeiro ensaio clínico importante nesta área foi o estudo Multicenter Automatic
Defibrillator Implantation Trial (MADIT-I[22]), publicado em 1996, o qual avaliou 196
pacientes com insuficiência cardíaca com classe funcional da New York Heart Association
(NYHA) I, II e III; pelo menos um infarto agudo do miocárdio (IAM) prévio; e um
episódio documentado de taquicardia ventricular não sustentada. O risco relativo para
mortalidade total, avaliada durante tempo médio de seguimento de 5 anos, foi de 0,46 (IC
95% 0,26 – 0,82).
Três anos após este estudo, foi publicado o estudo MUSTT[23] (Multicenter
Unsustained Tachycardia Trial), cujos 704 pacientes incluídos tinham características
clínicas semelhantes ao estudo MADIT-I. A comparação entre pacientes que receberam um
CDI contra os que não o receberam mostrou uma diminuição de mortalidade de 76% (IC
95% 55-87%). Entretanto, é importante ressaltar que essa comparação não pode ser
considerada randomizada, dado que os 2 grupos eram inicialmente randomizados para
terapia antiarrítmica guiada por estudo eletrofisiológico versus nenhuma terapia
80
antiarrítmica, e apenas uma parcela dos pacientes do primeiro grupo receberam um CDI em
algum momento. Apesar dos resultados extremamente atraentes destes dois estudos, a
aplicabilidade dos mesmos era de certa forma comprometida, visto a necessidade de estudo
eletrofisiológico em todos os pacientes.
Entretanto, no ano de 2002, foi publicado o estudo MADIT-II[24], o qual teve
impacto muito maior que os estudos acima citados, dada a abrangência de seus critérios de
inclusão (pacientes com ICC classe funcional I a III e com infarto prévio) e pequena
quantidade de critérios de exclusão. Neste estudo, com aplicabilidade muito maior que os
seus antecessores, tanto pelos critérios de inclusão mais abrangentes como pela ausência de
necessidade de estudo eletrofisiológico, a redução de mortalidade total no seguimento
médio foi de 31% (IC 95%: 7-49%).
Em contraponto aos estudos acima, outros estudos em ICC de causa isquêmica
mostraram resultados negativos. No estudo CABG-PATCH[25], foram arrolados 900
pacientes com cirurgia de revascularização do miocárdio agendada, que apresentavam alto
risco para arritmias cardíacas conforme critérios de eletrocardiograma de alta resolução. A
implantação do CDI se dava no momento da cirurgia de revascularização. Após um
seguimento médio de 32 meses, o hazard ratio para mortalidade total foi de 1,07 (IC 95%
0,81-1,42). no estudo DINAMIT[26], que avaliou 674 pacientes com fração de ejeção
menor ou igual a 30% e com infarto do miocárdio recente (6 a 40 dias), o hazard ratio para
morte foi de 1,08 (IC 95% 0,76-1,55).
Em relação à miocardiopatia dilatada não isquêmica, os estudos ainda são
controversos. Em dois estudos pequenos CAT[27] e AMIOVIRT[28]-, cada um com
cerca de 100 pacientes, a sobrevida dos pacientes foi muito semelhante após seguimento de
cinco e dois anos, respectivamente. No estudo DEFINITE[29], o maior realizado até o
81
momento nesse grupo de pacientes (N = 458), houve redução de 35% na mortalidade total,
porém de forma não significativa do ponto de vista estatístico.
Além dos estudos citados acima, mais dois grandes estudos avaliaram o papel do
CDI nos últimos anos, sendo que em ambos os pacientes eram portadores de ICC tanto de
origem isquêmica quanto idiopática. No estudo COMPANION[30], foi testado contra
placebo o uso de ressincronização cardíaca sozinha ou acompanhada de CDI. Não no
estudo comparação entre ressincronização versus ressincronização mais CDI (só
comparação de ambos contra placebo, com resultados semelhantes), não sendo possível
quantificar o benefício atribuível exclusivamente ao CDI.
No SCD-HeFT[31], o mais recente e maior estudo na área, 2521 pacientes com ICC
foram randomizados de forma 1:1:1 para amiodarona, CDI ou placebo. Após um
seguimento médio de 45 meses, enquanto que a amiodarona apresentou taxa de mortalidade
total semelhante ao placebo, o CDI reduziu a mesma em 23% (IC 95% 4-38%). Na análise
estratificada por etiologia de ICC, houve benefício semelhante entre pacientes isquêmicos e
não-isquêmicos, porém em ambas o benefício do CDI contra placebo (diminuição de 30%
da mortalidade) não atingiu significância estatística.
A compilação dos dados desses dez estudos foi realizada por Nanthakumar através
de uma metanálise[32]. Na avaliação conjunta de todos os estudos, o risco relativo para
mortalidade total foi de 0,75 (IC 95% 0,63 0,91). Porém, havia heterogeneidade muito
elevada nessa análise, com o teste de inconsistência atingindo valor de I
2
= 69,7%. Os
autores, então, analisaram de forma cuidadosa os estudos individuais para tentar
compreender quais as causas de um valor tão alto. A conclusão foi de que três estudos eram
metodologicamente muito diferentes dos demais para serem incluídos na análise:
82
No estudo MUSTT, o uso de CDI não ocorreu de forma randomizada, sendo o seu
uso uma possibilidade dentro de um dos protocolos;
Os estudos CABG-PATCH e DINAMIT tinham populações com características
clínicas muito distintas dos pacientes dos demais estudos: enquanto que no primeiro
os pacientes sofriam implantação do dispositivo durante cirurgia de
revascularização, no segundo os pacientes haviam tido infarto do miocárdio
recentemente.
Em conseqüência dessas observações, os autores decidiram retirar esses 3 estudos
da análise, reduzindo o N total de 7253 para 4981. Essa medida teve impacto fundamental
na redução da inconsistência (I
2
= 5,2%), sem alterar de forma significativa o risco relativo
[RR = 0,74 (IC 95% 0,67 – 0,83)].
2.4) Estudos de custo-efetividade sobre desfibriladores implantáveis
Pelo exposto acima, fica demonstrado que, por critério de eficácia, os
desfibriladores implantáveis deveriam ser considerados no arsenal terapêutico para
insuficiência cardíaca na mesma magnitude que a terapia farmacológica em uso corrente
recomendada, visto que a redução de mortalidade é comparável à atingida pelas drogas.
Porém, dado o elevado custo deste dispositivo, é sobremaneira importante a realização de
estudos de custo-efetividade sobre o tema.
Alguns estudos de custo-efetividade foram publicados na área, com resultados
conflitantes. Na área de prevenção primária, o primeiro estudo de custo-efetividade
realizado foi feito com os dados do ensaio clínico MADIT-I[33]. Nesse trabalho, a razão
incremental de custo efetividade do desfibrilador comparado à terapia convencional foi de
83
US$ 27.000 por ano de vida salvo. A ressalva importante a esse trabalho é de que o
horizonte temporal foi somente de quatro anos (tempo de seguimento da maioria dos
pacientes), ou seja, não foram computados diversos gastos com a manutenção do
dispositivo que ocorrem a médio e longo prazo.
Após o estudo MADIT-II, alguns estudos foram publicados avaliando a custo-
efetividade de CDIs em prevenção primária de eventos, ambos utilizando dados daquele
ensaio clínico. No trabalho de Al-Khatib e col.[34], foi feita modelagem com a coorte de
Duke, uma coorte com cerca de 1300 pacientes em tratamento medicamentoso para
insuficiência cardíaca, da qual haviam dados disponíveis para cálculos de taxas de eventos,
custos e outros parâmetros necessários para o modelo de custo-efetividade. Demais
parâmetros, como a efetividade do CDI, foram derivados do MADIT-II. A razão
incremental de custo-efetividade do CDI foi de US$ 50.500 por ano de vida salvo,
considerada atrativa de acordo com padrões americanos atuais. Esse valor se elevou para
US$ 57.300 quando ajustado para qualidade de vida.
No estudo de Zwanziger[35], foram utilizados dados dos próprios pacientes do
MADIT-II, sendo incluídos somente pacientes com informações completas (88% dos 1232
indivíduos). Uma vez que o tempo médio de acompanhamento dos pacientes no MADIT-II
foi de 3,5 anos, foi necessária uma projeção para extensão do horizonte temporal (definido
pelos autores em 12 anos), feito através de modelo de taxa de hazards quadrático. Foram
feitos 3 modelos nesta projeção de 12 anos, sendo que o pressuposto alterado em cada um
deles era o tempo e intensidade do benefício em mortalidade do CDI. A razão incremental
de custo-efetividade encontrada nos três modelos variou entre US$ 78.600 e US$ 114.000
por ano de vida ajustado para qualidade (QALY), valores considerados elevados para os
padrões mais aceitos atualmente. Esse valor foi semelhante ao encontrado no estudo de Al-
84
Khatib, quando analisados os cálculos utilizando um horizonte temporal de 12 anos naquele
estudo.
No trabalho de Sanders e col.[36], com metodologia e modelagem semelhantes ao
trabalho de Al-Khatib (novamente utilizando dados de efetividade do MADIT-II), a relação
incremental de custo-efetividade foi de US$ 50.900 por QALY ganho. Um dado importante
citado pelos autores, que também é comentado brevemente no próprio estudo MADIT-II, é
de que a população americana que se estima preencher os critérios de inclusão do estudo
compreende 3 a 4 milhões de pessoas. Mesmo em um país com o desenvolvimento
econômico como os Estados Unidos, o valor do CDI e o número de pacientes elegíveis
seriam proibitivos para implantação nessa população.
Outro ensaio clínico de grande relevância que teve um estudo de custo-efetividade
acoplado foi o SCD-HeFT. Nesse artigo, Mark e col. encontraram uma relação de custo-
efetividade do CDI em relação ao placebo de US$ 41.530[37], utilizando dados de
utilização de recursos do próprio ensaio clínico, com projeção de expectativa de vida para
horizonte por todo o tempo de vida.
Até o momento, o único trabalho que tentou realizar uma análise de custo-
efetividade agregando toda a evidência disponível sobre a efetividade do CDI foi o de
Sanders e col., publicado no final de 2005 no New England Journal of Medicine[38]. Neste
estudo foram incluídos 8 dos estudos acima citados sobre prevenção primária (todos menos
os estudos CAT e AMIOVIRT). A abordagem feita nesse trabalho, porém, foi diferente.
Visto que, em revisão prévia da literatura[39], os autores concluíram que os estudos
publicados tinham grande heterogeneidade de efeito, os mesmo concluíram que não seria
correto compilar a efetividade dos trabalhos com uma metanálise dos mesmos. Foram
feitos, então, cálculos de razão incremental de CE de cada estudo em separado (exceto
85
CABG-PATCH e DINAMIT, pois os mesmos não reduziram mortalidade), com razões
variando entre US$ 34.000 e US$ 70.000 por QALY. Essa abordagem, porém, não nos
parece a mais correta, posto que o problema da heterogeneidade, citado pelos autores como
motivo para não utilizar os dados de efetividade de forma agregada, é passível de uma
solução razoável, como mostrado por Nanthakumar [32] em sua metanálise.
Por último, citamos extensa revisão do National Institute for Health and Clinical
Excellence, instituto inglês especializado em análises de tecnologia em saúde, publicado no
ano passado[40]. Nesse trabalho, foram coletados dados de cerca de 500 pacientes para
obtenção de informações sobre custos e características clínicas. Também foram gerados
dados sobre qualidade de vida, com entrevistas de 229 indivíduos. A razão incremental de
custo-efetividade nesse estudo foi de £ 57.104, valor considerado elevado para o Reino
Unido, cujo limiar de atratividade mais aceito se situa em torno de £ 30.000. É importante
ressaltar, porém, que os dados de efetividade desse estudo derivam basicamente do estudo
canadense CIDS[41], não sendo considerados outros dados de efetividade dos demais
estudos comentados anteriormente.
2.5) Utilização de cardio-desfibrilador implantável no Brasil
A utilização do uso do CDI em pacientes com insuficiência cardíaca pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) já foi aprovada, em portaria da SAS/MS 725, de 06 de dezembro
de 1999. As indicações classe I são citadas abaixo, refletindo, basicamente, os critérios de
inclusão dos estudos MADIT-I e MUSTT, os maiores publicados até aquele momento:
Sobreviventes de parada cardíaca por fibrilação ventricular (FV) ou taquicardia
ventricular (TV) conseqüente a causas irreversíveis e não transitórias.
86
TV sustentada espontânea, mal tolerada, sem alternativa terapêutica eficaz.
Síncope de origem indeterminada, com indução no estudo eletrofisiológico (EEF)
de FV ou TV sustentada com comprometimento hemodinâmico significativo,
quando a terapia farmacológica é ineficaz, mal tolerada ou inconveniente.
TV não sustentada, em portador de infarto do miocárdio (IM) prévio e com
importante disfunção de VE, com indução ao EEF de FV ou TV sustentadas e não
suprimidas por drogas antiarrítmicas do grupo I.
É importante ressaltar que essa aprovação se deu em momento que ainda havia
poucos estudos sobre o tema. Além disso, não citação de nenhuma análise econômica
internacional, nem menção de estudo desse tipo no país, algo sobremaneira importante em
vista do custo dessa terapia.
2.6) Considerações finais
Visto o exposto acima, o campo de estudos da custo-efetividade de desfibriladores
implantáveis ainda está em aberto, tanto do ponto de vista de política internacional quanto
nacional de saúde. No tocante à prevenção primária, foco do nosso trabalho, não estudo
definitivo. A maioria dos estudos baseou-se em trabalhos individuais para estimar
efetividade. No único estudo da área que tentou avaliar a totalidade da evidência sobre
efetividade, não houve agregação das informações sobre a mesma. Apesar de os autores
justificarem as análises em separado pela heterogeneidade dos achados da metanálise, uma
seleção adequada dos estudos, como feita por Nanthakumar[32], teria sido mais adequada.
Ainda que seja válido mostrar as diferentes relações de custo-efetividade com base em cada
87
estudo clínico individualmente, os quais de fato apresentam populações um tanto
diferentes, achamos bastante interessante, para facilitar uma tomada de decisão mais global
em relação ao problema, que seja feito uma análise de todos os estudos agregados.
Somado a esses fatores, lembramos da difícil transposição de resultados de países de
primeiro mundo para a nossa realidade, com pacientes com características clínicas
diferentes e preços e serviços com valores pouco semelhantes aos aplicados em outros
contextos de saúde. Portanto, realizamos esse estudo com o objetivo de estimar a relação de
custo-efetividade do CDI na prevenção primária de eventos em pacientes com insuficiência
cardíaca, em cenário com dados brasileiros.
88
3. OBJETIVOS
3.1) Primário
Estimar o custo, efetividade – medida em anos de vida ajustados para qualidade – e
a relação de custo-efetividade do uso de desfibriladores implantáveis em relação ao
tratamento padrão, em prevenção primária de arritmias malignas, em uma coorte hipotética
de pacientes com insuficiência cardíaca. Realizar a análise de custo-efetividade sob a
perspectiva do Sistema Único de Saúde.
3.2) Secundários
Realizar análises de sensibilidade com parâmetros de gravidade, estimando as
relações de custo-efetividade em diferentes extratos da população com insuficiência
cardíaca.
Avaliar o impacto econômico dessa intervenção caso fosse adotada pelo sistema de
saúde do Brasil, avaliando as repercussões econômicas em toda a população com
insuficiência cardíaca e nos extratos de maior risco.
89
4. METODOLOGIA
Para realização do projeto, será construído um modelo de decisão analítica tipo
Markov, assumindo uma população de pacientes com disfunção ventricular esquerda, com
fração de ejeção do ventrículo esquerdo menor que 35%. Este modelo será estruturado de
modo a analisar a relação de custo-efetividade do CDI em pacientes com insuficiência
cardíaca, com análises de sensibilidade para avaliação de diferentes grupos de risco. Na
construção dos modelos, serão seguidos os padrões metodológicos preconizadas pelo Painel
de Custo-Efetividade em Saúde e Medicina [42-44].
4.1) Modelo Populacional
A população alvo hipotética será de indivíduos com insuficiência cardíaca com
características clínicas semelhantes às dos estudados nos ensaios clínicos: disfunção
sistólica (fração de ejeção < 35%), de causa tanto isquêmica quanto não isquêmica; classe
funcional da NYHA II e III; e condições clínicas e cirúrgicas para implante de
desfibrilador.
A perspectiva dos modelos será a do terceiro pagador, avaliada na ótica do SUS. O
horizonte temporal será de 20 anos, e a taxa de desconto adotada será de 3% no caso base.
A construção dos modelos será feita em software específico – DATA Treeage, versão 5.0.
4.2) Medidas de desfechos clínicos
Os desfechos clínicos considerados na avaliação serão:
Anos de vida salvos
Anos de vida salvos ajustados para qualidade
90
O modelo principal utilizará o desfecho ajustado para qualidade (QALYs quality
adjusted life years), de acordo com a recomendação do Painel em Custo-efetividade[44].
4.3) Descrição do modelo de decisão clínica
A árvore de decisão clínica será dividida em 2 grupos: desfibrilador mais terapia
convencional versus somente terapia convencional. O desfibrilador avaliado no modelo
será o de câmara única, visto a menor taxa de complicações do mesmo, menor custo e
efetividade semelhante. Após o implante, está prevista a ocorrência de complicações para o
procedimento, as quais envolvem complicações leves (como trombose braquial, trombose
venosa profunda e pneumotórax) e graves, estas com possibilidade de ocasionar morte peri-
operatória. Os pacientes que sobreviverem ao implante entrarão em um modelo de estados
transicionais, o modelo de Markov.
A troca do gerador do desfibrilador irá ocorrer a cada 5 anos no caso base. No
modelo serão consideradas complicações a médio e longo prazo do CDI (infecção do
sistema, deslocamento de cabos e problemas nos mesmos que requeiram sua substituição,
como quebra e defeito de isolamento), morte por qualquer causa, assim como uma
ramificação representando o paciente que permaneceu estável durante o intervalo de tempo
do ciclo, que será anual. A opção por avaliar mortalidade por qualquer causa, sem fazer
subdivisões que envolvam morte cardíaca ou morte arrítmica, se deu pela maneira como os
dados de mortalidade foram relatados nos estudos comentados acima, dentre os quais a
maioria apresenta somente dados de redução de mortalidade total.
O modelo iniciará com uma coorte hipotética de pacientes com insuficiência
cardíaca, em classe funcional II e III da NYHA, com 60 anos de idade. Para a estimativa de
mortalidade anual por todas as causas nesses pacientes, iremos utilizar uma estimativa
91
advinda de uma comparação feita entre dados da última versão da tábua de vida do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e dados provenientes de acompanhamento de
uma coorte de 386 pacientes com ICC de um ambulatório especializado, do Hospital de
Clínicas de Porto Alegre. Esse procedimento foi realizado tendo em vista a discrepância
entre o horizonte temporal planejado para o estudo, que será 20 anos, e o tempo de
acompanhamento da maioria dos pacientes da coorte, em torno de 7 anos.
Para a geração da curva, foi feita uma comparação entre os primeiros sete anos da
curva do IBGE e o mesmo período de tempo dos pacientes da coorte, tentando-se
identificar uma função matemática que melhor representasse essa comparação. Após
testagem das funções linear, quadrática e exponencial, foi optado pela última, visto que a
mesma apresentou melhor ajuste. O critério para avaliação de melhor ajuste foi o valor de
R
2
. A modelagem montada com função exponencial gerou a seguinte equação: Y =
0,000387 *(EXP(X*7,922)), onde:
Y representa a sobrevida estimada para um dado momento do tempo, para pacientes
com insuficiência cardíaca;
X representa a função de sobrevida de indivíduos adultos brasileiros com 60 anos de
vida, obtida pela curva do IBGE em dado momento do tempo, a qual foi calculada
por modelo de Cox;
0,000387 e 7,922 foram os valores gerados pela função exponencial para os
parâmetros a e b do modelo.
Utilizando essa função, foi possível projetar a mortalidade anual da coorte hipotética
para todo a duração do modelo.
92
4.4) Dados de efetividade
O dado de efetividade clínica do CDI que será usada no caso base será o da
metanálise de Nanthakumar e col.[32]. Especificamente, o valor que será utilizado será o da
sub-análise que incluiu somente os sete estudos com características clínicas mais
semelhantes, na qual a heterogeneidade medida foi bastante baixa.
4.5) Dados de complicações
Para dados de complicações do desfibrilador, a busca foi feita tanto em ensaios
clínicos como estudos observacionais, especialmente coortes e registros internacionais.
Uma metanálise conduzida por Ezekowitz e col.[45] proveu taxas de infecção de sistema
(número total de pacientes = 12.436), mortalidade peri-operatória (N = 39.858) e falha na
implantação do CDI (N = 11.129). Os valores que serão adotados no caso base para
deslocamento de cabos e mortalidade decorrente de infecção foram resultado de metanálise
de incidências dos valores encontrados nos estudos, pelo método de efeitos randômicos de
DerSimonian e Laird. Para o estudo ser elegível para inclusão na metanálise, o CDI deveria
ter implantação de cabos por via transvenosa e do gerador em localização peitoral. Estudos
com menos de 10% de implantes abdominais também foram incluídos. Além disso, os
estudos deveriam ter a maioria dos dispositivos de mara única. No total, foram incluídos
quatro estudos que reportaram taxas de deslocamento de cabos[46-49] e quatro que
reportaram mortalidade por infecção[27, 46, 47, 50].
As taxas obtidas para deslocamento serão utilizadas somente no primeiro ano após o
implante, visto que essas complicações não ocorrem após esse período. Caso o paciente
tiver novo implante de CDI (em decorrência de infecção) ou de cabos, ele ficará novamente
sujeito a essa taxa por um ano.
93
Para os dados de complicações nos cabos que requeressem troca dos mesmos (como
quebras e defeito de isolamento), serão utilizados dados de um único artigo, que
acompanhou uma coorte de pacientes por 10 anos[51]. A escolha de um único artigo ao
invés de uma compilação das demais evidências se deveu principalmente ao longo tempo
de seguimento do mesmo, pelo menos 5 anos maior que qualquer outra evidência
disponível. Visto o aumento gradual ao longo do tempo desse tipo de complicação
mostrado nesse artigo o que havia sido sugerido por Luria alguns anos antes com um
número menor de pacientes[52] -, consideramos mais correto utilizar essa informação ao
invés de realizar metanálise de incidência das outras evidências disponíveis, onde a maioria
tinha tempo de seguimento bem mais curto, com provável subestimação da incidência dessa
complicação. Além disso, o número de pacientes (990) é suficientemente grande para
garantir credibilidade desta estimativa.
Os valores que serão utilizados no modelo são os seguintes: até o ano, no qual
ainda havia 168 pacientes em acompanhamento no estudo de Kleemann[51], utilizamos os
valores fornecidos pelo estudo para cada ano. A partir do ano, no qual a taxa de troca de
cabos estava em 8,3%, optamos por manter a taxa constante neste valor, pois o número de
pacientes no estudo diminuía bastante, diminuindo a confiabilidade das estimativas. Visto
que nesse artigo somente 46,6% dos pacientes tiveram implante de CDI de câmara única, e
que havia a informação disponível no artigo de que o hazard ratio para complicações foi de
0,69 na comparação de CDI câmara única versus câmara dupla, consideramos mais correto
utilizar uma estimação de câmara única no nosso trabalho, visto que esse era o tipo de
dispositivo previsto. As taxas de complicações em cada ano foram calculadas utilizando as
seguintes fórmulas:
Taxa global = (0,46 * taxa câmara única) + (0,54 * taxa câmara dupla)
94
Taxa câmara única = 0,69 * taxa câmara dupla
Logo,
Taxa câmara única * 0.46 = taxa global – 0,54 * (taxa câmara única / 0,69)
Taxa câmara única = taxa global / 1,24
4.6) Medidas de utilidade
Visto a ausência de dados brasileiros sobre utilidade, utilizaremos dados
internacionais. A estimativa de utilidade para o caso base será de 0,88, sem diferença entre
os grupos desfibrilador e terapia convencional, em concordância com vários estudos
publicados[34, 36, 38, 53]. Na análise de sensibilidade, serão testados outros valores
encontrados na literatura (0,85, conforme trabalho de Mark e col.[37]; 0,82, visto no estudo
de Owens e col.[54]; 0,75, como no trabalho de Buxton e col.[40]; 0,72, a qual representa a
média de valores de utilidade de pacientes com ICC em classe funcional II e III do trabalho
de Banz[55]; e 0,71, conforme estudo de Chen e Hay[56]).
4.7) Cálculos de custos
A perspectiva do estudo será a do terceiro pagador, especificamente a do setor
público. Para os custos dos procedimentos relacionados ao implante do CDI e complicações
associadas ao mesmo, serão utilizados os valores da tabela de reembolso de Autorização
para Internação Hospitalar (AIH) do SUS.
Para os custos anuais da insuficiência cardíaca, utilizaremos como base o artigo
publicado por Araújo e col, realizado em 2002 com 70 pacientes em acompanhamento por
essa patologia na cidade de Niterói, Rio de Janeiro[57]. Nesse trabalho, foram computados
todos os custos diretos no manejo anual de pacientes com essa doença. Visto que o artigo
95
provê tabelas com detalhes pormenorizados de todos os insumos utilizados pelos pacientes
(dias de internação, exames, fármacos em uso, número de consultas), recalculamos todos os
custos, tendo em vista os seguintes aspectos:
No artigo, os valores para exames utilizados eram os da Lista de Procedimentos
Médicos do ano de 1999. Visto que a nossa perspectiva é a do setor público,
utilizamos os valores das tabelas do SUS para esses insumos.
Alguns dos fármacos utilizados pelos pacientes não estão previstos na lista de
medicamentos disponibilizada gratuitamente pelo SUS. Calculamos, então, os
custos somente com os medicamentos fornecidos pelo mesmo. No caso de haver um
medicamento não disponível que tenha um similar da mesma classe com
distribuição gratuita (ex: carvedilol e metoprolol), fizemos uma estimativa de dose
estimando quanto o paciente estaria usando do fármaco disponível pela rede pública
e computamos esse custo. A lista completa de fármacos pode ser visualizada no
apêndice 2.
O artigo disponibiliza dias totais de internações por ICC. Visto que a média de dias
de internação por essa doença é de 7 dias, dividimos o total de dias de internação de
todos os pacientes (386) por 7, a fim de obter o número total de internações.
Multiplicamos esse número, então, pelo valor recebido por um hospital público por
internações decorrentes dessa patologia, que inclui a soma do valor da AIH, Esse
valor, atualmente, é de R$ 1.596,00.
Após esses cálculos, chegamos a um custo anual médio por paciente de R$
3.160,76, composto por R$ 306,16 de exames, R$ 45,00 de consultas, R$ 1.514,57 de
internações (incluindo diárias em unidade de tratamento intensivo) e R$ 1294,73 de
96
medicamentos.
Finalmente, também foram computados os seguintes custos:
Caso o paciente venha a falecer, será computado um custo adicional de uma
internação por insuficiência cardíaca.
O custo anual de manutenção do CDI, para o SUS, é de cerca de 3 consultas extras
por ano, com um valor estimado de 22,50.
Os resultados das principais medidas de efetividade clínica, demais probabilidades
(como ocorrência de complicações), valores de utilidade e estimativas de custos a serem
utilizadas no modelo estão sumarizadas na tabela 1.
4.8) Validação dos Modelos
Um dos aspectos chave no desenvolvimento dos estudos de custo-efetividade é a
consistência metodológica do modelo de decisão analítico ou modelo de Markov adotado.
Após a construção do modelo e inserção de todos os parâmetros, o mesmo será rodado e
discutido no grupo de pesquisa. Nesse momento, será fundamental a participação dos
pesquisadores do grupo com experiência no tratamento de pacientes com insuficiência
cardíaca, os quais serão consultados sobre a validade do modelo, principalmente no que diz
respeito à sobrevida estimada pelo mesmo. Também serão consultados os especialistas em
eletrofisiologia, para validação dos parâmetros de efetividade do desfibrilador e incidência
de complicações.
4.9) Análises de sensibilidade
Faremos análises de sensibilidade dos seguintes parâmetros:
97
Efetividade do CDI, onde faremos a variação conforme o intervalo de confiança da
metanálise (0,63 – 0,91);
Complicações associadas à terapia, onde os valores extremos que contribuíram para
as metanálises de incidência de infecção, mortalidade associada à mesma e
deslocamento de cabos serão os limites da oscilação. No caso das quebras de cabos,
faremos um modelo com o valor original do estudo[51], sem recalcular a estimativa
dessas complicações para CDI de câmara única.
A curva de sobrevida projetada para o estudo é semelhante às dos estudos SCD-
HeFT e MADIT II. Com o objetivo de simular o modelo em uma população mais
grave, como a do MADIT I – onde todos os pacientes tinham FV ou TV sustentada
não suprimida por uso de procainamida em estudo eletrofisiológico alteramos os
parâmetros da equação exponencial de estimação de sobrevida, a fim de reproduzir
uma curva mais parecida com a do estudo acima citado. A nova equação foi a
seguinte: Y = 0,000367 *(EXP(X*7,762)). Ambas as curvas podem ser vistas no
apêndice 2.
Os custos serão variados em 50% a mais e a menos dos seus valores do caso base.
Outro fator importante no tocante aos custos, que é o tempo de troca do gerador,
será oscilado entre 3 e 7 anos.
A taxa de desconto, que no caso base será de 3% ao ano, será variada nas análises
de sensibilidade entre 0 e 7%, tanto para custos como para efetividade.
Além das oscilações descritas para a utilidade, também faremos uma variação na
utilidade de um paciente com CDI. Na maioria dos trabalhos de custo-efetividade na
área, a utilidade do paciente com CDI foi considerada igual a de um paciente sem o
98
dispositivo. Porém, um desses trabalhos sugere que a utilidade associada seria
menor, em decorrência de choques inapropriados, com um valor de 0,76[53].
99
5. CRONOGRAMA
Março e Abril / 06
Maio e Junho / 06
Julho e Agosto/ 06
Setembro e Outubro/ 06
Novembro e Dezembro / 06
Janeiro e Fevereiro /07
Março e Abril / 07
Maio /07
Junho /07
Julho /07
Agosto /07
Setembro /07
Definição do projeto –
encaminhamento CEPs
Revisão literatura, base de dados,
estimativas epidemiológicas
Confecção do modelo de Markov
Metanálise de dados de
probabilidades
Criação de tábua de sobrevida para
pacientes com insuficiência
cardíaca
Cálculo dos custos de pacientes
com insuficiência cardíaca
Analise dos dados, validação do
modelo
Análises de sensibilidade
Redação do artigo científico
Apresentação da dissertação
6. ORÇAMENTO
Este projeto faz parte de um grande projeto na área de custo efetividade, intitulado Projeto
Colaborativo Interinstitucional de Estudos de Custo-efetividade em Saúde. O mesmo foi
contemplado no edital DECIT/MS Análise Econômica em Saúde, tendo recebido verba total de
R$ 171.000.
100
7. REFERENCIAS
1. Institute of Medicine. Assessment of Diagnostic Technology in Health Care.
Rationale, Methods, Problems, and Directions. Washington, DC: National Academy Press;
1989.
2. Introduction to Health Care Technology Assessment. 1998. (Accessed 21/05/2007,
at http://www.nlm.nih.gov/archive//20040831/nichsr/ta101/ta10103.html.)
3. Guide to the Methods of Technology Appraisal. 2004. (Accessed 21/05/2007, at
http://www.nice.org.uk/pdf/TAP_Methods.pdf.)
4. The Health Technology Assessment Process. (Accessed Acessado em 21/05/2007,
at http://www.cadth.ca/index.php/en/hta/programs/health-technology-assessment/process.)
5. Baltussen RAT, Torres TT, Hutubessy R, et al. Generalized cost-effectiveness
analysis: A guide. Geneva: World Health Organization; 2002.
6. Califf RM, DeMets DL. Principles from clinical trials relevant to clinical practice:
Part I. Circulation 2002;106(8):1015-21.
7. The CONSENSUS Trial Study Group. Effects of enalapril on mortality in severe
congestive heart failure. Results of the Cooperative North Scandinavian Enalapril Survival
Study (CONSENSUS). . N Engl J Med 1987;316(23):1429-35.
8. Flather MD, Yusuf S, Kober L, et al. Long-term ACE-inhibitor therapy in patients
with heart failure or left-ventricular dysfunction: a systematic overview of data from
individual patients. ACE-Inhibitor Myocardial Infarction Collaborative Group. Lancet
2000;355(9215):1575-81.
101
9. CIBIS Investigators and Committees. A randomized trial of beta-blockade in heart
failure. The Cardiac Insufficiency Bisoprolol Study (CIBIS). . Circulation
1994;90(4):1765-73.
10. The Cardiac Insufficiency Bisoprolol Study II (CIBIS-II): a randomised trial.
Lancet 1999;353(9146):9-13.
11. Packer M, Colucci WS, Sackner-Bernstein JD, et al. Double-blind, placebo-
controlled study of the effects of carvedilol in patients with moderate to severe heart
failure. The PRECISE Trial. Prospective Randomized Evaluation of Carvedilol on
Symptoms and Exercise. Circulation 1996;94(11):2793-9.
12. Colucci WS, Packer M, Bristow MR, et al. Carvedilol inhibits clinical progression
in patients with mild symptoms of heart failure. US Carvedilol Heart Failure Study Group.
Circulation 1996;94(11):2800-6.
13. Bristow MR, Gilbert EM, Abraham WT, et al. Carvedilol produces dose-related
improvements in left ventricular function and survival in subjects with chronic heart failure.
MOCHA Investigators. Circulation 1996;94(11):2807-16.
14. Packer M, Bristow MR, Cohn JN, et al. The effect of carvedilol on morbidity and
mortality in patients with chronic heart failure. U.S. Carvedilol Heart Failure Study Group.
N Engl J Med 1996;334(21):1349-55.
15. Packer M, Coats AJ, Fowler MB, et al. Effect of carvedilol on survival in severe
chronic heart failure. N Engl J Med 2001;344(22):1651-8.
16. Effect of metoprolol CR/XL in chronic heart failure: Metoprolol CR/XL
Randomised Intervention Trial in Congestive Heart Failure (MERIT-HF). Lancet
1999;353(9169):2001-7.
102
17. Beta-Blocker Evaluation of Survival Trial Investigators. A trial of the beta-blocker
bucindolol in patients with advanced chronic heart failure. N Engl J Med
2001;344(22):1659-67.
18. Pitt B, Remme W, Zannad F, et al. Eplerenone, a selective aldosterone blocker, in
patients with left ventricular dysfunction after myocardial infarction. N Engl J Med
2003;348(14):1309-21.
19. Pitt B, Zannad F, Remme WJ, et al. The effect of spironolactone on morbidity and
mortality in patients with severe heart failure. Randomized Aldactone Evaluation Study
Investigators. N Engl J Med 1999;341(10):709-17.
20. Taylor AL, Ziesche S, Yancy C, et al. Combination of isosorbide dinitrate and
hydralazine in blacks with heart failure. N Engl J Med 2004;351(20):2049-57.
21. Mosterd A, Cost B, Hoes AW, et al. The prognosis of heart failure in the general
population: The Rotterdam Study. Eur Heart J 2001;22(15):1318-27.
22. Moss AJ, Hall WJ, Cannom DS, et al. Improved survival with an implanted
defibrillator in patients with coronary disease at high risk for ventricular arrhythmia.
Multicenter Automatic Defibrillator Implantation Trial Investigators. N Engl J Med
1996;335(26):1933-40.
23. Buxton AE, Lee KL, Fisher JD, et al. A randomized study of the prevention of
sudden death in patients with coronary artery disease. Multicenter Unsustained Tachycardia
Trial Investigators. N Engl J Med 1999;341(25):1882-90.
24. Moss AJ, Zareba W, Hall WJ, et al. Prophylactic implantation of a defibrillator in
patients with myocardial infarction and reduced ejection fraction. N Engl J Med
2002;346(12):877-83.
103
25. Bigger JT, Jr. Prophylactic use of implanted cardiac defibrillators in patients at high
risk for ventricular arrhythmias after coronary-artery bypass graft surgery. Coronary Artery
Bypass Graft (CABG) Patch Trial Investigators. N Engl J Med 1997;337(22):1569-75.
26. Hohnloser SH, Kuck KH, Dorian P, et al. Prophylactic use of an implantable
cardioverter-defibrillator after acute myocardial infarction. N Engl J Med
2004;351(24):2481-8.
27. Bansch D, Antz M, Boczor S, et al. Primary prevention of sudden cardiac death in
idiopathic dilated cardiomyopathy: the Cardiomyopathy Trial (CAT). Circulation
2002;105(12):1453-8.
28. Strickberger SA, Hummel JD, Bartlett TG, et al. Amiodarone versus implantable
cardioverter-defibrillator:randomized trial in patients with nonischemic dilated
cardiomyopathy and asymptomatic nonsustained ventricular tachycardia--AMIOVIRT. J
Am Coll Cardiol 2003;41(10):1707-12.
29. Kadish A, Dyer A, Daubert JP, et al. Prophylactic defibrillator implantation in
patients with nonischemic dilated cardiomyopathy. N Engl J Med 2004;350(21):2151-8.
30. Bristow MR, Saxon LA, Boehmer J, et al. Cardiac-resynchronization therapy with
or without an implantable defibrillator in advanced chronic heart failure. N Engl J Med
2004;350(21):2140-50.
31. Bardy GH, Lee KL, Mark DB, et al. Amiodarone or an implantable cardioverter-
defibrillator for congestive heart failure. N Engl J Med 2005;352(3):225-37.
32. Nanthakumar K, Epstein AE, Kay GN, et al. Prophylactic implantable cardioverter-
defibrillator therapy in patients with left ventricular systolic dysfunction: a pooled analysis
of 10 primary prevention trials. J Am Coll Cardiol 2004;44(11):2166-72.
104
33. Mushlin AI, Hall WJ, Zwanziger J, et al. The cost-effectiveness of automatic
implantable cardiac defibrillators: results from MADIT. Multicenter Automatic
Defibrillator Implantation Trial. Circulation 1998;97(21):2129-35.
34. Al-Khatib SM, Anstrom KJ, Eisenstein EL, et al. Clinical and economic
implications of the Multicenter Automatic Defibrillator Implantation Trial-II. Ann Intern
Med 2005;142(8):593-600.
35. Zwanziger J, Hall WJ, Dick AW, et al. The cost effectiveness of implantable
cardioverter-defibrillators: results from the Multicenter Automatic Defibrillator
Implantation Trial (MADIT)-II. J Am Coll Cardiol 2006;47(11):2310-8.
36. Sanders G, Hlatky M, Owens D. Cost-Effectiveness of Implantable Cardioverter-
Defibrillators in a MADIT-II Population. TEC Assessment 2004;19(3):1-26.
37. Mark DB, Nelson CL, Anstrom KJ, et al. Cost-effectiveness of defibrillator therapy
or amiodarone in chronic stable heart failure: results from the Sudden Cardiac Death in
Heart Failure Trial (SCD-HeFT). Circulation 2006;114(2):135-42.
38. Sanders GD, Hlatky MA, Owens DK. Cost-effectiveness of implantable
cardioverter-defibrillators. N Engl J Med 2005;353(14):1471-80.
39. Al-Khatib SM, Sanders GD, Mark DB, et al. Implantable cardioverter defibrillators
and cardiac resynchronization therapy in patients with left ventricular dysfunction:
randomized trial evidence through 2004. Am Heart J 2005;149(6):1020-34.
40. Buxton M, Caine N, Chase D, et al. A review of the evidence on the effects and
costs of implantable cardioverter defibrillator therapy in different patient groups, and
modelling of cost-effectiveness and cost-utility for these groups in a UK context. Health
Technol Assess 2006;10(27):iii-iv, ix-xi, 1-164.
105
41. Connolly SJ, Gent M, Roberts RS, et al. Canadian implantable defibrillator study
(CIDS) : a randomized trial of the implantable cardioverter defibrillator against
amiodarone. Circulation 2000;101(11):1297-302.
42. Russell LB, Gold MR, Siegel JE, et al. The role of cost-effectiveness analysis in
health and medicine. Panel on Cost-Effectiveness in Health and Medicine. Jama
1996;276(14):1172-7.
43. Siegel JE, Weinstein MC, Russell LB, et al. Recommendations for reporting cost-
effectiveness analyses. Panel on Cost-Effectiveness in Health and Medicine. Jama
1996;276(16):1339-41.
44. Weinstein MC, Siegel JE, Gold MR, et al. Recommendations of the Panel on Cost-
effectiveness in Health and Medicine. Jama 1996;276(15):1253-8.
45. Ezekowitz JA, Rowe BH, Dryden DM, et al. Systematic review: implantable
cardioverter defibrillators for adults with left ventricular systolic dysfunction. Ann Intern
Med 2007;147(4):251-62.
46. Alter P, Waldhans S, Plachta E, et al. Complications of implantable cardioverter
defibrillator therapy in 440 consecutive patients. Pacing Clin Electrophysiol
2005;28(9):926-32.
47. Schoels W, Swerdlow CD, Jung W, et al. Worldwide clinical experience with a new
dual-chamber implantable cardioverter defibrillator system. J Cardiovasc Electrophysiol
2001;12(5):521-8.
48. Bardy GH, Yee R, Jung W. Multicenter experience with a pectoral unipolar
implantable cardioverter-defibrillator. Active Can Investigators. J Am Coll Cardiol
1996;28(2):400-10.
106
49. Takahashi T, Bhandari AK, Watanuki M, et al. High incidence of device-related and
lead-related complications in the dual-chamber implantable cardioverter defibrillator
compared with the single-chamber version. Circ J 2002;66(8):746-50.
50. Rosenqvist M, Beyer T, Block M, et al. Adverse events with transvenous
implantable cardioverter-defibrillators: a prospective multicenter study. European 7219
Jewel ICD investigators. Circulation 1998;98(7):663-70.
51. Kleemann T, Becker T, Doenges K, et al. Annual rate of transvenous defibrillation
lead defects in implantable cardioverter-defibrillators over a period of >10 years.
Circulation 2007;115(19):2474-80.
52. Luria D, Glikson M, Brady PA, et al. Predictors and mode of detection of
transvenous lead malfunction in implantable defibrillators. Am J Cardiol 2001;87(7):901-4.
53. Sanders GD, Hlatky MA, Every NR, et al. Potential cost-effectiveness of
prophylactic use of the implantable cardioverter defibrillator or amiodarone after
myocardial infarction. Ann Intern Med 2001;135(10):870-83.
54. Owens DK, Sanders GD, Heidenreich PA, et al. Effect of risk stratification on cost-
effectiveness of the implantable cardioverter defibrillator. Am Heart J 2002;144(3):440-8.
55. Banz K. Cardiac resynchronization therapy (CRT) in heart failure--a model to
assess the economic value of this new medical technology. Value Health 2005;8(2):128-39.
56. Chen L, Hay JW. Cost-effectiveness of primary implanted cardioverter defibrillator
for sudden death prevention in congestive heart failure. Cardiovasc Drugs Ther
2004;18(2):161-70.
57. Araujo DV, Tavares LR, Verissimo R, et al. [Cost of heart failure in the Unified
Health System]. Arq Bras Cardiol 2005;84(5):422-7.
107
TABELA 1 – Principais parâmetros do modelo
PARÂMETROS VALOR VARIAÇÃO REFERÊNCIA
Efetividade Clínica
Redução de mortalidade com CDI 26% 17-33%
[32]
Complicações
Morte perioperatória 1,3% 1,2-1,4%
[45]
Taxa de quebra da cabos
[51]
1º ano 2,36% 2,36-2,93%
2º ano 1,62% 1,62-2,01%
3º ano 2,09% 2,09-2,59%
4º ano 2,19% 2,19-2,71%
5º ano 3,16% 3,16-3,92%
6º ano 5,44% 5,44-6,75%
7º ano em diante 6,72% 6,72-8,33%
Taxa de deslocamento de cabos 3,48%‡ 1,92-5,23%
[46-49]
Taxa de infecção do sistema 0,6% 0,5-0,8%
[45]
Mortalidade por infecção 21% 0-50%
[24, 27, 46, 47, 50]
Falha de implantação 1,1% 0,9-1,3%
[45]
Complicações menores* 2% 0-4%
[46]
Qualidade De Vida
Utilidade de 1 ano de pacientes
com ICC
0,88 0,71-0,88
[34, 36, 38, 53, 56]
Custos (R$)
Internação para implantação CDI 30.460,00 15.230,00-45.690,00
Tabela SUS
Internação para troca de cabos 7.594,16 3.797,08-11.391,24
Tabela SUS
Internação para reposicionamento 393,00 196,50-589,50
Tabela SUS
Internação para tratamento de
infecção relacionada ao implante
1.500 0 – 3.000
Estimado
Internação para troca do gerador 29.408,00 14.704,00-44.112,00
Tabela SUS
Acompanhamento anual de
pacientes com ICC
3.160,76 1580,38-4741,14
[57]
Custo excedente de acompanha-
mento resultante do uso de CDI
22,50 15,00 – 30,00
Estimado
* Complicações menores incluem trombose venosa profunda de membros inferiores, trombose braquial ou jugular, e pneumotórax pós-
punção. ‡ Valor médio calculado por metanálise de incidências, por método de efeitos randômicos de DerSimonian and Laird.
108
APÊNDICE 1
Abaixo, segue a listagem dos rmacos de distribuição gratuita pelo SUS, sendo os
utilizados para cálculo do custo do manejo farmacológico da insuficiência cardíaca na
perspectiva do SUS. As taxas de utilização usadas para cálculo do custo total com cada
medicação foram retiradas do trabalho de Araújo e col.[57]. Os fármacos citados foram os
escolhidos como representantes de seu grupo. Essa escolha se baseou tanto em critérios
clínicos como de disponibilidade.
Exemplo: Os beta-bloqueadores mais indicados para tratamento de insuficiência
cardíaca são metoprolol e carvedilol. Visto que o carvedilol não é disponibilizado pelo
SUS, os pacientes em uso do mesmo foram considerados como em uso de metoprolol, o
qual é disponível. Os pacientes em uso de atenolol e propranolol também foram
considerados como em uso de metoprolol, visto a indicação mais adequada do último para
essa patologia em comparação com aqueles dois fármacos.
Em casos onde não havia indicação para escolha específica de um fármaco, e ambos
eram disponíveis pelo SUS, ambos foram utilizados para cálculo de custos, com taxa de
utilização conforme descrito no trabalho.
Exemplo: Anlodipina, Verapamil e Diltiazem.
Os nomes entre parênteses indicam os demais fármacos do grupo, cuja taxa de
utilização foi considerada como sendo do fármaco representante do grupo:
Inibidores da ECA: captopril (enalapril)
Diuréticos: hidroclorotiazida, furosemida
Beta-bloqueadores: metoprolol (propranolol, atenolol, carvedilol)
Digitais: Digoxina
Nitratos: Dinitrato de isossorbida (mononitrato, propatilnitrato)
Inibidores do cálcio: anlodipina (nifedipina), diltiazem, verapamil.
Antiplaquetários: Ácido acetilsalicílico e ticlopidina (clopidogrel)
Antilipemiantes: Sinvastatina (Atorvastatina, Pravastatina)
Antidiabéticos: Metformina, Insulina, Glibenclamida (glimepirida)
Ranitidina (omeprazol)
Demais anti-hipertensivos: clonidina
109
APÊNDICE 2
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
60
62
64
66
68
70
72
74
76
78
80
Idade
Curva original
Curva modificada
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo