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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
ADOÇÃO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO NAS MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS FORNECEDORAS DA PETROBRAS NO RIO GRANDE DO NORTE
por
EDWIN ALDRIN JANUÁRIO DA SILVA
ESTATISTICO, UFRN, 1992
TESE SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
SETEMBRO, 2007
© 2007 EDWIN ALDRIN JANUÁRIO DA SILVA.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
O autor aqui designado concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público,
em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da Lei.
Assinatura do Autor:
_______________________________________________________
APROVADO POR:
_______________________________________________________
Prof
a
. Anatália Saraiva Martins Ramos, D.Sc. – Orientadora
_______________________________________________________
Prof. Manoel Veras de Sousa Neto, D.Sc. – Membro Examinador
______________________________________________________________
Prof. Henrique Mello Rodrigues de Freitas, D.Sc. – Membro Examinador
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ii
Divisão de Serviços técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte: UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Silva, Edwin Aldrin Januário da.
Adoção de tecnologias de informação nas micro e pequenas empresas
fornecedoras da Petrobras no Rio Grande do Norte/ Edwin Aldrin Januário da
Silva. Natal, RN, 2007.
142 p.
Orientadora: Anatália Saraiva Martins Ramos
Tese (Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de
Tecnologia. Programa de Engenharia de Produção.
1. Adoção de Tecnologia de Informação. 2. Internet nas Micro e Pequenas
Empresas. 3. Barreiras à Adoção de TI. 4. Petrobras. I. Anatália Saraiva Martins.
II.Título.
RN/UF/BCZM CDUXXXX
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iii
CURRICULUM VITAE RESUMIDO
Edwin Aldrin Januário da Silva é Estatístico (Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
UFRN 1992), com especializações latus sensus em Análise de Sistemas Computacionais pelo
ITECI/PE, Engenharia Elétrica (Processamento da Informação) – UFCG e Estatística
Computacional e Análise de Dados – UFRN. Atuou como professor universitário na
Universidade Potiguar (UnP) de 1993 a 2006 em diversos cursos de graduação e pós-
graduação, ministrando as cadeiras de Estatística Aplicada, Matemática Aplicada e Gestão da
Tecnologia da Informação. Funcionário do SEBRAE/RN desde 1996, atua como consultor de
micro e pequenas empresas (MPE), principalmente nas áreas de estudos e pesquisas,
tecnologia da informação e na gestão do Arranjo Produtivo Local – APL no setor mineral da
Região do Seridó através do projeto “Fortalecimento do APL Pegmatitos da Região do
Seridó”. Atualmente presta consultoria na área de cultura do empreendedorismo em recortes
territoriais na Região Norte de Natal.
iv
DEDICATÓRIA
Ao meu pai Januário e minha mãe Ridan (em
memória), meus filhos Artur e Gabriel, minha amada
esposa Eustáquia, minha irmã Eridan, meu irmão
Januário Jr., minha madrinha Salete e a todos os meus
demais familiares e amigos do SEBRAE, em particular
aos do Escritório de Currais Novos.
v
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ao Programa de Engenharia de
Produção (PEP), pela oportunidade oferecida para realizar este trabalho.
À Profa. Dra. Anatália Saraiva Martins Ramos, pela orientação e os valiosos ensinamentos
e experiências transmitidas no decorrer do mestrado.
Aos demais Professores do Programa de Engenharia de Produção, pelos conhecimentos e
experiências transmitidos, encaminhamento a superação e pelas suas amizades.
Às Secretárias do Programa de Engenharia de Produção, que sempre foram gentis em todas
as oportunidades no decorrer do curso.
Aos colegas e amigos do mestrado, pelo companheirismo e solidariedade vividos durante o
curso.
Ao SEBRAE/RN, pelo apoio dado à realização desse mestrado.
À minha esposa, pelo amor, companheirismo, compreensão nas horas mais difíceis durante
todo o percurso deste curso.
Aos familiares, que sempre estão presentes na minha vida.
Aos meus pais, pelos seus exemplos de comportamento, ensinamentos e os valores
transmitidos ao longo da minha vida.
À Deus, por ter permitido a minha existência no convívio de uma família e amigos tão
queridos.
vi
Resumo da Tese apresentada a UFRN/PEP como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia de Produção.
ADOÇÃO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO NAS MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS FORNECEDORAS DA PETROBRAS NO RIO GRANDE DO NORTE
EDWIN ALDRIN JANUÁRIO DA SILVA
Setembro/2007
Orientadora: Prof
a
. Anatália Saraiva Martins Ramos, D.Sc
Curso: Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção
A pesquisa tem como objetivo identificar as barreiras à adoção de tecnologias de informação
por parte das micro e pequenas empresas. A pesquisa teórica foi orientada por estudos sobre
adoção de tecnologias de informação e os fatores determinantes para esta adoção. Quanto à
amostra, foi delimitada aos pequenos fornecedores não adotantes do sistema de compras
eletrônicas da Petrobras no Rio Grande do Norte. A pesquisa é exploratória, do tipo
levantamento de dados, com abordagem quantitativa. A pesquisa de campo foi realizada nos
meses de novembro e dezembro de 2006, junto a 55 empresas, através de um questionário
estruturado, respondido pelos gestores. Para a análise dos dados, foram utilizadas técnicas
estatísticas, tais como análise descritiva e exploratória de dados, testes de hipótese e análises
multivariadas de dados. Os resultados evidenciam a existência de uma infra-estrutura de TI
básica, com baixo nível de utilização dessas tecnologias para propósitos mais avançados
dentro das empresas e em especial a sua utilização para as atividades de gestão e estratégias
de acesso a mercados, principalmente o seu uso como ferramentas para o comércio eletrônico.
Os resultados mostraram também que os aspectos técnicos e financeiros são percebidos como
obstáculos maiores que os fatores socioculturais e humanos. As variáveis relacionadas com os
custos da TI e de consultoria externa, a percepção de dependência de fornecedores de TI e a
falta de priorização de esforços ára a TI.
vii
Abstract of Master Thesis presented to UFRN/PEP as fullfilment of requirements to the
degree of Master of Science in Production Engineering
EDWIN ALDRIN JANUÁRIO DA SILVA
September/2007
Thesis Supervisor : Anatália Saraiva Martins Ramos
Program : Master of Science in Production Engineering
O ‘abstract’ será feito após as correções da Banca.
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Integração entre as principais áreas funcionais de uma empresa................................9
Figura 2: Modelo de aplicação da TI em uma empresa............................................................14
Figura 3: Estrutura do Comércio Eletrônico (CE)....................................................................16
Figura 4: Serviços oferecidos pelo site da Petronect................................................................27
Figura 5: Sistema MarketSet da Petronect ...............................................................................28
Figura 6: Área de Abrangência da Cadeia de Petróleo e Gás no Rio Grande do Norte...........34
Figura 7: Etapas para a obtenção do instrumento de coleta de dados ......................................34
Figura 8: Modelo de relação entre variáveis ............................................................................41
Figura 9: Síntese das correlações canônicas mais significativas..............................................73
Figura 10: Blocos de variáveis e suas relações analisadas pela correlação canônica...............78
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Impacto da TI no nível empresarial.........................................................................11
Quadro 2: Variáveis de maior contribuição para a correlação canônica entre os fatores
inibidores ..................................................................................................................................71
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Áreas de conhecimento mais importantes no primeiro ano de atividade de uma
empresa, segundo os proprietários das empresas .......................................................................9
Tabela 2: Vendas B2B - Empresa para empresa em 2005 .......................................................18
Tabela 3: Principais benefícios do CE percebidos pelas MPE brasileiras ...............................22
Tabela 4: para a utilização do CE pelas MPE brasileiras.........................................................25
Tabela 5: Área de Abrangência da Cadeia de Petróleo e Gás no Rio Grande do Norte...........33
Tabela 6: Fornecedores MPE da Petrobras segundo a adoção ou não do comércio eletrônico
com a Petronect ........................................................................................................................33
Tabela 7: Distribuição de freqüência do grau de instrução ......................................................43
Tabela 8: Distribuição de freqüência da experiência de uso da TI...........................................44
Tabela 9: Área de atuação das empresas fornecedoras da Petrobras de produtos e serviços...45
Tabela 10: Municípios onde se localizam as empresas pesquisadas........................................46
Tabela 11: Faturamento bruto da empresas em 2005...............................................................47
Tabela 12: Nível de terceirização do setor de TI nas empresas................................................49
Tabela 13: Velocidade de conexão da internet nas empresas pesquisadas...............................52
Tabela 14: Freqüência de uso de tecnologias relacionadas aos negócios eletrônicos..............52
Tabela 15: Suficiência dos recursos de hardware e software para o alcance da produtividade e
competitividade desejada pelas empresas respondentes...........................................................53
Tabela 16: Resultados da existência de site na internet da empresa, capacitação em TI,
disposição em qualificar funcionários e disposição em investir em TI....................................54
Tabela 17: Estatísticas dos fatores inibidores técnico-financeiros...........................................56
Tabela 18: Estatísticas descritivas das variáveis dos fatores inibidores sócioculturais............58
Tabela 19: Cargas canônicas para as variáveis do Perfil dos gestores.....................................61
Tabela 20: Cargas canônicas para as variáveis do Perfil de adoção da TI ...............................62
Tabela 21: Cargas canônicas para as variáveis da Perfil organizacional .................................63
x
Tabela 22: Cargas canônicas para as variáveis do Perfil de adoção da TI ...............................63
Tabela 23: Cargas canônicas para o grupo de variáveis do Perfil de adoção da TI .................66
Tabela 24: Cargas canônicas para o grupo de variáveis da identificação dos fatores técnico-
financeiros inibidores da TI......................................................................................................66
Tabela 25: Cargas canônicas para o grupo de variáveis da identificação dos fatores técnico-
financeiros inibidores da TI......................................................................................................68
Tabela 26: Cargas canônicas para o grupo de variáveis da identificação dos fatores
socioculturais inibidores da TI .................................................................................................68
Tabela 27: Síntese das correlações canônicas entre os blocos de variáveis analisados ...........72
xi
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Impactos da TI nas MPE...........................................................................................8
Gráfico 2: Análise de correspondência entre Sexo e Escolaridade ..........................................44
Gráfico 3: Análise de correspondência entre Sexo, Escolaridade e Experiência em TI ..........45
Gráfico 4: Freqüência do tempo de atividade da empresa em anos .........................................46
Gráfico 5: Número de funcionários na empresa.......................................................................47
Gráfico 6: Distribuição do número de computadores...............................................................48
Gráfico 7: Distribuição do valor investido em TI no ano de 2005...........................................48
Gráfico 8: Percentual de funcionários que trabalham com a TI...............................................49
Gráfico 9: Análise de correspondência entre “Orçamento da TI em 2005” e “Nível de
terceirização do setor de TI”.....................................................................................................50
Gráfico 10: Análise de correspondência entre “Alinhamento entre a TI e o Planejamento
Estratégico da empresa” e “Nível de terceirização do setor de TI” .........................................51
Gráfico 11: Análise de correspondência entre “Disponibilidade de correio eletrônico” e
“Orçamento da TI em 2005” ....................................................................................................51
Gráfico 12: Resultados da existência de site na internet da empresa, capacitação em TI,
disposição em qualificar funcionários e disposição em investir em TI....................................54
Gráfico 13: Análise de correspondência entre Existência de site, Capacitação em TI,
Disposição em qualificar funcionários e Disposição em investir em TI..................................54
Gráfico 14: Variáveis relativas aos fatores técnico-financeiros ...............................................57
Gráfico 15: Variáveis relativas aos fatores socioculturais........................................................60
Gráfico 16: Análise de correspondência entre os inibidores socioculturais e técnico-
financeiros ................................................................................................................................70
xii
LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E NOMES
PROMIMP Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás
Natural
MPE Micro e pequenas empresas
SEBRAE/RN Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do
Norte
TI Tecnologia da Informação
CAPES Coordenadoria de Pessoal de Nível Superior
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
GIANTI Grupo interinstitucional de pesquisa da Gestão do Impacto da Adoção
de Novas Tecnologias de Informação
FIESP Federação da Indústria do Estado de São Paulo
ERP Sistema de Gestão Empresarial
CRM Gerenciamento do Relacionamento com o Cliente
SCM Gestão da Cadeia de Suprimento
CE Comércio Eletrônico
RFQ Request for Quote, ou pedido de cotação
APL Arranjo Produtivo Local
BVQI Bureau Veritas Quality international
FCE Ferramenta de Cotação Eletrônica
QA Quadro de Avisos Eletrônico
PRC Pedido com Referência a Contrato
SI Sistemas de Informação
RC Correlação Canônica
GL Grau de Liberdade
ADSL Asymmetric Digital Subscriber Line
B2B Empresa-para-Empresa
B2C Empresa-para-consumidor
C2C Consumidor-para-consumidor
C2B Consumidor-para-empresa
B2E Empresa-para-empregados
G2C Governo-para-cidadão
B2M Empresa-para-administração
C2M Consumidor-para-administração
WWW World Wide Web
PETROBRAS Petróleo Brasileiro S.A.
PETRONECT Portal de Compras Eletrônicas das Empresas do Sistema PETROBRAS
xiii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................................................VIII
LISTA DE QUADROS ....................................................................................................................................VIII
LISTA DE TABELAS.........................................................................................................................................IX
LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................................................................XI
LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E NOMES......................................................................................XII
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO..........................................................................................................................1
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO............................................................................................................................. 1
1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA....................................................................................................................... 3
1.1.1 Objetivo geral....................................................................................................................................... 3
1.1.2 Objetivos específicos............................................................................................................................ 4
1.2 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................................................... 4
1.3 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO....................................................................................................... 5
CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................................6
2.1 O PAPEL ESTRATÉGICO DA TI NAS ORGANIZAÇÕES ....................................................................... 6
2.2 ADOÇÃO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO .............................................................................................15
2.3.1 Comércio eletrônico nas MPE............................................................................................................ 19
2.3 BARREIRAS À ADOÇÃO DE TI.............................................................................................................. 23
2.4 O SISTEMA DE COMPRAS ELETRÔNICAS DA PETROBRAS............................................................ 26
CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA DA PESQUISA.........................................................................................31
3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA..................................................................................................................... 31
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA..................................................................................................................... 32
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS............................................................................................. 34
3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS........................................................................................ 38
3.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS............................................................................................. 40
CAPÍTULO 4 - ANÁLISE DOS DADOS..........................................................................................................43
4.1 PERFIL DOS GESTORES .........................................................................................................................43
4.2 PERFIL ORGANIZACIONAL DAS MPE PESQUISADAS ..................................................................... 45
4.3 PERFIL DE ADOÇÃO DA TI NAS EMPRESAS DA AMOSTRA ........................................................... 47
4.4 FATORES TÉCNICO- FINANCEIROS INIBIDORES DA ADOÇÃO DE TI.......................................... 55
4.5 FATORES SOCIOCULTURAIS INIBIDORES DA ADOÇÃO DE TI ..................................................... 58
4.6 ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE OS PERFIS DOS GESTORES, ORGANIZACIONAL E DE
ADOÇÃO DA TI E OS FATORES INIBIDORES ........................................................................................... 60
xiv
4.6.1 Relação entre o perfil dos gestores e o perfil organizacional .............................................................60
4.6.2 Relação entre o perfil dos gestores e perfil de adoção da TI ..............................................................61
4.6.3 Relação entre o perfil organizacional e de adoção da TI.................................................................... 62
4.6.4 Relação entre o perfil de adoção de TI e os fatores inibidores técnico-financeiros............................ 65
4.6.5 Relação entre os fatores inibidores técnico-financeiros e socioculturais............................................ 68
4.6.6 Relação entre os fatores inibidores e os demais perfis .......................................................................72
CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES........................................................................................................................74
5.1 SÍNTESE DOS RESULTADOS................................................................................................................. 74
5.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA.................................................................................................................. 80
5.3 IMPLICAÇÕES PRÁTICAS...................................................................................................................... 81
5.4 DIREÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS............................................................................................. 81
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................................83
ANEXO A - PRÉ-DIAGNÓSTICO DO APL PETRÓLEO E GÁS................................................................88
ANEXO B - QUESTIONÁRIO DA PESQUISA...............................................................................................93
ANEXO C - CARTA DE APRESENTAÇÃO ÀS EMPRESAS......................................................................97
1
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural
(PROMIMP) tem como objetivo possibilitar que os investimentos do setor de petróleo e gás
natural gerem oportunidades de crescimento para a indústria nacional de bens e serviços,
visando maximizar a participação dessa indústria em bases competitivas e sustentáveis,
ampliando a relação de parceria nos mercados onde atua a Petrobras. Objetivando a
implantação desse projeto no Rio Grande do Norte (RN), o SEBRAE local, a Petrobras,
dentre outros parceiros, formataram uma série de ações que visam principalmente a inserção
das Micro e Pequenas Empresas (MPE) da cadeia produtiva de petróleo e gás num ambiente
informatizado e competitivo. No entanto, as MPE têm tido problemas para atender aos
elevados padrões exigidos pelos fornecedores desse setor. A dificuldade de acesso das MPE a
serviços como informações de qualidade, educação continuada, tecnologia, financiamento,
capitalização, etc foram diagnosticados como barreiras que dificultam a inserção competitiva
das MPE na cadeia produtiva do setor de gás e petróleo.
A Petrobras estabeleceu como meta a adoção de 100% dos seus fornecedores ao seu
portal de comércio eletrônico até o fim do ano de 2007. Para tanto, desenvolve uma ação de
inserção digital para gerenciamento financeiro/contábil e de negócios eletrônicos por meio da
sua subsidiária Petronect, que visa a realização de treinamento e consultoria, para que as
empresas fornecedoras da cadeia possam participar do processo de compras eletrônicas dessa
empresa. A construção dessa ação foi baseada em um levantamento prévio realizado com
alguns fornecedores de bens e serviços do arranjo produtivo local (APL) do setor de Petróleo
e Gás (Anexo A). Este pré-diagnóstico apontou, como os principais problemas relacionados
ao uso da TI para a adoção do comércio eletrônico, a dificuldades na formação de preço, por
falta de conhecimento para gerar uma planilha de custo real; carência de controles financeiros,
contábeis e fiscais; falta de relatórios para gestão e controle da produção; falta de
conhecimento e acesso a softwares para modernizar a empresa; dificuldades em assessoria e
assistência técnica em TI e a baixa capacitação dos empregados no uso da TI.
2
Como forma de adequar a capacitação e consultoria em TI a ser destinada para este
público alvo, esta ação de inserção digital deverá estar fundamentada em um estudo sobre o
perfil tecnológico e as principais barreiras ao uso eficiente da TI, proporcionando a
capacidade das MPE de atuarem de forma relevante no fornecimento de produtos e serviços
para a Petrobras.
O uso adequado da TI pode proporcionar às MPE fornecedoras da cadeia de petróleo e
gás uma condição mais favorável no que se refere aos processos de controles gerenciais e da
produção de forma rápida e confiável, itens essenciais para que essas empresas possam
participar de processos de cotação eletrônica de preços. A estrutura de preços (custos de
produção, margens de comercialização, etc), capacidade de produção, prazos de entrega,
dentre outras variáveis, são necessárias para uma rápida tomada de decisão de forma a gerar
bons negócios neste cenário competitivo. Segundo Batista (2004, p. 240), os sistemas de
informação das empresas de pequeno porte normalmente são manuais, ou quando
informatizados, englobam apenas tarefas de substituição de papel por meio digital. De uma
maneira geral, as MPE não possuem sistemas que dão sustentação para decisão estratégica,
seja para melhorar a concepção de seus produtos/serviços e a execução de seu processo
produtivo ou para a incrementar as vendas.
As tecnologias de informação estão cada vez mais acessíveis às micro e pequenas
empresas que contam com soluções mais direcionadas a este segmento, a preços mais
compatíveis com as suas necessidades. Além disso, as MPE podem contar com a estabilidade
econômica e programarem melhor as suas aquisições através de recursos próprios ou por
financiamentos específicos para este propósito. No entanto, apesar do aumento do número de
pequenas organizações que utilizam a TI no gerenciamento de seus negócios, percebe-se que
poucas MPE conseguem efetivar o potencial que esta ferramenta proporciona em relação à
vantagem competitiva, pois o seu uso está voltado às tarefas operacionais e rotineiras e não a
atividades do processo estratégico.
A problemática das barreiras à adoção de TI por parte de empresas de menor porte tem
sido estudada por vários pesquisadores, tanto no campo da Engenharia de Produção quanto da
Administração e permanece uma área crítica de pesquisa na literatura em Sistemas de
Informação. Segundo Jennex et al. (2004), a abordagem de inibidores, obstáculos ou barreiras
para o uso eficaz e eficiente da TI é usada para identificar qual o patamar necessário para
apoiar implantações bem sucedidas de iniciativas de comércio eletrônico, em particular. Ao
mesmo tempo, Kuan e Chan (2001) afirmam que a decisão de adotar uma TI, e em especial
um sistema interorganizacional, não é primeiramente baseada nas características tecnológicas
3
por si, mas depende muito mais de fatores organizacionais internos e relacionados com o
ambiente externo.
Para MacGregor (2003), os pequenos negócios têm um processo de adquirir e usar a
TI que difere daquele adotado nas grandes organizações. Walczuch et al. (2000) concordam
que as empresas de menor porte não estão adotando as tecnologias baseadas na Internet com a
mesma velocidade que as grandes empresas, apesar dessas tecnologias poderem oferecer
várias vantagens para aquelas. Por isso, a natureza da pequena empresa apresenta um conjunto
único de fatores que precisam ser considerados quando investiga-se a adoção e uso de TI no
ambiente de pequenos empreendimentos (RIEMENSCHNEIDER et al, 2003). Outro aspecto
a ser considerado é a importância de se estudar as pequenas empresas, pelo fato de que estas
geram uma importante parte do produto nacional bruto de um país (RIQUELME, 2002) e
contribui significativamente para a prosperidade das economias nacionais (MACGREGOR;
VRAZALIC, 2005).
Do ponto de vista acadêmico, fazem-se necessários estudos mais específicos, a fim de
relatar experiências vivenciadas, a fim de acumular conhecimento acadêmico e prático na área
de adoção de comércio eletrônico (TESTA et al, 2006). Aliando a relevância acadêmica com
a necessidade prática de entender o cenário de adoção ao comércio eletrônico das MPE
fornecedoras da Petrobras no RN, foram endereçadas as seguintes questões de pesquisa: quais
são os fatores que afetam a adoção de tecnologias de informação baseadas na Internet por
parte das micro e pequenas empresas? Quais as barreiras mais relevantes para as MPE
virem a adotar o novo modelo de comercialização e ferramentas de Cotação Eletrônica de
Preços, utilizado pela Petrobras e operacionalizada pela sua subsidiária Petronect?
1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA
1.1.1 Objetivo geral
Identificar os fatores inibidores para a adoção de TI em micro e pequenas empresas da
cadeia produtiva do petróleo e gás não adotantes do sistema de compras eletrônicas da
Petrobras (e-procurement).
4
1.1.2 Objetivos específicos
Identificar o perfil dos gestores das MPE não adotantes do portal de compras da
Petrobras;
Identificar o perfil organizacional das MPE não adotantes do portal de compras da
Petrobras;
Identificar o perfil de adoção de TI, segundo a infra-estrutura de TI e o padrão de
adoção de negócios eletrônicos adotado por essas empresas;
Identificar os fatores técnico-financeiros e socioculturais inibidores da adoção de
tecnologias de informação;
Identificar as relações entre os perfis dos gestores, das organizações e adoção de
TI com os fatores técnico-financeiros e socioculturais inibidores da adoção de
tecnologias de informação.
1.2 JUSTIFICATIVA
A importância desta investigação pode ser evidenciada pela existência de diversos
estudos sobre a adoção e uso de TI nas micro e pequenas empresas, desenvolvidos em outras
regiões do país e em várias áreas de atuação, os quais estão citados nas Referências deste
estudo. A pesquisa poderá contribuir com a área de Sistemas de Informação, por possibilitar
investigar alguns fatores influenciadores da adoção de TI e comércio eletrônico nas micro e
pequenas empresas, mais carentes de estudo que as grandes empresas.
Os resultados desse estudo deverão subsidiar ações para a redução de barreiras ao uso
eficiente da TI pelas MPE que adotarem soluções de comércio eletrônico com a Petrobras, em
particular. Do ponto de vista de sua aplicabilidade mais geral, o estudo poderá propiciar aos
governos e as entidades de apoio e fomento as micro e pequenas empresas informações que
possibilitem a criação de ações que visem a redução das barreiras à competitividade das MPE
com foco na adoção de TI. Desta forma, os resultados poderão auxiliar na criação de um
projeto de informatização dessas empresas locais de forma a minimizar as dificuldades
encontradas e potencializar os benefícios gerados pela adoção das tecnologias da informação
baseadas na Internet.
5
1.3 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
A dissertação foi dividida em cinco capítulos. Esta introdução, que trata da
contextualização da problemática das MPE fornecedoras da Petrobras no Rio Grande do
Norte, bem como o problema de pesquisa, objetivos geral e específicos, relevância acadêmica
e prática. O segundo capítulo apresenta uma fundamentação teórica para os assuntos
abordados neste trabalho e para a análise dos resultados. O terceiro capítulo descreve a
metodologia utilizada neste estudo mostrando aspectos como tipo de pesquisa, método de
pesquisa, instrumento de coleta de dados, população e amostra, coleta dos dados, a análise e
interpretação dos resultados. O quarto capítulo analisa e discute os resultados encontrados,
associando-os aos encontrados na literatura. O quinto capítulo apresenta as conclusões e
recomendações do estudo, fazendo uma análise crítica quanto aos objetivos e a metodologia
utilizada, além de descrever limitações do estudo e apresentar possíveis pesquisas futuras.
6
CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo apresenta a fundamentação teórica em quatro seções. Inicialmente,
discute-se o papel da TI nas organizações, em seguida, os conceitos de sistemas de
informação e comércio eletrônico. A terceira seção expõe os estudos sobre adoção de
tecnologia da informação e as barreiras para sua efetiva utilização por parte das micro e
pequenas empresas. Na última seção, descreve-se o processo de compras eletrônicas da
Petrobras e sua contextualização no estado do RN, objeto de investigação do trabalho.
2.1 O PAPEL ESTRATÉGICO DA TI NAS ORGANIZAÇÕES
O mundo percorreu um longo caminho rumo à economia totalmente sem fronteiras, no
sentido de que os limites econômicos entre os países são hoje muito menos importantes do
que no passado. Para Ohmae (2001), isso acontece em virtude da crescente sofisticação e
interconexão de e entre consumidores e cidadãos em todo o mundo, que se aclimataram a um
ponto de vista global, em termos de comunicação, viagens e consumo, que transpõe as
fronteiras.
Segundo Tachizawa e Rezende (2000, p. 13-14), a ampliação virtual das fronteiras da
organização deverá estabelecer um cenário em que:
a) o acesso às informações da organização ficará disponibilizado aos seus parceiros e
agentes externos;
b) a interligação com os clientes da organização tornar-se-á benéfica para ambas as
partes, fortalecendo a fidelidade e o relacionamento de longo prazo;
c) a partiticipação relativa das organizações de um mesmo setor se alterará
constantemente em função direta da adoção de tecnologias da informação, como Internet, EDI
(intercâmbio eletrônico de documentos e de redes informatizadas), isto é, a inovação
tecnológica introduzida por uma organização tenderá provocar mudança no market share,
afetando as demais organizações concorrentes;
d) a cooperação entre organizações concorrentes poderá ocorrer em face das
possibilidades de ganhos e benefícios comuns entre elas;
e) a criação de parcerias e alianças entre organizações, propiciadas pela interligação
virtual, permitirá a geração de novos produtos e serviços, sem a criação física de novas
organizações ou mesmo de novos departamentos intra-organizacionalmente.
7
Neste mundo empresarial em constantes mudanças, o uso estratégico da informação e
da Tecnologia da Informação – TI, torna-se essencial que as empresas, e em especial as Micro
e Pequenas Empresa – MPE, possam competir de forma mais equilibrada, promovendo um
crescimento mais sustentável. A TI enseja para a pequena empresa a oportunidade para
conduzir negócios com outras organizações (JENNEX et al., 2004).
Segundo Moraes, Terence e Escrivão Filho (2004), a TI apresenta-se como suporte à
gestão da informação na pequena empresa a partir dos seguintes aspectos: disponibiliza
informações para a tomada de decisões e gerenciamento estratégico do negócio; possibilita a
automatização de tarefas rotineiras; auxilia o controle interno das operações; aumenta a
capacidade de reconhecer antecipadamente os problemas; pode ser utilizada como ferramenta
estratégica no processo de planejamento, direção e controle.
A TI pode contribuir através da redução de custos, ganhos de produtividade,
prospecção de novos mercados, facilidade de relacionamento com clientes e fornecedores,
conhecimento do mercado de atuação e da conjuntura econômica, dentre outros fatores
imprescindíveis a qualquer empresa que busque uma maior participação e consolidação no
mercado global. Contudo, há heterogeneidade das MPE distribuídas nas várias regiões do país,
onde alguns fatores relacionados à qualificação, gestão, acesso a crédito e a novas tecnologias
podem reduzir a competitividade de parte dessas empresas.
A utilização de sistemas de informação adequados às necessidades e finalidades
desejadas, além de pessoas capacitadas nas MPE, são as condições básicas para a obtenção do
sucesso no uso dos recursos de TI. Mas, para que o uso da TI nas MPE seja adequado e eficaz,
torna-se necessário que a aquisição desses recursos seja planejada e que os proprietários das
empresas e os principais usuários desses recursos tenham conhecimento das mudanças de
processos necessárias, bem como das potencialidades e limitações existentes das tecnologias e
das pessoas envolvidas. Conforme Petroni e Rizzi (2001), o modelo de uma adoção de TI bem
sucedida deveria incluir a conscientização, a identificação de aplicações de TI específicas e
seus benefícios, comprometimento e avaliação depois da tecnologia estar integrada aos seus
negócios por parte dos gestores.
A TI nas MPE pode proporcionar o enxugamento da empresa através da modernização
do processo de arquivamento de papeis, fichas, pastas, folhetos, dentre outros documentos;
eliminação das atividades burocráticas que podem ser feitas facilmente no computador; o
aumento da agilidade, segurança, integridade e exatidão das informações levantadas; redução
dos custos em todos os setores envolvidos; aperfeiçoamento da administração geral da
empresa, do marketing, do planejamento e controle da produção, das demonstrações
8
financeiras, das previsões orçamentárias, das análises de investimentos e de custos
(BERALDI; ESCRIVÃO FILHO, 2000).
A pesquisa “Perfil da Empresa Digital – 2002” identificou os principais impactos da
tecnologia da informação nas MPE, como podem ser observados no gráfico 1 (VIDAL et al.,
2003), destacando-se a melhoria ao atendimento ao cliente, a qualidade da tomada de decisão
e a melhoria de produtos e serviços.
Fonte: Pesquisa “Perfil da Empresa Digital – 2002” (FIESP et al, 2003)
Gráfico 1: Impactos da TI nas MPE
A TI quando implementada corretamente e utilizada como ferramenta para a gestão da
empresa propicia vantagens, como a análise mais criteriosa do relacionamento com os
consumidores, que pode conduzir a uma estratégia de marketing e de vendas mais eficientes.
Além disso, possibilita uma análise mais detalhada dos produtos mais procurados e adquiridos
pelos consumidores, aliada a um controle eficiente dos estoques, pode reduzir drasticamente a
quantidade de estoque dessas empresas, tendo como conseqüência uma otimização do
montante financeiro disponibilizado como capital de giro. De acordo com Moura (1999),
considerando a necessidade de as empresas atuarem de modo flexível e integrado com outras
empresas em sua cadeia de valor, e ainda devido à necessidade do sincronismo dos processos
internos, pode-se dizer que surge um novo ciclo de TI: a “tecnologia da integração”. Neste
caso, a TI seria direcionada a integrar as diversas áreas, processos e atividades internas,
buscando uma atuação sincronizada dos elementos de seu sistema.
A administração de uma empresa é baseada na análise de indicadores de vendas,
custos, produção, níveis de estoque, finanças, dentre outros. Por isso, o administrador
necessitará de informações confiáveis, atualizadas e que estejam disponíveis a qualquer
momento, pois só então será capaz de minimizar os erros nas tomadas de decisões. Para tanto,
torna-se imprescindível à utilização da tecnologia da informação como ferramenta de apoio à
9
gestão empresarial. Segundo a pesquisa “Fatores Condicionantes e Taxa de Mortalidade de
Empresas no Rio Grande do Norte” (SEBRAE, 2005), as áreas do conhecimento mais
importantes no primeiro ano de atividade das empresas podem ser representadas na tabela 1.
Foram pesquisados dois grupos de empresários, os de empresas que encontravam em
atividade e outro cujas empresas já estavam extintas.
Áreas mais importantes Empresas Extintas (%) Empresas Ativas (%)
Planejamento
61,6
60,6
Organização empresarial
48,0
50,2
Marketing / Propaganda
42,4
51,8
Vendas
39,5
45,2
Relações humanas
36,2
37,1
Análise financeira
23,2
23,3
Conjuntura econômica
10,2
10,6
Informática
9,6
12,5
Processo decisório
7,3
9,0
Fonte: Pesquisa Fatores e Taxa de Mortalidade de Empresas no Rio Grande do Norte – SEBRAE (2005)
Nota: A questão admite respostas múltiplas
Tabela 1: Áreas de conhecimento mais importantes no primeiro ano de atividade de uma empresa,
segundo os proprietários das empresas
Segundo os resultados encontrados e representados acima, verifica-se que as áreas do
conhecimento mais importantes, segundo os empresários entrevistados, são o planejamento, a
organização empresarial, marketing, vendas, relações humanas e análise financeira. Estes
resultados foram muito semelhantes aos apresentados por O’Brien (2003) e reproduzido pela
figura 1, para representar os sistemas interoperacionais, ou sistemas que permeiam toda a
organização, usando a TI para compartilhar as diversas informações entre as áreas da empresa.
Fonte: Adaptado de O’Brien (2003).
Figura 1: Integração entre as principais áreas funcionais de uma empresa
10
Somente com uma análise conjunta dessas diversas áreas é que é possível se ter uma
dimensão real do perfil financeiro, contábil e mercadológico de uma empresa. Embora os
empresários de MPE da amostra da pesquisa do Sebrae-RN (2005) não tenham apontado a
TI/informática e nem o processo decisório como áreas importantes da empresa, as empresas
não poderão prescindir do uso estratégico da tecnologia da informação e assim melhor
planejarem e organizarem seus processos, venderem seus produtos e serviços etc.
Diversos estudos têm demonstrado os maiores empecilhos da adoção de TI nas MPE.
No estudo do Sebrae-SP (2003), entre as MPE que não possuem microcomputador, as razões
apontadas para não utilizar esse tipo de equipamento são: ‘não vê necessidade nem benefício’
(64%), ‘requer elevado investimento’ (44%). Segundo Beraldi e Escrivão Filho (2000), a falta
de conhecimento das potencialidades da TI, ou seja, o pouco conhecimento dos recursos que
esta tecnologia oferece. Esses autores citam outras variáveis como: falta de treinamento dos
usuários, aquisição dos recursos não planejada, inexistência de levantamento adequado das
necessidades atuais e de planejamento das necessidades futuras, além da falta de consultorias
preparadas para atender às exigências e condições desse mercado como sendo os maiores
obstáculos à informatização. Complementando este quadro, a pesquisa “Perfil da Empresa
Digital – 2002” (FIESP et al., 2003), também esclarece que, dentre as empresas pesquisadas
que não possuíam informatização, as principais razões apontadas foram o elevado
investimento exigido e o fato de não enxergarem benefícios ou necessidades na utilização da
TI. Nestes três estudos, os dois maiores empecilhos à difusão de microcomputadores são a
falta de conhecimento sobre os benefícios potenciais da informática (o que pode estar levando
a uma subutilização dessa tecnologia) e o custo de aquisição, que para algumas empresas se
mostra ainda elevado.
Com a universalização da TI, muitas empresas investiram em infra-estrutura e recursos
de TI em busca de maior competitividade no mercado onde atuam. Muitas empresas fizeram
estes investimentos sem que a organização interna de seus processos, seus próprios gestores e
demais usuários estivessem preparados para tal mudança, conduzindo muitas vezes a uma
subutilização desses recursos. Isto ocorre principalmente nas empresas de pequeno porte,
onde a falta de conhecimento técnico, falta de assessoria mais efetiva sobre os recursos
necessários e a efetiva aquisição dos mesmos podem levar a resultados inexpressivos e a falta
de alinhamento desses investimentos com as estratégias dessas empresas.
Empresas de pequeno porte dificilmente encontram-se no mesmo nível de
investimento e utilização eficaz da TI em relação às de maior porte. No Brasil, a maioria das
organizações empresariais é composta por empresas de pequeno porte, o que as leva a estarem
11
relativamente à margem do acesso aos recursos tecnológicos mais avançados, não só pelo
preço (embora tenha caído ao longo dos anos), mas também pela desinformação quanto a sua
implantação e utilização eficiente, bem como pela falta de uma estrutura de suporte técnico
adequado a este perfil de empresas (Beraldi e Escrivão Filho, 2000).
Dentro dos modelos existentes sobre o papel da TI nas organizações, destacam-se o de
Porter e Millar (1997) e o de McFarlan (1997). Ambos focam a TI como elemento estratégico
e modificador da competição que traz vantagens competitivas através do incremento da
satisfação dos clientes, aumento da receita, participação no mercado, bem como outras formas
de atuação na competição.
Com base nos conceitos de Porter e Millar e McFarlan, Fernandes e Alves (1992)
resumem no quadro 1 o impacto da TI na competição das empresas.
Forças
Competitivas
Impactos da TI
- Entrantes - Pode criar barreiras de entrada;
- Pode aumentar economias de escala;
- Pode criar custos de mudanças;
- Pode criar diferenciação;
- Pode limitar acesso a canais de distribuição;
- Pode controlar acesso a mercados.
- Compradores - Pode criar diferenciação;
- Pode criar custos de mudança;
- Pode encorajar competição entre fornecedores;
- Pode identificar melhor mix de compradores.
- Fornecedores - Pode reduzir os custos de mudança da empresa, impostos pelos fornecedores;
- Pode encorajar competição entre os fornecedores;
- Pode identificar melhor mix de fornecedores.
- Substitutos - Pode melhorar o preço e a performance do produto/serviço da empresa;
- Pode reduzir os produtos e serviços da empresa.
- Concorrentes - Pode controlar acesso a mercados;
- Pode reduzir os custos dos produtos/serviços;
- Pode diferenciar os produtos/serviços e a empresa.
Fonte: Fernandes e Alves (1992)
Quadro 1: Impacto da TI no nível empresarial
Para estes autores, a TI está afeta a competição através da mudança na estrutura dos
setores de atuação, na criação de vantagens competitivas e na criação de novos produtos
ou serviços. Em cada uma dessas formas, a TI pode interagir e proporcionar um diferencial
para as empresas que a usam de forma eficiente, conforme descreve-se a seguir.
a) Mudando a estrutura do setor: A tecnologia da informação muda à forma como os
elos da cadeia produtiva são gerenciados, otimizando processos entre os elos de uma mesma
cadeia ou entre as diversas cadeias envolvidas no processo de obtenção do produto ou serviço.
Desta forma, o componente de informação que todo produto ou serviço possui, passa a ter
uma melhor coordenação na captura, manipulação e canalização dos dados necessários a cada
etapa da produção.
12
Quando bem utilizada, a TI pode proporcionar uma melhor adequação das orientações
que uma empresa deve seguir em busca de uma melhoria de sua posição no mercado e frente
as suas forças competitivas, eliminando ou reduzindo as ameaças de produtos ou serviços
substitutos, alterando as bases de relacionamento com os fornecedores e compradores, criando
ou eliminando barreiras à entrada de novas empresas (dependendo se uma empresa deseja
manter sua posição de liderança em um mercado, ou se a mesma deseja inserir-se neste
mercado competitivo, conseqüentemente), além de proporcionar uma diferenciação no trato
com o consumidor em relação aos demais concorrentes que não possuem uma informatização,
ou possuem e não a utilizam eficazmente. O consumidor não escolhe uma empresa pelo fato
dela ser informatizada ou não, mas por possuir qualidades e serviços especiais que
diferenciam esta empresa, como por exemplo, redução no tempo total de atendimento,
personalização, maior controle na qualidade e na disponibilidade dos produtos e serviços
ofertados, dentre outros serviços que podem ser potencializados através do uso eficiente da TI.
b) Criando vantagens competitivas: A criação de vantagens competitivas sustentáveis
é uma outra forma de alterar a natureza da competição entre as empresas. Segundo Porter
(1989), para que uma empresa possa potencializar as suas chances de sucesso junto a um
mercado consumidor cada vez mais exigente e competitivo, será necessário que se possa
definir sua estratégia de atuação segundo as abordagens de estratégias competitivas genéricas
de Liderança no custo total, Liderança por diferenciação, Liderança no enfoque. Na
estratégia de liderança no custo, a TI pode reduzir custos de engenharia do produto, custos
administrativos, custos de fabricação, estoques, vendas e distribuição, além de reduzir custos
através de sistemas sofisticados de controle e da otimização da alocação da mão-de-obra
tendo como resposta o aumento da produtividade. No caso da estratégia de diferenciação, a TI
pode impactar na estratégia de diferenciação adicionando continuamente novas características
aos produtos e serviços, criando novas formas de apoio e suporte aos consumidores e aos
canais de distribuição, além de poder integrar as atividades de distribuição às de produção. No
tocante à estratégia de enfoque, o uso da TI pode ser caracterizado similarmente para as duas
estratégias anteriores.
c) Criando novos negócios: A TI quando bem empregada pode propiciar a criação de
novos negócios através da venda de informações compiladas de várias fontes, da analise de
dados segundo algoritmos sofisticados e de técnicas estatística, ou de outras práticas que
possam gerar conhecimento de interesse para outras empresas ou pessoas. Muitas vezes
empresas com recursos excedentes de TI podem comercializá-los, fornecendo capacidade de
13
processamento, armazenamento, segurança ou infra-estrutura de apoio aos seus clientes, além
disso, novos produtos e serviços podem surgir como uma alternativa aos negócios, tais como,
consultorias, treinamentos, sistemas de informação que podem ser empacotados e
comercializados em grande escala, dentre outros.
No Brasil, diversos autores estudaram a utilização da TI dentro do foco da estratégia,
como Freitas e Lesca (1992), Neves (1999), Moura (1999), Beuren (2000), Graelm (2000),
dentre outros. Mesmo recentemente, o modelo de Porter para posicionamento competitivo é
utilizado por Jeffcoate et al. (2002) como um ponto de partida para identificar as forças que
operam dentro de seu setor de negócio. Aplicando o modelo de Porter pode-se definir o tipo
de vantagem competitiva que se quer obter e o escopo dentro do qual está atrelada e compará-
la com os objetivos organizacionais.
Beuren (2000) demonstrou que os gestores precisam de informações sobre a
organização e o ambiente externo da empresa, com vistas a identificar ameaças e
oportunidades, criando um cenário para uma resposta eficaz e competitiva. Ainda segundo a
autora, a escolha da tecnologia de informação a ser utilizada na empresa deve estar alinhada
com as estratégias empresariais adotadas. Por exemplo, se uma empresa está orientada a
competir pela liderança no custo, então a ênfase maior na escolha e uso da tecnologia deverá
ser voltada para o controle efetivo dos custos da empresa, buscando a expansão das vendas
através de preços mais competitivos em relação aos seus concorrentes. De outra forma, se a
empresa estiver centrada na estratégia competitiva de diferenciação de seus produtos e/ou
serviços, outros fatores como a qualidade, tecnologia, inovação, dentre outros, devem ser o
referencial para a escolha das tecnologias de informação apropriadas.
A figura 2 mostra, de forma esquematizada, como a adoção da TI em uma empresa, se
implantada adequadamente, pode promover uma maior eficiência dos processos internos e
produtivos da empresa, bem como aumentar a dependência do consumidor com essa
tecnologia. Ao mesmo tempo, a adoção da TI pode diminuir essa dependência com os
fornecedores devido ao acesso facilitado a outros fornecedores e conseqüentemente a busca
de melhores condições de preço, prazo, qualidade dos produtos, dentre outras vantagens. Por
outro lado, o alcance desses benefícios a partir da adoção da TI pode levar a empresa a obter
um melhor desempenho organizacional, com uma significativa redução de custos,
diferenciação e/ou personalização de produtos/serviços. A TI pode também vir a aumentar o
custo (tangível e intangível) para os clientes de sua transferência para outras empresas,
aumentando com isso o poder de barganha com clientes e fornecedores, bem como criar
vantagens competitivas em relação aos seus concorrentes diretos e indiretos.
14
Fonte: Adaptado de Fernandes e Alves (1992)
Figura 2: Modelo de aplicação da TI em uma empresa
Portanto, os sistemas de informação, equipamentos e meios de comunicação deverão
ser escolhidos conforme uma lógica que proporcione a geração de informações estratégicas
tanto na definição de ações alinhadas às estratégias competitivas da empresa, bem como na
implementação, controle da eficiência e possíveis ajustes dessas estratégias.
A tecnologia da informação não deve ser encarada por si só como uma estratégia
competitiva. O uso dos recursos tecnológicos na busca, tratamento e uso eficiente da
informação é o que vai diferenciar a empresa dos seus concorrentes. Quando o uso dessas
informações contribui para a melhoria do desempenho da organização em todos os níveis,
colocando a empresa na liderança onde atua, esta informação passa a ter caráter e uso
estratégico, passando a ser tratada como uma vantagem competitiva.
No entanto, Carr (2003) defende a idéia que a TI deveria ser tratada como commodity,
pois a mesma já não proporciona vantagens competitivas, visto que a grande maioria das
empresas possuía as mesmas tecnologias da informação e que as mesmas passariam a ser
consideradas como infra-estrutura básica nas empresas e não como diferencial de mercado.
Teixeira (2004) afirmou que a TI se tornou uma necessidade competitiva, pois as empresas
deverão possuir infra-estrutura tecnológica semelhante à de seus concorrentes, não podendo
ser mais vista como diferencial estratégico.
Todavia, o sucesso de empresas que investem de forma inovadora em TI está não na
infra-estrutura e na tecnologia, mas sim nos processos e estratégias adotadas. Braz e Ramos
(2005, p. 9) argumentam que:
Tecnologia da Informação (TI)
Eficiência
Interna
Processo
Produtivo
Dependência do
Consumidor/Fornecedor
Desempenho
Organizacional
Custo de
Produção
Diferenciação e/ou
Personalização de
Produtos/serviços
Custos de
Transferência
Vantagens
Competitivas
Poder de
Barganha
Vantagens
Competitivas
15
“Tecnologia de informação não significa somente hardware e software. A
TI vai além disso. Através da TI estão à informação e o conhecimento –
sobre clientes, processos, operações e mercados. É o no “I” da TI que pode
residir o verdadeiro diferencial – o uso inteligente e eficaz da informação. É
o processo de uso estratégico da informação que pode vir a gerar o
diferencial competitivo: a maneira como estas informações serão utilizadas
nos processos e serviços das empresas e no ambiente de negócios”.
Portanto, segundo Gilbert (1997), “As TI, por si sós, raramente são suficientes para
obter uma vantagem competitiva duradoura. Uma caneta de tinta permanente de alta
qualidade é insuficiente para escrever um excelente romance. Partir da tecnologia e procurar
locais onde ela possa ser aplicada é como escrever maus romances e produzir estratégias
empresariais ruins. As TI apenas ajudam a explorar as oportunidades criadas pelas fórmulas
competitivas”.
Um ponto a maioria dos autores pesquisados converge é quanto à necessidade do
investimento em TI necessariamente deva estar alinhado aos processos e estratégias das
empresas adotantes. Segundo Beraldi e Escrivão Filho (2000), é aconselhável que a MPE faça
uma avaliação antes de investir em equipamentos e softwares, levando-se em conta alguns
aspectos, como a quantidade de clientes e fornecedores, as encomendas, o orçamento, o
estoque, as análises financeiras, a quantidade de empregados, a quantidade de registros e
documentos, etc. Levantada a necessidade de implantação de um sistema de informação, a
empresa deverá avaliar o que realmente precisa, para assim comparar todos os pacotes
oferecidos no mercado (custo/benefício) e, então, escolher um sistema mais eficaz para sua
gestão.
2.2 ADOÇÃO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO
Os negócios envolvendo comércio eletrônico tiveram sua grande expansão após a
introdução da Web no início da década de 90, que popularizou o acesso de pequenas empresas
e de um contingente cada vez maior de pessoas com acesso a World Wide Web. A Internet,
através do e-commerce, como é denominado o comércio eletrônico ou o comércio realizado
através da Internet, vem acompanhando proporcionalmente o crescimento da rede, abrindo
aos empreendedores a possibilidade de alcançar uma faixa mundial de clientes potenciais,
ampliando o raio de ação de qualquer atividade empresarial sem aumento significativo de
custos e representando maior comodidade e maior diversidade de oportunidades para o
consumidor (TURBAN et al. (2004).
Os conceitos de e-business e e-commerce (comércio eletrônico) não são sinônimos.
16
Segundo Batista (2004, p. 98), o e-business é definido como sendo a estratégia de
posicionamento da empresa na internet e o e-commerce como sendo um dos componentes do
e-business, que tem o intuito de controlar a atividade de vendas pelo uso de meios eletrônicos.
Segundo O`Brien (2003, p. 191), o comércio eletrônico engloba o processo on-line
inteiro de desenvolvimento, marketing, venda, entrega, atendimento e pagamento por
produtos e serviços comprados por comunidades mundiais de clientes virtuais, com o apoio de
uma rede mundial de parceiros comerciais, onde os sistemas de comércio eletrônico se valem
de recursos de internet, intranets, extranets e outras redes de computadores para apoiar cada
etapa desse processo.
Segundo Turban et al. (2004), ao longo dos últimos anos, surgiram inúmeras
aplicações inovadoras para o comércio eletrônico, tais como marketing direto, bancos
eletrônicos, compras em lojas virtuais e centros eletrônicos de compras, busca de emprego,
compra de ações, condução de leilões e ofertas, colaboração eletrônica entre parceiros de
negócios ao redor do mundo e serviços aos clientes. A figura 3 apresenta a estrutura do
comércio eletrônico através de suas aplicações, suportes, infra-estrutura e gerenciamento.
Fonte: Turban (2004, p. 159)
Figura 3: Estrutura do Comércio Eletrônico (CE)
No comércio eletrônico, há várias modalidades de transação. Para Turban et al. (2004),
as modalidades de B2B, B2C, C2C, C2B, B2E e G2C podem ser assim definidas:
17
Empresa-para-empresa (B2B): São transações comerciais realizadas onde os
vendedores e compradores são empresas;
Empresa-para-consumidor (B2C): Os vendedores são empresas e os compradores
são indivíduos;
Consumidor-para-consumidor (C2C): Indivíduos vendem produtos ou serviços a
outras pessoas;
Consumidor-para-empresa (C2B): Os clientes anunciam as necessidades
específicas de um produto ou serviço e as empresas concorrem para fornecê-los;
Empresa-para-empregados (B2E): Uma empresa utiliza o comércio eletrônico para
os seus empregados como forma de negociar produtos ou serviços;
Governo-para-cidadão (G2C): O governo fornece serviços aos seus cidadãos via
tecnologias de comércio eletrônico;
Uma outra conceituação está relacionada com o tipo de transação por segmentos:
- Sistema de Informação Interorganizacionais, que compreende o fluxo de
informações entre duas ou mais empresas, no nível de transações apenas B2B. Um dos mais
fortes impulsionadores da difusão da Internet no mundo corporativo se dá no crescimento das
transações empresa-a-empresa (B2B).
- Mercados Eletrônicos, que são redes de interações e relações onde são trocadas
informações, produtos, serviços, e valores, no nível de transações B2C (business-to-
consumer), B2B (business-to-business) e C2C (consumer-to-consumer).
O B2B possui três modelos básicos de negócios, assim classificados:
1. Modelo vendedor: O modelo vendedor configura-se quando uma empresa vende
eletronicamente para muitas empresas (uma-para-muitas). Existem dois tipos básicos de
vendas, onde o vendedor vende diretamente a partir de catálogos e por meio de leilões.
2. Modelo comprador: No modelo comprador, uma empresa (normalmente de grande porte)
compra de vários fornecedores (muitos-para-um). São vários os métodos de compra: i) o
comprador atua via sistema de proposta conhecido como RFQ (Request for Quote, ou
pedido de cotação), ou leilão reverso; ii) o cliente compra de fornecedores conhecidos, a
preços predeterminados; iii) o comprador adere a uma cooperativa de compras.
3. Modelo de mercadorias: São os mercados eletrônicos que reúnem muitos compradores e
fornecedores.
A relação B2B representa a maior parte do volume de comércio eletrônico, cobrindo
um largo espectro de aplicações que permitem a uma empresa ou a um setor econômico
18
estabelecer relacionamentos econômicos com seus distribuidores, revendedores, fornecedores,
clientes e outros parceiros (TURBAN et al. (2004). Conforme a tabela 2, se verifica o volume
de negócios realizados no âmbito do B2B e sua evolução.
Trimestre 1º 2005 2º 2005 3º 2005 4º 2005
Total em bilhões
de reais
B2B Companies 49.8 59.4 52.7 50.4 212.3
B2B E-Markets 10.9 13.3 13.2 17.9 55.3
B2B Total
60,7 72,7 65,9 68,3
267.6
Fonte: e-consulting, câmara-e.net. Acesso em julho de 2007
Tabela 2: Vendas B2B - Empresa para empresa em 2005
Neste trabalho, o foco principal reside a partir de aplicações de comércio eletrônico,
mediante a relação B2B do tipo sistemas interorganizacionais, com ênfase no mercado
comprador.
Os benefícios do comércio eletrônico podem ser assim destacados, segundo a literatura
(BATISTA, 2004; TURBAN et al., 2004):
Papel: A redução do uso e armazenamento de papel, seja informativo ou
documentos, dando lugar aos formulários digitais;
Tempo: O tempo das transações é muitas vezes um fator significativo para o
sucesso da organização, e as transações eletrônicas podem economizar um tempo
valioso;
Distância: A internet permite a redução das fronteiras físicas, o que se traduz
na projeção de uma empresa local em um distribuidor global;
Custos com pessoal: A manipulação de grandes quantidades de papel para
resolver as transações necessárias ao funcionamento da empresa exige a utilização
de um grande número de pessoal. As transações eletrônicas e, em conseqüência, a
economia de papel permitem uma redução significativa de funcionários;
Relações com os clientes: O comércio eletrônico resulta em uma relação muito
mais estreita entre a empresa, seus clientes e fornecedores;
Facilidade de uso e melhor controle: As empresas, e ao mesmo tempo os
usuários, estão optando pela realização de suas operações no modo eletrônico, pois
essa modalidade permite o controle mais apurado dos acontecimentos, além da
extrema facilidade de operação. Uma das maiores heranças da internet é a redução
de processos burocráticos, ou seja, os processos ficam mais simples.
19
2.3.1 Comércio eletrônico nas MPE
Os processos que envolvem o comércio eletrônico têm como infra-estrutura as
tecnologias de informação e comunicação com base nos protocolos da Internet e infra-
estrutura de rede e telecom. Permitem o apoio para serviços como correio eletrônico,
comunicação instantânea, segurança, software, hardware, pagamento dentre outros,
identificadas na Figura 3 apresentada na seção anterior.
Segundo Tigre (2002), o comércio eletrônico via Internet constitui uma inovação
capaz de beneficiar empresas de todos os portes. Micro e pequenas empresas (MPE), em
particular, se defrontam com a oportunidade de ter acesso a mercados e informações muito
mais abrangentes.
A participação das micro e pequenas empresas no comércio eletrônico tem sido
ampliada ao longo dos últimos anos, com especial destaque para o desempenho do setor em
2006. Segundo informações do Ministério do Planejamento (2006), o Governo Federal
comprou R$ 818,8 milhões de bens e serviços das micro e pequenas empresas (MPE), de
janeiro a junho de 2006. Esse valor representa 10,5% de um total de R$ 7,7 bilhões das
compras realizadas no período.
Quase metade das aquisições desse segmento ocorreu através de pregão eletrônico, que
foi a modalidade mais utilizada pelas MPE para fornecer ao governo no primeiro semestre
deste ano. Elas foram responsáveis, em 2006, por 18% - R$ 403,7 milhões - das compras
eletrônicas que chegaram a R$ 2,2 bilhões no total.
Para ampliar a participação das micro e pequenas empresas nas compras públicas, o
Ministério do Planejamento e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)
assinaram no início do mês de julho de 2006 um Termo de Cooperação Técnica. A meta é
elevar em 15% a participação das MPE no volume de contratações tipicamente realizadas por
esse segmento empresarial. O programa prevê a capacitação para fornecer ao governo de 10
mil micro e pequenas empresas de todas as regiões do país. Também receberão treinamento
500 compradores públicos federais sobre os instrumentos jurídicos e administrativos
disponíveis à ampliação das micro e pequenas empresas nas contratações públicas. O Governo
possui um cadastro com cerca de 243 mil fornecedores e desse número, mais de 127 mil são
micro e pequenas empresas.
Benefícios e vantagens da adoção do comércio eletrônico nas MPE
Foram encontrados na literatura vários benefícios que as micro e pequenas empresas
podem auferir na utilização do comércio eletrônico. Em termos de vantagens, as MPE podem
20
melhorar sua competitividade e obter novas oportunidades de negócios, melhor preparação
para a concorrência mercadológica, pioneirismo, diminuição ou eliminação de intermediários,
redução de custos, criação e inovação de produtos e/ou serviços customizados, eficiência e
melhoria da infra-estrutura (MOURA, 2003).
Morais (2005) apontou outros benefícios encontrados pelas micro e pequenas
empresas que adotam as tecnologias da informação de forma adequada:
Maior compreensão das funções produtivas e do controle interno das operações;
Redução da redundância de operações e aumento da continuidade, em virtude do
aumento de velocidade de resposta;
Integração da empresa, que possibilita o aumento na velocidade dos negócios, por
melhorar o desempenho dos processos e o aumento da flexibilidade de produção;
Redução de custos por automatizar tarefas que manualmente consumiam muito
tempo e que posteriormente, passaram a economizar tempo e dinheiro,
aumentando a produtividade e eliminando a monotonia das tarefas repetitivas;
Melhora no atendimento ao cliente, satisfazendo-o pelo uso de tecnologias
simples e acessíveis como linha telefônica e um identificador de chamadas que o
identifique a fim de lhe oferecer um atendimento personalizado, servindo-o
melhor por identificar suas necessidades e preferências;
Maior integração por proporcionar vendas maiores para clientes potenciais,
através de portais B2B, ferramenta essencial para a comunicação com parceiros de
negócios e clientes. Vender pela internet é um recurso disponível inclusive às
micro e pequenas empresas;
Melhorar nas informações, uma vez que sistemas de informação específicos
filtram as informações, tornando-as mais condensadas e relevantes;
Maior disponibilidade das informações mais precisas para o processo decisório e
em tempo oportuno;
Aprimora a capacidade de reconhecer antecipadamente os problemas e
oportunidades;
Auxílio prestado ao gerente referente ao teste de algumas decisões antes de
colocá-las em prática;
Melhora do processo produtivo, por se focar nas tarefas mais importantes,
obtendo mais produtividade e competitividade;
Redução dos problemas relacionados ao gerenciamento da informação, e do custo
de execução desse processo.
21
Para as MPE, a Internet oferece pelo menos cinco tipos de vantagens ou oportunidades
inerentes ao seu porte, listadas por Tigre (2002):
a) Obtenção de Economias de Velocidade
A economia de tempo pode ser obtida no desenvolvimento de novos produtos, na
compra e venda de suprimentos, no processo produtivo, na transferência de recursos e na
distribuição de produtos e serviços. A redução do tempo necessário para realizar estas
atividades permite reduzir o capital de giro empregado nos estoques intermediários e finais,
tornando o fluxo produtivo mais contínuo e mais próximo dos princípios do just-in-time. Com
sistemas integrados em tempo real o tempo de espera diminui significativamente, pois
aumenta o nível de sincronismo entre as diferentes atividades da organização.
b) Inserção em Redes de Firmas e Cadeias Produtivas
Para a MPE, mais do que um instrumento de operacionalização do funcionamento das
redes, a Internet pode representar redução de barreiras à entrada em determinados mercados.
O acesso a sites de compra, e a possibilidade de simplificar procedimentos burocráticos e
logísticos, pode contribuir eventualmente para a redução do tamanho mínimo requerido para
operar em determinadas redes.
c) Acesso a Mercados
As micro e pequenas empresas que contam com certo nível de capacitação interna
podem identificar e implementar soluções “on line” para ter acesso a um mercado mais
amplo. A Internet ajuda a superar deficiências de tamanho de firma ao reduzir a importância
de algumas limitações temporais e geográficas. Embora a variável locacional continue sendo
crítica para o sucesso de qualquer empreendimento, a web ameniza este aspecto ao permitir a
troca de informação e a realização de negócios em qualquer lugar do mundo.
d) Oportunidades de Novos Negócios
A difusão da Internet vem abrindo oportunidades para o surgimento de novos serviços
e produtos que agregam valor ao usuário. De posse de informações qualificadas, objetivas e
de fácil acesso é possível obter melhores preços, selecionar produtos mais adequados à suas
necessidades, ter acesso à pesquisas e avaliações de terceiros, fortalecendo o processo de
tomada de decisões.
22
e) Redução dos Custos de Transação
Os custos de negociação, contratação e os riscos de não cumprimento dos termos
acordados ao longo de um contrato, conhecidos na literatura econômica como “custos de
transação” podem ser reduzidos com o uso da Internet. A redução nos custos de negociação,
por exemplo, pode se dar através do uso de contratos coletivos em transações como
licenciamento de software, compras, vendas e serviços. Este é um aspecto positivo para a
MPE que tipicamente tem pouco poder de barganha em negociações, além de contar com um
reduzido quadro comercial.
Segundo Tigre (2002, p. 9), os principais benefícios do comércio eletrônico percebidos
pelas micro e pequenas empresas brasileiras podem ser listadas na tabela 3, onde observa-se
que o benefício maior percebido é o acesso à informação, com 72,8% de indicações. No
entanto, devem ser resguardadas as limitações do estudo, pois o questionário da pesquisa de
Tigre foi distribuído através de uma publicação especializada em assuntos envolvendo a
tecnologia da informação.
Benefícios Percentual
Acesso à informação 72.8
Acesso a novos mercados 52.0
Maior visibilidade da empresa 39.2
Aumento da quantidade dos produtos 32.8
Redução dos custos de compra 32.0
Aumento de vendas 31.2
Redução dos custos administrativos 31.2
Novo canal de distribuição 28.8
Melhor integração logística 23.2
Novas formas de vender seu produto 16.8
Maior margem 12.0
Participação em "redes de firmas" 8.0
Redução na cadeia de suprimentos 8.0
Fonte: Tigre (2002, p. 9) Nota: Foram admitidas mais de uma resposta por respondente
Tabela 3: Principais benefícios do CE percebidos pelas MPE brasileiras
Outros benefícios do comércio eletrônico para as micro e pequenas empresas foram
descritas por Auger e Gallaugher (1997), são similares aos relatados por Tigre (2002), como
por exemplo, acesso a base de clientes com maior potencial de consumo, baixo custo de
disseminação da informação e canal adicional de comunicação com os clientes.
Tendo em vista este cenário de promoção das MPE no universo do comércio
eletrônico, as barreiras técnicas e financeiras para uma efetiva participação nesse mercado
digital não podem ser menosprezadas. As oportunidades e desafios que surgem no rastro da
difusão da Internet variam segundo o setor em que a empresa atua, seu porte, e sua relação
23
com outros agentes econômicos.
2.3 BARREIRAS À ADOÇÃO DE TI
São várias as barreiras encontradas pelas micro e pequenas empresas na adoção de TI,
em particular ligada ao comércio eletrônico. Ratnasingam (2003) estudou as barreiras e riscos
vivenciados na adoção do comércio eletrônico a partir de quatro questões envolvidas na
discussão: tecnológicas, organizacionais, ambientais e sociais. A falta de infraestrutura
tecnológica, a falta de comprometimento da alta administração, a questão da segurança, a falta
de competitividade no ambiente mercadológico onde atua e o poder coercitivo do grande
comprador são fatores que influenciam a adoção de TI (RATNASINGAM, 2003). Premkumar
e Roberts (1999) identificaram os fatores que influenciam a adoção de TI em pequenas
empresas rurais a partir da análise das características organizacionais e ambientais e da
inovação. A vantagem relativa, o apoio da alta admnistração, o porte da empresa e as pressões
competitiva e externa foram definidos como importantes determinantes da adoção.
O próprio perfil do proprietário pode ser uma barreira no tocante à centralização das
decisões, sua falta de conhecimento de técnicas modernas de administração. Outra barreira
está relacionada com a falta ou maior desqualificação da mão-de-obra (MACGREGOR, 2003).
Nas MPE há tendência maior ao dirigente desconhecer o mercado e ter acesso às informações
mais confiáveis. Um tipo de barreira comum para as MPE diz respeito à falta de recursos para
aquisição de novas tecnologias.
Complementando o assunto sobre as barreiras ao uso do comércio eletrônico pelas
empresas, citam-se as relacionadas por Turban (2004), como limitações técnicas e não-
técnicas.
Limitações técnicas
A inexistência de padrões universalmente aceitos de qualidade, segurança e confiabilidade;
Largura de banda e disponibilidade insuficientes (principalmente fora dos grandes centros
urbanos e regiões mais desenvolvidas) nas telecomunicações. Uma política de preço
diferenciado, dentro de uma mesma operadora, para as várias regiões do país (para um
mesmo serviço e características técnicas);
Ferramentas de desenvolvimento de software ainda em evolução;
A dificuldade de integrar a internet e software de comércio eletrônico com alguns
aplicativos existentes (especialmente os sistemas legados) e os bancos de dados;
24
O custo agregado dos servidores da Web em acréscimo aos dos servidores de rede;
Acesso caro e/ou complicado a internet para alguns.
Limitações não-técnicas
Muitos aspectos legais ainda não resolvidos, como os relativos aos impostos;
Padrões e regulamentos governamentais nacionais e internacionais que ainda não foram
criados para determinadas circunstâncias;
Dificuldade de avaliar certos benefícios do comércio eletrônico, tais como anúncios na
Web. Os métodos para justificar o comércio eletrônico estão ainda na primeira infância;
Muitos compradores e vendedores estão esperando o comércio eletrônico estabilizar-se
antes de a ele aderir;
A resistência dos consumidores a passar de uma loja real para uma loja virtual;
A impressão de que o comércio eletrônico é caro e não oferece garantias;
Em muitas atividades do comércio eletrônico, ainda inexiste a massa crítica (número
suficiente) de vendedores e compradores, indispensável para tornar rentável uma operação.
Observando as limitações da adoção da TI nas MPE, Pacheco e Tait (2000) citam que
o uso da TI nas micro e pequenas empresas possuem barreiras muito evidentes para este
segmento, tais como limitação de recursos financeiros, a escassez de recursos humanos
qualificados, a dificuldade de acesso às informações, a falta de conhecimento das tecnologias
disponíveis e a dificuldade em adquirir ou desenvolver tecnologia. Para os esses autores, essas
barreiras induzem uma postura pouco pró-ativa para que as micro e pequenas empresas
invistam em TI de forma eficiente e em consonância com o planejamento geral de suas
empresas. Conforme Pavic et al. (2007), não somente as pequenas e médias empresas têm
recursos financeiros limitados, como têm também escassez de recursos humanos qualificados,
os quais contribuem para que haja uma escassez em geral de conhecimento e habilidades
dentro dessas organizações para lidar com novas idéias, conceitos e tecnologias.
A introdução de uma nova tecnologia no âmbito de uma MPE passa por barreiras e
dificuldades. Para ilustrar o caso do ERP, Mendes e Escrivão Filho (2002) elecaram três
fatores inibidores da adoção desse sistema. O primeiro é o planejamento do projeto
inadequado, em que há insegurança dos funcionários em relação ao manuseio e à utilização do
sistema; alto custo para customizar e desenvolver relatórios; e perda de foco resultando em
estouro no custo e no prazo de implantação. Um outro fator inibidor é a contratação de equipe
experiente. Neste caso, são barreiras: a dificuldade no atendimento pelo fornecedor, pelo
25
tempo de resposta lento, a pouca adequação do suporte técnico e o despreparo dos consultores.
Quanto à consultoria, um obstáculo é o fato de ser considerada cara para o universo
das MPE. A última dificuldade a ser contornada diz respeito à resistência dos funcionários
pela necessidade de adaptação às mudanças na rotina do trabalho. Por parte da alta
administração e dos funcionários mais antigos há resistência, por não terem conhecimentos
básicos em informática. De forma geral, há barreiras para adoção de novos sistemas em MPE
porque geralmente não há funcionários com qualificação técnica para dar suporte e utilizar o
sistema e há falta de confiabilidade nas informações extraídas do sistema.
Conforme Tigre (2002), as empresas já deram o primeiro passo para adoção da
Internet, mas a maioria enfrenta barreiras para entrar em aplicações mais integradas e
sofisticadas, necessárias para explorar as oportunidades oferecidas pelas novas tecnologias de
informação e comunicação. A tabela 4 mostra os obstáculos encontrados pelas MPE
brasileiras quanto à adoção de comércio eletrônico.
Obstáculos Percentual
Falta de segurança na rede 38.6
Falta de recursos humanos qualificados na empresa 28.7
Precariedade da infra-estrutura de telecomunicações 27.7
Custo de marketing associado ao canal Web 27.7
Alto custo dos equipamentos, software e serviços 25.5
Falta de parceiros adequados 24.8
Falta de conscientização da empresa sobre as oportunidades 21.8
Falta de informações sobre as tecnologias mais adequadas 18.8
Assistência técnica deficiente 7.9
Pouca integração com os sistemas internos de gestão 5.7
Fonte: Adaptado de Tigre (2002, p. 11) Nota: Foram admitidas mais de uma resposta por respondente
Tabela 4: para a utilização do CE pelas MPE brasileiras
Para Testa, Luciano e Freitas (2006), a variável Segurança é mais crítica para B2C,
onde o cliente é desconhecido e em maior quantidade do que em B2B, cujos clientes são em
número bem menor e mais conhecidos por parte da empresa cliente. Desta forma, tendo em
vista que na presente pesquisa o foco é na relação B2B, a percepção de falta de segurança
como determinante à adoção da TI não foi investigada, apesar de sua importância como
obstáculo à inserção digital das empresas de pequeno porte.
Os obstáculos ou barreiras citados pelas MPE para a utilização do comércio eletrônico
(CE) são relacionados com a infra-estrutura e que provavelmente variam em menor ou maior
grau dependendo do setor econômico e da região geográfica estudada. Um estudo da FIESP
(2000) verificou que as dificuldades operacionais e a falta de informações sobre o processo de
implantação do comércio eletrônico são os dois maiores obstáculos para integrar o comércio
26
eletrônico aos negócios das micro e pequenas empresas.
Um dos aspectos mais citados diz respeito à conscientização do empresariado com
relação à adoção de novas tecnologias. A fim de que os gestores de pequenos negócios
possam vir a adotar uma determinada tecnologia, Kuan e Chau (2001) revelam que é mais
importante que esses percebam e reconheçam positivamente os benefícios da TI.
O SEBRAE e a Petrobras realizaram em 2005 um pré-diagnóstico com as empresas
participantes do Arranjo Produtivo Local (APL) da cadeia de petróleo e gás no RN (SEBRAE,
PROMIMP e PETROBRAS, 2005), com a contribuição de 20 empresas, as quais afirmaram
ter como principais dificuldades para comercializar eletronicamente com a Petrobras a falta de
infra-estrutura de telecom adequada e de custo acessível, bem como a falta de informações e
conhecimento sobre a escolha, aquisição e implantação de sistemas de informação mais
adequados às empresas, a inexistência ou carência nas regiões mais distantes dos grandes
centros de empresas ou pessoas especializadas em prestar consultoria de TI, e por fim a falta
de pessoas especializadas ou capacitadas em TI nas empresas.
Essas barreiras são, portanto, desafios que o SEBRAE e a Petrobras encontraram para
promover a inclusão das MPE do RN no universo do comércio eletrônico e, em particular, no
comércio com a Petrobras, aumentando assim a participação de empresas locais nas
negociações comerciais com essa grande empresa.
2.4 O SISTEMA DE COMPRAS ELETRÔNICAS DA PETROBRAS
A Petrobras adotou o comércio eletrônico para suas compras no RN e tem como meta
negociar através desse sistema com 100% das empresas do RN até o fim de 2007, o que
provocará uma mudança no setor com relação à forma como essas empresas utilizarão a TI. A
Petrobras está usando de seu poder de negociação como comprador para estimular a adoção
do comércio eletrônico. Para muitas empresas a Petrobras representa o único ou principal
cliente. Esse fato pode ser verificado no pré-diagnóstico realizado, onde se observou que
cerca de 49% das empresas fornecedoras pesquisadas possuíam a Petrobras como o seu
principal cliente, onde as compras dessa empresa representavam entre 50% a 100% de seus
faturamentos anuais. Para dar apoio a todo o modelo de B2B utilizado para aquisições de bens
e serviços, a Petrobras criou a Petronect em outubro de 2002.
Segundo o site www.petronect.com.br, a Petronect é um portal de e-procurement que
disponibiliza ferramentas para aquisição de bens e serviços atendendo às empresas do Sistema
Petrobras e seus fornecedores. Na sua plataforma de negócios, são realizadas diversas
27
transações que vão desde solicitações de cotação e envio de propostas até a gestão de
contratações e gerenciamento dos pedidos. A Petronect surgiu por iniciativa da Petrobras,
através de uma associação de sua subsidiária e-Petro, com as empresas SAP e Accenture no
dia 18 de outubro de 2002. A Petrobras realizou sua primeira operação através da Petronect
em agosto de 2003. O objetivo principal da companhia é fornecer soluções de comércio
eletrônico que aumentem a liquidez, a agilidade e, consequentemente, o volume de negócios
dos participantes do Portal de forma segura e transparente.
Os serviços oferecidos pela Petronect podem ser descritos na figura 4, que sintetiza os
processos comerciais envolvidos no site.
Fonte: Adaptado de www.petronect.com.br
(em 29/10/2006)
Figura 4: Serviços oferecidos pelo site da Petronect
Segundo a Petronect, a interação entre compradores e fornecedores ocorrerá em ambiente
web, através da solução MarketSet, desenvolvida pela SAP. O MarketSet é composto pelos
seguintes aplicativos:
Ferramenta de Cotação Eletrônica (FCE)
Quadro de Avisos Eletrônico (QA)
Pedido com Referência a Contrato (PRC)
28
Em termos funcionais, pode-se estruturar o sistema conforme mostra a figura 5, onde as
áreas demarcadas (pontilhadas) correspondem ao escopo do treinamento realizado pela
Petronect para que os fornecedores possam conhecer e utilizar o portal de comércio eletrônico
com a Petrobras.
PRC
FCE
QA
Pedido de Compra Pedido de Compra
MarketSet
Comprador
Negociação
Negociação
Informação Informação
Fornecedor
PRC
FCE
QA
Pedido de Compra Pedido de Compra
MarketSet
Comprador
Negociação
Negociação
Informação Informação
Fornecedor
Fonte: Adaptado do CD de treinamento da Petronect
Figura 5: Sistema MarketSet da Petronect
O portal PETRONECT possui algumas importantes vantagens, as quais são listadas
abaixo.
Transparência e segurança dos processos
A Petronect conquistou a certificação Bureau Veritas Quality International (BVQI) da
Declaração de Sigilo das Propostas de Fornecedores, garantindo o cumprimento dos requisitos
da Norma ISO 17050-1, em dezembro de 2005. Esta certificação atesta o sigilo das propostas
enviadas pelos fornecedores, garantindo que as mesmas não poderão ser acessadas até o
fechamento da oportunidade.
Maior agilidade
Numa primeira fase, a Petronect permite a ativação e divulgação de oportunidades criadas
pela Petrobras de uma forma mais rápida do que no processo convencional. Da mesma forma,
graças às integrações do portal com cada um dos Sistemas Internos (SAP R/3) das empresas
Petrobras, o envio de propostas dos fornecedores acontece automaticamente logo após o
fechamento da oportunidade, iniciando imediatamente a equalização dos preços.
Redução de Custo
Por um lado, a Petrobras reduz os custos operacionais do processo tradicional de compras
29
substituindo o papel pelo meio digital. Por outro lado, os fornecedores não precisam mais se
deslocar para entregar uma proposta, já que agora está é enviada eletronicamente.
Rastreabilidade dos processos
A plataforma única e integrada garante a padronização dos processos e o acompanhamento
constante por parte das empresas envolvidas, que assim passam a contar com uma ferramenta
adicional para administração mais eficiente de suas negociações.
Aumento de oportunidades
O sistema integrado quebra fronteiras impostas pela geografia. Com a Petronect, é possível
realizar negociações entre diversas unidades da Petrobras e empresas fornecedoras,
independentemente da localidade de cada uma delas. Assim, a Petrobras possui um número
maior de empresas para convidar e os fornecedores possuem um número maior de unidades a
atender.
Consultas de participações
O Portal Petronect permite que cada comprador ou contratador de serviço tenha acesso ao
histórico de cada oportunidade, assim como cada fornecedor possui acesso ao histórico de
todas as suas participações.
Atendimento diferenciado
A Petronect conta com uma estrutura de atendimento exclusiva para cada tipo de cliente.
Existe uma equipe de suporte para compradores e contratadores do Brasil, outra para
compradores das unidades internacionais da Petrobras, outra para o atendimento a
fornecedores brasileiros e mais uma equipe exclusiva para o suporte a fornecedores hispano-
americanos localizada em Buenos Aires – Argentina.
Para se ter acesso a este portal, torna-se necessário que a empresa tenha disponível um
computador com acesso à internet, pacote de escritório compatível com a Microsoft
(Microsoft Office, OpenOffice etc) e que possua alguns controles mínimos sobre a formação
de preços de venda de seus produtos ou serviços, capacidade de produção, bem como outros
itens que garantam que os preços, as quantidades, locais e prazos de entrega acordados,
tragam lucros compatíveis e compensadores para as empresas fornecedoras. Desta forma, a
Petrobras reduz o risco de quebra de fornecimento pela descontinuidade de entrega dos
produtos ou serviços, fato comum entre empresas que não possuem um controle gerencial
eficiente.
30
O uso pouco eficiente da TI, apenas para funções administrativas, e a falta de
conhecimento técnico para formação de preço e de gestão de negócios, leva algumas MPE a
praticarem preços inexeqüíveis por desconhecimento de sua matriz de custo e motivadas pela
ferramenta de comércio eletrônico que classifica como empresa vencedora, aquela que
ofereça os menores preços entre os concorrentes.
A subutilização da TI tem como conseqüência a falta de informações confiáveis e em
curto espaço de tempo (visto que as licitações ocorrem em prazo curto de tempo) sobre a área
operacional e financeira dessas empresas, aliada às práticas inadequadas de gestão
empresarial as quais podem provocar perdas irreparáveis para essas empresas. Um desses
efeitos é o descredenciamento do cadastro de fornecedores da Petrobras, pelo fato de não
terem cumprido com os contratos.
31
CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA DA PESQUISA
Este capítulo descreve os procedimentos metodológicos empregados nesta pesquisa,
mostrando aspectos como tipo de pesquisa, método de pesquisa, população e amostra,
instrumento de coleta de dados, procedimento de coleta dos dados, análise e interpretação dos
dados.
3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA
Segundo Jung (2003), a pesquisa é o processo através do qual as pessoas adquirem um
novo conhecimento sobre si mesma ou sobre o mundo em que vivem, com a finalidade de
responder a um questionamento, resolver um problema ou satisfazer uma necessidade. Os
tipos de pesquisas podem ser classificados quanto à natureza, objetivos e procedimentos.
Quanto à natureza, esta dissertação é caracterizada como aplicada, pois segundo Silva
e Menezes (2001), a pesquisa aplicada objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática
dirigidos à solução de problemas específicos, envolvendo verdades e interesses locais.
Por se tratar de uma busca de informações para identificar a presença de fatores com
potencialidade inibidora à adoção/mudança de TI na região e grupo de empresas em estudo,
utilizando conceitos já considerados em publicações anteriores, a pesquisa caracteriza-se
como exploratória (SANTOS JR., 2002). A pesquisa exploratória visa proporcionar maior
familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses.
Quanto aos procedimentos bibliográficos, foram utilizadas diversas fontes de
informações para a obtenção de artigos, teses e publicações relacionadas ao tema adoção de
tecnologia da informação. Algumas dessas fontes utilizadas foram o Google Scholar (Google
Acadêmico), banco de teses da CAPES, banco de teses da UFRGS, UFSC, dentre outras
fontes. Documentos e relatórios sobre o assunto e as entidades envolvidas também foram
consultados.
O método de pesquisa empregado foi o levantamento de dados (survey). As pesquisas
do tipo survey, segundo Gil (1999), se caracterizam pela interrogação direta das pessoas cujo
comportamento deseja conhecer. O método survey para obtenção de informações se baseia no
32
interrogatório dos participantes, aos quais se fazem várias perguntas sobre características
demográficas, seu comportamento, intenções, atitudes, percepções, motivações etc
(MALHOTRA, 2001).
Segundo Fink (1995 apud Freitas et al., 2000), o método é apropriado quando:
Se deseja responder questões do tipo “o que?”, “por quê?”, “como?” e “quanto?”,
ou seja, quando o foco de interesse é sobre “o que está acontecendo” ou “como e por
que isso está acontecendo”;
Não se tem interesse ou não é possível controlar as variáveis dependentes e
independentes;
O ambiente natural é a melhor situação para estudar o fenômeno de interesse;
O objeto de interesse ocorre no presente ou no passado recente.
Ainda com relação ao método, a pesquisa survey desta dissertação tem uma
abordagem quantitativa baseada em dados qualitativos e quantitativos, pois considera que
tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para
classificá-las e analisá-las e requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (SILVA;
MENEZES, 2001).
Quanto ao ponto no tempo ao qual os dados foram coletados, a pesquisa é de corte-
transversal (cross-sectional), onde a coleta dos dados ocorre em um só momento, pretendendo
descrever e analisar o estado de uma ou várias variáveis em um dado momento (Sampieri et al,
1991 apud Freitas et al, 2000).
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
A amostra é encontrada com a escolha de alguns indivíduos ou entidades da população,
de maneira que se permita uma generalização a partir desses. A parte mais crítica do
procedimento de amostragem é justamente a escolha dessa amostra representativa
(Pinsonneault e Kraemer 1993 apud Círia, 1997). No entanto, o que antecede a escolha da
amostra é a própria definição da população-alvo.
Para este trabalho, são as micro e pequenas empresas do Rio Grande do Norte
fornecedoras de produtos e serviços, que estavam registradas no cadastro de fornecedores da
Petrobras até 2005. Foi utilizado o conceito de micro e pequenas empresas do SEBRAE
(SEBRAE, 2003), que utiliza o número de funcionários para determinar o seu porte. A tabela
5 mostra a classificação das empresas segundo o seu porte.
33
O cadastro da Petrobras registrava em julho de 2006 um total de 2558 empresas
fornecedoras no estado, das quais 1753 ainda não haviam fornecido através do portal da
Petronect. Com as limitações desse cadastro, não havia possibilidade de selecionar aquelas
que representavam as micro e pequenas empresas fornecedoras. Contudo, o pré-diagnóstico
realizado com esses fornecedores e descrito em SEBRAE, PROMIMP e PETROBRAS (2005),
revelou que a grande maioria dessas empresas era de MPE.
PORTE COMÉRCIO E SERVIÇO INDÚSTRIA
Microempresa Até 09 funcionários Até 19 funcionários
Pequena Empresa De 10 a 49 funcionários De 20 a 99 funcionários
Média Empresa De 50 a 249 funcionários De 100 a 499 funcionários
Grande Empresa Acima de 250 funcionários Acima de 500 funcionários
Fonte: SEBRAE (2003)
Tabela 5: Área de Abrangência da Cadeia de Petróleo e Gás no Rio Grande do Norte
A amostra foi não-probabilística por conveniência, onde os elementos não foram
selecionados aleatoriamente, isto é, foram escolhidos alguns casos para a amostra que, a partir
da disponibilidade dos respondentes, representem a população, não servindo os resultados
obtidos na amostra para fazer uma generalização para a população “normal”. Porém permitirá
uma idéia de um comportamento da população, o que está de acordo com o objetivo
exploratório deste estudo. A tabela 6 mostra a distribuição das empresas no cadastro segundo
a adoção ou não ao comercio eletrônico com a Petronect.
Empresas Absoluto Percentual Amostra obtida no campo
Usa a PETRONECT 805 31,47% 30
Não usa a PETRONECT 1753 68,53% 55
Total 2558 100% 88
Tabela 6: Fornecedores MPE da Petrobras segundo a adoção ou não do comércio eletrônico com a
Petronect
As unidades de análise são as organizações e os respondentes, visto que um dos
objetivos deste estudo é investigar possíveis padrões de comportamento inibidor do uso da TI
nas organizações a partir da opinião dos gestores.
Segundo SEBRAE, PROMIMP e PETROBRAS (2005), o território onde são
desenvolvidas as atividades produtivas da cadeia de petróleo e gás está situado entre os
municípios de Apodi, Areia Branca, Açu, Macau e Guamaré, sendo os centros de produção
terrestres e marítimos sediados em torno das cidades de Mossoró, Alto do Rodrigues e
Guamaré, conforme ilustrado na figura 6, apresentada a seguir. Além disso, existem
atividades de planejamento, acompanhamento, controle, estudos e projetos desenvolvidos nas
cidades de Natal, Mossoró e Alto do Rodrigues.
34
50 km
O
C
E
A
N
O
A
T
L
A
N
T
I
C
O
Macau
RN
CE
PB
Açu
Apodi
Pescada
Arabaiana
Agulha
Ubarana
Areia
Branca
p
/
A
r
a
c
a
t
i
FZB
CAM
ET
GMR
FP
RFQ
UPN
SE
MO
LV
CAC
TM
PX
BAL
FM
RE
PML
Alto do
Rodrigues
Guamaré
NATAL
MOSSORÓ
Fonte: SEBRAE, PROMIMP e PETROBRAS (2005)
Figura 6: Área de Abrangência da Cadeia de Petróleo e Gás no Rio Grande do Norte
Através da análise do cadastro de fornecedores da Petrobras, verificou-se que a quase
totalidade das empresas fornecedoras estava concentrada nas áreas de abrangência citada
anteriormente e que, portanto, serviu como delimitação geográfica para a amostra do estudo.
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
A elaboração e validação do instrumento de coleta de dados é uma das etapas da
pesquisa de maior importância. Objetivou-se a construção de um questionário que
possibilitasse a obtenção das informações necessárias de forma coerente com os objetivos
dessa dissertação. A figura 7 apresenta as etapas para a obtenção do instrumento de coleta de
dados dessa dissertação.
Figura 7: Etapas para a obtenção do instrumento de coleta de dados
Dentre as pesquisas correlatas ao estudo, destacam-se os trabalhos acadêmicos
Revisão de Literatura
A
daptação do Questionário
Estudo Piloto
Questionário Final
A
daptação do Questionário
1
2
3
4
5
35
orientados pelo Dr. Henrique Mello Rodrigues de Freitas, coordenador do Grupo
Interinstitucional de Pesquisa da Gestão do Impacto da Adoção de Novas Tecnologias de
Informação (GIANTI) do Programa de pós-graduação em Administração da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. Algumas dissertações produzidas tinham utilizado um mesmo
instrumento de coleta de dados, testado e validado pelo grupo de trabalho. Foram então
mantidos contatos com o professor Freitas, orientador das dissertações do PPGA/UFRGS
citadas acima, que disponibilizou os questionários utilizados nos estudos.
Dentre alguns desses trabalhos, as dissertações de Rech (2001), Martens (2001),
Albano (2001) e Santos Júnior (2002) foram as mais referenciadas. A dissertação de Santos
Júnior, em particular, buscou identificar os fatores técnico-financeiros e socioculturais
inibidores à adoção de Tecnologia da Informação, por parte das pequenas e médias empresas
das Micro-Regiões do meio oeste catarinense, cujo objetivo está muito próximo ao adotado
nesta dissertação. O questionário utilizado por Santos Jr. (2002) atendia a maior parte dos
objetivos, o que possibilitou a sua utilização nesse estudo e abre perspectivas para futuros
estudos comparativos entre os resultados encontrados por Santos Jr. (2002) e os encontrados
nessa dissertação.
O questionário foi dividido em quatro blocos representando as dimensões pesquisadas
(Anexo B). Os dois primeiros blocos “Identificação do respondente/organização” e
“Identificação da TI” tiveram como base o instrumento de pesquisa utilizado por Rech (2000)
e Martens (2001), com algumas alterações, inclusões e exclusões de variáveis, devido aos
objetivos da pesquisa e ao universo das empresas pesquisadas. Os dois últimos blocos
“Fatores técnico-financeiros inibidores do uso da TI” e “Fatores socioculturais inibidores do
uso da TI” tiveram como base o instrumento de pesquisa utilizado por Santos Jr. (2002) e
também passaram por algumas alterações e exclusões de variáveis, cujas adaptações foram
necessárias para adequar à realidade das características tecnológicas identificadas pelo pré-
diagnóstico realizado com os fornecedores da Petrobras no Rio Grande do Norte e citados em
SEBRAE, PROMIMP e PETROBRAS (2005).
A seguir, são descritos o conjunto de variáveis e sua relação com os objetivos
específicos, relatando a nomenclatura de cada bloco (e sub-blocos) e de suas respectivas
variáveis.
Bloco 1 – Perfil dos gestores e da organização (11 Questões):
1.A - Respondentes
Q
1
- Sexo
Q
2
- Idade
36
Q
3
- Grau de escolaridade
Q
4
- Experiência no uso da TI
1.B – Organização
Q
5
- Área de atuação da empresa
Q
6
- Outras áreas de atuação (aberta)
Q
7
- Município
Q
8
- Outros municípios
Q
9
- Tempo de atividade da empresa (em anos)
Q
10
- Número de funcionários na empresa
Q
11
- Faturamento bruto em 2005
Bloco 2 – Perfil de adoção da TI (35 questões):
Q
12
- Disponibilidade de computadores
Q
13
- Número total de computadores
Q
14
- Uso de rede local entre os computadores
Q
15
- Percentual ligado em rede
Q
16
- Orçamento de TI em 2005
Q
17
- Percentual de usuários de TI
Q
18
- Nível de terceirização do setor de TI
Q
19
- Alinhamento entre a TI e o Planejamento Estratégico da empresa
Q
20
- Disponibilidade de correio eletrônico
Q
21
- Tipo de acesso a Internet
Q
22
- Velocidade de conexão da Internet
Q
23
- Freqüência de uso dos E-mails (Correio Eletrônico)
Q
24
- Freqüência de uso dos Programas de Comunicação Instantânea (chats)
Q
25
- Freqüência de uso de Vídeo/ teleconferências
Q
26
- Freqüência de uso da Internet p/ divulgar a empresa
Q
27
- Freqüência de uso da Internet p/ vender produtos e serviços
Q
28
- Freqüência de uso da Internet p/ comprar produtos e serviços
Q
29
- Freqüência de uso da Internet p/ realizar suporte ao cliente
Q
30
- Freqüência de uso da Internet p/ gerenciar a logística
Q
31
- Freqüência de uso da Internet p/ operações bancárias
Q
32
- Freqüência de uso da Internet p/ o e-gov
Q
33
- Freqüência de uso da Internet p/ Pregão Eletrônico
37
Q
34
- Freqüência de uso da Internet p/ intermediação financeira
Q
35
- Freqüência de uso da telefonia celular p/ transmissão de dados
Q
36
- Freqüência de uso da Internet p/ interação com parceiros
Q
37
- Suficiência dos recursos de hardware
Q
38
- Justificativa da negativa da questão Q
37
Q
39
- Suficiência dos recursos de software
Q
40
- Justificativa da negativa da questão Q
39
Q
41
- Existência de site na Internet
Q
42
- Existência de capacitação em TI (nos últimos 24 meses)
Q
43
- Existência de disposição em qualificar funcionários
Q
44
- Justificativa da negativa da questão Q
43
Q
45
- Existência de disposição em investir em TI
Q
46
- Justificativa da negativa da questão Q
45
Bloco 3 – Fatores técnico-financeiros inibidores da TI (11 Questões)
Q
47
- Desconhecimento das TI disponíveis e seus benefícios
Q
48
- Falta de recursos humanos p/ operarem a TI
Q
49
- Falta da identificação clara dos problemas a resolvidos pela TI
Q
50
- Dificuldade de adaptar a TI às necessidades da empresa
Q
51
- Não há confiabilidade nas informações extraídas dos sistemas
Q
52
- Falta de suporte técnico na região
Q
53
- Custo do software/hardware
Q
54
- A TI não aumentam as vendas ou reduzem os custos
Q
55
- A TI não aumenta a produtividade
Q
56
- A TI torna-se obsoleta rapidamente
Q
57
- Consultoria externa é cara ou não disponível
Bloco 4 – Fatores socioculturais inibidores da TI (8 Questões)
Q
58
- Falta da priorização de esforços para a TI
Q
59
- Falta de apoio e/ou empenho dos líderes da empresa
Q
60
- A TI não obtém resultados satisfatórios em curto prazo
Q
61
- Descrédito da TI devido a experiências anteriores frustradas
Q
62
- A TI provoca mudanças estruturais/rotinas
Q
63
- A TI gera dependência com os fornecedores
Q
64
- Receios dos funcionários de serem monitorados
Q
65
– Não envolvimento dos funcionários no processo de adoção de TI
38
A escala adotada para as questões 23 a 36 é do tipo likert, variando de 1 a 5, onde 1
corresponde a “Nenhuma freqüência (nunca utiliza para fins empresariais)”, 2 corresponde a
“Pouca freqüência (utiliza algumas vezes ao mês para fins empresariais)”, 3 corresponde a
“Freqüência razoável (utiliza uma vez por semana para fins empresariais)”, 4 corresponde a
“Freqüentemente (utiliza várias vezes por semana para fins empresariais)” e 5 corresponde a
“Sempre (utiliza diariamente para fins empresariais)”.
O último bloco do questionário (questões 47 a 65) utiliza também uma escala do tipo
Likert, variando de 1- ‘Fator sem relevância como barreira ao uso da TI na sua empresa’ até 5
– ‘Fator de altíssima relevância’ como barreira ao uso da TI na sua empresa.
3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Após os contatos com as empresas para a aplicação dos questionários, foi investigado
o porte da empresa e só então aplicado o questionário com aquelas que atendiam ao pré-
requisito de serem fornecedoras da Petrobras de produtos e/ou serviços, estarem localizadas
(matriz ou filiais) no Rio Grande do Norte e serem micro e pequenas empresas. Foram
aplicados questionários nas cidades de Natal, Guamaré, Parnamirim, Alto do Rodrigues,
Macau e Açu. Foram coletados 55 questionários preenchidos e criticados, correspondendo à
amostra dessa dissertação (não adotantes da Petronect). A unidade de coleta de dados
(respondentes) foram os proprietários das MPE ou gestores dentro dessas empresas que
possuíssem o poder de decisão final referente aos investimentos em tecnologia da informação
(TI).
Foi aplicado um pré-teste com três empresários (um do ramo de alimentos, outro do
ramo de limpeza e um de produtos de informática), uma aluna de graduação em
Administração que está fazendo monografia na área de TI, um graduado em administração
que também fez monografia na área, e três professores de ensino superior: um de estatística,
um de desenvolvimento de sistemas e um de SI e Metodologia da Pesquisa, os quais
apontaram algumas sugestões de melhorias, as quais foram analisadas e implementadas
conforme a verificação de sua coerência.
Após a determinação do instrumento final de coleta de dados, a pesquisa de campo
ficou de responsabilidade da equipe de pesquisadores do setor de Estudos & Pesquisas do
Sebrae/RN, a qual recebeu uma capacitação de 8 horas, tendo na primeira parte desta
capacitação noções sobre o trabalho de parceria Petrobras/Sebrae, sobre o PROMIMP e o
papel desta pesquisa como norteadora para a construção de políticas de capacitação e apoio
39
aos fornecedores locais da Petrobras a utilizarem a TI e as ferramentas de comercio
eletrônicos desta instituição.
A segunda parte da capacitação foi específica para discutir sobre a padronização dos
conceitos, formas de abordagem e nível de respostas desejáveis na aplicação dos questionários,
os quais foram aplicados nos meses de novembro e dezembro de 2006. Os principais
problemas encontrados na etapa de aplicação dos questionários foram:
Inconsistência do cadastro: dados incorretos, desatualizado muitas vezes apresenta
apenas a razão social da empresa, sem endereço ou telefone e muitas vezes com
endereço errado;
Empresas que não são fornecedoras da Petrobrás, como por exemplo, Instituto Juvino
Barreto (é um abrigo de idosos). Ao chegar para aplicar o questionário foi exposto que
a instituição não comercializa com a Petrobrás;
Empresas que não tem interesse em fornecer para a Petrobrás, como por exemplo, a
Livraria Universitária. Ao receber o pesquisador rasgou o questionário;
Empresas que fecharam;
Demora por parte da Petrobrás em repassar o cadastro para execução da pesquisa;
Empresas que forneceu apenas uma única vez a Petrobrás (há mais de 5 anos) e não
quis responder a pesquisa;
Dificuldade de acesso ao entrevistado.
Os principais problemas na coleta foram relacionados a obtenção e má qualidade do
cadastro dos fornecedores da Petrobras. A grande demora para a Petrobras passar o cadastro
de fornecedores, pois a unidade RN/CE necessitava de autorização e processamento da matriz
no Rio de Janeiro. Isso provocou um atraso considerável na fase de aplicação dos
questionários, devido o cadastro encontrar-se desatualizado e com várias inconsistências, tais
como: telefones e endereços incompletos ou errados e a falta de uma maior depuração no
cadastro entregue. Foram encontrados vários casos de empresas que não haviam mantido
relações comerciais com a Petrobras ou só haviam fornecido produtos/serviços uma única vez,
há muito tempo atrás, em áreas de baixa importância estratégica e em pequenos volumes
financeiros foram os problemas mais significativos e impeditivos encontrados na etapa de
coleta de dados.
Atualmente, a Petrobras em parceria com o Sebrae/RN está promovendo o
recadastramento dos atuais e cadastramento de novos fornecedores no Rio Grande do Norte,
ação essa que visa suprir esta deficiência de cadastro e possibilitar o melhor conhecimento
40
dos membros da cadeia de suprimento do setor de óleo e gás no estado do Rio Grande do
Norte.
3.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS
A análise dos dados está dividida conforme os objetivos específicos apresentados no
início dessa dissertação. A primeira etapa corresponde à descrição dos perfis dos respondentes
e das organizações, blocos de variáveis 1.A e 1.B respectivamente, conforme descrito
anteriormente. Nesses blocos, foi utilizada a análise de correlação entre as variáveis dos
blocos 1.A e 1.B com o bloco 2, onde o objetivo é encontrar possíveis relações entre os perfis
dos respondentes e das organizações, com o perfil da TI utilizado pelas empresas participantes
deste estudo. Foram utilizadas também análises descritivas e exploratórias de dados para
apresentar o comportamento individual ou cruzado das variáveis, bem como testes de hipótese
para a comparação entre freqüências esperadas e observadas (teste Qui-quadrado). O nível de
significância adotado foi de 5%.
A segunda etapa corresponde ao perfil da TI utilizada pelas empresas estudadas, bloco
2 de variáveis conforme descrito anteriormente. Nesta etapa são feitas análises descritivas e
exploratórias de dados, além de análises multivariadas entre as variáveis estudadas, bem como
teste de hipóteses para a comparação entre as freqüências esperadas e observadas (teste Qui-
quadrado).
A terceira etapa corresponde à identificação dos fatores inibidores da TI (Blocos 3 e 4).
Testes qui-quadrados foram empregados para as freqüências observadas e esperadas nas
tabelas de distribuição de freqüência, além de cálculos das médias encontradas para cada fator,
observando-se quais os que se destacam como inibidores ou pouco inibidores. A análise de
correlação entre as variáveis dos blocos 3 e 4 será foi utilizada, com a construção de uma
matriz de correlação e do gráfico scatterplot para visualizarmos as possíveis relações entre as
variáveis.
A quarta etapa corresponde à identificação de possíveis relações entre os fatores
inibidores de TI (blocos 3 e 4) e os demais perfis analisados (blocos 1.A, 1.B e 2), ou seja,
busca-se identificar e quantificar a existência de relações entre o perfil dos gestores, perfil das
organizações e o perfil de TI observados nas empresas, com a percepção dos fatores
inibidores para a adoção de TI.
A figura 8 mostra o modelo da pesquisa que investiga as possíveis relações existentes
entre os perfis encontrados e os fatores inibidores da adoção da TI.
41
Figura 8: Modelo de relação entre variáveis
A análise das relações descritas na figura 8 será realizada através do uso de análise
descritiva dos dados, análise exploratória, análise de correlação canônica, análise de
correspondência simples e múltipla, que serão os elementos de avaliação do relacionamento
conjunto entre as variáveis. Conseqüentemente, o quanto da percepção de fatores inibidores
pode ser explicada pelas variáveis dos perfis do respondente, organização e da TI encontrada
nas empresas, bem como a forma como ocorrem estas relações.
A técnica de análise de correlação canônica parte do princípio da possibilidade de
obtenção de duas variáveis estatísticas canônicas que representam as combinações lineares
ótimas para as variáveis dependentes e independentes originais, de tal forma que a correlação
entre estas duas combinações lineares sejam as maiores possíveis; e a correlação canônica é a
quantificação da força da relação entre estas duas combinações lineares (HAIR JR. et al,
2005). Em outras palavras, a correlação canônica inicia-se pela construção de duas
composições lineares, uma formada pelas variáveis dependentes e outra composição pelas
variáveis independentes. Estas combinações são construídas de tal forma a otimizarem a
correlação entre estas duas composições lineares (variáveis canônicas). Esta correlação é
conhecida como Correlação Canônica (R
c
) e tem as mesmas interpretações da correlação
linear.
Outros termos importantes deste tipo de análise são os Índices de Redundância e as
Cargas Canônicas. O índice de Stewart-Love de redundância calcula a quantidade de
variância em um conjunto de variáveis que pode ser explicada pela variância no outro
Perfil dos
gestores
Perfil organizacional
Perfil de
ado
ç ão da TI
Fatores
socioculturais
Fatores técnico
-
financeiros
Variáveis dependentes
Variáveis independentes
1b
1a
2
4
3
Perfil dos
gestores
Perfil organizacional
Perfil de
ado
ç ão da TI
Fatores
socioculturais
Fatores técnico
-
financeiros
Variáveis dependentes
Variáveis independentes
1b
1a
2
4
3
42
conjunto. Esse índice serve como uma medida de variância explicada, semelhante ao cálculo
do R
2
usado em regressão múltipla, podendo variar de 0 a 100%. Para esta técnica, este índice
mede a quantidade de variância em uma variável estatística canônica (composição linear entre
as variáveis originais) explicada pela outra variável estatística canônica, podendo ser
computada tanto para as variáveis canônicas dependentes como as independentes.
As cargas canônicas são medidas da correlação linear simples entre as variáveis
dependentes ou independentes originais e suas respectivas variáveis estatísticas canônicas,
também conhecidas como correlações de estrutura canônica, reflete a variância que a variável
observada original compartilha com a variável estatística canônica e pode ser interpretada
como uma carga fatorial na avaliação da contribuição relativa de cada variável a sua
respectiva variável canônica (HAIR JR. et al, 2005).
Quanto maiores as cargas canônicas, maior a contribuição da variável para a sua
respectiva composição linear, onde o seu sinal corresponde ao tipo de correlação, se positivo a
correlação segue um relacionamento diretamente proporcional e sinais negativos,
inversamente proporcionais. Uma norma prática frequentemente utilizada como meio de fazer
um exame sobre a significância das cargas canônicas é considerar que cargas canônicas
maiores que ±0,30 atingem um nível mínimo; cargas de ±0,40 são consideradas mais
importantes; e se as cargas são de ±0,50 ou maiores, elas são consideradas como significância
prática. Estes valores podem ser menores caso haja um grande número de variáveis
envolvidas na correlação canônica ((HAIR JR. et al, 2005), p.107-108).
43
CAPÍTULO 4 - ANÁLISE DOS DADOS
Nesse capítulo, serão apresentados os resultados obtidos na pesquisa, realizando o
paralelo com os objetivos iniciais delineados para esse estudo. A primeira seção corresponde
à descrição do perfil dos gestores, a segunda apresenta o perfil das organizações da pesquisa.
A terceira seção mostra o padrão de adoção de TI nas MPE pesquisadas. Em seguida, são
apresentadas as barreiras à adoção da TI nas MPES, a partir dos fatores inibidores técnico-
financeiros e socioculturais, respectivamente. A última seção identifica as relações entre os
vários blocos de variáveis.
4.1 PERFIL DOS GESTORES
Em relação ao gênero, 65,5% são homens e apenas 34,5% são mulheres, seguindo o
mesmo padrão de resposta encontrado em Santos Jr. (2002). Quanto à idade, a média foi de 38
anos com um desvio padrão de 12 anos. A idade mínima encontrada foi de 20 anos e a
máxima de 66.
Quanto ao “Grau de escolaridade (Q
3
)” dos gestores respondentes da pesquisa, a
tabela 7 mostra uma maior concentração de respondentes com segundo grau completo (43,6%)
e cerca de 40% entre graduação completa e incompleta.
Grau de instrução Percentual
1º Grau incompleto 1,8
1º Grau completo 1,8
2º Grau incompleto 5,5
2º Grau completo 43,6
Graduação incompleta 20,0
Graduação Completa 20,0
Especialização 5,5
Mestrado 1,8
TOTAL 100,0
Tabela 7: Distribuição de freqüência do grau de instrução
Uma análise de correspondência entre “Sexo (Q
1
)” e “Grau de escolaridade (Q
3
)
com uma chi-quadrado=9,75 e g.l.=7 (p=0,2041) sugere não haver correspondência entre o
nível de respostas destas duas variáveis, como mostra o gráfico 2.
44
Gráfico 2: Análise de correspondência entre Sexo e Escolaridade
A variável “Experiência no uso da TI (Q
4
)” tem a maior concentração de respostas
no nível razoável (61,1%), onde apenas se conhece o funcionamento básico do computador e
programas utilizados na empresa. Em segundo lugar, os dirigentes responderam que têm boa
experiência (27,8%), por conhecer e instalar componentes do computador e programas na
empresa. Apenas 3,6% têm um conhecimento excelente, onde conhece, decide a aquisição,
instala e dá manutenção nos componentes dos computadores, programas e rede local
utilizados. Cerca de 7,5% dos demais respondentes têm nenhuma ou pouca experiência, o que
significa nunca terem utilizado um computador ou sabem somente ligar e desligar o
equipamento. A tabela 8 mostra os resultados encontrados na tabela de distribuição de
freqüência dessa variável.
Experiência Percentual
Nenhuma 1,9
Pouca 5,6
Razoável 61,1
Boa 27,8
Excelente 3,6
TOTAL
100,0
Tabela 8: Distribuição de freqüência da experiência de uso da TI
Uma análise de correspondência múltipla entre as variáveis “Sexo (Q
1
)”, “Grau de
escolaridade (Q
3
)” e “Experiência no uso da TI (Q
4
)” com uma chi-quadrado=720,55 e
g.l.=196 (p=0,000), sugere a existência de correspondência entre os padrões de respostas das
variáveis citadas, como mostra o gráfico 3. Estes resultados sugerem uma correspondência
entre os resultados encontrados para os respondentes que possuem especialização (Q
3
:7) e o
45
sexo masculino (Q
1
:1), entre o segundo grau completo (Q
3
:4) e o sexo masculino (Q
1
:1) e
finalmente entre o nível “razoável” de experiência em TI (Q
4
:3) e o sexo masculino (Q
1
:1).
Gráfico 3: Análise de correspondência entre Sexo, Escolaridade e Experiência em TI
4.2 PERFIL ORGANIZACIONAL DAS MPE PESQUISADAS
As empresas participantes da amostra tiveram suas áreas de atuação descritas na tabela
9, a qual mostra a grande diversidade de áreas de fornecimento de produtos e serviços para a
Petrobras. Os pequenos fornecedores da Petrobras no nível local são, na sua maioria,
empresas não diretamente ligadas às áreas-fim da empresa.
Áreas de atuação Percentual
Hospedagem 18,4
Saúde 9,3
Construção Civil 9,3
Informática 5,6
Montagem Industrial 5,5
Telecomunicações 3,7
Oficina e manutenção mecânica 3,7
Mecânica 3,7
Material de construção/Tintas/Madeira 3,7
Materiais de segurança 3,7
Elaboração de projetos e pesquisas 3,7
Comunicação e Marketing 3,7
Outra 26,0
TOTAL 100
Tabela 9: Área de atuação das empresas fornecedoras da Petrobras de produtos e serviços
No entanto, é importante lembrar que, pelas limitações do processo amostral e da
deficiência do cadastro de fornecedores, algumas áreas de atuação não foram pesquisadas
46
neste estudo.
Os municípios onde estas empresas estão localizadas podem ser visualizados na tabela
10. Natal é o município onde há mais empresas da amostra, seguida pelo município de Açu e
Alto do Rodrigues.
Municípios Percentual
Natal 78,2
Açu 9,1
Alto do Rodrigues 5,5
Guamaré 3,6
Parnamirim 1,8
Macau 1,8
TOTAL 100,0
Tabela 10: Municípios onde se localizam as empresas pesquisadas
Ao analisar a variável “Tempo de atividade da empresa em anos (Q
9
)”, encontrou-
se um valor mínimo de 2 anos de atividade e um valor máximo de 61 anos, com média de
15,8 anos e desvio padrão de 13,06. O gráfico 4 mostra o histograma da distribuição de
freqüência, a qual mostra a grande dispersão dos dados e uma grande concentração de valores
em até 15 anos de atividades.
60,0
55,0
50,0
45,0
40,0
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
Fr equênci a
20
10
0
Std. Dev = 13,06
Mean = 15,8
N = 55,00
Gráfico 4: Freqüência do tempo de atividade da empresa em anos
A variável Número de funcionários na empresa (Q
10
)” apresenta um mínimo de
dois funcionários e um máximo de 38, com uma média de 14 funcionários e um desvio padrão
de 10,2. O gráfico 5 apresenta a distribuição dos dados segundo o modelo Box & Whisker
Plot, que mostra a grande concentração dos valores entre 5 e 20 funcionários.
47
Max = 38,00000
Min = 2,000000
75% = 20,00000
25% = 5,000000
Median value:
Med = 11,00000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Gráfico 5: Número de funcionários na empresa
A variável “Faturamento bruto em 2005 (Q
11
)” está representada na tabela 11, onde
se observa certa concentração de valores abaixo de R$ 244 mil, o que já era esperado pelo
foco dessa dissertação serem as micro e pequenas empresas comerciais e de serviços.
Faturamento Percentual
Até R$ 120 mil 42,6
R$ 120 mil ─┤ R$ 244 mil 44,7
R$ 244 mil ─┤ R$ 1.200 mil 10,6
Acima de R$ 1.200 mil 2,1
TOTAL 100,0
Tabela 11: Faturamento bruto da empresas em 2005
4.3 PERFIL DE ADOÇÃO DA TI NAS EMPRESAS DA AMOSTRA
Dentre as empresas que possuem computador, a média de equipamentos foi de 6
computadores com um desvio padrão (DP) de 6,5. Essa grande variabilidade é conseqüência
da grande amplitude de respostas, que variou de um mínimo de 1 equipamento a um máximo
de 34 computadores, onde a grande concentração da distribuição foi em torno de 1 a 9
equipamentos, o que justifica a mediana de 4 computadores ser mais representativa para esta
distribuição de dados, como mostra o gráfico 6.
48
Max = 34,00000
Min = 1,000000
75% = 7,000000
25% = 2,000000
Median value:
Med = 4,000000
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Max = 34,00000
Min = 1,000000
75% = 7,000000
25% = 2,000000
Median value:
Med = 4,000000
Max = 34,00000
Min = 1,000000
75% = 7,000000
25% = 2,000000
Median value:
Med = 4,000000
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Gráfico 6: Distribuição do número de computadores
Dentre as empresas investigadas, cerca de 88% afirmaram que têm alguns dos
seus computadores ligados em rede, dentre esses, cerca de 90% afirmaram ter todos os seus
computadores em rede. Para manter esta estrutura de TI, a média de investimentos foi de R$
6.365,00, como mostra o gráfico 7. Este valor está acima do que foi identificado por Ströher
(2003) em sua pesquisa sobre o do perfil da tecnologia da informação nas pequenas empresas
do ramo industrial do Vale do Ivaí, norte do Paraná, que apontou um valor médio de
investimento em hardware de R$ 3.000,00 anuais.
Max = 68000,00
Min = 0,000000
75% = 10000,00
25% = 2000,000
Median value:
Med = 3500,000
-10000
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
Gráfico 7: Distribuição do valor investido em TI no ano de 2005
Essa média calculada levou em consideração o expurgo de 5% dos dados mais baixos
e 5% dos dados mais altos, melhorando a qualidade desta medida representativa da
49
distribuição de investimento em TI. Este procedimento ocorreu em alternativa para a grande
amplitude de valores e a concentração de investimentos entre R$ 2.000,00 (primeiro Quartil) e
R$ 10.000,00 (segundo Quartil). Outro fato observado é a correlação entre as variáveis
Número de computadores (Q
13
)” e “Orçamento da TI em 2005 (Q
16
)”, onde se pode
construir o modelo de regressão Q
13
=2,413 + 0,819 Q
16
com um R
2
Ajustado
= 0,66.
O percentual de funcionários que trabalham com a TI nas empresas tem a distribuição
dos dados conforme o gráfico 8, com um percentual médio de funcionários que utilizam a TI
de 55,2% e um DP de 31,94%.
100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
Frequência
14
12
10
8
6
4
2
0
Std. Dev = 31,94
Mean = 55,2
N = 51,00
Gráfico 8: Percentual de funcionários que trabalham com a TI
Pode-se observar que há uma tendência de concentração de respostas bem distintas,
até 30% dos funcionários e 100% deles. Isso demonstra dois níveis de utilização da TI, o
primeiro refere-se aquelas empresas que ainda não democratizaram o uso da TI e restringem o
seu acesso provavelmente a funcionários da administração e vendas, o segundo grupo refere-
se às empresas onde o uso da TI já está disponível para a maioria de seus funcionários.
Na avaliação do nível de terceirização em TI dentro das empresas (tabela 12),
verificou-se que cerca de 61,8% das empresas possuem alguns serviços ou todo o setor de TI
terceirizado, mostrando que há uma sintonia com a tendência atual rumo à terceirização.
ALTERNATIVAS FREQ. %
Não há um setor ou pessoa específica responsável pela TI na empresa 13 23,6%
Próprio (tem setor de TI e profissionais especializados no quadro funcional) 8 14,5%
Terceirizado 27 49,1%
Tem setor próprio e alguns serviços terceirizados. 7 12,7%
TOTAL 55 100,0%
Tabela 12: Nível de terceirização do setor de TI nas empresas
50
As variáveis “Orçamento da TI em 2005 (Q
16
)” e “Nível de terceirização do setor
de TI (Q
18
)” foram analisadas através de uma análise de correspondência com uma chi-
quadrado = 57,55 e com g.l.=48 (p=0,1627), a qual é mostrado no gráfico 9. Observa-se um
baixo nível de correspondência entre as variáveis, porém pode-se verificar que, nas empresas
onde não há um setor ou uma pessoa responsável pela TI na empresa (código 1), há uma
tendência ao nível de investimento estar entre os mais baixos, com valores de no máximo R$
1.000,00 ao ano. De outra forma, observa-se que as empresas onde há um setor próprio e tem
setor de TI e profissionais especializados no quadro funcional (código 2), há uma tendência ao
nível de investimento ser mais alto, com valores entre R$ 30.000,00 a R$ 68.000,00 anual, o
que poderá ser comprovado com uma ampliação da amostra.
Gráfico 9: Análise de correspondência entre “Orçamento da TI em 2005” e “Nível de terceirização do
setor de TI”
Ao analisar a variável “Alinhamento entre a TI e o Planejamento Estratégico da
empresa (Q
19
)”, obteve-se que, para cerca de 79,6% dos respondentes, a TI está alinhada com
o planejamento estratégico de suas empresas e para apenas 11,1% a TI não está alinhada.
Além disso, aproximadamente 7,4% responderam que suas empresas não possuíam
planejamento estratégico e 1,9% que não sabiam ou desconheciam sobre tal planejamento.
Uma análise de correspondência entre as variáveis “Alinhamento entre a TI e o
Planejamento Estratégico da empresa (Q
19
)” e “Nível de terceirização do setor de TI
(Q
18
)” pode ser visto no gráfico 10 com uma chi-quadrado=6,16 e g.l.=9 (p=0,7230), não
sendo significativo o nível de correspondências entre as variáveis.
51
Gráfico 10: Análise de correspondência entre “Alinhamento entre a TI e o Planejamento Estratégico da
empresa” e “Nível de terceirização do setor de TI”
Quanto à disponibilidade de correio eletrônico pelas empresas aos seus colaboradores,
apenas 40% delas relataram disponibilizar esta importante ferramenta de comunicação
corporativa. Uma análise de correspondência com chi-quadrado=13,46 e g.l=16 (p=0,6388)
entre as variáveis “Disponibilidade de correio eletrônico (Q
20
)” e “Orçamento da TI em
2005 (Q
16
)” sugere não haver correspondência significativa entre o padrão de resposta das
variáveis, conforme podemos visualiza-se no gráfico 11.
Gráfico 11: Análise de correspondência entre “Disponibilidade de correio eletrônico” e “Orçamento da TI
em 2005”
Quanto ao Tipo de acesso a internet (Q
21
)”, pode-se perceber que as maiores
ocorrências estão para o acesso via rádio (18,2%), linha discada (10,9%), ADSL (29,1%) e
Cable Modem (27,3%). A menos citada foi a linha dedicada (1,8%), dentre outras formas
(5,5%). Além disso, pode-se observar que 7,3% das empresas pesquisadas não possuíam
acesso algum a internet.
52
Quanto à “Velocidade de conexão da internet (Q
22
)”, 61,81% das empresas possuem
internet com velocidades superiores a 300 Kbps (banda larga) e apenas 7,27% com
velocidades de até 56 Kbps (tabela 13).
Velocidades % % Acumulado
Até 56 Kbps 7,27 7,27
De 57 a 128 Kbps 18,18 25,45
De 129 a 200 Kbps 10,91 36,36
De 201 a 300 Kbps 1,82 38,18
De 301 a 600 Kbps 29,09 67,27
De 601 ate 1Mbps 5,45 72,73
Acima de 1Mbps 27,27 100,00
TOTAL 100,00 --
Tabela 13: Velocidade de conexão da internet nas empresas pesquisadas
Algumas variáveis trataram do uso de tecnologias e serviços de e-business (negócios
eletrônicos) para fins empresariais, onde foi solicitado ao respondente que marcasse as opções
que são normalmente utilizadas por sua empresa, indicando a freqüência de uso, mesmo que
sua empresa não possuísse acesso a Internet e utilizasse o acesso através de outros meios (ex.:
telecentros, lanhouse, etc). A tabela 14 mostra as variáveis relacionadas ao uso de negócios
eletrônicos e suas respectivas freqüência de resultados.
Variáveis
1 (%) 2 (%) 3 (%) 4 (%) 5 (%)
Q
23
- Freqüência de uso dos E-mails (Correio Eletrônico)
7,7%
17,9% 20,5% 12,8%
41,0%
Q
24
- Freqüência de uso dos Programas de Comunicação Instantânea
34,5% 21,8% 9,1% 5,5% 29,1%
Q
25
- Freqüência de uso de Vídeo/ teleconferências
79,6%
9,3% 3,7% 0,0%
7,4%
Q
26
- Freqüência de uso da Internet p/ divulgar a empresa
52,7% 9,1% 7,3% 5,5% 25,5%
Q
27
- Freqüência de uso da Internet p/ vender produtos e serviços
60,4% 18,9% 0,0% 1,9% 18,9%
Q
28
- Freqüência de uso da Internet p/ comprar produtos e serviços
32,1% 30,2%
13,2% 7,5% 17,0%
Q
29
- Freqüência de uso da Internet p/ realizar suporte ao cliente
37,7% 24,5% 15,1% 5,7% 17,0%
Q
30
- Freqüência de uso da Internet p/ gerenciar a logística
56,4% 21,8% 3,6% 5,5% 12,7%
Q
31
- Freqüência de uso da Internet p/ operações bancárias
28,3%
9,4% 7,5% 13,2%
41,5%
Q
32
- Freqüência de uso da Internet p/ o e-gov
11,1%
18,5% 18,5% 11,1%
40,7%
Q
33
- Freqüência de uso da Internet p/ Pregão Eletrônico
75,5%
1,9% 5,7% 0,0% 17,0%
Q
34
- Freqüência de uso da Internet p/ intermediação financeira
37,0% 9,3% 9,3% 9,3% 35,2%
Q
35
- Freqüência de uso da telefonia celular p/ transmissão de dados
72,2%
1,9% 1,9% 3,7% 20,4%
Q
36
- Freqüência de uso da Internet p/ interação com parceiros
51,9% 22,2% 13,0% 0,0% 13,0%
CONJUNTO 46,3% 15,4% 8,9% 5,7% 23,7%
Tabela 14: Freqüência de uso de tecnologias relacionadas aos negócios eletrônicos
Através da tabela 14 acima, pode-se observar que o correio eletrônico é utilizado
frequentemente para fins empresariais, assim como o uso da internet para operações bancárias
e o e-gov (declaração de Imposto de Renda, emissão de certidões, etc). Esse padrão de difusão
do e-mail é similar a outros estudos de uso de tecnologias Internet no campo organizacional.
O Internet banking e o uso para fins de relacionamento governamental mostra um padrão que
53
se relaciona com fatores externos, do tipo mandatório.
Percebe-se que algumas tecnologias ainda não são freqüentemente utilizadas nas
micro e pequenas empresas, como são os casos da vídeoconferência, utilização da internet
para vender produtos e serviços, bem como para a realização de pregão eletrônico. Outro fato
importante é a baixa utilização das tecnologias móveis (uso da telefonia celular para a
transmissão de dados), fato comum em determinados segmentos, tomando como exemplo as
distribuidoras de bebidas, alimentos, dentre outras, que utilizam esta tecnologia para a
automação da força de venda externa.
Quando questionado sobre a suficiência de recursos de hardware e software para
alcançar a produtividade e competitividade desejada, as respostas foram computadas na tabela
15, onde um teste chi-quadrado ao nível de significância de 5% não constatou diferenças
significantes entre as freqüências observadas e as esperadas com as variáveis “Suficiência
dos recursos de hardware (Q
37
)” e “Suficiência dos recursos de software (Q
39
)”.
Variáveis Suficiente (%) Insuficiente (%)
Q
37
- Recursos de Hardware 78,2% 21,8%
Q
39
- Recursos de Software 81,8% 18,2%
Conjunto 80,0% 20,0%
Tabela 15: Suficiência dos recursos de hardware e software para o alcance da produtividade e
competitividade desejada pelas empresas respondentes
Quanto da insuficiência de hardware, pode-se observar que, segundo os respondentes,
sempre existe a necessidade de renovação dos equipamentos, bem como a adoção de novas
tecnologias, tais como impressoras mais eficientes e econômicas, redes locais e computadores
que suportem o uso de sistemas que interliguem os diversos setores da empresa (Justificativa
da negativa da questão Q
37
).
Quanto da insuficiência de software, pode-se observar que existe a necessidade de
atualização e modernização dos softwares utilizados, bem como capacitar os funcionários na
utilização dos recursos dos sistemas (Justificativa da negativa da questão Q
39
).
Os valores encontrados nas variáveis “Existência de site na Internet (Q
41
)”, a
Existência de capacitação em TI nos últimos 24 meses (Q
42
)”, a “Existência de
disposição em qualificar funcionários (Q
43
)” e “Existência de disposição em investir em
TI (Q
45
)” podem ser vistos na tabela 16, bem como foram analisadas conjuntamente através
do gráfico 12 e da análise de correspondência múltipla do gráfico 13, com um chi-
quadrado=245,69 e g.l.=49 (p=0,000).
54
Variáveis Sim Não
Q
41
- Existência de site na Internet 38,2 61,8
Q
42
- Existência de capacitação em TI (nos últimos 24 meses) 42,6 57,4
Q
43
- Existência de disposição em qualificar funcionários 78,2 21,8
Q
45
- Existência de disposição em investir em TI 81,8 18,2
Tabela 16: Resultados da existência de site na internet da empresa, capacitação em TI, disposição em
qualificar funcionários e disposição em investir em TI
Apenas 38,2% das empresas entrevistadas citaram possuir um site na internet, isso
reforça o baixo nível de uso de recursos tecnológicos para a adoção de negócios eletrônicos
citados na análise da tabela 14. Outro dado é que 57,4% dessas empresas não realizaram
nenhum tipo de capacitação em TI para os seus colaboradores nos últimos dois anos.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Sim Não
Q41 - Existência de site na Internet
Q42 - Existência de capacitão em TI
(nos últimos 24 meses)
Q43 - Existência de disposão em
qualificar funcionários
Q45 - Existência de disposão em investir
em TI
Gráfico 12: Resultados da existência de site na internet da empresa, capacitação em TI, disposição em
qualificar funcionários e disposição em investir em TI
A tabela 16 também relata uma relativa boa disposição das empresas em qualificar os
colaboradores no uso adequado da TI (78,2%), bem como em investir na modernização ou em
novas tecnologias da informação (81,8%).
Gráfico 13: Análise de correspondência entre Existência de site, Capacitação em TI, Disposição em
qualificar funcionários e Disposição em investir em TI
Outro fato relevante é que as variáveis “Existência de site na Internet (Q
41
)” e
Existência de capacitação em TI nos últimos 24 meses (Q
42
)” possuem o mesmo padrão
de resposta, assim como as variáveis “Existência de disposição em qualificar funcionários
55
(Q
43
)” e “Existência de disposição em investir em TI (Q
45
)”, como mostra o gráfico 12 e
reforçada pela análise de correspondência múltipla do gráfico 13, que sugere uma
proximidade entre o padrão de resposta da existência de disposição em qualificar os
funcionários (Q
43
:1) e existência de disposição em investir em TI (Q
45
:1).
Quando não há disposição em qualificar os seus funcionários, as empresas justificam
esta posição alegando que muitos dos seus funcionários (ou colaboradores terceirizados) já
estão capacitados, ou que os mesmos aprendem no dia-a-dia, com a experiência, não havendo
a necessidade de “gastar” dinheiro com qualificação, em uma visão clara da grande
dificuldade dos empresários de micro e pequenas empresas entenderem a capacitação como
investimentos necessários e continuados, não como “gastos”.
Quanto à ‘não disposição em investir em TI’, as empresas pesquisadas alegam que os
atuais equipamentos atendem as necessidades, ou não há recursos disponíveis, pois em parte
as diretorias dessas empresas entendem que tal tipo de investimento é oneroso.
4.4 FATORES TÉCNICO- FINANCEIROS INIBIDORES DA ADOÇÃO DE TI
O próximo bloco de variáveis a ser analisado é o de “Fatores técnico-financeiros
inibidores da TI”. Considera-se que um fator inibidor é significativo quando a média entre
todos os respondentes for igual ou superior a 3, dado que este valor é considerado o divisor
entre inibição e não-inibição para uma escala que varia de 1 a 5 (SANTOS JR., 2002).
Os dados dos fatores técnico-financeiros analisados são apresentados na tabela 17, que
apresenta a freqüência relativa de cada variável em função dos valores da escala de 1 a 5,
declarados pelos respondentes para o conjunto de fatores inibidores, suas médias e respectivos
desvios padrões. As variáveis que apresentaram médias iguais ou superiores a 3 foram
destacadas em vermelho e um asterisco, representando um maior potencial inibidor, onde
novamente podemos perceber os destaques para as variáveis acima citadas.
Pode-se observar que nas variáveis “Custo do software/hardware (Q
53
)” e
Consultoria externa é cara ou não disponível (Q
57
)” houve uma distribuição dos dados
com concentração dos valores em níveis mais elevados. De fato, a questão do custo da TI é
um determinante da adoção muito citado na literatura. Auger e Gallaugher (1997)
demonstraram que os custos relacionados com a TI são uma preocupação das empresas que
adotam uma tecnologia. Walczuch et al. (2000), investigando as barreiras da adoção da
Internet em pequenas empresas holandesas, encontraram que a percepção de que a TI é cara e
seus custos são altos foram razões alegadas para a não adoção dessa TI nos seus negócios. Da
56
mesma forma, em pesquisa junto às empresas suecas e australianas, MacGregor e Vrazalic
(2005) identificaram, como uma das barreiras mais significativas na adoção do comércio
eletrônico, a questão ser alto o investimento financeiro requerido. Conclui-se, portanto, que os
achados desta pesquisa estão consistentes com os desses estudos.
A necessidade que tem a MPE de consultoria externa especializada é amplamente
conhecida. Aguila-Obra e Padilla-Meléndez (2006) concluíram que quanto menor for o
tamanho da empresa, maiores são as possibilidades de usar a consultoria externa no processo
de adoção de tecnologias baseadas na Internet, porque as pequenas empresas têm menos
capacidades gerenciais. Essas duas principais barreiras de natureza financeira também foram
sentidas pelos gestores pesquisados, o que está de acordo com outros resultados achados na
literatura.
Em contrapartida, as variáveis “Dificuldade de adaptar a TI às necessidades da
empresa (Q
50
)”, “A TI não aumenta a produtividade (Q
55
)” e “Falta de suporte técnico
na região (Q
52
)” apresentaram os menores potenciais inibidores.
Variáveis
1 (%) 2 (%) 3 (%) 4 (%) 5 (%) Média Mínimo Máximo Desvio
padrão
Q57- Consultoria externa
é cara ou não disponível
18,9** 13,2 17,0 32,1* 18,9
3,189*
1 5 1,401
Q53-Custo do
software/hardware
17,0** 9,4 34,0* 20,8 18,9
3,151*
1 5 1,321
Q47- Desconhecimento
das TI disponíveis e seus
benefícios
30,9 9,1 25,5 16,4 18,2 2,818 1 5 1,492
Q48- Falta de recursos
humanos p/ operarem a
TI
30,9 18,2 16,4 18,2 16,4 2,709 1 5 1,487
Q56- A TI torna-se
obsoleta rapidamente
29,1 16,4 18,2 27,3 9,1 2,709 1 5 1,383
Q54- A TI não
aumentam as vendas ou
reduzem os custos
29,6 20,4 24,1 9,3 16,7 2,630 1 5 1,431
Q51- Não há
confiabilidade nas
informações extraídas
dos sistemas
38,2 14,5 16,4 14,5 16,4 2,564 1 5 1,525
Q49- Falta da
identificação clara dos
problemas a resolvidos
pela TI
36,4 12,7 23,6 16,4 10,9 2,527 1 5 1,412
Q50- Dificuldade de
adaptar a TI às
necessidades da empresa
43,6 7,3 23,6 12,7 12,7
2,436
1 5 1,475
Q55- A TI não aumenta
a produtividade
40,0 18,2 12,7 16,4 12,7
2,436
1 5 1,475
Q52- Falta de suporte
técnico na região
49,1* 14,5 10,9** 7,3** 18,2
2,309
1 5 1,574
Tabela 17: Estatísticas dos fatores inibidores técnico-financeiros
O gráfico 14 mostra o comportamento das variáveis que representam os fatores
inibidores de ordem técnica e de ordem financeira, que compreende um grupo de 11 variáveis.
57
Este gráfico é representado pelos valores das médias e limites de “± 1,96*Desvio padrão”,
onde estão compreendidos cerca de 95% dos valores da distribuição de dados.
±1.96*Std. Dev.
±1.00*Std. Dev.
Mean
-2
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
Q47 Q48 Q49 Q50 Q51 Q52 Q53 Q54 Q55 Q56 Q57
Gráfico 14: Variáveis relativas aos fatores técnico-financeiros
Utilizou-se um teste chi-quadrado para medir se há diferenças entre as freqüências
observadas em cada variável e as freqüências esperadas (em relação ao conjunto de variáveis
estudadas). Para o nível de significância adotado foi de 5%, destacam-se em vermelho e com
um asterisco as freqüências claramente superiores às esperadas e, em azul e com dois
asteriscos, as claramente inferiores às esperadas, como observa-se na tabela 17.
As variáveis “Falta de suporte técnico na região (Q
52
)”, “Custo do
software/hardware (Q
53
)” e “Consultoria externa é cara ou não disponível (Q
57
)”. A
variável Q
52
apresenta uma baixa característica inibidora, ou seja, segundo os respondentes,
esta variável não se apresenta como forte fator inibidor. Por outro lado, as variáveis Q
53
e Q
57
,
tiveram freqüências maiores do que o esperado para os níveis mais altos na escala de fator
inibidor.
A questão do desconhecimento de TI e seus benefícios (Q
47
) foi a terceira variável
mais relevante como barreira à adoção da TI, na opinião dos respondentes. Esse resultado
confirma outros achados, como a pesquisa de Poon e Swatman (1999) e Grandon e Pearson
(2004), em que a percepção de utilidade ou benefício da TI é um importante fator no construto
de adoção da TI e da Internet.
A quarta maior média desse bloco foi a ‘Falta de recursos humanos p/ operarem a TI’
(Q
48
), como uma importante barreira à adoção. Riquelme (2002) mostrou que dois dos
maiores obstáculos da adoção de TI nas pequenas e médias empresas na China residiam na
falta de recursos humanos especializados e a falta de suporte técnico qualificado. Em uma
58
pesquisa voltada para a realidade das empresas regionais de pequeno porte, MacGregor e
Vrazalic (2005) relataram que a falta de conhecimento técnico na organização dificulta
significativamente a adoção do comércio eletrônico. Ambos estudos corroboram o resultado
desta pesquisa no Rio Grande do Norte.
4.5 FATORES SOCIOCULTURAIS INIBIDORES DA ADOÇÃO DE TI
A tabela 18 apresenta a freqüência relativa de cada variável, suas médias e respectivos
desvios padrões declarados pelos respondentes para o conjunto de ‘Fatores inibidores
sócioculturais’. As variáveis que descrevem os fatores socioculturais inibidores da TI estão
em uma escala de 1 a 5, onde valores médios iguais ou superiores a 3 representam fatores
potencialmente inibidores. Por este critério, nenhuma das variáveis obteve média superior a 3.
Isso indica que os aspectos técnicos e financeiros são percebidos com obstáculos maiores que
os fatores socioculturais e humanos.
Variável 1 (%) 2 (%) 3 (%) 4 (%) 5 (%) Média Mínimo Máximo
Desvio
Padrão
Q63 - A TI gera dependência com
os fornecedores
27,3**
18,2 20,0 21,8 12,7 2,746 1 5 1,404
Q58 - Falta da priorização de
esforços para a TI
41,8 14,5 10,9 21,8 10,9 2,455 1 5 1,489
Q62 - A TI provoca mudanças
estruturais
40,0 16,4 18,2 16,4 9,1 2,382 1 5 1,394
Q60 - A TI não obtém resultados
satisfatórios em curto prazo
43,4 15,1 18,9 11,3 11,3 2,321 1 5 1,425
Q65 – Não envolvimento dos
funcionários na adoção de TI
50,0 11,1 11,1 14,8 13,0 2,296 1 5 1,525
Q59 - Falta de apoio e/ou empenho
dos líderes da empresa
52,7 16,4 9,1 9,1 12,7 2,127 1 5 1,466
Q64 - Receios dos funcionários de
serem monitorados
56,4 12,7 12,7 9,1 9,1 2,018 1 5 1,381
Q61 - Descrédito da TI devido a
experiências anteriores frustradas
63,6*
10,9 10,9
3,6**
10,9 1,873 1 5 1,375
Tabela 18: Estatísticas descritivas das variáveis dos fatores inibidores sócioculturais
Utilizou-se um teste chi-quadrado para medir se há diferenças significativas entre as
freqüências observadas em cada variável e as freqüências esperadas (em relação ao conjunto
de variáveis estudadas). Ao nível de significância de 5%, nenhuma variável teve diferenças
significativas entre as freqüências observadas e esperadas.
As variáveis com as maiores médias são ligadas à percepção de dependência de
fornecedores de TI e a falta de priorização de esforços ára a TI.
Pode-se observar que as variáveis de uma forma geral tiveram comportamentos muito
próximos, com destaque para as variáveis “Descrédito da TI devido a experiências
59
anteriores frustradas (Q
61
)” e “Receios dos funcionários de serem monitorados (Q
64
)
que aparentam ter níveis inibidores abaixo das demais variáveis ligadas às barreiras de adoção
de natureza mais cultural. No entanto, um teste t com um nível de significância de 5% para
comparações entre as médias, descartou a hipótese de que as variáveis Q
61
e Q
64
tivessem
médias significativamente inferiores a que todas as outras do grupo.
As variáveis “Descrédito da TI devido a experiências anteriores frustradas (Q
61
)
e “A TI gera dependência com os fornecedores (Q
63
)” tiveram valores p de significância de
p=0,088 e p=0,052 respectivamente, o que seria significante se considerarmos um α=9% com
g.l.=4, como fatores inibidores. Destacam-se em vermelho e com um asterisco as freqüências
claramente superiores às esperadas e, em azul e com dois asteriscos, as claramente inferiores
às esperadas, como observa-se na tabela 18.
A ‘Falta de apoio e/ou empenho dos líderes da empresa’ não figura entre as assertivas
com maior média de concordância de relevância para a adoção de TI. Mas, se for observada a
escala do fator 5 (altíssima relevância como barreira ao uso da TI na sua empresa) é a
barreira com a segunda maior média. Isso corrobora vários estudos, pioneiros e recentes, so
quais têm mostrado que o apoio ou suporte e entusiasmo da alta direção têm grande
importância para o sucesso da TI em pequenos negócios (DELONE, 1988; GRANDON;
PEARSON, 2004). Petroni e Rizzi (2001) estudaram a adoção de TI, particularmente para
sistemas MRP, e encontraram que gestores com uma compreensão dos benefícios da TI têm
por sua vez uma avaliação positiva da TI, que é importante preditor da adoção. Na mesma
direção, segundo Beraldi e Escrivão Filho, a pequena empresa em geral não observa grandes
mudanças após a informatização, e a maioria não enxerga grandes benefícios no seu uso.
O nível de recursos financeiros insuficientes para custear o hardware e software e a
visão gerencial dos benefícios da TI também são citados por Doherty et al. (2003) como
fatores limitantes para a adoção da TI.
O gráfico 15 mostra o comportamento das variáveis que representam os fatores
inibidores de ordem socioculturais, que compreende um grupo de oito variáveis. Este gráfico
é representado pelos valores das médias e limites de “± 1,96*Desvio padrão”, onde estão
compreendidos cerca de 95% dos valores da distribuição de dados.
60
±1.96*Std. Dev.
±1.00*Std. Dev.
Mean
-2
-1
0
1
2
3
4
5
6
Q58 Q59 Q60 Q61 Q62 Q63 Q64 Q65
Gráfico 15: Variáveis relativas aos fatores socioculturais
A ‘dependência de fornecedores como um obstáculo à adoção de TI’ ficou com a
maior média dentre os fatores inibidores socioculturais. Corroborando com a literatura, os
gestores vêem a questão da dependência da TI como um dos principais problemas quanto ao
uso eficiente das TI nas micro e pequenas empresas.
Uma outra barreira citada na literatura (POON; SWATMAN, 1999;
RIEMENSCHNEIDER et al., 2003) diz respeito ao fato de que a pequena empresa não está
captando todos os benefícios em termos de curto prazo, o que leva a questão da necessidade
de ver a adoção da TI com uma visão de beneficio mais de longo prazo.
4.6 ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE OS PERFIS DOS GESTORES,
ORGANIZACIONAL E DE ADOÇÃO DA TI E OS FATORES INIBIDORES
Por intermédio do emprego da técnica estatística multivariada Análise de Correlação
Canônica, que estuda as inter-relações entre conjuntos de múltiplas variáveis dependentes e
múltiplas variáveis independentes (Green, 1978 apud Hair Jr. et al, 2005), buscou-se medir a
intensidade das várias relações entre os construtos, suas variâncias explicadas por cada grupo
de variáveis canônicas, bem como a contribuição de cada variável original a sua respectiva
combinação linear e consequentemente a correlação canônica. A seguir, são apresentados os
resultados da análise estatística.
4.6.1 Relação entre o perfil dos gestores e o perfil organizacional
Uma análise de correlação canônica foi realizada entre o perfil dos gestores (bloco 1.A)
e o perfil organizacional (bloco 1.B), a qual obteve um coeficiente de correlação canônico de
R
c
=0,4708, com um chi-quadrado=19,48 e g.l.=20 (p=0,4906). Isso sugere não haver
61
correlação entre as variáveis estatísticas formadas pela combinação linear ótima das variáveis
dos perfis estudados.
4.6.2 Relação entre o perfil dos gestores e perfil de adoção da TI
A existência de relações entre as variáveis do ‘Perfil dos gestores’ (bloco 1.A) e o
‘Perfil de adoção da TI’ (bloco 2) foi investigada através da medida da contribuição relativa
de cada variável a esta possível relação. A correlação canônica encontrada foi de R
c
=0,857
para uma chi-quadrado=150,41 e g.l.=120 (p=0,031), o que sugere uma correlação
significativa entre estas duas variáveis estatísticas canônicas referentes as variáveis da ‘Perfil
dos gestores’ e da ‘Perfil de adoção da TI’. Os valores de redundância foram de 63% para a
variável canônica do bloco 1.A e de 12,49% para a variável canônica do bloco 2. Isso
significa que 63% da variação conjunta da variável estatística correspondente à Perfil dos
gestores (bloco 1.A) já são explicadas pela variação da variável estatística correspondente ao
Perfil de adoção da TI (bloco 2).
As variáveis do ‘perfil de adoção da TI’ que mais contribuíram para a correlação com
o ‘perfil dos gestores’ e, conseqüentemente, quais variáveis do Perfil dos gestores (bloco 1.A)
têm maior contribuição para esta correlação canônica são apresentados na tabela 19. As
relações mais significativas estão destacadas em vermelho e asterisco, descritas por ordem
decrescente.
Variáveis Cargas Cargas Abs.
Q
1-Sexo
-0,8294 0,8294*
Q
4-ExpTI
-0,3500 0,3500*
Q
3-Escolarid
-0,2097 0,2097
Q
2-Idade
-0,0789 0,0789
Tabela 19: Cargas canônicas para as variáveis do Perfil dos gestores
As cargas canônicas do bloco ‘Perfil de adoção da TI’ na tabela 20. Ao ser analisado o
sinal da carga canônica (segunda coluna das tabelas 9 e 10), tem-se a compreensão do tipo de
relação existente, se diretamente proporcional (sinal positivo) ou inversamente proporcional
(sinal negativo).
Observando as cargas canônicas relativas à ‘perfil de adoção da TI’ (bloco 2), nota-se
que as variáveis que mais tiveram relação com a composição linear referente ao ‘perfil dos
gestores’ são a Freqüência de uso da Internet p/ operações bancárias (Q
31
), Existência de
capacitação em TI nos últimos 24 meses (Q
42
), e Existência de disposição em qualificar
funcionários (Q
42
).
62
Variáveis Cargas Cargas Abs.
Q
42-CapacTI
-0,3633 0,3633*
Q
31-OpBanc-
-0,3500 0,3500*
Q
43-DispQual
-0,3275 0,3275*
Q
13-NComp
-0,2891 0,2891
Q
23-UsoEmail_
-0,2884 0,2884
Q
21-AcInternet
-0,2804 0,2804
Q
22-Veloc
-0,2669 0,2669
Q
45-DispInv
-0,2339 0,2339
Q
15-LigRede
-0,1960 0,1960
Q
39-RecSW
-0,1519 0,1519
Q
17-UsuTI
0,1421 0,1421
Q
37-SufHW
0,1315 0,1315
Q
29-SupClient
-0,1301 0,1301
Q
24-Chat
-0,1238 0,1238
Q
19-AlinhTI
-0,1160 0,1160
Q
28-Compras
-0,0979 0,0979
Q
30-Logist
0,0975 0,0975
Q
41-Site
0,0927 0,0927
Q
18-TerceirizTI
-0,0831 0,0831
Q
20-ExistE-mail
-0,0693 0,0693
Q
32-E-gov
-0,0680 0,0680
Q
25-Videoconf
-0,0649 0,0649
Q
27-Vendas
-0,0578 0,0578
Q
14-RedeLocal
-0,0541 0,0541
Q
34-IntermFinanc
0,0489 0,0489
Q
33-Pregao
-0,0331 0,0331
Q
36-InteracaoParc
0,0277 0,0277
Q
35-TelefCel
0,0159 0,0159
Q
26-Divulg
-0,0154 0,0154
Q
16-OrçamentoTI
0,0092 0,0092
Tabela 20: Cargas canônicas para as variáveis do Perfil de adoção da TI
Ao serem analisadas as cargas canônicas referentes à ‘Perfil dos gestores’ (bloco 1.A),
observa-se que as variáveis que mais tiveram relação com a composição linear relativo ao
‘perfil de adoção da TI’ nas empresas foram o Sexo (Q
1
) e Experiência no uso da TI (Q
4
).
Estes resultados mostram que o(a) responsável pela empresa (ou o(a) tomador(a) de decisões
quanto aos investimentos em TI) e seu maior ou menos nível de experiência são
características que afetam a formação do atual padrão da TI encontrado nas empresas.
4.6.3 Relação entre o perfil organizacional e de adoção da TI
Uma análise de correlação canônica foi realizada entre o perfil organizacional (bloco
1.B) e o Perfil de adoção da TI (bloco 2) e foi obtido um coeficiente de correlação canônico
de R
c
=0,9152, com uma chi-quadrado=221,23 e g.l.=150 (p=0,00014), sugerindo haver uma
63
forte correlação entre as variáveis estatísticas formadas como combinação linear ótimas das
variáveis dos perfis de Perfil organizacional (bloco 1b) e do Perfil de adoção da TI (bloco 2).
Variáveis Cargas Cargas Abs.
Q
10-Funcion
-0,8626
0,8626*
Q
7-Munic
0,4527
0,4527*
Q
5-AreaAtuac
0,3407
0,3407*
Q
11-Faturamento
-0,2950 0,2950
Q
9-TempoEmp
0,0197 0,0197
Tabela 21: Cargas canônicas para as variáveis da Perfil organizacional
Variáveis Cargas Cargas Abs.
Q
27-Vender
-0,6802
0,6802*
Q
26-Divulg
-0,6669
0,6669*
Q
21-AcInter
-0,5673
0,5673*
Q
41-Site
0,4492
0,4492*
Q
29-SuportCli
-0,4477
0,4477*
Q
25-Videoconf
-0,4295
0,4295*
Q
13-Comput
-0,4106
0,4106*
Q
24-Chats
-0,4038
0,4038*
Q
22-Veloc
-0,3757
0,3757*
Q
33-Pregao
-0,3630
0,3630*
Q
36-InterParc
-0,3549
0,3549*
Q
20-ExistEmail
0,3505
0,3505*
Q
14-RedeLoc
-0,3448
0,3448*
Q
16-OrcamTI
-0,3108
0,3108*
Q
31-OpeBanc
-0,2653 0,2653
Q
35-TelefCel
-0,2416 0,2416
Q
30-Logist
-0,2302 0,2302
Q
23-Email
-0,2244 0,2244
Q
28-Compras
-0,2220 0,2220
Q
34-InterFinanc
-0,2177 0,2177
Q
45-InvestTI
0,2061 0,2061
Q
39-SufSW
0,1894 0,1894
Q
32-E-gov
-0,1750 0,1750
Q
15-Rede
-0,1412 0,1412
Q
37-SufHW
0,1332 0,1332
Q
42-CapacTI
-0,1128 0,1128
Q
17-UsuaTI
0,0950 0,0950
Q
18-TerceirizTI
-0,0895 0,0895
Q
43-Qualif
0,0526 0,0526
Q
19-AlinhTI
0,0426 0,0426
Tabela 22: Cargas canônicas para as variáveis do Perfil de adoção da TI
Os valores da redundância foram de 69,61% para a variável estatística do bloco 1.B e
de 18,19% para a variável estatística do bloco 2, significa que 69,61% da variação referente
ao bloco 1.B já é explicada pela combinação linear referente ao bloco 2. Quanto às cargas
canônicas, as tabelas 21 e 22 mostraram seus valores para os blocos 1.B e 2 respectivamente.
64
As variáveis que mais tiveram influência com a composição linear referente ao ‘perfil da
organização’ são listadas abaixo em ordem decrescente de carga canônica.
Altíssima Importância (cargas absolutas 0,50):
Q
27
- Freqüência de uso da Internet p/ vender produtos e serviços
Q
26
- Freqüência de uso da Internet p/ divulgar a empresa
Q
21
- Tipo de acesso à Internet
Alta Importância (Cargas absolutas entre 0,40 e 0,49):
Q
41
- Existência de site na Internet
Q
29
- Freqüência de uso da Internet p/ realizar suporte ao cliente
Q
25
- Freqüência de uso de Vídeo/ teleconferências
Q
13
- Número total de computadores
Q
24
- Freqüência de uso dos Programas de Comunicação Instantânea
Média Importância (Cargas absolutas entre 0,30 e 0,39):
Q
22
- Velocidade de conexão da Internet
Q
33
- Freqüência de uso da Internet p/ Pregão Eletrônico
Q
36
- Freqüência de uso da Internet p/ interação com parceiros
Q
20
- Disponibilidade de correio eletrônico
Q
14
- Uso de rede local entre os computadores
Q
16
- Orçamento de TI em 2005
Verifica-se que, das 14 variáveis citadas, dez delas, ou seja, 71,4% correspondem a
variáveis ligadas ao uso da internet como ferramenta básica de trabalho, onde o uso da
internet para a venda de produtos ou serviços foi considerado a variável de maior contribuição
para a correlação entre as variáveis canônicas referentes ao perfil da organização e ao perfil da
TI nas empresas.
Ao serem analisados os pesos canônicos referentes ao ‘Perfil organizacional’ (bloco
1.B), observa-se que as variáveis que mais tiveram influência com a composição linear
correspondente ao padrão de uso da TI nas empresas foram: Área de atuação da empresa,
Município e Número de funcionários na empresa. Este achado corrobora com os estudos de
Premkumar e Roberts (1999), Karakaya e Khalil (2004) e Lobianco e Ramos (2004), os quais
comprovaram que o porte da empresa (medido em termos de número de funcionários) está
correlacionado com a adoção de TI.
65
Reforçando as informações coletadas através de um pré-diagnóstico realizado com um
grupo de empresas participantes do Fortalecimento da Cadeia Produtiva do Projeto Petróleo e
Gás no Rio Grande do Norte, a área econômica de atuação, o município e o porte da empresa
(medido pelo número de funcionários) são as variáveis que claramente estratificam as
empresas em termo de estrutura e uso da TI.
4.6.4 Relação entre o perfil de adoção de TI e os fatores inibidores técnico-financeiros
Uma análise de correlação canônica entre estes dois blocos de variáveis resultou em
um R
c
=0,9564 com uma chi-quadrado=382,27 e g.l.= 330 (p=0,0255), sugerindo uma
correlação significativa entre as duas composições lineares formadas pelas variáveis do
construto Perfil de Adoção da TI (bloco 2) e do contruto de Fatores inibidores técnico-
financeiros (Bloco 3).
Para esta análise, os valores de redundância foram de 19,81% para o bloco 2 e de
59,24% para o bloco 3, o que significa que 59,24% da variação da variável canônica
correspondente ao bloco 3 são explicadas pelo conjunto de variáveis do bloco 2. Desta forma
devemos determinar quais variáveis do bloco 2 mais influenciam os fatores inibidores do
bloco 3 e consequentemente, quais fatores são mais influenciados. A tabela 23 mostra as
cargas canônicas para o grupo de variáveis do Perfil de adoção da TI (bloco 2) e a tabela 24,
as cargas canônicas para o grupo de variáveis da identificação dos ‘fatores técnico-financeiros
inibidores da TI’ (bloco 3), onde destacam-se em vermelho as cargas significativas.
Perfil de Adoção de TI Cargas Cargas Abs.
Q
20
-0,2776 0,2776
Q
23
-0,2430 0,2430
Q
24
-0,2357 0,2357
Q
30
-0,2334 0,2334
Q
36
-0,2220 0,2220
Q
27
-0,2220 0,2220
Q
37
-0,2028 0,2028
Q
29
-0,1923 0,1923
Q
41
0,1450 0,1450
Q
39
-0,1396 0,1396
Q
31
-0,1332 0,1332
Q
18
-0,1321 0,1321
Q
43
0,1033 0,1033
Q
13
-0,1018 0,1018
Q
22
-0,1005 0,1005
Q
25
0,0941 0,0941
Q
15
-0,0935 0,0935
66
Q
32
-0,0909 0,0909
Q
21
-0,0841 0,0841
Q
45
0,0747 0,0747
Q
28
-0,0581 0,0581
Q
19
0,0578 0,0578
Q
26
-0,0570 0,0570
Q
33
-0,0566 0,0566
Q
42
0,0523 0,0523
Q
34
-0,0508 0,0508
Q
16
-0,0413 0,0413
Q
14
0,0173 0,0173
Q
17
0,0166 0,0166
Q
35
0,0003 0,0003
Tabela 23: Cargas canônicas para o grupo de variáveis do Perfil de adoção da TI
Fatores técnico-
financeiros Cargas Cargas Abs.
Q
57
-0,6798
0,6798
Q
50
-0,3971
0,3971
Q
53
-0,3081
0,3081
Q
51
-0,2599
0,2599
Q
56
-0,2447
0,2447
Q
52
0,1975 0,1975
Q
47
-0,1715 0,1715
Q
48
-0,1635 0,1635
Q
55
-0,1428 0,1428
Q
49
-0,1005 0,1005
Q
54
0,0970 0,0970
Tabela 24: Cargas canônicas para o grupo de variáveis da identificação dos fatores técnico-financeiros
inibidores da TI
Ao serem analisadas as cargas canônicas do bloco 2, observa-se que não houve valores
elevados para as cargas canônicas, mas verifica-se um valor significativo de redundância para
o bloco 3 (59,24%), então se conclui que o bloco 2 gera uma combinação linear que explica
59,24% da variação da variável canônica correspondente ao bloco 3. Segundo Hair Jr. et al
(2005, p. 108), quanto maior o número de variáveis a serem analisadas, menor são as cargas a
serem consideradas significantes. Desta forma, pode-se considerar uma carga absoluta
superior ou igual a 0,20 como significância prática para a correlação canônica entre os
blocos 2 e 3 (muitas variáveis envolvidas), onde listaremos abaixo as variáveis que
apresentam esta característica para o bloco 2.
Q
20
- Disponibilidade de correio eletrônico
Q
23
- Freqüência de uso dos E-mails (Correio Eletrônico)
Q
24
- Freqüência de uso dos Programas de Comunicação Instantânea
Q
27
- Freqüência de uso da Internet p/ vender produtos e serviços
67
Q
30
- Freqüência de uso da Internet p/ gerenciar a logística
Q
36
- Freqüência de uso da Internet p/ interação com parceiros
Q
37
- Suficiência dos recursos de hardware
Duas variáveis estão diretamente relacionadas com os objetivos do projeto de
capacitação de fornecedores para a utilização do comércio eletrônico com a Petrobras. As
variáveis “Freqüência de uso da Internet p/ vender produtos e serviços (Q
27
)” e
Freqüência de uso da Internet p/ interação com parceiros (Q
36
)” têm cargas canônicas de
–0,22, o que significa que quanto maior a freqüência de uso da internet para vender produtos
e serviços de suas empresas e para interagir com parceiros, menor é a percepção dos fatores
técnico-financeiros como inibidores ao uso da TI. Este resultado tem correspondência com o
estudo de Riemenschneider et al. (2003), onde ficou evidenciado que a interação/contato
social (com clientes, fornecedores etc), facilitados e incrementados pela adoção da Internet, é
um importante direcionador para a adoção organizacional de website.
Ao serem avaliadas as cargas canônicas dos fatores técnico-financeiros inibidores do
uso da TI (bloco 3), observa-se que as variáveis que mais foram influenciadas pelo Perfil de
adoção da TI são:
Q
50
- Dificuldade de adaptar a TI às necessidades da empresa
Q
51
- Não há confiabilidade nas informações extraídas dos sistemas
Q
53
- Custo do software/hardware
Q
56
- A TI torna-se obsoleta rapidamente
Q
57
- Consultoria externa é cara ou não disponível
Sobre a identificação desses fatores inibidores como mais representativos para a
correlação com o Perfil de adoção da TI pelas empresas, percebe-se que provavelmente exista
um contexto mais amplo quanto às dificuldades encontradas para o uso adequado da TI. Os
estudos do Sebrae-SP (2003) e de Beraldi e Escrivão Filho (2000) concluíram que a aquisição
dos recursos de TI não é planejada e os recursos não são bem aproveitados devido,
principalmente, à falta de conhecimento de sua potencialidade, dificuldades de aquisição de
itens complementares e falta de treinamento para os usuários. Devido a essas deficiências e
dificuldades, as empresas não conseguem grandes benefícios no uso da tecnologia de
informação.
68
4.6.5 Relação entre os fatores inibidores técnico-financeiros e socioculturais
Uma análise de correlação canônica entre os fatores técnico-financeiros inibidores ao
uso da TI (bloco 3) e os fatores socioculturais inibidores ao uso da TI (bloco 4), com uma chi-
quadrado=169,77 e g.l.=88 (p=0,0000), resultou em um coeficiente de correlação canônico de
R
c
=0,9463. A correlação é significativa e produziu coeficientes de redundância de 44,73% e
50,54% para os blocos 3 e 4, respectivamente, o que mostra que nenhum dos dois blocos tem
predominância explicativa sobre o outro.
Através da análise das cargas canônicas foi possível identificar as variáveis de cada
bloco que mais contribuíram para as suas respectivas combinações lineares e,
conseqüentemente, para a correlação entre estas combinações. A tabela 25 relaciona as cargas
canônicas correspondentes aos fatores técnico-financeiros inibidores da TI (bloco 3).
Variáveis Cargas Cargas Abs.
Q
49
0,8008
0,8008
Q
47
0,7463
0,7463
Q
54
0,6920
0,6920
Q
55
0,6913
0,6913
Q
56
0,5572
0,5572
Q
51
0,5498
0,5498
Q
53
0,5489
0,5489
Q
52
0,5299
0,5299
Q
50
0,4873
0,4873
Q
48
0,4561
0,4561
Q
57
0,2834 0,2834
Tabela 25: Cargas canônicas para o grupo de variáveis da identificação dos fatores técnico-financeiros
inibidores da TI
A tabela 26 mostra as cargas canônicas referentes aos fatores socioculturais inibidores
ao uso da TI (bloco 4).
Variáveis Cargas Cargas Abs.
Q
60
0,8782
0,8782
Q
59
0,7874
0,7874
Q
62
0,6602
0,6602
Q
61
0,6559
0,6559
Q
58
0,5953
0,5953
Q
63
0,5306
0,5306
Q
65
0,3814
0,3814
Q
64
0,2357 0,2357
Tabela 26: Cargas canônicas para o grupo de variáveis da identificação dos fatores socioculturais
inibidores da TI
Como o número de variáveis envolvidas na correlação canônica entre o bloco 3 e o
69
bloco 4 é relativamente menor, pode-se voltar a usar a norma prática como meio de fazer um
exame sobre a significância das cargas canônicas, considerando que cargas canônicas maiores
que ±0,30 atingem um nível mínimo; cargas de ±0,40 são consideradas mais importantes; e se
as cargas são de ±0,50 ou maiores, elas são consideradas como significância prática.
A análise das cargas canônicas referentes ao bloco dos fatores técnico-financeiros
inibidores da TI (bloco 3) mostrou a existência de variáveis com alto grau de contribuição
para a correlação canônica através da variável canônica para o bloco 3. Estas variáveis serão
apresentadas a seguir, em ordem decrescente de carga canônica:
Altíssima Importância (cargas absolutas 0,50):
Q
49
- Falta da identificação clara dos problemas a serem resolvidos pela TI
Q
47
- Desconhecimento das TI disponíveis e seus benefícios
Q
54
- A TI não aumentam as vendas ou reduzem os custos
Q
55
- A TI não aumenta a produtividade
Q
56
- A TI torna-se obsoleta rapidamente
Q
51
- Não há confiabilidade nas informações extraídas dos sistemas
Q
53
- Custo do software/hardware
Q
52
- Falta de suporte técnico na região
Alta Importância (Cargas absolutas entre 0,40 e 0,49):
Q
50
- Dificuldade de adaptar a TI às necessidades da empresa
Q
48
- Falta de recursos humanos p/ operarem a TI
A análise das cargas canônicas referentes ao bloco dos fatores socioculturais
inibidores da TI (bloco 4), mostrou a existência de variáveis com alto grau de contribuição
para a correlação canônica através da variável canônica para o bloco 4. Estas variáveis serão
apresentadas a seguir em ordem decrescente de carga canônica:
Altíssima Importância (cargas absolutas 0,50):
Q
60
- A TI não obtém resultados satisfatórios em curto prazo
Q
59
- Falta de apoio e/ou empenho dos líderes da empresa
Q
62
- A TI provoca mudanças estruturais/rotinas
Q
61
- Descrédito da TI devido a experiências anteriores frustradas
Q
58
- Falta da priorização de esforços para a TI
Q
63
- A TI gera dependência com os fornecedores
70
Média Importância (Cargas absolutas entre 0,30 e 0,39):
Q
65
- Não envolvimento dos funcionários no processo de adoção de TI
Com o objetivo de investigar como ocorrem as relações entre os blocos de inibidores
técnico-financeiros (bloco3) e socioculturais (bloco 4) foi realizada uma análise de
correspondência múltipla entre variáveis identificadas como as que mais contribuíram para a
correlação canônica, as quais foram citadas acima. O gráfico 16 representa graficamente a
análise de correspondência múltipla, a qual teve uma chi-quadrado=11082,8 e g.l.=7.056
(p=0,000).
Gráfico 16: Análise de correspondência entre os inibidores socioculturais e técnico-financeiros
Observa-se que as variáveis Q
47
, Q
48
, Q
49
, Q
50
, Q
51
, Q
54
, Q
55
, Q
58
, Q
59
, Q
60
, Q
61
, Q
62
e
Q
65
possuem uma forte correspondência, principalmente quando assinaladas para a alternativa
5 (Fator de altíssima relevância como barreira ao uso da TI na sua empresa), ou seja, estas
variáveis possuem um padrão próximo de respostas para percepções desses fatores como de
grandes obstáculos ao uso da TI. Isso confirma Jennex et al. (2004) quando indica que as
organizações reconhecem que o sucesso no comércio eletrônico requer mais que habilidade e
soluções técnicas.
Comportamento semelhante também pode ser verificado para um grupo menor dessas
variáveis, quanto à correspondência em relação a alternativa 3 (Fator com média relevância
como barreira ao uso da TI na sua empresa), com ocorrência no sub-conjunto das variáveis
71
Q
52
, Q
55
, Q
58
, Q
59
e Q
61
. Este padrão de comportamento reflete a condição do respondente em
perceber os fatores representados por estas variáveis como de mesma intensidade, reforçando
o grau de correlação entre os dois blocos de variáveis analisados, fatores técnico-financeiros
inibidores da TI (bloco 3) e fatores socioculturais inibidores da TI (bloco 4).
O quadro 2 mostra a relação entre as variáveis dos fatores técnico-financeiros e
socioculturais inibidores da adoção de novas TI que tiveram grande contribuição para a
correlação entre os dois grupos de variáveis analisadas. A correlação canônica entre o grupo
de variáveis da identificação dos fatores técnico-financeiros inibidores do uso da TI (Bloco 3)
com o grupo de variáveis da identificação dos fatores socioculturais inibidores da TI (Bloco 4)
produziu uma forte correlação conjunta (R
c
=0,9463 e P=0,0000). As cargas canônicas para
cada bloco de variáveis foram todas de sinal positivo, o que implica em uma relação
diretamente proporcional entre os fatores, ou seja, quanto maior a percepção dos fatores
técnico-financeiros como inibidores ao uso da TI, maior também esta percepção para os
fatores socioculturais. A magnitude dessas cargas canônicas apontou algumas variáveis como
destaque na contribuição para a relação conjunta entre os dois blocos, as quais produzem
maiores influências nessa relação conjunta.
Identificação dos fatores técnico-
financeiros
Identificação dos fatores socioculturais
Q
49
- Falta da identificação clara dos
problemas a serem resolvidos pela TI
Q
47
- Desconhecimento das TI disponíveis e
seus benefícios
Q
54
- A TI não aumentam as vendas ou
reduzem os custos
Q
55
- A TI não aumenta a produtividade
Q
56
- A TI torna-se obsoleta rapidamente
Q
51
- Não há confiabilidade nas informações
extraídas dos sistemas
Q
53
- Custo do software/hardware
Q
52
- Falta de suporte técnico na região
Q
50
- Dificuldade de adaptar a TI às
necessidades da empresa
Q
48
- Falta de recursos humanos p/ operarem
a TI
Q
60
- A TI não obtém resultados satisfatórios
em curto prazo
Q
59
- Falta de apoio e/ou empenho dos líderes
da empresa
Q
62
- A TI provoca mudanças
estruturais/rotinas
Q
61
- Descrédito da TI devido a experiências
anteriores frustradas
Q
58
- Falta da priorização de esforços para a
TI
Q
63
- A TI gera dependência com os
fornecedores
Q
65
- Não envolvimento dos funcionários no
processo de adoção de TI
Quadro 2: Variáveis de maior contribuição para a correlação canônica entre os fatores inibidores
Uma análise de correspondência entre os dois blocos analisados apresentou resultados
significativos para o padrão de percepção dos fatores com grande potencial inibidor ao uso da
TI. O quadro 2 destaca, em itálico, as variáveis cujo comportamento conjunto é muito
72
parecido quando há a percepção dos fatores como barreiras a adoção e uso da TI nas empresas,
ou seja, na prática quando algumas dessas variáveis que estão destacadas em itálico possuem
valor 5 (fator de altíssima relevância como barreira ao uso da TI na empresa), as demais
variáveis assinaladas tendem a seguir o mesmo padrão de resposta, indicando que os
respondentes atribuem percepções semelhantes a estes fatores quando os consideram como
altamente inibidores ao uso da tecnologia da informação.
4.6.6 Relação entre os fatores inibidores e os demais perfis
O resultado dos testes que visaram verificar a existência de relações entre os fatores
inibidores técnico-financeiros (bloco 3) e fatores inibidores socioculturais (bloco 4 e os perfis
dos respondentes (bloco 1.A), das organizações (bloco 1.B) e do uso da TI (bloco 2) é
apresentado nesta seção.
A tabela 27 mostra com a síntese das correlações canônicas entre os blocos de
variáveis analisados, onde as correlações significativas ao nível de 5% estão marcadas com
asterisco e em vermelho. Das dez relações possíveis, há evidência de correlação canônica
entre os blocos “3 x 2”, “3 x 4”, “1a x 2” e por último “1b x 2”.
Relações Coeficiente de
Correlação
Canônico (R
c
)
Chi-quadrado g.l. p
1. Blocos 3 x 2 0,9564 382,2735 330
0,0255*
2. Blocos 4 x 2 0,9386 270,0460 240 0,0897
3. Blocos 3 x 1a 0,6131 35,8524 44 0,8040
4. Blocos 3 x 4 0,9463 169,7768 88
0,0000*
5. Blocos 3 x 1b 0,5940 39,9603 55 0,9362
6. Blocos 4 x 1a 0,6009 35,2233 32 0,3182
7. Blocos 4 x 1b 0,5898 27,8741 40 0,9259
8. Blocos 1a x 1b 0,4708 19,4839 20 0,4906
9. Blocos 1a x 2 0,8576 150,4127 120
0,0317*
10. Blocos 1b x 2 0,9152 221,2312 150
0,0001*
Tabela 27: Síntese das correlações canônicas entre os blocos de variáveis analisados
A figura 9 mostra o modelo da pesquisa após o emprego de técnicas multivariadas. Na
figura, verificam-se quais as relações que foram confirmadas, possibilitando a percepção de
como os fatores inibidores são influenciados pelos demais perfis. A análise da figura 9
identifica mais detalhadamente quais variáveis são mais representativas nessas relações
conjuntas e, portanto, as que provavelmente mais influenciam as percepções dos fatores
inibidores.
73
•Adaptar a TI às
necessidades da empresa
•Confiabilidade nas
informações extraídas
•Custo do software-hardware
•Obsolescência rápida da TI
•Consultoria cara ou não
disponível
•Sexo
•Experiência em TI
•Capacitação em TI
•Uso do internet banking
•Disposição à quali do pessoal
•Num de funcionários
•Município
•Àrea de atuação
•Uso da internet p/ vendas
•Uso do internet p/ divulg
•Tipo de acesso à internet
•Ident clara do papel da TI
•Benefícios da TI
•Contrib da TI p/ aumento de vendas
•Contrib da TI p/ aumento de
produtividade
•Obsolescência rápida da TI
•Confiabilidade nas informações
extraídas dos sistemas
•Suporte técnico
Perfil organizacional x Perfil de adoção da TI
Perfil dos gestores x Perfil de adoção da TI
Bloco 1b x 2
Correlação Forte
Bloco 2 x 3
Correlação Fraca
Bloco 1a x 2
Correlação Média
Bloco 3 x 4
Correlação Forte
•A TI não obtém resultados
satisfatórios em curto prazo
•Falta de apoio e/ou empenho
dos líderes da empresa
•A TI provoca mudanças
estruturais/rotinas
•Descrédito da TI devido a
experiências anteriores frustradas
•Falta da priorização p/ a TI
•A TI gera dependência com os
fornecedores
•Disp. de e-mail
•Uso dos e-mails
•Uso dos chats
•Uso da internet p/ vendas
•Uso da internet p/ logist
•Uso da internet p/ a
interação com os parceiros
•Sufic de recursos de HW
Perfil de adoção da TI x Fatores técnico-
financeiros
Fatores inibidores técnico-financeiros x Fatores
socioculturais
Figura 9: Síntese das correlações canônicas mais significativas
A percepção das variáveis técnicas e financeiras como fatores inibidores ao uso da TI
está relacionada com a estrutura de TI dentro das empresas, relacionando-se também com o
perfil das organizações ou de seus responsáveis. Houve uma correlação forte entre a variável
‘número de funcionários”, que relaciona-se com o tamanho da empresa, e o perfil de adoção,
particularmente o uso da Internet para vendas e para divulgação da empresa. Aguila-Obra e
Padilla-Meléndez (2006) haviam demonstrado que há uma dependência positiva entre o porte
da empresa e o uso da TI, em particular quanto aos recursos da Internet.
A percepção dos fatores técnico-financeiros conduz a um padrão semelhante na
percepção dos fatores socioculturais como inibidores ao uso da TI.
74
CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES
Neste capítulo serão apresentadas algumas conclusões em função dos resultados
anteriormente abordados, onde são resgatados os pontos considerados de maior relevância e
discutidos à luz dos objetivos propostos para esta dissertação. Serão também apresentadas as
limitações do estudo e as direções de pesquisas futuras.
5.1 SÍNTESE DOS RESULTADOS
Os principais resultados são apresentados de acordo com a seqüência dos objetivos da
pesquisa.
Perfil dos gestores respondentes
O perfil médio observado dos gestores das micro e pequenas empresas pesquisadas é
de um homem com 38 anos, com segundo grau completo, mas com apenas conhecimento
básico sobre o funcionamento dos computadores e sistemas utilizados em suas empresas. O
fato da maioria dos gestores ser do sexo masculino (65,5%) pode estar associado com a
própria natureza da atividade realizada dentro da cadeia produtiva do petróleo e gás. A
escolaridade está acima da média, onde se observa que apenas 9,1% dos entrevistados
possuem escolaridade abaixo do segundo grau completo.
Quanto ao nível de experiência no uso da TI dos respondentes, observa-se que a
grande maioria (61,1%) possui apenas um conhecimento razoável da TI que operam,
conhecendo o funcionamento básico dos equipamentos e sistemas utilizados na empresa. Essa
mesma “Experiência no uso da TI (Q
4
)” quando analisada conjuntamente com as variáveis
Sexo (Q
1
)” e “Grau de escolaridade (Q
3
)” mostraram uma significativa correspondência
entre as alternativas “Sexo: masculino” com as alternativas “Escolaridade: especialização e
segundo grau completo” e “Experiência: razoável”. Neste perfil, homens com segundo grau
completo ou especialização, em grande parte possuem apenas uma razoável experiência no
uso da TI em suas empresas.
Perfil organizacional das MPE pesquisadas
No que se refere ao perfil das micro e pequenas empresas que fornecem para o setor
75
de petróleo e gás, a distribuição dos dados apontou para uma grande concentração de
empresas com tempos de atuação no mercado entre 5 e 25 anos, de 5 a 20 funcionários (50%)
e com faturamento bruto anual até R$ 244 mil reais (87,3%).
Através de uma análise de correlação canônica entre as variáveis da Perfil
organizacional e as variáveis do Perfil de adoção da TI nas empresas (R
c
=0,9152 e p=0,0001),
foi possível verificar a existência de uma relação entre estes dois blocos de variáveis. No
bloco referente à TI utilizada nas empresas, pode-se destacar que dentre as 14 variáveis mais
significativas para a relação, cerca de 71% delas corresponde a variáveis ligadas ao uso da
internet como ferramenta de suporte ao trabalho e em especial, ao acesso ao comércio
eletrônico.
Por outro lado, observa-se que variáveis como “Área de atuação da empresa (Q
5
)”,
Município (Q
7
)” e “Número de funcionários (Q
10
)”, esta última entendida como
identificação do porte da empresa pelo critério SEBRAE, são as variáveis que estratificam as
empresas em função da infra-estrutura de TI disponíveis nessas organizações. Desta forma, a
área de atuação no mercado, a área geográfica de atuação (município) e o tamanho da
empresa (porte) são as variáveis que determinam a infra-estrutura de TI observada.
Perfil da infra-estrutura de TI das MPE respondentes
Quanto ao perfil de TI encontrado, observa-se que o número de computadores nas
empresas segue com uma média de seis computadores, mas com uma grande ocorrência entre
1 e 9 equipamentos, recursos considerados como suficientes (78,2%) para as atividades hoje
desenvolvidas, assim como são suficientes os recursos de software (81,8%). Outra
característica favorável é a relação existente entre a quantidade de computadores e o montante
de valor investido na TI. Assim, para grande parte das empresas da amostra, quanto maior o
parque de computadores, maior o volume anual de recursos destinados a TI, com a relação
Q
13
=2,413 + 0,819Q
16,
possuindo um R
2
Ajustado
= 0,66, onde Q
13
é o “Número de
computadores” e Q
16
é o “Orçamento da TI em 2005”.
A velocidade de conexão à internet está acima de 128 kbps para 74,55% das empresas
pesquisadas, caracterizando-se como acesso através de banda larga. Como a maioria das
empresas pesquisadas está localizada em Natal (78,2%), isso não reflete a realidade daquelas
localizadas em municípios menores, onde não estão disponíveis tecnologias mais rápidas e
com melhor relação custo/benefício. Dentre as tecnologias de acesso à internet mais utilizadas
pelas empresas pesquisadas, destaca-mse a ADSL (29,1%) e o Cable Modem (27,3%), as
quais possibilitam acessos mais rápidos, mas só estão disponíveis em municípios com
76
potencialidade comercial para tais serviços.
As características desfavoráveis ao uso eficiente da TI por parte das empresas
pesquisadas são que apenas 40% disponibilizam correio eletrônico para os seus colaboradores.
Percebe-se a existência de dois grupos de empresas quando estratificadas, em relação ao
percentual de funcionários com acesso ao e-mail. O grupo onde as empresas democratizaram
o uso da TI para a maioria de seus funcionários e outro grupo que concentra resultados em
torno de apenas 30% ou menos de funcionários. Outro achado importante é a inexistência de
um setor ou de pessoa específica responsável pela TI em 23,6% das empresas, aliada a um
nível de terceirização total ou parcial de 61,8%.
Perfil de adoção da Internet
O uso da internet para fins comerciais está mais relacionado com o uso de correio
eletrônico, operações bancárias e relacionadas com o governo eletrônico (e-gov). No entanto,
existe uma baixa freqüência de uso de tecnologias mais sofisticadas relacionadas aos negócios
eletrônicos, tais como compra de produtos ou serviços pela internet, uso do pregão eletrônico
para participar em licitações ou tomadas de preço, uso de tecnologias de transmissão de dados
por telefonia celular, videoconferência e teleconferência e a inexistência de um website da
empresa.
Para 57,4% das empresas pesquisadas, não houve nenhuma capacitação em TI para os
seus colaboradores nos últimos 24 meses, apesar da disposição em qualificar os funcionários
para 78,2% das empresas e investir em TI para 81,8% delas. Infelizmente, ainda há um
entendimento equivocado para alguns empresários de micro e pequenas empresas quanto à
capacitação de seus colaboradores como um investimento que deve ser contínuo e não apenas
como uma despesa cuja necessidade é um efeito colateral da adoção da TI.
O quadro encontrado para o Perfil de adoção da TI nas empresas apresenta indicadores
da existência de uma infra-estrutura de TI aparentemente adequada para o uso do comércio
eletrônico na maioria das empresas pesquisadas. Contudo, na prática, o uso da TI nessas
empresas não corresponde a esta infra-estrutura instalada, com subutilização de recursos,
baixa capacitação, baixa democratização da TI para os funcionários/colaboradores e baixa
freqüência de utilização, principalmente de tecnologias relacionadas ao uso eficiente do
comércio eletrônico.
Cerca de 80% dos respondentes afirmam que a TI está alinhada com o planejamento
estratégico de suas empresas. Entretanto, os indicadores citados anteriormente não confirmam
esta afirmação, pois estes empresários ou não conhecem as potencialidades da TI implantadas
77
em suas empresas ou desconhecem os benefícios que a TI pode proporcionar as estratégias
dessas empresas ou simplesmente desconhecem quais são suas estratégias.
Relação entre o perfil dos gestores e o padrão de adoção de TI
Através de uma análise de correlação canônica foi possível identificar a existência e o
grau de relação (R
c
= 0,857 e p = 0,031) entre o perfil dos gestores e o perfil da TI encontrado
nas empresas. A análise permitiu identificar que a variável “Sexo (Q
1
)” e a Experiência no
uso da TI (Q
4
)” foram importantes variáveis para a construção dessa relação, tornando-se
fatores que influenciaram no atual estágio da TI encontrado nas empresas.
As variáveis “Freqüência de uso da internet para operações bancárias (Q
31
)”,
Existência de capacitação em TI nos últimos 24 meses (Q
42
)” e “Existência de disposição
em qualificar os funcionários (Q
43
)” foram as que mais se relacionaram com características
do perfil dos gestores. Isso sugere que uma boa experiência do gestor no uso da TI em suas
micro e pequenas empresas é um importante fator para o reconhecimento e investimento na
capacitação em TI como atividade necessária e contínua para o uso eficiente dos recursos de
TI existentes nas empresas.
Fatores técnico-financeiros inibidores à adoção de TI
As variáveis “Consultoria externa é cara ou não disponível (Q
57
)” e “Custo do
software/hardware (Q
53
)” foram as mais consideradas como fatores técnico-financeiros
inibidores à adoção da TI pelas empresas pesquisadas. Os gestores alegaram ser a falta de
consultoria uma das principais deficiências do segmento de empresas atendidas pelo projeto.
A consultoria poderia evitar o investimento em equipamentos, sistemas e tecnologias de
comunicação muito acima da real necessidade da empresa, podendo inibir alguns dos efeitos
colaterais que é a subutilização dessas tecnologias e investimentos desnecessários. A
consultoria também poderia avaliar tecnologias que tivessem uma menor obsolescência, e
realizar um planejamento simplificado para a tecnologia da informação e comunicação (TIC)
dessas empresas.
Segundo depoimentos dos gestores das micro e pequenas empresas participantes do
projeto de fortalecimento da cadeia produtiva do petróleo e gás no Rio Grande do Norte,
obtidos no pré-diagnóstico que antecedeu a elaboração desse projeto, a consultoria externa é
essencial para a orientação de quais equipamentos, sistemas e tecnologias de acesso a internet
são mais apropriados para cada empresa.
A pesquisa identificou que o(a) pequeno(a) empresário(a) tem uma percepção de que
78
os custos são um importante obstáculo à adoção e uso eficaz da TI. Seguindo o mesmo
conselho dado por Kuan e Chan (2001), talvez seja aconselhável que o governo estimule e
fomente a implantação de tecnologia de informação na pequena empresa. Quanto ao suporte
ao conhecimento técnico adequado, também as pequenas empresas deveriam ser
contempladas com apoio de fornecedores (provedores de TI), grande comprador (como a
Petrobras) e outros parceiros de negócios, que se encarregariam de prover financiamento e
apoio técnico, através de programas indutores da inserção da MPE na economia digital.
Fatores socioculturais inibidores à adoção de TI
As variáveis “Descrédito da TI devido a experiências anteriores frustradas (Q
61
)
e a variável “A TI gera dependência com os fornecedores (Q
63
)” foram significativas ao
nível de α=9%. No entanto, a variável referente ao descrédito da TI devido a experiências
anteriores possui um baixo potencial inibidor, onde possivelmente não constitui uma barreira
a adoção de novas tecnologias da informação.
Relações encontradas
Vários fatores foram aqui confirmados como relevantes para o sucesso e uso eficiente
da TI, em consonância com a literatura. A figura 10 destaca a síntese das relações entre os
fatores técnico-financeiros e socioculturais inibidores da adoção de novas TI’s e os três perfis
observados (individual, organizacional e específico de TI), a partir da retomada do modelo de
pesquisa apresentado no capítulo 3. As relações onde as magnitudes das correlações (R
c
) são
estatisticamente significantes ao nível de α=5%, se destacam pelas linhas grossas.
Perfil dos
gestores
Perfil organizacional
Perfil de
adoção da TI
Fatores técnico-
financeiros
1b
1a 2
43
Fatores socioculturais
Perfil dos
gestores
Perfil organizacional
Perfil de
adoção da TI
Fatores técnico-
financeiros
1b
1a 2
43
Fatores socioculturais
Figura 10: Blocos de variáveis e suas relações analisadas pela correlação canônica
79
A análise das cargas canônicas do grupo de variáveis do Perfil de adoção da TI nas
empresas (Bloco 2) mostrou um grupo de sete variáveis que mais contribuíram para a relação
com o bloco de variáveis da identificação dos fatores técnico-financeiros inibidores da TI
(Bloco 3). Dessas variáveis, destacam-se a “Disponibilidade de correio eletrônico (Q
20
)”, a
Freqüência de uso dos e-mails (Q
23
)”, a “Freqüência de uso da internet para vender
produtos e serviços (Q
27
)” e a “Freqüência de uso da internet para a interação com os
parceiros (Q
36
)”. Estas estão diretamente relacionadas com a adoção e uso do comércio
eletrônico.
Vale lembrar que essas variáveis tiveram cargas canônicas negativas, ou seja, quanto
maior a disponibilidade e freqüência de uso do comércio eletrônico, menor a percepção dos
fatores técnico-financeiros como inibidores ao uso da TI nas empresas dos respondentes. A
mesma lógica se aplica quando do uso da internet para as demais variáveis.
Segundo a análise das cargas canônicas, as variáveis dos fatores técnico-financeiros
inibidores do uso da TI (Bloco 3) que mais tiveram suas percepções influenciadas pela relação
com a TI utilizada nas empresas foram: a dificuldade de adaptar a TI às necessidades da
empresa; inexistência de confiabilidade nas informações extraídas dos sistemas; custo do
software/hardware; obsolescência rápida da TI; e consultoria externa cara ou não
disponível.
Esses achados vão ao encontro do estudo de Pavic et al. (2007), no sentido de que é
possível para algumas MPE integrar sua tecnologia baseada na Internet dentro de uma
estratégia mais global e estas TIs poderão levá-las a uma vantagem competitiva. Entretanto, as
atitudes e percepções dos seus dirigentes e proprietários com relação à nova tecnologia, o
conhecimento e habilidades gerenciais e a força de trabalho são reconhecidas como questões
problemáticas em potencial.
O desconhecimento do processo de adoção e uso da TI pelos proprietários e
administradores de micro e pequenas empresas, juntamente com a falta de recursos para a
contratação de consultoria especializada, levam a investimentos em tecnologias que não estão
em conformidade com as necessidades atuais e futuras dessas empresas, tornando
rapidamente obsoletos os investiments em TI. Aliado a esta perspectiva, os empresários
possuem a visão da capacitação como custo e não como investimento necessário e contínuo, o
que poderia reduzir a percepção da baixa confiabilidade das informações extraídas dos
sistemas como fator inibidor do uso da TI, visto que isto provavelmente é um “efeito
colateral” da má qualificação dos usuários dos sistemas.
80
5.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
Um ponto crítico em relação à metodologia utilizada foi o tamanho do questionários,
com muitas variáveis e que provocaram um alongamento das entrevistas, com possibilidade
de desatenção dos respondentes e conseqüente respostas inconsistentes.
Devido a um número significativo de “não respostas”, conhecidos como dados missing,
foi necessário um tratamento especial nas análises multivariadas, onde os dados missing
foram substituídos pela média do grupo, viabilizando a análise, mas com tendência a
minimizar o efeito de variáveis com maior potencial inibidor da TI.
A amostra foi não-probabilística por conveniência, onde os elementos não foram
selecionados aleatoriamente, isto é, foram escolhidos alguns casos para a amostra que, a partir
da disponibilidade dos respondentes, representem a população, não servindo os resultados
obtidos na amostra para fazer uma generalização para a população “normal”.
A dificuldade de obtenção e má qualidade do cadastro de fornecedores da Petrobras no
Rio Grande do Norte, com poucas informações, dados desatualizados e inconsistentes,
provocando gastos desnecessários e o desgaste dos pesquisadores. O cadastro impossibilitava
de selecionarmos as empresas pelo seu porte, portanto foi necessário ao contatarmos as
empresas para a aplicação dos questionários, investigar o porte da empresa e só então aplicado
o questionário com aquelas que atendiam ao pré-requisito de serem fornecedoras da Petrobras
de produtos e/ou serviços, estarem localizadas (matriz ou filiais) no Rio Grande do Norte e
serem micro e pequenas empresas.
Alguns aspectos limitantes estão associados ao nível de sinceridade nas respostas.
Pesquisas survey, que indagam diretamente as pessoas sobre percepções e avaliações
individuais, podem distorcer alguns resultados. A medida de intensidade (medidas escalares)
do fator como barreira a adoção de TI é subjetiva e está ligada a percepção que cada
respondente possui, caracterizando uma outra limitação da pesquisa.
Em muitos casos, o desconhecimento dos gestores sobre a TI, aliados a falta de
responsáveis por este setor na empresa, pode ter provocado distorções nas variáveis relativas a
identificação da TI nessas empresas.
81
5.3 IMPLICAÇÕES PRÁTICAS
Em termos de implicações gerenciais, recomenda-se a realização de capacitação para a
alta administração (proprietários, diretores ou gerentes) das empresas fornecedoras da
Petrobras no Rio Grande do Norte, priorizando a participação dos representantes das micro e
pequenas empresas. Estas capacitações deverão ter como foco a sensibilização para as
potencialidades de uso da TI e seus benefícios para as MPE, bem como para a obtenção de
conceitos básicos sobre o processo de identificação e avaliação das necessidades reais e
futuras de TI das empresas, a aquisição de equipamentos e sistemas para suprir estas
necessidades.
O Sebrae local deveria preparar uma cartilha com recomendações básicas sobre a
obtenção de equipamentos, sistemas, tecnologias de comunicação e suporte técnico para o uso
da TI com foco no comércio eletrônico. Esta cartilha deverá ser um importante instrumento de
informações para que as empresas possam melhor avaliar e adquirir produtos e serviços em TI.
As entidades envolvidas no desenvolvimento industrial deveriam criar mecanismos
para a promoção de capacitação dos operadores e tomadores de decisões nos processos de
licitação via comércio eletrônico, com foco nas MPE fornecedoras da Petrobras no Rio
Grande do Norte. Esta capacitação abordaria prioritariamente aspectos de uso da Petronect,
gestão financeira e determinação de preço de venda, utilizando-se de planilhas eletrônicas e
outras ferramentas de fácil acesso e custo acessível, visto que tais mecanismos de
comercialização (comércio eletrônico) exigem a necessidade de tomadas de decisão rápidas
baseadas em informações confiáveis e atualizadas.
5.4 DIREÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
Para pesquisas futuras, sugere-se a ampliação da amostra e o uso da amostragem
aleatória probabilística, possibilitando extrapolações dos resultados para todo o grupo de
empresas participantes da cadeia produtiva do petróleo e gás no Rio Grande do Norte,
aprofundando conhecimentos e analisando as novas hipóteses e questionamentos levantados
nessa dissertação.
Estudos futuros poderão analisar os dados coletados e não abordados nessa dissertação
sobre as empresas que já utilizam o comercio eletrônico através da Petronect, comparando os
perfis de Perfil dos gestores, organizações e da infra-estrutura de TI observada com os
padrões encontrados nessa dissertação, buscando diferenças e suas possíveis causas.
82
83
REFERÊNCIAS
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88
Anexo A - Pré-diagnóstico do APL Petróleo e Gás
Situação atual da cadeia produtiva no território
O território onde são desenvolvidas as atividades produtivas está situado entre os municípios
de Apodi, Areia Branca, Assu, Macau e Guamaré, sendo os centros de produção terrestres e
marítimos sediados em torno das cidades de Mossoró, Alto do Rodrigues e Guamaré,
conforme ilustrado no mapa apresentado a seguir. Além disso, existem atividades de
planejamento, acompanhamento, controle, estudos e projetos desenvolvidos nas cidades de
Natal, Mossoró e Alto do Rodrigues.
O Rio Grande do Norte é o maior produtor nacional de petróleo em campos terrestres. Produz,
aproximadamente, 87.600 barris de petróleo e líquido de gás natural por dia e 3.750 mil m3/d
de gás natural. Parte do petróleo produzido é processado no estado na Unidade de Tratamento
e Processamento de Fluídos de Guamaré, o restante é exportado para outros estados e
eventualmente para o exterior.
O gás natural e o gás liquefeito de petróleo (34.000 botijões/dia) abastecem o mercado local e
parte do mercado do Ceará, Paraíba e Pernambuco. São produzidos 4.500 barris por dia de
diesel que abastece todo o mercado local.
Está sendo concluída uma unidade para produção de querosene de aviação que tornará o
estado auto-suficiente nesse derivado e duplicará a produção de diesel do estado.
A cadeia de petróleo exerce um forte impacto na economia do estado e, em virtude da maioria
dos campos produtores se localizarem em terra, é um fator chave para a interiorização do
desenvolvimento pois grande parte dos recursos humanos que prestam serviços ao setor são
contratados nas comunidades próximas ás áreas de operação.
Este setor gera um total de 2.030 empregos diretos na empresa âncora (Petrobras), com um
total adicional de 5.400 empregos em empresas prestadoras de serviço e uma estimativa de
mais de 30.000 empregos indiretos no território.
Do montante de bens e serviços adquiridos pela Petrobras, aproximadamente, vinte por cento
é contratado em empresas locais, sendo, na sua maioria pequenas e médias empresas, que
atuam principalmente no setor de construção e montagem, manutenção industrial, obras civis
e de serviços gerais. As figuras abaixo apresentam o desenho da cadeia produtiva e a rede de
atores.
89
Desenho da cadeia produtiva
Fornecedor Insum os Processos Produtos Clientes
Empresas prestadoras de
Serviços, fornecedora de produtos e de energia
BENS
ENERGIA
SERVIÇOS
Exploração
Reserva e
Reservatórios
Produção
Transporte de
Petróleo e Gás
Processamento
Transporte de
Derivados
PETRÓLEO
GÁS
NATURAL
GLP
DIESEL
QAV
GNV
Refinarias da Petrobras, BR Distribuidora e Companhias
estaduais de gás do RN, PB, CE e PB.
Desenho da Rede de Atores e suas relações
CEFET
UFRN
SENAI
UERN
CTGAS
Governo do
estado do RN
(SEDEC)
FIERN
Petrobras
Empresas
Consultoras
AGM
BB
BNB
CEF
SEBRAE
Distribuidores
Consumidor
Final
Pequenas e
Médias
Empresas
Instituições
Financeiros
Empresa
Âncora
Federação
Instituições
de ensino e
pesquisa
Ações Antecedentes
Citamos abaixo as ações desenvolvidas no estado para promover a inserção competitiva e
sustentável das empresas locais no setor:
Desenvolvimento de ações de capacitação, através do Projeto de Adensamento da
Cadeia Produtiva do Petróleo e Gás (parceria SEBRAE/MCT/MDIC e ONIP), nas áreas de
qualidade, comercial, gestão empresarial, segurança industrial e meio ambiente para empresas
90
fornecedoras localizadas em Mossoró, Alto do Rodrigues e Natal, durante os anos de 2003 e
2004. Formação de uma Rede Institucional para dar suporte às ações desenvolvidas, composta
por representantes do SEBRAE, SENAI, FIERN, SEDEC, CEFET, entre outros.
Lançamento em março de 2004 do PROMINP-RN. O Rio Grande do Norte foi o
primeiro estado da federação onde o fórum regional do Programa de Mobilização da Indústria
Nacional de Petróleo foi lançado. Fazem parte do PROMINP-RN: o Governo do Estado, o
SEBRAE, a Federação das Indústrias, a Petrobras, o CTGAS, a UFRN, o CEFET e a UERN.
Para operacionalizar essa estratégia foram priorizados quatorze projetos.
Pesquisa para identificação oportunidades de melhoria e possíveis problemas do
fornecimento entre as empresas que prestam serviços para o setor Petróleo e Gás no estado do
Rio Grande do Norte. A referida pesquisa foi elaborada através de uma parceria entre o
SEBRAE e a Petrobras/Unidade de Negócios de Exploração e Produção do Rio Grande do
Norte e Ceará, e foi aplicada por meio eletrônico em 200 empresas cadastradas na
PETROBRAS, durante o mês de janeiro/2005. Cerca de sessenta empresas responderam à
pesquisa, e dessas foram selecionadas 20 para participar na elaboração do projeto da cadeia
produtiva conforme a metodologia da GEOR– Gestão Estratégica Orientada para Resultados.
Em 03/02/2005, foi realizado workshop em Mossoró, com a referida amostra de
fornecedores de serviços, para consolidação da pesquisa e mobilização para desenvolvimento
do projeto com base na metodologia da GEOR.
Em 14/02/2905, também em Mossoró, aconteceu a 1ª oficina de trabalho para
elaboração do projeto utilizando a metodologia GEOR, com a participação de 20 empresas e
05 Instituições parceiras: SENAI, FIERN, SEDEC – Secretaria de Desenvolvimento
Econômico do RN e Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Mossoró e CEFET/RN.
Em 22/02/2005 e 11/03/2005, foram realizadas a 2ª e 3ª oficina de trabalho da GEOR,
com a participação de empresários e instituições parceiras, durante a qual foram definidas as
ações do projeto.
As ações desenvolvidas localmente têm contribuído para um incremento do volume de
aquisições pela PETROBRAS, no estado, conforme demonstrado abaixo.
Gargalos
42
54
62
70
85
119
100
134
184
0
30
60
90
120
150
180
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
EVOLUÇÃO DA AQUISIÇÃO DE BENS E SERVIÇOS NO RN
( R$ MILHÕES
)
91
Através de pesquisa e workshop realizados com uma amostra de fornecedores do setor, foram
identificadas as seguintes dificuldades para atendimento da demanda.
1 – Problemas Gerais
1.1 - Há dificuldades na formação de preços.
1.2 - Há desconhecimento da demanda de serviços (longo prazo).
1.3 – Desconhecimento dos mecanismos de fomento e incentivos fiscais.
1.4 - Falta de incentivos fiscais para instalação de empresas no estado.
1.5 - Dificuldade de qualificação e diversificação de profissionais, localmente, principalmente
especialistas.
1.6 - Falta de fornecedores locais e inclusive nacionais para diversos produtos.
1.7 - Concentração de entidades certificadoras no eixo-sul-sudeste.
1.8 - Baixo de nível de escolaridade dos empregados na região, principalmente nas áreas onde
são desenvolvidas as atividades produtivas.
2 - Problemas em áreas específicas.
2.1 - Relação com fornecedores
Ausência de sub-fornecedores na região.
Baixa qualidade dos produtos ofertados.
Dificuldade de formular especificação.
Pouca diversificação de produtos na região.
Dificuldades para contratação de assistência técnica para produtos/equipamentos
adquiridos.
Dificuldades de encontrar fornecedores de serviços qualificados.
2.2 - Finanças e custos
Dificuldades na formação de preços, por falta de conhecimento para gerar uma
planilha de custos reais.
Carência de controle financeiro, fiscal e contábil.
Dificuldade de assessoria jurídica e contábil.
Desconhecimento do processo licitatório.
2.3 – Pessoas
Dificuldades de recrutamento e seleção de pessoal.
Falta de pessoas qualificadas na região.
Baixa escolaridade.
Falta de estrutura para realização de capacitação na região.
Quantidade insuficiente de mão de obra qualificada, na área de petróleo e gás.
92
Dificuldade generalizada em todas as áreas da cadeia produtiva, inclusive
complementar, como por exemplo: pedreiros.
2.4 – SMS
Excesso de burocratização das práticas de SMS com procedimentos complexos.
O foco é mais no procedimento e menos na “educação”.
2.5 - Tecnologia da Informação
Falta de conhecimento e acesso a software para modernizar a empresa.
Dificuldades para customizar e desenvolver sistemas para atender a necessidade das
pequenas empresas.
Dificuldades de assistência técnica em informática.
Capacitação dos empregados para lidar com sistemas informatizados.
2.6 - Gestão de Produção
Falta de relatórios para gestão e controle da produção.
2.7 - Normalização e Qualidade
Há uma cultura de que os sistemas certificados aumentam custos de produção.
Falta de organismos certificadores na região.
Oportunidades
Elevação do nível de escolaridade
Inserção digital das empresas
Melhorar a capacitação dos empregados
Formação e certificação de especialistas
Desenvolvimento e Inserção de novos fornecedores
93
Anexo B - Questionário da pesquisa
FATORES SÓCIO-TÉCNICOS INIBIDORES DA ADOÇÃO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
PARA AS EMPRESAS FORNECEDORAS DE PRODUTOS OU SERVIÇOS PARA A PETROBRÁS NO
RN
O objetivo desta pesquisa é saber quais os fatores inibem (ou impedem) a adoção de Tecnologias de
Informação nas organizações. Será preservado o sigilo individual dos dados fornecidos (ninguém
será citado nominalmente).
OBSERVAÇÃO: Esta pesquisa deverá ser respondida pelo proprietário ou a pessoa dentro da
empresa que possua o poder de decisão final referente aos investimentos em Tecnologia da
Informação (TI).
IDENTIFICAÇÃO DO RESPONDENTE
1. Sexo? |__| Masculino |__| Feminino
2. Qual a sua idade? |__|__| anos
3. Qual é o seu mais alto grau de escolaridade?
|__| 1º Grau incompleto |__| 1º Grau completo |__| 2º Grau incompleto
|__| 2º Grau completo |__| Graduação incompleta |__| Graduação Completa
|__| Especialização |__| Mestrado |__| Doutorado
4. Indique o grau quanto à sua experiência com o uso da informática (Computadores, programas e Internet)
|__| Nenhuma (nunca utilizou computador)
|__| Pouca (sabe somente ligar/desligar o computador)
|__| Razoável (apenas conhece o funcionamento básico do computador, programas utilizados na empresa)
|__| Boa (conhece e instala componentes do computador e programas na empresa)
|__| Excelente (conhece, decide a aquisição, instala e dá manutenção nos componentes dos computadores,
programas e rede local utilizados na empresa)
PERFIL ORGANIZACIONAL
5. Qual é a área de atuação da sua empresa? Marque apenas uma das alternativas (a mais representativa).
|__| Materiais de segurança |__| Oficina e manutenção |__| Informática
|__| Elétrica |__| Alimentação |__| Mecânica
|__| Hospedagem |__| Tubulação |__| Refrigeração
|__| Química |__| Construção Civil |__| Limpeza
|__| Montagem |__| Telecomunicações |__| Locação de veículos/equipamentos
|__| 6. Outra, qual? _________________________________________________
7. Qual o Município?
|__| Mossoró |__| Guamaré |__| Alto do Rodrigues |__| Areia Branca |__| Macau
|__| Natal |__| Parnamirim |__| Macaíba |__| Outros. 8. Quais? ___________________
9. Qual é o tempo (em anos) de atividade de sua organização? ________ anos
10. Aproximadamente qual o número total de funcionários que trabalham na sua organização?____________
11. Aproximadamente qual foi o faturamento bruto anual (em R$) de sua organização em 2005?
( ) Até R$ 120 mil ( ) Até R$ 244 mil ( ) Até R$ 1.200 mil ( ) Acima de R$ 1.200 mil
94
IDENTIFICANDO A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – TI
12. A sua empresa possui computadores?
|__| Sim (Continue a pesquisa) |__| Não (Salte para a questão número 45)
13. Aproximadamente qual é o número total de computadores na sua organização? _____________________
14. Eles estão interligados em rede?
|__| Não |__| Sim. 15. Se SIM, Aproximadamente quantos deles estão em rede (em %)?
________ %
16. Aproximadamente qual foi o orçamento anual para TI (em R$) na sua organização em 2005? _______
17. Percentual de funcionários que trabalham com TI na empresa (usam a TI na empresa)? ________%
18. O setor ou responsável pela TI na sua empresa é:
|__| Não há um setor ou pessoa específica responsável pela TI na empresa
|__| Próprio (tem setor de TI e profissionais especializados no quadro funcional)
|__| Terceirizado
|__| Tem setor próprio e alguns serviços terceirizados.
19. As Tecnologias da Informação existentes em sua organização estão em acordo com o planejamento
estratégico da empresa?
|__| Sim |__| Não |__| A empresa não possui Planejamento Estratégico
|__| Desconheço/Não sabe
20. A sua organização disponibiliza correio eletrônico (e-mail) corporativo para os seus funcionários?
|__| Sim |__| Não
21. Como é o acesso da sua empresa à Internet (admite mais de uma alternativa, exceto quando a empresa não
possui acesso).
|__| Não tem acesso (vai p/ questão 23
)
|__| Por rádio |__| Por linha dedicada |__| Por cable modem
|__| Por satélite |__| Por Velox (ADSL) |__| DVI
|__| Por linha discada (telefone) |__| Outros
22. Qual a velocidade de conexão (em Kbps):
|__| a 56 Kbps |__| De 57 a 128 Kbps |__| De 129 a 200 Kbps
|__| De 201 a 300 Kbps |__| De 301 a 600 Kbps |__| De 601 Kbps até 1 Mbps |__| Acima de 1 Mbps
Em relação ao uso de tecnologias e serviços de e-business (negócios eletrônicos) para fins empresariais, marque
as opções abaixo que são normalmente utilizadas por sua empresa, indicando a freqüência de uso, mesmo que
sua empresa não possua acesso a Internet e utilize o acesso através de outros meios (Exemplo: telecentros,
lanhouse, etc).
Para responder as questões, utilize a seguinte escala como referência:
1. Nenhuma freqüência (nunca utiliza
para fins empresariais)
2. Pouca freqüência (utiliza algumas vezes ao mês para fins empresariais)
3. Freqüência razoável (utiliza uma vez por semana
para fins empresariais)
4. Freqüentemente (utiliza várias vezes por semana para fins empresariais)
5. Sempre (utiliza diariamente para fins empresariais)
Tecnologias e serviços de e-business para fins empresariais Freqüência de uso
23. E-mail (Correio eletrônico)
|_1_| |_2_| |_3_| |_4_| |_5_|
24. Programa para comunicação instantânea (MSN, SKYPE, etc)
|_1_| |_2_| |_3_| |_4_| |_5_|
25. Videoconferência ou teleconferência
|_1_| |_2_| |_3_| |_4_| |_5_|
26. Internet para divulgar a empresa (em site próprio ou de terceiros)
|_1_| |_2_| |_3_| |_4_| |_5_|
27. Internet para vender produtos e serviços (em site próprio ou portais)
|_1_| |_2_| |_3_| |_4_| |_5_|
28. Internet para comprar produtos e serviços
|_1_| |_2_| |_3_| |_4_| |_5_|
29. Internet para realizar suporte (atendimento) ao cliente
|_1_| |_2_| |_3_| |_4_| |_5_|
95
30. Internet para gerenciar operações logísticas (estoque, transportes,
etc)
|_1_| |_2_| |_3_| |_4_| |_5_|
31. Internet para realizar transações bancárias
|_1_| |_2_| |_3_| |_4_| |_5_|
32. Internet para acessar sites e-gov (Receita Federal, Detran, etc)
|_1_| |_2_| |_3_| |_4_| |_5_|
33. Internet para participar de pregão eletrônico
|_1_| |_2_| |_3_| |_4_| |_5_|
34. Intermediador financeiro (Visanet, TEF, etc)
|_1_| |_2_| |_3_| |_4_| |_5_|
35. Telefonia celular para transmissão de dados
|_1_| |_2_| |_3_| |_4_| |_5_|
36. Internet para interação com parceiros (SEBRAE, cooperativas, etc)
|_1_| |_2_| |_3_| |_4_| |_5_|
37. Os recursos de Hardware (computadores, impressoras, no-breaks, etc) atualmente disponíveis na empresa são
suficientes para alcançar a produtividade e a competitividade desejada?
|__| Sim
|__| Não. 38. Por quê? ______________________________________________________________________
39. Os recursos de Software (programas) atualmente disponíveis na empresa são suficientes
para alcançar a
produtividade e a competitividade desejada?
|__| Sim
|__| Não. 40. Por quê? ______________________________________________________________________
41. A sua organização possui site na Internet (homepage)? |__| Sim |__| Não
42. A empresa proporcionou algum tipo de capacitação em TI para os seus funcionários ou colaboradores nos
últimos 24 meses?
|__| Sim |__| Não
43. Existe disposição da empresa em qualificar seus funcionários para o uso da TI nos próximos 12 meses?
|__| Sim
|__| Não. 44. Por quê? _______________________________________________________
45. Existe disposição da empresa em investir em TI (compra ou atualização de equipamentos e softwares) nos
próximos 12 meses?
|__| Sim |__| Não. 46. Por quê? _______________________________________________________
AS QUESTÕES DE 48 A 65 APRESENTAM ALGUMAS AFIRMATIVAS COM FATORES QUE PODEM
SER MOTIVOS DE PREOCUPAÇÃO QUANTO À ADOÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÀO
NA SUA EMPRESA. A ESCALA ABAIXO DEVERÁ SER UTILIZADA PARA TODAS AS QUESTÕES A
PARTIR DESTE PONTO DO QUESTIONÁRIO ATÉ O SEU FIM.
ESCALA PADRÃO
|_1_| Fator sem relevância
como barreira ao uso da TI na sua empresa.
|_2_| Fator com pouca relevância como barreira ao uso da TI na sua empresa.
|_3_| Fator com média relevância como barreira ao uso da TI na sua empresa.
|_4_| Fator com alta relevância como barreira ao uso da TI na sua empresa.
|_5_| Fator altíssima relevância como barreira ao uso da TI na sua empresa.
47. Desconhecimento das TI disponíveis e dos benefícios que as novas TI podem trazer a empresa (dificuldade
em manter-se informado sobre novas TI).
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
48. Faltam pessoas adequadas para operar a TI.
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
49. A empresa não identifica claramente qual(is) o(s) problema(s) a ser(em) resolvido(s) pela TI.
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
50. Dificuldades de adaptar a TI às necessidades da empresa. (Falta compatibilidade entre o que a empresa
precisa e o que o software oferece).
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
51. Não há confiabilidade nas informações extraídas dos sistemas
96
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
52. Falta suporte técnico na região (Fornecedores que prestam orientação/assistência)
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
53. Custo do software e/ou custo do hardware elevado.
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
54. As TI não aumentam a vendas e/ou não reduzem os custos, apenas automatizam os processos já existentes.
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
55. A TI não aumenta a produtividade.
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
56. As TI tornam-se obsoleta rapidamente. (antes mesmo de ser usada em toda sua extensão/potencialidade)
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
57. Uma consultoria externa para indicar uma TI apropriada à organização é cara ou não disponível na região.
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
IDENTIFICAÇÃO DOS FATORES SOCIOCULTURAIS INIBIDORES DA ADOÇÃO DE TI
58. A empresa não prioriza esforços para a TI. (As TI não são vistas como fatores críticos para a tomada de
decisão ou como instrumentos geradores de produtos/processos inovadores para obter uma vantagem
competitiva).
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
59. Falta apoio e/ou empenho dos líderes da empresa
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
60. A TI não obtém resultados satisfatórios de curto prazo, reduzindo os esforços para implementá-la.
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
61. Existe um descrédito em TI, por experiências anteriores frustradas.
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
62. A adoção de TI provoca mudança na estrutura da organização (Altera a estrutura de poder e decisão, muda as
rotinas e procedimentos administrativos e de trabalho, altera o organograma da empresa, etc.).
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
63. A adoção/mudança de TI gera uma dependência muito grande dos fornecedores de TI.
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
COM RELAÇÃO AO AMBIENTE INTERNO (USUÁRIOS FUNCIONÁRIOS DA EMPRESA),
ALGUMAS DIFICULDADES PODEM OCORRER, DIFICULTANDO A ADOÇÃO DA TI. POR FAVOR,
PONDERE, CONFORME O CASO DE SUA EMPRESA, AS QUESTÕES ABAIXO:
64. Com o uso da TI a empresa tem um maior controle sobre as atividades individuais, e os funcionários temem
ser monitorados. |_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
65. Os funcionários tendem a não se envolver no processo, atribuindo o sucesso ou falha da adoção, à equipe que
está implantando o sistema ou a outros fatores externos.
|_1_||_2_||_3_||_4_||_5_|
Caso deseje receber os resultados da Pesquisa, favor informar o e-mail para comunicação:
Nome: ____________________________ E-mail: __________________________________
97
Anexo C - Carta de apresentação às empresas
Natal/RN, 16 de Novembro de 2006.
Carta de Apresentação
O SEBRAE/RN juntamente com a Petrobrás e demais parceiros, vem desenvolvendo o
Projeto Cadeia Produtiva de Petróleo e Gás, com o objetivo de maximizar a competitividade e
a sustentabilidade das micro e pequenas empresas fornecedoras de serviços neste segmento.
Visando avaliar a efetividade do projeto estamos realizando pesquisa com as empresas
que atuam como fornecedoras da Petrobrás no Rio Grande do Norte.
O objetivo desta pesquisa é identificar o perfil de adoção do e-business (negócios
eletrônicos) por parte das micro e pequenas empresas fornecedoras da Petrobras no RN e as
variáveis que o influenciam para as empresas cadastradas na PETRONECT e ainda identificar
os fatores sócio-técnicos inibidores de adoção de tecnologias de informação para as empresas
fornecedoras de produtos ou serviços para a Petrobrás, já cadastradas na PETRONECT.
Será preservado o sigilo individual dos dados fornecidos (ninguém será citado
nominalmente).
Vimos apresentar por meio desta Amanda Paulino de Oliveira
, CPF nº. 054.896.844-
61, pesquisadora credenciada pelo SEBRAE/RN para realizar a aplicação de questionário
junto a sua empresa e desde já assumimos com vossa senhoria o compromisso de
apresentarmos o relatório da pesquisa tão logo os trabalhos sejam concluídos.
Contando mais uma vez com sua colaboração, apresentamos nossas cordiais saudações.
Atenciosamente,
Paulo Ricardo C. Bezerra Edilton de Oliveira Cavalcanti
Estudos e Pesquisas Coord. do Projeto Petróleo e Gás
SEBRAE/RN SEBRAE/RN
(84) 3616-7969 (84) 3616-7922
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