Outra conseqüência desse aspecto é o aumento do consumo de combustíveis e a
intensificação da poluição sonora e atmosférica.
Outra situação adversa, segundo Araújo e Moura (2007), é a concentração, também
no espaço e no tempo, de grande parte da mão-de-obra apenas na alta estação, em que
muitos da comunidade deixam suas atividades tradicionais para se dedicarem à práticas
turísticas na ilusão de melhores salários, acarretando, assim, um prejuízo nas atividades
originais. Quando chega a baixa estação, os empregos turísticos desaparecem provocando
desemprego e por conseqüência, agrava as mazelas sociais.
Por fim, existe também um aspecto muito relevante, a chamada especulação
imobiliária, que se caracteriza como um tipo de êxodo, onde muitos da população local se
vêem pressionados a deixar suas residências originais, muitas vezes a preços míseros, indo
para periferias sem a mínima infra-estrutura básica, onde não existe uma historia de vida e
costumes a serem perpetuados.
Novaes (1997), confirma com muita clareza os problemas citados acima, quando
analisa, no relatório final sobre as diretrizes gerais de uso da APA de Jericoacoara – CE, os
seguintes aspectos:
“1) turista que compra e destrói o barraco do pescador no
centro da vila, para construir a sua casa de temporada; como
conseqüência disto, está ocorrendo alteração na fisionomia
da vila, e sua expansão está se fazendo na periferia, com
casas que se alinham sobre dunas moveis; 2) chegada de
pessoas de fora de Jericoacoara que recebem terras como
herança; constroem casas, algumas para temporada, e
consideram-se nativos. [...] O problema de propriedade da
terra é grave, porque 1/3 da Jericoacoara não mais pertence
aos antigos nativos. A venda da casa do nativo na vila está a
expulsar os pescadores para a periferia, enquanto que no
centro, caseiros começam a chegar para guardar as casa dos
novos donos.” (NOVAES, 1997 p. 3-4,10)
Assim, conforme discutido durante todo este tópico, o turismo impõe custos e
benefícios econômicos, mas também mudanças na ordem, política, cultural, social, moral e
ambiental. Sendo mais valorizados os benefícios econômicos, principalmente por ser
quantificável e mais fácil de mensurar, em detrimento dos demais, difíceis de quantificar
em termos monetários, mas que precisam ser levados em consideração no processo de
tomada de decisão.
É evidente, que o turismo não é o único a causar esses problemas, sendo provável
que outras atividades causem efeitos colaterais bem mais adversos, porém o crescimento
da atividade turística, sem um planejamento, pode sim, intensificar e acelerar os problemas