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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
AVALIAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL EM COMUNIDADES RECEPTORAS: UMA
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DOS IMPACTOS DA ATIVIDADE TURÍSTICA
NA VISÃO DOS MORADORES DA VILA DE PONTA NEGRA, NATAL/RN
por
ALINE GISELE AZEVEDO LIMA
BACHAREL EM TURISMO, UFRN, 2002
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
JULHO, 2007
© 2007 ALINE GISELE AZEVEDO LIMA
TODOS DIREITOS RESERVADOS.
O autor aqui designado concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao
público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da Lei.
Assinatura do Autor: ___________________________________________
APROVADO POR:
_______________________________________________________________
Prof°. Sérgio Marques Júnior, D.Sc. – Orientador, Presidente
_______________________________________________________________
Profª. Françoise Dominique Valéry. D.Sc., Membro Examinador
_______________________________________________________________
Profª. Patrícia Guimarães, D.Sc. - Membro Examinador Externo
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ii
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Lima, Aline Gisele Azevedo.
Avaliação sócio-ambiental em comunidades receptoras: uma contribuição ao
estudo dos impactos da atividade turística na visão dos Moradores da Vila de
Ponta Negra, Natal/RN / Aline Gisele Azevedo Lima. – Natal, RN, 2007.
115 f. : il.
Orientador: Sérgio Marques Júnior
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Centro de Tecnologia. Programa de Engenharia de Produção.
1. Turismo Dissertação. 2. Turismo Desenvolvimento sustentável
Dissertação. 3. Atividade turística Dissertação. 4. Impactos sócio-ambientais
Turismo - Dissertação. I. Marques Júnior, Sérgio. II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 379.85(043.3)
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iii
CURRICULUM VITAE
Aline Gisele Azevedo Lima é Bacharel em Turismo pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, curso no
qual foi bolsista CNPq e aluna laureada da turma 2002.1. Durante
a Pós-graduação iniciou sua carreira de Docente no Ensino
Superior. Foi professora substituta do Curso de Bacharelado em
Turismo da UFRN nos anos de 2005 2006, sendo orientadora de
onze Trabalhos de Conclusão de Curso TCC. Selecionada para
ministrar o Curso Brasil, Meu Negócio é Turismo promovido pelo Ministério do Turismo
em 2006. Atualmente é coordenadora e professora do Curso de Bacharelado em Turismo
do Instituto Natalense de Ensino e Cultura – INEC.
Atuação Profissional
- Organizadora e Coordenadora Científica do II EREHTUR PPRC Encontro Regional
dos Estudantes de Hotelaria e Turismo dos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande
do Norte e Ceará, promovido pela Federação Nacional dos Estudantes de Turismo e
Hotelaria – FENEHTUR. Natal/RN – 2001 – 2002.
- Professora dos Cursos de Garçom, Camareira e Recepcionista do Hotel Escola SENAC
Barreira Roxa na disciplina de Introdução ao Turismo e à Hospitalidade – 2004.
- Professora do Curso de Animação Turística do Hotel Escola SENAC Barreira Roxa
2004.
- Organização dos eventos do Curso de Turismo da UFRN nos anos de 2005 2006.
- Docente da UFRN nas disciplinas: Estágio II - Orientação de Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC); Animação e Desenvolvimento Humano; Elaboração e Implementação de
Animação em Pacotes Turísticos; Gestão de Empreendimentos Turísticos; Gestão de
Eventos; Introdução a Administração Hoteleira; Organização e Técnicas de Animação
em Viagens; Seminários I e II – 2005-2006.
- Docente do INEC nas disciplinas: Transportes Rodoviários; Turismo e
Interdisciplinaridade; Turismo Integrado; Mercado Turístico: Lazer e Entretenimento;
Monografia.
Artigos Publicados Durante o Curso de Pós-Graduação
LIMA, Aline G. A. Reflexões sobre os Impactos Sócio-Ambientais da Atividade Turística.
In: Anais do X ENCONTRO NACIONAL DE TURISMO COM BASE LOCAL. Junho de
2007, João Pessoa-PB. João Pessoa: UFPB, 2007.
iv
Dedico este trabalho a todas as comunidades receptoras,
em particular aos moradores da Vila de Ponta Negra, que
sofrem com o crescimento da atividade turística, ao
mesmo tempo em que são beneficiadas pelo mesmo,
fazendo-me acreditar que mudanças positivas através de
muito trabalho, respeito e pesquisas são possíveis.
v
AGRADECIMENTOS
À Deus, pelo dom da vida, que sem ela nada seria possível. À Dona Josina e Seu
Lima, por serem pais que qualquer filha deseja ter. À minha irmã Mylena, pelo imenso
carinho. À minha irmã Larissa, que mesmo de longe sempre torce por mim. A todos da
minha família, tias, tios, primos e primas, pela ajuda sem precedentes. À David, pessoa
paciente, linda e prestativa, que mesmo de muito longe sempre está ao meu lado. A todos
meus amigos e amigas, que não irei nominar para não pecar pelo esquecimento de algum;
aqueles que são especiais sabem o quanto são importantes. A todos os meus alunos, pela
troca de conhecimentos. A todos os professores, companheiros de profissão, sendo do
turismo ou não, pelo empenho e dedicação ao ensino. Em especial a professora Isabel, por
toda a atenção e presteza. À Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN, por
meio do Programa de Engenharia da Produção PEP, por todo o suporte que me
proporcionaram enquanto estive na academia. Aos docentes do PEP, pelos ensinamentos e
contribuições na construção do conhecimento. Em particular ao professor Sérgio Marques
Júnior, meu orientador, pelo empenho e dedicação a este trabalho. Aos membros da banca,
professora Françoise Dominique Valery (Examinadora UFRN) e professora Patrícia
Guimarães (Examinadora externa FARN). A todos da comunidade da Vila de Ponta Negra,
que se prontificaram a me ajudar. Enfim, a todos que de alguma forma contribuíram para a
realização desse sonho, meu muito obrigada!
vi
Resumo da Tese apresentada à UFRN/PEP como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia de Produção.
AVALIAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL EM COMUNIDADES RECEPTORAS: UMA
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DOS IMPACTOS DA ATIVIDADE TURÍSTICA
NA VISÃO DOS MORADORES DA VILA DE PONTA NEGRA, NATAL/RN.
ALINE GISELE AZEVEDO LIMA
Julho/2007
Orientador: Sérgio Marques Júnior, D. Sc.
Curso: Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção
O presente trabalho teve como objetivo investigar os impactos sócio-ambientais advindos
da atividade turística a partir da visão de uma comunidade receptora. Para tanto, foram
enfocados aspectos ambientais, sociais, econômicos, além de apresentar o desenvolvimento
sustentável no turismo, conceitos de indicadores e modelos de métodos de avaliação sócio-
ambiental como forma de incrementar a avaliação proposta neste estudo. Foi realizada uma
pesquisa amostral do tipo Survey com 100 habitantes da Vila de Ponta Negra, uma
comunidade inserida em uma das principais regiões da atividade turística da cidade do
Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte, e que consequentemente vem sofrendo
com os impactos do crescimento desta atividade. O instrumento de pesquisa utilizado foi o
formulário, estruturado com perguntas abertas e fechadas. O método de coleta de dados foi
a entrevista pessoal. Os resultados mostram que a população estudada percebe que a
educação, o emprego, a distribuição de renda e o lazer, possuem uma relação direta com os
benefícios sociais advindos do turismo. Entretanto, não percebem uma relação no que se
refere à saúde e a qualidade de vida. Já aspectos como impactos ao meio ambiente,
prostituição, criminalidade e violência, são percebidos, na visão da comunidade, como
problemas, mas que o influenciam diretamente na geração de benefícios sociais para a
comunidade.
Palavras-Chave: Turismo, Impactos sócio-ambientais, Avaliação.
vii
Abstract of Master Thesis presented to UFRN/PEP as fullfilment of requirements to the
degree of Master of Science in Production Engineering.
SOCIAL ENVIRONMENTAL EVALUATION IN RECEIVING COMMUNITIES:
A CONTRIBUTION TO THE STUDY OF THE IMPACTS OF THE TOURISM
ACTIVITY IN THE VIEW OF PONTA NEGRA VILLAGE’S INHABITANTS,
NATAL/RN.
ALINE GISELE AZEVEDO LIMA
July/2007
Thesis Supervisor: Sérgio Marques Júnior, Dr.
Program: Master of Science in Production Engineering
The present work had as objective to investigate the social environmental impacts of the
tourism activity from the vision of a welcoming community. Therefore, social
environmental and economic aspects were focused, besides presenting the sustainable
development in the tourism, concepts of indicators and models of social environmental
evaluation methods as a way to increase the evaluation proposed in this study. A sample
research type Survey with 100 inhabitants from Ponta Negra village, a community inserted
in one of the main regions of the tourism activity in the city of Natal, capital of Rio Grande
do Norte State, was carried out and consequently found out that the village has been
suffering with the impacts of the growth of this activity. The used instrument of research
was the form structured with open and closed questions. The method of data collection was
the personal interview. The results show that the studied population notices that the
education, the employment, the distribution of income and the leisure have a direct relation
with the social benefits from the tourism. However, they do not notice a direct relation
with the health and the quality of life. While aspects as impacts on the environment,
prostitution, crime and violence are noticed as problems in the vision of the community but
that they do not directly influence the generation of social benefits for the community.
Keywords: Tourism, Social environmental impacts, Evaluation.
viii
SUMÁRIO
Lista de Tabelas............................................................................................................. x
Lista de Figuras.............................................................................................................. xi
Lista de Abreviaturas e Siglas........................................................................................
xiii
Capitulo 1 Introdução.....................................................................................................
01
1.1 Contextualização...................................................................................................... 01
1.2 Objetivo....................................................................................................................
05
1.3 Relevância................................................................................................................ 05
1.4 Organização do Trabalho......................................................................................... 06
Capítulo 2 Referencial Teórico...................................................................................... 08
2.1 Turismo e Desenvolvimento Sustentável.................................................................
08
2.1.1 Turismo: precedentes históricos......................................................................
08
2.1.2 Entendendo a Atividade Turística................................................................... 10
2.1.3 Turismo e seus Impactos Sócio-Ambientais................................................... 14
2.1.4 Desenvolvimento Sustentável......................................................................... 26
2.1.5 Turismo Sustentável........................................................................................
31
2.2 Indicadores Sócio-Ambientais no Turismo..............................................................
36
2.2.1 Indicadores: considerações gerais e definições............................................... 37
2.2.2 Indicadores: objetivos, características e tipologia...........................................
42
2.2.3 Indicadores no Turismo: aspectos sócio-ambientais.......................................
48
2.3 Métodos de Avaliação Sócio-Ambiental................................................................. 50
2.4 Vila de Ponta Negra: onde tudo começou ............................................................... 58
Capítulo 3 Metodologia da Pesquisa..............................................................................
66
3.1 População em Estudo............................................................................................... 66
3.2 Plano Amostral.........................................................................................................
66
3.3 Instrumento de Coleta de Dados.............................................................................. 67
ix
3.4 Método de Coleta de Dados..................................................................................... 70
3.5 Técnicas de Análise dos Dados................................................................................
71
3.5.1 Análise Descritiva e Exploratória................................................................... 71
3.5.2 Análise de Regressão Linear Múltipla............................................................ 71
Capítulo 4 Resultados da Pesquisa.................................................................................
72
4.1 Perfil da Amostra..................................................................................................... 72
4.2 Análise Descritiva da Amostra................................................................................ 78
4.3 Análise de Regressão Múltipla................................................................................ 87
Capítulo 5 Conclusões e Recomendações......................................................................
91
5.1 Conclusões da Pesquisa de Campo.......................................................................... 91
5.2 Limitações do Trabalho........................................................................................... 94
5.3 Recomendações para Trabalhos Futuros..................................................................
94
Referências Bibliográficas............................................................................................. 95
Anexos........................................................................................................................... 105
Anexo I – Instrumento de Pesquisa................................................................................
106
Anexo II – Demais Figuras da Análise Descritiva......................................................... 107
Anexo III - Resumo da Análise de Regressão............................................................... 114
Anexo IV – Matriz de Correlação.................................................................................. 115
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 - Variáveis e descrição das variáveis utilizadas no estudo............................ 69
Tabela 4.1 Análise de variância (ANOVA) para a regressão para a variável
benefícios sociais que a atividade turística traz para a vila de Ponta
Negra..............................................................................................................
89
Tabela 4.2 – Variáveis que se revelaram significantes no modelo. R
2
= 0,523.............. 89
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Localização da Capital do Rio Grande do Norte, Natal, no
Nordeste................................................................................................
59
Figura 2.2 – Regiões Administrativas da Cidade do Natal............................................. 59
Figura 2.3 – Bairro de Ponta Negra................................................................................. 59
Figura 2.4 – Praia de Ponta Negra na década de 1960.................................................... 60
Figura 2.5 – Conjunto Habitacional Ponta Negra........................................................... 61
Figura 2.6 – Ponta Negra antes da urbanização.............................................................. 62
Figura 2.7 – Calçadão com novos quiosques.................................................................. 62
Figura 2.8 – Pescadores e Veranistas em 1960............................................................... 63
Figura 2.9 – Turistas nos dias atuais............................................................................... 63
Figura 2.10 – Apenas a Natureza, o ontem..................................................................... 63
Figura 2.11 – A natureza em contraste com o artificial, o hoje.......................................
63
Figura 2.12 – Acesso a praia pela Vila............................................................................ 64
Figura 2.13 – Ruas da Vila de Ponta Negra.................................................................... 64
Figura 2.14 – Rua principal da Vila de Ponta Negra no seu dia a dia............................. 64
Figura 2.15 – Cotidiano................................................................................................... 64
Figura 2.16 – Ponta Negra como praia de veraneio........................................................ 65
Figura 2.17 – Ponta Negra após a urbanização............................................................... 65
Figura 4.1 - Tempo que mora na vila de Ponta Negra..................................................... 73
Figura 4.2 – Casa Própria................................................................................................ 73
Figura 4.3 – Número de Pessoas na Família................................................................... 74
Figura 4.4 – Moradores por Sexo.................................................................................... 74
Figura 4.5 – Faixa Etária................................................................................................. 75
Figura 4.6 – Estado Civil................................................................................................. 75
Figura 4.7 – Escolaridade................................................................................................ 76
xii
Figura 4.8 – Principal Atividade Econômica.................................................................. 77
Figura 4.9 – Tempo que Exerce a Atividade................................................................... 77
Figura 4.10 – Renda Familiar.......................................................................................... 78
Figura 4.11 - Opinião do entrevistado quanto ao impacto no meio ambiente gerado
pela atividade turística.............................................................................
79
Figura 4.12 Opinião do entrevistado quanto aos benefícios sociais na comunidade
gerados pela atividade turística...............................................................
80
Figura 4.13 - Opinião do entrevistado quanto à situação do emprego na comunidade
devido à atividade turística......................................................................
80
Figura 4.14 - Opinião do entrevistado quanto à situação da renda das pessoas da
comunidade devido à atividade turística.................................................
81
Figura 4.15 Opinião do entrevistado quanto à situação da distribuição de renda na
comunidade devido à atividade turística.................................................
82
Figura 4.16 - Opinião do entrevistado quanto à situação da educação devido à
atividade turística.....................................................................................
82
Figura 4.17 - Opinião do entrevistado quanto à situação da saúde na comunidade
devido à atividade turística......................................................................
83
Figura 4.18 - Opinião do entrevistado quanto à situação dos espaços de lazer na
comunidade devido à atividade turística.................................................
84
Figura 4.19 - Opinião do entrevistado quanto à situação da criminalidade na
comunidade devido à atividade turística.................................................
84
Figura 4.20 - Opinião do entrevistado quanto à situação da violência na comunidade
devido à atividade turística......................................................................
85
Figura 4.21 - Opinião do entrevistado quanto à situação da prostituição na
comunidade devido à atividade turística.................................................
86
Figura 4.22 - Opinião do entrevistado quanto à situação da qualidade de vida na
comunidade devido à atividade turística.................................................
87
Figura 4.23 – Associação entre a variável beneficio social (BEN_SOCI) e seus
antecedentes............................................................................................
90
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AEA American Economic Association
APA Área de Preservação Ambiental
CBTS Conselho Brasileiro de Turismo Sustentável
CDS/ONU Comissão para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
DPIE Department of Primary Industries and Energy
DPSIR Driving Forces Pressures - State of de Environment - Impacts on the
Environment - Responses
EPA Enviromental Protection Agency
FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IISD International Institute for Sustainable Development
ITTO International Tropical Timber Organization
OECD Organization for Economic Cooperation and Development
OMT Organização Mundial de Turismo
ONG Organizações não Governamentais
PER Pressão – Estado - Resposta
PIB Produto Interno Bruto
PNB Produto Nacional Bruto
TJC Taxa de Juros do Consumo
UNIDO United Nations Industrial Development Organization
UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
USEPA United States Environmental Protection Agency
WWF World Wildife Fund for Nature
1
Capítulo 1
Introdução
Este capítulo apresenta um pretexto para a realização da pesquisa, possuindo quatro
seções: Contextualização, Objetivo, Relevância e Organização do Trabalho.
1.1 Contextualização
O turismo é considerado uma das maiores atividades econômicas da atualidade com
um faturamento mundial estimado em US$ 681,5 bilhões, sendo no Brasil em torno de 4,3
bilhões, que em 2006 empregava um trabalhador em doze, em termos mundiais (BRASIL,
2006). Trata-se de um fenômeno que deveria preocupar-se com o desenvolvimento
sustentado, porque depende intrinsecamente dos recursos da natureza e da herança cultural
da sociedade. O turismo vende esses recursos como parte de seu produto empírico, mas
também precisa compartilhar dos mesmos recursos com outros usuários, inclusive a
população local
1
, que muitas vezes tem no turismo a principal fonte para o seu
desenvolvimento. Conseqüentemente, é do próprio interesse do turismo buscar ativamente
o desenvolvimento sustentado e cooperar com outros grupos, setores e governos para
garantir a integridade de seus recursos.
Mas o que se tem observado é um crescimento desordenado gerador de impactos,
positivos e negativos, sendo esses últimos, quase sempre, em maior proporção,
principalmente em relação ao meio ambiente e a população local, esquecendo-se que estão
na natureza e nas características específicas da localidade os atrativos essenciais dessa
atividade.
Para que se possa entender o atual estágio da atividade turística é necessário fazer
uma retrospectiva histórica no que diz respeito ao processo de urbanização, ao sistema
industrial e pós-industrial da sociedade contemporânea, pois esses acontecimentos
1
Entenda-se, neste trabalho, população local e comunidade receptora, como sinônimos, que significam
habitantes de um país, região ou localidade, que possuem uma identidade, e se tornam dispostos a receber
e/ou conviver com as condições intrínsecas à atividade turística.
2
implicaram no aparecimento e desenvolvimento do lazer, como necessidade a ser satisfeita,
e consequentemente do turismo.
Atualmente, com a globalização essa busca desenfreada pelo preenchimento do
tempo livre com o lazer se torna mais visível. O lazer, como necessidade numa sociedade
que precisa estar em equilíbrio e gerar novas fontes econômicas, ganha um ritmo
acelerado. O turismo é uma dessas formas de lazer, procurando organizar e planejar o
tempo livre da sociedade atual. Ele passa a exigir novos modelos de espaços que
correspondem aos novos tipos de relações no nível humano, além de contribuir para a
circulação de capital, melhoria econômica de uma região e o consumo dos lugares e do
meio ambiente.
O turismo, segundo Bissoli (1992), é entendido como o conjunto de recursos
capazes de satisfazer as aspirações mais diversas, que incitam o indivíduo a deslocar-se do
seu universo cotidiano, e assim caracterizar-se por ser uma atividade essencialmente ligada
à utilização do tempo livre.
Assim, a atividade turística surge como resposta a uma necessidade de
descompressão, resultante da própria dinâmica do sistema da sociedade industrial e pós-
industrial e do processo de urbanização, que ao mesmo tempo em que cria e aumenta o
tempo livre e a necessidade do lazer o consegue atender à população, deixando para o
turismo o papel de cumprir tal designação.
Para entender a atividade turística se faz necessário reforçar a importância do meio
ambiente, pois grande parte dessa atividade tem como base a organização, o planejamento
e o consumo desse meio, onde as experiências concebidas pelo turismo se desenrolam.
O termo meio ambiente provém do latim medium (meio), que se refere ao lugar
onde qualquer ser vivo pode ser encontrado e ambire (ambiente), que se relaciona a tudo
que envolve esse lugar. Portanto, o ambiente reforça o conceito de meio, repassando a
idéia de entorno ou da realidade física que envolve todos os seres vivos.
Santos et al (1994), verifica que o meio ambiente é o que se pode chamar de
Sistemas da Natureza sucessivos, que inclui os objetivos, as ações, as crenças, os desejos, a
realidade esmagadora e as perspectivas, onde esta é continente e conteúdo do Homem. E
ainda, segundo Ferreti (2002), o termo meio ambiente envolve o ser humano e toda sua
evolução, inclusive a tecnológica.
A confluência entre esses dois setores de grande interesse na atualidade, o turismo e
o meio ambiente, contempla vários enfoques, o que incentiva o estudo das inter-relações e,
principalmente, do entendimento das influências que se estabelecem entre esses setores.
3
Atualmente, a globalização tende a tornar a natureza mundial, tornando-a
tecnificada/hostil, dominada por certos grupos sociais que imprimem uma nova relação,
não mais de complementaridade, mas sim de exploração. A atividade turística está presa ao
processo de mundialização, portanto utilizando-se dessa natureza/ambiente hostil.
É pela utilização desse falso ambiente que o turismo caminha. Esse processo acaba
por transmitir uma realidade falsa e comprometedora para a atividade turística que deveria
ter por base o espaço local, real.
A globalização, dessa forma, tende a tornar os espaços iguais. Ou seja, uma
homogeneização fragmentária, dominada pelos grandes capitais e movida constantemente
pela competição mundial.
A natureza se equiparada a qualquer outra mercadoria. O consumidor é induzido
a comprar a paisagem, como bem de consumo no supermercado. O processo de
convencimento, que é ideológico, é o mesmo. Produz-se, recorta-se, escolhe-se o que se
vai mostrar, vende-se e ainda se garante a satisfação. A paisagem não é construída em cima
do vazio. Ela é feita a partir de interesses, levando-se em conta tendências do mercado.
uma turistificação o só da natureza, mas da própria sociedade. O turista entra na
contabilidade do negócio e sua subjetividade é trabalhada por uma objetividade que
determina os lugares aonde ele deve ir.
O processo de globalização exige uma velocidade de transformação dos lugares que
afeta diretamente o ambiente. Esses lugares produzidos e comercializados constituem
matéria-prima para o turismo. Este, muitas vezes, afirma o processo de globalização dos
lugares, sem refletir essa ação que necessita da singularidade do ambiente para efetivar
plenamente suas atividades.
Ao verificar o fenômeno do turismo sob as perspectivas da globalização observa-se
que essas atuais premissas impostas pela nova ordem mundial, de construção de novos
lugares, vão de encontro aos objetivos desta atividade. Começando pelos próprios
consumidores do turismo: os turistas. Destes, desejos e necessidades não são satisfeitos,
pois um indivíduo em viagem, principalmente de lazer, busca ao se deslocar de suas
cidades de origem a outras localidades, o desejo de evasão, de fuga da rotina, a busca por
novas paisagens, novos estilos de vida, que muitas vezes o são atingidos simplesmente
pelo fato dos lugares serem praticamente iguais. Não ocorre, assim, a mudança de vida,
mesmo que por um determinado período, tão desejada. Segundo Urry (1996), o turista, sai
de seu domicílio para procurar o diferente, o inusitado, e não espaços vistos, (re)criados
e globalizados.
4
Considerando o turista um elo muito importante para o turismo, não se pode
esquecer que não existe turismo sem meio ambiente e população local, sem a cidade a
receber. Por isso que a presente pesquisa enfoca esses dois setores, pouco estudados e sem
a devida importância que realmente possuem. Sendo assim, é preciso considerar o estudo
das inter-relações e, principalmente, do entendimento das influências que se estabelecem
entre o meio ambiente e a população local, para que realmente possa-se ter um turismo
ordenado que produza benefícios não só para quem visita, ao ver paisagens, mudar de vida,
mas também, e principalmente, aos dois elos menos favorecidos com a expansão da
atividade turística: o meio ambiente e a comunidade.
O turismo ao se estabelecer em uma localidade, na maioria das vezes, surge à
primeira vista, como uma “tábua de salvação” para problemas da comunidade, devido ser
um gerador de emprego e distribuidor de rendas. Mas, a longo prazo, devido a falta de um
planejamento prévio, as mudanças na localidade que deveriam ser símbolo de
desenvolvimento começam a aparecer como mazelas que assolam toda uma estrutura
social.
Assim, a não consideração do nível de desenvolvimento da comunidade, o tipo de
turismo a que a comunidade fica exposta e a falta de um planejamento, resultam no atual
estágio em que muitas comunidades receptoras se encontram: tentando solucionar os
impactos negativos, ressaltando-se alto índice de prostituição, marginalidade, uso de
drogas, poluição, descaracterização das paisagens, especulação imobiliária, falta de infra-
estrutura adequada, deslocamento dos antigos moradores para áreas afastadas, entre outros.
Assim, uma atividade que inicialmente seria a salvação para os problemas de uma
sociedade, aparece como o principal agravante desses impactos negativos.
Embora esse setor seja considerado menos agressivo para o ambiente que a maioria
das atividades econômicas, suas dimensões e sua presença difusa em algumas locações,
como se pôde observar, têm conseqüências negativas para o meio ambiente, em termos
físicos e sociais. Desta forma, requere-se uma administração mais ampla dessa atividade,
para estimular uma maior participação do governo e um número maior de parcerias entre
setores público e privado. Ou seja, prevalecer a necessidade de se desenvolver formas
alternativas de turismo com uma abordagem mais sistêmica, visando a beneficiar os
visitantes e principalmente os visitados.
Como alternativa, pode-se discutir o turismo como uma atividade sustentável,
baseando-se nas premissas da sustentabilidade que evoca a importância de harmonizar as
necessidades de seus quatro componentes: a comunidade receptora, os visitantes, o meio-
5
ambiente e a própria atividade. Também, com a finalidade de se ampliar os conhecimentos,
a utilização de indicadores como instrumentos auxiliar, na compreensão de fatos sócio-
ambientais, se revela como uma ferramenta rica de informações. Principalmente, quando se
busca verificar qualquer situação em que a população local seja o ator fundamental para
uma avaliação.
Assim, é nessa perspectiva que a presente pesquisa pretende desenvolver um estudo
no qual se considere os impactos sócio-ambientais sobre uma comunidade receptora como
um fator primordial de análise da atividade turística na localidade, para posteriormente se
desenvolver um turismo que venha valorizar os recursos sociológicos, direcionar
equipamentos e infra-estrutura, considerando anseios, crenças e valores da população
tradicional, pois está nesses elementos um dos principais atrativos para um indivíduo sair
de sua residência a procura do inusitado, de um lugar onde possa “renovar suas energias”.
É nesse sentido que aparece, com a ajuda de indicadores, a premissa do turismo
sustentável, que busca justamente na população local as bases para seu desenvolvimento.
É diante desse contexto, que se questiona como as populações locais percebem os
impactos sócio-ambientais, positivos e negativos, advindos da atividade turística, em suas
comunidades.
1.2 Objetivo
Investigar os impactos sócio-ambientais advindos da atividade turística a partir da
visão de uma comunidade receptora.
1.3 Relevância
A atividade turística é conhecida pela sua capacidade econômica de geração de
emprego e renda. Apresenta-se como uma das maiores atividades econômicas da
atualidade, gerando divisas na casa dos bilhões mundialmente. Gera lucros, tanto para os
“produtores”, como para a região à qual está inserida, não pela geração de empregos,
como também pela geração de dividendos, uma vez que movimenta a economia
melhorando o desempenho da balança comercial, o da localidade e do estado, como
do próprio país. No entanto, pouco se tem pesquisado a respeito dos impactos positivos e
negativos, sociais e ambientais para a população local como um todo. O que se observa são
estudos concentrados na medição de impactos e benefícios mais tangíveis, como os
econômicos. Valorizando-se excessivamente os impactos positivos, deixando de lado as
6
conseqüências indesejáveis, restringindo a amplitude e a exatidão dos estudos voltando-se
para as análises de situações específicas de forma isolada.
É com a pretensão de melhor compreender os impactos causados pelo crescimento
do turismo em uma determinada comunidade, que, neste estudo, considerou-se alguns
indicadores sócio-ambientais, representando recortes da realidade vivenciada, por ser
instrumentos que auxiliam na representação dessa realidade, possibilitando a construção do
panorama das condições dos espaços observados no qual uma avaliação deve se basear.
“Considerando que o turismo é uma atividade dinâmica e
que os impactos e suas conseqüências mudam
constantemente como conseqüência das modificações dos
objetivos, tanto dos turistas como das comunidades
receptoras das flutuações nos processos relacionados com a
economia, o meio ambiente e com as mudanças
tecnológicas o seu monitoramento periódico torna-se uma
necessidade imprescindível.” (RUSCHMANN, 2001, p.36)
Nesse sentindo, entende-se a relevância da presente pesquisa em contribuir na
apresentação de algumas situações inerentes à atividade, quanto aos impactos positivos
criados pelo setor, e principalmente pelos impactos negativos sociais e ambientais,
trazendo subsídios às autoridades, aos órgãos interessados e a população local em geral
para a tomada de decisão, quanto ao apoio e melhor compreensão desse segmento.
Do ponto de vista acadêmico, visa-se contribuir com a geração de informações e
dados que auxiliem os estudos de avaliação sócio-ambiental, assim como na identificação
de fatores direcionadores de uma comunidade receptora frente à atividade turística,
contribuindo na construção do conhecimento para tomadas de decisão mais apropriadas à
realidade do setor.
1.4 Organização do Trabalho
O presente trabalho está organizado em cinco capítulos. O primeiro capítulo
apresenta uma introdução à pesquisa enfocando a contextualização da problemática a ser
tratada. O segundo capítulo apresenta o referencial teórico, fazendo considerações a
respeito do turismo, do desenvolvimento sustentável e do turismo sustentável, além de
mostrar os indicadores sócio-ambientais do turismo e alguns todos de avaliação sócio-
ambientais.
7
O terceiro capítulo apresenta a metodologia utilizada para confecção deste trabalho,
mostrando o tipo de pesquisa, a população e amostra, o instrumento de coleta de dados e a
técnica utilizada para tabular e analisá-los. O quarto capítulo apresenta a análise da
pesquisa de campo, enfocando a validação desta, bem como a análise descritiva e
exploratória e a análise de regressão múltipla das informações coletadas. O quinto e último
capítulo apresenta as conclusões, as limitações do trabalho e as recomendações para a
realização de trabalhos futuros.
Finalizando, são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas e o material
em anexo.
8
Capítulo 2
Referencial Teórico
Este capítulo apresenta o referencial teórico ao desenvolvimento deste estudo,
como uma discussão prévia sobre os impactos sócio-ambientais da atividade turística, bem
como o que irá se entender por eles, estando dividido em três seções: Turismo e
Desenvolvimento Sustentável, Indicadores Sócio-Ambientais no Turismo e Métodos de
Avaliação Sócio-ambientais.
2.1 Turismo e Desenvolvimento Sustentável
2.1.1 Turismo: precedentes históricos
As formas de turismo existem desde as mais antigas civilizações, embora a palavra
turismo só tenha surgido no século XIX.
Por volta do culo VIII a.C., no mundo helênico, muitas viagens foram
empreendidas para que as pessoas apreciassem as competições esportivas, que eram
realizadas a cada quatro anos na cidade grega de Olímpia, ou delas participassem. Motivos
religiosos, a curiosidade sobre os usos e costumes de outros povos, suas organizações
políticas, também levaram pessoas a empreenderem viagens. Contudo, somente a partir do
século XVIII na Inglaterra, o turismo começou a se desenvolver como atividade econômica
e a se fazer conhecido como uma forma de viagem em que as pessoas buscavam o prazer, a
satisfação da curiosidade, o tratamento médico, ou como um meio de complementar sua
educação, ou ainda por motivos culturais (PADILLA, 1980).
Boa parte do turismo no século XIX baseou-se nas qualidades curativa e
propiciadora de saúde da água do mar. Em conseqüência, surgiu um grande número de
balneários marítimos na Europa, inicialmente freqüentados para fins de tratamentos
médicos e, mais tarde, foram adaptados para uso da atividade turística.
9
De acordo com Urry (1996), à medida que os banhos de mar tornaram-se mais
acessíveis e começaram a apresentar uma característica mais recreativa, houve nesses
balneários um crescimento populacional tão grande que chegou a ultrapassar as taxas
atingidas nas cidades manufatureiras.
várias condições que propiciaram a expansão da nova forma de lazer de massa
nesse período. Como por exemplo, o aumento do bem-estar econômico das parcelas
substanciais da população industrial, motivado pelo fato de a renda per capita, ao longo do
século XIX, ter quadruplicado; a rápida urbanização de muitas cidades de pequeno e médio
porte sem o planejamento de áreas de lazer e recreação; o surgimento de um padrão mais
organizado e rotineiro de trabalho, seguido da tentativa de desenvolver uma
correspondente racionalização do lazer; o movimento “romântico” que sugeria a
emotividade em face do mundo natural e a paisagem como bem de contemplação e deleite
beneficiaram os moradores das novas cidades industriais, pelo simples fato de possibilitar a
eles passarem breves períodos de tempo longe dos centros urbanos, contemplando a
natureza; a melhoria dos meios de transporte, encurtando a distância entre os lugares.
Entretanto, segundo Padilla (1980), foi o inglês Thomas Cook, em 1844, quem
iniciou uma nova maneira de conduzir o turismo, introduzindo-o na era industrial, já dentro
de uma prática comercial. O pioneiro das excursões organizadas contribuiu para o acesso,
no mercado turístico, dos chamados segmentos médios da população, criando um sistema
de viagens em grupos, que possibilitava redução de custos.
No período que sucedeu às duas grandes guerras, as inovações tecnológicas, dos
meios de transporte e comunicação, impulsionaram, mais uma vez, o desenvolvimento do
turismo, facilitando a movimentação de pessoas por todo o mundo e criando novas
expectativas que impulsionam na direção do consumo para conhecer novas culturas, novas
línguas, novas paisagens, estimulando a vivência de experiências pessoais.
As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas pela massificação do turismo, quando
os vôos charters e os mais variados pacotes turísticos conduziram milhares de pessoas por
todo o mundo. As localidades turísticas viveram uma expansão sem precedentes. Muitos
dos espaços vazios que existiam nas zonas litorâneas foram preenchidos.
Nos anos 1980, a prosperidade econômica dos países desenvolvidos fez com que a
grande maioria da população usufruísse férias duas vezes por ano, possibilitando que
muitas categorias profissionais desfrutassem de viagens turísticas.
Na atualidade, o turismo é uma das principais atividades econômicas geradora de
emprego e renda no mundo, sendo que para muitos países ele é a maior fonte de renda e o
10
setor mais forte no financiamento da economia nacional. Dados de Brasil (2006), mostram
que o turismo pode ser considerado uma das maiores atividades econômicas do mundo,
pois é responsável por um faturamento de US$ 681,5 bilhões, sendo no Brasil em torno de
4,3 bilhões.
Dias (2003), confirma essa realidade ao afirmar que o turismo é considerado hoje a
principal atividade econômica, e é tido como a maior “indústria” existente, superando
setores tradicionais como a indústria automobilística, eletrônica e a petrolífera.
“Os meros extraordinários advindos da indústria do
turismo, têm seduzido, sombreado, empobrecido e
mascarado fatos que, supostamente, deveriam contribuir
para revelar a importância do turismo, que reside muito
mais na sua incontestável capacidade de organizar
sociedades inteiras e de condicionar o (re)ordenamento de
territórios para sua realização do que nas estatísticas
demonstradas.” (CRUZ, 2000. p. 8)
Pode-se dizer que essas cifras não são o resultado exclusivo do aumento da oferta
de destinos e oportunidades, mas também o resultado da valorização do turismo, enquanto
prática social efetiva e aspiração do indivíduo contemporâneo, não mais exclusivo de
camadas privilegiadas da população.
O surgimento do turismo na forma como se conhece hoje não foi um fato isolado,
sempre esteve ligado ao modo de produção capitalista, ao desenvolvimento tecnológico e à
política, uma vez que o primeiro determina quem viaja, o segundo como fazê-lo, e o
terceiro quando deve ser feito.
2.1.2 Entendendo a Atividade Turística
O turismo é um fenômeno humano, caracteristicamente social, que pressupõe
deslocamento temporário e limitado de tempo, sem que haja transferência do local de
residência. Esse deslocamento é efetuado por razões motivacionais, podendo ser diversa a
origem da motivação desde que não de âmbito econômico. Implica, no viajante, a
descoberta de elementos sócio-culturais diversos do seu quadro de referência de origem,
traduz-se na relação entre visitante, visitado e o meio ambiente natural. É uma atividade
que pressupõe uma relação entre produção e o consumo com a conseqüente troca entre
quem visita e quem recebe (JOAQUIM, 1997)
Característico de uma sociedade de consumo, o turismo como um todo estruturado
não é mais do que um produto composto ou uma combinação de bens e serviços, cuja
11
funcionalidade depende de uma série de conhecimentos operacionais e de paciente
dedicação para atendimento cabal dos requisitos da oferta e das exigências da demanda.
Para não entender o turismo como apenas uma atividade em si, como expõe
Carvalho et al (2005), é preciso contextualizar, que como toda atividade econômica,
também possui um produto e que este produto é um composto de bens e serviços
diversificados e essencialmente relacionados entre si, tanto em razão de sua integração
com vistas ao atendimento da demanda quanto pelo fator de unir os setores primário,
secundário e terciário de produção econômica.
Produtivo e dinâmico, o turismo se aproveita, de maneira intensa e permanente, de
todo o potencial dos recursos naturais, e dos recursos e riquezas criadas, propiciando todos
os meios possíveis para conservá-los na medida das necessidades e conveniências de sua
operação. Ou seja, o turismo leva as pessoas à utilização de bens produzidos pela natureza
com a cooperação do homem, e à aquisição dos bens que a natureza e o homem produzem
para que, transformados pela atividade criativa de pessoas e grupos diversificados, sirvam
às necessidades básicas e àquelas que a própria sociedade cria. De uma forma mais clara, o
turismo, sendo uma atividade do setor terciário serviço -, une, em vez de transformar, os
setores primário e secundário. Não espera que esses transformem a matéria-prima para que
seja consumida pelos serviços. Por isso, seria um equívoco chamar o turismo de
“indústria” mesmo que sem chaminés, pois os consumidores dos produtos turísticos são os
verdadeiros autores do processo produtivo a cujos bens se deslocam para efetivar a
existência do próprio fenômeno.
Então a matéria-prima do produto turístico, segundo Andrade (2002), se compõe de
atividade e serviços ligados aos empreendimentos de hospedagem (indústria da construção
civil, imobiliários e mobiliários e outros bens transformados para a utilização como
equipamentos de recepção e de hospedagem), aos bens de alimentação (atividade agrícola
e indústria alimentícia), aos transportes (indústria de transformação para produção de
veículos, de equipamentos, de peças de reposição, além do pessoal necessário à sua
produção, funcionamento e reparos), aos espaços de lazer e entretenimento naturais e
artificiais (teatros, cinemas, casas de shows, demais empreendimentos de diversão,
entretenimento e recreação) e aos produtos típicos locais (objetos de arte, trabalhos
artesanais).
Continuando com Andrade (2002), a diversidade que torna heterogênea a oferta de
produtos turísticos permite o consumo de bens não-turísticos agregados como atividades
12
diversas e serviços produtivos de setores relacionados ou não com o turismo que dinamiza
seu setor continente e os outros dois, de modo direto ou indireto.
Ruschmann (2001), complementa ao discorrer sobre os impactos econômicos
positivos da atividade turística, que classifica em três categorias: efeitos primários,
secundários e terciários. Os primários referem-se aos gastos dos turistas estrangeiros no
país que visitam e às despesas dos moradores locais no exterior, provocando tanto o
ingresso como a evasão de divisas.
Os efeitos secundários estão relacionados com a absorção dos gastos dos turistas
em outros setores da economia: efeitos secundários diretos por exemplo, comissões de
agentes de viagem; indiretos contratação, por exemplo, de serviços de alimentação por
companhias aéreas; induzidos são os gastos realizados pelos assalariados das empresas
que prestam serviços às empresas turísticas.
Os efeitos terciários não se originam dos gastos diretos dos turistas, mas dos
investimentos estimulados pela atividade turística, como por exemplo, a geração de
empregos diretos em empresas que atendem diretamente os turistas como hotéis,
restaurantes, etc.; empregos indiretos, aqueles originados em empresas que prestam
serviços aos fornecedores diretos; e os empregos induzidos, aqueles originados pelos
gastos dos salários dos trabalhadores diretos e indiretos na localidade receptora.
Diante de todo esse contexto de dinamismo de prováveis efeitos, é importante que,
ao se planejar, ou mesmo, adotar o turismo como uma das atividades econômicas de uma
localidade, observar e considerar as características específicas desta atividade, pois é a
partir desse conhecimento que se entenderá como apenas uma atividade pode vir a
movimentar tantos ramos da economia.
Krippendorf (1989), resume essas características em:
Intangível de consumo abstrato, não é passível de comparação ou troca, o
consumo é a experiência vivida;
Coincidência espacial e temporal da venda e da prestação do serviço os serviços
são consumidos na hora de sua utilização efetiva, sendo avaliado após a sua
utilização;
Presença do consumidor no local da produção o consumidor que se desloca até o
lugar de consumo;
Impossibilidade de estocagem o que o for vendido ou consumido no dia o
pode ser guardado, foi perdido;
13
Irregularidade na prestação dos serviços alterações na quantidade e qualidade de
serviços a serem prestados, devido às baixas e altas estações;
A complementariedade dos componentes serviços conjuntos de vários
empreendedores, por exemplo, transporte, alimentação, entretenimento, etc.;
Sazonalidade o as temporadas, devido a inúmeros fatores como, clima, férias
escolares, são as chamadas baixa e alta estação;
Instabilidade da demanda depende das condições financeiras do consumidor, da
situação político-econômica e social do núcleo receptor, etc.;
Demanda heterogênea – todos têm o direito de viajar;
Produto estático é impossível mudar a localização ou a quantidade da atração
turística.
Além dessas características, segundo Beni (2003), é necessário também observar
que a matéria-prima do turismo pode-se dividir em oferta turística natural e oferta turística
artificial.
A oferta turística natural é fator primordial para que uma localidade, uma região ou
país sejam considerados possuidores da vocação turística decorrente da propriedade e dos
atrativos que formam os recursos naturais, dentre eles pode-se destacar o clima, quando
regular e estável, permite o planejamento, a execução e administração das programações; a
configuração geográfica e as paisagens, também conhecido como espaço geográfico, é o
elemento materializador, é a jóia rara que os empresários colocam à disposição dos desejos
e das preferências dos visitantes; os elementos silvestres, flora e fauna. Com o
aparecimento da civilização do concreto as pessoas desejam o contato com a natureza; e os
elementos de saúde, que são as águas termais e medicinais nos balneários.
a oferta turística artificial pode ser entendida como o conjunto de adaptações de
recursos naturais, de obras criadas pelo homem, de serviços e de atitudes que colaboram
com a natureza, manifestando-se como fenômeno amplo, substituível, mutável,
deteriorável e diversificado, conforme as diferenças culturais, utilizações, necessidades e
conveniência.
Como oferta artificial pode-se considerar os bens históricos, culturais e religiosos
como tudo que diz respeito a construções espaciais e a todas as demais formas de valores
artísticos, concebidos e executados em determinadas sociedades, sob rótulos de arte,
14
folclore e artesanato, como museus, teatros, cidades antigas e históricas, igrejas, festas
religiosas, etc.
Os bens e os serviços de infra-estrutura, segundo Beni (2003), são outros
componentes importantes, e se dividem em infra-estrutura geral, que são os serviços
básicos exigíveis para uma localidade existir, como fornecimento de água, eletricidade,
combustíveis, saneamento, telecomunicações, rede viária; e infra-estrutura turística, que
são os serviços específicos e indispensáveis que permitem o exercício turístico, como
instalações de hospedagem (hotéis, pousadas, albergues, camping, etc.), instalações de
recepção (receptivo); a organização para recreação, esportes e entretenimento; as vias de
acesso e os meios de transporte também podem se inserir nessa categoria, pois via esses
serviços e equipamentos é que o visitante e o visitado podem se locomover.
Outro componente que não pode ser esquecido é o modo de vida e o
comportamento das comunidades visitadas, pois são valores capazes de atrair ou de afastar
os turistas, de valorizar ou desvalorizar o próprio patrimônio social turístico que o núcleo
representa.
Assim, considerando todas essas características e suas matérias-primas, observa-se
o quanto o produto turístico se difere dos demais bens industriais, de comércio e de outras
prestações de serviços, pelo seu aspecto subjetivo. A sua subjetividade leva a crer que não
existem fórmulas prontas que podem ser adotadas igualmente em todos os lugares, pois
cada localidade possui suas próprias características onde o planejamento do turismo deve
se adaptar a elas e não o reverso.
Assim, segundo Medlik e Midleton citados por Ruschmann (1995), o produto
turístico pode ser definido como: “A amálgama de elementos tangíveis e intangíveis,
centralizados numa atividade específica e numa determinada destinação, as facilidades e as
formas de acesso, das quais o turista compra a combinação de atividades e arranjos”.
(MEDLIK E MIDLETON apud RUSCHMANN, 1995 p. 26).
2.1.3 Turismo e seus Impactos Sócio-Ambientais
Ao longo das duas últimas décadas, o planejamento e o marketing do turismo têm
visado, sobretudo, atender às necessidades do turista e oferecer-lhe experiências
interessantes. Por sua mescla de pessoas de origens sociais e culturais diferentes, o turismo,
tanto o internacional como o nacional, gera uma considerável redistribuição espacial da
capacidade de auferir renda, com um impacto significativo sobre a economia da área de
destino.
15
Entendendo a atividade turística e o seu funcionamento, como visto nos itens
anteriores, se pode analisar, agora, o porquê da causa de impactos. Sejam eles positivos ou
negativos, começando a compreender que mesmo sendo o território, o espaço, a sua
matéria de consumo, o seu uso se faz de forma destrutiva, contrariando o que é proposto
pela atividade.
Ao se falar em espaço ou território, segundo Cruz (2000), deve-se compreender
como o lugar onde a atividade turística se desenrola, e entendendo esse enfoque, pode-se
observar melhor seus impactos, pois o turismo produz esses espaços de forma delimitada e
espacialmente destinados a um determinado tipo de consumo e venda – o consumo e venda
da natureza, da história, da cultura – através dos denominados serviços turísticos.
O turismo, segundo esses aspectos, é uma atividade que produz um espaço, mesmo
quando se apropria sem transformar. Por isso não se pode classificá-lo nem como uma
indústria nem como um serviço, puramente, poiso várias atividades que compreendem a
produção de uma mercadoria, cujo mercado consumidor é o turista. E nesta mercadoria,
segundo Rodrigues (1999), o consumo do espaço caracteriza-se pelo uso “efêmero do
território”, num processo continuo de desterritorialização e reterritorialização.
Portanto, pode não haver transformação direta do território, mas uma
apropriação direta ou indireta e uma produção espacial simbólica da beleza natural ou da
cultural, materializando-se neste espaço mercantilizado outras mercadorias desde rede de
edificações necessárias para acomodar os turistas, até acesso aos lugares privilegiados pela
natureza, passando por uma infra-estrutura viária que permita a circulação de pessoas,
mercadorias e serviços, apropriados através dos lucros, rendas e juros, privadamente.
Alterando-se tanto a paisagem física como as relações sociais dos moradores da área que
passam a gravitar em torno da atividade turística (indústria e serviços) (SOLDATELI,
2005).
É devido a esses aspectos que a atividade turística não deve ser estudada apenas de
forma simples e econômica, pois envolve uma gama de fatores de vida da população
receptora, do espaço original produzido pela história de cada comunidade onde o turismo
possa ser estabelecido. Por isso, é interessante observar a pesquisa de Archer e Cooper
(2002), ao mostrar que os primeiros trabalhos que trataram do impacto do turismo sobre os
destinos se concentram principalmente nos aspectos econômicos, pois além de serem de
fácil quantificação e mensuração, havia também a esperança de que esses estudos
demonstrassem o benefício econômico líquido que o turismo implicava para os destinos
que o acolhiam. Mas o turismo, por sua própria natureza, é seduzido por ambientes e
16
sociedades singulares e frágeis, evidenciando-se que em alguns casos seus benefícios
econômicos foram neutralizados por conseqüências ambientais e sociais adversas e não
mensuradas previamente.
Segundo Dann e Cohen (1991), é importante enfocar os aspectos econômicos,
políticos, socioculturais e ambientais de uma comunidade receptora, ao se analisar os
impactos do turismo, pois se faz necessário que os elementos de um aspecto se liguem com
os de outro, em vez de optar por um ponto de vista exclusivo.
Essa é uma realidade que precisa ser desenvolvida, pois a principal atitude, dos
empreendedores e dos operadores de turismo, se baseia, segundo Archer e Cooper (2002),
em primeiro lugar, em atrair um grande número de visitantes e com isso garantir
rendimento financeiro adequado para seus investimentos e operações. E em segundo lugar,
no desejo dos políticos e planejadores de maximizar as vantagens financeiras obtidas com
essa atividade.
Segundo Ruschmann (2001), os impactos do turismo referem-se a gama de
modificações ou à seqüência de eventos provocados pelo processo de desenvolvimento
turístico nas localidades receptoras. As variáveis que provocam os impactos têm natureza,
intensidade, direções e magnitude diversas, porém, os resultados interagem e são
geralmente irreversíveis.
Os impactos têm origem em um processo de mudança e não constituem eventos
pontuais resultantes de uma causa específica, eles são a conseqüência de um processo
complexo de interação entre turistas, as comunidades e os meios receptores.
Como o turismo teve um rápido crescimento a partir da década de 50, e a tendência
é crescer sempre mais, ainda mais pessoas estarão propensas a viajar, a descobrir novos
lugares intocados, e assim intensificar os impactos ao meio ambiente e à sociedade.
Assim, ao se discutir os impactos positivos e negativos do turismo se deve incluir
noções de capacidade de carga e critérios para a avaliação dos impactos. Por capacidade de
carga, segundo Getz (1983), deve-se entender que se refere a um ponto além do qual níveis
superiores de visitas ou de desenvolvimento turístico levariam a uma deterioração
inaceitável do ambiente físico e da experiência do visitante.
Todavia, o impacto gerado pelo turismo depende tanto do volume de turistas quanto
de algumas das características do perfil desses visitantes (tempo de estadia, sua atividade,
modo de transporte, plano da viagem, etc.), além do caráter do recurso turístico (suas
características naturais e artificiais, nível de desenvolvimento, estrutura política e social,
etc.), pois determina o grau de sua solidez para o desenvolvimento do turismo.
17
É interessante notar que o estudo de impactos, como visto anteriormente, não se
deve fazer separadamente. Todas as perspectivas devem ser interligadas para que o todo
seja entendido. No caso desse estudo, as perspectivas social e ambiental serão enfocadas
com mais rigor, não esquecendo que para uma boa análise precisa-se conhecer os efeitos
das perspectivas econômica e cultural.
Nesse sentido, é que se pode dizer que os efeitos econômicos gerados pela atividade
turística são mais estudados, por serem mais fáceis de medir do que os naturais e
socioculturais, que possuem componentes intangíveis e difíceis de mensurar, tendo uma
avaliação mais subjetiva.
Mesmo os impactos econômicos sendo mais fáceis de avaliar, observa-se que
devem existir distinções principalmente no que diz respeito ao estágio de desenvolvimento
que se encontra a área em estudo: local, regional, nacional. Um exemplo, como expõe
Mercer (2002), são os países em desenvolvimento que, ao contrário dos desenvolvidos,
apresentam baixos níveis de renda, e de distribuição, altos índices de desemprego e
subemprego, baixos índices de industrialização, grande dependência da agricultura e da
exportação de produtos primários, além de intensas desigualdades regionais, evasão de
divisas para o exterior, alta inflação e dívidas externas elevadas.
Por isso, segundo Ruschmann (2001), é que muitos governos passaram a considerar
o turismo como a “tábua de salvação” para a economia de seus países e estimularam a
implantação da atividade sem considerar as adequações necessárias às dimensões, ao tipo e
ao nível de desenvolvimento da nação.
Não se pode negar os benefícios econômicos que a atividade turística traz para uma
localidade, pois é uma injeção na economia de moedas estrangeirais fortes, principalmente
em países em desenvolvimento, um aumento na oferta de empregos, incremento na renda,
expansão no setor de construção, industrialização básica, investimentos nas destinações,
tanto em infra-estrutura como em equipamentos específicos do turismo como hotéis,
restaurantes, centros de convenções, etc.
Mas, para se alcançar esses aspectos positivos existem alguns custos, como por
exemplo, as atividades primárias que foram abandonadas pelas populações autóctones, que
passam a buscar nas empresas turísticas uma nova oportunidade de emprego. Outro
problema é a importação de produtos do exterior, provocando uma evasão de divisas. O
aumento dos preços dos produtos comercializados na destinação, valorização excessiva dos
terrenos e construções, acarretando a inflação e a especulação imobiliária e causando uma
dependência excessiva do turismo, como afirma Ruschmann:
18
A instabilidade da demanda turística, que pode tanto
comparecer em massa numa destinação ou deixar
totalmente de visitá-la por motivos políticos, moda, preços,
etc., faz com que as destinações eminentemente turísticas
vivam na situação do “neocolonialismo”, e a única forma de
evitá-lo se encontra na diversificação de suas atividades
econômicas (RUSCHMANN, 2001 p. 45).
Com isso, observa-se a importância da análise econômica, mas não esquecendo que
para uma avaliação realmente válida, é preciso verificar mais alguns aspectos, como o
social e o ambiental, sem deixar de mencionar o cultural.
Com relação aos impactos sociais, como reflete Mercer (2002), é necessário pensar
a partir da estreita ou larga relação do visitante com o visitado. Ou melhor, do turista com a
comunidade receptora, que influências um causa sobre o outro.
As viagens entre países desenvolvidos e em desenvolvimento estão aumentando
anualmente e põem em contato direto povos de origens muito diferentes e com estilos de
vida e níveis de renda muito contratantes.
O contato entre povos de origens diversas, segundo Paiva (1995), nem sempre é
benéfico, e em alguns casos, pode gerar mais tensões culturais, sociais e morais. Mesclar
pessoas de diferentes regiões de um país, ou do mundo, pode, por um lado resultar numa
compreensão melhor do modo de vida dos vários grupos distintos e numa avaliação mais
correta dos problemas particulares de regiões específicas. Mas por outro lado, pode gerar
mal-entendidos e até mesmo desconfiança.
As grandes diferenças culturais que ocorrem entre países e às vezes entre diferentes
regiões de um mesmo país, podem ser um dos principais estimulantes para o
desenvolvimento da atividade turística. Em alguns países em desenvolvimento esses
padrões de comportamento cultural tradicionais de grupos específicos de pessoas e
aparência física formam um ponto de atração. Entretanto, essas diferenças, são tão grandes
que a compreensão mútua é substituída pela antipatia, como revelam os teóricos Archer e
Cooper,
O problema é exacerbado porque os turistas são, por
definição, estranhos no destino. Seus códigos de vestimenta
e seus padrões de comportamento o diferentes dos
adotados pelos residentes e frequentemente diferem até
mesmo daqueles que o turista teria no próprio lugar de onde
provém: os comportamentos que eram inibidos passam a
não ser, e seguem-se os problemas decorrentes
prostituição, drogas, jogos e as vezes vandalismo. Na
condição de estranhos os turistas são também vulneráveis e
19
se tornam vítimas de roubo e crimes perpetrados pela
comunidade local, que pode considerar essas atividades um
modo de ‘refazer o equilíbrio.” (ARCHER E COOPER
2002, p. 93)
Quando essas diferenças são acentuadas, pode acontecer de a cultura e os costumes
locais serem explorados para satisfazer o visitante à custa do orgulho e dignidade da
população local. Mas com um bom gerenciamento e planejamento, contudo, o turismo
pode oferecer um impulso para a preservação de culturas antigas. Embora com muita
freqüência, o modo de vida local se degenere numa imagem comercialmente organizada da
sua essência anterior. As danças e o artesanato artístico sedem lugar à imitações baratas
para satisfazer às necessidades do visitante e para proporcionar ao residente um rendimento
com o menor esforço possível.
Krippendorf (1989), confirma essa realidade a partir do entendimento de que o
interesse do visitante pela população local existe, mesmo sendo muito fraco, podendo-se
dizer que o contato dele com as pessoas, com seus costumes e hábitos é superficial e
externa-se na compra de objetos típicos como souvenirs. Esse autor continua afirmando
que a integração dos visitantes com as comunidades dos locais visitados parte de uma boa
intenção, mas não é realizável e, no fundo, também não é desejável, pois o fosso cultural é
muito grande para ser transposto no curto espaço de tempo das férias. Os turistas guardam
uma lembrança instrutiva daquilo que percebem e, para os nativos, deixam o dinheiro,
constituindo uma fonte de renda para os visitados.
Todas essas questões se explicam quando Doxey (1983) apud Mathieson e Wall
(1988) identifica cinco estágios de crescente desilusão de uma comunidade receptora com
a atividade turística.
O primeiro estágio pode-se dizer que é o de euforia, onde as pessoas estão
entusiasmadas e vibram com o surgimento do turismo, recebendo os turistas, registrando-
se sentimentos de satisfação mútua, e as oportunidades de emprego, negócios e lucro são
abundantes e aumentam com o crescimento do número de visitantes
Em um segundo momento, registra-se a fase da apatia, a população receptora, à
medida que a atividade cresce, considera a rentabilidade do setor como garantida e o turista
passa a ser considerado um meio para a obtenção de lucro fácil, tornando o contato
humano mais formal do que no estágio anterior.
No terceiro estágio, acontece a fase de irritação, que se manifesta conforme a
atividade turística começa a atingir níveis de saturação ou quando a localidade o
20
consegue atender às exigências da demanda que, quantitativamente excessiva, torna os
equipamentos existentes incapazes de atendê-las.
O quarto estágio caracteriza-se pelo antagonismo. Acontece quando os moradores
não disfarçam a irritação e responsabilizam os turistas por todos os seus males, e pelos
problemas da localidade, como o aumento de impostos, de criminalidade, de desajustes da
juventude. A polidez e o respeito mútuo desaparecem, dando lugar ao antagonismo e o
turista passa a ser hostilizado pela comunidade local.
No quinto e último estágio, a população se conscientiza de que, na ânsia de obter
todas as vantagens da atividade turística, não considerou as mudanças que estavam
ocorrendo e nem pensou em impedí-las, tendo, agora, que conviver com o fato de que seu
ecossistema jamais voltará a ser o que era antes do advento da atividade turística.
Carlos (1999), vem a confirmar esses estágios quando escreve sobre o sentimento
de estranhamento, que segundo esse autor, é provocado pela transformação de cidades
inteiras com o objetivo de atrair turistas.
Os autores Archer e Cooper (2002), complementam o pensamento anterior, ao falar
em efeito demonstração da prosperidade em meio à pobreza que pode suscitar um desejo
entre a população local de trabalhar arduamente para atingir níveis superiores de educação
a fim de imitar o modo de vida dos turistas. Ou ainda, em muitos casos, a impossibilidade
de os nativos atingirem o mesmo nível de prosperidade, podendo gerar um sentimento de
privação e frustração capaz de encontrar uma saída na hostilidade e até na agressão.
Esse efeito demonstração também pode ser observado quando da presença de um
grande número de turistas, estimulando hábitos de consumo desconhecidos, variando desde
a importação de produtos (comidas, bebidas, vestuário, etc.) caros, criando uma evasão de
divisas que a atividade, teoricamente, deveria atrair, até a criação de novos hábitos de
entretenimento, como o jogo (cassinos, bingos) ou o consumo excessivo de drogas e
bebidas alcoólicas.
Autores como Archer e Cooper (2002) e Mathieson e Wall (1988), falam em
neocolonialismo, onde se retira o poder dos níveis local e regional e o concentra nas mãos
das companhias multinacionais, que negociam apenas no nível nacional esperando que
quaisquer problemas sejam resolvidos pelos governos nacionais. Do contrário, retiram os
investimentos. Assim, os países em desenvolvimento, que dependem dos turistas e dos
investimentos internacionais, criam mecanismos para facilitar a vinda desses visitantes,
negligenciando os cuidados com o meio ambiente, que descaracterizado perde sua
21
atratividade. Paralelo, está a transferência dos lucros auferidos nas destinações para os
centros economicamente mais evoluídos, de onde se originam os investimentos.
Outro fator se relaciona com a importação de recursos humanos qualificados para
trabalhar nos equipamentos turísticos, no nível operacional, onde os postos melhor
remunerados, mais respeitáveis, são muitas vezes ocupados por estrangeiros com o
necessário conhecimento cnico e experiência suficiente, enquanto que os empregos de
remuneração mais baixas, ou os que não exigem tanta qualificação, são ocupados pela
população local, que, pela falta de formação específica, tem pouquíssimas chances de se
destacar nas empresas em que atua. Assim, é possível, que essa evidente discriminação
venha a promover o ressentimento e azedar as relações internacionais e, em casos mais
extremos, podendo até mesmo inibir o crescimento de uma consciência nacional num país
que passa a ter uma nova dependência.
Coriolano (2006), refere-se à pesquisas realizadas nas praias do Ceará, que vêm
a confirmar as questões mencionadas, quando expõem o pensamento de alguns ex-
pescadores que trabalham como garçons em Canoa Quebrada, núcleo receptor de turismo
internacional, que se sentem excluídos: “Não dona, turismo não chega pra nós não. Isto é
coisa de rico, que tem dinheiro, nós num temos direito a folga não”. Um outro diz:
“Turismo é pra eles, que vêm comer e beber, dançar e esnobar da gente”, outro
continua: “Turismo, nós num tem disso não, nós num vamo nem até ali em Fortaleza, que
o dinheiro não dá, pra nós só tem trabalho e a peia”.
E Ouriques (2005), confirma:
No litoral brasileiro, circulam milhares de trabalhadores
oferecendo as mais diversas bugigangas; circulam também
homens, mulheres e crianças oferecendo seus corpos por
um tempo determinado. Nos hotéis e pousadas, são
abundantes os pescadores e suas mulheres, transformados
em garçons e garçonetes, cozinheiros e cozinheiras.”
(OURIQUES, 2005 p. 131.)
Essas situações, segundo Coriolano e Martins (2005), se agravam ainda mais
devido, também, às alterações na moralidade da comunidade receptora, que vem das
influências, muitas vezes, do comportamento “estranho” dos turistas, aumentando a
incidência da prostituição, da criminalidade e do jogo organizado.
É importante observar que não se pode responsabilizar o turismo por todos esses
males, mas verificar que a prática da atividade turística de forma predadora pode
intensificar e piorar esses problemas sócio-ambientais já existentes.
22
Considerando o meio ambiente natural, segundo Santos et al (1994), o espaço onde
as relações sociais acontecem, onde se vive, observa-se que nenhuma das perspectivas aqui
tratadas podem ser analisadas sozinhas, mesmo que separadamente deve sempre evocar as
demais, pois uma influencia a outra em todos os níveis que isso implica.
Então, meio ambiente pode ser entendido como:
conjunto de elementos sico-químicos, ecossistemas
naturais e sociais em que se insere o homem, individual e
socialmente, num processo de interação que atenda ao
desenvolvimento das atividades humanas, à preservação dos
recursos naturais e das características essenciais do entorno,
dentro dos padrões de qualidade definidos. (COIMBRA
apud BRANCO, 1999 p.04)
O Conselho Nacional de Meio Ambiente CONAMA define impacto ambiental da
seguinte forma:
Impacto ambiental é a alteração das propriedades físico-
químicas e biológicas do meio ambiente causada por
qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a
saúde, a segurança, o bem-estar da população, as atividades
sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e
sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos.
(CONAMA resolução nº 001/86)
A ausência, quase total, de pesquisas específicas e a conseqüente falta de dados
concretos impedem uma avaliação mais precisa das conseqüências do turismo sobre o meio
ambiente, mas algumas são perceptíveis e relacionam-se, em sua grande maioria, com a
construção de infra-estrutura e dos equipamentos que, inevitavelmente, transformam o
aspecto físico dos lugares.
Ou seja, em todos os espaços, a poluição visual provocada pela construção de
equipamentos de hospedagem, alimentação e entretenimento modifica o meio,
descaracterizando irremediavelmente a paisagem.
No litoral, pela sua própria história de ocupação, esses problemas têm bastante
destaque. Principalmente, pelo surgimento do turismo de massa, que degrada pela
repetição. Sendo a partir da década de 1980, no Nordeste brasileiro, que se começou a
investir em infra-estrutura no sentido de atrair visitantes nacionais e estrangeiros,
divulgando, sobretudo, o sol, o mar e a beleza feminina (FONTELES, 2004).
Hoje, as praias são os lugares preferidos pelos turistas, que se contagiam com a
alegria do verão e com a diversidade de clima e de vegetação. São as paisagens
23
surpreendentes de todo o litoral brasileiro que encantam aqueles que procuram sol,
diversão, calor, conforme afirma Fonteles (2004):
"Neste país rico em atrativos naturais, percebe-se, nos
últimos anos, uma forte tendência em transformar tais
elementos em recursos disponíveis aos consumidores que
buscam espaços propícios ao reencontro com ambientes
naturais, onde seja possível respirar melhor, ver o sol, a lua,
as estrelas, trilhar caminhos que levam às montanhas e às
florestas, ouvir o canto dos pássaros, mergulhar nas águas
transparentes dos rios e cachoeiras, ir de encontro ao mar
driblando as “eternas ondas”, enfim, encontrar-se consigo
mesmo e experimentar um gostinho de liberdade, prazer e
emoção.” (FONTELES, 2004 p. 37)
Assim, como diz Aulicino (1991 p. 30), ao falar em meio ambiente como sistema,
“o todo que é resultado da interação entre um ambiente e os seres vivos que nele se
desenvolvem, incluindo-se aqui a comunidade humana que aí sobrevive e toda a sua
bagagem cultural”.
E essa comunidade humana precisa se reconciliar com a natureza, caso pretenda
sobreviver, pois a natureza não existe sem o ser humano, existe com ele e para ele.
Quiseram que ela fosse imutável e morta, ao passo que ela se move e tem história. Nela
reconhecemos não apenas o objeto, mas também o sujeito. Urge certamente a volta, mas
não a volta à natureza e sim a volta dentro da natureza”. (MOSCOVICI, 1975 p. 365)
Na sociedade atual, simplesmente se apropriam da natureza, usando-a como recurso
para comercialização, através do turismo, que vende paisagens indo ao encontro do
imaginário dos amantes do mundo natural, e que dispõem de uma infra-estrutura que
garante sofisticação e conforto.
Produzindo o espaço turístico, o homem socializa a natureza, que se transforma em
uma outra natureza. Esta modificação normalmente compromete a qualidade de vida local
a médio, a longo e até a curto prazo.
O turismo, segundo Almeida (1997), atribui um novo valor aos espaços, promove,
transforma o lugar em mercadoria e estabelece o valor de uso. Esses espaços se turistificam
desde quando são reorganizados no sentido de satisfazer os desejos de uma clientela que
vem de fora.
Com o intuito de satisfazer os turistas, esquece-se, por muitas vezes, a população
receptora, deixa-se de organizar a própria comunidade que os recebem, fazendo com que
aqueles que tinham na natureza sua fonte de sobrevivência, como os pescadores no litoral,
24
passem a utilizá-la também como recurso atrativo mudando sua atividade de subsistência,
descaracterizando sua cultura original. Constatação comprovada mais uma vez por
Fonteles (2004), quando afirma:
“Afinal, quem melhor do que a própria população local para
decodificar as relações sociedade/natureza? Tal leitura se
realiza a partir de sua concepção particular de mundo, de
sua cultura, construindo um ethos societário e econômico
que garante a sua subsistência. Excluí-la dos projetos
turísticos o é, certamente, o melhor caminho para a
sustentabilidade. Ao contrário, entende-se que a parceria
entre poder público, iniciativa privada e população local, a
partir de um planejamento estratégico, viabilizaria qualquer
empreendimento que, sintonizado com o imaginário
turístico, se instalasse em uma área receptora.”
(FONTELES, 2004 p. 59)
Considerando todos esses aspectos apresentados, os impactos do turismo sobre o
meio ambiente, segundo Ferretti (2002), se tornam mais freqüentes a começar pela
poluição, seja do ar, através do aumento de circulação de meios de transportes e produção
de energia; seja da água, nos oceanos, lagos, rios e cachoeiras, através de águas servidas e
não tratadas, pela falta de sistemas adequados de tratamento; seja sonora, que se
concretizam através, também, do aumento da circulação de automotores; ou ainda, a
poluição pela falta de coleta adequada de lixo.
Outro problema, continua Ferretti (2002), é a destruição das paisagens, sejam elas
naturais ou artificiais (sítios históricos e monumentos), que devido a falta de um
planejamento prévio e o crescimento exacerbado do turismo, através da exploração
comercial, resultou em construções grotescas. Muitas vezes, por serem projetos
estrangeiros, que se imiscuem no ambiente cultural e cênico à sua volta, sejam casas,
equipamentos turísticos ou infra-estrutura. Pela falta de organização desarmonizam a
paisagem. Além de descaracterizar os aspectos cênicos, poluem os mares e rios, uma vez
que o lixo e o esgoto frequentemente são descartados sem tratamento.
Ruschmann (2001), complementa ao expor a questão dos congestionamentos em
épocas de alta estação, pois a concentração de turistas no tempo e no espaço lotam praias e
outros locais atrativos, impondo uma sobrecarga no serviço de infra-estrutura e de
entretenimento, causando danos consideráveis ao meio ambiente. Além de agredir a
qualidade de vida dos moradores locais, afeta a própria experiência vivida pelo visitante.
25
Outra conseqüência desse aspecto é o aumento do consumo de combustíveis e a
intensificação da poluição sonora e atmosférica.
Outra situação adversa, segundo Araújo e Moura (2007), é a concentração, também
no espaço e no tempo, de grande parte da mão-de-obra apenas na alta estação, em que
muitos da comunidade deixam suas atividades tradicionais para se dedicarem à práticas
turísticas na ilusão de melhores salários, acarretando, assim, um prejuízo nas atividades
originais. Quando chega a baixa estação, os empregos turísticos desaparecem provocando
desemprego e por conseqüência, agrava as mazelas sociais.
Por fim, existe também um aspecto muito relevante, a chamada especulação
imobiliária, que se caracteriza como um tipo de êxodo, onde muitos da população local se
vêem pressionados a deixar suas residências originais, muitas vezes a preços míseros, indo
para periferias sem a mínima infra-estrutura básica, onde não existe uma historia de vida e
costumes a serem perpetuados.
Novaes (1997), confirma com muita clareza os problemas citados acima, quando
analisa, no relatório final sobre as diretrizes gerais de uso da APA de Jericoacoara – CE, os
seguintes aspectos:
“1) turista que compra e destrói o barraco do pescador no
centro da vila, para construir a sua casa de temporada; como
conseqüência disto, está ocorrendo alteração na fisionomia
da vila, e sua expansão está se fazendo na periferia, com
casas que se alinham sobre dunas moveis; 2) chegada de
pessoas de fora de Jericoacoara que recebem terras como
herança; constroem casas, algumas para temporada, e
consideram-se nativos. [...] O problema de propriedade da
terra é grave, porque 1/3 da Jericoacoara não mais pertence
aos antigos nativos. A venda da casa do nativo na vila está a
expulsar os pescadores para a periferia, enquanto que no
centro, caseiros começam a chegar para guardar as casa dos
novos donos.” (NOVAES, 1997 p. 3-4,10)
Assim, conforme discutido durante todo este tópico, o turismo impõe custos e
benefícios econômicos, mas também mudanças na ordem, política, cultural, social, moral e
ambiental. Sendo mais valorizados os benefícios econômicos, principalmente por ser
quantificável e mais fácil de mensurar, em detrimento dos demais, difíceis de quantificar
em termos monetários, mas que precisam ser levados em consideração no processo de
tomada de decisão.
É evidente, que o turismo não é o único a causar esses problemas, sendo provável
que outras atividades causem efeitos colaterais bem mais adversos, porém o crescimento
da atividade turística, sem um planejamento, pode sim, intensificar e acelerar os problemas
26
existentes, resultando em cenário de inúmeros contrastes, como a grande concentração de
massas edificadas e as altas densidades, causando sérios impactos na estabilidade do meio
ambiente, produzindo espaços desqualificados e insalubres, propiciando exclusão e
marginalidade e impondo um ritmo de vida, à maioria dos seus ocupantes, incompatível
com os conceitos estabelecidos como qualidade de vida.
É contra essas perspectivas que se deve lutar, pois o turismo pode ser, como diz
Archer e Cooper (2002 p.102), um “meio muito positivo de aumentar a vida econômica,
social, cultural e ambiental de um país”. Mas para que isso aconteça, é necessário
privilegiar o desenvolvimento sustentável em detrimento do crescimento apenas
econômico. É saber se políticos, empresários e planejadores podem estar dispostos a criar
um turismo verdadeiramente responsável, que gere benefícios a longo prazo, tanto para os
residentes quanto para os turistas, minimizando a deteriorização do ambiente físico, social
e cultural.
2.1.4 Desenvolvimento Sustentável
Ao se pensar em desenvolvimento sustentável, deve-se entender inicial e
separadamente o significado dos dois termos para melhor compreensão da sua teoria.
Desenvolvimento, segundo Calcagno (1990), são processos de investimento e de
troca, relacionados sistematicamente entre si e que expressam uma aspiração por uma
sociedade melhor, incorporando-se elementos de poder político e econômico, social,
tecnológico, setorial e regional, que configuram o tipo de sociedade a qual se quer chegar.
Ou seja, não se deve adotar um conceito global, mas um conceito que se vincula às
características locais e em todas as suas dimensões.
O desenvolvimento, para Rodrigues (2002), não deve ser entendido como sinônimo
de desenvolvimento econômico, pois este é basicamente formado pelo crescimento
econômico (mensurável por meio do crescimento do PNB - Produto Nacional Bruto ou do
PIB Produto Interno Bruto, que significa aumento de produção de bens) e pela
modernização tecnológica, o que não abrange a totalidade do seu significado.
Para Souza (1997), o desenvolvimento além de vislumbrar uma sociedade mais
justa, mais equilibrada, a palavra significa também uma transformação socioespacial que
“...compreende um processo de superação de problemas e
conquista de condições (culturais, técnico-tecnológicas,
político-institucionais, espaço-territoriais) propiciadoras de
maiores felicidades individual e coletiva, o
desenvolvimento exige a consideração simultânea das
27
diversas dimensões constituintes das relações sociais
(culturais, econômicas, políticas) e, também, dos espaços
natural e social”. (SOUZA 1997 p. 18)
Rodriguez (1997, p. 56) afirma que crescimento significa o aumento de tamanho
por adição de materiais por meio de assimilação” e o desenvolvimento a expansão ou
realização de potencialidades alcançando gradualmente um estado melhor e mais pleno”.
Quando algo cresce, converte-se em tamanho maior e quando algo se desenvolve,
converte-se em algo diferente.
O mesmo autor continua, diferenciando nível de vida e qualidade de vida, onde o
primeiro termo identifica-se com o “ter” sendo a relação do acesso da população ao
consumo de determinados bens e serviços. E o segundo, diz respeito ao “ser”, que se
remete a um conceito de ordem qualitativa, implicando em uma série de subjetividades e
especificidades dificilmente medidas de maneira objetiva. Atribui, também, à teoria do
Desenvolvimento Sustentável a incorporação das categorias existenciais (ser, ter, fazer e
estar) e axiológicas (necessidade de subsistência, proteção, afeto, entendimento,
participação, ócio, identidade e liberdade) das necessidades humanas.
Ou seja, a concepção de crescimento econômico e desenvolvimento possuem
aspectos diferenciados, uma vez que podem existir formas de crescimento perversas que
conduzem ao mau desenvolvimento.
Dessa forma, pode-se verificar, segundo Sachs (1993), que o crescimento refere-se
a questão quantitativa e o desenvolvimento a qualitativa. Talvez, por isso, os sistemas
políticos e econômicos, principalmente dos países subdesenvolvidos, tenham como meta
proporcionar e evidenciar o crescimento e não em contribuir na expansão de formas mais
sustentáveis de desenvolvimento, por ser mais simples expressar resultados em níveis e
números por serem mais facilmente compreendidos e verificáveis do que apresentar
padrões de qualidade, que dependerá da mensuração de percepções e avaliações, como é o
caso do desenvolvimento, que sendo um processo de superação de problemas sociais, em
cujo âmbito uma sociedade se torna mais justa e legítima. Também é mais difícil de se
mensurar, por envolver todas os elementos e dimensões que uma sociedade necessita.
A concepção de desenvolvimento como crescimento puramente econômico, quando
posta em prática, gera danos sociais e ambientais, aumentando o sofrimento humano,
representado pela pobreza, fome, miséria, doenças, desemprego e exploração excessiva dos
recursos naturais.
28
Ainda segundo Sachs (1993), o crescimento, baseado em uma economia de livre
mercado, encoraja o círculo vicioso da pobreza e da degradação ambiental. O objetivo do
crescimento não é, como se tem pensado a décadas, externalizar livremente seus custos
sociais e ambientais e ampliar a desigualdade econômica e social entre as nações e dentro
delas. É apenas uma das dimensões que impulsiona o desenvolvimento. Não se trata de
anular ou invalidar o crescimento econômico no processo de desenvolvimento, mas de
fomentar um desenvolvimento com formas, conteúdos e usos sociais completamente
transformados, atendendo as necessidades das pessoas, melhorando a qualidade de vida e
não o nível de vida (crescimento exclusivo), privilegiando o “ser” sobre o “ter”, buscando
uma distribuição mais justa da renda, a conservação dos recursos e enfatizando técnicas
limpas de produção. Ou seja, respeitando as limitações impostas pelos recursos ambientais,
buscando qualidade e não exclusivamente expansão física.
Os graves problemas sócio-ambientais, emergentes nas últimas décadas, fizeram
emergir a preocupação em rever os caminhos da sociedade, derivado da constatação que o
desenvolvimento em curso, alicerçado na estreita visão do crescimento econômico a
qualquer custo tem levado a um caminho de autodestruição.
Embora haja polêmica quanto ao grau da gravidade da crise ambiental - degradação
humana, devastação ecológica e desmantelamento do patrimônio cultural, existe um
consenso que o atual estilo de desenvolvimento é insustentável para promover o bem estar
da grande maioria da população mundial. Segundo Sampaio (2002), os elementos
implícitos na crise e ou ameaça são o crescimento da população em situação de miséria; a
concentração da renda e da riqueza; a insegurança alimentar; a deterioração de parcelas da
biosfera; a fragilidade e inadequação das instituições; a perda da memória cultural; o
crescimento da violência.
Com maior ou menor intensidade, esses elementos são constatáveis em
praticamente todos os povos. No entanto, se identificam em vários países, iniciativas para a
superação dessas situações, ainda que aleatórias e não sistematizadas, mas que buscam a
redução das vulnerabilidades dos eixos dinâmicos da sociedade.
O termo “sustentabilidade”, segundo Rodriguez (1997), pode ser definido como um
atributo de uma entidade espaço-temporal, em que se incorpora a relação sociedade-
natureza. Implica na coexistência harmônica do homem com seu meio mediante o
equilíbrio de sistemas devendo abranger algumas categorias, que segundo Magalhães
(2002), podem ser dividas em três: a sustentabilidade do meio, onde a manutenção dos
processos ecológicos essenciais, bem como a diversidade de recursos biológicos; as
29
sustentabilidades social e cultural, proporcionando o controle das pessoas sobre suas vidas,
sendo compatível com a cultura e os valores morais do povo, fortalecendo a identidade da
comunidade; e a sustentabilidade econômica, assegurando o desenvolvimento econômico
eficaz, em que os recursos serão geridos de modo a suportar as gerações futuras. De modo
que esses possam se regenerar no mesmo ritmo em que são utilizados.
Baroni (1992), complementa ao falar dos princípios da sustentabilidade, que dão
enfoque ao crescimento renovável. Mudança de qualidade do crescimento; satisfação das
necessidades essenciais de alimentação, energia, água, saneamento básico e emprego.
Garantia de um nível sustentável de população; conservação e proteção da base de
recursos. Reorientação da tecnologia e gestão de risco; reorientação das relações
econômicas.
A proposta de desenvolvimento sustentável, apesar de recente, combina eficiência
econômica, justiça social e prudência ecológica. Apresenta uma alternativa às teorias e aos
modelos tradicionais de desenvolvimento, invocando a dedicação das organizações locais,
regionais, nacionais e internacionais, na promoção de abordagens ambientalistas para o
desenvolvimento.
Voltando ao termo desenvolvimento sustentável, Sachs (1993), orienta que esse
termo originou-se da expressão “ecodesenvolvimento” que, desde os anos 70, vem sendo
explorado para caracterizar uma concepção alternativa de desenvolvimento. Defini-se
como um processo criativo de transformação do meio, com a ajuda de técnicas
ecologicamente prudentes, concebidas em função das potencialidades deste meio, as quais
impedem o desperdício inconsiderado dos recursos, cuidam para que estes sejam
empregados na satisfação das necessidades de todos os membros da sociedade, dada a
diversidade dos meios naturais e contextos culturais.
Assim, promover o ecodesenvolvimento é, essencialmente, ajudar as populações
envolvidas a se organizarem e se educarem, para que repensem seus problemas,
identifiquem suas necessidades e os recursos potenciais para conceber e realizar um futuro
digno, conforme os postulados de justiça social e prudência ecológica, promovendo suas
autonomias de forma a superar as dependências culturais a referências externas. Ou seja,
um estilo de desenvolvimento em que cada região adote soluções específicas para seus
problemas particulares, levando em conta os dados ecológicos, da mesma forma que os
culturais, as necessidades imediatas, como também aquelas a longo prazo (SACHS, 1993).
O desenvolvimento sustentável é definido, pelo Relatório de Brundtlan (CMMAD,
1988), como aquele que atende as necessidades do presente, sem comprometer a
30
possibilidade das gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades. Sendo ainda,
necessário que todos tenham suas necessidades básicas atendidas e lhes sejam
proporcionadas oportunidades de concretizar suas aspirações a uma vida melhor.
Lemos (1999), complementa ao afirmar que o desenvolvimento sustentável é um
processo de decisão, baseada num consenso, no qual o impacto das atividades econômicas,
o meio ambiente e a saúde da sociedade estão integrados e equilibrados, sem comprometer
a capacidade de as gerações presentes e futuras satisfazerem suas necessidades, de modo
que, a economia, o meio ambiente e a saúde da sociedade, possam ser sustentadas no
futuro.
Sachs (1993), afirma também, que o desenvolvimento sustentável deve privilegiar
formas de intervenção que favoreçam: a) a erradicação da pobreza, na medida que a
miséria constitui, simultaneamente, causa e expressão de muitos dos problemas ambientais;
b) os impactos positivos e permanentes sobre as condições de vida da população em geral;
c) a utilização dos estoques de recursos renováveis, de modo a não inviabilizar a sua
reprodução, e o uso racional dos recursos não renováveis, de forma a impedir o seu
esgotamento; d) a minimização do desperdício de recursos e a otimização das limitadas
capacidades de destinação final de rejeitos, por meio de processos de reciclagem e a
concepção de designs que considerem o destino final dos produtos e material de descarte
como parte do ciclo vital do bem ou serviço produzido; e) a descentralização e o
fortalecimento dos poderes locais, para que se ampliem os mecanismos de controle social
sobre as políticas públicas e, a democratização das decisões quanto aos objetivos a serem
perseguidos e ao uso dos recursos disponíveis.
O desenvolvimento sustentável, segundo Jara (1994), não trata, portanto, de
favorecer o simples uso de tecnologias ditas limpas, nem tampouco preservar partes
remanescentes dos ecossistemas naturais, como se tratasse de construir um museu de
história natural. O que se busca é um modelo alternativo de desenvolvimento que implique
novas concepções de estilo de vida, seja no sentindo de elevá-lo ou contê-lo, conforme o
contexto com que se lide.
Um modelo descentralizado de gestão pública, certamente, é um dos grandes
desafios a ser enfrentado para se promover o desenvolvimento sustentável. Esse tipo de
gestão inclui o fortalecimento da democracia representativa e participativa. É comum
verificar como a centralização do processo decisório apagou a participação popular e
consolidou o distanciamento dos governantes, negando às comunidades a oportunidade
para expressar seus interesses. É preciso mudar as práticas autoritárias, verticais e
31
burocráticas, próprias da administração pública tradicional. Estas contribuem para a
ineficiência, promovem o paternalismo e apagam as reivindicações das populações
afetadas pela pobreza (JARA, 1994).
Assim, o desenvolvimento sustentável:
“deve ser visto, portanto, como um processo amplo e
abrangente de mudança social e elevação das escolhas e das
oportunidades da sociedade, de modo a compatibilizar no
tempo o crescimento econômico, a eqüidade social e a
conservação do meio ambiente. Encerra, de imediato, a
necessidade de uma abordagem multidisciplinar e integradora
das diversas dimensões da realidade, como a ambiental, a
científico e tecnológica, a econômica, a sociocultural, e a
político-institucional. A concretização desta abordagem
demanda, por outro lado, o fortalecimento da cidadania e a
democratização das instituições e da sociedade.”
(GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE,
2000 p. 15)
2.1.5 Turismo Sustentável
Nesse contexto de problemas sócio-ambientais, vivenciam-se contemporaneamente
crises econômicas, sociais, políticas, culturais e ambientais em ritmos e proporções
distintas, nas diversas regiões do mundo. Cada povo, agrupamento social de pessoas, as
experimenta de maneira e intensidade diferentes.
A atividade turística tem trilhado esse mesmo caminho. Afinal, foi criada da forma
que se conhece hoje: pelo modelo capitalista de produção, que visa o lucro fácil, não
importando os efeitos que cause.
Nos países desenvolvidos essa realidade já vem sendo combatida, mas nos países
que se dizem em desenvolvimento, tem sido um fator com ações empíricas e aleatórias,
pelo próprio interesse dos países do dito Primeiro Mundo. Mesmo sendo uma afirmação
muito dura, se justifica pela posição de disponibilidade que os países periféricos têm em
relação aos países mais adiantados, remetendo-os aos problemas apresentados pelas
atividades econômicas tradicionais, estando sujeitos à vontade dominante e à disposição
deles para satisfazer suas necessidades de lazer e divertimento, entre outras. Ou seja, a
necessidade desses grandes poderes precisarem da matéria-prima dos menos favorecidos,
pelos menores custos, principalmente da mão-de-obra e a falta de preparo das populações
locais, que subjugadas ao segundo plano do mundo do trabalho, não conseguem se
desenvolver.
32
Segundo Ouriques (2005), salienta-se que o progresso esperado pela atividade
turística, não deve se espelhar em modelos importados ou em modelos de dependência
econômica dos países desenvolvidos. Na maioria das vezes eles se reproduzem à custa da
exploração ambiental predatória e do sacrifício das populações que residem nos núcleos
turísticos. Principalmente, porque essas populações não têm nem o sico para sua
sobrevivência, quanto mais um nível educacional suficiente para compreender o risco da
situação.
É nesse contexto, segundo Ruschmann (2001), que surge uma forma de
desenvolvimento que se preocupa com todas essas questões. Que não pode ser a salvadora,
mas possui o intuito de diminuir os possíveis impactos negativos acentuados pela
implantação de um turismo sem planejamento, que provém dos princípios e categorias do
desenvolvimento sustentável, que voltados às práticas da atividade turística, o que se
pode chamar de turismo sustentável.
É importante frisar que muitos autores, como Magalhães (2002), tratam o termo
“Turismo Sustentável” apenas como uma modalidade de turismo - significando Turismo
Ecológico (Ecoturismo), Turismo Alternativo mas muitos outros autores, como
Ruschmann (2001), Mendonça et al(2000), para citar alguns, o analisa como uma
alternativa para um desenvolvimento sustentável, que busca a justiça social, econômica e
ambiental. É nessa segunda perspectiva que o turismo sustentável deve ser enfocado.
Entretanto, segundo Magalhães (2002), o entendimento do desenvolvimento
sustentável está sendo reinterpretado como uma estratégia de defesa de expansão do
mercado e do lucro, sem levar em consideração as gerações futuras, mas o imediatismo das
regras de mercado. Ele deveria significar mudanças essenciais na estrutura capitalista de
produção e consumo, possibilitar mudança comportamental e resgatar os interesses sociais
da coletividade. Mas, ao contrário, tem sido difundido não deixando clara sua significação
dentro do quadro capitalista, levando a pensar-se ser ele uma “ideologia legitimadora da
insustentabilidade desse regime” (STAHEL, 1995 apud MAGALHÃES, 2002).
Entretanto, segundo Swarbrooke (2000b), com o passar dos tempos, começa a se
vislumbrar uma tendência de mudança a longo prazo, pois reverter esse comportamento é
condição para a manutenção e reprodução da atividade turística por parte da própria classe
capitalista, baseando-se no ocorrido em países desenvolvidos nas fases em que o turismo
foi considerado altamente poluidor e degradador do meio ambiente, em uma época em que
as populações e o ambiente físico foram extremamente prejudicados.
33
Para que ocorra realmente o desenvolvimento do Turismo Sustentável, segundo
Swarbrooke (2000a), se faz necessário satisfazer as necessidades econômicas, sociais e
estéticas mantendo, simultaneamente, a integridade cultural e ecológica, envolvendo a
tomada de medidas políticas vigorosas baseadas em trocas complexas a nível social,
econômico e ambiental. Requer uma visão que abranja um maior tempo e espaço do que
aquele que é tradicionalmente usado ao planejar e tomar decisões relacionadas à
comunidade.
Para que aconteçam as virtudes alardeadas sobre os efeitos multiplicadores do
turismo e do turismo sustentável, que se referem à melhoria da qualidade de vida da
população, à distribuição eqüitativa de renda, a dinamização da economia local e a
conservação do meio ambiente, Coriolano (2007), expõe que o necessárias mudanças de
atitude por parte dos governos, da iniciativa privada e da população local. Não adianta
implementar o desenvolvimento sustentável da atividade turística, sem antes promover um
movimento de conscientização turística nas regiões abrangidas, deixando claro seus
benefícios, seus prejuízos e a importância da participação comunitária.
Essa é uma realidade ainda pouco distante no Brasil, pois os entraves para que a
comunidade local participe desses projetos são gigantes. A começar pela falta de preparo e
desmotivação, mesmo porque suas necessidades básicas não estão solucionadas,
principalmente a falta de educação básica, que acarreta a maioria dos outros problemas,
como por exemplo: a falta de estímulo e orientação para participar das decisões, o que é
imprescindível para que a comunidade se beneficie; a falta de regulamentações
compatíveis com a realidade local; a falta de capacitação para engajá-los nas novas
atividades; além da comunidade ser marginalizada pela iniciativa privada.
Assim, o desenvolvimento do turismo sustentável, segundo o GLOBE’90 (1990),
deve considerar a gestão de todos os ambientes, os recursos e as comunidades receptoras,
de modo a atender às necessidades econômicas, sociais, vivenciais e estéticas, enquanto a
integridade cultural, os processos ecológicos essenciais e a diversidade biológica dos meios
humano e ambiental são mantidos através dos tempos.
O planejamento do turismo sustentável surge, assim, como uma forma de evitar a
ocorrência de danos irreversíveis nos meios turísticos, para minimizar os custos sociais que
afetam os moradores das localidades e para otimizar os benefícios do desenvolvimento
turístico.
Para que isso se torne realidade, o turismo sustentável possui objetivos e princípios
norteadores, que, se seguidos podem alterar as situações problemáticas vigentes.
34
Como objetivos estão o desenvolvimento, a maior conscientização e
estabelecimento sobre a significativa contribuição que o turismo pode dar ao meio
ambiente e à economia; promover a justiça através do desenvolvimento; melhorar a
qualidade de vida da população receptora; e proporcionar aumento da qualidade do meio
ambiente do qual os objetivos anteriores são dependentes.
O Conselho Brasileiro de Turismo Sustentável (CBTS, 2002) continua ao afirmar
que o turismo deve buscar mecanismos e realizar ações que promovam a eqüidade
socioeconômica, a defesa dos direitos humanos, o uso da terra e a qualidade ambiental,
contribuindo para a geração de emprego e renda, fomentando e qualificando a capacidade
local para o desenvolvimento turístico.
É importante frisar que o desenvolvimento do turismo com bases sustentáveis deve
voltar-se para harmonizar as necessidades de quatro componentes: a comunidade
receptora, os visitantes, o meio ambiente e a própria atividade. O que a Organização
Mundial de Turismo – OMT confirma ao explicar:
“O desenvolvimento do turismo sustentável atende às
necessidades dos turistas de hoje e das regiões receptoras,
ao mesmo tempo em que protege e amplia as oportunidades
para o turismo. É visto como um conduto ao gerenciamento
de todos os recursos, de tal forma que as necessidades
econômicas, sociais e estéticas possam ser satisfeitas sem
desprezar a manutenção da integridade cultural, dos
processos ecológicos essenciais, da diversidade biológica e
dos sistemas que garantem vida.” (OMT, 2003, p. 24)
Segundo a OMT, pode-se considerar como princípios do turismo sustentável:
O planejamento, o desenvolvimento e operação do turismo devem ser parte de
estratégias de conservação ou e desenvolvimento para uma região, estado ou nação.
Devem ser também inter-setorial e integrado, envolvendo várias organizações
governamentais, empresas privadas, grupos de cidadãos e indivíduos, permitindo
deste modo obter o maior número possível de benefícios, pois:
“O turismo sustentável não pode funcionar unicamente na
base da imposição da administração publica; é preciso,
também, que o setor público privado aceite este conceito e
coopere em sua execução, assim como as comunidades
locais e os turistas devem prestar a sua colaboração ao
processo.” (OMT, 2003, p. 22)
35
As organizações, empresas, grupos e indivíduos devem seguir princípios éticos, que
respeitam a cultura e o ambiente da área anfitriã, o modo de vida a nível econômico
e tradicional, a comunidade e o comportamento tradicional, os padrões de liderança
e política;
O turismo deve ser planejado e gerido de uma forma sustentável, tendo em conta a
proteção e utilização econômica adequada do ambiente natural e humano das áreas
anfitriãs;
O turismo deve ser levado a cabo com eqüidade, tendo em vista a justa distribuição
dos benefícios e custos pelos promotores de turismo e pelas áreas anfitriãs;
No interesse individual e coletivo, devem estar disponíveis, antes e durante o
processo de desenvolvimento, informações detalhadas, pesquisas e comunicados
sobre a natureza do turismo e os seus efeitos sobre o ambiente humano cultural,
particularmente paras as pessoas, de modo a que possam participar e exercer a
maior influência possível sobre o desenvolvimento e seus efeitos. É necessário
incentivar a população local no sentido de assumirem cargos de liderança no
planejamento e desenvolvimento, com a ajuda do governo, empresas, instituições
financeiras e outros;
Antes de dar início a qualquer projeto principal, devem ser efetuadas análises de
planejamento econômico, social e ambiental, dando uma especial atenção a
diversos tipos de desenvolvimento do turismo e as formas como estas se podem
relacionar com práticas atuais, formas de vida e questões ambientais;
Durante todas as fases de desenvolvimento e operação do turismo, deve ser levado
a sério um programa de avaliação, supervisão e medição cuidadoso, de modo a
permitir a população local tirar partido das oportunidades ou adaptar-se às
alterações.
Deve-se ainda atentar que a participação social deve ser orientada pelos três eixos
do desenvolvimento do turismo sustentável, a preservação ambiental, a equidade social e o
crescimento econômico, pelo estabelecimento de mecanismos que a promovam, pois,
como diz Dias (2003) não desenvolvimento turístico sustentável sem a integração da
comunidade local em todas as fases do processo.
Portanto, se bem planejado dentro dos princípios da sustentabilidade, levando em
consideração, como diz Jacobs (1997 apud MAZARO, 2005), que não é uma meta a ser
36
alcançada da noite para o dia, mas sim um processo de troca que deve iniciar-se com a
modificação do desenvolvimento atual, sendo uma etapa de transição onde todos os
esforços orientados à investigação, planejamento e implantação sejam uma proposta de ir
se alcançando aos poucos o caminho correto. Assim, o turismo poderia possibilitar
impactos positivos e ser um catalisador para a restauração, conservação e revitalização de
paisagens naturais e culturais, podendo reforçar a cultura local, e, por fim, contribuir para a
geração de emprego e renda das comunidades receptoras.
2.2 Indicadores Sócio-Ambientais no Turismo
O confronto entre as atividades econômicas e a utilização racional dos recursos
naturais remete a um estado de alerta quanto ao processo contínuo de destruição dos bens
ambientais.
O desenvolvimento econômico, segundo Souza (1997), ao intensificar o processo
de retirada dos bens naturais, compromete não só a qualidade ambiental. Danifica também
o próprio desenvolvimento pela reposição ao meio ambiente dos resquícios advindos da
utilização não sustentável, os quais geram inúmeros custos sociais. Custos estes que
precisam ser urgentemente contidos.
A crise ambiental, ao assumir proporções globais, revela uma crescente
preocupação acerca dos danos causados ao meio ambiente. É papel dos seres humanos,
requerer uma abordagem direcionada na dimensão da sustentabilidade.
Para assegurar a sustentabilidade ambiental, é necessário manter a capacidade
produtiva, bem como a oferta de serviços ambientais dos ambientes naturais a fim de que
não haja transformações nas características biofísicas, evitando assim, uma degradação que
supere a possibilidade de conduzir a um novo patamar de equilíbrio.
Nos centros urbanos, essa realidade se agrava à medida que a concentração
populacional, como afirma Bezerra e Fernandes (2000), tende a crescer, que em 1975 a
população urbana mundial representava 37,73% do total, podendo chegar ou até
ultrapassar o percentual de 61% no ano de 2025. Na América Latina, o percentual que
era de 61,32% em 1975, deverá ultrapassar os 84% até o ano de 2020.
O resultado deste cenário, é as cidades têm-se apresentado como o palco de
inúmeros contrastes. Embora sejam, inegavelmente, o cerne do progresso e do
desenvolvimento em todas as áreas, possibilitando a proximidade às oportunidades de
geração de renda, o acesso à cultura, ao lazer, aos serviços e à vida social diversificada,
37
geram também inúmeros problemas. A grande concentração de massas edificadas e as altas
densidades causam sérios impactos na estabilidade do meio ambiente. Produzem espaços
desqualificados e insalubres, propiciam exclusão e marginalidade e impõem um ritmo de
vida, à maioria dos seus ocupantes, incompatível com os conceitos estabelecidos como
qualidade de vida.
Dentro dessa complexidade, encontra-se a atividade turística, ao se relacionar com
o meio ambiente, principalmente por ser um dos mais importantes vetores de ocupação do
território e do litoral brasileiro, onde se concentra.
Como diz Moraes (1999), a atividade turística manifesta-se associada a vários
processos. Ora estruturada como um setor dentro da estruturação urbana de uma cidade
litorânea. Ora articulada a espaços de segundas residências, geralmente de alto padrão e
que mobiliza proprietários de terras, incorporadores, corretores e a indústria da construção
civil. E ainda como indutora da ocupação de novas áreas.
Nesse sentido, a ocupação desordenada pela expansão dos loteamentos, a
implantação de grandes empreendimentos hoteleiros, o grande número de visitantes
principalmente nos meses de verão, etc., expõem a necessidade de medidas específicas de
planejamento e controle ao indicar a situação de potencial risco a que o meio ambiente está
sujeito.
É nesse contexto de complexidade, que se faz necessário o estabelecimento de
indicadores de medição acessíveis a todos os interessados na construção do espaço, no caso
deste estudo, o turístico, viabilizando a gestão compartilhada, a definição prévia de
responsabilidades, a avaliação, a criação de cenários que projetem os resultados das
diversas alternativas disponíveis, destacando-se assim os mecanismos factíveis a um
processo de gestão ambiental sustentável.
2.2.1 Indicadores: considerações gerais e definições
muito tempo estabeleceu-se a prática de avaliar o bem-estar de uma população
e, conseqüentemente, de classificar os países ou regiões pelo tamanho de seu PIB per
capita. Entretanto, o progresso humano e a evolução das condições de vida das pessoas não
podem ser medidos apenas por sua dimensão econômica.
Por isso, existe uma busca constante por medidas sócio-econômicas mais
abrangentes, que incluam também outras dimensões fundamentais da vida e da condição
humana.
38
A medição é parte inerente na gestão de qualquer processo e é igualmente
importante no caso da implantação de programas de desenvolvimento. Gilbert e Feenstra
(1999), apontam que os indicadores são essenciais para tornar visíveis características e/ou
programas da cidade que não são claramente compreendidos e avaliar a extensão dos
problemas considerados. Para sua efetiva utilização os indicadores devem possuir
características representativas e científicas; ser quantificáveis, simples e de fácil
interpretação e divulgação. Apresentar tendências ao longo do tempo e indicar com
antecedência o surgimento das irreversíveis. Ser sensíveis a mudanças no ambiente ou na
economia. Ser referente a dados existentes ou coletados a custos razoáveis e possibilitar
atualizações a intervalos regulares de tempo. Ser baseados em dados confiáveis e possuir
um parâmetro com que possam ser comparados.
Por isso, é importante, em primeiro lugar, para entender o que é e para que serve
um indicador, destacar que ele é um instrumento, não podendo ser confundido com o
resultado de um processo. Deve estar inserido numa estratégia de avaliação.
O termo indicador é originário do latim indicare, que significa descobrir, apontar,
anunciar, estimar.
Para vários autores, como Camino e Muller (1993); Clain (1997); Carvalho (1993);
Sanchez e Palomino (1988), este processo tem início com a realização de uma
caracterização geral do espaço que será analisado, de acordo com a escala geográfica
considerada. Esta ação deve ser precedida da identificação dos aspectos que têm relevância
para o problema em questão. A partir destes aspectos, são estabelecidas as ferramentas de
avaliação das condições desses elementos: os indicadores.
Nas ciências ambientais, segundo Bittencourt (2006), indicador significa um
organismo, uma comunidade biológica ou outro parâmetro (físico, químico, social) que
serve como medida das condições de um fator ambiental, ou um ecossistema.
Já os indicadores sociais, segundo Villamonte (2001), é uma medida em geral
dotada de significado social substantivo, usado para substituir, quantificar ou
operacionalizar um conceito social abstrato, de interesse teórico (para pesquisa acadêmica)
ou programático (para formulação de políticas públicas). É um recurso metodológico,
empiricamente referido, que informa algo sobre um aspecto da realidade social ou sobre
mudanças que estão se processando na mesma.
De uma forma ou de outra, um indicador é, de acordo com Mitchell (1997), uma
ferramenta que permite a obtenção de informações sobre uma dada realidade, devendo ter
como principal característica, a capacidade de sintetizar um conjunto complexo de
39
informações, retendo apenas o significado essencial dos aspectos analisados. Em função
disso, pode ser definido como uma resposta sintomática às atividades exercidas pelo ser
humano dentro de um determinado sistema (DPIE, 1995). Hammond et al.(1995) alertam
que o significado de um indicador depende da interpretação que a ele é dada.
Falando em interpretação, Machado (1987), Bouni (1996) e Hansen (1996),
afirmam que o processo de interpretação de indicadores deve ser revestido de muito
cuidado, pois pode ser influenciado por fatores subjetivos inerentes ao observador. Em
função disso, é necessário definir escalas de referências que balizarão a leitura das
informações.
Por escala entende-se o limite do sistema que será analisado, ou seja, as escalas do
macro ao micro, nacional, regional, municipal, da unidade de produção e dos sistemas
produtivos (BOUNI, 1996).
Assim, a complexidade de qualquer território a ser estudado torna mais delicada e
difícil a tarefa de definir indicadores. A necessidade de obter informações sobre a dinâmica
social, política, econômica e ambiental não pode ser feita de maneira isolada para cada
aspecto. É preciso identificar as relações inter-dimensionais e os reflexos resultantes das
interações que ocorrem a partir disso. Para Hatchuel e Poquet (1992); Kline (1994) e
Heeney (1995), a interpretação monodisciplinar não é suficiente para oferecer respostas
completas nestes casos.
Para Hammond et al. (1995), e Freyenberg et al. (1997), os dados convencionais
não capturam aspectos-chave para qualquer desenvolvimento, principalmente se for com
base nas premissas sustentáveis, impondo, assim, a construção de indicadores baseados em
novos conceitos e que devem ser interpretados a partir de uma lógica diferente da
tradicional.
Por isso que Campanella (1995) e Brown Jr. (1987), afirmam que os indicadores
são medidas da condição dos processos, da reação ou do comportamento, que podem
fornecer confiável resumo de sistemas complexos, permitindo evidenciar modificações que
ocorrem em uma dada realidade, principalmente aquelas mudanças determinadas pela ação
antrópica.
Para Benbrook e Groth III (1996), um indicador é apenas uma medida, não um
instrumento de previsão ou uma medida estatística definitiva, nem evidência da
causalidade, apenas constatando uma dada situação. As possíveis causas e conseqüências
ou previsões que podem ser feitas são um exercício de abstração do observador, elaborados
a partir de sua própria experiência.
40
Segundo a Organization for Economic Cooperation and Development - OECD, um
indicador deve ser entendido como um parâmetro, ou valor derivado de parâmetros que
apontam e fornecem informações sobre o estado de um fenômeno, com uma extensão
significativa (OECD, 1993a).
Para Sato (2005), "os indicadores são instrumentos que permitem simplificar,
quantificar e analisar informações técnicas para transmiti-las aos mais diversos grupos de
usuários".
Um indicador, segundo Abbot e Guijt (1999), é algo que auxilia a transmitir um
conjunto de informações sobre complexos processos, eventos ou tendências.
De acordo com Bellen (2002):
“Os indicadores podem comunicar ou informar acerca do
progresso em direção a uma determinada meta, como, por
exemplo, o desenvolvimento sustentável, mas também
podem ser entendidos como um recurso que deixa mais
perceptível uma tendência ou fenômeno que não seja
imediatamente detectável.” (BELLEN, 2002 p. 28)
Mesmo com todas essas virtudes, existem dificuldades no trabalho com
indicadores, pois como se faz necessário informações precisas sobre o espaço que se irá
trabalhar, principalmente nos países menos desenvolvidos, segundo Scatolin (1989),
ausência dessas bases de informações e a dificuldade de acesso aos dados disponíveis
sobre a realidade a ser estudada.
Devido a essas dificuldades, o estabelecimento de indicadores, assim como a
estruturação do conjunto de indicadores, variam em função da metodologia usada, do
público alvo, da disponibilidade de dados e do uso pretendido. Para Marzall e Almeida
(1999), um único conjunto, determinado, de indicadores, não pode fornecer informações
para todas as realidades, em função da relatividade espacial, isto é, das características de
cada conjuntura analisada.
As características que determinam a exatidão, dependem do tipo de informação. Por
exemplo, a exatidão de informações qualitativas: (beleza de cenário, qualidade do ar,
riqueza, pobreza, odores, conforto térmico, etc.) depende da clareza, detalhamento e
equilíbrio de sua apresentação. Sofrem uma grande influência da percepção dos indivíduos,
baseando-se na forma como as pessoas percebem a sua realidade. A exatidão de
informações quantitativas: (aspectos físicos, químicos, biológicos, de saúde, etc.), por
outro lado, pode depender dos métodos de amostragem usados na coleta de dados oriundos
41
de várias unidades de operação. “O nível de exatidão necessário dependerá em parte do uso
que se pretende fazer da informação. Certas decisões exigirão um nível mais alto de
exatidão do que outras” (INSTITUTO ETHOS, 2002, p.26).
Verificando essa imensa gama de interpretações e dificuldades é importante alertar,
como Eswaran et al. (1994), para a diversidade de termos e sentidos surgidos na literatura
que se referem ao tema. Numa breve revisão citam como exemplos, em inglês: indicators,
vital signs, data, standards, targets, thresholds, endpoints etc. Em português: elementos,
descritor, indicador, parâmetro, variável, padrão etc.
Por isso é necessário entender, como comenta Eswaran et al. (1994), o sentido
desses termos de acordo com as seguintes ilustrações:
1. Como elementos, podem-se considerar os recursos naturais (água, solo, fauna,
vegetação, recursos culturais, etc.);
2. Os descritores seriam aspectos relevantes desses elementos (qualidade da água,
matéria orgânica do solo, renda da população, etc.);
3. Os indicadores, por sua vez, seriam medidas relevantes para esses descritores
(concentração de nitrogênio (N) e fósforo (P) na água, teor de carbono (C) no solo,
média de salários, etc.). Dito de outra maneira, são parâmetros selecionados e
considerados isoladamente ou combinados entre si, sendo de especial pertinência
para refletir determinadas condições dos sistemas em análise (normalmente o
utilizados com pré-tratamento. Isto é, são efetuados tratamentos aos dados
originais, tais como médias aritméticas simples, percentuais, medianas, entre
outros);
4. Padrão pode ser entendido como o conjunto de medidas que estabelecem
restrições, determinadas pela resistência do sistema, ao processo de
desenvolvimento;
5. Parâmetro corresponde a uma grandeza que pode ser medida com precisão ou
avaliada qualitativamente/quantitativamente, e que se considera relevante para a
avaliação dos sistemas ambientais, econômicos, sociais e institucionais; como os
aspectos estruturadores do conjunto da vida social e da natureza (rendimento por
pessoa, estoque do capital natural, capacidade de regeneração do estoque natural,
etc.).
42
Assim, segundo McQueen e Noak (1988), indicador pode ser considerado como
uma medida que resume informações relevantes de um fenômeno particular ou um
substituto desta medida.
2.2.2 Indicadores: objetivos, características e tipologia
De acordo com Fernandes (2004), a tarefa básica de um indicador é:
“Expressar, da forma mais simples possível, uma
determinada situação que se deseja avaliar. O resultado de
um indicador é uma fotografia de dado momento, e
demonstra, sob uma base de medida, aquilo que está sendo
feito, ou o que se projeta para ser feito.” (FERNANDES,
2004 p. 3)
Ao se observar todas as considerações até este dado momento, verifica-se que a
relação indicadores e sustentabilidade se torna válida, pois em todos os momentos vê-se a
inter-relação entre eles.
Confirmando essa prerrogativa, segundo Braga et al (2004), está o trabalho
desenvolvido pela Comissão para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas
(CDS/ONU), que ao discorrer sobre o assunto, aponta quatro categorias de aspectos que
contribuem fundamentalmente para o desenvolvimento sustentável: 1) os aspectos
institucionais, que compreendem a estrutura e o funcionamento das instituições, aqui
entendidas no seu sentido lato e englobando, quer as instituições clássicas, de índole mais
ou menos estatal, quer as organizações não governamentais (ONG) e as empresas; 2) os
aspectos econômicos, nas suas diferentes escalas (micro, macro); 3) os aspectos sociais e
4) os aspectos ambientais. Da integração e ponderação destes aspectos devem resultar
indicadores de desenvolvimento sustentável na total abrangência do conceito.
Assim, a construção de indicadores para se alcançar a sustentabilidade é um
processo complexo, pois deve refletir de uma maneira abrangente a interação da sociedade
com o meio ambiente e os diversos fatores envolvidos. Para construir tais indicadores
necessita-se obter uma sólida base de informações que correlacione fatores
socioeconômicos e ambientais e que seja capaz de mensurar os passos rumo ao
desenvolvimento sustentável. Ademais, deve haver capacitação e envolvimento da
sociedade local na discussão e planejamento do seu futuro como região (RIBEIRO, 2005).
43
Todavia, para Braga et al. (2004), apesar da sustentabilidade ter se tornado
referência nos mais diversos círculos de discussão, ainda é um conceito em permanente
construção, conforme suas pesquisas:
“O conceito de sustentabilidade, ou desenvolvimento
sustentável, embora utilizado de forma ampla nas décadas a
ponto de se tornar referência obrigatória em debates
acadêmicos, políticos e culturais, está longe de possuir
significado consensual. É, antes, um conceito em
permanente construção e reconstrução, um campo de
batalha simbólico e uma poderosa ferramenta de marketing
que uma referência consolidada de padrões de relação entre
conservação ambiental e crescimento econômico.”
(BRAGA et al, 2004 p. 12)
Com isso, a utilização de indicadores para avaliar a dinâmica de um sistema
complexo (ambiente, organização, território etc) deve levar em conta seus objetivos
essenciais, suas características e sua tipologia, para os quais o mesmo foi concebido. A
priori, para muitos autores como FAO e ITTO (2004), McCann (1995), Clain (1997),
Brown Jr. (1987), Hatchuel e Poquet (1992), Blaudine apud Tank-Torniselo (1997),
Carvalho (1993), Fuentes Llanillo et al. (1993), Hammond et al. (1992), Kline (1994),
Scatolin (1989), DPIE (1995), Turnes (2004), um indicador pode ter como objetivos:
a) Definir ou monitorar a sustentabilidade de uma realidade;
b) Facilitar o processo de tomada de decisão;
c) Evidenciar em tempo hábil modificação significativa em um dado sistema;
d) Caracterizar uma realidade, permitindo a regulação de sistemas integrados;
e) Estabelecer restrições em função da determinação de padrões;
f) Detectar os limites entre o colapso e a capacidade de manutenção de um sistema;
g) Tornar perceptíveis tendências;
h) Sistematizar as informações, simplificando a interpretação de fenômenos complexos;
i) Ajudar a identificar tendências e ações relevantes, bem como avaliar o progresso em
direção a um objetivo;
j) Prever o status do sistema, alertando para possíveis condições de risco;
k) Detectar distúrbios que exijam o replanejamento;
l) Medir o progresso em direção à sustentabilidade.
É importante atentar, também, para as características, pois um indicador pode ser
avaliado a partir do seu significado, sua aplicabilidade e sua interpretação.
44
a) Quanto ao seu significado, deve (CAMINO e MÜLLER, 1993; HAMMOND et al.,
1995; HATCHUEL e POQUET, 1992; MITCHELL, 1997):
Ser significativo em relação à sustentabilidade do sistema;
Ser relevante politicamente;
Revelar tradução fiel e sintética da preocupação.
b) Quanto à sua aplicabilidade, deve (CAMINO e MÜLLER, 1993; SWINDALE, 1994;
MITCHELL, 1997; LIGTHFOOT, 1994; IISD, 2003; ESWARAN et al., 1994;
HATCHUEL e POQUET, 1992):
Permitir repetir as medições no tempo;
Prever a interação no tempo e no espaço de diferentes elementos da população,
considerando aspectos históricos e condições atuais de diferentes comunidades;
Permitir um enfoque integrado relacionando-se com outros indicadores, e
analisando-se essas relações;
Ter mensurabilidade (tempo e custo necessário, e viabilidade para efetuar a
medida);
Ser replicável e verificável;
c) Quanto à sua interpretação, deve (DPIE, 1995; HAMMOND et al., 1995; IISD, 2003;
MITCHELL, 1997):
Ter claros princípios de base, assim como clara visão dos objetivos que se quer
alcançar;
Ser de fácil interpretação pelo seu usuário;
Ter uma metodologia de medida bem determinada e transparente;
Ser elaborado através da participação ampla, representativa de todos os usuários;
Possuir responsáveis pelo processo de tomada de decisão, pela coleta de dados e
pelo processo de avaliação.
os tipos de indicadores podem ser classificados a partir de suas características e
vários autores os tipificam de formas diferentes.
Hatchuel e Poquet (1992), trabalham com tipos diferenciados. Os autores definem
como indicadores de resultados aqueles que relatam a situação de uma determinada
realidade, enquanto os indicadores de processo o aqueles que monitoram os
procedimentos econômicos e administrativos adotados durante uma ação. Caracterizam,
45
ainda, como indicadores objetivos aqueles que medem dados físicos e indicadores
subjetivos aqueles que medem a percepção dos indivíduos.
Eswaran et al (1994), utilizam a definição de indicadores proxies. Ou seja, aqueles
que o estabelecidos a partir de parâmetros de fácil medida, que estão de alguma forma
correlacionados ao aspecto que se quer conhecer, mas são de difícil avaliação ou
demandam custos elevados para sua avaliação. O autor apresenta também o conceito de
cripto-indicadores, compreendidos como indicadores estabelecidos a partir de valores
culturais ou éticos, presentes no inconsciente popular.
No desenvolvimento de indicadores, as abordagens da Organization for Economic
Cooperation and Development - OECD (1993b) e Enviromental Protection Agency - EPA
(1995), têm-se constituído marcos direcionadores, em especial para a área ambiental. O
sistema conceitual de indicadores, proposto e adotado pelos países da OECD, baseia-se no
entendimento comum de seus pressupostos, servindo como referência e sendo o mais
adotado atualmente no mundo. O sistema Pressão-Estado-Resposta (PER), como é
denominado, está baseado no conceito da causalidade que a OECD (1993a) denomina
como atividades humanas que exercem pressão sobre o meio ambiente e mudam sua
qualidade e a quantidade dos recursos naturais (estado). A sociedade responde a estas
mudanças através de políticas ambientais, econômicas e setoriais (resposta social). Estes
passos formam parte de um ciclo (política) ambiental que inclui a percepção dos
problemas, a formulação de políticas, monitoramento e avaliação política.
O PER está baseado, segundo a OECD (1993a) em três grupos chaves de
indicadores:
Indicadores de pressão descrevem as pressões antrópicas exercidas sobre o meio
ambiente e que causam mudanças qualitativas e quantitativas nos recursos naturais.
Compreendem indicadores de pressão imediata, (pressão diretamente exercida
sobre o meio ambiente, normalmente expressa em termos de emissões ou consumo
de recursos naturais) e indicadores de pressão indireta. (refletem atividades que
levam a futuras pressões ambientais);
Indicadores de estado – correspondem ao “estado” e relacionam-se com a qualidade
ambiental e aspectos de quantidade/qualidade dos recursos naturais, refletindo o
objetivo final das políticas ambientais e proporcionando uma visão geral da
situação (estado) do meio ambiente e o seu desenvolvimento ao longo do tempo;
46
Indicadores de resposta correspondem às respostas sociais ações individuais e
coletivas para mitigar ou prevenir impactos negativos induzidos pelas atividades
humanas -, para interromper ou reverter danos ambientais infligidos ao meio e
caracterizados pelas mudanças ambientais. Estas respostas também contemplam
ações pertinentes à preservação e conservação do meio natural e seus recursos.
Indicadores de resposta devem refletir esforços da sociedade no processo de
enfrentamento da problemática ambiental.
O modelo fundamenta-se no fato de que as atividades humanas produzem pressões
que podem afetar o estado do ambiente, que leva a sociedade a apresentar respostas a esses
problemas.
Além destes, outros modelos podem ser citados como ilustração da variedade de
estudos que vêm sendo empreendidos. A AEA (American Economic Association) propõe
um modelo conceitual, denominado DPSIR, cuja filosofia geral é dirigida para analisar
problemas ambientais. Este modelo considera que as Atividades Humanas (D - "Driving
forces"), nomeadamente a indústria e os transportes, produzem Pressões (P - "Pressures")
no ambiente, tais como emissões de poluentes, as quais vão degradar o Estado do
Ambiente (S - "State of the environment"), que por sua vez poderá originar Impactos (I -
"Impacts on the environment") na saúde humana e nos ecossistemas, levando a que a
sociedade emita Respostas (R - "Responses") através de medidas políticas, tais como
normas legais, taxas e produção de informação, as quais podem ser direcionadas a qualquer
compartimento do sistema (USEPA, 1997).
Assim, todos estes objetivos, características e tipos tendem a potencializar as ões
que buscam o aumento do protagonismo dos atores locais, isto é, podem contribuir para o
aumento do nível de percepção social sobre a realidade local e oferecer informações que
orientem a tomada de decisão e permitam a avaliação constante de todo o processo de
desenvolvimento.
Verifica-se, com isso, a importância dos indicadores no processo de tomada de
decisão. Fazendo-se um paralelo entre a função dos indicadores relacionado à tomada de
decisões, Bellen (2002), afirma que em relação às funções dos indicadores, estes podem ser
divididos em dois grupos: Os indicadores sistêmicos, ou descritivos, descrevem um grupo
de medidas individuais para diferentes questões características do ecossistema e do sistema
social e comunicam as informações mais relevantes para os tomadores de decisão.
Indicadores sistêmicos estão fundamentados em referenciais técnicos. Os indicadores de
47
performance, que o ferramentas para comparação, que incorporam indicadores
descritivos e referências a um objetivo político específico. Eles fornecem aos tomadores de
decisão informações sobre o grau de sucesso na realização de metas locais, regionais,
nacionais ou internacionais.
Estes indicadores são utilizados dentro de diversas escalas, no campo da avaliação
política e no processo decisório.
Ainda, para Bellen (2002):
“A crescente utilização de indicadores mostra que estes são
importantes ferramentas para a tomada de decisão e para
melhor compreender e monitorar as tendências, sendo,
portanto, úteis na identificação dos dados mais relevantes e
no estabelecimento de sistemas conceituais para a
compilação e análise de dados.” (BELLEN, 2002. p. 36)
Sendo assim, conclui Bellen (2002), que:
“Devido às incertezas naturais, entretanto, os sistemas são
apenas parcialmente ratificados pela ciência e também pelo
processo político. Desta maneira, as ferramentas de
avaliação são resultantes de um compromisso entre a
exatidão científica e a necessidade de tomada de decisão,
em função do caráter urgente da ão. Esta limitação pode
ser facilmente observável no campo social, onde muitas
variáveis não são quantificáveis e não podem ser definidas
em termos físicos.” (BELLEN, 2002. p. 36)
Turnes (2004), apresenta uma síntese de algumas das principais vantagens e
limitações da utilização de indicadores:
Vantagens
- Avaliação dos níveis de desenvolvimento sustentável.
- Capacidade de sintetizar a informação de caráter técnico/científico;
- Identificação das variáveis-chave do sistema;
- Facilidade de transmitir a informação;
- Bom instrumento de apoio à decisão e aos processos de gestão ambiental;
- Sublinhar a existência de tendências;
- Possibilidade de comparação com padrões e/ou metas pré-definidas.
Limitações
- Inexistência de informação base;
48
- Dificuldades na definição de expressões matemáticas que melhor traduzam os
parâmetros selecionados;
- Perda de informação nos processos de agregação dos dados;
- Diferentes critérios na definição dos limites de variação do índice em relação às
imposições estabelecidas;
- Ausência de critérios robustos para seleção de alguns indicadores;
- Dificuldades na aplicação em determinadas áreas como o ordenamento do
território e a paisagem.
Portanto, perante esse contexto, na presente pesquisa, a finalidade dos indicadores
será indicar uma perspectiva geral sobre a situação sócio-ambiental que a atividade
turística executada de forma desordenada impõe a uma comunidade receptora. Desta
forma, é preciso considerar entre outros aspectos a relevância política, o caráter holístico e
a facilidade de interpretação por todos os indivíduos que vivem na comunidade. Ou seja,
um sistema de indicadores que forneça bases, para posteriores pesquisas, para a
amenização dos problemas sócio-ambientais, específicos ou agravados pelo turismo. Por
isso, o sistema de indicadores adequado deve ser acessível ao conjunto dos atores sociais e
não apenas aos técnicos ou especialistas que se conectam ao processo de desenvolvimento.
2.2.3 Indicadores no Turismo: aspectos sócio-ambientais
Com a finalidade de se ampliar o conhecimento da realidade, criam-se estatísticas e
indicadores. Estes desempenham diferentes papéis sob diferentes aspectos, pois orientam o
setor econômico e social, sendo indispensáveis aos pesquisadores, além de contribuir para
que o cidadão possa ter diferentes visões de mundo e acompanhar o que se passa na
sociedade.
Como o próprio nome sugere, indicadores têm a finalidade de apontar ou de indicar
algo. Os indicadores sócio-ambientais são instrumentos cuja função é a de auxiliar a
compreensão dos fatos sociais. Contudo, eles não podem ser considerados coisas isoladas,
pois esses fatos o estão dissociados do ambiente em que se inserem e não devem ser
estudados de forma separada.
É com o intuito de melhor compreender os impactos causados pela atividade
turística que os indicadores devem ser utilizados, pois assim como eles, o fenômeno
turístico também envolve questões sócio-culturais, econômicas e que possui como matéria
49
prima o meio ambiente, levando em consideração todos os fatores que a utilização de
indicadores identifica como visto anteriormente.
É interessante reforçar, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBGE (2004), que publicou o relatório dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável,
que aponta os seus quatro princípios, divididos em quatro categorias: a ambiental, a social,
econômica e a institucional.
Na dimensão ambiental, os objetivos se relacionam ao uso dos recursos naturais e à
degradação ambiental além dos objetivos de preservação e de conservação do meio
ambiente, considerados fundamentais às futuras gerações. Estas questões aparecem
organizadas nos seguintes temas: atmosfera, terra, água doce, oceano (mares e áreas
costeiras), biodiversidade e saneamento (abastecimento de água, esgotamento sanitário,
coleta e destino de lixo). O tema saneamento está inserido na dimensão ambiental, porque
seus elementos expressam pressões sobre os recursos naturais e envolvem questões
relacionadas à política ambiental (IBGE, 2004).
Para a dimensão social relacionaram-se especialmente objetivos ligados à satisfação
das necessidades humanas, à melhoria da qualidade de vida e à justiça social. Entre os
temas abordados encontram-se população, trabalho e rendimento, saúde, educação,
habitação e segurança (IBGE, 2004).
A dimensão econômica ocupa-se dos objetivos de eficiência dos processos
produtivos e das alterações nas estruturas de consumo, orientadas a uma produção
economicamente sustentável. Sua temática trata do desempenho macroeconômico e
financeiro além dos impactos no consumo de recursos materiais e do uso de energia
primária (IBGE, 2004).
A dimensão institucional está relacionada à orientação política, que representa a
capacidade e o esforço utilizado para promover as mudanças requeridas em busca de uma
efetivação do desenvolvimento sustentável. Ainda, segundo IBGE (2004), essa é uma
dimensão que aborda temas de difícil medição, carecendo, pois, de estudos mais profundos
para seu aprimoramento.
Por isso, mesmo não sendo o objetivo principal deste trabalho, se utilizaram
a investigação sobre a evolução da atividade de uma determinada localidade, analisada por
meio da utilização de alguns indicadores sócio-ambientais presentes entre os elementos
que compõem o sistema turístico apresentado anteriormente, pois os indicadores são
instrumentos que auxiliam a representação da realidade e possibilitam a construção do
50
panorama das condições dos espaços observados no qual o planejamento turístico deverá
se basear.
Além disso, os indicadores possibilitam uma avaliação mais qualitativa do
fenômeno que contribui para a criação de modelos alternativos para o estudo do turismo a
partir de indicadores locais. Foge, assim, aos modelos tradicionais de investigação, muitas
vezes baseados em “ilusões estatísticas”. Como, por exemplo, o número de entrada e saída
de turistas em uma determinada localidade, como muitas instituições, sejam elas públicas
ou privadas, preferem se basear.
2.3 Métodos de Avaliação Sócio-Ambiental
Segundo Fernandes et al (1996), a palavra método vem do latim methodu e
significa um processo racional para se chegar a determinado fim. Sendo uma maneira de
proceder, um processo ou cnica para chegar ao conhecimento ou demonstração de
verdade.
Já a palavra avaliação, seguindo o pensamento desse mesmo autor, é o ato ou efeito
de avaliar, vem do verbo avaliar, que quer dizer determinar o valor de alguma coisa.
Ou seja, um método de avaliação nada mais é do que um processo para se avaliar
alguma coisa de forma mais precisa, que utiliza indicadores como ferramenta de auxílio
para se chegar a resultados mais reais.
Assim, segundo Adulis (2002), ao discorrer sobre as avaliações nas organizações, a
principal finalidade de uma avaliação deveria ser gerar informações e conhecimentos para
que os gestores possam tomar decisões que aumentem a eficácia, a qualidade e a eficiência
da organização.
Mesmo assim, a avaliação ainda é vista como uma atividade isolada, realizada
geralmente ao término de um projeto, com o propósito de controle ou fiscalização. E não
como um processo que favorece a tomada de decisões.
Pesquisas como as de Barreto e Távora Júnior (1998), Eustáchio e Távora Júnior
(1999), Adulis (2002), vêm tratando apenas de avaliação de projetos ora sociais ora
ambientais, vendo-se pouca inter-relação desses dois aspectos, embora um leve ao outro,
irremediavelmente.
É importante lembrar a preocupação com os problemas de desenvolvimento, de
impactos sociais e a determinação de impactos ambientais, pois com o conhecimento dos
51
possíveis danos, será possível a elaboração de métodos sistematizados para se avaliar
quantitativa e qualitativamente o custo dessas alterações sócio-ambientais.
Nesse contexto, deve-se considerar, também, a juventude do estudo sobre esses
métodos, que datam da década de 1960, onde os responsáveis pela elaboração de projetos
de investimentos passaram a se preocupar com as externalidades causadas pela execução
de tais projetos, como os impactos antropológicos, socioeconômicos e ambientais.
Dessa forma, segundo Barreto e Távora Júnior (1998), a valoração dos recursos
ambientais torna-se uma questão primordial para promover uma ação mais eficaz na
tomada de decisão sobre projetos públicos. A principal dificuldade na valoração dos
recursos ambientais está no fato de que não é possível estabelecer preços com precisão
para tais recursos. Embora esses recursos não tenham preço estabelecido pelo sistema de
mercado, o seu valor econômico existe, na medida que seu bom ou mau aproveitamento
afeta a produção e o consumo da sociedade, bem como o seu nível de bem-estar.
Segundo Eustáchio e Távora Júnior (1999), para uma avaliação dos impactos
ambientais precisa-se de um profundo estudo dos efeitos e conseqüências de uma interação
do homem com o meio-ambiente, com o objetivo de identificar e diagnosticar os possíveis
danos ambientais oriundos de ões adotadas em projetos que interfiram de algum modo
no equilíbrio ambiental.
Entretanto, segundo Barreto e Távora Júnior (1998), como os recursos sempre o
escassos, quando comparados com as necessidades da sociedade, é preferível se tomar
decisões sobre o uso desses recursos baseando-se nas informações provenientes do uso de
procedimentos racionais e de técnicas que, embora não infalíveis, são de reconhecido
valor.
Assim, Eustáchio e Távora Júnior (1999), afirmam que é evidente, quando se avalia
ativos ambientais, tratar-se de uma infinita gama de bens e serviços, que aumentam a
medida que observa-se mais detalhadamente as suas qualidades e características. Isto
implica inequivocamente numa variada elaboração de métodos que possibilitam a
mensuração destes ativos. Para cada tipo de benefício ou dano ambiental uma metodologia
se adequa mais e, mesmo assim, é necessário uma adaptação do modelo geral.
os estudos sobre avaliação dos impactos sociais de projetos, deu-se início nos
anos 1970, em que o Banco Mundial registrava o desejo em apoiar projetos nos países
subdesenvolvidos à aplicação de uma metodologia de análise denominada de “Avaliação
Social de Projetos”, sendo uma das mais usadas, mas não a única existente.
52
Adulis (2002), afirma que empregando processos de avaliação, os gestores podem
obter informações importantes para conhecer melhor as necessidades e a percepção dos
usuários/beneficiários, testar a viabilidade de seus projetos, certificar-se de que as ações
desenvolvidas levarão ao alcance dos resultados previstos, ou ainda, conhecer e mensurar o
impacto de suas ações.
O autor revela, ainda, que os processos de avaliação de projetos sociais envolvem,
geralmente, atividades, como:
1. Planejamento/desenho do processo de avaliação;
2. Levantamento dos dados/trabalho de campo;
3. Sistematização e processamento dos dados;
4. Análise das informações;
5. Elaboração de relatório(s) com os resultados encontrados e recomendações;
6. Disseminação e uso das conclusões junto a diferentes públicos, como funcionários,
usuário, financiadores e parceiros.
Como diz Eustáchio e Távora Júnior (1999), existem vários métodos de se avaliar
os aspectos sociais e ambientais. Seja de projetos, seja de comunidades. O que se deve
realmente fazer é escolher o mais apropriado para cada realidade estudada, pois os métodos
de avaliação são fruto de uma base teórica consistente que aborda seriamente acerca de
“valores não transacionados” comumente no mercado e identifica a relevância destes
aspectos para cada método, considerando apropriado, ou o, para uma determinada
avaliação. Os métodos deverão ser avaliados comparativamente quanto ao mérito e revés
de cada um, de modo que seja indicado para cada caso particular o melhor método
disponível.
Como não é objetivo dessa pesquisa escolher um desses métodos de avaliação
existentes, mas usar o conhecimento dos mesmos para uma avaliação de qualidade no que
diz respeito a uma comunidade local/receptora impactada pela atividade turística nos
aspectos social e ambiental, decidiu-se por expor alguns desses métodos, como forma de
exemplificar e oferecer melhor entendimento do porquê de tratar esse assunto.
Pegada ecológica
A Pegada Ecológica (Ecological Footprints), criada por William Rees e Mathis
Wackernagel, que se basearam no conceito de “capacidade de carga”, permite calcular a
área de terreno produtivo necessária para sustentar o nosso estilo de vida. Mede quanto
53
espaço e água são necessários para produzir os recursos consumidos e depositar os
resíduos que se produz (WACKERNAGEL & REES, 1996; CHAMBERS et al, 2000;
BOND, 2002).
Esta metodologia está sendo difundida por vários organismos internacionais como a
United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization - UNESCO, o World
Wildife Fund for Nature - WWF e a Earth Day Network. É considerada como um
importante instrumento de avaliação do impacto ambiental de cada indivíduo e/ou de cada
país. O cálculo da pegada ecológica permite quantificar as pressões no meio ambiente,
tendo em consideração a utilização de recursos e geração de poluição. Pode permitir a
análise de padrões de pressão ambiental de um determinado território, de atividades
específicas, de produtos ou de entidades (OECD, 1994).
A dimensão de Pegada Ecológica é uma unidade de área, medida em hectares, e o
cálculo deste índice tem em conta seis componentes: solo arável necessário para produzir
os bens consumidos; solo necessário para produzir os recursos para a alimentação animal;
floresta necessária para produzir madeira e papel consumido; área de oceano necessária
para sustentar os recursos marinhos consumidos; solo necessário para a edificação de
habitações; infra-estruturas e floresta necessária para absorver as emissões de dióxido de
carbono resultantes do consumo de energia.
Análise de Risco Ecológico
Esse método foi pensado a partir da teoria do planejamento ecológico,
desenvolvida por Wolfgang Haber (1971, 1972, 1979 apud FARIA e AZEVEDO, 2004),
por fornecer o referencial conceitual para a integração dos fatores naturais da paisagem no
processo de planejamento espacial, pois essa integração é feita por meio da
operacionalização da seguinte relação binária, que constitui o preceito básico da teoria.
USO-CAUSA
EFEITO ECOLÓGICO DESENCADEADO
USOS ATINGIDOS
Com a operacionalização desse preceito, pretende-se oferecer elementos para a
tomada de decisão no que se refere a: localização de novos usos; intensificação de usos
existentes; (re) distribuição de usos e/ou; assimilação de conflitos de uso, a partir da
minimização dos efeitos negativos que os diferentes usos de um determinado espaço
necessariamente exercem, uns sobre os outros. Assim, só são considerados negativos
54
aqueles efeitos que, ao atingir um recurso natural (água, clima/ar, solo, fauna, vegetação),
possam prejudicar e/ou impossibilitar a existência de outros usos, no mesmo espaço.
O método Análise do Risco Ecológico avança nessa linha de raciocínio, oferecendo
uma avaliação de compatibilidade de usos do ponto de vista ambiental. Foi estruturado,
entre 1974/75, pelos planejadores alemães Aulig, Bachfischer, David, Kiemstedt e
Mueller, da Universidade de Munique, num projeto que objetivava fornecer bases
ecológicas para a tomada de decisões de planejamento na região industrial da Média
Francônia. Esses planejadores partiram do princípio bastante realista de que é preciso
trabalhar com os dados e conhecimentos em ecologia hoje disponíveis, que as decisões
de planejamento não podem ser adiadas até que sejam gerados conhecimentos teórico-
científicos exatos sobre o sistema “Homem-Meio Ambiente”.
A versão do método Análise do Risco Ecológico, aqui apresentada, foi
desenvolvida por Faria, entre 1979 e 1983, em tese de doutoramento pela Universidade de
Stuttgart, quando foram incorporados novos condicionantes de planejamento à concepção
original, em resposta a críticas que a comunidade científica alemã vinha fazendo à mesma.
Esse trabalho incluiu uma aplicação prática do método, visando demonstrar suas
possibilidades de utilização na realidade brasileira, comprovadas posteriormente na
experiência de elaboração de vários estudos de impacto ambiental no Distrito Federal.
(FARIA e AZEVEDO, 2004).
A seguir, está o resumo dos preceitos e a forma de operacionalização desse método:
Por que Análise de Risco?
Na Análise do Risco Ecológic, fala-se de “riscos de danos que são mudanças
qualitativas e/ou quantitativas nos recursos naturais”. Com isso, procura-se expressar a
insegurança justificada pela insuficiência de conhecimento em ecologia e pela deficiência
de dados para um planejamento eficiente que evite a ocorrência desses danos..
A dimensão do “risco” é dada pela combinação da sensibilidade dos recursos
naturais a danos (compreende o potencial de uso dos recursos naturais e a capacidade dos
geofatores de difundir efeitos negativos) com a intensidade de danos potenciais causados
pela atividade antrópica.
O preceito básico do planejamento ecológico na Análise do Risco:
A partir do preceito básico do planejamento ecológico, a Análise do Risco identifica
dois complexos de relações de causa-efeito:
55
Complexo 1: usos antrópicos como causa de impactos ambientais relevantes -
modificações qualitativas e quantitativas nos fatores naturais, como efeito.
Complexo 2: fatores naturais qualitativa e quantitativamente modificados, como
causa - possibilidades e/ou qualidade de uso modificadas, como efeito.
A Análise do Risco concentra-se no Complexo 1, oferecendo um instrumento
metodológico para a quantificação - espacialmente diferenciada - de danos causados aos
fatores naturais pela atividade antrópica. Isso significa que a avaliação das inter-relações
entre os usos e os recursos naturais, objetivada pelo método, é feita a partir da análise das
relações de troca (matéria e energia) entre dois sistemas: o sistema das atividades
antrópicas, como causador de efeitos negativos; e o sistema dos fatores naturais, como
receptor desses efeitos.
Havendo necessidade, é perfeitamente possível incorporar, à estrutura da Análise do
Risco, análises relativas ao Complexo 2.
Operacionalização da Análise do Risco Ecológico:
Como a Análise do Risco Ecológico utiliza-se de um modelo de indicadores,
procurou-se, antes de tudo, minimizar os problemas típicos de tais modelos, que são
basicamente os aspectos de conteúdo e de quantificação.
No que se refere ao conteúdo, é preciso que a escolha dos indicadores baseie-se no
conhecimento científico disponível (Física, Química, Biologia, etc.) para que realmente
venham a ser considerados os elementos mais importantes dos sistemas ecológicos a
analisar.
Concretização da Análise do Risco:
Os quatro passos metodológicos para a realização da Análise do Risco Ecológico
são:
Input: informações sobre condicionantes sicos para o planejamento na área a ser
analisada (inclusive o espaço natural a preservar) e sobre a estrutura atual do espaço
regional.
Primeiro Passo: Decomposição do sistema “Usos-Recursos Naturais” em
subsistemas independentes, embora inter-relacionados. No centro desses subsistemas está,
ou um fator natural (ex.: Água, Ar, Solo), ou uma qualidade natural básica (ex.: potencial
natural para lazer). Esses subsistemas são considerados complexos de causa/efeito e
denominados Áreas de Conflito.
56
Segundo Passo: Agregação dos efeitos negativos provenientes dos usos, formando
a grandeza agregada complexa Intensidade dos Danos Potenciais, dentro de cada uma das
áreas de conflito.
Terceiro Passo: Agregação dos indicadores da aptidão para localizar determinado
uso e da interdependência entre efeito negativo e recursos naturais, formando a grandeza
agregada complexa Sensibilidade a Danos, dentro de cada área de conflito.
Quarto Passo: Combinação da Intensidade dos Danos Potenciais com a
Sensibilidade a Danos, formando a grandeza agregada Risco de Danos.
Método de HARBERGER
Conhecido também como o "Método da Universidade de Chicago", foi um dos
trabalhos pioneiros nesta área proposto por Harberger (1968 apud ZAPATA, 1995). Na
tentativa de inserir a variável coletividade na avaliação de projetos. Harberger contribuiu,
principalmente, com a análise dos mecanismos de ajuste no mercado em resposta à
aparição do projeto, analisando tanto pelo lado da oferta, quanto da demanda, bem como
suas conseqüências no processo da avaliação econômica.
Este enfoque se sustenta na teoria do bem-estar procurando, basicamente,
identificar aqueles cursos de ação que levem a uma melhoria no bem-estar geral. Segundo
Contador, três postulados básicos estão subjacentes ao método. Primeiro, os benefícios
obtidos com o consumo de um produto ou emprego de um fator, podem ser medidos
através da curva da demanda. Segundo, o custo de oportunidade dos fatores e recursos
envolvidos na produção, pode ser medido através da curva de custo marginal. Terceiro, os
benefícios e custos incorridos por cada indivíduo ou fator de produção podem ser
adicionados com a eqüidade social. O método é complementado com a determinação dos
seguintes elementos:
· Numerário - medido em termos de moeda nacional;
· Taxa social de desconto - calculada como o peso médio da produtividade marginal do
capital do setor privado e a taxa de preferência no tempo do consumidor;
· Custo social da mão-de-obra - estimado com base no salário equivalente ao preço de
oferta da região (urbano ou rural) e do tipo de qualificação;
· Taxa social de câmbio - reflete o custo de oportunidade das divisas medido através dos
efeitos na balança comercial (i.é., substituição de importações e acréscimo de exportações
incluindo a suas elasticidades correspondentes).
57
Método da UNIDO
Este método foi desenvolvido por Dasgupta, Sen e Marglin (1972 apud ZAPATA,
1995), com a finalidade de auxiliar aos países em desenvolvimento na formulação e
avaliação de projetos. No contexto deste enfoque, cada insumo ou produto deve ser medido
em termos de seu efeito sobre o nível da coletividade. Portanto, o custo de um insumo é
medido pela redução no consumo devido ao uso deste no projeto. O benefício líquido é
medido conforme a contribuição ao aumento da oferta de bens para a coletividade. Como
medida comum dos custos e benefícios relativos ao consumo global, o todo adota o
critério da disposição a pagar dos consumidores. Entre suas principais considerações
podem-se indicar as seguintes:
· Numerário - expresso como o consumo agregado, medido em termos de moeda nacional;
· Taxa social de desconto - estimada num intervalo de valores críticos a partir da taxa de
juros do consumo (TJC) e de uma decisão política em relação à distribuição intertemporal
dos aumentos ao consumo. Esta taxa distribui os recursos para os projetos socialmente
ótimos do setor público;
· Custo social da mão-de-obra - deve ser medido pelo sacrifício econômico que o emprego
provoca devido ao deslocamento do empregado do antigo lugar de trabalho ao novo;
· Taxa social de câmbio - utiliza um único preço-sombra da divisa para todos os fins. Seu
valor é obtido através da média ponderada das relações entre os preços internos de saída
segura do bem no mercado e os preços CIF calculados ao tipo de câmbio oficial.
Método da OECD
Este método proposto por Little e Mirrlees (1974 ZAPATA, 1995) parte do
princípio de que todos os projetos consomem insumos que são importados ou que
poderiam ter sido exportados. Portanto, o enfoque é mais simples, já que propõe que os
preços internos dos insumos e produtos sejam medidos pelo próprio preço observado no
mercado internacional, ou seja, em termos de moeda estrangeira. O enfoque basicamente
define os seguintes aspectos:
· Numerário - expresso como a renda pública não comprometida, gerada no projeto e
medido em moeda conversível;
· Taxa social de desconto - utiliza a produtividade marginal do capital estimada a partir de
informações históricas de contas nacionais e/ou dados a nível de empresas quando
disponíveis;
58
· Custo social da mão-de-obra - compreendido entre o valor da produtividade sacrificada
no setor tradicional e o salário médio no setor moderno;
· Taxa social de câmbio - utiliza fatores de conversão baseados nos preços internacionais
CIF e FOB e os preços internos em lugar de uma única taxa de câmbio.
Método do BANCO MUNDIAL
A proposta desenvolvida por SQUIRE & van der TA.K(1975 apud ZAPATA,
1995), aparece como uma tentativa para simplificar o processo da avaliação econômica de
projetos propostos pela OECD. O enfoque enfatiza, principalmente, aspectos relacionados
com a eqüidade social através da utilização de pesos distributivos para as diferentes classes
de renda (efeitos de distribuição dos resultados do projeto); bem como transfere a
responsabilidade de estimar parâmetros nacionais e/ou fatores de conversão, que
transformam diretamente os preços de mercado em preços internacionais, para um
organismo central de planejamento.
Alguns limites e críticas da metodologia têm sido manifestadas na literatura,
segundo ZAPATA (1995), o método do BANCO MUNDIAL não contempla as
particularidades individuais dos países e regiões em desenvolvimento e nem sempre
consegue medir em termos monetários custos e benefícios importantes do ponto de vista da
sociedade. Isso porque envolve em sua maioria fatores intangíveis tais como problemas de
distribuição, nível de emprego, independência nacional, assuntos regionais, tecnológicos,
ecológicos e ambientais, entre outros; que na realidade, são de difícil valorização para ser
introduzidos no fluxo de caixa convencional, mas, são importantes para a tomada de
decisões. Mesmo assim, apesar das dificuldades descritas em relação ao enfoque do
BANCO MUNDIAL, este parece ser um dos melhores em termos de estrutura para
resolver o problema da avaliação social de projetos. Devido às melhorias introduzidas na
técnica, através de aplicações e experiências adquiridas na realização de vários trabalhos
em países em desenvolvimento, o todo consolidou sua relevância e reconhecimento
como enfoque modelo na área.
2.4 Vila de Ponta Negra: onde tudo comou
O hoje famoso Bairro de Ponta Negra, localizado no extremo sul da Capital do
Estado do Rio Grande do Norte - RN, a cidade do Natal, como apresentado nas figuras 2.1,
59
2.2 e 2.3, teve origem no século XVIII com uma pacata vila de pescadores também
chamada Ponta Negra.
Figura 2.1 – Localização da Capital do Rio
Grande do Norte, Natal, no Nordeste.
Fonte: Lima, elaboração própria a partir SEMPLA
Figura 2.2 – Regiões Administrativas da Cidade
do Natal.
Fonte: Lima, elaboração própria a partir do
SEMURB, 2003.
Figura 2.3 – Bairro de Ponta Negra
Fonte: Lima, a partir de CAREN, 2004.
Dados históricos, segundo Castro (2003), levam a crer que a primeira referência
sobre a pequena baía, cercada de dunas entre as quais se destaca o tão conhecido Morro do
60
Careca (ver figura 2.4), vem ainda da época da ocupação holandesa em 1633, sendo em
1877 os primeiros registros de ocupação com uma escola e uma casa de oração.
Figura 2.4 – Praia de Ponta Negra na década de 1960.
Fonte: Jaeci E. Galvão
Inicialmente a população que era constituída apenas por pescadores que construíam
suas casas de palha de coqueiro a beira-mar, se deslocaram para o alto das dunas, dando
origem ao núcleo da vila e se dedicando, também, a cultura de subsistência, roçados, e a
produção de carvão. As mulheres faziam a renda de bilro, atividade realizada até os dias de
hoje. Durante muito tempo, esse povoado manteve um grande isolamento em relação ao
centro da cidade, devido à distância e ao fato de as pessoas terem seus meios de
subsistência no próprio lugar.
Apenas em 1923, foi aberta a Estrada de Ponta Negra ligando a vila à cidade.
Sendo durante a Segunda Guerra Mundial, que Natal como base aliada, com a implantação
de Bases Militares em Parnamirim (município vizinho), é que a praia foi descoberta pelos
soldados americanos para banho de mar, sendo logo imitados pelos natalenses que
iniciariam a construção das primeiras casas de veraneio no local. (SOUZA, 2001).
A praia, que era considerada distante pelos natalenses, passa a ser praia de
veraneio. Em 1978 e 1979, como frutos da política habitacional do Governo do Estado do
Rio Grande do Norte, foram concluídos os conjuntos habitacionais de Ponta Negra e
Alagamar, localizados à direita da então Estrada de Ponta Negra. (ver figura 2.5).
61
Figura 2.5 – Conjunto Habitacional Ponta Negra
Fonte: Fonte: Jaeci E. Galvão
Segundo Cavalcanti (1980), a vinda da Petrobrás e de empresas subsidiárias assim
como da ampliação das atividades militares do Estado provocou um aumento do
contingente populacional da cidade, que coincidiu com a época da conclusão dos conjuntos
favorecendo a ocupação dos mesmos por funcionários da Petrobrás, militares, aposentados,
profissionais liberais, etc.
Mas foi na década de 80, segundo Souza (2001), com a duplicação e asfaltamento
da Estrada de Ponta Negra, que passou a ser chamada de Avenida Engenheiro Roberto
Freire. Juntamente, com a inauguração da Via Costeira em 1983, deu-se início às
modificações na paisagem do bairro. A partir dessas estruturas, na localidade começaram-
se a construir empreendimentos comerciais como shoppings, supermercados e centros
comerciais, ganhando, assim, vida própria e dando base para o crescimento da atividade
turística no local.
Apenas no início da cada de 90, mais precisamente em 05 de abril de 1993,
segundo Castro (2003), foi oficializado o Bairro de Ponta Negra pela Lei 4.328,
publicado no Diário Oficial em 07 de setembro de 1994.
Assim, com um bairro em plena ascensão, localizado em uma das áreas mais belas
da cidade do Natal. Aliado à definição da Política Nacional de Turismo em 1990, através
do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste PRODETUR/NE, o qual se
objetivava a implantação de infra-estrutura urbana nas capitais nordestinas para o
desenvolvimento do turismo; nada mais propício que possuir uma localidade a beira-mar,
com vias de acesso recentes (Via Costeira e Av. Eng. Roberto Freire) para consolidar um
pólo turístico no Estado do Rio Grande do Norte.
62
Para que esse pólo fosse concretizado, fez-se necessário oferecer acessibilidade,
fator importante para o desenvolvimento do turismo. Reformou-se o Aeroporto
Internacional Augusto Severo, localizado no município vizinho de Parnamirim, e realizou-
se obras para a melhoria de eixos viários e a construção de novas vias, permitindo acesso a
locais de capital paisagístico como a Rota do Sol, a qual foi construída para possibilitar o
acesso às praias do litoral sul.
Assim, a Via Costeira, a Estrada de Ponta Negra (Av. Eng. Roberto Freire) e a Rota
do Sol formaram a tríade de eixos viários que permitiram a acessibilidade turística em
Natal, e consolidaram Ponta Negra como área turística, afastada dos bairros nobres da
cidade. (NEVEROVSKY, 2005)
Mas foi em 1998, com as obras de urbanização de Ponta Negra, que englobaram o
saneamento básico do bairro, pavimentação das ruas, iluminação e a construção de um
calçadão na orla da praia, com a retirada dos barraqueiros e a construção de quiosques à
beira-mar, como apresentam as figuras 2.6 e 2.7, que realmente se pôde observar as
transformações que ocorriam na localidade.
Figura 2.6 – Ponta Negra antes da urbanização.
Fonte: Esdras Nobre.
Figura 2.7 – Calçadão com novos quiosques
Fonte: http://www.natal.rn.gov.br
Como relata Gurgel (2007), ao recordar o cotidiano do lugar, em que a vila resiste
ao tempo, ao desenvolvimento e à expansão imobiliária, mantendo tradições folclóricas e
uma vida que lembra a vida do interior. Os pescadores que persistem na atividade da pesca
artesanal, também falam dos imigrantes provenientes de “todo lugar do mundo”, trazendo a
diversidade cultural que ajudou a construir o lugar-mito, dos artistas e das barracas de praia
que “faziam a festa... em ‘Black Point’ como era conhecida Ponta Negra pela galera
underground.” O autor lembra que as barracas estavam incorporadas ao cotidiano da
63
sociedade local, com o lual nas noites de lua cheia. Termina seu discurso com a afirmação
do desejo de continuar a morar na vila da memória, dos sonhos. (GURGEL, 2007).
Assim, essa mudança no uso do solo, de veranista, no começo do século, para
residencial e prestação de serviços, vem acarretando inúmeras transformações para aquela
Vila que deu origem a tudo o que se possui na atualidade. O processo desencadeado pelo
desenvolvimento turístico parece, hoje, irreversível. Alegria de uns, tristeza de outros. As
mudanças que estão ocorrendo na cidade, em função do turismo, levam a discursos cheios
de saudades dos tempos em que se veraneava em Ponta Negra. Hoje, constata-se o
desaparecimento de algumas paisagens naturais e atividades originais como a pesca, as
quais estão sendo substituídas pelas paisagens construídas pelo ser humano, como se
observa na comparação entre as figuras 2.8, 2.9, 2.10 e 2.11. (NEVEROVSKY, 2005).
Figura 2.8 – Pescadores e Veranistas em 1960
Fonte: Fonte: Jaeci E. Galvão
Figura 2.9 – Turistas nos dias atuais
Fonte: Acervo SEMURB
Figura 2.10 – Apenas a Natureza, o ontem.
Fonte: Grevy
Figura 2.11 – A natureza em contraste com o
artificial, o hoje.
Fonte: Lima, 2007.
Ponta Negra consolidou-se como o foco de atração principal para turistas de
diferentes nacionalidades, bem como, local preferido por novos moradores de toda parte do
64
Brasil e do mundo. Como relata Urry (1996), se o lugar é bom de visitar, é também bom de
morar.
Assim, a acessibilidade tão importante para o desenvolvimento turístico, em Natal,
acabou por proporcionar uma acessibilidade excludente do espaço urbano da cidade como
um todo, como se pode observar nas figuras 2.12 e 2.13, confinando o visitante ao espaço
do descontrole emocional. Este espaço também é freqüentado pela sociedade local, o
espaço dos restaurantes, dos bares e de uma vida noturna intensa. A Vila de Ponta Negra,
que no passado era vila de pescadores que chegaram a possuir um total de cem
embarcações, hoje não chegam a quinze. Os jovens não querem mais trabalhar nessa
atividade, mas sim no turismo, o qual o custo de vida se tornou alto. “Os preços são para
turistas, e os moradores estão perdendo a vez”, como relata o senhor José Xavier Souza,
que mora na Vila 22 anos, conforme mudanças apresentadas nas figuras 2.14 e 2.15.
(NOGUEIRA, 2006).
Figura 2.12 – Acesso a praia pela Vila.
Fonte: Lima, 2007.
Figura 2.13 – Ruas da Vila de Ponta Negra
Fonte: Lima, 2007.
Figura 2.14 – Rua principal da Vila de Ponta
Negra no seu dia a dia.
Fonte: Lima, 2007
Figura 2.15 – Cotidiano
Fonte: Lima, 2007.
65
Portanto, a Vila de Ponta Negra, onde tudo começou, agora faz parte do Bairro de
Ponta Negra juntamente com os conjuntos residenciais denominados Alagamar e Ponta
Negra. No local, pode-se encontrar casas de todos os níveis sociais, que são alvos de
intensa especulação imobiliária. Com o objetivo de dar suporte à atividade turística, são
erguidos mega-empreendimentos como meios de hospedagem, alimentação, lazer e
diversão. Construídos de forma diversificada, aglomerada e sem planejamento urnanistico,
transformam, assim, a paisagem do antigo vilarejo, como é apresentada na figura 2.16, que
abrigava pescadores, rendeiras, veranistas e banhistas em mais um lugar-turístico, lugar do
outro. (Figura 2.17)
Figura 2.16 – Ponta Negra como praia de veraneio
Fonte: Jaeci E. Galvão
Figura 2.17 – Ponta Negra após a urbanização
Fonte: Lima, 2007.
66
Capítulo 3
Metodologia da Pesquisa
Este capítulo aborda a descrição e a justificativa da metodologia utilizada no
desenvolvimento da pesquisa. Está dividido em cinco seções. A primeira, diz respeito à
população em estudo. A segunda, ao plano amostral. A terceira, apresenta o instrumento
utilizado para a coleta de dados. A quarta seção apresenta como os dados foram coletados.
E a quinta, descreve as técnicas utilizadas para a análise dos dados: Análise Descritiva e
Regressão Múltipla.
3.1 População em Estudo
Segundo Fonseca e Martins (1996), população é o conjunto de indivíduos ou
objetos que apresentam em comum determinadas características definidas para estudo.
Comumente fala-se de população como referência total de habitantes de determinado lugar.
Como população a ser estudada, a presente pesquisa selecionou os habitantes da
Vila de Ponta Negra, uma comunidade da cidade do Natal, capital do Estado do Rio
Grande do Norte, que está inserida em uma das principais regiões para a atividade turística
da referida capital, e consequentemente, uma das mais impactadas com o crescimento
dessa atividade.
Essa população foi baseada em um percentual estatístico constante no Censo
Demográfico de 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE (2003),
considerando-se um morador por domicílio, catalogando-se na Vila de Ponta Negra, 2.387
(dois mil trezentos e oitenta e sete) domicílios particulares.
3.2 Plano Amostral
Segundo Gil (1999), amostra é o subconjunto da população, por meio do qual se
estabelecem ou se estimam as características dessa população.
67
Devido à dificuldade em catalogar todos os habitantes da população, este estudo,
quanto ao tipo de amostragem, caracteriza-se por ser uma pesquisa não-probabilística
acidental.
Segundo Fonseca e Martins (1996), os métodos não-probabilísticos são
amostragens em que uma escolha deliberada dos elementos da amostra, não sendo
possível generalizar os resultados das pesquisas para a população. E o tipo acidental trata-
se de uma amostra formada por aqueles elementos que vão aparecendo, que são possíveis
de se obter até completar o número de elementos da amostra.
Como forma de se alcançar os objetivos propostos no estudo, optou-se por
entrevistar os moradores da Vila de Ponta Negra, considerando-se o total de domicílios
particulares do local. Dados do IBGE (2003), indicam que o total de domicílios
particulares no local é de 2.387, considerado-se então como sendo a população do estudo,
visto que procurou-se entrevistar somente um único morador por domicílio particular. Para
determinação do tamanho da amostra, foi considerado o modelo matemático proposto por
Triola (2005), onde o tamanho da amostra (n) pode ser obtido da seguinte forma:
ε
2
2
2
)1(
ˆˆ
ˆˆ
+
=
Nqp
qpN
n
z
z
[1]
Em que N corresponde ao número total de habitantes (população), p corresponde à
proporção referente à variável mais importante. Como não se tem informações sobre a
mesma, assumiu-se o valor para a qual a variância é máxima, ou seja, p = 0,5 e q = 1 p.
O parâmetro
ε
corresponde ao erro amostral (decimal) e z corresponde a abscissa da curva
normal padrão para o nível de confiança de 95%. Nessa situação, z assume o valor de
1,96.
Utilizando-se a equação [1], o tamanho estabelecido para a amostra, para um erro
amostral de 5%, foi de 332 elementos.
3.3 Instrumento de Coleta de Dados
Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se um formulário estruturado com
perguntas abertas e fechadas (anexo I), as quais podem contribuir para mensurar e avaliar
os parâmetros antecedentes e conseqüentes da avaliação sócio-ambiental da atividade
turística na Vila de Ponta Negra, sob ponto de vista dos moradores.
68
Segundo Dencker (1998), o formulário caracteriza-se pela liberdade do pesquisador
de adequar seu conteúdo a situação ou reação do entrevistado.
As variáveis mensuráveis foram selecionadas de acordo com os indicadores sociais
que o IBGE utiliza em seus estudos, como aspectos demográficos, trabalho e rendimento,
educação e condições de vida (IBGE, 1997):
O impacto ao meio ambiente gerado pela atividade turística;
Os benefícios sociais advindos da atividade turística;
Os investimentos em ações sociais realizados pela Prefeitura como efeito da
atividade turística;
Os investimentos em ões sociais realizados pelos Empresários como efeito da
atividade turística;
O nível de envolvimento das famílias com a atividade turística;
A intensidade do benefício que a atividade turística trouxe paras as famílias;
A renda das pessoas da localidade;
O Emprego na comunidade;
As vendas no comércio;
A educação de jovens e adultos;
A distribuição de renda.
A saúde das pessoas na comunidade;
A Satisfação dos moradores da comunidade;
Os Espaços de lazer da comunidade;
A criminalidade na comunidade;
A violência na comunidade;
A prostituição na comunidade;
O uso de drogas;
A qualidade de vida de um modo geral;
População quanto ao gênero;
População quanto à escolaridade;
Faixa etária;
Renda familiar mensal;
Número de pessoas na família.
69
A tabela 3.1 apresenta as variáveis e a descrição das variáveis utilizadas no estudo.
Tabela 3.1 Variáveis e descrição das variáveis utilizadas no estudo
Nome da
Variável
Descrição da Variável Grupo
IMPACTO Opinião do entrevistado quanto o impacto ao meio ambiente
gerado pela atividade turística.
Ambiental
BEN_SOCI Opinião do entrevistado quanto aos benefícios sociais na
comunidade gerados pela atividade turística.
RENDA Opinião do entrevistado quanto à situação da renda das
pessoas da comunidade devido à atividade turística.
EMPREGO Opinião do entrevistado quanto à situação do emprego na
comunidade devido à atividade turística.
VENDAS Opinião do entrevistado quanto à situação das vendas na
comunidade devido à atividade turística.
EDUCAÇÃO Opinião do entrevistado quanto à situação da educação
pública devido à atividade turística.
DIST_REN Opinião do entrevistado quanto à situação da distribuição de
renda na comunidade devido à atividade turística.
SAUDE Opinião do entrevistado quanto à situação da saúde pública
na comunidade devido à atividade turística.
SATISF Opinião do entrevistado quanto à satisfação dos moradores
da comunidade devido à atividade turística.
LAZER Opinião do entrevistado quanto à situação dos espaços de
lazer na comunidade devido à atividade turística.
CRIMINALIDADE
Opinião do entrevistado quanto à situação da criminalidade na
comunidade devido à atividade turística.
VIOLENCIA Opinião do entrevistado quanto à situação da violência na
comunidade devido à atividade turística.
PROSTIT Opinião do entrevistado quanto à situação da prostituição na
comunidade devido à atividade turística.
DROGAS Opinião do entrevistado quanto à situação do uso de drogas
na comunidade devido à atividade turística.
Q_VIDA Opinião do entrevistado quanto à situação da qualidade de
vida na comunidade devido à atividade turística.
Social
INV_PREF Opinião do entrevistado quanto aos investimentos sociais
realizados pela Prefeitura como efeito da atividade turística.
INV_EMPR Opinião do entrevistado quanto aos investimentos sociais
realizados pelos empresários como efeito da atividade
turística
Investimentos
ENV_FAM Opinião do entrevistado quanto ao grau de envolvimento de
sua família com a atividade turística.
Envolvimento
BEN_FAMI Opinião do entrevistado quanto à intensidade dos benefícios
gerados pela atividade turística na família.
REND_FAM Opinião do entrevistado quanto à situação da renda familiar
como efeito da atividade turística.
Situação
70
EMP_FAM Opinião do entrevistado quanto à situação de emprego da
família como efeito da atividade turística.
LAZER_FA Opinião do entrevistado quanto à situação do lazer da família
como efeito da atividade turística.
SAUD_FAM Opinião do entrevistado quanto à situação da saúde da família
como efeito da atividade turística.
EDUC_FAM Opinião do entrevistado quanto à situação da educação da
família como efeito da atividade turística.
QV_FAM Opinião do entrevistado quanto à situação da qualidade de
vida da família como efeito da atividade turística.
Social das
Famílias
TEMP_MOR Entrevistado quanto ao tempo de moradia na comunidade
CAS_PROP Entrevistado quanto a propriedade da casa.
N_FAN Entrevistado quanto ao número de pessoas na família.
GENERO Entrevistado quanto ao gênero.
NASC Entrevistado quanto à faixa etária
E_CIVIL Entrevistado quanto ao estado civil
ESCOL Entrevistado quanto à escolaridade
ATIV_ECON Entrevistado quanto à atividade econômica.
TEMP_ATIV Entrevistado quanto ao tempo que exerce a atividade
econômica.
RENDA_P Entrevistado quanto à renda total da família.
Perfil
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007
3.4 Método de Coleta de Dados
O presente estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa exploratória descritiva do
tipo survey, com utilização de um formulário estruturado, como instrumento de pesquisa, e
a entrevista pessoal como método utilizado para a coleta de dados. Os elementos
pesquisados foram os habitantes da Vila de Ponta Negra, comunidade da Cidade do Natal,
capital do Estado do Rio Grande do Norte, sendo entrevistado um morador por domicílio
particular, escolhidos acidentalmente, no mês de março de 2007.
As pesquisas exploratórias se caracterizam por ter como finalidade, segundo Gil
(1999), desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, objetivando proporcionar
uma visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. as pesquisas
descritivas têm o objetivo de descrever características de determinada população,
utilizando técnicas padronizadas de coleta de dados. E do tipo survey se caracteriza pela
interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.
71
3.5 Técnicas de Análise dos Dados
3.5.1 Análise Descritiva e Exploratória
A análise descritiva e exploratória é realizada a partir da estatística descritiva, que,
segundo Fonseca e Martins (1996), se constitui num conjunto de técnicas que objetivam
descrever, analisar e interpretar os dados numéricos através de tabelas, figuras e medidas
exploratórias.
3.5.2 Análise de Regressão Linear Múltipla
Para Triola (2005), “uma equação de regressão múltipla expressa um
relacionamento linear entre uma variável dependente y e duas ou mais variáveis
independentes
(
)
k
xxxx ,...,,,
321
”. Cada uma das variáveis independentes tem sua
contribuição para a predição da variável dependente y. A análise de regressão múltipla
possibilita entender que a variável dependente está sendo explicada, enquanto que as
variáveis independentes estão fazendo a predição da variável dependente.
Forma geral da equação de regressão múltipla estimada:
ε
+
+
+
+
+
=
kk
xbxbxbby ...
22110
[2]
Outras medidas utilizadas como ferramentas de análise estatística:
ANOVA: determina se existe relação significativa entre a variável dependente e o
conjunto de variáveis independentes.
(Coeficiente Múltiplo de Determinação): é uma medida de eficiência do ajuste
da equação de regressão múltipla. É interpretado como a proporção da variação na
variável dependente que é explicada pela equação de regressão múltipla estimada.
Os resultados encontrados a partir dos procedimentos são apresentados e discutidos
a seguir.
72
Capítulo 4
Resultados da Pesquisa
.
Este capítulo apresenta os resultados da pesquisa comparados aos objetivos iniciais
e ao referencial teórico utilizado, dividindo-se em três seções: Perfil da Amostra, Análise
Descritiva e Análise de Regressão Múltipla.
Foram entrevistados 100 moradores. O cálculo de erro amostral
ε
, obtido com essa
amostra, considerando-se o nível de confiança de 95% pode ser obtido pela seguinte
relação:
1
=
N
nN
n
pq
z
ε
[3]
Utilizando-se a amostra de 100 moradores de um total de 2.387 elementos da
população, tem-se o erro amostral de 0,095, ou seja, 9,5%.
4.1 Perfil da Amostra
O perfil dos 100 moradores entrevistados da Vila de Ponta Negra é apresentado a
seguir nas figuras de 4.1 a 4.10.
A figura 4.1 apresenta o tempo de residência na Vila de Ponta Negra verificando-se
que uma grande parcela da população é bem recente na comunidade indicando até dez anos
de residência, o que pode ser conseqüência da grande expansão da atividade turística nas
proximidades e na própria comunidade, que por muitas vezes, pela especulação
imobiliária, a população é pressionada, por inúmeros fatores, a vender sua moradia para os
que chegam com o turismo.
73
48%
21%
11% 11%
8%
Até 10 anos De 11 a 20 anos De 21 a 30 anos De 31 a 40 anos Mais de 40 anos
Figura 4.1 - Tempo que mora na vila de Ponta Negra
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
Com relação a propriedade da moradia, na figura 4.2 observa-se que a maioria da
população estudada, mesmo não existindo uma diferença muito alta, possui casa própria.
Essa realidade pode também ser confirmada quando na análise da figura 4.1 se verifica que
grande maioria da amostra está pouco mais de dez anos da comunidade levando a crer
que os habitantes originais se desfizeram de suas residências.
56%
40%
4%
Possui casa própria Não possui casa própria o respondeu
Figura 4.2 – Casa Própria
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007
Na figura 4.3 observa-se o número de pessoas por família em uma mesma
residência, expondo que grande maioria da amostra (42%) tem entre quatro e cinco pessoas
na família, que ao somar a porcentagem de famílias com duas ou três pessoas (26%) juntos
74
representam 68% da amostra, o que condiz com os dados do IBGE (2003), constando-se
que, na Vila de Ponta Negra, o percentual de pessoas por domicílio oscila entre duas e
cinco pessoas por residência, não desconsiderando os percentuais das pessoas que moram
sozinhas (11%) e com seis ou mais pessoas (17%), que mesmo não tendo grande
representatividade fazem parte da realidade da amostra.
11%
26%
42%
17%
3%
Moram
sozinhas
2 ou 3 4 ou 5 6 ou mais Não respondeu
Figura 4.3 – Número de Pessoas na Família.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007
Na figura 4.4, apresenta-se os entrevistados por gênero revelando uma
superioridade do sexo feminino (57%) em relação ao masculino (43%).
Segundo o IBGE (2003), a população da Vila de Ponta Negra é composta por 48%
de homens e 52% de mulheres, verificando-se que a amostra utilizada nesse estudo
apresenta valores aproximados aos obtidos pelo IBGE, em seu último censo no ano de
2000, o que valida a amostra utilizada.
43%
57%
Masculino
Feminino
Figura 4.4 – Moradores por Sexo
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007
75
Quanto à faixa etária, a figura 4.5 apresenta que uma grande parcela da amostra
oscila entre os 21 e 40 anos, num percentual de 65%. Entretanto, é interessante observar
que 25% dessa amostra está acima dos 40 anos, aproximando-se dos dados do IBGE
(2003), onde observa-se que 29% da população da Vila de Ponta Negra possui faixa etária
acima dos 40 anos.
9%
30%
35%
12%
8%
5%
Até 20 De 21 a 30 De 31 a 40 De 41 a 50 De 51 a 60 Mais de 60
Figura 4.5 – Faixa Etária
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007
A figura 4.6 apresenta o estado civil dos moradores entrevistados na amostra,
observando-se um percentual elevado àqueles casado-juntos com 56%, em comparação aos
restantes divorciados, viúvos e solteiros que juntos possuem um percentual de 44%. Essa
estatística pode corresponder ao número de pessoas por domicílio (figura 4.3), variando, na
grande maioria, entre quatro e cinco pessoas.
Solteiro(a)
34%
Casado(a)/junto
56%
Separado(a)/Div.
5%
Vvo(a)
5%
Figura 4.6 – Estado Civil
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007
76
A figura 4.7 apresenta que a maioria da amostra estudada possui o ensino médio
completo, ficando bem dividida a amostra entre o ensino fundamental (21%) e o ensino
superior (22%), que mesmo juntos, com 43%, não se aproximam da porcentagem do
ensino médio de 57%.
Médio
57%
Fundamental
21%
Superior
22%
Figura 4.7 – Escolaridade
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007
Na figura 4.8, observa-se que a principal atividade econômica dos entrevistados da
amostra, na comunidade da Vila de Ponta Negra, está bem divida. Mesmo assim, o
comércio (37%), que junto a outras atividades somam um percentual de 64%, tem maioria.
Essa estatística alcançada faz lembrar o que Archer e Cooper (2002). observam ao afirmar
que na maioria das vezes a população que está inserida em espaços turísticos não é
absorvida por esta atividade, seja pela falta de qualificação específica ou mesmo pela
própria falta de oportunidade que os novos empreendimentos instalados oferecem,
principalmente, no que diz respeito a cargos de melhor remuneração, o que pode vir a
confirmar os resultados da figura anterior (4.7) que trata da escolaridade: a grande maioria
da amostra possui apenas o ensino médio. Ou seja, sem a qualificação necessária para
ocupar cargos na atividade turística, principalmente os de melhor remuneração.
77
Comércio
37%
Turismo
36%
Outras
27%
Figura 4.8 – Principal Atividade Econômica
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007
Na figura 4.9, observa-se o tempo em que as pessoas exercem as atividades
econômicas indicadas na figura anterior (4.8). Revela que a quantidade de pessoas que
exercem atividade turística é, em quase todos os períodos de tempo, menor que a aqueles
que exercem outras atividades econômicas. De um modo geral, todas as atividades se
mostram recentes, verificando-se a grande maioria até os cinco anos de exercício. E
quando o tempo de serviço passa dos vinte e um anos, apenas as outras atividades estão
representadas, aparecendo apenas um entrevistado que exerce alguma atividade turística há
mais de trinta anos.
O que se pode atribuir a essa análise é a possível juventude da atividade turística e a
não ocupação da comunidade com o turismo, conforme apresenta a figura 4.8. (BENI,
2003)
20
7
3 3
0 0
1
22
12
1
7
3
11
2
Ate 5 De 6 a 10 De 11 a 15 De 16 a 20 De 21 a 25 De 26 a 30 Mais de 30
Turismo
Não é turismo
Figura 4.9 – Tempo que Exerce a Atividade
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007
7
8
A figura 4.10 apresenta a renda familiar dos entrevistados. Verificando-se que a
maioria de 80% possui um nível de renda mensal entre R$ 500,00 a R$ 2.000,00. Para
analisar este fato, deve-se levar em consideração o nível de escolaridade que está revelado
na figura 4.7. Nela, constatou-se que a maioria desta amostra só possui o ensino médio. Ou
seja, muitas vezes não está qualificada para trabalhar em cargos de melhor remuneração. O
número de pessoas na família (figura 4.2) também pode influir, dependendo do número de
pessoas economicamente ativas. Como também, em relação ao índice de pouco tempo de
moradia na vila, altos salários para a média da cidade do Natal, confirmando que uma
quantidade de pessoas está na comunidade da Vila de Ponta Negra há pouco tempo.
De certa forma, a figura 4.10, também pode ser analisada de acordo com a
juventude da atividade turística e com o baixo percentual de ocupação da amostra com o
turismo. (BENI, 2003)
7%
37%
43%
10%
2%
Até 500,00 De 500,00 a
1.000,00
De 1.001,00 a
2.000,00
De 2.000,00 a
3.000,00
Acima de
3.000,00
Figura 4.10 – Renda Familiar
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007
4.2 Análise Descritiva da Amostra
Como forma de melhor avaliar os impactos sócio-ambientais do turismo em uma
comunidade receptora, foi realizada uma pesquisa de campo do tipo Survey, utilizando uma
amostra de 100 moradores da comunidade da Vila de Ponta Negra, em Natal/RN,
escolhidos acidentalmente, cuja análise dos principais dados tabulados será apresentada
nesse capítulo, sendo os demais encontrados no anexo II.
79
É importante revelar que o formulário utilizado está dividido em respostas por
escalas: aumentou muito, aumentou, permanece o mesmo, diminuiu e diminuiu muito.
A figura 4.11 apresenta a opinião dos entrevistados quanto ao impacto gerado pela
atividade turística no meio ambiente, verificando-se uma grande concentração de respostas
no âmbito do aumentou muito (42,4%) e aumentou (47,5%), provavelmente, sugerindo
uma mudança na paisagem com as construções de novos empreendimentos para
incrementar a atividade turística no local. É interessante, também, frisar que ao serem
questionados com o termo “impacto ao meio ambiente”, por muitas vezes teve-se que
explicar o seu significado, devido esse termo não estar no cotidiano e não ser do
conhecimento da população estudada. Entretanto, logo que entendiam, as repostas eram
quase unânimes em dizer que a Vila tinha mudado em muitos aspectos, principalmente no
ambiental (89,9%).
y = 99 * 1 * normal (x; 1,70707; 0,73196)
IMPACTO
No of obs
42,4%
47,5%
7,1%
3,0%
0
4
8
12
16
20
24
28
32
36
40
44
48
52
56
60
64
68
Aumentou muito
Aumentou
Permaneceu o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 4.11 - Opinião do entrevistado quanto ao impacto no meio ambiente gerado pela atividade turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
A Figura 4.12 apresenta, segundo os entrevistados, os resultados quanto aos
benefícios sociais advindos da atividade turística na comunidade, verificando-se que essa
variável possui distribuição aproximadamente normal e que 62,6% da amostra afirmou que
os benefícios permaneceram o mesmo, não havendo alteração devido ao turismo.
80
y = 99 * 1 * normal (x; 3,060606; 0,682405)
BEN_SOCI
No of obs
17,2%
62,6%
17,2%
3,0%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 4.12Opinião dos entrevistados quanto aos benefícios sociais na comunidade gerados pela atividade
turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007
Observa-se na próxima figura, a 4.13, a visão dos entrevistados quanto à situação
das condições de emprego em relação à atividade turística, apresentando uma divisão bem
equilibrada entre permaneceu o mesmo 46,5% e aumentou 45,5%.
y = 99 * 1 * normal (x; 2,62626; 0,722607)
EMPREGO
No of obs
1,0%
45,5%
46,5%
4,0%
3,0%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 4.13 - Opinião do entrevistado quanto à situação das condições de emprego na comunidade devido à
atividade turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007
81
Provavelmente o resultado da figura 4.13 está relacionado à forma de percepção
que a população estudada possui sobre os benefícios sociais do turismo. Em grande parte,
como relata Faria (2007), entende-se a atividade turística como geradora de emprego e
renda. Ou seja, que é através da geração de emprego, e conseqüentemente renda, que uma
comunidade deve enfatizar se o turismo é positivo ou negativo para seu desenvolvimento.
A figura 4.14 mostra a situação da renda da comunidade na opinião dos
entrevistados. Verifica-se, como na análise da figura 4.13 relacionada ao emprego, um
ligeiro aumento, mesmo observando uma maior concentração em permaneceu o mesmo
(60,2%), mas com tendência em aumentou (27,6%) e ainda 1% em aumentou muito, o que
pode possibilitar a confirmação de que, na percepção da população estudada, os benefícios
sociais advindos do turismo estão mais relacionados com o emprego e a renda.
y = 98 * 1 * normal (x; 2,816326; 0,63159)
RENDA
No of obs
1,0%
27,6%
60,2%
11,2%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 4.14 - Opinião do entrevistado quanto à situação da renda das pessoas da comunidade devido à
atividade turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
A figura 4.15, apresenta a situação da distribuição de renda que o turismo
proporciona à comunidade. Como se verifica, segundo a percepção da amostra, essa
variável possui uma distribuição mais concentrada no permanece o mesmo (59,6%),
tendendo para diminuiu (17,2%) e diminuiu muito (7,1%). Entretanto, para 16,2% dos
entrevistados houve um aumento. Ou seja, mesmo o emprego melhorando um pouco, na
visão da comunidade entrevistada, a renda ainda se encontra mal distribuída, o que
provavelmente pode ser comprovado pela ocupação da comunidade, que muitas vezes não
82
são em cargos bem remunerados, que por sua vez pode ser conseqüência de uma educação
inadequada e incompleta. (figuras 4.7 e 4.16)
y = 99 * 1 * normal (x; 3,151515; 0,774117)
DIST_REN
No of obs
16,2%
59,6%
17,2%
7,1%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 4.15 - Opinião do entrevistado quanto à situação da distribuição de renda na comunidade devido à
atividade turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
A figura 4.16 apresenta a situação da educação na comunidade da Vila de Ponta
Negra ficando a distribuição concentrada entre permanece o mesmo (30,2%), passando por
diminuiu (34,4%) e diminuiu muito (31,3%).
y = 96 * 1 * normal (x; 3,927083; 0,885495)
EDUCAÇÃO
No of obs
4,2%
30,2%
34,4%
31,3%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 4.16 - Opinião do entrevistado quanto à situação da educação devido à atividade turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
83
Pelos dados apresentados na figura 4.16, verifica-se que para os entrevistados a
educação da comunidade piorou e nem mesmo com o crescimento da prática turística essa
situação melhorou. É interessante também observar quando no perfil (item 4.1), na figura
4.7, foi analisado que 57% da população local, possui apenas o ensino médio, podendo
justificar o baixo índice da educação.
A figura 4.17 apresenta a variável saúde, que por sua vez tem um dos piores
resultados onde 79,8% da amostra entrevistada afirmou que diminuiu (35,4%) ou diminuiu
muito (44,4%). Ou seja, o crescimento turístico não vem contribuindo muito para a
melhoria da qualidade desse serviço, segundo a percepção da população entrevistada.
y = 99 * 1 * normal (x; 4,242424; 0,770514)
SAUDE
No of obs
20,2%
35,4%
44,4%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 4.17 - Opinião do entrevistado quanto à situação da saúde na comunidade devido à atividade turística
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
A figura 4.18 apresenta a variável que diz respeito aos espaços de lazer da
comunidade da Vila de Ponta Negra. Mais uma vez, segundo a visão da população
entrevistada, fatores sociais estão na escala descendente de permanece o mesmo (59,6%),
diminuiu (32,3%) e diminuiu muito (3,0%).
Essa realidade é confirmada quando, os entrevistados, ao comentar esse
questionamento, afirmaram que a praia sempre foi a principal fonte de lazer da
comunidade e que, na atualidade, o acesso à praia é feito por vielas (ver figuras 2.12 e
2.13), muitas vezes sujas e escuras, o que pode vir a comprovar as respostas dos moradores
em relação ao aumento do impacto ambiental causado pela atividade turística apresentado
na figura 4.11.
84
y = 99 * 1 * normal (x; 3,32323; 0,651972)
LAZER
No of obs
1,0%
4,0%
59,6%
32,3%
3,0%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 4.18 - Opinião do entrevistado quanto à situação dos espaços de lazer na comunidade devido à
atividade turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
Em relação à criminalidade, a figura 4.19 apresenta que houve um aumento
considerável, pois 56,6% dos entrevistados responderam que aumentou muito e 27,3%
responderam que aumentou. Alguns responderam que permanece o mesmo (12,1%) e
outros afirmaram que diminuiu (4,0%). Essa é uma realidade que pode ser vista em todo o
país, principalmente em uma comunidade como a estudada: com baixos percentuais na
educação, saúde e poucos espaços de lazer.
y = 99 * 1 * normal (x; 1,636363; 0,850625)
CRIMINALIDADE
No of obs
56,6%
27,3%
12,1%
4,0%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 4.19 - Opinião do entrevistado quanto à situação da criminalidade na comunidade devido à atividade
turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
85
Para tratar da violência, a figura 4.20 apresenta os resultados da pesquisa de campo,
segundo a visão da comunidade estudada. Essa variável obteve um maior percentual de
aumentou muito (68,7%) que a criminalidade, e um menor na escala aumentou (20,2%),
permanece o mesmo (8,1%) e diminuiu (3,0%). Mais uma vez essa realidade pode ser
reflexo de um conjunto de fatores mal estruturados como educação, saúde, lazer,
distribuição de renda, emprego, os quais infelizmente, refletem diretamente em muitas
atividades econômicas inclusive na área turística, pois se faz uso da comunidade, do
ambiente, das culturas das pessoas para poder existir.
y = 99 * 1 * normal (x; 1,454545; 0,772918)
VIOLENCIA
No of obs
68,7%
20,2%
8,1%
3,0%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 4.20 - Opinião do entrevistado quanto à situação da violência na comunidade devido à atividade
turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
A figura 4.21 apresenta um assunto bastante polêmico para a atividade turística: a
prostituição. Na percepção da população entrevistada, aumentou muito o índice de
prostituição na comunidade, 85,8% deram essa resposta. Outros 13,1% disseram que houve
aumento e 2,0% responderam permanece a mesma coisa. Nenhum dos entrevistados
respondeu que diminuiu ou diminuiu muito. Essa variável é mais uma a confirmar que
baixos índices de educação, saúde, lazer, podem provocar o agravamento dos problemas da
estrutura social, que por sua vez reflete sobre o meio ambiente.
Dessa forma, de acordo com informações coletadas no grupo em estudo, constata-
se que a atividade turística desenvolvida sem planejamento e por conveniência, modifica a
estrutura social de uma comunidade. Assim, conforme os teóricos Coriolano e Martins
86
(2005), o turismo sem estrutura e inadequado enfraquece e altera os aspectos sócio-
culturais e modifica a moralidade da comunidade receptora, porque ela passa a sofrer
influência e absorver ações, atitudes e comportamentos dos turistas, achando tudo
“normal”. Isso aumenta a incidência da prostituição, da criminalidade, do uso de drogas e
do jogo organizado.
y = 99 * 1 * normal (x; 1,171717; 0,429532)
PROSTITUIÇÃO
No of obs
84,8%
13,1%
2,0%
0
7
14
21
28
35
42
49
56
63
70
77
84
91
98
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 4.21 - Opinião do entrevistado quanto à situação da prostituição na comunidade devido à atividade
turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
Por fim, a figura 4.22 apresenta o percentual de respostas sobre a qualidade de vida,
de acordo com a opinião da população estudada. A mesma apresenta 72,7% dos
entrevistados responderam que permanece a mesma, tendendo para uma melhora, com
14,1% dos entrevistados respondendo que aumentou e 3,0% que aumentou muito. Os que
responderam que a qualidade de vida na comunidade diminuiu (9,1%) e diminuiu muito
(1,0%), juntos, não se aproximam do percentual de moradores da amostra que responderam
que aumentou.
Essa análise é interessante, pois por mais que os impactos ao meio ambiente, a
criminalidade, a violência, a prostituição tenham aumentado, na percepção da população
entrevistada, a qualidade de vida, a geração de empregos, a renda e sua distribuição
permanecem a mesma tendendo para uma melhora, opondo-se ao que Coriolano (2006),
expõe sobre as condições de trabalho e de vida dos trabalhadores do turismo em uma praia
87
do Estado do Ceará. Essa visão negativa também é um tanto árdua quando esses
trabalhadores falam que o turismo não chega para eles. É coisa de rico, que tem dinheiro,
que vem comer e beber, dançar e esnobar do povo, que não tem direito a folga, nem férias.
y = 99 * 1 * normal (x; 2,90909; 0,624188)
Q_VIDA
No of obs
3,0%
14,1%
72,7%
9,1%
1,0%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 4.22 - Opinião do entrevistado quanto à situação da qualidade de vida na comunidade devido à
atividade turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
Portanto, o que também pode-se observar nessa situação, é a não percepção da
comunidade estudada que as condições de saúde, educação, lazer, também podem refletir
na geração de mais e melhores empregos, renda e sua distribuição. Até mesmo na
diminuição dos índices de violência, criminalidade, prostituição, para então se alcançar os
benefícios sociais e uma melhor qualidade de vida que qualquer atividade econômica pode
oferecer, inclusive o turismo.
4.3 Análise de Regressão Múltipla
Nesta análise, procurou-se verificar, através da regressão linear múltipla, o
relacionamento entre as variáveis relacionadas à visão do entrevistado quanto aos
benefícios sociais gerados pela atividade turística e as demais variáveis independentes do
estudo. Para tanto, a variável escolhida como dependente foi definida como os benefícios
sociais (BEN_SOCI - Opinião do entrevistado quanto aos benefícios sociais na
88
comunidade gerados pela atividade turística). O que a atividade turística pode trazer para a
vila de Ponta Negra na visão dos moradores.
Como variáveis independentes foram consideradas: o comportamento da renda
(RENDA - Opinião do entrevistado quanto à situação da renda das pessoas da comunidade
devido à atividade turística). De emprego (EMPREGO - Opinião do entrevistado quanto à
situação do emprego na comunidade devido à atividade turística.). Das vendas (VENDA -
Opinião do entrevistado quanto à situação das vendas na comunidade devido à atividade
turística.). Da educação (EDUCAÇÃO - Opinião do entrevistado quanto à situação da
educação devido à atividade turística.). Da distribuição de renda (DIST_REN - Opinião do
entrevistado quanto à situação da distribuição de renda na comunidade devido à atividade
turística.). Da saúde (SAUDE - Opinião do entrevistado quanto à situação da saúde na
comunidade devido à atividade turística.). Da satisfação (SATISF - Opinião do
entrevistado quanto à satisfação dos moradores da comunidade devido à atividade
turística). Do lazer (LAZER - Opinião do entrevistado quanto à situação dos espaços de
lazer na comunidade devido à atividade turística). Da criminalidade (CRIME - Opinião do
entrevistado quanto à situação da criminalidade na comunidade devido à atividade
turística). Da violência (VIOLENCI - Opinião do entrevistado quanto à situação da
violência na comunidade devido à atividade turística). Da prostituição (PROSTIT -
Opinião do entrevistado quanto à situação da violência na comunidade devido à atividade
turística). Do uso de drogas (DROGAS - Opinião do entrevistado quanto à situação do uso
de drogas na comunidade devido à atividade turística) e da qualidade de vida no geral
(Q_VIDA - Opinião do entrevistado quanto à situação da qualidade de vida na comunidade
devido à atividade turística), na percepção dos moradores entrevistados. O resumo da
análise de regressão é apresentado no Anexo III.
A Tabela 4.1 apresenta os resultados da ANOVA (análise de variância) que levam a
inferir que há fortes evidências de que o modelo ajustado serve para descrever a associação
entre a variável dependente BEN_SOCI e as variáveis independentes selecionadas, devido
ao valor de probabilidade p < 0,0000001.
89
Tabela 4.1 Análise de variância (ANOVA) para a regressão para a variável benefícios sociais que a
atividade turística traz para a vila de Ponta Negra.
Soma de
Quadrados
Graus de
liberdade
Quadrado
Médio
F p-valor
Regressão
20,35 13 1,565369 6,75 < 0,0000001
Residual
18,55 80 0,231931
Total
38,90
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007
Em função do valor R² (R² = 0,523), pode-se inferir que as variáveis independentes
selecionadas explicam 52,3% da variação da variável BEN_SOCI, significando que outras
variáveis que não foram mencionadas neste trabalho poderiam contribuir para melhor
explicar a variação de BEN_SOCI. Dentre as treze variáveis independentes, seis foram
significantes para compor o modelo: EMPREGO, EDUCAÇÃO, DIST_REN, SAUDE,
LAZER e Q_VIDA. O resumo desses resultados esna Tabela 4.2. O Anexo III contém
mais detalhes desse resultado.
Tabela 4.2 – Variáveis que se revelaram significantes no modelo. R
2
= 0,523
Variáveis
Descrição das variáveis b
n
p-valor
Intercepto
1,2407 0,0261
RENDA
Situação da renda na comunidade 0,2442 0,0791
EMPREGO
Situação do emprego na comunidade
0,4355 0,0004
VENDAS
Situação das vendas na comunidade -0,1912
0,1149
EDUCAÇÃO
Situação da educação na comunidade
0,2946 0,0010
DIST_REN
Situação da distribuição de renda na comunidade
0,2182 0,0176
SAUDE
Situação da saúde na comunidade
-0,2683
0,0026
SATISF
Satisfação da comunidade 0,0309 0,7390
LAZER
Situação dos espaços de lazer na comunidade
0,2302 0,0096
CRIME Situação da criminalidade na comunidade -0,0893
0,3674
VIOLENCI Situação da violência na comunidade 0,0517 0,6728
PROSTIT Situação da prostituição na comunidade 0,1226 0,4584
DROGAS Situação do uso de drogas na comunidade -0,0836
0,5393
Q_VIDA
Situação da qualidade de vida na comunidade
-0,3511
0,0015
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007
Nota-se, devido à baixa probabilidade de erro, com base na análise da tabela acima,
que segundo os entrevistados, os benefícios sociais estão fortemente ligados a geração de
emprego. Mesmo a população local não possuindo um nível de escolaridade alto e
específico, o que pode ser um reflexo do que o poder público utiliza ao falar em turismo
como gerador de emprego e renda (BRASIL, 2006).
90
Esta mesma análise pode ser refletida para outras três variáveis selecionadas, como
educação, distribuição de renda e lazer. Já para as variáveis saúde e qualidade de vida, essa
análise se faz de forma negativa, pois à medida que a atividade turística cresce a população
percebe que suas condições de saúde e qualidade de vida tendem a piorar.
Como uma forma de melhor visualizar essas análises a figura 4.23 mostra o resumo
dos resultados encontrados no estudo da associação das variáveis independentes com a
dependente.
Figura 4.23 – Associação entre a variável beneficio social (BEN_SOCI) e seus antecedentes.
Fonte: Pesquisa de campo, março de 2007
EDUCAÇÃO
b = 0,2946
r = 0,38
LAZER
b = 0,2302
r = 0,28
Q_VIDA
b = - 0,3511
r = 0,19
SAÚDE
b = - 0,2683
r = 0,03
DIST_REN
b = 0,2182
r = 0,48
EMPREGO
b = 0,4355
r = 0,37
BEN_SOCI
R2 = 52,3%
91
Capítulo 5
Conclusões e Recomendações
Este capítulo apresenta as conclusões do trabalho, sendo divido em três seções.
Primeira: conclusões dos resultados da pesquisa. Segunda: apresenta as limitações do
trabalho. E, por fim, apresenta recomendações para trabalhos futuros.
5.1 Conclusões da Pesquisa de Campo
A primeira conclusão que se pode chegar sobre a atividade turística em relação aos
impactos sócio-ambientais analisados sob a ótica de uma população receptora é a geração
de emprego e renda, talvez por serem os benefícios mais perceptíveis ou mesmo por
serem os mais divulgados e fáceis de quantificar. Principalmente, quando se trata da
análise do poder público, quando se diz que o turismo é a maneira mais rápida de se
mudar os indicadores sociais das pessoas, sendo uma área que movimenta muitos
recursos e que oferece mais possibilidades de emprego. (FARIA, 2007).
Neste trabalho, pode-se comprovar que esse pensamento é o que ainda prevalece.
Principalmente, através da análise descritiva, na qual as variáveis são analisadas uma a
uma, verifica-se que as únicas variáveis que sofreram alguma melhora foram justamente
o emprego e a renda. os benefícios sociais e a qualidade de vida permaneceram do
mesmo jeito, sendo perceptível uma melhora sutil e a distribuição de renda tendendo para
uma pequena baixa.
Variáveis como saúde, educação e lazer, obtiveram respostas negativas em seu
crescimento. Pelos dados tabulados no item 4.1 Perfil da Amostra -, essa situação pode
ser comprovada, pelo baixo nível de escolaridade da população estudada a qual 57% possui
apenas o nível médio, 21 % o ensino fundamental e 22% o ensino superior. (figura 4.7)
variáveis como, criminalidade (56,6%), violência (68,7%) e prostituição
(84,8%) obtiveram respostas muito negativas, com percentuais altíssimos de aumentou
muito. Essa realidade é comprovada quando autores como Ruschmann (2001) e Archer e
92
Cooper (2002), explicam que a não consideração do nível de desenvolvimento da
comunidade, o tipo de turismo que é desenvolvido e a falta de um planejamento, têm
como resultado a tentativa de se solucionar os impactos negativos, como o alto índice de
prostituição, marginalidade, uso de drogas, poluição, descaracterização das paisagens,
especulação imobiliária, falta de infra-estrutura adequada, entre outros.
Outra variável bastante negativa foi o impacto ao meio ambiente. Como foi uma
questão abrangente, teve-se que explicar o que significa “impacto ao meio ambiente” às
pessoas entrevistadas. Mesmo com alguma dificuldade para entender o termo, percebe-se
que o percentual aumentou foi bastante elevado. Infelizmente, essa é uma realidade
frustrante para o turismo e para a sociedade, além de ser o meio ambiente onde tudo se
desenrola, seja para o turismo ou não, é nele que está a matéria-prima desta atividade,
como a paisagem, a cultura da população local. Enfim, se é preciso desenvolver e construir
estrutura para a atividade turística que se faça com planejamento e responsabilidade, pois
por suas próprias características uma apropriação direta ou indireta e uma produção
espacial simbólica da beleza natural ou da cultural, alterando-se tanto a paisagem física
como as relações sociais dos moradores da área que passam a gravitar em torno da
atividade turística.
Assim, se conclui, com a análise descritiva, que no impacto do turismo, os
positivos, são os empregos e renda gerados, surtindo efeito na distribuição de renda. Os
impactos negativos refletem o que muitos autores pesquisados para a elaboração do
referencial teórico abordam: o aumento da criminalidade, da violência, da prostituição, da
degradação ao meio ambiente, do uso de drogas, agravados, também, pela péssima
condição da educação, da saúde e dos espaços de lazer. Constatados nos depoimentos dos
moradores da Vila de Ponta Negra entrevistados.
Com relação à análise de regressão múltipla, foi identificada como variável
dependente a BEN_SOCI (Opinião do entrevistado quanto os benefícios sociais na
comunidade gerados pela atividade turística) e como variáveis independentes que se
relacionaram à dependente, EMPREGO (Opinião do entrevistado quanto à situação do
emprego na comunidade devido à atividade turística.), EDUCAÇÃO (Opinião do
entrevistado quanto à situação da educação devido à atividade turística), DIST_REN
(Opinião do entrevistado quanto à situação da distribuição de renda na comunidade devido
à atividade turística), SAUDE (Opinião do entrevistado quanto à situação da saúde na
comunidade devido à atividade turística.), LAZER (Opinião do entrevistado quanto à
situação dos espaços de lazer na comunidade devido à atividade turística) e Q_VIDA
93
(Opinião do entrevistado quanto à situação da qualidade de vida na comunidade devido à
atividade turística). Nota-se que a percepção dos entrevistados sobre os benefícios sociais
que a atividade turística pode trazer para a comunidade estão diretamente ligados à geração
de emprego, à distribuição de renda, a educação, ao lazer, e inversamente ligados às
condições da saúde e a qualidade de vida.
Com esta análise pode-se confirmar, mais uma vez, que quando fala-se em turismo
pensa-se imediatamente nos benefícios econômicos, principalmente na geração de emprego
e conseqüentemente renda e sua distribuição. É interessante observar que a população
analisada, quando pensa em benefícios sociais advindos do turismo, também percebe que o
crescimento da atividade turística pode acarretar melhoria em algumas necessidades
básicas como educação e lazer, que deveriam ser supridas pelo setor público de modo
geral, servindo como alicerces para o desenvolvimento de um turismo sustentável.
Assim, através desta pesquisa, onde foram investigados os impactos positivos e
negativos da atividade turística em uma comunidade receptora, no caso os moradores da
Vila de Ponta Negra em Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, pode-se perceber
o quanto são necessários estudos que enfoquem não os aspectos econômicos e positivos
desta atividade, que de um modo geral, o mais fáceis de ser analisados e quantificados,
mas também aspectos que vislumbrem a sociedade como um todo, como social, ambiental,
político, cultural, de modo que os elementos de uma dimensão se liguem com os de outra,
em vez de optar por um ponto de vista exclusivo.
É nessa perspectiva de novos horizontes que nasce a premissa do desenvolvimento
sustentável, tratado no referencial teórico desta pesquisa, através do levantamento do uso
de indicadores, cuja função é a de auxiliar a compreensão dos fatos sociais, onde se enfoca
a participação social orientada por três eixos: a preservação ambiental, a eqüidade social e
o crescimento econômico. Como expõe Dias (2003), sem a integração da comunidade local
em todas as fases do processo não desenvolvimento. Logo, para o turismo ser um meio
positivo para o aumento da vida econômica, social, cultural e ambiental, é preciso que se
volte para a população local, a fim de detectar os possíveis problemas e escolher o melhor
método de avaliação condizente com a realidade encontrada. Portanto, a presente pesquisa
oferece uma base sobre o estudo dos impactos sócio-ambientais que utiliza o conhecimento
de indicadores e de métodos de avaliação sócio-ambiental, no intuito de pensar que sempre
existirá degradação, mas que se pode minimizá-las. Deixar de estudar esses assuntos é que
seria um desrespeito com a sociedade que clama por ajuda.
94
5.2 Limitações do Trabalho
Em termos metodológicos, para diminuir o erro amostral, a pesquisa poderia ter
possuido maior amostra da população fazendo com que os resultados alcançados
obtivessem uma maior proporção.
O valor de (R² = 0,523), na análise de regressão múltipla, demonstra que outras
variáveis não estudadas poderiam contribuir para a determinação de um melhor
relacionamento entre as varáveis dependente e independentes. Ou seja, há a necessidade de
investigação de outras variáveis capazes de influenciar, na percepção dos moradores, os
benefícios sociais da atividade turística.
5.3 Recomendações para Trabalhos Futuros
A partir dos resultados obtidos e discussões apresentadas ao logo da pesquisa,
algumas sugestões para trabalhos futuros podem ser apresentadas:
- Elaborar mais pesquisas sobre os impactos sociais, culturais e ambientais da atividade
turística, principalmente nas populações locais, por ser o elo mais vulnerável dessa
atividade, principalmente em países em desenvolvimento;
- Elaborar essas pesquisas também fundamentadas nos estudos de indicadores, pois estes
enriquecem e fornecem dados mais precisos;
- Investigar, de modo geral, os problemas do crescimento desenfreado do turismo, pois
com o conhecimento dos possíveis danos, se poderá elaborar métodos sistematizados para
se avaliar quantitativa e qualitativamente o custo desses problemas;
- Elaborar pesquisas que considerem as especificidades de cada localidade estudada para
que se possa escolher os métodos de avaliação e planejamento mais adequados a cada
realidade;
- Elaborar planejamento turístico a partir das premissas desta pesquisa, também
considerando as demais recomendações anteriores;
- Analisar em que estágio do ciclo de vida do turismo está uma comunidade estudada.
- Estudos de Caso em localidades turísticas.
95
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105
Anexos
106
107
Anexo II
Demais Figuras da Análise Descritiva
y = 99 * 1 * normal (x; 3,252525; 0,704844)
INV_PREF
No of obs
9,1%
62,6%
22,2%
6,1%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanecu o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 1 - Opinião do entrevistado quanto aos investimentos sociais realizados pela Prefeitura como efeito da
atividade turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
y = 98 * 1 * normal (x; 3,142857; 0,688641)
INV_EMPR
No of obs
13,3%
63,3%
19,4%
4,1%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
Aumentou muito
Aumentou
Permenece o mesmo
Dimunuiu
Diminuiu muito
Figura 2 - Opinião do entrevistado quanto aos investimentos sociais realizados pelos empresários como efeito
da atividade turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
108
y = 98 * 1 * normal (x; 2,7551; 0,593109)
ENV_FAM
No of obs
32,7%
59,2%
8,2%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Dimunuiu
Diminuiu muito
Figura 3 - Opinião do entrevistado quanto ao grau de envolvimento de sua família com a atividade turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
y = 99 * 1 * normal (x; 2,72727; 0,635966)
BEN_FAMI
No of obs
36,4%
55,6%
7,1%
1,0%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 4 - Opinião do entrevistado quanto à intensidade dos benefícios gerados pela atividade turística na
família.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
109
y = 99 * 1 * normal (x; 2,80808; 0,76501)
VENDAS
No of obs
35,4%
53,5%
6,1%
5,1%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 5 - Opinião do entrevistado quanto à situação das vendas na comunidade devido à atividade turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
y = 98 * 1 * normal (x; 3,22449; 0,75342)
SATISF
No of obs
15,3%
51,0%
29,6%
4,1%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 6 - Opinião do entrevistado quanto à satisfação dos moradores da comunidade devido à atividade
turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
110
y = 99 * 1 * normal (x; 1,373737; 0,581796)
DROGAS
No of obs
67,7%
27,3%
5,1%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 7 - Opinião do entrevistado quanto à situação do uso de drogas na comunidade devido à atividade
turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
y = 99 * 1 * normal (x; 2,565656; 0,608806)
REND_FAM
No of obs
2,0%
43,4%
50,5%
4,0%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 8 - Opinião do entrevistado quanto à situação da renda familiar como efeito da atividade turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
111
y = 99 * 1 * normal (x; 2,59596; 0,637585)
EMP_FAM
No of obs
2,0%
42,4%
49,5%
6,1%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 9 - Opinião do entrevistado quanto à situação de emprego da família como efeito da atividade
turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
y = 99 * 1 * normal (x; 2,858585; 0,606262)
LAZER_FA
No of obs
2,0%
20,2%
67,7%
10,1%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 10 - Opinião do entrevistado quanto à situação do lazer da família como efeito da atividade turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
112
y = 99 * 1 * normal (x; 3,161616; 0,724316)
SAUD_FAM
No of obs
2,0%
11,1%
57,6%
27,3%
2,0%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 11 - Opinião do entrevistado quanto à situação da saúde da família como efeito da atividade turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
y = 98 * 1 * normal (x; 2,969387; 0,64941)
EDUC_FAM
No of obs
20,4%
64,3%
13,3%
2,0%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 12 - Opinião do entrevistado quanto à situação da educação da família como efeito da atividade
turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
113
y = 99 * 1 * normal (x; 2,68687; 0,679833)
QV_FAM
No of obs
3,0%
34,3%
53,5%
9,1%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Aumentou muito
Aumentou
Permanece o mesmo
Diminuiu
Diminuiu muito
Figura 13 - Opinião do entrevistado quanto à situação da qualidade de vida da família como efeito da
atividade turística.
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
114
Anexo III
Resumo da Análise de Regressão
Tabela 1 – Resumo da Análise de Regressão
Regression Summary for Dependent Variable: BEN_SOCI
R= ,72323832 R²= ,52307366 Adjusted R²= ,44557313
F(13,80)=6,7493 p<,00000 Std.Error of estimate: ,48159
St. Err. St. Err.
BETA of BETA B of B t(80) p-level
Intercpt 1,2407
0,5474
2,2664
0,0261
RENDA 0,2322
0,1306
0,2442
0,1373
1,7784
0,0791
EMPREGO 0,4936
0,1328
0,4355
0,1172
3,7175
0,0004
VENDAS -0,2192
0,1375
-0,1912
0,1199
-1,5938
0,1149
EDUCAÇÃO 0,4076
0,1194
0,2946
0,0863
3,4144
0,0010
DIST_REN 0,2601
0,1073
0,2182
0,0900
2,4241
0,0176
SAUDE -0,3171
0,1019
-0,2683
0,0862
-3,1115
0,0026
SATISF 0,0357
0,1067
0,0309
0,0925
0,3344
0,7390
LAZER 0,2347
0,0885
0,2302
0,0868
2,6530
0,0096
CRIME -0,1190
0,1313
-0,0893
0,0985
-0,9065
0,3674
VIOLENCI 0,0628
0,1481
0,0517
0,1219
0,4238
0,6728
PROSTIT 0,0801
0,1075
0,1226
0,1645
0,7451
0,4584
DROGAS -0,0761
0,1234
-0,0836
0,1357
-0,6165
0,5393
Q_VIDA -0,3439
0,1049
-0,3511
0,1071
-3,2791
0,0015
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
115
Anexo IV
Matriz de Correlação
106
Anexo I
Instrumento de Pesquisa
FORMULÁRIO DE PESQUISA
Esta pesquisa tem como objetivo obter dados referentes à percepção da população sobre os impactos da atividade turística no meio
ambiente, na família e sociedade local. Por gentileza, circule o número que corresponde a sua resposta. Caso não queira ou não
saiba responder deixe em branco. Seus resultados serão utilizados para estudos de casos no PEP/UFRN e não haverá qualquer
relevância não autorizada à pessoa pesquisada.
1. Há quanto tempo mora na Vila de Ponta Negra? _________ meses ou _________anos.
2. A principal atividade econômica de sua família é o TURISMO? (1) Sim (2) Não
Considerando os últimos 10 anos, dê sua opinião sobre os
seguintes aspectos:
Aumentou
muito
Aumentou
Permanece o
mesmo
Diminuiu
Diminuiu
muito
3. O impacto ao meio ambiente gerado pela atividade
turística na Vila de Ponta Negra.
1 2 3 4 5
4. Os benefícios sociais que a atividade turística traz para a
Vila de Ponta Negra.
1 2 3 4 5
5. Os investimentos em ações socais na Vila de Ponta
Negra realizados pela Prefeitura como efeito da atividade
turística.
1 2 3 4 5
6. Os investimentos em ações socais na Vila de Ponta
Negra realizados pelos Empresários como efeito da
atividade turística.
1 2 3 4 5
7. O nível de envolvimento de sua família com a atividade
turística.
1 2 3 4 5
8. A intensidade do benefício que a atividade turística trouxe
para sua família?
1 2 3 4 5
9. A renda das pessoas desta localidade.
1 2 3 4 5
10. O Emprego na comunidade.
1 2 3 4 5
11. As vendas no comércio.
1 2 3 4 5
12. A educação de jovens e adultos.
1 2 3 4 5
13. A distribuição de renda.
1 2 3 4 5
14. A saúde das pessoas na comunidade.
1 2 3 4 5
15. A Satisfação dos moradores da Vila.
1 2 3 4 5
16. Os Espaços de lazer da comunidade.
1 2 3 4 5
17. A criminalidade nesta localidade.
1 2 3 4 5
18. A violência na comunidade.
1 2 3 4 5
19. A prostituição na Vila de Ponta Negra
1 2 3 4 5
20. O uso de drogas.
1 2 3 4 5
21. A qualidade de vida de um modo geral
1 2 3 4 5
Considerando agora SUA FAMÍLIA nos últimos 10 anos, dê
sua opinião sobre os seguintes aspectos:
Aumentou
muito
Aumentou
Permanece o
mesmo
Diminuiu
Diminuiu
muito
22.A renda familiar
1 2 3 4 5
23. O emprego
1 2 3 4 5
24. O lazer
1 2 3 4 5
25. A saúde
1 2 3 4 5
26. A educação de todos na família.
1 2 3 4 5
27. A qualidade de vida.
1 2 3 4 5
Dados Pessoais do Entrevistado
28. Sexo: (1) Masculino (2 ) Feminino 29. Ano do Nascimento:
30. Estado civil: (1) Solteiro(a) (2) Casado(a)/Junto (3) Separado(a)/Divorciado (4) Viúvo(a)
31. Escolaridade: ____ ano do Ensino ________________ Superior (qual): ________________ 32. Nº de pessoas na Família:
33. Casa própria: (1) Sim (2) Não 34. Principal atividade econômica: 35. Há quanto tempo exerce a atividade?
36. Renda familiar mensal: (1) até R$ 500,00 (2) entre R$ 501,00 e R$ 1.000,00 (3) entre R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00
(4) entre R$ 2.001,00 e R$ 3.000,00 (5) acima de R$ 3.000,00
107
115
Anexo IV
Matriz de Correlação
Tabela 1 – Matriz de Correlação
RENDA
EMPREGO
VENDAS
EDUCAÇÃO
DIST_REN
SAUDE SATISF
LAZER CRIME VIOLENCI
PROSTIT
DROGAS
Q_VIDA
BEN_SOCI
RENDA
EMPREGO
0,52
VENDAS
0,64 0,75
EDUCAÇÃO
0,44
0,01 0,19
DIST_REN
0,55 0,30 0,34 0,36
SAUDE
0,16 0,12 0,13
0,53
0,09
SATISF
0,49 0,46 0,39
0,01
0,52
0,09
LAZER
0,21 0,20 0,24
0,11 0,15 0,15
0,21
CRIME
-0,05 0,00 -0,09 -0,21 -0,20 -0,27 -0,12 -0,22
VIOLENCI
-0,06 -0,04 -0,11 -0,21 -0,19 -0,32 -0,16 -0,21
0,80
PROSTIT
-0,16 -0,12 -0,20 -0,28 -0,22 -0,33 -0,18 -0,18
0,42 0,54
DROGAS
0,01 -0,04 0,01 -0,13 -0,12 -0,28 -0,14 -0,32
0,56 0,67 0,62
Q_VIDA
0,51 0,53 0,51
0,14
0,45
0,03
0,45 0,35
-0,13 -0,13 -0,15 -0,08
BEN_SOCI
0,50 0,37 0,30 0,38 0,48
0,03
0,30 0,28
-0,13 -0,09 -0,10 -0,12 0,19
Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.
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