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GIULIANO HENRIQUE MIÃO LUCHI
AVALIAÇÃO DENTO-ESQUELÉTICA COMPARANDO DUAS TÉCNICAS
CIRÚRGICAS PARA EXPANSÃO RÁPIDA MAXILAR
Dissertação apresentada à Faculdade de
Odontologia da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS,
como parte dos requisitos necessários à
obtenção do grau de mestre em Odontologia,
na área de concentração em Cirurgia de
Traumatologia Bucomaxilofacial, linha de
pesqusa: Deformidades Faciais.
Prof. Dr. CLAITON HEITZ
Orientador
PORTO ALEGRE
2007
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DEDICATÓRIA
Aos meus amados e queridos pais Antônio José Luchi Arroyo e Regina
Márcia Mião Luchi que sempre se esforçaram e se dedicaram para minha formação
pessoal e profissional. Agradeço por todos os ensinamentos, pelo apoio e pelo amor
sempre constante em nosso lar.
À vocês serei eternamente grato.
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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
À Deus que em todos os momentos di
f
íceis semp
r
e esteve comigo e minha
f
amília, dando
-
nos
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ças e sabedo
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ia. Pela in
f
inita bondade, concedeu
-
me a dádiva
ma
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avilhosa da vida e me p
r
esenteou com uma
f
amília exemplar e amigos
verdadeiros.
Às minhas irmãs Nara e Keila, pelos momentos maravilhosos que vivemos
sempre que estamos juntos, pelo apoio e amor sempre presente entre s. Amo
Vocês!
Ao amigo e colega de Mestrado André Luiz Marinho Falcão Gondim, pela
amizade que nos fortaleceu, pela ajuda nos momentos difíceis e alegres que passei
não durante as atividades do curso, mas também na vida pessoal. Conte sempre
comigo. Muito Obrigado!
Ao amigo Henrique Telles Ramos de Oliveira pela amizade verdadeira e apoio
sempre prestados.
À Professora Doutora Maria Fidella Navarro e ao Professor Doutor João A. C.
Navarro, in memorian, pelo fundamental apoio prestado no inicio de minha vida
profissional, pelo exemplo de vida dedicada à ciência e a odontologia e pela
amizade sempre verdadeira.
À Equipe de Ci
r
u
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gia Bucal e O
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tognática do “Cent
r
inho”; D
r
. Reinaldo
Mazzotini, Dr. Robe
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to Macoto Suguimoto, D
r
a. Robe
r
ta Ma
r
tinelli, Dr. Renato Faco,
pelos ensinamentos e amizade, nunca me esquecerei e sempre serei grato.
AGRADECIMENTOS
Aos meus grandes amigos e irmãos da vida Ricardo Antônio Pereira Cunha
Castro, Luiz Francisco Simões Mótio, Márcio Leão e amigas Edwa, Carolina
Castro, Geovana Pimentel, Carla Juliana P. Monari, Andréia Nischioka e Tatiane
Nischioka pela amizade e apoio.
À coordenação do Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES),
pela bolsa de estudos concedida.
À Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUCRS), através de seu atual direitor Prof. Marcos Túlio M.
Carvalho.
À Professora Doutora Nilza Pereira da Costa, pela sua dedicação à
Odontologia e ao Programa de Pós-graduação da Faculdade de Odontologia da
PUCRS
Aos Professores e Professoras Doutores (as) do Programa de pós-graduação
em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial da PUCRS, Rogério Belle de Oliveira,
Rogério Miranda Pagnoncelli, Daniela Nascimento, Marilia Gerhardt de Oliveira, em
especial ao amigo e orientador Professor Doutor Claiton Heitz, pela confiança em
mim depositada, sempre pronto a esclarecer vidas e a mostrar-me o caminho a
ser percorrido durante a execução desta pesquisa. Muito obrigado por tudo!
Ao co-orientador e amigo Professor Doutor Eduardo Martinelli Santayana de
Lima, Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da
PUCRS, pela sua dedicação à Ortodontia e à pesquisa. Agradeço pela confiança e
colaboração prestadas para a execução desta pesquisa. Muito obrigado pela sua
ajuda!
Ao co-orientador Roberto Massulo, mestre em Ortodontia e Ortopedia Facial
pela PUCRS, pela fundamental participação e contribuição à execução desta
pesquisa.
Aos meus colegas de Mestrado Angelo Freddo, Carlos Alberto Martins, Daniel
Augusto Gaziri, Gisela Grandi, Gleisse Wantowski e Simone M. Rodrigo pela valiosa
ajuda nesta pesquisa, pelo convívio, pela amizade e po
r
todos os bons momentos
vividos durante o curso.
Aos mestrandos do Programa de pós-graduação em Ortodontia da PUCRS,
Maíra, Ricardo, Ariadna e Carine, pelo tratamento de muitos pacientes desta
pesquisa. O trabalho de vocês foi imprescindível para a realização deste estudo.
Às técnicas em Radiologia Ana Roselaine de Jesus, e Maria Inês Ludvig
Mendel pelas excelentes radiografias realizadas para esta pesquisa.
À Carolina Peronio de Santis, pela atenção e ajuda no agendamento dos
pacientes no serviço de radiologia da FO/PUCRS.
Às Professoras Doutoras Elaine Bauer Veeck, Helena Willhelm de Oliveira,
Márcia Rejane Brücker, Nilza Pereira da Costa e Rejane Holderbaum pela
excelência do Serviço de Radiologia da Faculdade de Odontologia da PUCRS, pelo
esclarecimento de muitas dúvidas e pela constante disponibilidade para a realização
das incidências radiográficas desta pesquisa.
Aos funcionários Adriana Irene de Melo, Antônio Carlos Teixeira Miranda,
Neuza Custódio Soares, Rejane Barcelos do Monte, Jaqueline de Souza Viana,
Clarissa Andrade Tomé, Cristiano Bernardes da Silva, Davenir Menger Brusch,
Marcos Caetano Correa, Tiago Marques Afonso por toda ajuda prestada para a
realização desta pesquisa. Obrigado pelo apoio de todos, sempre dispostos a ajudar,
mesmo frente às tarefas mais difíceis.
Ao Hospital de Reabilitação de Anomalias C
r
anio
f
aciais
(
HRAC
)
da
Unive
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sidade de São Paulo, (USP-BAURU/SP).
À toda
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amília do “Cent
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inho”, sem exceção, po
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te
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em me acolhido e te
r
em
me adotado como um ente que
r
ido. Todos semp
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e esta
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ão p
r
esentes nos meus
pensamentos e no meu co
r
ação. Muito ob
r
igado, de ve
r
dade.
Aos meus amigos
r
esidentes no centrinho, Carlos Betonni e Cláudia Felício
pela ajuda,
f
o
r
ça, amizade e pelos bons momentos que passamos durante a
resindência. A Ednéia pela amizade e ajuda nas cirurgias.
À Simone Echeveste pela análise estatística.
À todos que contribuíram de alguma maneira para a realização desta
pesquisa.
Muito Obrigado!!!!
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CTBMF = Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial
ERM = Expansão Rápida Maxilar
ERM-AC = Expansão Rápida Maxilar Assistida Cirurgicamente
EM DEGRAU = Osteotomia Le Fort I, com degrau na região do pilar zigomático-
maxilar
SEM DEGRAU = Osteotomia Le Fort I, sem degrau na região do pilar zigomático-
maxilar
PUCRS = Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
T1 = Fase inicial
T2 = Fase logo após a estabilização do aparelho expansor
T3 = Fase de contenção
PA = Telerradiografia Póstero-anterior
PERFIL = Telerradiografia Lateral
® = Marca Registrada
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi avaliar as alterações dentárias e esqueléticas
ocorridas após a expansão rápida maxilar assistida cirurgicamente (ERM-AC)
quando comparadas duas técnicas de osteotomia Le Fort I: Bell (1976); Bennett e
Wolford (1982). A amostra foi composta por 27 pacientes leucodermas, com idade
variando entre 17 e 40 anos, sendo 12 do gênero feminino e 15 do masculino. Todos
os pacientes eram adultos com deficiência de crescimento maxilar transversal, não
submetidos a tratamento ortodôntico prévio e com indicação de ERM-AC como parte
de seu tratamento ortodôntico. Medidas lineares e angulares foram obtidas a partir
de traçados cefalométricos laterais e póstero-anteriores e analisadas
estatisticamente nas fases inicial, logo após a estabilização do aparelho tipo Hirax e
com três meses de contenção. A ERM-AC promoveu aumento na distância da base
óssea apical maxilar (p<0,01) e da cavidade nasal (p<0,01), que permaneceram
constantes após três meses de contenção em ambos os grupos e constatou-se
aumento nas distâncias intermolares superiores (p<0,01) logo após a estabilização
do aparelho. Após três meses de contenção, verificou-se que os incisivos centrais
superiores inclinaram para palatino (p<0,01) durante o período de contenção em
ambos os grupos. Na avaliação transversal, tanto a distância entre os ápices como a
distância entre as coroas desses dentes aumentaram (p<0,01) logo após a
estabilização do aparelho. Após três meses de contenção e constatou-se um
aumento significativo do ângulo interincisal em ambos os grupos, avaliado na
telerradiografia PA.
Descritores
1
: expansão rápida maxilar; cirurgia ortognática; cefalometria
1
Descritores¹ em ciência da saúde (DeCS); disponível em http://decs.bvs.br/acesso em 17 de outubro
de 2006
ABSTRACT
The purpose of this study was to assess dental and skeletal changes occurred
after surgically assisted rapid maxillary expansion (SA-RME) when compared two
types of osteomomy Le Fort I: Bell (1976); Bennett e Wolford (1982). The sample
comprised 27 white patients, at ages ranging from 17 to 40 years, 12 females and 15
males. All patients were adults presenting deficiency in the transversal maxillary
growth, they hadn’t been subjected to previous orthodontic treatment and needed
SA-RME for their orthodontic treatments. Linear and angular measurements were
obtained from lateral and posteroanterior cephalometric tracings and statistically
analyzed in the early phase, shortly after the stabilization of the Hirax appliance and
at 3 months of retention. The SA-RME promoted an increase in the in the widths of
the apical bone base of the maxilla (p<0.01) and the nasal cavity (p<0.01), which
remained constant after 3 months of retention there were a significant posterior
lowering of the maxilla. It was found an increase in the upper (p<0.01) and lower
intermolar distances (p<0.01) shortly after the appliance stabilization. After 3 months
of retention, it was observed that the central upper incisors tip towards the palatine
(p<0.01). Posteroanterior teleradiography showed that the distance between the
apices and the distance between the crowns increased (p<0.01) shortly after the
appliance stabilization. After 3 months of retention, a significant increase was verified
in the interincisal angle.
Descriptors
2
: rapid maxillary expansion; orthognathic surgery; cephalometry
2
Descriptors: Medical Subject Headings (MeSH); disponível em http://www.nih.gov/mesh/mbrowser.html
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Fotografias extra-bucais de paciente com características
clínicas de deficiência maxilar transversa 25
Figura 2 Fotografia ilustrando o diastema e mancha vermelha na
região interincisivo superor durante o período ativo de
ERM-AC 47
Figura 3 Protótipo do aparelho Hirax utilizado na pesquisa 51
Figura 4 Desenho esquemático da osteotomia Le Fort I idealizada
por Bell (1976) 54
Figura 5 Osteotomia Le Fort I idealizada por Bell (1976) 54
Figura 6 Desenho esquemático da osteotomia Le Fort I idealizada
por Bennett e Wolford (1982) 55
Figura 7 Osteotomia Le Fort I idealizada por Bennett e Wolford
(1982) 55
Figura 8 Fotografias extrabucais de frente inicial (T1), logo após a
estabilização (T2) e com três meses de contenção (T3) 56
Figura 9 Fotografias extrabucais de perfil inicial (T1), logo após a
estabilização (T2) e com três meses de contenção (T3) 57
Figura 10 Fotografias extrabucais de frente sorrindo inicial (T1), logo
após a estabilização (T2) e com três meses de contenção
(T3) 58
Figura 11 Fotografias intrabucais em oclusão de frente inicial (T1),
logo após a estabilização (T2) e com três meses de
contenção (T3) 59
Figura 12 Fotografias intrabucais oclusal superior inicial (T1), logo
após a estabilização (T2) e com três meses de contenção
(T3) 60
Figura 13 Fotografias das telerradiografias de perfil inicial (T1), logo
após a estabilização (T2) e com 3 meses de contenção
(T3) 61
Figura 14 Fotografias das telerradiografias PA inicial (T1), logo após
a estabilização (T2) e com 3 meses de contenção (T3) 62
Figura 15 Fotografias das radiografias oclusais após a estabilização
(T2) e com três meses de contenção (T3) 63
Figura 16
Cefalograma com os pontos cefalométricos utilizados: S
(sela), N (násio), A (subespinhal), B (supramental), ENA
(espinha nasal anterior), ENP (espinha nasal posterior),
A1, I1. Ponto S1 obtido por derivação 68
Figura 17
Cefalograma com as linhas e planos utilizados: SN, NA,
PP, 1
70
Figura 18
Cefalograma com as medidas angulares utilizadas: SNA
(1) SN.PP (2), 1.PP (3) e 1.SN (4)
71
Figura 19
Cefalograma com as medidas lineares utilizadas: S1-ENP
(5), SN-ENP (6) e SN-ENA (7)
72
Figura 20
Cefalograma com os pontos cefalométricos utilizados: Z,
Za, NC, J, MS, I1, A1 e Ag
74
Figura 21
Cefalograma com as medidas lineares utilizadas Za-Za
(8), NC-NC (9), J-J (10), LFF – J lado direito (11), LFF – J
lado esquerdo (12), A1-A1 (13) MS-MS (14), I1-I1 (15)
76
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Médias, desvios-padrão e resultados da análise de t-student das
medidas lineares (em mm) e angulares (graus) utilizadas no
estudo do erro (segunda medida).
80
Tabela 2
Médias, desvios-padrão e resultados da análise de t-student das
medidas dos ângulos SNA, SN.PP,SN|ENA, S1-ENP, SN | ENP,
1.PP, 1.SN para comparação da diferença entre os tempos (T2-
T1) para os grupos com degrau e sem degrau na telerradiografia
em norma lateral: (PERFIL).
81
Tabela 3
Médias, desvios-padrão e resultados da análise de t-student para
as medidas lineares ZA-ZA, NC-NC, J-J, linha facial frontal – J lado
direito, linha facial frontal – J lado esquerdo, |1-|1, MS-MS, A1-A1
para comparação da diferença entre os tempos (T2-T1) para os
grupos com degrau e sem degrau na telerradiografia postero-
anterior (PA).
82
Tabela 4
Méd
ias, desvios-padrão e resultados da análise de t-student das
medidas dos ângulos SNA, SN.PP,SN|ENA, S1-ENP, SN | ENP,
83
1.PP, 1.SN para comparação da diferença entre os tempos (T3-T2)
para os grupos com degrau e sem degrau na telerradiografia em
norma lateral: (PERFIL).
Tabela 5
Médias, desvios-padrão e resultados da análise de t-student para
as medidas lineares ZA-ZA, NC-NC, J-J, linha facial frontal – J lado
direito, linha facial frontal – J lado esquerdo, |1-|1, MS-MS, A1-A1
para comparação da diferença entre os tempos (T3-T2) para os
grupos com degrau e sem degrau na telerradiografia postero-
anterior (PA).
84
Tabela 6
-padrão e resultados da análise de Friedman. das
medidas dos ângulos SNA, SN.PP,SN|ENA, S1-ENP, SN | ENP,
1.PP, 1.SN para comparação da diferença entre os tempos para o
grupo com degrau na telerradiografia em norma lateral: (PERFIL).
85
Tabela 7
Médias, desvios-padrão e resultados da análise de Friedman. para
as medidas lineares ZA-ZA, NC-NC, J-J, linha facial frontal – J lado
direito, linha facial frontal – J lado esquerdo, |1-|1, MS-MS, A1-A1
para comparação da diferença entre os tempos para o grupo com
degrau na telerradiografia postero-anterior (PA).
86
Tabela 8
Médias, desvios-padrão e resultados da análise de Friedman. das
medidas dos ângulos SNA, SN.PP,SN|ENA, S1-ENP, SN | ENP,
1.PP, 1.SN para comparação da diferença entre os tempos para o
grupo sem degrau na telerradiografia em norma lateral: (PERFIL).
87
Tabela 9
Médias, desvios-padrão e resultados da análise de Friedman. para
as medidas lineares ZA-ZA, NC-NC, J-J, linha facial frontal – J lado
direito, linha facial frontal J lado esquerdo, |1-|1, MS-MS, A1-A1
para comparação da diferença entre os tempos para o grupo sem
degrau na telerradiografia postero-anterior (PA).
88
15
LISTA DE QUADROS
Quadro 1
Valor da diferença maxilomandibular para cada paciente
avaliado.
50
Quadro 2 Caracterização da amostra quanto ao grupo. 51
Quadro 3 Caracterização da amostra quanto à idade cronológica. 51
Quadro 4 Caracterização da amostra quanto ao gênero. 51
16
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 17
2. REVISTA DE LITERATURA ..........................................................................
19
2.1 Característica anatômicas relacionadas ao complexo Maxilar .................... 19
2.2. Deficiência Maxilar Transversa ................................................................... 21
2.2.1. Etiologia e Diagnóstico .............................................................................
22
2.2.2. Tratamento ............................................................................................... 26
2.2.3. Expansão Rápida Maxilar ........................................................................ 28
2.2.4. Histórico ................................................................................................... 28
2.2.5. Forças geradas ........................................................................................ 29
2.2.6. Idade e ERM ............................................................................................ 31
2.2.7. Indicações ................................................................................................ 33
2.2.8. Aparelhos utilizados ................................................................................. 34
2.3. Expansão Rápida Maxilar em Adultos ........................................................ 35
2.4. Expansão Rápida Maxilar Assistida Cirurgicamente ...................................
38
2.4.1. Indicações ................................................................................................ 38
2.4.2. Técnicas Cirúrgicas ..................................................................................
40
2.4.3. Aparelhos Utilizados e Protocolo de Ativação ..........................................
44
2.4.4. Sintomatologia e Sinais Clínicos durante a Expansão Pós-Cirúrgica .......
45
2.4.5. Riscos e complicações .............................................................................
46
3. PROPOSIÇÃO ............................................................................................... 48
4. MATERIAL E MÉTODO .................................................................................
49
4.1. Caracterização da amostra ......................................................................... 49
4.2. Etapa Cirúrgica ............................................................................................
52
4.2.1. Descrição da técnica cirúrgica A ............................................................. 52
4.2.2. Ilustração cirúrgica da osteotomia realizada ........................................ 54
4.2.3. Descrição da técnica cirúrgica B ............................................................. 55
4.2.4. Ilustração cirúrgica da osteotomia realizada ........................................ 55
4.2.5. Ilustração clínica do procedimento realizado ........................................... 56
4.2.6. Protocolo de ativação ...............................................................................
64
4.3. Obtenção das telerradiografias ................................................................... 65
4.4. Elaboração do cefalograma ........................................................................ 66
4.4.1. Análise cefalométrica na telerradiografia lateral ...................................... 66
4.4.2. Análise cefalométrica na telerradiografia póstero-anterior .......................
73
4.3. Estudo do erro .............................................................................................
77
4.3.1. Tratamento Estatístico ............................................................................. 77
5. RESULTADO ................................................................................................. 79
6. DISCUSSÃO .................................................................................................. 89
6.1. Alterações esqueléticas e dentárias observadas no sentido antero-posterior 94
6.2. Alterações esqueléticas e dentárias observadas no sentido transversal ..... 96
6.3. Alterações esqueléticas observadas no sentido vertical .............................
100
7. CONCLUSÃO ................................................................................................ 103
8. REFERÊNCIAS ..............................................................................................
104
9. ANEXOS ........................................................................................................ 112
17
1. INTRODUÇÃO
As deformidades dentofaciais afetam aproximadamente 20% da população,
podendo causar deformidades restritas à maxila, à mandíbula ou atingir ambas
estruturas ósseas. Suas manifestações podem ocorrer nos planos faciais vertical,
horizontal e transverso (BENNETT e WOLFORD,1982).
ANGEL (1860), nos Estados Unidos, foi quem primeiro descreveu a abertura da
sutura inter-maxilar. Na época, o autor sofreu críticas, e o procedimento de expansão
rápida maxilar (ERM), de uma forma geral, o foi mais aplicado. Entretanto, HAAS
(1961) mostrou a importância da ERM no tratamento das más-oclusões, sendo o
principal responsável pela reintrodução deste procedimento nos Estados Unidos.
A deficiência maxilar transversa pode ser definida como uma oclusão
que tem inserida em seu manifesto clínico a presença de mordida cruzada posterior e
pode ser corrigida já na dentição decídua. Tal alteração apresenta etiologia
multifuncional, tendo como fatores mais comuns a obstrução das vias aéreas
superiores e os hábitos de sucção digital ou chupeta; além de fatores de ocorrência
mais rara, como o hábito de projeção lingual anterior, perda precoce de dentes
decíduos e assimetrias esqueléticas. Esta condição raramente corrigi-se
espontaneamente, requerendo para o tratamento, a realização de um diagnóstico
seletivo referente aos componentes esqueléticos, dentários e época de atuação.
(GURGEL, SANT’ANA e HENRIQUES, 2001).
O tratamento da deficiência maxilar transversa está na dependência do
envolvimento dentário e/ou esquelético. Em geral, os casos de mordida cruzada de
origem dentária requerem apenas tratamento ortodôntico, já a correção dos problemas
transversos de origem esquelética, é feita através da expansão rápida da maxila,
utilizando apenas forças ortopédicas ou associando procedimento cirúrgico.
A expansão rápida maxilar tem como objetivo o aumento da dimensão
transversa do arco superior mediante a resposta ortopédica que culmina com a
abertura da sutura palatina mediana. Esse importante ganho dimensional apresenta-se
distribuído entre a resposta esquelética e dentária. Durante a dentadura decídua e
mista é que este efeito atinge melhores resultados, gerando uma resposta esquelética
e dentária em proporções similares (BELL e EPKER, 1976; GURGEL, SANT´ANA e
HENRIQUES, 2001). Entretanto, a resposta esquelética tende a reduzir-se com a
maturação óssea, diminuindo dessa forma o grau de abertura da sutura palatina após
os 15 anos (GURGEL, SANTA´ANA e HENRIQUES, 2001).
18
Bell e Epker (1976) descreveram que a recomendação deste procedimento em
pacientes adultos está limitada em virtude do predomínio do efeito dentário, com
inclinações dentárias indesejáveis e ausência da abertura da sutura palatina mediana,
sobre o efeito esquelético. Capelozza Filho et al (1994); Handelman (1997); Northway
e Meade (1997) reforçaram que pode ocorrer algum grau de resposta ortopédica na
correção transversa da maxila durante a ERM em pacientes com maturidade
esquelética, no entanto, os resultados mostraram-se instáveis e indutores de
problemas como dor intensa após as ativações risco de necrose por isquemia da
mucosa palatina, extrusão dos dentes superiores, recessões gengivais e recidiva da
correção transversa.
Baseados nas falhas clínicas, tendência a recidiva e, especialmente, na
resistência encontrada para a pobre resposta ortopédica na sutura palatina mediana e
articulações maxilares, é que diversos autores têm proposto o procedimento
interdisciplinar de ERM-AC. Para Gurgel, Sant´ana e Henriques (2001), a indicação
mais precisa seria pacientes com idade acima de 15 anos, necessitando de um efeito
ortopédico expressivo para correção transversa maxilar.
Dentre as opções de tratamento da deficiência maxilar transversal em adultos, a
ERM-AC destaca-se como um procedimento bastante estável e de baixa morbidade.
As alterações decorrentes da ERM-AC atingem não somente as estruturas dentárias,
mas também as esqueléticas.
Diversos trabalhos na literatura têm tentado avaliar os efeitos dentários e/ou
esqueléticos da expansão rápida maxilar relacionados ao tipo de osteotomia utilizada
para tal procedimento. Dessa forma, este estudo propõe-se avaliar as alterações
dento-esqueléticas no arco maxilar, nos três planos do espaço: vertical, sagital e
transverso causadas pela ERM-AC, quando comparadas duas técnicas de osteotomia
Le Fort I. A técnica clássica sem degrau na região de pilar zigomático-maxilar descrita
por Bell (1976), e a idealizada por Bennett e Wolford (1982), com degrau na região de
pilar zigomático-maxilar.
19
2. REVISTA DE LITERATURA
2.1. Características anatômicas relacionadas ao complexo maxilar
FIGUN e GARINO (2003) definiram os ossos maxilares como os mais
importantes do maciço facial, com participação em diversas regiões comuns ao crânio
e à face. Além disso, possuiriam uma ampla cavidade escavada em seu interior: o seio
maxilar.
Segundo FIGUN e GARINO (2003), a parte superior da face apresentaria quatro
pilares. O pilar frontonasal colocaria a arco alveolar superior em relação com a crista
frontal: passaria pelo alvéolo do canino, percorreria lateralmente a abertura piriforme e
medialmente o seio maxilar, terminando na parte anterior da base do crânio. O pilar
zigomático ligaria o arco alveolar ao processo zigomático do osso frontal. O pilar
pterigoideo ou pterigopalatino compreenderia a união do processo pterigóide do osso
esfenóide com a lâmina vertical do osso palatino. Finalmente o pilar vomeriano seria
representado pelo osso vômer, situado entre a face inferior do corpo do osso
esfenóide e o assoalho da fossa nasal, ou seja, a parede óssea que se comunica
abaixo com o teto do palato duro. Além disso, todos estes pilares ou colunas
encontrar-se-iam unidos por vigas ou arcos. Os arcos supra e infra-orbitais ligariam os
pilares frontonasal e zigomático. Os arcos supra e infranasais seriam responsáveis
pela ligação dos os pilares frontonasais acima e abaixo da abertura piriforme. Além
estes, o arco zigomático propriamente dito. O arco alveolar superior estender-se-ia
de uma tuberosidade à outra e uniria os pilares frontonasal, zigomático e pterigoideo.
O arco esfenoidal uniria os pilares pterigopalatino e vomeriano. Finalmente, o arco
palatino, formado pelos procesos palatinos dos maxilares e pelas lâminas horizontais
dos ossos palatinos, uniria todos os pilares: o frontonasal na frente, o zigomático
lateralmente, o pterigopalatino atrás e o vomeriano acima.
Para LINES (1975), o aumento da rigidez do esqueleto facial e o fusionamento
das suturas frontomaxilar, zigomaticotemporal, zigomaticofrontal e zigomaticomaxilar
seriam os fatores responsáveis pelas falhas da ERM em adultos. KENNEDY et al.
(1976), GLASSMAN et al. (1984), LEHMAN e HAAS (1989) e POGREL et al. (1992)
concordam que o pilar zigomaticomaxilar é o local de maior resistência à expansão
maxilar nos pacientes com maturidade esquelética. Discordam dessa conclusão
SHETTY et al. (1994) e BISHARA e STALEY (1987), ao afirmarem que o local de
maior resistência é a articulação pterigomaxilar e que a sutura intermaxilar também
seria um local anatômico primário de resistência às forças de expansão. Embora
20
existam problemas com a confiabilidade e a validade do estudo de SHETTY et al.
(1994), este trabalho proporciona bastante discernimento das áreas de resistência à
expansão transversal no crânio humano adulto. KABAN (1984) concorda que o pilar
zigomaticomaxilar contribui para a resistência do esqueleto facial à expansão, mas,
assim como POGREL et al. (1992), ressalta que a sutura intermaxilar também é uma
estrutura anatômica que se opõe à expansão maxilar em adultos. Entretanto,
ISAACSON e MURPHY (1964) avaliaram os efeitos da ERM em pacientes com fenda
lábio-palatina por meio da utilização de implantes metálicos e concluíram que o
principal local de resistência não é, geralmente, a sutura intermaxilar, mas as
articulações maxilares remanescentes. WERTZ (1970), BELL e EPKER (1976),
BISHARA e STALEY (1987), SILVERSTEIN e QUINN (1997) e GURGEL, SANT’ANA
e HENRIQUES (2001) concordam que as suturas zigomaticomaxilar, pterigomaxilar e
intermaxilar contribuem de forma significativa na resistência à expansão maxilar.
BISHARA e STALEY (1987) defenderam que os maxilares se articulam com
outros 10 ossos da face e do crânio. O osso esfenóide, que forma a parte sagital
mediana da porção anterior e média da base do crânio, posiciona-se logo atrás dos
ossos maxilares. As placas pterigóides do esfenóide, embora posicionadas
bilateralmente, não apresentam uma sutura sagital mediana que permita que estas
sejam deslocadas lateralmente. O processo piramidal dos ossos palatinos articula se
com as placas pterigóides. Para WERTZ (1970), tal efeito de confinamento das placas
pterigóides do esfenóide minimiza significativamente a capacidade de os ossos
palatinos separarem-se em relação ao plano médio sagital.
Conforme FIGUN e GARINO (2003), entre as fraturas totais do setor médio do
esqueleto facial situam-se as fraturas transversais, que poderiam ser divididas em
baixas (alveolares), medianas (Lefort I) e altas (Lefort II e III). A fratura transversal
mediana (Lefort I) começa na parte inferior da abertura piriforme, seguiria lateralmente
pela fossa canina e depois por baixo do osso zigomático, cruzando a tuberosidade
maxilar. Em seguida, inclina-se súpero-posteriormente, atravessando a fissura orbital
inferior, fraturando o processo pterigóide na união da porção inferior com a porção
média.
21
2.2. Deficiência maxilar transversa
Angle, em 1899, definiu a oclusão normal, em pacientes com características
faciais consideradas harmônicas, como sendo a relação dentária da cúspide
mésiovestibular do primeiro molar permanente superior ocluindo no sulco entre as
cúspides mésio-vestibular e disto-vestibular do primeiro molar permanente inferior.
No entanto, muitos estudos sucederam este conceito de forma que, em 1943,
Strang concluiu que esta definição era muito mais complexa do que uma simples
relação dentária, definindo a oclusão como sendo “um complexo estrutural composto
fundamentalmente pelos dentes e ossos maxilares, caracterizado por uma relação
normal dos planos inclinados oclusais dos dentes, que estão individualmente e
coletivamente localizados em harmonia arquitetural com seus ossos basais e com a
anatomia craniana, exibindo contatos proximais e inclinações axiais corretas e estando
associado a eles crescimento, desenvolvimento, localização e correlações normais
dos tecidos e partes circunvizinhas(ANGLE, 1907).
Durante anos, prevaleceu esse conceito e, final do século 19, Edward H. Angle
diferenciou os tipos básicos de má oclusão em Classe I, II e III decorrentes de
alteração na relação molar, com subdivisões baseadas na localização unilateral desta,
bem como as divisões na Classe II, quando associados a alterações sagitais na região
de incisivos superiores. Desde então, as características dentárias e esqueléticas dos
diversos tipos de oclusão passaram a ser foco de diversos estudos,
principalmente, devido ao aumento da prevalência dessas alterações (WALKOW;
PECK, 2002)
Dentre as deformidades dentofaciais que caracterizam os diversos tipos de
oclusão, estão incluídas as discrepâncias na dimensão transversa dos arcos dentários.
Para Strang (1943), a morfologia das arcadas dentárias é de grande relevância
devendo guardar entre si proporções adequadas, com o arco superior circunscrevendo
o inferior.
Segundo Jackobs et al. (1980), o controle e/ou correção da discrepância
transversa é extremamente importante para a obtenção de uma oclusão final estável e
funcional. O autor acrescentou que o seu diagnóstico é complexo, tanto para o
ortodontista quanto para o cirurgião oral, com tendência de tratamento restrita e,
muitas vezes, instável, voltada para movimentação ortodôntica como forma de
mascarar a deformidade esquelética.
A prevalência da deficiência maxilar transversa é de 10 a 15% da população de
adolescentes e representa 30% dos adultos que buscam tratamento na clínica
22
ortodôntico-cirúgica. (PROFFIT, TURVEY e PHILLIPS, 1996). Laptook, em 1981,
estudando a deficiência maxilar afirmou ser este um importante componente da
síndrome que acomete a cavidade bucal, nasal e faringeana, determinando atresia
óssea palatina e conseqüentes alterações dentárias, respiratórias e auditivas. Além
disso, concluiu que a expansão rápida maxilar pode ser utilizada tanto em crianças
quanto em adultos, representando um procedimento bastante eficaz no tratamento
deste problema. A deficiência maxilar horizontal pode estar associada a alterações de
base óssea com prognatismo mandibular, deficiência mandibular, deficiência maxilar,
ou ainda, alterações verticais, como a mordida aberta anterior (LEHMAN, HAAS e
HAAS, 1984).
2.2.1 Etiologia e diagnóstico
Em geral, existe um consenso na literatura sobre a etiologia da deficiência
maxilar transversa quanto à associação com fatores genéticos e/ou ambientais
(BISHARA e STALEY, 1987; GURGEL, SANT’ANA e HENRIQUES, 2001). Para Betts
et al. (1995), dentre os fatores ambientais, pode-se citar aqueles envolvidos na
correção de fendas palatinas, ou ainda, o desenvolvimento da síndrome que resulta de
hábitos de sucção digital ou chupeta a longo prazo, tendo como características clínicas
a presença de mordida cruzada posterior unilateral ou bilateral, uma abóbada palatina
profunda e mordida aberta anterior. Após interrupção do hábito, normalmente, existe
uma autocorreção da mordida aberta, no entanto, o mesmo não acontece em relação
à deficiência maxilar transversa, necessitando, portanto, de uma intervenção
ortopédica e/ou cirúrgica posterior.
A deficiência maxilar transversa também pode ser causada pela obstrução das
vias aéreas superiores e, de forma mais rara, em decorrência do pressionamento
lingual atípico, das perdas dentárias precoces e assimetrias esqueléticas. O
tratamento, portanto, exige um diagnóstico seletivo referente à época e ao
envolvimento de componentes esqueléticos e/ou dentários (GURGEL, SANT’ANA e
HENRIQUES, 2001).
O diagnóstico da deficiência maxilar transversa mostra certa dificuldade,
especialmente, em pacientes com maturidade esquelética. Isso porque tal deficiência
pode ser mascarada por deformidades sagitais e verticais (JACKOBS et al., 1980);
Gonçales e Polido, 1998; BETTS et al., 1995). Assim, para Jackobs et al. (1980) não é
surpreendente que a inspeção clínica isolada da deficiência maxilar transversa
demonstre um valor diagnóstico insatisfatório. Betts et al. (1995), descreveram que
23
o diagnóstico deve ser feito mediante uma diferenciação entre o deslocamento
dentário em relação ao osso basal e uma verdadeira mordida cruzada esquelética
devido à uma mandíbula ampla e/ou maxila atrésica. Jackobs et al. (1980)
acrescentaram que as mordidas cruzadas por inclinação dentária são facilmente
corrigidas pela terapia ortodôntica.
Com um enfoque mais específico sobre o diagnóstico das alterações
transversais, Gonçales e Polido (1998) e Gurgel, Sant’ana e Henriques (2001)
sugeriram que a mordida cruzada posterior dentária resulta da inclinação dos dentes
posteriores em graus variados, sendo acompanhada pela remodelação do osso
alveolar, em geral, sem ocorrência de atresia maxilar. A deficiência maxilar transversa
diferencia-se da mordida cruzada posterior dentária por apresentar a perda da
conformação parabólica do arco dentário superior. Esta atresia tem como
características básicas o formato palatino ogival, com evidências clínicas de exposição
excessiva do corredor bucal com comprometimento estético, mordida cruzada
posterior uni ou bilateral, compensação dos dentes posteriores, apinhamentos e
rotações dentárias. Entretanto, estes autores concordaram que, freqüentemente,
existe uma associação das alterações nos componentes dentários e esqueléticos. A
presença de arcos dentários atrésicos com contração maior na região de caninos pode
representar uma característica clínica da deficiência maxilar transversa de origem
esquelética (SILVERSTEIN; QUINN, 1997).
A deficiência transversa da maxila pode ser do tipo relativa ou real. A
diferenciação é feita por meio da manipulação dos modelos de gesso durante a
análise de modelos do paciente. A relativa indica uma discrepância transversa
aparente, ou seja, quando os modelos de gesso são posicionados, proximadamente,
numa relação de chave de oclusão, a discrepância posterior torna-se ausente,
representando uma alteração sagital da relação das bases ósseas, peculiar aos
indivíduos que exibem oclusão de Classe III esquelética, como resultado de
excesso mandibular, retrognatismo maxilar ou combinação de ambos (JACKOBS et
al., 1980; LEHMAN e HAAS, 1989). o tipo real, exibe uma verdadeira deficiência
transversa, podendo apresentar, clinicamente, uma mordida cruzada posterior ou não.
No entanto, com a manipulação dos modelos em Classe I de caninos, torna-se
evidente a mordida cruzada posterior uni ou bilateral ou acentua-se a deficiência
transversa. São características de pacientes com padrão esquelético de Classe II com
ou sem mordida aberta (MESSER, BOLLINGER e KELLER et al., 1979; BELL e
JACKOBS, 1979; JACKOBS et al., 1980).
24
Na deficiência maxilar relativa, a maxila apresenta um tamanho normal quando
comparada com a face e o crânio, enquanto a mandíbula estaria
desproporcionalmente grande em relação a essas estruturas. o tipo de deficiência
maxilar real caracteriza-se por uma compressão dos ossos maxilares com constricçao
dos segmentos posteriores. Os dentes envolvidos na região poderiam estar
verticalizados sobre a base óssea, mas em geral, encontram-se vestibularizados como
uma forma de compensação na busca da oclusão com os dentes no arco inferior
(HASS, 1965).
Do ponto de vista clínico, as deficiências maxilares transversais, tanto relativa
quanto real, poderiam ser classificadas em uni ou bilaterais, proporcionalmente ao
envolvimento dos quadrantes do arco na alteração transversa. O tipo bilateral engloba
a constrição de todo o arco maxilar, ou no mínimo, de ambos os quadrantes
posteriores. as deficiências unilaterais estão associadas a alterações em apenas
um quadrante maxilar. Podem ser de natureza funcional, quando existe um
deslocamento funcional da posição mandibular de relação cêntrica para oclusão
cêntrica, com um marcante componente lateral (desvio de linha média),caracterizando
uma deficiência transversa suave ou moderada em conseqüência de interferência no
contato das cúspides dentárias (HAAS, 1965).
De acordo com Chung et al. (2001), a descompensação dentária é um
importante procedimento antes do início da expansão, visto que permite melhor
determinar o grau de deficiência transversa e, conseqüentemente, o nível de expansão
desejada.
A avaliação facial representa um ponto de extrema importância na
determinação do diagnóstico e planejamento ortodôntico e, mais especificamente, os
casos de deficiência maxilar transversa. Acredita-se que existe uma associação da
hipoplasia maxilar com uma real deficiência no crescimento dos ossos zigomáticos
(ARNETT e BERGHMAN, 1993; BETTS et al., 1995; TAVARES e SCHEFFER, 2001),
bem como maior freqüência de uma deficiência em diversos ossos em relação à uma
deficiência óssea isolada.
Sobre as alterações nos tecidos moles associadas com a hipoplasia maxilar
transversa isolada, podem ser consideradas mínimas e limitadas à depressão na
região paranasal e um estreitamento da base nasal (Betts et al., 1995). Crescentase
que, quando há uma associação da deficiência transversa com um envolvimento
ântero-posterior, uma prevalência significante da presença de exposição da porção
inferior da esclerótica ocular, sendo perceptível, na avaliação de perfil, uma redução
da borda infra-orbital e configuração das bochechas (TAVARES e SCHEFFER, 2001).
25
Figura 1: Fotografias extra-bucais de paciente com características clínicas de
deficiência maxilar transversa. Notar exposição excessiva do corredor bucal.
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
Outro ponto de fundamental importância para o diagnóstico é a avaliação
radiográfica. Snodell et al. (1993), Betts et al. (1995) citaram que as telerradiografias
póstero-anteriores representam um importante padrão de avaliação da discrepância
transversa esquelética. Uma técnica padronizada deve ser utilizada para permitir a
sobreposição, comparação de medidas lineares e avaliação radiográfica a longo
prazo. HAAS, em 1970, ressaltou que a utilização das telerradiografias
pósteroanteriores, com medidas no plano horizontal (particularmente próximas à linha
média), poderiam ser feitas e comparadas com certa precisão.
Lehman e Haas (1989) sugeriram que a tomada radiográfica oclusal é
primordial para a determinação da presença de ossificação na sutura palatina
mediana.
A avaliação da relação maxilo-mandibular nas telerradiografias póstero-
anteriores também foi proposta baseada na determinação da largura maxilar por meio
de medidas bilaterais dessas estruturas. Com essa finalidade, Ricketts et al (1981)
sugeriram a mensuração da distância linear desde a linha facial lateral (Z-Ag) até o
ponto jugal (J) bilateralmente, denominando de largura diferencial maxilomandibular a
diferença entre os lados. A norma clínica como padrão de comparação foi de 10 +
1,5mm para cada lado nos indivíduos com 9 anos de idade, sendo a interpretação
relacionada à mordida cruzada de origem esquelética, caso a medida fosse superior a
esse valor.
Além da largura diferencial maxilo-mandibular, Betts et al. (1995)
recomendaram a utilização do índice diferencial transversal maxilo-mandibular
26
preconizado por Ricketts et al. (1981). A determinação deste índice baseou-se na
subtração entre os valores da diferença maxilo-mandibular esperada (norma clínica) e
da real (medida do paciente na telerradiografia póstero-anterior). A diferença maxilo-
mandibular esperada foi definida como a distância linear entre os pontos J-J menos a
distância linear entre os pontos Ag-Ag. a diferença maxilo-mandibular real
representou a mensuração da distância linear do ponto J-J menos a medida da
distância linear entre os pontos Ag-Ag, obtidas na telerradiografia póstero-anterior. A
distância linear esperada entre os pontos J-J foi de 66,2mm, enquanto a esperada
entre os pontos Ag-Ag 85,5mm para indivíduos com idade mínima de 16 anos. Dessa
forma, a diferença maxilo-mandibular esperada para os indivíduos acima desta faixa
etária foi de 19,6mm.
Um método mais atual para o diagnóstico das discrepâncias transversas, bem
como o monitoramento de expansão maxilar é a tomografia computadorizada, no
entanto, apresenta um custo elevado e, segundo Betts et al. (1995) necessita expor o
paciente a um nível de radiação praticamente inaceitável.
Em 2004, Podesser et al propuseram estudar a reprodutibilidade de medidas
feitas sobre tomografia computadorizada como forma de determinação da dimensão
transversa maxilar superior, incluindo o nariz, ossos basais maxilares e arcos
dentários. Usaram tomografias de dez indivíduos e recomendaram o método como
suplemento para o diagnóstico ortodôntico.
2.2.2 Tratamento
Caso seja diagnosticada a deficiência maxilar transversa relativa, contraindica-
se o procedimento de expansão maxilar. Nesses casos, a correção cirúrgica está
voltada para a discrepância sagital existente (JACKOBS et al., 1980; GURGEL,
SANT’ANA e HENRIQUES, 2001). Para os casos com diagnóstico de deficiência real,
existe a necessidade de expansão maxilar associada ou não a procedimento cirúrgico.
Em pacientes adultos, a opção pela abordagem cirúrgica deverá levar em
consideração fatores como discrepância no perímetro e morfologia do arco, bem como
a magnitude da deficiência transversal no planejamento da cirurgia, como uma parte
integral do tratamento pré-cirúrgico ou opção pela segmentação maxilar na correção
transversa, concomitante com todos os objetivos sagitais e/ou verticais do tratamento
(BELL e JACKOBS, 1979; JACKOBS et al., 1980).
27
Nos casos de discrepância no comprimento do arco com deficiência de espaço
mínima, a ERM provavelmente aumentará a circunferência do arco o suficiente para
permitir o alinhamento dos dentes anteriores sem necessidade de exodontia de pré-
molares ou excessiva inclinação vestibular de incisivos. Quando a deficiência
transversa exibe uma atresia maxilar, tal característica é pronunciada na região de
canino. Para o tratamento, portanto, indicou-se o aumento no segmento anterior, por
exodontia, ou osteotomia maxilar lateral associada à ERM (Expansão Rápida Maxilar
Assistida Cirurgicamente - ERMAC), sendo este último o tratamento de escolha, uma
vez que a distância intercaninos aumentará determinando o espaço anterior desejado
para o reposicionamento dos dentes anteriores e uma boa forma de arco (BELL e
JACKOBS, 1979; JACKOBS et al., 1980).
Nos pacientes cujo problema transverso está associado a um apinhamento e
mau alinhamento dentário, mesmo após tratamento ortodôntico prévio com
exodontias, uma alternativa foi o procedimento maxilar cirúrgico em três segmentos.
Considerando que tal técnica permitiria a correção transversa e ganho de espaço
anterior (BELL e JACKOBS, 1979; JACKOBS et al., 1980).
Nos casos com severa constricção da região anterior, a opção foi a secção
maxilar em apenas dois segmentos com osteotomia na linha média, resultando num
diastema anterior, cujo será ocupado pela redução do overjet presente (BELL e
JACKOBS, 1979; JACKOBS et al., 1980).
Outra opção de correção para a deficiência maxilar transversa citada foi a
utilização de disjuntor transpalatino que, semelhante à ERMAC, segue os princípios da
distração osteogênica, onde a expansão gradual permite o estímulo da regeneração
dos tecidos moles - distração histogênica - , minimizando a resistência no gap” de
expansão, com posterior formação do calo ósseo (MATTEINI e MOMMAERTS, 2001;
PINTO et al., 2001). O objetivo seria evitar a compressão do ligamento periodontal,
reabsorção radicular vestibular, fenestração, inclinação dentária e recidiva durante e
após a expansão. Em seu estudo, Matteini e Mommaerts (2001) comprovaram que a
liberação da região pterigomaxilar associada à instalação do disjuntor na região de
primeiro molar resultou em expansão satisfatória, ou melhor, mais paralela dos
segmentos maxilares.
28
2.2.3 Expansão rápida maxilar
2.2.4 Histórico
Os primeiros relatos do uso de aparelhos para correção da relação transversa
dos arcos dentários datam de 1746, por Fauchard citado por Ribeiro (1999). Mas, foi
Angell (1860) quem descreveu, primeiramente, a expansão maxilar com separação da
sutura maxilar, encontrando defensores dessa idéia ao longo do tempo (ISAACSON,
1964; HAAS, 1965; MURPHY, 1975; WERTZ, 1970).
Desde então, diversos aparelhos têm sido projetados com esse objetivo. White,
em 1860 citado por Massulo (1999) sugeriu o uso de uma placa apoiada nos primeiros
molares, com mola em espiral, cuja ação era de separar, forçando não somente os
dentes, como também os processos alveolares. Houve correção da mordida cruzada,
remodelação da maxila e, segundo o autor, grande alteração da expressão facial.
Goddard (1893) descreveu a utilização de um aparelho com parafuso apoiado
nos primeiros molares e pré-molares, sem contato com os dentes anteriores, numa
menina de quinze anos que apresentava considerável apinhamento dentário. A
ativação indicada foi de duas vezes ao dia. Após três semanas, a expansão pôde ser
constatada em virtude da separação entre os incisivos centrais e visualização de uma
depressão no tecido gengival acima desse espaço determinado entre os incisivos
centrais. Não houve relato de dor ou desconforto.
Em 1896, Monson, provavelmente o primeiro a defender a ERM para correção
simultânea das alterações maxilar e nasal, afirmou que a presença de malformações
dos processos palatinos da maxila resultava em constrição da abóbada palatina,
cruzamento do arco maxilar e algum grau de estenose nasal, provocando respiração
bucal.
Os primeiros anos a partir de 1900 foram conhecidos como “Anos da Expansão
Maxilar”. Para Wertz (1968), nesse período, diversos trabalhos foram publicados sobre
o assunto enfocando, inclusive, a importância desse procedimento no tratamento dos
problemas que interrelacionam a Ortodontia e a Rinologia. Um destaque no início
desse período foi o estudo de Brown (1903), notável rinologista da época, e defensor
da hipótese de que a abertura da sutura palatina mediana aumentaria a
permeabilidade nasal.
Apesar das aparentes vantagens e constatações clínicas decorrentes da
expansão maxilar, diversos oponentes surgiram, dentre eles Angle (1907). Segundo o
mesmo, a força intensa imposta pela ERM, bem como o movimento rápido dos ápices
29
dentários não eram fisiológicos. Outros estudiosos da época também manifestaram
oposição, muitos deles justificando ser um procedimento anatomicamente impossível
e, se possível, de grande risco. Acrescentaram que a utilização de arcos ortodônticos
era mais fisiológica, em virtude da estimulação do crescimento ósseo intersticial e
movimentação ortodôntica mais favorável. Em função disso e dos argumentos
divulgados por Case, Ketcham e Dewey, houve certa resistência à utilização da
expansão maxilar nos Estados Unidos da América, levando a um campo restrito de
indicação desse procedimento por 45 anos. Diferente dos ortodontistas europeus,
como Babcock, Schroeder-Bensler, Huet, Korkhaus que deram continuidade à
utilização da expansão rápida maxilar, inclusive publicando os resultados obtidos
(HAAS, 1965).
Em 1960, a visita de Korkhaus ao Departamento de Ortodontia da Universidade
de Illinois, influenciou os ortodontistas americanos, Allan G. Brodie e Andrew J. Haas,
através da revelação dos dados cefalométricos obtidos a partir de tratamento com a
ERM. O fato representou um marco histórico, visto que, desde então, Haas (1961)
iniciou seus estudos, culminando com o desenvolvimento de um dispositivo para
realização da ERM que levaria seu nome, o disjuntor de Haas. Esse aparelho incluía
bandas nos primeiros molares permanentes e primeiros pré-molares superiores,
acríilco na região do palato, uma barra vestibular e outra palatina interligando esses
anéis. A barra palatina estendia-se até o acrílico, apresentando, ainda, um parafuso
expansor localizado ao longo da sutura palatina mediana. A ativação foi de quatro
quartos de volta no primeiro dia e um quarto de volta pela manhã e outro à noite nos
dias subseqüentes, correspondendo a meio milímetro de expansão diária.
2.2.5 Forças geradas
Na tentativa de investigar a ação das forças produzidas pela expansão rápida
maxilar, Issacson e Ingram (1964) estudaram cinco pacientes com idade de oito anos
e seis meses a quinze anos e seis meses, com mordida cruzada bilateral e atresia
maxilar. A análise do parafuso utilizado permitiu determinar que cada ativação (um
quarto de volta) gerava uma força de três a dez libras (1,36 a 4,53Kg), equivalente a
0,2 mm de expansão, e que, a partir da ativação, a decomposição das forças é rápida,
diminuindo nos minutos seguintes. Segundo os autores, a maior resistência à
expansão rápida maxilar o é a sutura palatina mediana, e sim as suturas que fazem
articulação com esse osso. Dessa forma, a contenção depende mais da criação da
relação estável dessas articulações com outros ossos do esqueleto facial que a
30
presença de osso na sutura palatina mediana aberta. Concluíram que, de forma geral,
o esqueleto facial aumenta sua resistência à expansão com a idade e maturidade.
Um ano após, Haas publicou os dados advindos de seu primeiro trabalho em
humanos, foram selecionados dez casos de uma amostra com 45 pacientes
portadores de atresia maxilar e/ou nasal, numa faixa etária de 9 a 18 anos, sendo
cinco do gênero masculino e cinco do feminino. O protocolo de ativação proposto pelo
autor foi de uma volta completa nos quinze minutos subseqüentes à cimentação do
aparelho. Sendo cada quarto de volta feito após cinco minutos da última ativação,
totalizando quatro quartos de volta. A seguir, o paciente e/ou responsável foi orientado
a fazer duas ativações de um quarto de volta, uma pela manhã e outra à noite. Haas
utilizou o próprio aparelho como contenção nos três primeiros meses e a seguir, o
substituiu por uma placa removível. Dentre os achados clínicos, não houve queixa de
sintomatologia dolorosa, relatando apenas desconforto após a ativação do parafuso
expansor, devido à pressão liberada e dissipada em poucos minutos nas áreas dos
processos alveolares, na abóbada palatina, suturas dos ossos frontal e nasais com os
maxilares, além das suturas zigomático-maxilar e zigomático-temporal. O estudo das
radiografias cefalométricas em norma frontal revelou alteração nas dimensões internas
da cavidade nasal, tendo suas paredes movidas lateralmente, afastando os cornetos
do septo nasal e, conseqüentemente, aumentando a capacidade nasal. Através da
análise do comportamento maxilar pelos traçados em norma lateral, observou que a
maxila submetida à expansão moveu-se para anterior, em todos os casos, e para
baixo em metade deles, consequenciando um aumento nos ângulos de convexidade e
SNA. A média de expansão conseguida foi de 3,5 a 8mm, bem como a medida do
diastema entre os incisivos centrais superiores teve uma média proporcional
correspondente à metade da distância da abertura do parafuso. O autor observou,
ainda, que a calcificação das suturas ocorre cerca de noventa dias após a abertura
sutural.
No mesmo ano, uma importante investigação sobre as forças presentes durante
a fase de contenção foi realizada por Zimring e Isaacson (1965). O enfoque foi o
tempo de duração dessas forças. No início do tratamento, as forças produzidas por
uma ativação geralmente eram dissipadas num período de doze horas, no entanto, o
acúmulo de forças residuais entre as ativações concorria para a produção de cargas
totais mais altas, em função da diminuição progressiva da dissipação das forças
aplicadas. Foi perceptível que nos pacientes com idade maior (média de quinze anos e
seis meses), as forças residuais se acumulavam tão rapidamente que foi preciso
estabelecer apenas uma ativação diária a partir do quarto dia de tratamento. Em todos
31
os pacientes, após terminado o período de ativação, estavam presentes forças
residuais acumuladas que se dissiparam em aproximadamente seis semanas. O
estudo dos modelos, dez e trinta dias pós-contenção, revelou pequena diminuição nas
distâncias intercaninos e intermolares, sem comprometimento da correção da mordida
cruzada. A rápida recidiva, demonstrada com a remoção prematura do aparelho em
dois pacientes, enfatizou a necessidade do uso de contenção fixa como o próprio
aparelho disjuntor, para garantir o sucesso da contenção até que seja estabelecida a
condição de equilíbrio nas articulações da maxila. Os autores acrescentaram que o
tempo necessário para o equilíbrio esquelético está na dependência dos valores de
força residual que permanece no final da disjunção. Logo, se são feitas ativações mais
lentas, evita-se o acúmulo de forças residuais maiores, e conseqüentemente, a fase
de contenção pode ser significativamente diminuída, enquanto o tempo total de
tratamento permanecerá o mesmo. O procedimento causará menor trauma,
produzindo respostas mais fisiológicas dos tecidos envolvidos.
A partir desses dados sobre o acúmulo das forças residuais oriundas da ERM e
a sua relação com a melhor idade para a indicação do procedimento, diversas
filosofias têm sido mostradas pela literatura. Com esse intuito, Landsberger (1910)
levantou essa questão até então, inédita. Para o mesmo, antes dos cincos anos, a
pressão sobre a maxila poderia acelerar a erupção dos dentes permanentes, sendo
que, após essa fase, a expansão maxilar resultaria em sucesso enquanto a sutura
palatina contivesse tecido conjuntivo. Aconselhando, nos pacientes adultos, conduzir a
expansão mais vagarosamente, para não irritar a mucosa do palato, devido à maior
resistência para abertura da sutura.
2.2.6 Idade e ERM
Para Haas (1970), a expansão rápida maxilar no tratamento das mordidas
cruzadas deve ser instituído durante a fase de dentadura mista porque proporciona
benefícios ao crescimento das crianças, criando um ambiente mais adequado para a
língua, facilitando inclusive a respiração. A grande dificuldade da sua realização tardia
refere-se à interdigitação das espículas ósseas na região da sutura palatina mediana e
à maior resistência das articulações da maxila com os ossos zigomático e frontal.
Salientou que os aparelhos dento-muco-suportados proporcionam uma maior
ancoragem, promovendo maior abertura na região da sutura, em relação aos
dentosuportados. Como contenção, recomendou a manutenção do aparelho por um
período mínimo de noventa dias para obtenção de estabilidade satisfatória.
32
Wertz (1970) afirmou que, nos pacientes com maturidade esquelética, a rigidez
das articulações ósseas (com menor intensidade na sutura intermaxilar) impediria um
grande sucesso na expansão rápida maxilar. A redução no ritmo de ativação permitiria
melhores resultados na expansão destes pacientes, provavelmente não pelo maior
tempo para normalização ou ajuste celular nas articulações, mas também, devido a
uma maior extrusão dentária, inclinação do processo alveolar e movimento
ortodôntico. Concluindo que, embora o comprimento do arco dentário pudesse ser
aumentado nos pacientes mais velhos, o reposicionamento esquelético poderia ser
menor que o desejado.
A interrelação do grau de obliteração da sutura palatina mediana foi estudada
por Persson e Thilander em 1977, através de autópsias de 24 indivíduos entre 15 e 35
anos, determinando três áreas ao longo da sutura intermaxilar para a realização dos
cortes histológicos: uma atrás do forame incisivo, uma na região mediana e a outra
anterior à sutura palatina transversa. Variações individuais significativas foram
verificadas com relação ao início da calcificação, bem como o avanço de seu
fechamento com relação à idade. Foram também evidentes as variações do grau de
fechamento nas diferentes partes da mesma sutura, sendo que a região posterior
precede as demais. Constataram ainda que a sutura palatina mediana pode exibir,
durante o período juvenil, algum grau de obliteração, porém o grau mais acentuado
dificilmente será encontrado antes da terceira década de vida.
Baseados na avaliação do desenvolvimento palatal, Melsen et al. (1975)
utilizaram blocos autopsiados dessa região de trinta e três meninos e vinte e sete
meninas entre zero e dezoito anos. Observaram que a morfologia da sutura palatina
mediana modificava-se com o crescimento, apresentando três estágios de
desenvolvimento: o período infantil, onde a sutura é ampla, levemente sinuosa e em
forma de “Y”; o período juvenil, onde se caracteriza por marcante sinuosidade e o
período da adolescência, com um curso mais tortuoso e marcada interdigitação. Para
os autores, essa caracterização no último estágio determinou a impossibilidade da
separação das duas metades maxilares, a não ser que haja fratura dos processos
interdigitados. Reiteraram que o crescimento na sutura palatina mediana continua até
os dezesseis anos nas meninas e dezoito anos nos meninos
Proffit (1995) ratificou essa teoria quando afirmou que, a partir da adolescência,
a sutura palatina mediana torna-se mais sinuosa e interdigitada com possibilidade de
formação de pontes de periósteo, sendo impossível sua abertura. Isso não aconteceu
se a ERM for realizada numa época oportuna, visto que o espaço deixado pela
separação na região do palato foi preenchido por líquido tissular e hemorragia, em
33
função do grande potencial de crescimento aposicional subperiostal existente nessa
fase.
2.2.7 Indicações
Pacientes que apresentaram discrepâncias laterais resultando em mordida
cruzada posterior uni ou bilateral com envolvimento de muitos dentes representaram a
indicação primordial para a ERM (HAAS, 1961, 1970). Em 1968, duas publicações de
Moss mostraram a visão clínica do autor, considerando como indicações para a ERM
pacientes com uma ou mais das seguintes características clínicas: portador de fissura
lábio-palatal, Classe III com deficiência maxilar, Classe I com mordida cruzada uni ou
bilateral e na atresia maxilar com estenose nasal. Isso porque em suas observações,
concluiu que os indivíduos tratados por meio da abertura da sutura mostraram um
deslocamento lateral do assoalho e paredes da cavidade nasal. Além disso, associou
relatos espontâneos dos pacientes sobre a melhora no processo respiratório.
Haas, em 1970, avaliando cem pacientes submetidos à expansão rápida maxilar
identificou as indicações clássicas para a realização da ERM como sendo pacientes
com idade de até dezesseis anos, em casos cirúrgicos e não cirúrgicos de Classe III,
casos com deficiência maxilar transversa real ou relativa, pacientes com dificuldade
respiratória, pacientes portadores de fenda palatinas e, ainda, em casos restritos com
problemas no comprimento do arco (discrepância de modelo negativa), em que o perfil
facial inviabilizava extrações dentárias. As discrepâncias ântero-posteriores foram
citadas por Bishara e Staley (1987) como fortes razões para considerar a ERM: casos
de Classe II esquelética, com ou sem mordida cruzada; Classe III e pacientes com
problemas de pseudo Classe III, bem como pacientes com condição esquelética
borderlineassociada à constricção maxilar ou mordida cruzada posterior. Entretanto,
o mesmo procedimento foi contra-indicado para pacientes não colaboradores, casos
com mordida cruzada envolvendo apenas um dente e pacientes adultos com
discrepâncias ântero-posterior e vertical. O autor acrescentou que alguns fatores
devem ser observados na decisão pela expansão convencional ou ERM como a
magnitude da discrepância entre a maxila e a mandíbula na região de molares e pré-
molares; a severidade da mordida cruzada, ou seja, o número de dentes envolvidos e,
por fim, a angulação inicial dos dentes posteriores. Além dessas condições, Lamparski
(2003) acrescentou que a ERM pode ser indicada para aumentar o perímetro do arco
superior, aliviando, apinhamentos dentários presentes. Enfatizou que, nesses casos,
34
ela permite uma melhor relação das bases ósseas maxilar e mandibular, por
maximizar o efeito ortopédico em relação ao dentário.
2.2.8 Aparelhos utilizados
Sobre o aparelho para o procedimento de ERM, a partir da introdução do
aparelho sugerido por Haas, esse passou a ser o de maior utilização clínica. Porém,
as desvantagens como o acúmulo de resíduos alimentares sob a parte acrílica com
irritação dos tecidos moles ali presentes ou o grande risco de pressão sobre a região
palatina, quando não uma abertura adequada da sutura palatina mediana (HAAS,
1961, 1965; BIEDERMAN, 1968; BETTS et al., 1995), estimularam Biederman, em
1968, a sugerir a utilização de um aparelho, o aparelho de Hyrax, cujo desenho e
estrutura permitiu melhor higienização. Este novo aparelho consistia basicamente de
um parafuso expansor com extensões de fio redondo de aço inoxidável (0,059”)
adaptado e soldado na porção palatina das bandas ortodônticas posicionadas nos
primeiros pré-molares e primeiros molares permanentes superiores. Segmentos de fio
redondo de aço inoxidável (0,040”) seriam adaptados e soldados na superfície
vestibular destas bandas com ativação sugerida de duas vezes ao dia, ou seja,
0,5mm.
Em 1970, Haas discutiu as diferenças e vantagens dos aparelhos dentomuco-
suportados sobre os dento-suportados. Segundo ele, a presença da massa acrílica no
palato permitiu a aplicação de forças pesadas sobre a base maxilar durante a
ativação, tendendo a comprimir as artérias palatinas. Isso estimulou as células do
tecido conjuntivo ao redor desses vasos à diferenciação em osteoclastos que
removeram o tecido ósseo, protegendo as artérias de injúrias, bem como permitindo a
verdadeira expansão de base apical maxilar. Acrescentou que ignorar a ancoragem
máxima da mucosa palatina (primeira lei da ortopedia), em razão da higiene dos
aparelhos sem o suporte de acrílico, significaria um erro imperdoável. Outros estudos
também sugeriram a utilização dos aparelhos dentosuportados colados com cobertura
oclusal (ALPERN e YUROSKO, 1987; BETTS et al., 1995), semelhante ao aparelho de
Haas ou Hyrax, apresentando, no entanto, uma cobertura oclusal de acrílico, colada à
face oclusal dos dentes. Alpern e Yurosko (1987) afirmaram que tal aparelho pode
controlar melhor a expansão das porções maxilares, promovendo menor grau de
inclinação dentária e, conseqüentemente, maior efeito esquelético. Além disso,
permite um melhor controle vertical. Betts et al. (1995) salientaram que tal aparelho é
35
recomendado nos casos de dentição com comprometimento periodontal devido à
melhor incorporação dos dentes na mecânica ou para pacientes com sintomatologia
de ATM.
As diferenças dos efeitos da ERM, utilizando um disjuntor dento-mucosuportado
e um apenas dento-suportado, no que se refere à reabsorção dentária, foram
estudadas por Everdi et al. (1993). Eles observaram que, no primeiro grupo, as
reabsorções foram distribuídas ao longo das superfícies vestibulares das raízesdos
dentes de ancoragem, enquanto que, no outro grupo, a localização das regiões
reabsorvidas estiveram mais ligadas às superfícies vestibular e cervical dos dentes de
ancoragem. A explicação para tal diferença está na confecção do aparelho. O tipo
dento-suportado, “Cast Cap Splint” apresenta apenas ancoragem em dentes, logo as
forças direcionadas lateralmente afetam diretamente os mesmos, inclinando-os para
vestibular, com maior reabsorção da porção coronária. o aparelho tipo Haas possui
ancoragem dento-muco-suportada, o que permite uma dissipação homogênea das
forças sobre as superfícies vestibulares das raízes, minimizando assim o movimento
de inclinação dos dentes de ancoragem.
Influenciados por tal polêmica, Sarver e Johnston (1989) compararam sua
amostra caracterizada pela utilização do aparelho tipo Hyrax colado com cobertura
oclusal de acrílico, em relação à amostra do Wertz (1970), cujos pacientes utilizaram o
disjuntor de Hyrax típico. O estudo dos cefalogramas laterais pós-tratamento
revelaram um leve deslocamento maxilar superior posterior nos usuários de Hyrax
com cobertura oclusal de acrílico, indicando melhor controle vertical.
Asanza, Cisneros e Nieberg (1997) também compararam os efeitos da ERM
utilizando esses dois tipos de aparelho. Concluíram que o primeiro determina um
menor deslocamento maxilar para anterior, bem como menor deslocamento inferior da
região posterior da maxila, ao contrário do Hyrax que causou um aumento na altura
facial. Contudo, ambos resultaram em inclinação dos dentes posteriores, com grande
variação individual.
2.3. Expansão maxilar em adultos
O tratamento ortodôntico em adultos nem sempre foi uma constante nas
clínicas de Ortodontia. De acordo com Pogrel et al. (1992), a procura desses tem
aumentado gradativamente nos últimos anos, tomando grande impulso a partir da
década de setenta. Em 1980, eles representavam apenas 15% da freqüência, subindo
para 24% em 1983.
36
A presença da deficiência maxilar transversa nestes indivíduos é considerada
por diversos autores um fator complicador do tratamento ortodôntico. A maioria dos
insucessos clínicos da ERM ocorre nesses pacientes, sendo a resistência e a dor as
queixas mais freqüentes (POGREL et al.,1992). O diagnóstico dessa má oclusão
requer uma avaliação pré-tratamento bastante cuidadosa em virtude das variáveis
associadas determinantes do sucesso da terapia. Um fator importante a ser
considerado, por exemplo, é que a base óssea maxilar deve ser alargada sem
inclinação excessiva dos dentes (POGREL et al., 1992; STALEY, STUNTZ e
PETERSON, 1985). Isso porque a tendência à recidiva é representativa, com média
de 63% nos pacientes acima de 18 anos.
O conceito difundido por Haas (1961) de que existe uma faixa etária ideal para
a ERM, bem como que “quanto mais velho o paciente, pior o prognóstico” vem explicar
essas complicações e a grande tendência à recidiva decorrentes desse tipo de
tratamento. A progressiva obliteração sutural iniciada imediatamente após cessado o
crescimento maxilar (PERSSON e THILANDER, 1977), em média catorze anos para
mulheres e dezesseis anos para homens (BJORK, 1966), determina uma resistência
esquelética, principalmente ao nível das suturas zigomático-maxilar e fronto-maxilar,
com grande dificuldade de ser vencida. Isso justifica os relatos da literatura sobre o
alto número de falhas após os vintes anos de idade (CAPELOZZA FILHO et al, 1996).
Segundo Bishara e Staley (1987), a expansão rápida maxilar pode ser realizada
com separação da sutura intermaxilar tanto em adolescentes, quanto em adultos. Mas
com o avanço da maturidade, a rigidez dos componentes esqueléticos limita a
extensão e a estabilidade da expansão. Para os autores, a idade ótima para tal
procedimento está entre 13 e 15 anos de idade. Embora exista a possibilidade de
realizar expansão em pacientes com idade avançada, os resultados o são
previsíveis, nem estáveis.
Bell e Epker (1976) reiteraram que a realização de tal procedimento em adultos
está associado a problemas como um maior efeito a nível dentário, com inclinações
indesejadas e ausência da abertura da sutura palatina mediana. Capelozza Filho et al
(1994); Handelman (1997); Northway e Meade (1997) citaram que pode existir alguma
resposta na correção transversa da maxila, no entanto, os resultados mostraram-se
instáveis e indutores de problemas como dor intensa após as ativações, risco de
necrose por isquemia da mucosa palatina, extrusão dos dentes superiores, recidiva da
correção transversal e recessões gengivais.
Na literatura, autores como Capelozza Filho et al (1994); Handelman (1997)
recomendaram o procedimento de expansão rápida maxilar ortopédica em pacientes
37
adultos jovens ou após a fase de crescimento. Seriam aqueles casos com
necessidade de um reduzido aumento da base maxilar, apresentando verticalização
dos processos maxilares e inclinação dentária vestibular. Betts et al. (1995)
preconizaram uma análise clínica e radiográfica para evidenciar casos com
discrepâncias maxilo-mandibulares transversais inferiores a 5mm (medido na
telerradiografia póstero-anterior), onde apenas a inclinação dentária
vestibularpermitiria a camuflagem da deficiência do padrão esquelético. Se o
diferencial transversal for superior a esse valor, a expansão maxilar assistida
cirurgicamente deve ser considerada no início da sequência de tratamento (BETTS et
al., 1995; SILVERSTEIN e QUINN, 1997).
Ainda existe certa polêmica na literatura em relação aos limites da expansão
maxilar sem abordagem cirúrgica. Alpern e Yurosko (1987) afirmaram que, em geral,
as mulheres com mais de 16 anos e homens com mais de 18, que apresentam
deficiência na largura maxilar, exigiriam assistência cirúrgica como tratamento. Haas,
em 1980, ressaltou que a expansão maxilar mínima deveria ser de 10mm e máxima de
12mm. em 2001, o mesmo autor enfatizou que a sutura intermaxilar raramente
seria aberta em pacientes sem crescimento, a não ser pela assistência cirúrgica.
Dentre os problemas encontrados na indicação da ERM em adultos, estão o
deslocamento lateral dos dentes através do alvéolo, inclinação dentária e a
necessidade de sobrecorreção para compensar alterações indesejáveis. Isso justifica
a alta tendência à recidiva, tendo esses fatores um cunho complicador marcante que
pode comprometer a obtenção de uma oclusão satisfatória e estável (MOSS, 1968).
Além disso, a recidiva da ERM nos dentes posteriores superiores tende a produzir
uma oclusão topo a topo, podendo determinar uma rotação mandibular em direção
inferior e posterior, provocando mordida aberta anterior ou alterações laterais,
culminando com mordida cruzada unilateral e assimetria (FISH e EPKER, 1986).
Capelozza Filho et al. (1996) estudaram os efeitos da expansão rápida maxilar
não cirúrgica em 38 pacientes adultos, diagnosticados como portadores de deficiência
maxilar. O aparelho utilizado foi do tipo Haas, modificado pela presença de bráquetes
na face vestibular de todos os dentes do segmento lateral (incluindo caninos) e um
segmento de fio passivo 0.019”X0.025” adaptado a estes bráquetes. A ativação inicial
foi de quatro quartos de volta, vinte e quatro horas após a cimentação e, dois quartos
de volta diários, manhã e noite, nos dias subseqüentes. Foram registrados sintomas
de dor e grande desconforto por parte dos pacientes, representando, inclusive, a
causa de insucesso em cinco pacientes. Os resultados mostraram que 31 dos 38
pacientes apresentaram algum grau de abertura da sutura palatina mediana, sendo
38
que esta abertura foi relativamente pequena quando comparada à quantidade de
abertura do parafuso expansor.
Baseados nas falhas clínicas, no grau de expansão requerido, na grande
tendência à recidiva e, especialmente, na resistência encontrada para abertura da
sutura palatina mediana e articulações maxilares, é que diversos autores têm
proposto, para o tratamento das deficiências transversas maxilares em adultos, o
procedimento interdisciplinar de expansão rápida maxilar assistida cirurgicamente
(BAYS e GRECO, 1992; POGREL et al., 1992; GURGEL, SANT’ANA e HENRIQUES,
2001). Acrescenta-se que tal condição também pode ser tratada por meio da distração
osteogênica maxilar transversa (MATTEINI e MOMMAERTS, 2001; PINTO et al.,
2001) ou expansão maxilar cirúrgica segmentada. Sendo assim, diferentes técnicas de
osteotomia maxilar possibilitam a realização da ERM, indicadas mediante a avaliação
das discrepâncias nos três planos espaciais.
2.4. Expansão rápida maxilar assistida cirurgicamente
A expansão rápida maxilar assistida cirurgicamente caracteriza-se por uma
abordagem ortodôntico-ortopédica e cirúrgica combinadas (POGREL et al.,1992). Em
geral, existe uma clara tendência de que a expansão deva ser executada
ortopedicamente através de um aparelho expansor, após a realização das osteotomias
para liberação da resistência esquelética (CAPELOZZA FILHO et al, 1994).
Pode ser definido como um procedimento de fácil realização e que possibilita a
ampliação maxilar transversal de pacientes sem perspectivas de crescimento
(PEARSON et al., 1996). Gonçales e Polido (1998) acrescentaram que tal
procedimento ortodôntico-cirúrgico é de extremo valor, com relativa ausência de
complicações e boa estabilidade pós-operatória.
2.4.1. Indicações
Após o acompanhamento de cinco pacientes submetidos à ERMAC e, em
virtude das vantagens na qualidade e quantidade da expansão obtida, Capelozza Filho
et al. (1994) afirmaram que as indicações para tal procedimento seriam os casos em
que os indivíduos se encontram fora do período ativo de crescimento e, associado a
isto, necessitam de uma grande expansão de base óssea; tenham perda óssea
horizontal na região posterior da maxila, mesmo que em nível aceitável para um
39
tratamento ortodôntico convencional; não aceitem o desconforto presumido na
evolução do procedimento de ERM; tenham tentado a ERM convencional sem
sucesso e, por fim, tenham mais de trinta anos.
Para Gurgel, Sant’ana e Henriques (2001), a indicação mais precisa da ERMAC
seria para pacientes com idade acima de 15 anos, necessitando de um efeito
ortopédico expressivo para correção transversa maxilar. Indica-se a osteotomia lateral
de maxila como auxiliar na ERM para pacientes que não necessitam de
reposicionamento sagital de base óssea maxilar. Entretanto, esse procedimento pode
também ser utilizado numa primeira etapa, com o objetivo de melhor relacionar os
arcos maxilar e mandibular, no sentido transverso, para a posterior cirurgia sagital
(LEHMAN e HAAS, 1989; GLASSMAN et al., 1984). Gurgel, Sant’ana e Henriques
(2001) acrescentaram que a correção transversa da maxila pode ser realizada de
modo associado às demais discrepâncias esqueléticas, por meio da osteotomia
maxilar segmentar, quando a deficiência maxilar é inferior a oito milimetros, em função
do limite de capacidade elástica do tecido mucoso palatino. Betts et al. (1995)
salientaram que, quando a ERMAC é indicada como primeira etapa no tratamento
cirúrgico, os locais para osteotomia devem ser bem planejados e ter a mesma
localização daquelas que comporão o segundo momento cirúrgico. Isso porque a
cicatrização de osteotomias em locais diferentes pode comprometer a estabilidade das
placas de fixação.
Outro fator importante na indicação da ERMAC é a localização do maior grau
de deficiência transversa no arco maxilar. Isso porque na ERMAC, os efeitos primários
são na região de caninos em detrimento da região de molares, devido à não liberação
das paredes nasais laterais, bem como dos processos palatinos. Portanto, os efeitos
de tal procedimento estão concentrados na região anterior da maxila, com limitada
expansão posterior. Ao contrário, a expansão cirúrgica segmentada, onde é realizada
a abertura cirúrgica da sutura e liberação nasal lateral, determina maior expansão
posterior (SILVERSTEIN e PETER, 1997). Cureton e Cuenin (2001) e Souza et al
(2002) consideraram que uma vantagem da ERMAC é o momento oportuno no plano
de tratamento, pois o mesmo é, em geral, concluído no início do tratamento,
permitindo a expansão do arco dental apinhado, com aumento da circunferência, o
alinhamento dentário e reduzindo a necessidade de exodontias ou “strippings”
excessivos na região de incisivos. Outras vantagens da ERMAC incluem uma melhora
periodontal e no fluxo aéreo nasal, uma melhora no corredor bucal, bem como a
eliminação da discrepância negativa no arco, permitindo um alinhamento dentário sem
necessidade de exodontias (SILVERSTEIN e PETER, 1997).
40
A opção pela ERMAC também é vantajosa nos casos em que existe a
deficiência transversa maxilar unilateral. O procedimento em relação à técnica
cirúrgica é o mesmo, sendo limitado ao lado onde está localizada a deficiência
(POGREL et al.,1992).
2.4.2 Técnicas cirúrgicas
Historicamente, Brown (1938), citado por BETTS et al. (1995) e Souza at al.
(2002) foi quem primeiro descreveu a técnica para expansão rápida maxilar assistida
cirurgicamente. Consistiu de uma incisão no vestíbulo, acima dos incisivos superiores,
seguida da demarcação da sutura intermaxilar com uma broca cirúrgica fina, onde era
posicionado um cinzel e, com um único impacto, seria removida a interferência
conferida por esta sutura.
Bell (1976) descreveu a técnica de osteotomia Le Fort I e a “down fracture” para
osteotomia maxilar total, com uma inclinação ântero-posterior ao longo das paredes
anterior e laterais da maxila, comprovando a sua segurança com estudos de
revascularização e suprimento sangüíneo pós-cirúrgicos em maxilas de primatas.
Bennett e Wolford (1982) publicaram a osteotomia Le Fort I “em degrau”, que
consiste em uma modificação na inclinação ântero-posterior da osteotomia Le Fort I
“tradicional”, permitindo avanços paralelos ao plano horizontal de Frankfurt, separando
os componentes horizontais e verticais de movimento e aumentando a precisão de
movimentos durante o trans-operatório.
A técnica de ERM-AC baseia-se especificamente na liberação daquelas áreas
consideradas de resistência para a determinação da correção maxilar transversa. As
três principais áreas seriam os pilares zigomático-maxilar, nasomaxilar e
pterigomaxilar (ALLISON 1974; BELL e EPKER, 1976; BELL e JACKOBS, 1979;
BERGER et al., 1998; BISHARA e STALEY, 1987; MOSSAZ e BILLOF, 1992,
CURETON e CUENIN, 1999). Nessas regiões, existem suturas que, junto com outras
suturas circumaxilares, competem para o aumento da resistência facial (BETTS et al.,
1995; GURGEL, SANT’ANNA e HENRIQUES, 2001). Portanto, a escolha dos locais
onde serão realizadas as osteotomias representa um fator determinante para a
obtenção de resultados ortopédicos, dentários ou associação de ambos.
Em 1984, Glassman et al. publicaram sua técnica, enfatizando ser o pilar
zigomatico-maxilar, o maior centro de resistência e indicando, para a ERMAC, apenas
a osteotomia lateral. A seguir, outros estudiosos mostraram uma técnica cirúrgica mais
invasiva, enfocando a necessidade tanto da osteotomia maxilar lateral, quanto na
41
região mediana da sutura (LEHMAN, HAAS, 1984; BAYS e GRECO, 1992; POGREL
et al., 1992).
Shetty et al. (1994) propuseram um análogo tridimensional de crânio humano
adulto com material fotoelástico, objetivando o desenvolvimento de uma biomecânica
racional para a correção ortodôntica e cirúrgica das deficiências maxilares transversais
em adultos. Buscavam elucidar o efeito e a distribuição do estresse interno à
expansão rápida maxilar. Para isso, determinaram as características da força de
ativação do aparelho de expansão tipo Hyrax numa estrutura de ancoragem,
instalando-o em seguida no análogo, com ativações incrementais. Os cortes
seqüenciais simulando as osteotomias intermaxilar, zigomático-maxilar e
pterigomaxilar, foram realizados e o estresse decorrente destes foi visualizado e
fotografado num polariscópio circular. Os autores concluíram que o local de maior
resistência à expansão maxilar foi a articulação pterigomaxilar. Bell e Epker (1976)
enfatizaram que a liberação pterigomaxilar deve ser realizada para os casos cuja
prioridade é a expansão na região posterior do arco, principalmente, região de molar.
O procedimento cirúrgico para a expansão maxilar preconizado tanto por Lines
(1975) quanto Bell (1976) é baseado em anestesia geral, ou com sedação e anestesia
local. No entanto, existem diferenças básicas em relação às incisões, osteotomias e
instrumentos utilizados. Lines preconizou uma cnica baseada numa incisão lateral
feita no fundo do vestíbulo na região de canino até a tuberosidade. Um retalho
mucoperiostal foi levantado e a parede lateral do seio maxilar exposta. Uma
osteotomia é estendida desde a abertura piriforme até a região de tuberosidade, sem
alcançar a sutura pterigomaxilar, diminuindo o risco de atingir o plexo pterigóide e
artéria palatina descendente. Outra incisão é feita da papila incisiva para posterior a
região de palato duro. Não invasão da papila incisiva, o que mantem os nervos e
vasos nasopalatinos intactos. O retalho periostal é rebatido três a quatro milímetros de
cada lado da incisão. A sutura palatina mediana é então aberta, com uma pequena
broca, da espinha nasal posterior até o forame incisivo. Não existe extensão desse
corte até região dentária, eliminando o risco de atingir as raízes dos incisivos centrais
superiores. A broca é, em seguida, inclinada para separar septo e vômer em cada lado
da maxila. A incisão palatina é suturada com posterior colocação de uma placa de
acrílico pré-fabricada para proteção dessa região. Após três semanas da cirurgia, o
aparelho expansor é cimentado e a expansão é iniciada.
Na técnica de Bell (1976), o anestésico local ou solução salina com
vasoconstrictor seria infiltrado no fundo do vestíbulo bucal para hemostasia. A seguir,
foi realizada uma incisão mucoperiostal nessa área, desde a região de caninos até
42
segundo molar superior, e uma osteotomia reta, horizontal através da parede maxilar
lateral 4 a 5 mm acima dos ápices dos dentes, indo da abertura piriforme até a
tuberosidade maxilar, . Para facilitar a liberacão do pilar nasal, a porção anterior da
parede nasal lateral deve ser seccionada. Após, um osteótomo foi utilizado para
separação da tuberosidade e o processo pterigóide do esfenóide. Na linha média,
realizou-se uma incisão vertical, e, para facilitar a expansão imediata da porção
maxilar anterior, utilizou-se um cinzel com martelo, cuidadosamente, entre os incisivos
centrais. O dedo indicador foi posicionado sobre a papila incisiva para que se possa
sentir o cinzel transfixando o osso alveolar. Por fim, um osteótomo foi colocado no
espaço inter-radicular e manipulado para mobilizar a porção anterior dos maxilares e
separar os incisivos centrais. Os tecidos foram suturados e o aparelho de expansão
maxilar é ativado, imediatamente, com dois quartos de volta.
Na técnica idealizada por Benett e Wolford (1982) a osteotomia é realizada
paralela ao plano oclusal, com degrau na região do pilar zigomático maxilar, para
segundo os autores, favorecer a simetria de movimento dos segmentos maxilares
durante a expansão.
Se é planejada uma osteotomia Le Fort I secundária, devido a outra
deformidade esquelética que exige correção cirúrgica (deformidade vertical e/ou
ântero-posterior, assimetria, plano oclusal inclinado) as osteotomias do procedimento
de ERM-AC teriam de ser posicionadas no mesmo local que os cortes planejados para
a Le Fort I subseqüente. Tal recomendação justifica-se porque raramente as
osteotomias maxilares anteriores e laterais cicatrizam completamente após ERM-AC,
com possibilidade de esta cicatrização incompleta comprometer o posicionamento ou
a capacidade para colocar as placas de fixação rígida (podendo surgir inclusive
fraturas maxilares durante a fixação das placas neste segundo momento cirúrgico)
(BETTS et al., 1995).
Para a correção da deficiência maxilar transversal bilateral, Bell e Epker (1976)
afirmaram que um aparelho fixo e rígido, com a capacidade de produzir forças
ortopédicas, cimentado nos primeiros pré-molares e molares superiores, deve ser
confeccionado antes da cirurgia, para produzir mínimo movimento dentário e máximo
reposicionamento ósseo. A dimensão do parafuso deve adequar-se à quantidade de
expansão desejada (GURGEL, SANT’ANA e HENRIQUES, 2001).
Em 1979, Messer, Bollinger e Keller descreveram a cnica cirúrgica definida
como Sub-total Le Fort I”. Para eles, o objetivo principal era separação da sutura
palatina mediana por meio de liberação lateral e posterior das relações maxilares
seguida de uma mecânica de separação transversa baseada no modelo de aparelho
43
semelhante ao de Haas. Uma incisão era feita da região mucovestibular desde o pilar
zigomático até a eminência canina, sendo elevado um retalho mucoperiostal, para
exposição da parede lateral da maxilar, desde a fissura pterigomaxilar até a abertura
piriforme. Com uma broca cirúrgica, uma ostetotomia era realizada da abertura
piriforme até a sutura pterigomaxilar sobre os ápices dos dentes, dentro do seio
maxilar, seguida da separação dessa sutura com um osteótomo. O mesmo
procedimento era feito na região contralateral e o dispositivo para expansão era
ativado.
Na sequência cirúrgica descrita por Lehman e Haas (1989), após a anestesia,
incisou-se a região vestibular de segundo molar direito até a região homóloga no lado
oposto. O tecido foi rebatido superiormente, expondo a abertura piriforme, assoalho
nasal anterior, processo maxilar anterior e arcos zigomáticos. A seguir, foi feita uma
osteotomia horizontal na parede lateral da maxila em ambos os lados,
aproximadamente 4 a 5mm acima dos ápices dentários, indo da abertura piriforme a
a região de tuberosidade e plano pterigóide. A porção anterior da parede nasal lateral
foi incluída, mas a mucosa nasal não foi elevada. Segundo ele não foi necessária a
liberação do processo pterigomaxilar. Realizou-se a expansão da região anterior
maxilar entre os incisivos centrais com o martelo, no entanto, não representa parte
fundamental do procedimento. Os autores não realizaram osteotomia da parede
maxilar anterior, considerando ser este um complemento para o procedimento em
pacientes com ossificação da sutura e/ou exostose palatina. Em pacientes com
mordida cruzada unilateral, realizou-se tais procedimentos apenas no lado afetado.
Após o fechamento da mucosa oral, o aparelho foi ativado em dois quartos de volta e
o paciente foi orientado a realizar duas ativações diárias de um quarto de volta, a partir
do dia seguinte, até a obtenção da expansão desejada.
Em estudo clínico, Capelozza et al. (1994) acompanharam cinco pacientes
submetidos à ERMAC. Utilizou-se o aparelho descrito por Haas. Após tentativa
frustada da ERM, o aparelho era desativado e, num intervalo de tempo que não
ultrapassou uma semana, o paciente era encaminhado à cirurgia. A técnica cirúrgica
adotada foi baseada na preconizada pelos autores Bennett e Wolford (1982), sendo
executadas as osteotomias vestibular e anterior da maxilar e evitando as osteotomias
da sutura palatina mediana e parede lateral do nariz. Na seqüência, após a incisão,
idêntica àquela adotada para uma Le Fort I, as osteotomias eram realizadas:
transversal lateral, sem acesso ao processo pterigóide. Na região anterior, envolvia a
parede medial do nariz, cortando o septo nasal com um cinzel. Uma osteotomia
adicional foi realizada verticalmente na região de união entre os processos maxilares,
44
a partir da espinha nasal anterior em direção à região interapical dos incisivos. A
seguir, o cinzel foi recolocado próximo à espinha nasal anterior da maxila e torqueado
para facilitar o posterior rompimento da sutura palatina mediana. Nesse momento, o
parafuso expansor foi ativado até o rompimento da sutura, evidenciado clinicamente
pela abertura de um espaço na região de incisivos centrais superiores.
Betts et al. (1995) recomendaram o início da ativação do aparelho antes da
realização da sutura dos tecidos, determinando uma expansão de 3 a 5mm. Alpern e
Yurosko (1987) afirmaram que a ativação deve ser efetuada no transoperatório aa
isquemia da mucosa, na região entre os incisivos centrais superiores, para verificar
possíveis interferências. Depois, retorna-se algumas voltas no parafuso até reverter
esta situação.
2.4.3. Aparelhos utlizados e protocolo de ativação
Existe certa discordância na literatura em relação ao tipo de aparelho a ser
utilizado. Glassman et al., 1984; Shetty et al., 1994; Pearson , Davies e Sandler, 1996;
Northway e Meade, 1996; Susami et al., 1996; Gonçales e Polido, 1998; Berger et al.,
1998, Gurgel et al., 2001; Tavares e Scheffer, 2001; Wiltfang e Kessler, 2002
recomendaram o uso de aparelho expansor tipo Hyrax. Outros autores, Kennedy et al.
(1976), Capelozza Filho et al. (1994), Betts et al. (1995), Northway e Meade (1997)
empregaram o aparelho tipo Haas.
Uma polêmica também está presente sobre a ativação pós-operatória do
aparelho expansor. Bays e Greco (1992), Betts et al. (1995), Gonçales e Polido (1998),
Souza et al. (2002), Wiltfang e Kessler (2002) afirmaram que, após o procedimento
cirúrgico, deve haver um período de cinco dias antes do início da expansão, com o
objetivo de permitir o restabelecimento do suprimento sanguíneo na região sutural,
favorecendo uma formação óssea mais rápida no defeito ósseo criado. Na visão de
Capelozza Filho et al. (1994), esse período pode variar de dois a três dias,
dependendo da recuperação do paciente.
Glassman et al (1984) e Gurgel, Sant’ana e Henriques (2001) citaram que um
período de 3 dias é suficiente. Diferente de Tavares e Scheffer (2001) que, em seus
trabalhos, iniciaram a ativação com dois dias após a cirurgia.
De acordo com Ilizarov (1990), a neoformação de capilares sanguíneos é obtida
cerca de 5 dias após a abordagem cirúrgica e o índice de expansão de 0,5 a 1mm por
dia não comprometeria o suprimento sanguíneo da região operada. Acrescentou que a
estabilidade do dispositivo que afasta os segmentos ósseos, a preservação tecido
45
ósseo medular e do suprimento sanguíneo são fatores determinantes para a
neoformação óssea sob o efeito de estresse-tensão.
Em relação ao protocolo de ativação do aparelho na expansão pós-cirúrgica, os
autores na literatura são unânimes na utilização de dois quartos de volta diários, sendo
um quarto de volta pela manhã, outro à noite, até que seja obtida a expansão
necessária para a correção da deficiência tranversa maxilar (LINES,1975; BELL e
EPKER, 1976; KENNEDY, 1976; BELL e JACKOBS, 1979; MESSER , BOLLINGER e
KELLER, 1979; BELL, 1982; FISH e EPKER, 1986; LEHMAN e HAAS, 1989; BETTS
et al., 1995; CAPELOZZA FILHO et al., 1994; GONÇALES e POLIDO, 1998;
CURETON e CUENIN, 2001; GURGEL, SANT’ANA e HENRIQUES, 2001). Bays e
Greco (1992) preconizaram um quarto de volta diário nos primeiros sete a dez dias
pós-cirurgia, seguido do protocolo de quatro quartos de ativação/dia em único tempo.
Em geral, o período médio de expansão foi de quatro semanas (BETTS et al., 1995).
Para Lehman, Haas e Haas (1984), Shetty et al. (1994) cada ¼ de volta
equivale a 0,25mm de movimento do parafuso.
2.4.4. Sintomatologia e sinais clínicos durante a expansão pós-cirúrgica
Durante a expansão s-cirúrgica, o paciente sente um leve desconforto. A
queixa de dor acentuada pode indicar mobilização maxilar inadequada ou interferência
óssea por liberação deficiente das regiões osteotomizadas, representando, portanto,
uma expansão funcionalmente incorreta. (BELL e EPKER,1976; BELL e JACKOBS,
1979; BETTS et al., 1995; BERGER et al., 1998; BISHARA e STALEY, 1987;
CURETON e CUENIN, 1999)
Uma sintomatologia associada à rigidez e desconforto na área de glabela ou
região nasal e órbita posterior não é incomum e pode ser explicada anatomicamente.
Os sintomas na área de glabela e nasal ocorrem quando as paredes nasais laterais
não são seccionadas, pois existe uma rotação das duas metades maxilares em torno
de um eixo localizado próximo à sutura fronto-nasal. a sensibilidade na região
posterior da órbita, é justificada pela pequena articulação do osso palatino dentro da
órbita posterior, bem como pelo fato da porção posterior do seio (osso palatino)
também não ter sido seccionado no procedimento cirúrgico e estar sendo submetida a
forças laterais durante a expansão (SHETTY, 1994).
No transcorrer do período ativo da expansão, sinais clínicos são observados
um deles seria abertura de um diastema entre os incisivos centrais superiores
(MESSER, BOLLINGER e KELLER, 1976; BELL e JACKOBSON, 1979; CAPELOZZA
46
FILHO et al. 1994; BETTS et al., 1995; CAPELOZZA FILHO et al, 1996; BERNARDES
e VIEIRA, 2003) (Figura 2). Esse diastema tende a fechar espontaneamente no
período de contenção em decorrência da resistência desenvolvida pelas fibras
transseptais e intra-alveolares (BELL e JACKOBS, 1979; SUSAMI, KURODA e
AMAGASA, 1996). De acordo com Betts et al. (1995), um sinal de obtenção do
sucesso na separação esquelética maxilar é a presença de uma mancha vermelha de
tecido gengival na região entre os incisivos centrais superiores (Figura 2, pág. 47). Os
autores explicaram que isso representa um tecido imaturo queratinizado decorrente do
movimento dentário rápido, que excedeu o potencial de maturação do tecido gengival.
Para os casos em que a expansão ultrapasse oito milímetros, ao atingir este
valor, recomenda-se pelo menos dois dias de intervalo para reorganização das fibras
colágenas e do tecido epitelial palatino. Após este breve repouso dos tecidos, as
ativações prosseguem conforme rotina pré-determinada (GURGEL, SANT’ANA e
HENRIQUES, 2001).
2.4.5. Riscos e complicações
Como todo procedimento cirúrgico, a ERMAC determina riscos trans e pós-
operatórios. Apesar de raros, afirmaram Silverstein e Peter (1997), estes riscos
existem, como por exemplo, o de hemorragia durante o ato cirúrgico, caso os planos
pterigóides sejam seccionados. Lanigan e Mintz (2002) acrescentaram que as
osteotomias maxilares determinam risco de necrose de dentes adjacentes à elas,
justificando certos cuidados quando da sua realização: separação ortodôntica
satisfatória pré-cirurgica nas áreas a serem osteotomizadas; evitar eletrocauterização
na incisão vestibular, bem como determinar uso mínimo de vasoconstrictor na
anestesia; preservar sempre que possível a artéria palatina descendente e, por fim,
determinar mínima segmentação maxilar na cirurgia.
No período pós-operatório, as complicações podem estar mais presentes se a
maxila é insuficientemente liberada em relação à base óssea. Dessa forma, se a
ativação for seguida, os segmentos alveolares e dentários inclinarão causando
recessão gengival na superfície vestibular (SILVERSTEIN e PETER, 1997). Além
disso, nessa fase do tratamento o risco de infecção deve ser considerado.
47
Figura 2: Fotografia ilustrando o diastema e
mancha vermelha na região interincisivo superior
durante o período ativo de ERM-AC.
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PURS; 2007)
Converse e Horowitz em 1969. Diante disso, a profilaxia antibiótica deve ser
instituída no pré-operatório (BELL e JACKOBS, 1979; GLASSMAN et al., 1984).
Quanto aos riscos relacionados ao parafuso utilizado o incomuns, apesar de existir
a possibilidade de travamento ou contato deste com a mucosa palatina causando
comprometimento vascular (CURETON e CUENIN, 1999). Esses autores salientaram
que a expansão com osteotomias na região de incisivo central poderia determinar
defeitos ósseos, mobilidade dentária, perda de vitalidade nesses dentes, reabsorção
radicular externa, perda dentária, recessão gengival associada ou não a uma abertura
com escurecimento do espaço interproximal, configurando os chamados “buracos
negros”. Isso ocorre em decorrência de fratura assimétrica, ou seja, localizada mais
mesial a um dos incisivos centrais em decorrência da menor resistência nessa região
em relação à região da sutura palatina mediana. O diagnóstico poderia ser realizado
durante o ato cirúrgico em radiografia oclusal, sendo perceptível que a separação não
foi determinada exatamente na sutura palatina mediana. Em conseqüência disso, pode
haver uma lesão gengival com migração apical do epitélio, sendo instalado um defeito
ósseo localizado (CURETON e CUENIN, 1999). Cureton e Cuenin (1999) relataram a
necessidade de previamente à ERMAC realizar tomadas radiográficas periapicais ou
oclusais para avaliar a necessidade de se proceder, previamente ao ato cirúrgico, a
movimentação ortodôntica das raízes dos incisivos centrais, tornando-as divergentes.
48
3. PROPOSIÇÃO
O objetivo geral deste estudo foi avaliar os efeitos dento-esqueléticos maxilares
da ERM-AC, em norma frontal e lateral nas fases inicial (T1), logo após a estabilização
do aparelho expansor maxilar (T2) e após três meses de contenção (T3), comparando
duas técnicas de osteotomia Le Fort I, utilizadas para ERM-AC; segundo Bell (1976),
sem degrau na região do pilar zigomáticomaxialr; e segundo Bennett e Wolford (1982),
com degrau na região do pilar zigomáticomaxilar.
Os objetivos específicos foram analisar os efeitos:
a) esqueléticos ântero-posteriores;
b) esqueléticos verticais;
c) esqueléticos transversais;
d) dentário ântero-posterior, em relação aos incisivos centrais superiores;
e) dentários transversais, em relação aos incisivos centrais superiores e aos
molares superiores;
4. METODOLOGIA
4.1. Caracterização da amostra
49
A amostra desse estudo foi constituída de 27 pacientes brasileiros com idade
média de 23,34 anos (quadro 3, página 51) de ambos os gêneros (quadro 4, página
51), submetidos à ERM-AC no Curso de Mestrado em Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxilofacial da PUCRS, no período compreendido entre os anos de 2003 e 2007.
Os indivíduos eram portadores de deficiência maxilar transversa, diagnosticada pela
avaliação da diferença maxilo-mandibular superior a 5mm. Além disso, foram levados
em consideração fatores como alterações nos planos vertical e/ou ântero-posterior,
bem como na forma do arco superior, que justificavam a indicação da expansão rápida
maxilar assistida cirurgicamente (ERMAC), utilizando o aparelho expansor fixo tipo
Hyrax.
Os pacientes da pesquisa foram divididos grupos de acordo com a técnica de
osteotomia Le Fort I utilizada para o procedimento de ERM-AC; sendo assim 12
pacientes pertenceram ao grupo Sem degrau, e foram submetidos à ERM-AC através
da técnica idealizada por Bell (1976), sem degrau na região do pilar zigomático-
maxilar; e 15 pacientes ao grupo Com degrau, e foram submetidos à ERM-AC pela
técnica idealizada por Benett e Wolford (1982), com degrau na região do pilar
zigomático-maxilar.
As telerradiografias laterais e póstero-anteriores foram realizadas na fase pré-
cirúrgica do tratamento (T1), logo após o término da expansão (T2) e após três meses
de contenção (T3).
Quadro 1: Valor da diferença maxilomandibular
para cada paciente avaliado
Paciente Diferença Mx-Md
50
1
6,4mm
2
5,4mm
3
9,4mm
4
5,4mm
5
9,4mm
6
11,4mm
7
11,4mm
8
16,4mm
9
5,4mm
10
9,4mm
11
9,1mm
12
5,4mm
13
11,4mm
14
6,9mm
15
7,4mm
16
6,4mm
17
9,4mm
18
6,4mm
19
5,4mm
20
5,4mm
21
6,4mm
22
6,4mm
23
7,4mm
24
5,4mm
25
9,4mm
26
9,4mm
27
5,4mm
Quadro 2: Caracterização da amostra quanto ao grupo
.Gênero Com degrau (n) Sem degrau (n)
Feminino 9 7
51
Masculino 6 5
Total 15 12
Quadro 3: Caracterização da amostra quanto à idade cronológica
Idade Média ± DP Mínimo Máximo
(anos)
23,34 ± 5,89 17 40
Quadro 4: Caracterização da amostra quanto ao gênero
Gênero n
Feminino 16
Masculino 11
Total 27
Foram considerados fatores de exclusão da amostra a presença de registros
radiográficos não padronizados, pacientes com tratamento ortodôntico prévio e
história prévia de traumatismos faciais.
Figura 3: Fotografia do aparelho tipo Hyrax utilizado
na pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
4.2. Etapa cirúrgica
As cirurgias foram realizadas no Hospital São Lucas da PUCRS, procedimentos
estes, sob anestesia geral com intubação nasoendotraqueal, infiltração anestésica
52
local de lidocaína® 1% com vasoconstritor
3
, no fundo de sulco gengivogeniano e
gengivolabial, a fim de auxiliar na hemostasia e facilitar o descolamento do retalho
mucoperiostal.
As técnicas cirúrgicas utilizadas consistiam de uma osteotomia Le Fort I
subtotal (sem o envolvimento da região posterior da parede nasal lateral e sem a
realização de down-fracture), sem degrau na região do pilar zigomatico-maxilar
(técnica cirúrgica A) idealizada por Bell (1976), e com degrau na região do pilar
zigomatico-maxilar (técnica cirúrgica B), idealizada por Bennett e Wolford
(1982), que poderiam ser descritas da seguinte maneira:
4.2.1. Descrição da técnica cirúrgica A
a) Uma incisão linear mucoperiostal com uma lâmina de bisturi descartável
número 15, montada em cabo de bisturi número 3 do tipo Bard Parker, foi realizada
acima da junção mucogengival no fundo do vestíbulo bucal, estendendo-se da borda
piriforme até o pilar zigomaticomaxilar (região distal do primeiro molar superior). O
descolamento mucoperiostal foi realizado da abertura piriforme ao processo pterigóide
do esfenóide por tunelização bilateralmente. Na região posterior foi utilizado um
afastador do tipo reverso (Obwegeser), enquanto que na parte anterior foi posicionado
um afastador com ângulo reto, pois, assim, permitiria adequada exposição da área a
ser osteotomizada. Amplo e cuidadoso descolamento da mucosa da cavidade nasal.
b) Uma osteotomia horizontal bilateral foi feita através da parede maxilar lateral
e da porção anterior da parede nasal lateral 4 a 5 mm acima dos ápices dos dentes
anteriores e posteriores, estendendo-se inferior e lateralmente em direção à junção da
tuberosidade com o processo pterigóide do esfenóide. Foi utilizada uma broca
troncocônica (n° 702 ou 703)
4
, em baixa rotação
5
com irrigação, tomando-se o cuidado
para aumentar, em largura, a osteotomia na região do pilar zigomaticomaxilar, pois
seria neste local que os maxilares poderiam apresentar contato durante o movimento
de expansão. Um osteótomo curvo foi utilizado para separar o processo pterigóide do
esfenóide e a tuberosidade maxilar.
3
Lidocaína 1% com adrenalina 1:200.000 ® , DFL Indústria e Comércio LTDA, Rio De janeiro,RJ.
4
Komet®, Brasseler Gmbh & Co. KG, Lemgo, República Federal da Alemanha
5
Peça de mão Intra 3555, Kavo®, Biberach, Riss, República Federal da Alemanha
53
c) O septo nasal foi liberado com a utilização de um cinzel para septo. Este
instrumento foi posicionado na base do septo nasal e introduzido posterior e
inferiormente em direção ao palato.
d) Osteotomia intermaxilar com broca troncocônica 701, desde a base da espinha
nasal anterior a o osso alveolar interdental. A osteotomia foi aprofundada com uma broca
n° 702. A expano imediata da parte anterior dos ossos maxilares foi realizada com um
osttomo fino entre os incisivos centrais. Este instrumento foi direcionado, inicialmente, em
dirão caudal. Enquanto esta osteotomia era realizada, o dedo indicador foi posicionado
no palato para sentir aão deste instrumento e para proteger a mucosa palatina. A seguir,
o osttomo foi levado em dirão posterior (em torno de 1 a 1,5 cm) com o aulio do
martelo. Se os ossos maxilares não foram separados espontaneamente, utilizou-se um
cinzel fino e o martelo entre os incisivos centrais para fraturar o osso interseptal.
Finalmente, um osteótomo foi posicionado no espaço inter-radicular e cuidadosamente
manipulado até sentir-se o movimento dos ossos maxilares direito e esquerdo. O dispositivo
expansor foi, então, ativado de forma que os maxilares fossem expandidos cerca de 3 a 5
mm antes do fechamento dos tecidos incisados. À medida que a ativão foi conduzida,
surgiu um diastema na linha dia e verificada a expansão das paredes maxilares laterais.
Verificou-se, neste momento, se a expansão estaria ocorrendo bilateral e simetricamente.
Caso fosse verificado apenas expansão unilateral, a mobilização estaria incompleta e as
osteotomias seriam conferidas e complementadas no lado estável, caso contrário, resultaria
em expano unilateral, assimétrica. Se ocorresse expano assimétrica, também seria
verificado se o septo nasal foi adequadamente separado, utilizando um osttomo para
septo nasal.
e) O aparelho foi desativado e os tecidos moles foram aproximados através de
sutura contínua, utilizando fio 4,0 Vicryl reabsorvível
6
.
6
Vicryl 4-0®, Johnson & Johnson LTDA, São José dos Campos, SP.
54
Figura 4: Desenho esquemático da Osteotomia Le Fort I
idealizada por Bell (1976)
Fonte: Dentofacial Deformitis. Epker, B. M. Integrated
Orthodontic and Surgical Corretion, 2°edition, v.2, s.17, 1995.
4.2.2. Ilustração cirúrgica da osteotomia realizada
Figura 5: Osteotomia Le Fort I idealizada por Bell (1976)
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
4.2.3. Descrição da técnica cirúrgica B
55
Todas as etapas foram realizadas da mesma maneira que na técnica A, com
uma única diferença: Foi realizada uma osteotomia paralela ao plano oclusal com
degrau na região do pilar zigomaticomaxilar bilateralmente, conforme pode ser
observado na figura abaixo:
Figura 6: Desenho esquemático da Osteotomia Le Fort I
idealizada por Benett e Wolford (1982)
Fonte: Dentofacial Deformitis. Epker, B. M. Integrated
Orthodontic and Surgical Corretion, 2°edition, v.2, s.17, 1995.
4.2.4. Ilustração cirúrgica da osteotomia realizada
Figura 7: Osteotomia Le Fort I idealizada por Bennett e Wolford (1982)
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
4.2.5. Ilustração clínica do procedimento realizado
56
Figura 8: Fotografias extrabucais de frente inicial (T1), logo após a estabilização do expansor
(T2) e após três meses de contenção (T3)
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
57
Figura 9: Fotografias extrabucais de perfil inicial (T1), logo após a estabilização do expansor
(T2) e após três meses de contenção (T3)
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
58
Figura 10: Fotografias extrabucais de frente sorrindo inicial (T1), logo após a estabilização do
expansor (T2) e após três meses de contenção (T3)
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
59
Figura 11: Fotografias intrabucais em oclusão de frente inicial (T1), logo após a estabilização
do expansor (T2) e após três meses de contenção (T3)
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
T1
T2
T
3
60
Figura 12: Fotografias intrabucais oclusal superior inicial (T1), logo após a estabilização do
expansor (T2) e após três meses de contenção (T3)
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
T2
T
3
61
Figura 13: Telerradiografias laterais de um caso clínico da amostra nos três tempos avaliados
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
62
Figura 14: Telerradiografias póstero-anteriores de um caso clínico da amostra, nos três
tempos avaliados
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
63
Figura 15: Fotografias das radiografias oclusais após a estabilização do expansor (T2) e após
três meses de contenção (T3)
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
64
4.2.6. Protocolo de ativação
A ativação do parafuso expansor foi iniciada, 5 a 7dias após o procedimento
cirúrgico, seguindo o protocolo de Cureton e Cuenin (1999). Nesta consulta, o
ortodontista realizou duas ativações de um quarto de volta com intervalo de cinco
minutos entre elas. O paciente e/ou responsável foi, então, orientado a realizar duas
ativações diárias, sendo um quarto de volta a cada doze horas, por meio da inserção
da chave
7
com movimento de anterior para posterior. Cada ativação equivale a 0,25
mm, representando, portanto, 0,5mm de ativação por dia. Salientou-se a necessidade
de amarrar um fio dental J.&J.®
8
à chave de ativação, evitando dessa forma, riscos de
deglutição ou aspiração da mesma.
O controle clínico da expansão foi realizado semanalmente conforme
preconizado por Cureton e Cuenin (1999), sendo disponibilizadas formas de contato
entre paciente e profissional no caso de intercorrências.
A fase ativa de expansão foi conduzida até que se obteve uma sobrecorreção
de 2 a 3mm da atresia, conforme sugerido por Phillips et al (1992); Basdra, Zoller e
Komposch (1995). A avaliação da sobrecorreção foi realizada por meio da medição da
distância intermolar superior e inferior com paquímetro de marca Dentaurum®, tendo
como referência a cúspide mésio-palatina dos primeiros molares permanentes
superiores e sulco central dos primeiros molares permanentes inferiores.
A subtração dessas medidas determina a discrepância transversa maxilar, que
deveria ser positiva de pelo menos 2 mm para que se encerrasse a ativação do
aparelho. Outros dados clínicos como a forma do arco superior, sua relação com o
inferior e a obtenção de espaço anterior no arco também foram levados em
consideração.
O período médio necessário para expansão foi de três semanas, sendo que, ao
final desta fase, o parafuso expansor foi estabilizado com fio de amarrilho metálico
0,020”
9
, evitando possível desativação deste no período de contenção.
O protocolo da pesquisa determinava a manutenção do aparelho em boca por
um período de 6 meses para contenção. Logo após, foi instalada uma placa de acrílico
removível superior, com grampos circunferenciais adaptados nos segundos molares,
visando a manutenção dos resultados obtidos até o início do tratamento corretivo total.
7
Dental Morelli LTDA, Sorocaba, SP.
8
Johnson & Johnson LTDA, São José dos Campos, SP
9
Dental Morelli LTDA, Sorocaba, SP.
65
4.3. Obtenção das telerradiografias
As telerradiografias obtidas no Serviço de Radiologia da Faculdade de
Odontologia da PUCRS foram tomadas de acordo com a técnica convencional,
preconizada por BROADBENT (1931). Para a incidência lateral, os indivíduos foram
orientados a manter o plano horizontal de Frankfort paralelo ao solo e o plano sagital
mediano formando um ângulo reto com feixe central de raios X. Além disso, o filme foi
colocado o mais próximo possível do lado esquerdo da face, e um filtro de alumínio,
adaptado ao chassi, permitiu que fosse evidenciado o perfil mole dos indivíduos. Em
relação à incidência frontal, ou póstero-anterior (PA), o plano de Frankfort também
permaneceu paralelo ao solo, enquanto o plano frontal da cabeça foi mantido
perpendicular ao eixo central de raios X, com o filme colocado o mais próximo possível
da face do paciente.
Os indivíduos foram posicionados com o tórax e a cabeça verticalizados, de
forma que o meato acústico externo fosse alcançado, com absoluta justeza, pelos
posicionadores auriculares do cefalostato. Após a adaptação dos indivíduos ao
cefalostato, solicitou-se que os mesmos relaxassem a postura, permitindo maior
aproximação entre os posicionadores auriculares do aparelho e os pórios anatômicos,
evitando, assim, erros operacionais.
A variação do aparelho de raios X Orthophos Simens CD (nº de série 08194) foi
regulado de 9 a 12 miliampères (mAs) e de 70 a 90 quiliovolts (Kv). Todas as
telerradiografias foram realizadas nesse aparelho.
O cefalostato manteve a distância de 1,524 metros entre a fonte geradora de
raios X e o plano médio sagital dos indivíduos na incidência lateral, e até o eixo do
pório na incidência póstero-anterior. O chassi, provido de telas intensificadoras,
continha filme marca Kodak TMG/RA, tamanho 18x24 centímetros para a incidência
lateral e 20x25 centímetros para a incidência frontal.
As radiografias foram reveladas pelo processo automático e pelo método
tempo/temperatura pela processadora Air techniques AT 2000 com a utilização de
produtos químicos da Kodak. A seguir, as radiografias foram armazenadas em local
apropriado e isento de poeira.
66
4.4. Elaboração de cefalograma
A partir das telerradiografias laterais e frontais, os cefalogramas foram
elaborados, sobre um negatoscópio VH em sala escura, utilizando-se folhas de
acetato 3M Unitek
10
(20,3 x 25,4 cm) e lápis HB número 2, devidamente apontado.
Nos cefalogramas laterais, foram delineadas as estruturas ósseas da base
anterior do crânio, o contorno anterior do osso frontal, os ossos nasais e a sutura
frontonasal. A seguir delineou-se a fissura pterigomaxilar, o processo zigomático dos
ossos maxilares e a maxila desde a espinha nasal posterior, palato duro e assoalho
das fossas nasais, até a espinha nasal anterior e o contorno anterior dos maxilares. Os
primeiros molares e os incisivos centrais permanentes superiores foram os dentes
desenhados. Sempre será escolhido o incisivo central mais projetado, para o traçado
destes dentes foi utilizado o Tracing Template 3M Unitek. O cefalograma completou-se
com o perfil tegumentar.
No cefalograma frontal, foi traçado a cortical externa do contorno craniano, o
plano do osso esfenóide, a linha oblíqua (superfície externa da grande asa do
esfenóide), a sutura frontozigomática, o arco zigomático com sua seção transversal, o
contorno das cavidades orbitárias. Também foi delineado o contorno da cavidade
nasal, o septo nasal e a espinha nasal anterior. A seguir, os processos zigomáticos
dos maxilares e as tuberosidades. Depois, delimitou-se os processos articulares, os
ramos, as incisuras antigoniais e o corpo da mandíbula. Foram desenhados os
incisivos centrais superiores, e como regra geral, foram traçados os primeiros molares
superiores. Entretanto, se os primeiros molares estiverem ausentes, os segundos
molares foram traçados .
4.4.1. Análise cefalométrica na telerradiografia lateral
Os seguintes pontos cefalométricos foram marcados, sempre na mesma
seqüência; sobre a mesa de digitalização acoplada ao programa de computador
Dentofacial Planner Plus 2.02
11
. (Figura 16)
S (sela): ponto situado no centro geométrico da sela turca do osso esfenóide,
determinado por inspeção
N (násio): ponto mais anterior da sutura fronto-nasal, visto lateralmente
10
3M International, inc, USA
11
Dentofacial Planner Plus™, Versão 2.02, Dentofacial Software Inc., Toronto, Ontário, Canadá.
67
A (subespinhal): ponto mais profundo na concavidade anterior dos ossos maxilares
entre a espinha nasal anterior e o processo alveolar
ENA (espinha nasal anterior): extremidade da espinha nasal anterior
ENP (espinha nasal posterior): ponto situado na extremidade posterior da espinha
nasal dos ossos palatinos, no palato duro
S1: é o ponto obtido pela intersecção entre uma linha perpendicular à SN passando
por S até encontrar o plano ENA e ENP. Este ponto é obtido por derivação
A1: ponto localizado no ápice do incisivo central superior mais projetado
I1: ponto situado na borda incisal do incisivo central superior mais projetado
68
Figura 16: Cefalograma com os pontos cefalométricos utilizados: S (sela), N (násio), A
(subespinhal), B (supramental), ENA (espinha nasal anterior), ENP (espinha nasal posterior),
A1
, I1. Ponto S1 obtido por derivação
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
69
As seguintes linhas e planos cefalométricos foram marcados na
telerradiografia lateral (Figura 17)
SN: linha que une os pontos S e N, representativa da base anterior do crânio.
PP: linha de união entre os pontos ENA e ENP, ilustrando o plano palatal.
NA: união entre os pontos N e A.
1: linha que passa pelos pontos A1 e I1, representando o longo eixo do incisivo central
superior.
As seguintes medidas angulares e lineares foram marcadas na
telerradiografia lateral (Figura 18 e 19)
As seguintes medidas cefalométricas foram obtidas no programa Dentofacial
Planner Plus 2.02
SNA (1): ângulo formado pela interseção das linhas SN e NA; representa a posição
ântero-posterior da maxila
SN.PP (2): ângulo formado entre a linha SN e o plano palatal; representa a inclinação
maxilar
1.PP (3): ângulo formado pelo longo eixo do incisivo central superior com plano
palatal, e representa sua inclinação
1.SN (4): ângulo formado pelo longo eixo do incisivo central superior e a linha SN, e
representa sua inclinação
S1-ENP (5): distância linear horizontal entre o ponto de intersecção da perpendicular
baixada do ponto sela com o plano palatal e o ponto ENP; representa a posição
ântero-posterior da maxila
SN
ENP (6): distância linear vertical do ponto ENP até a linha SN, medida
perpendicularmente a esta; representa a posição vertical da maxila
SN
ENA (7): distância linear vertical do ponto ENA até a linha SN, medida
perpendicularmente a esta; representa a posição vertical da maxila
70
Figura 17: Cefalograma com as linhas e planos utilizados: SN, NA, PP, 1
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
71
Figura 18: Cefalograma com as medidas angulares utilizadas: SNA (1), SN.PP (2), 1.PP (3)
e 1.SN (4)
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
72
Figura 19: Cefalograma com as medidas lineares utilizadas: S1-ENP (5), SN-ENP (6) e SN-
ENA (7)
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
73
4.4.2. Os seguintes pontos foram marcados para análise cefalométrica na
telerradiografia PA
Z (zigomático-orbital): ponto localizado na margem medial da sutura frontozigomática
em sua interseção com a órbita
Za (zigomático-mediano): ponto situado no centro da borda externa do arco
zigomático
NC (nasal): ponto situado na porção mais lateral da abertura piriforme
J (jugal): ponto de intersecção entre o contorno da tuberosidade e o contorno do
processo zigomático do osso maxilar
MS (molar superior): o ponto lateral mais proeminente na face vestibular da coroa
dos primeiros molares superiores
I1 (borda incisal do incisivo central superior): ponto localizado na borda incisal do
incisivo central superior, centrado médio-lateralmente
A1 (ápice do incisivo central superior): ponto situado na extremidade do ápice
radicular do incisivo central superior
Ag (antigonial): ponto localizado na porção mais profunda da concavidade formada
pela incisura antigonial da mandíbula
74
Figura 20: Cefalograma com os pontos cefalométricos utilizados: Z, Za, NC, J, MS, I1, A1 e
Ag
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
75
A seguinte linha cefalométrica foi marcada na telerradiografia PA
LFF (linha facial frontal): linha obtida pela união dos pontos Z e AG.
As seguintes medidas lineares e angulares foram marcadas na
telerradiografia PA
Za-Za (8): distância linear entre os pontos Za direito e esquerdo
NC-NC (9): distância linear entre os pontos NC direito e esquerdo
J-J (10): distância linear entre os pontos J direito e esquerdo
LFF J lado direito (11): distância do ponto J até a linha facial frontal do lado direito
LFF J lado esquerdo (12): distância do ponto J até a linha facial frontal do lado esquerdo
A1-A1 (13): distância linear entre os pontos A1 direito e esquerdo
MS-MS (14): distância linear entre os pontos MS direito e esquerdo
I1-I1 (15): distância linear entre os pontos B1 direito e esquerdo
76
Figura 21: Cefalograma com as medidas lineares utilizadas Za-Za (8), NC-NC (9), J-J (10),
LFF – J lado direito (11), LFF – J lado esquerdo (12), A1-A1 (13) MS-MS (14), I1-I1 (15)
Fonte: Dados da pesquisa (PG – FO/PUCRS; 2007)
77
4.3. Estudo do erro
No estudo do erro, para a comparação entre as duas medições realizadas foi
utilizado o teste de comparações de médias t-student para dados pareados. Este teste
é o método mais utilizado para se avaliarem as diferenças entre os pares de dois
grupos.
Dez telerradiografias laterais (cinco do grupo com degrau e cinco do grupo sem
degrau) e oito telerradiografias PA (quatro do grupo Com degrau e quatro do grupo
Sem degrau) foram selecionadas aleatoriamente, retraçadas e redigitalizadas oito
semanas após a obtenção dos primeiros registros, determinado-se um erro combinado
da realização dos cefalogramas, da localização e digitalização dos pontos
cefalométricos.
Por intermédio dos resultados do teste de comparações de médias t-student
para amostras pareadas, verificou-se que não foram encontradas diferenças
significativas entre as medidas realizadas na primeira e na segunda avaliação (Tabela
1, página 80).
4.3.1. Tratamento estatístico
Para a verificação da normalidade dos dados foi utilizado o teste não-
paramétrico Kolmogorov-Smirnov. Este teste é considerado uma prova de
aderência, diz respeito ao grau de concordância entre a distribuição de um conjunto de
valores amostrais e determinada distribuição teórica específica, neste caso, a
distribuição normal.
12
Para os dados deste estudo todas medidas tiveram esta
condição foi garantida, por este motivo, os teste aplicados neste estudo foram testes
paramétricos com exceção das comparações dos tempos que por serem dados
pareados com três tempos distintos utilizou-se o teste não-paramétricode Friedman.
Para a comparação entre os grupos com e sem degrau foi utilizado o teste de
comparações de médias t de Student Este teste é o método mais utilizado para se
avaliarem as diferenças entre as médias de dois grupos.
13
Para a comparação entre os tempos, por serem dados pareados, foi utilizado o
teste não-paramétrico de Friedman. Este teste permite a comparação de dados
12
SIEGEL, S. Estatística Não-paramétrica. São Paulo: Ed. McGraw-Hill, 1975.
13
ARANGO, H. Bioestatística teórica e computacional. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 2001.
78
resultantes de uma mesma amostra (dependentes) em momentos distintos. (T1,T2
eT3).
Para o processamento e análise destes dados foi utilizado o software estatístico
SPSS versão 10.0
79
5. RESULTADOS
Os resultados obtidos foram analisados separadamente, de acordo com os
ângulos identificados por: SNA, SN.PP, 1. SN. Da mesma forma, de acordo com as
distâncias, em milímetros, sendo identificados por: S1-ENP, SNENP, SNENA,
interzigomático, NC-NC, J-J, linha facial frontal J lado direito, linha facial frontal J
lado esquerdo, intermolares superiores, interápices incisivos centrais superiores,
intercoroas incisivos centrais superiores, observados nas tabelas à seguir:
80
Tabela 1
Comparação entre as medições para o estudo do erro
Medida Média Desvio-padrão
Diferença Média
t p
SNA Medida 1 79,110 A 3,334 0,160 0,733 0,482
SNA Medida 2 79,270 A 3,460
SNPP Medida 1 8,110 A 3,074 0,030 0,224 0,828
SNPP Medida 2 8,080 A 3,074
SN/ENA Medida 1 55,510 A 2,759 0,370 1,306 0,224
SN/ENA Medida 2 55,140 A 3,313
S1-ENP Medida 1 18,670 A 8,075 0,200 1,215 0,255
S1-ENP Medida 2 18,470 A 8,001
SN/ENP Medida 1 35,911 A 13,671 0,511 0,677 0,517
SN/ENP Medida 2 35,400 A 13,806
1.PP Medida 1 52,700 A 13,925 0,410 1,600 0,144
1.PP Medida 2 52,290 A 13,706
1.SN Medida 1 95,900 A 26,923 0,200 0,274 0,790
1.SN Medida 2 95,700 A 28,342
ZA-ZA Medida 1 131,378 A 5,926 4,000 1,317 0,224
ZA-ZA Medida 2 127,378 B 5,614
NC-NC Medida 1 31,730 A 5,387 0,482 1,446 0,182
NC-NC Medida 2 31,248 A 5,390
J-J Medida 1 58,320 A 3,651 1,080 1,982 0,079
J-J Medida 2 57,240 A 3,724
LFF/J Esq Medida 1
17,333 A 4,557 0,322 0,629 0,547
LFF/J Esq Medida 2
17,656 A 4,453
A1
-A1 Medida 1 6,530 A 2,174 0,010 0,089 0,931
A1
-A1 Medida 2 6,540 A 2,183
|1-|1 Medida 1 8,050 A 1,131 0,130 1,396 0,196
|1-|1 Medida 2 7,920 B 1,133
MS-MS Medida 1 58,760 A 4,586 0,050 0,097 0,925
MS-MS Medida 2 58,810 A 3,872
Fonte: Dados de pesquisa (FO/PUCRS; 2007)
Através da análise da tabela, 1 verfica-se que o existe diferença significativa
entre a e a medição para nenhuma das medidas acima comparada, entre os
tempos e entre os grupos Com degrau e Sem degrau.
81
Tabela 2
Comparação da diferença entre os tempos (T2-T1) entre os grupos: PERFIL
Diferença (T2-T1)
Medida
Técnica
Nº casos
Média
Desvio-
padrão
t p
SNA Com degrau 15 -0,187 A 1,521 0,425
0,674
Sem degrau 12 -0,400 B 0,932
SNPP Com degrau 15 -0,780 A 1,615 0,379
0,708
Sem degrau 12 -1,033 B 1,860
SN|ENA Com degrau 15 -0,400 A 1,208 -0,437
0,666
Sem degrau 12 -0,183 B 1,369
S1-ENP Com degrau 15 0,207 A 0,834 1,315
0,201
Sem degrau 12 -0,300 B 1,169
SN | ENP Com degrau 15 0,700 A 0,991 1,112
0,277
Sem degrau 12 0,192 B 1,385
1.PP Com degrau 15 4,400 A 4,480 1,550
0,135
Sem degrau 12 1,692 B 4,236
1.SN Com degrau 15 -3,485 A 4,032 -2,798
0,010
Sem degrau 12 0,850 B 3,684
Fonte: Dados de pesquisa (FO/PUCRS; 2007)
82
Tabela 3
Comparação da diferença entre os tempos (T2-T1) entre os grupos: PA
Média, desvios-padrão e teste t de student
Diferença (T2-T1)
Medida
Técnica
Nº casos
Média
Desvio-
padrão
t p
ZA-ZA Com degrau 15 -0,127 A 0,456 0,265
0,793
Sem degrau 12 -0,275 B 2,120
NC-NC Com degrau 15 1,867 A 1,049 1,313
0,201
Sem degrau 12 1,008 B 2,253
J-J Com degrau 15 2,613 A 0,959 -0,617
0,543
Sem degrau 12 2,950 B 1,827
LFF-J Direito Com degrau 15 -1,540 A 1,172 0,849
0,404
Sem degrau 12 -1,942 B 1,280
LFF-J Esquerdo Com degrau 15 -0,980 A 1,118 1,091
0,286
Sem degrau 12 -1,408 B 0,864
|1-|1 Com degrau 15 4,738 A 1,966 -2,744
0,012
Sem degrau 12 7,125 B 2,378
MS-MS Com degrau 15 4,493 A 1,109 -0,411
0,684
Sem degrau 12 4,908 B 3,723
A1-A1 Com degrau 15 6,623 A 1,923 0,131
0,897
Sem degrau 12 6,483 B 3,301
Fonte: Dados de pesquisa (FO/PUCRS; 2007)
Através da análise das tabelas 2 e 3, páginas 81 e 82 respectivamente verifica-
se que verifica-se que o existe diferença nos efeitos esqueléticos ocorridos quando
comparadas as duas técnicas cirúrgicas, existe diferença entre os grupos apenas para
as medidas 1.SN e |1-|1. Para ambas medidas observou-se um aumento no tempo T2
superior para o grupo Sem degrau.
83
Tabela 4
Comparação da diferença entre os tempos (T3-T2) entre os grupos: PERFIL
Média, desvios-padrão e teste t de student
Diferença (T3-T2)
Medida Técnica
Nº casos
Média
Desvio-
padrão
t p
SNA Com degrau 15 -1,280 A 1,436 -0,743
0,464
Sem degrau 12 -0,842 B 1,627
SNPP Com degrau 15 0,227 A 1,723 -0,773
0,446
Sem degrau 12 0,767 B 1,899
SN|ENA Com degrau 15 0,113 A 1,325 -0,543
0,592
Sem degrau 12 0,425 B 1,660
S1-ENP Com degrau 15 -0,027 A 0,615 0,130
0,897
Sem degrau 12 -0,075 B 1,266
SN | ENP Com degrau 15 -0,100 A 0,964 0,424
0,675
Sem degrau 12 -0,242 B 0,714
1.PP Com degrau 15 2,246 A 3,108 -1,807
0,084
Sem degrau 12 4,717 B 3,721
1.SN Com degrau 15 -2,469 A 2,767 0,460
0,650
Sem degrau 12 -3,342 B 6,207
Fonte: Dados de pesquisa (FO/PUCRS; 2007)
84
Tabela 5
Comparação da diferença entre os tempos (T3-T2) entre os grupos: PA
Média, desvios-padrão e teste t de student
Diferença (T3-T2)
Medida Técnica
Nº casos
Média
Desvio-
padrão
t P
ZA-ZA Com degrau 15 -0,107 A 0,681 -1,972
0,060
Sem degrau 12 1,650 B 3,381
NC-NC Com degrau 15 0,193 A 0,703 0,577
0,569
Sem degrau 12 -0,125 B 1,996
J-J Com degrau 15 0,027 A 0,762 0,878
0,388
Sem degrau 12 -0,308 B 1,212
LFF-J Direito Com degrau 15 0,073 A 0,885 -0,005
0,996
Sem degrau 12 0,075 B 0,837
LFF-J Esquerdo Com degrau 15 -0,060 A 0,858 0,194
0,848
Sem degrau 12 -0,117 B 0,601
|1-|1 Com degrau 15 -3,838 A 2,671 2,310
0,030
Sem degrau 12 -6,192 B 2,401
MS-MS Com degrau 15 -0,047 A 0,669 0,187
0,853
Sem degrau 12 -0,125 B 1,444
A1-A1 Com degrau 15 -0,800 A 2,336 -0,127
0,900
Sem degrau 12 -0,692 B 1,879
Fonte: Dados de pesquisa (FO/PUCRS; 2007)
Através dos resultados do teste de comparações t-student das tabelas 4 e 5,
páginas 83 e 84, verifica-se que não existe diferença nos efeitos esqueléticos
ocorridos quando comparadas as duas técnicas cirúrgicas, sendo que, existe diferença
entre os grupos apenas para a medida |1-|1. Para esta medida observou-se um
aumento no tempo T3 superior para o grupo Sem degrau.
85
Tabela 6
Comparação entre os tempos para as medidas Perfil: Grupo Com degrau
Média, desvios-padrão
Comparação Nº casos Média Desvio-padrão
P
SNA T1 15 79,320 A 3,280 0,007
SNA T2 15 79,133 B 3,168
SNA T3 15 77,853 C 3,376
SNPP T1 15 7,653 A 2,525 0,321
SNPP T2 15 6,873 B 2,352
SNPP T3 15 7,100 C 2,695
SN|ENA T1 15 54,433 A 2,745 0,725
SN|ENA T2 15 54,033 B 2,867
SN|ENA T3 15 54,147 C 2,786
S1-ENP T1 15 14,073 A 3,532 0,250
S1-ENP T2 15 14,280 B 3,548
S1-ENP T3 15 14,253 B 3,336
SN | ENP T1 15 45,100 A 3,263 0,064
SN | ENP T2 15 45,800 B 3,039
SN | ENP T3 15 45,700 C 3,013
1.PP T1 15 63,308 A 11,323 0,0001
1.PP T2 15 67,708 B 10,675
1.PP T3 15 69,954 C 11,647
1.SN T1 15 108,954 A
11,075 0,0001
1.SN T2 15 105,469 B
10,404
1.SN T3 15 103,000 C
11,268
Fonte: Dados de pesquisa (FO/PUCRS; 2007)
Através dos resultados do teste não-paramétrico de Friedman verifica-se na
tabela 6 que existe diferença entre os tempos para as seguintes medidas:
- SNA : Tempo T3 apresenta média inferior aos outros tempos
- 1.PP: Todos os tempos diferem entre si
- 1.SN: Todos os tempos diferem entre si
86
Tabela 7
Comparação entre os tempos para as medidas PA: Grupo Com degrau
Média, desvios-padrão
Comparação Nº casos Média Desvio-padrão
p
ZA-ZA T1 15 130,880 A
4,333 0,381
ZA-ZA T2 15 130,753 B
4,401
ZA-ZA T3 15 130,647 C
4,119
NC-NC T1 15 30,680 A 3,495 0,0001
NC-NC T2 15 32,547 B 3,110
NC-NC T3 15 32,740 B 3,332
J-J T1 15 58,927 A
4,065 0,0001
J-J T2 15 61,540 B 3,834
J-J T3 15 61,567 B 3,810
LFF-J Direito T1 15 15,093 A 2,290 0,0001
LFF-J Direito T2 15 13,553 B 2,459
LFF-J Direito T3 15 13,627 B 2,787
LFF-J Esquerdo T1 15 15,947 A 1,722 0,031
LFF-J Esquerdo T2 15 14,967 B 1,863
LFF-J Esquerdo T3 15 14,907 B 1,619
|1-|1 T1 15 8,308 A 0,941 0,0001
|1-|1 T2 15 13,046 B 2,244
|1-|1 T3 15 9,208 A 0,981
MS-MS T1 15 61,260 A 3,179 0,0001
MS-MS T2 15 65,753 B 3,140
MS-MS T3 15 65,707 B 2,904
A
1-A1 T1 15 6,008 A 1,706 0,0001
A1
-A1 T2 15 12,631 B 2,696
A1
-A1 T3 15 11,831 B 3,175
Fonte: Dados de pesquisa (FO/PUCRS; 2007)
Através dos resultados do teste não-paramétrico de Friedman verifica-se na
tabela 7 que existe diferença entre os tempos para as seguintes medidas:
- NC-NC : Tempo T1 apresenta média inferior aos outros tempos
- J-J: Tempo T1 apresenta média inferior aos outros tempos
- LFF-J Direito: Tempo T1 apresenta média superior aos outros tempos
- LFF-J Esquerdo: Tempo T1 apresenta média superior aos outros tempos
- |1-|1: Todos os tempos diferem entre si
- MS-MS: Tempo T1 apresenta média inferior aos outros tempos
- A1-A1: Tempo T1 apresenta média inferior aos outros tempos
87
Tabela 8
Comparação entre os tempos para as medidas Perfil: Grupo Sem degrau
Média, desvios-padrão
Comparação
Nº casos Média Desvio-padrão
P
SNA T1 12 83,258 A 4,406 0,02
SNA T2 12 82,858 B 4,665
SNA T3 12 82,017 C 4,938
SNPP T1 12 6,358 A 3,121 0,174
SNPP T2 12 5,325 B 2,776
SNPP T3 12 6,092 A 3,094
SN|ENA T1 12 53,483 A 3,707 0,92
SN|ENA T2 12 53,300 B 3,785
SN|ENA T3 12 53,725 C 3,855
S1-ENP T1 12 21,667 A 5,126 0,717
S1-ENP T2 12 21,367 B 4,468
S1-ENP T3 12 21,292 B 5,157
SN | ENP T1 12 31,458 A 15,577 0,915
SN | ENP T2 12 31,650 B 16,250
SN | ENP T3 12 31,408 A 15,929
1.PP T1 12 49,808 A 16,827 0,0001
1.PP T2 12 51,500 B 15,224
1.PP T3 12 56,217 C 16,112
1.SN T1 12 84,342 A 28,958 0,016
1.SN T2 12 85,192 B 28,073
1.SN T3 12 81,850 C 26,856
Fonte: Dados de pesquisa (FO/PUCRS; 2007)
Através dos resultados do teste o-paramétrico de Friedman verifica-se que
existe diferença entre os tempos para as seguintes medidas:
- SNA : Tempo T3 apresenta média inferior ao tempo T1;
- 1.PP: Tempo T3 apresenta média inferior aos outros tempos;
- 1.SN: Tempo T2 apresenta média superior ao tempo T3.
88
Tabela 9
Comparação entre os tempos para as medidas Perfil: Grupo Sem degrau
Comparação
Nº casos Média Desvio-padrão
P
ZA-ZA T1 12 130,733 A 7,534 0,29
ZA-ZA T2 12 130,458 B
7,375
ZA-ZA T3 12 132,108 C 6,154
NC-NC T1 12 33,300 A 4,589 0,059
NC-NC T2 12 34,308 B 4,978
NC-NC T3 12 34,183 B 5,115
J-J T1 12 58,275A 4,304 0,0001
J-J T2 12 61,225 B 3,858
J-J T3 12 60,917 C 4,368
LFF-J Direito T1 12 17,183 A 3,813 0,001
LFF-J Direito T2 12 15,242 B 4,191
LFF-J Direito T3 12 15,317 B 3,934
LFF-J Esquerdo T1 12 17,775 A 3,952 0,0001
LFF-J Esquerdo T2 12 16,367 B 3,630
LFF-J Esquerdo T3 12 16,250 B 3,419
|1-|1 T1 12 8,308 A 1,193 0,0001
|1-|1 T2 12 15,433 B 2,800
|1-|1 T3 12 9,242 A 1,627
MS-MS T1 12 59,200 A 5,424 0,0001
MS-MS T2 12 64,108 B 5,479
MS-MS T3 12 63,983 B 5,555
A1
-A1 T1 12 7,533 A 1,831 0,0001
A1
-A1 T2 12 14,017 B 3,206
A1
-A1 T3 12 13,325 B 2,358
Fonte: Dados de pesquisa (FO/PUCRS; 2007)
Através dos resultados do teste o-paramétrico de Friedman verifica-se que
existe diferença entre os tempos para as seguintes medidas:
- J-J: Tempo T1 apresenta média inferior aos outros tempos;
- LFF-J Direito: Tempo T1 apresenta média superior aos outros tempos.
- LFF-J Esquerdo: Tempo T1 apresenta média superior aos outros tempos.
- |1-|1: Tempo T2 apresenta média superior aos outros tempos;
- MS-MS: Tempo T1 apresenta média inferior aos outros tempos;
- A1-A1: Tempo T1 apresenta média inferior aos outros tempos.
89
6. DISCUSSÃO
A etiologia da deficiência maxilar transversal está relacionada a fatores
genéticos e ambientais. Clinicamente, pode se manifestar pela presença de mordida
cruzada posterior unilateral ou bilateral, compensação dos dentes posteriores,
apinhamentos e rotações dentárias (BETTS et al., 1995; BISHARA; STALEY, 1987;
GONÇALES; POLIDO, 1998; GURGEL; SANT’ANA; HENRIQUES, 2001; JACOBS et
al., 1980).
Quando a deficiência maxilar transversal está presente, deve-se buscar a
adequada correlação transversal entre as bases ósseas apicais maxilar e mandibular e
não apenas entre os arcos dentários superior e inferior (GODDARD, 1893).
A expansão rápida maxilar provoca a disjunção dos ossos maxilares o que
ocorre quando a força exercida sobre os dentes de ancoragem e sobre os processos
alveolares maxilares superam o limite necessário para o movimento ortodôntico,
transformando-se em força ortopédica que promove a abertura da sutura intermaxilar
(HAAS, 1961).
Segundo HAAS (1965), é possível posicionar, transversalmente, a base óssea
dentária maxilar em harmonia com a base óssea dentária mandibular por meio da
movimentação dos maxilares proporcionada pela ERM.
A média de idade dos 27 pacientes avaliados neste estudo foi de 23,34 anos,
variando de 17 a 40 anos (Quadro 2, página 51). Muitos estudos utilizaram amostras
não apenas com número de pacientes semelhante, mas também com faixa etária
bastante similar à desta pesquisa. A maior amostra foi a de LEHMAN e HAAS (1989)
com 56 pacientes e a menor foi a de POGREL et al. (1992) com 12 indivíduos. Os
demais (ALPERN; YUROSKO, 1987; BAYS; GRECO, 1992; BERGER et al., 1998;
CHUNG et al., 2001, 2003; GLASSMAN et al., 1984; MORDENFELD; ANDERSON,
1999; ÖZTÜRK et al., 2003; STRÖMBERG; HOLM, 1995) fizeram suas avaliações em
amostras entre 12 e 28 casos. A faixa etária dos indivíduos avaliados nos diversos
estudos ficou entre 14 e 48 anos.
Existem, basicamente, quatro formas de tratamento da deficiência maxilar
transversal em pacientes adultos: a expansão rápida maxilar, a expansão rápida
maxilar assistida cirurgicamente, a osteotomia Le Fort I segmentada (BETTS et al.,
1995; JACOBS, et al. 1980; LEHMAN; HAAS, 1989; SUSAMI; KURODA; AMAGASA,
90
1996) e a distração osteogênica maxilar transversal (MATTEINI; MOMMAERTS, 2001;
PINTO et al., 2001).
Para LEHMAN, HAAS e HAAS (1984) e LEHMAN e HAAS (1989), o
procedimento de ERM-AC está indicado, idealmente, para os casos que não
necessitam de cirurgia maxilar subseqüente. Entretanto, esses autores também
concordam com LINES (1975), ZILBERMAN e NITZAN (1976), BELL e JACOBS
(1979), LANIGAN, HEY e WEST (1990), GONÇALES e POLIDO (1998), BERGER et
al. (1998), GURGEL, SANT’ANA e HENRIQUES (2001) e TAVARES e SCHEFFER
(2001), ao afirmarem que a ERM-AC pode ser um procedimento preliminar para
alguns pacientes que necessitam de cirurgia ortognática maxilar subseqüente.
LANIGAN, HEY e WEST (1990) asseveraram que este tipo de abordagem reduziria o
risco de necrose asséptica associado à osteotomia maxilar segmentada. Entretanto,
BETTS et al. (1995) ressaltaram que a principal desvantagem de uma ERM-AC
seguida de uma Le Fort I para corrigir outra discrepância maxilar, quando comparado
com a osteotomia maxilar segmentada, é a necessidade de duas anestesias gerais.
Apesar disso, ressaltou que o tempo total de anestesia para uma ERM-AC seguida de
uma Le Fort I é, em geral, o mesmo que para um procedimento que envolve
segmentação maxilar.
A ERM com separação da sutura intermaxilar pode ser realizada em adultos,
sendo que seus resultados não são previsíveis, nem estáveis (BISHARA e STALEY,
1987; CAPELOZZA FILHO et al. 1994; HANDELMAN, 1997; NORTHWAY e MEADE,
1997. Bell e Epker (1976) afirmaram que tal procedimento está associado à ausência
da abertura da sutura palatina mediana, com maior efeito a nível dentário e com
inclinações indesejadas. Além disso, a dor intensa após as ativações, risco de necrose
por isquemia da mucosa palatina, extrusão dos dentes superiores, recidiva da
correção transversal e recessões gengivais caracterizam o quadro de restrições no
procedimento (CAPELOZZA FILHO et al., 1994; HANDELMAN, 1997; NORTHWAY e
MAEDE, 1997).
Dos 27 pacientes deste estudo, doze foram submetidos a osteotomia Le Fort I
idealizada por Bell (1976), e quinze foram submetidos a osteotomia Le Fort I pela
técnica idealizada por Benett e Wolford (1982), e divididos em grupos: Sem degrau,
Técnica Cirúrgica A, página 52, e Com degrau, Técnica Cirúrgica B, página 55,
respectivamente. Três (11,11%) tinham programado, no seu plano de tratamento
inicial, apenas cirurgia ortognática maxilar subseqüente, sete (25,96%) seriam
submetidos apenas à cirurgia mandibular, onze (40,74%) passariam por cirurgia
91
ortognática maxilar e mandibular combinada e seis (22,22%) não seriam submetidos a
nenhum tipo de cirurgia ortognática subseqüente à ERM-AC.
Betts et al. (1995) salientaram que, quando a ERMAC é indicada como primeira
etapa no tratamento cirúrgico, os locais para osteotomia devem ser bem planejados e
ter a mesma localização daquelas que comporão o segundo momento cirúrgico. Isso
porque a cicatrização de osteotomias em locais diferentes pode comprometer a
estabilidade das placas de fixação.
Conforme BETTS et al. (1995), SILVERSTEIN e QUINN (1997), GONÇALES e
POLIDO (1998), GURGEL, SANT’ANA e HENRIQUES (2001) e TAVARES e
SCHEFFER (2001), as vantagens mais importantes nesse tipo de abordagem são a
capacidade de realizar grandes expansões maxilares, a redução da necessidade de
exodontias, a relativa falta de complicações, a boa estabilidade do ganho transversal e
um procedimento de Le Fort I subseqüente muito mais simples e rápido.
A indicação de ERMAC para correção da discrepância maxilar transversa em
pacientes adultos é bastante recomendada na literatura por autores como Lines
(1975), Bell e Epker (1976), Bell e Jackobs (1979), Jackobs et al. (1980), Glassman et
al. (1984), Lehamn, Haas e Haas (1984), Lehamn e Haas (1989), Pogrel et al. (1992),
Betts et al. (1995), Stromberg e Holm (1995), Pearson, Davies e Sandler (1996),
Susami, et al. (1996), Silverstein e Quinn (1997), Northway e Meade (1997), Berger et
al. (1998), Gonçales e Polido (1998), Araújo (1999), Cureton e Cuenin (1999), Chung
et al. (2001, 2003), Tavares e Scheffer (2001), Gurgel, Sant’ana e Henriques (2001),
Souza et al (2002), Bernardes e Vieira (2003), Massulo (2003), Antilla et al. (2004). A
principal indicação é para os casos que o necessitam de cirurgia maxilar
subseqüente (LEHMAN, HAAS e HAAS, 1984; LEHMAN e HAAS, 1989). Entretanto,
esses autores compartilham da mesma idéia com Lines (1975), Bell e Jackobs (1979),
Lanigan et al. (1990), Gonçales e Polido (1998), Berger et al. (1998), Gurgel, Sant’ana
e Henriques (2001), Tavares e Scheffer (2001), ao afirmarem que a ERMAC pode ser
um procedimento preliminar para alguns pacientes que necessitam de cirurgia
ortognática maxilar posterior. Betts et al. (1995) salientaram que, nesses casos, os
locais para osteotomia devem ser bem planejados e ter a mesma localização daquelas
que comporão o segundo momento cirúrgico. Isso porque a cicatrização de
osteotomias em locais diferentes pode comprometer a estabilidade das placas de
fixação. Outra indicação para a ERMAC seria para indivíduos com deficiência maxilar
transversa associada à presença de dentes posteriores com comprometimento
periodontal .
92
As vantagens da ERMAC são a grande quantidade de expansão maxilar
(CAPELOZZA FILHO et al., 1994); o menor risco de desenvolver necrose asséptica
em relação à osteotomia maxilar segmentada pela Le Fort I (LANIGAN et al., 1990),
podendo ser realizada no momento oportuno, por exemplo, no inicio do plano de
tratamento, propiciando aumento do perímetro do arco, alinhamento dentário e
reduzindo a necessidade de exodontias e “strippings” (SILVERSTEIN e PETER, 1997;
CURETON e CUENIN, 1999; SOUZA et al., 2002); melhora periodontal, no fluxo aéreo
nasal e na estética do sorriso (SILVERSTEIN e PETER, 1997) e, por fim, permite
correção nos casos de deficiência maxilar transversa unilateral (POGREL et al.,1992).
A osteotomia Le Fort I segmentada deve ser indicada quando problemas
transversais coexistem com discrepâncias verticais e/ou sagitais (JACKOBS et al.,
1980; LEHMAN e HAAS, 1989; BETTS et al., 1995; SILVERSTEIN e QUINN, 1997;
GURGEL, SANT’ANA e HENRIQUES, 2001). Para Lehman, Haas e Haas (1984), e
Haas (1989), a segmentação maxilar está indicada para pacientes com discrepância
mínima associada ou não à necessidade de exodontia de pré-molares. Bishara e
Staley (1987) ressaltaram que tal procedimento é limitado pela capacidade de
distensão do tecido mucoperiostal palatino, tendo limite de 4 a 5mm (GURGEL,
SANT’ANA e HENRIQUES, 2001; SILVESTEIN e QUINN, 1997). Para Betts et al.
(1995) é muito difícil conter uma expansão completa de 6 mm entre os molares
superiores no momento da cirurgia e, ainda mais difícil, contê-la no pós-operatório.
O aumento transversal obtido com a ERMAC proporciona resultados mais
estáveis que aqueles em conseqüência da segmentação maxilar (POGREL et al.,
1992; BAYS e GRECO, 1992). No entanto, Proffit, Turvey e Phillips (1996) afirmaram
que não se pode comparar a estabilidade em virtude da diferença existente nos
movimentos determinados pelos dois tipos de procedimento.
A diversidade de osteotomias propostas pelos autores na literatura reflete o
conflito de opiniões sobre a área primária de resistência à expansão dentro do
esqueleto crânio-facial. O objetivo é conciliar melhores resultados com um
procedimento o menos invasivo possível. Para Bell e Epker (1976) e Berger et al.
(1998), a escolha das osteotomias maxilares é um fator determinante do sucesso da
expansão em relação aos efeitos ortopédicos
Em geral, existem dois tipos de abordagem cirúrgica para a ERMAC (Bishara e
Staley, 1987), conservadora e mais invasiva. Podem ser consideradas como
conservadoras as técnicas propostas por Lines (1975), Glassman et al. (1984), Alpern
e Yurosko (1987), Lehman e Haas (1989), Bays e Greco (1992), Pogrel et al. (1992),
Capelozza Filho et al. (1994), Stromberg e Holm (1995), Northway e Meade (1997),
93
Tavares e Scheffer (2001), Souza et al. (2002), Antilla et al. (2004) as
caracterizadas como abordagem mais invasiva foram as descritas por Bell e Epker
(1976), Messer, Bollinger e Keller (1979), Bennett e Wolford (1982), Shetty et al.
(1994), Betts et al. (1995), Berger et al. (1998), Gonçales e Polido (1998), Araújo
(1999), Cureton e Cuenin (1999), Chung Et Al. (2001), Gurgel, Sant’ana e Henriques
(2001), Wiltfang e Kessler (2002), Bernardes e Vieira (2003).
Existe certa discordância na literatura em relação ao tipo de aparelho a ser
utilizado. Glassman et al., 1984; Shetty et al., 1994; Pearson , Davies e Sandler, 1996;
Susami et al., 1996; Nothway e Meade, 1997; Gonçales e Polido, 1998; Berger et al.,
1998, Gurgel, Santana e Henriques, 2001; Tavares e Scheffer, 2001; Wiltfang e
Kessler, 2002 recomendaram o uso de aparelho expansor tipo Hyrax, bem como a
presente pesquisa. Gonçales e Polido (1998) e Gurgel, Sant’ana e Henriques (2001)
justificam o emprego deste tipo de aparelho em razão da facilidade de higienização.
Estes últimos autores acrescentaram que tal dispositivo o causava irritação nem
compressão na mucosa palatina. Entretanto, conforme sugerido por Haas (1970,
1980), tal dispositivo não seria eficaz durante a contenção deste procedimento, pois
manteria apenas a dimensão transversal dentária, e não a esquelética. Kennedy et
al. (1976), Capelozza Filho et al. (1994), Betts et al., (1995), Northway e Meade
(1997), Souza et al. (2002), Bernardes e Vieira (2003) empregaram o aparelho tipo
Haas.
Uma polêmica também está presente sobre a ativação pós-operatória do
aparelho expansor. Nesta pesquisa, foi iniciada a ativação entre 5 e 7 dias (média de 6
dias) após o procedimento cirúrgico, conforme sugerido por Bays e Greco (1992),
Betts et al. (1995), Gonçales e Polido (1998), Souza et al. (2002), Wiltfang e Kessler
(2002), Massulo (2003) com o objetivo de permitir o restabelecimento do suprimento
sanguíneo na região sutural, favorecendo uma formação óssea mais rápida no defeito
ósseo criado. Diferente do proposto por Capelozza Filho et al. (1994) e Tavares e
Scheffer (2001), dois a três dias, dependendo da recuperação do paciente.
O protocolo de ativação proposto neste trabalho foi de ¼ de volta pela manhã e
¼ de volta à noite, conforme recomendado por Lines (1975); Epker (1976); Kennedy et
al. (1976); Bell e Jackobs (1979); Messer , Bollinger e Keller (1979); Bell (1982);
Lehman, Haas e Haas (1984); Glassman et al. (1984), Fish e Epker (1986); Jackobs,
et al. (1986); Lehman e Haas (1989); Betts et al. (1995); Capelozza Filho et al (1994);
Betts et al., (1995); Northway e Meade (1997); Gonçales e Polido (1998); Tavares e
Scheffer (2001); Cureton e Cuenin (1999); Gurgel, Sant’ana e Henriques (2001);
Souza et al. (2002); Antilla et al. (2004), o que segundo Ilizarov’s (1990) o
94
ultrapassaria os limites fisiológicos de suprimento sanguíneo. Diferente de Bays e
Greco (1992) e Stromberg e Holm (1995) que preconizaram a expansão em ¼ volta
diariamente, até obtida a expansão desejada.
BETTS et al. (1995) sugeriu que, em geral, o período médio de expansão é de
quatro semanas. Neste estudo, a média foi de três semanas. Essa variação está na
dependência de fatores como o grau de expansão necessária, a técnica cirúrgica
utilizada, o protocolo de ativação e cooperação do paciente, bem como da resposta
biológica individual de cada indivíduo
Neste estudo, determinou-se que o aparelho expansor permaneceria cimentado
por seis meses para contenção, assim como preconizado por BETTS et al. (1995),
GONÇALES e POLIDO (1998), TAVARES e SCHEFFER (2001) e SOUZA et al.
(2002).
6.1. Alterações esqueléticas e dentárias observadas no sentido ântero-
posterior
Muitos estudos avaliaram as alterações esqueléticas e dentárias associadas
com a expansão rápida maxilar. Entretanto, poucas pesquisas tiveram o objetivo de
analisar as alterações esqueléticas associadas com a ERM-AC. CHUNG et al. (2001)
ressaltaram que, até a publicação de seu estudo, não haveria relatos na literatura que
procurassem avaliar os efeitos da ERM-AC sobre o deslocamento maxilar ântero-
posterior e vertical. Nesta pesquisa, avaliou-se o ângulo SNA, através da comparação
das médias dos valores obtidos para os grupos Com degrau e Sem degrau, tabelas 2
e 4, (páginas 81, 83) observa-se leve redução dessa medida entre T1-T2 e T2-T3
superior para o grupo Com degrau, porém sem significância estatística e clínica.
Provavelmente, a redução no ângulo SNA esteja relacionada com a abordagem
cirúrgica da região maxilar anterior. O trauma causado pelo acesso cirúrgico com
descolamento mucoperiostal e com a osteotomia maxilar anterior sobre a sutura
intermaxilar pode ter contribuído não para a alteração anatômica desta região, mas
também para a reabsorção óssea e o conseqüente deslocamento posterior do ponto
A. Portanto, esta medida não deveria ser considerada como referência para a
avaliação do deslocamento maxilar ântero-posterior após a ERM-AC. Concordam
ALPERN e YUROSKO (1987), ao afirmarem que seria difícil avaliar o deslocamento
maxilar anterior, pois a cirurgia envolveria a região do ponto A. Discordam CHUNG et
95
al. (2001) que encontraram um suave aumento no ângulo SNA (0,6 graus em média)
após a estabilização do aparelho.
A medida S1-ENP também foi utilizada para avaliar o deslocamento maxilar
ântero-posterior entre os tempos e entre os grupos Com e Sem degrau. Examinando-
se esta medida nas tabelas 2 e 4 (páginas 81, 83) desprezando-se o sinal para o
grupo Sem degrau verifica-se que houve um aumento muito pequeno de 0,207 mm
nesta distância entre T1 e T2 no grupo Com degrau e de 0,3mm no grupo Sem
degrau, sendo que esta distância entre T2-T3 diminuiu 0,027 no grupo Com degrau e
0,075 mm no grupo Sem degrau. Verificou-se que não existe diferença significativa
entre os valores obtidos para esta medida entre os grupos e entre os três tempos
estudados. Esta pesquisa demonstrou, então, que não ocorreu deslocamento maxilar
ântero-posterior significativo após a ERM-AC, quando comparadas as técnicas de
osteotomia Le Fort I mais utilizadas atualmente, segundo Bell (1976), sem degrau na
região de pilar zigomático-maxilar, e segundo Benett e Wolford (1982), com degrau na
região de pilar zigomático-maxilar.
Segundo WERTZ (1970) e BISHARA e STALEY (1987), o deslocamento
maxilar anterior após a ERM seria provocado pela resistência proporcionada pelos
ossos esfenóide e zigomático. Entretanto, as osteotomias no pilar zigomaticomaxilar e
entre o processo pterigóide e a tuberosidade eliminaram esses locais de resistência à
expansão maxilar, fato que pode ter contribuído para a ausência de deslocamento
maxilar anterior significativo. HAAS (1961) afirmou que o movimento para baixo e para
frente dos ossos maxilares poderia ser devido à disposição das suturas faciais e à sua
anatomia. À medida que os maxilares são separados e as suturas começam a se
desarticular, a força aplicada produziria um efeito similar ao do crescimento e, assim,
os maxilares seriam movidos para baixo e para frente. Nesta pesquisa, não houve este
padrão de movimento, conforme descrito por HAAS (1961), provavelmente porque não
influência direta da resistência das suturas faciais. PHILLIPS et al. (1992)
afirmaram que, após a ERM-AC, ocorrem principalmente mais ajustes nos locais das
osteotomias maxilares que nas suturas faciais.
Analisando o ângulo 1.PP observa-se, nas Tabelas 2 e 4 (páginas 81, 83), que
houve um aumento médio de 4,4 graus entre T1-T2, e de 2,246 graus entre T2-T3
deste ângulo no grupo Com degrau. no grupo Sem degrau observa-se um aumento
médio de 1,692 graus entre T1-T2, e de 4,717 graus entre T2-T3 deste ângulo no
grupo Sem degrau. Estes resultados são confirmados, nas Tabelas 2 e 4 (página 81,
83). Na análise do ângulo 1.SN para o grupo Com degrau, entre T1-T2, observa-se
uma redução de 3,485 graus, e de 2,469 graus entre T2-T3. Para o grupo Sem
96
degrau, observa-se que esta medida praticamente permaneceu inalterada entre T1-T2,
fato que pode ser explicado pelo menor alteração observada para esta medida no
grupo Sem degrau quando comparado ao mesmo período do grupo Com degrau.
de T2-T3 observa-se uma redução de 3,342 graus. Para a medida 1.PP, observa-se
que, após três meses de contenção, os valores obtidos são significativamente
superiores aos tempos inicial e após estabilização do aparelho para ambos os grupos,
Com e Sem degrau, tabelas 6 e 8 (páginas 85, 87). em relação à medida 1.SN,
observa-se que, após três meses de contenção, os valores obtidos o
significativamente inferiores aos tempos inicial e após estabilização do aparelho. As
alterações nestes dois ângulos demonstraram que uma retroinclinação dos
incisivos centrais superiores após a ERM-AC em ambos os grupos, superior para o
grupo Sem degrau, conforme visualizado nas tabelas 2 e 4 (páginas 81, 83). A
modificação na inclinação destes dentes foi mais intensa após três meses de
contenção. Além da medida 1.SN, empregou-se a medida 1.PP, pois alterações
significativas na inclinação do plano palatal poderiam comprometer a primeira medida.
Estes resultados estão de acordo com as observações de CHUNG et al. (2001) que
também encontraram uma retroinclinação média dos incisivos centrais superiores de
1,53 graus, quando avaliaram as alterações no ângulo 1.SN após a ERM-AC.
6.2. Alterações esqueléticas e dentárias observadas no sentido
transversal
Muitos estudos, como os de WERTZ (1970) e de HAAS (1961, 1965, 1970,
1980), demonstraram que a ERM promove não apenas alterações dentárias, mas,
também, importantes alterações esqueléticas transversais. Entretanto, poucas
pesquisas avaliaram as alterações esqueléticas ocorridas com a ERM-AC.
Neste estudo, utilizaram-se as alterações na largura interzigomática, a fim de
avaliar se a ERM-AC promoveria alterações esqueléticas no terço médio da face.
A medida da distância interzigomática apresentou poucas modificações em
ambos os grupos durante esta pesquisa, como pode ser observado na tabela 7
(página 86), para o grupo Com degrau, e tabela 9 (página 88), para o grupo Sem
degrau respectivamente. Sendo assim, constatou-se que a medida Za-Za não
apresentou diferença significativa entre os valores obtidos para esta medida entre os
grupos e entre os tempos estudados. Provavelmente, as pequenas alterações
encontradas nesta medida estão relacionadas ao erro do método. Entretanto,
97
BERGER et al. (1998) encontraram um aumento médio de 0,53 mm na largura
interzigomática após o término da fase ativa da ERM-AC.
A largura da cavidade nasal aumentou em média 1,867 mm entre T1 e T2 e
0,193 mm entre T2 e T3 no grupo Com degrau, como pode ser observado na tabela 7,
página 86. No grupo Sem degrau houve um aumento muito discreto na medida NC-NC
conforme observado na tabela 9 (página 88), sendo que entre T1 e T2 observa-se um
aumento de 1,08 mm, e permanecendo praticamente estável após três meses de
contenção, conforme verifica-se na tabela 9 (página 88). Observa-se que a largura da
cavidade nasal, no período inicial, apresentou valores significativamente inferiores aos
períodos após estabilização do aparelho e após três meses de contenção, Tais
resultados comprovam os verificados por BERGER et al. (1998) que encontraram um
aumento médio de 1,72 mm na medida NC-NC após ERM-AC.
Apesar de alguns pacientes desta pesquisa referirem melhora respiratória após
a ERM-AC, conforme verificado em algumas fichas clínicas, este procedimento não
deveria ser indicado apenas com esta finalidade.
Quando avaliada a distância interjugal (J-J) constata-se que tanto o grupo Com
degrau quanto o grupo Sem degrau apresentaram aumento na largura da base apical
maxilar, conforme visualizado nas tabelas 7 e 9 (páginas 86 e 88 ). Ocorreu aumento
médio maxilar transversal de 2,613 mm entre T1 e T2 no grupo Com degrau, que
permaneceu praticamente constante após três meses de contenção, como mostra a
tabela 7 (página 86). Também pode-se observar que o período inicial apresenta
valores significativamente inferiores àqueles logo após estabilização do aparelho e
depois de três meses de contenção, tabela 7 (página 86).
Quando avaliada a distância interjugal (J-J) no grupo Sem degrau, observa-se
que ocorreu um aumento maxilar transversal médio de 2,95 mm entre T1 e T2,
conforme verifica-se na tabela 9 (página 88), que permaneceu praticamente constante
após três meses de contenção, como também mostra a tabela 9 (página 88). Estes
resultados comprovam que a ERM-AC é capaz de promover aumentos na largura
maxilar de pacientes com maturidade esquelética, seja ela realizada através da
técnica de osteotomia Le Fort I Sem degrau na região do pilar zigomático-maxilar
descrita por Bell (1976), ou através da técnica de osteotomia Le Fort I Com degrau na
região do pilar zigomático-maxilar descrita por Benett e Wolford (1982). Tais achados
estão de acordo com o estudo de BERGER et al. (1998) que também observaram
aumento significativo (média de 3 mm) na medida linear J-J após a ERM-AC.
98
Verifica-se portanto que ambos os grupos apresentaram aumento da largura
maxilar transversal após três meses de contenção, sem apresentar porém grandes
diferenças estatísticas entre ambos.
Outra medida de avaliação das alterações da base apical maxilar foi a medida
linear linha facial frontal J, bilateralmente Analisando a medida LFF- J lado direito,
no grupo Com degrau, verifica-se que esta medida reduziu em 1.54 mm entre T1 e T2,
e permaneceu praticamente constante entre T2 e T3, conforme verifica-se na tabela 7
(página 86). a medida LFF- J lado esquerdo, apresentou uma redução média de
1,20mm, e permaneceu praticamente constante entre T2 e T3, conforme verifica-se na
tabela 7 (página 86). Quando avaliada a medida LFF-J lado direito no grupo sem
degrau, verifica-se que esta medida reduziu em 1,941mm entre T1 e T2, e
permaneceu praticamente constante entre T2 e T3, conforme verifica-se na tabela 9
(página 88). A medida LFF-J lado esquerdo apresentou uma redução média de
1,408mm entre T1 e T2, e permaneceu praticamente constante entre T2 e T3,
conforme verifica-se na tabela 9 (página 88). Observa-se, nas tabelas 7 e 9 (páginas
86 e 88) respectivamente, que o período inicial apresenta valores significativamente
superiores aos períodos após estabilização do aparelho e depois de três meses de
contenção para ambos os grupos.
Não pode-se sugerir após esta análise que houve expansão maxilar simétrica
tando no grupo Com degrau, quanto no grupo Sem degrau, com base apenas na
análise cefalométrica, Além disso, esta medida utiliza o ponto Ag que sofre influência
da posição mandibular durante a tomada radiográfica, especialmente na fase após a
expansão que se caracteriza por instabilidade oclusal.
Constatou-se aumento na distância intermolares superiores em ambos os
grupos após a estabilização do aparelho com incremento médio de 4,493 mm no
grupo Com degrau, de 4,908 no grupo Sem degrau. Houve uma pequena tendência de
recidiva constatada pela redução de 0,46 mm entre T2 e T3 no grupo Com degrau, e
de 0,125 mm no grupo Sem degrau, conforme verifica-se nas tabelas 7 e 9 (páginas
86 e 88).
As alterações na distância intermolares superiores da presente pesquisa são
sustentadas por estudos para avaliar esta medida após ERM-AC. BAYS e GRECO
(1992) encontraram aumento dio de 5,78 mm com recidiva de 0,45 mm após o
período de, pelo menos, seis meses de contenção. POGREL et al. (1992) obtiveram
um aumento médio de 7,5 mm com recidiva de 0,88 mm após um ano. NORTHWAY e
MEADE (1997) também utilizaram duas técnicas cirúrgicas distintas e obtiveram
aumento na distância intermolares superiores de 3,4 e 5,5 mm com recidiva de 0,2 e
99
0,3 mm, respectivamente. BERGER et al. (1998) obtiveram incremento de 5,78 mm
com recidiva de 0,18 mm, após dois a três meses, e de 1,01 mm após um ano de
contenção.
Este estudo também teve o objetivo de observar os movimentos ocorridos nos
incisivos centrais superiores após a ERM-AC. Conforme mencionado previamente
neste capítulo, a avaliação relacionada a estes dentes envolveu 27 casos, sendo que
15 pertenceram ao grupo Com degrau, e 12 ao grupo Sem degrau.
Constatou-se que a medida A1-A1, correspondente aos ápices desses dentes
se afastaram, em média, 6,623 mm até a estabilização do aparelho no grupo Com
degrau, retornando apenas 0,8 mm após três meses de contenção, como se observa
na Tabela 7 (página 86). Para o grupo Sem degrau, observa-se um afastamento médio
de 6,484 mm até a estabilização do aparelho, retornando apenas 0,692 mm em média
após três meses de contenção. Todos os casos mostraram afastamento entre os
ápices desses dentes até a estabilização do aparelho.
A Tabela 7 (página 86), mostra as alterações observadas na distância entre as
coroas dos incisivos centrais superiores, no grupo de pacientes submetido à ERM-AC
pela técnica de osteotomia Le Fort I Com degrau na região de pilar zigomático-maxilar
proposta por Benett e Wolford (1982) Houve um aumento médio de 4,738 mm na
medida I1-I1 até a estabilização do aparelho, tendo-se verificado uma redução média
de 3,838 mm após três meses de contenção.
A Tabela 9 (página 88), mostra as alterações observadas na distância entre as
coroas dos incisivos centrais superiores, no grupo de pacientes submetido à ERM-AC
pela técnica de osteotomia Le Fort I Sem degrau na região de pilar zigomático-maxilar
proposta por Bell (1976). Verifica-se que um aumento médio de 7,125 mm na medida
I1-I1 até a estabilização do aparelho, tendo-se verificado uma redução média de 6,191
mm após três meses de contenção.
Houve diferença entre os valores obtidos para esta medida entre os três tempos
estudados e entre os grupos estudados. Observou-se que todos os períodos diferem
entre si. Provavelmente, com a técnica cirúrgica empregada, a maioria das fibras
periodontais transeptais foi preservada, fato que permitiu que as coroas retornassem
praticamente à posição inicial pré-tratamento. HAAS (1961, e 1970) e BISHARA e
STALEY (1987) concordam que tais fibras são responsáveis pela redução do diastema
interincisal originado pela ERM.
Outro fato que pode explicar esta diferença na angulação dos incisivos
superiores entre os grupos Com degrau e Sem degrau, baseia-se nos relatos de
Wolford, et al. (1982), afirmam que os movimentos de separação dos segmentos
100
maxilares osteotomizados pela técnica Le Fort I com degrau com região do pilar
zigomático-maxilar, aconteceriam de maneira mais paralela ao plano oclusal, fato este
que poderia explicar a menor divergência entre os incisivos centrais do grupo Com
degrau após a ERM-AC.
Após a realização do procedimento de expansão maxilar assistida
cirurgicamente, constata-se que as alterações dentárias clinicamente perceptíveis são,
na seqüência de realização dos procedimentos, o surgimento do diastema em virtude
da separação dos segmentos maxilares e/ou da inclinação dentária como efeito direto
da expansão determinada desde as primeiras voltas de ativação no torno do parafuso
expansor. O paciente deve ser previamente preparado para o surgimento de tal
característica clínica em virtude do impacto estético negativo determinado até o
fechamento desse espaço.
O aparecimento de espaço na região anterior favorece a correção espontânea
do apinhamento, e/ou o ganho de espaço no arco para inclusão de caninos que se
apresentam em posição ectópica. Além disso, existe uma tendência à retroinclinação e
extrusão dos incisivos centrais superiores, características estas que podem estar
associadas também à maior relação do lábio superior em decorrência do possível
deslocamento maxilar anterior.
Na análise frontal e lateral em oclusão, pode-se observar um arco maxilar mais
amplo, bem como uma melhor relação deste com o arco mandibular. No sorriso, essa
maior amplitude transversa permite uma menor exposição do corredor bucal o que
influenciará de forma marcante a estética após a correção com aparelhagem
ortodôntica fixa total.
6.3. Alterações esqueléticas observadas no sentido vertical
Conforme enfatizado previamente, apenas o estudo de CHUNG et al. (2001)
avaliou a alteração maxilar vertical após a ERM-AC. Analisando-se a Tabela 6 (página
85), pode-se verificar que o valor do ângulo SN.PP apresentou em média uma discreta
redução de 0,78 graus entre T1 e T2, e aumentou discretamente em 0,227 graus
entre T2 e T3 em média no grupo Com degrau, conforme observa-se na a Tabela 6
(página 85). Constatou-se que não existe diferença significativa entre os valores
obtidos para esta medida entre os três tempos estudados.
Analisando-se a Tabela 8 (página 87), pode-se verificar que o valor do ângulo
SN.PP apresentou uma redução média de 1,033 graus entre T1 e T2, e apresentou
101
discreta redução de 0,767 graus entre T2 e T3 no grupo Sem degrau, conforme
observa-se na a Tabela 8 (página 87).
Analisando-se a Tabela 6 (página 85), verifica-se que a diferença encontrada
entre T1 e T3 no ângulo SNPP foi de 0,554 graus no grupo Com degrau. Na tabela
Tabela 8 (página 85), verifica-se que o ângulo SNPP reduziu em dia 0,266 graus
entre T1 e T3 no grupo Sem degrau. Constatou-se que não existe diferença
significativa entre os valores obtidos para esta medida entre os três tempos e entre os
grupos estudados. Tais resultados estão de acordo com os de CHUNG et al. (2001)
que também não encontraram deslocamento maxilar vertical importante ao avaliarem
as alterações no o ângulo SNPP após a ERM-AC.
A medida linear SNENP foi utilizada para avaliar a alteração maxilar vertical
na região posterior. Constatou-se que, logo após a estabilização do aparelho, houve
um aumento médio de 0,7 mm nesta medida, permanecendo praticamente estável
entre T2 e T3, nos pacientes do grupo Com degrau conforme exibe a Tabela 6 (página
85). Verificou-se que o existe diferença significativa entre os valores obtidos para
esta medida entre os três tempos estudados no grupo Com degrau.
Analisando-se a tabela 8 (página 87), verifica-se que a medida linear SNENP
aumentou em média 0,192 mm logo após a estabilização do aparelho permanecendo
praticamente estável entre T2 e T3, nos pacientes do grupo Sem degrau, conforme
verifica-se na tabela 8 (página 87).
Verifica-se que o ponto ENP apresentou um movimento inferior de 0,6 mm entre
T1 e T3 conforme observa-se na tabela 6 (página 85) no grupo Com degrau.
Analisando-se a tabela 8 (página 87), verifica-se uma redução de 0,05 mm entre T1 e
T3 no ponto ENP nos pacientes do grupo Sem degrau. Os resultados desta pesquisa
estão de acordo com os de CHUNG et al. (2001) que verificaram movimento inferior de
0,6 mm (média) no ponto ENP. Segundo ARAÚJO (1999), pode haver contato ósseo
na região da osteotomia do pilar zigomaticomaxilar durante a fase ativa da expansão.
Provavelmente, este pequeno abaixamento na região maxilar posterior em diferentes
amplitudes, superior no grupo Com degrau em relação ao grupo Sem degrau, pode
ser explicado por possíveis interferências ósseas na região do pilar zigomaticomaxilar
durante a expansão, tal como sugerido por ARAÚJO (1999).
A medida linear SNENA foi utilizada para avaliar a alteração maxilar vertical
na região anterior. As alterações nesta medida é apresentadas na Tabela 6 (página
85) para o grupo Com degrau, onde observa-se que o houve diferença significativa
entre os valores obtidos para esta medida entre os três tempos estudados Foi
102
verificado um deslocamento superior de 0,4 mm (média) do ponto ENA logo após a
estabilização do aparelho, que manteve-se praticamente constante entre T2 e T3.
Analisando-se a tabela 8 (página 87), verifica-se que houve um abaixamento de
0,242 mm do ponto ENA após ERM-AC nos pacientes do grupo Sem degrau. Discorda
CHUNG et al. (2001) que constatou um abaixamento do ponto ENA de 0,45 mm
(média), quando avaliado inicial até a estabilização do aparelho expansor.
103
7. CONCLUSÕES
a) Não ocorreram alterações esqueléticas verticais e ântero-posteriores em
ambos os grupos durante os períodos analisados.
b) Ocorreu expansão maxilar transversa em ambos os grupos, sem diferença
entre os mesmos.
c) Os incisivos centrais superiores inclinaram para palatino, significativamente,
durante o período de contenção, em ambos os grupos
d) Tanto a distância entre os ápices, como a distância entre as coroas dos
incisivos centrais superiores aumentaram, em maior amplitude no grupo de
pacientes que foram submetidos à ERM-AC pela técnica de osteotomia Le
Fort I Sem degrau; e com menor divergência entre os incisivos centrais no
Com degrau, com tendência de retorno à posição inicial em ambos os grupos
estudados, principalmente da distância entre as coroas. Conseqüentemente,
houve um aumento significativo no ângulo interincisal, após três meses de
contenção.
e) As distâncias intermolares superiores aumentaram significativamente, logo
após a estabilização do aparelho expansor, e após três meses de contenção
em ambos os grupos.
104
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